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UNIVERSIDADE POTIGUAR PRÓ-REITORIA ACADÊMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO RENATA ALMEIDA DE LUCENA PATRIOTA ASSÉDIO MORAL EM INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS DA CAPITAL PARAIBANA NATAL - RN 2016

UNIVERSIDADE POTIGUAR PRÓ-REITORIA ACADÊMICA ...DIO...Renata Almeida de Lucena Patriota. –Natall, 2016. 111f. Orientador: Walid Abbas El-Aouar Dissertação (Mestrado Profissional

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UNIVERSIDADE POTIGUAR

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

RENATA ALMEIDA DE LUCENA PATRIOTA

ASSÉDIO MORAL EM INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

DA CAPITAL PARAIBANA

NATAL - RN

2016

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RENATA ALMEIDA DE LUCENA PATRIOTA

ASSÉDIO MORAL EM INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

DA CAPITAL PARAIBANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração, da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração na Área de concentração Gestão Estratégica de Negócios.

Orientador: Prof. Walid Abbas El-Aouar, Dr.

NATAL - RN

2016

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Patriota, Renata Almeida de Lucena.

Assédio Moral em Instituições Bancárias da Capital Paraibana / Renata Almeida de Lucena Patriota. –Natall, 2016.

111f. Orientador: Walid Abbas El-Aouar

Dissertação (Mestrado Profissional em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação.

Bibliografia: 96 - 104f.

1. Assédio Moral – Dissertação. 2. Bancários. 3. Frequência de ocorrência. 4. Impacto afetivo. I. Título.

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RENATA ALMEIDA DE LUCENA PATRIOTA

ASSÉDIO MORAL EM INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

DA CAPITAL PARAIBANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração, da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração na Área de concentração Gestão Estratégica de Negócios.

Aprovada em:__/__/__

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Walid Abbas El-Aouar Orientador Universidade Potiguar – UnP

________________________________________ Profª. Drª. Laís Karla da Silva Barreto Examinadora Interna Universidade Potiguar – UnP ________________________________________ Profª. Drª. Maria Valéria Pereira de Araújo Examinadora Externa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

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Dedico essa Dissertação de mestrado aos meus pais Luiz

e Suely, exemplos de amor e dedicação, por serem os

maiores responsáveis pela concretização desse objetivo,

meus maiores incentivadores, verdadeiros alicerces

emocionais, aos quais devo admiração e respeito por

tudo o que sou e por tudo que conquistei até hoje.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por abençoar os meus dias com saúde, proporcionando-me

sabedoria e perseverança no alcance dos meus objetivos.

Aos meus pais Luiz e Suely pelo amor incondicional, carinho, dedicação.

Ao meu esposo Thiago pela paciência e incentivo a cada etapa do mestrado.

À minha amada filha Mariana que iniciou essa jornada acadêmica dentro do

meu ventre e me manteve firme e serena durante todos os dias de sacrifício.

À minha avó Ana, que mesmo não estando mais entre nós, vibrou com todas

as minhas vitórias e continua a vibrar, em outro plano terrestre, a cada conquista.

Aos meus irmãos Bruno e Alexandre pela amizade e por estarem sempre ao

meu lado compartilhando experiências.

Aos meus sogros Ulisses e Elisabeth pelo carinho e atenção, bem como às

minhas cunhadas Juliana, Renata, Marina e seu esposo Wagner, meu cunhado

Gustavo e sua esposa Roberta pelas vibrações positivas transmitidas.

Às minhas queridas tias Solange e Sandra, parceiras de desabafos e

incentivadoras em momentos de desânimo e cansaço.

Às minhas amigas e irmãs de coração Nara e Marieta com quem divido,

diariamente, meus anseios e minhas preocupações, minhas alegrias e tristezas.

À minha colega de trabalho e mestrado, Francineide, com quem dividi muitos

momentos entre as idas e vindas de João Pessoa a Natal, e aos outros

companheiros de mestrado que participaram dessa longa jornada.

A todos os familiares que vibram com minhas vitórias e me impulsionam

quando apresento sinais de fraqueza.

Ao meu orientador Prof. Walid, pelo apoio e incentivo na construção desse

trabalho, inclusive, pela paciência e confiança depositada a cada etapa da pesquisa.

A todos os professores do Mestrado Profissional em Administração pela

presteza e atenção, bem como à Glícia, pela disponibilidade e responsabilidade

junto à secretaria do mestrado.

Aos colegas colaboradores da pesquisa, que se disponibilizaram em fornecer

as informações necessárias para a concretização do estudo.

Enfim, meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que contribuíram

de alguma forma para a realização desse projeto acadêmico e profissional.

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Pode fazer-se tudo, salvo fazer sofrer os

outros: eis a minha moral.

(Gustave Flaubert).

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RESUMO

As transformações econômicas, sociais, tecnológicas, culturais e a reestruturação produtiva incentivaram as organizações bancárias a buscarem novas metas e maiores resultados. Nesse contexto, surge um novo perfil de bancário, com muitas atribuições e incumbido de atender aos interesses da organização, tornando-se vítima de exigências desproporcionais e atos violentos, no ambiente de trabalho, típicos de assédio moral, acarretando-lhe desgaste físico e mental, em razão das longas jornadas, das cobranças excessivas e do acirrado controle operacional. A pesquisa tem como objetivo diagnosticar o assédio moral a partir da percepção de ocorrência e de impactos afetivos do fenômeno, em funcionários de instituições bancárias públicas e privadas. Configura-se como uma pesquisa descritiva, caracterizada como estudo de caso, cuja abordagem é quantitativa, com utilização de técnicas estatísticas, aplicadas a uma amostra aleatória simples de 156 bancários, extraída de um universo de 2100 bancários, da cidade de João Pessoa-PB. Os instrumentos de pesquisa utilizados são: questionário sociodemográfico para caracterização dos sujeitos participantes, escala de percepção de assédio moral no trabalho (EP-AMT) e escala de impacto afetivo do assédio moral no trabalho (EIA-AMT), ambas, validadas por Martins e Ferraz. O conteúdo coletado foi analisado através do software SPSS, versão 21, e foi comparado através de testes de Qui-quadrado e análises de variância a um nível de significância de 5%. Através da análise dos resultados, constatou-se que, entre os participantes, houve participação equiparada com relação ao gênero, a maioria se denominou como branco, casado/companheiro, com filhos, graduados e com idade média de 39,4 anos. Em relação à percepção de ocorrência de assédio moral, constatou-se que o fenômeno foi percebido com pouca frequência, apenas 34% dos bancários revelaram à ocorrência de assédio moral profissional e 19,9% de assédio pessoal, no mínimo, uma vez ao mês. Consoante o impacto afetivo sofrido, a maioria dos participantes revelou sofrer pouco impacto afetivo, em face dos atos de assédio moral, praticados nos bancos. Com base no estudo da relação entre as variáveis sociodemográficas e a frequência com que ocorre assédio moral, confere-se que, apenas o tipo de banco onde o bancário exerce atividade, se público ou privado, possui algumas associações estatisticamente significantes com a ocorrência do fenômeno, restando evidente que, as condutas de assédio moral são mais observadas em relação aos funcionários dos bancos privados. Palavras-chave: Assédio moral. Bancários. Frequência de ocorrência. Impactos afetivos.

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ABSTRACT

The economic, social, technological, and cultural transformations and productive restructuring encouraged banking organizations to seek new goals and greater results. In this context, a new profile of banking employee emerges, with a lot of duties and responsible for serving the interests of the organization, becoming a victim of disproportionate demands and violence, in workplace, typical of moral harassment, causing him/her physical and mental strain due to long hours, excessive charges and fierce operational control. The research aims to diagnose moral harassment from the perception of occurrence and emotional impact of the phenomenon, on employees of public and private banking organizations. This is a descriptive research, characterized as a case study, whose approach is quantitative, by using statistical techniques applied to a simple random sample of 156 bank employees, drawn from a universe of 2,100 bank employees in the city of João Pessoa-PB. The research tools which were used are: sociodemographic questionnaire to characterize the participating subjects, scale of perception of moral harassment at work (EP-AMT) and scale of emotional impact of moral harassment at work (EIA-AMT), both, validated by Martins and Ferraz. The content collected was analyzed by SPSS software, version 21 and was compared through Chi-square tests and variance analysis to a 5% significance level. By analyzing the results, it has been found that among the participants, there was equal participation with respect to gender, the majority identified as white, legally married/with a partner, with children and a degree, with an average age of 39.4 years. Regarding the perception of occurrence of moral harassment, it has been noticed that the phenomenon was perceived with little frequency, only 34% of bank employees revealed the occurrence of professional moral harassment at work and 19,9% of personal harassment, at least, once a month. Depending on the emotional impact suffered, most participants showed suffer little emotional impact due to acts of moral harassment occurred in banks. Based on the study of the relationship between sociodemographic variables and the frequency with which moral harassment occurs, it has been found that just the kind of bank where bank employees work, whether public or private, has some statistically significant associations with the occurrence of the phenomenon, making it clear that moral harassment behavior is more observed when it comes to employees of private banks. Keywords: Moral harassment. Bank employees. Occurrence frequency. Emotional impacts.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CONTRAF Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro INSS Instituto Nacional de Seguridade Social CAT Comunicação de Acidente de Trabalho BACEN Banco Central do Brasil OIT Organização Internacional do Trabalho LER Lesões por Esforços Repetitivos DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho MPT Ministério Público do Trabalho BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos ONU Organização das Nações Unidas OMS Organização Mundial da Saúde PIACT Programa Internacional para Melhoria das Condições de Trabalho e

do Meio Ambiente LIPT Leymann Inventory of Psychological Terror PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo EP-AMT Escala de Percepção de Assédio Moral no Trabalho EIA-AMT Escala de Impacto Afetivo do Assédio Moral no Trabalho AAS Amostra Aleatória Simples SPSS Statistical Package of the Social Sciences DECLATRA Defesa da Classe Trabalhadora

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Número de funcionários dos cinco maiores bancos nacionais (2006 – 2010) ..................................................................................... 32

Quadro 2 - Número de funcionários dos cinco maiores bancos nacionais (2011 – 2014) .................................................................................... 32

Quadro 3 - Diferenças entre conflitos saudáveis e situações de assédio moral ................................................................................................. 37

Quadro 4 - Artigos pesquisados sobre o tema assédio moral no trabalho ........61-62 Quadro 5 - Quadro Síntese da Pesquisa ............................................................. 73

Quadro 6 - Codificação das respostas para o questionário de frequência de assédio moral ............................................................................... 76

Quadro 7 - Codificação das respostas para o questionário de impacto afetivo de assédio moral ............................................................................... 80

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise descritiva das variáveis sociodemográficas dos bancários ............................................................................................. 75

Tabela 2 - Análise descritiva das frequências e testes de Qui-quadrado para diferenciação de categorias ....................................................... 77

Tabela 3 - Análise descritiva das variáveis aditivas para frequência de assédio moral .................................................................................... 78

Tabela 4 - Análise descritiva dos impactos e testes de Qui-quadrado para diferenciação de categorias........................................................ 81

Tabela 5 - Análise de associação entre a periodicidade de ocorrência e as variáveis sociodemográficas .....................................................82-84

Tabela 6 - Análise de associação entre as variáveis sociodemográficas e o tipo de assédio moral.....................................................................85 Tabela 7 - Teste de proporção com relação à ocorrência de assédio entre bancos públicos e privados.........................................................85 Tabela 8 - Relação entre a situação conjugal e a questão 5 da EP-AMT.............87 Tabela 9 - Relação entre a situação conjugal e a questão 6 da EP-AMT.............87 Tabela 10 - Relação entre a situação conjugal e a questão 7 da EP-AMT...........88 Tabela 11 - Relação entre o sexo e a questão 10 da EP-AMT.............................88 Tabela 12 - Análise de associação entre o questionário de impacto afetivo e as variáveis sociodemográficas......................................................90 Tabela 13 - Relação entre o sexo e a questão 1 da EIA-AMT..............................91 Tabela 14 - Relação entre o sexo e a questão 3 da EIA-AMT..............................92 Tabela 15 - Relação entre o sexo e a questão 11 da EIA-AMT............................92

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................. 16 1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA ..................................... 21 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 22 1.3.1 Geral ........................................................................................................... 23 1.3.2 Específicos ................................................................................................ 23 1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA .................................................................... 23 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................... 26 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 28 2.1 A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS ................................................................................................ 28 2.2 O NOVO PERFIL DO TRABALHADOR BANCÁRIO ...................................... 33 2.2.1 Da cobrança à violência no trabalho ....................................................... 36 2.3 ASSÉDIO MORAL: ORIGENS, CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS ...................................................................................... 38 2.4 TIPOS DE ASSÉDIO MORAL ........................................................................ 47 2.5 O ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO E SUAS CONSEQUÊNCIAS ............. 49 2.5.1 A humilhação como impacto afetivo decorrente de assédio moral .......................................................................................................... 51 2.6 ASSÉDIO MORAL NO CONTEXTO BANCÁRIO ........................................... 53 2.6.1 Decorrências do assédio moral no setor bancário ................................ 56 2.6.2 Estudos recentes sobre assédio moral no contexto bancário .............. 58

2.7 A BANALIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO .......................... 63

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................... 66 3.1 TIPO DE PESQUISA ...................................................................................... 66 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA .................................................. 68 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E INSTRUMENTOS DA PESQUISA ........ 69 3.4 TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................ 72 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................... 74 4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS BANCÁRIOS .................................... 74 4.2 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE ASSÉDIO

MORAL NOS BANCOS ................................................................................. 76 4.3 ANÁLISE DOS IMPACTOS AFETIVOS DECORRENTES DO ASSÉDIO

MORAL NOS BANCOS .................................................................................. 80 4.4 ASSOCIAÇÕES ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

E A EP-AMT .................................................................................................... 82 4.4.1 Variáveis significantes para a frequência de ocorrência de assédio moral ............................................................................................ 87

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4.5 ASSOCIAÇÕES ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E A EIA-AMT ......................................................................................................... 89

4.5.1 Variáveis significantes para o impacto afetivo decorrente de assédio moral ............................................................................................ 91 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 93 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 96 APÊNDICES ....................................................................................................... 105 ANEXOS ............................................................................................................. 109

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1 INTRODUÇÃO

O mundo vivenciou, ao longo das últimas décadas, grandes transformações

econômicas, sociais, tecnológicas, políticas e culturais, surgidas com a crise e

reestruturação do sistema capitalista de produção, sistema este, baseado na larga

produtividade e em uma competitividade sem limites, que levou a novas condições e

relações de trabalho e que teve como consequências a redução de mão de obra e a

precariedade laboral. Esse contexto, de acordo com Heloani (2004), favoreceu a

disputa entre trabalhadores, ao mesmo tempo em que as organizações defendiam a

cooperação e o trabalho em equipe.

Marcada pela reestruturação produtiva, a década de 1990 apresentou um

elevado número de desemprego e precarização do trabalho, em virtude das

terceirizações, dos empregos informais e da redução salarial (CERQUEIRA, 2015).

Com o desenvolvimento do capitalismo e da emergente corporação de mercado, as

empresas e a sociedade, como um todo, passaram a buscar, incessantemente, o

progresso material, ultrapassando a barreira dos valores morais, que até então,

regiam a sociedade (REIS et al., 2010). Carvalho (2009, p.56) explica que “as

organizações empresarias adotaram a produtividade e competitividade como regra.

Buscava-se a todo instante o aumento da produção e dos lucros, exigindo do

trabalhador empenho e capacitação exacerbada”. Todavia, ao mesmo tempo em

que se cobrava produção em larga escala, com maior economicidade, almejava-se

alcançar direitos trabalhistas, e surgiram desejos por melhores condições de

trabalho e proteção à saúde do trabalhador (HELOANI, 2004).

Inevitavelmente, em várias empresas, os laços afetivos e sociais entre os

empregados foram desconsiderados pela busca incansável de produzir e lucrar mais

a qualquer custo, ocasionando conflitos e opressões no âmbito laboral, decorrendo

graves problemas à saúde física e mental dos trabalhadores (REIS et al., 2010).

Segundo Gaulejac (2006), apesar das inovações tecnológicas reduzirem o

uso da força física do trabalhador, a intensa competitividade levou o homem ao

desgaste físico em virtude da pressão psicológica cada vez maior em produzir mais

e da melhor forma, condutas que garantiriam grande destaque no mercado.

Gaulejac (2006) deixa claro que a inovadora concepção, surgida com a

globalização, foi do homem produtivo e polivalente. Rizvi (2008, p.311) enfatiza que

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“os valores predominantes nesse contexto são: sucesso, poder, lucro, produtividade,

sobreviver. Tais valores dão suporte a estratégias de competição e individualismo”.

A nova realidade de mercado exige do trabalhador metas e resultados além do

esperado, mas ultrapassá-los pode, às vezes, comprometer a resolução natural e

moral das situações, prejudicando, conforme asseguram Cavalcante e Jorge Neto

(2005), os condicionantes éticos. Nas situações em que pode prevalecer a falta de

comportamento ético e respeitoso, surgem às condutas violentas, a arrogância e a

dissimulação no ambiente de trabalho, características do assédio moral (NUNES;

INVITTI; TOLFO, 2010).

O assédio moral é definido como um fenômeno caracterizado por

comportamentos, ações e práticas hostis, dirigidas a um ou mais trabalhadores, de

maneira consciente ou não, que pode causar danos a integridade física ou psíquica

do indivíduo, além de interferir no seu desempenho e no ambiente de trabalho

(EINARSEN et al., 2005). Leymann (1990) definiu assédio moral no trabalho como

fenômeno sistemático e recorrente, caracterizado por extrema violência psicológica,

exercida por uma pessoa, ou grupo de pessoas, sobre outra no local de trabalho, e

deixou claro que a agressão deve ter um tempo mínimo de duração de seis meses e

deve acontecer com frequência média de duas vezes na semana.

O assédio moral configura-se como um tipo de precarização do trabalho

que, através da violência, compromete à saúde do trabalhador, compondo o

complexo quadro dos riscos ocupacionais, mais especificamente, dos riscos

psicossociais, sendo considerada uma doença do trabalho (SOBOLL, 2008).

Um grande desafio do mundo corporativo é encontrar alternativas que

equilibrem os interesses das organizações sem sobrepô-los aos direitos individuais

de cada empregado. Tarefa complexa, uma vez que a competitividade exige

atribuições diversas como: operacionalizar sistemas, vender produtos e satisfazer

clientes, além de cobrar excelência na prestação do serviço e garantia de lucro.

Nesse contexto de exigências por lucros e resultados cada vez melhores, situam-se

os bancários, categoria fortemente atingida pelas práticas de assédio moral,

segundo dados fornecidos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo

Financeiro - CONTRAF (2015), que, inclusive, destaca o adoecimento dos bancários

como um tema prioritário em virtude da ocorrência de assédio moral nos locais de

trabalho.

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Um estudo realizado por Yaman (2009) destaca algumas medidas

preventivas de combate ao assédio moral, como: criação de locais de trabalho

saudáveis, desenvolvimento de relações entre colaboradores, pautadas no respeito,

na confiança e na igualdade, elaboração de instruções e condutas através da edição

de código de ética específico da instituição.

Nessa perspectiva, e, em virtude da existência de poucas leis específicas

que versam sobre assédio moral, a temática vem despertando a necessidade de um

diagnóstico completo sobre sua ocorrência, principalmente, nas instituições

bancárias públicas ou privadas, de maneira que sejam identificadas as principais

causas, as possíveis soluções de combate e medidas preventivas.

De acordo com os dados do CONTRAF (2015), apenas, 30% dos

afastamentos por doenças, advindas da atividade bancária, são comunicados pelas

instituições bancárias ao Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS, mesmo

sendo obrigatória a comunicação de acidente de trabalho (CAT). Portanto, é

possível que alguns casos de assédio moral fiquem sob a penumbra da omissão,

por medo da perda do emprego ou de ser prejudicado na carreira. Assim, surge,

então, a importância de conscientizar o profissional bancário da ocorrência do

fenômeno e da necessidade de denunciar aos órgãos responsáveis, principalmente,

para constar, na maior parte dos sindicatos bancários, dados relativos ao assédio

moral sofrido no âmbito das instituições bancárias.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

As mudanças ocorridas interna e externamente nas organizações de

trabalho e em suas relações, a cultura e o clima organizacional, marcados por

intensa competitividade, medo, tensão e pressão, além de comandos impróprios e

falha liderança, são características presentes em condutas de assédio moral

(POILPOT-ROCABOY, 2006). Santos (2014) assinala que as novas relações de

trabalho trouxeram mudanças como o teletrabalho, o surgimento de organizações

despersonalizadas, a insegurança, a redução da oferta de empregos e os novos

métodos de gerência. Tudo isso favorece a ocorrência do fenômeno em estudo, o

assédio moral, e é um fator destrutivo do ambiente de trabalho, pois prejudica as

empresas, os trabalhadores e a própria sociedade.

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Bobroff e Martins (2013) apontam que, ao longo da história, as relações de

trabalho enfrentaram algumas mudanças: foram dos regimes de escravidão e

servidão aos tempos de trabalho por remuneração, além disso, surgiram as

preocupações com a proteção à saúde e integridade física dos trabalhadores. Não

obstante, os referidos autores defendem que o cotidiano trabalhista está acobertado

de muitos fatores estressantes, dentre eles o assédio moral, sofrido no ambiente de

trabalho.

Segundo Martins (2014, p.12), “assediar é importunar, molestar, aborrecer,

incomodar, perseguir com insistência inoportuna. Assediar quer dizer cerco,

limitação, humilhar até quebrar a sua força”. Apesar da ampla definição, as ações

características desse tipo de violência costumam surgir no ambiente de trabalho com

pouca intensidade e, paulatinamente, vão se propagando com maior frequência.

A prática do assédio moral no trabalho, conforme analisam Bobroff e Martins

(2013), passou a ser percebida com o surgimento das noções sobre direitos

humanos e cidadania. Segundo Carvalho (2009, p.53), “a prática do assédio moral

na vida privada é usualmente acobertada e entendida como mera relação de

dominação [...]”. Assim, seja em casa, na escola ou no ambiente de trabalho, o

assédio moral decorre da relação de subordinação, e é justamente mais presente no

espaço laboral, pois existe, implicitamente, uma relação intensa de sujeição entre

capital e força de trabalho.

Carvalho (2009) ainda elucida que, dentro de uma organização, a

convivência das pessoas é marcada pelo dinamismo e pela relação antagônica entre

competição e cooperação, ao mesmo tempo em que o cotidiano é marcado por

conflitos, atritos e desentendimentos, porém, nem toda situação conflituosa é

caracterizada como assédio moral, é normal ocorrer discussões, envolvendo chefes,

subordinados e colegas de uma mesma atividade hierárquica, todavia, no assédio

moral, diferentemente do que ocorre num conflito saudável, o sujeito perverso age

sem dar chance de defesa à vítima, provocando-lhe diversos danos, portanto,

acumula dois aspectos importantes: o abuso de poder e a manipulação perversa.

Segundo registros do CONTRAF (2015), dentre as categorias profissionais

que mais se sujeitam a ocorrência do assédio moral, destacam-se a dos bancários.

Diante de todas as mudanças já referidas no contexto global, o sistema bancário

nacional, em meados de 1988, passou por uma grande reestruturação, com

inovações no mercado de capitais, internacionalização dos bancos e a criação de

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bancos múltiplos. A partir desse momento, o Banco Central do Brasil editou normas,

como as Resoluções 1524/1988 e 1649/1989, que trouxeram a expansão das

atividades dos bancos, bem como o crescimento dos bancos privados no mercado

brasileiro, em virtude da redução da participação do setor público na atividade

financeira e em razão da nova política de privatização (BACEN, 2015).

Segundo Cerqueira (2015), no cenário bancário, as novidades tecnológicas

aumentaram o volume de trabalho, e a inserção de práticas padronizadas e

informatizadas, exigiram um novo perfil dos empregados. Os dados e as transações

manuais passaram a ser realizadas automaticamente e isso acarretou o aumento de

operações financeiras diárias, portanto, além de deter conhecimento sobre a

funcionalidade dos sistemas, os funcionários das instituições bancárias, possuíam a

obrigação de captar e satisfazer os clientes com excelente atendimento e serviços

de qualidade.

Jinkings (2000) compartilha do mesmo entendimento ao considerar que, a

nova estrutura das atividades bancárias, exige do profissional adequação às

necessidades de gerenciamento da organização, habilidade com vendas e

prestação de atendimento personalizado aos clientes.

Além da informatização e todas as alterações estruturais de trabalho, a nova

dinâmica funcional dos bancos causou um desgaste intenso e um quadro de

destruição física e mental dos seus empregados. “Os novos modelos de gestão

transformaram o bancário em um vendedor e sobre eles pesa a responsabilidade

pelo sucesso ou fracasso da empresa” (CERQUEIRA, 2015, p.11). Segundo o

referido autor, não obstante, a atividade bancária, apesar de exigir a participação

intensiva do bancário, necessita, fundamentalmente, do interesse do cliente, pois é

esse o sujeito responsável em escolher o produto ou serviço que lhe convém.

Porém, os bancos não levam em consideração a subjetividade inerente à atividade e

impõem metas inalcançáveis de produtividade e vendas aos funcionários.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho - OIT (2012), até a

década passada, os maiores problemas, apresentados pelos trabalhadores em

geral, eram as lesões físicas por esforço repetitivo (LER). Porém, atualmente, os

trabalhadores estão submetidos a problemas de ordem psíquica, como: o estresse,

a depressão, a síndrome do pânico, e outros danos psicológicos, consequentes das

novas relações de trabalho e gestão.

