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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ISLAS STEIN BUTH MARYAH COSTA DE MORAES ANÁLISE DO CIMENTO ÁLCALI ATIVADO QUANDO SUJEITO À REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PATO BRANCO 2016

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/7807/1/PB_COECI_2016_2_28.pdf · após arguição pelos membros da Comissão Examinadora

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ISLAS STEIN BUTH

MARYAH COSTA DE MORAES

ANÁLISE DO CIMENTO ÁLCALI ATIVADO QUANDO SUJEITO À REAÇÃO

ÁLCALI-AGREGADO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATO BRANCO

2016

ISLAS STEIN BUTH

MARYAH COSTA DE MORAES

ANÁLISE DO CIMENTO ÁLCALI ATIVADO QUANDO SUJEITO À REAÇÃO

ÁLCALI-AGREGADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Pato Branco.

Orientadora: Profa. Drª. Caroline Angulski da Luz

PATO BRANCO

2016

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DO CIMENTO ÁLCALI ATIVADO QUANDO SUJEITO À REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO

ISLAS STEIN BUTH MARYAH COSTA DE MORAES

No dia 22 de novembro de 2016, às 13h00min, na Sala P203 da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, este trabalho de conclusão de curso foi julgado e,

após arguição pelos membros da Comissão Examinadora abaixo identificados, foi

aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia

Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná– UTFPR, conforme Ata de

Defesa Pública nº28-TCC/2016.

Orientador: Profª. Drª. CAROLINE ANGULSKI DA LUZ (DACOC/UTFPR-PB) Membro 1 da Banca: Prof. Dr. JOSÉ ILO PEREIRA FILHO (DACOC/UTFPR-PB) Membro 2 da Banca: Drª. JANAÍNA SARTORI BONINI (PPGTP/UTFPR-PB)

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos a Deus, por ser nosso guia durante essa

caminhada, nos abençoar com saúde e determinação para realização deste sonho,

pelos dons que nos deste e pelos relacionamentos que possibilitam nosso

crescimento diário.

À nossa parceria para o desenvolvimento deste trabalho, que fortaleceu ainda

mais nossos laços de amizade e companheirismo. Sempre demonstrando muita

paciência e compreensão um para com o outro e fazendo o nosso melhor em conjunto

para produção de um trabalho que desenvolvesse ainda mais nossa capacidade.

Às nossas famílias pelo imenso amor, carinho, confiança e incentivo

incessante quando os caminhos foram se tornando mais árduos. Pela compreensão

por nossa falta durante a graduação onde perdemos nossa convivência diária e até

mensal. Sem o apoio de vocês nada disso seria possível, pois vocês são os pilares e

maiores exemplos de nossas vidas.

Um agradecimento especial à nossa orientadora, Professora Dra. Caroline

Angulski da Luz, pela oportunidade de trabalhar em sua equipe durante dois anos de

muito aprendizado e desenvolvimento pessoal. Agradecemos à toda paciência com

nossas dúvidas incontáveis, tropeços de aprendizes e muitas correções de trabalhos,

além de toda sua dedicação para fazer de nós pesquisadores.

Aos nossos amigos, desde os mais antigos aos mais recentes, que nos

garantiram um caminho mais leve, com muitas risadas e distrações. Cada um marcou

nossas vidas de uma maneira diferente e sempre terão um lugar especial em nossos

corações.

Aos colegas de iniciação científica, mestrandos, estagiários e técnicos do

laboratório que sempre se disponibilizaram a nos ajudar e não negaram a solucionar

as incontáveis dúvidas que surgiram.

À Professora Msc. Eloise Aparecida Langaro, que nos incluiu em sua pesquisa

sobre cimentos álcali ativados e despertou em nós interesse por esta área, sempre

respondendo nossos questionamentos com muita atenção e paciência, que em pouco

tempo de trabalho conjunto se tornou uma amiga e conselheira.

A todos os professores que passaram por nós durante a graduação, por todo

aprendizado, convivência diária, apoio e incentivo para fazer de nós Engenheiros.

Gostaríamos de agradecer a disponibilidade de local do laboratório de

Materiais e Estruturas da UTFPR-PB para realização deste trabalho, e também aos

responsáveis pelo laboratório de solos, onde permitiram a utilização de suas estufas

durante longos meses.

Agradecemos também à banca examinadora, Professora Drª Janaína Sartori

Bonini e ao Professor Dr. José Ilo Pereira Filho, pela disponibilidade e contribuições

para este trabalho.

RESUMO

A crescente preocupação ambiental vem impulsionando estudos para o

desenvolvimento de cimentos alternativos com reduzida emissão de gases poluentes

em sua fabricação. Um destes é o cimento álcali ativado (CAT), que além de

proporcionar uma redução na emissão de gás carbônico, também propicia o

reaproveitamento de rejeitos industriais, como a escória de alto forno. Alguns estudos

já relatam bons resultados quanto à resistência mecânica e durabilidade deste

cimento, porém ainda são escassos os estudos que avaliam seu desempenho quando

sujeito à reação álcali-agregado (RAA). Esta reação é uma manifestação patológica

que afeta principalmente barragens e outras obras expostas a ambientes úmidos,

onde os álcalis do cimento se combinam a minerais reativos do agregado, gerando

produtos expansivos e capazes de gerar trincas e comprometer estruturas de

concreto. Um dos fatores que influenciam o desenvolvimento da RAA para o cimento

Portland é a quantidade de álcalis disponíveis na sua composição. Como os cimentos

álcali ativados apresentam, em geral uma maior quantidade de álcalis que o Portland,

surge a necessidade de analisar mais a fundo o comportamento dos CAT’s quando

sujeitos a esta reação. Neste estudo, foi avaliado o desempenho de cimentos álcali

ativados de escória de alto-forno com teores de 4 e 5% de NaOH quando em contato

com agregado reativo da região de Pato Branco-PR. Foram realizados ensaios de

expansão em argamassa e concreto, resistência mecânica, análise visual e

microestrutural. Como comparação, foram feitas as mesmas análises em dois tipos

de cimento Portland (CPV-ARI e CPIV-RS). A partir dos resultados, constatou-se um

bom comportamento do cimento álcali ativado quanto à RAA, com expansões

inferiores às estabelecidas por norma, e sem a constatação de perdas de resistência

mecânica ou integridade estrutural. O teor de ativador alcalino teve uma pequena

influência no comportamento dos CAT’s, sendo que a menor quantidade de NaOH,

que resulta em menor equivalente alcalino, mostrou-se mais resistente à reação.

Mesmo para o maior teor de ativador, os resultados foram bons e comparáveis aos do

CPIV-RS, cimento Portland recomendado para a inibição da reação álcali-agregado.

Palavras-chave: Cimento álcali ativado, escória ácida, reação álcali-agregado.

ABSTRACT

The growing environmental concern has stimulated studies for the

development of alternative cements, with reduced greenhouse gas emissions in its

manufacture. One of these is the alkali activated cement (CAT), which in addition to

providing a reduction in carbon emissions, also allows the reuse of industrial waste,

such as blast furnace slags. Some studies have already reported good results in terms

of mechanical strength and durability of this cement, but there are still few studies that

evaluate its performance when exposed to the alkali-aggregate reaction (AAR). This

reaction is a pathological manifestation that affects mainly dams and other

constructions exposed to humid environments, where the cement alkalis combine with

reactive minerals of the aggregate, creating an expansive product capable of

generating cracks and compromise concrete structures. One of the factors that

influences the development of the RAA for Portland cement is the amount of alkalis

available in its composition. As alkali activated cements generally present a greater

amount of alkalis than the Portland, the need to further analyze the behavior of CAT's

when subjected to this reaction comes up. In this study, the performance of blast

furnace slags activated with contents of 4 and 5% of NaOH is evaluated when in

contact with reactive aggregate of the region of Pato Branco-PR. There were carried

out essays of expansion in mortar and concrete, mechanical strength, visual and

microstructural analysis. As a comparison, the same tests were performed on two

types of Portland cement (CPV-ARI and CPIV-RS). From the results, there was found

a good behavior of the alkali activated cement to the RAA, with lower expansions that

established by standards, and no strength or structural integrity losses. The alkali

activator content had a little influence on the behavior of the CATs, where the minor

amount of NaOH, which results in smaller alkali equivalent, proved more resistant to

the reaction. Even for the higher level of activator, results were good and comparable

to the CPIV-RS, Portland cement recommended for inhibiting alkali-aggregate

reaction.

Key-words: Alkali activated cement, acid slag, alkali-aggregate reaction.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação gráfica de alto-forno .......................................................... 22

Figura 2: Processo de resfriamento brusco da escória de alto-forno ........................ 22

Figura 3: Diagrama de RANKIN ................................................................................ 23

Figura 4: Fissuração mapeada em barragem provocada pela RAA .......................... 31

Figura 5: Fissuração provocada pela RAA em bloco de fundação no Recife ............ 32

Figura 6: Gel maciço gretado .................................................................................... 37

Figura 7: Gel rendado ............................................................................................... 37

Figura 8: Gel em forma cristalizada ........................................................................... 37

Figura 9: Relação do tipo de escória com a expansão .............................................. 41

Figura 10: Influência do tipo e teor de ativador na expansão .................................... 42

Figura 11: Diagrama de ensaios ............................................................................... 45

Figura 12: Peneiramento dos agregados em agitador de peneiras ........................... 46

Figura 13: Ensaio de reatividade do agregado .......................................................... 48

Figura 14: Moinho de bolas ....................................................................................... 49

Figura 15: Escória antes e após moagem ................................................................. 49

Figura 16: Granulometria escória. ............................................................................. 50

Figura 17: Difração de Raios-X da escória ácida. ..................................................... 51

Figura 18: Hidróxido de sódio .................................................................................... 52

Figura 19: Resistência à compressão dos CAT's avaliados ...................................... 55

Figura 20: Argamassadeira utilizada para a mistura das argamassas ...................... 57

Figura 21: Solução aquosa de NaOH ........................................................................ 57

Figura 22: Barras de argamassa em solução de NaOH ............................................ 59

Figura 23: Recipientes com as barras em estufa ...................................................... 59

Figura 24: Medição de barras de argamassa em relógio comparador ...................... 60

Figura 25: Concreto nos moldes prismáticos ............................................................ 62

Figura 26: Mistura manual do agregado graúdo ........................................................ 62

Figura 27: Medição de prisma de concreto no relógio comparador ........................... 63

Figura 28: Corpos de prova de argamassa em solução de NaOH ............................ 65

Figura 29: Aparelho EMIC DL-30000 ........................................................................ 65

Figura 30: Expansões do ensaio acelerado das barras de argamassa ..................... 66

Figura 31: Análise visual CPV-ARI ............................................................................ 68

Figura 32: Análise visual CPIV-RS ............................................................................ 68

Figura 33: Análise visual CAT 5% NaOH .................................................................. 69

Figura 34: Análise visual CAT 4% NaOH .................................................................. 69

Figura 35: Partículas de argamassa depositadas no fundo do recipiente ................. 70

Figura 36: Microscopia eletrônica de varredura para o cimento CPV-ARI ................ 71

Figura 37: Microscopia eletrônica de varredura para o cimento CPIV-RS ................ 72

Figura 38: Microscopia eletrônica de varredura para o CAT 5% ............................... 73

Figura 39: Microscopia eletrônica de varredura para o CAT 4% ............................... 74

Figura 40: Ensaio acelerado dos prismas de concreto .............................................. 76

Figura 41: Resistência à compressão CPIV-RS ........................................................ 78

Figura 42: Resistência à compressão CAT 5% ......................................................... 78

Figura 43: Resistência à flexão dos cimentos aos 28 dias ........................................ 79

Figura 44: Análise de MEV – CPV-ARI ..................................................................... 96

Figura 45: Análise de MEV – CPV-ARI ..................................................................... 97

Figura 46: Análise de MEV – CPIV-RS ..................................................................... 98

Figura 47: Análise de MEV – CPIV-RS ..................................................................... 99

Figura 48: Análise de MEV – CAT 5% NaOH............................................................ 99

Figura 49: Análise de MEV – CAT 5% NaOH.......................................................... 100

Figura 50: Análise de MEV – CAT 4% NaOH.......................................................... 101

Figura 51: EDS para o CPV-ARI ............................................................................. 103

Figura 52: EDS para o CPIV-RS ............................................................................. 105

Figura 53: EDS para o CPIV-RS ............................................................................. 106

Figura 54: EDS para o CAT 5% .............................................................................. 107

Figura 55: EDS para o CAT 4% .............................................................................. 109

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comparativo entre as composições químicas entre as escórias de alto forno

com o cimento Portland ............................................................................................. 24

Tabela 2: casos registrados de RAA em obras hidráulicas ....................................... 32

Tabela 3 Tipos de cimentos Portland comercializados no Brasil............................... 39

Tabela 4: Composição química da escória ............................................................... 50

Tabela 5: Composição química dos Cimentos Portland ............................................ 52

Tabela 6: Massa específica dos cimentos ................................................................. 53

Tabela 7: Superfície específica dos cimentos ........................................................... 53

Tabela 8: Na2O equivalente dos cimentos utilizados ................................................ 54

Tabela 9: Granulometria requerida para o agregado do ensaio ................................ 56

Tabela 10: Granulometria do Agregado Graúdo ....................................................... 61

Tabela 11: Granulometria do Agregado Miúdo.......................................................... 61

Tabela 12: Principais componentes químicos dos géis encontrados ........................ 75

Tabela 13: Quantitativo de material para o ensaio de expansão em argamassa ...... 90

Tabela 14: Quantitativo de material para o ensaio de expansão em concreto .......... 90

Tabela 15: Quantitativo de material para o ensaio de resistência mecânica ............. 90

Tabela 16: Leituras das barras de CPV-ARI ............................................................. 92

Tabela 17: Comprimentos das Barras de CPV-ARI .................................................. 92

Tabela 18: Expansões das barras de CPV-ARI ........................................................ 92

Tabela 19: Leituras das barras de CPIV-RS ............................................................. 92

Tabela 20: Comprimentos das barras de CPIV-RS ................................................... 93

Tabela 21: Expansões das barras de CPIV-RS ........................................................ 93

Tabela 22: Leituras das barras de CAT 5% NaOH .................................................... 93

Tabela 23: Comprimentos das barras de CAT 5% NaOH ......................................... 93

Tabela 24: Expansões das barras de CAT 5% NaOH ............................................... 94

Tabela 25: Leituras das barras de CAT 4% NaOH .................................................... 94

Tabela 26: Comprimentos das barras de CAT 4% NaOH ......................................... 94

Tabela 27: Expansões das barras de CAT 4% NaOH ............................................... 94

Tabela 28: EDS para o CPV-ARI ............................................................................ 104

Tabela 29: EDS para o CPIV-RS ............................................................................ 106

Tabela 30: EDS para o CAT 5% .............................................................................. 108

Tabela 31: EDS para o CAT 4% .............................................................................. 110

Tabela 32: Leituras dos prismas de CPIV-RS ......................................................... 112

Tabela 33: Comprimentos dos prismas de CPIV-RS .............................................. 112

Tabela 34: Expansões dos prismas de CPIV-RS .................................................... 112

Tabela 35: Leituras dos prismas de CAT 5% NaOH ............................................... 113

Tabela 36: Comprimentos dos prismas de CAT 5% NaOH ..................................... 113

Tabela 37: Expansões dos prismas de CAT 5% NaOH .......................................... 113

Tabela 38: Resistência à compressão 1 dia ............................................................ 115

Tabela 39: Resistência à compressão 7 dias .......................................................... 115

Tabela 40: Resistência à compressão 28 dias ........................................................ 115

Tabela 41: Resistência à flexão 1 dia ...................................................................... 116

Tabela 42: Resistência à flexão 28 dias .................................................................. 116

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT

Al2O3

ASTM

C2S

C3A

C3S

C4AF

Ca

Ca(OH)2

CaO

CAT 4%

CAT 5%

CAT

CO2

CP

CP IV

CP IV-RS

CP’s

CPIII

CPV-ARI

CSH

DRX

EDS

Fe2O3

FeO

H2O

HT

IPT

K

K2O

KOH

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Óxido de alumínio

American Society for Testing and Materials

Silicato dicálcico

Aluminato tricálcico

Silicato tricálcico

Ferroaluminato tetracálcico

Cálcio

Hidróxido de cálcio

Óxido de cálcio

Cimento álcali ativado com 4% de hidróxido de sódio

Cimento álcali ativado com 5% de hidróxido de sódio

Cimento álcali ativado

Dióxido de carbono

Cimento Portland

Cimento Portland pozolânico

Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos

Corpos de prova

Cimento Portland de alto-forno

Cimento Portland de alta resistência inicial

Silicato de cálcio hidratado

Difração de raios-x

Espectrometria por energia dispersiva de raios-x

Óxido de ferro (III)

Óxido de ferro (II)

Água

Hidrotalcita

Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Potássio

Óxido de potássio

Hidróxido de potássio

MEV

MgO

Mn2O3

Na

Na2Co3

Na2O

Na2O3Si

Na2SO4

NaOH

NASH

NBR

OH

pH

RAA

S

Si

SiO2

TiO2

Microscopia eletrônica de varredura

Óxido de magnésio

Óxido de manganês (III)

Sódio

Carbonato de sódio

Óxido de sódio

Silicato de sódio (Water glass)

Sulfato de sódio

Hidróxido de sódio

Aluminosilicato de sódio hidratado

Norma Brasileira Regulamentadora

Hidroxila

Potencial hidrogeniônico

Reação álcali-agregado

Enxofre

Silício

Dióxido de silício

Dióxido de titânio

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15

1.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 17

1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 17

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................... 19

2.1 ESCÓRIA DE ALTO-FORNO .......................................................................... 19

2.1.1 Histórico da utilização da escória como aglomerante .................................. 19

2.1.2 Produção da escória de alto-forno ............................................................... 21

2.1.3 Composição química da escória .................................................................. 23

2.2 CIMENTO ALCALÍ ATIVADO (CAT) ............................................................... 25

2.2.1 Introdução aos sistemas álcali ativados ....................................................... 25

2.2.2 Mecanismos do Cimento Álcali Ativado ....................................................... 27

2.2.3 Influência da composição química da escória no CAT ................................. 28

2.2.4 Influência do ativador alcalino no CAT ......................................................... 29

2.3 REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO (RAA) ........................................................... 30

