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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA SILVIO CEZAR BORTOLINI O IMPACTO DA AUTOMAÇÃO NA FORÇA DE TRABALHO INDUSTRIAL ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA DE PROCESSOS CONTÍNUOS CURITIBA 2009

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

SILVIO CEZAR BORTOLINI

O IMPACTO DA AUTOMAÇÃO NA FORÇA DE TRABALHO INDUSTRIAL ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA DE PROCESSOS CONTÍNUOS

CURITIBA 2009

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SILVIO CEZAR BORTOLINI

O IMPACTO DA AUTOMAÇÃO NA FORÇA DE TRABALHO INDUSTRIAL ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA DE PROCESSOS CONTÍNUOS

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de mestre em Tecnologia, do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento

CURITIBA 2009

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SILVIO CEZAR BORTOLINI

O IMPACTO DA AUTOMAÇÃO NA FORÇA DE TRABALHO INDUSTRIAL ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA DE PROCESSOS CONTÍNUOS

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Tecnologia do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, pela Banca Examinadora formada pelos professores: ORIENTADOR: __________________________________________________

Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento

________________________________________________

Prof. Dr. Alfredo Iarozinski Neto ________________________________________________

Profa. Dra. Nanci Stancki Silva ________________________________________________

Profa. Dra. Fabiana Cristina de Campos Skrobot

Curitiba, 16 de Outubro de 2009.

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Dedico este trabalho especialmente à minha amada filha Giovanna que por sua presença em minha vida me inspirou e motivou a continuar o árduo caminho do conhecimento.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por todas as contingências que tornaram possíveis a realização

deste trabalho.

Ao meu pai Silvino ( in memoriam ) que com tão pouco conhecimento e com

uma simplicidade de vida me oportunizou de até aqui chegar.

À minha mãe Silene que me dedicou amor, compreensão, dedicação na

educação e incentivo na busca do melhor.

Aos meus irmãos Sandro, Saulo e Simone que estiveram pertos em todos os

momentos que precisei de apoio.

À minha namorada, Luana, que esteve ao meu lado me incentivando na

realização deste trabalho, compreendendo minhas inquietações.

Ao meu grande amigo Prof. Ruben de Oliveira que sempre confiou na minha

pessoa, me orientou e me apoiou nos momentos que mais precisei.

A todos os meus amigos e diretores da ISA Seção Curitiba ( International

Society of Automation ) que muito contribuem para minha formação pessoal e

profissional.

Aos trabalhadores que contribuíram para esta pesquisa.

A todos aqueles que me possibilitaram realizar este trabalho.

Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e do

Departamento de Eletrônica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –

UTFPR.

À Profa. Dra Faimara do Rocio Strauhs pela disposição e incentivo.

Em especial, ao Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento por sua orientação e,

principalmente, compreensão na construção deste trabalho.

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RESUMO

BORTOLINI, Silvio Cezar. O impacto da automação na força de trabalho industrial. Estudo de caso: Indústria de processos contínuos. 2009. 112 f. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2009

A pesquisa investiga os impactos de uma inovação tecnológica incremental por meio da automação industrial no cotidiano dos trabalhadores, contendo uma visão dos gestores, por meio de um estudo de caso de uma indústria de processos contínuos de extração de óleo vegetal. Procurou-se descobrir as características das atividades dos trabalhadores, anterior ao processo de inovação e comparar com as características posteriores a este processo para se obter a percepção dos trabalhadores frente às mudanças do processo produtivo e conseqüentemente do trabalho. Como procedimento metodológico foi realizado uma pesquisa exploratória qualitativa através de uma entrevista semi-estruturada com os trabalhadores e gestores com o intuito de um aprofundamento nas opiniões, percepções e interpretações dos entrevistados. Na análise dos resultados é mostrado que a automação trouxe como benefícios para os trabalhadores uma melhora significativa no ambiente e rotinas de trabalho facilitando o cotidiano para os operadores e como conseqüência exige uma maior atenção e responsabilidade para operar a planta aumentando o estresse mental em detrimento do decréscimo do estresse físico. Novas competências foram necessárias para os trabalhadores como, capacidade de abstração e flexibilidade, que gerou uma demanda de treinamentos e capacitação. A valorização dos trabalhadores se deu pela permanência dos postos de trabalho, por treinamentos realizados e por uma melhora nos salários. Os trabalhadores não se sentem ameaçados pela automação, mas preparados para as novas mudanças que porventura possam ainda alcançar. Os gestores apresentaram as inúmeras melhorias do processo através do sistema de automação como qualidade de produto, diminuição do desperdício de matérias primas, estabilidade do processo, menos paradas e com tempos menores e apontaram que a automação exige um novo perfil para a função de operação e manutenção. Por último, verificou-se que, ambos, trabalhadores e gestores consideram o processo de inovação através da automação industrial, irreversível e benéfica, pois, para os trabalhadores as condições de trabalho, educação e salários melhoraram e para os gestores, além de melhorar a gestão industrial, observaram que a automação aumentou a competitividade da empresas no mercado mundial.

Palavras-chave: Automação Industrial. Indústria de Processos Contínuos. Inovação. Força de Trabalho.

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ABSTRACT

BORTOLINI, Silvio Cezar. The impact of the automation in the industrial workforce. Study of case: An industry of continuous processes . 2009. 112 f. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2009 The research investigates which are the impacts of an innovation technological incremental through the industrial automation in the daily of the workers, containing a vision of the managers, through a study of case of an industry of continuous processes of extraction of vegetable oil. It tried to discover the characteristics of the workers' activities, previous to the innovation process and to compare with the subsequent characteristics to this process to obtain the perception of the workers front to the changes of the productive process and consequently of the work. As methodological procedure was accomplished a qualitative exploratory research through an interview semi-structured with the workers and managers with intention of deepen in the opinions, perceptions and the interviewees' interpretations. In the analysis of the results it is shown that the automation brought as benefits for the workers a significant improvement in the atmosphere and work routines facilitating the daily for the operators and as consequence demands a larger attention and responsibility to operate the plant increasing the mental stress to the detriment of the decrease of the physical stress. New competences form necessary for the workers as abstraction capacity and flexibility and that generated a demand of trainings and training. The workers' valorization felt for the permanence of the workstations, for accomplished trainings and for an improvement in the wages. The workers are not threatened by the automation but yes prepared for the new changes that by chance can still reach. The managers presented the countless improvements of the process through the automation system as product quality, matters cousins' waste, stability of the process, less stops and with smaller times and they pointed that the automation demands a new profile for the operation function and maintenance. Last it can be affirmed that both, workers and managers consider the innovation process through the automation industrial irreversible and beneficial, because for the workers they improve the work conditions, education and wages, and for the managers besides improving the industrial administration observe that the automation increases the competitiveness of the companies in the world market Keywords: Industrial Automation. Industry of continuous processes. Innovation. Workforce.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ambiente externo dos negócios................................................................36

Figura 2 - Modelo paralelo do processo de inovação tecnológica.............................41

Figura 3 - Elementos-chaves para a inovação tecnológica .......................................43

Figura 4 - Pirâmide de automação. ...........................................................................48

Figura 5 - Hierarquia funcional ..................................................................................54

Figura 6 – Exemplo de uma planta industrial e seus setores. ..................................55

Figura 7 - Etapas do método de estudo de caso.......................................................59

Figura 8 – Topologia do sistema de automação .......................................................68

Figura 9 – Fonte do sistema de automação da empresa ..........................................69

Figura 10 – Fonte do sistema de automação da empresa ........................................70

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10

1.1 PROBLEMÁTICA ................................................................................................11

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................12

1.2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................12

1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................12

1.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA...........................................................................13

1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................13

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................15

2 TECNOLOGIAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA .........................................................................................................17

2.1 UM BREVE HISTÓRICO DO TRABALHO ..........................................................17

2.2 O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ............................................20

2.3 TAYLORISMO.....................................................................................................22

2.4 FORDISMO.........................................................................................................24

2.5 TOYOTISMO.......................................................................................................27

2.6 O EMPREGO E A QUALIFICAÇÃO INDUSTRIAL.............................................29

3 AUTOMAÇÃO........................................................................................................35

3.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS ...............................................................................35

3.2 INOVAÇÃO .........................................................................................................39

3.2.1 Gestão da inovação ......................................................................................42

3.2.2 Inovação no Brasil ........................................................................................45

3.3 AUTOMAÇÃO .....................................................................................................47

3.3.1 Breve Histórico da Automação Industrial ......................................................50

3.4 NORMA ISA S95.................................................................................................53

3.5 O PROCESSO INDUSTRIAL..............................................................................54

4 METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................................57

4.1 TIPO DA PESQUISA...........................................................................................57

9

4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA.......................................................................58

4.3 COLETA DE DADOS ..........................................................................................60

4.4 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................63

5 ESTUDO DE CASO ...............................................................................................64

5.1 A EMPRESA .......................................................................................................64

5.2 O PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE ÓLEO VEGETAL .......................................64

5.3 A AUTOMAÇÃO REALIZADA.............................................................................66

5.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .........................................70

5.4.1 No ambiente de trabalho...............................................................................72

5.4.2 Treinamento e aprendizado ..........................................................................78

5.4.3 O trabalhador e a empresa ...........................................................................82

5.4.4 Mudanças e as perspectivas do trabalhador.................................................86

5.4.5 Os gestores e a automação industrial...........................................................92

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................99

REFERÊNCIAS.......................................................................................................102

APÊNDICES ...........................................................................................................108

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1 INTRODUÇÃO

O mundo está vivenciando um dos maiores avanços tecnológicos já vistos

desde a Revolução Industrial, onde parte da carga de trabalho humana foi

transferida para as máquinas e o acúmulo de capital se dava pela produção e

comercialização de bens materiais em larga escala. Atualmente, vive-se a Era da

Informação ou Revolução da Informação que é, segundo Lastres (1999, p.75), a

“resposta encontrada pelo sistema capitalista para o esgotamento de um padrão de

acumulação baseado na produção em larga escala de cunho fordista [...]”.

Neste novo paradigma, o acúmulo de capital se dá sobretudo pela produção

de serviços. O grande diferencial está no domínio da informação e a conseqüente

valorização do trabalho do homem. Segundo Gomez (1997, apud LASTRES,

1999),“trata-se de uma revolução que agrega novas capacidades à inteligência

humana e muda o modo de trabalharmos e vivermos juntos”.

A nova tecnologia utilizada no processo produtivo é caracterizada pelo uso

da microinformática e da automação que permite a flexibilidade de mudanças do

processo e introduz novas formas de organização do trabalho, exigem do

trabalhador novas características, como dinamismo, abstração e capacidade de

comunicação quebrando com as primeiras formas de organização do trabalho na

sociedade moderna (HIRATA, 1994).

Atualmente, um número cada vez maior de empresas busca a automação de

seus processos produtivos. Para Moraes e Castrucci (2001 p. 17), a automação

provoca a implantação de sistemas interligados e assistidos por redes de

comunicação, compreendendo sistemas supervisores e interfaces homem-máquina

que auxiliam os operadores no exercício de supervisão e análise dos problemas que

porventura venham a ocorrer.

Quanto ao tema tecnologia e desenvolvimento social relacionado com o

trabalho, este pode ser discutido sob a ótica de duas linhas de pensamento. A

primeira e a mais divulgada é que a automação está suplantando as vagas de

trabalhadores que poderiam estar nas linhas de produção gerando renda familiar e

aumentando o fluxo financeiro na economia. Com isto a inclusão social de uma

grande massa de trabalhadores é comprometida.

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A segunda é que a tecnologia no chão de fábrica industrial traz melhorias

nos processos e conseqüentemente na produtividade e qualidade dos produtos.

Esse fato abre oportunidades a novos mercados no mundo globalizado e com isto

gerando renda e aumentando postos de trabalho. Para o trabalhador pode trazer

melhorias nas condições de trabalho, trazendo facilidades e oportunidades de

crescimento pessoal e profissional.

Diante desta dualidade, são oportunos estudos investigativos, como este

para uma análise mais profunda do tema, levantando e analisando dados para

demonstrar os impactos da automação industrial no trabalho.

1.1 PROBLEMÁTICA

Nas ultimas décadas do século XX as tecnologias começaram, rapidamente,

a generalizar-se em todos os setores econômicos, como a automação, o que

proporcionou, mais uma vez, a transformação na forma de organização da produção

e do trabalho (POCHMANN, 2001).

O trabalhador, nessa nova forma produtiva, segundo Gaivizzo (2006, p.25),

“tem que ser qualificado, tem que saber muito, aprender muito e trabalhar muito.

Assim, a forma de organização da força de trabalho significa potencializar ao

máximo sua capacidade produtiva”.

O trabalhador hoje lida com dados, ou seja, o operário de uma fábrica não

trabalha mais necessariamente com as mãos nos produtos, ele se transformou num

trabalhador da informação. No computador, com o auxílio de programas próprios, ele

insere os dados da peça ou da engrenagem que necessita, deixando o restante por

conta da máquina. O trabalho que foi informatizado não é mais físico, ao contrário, é

uma seqüência de padrões de informação que pode ser manuseada quase como se

fosse tangível.

Segundo Lazzareschi (1995), “a tecnologia, divisão do trabalho, organização

social e estrutura econômica são fatores determinantes do grau de alienação e

liberdade dos trabalhadores submetidos a distintas condições de trabalho”.

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Enfocar esta questão de frente, significa reconhecer que o conhecimento

científico-tecnológico produz mudanças profundas na cultura do trabalho e,

conseqüentemente na educação do trabalhador.

A automação está em crescimento e é aplicada em diversas áreas e

segmentos, cabe avaliar com maior critério os impactos que a automação causa na

força de trabalho industrial em cada caso.

Neste contexto, a questão de pesquisa que orienta este estudo é:

Quais são os impactos da automação na força de trabalho em uma indústria

de processo contínuo?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar as implicações da automação sobre a força de trabalho em uma

indústria de processo contínuos.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Revisão de literatura relacionada ao binômio automação-trabalho na

indústria de processos contínuos.

- Revisão bibliográfica sobre a organização do trabalho na sociedade

moderna, automação e indústria de processos contínuos;

- Estudo de caso em uma indústria de processos contínuos na área

agroindustrial buscando levantar informações, junto à força de trabalho e gestores

da empresa, em relação ao ambiente de trabalho, aprendizado e a relação

trabalhador empresa, nas fases anterior e posterior à automação;

- Análise comparativa entre as situações anterior e posterior à automação

do processo industrial.

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1.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa está delimitada a uma indústria de processos contínuos. O

estudo de campo foi realizado em uma empresa de extração de óleo vegetal que

tinha uma planta de extração antiga (sem automação) e que inovou em seu

processo produtivo em uma nova planta considerada como o estado da arte em

termos de sistema de automação.

1.4 JUSTIFICATIVA

No atual ambiente competitivo, as tecnologias de automação são as

principais aliadas das indústrias, visto que estas tornam o sistema de produção mais

ágil e eficiente, se considerados os fatores custo/beneficio ao integrar-se ao sistema

já existente na organização.

O grande avanço tecnológico empregado nos sistemas de produção

industrial afeta a forma de trabalho das pessoas. Assim, torna-se imprescindível o

alinhamento dos profissionais com as novas tecnologias de automação de forma a

atender as expectativas da empresa e também da força trabalhadora.

Lazzareschi (1995, p.24), citando Blauner1, diz que a automação industrial

de um processo contínuo, ao transformar as condições do trabalho, propicia a

integração do trabalhador à empresa e à sociedade global.

As discussões sobre os efeitos da automação hoje ecoam nos debates em

torno do impacto da automação no força de trabalho produtiva. Porém, não são

muitos os estudos existentes que analisam seu impacto na qualidade e na

quantidade dos postos de trabalho na indústria de processos contínuos.

1 BLAUNER, R – Alienation and Freedom. Chicago, The University of Chicago Press, 1964

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Como a maioria dos estudos no campo das transformações da gestão

produtiva está voltada à indústria metal-mecânica e automotiva, que, segundo

Afonso (1999) citando Castro e Guimarães (1991)2, foi onde se percebeu uma maior

profundidade e intensidade destas transformações, assim justificamos a relevância

de se investigar as transformações ocorridas na indústria de processos contínuos –

extração de óleos vegetais – e os impactos na força de trabalho industrial da

empresa investigada.

Afonso (1999) afirma que uma característica marcante do então modelo

japonês de gestão produtiva e do trabalho aplicado na indústria de processos

contínuos é a necessidade do envolvimento do trabalhador com as metas da

empresa o que implica em uma nova ideologia nas relações trabalhistas.

Atualmente, as mudanças nos processos produtivos geram em sua

complexidade novos conceitos nas relações trabalhistas. Lazzareschi (1995, p.263)

afirma que:

Novas e elevadas qualificações profissionais, compreensão e controle do processo produtivo e colaboração entre os trabalhadores são os fatores determinantes das transformações necessárias da estrutura de poder das empresas modernas porque são os fatores determinantes do poder de barganha de seus funcionários que avaliam racionalmente as novas condições tecnológicas de trabalho e a elas reagem estrategicamente.

Volpato (1999), em sua pesquisa na indústria de manufatura, afirma que um

novo perfil de trabalhador vem se formando, mais adequada à manufatura flexível e

integrada, com maior participação, autonomia, iniciativa e percepção macro do

processo industrial.

Silva (2008), por sua vez, destaca que o modelo de produção flexível ao

mesmo tempo em que reduz a força de trabalho por sua complexidade, depende de

uma participação mais qualitativa do trabalhador. Deste modo, estudos voltados a

discussão dos impactos da automação industrial no campo do trabalho humano, são

2 CASTRO, N. GUIMARAES, A.S.A. Competitividade, tecnologia e gestão do trabalho: a petroquímica brasileira nos anos 90, In: LEITE, M.; SILVA, R.A. Modernização tecnológica, relações de trabalho e práticas de resistência. São Paulo, IGLU 1991

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de total relevância ao acadêmico-empresarial, justificando-se assim, a realização

desta pesquisa.

Atuando na área de automação o pesquisador pôde acompanhar várias

implementações de sistemas de automação de processos, em plantas existentes

e/ou unidades novas unidades desativando as antigas e coube ampliar o

conhecimento destas implementações estudando os impactos que as

transformações nos processos produtivos causam para os trabalhadores.

Todavia cumpre destacar que a finalidade principal do presente estudo não é

encontrar respostas, mas sim problematizar os assuntos tratados na delimitação do

tema, buscando assim instigar e motivar o debate sobre tal temática e seu futuro.

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho está organizado em seis capítulos, sendo o primeiro Capítulo a

introdução, onde é contextualizado o tema, definido o problema da pesquisa,

apresentados os objetivos da pesquisa e a delimitação do estudo e apresentadas às

justificativas.

O capítulo 2 traz conceitos de trabalho, abordando uma linha historicista e a

transformação do mesmo na sociedade capitalista, discute-se, ainda, a história da

organização do trabalho no chão de fábrica produtivo considerando os momentos

históricos culturais no desenvolvimento tecnológico industrial.

No capítulo 3 abordam-se conceitos de inovação, impactos e benefícios

econômicos das inovações sobre as organizações e a sua necessidade na

sociedade moderna atual, bem como, automação industrial e as motivações das

empresas para se automatizarem no mundo competitivo.

No capítulo 4 são definidos os procedimentos metodológicos adotados na

pesquisa. Assim, identifica-se o tipo da pesquisa quanto a sua natureza, abordagem

do problema, objetivos e procedimentos técnicos. É apresentado o caso escolhido

para o estudo e também detalhado o instrumento de coleta de dados utilizado. É

também mostrado o tratamento, análise, interpretação e apresentação dos dados.

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No capítulo 5 são apresentados os resultados obtidos na pesquisa quanto ao

impacto da inovação de processos pela implantação de uma automação industrial

moderna, quanto ao aspecto econômico e o resultado social na relação empregado

e empregador. São identificados as lacunas e benefícios desta inovação, a partir dos

resultados apurados na pesquisa comparando-se com o referencial teórico

elaborado nesta demanda.

No capítulo 6 são apresentadas as considerações finais do trabalho, em que

são demonstrados os objetivos alcançados com a pesquisa, avaliadas as

contribuições e perspectivas futuras e apontadas sugestões para trabalhos futuros.

Ao final do trabalho são apresentadas as referências utilizadas na pesquisa

e o apêndice, no qual é encontrado o roteiro de entrevistas.

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2 TECNOLOGIAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA

Com o crescente aumento da produção industrial devido a nova ordem

econômica imposta pelo sistema capitalista seguido da revolução industrial, surge a

busca pelas inovações tecnológicas e organizacionais.

Nesse contexto, a organização do trabalho consolidou-se como uma área

específica do conhecimento, passível de ser acumulada, sistematizada,

experimentada, reproduzida e elaborada teoricamente por agentes que não fossem,

necessariamente, os executores desse trabalho.

