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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexandre Henrique Sferelli A CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR E O MAR TERRITORIAL BRASILEIRO CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Alexandre Henrique Sferelli

A CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR E O MAR TERRITORIAL BRASILEIRO

CURITIBA 2010

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A CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR E O MAR TERRITORIAL BRASILEIRO

CURITIBA 2010

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Alexandre Henrique Sferelli

A CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR E O MAR TERRITORIAL

BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Wagner Rocha D’Angelis

CURITIBA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO Alexandre Henrique Sferelli

A CONVENÇÃO DE DIREITO DO MAR E O MAR TERRITORIAL BRASILEIRO

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de bacharel no curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 15 de março de 2010.

__________________________________ Prof. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografias do Curso de Di reito

Orientador: Prof. Wagner Rocha D’Angelis Universidade Tuiuti do Paraná Prof. Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Universidade Tuiuti do Paraná

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A meus pais e namorada que tanto se dedicaram para que eu chegasse até aqui.

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RESUMO

O propósito deste trabalho é demonstrar a importância da aplicação da

Convenção de Direito do Mar na soberania brasileira frente ao seu Mar Territorial,

posto que o fim que se busca é demonstrar sua autonomia além do seu território e

das suas águas interiores, estendendo-se à faixa de mar costeira, ao espaço aéreo

sobrejacente a essa área, bem como ao leito e ao subsolo deste mar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 07

1 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O MAR TERRITORIAL E A

CONVENÇÃO DO DIREITO DE MAR ................................................................... 08

2 CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO M AR ............ 12

2.1 DIREITO DO MAR ........................................................................................... 12

2.2 CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (1958-1960) ....................................... 12

2.3 CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR (1982) 14

2.4 MAR TERRITORIAL ......................................................................................... 15

2.5 ZONA CONTÍGUA ........................................................................................... 22

2.6 ZONA MARÍTIMA DE PESCA E ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA ............... 19

2.7 PLATAFORMA CONTINENTAL ....................................................................... 21

2.8 ALTO-MAR ....................................................................................................... 31

3 MAR TERRITORIAL BRASILEIRO ................................................................... 38

3.1 CONCEITO DO MAR TERRITORIAL .............................................................. 38

3.2 ESCORÇO HISTÓRICO DO MAR TERRITORIAL BRASILEIRO .................... 38

3.3 O BRASIL E SEU MAR TERRITORIAL............................................................ 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 47

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INTRODUÇÃO

A delimitação do Mar Territorial se mostra de extrema importância, frente

aos direitos conferidos pela Convenção de Direito do Mar de 1982, demonstrando o

direito exclusivo da pesca e exploração dos recursos do leito, subsolo e espaço

aéreo do mar territorial.

Convém salientar que a Convenção de 1982 visa promover uma ordem

jurídica para os mares e oceanos que facilite as comunicações e articulações

internacionais e promova usos pacíficos dos mares e oceanos, pois assim a

consecução destes objetivos contribuirá para o estabelecimento de uma ordem

social e econômica internacional justa e equitativa que tenha em conta os interesses

e as necessidades da humanidade em geral e, em particular, os interesses e as

necessidades do Brasil.

Portanto, o presente trabalho pretende demonstrar, em síntese, os

aspectos importantes do Direito do Mar e o Mar Territorial Brasileiro, sob a ótica de

exploração e proteção dos recursos naturais dessa faixa marítima costeira, bem

como o fortalecimento da paz, da segurança, da cooperação e das relações entre o

Brasil e as demais nações, em conformidade com os princípios do direito

internacional.

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2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O MAR TERRITORIAL E A CONVENÇÃO

DO DIREITO DE MAR

O mar territorial é a faixa de mar que se estende desde a linha de base até

uma distância que não se exceda a 12 milhas náuticas (22 km) da costa e sobre

qual o Estado exerce sua soberania total, claro que com algumas delimitações

determinadas pelo Direito Internacional.

Esta soberania mencionada acima engloba o espaço aéreo sobrejacente ao

mar territorial, bem como ao leito e ao seu subsolo, onde ali se manifestam alguns

direitos, dentre os quais o de polícia, do qual deriva a regulamentação da

navegação, podendo também insertar regulamentos sobre sinais e manobras, bem

como instalação de materiais necessários à organização de serviços de pilotagem e

demais.

Este conceito de Mar Territorial tem sido dado de maneira mais ou menos

uniforme por doutrinadores nacionais e internacionais, como por exemplo, Vicente

Marotta Rangel (2002, p. 251), quando ensina que “a soberania do Estado Costeiro

se estende sobre uma zona de mar adjacente ao seu território e além das águas

interiores e, no caso de Estado Arquipélago, sobre as águas arquipelagicas”,

explicitando ainda que esta soberania não tão somente seja exercida sobre o Mar

Territorial, como também ao seu espaço aéreo, o leito e o subsolo deste mar. Além

disso, este conceito vem de encontro com o art. 1º da Convenção de Genebra sobre

Mar Territorial e Zona Contígua (1958).

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Tal expressão “mar territorial” não é a única utilizada para denominar este

espaço marítimo, existindo outras expressões, como a de mar litoral e mar nacional,

porém a de mar territorial é a predominante e está consagrada nas Convenções de

1958 e 1982.

Com relação à natureza jurídica do Mar Territorial, a maioria esmagadora

dos doutrinadores atribui a ele uma zona de soberania do Estado, uma vez que nele

pode-se exercer seu direito de exploração e demais interesses.

A soberania sobre o mar territorial é exercida de conformidade com a

Convenção do Direito do Mar e demais normas do direito internacional.

Alguns doutrinadores e historiadores assinalam que a preocupação de se

dar ao mar um regime jurídico já era encontrada na Antiguidade (Grécia e em outros

Estados marítimos), onde admitia a propriedade não apenas sobre as águas

próximas à costa, mas muito além dela.

Porém, em Roma, esta noção de domínio sobre uma faixa de mar, isto é, de

mar territorial, não existiu, consagrando a liberdade dos mares e da pesca, conforme

Celso D. Albuquerque Mello (2004, p. 1182)

Esta ausência no mundo romano se deu devido a dois motivos principais: o primeiro é a pouca importância dada à pesca, apesar de nem sempre ter gozado de uma liberdade absoluta; o segundo é que o Mar Mediterrâneo pertencia a ela, considerado como “Mare Nostrum”.

Existia ainda, a reivindicação por parte de Roma à repressão da pirataria,

bem como a proteção à navegação, à polícia das costas e dos portos, e afirmava a

sua jurisdição sobre o mar, considerando-o como uma “res communis omnium”.

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Portanto, a noção jurídica do mar territorial é considerada uma criação do

mundo medieval, elaborada pela influência do direito romano, impedido este de ser

criado por um longo período, principalmente na região do Mar Mediterrâneo,

sofrendo maior influência no sentido do mar “res communis”, ou seja, o mar é

propriedade de todos.

