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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ KARINA ANDRÉIA CUMIN AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

KARINA ANDRÉIA CUMIN

AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A EDUCAÇÃO I NCLUSIVA

CURITIBA

2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

KARINA ANDRÉIA CUMIN

AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A EDUCAÇÃO I NCLUSIVA

Projeto de pesquisa ao curso latu

sensu de Psicopedagogia, da Universidade

Tuiuti do Paraná.

Professora: Jurândi Serra Freitas.

CURITIBA

2015

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................1

2 FUNDAMENTAÇÃO ......................................................................................................................4 2.1 ANÁLISE DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E CONTEXTUALIZAÇAO

HISTÓRICA INCLUSIVA ......................................................................................................................6 2.2 ANTIGUIDADE ...........................................................................................................................13 2.3 IDADE MÉDIA ............................................................................................................................15 2.4 DO SÉCULO XVI AOS DIAS DE HOJE ..................................................................................18

2.5 PARADIGMA DA INSTITUCINALIZAÇÃO .............................................................................23 2.6 PARADIGMA DE SERVIÇOS ..................................................................................................25

2.7 PARADIGMA DE SUPORTE ....................................................................................................27

2.8 PARADIGMA DA PEDAGOGIA INCLUSIVA: NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL .....31 2.9 INTEGRAÇAO OU INCLUSAO: ESCOLA DE “QUALIDADE” PARA TODOS ..................33 2.10 MODALIDADES DE INSERÇÃO ...........................................................................................37

2.11 O DESAFIO DA INCLUSÃO ...................................................................................................39

2.12 NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS: AINDA UM DILEMA PARA O PROFESSOR .......................................................................................................................................41

2.13 COMO ENSINAR A TURMA TODA ......................................................................................43

2.14 A CAPACITAÇAO DO PROFESSOR ...................................................................................46

2.15 ESCOLA INCLUSIVA: AS CRIANÇAS AGRADECEM ......................................................47 2.16 FORMAÇÃO DO PROFESSOR ............................................................................................49

2.17 PSICOPEDAGOGIA E PAPEL DO PSICOPEDAGOGO ...................................................51

2.18 PERFIL DO PSICOPEDAGOGO INCLUSIVO ....................................................................53 2.19 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO FRACASSO ESCOLAR ..........................55 2.20 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM .........................................................................56 2.21 DÉFICIT DE APRENDIZAGEM .............................................................................................58

2.22 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E ALGUMAS INTERVENÇÕES POSSÍVEIS........................ ................................................................................................................59 2.22.1 O trabalho e a intervenção do psicopedagogo na escola .....................................................59 2.22.2 A intervenção psicopedagógica na sala de aula .......................................................61 2.22.3 A intervenção psicopedagógica junto à família .........................................................63 2.23 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO .................................................................................65

2.24 CURRÍCULO ............................................................................................................................67

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................70

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................71

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1 INTRODUÇÃO

“O problema do educador não é discutir se a educação

pode ou não pode, mas é discutir onde pode, como

pode, com quem pode, quando pode; é reconhecer os

limites que sua prática impõe. é perceber que o seu

trabalho não é individual, é social e se dá na pratica de

quem ele faz parte” (Paulo Freire)

A proposta que se pretende desenvolver exige antes de tudo uma

mudança de atitude da sociedade, não só dos professores, mas de toda a

comunidade escolar, pois se torna imprescindível que a escola esteja

preparada para lidar em seu interior com as diferenças.

A educação inclusiva propõe que todas as pessoas com necessidades

especiais sejam matriculadas na rede regular de ensino, baseando-se nos

princípios de educação para todos, pois tanto os alunos deficientes quanto os

não deficientes terão a oportunidade de vivenciar a riqueza que a diferença

apresenta e com isso fortalecer o sentimento de solidariedade.

Aborda-se o estudo da pedagogia inclusiva partindo-se dos princípios de

sujeitos educativos especiais impõe uma restrição à educação afinal, se tem

falado em educação especial como sinônimo de educação menor, no entanto a

sociedade precisa assumir concretamente seu papel, criando condições

necessárias para estabelecer uma educação de igualdade de oportunidade

com o lema de “solidariedade”.

O estudo do paradigma da inclusão apresenta grande contribuição pois

é o auge desse novo modelo educacional, sinônimo de educação integrada,

processo pelo qual todos envolvidos pelo processo educativo deve adaptar-se,

a fim de encontrar respostas educativas para as necessidades portanto,

buscando ser pluralista, democrático e de qualidade.

A questão da inclusão escolar vem sendo fortemente enfocada em

congressos, com fortes discussões, a questão da integração dos portadores de

deficiência, tem sido objeto de sérios questionamentos, educadores, famílias, e

dos próprios deficientes agora, já organizados politicamente, tem reivindicado

seus direitos garantido nas letras das leis e que são freqüentemente violados.

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O conceito de inclusão nas escolas é abrangente e por isso não se trata

apenas em “incluir” alunos com deficiência nas classes regulares, entendida

em seu sentido mais amplo, é o conjunto de ações realizadas em todos os

níveis e por todos os segmentos da educação, que busca dar oportunidade aos

alunos para que vivenciem as mais variadas formas de chance e garantia de

sucesso.

Diante da abordagem desse novo paradigma educacional, relata-se a

analise de algumas questões como instrumento de reflexão e analise de

estudos:

• Quais os pressupostos básicos, dos educandos com necessidades

especiais, na pedagogia inclusiva?

• Atualmente ocorre o processo de exclusão ou inclusão social?

• Como tornar o processo inclusivo dos educandos com necessidades

especiais, uma pratica no contexto escolar?

Não se trata apenas de admitir a matricula desses meninos e meninas

– isso nada mais é do que cumprir a lei. O que realmente vale (e, felizmente

muitos estão fazendo) é oferecer serviços complementares, adotar praticas

criativas na sala de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e

construir uma nova filosofia educativa.

A escola mudou e com o passar dos tempos, novas tecnologias e

metodologias ingressaram no cotidiano escolar. Professores e planos de

cursos torna-se defasados, necessitando de atualização. Paradigmas

esgotados ou ultrapassados perdem espaço para paradigmas emergentes ou

inovadores – o que não diminuiu o compartimento e isolamento da escola em

relação à realidade de cada educando, numa escola em que as necessidades

individuais de aprendizagem não são atendidas.

Mais do que criar condições para os portadores de necessidades

especiais e trabalhar com essas peculiaridades, a inclusão é um desafio que

implica mudar a escola como um todo, no projeto pedagógico, na postura

diante dos alunos, na filosofia, na construção da cidadania, etc... Valorizar as

peculiaridades de cada aluno, atender a todos na escola, incorporar e

desenvolver a diversidade, sem nenhum tipo de distinção. Nunca o tema

inclusão esteve tão presente no dia-a-dia da educação – e isso é uma ótima

noticia. pois cada vez mais os professores estão percebendo que as diferenças

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não só devem ser aceitas, mas também acolhidas como subsidio para montar o

cenário escolar.

Apresentam-se como metas para a realização deste estudo:

• Caracterizar o sistema educacional inclusivo dos alunos com deficiência,

no que se refere ao currículo, método, técnicas e material de ensino

diferenciado, ambiente emocional e escola favorável.

• Refletir sobre a integração dos portadores de necessidade na

sociedade.

• Definir a necessidade da integração tecno-pedagogica entre educadores

e alunos.

• Analisar o espaço e condições ofertadas pelas escolas para os inclusos.

• Relatar as contribuições do psicopedagogo para auxiliar a escola, família

e aluno no processo de inclusão.

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2 FUNDAMENTAÇÃO

“O problema do educador não é discutir se a

educação pode ou não pode, mas é discutir onde

pode, como pode, com quem pode, quando pode; é

reconhecer os limites que sua prática impõe. é

perceber que o seu trabalho não é individual, é

social e se dá na pratica de quem ele faz parte”

(Paulo Freire)

A proposta que se pretende desenvolver exige antes de tudo uma mudança de

atitude da sociedade, não só dos professores, mas de toda a comunidade escolar,

pois se torna imprescindível que a escola esteja preparada para lidar em seu interior

com as diferenças.

A educação inclusiva propõe que todas as pessoas com necessidades especiais

sejam matriculadas na rede regular de ensino, baseando-se nos princípios de

educação para todos, pois tanto os alunos deficientes quanto os não deficientes

terão a oportunidade de vivenciar a riqueza que a diferença apresenta e com isso

fortalecer o sentimento de solidariedade.

Aborda-se o estudo da pedagogia inclusiva partindo-se dos princípios de sujeitos

educativos especiais impõe uma restrição à educação afinal, se tem falado em

educação especial como sinônimo de educação menor, no entanto a sociedade

precisa assumir concretamente seu papel, criando condições necessárias para

estabelecer uma educação de igualdade de oportunidade com o lema de

“solidariedade”.

O estudo do paradigma da inclusão apresenta grande contribuição, pois é o

auge desse novo modelo educacional, sinônimo de educação integrada, processo

pelo qual todos os envolvidos pelo processo educativo devem adaptar-se, a fim de

encontrar respostas educativas para as necessidades, portanto, buscando serem

pluralistas democráticos e de qualidade.

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A questão da inclusão escolar vem sendo fortemente enfocada em congressos,

com fortes discussões, a questão da integração dos portadores de deficiência, tem

sido objeto de sérios questionamentos, educadores, famílias, e dos próprios

deficientes agora, já organizados politicamente, tem reivindicado seus direitos

garantido nas letras das leis e que são freqüentemente violados.

O conceito de inclusão nas escolas é abrangente e por isso não se trata apenas

em “incluir” alunos com deficiência nas classes regulares, entendida em seu sentido

mais amplo, é o conjunto de ações realizadas em todos os níveis e por todos os

segmentos da educação, que busca dar oportunidade aos alunos para que

vivenciem as mais variadas formas de chance e garantia de sucesso.

Diante da abordagem desse novo paradigma educacional, relata-se a analise de

algumas questões como instrumento de reflexão e analise de estudos:

• Quais os pressupostos básicos, dos educandos com necessidades especiais,

na pedagogia inclusiva?

