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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Curso de Pós-Graduação Stricto-Senso Programa de Distúrbios do Desenvolvimento JULIANA GIOIA NEGRÃO DESENVOLVIMENTO DE UM BANCO DE FOTOGRAFIAS E VÍDEOS DE EXPRESSÕES EMOCIONAIS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS DE QUATRO A SEIS ANOS. FACIAL AFFECTIVE BRAZILIAN SET - CHILDREN IMAGE AND VÍDEO DATABASE (FABS) São Paulo 2019

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Curso de Pós-Graduação Stricto-Senso

Programa de Distúrbios do Desenvolvimento

JULIANA GIOIA NEGRÃO

DESENVOLVIMENTO DE UM BANCO DE FOTOGRAFIAS E VÍDEOS DE

EXPRESSÕES EMOCIONAIS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS DE QUATRO A SEIS

ANOS. FACIAL AFFECTIVE BRAZILIAN SET - CHILDREN IMAGE AND VÍDEO

DATABASE (FABS)

São Paulo

2019

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JULIANA GIOIA NEGRÃO

DESENVOLVIMENTO DE UM BANCO DE FOTOGRAFIAS E VÍDEOS DE

EXPRESSÕES EMOCIONAIS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS DE QUATRO A SEIS

ANOS. FACIAL AFFECTIVE BRAZILIAN SET - CHILDREN IMAGE AND VÍDEO

DATABASE (FABS).

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade

Presbiteriana Mackenzie como requisito para

obtenção do título de Doutor.

Orientador: Prof. Dr. José Salomão Schwartzman

Co-orientadora: Profª. Drª. Ana Alexandra Osório

São Paulo

2019

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N385d Negrão, Juliana Gioia.

Desenvolvimento de um banco de fotografias e vídeos de expressões emocionais de crianças brasileiras de quatro a seis anos.

Facial Affective Brazilian Set - children image and vídeo database (FABS) / Juliana Gioia Negrão.

107 f. : il. ; 30 cm

Tese (Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019.

Orientador: José Salomão Schwartzman.

Referências bibliográficas: f. 90-104.

1. Expressões faciais. 2. Reconhecimento emocional de faces. 3. Criança. 4. Banco de estímulos faciais. 5. Emoção. I.

Schwartzman, José Salomão, orientador. II. Título. CDD 152

Bibliotecária Responsável: Andrea Alves de Andrade - CRB 8/9204

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AGRADECIMENTOS

Ao meu querido orientador e amigo Dr. José Salomão Schwartzman, que me deu a

honra de sua orientação.

À professora e Dra. Maria Eloisa Famá D´Antino e Dr. Decio Brunoni que sempre me

apoiaram e me guiaram durante todo o processo deste trabalho.

Ao professor Alessandra Gotuzo Seabra, Ana Alexandra Osório, Paulo Boggio,

Tatiana Pontrelli Mecca e Daniel Mograbi por compartilharem comigo seus

conhecimentos.

Aos colegas Anderson Tamborim, Vitor Santos, David Leucas, Paulo Cesar

Camargo que acreditaram nesse projeto e se esforçaram com a quantidade de

estímulos avaliados e com a pressão do tempo reduzido.

À equipe do TEA Mack: Daiane, Andressa, João, Tally, Juci, Lourenço, Fabricia,

Maria Claudia e a minha grande amiga Vivian Lederman por estarem sempre ao

meu lado.

Ao pesquisador Paul Ekman pela grande inspiração.

À equipe do Mackpesquisa Danilo, Edivaldo Geisa, Julia, e a Capes, pela parceria e

confiança.

Á equipe do TV Mackenzie, aos operadores de câmera, que filmaram os estímulos:

Ronaldo e Fabricio, especialmente ao Claudiney que coordenou todo processo.

Á equipe do jurídico do Mackenzie, em especial ao professor Samuel pela

consultoria jurídica os quais resultaram na elaboração dos termos deste projeto.

Ao meu marido, meus filhos e meu pai que são a inspiração do meu dia a dia.

Ao tio Roberto, Paola, Sra. Anna, Sr. Salvador, Irineu, Sandra, Mariana, Fernanda,

família que a vida me deu. Obrigada por toda a ajuda e carinho.

Aos meus amigos queridos que participaram de todo este processo: Marcela, Silvia,

Olivia, Cândida, Juliana e minha afilhada Sofia.

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RESUMO

Introdução: O reconhecimento das expressões faciais desempenha um papel

importante nas interações sociais, principalmente durante na fase da infância onde a

linguagem verbal ainda não está plenamente desenvolvida. Uma forma de avaliar

essa habilidade em crianças é utilizar fotografias e vídeos presentes em bancos de

expressões emocionais. Esses materiais mostram-se importantes para estudar os

processos da cognição social e podem servir de ferramenta diagnóstica e de

intervenção clínica. No entanto, poucos estudos se concentraram em construir

bancos específicos de fotografias de expressões faciais de crianças na primeira

infância. Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo desenvolver e validar um

banco de fotografias e vídeos de crianças brasileiras com idade entre quatro e seis

anos com expressões faciais posadas e induzidas das seguintes emoções:

felicidade, tristeza, raiva, surpresa, nojo, medo e desprezo, além da ausência de

emoção (neutralidade). Método: Foram selecionadas crianças de uma agência de

atores infantis em São Paulo (SP) para participarem do estudo. Um geneticista

realizou uma análise morfológica das fotografias das crianças e a etnia foi definida

somente quando houve cruzamento positivo com a etnia declarada pelos

responsáveis. Em estudo piloto, fotos e vídeos infantis foram selecionados e

testados para eliciar as emoções. Após esta etapa, os estímulos construídos foram

aplicados em crianças enquanto elas eram filmadas, e geraram 29 horas de vídeos

(estúdios da TV Mackenzie). Um primeiro juiz (juiz 0) selecionou frames de fotos e

trechos de filmes que representassem as sete emoções e neutralidade. Eles foram

cortados e inseridos uma plataforma Web por um profissional especializado em

edição de imagens. Um segundo juiz (juiz 1) fez uma análise dos estímulos já

editados. Somente as fotografias e vídeos em que houve concordância da emoção

entre os juízes 0 e 1, foram selecionados para construção do Banco Facial Affective

Brazilian Set – Children Image and Video Database (FABS). A seguir, para validação

do banco, outros dois juízes (juiz 1 e juiz 2), especialistas no método Facial Action

Coding System (FACS), analisaram todas as fotografias e vídeos que compunham o

banco. A análise estatística de concordância entre os juízes quanto às emoções foi

realizada por meio do Índice de Concordância de Kappa. A acurácia dos juízes foi

comparada por meio do Teste de Igualdade de Duas Proporções. Resultados:

Foram selecionados para participar do estudo 182 crianças, das quais 31 (21%)

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foram excluídas por não alcançarem a concordância étnica entre o geneticista e os

pais da criança, e três (2%) por se recusarem a participar das filmagens. Das 148

restantes, 16 delas participaram do estudo piloto e 8 crianças foram excluídas por

falta de concordância entre os juízes 0 e 1. Assim, participaram da construção do

banco FABS 124 crianças (55% meninas) que geraram 1985 estímulos. Destes,

1014 (51%) eram fotografias, 971 (49%) vídeos, 904 (46%) eram estímulos posados

e 1081 (54%) induzidos. A análise de concordância entre os dois juízes para

validação do banco obteve índice geral de Kappa de 0,70, e acurácia de 73%.

Verificou-se maior acurácia na avaliação de crianças afrodescendentes em relação

às caucasianas (76% vs. 72%, p=0,026), e que a acurácia dos juízes na avaliação

de crianças de 4 anos foi menor que naquelas de 6 anos (71% vs. 76%, p=0,46).

Não foi verificada diferença significativa na concordância entre juízes quanto gênero

das crianças ou tipo de estímulo (foto/vídeo). A acurácia dos juízes foi

significativamente maior ao avaliar estímulos posados em relação aos induzidos

(78% vs. 69%, p<0,001). As emoções felicidade, nojo, desprezo e surpresa tiveram

os maiores percentuais de concordância entre os juízes, enquanto que neutralidade

e surpresa apresentaram as menores taxas de concordância. Conclusão: Este

trabalho construiu e validou conjunto de estímulos faciais infantis que poderão ser

aplicados em pesquisas futuras sobre o reconhecimento emocional em indivíduos na

primeira infância. Além disso, o banco de dados FABS pode ser base para estudos

subsequentes sobre os mecanismos envolvidos no reconhecimento de emoções

faciais na infância, e a investigação entre as expressões faciais e transtornos

psiquiátricos.

Palavras-chave: Expressões faciais, Reconhecimento emocional de faces. Criança.

Banco de estímulos faciais. Emoção.

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ABSTRACT

Introduction: The recognition of facial expressions plays an important role in

social interactions, especially during the childhood phase, where oral

communications is not yet fully developed. One way to evaluate this skill in children is

to use photographs and videos from emotional expressions databases. These

materials are important to study the processes of social cognition and can serve as

diagnostic tools and clinical intervention. Few studies, however, have focused on

building specific photo databases for facial expressions in early childhood.

Objective: The present work aims to develop and validate a database of

photographs and videos of Brazilian children aged between four and six years, with

facial expressions posed and induced for the following emotions: joy, sadness,

anger, surprise, disgust, fear and contempt, and lastly the absence of emotion

(neutrality). Method: Children were selected from a children's acting agency in Sao

Paulo, SP, to participate in the study. A geneticist performed a morphological

analysis of the children's photographs and ethnicity was defined only when there was

a positive cross with the ethnicity declared by the guardians. In a pilot study,

children's photos and videos were selected and tested to elicit emotions. After this

stage, the built-in stimuli were applied to children as they were filmed and generated

29 hours of video (Mackenzie TV studios). The first judge (Judge 0) selected photo

frames and movie clips that represented the seven emotions and neutrality. These

were cut and inserted a web platform a professional specializing in image editing. A

second judge (Judge 1) made an analysis of the already fragmented stimuli, and only

the photos and videos in which there was 100% agreement between them as to the

type of emotion were selected for the construction of the Facial Affective Brazilian

Set – Children Image and Video Database (FABS) Database. Then, for validation of

the bank, two other judges (Judge 1 and Judge 2) specialists in the Facial Action

Coding System (FACS) method analyzed all the photographs and videos that made

up the bank. Statistical analysis of agreement between the judges regarding

emotions was performed using the Kappa Agreement Index. The accuracy of the

judges was compared using the Two Proportion Equality Test. Results: A total of

182 children were selected to participate in the study, of which 31 (21%) were

excluded for not achieving ethnic agreement between the geneticist and the child's

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parents, and 3 (2%) for refusing to participate in the filming. Of the remaining 148, 16

of them participated in the pilot study and 8 children were excluded for lack of

agreement between Judges 0 and 1. Thus, 124 children (55% girls) who generated

1985 stimuli participated in the construction of the FABS bank. Of these, 1014 (51%)

were photographs, 971 (49%) videos, 904 (46%) were stimuli were posed and 1081

(54%) induced. The agreement analysis between the two judges to validate the bank

obtained an overall Kappa index of 0.70 and an accuracy of 73%. There was greater

accuracy in the evaluation of children of African descent compared to Caucasian

children (76% vs. 72%, p = 0.026), and that the accuracy of judges in the evaluation

of 4-year-olds was lower than in those of 6-year-olds (71% vs. 76%, p = 0.46). No

significant difference was found in the agreement between judges regarding

children's gender or type of stimulus (photo / video). Judges' accuracy was

significantly higher when evaluating posed versus induced stimuli (78% vs. 69%, p

<0.001) for both photos and videos. The emotions happiness, disgust, contempt and

surprise had the highest percentages of agreement among the judges, while

neutrality and surprise had the lowest agreement rates. Conclusion: This paper

constructed and validated a set of infant facial stimuli that could be applied in future

research on emotional recognition in early childhood individuals. In addition, the FBS

database allows subsequent studies on the mechanisms involved in the recognition

of facial emotions in childhood, and the investigation between facial expressions and

psychiatric disorders.

Keywords: Face expressions. Face recognition. Database. Face stimuli sets.

Emotion

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sete emoções básicas e atividades de ação (AU´s) segundo FACS.......24

Figura 2 – Exemplo de imagem do portfólio enviado pela Agência Boneca de Pano

ao genetista para avaliação étnica e cruzamento com a declaração dos

responsáveis..............................................................................................................47

Figura 3 – Fotografias selecionadas para representar as sete emoções e a

neutralidade do banco de expressões faciais Radboud.............................................49

Figura 4 – Plataforma Web - página de login............................................................53

Figura 5 – Plataforma Web - pagina para avaliação das expressões.......................54

Figura 6 – Plataforma Web – página exemplo da avaliação de uma expressão em

video. .........................................................................................................................55

Figura 7 – Plataforma Web - exemplo da avaliação de uma expressão em

fotografia.....................................................................................................................55

Figura 8 – Plataforma Web - perguntas feitas para a avaliação de cada

estímulo......................................................................................................................55

Figura 9 - Exemplo de Tabela 2 x 2. Comparacao de resultado do questionário em

uma avaliação por dois observadores para quantificação da concordância entre

observadores (Teste de Kappa).................................................................................56

Figura 10 – Escala de divisão arbitrária para interpretação dos resultados (LANDIS,

KOCH, 1977). ............................................................................................................57

Figura 11 - Cantos labiais puxados para cima (AU 12).............................................73

Figura 12 – Zigomático Maior (AU12)........................................................................74

Figura 13 - AU 5 – levantadores palpebrares superiores..........................................76

Figura 14 - AU 20 – lábios esticados (musculo risorius)/AU 26 – mandíbula caída

(músculo masseter)....................................................................................................77

Figura 15 – Músculo Risorius....................................................................................77

Figura 16 - Músculo Masseter. .................................................................................77

Figura 17 – Coluna esquerda: figuras de medo; coluna direita: figuras de

surpresa......................................................................................................................80

Figura 18 – Diferenciação de Medo e Surpresa........................................................79

Figura 19 - Levantamento dos lábios superiores (musculo (AU 10).........................80

Figura 20 - Levantador do labio Superior (AU10)......................................................80

Figura 21 – Sobrancelha baixa (AU4) ......................................................................80

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Figura 22 – Sobrancelha baixa (AU4) ......................................................................81

Figura 23 – Representação de nojo AU 7 + 9 + 10...................................................81

Figura 24 – Representação de Raiva AU 4 + 10.......................................................81

Figura 25 – Figuras de raiva (coluna esquerda) e figuras de nojo (coluna

direita).........................................................................................................................81

Figura 26 – Diferença entre Raiva e Nojo.................................................................82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Emoções Básicas sugeridas pelos principais autores. São apresentadas na mesma linha da tabela emoções semelhantes de acordo com o teórico..............23 Tabela 2 - Informações básicas sobre os bancos de fotografias e vídeo de expressões faciais infantis analisados.......................................................................43 Tabela 3 - Comparação estatística da concordância entre juízes da avaliação da expressão da emoção facial de crianças de acordo com tipo de imagem, estímulo, género, faixa etária e etnia.........................................................................................62 Tabela 4 - Concordância entre os juízes na análise de expressões faciais de emoção de acordo com método de indução (posado ou induzido)............................62 Tabela 5 - Comparação da avaliação de juízes quanto à emoção. Dados numéricos da avaliação total........................................................................................................65 Tabela 6 - Distribuição do índice Kappa e acurácia na avaliação entre juízes 1 e 2 de cada emoção (tabela 2 x 2) de acordo com método de indução (induzido/posado).......................................................................................................64 Tabela 7 - Concordância dos juízes quanto ao método de indução da expressão facial (induzido ou posado). Juiz 0 considerado padrão ouro....................................65

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição étnica das crianças que participaram do estudo.................60

Gráfico 2 – Quantidade de estímulos em fotografias e vídeos por emoção.............62

Gráfico 3 – Comparação da avaliação de juízes quanto a emoção. Dados

percentuais da avaliação total....................................................................................63

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAFE The Child Affective Facial Expression

CEPS Child Emotions Picture Set

DuckEES Child and Adolescent Dynamic Facial Expressions Stimuli Set

FABS Facial Affective Brazilian Set

FACS Facial Action Coding System

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MackPesquisa Fundo Mackenzie de Pesquisa

MAX Maximally Discriminative Facial Movement Coding System

NIMH-ChEFS The NIMH Child Emotional Faces Picture Set

RaFD Radboud Faces Database

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 19

2.1 BREVE HISTÓRICO DO ESTUDO DAS EMOÇÕES ...................................... 20

2.2 O RECONHECIMENTO DAS EMOÇÕES FACIAIS NA INFÂNCIA ................. 25

2.3 MÉTODOS DE INDUÇÃO DA EXPRESSÃO FACIAL ..................................... 27

2.4 REVISÃO DOS BANCOS DE EXPRESSÕES FACIAIS INFANTIS ................. 30

2.4.1 Radboud Faces Database (RaFD), 2010. (LANGNER et al., 2010) ....... 32 2.4.2 National Institute of Mental Health Child Emotional Faces Picture Set (NIMH-ChEFS), 2011. (EGGER et al., 2011) .................................................... 33 2.4.3 The Dartmouth Database of Children’s Faces, 2013. (DALRYMPLE et al., 2013). ........................................................................................................... 36 2.4.4 The Child Affective Facial Expression (CAFE), 2015 (LoBue and Trasher, 2014) ................................................................................................... 37

2.4.5 CHILD EMOTIONS PICTURE SET (CEPS), 2015 (Romani-Sponchiado et al., 2015) ........................................................................................................ 38 2.4.6 DuckEES Child and Adolescent Dynamic Facial Expressions Stimuli Set, 2016 (Giuliani et al., 2016) ........................................................................ 40

2.4.7 Justificativa ............................................................................................. 43

3. OBJETIVO .............................................................................................................. 44

3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 44

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 44

4. MÉTODO ................................................................................................................ 45

4.1 ETAPA 1 – SELEÇÃO DA CASUÍSTICA ......................................................... 45

4.1.1 Análise de Etnia....................................................................................... 45

4.2 ETAPA 2 – DESENVOLVIMENTO DO BANCO FABS .................................... 46

4.2.1 Vídeos para estímulos induzidos ........................................................... 46 4.2.2 Fotografias para estímulos posados ..................................................... 47 4.2.3 Estudo Piloto ........................................................................................... 48 4.2.4 Filmagem do Banco FABS ..................................................................... 50

4.2.5 Análise de especialistas, edição, construção do Banco FABS .......... 51

4.3 ETAPA 3 - VALIDAÇÃO DO BANCO FABS .................................................... 55

4.3.1 Análise estatística ................................................................................... 55 4.3.2 Aspectos éticos e fonte financiadora .................................................... 58

5. RESULTADOS ........................................................................................................ 58

5.1 CASUÍSTICA.................................................................................................... 58

5.2 CONSTRUÇÃO DO BANCO FABS ................................................................. 59

5.3 VALIDAÇÃO DO BANCO FABS ...................................................................... 61

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 65

6.1 COMPARAÇÃO COM OUTROS BANCOS ..................................................... 65

6.2 FOTOGRAFIAS E VÍDEOS ............................................................................. 66

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6.3 ESTÍMULOS POSADOS E INDUZIDOS .......................................................... 67

6.4 ANÁLISE CEGA DOS JUÍZES ......................................................................... 67

6.5 FAIXA ETÁRIA ................................................................................................. 68

6.6 GÊNERO ......................................................................................................... 69

6.7 ETNIA .............................................................................................................. 70

6.8 EMOÇÕES BÁSICAS ...................................................................................... 71

6.8.1 Felicidade e nojo ..................................................................................... 71 6.8.2 Desprezo .................................................................................................. 74 6.8.3 Erros Comuns (Medo e Surpresa, Raiva e Nojo) .................................. 75 6.8.4 Neutralidade ............................................................................................ 83 6.8.5 Outras emoções ...................................................................................... 83

7. APLICAÇÕES E PESQUISAS FUTURAS ............................................................... 84

8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ..................................................................................... 85

9. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 85

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 86

11. ANEXOS ............................................................................................................. 101

11.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO......................... 101

11.2 PARECER DO CEP ..................................................................................... 104

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1. INTRODUÇÃO

A habilidade de reconhecer e nomear as emoções em si e nos demais, assim

como dar sentido às reações dos outros indivíduos ao seu redor, é uma capacidade

adaptativa importante para sobreviver e, mais que isso, prosperar na vida em

sociedade. Ela diz respeito à forma como o indivíduo interage com os outros e

entende os seus sentimentos e emoções num determinado contexto. Essa

habilidade tem grande importância, sobretudo na infância, pois é nesse período que

ocorrem as primeiras interações sociais, mesmo quando a fala ainda não está

plenamente desenvolvida (IZARD, 2001).