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Com base nas informações mais recentes prestadas pelo INSS (2013), no

Anuário Estatístico da Previdência Social, 18.671 bancários foram afastados do

emprego devido a adoecimentos. Desse total, 4.598 foram classificados como

distúrbios osteomusculares (DORT) relacionados ao trabalho, comumente chamados

de LER, e 5.042 em virtude de transtornos mentais e comportamentais, como

ansiedade, depressão e síndrome do pânico. A Previdência Social ainda esclareceu

que 73% dos transtornos mentais e 67% dos DORT/LER estavam relacionados à

atividade bancária, portanto, denominados de afastamentos previdenciários, e,

apenas 27% dos transtornos mentais e 33% dos DORT/LER foram considerados

acidentes de trabalho.

Segundo Maciel et al. (2007), atualmente, os bancários são submetidos a

jornadas mais longas, e as exigências do cumprimento de metas fazem com que

exista forte pressão pela produção e um controle estrito em relação ao tempo de

trabalho dos funcionários. Sendo assim, conforme Soares e Villela (2012), no

cenário bancário, caracterizado pela competitividade, com objetivos precípuos de

lucros e resultados, o assédio moral passa a ser um instrumento para disciplinar as

pessoas da organização e um modo discricionário de exercer poder com o único

intuito de alcançar as metas pretendidas, a qualquer preço, mesmo que contrariem

os valores morais.

Conforme assinala Cerqueira (2015), quando uma instituição bancária

estabelece metas absurdas aos seus funcionários, inicialmente, não tem a intenção

de causar estresse, lesões, depressão ou alguma outra patologia física ou

psicológica, o que pretende realmente é aumentar sua carteira de clientes e

investidores, bem como ampliar seus lucros, nem que para isso ignore os direitos

fundamentais dos seus empregados, submetendo-os a atos violentos e cruéis que

caracterizam o assédio moral. Destarte, segundo Ferreira (2008, p.122), as

“narrativas dos bancários evidenciam situações reiteradas de desqualificação,

desrespeito e humilhações, indicando situações de violência psicológica no

trabalho”.

Com base nos relatórios apresentados pelo BACEN, atualmente, existem,

no Brasil, 153 bancos em atividade no país, perfazendo um total de 23102 agências

bancárias, além de 342 conglomerados econômicos, 166 bancos comerciais e

múltiplos, 1128 cooperativas de crédito, 188 administradoras de consórcios, 442

bancos de investimentos, banco de desenvolvimento, sociedades corretoras de

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títulos, valores mobiliários e câmbio. Só no Estado da Paraíba estão localizadas 251

agências bancárias (BACEN, 2015). Em relação a esse setor, segundo um

levantamento, realizado pelo Ministério Público do Trabalho – MPT, das 3 mil

denúncias realizadas em 2013, 30% foram de bancos (BASÍLIO, 2014). Com base

em dados oficiais fornecidos pela CONTRAF (2015), um levantamento realizado com

4,9 mil pessoas mostra que 52% já enfrentaram assédio moral no trabalho, e, desse

total, 87% das vítimas decidiram não denunciar a conduta por medo de perder o

emprego ou de sofrer represália, além disso, ficou constatado que as mulheres são

as principais vítimas. Segundo a CONTRAF (2015), em 2011, 29% dos

trabalhadores bancário pediram, através de campanhas, o fim do assédio moral, no

ano seguinte, o número aumentou para 31%, no ano de 2013 elevou-se para 58%,

por este motivo, em 2013, o MPT realizou uma campanha nacional, com foco no

assédio moral, praticado contra bancários, com o intuito de facilitar a

conscientização das vítimas em denunciar os casos de abusos praticados (BASÍLIO,

2014).

Apesar das estatísticas oficiais e pesquisas que comprovam a incidência do

assédio moral em relação aos bancários, ainda são escassos os dispositivos legais

que tentam coibir a prática de tais condutas. No âmbito federal, apenas duas leis

estão aprovadas, a Lei 11.948/2009, que veda empréstimo do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES a empresas que tenham praticado

assédio moral, e a Lei 4.326/2004, que dispõe sobre a criação do Dia Nacional de

Luta contra o Assédio Moral. No âmbito estadual e municipal, apesar de muitos

Estados e Municípios da Federação já possuírem leis específicas sobre assédio

moral, o Estado da Paraíba, bem como sua capital, João Pessoa, ainda não

despertaram para a edição de tal dispositivo legal. Os canais utilizados para o

combate ao assédio moral são evidenciados através de Acordos Coletivos,

assinados entre os sindicatos de bancários e os próprios bancos, como se vê na

Convenção Coletiva de Trabalho 2010/2011 da categoria, que previu um acordo

para o combate ao assédio moral através de denúncias anônimas via sindicatos, e a

Convenção Coletiva 2013/2014, que introduziu, dentre alguns dispositivos, a

proibição dos bancos, por exemplo, divulgarem ranking de empregados, bem como

do gestor exigir cumprimentos de resultados por mensagens e torpedos, enviados

ao celular particular do funcionário bancário.

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1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA

Assédio moral é um tema que, ao longo dos últimos anos, ganhou bastante

notoriedade, contudo, ainda é uma temática obscura em virtude de a sua ocorrência

geralmente ser imperceptível aos olhos de quem sofre, pois, em muitos casos,

envolve uma violência praticada por palavras (ou pelo silêncio), por gestos ou

olhares, o que torna difícil sua percepção (SOBOLL, 2008).

Esse fenômeno de violência moral no trabalho existe há muito tempo, porém,

Soboll (2008) assegura que o tema só chegou ao Brasil apenas em 2000 e,

rapidamente, adquiriu relevância social e acadêmica. A perspectiva é de que se

agrave cada vez mais, portanto há uma emergente necessidade de conscientização,

seja da vítima em saber diagnosticar o mal que sofre, e do agressor, que considera

sua conduta normal, bem como de toda sociedade, que precisa ter conhecimento

das possíveis consequências de sua indiferença e omissão em relação ao dano

psicológico sofrível.

Nesse contexto, a categoria dos bancários, conforme Reis et al. (2010), foi

alvo de inúmeras transformações em adaptação à incorporação de novas

tecnologias e aos avanços econômicos, políticos e sociais do mundo. Além de lidar

com as mudanças advindas da informatização, exigindo ampla qualificação técnica,

os bancários precisavam atender certos padrões de comportamento, ter

disponibilidade, ser atenciosos, comunicativos, equilibrados, conquistadores, e

ainda, ser capazes de se adequar às rápidas mudanças, ao ritmo intenso de

trabalho, às pressões e ao estresse diário (REIS et al., 2010).

Na visão de Cerqueira (2015), os bancos, atualmente, desenvolvem artifícios

de vislumbrar o bancário com a falsa sensação de reconhecimento e com a

possibilidade de ascensão profissional, assim, mantendo-os motivados, talvez,

garantisse o sucesso da empresa. O referido autor assinala que os bancos exercem

o convencimento em relação ao funcionário para que o mesmo considere que

aquele local de trabalho é o ideal para sua realização pessoal, e que ali alcançará

um posto de maior hierarquia. Assim, mesmo estando enganado, o bancário tornar-

se mais produtivo, aumenta o seu nível de desempenho e contribui para os

resultados da empresa.

No entanto, Cerqueira (2015) alude que, ao mesmo tempo em que iludem os

bancários, os bancos estabelecem metas de desempenho individuais e coletivas e

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passam a exercer cobrança rigorosa pelo seu cumprimento. Assim, estabelece-se a

relação de exigências: “a diretoria cobra da superintendência regional, a

superintendência cobra das agências, as agências cobram de suas equipes até que

estas cobrem de seus funcionários” (CERQUEIRA, 2015, p. 136).

Assim, Cerqueira (2015) destaca que os bancos instituem um panorama de

cobranças, competição, rivalidade e ambição exacerbada, causando, em seus

funcionários, uma série de transtornos morais, físicos e psíquicos, e ressalta que,

apesar de existirem dispositivos legais, inclusive, estaduais e municipais que tratam

sobre o assédio moral, a Constituição Federal (1988) ainda é a legislação mais

eficiente em assegurar a dignidade, a personalidade e a saúde dos trabalhadores. O

referido autor enfatiza que mesmo existindo leis que refletem na temática tratada, a

subjetividade está presente em todas as decisões proferidas pela justiça nacional.

Em relação ao exposto, Cerqueira (2015) defende que a superação do

assédio moral nos bancos só poderá ser amenizada pelos próprios bancários em

suas lutas sindicais, assim, os trabalhadores poderão estabelecer suas adequadas

condições de trabalho. De fato, atualmente, os sindicatos dos bancários nos

diversos Estados da Federação têm travado bravas lutas contra as condições de

trabalho e a conjuntura de exploração máxima às quais estão submetidos, porém,

encontram-se distantes em resolver essa situação de degradação física e psíquica,

pois muitos deles silenciam e outros nem sequer identificam a ocorrência do assédio

moral nas suas relações de trabalho.

Os bancários tornaram-se reféns de condutas, que ultrapassam o limite

tolerável, assim, a categoria, hoje, sofre grandes pressões para alcance de metas,

tem um volume excessivo de atividades, vive em clima de competição e disputa

ofensiva por destaque institucional. A ocorrência disso tudo no local de trabalho

enseja o cenário para a caracterização de assédio moral no trabalho. Portanto,

diante do exposto, surge a seguinte questão da pesquisa: Em que medida ocorre

assédio moral, a partir da percepção de ocorrência e de impactos afetivos do

fenômeno, em funcionários de instituições bancárias públicas e privadas?

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos da pesquisa compreendem os instrumentos capazes de

evidenciar a finalidade de um trabalho científico e são definidos para facilitar a coleta

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de informações responsáveis pela solução do problema da pesquisa. Nesta etapa,

serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos do estudo.

1.3.1 Geral

Diagnosticar o assédio moral a partir da percepção de ocorrência e de

impactos afetivos do fenômeno em funcionários de instituições bancárias públicas e

privadas.

1.3.2 Específicos

- Caracterizar os sujeitos da pesquisa, quanto aos aspectos sociodemográficos;

- Detectar a frequência com que ocorre o assédio moral nos ambientes de trabalho

dos bancários;

- Identificar os impactos afetivos, provocados por assédio moral, sofridos pelos

bancários participantes da pesquisa;

- Verificar a relação entre a frequência com que ocorre o assédio moral e os

aspectos sociodemográficos dos sujeitos da pesquisa.

1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

A presente pesquisa tem como proposta diagnosticar o assédio moral a partir

da percepção de ocorrência e de impactos afetivos do fenômeno entre os bancários

de instituições bancárias públicas e privadas na cidade de João Pessoa, Estado da

Paraíba. Esse tema tem sido objeto de discussão crescente na atualidade. Trata-se

de um fenômeno social grave que ainda encontra desconhecimento e resistência em

ser denunciado, porém é considerado um assunto de grande relevância, pois

envolve relações humanas e suas consequências, principalmente, no que diz

respeito à saúde do trabalhador.

O estudo contemporâneo das relações trabalhistas preocupa-se com o meio

ambiente do trabalho, com o bem-estar do trabalhador e suas condições

psicológicas e físicas de saúde e higiene. Em meados da década de 80, essa

preocupação foi expressa no artigo 3º, alínea e, da Convenção 155 da OIT (1981),

relativa à Segurança e Saúde dos Trabalhadores, o qual previa que a saúde, em

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relação ao trabalho, compreendia, não apenas, a ausência de doenças, como

também, aspectos físicos e mentais, que prejudicassem a saúde e que estivessem

diretamente ligados à segurança e higiene do trabalho (ROSSI; PERREWÉ;

SAUTER, 2012). Vê-se que muitos anos se passaram e a mesma apreensão

perdura até hoje. As relações de trabalho são analisadas sob diversos aspectos,

porém o que tem grande destaque é a qualidade de vida dos trabalhadores.

O contexto socioeconômico vigente, de uma maneira sutil, estimula a prática

de condutas individualistas e comportamentos perversos, marcados por sentimentos

de competição e ganância. Nesse sentido, atualmente, as relações de trabalho são

marcadas por disputas em prol da sobrevivência e do reconhecimento profissional,

porém, em muitos casos, algumas condutas e atitudes degradam o ambiente de

trabalho, causando desrespeito, ofensa, agressão, perseguição e dominação. Vê-se

que as próprias empresas e instituições buscam ditar as regras de funcionamento,

desconsiderando a própria existência humana. Os funcionários, na sua maioria, são

compreendidos como instrumentos de concretização dos objetivos institucionais,

submetidos às regras autoritárias e abusivas, e são, constantemente, vítimas de

violência moral e desgaste psicológico (SOBOLL, 2008).

As humilhações, ameaças e constrangimentos, causados no ambiente de

trabalho, trazem consequências gravíssimas para a saúde do trabalhador. Esses

atos minimizam, desvalorizam e ferem a dignidade do trabalhador, acarretando-lhe

danos psicológicos e físicos. A cada ano, constata-se um maior número de

afastamentos das atividades laborais em virtude de problemas psíquicos como

decorrência de condutas desonrosas e situações vexatórias no local de trabalho,

portanto, em busca da minimização de tais consequências, ressalta-se a importância

da temática em relação aos bancários, por ser uma categoria vulnerável a condutas

hostis no ambiente de trabalho (CERQUEIRA, 2015). O tema assédio moral precisa

ser difundido entre essa e várias outras categorias, bem como para toda sociedade,

principalmente, para tornar-se um fenômeno de simples identificação, pois muitas

vítimas têm grande dificuldade em perceber sua ocorrência, uma vez que a violência

nem sempre é entendida como tal, além disso, no âmbito das instituições públicas,

caracterizadas por hierarquias e procedimentos rígidos, algo que facilita sua

ocorrência, o assédio moral pode durar anos, pois as pessoas são protegidas pela

organização (CARAN et al., 2010). Em contrapartida, no contexto das instituições

privadas, o trabalhador se submete a determinados desgastes por receio da perda

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do emprego e de outros problemas adjacentes, isto é, o medo de perder o emprego

induz à diminuição e não-revelação do sofrimento causado, caracterizando-se como

propulsor do conformismo e da resignação. Além disso, em muitos casos, o

empregado pode ser assediado para pedir demissão, uma vez que o custo da

dispensa sem justa causa é considerável, assim, o empregador objetiva vencer o

empregado pelo cansaço (SOBOLL, 2008). Portanto, é transparente a necessidade

em abordar o tema: o abuso psicológico e a violência moral precisam ser

combatidos, pois estão pondo em risco a saúde dos trabalhadores. E quanto à

esfera bancária, uma pesquisa recentemente realizada pela CONTRAF em 2011,

revelou que o assédio moral acomete 66% dos bancários no Brasil, segundo

divulgação da Folha de São Paulo, apesar das empresas e instituições estarem

desenvolvendo regras internas de condutas e campanhas de prevenção e combate

ao assédio moral, em virtude das possíveis condenações pela justiça do trabalho.

Ademais, alguns autores como Hirigoyen (2001), Poilpot-Rocaboy (2006) e

Soboll (2008) sugerem em suas pesquisas que fatores individuais e algumas

variáveis sociodemográficas, como sexo, faixa etária, escolaridade, estado civil e

raça/etnia podem influenciar na incidência do assédio moral no ambiente de

trabalho. Portanto, é de suma importância para a pesquisa verificar se existe relação

no ambiente bancário entre a ocorrência de assédio moral e esses aspectos.

Não obstante, convém destacar as inúmeras consequências trazidas pela

ocorrência de assédio moral: faltas reiteradas ao trabalho por razão de doenças,

queda na produtividade do trabalhador, alto custo de substituição do empregado

faltoso ou afastado, aumento dos gastos do Estado com tratamentos de saúde,

concessão de auxílios-doença e aposentadorias precoces (CERQUEIRA, 2015).

Além disso, os reflexos emocionais sofridos com a ocorrência do assédio moral

comprometem a vida social, pessoal, familiar e profissional desses trabalhadores,

logo, é primordial identificar os impactos afetivos, sofridos pelos bancários

participantes da pesquisa.

A justificativa, pelo estudo, encontra respaldo, inclusive, pela importância e

viabilidade do tema. No caso da pesquisa, a temática, apesar de ainda encontrar

imprecisões teóricas e desconhecimento prático, põe os trabalhadores em uma

situação de vulnerabilidade, portanto, é necessário que seja difundido em toda

sociedade as principais condutas, que levam à ocorrência do assédio moral,

tornando sua percepção algo mais fácil (SOBOLL, 2008). Do mesmo modo, autores

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como Barreto (2003), Soboll (2008) e Cerqueira (2012) ressaltam que essas

condutas violentas precisam ser combatidas, de maneira que a integridade física e

psicológica do trabalhador e a imagem da organização sejam preservadas. Portanto,

além de ter relevância científica e social para a produção e divulgação do fenômeno,

poderão contribuir para futuras medidas organizacionais de combate ao assédio

moral, por parte dos gestores das instituições estudadas.

Outro aspecto a ser levado em consideração é que, na tentativa de suprir a

ausência de dispositivos legais no ordenamento nacional, muitas empresas

elaboram códigos de ética com a intenção de minimizar a prática de assédio moral,

que se tornam ineficazes em virtude da ausência de programas de humanização no

trabalho que estabeleçam momentos de diálogos, de comunicação aberta e direta

para discussão de problemas individuais e coletivos dos trabalhadores (BOBROFF;

MARTINS, 2013). Destarte, é um momento oportuno para desenvolver essa

pesquisa para alertar sobre a violência constante que acomete o ambiente de

trabalho, em busca, principalmente, da redução do número de casos dessa

natureza.

A pesquisa é considerada bastante viável, além das informações serem

acessíveis à pesquisa, vê-se interesse por parte do sindicato e dos bancários

participantes em divulgar o panorama geral em relação à frequência de ocorrência

do fenômeno, principalmente como um instrumento de coibição de novos casos de

assédio moral no trabalho. Existem também recursos disponíveis para a conclusão

do estudo, como materiais sobre o tema já consolidados por autores da área, em

relação aos bancários de outras regiões do país, e entre os bancários no Brasil de

um modo geral, despertando curiosidade em pesquisar a ocorrência de assédio

moral entre os bancários na cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba. Ainda, se

dispõe de publicações internacionais sobre o tema, que servirão como instrumento

de consultas. Os prazos são coerentes com o porte da pesquisa e há tempo

suficiente para coleta e análise das informações colhidas, e não existe grande

dispêndio financeiro em relação aos custos do estudo.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Inicialmente, o trabalho aborda o objeto da pesquisa e a contextualização do

fenômeno do assédio moral no ambiente de trabalho. Após uma breve explanação

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sobre a evolução das relações de trabalho e suas implicações, é suscitada a

problemática da pesquisa e em relação ao questionamento sugerido são expostos

os objetivos do estudo, bem como a justificativa de sua realização.

No referencial teórico, são apresentadas as bases teóricas da pesquisa,

dividindo-se em seis tópicos, os quais abordam em sequência: primeiramente, a

história da reestruturação produtiva das instituições bancárias, revelando todas as

transformações sofridas no ambiente de trabalho com o avanço da tecnologia e a

globalização, como resultado desse contexto, é descrito o novo perfil do trabalhador

bancário e o quanto as cobranças excessivas por metas e resultados podem

concorrer à violência no trabalho. Em relação à temática principal, são analisadas as

origens, os conceitos e as características do assédio moral, ao passo que estão

revelados os tipos praticados no ambiente de trabalho, bem como suas

consequências. Nessa linha, é discutida a ocorrência do assédio moral no contexto

bancário, evidenciando os estudos mais recentes sobre esse tema.

O terceiro capítulo aborda os procedimentos metodológicos do estudo,

destacando o seu tipo, a população, o universo e a amostra da pesquisa, os

instrumentos utilizados e a maneira como foram coletados, analisados e tratados os

dados.

No quarto capítulo, são analisados e discutidos os resultados encontrados

com a concretização da pesquisa, com base nos objetivos traçados em relação ao

alcance dos resultados.

Adiante, no quinto capítulo, são apresentadas as conclusões acerca do

estudo, as limitações da pesquisa e as indicações de estudos futuros sobre a

matéria, e por fim, as referências utilizadas e os documentos que compõem os

apêndices e os anexos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nessa seção da pesquisa, são expostas as bases teóricas do assédio moral

nas relações de trabalho, apresentadas, a partir de sua conceituação, suas origens,

seus tipos e características, além dos diversos aspectos relacionados ao âmbito

profissional dos bancários, categoria atingida por condutas abusivas em prol da

busca por metas, resultados e bons desempenhos.

2.1 A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

Entre os anos 70 e 80, com a crise do capitalismo mundial, a dinâmica de

funcionamento das empresas sofreu fortes alterações, principalmente, no que

concerne à produtividade, pois com o desenvolvimento da tecnologia houve a

introdução de processos de automação, através da robótica e da microeletrônica, e,

além disso, a própria organização do trabalho passou a implantar novos modelos de

gestão e método de produção (BARBARINI, 2001).

À medida que ocorreram grandes transformações econômicas e sociais no

contexto mundial e organizacional, surgiu grande interesse por parte da

administração em aumentar os lucros e a produtividade sem aferir os esforços e os

prejuízos (CERQUEIRA, 2015). Barbarini (2001) assegura que tem início o árduo

encargo do empregado, por imposição do empregador, em vencer a concorrência,

ajustar a demanda, garantir lucros e bons resultados, portanto, é a partir desse

momento que o empregado passa a sofrer degradação física e mental pela força do

trabalho.

Santos, Siqueira e Mendes (2010) alegam que a reestruturação produtiva veio

para aprimorar o protótipo taylorista/fordista predominante até então, que previa um

sistema de produção hierarquizado, mecânico e extremamente rígido, no qual toda a

atividade produtiva era controlada em relação ao tempo e aos movimentos. Os

referidos autores enfatizam que a grande preocupação da alta administração era

manter os corpos da classe operária saudáveis, dóceis e produtivos, e exercer

influência psíquica em despertar o comprometimento e a eficiência dos mesmos.

Aos trabalhadores, apenas era atribuído o trabalho braçal, o planejamento e a

atividade intelectual competiam apenas à administração.

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O processo de reestruturação, acima mencionado, deu-se no momento em

que, no Brasil, prevalecia grande concorrência entre bancos nacionais e

internacionais, mudanças advindas das implantações de sucessivos planos

econômicos, como o Plano Cruzado (1980) e o Plano Real (1990), e o controle

inflacionário. De acordo com Cerqueira (2015, p.103), o resultado desse processo de

reforma bancária impulsionou “o fortalecimento dos grandes bancos privados

nacionais e internacionais, redução da participação estatal no sistema, concentração

do capital portador de juros e explosão da dívida externa”. O mercado financeiro foi

aberto aos investidores estrangeiros, assim, alguns bancos nacionais receberam

empréstimos de investidores estrangeiros, e outros foram por eles incorporados ou

adquiridos (CERQUEIRA, 2015).

Jinkings (2000) afirmou em sua tese de doutorado que grande parcela dos

trabalhadores passou a ser paciente das formas mais violentas de exploração no

âmbito capitalista, além disso, a referida autora destacou que a rápida modificação

tecnológica, organizacional e gerencial das organizações admitiu, além do

crescimento da produtividade e da força de trabalho, a intensificação do trabalho

precário e informal e a relativização do emprego e dos salários.

Entre os diversos setores da economia brasileira que sofreram modificações

organizacionais, tem grande destaque o setor financeiro, pois a partir dos anos 90,

incorporou novas tecnologias e modelos originais de organizar o trabalho (SILVA;

NAVARRO, 2012). Com a inclusão dessas inovações, a principal matéria-prima do

setor financeiro, inclusive, dos bancos, o papel moeda, antes objeto de atividades

manuais e mecânicas, foi incorporado por dados processados em sistemas

operacionais eletrônicos (MÁXIMO et al., 2011).

Com a intensificação da produtividade em virtude dos avanços tecnológicos,

Cerqueira (2015) alega que os bancos passaram, crescentemente, a acumular

resultados financeiros. A partir de então, a quantidade de dinheiro manipulada pelas

instituições bancárias elevou-se progressivamente, aumentando o destaque do setor

bancário na economia.

Sabe-se que com as transformações suscitadas pela reestruturação

produtiva, os serviços passaram a ser informatizados e permitiram mais agilidade e

eficiência nas operações, houve também alteração no modelo de gestão, com

ênfase no cliente e em sua satisfação, e mudança no perfil de trabalho dos

bancários (MÁXIMO et al., 2011). Além disso, os bancos passaram a adotar uma

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nova maneira de atendimento aos clientes que reduziam custos, a partir de então, os

próprios clientes executavam grande parte de suas operações através do auto-

atendimento de caixas eletrônicos, e posteriormente por meio de serviços por

telefone e pela internet. De acordo com Máximo et al. (2011), isso acarretou uma

redução expressiva no número de agências bancárias, demissões em massa e

terceirização de algumas atividades, porém, em contrapartida, aumentou o número

de produtos e serviços ofertados, maximizando o lucro das instituições bancárias.

