49
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL WANDERSON DA SILVA MIRANDA INVESTIGAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE PEÇAS ESTRUTURAIS DE MADEIRA COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE MOGI GUAÇU SP Dezembro de 2006

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO - lyceumonline.usf.edu.brlyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1017.pdf · denominada seiva bruta, que através do alburno, em movimento vertical

  • Upload
    votruc

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

WANDERSON DA SILVA MIRANDA

INVESTIGAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE PEÇAS

ESTRUTURAIS DE MADEIRA COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE

MOGI GUAÇU SP

Dezembro de 2006

WANDERSON DA SILVA MIRANDA

INVESTIGAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DE PEÇAS

ESTRUTURAISDE MADEIRA COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE

MOGI GUAÇU SP

Monografia apresentada junto à Universidade

São Francisco – USF como parte dos requisitos

para a aprovação na disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso.

Área de concentração: Estruturas

Orientador: Prof. Dr. André Bartholomeu

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2006

ii

“O coração do homem traça o seu caminho,

mas o Senhor lhe dirige os passos”

Provérbios - 16:9

iii

AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho, meus agradecimentos...

... ao Prof. Dr. André Bartholomeu, pela orientação, colaboração e presteza

para solucionar dúvidas durante a realização deste trabalho;

... ao Prof. Dr. Julio Soriano, por ter me ajudado a elaborar a presente

monografia;

... à minha namorada Ana Paula e toda minha família, pela ajuda, estímulo e

paciência durante a realização deste trabalho.

iv

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... LISTA DE TABELAS ........................................................................................ LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS......................................................

RESUMO............................................................................................................

PALAVRAS-CHAVE..........................................................................................

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1.1 Objetivos..................................................................................................... 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA........................................................................... 2.1 Umidade....................................................................................................... 2.2 Determinação da Umidade......................................................................... 2.2.1 Determinação da umidade pelo método da secagem em estufa......... 2.2.2 Determinação da umidade usando medidores elétricos...................... 2.3 Influência da umidade sobre a resistência............................................... 2.4 Densidade da Madeira................................................................................ 2.4.1 Densidade real.......................................................................................... 2.4.2 Densidade básica..................................................................................... 2.4.3 Densidade aparente................................................................................. 2.4.4 Influencia da umidade na densidade aparente da madeira................. 2.5 Variação dimensional da madeira............................................................. 2.6 Secagem da madeira .................................................................................. 2.7 Estocagem da madeira............................................................................... 2.8 Defeitos da secagem.................................................................................. 2.8.1 Empenamento.......................................................................................... 2.8.2 Rachadura................................................................................................ 2.8.3 Encruamento............................................................................................ 2.8.4 Colapso..................................................................................................... 2.8.5 Rachaduras e Favos................................................................................ 3 METODOLOGIA.............................................................................................. 3.1 Descrição da Pesquisa............................................................................... 3.2 Equipamento............................................................................................... 3.3 Lavantamento de Dados............................................................................ 3.3.1 Locais de Realização das Medições...................................................... 4 RESULTADOS OBTIDOS................................................................................ 4.1 Calculos de Comparação........................................................................... 4.1.1 Exemplo 1................................................................................................. 4.1.2 Exemplo 2................................................................................................. 5 CONCLUSÃO.................................................................................................. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................

v

vi

vii

viii

viii

1

2

3

3

5

5

6

7

8

9

9

9

10

11

13

15

16

16

16

17

17

17

18

18

18

18

19

23

31

31

35

38

39

v

LISTA DE FIGURAS

2.1 Seção Transversal de um tronco................................................................. 3

2.2 Diagrama de Kollmann................................................................................. 11

2.3 Sistema de orientação.................................................................................. 12

2.4 Encanoamento.............................................................................................. 16

3.1 Posicionamento do medidor de umidade................................................... 19

3.2 Madeireira Mato Grosso............................................................................... 20

3.3 Madeireira Mademinas.................................................................................. 20

3.4 Madeireira Guaçu Mirim............................................................................... 21

3.5 Madeireira Cobertura & Cia.......................................................................... 21

3.6 Serraria São Benedito................................................................................... 22

3.7 Serraria Guimarães....................................................................................... 22

vi

LISTA DE TABELAS

2.1 Classes de Umidade................................................................................... 5

2.2 Variação da resistência da madeira.......................................................... 7

2.3 Acréscimo de resistência........................................................................... 8

2.4 Porcentagem de retração........................................................................... 13

4.1 Umidade da Cupiúba na madeireira 1....................................................... 23

4.2 Umidade da Cupiúba na madeireira 2....................................................... 24

4.3 Umidade da Cupiúba na madeireira 3.......................................................

4.4 Umidade da Cupiúba na madeireira 4.......................................................

4.5 Umidade do Eucalipto na madeireira 1.....................................................

4.6 Umidade do Eucalipto na madeireira 4.....................................................

4.7 Umidade do Eucalipto na serraria 1..........................................................

4.8 Umidade do Eucalipto na serraria 2..........................................................

4.9 Média da Umidade da Cupiúba..................................................................

4.10 Média da Umidade do Eucalipto..............................................................

4.11 Valores de 1modK ........................................................................................

4.12 Valores de 2modK .........................................................................................

4.13 Valores de 3modK ........................................................................................

4.14 Gráfico Método Expedito..........................................................................

25

26

27

28

29

30

30

30

34

34

34

35

vii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Letras romanas:

Lo : comprimento da peça

rmin : raio de giração

I : momento de inércia

S : área da seção

b : base da peça

h : altura da peça

Ecø : Módulo de Elasticidade à Compressão paralela às fibras

fcø : Resistência média de ruptura do corpo-de-prova no ensaio de compressão

paralela às fibras

f’cd : resistência efetiva média na peça estrutural

fcd : resistência de calculo à compressão

1modK : Função da ação variável principal e classe de carregamento

2modK : Função da classe de umidade e tipo de material

3modK : Categoria da madeira

Nrd : Carga normal máxima de cálculo na peça estrutural

Letras gregas:

δv : coeficiente de retratibilidade volumétrico;

λ : índice de esbeltez

ρ : taxa entre a resistência fc0 e a resistência efetiva média na peça estrutural

Abreviaturas:

ABNT : Associação Brasileira de Normas Técnicas

PS : Ponto de Saturação

UE : Umidade de Equilíbrio

T : Temperatura

URA : Umidade Relativa do Ar

viii

RESUMO

Peças de madeira em serviço tendem a variar a porcentagem de umidade de

umidade ao longo do tempo. Essa variação da umidade da madeira entre 10% e

15% se devem a variação da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar.