Dentre as pistas emocionais que podem ser identificadas num ambiente

durante uma interação social, o reconhecimento de emoções em faces encontra-se

entre as mais importantes. Existe uma diversidade de informações que podem ser

extraídas da expressão facial, sobretudo porque é na face que ocorre a maior parte

da comunicação não verbal entre seres humanos. Já à primeira vista, pode-se

determinar características como a faixa etária, o gênero, o humor e para onde se

dirige o olhar. A análise facial, feita na maioria das vezes de forma automática e

subjetiva, informa rapidamente as intenções, as emoções e os comportamentos do

outro durante uma interação social (KANWISHER, MOSCOVITCH, 2000; FARRONI

et al., 2002; BATTY, TAYLOR, 2006).

O reconhecimento e a interpretação das emoções em faces aparecem como

os principais mecanismos de entendimento das informações sociais. Numa

perspectiva ontogenética, essa capacidade já é perceptível mesmo em bebês

recém-nascidos, o que indica a natureza inata dessa habilidade (HAINLINE, 1978,

VALENZA et al., 1996; PASCALIS; SLATER, 2003).

Para que uma situação de reciprocidade social ocorra de maneira adequada,

é necessário que o indivíduo perceba, interprete e processe as informações sociais.

Faz parte desse mecanismo de reconhecimento, a capacidade de julgar as

expressões faciais dos outros e, na sequência, gerar uma resposta funcional

(OSTROM, 1984; MECCA, 2016). Dessa maneira, o reconhecimento e a

interpretação das emoções alheias mostram-se essenciais, pois além de permitirem

compreender o sentimento do outro, fornecem a orientação para uma regulação

adequada dos estados emocionais internos. Essa regulação (e a expressão dela no

contexto social) pode ocorrer de forma inadequada caso a mensagem do ambiente

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seja processada e interpretada erroneamente (IZARD, 1971; PELPHREY et al.,

2002; EKMAN, 2011; HUDEPOHL et al., 2013).

Como visto, uma das formas de reconhecer e processar as emoções dos

outros está justamente na interpretação da expressão do rosto. O pesquisador Paul

Ekman definiu as sete emoções básicas que podem ser manifestadas por meio do

rosto: felicidade, tristeza, raiva, medo, nojo, surpresa, desprezo, além da ausência

de expressão, também conhecida por neutralidade (EKMAN, 1972).

Cada uma das emoções age com um propósito e, segundo Ekman, a

felicidade é a única emoção positiva básica associada ao que dá prazer ao

indivíduo. A tristeza aparece quando há uma experiência de perda. A raiva costuma

ser o resultado de uma interferência externa que atrapalha de alguma maneira a

vida, enquanto o medo tem a ver com um perigo mais duradouro. O nojo é a

percepção de algo tóxico, que pode contaminar e precisa ser afastado. A surpresa é

breve, possui valência neutra, e pode ser seguida de uma emoção positiva, negativa

ou neutra. E, por fim, o desprezo, traz um sentimento de superioridade ou desdém

para com o objeto (EKMAN, 1972).

São claras as vantagens da compreensão das emoções para um

desenvolvimento saudável da criança (DENHAM, 1998). As falhas de

reconhecimento de emoções faciais estão intimamente relacionadas com

dificuldades no desenvolvimento infantil. Elas também são características de alguns

distúrbios do desenvolvimento, e podem levar a atrasos no desenvolvimento das

habilidades sociais primordiais para a adequação na vida social, acadêmica e

profissional. A identificação das expressões nessa e em outras fases da vida é

essencial para a evolução das emoções e, mais que isso, pode ser considerada um

componente crucial da expressão emocional no próprio indivíduo (IZARD, 1992;

DAMASIO, 1998, BARON-COHEN et al. 1999).

Achados na literatura científica indicam que as falhas e as dificuldades no

reconhecimento de emoções entre os 6 e os 11 anos de idade levam a menos bem-

estar, dificuldades em manter relações sociais e maior vulnerabilidade para o

posterior desenvolvimento de transtornos mentais (ROMANI-SPONCHIADO et al.,

2015). Mas esses transtornos podem ocorrer mesmo em indivíduos ainda mais

jovens. É o caso por exemplo, de crianças pré-escolares aos três, quatro ou cinco

anos de vida, que não conseguem se integrar com os colegas de escola, ficam

afastadas no intervalo das aulas, fazem as refeições sozinhas, não brincam ou não

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são bem aceitas pelo grupo ou por seus pares. Esses incômodos podem estar

relacionados com dificuldades na identificação emocional, o que prejudica o

desenvolvimento infantil.

O aparecimento desses sinais de isolamento social e dificuldades no

reconhecimento das expressões por meio da face indica a necessidade de uma

avaliação psicológica para a eventual detecção precoce dos transtornos de

desenvolvimento, entre eles: os transtornos do espectro do autismo, deficiência

intelectual, distúrbios de conduta, ansiedade social e síndromes genéticas

específicas, como a Síndrome de Williams (HAPPÉ, FRITH, 2014). Crianças com

melhores habilidades de reconhecimento de emoções apresentam melhor cognição

social, desempenho escolar e controle inibitório (IZARD, 2001; SCHULTZ et al.

2001).

Os bancos de expressões emocionais em estímulos faciais têm sido

amplamente utilizados em psicologia e psicopatologia do desenvolvimento,

principalmente em estudos de disfunções no reconhecimento da face e emoção. As

maiorias dos estudos de crianças sobre a resposta de expressões faciais baseiam-

se na resposta das crianças a rostos de adultos (EGGER et al. 2011). O uso de

conjuntos de estímulos fotográficos ou vídeos de expressões faciais emocionais

tornou-se um padrão, por fornecer uma maneira fácil e controlada de examinar

interpretação e reação do ser humano às várias emoções (LOBUE, THRASHER,

2015). Preferencialmente, estes conjuntos de dados deveriam representar as

expressões faciais das emoções para faixa etária e etnia do paciente em questão.

Apesar da relevância do processo de reconhecimento facial das emoções, há

uma carência de bancos de expressões emocionais em face que representem

crianças em idade pré-escolar. A revisão bibliográfica, bem como detalhamento dos

bancos de expressões faciais infantis existentes será apresentada a seguir na

fundamentação teórica. Assim, a proposta dessa pesquisa é desenvolver e validar

um banco de fotografias e vídeos de crianças brasileiras entre quatro a seis anos

com expressões faciais posadas e induzidas.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Spinker (1997) define emoções como experiências negativas ou positivas que

estão associadas com um padrão particular de atividade pisco-fisiológica. Elas

surgem quando um indivíduo atende a uma situação e a vê como relevante para

seus objetivos. Os objetivos que apoiam essas avaliações podem ser duradouros (p.

ex. necessidade de permanecermos vivos) ou transitórios (p. ex. ver nossa equipe

vencer o jogo). Eles podem ser fundamentais para o senso de si (p. ex. ser um bom

aluno) ou periféricos (p. ex. abrir uma caixa de bombons). Os objetivos podem ser

conscientes e complicados (p. ex. planejar vingança contra o valentão da sala de

aula) ou inconscientes e simples (p. ex. evitar um soco). Também podem ser

amplamente compartilhados e compreendidos (p. ex. ter amigos) ou altamente

idiossincráticos (p. ex. encontrar um novo besouro para uma coleção). Qualquer que

seja o objetivo e qualquer que seja a fonte do significado situacional para o

indivíduo, é esse significado que dá origem à emoção. À medida que esse

significado muda ao longo do tempo (devido a mudanças na própria situação ou a

mudanças no significado que a situação mantém), a emoção também muda

(GROSS, THOMPSON, 2007).

As emoções são fruto da experiência e desenvolvimento humanos no

contexto sociocultural, além de sua constituição biológica (LAZARUS, 1990). Podem

refletir-se através de indicadores fisiológicos (p. ex. frequência cardíaca, tensão

muscular, pressão sanguínea, respiração, entre outras), comportamentos

expressivos (p. ex. vocalizações, linguagem corporal, expressões faciais) e

neurológicos (p. ex. potenciais evocados) (ARRIAGA, ALMEIDA, 2010). A expressão

da emoção nos seres humanos é alcançada através de uma combinação de

características faciais: movimentos complexos de olhos, sobrancelhas, lábios e

músculos faciais. Além da expressão facial, outros componentes atuam nas

emoções como comportamento expressivo corporal, tom da voz, tônus muscular,

atividade endócrina, sistema nervoso autónomo, entre outros.

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2.1 BREVE HISTÓRICO DO ESTUDO DAS EMOÇÕES

O conhecimento sobre as expressões emocionais em seres humanos

começou a chamar a atenção a partir do século XIX, principalmente pelos trabalhos

do biólogo britânico Charles Darwin (1809-1882) e do neurologista francês

Guillaume Duchenne (1806-1875). Em sua pesquisa, que culminou no livro The

Expression of Emotion in Man and Animals (1872), Darwin reformulou a visão

criacionista vigente na época, demonstrando que as expressões emocionais

humanas poderiam ser explicadas dentro do escopo da teoria da evolução. Ele foi

influenciado pelo trabalho do próprio Duchenne e de outros cientistas da época,

como Bell e Spencer, que fizeram os primeiros estudos sobre a fisionomia das

emoções. Todos presumiam que existia uma universalidade das expressões faciais

que estariam relacionadas a algumas emoções (RUSSELL, 1994).

Já naquele período, as ideias darwinianas de que as expressões são inatas e

são resultados das emoções encontrou opositores. Dewey (1984) acreditava que as

expressões faciais só fazem sentido do ponto de vista do observador, que as

interpreta como sinais das emoções sentidas pelo outro. Ele ainda destacava que as

emoções são modelos de comportamento que refletem a si mesmos por meio dos

sentimentos.

Posteriormente, William McDougall (1908) e Alexander Shand (1920)

desenvolveram a abordagem impulsivista, que caracteriza as emoções como

adaptações evolucionistas selecionadas a partir da habilidade de motivar

comportamentos com um objetivo final. Para Shand, assim como não se pode

entender um órgão do corpo humano sem saber qual a sua função exata, não seria

possível compreender as emoções sem o conhecimento de seus fins. O autor indica

as seis emoções primárias (medo, raiva, nojo, curiosidade, felicidade e sofrimento) e

as descreve de um jeito que continua bastante contemporâneo (EKMAN, 1999).

Na virada do século XX, o estudo das expressões faciais passou a ser objeto

também da psicologia experimental (RUSSELL, 1994), com amplo domínio da

corrente behaviorista nesse cenário. Em seu âmago, estava a ideia de que a

psicologia é a ciência do comportamento humano, não da consciência. Para Watson

(1917), as emoções são reações-padrão hereditárias, que envolvem profundas

mudanças corporais, particularmente em algumas glândulas responsáveis por

produzir hormônios. Essas alterações, segundo o pesquisador, são reflexos de

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estímulos externos por natureza. Seus trabalhos, focados nas crianças, variaram

entre três estímulos emocionais básicos: medo, raiva e amor. De acordo com sua

hipótese, as emoções adultas evoluem a partir dessas três emoções primordiais por

meio do condicionamento clássico.

Skinner acrescenta, além do elemento reflexivista de Watson, a questão do

impulso. Ele sugere que as emoções surgem tanto de reflexos comportamentais

quanto de disposições, bem como de mudanças na probabilidade de que um

indivíduo vá se comportar de uma maneira distinta do esperado — afinal, diante de

uma mesma situação de perigo, por exemplo, uma pessoa pode adotar um

comportamento agressivo e combativo, enquanto outra se limitará a se proteger ou

fugir daquela ameaça.

Nessa mesma época, diversos estudos buscaram conhecer a origem e a

causa das expressões faciais e tentaram identificar estados mentais e fisiológicos

associados às mudanças no rosto (RUSSEL; FERNANDEZ-DOLS, 1997). Um dos

objetivos das pesquisas era descobrir o que observadores diferentes conseguiam

deduzir a partir da análise das expressões por meio de fotografias e até por meio de

alguns filmes (BUZBY, 1924).

Klineberg, durante os anos 1940, defendia a importância da cultura no

reconhecimento e na expressão das emoções. O autor sustentava seu ponto de

vista através de três proposições: primeiro, algumas expressões podem ser

específicas de determinadas culturas, enquanto outras são universais (como, por

exemplo, o ato de chorar); segundo, a cultura pode regular expressões naturais por

meio da inibição, da proibição e do exagero; terceiro e, por fim, a cultura pode

determinar qual reação ocorrerá em situações específicas (RUSSEL, 1994,

KLINEBERG, 1940)

Em 1960, Silvan Tomkins definiu a existência de categorias básicas de

emoções. Cada uma delas estava relacionada a um processo cerebral específico e

seus desdobramentos, como reações fisiológicas periféricas, as ações

subsequentes e a experiência subjetiva. O trabalho de Tomkins influenciou a

geração posterior de pesquisadores, capitaneada por Izard e Ekman, que ficou

conhecida por defender a universalidade de algumas emoções básicas (TOMKINS,

1965; EKMAN et al. 1971).

Ekman identificou sete dessas expressões faciais consideradas universais:

raiva, felicidade, surpresa, nojo, tristeza, medo e desprezo. Elas foram avaliadas e

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validadas em diferentes culturas tanto na sua expressão como em seu

reconhecimento. Os pesquisadores documentaram elevada concordância em

julgamentos das expressões faciais relacionadas a emoções específicas em mais de

trinta culturas diferentes (EKMAN, 1972, BIEHL et al. (1997). É importante observar

que mesmo essa visão universalista de Ekman não nega a importância de

processos específicos de cada cultura e da aprendizagem social em todos os

aspectos da emoção. Outros autores também defendem a proposta das emoções

universais, e concordam que elas são desencadeadas por algum tipo de programa

de efeito central, que evoluiu para provocar respostas adaptativas a protótipos fixos

de estímulos antecedentes.

Em relação à nomenclatura de emoções básicas, observa-se que não existe

na literatura um consenso quanto ao modelo teórico que explica o funcionamento

emocional. Não se encontra, também, uma definição de quantas e quais são as

emoções básicas. No entanto, a maioria dos autores costuma citar: felicidade, medo,

surpresa, tristeza, nojo e raiva. Na tabela 1 abaixo, adaptada de Tracy e Randles

(2011) observa-se a nomenclatura utilizada por cada autor acerca das emoções

básicas:

Tabela 1 – Emoções básicas sugeridas pelos principais autores. São apresentadas na mesma linha da tabela emoções semelhantes de acordo com o teórico.

Fonte: Tracy e Randles (2011)

IZARD (1992)

PANKSEPP E WATT (2009)

LEVENSON (2011)

EKMAN E CORDARO

(2011)

Felicidade “Brincar” Prazer Felicidade

Tristeza Luto Tristeza Tristeza

Medo Medo Medo Medo

Raiva Raiva Raiva Raiva

Nojo - Nojo Nojo

Interesse Procura Interesse Surpresa

Desprezo - - Desprezo

- Desejo Amor -

- Cuidado - -

- - Alívio -

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Os avanços na área a partir da segunda metade do século XX permitiram

estabelecer medidas objetivas de expressões faciais, definidas por meio de

variações musculares, tornando-se um ponto de partida para uma infinidade de

novas linhas de investigação.