Nessa época, o setor bancário teve grande índice de desemprego, primeiro

em virtude da exigente qualificação profissional em face da informatização, bem

como em face da precarização do trabalho e a energização do ritmo de trabalho

(SILVA; NAVARRO, 2012). Dados apresentados pelo Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Socioeconômicos - DIEESE (1997), em relação ao período

entre os anos 80 e 90, demonstraram que naquele momento foram demitidos cerca

de 40% dos seus funcionários, isto é, em janeiro de 1989 existiam 812 mil bancários,

porém em dezembro de 1996 esse número reduziu para 497 mil. Conforme assinala

Jinkings (2000, p.28), além do crescimento dos índices de desemprego no setor,

“muitos bancários sujeitavam-se à sobrecarga de tarefas e ao prolongamento de

jornadas laborais, em uma realidade de trabalho marcada pelo medo, insegurança,

desgaste da saúde, suicídios”. Nesse sentido, restava evidente a situação de

vulnerabilidade a qual estavam submetidos os bancários, vítimas de uma

reestruturação produtiva marcada por cobranças exageradas causadoras de danos

à saúde dos mesmos.

Após esse período crítico de demissões e reduções de custos, em meados

dos anos 2000, houve a diminuição da circulação do dinheiro em papel em razão do

surgimento do cartão magnético, e os estabelecimentos bancários começaram a

desaparecer em razão das agências eletrônicas, portanto, conforme assinala

Máximo et al. (2011), os bancos passaram a ter como principal alvo os clientes, com

uma busca permanente por atendimento de qualidade e alcance de metas. Percebe-

se que, com o aumento da oferta de produtos e serviços, os bancários obtiveram o

encargo de atuar como vendedores desses produtos e serviços para atingir as

metas propostas pela organização, ademais suas remunerações estavam

diretamente ligadas à produtividade (SILVA; NAVARRO, 2012), o que tornava o

ritmo de trabalho mais intenso e as exigências cada vez maiores.

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Cerqueira (2015) afirma que no sistema financeiro predominava a ideia de

que tudo tinha que dar lucro o tempo todo, portanto, para os grandes

administradores, seus funcionários seriam, exclusivamente, agentes de

desempenho. Destaca-se que a nova era dos negócios financeiros não tinha

nenhuma preocupação com os direitos dos seus empregados, muito menos com as

condições de trabalho dessas pessoas.

Com base nos estudos de Cerqueira (2015), o surgimento da Organização

das Nações Unidas – ONU, da Organização Mundial de Saúde - OMS e a

Declaração Universal dos Direitos do Homem, no pós-guerra, fizeram surgir a

preocupação com o bem-estar físico e mental dos trabalhadores e com o ambiente

de trabalho. Nasceu o termo saúde ocupacional e agora o cuidado não se baseava

apenas na execução da atividade, mas, no conjunto que abrangia o ambiente

laboral, a atividade produtiva e a saúde dos trabalhadores. Cerqueira (2015)

assinala que nessa fase a OIT aprovou o Programa Internacional para

Melhoramento das Condições e do Meio Ambiente de Trabalho (PIACT) e as

Convenções 155 e 161, que previam, em resumo, proteção à saúde, segurança e

condições favoráveis ao meio ambiente do trabalho, visando coibir os problemas

físicos e mentais advindos do estresse e do próprio assédio moral nos locais de

trabalho (OLIVEIRA, 2010).

Todavia, mesmo existindo campanhas e políticas de incentivo à preservação

das condições de trabalho dos bancários, o que se tem hoje é uma crescente

expansão do ramo através da eficiência operacional dos seus empregados, mesmo

que seja a qualquer custo. O DIEESE (2015), através da divulgação do Boletim de

Desempenho dos Bancos em 2014, destacou que as cinco maiores instituições

financeiras do país, quais sejam: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú

Unibanco, Bradesco e Santander obtiveram lucro líquido de, aproximadamente, R$

60,3 bilhões de reais. Esse tipo de desempenho vem se repetindo nos últimos anos

e é consequência de uma política que incentiva a concessão de crédito, elevação

das receitas com tarifas e oferta de serviços e redução de despesas com cortes de

pessoal. Percebe-se que os bancos estão lucrando à custa do desempenho dos

bancários, que resistem fortemente às pressões e às exigências da alta

administração e mantêm em crescimento os resultados desejados.

De acordo com os dados apresentados nos relatórios anuais do DIEESE,

destacam-se no Brasil como os cinco maiores bancos: o Banco do Brasil, a Caixa

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Econômica Federal, o Bradesco, o Itaú e o Santander. Apresenta-se a seguir, o

Quadro 1, no qual são revelados os números de funcionários dos referidos bancos

entre os anos de 2006 e 2010.

Quadro 1 - Número de funcionários dos cinco maiores bancos nacionais (2006 – 2010)

Fonte: DIEESE. Relatório sobre o desempenho dos Bancos em 2010.

Comparativamente, no Quadro 2 são apresentados os números de

funcionários dos cinco maiores bancos nacionais entre os anos de 2011 e 2014.

Quadro 2 - Número de funcionários dos cinco maiores bancos nacionais (2011 – 2014)

Fonte: DIEESE. Relatório sobre o desempenho dos Bancos em 2014.

Com base nas informações prestadas pelos relatórios do DIEESE, percebe-se

que até 2011, a maior parte dos bancos apresentou elevação no número de

empregados, pois havia um movimento de expansão de postos de trabalho na

maioria das instituições financeiras. Em 2012, foram observados dois cenários

distintos: por um lado houve forte redução dos postos de trabalho nos bancos

privados e, em contrapartida, aconteceu uma política de expansão de pessoal nas

Bancos 2006 2007 2008 2009 2010

Banco do Brasil

88.672

81.855

88.972

91.272

109.026

Caixa Econômica

72.252

74.949

78.175

81.300

83.185

Bradesco

63.163

65.050

69.411

68.962

75.375

Itaú

58.011

65.089

71.354

102.754

108.040

Santander

23.355

22.965

53.000

51.241

54.406

Totais 327.177 336.918 386.034 418.971 454.247

Bancos 2011 2012 2013 2014

Banco do Brasil

113.810

114.182

112.216

111.628

Caixa Econômica

85.633

92.926

98.198

101.484

Bradesco

104.684

103.385

100.489

95.520

Itaú/Unibanco

98.258

90.323

95.696

93.175

Santander

54.602

53.992

49.621

49.309

Totais 456.987 454.808 456.220 451.116

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instituições públicas, que geraram, através de concurso público, novas

oportunidades de trabalho. Merece destaque o fato de que, mesmo havendo

redução de pessoal, a eficiência dos bancos privadas continuou em elevado nível de

crescimento. Em 2010, o lucro líquido dos cinco bancos compreendia o montante de

aproximadamente R$ 46,2 bilhões de reais, em 2014 esse valor totalizava R$ 60,3

bilhões de reais, observa-se que os lucros líquidos das instituições financeiras

continuaram em ascensão ao longo de todos os anos, isso ocorreu em virtude,

principalmente, do desempenho dos bancários dessas instituições, que mesmo

estando em um número cada vez mais reduzido, conseguiram alavancar os

negócios e alcançar as metas estabelecidas pela alta administração, ultrapassando,

muitas vezes, princípios éticos e morais e superando seus limites físicos e

psicológicos.

2.2 O NOVO PERFIL DO TRABALHADOR BANCÁRIO

A informatização e as novidades, em termos de gestão e organização

administrativa, trouxeram algumas mudanças no perfil dos profissionais bancários,

alterações que refletiram na saúde dos trabalhadores (SILVA; NAVARRO, 2012).

Máximo et al. (2011) destacam que para o desenvolvimento das novas exigências,

os bancários foram submetidos à prática de treinamentos e cursos como meio de

qualificação. De fato, Cerqueira (2015) afirma que as transações financeiras se

acumularam intensamente e os valores transacionados eram cada vez maiores, o

que exigia do serviço mais cautela e atenção, consequentemente, mais estresse e

tensão.

Além dos problemas enfrentados com as cobranças por metas e vendas,

como pontuam Máximo et al. (2011) os bancários foram submetidos a uma carga

horária de trabalho maior e suas promoções estavam sempre atreladas a um bom

desempenho. Além disso, no caso dos bancos privados, os bancários tinham como

desafio a própria manutenção do emprego. Por conseguinte, lidar diariamente com

esses desafios, demandava resistência, garra e perseverança.

Até meados dos anos 60, os bancos estavam divididos entre direção geral e

agências. Conforme expressa Cerqueira (2015), a matriz era responsável pela

administração e possuía atribuições de fiscalização, de recursos humanos, de

tesouraria, enquanto que as agências eram responsáveis em verificar as entradas e

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as saídas financeiras diárias e em manter o atendimento ao público. Todas as

operações realizadas eram conferidas manualmente e isso demandava muito tempo,

portanto, o horário de trabalho, às vezes, era sacrificado em face das inúmeras

conferências.

Máximo et al. (2011, p.68) enfatizam também que a nova conjuntura exige

dos bancários “aceitação do risco e da complexidade de um contexto de

instabilidade e imprevisibilidade; flexibilidade; capacidade de ação rápida diante de

imprevistos e de prazos cada vez mais curtos; resistência à carga de trabalho e às

cobranças”. Tudo isso representa uma parte dos problemas enfrentados diariamente

pelos bancários, os bancos requerem dos seus funcionários ambição individual em

cumprir metas e vendas, convertendo todo resultado em lucro.

No início do século XX, o bancário desenvolvia operações de conta corrente,

emissão de crédito e cobrança, basicamente, tudo era escriturado manualmente em

papel. Como instrumento de desenvolvimento, houve a inserção de meios

tecnológicos, e as operações foram aos poucos mecanizadas, à medida que isso

acontecia, a produtividade dos empregados e a velocidade das transações

aumentavam consideravelmente (CERQUEIRA, 2015). Portanto, com o crescimento

do fluxo de operações, os bancos passaram a manejar uma grande quantidade de

dinheiro, elevando seu grau de importância no mercado econômico.

As inovações tecnológicas eram tão recorrentes que as funções criadas se

renovavam e davam lugar a outras novidades, segundo Jinkings (2000) os canais de

atendimento ao cliente receberam fortes investimentos, os call centers e

telemarketing se multiplicaram, vários caixas eletrônicos foram instalados, o uso da

internet possibilitava aos usuários a realização de operações sem deslocamento e o

uso dos cartões de crédito e débito diminuía a circulação de cheques e do dinheiro

em espécie.

Nesse cenário de grandes inovações, surge o novo perfil do bancário,

profissional encarregado agora de ofertar aos seus clientes uma infinidade de

produtos e serviços financeiros. As novas exigências de mercado transformaram as

agências como verdadeiras lojas, e, no balcão de negócios dessas instituições, os

bancários, além de serem os principais responsáveis pelo sucesso e bons

resultados da empresa, tinham que ter boa aparência, qualificação, e gabarito

suficiente para captar e satisfazer sua clientela, nesse sentido Cerqueira (2015,

p.115) destaca,

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Os novos bancários têm que ter o domínio dos movimentos do mercado financeiro, devem ser hábeis no trato personalizado aos clientes e ter capacidade de vendas. A excelência no atendimento é a marca com que os bancos ofertam seus produtos e serviços aos clientes, visando à sua fidelização. Muda-se o perfil de um empregado de banco. Reduz-se o espaço dos escriturários e caixas, e cresce em importância o bancário vendedor, engravatado, nível superior completo, apto ao atendimento qualificado. Individualmente ou com alguma assessoria, devem vender títulos, seguros, consórcios, previdência e demais produtos e serviços dos bancos.

O supracitado autor ressalta que o bancário tem o dever de analisar o perfil

de cada cliente, estudando suas necessidades para ofertar exatamente aquilo que

ele mais precisa, para tanto, precisam ser inovadores, criativos e devem se integrar

com os objetivos da instituição. Corrobora com a mesma opinião Jinkings (2000), ao

advertir que as instituições bancárias desejam empregar funcionários jovens,

ambiciosos e oportunistas, com alta capacidade técnica e interativa.

Segundo a opinião de Netz e Mendes (2006), todas as mudanças ocorridas

na dinâmica funcional dos bancos, alteraram o desenvolvimento da atividade

bancária e trouxeram consequências danosas à saúde dos trabalhadores, por se

tornarem vítimas de exigências que ultrapassam os limites toleráveis, ocasionando

desgaste físico e mental.

Apesar de ser normal a exigência por resultados no ambiente laboral, a

categoria dos bancários vivencia essa situação com violência. De acordo com

Cerqueira (2015, p.128),

As hierarquias cobram intensamente o cumprimento das metas estabelecidas, tornando os bancos verdadeiras panelas de pressão. Cada empregado tem metas a cumprir individualmente, seu grupo tem uma meta coletiva maior, a agência tem uma meta global, a superintendência regional tem a sua própria, a estadual mais outra até que se cumpra a meta nacional do banco. À medida que sobe a hierarquia, crescem os montantes cobrados e a pressão.

Isso evidencia, realmente, qual o sentimento que assola a categoria dos

bancários no país. Incumbidos de produzir resultados para as instituições, os

bancários são responsabilizados pelo sucesso ou insucesso dos negócios da

organização. O único instrumento à disposição dos bancos é a cobrança, portanto,

essa forma inadequada e exagerada de controlar o trabalho dos seus subordinados

resulta em condutas violentas no ambiente de trabalho, caracterizadoras de assédio

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moral, que põem em risco não só os resultados operacionais, mas a saúde física e

psíquica dos seus funcionários.

2.2.1 Da cobrança à violência no trabalho

As relações de trabalho apresentam problemas de naturezas diversas,

portanto, na configuração de atos violentos, alguns elementos precisam ser

destacados, pois não se podem confundir situações desagradáveis ou exigências de

cumprimento de regras com atos violentos definidos como assédio moral.

Conforme dispõe Soboll (2008), algumas empresas, para assegurar o

cumprimento de metas audaciosas e garantir aceitação das normas organizacionais,

utilizam-se de comandos exagerados, pressões intensas, gestos de humilhação,

práticas de submissão e estímulo à competição desleal, assim, o próprio contexto

organizacional favorece o desenvolvimento de relações agressivas, e, na verdade,

as situações descritas buscam o controle e a disciplina. Resta evidente que nem

todo tipo de cobrança ou exigência pode ser caracterizada como ato violento.

Segundo a supracitada autora, é imprescindível abordar a questão conceitual do

assédio moral com seriedade para evitar o enfraquecimento das discussões e das

ações sobre o assunto, pois o Poder Judiciário, nos últimos anos, segundo Jakutis

(2006), utilizou-se da subjetividade do conceito para julgar atos violentos praticados

no ambiente laboral. O referido autor enfatiza que algumas pessoas têm dificuldades

em perceber as diferenças entre o incentivo e a advertência por resultados

melhores. A palavra do líder precisa alcançar o objetivo principal sem desmerecer ou

comprometer a dignidade do empregado.

Hoje, conforme Rodrigues e Freitas (2014), prevalece uma forte tendência de

considerar situações desagradáveis e atitudes que interferem na saúde física e

mental dos funcionários como assédio moral, nesse sentido, Cassitto et al. (2012)

expressaram, através do quadro explicativo a seguir (Quadro 3), quais as principais

diferenças entre os conflitos considerados saudáveis e os atos que caracterizam o

assédio moral, assim, ocorrerá este último quando as condutas ferirem a ética e a

moral, quando as regras não forem evidentes, quando a comunicação entre as

pessoas for indireta e obscura e houver problemas de comportamento dissimulado e

agressivo.

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Quadro 3 - Diferenças entre conflitos saudáveis e situações de assédio moral

Conflitos Saudáveis Assédio moral

Regras e tarefas claras Regras ambíguas

Relações em que há colaboração Comportamento sem colaboração/boicote

Objetivos comuns e compartilhados Falta de previsão

Organização saudável Relações interpessoais ambíguas

Conflitos e confrontos ocasionais Ações sem ética e de larga duração

Estratégias abertas e francas Estratégias equivocadas

Conflitos e discussões abertas Ações encobertas e negação de conflito

Comunicação sincera e honesta Comunicação indireta e evasiva

Fonte: Cassitto et al. (2012, p.15).

Além do exposto, Freitas, Heloani e Barreto (2008) expõem que os conflitos

saudáveis possibilitam negociação e resolução, diferentemente, do que ocorre nos

casos de assédio moral, em que, muitas vezes, nem o próprio conflito é gerado. Nos

casos de assédio moral, existem uma vítima e um agressor, mas é comum que a

vítima ignore a situação e conviva com ela sem externar sentimentos, apesar de

carregar efeitos e consequências para sua saúde física, psíquica, profissional,

familiar e social.

Soboll (2008) enfatiza que atos de violência isolados, praticados por pessoas

mal intencionadas, podem ocorrer em qualquer relação de trabalho, no entanto, as

organizações jamais podem se omitir, por cumplicidade ou negligência, diante de

tais condutas, tornando a violência uma política de gestão corriqueira. Neste sentido,

a referida autora deixa evidente que o assédio moral configura um dos tipos de

violência, sofrida no ambiente de trabalho, e ressalta sua importância em virtude da

sutileza que apresenta. Segundo a referida autora, é fácil identificar os outros atos

violentos, por serem bem característicos, mas o assédio moral carrega uma

peculiaridade, nesse contexto, a autora descreve que vestígios de isolamento e falta

de comunicação pessoal; impedimentos de diálogos entre colegas de trabalho;

eliminação de participação nas atividades laborais; surgimento de conversas

maldosas, atitudes desrespeitosas em relação ao caráter pessoal, opiniões adversas

sobre família e a vida privada da pessoa; atribuições de culpabilidade pelos erros

alheios, divulgação de informações incoerentes ou omissão de dados que

prejudiquem o desempenho profissional do outro; atribuições vexatórias,

degradantes, e impossíveis de serem cumpridas; mudança espontânea na

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disposição física do mobiliário, sem prévio aviso; alterações de arquivos salvos pelo

funcionário; violação de correspondência; rebaixamento de função sem justificativa

plausível; controle de tempo para uso de banheiro dentro da organização, bem como

advertência em casos de uso de atestados médicos, dentre outros atos. Soboll

(2008, p.109), ainda ressalta,

A violência no ambiente de trabalho se manifesta das seguintes formas: agressão física, interferência nos trabalhos, ameaça, intimidação, assédio moral (incluindo sexual ou racial), mensagem agressiva, ofensa, comportamento hostil, isolamento, perseguição por grupos (bullying), estupro, extorsão, postura agressiva, gesto rude, provocação (mobbing), grito, roubo, homicídio, silêncio deliberado, insinuação, xingamento e outros.

De fato, a dificuldade em diferenciar a ocorrência dos conflitos

organizacionais do episódio do assédio moral é peculiar a algumas categorias

profissionais, dentre elas a dos bancários, que lidam, diariamente, no ambiente de

trabalho, com pressão e guerra interna por metas e maiores desempenhos.

Portanto, incluir na pesquisa um instrumento de aferir a percepção da ocorrência do

assédio moral garante autenticidade às condutas, observadas nas instituições

bancárias.

2.3 ASSÉDIO MORAL: ORIGENS, CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

As primeiras discussões sobre assédio moral no trabalho se originaram em

países europeus, assinala Soboll (2008) que na doutrina internacional, os termos

bossing, mobbing e bullying são expressões utilizadas para representar o que, aqui

no Brasil, conhecemos como assédio moral. Em relação às raízes históricas, com

base na obra de Martins (2014), o termo bossing foi introduzido em 1955 na

Psicologia do Trabalho por Brinkmann, e representava atitude desagradável,

realizada pela direção da empresa contra os empregados, com o intuito de reduzir o

número de empregados ou diminuir os custos da empresa, caracterizada como uma

estratégia para o empregado pedir demissão.

Carvalho (2009) destaca que a Suécia foi o primeiro país a adotar uma

legislação especial contra a prática de mobbing no ambiente de trabalho. Martins

(2014) deixa claro que esse termo é utilizado na Itália, na Alemanha e nos países

escandinavos, segundo ele, a palavra mobbing foi utilizada para explicar ações

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desagradáveis praticadas entre crianças no ambiente escolar. Portanto, no aspecto

laboral, Lippmann (2005, p.118) expõe que a legislação sueca definiu mobbing como

um “conjunto de ações recorrentes e reprováveis ou evidentemente hostis, frente a

um trabalhador, adotadas no âmbito das relações interpessoais no ambiente de

trabalho, de forma ofensiva e com o propósito de estabelecer exclusão da vítima”.

Esse conceito apresenta estreita relação com a definição do que seria assédio moral

na literatura brasileira.

Heloani (2003) assegura que a primeira pesquisa em relação ao tema assédio

moral ocorreu em 1996 na Suécia, e teve como precursor o alemão Heinz Leymann,

um psicólogo do trabalho que realizou um levantamento com inúmeros profissionais,

e bem como afirma Martins (2014), ele aplicou um questionário no ambiente das

empresas para identificar as condutas sobre o tema, esse estudo ficou conhecido

como LIPT (Leymann Inventory of Psychological Terror – Índice Leymann de

Terrorização Psicológica) e diagnosticou a ocorrência de um fato apelidado como

“psicoterror”. Segundo Soboll (2008, p.25), Leymman criou a expressão mobbing

“para descrever comportamentos agressivos de um grupo no sentido de excluir um

dos seus membros no ambiente de trabalho”, mas também empregou a palavra

psicoterror, para referenciar as agressões psicológicas sofridas pelos empregados

nos seus ambientes de trabalho (MARTINS, 2014).

Alguns anos depois, em 1992, uma emissora de televisão da Inglaterra

transmitiu alguns documentários que traziam ao conhecimento público práticas de

bullying, que significava intimidar, aterrorizar, praticar atos cruéis no âmbito das

escolas, em que ocorre o assédio moral e até violência física, propriamente dita,

entre alunos. Segundo Soboll (2008), a diferença entre as denominações mobbing e

bullying seria justificada tendo em vista que esta se referia ao comportamento dos

grupos de crianças, e aquela, descreveria as situações que envolvessem adultos e

fossem equivalentes aos casos de assédio moral.

Além dos países já citados, outros como, França, Itália, Portugal, Bélgica,

Austrália e Estados Unidos desenvolveram trabalhos e legislações específicas sobre

assédio moral, como instrumentos de proteção contra agressões físicas e

psicológicas nos locais de trabalho (CARVALHO, 2009).

A discussão sobre assédio moral ganhou conhecimento a partir das

contribuições francesas de pesquisadores como Christophe Dejours e Marie-France

Hirigoyen (CERQUEIRA, 2015). Dejours publicou em 1990 um livro que analisava o

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sofrimento no trabalho na França, não falava especificamente em assédio moral,

mas destacava a nova dinâmica organizacional de competitividade e ampla

produtividade e suas relações com a violência moral, vivida pelos empregados no

ambiente de trabalho (CERQUEIRA, 2015). No entanto, a obra que teve mais

impacto no mundo foi a de Hirigoyen, foi ela quem primeiro tratou sobre a violência

perversa no mundo do trabalho e apresentou uma definição do que seria assédio

moral através do seu livro “Assédio Moral – a violência perversa no cotidiano”

(SOARES e VILLELA, 2012). A referida autora é psiquiatra e psicanalista com

formação em vitimologia na França e nos Estados Unidos (HELOANI, 2003).

Segundo Hirigoyen (2001), assédio moral constitui a prática de qualquer

ação, seja um gesto, palavra, comportamento ou atitude, de maneira abusiva,

causada repetida ou sistematicamente contra a dignidade ou a integridade de uma

pessoa, prejudicando seu ambiente de trabalho e seu desempenho produtivo.

Hirigoyen (2006) deixa evidente que, no mundo competitivo, as empresas

foram obrigadas a cobrar resultados concretos, por isso a autora utilizou em sua

obra o termo “gestão por pressão”, algo que involuntariamente causa estresse e

desconforto, apesar de não existir intenção maldosa nas cobranças. Nesse sentido,

a referida autora observa que não se trata de assédio moral, e sim, exigência

necessária como condição a melhorar o desempenho da organização,

contrariamente ao assédio moral, que procura arruinar e prejudicar a função

exercida, portanto afirma que no assédio moral o alvo é o próprio indivíduo e o

objetivo principal é exatamente prejudicá-lo. Logo, não existe interesse em melhorar

produtividade e desempenho, otimizando os resultados, apenas procura-se eliminá-

lo do ambiente laboral, pois de alguma maneira está sendo incômodo aos olhos do

agressor (HIRIGOYEN, 2006).

Apesar de ser um tema mundialmente discutido, no Brasil, a definição do

termo assédio moral segue o modelo francês de Marie-France Hirigoyen (2001) e é

descrito como ataques repetitivos e intencionais de uma pessoa ou grupo,

provocado contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de causar tormento,

provocação ou prejuízo, podendo, inclusive, afetar à saúde do indivíduo. A referida

autora ainda destaca que o assédio moral representaria qualquer conduta abusiva,

praticada por gesto, palavra, comportamento ou atitude, que atingisse a dignidade

ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou

degradando o clima organizacional. Além disso, Soboll (2008) destaca que outro

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estudo foi referência no Brasil para compreensão do tema, tratou-se da dissertação

de mestrado de autoria da médica Margarida Barreto, em psicologia social, pela

PUC-SP, sobre humilhação no trabalho. A referida pesquisadora atuou junto a mais

de dois mil trabalhadores que faziam parte do Sindicato dos Químicos de São Paulo

desde meados da década de 1990, e voltou sua atenção para assegurar o respeito à

dignidade dos trabalhadores e nas vivências de sofrimento no trabalho. Barreto

(2002) passou a admitir que o assédio moral encontra-se no âmbito das relações de

poder, destacando-se como um instrumento de poder coativo, através da

humilhação, violência e pavor. A referida autora admite que assediar moralmente é

expor de maneira prolongada e recorrente a degradantes condições de trabalho,

fazendo surgir relações hierarquicamente assimétricas, desumanas e hostis,

marcadas por abuso de poder e autoridade.