Mas de acordo com pesquisas realizadas na região de Mogi Guaçu, peças de

madeira que são comercializadas em madeireiras e serrarias apresentam

porcentagem de umidade elevada, sendo comercializadas em muitos casos madeira

ainda verde. Uma peça de madeira se aplicada em uma estrutura com porcentagem

de umidade muito alta vai perder essa umidade com o passar do tempo até

encontrar equilíbrio com o ambiente. Nesse período ocorrerão modificações nas

dimensões da madeira pela perda de água e dependendo da solicitação atuante

deformações na madeira o que pode trazer prejuízos à estrutura. A resistência de

determinado tipo de madeira às solicitações é obtida através de ensaios com

umidade de 12%. Peças de madeira com alta porcentagem de umidade ainda não

atingiu essa resistência, dependendo das considerações no projeto o que pode levar

essa peça a romper devido às solicitações de tração, compressão ou cisalhamento.

PALAVRAS-CHAVE: umidade, estrutura, madeira.

1

1 INTRODUÇÃO

O teor de umidade da madeira e sua variação é de extrema importância no seu

desempenho em estruturas. Com o aumento do teor de umidade observa-se uma

diminuição da resistência mecânica da madeira. Acima do ponto de saturação das

fibras (25%), a água acumula-se na cavidade das células, denominada de água livre.

Nessa situação a resistência da madeira não sofre alterações significativas.

Para teores de umidade entre 0% , que são madeira seca em estufa, até o ponto de

saturação, conforme aumenta a umidade, aumenta a quantidade de água

acumulada na parede das células da madeira, água de impregnação, o que reduz as

ligações por pontes de hidrogênio, entre os polímeros orgânicos das paredes das

células, diminuindo a resistência da madeira.

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT (7190:1997) adota

a umidade de 12% como referência para o cálculo das estruturas. Essa umidade de

referencia de 12% é atingida com umidade relativa do ar em 65% e temperatura de

20°C. Umidades inferiores a 12%, somente são conseguidas em estufas ou câmaras

de vácuo.

O processo de secagem também é muito importante, pois a maioria das

deformações da madeira como encruamento, empenamento e rachaduras ocorrem

durante a secagem. Por isso a estocagem da madeira deve ser feita seguindo

algumas recomendações para facilitar o processo de secagem e impedir que a

madeira se deforme.

Além da resistência, a densidade e retrabilidade da madeira também serão

mencionadas nesse trabalho, pois seus valores estão muito ligados a porcentagem

de umidade da madeira.

2

1.1 Objetivos

O objetivo deste trabalho é verificar os teores de umidade em pe0ças estruturais de

madeira comercializada em madeireiras e serrarias na região de Mogi Guaçu e a

partir deste levantamento comparar os dados obtidos com a ABNT (7190:1997) que

adota a umidade de 12% como referência. O trabalho também enfocará a influência

da umidade na resistência, densidade e retratibilidade da madeira.

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Umidade

A presença de água na madeira pode ser mais facilmente entendida tomando-se por

base alguns aspectos relacionados à fisiologia da árvore. Esta, por intermédio de

seu sistema radicular, absorve água e sais minerais do solo, compondo a solução

denominada seiva bruta, que através do alburno, em movimento vertical ascendente,

desloca-se até as folhas. A Fig. 2.1 mostra a seção transversal de um tronco onde

podemos ver como ele é formado.

Por meio das folhas até a raiz ocorre a circulação da seiva elaborada, formada de

água e substâncias geradas através da fotossíntese. Por este motivo, a madeira de

árvores vivas ou recém abatidas apresentam uma elevada porcentagem de

umidade.

Figura 2.1 – Seção Transversal de um Tronco

FONTE – Pfeil (1986)

Devido às condições relatadas, as moléculas de água estão presentes no interior

dos elementos anatômicos (lúme), tal como no interior das respectivas paredes,

gerando sua saturação. Normalmente, nestes níveis de umidade a madeira está

saturada ou verde.

4

Com a exposição ao meio ambiente a madeira proveniente de uma árvore abatida,

perde continuamente a umidade, a princípio pela evaporação das moléculas de água

livre ou água de capilaridade.

Após a finalização deste processo, a madeira atingiu o ponto de saturação das fibras

ou o ponto de saturação (PS), mantendo-se na madeira apenas as moléculas de

água localizadas no interior das paredes celulares, a água de impregnação ou de

adesão conforme Galvão & Jankowski (1985).

A evaporação das moléculas de água livre ocorre mais rapidamente, até ser atingido

o ponto de saturação, em geral correspondente a um teor de umidade entre 20% e

30%. A ABNT (7190:1997) adota como valor de referência, a umidade de 25% para

o PS.

A estabilidade dimensional e os valores numéricos que estão ligados as

propriedades de resistência e elasticidade não são interferidos devido à saída de

água livre. Após o PS, a evaporação prossegue com menor velocidade até atingir o

nível de umidade de equilíbrio (UE), em função da espécie considerada, da

temperatura (T) e umidade relativa do ar (URA).

A ABNT (7190:1997) utiliza UE = 12%, condição que é atingida com T = 20ºC e URA

= 65%. Para atingir porcentagens de umidade inferiores a UE somente com a

utilização de estufas e câmaras de vácuo.

A madeira poderá apresentar água em forma de vapor, esta ação é

quantitativamente descartada, devido à baixa densidade do vapor em comparação

com a substância no estado líqüido.

Denomina-se secagem o processo de evaporação das moléculas de água livre e

água de impregnação. Conforme já foi mencionado, a madeira, em árvores recém

cortadas, podem conter altíssimos teores de umidade, que vão sendo

gradativamente reduzidos enquanto é aguardado o desdobro.

Depois desta fase, a umidade continua a diminuir, com velocidade que sofre a

influência da espécie, das condições ambientais, das dimensões das peças e do tipo

de empilhamento adotado. O processo final somente deve ser efetuado em níveis de

umidade inferiores ao PS.

5

Com a diminuição da densidade da madeira, causada pela evaporação, o custo do

transporte é reduzido, além deste fator, a transformação da madeira bruta em

produtos próprios para utilização em diversos ramos, requer prévia secagem por

diversos fatores: redução da movimentação dimensional, permitindo a obtenção de

peças cujo desempenho, nas condições de uso, será potencialmente mais

adequado; possibilidade de maior desempenho de acabamento com tintas e

vernizes aplicados na superfície da peça; redução da probabilidade de ataque de

fungos; aumento da eficácia da impregnação da madeira contra a demanda

biológica; aumento dos valores numéricos correspondentes às propriedades de

resistência e elasticidade.