A primeira manifestação sobre a delimitação de uma região marítima ocorreu

nos séculos XIII e XIV, através das cidades marítimas da Itália, face a necessidade

de defesa e proteção da navegação de países costeiros contra piratas, ou seja, sua

concepção inicial era um dever e não um direito, incorporando no DIREITO a

conduta inerente ao ESTADO, tratando de um Direito Natural.

Outros autores, como Simone Dreyfus citada por Celso D. Albuquerque de

Mello (2004, p 1183), sustentam também que o mar territorial surgiu no século XIV,

quando Veneza o reivindicou com 100 milhas náuticas além do mais, neste mesmo

século é reivindicada em Flandres uma zona marítima denominada “stroom”, que

fora reconhecida pela França e pela Inglaterra.

Já na Europa Setentrional, durante a Idade Média, surge também a noção

de mar territorial, manifestando-se a jurisdição através de códigos provinciais, como

por exemplo, o Código de Gulathingslagen (parte oeste da Noruega) e o Código de

Frostathingslagen (parte norte da Noruega) estabelecendo direitos ao rei sobre os

óbitos ocorridos “além e aquém da linha mediana do mar”. Entretanto, a pesca foi o

personagem principal desta delimitação, fazendo que os Estados reivindicassem

uma zona exclusiva de pesca.

Durante séculos, a única preocupação das nações costeiras era a defesa de

sua costa, ainda no século XVII se mantinha a idéia de limite do raio visual, porém

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no mesmo século até o fim do período napoleônico o alcance do tiro de canhão

ainda era a tese mais aceitável.

Surge então, no século XVIII, a delimitação do mar territorial de forma mais

precisa com a obra de Galiani, “De ‘Doveri de’ Principi neutrali verso i Principi

guerreggianti e di questo verso i neutrali”, em 1782, identificando o tiro de canhão

com a légua que é de 3 (três) milhas, que fora penetrando lentamente no direito

positivo.

O primeiro país a adotar este sistema foi os EUA, em 1818, através do

Tratado de Gand com a Inglaterra, tornando-se o primeiro tratado a adotar o limite

de três milhas a respeito da zona de pesca reservada aos nacionais.

A partir daí, no século XIX, a prática internacional se uniformiza no critério

das três milhas, porém sendo abandonada logo após no século XX por diversas

razões, por inúmeros Estados.

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2. CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO M AR

2.1 DIREITO DO MAR

Antes de adentrar-se no mérito da Convenção das Nações Unidas sobre o

Direito do Mar, cabe um breve comentário sobre o Direito do Mar (Law of the Sea),

cujo objetivo visa fornecer o uso eficaz do mar aos constituintes da comunidade

internacional, com diversas utilidades: é um meio importante de tráfego, fornece

recursos naturais, ou seja, “o Direito do Mar é o conjunto das normas legais que

visam reger o uso do mar, atuando na prevenção e na solução dos conflitos surgidos

no uso deste”, assevera He Moon Jô (2004, p. 513) ³

2.2 CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (1958 - 1960)

Realizou-se em Genebra a 1ª Conferência do Direito do Mar (The First

United Nations Conference on the Law of the Sea – UNCLOS I), que resultou em

quatro Convenções, em 29 de abril de 1958:

• Convenção sobre Mar Territorial e Zona Contígua (The Convention on the Territorial Sea and the Contiguous Zone1); • Convenção sobre Alto-Mar (The Convention on the High Seas2); • Convenção sobre Pesca e Conservação dos Recursos Biológicos do Alto-Mar (The Convention on Fishing and Conservation of de Living Resources of the High Sea3);

1 texto in (http://www.tufts.edu/fletcher/multi/texts/BH363.txt).

2 texto in (http://www.tufts.edu/fletcher/multi/texts/BH364.txt).

3 texto in (http://www.tufts.edu/fletcher/multi/texts/BH365.txt).

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• Convenção sobre Plataforma Continental (Convention on the Continetal Shell4):

Estas convenções foram mera codificação do que os costumes existentes

previam, ou seja, estas convenções são consideradas como prova do costume

internacional, aplicando-o também aos países não membros das Convenções.

A Convenção do Direito do Mar, realizada em 1958, tinha como principais

objetivos a determinação de largura do mar territorial, o que não fora conseguido,

apenas limitou-se a declarar que a soberania do Estado se estende, além de seu

território e de suas águas internas, a uma zona de mar adjacente às suas costas,

designada pelo nome de mar territorial.

Na Convenção de 1960, várias fórmulas foram examinadas para tentar se

delimitar a região abrangente pelo mar territorial de cada país, mas não foi suficiente

para que as resoluções obtidas chegassem à votação mínima para aprovação de um

limite.

Além do mais, alguns países americanos se esforçaram para acertar as

questões do Direito do Mar através da Declaração de Montevidéu, realizada em

maio de 1970, determinando a soberania do Estado sobre uma zona marítima

adjacente às suas costas, solo e subsolo, até uma distância de 200 milhas.

Porém, em sua grande maioria, principalmente os países industrializados,

não ficaram satisfeitos com as normas convencionadas, havendo a necessidade de

alteração e criação de novas normas devido ao desenvolvimento científico e

tecnológico.

4 texto in (http://www.tufts.edu/fletcher/multi/texts/BH366.txt).

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2.3 CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR (1982)

Após um longo período de trabalho preparatório, as Nações Unidas

conseguiram finalmente convocar a 3ª Conferência sobre o Direito do Mar (UNCLOS

III), em 1973, que duraria uma década para que, finalmente, fosse adotado o texto

final da UNCLOS (The First United Nations Conference on the Law of the Sea) em

1982.

Vale ressaltar, que o motivo deste longo período fora a complexidade dos

assuntos estudados optando assim por consagrar a decisão por consenso, e não por

decisão majoritária.

Após este período, os Estados, conscientes de que a necessidade de

regulamentação das normas para a manutenção da paz, da justiça e do progresso

de todos os povos do mundo, resguardada a devida consideração pela soberania de

todos, decidiram-se por uma ordem jurídica para os mares e oceanos que facilitasse

a comunicação internacional e promovesse os usos pacíficos dos mares e oceanos,

com a utilização equitativa e eficiente dos seus recursos, a conservação dos

recursos vivos e o estudo, a proteção e a preservação do meio marinho5.

A Convenção de 1982 contribuiu permanentemente para a sistematização

do Direito Internacional ao regulamentar e estabelecer os direitos e deveres dos

países signatários no espaço marítimo.

5 80% do transporte de mercadorias e 85% captura de peixes vem do mar.

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A Convenção determinou sobre diversos assuntos, como o direito de

navegação e passagem por estreitos, limites territoriais marítimos, investigação

científica marinha, desenvolvimento e transferência de tecnologia marinha, direitos

de exploração de recursos, gerenciamento, proteção e preservação do ambiente

marinho.