Apesar das duas autores abordarem o tema em países distintos, ambas

encontraram semelhanças entre as humilhações descritas pelos trabalhadores.

Soboll (2008) destaca que a relação entre as abordagens de Barreto e Hirigoyen

esclarece a tendência das pesquisas brasileiras em descrever os comportamentos

típicos, o perfil das vítimas e dos agressores e os efeitos da violência sofrida na

saúde mental das pessoas.

Leymann (1990) assegura que o objetivo do assédio moral é desestabilizar ou

danificar os instrumentos de comunicação da vítima, prejudicar sua reputação,

conturbar a execução de suas atividades laborais, contribuindo até para o abandono

do emprego. Contrariamente a Leymann (1990), Hirigoyen (2001) alega que não

necessariamente, para se caracterizar a violência independe da frequência,

principalmente porque, para ela, existem fatos humilhantes, que desestabilizam a

vítima em menos de seis meses, tempo mínimo de agressão defendido por Leymann

(1990). E Barreto (2003) considera o assédio moral no trabalho como uma

exposição recorrente e duradoura dos trabalhadores a situações humilhantes e

constrangedoras no âmbito de suas atividades laborais. Guedes (2003) revela dois

requisitos fundamentais para caracterizar o assédio moral, que seriam: a duração no

tempo e o objetivo de prejudicar a pessoa. Conforme assinala Siqueira (2014), na

literatura é pacífica a ideia de que o assédio decorre de relações de poder desiguais

nas quais o assediador ultrapassa seu limite de poder, confundindo a vítima,

propositadamente ou não, com humilhação, vexame ou constrangimento.

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De acordo com Martins (2014, p.17),

O assédio moral é a conduta ilícita do empregador ou seus prepostos, por ação ou omissão, por dolo ou culpa, de forma repetitiva e geralmente prolongada, de natureza psicológica, causando ofensa à dignidade, à personalidade e à integridade do trabalhador. Causa humilhação e constrangimento ao trabalhador. Implica guerra de nervos contra o trabalhador, que é perseguido por alguém. O trabalhador fica exposto a situações humilhantes e constrangedoras durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções.

A violência do assédio moral quase nunca é física, estudiosos do tema, como:

Leymann (1990), Hirigoyen (2001), Barreto (2003), Guedes (2003), Heloani (2004),

Einarsen et al. (2005), Soboll (2008), alegam que os efeitos mais comuns do assédio

moral para os trabalhadores são: deterioração da saúde física e mental,

ocasionando dores; distúrbios digestivos; falta de ar; depressão; irritabilidade;

alteração de sono e de humor; prejuízos econômicos e sociais; dificuldades no

relacionamento com a família, com os amigos, atingindo o lazer, as tarefas

domésticas e até a vida sexual; entre outros problemas. Os referidos autores

também assinalaram que as organizações são afetadas com a caracterização do

assédio moral, geralmente, tem-se aumento nos casos de absenteísmo, queda na

produtividade e na qualidade de execução do trabalho, aposentadorias precoces,

exposição negativa e muitos outros.

Coyne, Craig e Chong (2004) consideram que a tendência geral é a definição

do assédio moral como o acontecimento de atos repetitivos e duradouros, que

ocasionam desequilíbrio das relações de poder entre vítima e executor e que

abrange um traço de subjetividade por parte da vítima em relação a como ela

percebe o ato e seus efeitos.

Conforme assinala Soboll (2008), a complexidade do tema ainda não foi

solucionada nem mesmo na esfera conceitual, assim, no âmbito social, o termo

assédio moral corresponde às mais variadas situações desagradáveis no trabalho. É

conhecido como um fenômeno, que envolve violência psicológica exercida de

maneira sistemática e frequente por uma pessoa, ou grupo de pessoas, sobre outra

no ambiente de trabalho, podendo ocasionar problemas como depressão, angústias

e outros danos psíquicos.

Hirigoyen (2006) defende que, para a maioria da população, a figura do

agressor está ligada ao superior hierárquico e que, muitas vezes, as vítimas são

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mulheres. Apesar de ser comprovado que o maior número de casos é exatamente

dessa natureza, as agressões podem ocorrer entre colegas do mesmo nível

hierárquico (assédio moral horizontal), bem como de subordinado para superior

(assédio moral vertical ascendente) ou de superior para subordinado (assédio moral

vertical descendente), e pode ser praticado por homens e/ou mulheres.

Hirigoyen (2006) destaca que as formas de assédio moral são diferentes no

setor público e privado. No setor privado, a ocorrência é mais fácil de ser

diagnosticada, ocorre por um curto período de tempo e geralmente é capaz de

ocasionar a saída do emprego. Já no setor público, o assédio pode durar muitos

anos, pois as pessoas gozam de estabilidade na atividade e não podem ser

demitidas sem um justo e grave motivo.

Segundo o entendimento de Bobroff e Martins (2013), a compreensão da

ocorrência do assédio moral decorreu de estudos científicos, realizados na seara da

Psicologia e da Medicina, através da avaliação de alguns casos no ambiente de

trabalho e seus efeitos sobre a saúde dos trabalhadores. No entanto, Nascimento e

Araújo (2014) asseguram que o fenômeno denominado assédio moral,

provavelmente, em função de sua multidisciplinaridade em relação aos fatores,

causas e consequências, suscitou ao longo dos anos o interesse de várias áreas do

conhecimento, dentre elas: a sociologia, a psicologia, o direito, a economia, a

filosofia e a administração.

Em relação ao conceito, na visão de Martins (2014), assediar representa

limitar, pôr cerco, impedir e humilhar. Numa definição sintética, Martins (2014, p.12)

conceitua assédio como uma “insistência impertinente feita por uma pessoa em

relação à outra. A insistência é feita de forma a abalar a moral da pessoa.” Segundo

Fiorelli, Fiorelli e Malhadas Junior (2015), o termo assédio moral representa

insistência praticada contra uma pessoa, com perguntas, propostas e pretensões.

Em relação ao tema assédio moral Heloani (2004, p.5) destaca,

O assédio moral caracteriza-se pela intencionalidade; consiste na constante e deliberada desqualificação da vítima, seguida de sua consequente fragilização, com o intuito de neutralizá-la em termos de poder. Esse enfraquecimento psíquico pode levar o indivíduo vitimizado a uma paulatina despersonalização. Sem dúvida, trata-se de um processo disciplinador em que se procura anular a vontade daquele que, para o agressor, se apresenta como ameaça.

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Piñuel (2003) ressalta que, na maioria dos casos, os agressores são os

chefes e estes seriam pessoas hierarquicamente superiores que, para impor suas

ordens, utilizam gritos, falsas acusações e gestos humilhantes, reduzindo a

capacidade criativa do empregado. Já na concepção de Guedes (2005), todos os

atos e comportamentos advindos do empregador, gerente ou superior hierárquico,

ou até mesmo dos próprios colegas de trabalho, que são recorrentes,

intensivamente perseguidores e causadores de danos às condições físicas,

psíquicas e morais da vítima, são típicos de assédio moral. Destaca-se que seja no

âmbito público ou privado, o assédio moral é proveniente de ações ou omissões que

tornam o ambiente de trabalho hostil e intimidatório (CONTRERAS; LÓPEZ, 2007).

Na visão de Diaz (2007), o assédio praticado no âmbito do trabalho tem

início com uma série de condutas perseguidoras, caluniosas e desrespeitosas, que

levam ao isolamento da vítima. Situação que postergada no tempo, costuma

desestabilizar o seu psicológico, afetando-lhe a moral e o bom senso, incentivando-

lhe a deixar a organização por falta de vontade em continuar sua atividade.

Segundo Carvalho (2009), assédio moral é um instrumento de agressão,

geralmente, psicológica, consubstanciado na prática de atos abusivos e amorais e

condutas humilhantes, que diminuem, degradam e constrangem a vítima, seja

realizado ou não de maneira prolongada e repetidamente, com o intuito principal de

excluí-la do ambiente laboral. Carvalho (2009, p.61) ainda ressalta que a prática de

assédio moral pode desestabilizar a vítima, “provocando um cansaço, um verdadeiro

desgaste emocional, que pode evoluir para doenças de ordem psíquicas e físicas,

acarretando incomensuráveis prejuízos à saúde mental e física do trabalhador”.

Conforme assinalam Nascimento e Araújo (2014), a intencionalidade,

característica da configuração do assédio moral, não é imprescindível para sua

ocorrência, uma vez que, em muitos casos, o agressor pratica conduta assediadora,

mas não tem plena consciência das consequências de suas atitudes. Ainda existe,

segundo esses autores, o fato de muitos atos violentos serem revestidos de sutileza

e falsa aparência.

Martins (2014, p.17), sob o enfoque jurídico, traz o conceito de assédio

moral como “uma conduta ilícita do empregador, por ação ou omissão, por dolo ou

culpa, de forma repetitiva e geralmente prolongada, de natureza psicológica,

causando ofensa à dignidade, à personalidade e à integridade do trabalhador”.

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As caracterizações das condutas que constituem assédio moral se repetem

a cada conceituação. Com base na obra de Martins (2014) para a verificação da

ocorrência de assédio moral, é preciso haver um prejuízo ou um dano ao

empregado, todavia, segundo Carvalho (2009), algumas situações podem ocorrer

sem que haja dano ou prejuízo para a vítima, basta que isso lhe cause um impacto

afetivo.

Ademais, assim como Leymann (1990), um grande pesquisador do tema,

Martins (2014) afirma que o ato caracterizador da conduta deve ser repetitivo, logo,

um mero ato isolado não seria entendido como assédio moral. Porém, o próprio

Martins (2014, p.20) observa que “a constância do assédio moral não está vinculada

a um período exato, pois pode ser diária, semanal, quinzenal. Vai depender de cada

caso a ser examinado”.

Grande parte dos estudiosos do tema defende que a intencionalidade é algo

imprescindível para a ocorrência de assédio moral (LEYMANN, 1990; HELOANI,

2004; CARVALHO, 2009; MARTINS, 2014). Todavia, autores como Barreto (2002),

Hirigoyen (2006), Soboll (2008), Nascimento e Araújo (2014) e Fiorelli, Fiorelli e

Malhadas Junior (2015) observam que podem existir comportamentos assediadores,

sem que ocorra intenção por parte do agressor, basta que, por imposição

organizacional, cultural ou social possam ocorrer obrigações que levem, mesmo que

involuntariamente ao desgaste físico e mental, ao sofrimento e penalizações.

Existem ainda casos de assédio em que há a ocorrência da premeditação,

porém, este não é um requisito para a constituição do ato danoso, pois conforme

Martins (2014, p.20) “o indivíduo pode fazer ou começar a fazer uma ação contra a

vítima de forma espontânea”, isto é, sem planejamento prévio.

Em síntese, em sua obra, Martins (2014) enumera alguns requisitos para a

caracterização do assédio moral: conduta abusiva, ação repetida, postura ofensiva à

pessoa, agressão psicológica, finalidade de exclusão da vítima e dano psíquico

emocional. Apesar de previstas algumas características peculiares das condutas de

assédio moral, diagnosticar a ocorrência desse fenômeno não é tarefa fácil. Algumas

vezes, como analisam Bobroff e Martins (2013), as ações não ocorrem de forma

brutal e perceptível, para que se configurem assédio moral, devem constituir um ato

agressivo ou abusivo, realizado continuamente, de maneira duradoura e intencional,

desde que se observem os aspectos culturais e os objetivos do assediador.

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Bobroff e Martins (2013) deixam evidente que a repetição pode tanto se

aludir ao mesmo ato ou omissão, ou a atos e omissões diferentes, importando, na

verdade, apenas saber se é uma ação violenta ou abusiva reentrante, mas também

se tem assiduidade e constância, aspectos fundamentais para a caracterização do

assédio moral. Em relação à duração, autores como Leymann (1990) e Barreto

(2003) destacam que o tempo pode variar de uma semana até três anos, esses

autores demonstraram em seus estudos que a duração média da conduta do

assediador é, em geral, de seis meses. Logo, é fundamental procurar intervir no

período de ocorrência dos atos, para que os mesmos possam ser interrompidos

antes de configurarem o assédio moral propriamente dito.

Bobroff e Martins (2013) ressaltam também o cuidado que deve existir na

definição, se a situação em análise compreende ou não um caso de assédio moral.

Alguns trabalhadores são vítimas de assédio moral no trabalho, mas não sabem

identificar o fenômeno, e muitas vezes, até negam a existência da situação por

acreditar que o desconforto aparente é, na verdade, um problema de ordem pessoal.

Em contrapartida, existem inúmeros casos em que o trabalhador não sofre assédio

moral, mas simula a existência da situação com algum intuito pré-definido, como, por

exemplo, para obter uma indenização. Daí, surge a necessidade de distinguir os

conflitos saudáveis entre os componentes da organização e a prática de assédio

moral. Toda organização, segundo Bobroff e Martins (2013), precisa divulgar entre

sua equipe as estratégias de trabalho de maneira direta, aberta e franca,

estabelecendo uma comunicação sincera e participativa entre seus membros.

Contudo, mesmo estando atentos a todos esses princípios, os componentes das

equipes divergem de opinião e logo surgem os conflitos e as desavenças. Destarte,

os trabalhadores precisam ficar atentos aos sinais apresentados pelas vítimas de

assédio moral: depressão, desmotivação, insônia, crises de choro, dores físicas,

angústia, falta de concentração, início de alcoolismo, aumento da pressão arterial,

ideias suicidas, dentre outros (BARRETO, 2003).

Portanto, para caracterizar o fenômeno do assédio moral é necessário

existir intenção do agressor, durabilidade e frequência. Além disso, precisa conduzir

um ato violento que afete princípios morais e éticos, sejam individuais ou coletivos,

bem como a qualidade e a saúde dos trabalhadores, ocasionando doenças físicas,

psíquicas e muitos problemas de ordem emocional, não importando se a conduta

danosa partiu do superior imediato, ou mesmo do colega de trabalho.

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2.4 TIPOS DE ASSÉDIO MORAL

Conforme alguns estudiosos como Leymann (1990), Barreto (2003), Guedes

(2003), Piñuel (2003), Hirigoyen (2001/2006) e Carvalho (2009), o assédio moral é

classificado em três espécies, levando-se em consideração o grau de hierarquia da

relação de poder entre patrão e empregado.

Existe o assédio moral descendente (ou vertical), cuja origem parte do

superior hierárquico em relação ao seu subordinado, e serve para mostrar quem

detém o poder na organização. Segundo Hirigoyen (2001), essa forma de assédio

moral se manifesta por meio de abuso de poder e por atitude cruel de rebaixar os

empregados, já na concepção de Guedes (2003), esse tipo de assédio moral, não

necessariamente, precisa ser praticado diretamente pelo superior hierárquico,

podendo ser por ele incentivado e executado por outro subordinado em

cumplicidade com suas ordens.

O assédio moral ascendente acontece quando faz o sentido inverso ao

primeiro, advém do subordinado em relação ao superior hierárquico, nesse sentido,

Hirigoyen (2001) ressalta que, nesse caso específico de assédio moral, os dois

casos que mais acontecem são: alegação inverídica do subordinado de ter sofrido

assédio sexual do superior, como meio de denegrir sua reputação e reações

coletivas dos trabalhadores, também defendida por Martins (2014, p.28), quando diz

que o fenômeno acontece à medida que “os métodos do chefe não são aceitos pelo

grupo, as ordens de serviço não são cumpridas e há hostilidades ao chefe”.

O assédio moral horizontal é aquele que ocorre entre colegas de trabalho

que possuem as mesmas atribuições e nível funcional. Guedes (2003) e Hirigoyen

(2006) sustentam que no ambiente altamente competitivo é muito comum surgir

esse tipo de violência.

Não obstante, autores como Martins (2014) e Nascimento e Araújo (2014)

consideram que, além dos três tipos acima referenciados, existe ainda o assédio

moral misto, quando, ao mesmo tempo, envolve agressores de vários níveis

hierárquicos diferentes.

Martins (2014) ressalta que existe o assédio moral individual e o coletivo. O

individual é realizado contra uma pessoa específica, e o coletivo, origina-se de um

grupo em relação a uma pessoa. Além disso, segundo o mesmo autor, o assédio

pode ser institucional, organizacional ou corporativo quando a própria empresa

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determina a execução de uma atividade que cause prejuízos aos seus empregados.

Martins (2014) ainda classifica o assédio moral em outros tipos, como: assédio

moral-repressão, que faz referência aos representantes de pessoa e aos dirigentes

sindicais, que deixam de ser admirados na empresa e passam a ser considerados

traidores; o assédio moral perverso, que é prolongado para que a vítima permaneça

a sofrer no ambiente de trabalho.

Hirigoyen (2006) entende que há também o assédio moral estratégico,

caracterizado por motivo econômico, aquele ocasionado pelo empregador, que,

forçosamente, leva o empregado a pedir demissão, só para não arcar com os custos

da despedida. A referida autora também menciona a existência do assédio moral

discriminatório, que pode acontecer em razão de sexo, idade, estado civil, cor,

religião ou por várias outras características da vítima.

Na classificação atribuída por Fiorelli, Fiorelli e Malhadas Júnior (2015) além

de considerarem o assédio moral quanto ao local de origem e quanto à quantidade

de envolvidos, destacam a ocorrência do assédio moral em relação à intenção ou

motivo do assediador, que podem estar ligados à conquista por novos comandos de

poder ou disputa por espaço no ambiente de trabalho, em razão de

incompatibilidade emocional com o chefe ou colegas de trabalho, por motivos

religiosos ou pessoais, ou para obter vantagens econômicas.

Martins (2014) considera que o assédio pode ser silencioso ou não. É do

primeiro tipo quando a vítima é excluída do convívio sem saber os motivos daquele

afastamento e se vê abandonada sem explicação. E o não silencioso que se

configura quando a vítima é criticada ou ridicularizada por alguém e essa situação é

exposta ao conhecimento de outras pessoas. O referido autor ainda considera que o

assédio moral pode ocorrer de forma dolosa, quando se tem o interesse, a intenção

de praticar o ato, ou de forma culposa, quando mesmo que a empresa não tenha

interesse de assediar moralmente, o seu empregado o faz. Podendo ser também

verbal, exposto por palavras e afirmações, físico, externado por condutas de contato

físico e visual, quando um simples olhar causa intimidação.

Ressalta-se que, independente do tipo, qualquer profissional pode ser vítima

de problemas nas relações de trabalho, assim, em uma pesquisa realizada por

Yildirim e Yildirim (2007) com profissionais da área de enfermagem, constatou-se

que várias categorias profissionais podem sofrer assédio moral, sejam funcionários

de bancos, empregados de empresas de vigilância privada, funcionários de serviço

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público ou privado, dentre outras, portanto, o fenômeno não é específico a nenhuma

profissão.

Enfim, inúmeras são as espécies de assédio moral, contudo, resta evidente

que após a caracterização da conduta, facilmente se reconhece o tipo de assédio

sofrido, pois independente do tipo, a consequência é sempre desgaste e

deterioração das relações.

2.5 O ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

O entendimento adotado por autores como Poilpot-Rocaboy (2006), Soboll

(2008), Carvalho (2009), Soares e Oliveira (2012) e Martins (2014), deixa evidente

que a prática de assédio moral acarreta prejuízos à sociedade, na figura do Estado,

à organização e à vítima. De fato, o fenômeno do assédio moral tem importância

para toda sociedade, pois suas consequências têm muitas implicações sociais,

chegam a prejudicar as relações familiares e as de amizade, comprometem as

atividades domésticas, as profissionais e o desfrute dos momentos de lazer.

Poilpot-Rocaboy (2006) destaca que estimar os custos inerentes à

ocorrência de assédio moral é muito difícil, no entanto, a sociedade arca com uma

alta carga em relação a afastamentos por problemas de saúde, aposentadoria

prematura em razão de adoecimentos, desemprego, encargo com tratamentos que

recuperem o bem-estar do trabalhador, com quedas na produtividade e na produção,

prejudicando o desenvolvimento da economia. Rayner (2006) observa que, além da

perda de produtividade, há o impacto negativo da imagem da organização, que pode

dificultar a relação com os clientes e ainda prejudicar o processo de captação de

novos funcionários. Soboll (2008) enfatiza que a sociedade como um todo sofre com

a precarização das condições de qualidade de vida, com as crises dos laços

familiares e sociais, com os custos em virtude das enfermidades, e com o

desemprego. Nesse mesmo sentido, Carvalho (2009) ressalta que o Estado, além

de arcar com as despesas do tratamento de saúde da vítima, ainda custeia o

pagamento de benefícios previdenciários, como, por exemplo: seguro-desemprego

ou aposentadorias.

Quanto à organização, Einarsen et al. (2005) diagnosticaram que desde o

início dos estudos sobre a ocorrência de assédio moral no trabalho, toda atenção

estava voltada aos efeitos negativos sofridos pela vítima, muito pouco se via as

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consequências em relação aos resultados organizacionais. Todavia, Leymann

(1990), em suas pesquisas, já havia argumentado que um caso de bullying poderia

custar para a organização uma despesa em torno de 30.000 a 100.000 euros por

ano. Carvalho (2009) afirma que a empresa, ao enfrentar problemas com a

ocorrência de assédio moral, sofre interferência no desenvolvimento dos negócios e

na capacidade de trabalho de seus membros, além de desperdiçar tempo de serviço

por ausências e ter despesas com indenizações e com medidas de segurança,

medidas essas que evitam a prática de condutas degradantes e protegem a saúde

dos trabalhadores. Nesse contexto, Soboll (2008, p.114) afirma que as implicações

da ocorrência do fenômeno envolvem “aumento do absenteísmo, dos acidentes de

trabalho, diminuição da produtividade, da competitividade organizacional, déficit na

qualidade dos produtos e serviços, deterioração da imagem da empresa”. Em

síntese, Soares e Oliveira (2012) argumentam que os efeitos do assédio moral são

prejudiciais em relação às questões ligadas à eficiência, eficácia, produtividade e

lucratividade da organização, além disso, causam impacto negativo em relação à

imagem da empresa, atingindo, inclusive, o seu relacionamento com fornecedores e

clientes.

Acredita-se que os efeitos mais danosos da prática de assédio moral são os

que atingem os trabalhadores, autores como Hirigoyen (2001), Barreto (2003),

Guedes (2003), Einarsen et al. (2005), Poilpot-Rocaboy (2006), Carvalho (2009),

Soares e Oliveira (2012) e Martins (2014) consideram o assédio moral configura um

dos mais importantes estressores no ambiente de trabalho. De fato, a vítima de

assédio moral tem sua integridade física e moral agredida e desenvolve problemas

físicos e mentais das mais variadas formas. Segundo Carvalho (2009), esses

problemas atingem diretamente a autoestima e a produtividade, quando não

produzem efeitos na esfera patrimonial da vítima, através do desemprego, tornando

os recursos escassos para a própria sobrevivência com a perda de rendimento.

Barreto (2003), Hirigoyen (2006) e Soboll (2008) acreditam que as vítimas

de assédio moral desenvolvem comportamentos típicos, evidenciados através do

isolamento social, da ausência de comunicação com outras pessoas, colegas ou

familiares, do complexo de culpa e da falta de participação nas atividades sociais da

empresa, além disso, as vítimas começam a apresentar sintomas ligados à tensão

psicológica, angústia, ansiedade, depressão, pavor, medo, estresse, cansaço,

nervosismo, apatia e tristeza. Segundo Carvalho (2009), no que diz respeito ao

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desenvolvimento dos distúrbios psicossomáticos, verifica-se perda ou ganho de

peso considerável sem motivo aparente, distúrbios digestivos, tonturas, doenças de

pele, dentre outros sintomas.

Em linhas gerais, Soboll (2008, p.114) descreve,

A violência e o assédio moral podem resultar em graves consequências para as vítimas. Sintomas psicossomáticos e psicológicos: cefaléias, transtornos digestivos e cardiovasculares, fadiga crônica, insônia, irritabilidade, ansiedade, estresse, obsessões, fobias, apatias, mal-estar geral, crises de choro, dificuldades de atenção e de memória, sentimento de insegurança e culpabilidade, vergonha, injustiça e desconfiança, perplexidade, confusão e desorientação, crises de autoestima, aumento de peso ou emagrecimento exagerado, aumento de pressão arterial, problemas digestivos, tremores e palpitações, redução da libido, sentimento de culpa e pensamentos suicidas, abuso de fumo, álcool ou outras drogas, pensamentos negativos, desesperança e pessimismo.

Todos os efeitos fisiológicos e psíquicos até então expostos são decorrentes

e estão relacionados à intensidade e duração das agressões sofridas. Carvalho

(2009) dispõe que, a vítima, que se afasta do agressor, após sofrer com sua ação,

tem chance de se recuperar rapidamente, pois não terá sequelas prolongadas, ao

contrário daquelas vítimas submetidas por longo período às condutas degradantes,

essas estarão mais dispostas a desenvolver sintomas duradouros, em virtude do

tempo em que sofreram humilhação e pressão.

Em suma, os efeitos decorrentes do assédio moral no trabalho irão

depender de alguns fatores, podendo variar de acordo com a categoria profissional

atingida, com as características da vítima, com a gravidade e a duração do assédio.