A ABNT (7190:1997) estabelece que no projeto de estruturas de madeira o

dimensionamento das respectivas barras deve ser efetuado admitindo-se uma das

classes de umidade especificadas na Tab. 2.1.

Tabela 2.1 - Classes de Umidade

FONTE – ABNT (7190:1997)

2.2 Determinação da Umidade

2.2.1 Determinação da umidade pelo método da secagem em estufa

A secagem da madeira em estufas é um método que é recomendado pela ABNT

(7190:1997) para a determinação da umidade da madeira. Para isso são utilizados

corpos de prova com seção de 2 cm x 3 cm e comprimento ao longo das direções

das fibras de 5 cm.

Após ser determinada a massa inicial do corpo-de-prova em balança com

sensibilidade 0,01 g, este será redirecionado a câmara de secagem (estufa) com

temperatura de no máximo 103 ± 2ºC. Durante o processo de secagem a instrução

normativa é de que a massa do corpo de prova deve se medida a cada seis horas

até ocorrer, entre duas medidas consecutivas, variação menor ou igual a 0,5% da

última massa medida. Esta massa será considerada como a massa seca.

6

Para temperaturas de 100ºC, é importante observar que os corpos-de-prova das

dimensões citadas precisam de aproximadamente 48 horas para atingir a massa

seca. O processo será atingido com maior facilidade se o material for mantido em

estufas neste período, sendo avaliado a cada seis horas, para que este processo de

secagem seja completo.

O teor de umidade da madeira (U), em porcentagem, corresponde à razão entre a

massa da água nela contida e a massa da madeira seca, sendo obtida pela Eq. 2.1.

100(%) ⋅−

=ms

msmiU [2.1]

onde:

mi é a massa inicial da amostra;

ms é a massa da madeira seca.

Através da Eq. 2.1 é possível além de determinar a umidade de uma amostra,

proceder-se a uma série de estimativas indispensáveis à adequada condução do

processo de secagem de um lote de madeira.

2.2.2 Estimativa da umidade usando medidores elétricos

Em diversas situações práticas, em especial na indústria de produtos derivados da

madeira e nas providências para o recebimento de lotes de peças estruturais em

obras são necessárias estimativas expeditas da porcentagem de umidade da

madeira, que podem ser conseguidas por meio dos chamados medidores elétricos

de umidade.

Tais equipamentos fornecem a porcentagem de umidade com base na resistência

de madeira à passagem da corrente elétrica, propriedade também influenciada pela

umidade.

Os medidores eletrônicos são usualmente calibrados para duas faixas. Uma delas

corresponde ao intervalo entre 5% e 25% de umidade, em que a resistência elétrica

é por ela afetada de modo significativo. A outra faixa refere-se aos valores

superiores a 25% de umidade, situação em que a resistência elétrica é bem menos

influenciada, aspecto que conduz a um considerável decréscimo da precisão das

estimativas fornecidas pelos equipamentos.

7

2.3 Influência da umidade sobre a resistência

A umidade tem grande efeito sobre as propriedades das madeiras. Com o aumento

da umidade, a resistência diminui até ser atingido o ponto de saturação das fibras.

Acima do ponto de saturação das fibras, o volume e o peso especifico da madeira

não são influenciados pelo grau de umidade, resultando numa resistência

praticamente constante. Com a secagem da peça abaixo do ponto de saturação,

observa-se redução do volume e aumento do peso especifico e da resistência.

As propriedades de compressão, flexão e cisalhamento da madeira, começam a

aumentar quando a umidade torna-se inferior a um grau entre 22% e 28%, podendo

considerar-se um valor médio de 25%. A variação abaixo de 25% de umidade pode

ser representada por uma lei logarítmica ou, aproximadamente, por uma lei linear.

Pode considerar-se aproximadamente linear a variação das propriedades da

madeira com umidade entre 2% e 25%. Na Tab. 2.2 indica-se a porcentagem de

mudança de diversos parâmetros de resistência por 1% de variação da umidade.

Tabela 2.2 – Variação da Resistência da Madeira

Resistência % de mudança para 1% de variação da umidade

Compressão paralela à fibra

limite de proporcionalidade ( elf ) 5

resistência ( ef ) 6 Compressão perpendicular à fibra, limite de proporcionalidade 5,5 Cisalhamento

resistência ( vf ) 3 Flexão estática limite de proporcionalidade 5

resistência à flexão ( Mf ) 4

módulo de elasticidade ( ME ) 2 * A variação pode ser considerada linear entre 2% e 25% de umidade.

FONTE – Pfeil (2003)

De acordo com a ABNT (7190:1997), os valores da resistência fu obtidos de ensaios

em corpos de prova com teores de umidade U entre 10% e 20% podem ser

corrigidos para o teor de umidade padrão de 12%, f12, admitindo-se 3% de variação

na resistência para 1% de variação da umidade com a Eq. 2.2.

8

( )

−+= 12

100

3112 Uff u [2.2]

onde U é expresso em percentual. Para o módulo de elasticidade a correção é feita

admitindo-se 2% de variação com a Eq. 2.3.

E12 = Eu [1 + 2 (U – 12)] [2.3] 100

Bendtsen & Gaglligan apud Tanaami (1986), tendo ensaiados corpos de prova à

compressão e à tração paralela às fibras, ao cisalhamento e à flexão, concluíram

pelos acréscimos de resistência apresentados na Tab. 2.3, em média, para quatro

espécies de coníferas ensaiadas, quando a porcentagem de umidade passar dos

níveis de madeira verde para a madeira em equilíbrio ao ar.

Tabela 2.3 – Acréscimos de resistência

FONTE – Tanaami (1986)

Gerhardes (1970) apud Tanaami (1986), concluiu que o módulo de elasticidade

elevou-se 23% quando a porcentagem de umidade passou dos níveis de madeira

verde (acima de 30%) para a porcentagem de umidade de equilíbrio do ar (em torno

de 12%). Para essa mesma variação de umidade, também concluiu que o aumento

no módulo de ruptura à flexão foi de 30%.

2.4 Densidade da madeira

A densidade é uma das propriedades físicas fundamentais na definição das

melhores aplicações da madeira de diferentes espécies. No caso de estruturas, seu

peso próprio é estimado com base no valor da densidade da espécie (ou classe)

utilizada.