Observa-se que a Convenção e diversos doutrinadores ressaltam a

importância da unificação entre os Estados, para a exploração de recursos naturais

e minerais, bem como a segurança e soberania do Estado costeiro, valendo

consignar que estes direitos e deveres são patrimônios comuns da humanidade e

sempre serão feitos em benefício da humanidade em geral, independente da

situação geográfica dos Estados.

Alguns temas foram amplamente discutidos na Convenção, como o Mar

Territorial e Zona Contígua, o Alto-mar, a pesca e conservação dos recursos vivos e

a Plataforma Continental.

Estes temas mereceram destaque dentro da Convenção como mencionadas

acima, os quais serão discutidos abaixo.

2.4 MAR TERRITORIAL

O presente tema é discutido há séculos, como apresentado anteriormente,

chegando-se a alguns entendimentos na Conferência de Genebra em 1958 e 1960,

para posteriormente obter-se um consenso assinado na Convenção de 1982, em

Montego Bay, na Jamaica.

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Com base nos ensinamentos do professor e embaixador Hildebrando Accioly

(1996, p. 243), chega-se a um conceito de Mar Territorial, a saber:

È a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distancia que não deve exceder 12 milhas marítimas da costa e sobre a qual o Estado exerce sua soberania, com algumas limitações determinadas pelo direito internacional.

Hoje em dia, não mais se justificam dúvidas sobre a expressão Mar Territorial,

pois desde a Convenção de 1958 realizada em Genebra, a mesma está

consolidada, relegando ao esquecimento expressões que geravam certas confusões

como as de águas jurisdicionais, mar marginal, águas territoriais e outras.

Outro ponto discutido entre os doutrinadores e expressado no art. 2º da

Convenção de 19826 vem demonstrar o regime jurídico que se impõe ao Mar

Territorial, seu espaço aéreo sobrejacente, leito e subsolo.

Há ainda doutrinadores que enfatizam que esta soberania do Estado costeiro

não é absoluta, como é o caso de Francisco Rezek (2007, p. 307),

Esta soberania só não é absoluta – como no caso do território ou das águas interiores – porque sofre uma restrição tópica, ditada por velha norma internacional: trata-se do direito de passagem inocente.

6 Art. 2º, C-1982: 1. A soberania do Estado costeiro estende-se além do seu território e das suas

águas interiores e, no caso de Estado arquipélago, das suas águas arquipelagicas, a uma zona de mar adjacente designada pelo nome de mar territorial. 2. Esta soberania estende-se ao espaço aéreo sobrejacente ao mar territorial, bem como ao leito e ao subsolo deste mar. 3. A soberania sobre o mar territorial é exercida de conformidade com a presente Convenção e as demais normas de direito internacional.

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Este direito aos navios mercantes ou de guerra está disposto no art. 17, da

Convenção de 19827.

Entretanto, analisando diversos conceitos de direito de passagem inocente,

existem alguns requisitos essenciais: não ser prejudicial à paz, à boa ordem ou à

segurança, bem como a ameaça contra a soberania, a integridade territorial do

Estado costeiro.

Com relação à passagem de navios de guerra, existe um embate doutrinário

do assunto buscando definir as normas de imposição do Estado costeiro a este

trânsito inocente.

Tal definição tem grande importância na norma forense, pois a passagem

inocente só se justifica pelo interesse universal, em que a liberdade de comércio e

navegação se apresenta, e esse interesse não existe no caso de tais navios.

Os que defendem a passagem inocente de navios de guerra baseiam-se na

premissa de que os mesmos não prejudicariam a liberdade de navegação ou à paz e

a boa ordem do Estado costeiro.

Assim é o entendimento de Francisco Rezek (2007, p. 307),

É permitido não só aos navios que flanqueiam a costa realizarem a passagem inocente, mas também aqueles que tomam o rumo das águas interiores para atracar num porto, ou dali se retiram.

7 Art. 17, C-1982: Salvo disposição em contrário da presente Convenção os navios de qualquer

Estado, costeiro ou sem litoral, gozarão do direito de passagem inocente pelo mar territorial.

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Há ainda os que defendem que a passagem destes navios nas proximidades

da costa pode constituir um perigo ou uma ameaça para o Estado ribeirinho, não

podendo assim ser considerada inofensiva.

Contudo, a maioria dos doutrinadores vai de encontro à idéia de que a

passagem de navios de guerra devem ser regulamentadas, impondo-se a eles

condições para a dita passagem.

Existe, na Convenção de 1982, alguns aspectos que determinam o caráter

de passagem inocente, conforme o seu art. 19, 2, “b”, proibindo aos navios de

guerra qualquer manobra militar relativa a treinamento ou que provoque qualquer

prejuízo a soberania do Estado costeiro.

Os navios que gozam da passagem inocente são submetidos à plena

jurisdição civil e penal do Estado ribeirinho, o ordenamento jurídico brasileiro impõe

em seu art. 5, § 2º, do Código Penal8 deveres a que devem se submeter tais

embarcações para a passagem pelo território brasileiro.

Portanto, o Estado costeiro exerce sobre o mar territorial vários direitos

conferidos pela Convenção de 1982, dentre eles: o direito exclusivo da pesca e

exploração dos recursos do leito e subsolo no mar territorial, e do espaço aéreo

sobre o mar territorial.

Observa-se, ainda, que os problemas na delimitação do mar territorial

encontram-se bem resolvidas por doutrinadores e pela legislação decorrente da

8 Art. 5º, § 2º CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito

internacional, ao crime cometido em território nacional. § 2º È também aplicável a lei brasileira os crimes praticados a bordo de aeronaves e embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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Convenção de 1982, determinando suas características, largura, extensão e o

regime jurídico a ser adotado pelos Estados costeiros.

2.5 ZONA CONTÍGUA

A Zona Contígua só é adotada quando a extensão do mar territorial excede

os padrões determinados pela Convenção de 1982, ou seja, cuida-se de uma

segunda faixa, adjacente ao mar territorial, e, em princípio de igual largura, onde o

Estado costeiro pode tomar medidas de fiscalização em defesa de território e de

suas águas, no que concerne à alfândega, à imigração, à saúde e ainda a disciplina

dos portos e do trânsito pelo mar territorial.

A própria Convenção de 1982, dispõe em seu art. 33, a conceituação e

características da Zona Contígua:

“Art. 33

1) Numa Zona Contígua ao seu mar territorial, denominada zona contígua, o Estado Costeiro pode tomar as medidas de fiscalização necessárias a:

a) evitar as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários no seu território ou no seu mar territorial;

b) reprimir as infrações às leis e regulamentos em seu território ou no seu mar territorial.

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2) A Zona Contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial”.

Esta noção de Zona Contígua fora elaborada durante séculos por motivos

principalmente econômicos, com a finalidade de evitar o contrabando de

mercadorias.

