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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA BIOMÉDICA ELISÂNGELA DE OLIVEIRA CARDOZO COMPARAÇÃO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL AFERIDA EM APLICATIVO DE CELULAR E ESFIGMOMANÔMETRO ELETRÔNICO DIGITAL DE PUNHO PARA UTILIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS – DESENVOLVIMENTO DE CARTILHA EDUCATIVA DISSERTAÇÃO CURITIBA 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA

BIOMÉDICA

ELISÂNGELA DE OLIVEIRA CARDOZO

COMPARAÇÃO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL AFERIDA EM

APLICATIVO DE CELULAR E ESFIGMOMANÔMETRO ELETRÔNICO DIGITAL

DE PUNHO PARA UTILIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS –

DESENVOLVIMENTO DE CARTILHA EDUCATIVA

DISSERTAÇÃO

CURITIBA

2021

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4.0 Internacional

Esta licença permite download e compartilhamento do trabalho desde que sejam atribuídos créditos ao(s) autor(es), sem a possibilidade de alterá-lo ou utilizá-lo para fins comerciais. Conteúdos elaborados por terceiros, citados e referenciados nesta obra não são cobertos pela licença.

ELISÂNGELA DE OLIVEIRA CARDOZO

COMPARAÇÃO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL AFERIDA EM

APLICATIVO DE CELULAR E ESFIGMOMANÔMETRO ELETRÔNICO DIGITAL

DE PUNHO PARA UTILIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS –

DESENVOLVIMENTO DE CARTILHA EDUCATIVA

Comparison of blood pressure measurement measured in cellular application

and digital electronic wrist sphygmomanometer for use in disease prevention -

Development of an educational booklet

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Área de concentração: Engenharia Biomédica. Orientador: Prof.ª Dr.ª Frieda Saicla Barros.

CURITIBA

2021

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) e ao Governo Federal.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da UTFPR,

através do coordenador, professor Dr. Gilson Yukio Sato com todo meu carinho,

respeito e admiração.

Aos funcionários da UTFPR que todos os dias se esforçam para tornar o

nosso dia melhor.

Aos professores convidados Dr.ª Patrícia Maria Forte Rauli e Dr. Evaldo

Dacheux de Macedo Filho que gentilmente aceitaram participar da banca e por suas

valiosas contribuições no trabalho.

A minha família que sempre acreditou neste sonho; meus pais que mesmo

sem entender direito o que esse título significava estavam sempre do meu lado,

sobretudo a minha mãe que é meu exemplo.

Aos colegas do programa Eliandro, Viviane, Doraly, Thayse, Rodrigo e Hildete

que foram parte fundamental para a realização dos créditos, com apoio e estímulo,

sem os quais eu tenho certeza não teria conseguido.

Aos colegas da Bioética que se tornaram amigas para muito além dos muros

de qualquer faculdade Houda, Vivi, Mônica, Camila, Rita, Anna Silvia, Patrícia,

Andréa, Luciana, Vanessa, Lucila, Dani, Simone, Jacob e Márcia que sempre

estiveram comigo nesta caminhada.

Um agradecimento especial a minha querida amiga Eva que contribuiu

ativamente para a conclusão deste projeto.

As queridas amigas Maria José Mocelin (Mazé) e Thereza Salomé

D’Espíndula que sempre foram a força e a lealdade que me faziam crescer e superar

as angústias da vida em todos os momentos.

A professora Dr.ª Márcia Olandi pela grande contribuição estatística e por

todos os demais conselhos e ensinamentos, além da paciência e cordialidade.

Ao querido professor Dr. Waldir Souza pelo acolhimento e ensinamentos, não

só para este momento, mas para a vida.

As professoras Dr.ª Marcia Regina Chizini Chemin, Dr.ª Ida Cristina Gubert,

Drª. Nilza Maria Diniz e Dr.ª Isabel Cristina Carstens Kohler por serem inspiração

constante na busca da realização deste sonho.

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Agradeço imensamente a minha filha Cassiane por toda ajuda na

estruturação do trabalho e por sempre acreditar e estar ao meu lado, mesmo nos

momentos mais difíceis.

Um agradecimento mais que especial ao meu marido, que foi gentil e paciente

nos momentos de desânimo, ansiedade e medo, por ser o porto seguro da minha

existência.

Ao Hospital IPO e a todos os colaboradores que gentilmente participaram da

pesquisa direta ou indiretamente.

A todos os colegas que participaram do questionário de saúde e de validação

da cartilha deste trabalho.

Não poderia jamais deixar de agradecer a minha grande amiga Fernanda

Danielle dos Santos que foi fundamental para que este dia se tornasse realidade.

Agradeço aos queridos professores Leonir Pessini e Johann G. G. Melcherts

Hurtado (in memoriam) que infelizmente não estão mais comigo neste momento de

celebração.

Aos professores Dr.ª Leandra Ulbricht, Dr. Thiago Cunha, Dr. Anor Sganzerla,

Dr. Mário Sanches, Dr.ª Carla Corradi, Dr.ª Caroline Rosaneli, Dr. José Eduardo

Siqueira, Dr.ª Cilene da Silva Gomes Ribeiro, Dr.ª Mary Rute Esperandio e Dr.ª

Marta Fischer que guardo com carinho no coração.

E por fim e não menos importante, pelo contrário, acredito que devo todas as

honras e mérito a querida professora Dr.ª Frieda Saicla Barros que foi o firmamento,

a gentileza, o carinho e a amizade, que atuou de maneira exemplar na orientação do

trabalho e por tudo o que ela representa na minha caminhada.

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Educação não transforma o mundo,

educação muda as pessoas,

pessoas transformam o mundo.

Paulo Freire

Page 7: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

RESUMO

CARDOZO, Elisângela de Oliveira. Comparação da medida da pressão arterial aferida em aplicativo de celular e esfigmomanômetro eletrônico digital de punho para utilização na prevenção de doenças – Desenvolvimento de cartilha educativa. 2021. 148 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2021.

A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é uma condição em que a

pressão arterial se mantém frequentemente acima de 140/90mmHg. Dados do

Ministério da Saúde mostram que em 2017 o Brasil registrou 141.878 mortes devido

à hipertensão ou a causas atribuíveis a ela. Este estudo tem por objetivo avaliar a

confiabilidade das medições de pressão arterial e o desempenho do aplicativo de

celular com relação aos resultados obtidos quando usado o equipamento de

referência medidor automático de pulso, bem como mensurar através da aplicação

de questionário de qualidade de vida, o grau de conhecimento da população sobre

hipertensão arterial e da importância do acompanhamento contínuo da pressão para

a prevenção de outras doenças graves. Esta pesquisa caracterizou-se como um

estudo prospectivo transversal, observacional, comparativo quantitativo de caráter

descritivo que foi realizado em três etapas. A aplicação de forma online de um

questionário de qualidade de vida com relação à pré-disposição da hipertensão. A

medição da pressão arterial para a comparação dos resultados obtidos e a

elaboração e validação da cartilha da hipertensão. A cartilha foi avaliada de forma

online por profissionais da área da saúde, comunidade em geral e profissionais da

área de design. Os resultados obtidos por meio do questionário de qualidade de vida

indicam que 31,2% da amostra acredita estar acima do peso, 45,1% utilizam

alimentos processados ou industrializados e quase 80% da amostra afirmou ter

histórico de pressão alta na família, sendo esses fatores, entre outros, considerados

de risco para o desenvolvimento da hipertensão. Com relação à medição da pressão

arterial, os resultados indicam que, tanto para a pressão arterial sistólica como para

diastólica, não foi encontrada diferença significativa entre as duas formas de

medição. Com relação à avaliação da cartilha, os participantes consideraram que a

mesma apresenta conteúdo e aparência adequados para a promoção do

conhecimento educativo e para a auto eficácia individual de prevenção da

hipertensão arterial.

Palavras-chave: Tecnologia em saúde. Pressão arterial. Aplicativos móveis.

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ABSTRACT

CARDOZO, Elisângela de Oliveira. Comparison of blood pressure measurement measured in cellular application and digital electronic wrist sphygmomanometer for use in disease prevention – Development of an educational booklet. 2021. 148 p. Dissertation (Master in Biomedical Engineering) – Federal Technological University of Paraná, Curitiba, 2021.

High blood pressure, also known as high blood pressure, is a condition in which

blood pressure is always above 140/90 mmHg. Data from the Ministry of Health show

that in 2017, Brazil recorded 141,878 deaths due to hypertension or causes

attributable to it. This study aims to evaluate the reliability of blood pressure rates

and the performance of the cell phone application in relation to the results obtained

when using the result of the automatic pulse meter, as well as to measure, through

the application of a quality of life questionnaire, the degree of knowledge of the

population about arterial hypertension and the importance of continuous monitoring

of blood pressure for the prevention of other serious diseases. This research was

characterized as a prospective cross-sectional, observational, qualitative-quantitative

comparative descriptive study that was carried out in three stages. The online

application of a quality of life questionnaire in relation to pre-disposition to

hypertension. The combination of blood pressure for a comparison of the results

obtained and the validation and validation of the hypertension guide. The

hypertension booklet was evaluated online by health professionals, the general

community and design professionals. The results obtained through the quality of life

questionnaire indicate that 31.2% of the sample believes they are overweight, 45.1%

use processed or industrialized foods and almost 80% of the sample claimed to have

a history of high blood pressure in the family, these being, among others, factors that

are considered risk factors for the development of hypertension. Regarding diastolic

blood pressure, no difference was found between the two forms of determination.

Regarding the evaluation of the booklet, the participants considered that it has

content and adequacy to the promotion of educational knowledge and for an

automatic individual effectiveness in the prevention of arterial hypertension.

Keywords: Health technology. Blood pressure. Mobile applications.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Primeiro método da história de aferição de pressão ................................. 23

Figura 2 - Hemodinamômetro de Poiseuille .............................................................. 24

Figura 3 - Esfigmomanômetro de Riva-Rocci ............................................................ 25

Figura 4 - Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ............................................... 46

Figura 5 - Esfigmomanômetro aneroide com estetoscópio ....................................... 48

Figura 6 - Aparelho de pressão digital, (A) braço e (B) punho .................................. 49

Figura 7 - Percepção dos participantes ..................................................................... 54

Figura 8 - Telas de serviço do aplicativo ................................................................... 57

Figura 9 - Monitor de PA de Pulso Omron Control HEM-6124 .................................. 58

Gráfico 1 - Escolaridade ............................................................................................ 71

Gráfico 2 - Excesso de peso ..................................................................................... 72

Gráfico 3 - Exame para determinar hipertensão ........................................................ 73

Gráfico 4 - Histórico de pressão alta na família ......................................................... 74

Gráfico 5 - Casos de diabetes na família .................................................................. 75

Gráfico 6 - Percepção sobre a saúde ........................................................................ 77

Gráfico 7 - Ações para controle da HA ...................................................................... 77

Gráfico 8 - Hábito de medir a PA ............................................................................... 78

Gráfico 9 - Local de medição da PA .......................................................................... 78

Gráfico 10 - Equipamento para medir a PA ............................................................... 79

Gráfico 11 - Conhecimento de programas de prevenção da PA ............................... 80

Gráfico 12 - Conhecimento de cartilhas educativas sobre hipertensão ..................... 80

Gráfico 13 - Acesso a uma cartilha sobre hipertensão .............................................. 81

Gráfico 14 - Representação das medidas de pressão .............................................. 83

Gráfico 15 - Médias das medidas de PAS no aparelho ............................................. 84

Gráfico 16 - Médias das medidas de PAD no aparelho ............................................. 84

Gráfico 17 - Diagrama de dispersão para PAD entre aparelho e aplicativo .............. 85

Gráfico 18 - Diagrama de dispersão para PAS entre aparelho e aplicativo .............. 85

Gráfico 19 - Objetivo da cartilha ................................................................................ 88

Gráfico 20 - Prevenção ............................................................................................. 88

Gráfico 21 - Objetivos ................................................................................................ 89

Gráfico 22 - Capa da Cartilha .................................................................................... 90

Page 10: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

Gráfico 23 - Mensagens visuais e compreensão dos pontos principais .................... 90

Quadro 1 - Principais doenças cardiovasculares descritas pelos especialistas ........ 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação da PA ................................................................................. 26

Tabela 2 - Os dez aplicativos com mais download .................................................... 55

Tabela 3 - Caracterização dos participantes ............................................................. 70

Tabela 4 - Apresentação dos fatores de risco para o aumento da pressão arterial .. 72

Tabela 5 - Percepção sobre a rotina e qualidade de vida ......................................... 76

Tabela 6 - Estatísticas descritivas de variáveis demográficas e clínicas ................... 82

Tabela 7 - Estatísticas descritivas de PAS e PAD ..................................................... 83

Tabela 8 - Representação dos valores do viés de aferição do aplicativo .................. 84

Tabela 9 - Valores do viés do aplicativo após retirada dos extremos ........................ 86

Tabela 10 - Associação de idade, sexo, hipertensão e medicamento com valores de

pressão pelo aparelho ............................................................................................... 86

Tabela 11 - Linguagem utilizada na cartilha .............................................................. 89

Tabela 12 - Considerações gerais sobre a cartilha ................................................... 91

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAS Ácido Acetilsalicílico

AIT Ataque Isquêmico Transitório

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANS Agência Nacional de Saúde

AVC Acidente Vascular Cerebral

AVE Acidente Vascular Encefálico

CEP Comitês de Ética em Pesquisa

CFF Conselho Federal de Farmácia

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CONASEMS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

DAOP Doença Arterial Obstrutiva Periférica

DAP Doença Arterial Periférica

DCNT Doença Crônica Não Transmissível

DCV Doença Cardiovascular

DD Teste D-Dímero

DM Diabetes Mellitus

DRC Doença Reumática Cardíaca

EAD Educação a Distância

ECA Enzima Conversora da Angiotensina

EDC Eco Doppler Colorido

EP Embolia Pulmonar

FC Frequência Cardíaca

FDA Food and Drug Administration

FRA Febre Reumática Aguda

HA Hipertensão Arterial

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HBPM Heparina de Baixo Peso Molecular

IA Inteligência Artificial

IAM Infarto Agudo do Miocárdio

IC Insuficiência Cardíaca

INMETRO

IMC

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

Índice de Massa Corporal

IoT Internet das Coisas

IPO Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia

IS Instituição de Saúde

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MRPA Monitorização Residencial da Pressão Arterial

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

OMS Organização Mundial da Saúde

PA Pressão Alta

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

PDF Portable Document Format

PPG Fotopletismografia

RM Ressonância Magnética

SAM Suitability Assessment of Materials

SARS Síndrome Respiratória Aguda Grave

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SIM Sistema de Informações de Mortalidade

SMS Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba

SUS Sistema Único de Saúde

TC Tomografia Computadorizada

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TEP Tromboembolismo Pulmonar

TEV Tromboembolismo Venoso

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

TVP Trombose Venosa Profunda

UBS Unidade Básica de Saúde

UIT União Internacional das Telecomunicações

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 17

1.1 PROBLEMA ............................................................................................. 19

1.2 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 20

1.3 HIPÓTESE .............................................................................................. 20

1.4 OBJETIVOS ............................................................................................ 21

1.4.1 Objetivo geral .......................................................................................... 21

1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................... 21

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 23

2.1 MEDIDAS DE REFERÊNCIA DA PRESSÃO ARTERIAL ........................ 25

2.2 ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL26

2.2.1 Definições e tipos de pressão .................................................................. 27

2.2.2 Fatores de risco para a elevação da pressão arterial .............................. 29

2.2.3 Medição da pressão ................................................................................ 29

2.2.4 Medidas de prevenção e tratamento ....................................................... 31

2.3 ASSOCIAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL COM AS DOENÇAS

CARDIOVASCULARES ........................................................................... 32

2.3.1 Insuficiência cardíaca .............................................................................. 34

2.3.2 Doença arterial obstrutiva periférica ou doença arterial periférica ........... 35

2.3.3 Acidente vascular encefálico ou acidente vascular cerebral .................... 36

2.3.4 Tromboembolismo venoso, trombose venosa profunda, tromboembolismo

pulmonar ou embolia pulmonar ............................................................... 39

2.3.5 Doença reumática cardíaca ..................................................................... 41

2.4 INFLUÊNCIA DA PANDEMIA DE COVID-19 NO AUMENTO DOS CASOS

DE MORTES POR DOENÇAS RELACIONADAS À HIPERTENSÃO

ARTERIAL ............................................................................................... 42

2.5 MÉTODOS DE AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ........................... 45

2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS APARELHOS PARA MEDIR A PRESSÃO

ARTERIAL ............................................................................................... 45

2.6.1 Esfigmomanômetro mecânico de coluna de mercúrio ............................. 46

2.6.2 Esfigmomanômetro aneroide manual com estetoscópio ......................... 47

2.6.3 Esfigmomanômetro digital automático e semiautomático ........................ 49

2.7 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........................ 50

Page 15: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

2.7.1 Tecnologia em saúde .............................................................................. 51

2.7.2 Descrição do aplicativo iCare Health Monitor .......................................... 53

2.7.3 Apresentação do medidor de pressão automático de punho Omrom HEM-

6124 ......................................................................................................... 57

2.8 COMO AS CARTILHAS EDUCATIVAS PODEM CONTRIBUIR PARA A

PREVENÇÃO E CONTROLE DO AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL DA

POPULAÇÃO .......................................................................................... 58

3 METODOLOGIA...................................................................................... 62

3.1 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ................................................................... 62

3.2 AMOSTRA E LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA APROVADOS 62

3.2.1 Etapa de aplicação de questionários ....................................................... 62

3.2.2 Critérios de inclusão e exclusão .............................................................. 63

3.2.3 Etapa de medição da pressão arterial ..................................................... 63

3.3 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE I.......... 64

3.3.1 Caracterização da amostra da fase I ....................................................... 64

3.3.2 Aplicação de questionário ........................................................................ 64

3.4 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE II......... 65

3.4.1 Caracterização da amostra da fase II ...................................................... 65

3.4.2 Aferição da pressão ................................................................................. 66

3.5 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE III........ 67

3.5.1 Caracterização da amostra da fase III ..................................................... 67

3.5.2 Aplicação de questionário para validação da cartilha .............................. 68

4 RESULTADOS ........................................................................................ 69

4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE I ............................... 69

4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE II .............................. 81

4.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE III ............................. 86

5 DISCUSSÃO ........................................................................................... 93

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 103

7 CONCLUSÕES ..................................................................................... 107

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 108

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ......... 119

APÊNDICE B - Instrumento de Coleta de Dados Primeira Fase ................... 123

APÊNDICE C - Instrumento de Coleta de Dados Segunda Fase .................. 126

ANEXO A - Carta de Aprovação do Comitê de Ética da UTFPR ................... 127

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ANEXO B - Carta de Aprovação do Comitê de Ética do Hospital IPO ......... 135

ANEXO C - Manual de Orientação ao Usuário do Medidor Automático de

Pressão Arterial de Pulso Omron Modelo HEM-6124 ....................... 139

ANEXO D - Portaria do INMETRO de Aprovação do Aparelho Omron HEM-6124

............................................................................................................... 141

ANEXO E - Capa da Cartilha de Hipertensão Arterial ................................... 148

Page 17: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

17

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta a contextualização, a descrição do problema,

justificativa, hipótese e os objetivos do trabalho.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS), também conhecida como pressão alta

(PA), é considerada como o maior fator de risco para mortalidade no mundo, bem

como uma das principais causas para o desenvolvimento das doenças

cardiovasculares (DCVs), que de acordo com a Organização Mundial da Saúde

(OMS), continua sendo a maior causa efetiva de mortes em todo o mundo

(BARROSO et al., 2020).

A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível (DCNT)

que sofre influência de múltiplos fatores, tais como: demográficos, socioeconômicos,

comportamentais, antropométricos e hereditários.

Com relação aos fatores comportamentais, a maioria dos casos de aumento

da pressão arterial está relacionada principalmente com hábitos alimentares não

saudáveis como: obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de bebidas

alcoólicas, utilização de sal em excesso, diabetes descontrolada, entre outros

(BARROSO et al., 2020).

A hipertensão arterial é o aumento anormal e por longo período da pressão

que o sangue faz ao circular pelas artérias do corpo. A HA é uma doença grave e

crônica, que também pode ser hereditária, porém existem vários fatores que podem

influenciar no desenvolvimento ou não da doença (SBC; SBH; SBN, 2010).

A HA também está associada aos distúrbios metabólicos, alterações

funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros

fatores de risco, tais como: dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose

e diabetes (MALACHIAS et al., 2016; BARROSO et al., 2020). Além disso, a

hipertensão é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças ainda

mais graves, como o infarto, aneurismas e insuficiências renais e cardíacas

(BRASIL, 2006).

Além das doenças já citadas, pesquisadores afirmam que a hipertensão

também é um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças graves,

como o aneurisma da aorta dissecante, o acidente vascular cerebral (AVC), a morte

súbita cardíaca, bem como da angina de peito, fibrilação atrial, diabetes mellitus,

síndrome metabólica, doença renal crônica, aneurismas da aorta torácica e

Page 18: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

18

abdominal, hipertrofia ventricular esquerda, demência vascular, doença de

Alzheimer e distúrbios oftalmológicos (PRÉCOMA et al.; 2019; BARROSO et al.,

2020).

A hipertensão arterial sistêmica é considerada um problema mundial de saúde

pública, sendo responsável por aproximadamente 9,4 milhões de mortes por ano no

mundo (SANTIAGO; MOREIRA, 2019).

Segundo o Ministério da Saúde, por meio dos dados divulgados pelo

Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) em 2017, o

Brasil registrou aproximadamente 141.878 mortes devido à hipertensão ou a causas

atribuíveis a ela. Esses dados fazem parte do Sistema de Informações de

Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e, de acordo com os pesquisadores, esse

número é alto e preocupante já que demonstra que todos os dias aproximadamente

388,7 pessoas se tornam vítimas fatais da hipertensão, o que na prática significa

dizer que o país registra 16,2 óbitos a cada hora (CASTILHO, 2019). Segundo os

especialistas, grande parte dessas mortes poderia ser evitada com o diagnóstico

correto e o acompanhamento destes pacientes. Os estudos apontam ainda que

cerca de 37% dessas mortes são precoces, ou seja, acometem pessoas com menos

de 70 anos de idade (CASTILHO, 2019).