• Atualmente ocorre o processo de exclusão ou inclusão social?

• Como tornar o processo inclusivo dos educandos com necessidades

especiais, uma pratica no contexto escolar?

• Qual a função do psicopedagogo com os alunos portadores de necessidades

especiais?

Não se trata apenas de admitir a matricula desses meninos e meninas – isso

nada mais é do que cumprir a lei. O que realmente vale (e, felizmente muitos estão

fazendo) é oferecer serviços complementares com diversos profissionais, adotar

práticas criativas na sala de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e

construir uma nova filosofia educativa.

A escola mudou e com o passar dos tempos, novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar. Professores e planos de cursos tornam-se

defasados, necessitando de atualização. Paradigmas esgotados ou ultrapassados

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perdem espaço para paradigmas emergentes ou inovadores – o que não diminuiu o

compartimento e isolamento da escola em relação à realidade de cada educando,

numa escola em que as necessidades individuais de aprendizagem não são

atendidas.

Mais do que criar condições para os portadores de necessidades especiais e

trabalhar com essas peculiaridades, a inclusão é um desafio que implica mudar a

escola como um todo, no projeto pedagógico, na postura diante dos alunos, na

filosofia, na construção da cidadania, etc... Valorizar as peculiaridades de cada

aluno, atender a todos na escola, incorporar e desenvolver a diversidade, sem

nenhum tipo de distinção. Nunca o tema inclusão esteve tão presente no dia-a-dia

da educação – e isso é uma ótima noticia, pois cada vez mais os professores estão

percebendo que as diferenças não só devem ser aceitas, mas também acolhidas

como subsidio para montar o cenário escolar.

2.1 ANÁLISE DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA INCLUSIVA

Não podemos pensar e refletir sobre a educação, sem pensar e refletir sobre o

contexto social, político e econômico em que ela é gerada. Perante o quadro de

desigualdade, de heterogeneidade que caracteriza nossa sociedade é preciso que o

professor e psicopedagogo tenham como compromisso maior à compreensão da

criança, não como um ser isolado, mas como um ser que tem uma história, uma

cultura que pertence à determinada sociedade, a uma determinada classe social e

como resultado desta contextualização a prática pedagógica tende a se transformar,

enriquecer e tornar possível a criação de condições reais de aprendizagem que

possam atender as necessidades das crianças, para isso irei analisar algumas das

mais variadas teorias do conhecimento sendo Piaget, Vygotski e Freud.

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Construtivismo é a aplicação pedagógica dos estudos de Jean Piaget,

educador, psicólogo, biólogo e filosofo suíço que reformou as bases funcionais sobre

as questões do pensamento e linguagem. Ao mesmo tempo pensador e cientista

experimental, a Piaget interessava uma visão transformadora da epistemologia.

Segundo suas pesquisas, o conhecimento é construído através da interação do

sujeito com o objeto. O desenvolvimento cognitivo dá-se pela assimilação do objeto

de conhecimento a estruturas anterior presentes no sujeito e pela acomodação

dessas estruturas em função do que vai ser assimilado. Para Piaget, a criança se

apodera de um conhecimento se “agir” sobre ele, pois aprender é modificar,

descobrir, inventar. Nesse enfoque, a função do professor é propiciar situações para

que a criança construa seu sistema de significação, o qual, uma vez organizado na

mente, será estruturado no papel ou oralmente.

Para criar e demonstrar sua teoria de construção de conhecimento e, ainda, para

chegar ao equilíbrio na interação homem e meio ambiente, Piaget desenvolveu uma

análise critica as teorias empiristas e inatistas do conhecimento. Para os empiristas,

a construção do conhecimento é resultado positivo das experiências concretas do

homem com o mundo sensível, através da percepção. Neste sentido o homem

nasce com a capacidade mental extremamente reduzida e apenas o contato direto

com o exterior possibilita a assimilação e criança de conhecimentos. Por outro lado

os inatistas acreditam que o homem já nasce com sua estrutura biológico-cognitiva

formada.

“O construtivismo Piagetiano é essencialmente

biológico. a perspectiva lógico de Piaget não é

senão o correspondente de sua perspectiva

biológica, isto é, o desenvolvimento é visto como

um processo de adaptação, que tem como modelo

a noção biológica do organismo em interação

constante com o meio” GOULART, (1995,p.17).

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Para Piaget grande parte do conhecimento construído pelo homem é

resultado do seu esforço para compreender e dar significado ao mundo. Nesta

tentativa de interação e compreensão do meio, o homem desenvolve seus

equipamentos neurológicos herdados que facilitam o funcionamento intelectual.

Para ele o homem não despoja de sua condição individual, na verdade o homem

produz a si próprio ao produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio

e com os outros homens.

Em uma de suas passagens Piaget diz que:

“O homem normal não é social da mesma maneira

aos seis meses, ou aos vinte anos de idade, e, por

conseguinte, sua individualidade pode ser pode

não ser da mesma qualidade, nesses dois

diferentes níveis” PIAGET (1973,p.424).

Nessa afirmação de Piaget, está explicita a presença inevitável das relações

sociais interferindo no desenvolvimento humano; o termo homem social expressa a

condição humana de ser que vive em sociedade e que, portanto, influência e é

influenciado pelas relações sociais.

Outra teoria importante para análise e estudos do desenvolvimento humano é

o socioconstrutivismo, uma teoria que vem sendo desenvolvida a partir dos estudos

de Vygotski (1896-1934) e seus seguidores. Vygotski Graduou-se em literatura na

universidade de Moscou, lecionou literatura e psicologia e criou um laboratório de

psicologia no instituto de treinamento de psicologia e no instituto de deficiência de

Moscou.

Sua concepção de desenvolvimento humano leva em consideração a íntima e

constante relação social e biológica e oportuniza os professores da educação

especial e regular a fazer uma reflexão sobre sua prática. Entendendo que o

desenvolvimento humano tem por base as relações sociais, interação de sujeitos

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históricos ressalta ainda que o desenvolvimento este interligado as aprendizagens

da criança, que impulsiona e promove o desenvolvimento.

“O desenvolvimento cultural é a esfera principal de onde é

possível a compreensão da deficiência. Onde é

impossível o desenvolvimento orgânico, ali esta aberta de

forma ilimitada a via desenvolvimento cultural” VYGOTSKI

(1995, p.152).

Desta forma as aprendizagens e não aprendizagens são apropriadas nas

relações professor e aluno, considerando suas histórias anteriores de

aprendizagens.

Seu trabalho opõe-se as concepções que buscam explicações

exclusivamente biológicas para o desenvolvimento dos sujeitos considerados

portadores de deficiência, não é tanto de caráter biológico quanto social. O autor não

parte dos dados biológicos, buscando relacioná-los historicamente a vida social

desde o principio, quer o sujeito apresente características físicas relacionadas a

deficiência ou não.

“A educação das crianças com diferentes defeitos deve

basear-se no fato de que simultaneamente com o defeito

estão dadas também as tendências psicológicas de uma

direção oposta; estão das as possibilidades de

compensação para vencer o defeito e de que

precisamente essas possibilidades se apresentam em

terceiro plano no desenvolvimento de crianças e deve ser

incluído no processo educativo como uma força motriz”

VYGOTSKI (1995, p. 32).

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Elaborava uma forte critica a ênfase no exercício das funções sensoriais e

motoras, em detrimento das cognitivas, para o autor as questões sociais deveriam

ser consideradas essenciais a educação, neste sentido o autor afirma:

“Ao trabalhar exclusivamente com representações

concretas e visuais, freiamos e dificultamos o

desenvolvimento do pensamento abstrato, cujas funções

não podem ser substituídas por nenhum procedimento

visual” VYGOTSKI (1995, p. 119).

Os estudos de Vygotski e seus seguidores sobre a aquisição da linguagem

como fator histórico e social enfatiza a importância da interação e da informação

lingüística para a construção do conhecimento. O centro do trabalho passa a ser,

então, o uso e a funcionalidade da linguagem, o discurso e as condições de

produção. O papel do professor é o de mediador, facilitador, que interage com os

alunos através da linguagem num processo dialógico.

Vale aqui ressaltar também um dos maiores estudiosos na área do

desenvolvimento e da psicologia, Freud, fundador da mais importante e conhecida

teoria do desenvolvimento intelectual da inteligência “a psicanálise”, nascido em 06

de maio de 1856(morreu em 23 de setembro de 1939, aos 83 anos de idade em

Londres), estudou medicina e tornou-se um doutor apaixonado pelas áreas do

desenvolvimento humano (fisiologia, neurologia, hipnose, neuropatologia, fisiologia,

anatomia, doenças nervosas, etc.). Passou a vida tratando de pessoas

desajustadas; no desenvolvimento de sua teoria, Freud abandonou o método

catártico e mostrou a ocorrência de uma situação especifica, pois para compreender

as origens do sintoma ele passou a estudar cada vez mais a história do paciente,

chegando aos primeiros anos de vida, isto é, a infância. A parceria entre a educação

e psicanálise ao longo do século XX se torna ainda mais complexa, Freud afirmava

que as crianças poderia ser objeto de um trabalho terapêutico, mas poderiam ser

tratadas com métodos pedagógicos, então as terapias com crianças sempre foram

marcadas por questões Pedagógicas para o desenvolvimento propõe-se:

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“Para poder dar respostas ao conjunto de suas

missões, a educação deve organizar-se em torno

de quatro aprendizagens fundamentais que, ao

longo de toda a vida, serão de algum modo para

cada individuo, os pilares do conhecimento:

aprender a conhecer , e isto é, adquirir os

instrumentos da compreensão; aprender a fazer ,

para poder agir sobre o meio envolvente; aprender

a viver junto , a fim de participar e cooperar com os

outros em todas as atividades humanas; finalmente

aprender a ser , via essencial que integra as três

precedentes. é claro que essas quatros vias de

saber constituem apenas uma” Delors (1996,p.89-

90).

Por ser médico e com especial atenção ao desenvolvimento humano Freud,

criou sua teoria com estudos comprovados da gestação até o envelhecimento

humano, com certeza este autor nos revela a grande importância de estudar e

analisar nas crianças três itens: são seres biológicos, emocionais e sociais, pois

ambos interferem nos mecanismos de desenvolvimento.