2.3.1 Histórico da RAA .......................................................................................... 30

2.3.2 Tipos de RAA ............................................................................................... 33

2.3.3 Mecanismos da reação álcali-sílica .............................................................. 33

2.3.4 Fatores que influenciam a RAA .................................................................... 35

2.3.5 Caracterização do gel da RAA ..................................................................... 37

2.3.6 Reação álcali-agregado no cimento Portland ............................................... 38

2.3.7 Reação álcali-agregado no cimento álcali ativado ....................................... 40

2.4 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DA RAA ........................................................ 42

2.4.1 Método Acelerado de Barras de Argamassa ................................................ 43

2.4.2 Método dos Prismas de Concreto ................................................................ 44

2.4.3 Método Acelerado dos Prismas de Concreto ............................................... 44

3 METODOLOGIA .............................................................................................. 45

3.1 MATERIAIS ..................................................................................................... 46

3.1.1 Agregado ...................................................................................................... 46

3.1.2 Escória de Alto Forno ................................................................................... 48

3.1.3 Ativador Alcalino .......................................................................................... 51

3.1.4 Cimentos ...................................................................................................... 52

3.2 MÉTODOS ...................................................................................................... 55

3.2.1 Ensaio de expansão em argamassa ............................................................ 56

3.2.2 Análise Visual e Microestrutural ................................................................... 60

3.2.3 Ensaio de expansão em Concreto ............................................................... 61

3.2.4 Ensaios de Resistência Mecânica ................................................................ 63

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 66

4.1 EXPANSÃO EM ARGAMASSA ....................................................................... 66

4.2 ANÁLISE VISUAL ............................................................................................ 67

4.3 ANÁLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ......... 71

4.4 EXPANSÕES EM CONCRETO ....................................................................... 76

4.5 RESISTÊNCIA MECÂNICA ............................................................................. 77

5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 83

APÊNDICE A: QUANTITATIVO DE MATERIAIS UTILIZADOS NOS ENSAIOS ...... 89

APÊNDICE B: DADOS DE LEITURA DE VARIAÇÃO DIMENSIONAL EM BARRAS

DE ARGAMASSA ...................................................................................................... 91

APÊNDICE C: IMAGENS DA ANÉLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE

VARREDURA ............................................................................................................ 95

APÊNDICE D: ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA .... 102

APÊNDICE E: DADOS DE LEITURA DE VARIAÇÃO DIMENSIONAL EM PRISMAS

DE CONCRETO ...................................................................................................... 111

APÊNDICE F: DADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA MECÂNICA ..................... 114

15

1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da história o ser humano promove uma constante

transformação do meio em que vive. A partir da revolução industrial esse processo

vem acelerando cada vez mais, provocando efeitos irreversíveis para a vida no

planeta. Com isso, são inúmeros os estudos que buscam a sustentabilidade, de forma

a suprir as necessidades do ser humano sem comprometer o meio ambiente ou a

sobrevivência das gerações futuras, minimizando a liberação de gases prejudiciais a

atmosfera e visando a reutilização de resíduos eliminados nos processos industriais.

A indústria da construção civil é um dos setores que mais movimentam a

economia do país, participando em 6,4% do produto interno bruto (CÂMARA

BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL, 2016). Além de ter grande participação na

economia, o setor é o que produz as estruturas com maior dimensão física no planeta,

sendo consequentemente o maior consumidor de recursos naturais (JOHN, 2000).

O cimento Portland é um dos materiais mais utilizados na construção civil,

sendo também uma das principais fontes de poluentes da atividade. Estima-se que as

indústrias cimenteiras são responsáveis por 5,0% das emissões mundiais de CO2.

(WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTEINABLE DEVELOPMENT, 2012).

Destas, cerca de 50% são decorrentes do processo químico, 40% da queima de

combustíveis fósseis e o restante do transporte (WORLD BUSINESS COUNCIL FOR

SUSTEINABLE DEVELOPMENT, 2002).

Como alternativa para a redução dessas emissões, a indústria cimenteira já

vem há algum tempo pesquisando e aplicando os cimentos com adições de rejeitos

industriais. Um desses produtos é a escória, subproduto da fusão de ferro gusa em

alto forno. Esta pode ser classificada como ácida ou básica dependendo de sua

composição química, sendo que, geralmente a escória ácida é proveniente de alto

forno a carvão vegetal, e a básica de fornos a coque.

O carvão vegetal é responsável por apenas 1% da produção de ferro gusa no

mundo. Porém, no Brasil, em 2013 foram produzidas 23,9 milhões de toneladas de

ferro gusa em fornos a coque, e 7,6 milhões de toneladas em fornos a carvão vegetal,

ou seja, 24,1% da produção brasileira é de escória proveniente de fornos a carvão

vegetal (SINDICATO DA INDÚSTRIA DE FERRO NO ESTADO DE MINAS GERAIS,

2013).

16

Enquanto a escória básica é utilizada quase em sua totalidade como adição

ao cimento, a ácida ainda é pouco aproveitada, por ser considerada menos reativa

quando comparada com a básica (JOHN, 1995), além de ser uma particularidade da

indústria brasileira.

Uma alternativa para o aproveitamento das escórias ácidas produzidas no

país é o cimento álcali ativado (CAT), uma mistura de escória vítrea e ativador alcalino.

Quando comparados aos cimentos tradicionais, estes apresentam vantagens como

um maior e mais rápido desenvolvimento da resistência à compressão, menor calor

de hidratação e maior resistência a ataques químicos (BILIM e ATIS, 2012).

Entretanto, um fator alarmante no CAT é o alto teor de álcalis nesse cimento,

pois este é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da reação álcali-agregado

(RAA) em obras de engenharia. O que justifica essa preocupação é por seu

equivalente alcalino de Na2O% variar entre 2% e 5%, enquanto o do cimento Portland

(CP) não poderia ultrapassar em 0,6% (CHEN et al., 2002).

Porém, ainda são poucos os estudos referentes à influência da reação álcali-

agregado nesse tipo de cimento. Esta reação é um fenômeno químico que ocorre

entre hidróxidos alcalinos presentes no cimento com minerais reativos do agregado.

O produto dessa reação em contato com a umidade gera expansões no concreto em

diferentes intensidades e idades, podendo causar fissuras e deslocamentos na

estrutura da edificação além de prejudicar a funcionalidade desta (HASPARYK, 2005).

A RAA sofre uma grande variação de acordo com o teor de álcalis do cimento

e as características do agregado utilizado. Desta forma, levando em conta o alto teor

de álcalis do CAT produzido com a escória ácida, o presente trabalho visa avaliar este

cimento com os agregados reativos presentes na região de Pato Branco/PR.

1.1 OBJETIVO GERAL

Analisar o comportamento do cimento álcali ativado (CAT), em comparação

ao cimento Portland (CP), quanto a reação álcali-agregado (RAA), visando sua

aplicação em obras de Engenharia Civil.

17

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar os CAT’s quanto ao seu comportamento mecânico e micro

estrutural;

Estudar a reatividade de agregado basáltico disponível na região de Pato

Branco/PR;

Analisar o comportamento do CAT quando sujeito à RAA, em comparação ao

cimento Portland;

Avaliar a influência do teor de ativador do CAT no seu comportamento quando

submetido a RAA;

1.3 JUSTIFICATIVA

As indústrias cimenteiras são grandes responsáveis pela poluição do meio

ambiente, produzindo cerca de uma tonelada de CO2 por tonelada de cimento Portland

produzido, além da necessidade de extração de 1,15 toneladas de calcário para sua

produção (AITCIN e MINDESS, 2011).

Essa alta demanda energética se faz necessária para a calcinação do

clínquer, em que uma mistura de calcário e argila devem ser colocados em fornos com

a temperatura de 1450°C. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do

Cimento (SNIC, 2015), durante o ano de 2015 foram produzidas 64,9 milhões de

toneladas de cimento Portland no Brasil, lançando milhões de toneladas de CO2 na

atmosfera.

A partir desses dados, são muitas as alternativas estudadas para minimizar a

produção de clínquer. Um exemplo criado pela própria indústria são os cimentos com

adições, como o Cimento Portland de alto-forno (CP III), que tem de 35 a 70% de

escória de alto forno em sua composição (ABNT NBR 5735, 1991).

Uma outra opção pode ser a utilização de cimentos alternativos, como o

cimento álcali ativado, objeto principal deste estudo, que se baseia na reutilização de

um subproduto das metalúrgicas, sendo necessária apenas transformações com

baixa demanda de energia para sua utilização. Desta forma, evita-se a calcinação e a

consequente liberação de CO2, além de reaproveitar-se de um rejeito industrial.

18

Tem sido estimado que a substituição do cimento Portland pelo cimento álcali

ativado em concretos poderia reduzir a quantidade de CO2 lançado na atmosfera em

mais de 80% (DUXON et al., 2007 apud JUENGER et al., 2011).

Apesar de os CAT’s apresentarem bons resultados quanto a sua composição

micro estrutural e resistência mecânica, ainda são poucos os estudos de durabilidade

que avaliam a aplicação prática destes na construção civil. Alguns estudos ainda

necessários para a avaliação dos CAT’s são penetração por íons cloreto,

carbonatação e reação álcali-agregado, sendo este último o objetivo deste trabalho,

que configura a originalidade do mesmo.

No campo da RAA, existem alguns estudos internacionais avaliando este

cimento, porém nenhum com as escórias e agregados disponíveis em território

nacional. Desta forma, é importante para a aplicação do CAT um estudo que avalie

esta reação considerando as peculiaridades apresentadas no país, de forma a

verificar a possibilidade de sua utilização em obras sujeitas a RAA. De acordo com

SHI et al. (2015), estudos da reatividade álcali-agregado no CAT com agregados

naturais são relativamente limitados.

Com base nos estudos de resistência mecânica já realizados com os cimentos

álcali ativados e em métodos já consagrados para a avaliação da reação álcali-

agregado no cimento Portland, justifica-se a viabilidade de um estudo que avalie os

efeitos da RAA no CAT.

19

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

2.1 ESCÓRIA DE ALTO-FORNO

Segundo a ABNT NBR 5735 (1991), a escória é um subproduto da produção

do ferro gusa em alto forno, que quando submetida ao processo de resfriamento

brusco, denominado granulação, torna-se vítrea, adquirindo assim poder

aglomerante. Esta é composta principalmente por silicatos e alumino silicatos de

cálcio.

A partir do início do século XX a escória proveniente da indústria siderúrgica

tem sido largamente utilizada para as mais diversas aplicações, como para fabricação

de cimento, material de aterro, base e sub-base rodoviária, fertilizantes para o solo e

lastro ferroviário (CENTRO DE GESTÃO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS - CGEE,

2008).

2.1.1 Histórico da utilização da escória como aglomerante

O aparecimento de registros sobre a capacidade aglomerante da escória de

alto forno antecede em muitas décadas a patente do cimento Portland por Aspdin em

1824. Desde 1774, Loriot observava o poder aglomerante da escória quando

misturada com cal (MATHER 1957, apud PEREIRA, 2010).

Como o processo da granulação, responsável por tornar a escória vítrea, teve

seu primeiro registro em 1853, sugere-se que o primeiro cimento de escória foi

produzido em 1862 por Emil Lagen na Alemanha, a partir da moagem conjunta de

clínquer e escória (VENUAT, 1976, apud MASSUCATO, 2005).

Já, o primeiro registro de utilização comercial da escória como aglomerante

foi em 1895 na Alemanha, onde se produziam diariamente 7 mil blocos de alvenaria,

com escória granulada moída e cal hidratada (KERSTEN, 1921, apud JOHN, 1995).

Como primeiro registro legal, a norma suíça aprovada em 1901, incluía os

cimentos de escória misturados com cal hidratada ou hidráulica (LEDUC &

CHENU,1912, apud JOHN,1995).

Além de serem bastante aplicados na Europa, os cimentos de escória também

eram produzidos, no ano de 1937, em duas fábricas no Alabama, EUA, onde se

utilizava como matéria prima cal hidratada, escória de alto forno além de uma pequena

20

quantidade de hidróxido de sódio para acelerar a pega (WITHEY & ASTHON, 1939,

apud PEREIRA, 2010).

Por volta de 1940, mesmo sem perceber a dimensão de sua descoberta,

Purdon foi o primeiro a propor o princípio da ativação alcalina, o qual demonstrou que

o pH é um fator determinante para se iniciar as fases do produto, além do tipo de

aluminossilicato (PINTO, 2006).

Em sequência, na antiga união soviética, em 1960 começaram estudos sobre

um cimento de escória ativado com compostos alcalinos, e quatro anos depois se deu

início a produção em larga escala. Com a produção desse cimento e consequentes

estudos, em 1980 existiam fábricas que os produziam com resistência mecânica em

torno de 125 MPa (GLUKHOVSKY, ROSTOVSKAJA & RUMYNA, 1980, apud JOHN,

1995).

Entretanto, nessa mesma época os cimentos de escória sem clínquer

deixavam de ser utilizados no restante da Europa. Segundo JOHN (1995) esse

desinteresse nos cimentos de escória sem clínquer é devido à baixa resistência inicial,

tendência à fissuração devido a deterioração superficial quando em contato com o ar,

entre outros. Ou seja, as únicas vantagens dos cimentos de escória com cal,

produzidos na época, perante o cimento Portland, eram a alta resistência a água do

mar e baixo custo na produção.

Apesar da diminuição dos cimentos de escória, a utilização de escória como

adição no cimento Portland aumentou por todo o período. Como exemplo disso,

atualmente no Brasil, o CP III, cimento Portland de alto forno, consome quase toda a

produção de escória básica, proveniente dos altos fornos a coque das grandes

metalúrgicas. De acordo com o INSTITUTO DE AÇO BRASIL - IAB (2014), essa

porcentagem chega a 99%.

De acordo com MASSUCATO (2005), a fabricação de cimento Portland com

escória iniciou em 1952, a porcentagem de escória de alto forno adicionada nesse

cimento era de 30 a 50%. E no ano de 1977, foi aprovada pela ABNT NBR 5732

(1991), antiga EB – 1, a utilização de no máximo 10% de escória no cimento Portland,

sendo que apenas em 1991 foi normatizado o CP III. (BATAGIN e ESPER, 1988, apud

MASSUCATO, 2005).

21

2.1.2 Produção da escória de alto-forno

Para a produção de ferro gusa em alto-forno pode-se utilizar dois distintos

combustíveis, o carvão vegetal e o coque (carvão mineral). O carvão vegetal é

utilizado em fornos de pequeno a médio porte, e o coque em alto forno de grande

capacidade. Isso ocorre porque o carvão vegetal não suporta altas demandas de

pressões de carga, limitando assim o tamanho do alto-forno que funciona a partir

desse combustível. (SOARES, 1982, apud MASSUCATO, 2005)

Além disso, o carvão vegetal é uma particularidade brasileira, segundo o

CENTRO DE GESTÃO DE ESTUDOOS ESTRATÉGICOS - CGEE (2010). Enquanto

no mundo esse tipo de combustível tem uma aplicação de 1%, no Brasil essa

porcentagem está entre 25 a 30%. Isso se deve a alta disponibilidade dessa matéria-

prima, e a pequena parcela de jazidas de carvão mineral, sendo que o coque utilizado

no país é importado da Austrália.

Os maiores responsáveis pela produção de ferro gusa a partir do carvão

vegetal no Brasil são os produtores independentes. Isso faz com que a escória

decorrente desse processo geralmente não seja vendida para as cimenteiras, fazendo

com que o material se transforme em resíduos que se acumulam nos pátios dessas

indústrias.

A produção da escória de alto forno a carvão vegetal é decorrente da

combinação de reações entre a fusão do material inerte do minério de ferro, dos

materiais fundentes e das cinzas desse combustível, que ao chegarem a um nível

superior do alto-forno que estará em uma temperatura maior que 1200 °C, passam

para o estado líquido. Os principais compostos decorrentes dessa reação são os

silicatos e aluminatos (SOUZA, 2007). Ou seja, as escórias são pertencentes ao grupo

dos alumino-silicatos, e além disso são ricas em óxidos de metais alcalino-terrosos,

cálcio e magnésio (PINTO, 2006).

Na Figura 1 a seguir, observa-se a representação característica de um alto-

forno, equipamento no qual ocorre as reações para produção do ferro gusa e escória

de alto-forno, sendo este um reator térmico onde a carga sólida é descendente e os

gases redutores ascendentes (THOMAZ, 2010).

22

Figura 1: Representação gráfica de alto-forno Fonte: SEILNACHT, apud THOMAZ, 2010

Ao sair do alto forno, a escória que se encontra em uma temperatura de

1350°C à 1500°C, deve ser resfriada bruscamente para que seus íons não se

organizem de forma cristalina, e assim ela se torne uma escória vítrea (amorfa) e

consequentemente um material aglomerante, conforme pode-se observar na Figura 2

a seguir:

Figura 2: Processo de resfriamento brusco da escória de alto-forno Fonte: THOMAZ, 2010

23

Esse processo de resfriamento em alta velocidade da escória é chamado de

granulação, pois além de torna-la vítrea, também a reduz a grãos que lembram os da

areia natural (JOHN, 1995).