As constantes inovações tecnologias vêm transformando o modo de vida dos

seres humanos em diversas áreas e a educação tecnológica é fundamental no que

tange a disseminação de conhecimento. Com relação à saúde, as novas tecnologias

têm ajudado, desde o atendimento até os procedimentos mais complexos

(ANDERSON; BURFORD; EMMERTON, 2016).

Anderson, Burford e Emmerton (2016), no entanto, alertam que a falta de

regulamentação específica dos órgãos de saúde com relação a estas tecnologias

permitem que dispositivos de auto monitoramento que não foram testados e

devidamente regulamentados, sejam disponibilizados para os consumidores que

podem acabar utilizando estes sistemas para controle, acompanhamento e até

mesmo como diagnóstico de uma condição de saúde (ANDERSON; BURFORD;

EMMERTON, 2016).

Esta prática, apesar de estar se tornando cada dia mais comum, segundo os

autores acima, pode ser extremamente perigosa, já que no caso da hipertensão

arterial, a doença é considerada grave e, se não tratada de forma adequada, pode

Page 19: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

19

trazer sérios riscos aos pacientes inclusive resultando em morte eminente para os

casos mais graves (ANDERSON; BURFORD; EMMERTON, 2016).

Arone e Cunha (2006) acreditam que, com todas as evidências de

crescimento do ritmo atual de inovação tecnológica na área da saúde, é

imprescindível para qualquer país estabelecer políticas bem definidas de adoção e

incorporação de novas tecnologias e de manutenção daquelas já em uso no sistema

para minimizar os aspectos negativos e, assim, contribuir para uma maior qualidade

do sistema de saúde (ARONE; CUNHA, 2006). Uma dessas novas tecnologias

disponíveis é justamente voltada à aferição e controle de pressão arterial. A solução

para o acompanhamento da pressão arterial pode ser encontrada diretamente na

palma da mão, ou seja, usando um aplicativo de celular.

Apesar da velocidade da popularização destes aplicativos, que é considerada

por muitos estudiosos como a revolução tecnológica de maior impacto nos últimos

tempos proporcionados pela internet e redes sociais, não podemos esquecer que

tais aplicativos não possuem nenhuma regulamentação no Brasil (TIBES; DIAS;

ZEM-MASCARENHAS, 2014). Ao contrário dos aparelhos tradicionais, não são

realizados estudos sobre a real eficácia e aplicabilidade desses recursos e também

na maior parte dos casos, estes recursos não são desenvolvidos por especialistas

em saúde (ANDERSON; BURFORD; EMMERTON, 2016).

1.1 PROBLEMA

Levando em consideração os elevados números de novos casos de pessoas

com hipertensão arterial todos os dias no Brasil, esta pesquisa se justifica pela

finalidade de obter resultados mais específicos sobre as modalidades de aferição da

pressão arterial oferecida à população.

Considerando que o monitoramento correto da pressão arterial permite ao

profissional de saúde guiar condutas terapêuticas individuais, monitorar prevalências

populacionais e identificar fatores de risco associados à hipertensão arterial, o

diagnóstico correto realizado por um profissional com o conhecimento específico

para tal patologia se torna fundamental (BRASIL, 2006).

A população manter a pressão arterial sob controle é de suma importância

para evitar doenças ainda mais graves que decorrem da pressão alta. Sendo assim,

a educação da população sobre a correta medição e controle da pressão arterial se

Page 20: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

20

configura como uma necessidade real e imediata. Uma vez diagnosticada a

população com pressão alta, os pacientes devem ser submetidos a tratamento e

acompanhados por longos períodos por um cardiologista.

1.2 JUSTIFICATIVA

Atuando em um ambiente hospitalar, exercendo funções de cunho acadêmico

que visam à disseminação de conhecimentos relacionados às práticas de saúde e

tendo em vista que muitos dos funcionários admitiram a utilização dos aplicativos de

celulares para aferição da pressão arterial, surge a motivação para avaliar a

funcionalidade destes dispositivos e verificar a qualidade e veracidade das

informações recebidas pelos usuários.

Em uma campanha de saúde realizada na Semana da Enfermagem no

Hospital de Otorrinolaringologia IPO, por meio da Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (CIPA), em maio de 2019, a palestrante convidada falou sobre o tema

“Cuidados com a pressão arterial”, e percebeu que mais da metade das pessoas

que participavam da palestra se declararam como hipertensos. Poucos afirmaram

que faziam uso de medicação regularmente e muitos relataram conhecer e utilizar

com certa frequência algum tipo de aplicativo de celular para o acompanhamento da

pressão arterial.

Neste contexto, a ideia de comprovar esta nova tecnologia como instrumento

de prevenção, bem como uma cartilha com instruções de preservação da saúde,

vem a se consolidar neste trabalho.

Apesar da facilidade e acessibilidade que estes dispositivos oferecem e do

conhecimento de que esta prática vem se tornando cada vez mais comum entre os

brasileiros, é importante lembrar que ainda não existe comprovação científica sobre

a eficácia da monitorização da pressão arterial realizada por meio destes

dispositivos.

1.3 HIPÓTESE

Os aplicativos para monitorização da PA que estão disponíveis para acesso

livre nas plataformas digitais, tais como os smartphones, são realmente ferramentas

confiáveis para serem utilizadas por pessoas que, muitas vezes, possuem mesmo

Page 21: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

21

um problema crônico e considerado grave pela sociedade médica, já que o

Ministério da Saúde alerta que 34 pessoas morrem por hora de doenças

cardiovasculares no país, sendo a pressão alta o principal fator de risco.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Comparar os valores das medidas de pressão arterial obtidas no aplicativo

digital iCare Health Monitor para as variáveis da PA com os valores da PA obtidos

por meio do esfigmomanômetro eletrônico digital de punho.

1.4.2 Objetivos específicos

1) Mensurar por meio da aplicação de um questionário de qualidade de vida,

o grau de conhecimento da população sobre hipertensão arterial e da

importância do acompanhamento contínuo deste fator para a prevenção

de outras doenças graves;

2) Quantificar a prevalência da hipertensão arterial nas pessoas

pesquisadas;

3) Identificar os hábitos alimentares dos participantes que possam estar

relacionados com o aumento da pressão arterial;

4) Identificar hábitos relacionados com a má qualidade de vida e,

consequentemente, com o aumento da pressão arterial;

5) Comparar os valores das medições da pressão arterial informadas nos

aplicativos de celulares com relação às medidas obtidas com os

aparelhos devidamente aprovados junto aos órgãos responsáveis e com

as certificações de calibração em dia;

6) Compreender as características do aplicativo com relação à

acessibilidade e clareza das informações prestadas;

7) Levantar o número médio de pessoas que utilizam aplicativos de celulares

para a aferição da pressão arterial;

8) Identificar o perfil das pessoas que utilizam aplicativos como forma de

acompanhamento da pressão arterial; e,

Page 22: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

22

9) Confeccionar e validar uma cartilha com orientações sobre os problemas

causados pela hipertensão arterial e as práticas que podem ser adotadas

para minimizar os riscos que ela pode trazer.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em seis capítulos. Neste capítulo referente

introdução, encontram-se apresentados o tema e sua delimitação, a hipótese, a

justificativa e os objetivos da pesquisa. O capítulo dois, que trata da fundamentação

teórica do estudo, descreve os aspectos sobre PA, medidas de referência, formas de

acompanhamento e tratamento, associação da PA com outras doenças, influência

no caso de óbitos em função da Covid-19, métodos de aferição da PA, tipos de

equipamentos para a tomada de valores da PA e novas tecnologias para a medição

da PA. O capítulo três descreve a metodologia utilizada na pesquisa, que se

caracteriza como um estudo prospectivo transversal, observacional, comparativo

quantitativo de caráter descritivo e exploratório que foi realizado em três etapas. Os

resultados qualitativos e quantitativos da pesquisa, analisados por meio da aplicação

dos questionários, bem como da aferição da pressão arterial, são apresentados no

capítulo quatro. O capítulo cinco, que se refere à discussão, traz a interpretação,

análise e discussão dos resultados encontrados e apresentados na pesquisa. O

capítulo seis e último traz as considerações finais onde avaliamos a proposta inicial

do estudo e sintetizamos os achados esperados ou não no decorrer do andamento

do trabalho.

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23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo descreve os aspectos sobre pressão arterial (PA), medidas de

referência, formas de acompanhamento e tratamento, associação da PA com outras

doenças, influência no caso de óbitos em função da Covid-19, métodos de aferição

da PA, tipos de equipamentos para a tomada de valores da PA e novas tecnologias

para a medição da PA.

A expressão pressão arterial (PA) refere-se à pressão exercida pelo sangue

contra a parede das artérias. A PA, bem como a de todo o sistema circulatório,

encontra-se normalmente um pouco acima da pressão atmosférica, sendo a

diferença de pressões responsável por manter as artérias e demais vasos não

colapsados.

Embora historicamente haja relatos da preocupação com as medidas do pulso

desde o período de 460 a.C. na Grécia Antiga. A primeira medição de pressão que

se tem conhecimento foi realizada por Stephen Hales (1677-1761), em 1733.

Apesar de Stephen Hales, na realidade, estar interessado realmente na

fisiologia do fluxo dos fluidos, especialmente em saber como a seiva atingia o topo

de uma árvore, esta experiência foi considerada como a primeira medida direta da

pressão arterial que se tem conhecimento (INTROCASO, 1996). A experiência foi

realizada com uma égua doente de forma invasiva e culminou com a descoberta da

pressão sanguínea (sístole e diástole) por meio de um instrumento que ficou

conhecido como manômetro. Mas foi só quase um século depois desse feito que o

manômetro de Hales foi aperfeiçoado por Jean Léonard Marie Poiseuille (1799-

1869), dando origem a um instrumento que ficou conhecido como hemodinamômetro

(KOHLMANN; KOHLMANN JUNIOR, 2011).

A Figura 1 ficou amplamente conhecida como o registro da primeira medição

da pressão arterial.

Figura 1 - Primeiro método da história de aferição de pressão

Fonte: Introcaso (1998)

Page 24: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

24

O hemodinamômetro demonstrado na Figura 2 era conectado a uma cânula

cheia de carbonato de potássio (anticoagulante) que era diretamente inserida na

artéria do animal, medindo sua pressão arterial também de maneira invasiva, por

meio da diferença em milímetros, observada ao nível do mercúrio, no tubo em “U”

(KOHLMANN; KOHLMANN JUNIOR, 2011).

Poiseuille cateterizou artérias de 2mm e demonstrou que a PA também era

mantida nas pequenas artérias. Estudou, também, a viscosidade sanguínea e a

resistência do sistema cardiovascular (INTROCASO, 1996).

Apesar do aparelho não possuir nenhum uso clínico prático, servindo apenas

para a utilização em laboratório, é consenso entre os pesquisadores que ele serviu

de base para todos os aparelhos para medir a pressão arterial que vieram

posteriormente (INTROCASO, 1998).

Figura 2 - Hemodinamômetro de Poiseuille

Fonte: Introcaso (1998)

Segundo dados da literatura, a primeira medição mais exata da pressão em

um ser humano foi realizada em 1856, durante um ato cirúrgico realizado por Fraive.

Na artéria femoral foi detectada uma pressão de 120 mmHg (milímetros de

mercúrio), enquanto que na artéria branquial esses valores variaram entre 115 e 120

mmHg, começando a busca por valores de normalidade (INTROCASO, 1998).

Em 1896, Scipione Riva-Rocci criou um aparelho mais portátil, que consistia

de um manguito que cobria o braço por toda sua circunferência, sendo inflado até o

total desaparecimento do pulso radial e, em seguida, desinflado até o

reaparecimento deste, medindo então a pressão arterial. Assim, Riva-Rocci marcou

o fim da era das pesquisas de um método clínico simples para a avaliação da PA.

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25

A partir daí, modificações foram feitas a esse esfigmomanômetro e a outras

evoluções, que levaram ao surgimento dos métodos auscultatório e oscilométrico, os

quais são automáticos e não invasivos (KOHLMANN; KOHLMANN JUNIOR, 2011).

Figura 3 - Esfigmomanômetro de Riva-Rocci

Fonte: Introcaso (1998)

2.1 MEDIDAS DE REFERÊNCIA DA PRESSÃO ARTERIAL

A medição da PA é utilizada muitas vezes como referência para a avaliação

da condição de saúde do coração (BRASIL, 2014). Considerada como um método

importante na investigação e no diagnóstico das doenças relacionadas ao sistema

cardiovascular, a PA pode ser influenciada por fatores internos e externos.

A aferição da pressão arterial nos dias de hoje é feita por meio de um

aparelho chamado de esfigmomanômetro e de um estetoscópio. A medição consiste

em dois momentos: um deles é bem na hora em que o coração bate, a válvula

cardíaca se abre e o sangue é ejetado para os vasos. A segunda etapa se dá

quando o coração relaxa, a válvula se fecha e o líquido continua seguindo seu

caminho por vasos cada vez menores (SBC; SBH; SBN, 2010).

No Brasil, o indivíduo é considerado hipertenso quando sua pressão fica

maior ou igual a 140mmHg por 90mmHg na maior parte do tempo. A partir desse

limite, o risco de ocorrerem doenças cardiovasculares, renais, entre outras é

significativamente maior.

A classificação da medida da PA, de acordo com Malachias et al. (2016),

quanto aos valores da Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Pressão Arterial Diastólica

(PAD), são indicadas na Tabela 1.

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26

Tabela 1 - Classificação da PA

Fonte: SBC, SBH e SBN (2020, p. 545).

2.2 ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL

O acompanhamento da pressão arterial é fundamental para a prevenção de

muitas outras doenças graves que podem levar a morte (BRASIL, 2019). Na prática,

a HAS é caracterizada pelo aumento dos níveis pressóricos acima do que é

recomendado para uma determinada faixa etária (MALACHIAS et al., 2016).

Segundo Unger et al. (2020), a hipertensão arterial continua sendo a principal

causa associada à mortalidade no mundo e um problema grave de saúde pública.

Atualmente, estima-se que acometa mais de 1,4 bilhões de pessoas em todo o

mundo (Ibid.). Em números absolutos, a hipertensão é o mais importante fator de

risco para doença cardiovascular, sendo mais comum que tabagismo, dislipidemia

ou diabetes (Ibd.). A OMS estima que em 2030 quase 23,6 milhões de pessoas

morrerão de doenças cardiovasculares (MENDIS; PUSKA; NORRVING, 2011).

A HAS, além de ser um dos principais fatores de risco cardiovascular, possui

alta prevalência em quase todos os países onde pesquisas mostram o efeito

negativo da HAS na qualidade de vida das pessoas (CARVALHO et al., 2013).

No Brasil, segundo Barroso et al. (2020), só em 2017 ocorreu um total de

1.312.663 óbitos, com um percentual de 27,3% para as doenças cardiovasculares.

Essas doenças representaram 22,6% das mortes prematuras no Brasil (entre 30 e

69 anos de idade). No período de uma década (2008 a 2017), foram estimadas

667.184 mortes atribuíveis à HA no Brasil (BARROSO et al., 2020).

Assim como a aferição do pulso, da respiração e da temperatura, bem como a

medição de intensidade de dor, a pressão arterial é um dos parâmetros importantes

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27

utilizados na medicina para diagnosticar as situações de urgências e emergências

no atendimento dos pacientes (SBC; SBH; SBN, 2010).

Segundo SBC, SBH e SBN (2010), os sinais vitais são um grupo de

indicadores do desempenho das funções vitais, medidos para estabelecer seus

padrões basais, orientar o diagnóstico inicial de uma enfermidade, observar

tendências dos processos fisiológicos, fazer o acompanhamento da evolução do

quadro clínico e monitorar a resposta do paciente ao tratamento.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), mais

de 38,1 milhões de brasileiros com 18 anos ou mais sofriam de hipertensão. O

número equivale a 23,9% da população dessa faixa etária, e aumentou 2,5 pontos

percentuais com relação aos números registrados em 2013.

De acordo com Malachias et al. (2016), entre os idosos, a hipertensão atinge

cerca de 60% da população e a doença também é responsável, direta ou

indiretamente, por metade das mortes por doenças cardiovasculares, cerca de 200

mil todos os anos (AGÊNCIA BRASIL, 2020).

2.2.1 Definições e tipos de pressão

Temos dois tipos de pressão, uma decorrente da força imposta pelo coração

e outra imposta pelo calibre arterial. A força realizada pelo coração para impulsionar

o sangue é denominada de sistólica (pressão máxima) e a resistência oferecida

pelas paredes arteriais ao sangue impulsionado é chamada de diastólica (pressão

mínima).

Pressão Arterial Sistólica (PAS): valor em milímetros de mercúrio (mmHg),

denominada pressão arterial máxima alcançada durante ejeção do sangue

pelo coração (sístole);

Pressão Arterial Diastólica (PAD): Valor em milímetros de mercúrio

(mmHg), denominada pressão arterial mínima alcançada durante a

diástole, enquanto o coração relaxa e enche, não ejetando sangue

(diástole).

O sistema circulatório tem um sistema extensivo de controle da pressão

sanguínea arterial. Por exemplo: se, em qualquer momento, a pressão cair

significativamente abaixo do nível normal de cerca de 100mmHg, um conjunto de

Page 28: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

28

reflexos nervosos desencadeia, em poucos segundos, diversas alterações

circulatórias para normalizar a pressão cardíaca (GUYTON; HALL, 2017).

A alta da pressão arterial ocorre mediante a diminuição do diâmetro das

artérias, pois, nesse caso, o coração deve aumentar a força do batimento para que o

sangue atinja todas as partes do corpo. Esse estreitamento das artérias pode ser de

origem natural ou devido à alimentação rica em gorduras e sal (GUYTON; HALL,

2017).

Pedrosa e Drager (2008) conceituam a HAS como uma doença crônico-

degenerativa de natureza multifatorial, na grande maioria dos casos assintomática,

que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos sistemas vasodilatadores e

vasoconstritores que mantêm o tônus vasomotor, o que leva a uma redução da luz

dos vasos e danos aos órgãos por eles irrigados (PEDROSA; DRAGER, 2008).

Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão

sobe muito. Podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no

ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal (BRASIL, 2019).

A hipertensão arterial é uma doença crônica que não tem cura e o tratamento

deve ser realizado continuamente pelos pacientes com o objetivo de manter os

níveis de pressão sob controle. O diagnóstico da doença é feito por meio do

acompanhamento e monitoramento da pressão por um período constante.

O desenvolvimento da hipertensão não ocorre instantaneamente, há um

conjunto de fatores que estão associados à sua evolução e agravo. Estes fatores

são conhecidos como fatores de risco e, segundo as Diretrizes Brasileiras de

Hipertensão Arterial (BARROSO et al. 2020), são: idade, sexo/gênero e etnia,

fatores socioeconômicos, ingestão de sal, excesso de peso e obesidade, ingestão

de álcool, genética e sedentarismo entre outros.

Segundo a OMS (2020), a hipertensão arterial é uma doença crônica que não

é transmissível e pode ser classificada como primária ou secundária. As DCNTs

configuram importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo (OMS,

2020).

A HA é uma doença crônica multifatorial onde umas das características é a

detecção muitas vezes tardia por sua evolução lenta e silenciosa (CARVALHO et al.,

2013). Pelo fato da hipertensão se manifestar de forma silenciosa, a maioria das

pessoas desconhece que a possui e continuam a praticar hábitos não saudáveis que

tendem a agravar progressivamente a condição clínica.

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29

2.2.2 Fatores de risco para a elevação da pressão arterial

Apesar dos estudos apontarem que em aproximadamente 90% dos casos a

hipertensão é herdada dos pais, existem diversos fatores que influenciam a elevação

dos níveis da pressão arterial. Dentre eles podemos destacar alguns fatores

(constitucionais e ambientais) que são considerados como fatores de risco para

elevação da pressão arterial tais como:

Consumo excessivo de sal;

Tabagismo;

Sedentarismo;

Diabetes;

Obesidade;

Estresse;

Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;

Falta de atividade física;

Sono inadequado; e,

Elevação do Colesterol.

Além destes, a lista de fatores que podem causar a elevação da pressão

inclui ainda a hereditariedade, raça, o uso de anticoncepcionais, a falta do

diagnóstico, bem como a falta de adesão dos pacientes ao tratamento e o aumento

da expectativa de vida da população (CARVALHO et al., 2013).

Pesquisadores como Barroso et al. (2020) afirmam ainda que há uma

associação direta e linear entre envelhecimento e prevalência de HA, relacionada ao

aumento da expectativa de vida da população brasileira e mundial. Segundo

Carvalho et al. (2013), a HA possui também uma estreita correlação com o estilo de

vida das pessoas. Sendo assim, é possível afirmar que a HAS pode ser evitada,

minimizada ou tratada com a adoção de hábitos saudáveis.

2.2.3 Medição da pressão

A técnica recomendada para medição da pressão arterial de consultório é,

preferencialmente, pelo método auscultatório.

Autores como Alves et al. (2017) orientam que:

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30

a) A medição da PA deve ser feita com esfigmomanômetro validado, calibrado

e preciso;

b) As dimensões da bolsa de borracha do manguito devem ser de acordo com

a circunferência do braço do paciente, a largura deve ser próxima de 30cm

a 40cm e o comprimento deve cobrir entre 80% e 100% da circunferência

do braço;

c) A braçadeira deve estar ajustada e posicionada entre 2 e 3cm acima da

fossa cubital (região anterior do cotovelo) com a parte compressiva

centrada sobre a artéria braquial;

d) O braço deve estar apoiado e posicionado à altura do coração;

e) O indivíduo deve repousar previamente durante cinco minutos, em

ambiente calmo, sentado com as costas apoiadas e as pernas descruzadas

e

f) Deve ainda estar descontraído, sem ter feito exercício nos últimos 30

minutos e sem fumar, beber álcool ou bebidas energéticas (inclusive café)

até uma hora antes da aferição.