2.5.1 A humilhação como impacto afetivo decorrente de assédio moral

Inúmeras são as consequências negativas, advindas das condutas de

assédio moral, nesse aspecto, Maciel et al. (2007) ressaltam que a humilhação e o

constrangimento sofrido no trabalho são reconhecidos como causadores de

impactos em relação à saúde física e psicológica dos trabalhadores.

Segundo Brito e Barros (2007), a humilhação, se exercida no ambiente de

trabalho, constitui uma das condutas mais severas de violência nas relações

laborais, apesar de se configurar apenas como um dano aparente. De acordo com

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as referidas autoras, a ocorrência da humilhação no ambiente organizacional é

considerada como algo natural, e, portanto, por trás de tanta naturalidade, apresenta

sentimentos de menosprezo e indiferença pela própria vítima, que mesmo estando

sob os efeitos dos danos causados, omite seus sentimentos e suas queixas e resiste

por receio do desemprego, é assim que o medo engrandece a submissão coletiva.

Costa (2013) tem o mesmo entendimento e considera que, a humilhação

corriqueira exercida no ambiente de trabalho, intervém na vida do trabalhador,

prejudicando-lhe em diversos aspectos, inclusive, ferindo seu próprio ego, sua

reputação, suas relações afetivas e laborais, acarretando-lhe danos físicos e

psíquicos que podem evoluir para a incapacidade profissional, desemprego, ou até

mesmo, em casos mais extremos: a morte.

Apesar de se configurar como algo corriqueiro, Alencar e La Taille (2007)

asseveram que, as práticas de humilhação, muitas vezes, não são divulgadas pela

dificuldade em comprovar sua ocorrência, pela omissão da vítima, que por vergonha

ou receio prefere manter oculto seu acontecimento, ou pela falta de sensibilidade ou

experiência em identificar tal conduta. Ademais, os supracitados autores suscitam os

casos em que a incidência da humilhação se justifica como um ato de castigo, de

recompensa por conduta praticada indevidamente, assim o merecimento é utilizado

para justificar a humilhação sofrida. Souza (2008) destaca que as vítimas de assédio

reagem de modos distintos, algumas corajosamente denunciam publicamente a

humilhação sofrida, outras silenciam com medo de represália, enquanto algumas

aceitam a pressão para trabalhar mais do que o permitido pelas leis trabalhistas e

fora dos limites fisicamente aceitáveis.

La Taille (2002) considera que dentre os tipos de humilhação existem as

domesticadas, as ritualizadas e as violentadoras. Segundo o autor, a primeira diz

respeito às ocasionadas brevemente e entre pessoas que possuem relação de

amizade, tornando-se, portanto, conduta tolerável e recíproca entre as partes. A

humilhação ritualizada, de acordo com La Taille (2002), também é breve, porém não

admite reciprocidade e o nível de tolerância é atingido, tornando-se muitas vezes,

insuportável. Por fim, a humilhação violentadora, é intolerável e insuportável, além

disso, é executada com o objetivo de ferir a personalidade, o caráter da vítima,

através da calúnia, da injúria e da difamação.

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2.6 ASSÉDIO MORAL NO CONTEXTO BANCÁRIO

Os tipos de assédio moral demonstram que o homem sempre procura se

afirmar dentro do seu ambiente de trabalho, nem que para isso cause um dano ou

prejuízo a alguém. Nesse sentido, o tipo de assédio moral estudado na pesquisa é o

assédio moral descendente, tendo em vista o maior destaque que possui nas

relações de trabalho, sabe-se que a dicotomia chefe x subordinado sempre foi de

difícil aceitação, pois o desgaste, causado nesse tipo de relação, é de complicada

administração.

É sabido que inúmeras transformações econômicas, sociais, tecnológicas,

culturais e trabalhistas levaram algumas categorias a uma reorganização do

trabalho, e uma delas foi a dos bancários. Esses trabalhadores passaram a sofrer

inúmeras exigências com a reformulação da estrutura das agências bancárias

(SANTANA; SANTOS, 2012).

No Brasil, a partir dos anos 90, os novos modelos de gestão, executados

nas instituições bancárias, transformaram a figura do bancário em um típico

vendedor, com obrigação de cumprir metas nas vendas de cartões, na contratação

de seguros, nas instituições de previdência, nas vendas dos títulos de capitalização,

na venda de consórcio, dentre outras metas (CERQUEIRA, 2012). Tantas metas

exigiram do bancário um perfil profissional diferente do convencional. Além do

conhecimento técnico, o bancário teria que dispor de habilidades comportamentais

capazes de fazê-lo um vendedor feliz, disposto, amável, equilibrado e comunicativo

(SANTANA; SANTOS, 2012).

O bancário carrega a responsabilidade de propiciar ao banco muitas

vendas, operações e lucros. Segundo Cerqueira (2015, p.131), “o ego de cada um

deve compor um grande ego da empresa”. Para tanto, o banco busca captar

empregados com muita iniciativa, atitude, responsabilidade e ganância, por isso é

tão importante incentivar a motivação da equipe de trabalho.

Todavia, esse novo perfil não é de fácil adaptação, uma vez que a realidade

bancária é totalmente diferente, as instituições bancárias são ambientes

desencadeadores de estresse, aborrecimentos, insatisfações, tornando difícil o

equilíbrio das relações. No cenário impulsionado pela competitividade e pela devasta

obsessão por lucros, disciplinar os sentimentos não é uma conduta razoável, assim,

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são encontrados profissionais pressionados e clientes insatisfeitos (SOARES;

VILLELA, 2012).

Conforme já citado na justificativa desse estudo, uma pesquisa realizada em

2011 pela CONTRAF, publicada pela Folha de São Paulo, em nível nacional,

detectou que o problema de assédio moral atinge 66% dos bancários, e dentre as

principais queixas são citadas: as cobranças abusivas, a humilhação e a falta de

reconhecimento pelas atividades desempenhadas (BASÍLIO, 2011).

Além de toda pressão sofrida em atingir metas, em prestar um bom serviço,

em conseguir promoção de cargo e em atender as exigências dos clientes, muitos

ainda precisam ter um bom desempenho para não serem dispensados

(CERQUEIRA, 2015). A realidade vivida pelos bancários é de pressão por

cumprimento de metas e resultados, excesso de atividades, agências lotadas,

estresse, tensão, reclamações de clientes, exigências dos chefes, medo de assaltos,

receio do desemprego, dentre outras (REIS et al., 2010). Além de tudo isso, resta à

categoria ainda conviver com lideranças autoritárias e sem ética, justificadas pela

busca incessante de lucro e bons resultados. Atitudes que contribuem para a

ocorrência do assédio moral, na qual humilhar e desrespeitar são instrumentos de

domínio e garantia de sucesso (SOARES; VILLELA, 2012).

As instituições bancárias, para garantirem a ascendência de seus

resultados, precisam exercer total controle sobre a produtividade coletiva e individual

de cada funcionário. Utilizam-se de meios de avaliação de desempenho para

analisarem os resultados obtidos e, ainda, consolidam políticas de remuneração

variável, estabelecendo relação proporcional entre os salários e o desempenho dos

funcionários, nesse sentido, prêmios são oferecidos aos que se destacam e isso

acarreta intensa competitividade interna, havendo, inclusive, disputa entre agências

diferentes (CERQUEIRA, 2015). Nesse sentido, o referido autor pontua,

Rankings com pontuações baseadas em produtividade são divulgados, constrangendo os de mais baixa colocação e estimulando todos a aumentar o seu desempenho. Cobranças públicas e aviltantes pelos superiores são ordinárias nas agências; se o bancário atinge sua meta, não é elogiado, mas se não atinge, é severamente repreendido e humilhado perante seus pares (CERQUEIRA, 2015, p.136).

À medida que progride o nível hierárquico do bancário, elevam-se também

as metas e os resultados a serem alcançados, portanto, nunca se chega a um limite

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aceitável de desempenho, as instituições bancárias sempre buscam algo mais, e é

justamente esse desejo sem limites que propicia a ocorrência do assédio moral

nessas organizações, pois as exigências são sempre exageradas. Nessa conjunção,

de acordo com Cerqueira (2015), para cumprir as metas estabelecidas, os bancários

exercem atividade muito além da jornada legalmente permitida, não realizam

descanso no horário de almoço, utilizam de seus momentos sociais para realizarem

vendas e, muitas vezes, prejudicam, inclusive, as reuniões familiares com assuntos

de trabalho.

Cerqueira assegura (2015, p.139) “as metas afirmam a hegemonia da

organização sobre os bancários, e a diversidade destes não encontra espaço para

manifestar-se”. Não importa a conjuntura econômica do país, não tem relevância se

o cliente passa por um momento complicado ou se o bancário está acometido de

problemas pessoais ou de saúde. O que verdadeiramente importa é o cumprimento,

a qualquer custo, das metas desejadas e estabelecidas pelas instituições bancárias,

mesmo que prevaleça sobre a saúde dos bancários. Além disso, Cerqueira (2015)

conclui que os bancos não se preocupam em manter um ambiente de trabalho

saudável, muito menos se importam com a qualidade de vida dos seus funcionários,

mantêm como foco de trabalho apenas os resultados e as metas, mesmo que esse

objetivo seja alcançado através de condutas mentirosas ou operações duvidosas,

evidenciando que as atitudes assediantes dos bancos prejudicam seus funcionários

com uma realidade permanente de estresse e adoecimento e também seus clientes.

O Poder Judiciário brasileiro coleciona condenações no que tange ao

assunto assédio moral no âmbito das instituições bancárias. Recentemente, o TST

negou provimento ao agravo de instrumento do Banco do Brasil contra condenação

imposta pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO) no valor de R$

600 mil reais por vários casos de assédio moral, observados dentro da instituição.

Esse é um dos vários casos de condenação judicial por assédio moral coletivo

realizados pelos bancos.

Diante de tanta evidência de casos de assédio moral, inúmeras são as

campanhas e os projetos contra esse tipo de violência. Atualmente, os sindicatos

estão buscando apoio à categoria, e através de convenções coletivas o tema vem

sendo combatido. Uma das grandes conquistas da categoria dos bancários, na

Campanha Nacional Unificada, realizada em 2010, foi a assinatura de um acordo

coletivo aditivo de combate ao assédio moral, que contou com a participação de

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vários sindicatos de bancários ligados à CONTRAF-CUT e os bancos Bradesco, Itaú

Unibanco, Caixa Econômica Federal, Santander, HSBC, Safra, City Bank e

Votorantim (CONTRAF, 2011). A intenção é contar com o comprometimento dos

bancos e sua gestão de recursos humanos para tentar reduzir o número de casos de

assédio moral, assegurando aos bancários o desenvolvimento de suas atividades de

maneira saudável.

2.6.1 Decorrências do assédio moral no setor bancário

Em análise aos estudos desenvolvidos por Jinkings (2000), Maciel et. al

(2007), Santos, Siqueira e Mendes et al (2010), Soares e Villela (2012), Santos

(2014) e Cerqueira (2015), constata-se que os bancários são vítimas de intenso

sofrimento físico e psíquico que causam medo, insegurança e tensão nos locais de

trabalho. Grande parte dos problemas dessa categoria são resultantes de lesões por

esforços repetitivos e problemas relacionados à saúde mental, estresse, depressão,

angústia, tensão, alcoolismo etc.

A sobrecarga de trabalho e o excesso de cobranças, segundo os referidos

autores, fazem com que cada funcionário apresente problemas de saúde em relação

à atribuição que exerce. Os caixas são diariamente pressionados a atenderem

rapidamente e da melhor maneira os clientes, portanto, passam todo expediente

digitando aceleradamente, precisam realizar as operações com muita atenção por

movimentarem somas vultosas e ainda são responsáveis em cumprir metas de

vendas. Os atendentes de call centers são incumbidos de atender a clientela com

eficiência, bom humor e no menor tempo possível, pois estão em constante

supervisão e caso não consigam realizar essas atividades, conforme o exigido, são

repreendidos com humilhação e ainda sofrem penalidades pelo não cumprimento

das normas. Os gerentes, apesar de estarem em um nível hierárquico superior, são

severamente cobrados e perseguidos, e, por serem considerados os maiores

responsáveis pelo desempenho dos bancos, precisam captar e fidelizar clientes para

dar resultados e bons lucros às instituições. Percebe-se, portanto, que envolvido

nesse clima de tensão e cobrança, as lesões físicas e mentais se desenvolvem e

proliferam.

As pressões psicológicas, advindas da reestruturação produtiva dos bancos,

podem atingir uma grande proporção de trabalhadores. Essas condutas são capazes

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de desenvolver no bancário transtornos graves e até mesmo desinteresse de viver,

nesse sentido, Maciel et al (2007) revela em uma pesquisa que entre os 2.609

bancários consultados de 27 bancos diferentes, de 25 dos 27 Estados da

Federação, 60% acusaram problemas de nervosismo, tensão e preocupação e uma

pequena parcela de aproximadamente 4,37% dos consultados apresentaram ideias

de suicídio, evidenciando total descontrole emocional em face das cobranças

exacerbadas no ambiente laboral.

Muitos bancários, segundo Cerqueira (2015), criam estratégias de defesa e

começam a se adaptar à realidade massacrante de um banco, como se aquilo fosse

normal e inerente à atividade, perdendo assim, a capacidade de denunciar e

combater as práticas assediantes exercidas diariamente. Muitas vezes também a

vítima passa a ignorar o problema sofrido com medo de represália, perseguição ou

perda do emprego.

Normalmente, conforme Cerqueira (2015), os danos físicos sofridos causam

dores no punho, no braço, no ombro, na cabeça, na coluna etc. Já os problemas

psíquicos causam insônia, falta de apetite, problema de relacionamento entre

familiares e amigos, depressão, angústia, síndrome do pânico, outras psicopatias, e

vários impactos afetivos. Cerqueira (2015, p.150) esclarece,

Entre as doenças relacionadas ao trabalho em banco, constam transtornos mentais e comportamentais relacionados ao uso de múltiplas drogas, esquizofrenia, depressão, reação ao stress, transtornos psicóticos, delirantes e bipolares, episódios maníacos, alterações de humor, transtornos de nervos, mononeuropatias dos membros, cifose, lordose, escoliose e outras dorsopatias deformantes, transtornos dos discos cervicais, calcificação e ossificação dos músculos e outros transtornos musculares, sinovite, tenossinovite e outros transtornos nos tendões, dentre outras dezenas de patologias.

Uma coisa é certa: os problemas físicos geralmente são frutos das

condições de trabalho, enquanto que os prejuízos mentais ocorrem em razão da

organização e da gestão do trabalho. Atualmente, esses são os problemas que mais

atingem a categoria bancária, portanto, assegurar a diminuição da incidência de

assédio moral no contexto bancário é uma medida importante capaz de proporcionar

ao bancário qualidade de vida no trabalho e desempenho seguro de suas atividades.

Viver sob pressão acarreta danos irreparáveis a qualquer ser humano.

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2.6.2 Estudos recentes sobre assédio moral no contexto bancário

Alguns estudos são considerados fundamentais para o desenvolvimento do

tema assédio moral no âmbito das instituições bancárias. Um deles, apesar de não

tratar, especificamente, do tema assédio moral, faz referência a todo o período de

reestruturação do sistema produtivo, colocando em evidencia a precarização do

emprego, a intensificação do trabalho em virtude da mudança tecnológica e

organizacional sofrida pelos bancos, que exigiam novos padrões de dominação da

classe trabalhadora. Jinkings (2000), em sua tese, “Trabalho e resistência na fonte

misteriosa: os bancários em face da reestruturação capitalista” expôs todos os

problemas vividos com as inovações, destacando: a busca pela excelência na

prestação dos serviços, a pressão violenta por produtividade, a ameaça permanente

de perda do emprego e a sobrecarga de trabalho. Todos esses problemas são

reflexos das práticas de assédio moral no ambiente de trabalho, que geram medo,

estresse e depressão nas vítimas, considera-se, portanto, que essas são cobranças

executadas até os dias de hoje.

Outro trabalho de suma importância para a temática abordada foi a tese de

doutorado, desenvolvida pela psicóloga Lis Andréa Soboll com o tema “Violência

psicológica e assédio moral no trabalho bancário”. No livro “Assédio moral

organizacional: uma análise da organização do trabalho”, Soboll (2008) evidencia os

resultados de sua tese e descreve que, durante um período de três anos, analisou

detalhadamente 28 casos de funcionários de 8 instituições financeiras diferentes na

região Sul do país. Os entrevistados relataram à pesquisadora os detalhes das

causas e consequências do assédio moral, enfatizando a depressão e outros

transtornos mentais até problemas físicos. Desses relatos, constatou-se que 68%

dos entrevistados estavam na ativa, 54% exerciam cargo de supervisão, 61% eram

mulheres, 57% tinham entre 25 e 35 anos e 57% funcionários eram de bancos

privados. O intuito do trabalho foi chamar atenção sobre o problema das metas

abusivas e inalcançáveis, e buscar o reconhecimento da importância do ser humano

no âmbito organizacional.

Nessa perspectiva, algumas pesquisas sobre assédio moral no âmbito das

instituições bancárias foram desenvolvidas ao longo dos últimos cinco anos. Outro

estudo realizado no Brasil sobre o tema assédio moral foi realizado pelo Sindicato

dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, através do Instituto Acerte no

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período de novembro de 2010 a janeiro de 2011, com bancários das seis maiores

instituições financeiras do País: Bradesco, Itaú/Unibanco, HSBC, Santander, Caixa

Econômica Federal e Banco do Brasil. O desenvolvimento da pesquisa e seus

resultados foram descritos por Bruno (2011) no livro “Saúde dos Bancários”, escrito

sob a coordenação de Sznelwar. No estudo, foram ouvidos 818 trabalhadores da

ativa e/ou afastados por motivo de doença ocupacional, observou-se que 66% dos

entrevistados acreditam que o ambiente bancário pode levar ao adoecimento e 54%

consideram que a categoria dos bancários é mais vulnerável a adoecimentos em

relação a outras categorias profissionais. O resultado mais assombroso desse

estudo diz respeito ao quantitativo de bancários, que se sentem doentes, 84% deles

se sentem doentes ou adoecendo, em virtude de suas condições de trabalho, e

destacam que os sintomas mais comuns são: estresse, dificuldade para relaxar,

fadiga constante, formigamento nos ombros, braços ou mãos e desmotivação.

Foram altos também os índices dos que têm constantes dores de cabeça, dores de

estômago ou gastrite nervosa, dificuldade em dormir, vontade de chorar sem motivo

aparente e sentimento de inferioridade. Na pesquisa, restou evidente que todos os

sintomas estavam associados à ocorrência de metas abusivas e assédio moral.

Nesse aspecto, 42% dos bancários detectaram ter sofrido práticas de assédio moral,

destacando a falta de reconhecimento profissional, alto grau de cobrança,

humilhações em público, promessas sem cumprimento, ameaça de demissão,

bloqueio a qualquer sugestão, acusação de incompetência a quem não atingiu as

metas do dia. Bruno (2011, p. 21) enfatiza que o resultado do estudo é assustador, e

“produz um retrato do clima de tortura psicológica que domina as entranhas do

sistema bancário brasileiro”, cujo local de trabalho é fonte permanente de medo,

aflição, frustração, persecução, desvios éticos, disputa incomensurável entre

colegas.

Santos, Siqueira e Mendes (2010), apesar de não abordarem propriamente o

tema assédio moral, deixaram evidente no trabalho cujo tema é “Tentativas de

suicídio de bancários no contexto das reestruturações produtivas”, que três

bancários empregados no Banco Betha, um importante conglomerado financeiro,

foram sobreviventes de tentativas de suicídio em virtude de problemas psíquicos

graves. Esses bancários, segundo relatos, viveram constantes transtornos mentais e

distúrbios físicos em virtude de problemas de ordem gerencial como excesso ou falta

de tarefas, pouco reconhecimento, desqualificações frequentes, chefias autoritárias,

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ritmo de trabalho excessivamente pesado, cobranças e metas inalcançáveis. A

somatização de todos esses infortúnios levaram os bancários ao ápice do estresse e

da depressão.

Soares e Villela (2012) desenvolveram um estudo empírico com funcionários

de um banco da região Norte do Brasil sobre a ocorrência de assédio moral na

perspectiva dos bancários. A pesquisa foi realizada em agências bancárias durante

os meses de julho, agosto e setembro de 2010 por meio de entrevistas individuais

semiestruturadas, aplicadas a 37 voluntários, que exerciam diferentes cargos nas

agências. Constatou-se que os bancários associam o assédio moral à forma de

gestão por pressão, focada em metas, resultados, produção e competitividade.

Outro estudo de grande relevância sobre o tema assédio moral foi

desenvolvido por Cerqueira (2012) através de sua dissertação de mestrado, que

objetivou constatar a existência generalizada do assédio moral na modalidade

organizacional nos bancos. Cerqueira (2012) realizou um estudo aprofundado sobre

a origem e os diversos aspectos e fundamentos do assédio moral, divulgando a

realidade prática no ambiente de trabalho do bancário. Além disso, o referido autor

analisou como os sindicatos da categoria enfrentam o problema em busca das

negociações coletivas de resolução. Posteriormente, Cerqueira (2015), baseado na

sua dissertação, publicou o livro “Assédio Moral Organizacional nos Bancos”,

aprofundando e ampliando o fenômeno estudado e a estrutura sindical brasileira,

denunciando todo o absurdo vivido pelos funcionários das instituições bancárias e

ressaltando a urgente necessidade de mudanças na defesa da saúde dos bancários.

Silva e Navarro (2012) investigaram as condições de trabalho dos bancários e

buscaram identificar em que medida as mudanças na organização do trabalho

interferiram na saúde dos mesmos. Na pesquisa, foram entrevistados 11 bancários e

os resultados revelaram que, além de doenças de natureza física, como as doenças

ocupacionais, relacionadas à intensificação do ritmo de trabalho, houve um grande

aumento dos problemas mentais, causados, principalmente, pela pressão

psicológica sofrida pelo cumprimento de metas, ocasionando sofrimento e perda da

identidade profissional, desencadeadores de sentimentos de frustração e

insegurança.

Santos (2014) abordou em sua dissertação de mestrado o tema “Assédio

moral no setor bancário da região oeste do Rio Grande do Norte”, cujo objetivo foi

compreender como ocorre o assédio moral na percepção dos funcionários

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sindicalizados despedidos, assim, foram entrevistados 14 participantes e constatou-

se que as principais formas de assédio moral foram: a agressão verbal, a prática de

tarefas acima da capacidade do funcionário, a extrapolação da carga horária, a

negativa de labor, a pressão por cumprimento de metas, os insultos e as ameaças.

Além disso, verificou-se que a ocorrência dessas condutas acarretava sentimentos

de raiva e estresse entre todos os bancários participantes da pesquisa.

Os casos de assédio moral no ambiente de trabalho são cada vez mais

recorrentes e a categoria dos bancários é uma das categorias mais propensas ao

acontecimento por lidar, diariamente, com alcance de metas, resultados,

produtividade e vendas. Apesar de expor apenas alguns trabalhos sobre assédio

moral no contexto bancário, pode-se afirmar que outros foram desenvolvidos nos

últimos tempos, pois a cada ano, o tema se torna mais preocupante nas diversas

áreas, portanto, a base de dados científicos dessa pesquisa está constituída por

estudos realizados em muitas áreas do conhecimento. Diversos conceitos sobre o

fenômeno assédio moral foram encontrados nos artigos relacionados no quadro a

seguir, que servirão de base para o aporte teórico da pesquisa.

Quadro 4 - Artigos pesquisados sobre o tema assédio moral no trabalho

ARTIGO

CONCEITOS

ANO

AUTORES

TIPO DE PESQUISA

Violência invisível.

Assédio moral.

2004

Heloani Qualitativa

Bullying no ambiente de trabalho: uma proposta de modelo para entender o processo Assédio Moral.

Bullying, assédio moral, violência psicológica.

2006

Poilppot-Rocaboy

Qualitativa

Auto relato de situações constrangedoras no trabalho e assédio moral nos bancários: uma fotografia.

Assédio moral, categoria bancários.

2007

Maciel et al. Quantitativa

Mal-estar no trabalho: análise da cultura organizacional de um contexto bancário brasileiro.

Mal-estar no trabalho, trabalho bancário.

2009

Ferreira; Seidl

Quanti-Qualitativa

Assédio moral no setor bancário: uma análise segundo a visão de profissionais da categoria.

Assédio moral, setor bancário, competitividade.

2010

Reis et al.

Qualitativa

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Tentativas de suicídio de bancários no contexto das reestruturações produtivas.

Reestruturação produtiva, contexto bancário, sofrimento e adoecimento no trabalho.

2010

Santos; Siqueira; Mendes.

Qualitativa

Assédio moral entre docentes de instituição pública de ensino superior do Brasil.

Saúde do trabalho, docentes, ética, assédio moral.

2010

Caran et al. Quantitativa

Grupos de enfrentamento do desgaste mental no trabalho bancário: discutindo saúde mental do trabalhador no sindicato.

Saúde mental, desgaste mental, bancários, sindicatos.

2011

Paparelli

Qualitativa

Exigências nos percursos profissionais de gerentes de banco.

Transformações, trabalho, bancários.

2011

Máximo et al.

Qualitativa

Assédio moral na perspectiva de bancários.

Violência no trabalho, assédio moral, saúde do trabalho, instituições bancárias.

2012

Soares; Villela.

