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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
ESCOLA DE ENGENHARIA
ENGENHARIA CIVIL
VANESSA INEGUES
ANÁLISE COMPARATIVA DA REDE FERROVIÁRIA DE PORTUGAL E DO ESTADO
DE SÃO PAULO
São Paulo
2017
VANESSA INEGUES
ANÁLISE COMPARATIVA DA REDE FERROVIÁRIA DE PORTUGAL E DO ESTADO
DE SÃO PAULO
Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Engenharia Civil da
Escola de Engenharia da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial
para a obtenção do Título de Engenheiro.
ORIENTADOR: PROF. DR. SERGIO VICENTE DENSER PAMBOUKIAN
COORIENTADOR: PROF. MS. OSWALDO SANSONE RODRIGUES FILHO
ORIENTADORA DUPLA TIRULAÇÃO: PROF. DR. CARLA PATRICIA FILIPE DA
COSTA E. LOPES
São Paulo
2017
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Cronograma ............................................................................................................ 10
Mapa 1 - Rede Ferroviária de Portugal .................................................................................... 12
Mapa 2 - Rede ferroviária do Atlantic Corridor....................................................................... 13
Mapa 3 - Rede Ferroviária do Estado de São Paulo ................................................................. 14
Quadro 2 - Carga Transportada (x 10³ em Tonelada Útil – tu) ................................................ 15
Mapa 4 - Mapa da Rede dos Transportes Metropolitanos de São Paulo .................................. 16
Quadro 3 - Trens Turísticos e Comemorativos ........................................................................ 16
Mapa 5 – Movimentos Pendulares (Interações Regionais), 2011 ............................................ 17
Mapa 6 - Distribuição dos deslocamentos para trabalho e estudo acima de 1 000 pessoas, entre
arranjos populacionais, na 2ª Integração do Arranjo Populacional de "São Paulo/SP" - 2010 18
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária
ALL – América Latina Logística S.A.
ALLMO - América Latina Logística Malha Oeste S.A.
ALLMP - América Latina Logística Malha Paulista S.A.
ALLMS - América Latina Logística Malha Sul S.A.
ANTF - Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários
ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres
CP - Comboios de Portugal
CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
EMTU - Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo
GIS - Geographic Information System
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INE - Instituto Nacional de Estatística
IP - Infraestruturas de Portugal, SA
Metrô - Companhia do Metropolitano de São Paulo
PIB - Produto Interno Bruto
SIG - Sistema de Informação Geográficas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5
1.1 OBJETIVOS............................................................................................................. 6
1.1.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 6
1.1.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 6
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 7
1.3 METODOLOGIA .................................................................................................... 8
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 8
1.5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ................................................................... 10
2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 11
2.1 REDE FERROVIÁRIA DE PORTUGAL ............................................................. 11
2.2 REDE FERROVIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO .................................... 14
2.3 MOBILIDADE E AS FERROVIAS ...................................................................... 17
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 20
5
1 INTRODUÇÃO
A ferrovia surgiu na Inglaterra entre 1822 e 1825 (STEFANI, 2007) e ainda
hoje é um meio de transporte muito importante, que possui uma grande eficiência para vencer
grandes distâncias. É muito utilizada por diversos países, como os europeus, que possuem
redes ferroviárias extensas.
Atualmente o meio de transporte que vem sendo mais valorizado no Brasil é o
rodoviário, enquanto o transporte ferroviário tem sido pouco discutido como uma alternativa
de locomoção de pessoas e de cargas. O transporte ferroviário é muito eficaz, pois pode
atingir altas velocidades, transportando uma grande quantidade de carga e/ou pessoas,
ocupando uma estreita faixa de solo (quando comparada às rodovias) e tudo isso com um
baixo índice de emissão de poluentes.