Barroso et al. (2020) afirmam que é consenso entre os profissionais de saúde

que uma das principais estratégias para o desenvolvimento da hipertensão arterial

ainda é a prevenção. Sendo assim, a implantação de políticas públicas de saúde

que envolva a disseminação das informações sobre a gravidade da doença através

dos meios de comunicação, incentivando a sociedade para o hábito do

monitoramento da aferição da pressão com o objetivo do diagnóstico precoce, são

fundamentais.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a maioria

das doenças cardiovasculares pode ser prevenida utilizando-se de estratégias para

informar a população em geral dos fatores comportamentais de risco como o uso de

tabaco, dieta não saudável, obesidade, falta de atividade física e uso nocivo do

álcool.

Os mais importantes fatores de risco comportamentais, tanto para doenças cardíacas quanto para AVCs, são dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo do álcool. Os efeitos dos fatores comportamentais de risco podem se manifestar em indivíduos por meio de pressão arterial elevada, glicemia alta, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade. Esses “fatores de risco intermediários” podem ser mensurados em unidades básicas de saúde e indica um maior risco de desenvolvimento de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, insuficiência cardíaca e o outras complicações. (OPAS, 2021)

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31

2.2.4 Medidas de prevenção e tratamento

Iniciativas como a criação da Lei 10.439/2002 (BRASIL, 2002), que instituiu o

"Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial", que é comemorado

anualmente no dia 26 de abril, tem como objetivo conscientizar a população sobre o

diagnóstico preventivo e o tratamento da doença. São exemplos de ações

afirmativas que devem ser popularizadas pelos governos municipais e estaduais

(BARROSO et al., 2020).

As formas de tratamento perpassam pelo acompanhamento e tratamento

contínuo, o controle da PA e de fatores de risco associados, como principalmente a

modificação do estilo de vida, bem como o uso regular de medicamentos quando

indicados (MALACHIAS et al., 2016; MAGALHÃES, 2010).

Entre as principais medidas necessárias para evitar o desenvolvimento da

hipertensão arterial, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável,

considerando:

Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;

Diminuir o consumo de sal, utilizando outros temperos que ressaltam o

sabor dos alimentos;

Praticar atividade física regularmente;

Manter uma rotina de momentos de lazer;

Abandonar definitivamente o hábito de fumar;

Moderar o consumo de álcool;

Evitar alimentos gordurosos; e,

Controlar o diabetes.

Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosticar a

hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir a pressão ao menos

uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se

medir no mínimo duas vezes por ano (BRASIL, 2006).

Há basicamente duas abordagens terapêuticas para a hipertensão arterial: o

tratamento baseado em modificações do estilo de vida (perda de peso, incentivo às

atividades físicas, alimentação saudável, etc.) e o tratamento medicamentoso

(BRASIL, 2006). Com relação ao tratamento farmacológico:

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32

O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, aumentadas em decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. São utilizadas tanto medidas não farmacológicas isoladas como associadas a fármacos anti-hipertensivos. Os agentes anti-hipertensivos a serem utilizados devem promover a redução não só dos níveis tensionais como também a redução de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. (BRASIL, 2006)

Ainda, segundo Brasil (2006), os agentes anti-hipertensivos exercem sua

ação terapêutica por meio de distintos mecanismos que interferem na fisiopatologia

da hipertensão arterial. Basicamente, podem ser catalogados em cinco classes, a

saber:

Diuréticos;

Inibidores adrenérgicos;

Vasodilatadores diretos;

Antagonistas do sistema renina-angiotensina; e,

Bloqueadores dos canais de cálcio.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito para os

pacientes diagnosticados com HA nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) em todo o

país, já que o diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, considerando que a

doença pode ser tratada e controlada com mudanças no estilo de vida, com

medicamentos de baixo custo e de poucos efeitos colaterais, comprovadamente

eficazes e de fácil aplicabilidade na atenção básica e disponibilizados a população

através do programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013).

Baseado neste programa, criado pela Resolução CNS 338/2004, o Ministério

da Saúde disponibiliza para os pacientes do SUS seis medicamentos para o

tratamento da doença, que atinge quase 30% da população brasileira (BRASIL,

2014).

2.3 ASSOCIAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL COM AS DOENÇAS

CARDIOVASCULARES

Segundo dados da OMS, a hipertensão arterial é hoje a principal causa de

mortes no mundo e está diretamente associada ao desenvolvimento de diversas

doenças, principalmente as doenças cardiovasculares (OMS, 2011).

As DCVs fazem parte do grupo de DCNTs que incluem também as doenças

do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica, constituindo

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33

a maior carga de morbimortalidade no mundo, e sendo responsáveis por 63% das

mortes globais. Segundo a OPAS (2021), as DCVs são um grupo de doenças do

coração, doenças vasculares do cérebro e dos vasos sanguíneos.

Além de a hipertensão arterial ser considerada um fator de risco para eventos

cardiovasculares, como Acidente Vascular Encefálico (AVE), Infarto Agudo do

Miocárdio (IAM) e Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), ela também pode

ser considerada como um problema de saúde pública (BARROSO et al., 2020;

SIMÃO et al., 2013).

A hipertensão arterial, por se tratar de evento crônico com altos índices de

internações com custos elevados, bem como pela possibilidade de incapacitação

dos pacientes por invalidez e aposentadoria precoce resultantes das sequelas dos

eventos cardiovasculares, representa um gasto elevado para os sistemas de saúde

públicos ou particulares (SIMÃO et al., 2013).

Reis e Glashan (2000) demostravam grande preocupação com os elevados

índices de pacientes que evoluíam para danos severos e ou permanentes em

consequência das complicações da doença.

Frequentemente, a HA resulta em graves complicações como insuficiência cardíaca, renal e acidente vascular cerebral, podendo, portanto evoluir para danos severos, com hospitalização de pacientes. Devido a sua cronicidade, causa agravos sociais por absenteísmo ao trabalho, elevados custos com internações de longa permanência, incapacitação por invalidez, aposentadoria precoce e outros (REIS; GLASHAN, 2000)

Supõe-se que 17,9 milhões de pessoas morreram por doenças

cardiovasculares em 2016, representando 31% de todas as mortes em nível global.

Destes óbitos, estima-se que 85% ocorrem devido a ataques cardíacos e AVCs.

As principais doenças cardiovasculares estão descritas no Quadro 1.

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34

Quadro 1 - Principais doenças cardiovasculares descritas pelos especialistas

Fonte: OPAS (2021)

A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida por meio da

mudança de fatores considerados como comportamento de risco, como o hábito de

fumar, dieta não saudável com alta ingestão de calorias, obesidade, falta de

atividade física e uso nocivo do álcool. É necessária a adoção de estratégias para

conscientizar a população em geral para este grave problema de saúde pública

(OMS, 2011).

2.3.1 Insuficiência cardíaca

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Insuficiência Cardíaca (IC)

é uma síndrome clínica complexa de caráter sistêmico, na qual o coração é incapaz

de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas do organismo,

ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento (ROHDE et al.,

2018).

Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais

cardíacas e caracterizam-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução

Doenças cardiovasculares prevalentes

O que causa

Insuficiência cardíaca (IC)

IC é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento. A insuficiência ventricular esquerda provoca falta de ar e fadiga; a insuficiência ventricular direita desencadeia acúmulo de líquidos abdominal e periférico; ambos os ventrículos podem ser afetados em alguma proporção.

Doença arterial obstrutiva periférica (DAOP)

A DAOP é uma situação que ocorre em virtude do estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos arteriais, responsáveis por levar o sangue para nutrir as extremidades como braços e pernas, sendo mais comum o acometimento nos membros inferiores do que nos superiores. DAOP é um sinal de depósitos de gordura e cálcio que se acumulam nas paredes das artérias (aterosclerose).

Acidente vascular encefálico (AVE)

O AVC, ou ainda derrame cerebral, é uma doença frequente e muito grave. Existem dois tipos de AVE: o isquêmico e o hemorrágico.

Trombose venosa profunda (TVP)

A TVP é uma doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias profundas, apesar dos estudos indicarem que é mais frequentemente nos membros inferiores também pode acometer a veia cava, as veias jugulares internas e os membros superiores.

Doença reumática cardíaca (DRC)

Doença que causa danos no músculo do coração e válvulas cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas, associada à falta de saneamento básico e outros determinantes da má saúde.

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35

no débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no

esforço (BOCCHI et al., 2012; ROHDE et al., 2018).

Insuficiência cardíaca é uma síndrome de disfunção ventricular caracterizada

por sintomas clássicos (como fadiga e dispneia). A insuficiência ventricular esquerda

provoca falta de ar e fadiga; a insuficiência ventricular direita desencadeia acúmulo

de líquidos abdominal e periférico; ambos os ventrículos podem ser afetados em

alguma proporção (FERNANDES et al., 2019).

A IC é a principal causa de internações hospitalares nos Estados Unidos em

pacientes com idade superior a 65 anos e afeta 26 milhões de pessoas em todo o

mundo segundo estimativas (FERNANDES et al., 2019).

Segundo Poffo et al. (2017), aproximadamente 23 milhões de pessoas são

portadoras de IC e 2 milhões de novos casos são diagnosticados a cada ano no

mundo, constituindo a primeira causa de internação hospitalar em pacientes acima

de 60 anos de idade no Brasil. A prevalência da IC vem aumentando nos últimos

anos em todo o mundo tornando-se um grave problema de saúde pública. O

diagnóstico é clínico, fundamentado por radiografia de tórax, ecocardiograma e

níveis plasmáticos de peptídio natriurético.

O tratamento é feito com orientação do paciente, diuréticos, inibidores da ECA

(enzima conversora da angiotensina), bloqueadores do receptor da angiotensina II,

betabloqueadores, antagonistas da aldosterona, inibidores da neprilisina, marca-

passos/desfibriladores implantáveis especializados e outros dispositivos e correção

da(s) causa(s) da síndrome de insuficiência cardíaca (BOCCHI et.al., 2009).

2.3.2 Doença arterial obstrutiva periférica ou doença arterial periférica

A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV, 2015)

define a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) como uma situação que

ocorre em virtude do estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos arteriais,

responsáveis por levar o sangue para nutrir as extremidades como braços e pernas,

sendo mais comum o acometimento nos membros inferiores do que nos superiores.

Estudos apontam que na população com mais de 55 anos, a DAOP pode

atingir de 10 a 25% da população e esse número pode ser maior de acordo com o

avanço da idade. Outro fator considerado importante para o número de mortes é que

cerca de 70 a 80% dos pacientes acometidos não apresentam qualquer queixa

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36

ligada a doença de base, ou seja, os pacientes são assintomáticos (SILVA; DUQUE,

2020).

Este fato pode retardar ou dificultar o diagnóstico precoce, um ponto

fundamental para o início do tratamento o mais breve possível, tratamento esse que

melhora as chances de uma evolução positiva da doença. É mais frequente nos

homens, mas também pode acometer as mulheres (TORRES, et al., 2012).

O diagnóstico da Doença Arterial Periférica (DAP) pode ser feita pelo médico

generalista, mas a avaliação de um cirurgião vascular é fundamental na confirmação

do diagnóstico e na tomada de decisões para o tratamento adequado.

A maioria dos casos é tratada com orientações quanto à atividade física e

mudança de hábitos de vida como: cessação do tabagismo, mudança de hábitos

alimentares, controle adequado da pressão arterial, controle dos níveis sanguíneos

de colesterol e triglicérides e, quando presente também, rigoroso controle do

diabetes, sendo que os casos mais graves exigem intervenção cirúrgica aberta ou

por técnica endovascular (SBACV, 2015).

2.3.3 Acidente vascular encefálico ou acidente vascular cerebral

O acidente vascular encefálico (AVE), também conhecido como Acidente

Vascular Cerebral (AVC), ou ainda derrame cerebral é uma doença considerada

grave. A doença pode se caracterizar pelo surgimento de um déficit neurológico

súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central

(SBDCV, 2015). De acordo com as diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa

com acidente vascular cerebral, o acidente vascular cerebral é definido como:

AVC refere-se ao desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios focais e/ou globais da função cerebral, com sintomas de duração igual ou superior a 24 horas, de origem vascular, provocando alterações nos planos cognitivo e sensório-motor, de acordo com a área e a extensão da lesão. Outros sinais frequentes incluem: confusão mental, alteração cognitiva, dificuldade para falar ou compreender, engolir, enxergar com um ou ambos os olhos e caminhar; distúrbios auditivos; tontura, perda de equilíbrio e/ou coordenação; dor de cabeça intensa, sem causa conhecida; diminuição ou perda de consciência. Uma lesão muito grave pode causar morte súbita. (Brasil, 2013b, p. 8)

Segundo a SBDCV (2015), o AVC é considerado uma das mais importantes

doenças do aparelho circulatório entre as doenças crônicas não transmissíveis. É

também considerado pela OMS uma das principais causas de internações e

mortalidade no Brasil, sendo a principal causa de incapacidade no mundo e devido a

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37

sua complexidade e magnitude, é considerado como um grande problema de saúde

pública (ANDRADE et al., 2013).

Ainda segundo a SBDCV (2015), aproximadamente 70% das pessoas que

são acometidas por um AVC acaba não retornando ao trabalho, devido às sequelas

da doença que na maioria das vezes será na fala ou na coordenação motora. Cerca

de 50% das pessoas ficam dependentes de outras pessoas para as atividades mais

simples do dia a dia.

Schmidt et al. (2019), como resultado de um estudo que objetivou analisar os

dados dos sistemas de informações do IBGE e do Departamento de Informática do

SUS para avaliar o perfil dos portadores de AVC e qual o seu grau de limitação,

concluiram que no Brasil o AVC ocorre em ambos os sexos, na faixa etária de

adultos jovens ou idosos sendo mais comum em pessoas com pouca escolaridade e

é relativamente proporcional com relação as etnias branca ou parda. Os resultados

do estudo demostram:

Verificou-se que o AVC ocorre igualmente em ambos os sexos, em prevalência de 39,8% dos casos na faixa etária de adultos jovens (30 a 59 anos), 69,8% das pessoas afetadas possuem baixo grau de escolaridade, e há proporção elevada na cor branca (48,2%) e parda (41,1%). (SCHMIDT et al., 2019)

A prevenção e o tratamento do AVC estão relacionados a fatores

condicionantes modificáveis, à mudança no perfil epidemiológico no país e ao

acesso a serviços de reabilitação, sendo necessária a atuação interdisciplinar de

profissionais capacitados e articulados com a rede de atenção pública (SCHMIDT et

al., 2019).

Com grande risco de morte ou de incapacidade permanente, o AVC é a maior

causa de incapacitação da população na faixa etária superior a 50 anos, sendo

responsável por 10% do total de óbitos, 32,6% das mortes com causas vasculares e

40% das aposentadorias precoces no Brasil (ABRAMCZUK, 2009).

De acordo com Brasil (2013), o AVC costuma atingir frequentemente pessoas

adultas e os sintomas mais comuns são:

Fraqueza repentina ou dormência da face;

Dormência do braço e/ou perna, geralmente em um lado do corpo;

Confusão mental;

Alteração cognitiva;

Dificuldade na fala;

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38

Dificuldade em engolir os alimentos;

Dificuldade em enxergar com um ou ambos os olhos;

Dificuldade de locomoção;

Distúrbios auditivos;

Tonturas e perda de equilíbrio e/ou coordenação;

Dor de cabeça intensa, sem causa conhecida; e,

Diminuição ou perda de consciência.

Apesar de atingir com mais frequência indivíduos acima de 60 anos, o AVC

pode ocorrer em qualquer idade.

A OMS (2006) divide o AVC em três categorias:

AVC isquêmico (tipo mais comum; compreende 70-80% de todos os

AVCs);

AVC hemorrágico (tipo mais grave; hemorragia intracerebral primária e

hemorragia subaracnóide espontânea); e,

Ataque Isquêmico Transitório (AIT) (tipo menos grave; definido como

episódio de isquemia cerebral focal, cujos sintomas se resolvem

espontaneamente dentro de 24 horas).

Assim como a maioria das doenças cardiovasculares, o AVC também está

relacionado com alguns fatores de riscos que devem ser observados pela

população. Os mais comuns são:

História de doença vascular prévia;

Doenças do coração;

Tabagismo;

Hipertensão arterial;

Diabetes;

Sedentarismo;

Dieta e colesterol;

Álcool e drogas; e,

Uso de anticoncepcional.

O tratamento do AVC isquêmico consiste na desobstrução do vaso cerebral

ocluído, normalizando a circulação cerebral. O atendimento a vítima do AVC deve

ser imediato, ou seja, quanto mais rápido for iniciado o atendimento maior a chance

dos pacientes se recuperar sem sequelas. O tratamento imediato é feito com

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39

remédios como anti-hipertensivos para estabilizar a pressão arterial e os batimentos

cardíacos, uso de oxigênio para facilitar a respiração, além do controle dos sinais

vitais, como forma de restaurar o fluxo de sangue para o cérebro.

O medicamento utilizado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças

Cerebrovasculares, é o trombolítico, que é injetado na veia do braço e circula pela

corrente sanguínea até o vaso cerebral afetado desmanchando o coágulo que

entope a circulação.

2.3.4 Tromboembolismo venoso, trombose venosa profunda, tromboembolismo

pulmonar ou embolia pulmonar

O Tromboembolismo Venoso (TEV) é um coágulo sanguíneo que se forma

em uma veia. É uma doença vascular frequente que geralmente se inicia nos

membros inferiores dando origem a Trombose Venosa Profunda (TVP), que pode se

desprender e, através da corrente sanguínea, atingir o pulmão passando a ser

denominada como Embolia Pulmonar (EP) ou Tromboembolismo Pulmonar (TEP)

(ZERATI, 2021).

A embolia pulmonar, ou tromboembolismo pulmonar, por sua vez é

considerado pelos especialistas como o desfecho mais grave da doença que em sua

fase aguda, associa-se a alta prevalência de complicações graves que podem levar

os pacientes a óbito (ANDRADE et al., 2009).

O TEV é uma doença multicausal, resultado de fatores de risco que podem

ser inerente ao indivíduo, genéticos ou adquiridos ou ainda resultado de doença

intercorrente, procedimento médico ou outra causa de mobilidade reduzida (SBACV,

2015).

A TVP é uma doença causada pela coagulação do sangue no interior das

veias profundas. Apesar dos estudos indicarem que é mais frequente nos membros

inferiores, também pode acometer a veia cava, as veias jugulares internas e os

membros superiores (FARHAT, et al., 2018).

Um dos principais fatores de risco para ocorrência da TVP é a imobilização. A

dor e o inchaço do membro acometido podem causar desconforto, porém são as

complicações associadas à TVP que causam maior preocupação. Agudamente, o

risco de parte de o coágulo desprender-se e migrar para o pulmão, fenômeno

conhecido como Tromboembolismo Pulmonar ou simplesmente Embolia Pulmonar, é

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40

o evento mais temido, já que, em casos mais graves, pode levar à morte (ZERATI,

2021).

Ainda segundo Farhat et al. (2018), a TEV é considerada a principal causa de

óbito evitável em ambiente hospitalar. Trata-se de uma doença comum em pacientes

hospitalizados, que pode aparecer como complicação de outras afecções clínicas ou

cirúrgicas, mas também pode ocorrer de forma espontânea em pessoas

aparentemente sadias.

Os sintomas da TVP, quando presente, podem consistir em dor, edema,

eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura,

empastamento muscular e dor à palpação.

Segundo Brandão, Sobreira e Rollo (2013) e SBACV (2015), alguns fatores

podem contribuir diretamente para a ocorrência da TVP, dentre eles podemos

destacar:

Idade;

Imobilidade ou mobilidade reduzida;

Longos períodos de internações hospitalares;

História prévia de trombose venosa;

História familiar de trombose venosa;

Presença de varizes de membros inferiores;

Obesidade;

Lesão na medula;

Traumatismos graves;

Uso de anticoncepcionais;

Gravidez;

Condições cirúrgicas e clínicas;

Alguns tipos de câncer e quimioterapia;

Viagens prolongadas em aviões e ônibus;

Condições congênitas e adquiridas;

Terapia de reposição hormonal;

Tabagismo; e,

Predisposição genética.

Vários autores como Brandão, Sobreira e Rollo (2013) e Tosone e Costanzo

(2012) recomendam que a anamnese e o exame físico para o diagnóstico da TVP

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sejam combinados com a realização de testes laboratoriais e exames de imagem

como: exame laboratorial, teste D-dímero (DD); e exames de diagnóstico de

imagens como: eco Doppler colorido (EDC), venografia/flebografia, tomografia

computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM).

Porém é muito importante lembrar que apesar da venografia com contraste

ser o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico de TVP, ele atualmente é

utilizado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico.

Principalmente devido às reações adversas ao contraste, além de ser desconfortável

para o paciente e contraindicado também para os pacientes com insuficiência renal

(SBACV, 2015).

O tratamento farmacológico na fase aguda é frequentemente tratado

inicialmente com um anticoagulante parenteral, como a heparina não fracionada ou

através da Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) injetável e pode ser

administrada uma ou duas vezes ao dia, em regime hospitalar ou domiciliar (LORGA

FILHO et al., 2013).

Após o período de gravidade da doença e de novas avaliações clínicas, os

pacientes, de acordo com a indicação médica, podem ser tratados em casa e

geralmente é recomendado o uso prolongado de anticoagulantes orais que podem

ser de três meses a um ano ou de acordo com a indicação médica. Além disso, é

indicado também o tratamento não farmacológico que consiste na utilização de

meias elásticas medicinais de compressão gradual, que pode ser por um período

indeterminado (ALMEIDA et al., 2021; SBACV, 2015).

2.3.5 Doença reumática cardíaca

A febre reumática, conhecida popularmente como reumatismo no sangue, é

uma complicação que pode surgir após um quadro de faringite causado pela

bactéria Streptococcus (SBR, 2011).

Segundo Figueiredo et al. (2019), o Brasil tem aproximadamente 30 mil casos

de febre reumática aguda (FRA) por ano. Um terço das cirurgias cardiovasculares

realizadas no país se deve às sequelas da DRC, que faz com que a doença seja um

problema de saúde pública. A DRC é uma das principais doenças não transmissíveis

em países de baixa e média renda e é responsável por até 1,4 milhões de mortes

anualmente (FIGUEIREDO et al., 2019).