Desde a metade do século XIX, estudiosos de todas as formações se

dedicavam com profundidade sobre essas questões, na expectativa de construir e

implementar sistemas organizacionais que aperfeiçoassem a qualidade e a

diminuição do tempo gasto na realização de tarefas complexas.

Este capítulo aborda o tema trabalho através da literatura e a sua relação

com a pesquisa abordada. Discorrendo brevemente sobre a história e o conceito de

trabalho, sistemas de produção industrial, emprego e qualificação industrial no

Brasil.

2.1 UM BREVE HISTÓRICO DO TRABALHO

A sociedade é baseada no processo de trabalho, os seres humanos

cooperam entre si para através da exploração das forças da natureza visando a

satisfação das suas necessidades.

Com isto pode-se definir que a essência do homem é o trabalho e a sua

existência está interligada com suas ações na natureza, e a sua vida determinada

pela forma como ele produz sua existência (MARX, 1985).

A palavra trabalho deriva do latim tripalium, que era o nome de um

instrumento formado por três paus aguçados, com o qual os agricultores batiam o

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trigo, as espigas de milho, o linho, para rasgá-los, esfiapá-los. Tripalium refere-se,

também, a um instrumento de tortura para punições dos indivíduos que, ao

perderem o direito à liberdade, eram submetidos ao trabalho forçado. Desse modo,

originalmente, trabalhar significa ser torturado pelo tripalium. O fato é que este termo

está ligado à idéia de tortura e sofrimento, sentido esse que se perpetua até hoje,

principalmente nos povos de língua latina (SILVA, 2004).

O trabalho é uma condição específica do homem e, “desde suas formas

mais elementares, está associado a certo nível de desenvolvimento dos

instrumentos de trabalho e da divisão da atividade produtiva entre os diversos

membros de um agrupamento social” (SANDRONI, 2001, p. 608).

Cattani (1996, p. 39) define o trabalho:

Como ato concreto, individual e ou coletivo, é por definição uma experiência social. Opressão e emancipação, tortura e prazer, alienação e criação, são suas dimensões ambivalentes que não se limitam à jornada laboral, mas que repercutem sobre a totalidade da vida em sociedade.

Assim, infere-se que o trabalho e a produção definem a essência social do

homem. E o que distingue o homem dos animais é o simples fato de que ele

trabalha para si e para outros através da transformação da natureza na supressão

de suas necessidades (SAVIANE, 1996).

Para Marx (1985), todo trabalho é, por um lado, dispêndio de força de

trabalho do homem no sentido fisiológico e, por outro lado, dispêndio de força de

trabalho do homem para a produção de bens, o que determina que o trabalho é

essencialmente humano e inerente da vida humana e é um dos fatos que diferencia

o homem dos animais. O homem sonha, imagina, desenha, projeta, constrói e

executa através do trabalho enquanto os animais agem de forma instintiva.

Tendo por base os estudos realizados o trabalho é definido, neste estudo,

como uma atividade histórica e social que transforma a natureza, é uma ação

deliberada e intencional usada para a satisfação das necessidades humanas. O

efeito dessa ação transformadora, alcançada através da teoria e prática efetiva,

concretiza-se em bens, valores e obra que comprovam os pensamentos de

indivíduos e sociedades inseridas num contexto histórico concreto (LOYOLA, 1995).

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No decorrer da história, o trabalho tem passado por diversas

transformações. Nas civilizações antigas o trabalho se realizava em grupos com o

objetivo da sobrevivência, onde o homem interagia diretamente com a natureza.

Nas sociedades greco-romanas, a propriedade era privada legitimada pelo

estado e pertencente a classes privilegiadas. A cidade era um aglomerado dos

proprietários de terra em volta das instituições de domínio aristocrático. Todo o

trabalho era realizado em casa, ou seja, doméstico. O artesanato, calçados, roupas,

instrumentos agrícolas eram produzidos dentro das casas e para consumo próprio

(OLIVEIRA, 1995).

Posteriormente surgem as formações escravistas, e o trabalho escravo é

constituído e institucionalizado. O escravo se torna um objeto de propriedade de

outro indivíduo, e agora obrigado a trabalhar para seu senhor, seja na prestação de

serviços do mais variados ou então na produção de riquezas.

Ainda sobre o escravismo, Oliveira (1995, p. 29) diz que:

A mercantilização da economia, que constitui o móvel do escravismo, promoveu a extensão da propriedade dos meios de produção aos cidadãos livres de diferentes categorias, o aprofundamento da apropriação privada do excedente do trabalho e da produção, a ampliação da organização e das funções do Estado.

O feudalismo, que também explorava o escravismo, foi a ultima etapa do

processo histórico das formações pré-capitalistas. Ele atua em uma relação de

domínio do senhor feudal sobre o servo - trabalhador que era considerado

formalmente livre, porém prisioneiros das obrigações com seus senhores que

limitavam esta liberdade.

Segundo Oliveira (1987, p. 41),

A característica básica deste sistema foi a persistência de formas de coerção direta muito variáveis, traduzidas pelo trabalho compulsório, sob relações de dominação e servidão, que se concretizavam primordialmente no campo, onde o produtor direto não era proprietário da terra e trabalhava para o senhor sob forma de dependência social e jurídica, legitimada pelo poder político.

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É no feudalismo que o artesanato, como uma das características principais,

se desenvolve em concentrações urbanas principalmente próximas aos fiandeiros e

tecelões controlados pelos mestres de ofícios. Os artesãos eram, geralmente,

originários do campo, mas, não tendo condições econômicas para ter seu próprio

instrumento de trabalho, arrendavam sua capacidade produtiva ao mestre de ofício

em troca de um salário que mantinha sua estabilidade de vida (OLIVEIRA, 1995).

É importante notar que no feudalismo o conhecimento da atividade produtiva

dos mestres de oficio e aprendizes considerava todo o processo de produção,

conhecimento este que era tácito do indivíduo. Já no capitalismo observam-se

diversas mudanças, cujos aspectos são abordado a seguir.

2.2 O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial é, usualmente, considerada como a transição da

economia agrária para a industrial. Esse evento significou uma alteração profunda

na vida e no trabalho da população, marcando um novo período na história mundial.

O que Marx (1985) chamava de manufatura baseada no artesanato urbano e

na indústria doméstica rural é suplantada pela moderna indústria de larga escala ou

maquinofatureira, na qual a produção se organiza através de novos sistemas de

máquinas e de processos de trabalho, constantemente alterados no que hoje se

denomina inovações tecnológicas e organizacionais.

A nova relação do homem com a instrumentação lançou raízes durante a

Revolução Industrial, por sua vez, o capitalismo, no século XVI, reclamou novas

fontes de energia (ILLICH, 1976, p. 51).

Segundo Marx (1985, p. 47),

Igual a qualquer outro desenvolvimento da força produtiva do trabalho, ela [a maquinaria] se destina a baratear mercadorias e encurtar a parte da jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo. A fim de alargar a outra parte da sua jornada de trabalho ela dá de graça para o capitalista. Ela [a maquinaria] é meio de produção de mais-valia.

21

A revolução industrial marca a passagem da sociedade agrária para a

moderna sociedade industrial, onde a relação capital e trabalho se intensificam

surgindo novas classes sociais. Dentro deste contexto fez-se necessária, cada vez

mais, a busca das melhorias no processo produtivo e na organização da produção.

No entendimento de Segnini (1994, p.60), a revolução industrial foi seguida

de uma revolução social. Segundo o autor, surgiram “novas classes sociais

antagônicas (burguesia capitalista e proletariado), a passagem de uma sociedade

agrária para uma sociedade industrial, o desenvolvimento das relações assalariadas,

possibilitando uma nova forma de exploração do homem pelo homem”.

Para Oliveira (1995), a evolução tecnológica aplicada na produção e a

conseqüente organização e revolução dos processos produtivos e as relações

sociais são as principais características da revolução industrial, podendo dividir em

dois momentos distintos: O primeiro que correspondeu às transformações

tecnológicas e sociais ocorridas no segmento têxtil, com a introdução da máquina a

vapor nos processos produtivos da época. E um segundo quando o movimento

expansionista se realiza por toda a Europa com a difusão das tecnologias das

máquinas seguido da descoberta da eletricidade, estudo das técnicas e replicação

das mesmas para a melhoria dos processos produtivos.

Para Marx (1985), a burguesia na figura do capitalista somente conseguiria

manter o sistema, e por conseqüência sua dominação se tivesse uma capacidade de

revolucionar os meios de produção, e na seqüência as relações sociais.

A ruptura advinda com a Revolução Industrial condicionou a grande

transformação em que o trabalho se traduzia em emprego e a ocupação em mão de

obra.

Em verdade, o trabalho está sempre incrustado no sistema econômico mais

amplo. Nas sociedades modernas, esse sistema depende da produção industrial. A

indústria moderna difere, em um aspecto fundamental, dos sistemas pré-modernos

de produção, os quais se baseavam, principalmente, na agricultura. A maioria das

pessoas trabalhava nos campos ou cuidavam de rebanho. A própria indústria está

em constante transformação, a mudança tecnológica é uma de suas principais

22

características. A tecnologia refere-se ao aproveitamento da ciência nos maquinários

com o intuito de atingir uma eficiência produtiva maior.

Convém lembrar que a natureza da produção industrial varia em relação as

influências sociais e econômicas mais amplas. Se for considerado o sistema

ocupacional dos países industrializados durante o século XX, pode-se enxergar esse

fenômeno com bastante clareza: mudanças na economia global e avanços

tecnológicos provocaram transformações profundas no tipo de trabalho que

realizamos.

2.3 TAYLORISMO

Na virada do século XIX (1903), Frederick Taylor desenvolveu estudos a

respeito de técnicas de racionalização do trabalho do operário. Ressalva-se que a

figura de Taylor é a de uma pessoa de visão globalizada que tinha a percepção de

que era necessário aprimorar as técnicas de produção, não apenas em termos de

subsídios materiais, mas, o trabalho humano o conhecimento. A busca de uma

organização cientifica do trabalho, enfatizando tempos e métodos preconizaram ao

que é visto como Teoria da Administração Científica (WOOD JR, 2001).

Segundo Rago e Moreira (1986, p. 25):

O taylorismo, enquanto método de organização ‘científica’ da produção, mais do que uma técnica de produção, é essencialmente uma técnica social de dominação. Ao organizar o processo de trabalho, dividir o trabalho de concepção e o de execução, estruturar as relações do trabalho, distribuir individualizadamente a força do trabalho no interior do espaço fabril, a classe dominante faz valer seu controle e poder sobre os trabalhadores para sujeitá-los de maneira mais eficaz e menos custos à exploração econômica.

Taylor se ocupou do estudo do fator tempo na realização das diversas

tarefas que compunham a produção fabril da época, detalhando ao máximo as

técnicas utilizadas e como otimizá-las, objetivando o uso do trabalho mecânico no

23

menor tempo possível. O trabalho intelectual estava fora de questão, tornando o

trabalhador um mero operário alienado do sistema produtivo (ENGUITA, 1993).

Como afirma Régnier (2009, p. 5),

Taylor separou o planejamento de atividades da sua implantação, colocando o planejamento no campo da administração profissional. Ao fazê-lo, torna possível a eliminação de tempos mortos existentes na produção (movimentos executados de forma “incorreta” que acarretam, inclusive, danos ao corpo do trabalhador) e concentra, nas mãos do capitalista, o conhecimento necessário à realização das mercadorias. Desta forma, atinge os trabalhadores de ofícios naquilo que, até então, era o seu grande trunfo: o conhecimento produtivo, liberando parcialmente, dessa forma, o capital, das amarras do sindicalismo organizado, uma vez que torna possível a contratação de trabalhadores não sindicalizados e não qualificados que, mediante alguns treinamentos internos desenvolvidos na própria empresa, facilmente estariam disponíveis para fazer fluir a produção.

Portanto, a Administração Científica que surgia, separava o trabalho manual

do trabalho intelectual, a preparação da execução, e através desta divisão o

trabalhador se tornou cada vez mais especializado em determinada atividade no

intuito de ganho de produtividade na velocidade de execução das tarefas que por

sua vez se tornavam mais simples.

A este respeito, Coriat (1994, p.31) afirma:

Decomponiendo el saber obrero, "demenuzándolo" en gestos elementares - por medio del "time and motion study"- haciéndose su dueño y poseedor, el capital efectúa una "transferencia del poder" en todas las cuestiones concernientes al desarrollo y la marcha de la fabricación. De esta forma, Taylor hace posible la entrada masiva de los trabajadores no especializados en la produccion. Con ello, el sindicalismo es derrotado en dos frentes. Pues quen progresivamente es expulsado de la fábrica, no es sólo el obrero de ofício, sino también el obrero sindicado y organizado. La entrada del "unskilled" en el taller no es sólo la entrada de un trabajador "objetivamente" menos caro, sino también la entrada de un trabajador no organizado, privado de capacidad para defender el valor de su fuerza de trabajo.

O taylorismo baseava-se em métodos de planejamento, controle de tempos

e movimentos no trabalho, buscando características como, padronização, produção

seriada, reduzindo custos na busca de maiores lucros no trabalho intenso

fragmentado e padronizado do processo produtivo, proporcionando assim maior

24

produtividade. As buscas dos métodos ótimos cabia ao nível gerencial que através

de experimentações e medições sistemáticas de tempos e movimentos chegava à

padronização da atividade e tendo constituído a sistemática e padronizado a tarefa a

mesma passava ao trabalhador que apenas a executava.

Desta forma qualquer trabalhador poderia executar a tarefa uma vez que a

mesma já estava padronizada, assim se isolava cada vez mais a participação do

trabalhador de manifestações criativas (LEITE, 1994).

Também a gerência se relacionava com os trabalhadores apenas de forma

individual, mantendo o isolamento do mesmo no interior das fábricas. A organização

dos postos de trabalho era de tal forma constituída que evitava a comunicação entre

os trabalhadores tendo apenas seus imediatos para se comunicar (LEITE, 1994).

2.4 FORDISMO

Da lógica taylorista nasce o fordismo, que colocava em marcha o princípio

da linha de montagem, esteiras ou transportadores mecânicos asseguravam o

transporte de peças em curso de fabricação ou montagem e, ao mesmo tempo,

proporcionaram o encadeamento das operações.

A cadência do trabalho encontra-se mecanicamente regulada pela

velocidade do transportador. A cadeia com transportador supõem que as tarefas

estejam separadas em unidades de trabalho iguais para os diferentes postos que a

compõe e que está coordenada a recomposição do trabalho nas diferentes cadeias

(CHIAVENATO, 1999).

De acordo com Régnier (2009, p. 7), o modelo fordista evidencia “a

conjunção de diferentes racionalidades - econômica, social e política - que atuam

simultaneamente em espaços distintos, numa espécie de “coordenação” em busca

de fins que, embora visem a aspectos econômicos, não se limitam a eles”.

Gounet (1999, p.23) considera o fordismo como:

25

O conjunto das técnicas de produção baseadas nas premissas de Taylor, exceto quanto à separação do saber e fazer. A produção é, portanto, um processo coletivo onde é privilegiada a completa e consistente intercambiabilidade de peças e recursos de produção e a facilidade de combiná-los, sem necessidade de ajustes finos - o "tune up" da máquina.

O modelo de linha de montagem apresentado por Ford era motivado pelos

conceitos tayloristas, de eliminar o máximo possível o tempo morto de produção,

tornando-o tempo produtivo e, ao organizar o trabalho em torno da esteira

transportadora. Fixando os postos de trabalho de montagem, o fordismo impõe, aos

trabalhadores, uma submissão à velocidade da linha de produção, o que leva a uma

socialização do ritmo da força de trabalho, o que acaba diferenciando o modelo

taylorista que estava fortemente baseado no rendimento individual (LEITE , 1994).

Ford revolucionou a indústria automobilística, criando a linha de montagem –

um processo que mudou, por completo, a fabricação de automóveis e veio dar

rumos a novos e quase todos os outros setores da indústria (GOUNET, 1999).

Os pontos centrais deste modelo de produção consistiam:

Na completa e consistente intercambiabilidade das peças e na facilidade de ajustá-las entre si, e para conseguir isto Ford insistiu que o mesmo sistema de medidas fosse usado para todas as peças ao longo de todo o processo de fabricação, criando uma padronização que se converteu em uma redução nos custos de montagem (relação de causa e efeito). O próximo passo de Ford foi a introdução da linha de montagem móvel, visto que isto eliminava a necessidade de um trabalhador se deslocar, reduzindo assim drasticamente o tempo de fabricação de um veículo (WOOD JR, 2001, p. 11-12).

Em síntese, segundo Régnier (2009, p. 4), a racionalidade fordista pode ser

sumariamente descrita como:

- tempo de trabalho imposto pela máquina;

- apoiada no desenvolvimento de inovações de base técnica;

- especialização da maior parte dos trabalhadores em uma única e repetida tarefa graças à total fragmentação do produto nas suas partes componentes;

- diminuição do tempo de treinamento necessário;

26

- controle da vida privada;

- diminuição dos pontos de contato entre trabalhadores no local produtivo (contato homem-máquina e não mais homem-homem);

- total mercantilização na forma de vida da classe trabalhadora;

- salário "diária";

- produção em grandes volumes, padronizada e necessitando de altos investimentos;

- racionalização arquitetônica da planta produtiva;

- um grau considerável de "certeza" em relação ao mercado consumidor para produtos de "massa" produzidos em série;

Assim, o fordismo tornou-se um modelo de organização social, alcançando

toda a sociedade, visto que,

Em vez de fazer um veículo inteiro, um operário faz apenas um número limitado de gestos, sempre os mesmos, repetidos durante sua jornada de trabalho. O parcelamento significa que o trabalhador não precisa mais ser um artesão, especialista em mecânica. Acontece a desqualificação dos operários (GOUNET, 1999, p. 19).

Deste modo, o perfil de trabalhador requerido nesse modo de produção era

de alguém que tivesse condições, físicas, de executar “repetidamente a mesma

atividade por todo seu período de trabalho, pois o que se esperava destes operários

seria a capacidade de adaptação a um determinado ritmo de produção e a disciplina

para repetir gestos definidos pelos projetistas do trabalho.” (ZSNELWAR; MASCIA,

1997, p. 206).

Assim, pode-se inferir que enquanto o Taylorismo é caracterizado pela

intensificação do trabalho através da racionalização do tempo e movimentos; o

Fordismo é caracterizado pela mecanização do trabalho através do uso de

máquinas, esteiras e ferramentas nas linhas de montagem (CATTANI, 1997). As

duas formas de organização se complementando no processo produtivo é a

organização taylorista/fordista do processo do trabalho.

Outra característica, do fordismo era a separação entre a concepção, o

planejamento e a execução.

27

O montador da linha de produção em massa de Ford tinha apenas uma tarefa: ajustar duas porcas em dois parafusos ou, talvez, colocar uma roda em cada carro. Não tinha ele de solicitar peças, ir atrás de ferramentas, reparar seu equipamento, inspecionar a qualidade ou mesmo entender o que os operários ao seu redor estavam fazendo. Com tal especialização do trabalho, o montador precisava de apenas poucos minutos de treinamento. Ademais, o ritmo de montagem agia como constante disciplinador, acelerando os lentos e acalmando os apressados. (WOMACK; JONES; ROSS, 2004, p. 19).

Este modelo levou a novas formas de controle do tempo de produção,

padronização na execução das tarefas que por conseqüência trouxeram um novo

modo de acumulação do capital, fortemente voltado a produção de mercadorias

padronizadas e fabricadas em séries, ou seja, na produção em massa (LEITE,

1994).

Dentro deste contexto, Harvey (1992) diz que as mudanças tecnológicas por

meio do automatismo, a necessidade de novos mercados e de novos produtos, ou

seja, um novo comportamento de mercado, levaram o processo produtivo a novas

metodologias e organização do trabalho.

2.5 TOYOTISMO

De acordo com Régnier (2009, p. 7),

O sistema toyotista nasce a partir da necessidade de responder a desafios que são colocados pelo meio ambientes frente ao projeto econômico de expansão dos lucros e manutenção das empresas capitalistas. Estes desafios (bem como as oportunidades que representam) estão situados historicamente na trajetória de uma empresa, região ou nação, e a partir da habilidosa combinação de fatores internos e externos, um projeto pode vir a ser bem-sucedido, tornando-se posteriormente um "modelo" (numa racionalidade que não é dada no início, mas construída ao longo de um processo) com seus princípios, métodos e regras, que vigorará enquanto conseguir responder aos novos desafios que se apresentarão.

Segundo Wood Jr (2001, p. 32), o Japão foi o berço da automação flexível

pois apresentava um cenário diferente do dos Estados Unidos e da Europa: “um

pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos, e grande

28

disponibilidade de mão-de-obra não-especializada, impossibilitavam a solução

taylorista-fordista de produção em massa”.