O estado de São Paulo por sua vez não tem grandes incentivos ao transporte
ferroviário de passageiros, pois este está limitado a região metropolitana de São Paulo, que
possui uma reduzida extensão de linhas para sua abrangência territorial. Quando comparado a
países como Portugal, que possui uma rede ferroviária de transporte de passageiros que atinge
as diferentes regiões do país, São Paulo ainda está muito atrás no que diz respeito a
mobilidade e sustentabilidade.
Em Portugal a ferrovia é responsável pelo transporte de milhões de pessoas e
milhões de toneladas de mercadorias anualmente. Portugal tem hoje uma rede ferroviária com
3.620,8 km de extensão (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, I.P., 2015), sendo
que em 2.210 km há o transporte de passageiros (COMBOIOS DE PORTUGAL - CP, 2015).
Por outro lado, o estado de São Paulo tem 4.706 km de ferrovias (FOLHA DE
S.PAULO, 2013), mas apenas 329,3 km são destinados ao transporte de passageiros.
(COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ, 2016; COMPANHIA
PAULISTA DE TRENS METROPOLITANOS - CPTM, 2015). Pode-se observar a
importância das ferrovias em São Paulo para o transporte de mercadorias, mas ao mesmo
tempo nota-se a limitação no que se refere ao transporte de passageiros.
São Paulo ainda tem muito o que melhorar na área da mobilidade. Os meios de
transporte devem ser acessíveis a todos, de forma eficiente e sustentável. Uma mobilidade
ruim pode trazer prejuízos para a economia de uma região, pois limita as pessoas nos seus
afazeres no trabalho, nos estudos e no lazer.
6
As ferrovias podem ser uma solução para a mobilidade, pois não exige do
usuário a habilidade de direção, mas é operada por um profissional da área; tem menor índice
de acidentes e um menor impacto ambiental. Segundo Cardozo et al. (2009, p. 3) o transporte
ferroviário “[..] apresenta menor consumo de combustível, energia e espaço viário por
passageiros, assim como taxas muito menores de emissão de poluentes do que as do
transporte privado.”.
Desse modo, para que as ferrovias possam favorecer a mobilidade no estado de
São Paulo é necessário que sejam feitos estudos na área. Deve-se verificar a viabilidade da
implementação de uma rede ferroviária destinada ao transporte de passageiros de longa
distância. Com este propósito pode-se analisar a rede ferroviária de Portugal averiguando
quais aspectos São Paulo poderia incorporar para a elaboração de uma nova rede ferroviária
de acordo com as particularidades do estado.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a viabilidade da implantação de um sistema ferroviário de transporte
de passageiros para o estado de São Paulo, tendo como referência a rede ferroviária de
Portugal.
1.1.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos a serem desenvolvidos no trabalho de conclusão de curso
serão:
comparar a rede ferroviária do estado de São Paulo com a rede
ferroviária de Portugal, no que se refere ao transporte de cargas e
passageiros, densidade das redes, velocidades operacionais e dimensão
de bitolas;
investigar os benefícios sociais e ambientais, de uma rede ferroviária de
transporte de passageiros no estado de São Paulo, identificando sua
relevância para a mobilidade das pessoas, otimização de tempo e a
redução de automóveis particulares e de acidentes nas rodovias.
7
identificar os desafios de implementação e operação de uma linha
ferroviária para transporte de passageiros no estado de São Paulo e a
sua capacidade de atração de novos usuários.
1.2 JUSTIFICATIVA
A mobilidade é uma questão cada vez mais importante para a sociedade atual.
O deslocamento das pessoas se faz amplamente necessário, pois estas precisam se locomover
frequentemente por motivos de trabalho, estudo, saúde, familiar e lazer. A partir destes fatos é
necessário analisar os meios de transporte utilizados, não apenas na questão de conforto
pessoal, mas também no sentido de melhor uso e ocupação de solo, redução de impactos
ambientais, redução de acidentes e ser acessível a todas as pessoas.