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42

Tanto Figueiredo et al. (2019) como Longenecker (2019) alertam para as

taxas de mortalidade por FRA e DRC que, segundo levantamento de dados efetuado

através do Sistema de Informações Hospitalares no Brasil, aumentaram em 215% e

42,5%, respectivamente, de 1998 a 2016.

A DCR é uma doença que causa danos no músculo do coração e válvulas

cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas e está

associada a falta de saneamento básico. Segundo a OMS (2018), a doença afeta

quase que exclusivamente crianças de famílias pobres em países em

desenvolvimento como o Brasil.

Segundo a SBR (2011), a febre reumática é uma doença autoimune sistêmica

e inclui manifestações neurológicas, cardiovasculares, osteoarticulares e cutâneas.

A febre reumática é uma reação a uma infecção de garganta por uma bactéria

conhecida como estreptococo. Essa infecção de garganta é caracterizada

clinicamente por febre, dor de garganta, caroços no pescoço (gânglios aumentados)

e vermelhidão intensa, pontos vermelhos ou placas de pus na garganta (SBR, 2011).

Apesar de a febre reumática ser uma das doenças vasculares com maior

facilidade de prevenção, os casos não tratados podem evoluir para a cardiopatia

reumática que é resultante da faringite estreptocócica não tratada (SBR, 2011).

O tratamento é medicamentoso e é feito com a penicilina benzatina. Nos

casos de evolução para artrite o tratamento inclui anti-inflamatório não hormonal

como o ácido acetilsalicílico (AAS) e em alguns casos é necessário o uso de

corticoides.

O tratamento desta infecção inclui ainda investimentos em saúde por parte de

todos os governos que permitam acesso a cuidados de saúde de qualidade pelas

populações para evitar a transmissão da doença (OMS, 2018; SBR, 2011).

2.4 INFLUÊNCIA DA PANDEMIA DE COVID-19 NO AUMENTO DOS CASOS DE

MORTES POR DOENÇAS RELACIONADAS À HIPERTENSÃO ARTERIAL

No dia 31 de dezembro de 2019, a China notificou à OMS sobre a ocorrência

de um surto de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei (CRODA;

GARCIA, 2020).

Ainda em dezembro de 2019, estas mortes começaram a ser vinculadas a um

mercado atacadista de frutos do mar e a doença foi se propagando rapidamente

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43

pelo país, até que as autoridades chinesas confirmaram que se tratava de uma

mutação genética de um vírus já conhecido no mundo como corona vírus que causa

a síndrome respiratória aguda grave (SARS). A doença (2019-nCoV) ficou

conhecida como SARS-CoV-2 ou Covid-19, como menção ao ano de seu

surgimento, no final do ano de 2019.

No Brasil, o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no dia 26 de fevereiro

de 2020. No dia 3 de março o país já contabilizava 488 casos suspeitos notificados,

dois confirmados e 240 descartados, sem evidência de transmissão local. Os dois

primeiros casos confirmados foram de indivíduos do sexo masculino, residentes na

cidade de São Paulo, que haviam regressado de viagem à Itália (CRODA; GARCIA,

2020).

Desde o dia 11 de março de 2020, quando a OMS declarou o surto do corona

vírus como pandemia global, depois de constatados casos da doença confirmados

em mais de 160 países, estamos acompanhando uma explosão infindável de

informações e casos de mortes no mundo todo. A doença já é responsável pela

morte de 3,96 milhões de pessoas desde sua descoberta no final de 2019 até o fim

de junho de 2021 (JHU, 2021). No Brasil, até o dia 2 de julho de 2021, o número de

mortes já ultrapassava 520 mil vidas perdidas (BRASIL, 2021).

O avanço da pandemia no mundo mudou radicalmente o modo de vida de

todos os seres humanos e assim, como no resto do mundo, sobrecarregou todo o

sistema de saúde do país, seja particular ou SUS.

OPAS e OMS (2020) afirmavam que as complicações da Covid-19 ocorriam

principalmente em pessoas com fatores de risco, dentre os quais se destacavam a

HA, pessoas com comorbidades subjacentes, além de outros grupos de doenças

como:

Adultos mais idosos;

Fumantes;

Pessoas com obesidade;

Diabetes;

Doença cardiovascular;

Doença pulmonar obstrutiva crônica e asma;

Doença renal crônica;

Doença hepática crônica;

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44

Doença cerebrovascular; e,

Câncer e imunodeficiência.

Apesar de todas as campanhas nacionais e internacionais e do esforço

conjunto de todos os governos com relação às medidas de proteção para evitar o

contágio da doença e a sobrecarga dos serviços de saúde, infelizmente a realidade

brasileira se mostrou de forma catastrófica (BRANT et al., 2021).

Segundo o estudo realizado por pesquisadores de Minas Gerais (BRANT et

al., 2021) durante a pandemia de Covid-19, foi constatado o crescimento elevado de

mortalidade por doenças cardiovasculares enquanto que as hospitalizações por

eventos cardiovasculares agudos foram reduzidas. O estudo avaliou o excesso de

mortalidade cardiovascular durante a pandemia de Covid-19 em seis capitais

brasileiras e identificou que as mortes relacionadas a DC cresceram até 132% neste

período.

Na comparação entre março e maio de 2019 e no mesmo período de 2020, as

mortes por doenças cardiovasculares não especificadas, infartos e AVCs chegaram

a aumentar em 132% em Manaus, 126% em Belém, 87% em Fortaleza, 71% em

Recife, 38% no Rio de Janeiro e 31% em São Paulo.

Segundo os pesquisadores, o aumento do número de mortes registrados

junto aos Cartórios de Registro Civil e a diminuição dos atendimentos relacionados a

doenças cardiovasculares pelas unidades de saúde, provavelmente tem a ver com a

baixa taxa de exames diagnósticos de Covid-19 realizados e a falta de um

diagnóstico preciso, uma situação comum quando o óbito acontece fora do ambiente

hospitalar (BRANT et al., 2021).

De acordo com o atual ministro da saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga,

presidente da SBC, desde o início da pandemia as pessoas pararam de procurar

atendimento médico por medo de contrair o vírus no hospital ou no trajeto, bem

como o colapso no sistema de saúde de várias cidades atendidas pelo SUS também

pode ter contribuído para a falta de assistência dos pacientes.

É importante lembrar que em vários estados brasileiros, as consultas eletivas

e de acompanhamento de rotinas foram suspensas devido às medidas de

isolamento social, a atuação exclusiva de alguns hospitais para o enfrentamento da

Covid-19, a falta de insumos necessários para as cirurgias entre outras medidas o

que pode ter ocasionado a falta de diagnóstico preciso para muitos pacientes que

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perderam a vida por falta de tratamento adequado (BORGES et al., 2020;

ESTRELA, et al., 2020).

2.5 MÉTODOS DE AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

Existem dois métodos de aferição da pressão arterial: o direto e o indireto. O

método direto fornece a pressão direta ou intra-arterial, porém como o próprio nome

informa por se tratar de um método invasivo que apresenta riscos significativos como

dor, espasmo, oclusão e sangramento, vários autores consideram que esta técnica

não seja a mais prática ou apropriada para medidas repetidas da PA em indivíduos

assintomáticos e não hospitalizados. Sendo assim, este método é reservado a

situações específicas (POLITO; FARINATTI, 2003).

Já o método de medição da pressão arterial indireto é realizado por meio da

técnica auscultatória com estetoscópio ou pelo método oscilométrico. A medida da

pressão arterial pelo método indireto com técnica auscultatória é o procedimento

mais utilizado na prática clínica para o diagnóstico da hipertensão arterial e

avaliação da eficácia do tratamento (BARROSO et al., 2021). O aparelho usado para

medir a pressão arterial é conhecido como esfigmomanômetro.

2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS APARELHOS PARA MEDIR A PRESSÃO

ARTERIAL

Basicamente os esfigmomanômetros utilizados para medir a pressão arterial

são classificados em três tipos, sendo eles: esfigmomanômetro de mercúrio,

aparelho de pressão manual e o aparelho de pressão digital, que podem ser

automáticos e semiautomáticos. A diferença entre eles está no fato de que com o

esfigmomanômetro mecânico manual, o paciente precisa da ajuda de outra pessoa

para medir a pressão e também de um estetoscópio para medir as batidas do

coração. Já com os aparelhos digitais, qualquer pessoa pode fazer a medida da

pressão arterial sozinha, já que estes não necessitam de estetoscópio. O uso de

aparelhos automáticos tem aumentado nos últimos anos, uma vez que os mesmos

permitem a aferição residencial da PA (COLARES et al., 2009).

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46

2.6.1 Esfigmomanômetro mecânico de coluna de mercúrio

Até o dia 1º de janeiro de 2019, a pressão arterial ou pressão sanguínea era

medida em mmHg, já que o manômetro de mercúrio vinha sendo utilizado como

referência padrão ouro para a medida da pressão arterial desde sua invenção em

1846 por Poiseuille (GUYTON; HALL, 2017).

O instrumento é composto por uma pera insufladora, uma régua graduada em

mmHg conjugada com um tubo oco contendo mercúrio, uma caixa de

acondicionamento que funciona como suporte e o estetoscópio. Este instrumento

utilizava o método da ausculta para a medição da pressão arterial (Figura 4).

Figura 4 - Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio

Fonte: Tudo Sobre Hipertensão (2020)

Porém, a partir do dia 1º de janeiro de 2019, a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA, 2017) proibiu a fabricação, a importação e a comercialização de

termômetros e de esfigmomanômetros que utilizam mercúrio para diagnosticar febre

ou hipertensão, respectivamente. Esta medida foi tomada considerando o impacto

da contaminação do mercúrio ao meio ambiente e consequentemente aos riscos

desta contaminação a saúde humana.

O mercúrio é um dos metais mais tóxicos da crosta terrestre, que traz sérios

riscos de contaminação ao meio ambiente. A poluição da água, do ar e do solo

implica na saúde humana que ao ingerir ou inspirar o metal pode desenvolver

toxidade nos rins, sistema nervoso e sistema cardiovascular.

Devido à substituição dos manômetros de mercúrio, a opção para o controle

dos níveis de pressão é a utilização do esfigmomanômetro aneroide manual com

estetoscópio e o uso de aparelhos automáticos que vem se tornando cada vez mais

popular.

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47

2.6.2 Esfigmomanômetro aneroide manual com estetoscópio

Os esfigmomanômetros aneroides são neste momento vistos como o principal

substituto aos esfigmomanômetros de mercúrio, pois a única diferença está na forma

de medir a pressão. A coluna de mercúrio é neste caso substituída por um

manômetro.

Atualmente o esfigmomanômetro aneroide manual com estetoscópio é o mais

utilizado na prática clínica (método auscultatório).

Os aparelhos de pressão manuais ou analógicos são aqueles que vêm com

um leitor de ponteiro. Também conhecido como aparelho analógico ou mecânico,

esse modelo de equipamento costuma ser apontado como o mais preciso pelos

especialistas.

Estes aparelhos analógicos são mais recomendados para profissionais de

saúde treinados para o uso, já que necessitam do auxílio de um estetoscópio para a

leitura correta. O estetoscópio é o instrumento que amplifica os sons e os transmite

até os ouvidos do operador.

Os aparelhos de pressão são compostos por: manômetro, pera, válvula e

manguito. Para a correta medição é necessário um estetoscópio adequado para a

idade e um esfigmomanômetro com braçadeira adequada conforme a circunferência

do braço.

Pacientes obesos podem precisar de um aparelho com uma braçadeira maior.

Pacientes com grandes braços, com mais de 45cm de circunferência podem exigir

que a pressão arterial seja medida no antebraço e não no braço.

A escolha adequada do manguito em relação ao tamanho da circunferência

braquial é um dos aspectos determinantes para a acurácia da medida da PA. A

utilização do manguito inadequado pode levar à imprecisão ou resultados

equivocados para mais ou para menos. A Figura 5 apresenta os equipamentos para

a medição da pressão arterial.

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48

Figura 5 - Esfigmomanômetro aneroide com estetoscópio

Fonte: Pinheiro (2021)

Para medir a pressão arterial com um esfigmomanômetro comum, os passos

são:

O paciente deve ser colocado sentado, com ambos os pés encostados no

chão e com as costas retas, apoiadas no encosto da cadeira;

Os braços devem ficar esticados, apoiados em uma mesa, mais ou menos

na mesma altura do coração;

Colocar a braçadeira ao redor do braço do paciente (de preferência o

esquerdo), ficando a mesma cerca de 2cm acima da fossa cubital (dobra

do braço);

Palpar a artéria braquial logo abaixo da fossa cubital e colocar o diafragma

do estetoscópio em cima desta;

Com o estetoscópio ao ouvido, começar a inflar a braçadeira;

A partir de certo momento, poderá ser ouvida a pulsação da artéria;

Continuar inflando até o som do pulso desaparecer;

Começar a esvaziar a braçadeira de forma bem lenta. Quando o som do

pulso reaparecer, verificar o valor que o aparelho está mostrando.

Este valor é a pressão sistólica, chamada popularmente de pressão

máxima;

Continuar desinsuflando a braçadeira;

Quando o som do pulso desaparecer de vez, verificar o valor que o

aparelho está mostrando; e,

Este valor se refere à pressão diastólica, chamada popularmente de

pressão mínima.

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49

É importante sempre repetir pelo menos uma vez a medida da pressão

arterial, com intervalo em torno de um minuto entre cada aferição. Se as duas

medidas forem muito diferentes entre si, é importante realizar novas aferições.

Os resultados obtidos por meio dos aparelhos de pressão aneroides

(analógicos de ponteiro) são válidos e confiáveis desde que o aparelho esteja

devidamente calibrado.

A calibração dos aparelhos de pressão deve ser realizada a cada seis meses

ou menos. Essa calibração é feita comparando seu resultado com o de um aparelho

de coluna de mercúrio.

2.6.3 Esfigmomanômetro digital automático e semiautomático

Os aparelhos de pressão automáticos e digitais ganharam popularidade no

final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Sua grande vantagem é permitir que o

paciente pudesse medir a própria pressão arterial várias vezes por dia, sem

necessitar da ajuda de outras pessoas.

Os aparelhos de pressão arterial digital utilizam medições de oscilações e

cálculos eletrônicos ao invés de auscultação e são os mais indicados para a

Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA).

O aparelho de pressão arterial digital mede a pressão sistólica e diastólica

oscilométrica, medindo com precisão a pressão arterial e a frequência do pulso.

Vale ressaltar que é muito importante que este tipo de aparelho esteja

calibrado de maneira correta. A Figura 6 apresenta um aparelho de pressão digital

de braço (A) e de punho (B).

Figura 6 - Aparelho de pressão digital, (A) braço e (B) punho

Fonte: Accumed-Glicomed (2021)

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50

A aferição da PA por meio dos aparelhos automáticos ou digitais é uma tarefa

muito simples, basta colocar o aparelho e apertar um botão que faz com que ele

inicie a medição. Mesmo nestes aparelhos é necessário que a pessoa mantenha

uma postura correta de acordo com o manual. A diferença entre um aparelho digital

automático e o semiautomático é que o segundo possui a pera insufladora.

É importante também que seja observado se o aparelho possui o selo do

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e se o mesmo

foi aprovado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para verificar se o seu

medidor de pressão é validado, o mesmo deve possuir o selo de aprovação da

ANVISA, com código destacado em uma etiqueta no aparelho. Assim como a

indicação de postura correta para medir os valores da PA nos aparelhos manuais,

no caso dos aparelhos digitais essa recomendação também é necessária.

Para medir a pressão, o paciente deve estar sentado, mantendo o braço

esticado e apoiado sobre uma mesa, um balcão ou outra superfície plana. Essa

orientação vale tanto para os aparelhos manuais quanto os digitais. Observar se a

braçadeira possui o tamanho adequado, pois uma braçadeira muito larga ou

excessivamente apertada pode interferir nos resultados.

Em qualquer um dos casos é muito importante ressaltar que ao verificar

qualquer alteração nos valores da pressão arterial os pacientes jamais devem

automedicar-se ou realizar qualquer tipo de tratamento sem acompanhamento

profissional.

A automedicação pode trazer diversos prejuízos à saúde, além de correr o

risco de piorar doenças e outros quadros clínicos que poderiam ser estabilizados

com o tratamento adequado. Por isso, ao observar qualquer anormalidade, é

imprescindível que as pessoas procurem por atendimento médico.

2.7 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Os processos tecnológicos denominados como tecnologias da informação e

comunicação (TICs) se referem a que contextualiza o papel da comunicação na

moderna tecnologia da informação. Entende-se que TICs são todos os meios

técnicos usados para tratar a informação e auxiliar na comunicação, o que inclui o

hardware de computadores, rede e tele móveis. TIC pode ser definida como um

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51

conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo

comum (SOUZA, 2010).

Essa ferramenta está presente no nosso cotidiano de várias maneiras, como:

na indústria e comércio (processos de gerenciamento, publicidade e gestão), nos

setores de investimento e comunicação, bem como na educação (no processo de

ensino aprendizagem, na Educação a Distância (EAD)), nos setores financeiros,

como bancos digitais e outros serviços e na saúde por meio de diversos aplicativos

de monitoramento e acompanhamento (SOUZA, 2010).

Inovação tecnológica de processo é a adoção de métodos de produção novos

ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos. Tais

métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da

produção ou uma combinação dessas mudanças e pode derivar do uso de novo

conhecimento.

Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos

tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou

entregues com os métodos convencionais de produção ou pretender aumentar a

produção ou eficiência na entrega de produtos existentes.

Através da internet, novos sistemas de comunicação e informação foram

criados, formando uma verdadeira rede. Criações como o e-mail, o chat, os fóruns, a

agenda de grupo online, comunidades virtuais, webcam, entre outros,

revolucionaram os relacionamentos humanos.

2.7.1 Tecnologia em saúde

Tecnologias em saúde são os medicamentos, equipamentos, procedimentos

e os sistemas organizacionais e de suporte dentre os quais os cuidados com a

saúde são oferecidos. O Brasil utiliza o conceito de saúde digital, apresentado na

estratégia nacional de eSaúde elaborado em conjunto pela OMS e União

Internacional das Telecomunicações (UIT). O termo eSaúde é utilizado todos os

países que desejam organizar suas estruturas de saúde (NOVOA; NETTO, 2019).

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2017), o termo “saúde digital” está

relacionado à utilização dos recursos de TIC objetivando produzir e disponibilizar

informações confiáveis, sobre o estado de saúde para quem precisa no momento

que precisa. Ainda, segundo o mesmo documento (Ibid.), o termo “saúde digital” é

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52

considerado mais abrangente do que e-Saúde e incorpora os recentes avanços na

tecnologia como novos conceitos, aplicações de redes sociais, internet das coisas

(IoT, sigla em inglês), inteligência artificial (IA), entre outros.

A OMS define eSaúde (saúde digital) como a utilização de tecnologias de

informação e comunicação (TIC) para fins de saúde através da utilização de meios

eletrônicos destinados ao fornecimento de informações, recursos e serviços

relacionados à saúde. Como exemplo destes domínios, podemos citar os registros

eletrônicos de saúde, aplicativos móveis de saúde, big data, entre outros (OMS,

2012).

Segundo a OMS (Ibid.), saúde digital é o campo do conhecimento e prática

associado com qualquer aspecto de adoção de tecnologia digital para melhorar a

saúde, desde o início até a operação.

De acordo com a OMS (2012), a área de saúde digital é dinâmica e progride

rapidamente e dessa forma recebeu nomes como eSaúde, Informática Médica,

Informática em Saúde, Telemedicina, Telessaúde e mSaúde de acordo com as TICs

disponíveis para as áreas de saúde, assistência médica e bem-estar.

Neste sentido a OMS destaca:

Em um mundo cada vez mais digital, impelido pelos avanços tecnológicos, investimento econômico e mudanças sociais e culturais, existe um crescente reconhecimento de que, inevitavelmente, o setor da saúde deve integrar as TIC no seu modo de fazer negócios. Tal aplica-se, quer o objetivo seja o de chegar a todos os cidadãos com cuidados seguros, equitativos e de alta qualidade, quer seja o de cumprir obrigações de investigação, relato e ação humanitária na área da saúde pública. (OMS, 2012)

OMS e UIT (2012) exemplificam os impactos das tecnologias eSaúde na vida

dos cidadãos que giram em torno de:

a) Possibilitar os cuidados personalizados em todo o sistema de saúde e ao

longo da vida;

b) Disponibilizar os cuidados de saúde em casa, no trabalho ou na escola,

não apenas nos hospitais, clínicas e instituições de saúde;

c) Concentrarem-se na prevenção, na educação e na autogestão da saúde

pelos usuários; e,

d) Facilitar o contato com pares para aconselhamento e apoio.

Após um estudo para avaliar a precisão de aplicativos de smartphone para

medição de frequência cardíaca, Coppetti et al. (2017) afirmam que:

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53

O uso generalizado de smartphones, a expansão da conectividade de banda larga móvel e o surgimento de novas tecnologias de saúde móvel resultarão em um aumento da coleta (e transmissão) de dados individualizados relacionados à saúde. (COPPETTI et al., 2017)

Ainda segundo os mesmos autores, o potencial da expansão desta alta

conectividade para aumentar o envolvimento do paciente, para reduzir os custos de

saúde e para melhorar os resultados no acompanhamento da saúde é notável. No

entanto, o mesmo reconhece que estabelecer dados de saúde digitais confiáveis e

clinicamente significativos ainda se configura como um problema (COPPETTI et al.,

2017).

2.7.2 Descrição do aplicativo iCare Health Monitor

Aplicativos móveis de saúde, também conhecidos como mHealth (do inglês

mobile health), têm como objetivo melhorar a saúde dos pacientes por meio de

várias funcionalidades, incluindo a interação entre médicos e pacientes. O termo

apps, abreviação de “aplicativos”, corresponde a um tipo de software ou programa

ou plataforma digital com a finalidade de atender algo especifico e que na maioria

das vezes é desenvolvido para ser utilizado em diversos dispositivos móveis, como

smartphones, tablets e alguns dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes

(KAO; LIEBOVITZ, 2017).

Autores como Kao e Liebovitz (2017) informam que já existe na internet mais

de 165 mil aplicativos móveis de saúde disponíveis gratuitamente nas principais

lojas de aplicativos, e a grande maioria deles são voltados para pacientes.