O caos do pós-guerra no Japão criou um ambiente fértil para novos

pensamentos. Diversas técnicas embutidas por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno em seu

sistema de produção enxuta vinham sendo simultaneamente experimentadas por

outras indústrias. Seu êxito residiu na junção de todas as peças, criando o sistema

completo da produção enxuta, do planejamento de produtos, através de todas as

etapas da fabricação e coordenação do sistema de suprimentos, até o consumidor.

Deste modo, a indústria automobilística transformou mais uma vez o mundo,

tornando-se o símbolo global da nova era da produção enxuta (CHIAVENATO,

1999).

De acordo com Chiavenatto (1999), o sistema pode ser teoricamente

caracterizado por quatro aspectos:

a) Mecanização flexível, em oposição à rígida automação fordista decorrente

da inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez.

b) Processo de multifuncionalização de sua mão-de-obra, pois visto que este

sistema baseava-se na mecanização flexível e na produção para mercados muito

segmentados, a mão-de-obra precisa ser multifuncional, assim, os japoneses

investiram em educação e qualificação incentivando uma atuação voltada para o

enriquecimento do trabalho.

c) Implantação de sistemas de controle de qualidade total, cultura que se

desenvolveu por meio de todos os trabalhadores em todos os pontos do processo

produtivo.

d) Sistema Just in time que se caracteriza pela minimização dos estoques

necessários à produção de um extenso rol de produtos, com um planejamento de

produção dinâmico.

Com base em tais pressupostos, o início da produção enxuta, pela

empresa Toyota tornou-se um meio de busca contínua pelo novo, desenvolvendo

características que são peculiares ao modo como se apresenta o sistema produtivo

concreto (WOMACK, 1992).

29

Para Hirata (1994) o modelo Toyota está fortemente arraigado na indústria

japonesa, e quebra o paradigma taylorista/fordista uma vez que o trabalho é

cooperativo e em equipe o que dá ao trabalhador uma visão do conjunto produtivo,

tornando-se polivalente e multifuncional.

Neste sistema, a força de trabalho não estava propensa a ser tratada como

custo variável ou peça intercambiável. As novas leis trabalhistas, introduzidas pela

ocupação norte-americana, fortaleciam significativamente a posição dos

trabalhadores na negociação de condições de trabalho (WOMACK, 1992).

Lazzareschi (1995) observa que a expressão “luta de classe” está sendo

substituída por “parceria capital/trabalho” ou “ colaboração capital/trabalho” devido

às necessidades que as corporações tem de resolverem rapidamente os conflitos

internos para conseguirem atender rapidamente às exigências de um mercado

competitivo.

A produção enxuta reúne o melhor da produção artesanal e da produção em

massa: a capacidade de reduzir custos unitários e aumentar tremendamente a

qualidade, ao mesmo tempo oferecendo uma variedade crescente de produtos e um

trabalho cada vez mais estimulante.

Estima-se que estamos para a produção enxuta assim como a produção em

massa estava nos anos 20. Acredita-se que no final a produção enxuta irá suplantar

tanto a produção em massa como os últimos baluartes da produção artesanal em

todas as áreas do esforço industrial, para se tornar o padrão universal de sistema de

produção no século XXI. Será um mundo bem diferente, e bem melhor para se viver

(CHIAVENATO, 1999). Após apresentação da organização do trabalho ao longo do

tempo, a seguir abordam-se aspectos sobre o tema.

2.6 O EMPREGO E A QUALIFICAÇÃO INDUSTRIAL

A palavra emprego tem sua origem:

30

Nos idos do ano de 1400 dc. Mas até o inicio do século XVIII, o emprego se referia alguma tarefa ou determinada empreitada, nunca a um papel ou posição numa organização. A conotação moderna do termo emprego reflete sua relação entre o indivíduo e a organização em que uma tarefa produtiva é realizada, pela qual aquele que recebe rendimentos e cujos bens ou serviços são passíveis de transações no mercado (SOUZA, apud MENEGASSO, 1998, p. 82).

O empregado vende seu tempo para um dado empregador, normalmente

por prazo indeterminado, durante o qual exerce funções previstas no cargo para o

qual foi contratado, em troca do que recebe um salário combinado e demais

benefícios legais (férias, 13º salário, repouso remunerado etc. (BATES, 1997).

Conforme Menegasso (1998, p. 84),

Na sociedade centrada no mercado dos nossos dias, o emprego passa a ser o critério que define a significação social dos indivíduos. Com o estabelecimento da divisão do trabalho, o homem vive numa base de troca, garantindo para si os bens e serviços de que necessita, através do exercício do emprego, em troca do qual recebe um salário com que compra aquilo que lhe é necessário para sobreviver.

A relação emprego versus desemprego (pessoa desocupada) também é um

fenômeno da era moderna. Em verdade, desde meados dos século XX o emprego

está decrescendo, em praticamente, todas as nações industrializadas do mundo

(BRIGGES, 1995).

Conforme Gaivizzo (2006), ao longo da década de 1980 e 1990, a questão

do desemprego, bem como suas conseqüências sociais, tornou-se um problema

central para a classe trabalhadora. Em verdade, no passado o problema do

desemprego podia ser resolvido, fundamentalmente, pelo crescimento da economia.

Hoje as mudanças na estrutura produtiva e na organização da produção, alteram

essa relação. A transferência ou o fim do emprego chama atenção para o fato de

que o emprego, tal como é entendido, é um artefato social que resulta do processo

histórico ocidental: uma forma de colocar fronteiras ao redor de áreas significativas

da vida humana e de se definir como é preciso agir para se ter sucesso dentro

dessas fronteiras (TEVES, 2000).

31

Segundo Sarsur (2001, p. 32),

Têm sido a modernização do parque industrial e as novas formas de administração adotadas pelas empresas, medidas que reduziram a quantidade dos postos de trabalho, isso é, extinguiram funções anteriormente existentes. A adoção de medidas mecanizadas, automatizadas, robotizadas e informatizadas extingue postos de trabalho uma vez que as máquinas fazem o que antes os homens faziam.

Macedo (2009, p. 1) afirma que:

Não faz muito tempo, era costume associar emprego a indústria, posto de trabalho, estabilidade ou proteção. O mercado absorvia muito bem o operário padrão, disciplinado, leal, pronto a vestir a camisa da empresa. Esse modelo de trabalhador, que marcou o processo de industrialização, desde os anos 30, contribuiu para o calamitoso perfil de escolaridade da população economicamente ativa do Brasil: 3,5 anos de estudo, em média, uma das mais baixas do mundo.

Atualmente, com o deslocamento do emprego da área industrial para os

serviços formais e informais, tudo mudou. Na produção flexível, o emprego perdeu a

vinculação ao posto. No mercado em transformação, tornou-se instável e autônomo.

No setor público, o funcionário é impelido a buscar outro perfil, mais flexível e

rearticulado.

O processo vigoroso de crescimento teve uma capacidade elevada de

criação de novos empregos, em especial daqueles vinculados a indústria de

transformação. Se por um lado, a industrialização permitia que um volume

ponderável de força de trabalho fosse inserido nas atividades modernas, por outro

lado, criava um mercado de trabalho desfavorável à ação política dos trabalhadores

no sentido desses construírem, através da negociação coletiva, uma estrutura de

ocupações. As grandes empresas organizavam, de maneira independente, suas

próprias estruturas de ocupações, sem que essas fossem objeto de negociação para

ação sindical contra atitudes arbitrárias no uso da força de trabalho (LEMOS, 2001).

Importante assinalar, que ao longo dos tempos, a industrialização brasileira

não esteve associada à montagem de um sistema de relações de trabalho que

tivesse na questão da qualificação um de seus eixos estruturantes.

32

A experiência internacional mostra os esforços que os diversos países vêm

fazendo para redimensionar a oferta de serviços de treinamento e reciclagem

profissional. As funções destes serviços têm sido largamente discutidas, em face

das transformações ocorridas no mercado de trabalho e do contingente de

desempregados (SARSUR, 2001).

No Brasil esta discussão reveste-se de uma maior especificidade e

complexidade, em função do baixo nível de escolaridade da força de trabalho. No

passado, isto não chegou a configurar um problema para o processo de

industrialização brasileira. Desta forma, a divisão do trabalho, configurando tarefas

simples, rotineiras e previamente especificadas, com intervenção mínima no

processo produtivo, permitiu o alcance de altos níveis de produtividade (SARSUR,

2001).

Neste sentido, Neves (1991, p. 198) afirma que,

[...] o empresariado industrial, através de um sistema de formação profissional paralelo e complementar à política estatal de preparação para o trabalho, tomou a si a tarefa de formação técnico-política de uma parcela da classe operária já engajada no mercado de trabalho fabril. Assim com a intermediação do Estado, o empresariado industrial recuperou parcialmente seu projeto político-pedagógico de conformação da força de trabalho no industrialismo, que se consolida de forma autoritária.

A melhoria do perfil educacional reflete uma ação seletiva por parte das

empresas na contratação de força de trabalho brasileiro. A debilidade das condições

de funcionamento do mercado de trabalho brasileiro é caracterizada pelo elevado

desemprego e pela informalidade, e a ausência de perspectivas sobre uma possível

recomposição do nível de emprego fortalecem o poder de contratação das

empresas. Nesse contexto, aproveitam da grande disponibilidade de força de

trabalho para atuar de maneira discriminatória no mercado de trabalho, optando por

recrutar, quando necessário, os trabalhadores com melhor nível educacional e de

qualificação, e em conseqüência, por reduzir os custos de adaptação e treinamento

desse trabalhador (LEMOS, 2001).

No entanto, o maior poder de contratação das empresas não tem sido tão

importante para a seleção de novos trabalhadores; as empresas têm adotado uma

33

postura seletiva em relação à sua força de trabalho, optando por manter aqueles

trabalhadores com melhor nível de qualificação e com maior estabilidade no

emprego; deste modo, minimizam os custos de contratação de força de trabalho,

sem incorrer em elevações no custo salarial dos trabalhadores restantes (LEMOS,

2001).

"A qualificação para o trabalho diante das inovações tecnológicas adquire

um caráter altamente dinâmico, no sentido de que a competência especializada para

dado conjunto tecnológico pode tornar-se obsoleta e inadequada para outro aparato

tecnológico [...] (KAWAMURA, 1990 p. 14).

Em seu estudo Gaivizzo (2006) ressalta que possibilidade de automatizar

parte das atividades que antes eram realizadas pelos trabalhadores rompe com o

saber e o poder do trabalhador na operação da máquina automatizada. Nessa nova

forma de produção, o trabalhador não só precisa ter como pré-requisito um conjunto

de habilidades e competências específicas e altamente qualificadas, mas também

deve estar apto para dominar e atuar nas diferentes fases do sistema fabril e saber

trabalhar em equipe, originando um ser multifuncional ou polivalente. Trata-se,

portanto, de utilizar as potencialidades tecnológicas da automação como suporte

material a fim de remodelar a organização do trabalho nas organizações.

Parenza (2003) analisou a relação entre trajetórias profissionais de

trabalhadores desligados da indústria de transformação e atributos profissionais

construídos e acumulados pelo exercício profissional. O autor pressupôs que a

introdução de inovações tecnológicas nos processos de trabalho da indústria

colocava novas exigências em termos de atributos profissionais dos trabalhadores,

expressas nos processos de contratação, repercutindo, desse modo, nas

possibilidades de reinserção profissional. Assim, concluiu-se que o retorno à

ocupação profissional daqueles trabalhadores detentores de atributos concernentes

ao trabalho com equipamentos de base eletromecânica associa-se, em parte, ao

caráter seletivo e heterogêneo da reestruturação industrial.

Assim, infere-se que a qualificação do trabalhador exige cada vez mais, não

apenas treinamento específico das tarefas, mas uma base de conhecimentos,

atitudes e habilidades que só podem ser obtidos e mantidos mediante educação

34

geral e um processo de educação permanente / profissional ou de qualquer natureza

cultural.

Podem-se observar os serviços públicos de emprego, que se concentra na

intermediação da mão-de-obra, tendo em vista que parte dos programas de

qualificação e reciclagem são assumidas pelas próprias empresas contratantes.

Mesmo assim, o governo tende em investir na qualificação e treinamento

profissional, pois com as transformações no mercado de trabalho e sua redução, e

as exigências na hora da contratação é indispensável este tipo de investimento

(LEMOS, 2001).

35

3 AUTOMAÇÃO

As novas tecnologias têm um papel importante na sociedade atual, pois

trazem para dentro da organização novas técnicas que irão se confrontar com as já

existentes, havendo, muitas vezes, a aglutinação das tarefas separadas pelo

fordismo, criando um ambiente menos autoritário e mais propício para a

participação, porém não menos controlador. Assim, ao longo deste capítulo

desenvolve-se uma abordagem sobre as novas tecnologias e automação.

O sistema capitalista impõe uma incessante busca de produtividade e devido

a essa necessidade de aumentar a produção, produzir com qualidade, no tempo

necessário, surgiu uma série de inovações tecnológicas. Dentre as grandes

inovações, pode-se considerar o avanço da micro-eletrônica que, por conseqüência,

resultou no desenvolvimento de computadores e seus periféricos, sistemas digitais

de controle distribuído, servomecanismos, acionamentos, controladores

programáveis, instrumentos, etc.

As empresas investem cada vez mais nessas tecnologias para implementar

as inovações incrementais nos seus processos de produção.

3.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS

Elucidando o ambiente empresarial competitivo, Montana e Charnov (2003)

esclarecem que as organizações estão inseridas em ambientes que influenciam seu

funcionamento. As organizações precisam responder às forças que exercem

impacto imediato nas empresas, e devem se relacionar cuidadosamente com cada

um dos fatores fundamentais, em especial com a sociedade que está inserida.

Assim, as organizações captam insumos (matéria-prima, dinheiro, mão-de-

obra e energia) no ambiente externo, transformam em produtos ou serviços, e em

seguida mandam de volta como produtos para o mesmo ambiente. Esses fatores

externos à organização influenciam não só a organização, mas também um ao

outro.

36

A figura 1 sintetiza o ambiente externo das organizações:

Figura 1 - Ambiente externo dos negócios.

Fonte: Montana e Charnov (2003, p.63).

Os fatores ambientais gerais foram colocados no círculo externo, pois não

somente afetam a organização no centro como também contêm fatores mais

específicos. E destes os fatores tecnológicos são os que mais afetam as

organizações no cenário atual. Torna-se relevante observar que os fatores externos

são dinâmicos e alteram-se constantemente, e a administração deve reconhecer a

Organização

Social

Eco

nôm

ico P

olítico

Tecnológico

Bancos Acionistas

Clie

ntes

S

indicatos

Social

Demografia Valores culturais Ética do trabalho

Leis: Federais Estaduais Municipais

A modernidade Processo de inovação

Processo de transferência de tecnologia

Economia Clientes Concorrentes

37

necessidade de responder às mudanças ambientais. Ignorá-las é um risco à

sobrevivência da organização (MONTANA; CHARNOV, 2003, p.63).

Portanto o ambiente empresarial, em nível mundial e nacional, tem passado

por profundas mudanças nos últimos anos, as quais são consideradas diretamente

relacionadas com as Tecnologias da Informação (TI).

Atualmente as indústrias têm buscado um uso cada vez mais intenso e

amplo das Tecnologias de Informação (TI), utilizando-as como uma poderosa

ferramenta, que altera as bases de competitividade, estratégias e operacionais das

empresas.

Ramos (1989, p. 4) enfatiza que tecnologia,

É o conjunto das técnicas desde as artesanais até a do operador de câmera de televisão e a do aeronauta. Abrange o termo, ainda, especializações como a medicina, a navegação, a propaganda e outras atividades que requerem conhecimentos científicos acurados. Neste caso, tecnologia equivale a qualquer modalidade da ciência aplicada, pode ser entendida como todo saber sistematicamente referido à ação.

As novas tecnologias corroem, equalizam ou propulsionam a vantagem

competitiva de uma empresa, garantindo sua sobrevivência ou condenando-a ao

desaparecimento (MARCOVITCH ,1999).

A aceleração da mudança tecnológica trouxe uma crescente redução do

tempo de produção e consumo de bens, isto traz uma necessidade de colaboração,

mesmo para grandes conglomerados, muito maior, para que se possa acompanhar

o ritmo destas mudanças e não ficar para trás.

De acordo com Lemos (2009, p. 7),

A produtividade e competitividade dos agentes econômicos dependem cada vez mais da capacidade de lidar eficazmente com a informação e transformá-la em conhecimento, desta forma apontou-se para uma tendência de aumento da importância dos recursos intangíveis na economia – particularmente nas formas de educação e treinamento da força de trabalho e do conhecimento adquirido com investimento em pesquisa e desenvolvimento.

38

As rápidas mudanças trazem a necessidade da aquisição de novas

capacitações e conhecimentos, o que significa intensificar a capacidade de

indivíduos, empresas, países e regiões de aprender e transformar este aprendizado

em fator de competitividade para os mesmos.

Segundo Freitas et al (1997, p. 24), no atual ambiente competitivo,

A importância da informação dentro das organizações aumenta de acordo com o crescimento da complexidade da sociedade e das organizações. Em todos os níveis organizacionais (operacional, tático e estratégico), a informação é um recurso fundamental.

As tecnologias de informação aplicadas nas mais variadas formas de

organização dos processos produtivos causaram mudanças significativas no cenário

microeconômico. As empresas tornaram a inovação o principal ativo estratégico

frente aos novos paradigmas organizacionais de produção (REIS, 2001).

Lemos (2009, p. 11) afirma que:

As tecnologias de informação e comunicação propiciam o desenvolvimento de novas formas de geração, tratamento e distribuição de informações. Através de ferramentas de base eletrônica que diminuíram enormemente o tempo necessário para comunicação, transformam-se as formas tradicionais de pesquisa, desenvolvimento, produção e consumo da economia, facilitando e intensificando a muito rápida ou instantânea comunicação, processamento, armazenamento e transmissão de informações em nível mundial a custos decrescentes.

Estas tecnologias alteraram os modelos até então estabelecidos e vêm

exercendo uma influência definitiva em inúmeros aspectos das esferas sócio-

econômico-político-cultural.

Sbragia (2006, p. 38) ressalta que:

Não se pode negar a contribuição e o papel que a inovação tecnológica tem assumido no desenvolvimento socioeconômico dos países, por meio da criação de novas oportunidades de negócios. O ritmo desse crescimento, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, irá

39

depender da capacidade de se introduzirem inovações tecnológicas adequadas.

Franco (1989) observa que a relação de dependência entre inovação

tecnológica e desenvolvimento não é verdadeira somente para o caso dos países,

como também é verdadeira quando se examina o contexto das empresas industriais,

já que a inovação tecnológica é um dos principais determinantes do crescimento

econômico no mundo industrializado deste século.

Assim, a tecnologia nos países industrializados é o vetor direcionador de

crescimento, e conseqüentemente das empresas que possuem sede nesses países,

sendo imprescindível para o progresso econômico e competitivo dos países e das

empresas.

3.2 INOVAÇÃO

A sociedade da inovação caracteriza-se por um quadro institucional das

formas anteriores da sociedade, inclusive das formações modernas e pós- modernas

do capitalismo, que ainda primavam pela vinculação ao contexto de e princípios do

iluminismo (MARCONDES, 1994, p.17).

No século XVIII alguns estudiosos, como Adam Smith, apontaram uma

relação entre acúmulo de capital e tecnologia de manufatura, estudando conceitos

interligados com as mudanças tecnológicas, divisão do trabalho, produtividade e

competição que o modelo capitalista impunha, enquanto Ricardo, por sua vez

estudou o impacto da mecanização no modelo produtivo do capital e no nível de

empregabilidade.

Já no século XIX, List foi pioneiro ao introduzir o conceito de investimento

imensurável, ou intangível, com a afirmação de que a condição econômica e social

de um país era resultante da acumulação de todas as descobertas, invenções,

melhoramentos, aperfeiçoamentos e esforços de todas as gerações que viveram

antes de nós: isso forma o capital intelectual da raça humana (FREEMAN, 1997).

40

Somente em meados do século XX, a partir de trabalhos conduzidos por

Shumpeter é que o impacto da tecnologia é analisado com profundidade nas teorias

de desenvolvimento econômico.

Schumpeter (1961) considera a inovação como o principal agente de

transformações nas estruturas capitalistas e, a partir do papel desempenhado pelo

empresariado o autor buscou dividir o processo de mudança tecnológica, ou o

processo de inovação em três estágios: invenção, inovação e difusão.

A invenção é a idéia propriamente dita, pode se transformar em um produto,

ou em um processo novo ou aperfeiçoado. Assim, a inovação é o potencial

comercial exploratório da invenção, e a difusão contempla a propagação de novos

produtos e processos pelos mercados potenciais.

Para Dosi (1988), a inovação essencialmente está relacionada à descoberta,

experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos

processos de produção e novos arranjos organizacionais.

Também pode ser caracterizada como inovação tecnológica, a introdução no

mercado de um processo tecnologicamente novo ou substancialmente alterado,

conforme é apresentado no estudo da PINTEC (2006).