Assim como Freud numa busca constante de respostas a educação e vida da

criança, a italiana Maria Montessori concebe a educação como uma prática natural,

portanto, deve ter como ponto de partida o mundo concreto, o homem concreto. Ela

dedicou-se ao difícil problema do homem; sua formação.

“Se a ciência começasse a estudar os homens,

conseguiria não somente fornecer novas técnicas

para a educação das crianças e dos jovens, mas

chegaria a uma compreensão profunda de muitos

fenômenos humanos e sociais, que estão ainda

envolvidos em espantosa obscuridade. a base da

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reforma educativa e social aos nossos dias, deve

ser construída sobre o estudo cientifico do homem

desconhecido” MONTESSORI, (1985, p.55).

Na pedagogia Montessoriana, a criança é vista como um ser biológico, que na

interação com o meio, a autoconstrução da estrutura psíquica da criança,

desenvolve-se a partir de uma força interior, numa relação de influência recíproca

com o meio, ou seja, o amadurecimento da criança se dá na relação com o mundo, à

medida que sua maturação biológica evolui.

No que diz respeito às teorias do desenvolvimento, não se pode falar em

princípios que cada um defende, na verdade esses autores possuem idéias muito

comuns, compartilham concepções e em muitos momentos complementam-se,

portanto:

“O mundo o conhecimento, o homem são

inacabados, estão em constante processo de

construção” MATUÌ (1995,p.46).

Para compreender mais amplamente esse processo histórico há de se

conhecer os muitos caminhos já trilhados pelos homens ocidentais em sua relação

com sua parcela da população constituída pelas pessoas com necessidades

educacionais especiais.

Há história da atenção a pessoa com necessidades especiais têm-se

caracterizado pela segregação, acompanhada pela conseqüente e gradativa

exclusão, sob diferentes argumentos, dependendo do momento histórico focalizado.

No decorrer da historia da humanidade foram se diversificando a visão e

compreensão que as diferentes sociedades tinham a cerca da deficiência.

A forma de pensar e por conseqüente a forma de agir com relação a

deficiência enquanto fenômeno e a pessoa com necessidades educacionais

especiais enquanto ser, modificam-se no decorrer do tempo e das condições sócio-

historicas.

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É importante lembrar que tais termos como “deficiência” “deficiente”, “portador

de deficiência” e “portador de necessidades especiais” surgiram bem recentemente

no século XX.

A educação inclusiva teve inicio entre os anos 80 e começo dos anos 90 em

uma manifestação nos Estados Unidos liderada por pais, professores e portadores

de necessidades especiais, buscando a integração dos alunos com necessidades

especiais.

O inicio da educação inclusiva aconteceu em um movimento nos Estados Unidos

chamado de REI (Regular Education Iniciative), que tinha como objetivo principal a

inclusão na escola regular de crianças com algum tipo de deficiência.

A proposta dessa manifestação era de que todas as crianças devem ser

escolarizadas em uma escola de ensino regular, e receber uma educação de

qualidade.

2.2 ANTIGUIDADE

Praticamente não se dispõe de dados objetivos registrados a respeito de

como se caracterizava a relação entre sociedade e deficiência nos meados da vida

cotidiana em Roma e na Grécia antiga. Pode-se, entretanto, encontrar, na literatura

da época, bem como na Bíblia, passagens que permitem inferir sobre sua natureza e

procedimentos.

“o que se observa em termos do desenvolvimento

da maioria das pessoas com algum diagnóstico de

deficiência séria, no seu entender, decorre de uma

ausencia de uma educação adequada. a deficiência

primaria converte-se em secundaria em certas

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condições sociais, pois não há nenhum aspecto

onde o biológico possa separar-se do social”.

VYGOTSKI, (1995, p.17)

A economia desses países, na antiguidade, se fundamentava na atividade de

produção e de comercio agrícola, pecuário e artesanato.

Por outro lado a organização sóciopolítica se fundamentava no poder

absoluto de uma minoria numérica, associada a absoluta exclusão dos demais das

instâncias decisórias e administrativas da vida em sociedade. Caracterizava-se,

essencialmente, pela existência de dois agrupamentos sociais: o da nobreza –

senhores que detinham o poder social, político e econômico, e o populacho –

considerados subumanos, dependentes economicamente e propriedade dos nobres.

Assim, ironicamente, era o povo que trabalhava e que produzia, mas a nobreza que

usufruía os produtos, tanto diretamente como de sua comercialização. As pessoas

do povo eram destinadas somente às sobras, indesejadas pela nobreza.

Neste contexto, a vida de um homem só tinha valor à medida que este lhe

fosse concedido pela pobreza, em função de suas características pessoais ou em

função da utilidade prática que ele representasse para a realização de seus desejos

e atendimento de suas necessidades. Houve uma mudança substancial do

escravismo para o feudalismo (as pessoas passaram a ter direito a vida).

“Considerava que um ser absolutamente, adaptado

não teria impulsos para desenvolver-se que na

inadaptação encontra-se uma fonte de

possibilidades de desenvolvimento” VYGOTSKI

(1995,p.83).

Neste contexto, a pessoa diferente com limitações funcionais e necessidades

diferenciadas, era praticamente exterminada por meio do abandono, o que não

representava um problema de natureza ética ou moral. A bíblia traz referencia ao

cego ao leproso – a maioria das quais são pedintes ou rejeitados pela comunidade,

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seja pelo medo de doença, seja porque pensava que eram amaldiçoados pelos

deuses. Kanner (1964, p.18) relatou que;

“A única ocupação para os retardados mentais

encontrados na literatura antiga é a de bobo ou de

palhaço, para a diversão de seus senhores e de

seus hóspedes”.

IDADE MÉDIA

Neste período, a economia (no mundo Ocidental) pouco mudou, continuando

baseada nas atividades de pecuária, artesanato e agricultura.

Por outro lado, houve uma significativa mudança na organização político

administrativa. O advento do cristianismo com a conseqüente constituição e o

fortalecimento da igreja católica, alcançou gradativamente ao novo cenário político

um novo segmento: o clero. Seus membros cada vez mais foram assumindo maior

poder social, político e econômico, provenientes do poder maior que detinham de

excomungar (vedando, assim, a entrada aos céus) aqueles que, por razões mais ou

menos justas, os que desagradassem.

“A doutrina burguesa, com todas as idéias de

igualdade, ou “liberalismo” no período de transição

do feudalismo par o capitalismo(...) mas para a

burguesia nascente, a liberdade servia para outro

fim: a acumulação de riqueza(..) de um lado, os

intelectuais iluministas fundamentavam a noção de

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liberdade a própria essência do homem. de outro, a

burguesia a interpretava como liberdade em relação

aos outros homens. e sabemos que a liberdade

individual implica a possibilidade de exploração

econômica, ou seja, a obtenção de um aposição

social vantajosa, em relação aos outros. ”GADOTTI

(1995,p.92).

Tomando também a si, a guarda do conhecimento já produzido e

armazenado, conquistou rapidamente o domínio das ações da nobreza, tendo, desta

forma, passado a comandar toda a sociedade. Ao povo, da mesma forma que no

período anterior, permanecia o tônus de todo o trabalho, seja na produção de bens e

serviços, na constituição dos exércitos, como no enriquecimento do clero e da

burguesia, sem a prerrogativa de participar dos processos decisórios e

administrativos da sociedade.

Pessoas doentes, defeituosas ou mentalmente afetadas (deficientes físicos,

sensoriais ou mentais), em função da assunção de idéias cristãs, não mais podiam

ser exterminadas, já que também eram criaturas de Deus. Assim, eram ignoradas

aparentemente a própria sorte, dependendo, para sua sobrevivência, da boa

vontade e caridade humana. Da mesma forma de que na Antiguidade, alguns

continuavam a ser aproveitado como fonte de diversão, como bobo da corte,

material de exposição, etc.

“A especificidade da estrutura orgânica e

psicológica, o tipo de desenvolvimento e de

personalidade, são os que diferenciam a criança

deficiente da normal, e não as proporções

quantitativas” VYGOTSKI (1995,p.3)

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No século XIII começaram a surgir instituições para abrigar deficientes

mentais, e as primeiras legislações sobre os cuidados a tomar com a sobrevivência

e, sobretudo, com os bens dos deficientes mentais.

A educação nesta época tinha duas vertentes de objetivos: uma, de natureza

religiosa, visava formar elementos para o clero. Outra caracterizada por objetivos

específicos diferenciados, dependendo do local e dos valores assumido pela

sociedade, variando da formação para a guerra até a formação para a morte.

“O desenvolvimento cultural é a esfera principal de

onde é possível a compensação da deficiência.

onde é possível o desenvolvimento orgânico, ali

está aberta de forma ilimitada a via do

desenvolvimento cultural” VYGOTSKI (1995,

p.153).

Devido às conseqüências desse modelo de funcionamento da sociedade, dois

importantes e decisivos processos instalaram-se e se sucederam, no transcorrer de

cinco séculos, a partir do século XII, com momentos de maior ou menor tensão e

gravidade: a Inquisição Católica e a Reforma Protestante.

Era de se esperar que neste processo, a situação melhorasse para as

pessoas com deficiências. Entretanto, a rigidez ética carregada da noção de culpa e

responsabilidade pessoal conduziu a uma marcada intolerância cuja última

explicação reside na visão pessimista do homem, entendida como uma besta

demoníaca, quando lhe venha a faltar a razão ou a ajuda divina. É o que Pintner

(1933, p.165) chamou de época dos açoites e das algemas, na história da

deficiência mental. O homem é o próprio mal, quando lhe faleça a razão ou lhe falte

à graça celeste a iluminar-lhe o intelecto: assim, dementes e amantes são, em

essência, seres diabólicos.