Existe disponível na internet uma infinidade de aplicativos que prometem

fazer a medição ou o acompanhamento da pressão arterial. Em uma busca simples

utilizando o descritor em português “aplicativos que medem a pressão arterial”, é

possível encontrar diversos deles. Uma representação da quantidade de sites com

esta informação está na Figura 7, que apresenta a percepção dos participantes com

relação às mensagens visuais e a capacidade de compreensão individual dos

pontos principais.

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Figura 7 - Percepção dos participantes

Fonte: Google Play (2021)

A escolha do aplicativo iCare Health Monitor se deu a partir da informação

obtida na internet que configura este aplicativo como o mais adquirido para auto

monitoramento de variáveis como PA, saturação de oxigênio e frequência cardíaca.

Esta informação de referência de aplicativos de saúde é relativa ao descritor

de busca, que se faz da seguinte forma: utilizando como base o descritor “blood

pressure” ou “aplicativo para medir a pressão arterial” no navegador de dowloads no

celular, os resultados são apresentados de acordo com os aplicativos mais

baixados.

Com base nas informações retiradas dos sites originais de cada aplicativo e

demonstradas na Tabela 2, os números revelam que os primeiros oito aplicativos

pesquisados e listados já foram baixados por mais de 500 mil pessoas, cada um

deles só no Brasil. Esse número de acesso nos mostra à proporção que estes

aplicativos têm alcançado e o quanto ter mais informações acerca da funcionalidade,

eficácia e segurança deste tipo de serviço é importante.

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55

Além do número de visualizações, a Tabela 2 também traz as informações

referentes a avaliação dos usuários, o sistema de compatibilidade do aplicativo e a

forma de medição da pressão. O iCare Health Monitor é um aplicativo de celular

voltado para o monitoramento da saúde. Dados disponibilizados pelo fabricante e

disponíveis na internet informam que este aplicativo pode fornecer as seguintes

informações de saúde:

A pressão sanguínea;

A frequência cardíaca;

A viscosidade do sangue;

A visão;

A audição;

A capacidade pulmonar;

O índice mental; e,

A cegueira e outros dados físicos dos usuários de celular.

Tabela 2 - Os dez aplicativos com mais download

Aplicativo Downloads

(x1.000) Avaliação

dos usuários

Compatibilidade de sistema operacional

Forma de medição

iCare Health Monitor 500 4,0 Android e iOS Flash na câmera principal

SmartBP 500 3,5 Android e iOS Flash na câmera principal

Pressure Control Lehreer 500 4,4 Todos Flash na câmera principal

Blood Pressure (Bpresso) 500 4,3 Android e iOS Flash na câmera principal

Blood Pressure Average 500 4,1 Todos Flash na câmera principal

Blood Pressure Diary 500 4,6 Todos Flash na câmera principal

Health & Blood Pressure Recorder AK HUB

500 4,6 Todos Flash na câmera principal

Blood Pressure mEL Saúde 500 4,0 Todos Leitura digital de dedos na tela

Blood Pressure Analyzation 100 4,0 Todos Leitura digital de dedos na tela

Medical Health Comics 100 4,0 Todos Leitura digital de dedos na tela

Blood Pressure Checker Diary

100 3,2 Todos Leitura digital de dedos na tela

Fonte: elaborado pela autora

Com relação à monitoração da pressão arterial, o aplicativo recebe um pulso

de onda do sinal através do componente fotoelétrico do celular, mostrando a

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frequência cardíaca, pressão arterial, níveis de lipídios e oxigênio no sangue, bem

como outros parâmetros físicos por meio de análise da onda de pulso.

Para baixar um aplicativo no celular é preciso ter instalado no aparelho um

programa conhecido como Google Play, que é basicamente um serviço de

distribuição digital de aplicativos, jogos, filmes, programas de televisão, músicas e

livros, desenvolvido e operado pela Google.

As aplicações do Google Play estão disponíveis gratuitamente ou a um baixo

custo. O conteúdo pode ser baixado diretamente de um dispositivo com o sistema

Android ou em um computador pessoal através do site do Google Play.

Estas aplicações podem ser direcionadas para usuários com base em um

atributo particular de hardware de seu dispositivo, como um sensor de movimento

(para os movimentos dependentes de jogos) ou uma câmera frontal (para chamadas

de vídeo online).

O Google Play foi lançado em 6 de março de 2012, unificando as marcas

Android Market, Google Music e a Google eBookstore, sob uma única marca,

modificando a estratégia da Google em relação a distribuição de conteúdo digital.

A disposição das informações dos aplicativos é mostrada no visor do celular

de acordo com o número de downloads de cada aplicativo, ou seja, quanto maior o

número de downloads do aplicativo, mais visível ele ficará para as novas consultas.

A partir do momento que o usuário escolhe o aplicativo para medir a pressão

arterial, basta clicar na opção “baixar programa”. O tempo para um programa ser

baixado no celular depende do tamanho do programa que é medido em mega bites

(MB) e do sistema operacional que o usuário tem em seu celular, mas geralmente é

um processo muito rápido e fácil que não ultrapassa mais de 5 minutos. Depois do

programa baixado no celular, a utilização do serviço passa ser imediata e o

interessado pode medir a pressão arterial a qualquer momento.

A utilização destes aplicativos é geralmente muito fácil, já que na maioria

deles a medição da pressão arterial é feita por meio do flash da câmera principal. A

Figura 8 mostra as etapas da medição da pressão arterial por meio do aplicativo

instalado em um celular. A pessoa coloca o dedo na câmera e o aplicativo recebe

um pulso de onda do sinal através do componente fotoelétrico.

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Figura 8 - Telas de serviço do aplicativo

Fonte: elaborado pela autora

As medidas aferidas da pressão arterial são mostradas no visor do celular de

forma digital, ou seja, não sendo necessário nenhum tipo de interpretação pelo

usuário, mostrando os números de pressão sistólica e diastólica.

2.7.3 Apresentação do medidor de pressão automático de punho Omrom HEM-

6124

O HEM-6124 é um monitor de pressão arterial de pulso automático não

invasivo. Sua finalidade de uso é a medição da pressão arterial por meio do método

oscilométrico. Também informa os batimentos cardíacos em pacientes adultos com

circunferência de pulso variando de 13,5cm a 21,5cm.

O equipamento detecta o surgimento de batidas irregulares do coração

durante a medição e fornece um sinal de advertência com a leitura. O mesmo é

devidamente autorizado e registrado pela ANVISA e possui o selo de inspeção do

Inmetro.

O equipamento demonstrado na Figura 9 conta com sensor de

posicionamento, que ajuda na hora de guiar o pulso até a altura do coração. Assim,

segundo o fabricante, é possível obter medidas mais precisas e corretas. As

características e especificações técnicas deste modelo estão apresentadas no

manual do fabricante.

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58

Figura 9 - Monitor de PA de Pulso Omron Control HEM-6124

Fonte: OMRON HEALTHCARE BRASIL (2021)

Além dessas informações, o site do produto ainda informa que o aparelho

possui as seguintes características:

Detector de batimentos irregulares;

Detector de movimento corporal;

Estojo de armazenamento;

Memória/monitores; pode armazenar até 30 medidas;

Monitores/tipo: monitor de pressão arterial de pulso;

Sincronização de pulsação;

Tecnologia intellisense: tecnologia exclusiva Omron que infla o manguito de

acordo com cada pessoa, proporcionando muito mais conforto e precisão

nos resultados e

Braçadeira universal: a braçadeira padrão Omron é confortável, fácil de

usar e projetada para ajustar-se a braços com uma circunferência média e

grande (22cm a 42cm).

2.8 COMO AS CARTILHAS EDUCATIVAS PODEM CONTRIBUIR PARA A

PREVENÇÃO E CONTROLE DO AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL DA

POPULAÇÃO

A I Conferência Internacional Sobre Promoção da Saúde, realizada no

Canadá em 1986, já afirmava que a promoção da saúde era uma responsabilidade

múltipla, que envolvia, além de ações governamentais, a capacitação e o

desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, além de parcerias na

definição de prioridades, planejamento e implementação de estratégias para

promover a saúde e o bem estar da população (OMS, 1986).

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Neste sentido, esta discussão vai ao encontro das preocupações da OMS

para o enfrentamento e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, já que

as DCNT têm em comum fator de risco modificáveis como: o tabagismo, o consumo

de álcool, inatividade física, alimentação não saudável e obesidade (OMS, 2011).

Segundo a carta de intenções apresentada na I Conferência Internacional de

Promoção da Saúde destacaram que:

Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (OMS,1986, p. 1)

Diante desta afirmação e de todas as informações prestadas até aqui, no

contexto das doenças relacionadas direta ou indiretamente ao aumento dos níveis

pressóricos da pressão arterial, foi possível verificar que esta condição, apesar de se

mostrar em alguns casos como uma condição genética, é possível ser evitada

principalmente através de mudança de estilo de vida, ou seja, pode ser um fator

modificável.

Neste contexto, vários autores acreditam que o auto cuidado possa ter um

papel importante para a identificação precoce da doença e ainda como forma de

prevenção da mesma. Este enfrentamento pode ser realizado principalmente por

meio da informação da população sobre os fatores de risco e as formas de

prevenção destas doenças.

Autores como Malta, Morais Neto e Silva Junior (2011) enfatizam que, apesar

do rápido crescimento das DCNT, o impacto da doença na população pode ser

revertido por meio de intervenções amplas que sejam efetivas e que promovam a

saúde, contribuindo para a redução dos fatores de risco, e pela melhoria da atenção

à saúde, detecção precoce e tratamento oportuno.

O plano de enfrentamento de DCNT do governo federal reafirma a

necessidade da mobilização da sociedade civil, dos conselhos de saúde, das

comissões sociais, ONG e setor privado na causa. Os especialistas acreditam e

destacam no documento que as instituições e grupos da sociedade civil são

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60

importantes na conscientização para a prevenção e o controle de DCNT (BRASIL,

,2011).

Sendo assim, as campanhas educativas podem contribuir para o controle e a

prevenção das doenças cardiovasculares por meio da educação.

Brasil (2012) define educação na saúde como: produção e sistematização de

conhecimentos relativos à formação e ao desenvolvimento para a atuação em

saúde, envolvendo práticas de ensino, diretrizes didáticas e orientação curricular.

Ainda, o mesmo documento define educação popular em saúde como sendo:

Ações educativas que têm como objetivo promover, na sociedade civil, a educação

em saúde, mediante inclusão social e promoção da autonomia das populações na

participação em saúde (BRASIL, 2012). Por fim, define:

Educação em saúde o processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população e não à profissionalização ou à carreira na saúde. Bem como um conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção à saúde de acordo com suas necessidades. (BRASIL, 2012, p.19)

De acordo com Sá (2019), em um estudo realizado para verificar a eficácia de

uma cartilha de orientação sobre segurança do pacientes em tratamento dentro das

instituições, a concepção de tecnologias de cuidados educacionais tem por

finalidade auxiliar os pacientes de forma assistencial por meio dos métodos

tecnológicos e educativos e pode também ser utilizada em programas de atenção,

prevenção e cuidado a saúde da população. Segundo a autora:

A educação do paciente e o autogerenciamento do seu cuidado são componentes essenciais da educação em saúde. Esses permitem que os pacientes sejam participantes ativos na tomada de decisões que afetam seus cuidados de saúde, melhorando a segurança dos mesmos e os resultados dos cuidados. Autogestão e educação do paciente previnem complicações de saúde e reduzem eventos adversos. (SÁ, 2019, p.,21)

Ximenes et al. (2019) acreditam que durante o processo de educação em

saúde, os profissionais podem utilizar materiais educativos impressos como

cartilhas, folders, revistas, informativos e outros, que contenham as informações de

forma organizada e ainda que apresentem ilustrações que contemplem o dia a dia

da população a ser atendida e que favoreçam a compreensão do leitor quanto às

orientações repassadas (XIMENES et al., 2019).

Siddharthan et al. (2016) destacam ainda que, dentre estes materiais

impressos, o desenvolvimento e distribuição de material em forma de cartilha é um

instrumento útil para descrição de assuntos relacionados à saúde e como recurso

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61

viável de utilização por conta do baixo custo e da praticidade da divulgação no

âmbito hospitalar.

Sendo assim, autores como Moreira, Nóbrega e Silva (2003) acreditam que

seja possível afirmar que, no delineamento da educação em saúde para a

população, as cartilhas educativas podem se constituir como uma ferramenta útil e

acessível de fácil compreensão, podendo atingir de forma clara diversos públicos,

não só dentro do âmbito de saúde, mas também fora dele (MOREIRA; NÓBREGA;

SILVA, 2003).

A confecção e distribuição da cartilha da hipertensão contendo as principais

informações abordadas neste trabalho consistem em uma forma ilustrativa e didática

de proporcionar à sociedade, conhecimento sobre a hipertensão arterial, bem como

as causas, o tratamento e as formas de prevenção da mesma.

É importante lembrar que a cartilha não substitui de forma nenhuma a

necessidade de acompanhamento médico, é apenas mais uma ferramenta com o

intuito de levar a informação para o maior número de pessoas.

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62

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo prospectivo transversal,

observacional, comparativo quantitativo de caráter descritivo e exploratório que foi

realizado em três etapas, ou seja, aplicação de questionário de levantamento de

informações, coleta das medidas de pressão arterial aferidas em aplicativos digitais

instalados no aparelho de celular e por meio do esfigmomanômetro eletrônico digital

de punho e por último, aplicação do questionário para validar a cartilha (material

educativo).

3.1 PROCEDIMENTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa

(CEP) envolvendo seres humanos da UTFPR, aprovado conforme o Parecer

Consubstanciado nº 4.192.653, em 4 de agosto de 2020 (Anexo A), e pelo Comitê

de Ética do Hospital IPO (Anexo B), conforme Parecer Consubstanciado nº

4.299.564, em 25 de setembro de 2020.

A pesquisa recebeu autorização de uma instituição de saúde, onde foram

selecionados parte dos participantes da pesquisa para realizar as medições da

pressão arterial dos trabalhadores desta instituição (Apêndices B e C), bem como

aplicação de questionários.

Os demais participantes da pesquisa foram selecionados por meio do contato

pessoal e de redes sociais. Todos os participantes da pesquisa assinaram o TCLE

(Apêndice A).

3.2 AMOSTRA E LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA APROVADOS

3.2.1 Etapa de aplicação de questionários

Foram convidados a participar da primeira intervenção, funcionários e

profissionais terceirizados (Grupo A) de uma instituição de saúde (IS) em Curitiba na

qual a pesquisadora trabalha, tendo os contatos dos participantes disponibilizados

pela Instituição de Saúde e por meio de contatos pessoais.

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63

Os demais participantes foram recrutados por meio do processo “Bola de

Neve” que é uma técnica de amostragem não probabilística onde os participantes

indicados por meio do contato pessoal da pesquisadora (rede social, telefones e e-

mails) para serem estudados, convidam novos participantes da sua rede de amigos

e conhecidos (Grupo B) e ainda professores e profissionais da área de Arquitetura e

Design (Grupo C) por meio de e-mail disponível na página do curso de Design da

UTFPR, bem como por contato pessoal.

3.2.2 Critérios de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão

Grupo A e B: pessoas maiores de 18 anos completos, de ambos os sexos

com ou sem histórico de hipertensão.

Grupo C: professores do curso de Design da UTFPR, de ambos os sexos.

Critérios de exclusão

Grupo A e B: pessoas com deficiência visual e/ou deficiência motora nos

membros superiores, em função da forma de aplicação dos instrumentos de coleta

de dados.

Grupo C: professores que estiverem em período de férias.

3.2.3 Etapa de medição da pressão arterial

Foram convidados a fazer parte desta etapa todos os funcionários da

instituição de saúde de todos os setores incluindo os funcionários terceirizados,

maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico conhecido de hipertensão

ou não.

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Critérios de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão: pessoas maiores de 18 anos completos que possuam

disponibilidade para comparecer no ambulatório do hospital para aferição da

pressão arterial e preenchimento do questionário de saúde.

Critérios de exclusão: não há critérios de exclusão para a participação neste

estudo.

3.3 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE I

3.3.1 Caracterização da amostra da fase I

Os participantes desta etapa da pesquisa foram recrutados por meio do

processo “bola de neve” que é uma técnica de amostragem não probabilística onde

os participantes são inicialmente indicados por meio do contato pessoal da

pesquisadora (rede social, telefones e e-mails) que por sua vez indicam novos

participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto.

Os questionários foram encaminhados no período de julho a agosto de 2020,

utilizando o formulário Google Forms.

Critérios de inclusão da amostra da fase I;

Adultos maiores de 18 anos com histórico de hipertensão conhecido ou

não;

Critérios de exclusão da amostra fase I; e,

Não se aplicou critério de exclusão nesta fase.

3.3.2 Aplicação de questionário

Devido ao estado de emergência decretado pelos órgãos de saúde, em

função da pandemia de Covid-19 (SARS-CoV-2) e com as regras de distanciamento

sociais impostas à população, esta etapa foi realizada utilizando de um formulário

online, sem contato físico com os participantes desta pesquisa.

Esta etapa do trabalho configurou-se na aplicação de um questionário de

levantamento de informações relativas à percepção da saúde dos participantes, bem

Page 65: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

65

como hábitos alimentares, doenças pré-existentes, rotinas de atividade física, entre

outras questões relevantes para a compreensão do estado de saúde dos mesmos.

O questionário com 73 questões foi feito a partir da plataforma Google Forms

e encaminhado de forma totalmente online por meio do telefone celular ou e-mail do

participante da pesquisa, após o mesmo ter lido e concordado com o TCLE que teve

a possibilidade de ser impresso pelo participante no início do estudo.

O questionário utilizado continha questões fechadas, nas quais os

participantes da pesquisa deveriam marcar com um X a opção desejada. Em alguns

poucos casos houve a necessidade de complementação escrita.

As questões foram devidamente classificadas como: Identificação (11

questões); Informações Alimentares (10 questões); Informações de Rotina de Vida

(seis questões); Percepção de Saúde (cinco questões); Anamnese Clínica

(percepção do participante da pesquisa) (32 questões); Informações de Atividade

Física (três questões); e Questionamento Geral (seis questões).

O participante da pesquisa foi orientado a responder o questionário em local

seguro, preferencialmente em sua casa ou local de trabalho se esta opção fosse

viável. O tempo estimado para responder as questões foi em média de 20 minutos.

Este questionário seguiu o instrumento Suitability Assessment of Materials

(SAM) (SOUSA; TURRINI; POVEDA, 2015) com adaptações efetuadas pela

pesquisadora. Os conhecimentos também foram aprofundados por uma revisão de

literatura por meio de levantamento bibliográfico realizado nas plataformas e sites de

saúde e educação, como os sites oficiais do governo e entidades internacionais,

entre elas: OPAS, ANVISA e SBC, além de pesquisa de artigos publicados nos sites

de busca: SciELO, Google Acadêmico, Periódicos CAPES, PubMed, Science.gov e

revistas científicas relacionadas a área.

3.4 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE II

3.4.1 Caracterização da amostra da fase II

Foram convidados a fazer parte desta etapa da pesquisa todos os

funcionários e médicos da instituição, maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com

diagnóstico conhecido de hipertensão ou não.

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66

3.4.2 Aferição da pressão

Esta etapa do estudo também teve que ser adaptada devido ao agravamento

da pandemia de Covid-19 (SARS-CoV-2), configurando-se pela medição da pressão

arterial dos participantes voluntários.

A pesquisa foi realizada no ambulatório do hospital e foi acompanhado além

da pesquisadora, por uma técnica de enfermagem devidamente qualificada para

fazer a aferição da pressão arterial.

A Fase II foi efetuada em três etapas, a saber: assinatura do TCLE, aferição

da pressão realizada no aplicativo de celular e medição da pressão arterial feita com

o aparelho de pressão digital de punho.

A primeira medição foi feita pelo próprio participante por meio do aplicativo

baixado previamente no celular (equipamento exclusivo para a pesquisa). Para

medidas realizadas com aplicativo, foram seguidas as instruções disponíveis na tela

do telefone celular no momento da avaliação.

Estas leituras obtidas pelo aplicativo foram realizadas em dispositivo

Smartphone Moto G7 Play, tamanho da tela 5,7 polegadas com utilização do

sistema operacional Android.

A partir desta medição, os participantes aguardaram em repouso por pelo

menos cinco minutos para poder fazer a outra medição. A segunda aferição foi

realizada pela técnica de enfermagem da equipe, habilitada, com conhecimento

técnico para tal atividade.

O aparelho utilizado para a medição da pressão arterial foi o Monitor de PA de

Pulso Omron Control HEM-6124. Para a avaliação com o medidor digital, foram

seguidas as recomendações de Malachias et al. (2016). As leituras das medidas de

pressão foram devidamente informadas no formulário proposto para a pesquisa com

a identificação das iniciais do nome de cada participante.

O formulário foi aprovado pelo CEP e continha campos para as seguintes

informações: Identificação, sexo, idade, diagnóstico de hipertensão conhecido ou

não, uso de medicamento continuo para o controle da pressão arterial, valores

obtidos por meio da medição da pressão no aplicativo de celular e por fim, valores

obtidos em função da medição da pressão arterial no aparelho digital de pulso

(equipamento exclusivo para a pesquisa). Os procedimentos do estudo foram

Page 67: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

67

desenvolvidos de forma a proteger a identidade dos envolvidos, garantindo a

participação anônima e voluntária.

É importante salientar que todos os protocolos de segurança preconizados

pela OMS, pelo Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba

(SMS), foram devidamente respeitados para evitar a contaminação por Covid-19,

tanto dos participantes da pesquisa como dos pesquisadores. Esta etapa ocorreu

entre os meses de agosto a dezembro de 2020 e foi realizado em ambiente seguro

dentro da instituição.

Os dados coletados foram analisados por meio de uma análise estatística. Os

resultados de variáveis quantitativas foram descritos por média, desvio padrão,

mediana, mínimo e máximo. Para variáveis categóricas foram apresentados

frequências e percentuais. A comparação dos métodos de aferição da pressão

arterial (aplicativo ou aparelho), em relação a variáveis quantitativas foi feito usando-

se o modelo de análise da variância (ANOVA) com um fator ou o teste t de Student

para amostras independentes. Para estimar o viés de aferição do aplicativo,

considerando-se o aparelho como padrão ouro, foi usado o método de Bland-

Altman. Em todos os testes estatísticos valores de p<0,05 indicaram significância

estatística. Os dados foram analisados com o programa computacional Stata/SE

v.14.1.