Quando Schumpeter (1961) destaca a inovação ele se refere a inovação

radical, algo totalmente novo que produzirá um grande impacto econômico ou

mercadológico, e não considera, em seus estudos, a inovação incremental, que é o

aprimoramento das técnicas de produção, dos produtos, dos modelos

organizacionais.

Porém Mytelka (1993) considera inovação como um processo pelo qual

produtores tem o domínio e implementam o projeto e produção de bens e serviços

que são novos para os mesmos, independente de serem ou não novos para seus

concorrentes. O que podemos denominar de inovação incremental.

Betz (1998, p. 04) assinala que “a inovação é a introdução de um produto,

processo ou serviço novo no mercado. A inovação resulta de uma exploração

comercial do conhecimento no mercado. Os benefícios econômicos da invenção

ocorrem a partir da inovação”.

41

Ainda de acordo com Lacombe e Heilborn (1999), no mundo globalizado e

competitivo, o que distingue uma empresa da concorrência é a capacidade de

inovação contínua. Vale ressaltar que o processo de inovação deve ser visto, pelas

empresas, como um ciclo e de forma sistêmica. Todavia, nas empresas, ele é

normalmente desenvolvido no modelo denominado “Paralelo”, como mostrado na

Figura 2:

Figura 2 - Modelo Paralelo do processo de inovação tecnológica.

Fonte: Kruglianskas (1996, p.19).

Neste modelo está bem caracterizada a relevância de se acompanhar e

entender os ambientes de mercado e de conhecimentos tecnológicos. Para esse

acompanhamento externo é fundamental que as empresas desenvolvam e

implementem um sistema que lhes permitam obter as informações adequadas ao

seu processo inovativo.

É importante ressaltar que a inovação pode ter como objetivo os seguintes

benefícios econômicos (OCDE, 2004, p.79).:

o substituir produtos que estejam sendo descontinuados;

o aumentar a linha de produtos:

� dentro do campo do produto principal;

Novos redutos

Idéias

Estado Corrente de necessidade e aspirações da sociedade

Estado Corrente de conhecimentos científicos e tecnológicos

Pesquisa

Desenvolvi

mento

Engenharia

Produção

Comercializ

ação

Reconhecimento da necessidade

Adoção utilizada

Capacidade Tecnológica Tecnologia

Absorvida

42

� fora do campo do produto principal.

o desenvolver produtos amistosos em termos de meio ambiente;

o manter participação de mercado;

o aumentar participação de mercado;

o abrir novos mercados:

� no exterior;

� novos grupos-alvos domésticos;

o aumentar a flexibilidade da produção;

o reduzir os custos de produção através:

� da redução dos custos unitários de mão-de-obra;

� do corte de materiais de consumo;

� do corte do consumo de energia;

� da redução da taxa de rejeição;

� da redução dos custos de desenho do produto;

� da redução dos prazos de início de produção.

o melhorar a qualidade do produto;

o melhorar as condições de trabalho;

o reduzir os danos ao meio ambiente.

Segundo o Temaguide (COTEC, 1998, II, p.1), na maioria das vezes as

mudanças inovativas são graduais e não em novas idéias radicais. Para haver

competitividade, controle e redução de custos e mercado consumidor neste

ambiente globalizado há a necessidade de adequação das empresas e seus

processos às novas tendências, culturas, sistemas e nuances dos mercados.

3.2.1 Gestão da inovação

43

Para Fontanini (2005), a análise da gestão da inovação torna-se importante

porque a inovação não ocorre de forma isolada, mas é conseqüência de processos

que se caracterizam por estarem associados à cultura organizacional, à infra-

estrutura física e humana, à legislação, à competitividade de mercado, a produtos e

outros elementos.

Cunha (2005) enfatiza que a gestão de inovações abrange várias áreas da

empresa, de forma que a inovação possa ser incentivada em nível estratégico e em

toda sua estrutura organizacional, passando pelo ambiente, o foco no cliente, as

pessoas e outros elementos pertinente à estrutura organizacional.

Para um processo de inovação se desenvolver, é importante tratar requisitos

que contemplam treinamentos, equipamentos e sistemas disponíveis, ferramentas

de trabalho (Controle Estatístico de Processo – CEP -, Pareto, etc.), processo

participativo do conhecimento, capacitação técnica, disponibilidade de recursos

financeiros e humanos, gestão do conhecimento e outros (FONTANINI, 2005).

Na figura 3 tem-se a representação gráfica dos cinco elementos-chaves para

a inovação tecnológica:

Figura 3 - Elementos-chaves para a inovação tecnológica Fonte: Temaguide (COTEC-1998, II-5).

FOCO

APRENDIZAGEM

IMPLEMENTAÇÃO

RECURSOS BUSCA

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PODE COMEÇAR EM QUALQUER PONTO

44

Segundo o Temaguide (COTEC-1998, II-5), os 5 elementos-chave

caracterizam-se conforme segue:

- Foco ( Desenvolvendo respostas estratégicas )

Estrategicamente selecionar de um conjunto de informações potenciais

inovativas qual dessas a organização comprometerá recursos dando continuidade

no processo de desenvolvimento. Nunca a organização poderá fazer tudo ou

desenvolver todas as idéias, o que cabe uma análise criteriosa na tomada de

decisão para investir na melhor inovação que dará o melhor resultado esperado.

- Recursos ( Adquirindo o conhecimento necessário )

Tendo escolhido uma opção, a organização precisa de recursos para poder

explorar a idéia e gerar uma inovação ( pode ser através de uma área de P&D

própria ou fontes externas ) de forma eficaz e com resultados. Pode ser desde uma

simples compra de um novo material, ou exploração de uma pesquisa em

andamento, ou requer uma extensa pesquisa para apontar os recursos necessários.

E nem sempre é um conhecimento personificado, mas sim um conjunto de

conhecimentos que geralmente se encontra na forma tácita e que é necessário para

trabalhar o processo de inovação.

- Implementação ( Implementando a solução )

Finalmente, a organização tem que implementar a solução, desenvolvendo a

idéia através de vários estágios até o lançamento final da inovação, como um novo

produto ou serviço no mercado externo, ou um novo processo ou método dentro da

organização.

- Aprendizagem

A quinta e última fase apresentada é chamada de aprendizagem e consiste

na reflexão dos acertos e erros ocorridos durante todo o processo. É nesta etapa

que o conhecimento é consolidado e permitirá a organização se aperfeiçoar nas

competências técnicas e organizacionais.

45

3.2.2 Inovação no Brasil

A industrialização no Brasil foi aliceraçada, por longo período, no processo

de substituição de importações, buscando-se a ampliação do setor industrial para a

fabricação de produtos antes importados. Mais tarde, com o Plano de Metas (1956-

1960), investiu-se na indústria pesada, na indústria de bens de consumo duráveis e

de bens de capital (VERSIANI; SUZIGAN apud WOLFFE, 2005).

A década de 80 destacou-se pela elevação no coeficiente exportado (total da

produção vendido no mercado externo) com a preservação do fechamento das

importações em patamar reduzido da industrialização substitutiva. Já o início dos

anos 90 foi marcado no Brasil pela instabilidade macroeconômica, fruto das

distorções geradas na década anterior, principalmente a diminuição dos fluxos

financeiros internos, que ocasionaram acentuada redução da capacidade de gasto e

investimento público, o progressivo atraso tecnológico do parque industrial e o

crônico problema das altas taxas de inflação. Esses problemas resultaram da

alternância entre períodos de aceleração produtiva seguidos por períodos de

retração, decorrentes de repetitivos e mal sucedidos planos de estabilização da

economia brasileira, praticados ao longo dos últimos anos de redemocratização do

país (BAER, 1983).

Com a abertura comercial brasileira que ocorreu a partir da década de 90, a

indústria brasileira estava, agora, exposta à concorrência externa, sendo que foram

muitas as empresas estatais que passaram a ser controladas por grupos privados. A

partir de então, o capital estrangeiro invadiu não só o Brasil, mas vários países em

desenvolvimento, resultado da globalização que, segundo Stiglitz (2003), trouxe aos

países em desenvolvimento o crescimento econômico que necessitavam.

Para Reis (2001, p. 33),

A abertura, intensificada a partir dos anos 90, provocou uma profunda reestruturação industrial no Brasil, com impactos diretos no emprego, embora tenha trazido benefícios para os consumidores pela maior disponibilidade de bens e serviços, melhores preços e tecnologia.

46

Surge então, a necessidade de políticas industriais para o empresariado

brasileiro se adaptar a concorrência dos produtos importados, buscando uma

adaptação às transformações que estavam em curso na economia mundial e, além

disso, uma tentativa de recuperar o atraso tecnológico imposto pela reserva de

mercado.

A industrialização no Brasil, que era fortemente baseada nos complexos

metal-mecânico e químico na década de setenta, passa na década de oitenta a ser

dirigida por novas tecnologias como a microeletrônica, telecomunicações e

informática em todas as suas aplicações. Além disso destacam-se a automação

industrial, novos materiais, energias alternativas renováveis e a biotecnologia (REIS,

2001).

Considerando que a inovação tecnológica é determinante na competitividade

dos países, então é de suma importância que se monitore o índice de inovação

tecnológica das organizações. Geralmente os indicadores utilizados para este fim

são: estatísticas de P&D (gastos e pessoal em P&D), patentes (número de

registros), monitoração direta da inovação (contabilização dos anúncios e

descobertas de novos produtos, processos), indicadores bibliométricos (número de

artigos científicos, mais voltados à pesquisa básica). (SBRAGIA; STAL;

CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006)

A segunda Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada

pelo IBGE (IBGE, 2005), mostra que das 84 mil empresas brasileiras ouvidas pela

pesquisa, 33,3% efetuaram algum tipo de inovação entre 2001 – 2003. Porém

destas, somente 2,7% lançaram produtos que podem ser considerados realmente

novos no mercado nacional. E só 1,2% passaram a usar processos produtivos

inéditos. A maioria das mudanças consistiu em adaptações ou cópias de modelos já

existentes.

Para Nicolski (2003), o Brasil possui um dos dez maiores parques industriais

do mundo, mas fabrica produtos de baixo e médio valor agregado, por falta de linhas

consistente de financiamento em P&D, ao lado da falta de cultura inovadora por

parte dos empresários. Além disso, é necessário superar as barreiras que geram

indefinições nas regulamentações e legislação de propriedade intelectual, bem

como, nos processos de transferência de tecnologia (SUZIGAN, 2005). Sendo que o

47

mais importante para a o estímulo à inovação é a criação de um ambiente favorável

para que estes agentes consigam se articular (BUAINAIN, 2005).

Lembrando que, a inovação é um processo sistêmico interdependente da

iniciativa privada, dos centros de pesquisas e desenvolvimento, e do governo. E só

se realiza de forma contundente em um ambiente onde há estímulos, competências

e investimentos.

Gaivizzo (2006) afirma que a inovação, à medida que é incorporada no

sistema produtivo, leva as empresas a repensar o seu modo de organização e de

gestão da força de trabalho, o que vem provocando impactos nos níveis de

emprego, nos níveis de remuneração, na estrutura ocupacional e no conteúdo do

trabalho. Segundo o autor, neste contexto tecnológico observa-se a constante

substituição progressiva do trabalho vivo (homem) pelo trabalho morto (máquina) e,

portanto, a eliminação de postos de trabalho.

3.3 AUTOMAÇÃO

A visão era que a automação substituiria a mão de obra desqualificada, na

execução de trabalhos rotineiros e padronizada, enquanto o trabalhador poderia se

ocupar de atividades mais nobres ao invés de estar submetido a trabalhos

repetitivos e exaustivos na produção fabril (CASTRUCCI; MORAES, 2001).

O conceito de automação, ou maquinário programável, foi introduzido em

meados do século XIX, quando o norte-americano Christopher Spencer inventou o

Automat, um torno programável que fazia parafusos, porcas e engrenagens. O

impacto da automação aumentou o desenvolvimento dos robôs – aparelhos

automáticos que desempenham funções geralmente realizadas por trabalhadores

humanos. A difusão da automação gerou debate entre sociólogos e especialistas

nas relações industriais, a respeito do seu impacto nas relações industriais sobre as

habilidades dos trabalhadores comprometidos com o trabalho. Para estudiosos a

automação auxiliou na integração da mão-de-obra e deu aos trabalhadores uma

sensação de controle sobre o trabalho, que faltava nas outras formas de tecnologia

(GIDDENS, 2005).

48

Entende-se por,

automação qualquer sistema, apoiado em computadores, que substitua o trabalho humano e que vise a soluções rápidas e econômicas para atingir os complexos objetivos das indústrias e dos serviços (por exemplo, automação industrial, automação bancária) (MORAES; CASTRUCCI; 2001 p. 17).

Para Pezzutti (2003, p. 09),

A automação oferece a racionalização dos processos: eliminação de tarefas repetitivas; minimiza erros em controles manuais; melhora o atendimento ao cliente interno e externo devido a alta qualidade e rapidez nas operações; além de permitir o aproveitamento das informações em tempo adequado para a tomada de decisão.

A automação industrial exige a realização de muitas funções. A figura 4

representa a chamada Pirâmide de Automação, com os diferentes níveis de

automação encontrados em uma planta industrial.

Figura 4 - Pirâmide de Automação. Fonte: Castrucci e Moraes (2001, p. 18).

Na base da pirâmide está freqüentemente envolvido o Controlador

Programável, atuando via inversores, conversores ou sistemas de partida suave,

49

sobre máquinas e motores e outros processos produtivos. No topo da pirâmide, a

característica marcante é a informatização ligada ao setor corporativo da empresa.

Também, segundo Castrucci e Moraes (2001, p. 18), é possível fazer uma breve

descrição de cada nível:

- Nível 1: é o nível das máquinas, dispositivos e componentes (chão de

fábrica), onde a automação é realizada pelo controlador programável. Ex.:

máquinas de embalagem, linha de montagem ou manufatura.

- Nível 2: sua característica é ter algum tipo de supervisão associada ao

processo. É o nível onde se encontram concentradores de informações

sobre o Nível 1 e as Interfaces Homem-Máquina (IHM). Ex.: sala de

supervisão de um laminador de tiras a frio.

- Nível 3: permite o controle do processo produtivo da planta; normalmente é

constituído por bancos de dados com informações dos índices de qualidade

da produção, relatórios e estatísticas de processo, índices de produtividade,

algoritmos de otimização da operação produtiva. Ex.: avaliação e controle

da qualidade em processo químico ou alimentício.

- Nível 4: é o nível responsável pela programação e planejamento da

produção realizando o controle e a logística dos suprimentos. Ex.: controle

de suprimentos e estoques em função da sazonalidade e da distribuição

geográfica.

- Nível 5: é o nível responsável pela administração dos recursos da

empresa, em que se encontram os softwares para gestão de vendas e

gestão financeira; é também onde se realizam a decisão e o gerenciamento

de todo o sistema.

As empresas recebem e utilizam informações que lhes permitem viver e

sobreviver no mercado. As decisões tomadas nas organizações baseiam-se

necessariamente nas informações disponíveis. Para melhorar seu processo

decisório, as empresas criam sistemas específicos de busca, coleta,

armazenamentos, classificação e treinamento de informações importantes e

relevantes para os seus funcionários (CHIAVENATO,1999).

50

A informática tem evoluído de maneira rápida e a cada dia novas tecnologias

surgem substituindo as anteriormente utilizadas. E quanto mais a informática evolui

maiores se tornam suas aplicações. A economia está passando por grandes

mudanças e o cenário do comércio está mudando. Os consumidores estão mais

exigentes, esperando encontrar uma maior variedade de produtos, serem mais bem

atendidos e acima de tudo esperam por preços mais baixos. Estas mudanças

serviram de alerta para as empresas, que perceberam que deveriam implantar

novas tecnologias para sobreviverem no mercado.

E uma dessas mudanças foi a implantação da Automação, que através dela

as empresas podem melhorar seu controle interno, criando condições mais

favoráveis para enfrentar as novas exigências do mercado (CHIAVENATO, 1999).

3.3.1 Breve Histórico da Automação Industrial

O avanço da área de controle se deu na revolução industrial. Já no século

XIX onde o controle de malha fechada era aplicado no controle do vapor de uma

locomotiva que consistia de entradas, como o nível de água da caldeira, chave de

pressão e a temperatura; e a saída do sistema era a ação de empurrar o carvão

para o queimador.

Mais tarde, no inicio do século XX foram introduzidos os controles

pneumáticos1. Transmissores pneumáticos tornaram-se disponíveis mais tarde na

década de 30 e a tecnologia de controle de campo estava sendo criada

(BATTIKHA,1992).

Na década de 50, do século passado, foram desenvolvidas as máquinas

ferramentas2 que eram comandadas por circuitos eletrônicos e mais tarde por

circuitos computadorizados. Uma das primeiras máquinas-ferramentas que se tem

notícias é o Torno de abrir roscas, inventado em 1568 pelo engenheiro francês

Jacques Besson. As máquinas ferramentas evoluíram na sua modalidade de

1 Tipo de acionamento que se utiliza da energia do ar comprimido. 2 Máquinas-ferramentas, ou máquinas operatrizes, constituem-se artefatos que dão forma aos matericias por corte, esmerilamento, martelagem, furação, torneamento, polimento, fresagem, soldagem, entre outros.

51

controle até a concepção do comando numérico – NC. No Brasil o primeiro torno

fabricado por controle numérico data de 1971 pela ROMI. (SILVEIRA; SANTOS,

1992).

Na década de 60, os controles eletrônicos foram introduzidos na área de

controle de campo. Entretanto em 1974 a produção de sistemas de controle era 40%

pneumáticos, e os painéis de controle estavam se tornando inflexíveis. Mais tarde,

no final da década 1970 com o advento da microeletrônica surgem os DCS

(Sistemas de Controle Distribuídos ) baseados em microprocessadores e abriram

novas possibilidades tecnológicas. Em 1980 havia mais de 70 fornecedores de

DCS’s (SILVEIRA; SANTOS, 1992).

Em 1990 houve uma grande explosão tecnológica com o surgimento de

implementação da inteligência artificial, reconhecimento visual ( sistemas de visão ),

robótica, diagnóstico de sistemas, sistemas tolerante a falhas, protocolos de

comunicação industrial, instrumentação em rede, wireless, etc. (BATTIKHA,1992).

Segundo Neves et al (2007, p. 2),

Nos últimos anos, o papel da automação vem sendo modificado fortemente na medida em que novos problemas surgem cada vez mais complexos. Os componentes de um sistema de automação evoluíram constantemente com os anos, desde os primeiros sistemas baseados em controle automático, mecanizado (como as primeiras linhas de montagem do século XX) até os sistemas baseados nas tecnologias atuais como a microeletrônica. O campo de atuação da automação foi expandido, rompendo os limites do ambiente de chão de fábrica, na medida em que novos tipos de processos foram surgindo e hoje se nota aplicações da automação em sistemas desde gerência de informação e negócios em tempo real até Sistemas críticos no campo médico, por exemplo.

Desde seu surgimento, o avanço tecnológico nas mais diversas áreas da

automação industrial tem sido cada vez maior, proporcionando um aumento na

qualidade e quantidade de produção e reduzindo custos (SOUZA; OLIVEIRA, 2008).

Devido a interconectividade necessária para a integração de equipamentos

industriais na busca do maior número de informações para uma melhor tomada de

decisão nas melhorias contínuas do processo, atualmente na empresa existem duas

52

áreas de tecnologias: a área de tecnologia da informação e a área de tecnologia de

automação.

Portanto, um sistema de automação industrial moderno tem por objetivos

básicos o desempenho, a modularidade e a expansibilidade, para que estes sejam

alcançados, temos que conceber prioritariamente um desenho da estrutura desejada

do sistema e, desta forma, organizar seus elementos: remotas de aquisição de

dados, Controladores, Interface Homem-Máquina, Instrumentos de campo, Sistemas

de visão e supervisão, Protocolos industriais, Robotização, dentre outros.

Assim, entre os muitos desafios da automação moderna, destacam-se os

seguintes:

No campo social, a formação técnica de profissionais e educação da sociedade quanto à evolução tecnológica proporcionada pela automação; em sistemas críticos, segurança e confiabilidade; na otimização de informações, no sentido de fornecer uma interface de software apropriada; na gerência de informações de tempo real; na área de reconhecimento de padrões; identificação de falhas em sistemas de automação; no que diz respeito à comunicação, implementação de comunicação segura entre dispositivos heterogêneos; em automação residencial, a utilização de um protótipo mínimo capaz de atender as necessidades dos mais variados tipos de residências; aplicações na área de medicina, instrumentos de precisão; e, por fim, impactos sociais e ambientais gerados pela automação. (NEVES et al, 2007, p. 5).

Assim sendo, pode-se inferir que a automação deixou de ser opcional no

atual mundo dos negócios. A automação na indústria decorre de necessidades tais

como: maiores níveis de qualidade de conformação e de flexibilidade, menores

custos de trabalho, menores perdas materiais e menores custos de capital; maior

controle das informações relativas ao processo, maior qualidade das informações e

melhor planejamento e controle da produção (CASTRUCCI; MORAES, 2001, p. 18).