2.1.3 Composição química da escória

Como a escória é um rejeito da fusão do ferro gusa, na sua produção estão

contidas todas as impurezas presentes no minério de ferro e nos combustíveis, sendo

que ao juntá-las poderia ser formada uma mistura com ponto de fusão muito elevado,

o que traria prejuízos as metalúrgicas. De acordo com MASSUCATO (2005), para que

isso não ocorra, são adicionados materiais fundentes no alto-forno, controlando assim

a composição química da escória, e fazendo com que ela fique dentro de uma região

bem definida no diagrama de RANKIN (SiO2 – CaO – Al2O3) apresentado na Figura 3:

Figura 3: Diagrama de RANKIN

Fonte: BATAGIN e ESPER, 1988, apud MASSUCATO, 2005

A partir disso, as indústrias metalúrgicas mantêm a composição química da

escória constante, para que não ocorram desvios na produção que causariam

prejuízos nesse processo. E como pode-se observar nesse diagrama, as escórias

ácidas e básicas apresentam os mesmos compostos químicos que do cimento

24

Portland, porém as quantidades destes são variáveis. A Tabela 1 apresenta o

comparativo entre as composições químicas das escórias de alto-forno e do cimento

Portland:

Tabela 1: Comparativo entre as composições químicas entre as escórias de alto forno com o

cimento Portland

Escória ácida Escória básica Cimento Portland

CaO 24 – 39 40 – 45 66

SiO2 38 – 55 30 – 35 22

Al2O3 8 – 19 11 – 18 5

MgO 1,5 – 9 2,5 – 9 -

Fe2O3 0,4 – 2,5 0 – 2 3

FeO 0,2 – 1,5 0 – 2 -

S 0,03 – 0,2 0,5 – 1,5 -

CaO/SiO2 média 0,68 1,31 3

Fonte: (adaptado de JOHN, V. M., 1995)

De acordo com SOUZA (2007), as escórias provenientes de alto-forno a

carvão vegetal são geralmente classificadas como ácidas (A), enquanto o combustível

coque produz escórias básicas (B). Essa classificação foi citada por JOHN (1995) em

sua tese, que apresenta uma relação denominada índice de basicidade, baseada nos

óxidos ácidos e básicos presentes na escória. Nesta relação, se o valor de

CaO/SiO2>1 a escória é considerada básica (B), se CaO/SiO2<1, será considerada

escória ácida (A). Esta relação é a mais simples encontrada, pois compara os

compostos que são produzidos em maiores porcentagens na escória e que as

classificam corretamente.

Com isso, verifica-se que as escórias básicas são mais ricas em óxido de

cálcio, enquanto as ácidas apresentam maior quantidade de dióxido de silício. Sabe-

se que o CaO é considerado um óxido básico, enquanto o SiO2 é um óxido ácido,

sendo desta nomenclatura que surge a classificação das escórias em ácidas ou

básicas (SOUZA, 2007).

Durante anos, avaliava-se a hidraulicidade das escórias por comparações

entre a proporção de modificadores de cadeia e os formadores de cadeia, onde o CaO

é um modificador e o SiO2 é um formador. Considerava-se que o modificador

aumentava a reatividade e o formador diminuía.

Entretanto apenas esse fator não pode avaliar a hidraulicidade das escórias,

pois atualmente, sabe-se que as escórias ácidas também apresentam capacidades

aglomerantes tão válidas quanto as básicas (KIEL, 1952, apud JOHN 1995). Isto

também foi verificado em estudos realizados recentemente, onde foi comparada a

25

ativação alcalina por soda cáustica de escórias ácidas e básicas, e a que desenvolveu

os melhores resultados foi a ácida (LANGARO et al., 2016).

A ABNT NBR 5735 (1991), do cimento Portland de alto-forno, determina que

para uma escória ser utilizada como aditivo mineral ao cimento, sua composição

química deve respeitar a Equação 1:

𝐶𝑎𝑂+𝑀𝑔𝑂+𝐴𝑙2𝑂3

𝑆𝑖𝑂2 > 1 Equação 1

Com a veracidade dessa equação, a norma garante que a escória utilizada

possui capacidade aglomerante e com velocidade adequada das reações quando esta

inicia o processo de hidratação.

Apesar de apresentar propriedades hidráulicas latentes, ou seja, ganham

resistência mecânica quando misturadas com água, as reações de hidratação da

escória são lentas, o que limitaria sua aplicação comercial. Contudo, alguns ativadores

aceleram estas reações, sejam eles químicos, físicos ou térmicos (PEREIRA, 2010;

JOHN, 1995).

Os ativadores químicos têm a função de elevar o pH da escória, e assim

proporcionar mais rapidamente a dissolução da película superficial formada sobre os

grãos da escória quando estes entram em contato com a água.

Já os ativadores físicos estão relacionados à granulometria da escória, onde

a maior superfície específica dos grãos promove uma aceleração na hidratação das

escórias. Esta aceleração da hidratação também pode ser influenciada por maiores

temperaturas de cura, sendo que estas potencializam principalmente as reações

iniciais quando a escória é utilizada como aglomerante (SILVA, 1998).

2.2 CIMENTO ALCALÍ ATIVADO (CAT)

2.2.1 Introdução aos sistemas álcali ativados

Tem-se registros desde o ano 1940, onde Purdon estudou sobre a ativação

alcalina de escórias de alto-forno, onde obteve-se bons resultados de resistência

mecânica deste material (PINTO, 2006).

26

Outro fato histórico interessante sobre ativação alcalina foi realizado por

Glukhovsky Viktor em 1959, onde ele propôs a base da teoria de cimentos alcalinos,

onde estudando sobre as construções antigas de Roma e do Egito, denominou sua

teoria de “solo-cimento”, que desenvolveu a redescoberta de ligantes de base alcalina

a partir de alumino-silicatos, que apresentavam propriedades muito boas e possuía

campo de aplicação apreciáveis.

Após o desaparecimento de cimentos de escória sem clínquer nos anos 60,

durante o sétimo Congresso de química do Cimentos, em Paris no ano de 1980,

ressurge o interesse na escória como aglomerante. Neste, observa-se um grande

interesse em compostos que permitem a ativação das escórias sem a necessidade do

clínquer. Além disso, teve-se grande avanço nos estudos sobre a estrutura atômica

do vidro e na avaliação da hidraulicidade das escórias (JOHN, 1995).

Em sequência, no oitavo congresso, que aconteceu no Rio de Janeiro em

1986, houve um grande aumento em trabalhos sobre a avaliação da reatividade das

escórias, além de um foco sobre a ativação alcalina em cimentos de escória. Durante

essa época que se deu início aos estudos sobre cimento de escória no Brasil, que

teve como instituição pioneira o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). As

primeiras pesquisas realizadas no Brasil tinham como base a influência da finura da

escória, realizados por Tezuka, Florindo & Silva, no ano de 1984, e a ativação da

escória com variados teores de cal e gipsita. Em sequência, surgiram estudos com a

ativação da escória com compostos alcalinos, como o silicato de sódio (JOHN, 1995).

Esse mesmo autor define em sua tese o conceito de ativador, como um

produto que tem como função a aceleração no processo de dissolução da escória,

que permite a precipitação dos produtos hidratados. Diferentemente do clínquer

Portland, que se dissolve por ataque hidrolítico (ação das moléculas de água), a

escória dissolve-se por ataque hidroxílico (pelos íons de OH-). Com isso, os ativadores

ideais para ativação da escória são os alcalinos, que atuam aumentando o pH da

solução.

Após a dissolução da película de produtos de hidratação que protege os grãos

da escória, decorrente do aumento do pH da solução acima de 12, inicia-se a

precipitação de produtos hidratados, sendo que o primeiro composto a ser precipitado

é o Silicato de Cálcio Hidratado (CSH), o composto fundamental de todos os cimentos

(JOHN, 1995).

27

O gel CSH encontrado em cimentos provenientes de escória, também está

presente no cimento Portland, entretanto, estes se diferenciam um pouco devido a

menor concentração de Ca/Si encontrado nas escórias (PINTO, 2006).

2.2.2 Mecanismos do Cimento Álcali Ativado

O cimento álcali ativado, é uma mistura da escória de alto-forno vítrea com

um tipo de ativador alcalino (hidróxido ou silicato), composto capaz de aumentar a

reatividade da escória durante a hidratação. Quando comparado ao cimento Portland,

estes apresentam vantagens como resistência à compressão mais elevada em idades

iniciais, menor calor de hidratação e maior resistência a ataques químicos (BILIM e

ATIS, 2012).

O CAT é confeccionado por materiais ricos em alumino-silicatos e com

quantidade considerável de cálcio, como as escórias de alto-forno. Outro tipo de

material ativado alcalinamente é o geopolímero, este é um material constituinte do

sistema álcali ativado, que se diferencia dos demais por possuir baixa ou nenhuma

quantidade de cálcio em sua composição, e tem como gel resultante das reações

iniciais o N-A-S-(H), enquanto o CAT comum tem como principal produto da reação o

CSH (JUENGER et al., 2011; VASSALO, 2013).

O processo químico da ativação alcalina de escórias ainda é objeto de estudo

e discussão entre os autores, isso se deve à grande complexidade dos mecanismos

de intervenção dos álcalis nas diversas fases do processo, às variadas substâncias

ativadoras, composição química da matéria prima, graus de cristalização, entre outros.

Contudo, estudos realizados demonstram que o mecanismo de ativação pode ser

dividido basicamente em 3 fases. A primeira é a fase de destruição das ligações

covalentes, ou dissolução do sólido inicial, em que se tem a formação do gel CSH.

Seguido da fase de formação da estrutura de coagulação, precipitação do CSH.

Então, na terceira fase, verifica-se a polimerização, formação das macromoléculas

(PINTO, 2006).

Com relação a microestrutura do CAT na identificação de compostos

hidratados que desenvolvem a resistência mecânica desse cimento, geralmente são

observadas as fases de CSH em maior quantidade, além da hidrotalcita, quando o

ativador alcalino for o hidróxido de sódio ou silicato de sódio. Também foram

verificados em estudos que os cimentos ativados com hidróxido de sódio produzem

compostos de hidratação mais cristalinos, além disso o padrão de hidratação para

28

este ativador se demostrou mais complexo que para as pastas ativadas com silicato

de sódio (WANG & SCRIVENER, 1995).

Outro fator que influencia na resistência mecânica e de durabilidade dos

CAT’s é a cura, pois esse tipo de cimento se mostra muito sensível a esses processos,

tanto pela cura térmica quanto pela cura imersa ou seca (JUENGUER et al., 2011).

2.2.3 Influência da composição química da escória no CAT

Estudos recentes avaliam a influência da composição química da matéria-

prima no CAT. Isso se faz necessário pois a escória de alto-forno apesenta

composições química variáveis em função do combustível utilizado, minério de ferro,

impurezas presentes no alto-forno e fundentes. Segundo GRUSKOVNJAK et al.

(2008), os compostos químicos Al2O3 e CaO são os que reagem mais rápido, além de

que escórias que apresentam uma maior quantidade destes produzem corpos de

prova com maiores resistências à compressão.

Nessas pesquisas também foram concluídos que maiores quantidades de

óxido de manganês (MgO) presentes na escória, proporcionam maior resistência

mecânica e menor porosidade na microestrutura, além da formação de hidrocalcita

ser mais considerável, sendo essa um dos compostos hidratados do cimento. Outro

fator analisado foi a quantidade de Al2O3, quando encontrado em maior quantidade

diminuiu-se a taxa de hidratação da escória, contudo isso não influenciou na

resistência mecânica dos corpos de prova de argamassa, pelo contrário, as escórias

com mais alumina apresentaram maiores resistência mecânicas. Além disso, foi

observado nas escórias com maior quantidade de Al2O3 um menor calor de hidratação

durante suas reações (HAHA et al., 2011; HAHA et al., 2012).

Este estudo da composição química também foi realizado por LANGARO et

al. (2016), onde a escória com maior porcentagem de MgO e Al2O3, apresentou

melhores resultados de resistência mecânica e maior produção de hidratos, quando

sujeitos a ativação alcalina com NaOH. Isto se justifica, pois, o Al2O3 tem influência no

desenvolvimento da reação inicial na presença de NaOH como ativador alcalino, e o

MgO tem influência positiva tanto na resistência à compressão quanto na porosidade

da microestrutura.

Outros fatores relacionados a composição química das escórias vítreas, que

indicam se estas são adequadas para o processo de ativação alcalina, são as razões

molares CaO/SiO2 variando de 0,5 a 2,0, e Al2O3/SiO2 de 0,1 a 0,6. Entretanto, não é

29

regra que a resistência mecânica tenha uma boa relação com esses parâmetros

(TALLING et al., 1989 apud PROVIS et al., 2014).

2.2.4 Influência do ativador alcalino no CAT

O ativador alcalino também influi consideravelmente nas propriedades do

CAT, pois nesse tipo de cimento os íons alcalinos são um dos responsáveis pelas

propriedades ligantes do material, seja por sua natureza ou concentração. Com isso,

ele deve ser estudado de acordo com as características do material, como

composição química e finura (PINTO, 2006). Em estudos realizados recentemente no

Brasil, notou-se que o NaOH apresentou boa compatibilidade química e física,

apresentando resultados satisfatórios quanto resistência mecânica e microestrutura

na produção dos hidratos do cimento, como o CSH (LANGARO, 2016).

Os ativadores mais utilizados são os hidróxidos de metais alcalinos (KOH e

NaOH), cal hidratada (Ca(OH)2), os silicatos de sódio ou potássio, sulfetos de cálcio

hidratado, carbonato de sódio, ou a mistura entre alguns destes compostos (JOHN,

1995).

O JOHN (1995) ainda diz em sua tese, que os hidróxidos de sódio e potássio

produzem soluções com elevado pH. Além disso, diminuem a solubilidade do CaO na

solução, facilitando a precipitação dos compostos hidratados. Do ponto de vista de

PUERTAS (1995) o NaOH, o Na2CO3 e o silicato de sódio são os mais eficazes para

a ativação das escórias, por esses acelerarem a dissolução da escória ao elevarem o

pH acima de 12, e facilitarem a formação de hidratos estáveis de baixa solubilidade,

além de favorecer a formação de uma estrutura compacta.

Contudo, em alguns estudos observou-se que o NaOH faz o papel de

catalisador da reação, pois devido a sua alta solubilidade ele dificilmente reage com

os óxidos da escória para a formação de produtos hidratados. Outros ativadores,

como os sulfatos, são responsáveis pela formação de produtos hidratados, como a

etringita (CHEN et al., 2007). Sendo esta etringita composto encontrado geralmente

em cimento Portland e Supersulfatados, conforme analisado em estudo realizado por

RUBERT (2015).

Estudos realizados na Suíça por HAHA et al. (2001) levaram em consideração

a contribuição da quantidade de óxido de magnésio (MgO) para a resistência dos CAT,

relacionando-a com dois ativadores, o NaOH e Na2O3Si (water glass). Para escória

com maior quantidade de MgO o melhor ativador foi o water glass, onde a quantidade

30

desse composto deve ser superior a 8%. Já para as escórias com menos MgO é

recomendável a utilização do NaOH, que promove uma melhor hidratação nas idades

iniciais, além de que as pastas ativadas com hidróxido de sódio formam um gel de

Silicato de Cálcio hidratado (CSH) mais cristalino e com menos água. Isto foi verificado

por LANGARO (2016), onde a escória estudada possuía porcentagem de MgO inferior

a 8%, e apresentou melhores resultados quando ativada com NaOH.

Dando sequência a este estudo, HAHA et al. (2012) observou o efeito do Al2O3

nas reações do CAT, verificando-se que para o ativador NaOH as escórias com maior

quantidade de alumina promoveram um pequeno aumento na resistência mecânica,

enquanto para o water glass a maior quantidade de alumina fez abaixar a resistência

mecânica.

Através de estudos como esse, foi verificado que a cinética das reações de

hidratação do CAT com escória é altamente influenciada pelo ativador, além de que a

composição química dessa matéria prima deve influenciar na escolha do ativador

alcalino, pois essa também é um fator que interfere nessas reações (SHI et al., 1995

apud LANGARO, 2016).

2.3 REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO (RAA)

A reação álcali-agregado é a reação patológica que ocorre no concreto, entre

os hidróxidos alcalinos provenientes principalmente do cimento, e minerais reativos

do agregado. Esta reação gera produtos capazes de expandir na presença de

umidade, provocando fissurações, deslocamentos e podendo comprometer a

estrutura (HASPARYK, 2005).

2.3.1 Histórico da RAA

Ao longo das décadas de 1920 e 1930, foi observado um grande número de

fissuras nos pavimentos de concreto da Califórnia (PREZZI et al., 1997). Em 1940,

Stanton atribuiu essas fissuras a uma reação deletéria entre a sílica do agregado e os

álcalis do cimento (STANTON, 1940 apud HASPARYK, 2005).

Segundo MIZUMOTO (2009), nos anos de 1940 e 1941, os Estados Unidos

iniciaram pesquisas na área, devido à constatação da reação em barragens e obras

de arte de rodovias. No mesmo período a Austrália iniciou um programa de pesquisas

visando entender o mecanismo da RAA.

31

O mesmo autor afirma que na África do Sul ocorreram os primeiros registros

da reação e o início dos estudos sobre o tema na década de 1970. Já a China

identificou a deterioração de estruturas na década de 1990.

Na década de 1970 novos casos de RAA foram descobertos, inclusive em

obras que haviam tido seus agregados previamente avaliados segundo os métodos

da época, sugerindo que o conhecimento e as metodologias que se tinha sobre a

reação ainda não estavam suficientemente aprimorados (SILVA, 2007). HASPARYK

et al. (2006) sugerem que a crise do petróleo, que provocou uma necessidade de

maior eficiência energética e consequente maior teor de álcalis nos cimentos, também

contribuiu para o aumento dos casos de RAA.

A partir da década de 1990 foram elaborados novos métodos para a avaliação

da reação álcali-agregado, devido à grande quantidade de casos reportados em todo

o mundo. Entre estes, estão o método acelerado das barras de argamassa (ASTM C

1260) e o método dos prismas de concreto (ASTM C 1293) (SILVA, 2007).

No Brasil, de acordo com ANDRIOLO (2000), as primeiras ocorrências da

reação foram observadas no início da década de 1960, durante estudos na Barragem

de Jupiá, com 1,6 milhões de m³ de concreto. O autor levantou um número de 19

hidrelétricas afetadas pela RAA no território nacional até o ano de 2000. Além de

danos em barragens, são reportados efeitos da reação em tomadas d’água, casas de

força, vertedouros e eclusas. A Figura 4 mostra os efeitos da RAA em uma barragem

nos EUA:

Figura 4: Fissuração mapeada em barragem provocada pela RAA Fonte: ACRES (2005), apud TIECHER (2006)

Além das hidrelétricas, também há relatos da reação em pontes, viadutos,

obras portuárias, termoelétricas, fundações de edifícios (Figura 5), e túneis

(HASPARYK et al., 2006).