3.5 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE III

3.5.1 Caracterização da amostra da fase III

Assim como na FASE I, os participantes desta etapa também foram

recrutados por meio do processo “bola de neve” e pelo acesso aos e-mails contidos

na página da UTFPR, bem como por meio de contato pessoal dos envolvidos neste

trabalho. Os questionários foram encaminhados no período de abril a maio de 2021.

Critérios de Inclusão da Amostra da Fase I: adultos maiores de 18 anos com

histórico de hipertensão conhecido ou não.

Critérios de Exclusão da Amostra Fase I: não se aplicou critério de exclusão

nesta fase.

Page 68: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

68

3.5.2 Aplicação de questionário para validação da cartilha

Assim como a Fase I deste trabalho, para a segurança dos participantes e da

equipe da pesquisa, esta etapa também teve que ser realizada de forma online.

A coleta de dados foi realizada no período de abril a junho de 2021,

considerando o mesmo TCLE online da Fase 1, enviado por meio digitais.

A utilização do formulário online para a avaliação da cartilha da hipertensão,

também foi aprovada pelos Comitês de Ética.

Esta etapa do trabalho configurou-se na aplicação de um questionário

contendo 18 questões fechadas, com possibilidade de marcar apenas uma das

alternativas, sendo todas as respostas obrigatórias, encaminhado aos participantes

que aceitaram o convite para a participação, disponibilizando seu e-mail de contato e

assinatura de forma online após seu consentimento no TCLE.

O questionário de avaliação foi formado por três questões que abordaram a

avaliação dos participantes com relação ao conteúdo da Cartilha Educativa sobre

hipertensão, cinco questões relacionadas a linguagem utilizada na cartilha, três

questões com relação as ilustrações gráficas empregadas, duas questões sobre a

apresentação geral da cartilha, três questões em que se abordou a possibilidade de

estímulo e motivação dos participantes com relação as informações e duas questões

que estão ligadas a adequação cultural da cartilha. O prazo estimado para a

participação dos participantes foi de aproximadamente cinco minutos.

A versão online da cartilha foi produzida por meio do recurso FlipSnack e

disponibilizada para os participantes para procederem à avaliação. O FlipSnack é

um serviço online para criação de livros digitais a partir de arquivos em formato

portable document format (PDF). Ele converte o documento e transforma em uma

apresentação virtual em forma de livro paginado de fácil leitura.

O site está disponível gratuitamente na internet e não é necessário licença

para a sua utilização. O recurso é disponibilizado através de cadastro simples da

pesquisadora, necessitando apenas do uso de senha. Os participantes da pesquisa

não precisaram se cadastrar para ter acesso à Cartilha.

Page 69: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

69

4 RESULTADOS

Neste capítulo estão abordados os resultados quantitativos da pesquisa,

analisados por meio da aplicação dos questionários, bem como da aferição da

pressão arterial.

4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE I

Os dados apresentados nesta seção são referentes aos seguintes objetivos:

Quantificar a prevalência da hipertensão arterial nas pessoas pesquisadas;

Identificar os hábitos alimentares dos participantes que possam estar

relacionados com o aumento da pressão arterial; e,

Identificar hábitos relacionados com a má qualidade de vida e

consequentemente com o aumento da pressão arterial.

Nesta etapa da pesquisa foram incluídos os resultados de 703 participantes

que voluntariamente assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Para o objetivo correspondente a quantificar a prevalência da hipertensão

arterial nas pessoas pesquisadas, identificamos 157 pessoas com diagnóstico de

HA, sendo que destas, 137 delas tomam algum tipo de medicamento prescrito para

o controle da PA.

Os objetivos relacionados a hábitos alimentares e de vida, capazes de

influenciar na manutenção da pressão em níveis estáveis de acordo com as

recomendações de saúde, também foram atingidos e estão demonstrados neste

capítulo. As caracterizações dos participantes com relação às informações

sóciodemográficas, estado civil e emprego estão apresentadas na Tabela 3. Com

relação ao sexo, 73,7% (n=518) da amostra foi formada pelo sexo feminino e 26,2%

(n=184) do sexo masculino.

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70

Tabela 3 - Caracterização dos participantes

Nº %

Sexo

Feminino 518 73,7

Masculino 184 26,2

Total 703

Idade

20 a 29 80 11

30 a 39 165 23

40 a 49 187 27

50 a 59 166 24

Acima de 60 105 15

Total 703

Cor da pele declarada

Branca 584 83,1

Negra 24 3,4

Parda 74 10,5

Amarela 21 3

Total 703

Estado civil

Casado 398 56,6

Solteiro 177 25,2

Divorciado 63 9

Separado 17 2,4

Outros 48 6,8

Total 703

Empregado atualmente

Sim 561 79,8

Não 142 20,2

Total 703

Fonte: elaborado pela autora

A idade dos participantes está apresentada pela faixa etária, sendo divididas

em intervalos de 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos e acima de

60 anos. Os maiores percentuais foram de 40 a 49 anos (n=187), correspondendo a

27% da amostra, seguido pelos participantes com idade de 50 a 59 anos (n=166)

que representou 24% do total da amostra.

As pessoas que se auto declararam como brancas foram 83,1% (n=584) e

apenas 3,4% (n=24) dos participantes se auto declararam como negros. Os

participantes que estavam casados no momento desta pesquisa foram 56,6%

(n=398), enquanto 25,2% (n=177) informaram ser solteiros. Já os empregados

somaram a maioria, sendo 79,8% (n=561) e o número de pessoas que se

encontravam desempregadas chegou a 20,2% (n=142).

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71

Foi identificado um número expressivo de participantes que declararam

possuir pós-graduação completa, ou seja, 46,5% (n= 327), enquanto apenas 7

participantes informaram ter ensino fundamental incompleto, o que representou 1%

de toda a amostra, conforme Gráfico 1.

Gráfico 1 - Escolaridade

Fonte: elaborado pela autora

Com relação aos dados dos participantes com acesso a convênio médico,

78,2% (n=550) da amostra se caracterizou por participantes que informaram possuir

convênio de saúde, enquanto 21,8% (n=53) utilizam os serviços do (SUS).

Entre os fatores de risco para a HA, estão a obesidade e o excesso de peso.

Os dados da pesquisa revelaram que mais de duzentas pessoas acreditam

que estão acima do peso o que representou 31,2% (n=219) dos participantes

(Gráfico 2).

É importante lembrar que o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) que

define se a pessoa está ou não está acima do peso não foi realizado pelas

pesquisadoras, esta questão se baseava na percepção pessoal de cada

participante.

Além dos dados relacionados com o consumo de gordura vegetal, a Tabela 4

também detalha os resultados obtidos com relação às questões: dieta apropriada,

alto consumo de alimentos industrializados e uso excessivo de sal.

Page 72: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

72

Gráfico 2 - Excesso de peso

Fonte: elaborado pela autora

Tabela 4 - Apresentação dos fatores de risco para o aumento da pressão arterial

Nº %

Dieta apropriada para uma vida saudável? Sim 394 56

Não 309 44

Total 703

Alto consumo de alimentos industrializados Sim 317 45,1

Não 386 54,9

Total 703

Uso abusivo de sal acima do recomendado Sim 88 12,5

Não 615 87,5

Total 703

Utilização de gordura vegetal Sim 532 75,7

Utilização de gordura animal Sim 151 21,5

Não sabe responder Não 52 7,4

Total 735 104,6

Fonte: elaborado pela autora

Estes dados indicam que 44% (n=309) de todos os participantes afirmam

conscientemente que suas escolhas alimentares não contribuem para uma vida

saldável.

Os resultados correspondentes ao alto consumo de alimentos industrializados

também se mostrou em faixa semelhante, com 45,1% (n=317) de pessoas que

afirmaram consumir excesso de alimentos processados e 54,9% (n=386) que não

consomem alimentos industrializados com frequência. Já com relação ao abuso na

utilização do sal 87,5% (n=615) afirmaram não utilizar sal acima do permitido.

Page 73: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

73

Com relação à questão sobre o uso dos tipos de gorduras 75,7% (n=532)

fazem uso da gordura vegetal, 21,5% (n=151) utilizam gordura animal e 7,4% (n=52)

não souberam responder.

Para este item era possível a escolha de mais de uma das opções por isso o

total de respostas foi superior ao número de participantes, ou seja, tivemos um total

de 735 respostas, o que representa que 32 participantes responderam que utilizam

os dois tipos de gorduras frequentemente.

Outro dado importante evidenciado na pesquisa é o nível de conhecimento ou

ao menos de preocupação com o fator “pressão arterial”, quando questionado se

alguma vez já fez exame para determinar a HA. A pesquisa revelou que 58,5% dos

participantes já fizeram em algum momento o acompanhamento da pressão, ou

seja, 411 do total de pessoas entrevistadas, informação que está apresentada no

Gráfico 3.

Gráfico 3 - Exame para determinar hipertensão

Fonte: elaborado pela autora

Destes 411 participantes que informaram já ter feito exames para a

comprovação do diagnóstico de pressão alta, que representou 100% da amostra,

38,4% (n=157) possui diagnóstico positivo para a hipertensão.

Destes 157 pacientes, apenas 137 deles afirmaram tomar medicação para o

controle da doença, ou seja, 20 participantes que teoricamente optaram por métodos

alternativos para a redução e controle da pressão arterial.

Page 74: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

74

Outro resultado importante revelado na pesquisa relacionado à pré-disposição

para o desenvolvimento da hipertensão, refere-se ao alto número de pessoas que

afirmaram possuir histórico de pressão alta na família.

A presença de familiares com hipertensão e a idade em que a enfermidade se

desenvolve, aumentam o risco para os descendentes. Os dados da pesquisa

indicaram 79,8% (n=561) de participantes nesta condição, representados no Gráfico

4.

Gráfico 4 - Histórico de pressão alta na família

Fonte: elaborado pela autora

Os resultados do estudo apresentados no Gráfico 5 apontaram que 62,9% da

amostra (n=442) possui casos de diabetes na família.

Outros dados obtidos com relação ao diabetes mostra que 90,2% dos

participantes (n=634) já fizeram em algum momento exames para diabetes, mas

apenas 9 participantes, ou seja 1,7% informou ter diabetes do tipo 2 enquanto 12

participantes declararam ser pré-diabéticos no momento da pesquisa.

Page 75: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

75

Gráfico 5 - Casos de diabetes na família

Fonte: elaborado pela autora

Outros dados relacionados à rotina de vida dos participantes que podem e/ ou

impactam diretamente na manutenção da pressão arterial em níveis estáveis,

segundo os especialistas, estão apresentados no Tabela 5.

Os resultados demonstram que mais da metade dos participantes praticam

algum tipo de atividade física, sendo 31,1% (n=2018) fazem atividade física

regularmente e 36,9% (n=259) esporadicamente.

O número dos participantes que declararam que não fazem nenhum tipo de

atividade física correspondeu a 32,1% (n=225).

Apenas 43,5% (n=305) dos participantes responderam que ingerem mais de

um litro de água por dia, seguido por 36,1% (n=253) que consomem

aproximadamente 1 litro de água por dia. Outros dados relacionados à qualidade de

vida como frequência de exposição ao sol e qualidade do sono também estão

apresentados na Tabela 5.

Page 76: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

76

Tabela 5 - Percepção sobre a rotina e qualidade de vida

Nº %

Frequência de atividade física

Faz atividade física regularmente 218 31,1

Faz alguma atividade física esporadicamente 259 36,9

Não faz nenhuma atividade física 225 32,1

Não responderam esta questão 1 0,01

Total 703

Quantos litros de água você consome por dia

Menos de 1 litro 143 20,4

1 litro aproximadamente 253 36,1

Mais de um litro diariamente 305 43,5

Não responderam esta questão 2 0,01

Total 703

Com relação ao sono, Como você considera a sua rotina?

Durmo o suficiente para acordar bem disposto. 346 49,4

Acredito que durmo pouco, as vezes acordo com sono. 178 25,4

Acredito que durmo pouco mas as vezes acordo disposto. 128 18,3

Acredito que durmo pouco pois estou sempre com sono 48 6,8

Durmo pouco. Às vezes acordo com sono 0 0

Não responderam esta questão 3 0,1

Total 703

Com que frequência fica exposto ao sol

Fico sempre exposto ao sol 88 12,7

Evito ficar exposto ao sol 257 37

Procuro me expor ao sol nos horários recomendados 349 50,2

Não gosto de pegar sol, evito atividades ao ar livre 0 0

Não responderam esta questão 9 0,1

Total 703

Fonte: elaborado pela autora

A pesquisa ainda avaliou nesta fase dados, tais como: uso de cigarros com

15,5% (n=109), consumo de bebidas alcoólicas com 21,9% (n=154) e outras drogas

com 3,7% (n=26), bem como doenças pré-existentes, internações e cirurgias

realizadas pelos participantes, fatores que podem influenciar o controle da pressão

arterial.

Com relação às doenças ou sintomas apresentados com maior frequência

pelos participantes, destacamos as dores de cabeça com 84,6%(n=483), seguido de

sonolência com 42,7% (n=244) e zumbido com 35,7% (n=204).

Neste estudo os resultados mostram que apenas 16,8% dos participantes

consideram sua saúde como (muito boa), o que representou 118 pessoas. O número

de pessoas que considera sua saúde como regular corresponde a quase ¼ da

amostra. Esses dados estão representados no Gráfico 6.

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77

Gráfico 6 - Percepção sobre a saúde

Fonte: elaborado pela autora

Com relação ao conhecimento dos participantes sobre as ações importantes

para o controle da hipertensão, os resultados demonstram que a grande da maioria

das pessoas reconhece a prática da atividade física e da alimentação saudável,

como ações efetivas no controle e prevenção da doença, já que mais de 80% da

amostra escolheu estas alternativas (Gráfico 7).

Gráfico 7 - Ações para controle da HA

Fonte: elaborado pela autora

Obs.: esta questão era de múltipla escolha e os participantes tinham a opção de escolher mais de uma ou todas as alternativas.

Os resultados apontam a alimentação saudável considerada como a principal

opção seguida da prática de exercícios físicos que apareceu com 603 respostas. A

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78

pesquisa também levantou dados relacionados à anamnese clínica, na percepção

do participante da pesquisa. As questões deste item foram relacionadas ao uso de

óculos ou lentes corretivas apontando que 68% (n=478) das pessoas utilizam óculos

ou lentes para corrigir problemas de visão.

Com relação à utilização de aparelhos auditivos, somente 1% (n=7) utiliza

este recurso. O número de participantes que já realizou ao menos uma cirurgia

chegou a 74% (n=520) da amostra e, entre as principais cirurgias realizadas, 53,6%

(n=377) faz uso de algum tipo de medicamento contínuo.

O último item da pesquisa se referiu ao questionamento geral sobre a

hipertensão arterial, e os resultados estão apresentados nos Gráficos 8,9 e 10.

Gráfico 8 - Hábito de medir a PA

Fonte: elaborado pela autora

Gráfico 9 - Local de medição da PA

Fonte: elaborado pela autora

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79

Gráfico 10 - Equipamento para medir a PA

Fonte: elaborado pela autora

Com relação aos locais em que as pessoas costumam medir a pressão

arterial os resultados apontam que 66,6% (n=207) participantes medem a pressão

em casa, seguido por 20,6% (n=64) de pessoas que possuem seu próprio aparelho,

11,3% (n=35) que fazem a aferição da pressão no hospital e 8,7% (n=27) na

farmácia, 6,4% (n=20) nos postos de saúde e apenas 0,6% das pessoas informaram

que aferem a pressão com um médico. As demais opções deste item somaram

individualmente 0,3% com apenas 1 resposta cada.

Com relação ao tipo de equipamento utilizado, mais da metade da amostra

possui um medidor de pressão digital, o que representou 52% (n=169) participantes.

A literatura aponta que este aparelho é o mais utilizado na prática por pessoas que

fazem o acompanhamento da pressão arterial em casa.

O número de pessoas que utilizam as opções de aplicativo celular para o

monitoramento da pressão em nossa pesquisa foi muito baixo, correspondendo a

apenas 0,3% da amostra. O número de pesquisados que afirmaram já ter tido algum

conhecimento de programas de prevenção relacionado à pressão arterial,

correspondeu metade da amostra, sendo 51,4% (n=349) contra 48,6% (n=330) que

afirmaram nunca ter tido contato com nenhum programa de prevenção da HA. Estes

dados estão representados no Gráfico 11 e o Gráfico 12 traz a representação dos

resultados do número de participantes que já leram ou tiveram contato com cartilhas

educativas sobre o tema HA.

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Gráfico 11 - Conhecimento de programas de prevenção da PA

Fonte: elaborado pela autora

Gráfico 12 - Conhecimento de cartilhas educativas sobre hipertensão

Fonte: elaborado pela autora

O Gráfico 13 apresenta o resultado do número de participantes que informou

possuir interesse em ter acesso a uma cartilha educativa sobre o tema da pesquisa

e representou 80,8% (n=568) dos participantes informaram que tem interesse no

material, sendo que o número de participantes que não possui interesse ficou abaixo

dos 20%, representando exatamente 19,2% (n=135).

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81

Gráfico 13 - Acesso a uma cartilha sobre hipertensão

Fonte: elaborado pela autora

4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE II

Nesta etapa são apresentados os resultados referentes à comparação entre

as medidas de PA efetuadas com o aplicativo instalado em um aparelho de celular e

por meio do monitor de PA de pulso.

A análise foi realizada com base nos dados de 256 indivíduos para os quais

foi aferida a pressão arterial (sistólica e diastólica) usando esfigmomanômetro

eletrônico digital de punho (aparelho) e usando o aplicativo iCare Health Monitor

(aplicativo).

Inicialmente foram incluídos na planilha de dados 268 aferições, sendo oito

indivíduos com duas aferições e um indivíduo com três aferições. Foram excluídas

as primeiras medidas dos oito indivíduos que tinham duas aferições e as duas

primeiras medidas de um indivíduo com três medidas.

A Tabela 6 apresenta os resultados descritivos de variáveis demográficas e

clínicas dos participantes incluídos na pesquisa.

Page 82: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

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Tabela 6 - Estatísticas descritivas de variáveis demográficas e clínicas

Variável n válido Classif. Resultado*

Idade (anos) 256

40,9 ± 11,5 (18 - 72)

Faixa etária 256 18 - 30 54 (21,1%)

31 - 40 77 (30,1%)

41 - 50 75 (29,3%)

51 - 60 33 (12,9%)

61 - 72 17 (6,6%)

Sexo 256 Feminino 130 (50,8%)

Masculino 126 (49,2%)

Hipertensão 256 Não 216 (84,4%)

Sim 40 (15,6%)

Medicamento 256 Não 221 (86,3%)

Sim 35 (13,7%)

Fonte: elaborado pela autora

* Descrito por média ± desvio padrão (mínimo – máximo) ou por frequência (percentual)

A média de idade foi de 40,9 anos sendo composta por 50,8% de mulheres e

49,2% de homens. Do total da amostra utilizada na pesquisa, apenas 15,6% (n=40)

afirmaram ter o diagnóstico de pressão alta e destes, 13,7% (n=35) indicaram tomar

medicação para controle da doença.

É importante destacar, que dos 40 participantes que afirmaram possuir

histórico de hipertensão conhecida, cinco deles afirmaram que não tomavam

nenhum medicamento para o controle da mesma.

Para cada uma das variáveis PAS e PAD, testou-se a hipótese nula de que as

médias das medidas aferidas pelo aplicativo são iguais às médias das medidas

aferidas pelo aparelho, versus a hipótese alternativa de médias diferentes.

Na Tabela 7 são apresentadas estatísticas descritivas da pressão arterial

(sistólica e diastólica) aferidas pelo aplicativo e pelo aparelho. Também são

apresentadas estatísticas descritivas das diferenças entre as duas medidas e os

valores de p dos testes estatísticos.

Page 83: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

83

Tabela 7 - Estatísticas descritivas de PAS e PAD

Variável

n Média ±

desvio padrão Mediana

(min - max) p*

PAS Aplicativo 256 127,2 ± 5,8 127 (110 – 152)

Aparelho 256 127,3 ± 8,9 127 (103 – 164) 0,869

Dif (aparelho - aplicativo) 256 0,08 ± 7,92 -1 (-22 – 50)

PAD Aplicativo 256 76,8 ± 4,2 77 (63 – 90)

Aparelho 256 77,2 ± 9,1 78 (11 – 102) 0,466

Dif (aparelho - aplicativo) 256 0,44 ± 9,59 -1 (-68 – 30)

Fonte: elaborado pela autora

* Teste t de Student para amostras pareadas, p<0,05

Para as diferenças, valores positivos indicam que a medida aferida pelo

aparelho foi maior do que a medida aferida pelo aplicativo. Já valores negativos,

indicam que a medida pelo aparelho foi menor do que a medida pelo aplicativo. Os

resultados mostram que, tanto para PAS como para PAD, não foi encontrada

diferença significativa entre as duas formas de aferir a pressão.

No box-plot do Gráfico 14 (gráfico de caixas) abaixo, são apresentadas as

medianas (ponto dentro da caixa), os quartis 1 e 3 (caixa) e valores mínimo e

máximo (barras) para as pressões sistólica e diastólica aferida pelo aplicativo e pelo

aparelho.

Gráfico 14 - Representação das medidas de pressão

Fonte: elaborado pela autora

Na Tabela 8 são apresentados, para PAS e PAD, os valores do viés de

aferição do aplicativo (média das diferenças aparelho - aplicativo) e os limites inferior

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e superior do intervalo de 95% para o viés, considerando-se a aferição pelo aparelho

como padrão ouro (análise de Bland-Altman).

Tabela 8 - Representação dos valores do viés de aferição do aplicativo

PAS PAD

Viés (aparelho – aplicativo) 0,08 0,44

Limite inferior de 95% -15,4 -18,4

Limite superior de 95% 15,6 19,2

Fonte: elaborado pela autora

Os gráficos de Bland-Altman (Gráficos Gráfico 15, Gráfico 16, Gráfico 17 e

Gráfico 18) e diagramas de dispersão (pontos) são apresentados abaixo.