Lembrando, que são inúmeras vantagens proporcionadas pelos sistemas

que usufruem da informatização. Entre elas estão: a possibilidade de expansão

utilizando recursos acessíveis; maiores níveis de qualidade de conformação e de

flexibilidade; menores custos de trabalho e perdas matérias; maior controle das

informações relativas ao processo; maior qualidade das informações; melhor

planejamento e controle da produção (STRINGARI JUNIOR; FORTE; DÁVILA,

2005).

53

3.4 NORMA ISA S95

A norma ISA S95 (ANSI/ISA–95.00.01–2000 ) define, conforme a figura 5, o

modelo da integração da área de controle com a área de informática de uma

empresa. Especificamente, a norma apresenta uma terminologia padrão, e um

conjunto de conceitos e modelos consistentes para integrar sistemas de controle

com sistemas de gestão da empresa na busca de melhorarias entre a comunicação

e as outras áreas trazendo os seguintes benefícios:

a) redução do tempo do usuário para pesquisar níveis de produção para

novos produtos;

b) habilitar fornecedores que tenham as ferramentas apropriadas para

integrar os sistemas de controle e de gestão;

c) habilitar usuários para identificar melhor as necessidades;

d) reduzir os custos de uma automação de processos;

e) otimizar a cadeia de fornecedores;

f) reduzir os esforços na engenharia do ciclo de vida.

Business Logistics

Plant Production Scheduling, Shipping, Receiving, Inventory, etc

Manufacturing

Operations Management Dispatching, Detailed Production Scheduling, Production Tracking,

Batch

Production

Control Continuous Production

Control Discrete

Production

Control

Level

Level

Level

Level

Level The production

(Control Hierarchy Levels according to ISA S95.01 – Enterprise - Control System

54

Figura 5 - Hierarquia Funcional

Fonte: ANSI/ISA–95.00.01–2000)

A definição de cada nível da hierarquia funcional da norma ISA S95

(ANSI/ISA-95.00.03-2005):

Nível 0: Corresponde ao processo físico ( mecânico, civil )

Nível 1: Envolve as funções de sensoriamento e manipulação do processo

físico ( sensores, acionamentos, válvulas, manipuladores e instrumentação);

Nível 2: Envolve as funções de controle do processo físico ( Controladores

Lógico Programáveis, Interface Homem-Máquinas);

Nível 3: Envolve as funções de gestão do fluxo de trabalho (informações)

para produzir o produto final do processo (Sistemas MES – Manufacturing Execution

System, OEE – Overall Equipment Efectiveness, Quality, Maintenance);

Nível 4: Envolve as funções relacionadas com as demais áreas do negócio

da empresa necessárias para gerenciar o processo da manufatura;

3.5 O PROCESSO INDUSTRIAL

Silveira e Santos (1992, pág 17) enfatizam que:

um processo industrial compreende a aplicação do trabalho e do capital para converter a matéria-prima em bens de produção e consumo através de técnicas de controle, obtendo valor agregado ao produto, atingindo as metas do negócio.

A figura 6 demonstra todas as áreas de uma planta industrial e quais os

processos de cada uma.

55

Figura 6 – Exemplo de uma planta industrial e seus setores.

Fonte: Autoria Própria

Podem-se dividir os processos industriais conforme a manipulação de

variáveis a serem controladas. Quando tais variáveis são, em sua grande maioria

analógica, ou de tempo contínuo, tem-se um processo contínuo; caso as variáveis

sejam do tipo discreta, ou digital, tem-se um processo do tipo discreto.

- Processo discreto ou indústria manufatureira

Segundo Silveira e Santos (1992), as indústrias que se caracterizam por

controle tipo discreto são as indústrias manufatureiras, cujo produto final de

fabricação passa por etapas de processo de montagem distinto e separado, podem-

se citar como exemplo a indústria automobilística.

- Processo contínuo ou indústria de processo

Sistemas Corporativos

Gerenciamento de Ativos

Relatórios Gerenciais

Gráficos Processo

Repositório Industrial de Dados

Rastreabilidade Genealogia

Supervisão ETA, Energia e Utilidades

Análise e Execução de Bateladas

Apontamento Paradas, Eficiência Linha/Eqpto, Registro de Perdas e Rejeitos

Controle Qualidade

Supervisão Ambiental

Supervisão e Controle de Máquinas

Supervisão Central

Registro de Inventário em Processo (WIP)

56

As principais características tecnológicas da indústria de processo, segundo

Druck (2001), são: a) a produção é resultado de uma série de reações físico-

químicas que ocorrem pela mistura de substâncias e reagentes e pela alteração de

parâmetros (pressão, temperatura, volume, densidade, velocidade, etc.) que

determinam o produto final. Não há uma identificação em vários momentos e

processos de produção; b) a maquinaria e os equipamentos são todos interligados;

c) o controle dos processos se dá em três níveis: localiza-se junto a cada máquina

ou equipamento e exige uma intervenção dos operadores; possui um sistema de

controle automatizado; e utiliza-se de um sistema centralizado de informações,

através de uma sala de comando central.

57

4 METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo apresenta-se a metodologia de pesquisa que alicerçou o

presente estudo.

4.1 TIPO DA PESQUISA

A metodologia utilizada na presente dissertação sustenta-se na pesquisa

exploratória-qualitativa.

A pesquisa exploratória visa prover o pesquisador de um maior

conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva. É apropriada

para os primeiros estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento

e a compreensão do fenômeno, por parte do pesquisador, são insuficientes ou

inexistentes. Seu objetivo é explorar um problema ou situação para prover critérios e

compreensão. Caracteriza-se por ser flexível e versátil, e por beneficiar-se do uso de

vários métodos, entre eles: entrevista com peritos, pesquisa-piloto, dados

secundários, pesquisa qualitativa (MALHOTRA, 2001).

Quanto à abordagem do problema, é uma pesquisa qualitativa, na qual se

procura analisar dados indutivamente atribuindo significados a eles (SILVA;

MENEZES, 2001).

A pesquisa qualitativa, segundo Neves (1996, p. 1),

Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social, reduzindo assim, a distância entre teoria e dados, entre contexto e ação. [...] Os estudos qualitativos supõem um corte temporal-espacial de determinado fenômeno por parte do pesquisador. Esse corte define o campo e a dimensão em que o trabalho se desenvolverá.

58

A pesquisa qualitativa oferece pelo menos três possibilidades de análise: a

pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia. Destas, no presente trabalho,

optou-se pelo estudo de caso, conforme delineamento descrito a seguir.

4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa adotado na presente dissertação é o estudo de

caso. Segundo Yin (2001), o estudo de caso representa a estratégia escolhida

quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, e quando o pesquisador

tem pouco controle sobre os fenômenos estudados.

Ainda, segundo Yin (2001, p. 32-33):

Estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos [...] enfrenta uma situação tecnicamente única que haverá muito mais variáveis de interesse do que de pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise de dados.

Para Chizzotti (1991), o estudo de caso tem como característica a

abrangência na coleta e registro de dados de um caso particular ou de vários casos

com a finalidade de se ter um relatório organizado e crítico e que avaliado permitirá

uma tomada de decisão para as ações necessárias.

Yin (2001) apresenta de forma esquemática as etapas do método de estudo

de caso conforme figura 7:

59

Figura 7 - Etapas do método de estudo de caso

Fonte: YIN (2001, p.73).

Como mostra a figura 8, a etapa inicial consiste no desenvolvimento da

teoria específica. Em seguida se faz necessário selecionar o caso e definir as

medidas específicas para o planejamento e coleta de dados, essa etapa projeta o

protocolo de coleta de dados. O protocolo deve apresentar uma visão geral do

projeto de estudo de caso (objetivos e patrocínios, questões do estudo de caso e

leituras importantes sobre o tópico que está sendo investigado) bem como, os

procedimentos de campo, as questões do estudo de caso e o guia para o relatório

(resumo, formato de narrativa e informações bibliográficas).

O objeto de estudo de caso é uma empresa paranaense3 que atua na área

de agronegócios com exportação de produto agrícola in natura e na industrialização

de produtos agrícolas. Dentro de seu parque industrial, a pesquisa foca a unidade de

extração de óleo vegetal.

3 Por questões éticas, a pedido da organização, não será mencionado o nome da empresa pesquisa.

60

4.3 COLETA DE DADOS

Considerando o foco desse estudo, foram delimitados as seguintes técnicas

de coleta de dados:

1) Pesquisa Bibliográfica

De acordo com Richardson (1999, p. 51), a pesquisa bibliográfica diz

respeito ao

[...] conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras. Tem como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa.

Assim, através da pesquisa bibliográfica elaborou-se o referencial teórico

com os principais conceitos e premissas utilizados no trabalho de pesquisa, bem

como, a revisão bibliográfica que alicerçou o estudo.

Vale ressaltar que a revisão bibliográfica compreende revisar os trabalhos

disponíveis, objetivando relacionar tudo o que possa ser relevante a pesquisa. É,

portanto, um percurso crítico relacionando-se intimamente com a pergunta a qual se

quer responder no estudo. Já o referencial teórico engloba conceitos, características,

premissas justificativas de modo sintético com as devidas fontes (autores, ano e

página) (LAVILLE; DIONNE, 1999).

2) Entrevistas

As entrevistas com pessoas selecionadas de acordo com critérios de

amostragem intencional constituíram as fontes primárias dos dados. Este técnica,

segundo Malhotra (2001, p. 163), pode ser definida como “uma entrevista não

estruturada, direta, pessoal, em que um único respondente é testado por um

entrevistador, para descobrir motivações, crenças, atitudes e sensações sobre um

tópico”.

Este tipo de entrevista, segundo TRIVIÑOS (1987), é adequada ao tipo de

estudo que se propõe, pois promove a possibilidade de maior interação entre

61

entrevistado e entrevistador, além de um maior aprofundamento das opiniões,

percepções e interpretações da realidade organizacional.

O contato com a empresa foi facilitado em virtude do pesquisador já

conhecer as pessoas que realizam a gestão da unidade fabril, porém as empresas

não estão tão dispostas a abrir suas portas para uma investigação detalhada ainda

mais quando a pesquisa ocorre em um campo de ciências sociais, o que envolve

seus funcionários.

A primeira solicitação foi feita junto ao superintendente industrial. Foi

apresentado ao gestor o escopo da pesquisa e a finalidade da mesma, que era uma

pesquisa de campo, onde seus funcionários participariam de uma entrevista

baseada em um roteiro de entrevistas e que deviam ser pessoas relacionadas com a

fábrica de extração de óleo vegetal e que exerciam no período funções nas áreas de

operação, manutenção e alguns em nível gerencial. Em seguida, passou à

aprovação da Diretoria.

Obteve-se a aprovação da Diretoria com a ressalva de que o nome da

empresa e de seus colaboradores não fosse divulgado. Na seqüência o pesquisador

foi encaminhado ao Gerente Industrial que agendou o dia e horário das entrevistas,

de forma que tanto o pesquisador quanto os colaboradores da empresa tivessem

disponibilidade.

Porém, antes de qualquer trabalho de campo, foi solicitado o roteiro prévio

de entrevistas a ser aplicado por questões de segurança de informações. Elaborado

o roteiro de entrevistas, este foi encaminhado para o superintendente, que após o

recebimento e análise do mesmo, autorizou o inicio das atividades de campo.

Foram elaborados dois roteiros de entrevistas, sendo um para o nível

gerencial que responderia pela empresa (Apêndice A) e outro para o nível dos

trabalhadores que estão na operação da planta e diretamente ligados com a

produção (Apêndice B). As perguntas foram baseadas no referencial teórico

mesclado com a interpretação do pesquisador.

O pesquisador solicitou que a entrevista fosse realizada com supervisores

de produção e operadores, independente de idade, sexo e nível de instrução. Pela

localização da empresa não ser no mesmo local onde reside o pesquisador foi

62

necessário agendar em um único dia todas as entrevistas devido a custos e também

a disponibilidade da própria empresa. Foi definido que cada gestor faria sua

entrevista na sua própria sala de trabalho e que para os trabalhadores da operação

a entrevista poderia ser realizada na sala de controle pelo motivo de se existisse

uma necessidade da produção o funcionário deveria parar a entrevista e dar

prioridade para o processo produtivo.

As entrevistas tiveram em média a duração de quinze minutos. Os

trabalhadores com nível de instrução menor tiveram mais receio na entrevista,

respondendo de forma curta e rápida enquanto os que tinham um nível de instrução

maior procuravam acrescentar mais detalhes às suas respostas.

Não houve a necessidade de nenhum gestor interferir ou explicar o propósito

da entrevista, e coube ao pesquisador preparar e tranquilizar os entrevistados,

explicando que se tratava de uma pesquisa acadêmica e que não haviam respostas

certas ou erradas mas sim, respostas baseadas na experiência deles. Foi dito que a

participação deles era fundamental para o trabalho e que fossem os mais

autênticos possível nas suas respostas.

c) Amostra

A amostra de pesquisa foi formada por dez trabalhadores do setor de

produção, escolhidos aleatoriamente pelos gestores, preferencialmente entre

aqueles que já trabalhavam na unidade na fase anterior à automação, divididos em

dois turnos de trabalho, e pelos três gestores. Todos apresentaram suas realidades

do cotidiano de trabalho, não houve nenhum constrangimento o que levou a

pesquisa de campo a ter seu objetivo alcançado.

Dos gestores entrevistados, o primeiro foi o gerente de produção da fábrica

de extração. O segundo gestor foi o gerente industrial responsável por mais

unidades fabris dentro do complexo industrial, o qual acompanhou o processo de

automação na época e atualmente quem usufrui da tecnologia. O terceiro gestor foi

o superintendente que estava envolvido em todo o processo decisório da inovação

adotada, sua entrevista foi a última, já no final do dia, e trouxe, também, grande

contribuição para a análise da pesquisa.

63

4.4 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados primários foram analisados qualitativamente, aplicando-se a

análise de conteúdo para discriminação do conteúdo manifesto pelos membros da

organização estudada.

Segundo Richardson (1999, p. 39), este tipo de técnica de análise e

tratamento de dados busca descrever a complexidade de determinado problema,

Analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.

Feita a apresentação da metodologia de pesquisa que alicerçou o presente

estudo, o capítulo a seguir traz o estudo de caso.

64

5 ESTUDO DE CASO

Este capítulo traz os resultados do estudo de caso.

5.1 A EMPRESA

A empresa pesquisada atua na área de agronegócios com exportação de

produto agrícola in natura, tem também na industrialização de produtos agrícolas

uma das principais atividades e é considerada de grande porte.

Dentro de seu parque industrial o destaque para a pesquisa é a unidade de

extração de óleo vegetal.

A empresa já possuía desde a década de 80 uma unidade de extração de

óleo vegetal com uma capacidade de esmagamento de soja na ordem de 1.000

ton/dia. No inicio deste milênio a empresa obteve um crescimento econômico e teve

por necessidade aumentar sua produção, e a mesma desativou a unidade antiga

construindo uma nova unidade de extração de óleo vegetal com uma capacidade de

esmagamento de soja na ordem de 2.000 ton/dia.

Com a construção de uma nova unidade houve um processo de inovação

através da implantação de um sistema de automação considerado como o estado da

arte. O pesquisador é quem foi o responsável pela comercialização deste sistema

devido a sua atividade profissional estar relacionada com vendas de sistemas de

automação industrial.

5.2 O PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE ÓLEO VEGETAL

Apenas de forma resumida será apresentado o processo de extração de

óleo vegetal da soja para que o leitor tenha um pequeno entendimento do processo.

Na produção de extração de óleo de soja podemos considerar três etapas

distintas: o armazenamento, a preparação e a extração do óleo bruto.

65

A limpeza e armazenamento ocorrem quando na entrega da soja, neste

processo o grão de soja passa por um secador que insufla ar quente no contrafluxo

da passagem da semente para retirada da umidade do grão e posterior

armazenamento da soja nos silos. As boas condições de armazenamento melhoram

a qualidade do óleo a ser extraído.

A segunda etapa seria a preparação que inclui o descascamento e a quebra

dos grãos, o cozimento, a laminação e a expansão da massa. No descascamento o

grão passa pelos quebradores que possuem peneiras giratórias para separação das

cascas pela sucção. A casca pode ser adicionada ao farelo para ajuste de valor

protéico ou pode ser queimada na caldeira.

O cozimento ocorre no chamado cozinhador que é um equipamento com

bandejas sobrepostas e aquecidas a vapor e que na passagem da soja por ele o

grão se aquece e aumenta a umidade do mesmo para que em sua composição

celular facilite a retirada do óleo. Posterior ao cozimento o grão passa entre rolos

cilíndricos que transformam o grão em forma de lâmina para que haja um maior

contato do solvente com os grãos na tentativa de extrair o máximo possível de óleo,

sendo esse processo denominado de laminação.

Na sequência chegamos na extração propriamente dita, onde a massa do

processo de laminação entra no extrator que é um cilindro dividido em partes e

recebe um banho de solvente puro, esta massa agora denominada micela vai

passando de compartimento para compartimento para que o solvente aja com maior

eficiência. Posterior a extração a micela entra no dessolventizador no qual o óleo é

separado do solvente por aquecimento e o farelo que sai passa por um tostador para

manter sua propriedade nutricional.

O óleo bruto gerado ainda passa por um processo de degomagem que é a

retirada de algumas impurezas do óleo cru. Assim temos como subprodutos do

processo: farelo para o uso de ração animal, o óleo bruto para uso alimentício. O

solvente é recuperado durante o processo.

O farelo ainda pode passar por um processo de peletização que é a

prensagem do farelo para possível transporte aumentando a densidade do produto a

ser transportado e o óleo bruto pode passar por um processo de refino e entrar na

66

cadeia de produção de óleo comestível, margarinas, maionese,etc.,, ou então ser

utilizado com um biocombustível denominado biodiesel.

5.3 A AUTOMAÇÃO REALIZADA

A automação foi implementada em várias áreas da fábrica que se interligam

com o processo de extração. Podemos citar a área de utilidades que é responsável

por vapor da água para controle de temperatura, chiller’s para resfriamento da água,

pré-secagem, preparação, peletização e a tancagem onde se armazena o óleo

bruto.

O sistema de automação controla todos os motores elétricos destas áreas

sendo que todo acionamento de cada motor é controlado via rede de comunicação

industrial PROFIBUS-DP, estamos falando de um total de 450 motores elétricos de

várias potências, alguns com acionamento direto, outros com partidas suaves e

outros com controladores de velocidade.

Toda a instrumentação de campo está em rede de comunicação industrial

PROFIBUS-PA com mais de 200 instrumentos, sendo uma grande maioria em área

classificada à prova de explosão.

Remotas, dispositivos que têm a função de receber sinais elétricos vindos

dos instrumentos de campo bem como atuar nestes, foram colocadas em painéis

elétricos em áreas com pouca automação para recebimento de sinais elétricos de

sensores convencionais que estão no campo.

Todo o sistema de automação está interligado em anel de fibra ótica

redundante para garantir disponibilidade máxima do sistema, ou seja, se existir uma

quebra da fibra ótica por qualquer motivo, a planta não para devido a informação se

propagar por outra direção.

O sistema de controle se comunica com os servidores de dados através de

uma rede ethernet também redundante e que por sua vez se comunica com as

estações de visualização e controle que são responsáveis em mostrar o processo

físico para o operador detalhando as informações necessárias para a operação.

67

Todas as estações de controle estão em uma sala de controle central onde

pode-se monitorar a planta bem como suas variáveis de processos em tempo real,

bem como tomar decisão de parar a unidade e/ou modificar parâmetros de uma

malha de controle, como temperatura, pressão, vazão, etc., até ainda traçar curvas

de tendências de determinadas variáveis para avaliações da estabilidade do

processo.

Há também a estação de engenharia que é responsável por toda e qualquer

modificação de hardware e/ou software necessário no processo, e também permite

através de ferramentas integradas acessar e modificar se necessário todo e

qualquer parâmetro da instrumentação de campo e dos acionamentos inteligentes

dos motores, permite também realizar diagnósticos avançados do controlador, da

rede, das remotas.

A estação de engenharia permite modificar as telas, incluir informações nas

telas, alterar dados de controle, e intertravamento do programa de controle que está

na CPU.

O sistema de controle também é redundante, ou seja, há duas CPU’s em

funcionamento e se sincronizando por eventos, quando uma das CPU’s falha a outra

entra em operação em questão de milisegundos de forma que o processo nem sente

que um dos componentes do sistema está em falha.

Também os servidores de dados são redundantes de forma que o operador

nunca fique sem o poder de controlar e manipular as informações e objetos de tela

que se façam necessário na operação do sistema.