Duas diretrizes-padrão foram propostas para categorizar diferentes

expressões faciais: o sistema taxonômico de codificação de movimentos faciais

maximamente discriminativo: MAX (Maximally Discriminative Facial Movement

Coding System), de Izard (1979), e o sistema de codificação da ação FACS (Facial

Action Coding System) de Ekman e Friesen (1978). O FACS é o método mais usado

para retratar expressões faciais básicas que usam o músculo facial como unidade de

ação (Ekman e Friesen, 1978). Desse modo, foi possível calcular a atividade do

rosto diretamente. Baseado na anatomofisiologia humana, o sistema descreve

exaustivamente cada movimento facial, sua relação com a aparência do rosto e as

emoções que aquela mudança anatômica pode exprimir. Nas fotografias a seguir, é

possível observar a descrição das alterações e nuances no rosto e a sua relação

com cada uma das emoções descritas por Ekman:

Figura 1 - Sete emoções básicas e atividades de ação (AU´s) segundo FACS

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Fonte: Paul Ekman: How well an you read people?, 2016 http://lightstyleofile.blogspot.com/2016/02/how-well-can-you-read-people.html) (acessado em janeiro 2018).

Apesar da evidente importância do trabalho de Ekman, sua visão universalista

das expressões faciais tem encontrado resistência nas últimas décadas, uma vez

que estudos publicados nos últimos anos trazem à tona a importância dos aspectos

culturais nesse processo. Recentemente, dois estudos retomaram as pesquisas de

Ekman utilizando metodologias diferentes (GENDRON et al., 2014a; GENDRON et

al., 2014b). Partindo da premissa inicial, os dois trabalhos compararam diferentes

culturas, incluindo uma tribo da Namíbia (África), com pouco contato com

estrangeiros. O diferencial no método era a escolha das emoções: os participantes

não precisavam eleger entre categorias predeterminadas pelos pesquisadores, mas,

sim, selecionavam fotografias por semelhança de acordo com seus próprios critérios.

As categorias não tinham limites e eram nomeadas posteriormente pelos próprios

voluntários. Os resultados mostraram que o número de categorias variou bastante.

Além disso, as emoções relatadas não seguiram necessariamente o padrão das sete

emoções básicas listadas previamente por Ekman. A única semelhança entre as

culturas foi a capacidade de distinguir a valência (emoções positivas ou negativas) e

a intensidade (se essas emoções eram leves ou intensas).

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O presente estudo baseou-se na linha teórica de Paul Ekman, um dos

modelos mais aceitos na literatura, além de contar com o FACS como medida

objetiva de caracterização da expressão facial da emoção.

Serão apresentados em maiores detalhes os aspectos do desenvolvimento do

reconhecimento das expressões emocionais em crianças, que constituem o foco

principal deste trabalho. Também serão elencados e analisados os principais bancos

de imagem realizados no exterior e no Brasil, bem como os métodos utilizados para

a criação desses materiais.

2.2 O RECONHECIMENTO DAS EMOÇÕES FACIAIS NA INFÂNCIA

Desde o nascimento, a criança já é exposta a experiências emocionais de

grande importância. Estes estímulos são carregados de valores emocionais, vozes

adultas expressando gentileza, felicidade, rostos sorridentes. O universo da criança

é cheio de emoções, geralmente positivas. Johnson et al. (2011, 2005) mostraram

que os bebês apresentaram interesse em três pontos representativos da face

humana em meio a uma constelação de pontos, sugerindo que os recém-nascidos já

vêm com preferências inatas por padrões sociais. Outros autores propuseram que

desde o início de vida os bebês já imitam e reconhecem algumas das expressões

faciais das emoções mais básicas (HAVILAND, LEWICA, 1987; WALKER-

ANDREWS, 2005). O fato de reconhecerem expressões faciais não significa que

necessariamente entendem o significado da emoção ou possam atribuir a emoção

correta ao rosto (BATTY, TAYLOR, 2006). Mesmo assim, esta habilidade faz parte

do instinto humano, isto é, programas comportamentais típicos de espécies

geneticamente dotadas, que não requerem aprendizado por tentativa e erro

(HAPPÉ, FRITH, 2013).

Durante os três primeiros meses de vida, os bebês demonstram um rico

desenvolvimento em reciprocidade social. Dos três aos seis meses o foco se localiza

no reconhecimento das emoções, sinais ostensivos, principalmente por meio do

olhar. Dos seis aos 18 meses, eles apresentam um desenvolvimento de um grupo

importante de capacidades sociais: forte reciprocidade, compartilhamento de

estados mentais com parceiro social, atenção compartilhada, referencial social,

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apego e atribuição implícita de estado mental. Dos 18 aos 36 meses de idade, as

crianças apresentam um salto na aquisição da linguagem, reconhecimento de

emoções e comportamentos cooperativos. Nesta fase, ocorre um desenvolvimento

maior no reconhecimento e rotulagem das emoções tanto básicas quanto sociais.

Dos três aos cinco anos ocorre maior elaboração das atribuições dos estados

mentais, policiamento social (p. ex. assumir responsabilidade e justificar o

comportamento em termos de princípios morais e justiça), além de que os

comportamentos pró-sociais mediados pelas intenções do adulto são mais evidentes

nesta idade. As emoções morais (p. ex. culpa) também são percebidas nesta fase

(HAPPÉ, FRITH, 2014).

Segundo Pons et al. (2003), a capacidade de a criança interpretar as reações

emocionais dos adultos com possível consequências específicas para ela é

demonstrada apenas durante o segundo ano de vida. Sullivan (1996) avaliou as

habilidades de identificação emocional em um grande número de crianças entre três

e seis anos de idade. O desempenho das crianças aumentou de acordo com a

progressão da idade, sugerindo que uma interpretação precisa das emoções

continua a amadurecer nessa faixa etária. Assim, apesar da intensa exposição

desde os primeiros dias da vida, a capacidade da criança de entender e

corretamente e interpretar a emoção facial segue um lento desenvolvimento.

O reconhecimento emocional sofre novas alterações, inclusive na vida adulta.

Sabe-se que reconhecimento de algumas emoções diminui com o envelhecimento

(por exemplo medo, e, em menor grau, raiva e tristeza), enquanto reconhecimento

de outras (p. ex. nojo), melhora. Assim, o reconhecimento das emoções faciais

evolui através da vida (CALDER et. al, 2003).

O rosto exprime emoções que são universais, fáceis de entender e, sob

alguns pontos de vista, inatas (IZARD, 1994). As expressões faciais são a base para

que o indivíduo de tenra idade desenvolva posteriormente o reconhecimento de

outras emoções ao longo dos primeiros anos de vida.

Fato é que a partir dos três anos de idade, o indivíduo já usa regularmente

palavras como “felicidade”, “medo”, “tristeza” ou “raiva”. Dependendo da

complexidade e do tipo de estímulo, é possível realizar testes verbais com o objetivo

de relacionar fotografias e/ou histórias às emoções correspondentes. As evidências

demonstram que mesmo crianças pré-escolares estão aptas a identificar

corretamente as situações ou histórias contadas por pesquisadores (MCLURE,

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2000). Em suma, a primeira infância, período que vai de zero até seis anos de idade,

é compreendida como uma fase primordial para o desenvolvimento das habilidades

cognitivas e psicossociais fundamentais para a vida toda.

Widen propõe que as experiências emocionais são adquiridas gradualmente e

mudam durante a infância e até mesmo na fase adulta (WIDEN, 2013). Nos

primeiros meses de vida, as emoções infantis se baseiam na valência (positivo ou

negativo ou, numa descrição mais direta, se aquilo faz o indivíduo de tenra idade se

sentir bem ou se sentir mal). Essa diferenciação inicial é obtida a partir da conexão

com os componentes do contexto social, como a vocalização, o comportamento, as

causas e consequências e, claro, a expressão facial dos indivíduos ao redor. Esse

processo se torna mais complexo à medida que a criança inicia uma diferenciação e

uma interpretação mais profunda dos elementos (WIDEN, 2013).

Outra perspectiva, conhecida por Teoria Diferencial das Emoções, aponta um

caminho contrário à valência de Widen, indicando que a distinção das emoções

básicas ocorre independentemente de uma categorização prévia entre bom e mau,

agradável ou desagradável. De acordo com essa linha de raciocínio, cada uma das

expressões básicas possui sistemas neurais independentes e com sua importância

evolutiva própria. Considerando sua importância para a sobrevivência e a adaptação

da espécie, essa diferenciação ocorreria durante o processo de desenvolvimento

individual (IZARD, 2009). Atualmente, as duas correntes de pensamentos seguem

com defensores e críticos e precisam ser comprovadas ou aprofundadas por meio

de outros trabalhos científicos.

O desenvolvimento, a validação e a disponibilização de bancos de

expressões emocionais faciais infantis criaram parâmetros clínicos para análise,

comparação e auxílio no diagnóstico e intervenção em transtornos infantis. No tópico

a seguir, serão apresentados e avaliados os principais bancos criados nas últimas

décadas.

2.3 MÉTODOS DE INDUÇÃO DA EXPRESSÃO FACIAL

As técnicas de indução das emoções são de extrema importância para a

pesquisa do reconhecimento emocional, além de possuírem relevância prática na

elaboração de bancos de expressões emocionais que podem ser usados tanto na

pesquisa quanto na prática clínica. Ao longo das últimas décadas, alguns métodos

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foram elaborados e aperfeiçoados com o objetivo de levar os participantes a

sentirem e expressarem determinado tipo de emoção.

Ao revisar os bancos de reconhecimento de emoções existentes na literatura,

Haamer et al. (2017) ressalta que uma escolha importante na construção de um

banco é a forma de despertar emoções diferentes nos participantes. E isso é dividido

em três categorias: expressões posadas, induzidas e espontâneas. Os três são

feitos de maneiras completamente diferentes e produzem resultados diferentes.

O método posado, presente na maioria dos bancos existentes na literatura,

consiste em expressões posadas, e mostra-se a maneira mais fácil de coletar

fotografias de emoções. A limitação encontrada é a menor autenticidade dos

estímulos e a falta de validade ecológica. Muitas vezes, por não serem naturais,

essas expressões mostram-se exageradas. Na tentativa de sanar este impasse,

atualmente observa-se em alguns bancos de adultos o emprego de atores

profissionais de teatro.

Já o método de fotografias induzidas consegue captar emoções mais

genuínas. O indivíduo normalmente interage com outras pessoas ou assiste a

estímulos audiovisuais com o propósito de evocar emoções reais, gerando assim

estímulos mais ecológicos e com menor ênfase comparada ao método posado. No

entanto, sua limitação é ainda relacionada com a veracidade, já que também são

produzidos em estúdios ou laboratórios sob supervisão de um especialista, o que

pode deixar as emoções dos participantes sob controle e influência.

Por fim, o método espontâneo é considerado o mais próximo do cenário da

vida real. Porém, uma vez que a verdadeira emoção só pode ser observada quando

a pessoa não está consciente da situação, torna-se difícil de coletá-las e rotulá-las.

Em uma meta-análise conduzida por Westermann et al. (1996), foram

apresentados nove procedimentos de indução de emoções na população geral mais

utilizados na literatura, sem distinção de idade. São eles: a imaginação, a técnica de

Velten (VELTEN, 1968), o filme/estória, a música, o feedback, a interação social, o

presente, as expressões faciais e a combinação de processos. A seguir será

detalhado cada um destes procedimentos.

A técnica da imaginação assume que os estados de ânimo podem ser

induzidos. Assim, pede-se que o indivíduo imagine experiências emocionais de sua

vida das quais o humor desejado aconteceu. Dessa maneira, faz com que o

voluntário experimente de novo as percepções e sensações originais, além de suas

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reações a ela (BREWER et al., 1980; SCHWARZ, CLORE, 1983). A técnica de

Velten (1968) é uma das mais aplicadas na literatura científica. Nela, declarações,

auto avaliações ou estados somáticos são apresentados a indivíduos para descrever

uma pessoa de forma positiva ou negativa. Em seguida, os indivíduos são instruídos

a sentir e exprimir o tipo de sentimento descrito em cada uma das declarações.

Na modalidade filme/estória, um material descritivo é apresentado ao

indivíduo. O objetivo é estimular sua imaginação por meio de cenas curtas de um

filme e descrições de cenário, por exemplo. As instruções podem ou não ser

utilizadas. Quando utilizada, os participantes são instruídos a imaginar e se envolver

na situação descrita e nos sentimentos sugeridos. A música também é uma técnica

que pode ser aplicada com ou sem uma instrução prévia ou posterior. Nela, os

participantes ouvem uma música clássica ou moderna e, na sequência, são

orientados a sentir a emoção expressa na melodia e na letra. Em alguns estudos, o

próprio indivíduo tem a possibilidade de escolher a música que julga mais adequada

para colocá-lo no estado emocional pretendido (SUTHERLAND et al., 1982). Existe

também a possibilidade de apresentar uma música sem dar ênfase direta ao seu

caráter emocional prévio.

O feedback é uma técnica na qual experiências de sucesso ou fracasso são

utilizadas para influenciar o humor. Assim, é simulada uma situação onde algumas

habilidades de uma pessoa são testadas. Em seguida, ela recebe falsos

comentários como um retorno sobre suas ações, com o objetivo de influenciar o seu

humor. Na indução da interação social, os indivíduos são expostos a situações de

contato e conversa com outros indivíduos, numa situação previamente organizada

pelo experimentador. Nelas, o participante interage com um ator treinado para se

comportar de forma deprimida, exaltada ou neutra. Dessa maneira, o

comportamento alheio é capaz de afetar o próprio estado emocional. Em alguns

estudos (YINON & LANDAU, 1987) há a opção de “ajudar” um amigo do

experimentador, tendo como base a ideia de que as pessoas se sentem bem após

auxiliarem o outro. O método que utiliza presentes baseia-se no pressuposto de que

a maioria das pessoas fica encantada quando um presente inesperado é ofertado.

Pode ser, por exemplo, uma barra de chocolate, ou um vale de uma loja ou de um

restaurante. Essa vertente funciona especialmente para eliciar emoções de

felicidade e surpresa. O método de expressão facial tem como base influenciar a

expressão dos rostos dos indivíduos, de modo a induzir a determinado humor

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desejado. Os indivíduos são instruídos sobre como contrair ou relaxar diferentes

músculos da face. Para não deixar claro o propósito deste procedimento, o que

poderia influenciar nos resultados, os voluntários são frequentemente informados de

que o experimento vai abordar a atividade muscular diante de processos cognitivos

(LEVENTHAL, 1980).

Para aumentar a eficácia da indução, alguns autores utilizam a combinação

de técnicas e procedimentos semelhantes uns aos outros ou aqueles que podem ser

aplicados simultaneamente. Isso facilita a obtenção das expressões desejadas pelos

experimentadores.

O presente estudo adotou os métodos filme/estória, expressão facial e

imaginação dirigida, por ser mais adequada à faixa etária das crianças participantes.

2.4 REVISÃO DOS BANCOS DE EXPRESSÕES FACIAIS INFANTIS

O trabalho de coletar e classificar fotografias que representassem faces com

expressões emocionais começaram a ser desenvolvidos na década de 1970

(EKMAN, 1976; MAZURSKI et al., 1993; EVALYNN et al., 1996; BIEHL et al., 1997;

CALVO et al., 2008). Entre eles, um dos mais conhecidos e citados foi criado pelo

próprio Paul Ekman (1976), que trazia fotografias em preto e branco de adultos

caucasianos e asiáticos exibindo variações nos elementos da face de acordo com

algumas emoções.

De maneira geral, as expressões exibidas nesses bancos são variadas, mas

têm usualmente como base o trabalho original de Ekman, que trata as seis emoções

universais (sob o ponto de vista do autor): felicidade, tristeza, raiva, medo, surpresa

e nojo, além da neutralidade. Nos últimos anos, novos trabalhos buscaram

complementar as lacunas, adicionando certas características que faziam falta nas

iniciativas pioneiras. Entre os pontos adicionados, encontram-se certas

características como a inclusão de fotografias que representam a expressão de

neutralidade ou posições diferenciadas, como indivíduos com boca aberta e

fechada, com o olhar direto ou lateral, entre outros. Mais importante ainda foi a

inclusão de atores de diversos grupos étnicos, de modo a ampliar a

representatividade e a aplicabilidade desses materiais na prática clínica e na

avaliação psicológica de diferentes grupos. Outro cuidado colocado em prática foi a

implementação de medidas para assegurar a fidedignidade dos bancos (EGGER et

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al., 2011). A medida de validação mais utilizada é recorrer ao trabalho de

avaliadores não-treinados. Após responderem sobre qual tipo de emoção

expressada pelo ator de uma determinada fotografia, é calculado o grau de

concordância entre os diversos pareceres. Na maior parte dos bancos de

expressões emocionais avaliados, a proporção de concordância varia entre 70 e

80% (EGGER et al., 2011). Outra opção é recrutar especialistas treinados no

Sistema de Codificações de Emoções Faciais (termo traduzido do inglês Facial

Action Coding System, ou FACS), um sistema de análise do rosto desenvolvido em

1976 por Ekman e Friesen. O sistema está baseado na análise de músculos faciais,

divididos em unidades, e compreende as expressões universais apresentadas por

Ekman (LOBUE; TRASHER, 2015).

Os materiais que reúnem fotografias específicas de crianças foram raros até o

início dos anos 2000. Apesar dos bancos de expressões emocionais existirem há

mais de 50 anos. De acordo com Egger et al. (2011), até a publicação do The NIMH

Child Emotional Faces Picture Set (NIMH-ChEFS) em 2011, havia só outro banco

infantil disponível, feito por Mazurski et al. (1993), que apresentava 42 fotografias de

apenas três crianças. Vale mencionar que Egger não listou o banco Radboud

(LANGNER et al., 2010), que havia sido publicado no ano anterior.

A seguir, serão apresentados os seis bancos de expressões emocionais de

crianças encontrados na literatura científica e disponíveis para consulta e utilização

no contexto de pesquisa. A identificação destes bancos foi realizada por meio de

uma revisão bibliográfica de artigos publicados em língua inglesa no período de

2009 a 2019, através da base de dados PubMed, utilizando os seguintes descritores:

“facial stimuli set”, “children database”, “vídeo database”, “facial emotional set”,

“dynamic database”, “emotional facial expressions” e “stimulus set”.

Foram selecionados bancos de expressões faciais de emoções em fotografias

e/ou vídeos. Os bancos que predominavam indivíduos menores de três e maiores de

dezesseis anos foram excluídos, assim como aqueles que incluíam indivíduos com

características especiais. A pesquisa gerou 7.038 artigos potencialmente elegíveis.