“Assim constata-se que, conquanto na

antiguidade a pessoa diferente não era sequer

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considerada ser humano, no período medieval, a

concepção de deficiência passou a ser metafísica,

de natureza religiosa, sendo a pessoa com

deficiência considerada ora demoníaca, ora

possuída pelo demônio, ora “expiador” de culpas

alheias, ou um aplacador da cólera divina a

receber, em um lugar da aldeia, a vingança

celeste, como um pára-raios”. PESSOTI (1984,

p.5-6)

2.4 DO SÉCULO XVI AOS DIAS DE HOJE

Várias foram às mudanças que ocorreram neste período, tanto em termos de

estrutura social, política e econômica da sociedade, como nas concepções

filosóficas assumidas na leitura e análise sobre a realidade.

A Revolução Burguesa, uma revolução que se deu, na realidade, no âmbito

das idéias, derrubou a Monarquia, destruiu a hegemonia religiosa, e implantou uma

nova forma de produção: o capitalismo mercantil, que foi a primeira forma de

capitalismo. Iniciou-se neste contexto, a formação dos estados modernos, os quais

passaram a funcionar com uma nova visão social do trabalho: os donos dos meios

de produção e os operários, os quais passaram a viver com a venda de sua força de

trabalho.

No que se refere à deficiência, começaram a surgir novas idéias, referentes à

natureza orgânica, produto de causas naturais. Assim concebida, passou a serem

tratados por meio da alquimia, da magia e da astrologia, métodos então da iniciante

medicina. O discurso científico, as idéias de modernização e racionalização, também

se torna presentes na organização educacional:

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“O agrupamento dos alunos em classes

homogêneas, segundo seu desenvolvimento

mental, é, neste sentido uma das maiores

combinações de organização racional do trabalho

pedagógico” HELENA ANTIPOFF (1995, p.43).

O século XII foi palco de novos avanços no conhecimento produzido na área

da Medicina, o que fortaleceu a tese na organicidade, e ampliou a compreensão da

deficiência como processo natural. Segundo Pessotti o homem ao nascer, é como

uma tabula rasa, ou seja, um ser absolutamente vazio em informações e de

experiências. Segundo o autor, sua mente vai se preenchendo com a experiência,

fundamentado de todo saber.

“O homem é o próprio mal, quando lhe faleça a

razão ou lhe falte a graça celeste a iluminar-lhe o

intelecto: assim, desmente e amantes são, em

essência, seres diabólicos” PESSOTI ( 1984,p.12)

Enquanto que a tese da organicidade favoreceu o surgimento de ações de

tratamento médico das pessoas com deficiência, a tese de desenvolvimento por

meio da estimulação encaminhou-se embora muito lentamente, para as ações de

ensino, o que vai se desenvolver definitivamente somente a partir do século XVIII.

“Assim, constata-se que, conquanto na Antiguidade

a pessoa fosse sequer considerada ser humano, no

período medieval, a concepção de deficiência

passou a ser metafísica, de natureza religiosa,

sendo a pessoa com deficiência considerada

demoníaca, possuída pelo demônio” PESSOTI

(1984, p.5-6).

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A tese da organicidade defende que as deficiências são causadas por fatores

naturais e não por fatores espirituais, transcendentais.

No Brasil a preocupação com a educação inclusiva é recente, surgiu em meados

do século XIX, e pode ser dividida em quatro períodos:

• Até 1854 – Os portadores de necessidades especiais no Brasil eram

abandonados por suas famílias, que não compreendiam os seus filhos e até mesmo

sentiam vergonha.

• De 1854 a 1956 – Começam a surgir escolas especiais particulares que eram

especializas no atendimento clínico.

• De 1957 a 1993 – A educação especial se fortalece e tem como objetivo

principal garantir o acesso e desenvolver as habilidades de seus alunos

considerados especiais.

Com a participação do Brasil na Conferência Mundial sobre Educação de 1994

em Salamanca, a visão da educação inclusiva toma novos rumos e se baseia na

adaptação dos currículos escolares das escolas regulares através de uma equipe

multidisciplinar que dá suporte tanto à escola como as crianças com necessidades

especiais.

No século XXI há um questionamento maior quanto à estrutura implantada na

rede regular de ensino, pois existe ainda um alto índice de pessoas com

necessidades especiais em idade escolar fora da escola.

A proposta de educação inclusiva passa então, por uma nova reflexão e tem

como objetivo efetivar mudanças concretas, tornando a educação um direito de

todos, conforme está previsto na Constituição Federal de 1988. De acordo com a

convenção dos direitos das pessoas com deficiência – ONU/2006:

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de

longo prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial, os

quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua

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participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de

condições com as demais pessoas.

Dessa forma, tem início a criação de uma nova política de Educação Inclusiva no

Brasil. Neste processo serão repensadas as práticas pedagógicas.

Em 2003 é lançado o Programa de Educação Inclusiva, que tem o objetivo de

preparar gestores e educadores para lidar com essa nova realidade em uma

parceria entre Ministério da Educação, Estados, Municípios e o Distrito Federal,

tornando dessa forma concreto a participação de crianças com necessidades

especiais do ensino regular.

Consideramos alunos com necessidades educacionais especiais, aqueles que

apresentam algum tipo de dificuldade que os empeçam de exercer as atividades

pedagógicas da rotina escolar. Sendo assim, os professores precisam fazer ajustes

e alterações no seu plano de aula, para que os alunos possam assimilar o conteúdo

de uma forma fácil.

Mais do que criar condições para os portadores de necessidades especiais e

trabalhar com essas peculiaridades, a inclusão é um desafio que implica mudar a

escola como um todo, no projeto pedagógico, na postura diante dos alunos, na

filosofia, na construção da cidadania, etc. Valorizar as peculiaridades de cada aluno,

atender a todos na escola, incorporar e desenvolver a diversidade, sem nenhum tipo

de distinção. Nunca o tema inclusão esteve tão presente no dia-a-dia da educação –

e isso é uma ótima noticia, pois cada vez mais os professores estão percebendo que

as diferenças não só devem ser aceitas, mas também acolhidas como subsidio para

montar o cenário escolar.

Desde o surgimento das escolas públicas no século XIX, o currículo se baseou

em um modelo de habilidades básicas, apoiado na teoria do reducionismo que

constitui a base da Revolução Industrial. A partir daí os currículos estão sendo

adaptados, para melhorar a aprendizagem.

O aprendizado consiste em atividades reais do cotidiano, com objetivos

expressivos para a vida adulta. Devem estimular a solução de problemas e o desejo

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de aprender. A criança precisa desenvolver habilidades como, o pensamento critico,

o trabalho em equipe e comunicação interpessoal.

A escola mudou e com o passar dos tempos, novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar. Professores e planos de cursos tornam-se

defasados, necessitando de atualização. Paradigmas esgotados ou ultrapassados

perdem espaço para paradigmas emergentes ou inovadores – o que não diminuiu o

compartimento e isolamento da escola em relação à realidade de cada educando,

numa escola em que as necessidades individuais de aprendizagem não são

atendidas.

Em muitas escolas alguns conceitos curriculares vão sendo apresentados

lentamente, oferecendo uma forma de aprendizado mais personalizada. Os objetivos

variam de aluno para aluno, pois, é criado um limite comum, a partir daí serão

criadas as prioridades educativas.

Baseando nisso podemos inserir nesse contexto o conceito de Construtivismo

que é a aplicação pedagógica dos estudos de Jean Piaget, educador, psicólogo,

biólogo e filosofo suíço que reformou as bases funcionais, as questões sobre

pensamento e linguagem. Ao mesmo tempo pensador e cientista experimental, a

Piaget interessava uma visão transformadora da epistemologia. Segundo suas

pesquisas, o conhecimento é construído através da interação do sujeito com o

objeto. O desenvolvimento cognitivo dá - se pela assimilação do objeto de

conhecimento a estruturas anterior presentes no sujeito e pela acomodação dessas

estruturas em função do que vai ser assimilado. Para Piaget, a criança se apodera

de um conhecimento se “agir” sobre ele, pois aprender é modificar, descobrir,

inventar. Nesse enfoque, a função do professor é propiciar situações para que a

criança construa seu sistema de significação, o qual, uma vez organizado na mente,

será estruturado no papel ou oralmente.

Para Piaget grande parte do conhecimento construído pelo homem é resultado

do seu esforço de compreender para dar significado ao mundo, nesta tentativa de

interação e compreensão do meio, o homem desenvolve seus equipamentos

neurológicos herdados que facilitam o funcionamento intelectual. Para ele o homem

não despoja de sua condição individual, na verdade o homem produz a si próprio ao

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produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio e com os outros

homens.

Não podemos pensar e refletir sobre a educação, sem pensar e refletir sobre o

contexto social, político e econômico em que ela é gerada. Perante o quadro de

desigualdade, de heterogeneidade que caracteriza nossa sociedade é preciso que o

professor tenha como compromisso maior à compreensão da criança, não como um

ser isolado, mas como um ser que tem uma historia uma cultura que pertence à

determinada sociedade, a uma determinada classe social e como resultado desta

contextualização a pratica pedagógica tende a se transformar, enriquecendo-se e

tornando-se possível a criação de condições reais de aprendizagem que possam

atender as necessidades das crianças.

O currículo deve ainda ser rico em atividades que estimulem a autoestima, a

independência, para favorecer o desenvolvimento pessoal de cada aluno. Em

ambientes seguros a criança preocupa-se em aprender, aprendem a ajudar os

outros, isso, favorece o pertencimento ao grupo, portanto eles se expressaram com

mais facilidade. Aprendem ainda que os erros façam parte do processo de

aprendizagem.

2.5 PARADIGMA DA INSTITUCINALIZAÇÃO

Entendendo-se por paradigma o conjunto de idéias, valores e ações que

contextualizam as relações sociais, observa-se que o primeiro paradigma formal a

caracterizar a relação da sociedade com a parcela da população constituída pelas

pessoas com deficiência foi o denominado paradigma da institucionalização.

Conventos e asilos, seguidos pelos hospitais psiquiátricos, constituíram-se

locais de confinamento, em vez de locais para tratamento de pessoas com

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deficiências. Na realidade, tais instituições eram, e muitas vezes ainda o são muito

mais que prisões.