32

Figura 5: Fissuração provocada pela RAA em bloco de fundação no Recife Fonte: ANDRADE (2006), apud COUTO (2008)

Atualmente, considera-se que as principais jazidas de agregados reativos do

mundo estão localizadas nos Estados Unidos, leste do Canadá, Austrália, Nova

Zelândia, África do Sul, Alemanha, Inglaterra e Islândia (VALDUGA, 2002).

A Tabela 2 apesenta os casos registrados de reação álcali-agregado em obras

hidráulicas até 1998. Nota-se que o Brasil é o país com o terceiro maior número de

casos de RAA em obras hidráulicas, ficando atrás apenas de Canadá e Estados

Unidos.

Tabela 2: casos registrados de RAA em obras hidráulicas

País Nº de Casos

Canadá 41

Estados Unidos 29

Brasil 20

África do Sul 10

França 05

País de Gales 05

Portugal 04

Austrália 02

Índia 02

Paquistão 02

Argentina 01

Áustria 01

Costa do Marfim 01

Ghana 01

Inglaterra 01

Moçambique 01

Nigéria 01

Quênia 01

Romênia 01

Suiça 01

Uganda 01

Zambia 01

Fonte: KIHARA et al., 1998, apud TIECHER, 2006

33

2.3.2 Tipos de RAA

A reação álcali-agregado pode ser dividida em três formas, de acordo com os

tipos de agregados que participam da reação. São eles: reação álcali-sílica, reação

álcali-silicato e reação álcali-carbonato (VALDUGA, 2002).

Segundo TIECHER (2006), essas classificações visam agrupar os minerais

reativos pelo mecanismo de expansão provocado por eles, facilitando medidas de

mitigação. A autora também afirma que a reação álcali-sílica e a reação álcali-silicato

não apresentam grandes diferenças em seu mecanismo de expansão, mas são

diferidas pela complexidade e velocidade com que ocorrem.

A reação álcali-sílica é a mais comum entre as três, sendo também a que

ocorre mais rapidamente. Nesta, os hidróxidos do cimento reagem com alguns tipos

de sílica presentes nos agregados (VALDUGA, 2002; HASPARYK, 2006). Nesta

reação normalmente ocorre exsudação de gel composto por sílica e álcalis na

superfície de concreto.

A reação álcali-silicato é definida pela ABNT NBR 15577-1 (2008) como um

tipo específico de reação álcali-sílica, entre os álcalis do cimento e alguns tipos de

silicatos.

Os silicatos causadores desta reação estão presentes em algumas rochas

sedimentares (argilitos, siltitos, folhelhos argilosos e grauvacas), metamórficas

(gnaisse e quartzitos), e magmáticas (granitos). Apesar da semelhança com a reação

álcali-sílica, esta é mais lenta, devido aos minerais reativos estarem mais

disseminados na matriz, e à presença de quartzo deformado (VALDUGA, 2002).

Já a reação álcali-carbonato é a reação em que agregados carbonáticos

contendo calcário dolomítico reagem com os álcalis do cimento (VALDUGA, 2002).

Nesta reação, não ocorre a formação de gel expansivo, mas sim a chamada

desdolomitização, que enfraquece a ligação entre pasta e agregado, provocando

fissurações (ABNT NBR 15577-1, 2008).

2.3.3 Mecanismos da reação álcali-sílica

A reação álcali-sílica se dá entre os álcalis presentes no cimento e a sílica do

agregado. De acordo com VALDUGA (2002), isso ocorre pois em meio com alto teor

de álcalis a sílica torna-se muito mais solúvel.

34

Neste cenário, COUTO (2008) resume as reações químicas que formam o gel

expansivo em 3 etapas:

Etapa 1: Inicialmente, as hidroxilas (OH-) presentes no cimento reagem com

a superfície da sílica presente no agregado, produzindo ligações do tipo silanol (Si-

OH) (Equação 2):

Si-O-Si+ + OH- → Si-O-Si-OH Equação 2

Etapa 2: As hidroxilas atacam então o grupo silanol, em uma reação típica

ácido-base (Equação 3). A equação é então balanceada pelos íons (Na+ e K+),

formando um gel sílico-alcalino (Equações 4 e 5):

Si-OH + OH- → Si-O- + H2O Equação 3

Si-O- + Na+ → Si-ONa Equação 4

Si-O- + K+ → Si-OK Equação 5

Etapa 3: Os íons de hidroxila excedentes atacam então as ligações internas

da sílica (grupo siloxano) (Equações 6 e 7), desintegrando a sílica e deixando em

solução monômeros de silicatos (Equação 8), e propiciando a absorção de água e

íons alcalinos (Equações 9, 10 e 11):

Si-O-Si + 2OH- → Si-O- + -O-Si + H2O Equação 6

2SiO2 + OH- → SiO5/2- + SiO5/2H Equação 7

SiO5/2- + OH- + ½ H2O → H2SiO4

2- Equação 8

H2SiO42- + 2Na+ → Na2H2SiO4 Equação 9

H2SiO42- + 2K+ → K2H2SiO4 Equação 10

H2SiO42- + 2Ca2+ → CaH2SiO4 Equação 11

Segundo VALDUGA (2002), inicialmente são os íons Na+ e K+ que se unem

aos monômeros para formar o gel (Equações 10 e 11). Porém, como a migração

desses íons é lenta, começa a ocorrer também a reação com o Ca+ (Equação 11).

Desta forma, o gel formado pode ter uma composição química variável de acordo com

os tipos de agregado, proporção de materiais, posição do gel no interior do concreto

(VALDUGA, 2002; HASPARYK, 2005)

35

Existem teorias que sugerem que um gel com alto teor de cálcio não produz

grandes expansões quando exposto à água, e consequentemente não gera

fissurações no concreto (HELMUTH e STARK, 1992 apud VALDUGA, 2002).

A produção do gel, por si, não causa fissuração no concreto. Porém, quando

em contato com a água, este expande e provoca pressões hidráulicas, que se

ultrapassarem a resistência à tração do concreto causam fissurações (VALDUGA,

2002).

2.3.4 Fatores que influenciam a RAA

Diversos fatores determinam a ocorrência da reação álcali-agregado, estando

estes relacionados com os materiais constituintes do concreto, condições ambientais

e com agentes inibidores da reação (TIECHER, 2006).

De acordo com WANG (1990) apud TICHER (2006), os fatores que afetam a

RAA podem ser classificados em:

Agentes relacionados ao meio ambiente: umidade, temperatura, ciclos de

molhagem e secagem;

Agentes químicos: sais, aditivos aceleradores de pega e superplastificantes;

Agentes relacionados ao concreto: teor de álcalis do cimento, fator a/c,

dimensão e composição dos agregados;

Agentes que controlam a reação: adições pozolânicas, teor de ar incorporado,

porosidade dos agregados, aditivos químicos inibidores de expansão.

O teor de álcalis é um fator com grande influência na reação, pois a

concentração de hidróxidos alcalinos na solução influencia o seu pH (TICHER, 2006).

Quanto maior o teor de álcalis, maior o pH, e consequentemente maior a solubilidade

da sílica presente nos agregados.

De acordo com NEVES (2010), álcalis são os elementos que se localizam na

primeira coluna da Tabela periódica, embora somente sódio e potássio sejam

considerados álcalis na química do cimento. Somente os chamados álcalis ativos

participam do ataque à sílica ativa dos agregados, ou seja, aqueles que não ficam

fixos na estrutura dos silicatos de cálcio hidratados ou dos próprios agregados

(OBERHOLSTER, 1983, apud NEVES, 2010)

O teor de álcalis do cimento é geralmente medido como equivalente alcalino

em sódio, através da Equação 12 (SANCHEZ, 2008). De acordo com BÉRUBÉ (2002)

36

apud NEVES (2010), para um cimento se considerado de baixo teor alcalino, este

deve ter um Na2O equivalente inferior a 0,60%.

Na2O equivalente (%) = Na2O (%) + 0,658 K2O (%) Equação 12

Porém, somente a avaliação do teor de álcalis do cimento não é suficiente

para verificação da ocorrência da reação álcali-agregado, pois, para um mesmo

cimento, um concreto com maior quantidade de material cimentício por m³ possui um

maior teor de álcalis. Desta forma, há um consenso entre os pesquisadores da área

em avaliar o teor de álcalis do concreto, e não somente do cimento (NEVES, 2010;

PIRES, 2009; SANCHEZ, 2008). De acordo com BÉRUBÉ (2000) apud SANCHEZ

(2008), um limite no teor de álcalis de 3kg/m³ de concreto em geral é eficiente para

minimizar a RAA.

Outro fator com grande influência na RAA são os agregados. Quanto mais

desorganizada a estrutura mineral do agregado, mais intensa tende a ser a reação.

Os minerais podem ser classificados em ordem decrescente de reatividade como os

com estrutura amorfa (opala e vidro vulcânico), microcristalina e criptocristalina

(calcedônia), metaestável (tridimita e cristobalita) e cristalina (quartzo, feldspato e

filossilicato) (HASPARYK et al, 2006).

Além da estrutura e composição, o tamanho dos grãos dos agregados

também influencia na reação, sendo que quando este diminui, as expansões

aumentam (TICHER, 2006).

Estudos também indicam que existe um “teor péssimo” de agregados reativos,

ou seja, um teor de agregados reativos em que as expansões são maiores. Isso pode

ser explicado pelo fato de que um excesso de agregados reativos em relação aos

álcalis implica em um consumo rápido destes pela sílica (PAULON, 1981, apud

PIRES, 2009).

Entre os fatores externos ao concreto, o principal é a umidade. De acordo

com IDORN (1992) apud VALDUGA (2002), embora o gel se forme a umidades

inferiores, é necessária uma umidade superior a 80% para que este expanda. A

temperatura também pode funcionar como um acelerador ou retardador da reação,

sendo o aumento das expansões diretamente proporcional a elevações na

temperatura (COUTO, 2008).

37

2.3.5 Caracterização do gel da RAA

Diversos autores buscam identificar a presença e as características do gel da

reação álcali-agregado, visando entender os mecanismos da reação.

Para isto, a técnica mais utilizada é a microscopia eletrônica de varredura, que

permite a obtenção de imagens de alta resolução das amostras, aliada à

espectrometria por energia dispersiva de raios-X, que apresenta a composição

química para determinados pontos das imagens (HASPARYK, 2005). Desta forma, o

gel pode ser caracterizado quanto à sua morfologia e composição química.

As morfologias mais encontradas na literatura para o gel são a forma gretada

(Figura 6), rendada (Figura 7), e cristalizado, em forma de rosáceas (Figura 8):

Figura 6: Gel maciço gretado Fonte: ARRAIS, 2011

Figura 7: Gel rendado Fonte: ARRAIS, 2011

Figura 8: Gel em forma cristalizada Fonte: ARRAIS, 2011

A composição química do gel em geral é cálcico-sílico-alcalina, podendo o

álcali ser o sódio ou o potássio. A proporção de cada um dos elementos, além da

presença de outros em menor quantidade, é bastante variável (ARRAIS, 2011;

38

HASPARYK, 2005; TIECHER, 2006; VALDUGA, 2002). Uma característica do gel da

RAA é sua relação CaO/SiO2 inferior a 1,5, sendo que relações superiores a este valor

podem caracterizar produtos da reação do cimento (TIECHER, 2006).

A bibliografia não apresenta uma relação da morfologia do gel com sua

composição química, tampouco com as expansões provocadas pela reação, sendo

que foram observadas as mesmas morfologias tanto para reações consideradas

deletérias quanto para outras consideradas inócuas (ARRAIS, 2011; HASPARYK,

2005; TIECHER, 2006; VALDUGA, 2002).

O gel pode ser observado principalmente na interface entre a pasta e o

agregado, e nos poros da argamassa. TIECHER (2006) e ARRAIS (2011) observaram

a presença do produto da reação mesmo em corpos de prova com expansões

classificadas como inócuas, porém em menor quantidade, e principalmente nos poros.

2.3.6 Reação álcali-agregado no cimento Portland

O Cimento Portland (CP) é composto por uma mistura de calcário, sílica e

alumina provenientes da argila, óxido de ferro e sulfato de cálcio. Sendo que

primeiramente é realizada a clinquerização, mistura entre calcário e argila em fornos

rotativos onde a temperatura pode alcançar 1500°C, que proporciona a ocorrência de

várias reações químicas durante o processo para a formação do clínquer. Em

sequência esse material é resfriado e levado a moinhos juntamente com o sulfato de

cálcio, prevenindo assim a pega instantânea do cimento, ao final desse processo o

produto resultante é o cimento Portland comercializado (NEVILLE et al., 2013).

São destacados como principais compostos do cimento o Silicato tricálcico

(C3S), Silicato dicálcico (C2S), Aluminato tricálcico (C3A) e o Ferroaluminato

tetracálcico (C4AF). Destes, os mais importantes são os silicatos C3S e C2S, pois são

os responsáveis pela resistência mecânica dos compostos do cimento, enquanto o

C4AF ao reagir com a gipsita forma um composto (sulfoferrito de cálcio) que acelera a

hidratação destes silicatos (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

Existem também alguns compostos secundários no cimento, como o MgO,

TiO2, Mn2O3, K2O e Na2O. Apesar de constituírem uma pequena parcela da massa do

cimento, dois deles são de fundamental importância, sendo estes os óxidos de sódio

e potássio (Na2O e K2O). Estes compostos são conhecidos como álcalis, pois podem

reagir com alguns agregados, causando assim a reação álcali-agregado, responsável

pela desintegração do concreto (NEVILLE et al., 2013).

39

Atualmente são tomadas diversas medidas que diminuem a ocorrência da

RAA, na Inglaterra uma das principais medidas recomendadas é a utilização de

cimento Portland comum com adições, pelo menos 50% de escória granulada de alto-

forno ou 25% de cinza volante, garantindo que o teor de álcalis fornecido ao concreto

não ultrapasse 3,0 kg/m³.

Segundo TIECHER (2006) as adições pozolânicas impedem a reação álcali-

agregado pois ao reagirem com o hidróxido de cálcio do cimento Portland provocam

uma diminuição do pH da solução dos poros, inibindo assim a reação.

Outro fator que combate a RAA com adições minerais é que a sílica presente

nestas reage com os álcalis do CP antes da sílica presente nos agregados do

concreto, e esta reação que ocorre primeiramente não é prejudicial, pois o produto

silicoso, finamente divido, é inofensivo por não acarretar em expansões (DIAMOND,

1984, apud TIECHER, 2006).

Atualmente no Brasil são produzidos cimentos Portland com variadas

porcentagens de adições, nessas opções tem-se dois tipos com altas porcentagens

de adições, que podem ser usados para prevenirem o desencadeamento da reação

álcali-agregado. Na Tabela 3 a seguir tem-se os tipos de CP comercializados no Brasil

e suas adições.

Tabela 3 Tipos de cimentos Portland comercializados no Brasil

Tipo

Sigla

Classe resistência

(MPa)

Composição Norma

Brasileira Clínquer +

gesso Escória

alto forno

Pozolana

Fíler

Comum CP I-S 32 ou 40 90-95 - 1-5 - NBR 5732

Composto

CP II-E 32 ou 40 56-94 6-34 - 0-10

NBR 11578

CP II-Z 32 ou 40 76-94 - 6-14 0-10

CP II-F 32 ou 40 90-94 - 0 6-10

Alto forno CP III 32 ou 40 30-65 35-70 0 0-5 NBR 5735

Pozolânico CP IV 32 45-85 - 15-50 0-5 NBR 5736

Alta resistência

inicial

CP ARI - 95-100 - - 0-5 NBR 5733

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO CIMENTO PORTLAND, 2002

Em estudo realizado por TIECHER (2006), concluiu-se que o CP IV, ou

cimento Pozolânico, gerou menores expansões comparando-se com os outros tipos

de cimento, então recomenda-se que na execução de grandes obras sujeitas a reação

álcali-agregado seja utilizado o CP IV.

40

2.3.7 Reação álcali-agregado no cimento álcali ativado

Com o intuito de se obter resultados sobre a durabilidade do CAT, estudos

vêm sendo desenvolvidos nessa área há algum tempo. O interesse nesse tipo de

pesquisa ocorre por esse cimento apresentar uma alta quantidade de álcalis na sua

composição, sendo que o equivalente de Na2O% varia de 2% a 5%, devido ao ativador

alcalino adicionado na escória, enquanto no cimento Portland este teor é bastante

inferior (CHEN et al., 2002).

BAKHAREV et al. (2001) realizaram um estudo de RAA em concretos de

cimento álcali ativado e de cimento Portland (CP), através do método de ensaio lento

da norma ASTM C 1293 (Método dos prismas de concreto), em que se verifica as

expansões dos corpos de prova no decorrer de um longo tempo. No estudo foram

realizadas medições até a idade de 22 meses. Os autores utilizaram em sua pesquisa

um CAT com teor de Na2O equivalente de aproximadamente 8,0%. Como conclusão

desse estudo foi considerado que o CAT obteve maior expansão que o cimento

Portland, sendo que nos primeiros 50 dias alcançou uma expansão de 0,04% e no

final dos 12 meses chegou a 0,1%, enquanto o Portland alcançou 0,03% após os 22

meses de análise.

Entretanto, no estudo realizado por PUERTAS et al. (2009) com o ensaio

acelerado segundo a norma ASTM C 1260 (Método acelerado das barras de

argamassa), onde os corpos de prova foram submetidos no decorrer de um mês em

solução de 1M de NaOH a 80 °C, comparando-se resultados de CAT e CP para

diversos agregados, observou-se que os corpos de prova de CAT tiveram uma

expansão 4 vezes menor que os de CP. Além disso, ao serem submetidos a essas

condições do ensaio, os CAT’s tiveram um aumento em sua resistência mecânica a

compressão, e diminuição na porosidade.