A conceituação de Zona Contígua foi discutida pela primeira vez em uma

Conferência Internacional realizada em Haia, em 1930, e posteriormente

regulamentada na Conferência de Genebra, que definiria o seu conceito como

anteriormente já se demonstrou.

Alguns doutrinadores entendem que a necessidade de uma Zona Contígua

diminuiu bastante, tendo em vista o surgimento de vários conceitos além de 12

milhas, como zona de pesca, zona econômica exclusiva e plataforma continental.

Entretanto, a Zona Contígua ainda torna-se necessária para países que se

preocupam com a captação de recursos fiscais e com a sua segurança.

No ordenamento jurídico brasileiro, a Zona Contígua é caracterizada na Lei

nº. 8.617, de 1993, em seu arts. 4º e 5º:

Art. 4º.

A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.

Art 5º.

Na zona contígua, o Brasil poderá tomar medidas de fiscalização necessárias para:

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I – evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial.

II – reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu mar territorial.

Como se pode notar, a Zona contígua coloca-se em confronto ao mar

territorial, porém existem algumas diferenças entre Zona Contígua e Mar Territorial,

conforme disciplinado por Celso D. de Albuquerque de Mello (2004, p. 1242), “a

zona contígua faz parte do alto-mar, enquanto o mar territorial faz parte do território

do Estado, na zona contígua o Estado tem direitos limitados, enquanto no mar

territorial a competência do Estado é plena”.

Nota-se que novamente recai sobre o assunto a questão da soberania do

Estado costeiro, que na Zona Contígua não se aplica plenamente, limitando-se as

ações do Estado, as quais vão de encontro com o princípio da liberdade dos mares.

Assim sendo, podemos concluir que se trata de um mero complemento ao

mar territorial, conforme citação aceita na Conferência de 1958, “zona do alto-mar

contígua ao mar territorial”, mas com algumas características distintas no tocante a

soberania do Estado.

2.6 ZONA MARÍTIMA DE PESCA E ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA

A Zona Marítima de pesca (fishery zones) tem sido reclamada por alguns

países desde 1960, como meio de expansão do mar territorial ou da área econômica

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marítima.

Vale lembrar que a Zona marítima de pesca conferia aos países costeiros

uma zona exclusiva de pesca até 12 milhas; além deste limite imposto o país

costeiro poderia exercer o direito preferencial, não podendo excluir os outros países

de tais áreas.

Através da Convenção de 1982, surge uma nova conceituação, a de Zona

Econômica Exclusiva (ZEE), substituindo assim a Zona Exclusiva de Pesca e assim

tornando toda a discussão em torno do direito de pesca sem razão de existir.

O conceito desta Zona Econômica Exclusiva está consagrado no art. 55 da

Convenção de 1982, conforme segue:

Art. 55

A zona econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico específico estabelecido na presente Parte, segundo o qual os direitos e a jurisdição do Estado costeiro e os direitos e liberdades dos demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da presente Convenção.

A ZEE (Zona Econômica Exclusiva) se estende da linha base calculada do

mar territorial (12 milhas) em mais 188 milhas náuticas, tornando o Estado Costeiro

soberano nessa faixa para o fim de exploração, aproveitamento, conservação e

gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, existentes na água, no leito e no

subsolo.

Vale ressaltar, que estes direitos do Estado costeiro não se encaixam no

caso de o mesmo não possuir capacidade de exploração para o pleno

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aproveitamento da ZEE, devendo-o tornar acessível a outros Estados, mediante atos

convencionais.

Conforme o doutrinador Francisco Rezek (2007, p. 312) e a própria

Convenção estabelecem, observa-se que:

Os Estados sem litoral têm direito de participar, em base eqüitativa, do aproveitamento do excedente dos recursos vivos (não dos recursos minerais), das ZEE de seus vizinhos, através de acordos regionais ou bilaterais.

Há, ainda, os que enfatizam que o Estado não deve abusar de seus direitos

exclusivos, como é o caso de He Moon Jo (2004, p. 525),

Se o estado costeiro não pode explorar os recursos vivos até a totalidade permissível, ele deve fazer acordos para compartilhar os excedentes com os outros Estados interessados, mediante um pagamento adequado.

Ademais, essa exploração por parte de outros Estados deve cumprir as

medidas de conservação e há outras modalidades e condições estabelecidas nas

leis e regulamentos do Estado costeiro, estando estes também em conformidade

com a Convenção de 1982.

Entretanto, os Estados estrangeiros gozam de liberdade de navegação,

sobrevôo, utilização de cabos e dutos submarinos na ZEE (art. 58 c/c art. 87 da

Convenção de 1982), destacando-se:

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Art. 58

Na zona econômica exclusiva, todos os Estados, quer costeiros quer sem litoral, gozam, nos termos das disposições da presente Convenção, das liberdades de navegação e sobrevôo e de colocação de cabos e dutos submarinos (...).

Art. 87

O alto-mar esta aberto a todos os Estados, quer costeiros quer sem litoral (...)

a) liberdade de navegação; b) liberdade de sobrevôo; c) liberdade de colocar cabos e dutos submarinos;

(...)

No ordenamento jurídico brasileiro a ZEE está presente na Lei nº. 8.617 de

1993, em seu capitulo III – da Zona Econômica Exclusiva, a saber:

Art. 6º.

A zona exclusiva econômica compreende uma faixa que se estende das doze milhas marítimas, contadas a partir da linha de base que serve para medir a largura do mar territorial.

Art. 7º.

Na zona econômica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos e não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos.

Art. 8º.

Na zona econômica exclusiva, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação cientifica marinha, a proteção e preservação do meio marinho, bem como a construção, operação e isso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas.

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Parágrafo Único. A investigação cientifica marinha na zona econômica exclusiva só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor que regula a matéria.

Art.9º.

A realização, por outros Estados, na zona econômica exclusiva, de exercícios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivos, somente poderá ocorrer com o consentimento do Governo Brasileiro.

Art. 10º.

È reconhecido a todos os Estados o gozo, na zona econômica exclusiva, das liberdades de navegação e sobrevôo, bem como de outros usos do mar internacionalmente lícitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como os ligados à operação de navios e aeronaves.

Nota-se que o ordenamento jurídico brasileiro expõe em poucos artigos a

sua soberania na ZEE que lhe pertence, impondo inclusive regulamentos e

obrigações a outros Estados em conformidade com a referida Convenção.

Observa-se também que a referida Zona Econômica Exclusiva impõe

direitos e deveres ao Estado costeiro, outorgando a ele soberania sobre os recursos

econômicos do mar, bem como do leito e de seu subsolo, para que, como expresso

na Convenção, seja obtido o máximo rendimento constante.

Porém, a Convenção de 1982, prevê uma série de medidas, a começar com

a obrigação do estado de fixar as capturas permissíveis e, por meio de medidas

apropriadas, evitando assim o excesso de captura.