Caracterizou-se, desde o inicio, pela retirada das

pessoas com deficiência de suas comunidades de

origem e pela manutenção delas em instituições

residenciais segregadas ou escolas especiais,

freqüentemente situadas em localidades distantes

de suas famílias. “Proponho, que como principio

geral, que a partir do momento em que uma nação

alcance um dado nível de civilização, e em que a

ciência médica e os sentimentos humanitários

concorram para prolongar a vida dos

desequilibrados, se torna então indispensável que

esta nação adote leis sociais que garantem esses

incapazes não propagarão a sua espécie”

PESSOTI (1984, p.186).

Somente no século XX, por volta de 1960, é que o paradigma da

institucionalização começou a ser criticamente examinado. Neste período, houve

uma intensa reflexão e crítica sobre os direitos humanos e, mais especificamente,

sobre os direitos das minorias, sobre a liberdade sexual, os sistemas e organizações

político-econômico e seus efeitos na construção da sociedade e da subjetividade

humana, na maioria dos países ocidentais. Até 1700 acreditava-se que era

impossível educar surdos e cegos.

A década de 60 do século XX tornou-se, assim, marcante pela relação da

sociedade com a pessoa com necessidades educacionais especiais incluindo as

com deficiência. Dois novos conceitos passaram a circular nos debates sociais:

normalização e desinstitucionalização.

Considerando que o paradigma tradicional de institucionalização tinha

demonstrado seu fracasso na busca de restauração de funcionamento normal do

indivíduo no contexto das relações interpessoais. Na sua integração na sociedade e

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na sua produtividade no trabalho e no estudo iniciou-se, que defendia a necessidade

de introduzir a pessoa com necessidades especiais na sociedade; procurando ajudá-

la a adquirir as condições e os padrões da vida cotidiana, no nível mais próximo

possível do normal.

2.6 PARADIGMA DE SERVIÇOS

Ao se afastar do paradigma da institucionalização e adotar as idéias de

normalização, criou-se o conceito de integração, que se referia a necessidade de

modificar a pessoa com necessidades educacionais especiais, de forma que esta

pudesse vir a se assemelhar, o mais possível, aos demais cidadãos, para então

poder ser inserida, integrada, ao convívio da sociedade.

Assim integrar significava localizar no sujeito o alvo da mudança, embora para

tanto se tomasse como necessário a efetivação de mudanças na comunidade.

Entendia-se então, que a comunidade tinha que se reorganizar para oferecer as

pessoas com necessidades especiais, os serviços e os recursos que necessitassem

para viabilizar as modificações que as tornassem o mais “normal” possível. A esse

modelo de atenção a pessoa com deficiência se chamou de paradigma de serviços.

Este se caracterizou pela oferta de serviços, organizado em três etapas:

• A primeira, de avaliação, em que uma equipe de profissionais identificaria

tudo o que, em sua opinião, necessitaria ser modificado no sujeito e em sua

vida, de forma a torná-la o mais normal possível.

• A segunda de intervenção, na qual a equipe passaria a oferecer (o que

ocorreu com diferentes níveis e qualidade, em diferentes locais e entidades),

a pessoa com deficiência, atendimento formal sistematizado, norteado pelos

resultados obtidos na fase anterior.

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• A terceira, de encaminhamento, da pessoa com deficiência para a vida na

comunidade.

A manifestação educacional desse paradigma efetivou-se, desde o inicio, nas

escolas especiais, nas entidades assistenciais e nos centros de reabilitação.

O paradigma de serviços, iniciado por volta da década de 60, logo começou a

enfrentar criticas. Dessa vez proveniente da academia cientifica e das próprias

pessoas com deficiências, já organizadas em associações e em outros órgãos de

representações, provenientes das reais dificuldades encontradas no processo de

busca de “normalização” da pessoa com deficiência. Diferenças na realidade, não se

“apagam”, mas sim, são administradas na convivência social. Outra crítica

importante referia-se a expectativa de que a pessoa com deficiência se

assemelhasse ao não deficiente, como se fosse possível ao homem o “ser igual”, e

como se ser diferente fosse razão para decretar sua menor valia enquanto ser

humano e ser social. Aliado a esse processo intensifica-se o debate de idéias acerca

da deficiência e da relação da sociedade com as pessoas com deficiência.

“Ao examinarmos a historia, verificamos que o

conceito geral de se educar a criança até os limites

de suas capacidades é relativamente novo. o uso

atual do termo excepcional é, e, si mesmo, um

reflexo de mudança s radicais nos pontos de vistas

da sociedade em relação aqueles que se desviam

da norma. progredimos bastante lentamente, desde

a época espartana, quando se matavam os bebês

deficientes ou deformados. finalmente na ultima

parte do século XX, observa-se um movimento que

tende aceitar as pessoas deficientes e integrá-las,

tanto quanto possível” GALLAGHER ( 1987, p.5-6).

Em função de tal debate, a idéia de normalização começou a perder força.

Ampliou-se a discussão sobre o fato de a pessoa com necessidades educacionais

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especiais ser um cidadão como qualquer outro, detentor dos mesmos direitos de

determinação e de uso de oportunidades disponíveis na sociedade,

independentemente do tipo de deficiência e do grau de comprometimento que

apresentem.

2.7 PARADIGMA DE SUPORTE

De modo geral, assumiu-se que as pessoas com deficiência necessitam, sim,

de serviços de avaliação e de capacitação oferecidos no contexto de suas

comunidades. Mas também que estas não são as únicas providências necessárias

caso a sociedade deseje manter com essa parcela de seus constituintes uma

relação de respeito, de honestidade e de justiça.

Cabe também a sociedade se reorganizar de forma a garantir o acesso de

todos os cidadãos (inclusive os que têm uma única deficiência) a tudo o que constitui

e caracteriza independentemente das peculiaridades individuais.

Foi fundamentado nessas idéias que surgiu o terceiro paradigma,

denominado paradigma de suporte. Ele tem se caracterizado pelo pressuposto de

que a pessoa com deficiência tem direito a convivência não segregada e ao acesso

imediato e contínuo aos recursos disponíveis aos demais cidadãos. Para tanto, fez-

se necessário identificar o que poderia garantir tais circunstâncias. Foi nessa busca

que se desenvolveu o processo de disponibilizarão de suportes, instrumentos que

garantam a pessoa com necessidades educacionais especiais o acesso imediato a

todo e qualquer recurso da comunidade.

Os suportes podem ser de diferentes tipos (social, econômico, físico,

instrumental) e tem como função favorecer a construção de um processo que se

passou a denominar inclusão social. Inclusão social não é um processo que envolva

somente um lado, mas sim um processo bi-direcional, que envolve as ações junto à

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pessoa com necessidades especiais junto à sociedade. Na verdade o conceito de

inclusão envolve o mesmo pressuposto de integração, igualdade de acesso ao

espaço comum da sociedade.

Diferem, entretanto, no sentido de que o paradigma de serviços, no qual se

contextualiza a idéia de integração, pressupõe o investimento principal na promoção

de mudanças no indivíduo, no sentido de normalizá-lo. Obviamente no paradigma de

serviços também se atua junto a diferentes instâncias da sociedade (família, escola,

comunidade), entretanto, na maioria das vezes isso se dá em complementação ao

processo de intervenção junto ao sujeito. A ação de intervenção junto à comunidade

tem mais a conotação de construir a aceitação e a participação externa como

auxiliares de um processo de busca de normalização dos sujeitos.

O parecer nº 17/2001 do Conselho Nacional de Educação, de 03 de junho de

2001, instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na educação básica

e definiu como os alunos com necessidades educativas especiais aqueles que

apresentam, durante o processo de ensino aprendizagem:

I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou

limitações no processo de desenvolvimento que

acumulem o acompanhamento de atividades

curriculares, compreendidas em dois grupos.

A) aqueles não vinculados a uma causa orgânica

especificam;

b) aqueles relacionados a condições, disfunções,

limitações ou deficiência.

II – dificuldades de comunicação ou limitação

diferenciada dos demais alunos, demandando a

utilização de linguagem e códigos aplicáveis;

III – altas habilidades, grande facilidade de

aprendizagem que os leva a dominar rapidamente

conceitos, procedimentos atitudes. (Art. 5º,

Resolução nº 2/2001 do CNE/CEB/MEC).

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A escola hoje tem uma difícil tarefa: educar a todos sem exclusão. Frente a

esse contexto educacional diversificado, onde as diferenças raciais, culturais, e de

aprendizagem estão presentes, exige-se cada vez mais do professor

conhecimentos, habilidades e competências para atuar em sala de aula, auxiliando

na construção de conhecimento de seus alunos. Uma das maiores preocupações

dos professores nos últimos anos tem sido quanto à inclusão de portadores de

necessidades especiais no sistema regular de ensino, pois com isso surge a

necessidade de adaptação e reformulação das praticas pedagógicas, visando à

aprendizagem de todos os alunos. Por ser uma realidade nova, mexe com a

formação dos profissionais que atuam no ensino. Assim a inclusão poderá provocar

principalmente dois tipos de reações aos professores: recusa de tais alunos em sala

de aula ou aceitação desses e busca por melhores aulas.

“O período atual caracteriza-se por uma tomada de

consciência brutal, tanto por parte dos profissionais

como do publico, a respeito da extinção

considerável da deficiência, e de sua influencia

como fonte de miséria para o próprio doente e sua

família, como fator causal do crime da prostituição e

da pobreza, dos nascidos ilegítimos, da

intemperança, e de outras doenças sociais

complexas. o fardo social e da deficiência mental

simplesmente não é muito reconhecido. os

deficientes constituem uma classe parasita... todo

deficiente é um imbecil ligeiro, é um criminoso em

potencial, que necessita apenas de um meio

favorável para desenvolver-se e exprimir suas

tendências” PESSOTI (1984, p.186).

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É preciso lembrar aqui, que nas classes regulares de formação dos docentes

se restringe ao Magistério ou curso de Pedagogia, os quais não formam profissionais

preparados para a realidade que ai está.

Freud trouxe uma nova forma de conceber a importância da Linguagem, do

inconsciente e do sujeito é essencial, pois assim é possível identificar a relação da

sociedade e aos sujeitos uma leitura do mundo. Ele revelou que o sujeito e a

sociedade podem ir contra si mesmo como pode destruir o outro.