A figura 8 mostra a topologia do sistema implementado, mostrando as seis

estações de operação, uma estação de engenharia, servidores redundantes, rede

ethernet redundante, controlador redundante com rede profibus interligando

motores, sensores e instrumentação.

68

Figura 8 – Topologia do sistema de automação Fonte: Autoria Própria

System bus Industrial Ethernet

Extração

OS Client

(Fast Ethernet 100 MB/s)

ES

OS-Server Redundante

OS Client OS Client OS Client

PROF I BUS -DP

. .

.

PROFIBUS-PA

DP/PA-Link

. .

.

Y-Link

AS –

. .

.

ET 200 M

AS 417-4 H

OS Client OS Client

69

A figura 9 apresenta uma das telas de operação da área de tancagem,

mostrando os níveis de óleo em cada tanque.

Figura 9 – Fonte do sistema de Automação da empresa Fonte: Autoria Própria

A figura 10 apresenta uma das telas de operação da área de peletização

mostrando os motores elétricos e seu estado de ligado e desligado.

70

Figura 10 – Fonte do sistema de Automação da empresa Fonte: Autoria Própria

A automação implementada nesta unidade foi com a melhor tecnologia

disponível na época, considerando todas as ferramentas de engenharia, controle e

monitoramento.

5.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Antes de apresentarmos os resultados da pesquisa com os trabalhadores e

as discussões dos mesmos, é apresentado no quadro 1 as características dos

trabalhadores entrevistados e no quadro 2 as características dos gestores.

71

Trabalhador Idade (anos)

Tempo de empresa (anos)

Função na empresa Escolaridade Sexo

SUP A 36 18 Supervisor de produção Ensino superior incompleto Masculino

OP A 31 11 Operador Ensino médio Masculino

OP B 29 9 Operador Ensino superior Masculino

OP C 42 22 Operador Ensino fundamental Masculino

OP D 25 1 Operador Ensino superior Masculino

SUP B 45 23 Supervisor de produção Ensino médio Masculino

OP E 33 5 Operador Ensino médio Masculino

OP F 52 17 Operador Ensino médio Masculino

MAN A 50 23 Tecnico Manutenção Ensino médio Masculino

Quadro 1: Característica dos trabalhadores entrevistados Fonte: Autoria Própria

Pode-se verificar que a predominância da força de trabalho é do sexo

masculino, fato este devido a se tratar de um processo de produção que necessita

quando o caso de uma intervenção do operador de uma força braçal e por isso é

caracterizado pelo gênero masculino. A produção trabalha em turno de 8 horas.

Dos nove entrevistados apenas um trabalhador possui apenas o ensino

fundamental, os outros cinco possuem ensino médio completo sendo um com curso

técnico por atuar na área de manutenção do sistema, e temos três trabalhadores

com ensino superior, sendo que o OP D entrou posterior ao processo de automação.

A média de idade é de 38 anos e a média de tempo de trabalho na empresa

é de 14 anos.

Gerentes Idade (anos)

Tempo de empresa (anos)

Função na empresa Escolaridade Sexo

GER A 27 2 Gerente de Produção Ensino Superior - Química Masculino

GER B 33 10 Gerente Industrial Ensino Superior - Química Masculino

GER C 51 23 Superintendente Ensino Superior - Química Masculino Quadro 2: Características dos gestores entrevistados Fonte: Autoria Própria

Na análise gerencial observa-se no quadro 2 que a empresa oportuniza

jovens na carreira gerencial e temos como idade média dos gestores 37 anos e

72

como tempo médio de empresa 11 anos. Todos possuem nível superior e cursaram

bacharelado em química.

5.4.1 No ambiente de trabalho

Em uma rápida apresentação dos dados levantados verifica-se que o tempo

médio dos trabalhadores na empresa é alto o que contribui muito para o objetivo da

pesquisa, que busca analisar uma condição anterior e outra posterior à implantação

da inovação tecnológica no processo produtivo. Também consegue se observar que

a mudança no processo produtivo foi muito grande principalmente em relação as

tarefas realizadas pelos trabalhadores. Segue um comentário de um operador que

comprova esta transformação:

Eu estava trabalhando há bastante tempo quando foi feita a mudança e para mim foi algo novo e interessante eu não conhecia nada de automação a gente tinha um controle manual, e cada um trabalhava na sua sessão, hoje a gente tem a sala de controle onde controla toda a produção ( SUP A)

Outro comentário importante é a mudança que automação causou para quem

estava na área de manutenção: “essa mudança foi bem significativa, nós não

tínhamos os CCM’s inteligentes que geravam manutenção constante e agora a

manutenção caiu bastante [...] a planta ficou bem mais confiável a nível de

manutenção” (MAN A)

Anterior a automação a operação era feita de forma manual, tornando o

trabalho mais cansativo, porque o operador tinha que estar ele mesmo prestando

atenção em indicadores de temperatura e pressão, nível de produto nos processos.

Tinham que abrir e fechar válvulas manualmente bem como ligar e desligar as

bombas e esteiras do processo, o que fazia com que o operador estivesse em

constante deslocamento pela área em que ele era responsável.

Após a mudança no processo de produção com a automação industrial

implementada, verifica-se, pelo comentário dos entrevistados, que esta mudança foi

para melhor conforme relataram os entrevistados.

73

o “ficou mais fácil para trabalhar na planta” (OP A)

o “essa mudança em partes foi boa porque você liga mais rápido o

maquinário ou pede para ligar pelo rádio” (OP B)

o “[...] o trabalho melhorou ficou mais fácil” (OP C)

o “eu acredito que venha facilitar o trabalho pela visualização do

processo no computador [...]” (OP D)

o “essa mudança foi fantástica viu, saiu da operação manual pela

automação, e mudou da água para o vinho” (SUP B)

o “para efeito de manutenção houve uma melhora significativa” (MAN A)

Todos os trabalhadores entrevistados que estavam na empresa quando

houve a mudança do processo informaram que a mudança que a automação trouxe

foi para melhor tornando o trabalho mais fácil.

o “[...] antes era tudo manual agora você tem tudo na tela, né.” (OP E)

o “[...] ficou mais fácil, qualquer problema é detectado na hora, ficou mais

fácil.” (OP F)

o “ excelente porque é controlado pela sala de controle[...]” (SUP B)

o “melhorou mais o trabalho e diminui mais o serviço” (OP C)

A adaptação a uma nova planta automatizada foi apontada como rápida e

fácil, alguns, de forma simples observam que foram necessários poucos dias para

adaptação, outros alguns meses. O que vale notar é que não foram apontadas

dificuldades nem mesmo em relação aos computadores onde os operadores

manuseiam as telas e as informações do processo, como podemos observar nas

falas abaixo:

o “A adaptação foi no decorrer do tempo, dia a dia, tipo uns três a quatro

meses [...]” (SUP B)

o “ o tempo foi rápido dois a três meses” (OP B)

o “ nenhuma dificuldade, foi rápida, uns quinze dias por aí” (OP A)

o “eu não diria dificuldade, mas porque eu não tinha conhecimento do

processo [...] (OP D)

74

o “com dois a três meses eu já estava bem adaptado ao sistema” (SUP A)

o “eu particularmente levei uns seis meses” (MAN A)

A mudança no processo produtivo elevou o nível de responsabilidade dos

trabalhadores devido a exigência em se ter um maior conhecimento de

microinformática, um senso crítico e maior atenção. Requisitos como destreza,

esforço físico, habilidade, que seriam muito fortes se o processo fosse manual não

apareceram nas respostas, o que dá uma indicação que para operar um sistema de

automação você tem sim um esforço mental maior, uma atenção maior e acarreta

uma responsabilidade maior, os depoimentos abaixo ressaltam as novas exigências:

• “um pouco de conhecimento de informática [...] o esforço físico é menor

devido a automação, porém o mental é maior [...]” (OP D)

• “a gente da preparação não tem o contato com o computador direto, para

nós mais atenção, dedicação” (OP B)

• “mais atenção, só “ (OP A)

• “diminuiu o esforço físico” (OP C)

• “os requisitos eu já tinha pelo conhecimento do processo [...] (SUP A)

• “com a implantação da tecnologia nova [...] no inicio teve uma certa

dificuldade [....] hoje melhorou bastante o lado da manutenção[...] hoje

temos uma estação de engenharia que facilita bastante[...] (MAN A)

Quanto a qualidade no trabalho, a maioria dos trabalhadores disse ter tido

uma melhora significativa, sendo que atualmente com a automação industrial o nível

de estresse diminui bastante comparado com a unidade antiga sem automação.

Sobra mais tempo até mesmo para o trabalhador entender melhor a sua atividade e

conhecer o processo como um todo, uma vez que antes ele ficava restrito a sua área

de trabalho e agora com a sala de controle consegue ter uma visão geral do

processo.

o “praticamente não existe estresse [...] na planta antiga era mais

complicado [...] tínhamos que aguardar a outra pessoa [...] (SUP A)

o “mudou muito, hoje é excelente, sossegado” (SUP B)

75

o “a nível de manutenção corretiva diminuiu bastante[...] para a

manutenção já facilitou bastante [...] (MAN A)

o “[...] acho que agora ficou bem melhor, né.” (OP E)

Os operadores que são da área de preparação/peletização e dependem da

sala de controle para ligar e/ou desligar algum motor observaram que o estresse

aumentou, porque tem que informar via rádio a solicitação de acionar ou não o

motor, isto é, por não terem o controle da situação na tomada de decisão, dependem

de outra pessoa na sala de controle e relataram a dificuldade encontrada:

• “eu acho que agora é maior [...] tem dias que é complicado” (OP B)

• “aumentou pouca coisa o estresse, não foi muito não” (OP C)

O conhecimento do processo é um ponto importante para todo e qualquer

operador de um sistema na indústria de processos. Uma operação errada pode

parar uma planta inteira e, conseqüente, causar prejuízo para a empresa pois na

maioria das vezes para colocar a fábrica em funcionamento demora-se muito tempo

além de perder matéria prima.

No que diz respeito ao processo de extração de óleo vegetal, há critérios de

segurança a serem seguidos devido a manipulação de solvente que é extremamente

explosivo. Assim percebe-se que todo o conhecimento anterior adquirido pelos

operadores é aproveitado, mesmo quando na planta nova automatizada, conforme

os relatos.

o “100% do que conhecia foi aproveitado” (SUP A)

o “100% isso foi fundamental [...]” (SUP B)

o “com certeza foi aproveitado” (OP B)

o “sim foi bem aproveitado para a nova unidade” (MAN A)

Também a pesquisa procurou explorar o aspecto da facilidade de

aprendizado em uma unidade automatizada comparando com a unidade antiga que

operava de forma manual. Para este item se evidenciou pela maioria das respostas

que em uma planta com automação industrial moderna é mais fácil de aprender as

funções a serem desempenhadas no que tange à operação da planta. As respostas

76

à pergunta sobre a dificuldade de aprendizagem inicial da operação, comparando-se

as duas situações (manual e automática) são mostradas abaixo:

• “hoje seria mais fácil” (OP C)

• “com certeza, né, no meu modo de pensar acho que sim” (OP E)

• “sem dúvida mais fácil” (OP F)

• “é mais fácil agora, manual era mais difícil [...] hoje é mais fácil para você

pegar antes tinha que andar mais na área.” (OP A)

• “muito mais fácil” (SUP B)

• “seria mais ágil e prático de estar assimilando toda a tecnologia” (MAN A)

Percebe-se que, na avaliação dos entrevistados a aprendizagem do

trabalho é mais fácil na operação automatizada.

O processo de mudança ocorrida com a inovação incremental relacionada à

automatização do processo produtivo, substituindo a operação manual da unidade

industrial por um sistema automático de operação da unidade, com pouca

intervenção do operador alterou as condições de trabalho dos operadores da

unidade.

Foi visto nos depoimentos dos trabalhadores que as mudanças foram

impactantes e uma delas está relacionada ao ambiente de trabalho. Os

trabalhadores deixam claro que agora eles têm a sala de controle, que é climatizada,

limpa e agradável. Enquanto o trabalhador está dentro da sala não está exposto aos

ruídos provocados pelos equipamentos do processo, estando mais confortável no

seu trabalho diário.

Anteriormente os operadores tinham que se manter o tempo todo na área

física produtiva, e tinham que realizar ações físicas como abrir ou fechar válvulas

que gerava uma sobrecarga de trabalho ao operador. Na indústria de processos

contínuos os trabalhos não são repetitivos, mas não deixam de ser seqüenciais e

obedecem a um roteiro de trabalho que acaba por mecanizar o trabalhador, não lhe

dando tempo para abstração de novos conhecimentos.

Isto corrobora a visão de autores como Machado (1996), que afirma que o

trabalho físico vem diminuindo, ou seja, a necessidade de força física empregada na

77

produção está sendo gradativamente substituída por sistemas microeletrônicos que

não exigem força física para controle.

A sala de controle foi apontada como o grande diferencial da automação e

se torna a parte funcional mais importante desta mudança para eles, pois é nesta

sala que efetivamente acontece o controle dos equipamentos industriais,

diferentemente do que acontecia anteriormente onde os controles eram feito no

campo com o operador.

Atualmente, o operador que está no campo possui uma função de

observador, quase como um “auditor” do que está acontecendo fisicamente com os

equipamentos que compõem o processo produtivo e relata qualquer problema

percebido visualmente ou auditivamente. Mas é na sala de controle que é realizada

a ação efetiva no processo, seja parar um equipamento motorizado, abrir e fechar

uma válvula, alteração de algum parâmetro de processo, etc.

Os trabalhadores também observaram que agora as competências exigidas

para o novo modelo de trabalho não são mais destreza, agilidade e até mesmo força

física, mas sim, atenção. Conseqüentemente maiores responsabilidades são

exigidas.

A maioria dos entrevistados afirma que o estresse diminuiu em relação à

operação manual, quando tinham que estar continuamente atentos ao que estava

acontecendo na sua área. Atualmente não é necessário, uma vez que o sistema de

automação informa o que está acontecendo em tempo real.

Também se percebe que há um clima de satisfação entre os operadores na

interação com os computadores da sala de controle. É como se eles agora tivessem

o “poder” de decisão nas mãos. Isso faz com que os operadores se ajudem no

aprendizado e no conhecimento da operação do sistema, trazendo uma maior

interação entre eles. Inclusive é feito um rodízio para que todos possam estar na

sala de controle manuseando os computadores e conseqüentemente as ações no

processo.

O que foi constatado corrobora a afirmação de Leite (1994), quando ela

afirma que as novas tecnologias baseadas na microeletrônica têm a capacidade de

integrar o trabalhador ao processo através de uma maior participação de todos

quebrando com o modelo taylorista/fordista.

78

Giddens (2005), afirma que para os estudiosos, a automação auxiliou na

integração da mão-de-obra e deu aos trabalhadores uma sensação de controle

sobre o trabalho, que faltava nas outras formas de tecnologia.

5.4.2 Treinamento e aprendizado

Todos os trabalhadores, sem exceção, disseram ter seu conhecimento

aumentado após o processo de inovação da planta, considerando aspectos de

operação de um sistema de automação. O que causou maior impacto no seu

conhecimento foi a operação da planta de um terminal de operação, ou melhor, um

monitor de computador onde o operador consegue visualizar a planta como um todo,

monitorar as grandezas físicas como temperatura, vazão, pressão e acionar os

motores quando necessário.

Sucintamente, em função do aprendizado de microinformática e do próprio

sistema desenvolvido na plataforma de computadores para a operação, fez com

que, a sua maioria respondesse que o conhecimento deles aumentou.

o “sim, aumentou bastante [...] para entender os equipamentos pelo monitor

você aprende mais “ (OP A)

o “aumentou o conhecimento”’ (OP C)

o “eu considero que aumentou, porque hoje a gente tem todo o processo na

tela [...]” (SUP A)

o “ha com certeza, pega bastante coisa [...]” (OP E)

o “o conhecimento aumentou bastante, muito” (SUP B)

o “aumentou mais conhecimento” (OP A)

o “sem dúvida nenhuma [...] a gente está numa empresa que está sempre

investindo em tecnologias novas [...]” (MAN A)

Perguntado sobre treinamento para aprendizagem das novas funções de

operação do processo na sala de controle, interpretação das variáveis nas telas,

bem como dos alarmes gerados, alguns relataram que tiveram o treinamento, outros

79

já que aprenderam dos próprios colegas que tiveram o treinamento e à medida que

desempenhavam suas atividades no dia-a-dia foram adquirindo experiência com o

sistema.

Ainda em relação ao local de treinamento, todos os que tiveram foram

treinados dentro da empresa, na sala de controle, junto com a operação real da

planta.

o “eu fui apreendendo com outros operadores que tinham conhecimento da

área” (OP E)

o “eu participei de treinamento depois da planta em operação[...] (SUP A)

o “sim, aqui na sala de controle” (OP A)

o “eu tive treinamento com os operadores da planta[...] foi com quem já

estava operando a planta.” (OP D)

Como identificado, alguns não tiveram treinamento.

o “não participei de treinamento” (OP C)

o “não participei”.(OP B)

Os trabalhadores relataram que o conhecimento aumentou, tiveram um

grande aprendizado e que a automação melhorou o dia a dia facilitando a operação

da unidade em relação a operação manual na produção. Eles estão trabalhando

com sistemas informatizados e estes sistemas como, computadores, monitores,

teclado, mouse, exigem no mínimo um conhecimento básico de manuseio.

No propósito de também saber se o trabalhador, quando confrontado com a

realidade de uma automação, que exige agora competências anteriormente não

exigidas, também se preocupa em melhorar seu nível pessoal de conhecimento o

que foi verificado é que os que já possuem um grau de instrução maior sempre

estão buscando melhorias, enquanto os de menor grau de instrução estão

estagnados no seu nível de instrução. Alguns dos depoimentos abaixo mostram esta

realidade.

o “só treinamento pela empresa.” (OP A)

o “[...] busquei um curso de informática.” (OP B)

o “ainda não” (OP C)

80

o “[...] eu faço tecnologia em alimentos [...] minha atividade casou bem com

meu curso [...] eu vejo bastante o que acontece aqui com o curso” (OP D)

o “Vou ser sincero com você eu comecei e parei e vou ter que voltar porque

o que nós fazemos hoje depende muito de um curso profissionalizante” (

OP E)

o “somente na empresa “ (OP F)

o “tenho buscado, até mesmo a empresa tem dado curso pra gente [...] na

parte física [...] na parte eletrônica[...] “ (SUP A)

o “não, no momento não” (SUP B)

Com o surgimento da microeletrônica e da microinformática os processos

produtivos também sofreram a influência dessas tecnologias. Assim são exigidas

novas competências dos trabalhadores no uso de novos equipamentos que são

introduzidos no chão de fábrica.

Foi observado que o treinamento e aprendizado não se limitam apenas à

área de atuação do trabalhador. Alguns dos pesquisados disseram ter tido a

necessidade do aprendizado da informática para poder operar a planta no “monitor”.

Pode-se assim dizer que em um processo de automação industrial para uma

indústria de processos, o conhecimento do operador não é mais restrito ao

conhecimento do processo. Dentro desta perspectiva de flexibilidade destacam-se

conhecimentos teóricos e práticos para execução de novas tarefas, capacidade de

decisão, maiores responsabilidades e atenção às novas variáveis que se introduzem

na nova forma de controle industrial. Assim, o trabalhador adquire um conhecimento

mais abrangente, que envolve outras disciplinas. Este é um dos impactos causados

pela automação no que tange ao conhecimento e aprendizado, é a necessidade de

um conhecimento multidisciplinar que por sua vez gera a flexibilidade da força

trabalhadora produtiva

Machado (1994) já alertava sobre este fato dizendo que as novas exigências

do trabalhador moderno requerem uma maior capacidade de abstração e análise,

necessárias para operar um processo produtivo.

81

Antunes (2000) aborda que a tecnologia empregada no processo produtivo

exige novas qualificações do trabalhador

As novas tarefas se referem às atividades de monitoramento, operação,

mudanças de ajustes de variáveis, interpretação das informações, através do

sistema de controle que está instalado e em funcionamento nos computadores de

controle.

Considerando o conhecimento que os trabalhadores já possuíam mais o

aprendizado necessário para operar a planta, surge agora um novo perfil de

profissional para o processo em questão.

Neste contexto é que Harvey (1992) aponta que as mudanças tecnológicas

por meio da automação, levaram o processo produtivo a novas metodologias e

organização do trabalho.

Foi visto que alguns dos trabalhadores receberam treinamentos do processo

durante a implantação da automação, enquanto os novos operadores por sua vez

aprenderam suas tarefas no dia a dia junto ao profissional que já está na empresa,

que passa seu conhecimento tácito ao novo colega. Este é o caso do operador D

que foi contratado posteriormente ao processo de automação e já possui um perfil

profissional diferente, é formado em curso superior relacionado com o processo

industrial, o que, segundo os gestores, facilita e encurta o tempo de aprendizado.

Loyola (1995) diz que as transformações nos processos produtivos devido

às inovações tecnológicas impõem mudanças para o trabalhador no que diz respeito

à qualificação.

