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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL MAÍRA LUIZA MUROLO ANÁLISE COMPARATIVA DE UM PERFIL GEOTÉCNICO DE SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO COM AS CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS EM ENSAIOS DE LIMITES DE ATTERBERG E GRANULOMETRIA DE UM SOLO DE ITATIBA-SP Itatiba SP, Brasil Dezembro de 2004

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

MAÍRA LUIZA MUROLO

ANÁLISE COMPARATIVA DE UM PERFIL GEOTÉCNICO DE

SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO COM AS

CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS EM ENSAIOS DE LIMITES DE

ATTERBERG E GRANULOMETRIA DE UM SOLO DE ITATIBA-SP

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2004

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MAÍRA LUIZA MUROLO

ANÁLISE COMPARATIVA DE UM PERFIL GEOTÉCNICO DE

SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO COM AS

CLASSIFICAÇÕES OBTIDAS EM ENSAIOS DE LIMITES DE

ATTERBERG E GRANULOMETRIA DE UM SOLO DE ITATIBA-SP

Monografia apresentada junto à Universidade São

Francisco – USF como parte dos requisitos para a

aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de

Curso.

Área de concentração: Mecânica dos Solos

Orientador: Prof. RIBAMAR DE JESUS GOMES

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2004

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“Concedei-nos Senhor, serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar

aquelas que podemos e sabedoria para distinguirmos umas das outras”.

Autor Desconhecido

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AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho, meus agradecimentos ao senhor meu Deus, por ter me dado forças, nas

horas de desânimo.

Em especial aos meus pais, Alberto e Maria Teresa, por terem desistidos de seus sonhos, para

realização dos meus, ao meu namorado João Paulo pelo apoio, compreensão e reconhecimento do

meu esforço, ao meu irmão João Paulo pela ajuda, e para todos peço desculpas, pelo tempo em que

precisei me ausentar para concretização do presente.

Agradeço a todos os meus amigos, em destaque a Ciléia e Carlos, e que a amizade nascida entre

nós não termine junto com a formatura.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... viii

PALAVRAS-CHAVE...................................................................................................................... ix

RESUMO....................................................................................................................................... ix

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 1

2 OBJETIVO.................................................................................................................................. 3

2.1 Objetivo Geral......................................................................................................................... 3

2.2 Objetivo Específico.................................................................................................................. 3

3 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS..................................................................................... 4

3.1 Formação dos solos................................................................................................................ 4

3.1.1 Conceituação de solo e rocha.............................................................................................. 4

3.1.2 Intemperismo........................................................................................................................ 5

3.1.3 Ciclo rocha-solo.................................................................................................................... 8

3.1.4 Classificação do solo quanto a origem................................................................................. 10

3.1.4.1 Solos Residuais................................................................................................................. 11

3.1.4.2 Solos Transportados (Sedimentares) ............................................................................... 13

3.1.4.3 Solos de formação orgânica.............................................................................................. 18

3.1.5 Classificação dos solos quanto ao tamanho das partículas................................................. 19

3.1.5.1 Solos Grossos................................................................................................................... 20

3.1.5.2 Solos Finos........................................................................................................................ 21

3.1.6 Formato das Partículas do solo............................................................................................ 22

3.1.7 Identificação Táctil Visual dos solos..................................................................................... 22

3.1.8 Estrutura dos Solos.............................................................................................................. 24

3.1.8.1 Composição Química e Mineralógica................................................................................ 26

3.2 Classificação dos Solos.......................................................................................................... 29

3.2.1 Classificação por Tipo de solo............................................................................................. 30

3.2.2 Classificação Genética Geral............................................................................................... 30

3.2.3 Classificação Granulométrica............................................................................................... 31

3.2.4 Classificação Unificada........................................................................................................ 31

3.2.4.1 Solos Grossos................................................................................................................... 32

3.2.4.2 Solos Finos........................................................................................................................ 35

3.2.4.3 Solos Pantanosos e Turfas............................................................................................... 37

3.2.5 Classificação segundo a AASHTO....................................................................................... 38

4 METODOLOGIAS EMPREGADAS PARA ESTUDO DAS PRORPIEDAES FÍSICAS DO

SOLO............................................................................................................................................

42

4.1 Amostragem........................................................................................................................... 42

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4.1.1 Métodos Indiretos................................................................................................................. 42

4.1.2 Métodos Semidiretos............................................................................................................ 42

4.1.3 Métodos Diretos................................................................................................................... 42

4.1.3.1 Manuais............................................................................................................................. 43

4.1.3.2 Mecânicos......................................................................................................................... 43

4.2 Limites de Consistência.......................................................................................................... 53

4.2.1 Limite de Liquidez................................................................................................................ 54

4.2.1.1 Sequência para realização do ensaio de Limite de Liquidez............................................ 55

4.2.2 Limite de Plasticidade.......................................................................................................... 56

4.2.2.1 Sequência para realização do ensaio de Limite de Plasticidade...................................... 57

4.2.3 Índice de Plasticidade.......................................................................................................... 59

4.3 Granulometria.......................................................................................................................... 59

4.3.1 Análise por Peneiramento.................................................................................................... 60

4.3.2 Análise por Sedimentação................................................................................................... 61

4.3.3 Representação Gráfica do Resultado do Ensaio de Granulometria.................................... 62

4.3.4 Designação segundo a NBR – 6502.................................................................................... 64

4.4 Índices Físicos......................................................................................................................... 66

4.4.1 Relações entre os Diversos Índices..................................................................................... 69

4.4.2 Determinação dos Índices Físicos...................................................................................... 71

4.4.2.1 Massa Específica Natural.................................................................................................. 71

4.4.2.2 Teor de Umidade.............................................................................................................. 71

4.4.2.3 Massa Específica dos Sólidos........................................................................................... 72

5 ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS............................................................................... 74

5.1 Localização da Cidade............................................................................................................ 74

5.2 Características Geológica da cidade de Itatiba....................................................................... 75

5.3 Perfil Geotécnico Característico.............................................................................................. 76

5.4 Seleção da área...................................................................................................................... 81

6 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................................... 83

7 RESULTADOS OBTIDOS.......................................................................................................... 85

7.1 Limites de Atterberg................................................................................................................ 85

7.2 Granulometria.......................................................................................................................... 88

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................................. 91

8.1 Limites de Atterberg................................................................................................................ 91

8.2 Análise Granulométrica........................................................................................................... 92

9 Conclusão.................................................................................................................................. 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................. 95

ANEXO “A” – Perfis dos Solos...................................................................................................... 97

ANEXO “B” – Planilhas de Ensaio................................................................................................ 102

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LISTA DE FIGURAS

3.1 Ciclo rocha-solo....................................................................................................................... 9

3.2 Perfil Típico de solo residual................................................................................................... 11

3.3 Atuação do transporte eólico na formação das dunas. .......................................................... 15

3.4 Escala granulométrica da ABNT NBR 6502 de 1995............................................................. 19

3.5 Alguns arranjos estruturais presentes em solos grossos e finos e fotografias obtidas a

partir da técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura. .....................................................

25

3.6 Arranjos estruturais típicos dos três principais grupos de argilominerais. ............................. 28

3.7 Classificação dos solos grossos pelo SUCS........................................................................... 35

3.8 Carta de plasticidade de Casagrande. ................................................................................... 37

3.9 Classificação pela AASHTO. Solos grossos. ......................................................................... 40

3.10 Classificação pela AASHTO. Solos finos.............................................................................. 41

4.1 Equipamento de sondagem.................................................................................................... 44

4.2 Estados de consistências........................................................................................................ 54

4.3 Aparelho de Casagrande........................................................................................................ 55

4.4 Determinação do limite de liquidez do solo. ........................................................................... 56

4.5 Perspectiva do ensaio de plasticidade................................................................................... 57

4.6 Determinação do limite de plasticidade................................................................................... 58

4.7 Aparelho para peneiramento do solo...................................................................................... 60

4.8 Representação de diferentes curvas granulométricas. .......................................................... 63

4.9 Representação esquemática das fases constituintes do solo................................................. 67

4.10 Massa e volumes das diversas fases quando Vs = 1........................................................... 69

4.11 Relações entre volumes e entre pesos e volumes adotando-se um volume total de solo

unitário...................................................................................................................................

70

5.1 Localização da cidade de Itatiba............................................................................................. 74

5.2 Localização dos furos de sondagem....................................................................................... 76

5.3 Perfil Típico poço 1................................................................................................................. 77

5.4 Perfil Típico poço 2.................................................................................................................. 78

5.5 Perfil Típico poço 3.................................................................................................................. 79

5.6 Perfil Típico poço 4.................................................................................................................. 79

5.7 Perfil Típico poço 5.................................................................................................................. 80

5.8 Locação dos furos de sondagem............................................................................................ 81

5.9 Perfil geológico do furo SP01.................................................................................................. 82

7.1 Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 1,45m.................................................... 85

7.2 Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 5,45m.................................................... 86

7.3 Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 10,45m.................................................. 86

7.4 Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 16,45m.................................................. 87

7.5 Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 21,45m.................................................. 87

7.6 Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 1,45m.......................................................... 88

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7.7 Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 5,45m.......................................................... 88

7.8 Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 10,45m........................................................ 89

7.9 Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 16,45m........................................................ 89

7.10 Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 21,45m...................................................... 90

8.1 Lançamento dos pontos, referente cada profundidade do solo ............................................. 91

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LISTA DE TABELAS

4.1 Compacidade do solo segundo classificação da Associação Brasileira de Mecânica dos

solos..............................................................................................................................................

48

4.2 Compacidade do solo segundo classificação da Associação Brasileira de Mecânica dos

solos..............................................................................................................................................

48

4.3 Critério na classificação da rocha fraturada............................................................................ 52

4.4 Determinação de RQD............................................................................................................ 53

4.5 Relação de Normas................................................................................................................. 54

4.6 Valores de Cu para classificação de curva granulométrica.................................................... 64

4.7 Exemplos de resultados de ensaios de granulometria para três solos distintos..................... 65

4.8 Limites de variação dos índices físicos................................................................................... 68

4.9 Porosidade, Índice de vazios e peso específico dos solos típicos no estado natural,

(Terzaghi)......................................................................................................................................

73

7.1 Valores do ensaio de limite de Atterberg................................................................................ 85

8.1 Classificação do solo segundo carta de plasticidade.............................................................. 92

8.2 Porcentagem de solo para as faixas de variação dos diâmetros dos grãos .......................... 93

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ix

RESUMO

Esta Monografia, tem por objetivo, fazer uma comparação entre um perfil geotécnico de sondagem de

simples reconhecimento, com as classificações obtidas em ensaios de Limites de Atterberg e

granulometria. Para tal, selecionou-se algumas áreas da cidade de Itatiba, mas analisou-se apenas

um local, dentre as sondagens realizadas, que apresenta o perfil característico detectado. Após

serem realizados os ensaios de Limites de Atterberg e de granulometria, foram analisados os

resultados, fazendo uma classificação do solo por estes resultados, e em seguida comparado-os com

o laudo da sondagem. Na conclusão será apresentado a comparação dos ensaios justificando as

prováveis discrepâncias, e confiabilidade dos ensaios.

PALAVRAS-CHAVE: Limites de Atterberg, Granulometria, Classificação dos Solos, Sondagem de

Simples Reconhecimento

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1

1 INTRODUÇÃO

Para o engenheiro civil, a necessidade do conhecimento das propriedades do solo

vai além do seu aproveitamento como material de construção, pois o solo exerce um

papel especial nas obras de engenharia, porquanto cabe a ele absorver as cargas

aplicadas na sua superfície, e mesmo interagir com obras implantadas no seu

interior.

Em algumas obras, o solo é utilizado como o próprio material de construção, assim

como o concreto e o aço são utilizados na construção de pontes e edifícios.

São exemplos de obras que utilizam o solo como material de construção os aterros

rodoviários, as bases para pavimentos de aeroportos e as barragens de terra, estas

últimas podendo ser citadas como pertencentes a uma categoria de obra de

engenharia a qual é capaz de concentrar, em um só local, uma enorme quantidade

de recursos, exigindo para a sua boa construção uma gigantesca equipe de

trabalho, calçada principalmente na interdisciplinaridade de seus componentes.

O estudo do comportamento do solo frente às solicitações a ele impostas por estas

obras é portanto de fundamental importância. Pode-se dizer que, de todas as obras

de engenharia, aquelas relacionadas ao ramo do conhecimento humano definido

como geotecnia, são responsáveis pela maior parte dos prejuízos causados à

humanidade.

No Brasil, por exemplo, devido ao seu clima tropical e ao crescimento desordenado

das metrópoles, um sem número de eventos como os deslizamentos de encostas

ocorrem, provocando enormes prejuízos e ceifando a vida de centenas de pessoas a

cada ano. Vê-se daqui a grande importância do engenheiro geotécnico no

acompanhamento destas obras de engenharia, evitando por vezes a ocorrência de

desastres catastróficos.

Em muitos casos, percebe-se que os engenheiros civis não se utilizam se quer de

uma sondagem, uma ferramenta essencial para determinação da resistência do solo,

obtenção do perfil geotécnico do subsolo, encontro do nível d’água e ainda retirada

de testemunhos (amostra) do solo, para o dimensionamento de uma fundação.

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2

Em obras de grande porte, como os riscos são maiores, vê-se a utilização dele, mas

em obras de pequeno porte, muitas vezes quem “dimensiona” uma fundação é o

próprio pedreiro, não havendo técnica alguma. Em obras onde não se utiliza de

nenhum tipo de reconhecimento de subsolo, frequentemente ocorrem mais

acidentes.

Pela importância de se conhecer o solo, pretende-se, então, fazer um comparativo

entre laudos de sondagem e ensaios em laboratório de granulometria e Limite de

Atterberg, com amostras de solo retirado de um furo de sondagem representativo,

para ter-se um estudo sobre o assunto, e que este sirva como referência para

futuras obras de geotecnia, ou mesmo futuros trabalhos de conclusão de curso.

2 OBJETIVO

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3

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é fazer uma comparação, entre os resultados das

sondagens com os ensaios em laboratório, do solo de Itatiba

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

O objetivo específico é realizar em amostras de solo retiradas de furos de sondagem

da cidade de Itatiba, os ensaios de granulometria e limites de consistência para

comparação com os laudos de sondagem.

3 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

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4

3.1 FORMAÇÃO DOS SOLOS

3.1.1 Conceituação de solo e rocha

No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra

terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre

onde habitamos, utilizado como material de construção e de fundação das obras do

homem.

Segundo Machado & Machado(1997), uma definição precisa e teoricamente

sustentada do significado da palavra solo é contudo bastante difícil, de modo que o

termo solo adquire diferentes conotações a depender do ramo do conhecimento

humano que o emprega.

Para a geologia, o termo solo significa o material inorgânico não consolidado

proveniente da decomposição das rochas, que permanece ou não no seu local de

formação.

Na engenharia, é conveniente definir como rocha aquilo que é impossível escavar

manualmente, que necessite de explosivo para seu desmonte. Chamamos de solo,

em engenharia, a rocha já decomposta ao ponto granular e passível de ser

escavada apenas com o auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras.

A parte mais externa do globo terrestre, denominada crosta terrestre, é composta de

vários tipos de elementos que se interligam e formam minerais. Esses minerais

poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem origem na

desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos ou

antrópicos.

As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender

fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o

produto da decomposição das rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior

índice de vazios do que a rocha mãe, vazios estes ocupados por ar, água ou outro

fluido de natureza diversa.

Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os

minerais, as rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares.

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Os grãos de solo podem ainda estar impregnados de matéria orgânica. Desta forma,

podemos dizer que para a engenharia, solo é um material granular composto de

rocha decomposta, água, ar (ou outro fluido) e eventualmente matéria orgânica, que

pode ser escavado sem o auxílio de explosivos.

3.1.2 Intemperismo

Intemperismo é o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos pelos quais a

rocha é decomposta para formar o solo. O processo de intemperismo é dividido em

três categorias: intemperismo físico, químico e biológico.

Deve se ressaltar contudo, que na natureza todos estes processos tendem a

acontecer ao mesmo tempo, de modo que um tipo de intemperismo auxilia o outro

no processo de transformação rochas-solo.

Os processos de intemperismo físico reduzem o tamanho das partículas,

aumentando sua área de superfície e facilitando o trabalho do intemperismo

químico. Já os processos químicos e biológicos podem causar a completa alteração

física da rocha e alterar suas propriedades químicas.