Destes, 7004 foram excluídos porque não tratavam do desenvolvimento de bancos

de expressões faciais de emoção. Após um exame mais aprofundado, foram

selecionados seis estudos. Os nomes dos bancos selecionados serão apresentados

no idioma original de publicação, para facilitar a forma de referenciá-los.

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Características resumidas destes bancos de fotografias e vídeos encontram-se

resumidas na Tabela 2.

2.4.1 Radboud Faces Database (RaFD), 2010. (LANGNER et al., 2010)

Esse banco de fotografias foi desenvolvido em 2010 em um projeto conjunto

envolvendo as universidades de Radboud e de Amsterdã, ambas na Holanda

(LANGNER et al., 2010). A proposta dos autores foi a produção de fotografias que

misturassem uma variada gama de características que não estavam presentes em

bancos anteriores, tais como diferentes expressões faciais, direções do olhar,

posições da cabeça e o uso de modelos adultos femininos e masculinos, além de

crianças.

Para o trabalho, foram recrutados 49 indivíduos caucasianos. Desses, 39

eram adultos (19 mulheres e 20 homens) e dez eram crianças (seis do sexo

feminino e quatro do masculino). Há registros de cada um deles com oito

expressões faciais diferentes: neutralidade, medo, raiva, surpresa, felicidade, nojo,

tristeza e desprezo. Cada uma delas foi fotografada em três posições diferentes no

olhar (direto, desviado para esquerda e desviado para a direita) e sob cinco ângulos

diferentes (frontal, diagonal esquerda, diagonal direita, lateral esquerda e lateral

direita). Todos vestiam uma camiseta preta, sem nenhuma maquiagem ou adornos.

No total, cada indivíduo tirou um total de 120 fotografias.

Para que pudessem expressar as emoções desejadas, os voluntários foram

treinados por uma hora. A metodologia do treinamento usou como base o FACS,

criado por Ekman e Friesen (1975) e mencionado no ponto 2.3. Durante a sessão de

fotografias, um especialista no sistema acompanhou os modelos com o objetivo de

orientá-los a realizar a expressão das emoções da melhor maneira possível

(LANGNER et al., 2010).

A validação do banco envolveu 276 avaliadores. Todos eram estudantes de

graduação da Universidade Radboud. Cada graduando analisou a fotografia do

ângulo frontal de dez modelos escolhidos aleatoriamente a partir das 49 opções

possíveis. Para chegar a uma decisão, eles precisaram levar em consideração a

atratividade do modelo, a expressão emocional que estavam exibindo, a intensidade

da emoção, a clareza, a veracidade e sua valência (se era positiva ou negativa).

Apenas no segundo critério da lista (a expressão emocional exibida) era preciso

escolher entre nove alternativas: as oito expressões listadas acima mais uma opção

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descrita como “outro”. A resposta no restante dos critérios envolvia uma escala de

cinco níveis, que ia do 0 (equivalente a “nada”) ao 5 (equivalente a “totalmente”).

A taxa média de concordância entre os avaliadores por tipo de emoção que

determinada fotografia buscava expressara foi de 82%. A expressão com os maiores

resultados foi de felicidade (98%) enquanto a menor porcentagem foi encontrada no

desprezo com 24% de concordância, algo já esperado por Langner et al. (2010),

uma vez que esta expressão é considerada a de menor universalidade entre as

culturas (EKMAN; FRIESEN, 1986; ROSENBERG; EKMAN, 1995).

O banco Radboud traz como principais vantagens a variedade das

expressões e das poses, com diferentes ângulos e perspectivas. Isso permite uma

avaliação completa do rosto e do direcionamento do olhar. Outro ponto positivo é o

método de avaliação com uma quantidade expressiva de voluntários envolvidos, o

que garante um resultado e uma taxa de concordância mais fidedigna. Porém, entre

os pontos fracos, ele se limita a indivíduos caucasianos, o que dificulta seu uso em

amostras etnicamente diversas. Outra limitação foi o número limitado de crianças

envolvidas. Participaram do estudo apenas dez modelos infantis e 39 adultos. Desta

forma, trata-se de uma base pouco representativa para a avaliação do

reconhecimento de emoções em modelos infantis.

2.4.2 National Institute of Mental Health Child Emotional Faces Picture Set

(NIMH-ChEFS), 2011. (EGGER et al., 2011)

O Banco de Fotografias de Faces Emocionais Infantis dos Estados Unidos foi

publicado em 2011 pelo setor de estudos em emoção e desenvolvimento do Instituto

Nacional de Saúde Mental (INSM) dos Estados Unidos. Ele é composto de

fotografias coloridas e em alta definição de 59 crianças e adolescentes (20 do sexo

masculino e 39 do sexo feminino) com idades que variam entre dez e dezessete

anos, com uma média de 13,6 anos (EGGER et al., 2011).

O material compreende fotografias que representam emoções de medo,

felicidade, raiva, tristeza e neutralidade. Há opções com o olhar direto para a câmera

ou desviado para o lado. Todos os voluntários eram de um grupo de teatro da cidade

de Bethesda, no estado de Maryland, Estados Unidos. Para que realizassem as

expressões, foram orientados por um professor de artes cênicas e por um

neurocientista do INSM, que também explicou sobre os objetivos do estudo.

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As crianças e os adolescentes que participaram do projeto foram

selecionados por seus professores de teatro, que levaram em consideração a

facilidade que eles tinham em fazer as representações desejadas.

Os procedimentos utilizados para as poses seguiram as especificações de

Ekman e colaboradores (1975), devidamente explicadas a todos os participantes.

Foram tiradas entre cinco e dez fotografias para cada condição de olhar do ator

(direto ou desviado), para cada uma das cinco emoções supracitadas e para cada

um dos três ângulos (frontal e nas laterais direita e esquerda). Ao final da sessão, foi

obtido um total de 534 fotografias. Importante mencionar que não existiu qualquer

controle da origem étnica dos atores. Eles foram apenas identificados visualmente

pelos autores, que apontaram quatro indivíduos do grupo como não-caucasianos.

O NIMH-ChEFS agrupa dez fotografias para cada ator, sendo cinco emoções

em duas condições de olhar. No caso específico de sete crianças e adolescentes,

eles não têm todas as fotografias, pois algumas delas foram excluídas por decisão

dos avaliadores. Falando sobre os critérios de análise e seleção das fotografias, a

pesquisa contou com o trabalho de 20 voluntários, que deveriam julgar o tipo de

emoção expressada. As fotografias com menos de 15 avaliações consideradas

corretas eram excluídas do banco final, o que aconteceu com 52 das fotografias.

Os avaliadores eram funcionários da Universidade Duke, também dos

Estados Unidos. Além de julgar a emoção apresentada entre as cinco alternativas,

eles também classificaram as fotografias em termos de intensidade e

representatividade daquele sentimento. A intensidade deveria ser analisada

independentemente se o avaliador tinha acertado ou não a emoção.

Como medidas de validade do banco, foram utilizadas as taxas de

concordância entre a emoção expressa na fotografia e o julgamento realizado pelos

avaliadores. Além disso, foram medidos os índices Wagner de acurácia para cada

emoção e o valor Kappa para o banco completo.

Entre os resultados, é possível destacar que a taxa de concordância geral

para o banco inteiro, composto de 532 fotografias, foi de 90,4%, com um índice

Kappa de 0,86. Após a exclusão das 52 fotografias que não passaram pelo

escrutínio dos avaliadores, a taxa subiu para 94,8% com um índice Kappa de 0,94.

Assim como em outros bancos (BIEHL et al., 1997; CALVO, LUNDQVIST,

2008; Ekman, 1976; GAO, MAURER, 2009; Tottenham et al., 2009; WANG AND

MARKHAM, 1999) (LANGNER et al., 2010), a expressão emocional com o maior

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grau de acerto foi a felicidade e expressões negativas como tristeza, medo ou raiva

tiveram menor taxa de concordância. Particularmente no NIMH-ChEFS, a tristeza

teve a menor taxa de acurácia. Os autores não souberam identificar quais os

principais motivos desse achado, mas acreditam que exista uma maior dificuldade

dos atores mirins de interpretarem esse sentimento e também dos avaliadores de

identificá-las em rostos mais jovens.

Dentre as principais limitações desse banco de dados está o fato de a

validação ter sido feita por avaliadores adultos, e não crianças ou adolescentes. É

possível que indivíduos com uma faixa etária próxima a dos atores facilitaria essa

identificação. Isto, claro, cria um viés, pois o banco pode não ser suficientemente

representativo para indivíduos mais jovens. Uma alternativa a essa proposta seria

uma avaliação realizada por profissionais da área com treinamento do Facial Action

Coding System (FACS). Outro fator que se deve destacar é a exclusão das

expressões de surpresa e nojo, o que de certa forma limita a aplicação do banco

para alguns estudos que englobam a lista completa de emoções básicas. Ademais,

faltam crianças e adolescentes de outras origens étnicas além da caucasiana.

Em um estudo posterior (COFFMAN et al., 2015), os pesquisadores buscaram

revalidar o banco NIMH-ChEFS utilizando uma amostra de avaliadores

adolescentes, pais de adolescentes e, também com profissionais da área de saúde

mental. Nessa segunda oportunidade, foram escolhidas apenas as 257 fotografias

com os atores olhando diretamente para a câmera. Importante mencionar que foram

realizadas algumas correções nas fotografias para padronizar a luminosidade, as

cores e os tamanhos.

A forma de validação das fotografias foi semelhante ao realizado por Egger et

al. em 2011: os participantes precisavam definir qual era o tipo de emoção, sua

intensidade e sua representatividade. Os resultados apontam que a taxa de

concordância entre os três grupos (adolescentes, pais e profissionais) foi

semelhante, próxima dos 90%. Mais uma vez, o grau de acurácia variou entre as

emoções e ficou mais alto para a felicidade e mais baixo para a tristeza.

Um ponto interessante foi a diferença nas taxas de concordância de algumas

expressões entre os grupos. A percepção de raiva, por exemplo, foi menor entre os

adolescentes em comparação com o grupo dos pais. A diferença foi pequena: 91%

nos adolescentes ante 95% dos pais. Contudo, essa variação pode indicar algumas

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distinções no desenvolvimento da percepção das expressões de emoções entre o

período da adolescência e a fase adulta (COFFMAN et al., 2015).

2.4.3 The Dartmouth Database of Children’s Faces, 2013. (DALRYMPLE et al., 2013).

O banco de fotografias de Dartmouth foi desenvolvido em 2013 com 80

crianças caucasianas com idades entre 6 e 16 anos, com a mesma

representatividade entre os sexos. Elas foram recrutadas de comunidades

americanas de Minnesota e Dartmouth. Todas foram pagas pelo trabalho e tinham

autorização dos pais para a participação e a posterior veiculação das fotografias em

publicações científicas (DALRYMPLE et al., 2013).

Similar ao banco holandês Radboud, os autores optaram por registrar

fotografias em sete ângulos distintos, com diferenças de 30º de inclinação entre eles.

Todas as fotografias ainda tentaram manter a homogeneidade da luz no estúdio e

das roupas, sem uso de óculos, acessórios ou joias. O banco apresenta oito

expressões: neutra, contente (sorriso sem mostrar os dentes), felicidade (sorriso

mostrando os dentes), tristeza, medo, raiva, surpresa e nojo. No caso deste banco, a

diferenciação entre feliz e contente foi feita através de um sorriso mostrando os

dentes ou não. No entanto na literatura Ekman define felicidade como uma emoção

enquanto contente como um sentimento (EKMAN, 2017). Esse foi um dos únicos

trabalhos a fazer essa diferenciação entre felicidade e contente. De acordo com os

autores, eles optaram por esse método para obterem opções de fotografias que

mostrassem os dentes ou não. Ao mostrar a dentição, é possível obter mais

informações sobre a identidade e as características daquele indivíduo e a emoção

que ele quer expressar, além de sua intensidade (DALRYMPLE et al., 2013).

Para avaliar o banco, foram convidados 163 participantes da Universidade de

Dartmouth com idade média de 19 anos. Eles julgaram o tipo de expressão

apresentada da fotografia, bem como a sua intensidade (com cinco opções, sendo 1

considerado “baixa” e 5 “alta”) e a idade das crianças e adolescentes nas fotografias.

A taxa de concordância variou entre 70 e 91%, com uma média de 80%. O índice

Kappa foi de 0.78, inferior ao NIMH-ChEFS. A emoção detectada corretamente com

maior frequência foi, mais uma vez, a felicidade, com 97,8% de concordância.

Enquanto medo teve 49% de concordância (DALRYMPLE et al., 2013).

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A principal limitação do banco de Dartmouth está na falta de

representatividade étnica, uma vez que apenas crianças caucasianas serviram de

modelo para a formação do material, além da ausência de vídeos.

2.4.4 The Child Affective Facial Expression (CAFE), 2015 (LoBue and Trasher, 2014)

O Banco de Expressão Facial Emocional Infantil (CAFE), desenvolvido no

Departamento de Psicologia da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos,

apresenta fotografias coloridas de 154 crianças (90 do sexo feminino e 64 do sexo

masculino) com variação de idade entre 2 e 8 anos. Elas possuíam diferentes

origens étnicas e há representações de caucasianos, afro-americanos, asiáticos,

latinos (hispânicos) e sul-asiáticos.

Todos os indivíduos aparecem nas fotografias realizando as sete expressões,

com as seis emoções básicas (EKMAN, 1992), medo, raiva, felicidade, tristeza, nojo

e surpresa, além da expressão de neutralidade. Outra característica marcante desse

banco é a quantidade de fotografias produzidas: no total, há 1.192 fotografias,

divididas em dois grupos. O primeiro é composto de 789 fotografias consideradas de

alta representatividade das emoções, em que a taxa de concordância nas avaliações

superou os 60%.

O segundo grupo engloba 1.090 fotografias com variações no grau das

expressões faciais. Elas foram obtidas pela aplicação de um modelo matemático

(chamado de Rasch), que calculou o nível de dificuldade para decifrar cada

fotografia e depois aplicou um índice para escolher o nível de fidedignidade mais

adequado (WRIGHT, LINACRE, 1994). Nesse segundo grupo encontram-se

fotografias de diversos níveis, considerados de fáceis a difíceis.

De acordo com os autores, embora posadas, essa variabilidade representa

uma situação mais natural e representativa da vida real. Por essa razão, é

considerado um instrumento com maior validade ecológica (BRUNSWIK, 1955),

reproduzindo com mais fidelidade situações do cotidiano. Além disso, a aplicação

desse segundo grupo permitiria estudos para a detecção de expressões emocionais

mais sutis ou ambíguas (LOBUE; THRASHER, 2015).

Para a realização do estudo, as crianças participantes não receberam

nenhum treinamento prévio e tampouco eram atores ou atrizes mirins. O exercício

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de cada expressão foi proposto por Cat Trasher, fotógrafa profissional e coautora do

banco CAFE com formação no FACS. Durante a sessão de fotografias, a

especialista buscou obter os elementos de cada expressão, como proposto no

próprio sistema FACS. Para realizar a avaliação do banco, foram convidados 100

adultos, todos eles graduandos da Universidade Rutgers. Os estudantes avaliaram

todas as fotografias duas vezes, com um intervalo de uma semana entre as

sessões. Como também aconteceu no NIMH-ChEFS, ao final foi obtida uma taxa de

acurácia geral entre todos os avaliadores de 81%. (789 fotografias). As expressões

negativas apresentaram uma menor taxa de concordância. Nesse estudo específico,

a menor nota foi a de medo, enquanto a felicidade apresentou a melhor

concordância entre os avaliadores. Nota-se que o estudo explora pouco as

variações étnicas, além de limitar-se a fotografias posadas.

2.4.5 CHILD EMOTIONS PICTURE SET (CEPS), 2015 (Romani-Sponchiado et al., 2015)

O CEPS é um projeto de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica

do Rio Grande do Sul (PUC-RS). O primeiro banco feito no Brasil foi constituído de

fotografias de crianças de seis a onze anos que exibem expressões induzidas e

posadas das seis emoções básicas (felicidade, medo, nojo, surpresa, raiva e

tristeza), além da expressão de neutralidade. Foram selecionadas fotografias que

representassem três intensidades diferentes dessas expressões: baixa, média e alta.

No trabalho, foram selecionadas 18 crianças (nove do sexo feminino e nove

do sexo masculino) divididas equitativamente em três grupos etários: seis e sete

anos, oito e nove anos e dez e onze anos. As fotografias foram realizadas em poses

naturais e induzidas. Os participantes começaram com poses induzidas e sem

estímulos. Depois, assistiram a vídeos curtos obtidos no site YouTube. Em razão da

falta de um banco validado com a capacidade de induzir emoções, os vídeos foram

selecionados por um comitê de profissionais de saúde com expertise na área do

desenvolvimento infantil. Para a emoção de felicidade, foram utilizadas cenas de

uma aula de aritmética do seriado mexicano Chaves. Para a expressão de medo,

cenas do filme Atividade Paranormal, em que objetos se movem misteriosamente

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em um quarto. Para o nojo, trechos de um vídeo em que um cozinheiro coloca

pedaços de sujeira na comida que será servida para clientes de um restaurante.

Para a surpresa, fotografias de uma mágica com ilusão de ótica, onde

repentinamente surgem os dizeres “Parabéns, você ganhou um prêmio”. Para raiva

e tristeza, as crianças tinham que se lembrar de situações passadas que

despertassem esses dois sentimentos. Finalmente, para a expressão de

neutralidade, foi exibido um documentário sobre plantas (ROMANI-SPONCHIADO,

2015).

De acordo com os autores, as expressões de raiva e tristeza poderiam até ser

induzidas por vídeos, mas dois dos participantes se negaram a ver os trechos

selecionados previamente e um não esboçou a reação facial desejada. Dessa forma,

foi necessário mudar a estratégia e adotar outro modo de eliciar as emoções

(COAN; ALLEN, 2007). Para obter as fotografias dentro das três intensidades

propostas (baixa, média e alta), foram utilizadas fotografias NimStim (GAO;

MAURER, 2010) como exemplo para as crianças. Após o registro das fotografias, foi

perguntado a todos os voluntários qual emoção aquelas expressões estavam

representando (ROMANI-SPONCHIADO, 2015).