Gráfico 15 - Médias das medidas de PAS no aparelho

Fonte: elaborado pela autora

Gráfico 16 - Médias das medidas de PAD no aparelho

Fonte: elaborado pela autora

Page 85: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

85

Gráfico 17 - Diagrama de dispersão para PAD entre aparelho e aplicativo

Fonte: elaborado pela autora

Gráfico 18 - Diagrama de dispersão para PAS entre aparelho e aplicativo

Fonte: elaborado pela autora

Considerando-se que foram encontrados valores de diferenças muito

afastados de grande parte dos pontos (outliers/extremos vistos dentro das linhas

pontilhadas nos gráficos acima), a análise foi refeita retirando-se esses pontos.

Na Tabela 9 são apresentados, para PAS e PAD, os valores do viés de

aferição do aplicativo (média das diferenças aparelho - aplicativo) e os limites inferior

e superior do intervalo de 95% para o viés, após a retirada de outliers/extremos.

Page 86: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

86

Tabela 9 - Valores do viés do aplicativo após retirada dos extremos

PAS PAD

Viés (aparelho – aplicativo) -0,68 0,87

Limite inferior de 95% -12,6 -15,2

Limite superior de 95% 11,2 16,9

Fonte: elaborado pela autora

A Tabela 10 apresenta a avaliação da associação de idade, sexo, hipertensão

e medicamento com os valores de pressão aferidos pelo aparelho.

Tabela 10 - Associação de idade, sexo, hipertensão e medicamento com valores de pressão pelo aparelho

Variável Classif. n Pressão sistólica

Média ± desvio padrão p*

Pressão diastólica Média ± desvio padrão

p*

Faixa etária 18 - 30 54 127,5 ± 9,6

0,934

78,5 ± 8,5

0,516

(anos) 31 - 40 77 127,1 ± 10 76,1 ± 11,9

41 - 50 75 126,8 ± 7,4 77,9 ± 7,1

51 - 60 33 128,5 ± 9,0 77,2 ± 7,3

61 - 72 17 127,0 ± 7,9 75,6 ± 6,5

Sexo Fem. 130 127,1 ± 10,1 0,699

76,9 ± 10,7 0,573

Masc. 126 127,5 ± 7,4 77,6 ± 7,0

Hipertensão Não 216 126,5 ± 8,2 <0,001

77,0 ± 9,2 0,421

Sim 40 131,5 ± 11,2 78,3 ± 8,3

Hipertensão** Não 216 126,7 ± 8,3 0,008

77,2 ± 9,3 0,787

Sim 35 130,7 ± 11,3 77,5 ± 7,6

Medicamento Não 221 126,7 ± 8,3 0,014

77,2 ± 9,3 0,964

Sim 35 130,7 ± 11,3 77,5 ± 7,6

Fonte: elaborado pela autora

* ANOVA com um fator ou teste t de Student para amostras independentes, p<0,05.

** Excluídos cinco casos de hipertensos que não usavam medicamentos

4.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE III

Os dados apresentados nesta seção são referentes ao seguinte objetivo:

Confeccionar e validar uma cartilha com orientações sobre os problemas

causados pela hipertensão arterial e as práticas que podem ser adotadas

para minimizar os riscos que ela pode trazer.

A cartilha foi elaborada com a intenção de trazer aos participantes da

pesquisa, informações como o diagnóstico, formas de tratamento e prevenção da

doença.

Page 87: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

87

A avaliação e validação da cartilha foram realizadas no período de abril a

junho de 2021 e foi utilizado o TCLE online que foi enviado aos participantes através

de meios digitais.

Esta etapa da pesquisa contou com a participação de 250 participantes

voluntários para o questionário geral, dividido entre população geral e profissional da

área de saúde. O número de respostas válidas que foram consideradas foi de 249,

já que um dos participantes não aceitou o TCLE.

A avaliação específica para profissionais de Design foi proposta inicialmente

para 10 profissionais do curso de Design da UTFPR (conforme consta no projeto

aprovado no CEP), mas o resultado final contou com a participação de 20

profissionais, estendidos em função da proximidade de profissão.

A etapa do questionário geral, que foi elaborada para os profissionais da área

de saúde, foi o mesmo enviado para a comunidade em geral, correspondendo a

57,6% (n=144) dos participantes do público em geral e 42,4% (n=106)

representantes da área de saúde. Os representantes da área de saúde

compreenderam todos os profissionais que atuam em ambientes de saúde pública

ou privada.

Com relação ao conteúdo da Cartilha, obtivemos 249 respostas, sendo que

96,4% (n=240) avaliaram que objetivo da cartilha é evidente e que ela facilita a

pronta compreensão do leitor e apenas 3,6% (n=9) concordaram parcialmente com

esta afirmação. Não tivemos nenhuma resposta para o item não concordo. Estas

informações estão apresentadas no Gráfico 19.

Page 88: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

88

Gráfico 19 - Objetivo da cartilha

Fonte: elaborado pela autora

Com relação à prevenção, 96% (n=239) consideraram que no conteúdo foram

abordadas informações relacionadas a comportamentos que ajudam a prevenir a

hipertensão, enquanto que 45 (n=10) concordaram parcialmente. Não houve

respostas que não concordaram com a afirmativa. Estes dados são representados

no Gráfico 20.

Gráfico 20 - Prevenção

Fonte: elaborado pela autora

Quando questionados se a proposta da cartilha se limitava aos objetivos,

72,7% (n=181) afirmaram que SIM, enquanto 18,5% (n=46) concordaram

parcialmente e 8,8% (n=22) discordaram desta afirmação. O Gráfico 21 traz a

representação deste item.

Page 89: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

89

Gráfico 21 - Objetivos

Fonte: elaborado pela autora

As informações referentes à linguagem tiveram a maioria das respostas

positivas como se observa na Tabela 11, onde 93,5% (n=231) avaliaram que o nível

de leitura era adequado a compreensão do leitor, 96% (n=238) aprovaram o estilo de

conversação, 95,6% (n=238) aprovaram a clareza das informações, 90,7% (n=225)

avaliaram que o vocabulário estava adequado e 94% (n=234) dos participantes

considerou positiva a divisão das informações por tópicos.

O número de participantes que avaliaram negativamente este bloco de

perguntas não ultrapassou 0,4% em todos os itens, o que corresponde a apenas um

participante.

Tabela 11 - Linguagem utilizada na cartilha

Concordo Concordo parcialmente

Não concordo

Você considera que o nível de leitura é adequado à compreensão do leitor?

93,5% (n=231) 6,1% (n=15) 0,4% (n=1)

Você considera que o estilo de conversação facilita o entendimento do texto?

96% (n=238) 3,6% (n=9) 0,4% (n=1)

Você considera que as informações são repassadas em contexto claro?

95,6% (n=238) 4,4% (n=11) 0

Você considera que no vocabulário utilizam-se palavras comuns?

90,7% (n=225) 8,9% (n=22) 0,4%(n=1)

Você considera que o aprendizado é facilitado pela utilização de tópicos?

94% (n=234) 5,6% (n=14) 0,4% (n=1)

Fonte: elaborado pela autora

Os resultados da avaliação da capa da cartilha foram considerados positivos,

já que 90,8% (n=226) da amostra concordaram com a afirmativa de que a capa da

cartilha da hipertensão chama atenção do leitor e retrata o propósito do material. Os

Page 90: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

90

demais participantes somaram 8% (n=20) e 1,2% (n=3) que concordaram

parcialmente e discordaram da afirmação (Gráfico 22).

Gráfico 22 - Capa da Cartilha

Fonte: elaborado pela autora

O Gráfico 23 mostra o resultado com relação à percepção dos participantes

com relação às mensagens visuais e a capacidade de compreensão individual dos

pontos principais.

Gráfico 23 - Mensagens visuais e compreensão dos pontos principais

Fonte: elaborado pela autora

Das 249 respostas com relação à pergunta “você considera que as ilustrações

são relevantes?”, 95,6% concordaram e 4,4% responderam que concordaram

parcialmente.

Page 91: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

91

E por fim, a Tabela 12 apresenta os resultados das condições gerais sobre a

cartilha.

Tabela 12 - Considerações gerais sobre a cartilha

Concordo Concordo parcialmente

Não concordo

Com relação a apresentação da cartilha da hipertensão

Você considera que a organização do material está adequada?

96,4% (n=240) 3,2% (n=8) 0,4% (n=1)

Você considera que o tamanho e o tipo de fonte promovem leitura agradável?

90% (n=224) 9,6% (n=24) 0,4% (n=1)

Com relação ao estímulo/motivação da cartilha

Você considera que ocorre interação do leitor com o texto e/ou as figuras?

91,2% (n=227) 8% (n=20) 0,8% (n=2)

Os padrões de comportamento desejados são modelados ou bem demonstrados?

94% (n=234) 6% (n=15) 0

Você considera que existe motivação à autoeficácia?

84,7% (n=210) 13,7% (n=34) 1,6% (n=4)

Com relação a adequação cultural

O material é culturalmente adequado à lógica, linguagem e experiência do público?

93,9% (n=32) 5,7% (n=14) 0,4% (n=1)

A cartilha apresenta imagens e exemplos adequados culturalmente?

95,6% (n=238) 4% (n=10) 0,4% (n=1)

Fonte: elaborado pela autora

Os resultados das avaliações dos especialistas em design apontaram para as

seguintes análises:

a) Com relação ao modelo de cartilha ser apropriado para o público esperado,

bem como a clareza das informações na cartilha, 100% dos participantes

(n=20) concordaram afirmativamente para as duas questões.

b) Com relação ao tamanho e a quantidade de figuras na cartilha, houve uma

aprovação de 75% (n=15) de participantes, enquanto 25% (n=5) disseram

que as figuras não estavam em tamanho adequado. Obs.: É importante

frisar que a cartilha foi avaliada de forma online, e neste caso, os

participantes tinham a opção de abrir a cartilha usando o telefone celular,

dando maior praticidade. Porém, quando abrimos um documento no

celular, a possibilidade de aumento da imagem é limitada. Por isso, a

proposta da cartilha era ser impressa, construída para ser entregue aos

participantes, apresentando forma e grafia maiores do que se é possível

avaliar por meio do celular, representado um diferencial para esta

avaliação.

Page 92: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

92

c) Com relação à elucidação do texto por meio das figuras, 95% (n=19) dos

participantes avaliaram positivamente este item.

d) Na avaliação das cores e formas das figuras utilizadas na cartilha, 30%

(n=6) dos participantes não aprovaram este item, embora 85% (n=17) dos

participantes acreditem que as figuras fazem parte do cotidiano da maioria

das pessoas.

e) Perguntado sobre a disposição das figuras e harmonia no texto, 80%

(n=16) dos pesquisados avaliou este item como positivo.

f) Com relação à exposição do tema e da sequência lógica na apresentação

das figuras na cartilha, 90% (n=18) dos participantes consideraram que

este item está de acordo com a expectativa da cartilha.

g) Uma das questões que consideramos ser relevante é a que questiona se

as informações e figuras presentes na cartilha da hipertensão poderão

contribuir para mudança de comportamento e atitude das pessoas que

tiverem acesso à cartilha, já que o trabalho deixa claro que alguns dos

fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão são hábitos

modificáveis. A resposta foi que 80% (n=16) dos especialistas em design

concordaram com esta afirmativa.

h) E por fim, 100% (n=20) dos participantes concordaram que as figuras são

relevantes para a compreensão do conteúdo da cartilha.

Page 93: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

93

5 DISCUSSÃO

Este capítulo traz a interpretação, análise e discussão dos resultados

encontrados e apresentados na pesquisa.

Com relação aos resultados da primeira fase do estudo, o fato de 83,1% de

todos os participantes da pesquisa se autodeclararem de raça branca pode ter uma

influência no resultado do estudo, já que a literatura médica indica que as pessoas

da raça negra apresentam níveis de pressão arterial mais alto e têm maior

dificuldade para controlá-los.

Segundo Nadruz et al. (2017), isso ocorre inclusive entre as pessoas que são

submetidas a tratamentos contínuos com medicações anti-hipertensivas. Uma

explicação para essa situação pode estar no fator genético, porém segundo os

pesquisadores não se pode deixar de considerar outras possíveis variáveis, como as

condições socioeconômicas dos afrodescendentes, que infelizmente ainda tendem a

serem inferiores às da população branca.

Porém apesar de vários autores apontarem que as pessoas negras possuem

maiores chances de desenvolverem a hipertensão, as diretrizes atuais da

hipertensão da Sociedade Brasileira de Hipertensão, divulgadas em 2020, alertam

que apesar da etnia se apresentar como um fator de risco importante para a HA, às

condições socioeconômicas e de hábitos de vida dessa população podem ser

consideradas como fatores associados mais relevantes para as diferenças na

prevalência da HA do que a implicação étnica propriamente dita.

De acordo com IBGE (2013), a diferença nos casos de HA autorreferida foi

estatisticamente diferente entre os grupos, sendo maior entre mulheres, sendo

24,2% e pessoas de raça negra com 24,2%, comparada a adultos pardos que

representaram 20,0% do total pesquisado.

Os dados relacionados aos fatores socioeconômicos como nível de

escolaridade e empregabilidade se mostram importantes, já que de acordo com

Malachias et al. (2016), adultos com menor nível de escolaridade (sem instrução ou

fundamental incompleto) apresentaram a maior prevalência de HA autorreferida,

correspondendo a 31,1%.

Os dados também relacionados à empregabilidade, também deve ser

avaliado como um indicador importante, já que Malachias et al. (2016) apontam que

Page 94: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

94

as preocupações sociais, econômicas e familiares são fatores que influenciam na

elevação dos níveis pressóricos (TAVEIRA; PIERIN, 2007).

Com relação aos resultados que identificaram 20,2% de pessoas sem

emprego e 21,8% contando exclusivamente com o SUS, estes dados podem estar

relacionados com o momento atual que vivemos no Brasil, com a pandemia de

Covid-19, porém esta questão infelizmente não foi incluída no questionário.

Os dados obtidos no estudo com relação à obesidade auto declarada estão

em consonância com os dados divulgados na última Pesquisa Nacional de Saúde

(PNS) referente ao ano de 2019 (IBGE, 2020), que afirmam que 61,7% dos

brasileiros estavam com excesso de peso e 26,8% eram obesos no ano de 2019.

O consumo alimentar da população brasileira também é um motivo de

preocupação do Ministério da Saúde. Este órgão publicou em 2006 e 2014 um

documento intitulado “Guia alimentar para a população brasileira” (BRASIL, 2014).

Esse documento, que é considerado como uma diretriz alimentar para a população

traz informações importantes quando se trata de alimentos industrializados e adverte

que de acordo com os números pesquisados, o excesso de peso acomete um em

cada dois adultos e uma em cada três crianças brasileiras. (BRASIL, 2014).

Nesse contexto, os resultados deste estudo estão alinhados com as

afirmações do governo brasileiro, já que obtivemos números preocupantes com

relação à dieta alimentar. O guia alimentar destaca ainda que os alimentos ultra

processados favorecem o consumo excessivo de calorias e contribuem para a

obesidade (BRASIL, 2014). Além do consumo excessivo de sal, o tabagismo, o

consumo de álcool e o sedentarismo são fatores de risco associados à hipertensão,

que atinge um a cada quatro brasileiros adultos (Ibid). Dentre estes fatores, está

relacionado também o excesso de utilização de gordura vegetal. A gordura vegetal

hidrogenada, também conhecida como “gordura trans”, aumenta os riscos de

desenvolvimento de doenças cardiovasculares (infarto e derrame) e

consequentemente, colabora para o aumento dos níveis de pressão arterial (Ibid).

Segundo Izar et al. (2021), a qualidade e a quantidade dos alimentos, em

particular as fontes de gorduras, influenciam tanto a patogênese quanto a prevenção

das doenças cardiovasculares. Mais de 75% dos participantes utiliza a gordura

vegetal como principal tipo de gordura no preparo dos alimentos; estes dados dão

uma amostra da importância de trabalharmos este tema junto à comunidade (Ibid).

Page 95: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

95

Segundo SBC, SBH e SBN (2010), a relação entre DM e HA mostrou dados

relevantes, como a presença de HA em 40% dos pacientes recém-diagnosticados

com DM tipo 2.

De acordo com Malachias et al (2016), a prática regular de exercício físico é

um tratamento não medicamentoso recomendado para prevenção e tratamento de

doenças cardiovasculares, bem como para prevenir e controlar doenças cardíacas,

diabetes tipo 2 e câncer, assim como é eficaz para reduzir os sintomas de

depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo, melhorar a memória e exercitar

a saúde do cérebro.

Segundo Camargo e Añez (2020), até 5 milhões de mortes por ano poderiam

ser evitadas se a população em todo o mundo fosse mais ativa. Toda atividade física

é benéfica e pode ser realizada como parte do trabalho, esporte e lazer ou

transporte (caminhada ou bicicleta), mas também por meio da dança, brincadeiras e

tarefas domésticas cotidianas, como jardinagem e limpeza (Ibid.).

Neste sentido, as questões relacionadas à qualidade de vida como o lazer, a

pratica de esportes, a ingestão adequada de líquidos, a exposição ao sol em

quantidade limitada e também da qualidade do sono, são fatores que contribuem

para a melhora e manutenção dos valores da pressão arterial.

Embora em nossa pesquisa os resultados se mostraram de certa forma

positiva, as novas diretrizes da ONU recomendam pelo menos 150 a 300 minutos de

atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, incluindo

quem possui doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia

para crianças e adolescentes.

De acordo com Brasil (2014b), apesar da quantidade de água que precisamos

ingerir diariamente ser variável, pois depende de alguns fatores, como a idade e o

peso da pessoa, a atividade física que ela realiza, o clima e a temperatura do

ambiente onde ela vive, as recomendações mais comuns são o mínimo de dois litros

de água por dia, por exemplo, mas podem ir até quatro dependendo no caso de

esportistas.

Com relação aos números obtidos com a medição da pressão arterial no

aplicativo e no aparelho de referência, que equivale à segunda etapa da pesquisa,

pode-se destacar que apesar de termos encontrados poucos estudos relacionados

efetivamente a comparação dos aplicativos de celular em relação ao medidor de

Page 96: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

96

pressão de pulso, estudos apontam resultados positivos quanto aos dados

apresentados nos aplicativos de celular em suas funções específicas.

É importante salientar que os telefones celulares com sistemas operacionais e

capazes de executar aplicativos (smartphones) estão cada vez mais sendo usados

em ambientes clínicos (BIERBRIER; LO; WU, 2014). Os autores efetuaram 1.240

testes das funções em 14 aplicativos médicos com 13 funções para cada aplicativo;

Concluiu que a maioria das funções testadas nos aplicativos foi precisa em seus

resultados, com uma precisão geral de 98,6% (17 erros em 1240 testes), onde ao

todo ao todo, 6 de 14 (43%) aplicativos tiveram 100% de precisão (Ibid.).

Neste estudo (BIERBRIER; LO; WU, 2014) foram avaliados aplicativos

médicos que ofereciam entre outras, as seguintes funções: sistema de pontuação

para risco de acidente vascular cerebral em fibrilação atrial, insuficiência cardíaca

congestiva, hipertensão, idade de 75 anos ou mais, DM, acidente vascular cerebral

anterior ou ataque isquêmico transitório e índice de massa corporal. Como

conclusão, os autores apontam que apesar dos resultados se mostrarem positivos,

faltam evidências sobre a precisão dos aplicativos de cálculos médicos para

smartphones e reafirmam a necessidade de estudos que avaliem a eficácia e

segurança destes métodos (Ibid.).

Os autores ainda destacam que, embora tenham descoberto que os

aplicativos de smartphone de maneira geral se mostraram precisos em alguns

casos, também foram encontrados erros nos cálculos que foram clinicamente

significativos e que poderiam afetar as decisões médicas (Ibid.).

O estudo ainda destaca a falta de regulamentação nos Estados Unidos e nos

esforços dedicados pela Food and Drug Administration (FDA) para regulamentar os

aplicativos de dispositivos médicos (Ibid.).

Embora estes aplicativos ainda não estejam listados como dispositivos

médicos, esta também é uma dificuldade que se percebe no Brasil, já que estes

aplicativos não possuem registros ou autorizações para serem utilizados como

dispositivos médicos.

Thomas et al. (2017) avaliaram a precisão de aplicativos de smartphone para

medição de frequência cardíaca através da fotopletismografia utilizando a câmera do

celular, os resultados já não foram tão precisos. Encontrou-se diferenças

substanciais de desempenho entre os quatro aplicativos de medição de frequência

cardíaca estudados. Dois dos aplicativos, que eram baseados em fotopletismografia

Page 97: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

97

de contato, tiveram maior viabilidade e melhor precisão para a medição da

frequência cardíaca do que os dois aplicativos baseados em fotopletismografia sem

contato.

Segundo Verkruysse, Svaasand e Nelson (2008), a fotopletismografia (PPG)

é baseada no princípio de que o sangue absorve mais luz do que o tecido

circundante. Além disso, as variações no volume sanguíneo (ou seja, na sístole e

diástole) afetam a transmissão ou refletância da luz.

Este estudo foi realizado de abril a dezembro de 2013, e foram incluídos

aleatoriamente 108 pacientes adultos que precisavam de monitoramento da

frequência cardíaca na unidade de dor torácica ou no pronto-socorro do Hospital

Universitário de Zurique, na Suíça e avaliou quatro aplicativos disponíveis

comercialmente onde dois deles utilizavam PPG de contato e dois deles PPG sem

contato.

Segundo os autores, os resultados obtidos através das medições por

aplicativos se mostraram heterogêneos. Em alguns aplicativos, diferenças absolutas

de mais de 20bpm (ou até mais) ocorreram em mais de 20% de todas as medições.