• Intemperismo físico

É o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus

componentes. Os principais agentes do intemperismo físico são citados a seguir:

Variações de Temperatura - Da física sabemos que todo material varia de volume

em função de variações na sua temperatura. Estas variações de temperatura

ocorrem entre o dia e a noite e durante o ano, e sua intensidade será função do

clima local.

Acontece que uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos de minerais, cada

qual possuindo uma constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha

deformar de maneira desigual em seu interior, provocando o aparecimento de

tensões internas que tendem a fraturá-la.

Mesmo rochas com uma uniformidade de componentes, não têm uma arrumação

que permita uma expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na

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direção de sua maior dimensão, tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu

processo de desagregação.

Repuxo coloidal - O repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila devido à

sua diminuição de umidade, o que em contato com a rocha pode gerar tensões

capazes de fraturá-la.

Ciclos gelo/degelo - As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar

parcialmente ou totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das

condições locais, pode vir a congelar, expandindo-se e exercendo esforços no

sentido de abrir ainda mais as fraturas preexistentes na rocha, auxiliando no

processo de intemperismo (a água aumenta em cerca de 8% o seu volume devido à

nova arrumação das suas moléculas durante a cristalização).

A água transporta substâncias ativas quimicamente, incluindo sais que ao reagirem

com ácidos provocam cristalização com aumento de volume.

Alívio de pressões - Irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que da retirada de

material sobre ou ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que por sua

vez, irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de juntas na rocha.

Estes processos, isolados ou combinados "fraturam" as rochas continuamente, o

que permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos efeitos aumentam a

fraturação e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez menores.

• Intemperismo químico

É o processo de decomposição da rocha com a alteração química dos seus

componentes. Há várias formas através das quais as rochas decompõem-se

quimicamente. Pode-se dizer, contudo, que praticamente todo processo de

intemperismo químico depende da presença da água. Entre os processos de

intemperismo químico destacam-se os seguintes:

Hidrólise - Dentre os processos de decomposição química do intemperismo,

segundo Machado e Machado(1997) a hidrólise é a que se reveste de maior

importância, porque é o mecanismo que leva a destruição dos silicatos, que são os

compostos químicos mais importantes da litosfera.

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Em resumo, os minerais na presença dos íons H liberados pela água são atacados,

reagindo com os mesmos. O H penetra nas estruturas cristalinas dos minerais

desalojando os seus íons originais (Ca , K , Na , etc.) causando um desequilíbrio

na estrutura cristalina do mineral e levando-o a destruição.

Hidratação - Como a própria palavra indica, é a entrada de moléculas de água na

estrutura dos minerais. Alguns minerais quando hidratados (feldspatos, por exemplo)

sofrem expansão, levando ao fraturamento da rocha.

Carbonatação - O ácido carbônico é o responsável por este tipo de intemperismo. O

intemperismo por carbonatação é mais acentuado em rochas calcárias por causa da

diferença de solubilidade entre o CaCO3 e o bicarbonato de cálcio formado durante a

reação.

Os diferentes minerais constituintes das rochas originarão solos com características

diversas, de acordo com a resistência que estes tenham ao intemperismo local. Há,

inclusive, minerais que têm uma estabilidade química e física tal que normalmente

não são decompostos. O quartzo, por exemplo, por possuir uma enorme estabilidade

física e química é parte predominante dos solos grossos, como as areias e os

pedregulhos.

• Intemperismo biológico

Neste caso, a decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos

produzidos por vegetais através das raízes, por animais através de escavações dos

roedores, da atividade de minhocas ou pela ação do próprio homem, ou por uma

combinação destes fatores, ou ainda pela liberação de substâncias agressivas

quimicamente, intensificando assim o intemperismo químico, seja pela

decomposição de seus corpos ou através de secreções, como é o caso dos ouriços

do mar.

Logo, os fatores biológicos de maior importância incluem a influência da vegetação

no processo de fraturamento da rocha e o ciclo de meio ambiente entre solo e planta

e entre animais e solo. Segundo Machado & Machado(1997) a maior parte do

intemperismo biológico poderia ser classificado como uma categoria do

+

+

++ + +

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8

intemperismo químico em que as reações químicas que ocorrem nas rochas são

propiciadas por seres vivos.

• Influência do intemperismo no tipo de solo

O intemperismo químico possui um poder de desagregação da rocha muito maior do

que o intemperismo físico. Deste modo, solos gerados em regiões onde há a

predominância do intemperismo químico tendem a ser mais profundos e mais finos

do que aqueles solos formados em locais onde há a predominância do intemperismo

físico. Além disto, obviamente, os solos originados a partir de uma predominância do

intemperismo físico apresentarão uma composição química semelhante à da rocha

mãe, ao contrário daqueles solos formados em locais onde há predominância do

intemperismo químico.

• Influência do clima no tipo de intemperismo

Conforme relatado anteriormente, a água é um fator fundamental no

desenvolvimento do intemperismo químico da rocha. Deste modo, regiões com altos

índices de pluviosidade e altos valores de umidade relativa do ar tendem a

apresentar uma predominância de intemperismo do tipo químico, o contrário

ocorrendo em regiões de clima seco.

3.1.3 Ciclo rocha-solo

Todo solo provém de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da sua formação

não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como em

tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a

ser rocha. De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de

transformações que vai do magma ao solo sedimentar e volta ao magma (fig.3.1).

No interior do Globo Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os

elementos químicos que compõe as rochas se encontram em estado líquido,

formando o magma (fig.3.1 -6).

A camada sólida da Terra pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o

magma. Desta forma, haverá um resfriamento brusco do magma (fig. 3.1 linha 6-1),

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que se transformará em rochas ígneas, nas quais não haverá tempo suficiente para

o desenvolvimento de estruturas cristalinas mais estáveis. O processo indicado pela

linha 6-1 é denominado de extrusão vulcânica ou derrame e é responsável pela

formação da rocha ígnea denominada de basalto.

A depender do tempo de resfriamento, o basalto pode mesmo vir a apresentar uma

estrutura vítrea. Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas ascende a

pontos mais próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre um

resfriamento mais lento (fig.3.1 linha 6-7), o que permite a formação de estruturas

cristalinas mais estáveis, e, portanto, de rochas mais resistentes, denominadas de

intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro e granito).

Figura 3.1 - Ciclo rocha – solo

Podemos avaliar comparativamente as rochas vulcânicas e plutônicas pelo tamanho

dos cristais, o que pode ser feito facilmente a olho nu ou com o auxílio de lupas.

Cristais maiores indicam uma formação mais lenta, característica das rochas

plutônicas, e vice-versa.

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Uma vez exposta, (fig.3.1-1), a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos

residuais (fig.3.1-2), os quais podem ser transportados e depositados sobre outro

solo de qualquer espécie ou sobre uma rocha (fig.3.1 linha 2-3), vindo a se tornar um

solo sedimentar. A contínua deposição de solos faz aumentar a pressão e a

temperatura nas camadas mais profundas, que terminam por ligarem seus grãos e

formar as rochas sedimentares (fig.3.1 linha 3-4), este processo chama-se litificação

ou diagênese.

As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem

à superfície e reiniciar o processo de formação de solo (fig.3.1 linha 4-1), ou de

forma inversa, as deposições podem continuar e conseqüentemente prosseguir o

aumento de pressão e temperatura, o que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas

características texturais e mineralógicas, a achatar os seus cristais de forma

orientada transversalmente à pressão e a aumentar a ligação entre os cristais

(fig.3.1 linha 4-5). O material que surge daí tem características tão diversas da rocha

original, que muda a sua designação e passa a se chamar rocha metamórfica.

Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta (fig.3.1 linha 5-1),

decomposta e formar solo. Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças

à deposição de novas camadas de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma

(fig.3.1 linha 5-6).

Obviamente, todos esses processos. com exceção do vulcanismo e de alguns

transportes mais rápidos, ocorrem numa escala de tempo geológica, isto é, de

milhares ou milhões de anos.

3.1.4 Classificação do solo quanto á origem

De acordo com o tipo de ação promovida pelo mecanismos de intemperização, o

material resultante poderá permanecer ou não sobre a rocha que lhe deu origem,

podendo ser classificados como, solos residuais, solos transportados (sedimentares)

e solos de formação orgânica.

3.1.4.1 Solos Residuais

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São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles

ocorram é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do

que a velocidade de remoção do solo por agentes externos.

A velocidade de decomposição depende de vários fatores, entre os quais a

temperatura, o regime de chuvas e a vegetação. As condições existentes nas

regiões tropicais são favoráveis a degradações mais rápidas da rocha, razão pela

qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões (centro sul do Brasil,

por exemplo).

Como a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as camadas

superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as inferiores, segundo Machado

& Machado(1997). Este fato nos permite visualizar todo o processo evolutivo do solo,

de modo que passamos de uma condição de rocha sã, para profundidades maiores,

até uma condição de solo residual maduro, em superfície. A fig.3.2 ilustra um perfil

típico de solo residual.

Figura 3.2 - Perfil típico de solo residual.

Conforme se pode observar da fig.3.2, a rocha sã passa paulatinamente à rocha

fraturada, depois ao saprolito, ao solo residual jovem e ao solo residual maduro. Em

se tratando de solos residuais, é de grande interesse a identificação da rocha sã,

pois ela condiciona, entre outras coisas, a própria composição química do solo.

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A rocha alterada caracteriza-se por uma matriz de rocha possuindo intrusões de

solo, locais onde o intemperismo atuou de forma mais eficiente.

O solo saprolítico ainda guarda características da rocha mãe e tem basicamente os

mesmos minerais, porém a sua resistência já se encontra bastante reduzida. Este

pode ser caracterizado como uma matriz de solo envolvendo grandes pedaços de

rocha altamente alterada. Visualmente pode confundir-se com uma rocha alterada,

mas apresenta relativamente a rocha pequena resistência ao cisalhamento. Nos

horizontes saprolíticos é comum a ocorrência de grandes blocos de rocha

denominados de matacões, responsáveis por muitos problemas quando do projeto

de fundações.

O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser

classificado como pedregulho (Abertura malha da peneira > 4,8 mm). Geralmente

são bastante irregulares quanto a resistência mecânica, coloração, permeabilidade e

compressibilidade, já que o processo de transformação não se dá em igual

intensidade em todos os pontos, comumente existindo blocos da rocha no seu

interior. Pode-se dizer também que nos horizontes de solo jovem e saprolítico as

sondagens a percussão a serem realizadas devem ser revestidas de muito cuidado,

haja vista que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar os

amostradores utilizados, vindo a mascarar os resultados obtidos.

Os solos maduros, mais próximos à superfície, são mais homogêneos e não

apresentam semelhanças com a rocha original. De uma forma geral, há um aumento

da resistência ao cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do

solo com a profundidade, razão esta pela qual a realização de ensaios de laboratório

em amostras de solo residual jovem ou do horizonte saprolítico é bastante

trabalhosa.

Merece uma atenção especial o solo formado pela decomposição da rocha

sedimentar denominada de folhelho, muito comum no Recôncavo Baiano, e os solos

porosos. Segundo Caputo(1966), este último é assim denominado pelo fato de sua

porosidade ser extremamente elevada, muitos o designam por “solos colapsíveis”,

pois em determinadas condições de umidade sua estrutura quebra-se, dando origem

a elevados recalques das obras que assentam sobre eles.

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As rochas sedimentares, quando decompostas, produzem uma argila conhecida

popularmente como "massapê", que tem como mineral constituinte a

montimorilonita, apresentando grande potencial de expansão na presença de água.

As constantes mudanças de umidade a que o solo está submetido provocam

variações de volume que geram também sérios problemas nas construções (aterros

ou edificações) assentes sobre estes solos.

3.1.4.2 Solos Transportados (Sedimentares)

Os solos transportados ou sedimentares são aqueles que foram levados ao seu local

atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos

sedimentares são função do agente de transporte.

Cada agente de transporte seleciona os grãos que transporta com maior ou menor

facilidade, além disto, durante o transporte, as partículas de solo se desgastam e/ou

quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo para cada tipo de transporte. Esta

influência é tão marcante que a denominação dos solos sedimentares é feita em

função do agente de transporte predominante.

Pode-se listar os agentes de transporte, por ordem decrescente de seletividade, da

seguinte forma:

Ventos (Solos Eólicos)

Águas (Solos Aluvionares)

� Água dos Oceanos e Mares (Solos Marinhos)

� Água dos Rios (Solos Fluviais)

� Água de Chuvas (Solos Pluviais)

Geleiras (Solos Glaciais)

Gravidade (Solos Coluvionares)

Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes

de transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na

formação do próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.

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• Solos eólicos

O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito

constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente

possuem forma arredondada.

A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior do que possa parecer à

primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até cidades soterradas

parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES e Tutóia -

MA; os grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a Inglaterra,

percorrendo uma distância de mais de 3000km. Como a capacidade de transporte

do vento depende de sua velocidade, o solo é geralmente depositado em zonas de

calmaria.

O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por

um lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos,

como as argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente

levados pelo vento. Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa

coesão) o que faz da linha de lençol freático (definida por um valor de pressão da

água intersticial igual a atmosférica) um limite para a atuação dos ventos.

Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das

areias finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem

grãos de aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva

granulométrica denominada de uniforme. São exemplos de solos eólicos:

- As dunas

As dunas são exemplos comuns de solos eólicos. A formação de uma duna se dá

inicialmente pela existência de um obstáculo ao caminho natural do vento, o que

diminui a sua velocidade e resulta na deposição de partículas de solo (fig.3.3).

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Figura 3.3- Atuação do transporte eólico na formação das dunas.

A deposição continuada de solo neste local acaba por gerar mais deposição de solo,

já que o obstáculo ao caminho do vento se torna cada vez maior. Durante o período

de existência da duna, partículas de areia são levadas até o seu topo, rolando então

para o outro lado. Este movimento faz com que as dunas se desloquem a uma

velocidade de poucos metros por ano, o que para os padrões geológico é muito

rápido.

- Solos Laésicos

Formado por deposições sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde

no maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a

despeito de uma capacidade de formar paredões de altura fora do comum e

inicialmente suportar grandes esforços mecânicos, podem se romper completa e

abruptamente devido ao umedecimento.

O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contêm grandes quantidades de

cal, responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo, o

cimento calcáreo existente no solo pode ser dissolvido e o solo entra em colapso.

• Solos aluvionares

São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade

da água no momento da deposição, sendo freqüente a ocorrência de camadas de

granulometrias distintas, devidas às diversas épocas de deposição.

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O transporte pela água é bastante semelhante ao transporte realizado pelo vento,

porém algumas características importantes os distinguem:

Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte

maior, transportando grãos de tamanhos diversos.

Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar com

forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável; suas

variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de direção

estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do relevo.

Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, mais grossos que os

eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em suspensão e só se

sedimentam quando existe um processo químico que as flocule (isto é o que

acontece no mar ou em alguns lagos).

Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos argilosos

devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em abundância diminui

este efeito, com isso somam-se as argilas ao universo de partículas transportadas

pela água.

- Solos pluvionais

A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo se

evaporar a partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso,

a vegetação rasteira funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo

ou como um tapete impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante

elemento de proteção contra a erosão.

A água que se infiltra pode carrear grãos finos através dos poros existentes nos

solos grossos, mas este transporte é raro e pouco volumoso, portanto de pouca

relevância em relação à erosão superficial. De muito maior importância é o solo que

as águas das chuvas levam ao escoar de pontos mais elevados no relevo aos vales.

Os vales contém rios ou riachos que serão alimentados não só da água que escoa

das escarpas, como também de matéria sólida.

- Solos fluviais

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Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação geológicas

mais recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas muito

grandes e por isso os rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma maior

velocidade. Existem vários fatores determinantes da capacidade de erosão e

transporte dos rios, sendo a velocidade a mais importante. Assim, os rios mais

jovens transportam mais matéria sólida do que os rios mais velhos.

Sabe-se que os rios não possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto

mais distantes da nascente, menor a inclinação e a velocidade. As partículas de

determinado tamanho passam a ter peso suficiente para se decantar e permanecer

naquele ponto, outras menores só serão depositadas com velocidade menor. O

transporte fluvial pode ser descrito sumariamente da seguinte forma:

• Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para

sua parte mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação do

leito. Rios mais velhos têm portanto menor velocidade e transportam menos.

• Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio,

correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a

terem uma certa uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as

argilas, permanecerão em suspensão até decantar em mares ou lagos com

água em repouso.

De um modo geral, pode-se dizer que os solos aluvionares apresentam um grau de

uniformidade de tamanho de grãos intermediário entre os solos eólicos (mais

uniformes) e coluvionares (menos uniformes).

- Solos marinhos

As ondas atingem as praias com um pequeno ângulo em relação ao continente. Isso

faz com que a areia, além do movimento de vai e vem das ondas, desloquem-se

também ao longo da praia. Obras que impeçam esse fluxo tendem a ser pontos de

deposição de areia, o que pode acarretar sérios problemas.

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• Solos glaciais

Os solos formados pelas geleiras, ao se deslocarem pela ação da gravidade, são

comuns nas regiões temperadas. São formados de maneira análoga aos solos

fluviais. A corrente de gelo que escorre de pontos elevados onde o gelo é formado

para as zonas mais baixas, leva consigo partículas de solo e rocha, as quais, por

sua vez, aumentam o desgaste do terreno.

Os detritos são depositados nas áreas de gelo. Uma ampla gama de tamanho de

partículas é transportada, levando assim a formação de solos bastante

heterogêneos que possuem desde grandes blocos de rocha até materiais de

granulometria fina.

• Solos coluvionares

São solos formados pela ação da gravidade. Os solos coluvionares são dentre os

solos transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade

transporta indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas

mais finas de argila.

Entre os solos coluvionares estão os escorregamentos das escarpas da Serra do

Mar formando os Tálus nos pés do talude, massas de materiais muito diversas e

sujeitas a movimentações de rastejo. Têm sido também classificados como

coluviões os solos superficiais do Planalto Brasileiro depositados sobre solos

residuais.

Os Tálus são solos coluvionares formados pelo deslizamento de solo do topo das

encostas. No sul da Bahia existem solos formados pela deposição de colúvios em

áreas mais baixas, os quais se apresentam geralmente com altos teores de umidade

e são propícios à lavoura cacaueira.

De extrema beleza são os tálus encontrados na Chapada Diamantina, Bahia, a parte

mais inclinada dos morros corresponde à formação original, enquanto que a parte

menos inclinada é composta basicamente de solo coluvionar (tálus).

3.1.4.3 Solos de Formação Orgânica

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São os de origem essencialmente orgânica, seja de natureza vegetal, seja animal.

Segundo Caputo(1966), nos solos encontram-se também minerais que são os

mesmos das rochas de origem.

Formados pela impregnação do solo por sedimentos orgânicos preexistentes, em

geral misturados a restos de vegetais e animais. Podem ser identificados pela cor

escura e por possuir forte cheiro característico. Têm granulometria fina, pois os solos

grossos tem uma permeabilidade que permite a "lavagem" dos grãos, eximindo-os

da matéria impregnada.

- Turfas

Solos que encorporam florestas soterradas em estado avançado de decomposição.

Têm estrutura fibrilar composta de restos de fibras vegetais e não se aplicam aí as

teorias da Mecânica dos Solos, sendo necessários estudos especiais. Têm

ocorrência registrada na Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul e outros estados do

Brasil.

3.1.5 Classificação dos Solos quanto ao Tamanho das Partículas

Para classificar o solo de acordo com o tamanho das partículas, são utilizados

escalas que apresentam os nomes dos solos juntamente com a dimensão que eles

representam. As escalas granulométricas mais empregadas no Brasil são a A.B.N.T.

e o M.I.T. A fig.3.4 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT (NBR

6502):

Figura 3.4 - Escala granulométrica da ABNT NBR 6502 de 1995

Os solos podem ser classificados em dois grandes grupos: solos grossos (areia,

pedregulho, matacão) e solos finos (silte e argila).

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Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, pois a

depender do tamanho predominante das suas partículas, as forças de campo

influenciando em seu comportamento serão gravitacionais (solos grossos) ou

elétricas (solos finos).

De uma forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a relação área/volume ou

área/massa das partículas sólidas, maior será a predominância das forças elétricas

ou de superfície. Estas relações são inversamente proporcionais ao tamanho das

partículas, de modo que os solos finos apresentam uma predominância das forças

de superfície na influência do seu comportamento.

O tipo de intemperismo influência na textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que

partículas com dimensões até cerca de 0,001mm são obtidas através do

intemperismo físico, já as partículas menores que 0,001mm provém do intemperismo

químico.

3.1.5.1 Solos Grossos

Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais,

resultando em arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento

mecânico e hidráulico está principalmente condicionado a sua compacidade, que é

uma medida de quão próximas estão as partículas sólidas umas das outras,

resultando em arranjos com maiores ou menores quantidades de vazios. Os solos

grossos possuem uma maior percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥ 0,074

mm) e suas partículas têm formas arredondadas, poliédricas e angulosas.

- Pedregulhos

São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores

que 2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em

geral nas margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados

pelos rios ou até mesmo em uma massa de solo residual (horizontes

correspondentes ao solo residual jovem e ao saprolito).

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- Areias

As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, subangular e

arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios

ou pelo vento.

A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte

sofrido pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos

solos tende a arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de

transporte, mais esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia

as partículas com dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm

(MIT) ou ainda 2,0mm e 0,06mm (ABNT).

O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu comportamento

mecânico, pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em

contrapartida, como eles deslizam entre si quando solicitados por forças externas.

Por outro lado, como estas forças se transmitem dentro do solo pelos pequenos

contatos existentes entre as partículas, as de formato mais angulares, por possuírem

em geral uma menor área de contato, são mais susceptíveis a se quebrarem.

As areias são ásperas ao tato, e estando isentas de finos, não se contraem ao

secar, não apresentam plasticidade e comprimem-se, quase instantaneamente, ao

serem carregadas.

3.1.5.2 Solos Finos

Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que

0,074mm (DNER), ou 0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será

classificado como argila ou como silte.

Os solos finos possuem partículas com formas lamelares, fibrilares e tubulares e é o

mineral que determina a forma da partícula. As partículas de argila normalmente

apresentam uma ou duas direções em que o tamanho da partícula é bem superior

àquele apresentado em uma terceira direção. O comportamento dos solos finos é

definido pelas forças de superfície (moleculares, elétricas) e pela presença de água,

a qual influi de maneira marcante nos fenômenos de superfície dos argilo-minerais.

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- Argilas

A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a

0,002mm) se caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar

sem apresentar variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a

fração mais ativa dos solos. E quando secas e desagregadas, dão uma sensação de

farinha, ao tato, e quando úmidas, são lisas.

- Siltes

Apesar de serem classificados como solos finos, o comportamento dos siltes é

governado pelas mesmas forças dos solos grossos (forças gravitacionais), embora

possuam alguma atividade. Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma

plasticidade e baixa resistência quando seco, um torrão de silte seco ao ar pode ser

desfeito com bastante facilidade.

3.1.6 Formato das Partículas de Solo

A forma das partículas dos solos tem grande influência sobre suas propriedades.

Distinguem-se, principalmente, as seguintes formas:

• Partículas arredondadas: são as que predominam nos pedregulhos, areias e

siltes.

• Partículas lamelares: semelhantes as lamelas ou escamas, são as que se

encontram nas argilas, esta forma responde por algumas de suas propriedades,

como, por exemplo, a compressibilidade e a plasticidade, esta última, uma das suas

características mais importantes.

• Partículas Fibrilares, característica dos solos turfosos.

3.1.7 Identificação Táctil - Visual dos Solos

Segundo Bueno & Vilar(1999), existem alguns testes rápidos que permitem, a partir

das características apresentadas pelos solos, a sua identificação. Como na natureza

os solos normalmente são uma mistura de partículas dos mais variados tamanhos,

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busca-se determinar qual o tamanho que ocorre em maior quantidade e depois as

demais ocorrências. É usual , na identificação de um solo, citar a sua cor.

No processo de identificação táctil-visual de um solo utilizam-se freqüentemente os

seguintes procedimentos (vide NBR 7250):

• Sensação ao Tato: esfrega-se uma porção de solo na mão, buscando sentir a

sua aspereza. As areias são bastante ásperas, e as argilas dão uma sensação

de “farinha”, quando seca ou de sabão quando úmidas.

• Plasticidade: tenta-se moldar pequenos cilindros de solo úmido e, em seguida,

busca-se deformá-los. As argilas são bastante moldáveis, enquanto as areias e,

normalmente também os siltes não são moldáveis.

• Resistência do solo seco: Por causa das forças interpartículas que se

desenvolvem nos solos finos, um torrão de solo argiloso apresenta elevada

resistência, quando se tenta desagregá-los com os dedos. Os siltes apresentam

alguma resistência, enquanto as areias, nem sempre formam torrões.

• Mobilidade da água intersticial: consiste em se colocar na palma da mão uma

porção de solo úmido. Fazendo-se bater essa mão fechada, com o solo dentro,

contra outra, verifica-se o aparecimento da água na superfície do solo. Nos solos

arenosos, graças à sua permeabilidade, a água aprece rapidamente na

superfície. Nos solos argilosos, a superfície brilhante permanece por bastante

tempo e não ocorrem fissuras.

• Dispersão em água: coloca-se uma amostra de solo seco e desagregado

numa proveta de 100ml e, em seguida, água. Agita-se a mistura e verifica-se

o tempo para deposição das partículas. As areias depositam-se rapidamente,

enquanto as argilas tendem a turvar a suspensão e demoram bastante tempo

para sedimentar.

• Impregnação: esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de

uma das mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a

facilidade com que a palma da mão fica limpa. Solos finos se impregnam e

não saem da mão com facilidade.

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Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo

com os resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos

são identificados em separado, em função de sua cor e odor característicos.

Além da identificação táctil-visual do solo, todas as informações pertinentes à

identificação do mesmo, disponíveis em campo, devem ser anotadas. Deve-se

informar, sempre que possível, a eventual presença de material cimentante ou

matéria orgânica, a cor do solo, o local da coleta do solo, sua origem geológica, sua

classificação genética, etc.

A distinção entre solos argilosos e siltosos, na prática da engenharia geotécnica,

possui certas dificuldades, já que ambos os solos são finos. Porém, após a

identificação táctil-visual ter sido realizada, algumas diferenças básicas entre eles, já

citadas nos parágrafos anteriores, podem ser utilizadas para distingui-los.

1- O solo é classificado como argiloso quando se apresenta bastante plástico em

presença de água, formando torrões resistentes ao secar. Já os solos siltosos

quando secos, se esfarelam com facilidade.

2- Os solos argilosos se desmancham na água mais lentamente que os solos

siltosos. Os solos siltosos, por sua vez, apresentam dilatância marcante, o que não

ocorre com os solos argilosos.

3.1.8 Estrutura dos Solos

___ _______ ____ ________________ ___

Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de

diferentes tamanhos se arrumam para formá-lo. A estrutura de um solo possui um

papel fundamental em seu comportamento, seja em termos de resistência ao

cisalhamento, compressibilidade ou permeabilidade.

Como os solos finos possuem o seu comportamento governado por forças elétricas,

enquanto os solos grossos têm na gravidade o seu principal fator de influência, a

estrutura dos solos finos ocorre em uma diversificação e complexidade muito maior

do que a estrutura dos solos grossos. De fato, sendo a gravidade o fator principal

agindo na formação da estrutura dos solos grossos, a estrutura destes solos difere,

de solo para solo, somente no que se refere ao seu grau de compacidade.

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25

No caso dos solos finos, devido a presença das forças de superfície, arranjos

estruturais bem mais elaborados são possíveis. A fig. 3.5 ilustra algumas estruturas

típicas de solos grossos e finos.

Figura 3.5 - Alguns arranjos estruturais presentes em solos grossos e finos e

fotografias obtidas a partir da técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura.

Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de

atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líquidas

negativas que elas possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam

em contato. As forças de atração decorrem de forças de Van der Waals e de

ligações secundárias que atraem materiais adjacentes. Da combinação das forças

de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura dos solos, que se

refere à disposição das partículas na massa de solo e as forças entre elas.

Segundo Lambe(1969) apud Machado & Machado(1997), identificou dois tipos

básicos de estrutura do solo, denominando-os de estrutura floculada, quando os

contatos se fazem entre faces e arestas das partículas sólidas, ainda que através da

água adsorvida, e de estrutura dispersa quando as partículas se posicionam

paralelamente, face a face.

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3.1.8.1 Composição Química e Mineralógica

Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e

químicas do intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas

dos solos assim formados irão depender fundamentalmente da composição da rocha

matriz e do clima da região. Estas propriedades, por sua vez, irão influenciar de

forma marcante o comportamento mecânico do solo.

Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos,

e que possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e

definidas. Eles podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber:

- Primários ⇒ Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da

rocha (advêm portanto do intemperismo físico).

- Secundários ⇒ Os que foram formados durante a transformação da rocha

em solo (ação do intemperismo químico).

– Solos grossos – Areias e Pedregulhos

As partículas dos solos grossos, dentre as quais apresentam-se os pedregulhos, são

constituídas algumas vezes de agregações de minerais distintos, sendo mais

comum, entretanto, que as partículas sejam constituídas de um único mineral. Estes

solos são formados, na sua maior parte, por silicatos (90%) e apresentam também

na sua composição óxidos, carbonatos e sulfatos.

Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina

Grupos Minerais Óxidos - hematita, magnetita, limonita

Carbonatos -calcita, dolomita

Sulfatos - gesso, anidrita

O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante estável, e em geral resiste

bem ao processo de transformação rocha-solo. Sua composição química é simples,

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27

SiO2, as partículas são eqüidimensionais, como cubos ou esferas e ele apresenta

baixa atividade superficial (devido ao tamanho de seus grãos). Por conta disto, o

quartzo é o componente principal na maioria dos solos grossos (areias e

pedregulhos)

– Solos finos – Argilas

Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças

de superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir

no seu comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e

mineralógica, sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos

metálicos (R2O3), onde R = Al; Fe, etc.

Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos

argilominerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com

diâmetro inferior a 2µm. Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a

constituição mineralógica faz com que estas partículas tenham um comportamento

extremamente diferenciado em relação ao dos grãos de silte e areia.

O estudo da estrutura dos argilo-minerais pode ser facilitado "construindo-se" o

argilomineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque não representa

necessariamente o método pelo qual o argilo-mineral é realmente formado na

natureza. Assim, as estruturas apresentadas neste capítulo são apenas

idealizações, segundo Machado & Machado(1997).

Um cristal típico de um argilo-mineral é uma estrutura complexa similar ao arranjo

estrutural aqui idealizado, mas contendo usualmente substituições de íons e outras

modificações estruturais que acabam por formar novos tipos de argilo-minerais.

As duas unidades estruturais básicas dos argilo-minerais são os tetraedros de silício

e os octaédros de alumínio (fig. 3.6). Os tetraedros de silício são formados por

quatro átomos de oxigênio eqüidistantes de um átomo de silício enquanto que os

octaédros de alumínio são formados por um átomo de alumínio nocentro, envolvido

por seis átomos de oxigênio ou grupos de hidroxilas, OH .

A depender do modo como estas unidades estruturais estão unidas entre si,

podemos dividir os argilominerais em três grandes grupos.

_

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28

a) GRUPO DA CAULINITA: A caulinita é formada por uma lâmina silícica e outra de

alumínio, que se superpõem indefinidamente. A união entre todas as camadas é

suficientemente firme (pontes de hidrogênio) para não permitir a penetração de

moléculas de água entre elas. Assim, as argilas cauliníticas são as mais estáveis em

presença d'água, apresentando baixa atividade e baixo potencial de expansão.

b) MONTMORILONITA: É formada por uma unidade de alumínio entre duas

silícicas, superpondo-se indefinidamente. Neste caso a união entre as camadas de

silício é fraca (forças de Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de

água na estrutura com relativa facilidade. Os solos com grandes quantidades de

montmorilonita tendem a ser instáveis em presença de água. Apresentam em geral

grande resistência quando secos, perdendo quase que totalmente a sua capacidade

de suporte por saturação. Sob variações de umidade apresentam grandes variações

volumétricas, retraindo-se em processos de secagem e expandindo-se sob

processos de umedecimento.

c) ILITA: Possui um arranjo estrutural semelhante ao da montmorilonita, porém os

íons não permutáveis fazem com que a união entre as camadas seja mais estável e

não muito afetada pela água. É também menos expansiva que a montmorilonita.

Figura 3.6 - Arranjos estruturais típicos dos três principais grupos de

argilominerais.