Outro fator analisado foi a influência do tipo da escória utilizada para o

desenvolvimento da RAA. No estudo realizado por CHEN et al. (2002), foram

comparadas as expansões em escórias básicas, ácidas e neutras, classificadas pela

relação (CaO+MgO)/(SiO2+Al2O3): se for >1 é básica, <1 é ácida e se a relação foi

igual a 1 a escória é considerada neutra. A conclusão foi que as escórias são

inibidoras da RAA, e devido a composição química desses materiais, a escória ácida

foi a que se mostrou mais eficiente para inibir a RAA. Os resultados podem ser

observados na Figura 9:

41

Figura 9: Relação do tipo de escória com a expansão Fonte: adaptado de CHEN et al. (2002)

Esses mesmos autores também compararam o CAT com o CP no ensaio lento

de primas de concreto, e em seus resultados as expansões nos corpos de prova de

CAT foram significativamente inferiores às dos de CP. Segundo eles, os álcalis

participam das reações de hidratação do CAT como componentes independentes,

causando uma redução nos álcalis livres.

Uma melhor explicação para esse evento, foi dada por THOMAS (2011) apud

SHI et al. (2015). Segundo os autores, o CAT possui menor expansão com relação ao

CP devido ao baixo teor Ca/Si. O C-S-H decorrente de reações que possuem menor

relação Ca/Si atrai uma maior quantidade de álcalis para sua formação.

Com relação a influência do tipo de ativador alcalino na RAA, foi observado

que o NaOH é o que apresenta menos expansões nesse tipo de reação, seguido pelo

Na2SO4, Na2CO3 e por último o waterglass (CHEN et al., 2002).

O teor de ativador alcalino também é determinante para o aumento de

expansões devido a RAA, e dependendo do tipo deste material, o teor adotado pode

elevar drasticamente essas expansões. Isso pode ser justificado pelo aumento de

álcalis adicionados aos CAT’s. Em seu estudo YANG et al. (1999) apud SHI et al.

(2015) verificaram que o teor de NaOH tem pouca influência nas expansões dos

corpos de prova de CAT, enquanto o teor do ativador Na2O.nSiO2 é um fator

determinante para o aumento das expansões nos corpos de prova, como pode-se

observar na Figura 10:

42

Figura 10: Influência do tipo e teor de ativador na expansão Fonte: adaptado de YANG et al. (1999) apud SHI et al. (2015)

Outro fato observado pelos autores, é que a alta quantidade de álcalis e a alta

resistência mecânica inicial dos CAT’s causam baixas expansões decorrentes da RAA

em idades iniciais. Desta forma recomenda-se uma duração dos ensaios com esse

tipo de cimento superior aos de CP, pois estes podem desencadear a RAA mais

lentamente (SHI et al., 2015).

2.4 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DA RAA

Diversos estudos no campo da reação álcali-agregado vêm sendo realizados,

com diversos métodos encontrados na literatura. Porém, ainda não foi definido um

método rápido e eficaz para a sua avaliação. Desta forma, na maioria dos casos é

adotado um conjunto de ensaios a fim de verificar a reatividade dos agregados

(TICHER, 2006)

Os ensaios para avaliação da RAA podem ser classificados em dois tipos:

métodos que avaliam unicamente o agregado (análise petrografia, Osipov, método

químico, método das rochas carbonáticas), e métodos que avaliam o conjunto

cimento/agregado (método das barras, método acelerado, método dos prismas de

concreto) (VALDUGA, 2002).

43

Devido ao fato de o presente trabalho ter foco na avaliação do comportamento

dos cimentos frente à reação álcali-agregado, serão apresentados nesta seção

somente os métodos que avaliam o conjunto cimento/agregado.

2.4.1 Método Acelerado de Barras de Argamassa

O Método Acelerado de Barras de Argamassa é normatizado no pela ASTM

C-1260 (2007) e ABNT NBR 15577-4 (2008), e é, devido à sua velocidade de

avaliação, o método mais utilizado no mundo (SANCHEZ, 2008).

O ensaio consiste na confecção e imersão de barras de argamassa em uma

solução de hidróxido de sódio a 80 ºC por um período de 30 dias, fazendo-se leituras

de expansão aos 16 e 30 dias contados a partir de sua moldagem, e em períodos

intermediários (ABNT NBR 15577-4, 2008).

A ASTM C-1260 (2007) define um limite de expansão de 0,20% aos 16 dias,

acima do qual a reação é considerada deletéria. Expansões entre 0,10% e 0,20% são

classificadas como potencialmente deletérias, e abaixo de 0,10%, como inócuas. Já a

ABNT NBR 15577-4 (2008) classifica como potencialmente inócua a reação com

expansão abaixo de 0,19% aos 30 dias, e acima desse limite como potencialmente

reativa.

Existe uma grande discussão na bibliografia a respeito da confiabilidade

desse método, principalmente no que se refere à duração do ensaio e às condições

altamente agressivas em que é executado. De acordo com THOMAS et al. (2006)

apud DAHER (2009), os resultados do método não reproduzem com precisão a

realidade, porém podem garantir segurança à prevenção da RAA.

Já SILVA (2007) afirma que, devido às condições as quais as amostras são

submetidas, agregados não reativos podem ser classificados como potencialmente

reativos (falsos-positivos). Além disso, agregados com reativos com comportamento

mais lento podem ter sua expansão não detectada, mesmo aos 30 dias (falsos-

negativos).

Para tentar minimizar os erros do ensaio acelerado, diferentes países

possuem limites de expansão e tempos de duração de ensaios variados, de forma a

adaptar o ensaio às características do agregado local (SANCHEZ, 2008).

44

2.4.2 Método dos Prismas de Concreto

O Método dos Prismas de Concreto é normatizado pela ASTM C1293 (2008)

e pela ABNT NBR 15577-6 (2008) (DAHER, 2009). Neste, são confeccionados

prismas de concreto mantidos em ambiente com umidade relativa de 95%, à

temperatura de 38 ºC. Devem ser feitas medições de expansões aos 7, 28 e 56 dias,

e posteriormente medidas mensais até o período de 12 meses (ABNT NBR 15577-6,

2008).

Tanto a ASTM C1293 (2008) quanto a ABNT NBR 15577-6 (2008)

caracterizam como inócua a reação que apresentar expansão inferior a 0,04% após

12 meses, e como potencialmente reativa a que ultrapassar esse valor.

O método apresenta como vantagens a possibilidade de avaliação de

agregados graúdos ou miúdos, ou de uma combinação de ambos, além da

confiabilidade, devido às condições semelhantes às de campo.

Vários autores afirmam que não foram encontrados agregados considerados

inócuos pelo ensaio com comportamento reativo em campo (SANCHEZ, 2008). Como

contraponto, a longa duração do ensaio pode inviabilizar a análise em muitos casos.

2.4.3 Método Acelerado dos Prismas de Concreto

Diante do problema da longa duração do Método dos Prismas de Concreto,

GROSBOIS e FONTAINE (2000) apud HASPARYK (2005) propuseram uma variação

do método, alterando a temperatura para 60ºC, e desta forma reduzindo o tempo de

ensaio para três meses.

Uma avaliação deste método foi feita por FOURNIER et al. (2004), em que

foram avaliados dois tipos de agregado no Método dos Prismas de Concreto, e em

sua variação acelerada, em 5 diferentes laboratórios. Os pesquisadores concluíram

que a variação acelerada do método, com um limite de expansão de 0,04% aos 90

dias, apresenta o mesmo diagnóstico que o ensaio lento para 90% dos casos. Porém,

um limite mais conservador, de 0,025% foi recomendado para agregados ígneos e

metamórficos.

Os mesmos autores afirmam que, na maior parte dos casos, o processo de

expansão foi praticamente concluído aos 90 dias nas condições do ensaio,

confirmando o menor tempo necessário para sua realização.

45

3 METODOLOGIA

Este estudo tem como objetivo a avalição do comportamento do cimento álcali

ativado quando sujeito à reação álcali-agregado. As análises visaram investigar o teor

de ativador alcalino presente no CAT no desenvolvimento da RAA e, também,

compará-lo aos cimentos Portland, de maior e menor resistência à RAA: CPIV-RS e

CPV-ARI, respectivamente.

Para isso, foram realizados ensaios de expansão, resistência mecânica e

análises microestruturais. A Figura 11 apresenta o diagrama de ensaios realizados:

Figura 11: Diagrama de ensaios Fonte: Autoria própria

Meto

dolo

gia

Caracteriazação dos materiais

Agregado

Massa específica

Ensaio de reatividade

Escória

Composição química

Granulometria e superfície específica

Massa específica

DRX

Preparação de Material

AgregadoSeparação das faixas

granulométricas

Escória Moagem

Ensaios

CAT 4% NaOH

CAT 5% NaOH

CPV ARI

CP IV-RS

Método acelerado das barras de argamassa

(30d)

Análise visual e MEV

CAT 5% NaOH

CP IV-RS

Ensaio de resistência mecânica (7 e 28d)

Ensaio acelerado dos prismas de concreto

(90d)

46

3.1 MATERIAIS

3.1.1 Agregado

Os agregados utilizados no estudo são do tipo basáltico, provenientes de uma

jazida localizada no município de Pato Branco – PR. A areia de britagem foi utilizada

como agregado miúdo, e as britas 0 e 1 como agregado graúdo.

Tanto o agregado miúdo quanto o graúdo tiveram suas granulometrias

selecionadas de forma a atender o especificado pelos ensaios, através de

peneiramento em agitador de peneiras (Figura 12). Ambos foram lavados com o intuito

de eliminar o material pulverulento presente, e então secos em estufa a 100ºC durante

24h.

Figura 12: Peneiramento dos agregados em agitador de peneiras Fonte: Autoria própria

Massa Específica do Agregado Miúdo

Para o cálculo da massa específica aparente do agregado miúdo, foi utilizado

o método do picnômetro, ABNT NBR NM 52 (2002). Primeiramente obteve-se o valor

da massa do deste aparelho preenchido com água destilada (𝑃𝑎𝑔), depois retirou-se

parte da água e adicionou-se a massa de 100g (m) de agregado. Depois disso, este

foi preenchido até o topo com água destilada, e registrado o valor da massa desse

conjunto, de (𝑃𝑎𝑔+𝑚).

47

A partir da Equação 13 calculou-se o valor da massa específica aparente da

escória:

𝜇 =𝑚

𝑃𝑎𝑔−(𝑃𝑎𝑔+𝑚−𝑚) Equação 13

Chegou-se à uma massa específica de 2,89 g/cm³.

Massa Específica do Agregado Graúdo

A massa específica do agregado graúdo foi determinada de acordo com a

ABNT NBR NM 53 (2003).

Para isso, primeiramente os agregados foram submergidos em água por um

período de 24h. Estes foram então secos superficialmente com pano, e pesados (ms).

A amostra foi então novamente submersa e pesada em água (ma). Por fim, os

agregados foram secos em estufa, e pesados em estado seco (m). A massa específica

do agregado seco é dada pela Equação 14, onde d é a massa específica:

𝑑 =𝑚

𝑚𝑠−𝑚𝑎 Equação 14

Com isso, chegou-se à uma massa específica de 2,75 g/cm³.

Ensaio de Reatividade do Agregado

Em estudo realizado por TIECHER (2006), o agregado basáltico da região de

Pato Branco - PR, utilizado no estudo, foi classificado como reativo.

Para comprovar a natureza reativa deste agregado, foi realizado o ensaio

acelerado das barras de argamassa, normatizado pela NBR 15577-4 (2008),

comparando seus resultados aos da areia normatizada do IPT (regulamentada pela

ABNT NBR 7214 – 2012), de natureza inócua.

Devido à indisponibilidade do cimento padrão recomendado pela norma, com

equivalente alcalino de 0,9±0,1% e finura de 4900±200 cm²/g, foi utilizado o CPV-ARI,

por este apresentar finura e teor equivalente alcalino próximo ao cimento normatizado.

O procedimento de ensaio foi realizado conforme será descrito no item 3.2.1.

Os resultados do ensaio de reatividade do agregado são apresentados na

Figura 13:

48

Figura 13: Ensaio de reatividade do agregado Fonte: Autoria própria

As barras com o agregado basáltico apresentaram uma expansão bastante

superior às com areia do IPT, ultrapassando o limite da NBR 15577-4 já aos 7 dias,

podendo desta forma ser classificado como reativo.

3.1.2 Escória de Alto Forno

Foi utilizada para o estudo a escória granulada de alto forno a carvão vegetal,

classificada como ácida.

Preparação

A escória foi seca em estufa com temperatura controlada de 105º C, durante

24 horas. Em sequência colocada em um moinho de bolas (marca Servitech, modelo

CT 242) (Figura 14) e triturada durante duas horas. A Figura 15 apresenta a escória

antes e após a moagem:

0,000%

0,100%

0,200%

0,300%

0,400%

0,500%

0,600%

7 14 21 28

Expansão

Idade (dias)

Agregado Utilizado Areia IPT Limite

49

Figura 14: Moinho de bolas Fonte: Autoria própria

Granulometria

A análise granulométrica foi realizada no Laboratório de Análises de Minerais

e Rochas – LAMIR do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná

(UTFPR), através de um granulômetro a laser via úmido, e é apresentada na Figura

16:

Figura 15: Escória antes e após moagem Fonte: Autoria própria

50

Figura 16: Granulometria escória. Fonte: Autoria própria

Composição química

A composição química da escória foi obtida através de ensaio de

espectroscopia por fluorescência de raios-x, realizada no Laboratório de Análises de

Minerais e Rochas – LAMIR, do Departamento de Geologia da Universidade Federal

do Paraná (UFPR). Esta composição pode ser observada na Tabela 4:

Tabela 4: Composição química da escória

Componente Escória ácida (%) NBR 5735 (%)

SiO2 38,10 - CaO 37,00 - Al2O3 13,90 - MgO 6,20 - Fe2O3 1,30 - MnO 1,10 - K2O 0,90 - TiO2 0,80 - Na2O 0,20 - SO3 0,10 -

CaO/SiO2 0,97 - Na2O+0,658K2O 0,79 -

(CaO+MgO+Al2O3)/SiO2 1,49 >1,00

Fonte: Autoria própria

Nessa Tabela também foi adicionado o índice de hidraulicidade da ABNT NBR

5735 (1991), que regulamenta a utilização da escória como adição ao cimento

Portland de alto forno. Nota-se que a escória utilizada nesse estudo respeita esse

51

índice. Também está presente o índice de basicidade CaO/SiO2, que classifica essa

escória como ácida, pois essa relação é menor que 1.

Nota-se também que a escória possui uma proporção de 0,20% de Na2O, e

0,90% de K2O, tendo portando um teor de equivalente alcalino de 0,79%, calculado

de acordo com a Equação 12, apresentada no item 2.3.4.

DRX da escória

Para o reconhecimento do estado amorfo da escória, estado em qual o

material estava antes de ser hidratado, foi realizado o ensaio de difração de raios-x.

Como pode-se visualizar na Figura 17, a escória pode ser considerada um material

amorfo, por não apresentar picos no DRX, característicos de estruturas cristalinas.

Figura 17: Difração de Raios-X da escória ácida. Fonte: Autoria própria

3.1.3 Ativador Alcalino

O ativador alcalino escolhido para utilizar no cimento álcali ativado foi o

hidróxido de sódio – P.A. (NaOH) da marca Enerquímica, com 99% de pureza (Figura

18). A escolha do NaOH é decorrente de indicações na literatura, por este apresentar

bons resultados na maioria dos estudos realizados, e por possuir melhor

compatibilidade para proporcionar as reações do CAT com a escória utilizada

(LANGARO, 2016).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

0,000 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000

Inte

nsid

ad

e

2ϴ°

52

Figura 18: Hidróxido de sódio Fonte: Autoria própria

3.1.4 Cimentos

Composição química dos Cimentos Portland

As composições químicas dos cimentos Portland utilizados foram obtidas a

partir do site informativo da empresa Itambé, apresenta-se na Tabela 5 a seguir

apenas os compostos mais relevantes para as reações do cimento.

Tabela 5: Composição química dos Cimentos Portland

Componente CPIV-RS CPV-ARI

SiO2 28,92 18,96 CaO 45,17 60,89 Al2O3 9,56 4,24 MgO 2,88 3,87 Fe2O3 3,83 2,66 SO3 2,31 3,00

Fonte: CIMENTO ITAMBÉ (2016)

Massa Específica

A massa específica dos CAT’s (escória de alto forno) foi medida através do

método do picnômetro, como descrito no item 3.1.1.

Já para os cimentos Portland, a determinação da massa específica baseou-

se na ABNT NBR NM 23, por meio do frasco volumétrico de Le Chatelier. Foi utilizado

o querosene como fluido para o ensaio devido a este não provocar a hidratação do

cimento.

53

O primeiro passo foi adicionar a querosene ao Le Chatelier entre as marcas

de zero e 1 cm², e então colocou-se o frasco no banho de água de repouso por 30

minutos. Após o decorrer desse tempo foi registrada a primeira leitura de volume (V1).

Depois disso, foi adicionada uma amostra de aproximadamente 60 gramas de

cimento Portland no frasco e agitado suavemente para que não ocorresse a formação

de bolhas. Foi então registrada a segunda leitura de volume (V2) e a massa utilizada

de cimento (m). Através da Equação 15, obteve-se a massa específica do cimento:

𝜌 =𝑚

(𝑉2−𝑉1) Equação 15

O resultado foi considerado a média entre dois ensaios em que a diferença foi

menor que 0,01 g/cm³.

A Tabela 6 apresenta os resultados de massa específica para todos os

cimentos:

Tabela 6: Massa específica dos cimentos

Cimento Massa específica (g/cm³)

CAT 5% 2,55

CAT 4% 2,55

CPV ARI 2,93

CPIV - RS 2,88

Fonte: Autoria própria

Finura Blaine

Método de permeabilidade do ar ou Blaine é um ensaio que permite conhecer

a superfície específica dos materiais finos, como os cimentos.

As finuras dos CAT’s e do CPV-ARI foram obtidas em laboratório através do

método Blaine, regulamentado pela ABNT NBR NM 76 (1998), enquanto a do CPIV-

RS foi obtida no site da fabricante.