Com relação a crescente oferta de aplicativos móveis relacionados à saúde e

a falta de certificação em todo o mundo para estes serviços, Boulos et al (2014)

destacaram que em 2012, só no Reino Unido, já existiam mais de 40.000 aplicativos

relacionados aos mais diversos ramos da saúde disponíveis para os usuários na

internet. Os autores levantaram dados de vários estudos que expressam

preocupações sobre os aplicativos existentes para doenças colorretais,

microbiologia, dermatologia, asma, diabetes e conversores de opioides e reforçam a

necessidade de que eles devam ser avaliados e controlados pela FDA dos EUA e/ou

outras entidades relevantes e correspondentes em outros países, ou seja, no Brasil

este órgão de refere a ANVISA.

Com relação a estudos comparativos entre um ou mais tipos de aparelhos de

medição de pressão no Brasil, Colares et al. (2009), compararam as medidas de

pressão arterial sistêmica de 115 pessoas residentes em Belo Horizonte realizadas

por meio de aparelhos distintos: digital (Omron 705-CP), esfigmomanômetro

aneroide (Welch–Allyn) e esfigmomanômetro de coluna de mercúrio. Os resultados

deste estudo mostraram que os três aparelhos apresentaram correlação positiva

aceitável, sendo a maior semelhança obtida entre as medidas dos aparelhos digital e

aneroide e entre os esfigmomanômetros de coluna de mercúrio e aneroide.

Page 98: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

98

Porém, apesar dos autores concluírem que ambos os métodos, auscultatório

e oscilométrico, apresentaram concordância satisfatória entre si, também alertaram

para as diferenças significativas nos valores de pressão arterial aferidos pelos

diferentes métodos e sugerem então, que os pacientes tenham sua pressão arterial

sistêmica aferida sempre com o mesmo aparelho/método, visando à redução dessa

variabilidade (COLARES et al., 2009).

Bernardo et al. (2020) compararam os valores obtidos por meio de aferições

da pressão arterial entre três diferentes tipos de aparelhos, dentre eles, um

automático, outro semiautomático e o terceiro aneroide, em participantes que

demandaram o atendimento em uma unidade de saúde do SUS. É importante

destacar que este estudo foi realizado em voluntários diabéticos e hipertensos,

adultos e idosos, ou seja, neste caso os participantes tinham o diagnóstico positivo

para a hipertensão. Como resultado, relataram que os aparelhos utilizados para

aferir pressão arterial neste estudo não podem ser comparados entre si, pois a

variação das medições foi muito aleatória, os resultados demostraram uma média de

desvio padrão com cerca de até 400% de diferença.

Sendo assim, Bernardo et al. (2020) também sugeriram que os pacientes

fixassem as suas referências sempre com o mesmo aparelho e não mudar de

aparelho a cada tomada de pressão, permitindo assim que o mesmo possa ter

compreensão do valor de pressão arterial mais próximo do real.

Ribeiro, Praxedes e Maia (2020) compararam as medidas de pressão obtidas

nos aplicativos de celular com relação ao método tradicional aneroide, através do

aparelho medidor de pressão esfigmomanômetro com braçadeira e estetoscópio.

Este estudo foi realizado com 101 participantes voluntários aleatoriamente, ou seja,

com diagnóstico de hipertensão arterial ou não. Os participantes foram indivíduos de

diversas idades incluindo os alunos, os servidores e demais prestadores de serviços.

Os participantes foram divididos em dois grupos e cada pessoa teve a pressão

aferida duas vezes, uma pelo aplicativo e outra pelo método tradicional. Os

resultados obtidos pelos pesquisadores revelaram que quando considerado o

número total de participantes, 75,24% dos níveis pressóricos apresentaram

discrepância superior a 2mmHg em comparação ao método tradicional aneroide.

De acordo com os resultados obtidos no estudo, os pesquisadores concluíram

que os aplicativos utilizados na pesquisa não eram totalmente confiáveis:

Page 99: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

99

Os dados deste estudo evidenciam que apesar do avanço tecnológico, estas ferramentas, capazes de captar valores pressóricos, quando comparadas ao método aneroide, apresentam oscilações acima de 2mmhg, revelando falta de assertividade nos dispositivos, podendo desencadear problemas como a falta de adesão a serviços de saúde, a falta do acompanhamento de um profissional qualificado para efetuação da técnica de verificação da pressão arterial, em nome da confiança que o aplicativo confere ao usuário e, em casos extremos, a automedicação ou ausência de medicamentos necessários quando valores pressóricos alterados necessitam de medicamentos interventores. (RIBEIRO; PRAXEDES; MAIA, 2020)

Os autores também finalizam o estudo alertando sobre a necessidade de

mais estudos científicos que avaliem os dispositivos de aplicativos móveis para a

medição da pressão arterial, de forma que estes aplicativos possam realmente ser

considerados aliados da população com relação à saúde (Ibid.).

Chandrasekhar et al. (2018) também testaram a eficácia de um aplicativo para

smartphone por meio do método oscilométrico de pressão do dedo e neste estudo

os resultados se mostraram de certa forma favoráveis. Trata-se de um estudo

prospectivo que incluiu um número de 30 pessoas que tiveram a PA monitorada pelo

aplicativo de celular, com relação a 32 pessoas que foram monitoradas por meio do

aparelho de pressão com o manguito automático padrão e um dispositivo de

manguito de dedo, que usa o método de grampo de volume para detecção de PA.

Neste estudo (Ibid.), uma das dificuldades encontradas pelos pesquisadores

foi à utilização correta do aplicativo, já que o resultado da pressão arterial no

aplicativo se dá à medida que o usuário pressiona o dedo contra o smartphone, a

pressão externa da artéria subjacente aumenta continuamente, enquanto o telefone

mede a pressão aplicada e as oscilações de volume sanguíneo de amplitude

variável resultante. Portanto, a utilização do sistema de forma correta é

imprescindível para a obtenção do resultado real da pressão.

Os autores relataram que foram necessárias algumas tentativas de teste para

que todos os usuários voluntários aprendessem a utilização correta do aparelho e

informaram que cerca de 90% dos usuários aprenderam a atuação do dedo exigida

pelo dispositivo baseado em smartphone após uma ou duas tentativas práticas

(Ibid.).

Os resultados mostram que o dispositivo rendeu erros de viés e precisão de

3,3 e 8,8mmHg para PA sistólica e 5,6 e 7,7 mmHg para PA diastólica em uma faixa

de PA de 40 a 50 mmHg. Esses erros foram comparáveis ao dispositivo de punho de

dedo. Os pesquisadores concluíram que o dispositivo baseado em smartphone

Page 100: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

100

mostrou precisão de medição de PA semelhante ao dispositivo de braçadeira de

dedo, em relação ao dispositivo de braçadeira padrão (Ibid.).

Outros benefícios apontados para a utilização de aplicativos de medição de

pressão arterial através de smartphones é a facilidade de utilização do aparelho em

qualquer ambiente e a popularização da utilização dos mesmos em todo o mundo

(Ibid.).

Estudos apontam que já em 2020, cerca de 3 bilhões de pessoas em todo o

mundo possuíam smartphones e a expectativa é que este número cresça a cada

ano mesmo em países de baixa renda devido aos custos reduzidos resultantes de

mais competição nos mercados nacionais e internacionais (KAO; LIEBOVITZ, 2017).

Com característica semelhante a nossa pesquisa, Alessi et al. (2014)

avaliaram o esfigmomanômetro acoplado ao smartphone (Withings Blood Pressure

Monitor) em comparação com outros métodos (esfigmomanômetros de mercúrio,

aneroide e digital). O estudo foi realizado com 45 alunos voluntários sadios,

aleatoriamente e obtiveram 576 medidas através dos quatro aparelhos utilizados.

Outro trabalho com características semelhantes (ALVES et al., 2017)

avaliaram a acurácia do aplicativo iCare Health Monitor para as variáveis PA e

frequência cardíaca (FC) com relação as medidas obtidas através do aparelho digital

e método manual. A metodologia do estudo consistiu na comparação das medidas

de PA e FC através de três métodos diferentes e em sequência aleatória sendo elas:

aplicativo iCare, aparelho digital e método manual. Neste estudo foram incluídos 47

universitários, entre eles homens e mulheres com média de idade de 26 a 62 anos,

no período de cinco dias ininterruptos. As medidas foram feitas sempre pelo mesmo

avaliador e as medidas aferidas pelo aplicativo foram feitas através de um

dispositivo Samsung Galaxy S6. O medidor digital utilizado foi da marca NTL

Pressure e os equipamentos para medida manual foram estetoscópio Rappaport

ER100 Incoterm preto e esfigmomanômetro Premium ESFH50.

Neste estudo a análise estatística se deu por meio dos testes twoway

ANOVA, para análise da variância, e de Tukey, para múltiplas comparações onde

foram considerados significativos os valores de p<0,05. Conforme os resultados

apresentados, análise da média dos valores obtidos a cada dia de avaliação

evidenciou que não houve grande variação da PA e da FC quando comparados os

três diferentes métodos aplicados no presente estudo, ou seja, não foi verificada

uma diferença estatística significativa para a comparação dia a dia, entre os

Page 101: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS …

101

métodos. Além disso, os autores ainda relatam que além da comparação dia a dia,

foi realizada a comparação geral das variáveis analisadas para as quais também

não foram encontradas diferenças significativas.

Os valores de PA e FC encontrados pela avaliação com o aplicativo iCare

Health Monitor não foram estatisticamente diferentes daqueles obtidos pela

avaliação com medidor digital e pelo método manual. Portanto, para a população do

presente estudo, o aplicativo mostrou-se tão preciso quanto os outros dois métodos

para quantificação das variáveis PA e FC. Como conclusão do estudo, avaliaram

que os valores de pressão arterial e frequência cardíaca encontrados pela avaliação

com o aplicativo iCare Health Monitor não foram estatisticamente diferentes

daqueles obtidos pela avaliação com medidor digital e pelo método manual.

Não foi possível identificar através da leitura deste trabalho se as medidas de

PA foram realizadas por um profissional capacitado para tal atividade, bem como

também não se tem informações sobre as datas e as condições do local onde as

medidas foram realizadas para que pudéssemos comparar com a metodologia

utilizada em nosso estudo.

A avaliação da cartilha, que representou a terceira etapa da pesquisa, trouxe

alguns resultados importantes a considerar. O fato de a cartilha ter sido avaliada por

três diferentes grupos demonstra que a avaliação foi positiva quando consideramos

os aspectos gerais. A cartilha que foi avaliada pelos representantes de saúde e

comunidade em geral obteve 250 respostas e ficou bem dividida, se considerarmos

que foi quase a metade de cada grupo, ou seja, 57,6% público geral e 42,4% de

profissionais da área de saúde.

No geral, os resultados foram favoráveis e refletem o que dizem os

especialistas, que consideram que o uso de cartilhas contribui com o processo de

ensino-aprendizagem, uma vez que proporcionam o estudo de conceitos e

momentos de reflexões acerca do tema trabalhado. Os resultados alcançados por

meio da avaliação da cartilha mostraram que a ferramenta utilizada é capaz de

oportunizar a assimilação de novos conhecimentos pelos envolvidos e de agir como

um meio de transformação de hábitos e conceitos não saudáveis que podem levar

ao desenvolvimento da hipertensão arterial.

Embora as avaliações recebidas pelos profissionais em design tenham se

mostrado um pouco abaixo das expectativas, estas avaliações mais baixas

ocorreram nos itens que avaliavam a forma e não exatamente o conteúdo. Os

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especialistas avaliaram a cartilha com relação à aparência dos desenhos e

adequação do tamanho das letras, e neste caso, como já exposto anteriormente, o

fato da cartilha ter sido enviada aos participantes de forma online, onde era possível

fazer a avaliação por meio do celular, as figuras podem mesmo ter ficado aquém das

expectativas dos avaliadores, mas na prática com a cartilha impressa, este ponto

negativo não ocorrerá, já que o material será produzido em tamanho acessível para

a leitura e compreensão da maioria das pessoas.

Os resultados que versavam sobre a contribuição das orientações da cartilha

para o autocuidado, no geral foram bem pontuados confirmando que o material

possa ser útil para que as pessoas tomem maior consciência dos perigos da

hipertensão e procurem adotar hábitos de controle e prevenção das diversas

doenças relacionadas à hipertensão.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos principais deste trabalho consistiam em mensurar por meio da

aplicação de um questionário de qualidade de vida, o grau de conhecimento da

população sobre hipertensão arterial e da importância do acompanhamento contínuo

da pressão para a prevenção de outras doenças graves, bem como analisar a

eficácia das medidas de pressão arterial obtidas no aplicativo digital iCare Health

Monitor para as variáveis da PA quando comparadas com os valores da pressão

arterial obtidos através do esfigmomanômetro eletrônico digital de punho.

Com relação ao primeiro objetivo, após a aplicação do questionário em um

número significativo de 703 participantes, foi possível identificar que apesar de

algumas pessoas terem respondido de forma bem positiva a maioria das questões, a

disseminação das informações de prevenção e tratamento da hipertensão ainda não

é suficiente, já que muitas pessoas continuam a manter hábitos não saudáveis que

podem se traduzir futuramente em pressão alta e consequentemente, a todas as

outras doenças derivadas dela.

O estudo mostra que os números de morte pelo fator hipertensão arterial e

das doenças diretamente ligadas a ela, relacionadas e/ou em consequência delas,

continuam muito elevados em todo o país e os números são assustadores.

Dados do cardiômetro, que é um indicador do número de mortes por doenças

cardiovasculares no Brasil, criado pela SBC, e é atualizado em tempo real,

confirmam que só em 2021, até a finalização deste trabalho que se deu em dia 30

de junho, o país já contabilizou mais de 205 mil mortes por doenças

cardiovasculares em todo o país.

A situação não é favorável, já que todos os estudos, pesquisas e

especialistas atestam que as doenças cardiovasculares causam 2,3 vezes mais

mortes que todas as causas externas juntas, ou seja, as doenças cardiovasculares

matam mais pessoas que os acidentes e os casos de violência no país, mesmo

estes números também serem considerados altíssimos para o número de habitantes

do país (IZAR et al., 2021).

De acordo com o Objetivo 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

(ODS), a meta de reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças

crônicas não transmissíveis via prevenção e tratamento até o ano de 2030 (IPEA,

2019). Neste sentido, após os resultados obtidos neste trabalho, concluímos que

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ainda temos muito que fazer com relação à adesão ao tratamento nos casos em que

se ficou identificado o diagnóstico da PA e mais ainda com relação às formas de

prevenção.

Com relação à comparação dos valores das medidas da pressão arterial

obtidas no aplicativo de celular com relação às medidas obtidas através do aparelho

automático de punho, concluímos que os resultados, apesar de se mostrarem

satisfatórios em nossa pesquisa, visto que não houve diferença estatística

significativa entre os dois, ainda precisam de mais estudos que possam confirmar

efetivamente o uso desta tecnologia.

Com base nos resultados e com a confirmação de que o uso destes

aplicativos vem se tornando cada vez mais comuns entre as pessoas, podemos

afirmar que é necessária uma avaliação deste recurso como forma de proteger a

saúde dos usuários, bem como destacamos assim, como a maioria dos autores

citados, a importância de que estes aplicativos sejam de alguma forma monitorados

pelos órgãos de saúde.

É necessário que os mesmos passem por algum tipo de qualificação ou

certificação, para que eles possam ser utilizados de forma adequada pelos usuários.

A segurança nas informações prestadas pelos aplicativos é imprescindível, já

que a falta do diagnóstico ou ainda o diagnóstico incorreto da HA pode ser muito

prejudicial para a sociedade, tanto para o diagnóstico negativo, onde as pessoas

deixarão de procurar atendimento médico e o tratamento, quanto para um

diagnóstico positivo, que pode levar as pessoas a se automedicarem o que não é

indicado, mas é comum entre os brasileiros.

É importante lembrar que o país possui um histórico alto de automedicação,

como mostrado na pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF

apud ANDRADE et al., 2019) em que os resultados apontaram que 77% dos

brasileiros praticam a automedicação. Esta prática é considerada muito perigosa, já

que de acordo com dados levantados pelo CFF, só entre os anos de 2010 e 2017,

foram notificados 565.271 casos de intoxicação no Brasil. Destes, 298.976 tiveram o

medicamento como agente tóxico mais frequente (ANDRADE et al., 2020). Sendo

assim, o acompanhamento preciso da pressão arterial é fundamental para a saúde e

para a qualidade de vida de todos os cidadãos.

Com relação às conclusões da avaliação da cartilha, concluímos que figuras

ilustrativas são importantes elementos e que materiais educativos podem facilitar a

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compreensão do assunto abordado. No caso da saúde, a cartilha da hipertensão

pode contribuir para a motivação do público alvo.

As cartilhas também são consideradas elementos de fácil distribuição, que

requer pouco investimento financeiro, que atinge praticamente todos os grupos e

faixas etárias. Neste contexto, a propagação das informações educativas

relacionadas à prevenção, diagnóstico e tratamento da hipertensão pode ser um

aspecto amplamente positivo para a sociedade em geral, principalmente se utilizada

pelos profissionais da educação e da saúde.

Segundo Torres e Paula (2019), cartilhas educativas pode ser um importante

recurso na educação em saúde, já que se trata de um instrumento de baixo custo

que utiliza as estratégias de recurso lúdico para a disseminação de orientações para

a prática do autocuidado, favorecendo os pacientes no desenvolvimento de

habilidades, para o alcance da autonomia no tratamento e na prevenção de

doenças.

As limitações do presente estudo estão relacionadas a dois aspectos

importantes que são: com relação à amostra e com relação ao momento e

circunstância da pesquisa.

Como pontos positivos em relação à amostra da pesquisa podemos destacar

que: na primeira fase, em que tratamos do questionário de saúde, é importante

lembrar que a pesquisa foi realizada de forma online, que neste caso contou com a

participação de vários voluntários de diversas áreas, o que na prática pode ser

positivo para o estudo, já que a amostra foi constituída de 703 participantes que não

estavam diretamente ligados à instituição ou a área de saúde.

Já a segunda etapa, foi realizada dentro da instituição de saúde, o que

caracteriza uma amostra onde a maioria dos participantes estavam diretamente

relacionados à área de saúde, como médicos, enfermeiros, técnicos em

enfermagem e auxiliares de enfermagem, o que em tese significa um número

relativo de participantes com certo grau de conhecimento específico com relação ao

tema, o que pode ter influenciado no fato dos números da pressão arterial se manter

sob controle, o que aconteceu na maioria dos resultados obtidos.

Outro fator positivo com relação à comparação aos demais trabalhos citados

na discussão deste projeto, podemos considerar que a etapa da medida da pressão

arterial foi toda realizada no mesmo ambiente, com a mesma enfermeira que possui

amplo conhecimento na atividade, em ambiente controlado, seguro, silencioso, com

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temperatura agradável e confortável. Enfim, fatores estes que diversa de algumas

pesquisas que foram feitas em ambientes sem os devidos parâmetros.

Outra condicionante positiva se refere à utilização do mesmo aparelho celular

e mesmo aparelho de pressão de punho em todas as medições, já que estes foram

adquiridos exclusivamente para este trabalho, o que certamente se diferencia das

medidas obtidas individualmente por cada participante, se esta etapa tivesse sido

realizada com o aparelho celular individual de cada um ou ainda se a medida tivesse

sido realizada no setor de cada voluntário, já que neste caso fatores externos

poderiam influenciar o resultado.

Como limitações negativas podemos destacar o momento pelo qual estamos

passando no mundo, que se caracteriza como uma situação totalmente adversa a

nossa realidade. A pandemia de Covid-19 trouxe inúmeros problemas para toda a

população. Estamos vivendo momentos muito difíceis em todas as áreas, até a data

de hoje o mundo contabilizava mais de 3.379.219 vidas perdidas para o vírus. Só no

Brasil, até o início do mês de julho de 2021, já contabilizamos mais de 524 mil

mortos e a vacinação infelizmente ainda não atingiu nem a metade da população.

Esta situação nos traz muita angústia, além de tristeza e grande preocupação

não só com a saúde, mas também com relação ao emprego, renda, família entre

outras, que segundo todos os especialistas afirmam, podem afetar significativamente

a saúde com relação ao aumento da pressão arterial, o que neste caso pode ter

influenciado nos resultados obtidos.

Especialistas apontam que a medição da PA através dos aparelhos

analógicos são as mais recomendadas, embora ela deva ser realizada por

profissionais de saúde treinados para o uso, já que necessitam do auxílio de um

estetoscópio para a leitura correta.

Apesar do nosso conhecimento de que o método da medição da pressão

arterial através do aparelho manual com estetoscópio seria o ideal a situação atual

não nos permitiu a utilização do mesmo.

Por fim acreditamos que devido às restrições impostas pela pandemia de

COVID-19 que trouxe as limitações já citadas, consideramos a necessidade de

outras pesquisas relacionadas a comparação das medidas da pressão arterial entre

os aplicativos de celular e o padrão ouro para este procedimento.

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7 CONCLUSÕES

O aplicativo de celular utilizado para a medição da pressão arterial confirmou-

se como um instrumento eficaz já que não foram encontradas diferenças estatísticas

significativas na comparação dos valores das medidas da pressão arterial obtidas no

aplicativo de celular com relação às medidas obtidas através do aparelho automático

de punho.

A grande maioria das pessoas que participaram da pesquisa demonstrou

entender os riscos á saúde, relacionados à hipertensão arterial. Dentre os sintomas

da hipertensão a dor de cabeça se mostrou em maior prevalência tendo ocorrido em

84,6% da população pesquisada.

A cartilha educacional foi validada e aprovada pela maioria dos participantes e

concluímos que ela é um instrumento eficiente que pode contribuir na disseminação

das informações sobre a hipertensão arterial e as formas de prevenção e pode ser

utilizada como ferramenta educativa auxiliar nas unidades básicas de saúde.

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

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APÊNDICE B - Instrumento de Coleta de Dados Primeira Fase

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APÊNDICE C - Instrumento de Coleta de Dados Segunda Fase

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ANEXO A - Carta de Aprovação do Comitê de Ética da UTFPR

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ANEXO B - Carta de Aprovação do Comitê de Ética do Hospital IPO

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ANEXO C - Manual de Orientação ao Usuário do Medidor Automático de

Pressão Arterial de Pulso Omron Modelo HEM-6124

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ANEXO D - Portaria do INMETRO de Aprovação do Aparelho Omron HEM-

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ANEXO E - Capa da Cartilha de Hipertensão Arterial