Qualitativa

Assédio moral nas instituições bancárias.

Assédio moral, instituições bancárias, efeitos psicossomáticos.

2012

Santana; Santos.

Qualitativa

Organização do trabalho e saúde de trabalhadores bancários.

Saúde do trabalhador, doenças profissionais.

2012

Silva; Navarro.

Qualitativa

Assédio moral no trabalho.

Assédio moral.

2012

Soares; Oliveira.

Qualitativa

Intervenções em assédio moral no trabalho: uma revisão da literatura.

Assédio moral no trabalho, prevenção, intervenção.

2012

Glina; Soboll. Qualitativa

Assédio moral, ética e sofrimento no trabalho.

Saúde do trabalhador, dano moral, ética, estresse psicológico.

2013

Bobroff; Martins.

Qualitativa

Assédio moral nas instituições de ensino superior: um estudo sobre as condições organizacionais que favorecem sua ocorrência.

Assédio moral, instituições de ensino superior, condições organizacionais.

2014

Rodrigues; Freitas. Qualitativa

Assédio moral entre docentes da Universidade Federal do Piauí: sua promoção e seus males na pátria sertaneja.

Assédio moral, ambiente universitário, trabalho docente, violência.

2014

Nascimento; Araújo.

Qualitativa

Violência psicológica no trabalho da enfermagem

Enfermagem, violência, trabalho.

2015

Lima; Sousa.

Quantitativa

Fonte: Elaborado pela Autora, 2015.

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Observa-se que alguns estudos não abordaram, explicitamente, o tema

assédio moral, contudo, destacaram aspectos relacionados à saúde do trabalhador,

ressaltando as questões ligadas às más condições de trabalho e suas decorrências,

além disso, defendem que um ambiente laboral hostil incentiva à ocorrência de

violência psicológica, estresse e assédio moral.

2.7 A BANALIZAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

Nos últimos anos, o fenômeno do assédio moral tem sofrido certa

banalização, no sentido de que a violência no trabalho tenha se tornado prática do

cotidiano entre as empresas, caracterizando-se, muitas vezes, como atitude inerente

ao próprio exercício da função. Autores como Dejours (2001), ao abordar em seus

trabalhos a violência e as injustiças sociais, ressalta que no sistema produtivo

contemporâneo existia a ideia de vulgarização do mal. Para o referido autor, tolerar

atos de violência como meio eficaz de aumentar a produtividade e otimizar o

desempenho tornou-se algo comum e normal. Não obstante, Dejours (2001) destaca

a importância de se espalhar o bem, segundo ele, as pessoas precisavam agir em

defesa dos princípios organizacionais, assegurando dignidade ao empregado.

Lima e Sousa (2015) ressaltam que a banalização da violência no ambiente

de trabalho é detectada nas condutas de alguns trabalhadores, que acolhem e

espelham determinadas práticas abusivas como normais à atividade exercida.

Algumas vezes, por fazer parte da cultura organizacional da empresa, algumas

ações, mesmo sendo absurdas e causadoras de danos, são encaradas como

inerentes ao bom desempenho da instituição e são comumente exercidas, sem

nenhuma restrição, mesmo ocasionando graves consequências aos seus

empregados.

Nesse sentido, muitos autores, como Hashizume (2014) pesquisam no

intuito de redefinir o assédio moral como técnica institucionalizada, isto é, segundo o

entendimento da referida autora, as empresas não praticam o assédio por serem

consideradas antiéticas ou transgressoras das leis, mas por estarem arraigadas em

uma conjuntura que exige um desempenho organizacional mais enérgico,

competidor e intransigente em relação à baixa produtividade do trabalhador, nesse

aspecto, Ehrenberg (2010) faz a mesma alusão.

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Hashizume (2014) ressalta ainda que, o trabalhador sofre uma violência

“hipermoderna”, pois mesmo que as condutas possuam características repressoras,

não são assim consideradas. De acordo com a citada autora, o novo modelo de

gestão implantado nas organizações exalta o ego do trabalhador, que se empenha

em atender às demandas e interesses organizacionais para receber prestígio e

destaque em retribuição, ignorando e aceitando as condutas violentas que sobre si

são exercidas, considerando-as um fenômeno natural.

Silva (2006) assevera que, por se envolver em uma rotina intensa, o

trabalhador não tem tempo para refletir e não percebe o martírio ao qual se

submete, portanto, passa a ser conivente com o próprio sofrimento, aumentando as

horas de trabalho, tornando-se, inclusive, um adversário dos colegas para mostrar

habilidades extras, reduzindo o prazo de execução das atividades e a equipe de

trabalho para não ser considerado contrário à política funcional da empresa.

Segundo Soboll (2008, p.77), “a empresa atual exige do colaborador a

dedicação integral tanto no aspecto físico e intelectivo quanto emocional para o

desempenho de suas atividades”. Assim, sentindo-se parte fundamental da

administração, destacando-se pelo sucesso do empreendimento, o trabalhador se

sente valorizado e assume os interesses da organização como seus, ultrapassando,

muitas vezes, o limite da exigência razoável.

Abordando o fenômeno, no contexto bancário, a realidade é a mesma, de

acordo com Cerqueira (2015), a gestão por estresse baseia-se nas cobranças

excessivas sobre os trabalhadores, e muitas vítimas acabam classificando como

natural a situação. É exatamente isso que acontece nas instituições bancárias, os

funcionários se acostumam com as exigências constantes, com as metas surreais,

os prazos curtos para execução das tarefas, dentre outras condutas opressoras, e

simplesmente convivem com os atos, sem denunciá-los.

Isso fica evidente, segundo dados de um estudo realizado durante dois anos

com bancários demitidos pelo Banco HSBC, através do qual o Instituto Defesa da

Classe Trabalhadora – DECLATRA e o Sindicato dos Bancários de Curitiba e

Região (2014) evidenciaram que o surgimento de doenças físicas, mentais e

psicológicas nos bancários está diretamente relacionado ao trabalho e às políticas

de gestão executadas no próprio banco. A citada pesquisa revelou que técnicas de

pressão, controle exacerbado, imposição de metas abusivas, condutas humilhantes

e ameaçadoras caracterizam-se como condutas institucionalizadas, isto é, apesar de

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constituírem, claramente, o fenômeno do assédio moral, nunca foram encaradas

como ato violento por muitos funcionários, mas como atitudes “comuns” às

exigências do mercado.

Resta evidente que esta naturalização do assédio moral ocasionou a

banalização do fenômeno e tornou mais difícil sua identificação no ambiente laboral,

assim, em alguns casos as condutas assediadoras ficam omissas e não há um

retrato fiel de quais são os problemas encontrados nas relações de trabalho.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesse tópico, são abordados os procedimentos metodológicos, utilizados

para atingir os objetivos propostos na pesquisa, cuja estrutura é composta pelos

seguintes tópicos: tipo de pesquisa, população e amostra da pesquisa,

procedimentos de coleta de dados e instrumentos da pesquisa, variáveis analíticas e

tratamento dos dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo foi realizado com o intuito de diagnosticar o assédio moral

a partir da percepção de ocorrência e de impactos afetivos do fenômeno em

funcionários de instituições bancárias públicas e privadas na cidade de João

Pessoa, no Estado da Paraíba. Considerando-se conceituações de Vergara (2006),

a pesquisa classifica-se como descritiva, pois possibilita o levantamento do perfil da

amostra estudada, na intenção de descrever o comportamento dos sujeitos

analisados. O estudo, pois, tem como objetivo descrever as características da

população ou fenômeno estudado, através das respostas de um questionário

sociodemográfico, composto por perguntas que traçam o perfil de cada colaborador,

e, neste sentido, evidencia-se a relação entre as características pessoais das

vítimas e a ocorrência de assédio moral.

Trata-se, ainda, de um estudo de caso, pois conforme define Yin (2015), o

estudo de caso é um meio de investigação de um fato contemporâneo, que foge do

controle de quem o pesquisa, na qual os aspectos comportamentais e suas relações

não são claramente evidentes. Ainda segundo o referido autor, o estudo de caso é

útil em situações que possam revelar fenômenos individuais, grupais,

organizacionais, sociais e políticos. Portanto, no caso dessa pesquisa, revela-se

como um método bastante complacente por buscar a descrição de um fenômeno

social complexo, no âmbito de instituições bancárias. Ademais, conforme analisa Gil

(2010), esse tipo de estudo proporciona determinado conhecimento prático da

realidade, com base na discussão e análise do fenômeno, em busca da solução de

um problema, observado na vida real, assim, a pesquisa investigará a ocorrência de

assédio moral dentro do contexto bancário.

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Quanto à abordagem, Diehl (2004) destaca que o uso da quantificação na

coleta e no tratamento das informações, através da estatística, propicia resultados,

que eliminam possíveis distorções de análise e interpretação, dando ao objeto

pesquisado maior margem de segurança. Hair Júnior et al. (2005) afirmam que a

utilização de uma pesquisa com abordagem quantitativa pode ser ratificada através

de dados quantitativos, extraídos de um instrumento de pesquisa, como um

questionário. Segundo Minayo (2001), a análise quantitativa consegue identificar

possíveis correlações entre os fatores estudados. Portanto, a pesquisa emprega a

quantificação na coleta e no tratamento dos dados, com o uso de técnicas

estatísticas, as quais verificam a periodicidade de ocorrência de assédio moral nos

ambientes de trabalho dos bancários da cidade de João Pessoa-PB, através da

aplicação da Escala de Percepção de Assédio Moral no Trabalho (EP-AMT), bem

como, os impactos afetivos, trazidos com a ocorrência de assédio moral, através da

aplicação da Escala de Impacto Afetivo do Assédio Moral no Trabalho (EIA-AMT),

ambas validadas por Martins e Ferraz (2011). O primeiro instrumento busca

descobrir com que frequência ocorrem situações caracterizadoras de assédio moral

no trabalho, e o segundo, utilizando alguns questionamentos do primeiro

instrumento, busca, sob outra ótica, desvendar qual o sentimento ou impacto afetivo,

vivenciado com a situação descrita.

Segundo relata Salin (2001), os métodos quantitativos para a identificação do

assédio moral no trabalho captam, mais facilmente, a ocorrência do fenômeno. O

referido autor também assegura que, ao se utilizar questionários ou escalas, os

participantes indicam um número muito maior de percepções de ocorrência de

assédio em relação àqueles que procuram descrever verbalmente ou por escrito.

Geralmente, algumas categorias profissionais convivem com condutas

negativas e assediadoras, por considerá-las como algo normal e inerente à

atividade, e incorrem na omissão da denúncia, contudo, ao se depararem com a

exposição de atos que constituem assédio moral em um questionário, podem

responder com veracidade a frequência de ocorrência, por esta razão, a pesquisa

optou pela aplicação dos métodos quantitativos.

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3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA

A população objeto dessa pesquisa é compreendida pela categoria dos

bancários atuantes na cidade de João Pessoa, que totalizam 2.100 profissionais,

sendo 1.365 de instituições públicas e 735 de instituições privadas, segundo

informações do Sindicato dos Bancários da Paraíba, com base em uma apuração

realizada no mês de janeiro de 2015 para atualização do banco de dados do referido

sindicato.

Devido ao elevado número do universo da pesquisa e em virtude de algumas

limitações de acesso aos bancários, como: férias, afastamentos por problemas de

saúde, e outros tipos de licenças fornecidas, optou-se por investigar apenas uma

parcela da população, sendo necessário determinar uma amostra representativa da

população estudada. Nesse contexto, Reinartz et al (2009) destacam que em

relação ao tamanho da amostra, um tamanho mínimo é indispensável para produzir

resultados com exatidão suficiente.

Portanto, segundo Cochran (1977), a retirada de uma amostra para a

população, em estudo, seguiu os moldes de uma Amostra Aleatória Simples (AAS).

Esse método consiste na seleção aleatória de uma amostra do tamanho n de uma

população de tamanho N, onde cada indivíduo possui a mesma probabilidade de ser

selecionado. Nesse sentido, Cochran (1977) ainda define que o cálculo para o

tamanho da amostra n baseado em proporções é dada da seguinte maneira.

−+

=

11

12

2

2

2

d

PQt

N

d

PQt

n

Onde:

N é o tamanho da população;

n é o tamanho da amostra;

t é o valor tabelado da distribuição Normal padrão com nível α de

significância;

d é o grau de precisão desejado ao se estimar o tamanho da amostra;

P é a proporção de pessoas que sofrem assédio moral;

Q é a proporção de pessoas que não sofrem assédio moral.

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Logo, como a população investigada envolve 2100 indivíduos e levando-se

em consideração um α de 0.1 (10%), e uma precisão de erro de 0.05 (5%), e

proporções iguais com relação ao assédio moral, já que não existem estudos

anteriores que baseiem algum número inicial para tais proporções, o tamanho da

amostra foi estimado em cerca de 160 bancários.

Na concretização da pesquisa, foram distribuídos de forma aleatória 185

questionários, dos quais apenas 156 (7,42% do universo) foram respondidos e

devolvidos. No total, 154 bancários se declararam participantes e 02 apesar de

responderem às questões, foram omissos na declaração de concordância de

participação. Do total da amostra, 59,7% são integrantes de bancos públicos e

40,3% são de bancos privados da cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba. Os

participantes foram escolhidos aleatoriamente, tendo em vista que o interesse da

pesquisa é detectar a frequência de ocorrência de assédio moral, sem identificação

de nenhum caso específico sobre o tema. A busca aleatória se deu com a intenção

de questionar o maior número de bancários possível para que a pesquisa tivesse

ampla abrangência e, consequentemente, relevância.

Em relação à caracterização dos participantes no contexto da pesquisa, foram

considerados como bancários do setor público da cidade de João Pessoa-PB os

funcionários dos respectivos bancos: Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa

Econômica Federal. Em contrapartida, foram considerados como participantes os

funcionários dos seguintes bancos privados da cidade de João Pessoa-PB: Itaú

Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Segundo Lakatos e Marconi (2001), a coleta de dados é a fase onde são

recolhidas todas as informações necessárias para o estudo da temática. A

pesquisa, primeiramente, cuidou em obter a autorização do sujeito participante

através do preenchimento do termo de consentimento livre (Apêndice A).

A coleta dos dados foi realizada entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016.

Os dados primários da pesquisa foram coletados entre os bancários sindicalizados

ou não das instituições públicas e privadas, escolhidos, aleatoriamente, pela própria

pesquisadora, através da aplicação de um questionário sociodemográfico (Apêndice

B) para caracterização dos sujeitos da pesquisa. O referido questionário trata sobre

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as características socioeconômicas e ocupacionais: faixa etária, sexo, raça/etnia,

situação conjugal, escolaridade, tempo de serviço na instituição bancária, tipo de

instituição bancária e o cargo ocupado. Não houve, contudo, identificação pessoal

do sujeito participante. Além disso, foram aplicadas duas escalas de medição de

assédio moral: a Escala de Percepção de Assédio Moral no Trabalho - EP-AMT

(Anexo A) e a Escala de Impacto Afetivo do Assédio Moral no Trabalho - EIA-AMT

(Anexo B), ambas adaptadas e validadas por Martins e Ferraz (2011). Escalas

oriundas de um estudo com 208 trabalhadores brasileiros, através da adaptação do

Cuestionario de Hostigamiento Psicologico en el Trabajo da autoria de Fornés e

García, que é composto por 35 frases, relacionadas aos fatores de humilhação e

rejeição pessoal e profissional, desprestígio, violação da intimidade, degradação e

isolamento profissional. Ao final do questionário, existem três questões respondidas

entre sim ou não, através das quais o participante identifica se há periodicidade

mínima de 6 meses para as situações narradas, se foi testemunha de alguma

situação descrita e se sente assediado, psicologicamente, no trabalho. O referido

questionário foi traduzido para a língua portuguesa, sofreu algumas modificações e

adaptações em relação à realidade brasileira e deu origem às supramencionadas

escalas: uma que media a percepção da frequência de ocorrência do assédio (EP-

AMT) e outra que avaliava o sentimento sobre o assédio sofrido (EIA – AMT)

(MARTINS; FERRAZ, 2011).

Os participantes do estudo foram instruídos do caráter sigiloso e dos objetivos

da pesquisa, nesse sentido, Martins e Ferraz (2014) recomendam a aplicação das

escalas anonimamente para que os empregados tenham liberdade de responder de

modo sincero, pois a identificação poderia causar algum tipo de represália.

Em relação à pesquisa, foram realizados pré-testes, que asseguraram a

aplicação de um instrumento de pesquisa claro, preciso e contundente. Nesse

aspecto, Marconi e Lakatos (1999) asseveram que, após a definição das escalas a

serem utilizada, é recomendado à aplicação de pré-testes dos instrumentos de

pesquisa, antes da sua utilização definitiva. Hair et al (2005) corroboram com o

mesmo entendimento e defendem que a avaliação dos instrumentos pode ser

realizada por meio da aplicação dos questionários a uma pequena parcela dos

participantes, para que sejam reveladas possíveis falhas na redação dos

questionários, como: dificuldade no entendimento e incoerência das questões,

constrangimentos aos respondentes, cansaço, repetições, dentre outros. Esse

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reduzido número de participantes, além de se dedicarem a responder aos

instrumentos de pesquisa, informaram as dificuldades encontradas nos

questionamentos.

Para a aplicação das escalas de medição de assédio moral, foram dadas as

instruções necessárias a total compreensão das questões formuladas. A EP-AMT

indica com que frequência aconteceram ou acontecem condutas caracterizadoras de

assédio moral no ambiente de trabalho, já a EIA - AMT tem, por intuito, verificar se o

assédio moral provocou ou provoca impactos afetivos nos trabalhadores. É de suma

importância que as questões formuladas sejam compreendidas para evitar dúvidas

na hora de responder, além disso, é preciso garantir um ambiente de aplicação

tranquilo e confortável, sendo o tempo livre e indeterminado para respostas.

Lakatos e Marconi (2001) assinalam que o questionário é o instrumento de

coleta de dados constituído por uma série de perguntas, que devem ser simples e

precisas para facilitar o entendimento do pesquisado e a obtenção de suas

respostas. O questionário sociodemográfico (Apêndice B) aborda questões relativas

à descrição do perfil do bancário, que identificam: a faixa etária, o sexo, a situação

conjugal, a prole, o tempo de serviço, se é integrante da rede pública ou privada, o

cargo ocupado no banco, o nível de escolaridade e se participa ativamente das

campanhas e dos programas instituídos pelo sindicato da categoria.

A EP – AMT (Anexo A) apresenta 24 questões que definem atos de violência

praticados no trabalho, dirigidos pelo chefe aos subordinados, com o propósito de

agredir o trabalhador em aspectos profissionais e pessoais. A escala de resposta é

composta por 07 pontos (escala de Likert) e cada um deles corresponde à

frequência da ocorrência de determinada situação (opção 1- nunca ou quase nunca;

2 – menos de uma vez ao mês; 3 – ao menos uma vez ao mês; 4 – mais de uma vez

ao mês; 5 – ao menos uma vez por semana; 6 – várias vezes por semana e 7 – uma

ou mais vezes ao dia). (MARTINS; FERRAZ, 2011).

Martins e Ferraz (2014) destacam que os itens 1, 2, 5, 6, 9, 10, 13, 15, 16, 17,

18, 19, 22 e 23 são fatores, que constituem o assédio moral profissional,

compreendendo atos de violência praticados pelos chefes com intenção de agredir

os aspectos profissionais do subordinado. Em contrapartida, os itens 3, 4, 7, 8, 11,

12, 14, 20, 21 e 24 configuram-se como atos de assédio moral pessoal, que visam

agredir o trabalhador em relação aos seus aspectos pessoais.

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A EIA – AMT (Anexo B) apresenta 13 das 24 questões abordadas na EP –

AMT, apesar de serem redigidos do mesmo modo, os itens da EIA – AMT são

respondidos sob outro aspecto, evidenciando o impacto afetivo, a humilhação

sofrida, isto é, “o abalo ou comoção de grande intensidade emocional, provocado

por atos de violência no trabalho dirigidos pelo chefe aos subordinados”. (MARTINS;

FERRAZ, 2014, p.32). Essa escala apresenta 04 pontos (escala de Likert), que

representam o sentimento que cada situação provocou na vítima (opção 1 – Nada

humilhado; 2 – Pouco humilhado; 3 – Humilhado e 4 – Muito humilhado).

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS

O conteúdo coletado foi analisado por um tratamento quantitativo, os dados

foram analisados com o auxílio de técnicas estatísticas, através do software

aplicativo Statistical Package of the Social Sciences – SPSS, versão 21 (versão

gratuita de 30 dias) e foram comparados através de testes de Qui-quadrado (x²) e

análises de variância a um nível de significância de 5%.

Em relação ao exame dos dados fornecidos pelas escalas utilizadas, Martins

e Ferraz (2014) destacam que a Escala de Percepção de Assédio Moral no Trabalho

(EP-AMT) é composta por dois fatores, seus resultados são apurados por fator.

Portanto, é obtido um resultado (ou média fatorial) para cada um dos fatores, ou

seja, o diagnóstico da percepção de assédio moral no trabalho será feito com base

em dois fatores. Segundo os referidos autores, somam-se os valores marcados

pelos respondentes em cada item de cada fator e divide-se o resultado total pelo

número de itens. Após essa análise, somam-se as médias do respondente em cada

fator e divide-se pelo número de respondentes para obter a média fatorial do grupo.

O resultado deverá estar compreendido entre 1 e 7, que é a amplitude da escala de

respostas da EP-AMT, considerando-se que, valores maiores que 4 indicam que o

assédio moral no trabalho é percebido com muita frequência, e valores menores que

3,9, percebido com pouca frequência.

Em relação à Escala de Impacto Afetivo do Assédio Moral no Trabalho EIA-

AMT, Martins e Ferraz (2014) estabeleceram que por ser composta por um só fator,

somam-se os valores marcados pelos respondentes em cada item e divide-se o

resultado pelo número de itens. Em seguida, somam-se as médias de cada

respondente em cada fator e divide-se pelo número de respondentes para obter o

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resultado do grupo. O resultado da média fatorial deverá ser um número entre 1 e 4,

que é a amplitude da escala de respostas da EIA-AMT, compreendendo que valores

acima de 3 evidenciam que o impacto afetivo é grande, e inferiores a 1,9

demonstram que o impacto é menor.

Após a exposição dos instrumentos de pesquisa e da forma como serão

tratados os dados, segue abaixo um quadro síntese da pesquisa:

Quadro 5 - Quadro Síntese da Pesquisa

Objetivos Específicos Instrumento(s) Estatística Caracterizar os sujeitos da pesquisa, quanto aos aspectos sociodemográficos

Questionário Sociodemográfico (Apêndice B)

Estatística Descritiva

Detectar a periodicidade de ocorrência de assédio moral nos ambientes de trabalho dos bancários que já sofreram algum tipo de violência moral, bem como daqueles que sofrem nas suas relações atuais de emprego

Escala de Percepção de Assédio Moral no Trabalho –

EP – AMT (Anexo A)

Estatística Descritiva

Identificar os impactos afetivos sofridos pelos bancários participantes da pesquisa, vítimas de assédio moral no ambiente de trabalho

Escala de Impacto Afetivo do Assédio Moral no Trabalho –

EIA – AMT (Anexo B)

Estatística Descritiva

Verificar a relação entre casos de assédio moral e os aspectos sociodemográficos dos sujeitos da pesquisa.

Relação entre as variáveis do questionário sociodemográfico (Apêndice B) e os resultados da aplicação da Escala de Percepção de Assédio Moral no Trabalho – EP-AMT (Anexo A)

Estatística Inferencial

Fonte: Elaborado pela Autora, 2015.

Vê-se que a pesquisa recorreu à análise descritiva para traçar o perfil

sociodemográfico dos sujeitos participantes e verificou a frequência de ocorrência do

assédio moral, bem como os impactos afetivos sofridos com o fenômeno. Através da

estatística inferencial, com base nos dados fornecidos pela estatística descritiva,

foram realizados vários testes com o propósito de relacionar as diferentes variáveis

da amostra analisada e a ocorrência do assédio moral no ambiente bancário.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

As análises apresentadas a seguir buscam responder, estatisticamente, ao

que foi proposto nos objetivos dessa pesquisa. Para isso, a análise representa uma

verificação das respostas, fornecidas pelos participantes, para cada um dos

questionários aplicados. Primeiramente, foram observados os perfis

sociodemográficos dos bancários participantes do estudo, em seguida, foram

avaliadas as respostas dos itens, que compõem os dois questionários aplicados: a

Escala de Percepção de Assédio Moral e a Escala de Impacto Afetivo. Por fim,

foram realizados testes de correlação entre os aspectos sociodemográficos dos

participantes e as escalas utilizadas que aferiam a percepção de assédio e o

impacto afetivo.

4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS BANCÁRIOS

Em um primeiro momento, foi realizado um estudo sociodemográfico com a

intenção de traçar o perfil dos bancários participantes através das questões

elaboradas, que constam no Apêndice B da pesquisa. Com base na Tabela 1 são

descritos o total numérico dos participantes em relação a cada variável, bem como

sua porcentagem representativa.

Faz-se necessária a análise do perfil do sujeito da pesquisa, devido ao

interesse em verificar se há relação entre a frequência com que ocorre o assédio

moral e os aspectos sociodemográficos dos participantes. O fundamento de

estabelecer tal relação é justificar, com respaldo também em outros trabalhos, a

ocorrência do assédio em razão das características individuais dos pesquisados.