A Tabela 7 apresenta a superfície específica dos cimentos utilizados:

Tabela 7: Superfície específica dos cimentos

Cimento Superfície específica (cm²/g)

CAT 4% 5351

CAT 5% 5351

CPV ARI 4351

CPIV – RS * 4122

Fonte: Autoria própria * Fonte: CIMENTO ITAMBÉ (2016)

54

Teor equivalente alcalino

Para o cálculo do teor equivalente de álcalis do cimento álcali ativado (escória

+ ativador), inicialmente calculou-se o teor equivalente de Na2O no NaOH pela quação

16, de acordo com a ABNT NBR 15577-6 (2008)

Na2O eq (NaOH) (%) = 0,77 NaOH(%) Equação 16

Fez-se então a média ponderada entre os teores equivalentes e os teores de

escória e ativador, de acordo com a Equação 17:

Na2O eq (%) = (Na2O eq Esc x Esc(%))+(Na2O eq NaOH x NaOH(%))

𝐸𝑠𝑐 (%)+𝑁𝑎𝑂𝐻 (%) Equação 17

Os equivalentes alcalinos para os cimentos Portland foram obtidos a partir de

relatórios de ensaio da fabricante Itambé.

A Tabela 8 apresenta os teores alcalinos equivalentes para os cimentos

utilizados:

Tabela 8: Na2O equivalente dos cimentos utilizados

Teor de Ativador Na2O equivalente

4% NaOH 3,72%

5% NaOH 4,42%

CPV ARI * 0,71%

CPIV-RS * 1,17%

Limite recomendado por BÉRUBÉ (2002) apud NEVES (2010)

0,60%

Fonte: Autoria própria * Fonte: CIMENTO ITAMBÉ (2016)

Nota-se que o teor equivalente alcalino dos CAT’s é bastante superior ao dos

cimentos Portland, devido a porcentagem de NaOH adicionados para a ativação.

Resistência mecânica dos CAT’s

Os CAT’s utilizados foram caracterizados em estudos realizados pelos

autores (LANGARO et al., 2016) e por LANGARO (2016). Estes apresentaram bons

resultados de resistência mecânica, mesmo em idades iniciais, mostrando-se

adequados para a aplicação prática nesse quesito. A Figura 19 apresenta os

resultados de resistência à compressão para os teores utilizados no estudo:

55

Figura 19: Resistência à compressão dos CAT's avaliados Fonte: Autoria própria

Análises feitas pelos autores também mostraram que estes cimentos

apresentam um calor de hidratação relativamente baixo, sendo, portanto aplicáveis

em obras de concreto em massa. Além disso, o CSH, principal composto hidratado

dos cimentos álcali ativados, foi observado em grande quantidade nas amostras,

indicando que sua composição microestrutural é condizente com o que é apresentado

na literatura (LANGARO et al., 2016).

3.2 MÉTODOS

Para a avaliação dos efeitos da RAA, foram adotados os teores de 4 e 5% de

NaOH como ativador alcalino para os CAT’s. Estas proporções foram escolhidas por

apresentarem bons resultados quanto à resistência mecânica e compostos hidratados

em estudos anteriores, sendo que o teor de 4% apresentou melhor resistência inicial

e o 5% chegou as maiores resistências mecânicas, aos 28 dias, comparado a todos

os teores estudados, 2, 3, 4, 5 e 6% (LANGARO, 2016).

Como comparação, foram escolhidos dois tipos de cimento Portland, o CPV-

ARI por apresentar grande desenvolvimento da reação álcali-agregado, e o CPIV-RS

por ser citado na bibliografia como um bom mitigador desta reação.

Para o ensaio de expansão em argamassa, e as análises visual e de

Microscopia Eletrônica de Varredura, foram avaliados os 4 cimentos citados acima.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

3 dias 7 dias 28 dias

Resis

tência

Mecânic

a (

MP

a)

4% 5%

56

Já para os ensaios de resistência a compressão e de expansão em concreto

foram selecionados apenas o CAT 5% e o CPIV-RS, por estes apresentarem bom

desempenho quando sujeitos à RAA, no ensaio de expansões em barras de

argamassa. O teor de 5% de NaOH para o CAT foi escolhido por este ser mais

suscetível à reação, quando comparado ao 4%. Desta forma, com análises mais

aprofundadas demonstrando que o CAT 5% é resistente à reação, pode-se inferir que

o CAT 4% também é.

Estes ensaios foram realizados apenas com 2 cimentos devido à grande

quantidade de material requerida para sua realização, bem como à falta de

disponibilidade de estufas.

3.2.1 Ensaio de expansão em argamassa

Para a medição das expansões em argamassa devido à RAA, foi optado pelo

Método Acelerado das Barras de Argamassa, normatizado pela ABNT NBR 15577- 4

(2008), Determinação da Expansão em Barras de Argamassa pelo Método Acelerado.

Este método é um dos mais utilizados para este tipo de avaliação, tendo como grandes

vantagens a facilidade e a rapidez do ensaio.

Proporção dos materiais para o ensaio

Os quantitativos dos materiais utilizados em todos os ensaios são

apresentados no Apêndice A.

O agregado miúdo utilizado neste método foi a areia de britagem de origem

basáltica, separada nas faixas granulométricas apresentadas na Tabela 9. A

quantidade de agregado em gramas foi a utilizada para a moldagem de três barras de

argamassa para cada tipo de cimento.

Tabela 9: Granulometria requerida para o agregado do ensaio

Peneira com abertura de malha Quantidade de material em massa

Passante Retido % g

4,75 mm 2,36 mm 10 99,0

2,36 mm 1,18 mm 25 247,5

1,18 mm 600 µm 25 247,5

600 µm 300 µm 25 247,5

300 µm 150 µm 15 148,5

Fonte: adaptado ABNT NBR 15577 – 4

57

Para a dosagem do material foi utilizado de uma parte de cimento para 2,25

partes de agregado, em massa. E relação água/cimento de 0,47 em massa. Sendo

assim, 440 g de cimento e 990 g de agregado e 206,8 g de água.

Mistura e moldagem da argamassa

Para a preparação das argamassas foi utilizado um misturador mecânico

(Figura 20). Inicialmente foi colocada a água, com o ativador alcalino diluído para os

CAT’s (Figura 21), em sequência adicionou-se o cimento. Esses dois materiais foram

misturados mecanicamente na velocidade lenta durante 30 s. Depois foi acrescentado

o agregado a cuba durante 30 s, em sequência mudou-se a velocidade para rápida e

misturou-se durante 30 s. Após isso, a argamassa descansou por um minuto e meio,

coberta com pano úmido na cuba, e depois disso foi batida na velocidade rápida

durante mais um minuto.

Figura 20: Argamassadeira utilizada para a mistura das argamassas Fonte: Autoria própria

Figura 21: Solução aquosa de NaOH Fonte: Autoria própria

58

Para cada cimento foram produzidas 3 barras de argamassa, em moldes

prismáticos de 25x25x285 mm. O tempo decorrido entre o término da mistura e a

moldagem não ultrapassou 2 minutos e 15 s. Com o auxílio de uma espátula, foram

dispostas em duas camadas aproximadamente iguais sendo que cada uma foi

adensada com 30 golpes na mesa de espalhamento.

Cura inicial

Devido aos prismas de cimento álcali ativado não apresentarem resistência

suficiente para a colocação em solução após 24h em condições normais, estes foram

submetidos à cura térmica a 60°C durante as 24h iniciais da hidratação. Esta

temperatura foi escolhida através de ensaios, onde primeiramente deixou-se os

corpos-de-prova em cura ambiente e não foi possível realizar a desmoldagem após

24 horas, pois não estavam suficientemente resistentes. Após isso, realizou-se testes

com a temperatura de 40°C, que também não foi suficiente para proporcionar uma

desmoldagem sem danos após um dia. Com isso, chegou-se a temperatura de 60°C

que proporcionou a resistência mecânica necessária em 24h para desmoldagem.

Os prismas de cimento Portland foram deixados em câmara úmida a uma

temperatura de 23°C durante este mesmo período.

Disposição na solução e medições

Após 24 horas, as barras foram desmoldadas e identificadas. Em sequência,

as barras de argamassa foram colocadas em um recipiente com água destilada, até

imergi-las, e sem tocar nas paredes do recipiente, nem entre si, e levadas à estufa a

80°C.

Depois de 24 horas de desmoldagem, as barras foram medidas no relógio

comparador, essas foram consideradas as leituras zero. Depois disso, colocou-se as

barras em recipiente com solução de NaOH (1 ± 0,01) N (Figura 22), de forma que

ficassem totalmente imersas e sem tocar ao recipiente e nem entre si.

Para a preparação da solução de NaOH, foram diluídos 40 g de soda em 900

mL de água destilada, e depois adicionou-se água até alcançar 1 litro de solução. O

recipiente escolhido foi de aço inox, pois esse se mostrou mais resistente à solução

de NaOH em altas temperaturas.

59

Os recipientes com os prismas foram então colocados em estufa a uma

temperatura de 80±2°C (Figura 23), onde permaneceram por 28 dias, sendo retirados

apenas para as medições.

Figura 22: Barras de argamassa em solução de NaOH Fonte: Autoria própria

Figura 23: Recipientes com as barras em estufa Fonte: Autoria própria

Após a leitura inicial, foram realizadas leituras, no relógio comparador

conforme Figura 24, aos 7, 14 e 28 dias, contados a partir da colocação das barras

em solução alcalina.

60

Figura 24: Medição de barras de argamassa em relógio comparador Fonte: Autoria própria

3.2.2 Análise Visual e Microestrutural

Após o término do ensaio acelerado das barras de argamassa, foi realizada a

análise visual dos corpos de prova, visando identificar fissuras, poros esbranquiçados

e outros indícios da RAA.

Já para o ensaio de microestrutura das barras, foi utilizado o método de

microscopia eletrônica de varredura (MEV), com o objetivo de identificar fraturas e a

presença de gel exsudado da reação.

A microscopia eletrônica de varredura é uma análise que permite a

identificação de compostos químicos e morfologia de amostras, através de imagens

de alta resolução (LANGARO, 2016; HASPARYK, 2005).

Para a preparação das amostras para a análise de MEV foi seguida uma

metodologia semelhante à proposta por VALDUGA (2002), com imersão das barras

de argamassa em acetona por 2 horas. Depois deste intervalo, as barras passaram

por um filtro a vácuo, e foram secas em estufa a 40ºC por 24h. Posteriormente as

barras foram fragmentadas, procurando retirar-se a área externa, que ficou em contato

com a solução de NaOH, e assim foram selecionadas amostras para análise da

microestrutura.

61

3.2.3 Ensaio de expansão em Concreto

O intuito de realização do ensaio de expansão em concreto foi analisar o

desenvolvimento de variações dimensionais quando em contato com agregado

graúdo e avaliar o desempenho dos cimentos quando dispostos em condições menos

agressivas que as do Método acelerado em barras de argamassa. Além de verificar o

desenvolvimento da reação álcali-agregado por um tempo maior, por esta reação ser

conhecida por se desenvolver em idades avançadas.

Devido à indisponibilidade de tempo para a realização do Método Lento dos

Prismas de Concreto, com duração de um ano, foi realizada a variação acelerada

deste, com duração de 3 meses. Para isto, foram respeitados os parâmetros de

moldagem da ABNT NBR 15577-6 (2008), porém os corpos de prova foram

armazenados à uma temperatura de 60ºC, de forma a acelerar a expansão.

Proporções dos materiais para o ensaio

O traço utilizado foi determinado seguindo requisitos apresentados pela ABNT

NBR 15577-6 (2008): de consumo de cimento de (420+-10) kg/m³, relação a/c=0,45,

volume de agregado graúdo de (50%+-0,2%) do volume total de concreto.

A norma recomenda a adição de NaOH à agua de amassamento, para elevar

o equivalente alcalino da solução para 1,25%. Porém, como o objetivo do presente

trabalho é a avaliação de cimentos com diferentes equivalentes alcalinos, não foi

realizada esta adição.

A granulometria dos agregados utilizados é apresentada nas Tabelas 10 e 11:

Tabela 10: Granulometria do Agregado Graúdo

Peneira Proporção Individual em Massa

Passante Retido

9,4 mm 4,75 mm 100%

Fonte: Autoria própria

Tabela 11: Granulometria do Agregado Miúdo

Peneira Proporção Individual em Massa

Passante Retido

4,75 mm 2,36 mm 10%

2,36 mm 1,18 mm 25%

1,18 mm 600 µm 25%

600 µm 300 µm 25%

300 µm 150 µm 15%

Fonte: ABNT NBR 15577-4 (2008)

62

Mistura e moldagem do concreto

Para cada cimento, CAT 5% e CPIV-RS, foram moldados 3 corpos de prova

prismáticos, em moldes com dimensões de 75x75x285mm (Figura 25):

Figura 25: Concreto nos moldes prismáticos Fonte: autoria própria

A mistura dos materiais foi feita inicialmente na argamassadeira, misturando-

se cimento, água, e agregado miúdo, conforme descrito no item 3.2.1. O agregado

graúdo foi misturado posteriormente de forma manual, como mostrado na Figura 26:

Figura 26: Mistura manual do agregado graúdo Fonte: Autoria própria

Disposição em estufa e medição

Após a moldagem, os corpos de prova foram mantidos nos moldes por 24h,

em uma câmara úmida à 23ºC. Foi então feita a retirada dos CP’s dos moldes, seguida

de medida inicial.

Os prismas foram então colocados em estufa, à uma temperatura de 60ºC. O

armazenamento dentro da estufa foi feito em recipientes com lâmina d’água, para

63

manter uma umidade relativa de aproximadamente 95%, utilizando espaçadores de

forma que os CP’s não entrassem em contato com esta.

Para todos os casos, foram realizadas medidas de comprimento aos 7, 14,

28, 56 e 91 dias. Os prismas foram retirados da estufa 24h antes de cada medição, e

colocados em câmera úmida à 23ºC, de forma a minimizar o efeito da dilatação

térmica nas expansões.

As medidas de comprimento foram realizadas através do relógio comparador

seguindo o procedimento descrito pela ABNT NBR 15577-6 (2008), como mostrado

na Figura 27. Inicialmente foi medida a barra padrão, e então os prismas, colocados

sempre na mesma posição e rotacionados em 360º, anotando-se a menor leitura.

Figura 27: Medição de prisma de concreto no relógio comparador Fonte: Autoria própria

3.2.4 Ensaios de Resistência Mecânica

Os ensaios de resistência mecânica foram realizados com o intuito de avaliar

possíveis perdas de resistência, consequentes das condições agressivas propícias ao

desenvolvimento da reação álcali-agregado propostas pelo Método acelerado das

barras de argamassa. Para isto foram comparadas as resistências mecânicas dos

corpos de prova sujeitos a solução de NaOH, com outros em cura úmida. Para ambos

os casos os corpos de prova foram submetidos a temperatura de 80ºC.

64

Dosagem, mistura e moldagem das argamassas

Foram moldados 3 corpos-de-prova para cada tipo de cimento e tipo de cura,

portanto foram moldados 4 conjuntos de 3 prismas de argamassa, chegando-se a 12

corpos de prova.

Para execução das argamassas, foi utilizada a ASTM C 348-02 (2002), com

um traço cimento: areia: água de 1: 2,75: 0,485. De acordo com a norma,

primeiramente foi feita a diluição do ativador em água, em sequência adicionado o

cimento e misturado na argamassadeira durante 30s na velocidade lenta. Após,

adicionou-se o agregado miúdo, o mesmo utilizado para o ensaio acelerado de barras

de argamassa, e deixou-se por mais 30s na velocidade lenta. Em sequência a mistura

ficou durante 30s na velocidade rápida, e então a argamassa descansou por 90s,

seguidos por mais 60 segundos em mistura rápida.

Foram então moldados corpos de prova prismáticos (4 cm x 4 cm x 16 cm), em

duas camadas com 30 golpes em cada.

Cura

Os corpos de prova de CAT 5% NaOH foram deixados em cura térmica em estufa

a 60°C durante 24h após a moldagem, de forma a adquirirem a resistência necessária

para imersão na solução. Já os de CP IV-RS foram deixados em câmera úmida a 23°C

durante este tempo.

Após 24 horas da moldagem os corpos de prova foram desmoldados e colocados

em solução de NaOH (1 ± 0,01) N a (80 ± 2) °C (Figura 28), de forma que ficassem

totalmente imersos.

Já os corpos de prova de controle ficaram em cura úmida a 80°C, com umidade

relativa de aproximadamente 95%, para rompimento nas mesmas datas que os que

permaneceram em solução de NaOH.

65

Figura 28: Corpos de prova de argamassa em solução de NaOH Fonte: Autoria própria

Rupturas à compressão e flexão

Foram realizados ensaios de resistência mecânica à compressão aos 1, 7 e 28

dias, e de flexão aos 1 e 28 dias. Os ensaios foram realizados utilizando-se do

aparelho da marca EMIC, modelo DL-30000 (Figura 29), com uma velocidade de

carregamento de 1,0 mm/min.

Figura 29: Aparelho EMIC DL-30000 Fonte: Autoria própria

66

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados de expansão em

argamassa, expansão em concreto, resistência mecânica, análise visual e

microscopia eletrônica de varredura para os cimentos avaliados.

4.1 EXPANSÃO EM ARGAMASSA

Na Figura 30 são apresentados os resultados do ensaio acelerado das barras

de argamassa para o mesmo agregado basáltico da região de Pato Branco – PR,

variando o tipo de cimento, sendo estes CPV-ARI, CPIV-RS, CAT 5% NaOH e CAT

4% NaOH. As medições individuais para cada barra estão no Apêndice B.

Figura 30: Expansões do ensaio acelerado das barras de argamassa Fonte: Autoria própria

Somente as barras com CPV-ARI ultrapassaram o limite de expansão de

0,19%, estabelecido pela ABNT NBR 15577-4 (2008) para classificar a reação como

potencialmente deletéria. A expansão alcançou o valor limite já aos 7 dias, e continuou

a ser observada até o fim das medições, aos 28 dias, quando ultrapassou a marca de

0,50%.

-0,100%

0,000%

0,100%

0,200%

0,300%

0,400%

0,500%

0,600%

7 14 21 28

Expansão

Idade (dias)

CP IV-RS CP V ARI CAT 4% CAT 5% Limite

67

Outro fato que pode ser observado é que, apesar da indicação da literatura

de uma estabilização nas expansões ao final dos 28 dias para a maior parte dos

cimentos, esta tendência não foi notada para os corpos de prova de CPV-ARI.