O meio de transporte que vem sendo mais utilizado no estado de São Paulo é o
rodoviário, porém este possui um alto índice de acidentes. Em 2016 foram registrados 5.727
óbitos decorrentes de acidentes de trânsito e 192.582 acidentes de trânsito com vítimas no
estado de São Paulo segundo relatório do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de
Trânsito do Estado de São Paulo (2016).
Outro fator agravante do uso intensivo dos automóveis é a degradação
ambiental gerada. As rodovias ocupam uma extensa seção de terreno e estão em constante
alargamento pelo aumento do uso do automóvel. Este meio de transporte também emite
muitos poluentes na atmosfera. “Os principais poluentes do ar emitidos pelos veículos
automotores são: o monóxido de carbono (CO); o dióxido de enxofre (SO2); os óxidos de
nitrogênio (NOX); material particulado e chumbo”. (VIEIRA, 2009, p. 37). Estes poluentes
podem causar danos à saúde da população e degradar o meio ambiente.
Uma alternativa de meio de transporte é a ferrovia. Esta pode contribuir para
um melhor deslocamento de pessoas no estado de São Paulo, que possui uma grande demanda
de mobilidade. As ferrovias ajudariam a reduzir a quantidade de carros nas rodovias, e
consequentemente os acidentes rodoviários e a quantidade de poluentes emitidos e reduziriam
o alargamento de pistas de rodovias, sendo que, uma vez que a ferrovia é construída, não é
necessário fazer alargamento de sua seção.
8
1.3 METODOLOGIA
Este trabalho será desenvolvido por meio de pesquisas bibliográficas, pesquisas
documentais, levantamento de dados e de uma pesquisa prática através de um estudo de caso.
A pesquisa teórica será efetuada através da leitura e revisão de bibliografias
referentes as ferrovias, tanto de Portugal, como do estado de São Paulo, buscando
informações históricas, conceitos sobre ferrovias, relevância das ferrovias para a mobilidade,
sustentabilidade do uso de ferrovias, tipos de locomotivas, modos operacionais e estudos
anteriores.
O levantamento de dados tem por objetivo analisar e comparar a rede
ferroviária do estado de São Paulo e de Portugal no que se refere ao transporte de cargas e
passageiros, densidade das redes, velocidades operacionais e dimensão de bitolas; que serão
obtidos pelos órgãos portugueses Infraestruturas de Portugal (I.P.) e Instituto Nacional de
Estatística (INE) e pelo órgão brasileiro Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A pesquisa prática será realizada através da busca de dados operacionais e
estatísticos, tais como geometria da rede ferroviária, velocidades, quantidade de passageiros e
carga transportados; disponibilizados pelos órgãos de Portugal: I.P. e INE; e pelos órgãos
brasileiros: ANTT e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que serão
inseridos nos softwares QGIS e VISUM para uma melhor visualização dos mesmos. Também
será feita uma modelagem no software VISUM de uma nova linha ferroviária de longa
distância para transporte de passageiros no estado de São Paulo, seguindo o modelo de
Portugal. A modelagem irá permitir uma melhor percepção de fatores como a geometria da
nova rede, sua viabilidade, atração de usuários, operação, interação com outros modais de
transporte, redução de automóveis nas rodovias e a otimização de tempo para os usuários.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho será composto por cinco seções:
A seção 1 será composta pela introdução, que será constituída por uma
apresentação do tema, objetivos gerais e específicos, justificativa e metodologia.
A seção 2 será composta por uma pesquisa bibliográfica no que se refere a
análise histórica das ferrovias tanto de Portugal como do estado de São Paulo; levantamento
de dados no que se refere a população destes dois locais e seus movimentos pendulares
realizados entre cidades e por uma comparação entre as principais características ferroviárias
9
entre Portugal e o estado de São Paulo, tais quais: densidade da rede, bitola, velocidades
operacionais, ligações transfronteiriças, interoperabilidade com portos, tipo de carga
transportada e transporte de passageiros. Diante dessas pesquisas e dados levantados será
investigada a importância de uma rede ferroviária de transporte de passageiros para a
mobilidade no estado de São Paulo.