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A presença de um determinado tipo de argilo-mineral no solo pode ser identificada

utilizando-se diferentes métodos, dentre eles a análise térmica diferencial, o raio x , a

microscopia eletrônica de varredura, etc.

Superfície específica - Denomina-se de superfície específica de um solo a soma da

área de todas as partículas contidas em uma unidade de volume ou peso. A

superfície específica dos argilo-minerais é geralmente expressa em unidades como

m²/m³ ou m²/g. Quanto maior o tamanho do mineral menor a superfície específica do

mesmo. A montmorilonita, possui uma superfície específica de aproximadamente

800 m²/g, enquanto que a ilita e a caulinita possuem superfícies específicas de

aproximadamente 80 e 10 m²/g, respectivamente. A superfície específica é uma

importante propriedade dos argilo-minerais, na medida em que quanto maior a

superfície específica, maior vai ser o predomínio das forças elétricas (em detrimento

das forças gravitacionais), na influência sobre as propriedades do solo (estrutura,

plasticidade,coesão, etc.)

3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Por serem constituídos de um material de origem natural, os depósitos de solo

nunca são estritamente homogêneos. Grandes variações nas suas propriedades e

em seu comportamento são comumente observadas. Pode-se dizer contudo, que

depósitos de solo que exibem propriedades básicas similares podem ser agrupados

como classes, mediante o uso de critérios ou índices apropriados.

A classificação do solo surgiu com intuito de se tentar catalogar os solos com

características similares. Entretanto de acordo com a especificidade de cada área da

geotecnia foram surgindo vários métodos.

Dentre os vários métodos de classificação existentes vale citar:

- classificação por tipos de solos;

- classificação genética geral;

- classificação granulométrica;

- classificação unificada (U.S. Corps of Engineers);

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- classificação AASHTO (American Association of State Highway and

Transportation Officials)

Um sistema de classificação dos solos deve agrupar os solos de acordo com suas

propriedades intrínsecas básicas. Do ponto de vista da engenharia, um sistema de

classificação pode ser baseado no potencial de um determinado solo para uso em

bases de pavimentos, fundações, ou como material de construção, por exemplo.

Devido a natureza extremamente variável do solo, contudo, é inevitável que em

qualquer classificação ocorram casos onde é difícil se enquadrar o solo em uma

determinada e única categoria, em outras palavras, sempre vão existir casos em que

um determinado solo poderá ser classificado como pertencente a dois ou mais

grupos. Do mesmo modo, o mesmo solo pode mesmo ser colocado em grupos que

pareçam radicalmente diferentes, em diferentes sistemas de classificação.

Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia

preliminar para a previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não

pode ser realizada utilizando-se somente sistemas de classificação. Testes para

avaliação de importantes características do solo devem sempre ser realizados,

levando-se sempre em consideração o uso do solo na obra, já que diferentes

propriedades governam o comportamento do solo a depender de sua finalidade.

3.2.1 Classificação por Tipo de Solo

É um sistema de classificação descritivo em que o reconhecimento a que

determinado grupo pertence é baseado em análise táctil-visual, visto no cápitulo

3.1.7.

3.2.2 Classificação Genética Geral

É um sistema de classificação também de natureza descritiva, sendo necessário

para a sua utilização um conhecimento da gênese dos solos, ou de uma forma que

seja mais simples, fazer uma análise de sua macroestrutura da cor e da posição de

coleta da amostra no perfil do subsolo.

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Foi proposta com a finalidade de ser usada em problemas de estradas, dividindo os

solos em três categorias.

- Solo superficial

Solo que constitui o horizonte superficial, normalmente contendo matéria orgânica.

Possui estrutura, cor e constituição mineralógica diferentes das camadas inferiores.

A espessura varia de alguns decímetros a alguns metros.

- Solo de Alteração

Solo proveniente da decomposição das rochas graças aos processos de

intemperismo. Em condições normais, acha-se subjacente ao solo superficial. Ë um

solo residual e pode, frequentemente, no Brasil, atingir até dezenas de metros. São

solos de granulometria crescente com a profundidade.

- Solo Transportado

Solo originado do transporte e deposição de material, por meio dos processos

geológicos de superfície. A granulometria é mais ou menos uniforme, de acordo com

o agente transportador. Em condições normais, pode constituir as camadas

aflorantes ou estar subjacente ao solo superficial. Atinge, por vezes, espessuras de

centenas de metros.

3.2.3 Classificação granulométrica

Embora recomendada para os solos grossos, a classificação granulométrica tornou-

se universalmente empregada. Não existe entretanto uma concordância entre os

geotécnicos quanto ao intervalo de variação dos diâmetros de cada uma das frações

que compõem os solos. Será visto mais profundamente no capítulo 4.3.

3.2.4 Classificação Unificada

Este sistema de classificação foi originalmente desenvolvido pelo professor A.

Casagrande para uso na construção de aterros em aeroportos durante a Segunda

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32

Guerra Mundial, sendo modificada posteriormente para uso em barragens,

fundações e outras construções.

A idéia básica do Sistema Unificado de Classificação dos solos é que os solos

grossos podem ser classificados de acordo com a sua curva granulométrica, ao

passo que o comportamento de engenharia dos solos finos está intimamente

relacionado com a sua plasticidade. Em outras palavras, os solos nos quais a fração

fina não existe em quantidade suficiente para afetar o seu comportamento são

classificados de acordo com a sua curva granulométrica, enquanto que os solos nos

quais o comportamento de engenharia é controlado pelas suas frações finas (silte e

argila), são classificados de acordo com as suas características de plasticidade.

As quatro maiores divisões do Sistema Unificado de Classificação dos Solos são as

seguintes:

(1) - Solos grossos (pedregulho e areia),

(2) - Solos finos (silte e argila),

(3) - Solos orgânicos e

(4) - Turfa.

A classificação é realizada na fração de solo que passa na peneira 75mm, devendo-

se anotar a quantidade de material eventualmente retida nesta peneira.

São denominados solos grossos aqueles que possuem mais do que 50% de

material retido na peneira 200 e solos finos aqueles que possuem mais do 50% de

material passando na peneira 200. Os solos orgânicos e as turfas são geralmente

identificados visualmente. Cada grupo é classificado por um símbolo, derivado dos

nomes em inglês correspondentes: Pedregulho (G), do inglês "gravel"; Argila (C),

do inglês "Clay"; Areia (S), do inglês "Sand"; Solos orgânicos (O), de "Organic soils"

e Turfa (Pt), do inglês "peat". A única exceção para esta regra advém do grupo do

silte, cuja letra representante, M, advém do Sueco "mjäla".

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3.2.4.1 Solos Grossos

Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados

como pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa

retida na peneira#4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que

50% de sua fração grossa passando na peneira#4. Cada grupo por sua vez é

dividido em quatro subgrupos a depender de sua curva granulométrica ou da

natureza da fração fina eventualmente existente. São eles:

1) Material praticamente limpo de finos, bem graduado W, (SW e GW)

2) Material praticamente limpo de finos, mal graduado P, (SP e GP)

3) Material com quantidades apreciáveis de finos não plásticos, M, (GM e SM)

4) Material com quantidades apreciáveis de finos plásticos C, (GC ou SC)

A.I – Grupos GW e SW

Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado,

os grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de

modo que os solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso

específico (ou menor quantidade de vazios) e boas características de resistência e

deformabilidade. A presença de finos nestes grupos não deve produzir efeitos

apreciáveis nas propriedades da fração grossa, nem interferir na sua capacidade de

drenagem, sendo fixada como no máximo 5% do solo, em relação ao seu peso seco.

O exame da curva granulométrica dos solos grossos se faz por meio dos

coeficientes de uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), que serão apresentados

posteriormente. Para que o solo seja considerado bem graduado é necessário que

seu coeficiente de uniformidade seja maior que 4, no caso de pedregulhos, ou maior

que 6, no caso de areias, e que o seu coeficiente de curvatura esteja entre 1 e 3.

A.2 – Grupos GP e SP

Formados por solos mal graduados (curvas granulométricas uniformes ou abertas).

Como os subgrupos SW e GW, possuem no máximo 5% de partículas finas, mas

suas curvas granulométricas não completam os requisitos de graduação indicados

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para serem considerados como bem graduados. Dentro destes grupos estão

compreendidos as areias uniformes das dunas e os solos possuindo duas frações

granulométricas predominantes, provenientes da deposição pela água de rios em

períodos alternados de cheia/seca.

A.3 – Grupos GM e SM

São classificados como pertencentes aos subgrupos GM e SM os solos grossos nos

quais existe uma quantidade de finos suficiente para afetar as suas propriedades de

engenharia: resistência ao cisalhamento, deformabilidade e permeabilidade.

Convenciona-se a quantidade de finos necessária para que isto ocorra em 12%,

embora sabendo-se que a influência dos finos no comportamento de um solo

depende não somente da sua quantidade mas também da atividade do argilo-

mineral preponderante.

Para os solos grossos possuindo mais do que 12% de finos, deve-se realizar

ensaios com vistas a determinação de seus limites de consistência wL e wP,

utilizando-se para isto a fração de solo que passa na peneira #40. Para que o solo

seja classificado como GM ou SM, a sua fração fina deve se situar abaixo da linha A

da carta de plasticidade de Casagrande (vide fig.3.8).

A.4 – Grupo GC e SC

São classificados como GC e SC os solos grossos que atendem aos critérios

especificados no item A.3, mas cuja fração fina possui representação na carta de

plasticidade acima da linha A. Em outras palavras, são classificados como GC e SC

os solos grossos possuindo mais que 12% de finos com comportamento

predominante de argila.

OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem

possuir nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo

com o especificado anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não

se encontra claramente dentro de um grupo, devemos utilizar símbolos duplos,

correspondentes a casos de fronteira.

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Ex: GW-SW (material bem graduado com menos de 5% de finos e formado com

fração de grossos com iguais proporções de pedregulho e areia) ou GM-GC (solos

grossos com mais do que 12% de finos cuja representação na carta de plasticidade

de Casagrande se situa muito próxima da linha A).

A fig.3.7 apresenta um fluxograma exibindo os passos básicos a serem seguidos na

classificação de solos grossos pelo Sistema Unificado.

Figura 3.7 - Classificação dos solos grossos pelo SUCS.

3.2.4.2 Solos Finos

Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é

realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do

solo, plotados na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras,

o conhecimento da curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de

material passando na peneira 200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das

expectativas sobre suas propriedades de engenharia.

A Carta de plasticidade dos solos foi desenvolvida por A. Casagrande de modo a

agrupar os solos finos em diversos subgrupos, a depender de suas características

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de plasticidade. Conforme é apresentado na fig.3.8, a carta de plasticidade possui

três divisores principais: A linha A (de eq. IP = 0,73(wL - 20)), a linha B (wL = 50%) e

a linha U (de eq. IP = 0,9(wL - 8). Deste modo, os solos finos, que são divididos em

quatro subgrupos (CL, CH, ML e MH), são classificados de acordo com a sua

posição em relação às linhas A e B, conforme apresentado a seguir:

- B1 – CL e CH

Os solos classificados como CL (argilas inorgânicas de baixa plasticidade) são

aqueles os quais têm a sua representação na carta de plasticidade acima da linha A

e à esquerda da linha B (conforme pode-se observar na fig. 3.8, deve-se ter também

um IP > 7%).

O grupo CH (argilas inorgânicas de alta plasticidade), possuem a sua representação

na carta de plasticidade acima da linha A e à direita da linha B (wL > 50%). São

exemplos deste grupo as argilas formadas por decomposição química de cinzas

vulcânicas, tais como a argila do vale do México, com wL de até 500%.

- B2 – ML e MH

Os solos classificados como ML (siltes inorgânicos de baixa plasticidade) são

aqueles os quais têm a sua representação na carta de plasticidade abaixo da linha A

e à esquerda da linha B (conforme pode-se observar na fig. 3.8, deve-se ter também

um IP < 4%).

O grupo MH (siltes inorgânicos de alta plasticidade), possuem a sua representação

na carta de plasticidade abaixo da linha A e à direita da linha B (wL > 50%).

- B3 – OL e OH

São classificados utilizando-se os mesmos critérios definidos para os subgrupos ML

e MH. A presença de matéria orgânica é geralmente identificada visualmente e pelo

seu odor característico. Em caso de dúvida a escolha entre os símbolos OL/ML ou

OH/MH pode ser feita utilizando-se o seguinte critério: Se wLs/wLn < 0,75 então o

solo é orgânico senão é inorgânico.

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Os símbolos wLs e wLn correspondem a limites de liquidez determinados em

amostras que foram secas em estufa e ao ar livre, respectivamente. Neste caso, a

diferença entre os valores de wL se deve ao fato de que a amostra seca em estufa a

105oC terá a sua matéria orgânica queimada, tendo em consequência o seu valor

de wL reduzido.

Figura 3.8 - Carta de plasticidade de Casagrande.

OBS: Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-

ML devem ter nomenclatura dupla.

Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha LL = 50 %

devem ter nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-CL).

Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha A devem

ter nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-ML).

As argilas inorgânicas de média plasticidade possuem wL entre 30 e 50%.

3.2.4.3 Solos Pantanosos e Turfas

São solos altamente orgânicos, geralmente fibrilares e extremamente compressíveis.

As turfas são solos que incorporam florestas soterradas em estágio avançado de

decomposição. Estes solos formam um grupo independente de símbolo (Pt).

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Na maioria dos solos turfosos os limites de consistência podem ser determinados

após completo amolgamento do solo.

O limite de liquidez destes solos varia entre 300 e 500% permanecendo a sua

posição na carta de plasticidade notavelmente acima da linha A. O Índice de

plasticidade destes solos normalmente se situa entre 100 e 200.

A linha U apresentada na carta de plasticidade representa o limite superior das

coordenadas (wL;IP) encontrado para a grande maioria dos solos (mesmo solos

possuindo argilo-mineriais de alta atividade).

Deste modo, sempre que em um processo de classificação o ponto representante do

solo se situar acima da linha U, os dados de laboratório devem ser checados e os

ensaios refeitos.

A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma idéia acerca do tipo

de argilo-mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo-

minerais, como a caulinita, tem seus pontos de representação na carta de

plasticidade próximo à linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos

possuindo argilo-minerais de alta atividade (como a montmorilonita) tendem a ter

seus pontos de representação na carta de plasticidade próximos à linha U (parte

imediatamente inferior à linha U).

Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não

descrevem completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se

acrescentar informações como odor, cor e homogeneidade do material à

classificação.

Para o caso de solos grossos, informações como a forma dos grãos, tipo de mineral

predominante, graus de intemperismo ou compacidade, presença ou não de finos

são pertinentes.

Para o caso dos solos finos, informações como a umidade natural e consistência

(natural e amolgada) devem ser sempre que possível ser fornecidas.

3.2.5 Classificação segundo a AASHTO

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A sistema de classificação da AASHTO foi desenvolvido em 1920 pelo "Bureau of

Public Roads", que realizou um extenso programa de pesquisa sobre o uso de solos

na construção de vias secundárias ("farm to market roads").

O sistema original foi baseado nas características de estabilidade dos solos quando

usados como a própria superfície da pista ou em conjunto com uma fina capa

asfáltica. Diversas aplicações foram realizadas desde a sua concepção e a sua

aplicabilidade foi estendida consideravelmente.

Segundo a AASHTO apud Machado & Machado(1997), afirma que esta classificação

pode ser utilizada para os casos de aterros, subleitos, bases e subbases de

pavimentos flexíveis, mas deve-se ter sempre em mente o propósito original da

classificação quando da sua utilização.

O sistema da AASHTO classifica o solo em oito diferentes grupos: de A1 a A8 e

inclui diversos subgrupos. Os solos dentro de cada grupo ou subgrupo são ainda

avaliados de acordo com o seu índice de grupo, o qual é calculado por intermédio de

uma fórmula empírica.

- Solos pertencentes aos grupos A1 ao A3

Os solos pertencentes ao grupo A1 são bem graduados, ao passo que os solos

pertencente ao grupo A3 são areias mal graduadas, sem presença de finos. Os

materiais pertencentes ao grupo A2 apesar de granulares (35% ou menos passando

na peneira #200), possuem uma quantia significativa de finos.

- Solos pertencentes aos grupos A4 ao A7

Os solos pertencentes aos grupos A4 ao A7 são solos finos, materiais silto-argilosos.