Ainda pode-se citar Hirata (1994) que diz ser este o novo modelo do

trabalhador exigido na nova organização de produção, que tem como princípio que o

trabalho seja cooperativo e que o trabalhador tenha uma capacidade de abstração e

sistêmica que o torna multifuncional, flexível trazendo ganhos de melhorias nos

processos produtivos.

82

5.4.3 O trabalhador e a empresa

A avaliação da pesquisa até o presente momento mostra que a automação

melhorou em muito o dia a dia dos trabalhadores na relação com a operação da

planta.

A pesquisa teve por preocupação avaliar o impacto da automação no ser

humano, enquanto profissional, e segundo os trabalhadores as mudanças ocorridas

na planta industrial melhoraram a vida deles de forma geral o que é observado em

algumas falas abaixo:

o “ficou melhor para trabalhar” (OP A)

o “de um modo e de outro trouxe, com certeza[...] até o salário já

aumentou” (SUP A)

o “trouxe [...] a melhoria é mais rápido [...] “(OP B)

o “uma parte trouxe, outra não [...] a melhoria foi mais sobre a operação

(OP C)

o “com certeza por toda facilidade de operação” (OP D)

o “sim, positivo “(OP F)

o “sem sombra de dúvida [...] para nós só vem agregar conhecimento”

(MAN A)

Ainda explorando um pouco mais o aspecto da automação, de forma a

buscar uma resposta baseada na experiência pela qual os trabalhadores passaram

durante a mudança do processo produtivo, a pesquisa buscou saber na visão dos

trabalhadores, se a automação é inevitável nas indústrias. Procurou levantar se isso

é bom ou ruim para o trabalhador. Pelas respostas obtidas observa-se, que o

trabalhador considera que a automação é hoje um processo inevitável nas empresas

e que é benéfica tanto quanto a melhorias nas condições de trabalho quanto nos

benefícios pessoais, como aprendizado de outras áreas e melhores salários, como

se observa nas respostas dadas.

83

o “No começo achei que a automação não seria bom para nós, até tinha

um pensamento de diminuição de quadro de funcionários e foi ao

contrário, aumentou o pessoal, e quero dizer que a automação não é

aquele bicho de sete cabeças que o pessoal pensa que é, vai diminuir

isso, vai diminuir pessoal, vai diminuir salário, de modo contrário você

só tende a ganhar com isso (SUP A)

o “A automação é inevitável, a tecnologia é melhor [...] o mesmo pessoal

que trabalha aqui antes trabalha hoje [...] (OP B)

o “eu acredito que seja inevitável, a gente precisa disso, porque vem

trazer mais agilidade e mais precisão nos parâmetros [...] para o

trabalhador facilita bastante” (OP D)

o “é inevitável e em minha opinião é bom” (OP F)

o “bom, muito bom mesmo [...] não tem como impedir, a automação veio

para ficar [...] férias, promoção, aumentou um pouquinho mais o

salário ( SUP B).

Na visão de quem está na área de manutenção, a automação tira postos de

trabalho na área de operação porém aumenta postos na área de manutenção, além

da qualificação do pessoal de manutenção para trabalhar com os sistemas

modernos.

o “Isso aí não tem volta [...] num lado ela tira mão-de-obra operacional

por outro lado acrescenta mais pessoas na manutenção [...]” (MAN A)

Uma vez avaliada a visão do trabalhador, no impacto para ele, a pesquisa

também abordou a visão do trabalhador no impacto que a automação trouxe para a

empresa. O que a maioria apontou é que a automação trouxe benefícios para a

empresa, principalmente no quesito de melhoria de processo. Melhoria essa

baseada em ter as informações para análise através de uma sala de controle, ou

melhor, nos computadores que adquirem e controlam os dados do sistema. Algumas

respostas abaixo enfatizam os benefícios citados.

o “para a empresa teve uma melhoria geral [...] o computador controla

tudo, sabe onde está dando o problema [...] (OP B)

84

o “além da otimização do processo [...] houve melhoria do processo,

controle maior do processo” (OP D)

o “para a empresa foi ótimo, porque o processo aumentou o rendimento,

nossa área não para mais [...] (SUP B)

o “no meu ponto de vista, pelo que eu vejo para a empresa, foi uma

referência [...] a automação foi um modo da firma ganhar mais dinheiro”

( SUP A).

o “foi muito, a planta era totalmente convencional, não era confiável

totalmente manipulada por pessoas [...] além de confiável a automação

agregou produtividade com qualidade” (MAN A)

Os trabalhadores consideraram que o conhecimento aumentou bastante

com a automação e este fato é notório inclusive na entonação de voz nas falas dos

entrevistados quando lhes é feita a pergunta pertinente ao tema.

A multidisciplinaridade exigida para as novas tarefas e proporcionada por

treinamentos e capacitações dos trabalhadores é vista pelos entrevistados como

uma vantagem profissional que eles possuem, inclusive dando-lhes uma

autoconfiança de empregabilidade, pois consideram que a empresa não os demitiria

por estarem já treinados e preparados para operar aquela planta industrial.

O trabalho se tornou mais dinâmico e mais fácil de ser realizado por não

exigir força física e tarefas manuais que ocupavam em muito o seu tempo. Agora

possuem, inclusive, mais tempo para aprenderem novas habilidades. Dessa forma

sentem que o conhecimento adquirido, para realizar as novas funções, é um

benefício proporcionado pela automação industrial e conseqüentemente pela

empresa.

A participação dos trabalhadores nas discussões de melhorias também

aumenta a auto-estima uma vez que ele se sente parte integrante do processo e

elemento participativo no trabalho, podendo contribuir para o desenvolvimento da

empresa. Esta participação quebra com o modelo taylorista que, conforme Leite

(1994),não permitia a comunicação dos trabalhadores entre si, apenas com a sua

gerência e ainda de forma individualizada.

85

Lazzareschi (1995) observa que a expressão “luta de classe” está sendo

substituída por parceria “capital/trabalho” ou “ colaboração capital/trabalho” devido

às necessidades que as corporações tem de resolverem rapidamente os conflitos

internos para conseguirem atender rapidamente às exigências de um mercado

competitivo.

Outra valorização que a empresa proporcionou para o trabalhador via

automação, além da capacitação, foi a permanência dos mesmos em seus postos

de trabalho, aproveitando o conhecimento existente do processo manual para operar

a nova planta, mesmo sabendo que alguns teriam dificuldades maiores de

aprendizado em função dos seus níveis escolares e idades acima da média dos

demais.

Este fato, por si só, demonstrou a todos que já estavam na empresa antes

do processo de automação que ela não age de forma predatória em relação aos

seus colaboradores, mas sim oportuniza o seu crescimento.

Tal fato também é evidenciado quando o temor de um possível desemprego

pela automação não foi confirmado. Pelo contrário, além da empresa ter mantido os

postos de trabalho dos operadores existentes teve que contratar mais pessoas, em

função de necessitar de mais trabalhadores para o novo processo.

Este fato contradiz a argumentação de alguns autores que colocam a

automação industrial como vilão do emprego. Podemos citar Antunes (2000) que diz

que o número de trabalhadores na indústria que realizam trabalhos manuais está

diminuindo sensivelmente principalmente nos países avançados, seja por questões

econômicas que causam recessão, ou devido à automação, robótica, e da

microeletrônica que, segundo ele geram altas taxas de desemprego.

Pese-se que o ambiente de trabalho é um dos fatores importantíssimos no

desenvolvimento do trabalhador, uma vez que é neste local que ele se desenvolve

profissionalmente, nada é tão motivador quanto o seu trabalho ser reconhecido pela

empresa em forma de melhor remuneração, vantagens ou inclusão.

Também podemos dizer que, contrariamente a alguns autores que

defendem que as melhorias proporcionadas aos trabalhadores através de

treinamentos e capacitações exigidas dos mesmos bem como seus esforços não se

86

manifestam em melhorias concretas de salários, foi visto que os trabalhadores

passaram a ser mais bem remunerados posteriores ao processo de automatização.

Hirata (1994) salienta que apesar do novo modelo de produção demandar

novas características dos trabalhadores que o envolvam mais nos processos

decisórios e de melhoria no processo produtivo isso não significa que o trabalhador

terá compensações salariais.

5.4.4 Mudanças e as perspectivas do trabalhador

A maioria dos trabalhadores opinou que a mudança ocorrida foi para melhor

tanto para o trabalhador quanto para a empresa. Aumentou a autoconfiança dos

trabalhadores, eliminou possíveis medos e receios que alguns, por ventura tiveram

quando no período da implantação da nova fábrica automatizada. Segundo eles

trouxe uma melhora no conhecimento dos trabalhadores em relação ao processo

nos quais eles atuam. A visão geral ampliada do processo trouxe um benefício maior

para a empresa por fazer com que o trabalhador seja inserido em todo o processo e

entenda melhor a sua responsabilidade diante do todo.

Alguns, de maneira informal observaram o aspecto de rodízio na operação da

sala de controle, de modo que qualquer operador pode vir a substituir o supervisor

de operação quando necessário. A unidade não vai parar por falta de conhecimento

do sistema, pois este conhecimento é compartilhado por todos.

Assim percebe-se que o trabalhador se sente valorizado pela empresa,

inclusive tendo participação nos processos de melhoria em reuniões ou quando se

sente à vontade para opinar sobre determinado problema e/ou melhoria que ele

pensa ser necessário avisar e/ou implementar respectivamente.

Algumas expressões dos trabalhadores abaixo atestam as mudanças aqui

apresentadas:

o “com certeza eles sempre dão oportunidade para a gente opinar [...] a

gente está sempre buscando soluções para problemas aqui dentro da

linha de produção, geralmente a opinião da gente são acatadas, são

87

discutidas, são analisadas [...] isto faz com que a gente sempre

continue aí com as opiniões né ” (SUP A)

o “sempre que acontece alguma coisa, tem algum problema ou algo que

tem que ser melhorado, sempre consultam nossa pessoa “ (SUP D)

o “sempre a gente está em reuniões conversando, trocando idéias com a

chefia” (SUP B)

o “hoje a gente sempre dentro do possível a gente tá levando a

informação para a chefia , no que pode melhorar e de forma” (MAN A)

o “a opinião nessas partes é a mesma que antes” (OP C)

Apenas um trabalhador discorda que a empresa oportuniza a participação,

relatando que a chefia é intransigente quanto a opiniões no que se refere as

melhorias no processo de trabalho.

o “essa parte aí é complicada, tem chefia aí que domina isso ai [...] não

quer a opinião do cara, chega aí e manda fazer assim e faz “ (OP B)

Quanto à empresa investir no trabalhador, além dos treinamentos

operacionais já discutidos anteriormente, a maioria também relata que a empresa

investe em capacitação, sendo esta capacitação em cursos correlatos com a função

de operação, ou em outras áreas. Alguns relatos expressam esta visão:

o “investe com certeza [...] até eu já fiz um curso técnico na área de

gestão patrocinado pela empresa” (SUP A)

o “investe em treinamento, sim” (OP A)

o “eu acho que não é no geral, eles dão treinamento mas não é geral”

(OP B)

o “a gente até fez um curso no final do ano “ (OP D)

o “ela sempre tá dando curso para nós mas aí fica a critério de cada um

fazer” (OP E)

o “sim, ela investe” (OP F)

o “sim a empresa incentiva o pessoal para fazer curso e treinamento”

(SUP B)

88

o “são vinte poucos anos de empresa [...] a empresa está sempre

investindo” ( MAN A)

Quanto à preocupação de estar preparado para o futuro, uma vez que a

maioria passou pelo processo de mudança produtivo imposto pela inovação

tecnológica, a maioria disse que tem que estar preparado para as mudanças que

podem ocorrer no trabalho. Porém, na sua maioria, não disseram temer o futuro,

mas sim que estão preparados para enfrentar qualquer mudança que esteja

ocorrendo, seja por estarem estudando, se atualizando, ou até mesmo por confiança

na competência profissional adquirida, como se observou nas falas de alguns

trabalhadores:

o “pela experiência que eu tenho, eu já não me preocupo mais, em

termos de fábrica de óleo vegetal eu me considero estar bem

preparado e a firma me ajudou muito até hoje “ (SUP A)

o “um pouco só” (OP A)

o “com certeza eu me preocupo” (OP B)

o “a gente sempre se preocupa estar atualizado no processo, procura ler

sobre inovações para que houver mudança não seja de tanto impacto”

(SUP D)

o “há com certeza [...] “ (OP E)

o “sim tem que estar preparado” (OP F)

o “sim a gente tá sempre atento” (SUP B)

o “tem que estar preocupado, se não correr a gente é ultrapassado [...]

principalmente pelos jovens que as escolas estão preparando hoje”

(MAN A)

No que se refere à percepção dos trabalhadores quanto à automação em

relação ao emprego, a maioria dos trabalhadores disse não ter esta preocupação,

como pode-se observar nos relatos abaixo:

89

o “de maneira alguma [...] a automação não ameaça o emprego de

ninguém, ela só traz benefícios” (SUP A)

o “não, eu não me sinto ameaçado não, sem problemas” (OP A)

o “eu acho que não, porque sempre vai precisar ter um operador de

campo, a não ser que evolua mais o processo de automação [...] se

evoluir acho que pode ameaçar [...] (OP B)

o “não [...] não tenho como explicar porque não” (OP C)

o “acredito que não, acredito que é ameaçado para quem não consegue

se adaptar a ela [...] talvez diminua a mão-de-obra, mas para quem

está preparado acredito que não” (OP D)

o “eu penso assim, vai depender de cada um, se a empresa está se

automatizando você tem que procurar chegar no nível dela” (OP E)

o “não [...] pela experiência que a gente tem, eu acho que não estou

ameaçado” (OP F)

o “não sinto ameaçado por estar tanto tempo aí, venho da fábrica antiga

[...] no começo estava preocupado, automação, fábrica nova [...] mas

hoje a gente entrou na fábrica nova e se sentiu bem [...] a mudança a

automação, não tem porque se sentir ameaçado” (SUP B)

o “jamais passou isso pela minha cabeça” (MAN A).

Os trabalhadores na sua maioria disseram ter metas pessoais a serem

alcançadas, porém a maioria deles está com suas metas voltadas para a própria

empresa, e não como um profissional preparado para o mercado em busca de novos

desafios.

São vários os fatores que podem estar levando os trabalhadores a este tipo

de resposta. Mas, considerando a pesquisa realizada, o nível de satisfação dos

mesmos em relação a empresa, seja pelo ambiente de trabalho atual, ou pelos anos

de trabalho na empresa, é um dos fatores que levaram os trabalhadores a terem

seus desafios profissionais voltados a carreira na própria empresa, como podemos

observar nos relatos abaixo:

90

o “a gente tem que pensar para frente [...] eu já perdi muito tempo na

vida com os estudos parados [...] tenho a intenção de não ficar onde eu

estou, sempre buscando novos horizontes” (SUP A)

o “pretendo estudar mais” (OP A)

o “a gente tem meta de estudar mais e crescer mais dentro da empresa,

e transferir para uma área melhor’ (OP B)

o “com minha formação pretendo seguir uma carreira, se possível aqui

conseguindo subir de cargo” (OP D)

o “eu chegando aqui dentro a operador, pra mim já é bom” (OP E)

o “estudar mais um pouco para melhorar o conhecimento” (OP F)

o “o futuro o dia a dia vai dizer, a gente sempre se preocupa em fazer o

melhor para ter um futuro melhor” (SUP B)

o “a gente ainda tem objetivo de galgar um cargo maior de confiança e

ser mais bem remunerado” (MAN A)

Apenas uma resposta divergiu dos demais, um dos trabalhadores colocou

que não tem pretensões maiores e que está satisfeito com a posição que ocupa na

empresa.

o “não eu to na base certa” (OP C)

A maioria dos trabalhadores observou que a mudança na nova organização

do trabalho imposta pela inovação tecnológica foi benéfica para a empresa.

Na visão dos trabalhadores, a automação trouxe grandes benefícios à

empresa, como aumento da capacidade produtiva e melhoria na qualidade do

produto, menor número de paradas da fábrica e a possibilidade de otimização do

processo, o que traz maior rentabilidade e lucro para a organização.

A maioria dos trabalhadores considerou que o processo de automatização

das fábricas é um evento inevitável, porém a experiência experimentada por todos

coloca a automação como algo benéfico, uma vez que tiveram melhorias

significativas no dia a dia no trabalho.

91

Quando defrontados com as mudanças, alguns operadores expressaram a

necessidade de melhorar o seu nível de instrução, seja cursando uma faculdade ou

até mesmo cursos extracurriculares, como, por exemplo, de informática para

interagir melhor com o sistema de automação. Porém não foi uma unanimidade, e foi

visto que os operadores mais velhos e com menor nível de instrução não estão

buscando melhoria no seu nível de instrução, diferente dos operadores mais novos e

com maior nível de instrução que consideram importante estarem sempre se

atualizando e ampliando o conhecimento.

Isto se reflete na preocupação de alguns trabalhadores de estarem sempre

preparados para novas mudanças que podem ocorrer, uma vez que os mesmos

percebem a dinâmica que a tecnologia impõe às mudanças do processo produtivo e

de organização do trabalho.

Também foi observado que os trabalhadores não sentem seus empregos

ameaçados pela automação industrial. Consideram-se preparados e aptos para

qualquer mudança que venham a enfrentar. É uma visão baseada na experiência

que todos tiveram quando na inovação tecnológica implementada, uma vez que se

beneficiaram das melhorias que a automação trouxe para eles e também porque o

temor de alguns de desemprego acabou por não se concretizar.

Ao contrário de Carvalho (1996), que afirma que o emprego se reduz de

forma absoluta pelas transformações tecnológicas, a pesquisa mostra que os

trabalhadores em meio às transformações ocorridas não sofreram pressão de

desemprego.

Um dos impactos positivos foi o aumento da autoconfiança dos

trabalhadores quanto a sua capacidade intelectual e o nível de conhecimento do

processo que adquiriram a ponto de sentirem preparados para novos desafios

profissionais.

Outro fato importante a ser destacado é que nenhum dos trabalhadores se

colocou na posição de buscar melhorias profissionais fora da empresa que estão

atuando. Pelo contrário, todos pensam em realizar suas tarefas de forma a serem

valorizados em oportunidades de crescimento na sua carreira dentro da própria

empresa, o que denota que a empresa tem conseguido manter seus colaboradores

motivados e satisfeitos na relação de trabalho.

92

Diante da análise dos resultados pode-se dizer que o trabalhador passou por

uma grande mudança funcional, seu conhecimento foi aproveitado e ampliado diante

do novo processo de produção e que a automação industrial foi benéfica para todos,

trazendo o mínimo de dificuldade de adaptação, um crescimento profissional maior,

uma interação melhor com o processo, melhorou a qualidade do trabalho e ainda

trouxe benefícios financeiros com melhores salários e necessitou de mais

trabalhadores. Também não se pode dizer que a automação industrial trouxe

somente impactos positivos para o trabalhador, pois conforme visto houve um

aumento de estresse mental acompanhado de uma maior intensificação do trabalho.

5.4.5 Os gestores e a automação industrial

A pesquisa envolveu também os gestores da unidade industrial quanto à

automação industrial implementada. O objetivo era extrair o máximo de informações

de todo o processo voltado à inovação. Entender as justificativas para se

automatizar uma indústria de processos e a visão dos gestores sobre o impacto

dessa inovação para os trabalhadores.

Os principais motivos que levaram a empresa a investir em automação foi a

melhoria de performance da nova unidade por meio de um maior controle do

processo industrial o que leva a uma estabilidade no processo produtivo, ou seja, a

planta começa a ter uma repetibilidade de produção, que é produzir sempre da

mesma forma, o que impacta nos padrões de qualidade do produto final.

Tendo as informações do processo não apontadas manualmente por

operadores, que por muitas vezes repetiam os apontamentos do dia anterior ou até

mesmo apontavam de qualquer forma, apenas para cumprir seu trabalho, gerando

números não confiáveis, os gestores industriais possuem agora dados fidedignos

para tomadas de decisões, como por exemplo, ao monitorar a temperatura de

determinada área do processo pode obter um subproduto com mais qualidade o que

impacta nas suas vendas ao mercado.

A partir dos relatos dos gestores consegue-se extrair a motivação de se

inovar no processo produtivo, por meio de uma automação industrial.