A seleção das fotografias que integrariam ao banco levou em conta três

critérios: primeiro, a concordância das crianças de que aquela imagem expressava a

emoção desejada pelos pesquisadores; segundo, a direção do olhar das crianças,

que deviam sempre estar direcionadas à lente da câmera; terceiro, a avaliação dos

autores sobre a qualidade técnica da fotografia em questões nitidez e contraste. As

escolhidas foram convertidas para o preto e branco e padronizadas num único

tamanho (ROMANI-SPONCHIADO, 2015).

Após essa classificação inicial, a próxima etapa foi a classificação por experts,

grupo composto por 30 psicólogos com experiência no desenvolvimento infantil que

tinham certificado de treinamento com o aplicativo Ekman SETT 3.0. Esse é um

software online, considerado atualmente padrão-ouro para a avaliação das emoções

em expressões faciais.

Os avaliadores foram separados em seis grupos com cinco integrantes. Para

cada turma foi oferecido uma quantidade determinada de fotografias (50 fotografias

para cinco grupos e 23 fotografias para o sexto grupo). A avaliação foi feita pela

internet, com o sistema de formulário e votação mantida pelo site Survey Monkey.

Todos os participantes precisavam colocar a emoção expressa na fotografia e a

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intensidade. Todas as fotografias com uma taxa de concordância menor que 60%

foram excluídas numa análise posterior.

Foram obtidas 717 fotografias no total, sendo 330 induzidas e 387 posadas.

Dessas, 273 passaram pelo primeiro critério de avaliação (110 induzidas e 163

posadas) e foram editadas. Quarenta e oito foram excluídas (20 das induzidas e 28

das posadas) por ficarem com uma taxa de concordância menor que 60%, o

segundo critério de avaliação. Logo, a versão final do banco CEPS foi composta

então por 225 fotografias de oito meninos e nove meninas, 135 posadas e 90

induzidas. O índice Kappa de Fleiss foi obtido para o banco todo e para todas as

categorias separadamente. O índice Kappa geral foi de 0,71, considerado alto (0,72

para as fotografias posadas e 0,68 para as induzidas). Os índices de acordo com as

emoções foram: felicidade (0,91), surpresa (0,73), raiva (0,72), neutralidade (0,66),

nojo (0,66), tristeza (0,60) e medo (0,52).

Entre os pontos fortes do CEPS, é possível destacar a sua preocupação em

incluir outras etnias além da caucasiana, além de ser o primeiro banco publicado

com crianças brasileiras. Sua principal limitação está no baixo número de

participantes, os quais acabam não sendo representativos para grupos étnicos.

Outro fator a ser observado é que não foi empregado o mesmo método de indução

para todas as emoções, no caso raiva e surpresa.

2.4.6 DuckEES Child and Adolescent Dynamic Facial Expressions Stimuli Set,

2016 (Giuliani et al., 2016)

O banco de fotografias de DuckEES foi desenvolvido em 2015 com 37

crianças e adolescentes (atores) sem etnia identificada, com idades entre 8 e 18

anos (13 masculinos). Eles foram recrutados pelo Lord Lebrick’s Summer Theater

Camp Program, no estado americano de Oregon.

Os atores que participassem do Summer Camp eram levados a um ambiente

onde seriam filmados. O banco apresenta oito expressões: neutralidade, felicidade,

tristeza, medo, nojo, orgulho e vergonha. Os atores deveriam imaginar uma situação

que melhor eliciasse a emoção requerida.

Para avaliar o banco, foram convidados 36 participantes da Universidade de

Oregon com idade média de 19,5 anos. A taxa de concordância variou entre 78% e

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93%. O índice Kappa foi de 0.75. A emoção detectada com maior concordância foi,

mais uma vez, a felicidade (97%).

As principais limitações do banco de fotografias de DuckEES estão na falta de

representatividade étnica, uma vez que as crianças são classificadas como

caucasianas ou não caucasianas. Os atores não receberam uma orientação quanto

sua vestimenta, o que não criou uma homogeneidade no banco e pode ser um fator

de distração. E por último, algumas emoções tiveram menos estímulos, com menor

precisão quando comparadas às emoções básicas.

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Tabela 2 - Informações básicas sobre os bancos de fotografias e vídeo de expressões faciais infantis analisados

Nome Ano País Idade N Etnia N emoções

Tipo de Banco

Método de eliciação

Técnica de eliciação

N estímulos N de avaliadores (Validação)

Concordância

RaFD 2010 Holanda Não especi-ficado

10 Caucasiana 8

Fotografias Posada

Instruções 5.880 276

estudantes

82%

NIMH-ChEFS

2011 EUA 10 -17 59 Caucasiana ou não

caucasiana

6 Fotografias Posada Instruções 482 20

voluntários

90%

DDCF 2013 EUA 5 -16 123 Caucasiana 8 Fotografias Posada Imaginar uma situação

Não especificado

163

estudantes

70 ~ 91%

CAFÉ 2015 EUA 2 - 8 154 17% negros, 30%

caucasianos, 27% asiáticos, 17% latinos e

9% outros

7

Fotografias Posada As expressões eram feitas e a criança deveria

imitá-las

1.192 100

estudantes

66 a 81%

CEPS 2015

Brasil

6-11 18 14 caucasianos, 3 negros e 1 indígena

7 Fotografias Posada e induzida

Induzidas: vídeos, exceto raiva e tristeza. Posadas: imitar a expressão de uma fotografia

237 30

especialistas

85%

DuckEES 2015 EUA 8-18 37 Não identificado

8 Vídeos Não especificado

Imaginar uma situação

142 36 estudantes

78 e 93%

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2.4.7 Justificativa

Após a revisão da literatura, verifica-se que, embora existam importantes

bancos de fotografias de expressões faciais de crianças, ainda restam lacunas

nessa área. A maior parte deles é constituída de estímulos posados e avaliam

crianças com mais de seis anos. Assim como os Transtornos do Espectro do

Autismo, outros transtornos do desenvolvimento já podem ser diagnosticados antes

desta faixa etária, e por isso é importante um banco com idades anteriores. Outra

questão relevante é que em apenas um dos bancos existentes são utilizados

estímulos de vídeo. Os estímulos dinâmicos, ao contrário dos estímulos estáticos,

trazem mais naturalidade e permitem analisar toda a transformação que ocorre na

face durante a realização de alguma expressão emocional. Por meio dos vídeos, é

possível compreender melhor esse processo e selecionar com mais assertividade os

momentos em que a expressão facial atinge o seu pico.

Desta forma, o presente estudo procurou contribuir na pesquisa cientifica do

reconhecimento de emoções faciais no Brasil, desenvolvendo o Facial Affective

Brazilian Set – Children Image and Vídeo Database (FABS), um banco de

expressões emocionais composto de fotografias e vídeos representativos das

principais emoções em crianças brasileiras.

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3. OBJETIVO

3.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho teve como objetivo desenvolver e validar um banco de

fotografias e vídeos de crianças brasileiras entre quatro a seis anos com expressões

faciais posadas e induzidas das seguintes emoções: felicidade, tristeza, raiva,

surpresa, nojo, medo e desprezo, além da ausência de emoção (face neutra).

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos secundários foram verificar a concordância entre juízes em

relação à expressão emocional quanto as seguintes variáveis:

o Induzidas e posadas;

o Fotografias e vídeos;

o Faixas etárias;

o Gênero;

o Etnia.

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4. MÉTODO

Para facilitar a descrição do processo de elaboração da pesquisa, o método

do presente trabalho foi dividido em etapas conforme o representado no fluxograma

1.

Fluxograma 1 – Etapas do desenvolvimento do banco de fotografias

Fonte: autoria própria

4.1 ETAPA 1 – SELEÇÃO DA CASUÍSTICA

Os indivíduos foram selecionados em uma agência de atores infantis (Agência

Boneca de Pano, de Atores Mirins) localizada na cidade de São Paulo, SP, Brasil.

Foi solicitada à Agência portfólios com as fotografias de crianças de quatro a seis

anos, independentemente de sua etnia, durante o período de setembro de 2018 a

fevereiro de 2019.

4.1.1 Análise de Etnia

Para garantir a fidedignidade étnica, foi requisitado aos responsáveis pelas

crianças a declaração de sua etnia. Em paralelo a isso, um geneticista com

experiência na área realizou uma análise morfológica das fotografias das crianças

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(figura 2), sem conhecimento de seu nome, sobrenome e da declaração da etnia dos

responsáveis. Após o cruzamento positivo da avaliação do geneticista e da etnia

declarada pelos responsáveis, as crianças foram definidas como caucasianas,

afrodescendentes ou asiáticas.

Figura 2 – Exemplo de imagem do portfólio enviado pela Agência Boneca de Pano ao genetista para avaliação étnica e cruzamento com a declaração dos responsáveis.

Fonte: Portifólio da Agência Boneca de Pano de Atores Mirins

4.2 ETAPA 2 – DESENVOLVIMENTO DO BANCO FABS

Foram empregadas técnicas que combinassem estímulos controlados

(induzidos e posados) e realizados em estúdio para criar uma uniformidade dos

estímulos para os participantes. Houve a preocupação em utilizar a mesma técnica

de eliciação para todas as emoções, afim de não criar um viés.

4.2.1 Vídeos para estímulos induzidos

O estudo experimental da emoção requer estímulos que evoquem de forma

confiável reações psicológicas e fisiológicas que possuem uma gama de emoções

expressas.

Eliciar e capturar emoções na primeira infância pode ser uma tarefa

desafiadora, já que os estímulos devem ser cuidadosamente escolhidos. Estes

devem captar plenamente sua atenção, além de serem eficientes em eliciar suas

emoções.

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Há evidências na literatura que sugerem que métodos de indução utilizando

“pessoas reais” ao invés de animações, criam condições para encontrar efeitos mais

intensos (SATO et al. 2007). No entanto, a fim de garantir a segurança das crianças,

foi escolhido o uso de animações para que os estímulos se mantivessem adequados

à faixa etária, minimizando o risco de causar algum prejuízo.

Com o intuito de eliciar as emoções induzidas nos participantes, a técnica

filme estória foi escolhida para estímulos induzidos por ser algo familiar as crianças.

Isto é, trechos de desenhos animados, adequados a faixa etária, capazes de captar

a sua atenção.

Cinco profissionais do laboratório de Transtornos do Espectro do Autismo da

Universidade Presbiteriana Mackenzie (TEA-Mack) participaram da seleção dos

trechos de animações infantis que poderiam produzir as emoções de felicidade,

raiva, medo, nojo, surpresa, tristeza, desprezo, além do estado basal de

neutralidade nas crianças. Nesta etapa, foram discutidos os trechos mais adequados

segundo os profissionais para eliciar emoções especificas. Cada vídeo apresentado

foi editado para ter uma duração de um minuto e dez segundos. Profissionais do

Instituto IMELCO de Linguagem Corporal, Micro-expressões Faciais e Detecção de

Mentira (Profissionais Marcos Roberto e Thiago Luigi) auxiliaram na edição dos

vídeos.

4.2.2 Fotografias para estímulos posados

Para os estímulos posados, foram combinados dois métodos: expressão

facial e imaginação dirigida. A aplicação do método de expressão facial isolada não

é tão efetiva em crianças na primeira infância. E muitas vezes crianças com faixa

etária tão precoce não conseguem imaginar uma situação quando não direcionadas

(imaginação livre).

Com o objetivo de auxiliar a expressão de emoções posadas pelas crianças,

foram selecionadas oito fotografias, que representavam felicidade, tristeza, raiva,

medo, surpresa, tristeza, desprezo e neutralidade do banco de fotografias infantil

RaFD (Radboud Face Database). (Figura 3)

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Figura 3 – Fotografias selecionadas para representar as sete emoções e a neutralidade do banco de expressões faciais Radboud

Fonte: Radboud Face Database

4.2.3 Estudo Piloto

4.2.3.1 Vídeos

As filmagens foram feitas em São Paulo na Universidade Presbiteriana

Mackenzie, utilizando os estúdios da TV Mackenzie. As crianças do estudo piloto 1

(n=4) e do piloto 2 (n=12) foram selecionadas por conveniência pela referida

agência. Na primeira fase do piloto, foram testados os vídeos e fotografias pré-

selecionados e descritos acima. Foram exibidos aos participantes oito trechos de

vídeos de desenhos animados. Após esse primeiro exercício, foram exibidas as

fotografias para a captação dos estímulos posados. Os atores foram instruídos a

imitarem as expressões faciais das fotografias das crianças das fotografias. A

instrução passada foi: “Faça uma cara igual à da criança na fotografia”, o que

equivale ao método ‘expressões faciais’.

Após sua realização, o estudo piloto 1 precisou passar por ajustes, pois

alguns vídeos não evocaram a emoção correspondente ao esperado e precisaram

ser alterados. Todos vídeos foram editados e alguns efeitos sonoros adicionados a

determinados trechos para que as emoções eliciadas fossem potencializadas. A

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ordem final de apresentação dos vídeos seguiu uma lógica que não incitasse uma

sequência de emoções ambivalentes. Além disso, foi determinado que a ordem dos

vídeos seria iniciada com o estímulo neutro para criar uma atmosfera que facilitasse

um período de adaptação da criança.

Durante essa fase, após cada vídeo exibido, as crianças receberam uma lista

de oito emojis e deveriam selecionar aquele compatível com a emoção sentida

durante a exibição do vídeo. Esta etapa foi excluída porque não houve segurança na

adequação da resposta dada devido à idade reduzida das crianças.

No piloto 2, todos os vídeos foram encurtados para 1 minuto e 10 segundos.

Essa conduta foi tomada devido à pouca idade das crianças e a consequente

dificuldade de mantê-las concentradas por 16 minutos ininterruptos. Neste ensaio,

foram testados dois vídeos diferentes para emoção de felicidade, um deles utilizando

apenas um trecho do vídeo anterior, um novo trecho em comparação com um novo

vídeo.

Ao final, os trechos selecionados para os vídeos foram os seguintes:

o Neutralidade – filme de uma planta sendo semeada e crescendo.

o Felicidade – trecho do episódio do desenho Mônica Toy –

Linguarudos; do episódio Mônica Toy – Nãnãnã e um trecho do

desenho Minions.

o Nojo – filmes Chocolate Ice Cream – Cartoon-Box 21 (Animation

Studio Frame Order) https://www.youtube.com/watch?v=WO9lPrVbXkY

Acessado Janeiro 2015; e trecho do O rei leão – “Viscoso, mas

gostoso”.

o Surpresa – trecho do filme A origem dos guardiões.

o Medo – trecho do filme A casa monstro.

o Tristeza – trecho de um filme curta metragem: O cão abandonado.

https://www.youtube.com/watch?v=rFiZEm0ww8k Acessado em: Janeiro

2015

o Raiva – trecho do filme Detona Ralf.

o Desprezo – trecho do filme Shrek 1.

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Os estímulos escolhidos eram compostos por pessoas/personagens e

animais. Segundo New et al. (2010), indivíduos típicos se orientam

preferencialmente a pessoas e animais em comparação com objetos inanimados.

4.2.3.2 Fotografias

As fotografias referentes aos estímulos posados também sofreram

modificações. As fotografias pré-selecionadas (CEPS) (ROMANI-SPONCHIADO et

al., 2015) foram substituídas por fotografias do banco RaFD (Radboud Face

Database), devido à sua melhor acurácia. Surgiram dificuldades das crianças em

espelhar as emoções apenas através das fotografias. Desta forma, foi combinado a

cada fotografia um estímulo verbal, conforme descrito a seguir.

o Neutralidade – “Olhe para frente”;

o Felicidade – “Seu amigo acabou de te contar uma piada

engraçada”;

o Nojo – “Seu amigo pediu para você comer cocô!”;

o Surpresa – “Você acabou de ganhar um presente”;

o Tristeza – “Você perdeu seu brinquedo preferido”;

o Medo – “Você acabou de ver um fantasma!”

o Raiva – “Seu amigo te xingou”;

o Desprezo – “Você está esperando um tempão e está sem

paciência”.

As frases complementares para produção das fotografias posadas foram

elaboradas de acordo com a faixa etária das crianças, afim fazê-las reviver ou

imaginar de uma maneira direcionada uma situação que se destina a criar a

experiência a partir da qual a expressão facial ocorrerá.

As 16 crianças que participaram dos estudos piloto não foram incluídas na

amostra final do FABS.

4.2.4 Filmagem do Banco FABS

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As crianças compareceram vestindo camiseta branca e sem maquiagem,

acompanhadas de seus responsáveis. Todos eram instruídos a respeito da pesquisa

em questão. Os responsáveis aguardaram na sala ao lado, enquanto as crianças

foram direcionadas ao estúdio e instruídas a permanecerem sentadas em um banco

em frente a um painel de cor branca, a uma distância de 60 centímetros da câmera

de vídeo. O aparelho utilizado para as filmagens foi a câmera HPX 370 Panasonic, e

o sistema de iluminação utilizado foi luz fria 3200 Soft Light.

Os participantes assistiram oito trechos de vídeos de desenhos animados

editados e apresentados numa sequência ininterrupta que visava eliciar

respectivamente: neutralidade, felicidade, nojo, surpresa, medo, tristeza, raiva e

desprezo. Para a produção de fotografias e vídeos posados, foram projetadas

fotografias de sete emoções e neutralidade, na mesma sequência exibida nos

vídeos (Radboud Face Database).

Os participantes foram acompanhados por uma psicóloga clínica para garantir

sua segurança caso apresentassem algum desconforto ou reação emocional

exacerbada. Os pais ou responsáveis foram instruídos a procurarem posteriormente

ao estudo caso as crianças apresentassem alguma reação diferente do habitual

como possível consequência do estudo. Durante as filmagens, quando a emoção se

mostrava muito intensa, era questionado se a criança desejava interromper. Apenas

três crianças interromperam a participação durante o processo.