A diferenciação entre os diversos grupos é realizada com base nos limites de

Atterberg. Solos altamente orgânicos (incluindo-se aí a turfa) devem ser colocados

no grupo A8. Como no caso do SUCS, a classificação dos solos A8 é feita

visualmente.

O índice de grupo é utilizado para auxiliar na classificação do solo. Ele é baseado na

performance de diversos solos, especialmente quando utilizados como subleitos. O

índice de grupo é determinado utilizando-se a eq. 3.1, apresentada adiante:

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(3.1)

Onde F é a percentagem de solo passando na peneira #200.

Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7 o índice de grupo deve ser

determinado utilizando-se somente o índice de plasticidade.

No caso da obtenção de índices de grupo negativos, deve-se adotar um índice de

grupo nulo.

Segundo Machado & Machado (1997), usar o sistema de classificação da AASHTO

não é difícil. Uma vez obtidos os dados necessários, deve-se seguir os passos

indicados na fig.3.9, da esquerda para a direita, e encontrar o grupo correto por um

processo de eliminação.

O primeiro grupo à esquerda que atenda as exigências especificadas é a

classificação correta da AASHTO. A classificação completa inclui o valor do índice

de grupo (arredondado para o inteiro mais próximo), apresentado em parênteses, à

direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-6(12), A-7-5(17), etc.

Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a

classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como

base, subbases e sub-leitos de pavimentos.

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Figura 3.9 - Classificação pela AASHTO. Solos grossos.

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Figura 3.10 - Classificação pela AASHTO. Solos finos.

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43

4 METODOLOGIAS EMPREGADAS PARA ESTUDO DAS

PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO

4.1 AMOSTRAGEM

Amostragem é a retirada de amostras de solo de um local em estudo para posterior

análise.

As amostras podem ser deformadas, quando não existe a necessidade de se manter

as características do local, utilizando métodos de coleta como, trado, barrilete

amostrador, pá, enxada, etc., ou indeformadas quando existe a necessidade de se

“preservar” as propriedades do solo, como obtenção de teor de umidade ou

resistência ao cisalhamento.

Os métodos de prospecção do subsolo para fins geotécnicos classificam-se em

métodos indiretos, semidiretos e diretos.

4.1.1 Métodos Indiretos

São aqueles em que a determinação das propriedades das camadas do subsolo é

feita indiretamente pela medida, seja da sua resistividade elétrica ou da velocidade

de propagação de ondas elásticas.

Os índices medidos mantêm correlações com a natureza geológica dos diversos

horizontes, podendo-se ainda conhecer as suas respectivas profundidades e

espessuras.

4.1.2 Métodos Semidiretos

São os processos que fornecem informações sobre as características do terreno,

sem contudo possibilitarem a coleta de amostras ou informações sobre a natureza

do solo, a não ser por correlações indiretas.

4.1.3 Métodos Diretos

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Consistem em qualquer conjunto de operações destinadas a observar diretamente o

solo ou obter amostras ao longo de uma perfuração.

Os principais métodos diretos são:

4.1.3.1 Manuais

- Poços

Exame das camadas do subsolo ao longo de suas paredes; coleta de amostras

deformadas ou indeformadas (blocos ou anéis) e encontro do nível d’água. Segundo

Norma NBR 9604/86- Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo, com

retirada de amostras deformadas e indeformadas.

- Trincheiras

Obtém uma exposição contínua do subsolo, ao longo da seção de uma encosta

natural, áreas de empréstimo, locais de pedreiras, etc. apresentam perfis geológicos,

estimados em função dos solos encontrados nas diferentes profundidades

- Trados Manuais

É um processo mais simples, rápido e econômico para as investigações preliminares

das condições geológicas superficiais, permite a retirada de amostras deformadas,

encontro do nível d’água, mudança de camadas e avanço da perfuração para ensaio

de penetração.

4.1.3.2 Mecânicos

- Sondagens á percussão com circulação de água

Ë o número de golpes necessários para a cravação dos últimos 30cm de um

barrilete amostrador padrão, por um peso de 65kg solto a uma altura de 75cm em

queda livre.

O método de sondagem conhecido como de percussão com circulação de água é o

mais difundido no Brasil. Seu emprego fornece as seguintes vantagens principais:

• Facilidade de execução e possibilidade de trabalho em locais de difícil acesso.

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• Permite a coleta de amostras de solo semi-deformadas de metro á metro

• Determinação da resistência do solo, através da determinação do SPT(número de

golpes)

• Obtenção do perfil geotécnico do subsolo

• Encontro do nível d’água

Figura 4.1 – Equipamento de sondagem

O equipamento para execução de uma sondagem à percussão é composto em

linhas gerais dos seguintes elementos:

- Tripé equipado com sarilho, roldana e cabo

- Tubos de revestimentos com diâmetro interno mínimo de 66,5 mm, sendo

usado corretamente os de 76,2 mm, 101,6 mm e 152,4 mm

- Haste de aço para avanço, com diâmetro nominal interno de 25 mm (diâmetro

externo 33,7 mm e peso do tubo 2,97 Kg/m). As hastes deverão ser retilíneas

e dotadas de roscas em bom estado. Quando acopladas por luvas apertadas,

devem formar um conjunto retilíneo.

- Martelo para cravação das hastes de perfuração e dos tubos de revestimento

(peso de bater) consistindo de uma massa de 65 Kg de ferro, da forma

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cilíndrica ou prismática. Encaixado na parte inferior do martelo, haverá um

coxim de madeira dura.

- O amostrador padrão de diâmetro externo de 50,8 mm e interno 34,9 mm. O

corpo do amostrador é bipartido. A cabeça tem dois orifícios laterais para

saída da água e ar e contém interiormente uma válvula constituída por esfera

de aço inoxidável.

- Conjunto motor-bomba para circulação de água no avanço da perfuração.

- Trépano ou peça de lavagem constituído por peça de aço terminada em bisel

e dotada de duas saídas laterais para a água.

- Trado concha com 100 mm de diâmetro e trado especial de diâmetro mínimo

de 56 mm e máximo de 62 mm.

- Materiais acessórios e ferramentas gerais necessárias à operação da

aparelhagem.

- Procedimento

Segundo Lima(1980), em linhas gerais a execução de sondagens de

reconhecimento a percussão com circulação de água compreende as seguintes

operações:

a) Processo de perfuração

A perfuração é iniciada com o trado cavadeira até a profundidade de metro,

instalando-se o primeiro segmento do tubo de revestimento.

Nas operações subseqüentes de perfuração utiliza-se o trado espiral, até que se

torne inoperante ou até encontrar o nível d’água. Passa-se então ao processo de

perfuração por circulação de água no qual, usando-se o trépano de lavagem como

ferramenta de escavação, a remoção do material escavado se faz por meio de

circulação de água, realizada pela bomba d’água motorizada.

Durante as operações de perfuração, caso a parede do furo se mostre instável,

procede-se a descida do tubo de revestimento até onde se fizer necessário,

alternadamente com a operação de perfuração. O tubo de revestimento deverá ficar

no mínimo a 0,50 m do fundo do furo, quando da operação de amostragem.

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Em sondagens profundas, onde a descida e a posterior remoção dos tubos de

revestimento for problemática, poderão ser empregadas lamas de estabilização em

lugar do tubo de revestimentos.

Durante a operação de perfuração são anotadas as profundidades das transições de

camadas detectadas por exame táctil-visual e da mudança de coloração dos

materiais trazidos à boca do furo pelo trado espiral ou pela água de lavagem.

Durante a sondagem o nível d’água no inferior do furo é mantido em cota igual ou

superior ao nível lençol freático.

b) Amostragem

Será coletada, para exame posterior, uma parte representativa do solo colhido pelo

trado concha durante a perfuração até um metro de profundidade. Segundo Norma

NBR 9820/87 – Coleta de amostras indeformadas de solo em furos de sondagem.

Posteriormente, a cada metro de perfuração, a contar de um metro de profundidade,

são colhidas amostras dos solos por meio do amostrados padrão. Obtêm-se

amostras cilíndricas, adequadas para a classificação, porém evidentemente

comprimidas. Esse processo de extração de amostras oferece entretanto a

vantagem de possibilitar a medida da consistência ou compacidade do solo por meio

de sua resistência à penetração no terreno, da qual se tratará adiante.

c) Ensaio de penetração dinâmica

O amostrador padrão, conectado às hastes de perfuração, é descido no interior do

furo de sondagem e posicionado na profundidade atingida pela perfuração. A seguir,

a cabeça de bater é colocada no topo da haste, o martelo apoiado suavemente

sobre a cabeça de bater a eventual penetração do amostrador no solo.

Utilizando-se o topo do tubo de revestimento como referência, marca-se na haste de

perfuração, com giz, um segmento de 45 cm dividido em três trechos iguais de 15

cm.

O ensaio de penetração consiste na cravação do amostrador no solo através de

quedas sucessivas do martelo, erguido até a altura de 75 cm. Procede-se a

cravação de 45 cm do amostrador, anotando-se, separadamente, o número de

golpes necessários à cravação de cada 15 cm do amostrador.

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Ensaio de avanço da perfuração por lavagem

Quando for atingida a condição de impenetrável à percussão anteriormente descrita,

poderá a mesma ser confirmada pelo ensaio de avanço da perfuração por lavagem.

Consiste na execução da operação de perfuração por circulação de água durante 30

minutos anotando-se os avanços do trépano, obtidos a cada período de 10 minutos.

A sondagem será dada por encerrada quando no ensaio de avanço da perfuração

por lavagem forem obtidos avanços inferiores a 5 cm em cada período de 10

minutos, ou quando após a realização de 4 ensaios consecutivos não for alcançada

a profundidade de execução do ensaio penetrométrico seguinte.

Observação do nível d’água freático

Durante a execução da sondagem à percussão são efetuadas observações sobre o

nível d’água, registrando-se a sua cota, a pressão que se encontra e as condições

de permeabilidade e drenagem das camadas atravessadas.

Quando se consegue levar a perfuração com trado helicoidal até a profundidade de

ocorrência do nível d água, interrompe-se a operação de perfuração nessa

oportunidade e passa-se a observar a elevação do nível d’água no furo até sua

estabilização, efetuando-se leituras a cada 5 minutos durante 30 minutos.

O nível d’água final da sondagem é determinado no término do furo, após

esgotamento do mesmo e após a retirada do tubo de revestimento e decorridas 24

horas.

Índice de resistência à penetração

Segundo Lima(1980), o índice de resistência à penetração (SPT ou N – Standard

Penetration Test) definido por Terzaghi-Peck (“Soil Mechanics in Engineering

Practice”) é a soma do número de golpes necessários à penetração no solo, dos 30

cm finais do amostrador. Despreza-se portanto o número de golpes correspondentes

à cravação dos 15 cm iniciais do amostrador.

Ainda que o ensaio de resistência à penetração não possa ser considerado como

um método preciso de investigação, os valores de N obtidos dão uma indicação

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preliminar bastante útil da consistência (solos argilosos) ou estado de compacidade

(solos arenosos) das camadas de solo investigadas.

Tabela 4.1 – Compacidade do solo segundo classificação da Associação

Brasileira de Mecânica dos solos

Compacidade da areia SPT

Fofa ≤ 4

Pouco compacta 5 – 10

Medianamente compacta 11 – 30

Compacta 31 – 50

Muito compacta > 50

Tabela 4.2 – Compacidade do solo segundo classificação da Associação

Brasileira de Mecânica dos solos

Consistência da Argila SPT

Muito mole < 2

Mole 2 – 4

Média 4 – 8

Rija 8 – 15

Muito Rija 16 – 30

Dura > 30

As resistências à penetração podem apresentar resultados variáveis, pois os fatores

que influem sobre seus valores são muitos, podendo estar ligados ao equipamento

ou à execução da sondagem como a seguir relacionado.

Fatores ligados ao equipamento

- A forma, as dimensões e estado de conservação do amostrador.

- Estado de conservação das hastes e uso de hastes de diferentes pesos.

- Peso de bater não calibrado e natureza da superfície de impacto (ferro sobre

ferro ou adoção de uma superfície amortecedora).

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- O diâmetro do tubo de revestimento da sondagem.

Fatores ligados à execução da sondagem

- Variação na energia de cravação (altura de queda do martelo, atrito no cabo

de sustentação).

- O processo de avanço da sondagem, acima e abaixo do nível d’água

subterrâneo (inclusive a manutenção ou não desse nível d’água, quando

perfurando abaixo dele).

- Má limpeza do furo. Presença de pedregulhos na interior da perfuração.

- Furo não alargado suficientemente para livre passagem do amostrador.

- Excesso de lavagem para cravação do revestimento.

- Erro na contagem do número de golpes.

Apresentação das sondagens

Com base nas anotações de campo e nas amostras colhidas prepara-se para cada

sondagem um desenho (formato A4 da ABNT) contendo o perfil individual da

sondagem e um corte geológico que tem o aspecto geral onde figuram as

seqüências prováveis da camada do subsolo, constando ainda cotas, posições onde

foram recolhidas amostras, os níveis d’água subterrâneos, além das resistências à

penetração, nas cotas em que foram observadas e expressas em golpes/cm.

Do relatório sobre as sondagens deve constar um desenho com a localização das

sondagens em relação a pontos bem determinados do terreno, além da indicação do

RN aos quais foram referidas as cotas dos pontos sondados.

- Sondagens Rotativa

Quando uma sondagem alcança uma camada de rocha ou quando no curso de uma

perfuração as ferramentas das sondagens à percussão encontram solo de alta

resistência, blocos ou matacões da natureza rochosa é necessário recorrer às

sondagens rotativas.

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As sondagens rotativas tem como principal objetivo a obtenção do testemunho, isto

é, de amostras da rocha mas permitem a identificação das descontinuidades do

maciço rochoso e a realização no interior da perfuração de ensaios “in situ”, como

por exemplo o ensaio de perda d’água, quando se deseja conhecer a

permeabilidade da rocha ou a localização das fendas e falhas.

A sondagem realizada puramente pelo processo rotativo só se justifica quando a

rocha aflora ou quando não há necessidade da investigação pormenorizada com

coleta de amostras das camadas de solos residuais, sedimentares ou coluviais que

na maioria dos casos recobrem o maciço rochoso.

Operação

A sonda deve ser instalada sobre uma plataforma devidamente ancorada no terreno

a fim de se manter constante a pressão sobre a ferramenta de corte. A seguir a

composição (haste, barrilete, alargador e coroa) é acoplada à sonda e antes desta

ser acionada, põe-se em funcionamento a bomba que injeta o fluido de circulação.

A execução da sondagem rotativa consiste basicamente na realização de manobras

consecutivas, isto é, a sonda imprime às hastes os movimentos rotativos e de

avanço na direção do furo e estas os transferem ao barrilete provido da coroa.

O comprimento máximo de cada manobra é determinado pelo comprimento do

barrilete, que é em geral de 1,5 a 3,0 m. Terminada a manobra, o barrilete é alçado

do furo e os testemunhos são cuidadosamente retirados e colocados em caixas

especiais com separação e obedecendo à ordem de avanço da perfuração.

No boletim de campo da sondagem são anotadas as profundidades do início e

término das manobras e o comprimento de testemunhos recuperados medidos, na

caixa após a arrumação cuidadosa.

Constam ainda do boletim de sondagem as seguintes informações: tipo de sonda, os

diâmetros de revestimento usados nos diferentes comprimentos da perfuração, o

número de fragmentos em cada manobra, natureza do terreno atravessado (litologia,

fraturas, zonas alteradas etc.), nível d’água no início e final da sondagem.

Apresentação dos resultados

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Todos os dados colhidos na sondagem são resumidos na forma de um perfil

individual do furo, ou seja, um desenho que traduz o perfil geológico do subsolo na

posição sondada, baseado na descrição dos testemunhos.

A descrição dos testemunhos é feita a cada manobra e inclui:

a) A classificação litológica – baseada na gênese da formação geológica, na

mineralogia, textura e fábrica dos materiais a classificar. Inclui ainda a cor e

tonalidade.

b) Estado de alteração das rochas para fins de engenharia – trata-se de um fator

que faz variar extraordinariamente suas características. As descrições do grau

de alteração das rochas, embora muito informativas, são até certo ponto

subjetivas por se basearem normalmente na opinião do autor da classificação.