Para os demais cimentos, CPIV-RS, CAT 5% e CAT 4%, a reação pode ser

classificada como potencialmente inócua, estando as expansões abaixo de 0,19%

para todas as idades.

Os corpos de prova de CPIV-RS apresentaram uma pequena retração aos 7

dias, provavelmente relacionado ao próprio processo de retração do cimento. Após

observou-se apenas expansão a partir dos 14 dias, alcançando 0,046% aos 28 dias.

Foi notada uma tendência de estabilização na expansão ao final dos 28 dias.

Para o CAT 5%, observou-se uma expansão de 0,030% aos 7 dias, evoluindo

para 0,068% aos 21 dias. Aos 28 dias, as barras deste cimento apresentaram uma

leve redução de comprimento quando comparado à medição interior, tendendo à uma

estabilização de suas expansões.

Já para o CAT 4% notou-se uma pequena retração até os 21 dias, sendo que

até os 28 dias obteve uma pequena ascendência em suas expansões, chegando à

0,008%, com uma pequena tendência de crescimento em suas expansões.

Os teores de ativador adotados para os CAT’s tiveram uma influência visível

na expansão das barras. Isso se justifica pelo equivalente alcalino dos cimentos,

influenciado pela quantidade de ativador adicionada. Porém, mesmo o CAT com maior

teor de ativador alcalino apresentou expansões relativamente baixas e inferiores ao

limite recomendado pela norma.

Para o ensaio acelerado das barras de argamassa, ambos os cimentos álcali

ativados apresentaram expansões próximas às do CPIV-RS, citado na bibliografia

como um cimento com bom comportamento neste tipo de ensaio.

4.2 ANÁLISE VISUAL

Após o término do ensaio acelerado das barras de argamassa, os corpos de

prova foram analisados visualmente com o intuito de encontrar fissuras superficiais,

envergamentos e outros indícios da reação álcali-agregado. As Figuras 31, 32, 33 e

34 são referentes às análises, sendo que foram selecionadas as imagens que melhor

representaram o estado dos corpos de prova.

68

Figura 31: Análise visual CPV-ARI Fonte: Autoria própria

Figura 32: Análise visual CPIV-RS Fonte: Autoria própria

69

Figura 33: Análise visual CAT 5% NaOH Fonte: Autoria Própria

Figura 34: Análise visual CAT 4% NaOH Fonte: Autoria própria

Nas barras de CPV-ARI (Figura 31) foi possível observar a olho nu o

aparecimento de fissuras na superfície de todos os corpos de prova. No corpo de

70

prova CP3, onde foram observadas as maiores fissuras, algumas destas chegaram a

aproximadamente 10 cm de comprimento. Em outros corpos de prova foram

visualizadas fissuras menores, porém em maior número, além de indícios de fissuras

mapeadas.

Já as barras produzidas com os demais cimentos (CPIV-RS, CAT 5% E CAT

4%) não apresentaram fissuras aparentes que poderiam ser decorrentes da reação

álcali-agregado. Este fato está de acordo com os resultados obtidos no ensaio

acelerado de expansão das barras de argamassa, em que apresentaram expansões

inferiores ao limite imposto pela ABNT NBR 15577 (2008).

As barras de argamassa não apresentaram envergamento para nenhum dos

tipos de cimento analisados. Outro fato observado para todos os cimentos, foi que

com o decorrer do ensaio foram algumas partículas provenientes dos corpos de prova

acumuladas no fundo dos recipientes, como pode ser visto na Figura 35. Porém não

foi observada uma redução de seção ou deterioração de nenhuma das barras.

Figura 35: Partículas de argamassa depositadas no fundo do recipiente Fonte: Autoria própria

Algumas barras apresentaram irregularidades em sua superfície, porém isso

foi observado desde que os corpos de prova foram desmoldados, não sendo, portanto,

decorrente da reação álcali-agregado.

71

4.3 ANÁLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

Após a análise visual, os corpos de prova foram quebrados, e posteriormente

selecionadas algumas amostras do interior destes para realizar uma análise mais

criteriosa, em busca de indícios da reação álcali-agregado, como a formação de géis

expansivos e microfissuras. A análise foi realizada para os quatro cimentos avaliados,

e seus resultados estão apresentados a seguir. O Apêndice C apresenta todas as

imagens obtidas na análise de MEV.

A Figura 36 apresenta o MEV do CPV-ARI:

Figura 36: Microscopia eletrônica de varredura para o cimento CPV-ARI Fonte: Autoria própria

Para o CPV-ARI, foram observadas fissuras superficiais, como mostra a

Figura 36 (A). Neste caso, devido à ampliação relativamente pequena (100x), tem-se

uma fissura de tamanho considerável, possivelmente visível a olho nu.

72

As Figuras 36 (B) e 36 (C) apresentam um poro revestido totalmente por gel

rendado, e a Figura 36 (D) mostra o gel no interior em maior aproximação,

confirmando sua morfologia característica da reação.

Todos os poros da amostra de CPV-ARI analisados em MEV apresentaram-

se parcial ou totalmente encobertos por gel de morfologia rendada. Além disso, nota-

se através das Figuras 36 (B) e 36 (C) que a superfície da amostra também se

apresenta recoberta por um produto de características semelhantes ao gel presente

nos poros.

Na Figura 37 pode ser observada a análise de MEV para o CPIV-RS:

Figura 37: Microscopia eletrônica de varredura para o cimento CPIV-RS Fonte: Autoria própria

Na Figura 37 (A) observa-se que a amostra de CPIV-RS também apresentou

fissuras. Porém, nota-se que estas são de menores dimensões quando comparadas

ao CPV-ARI, provavelmente não visíveis a olho nu.

73

Para este cimento, foram identificados tanto poros sem a presença de gel

(Figura 37 B), quanto outros recobertos totalmente pelo material (Figura 37 C). O gel

observado na amostra de CPIV-RS apresentou uma morfologia diferente do CPV-ARI,

podendo este ser classificado como cristalizado, em forma de rosáceas. Outro fato

observado é que não foram identificados produtos na superfície da amostra de CPIV-

RS, apenas em alguns poros.

A Figura 38 apresenta o MEV para o cimento álcali ativado com 5% de NaOH

(CAT 5%):

Figura 38: Microscopia eletrônica de varredura para o CAT 5% Fonte: Autoria própria

A Figura 38 (A), com ampliação de 200x, apresenta alguns poros da amostra

de CAT 5%, bem como uma fissura de dimensões relativamente pequenas,

comparável à apresentada pelo CPIV-RS na Figura 38 (A).

74

Como no CPIV, também foram observados poros vazios (Figura 38 B), e

outros preenchidos por gel (Figura 38 C). Este gel, porém, apresentou-se em uma

morfologia diferente dos dois vistos anteriormente, em forma gretada. Como pode ser

visto na Figura 38 (B), na amostra de CAT 5% também não foram notados produtos

depositados sobre sua superfície.

Na Figura 39 está apresentado o MEV do CAT 4%:

Figura 39: Microscopia eletrônica de varredura para o CAT 4% Fonte: Autoria própria

Para o CAT 4% foram observadas fissuras apenas no interior dos poros

(Figura 39 B), sendo estas de dimensões bastante reduzidas. Este cimento foi o que

apresentou o maior número de poros sem a presença de gel (Figuras 39 A e 39 B).

Quando encontrado, o gel apresentou-se com a característica gretada

(Figuras 39 C e 39 D), sendo este o mesmo tipo de gel encontrado no CAT 5%. Não

foram observados produtos da reação na superfície da amostra (Figuras 39 A e 39 B).

75

A grande presença de gel característico da RAA no CPV-ARI está de acordo

com os resultados apresentados por este no ensaio acelerado das barras de

argamassa, em que foi o cimento que mais apresentou expansão, e o único em que a

reação foi classificada como deletéria.

Já para os demais cimentos o gel também foi encontrado, porém em menor

quantidade. Este fato é condizente com os resultados citados na literatura, em que o

gel foi observado mesmo em amostras de reações inócuas.

Uma justificativa para o bom comportamento dos CAT’s e do CPIV-RS,

mesmo com a presença do gel, pode ser a presença da sílica em maiores quantidades

tanto na escória dos cimentos álcali ativados quanto na pozolana do CPIV-RS,

conforme pode ser observado nas Tabelas 4 e 5, de composição química da escória

e dos cimentos Portland. A sílica tende a reagir com os álcalis presentes no cimento,

diminuindo a quantidade de álcalis no gel, e tornando-o menos expansivo.

Outro fato observado foi a variação na morfologia dos géis encontrados,

sendo observado o gel rendado para o CPV-ARI, cristalizado para o CPIV-RS, e

gretado para ambos os CAT’s. Porém, não foi encontrada na bibliografia uma relação

entre a morfologia do gel e o grau de severidade da reação álcali-agregado.

Quanto à composição química, todos os géis tiveram uma relação Ca/Si

inferior a 1,5, sendo, portanto classificados como provenientes da reação álcali

agregado. Na Tabela 12 são apresentados os compostos relevantes para a reação

álcali agregado, sendo que as análises completas de EDS são apresentadas no

Apêndice D.

Tabela 12: Principais componentes químicos dos géis encontrados

Ca (%) Si (%) Na (%) Ca/Si

CPV-ARI 14,39 22,06 10,49 0,65

CPIV-RS 4,91 19,32 12,04 0,25

CAT 5% 6,01 21,61 13,75 0,28

CAT 4% 6,17 15,95 10,96 0,39

Fonte: Autoria própria

Para todos os géis o álcali presente foi o NaOH, que foi encontrado em

quantidades semelhantes para todos estes.

Notou-se uma maior relação Ca/Si para o gel da amostra de CPV-ARI, que foi

o cimento que apresentou maiores expansões. Porém, não se pode estabelecer uma

relação entre a composição química do gel e as expansões provocadas por este.

76

4.4 EXPANSÕES EM CONCRETO

Devido à duração relativamente longa do ensaio acelerado dos prismas de

concreto, e à falta de mais estufas para o armazenamento dos corpos de prova, este

ensaio foi realizado apenas para os cimentos CPIV-RS e CAT 5%.

Este ensaio foi realizado com o intuito de servir como fator de comparação ao

ensaio acelerado das barras de argamassa, que é citado na bibliografia como menos

preciso devido à agressividade das condições em que os corpos de prova são

expostos. Como não houve a disponibilidade de tempo hábil para o desenvolvimento

do ensaio de longa duração dos prismas de concreto, com duração de um ano, foi

optado pela variação acelerada do método, com duração de 3 meses.

Os resultados para o ensaio acelerado dos prismas de concreto são

apresentados na Figura 40. As medições e expansões individuais para cada prisma

estão no Apêndice E.

Figura 40: Ensaio acelerado dos prismas de concreto Fonte: Autoria própria

Os prismas de ambos os cimentos apresentaram comprimento abaixo do

inicial durante a maior parte do tempo, não ultrapassando o limite sugerido por

FOURNIER et al. (2004) para rochas ígneas em nenhum momento do ensaio.

Aos 7 dias, o cimento CPIV-RS apresentou retração de 0,018%. Entretanto,

após esta idade foi observada uma curva ascendente de expansões, alcançando

0,009% de variação de comprimento ao final das medições.

Já o CAT 5% apresentou um comportamento bastante irregular, com

insignificante variação de comprimento até os 7 dias, retração até os 14, seguida de

-0,040%

-0,030%

-0,020%

-0,010%

0,000%

0,010%

0,020%

0,030%

7 14 28 56 91

CAT 5% CPIV-RS Limite

77

expansão até os 28 dias, e de uma nova retração até o fim das medições. A maior

variação dimensional para o CAT foi entre os 7 e 28 dias, com uma retração de

0,032%. Ao final das medições, a variação dimensional deste cimento apresentou uma

tendência de estabilização, com um comprimento 0,031% menor que o inicial.

As expansões em concreto indicam um melhor comportamento do cimento

álcali ativado, quando comparado ao CPIV-RS, no que se refere à reação álcali-

agregado. O CAT não apresentou expansão significativa em nenhuma das medições,

nem tendência de expansões ao fim destas. Porém, são necessários estudos mais

aprofundados quanto às retrações apresentadas por este cimento.

É importante salientar que devido às variações de comprimento bastante

pequenas para este ensaio, inferiores às do ensaio acelerado de barras de

argamassa, este apresenta uma maior sensibilidade à erros de medição. Além disso,

devido aos moldes de maior dimensão, utilizando pinos pequenos, ocorreram

problemas como o encaixe dos pinos no relógio comparador, provocando em alguns

casos o contato da superfície do concreto com o medidor. Isto pode ser uma

explicação para o comportamento irregular no gráfico de variação de comprimento

para o CAT 5%.

4.5 RESISTÊNCIA MECÂNICA

Os ensaios de resistência mecânica, tanto à compressão como à flexão, foram

realizados para analisar os efeitos que ambientes propícios a desenvolver a reação

álcali-agregado teriam sobre o comportamento mecânico dos cimentos. Para isto

foram comparados corpos de prova de argamassa imersos em solução de NaOH (1 ±

0,01) N, com outros de controle submetidos à cura úmida. Todos eles foram expostos

a temperatura de 80ºC.

Devido a indisponibilidade de estufas para a realização do ensaio de

resistência mecânica com todos os cimentos, para este ensaio foram considerados

apenas o CPIV-RS e o CAT 5%, por estes apresentarem bom desempenho quanto a

expansão. Para o CAT, a escolha foi do teor de NaOH de 5% devido as melhores

resistências apresentadas na bibliografia.

A resistência mecânica à compressão foi analisada nas idades de 1, 7 e 28

dias. O intuito foi comparar os corpos de prova submetidos à solução com os de

78

controle, como pode ser visto nas Figuras 41 e 42. As resistências individuais de cada

barra são apresentadas no Apêndice F.

Figura 41: Resistência à compressão CPIV-RS Fonte: Autoria própria

Figura 42: Resistência à compressão CAT 5% Fonte: Autoria própria

Os corpos de prova com 1 dia de idade tiveram o mesmo processo de cura

para ambos os casos, sendo que os corpos de prova da solução só foram dispostos

nesta após 24 horas. Desta forma, os resultados para esta idade são apresentados

apenas um parâmetro de resistência inicial em que os corpos de prova foram

colocados em solução.

Aos 7 dias de hidratação, ambos os cimentos tiveram uma resistência

levemente superior para os corpos de prova na solução. Este fato sugere que para

esta idade, a resistência a compressão dos cimentos avaliados não foi afetada

negativamente pelas condições propícias à RAA.

Já para a idade de 28 dias a resistência mecânica foi inferior para os corpos

de prova sujeitos a solução de NaOH. Para o CAT observa-se uma maior diferença

entre as resistências de solução e de controle, próxima à 8 MPa. Enquanto isso, para

o CPIV-RS essa diferença é menor, porém houve uma queda de resistência para os

corpos de prova sujeitos à solução ente os 7 e 28 dias.

Devido ao bom desempenho dos cimentos nos demais ensaios, e à ausência

de trincos nas barras, acredita-se que esta diferença de resistência não esteja

relacionada diretamente à reação álcali-agregado. Uma hipótese é que a longa

exposição à solução de NaOH possa ter provocado uma pequena degradação

superficial não relacionada à reação, o que teria reduzido a área de contato para o

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

1 7 28

Resis

tência

a C

om

pre

ssão (

MP

a)

Idade (dias)

Controle Solução

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

1 7 28R

esis

tência

a C

om

pre

ssão (

MP

a)

Idade (dias)

Controle Solução

79

ensaio de compressão. Além disso, os diferentes regimes de cura, imersa para a

solução e úmida para o controle, também podem ter afetado as resistências.

Também foi realizado o ensaio de resistência mecânica à flexão aos 28 dias.

De modo geral a resistência à flexão tende a ser mais afetada pelos fissuras e trincos

que podem ser causados pela RAA. A Figura 43 apresenta a comparação entre as

resistências à flexão de corpos de prova na solução e de controle para ambos os

cimentos.

Figura 43: Resistência à flexão dos cimentos aos 28 dias Fonte: Autoria própria

Para os dois cimentos os corpos de prova na solução apresentaram maior

resistência à flexão, sendo que para o CAT 5% a diferença foi maior. Isto se opõe aos

resultados de resistência à compressão para os 28 dias, em que os corpos de prova

de controle apresentaram maiores resistências.

Como as amostras de CPIV-RS e CAT 5% não apresentaram fissuração

visível a olho nu, uma expansão bastante inferior aos limites máximos recomendados

pela norma, a queda de resistência à flexão das amostras em contato com solução

não é esperada. Ao contrário, o contato com a solução de NaOH deve ter influenciado

positivamente a formação de gel CSH na superfície das amostras, contribuindo assim

com à resistência à flexão.

0

2

4

6

8

10

12

14

Controle Solução Controle Solução

CPIV CAT 5%

Resis

tência

à f

lexão (

MP

a)

80

5 CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo analisar o comportamento de diferentes

traços de cimentos álcali ativados comparados ao cimento Portland, quanto à reação

álcali-agregado.

Foi constatado bom desempenho para os CAT’S na análise de expansão em

argamassa com variações dimensionais comparáveis ao CPIV-RS, sendo este citado

na bibliografia como adequado para obras sujeitas à RAA. Nesta mesma análise,

foram comparados com o CPV-ARI, que apresentou expansões bastante superiores

aos demais cimentos, ultrapassando os limites determinados pela NBR 15577-4

(2008).

Para o ensaio de expansões em concreto, confirmou-se um melhor

desempenho para o CAT quando comparado ao CPIV-RS, sendo que nenhum

desenvolveu reação considerada como deletéria.

O teor de ativador alcalino, principal responsável pelo equivalente alcalino dos

CAT’s, apresentou uma pequena influência nas expansões em argamassa, sendo que

no CAT com menor quantidade de ativador obteve-se as menores expansões do

ensaio. Esta influência não era esperada, pois de acordo com resultados

apresentados pela bibliografia, o teor de ativador não influi nas expansões de CAT’s

ativados com NaOH.