4.2.5 Análise de especialistas, edição, construção do Banco FABS

Os vídeos produzidos foram analisados por um especialista da área em

análise facial: Professor Paulo Cesar Camargo. Este, denominado como juiz 0, fez a

identificação de momentos em vídeos e frames para fotografias que representassem

as sete emoções e a neutralidade. Esta avaliação levou em conta que nestes

trechos, todos deveriam alcançar o ápice da expressão da emoção desejada. Assim

foi gerada uma tabela contendo informações de cada estimulo: idade, gênero e raça

do ator, tipo de estímulo (fotografias ou vídeo), método de indução (induzido ou

posado), momento de inicio e fim de cada vídeo ou frames para fotos.

A partir disso, um profissional especializado em edição de fotografias

produziu o recorte dos frames e trechos vídeos selecionados pelo juiz 0. Os vídeos e

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fotografias foram identificados e armazenados na web (domínio:

www.junegrao.com.br).

Um segundo especialista, chamdo Vitor Santos (Juiz 1), também com

expertise em análise facial (com certificação em Facial Action Coding System -

FACS), avaliou os estímulos já fragmentados e armazenados na web. Para manter a

qualidade do banco, a construção do mesmo foi finalizada com a análise de

concordância entre o Juiz 0 e o Juiz 1 e foram incluídos apenas os casos

concordantes em 100% quanto a expressão da emoção, tanto para trechos de

vídeos como frames para as fotografias.

A partir das fotografias obtidas pelo juiz 0, a fim de manter o sigilo entre os

juízes avaliadores (tanto na construção como na validação), todos receberam uma

senha individual com acesso restrito (figura 4). A aplicação web continha instruções

para participação e conduta durante a avaliação (figura 5). A apresentação das

fotografias e vídeos foi realizada de forma randomizada e com escolha forçada (o

avaliador escolhe forçosamente uma alternativa frente às demais apresentadas).

Além disso, para garantir uma análise cega, os juízes não tinham conhecimento da

análise do perito. Os vídeos poderiam ser analisados em velocidade reduzida, para

um melhor estudo de micro-expressões, e apresentavam opção de maximização.

Cada avaliador poderia alterar suas respostas no decorrer da avaliação.

Figura 4 – Plataforma Web - página de login

Fonte: autoria própria

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Figura 5 – Plataforma Web - pagina para avaliação das expressões

Fonte: autoria própria

Figura 6 – Plataforma Web – página exemplo da avaliação de uma expressão em video

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Fonte: autoria própria

Figura 7 – Plataforma Web - exemplo da avaliação de uma expressão em fotografia

Fonte: autoria própria

Figura 8 – Plataforma Web - perguntas feitas para a avaliação de cada estímulo

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Fonte: autoria própria

4.3 ETAPA 3 - VALIDAÇÃO DO BANCO FABS

O processo de validação foi realizado por meio da análise do banco por dois

juizes, Anderson Tamborim (Juiz 2) e David Leucas (Juiz 3). Ambos especialistas em

análise facial com certificação em Facial Action Coding System (FACS).

4.3.1 Análise estatística

A análise de concordância entre os juízes foi realizada por meio do Índice

de Concordância de Kappa, um teste estatístico utilizado para medir o grau de

concordância entre duas variáveis e/ou resultados. A estatística Kappa parte dos

seguintes pressupostos:

o Os casos a serem analisados são independentes.

o Os entrevistadores atuam de forma independente um do outro.

o As categorias analisadas são mutuamente exclusivas e exaustivas.

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Assim, temos a seguinte configuração de uma tabela cruzada:

Figura 9: Exemplo de Tabela 2 x 2. Comparacao de resultado do questionário em uma avaliação por dois observadores para quantificação da concordância entre observadores (Teste de Kappa).

Avaliador 1

Qualidade

boa ruim total

Avaliador 2 Qualidade

boa a b a+b

ruim c d c+d total a+c b+d a+c+b+d

Interpretação das células:

a = concordância positivo/positivo entre observadores.

b = concordância negativo/positivo entre observadores.

c = concordância positivo/negativo entre observadores.

d = concordância negativo/negativo entre observadores.

Fórmulas:

o a + d = concordância observada (Ao).

o a + b + c + d = máxima concordância possível (N).

o (a + d) / (a + b + c + d) = percentagem global de concordância.

o [(a + b) (a + c)] / (a + b + c + d) = concordância positiva esperada ao acaso

(célula a).

o [(c + d) (b + d)] / (a + b + c + d) = concordância negativa esperada ao acaso

(célula d).

o Concordância positiva esperada ao acaso + concordância negativa esperada

ao acaso = concordância total esperada ao acaso (Ac).

Desta forma, o indice Kappa é calculado por meio da formula: Kappa = Ao –

Ac / N - Ac.

A divisão arbitrária para interpretação dos resultados mais aceita é

(LANDIS, KOCH, 1977): Kappa <0,200 como desprezível; 0,210 a 0,400 como

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mínimo; 0,410 a 0,600 como regular; 0,610 a 0,800 como bom; acima de 0,810

como ótimo.

Figura 10: Escala de divisão arbitrária para interpretação dos resultados (LANDIS, KOCH, 1977)

Fonte: Landis, Koch, 1977

A acurácia dos juízes foi comparada por meio do Teste de Igualdade de

Duas Proporções. Esse teste compara se a proporção de respostas de duas

determinadas variáveis e/ou seus níveis é estatisticamente significantes. Assim

trabalha-se com as seguintes hipóteses:

=

211

210

p :

p :

pH

pH

Para realizar este teste deve-se calcular 1

11

n

xf =

, 2

22

n

xf =

e 21

21ˆnn

xxp

+

+=

. Com

isso pode-se calcular a estatística teste.

+−

−=

21

21

11)ˆ1(ˆ

nnpp

ffZ cal

Conclusões

Se 22

ZZZ cal −, não se pode rejeitar 0H

, isto é, a um determinado risco ,

dizez-se que não existe diferença entre as proporções.

Se 2

ZZcal ou 2

ZZcal −, rejeita-se 0H

, concluindo-se, com risco , que há

diferença entre as proporções.

Neste estudo adotou-se nível de significância estatística (p-valor ) de 0,05

(5%).

Desprezível Mínimo Regular Boa Ótima

0,0 0,20 0,40 0,60 0,80 1,0

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4.3.2 Aspectos éticos e fonte financiadora

Este projeto foi financiado pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa

(MackPesquisa) com registro 171003 sob o contrato Cojur-FMP-0181/2017,

aprovado pelo comitê de ética em pesquisas com humanos da Hospital Menino

Jesus sob número 048695/2017.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do presente projeto teve

uma elaboração mais cuidadosa por se tratar da utilização de vídeos com menores

de idade. Dessa forma, o contrato abarcou o direito de fotografias das crianças.

Todo o processo de documentação foi elaborado junto à área jurídica da

Universidade Presbiteriana Mackenzie. (Anexo A)

O estudo foi conduzido em conformidade com os requerimentos do Comitê

de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e com as recomendações

estabelecidas na Declaração de Helsinki (1964) e emendas de Tóquio (1975),

Veneza (1983) e Hong Kong (1989). Pais ou responsáveis assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para consentir com a participação das

crianças no estudo, assim como com a utilização das fotografias por parte dos

pesquisadores para fins não lucrativos de pesquisa. Todos os participantes e

responsáveis tiveram pleno conhecimento dos objetivos, métodos, riscos e

benefícios do experimento e deram seu consentimento por escrito.

5. RESULTADOS

5.1 CASUÍSTICA

Foram selecionadas para participar do estudo 182 crianças, das quais 31

(21%) foram excluídas por não alcançarem a concordância étnica entre o geneticista

e os pais da criança, e três (2%) por se recusarem a participar das filmagens. Das

148 restantes, 16 delas foram selecionadas para o estudo piloto e, assim, 132

crianças (58% meninas) participaram da construção do banco de acordo com o

fluxograma 2:

Fluxograma 2 – Seleção da casuística

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Fonte: autoria própria

5.2 CONSTRUÇÃO DO BANCO FABS

As filmagens realizadas no estúdio do TV Mackenzie geraram 29 horas de

vídeo. Após a edição indicada pelo Juiz 0, foram gerados 3.668 estímulos. Estes

foram avaliados pelo Juiz 1 por meio da plataforma web, e, finalmente foram

selecionados os estímulos que apresentavam 100% de concordância com o Juiz 0

quanto a emoção.

Assim, compuseram o banco FABS 1.985 estímulos (54% da amostra

inicial) provenientes de 124 crianças (55% meninas). Estas foram identificadas como

pertencente às seguintes etnias: 71% caucasiana, 24% afrodescendente e 5%

asiática (Gráfico 1). Dentre os 1.985 estímulos selecionados, 805 (41%) eram

provenientes de meninos, 1.180 (59%) de meninas, 1.303 (66%) de origem

caucasiana, 592 (30%) afrodescendentes e 90 (4%) asiáticos. Quanto ao formato,

1.014 (51%) eram fotografias e 971 (49%) vídeos. Com relação ao método de

indução 904 (46%) estímulos foram posados e 1.081 (54%) induzidos. A distribuição

por faixa etária foi composta de 744 (37%) estímulos de crianças com quatro anos,

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609 (31%) com cinco anos e 632 (32%) com seis anos. O número de fotografias e

vídeos de cada emoção foram: neutralidade 150, felicidade 437, nojo 310, surpresa

126, medo 269, tristeza 183, raiva 234 e desprezo 276 (Gráfico 2)

Gráfico 1 – Distribuição étnica das crianças que participaram do estudo

Fonte: autoria própria

Gráfico 2 – Quantidade de estímulos em fotografias e vídeos por emoção

Fonte: autoria própria

Caucasiano71%

Afrodescendentes24%

Asiáticos5%

223

97

131142

66

153

130

72

214

86103

127

60

157146

78

Fotografias Vídeos

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61

5.3 VALIDAÇÃO DO BANCO FABS

A partir da análise de concordância de dois juízes (Juizes 2 e 3), obteve-se

índice de Kappa geral de 0,70 (p<0,001) e acurácia de 73% (1447/1985) para todos

os estímulos do banco. A comparação da concordância entre juízes de acordo com

método de indução (posado/induzido), tipo de estímulo (fotografia/vídeo), gênero,

faixa etária e etnia são apresentados na Tabela 3. Verificou-se acurácia

significativamente maior em estímulos posados em relação aos induzidos, e que

crianças de faixa etária de quatro anos tiveram menor acurácia que aquelas de seis

anos. Não foi verificada diferença significativa na concordância entre juízes quanto

gênero das crianças ou tipo de estímulo. Verificou-se maior acurácia na avaliação de

crianças afrodescendentes em relação às caucasianas. Nessa análise, as crianças

de origem asiáticas foram excluídas devido ao baixo número amostral.

Tabela 3 - Comparação estatística da concordância entre juízes da avaliação da expressão da emoção facial de crianças de acordo com tipo de imagem, estímulo, género, faixa etária e etnia.

Kappa P-valor (k) Acurácia

N Total Acurácia P-valor

Tipo Imagem Imagem 0,70 <0,001 746 1.014 73,6%

0,490 Vídeo 0,68 <0,001 701 971 72,2%

Estímulo Induzido 0,63 <0,001 745 1.081 68,9%

<0,001 Posado 0,74 <0,001 702 904 77,7%

Gênero Feminino 0,69 <0,001 858 1.180 72,7%

0,822 Masculino 0,69 <0,001 589 805 73,2%

Faixa Etária

4 anos 0,66 <0,001 527 744 70,8% 0,046

5 anos 0,68 <0,001 442 609 72,6% 0,219

6 anos 0,72 <0,001 478 632 75,6% Ref.

Etnia Branca 0,67 <0,001 931 1.303 71,5%

0,026 Parda 0,76 <0,001 452 592 76,4%

Fonte: autoria própria

Foi realizada uma sub-análise da concordância entre juízes 2 e 3 ao

analisarem separadamente fotografias ou vídeos quanto ao metodo de indução. Foi

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62

observado que em ambas as situações havia proporções significativamente maiores

de concordância entre estímulos posados em relação aos induzidos (tabela 4)

Tabela 4 - Concordância entre os juízes na análise de expressões faciais de emoção de acordo com método de indução (posado ou induzido)

Kappa P-valor (k) Acurácia

N Total Acurácia P-valor

Fotografia Posado 0,73 <0,001 344 449 76,6%

0,050 Induzido 0,65 <0,001 402 565 71,2%

Vídeo Posado 0,75 <0,001 358 455 78,7%

<0,001 Induzido 0,60 <0,001 343 516 66,5%

Fonte: autoria própria

A tabela 4 apresenta a comparação em número absoluto da avaliação dos

juízes das 7 emoções estudadas mais a neutralidade. Nela, é possível comparar a

frequência de concordância entre as emoções. O gráfico 3 apresenta a mesma

comparação em valores percentuais. É possível verificar que as emoções felicidade,

nojo, desprezo e surpresa tiveram os maiores percentuais de concordância entre os

juízes, enquanto que neutralidade e surpresa apresentaram as menores taxas de

concordância. Em uma análise detalhada do gráfico 2 e da tabela 4, pode-se

observar que em algumas expressões ocorreram respostas fora da diagonal.

Destacam-se algumas discordâncias entre juízes, como raiva e tristeza (29

estímulos; 1,5%), surpresa e medo (29 estímulos; 1,5% do total) e raiva e nojo (30

estímulos, 1,5%). Neutralidade também foi confundida com várias emoções.

Tabela 5 - Comparação da avaliação de juízes quanto à emoção. Dados numéricos da avaliação total.

Juiz 2 Total

Desprezo Felicidade Medo Neutralidade Nojo Raiva Surpresa Tristeza

Juiz 3

Desprezo 184 15 1 12 5 11 0 18 246

Felicidade 10 353 14 14 13 4 4 11 423

Medo 3 11 157 18 6 3 9 16 223

Neutralidade 22 7 5 129 4 10 11 49 237

Nojo 4 18 2 6 194 8 1 14 247

Raiva 15 10 1 18 22 166 2 23 257

Surpresa 1 1 20 23 2 1 111 4 163

Tristeza 2 6 4 7 9 6 2 153 189

Total 241 421 204 227 255 209 140 288 1.985

Fonte: autoria própria

Gráfico 3 - Comparação da avaliação de juízes quanto a emoção. Dados percentuais da avaliação total

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Fonte: autoria própria

Além da análise de concordância de todas as emoções em um cruzamento 8

x 8 (tabela 5), a fim de detalhar a cada emoção, foi realizado uma avaliação da

concordância entre os juízes para cada emoção em um cruzamento 2 x 2 (tabela 6).

A felicidade foi à emoção com maior concordância entre os juízes, enquanto a

neutralidade e a tristeza apresentaram os menores índices Kappa. Na comparação

do índice kappa quanto ao método de indução, parece haver menor concordância

nas emoções surpresa e raiva quando induzidas em relação às posadas.

Tabela 6 - Distribuição do índice Kappa e acurácia na avaliação entre juízes 1 e 2 de cada emoção (tabela 2 x 2) de acordo com método de indução (induzido/posado).

Emoção

GERAL POSADO INDUZIDO

Kappa P-valor Acurácia Kappa P-valor Acurácia Kappa P-valor Acurácia

surpresa

neutralidade

tristeza

medo

raiva

desprezo

nojo

felicidade

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

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Felicidade 0,80 < 0,001 93% 0,75 < 0,001 96% 0,79 < 0,001 91%

Nojo 0,74 < 0,001 94% 0,80 < 0,001 95% 0,69 < 0,001 94%

Desprezo 0,72 < 0,001 94% 0,78 < 0,001 94% 0,63 < 0,001 94%

Surpresa 0,71 < 0,001 96% 0,85 < 0,001 97% 0,47 < 0,001 95%

Medo 0,70 < 0,001 94% 0,78 < 0,001 94% 0,58 < 0,001 94%

Raiva 0,70 < 0,001 93% 0,78 < 0,001 94% 0,49 < 0,001 93%

Tristeza 0,60 < 0,001 91% 0,61 < 0,001 93% 0,59 < 0,001 90%

Neutro 0,50 < 0,001 90% 0,44 < 0,001 93% 0,51 < 0,001 87%

Fonte: autoria própria

Como somente o juiz 0 tinha ciência se a expressão facial da emoção era

expressa de forma induzida ou posada, foi possível avaliar a acurácia dos juízes 2 e

3 em reconhecer o método de indução (tabela 7). A acurácia dos juízes 2 e 3 foi de

64% e 77%, respectivamente. A comparação da proporção de acertos dos juízes

quando avaliavam fotografias ou vídeos mostrou que houve maior acurácia na

avaliação de vídeos em relação às fotografias para o Juiz 3 (69% vs 60%, p<0,001).

Esta diferença entre fotografias e vídeos, no entanto, não foi observada na avaliação

do juiz 2 (76% vs 79%, p = 0,252).

Tabela 7 - Concordância dos juízes quanto ao método de indução da expressão facial (induzido ou posado). Juiz 0 considerado padrão ouro.

Kappa P-valor Acurácia

N Total Acurácia

Total Juiz 2 x Juiz 0 0,549 <0,001 1.535 1.985 77%

Juiz 3 x Juiz 0 0,298 <0,001 1.275 1.985 64%

Kappa P-valor Acurácia

N Total Acurácia

Juiz 2 x Juiz 0 Fotografia 0,528 <0,001 775 1014 76% p=0,252

Vídeo 0,569 <0,001 763 971 79%

Juiz 3 x juiz 0 Fotografia 0,213 <0,001 604 1014 60% p<0,001

Vídeo 0,389 <0,001 671 971 69%

Fonte: autoria própria

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6. DISCUSSÃO

O presente estudo desenvolveu e validou o Banco Facial Affective Brazilian

Set – Children, Image and Vídeo Database (FABS), um banco de fotografias e

vídeos de expressões emocionais de crianças brasileiras. Foram estudadas as sete

emoções básicas (felicidade, tristeza, raiva, nojo, medo, surpresa, desprezo) e

neutralidade em estímulos induzidos e posados.

Os bancos de fotografias de expressões emocionais validados pela

metodologia científica são comumente utilizados em pesquisas de cognição social.

Seu uso tem grande importância para pesquisa sobre déficits no reconhecimento

facial e na avaliação do desenvolvimento infantil. Além disso, esses instrumentos

podem servir como ferramenta diagnóstica e até auxiliarem em intervenções

terapêuticas, quando algum distúrbio é diagnosticado por profissionais da saúde.