Como já destacado anteriormente, nas pesquisas realizadas por Hirigoyen (2001),

Poilpot-Rocaboy (2006) e Soboll (2008) corroboram com esse entendimento e

indicam em seus estudos que fatores individuais e algumas variáveis

sociodemográficas, como sexo, faixa etária, escolaridade, estado civil e raça/etnia

podem influenciar a ocorrência do assédio moral no trabalho. Portanto, conforme

disposto na Tabela 1 a seguir, este estudo optou em revelar algumas características

individuais dos participantes:

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Tabela 1 – Análise descritiva das variáveis sociodemográficas dos bancários Variável N %

Sexo Feminino 79 50,6 Masculino 77 49,4

Etnia Branca 84 60,4 Parda 46 33,1 Negra 8 5,8 Latina 1 0,7

Situação conjugal Casado/Companheiro 102 65,4

Solteiro 32 20,5 Separado/Divorciado 20 12,8

Viúvo 2 1,3 Filhos

Sim 106 69,3 Não 47 30,7

Curso de graduação Sim 146 93,6 Não 10 6,4

Qual o Curso de graduação Administração 38 27,5

Ciências Contábeis 30 21,7 Direito 18 13

Economia 13 9,4 Outros 39 28,3

Tipo de Banco Público 92 59,7 Privado 62 40,3

Cargo ocupado Técnico Bancário 37 23,8

Gerente 54 34,6 Caixa 30 19,2

Assistente 15 9,6 Outros 20 12,8

Participação nas campanhas promovidas pelo Sindicato

Sim 81 51,9 Não 75 48,1

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Pelos resultados obtidos, percebe-se que os participantes estão bem

distribuídos com relação ao gênero, participaram 79 mulheres (50,6%) e 77 homens

(49,4%), respectivamente. Com relação à etnia, a maioria se denomina como branco

(60,4%) e apenas 5,8% se consideram negro. Em relação ao estado civil, a maioria

é casado/companheiro (65,4%), seguidos de solteiros (20,5%), separado (12,8%) e

apenas 1,3% viúvos. Dos questionados, 69,3% possuem filhos e os 30,7%

restantes, não. Grande parte possui algum curso de graduação (93,6%), dentre eles

bacharéis em Administração (27,5%), Ciências Contábeis (21,7%), Direito (13%),

Economia (9,4%) e diversos outros cursos que somam 28,3%.

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Com relação ao local de trabalho, 59,7% dos participantes, fazem parte de

Bancos Públicos e 40,3% de Bancos Privados. Dentre os cargos ocupados mais

citados, encontra-se o de Técnico Bancário (23,8%), Gerente (34,6%), Caixa

(19,2%), Assistente (9,6%) e outras denominações que somam 12,8%. Desses

respondentes, 51,9% afirmam participar de campanhas pelo Sindicato, enquanto

que 48,1% afirmaram não participar. Além dessas características, pode-se enfatizar

que os bancários respondentes possuem uma idade média de 39,4 anos e um

desvio padrão de 10,67 anos, e possuem em média 01 filho aproximadamente com

um desvio padrão de 01 filho.

4.2 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE ASSÉDIO MORAL NOS

BANCOS

Uma vez analisadas as variáveis sociodemográficas, agora serão avaliados

os questionários aplicados aos participantes. O primeiro questionário busca verificar

a frequência de ocorrência de algumas situações as quais os participantes afirmam

ter sofrido ou sofrerem em seu ambiente de trabalho. Os participantes respondem às

vinte e quatro questões que compõem a EP-AMT de acordo com o código numérico

representativo da frequência, conforme disposto no Quadro 6:

Quadro 6 – Codificação das respostas para o questionário de frequência de assédio moral

1 2 3 4 5 6 7 Nunca ou

quase nunca

Menos de 1 vez ao

mês

Ao menos 1 vez ao

mês

Mais de 1 vez por

mês

Ao menos 1 vez por semana

Várias vezes por semana

Uma ou mais

vezes ao dia

Fonte: Martins; Ferraz, 2014, p.35-36.

Em análise detalhada, foram agrupadas na tabela, a seguir, as respostas

apresentadas pelos participantes às questões que compõem a EP-AMT, assim, na

Tabela 2 a representação numérica revela a quantidade de bancários que optou pela

codificação de 1 a 7, dependendo da frequência de ocorrência de assédio moral

percebida, portanto, expõem-se os seguintes dados:

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Tabela 2 – Análise descritiva das frequências e teste de Qui-quadrado para diferenciação de categorias

Variável 1 2 3 4 5 6 7 1. Você foi criticado pelo chefe. * 70 25 19 16 17 7 2 2. Seu chefe evitou falar com você, mandando recados pelos outros. *

107 13 7 13 6 9 1

3. Seu chefe evitou ou impediu que você se comunicasse normalmente com o grupo. *

133 6 10 3 1 3 0

4. Seu chefe o ameaçou sem motivos. 109 16 12 12 1 4 0 5. Seu chefe deixou de lhe atribuir tarefas. *

103 19 17 7 2 7 1

6. Seu chefe duvidou de sua responsabilidade ou capacidade profissional. *

87 21 20 14 4 7 2

7. Seu chefe disse que você está louco ou desequilibrado psicologicamente. *

139 1 3 8 3 1 1

8. Seu chefe falou coisas sobre você que prejudicaram sua imagem. *

117 14 10 6 5 1 2

9. Seu chefe o discriminou com relação aos seus colegas de trabalho. *

121 10 8 10 4 2 1

10. Seu chefe não respeitou seu conhecimento ou experiência de trabalho. *

90 10 18 22 7 4 4

11. Seu chefe o acusou de não se adaptar ao grupo de trabalho. *

123 14 8 8 2 0 1

12. Seu chefe o acusou de cometer erros que antes não cometia. *

118 18 8 10 1 0 1

13. Seu chefe não o deixou falar nas reuniões ou o interrompeu quando estava falando. *

101 18 11 20 2 2 1

14. Seu chefe utilizou palavrões ou expressões humilhantes para xingá-lo. *

141 6 3 3 1 2 0

15. Seu chefe não respondeu as suas perguntas verbais ou escritas. *

109 24 12 8 1 1 1

16. Seu chefe recusou suas propostas antes mesmo de ouvi-las. *

102 22 17 13 0 0 1

17. Seu chefe não atribuiu a você tarefas importantes ou que poderiam destacá-lo.

97 21 13 15 5 2 2

18. Seu chefe o considerou culpado por erros que os outros cometeram. *

112 19 4 12 8 0 1

19. Seu chefe mexeu em seus pertences. *

148 5 0 1 0 0 1

20. Seu chefe evitou sentar-se ao seu lado. *

135 9 6 3 2 0 1

21. Seu chefe imitou seus gestos, palavras ou comportamentos em tons humilhantes ou de deboche. *

128 17 4 3 2 0 2

22. Seu chefe olhou para você com desprezo. *

113 17 9 8 4 4 1

23. Seu chefe o ignorou em questões ou decisões que dizem respeito a sua área de trabalho. *

103 19 16 10 4 3 1

24. A empresa não deu atenção a suas queixas de assédio. *

109 17 12 10 2 4 2

* Significante a um nível de significância de 5% Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

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Como base na tabela 2, percebe-se que a maioria dos bancários afirmam que

nunca ou quase nunca sofreram algum tipo de assédio moral, classificado nas 24

situações apresentadas, nesse aspecto, a maior parte dos participantes concentrou

as respostas às questões na codificação 1 “nunca ou quase nunca”. As proporções

de respostas assim foram de no mínimo 45% (situação 1) até 95% (situação 19).

Além disso, as situações demonstraram, claramente, uma diferenciação da primeira

categoria com relação às demais, considerando o teste de Qui-quadrado com um

nível de significância de 5%.

Conforme já mencionado, em relação à EP-AMT, Martins e Ferraz (2014)

realizaram estudos de correlação e detectaram que os itens 1, 2, 5, 6, 9, 10, 13, 15,

16, 17, 18, 19, 22 e 23 da referida escala são fatores, que constituem o assédio

moral profissional, compreendendo atos de violência praticados pelos chefes com o

objetivo de agredir os aspectos profissionais do subordinado. Em contrapartida, os

itens 3, 4, 7, 8, 11, 12, 14, 20, 21 e 24 configuram-se como atos de assédio moral

pessoal, que visam agredir o trabalhador em relação aos seus aspectos pessoais.

Tal relação, também foi prevista por Beswick, Gore e Palferman (2006) quando

apresentaram as duas categorias de assédio moral no trabalho: o pessoal,

relacionado às questões interpessoais, e o da organização do trabalho, ligado às

características da gestão propriamente dita. Portanto, como é composto por dois

fatores, seu resultado é apurado por fator e em virtude da média fatorial do grupo ter

sido de 1,64, restou evidente que o assédio moral é percebido com pouca frequência

entre os bancários pesquisados.

Sob essa perspectiva, analisando-se também a frequência de ocorrência de

assédio moral com base no conteúdo individual desses fatores, pode-se constatar

na Tabela 3 que os bancários afirmam, em sua maioria, que “nunca ou quase nunca”

sofreram algum tipo de assédio moral profissional (66%) ou pessoal (80,1%).

Tabela 3 – Análise descritiva das variáveis aditivas para frequência de assédio moral Variável Aditiva 1 2 3 4 5 6 7

Assédio Moral profissional* 103 20 24 3 1 0 0 Assédio Moral pessoal* 125 18 7 4 0 0 0

* significante com α = 0,05 Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

O fato de a amostra ter sido escolhida aleatoriamente traduz

representatividade e liberdade de viés, uma vez que, seleciona seus participantes

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com imparcialidade, sem escolhas tendenciosas. Foi justamente como ocorreu na

pesquisa, os participantes foram escolhidos aleatoriamente, e os resultados

apresentados possuem relevância em virtude de a amostra ter atingido um número

aceitável. Contudo, isso não impede que pessoas que sofrem ou sofreram assédio

moral nos seus locais de trabalho não tenham sido questionadas no momento da

pesquisa, ou não tenham apresentado interesse em participar, por motivos diversos,

dentre eles por medo de sofrer represália dentro do ambiente de trabalho.

Heloani (2004) explica que algumas vítimas de assédio apresentam temor em

formalizar denúncias, ou até mesmo em falar sobre o assunto com outras pessoas,

por receio de demissão ou rebaixamento de cargo ou função, assim como por tornar

pública a humilhação sofrida, aumentando seu constrangimento e sua vergonha,

ocorre que, de forma omissa, acobertam a covardia dos ataques.

Ademais, conforme ressaltam Freitas, Heloani e Barreto (2008), outras

vítimas apresentam falta de conhecimento sobre o tema, bem como não identificam

se a conduta caracteriza assédio moral, em virtude da sutileza do comportamento do

agressor, que enrustido de ações perversas, parece promover um ato normal na

relação de trabalho.

Todavia, em relação à situação 1, que revela a ocorrência de críticas

exercidas pelo chefe, 45% dos participantes afirmaram sofrer esse tipo de conduta

nas suas relações de trabalho. Com base em alguns estudos sobre assédio moral,

como os de Dick e Rayner (2004) e Olafsson e Johannsdottir (2004), pode-se

verificar que, o referido fenômeno possui quatro categorias, com base na atitude

contraproducente realizada, e são elas: ataques à tarefa, através da omissão de

informações, vigilância recorrente, cobranças de serviços impossíveis de serem

executados; ataques à moral da pessoa, por meio de comentários depreciativos,

críticas persistentes, humilhações em público, comentários maliciosos e vexatórios;

isolamento, ao ignorar a existência do funcionário no âmbito da instituição e

discriminá-lo em relação ao grupo; e, ataques verbais, através de gritos e ameaças.

Segundo Poilpot-Rocaboy (2006), na literatura australiana, as críticas

habituais constituem uma das condutas caracterizadoras de assédio moral no

trabalho. Mesma opinião é partilhada por Hirigoyen (2006), que afirma que, críticas

habituais e que minimizam o trabalhador, costumam isolá-lo em relação ao grupo,

disseminando falsas informações sobre o mesmo. Soboll (2008) corrobora com o

mesmo entendimento quando assegura que condutas opressoras atingem o

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psicológico do trabalhador, fazendo-o parecer incompetente em virtudes das

inúmeras críticas atribuídas.

Em um trabalho desenvolvido por Ferreira e Seidl (2009), com intuito de

examinar as variáveis que compõem o mal-estar nas relações sociais de trabalho, as

críticas habituais, constituem uma fonte de descontentamento.

De acordo com Prata (2008), o estilo de profissional mais assediado é aquele

de maior destaque na organização, o mais empreendedor, criativo e inovador, isso

se explica pelo fato de que a originalidade pressupõe coragem para ultrapassar os

limites impostos pelas regras e condutas geralmente aceitas.

No ambiente bancário, geralmente, utiliza-se da gestão por pressão e das

críticas para alcançar reações positivas dos funcionários. Por trás da conduta de ferir

a honra e causar impacto no funcionário, objetiva-se subtrair dele alguma vantagem,

uma possível comprovação de sua capacidade. Ocorre que, muitas vezes,

dependendo da subjetividade do assediado, alguns bancários tendem a ignorar tal

ato, amenizando a importância e a gravidade do assédio, e outros identificam o

caráter da ação e sofrem física e psicologicamente com a prática.

4.3 ANÁLISE DOS IMPACTOS AFETIVOS DECORRENTES DO ASSÉDIO MORAL

NOS BANCOS

Após a análise da frequência de ocorrência, é importante avaliar os impactos

afetivos decorrentes das situações de assédio moral, vivenciadas pelos bancários.

Assim como o questionário anterior, a EIA-AMT possui uma codificação específica

para as respostas aplicáveis às questões propostas. O Quadro 7 apresenta tal

codificação:

Quadro 7 - Codificação das respostas para o questionário de impacto afetivo de assédio

1 2 3 4 Nada humilhado Pouco humilhado Humilhado Muito humilhado

Fonte: Martins; Ferraz, 2014, p.35-36.

Através dessa codificação, na Tabela 4 apresentam-se numericamente as respostas dos bancários para a referida escala.

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Tabela 4 – Análise descritiva dos impactos e teste de Qui-quadrado para diferenciação de categorias

Variável 1 2 3 4 1. Seu chefe evitou falar com você, mandando recados pelos outros. *

111 20 10 14

2. Seu chefe passou-lhe tarefas abaixo do seu nível de conhecimento. *

100 30 14 12

3. Seu chefe deixou de atribuir tarefas a você. * 107 26 16 7 4. Seu chefe duvidou de sua responsabilidade ou capacidade profissional. *

84 37 18 17

5. Seu chefe o acusou de não se adaptar ao grupo de trabalho. * 121 17 8 10 6. Seu chefe o acusou de cometer erros que antes não cometia. * 119 15 9 13 7. Seu chefe fez comentários maliciosos sobre você ou sobre sua forma de vida. *

123 12 12 9

8. Seu chefe não respondeu às suas perguntas verbais ou escritas. *

112 25 12 7

9. Seu chefe o considerou culpado por erros que outros cometeram. *

118 12 9 17

10. Seu chefe mexeu em seus pertences. * 142 3 5 6 11. Seu chefe imitou seus gestos, palavras ou comportamentos em tons humilhantes ou de deboche. *

126 16 10 4

12. Seu chefe passou informações erradas a você. * 124 12 14 6 13. A empresa não deu atenção a suas queixas de assédio. * 102 16 17 21

* Significante a um nível de significância de 5%. Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Conforme já mencionado, a EIA-AMT é composta por um único fator,

portanto, após a análise da média fatorial do grupo, constatou-se que a grande

maioria dos bancários participantes revelou sofrer pouco impacto afetivo em face

das condutas de assédio moral sofridas.

Vê-se que, a maioria dos bancários afirma se sentir “nada humilhado” nas 13

situações expostas a eles – tais proporções vão de 54% (situação 4) até 91%

(situação 10). Além disso, o teste de Qui-quadrado evidencia a diferença entre a

primeira categoria de respostas com as demais – tal diferença se mostrou

estatisticamente significativa para esse questionário também. Conforme destacam

Alencar e La Taille (2007), muitas vezes, as práticas de humilhação não são

reveladas pela dificuldade em se comprovar o ocorrido, ou pela intenção da vítima

de não externar o sofrimento vivido, em face da vergonha ou do constrangimento

sentido, ou, até mesmo, pela falta de sensibilidade em relação à humilhação

vivenciada.

A situação 4 – “Seu chefe duvidou de sua responsabilidade ou capacidade

profissional”, apresentou uma proporção de 46%, o que revela que algum tipo de

impacto afetivo foi sentido pelos bancários. Segundo Hirigoyen (2006), a referida

situação é considerada como uma das condutas caracterizadoras de assédio moral,

pois gera a desqualificação do subordinado, minimizando todas as suas qualidades.

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Nesse mesmo sentido, Leymman (1996) e Piñuel (2003), asseguram que,

dentre as fases características das condutas de assédio moral no trabalho está a

difamação, que segundo os referidos autores, consiste em atitudes que objetivam

prejudicar a reputação e a imagem do assediado perante os demais colegas de

trabalho, sendo assim, configura-se assédio moral quando o empregador coloca em

dúvida a capacidade profissional do assediado. Mesmo entendimento foi adotado

por Salin (2001) em uma de suas pesquisas sobre assédio moral, realizada na

Finlândia, que atestou a ideia de que alguns funcionários, principalmente, as

mulheres, são obrigados a trabalhar abaixo do seu nível de competências

profissionais, fato que gera descontentamento e perda da motivação, trazendo

consequências desastrosas à produtividade e à saúde do trabalhador.

4.4 ASSOCIAÇÕES ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E A EP - AMT

Uma vez verificada as informações sobre a frequência de ocorrência de

assédio moral e os impactos afetivos sofridos pelos participantes, avaliam-se se tais

respostas se associam com as características sociodemográficas, através da

aplicação do teste de associação de Qui-quadrado. A Tabela 5 mostra os p-valores

para cada caso, onde nesse trabalho, a associação é considerada significante se o

p-valor é menor ou igual ao nível de significância de 5% (α = 0,05). Facilitando-se a

interpretação da tabela exposta, foram considerados 24 indicadores das situações

caracterizadoras de assédio moral.

Tabela 5 - Análise de associação entre a periodicidade de ocorrência e as variáveis sociodemográficas

Periodicidade de Ocorrência\

Sociodemográficas

Sexo

Etnia Sit. Conj.

Filhos Grad. Curso Grad.

Banco

Cargo Sindicato

1. Você foi criticado pelo chefe

0,39 0,57 0,53 0,04* 0,23 0,69 <0,01* 0,12 0,16

2. Seu chefe evitou falar com você

0,55 0,68 0,04* 0,09 0,81 0,04* <0,01* 0,14 0,78

3. Seu chefe evitou ou impediu que você se comunicasse com o grupo

0,89 0,87 0,58 0,08 0,87 <0,01* <0,01* 0,23 0,86

4. Seu chefe o ameaçou sem motivos

0,31 0,49 0,15 0,81 0,49 0,41 <0,01* 0,29 0,23

5. Seu chefe deixou de lhe atribuir tarefas

0,84 0,4 <0,01* 0,76 0,82 0,51 <0,01* 0,51 0,88

6. Seu chefe duvidou de sua

0,13 0,1 <0,01* 0,7 0,37 0,56 <0,01* 0,27 0,02*

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responsabilidade ou capacidade profissional 7. Seu chefe disse que você está louco ou desequilibrado psicologicamente

0,65 0,96 <0,01* 0,07 0,6 0,07 <0,01* 0,13 0,35

8. Seu chefe falou coisas sobre que prejudicaram sua imagem

0,47 0,49 0,08 0,15 0,75 0,6 <0,01* 0,43 0,27

9. Seu chefe o discriminou com relação aos seus colegas de trabalho

0,27 0,69 0,17 0,5 0,91 0,45 <0,01* 0,44 0,3

10. Seu chefe não respeitou seu conhecimento ou experiência de trabalho

0,03* 0,17 0,57 0,71 0,84 0,6 <0,01* 0,27 0,57

11. Seu chefe o acusou de não se adaptar ao grupo de trabalho

0,63 0,68 0,16 0,53 0,79 0,63 0,03* 0,59 0,23

12. Seu chefe o acusou de cometer erros que antes não cometia

0,27 0,65 0,09 0,08 0,79 0,41 <0,01* 0,52 0,26

13. Seu chefe não o deixou falar nas reuniões ou o interrompeu quando estava falando

0,74 0,96 0,75 0,69 0,74 0,88 <0,01* 0,08 0,81

14. Seu chefe utilizou palavrões ou expressões humilhantes para xingá-lo

0,04* 0,91 0,98 0,62 0,95 0,05* 0,03* 0,18 0,51

15. Seu chefe não respondeu as suas perguntas verbais ou escritas

0,55 0,92 0,36 0,69 0,88 0,4 <0,01* 0,02* 0,54

16. Seu chefe recusou suas propostas antes mesmo de ouvi-las

0,32 0,37 0,72 0,49 0,6 0,26 <0,01* 0,51 0,48

17. Seu chefe não atribuiu a você tarefas importantes ou que poderiam destacá-lo

0,56 0,99 0,08 0,48 0,91 0,53 <0,01* 0,45 0,17

18. Seu chefe o considerou culpado por erros que os outros cometeram

0,34 0,38 0,23 0,31 0,49 0,11 <0,01* 0,07 0,13

19. Seu chefe mexeu em seus pertences

0,31 0,93 1 0,26 0,97 0,78 0,59 0,57 0,54

20.Seu chefe evitou sentar-se ao seu lado

0,1 0,64 0,11 0,83 0,84 0,78 <0,01* 0,74 0,45

21. Seu chefe imitou seus gestos, palavras ou comportamentos em tons humilhantes ou de deboche

0,2 0,8 0,7 0,08 0,97 0,5 <0,01* 0,17 0,23

22. Seu chefe olhou para você com desprezo.

0,12 0,9 0,22 0,59 0,67 0,89 <0,01* 0,15 0,22

23. Seu chefe o ignorou em questões

0,44 0,86 0,61 0,92 0,48 0,63 <0,01* 0,26 0,81

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ou decisões que dizem respeito a sua área de trabalho 24. A empresa não deu atenção a suas queixas de assédio

0,54 0,98 0,29 0,27 0,85 0,76 <0,01* 0,72 0,45

* Significante com α = 0,05. Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Das variáveis analisadas, percebe-se que a maioria não se relaciona ou se

relaciona com poucas das situações apresentadas nesse questionário. Variáveis

como “Etnia” e “Possui graduação” não mostram associação com nenhuma das

respostas dadas nas 24 situações estudadas. Outras como “Sexo”, “Situação

Conjugal”, “Filhos”, “Curso de graduação”, “Cargo ocupado” e “Participa de ações do

Sindicato” possuem associação com ao menos uma situação. Já a variável “Banco

que trabalha” se destaca com associação com praticamente todas as situações

estudadas (com exceção da situação 19). Além disso, as variáveis “Idade” e

“Número de filhos” também foram testadas e não mostraram associação com

nenhuma das 24 situações.

O presente estudo não confirmou a existência de diferenças estatisticamente

significantes entre homens e mulheres, na comparação realizada entre as diversas

condutas assediantes. Fato é que, apesar do CONTRAF (2015) ter demonstrado

que as mulheres continuam sendo as mais afetadas pela ocorrência de assédio

moral no trabalho, como expunham em pesquisas anteriores Hirigoyen (2006) e

Soboll (2008), no presente trabalho, não houve prevalência de um gênero sobre o

outro, não ficou evidente se há a prevalência do assédio em relação às mulheres ou

aos homens, isso também restou detectado nas pesquisas realizadas por Quine

(2001), Soares (2002), Vartia e Hyyti (2002), bem como no estudo realizado por

Silva, Aquino e Pinto (2014) com os servidores estaduais da saúde no Estado da

Bahia, na qual homens e mulheres apresentaram resultados próximos nos tipos de

violência sofridos no trabalho.

Adicionalmente, foi-se realizado um teste de associação, com base nos

fatores – assédio moral profissional e assédio moral pessoal, explicitados

anteriormente na Tabela 3. Assim, realizou-se a construção de duas variáveis

aditivas – uma para cada situação, para que fosse possível analisar essa nova

relação com as variáveis sociodemográficas. Para verificar essa escala no banco de

dados, desenvolvido nesse trabalho, calculou-se o Alfa de Cronbach, que mede a

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confiabilidade da escala utilizada conjuntamente dos fatores considerados para cada

agrupamento. Para o assédio moral profissional, obteve-se um Alfa de Cronbach de

0,93. Para o assédio moral pessoal, esse valor foi de 0,87. Com isso, tem-se que as

escalas possuem um alto valor de confiabilidade e podem ser agrupadas como já

mencionado por Martins e Ferraz (2014) e demonstrado na Tabela 3.

Portanto, além das associações expostas na Tabela 5, entre as variáveis

sociodemográficas e as respostas apresentadas, pode-se verificar se existe algum

tipo de associação entre as variáveis sociodemográficas e os tipos de assédio moral,

o que se apresenta na Tabela 6.

Tabela 6 – Análise de associação entre as variáveis sociodemográficas e o tipo de assédio moral

Frequência de Assédio/

Sociodemográficas

Sexo Etnia Sit. Conj.

Filhos Grad. Curso Grad.