A seção 3 englobará o estudo de caso que consistirá em uma simulação de uma
nova linha de transporte ferroviário para o estado de São Paulo destinada ao transporte de
longa distância para passageiros. O estudo será feito através de uma modelagem no software
VISUM, que necessitada de parâmetros para essa nova rede, como geometria, locais de
estações, sistema operacional, velocidades e quantidade de passageiros transportados.
A seção 4 discorrerá sobre qual sistema operacional melhor se adequa a esta
nova linha ferroviária para transporte de passageiros no estado de São Paulo e analisará a
viabilidade e a importância desta através dos resultados obtidos na modelagem do software
VISUM. Por fim, será feita uma comparação dos resultados obtidos pela modelagem com a
rede atual de Portugal, investigando melhorias para esta nova rede de São Paulo, quais seriam
seus desafios de operação para se tornar uma rede consolidada como a de Portugal e sua
relevância para a mobilidade de São Paulo, como já ocorre em Portugal.
A seção 5 apresentará as conclusões do trabalho e do estudo de caso, deixando
indicações de possibilidades de pesquisas futuras.
10
1.5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Quadro 1 - Cronograma
março, 2017 abril, 2017 maio, 2017
5 12 19 26 2 9 16 23 30 7 14 21 28
Revisão da Seção 1 (Projeto)
X X
Seção 2, subseção 2.1 Enquadramento histórico das ferrovias
X X
Seção 2, subseção 2.2 População e movimentos pendulares
X X
Seção 2, subseção 2.3 Análise comparativa da rede ferroviária de Portugal e do estado de São Paulo
X X X
Seção 2, subseção 2.4 Importância do transporte ferroviário para a mobilidade
X X
Seção 3 - Estudo de caso (modelagem)
X X X X
Seção 4 - Análise da viabilidade e da importância de uma nova rede ferroviária para transporte de passageiros no estado de São Paulo
X X
Seção 5 - Conclusão X
Revisão final X
Entrega Final X
11
2 REVISÃO DA LITERATURA
A rede ferroviária de Portugal e do estado de São Paulo possuem suas particularidades
e ênfases em diferentes setores. Cada uma teve um trajeto histórico diferente que culminou na
então atual rede ferroviária. Portugal tem um sistema férreo que atende tanto o setor de cargas
quanto o de transporte de passageiros, já no estado de São Paulo a principal utilização das
ferrovias é para o deslocamento de mercadorias.
2.1 REDE FERROVIÁRIA DE PORTUGAL
A rede ferroviária de Portugal já possui uma longa evolução, que se iniciou em
28 de outubro de 1856, quando foi inaugurada a primeira linha de caminho de ferro entre
Lisboa e o Carregado (FERREIRA, 2014). Em 1863 a rede ferroviária chega até à fronteira
com Espanha, primeiramente em Elvas e depois em Badajoz. Dessa forma Portugal iniciava a
sua ligação com Espanha e também com a Europa. Em novembro de 1877 é aberta a linha do
Norte, que liga Lisboa ao Porto, graças à construção da ponte Maria Pia que possibilitou a
travessia férrea pelo rio Douro (SOUSA, 2015).
Hoje a rede ferroviária de Portugal possui uma extensão de 3.620,8 km, sendo
que a rede em exploração é de 2.546,0 km, um equivalente a 70,3% da extensão total
(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, I.P., 2015). No Mapa 1 é possível analisar a
geometria das linhas ferroviárias e a sua distribuição pelo território português
(INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL, SA, 2016). A rede em exploração com linhas
eletrificadas possui uma extensão de 1.639,1 km, o que representa 64,4% da rede total
(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, I.P., 2015). A bitola utilizada em Portugal é
a ibérica, que possui uma distância entre as faces interiores do carril de 1.668 mm. A única
exceção é a linha do Vouga, em que essa distância é de 1.000mm (INFRAESTRUTURAS DE
PORTUGAL, SA, 2016).