De 1964 a 1968, no meio universitário e fora dele, emergiu, no mundo todo, a

defesa pelos direitos humanos aplicados a todos os sujeitos. Independente do fato

de se pertencer a uma dada raça, cor, religião, situação financeira, etc. O objetivo é

que todos os sujeitos tivessem acesso e direitos garantidos aos mesmos parâmetros

de ingressos nos processo sociais e educativos.

O movimento de desinstitucionalizaçao e antipsiquiatria da década de 60 e 70

propiciou novas luzes ao processo saudáveis para o bom andamento do sujeito.

Situação em que os doentes mentais não ficassem excluídos dos ambientes

comuns, mas fosse dado o direito de participar de uma forma mais digna e social

dos contextos mais comuns.

A educação inclusiva não se refere apenas ao momento presente. Revela a

importância de um problema social maior, um problema público, em relação a

maneira como os deficientes tem sido tratados ao longo da história da civilização.

Tendo em vista tal situação, torna-se evidente a necessidade, por parte do

educador, de buscar conhecimentos e recursos que auxiliem em sua prática, bem

como em sua formação profissional.

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2.8 PARADIGMA DA PEDAGOGIA INCLUSIVA: NOVO PARADIGMA

EDUCACIONAL

O conceito de paradigma foi criado originalmente por THOMAS KHUNN (1946,

p.76) para nomear os processos de evolução e transformação pelos quais a

chamada ciência normal apresenta um conhecimento socialmente aceito ou

fundamentado em um ou mais dos paradigmas dominantes.

“Quando há a crise em um ou mais paradigmas

pode ocorrer a chamada revolução cientifica, ou

seja, uma mudança racial no próprio olhar que a

ciência normal apresenta, e os diversos olhares a

ela atrelados”.

A educação especial será tomada aqui como um campo de conhecimento,

como objeto que vai orientar ou comandar todas as práticas da pesquisa por meio

de ação e método pensando o mundo social de maneira realista. Essa concepção

faz acreditar que alunos com deficiência devem ser atendidos por profissionais

competentes e altamente qualificados, que são pessoas generosas com alto grau de

solidariedade humana, conforme se propõe;

“Processo educacional definido numa proposta

pedagógica que assegure recursos e serviços

educacionais especiais, organizados

institucionalmente para apoiar, complementar e, em

alguns casos, substituir os serviços educacionais

comuns, de modo a garantir a educação escolar e

promover o desenvolvimento das potencialidades

dos educandos que apresentam necessidades

educacionais especiais, em todas as etapas e

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modalidades da educação básica” CNE/CEB (Art.3,

p.54)

Um paradigma propõe modelos e soluções modelares aos praticantes de uma

área de campo ou de conhecimento, faz determinado recorte do real. É um modelo

mental uma forma de ver o mundo, um modelo de referência filtrando outras

concepções, conteúdos determinados, etc. Ele estabelece em suma um modelo de

pensamentos e/ou de crenças através do qual o mundo deve ser interpretado. Quer

dizer que um paradigma deixa de ter somente aspectos cognitivos, passa a ter

também aspectos emocionais, que faz com que as idéias dos paradigmas oponentes

sejam aceitas ou rejeitadas.

Muitas das discussões no Brasil, com relação ao paradigma da inclusão

minimizam sua importância, atribuindo-lhe um conceito ético e “politicamente

correto” do que propriamente a importância da sua fundamentação teórico-prática e

científica.

Um paradigma é uma constelação de conceitos, valores, percepções e

práticas compartilhadas por uma comunidade científica que apresenta uma

determinada concepção da realidade, estruturada a partir de um determinado tipo de

pensamento.

A educação inclusiva não surgiu ao acaso. Ela é um produto histórico de uma

época de realidade educacional contemporâneas. Uma época que exige que nós

abandonemos muitos de nossos estereótipos e preconceitos, na identificação do

verdadeiro objeto que esta sendo delineado em seu bojo. “Construir um objeto

cientifico é (...) romper com o senso comum”. Para isso é preciso que nós saiamos

de uma leitura imediata, direta e imaginária da realidade e do próprio campo da

educação especial.

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2.9 INTEGRAÇAO OU INCLUSAO: ESCOLA DE “QUALIDADE” PARA TODOS

Sabemos que a situação atual do atendimento ás necessidades escolares das

crianças brasileiras é responsável pelos índices assustadores de repetência e

evasão no ensino fundamental. Entretanto, no imaginário social, como na cultura

escolar, a incompetência de certos alunos. Os pobres e os deficientes – para

enfrentar as exigências da escola regular é uma crença que aparece nas

simplificações do senso comum e até mesmo em certos argumentos e

interpretações teóricas sobre o tema. Embora lutemos por escola de qualidade para

todos, com todos e por toda a vida, nem sempre defendemos os mesmos radicais e

estratégias, para atingir tais ideais.

Assim com alguns estudiosos propõem;

“A inclusão não prevê a utilização de praticas de

ensino escolar especificas para esta ou aquela

deficiência ou dificuldade de aprender. Os alunos

aprendem nos seus limites e se o ensino for, de

fato, de boa qualidade, o professor levará em conta

esses limites e explorará convenientemente as

possibilidades de cada um” (Mantoan, 2003, p.67).

Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular no

desenvolvimento de pessoas com deficiências. São um lugar comum onde se devem

respeitar os educandos e sua individualidade, para não condenar uma parte deles

ao fracasso e as categorias especiais de ensino. Ainda assim, é ousado para muitos,

ou melhor, para a maioria das pessoas, a idéia de que nós somos seres humanos,

somos seres únicos, singulares e que é injusto e inadequado sermos categorizados,

a qualquer pretexto!

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Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição

de princípios educacionais válidos para todos os alunos resultarão, naturalmente da

inclusão escolar; os deficientes. Em conseqüência, a educação especial adquira

uma nova significação. Tornar-se-á uma modalidade de ensino destinada não

apenas há um grupo exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas especializada no

aluno e dedicada as pesquisas do desenvolvimento de novas maneiras de se

ensinar, adequadas a heterogeneidades dos aprendizes e compatíveis com ideais

democráticos de uma educação para todos.

Nesta perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros e toda e

qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no aluno

depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino escolar

para os deficientes; em outras palavras depende da fusão do ensino regular com o

ensino especial. Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma

nova estrutura, na qual necessita de recursos.

Outro obstáculo à consecução de um ensino especializado no aluno implica a

adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações atuais em

educação e de outras ciências as salas de aula, as intervenções tipicamente

escolares, que tem uma vocação institucional específica de sistematizar os

conhecimentos acadêmicos.

O paradigma vigente de atendimento especializado e segregado é

extremamente forte e enraizado no ideário das instituições e nas práticas dos

profissionais que atuam na educação especial.

A noção de base em matéria de integração é o principio de normalização, que

não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações e

atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, seja elas ou não

afetadas por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptação. A normalização visa

tornar acessível às pessoas socialmente desvalorizadas, condições e modelos de

vida análogos aos que são disponíveis, de um modo geral a um conjunto de pessoas

de um dado meio ou sociedade; implica a adoção de um novo paradigma de

atendimento das relações entre as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas

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que objetivam a eliminação de toda e qualquer forma de rotulação. Peter Mittler,

quando ele diz que;

“O problema da integração ou da inclusão, como a

chamam alguns, não é um problema difícil de

resolver, embora sem dúvida, precisemos avançar

nesta tarefa. Há muitos caminhos e muitas

modalidades de integração. Querer estabelecer um

sistema único de integração escolar seria o maior

dos erros” (GÓMEZ PALACIO (2002, p.7).

A inclusão escolar não se limita apenas à população dos portadores de

necessidades educacionais especiais. A inclusão educacional não é apenas um fator

que envolve essas pessoas, mas, também, as famílias, os professores e a

comunidade à medida que busca construir uma sociedade mais justa e

conseqüentemente mais humana. O principio de inclusão é um processo

educacional que busca atender a criança portadora de deficiência na escola ou na

classe regular de ensino. Para que isso aconteça é essencial o suporte de serviços

da área da educação especial por meio de seus profissionais. A inclusão é um

processo inacabado que ainda precisa ser freqüentemente revisado. A convivência

com a comunidade como um todo visa ampliar as oportunidades de trocas sociais,

permitindo uma visão bem mais nítida do mundo. Quanto mais cedo for dada a

oportunidade de familiaridade com os diferentes grupos, melhores e mais rápidos se

farão o processo de integração e inclusão. Dessa maneira o sentimento de mútua

ajuda far-se-á quase que naturalmente e num tempo mais rápido, fazendo do

ambiente escolar o principal veículo para o surgimento do verdadeiro espírito de

solidariedade, de socialização e dos alicerces dos princípios da cidadania.

Segundo a DECLARAÇÂO DE SALAMANCA (1994 art. 15 p.64), norteiam a

educação inclusiva os seguintes objetivos:

• Atender portadores de deficiências em escolas

mais próximas de sua residência;

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• Ampliar o acesso desses alunos as classes

comuns;

• Fornecer capacitação aos professores

propiciando um atendimento de qualidade.

• Favorecer uma aprendizagem na qual as

crianças possam adquirir conhecimentos

coletivamente, porém, tendo objetivos e

processos diferentes;

• Desenvolver no professor a capacidade de usar

formas criativas com os alunos portadores de

deficiência afim de que a aprendizagem se

concretize.

O modelo de inclusão procura romper com as crenças cristalizadas pelo

paradigma que o antecedeu: o da integração, que era baseado em um modelo

médico, onde a deficiência deveria ser superada para que o aluno chegasse o mais

perto possível do parâmetro normal, vendo os distúrbios e as dificuldades como

disfunções, anomalias e patologias.

Este tipo de visão tinha preceito que, durante muito tempo, segregaram as

diferenças, norteando-se pelo princípio da normalização, que privilegiava aqueles

alunos que estivessem preparados para se inserirem no ensino regular, ou seja, a

tese defendida era que quanto mais próximo da normalidade, mais apto o aluno está

para freqüentar o ensino regular. Portanto, a inclusão busca derrubar esse tipo de

visão, defendendo a idéia de que o ensino se constrói na pluralidade e na certeza de

que os alunos não são, em qualquer circunstância capazes de construírem sozinho

seu conhecimento de mundo, assim com afirma Vigotsky e Piaget, o processo de

aprendizagem se funde na interação, a partir da qual se desenvolve uma forma

humana e significativa de perceber o meio.