93

o “A automação é muito importante para a estabilidade do processo,

garantia da qualidade [...] a redução de custos é um grande fator que

levou a inovar. “ (GER A)

o “o principal motivo está relacionado com a confiabilidade da produção

[...] embasada em uma estabilidade maior do processo [...] a

automação traz uma série de controle que facilitam a operação como

um todo [...] como conseqüência disso diminui o número de paradas da

planta” (GER B)

o “a inovação veio em função de atualizar o equipamento, atualizar a

parte elétrica e eletrônica [...] até em função de não ter reposição de

alguns equipamentos” (GER C)

Evitar paradas da unidade por problemas nos motores elétricos que muitas

vezes entram em sobrecarga ou apresentam algum outro defeito durante a operação

foi um dos objetivos da automação. Por isso a unidade além de ter um sistema de

controle de automação também investiu em um centro inteligente de controle de

motores ( CCMi) que são painéis elétricos compostos de inversores de freqüência,

chaves de partida suave e relés de proteção de motores. Estes dispositivos

controlam a velocidade dos motores de máquinas, esteiras, elevadores,

transportadores, bombas, ventiladores, partem os motores sem que os mesmos

causem danos a estrutura mecânica como trancos na partida e protegem os motores

de sobrecarga, falta de fase, rotor bloqueado etc.

Todos estes dispositivos são controlados de uma sala de controle que

possui monitores que trazem informações em tempo real das variáveis do processo.

Isso permite a realização de mudanças nas estratégias de controle do processo. As

estratégias de controle envolvem o controle de variáveis físicas como temperatura,

nível, pressão, vazão, etc., e são essas variáveis que através de instrumentos

inteligentes que são controladas pelo sistema de automação e não mais por uma

intervenção manual do operador.

A fala dos gestores aponta quais foram as inovações no processo.

[...] hoje a planta é operada em uma sala de controle, onde eu tenho o controle total do processo [...] antigamente o operador tinha que ir em cada válvula em cada equipamento olhar um medidor e tomar uma ação [...] hoje

94

a automação me dá a vantagem de dentro de uma sala de controle o operador consegue avaliar o processo como um todo [...] os operadores tem maior atuação dentro do processo[...] (GER A)

da parte elétrica, todo o controle dos motores com as partidas como chave compensadoras, estrela triângulo foram substituídas por partidas eletrônicas [...] o tipo de controle em relação às falhas [...] com relação a parte mecânica, hoje por exemplo temos o monitoramento de temperatura dos mancais dos motores, o monitoramento da corrente elétrica dos motores ajudou a eficiência dos equipamentos mecânicos, onde você pode checar o percentual da corrente nominal que o motor está trabalhando [...] consegue verificar histórico de falhas dos motores (GER B)

A planta já era um processo contínuo, porém você não tinha acompanhamentos mais técnicos como rendimento de produção e maior aproveitamento dos equipamentos para aproveitar o máximo [...] o que levou para essa tecnologia foi a capacidade de acompanhar o processo online corrigindo parâmetros que até antes não era possível (GER C)

Uma inovação tecnológica, como a automação, não impacta somente o

trabalho dos operadores, conforme foi observado. Ela provoca também mudanças

organizacionais na empresa na sua forma de gestão, de controle, de análises, dos

relatórios gerados. A gestão da produção e da manutenção também é impactada

quando há uma implantação de uma automação industrial.

[...] com a automação muitas rotinas que eram realizadas antigamente, como o operador ficar rodando toda a planta, hoje é feita de forma centralizada [...] o operador perde menos tempo para ver coisas pequenas, ele consegue ter mais tempo para sinalizar as variações de qualidade [...] a planta trabalha mais estável sem variações bruscas[...] com isso melhorou a qualidade [...] é possível avaliar a planta em tempo real e isso é uma grande melhoria [...] para quem opera é mais fácil e para quem faz gestão é muito melhor porque você consegue saber em tempo real onde estão suas variações e instabilidades no processo (GER A)

[...] aqui na empresa temos bastante indicativos e geração de históricos [...] esses históricos facilitam muito na interpretação de resultados de qualidade, por exemplo, um bom controle de temperatura no condicionamento da soja, vai nos resultar numa facilidade maior na laminação, e conseqüentemente numa lâmina de qualidade e um menor óleo residual no extrator [..] esse controle de temperatura por ser automático gerou essa facilidade [...] a manutenção passou a ter mais subsídios devido ao histórico [...] o sistema de gestão de manutenção associado com as informações via automação facilitam a manutenção preditiva, preventiva e até as corretivas (GER B)

com relação a laboratórios você pode reduzir um número de rotinas de laboratório [...] diminuindo o número de análises feitas (GER B)

quando nós implementamos primeiro tivemos que qualificar nossos técnicos principalmente os eletricistas transformando-os em eletro-eletrônicos para dar conta das novas tecnologias [...] Em função dos equipamentos houve a facilidade de se ter on-line os resultados de medição dos parâmetros do processo [...] com maior confiabilidade [...] hoje você toma decisões com dados mais precisos (GER C)

95

Os impactos causados pela automação industrial foram positivos em vários

aspectos abordados pelos trabalhadores na produção. Quando os gestores foram

questionados sobre o impacto da automação sobre a mão-de-obra do pessoal de

operação, confirmou-se que não houve redução de postos de trabalho, mas sim uma

qualificação de funcionários, tanto na área produtiva, quanto de suporte como

manutenção, e em conseqüência disse houve um incremento no nível salarial do

pessoal que não teve impactos significativos nos custos de produção.

A automação também trouxe também outro benefício para os trabalhadores

que diz respeito à diminuição da exposição ao risco. A extração de óleo é um

processo com periculosidade em função principalmente do uso de solvente que é

extremamente explosivo.

É importante salientar que a empresa, conforme exposto por um dos

gestores, sempre trabalhou com um quadro de funcionários otimizado e por isso

quando se automatizou a nova planta, manteve-se o número de funcionários.

a automação elevou o grau de conhecimento dos operadores [...] se a pessoa tem mais formação tem melhor salário [...] com isso eu consigo fazer uma cobrança técnica mais a fundo, consigo tirar maior rendimento dos operadores [...] a fábrica é mais segura [...] é importante salientar que trabalhamos com solvente que é perigoso [...] a fábrica trabalha mais ou menos dentro do mesmo padrão que impacta na qualidade (GER A)

uma automação acaba exigindo uma mão-de-obra mais qualificada [...] a maior parte dos colaboradores acabam buscando mais treinamento e conseqüentemente existe sim um incremento no salário dos colaboradores [...]. Uma planta sem automação você não tem a necessidade de tantos recursos humanos quanto em uma planta com automação [...] um outro aspecto que é relevante é que as plantas com automação tem que estar buscando motivar os operadores a entenderem o processo [...] para não cair na comodidade que a automação conduz tudo [...] na planta com automação o operador tem que aprender a utilizar essas ferramentas e não simplesmente se acomodar com o benefício que a ferramenta traz para ele (GER B)

[...] essa inovação nos permitiu deixar o funcionário mais confiante com os resultado do processo [...] tirando o maior rendimento possível do equipamento de forma a agregar um resultado melhor no produto acabado. [...] Tivemos que buscar melhorar o preparo dos operadores [...] não houve redução de funcionários houve a manutenção com especialização melhor [...] a empresa sempre procurou trabalhar com um quadro adequado de funcionários [...] (GER C)

A motivação que levou a empresa automatizar não foi a diminuição do

quadro de funcionários. O que foi observado, pelo contrário, foi uma melhoria para o

96

trabalhador tanto no ambiente de trabalho, no desenvolvimento de suas tarefas

diárias quanto na valorização salarial. Convém observar alguns impactos não

esperados, que a automação proporcionou ao processo da empresa.

Obteve-se de um dos gestores a informação que a automação trouxe uma

diminuição de 50% no desperdício do solvente comparado com a planta antiga.

Proporcionou também melhoria do índice de urease ( enzimas presente no feijão da

soja ) no produto farelo, melhorias nos padrões de qualidade, o que trouxe

benefícios na comercialização dos produtos da empresa. Ou seja, aumentou a

participação no mercado, uma vez que o óleo bruto extraído possui uma qualidade

maior.

Também houve um aumento no custo de manutenção, seja nos salários dos

trabalhadores, seja em função do custo dos equipamentos de automação, como

controladores, módulos de entradas e saídas digitais/analógicos, cartões de rede de

comunicação, instrumentos de campo, e acionamentos elétricos dos motores.

A mudança na organização do trabalho também foi impactada pela

implantação de um rodízio de operadores e supervisores no controle da unidade,

buscando a difusão do conhecimento do controle do processo para todos os

operadores.

Alguns relatos nos mostram esses impactos não esperados.

a manutenção é um ponto a se considerar, aumenta o valor da manutenção [...] é esperado uma demanda maior do pessoal e também a qualificação [...] dependendo do problema dependo de intervenção externa [...] eu estou a pouco tempo nesta indústria mas eu sei que em valores compensa a automação (GER A)

um primeiro momento na automação foi colocado a idéia que o encarregado de produção teria que estar na sala de controle e eu acho um equívoco [...] o encarregado é um supervisor e o operador é quem opera a fábrica [...] dentro deste contexto, todos os operadores tem que ter condições de operar a sala de controle (GER B)

observou-se que pudemos extrair o máximo do processo com as informações em tempo real que permitem que você tome decisões mais rápidas no processo. (GER C)

A automação industrial é um processo irreversível e inevitável, pois muitas

vezes se torna a peça chave e fundamental na competitividade das empresas.

97

Foi visto que o objetivo principal dos gestores na decisão de se automatizar

a unidade fabril foi a busca de um melhor desempenho do processo produtivo.

Desempenho este obtido devido a menos perdas de matéria prima no processo

químico, menos paradas de equipamentos devido a falta de monitoramente, e menor

tempo de paradas uma vez que o sistema de automação provê toda ferramenta

necessária para detectar qual defeito está ocorrendo na unidade industrial. Tudo isto

aumenta a competitividade da empresa frente aos seus concorrentes.

Esta lógica confirma o que diz Reis (2001) em relação às inovações

tecnológicas, ao afirmar que o empresariado brasileiro está buscando se adaptar às

transformações que estavam ocorrendo na economia mundial e recuperar o atraso

tecnológico.

Pela topologia apresentada do sistema (FIG.9) é fácil de se visualizar que

todos os componentes elétricos principais como os motores elétricos de máquinas,

esteiras, elevadores, transportadores, bombas, ventiladores, bem como todos os

instrumentos de campo como medidores de vazão, pressão, nível e temperatura

estão interligados em uma rede de comunicação industrial trazendo o maior número

possível de informações das variáveis do processo e também informações dos

próprios equipamentos, que é fundamental na detecção de falhas de processo e de

sistemas.

A inovação tecnológica, pela automação, não impacta somente o trabalho

dos operadores, conforme foi observado, mas também traz mudanças

organizacionais na empresa. A forma de gestão, de controle, de análises, os

relatórios gerados, a gestão da produção e da manutenção são também impactados

quando acontece uma implantação de uma automação industrial. Chiavenato (1999)

coloca que através da automação as empresas podem melhorar seu controle

interno, criando condições mais favoráveis para enfrentar as novas exigências do

mercado.

A empresa investiu na capacitação dos trabalhadores e incrementou o

quadro de pessoal, principalmente nos setores de suporte à produção como

manutenção.

Também os operadores agora passam a ser mais exigidos por estarem mais

bem capacitados quanto ao manuseio da planta automática, o que faz com que a

98

produtividade alcançada pela empresa compense todo e qualquer incremento

salarial dos colaboradores e outros custos adicionais.

Essa afirmação dos gestores confirma a visão de Leite (1994), que observou

que as empresas brasileiras aumentam cada vez mais seus gastos com treinamento

e qualificação de seus trabalhadores.

O aspecto segurança também foi abordado como um item importante. O

processo químico na extração de óleo vegetal envolve, neste caso, o uso de

solvente que é extremamente inflamável, o que leva o processo de extração para um

nível de área classificada, onde todo e qualquer equipamento instalado dentro do

perímetro da área deve ser certificado e à prova de explosão.

Os ganhos obtidos pela empresa são inúmeros. O ganho de qualidade dos

subprodutos, diminuição no número de paradas da fábrica, do desperdício de

matérias primas, e outros. São esses tipos de ganhos que motiva as empresas a

estar sempre buscando e implementando novas inovações.

Esses fatos confirmam o Manual de Oslo (OCDE, 2004), que observa que a

inovação incremental aplicada na empresa, por meio da automatização do processo

produtivo, atinge alguns de seus objetivos como benefícios econômicos. Podemos

citar a substituição de equipamentos antigos e obsoletos, o desenvolvimento de

produtos com maior qualidade e menor agressividade ao meio ambiente,

manutenção e/ou aumento da participação no mercado, abertura de novos

mercados. Todos esses pontos ocorreram a partir da melhoria da qualidade da

proteína no farelo da soja e da redução dos custos de produção.

99

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa tinha como objetivo estudar a força de trabalho compreendida

por trabalhadores e gestores que vivenciaram a grande mudança no processo

produtivo, por meio da automação de uma nova fábrica de extração de óleo vegetal.

O objetivo do trabalho era investigar o impacto da automação industrial para

os trabalhadores, a partir de um grupo selecionado, que para no caso eram os

operadores de uma planta industrial, que tinham trabalhado em uma unidade fabril

com controle manual e que integraram um novo processo de mudança imposto pela

inovação tecnológica no processo produtivo por meio da automação industrial.

Foi realizado um estudo da literatura sobre temas relacionados à pesquisa

em questão, por meio de um estudo de caso, utilizando o método de pesquisa

qualitativa, conseguiu-se construir uma análise que permitiu avaliar quais foram os

impactos causados pelas mudanças para o trabalhador, tanto na percepção deles

próprios como também na percepção dos gestores.

Constatou-se pela pesquisa realizada que houve melhora significativa no

ambiente de trabalho, em função da nova unidade industrial. A automatização do

processo necessitava um espaço físico adequado para o armazenamento dos

equipamentos de informática que servem de apoio à operação da planta, ou seja,

uma sala de controle para os operadores. Para a área de manutenção eletro-

eletrônico foi construída uma sala especificamente para acondicionar os painéis

elétricos de controle de motores. Ambos os ambientes possuem ar condicionado que

é uma exigência dos próprios equipamentos, bem como um ambiente isento de

poeiras.

Estas novas condições por si só já deixam o trabalhador mais satisfeito e

motivado, mas o que se pode destacar é mesmo o fato do trabalho ter se tornado

mais simples e mais agradável. Anteriormente os operadores realizavam tarefas com

maiores esforços físicas e com maior restrição de atuação, hoje trabalham com

maior dinamismo, trocando mais experiências entre eles e com a visão do todo do

processo produtivo, proporcionado pelo sistema de automação apresentado.

100

Novas competências foram exigidas dos trabalhadores, impostas pela

inovação tecnológica que demanda agora por um trabalho multidisciplinar, levando o

trabalhador a interagir com o processo através de computadores. Pode-se concluir

que o perfil do trabalhador que está inserido em um processo produtivo automático,

em uma indústria de processos contínuos é de uma pessoa com capacidade

abstrata e de raciocínio lógico para operar os sistemas automáticos.

Os trabalhadores, na nova organização do trabalho, não mais executam

tarefas manuais que já não são mais importantes para a empresa, mas sim, realizam

atividades de supervisão, observação, intervenção, visualização que demandam

maior atenção e uma capacidade analítica de todo o sistema, ou seja, incremento do

estresse mental e intensificação do trabalho.

Os trabalhadores se consideram satisfeitos por terem a oportunidade de

aprender novas tarefas, e terem aumentado seu conhecimento através do processo

automatizado.

E é essa visão holística do processo produtivo que gerou nos trabalhadores

uma autoconfiança em relação à empregabilidade, pois se consideram preparados

para enfrentar o mercado de trabalho se necessário.

De forma geral, os trabalhadores vêem a automação como benéfica para

eles por terem presenciado as melhorias no seu cotidiano de trabalho e também por

terem visto que a automação lhes trouxe maiores conhecimentos e

conseqüentemente melhor remuneração salarial.

Na pesquisa voltada aos gestores observou-se que a busca pela inovação

tecnológica é inevitável para a empresa que tem como desafio ganhar

competitividade em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo.

Em nenhum momento a substituição dos trabalhadores por um sistema

automatizado foi um dos objetivos de se inovar o processo produtivo. Pelo contrário,

consideram sim que o perfil do trabalhador está mudando, pois é de extrema

necessidade ter trabalhadores com o maior nível de instrução possível e com

conhecimentos gerais mais amplos. Por isso a empresa investe na qualificação dos

mesmos.

A conclusão é que os impactos da automação na força de trabalho em uma

indústria de processos contínuos, de extração de óleo de soja vegetal, considerando

101

as limitações da amostra da pesquisa e a sua amostra de trabalhadores, foram

benéficos para o trabalhador e para a empresa.

O trabalhador teve uma melhoria na condição de trabalho, oportunidade de

crescimento pessoal e profissional por meio de treinamentos e capacitação,

proporcionados pela empresa, uma maior liberdade de interagir em reuniões de

melhoria do processo e, além disso, o reconhecimento expresso por melhores

salários. Para a empresa as melhorias foram: trabalhadores mais capacitados,

processo industrial mais estável, melhor organização funcional, produtos com maior

qualidade, produtividade aumentada.

Pode-se também concluir que quando uma empresa está automatizando na

busca da competitividade, nem sempre o desemprego é tido como certo como

propõem muitos autores, cabe sim avaliar para qual tipo de processo a automação

causa um impacto negativo na questão social do emprego.

Fica como sugestão para futuras pesquisas:

1) Analisar a questão do gênero no trabalho, a partir do evento da

automatização, uma vez que na a empresa pesquisada não foi visto nenhum

operador de produção do sexo feminino.

2) Analisar um grupo de trabalhadores e gestores de outras empresas de

processo contínuo de extração de óleo de soja vegetal, que também, tenham

mudanças inovativas no seu processo produtivo, para verificar se os resultados

desta pesquisa também são verificados em outras empresas e situações similares.

102

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108

APÊNDICES

109

APÊNDICE A – PROTOCOLO DE ENTREVISTAS PARA OS GESTORES

FUNÇÃO

SETOR

ANOS NA EMPRESA

GRAU DE INSTRUÇÃO

IDADE

SEXO

1.Quais foram os principais motivos que levaram a inovação do processo industrial em uma nova planta? ( impacto ambiental/redução de mão de obra/custos do produto final / competividade/qualidade/(índice e estatística/ KPI’s da planta ( produtividade) / Normas )

2.Na instalação da nova unidade produtiva quais foram as inovações tecnológicas no processo produtivo? (automação/motores/ccm/mecânica/melhorias no processo como um todo)

3. Quais foram as mudanças organizacionais que a empresa teve quando na implementação destas inovações tecnológicas? (relatorios/apontamentos/dados/qualidade/laboratorio/departamentos de manutenção/logística/etc…)

4. Quais foram os impactos das inovações tecnológicas e organizacionais na mão-de-obra da empresa? (Salários/Treinamento/Estatística de produção qualidade/Número de funcionários/Saúde e segurança no trabalho)

5. Quais foram outros impactos observados (esperados ou não) na empresa a partir da implementação das inovações tecnológicas e organizacionais?

110

APÊNDICE B: PROTOCOLO DE ENTREVISTAS TRABALHADORES

FUNÇÃO

SETOR

ANOS NA EMPRESA

GRAU DE INSTRUÇÃO

IDADE

SEXO

1. Você estava trabalhando na empresa quando houve esta mudança no processo produtivo, e como foi esta mudança para você?

2. Você acha que a automação da nova fábrica tornou seu trabalho mais fácil? Sim, não e porque?

3. Quais os requisitos para operar o novo sistema:? Mais dedicação? Mais atenção? Mais esforço físico? Mais esforço mental? Mais responsabilidade? Mais experiência? Mais rapidez? Mais habilidade? Mais conhecimento?

4. Quanto tempo você levou para se adaptar ao novo sistema? Qual foi sua maior dificuldade?

5. A qualidade do trabalho é o mesmo quando na planta antiga em relação a estresse fisico e mental?

6. Na sua visão o que você conhecia antes foi aproveitado para a nova planta?

7. Se você estivesse iniciando hoje na empresa com a nova unidade você acredita que seria mais fácil do que quando a unidade era operada praticamente manualmente?

8. Você considera que seu conhecimento aumentou com a automação da unidade?

9. Você participou de treinamento para operar a nova unidade? Se sim onde foi dado e como foi dado?

10. Após esta inovação você tem buscado melhorar seu nível de instrução? Seja em cursos, treinamentos fora da empresa?

111

11. Você acha que esta mudança para uma unidade totalmente automatizada trouxe melhorias para você? Sim, não, e porque?

12. Para você a automação industrial é inevitável? Você considera bom ou ruim para o trabalhador?

13. Na sua visão quais foram os impactos da automação na empresa?

14. De que forma você participa nos processos de decisão da empresa? Na sua opinião, a participação é maior ou menor em termos de frequência e importância comparada com a planta antiga?

15. A empresa investe no trabalhador através de treinamentos, oportuniza o crescimento, etc.?

16. Você se preocupa em estar preparado para as mudanças que estão sempre ocorrendo?

17. Você considera seu emprego ameaçado pela automação industrial? Sim, não e porque?

18. Você tem metas profissionais traçadas ? Como você vê seu futuro profissional?

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