Visualmente os corpos de prova submetidos às condições agressivas

propícias à reação álcali-agregado apresentaram fissuras apenas para o CPV-ARI.

Além disso, nenhuma amostra apresentou degradação superficial visível, ou

envergamentos.

Foi identificada a presença dos géis característicos da reação álcali-agregado

em todos os cimentos analisados. Entretanto, para o CPV-ARI foi observada uma

maior presença de gel, tanto nos poros quanto na superfície da amostra, enquanto

para os demais cimentos o gel foi encontrado apenas em alguns poros. Também

foram notas diferenças na morfologia dos géis, onde para os CAT’S encontrou-se gel

do tipo gretado, para o CPV-ARI do tipo rendado e no CPIV-RS verificou-se o gel na

forma cristalizada.

Com relação à resistência mecânica das amostras de CAT submetidas à

solução rica em álcalis, não foram observadas quedas nos valores ao longo do período

81

estudado. Desta forma, pode-se considerar que os cimentos álcali ativados avaliados

não tiveram perdas de resistência decorrentes da RAA. Este comportamento foi

esperado, já que estas amostras apresentaram expansões significativamente

inferiores ao limite estipulado por norma.

Os resultados estão, em geral, de acordo com a bibliografia, que apresenta o

CPV-ARI como pouco resistente à RAA, o CPIV-RS como bom inibidor, e os CAT's

como cimentos com bom desempenho em contato com a reação álcali-agregado.

Indícios da RAA, como a presença de gel, também são observados por diversos

autores, mesmo para cimentos que não sofrem com a reação.

O desempenho ruim do CPV-ARI, mesmo sendo o cimento com menor

equivalente alcalino entre os avaliados, pode ser justificado por sua elevada pureza e

ausência de adições capazes de controlar o desenvolvimento da reação álcali-

agregado. De forma análoga, o bom desempenho do CPIV-RS tem como justificativa

seu teor de até 50% de adição de material pozolânico, que promove reações capazes

de inibir a RAA no cimento Portland. Desta forma, conclui-se que, além do equivalente

alcalino, a presença de adições também tem uma grande influência na reação álcali-

agregado no cimento Portland.

Os CAT’s apresentaram, de um modo geral, um bom comportamento à reação

álcali-agregado em todas as análises. Isto indica que os álcalis participam das reações

de hidratação deste cimento como componentes independentes, o que diminui a

quantidade de álcalis livres.

Outro fato que explica o bom comportamento dos CAT’s avaliados é sua

composição química, pois a baixa relação Ca/Si da escória ácida pode ter

impulsionado a incorporação de álcalis ao CSH, reduzindo a quantidade destes

elementos disponíveis para o desenvolvimento da RAA.

A composição destes cimentos, utilizando escória classificada como ácida e

NaOH como ativador alcalino, pode ter contribuído para o seu bom desempenho,

sendo esta combinação citada na literatura como a mais adequada para a inibição da

reação.

Contrariando o que foi apresentado na bibliografia, as expansões nos CAT’s

não apresentaram uma tendência de aumento nas idades finais dos ensaios, sendo

observada inclusive uma maior tendência de estabilização nestes cimentos quando

comparados aos cimentos Portland.

82

Os CAT’s avaliados podem ser considerados inibidores da reação álcali-

agregado por seus bons resultados quanto à expansão, ausência de defeitos

observáveis a olho nu e pouca presença de gel quando expostos a condições

favoráveis ao desenvolvimento desta reação. Esta afirmação se confirma tomando-se

como base seus resultados comparáveis aos do CPIV-RS, cimento que vem sendo

estudado e utilizado em condições de RAA com bom desempenho.

O cimento álcali ativado é um tipo de aglomerante que contempla altas

resistências mecânicas em idades iniciais, baixo impacto ambiental e possibilidade de

valorização de subprodutos ainda pouco utilizados. Seus bons resultados quanto à

reação álcali-agregado, aliados aos recentes estudos a respeito da sua durabilidade,

indicam a viabilidade de sua aplicação em obras sujeitas à RAA.

Para o melhor entendimento dos efeitos da reação álcali-agregado nos CAT’s,

ainda são necessários estudos que avaliem de forma mais aprofundada a influência

de variados ativadores alcalinos e diferentes composições químicas de escórias.

Como continuação deste estudo, também é sugerida uma avaliação dos mesmos

cimentos através de ensaios lentos de expansão.

83

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89

APÊNDICE A: QUANTITATIVO DE MATERIAIS UTILIZADOS NOS ENSAIOS

90

Expansão em argamassa

Tabela 13: Quantitativo de material para o ensaio de expansão em argamassa

Material CAT 4% (g) CAT 5% (g) CPIV-RS (g) CPV-ARI (g)

Aglomerante 440,0 440,0 440,0 440,0

NaOH 17,6 22,0 - -

Agregado miúdo 990,0 990,0 990,0 990,0

Água 206,8 206,8 206,8 206,8

Fonte: Autoria própria

Expansão em concreto

Tabela 14: Quantitativo de material para o ensaio de expansão em concreto

Material CAT 4% (g) CAT 5% (g) CPIV-RS (g) CPV-ARI (g)

Aglomerante 738,3 738,3 738,3 738,3

NaOH 29,5 36,9 - -

Agregado miúdo 1223,3 1223,3 1223,3 1223,3

Agregado graúdo

1960,2 1960,2 1960,2 1960,2

Água 332,2 332,2 332,2 332,2

Fonte: Autoria própria

Resistência mecânica

Tabela 15: Quantitativo de material para o ensaio de resistência mecânica

Material CAT 4% (g) CAT 5% (g) CPIV-RS (g) CPV-ARI (g)

Aglomerante 480,0 480,0 480,0 480,0

NaOH 19,2 24,0 - -

Agregado miúdo 1320,0 1320,0 1320,0 1320,0

Água 232,8 232,8 232,8 232,8 Fonte: Autoria própria

91

APÊNDICE B: DADOS DE LEITURA DE VARIAÇÃO DIMENSIONAL EM BARRAS

DE ARGAMASSA

92

CPV-ARI

Tabela 16: Leituras das barras de CPV-ARI

Leituras (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 6,78 1,239 2,388 2,477 3,216

CP1 8,48 3,501 5,016 5,461 6,402

CP2 8,441 3,423 4,998 5,419 6,388

CP3 8,557 3,685 5,271 5,635 6,611

Fonte: Autoria própria

Tabela 17: Comprimentos das Barras de CPV-ARI

Comprimentos (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570

CP1 297,270 297,832 298,198 298,554 298,756

CP2 297,231 297,754 298,18 298,512 298,742

CP3 297,347 298,016 298,453 298,728 298,965

Fonte: Autoria própria

Tabela 18: Expansões das barras de CPV-ARI

Expansões

7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

CP1 0,189% 0,312% 0,432% 0,500%

CP2 0,176% 0,319% 0,431% 0,508%

CP3 0,225% 0,372% 0,464% 0,544%

Média 0,197% 0,334% 0,442% 0,517%

Sd 0,021% 0,027% 0,016% 0,019%

Fonte: Autoria própria

CPIV-RS

Tabela 19: Leituras das barras de CPIV-RS

Leituras (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 5,153 5,939 3,281 3,219 6,046

CP10 3,836 4,615 1,985 2,005 4,840

CP11 6,695 7,471 4,844 4,964 7,811

CP12 4,016 4,717 2,147 2,150 4,986

Fonte: Autoria própria

93

Tabela 20: Comprimentos das barras de CPIV-RS

Comprimentos (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570

CP10 294,253 294,246 294,274 294,356 294,364

CP11 297,112 297,102 297,133 297,315 297,335

CP12 294,433 294,348 294,436 294,501 294,510

Fonte: Autoria própria

Tabela 21: Expansões das barras de CPIV-RS

Expansões

7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

CP10 -0,002% 0,007% 0,035% 0,038%

CP11 -0,003% 0,007% 0,068% 0,075%

CP12 -0,029% 0,001% 0,023% 0,026%

Média -0,012% 0,005% 0,042% 0,046%

Sd 0,012% 0,003% 0,019% 0,021%

Fonte: Autoria própria

CAT 5% NaOH

Tabela 22: Leituras das barras de CAT 5% NaOH

Leituras (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 6,901 2,400 5,177 3,211 3,271

CP7 8,427 4,028 6,846 4,966 4,970

CP8 8,298 3,925 6,629 4,838 4,858

CP9 8,142 3,682 6,470 4,600 4,611

Fonte: Autoria própria

Tabela 23: Comprimentos das barras de CAT 5% NaOH

Comprimentos (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570

CP7 297,096 297,198 297,239 297,325 297,269

CP8 296,967 297,095 297,022 297,197 297,157

CP9 296,811 296,852 296,863 296,959 296,910

Fonte: Autoria própria

94

Tabela 24: Expansões das barras de CAT 5% NaOH

Expansões

7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

CP7 0,034% 0,048% 0,077% 0,058%

CP8 0,043% 0,019% 0,077% 0,064%

CP9 0,014% 0,018% 0,050% 0,033%

Média 0,030% 0,028% 0,068% 0,052%

Sd 0,012% 0,014% 0,013% 0,013%

Fonte: Autoria própria

CAT 4% NaOH

Tabela 25: Leituras das barras de CAT 4% NaOH

Leituras (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 6,890 2,340 5,166 3,304 3,229

CP4 8,463 3,909 6,753 4,849 4,850

CP5 8,325 3,748 6,508 4,649 4,704

CP6 8,326 3,673 6,556 4,587 4,645

Fonte: Autoria própria

Tabela 26: Comprimentos das barras de CAT 4% NaOH

Comprimentos (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Barra padrão 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570

CP4 297,143 297,139 297,157 297,115 297,191

CP5 297,005 296,978 296,912 296,915 297,045

CP6 297,006 296,903 296,960 296,853 296,986

Fonte: Autoria própria

Tabela 27: Expansões das barras de CAT 4% NaOH

Expansões

7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

CP4 -0,001% 0,005% -0,009% 0,016%

CP5 -0,009% -0,031% -0,030% 0,013%

CP6 -0,035% -0,015% -0,052% -0,007%

Média -0,015% -0,014% -0,030% 0,008%

Sd 0,014% 0,015% 0,017% 0,010%

Fonte: Autoria própria

95

APÊNDICE C: IMAGENS DA ANÉLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE

VARREDURA

96

CPV-ARI

Figura 44: Análise de MEV – CPV-ARI Fonte: Autoria própria

97

Figura 45: Análise de MEV – CPV-ARI Fonte: Autoria própria

98

CPIV-RS

Figura 46: Análise de MEV – CPIV-RS Fonte: Autoria própria

99

Figura 47: Análise de MEV – CPIV-RS Fonte: Autoria própria

CAT 5% NaOH

Figura 48: Análise de MEV – CAT 5% NaOH Fonte: Autoria própria

100

Figura 49: Análise de MEV – CAT 5% NaOH Fonte: Autoria própria

101

CAT 4% NaOH

Figura 50: Análise de MEV – CAT 4% NaOH Fonte: Autoria própria

102

APÊNDICE D: ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA

103

CPV-ARI

Figura 51: EDS para o CPV-ARI Fonte: Autoria própria

104

Tabela 28: EDS para o CPV-ARI

Ca Si O Na Fe Mg Al S

1 14,39 22,06 53,06 10,49 - - - -

2 34,73 3,44 41,79 - 11,87 0,96 6,36 0,86

Fonte: Autoria própria

105

CPIV-RS

Figura 52: EDS para o CPIV-RS Fonte: Autoria própria

106

Figura 53: EDS para o CPIV-RS Fonte: Autoria própria

Tabela 29: EDS para o CPIV-RS

Ca Si O Na Fe Mg Al C

1 4,91 19,32 56,33 12,04 - - 1,21 5,99

2 9,92 27,79 44,60 5,23 - - 12,46 -

3 19,04 14,72 50,50 2,93 1,08 1,17 10,57 -

Fonte: Autoria própria

107

CAT 5%

Figura 54: EDS para o CAT 5% Fonte: Autoria própria

108

Tabela 30: EDS para o CAT 5%

Ca Si O Na Mg Al

1 6,01 21,61 57,40 13,75 - 1,23

2 21,53 18,76 47,65 4,05 2,44 5,58

Fonte: Autoria própria

109

CAT 4%

Figura 55: EDS para o CAT 4% Fonte: Autoria própria

110

Tabela 31: EDS para o CAT 4%

Ca Si O Na Mg Al C

1 6,17 15,95 56,05 10,96 0,51 1,01 9,35

2 11,97 15,25 50,36 6,73 2,36 4,93 8,40

Fonte: Autoria própria

111

APÊNDICE E: DADOS DE LEITURA DE VARIAÇÃO DIMENSIONAL EM PRISMAS

DE CONCRETO

112

CPIV-RS

Tabela 32: Leituras dos prismas de CPIV-RS

Leituras (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 28 dias 56 dias 91 dias

Barra padrão 3,236 3,328 3,296 3,904 3,003 4,810

CP1 2,838 2,942 2,924 3,545 2,604 4,475

CP2 2,635 2,667 2,594 3,235 2,355 4,180

CP3 2,223 2,200 2,236 2,850 2,042 3,847

Fonte: Autoria própria

Tabela 33: Comprimentos dos prismas de CPIV-RS

Comprimentos (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 28 dias 56 dias 91 dias

Barra padrão 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570

CP1 295,172 295,184 295,198 295,211 295,171 295,235

CP2 294,969 294,909 294,868 294,901 294,922 294,940

CP3 294,557 294,442 294,510 294,516 294,609 294,607

Fonte: Autoria própria

Tabela 34: Expansões dos prismas de CPIV-RS

Expansões

7 dias 14 dias 28 dias 56 dias 91 dias

CP1 0,004% 0,009% 0,013% 0,000% 0,021%

CP2 -0,020% -0,034% -0,023% -0,016% -0,010%

CP3 -0,039% -0,016% -0,014% 0,018% 0,017%

Média -0,018% -0,014% -0,008% 0,000% 0,009%

Sd 0,018% 0,018% 0,015% 0,014% 0,014%

Fonte: Autoria própria

113

CAT 5% NaOH

Tabela 35: Leituras dos prismas de CAT 5% NaOH

Leituras (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 28 dias 56 dias 91 dias

Barra padrão 3,257 3,262 3,288 3,873 3,053 4,874

CP4 6,937 6,931 6,917 7,548 6,719 8,511

CP5 2,112 2,039 2,040 2,661 1,838 3,629

CP6 3,096 3,210 3,019 3,631 2,739 4,577

Fonte: Autoria própria

Tabela 36: Comprimentos dos prismas de CAT 5% NaOH

Comprimentos (mm)

Leitura inicial 7 dias 14 dias 28 dias 56 dias 91 dias

Barra padrão 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570 295,570

CP4 299,250 299,239 299,199 299,245 299,236 299,207

CP5 294,425 294,347 294,322 294,358 294,355 294,325

CP6 295,409 295,518 295,301 295,328 295,256 295,273

Fonte: Autoria própria

Tabela 37: Expansões dos prismas de CAT 5% NaOH

Expansões

7 dias 14 dias 28 dias 56 dias 91 dias

CP4 -0,004% -0,017% -0,002% -0,005% -0,014%

CP5 -0,026% -0,035% -0,023% -0,024% -0,034%

CP6 0,037% -0,037% -0,027% -0,052% -0,046%

Média 0,002% -0,030% -0,017% -0,027% -0,031%

Sd 0,026% 0,009% 0,011% 0,019% 0,013%

Fonte: Autoria própria

114

APÊNDICE F: DADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA MECÂNICA

115

Tabela 38: Resistência à compressão 1 dia

Compressão 1 dia (Mpa)

CPIV-RS CAT 5% NaOH

Controle Solução Controle Solução

CP1 14,60 12,41 31,46 28,54

CP2 14,33 13,04 27,06 27,71

CP3 13,62 12,32 24,73 30,04

Media 14,18 12,59 27,75 28,76

SD 0,41 0,32 2,79 0,96

Cv 2,91% 2,54% 10,06% 3,35%

Fonte: Autoria própria

Tabela 39: Resistência à compressão 7 dias

Compressão 7 dias (Mpa)

CPIV-RS CAT 5% NaOH

Controle Solução Controle Solução

CP1 44,33 49,14 49,59 43,97

CP2 47,01 48,01 35,37 44,38

CP3 45,43 48,98 44,79 48,65

Media 45,59 48,71 43,25 45,67

SD 1,10 0,50 5,91 2,12

Cv 2,41% 1,02% 13,66% 4,63%

Fonte: Autoria própria

Tabela 40: Resistência à compressão 28 dias

Compressão 28 dias (Mpa)

CPIV-RS CAT 5% NaOH

Controle Solução Controle Solução

CP1 49,84 46,85 65,15 56,50

CP2 50,62 47,51 62,83 53,43

CP3 49,44 46,23 67,24 53,92

CP4 46,92 48,23 62,28 57,12

CP5 48,65 44,78 53,47 50,16

CP6 52,55 50,61 62,20 50,41

Media 49,67 47,37 62,20 53,59

SD 1,73 1,80 4,30 2,68

Cv 3,5% 3,81% 6,9% 4,99%

Fonte: Autoria própria

116

Tabela 41: Resistência à flexão 1 dia

Flexão 1 dia (Mpa)

CPIV-RS CAT 5% NaOH

Controle Solução Controle Solução

CP1 3,91 3,07 6,16 6,20

CP2 3,23 3,07 5,10 6,06

CP3 3,70 3,37 5,92 6,34

Media 3,61 3,17 5,73 6,20

SD 0,28 0,14 0,45 0,11

Cv 7,87% 4,46% 7,92% 1,84%

Fonte: Autoria própria

Tabela 42: Resistência à flexão 28 dias

Flexão 28 dias (Mpa)

CPIV-RS CAT 5% NaOH

Controle Solução Controle Solução

CP1 10,56 8,01 10,13 13,30

CP2 9,50 11,10 9,27 11,75

CP3 8,55 12,01 8,41 12,41

Media 9,54 10,37 9,27 12,49

SD 0,82 1,71 0,70 0,64

Cv 8,61% 16,50% 7,57% 5,09%

Fonte: Autoria própria