Uma rede importante para o transporte de mercadorias é o Atlantic Corridor
(Corredor Atlântico). Este é composto pelas ligações entre os portos marítimos de Sines,
Setúbal, Lisboa, Aveiro e Leixões em Portugal; Algeciras, Bilbao e Pasajes, em Espanha;
Baiona, Nantes, La Rochelle e Le Havre, e os portos fluviais de Bordéus, Rouen e Strasburgo,
em França. Permite também ligar as capitais Lisboa, Madrid e Paris, como é mostrado no
Mapa 2 (ATLANTIC CORRIDOR, 2013). Em 2015 foram transportados 11,1 milhões de
12
toneladas de mercadorias em Portugal (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, I.P.,
2015).
Mapa 1 - Rede Ferroviária de Portugal
Fonte: INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL, SA, (2016)
13
Mapa 2 - Rede ferroviária do Atlantic Corridor
Fonte: ATLANTIC CORRIDOR, (2013)
A rede ferroviária que transporta passageiros tem hoje uma extensão de 2.210 km
(COMBOIOS DE PORTUGAL - CP, 2015). Em 2015 foram transportados 130,4 milhões de
passageiros (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, I.P., 2015). O transporte de
passageiros pode ser dividido em quatro tipos de tráfego: urbano, suburbano, de longo curso e
internacional. Atualmente a operadora de transporte ferroviário de passageiros é a Comboios
de Potugal (CP), a qual se divide em três áreas: a) Comboios urbanos de Lisboa, Porto e
Coimbra; b) Comboios Alfa Pendular, Intercidades e Internacional; c) Comboios Regionais e
InterRegionais (COMBOIOS DE PORTUGAL - CP, 2015).
14
2.2 REDE FERROVIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
A primeira linha ferroviária no estado de São Paulo foi inaugurada em 1867 e
ligava Jundiaí a Santos. Foi chamada de The São Paulo Railway e o seu principal objetivo era
escoar a produção agrícola. Em 1872 começaram a ser usados os bondes na capital pela
Companhia Carris de Ferro de São Paulo. Inicialmente eram puxados por animais e a partir de
1900, após a criação da Companhia Viação Paulista, estes foram modificados e passaram a ser
eletrificados (STEFANI, 2007).
Segundo a informação publicada no jornal “Folha de S.Paulo” (2013), em 1940
o Estado de São Paulo tinha 8.622 km de ferrovias em operação e em 2013 apenas 4.706 km.
Esta rede ferroviária é atualmente operada por três empresas: MRS Logística, FCA - Ferrovia
Centro-Atlântica e Rumo. Esta última resulta de uma muito recente fusão entre a Rumo e a
ALL – América Latina Logística. No Estado de São Paulo, antes da referida fusão, a ALL se
subdividia na ALLMO - América Latina Logística Malha Oeste, ALLMP - América Latina
Logística Malha Paulista e ALLMS - América Latina Logística Malha Sul. No Mapa 3 pode-
se observar a atual geometria da rede ferroviária do Estado de São Paulo.