As designações normalmente adotadas são as abaixo e baseadas nas

seguintes características:

Extremamente alterada ou decomposta – o material encontra-se homogeneamente

decomposto. Pode, entretanto, conter características da rocha original, tais como:

xistosidade, planos de fraturamento, diaclasamento etc;

Muito alterada – o material é predominantemente como acima descrito mas contém

porções em que a rocha se apresenta menos alterada;

Medianamente alterada – o material é dominantemente pouco alterado ou são, mas

contém trechos ou porções em que o material é extremamente alterado;

Pouco alterada – a rocha é predominantemente sã mas apresenta descoloração

geral ou de alguns minerais;

Sã ou quase sã – não apresenta vestígios de Ter sofrido alterações físicas ou

químicas dos seus minerais.

c) Grau de fraturamento – uma das maneiras de avaliar o grau de fraturamento

da rocha é através o número de fragmentos por metro, o qual é obtido

dividindo-se o número de fragmentos recuperados em cada manobra pelo

comprimento da manobra.

O critério adotado na classificação é o seguinte:

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Tabela 4.3 – Critério na classificação da rocha fraturada

Rocha N.º Fraturas/metro

Ocasionalmente fraturada 1

Pouco fraturada 1-5

Medianamente fraturada 6-10

Muito fraturada 11-20

Extremamente fraturada >20

Em fragmentos pedaços de diversos tamanhos

caoticamente dispersos

É corrente correlacionar-se a qualidade de rocha com a percentagem de

recuperação, a qual se obtém pela relação entre o comprimento total dos vários

testemunhos de uma mesma manobra e o comprimento dessa manobra, expressa

em percentagem.

O desenvolvimento dos equipamentos e das várias técnicas de perfuração veio

mostrar a precariedade dessas correlações, pois uma mesma formação poderá

oferecer diversas percentagens de recuperação em função da qualidade da

sondagem. Entretanto, é corrente considerar-se rocha de boa qualidade, aquelas

cujas percentagens de recuperação são superiores a 80%; rocha muito alterada

quando as percentagens são inferiores a 50% e mediamente alterada para valores

intermediários.

No intuito de englobar num só os critérios de fraturação e estado de alteração,

Deere(1967) apud Lima(1980) introduziu o que designa por RQD (Rock Quality

Designation).

O RQD se baseia numa recuperação modificada, pois na determinação da

percentagem de recuperação entram no cálculo os fragmentos de testemunho com

comprimento igual ou superior a 10 cm. Assim, a percentagem obtém-se, da

manobra, somando-se os comprimentos dos testemunhos com mais de 10 cm e

dividindo se pelo comprimento da manobra.

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A determinação do RQD é feita apenas em sondagens que utilizem barriletes duplos

de diâmetro NX (76mm) ou superior.

Tabela 4.4 – Determinação de RQD

RQD Qualidade do Maciço

Rochoso

0 – 25% muito fraco

25 – 50% Fraco

50 – 75% Regular

75 – 90% Bom

90 – 100% Excelente

4.2 LIMITES DE CONSISTÊNCIA

A delimitação entre os diversos estados de consistência é feita de forma empírica.

Esta delimitação foi inicialmente realizada por Atterberg, culminando com a

padronização dos ensaios para a determinação dos limites de consistência por

Arthur Casagrande.

Os limites que separam os diversos estados de consistência do solo são os

seguintes:

• Limite de Liquidez (LL)

• Limite de Plasticidade (LP)

• Limite de Contração (LS)

Segundo Nogueira(1988), os limites de consistência são usados para separar os

estados de consistência de um solo fino ou de fração fina de um solo grosso, através

de um teor de umidade limite entre dois estados.

Assim, o limite de liquidez (LL) é o teor de umidade limite entre o estado de

consistência líquido e plástico, o limite de plasticidade (LP) separa o estado plástico

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do semi-sólido e, finalmente, o limite de contração (LC) separa o estado semi-sólido

do sólido, cada um deles apresentando uma interpretação física definida.

Figura 4.2 – Estados de consistências

Sendo a umidade de um solo muito elevada, ele se apresenta como um fluído denso

e se diz no estado líquido. À medida que evapora a água, ele se endurece e para

uma certa h=LL (Limite de Liquidez), perde a sua capacidade de fluir, porém pode

ser moldado facilmente e conservar a sua forma. O solo encontra-se agora no

estado plástico. A continuar a perda de umidade, o estado plástico desaparecerá

gradativamente até que para h=LP ( Limite de Plasticidade) o solo se desmancha ao

ser trabalhado. Este é o estado semi sólido. Continuando a secagem, ocorre a

passagem gradual para o estado sólido. O limite entre os dois estados eqüivale a um

teor de umidade h=LC ( Limite de Contração). O conhecimento destes limites

(principalmente os 2 primeiros), permite de uma maneira simples e rápida dar uma

idéia bastante clara do tipo de solo e suas propriedades, principalmente quando se

trata de solos finos, segundo Caputo(1975). Por isso mesmo, constituem hoje

determinações rotineiras nos laboratórios de Mecânica dos Solos.

A determinação do valor de cada um desses teores de umidade limites é através de

um ensaio de laboratório próprio cujos procedimentos se encontram normalizados

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas conforme a tabela abaixo:

Tabela 4.5 – Relação de Normas

Ensaio Norma

Solo. Deteminação do LP 7180/84

Solo. Determinação do LL 6459/84

Determinação do limite e relação

de contração do solo

7183/82

4.2.1 Limite de Liquidez (LL)

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É determinado através do aparelho de Casagrande, que consiste em um concha de

latão, sobre um suporte de ebonite; por meio de um excêntrico imprime-se ao prato,

repetidamente quedas de altura de 1 cm e intensidade constante de duas

revoluções, por segundo.

Atterberg baseou-se no fato que quando o material é fluído toma a forma do

recipiente que o contém. Se assim colocada uma fração de solo no recipiente, um

sulco for aberto e imprimi-se um choque à concha através de quedas, o sulco se

fecha.

Repetindo-se a experiência com teores de umidade diferentes, os valores obtidos

são lançados em um gráfico semilogarítmo em que as ordenadas se têm os teores

de umidade e nas abcissas o número de golpes.

Traça-se a linha de escoamento do material ( gráfico umidade x n de golpes para

fechar o sulco na amostra), que passa por esses pontos. Por definição, o limite de

liquidez é o teor de umidade para qual o sulco se fecha com 25 golpes.

Figura 4.3 – Aparelho de Casagrande

4.2.1.1- Sequência para realização do ensaio de Limite de Liquidez

A sequência para realização deste ensaio, obedece os seguintes passos:

1. Secar a amostra ao ar livre;

2. Pegar uma pequena quantidade de solo (aprox. 100g), passante na peneira #40 e

misturar com água na cápsula de porcelana;

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3. Levar o material homogeneizado com água para o Aparelho de Casagrande;

4. Preencher parte da cuba, com solo até a altura do cinzel, utilizando uma espátula

flexível;

5. Fazer o arrasamento do solo com a espátula;

6. Fazer a ranhura com o cinzel (verificar o tipo de cinzel adequado para solos

argilosos ou arenosos);

7. Contar o número de golpes para o fechamento da ranhura;

8.Coletar uma pequena quantidade de amostra (exatamente no local de fechamento

da ranhura) para determinação do teor de umidade (método da estufa);

9. Anotar na planilha o nº de golpes e o teor de umidade correspondente;

10. Retirar o material da cuba e colocar novamente na cápsula de porcelana;

11. Acrescentar pequenas quantidades de água, de forma que, o nº de golpes

seguinte esteja dentro de um limite esperado;

12. Repetir estes procedimentos, de tal forma que você tenha 4 determinações;

13. Traçar o gráfico e obter o valor do LL.

Figura 4.4 - Determinação do limite de liquidez do solo.

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4.2.2 Limite de Plasticidade (LP)

A determinação foi pelo cálculo da porcentagem de umidade para a qual o solo

começa a se fraturar quando se tenta moldar.

Faz-se uma pasta com o solo, e em seguida procura-se rolar essa pasta, com o

auxílio da palma da mão, sobre uma placa de vidro esmerilhado, a fim de formar

pequenos cilindros.

Quando o cilindro assim atingir um diâmetro de 3mm e cerca de 10cm de

comprimento, e começar a apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-

se o teor de umidade do solo formador do cilindro.

Repete-se a operação diversas vezes, para se obter um valor médio do teor de

umidade, o qual será o limite de plasticidade do solo.

Figura 4.5 – Perspectiva do ensaio de plasticidade

4.2.2.1-Sequência para realização do ensaio de Limite de Plasticidade

A sequência para realização deste ensaio, obedece os seguintes passos:

1. Secar a amostra ao ar livre;

2. Pegar uma pequena quantidade de solo (aprox. 100g) passante na peneira #40

e misturar com água na cápsula de porcelana;

3. Do material homogeneizado com água, retirar uma pequena quantidade de solo

(o equivalente a uma esfera de 3mm de diâmetro) e levar para a placa de vidro

esmerilhada;

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4. Com a ajuda de uma das mãos tentar moldar um cilindro com 10 cm de

comprimento, conforme o tamanho do gabarito de aço;

5. Caso a amostra de solo se rompa antes de atingir os 10 cm, você deve

acrescentar um pouco mais de água (no restante do solo que encontra-se na

cápsula de porcelana) e tentar novamente moldar o cilindro;

6. Caso a amostra de solo atinja os 10 cm de comprimento sem aparecer fissuras,

é porque a amostra está com um teor de umidade acima do LP. Neste caso,

você deve secar um pouco a amostra que encontra-se na cápsula de porcelana;

7. O ensaio será concluído quando você obter perceber que o surgimento de

fissuras na amostra estiver ocorrendo quando esta possuir cerca de 10 cm de

comprimento;

8. Da amostra ensaiada (aquela que você obteve sucesso para atingir o

comprimento necessário) você deve reparti-la em cinco partes iguais e levá-las

para determinação do teor de umidade (método da estufa);

Figura 4.6 – Determinação do limite de plasticidade

Tendo-se o teor de umidade de cada ponto calcula-se a média aritmética desses

valores, bem como, o desvio de ± 5%, da média. Se um ou mais desses valores dos

teores de umidade dos pontos caírem fora desse intervalo eles deverão ser

desprezados e uma nova média e o valor do desvio, novamente, calculados. A

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60

definição do limite de plasticidade de um solo deverá ser pela média de pelo menos

três determinações. Caso isso não aconteça o ensaio deverá ser refeito.

4.2.3 Índice de Plasticidade (IP)

É a diferença entre os limites de liquidez e de plasticidade:

IP = LL - LP (4.1)

Ele define a zona em que o terreno se acha no estado plástico e por ser máximo

para as argilas e nulo para as areias, fornece um critério para se ajuizar do caráter

argiloso de um solos, assim, quanto maior o IP, tanto mais plástico será o solo.

Sabe-se que as argilas são tanto mais compressíveis quanto maior for o IP.

Segundo Caputo (1975), os solos poderão ser classificados em:

Fracamente plásticos........................................................1 < IP < 7

Mediamente plásticos .......................................................7 < IP < 15

Altamente plásticos ........................................................... IP > 15

4.3 GRANULOMETRIA

O objetivo de um ensaio de granulometria, segundo Nogueira(1995), é a obtenção

dos pares de valores, tamanho da partícula e sua porcentagem de ocorrência,

necessários ao traçado da curva granulométrica do solo. A forma de se obter esses

pares de valores dependerá do tamanho das partículas componentes de cada solo.

Para as partículas maiores que 0,075mm (Peneira #200) esta separação será feita

através de um peneiramento, enquanto que, par as partículas menores que

0,075mm deverá ser utilizado o processo da sedimentação em água destilada.

Pelo fato de o solo geralmente apresentar partículas com diâmetros equivalentes

variando em uma ampla faixa, a curva granulométrica é normalmente apresentada

em um gráfico semi-log, com o diâmetro equivalente das partículas em uma escala

logarítmica e a percentagem de partículas com diâmetro inferior à abertura da

peneira considerada (porcentagem que passa) em escala linear.

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61

O conjunto de peneiras utilizados nesses ensaios foi normatizado pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas através da EB-22, Peneiras para Ensaios, e os

ensaio padronizados pela ABNT através da MB-32, Solo-Análise Granulométrica.

4.3.1 Análise por Peneiramento

As peneiras serão colocadas uma sobre a outra com as aberturas crescendo de

baixo para cima. Embaixo da peneira de menor abertura será colocado o prato que

recolherá os grãos que por ela passarão. Em cima da peneira de maior abertura será

colocada a tampa para evitar a perda de partículas no início do processo de

vibração. O conjunto de peneiras assim montados deverá ser levado para um

peneirador capaz de produzir um movimento horizontal e um vertical às peneiras,

simultaneamente.

A massa de sólidos da amostra deverá ser determinada em balança com resolução

de 0,01g para, em seguida, ser transferida para a peneira, de maior abertura,

evitando-se perda de material. As partículas serão separadas nas diversas peneiras

deixando-se o peneirador em movimento durante 10 minutos.

Os grão retidos em cada peneira serão recolhidos em uma vasilha, com todo o

cuidado necessário para se evitar perdas, e a sua massa determinada na mesma

balança usada inicialmente.

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62

Figura 4.7 – Aparelho para peneiramento do solo

4.3.2 Análise por Sedimentação

Para solos mais finos como as argilas e siltes , o peneiramento é impraticável, pois

as peneiras deveriam ter aberturas de malhas excessivamente pequenas e

impossíveis de serem obtidas industrialmente ou de serem preservadas com o uso.

Assim, para grãos menores que cerca de 0. 075 mm (peneira Tyler nº 200) emprega-

se o método de análise por sedimentação.

Coloca-se, a amostra de solo, em um copo de dispersor, e deixa dispersar por um

tempo não inferior a 10 minutos e, em seguida, transferida para uma proveta.

Durante essa transferência deve-se tomar cuidado para que não sejam perdidas

partículas, com isso, alterando a massa de sólidos, inicialmente, determinada. O

volume de água destilada usado nessas transferências deve ser, cuidadosamente,

controlado para que se tenha na proveta, um volume de suspensão não superior a

1000cm³, que é o volume útil do ensaio.

Com a palma de uma das mãos sobre a boca da proveta e com a outra mão

segurando o seu fundo, realizar um movimento rápido com os braços que permita o

seu fazer com que a posição inicial da proveta se inverta. Um mínimo de cinco ciclos

deverão ser realizados para que a suspensão possa ser considerada, inicialmente,

homogênea.

A proveta deve ser, imediatamente, apoiada sobre uma superfície horizontal e, tão

rápido quanto possível, acionado o cronômetro para o início da contagem do tempo.

Introduzir o densímetro na suspensão e realizar as leituras, na parte superior do

menisco formando junto a haste, para tempos de 30, 60 e 120 segundos do início da

contagem dos tempos.

A introdução e a retirada do densímetro da suspensão deve ser realizada

lentamente e com um leve movimento de rotação, a fim de se evitar uma

perturbação na queda das partículas, durante a introdução o densímetro só deve ser

solto em uma posição próxima a do seu ponto de equilíbrio.

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63

Após a realização das três leituras o densímetro deve ser retirado da suspensão e

colocado na proveta ao lado e, anotada a temperatura da água destilada, admitida

igual a da suspensão. Se o local onde o ensaio está sendo realizado não mantém

constante a temperatura da suspensão a proveta deverá ser colocada dentro de um

tanque de imersão e aí permanecer até a última leitura.

O ensaio será continuado fazendo-se leituras com o densímetro após decorridos 4, 8

15, 30,..minutos do início da contagem dos tempos. Nesta fase o densímetro deverá

ser introduzido na suspensão segundos antes e retirado, imediatamente, após a

leitura, com todo o cuidado recomendado.

As leituras deverão continuar até que tenha sido possível obter o menor tamanho de

partícula desejado ou a fração argila possa ser definida.

4.3.3 Representação Gráfica do Resultado do Ensaio de

Granulometria

A representação gráfica do resultado de um ensaio de granulometria é dada pela

curva granulométrica do solo. A partir da curva granulométrica, podemos separar

facilmente os solos grossos dos solos finos, apontando a percentagem equivalente

de cada fração granulométrica que constitui o solo (pedregulho, areia, silte e argila).

Além disto, a curva granulométrica pode fornecer informações sobre a origem

geológica do solo que está sendo investigado.

Por exemplo, na fig.4.8, a curva granulométrica a corresponde a um solo com a

presença de partículas em uma ampla faixa de variação. Assim, o solo representado

por esta curva granulométrica poderia ser um solo de origem glacial, um solo

coluvionar (tálus) (ambos de baixa seletividade) ou mesmo um solo residual jovem.