Banco Cargo Sindicato

Assédio Moral Profissional

0,14 0,96 0,56 0,79 0,69 0,58 <0,01* 0,94 0,64

Assédio Moral Pessoal

0,31 0,2 0,31 0,65 0,83 0,54 <0,01 0,62 0,51

* significante com α = 0,05 Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Portanto, revela-se que, depois de realizado o agrupamento das variáveis

profissionais e pessoais, apenas o tipo do Banco onde o bancário exerce atividade,

se público ou privado, possui alguma associação com as frequências de ocorrência

de assédio moral profissional e pessoal. Mais uma vez, as variáveis “Idade” e

“Número de filhos” também foram testadas e também não demonstraram ter

associação com as variáveis de Assédio.

Em relação ao tipo de banco correspondente aos grupos de assédio –

profissional e pessoal – foi realizado um teste estatístico de proporção para verificar

se a presença de assédio foi maior no grupo público ou privado. Esse teste é o teste

Z de comparação entre duas proporções, considerando um nível de significância de

5%. Têm-se então os seguintes resultados na Tabela 7, a seguir.

Tabela 7 – Teste de proporção com relação à ocorrência de assédio entre bancos públicos e privados

Grupo de Assédio Banco Público Banco Privado Proporção de Assédio Moral Profissional 0,21 0,55

Valor p <0,01* Proporção de Assédio Moral Pessoal 0,07 0,39

Valor p <0,01* * significante com α = 0,05

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Fonte: Dados da pesquisa, 2015. Através do teste, conclui-se que as proporções de ocorrência de assédio

moral nos bancos privados são estatisticamente maiores do que nos bancos

públicos, o que indica que, com maior frequência, os funcionários das instituições

privadas são submetidos a condutas e cobranças perversas.

Como os bancos precisam gerar cada vez mais lucros, sendo essa a

coerência do mercado, na geração de bons resultados as cobranças são intensas

perante os bancários, nessa lógica, a literatura reconhece a discrepância entre as

cobranças abusivas, realizadas em instituições bancárias públicas e privadas.

Máximo et al. (2011), como já mencionado, ressaltam que, além das exigências

sobre metas e vendas, geralmente interpostas como condição de promoção, nos

bancos privados, o empregado busca, sob qualquer condição, atender aos objetivos

da alta administração, principalmente, por existir a preocupação pela manutenção do

emprego. O medo de perdê-lo faz com que as exigências, muitas vezes abusivas,

sejam facilmente atendidas. Logo, justifica-se a relação existente entre as situações

descritas e o tipo de banco. Corrobora para esse entendimento os dados captados

na pesquisa de Khouri (2012), em um roteiro de entrevista realizado com o

Presidente dos Bancários do Rio de Janeiro à época da pesquisa, cujos relatos

confirmaram que, apesar de existir casos de assédio moral também nos bancos

públicos, a ameaça de perda de emprego por falta de cumprimento de metas só

atinge os bancários de instituições privadas.

Outra pesquisa que realça esse juízo é a tese de doutorado sobre assédio

moral no setor bancário português da autoria de Verdasca (2010), que evidenciou o

assédio moral com características setorialmente diferentes, sendo mais violento no

setor privado, mesmo em menor duração. Similar opinião é partilhada por Hirigoyen

(2006) ao destacar que as formas de assédio moral são diferentes no setor público e

privado, nesse, a ocorrência é mais fácil de ser diagnosticada, ocorre por um curto

período de tempo e geralmente é capaz de ocasionar a saída do emprego. Já no

setor público, chega a durar muitos anos, pois as pessoas gozam de estabilidade na

atividade e não podem ser demitidas sem um justo e grave motivo.

Ademais, em uma pesquisa realizada no Estado de Pernambuco por Tito

(2009) sobre assédio moral/organizacional no trabalho bancário, ficou evidente que

o movimento de combate ao assédio moral entre bancos públicos e privados é

encarado de maneira distinta, no qual, os primeiros dão acesso para que os

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sindicatos realizem ações de conscientização sobre o fenômeno no ambiente de

trabalho, enquanto que os bancos privados apresentam resistência em permitir a

presença dos sindicatos nas agências para realização de ações e campanhas

esclarecedoras sobre assédio moral. Destarte, em relação aos bancos privados

existe uma menor preocupação em dar amplo conhecimento ao rol de condutas que

podem se configurar como assédio moral, pelo fato de que muitos comportamentos

negativos fazem parte da cultura organizacional dessas instituições bancárias, que

estão mais preocupadas em obter grandes lucros a cuidar da saúde e do bem estar

de seus funcionários.

4.4.1 Variáveis significantes para a frequência de ocorrência de assédio moral

Tratando-se da análise de algumas variáveis, consideradas significantes

quanto aos resultados da pesquisa, pode-se verificar que em relação à situação

conjugal, a maior parte dos participantes casados ou que possuem companheiros

responderam que nunca ou quase nunca houve falta de atribuição de tarefas por

parte dos seus subordinadores, conforme exposto na Tabela 8.

Tabela 8 – Relação entre a situação conjugal e a questão 5 da EP-AMT

Situação Conjugal

Questão 5 da EP-AMT: Seu chefe deixou de lhe atribuir 1 2 3 4 5 6 7

Casado/ Companheiro

73 13 6 1 2 6 1

Solteiro 20 4 5 3 0 0 0 Separado/ Divorciado

9 2 6 3 0 0 0

Viúvo 1 0 0 0 0 1 0 Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Na Tabela 9, relacionando as variáveis, ficou constatado que nunca ou quase

nunca houve dúvida por parte do chefe em relação à responsabilidade e/ou

capacidade profissional dos bancários casados ou que possuem companheiros.

Tabela 9 – Relação entre a situação conjugal e a questão 6 da EP-AMT Situação Conjugal

Questão 6 da EP-AMT: Seu chefe duvidou de sua responsabilidade e/ou sua capacidade profissional

1 2 3 4 5 6 7 Casado/

Companheiro 66 12 8 6 3 6 0

Solteiro 12 7 7 5 0 1 0 Separado/ Divorciado

8 2 5 3 0 0 2

Viúvo 1 0 0 0 1 0 0

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Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

E, conforme detalhado na Tabela 10, os bancários casados ou que possuem

companheiros nunca ou quase nunca foram considerados como loucos ou

desequilibrados psicologicamente no ambiente de trabalho pelos subordinadores.

Tabela 10 – Relação entre a situação conjugal e a questão 7 da EP-AMT Situação Conjugal

Questão 7 da EP-AMT: Seu chefe disse que você está louco ou desequilibrado psicologicamente

1 2 3 4 5 6 7 Casado/

Companheiro 94 1 0 2 3 1 1

Solteiro 26 0 1 5 0 0 0

Separado/ Divorciado

18 0 1 1 0 0 0

Viúvo 1 0 1 0 0 0 0 Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Vê-se uma associação entre as referidas perguntas e respostas dos itens 5,6

e 7, provavelmente, pela amostra ter contemplado pessoas casadas, que no

exercício de suas funções nos bancos, satisfizeram as exigências da organização e

não sofreram assédio nos seus locais de trabalho. Nesse aspecto, Einarsen et al.

(2003) acreditam que o assédio moral decorre da relação de poder entre agressor e

vítima e atribui a esse desequilíbrio de poder existente entre as partes a

característica de causa principal da ocorrência de assédio. Sob outra vertente,

Poilpot-Rocaboy (2006) defende a teoria de que não apenas a estrutura formal do

contexto organizacional causa desequilíbrio no poder, muitas vezes, as relações

podem apresentar divergências em razão do conhecimento, da experiência e do

tempo de serviço. Nesse sentido, o referido autor destaca que a vulnerabilidade da

vítima está relacionada à situação conjugal, quando constituída, por exemplo, por

filhos e apenas a mãe, ou por filhos e apenas o pai, aspectos que podem intensificar

o desequilíbrio de poder e favorecer a ocorrência de assédio moral.

No que concerne ao sexo, também houve uma significativa relação entre as

respostas atribuídas à questão 10, com base na Tabela 11.

Tabela 11 – Relação entre o sexo e a questão 10 da EP-AMT Sexo Questão 10 da EP-AMT: Seu chefe não respeitou seu conhecimento ou

experiência de trabalho 1 2 3 4 5 6 7

Feminino 42 7 4 16 3 3 3 Masculino 48 3 14 6 4 1 1

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Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Assim, mesmo sendo homem ou mulher, nunca ou quase nunca houve

desrespeito ao conhecimento ou experiência de trabalho. Esse resultado evidencia

que, para os participantes da pesquisa, não houve discriminação em relação ao

gênero. O fato de não haver prevalência de assédio em relação às mulheres ou aos

homens foi constatado nas pesquisas de Quine (2001), Soares (2002), Hyyti (2002)

e Silva, Aquino e Pinto (2014). Ao contrário de Salin (2001), que após realização de

estudo, atestou que alguns funcionários, principalmente, as mulheres, são obrigados

a trabalhar abaixo do seu nível de competências profissionais, caso que leva ao

descontentamento e a perda de motivação por parte da vítima de assédio.

4.5 ASSOCIAÇÕES ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E A EIA - AMT

Após a análise da frequência de assédio moral sofrido pelos bancários, outro

ponto importante é a análise do impacto afetivo sofrido pelo bancário em virtude do

assédio sofrido, isto é, o quanto ele se sentiu humilhado, estabelecendo relação

entre essa consequência e as variáveis sociodemográficas pesquisadas. O impacto

afetivo só existe caso haja percepção da ocorrência da conduta assediadora, no

entanto, conforme assevera Poilpot-Rocaboy (2006), os indivíduos podem responder

ao assédio moral passiva ou ativamente, segundo ele, alguns procuram ajuda e

evitam conviver com a situação, outros nada fazem, muitas vezes por não

entenderem o que aconteceu ou por omitirem o fato, e ainda existem aqueles que

não falam sobre o assunto, porque acreditam que a situação cessará, porém,

paulatinamente, perdem a confiança e a autoestima, sentem-se sozinhos e

permanecem isolados em relação à organização. Nesse aspecto, Freitas, Heloani e

Barreto (2008) consideram que é comum a vítima ignorar a situação e conviver com

ela sem externar sentimentos, apesar de carregar efeitos e consequências para a

saúde física, psíquica, profissional, familiar e social.

Com base nos dados da pesquisa, assegura-se que houve pouco impacto

afetivo por parte dos participantes da pesquisa em razão das condutas vivenciadas

pelas vítimas, contudo, mesmo existindo em menor grau, algum tipo de impacto

afetivo é sentido pelos trabalhadores, logo, faz-se necessário compreender os dados

coletados e expor a associação existente entre as situações que compõem a EI-

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AMT e as variáveis sociodemográficas dos sujeitos da pesquisa, conforme Tabela

12, a seguir:

Tabela 12 – Análise de associação entre o questionário de impacto afetivo e as variáveis sociodemográficas

Impacto\ Sociodemográficas

Sexo Etnia Sit. Conj.

Filhos Grad. Curso Grad.

Banco Cargo Sindicato

1. Seu chefe evitou falar com você mandando recado pelos outros

<0,01* 0,97 0,23 0,66 0,38 0,32 <0,01* 0,37 0,87

2. Seu chefe passou-lhe tarefas abaixo do seu nível de conhecimento

0,83 0,98 0,26 0,24 0,63 0,48 <0,01* 0,42 0,58

3. Seu chefe deixou de atribuir tarefas a você

0,03* 0,77 0,11 0,18 0,39 0,31 <0,01* 0,27 0,99

4. Seu chefe duvidou de sua responsabilidade ou capacidade profissional

0,12 0,66 <0,01* 0,57 0,33 0,38 <0,01* 0,12 0,92

5. Seu chefe o acusou de não se adaptar ao grupo de trabalho

0,93 0,3 0,27 0,1 0,54 0,04* 0,02* 0,4 0,59

6. Seu chefe o acusou de cometer erros que antes não cometia

0,19 0,75 0,06 0,01* 0,62 0,322 <0,01* 0,28 0,72

7. Seu chefe fez comentários maliciosos sobre você ou sobre sua forma de vida

0,07 0,81 0,08 0,37 0,31 0,87 0,1 0,79 <0,01*

8. Seu chefe não respondeu às suas perguntas verbais ou escritas

0,2 0,42 <0,01* 0,14 0,56 0,29 <0,01* 0,19 0,28

9. Seu chefe o considerou culpado por erros que outros cometeram

0,24 0,65 0,04* <0,01* 0,54 0,04* <0,01* 0,48 0,48

10. Seu chefe mexeu em seus pertences

0,92 0,92 0,92 0,15 0,79 0,25 0,77 0,22 0,78

11. Seu chefe imitou seus gestos, palavras ou comportamentos em tons humilhantes ou de deboche

0,03* 0,81 0,17 0,14 0,78 0,22 <0,01* 0,62 0,87

12. Seu chefe passou informações erradas a você

0,69 0,95 0,1 0,03* 0,66 0,22 <0,01* 0,56 0,79

13. A empresa não deu atenção a suas

0,17 0,84 0,51 0,19 0,66 0,5 <0,01* 0,49 0,77

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queixas de assédio

* Significante a um alfa = 0,05 Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Assim como aconteceu na escala de frequência de assédio, as respostas do

questionário de impacto apresentam comportamento semelhante. Das variáveis

analisadas, percebe-se que a maioria não se relaciona ou se relaciona com poucas

das situações apresentadas nesse questionário. Variáveis como “Etnia”, “Possui

graduação” e “Cargo ocupado” não mostram associação com nenhuma das

respostas dadas nas 13 situações estudadas. Outras como “Sexo”, “Situação

Conjugal”, “Filhos”, “Curso de graduação” e “Participação em ações do Sindicato”

possuem associação com ao menos uma situação. Já a variável “Banco que

trabalha”, se público ou privado, destaca-se novamente por associar-se com

praticamente todas as situações estudadas (exceto as situações 7 e 10). As

variáveis “Idade” e “Número de filhos” também foram testadas e não mostraram

associação com as situações de impacto do assédio.

4.5.1 Variáveis significantes para o impacto afetivo decorrente de assédio

moral

Analisando-se algumas variáveis significantes em relação ao impacto afetivo

decorrente de assédio moral, verifica-se que, apesar de prevalecer o sentimento de

nenhuma humilhação sofrida, as três tabelas seguintes (Tabelas 13, 14 e 15)

revelam que os homens ignoram mais o sentimento de humilhação que as mulheres.

A questão 1 da EIA-AMT que trata da assertiva: Seu chefe evitou falar com

você, mandado recado pelos outros, houve, entre ambos os gêneros, a sensação de

nenhuma humilhação sofrida, todavia os homens demonstraram em maior proporção

não sentirem impacto com tal situação, conforme Tabela a seguir:

Tabela 13 – Relação entre o sexo e a questão 1 da EIA-AMT Sexo Questão 1 da EIA-AMT: Seu chefe evitou falar com você, mandando recado

pelos outros 1 4 6 7

Feminino 45 15 8 9 Masculino 65 5 2 5

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

O mesmo é percebido em relação à questão 3, conforme Tabela 14 que traz a

afirmação: Seu chefe deixou de atribuir tarefas a você. Bem como no que diz

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respeito à questão 11, exposta na Tabela 15, que revela: Seu chefe imitou seus

gestos, palavras ou comportamentos em tons humilhantes ou de deboche. Percebe-

se que em ambas, tanto os homens quanto as mulheres não mostraram sofrer

impacto afetivo através da humilhação, todavia os homens expressam menos ainda

os seus impactos afetivos.

Tabela 14 – Relação entre o sexo e a questão 3 da EIA-AMT

Sexo Questão 3 da EIA-AMT: Seu chefe deixou de atribuir tarefas a você 1 4 6 7

Feminino 48 17 12 2 Masculino 59 9 4 5

Fonte: Dados da pesquisa, 2015. Tabela 15 – Relação entre o sexo e a questão 11 da EIA-AMT

Sexo Questão 11 da EIA-AMT: Seu chefe imitou seus gestos, palavras ou comportamentos em tons humilhantes ou de deboche.

1 4 6 7 Feminino 59 10 9 1 Masculino 67 6 1 3

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Pesquisadores como Barreto (2003), Hirigoyen (2006) e Soboll (2008)

destacam que homens e mulheres reagem de maneiras distintas ao assédio moral.

Geralmente, segundo os referidos autores, os homens não externam as opressões

sofridas no ambiente de trabalho, ignoram o fato e guardam para si as

consequências e os sentimentos. Já as mulheres conseguem expor, com clareza,

suas sensações e sofrimentos, logo, para esse gênero é mais natural revelar o

sentimento e o efeito das condutas assediantes em suas vidas privadas. Heloani

(2004) destaca que a atitude de passividade do homem deve-se ao receio de tornar

pública a humilhação sofrida, fato que revelaria sua fragilidade diante das condutas

humilhantes, levando-o a um grau de degradação ainda maior.

Ademais, segundo Maciel et al.(2007), os homens sentem-se incomodados

com aspectos relacionados ao assédio organizacional, que põe em risco seu

desempenho em virtude de fatores competitivos, e, em contrapartida, as mulheres

são mais sensíveis aos conflitos, que atingem a esfera pessoal, logo, reagem em

duas vertentes diferentes. Talvez, esses sejam os principais argumentos em razão

da falta de sentimento de humilhação por ambos os sexos, bem como da

prevalência do sexo masculino em demonstrar menos o impacto afetivo em razão do

assédio moral sofrido.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embasada no estudo sobre o tema assédio moral nos bancos, a análise

realizada na pesquisa permitiu alcançar o objetivo geral de diagnosticar o assédio

moral a partir da percepção de ocorrência do fenômeno e seus impactos afetivos em

funcionários de instituições bancárias públicas e privadas na cidade de João

Pessoa, Estado da Paraíba. A partir do suporte teórico da literatura e de outras

pesquisas acerca do tema, compreendeu-se que a gestão moderna das instituições

bancárias atribui aos seus funcionários a responsabilidade dos bons resultados e de

lucros cada vez maiores, pela imposição de exigências que vão além da capacidade

física e moral do bancário, acarretando-lhes problemas físicos e psíquicos.

Diante disso, no contexto da pesquisa, e com base nos objetivos específicos,

foram delineados os perfis sociodemográficos dos participantes, em seguida, através

da detecção da frequência de ocorrência de assédio moral nos bancos, constatou-se

que o fenômeno foi percebido com pouca frequência, apenas 34% dos bancários

revelaram a ocorrência de assédio moral profissional e 19,9% de assédio pessoal,

no mínimo, uma vez ao mês. Constatou-se que, de maneira significativa, a maioria

dos participantes nunca ou quase nunca sofreu algum tipo de assédio moral

profissional (66%) ou pessoal (80,1%).

Ademais, tratando-se do objetivo específico de identificar os impactos afetivos

sofridos pelos bancários da pesquisa, a maioria dos participantes revelou sofrer

pouco impacto afetivo em razão dos atos de assédio moral, praticados no banco,

assim, em relação a uma parte considerável das questões suscitadas na Escala de

Impacto Afetivo de Assédio Moral, a grande maioria dos respondentes se sente

“nada humilhado” em face das situações descritas.

Assevera-se que, seja em face do aspecto moral profissional ou pessoal, e

em relação às variáveis sociodemográficas, apenas o tipo de banco onde o bancário

trabalha, se público ou privado, possui associações significativas com a frequência

de ocorrência de assédio moral. Conclui-se que as proporções de ocorrência de

assédio moral nos bancos privados são estatisticamente maiores do que nos bancos

públicos, o que indica que, com maior frequência, os funcionários das instituições

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privadas são submetidos a condutas e cobranças perversas. Ressalta-se que nos

bancos privados as exigências são comumente atendidas em virtude do medo da

perda do emprego, independente de refletirem condutas violentas de cobranças.

Geralmente, em instituições bancárias dessa natureza, os funcionários passam a

encarar a pressão e o abuso como instrumentos estruturais inerentes à organização,

tornando-se cúmplice do sofrimento.

Os resultados evidenciarem que houve uma baixa percepção do fenômeno de

assédio moral nos bancos, revelando-se que o fenômeno existe, contudo,

atualmente, talvez enfrente processo de banalização, e a violência sofrida no

trabalho esteja sendo considerada uma prática do cotidiano, inerente à atividade

bancária. Nesse contexto, a gestão por pressão, baseada em excessivas cobranças

sobre os bancários, fez surgir uma vertente de que o estresse faz parte da rotina

laboral e possibilita o aumento da produtividade e a obtenção de lucros excedentes.

Vê-se que muitos bancários convivem com o problema, acostumam-se com o

fenômeno e são vítimas do próprio silêncio, principalmente, por terem receio das

consequentes perseguições, repressões e perda do emprego.

A pesquisa encontrou limitações no que diz respeito à veracidade das

respostas, sendo esta a maior adversidade encontrada no desenvolvimento do

trabalho, pois envolve coragem e sinceridade por parte dos participantes, enrustidos

de medo e apreensão pela manutenção do emprego e das boas relações laborais.

Não foi observada, em relação a alguns bancários participantes, autonomia e

independência para responder aos questionamentos. Muitos questionários foram

aplicados no próprio ambiente de trabalho e talvez esse tenha sido um motivo

relevante para o constrangimento do participante. Ademais, o estudo foi realizado

apenas com participantes de um único estado do Brasil, portanto, limita-se à

percepção e aos impactos afetivos, sofridos pelos bancários participantes da

pesquisa.

É evidente a preocupação dos bancários em não se identificarem

nominalmente no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, observa-se que a

maior parte dos questionários foi apenas rubricada. No momento da aplicação dos

instrumentos de pesquisa, houve preocupação se os dados seriam divulgados,

apesar de constar no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que nenhuma

informação acerca do banco ou do bancário seria publicada, os participantes não

mostraram confiança nesse aspecto.

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Nesse trabalho, houve a análise quantitativa da amostra estudada, pois tem

valiosa utilidade e facilita o estudo correlacionado das variáveis sociodemográficas

abrangidas no estudo e a ocorrência de assédio moral. Porém, apesar de todas as

vantagens já mencionadas, para pesquisas futuras, sugere-se que, além do

levantamento quantitativo, seja concretizado, conjuntamente, um estudo detalhado

através de entrevistas para uma exposição pormenorizada das relações pessoais no

trabalho, preferencialmente, fora do ambiente físico de execução de tarefas, para

que possam expor, com liberdade de fala e detalhadamente, as diversas situações

vividas e os problemas advindos da rotina diária. Assim, as divergentes realidades e

concepções das situações vivenciadas serão descritas e analisadas, pois não

haverá limitação à frequência de resposta a um questionário numérico, e poderá se

alcançar um diagnóstico, evidenciando se houve superação, redução ou banalização

do fenômeno, pois o assédio moral não pode ser mantido na penumbra, deve ser

interpretado e estudado com a intensidade necessária para seu combate, em virtude

das consequências negativas que podem ocasionar na vida pessoal e profissional

dos assediados.

Além disso, nos estudos sobre a ocorrência de assédio moral no âmbito

laboral, é importante averiguar a percepção dos atos violentos em relação às

testemunhas e aos colegas de trabalho, uma vez que, algumas vítimas não

conseguem identificar as cobranças massacrantes, ou até mesmo ignoram o fato, na

busca de vantagens e benefícios. Como o assédio moral é um fenômeno complexo,

que exige várias concepções, esse entendimento integrado entre as diversas partes,

que compõem o ambiente de trabalho, torna-se uma realidade concreta.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Reprodução do Termo virtual de consentimento livre e

esclarecido (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a),

Você esta sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar de uma pesquisa de

dissertação do Programa de pós-graduação da Universidade Potiguar, Mestrado

profissional em Administração, da mestranda Renata Almeida de Lucena Patriota,

orientada pelo Prof. Doutor Walid Abbas El- Aouar. Este termo tem por intuito

solicitar a sua colaboração através de sua participação no estudo que tem como

objetivo verificar a ocorrência de assédio moral no setor bancário.

O procedimento de coleta das informações será da seguinte forma:

1. Apresentação dos procedimentos de coleta, assinatura deste termo e instruções;

2. Participação como respondentes ao Questionário Sociodemográfico, à Escala de

Percepção de Assédio Moral no Trabalho (EP-AMT) e à Escala de Impacto Afetivo

do Assédio Moral no Trabalho (EIA-AMT).

Sua participação é extremamente importante, Importa ressaltar, que nenhum tipo de

benefício especial será concedido para a compensação ou para pagamento em

detrimento da sua participação na pesquisa.

GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE

SIGILO.

Você será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você

é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a

participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em

participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. Os

pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os

resultados das coletas permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que

indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será

identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

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Fui informada (o) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e

esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas

informações e motivar minha decisão se assim o desejar.

Certificamos-lhe de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais.

( ) Declaro que concordo em participar desse estudo.

( ) Não aceito participar deste estudo

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APÊNDICE B - Questionário sociodemográfico a ser aplicado aos Bancários

1 - Idade: _________ 2 - Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 3 - Raça/Etnia: ________ 4 - Situação conjugal: ( ) casado/companheiro ( ) Solteiro ( )Separado/divorciado ( ) Viúvo 5 - Filhos:________ Quantos:_________ 6 - Possui curso de graduação ( ) Sim ( ) Não . Qual:___________________ 7 - Instituição Bancária do Setor Público ou Privado: __________________ 8 - Tempo de serviço na Instituição Bancária: _____________________ 9 - Cargo Ocupado na instituição bancária atualmente: __________________ 10 – Participa das campanhas e dos programas instituídos pelo Sindicato da categoria: ( ) SIM ( ) NÃO

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ANEXOS

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ANEXO A

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ANEXO B