Mapa 3 - Rede Ferroviária do Estado de São Paulo
Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES FERROVIÁRIOS -
ANTF, (2014)
15
A malha ferroviária do Estado de São Paulo tem como principal função o
transporte de mercadorias. No Quadro 2 é apresentada a carga útil transportada pelas
empresas que operam em São Paulo de 2006 até agosto de 2016 (AGÊNCIA NACIONAL DE
TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT, 2016). Observando o Mapa 3 constata-se que as
empresas em causa ultrapassam o limite do Estado de São Paulo, chegando assim a outros
Estados vizinhos: Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Fonte: adaptado de AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT (2016)
Quanto ao transporte de passageiros, a ferrovia ainda é um meio pouco utilizado no
Estado. A operação ferroviária para transporte de passageiros pode ser dividida em três
grupos: turística, comemorativa e metropolitana. A turística é operada por trens antigos e não
tem uma frequência alta, são operados ao longo de todo o ano e servem apenas para a
preservação do patrimônio histórico e da memória das ferrovias. A comemorativa é
caracterizada por um evento específico e isolado (AGÊNCIA NACIONAL DE
TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT, 2015). No Quadro 3 é apresentada a extensão
desses trechos existentes em São Paulo. Por sua vez a rede metropolitana é concentrada na
Região Metropolitana de São Paulo e é operada pela CPTM – Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos, com uma rede de 260,8 km de extensão (COMPANHIA PAULISTA DE
TRENS METROPOLITANOS - CPTM, 2015), e pelo Metrô – Companhia do Metropolitano
de São Paulo, com uma rede de 68,5 km de extensão (COMPANHIA DO
METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ, 2016). Estas duas redes estão integradas e
diariamente transportam cerca de 4,7 milhões de passageiros (COMPANHIA DO
METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ, [s.d.]). O Mapa 4 é uma representação
dessa rede. Da análise do Mapa 4 constata-se que a EMTU - Empresa Metropolitana de
Transportes Urbanos de São Paulo é a empresa responsável pelo transporte metropolitano
através dos ônibus.
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
ALLMO 3.355 2.690 3.235 2.778 4.430 4.421 3.932 4.625 5.600 4.560 2.347
ALLMP 4.221 3.473 5.229 4.917 6.719 7.490 5.702 5.336 5.440 4.734 3.351
ALLMS 28.942 26.536 26.763 26.073 25.975 27.067 24.192 22.940 21.554 20.938 12.630
FCA 15.177 18.957 19.280 17.455 21.242 18.958 22.254 24.290 24.192 26.128 17.393
MRS 101.998 114.064 119.799 110.954 123.030 130.009 131.404 130.906 138.827 139.695 95.001
TOTAL 155.699 167.727 176.314 164.186 183.406 189.956 189.496 190.110 197.627 198.070 130.722
*até agosto
AnoConcessionárias
Quadro 2 - Carga Transportada (x 10³ em Tonelada Útil – tu)
16
Mapa 4 - Mapa da Rede dos Transportes Metropolitanos de São Paulo
Fonte: COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ, [s.d.])
Quadro 3 - Trens Turísticos e Comemorativos
Trecho Extensão Operadora
Brás/Mooca 3,0 km Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF
Campinas/Jaguariúna 23,5 km Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF
Prolongamento Campinas/Jaguariúna 1,5 km Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF
Assis/Paraguaçu Paulista/Quatá 60,0 km Prefeitura de Paraguaçu
Paranapicaba 304,0 km Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF
Rio Grande da Serra/Paranapiacaba 12,0 km Companhia paulista de Trens metropolitanos - CPTM
São José do Rio Preto/Eng. Schmitt 10,5 km Prefeitura de São José do Rio Preto
Guararema/Luiz Carlos 5,5 km Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF
TOTAL 420,0 km
Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT (2015)
17
2.3 MOBILIDADE E AS FERROVIAS
A mobilidade é fundamental em uma região em que há crescimento
econômico, ou mesmo quando este já está consolidado, pois esta é necessária para as relações
de trabalho, estudo, negócios, saúde e também para o lazer. Esses deslocamentos são
chamados de deslocamentos pendulares. “Nos censos demográficos [...] o IBGE define
deslocamento pendular como aquele que uma pessoa realiza entre seus locais de residência e
de trabalho/estudo, quando estes se localizam em municípios distintos.” (PEREIRA;
HERRERO, 2009, p. 9).
Os deslocamentos pendulares estão presentes tanto em Portugal quanto no
estado de São Paulo, como pode ser observado no Mapa 5 e no Mapa 6.