Contrariamente, o solo descrito pela curva granulométrica c foi evidentemente

depositado por um agente de transporte seletivo, tal como a água ou o vento (a

curva c poderia representar um solo eólico, por exemplo), pois possui quase que

todas as partículas do mesmo diâmetro.

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64

Na curva granulométrica b, uma faixa de diâmetros das partículas sólidas está

ausente. Esta curva poderia ser gerada, por exemplo, por variações bruscas na

capacidade de transporte de um rio em decorrência de chuvas.

De acordo com a curva granulométrica obtida, o solo pode ser classificado como

bem graduado, caso ele possua uma distribuição contínua de diâmetros

equivalentes em uma ampla faixa de tamanho de partículas (caso da curva

granulométrica a) ou mal graduado, caso ele possua uma curva granulométrica

uniforme (curva granulométrica c) ou uma curva granulométrica que apresente

ausência de uma faixa de tamanhos de grãos (curva granulométrica b).

Alguns sistemas de classificação utilizam a curva granulométrica para auxiliar na

previsão do comportamento de solos grossos. Para tanto, estes sistemas de

classificação lançam mão de alguns índices característicos da curva granulométrica,

para uma avaliação de sua uniformidade e curvatura. Os coeficientes de

uniformidade e curvatura de uma determinada curva granulométrica são obtidos a

partir de alguns diâmetros equivalente característicos do solo na curva

granulométrica. São eles:

D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro eqüivalente da partícula para o qual temos 10%

das partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo).

D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%,

respectivamente.

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65

Figura 4.8 - Representação de diferentes curvas granulométricas.

As equações 4.2 e 4.3 apresentam os coeficientes de uniformidade e curvatura de

uma dada curva granulométrica.

Coeficiente de uniformidade:

Cu = D60 (4.2)

D10

De acordo com o valor do Cu obtido, a curva granulométrica pode ser classificada

conforme apresentado abaixo:

Tabela 4.6 – Valores de Cu para classificação de curva granulométrica

Cu < 5 Muito Uniforme

5 < Cu < 15 Uniformidade Média

Cu < 15 Não Uniforme

Cc = D²10 (4.3)

D60 x D10

Classificação da curva granulométrica quanto ao coeficiente de curvatura.

1 < Cc < 3 = solo bem graduado

Cc < 1 ou Cc > 3 = solo mal graduado

4.3.4 Designação segundo a NBR – 6502

A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo

com a sua curva granulométrica. A tabela 4.7 ilustra o resultado de ensaios de

granulometria realizados em três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-

6502 serão então empregadas para classificá-los, em caráter ilustrativo.

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Tabela 4.7 - Exemplos de resultados de ensaios de granulometria para três

solos distintos.

Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo

com as frações obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores

percentagens.

Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia:

1°) Argila;

2°) Areia e

3°) Silte

No caso de percentagens menores do que 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo,

independente da fração granulométrica considerada:

1 a 5% → com vestígios de

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67

5 a 10% → com pouco

Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do

seguinte modo:

10 a 29% → com pedregulho

30% → com muito pedregulho

Resultado da nomenclatura dos solos conforme os dados apresentados na tabela

3.2.

Solo 1: Argila Silto-Arenosa com pouco Pedregulho

Solo 2: Areia Silto-Argilosa com Pedregulho

Solo 3: Pedregulho Arenoso com vestígios de Silte e Pedra

4.4 ÍNDICES FÍSICOS

Os solos na natureza apresentam-se compostos por elementos das três fases

físicas, isto é, sólida, líquida e gasosa, em maior ou menor proporção.

O arcabouço do solo, constituído do agrupamento das partículas sólidas,

apresentam-se entremeado de vazios, os quais podem estar preenchidos com água

e/ ou ar. O ar extremamente compressível, e a água pode fluir através do solo,

portanto, quando da avaliação quantitativa do comportamento do solo, há a

necessidade de se levar em conta as ocorrências dessas fases físicas.

Os índices físicos são relações entre as diversas fases, em termos de massas e

volumes, os quais procuram caracterizar as condições físicas em que um solo se

encontra, segundo Bueno e Vilar (1999).

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Figua 4.9 – Representação esquemática das fases constituintes do solo

As três relações de volumes mais utilizadas são as da porosidade, o índice de vazios

e o grau de saturação.

A porosidade é definida pela relação entre o volume de vazios e o volume total da

amostra.

n% = Vv x 100 (4.4)

Vt

O índice de vazios (e) é definido pela relação entre o volume de vazios e o volume

de sólidos, isto é

e = Vv (4.5)

Vs

O grau de saturação (Sr) representa a relação entre o volume de água e o volume

de vazios, ou seja:

Sr = Vw (4.6)

Vv

A relação entre as massas mais utilizadas é o teor de umidade (w), que é a relação

entre a massa de água e a massa de sólidos presentes na amostra.

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w = Mw (4.7)

Ms

Esses índices físicos, são adimensionais e, com exceção do índice de vazios, todos

os demais são expressos em termos de porcentagem.

As relações entre massas e volumes mais usuais são a massa específica natural, a

massa específica dos sólidos e a massa específica da água.

A massa específica natural (γ) é a relação entre a massa do elemento e o volume

desse elemento.

γ = M (4.8)

V

Por sua vez, a massa específica dos sólidos (γs) é determinada, dividindo-se a

massa de sólidos pelo volume ocupado por esse sólidos, ou seja:

γs = Ms (4.9)

Vs

e, por extensão, a massa específica da água (γw) define-se como:

γw = Mw (4.10)

Vw

que, na maior parte dos casos práticos, é tomada como γw = 1,0 g/cm³.

O tabela apresenta os limites extremos de variação desse índices físicos.

Tabela 4.8 - Limites de variação dos índices físicos

1,0 < γ < 2,50 g/cm³

2,5 < γs < 3,0 g/cm³

0 < E < 20

0 < N < 100%

0 < Sr < 100%

0 < W < 1500%

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70

4.4.1 Relações entre os Diversos Índices

Atribuindo ao volume de fase sólida o valor unitário (Vs=1) é possível relacionar os

diversos índices físicos com índice de vazios. Se Vs=1, então e = Vv e Vw = Sr.e, e

dessa forma temos na figura 4.10, o elemento esquemático de solo, em que as

massas agora são expressas em termos de produto entre os volumes e as massa

específicas das diversas fases.

Figura 4.10 – Massa e volumes das diversas fases quando Vs = 1

A partir dos dados da Figura 4.10, é possível obter as novas expressões para os

diversos índices físicos, conforme as seguintes relações.

w = Mw = Sr . e . γw (4.11)

Ms γs

n = Vv = e (4.12)

V 1 + e

γ = M = γs + Sr . e . γw (4.13)

V 1 + e

Em função da quantidade de água presente no solo, podemos definir a massa

específica saturada (γsat), que ocorre quando todos os vazios do solo estão

preenchidos com água, ou seja, Sr = 100%

γsat = γs + e . γ w (4.14)

1 + e

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Da mesma forma, quando o solo se encontra completamente seco (Sr = 0%), sem

nenhuma água em seus vazios, temos a massa específica seca (γd).

γd = γs (4.15)

1 + e

Nota-se que essas duas novas relações, segundo Bueno e Vilar(1999), estão

referidas ao volume natural da amostra (1 + e), isto é, admite-se, quando se faz

matematicamente Sr = 0% ou Sr = 100%, que o solo não sofra variações de volume.

Isto não é o que realmente ocorre na natureza, pois os solos, ao serem secados ou

saturados normalmente, passam por variações de volume. A massa específica

natural relaciona-se com a massa específica seca por intermédio da seguinte

expressão.

γ = M = γs + Sr . e . γw = γs + γs . w (4.16)

V 1 + e 1 + e 1 + e

γ = γd ( 1 + w) (4.17)

Tanto γ, como γd, estão referidos no volume da amostra natural. Dessa forma, é

possível colocar a expressão anterior, em termos de massas, o que é bastante útil,

sobretudo em ensaios de laboratório.

M = Md ( 1 + w) (4.18)

Para relacionar os índices com a porosidade, faz-se, para facilidade de cálculo, V=1.

Figura 4.11 – Relações entre volumes e entre pesos e volumes adotando-se um

volume total de solo unitário

Assim, podemos colocar os índices físicos de acordo com novas relações.

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e = Vv = n (4.19)

Vs 1 - n

w = Mw = Sr . n . γw (4.20)

Ms (1-n) γs

γ = M = (1-n) γs +Sr . n . γw (4.21)

V

4.4.2 Determinação dos Índices Físicos

Os índices físicos são determinados em laboratório ou mediante fórmulas de

correlação, desenvolvidas no item anterior.

Em laboratório, são determinados a massa específica natural, o teor de umidade e a

massa específica dos sólidos. A seguir, descreve-se resumidamente o

procedimento, para determinação desses três índices físicos.

4.4.2.1 - Massa Específica Natural

Toma-se um bloco de solo de forma cúbica, tendo cerca de 8cm de lado e procura-

se torneá-lo de maneira que se transforme num cilindro. Para tanto, utiliza-se um

berço para alizar a base e o topo, e em seguida, o corpo de prova é levado a um

torno, onde lhe é dada a forma cilíndrica.

As determinações que se fazem são as medidas do diâmetro e da altura do cilindro,

para cálculo do volume e a pesagem do corpo de prova.

A massa específica natural normalmente é determinada em corpos de prova já

talhados para os ensaios usuais de mecânica dos solos, isto é, não se talha um

corpo de prova para medir unicamente a sua massa específica natural.

4.4.2.2 – Teor de Umidade

Toma-se uma porção de solo, cerca de 50g, colocando-a numa cápsula de alumínio

com tampa.

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73

O conjunto de solo úmido mais cápsula, é pesado, e em seguida, a cápsula

destampada é levada a uma estufa até constância de peso. O tempo de

permanência da cápsula varia em função do tipo de solo, como ordem de grandeza,

os solos arenosos necessitam de cerca de 6h e os solos argilosos, á vezes, até de

24 horas.

Pesa-se o conjunto solo seco mais cápsula e, com a tara da cápsula, determinada

de início, pode-se calcular o teor de umidade por meio da seguinte expressão:

w = M2 – M1 x 100% (4.22)

M1 – M0

M2 = Massa do solo úmido mais cápsula

M1 = Massa do solo seco mais cápsula

M0 = Tara da cápsula

4.4.2.3 Massa Específica dos Sólidos

Este índice é determinado, usualmente, empregando um frasco de vidro chamado

picnômetro (balão volumétrico). Coloca-se uma porção de solo (cerca de 80g para

solos argilosos e 150 para solos arenosos) no picnômetro e, em seguida, preenche-

se o frasco com água destilada até a marca de referência.

Pesa-se o conjunto picnômetro, água e solo, determina-se a temperatura da

suspensão e mediante a curva de calibração do picnômetro, determina-se o peso do

picnômetro e a água para a temperatura do ensaio.

A massa da água correspondente ao volume deslocado pelos sólidos será:

M1 – M2 = Mw – M’w – Ms ou (4.23)

Mw – M’w = M1 – M2 + Ms = ∆Mw

Potanto, o volume dos sólidos corresponde a

Vs = ∆Mw / γw (4.24)

e por fim, a massa específica dos sólidos pode ser assim obtida:

γs = Ms = Ms . γw ; γs = Ms . γw (4.25)

Vs ∆Mw M1 – M2 + Ms

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74

Normalmente são feitas de três a quatro determinações, fazendo variar a

temperatura e acertando o nível de água na marca de referência, com vistas à

obtenção de um valor médio consistente.

Embora a determinação da massa específica dos sólidos seja simples, muitas vezes

adota-se um valor médio para resolução de problemas, uma vez que a faixa de

variação no caso de solos é bem pequena. Para solos arenosos, pode-se tomar γs =

2,67g/cm³ (correspondente ao quartzo) e para solos argilosos, γs = 2,75 – 2,90

g/cm³.

Tabela 4.9 - Porosidade, Índice de vazios e peso específico dos solos típicos

no estado natural, (Terzaghi).

Peso específico

gr/cm³ lb/pés³ Descrição

Poro-

sidade

N%

Índice

de

Vazio

e

Teor

de

água

w% γd γ γd γ

1. Areia uniforme, fofa.............. 46 0,85 32 1,43 1,89 90 118

2. Areia uniforme, compacta.... 34 0,51 19 1,75 2,09 109 130

3. Areia de granulometria

variada, fofa.............................. 40 0,67 25 1,59 1,99 99 124

4. Areia de granulometria

variada, compacta.................... 30 0,43 16 1,86 2,16 116 135

5. Moraina glacial, granulação

muito variada............................ 20 0,25 9 2,12 2,32 132 145

6. Argila glacial, mole............... 55 1,20 45 .... 1,77 .... 110

7. Argila glacial, rija.................. 37 0,60 22 .... 2,07 .... 129

8. Argila mole ligeiramente

orgânica.................................... 66 1,90 70 .... 1,58 .... 98

9. Argila mole muito orgânica... 75 3,00 110 .... 1,43 .... 89

10. Bentonite mole................... 84 5,20 194 .... 1,27 .... 80

w = teor de água, quando saturado, em percentagem do peso seco;

γd = peso específico no estado seco;

γ = peso específico no estado saturado;

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75

5 ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS

5.1 LOCALIZAÇÃO DA CIDADE

A cidade de Itatiba, localiza-se no continente sul-americano, Brasil, no interior do

estado de São Paulo, distante 26km da cidade de Campinas pela Rodovia D. Pedro I

e 80km da capital, São Paulo, pelas Via Anhanguera ou Bandeirantes, via Jundiaí

SP360. Suas coordenadas geográficas são: Latitude: S23º 01' 0" e Longitude:

WGr.46º 50' 00", e sua altitude média é de 760,00m.

Ela conta com uma área de 325 km², representando 0,13% da área do Estado. Seu

clima é temperado, com temperaturas oscilando entre 18ºC e 25ºC; a média anual é

de 20,6ºC. O relevo é acidentado, formado principalmente pela Serra da Jurema,

com solo massapé, em sua maioria. A vegetação é de campo e abrange 2.590 ha.

Figura 5.1 – Localização da cidade de Itatiba

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76

5.2 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICA DA CIDADE DE ITATIBA

Geologicamente, o município de Itatiba situa-se na área de abrangência das rochas

metamórficas, que compõem o embasamento cristalino, de idade Pré-Cambriana

Média, variando entre 1.000 - 2.500 milhões de anos, onde predominam granitos

finos a grosseiros, de coloração cinza a rósea, gnaisses e migmatitos variados,

xistos e anfibolitos, às vezes cortados por veios de quartzo e pegmatitos.

O embasamento cristalino divide-se em vários complexos, Itatiba situa-se no

Complexo Amparo que é constituído por ortognaisses bandados, laminados e

porfiroblásticos aos quais associam-se quartzitos micáceos, granatíferos e

feldspáticos, xistos, mármores, rochas calcossilicadas, anfibolitos, metaultrabasitos e

sepentinitos. As relações entres as supracrustais e gnaisses ainda não estão

suficientemente estabelecida em virtude da complexidade estrutural do conjunto.

Apesar da grande confusão estratigráfica que envolve este complexo, manteve essa

denominação. O grau metamórfico presente é da fáceis anfibolito alta e fáceis xisto-

verdes e são atribuídas a retrometamorfismo. Datações radiométricas tem apontado

idade Transamazônica para o complexo e Arqueana para o seu subtrato.

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77

5.3 PERFIL GEOTÉCNICO CARACTERÍSTICO

Figura 5.2 – Localização dos furos de sondagem

Formam escolhidos 5 locais distantes, entre eles, em Itatiba, para se fazer os furos

de sondagem. A quantidade de furos foi determinado pelo tamanho e área do

terreno á ser analisado.

Todos os ensaios foram acompanhados, para garantir que fossem feitos

rigorosamente realizados, segundo os procedimentos descritos na Norma NBR

6484/80.

Abaixo estão os perfis típicos de cada local analisado, e em anexo “A”- perfis dos

solos estarão as análises de todos os furos.

• Poço nº 1

Local: Avenida da Saudade – Centro

Região: Noroeste

Nº de Furos: 2

Perfil Típico

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78

Profuni

dade

Média

(m)

Classificação da Camada

Nº de

golpes

Médio

S.P.T.