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2.10 MODALIDADES DE INSERÇÃO

Uma das modalidades de inserção escolar denomina-se mainstreaming, ou

seja, “corrente principal” e seu sentido são análogos a um canal educativo geral, que

em seu fluxo vai carregando todo o tipo de aluno com ou sem capacidade ou

necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com dificuldade de

aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua formação

sendo adaptada as suas necessidades especificas. Existe um leque de possibilidade

e de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção das classes regulares ao

ensino em escolas especiais. Este processo de integração se traduz por uma

estrutura intitulada sistema cascata que deve favorecer o “ambiente o menos

restritivo possível”, oportunizando ao aluno, em todas as etapas da integração,

transmitir no “sistema”, da classe regular ao ensino especial. Trata-se de uma

integração de integração parcial, porque a cascata prevê serviços segregados e

raramente, às classes regulares. A crítica mais forte ao sistema cascata e as

políticas de integração do tipo mainstreaming afirma que a escola oculta seu

fracasso isolando os alunos e integrando os que não constitui um desafio a sua

competência. Este programa baseia-se na individualização, pois se adapta as

necessidades dos alunos com deficiência ou não.

Outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não somente as políticas

de organização da educação especial e regular, mas também o conceito de

integração – mainstreaming. A noção de inclusão não é incompatível com a de

integração, porém instituem uma inserção de forma mais radical, completa e

sistemática. O conceito se refere a vida social e educativa e todos os alunos devem

ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados na “corrente principal”.

O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou

grupo de alunos que já foram anteriormente incluídos; a meta da inclusão primordial

é de não deixar ninguém do exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas

inclusivas propõem um modo de se construir o sistema educacional que considera

as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas

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necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não

se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldade na escola, mas

apóia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo para que obtenham

sucesso na corrente educativa geral.

O impacto dessa concepção é considerável, porque ela supõe a abolição

completa dos serviços segregados. Existem varias modalidades de inclusão. A

inclusão total se aplica a todas as crianças, sem excluir severamente as

incapacitadas. Há, contudo, outras variantes, que optam pela inclusão apenas dos

que apresentam quadros menos graves de incapacidades. A abordagem inclusiva

pode ser igualmente considerada como uma “educação integrada a comunidade”,

esta é uma variante em que o aluno se insere totalmente a comunidade; em certos

momentos, ele esta na escola e em outros, fora dela, mas sempre buscando

aprender os mesmos conteúdos de aprendizagem que os colegas normais. Os que

praticam a inclusão como educação integrada á comunidade sugerem que seja

introduzida uma dimensão funcional nos objetivos de aprendizagem, levando em

conta as características dos alunos com deficiência mental. Assim sendo, quando os

objetivos educacionais definidos para os alunos regulares, têm um grau de

complexidade e de abstração a que os alunos com deficiência mental não são

capazes de atingir, propõe-se que existam objetivos funcionais, acessíveis a estes

últimos e que poderão ser alcançados no meio não escolar (os museus, as lojas,

parques e outros locais).

A inclusão propiciou a criação de inúmeras outras maneiras de se realizar a

educação de alunos com deficiência mental nos sistemas regular de ensino, como

“as escolas heterogêneas” as “escolas acolhedoras” os “currículos centrados na

comunidade” a integração escolar cujo sistema é o de cascata, é uma forma

condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua

capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em

uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Já

a inclusão é, desde o inicio é não deixar ninguém de fora do sistema escolar, que

terá que se adaptar a todas as particularidades de todos os alunos, para concretizar

sua metáfora.

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2.11 O DESAFIO DA INCLUSÃO

A inclusão é um desafio, que ao ser devidamente enfrentado pela escola

comum, provoca a melhoria da qualidade da educação básica e ensino superior,

pois, para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito a educação

em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore sua pratica, a fim de

atender as diferenças. Esse aprimoramento é necessário, sob pena de os alunos

passaram pela experiência educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo

comprometido um tempo que é valioso e irreversível em suas vidas: o momento do

desenvolvimento.

A transformação da escola não é, portanto, uma mera exigência da inclusão

na escola de pessoas com deficiência e/ou dificuldades de aprendizado. Assim

sendo, ela deve ser comparada como um compromisso inacabável das escolas, que

terá a inclusão como conseqüência.

A maioria das escolas está longe de se tornar inclusiva. O que existe em geral

são escolas que desenvolvem projetos de inclusão parcial, os quais estão

associados as mudanças de base dessas instituições e continuam a atender os

alunos com deficiência em espaços escolares semi ou totalmente segregados

(classes especiais ou escolas especiais).

As escolas que não estão atendendo alunos com deficiências em suas turmas

de ensino regular se justificam, na maioria das vezes, no despreparo dos

professores para esse fim. Existem ainda as que não acreditam nos benefícios que

estes alunos poderão tirar das situações, especialmente os casos mais graves, pois

não teriam condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam

ainda mais marginalizados e discriminados do que nas classes e escolas especiais.

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Em ambas as circunstâncias fica evidenciada a necessidade de se redefinir e

de se colocar em ação novas alternativas e práticas pedagógicas, que favorecem a

todos os alunos, o que implica na atualização e desenvolvimento de conceitos e em

metodologias educacionais compatíveis com esse grande desafio. Mudar a escola é

uma tarefa que exige trabalho em muitas frentes. Segundo o MEC (2000, p.23) as

transformações que considero primordial, para que se possa transformar a escola na

direção de um ensino de qualidade e, em conseqüência inclusiva, são as seguintes.

• Colocando a aprendizagem como eixo das

escolas, porque escola foi feita para fazer com

que todos alunos aprendam.

• Garantindo tempo e condições para que todos

os alunos possam aprender de acordo com o

perfil de cada um.

• Garantindo o atendimento educacional

especializado, preferencialmente na própria

escola comum da na rede regular de ensino.

• Abrindo espaço para que a cooperação, o

diálogo, a solidariedade, a criatividade e o

espírito criticam sejam exercitados nas escolas

por professores, administradores, funcionários e

alunos, pois são habilidades mínimas para o

verdadeiro exercício da cidadania.

• Estimulando, formando continuamente e

valorizando o professor, que é o responsável

pela tarefa fundamental da escola – a

aprendizagem dos alunos.

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Em contextos educacionais verdadeiramente inclusivos, que preparam os alunos

para a cidadania e visa o seu pleno desenvolvimento humano, como requer a

constituição Federal (art. 2005), as crianças e adolescentes com deficiências não

precisariam e não deveriam estar mais de fora das classes comuns e freqüentando

as escolas especiais.

Para melhorar as condições em que o ensino é ministrado nas escolas

comuns, visando universalizar o acesso, a permanência e o prosseguimento da

escolaridade de seus alunos, a inclusão incondicional de todos os alunos nas turmas

escolares, não há mágica. Mas as escolas comuns que defendem o paradigma da

inclusão devem mudar sua estrutura se adaptando a ele.

2.12 NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS: AINDA UM DILEMA PARA O

PROFESSOR

Todos nós professores sabemos da perplexidade e da preocupação que

sentimos ao lidar, na sala de aula, com a diversidade de características de

comportamento e de aprendizagem. Em relação aos que aprendem em ritmo

esperado, e que se comportam de acordo com as expectativas, não há problema.

Existem alunos, no entanto, que não apresentam o rendimento escolar dos demais,

ou tem atitudes consideradas “anormais”. Sabemos também, da dificuldade que

temos – até mesmo por deficiências em nossa formação – em atender a estes

alunos, fazê-lo aprender e promover a sua interação com o grupo.

Diante das metas anteriormente apresentadas e que trazem para a escola

novos personagens que constituem em sua clientela, é que precisamos pensar em

como atender os diferentes endereços, a partir de uma ação cotidiana.

A educação inclusiva é a garantia de acesso continuo ao espaço da escola por

todos, levando a sociedade a criar relações de acolhimento á diversidade humana e

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aceitação das diferenças individuais, representando um esforço coletivo na

equiparação de oportunidades de desenvolvimento, conforme registra a Declaração

de Salamanca:

O princípio fundamental da escola inclusiva é que

todas as crianças deveriam aprender juntas,

independentemente de quaisquer dificuldades ou

diferenças que possam ter. As escolas inclusivas

devem reconhecer e responder as diversas

necessidades de seus alunos, acomodando tanto

estilos quanto ritmos diferentes de aprendizagem e

assegurando uma educação de qualidade a todos

através do currículo apropriado, modificações

organizacionais, estratégias de ensino e parcerias

com a comunidade. (p. 61, 1994).

Diante desse compromisso, é preciso que o trabalho de educação inclusiva vá

sendo implantado gradualmente, para que tanto as educações especiais, quanto à

educação regular, possam ir se adequando a essa nova realidade, construindo

políticas e praticas institucionais e pedagógicas que garantam a qualidade de ensino

não só para os alunos portadores de necessidades educacionais especiais, como

para todo o aluno do ensino regular.

Sabemos que não é tarefa de fácil execução, porem é necessário que a

escola pare para discutir essa e outras questões, já que a ineficácia de sua ação tem

lhe garantido severas críticas quanto ao seu fazer pedagógico.

Diante desses novos posicionamentos é inevitável o aperfeiçoamento das

práticas docentes, redefinindo novas alternativas que favoreçam a todos os alunos,

o que implica na atualização e desenvolvimento de conceitos em aplicações

educacionais compatíveis com esse grande desafio.

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2.13 COMO ENSINAR A TURMA TODA

Que práticas de ensino ajudam os professores a ensinar os alunos de uma

mesma turma, atingido a todos, apesar de suas diferenças? Ou como criar contextos

educacionais capazes de ensinar a todos os alunos? Ensino disciplinar ou não-

disciplinar? Escolas abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda

demandam uma re-significação e uma reorganização completa dos processos de

ensino e de aprendizagem usuais, pois não se pode encaixar um projeto novo em

uma velha matriz de concepção do ensino escolar.