6.1 COMPARAÇÃO COM OUTROS BANCOS

A validação do Banco FABS apresentou concordância geral entre juízes de

73%, e índice Kappa de 0,70. Este índice é um modelo estatístico que avalia a

intensidade desta concordância. Apesar de não existir um valor objetivo para

considerá-lo como adequado, pode-se considerar índice Kappa verificado neste

estudo como uma boa concordância de acordo com interpretação mais aceita na

literatura onde concordâncias entre 60% e 80% são consideradas “boas” (LANDIS e

KOCH 1977). Como descrito anteriormente, outros bancos de expressões

emocionais em populações infantis já foram publicados e apresentam acurácia na

avaliação de fotografias entre juízes de 66% a 90% (Tabela 2). Destaca-se, no

entanto, algumas diferenças na composição destes bancos quando comparados ao

FABS. De forma geral, os bancos existentes foram construídos e validados a partir

de análise de menor número de fotografias, mas avaliados por grande número de

juízes. Além disso, a maioria dos bancos utilizam apenas fotografias posadas e

apenas um deles foi composto por vídeos (GIULIANI et al. 2015). É importante notar

que, quanto maior o número de emoções avaliadas, mais complexa fica a

concordância entre os juízes. Poucos bancos avaliaram contemporaneamente sete

emoções e neutralidade como neste estudo. Como já mencionado, apenas dois

bancos de fotografias de crianças presentes na literatura (RaFS e DDCF) avaliaram

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o mesmo número de emoções que o presente trabalho. Dos demais estudos, um

avaliou cinco emoções e neutralidade (GIULIANI et. al. 2011), e outros dois

avaliaram seis emoções e neutralidade (CAFÉ e CEPS) (LO BUE, THRASHER,

2015; ROMANI-SPONCHIADO et al., 2015).

Portanto, pode-se destacar algumas especificidades deste banco: maior

número de emoções, estímulos induzidos em fotografias e vídeos, variabilidade

étnica e faixa etária precoce.

6.2 FOTOGRAFIAS E VÍDEOS

Diversos bancos de estímulos estáticos (fotografias) de adultos estão

presentes na literatura: Ekman e Friesen (1976) foram pioneiros a apresentar um

conjunto de expressões faciais padronizadas, o Pictures of Facial Affect (POFA),

utilizou fotografias estáticas em preto e branco. Outras iniciativas que se sucederam

valeram-se de faces rotacionadas (MAZURSKI, BOND, 1993), fotografias

tridimensionais (GUR et al., 2002) e fotografias computadorizadas (OOSTERHOF &

TODOROV, 2009). Existem também bancos de estímulos dinâmicos (vídeos) em

adultos, como o Amsterdam Dynamic Facial Expression Set (ADFES), além de

bancos multimodais, com fala e música (RAVDESS) (LIVINGSTONE, 2018), e o

Bancos de Intensidade de Emoção (DISFA) (MAVADATI, 2013).

Estímulos estáticos podem ser menos efetivos em representar as emoções

faciais quando comparadas a estímulos dinâmicos, como vídeos (KRUMHUBER et

al., 2017). Isso ocorre porque os estímulos dinâmicos parecem ser mais

representativos do modo como as expressões emocionais são vistas no mundo real,

além de atribuírem maior validade ecológica. Eles representam com mais

naturalidade o inicio, o meio e o fim da eliciação de uma emoção por meio de uma

expressão facial. Vídeos também geram informações sobre a direção, qualidade e

velocidade do movimento (KRUMHUBER et al., 2017). Sua aplicação, portanto,

poderia aprimorar sutilezas das microexpressões e singularidades emocionais em

comparação com as fotografias estáticas. Além disso, quando comparadas às

exibições estáticas, as exibições emocionais dinâmicas são mais fisiologicamente

estimulantes (Sato & Yoshikawa, 2007a) e provocam imitação facial mais forte

(SATO et al., 2008; Sato & Yoshikawa, 2007b; WEYERS et al. 2006) (CALVO et al.

2016; Giuliani et al., 2015).

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O Banco FABS elaborou estímulos em vídeo de forma a obter a expressão

facial da emoção contemplando seu inicio, ápice e fim. Além disso,

comparativamente ao outro banco de estímulos dinâmicos em crianças presente na

literatura (DuckEES GIULIANI et al, 2016), há maior representatividade de vídeos

(971 vs 142 vídeos) distribuídos de forma relativamente homogêneos por emoção.

Além disso, o banco DuckEES não estudou as emoções raiva, desprezo e surpresa.

6.3 ESTÍMULOS POSADOS E INDUZIDOS

Quanto ao método de indução do estímulo, verificou-se maior concordância

entre juízes nos estímulos posados em comparação aos estímulos induzidos (índice

Kappa 0,74 vs. 0,63 / concordância 78% vs. 69%). Este padrão foi observado

também quando os estímulos em fotografias ou vídeos foram analisados

separadamente. Essa diferença pode ser explicada porque os estímulos posados

geram emoções exacerbadas, tornando a avaliação dos juízes mais simplificada.

Além disso, vídeos e fotografias de emoções induzidas podem expressar

expressões faciais das emoções de forma mais complexa, expondo características

sutis da mimica facial particulares de cada emoção.

Na literatura, o único trabalho envolvendo crianças que também estudou os

dois métodos de indução foi o Banco CEPS (ROMANI-SPONCHIADO et al., 2015),

onde foram estudadas 135 fotografias posadas e 90 induzidas. Diferentemente do

presente estudo, o Banco CEPS não observou diferença na concordância dos juízes

entre fotografias posadas e induzidas (Kappa 0,72 vs. 0,68, respectivamente). No

entanto, esse Banco tinha um número muito menor de estímulos e participantes, o

que pode ter influenciado este resultado.

6.4 ANÁLISE CEGA DOS JUÍZES

Como já mencionado, somente o juiz 0 tinha ciência se a emoção facial era

expressa de maneira induzida ou posada. Assim, os juízes participantes do presente

estudo foram capazes de discriminar de maneira cega entre os dois tipos de método

de indução das expressões faciais. Para pelo menos um dos juízes houve proporção

significativamente maior de acertos quando foram analisados vídeos em

comparação a fotografias (69% vs. 60% de acertos). Estímulos em fotografias

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podem tornar menos evidente a discriminação de uma expressão facial entre

induzida ou posada, uma vez que não se sabe ao certo o momento exato da

expressão da emoção que foi retratado (início, ápice ou final da emoção). Segundo o

FACS, estímulos em fotografias apresentam proporção de cerca de 60% de

concordância entre juízes, pela mesma razão citada acima. Já estímulos em vídeo

demonstram melhor a topografia da emoção, facilitando a compreensão destas

nuances (EKMAN, 1972). Assim como já apontado no Manual do FACS, os vídeos

levam a julgamentos emocionais mais fidedignos e são mais precisos na

diferenciação entre estímulos posados e induzidos (KRUMHUBER et al., 2013,

KRUMHUBER et al., 2017).

6.5 FAIXA ETÁRIA

Dentre os bancos de expressões de emoções infantis publicados (Tabela 2),

apenas um deles (CAFÉ - LOBUE, THRASHER, C., 2015) estudou

predominatemente a expressão facial de crianças que se inserem na faixa etária da

primeira infância (ate os 6 anos). Sabe-se que a expressão facial das emoções pode

ter singularidades de acordo com a faixa etária, particularmente nos primeiros anos

de vida. Talvez por isso, neste estudo se verificou menor concordância entre os

juízes em estímulos de crianças com quatro anos em comparação com as crianças

de seis anos. É conhecido também que o desempenho das crianças na

identificação de emoções de fotografias melhora com a idade (HERBA, PHILLIPS,

2004). No geral, a melhoria pode ser caracterizada por um grande incremento na

precisão entre três e sete anos de idade (CAMRAS, ALLISON, 1985; MARKHAM,

WANG, 1996; VICARI et al., 2000; DURAND et al. 2007). Além disso, verificou-se

em estudo de ressonância magnética funcional que o padrão de ativação cerebral

das crianças ao processar diferentes expressões faciais difere do padrão de adultos

até pelo menos onze anos de idade (THOMAS et al., 2001; MONK et al., 2003).

Segundo Durand (2007) apesar do processamento das emoções faciais surgir cedo,

o reconhecimento das emoções faciais apresenta melhoras com o passar dos anos

(dos seis aos dez anos).

Rhodes e Anastasi (2011) observam que as crianças apresentam um viés da

própria idade (VPI), ou seja, tem memória superior para rostos da própria faixa etária

em relação aos rostos de outra faixa etária. (ENLOW, 1982; BERRY, MCARTHUR,

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1986). O relato predominante da VPI (KUEFNERET al., 2008) sugere que os

indivíduos têm uma experiência mais extensa ou têm contato com membros de sua

própria faixa etária em relação a outros grupos etários. Tal contato facilita o

desenvolvimento de conhecimentos perceptivos que apoiam o reconhecimento de

rosto na mesma idade em comparação com faces de outras faixas etárias

(VALENTINE, 1991). Da mesma forma, os estudos sobre o viés da própria raça

(MALPASS E KRAVITZ, 1969) incluem naturalmente apenas indivíduos

pertencentes a uma raça ou etnia particular em sua vida. Assim, a maioria dos

estudos sobre preconceitos no reconhecimento de rosto inclui indivíduos cuja

participação no grupo nunca será alterada. O viés de idade representa uma exceção

importante para essa regularidade. Ou seja, envelhecimento e desenvolvimento

exigem que indivíduos que já foram membros de um grupo específico (por exemplo,

crianças) se tornem membros de outras faixas etárias. Essa progressão de

participação em várias faixas etárias pode indicar que é desenvolvida experiência

suficiente com faixas etárias anteriores para facilitar o reconhecimento além da faixa

etária atual, diferentemente da questão étnica.

Desta forma, verifica-se a relevância de um conjunto de estímulos que

permitam explorar mais profundamente a expressão facial da emoção em idades

precoces, assim como compreender melhor seu reconhecimento por faixas etárias.

6.6 GÊNERO

Existem evidências de que o gênero pode afetar o desenvolvimento do

processo emocional. As mulheres são consideradas mais emocionais que os

homens, e a maioria dos estudos em adultos apoiam a noção de que as mulheres

superam os homens na capacidade de decodificar com precisão expressões faciais

emocionais (THAYER, JOHNSEN, 2000; HALL & MATSUMOTO, 2004; MONTAGNE

et al. 2005; SCHOLTEN et al. 2005; BIELE, GRABOWSKA, 2006;). Porém, outros

autores não encontraram uma vantagem feminina definitiva (FISHER & MANSTEAD,

2000; HERBA & PHILIPS, 2004; BIELE, GRABOWSKA, 2006; CALVO,

LUNDQVIST, 2008; VASSALLO et al., 2009; MANCINI et al. 2013).

Uma metanálise encontrou evidências de uma pequena vantagem feminina

no reconhecimento de emoções durante o período de desenvolvimento (isto é, da

infância à adolescência) (MCCLURE, 2000). Estudos posteriores não relatam os

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efeitos de gênero na infância (VICARI et al., 2000; DE SONNEVILLE et al., 2002;). O

presente estudo não encontrou diferenças na concordância entre juízes quanto ao

gênero. Desta forma, observa-se que neste estudo o fator gênero não foi

determinante na análise de juízes para observação da emoção.

6.7 ETNIA

Os bancos de emoções de crianças têm relativamente baixa

representatividade por raças (Tabela 2), com nítido predomínio de caucasianos.

Também as crianças que compuseram o Banco FABS se distribuíram desse modo:

71% eram caucasianas, 24% afrodescendentes e 5% asiáticas. Nota-se que este

padrão foi semelhante ao padrão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:

branca 67,7%, Preta/ Parda 30,4%, Amarela 0,9% e indígena 0,5% (IBGE)

(https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv49891.pdf).

Existem várias evidências que denotam a importância da heterogeneidade

étnica na composição de um banco de expressões faciais de emoção (VALENTINE

et al.,1995; MEISSNER e BRIGHAM, 2001). Rhodes e Anastasi (2011) realizaram

uma pesquisa sugerindo que a memória de reconhecimento facial é superior para o

grupo em que o indivíduo se encontra em comparação às faces externas do grupo

(MALPASS & KRAVITZ, 1969; MEISSNER E BRIGHAM, 2001). É uma experiência

comum que rostos de outras etnias pareciam mais semelhantes (por ex. “parecem

todos iguais, não consigo distingui-los”) do que rostos da própria etnia. A explicação

geralmente dada para esse viés é que as pessoas se tornam especialistas em

reconhecer rostos de sua própria raça por terem muito interesse e contato com

pessoas semelhantes (WRIGHT E SLADDEN, 2003).

Outra evidência de pertencimento e identificação foi verificada por Bernstein

et al. (2007) que realizaram uma pesquisa onde participantes observam rostos

apresentados em fundo vermelho ou verde. O fundo vermelho representava

indivíduos que frequentavam a mesma universidade que os avaliadores, enquanto o

fundo verde foi reservado aos indivíduos que frequentavam outra universidade. Os

resultados mostraram que o reconhecimento foi superior para os indivíduos da

mesma universidade do que da outra. Assim, o reconhecimento de rostos parece ser

superior para grupos que tenham algo em comum em vários contextos.

Um estudo (SANGRIGOLI et al. 2005) testou adultos coreanos que haviam

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sido adotados quando crianças (antes dos nove anos de idade) por famílias

caucasianas na França, e adultos coreanos que haviam residido brevemente na

França. Os adotados exibiram melhor reconhecimento de expressões faciais de

caucasianos em comparação com os rostos asiáticos, enquanto os adultos coreanos

que moram brevemente na França apresentaram uma memória superior para os

asiáticos em comparação aos rostos caucasianos (DE HEERING et al., 2010).

Embora este estudo não tenha tido como escopo primário a comparação do

reconhecimento das expressões faciais entre raças, observa-se maior concordância

de juízes na avaliação crianças afrodescendentes do que de caucasianos. Isso

sugere que ambos os juízes apresentaram maior facilidade de identificação de

expressões faciais neste grupo. Diante desta observação, foi indagado aos juízes 2

e 3, ambos caucasianos, se haviam tido convivência entre indivíduos negros, e

ambos relataram que haviam crescido entre amigos predominantemente negros ou

pardos compatíveis com sua faixa etária, além de conduzirem pesquisas posteriores

com este grupo. De fato, a diferença étnica diminui à medida que ocorre maior

convivência com rostos de outras raças (BRIGHAM et al., 1982; CARROO, 1986;

CHIRORO, VALENTINE, 1995), assim como o treinamento pode reduzir o efeito de

outra etnia (ELLIOTT et al., 1973; GOLDTEIN & CHANCE, 1985). Estudos com

crianças e adolescentes apoiam a mesma hipótese (SHEPHERD, 1981).

6.8 EMOÇÕES BÁSICAS

O presente estudo apresentou a seguir os resultados das emoções que mais

se destacaram, sendo elas as de maior concordância, de menor concordância ou

porque apresentaram um padrão de erros (confusão entre emoções) comum na

literatura.

6.8.1 Felicidade e nojo

No presente estudo, felicidade caracterizou-se como a emoção com maior

percentual de concordância entre juízes. Este resultado também foi obtido em outros

bancos infantis: Radboud (LANGNER et al., 2010), CEPS (ROMANI-SPONCHIADO

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et al., 2015), CAFÉ (LOBUE,V, THRASHER, C., 2015), NINH-ChEFS (EGGER et. al,

2011, DuckEES (GIULIANI et al., 2017) , DDCF (DALRYMPLE et al. 2013). Dentre

as emoções básicas, o sorriso é a única de valência positiva, e seu reconhecimento

tende a ser mais fácil que outras emoções de valência negativa. Relevante nas

interações sociais, ele é entendido como instrumento de aproximação afetiva e

social. Para Skinner (1989), o comportamento denominado de sorriso é um

reforçador social.

Apesar disso, a felicidade é a única emoção que apresenta singularidades, já

que um indivíduo pode expressar esta emoção sem senti-la, por exemplo quando

uma pessoa deseja ser educada (sorriso social), também em momentos de espanto,

prazer, alivio, entre outros.(EKMAN, 2004). Somerville e Whalen, (2006) sugerem

que a percepção rápida e segura de confiança (sinalizada por emoções positivas)

pode ser mais importante para o sucesso de animais sociais. Sob essa perspectiva

cooperativa, pode-se supor que métodos mais eficientes de detecção de emoções

positivas, se desenvolveriam. Maher et al. (2014), observaram que expressões

faciais sutis de felicidade são captadas com mais eficiência do que expressões

faciais sutis de tristeza, raiva ou medo. Outros trabalhos encontram melhor

desempenho de reconhecimento de emoções faciais positivas do que negativas

muito intensas (BEAUDRY et al., 2013; LEPPÄNEN & HIETANEN, 2003, 2004).

Pollak et al. (2009) verificaram que aqueles que tiveram exposições frequentes a

rostos com expressões emocionais negativas aumentaram a sensibilidade a essas

emoções (Pollak, Messner, Kistler, & Cohn, 2009). Também Mazurski (1996)

verificou que uma maior percepção de expressões alegres como uma conseqüência

da maior exposição a felicidade em relação às demais expressões na vida cotidiana.

Maher et al. (2014), acreditam que a percepção de felicidade está

correlacionada com seu aspecto morfológico facial. A anatomia do sorriso envolve

músculos de toda cadeia facial, particularmente do zigomático maior (de acordo com

Manual FACS, Unidade de ação, ou AU - Action Unit AU12), que possui maior

amplitude de movimento facial, facilitando sua percepção (Figura 11 e 12). Em um

sorriso genuíno, ocorre contração do musculo orbicular, e por consequência,

diminuição da abertura ocular. Por conta do acúmulo adiposo das bochechas, elas

ganham maior evidência e luminosidade com o levantamento do triangulo

infraorbital, que então "ilumina" a face. Por conta da menor abertura ocular, os olhos

"brilham”. Também Stenberg et al. (1998) mostraram maior velocidade em identificar

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e reconhecer palavras positivas em relação a negativas. Assim como nas palavras,

as expressões faciais positivas foram reconhecidas mais rapidamente do que as

negativas.