Nota-se a preocupação dos autores da Convenção em obter a eliminação da

pobreza e buscando soluções para diminuir a escassez de alimentos produzidos

tanto em terra quanto no mar, sempre tomando em conta as necessidades das

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comunidades costeiras que vivem da pesca e, as necessidades especiais dos

países em desenvolvimento.

2.7 PLATAFORMA CONTINENTAL

A existência de uma plataforma continental era conhecida há muito

geograficamente, mas o direito internacional a ela não era atribuída, visto que os

avanços tecnológicos não haviam alcançado um grau de desenvolvimento capaz de

explorar esta área.

Insta lembrar, que antes mesmo de se falar em mar territorial e zona

econômica exclusiva, a plataforma continental era alvo, já na segunda metade do

século XX, de um interesse maior por parte dos historiadores.

Esta noção de existência de uma plataforma continental penetrou no campo

do Direito Internacional Público devido a fatores exclusivamente econômicos, por

apresentar inúmeros recursos disponíveis para consumo e exploração.

Na conceituação dada pelo Professor Brieli citado por Hildebrando Accioly

(1996, p. 265), a plataforma continental compreende:

Uma formação particular do leito do mar em certas costas, onde a água pouco profunda se estende a uma distância considerável a partir da terra e depois da qual o leito do mar se precipita a grandes profundidades.

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Nota-se com esta conceituação que os continentes, em muitas regiões, se

assentam sobre uma espécie de base ou plataforma submersa, que se prolonga em

declive suave até chegar a uma profundidade de perto de 200 (duzentos) metros

aproximadamente e caindo então subitamente a profundidades abismais.

Desta forma temos um exemplo de incidente diplomático ocorrido em 1963

entre Brasil e França, a chamada “guerra da lagosta”, em decorrência da presença

constante de barcos de pesca franceses em águas próximas ao mar territorial

brasileiro, que até então era de três milhas, para o recolhimento intensivo do

crustáceo. O Brasil, utilizando sua soberania de estado costeiro, demonstrou que tal

crustáceo é uma espécie predominante rasteira e não nadadora, tendo por habitat

não o meio hídrico e sim a plataforma continental brasileira, com o que houve o êxito

da pretensão brasileira, levando a um prévio entendimento entre os dois países.

Vale ressaltar, que o posicionamento francês neste caso estaria correto em

tal época, pois o art. 68 do projeto de Convenção determinava que os peixes que

viviam ao fundo do mar estariam excluídos da definição de “recursos naturais”, mas

atualmente tendo em vista a evolução da matéria, o posicionamento brasileiro

predominaria.

Demonstra-se através deste incidente diplomático a referida soberania do

Estado costeiro em relação à exploração dos recursos marinhos na chamada

plataforma continental.

Na opinião de diversos doutrinadores de renome, a doutrina da plataforma

submarina se justifica pelo princípio da contiguidade, “a única solução concordante

com a conveniência, as necessidades econômicas e as exigências da paz

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internacional”, juntando-se a este princípio a identidade física e, talvez uma razão de

ordem prática, que seria a de aquiescência geral.

Para Hildebrando Accioly (1996, p. 268), o princípio da contiguidade, por si

só, não bastaria para se justificar a tese da incorporação da plataforma, já que

a aquisição ou incorporação da plataforma necessita de outro fundamento, a existência de um interesse superior, da comunidade internacional, na exploração e aproveitamento dos recursos nela contidos.

Insta lembrar, que a doutrina jurídica também não fornece uma definição

uniforme e aceita por todos, sendo que as próprias proclamações estatais de

incorporação da plataforma muitas vezes preferem não definí-la.

A determinação desta plataforma continental surgiu na Convenção sobre a

Plataforma Continental em 1958, definindo ela como sendo:

o leito do mar e o subsolo da regiões submarinas adjacentes às costas, mas situada fora do mar territorial, até uma profundidade de 200 metros, ou além deste limite, até o ponto em que a profundidade das águas sobrejacentes permita o aproveitamento dos recursos naturais das referidas regiões, bem como o leito do mar e o subsolo das regiões submarinas análogas, que são adjacentes as costas das ilhas.

Durante a Convenção de 1958, determinou-se ao Estado costeiro direitos

soberanos sobre a plataforma continental para os fins de exploração desta e o

aproveitamento de seus recursos naturais.

Francisco Rezek (2007, p. 314) leciona que,

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os direitos econômicos do Estado costeiro sobre sua plataforma continental são exclusivos, nenhum estado pode pretender compartilha-los, se aquele não os aproveita. Estes direitos, por outro lado, não dependem da ocupação da plataforma, nem de qualquer pronunciamento.

Faz-se mister mencionar que, esta soberania englobada, demonstrada nos

ensinamentos de Francisco Rezek (2007, p. 314), não pode impedir que outros

países ali coloquem cabos ou dutos submarinos, sempre observando a legislação e

disciplina a serem cumpridas.

Relembre-se que a Convenção de 1958 foi elaborada tendo em vista os

conhecimentos e os avanços tecnológicos da época, porém alguns acontecimentos

posteriores vieram a demonstrar a necessidade de serem revistos alguns pontos

importantes, sendo o principal deles os relativos aos limites.

Em 1982, na Convenção de Direito do Mar realizada na Jamaica, o texto do

art. 6º, da Convenção de 1958, fora totalmente esvaziado, limitando-se o novo texto

a buscar uma solução equitativa, tendo em vista a existência de situações variadas e

fluídas, para as quais não poderia elaborar regras exatas, deixando a aplicação em

cada caso a solução ao arbítrio do juiz.

O novo conceito da matéria está estabelecido no art. 76, daquela Convenção

de 1982, nos termos:

Art. 76

A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.

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Este conceito moderno demonstra a soberania do Estado costeiro em

relação à plataforma continental, assim o art. 77 da Convenção9, expõe todos os

direitos e deveres relativos à exploração e aproveitamento dos recursos naturais

sobre a plataforma continental.

Os direitos incorporados pela Convenção ao Estado costeiro independem de

sua ocupação, real ou fictícia, ou de qualquer declaração expressa.

No ordenamento jurídico brasileiro a plataforma continental está determinada

pela Lei nº. 8.617/93, onde em seu art. 11º dispõe:

Art. 11

A plataforma continental do Brasil compreende o leito e seu subsolo das áreas submarinas que se estendem além de seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.

Parágrafo Único: O limite exterior da plataforma continental será fixado de conformidade com os critérios estabelecidos no art. 76 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, em 10 de dezembro de 1982.

Nota-se que a delimitação imposta à plataforma continental e seus direitos e

deveres recai sobre um tema já exposto, o da Zona Econômica Exclusiva, que

engloba, praticamente, o conceito de plataforma continental.

Porém, conforme ensinamentos de Vicente Marotta Rangel citado por Celso

D. de Albuquerque Mello (2004, p. 1224), o regime da zona econômica está,

9 Art. 77, C-1982: 1. O Estado costeiro exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental

para efeitos de exploração e aproveitamento dos seus recursos naturais.