O conceito físico indispensável à compreensão do assunto é o da quantidade de

massa contida em uma unidade de volume. Considerando a natureza típica da

madeira, decorrente da sua estrutura anatômica, é complicada a aplicação das

definições de densidade absoluta e de densidade relativa. Seu caráter higroscópico

Compressão Paralela ás Fibras 75%

Tração Paralela ás Fibras 35%

Flexão Estática 35%

Cisalhamento Paralelo ás Fibras 13%

9

combinado com sua porosidade e suas singularidades fisiológicos associados à sua

permeabilidade requerem uma abordagem particular da densidade à madeira.

2.4.1 Densidade Real

Trata-se da relação entre a massa da madeira contida na amostra considerada e o

volume efetivamente ocupado por ela, descontado, os vazios internos cheios de

água e ar. A determinação da densidade real não integra a rotina experimental para

a caracterização da madeira, mas se constitui num procedimento esclarecedor de

sua natureza e do seu comportamento.

Hellmeister (1973) apud Calil Junior (2003), estudou doze espécies de madeira,

entre coníferas e dicotiledôneas, tendo obtido o resultado de 1,53 ± 0,03 g/cm³ para

os respectivos valores da densidade real.

2.4.2 Densidade Básica

Convencionalmente, é definida pela Eq. 2.4 que é a razão entre a massa seca da

amostra considerada e o respectivo volume das condições de total saturação, ou

seja, tendo todos os seus vazios internos preenchidos por água.

)/(3

cmgV

m

sat

s

bas =ρ [2.4]

O volume saturado, porcentagem de umidade acima do ponto de saturação, é

determinado considerando-se as dimensões finais do corpo-de-prova submerso em

água, até que seja atingida massa constante ou, no máximo, com variação de 0,5%

em relação à medida anterior.

2.4.3 Densidade Aparente

Convencionalmente, é definida pela razão entre a massa e o volume de corpos-de-

prova para um dado teor de umidade (U%). Em conformidade com a ABNT

(7190:1997), a densidade aparente refere-se às amostras com umidade de 12%,

obtidas através da Eq. 2.5.

)/(3

12

12 cmgV

map =ρ [2.5]

10

2.4.4 Influência da umidade na densidade aparente da madeira

A porcentagem de umidade tem grande influência na densidade aparente da

madeira. Um dos mais conhecidos procedimentos para quantificar esta variação foi

proposto em 1934, conforme relatam Kollmann & Cotê (1968) apud Calil Junior

(2003). Em sua pesquisa, o autor trabalhou com espécies de clima temperado e de

clima frio, caracterizadas por pequena taxa de crescimento anual. O diagrama final

do referido estudo é apresentado na Fig. 2.2.

Recentemente, Logsdon (1998) apud Calil Junior (2003), empregando espécies

crescidas no Brasil, propôs a Eq. 2.6 para representar a influência da umidade na

densidade aparente.

]100

)12()1[(12

UPP vuu

+⋅++= δρ [2.6]

Nesta expressão, tem se:

U

Vv

∆=δ e 100⋅

−=∆

s

su

V

VVV

onde:

P12 é a densidade aparente à umidade de 12%, g/cm³;

Pu é a densidade aparente à umidade de U%, g/cm³;

U é a umidade da madeira no instante do ensaio, %;

δv é o coeficiente de retratibilidade volumétrico;

∆V é a retração volumétrica, para umidade variando entre U e 0%;

Vu é o volume do corpo-de-prova com umidade de U%, cm³;

Vs é o volume do corpo-de-prova com umidade de 0%, cm³.

11

O diagrama elaborado por Kollmann, Fig. 2.2, e a expressão sugerida por Logsdon,

(1998) podem ser usados para corrigir o valor da densidade aparente de um corpo-

de-prova para a umidade de 12%. Tal correção se faz necessária, pois é

praticamente impossível condicionar uma amostra a exatos 12% de umidade a fim

de obter sua densidade e as demais propriedades requeridas para o

desenvolvimento de projetos estruturais.

Figura 2.2 – Diagrama de Kollmann

FONTE – Pfeil (1986)

2.5 Variação dimensional da madeira

Na madeira, a variação dimensional é caracterizada pelas propriedades de retração

e inchamento. Em razão das especificidades anatômicas, estes fenômenos referem-

se a três direções principais: axial (ou longitudinal), radial e tangencial.

Segundo Calil Junior (2003), a estabilidade dimensional esta diretamente

relacionada à presença de água no interior da madeira. É fundamental lembrar que o

aumento ou a diminuição do número de moléculas de água livre não influem na

retração e no inchamento, fenômeno que se manifesta em níveis de umidade

inferiores ao ponto de saturação.

12

Nesta situação, a diminuição ou o aumento da quantidade de água de impregnação

aproximam ou afastam as cadeias de celulose e as microfibrilas, ocasionando as

correspondentes variações dimensionais de retração ou inchamento.

As múltiplas implicações práticas daí decorrentes enfatizam a relevância do seu

estudo. Às vezes, espécies com grande disponibilidade numa determinada região

não podem ser indicadas para as aplicações nas quais a estabilidade dimensional

seja um dos requisitos prioritários.

Considerando as condições de formação da madeira e as peculiaridades de sua

estrutura anatômica, constata-se que as variações dimensionais devidas a retração

e ao inchamento acontecem em diferentes proporções, nas direções principais de

ortotropia, sendo praticamente desprezíveis na direção longitudinal, mais

acentuadas na direção radial e máximas na direção tangencial, orientações essas

ilustrada na Fig. 2.3.

Figura 2.3 – Sistema de Orientação

FONTE – Pfeil (1986)

A retração e o inchamento volumétrico são calculados com base nos valores

correspondentes às direções principais.

13

Na Tab. 2.4 estão apresentados os valores numéricos das relações dimensionais, de

acordo com a direção considerada, e da retração volumétrica. São significativas as

variações observadas para a retração total, definida como a que ocorre no intervalo

de umidade compreendido entre o ponto de saturação e 0%.