0 á

2.90

Argila siltosa, de consistência muito mole á média, cor marrom

avermelhado.

5

2.90 á

6.90

Silte argiloso, pouco á mediamente compacto, cor marrom

avermelhado.

10

6.90 á

12.85

Silte argilo arenoso, mediamente compacto á compacto, cor

marrom avermelhado.

18

12.85

á

18.60

Silte argiloso, com discreta presença de fragmentos de alteração

de rocha, mediamente compacto á compacto, cor marrom

avermelhado variado com branco e rosa.

23

13.70

á

18.60

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha,

mediamente compacto á compacto, cor marrom escuro variado

com branco.

34

18.60 á

23.45

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha, compacto,

cor marrom escuro.

35

Figura 5.3 - Perfil Típico poço 1

• Poço nº 2

Local: Rua Santa Rosa – Vila Brasileira

Região: Noroeste

Nº de Furos: 2

Perfil Típico

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79

Profuni

dade

Média

(m)

Classificação da Camada

Nº de

golpes

Médio

S.P.T.

0 á

3.85

Argila siltosa, de consistência mole, cor marrom. 2

3.85 á

6.45

Argila orgânica, de consistência muito mole, cor cinza variado

com preto.

0

6.45 á

8.55

Areia, de granulometria média á grossa, mediamente compacta 15

8.55 á

8.80

Lente de cascalho, compacta 31

8.80 á

13.70

Silte arenoso, com discreta presença de fragmentos de alteração

de rocha, compacta, cor marrom variegado.

30

13.70 á

20.05

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha, compacto,

cor marrom escuro.

35

Figura 5.4 - Perfil Típico poço 2

• Poço nº 3

Local: Rua Aguiar Pupo – Centro

Região: Nordeste

Nº de Furos: 3

Perfil Típico

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80

Profuni

dade

Média

(m)

Classificação da Camada

Nº de

golpes

Médio

S.P.T.

0 á

3.80

Argila siltosa, porosa, de consistência mole, cor marrom

avermelhado.

4

3.80 á

6.80

Silte argilo arenoso, pouco á mediamente compacto, cor marrom

avermelhado.

10

6.80

á

12.80

Silte areno argiloso, com discreta presença de fragmentos de

alteração de rocha, mediamente compacto á compacto, cor

marrom variado com cinza.

24

12.80 á

17.10

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha, compacto á

muito compacto, cor cinza.

44

Figura 5.5 - Perfil Típico poço 3

• Poço nº 4

Local: Loteamento Cachoeira do Imaratá

Região:Sudeste

Nº de Furos: 2

Perfil Típico

Profuni

dade

Média

(m)

Classificação da Camada

Nº de

golpes

Médio

S.P.T.

0 á

5.80

Silte argilo arenoso, fofa á mediamente compacta, cor marrom

avermelhado.

6

5.80 á

9.60

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha,

mediamente compacto, cor marrom variegado.

11

9.60

á

16.90

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha,

mediamente compacto á compacto, cor cinza variado com

branco.

25

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81

16.90 á

21.05

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha, compacto á

muito compacto, cor cinza variado com branco.

40

Figura 5.6 - Perfil Típico poço 4

• Poço nº 5

Local: Rua Romeu Augusto Rela – Bairro do Engenho

Região: Sudoeste

Nº de Furos: 3

Perfil Típico

Profuni

dade

Média

(m)

Classificação da Camada

Nº de

golpes

Médio

S.P.T.

0 á

7.80

Argila, de consistência muito mole á mole, cor cinza. 2

7.80 á

8.65

Argila orgânica, de consistência muito mole, cor cinza variado

com preto.

1

8.65 á

11.60

Areia argilosa, de granulometria média, pouco á mediamente

compacta, cor preta.

7

11.60

á

12.60

Silte argilo arenoso, com discreta presença de fragmentos de

alteração de rocha, mediamente compacto, cor marrom variado

com branco e rosa.

13

12.60

á

19.90

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha,

mediamente compacto á compacto, cor marrom variado com

branco e rosa.

24

19.90 á

24.45

Silte arenoso, com fragmentos de alteração de rocha, compacto á

muito compacto, cor marrom escuro.

39

Figura 5.7 - Perfil Típico poço 5

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82

5.4 SELEÇÃO DA ÁREA

Com a análise das sondagens, podemos concluir que o solo de Itatiba tem um perfil

geológico característico em toda extensão do município, que ocorre principalmente

por causa do embasamento cristalino.

Devido o curto espaço de tempo, para elaboração desta monografia, selecionou-se

um local dentre as sondagens realizadas que apresenta o perfil característico

detectado.

O solo, com o qual foram feitos os ensaios, é o furo SP01, do poço número 1, que

tem o seguinte perfil geológico.

Figura 5.8 – Locação dos furos de sondagem

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83

Figura 5.9 – Perfil geológico do furo SP01

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84

6 METODOLOGIA DA PESQUISA

Coletou-se amostras de solo de Itatiba, através de sondagens, que como já foi

comentado, foram todas acompanhadas. Conforme era retirado o amostrador padrão

do furo de sondagem, era também retirada as amostras do solo para os ensaios que

foram conduzidos no Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade São

Francisco, no Câmpus de Itatiba.

As camadas de solo do furo analisado, foram escolhidas através de média dos

números de golpes.

Inicialmente formam determinados os Limites de Atterberg, sendo realizados os

ensaios de Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade.

Para a determinação do Limite de Liquidez , transferiu-se, com uma espátula, parte

da amostra para a concha do aparelho de Casagrande e se alisou a superfície, de

forma a se obter uma camada com espessura de 10 mm na seção mais profunda,

em seguida fez-se uma ranhura ao longo do plano de simetria da concha, utilizando-

se o cinzel de Casagrande. A partir daí, iniciou-se o processo de queda da concha,

sendo a manivela girada a razão de duas revoluções por segundo, contando-se

simultaneamente os golpes necessários para que as bordas inferiores da ranhura se

unissem. Foi, então coletado uma amostra do solo junto às bordas, para posterior

determinação da umidade.

O material da concha foi retirado para se promover a sua limpeza e secagem. A

amostra ensaiada foi misturada novamente ao restante do material preparado, ao

qual se adicionou um pouco de água para aumentar a umidade e, em seguida,

homogeneizou-se a pasta novamente; este procedimento foi repetido cinco vezes,

para se obter 5 pares de valores de umidade versus o número de golpes.

Os dados foram representados graficamente, com o número de golpes na abscissa e

a umidade correspondente na ordenada foi, em seguida, traçada a reta que melhor

se ajustou os pontos. A umidade correspondente à projeção de 25 golpes, sobre a

reta traçada, é o Limite de Liquidez.

Para determinação do Limite de Plasticidade, fez-se uma pasta uniforme,

relativamente consistente, essa amostra era transferida para uma placa de vidro

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85

onde com a ajuda das mãos, ela era rolada até se obter o forma de um cilindro,

sendo que esse processo era cessado no instante em que se detectava o

aparecimento de ranhuras na sua superfície e obtendo-se a umidade do material

neste instante.

O ensaio foi repetido de três á quatro vezes, dependendo da uniformidade dos

dados apresentados.

Durante a realizados dos ensaios foram sendo feitas também uma análise tátil-visual

nas amostras.

Também determinou-se a Curva Granulométrica de cada amostra, para tal, utilizou-

se o ensaio de peneiramento, e os dados foram representados graficamente, na

abscissa as peneiras utilizadas no ensaio e na ordenada a porcentagem acumulada

de solo retido em cada peneira.

Pelo espaço de tempo disponível, optou-se por não realizar o ensaio de

sedimentação para o material fino.

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86

7 RESULTADOS OBTIDOS

7.1 LIMITES DE ATTERBERG

Os resultados estarão representados em forma de tabela. Os cálculos estão no

Anexo “B” desta Monografia.

Com os ensaios de Limites de Atterberg foram obtidos os seguintes resultados, para

as diferentes profundidades.

Tabela 7.1 – Valores do ensaio de limite de Atterberg

Profunfidade LL LP IP

1,45 m 66,42 32,91 33,51

5,45 m 75,81 34,36 41,45

10,45 m 45,52 21,29 24,23

16,45 m 44,06 23,21 20,85

21,45 m 48,33 19,64 28,69

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87

Figura 7.1 – Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 1,45m

Figura 7.2 – Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 5,45m

Figura 7.3 – Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 10,45m

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88

Figura 7.4 – Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 16,45m

Figura 7.5 – Gráfico ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 21,45m

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89

7.2 – GRANULOMETRIA

Com o ensaio de granulometria foram obtidos os seguintes resultados, plotados no

gráfico, para as diferentes profundidades.

Figura 7.6 - Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 1,45m

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90

Figura 7.7 - Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 5,45m

Figura 7.8 - Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 10,45m

Figura 7.9 - Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 16,45m

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91

Figura 7.10 - Gráfico ensaio Granulometria, profundidade de 21,45m

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92

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS

8.1 LIMITES DE ATTERBERG

Os resultados obtidos nos ensaios de Limites de Atterberg foram plotados na carta

de plasticidade.

Figura 8.1 – Lançamento dos pontos, referente cada profundidade do solo

Ponto 1 – Profundidade 1,45m

Ponto 2 – Profundidade 5,45m

Ponto 3 – Profundidade 10,45m

Ponto 4 – Profundidade 16,45m

Ponto 5 – Profundidade 21,45m

Pode-se chegar as seguintes observações:

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93

Tabela 8.1 – Classificação do solo segundo carta de plasticidade

Profund. (m) Classif. do solo Descrição

1,45 m OH Argilas orgânicas de alta compressibilidade

5,45 m OH Argilas orgânicas de alta compressibilidade

10,45 m CL Argilas inorgânicas de média compressibilidade

16,45 m CL Argilas inorgânicas de média compressibilidade

21,45 m CL argilas inorgânicas de média compressibilidade

Pode-se observar uma descontinuidade entre os laudos das sondagens e os ensaios

de Limite de Atterberg.

Isto se dá em virtude de estarmos analisando o solo de Itatiba de clima tropical em

um gráfico elaborado para solos de clima temperado.

Segundo Pinto(1996), sua aplicação no Brasil não se tem mostrado muito adequada,

talvez pelas característica próprias de solos evoluídos em clima tropical, é comum a

ocorrência de discrepâncias acentuadas entre as propriedades de solos conhecidos

e a classificação proposta.

Pela análise táctil-visual, pode-se afirmar que o solo da camada com 1,45 metros de

profundidade é uma argila, já que apresenta características como, um torrão muito

difícil de ser desmanchado e aderência as mãos quando manuseada.

Da mesma forma que os solos das outras camadas, com 5,45 metros, 10,45 metros,

16,45 metros e 21,45 metros, podem ser considerados como predominantemente de

silte, pois apresentam características como, sensação de talco e fácil

desprendimento das mãos quando colocados sob água corrente.

8.2 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Na análise granulométrica, constatou-se que amostras de solos, para todas as

profundidades eram compostas por partículas predominantemente arenosas.

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94

Tabela 8.2 – Porcentagem de solo para as faixas de variação dos

diâmetros dos grãos

Profundidade Classificação Solo (%)

1,45m Areia Grossa 30,73

Areia Média 36,10

Areia Fina 26,01

Material Fino 6,48

5,45m Areia Grossa 31,20

Areia Média 37,72

Areia Fina 21,18

Material Fino 9,80

10,45m Areia Grossa 25,78

Areia Média 37,44

Areia Fina 27,23

Material Fino 9,17

16,45m Areia Grossa 22,35

Areia Média 37,95

Areia Fina 25,26

Material Fino 14,02

21,45m Areia Grossa 29,65

Areia Média 33,63

Areia Fina 28,83

Material Fino 7,35

Pela análise granulométrica pode-se concluir que a classificação para cada camada

de solo, seria uma areia silto argilosa ou uma areia argilo siltosa, mas para

designação de tal, precisaria-se fazer o ensaio de sedimentação.

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95

9 CONCLUSÃO

Analisando os dados verificamos uma discrepância do apresentado laudo de

sondagem com os ensaios de Limites de Atterberg e Granulometria.

A análise táctil-visual apontou para as mesmas classificações apontadas no laudo de

sondagem, e esse método é o mais utilizado dentre as empresas que prestam esse

tipo de serviço.

Constatou-se também que para cada amostra há uma presença de 10% de material

fino.

Com base nas constatações acima pode-se supor que a presença de material fino

(cerca de 10%), é responsável pela indução das classificações apresentadas no

laudo. Pois sabe-se que a influência dos finos no comportamento de um solo

depende não somente da sua quantidade, mas também da atividade do argilo-

mineral preponderante.

Entretanto, seriam necessários a realização de testes mais específicos para avaliar

se esse material é determinante no comportamento do solo.

Pode ter ocorrido também, a aglutinação dos grãos dos solos, pois não se utilizou de

nenhum tipo de defloculante, e as partículas finas podem ter ficado retidas na

peneira #200.

A presença no subsolo de mica, também pode ter alterado os resultados dos

ensaios.

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96

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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OFFICIALS - AASHTO - Standard specifications for transportation materials and

methods of sampling and testing. Specifications, part 1 and tests, part 2,

Washington, 1978.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6459 – Solo /

determinação do limite de liquidez (método de ensaio)., 1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6484 – Execução de

Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos. Método de Ensaio, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6502 – Rochas e

Solos - Terminologia, 1995.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-7180 – Solo /

determinação do limite de plasticidade (método de ensaio),1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-7250 – Execução de

Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos. Método de Ensaio, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-9604 – Abertura de

poço e trincheira de inspeção em solo com retirada de amostras deformadas e

indeformadas, 1986.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-9820 – Coleta de

amostras indeformadas de solo em furos de sondagem, 1987.

BUENO, B. S.; VILAR, O. M. – Mecânica dos solos, V.1, Escola de Engenharia de

São Carlos – USP, São Carlos, 1999.

CAPUTO, H. P. – Mecânica dos solos e suas aplicações, V. 1, 3ª edição, Livros

técnicos e científicos Editora S.A., Rio de Janeiro, 1975.

CAPUTO, H. P. – Mecânica dos solos e suas aplicações, V. 2, 3ª edição, Livros

técnicos e científicos Editora S.A., Rio de Janeiro, 1966.

LIMA, M. J. C. P. A. – Prospecção geotécnica do subsolo, Livros Técnicos e

Científicos, Rio de Janeiro, 1980.

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MACHADO, S. L.; MACHADO, M. F. C. – Mecânica dos Solos I – Conceitos

Introdutórios, V.1, Universidade Federal da Bahia, Bahia, 1997

NOGUEIRA, J. B. – Mecânica dos solos – Ensaios de Laboratório, Escola de

Engenharia de São Carlos – USP, São Carlos, 1995.

PINTO, C. S. – Fundações Teoria e Prática, capítulo 2 - Propriedades dos solos –

Pini, São Paulo, 1996

TERZAGHI, K.; PECK, R. B. – Mecânica dos solos na prática da Engenharia,

Livro Técnico S.A., Rio de Janeiro, 1962.

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ANEXO “A” – PERFIS DOS SOLOS

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ANEXO “B”- PLANILHAS DE ENSAIO

B1 - Planilhas ensaio Limite de Liquidez

Tabela B.1 – Valores ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 1,45m

Tabela B.2 – Valores ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 5,45m

Tabela B.3 – Valores ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 10,45m

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Tabela B.4 – Valores ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 16,45m

Tabela B.5 – Valores ensaio Limite de Liquidez, profundidade de 21,45m

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B.2 Planilhas ensaio Limite de Plasticidade

Tabela B.6 – Valores ensaio Limite de Plasticidade, profundidade de 1,45m

Tabela B.7 – Valores ensaio Limite de Plasticidade, profundidade de 5,45m

Tabela B.8 – Valores ensaio Limite de Plasticidade, profundidade de 10,45m

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Tabela B.9 – Valores ensaio Limite de Plasticidade, profundidade de 16,45m

Tabela B.10 – Valores ensaio Limite de Plasticidade, profundidade de 21,45m

B.3 Planilhas ensaio Granulometria

Tabela B.11 – Valores ensaio Granulometria, profundidade de 1,45m

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Tabela B.12 – Valores ensaio Granulometria, profundidade de 5,45m

Tabela B.13 – Valores ensaio Granulometria, profundidade de 10,45m

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Tabela B.14 – Valores ensaio Granulometria, profundidade de 16,45m

Tabela B.15 – Valores ensaio Granulometria, profundidade de 21,45m