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sobretudo, ligado à coluna d’água e aos recursos vivos, enquanto a plataforma

continental se relaciona ao leito e subsolo do mar. Assim:

pode existir a plataforma continental sem zona econômica exclusiva, mas não poderia existir zona econômica exclusiva sem plataforma continental correspondente.

2.8 ALTO-MAR

Segundo conceito de He Moon Jo (2004, p. 528),

alto-mar (high seas; haute mer) significa a parte total do mar não pertencente a nenhuma jurisdição de nenhum estado.

Ao longo da história surgiram diversas teorias sobre a natureza jurídica do

alto-mar: “res nullius”, “res communis”, “jurisdicidade” e da “utilização razoável”.

A teoria da “res nullius” é a mais antiga das teorias, surgida em meados do

século XVII, onde visava defender o alto-mar das reivindicações de soberania dos

Estados, pois o alto-mar não estaria sujeito a nenhuma regulamentação jurídica.

Segundo Celso D. de Albuquerque Mello (2004, p. 1243), a teoria da “res

nullius” é inaceitável, pois o alto-mar não deve ser apropriado pelo primeiro que

aparece, “porém se existe esta liberdade os Estados não teriam qualquer limitação

em relação ao alto-mar”.

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A teoria da “res communis” determinava que o alto-mar fosse de propriedade

da sociedade internacional, ou seja, seria propriedade de todos os Estados, sejam

eles costeiros ou não.

Nota-se que a teoria da “res communis” impõe ao alto-mar um caráter de

condomínio, e em um condomínio ocorre uma co-propriedade e dá-se a todos os co-

proprietários o direito de polícia em relação uns com os outros.

Conforme ensinamentos de Celso D. de Albuquerque Mello (2004, p. 1244),

no alto-mar a regra geral é que os Estados só tem jurisdição em seus navios nacionais, não sendo possível nele a guerra, pois o alto-mar sendo de todos, uns poucos não teriam o direito de prejudicar o seu uso.

A teoria da “jurisdicidade” afirmava que o alto-mar deveria ser submetido a

uma regulamentação jurídica, não havendo nenhum imbróglio em que diversas

ordens jurídicas ali estivessem em vigor, pois as ordens jurídicas em si são

impenetráveis, sendo a nacionalidade dos navios o meio utilizado a organizar a

juridicidade.

A Convenção de Genebra abandonou esta teoria, uma vez que ninguém

exerce competência propriamente dita sobre o alto-mar.

Já a teoria da “utilização razoável” teria uma finalidade eminentemente

política e não jurídica, surgindo para justificar as experiências nucleares realizadas

pelos norte-americanos em alto-mar. Esta teoria se fundamenta em diversas

afirmações dentre elas; a liberdade de alto-mar varia de sentido e alcance com a

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época histórica, seu aspecto político, porém a sua utilização devendo sempre ser

razoável.

Insta lembrar que a teoria da utilização razoável tem em seu favor uma

decisão de Marshall10 no caso Church x Hubbart, em 1804, quando reconheceu o

direito de Portugal em exercer uma fiscalização a respeito de navios estrangeiros em

alto-mar com a mera finalidade de defender seu comércio com o Brasil, alegando

nessa decisão que o Estado pode exercer atos de soberania no alto-mar, desde que

necessários para a defesa de seus direitos.

Nota-se que para os defensores a teoria da utilização razoável, o direito a

autodefesa é absoluto e poderia derrogar a liberdade dos mares, sendo assim, se

cada Estado fosse reivindicar a sua autodefesa não haveria a liberdade dos mares

propriamente dita.

Vale ressaltar que a doutrina que tem encontrado mais seguidores é a de

“res communis”, que se mostra entendida como coisa que se destina ao uso público,

ou seja, o alto mar pertence à sociedade internacional, onde o mesmo direito é para

todos.

A Convenção de Genebra sobre o Alto-mar estipulou em seu art. 2º, que o

mesmo estaria aberto a todas as nações.

Assim, a Convenção de 1982 consagrou o disposto pela Convenção de

Genebra, o alto-mar está aberto a todos os Estados, sejam eles costeiros ou sem

litoral, entretanto nenhum Estado poderá submeter qualquer parte dele à sua

soberania, sendo utilizado apenas para fins pacíficos.

10

Juiz da Suprema Corte do EUA, árbitro requisitado para decidir o caminho a se seguir.

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Insta lembrar que os Estados sem litoral, citados pela Convenção de 1982,

em convenções anteriores só obtinham em seu favor uma citação “deveriam ter”

direito ao trânsito, porém em 1982, surge então a palavra “terão”, mas que só surge

mesmo no texto, pois os Estados sem litoral continuam dependendo de acordos com

os Estados de trânsito

O âmbito de aplicação do alto-mar está disposto no artigo 86, da Convenção

de 1982:

Art. 86

As disposições da presente Parte aplicam-se as todas as partes do mar não incluídas na zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas águas arquipelagicas de um Estado arquipélago. O presente artigo não implica limitação alguma das liberdades de que gozam todos os Estados na zona econômica exclusiva de conformidade com o artigo 58.

Como se pode perceber, este artigo demonstra a separação que sofrem os

temas até então já discutidos, não incluindo nenhum deles a região denominada de

alto-mar.

Outro ponto de grande discussão entre os doutrinadores é a questão da

liberdade do alto-mar.

De acordo com os ensinamentos de He Moon Jo (2004, p. 529) “a liberdade

de alto-mar significa a exclusão do uso arbitrário ou exclusivo de um Estado perante

a abertura do seu uso conforme determina o Direito Internacional”.

Nota-se que de acordo com os ensinamentos de He Moon Jo (2004, p. 528),

que este princípio diz respeito a navegação e a todas as formas possíveis de

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aproveitamento do alto-mar, não havendo dentro dele alguma possibilidade do

Estado exercer soberania perante à ele.

Conforme disposição do artigo 87, da Convenção de Montego Bay, verifica-

se que esta liberdade concerne à navegação, ao sobrevôo, à colocação de cabos e

dutos submarinos, à construção de ilhas artificiais, à pesca e a própria investigação

cientifica.

Este princípio traz à tona vários direitos e deveres aos Estados, mesmo que

muitas vezes eles sejam meramente costumeiros, sendo sua única finalidade

regulamentar a utilização do mesmo.

A subdivisão do princípio da liberdade do alto-mar, demonstra alguns pontos

interessantes a serem discutidos pela doutrina internacional.

Um ponto importante a ser citado no presente trabalho é a questão da pesca

em alto-mar, lembrando-se que este princípio é tradicional no âmbito do Direito

Internacional Público do Mar.

Analisando doutrinadores e pesquisadores da área, depreende-se que na

antiguidade achava-se que os recursos advindos do mar eram inesgotáveis, porém

após diversos estudos, esta liberdade de extração dos recursos marítimos deixou de

ser absoluta e passou a ser regulamentada, visando única e exclusivamente a

conservação dos recursos marítimos.