Tabela 2.4 – Porcentagens de Retração

FONTE – Calil Júnior (2003)

2.6 Secagem da madeira

Inicialmente deve-se salientar que a perda de água reduz o peso da madeira,

diminuindo o custo do seu transporte, mas independente deste fator econômico, a

transformação racional da madeira bruta em produtos e bens de consumo requer a

sua secagem prévia pelas razões seguintes, conforme destacado por Ponce & Watai

(1985):

● Redução da movimentação dimensional a limites aceitáveis. Como

conseqüência, as peça de madeira podem ser produzidas com maior precisão

de dimensões, proporcionando melhor desempenho em serviço;

● Aumento da resistência da madeira, após a secagem, contra fungos

manchadores e apodrecedores, e contra a maioria dos insetos xilófagos;

● Melhoria das propriedades mecânicas da madeira, tais como as resistências à

flexão, compressão e a sua dureza;

● A resistência das uniões ou juntas feitas com pregos e parafusos é maior em

madeira seca;

● A madeira úmida não se presta para colagem ou tratamento preservativo pela

maioria dos processos industriais;

PORCENTAGENS DA RETRAÇÃO

Direção Retração Total (%)

Longitudinal (L) 0,1 a 0,9

Radial (R) 2,4 a 11,0

Tangencial (T) 3,5 a 15,0

Volumétrica (V) 6,0 a 27,0

14

● A maioria das deformações, empenamentos e rachaduras ocorrem durante a

secagem. Produtos feitos com madeira seca estarão livres desses defeitos;

● Madeira somente pode receber pintura, verniz ou outros acatamentos se, pelo

menos, for seca ao ar;

● Secagem aumenta a resistência elétrica da madeira, tornando-a isolante e

melhorando suas propriedades de isolamento térmico;

● Facilita as operações de beneficiamento secundário, como torneamento,

furação e ligamento.

Há uma série de métodos de secagem disponíveis para cada tipo ou tamanho de

indústria ou localização da operação. Segundo Ponce & Watai (1985), a maneira

mais simples de secar madeira serrada é através de sua exposição ao ar livre. A

madeira, quando adequadamente exposta ao ar livre, seca mais rapidamente

quando a temperatura é alta, a umidade relativa do ar é baixa e o movimento do ar é

ativo através das peças.

O tempo entre o início da secagem da madeira verde e a obtenção da umidade

desejada depende de fatores que envolvem as características da própria madeira,

da pilha, do pátio e das condições climáticas. A espessura da madeira é também

muito importante na velocidade de secagem. Em peças com 50 mm de espessura, a

velocidade de secagem chega a ser quatro vezes menor do que em peças de 25

mm da mesma espécie.

A localização das pilhas de madeira no pátio também influencia a velocidade da

secagem. Pilhas de madeira colocadas nas margens do pátio secam mais

rapidamente do que as colocadas em regiões centrais. A superfície do pátio também

influencia, de certa forma a velocidade de secagem ao ar. Um pátio bem plano

drenado, sem vegetação, coberto por materiais escuros secará a madeira mais

rapidamente. Materiais escuros na superfície do solo absorvem mais energia solar

do que materiais claros, tornando-se mais aquecido, aumentando a temperatura do

ar, diminuindo a umidade relativa e conseqüente diminuição no tempo de secagem.

Poças d’água ou terreno não drenado aumentam a umidade do ar, e,

conseqüentemente diminui a velocidade de secagem. Vegetação, detritos e outros

obstáculos dificultam a circulação do ar entre as pilhas.

15

Outro fator que influi muito na velocidade da secagem é o clima da área ou região na

qual o pátio esta localizada. Talvez o mais importante seja a temperatura, mas o

índice pluviométrico tem também efeito significativo.

2.7 Estocagem da madeira

O empilhamento plano com separadores é o mais utilizado, também conhecido por

pilha gradeada ou entabicada. Neste tipo de pilha cada camada de peças de

madeira justapostas é separada de outra por separadores ou tabiques. Cada

camada suporta o peso das outras colocadas sobre si, restringindo, assim, o

empenamento.

Segundo Galvão & Jankowski (1985), a separação por espécie é muito importante

em virtude dos diferentes comportamentos durante a secagem. A separação por

espessura também é muito importante, pois como já foi visto, peças com espessuras

diferentes tem tempo de secagens diferentes.

A distância entre os separadores pode variar de acordo com a espessura das peças

de madeira. Os separadores ou tabiques devem estar espaçados de 40 a 45 cm,

para peça com menos de 40 mm de espessura. Para peças mais espessas,

espaçamentos de 60 a 80 cm são aceitáveis. Madeiras com tendência ao

empenamento devem ter os separadores menos espaçados que as outras.

A espessura dos separadores ou tabiques pode variar de 2 a 3 cm, sendo que os

mais espessos são mais adequados para madeiras leves e mais fáceis de secar,

enquanto os mais delgados, para madeiras que apresentam maior tendência à

formação de defeitos de secagem.

Não é aconselhado que as dimensões da espessura sejam próximas das dimensões

da largura, pois os operários podem colocar alguns separadores com maior

dimensão na vertical, provocando deformações nas tabuas de madeira. O ideal é

que a largura seja em torno de 5 cm.

O comprimento deve ser de 5 cm maior do que a largura da pilha. É uma falsa

economia utilizar separadores empenados, quebrados, desbitolados, curtos, não

16

secos e de madeira manchada ou atacada por fungos. Quando não estão em uso,

os separadores devem ser mantidos bem empilhados, cobertos e em lugar seco.

Outros aspectos importantes são as fundações ou bases das pilhas, que têm função

de dar apoio estável e plano para as pilhas e provir um espaço vazio entre o solo e a

pilha para permitir a saída do ar descendente, úmido e frio. Os apoios devem ter

fundação suficientemente dimensionada para suportar a carga, representada pela

massa das pilhas, e resistir aos choques acidentais, no caso da movimentação com

empilhadeiras. Deve-se também permitir um espaço de no mínimo 40cm de altura

acima do solo para permitir livre movimento do ar.

2.8 Defeitos da secagem

As tensões que se desenvolvem na madeira é a causa básica dos defeitos dos

defeitos de secagem, os quais são a seguir agrupados, segundo Galvão &

Jankowski (1985).

2.8.1 Empenamento

Empenamento é qualquer distorção na peça de madeira em relação aos planos

originais de sua superfície. Assim, levando em conta os planos em relação aos quais

houve alteração, os empenos devem ser encanoados, longitudinais e torcidos.

O encanoamento como podemos ver na Fig. 2.4, é definido quando as margens da

peça permanecem aproximadamente paralelas, e ela adquire um aspecto

encanoado ou de canaleta. Esse tipo de empeno aparece em conseqüência da

diferença de estabilidade entre as direções radial e tangencial, que provoca a maior

movimentação de uma das faces da peça em relação à outra. Outra causa para o

empeno encanoado é a secagem mais rápida de uma face.