Figura 11 - Cantos labiais puxados para cima (AU 12)

Fonte: Banco FABS

Figura 12 – Zigomático Maior (AU12)

Fonte: Zygomaticus Major Muscle. Wikipedia

https://en.wikipedia.org/wiki/Zygomaticus_major_muscle#/media/File:Zygomaticus.png

(Acessado em Setembro 2019)

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Assim como a felicidade, a elevada concordância entre juízes para a emoção

nojo pode ser compreendida, dada a sua importante relevância. Associada ao

processo evolutivo, o nojo, busca detectar e preparar o indivíduo para o perigo,

cumprindo sua função de sobrevivência. Ele se mostra eficaz na resolução de

ameaças e danos repulsivos, sejam esses alimentos, bebidas, pessoas ou ideias.

Ekman (2011) descreve o nojo relativo não apenas a gostos, cheiros e toques, mas

também a aparências de indivíduos; observá-las pode ser repugnante (por exemplo,

uma pessoa machucada com uma ferida exposta, onde seu sangue pode deixar a

pessoa enojada). Esta expressão foi estudada por Darwin, segundo ele, o nojo

remete a rejeição ao gosto, e é despertado através da detecção de diferente quanto

ao aspecto, odor ou interpretação. Corporalmente, a expressão sugere

encerramento das narinas e expelir a comida potencialmente tóxica. Sendo assim, a

percepção desta emoção poderia ser um processo evolutivo de proteger o indivíduo

a sua perpetuação.

6.8.2 Desprezo

Apesar da baixa idade das crianças aqui estudadas, os resultados verificados

neste estudo apontam para uma elevada concordância entre juízes para a emoção

desprezo. Somente dois bancos de expressões faciais (Dartmouth – DALRYMPLE et

al. 2013 e Radbout – LANGNER et al., 2013) caracterizaram a emoção desprezo

em crianças, mais especificamente em fotografias posadas. Em um deles

(DartMouth), obteve-se uma alta concordância entre juízes para esta emoção,

embora a média de idade das crianças tenha sido de 9,7 anos. O outro estudo

(Redboud) (LANGNER et al., 2013), no entanto, verificou baixa concordância entre

juízes, a menor entre as emoções estudadas em sua amostra. Destaca-se que no

Banco FABS a elevada concordância na avaliação entre juízes para a emoção

desprezo ocorreu inclusive quando foram avaliados estímulos induzidos.

Do mesmo modo que nojo e raiva, desprezo pertence à “família" de emoções

hostis. É sentido exclusivamente em relação aos alvos humanos, implica senso de

superioridade sobre eles e sentimentos pessimistas sobre sua possibilidade de

melhoria (TODOROV et al., 2006; MICELI, CASTELFRANCHI 2017;). Segundo Bell

(2013), o desprezo envolve comparar-se a outro indivíduo e avalia-lo muito abaixo

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do próprio padrão, gerando um sentimento de profunda aversão (similar ao nojo),

desrespeito ou um desdém. Miceli e Castelfranchi (2017) identificam dois tipos de

desprezo: moral (provocado pela transgressão dos códigos da comunidade) e

desprezo básico (uma avaliação negativa não moral) (HUTCHERSON, GROSS,

2011). O desprezo básico envolve uma generalização do alvo, onde sua ação não é

vista meramente como situacional, ou seja, o julgamento é considerado uma

característica pessoal do alvo em todas as situações. Mas esta avaliação não é

inalterada para o julgador (FISCHER, ROSEMAN, 2007; HUTCHERSON, GROSS,

2011). A avaliação implícita pelo desprezo diz respeito a uma característica

notavelmente negativa e saliente aos padrões do avaliador. Como consequência, a

avaliação negativa provoca desrespeito ao objetivo (BELL, 2013) e a atitude típica

de "desprezar" o interlocutor. Além disso, a avaliação negativa não é uma avaliação

de mera inadequação. O alvo do desprezo moral é percebido como um transgressor.

Para Miceli e Castelfranchi (2017), a condição necessária para considerar uma

avaliação como moral é que ela deva dizer respeito ao comportamento, objetivos,

crenças ou características pessoais de alguém pelos quais ele é considerado

responsável. Existem indicativos de desenvolvimento precoce da moralidade na

literatura desde o primeiro ano de vida (KUHLMEIER et al. 2003, HAMLIN et al.,

2007; HAMLIN, 2013;).

6.8.3 Erros Comuns (Medo e Surpresa, Raiva e Nojo)

Ekman e Friesen (1971), em sua pesquisa com o povo da Papua Nova Guiné,

observaram uma dificuldade de distinção da emoção de medo e surpresa. Widen e

Russell (2003) verificaram o mesmo padrão em crianças da América do Norte em

idade pré-escolar.

Como já descrito na literatura, estudos têm mostrado que crianças e adultos

tendem a confundir medo com surpresa, mas não com outras emoções (EKMAN,

FRIESEN, 1971; ETCOFF & MAGEE, 1992; JACK et al., 2014; RUSSELL,

BULLOCK, 1986; GOSSELIN, KIROUAC, 1995; JACK et al., 2009; MATSUMOTO,

SUNG HWANG, 2011; ROY-CHARLAND et al., 2014). As expressões faciais dessas

duas emoções são visualmente semelhantes (CAMRAS, 1980; GOSSELIN &

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SIMARD, 1999, GAGNON et al., 2010). Segundo a pesquisa de Ekman (2003), o

grau de distinção varia entre categorias de emoções. Nas expressões de medo e

surpresa existem mais movimentos musculares compartilhados do que movimentos

distintos. A surpresa pode ser expressa com padrões faciais que incluem o

levantador interno e externo da sobrancelha (AUs 1 + 2), levantador palpebrares

superior (AU5) e queda de mandíbula (Músculo Masseter) (AU 26) (Ekman &

Friesen, 1978). O medo pode incluir as mesmas ativações musculares, além de

outras que não estão envolvidas em surpresa, como a parte inferior da sobrancelha

(AU 4) e lábios esticados (Músculo Risorius) (AU 20). De acordo com essa hipótese,

quanto maior a semelhança entre as expressões faciais das emoções, mais difícil é

distinguí-las perceptivamente. Neste estudo também verificou-se este padrão na

análise entre juízes. No entanto, na literatura, existem poucos dados contemplando

se as crianças mostram o mesmo padrão de confusão destas emoções em questão

(Lawrence et al., 2015).

Figura 13 - AU 5 – levantadores palpebrares superiores

Fonte: Banco FABS

Figura 14 - AU 20 – lábios esticados (musculo risorius)/AU 26 – mandíbula caída (músculo masseter)

Fonte: Banco FABS

Figura 15 – Músculo Risório

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Fonte: Risorius. Wikipedia. https://en.wikipedia.org/wiki/Risorius Acessado: Setembro 2019

Figura 16 - Músculo Masseter

Fonte: Masser Muscle. Wikipedia.

https://en.wikipedia.org/wiki/Masseter_muscle

Acessado: Setembro 2019

Figura 17 – Coluna esquerda: figuras de medo; coluna direita: figuras de surpresa

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Fonte: Banco FABS

Figura 18 – Diferenciação de Medo e Surpresa

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Fonte: https://www.paulekman.com

Outra confusão frequente é a emoção de raiva e nojo. Os sinais faciais

presumivelmente evoluíram para transmitir mensagens qualitativamente diferentes.

A raiva apresenta-se como estado emocional decorrente de mecanismos de

autodefesa, ou seja, quando o indivíduo acredita que seus limites pessoais foram

violados. Enquanto o nojo, como já discorrido anteriormente, é um estado emocional

menos intenso que atua em um mecanismo de autopreservação quando o indivíduo

acredita que algo tóxico pode contaminá-lo.

No entanto, topograficamente, as expressões de raiva e nojo compartilham

movimentos que podem ser facilmente confundidos. A ação muscular AU 9 + 25,

característica da expressão facial de nojo, pode ser facilmente confundida com a

ação muscular de AU 10. Outra confusão frequente seria a AU 9 em alta intensidade

com as ações AU 4+7+10 (EKMAN & FRIESEN, 1971).

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Figura 19 - Levantamento dos lábios superiores (musculo AU 10)

Fonte: Banco FABS

Figura 20 - Musculo Levantador do Labio Superior (AU10)

Fonte: Levator Labii Superioris. Wikipedia.

https://en.wikipedia.org/wiki/Levator_labii_superioris#/media/File:Levator_labii_superioris.png

Acessado: Setembro 2019

Figura 21 – Sobrancelha baixa (AU4)

Fonte: Banco FABS

Figura 22 – Sobrancelha baixa (AU4)

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Fonte: Banco FABS

Figura 23 – Representação de nojo AU 7 + 9 + 10 / Figura 24 – Representação de Raiva AU 4 + 10

Fonte: Banco FABS Fonte: Banco FABS

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Figura 25 – Figuras de raiva (coluna esquerda) e figuras de nojo (coluna direita)

Fonte: Banco FABS

Figura 26 – Diferença entre Raiva e Nojo

Fonte: https://www.paulekman.com

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6.8.4 Neutralidade

As pessoas avaliam faces neutras e atribuem a elas características de

personalidade. Isso ocorre em múltiplos aspectos, gerando consequências sociais

(HASSIN & TROPE, 2000). Candidatos políticos, por exemplo, podem ter vantagens

eleitorais quando é atribuído ao seu rosto uma característica de competência

(BALLEW, TODOROV, 2007). Tambem cadetes cujos rostos são vistos como mais

dominantes têm maior probabilidade de ganhar uma promoção a altos escalões

militares (MAZUR et al., 1984).

Embora estas atribuições sejam feitas de forma frequente e confiável pelos

observadores, há pouca evidência de que estas atribuições reflitam com precisão a

real personalidade do indivíduo observado. Bond et al. (1994) verificaram que a

correlação entre características percebidas e características reais é fraca. Uma

possível explicação é que faces neutras podem conter propriedades estruturais que

as levam a se parecer com faces com informações mais precisas (ZEBROWITZ,

2004), como expressões emocionais (KNUTSON, 1996; MONTEPARE & DOBISH,

2003). Sob essa hipótese, a capacidade adaptativa de reconhecer emoções se

generaliza para rostos neutros, os quais têm uma semelhança sutil com emoções.

Por exemplo, embora as pessoas possam categorizar rostos como neutros, eles

também podem concordar que esses rostos variam em dimensões de

características, como confiabilidade (Engell, Haxby e Todorov, 2007). Entre os

estímulos do Banco FABS, a neutralidade teve a menor concordância entre juízes.

Da mesma forma, observa-se na literatura uma baixa concordância entre juízes para

neutralidade. Uma possível explicação para isso seria que neutralidade pode ser

muitas vezes confundida com expressões de emoções com baixa intensidade.

6.8.5 Outras emoções

Embora não tenha sido possível realizar uma análise estatística, algumas

emoções pareceram ter menor concordância entre juízes quando são comparados

estímulos induzidos aos posados. As emoções surpresa e medo, por exemplo,

apresentaram concordância relativamente mais baixa entre os juízes em estímulos

induzidos do que em estímulos posados (Kappa 0,47 vs 0,85 e 0,58 vs 0,78,

respectivamente). Este resultado pode estar relacionado com a menor eficácia do

vídeo construído para eliciar a emoção surpresa. Como visto, a surpresa é a mais

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breve de todas as emoções básicas, pois dura no máximo segundos. Um indivíduo

não pode ficar surpreso por um longo período de tempo, a não ser que o evento leve

a um novo elemento surpreendente. Ela passa assim que se entende a situação.

Assim, da surpresa emerge o medo, a felicidade, ou alguma outra emoção. Desta

forma, ela é rapidamente substituída por outro estímulo: neutro, positivo ou negativo.

Por ser breve e inesperada, é difícil de ser capturada. O vídeo elaborado para a

captura das imagens remetia a uma menina e seu amigo que patinavam no gelo, até

que o gelo começa a trincar e a menina passa por uma situação de perigo. Os

minutos selecionados eram correspondentes ao amigo tentando salvar a menina, até

que ela consegue sair da zona de perigo e, de repente, o gelo embaixo dele cede e

ele cai. O vídeo pode ter sido menos eficiente em transmitir a surpresa, e mais

próximo a uma emoção de medo, apesar do estudo piloto ter obtido resultados

satisfatórios.

7. APLICAÇÕES E PESQUISAS FUTURAS

Bancos de expressões emocionais podem ser codificados de acordo com as

unidades de ação musculares definidas pelo Facial Action Coding System. Uma vez

que a face carrega uma ampla gama de movimentos musculares, esta codificação é

importante porque torna mensurável a análise da expressão da emoção. Sendo

assim, um desdobramento deste trabalho será a codificação dos estímulos de

acordo com as unidades de ação musculares.

Assim como mencionado anteriormente, o Banco FABS oferece um grande

número de estímulos com potencial para elaboração de instrumentos diagnósticos e

de intervenção em cognição social nos transtornos do desenvolvimento.

Outro desdobramento deste estudo se dá na emoção de desprezo. Esta

emoção poderia ser mais bem investigada em estudos futuros, já que, na literatura,

não foi muito explorada nesta faixa etária.

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8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O presente estudo apresenta algumas limitações que devem ser

mencionadas. Embora os números de fotografias sejam muito superior aos demais

bancos de fotografias descritos, elas foram validadas por um número relativamente

pequeno de juízes, apesar de estes serem especialistas. Seria interessante uma

análise conduzida também por outros grupos de juízes como, por exemplo,

voluntários sem treinamento no FACS, crianças de diferentes estratos etários ou

crianças da mesma faixa etária, afim de observar o componente de VPI.

A heterogeneidade étnica da amostra aqui estudada tem proporções

semelhantes aos padrões brasileiros. No entanto, não é suficiente para comparação

detalhada da sua influência na concordância do reconhecimento das emoções.

Outra limitação foi a utilização de laços e tiaras em algumas crianças durante

as filmagens. Esse fator aumentava a validade ecológica dos estímulos, mas pode

ser uma variável confundidora do conteúdo emocional das expressões faciais.

Por fim, os vídeos desenvolvidos para eliciar as emoções utilizaram desenhos

animados em três formas: com humanos (surpresa, medo, felicidade, raiva), com

humanos e animais (desprezo, nojo, felicidade) e somente com animais (tristeza).

Esta elaboração pode criar um viés aos observadores.

Apesar dessas limitações, o presente estudo possui uma série de pontos

fortes: a quantidade de estímulos gerados, a faixa etária precoce dos participantes, a

variabilidade étnica, a presença de vídeos e o fato de possuir imagens de

expressões faciais induzidas.

9. CONCLUSÃO

Foi possível desenvolver e validar um banco de fotografias e vídeos de

expressões emocionais em crianças brasileiras de quatro a seis anos de idade.

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11. ANEXOS

11.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO RESPONSÁVEL PELO PARTICIPANTE DE PESQUISA

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Desenvolvimento e validação de um

banco de fotografias e vídeos de expressões emocionais de crianças brasileiras de quatro a seis anos.

Facial Affective Brasilian Set - Children Image and Vídeo Database (FABS)” que se propõe a criar um

banco de fotos e vídeos de expressões emocionais de crianças de 3, 4 e 5 anos. Sua participação nesta pesquisa

será constituída por poses para fotos e filmes expressando as emoções de felicidade, tristeza, raiva, medo, nojo,

surpresa, em três intensidades alta, média e baixa bem como a expressão neutra, bem como expressões

espontâneas geradas através de vídeos, estórias, e situações realizadas em estúdio. Em todo o processo as

crianças serão acompanhadas por um psicólogo capacitado para manejo de situação emocional. Este estudo será

realizado na Unidade do CCBS ao NPDA - Núcleo de Produção e Desenvolvimento Acadêmico, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizado na Rua Piauí, 143 - 1º andar estúdio. Este consiste em uma

sala porte médio, iluminada e ventilada, com a presença de dois câmeras, um produtor, e dois psicólogos. O

reconhecimento emocional é de fundamental importância principalmente para o período da infância, uma vez

que a linguagem não está plenamente desenvolvida e ocorre o início das interações. E a falha na identificação

do processamento emocional também é intimamente ligada a déficits no desenvolvimento. O contato

interpessoal e a realização dos procedimentos oferecem riscos físicos e/ou psicológicos mínimos aos

participantes bem como cansaço ao final das fotos e filmes.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de

eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem

qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros

participantes e será garantido o sigilo sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador

Responsável terá acesso a essa informação). As fotografias serão utilizadas para banco de fotografias público,

artigos científicos publicados em revistas, pesquisas científicas conduzidas pelo Laboratório de Transtornos do

Espectro do Autismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e testes psicológico comercializados no mercado

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brasileiro vigentes por tempo indeterminado.

Não haverá custos por parte dos participantes e os mesmos também não receberão nenhum benefício

financeiro por participar da presente pesquisa. O processo contará com a presença de um psicólogo caso haja

necessidade de auxílio psicológico durante ou depois das fotos e filmagens.

Ao final do projeto, todos os resultados analisados e retornará aos participantes da pesquisa, seja em

termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes de pesquisa.

Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie – Rua da

Consolação, 896 Edifício Joao Calvino térreo – São Paulo/SP. Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que recebi uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, li e entendi os objetivos

deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a

participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a

pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer prejuízo.

Declaro que expliquei ao Participante de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo,

seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo,

assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

Nesse contexto, na condição de representante legal do menor ____________________________,

autorizo a utilização da sua imagem e voz, com fundamento nos art. 11 e seguintes do Código Civil, para os fins

discriminados neste documento, gratuitamente e por prazo indeterminado.

Nome do Participante da Pesquisa: _______________________________________________________

Assinatura do responsável: _____________________________________________________________

São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____.

_____________________________________ __________________________________________

Prof. Dr. José Salomão Schwartzman

([email protected])

Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rua Piauí, nº 181,

6º andar, Telefone: (11) 2766-7118

Juliana Gioia Negrão

([email protected])

Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rua Piauí, nº 181, 6º

andar, Telefone: (11) 2766-7118

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11.2 PARECER DO CEP