Observando-se que 90% (noventa por cento) dos recursos advindos do mar

pertencem à região denominada alto-mar, esta regulamentação é necessária tendo

em vista que a população mundial hoje em dia consome muito mais do que a

natureza consegue produzir.

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Outro ponto bastante discutido pela doutrina internacional é o chamado

direito de identificação e revista, consagrado também pela Convenção de Genebra.

Conforme doutrina Celso D. Albuquerque Mello (2004, p. 1249), “este direito só pode

ser exercido por um navio de guerra em relação a um navio comércio.”

Vale ressaltar que após a identificação da embarcação através de sua

bandeira, ainda havendo suspeitas, o navio de guerra do Estado exerce seu direito

de revista, com a finalidade de promover a segurança do Estado, combater a

pirataria e até mesmo o tráfico de drogas e de escravos.

Este princípio nos leva a mencionar outro ponto importante na

regulamentação do alto-mar, o direito de perseguição, que consiste em perseguir

uma embarcação que não obedeça aos termos da Convenção de Genebra, desde

que o mesmo se encontre na parte correspondente ao Estado costeiro.

A doutrina internacional entende que este direito não dever ser exercido

quando existe apenas uma suspeita, ou até mesmo quando a ofensa ao Estado

costeiro não seja tão grande, tendo seu fundamento jurídico expressado no artigo

111 da Convenção de 1982.

Demonstra-se que dentre os temas até então dispostos todos tem

discussões ao longo do tempo, porém a Convenção de 1982 trouxe algumas

novidades quanto à regulamentação do alto-mar, sendo uma delas a pesquisa

cientifica marinha.

A Convenção de 1982 determina que o Estado tem o direito de realizar

pesquisas com fins pacíficos, com métodos e meios específicos adequados, porém

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vale lembrar que este instituto não é fundamento jurídico para o Estado reivindicar

qualquer soberania sobre o meio marinho e seus recursos.

Em conclusão podemos dizer que o regime jurídico da pesquisa cientifica

repousa no embate entre os Estados pesquisadores e os Estados em

desenvolvimento que defendem seus poderes.

Observa-se perante aos ensinamentos já propostos pelos doutrinadores e

perante a pesquisa feita sobre o tema, que o instituto da liberdade do alto-mar gera

muitos recursos, sendo que a economia de alguns países costeiros depende destes

recursos disponíveis no alto-mar.

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3. MAR TERRITORIAL BRASILEIRO

3.1 CONCEITO DO MAR TERRITORIAL

Segundo ensinamentos de Hildebrando Accioly (1996, p. 243),

O mar territorial é a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distância que não deve exceder 12 milhas marítimas da costa e sobre a qual o Estado exerce a sua soberania, com algumas limitações determinadas pelo Direito Internacional.

A soberania a que se refere o conceito de Mar Territorial está consagrada no

artigo 2º, da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a saber:

Art. 2,

1. A soberania do Estado costeiro estende-se além do seu território e das suas águas interiores e, no caso de Estado arquipélago, das suas águas arquipelágicas, a uma zona de mar adjacente designada pelo nome de mar territorial. 2. Esta soberania estende-se ao espaço aéreo sobrejacente ao mar territorial, bem como ao leito ao subsolo deste mar. 3. A soberania sobre o mar territorial é exercida de conformidade com a presente Convenção e as demais normas de direito internacional.

3.2 ESCORÇO HISTÓRICO DO MAR TERRITORIAL BRASILEIRO

O Brasil, como muitos países em tempos antigos, adotou o critério de que o

mar territorial se estendia por 3 milhas marítimas além de sua costa, porém

considerando as novas tendências surgidas ao longo do tempo, aumentou através

do Decreto-lei nº. 44/66 a largura de seu mar territorial para 6 milhas marítimas e

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criou uma zona contígua de pesca de mais 6 milhas marítimas a partir do limite

externo do mar territorial.

O Brasil através de uma tendência de conciliação manifestada nas

Conferências realizadas em Genebra se orientou pela criação de uma nova zona

marítima, a zona contígua de pesca.

Esta nova legislação internacional teve o mérito de atender alguns dos

interesses brasileiros, entretanto o Brasil já poderia ter adotado a nova teoria da

época que determinava a nova largura do mar territorial passando o mesmo para 12

milhas marítimas, por meio da qual o Brasil teria maiores direitos sobre esta área do

que na zona contígua de pesca criada pelo Decreto-lei nº. 44/66.

Com a nova teoria o Brasil teve a seu favor sua principal reivindicação

marítima, o direito a pesca. Para efetivá-la, o Brasil criou o Decreto-lei nº. 553/69,

aumentando seu mar territorial para 12 milhas, suprimindo assim a zona contígua de

pesca.

Porém, no ano de 1970, através do Decreto-lei nº. 1.098, o Brasil estendeu

seu mar territorial para 200 milhas marítimas, alegando que cada Estado teria

competência para fixar seu mar territorial dentro dos limites razoáveis, atendendo

fatores geográficos, geológicos e biológicos, assim como as necessidades de sua

população e sua segurança e defesa.

Alegou ainda que o Estado costeiro tem interesse especial na manutenção

dos recursos vivos das zonas marítimas adjacentes ao seu litoral, como já

consagrado pelo Direito Internacional, sendo que este interesse só pode ser

efetivado pelo exercício da soberania inerente ao conceito do mar territorial.

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A partir daí, o Estado brasileiro através do Decreto-lei nº. 68.459/71 dividiu o

mar territorial em duas zonas de 100 milhas, sendo que uma zona mais próxima à

costa foi reservada a embarcações nacionais de pesca, e a outra parte destinada “as

atividades pesqueiras poderiam ser exercidas por embarcações de pesca nacionais

e estrangeiras”.

Vale ressaltar, que o texto do citado Decreto-lei deixava bem claro que era

reservado às embarcações brasileiras “A exploração de crustáceos e demais

recursos vivos, que mantém estreitas as relações de dependência com o fundo

sobrejacente do mar territorial brasileiro”, dispondo ainda que “as embarcações

estrangeiras sem contrato de arrendamento com pessoa jurídica brasileira, somente

poderão pescar com autorização do Ministro da Cultura e o Ministério da Marinha”.

Esta estratégia adotada pelo Governo Brasileiro não ficou imune à reação

contrária, e a principal delas foi a Convocação da já referida Conferência das

Nações Unidas sobre o Direito do Mar, com objetivo de alcançar os parâmetros que

nas duas primeiras haviam sido impossíveis de concretizar, ou seja, “o consenso

sobre a extensão do mar territorial e uma definição sobre os direitos do Estado

costeiro sobre as outras 188 milhas marítimas a ele adjacentes”.

A Convenção como já exposto acima, fixou o limite de doze milhas

marítimas para o mar territorial e consagrou a noção de zona contígua para uma

faixa de 24 milhas e criando o regime da zona econômica exclusiva aplicável até o

limite de 200 milhas marítimas.