Figura 2.4 – Encanoamento

FONTE – Calil Junior (2003)

17

2.8.2 Rachaduras

As rachaduras aparecem como conseqüência da diferença de retração nas direções

radial e tangencial da madeira e de diferenças de umidade entre regiões contíguas

de uma peça, durante o processo de secagem. Na secagem as rachaduras

superficiais podem aparecer quando as condições são muito severas, isto é, baixas

umidades relativas provocando a rápida secagem das camadas superficiais até

valores inferiores PS, enquanto as camadas internas estão ainda com mais de 30%

de umidade. Como as camadas internas impedem as superficiais de se retraírem,

aparecem tensões que, excedendo a resistência da madeira à tração perpendicular

às fibras, provocam o rompimento dos tecidos lenhosos.

2.8.3 Encruamento

O encruamento é causado basicamente por secagem muito rápida ou não uniforme.

Uma secagem rápida faz com que as camadas externas atinjam rapidamente baixos

valores de umidade. Essas camadas ficam sob o efeito de esforço de tração,

enquanto a parte central, estando acima do PS, não se retrai, passando-se por

estado de compressão.

Continuando a secagem, a parte central passa a uma umidade menor que ao PS e,

portanto, começa a retrair-se. Essa retração não é acompanhada pelas camadas

externas, ocasionando a sua compressão. Nessas condições, a parte interna está

sob tração e a externa sob esforços de compressão. Peças na situação descrita,

apresentarão deformações se novamente desdobradas.

2.8.4 Colapso

O colapso caracteriza-se por ondulações nas superfícies da peça de madeira. O

colapso aparece quando a tensão desenvolvida durante a saída da água capilar

supera a resistência da madeira à compressão. De forma geral, dentre os fatores

que influem no colapso da madeira podem ser citados o pequeno diâmetro dos

capilares, altas temperaturas no inicio da secagem, baixa densidade da madeira e

alta tensão superficial do líquido que é removido da madeira.

2.8.5 Rachaduras em Favos

18

É um defeito típico da secagem artificial que se caracteriza por rachaduras no

interior da peça. Exteriormente, a peça pode apresentar-se sem alterações. Esse

tipo de defeito aparece como conseqüência das tensões de tração, no interior das

peças, ter excedido a resistência de tração da madeira no sentido perpendicular às

fibras.

3 METODOLOGIA

3.1 Descrição da Pesquisa

Foi realizada pesquisa em campo para levantamento de dados sobre a porcentagem

de umidade de determinadas espécies de madeira que são mais comercializadas

para utilização em estruturas, principalmente em estruturas de telhados. Para a

medição da umidade nas peças de madeira de madeira foi utilizado um medidor

portátil. Para avaliar os resultados obtidos foram realizados cálculos utilizando a

umidade média determinada pela investigação e a umidade referencia de 12%

adotado pela ABNT (7190:1997).

3.2 Equipamento

O equipamento utilizado para o levantamento dos dados da pesquisa foi um medidor

de umidade de madeira portátil da Sultech Sistemas Eletrônicos modelo TCS75,

ilustrado pela Fig. 3.1, que utilizam sensores não agressivos, para a leitura da

umidade. Estes sensores emitem um campo elétrico de alta freqüência, que penetra

na madeira, medindo sua umidade pela variação de corrente produzida.

O processo de medida utilizado permite que se verifique a umidade pelo simples

toque dos sensores sobre a superfície da peça, porém o valor obtido não é o valor

da superfície e sim a média até 50 mm de profundidade, o que permitiu uma leitura

confiável na investigação realizada que utilizou peças com espessura de 60 mm.

O procedimento para utilizar o equipamento e bastante simples, bastando apenas

ajustes do tipo de madeira a ser medido através de tabela que é fornecida pelo

fabricante e o zeramento de uma escala do instrumento que elimina interferências

indesejáveis com umidade relativa do ar e a proximidade da mão do operador com

os sensores.

19

3.3 Levantamento dos Dados

As espécies de madeira pesquisadas foram a Cupiúba (Goupia glabra) e o Eucalipto

(Eucalyptus spp). Essas espécies foram escolhidas para a investigação, pois essas

são as espécies mais utilizadas na região. Para a medição da umidade nas peças de

madeira de madeira foi utilizado um medidor portátil já detalhado no item 3.2.

As peças escolhidas para a pesquisa foram as com seções de 5 cm x 6 cm e 6 cm x

8 cm que são as seções mais utilizadas como caibros e as seções 6 cm x 12 cm e 6

cm x 16 cm, mais utilizados como terças, vigas e nas tesouras de estruturas de

telhados.

Em cada peça foram realizadas três medições em posições diferentes para verificar

a variação da umidade na mesma peça. As posições dessas medições foram no

centro da peça e as outras duas a uma distância aproximada de 30 cm das duas

extremidades.

Para realização de uma leitura correta da porcentagem de umidade o aparelho de

ser posicionado sobre a peça de forma que os sensores do medidor estejam em

paralelo com o sentido dos veios da madeira como mostra a Fig. 3.1.

Figura 3.1 – Posicionamento do Medidor de Umidade

3.3.1 Locais de Realização das Medições

20

O levantamento de dados foi realizado em madeireiras e serrarias nas cidades de

Mogi Guaçu e Mogi Mirim e a relação dessas empresas é apresentada a seguir:

• Madeireira 1 – Madeireira Moto Grosso.

Rua Belém do Pará, nº 626, Centenário, Mogi Guaçu S.P. (Fig. 3.2)

Figura 3.2 – Madeireira Mato Grosso

• Madeireira 2 – Mademinas

Av. Adib Chaib, nº 658, Tucura, Mogi Mirim S.P. (Fig. 3.3)

21

Figura 3.3 – Madeireira Mademinas

• Madeireira 3 – Madeireira Guaçu Mirim

Av. Mogi Guaçu, nº 1356, Guaçu Mirim, Mogi Mirim S.P. (Fig. 3.4)

Figura 3.4 – Madeireira Guaçu Mirim

• Madeireira 4 - Madeireira Cobertura & Cia.