Mapa 5 – Movimentos Pendulares (Interações Regionais), 2011
Fonte: (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, I.P., 2012)
18
Mapa 6 - Distribuição dos deslocamentos para trabalho e estudo acima de 1 000 pessoas, entre
arranjos populacionais, na 2ª Integração do Arranjo Populacional de "São Paulo/SP" - 2010
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, (2016)
Através da comparação do Mapa 1 e do Mapa 5 é possível verificar que a rede
ferroviária de Portugal atende a maior parte dos deslocamentos pendulares existentes em seu
país. Porém com a comparação do Mapa 3 e Mapa 4 com o Mapa 6, o mesmo não ocorre, pois
a rede ferroviária de São Paulo consegue atender apenas uma parcela dos principais
movimentos pendulares existentes no estado, tendo deste modo um déficit para o atendimento
da mobilidade através das ferrovias.
19
Assim, examinando esses dados é possível verificar que ferrovia e mobilidade
devem estar interligadas. A ferrovia é um fator que coopera com uma melhor mobilidade e
que permite uma opção a mais para que as pessoas possam realizar seus deslocamentos
pendulares de forma eficaz, com um menor impacto ambiental e com otimização de tempo.
Além desses fatores o transporte ferroviário também ajuda na inclusão social, de modo que
todas as pessoas tenham acesso a um transporte de boa qualidade e eficiente.
Para que o estado de São Paulo possa melhorar sua mobilidade através das
ferrovias é preciso que novos estudos sejam feitos. Estes estudos podem ser iniciados através
de comparações com outros países que já possuem uma rede ferroviária mais consolidada,
como é o caso de Portugal. Através desses estudos, São Paulo poderá absorver aspectos
funcionais dessas ferrovias, como as tecnologias que são empregadas, como é feito o
incentivo para o uso desse meio de transporte, como é feita a interoperabilidade com outros
modais, os recursos necessários e modos de operação.
20
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT. Trens turísticos e
comemorativos. Disponível em:
<http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/43723/Trens_Turisticos_e_Comemorativos.
html>. Acesso em: 6 jan. 2017.
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT. Evolução do
transporte ferroviário. Brasília, 2016. Disponível em:
<http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/15884/Evolucao_do_Transporte_Ferroviario
.html>. Acesso em: 6 jan. 2017.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES FERROVIÁRIOS - ANTF.
Mapa ferroviário brasileiro. Disponível em:
<http://www.antf.org.br/index.php/informacoes-do-setor/mapa-ferroviario-brasileiro>. Acesso
em: 6 jan. 2017.
ATLANTIC CORRIDOR. Corredor atlântico – descrição. Disponível em:
<http://www.atlantic-corridor.eu/pt/corredor-pt/descricao-pt>. Acesso em: 3 jan. 2017.
CARDOZO, Vinícius G.; DA CRUZ, Climarcio C.; RUBERT, Marcela; SANTOS, Márcio P.
S. O sistema ferroviário como objeto de inclusão social. In: 17º Congresso Brasileiro de
Transportes e Trânsito, Curitiba. 2009. Disponível em: <http://files-
server.antp.org.br/_5dotSystem/download/dcmDocument/2013/01/21/1F16F3F7-8C31-475E-
9C18-F5CF405813DA.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017.
COMBOIOS DE PORTUGAL - CP. A empresa. Disponível em:
<https://www.cp.pt/institucional/pt/empresa>. Acesso em: 6 jan. 2017.
COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ. Estrutura física.
Disponível em: <http://www.metro.sp.gov.br/metro/numeros-pesquisa/estrutura-fisica.aspx>.
Acesso em: 6 jan. 2017.
21
COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ. Quem somos.
Disponível em: <http://www.metro.sp.gov.br/metro/institucional/quem-somos/index.aspx>.
Acesso em: 6 jan. 2017.
COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO - METRÔ. Mapa da rede do
transporte metropolitano. Disponível em: <http://www.metro.sp.gov.br/sua-
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