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O Brasil acabou acatando a Convenção e assinou-a na sua ultima sessão,

conforme avaliação de Castro11, “na prática, a aplicação do Decreto-lei nº. 1098/70,

não seria significativamente alterada pela assinatura da Convenção”.

Com definição das doze milhas, o Brasil fixou seu mar territorial na extensão

máxima permitida, por não encontrar à sua frente um Estado cujo mar territorial

alcance esse espaço de doze milhas marítimas.

Após a assinatura da Convenção, o Brasil através da Lei nº. 8.617/93,

coloca como legislação as principais normas de delimitação dos espaços marítimos

consagrados na Convenção, inclusive no que tange ao mar Territorial, entrando em

vigor no dia 16 de novembro de 1994.

3.3 O BRASIL E SEU MAR TERRITORIAL

O mar territorial é considerado bem da União, conforme artigo 20, inc. VI, da

Constituição Federal12 e a competência de julgar infrações remetem-se a Justiça

Federal.

A jurisdição brasileira no mar territorial é soberana, exceto no que tange a

jurisdição civil e penal em navio mercante, cuja jurisdição é do Estado de bandeira.

A passagem de navios estrangeiros pelo mar territorial brasileiro tem ainda

outra implicação relativa à jurisdição, pois diz a Convenção que o Estado da

bandeira reserva sua jurisdição sobre todos os eventos acontecidos a bordo do

11 www.jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9959 12 Art. 20, CF: São bens da União: VI – o mar territorial

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navio, havendo situação de crime em mar territorial não sujeita aos poderes públicos

brasileiros.

Um grande exemplo disso são os navios-cassino estrangeiros, ao

explorarem jogos de azar proibidos no ordenamento jurídico brasileiro, por se

encontrarem-se fora da jurisdição quando estiverem navegando em águas

territoriais, salvo quando procedentes de águas interiores.

A restrição imposta é mantida sob condição de ser a passagem rápida e

continua e a infração criminal não gerar conseqüências para o Estado brasileiro.

O Direito Internacional Público, através da moderna configuração de Direito

do Mar, prevê a solução de litígios de forma sempre pacifica e de diferentes formas;

a) Tribunal Internacional do Direito do Mar, com sede em Hamburgo, podendo ser

partes nos litígios os Estados e entidades que tratam da parte relativa à área, as

empresas estatais e as pessoas físicas e jurídicas que participam da exploração

destas regiões; b) Corte Internacional de Justiça, também conhecida como Corte de

Haia.

Nota-se que no Brasil é verdadeiramente constatada dependência com o

mar sendo especialmente significativa em relação a economia, tendo em vista que a

reservas petrolíferas brasileiras se encontram em sua maior parte, no mar.

Além da dependência do tráfego marítimo e do petróleo, que já bastariam

para mensurar o significado da dependência brasileira, se destaca ainda demais

potencialidades econômicas como a pesca, que permanece praticamente artesanal,

além da exploração de gás e demais recursos.

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Cabe também consignar um grande tema de discussão nos tempos atuais, a

exploração do petróleo na região litorânea brasileira. Principalmente, devido aos

avanços das tecnologias de exploração e a valorização do preço do petróleo e

outros minerais, o que acarretará num futuro bem próximo a uma corrida ao fundo

do mar.

A descoberta de reservas potenciais de jazidas de petróleo abaixo da

camada de sal no mar territorial brasileiro, em especial a descoberta do mega

Campo de Tupi, trará muitos benefícios à economia brasileira, dando ao Estado

brasileiro um grande potencial econômico para o futuro.

Estas descobertas se estendem por 800 quilômetros, do Espírito Santo a

Santa Catarina, e podem conter um volume de petróleo capaz de colocar o Brasil

entre as maiores potências petrolíferas mundiais.

Outrossim, aponta-se que esta descoberta trará muitos problemas à ordem

interna brasileira, por conta dos direitos de cada estado brasileiro, tendo em vista

que esta exploração deverá ser dividida em partes iguais aos estados e municípios

limítrofes.

As descobertas de poços petrolíferos na plataforma continental fizeram com

que o Brasil enviasse um relatório a Organizações das Nações Unidas, reivindicando

o aumento de sua Zona Econômica Exclusiva para 350 milhas marítimas, o que

daria praticamente metade do território terrestre brasileiro.

As reivindicações brasileiras estão de acordo com a Convenção do Direito

do Mar de 1982, que permitia aos paises áreas de alto-mar para a prospecção e

futuramente exploração dos recursos minerais, desde que ela fosse reivindicada

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num prazo de dez anos, contados da entrada em vigor daquela Convenção (o que

ocorreu em 1994).

Houve por parte da ONU uma contraproposta que está sendo analisada

pelos técnicos brasileiros e governo brasileiro, mas segundo o presidente da

Comissão a intenção é de recusar a oferta da ONU e refazer os argumentos

técnicos para ter direito à área total pretendida inicialmente.

Nota-se que este assunto ainda irá gerar muitos comentários entre os

doutrinadores internacionais e nacionais, tendo em vista que alguns paises já

propuseram à ONU a expansão de seu mar territorial, como é o caso de Rússia e da

Republica da Irlanda, sendo ambos os pedidos com contrapropostas por parte da

ONU.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo principal demonstrar os limites

territoriais de paises costeiros em relação ao mar, sendo que as delimitações

impostas pelas Convenções realizadas em Genebra e posteriormente na Jamaica

trouxeram ao Direito Internacional Público um novo panorama sobre a soberania

exercida pelos mesmos em suas zonas delimitatórias.

Dessa mesma forma que o ser humano precisa ter e conhecer suas

limitações, o Estado precisa ter seus limites, ou seja, suas linhas demarcatórias,

para aí exercer sua soberania.

Bem delimitado o espaço marítimo de uma nação, é mister que se contente

em viver em harmonia com o que é seu, inclusive observando os ditames de órgãos

internacionais, que contribuem para que os povos vivam em harmonia.

Assim, a pesquisa de leis e doutrinas apresentadas, tem o único objetivo de

demonstrar as imposições do Direito Internacional Público perante a delimitação de

exploração do mar, determinando direitos e deveres aos países costeiros ou não, a

utilização desta fonte de recursos que trará ao globo uma nova maneira de

subsistência.

Considerando as novas descobertas brasileiras e de acordo com as

manifestações da Convenção do Direito do Mar, o Brasil poderá se tornar uma

grande potência econômica, posto que as pesquisas cientificas, trouxeram ao Brasil

uma nova fonte de recursos tão pouco explorada em sua economia.

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Tecida tais considerações, podemos notar que a Convenção do Direito do

Mar trouxe ao Brasil uma nova maneira de alavancar sua economia, já que a

exploração dos recursos marítimos tende a ser uma nova modalidade mundial,

tendo em vista a escassez dos recursos terrestres.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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