Av. Emilia Marchi Martini, nº 1926, Jd. América, Mogi Guaçu S.P. (Fig. 3.5)

22

Figura 3.5 – Madeireira Cobertura & Cia

• Serraria 1 – Serraria São Benedito

Rua Peru, nº 84, Jd. Novacoop, Mogi Mirim S.P. (Fig. 3.6)

Figura 3.6 – Serraria São Benedito

• Serraria 2 – Serraria Guimarães

Rua Delmir Gouvêa, nº36, Dist. Ind.Getulio Vargas, Mogi Guaçu SP (Fig. 3.7)

23

Figura 3.7 – Serraria Guimarães

4 RESULTADOS OBTIDOS

Todos os dados obtidos com as medições estão expressos nas Tabs. 4.1 a 4.8.

Foram calculadas as médias de umidade de cada peça e a média de umidade de

todas as peças de cada madeireira ou serraria e também separado por espécie de

madeira. Nas Tabs. 4.9 e 4.10 estão as médias de umidade de cada espécie em

cada estabelecimento pesquisado.

Tabela 4.1 – Umidade da Cupiúba na Madeireira 1

24

DESVIO PADRÃO 3,70

25

Tabela 4.2 – Umidade da Cupiúba na Madeireira 2

DESVIO PADRÃO 3,82

26

Tabela 4.3 – Umidade da Cupiúba na Madeireira 3

DESVIO PADRÃO 3,55

27

Tabela 4.4 – Umidade da Cupiúba na Madeireira 4

DESVIO PADRÃO 2,83

28

Tabela 4.5 – Umidade do Eucalipto na Madeireira 1

DESVIO PADRÃO 2,56

29

Tabela 4.6 – Umidade do Eucalipto na Madeireira 4

DESVIO PADRÃO 3,23

30

Tabela 4.7 – Umidade do Eucalipto na Serraria 1

DESVIO PADRÃO 3,67

31

Tabela 4.8 – Umidade do Eucalipto na Serraria 2

DESVIO PADRÃO 3,40

Tabela 4.9 – Médias da Umidade da Cupiúba

Tabela 4.10 – Médias da Umidade do Eucalipto

MÉDIA DA UMIDADE DA CUPIÚBA NA MADEIREIRA 1 25,57% MÉDIA DA UMIDADE DA CUPIÚBA NA MADEIREIRA 2 26,19% MÉDIA DA UMIDADE DA CUPIÚBA NA MADEIREIRA 3 25,67% MÉDIA DA UMIDADE DA CUPIÚBA NA MADEIREIRA 4 25,28%

MÉDIA DA UMIDADE DO EUCALIPTO NA MADEIREIRA 1 28,70% MÉDIA DA UMIDADE DO EUCALIPTO NA MADEIREIRA 2 30,70% MÉDIA DA UMIDADE DO EUCALIPTO NA SERRARIA 1 34,21% MÉDIA DA UMIDADE DO EUCALIPTO NA SERRARIA 2 35,80%

32

4.1 Cálculos de Comparação

Para se ter uma melhor idéia da diferença de resultados de cálculos realizados

considerando a madeira com umidade referência de 12% e a umidade média da

madeira comercializada na região de Mogi Guaçu, apresenta-se alguns exemplos de

cálculos de peças estruturais. Para realização dos cálculos para determinação da

compressão paralela as fibras foi utilizado o Método Expedito, de acordo com Pfeil

(1986).

4.1.1 Exemplo 1

Verificar quanto suporta uma peça de Cupiúba com seção 6,0 cm x 16,0 cm e

comprimento de 200 cm, a uma solicitação de compressão paralela às fibras

considerando a madeira com umidade de 12%.

Dimensionamento

Determinação do índice de esbeltez.

minr

Lo=λ

S

Ir =min

433

28812

616

12cmII

hbI =⇒

⋅=⇒

⋅=

296616 cmSShbS =⇒⋅=⇒⋅=

cmrr 73,1min96

288min =⇒=

cmLo 200=

11673,1

200=⇒= λλ

Onde:

λ = índice de esbeltez

Lo = comprimento da peça

rmin = raio de giração

I = momento de inércia

S = área da seção

33

b = base da peça

h = altura da peça

Escolha da tabela

25044,5

1362==

φ

φ

fc

Ec

Utilizar Tab. 4.14 com 240=

φ

φ

fc

Ec

.

Utilizando a Tab. 4.14 determinou-se que 22,0=ρ .

fcd

cdf '=ρ

2mod /52,14,1

8,00,17,044,57,0

4,17,0 cmKNfcdfcd

Kfcfcd =⇒

⋅⋅⋅⋅=⇒⋅⋅= φ

2/33,0'

52,1

'22,0

'cmKNcdf

cdf

fcd

cdf=⇒=⇒=ρ

KNNrdNrdcdfSNrd 68,3133,096' =⇒⋅=⇒⋅=

Onde:

Ecø = Módulo de Elasticidade à Compressão paralela às fibras

fcø = Resistência média de ruptura do corpo-de-prova no ensaio de compressão

paralela às fibras

ρ = taxa entre a resistência fc0 e a resistência efetiva média na peça estrutural

f’cd = resistência efetiva média na peça estrutural

fcd = resistência de calculo à compressão

3mod2mod1modmod KKKK ⋅⋅=

1modK =Função da ação variável principal e classe de carregamento – Tab. 4.11

2modK =Função da classe de umidade e tipo de material – Tab. 4.12

3modK =Categoria da madeira – Tab. 4.13

Nrd = Carga normal máxima de cálculo na peça estrutural

34

Calcular agora quanto suporta a mesma peça de Cupiúba com seção 6,0 cm x 16,0

cm e comprimento de 200 cm, a uma solicitação de compressão paralela às fibras

considerando a madeira com umidade acima de 25% encontrada no comercio de

Mogi Guaçu e região.

Dimensionamento

Determinação do índice de esbeltez.

minr

Lo=λ

S

Ir =min

4

33

28812

616

12cmII

hbI =⇒

⋅=⇒

⋅=

296616 cmSShbS =⇒⋅=⇒⋅=

cmrr 73,1min96

288min =⇒=

cmLo 200=

11673,1

200=⇒= λλ

Escolha da tabela

25044,5

1362==

φ

φ

fc

Ec

Utilizar Tab. 4.14 com 240=

φ

φ

fc

Ec

.

Utilizando a Tab. 4.14 determinou-se que 18,0=ρ .

fcd

cdf '=ρ

2mod /22,14,1

8,08,07,044,57,0

4,17,0 cmKNfcdfcd

Kfcfcd =⇒

⋅⋅⋅⋅=⇒⋅⋅= φ

2/22,0'

22,1

'18,0

'cmKNcdf

cdf

fcd

cdf=⇒=⇒=ρ

KNNrdNrdcdfSNrd 12,2122,096' =⇒⋅=⇒⋅=

35

Verifica-se com os resultados obtidos que, peças de mesma espécie e mesmas

dimensões, diferindo-se uma da outra apenas pela porcentagem de umidade

apresentam resistência de compressão paralela às fibras com uma diferença de

50%, o que é uma diferença considerável.

Tabela 4.11 – Valores de 1modK

FONTE – ABNT (7190:1997)

Tabela 4.12 – Valores de 2modK

FONTE – ABNT (7190:1997)

Tabela 4.13 – Valores de 3modK

FONTE – ABNT (7190:1997)

36

Tabela 4.14 – Método Expedito

FONTE – Pfeil (1986)

4.1.2 Exemplo 2

Calcular a máxima distância de apoios para os caibros de Cupiúba de seção 6,0 cm

x 8,0 cm da estrutura de um telhado de telhas cerâmicas tipo colonial. Os caibros

estão com espaçamento de 50 cm e a umidade da madeira é de 12%.

Dados:

Cargas Permanentes:

telhas = 0,60 KN / m²

ripas e caibros = 0,10 KN / m²

cmKNgmKNg kk /0035,0/35,0)10,060,0(50,0 =⇒=+⋅=

Cargas Variáveis:

Água = 0,10 KN / m²

Sobrecarga = 0,25 KN / m²

cmKNgmKNq kk /00175,0/175,0)25,010,0(50,0 =⇒=+⋅=

37

Dimensionamento

efEc

lpI

φ

3

min

56,4 ⋅⋅=

2

mod /76313628,00,17,0 cmKNefEcefEcEcKefEc =⇒⋅⋅⋅=⇒⋅= φφφφ

cmKNppqgp kk /00525,000175,00035,0 =⇒+=⇒+=

4

33

25612

86

12cmII

hbI =⇒

⋅=⇒

⋅=

cmll

efEc

lpI 201

763

00525,056,4256

56,4max

33

min =⇒⋅⋅

=⇒⋅⋅

onde:

kg = carga permanente

kq = carga variável

I = momento de inércia

efEcφ = módulo de elasticidade

S = área da seção

b = base da peça

h = altura da peça

maxl = máxima distancia entre os apoios do caibro

3mod2mod1modmod KKKK ⋅⋅=

1modK =Função da ação variável principal e classe de carregamento – Tab. 4.11

2modK =Função da classe de umidade e tipo de material – Tab. 4.12

3modK =Categoria da madeira – Tab. 4.13

Calcular agora a máxima distância de apoios para os mesmos caibros de Cupiúba

de seção 6,0 cm x 8,0 cm da estrutura do telhado de telhas cerâmicas tipo colonial.

Os caibros também estão com espaçamento de 50 cm, mas será considerada

madeira com umidade acima de 25% encontrada no comercio de Mogi Guaçu e

região.

38

Dados:

Cargas Permanentes:

telhas = 0,60 KN / m²

ripas e caibros = 0,10 KN / m²

cmKNgmKNg kk /0035,0/35,0)10,060,0(50,0 =⇒=+⋅=

Cargas Variáveis:

Água = 0,10 KN / m²

Sobrecarga = 0,25 KN / m²

cmKNgmKNq kk /00175,0/175,0)25,010,0(50,0 =⇒=+⋅=

Dimensionamento

efEc

lpI

φ

3

min

56,4 ⋅⋅=

2

mod /61013628,08,07,0 cmKNefEcefEcEcKefEc =⇒⋅⋅⋅=⇒⋅= φφφφ

cmKNppqgp kk /00525,000175,00035,0 =⇒+=⇒+=

4

33

25612

86

12cmII

hbI =⇒

⋅=⇒

⋅=

cmll

efEc

lpI 187

610

00525,056,4256

56,4max

33

min =⇒⋅⋅

=⇒⋅⋅

Pode-se verificar com os resultados obtidos, uma diferença de 23 cm da distancia

dos apoios com a madeira com umidade de 12% e >25% o que representa diferença

de 12,3%. Mesmo a diferença não sendo tão acentuada como no exemplo 1, mostra

que nas solicitações de flexão também precisamos atentar com que umidade a

madeira a ser utilizada se encontra.

39

5 CONCLUSÃO

Analisando os valores de umidade da madeira levantados nas madeireiras e

serrarias observou-se que muitas das peças são comercializadas ainda verdes,

principalmente as peças de Eucalipto. O fato de as médias de porcentagem de

umidade do Eucalipto serem maior que a da Cupiúba, é atribuída à densidade do

Eucalipto também ser maior, o que provoca a perda de umidade mais lenta.

Outro motivo para a maior média da umidade do Eucalipto com relação à Cupiúba é

pelo fato de existir serrarias na região que trabalham exclusivamente com Eucalipto,

o que diminui de forma significativa o espaço de tempo entre o corte da madeira e a

venda ao consumidor, comparado com a Cupiúba que segundo informação das

madeireiras, é proveniente de Mato Grosso.

Com os cálculos realizados para comparar os resultados de peças estruturais de

madeira com umidade de 12% e 25%, observou-se que existe uma diferença

considerável para as duas umidades, o que comprova a importância de conhecer a

porcentagem de umidade da madeira a ser utilizada, para evitar problemas.

Com relação à estocagem que é importante para a secagem e evitar defeitos na

madeira, observou-se que as madeireiras e serrarias visitadas não possuem

empilhamento adequado da madeira, ficando em alguns casos, pilhas em locais sem

cobertura, ficando exposta a sol e chuva, o que provoca vários danos a madeira.

40

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR-7190: Projeto de Estruturas de Madeiras. Rio de Janeiro, 1997. 41p.

CALIL JUNIOR, Carlito; LAHR, Francisco Antonio Rocco; ALVES DIAS, Antonio. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Madeira. Barueri; Manole, 2003.

GALVÃO, Antonio P.M.; JANKOWSKY, Ivaldo P.. Secagem racional da madeira. São Paulo: Nobel, 1985.

PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro: LTC, 1986.

PFEIL, Walter. Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro: LTC, 2003.

PONCE, Renato Herrero; WATAI, Luiz Tadashi. Manual de Secagem da Madeira. São Paulo: IPT/STI, 1985.

TANAAMI, Raquel Gonçalves. Influência da umidade e da densidade da resistência a flexão de peças de madeira. São Carlos: EBRAMEM, 1986.