Para melhorar a qualidade do ensino e conseguir trabalhar com as diferenças

existentes nas salas de aulas, é preciso enfrentar os desafios da inclusão escolar,

sem fugir das causas do fracasso e da exclusão.

“Independentemente de suas condições físicas,

intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou

outras, crianças deficientes e bem dotadas,

crianças que vivem nas ruas e que trabalham,

crianças de populações distantes ou nômades,

crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou

culturais e crianças de outros grupos ou zonas

desfavorecidas ou marginalizadas” DECLARAÇÂO

DE SALAMANCA (1994, p.17).

As medidas normalmente adotadas para combater a exclusão normalmente

não promovem mudanças. Ao contrário, visam mais neutralizar os desequilíbrios

criados pela heterogeneidade das turmas do que potencializá-los, até que se tornem

insustentáveis, forçando, de fato as escolas a buscar novos caminhos educacionais,

que atendam da pluralidade dos alunos; enquanto os professores da Educação

Básica MEC (2005, p.64) persistirem em:

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• Propor trabalhos coletivos, que nada mais são

do que atividades realizadas ao mesmo tempo

pela turma.

• Ensinar com ênfase nos conteúdos

programáticos das séries.

• Adotar o livro didático como ferramenta

exclusiva de orientação dos programas de

ensino.

• Trabalhos xerocados ou mimeografados para

que todos os alunos preencham ao mesmo

tempo e com todas respostas iguais.

• Proporcionar trabalhos desvinculados das

experiências e interesses dos alunos, que só

servem para demonstrar a pseudo-adesão do

professor as inovações.

• Considerar a prova final como decisiva na

avaliação do rendimento escolar dos alunos;

não teremos condições de ensinar a turma toda,

reconhecendo as diferenças na escola.

As práticas listadas configura o velho e conhecido ensino pra alguns alunos.

Dessa forma, a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo a todos os alunos, não

apenas os que apresentam uma dificuldade maior em aprender ou uma deficiência

específica. Por que em cada sala de aula sempre existem alunos que rejeitam

propostas de ensino descontextualizadas, sem sentidos atrativos e intelectuais. O

ensino para alguns é ideal para gerar indisciplina, competição, discriminação,

preconceitos e para categorizar os “bons” e os “maus” alunos, por critérios que são

em geral infundados. Já o ensino para todos desafia o sistema educacional, a

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comunidade escolar e toda uma rede de pessoas, que incluem num movimento vivo

e dinâmico de fazer uma educação que assume o tempo presente como uma

oportunidade de mudanças do “alguns” em “todos”, da “discriminação e preconceito”

em reconhecimento das “diferenças”. É um ensino que coloca o aluno como foco de

toda a ação educativa e possibilita a todos os envolvidos a descoberta de si e do

outro, enchendo de significado saber/sabor de educar. Fala-se muito em exclusão

social, embora, a rejeição, a segregação, tenha sido características de suas vidas,

para tanto podemos constatar que;

“A maior parte das sociedades históricas

estabeleceram uma distinção entre os membros de

pleno direito e os membros com um estatuto à

parte. a exclusão fazia então parte da anormalidade

das sociedades sem levantar casos de consciência

moral ou política, a não ser quando suscitasse a

misericórdia sob signo da virtude da caridade”

JULIEN PALACIO (1993, p.7).

Persiste a idéia de que as escolas de qualidade são as que centram as

aprendizagens e os conteúdos, enfatizando os aspectos cognitivos do

desenvolvimento e que avaliam o aluno, quantificando respostas padrão. Suas

práticas preconizam as exposições orais, a repetição, a memorização, os

treinamentos, o livresco, a negação do valor do erro. São aquelas escolas que estão

sempre preparando os alunos para o futuro: seja esta a próxima série a ser cursada,

o nível de escolaridade posterior ou o vestibular! Personalidade humana autônoma

critica, nos quais as crianças aprendem a ser pessoas. Nelas os alunos são

ensinados a valorizar as diferenças, pela convivência com seus pares, pelo exemplo

dos professores, pelo ensino ministrado nas salas de aula, etc.

Escolas assim, não excluem nenhum aluno de suas salas de aula, de seus

programas, das atividades e do convívio escolar mais amplo, é um contexto em que

todos os alunos têm possibilidade de aprender freqüentando a mesma turma.

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Para ensinar a turma toda, devem-se propor atividades abertas e

diversificadas, isto é, que possam ser abordadas por diferentes níveis de

compreensão, de conhecimento e de desempenho dos alunos e em que não se

destaquem os que sabem mais ou os que sabem menos. As atividades são

exploradas, segundo as possibilidades e interesses dos alunos que livremente as

desenvolvem. Debates, pesquisas, registros escritos e falados, observação,

vivências, são alguns processos pedagógicos indicados para a realização de

atividades dessa natureza. Por meio desse e outros processos, os conteúdos são

chamados espontaneamente.

2.14 A CAPACITAÇAO DO PROFESSOR

Há uma grande preocupação da inclusão do aluno especial em uma escola.

Muitas vezes não pela escola, mas sim da capacitação do professor para lidar com

ele. Por lei ele deverá pertencer a uma escola. O sistema de certa forma tem que

cumprir, mas não há uma preocupação na preparação do profissional que irá

receber e lidar com o portador de necessidades especiais.

O importante não é só capacitar o professor, mas também toda a equipe de

funcionários desta instituição, já que o individuo não entra apenas na sala de aula.

Dessa mesma forma que o profissional que tem como função transmitir

conhecimento precisa ser sensível, qualquer outro funcionário dessa escola precisa

ter o mesmo comportamento. Cada um desempenhando seu papel junto deste

individuo da melhor maneira possível e com bastante conscientização além do

conhecimento.

Alguém tem por obrigação treinar esses profissionais. Não adianta cobrar sem

dar subsídios suficientes para dar uma adaptação deste indivíduo a escola. Esta

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preparação com todos os profissionais serve para promover o progresso no sentido

do estabelecimento de escolas inclusivas. Aliás, preparação deveria acontecer em

todos os momentos e instâncias. A partir da qualificação dos profissionais ainda na

universidade, e o MEC, por sua vez, deveriam fornecer aos professores capacitação

através de cursos específicos. Antes mesmo de o profissional tentar se especializar

em alguma outra atividade ele deve se capacitar ou mesmo se preocupar em se

capacitar para lidar com um ser especial.

Esse treinamento irá facilitar o conhecimento e a habilidade na pratica de

ensino e uma melhor confiança do profissional quando tiver que lidar com esse

aspecto. É muito importante também à família se sentir tranqüila, sabendo que este

indivíduo esta em boas mãos, desde a professora até outros funcionários da escola.

Os professores devem ser estimulados a um crescimento profissional

contínuo e nunca esquecer que pode ser um facilitador/mediador embora seja

sempre um docente.

2.15 ESCOLA INCLUSIVA: AS CRIANÇAS AGRADECEM

A década de 90 foi rica no estabelecimento de metas sociais para a

educação, trazendo a cena os excluídos, os menos favorecidos, os portadores de

deficiências, os analfabetos, os evadidos e tantos outros que, por alguma razão, não

mais freqüentavam a escola ou nunca tinham tido acesso à ela.

Com a realização da Conferência Mundial das Necessidades Educativas

Especiais: acesso e qualidade, realizada em 1994, na Espanha nasce à Declaração

de Salamanca, que representa “os princípios, a política e a prática em educação

especial”. Reforçando as metas do congresso da Tailândia, a Conferência assume o

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compromisso com a inclusão, por reconhecer que “inclusão e participação são

essenciais à dignidade humana e ao desfrutamento e exercício dos direitos

humanos” DECLARAÇÂO DE SALAMANCA (1994 p.56).

“ As três metas hoje colocadas favorecem a

valorização da escola, reconhecendo ser ela um

espaço privilegiado para a construção de uma

sociedade democrática, apontando não só para a

qualidade de ensino, como para a possibilidade de

contribuir para as modificações e atitudes

discriminatórias, já que a escola inclusiva, com a

presença das diversidades culturais e sociais, hão

de criar mecanismo que minimizem as barreiras

elitistas presentes hoje na sociedade”.

Neste sentido, duas questões são de fundamental importância para o êxito da

escola inclusiva: a formação dos professores e o projeto político pedagógico,

considerando que sem o conhecimento básico sobre diversidade culturas e sociais

destes novos personagens que chegam à escola e sem uma proposta pedagógica

definida, não há como se manter as crianças na escola.

A política de acesso é muito mais fácil de ser exercida do que a política de

manutenção das crianças na escola, mesmo por um período considerado mínimo

necessário para a aquisição de uma escolarização bem-sucedida. A proposta de

inclusão tem como um pressuposto o sucesso de cada criança, por meio da

utilização de uma política centrada no aluno, a fim que se possam ultrapassar as

dificuldades apresentadas, mesmo as que possuem “desvantagens severas”.

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49

2.16 FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Esta preocupação também se encontra contemplada e reforçada no

documento final de Copacabana, que em seu artigo 3º fala da insubstitubilidade do

professor com vista a “assegurar um aprendizado de qualidade na sala de aula”

indicando ainda a necessidade de se repensar a formação dos professores,

conforme expresso no documento.

“A função e formação do doscente necessitam ser

repensadas com um enfoque sistêmico que integre

a formação inicial com a continuada, a participação

efetiva em projetos de aperfeiçoamento, a criação

de grupos de trabalho docente nos centros

educacionais e a pesquisa numa interação

permanente”. DOCUMENTO DE COPACABANA

(2001.p.18)

A preocupação com o fracasso escolar alimentou, ainda, nesta década, os

debates quanto aos fatores intra-escolares responsáveis pela baixa qualidade do

ensino, apontando para o fato de que as escolas precisavam estar organizadas em

formas de neutralizar, o quanto mais esses determinantes externos e, que, através

da sua competência técnica, o professor teria condições de assumir seu

compromisso político.

Será preciso vencer as pressões institucionais que dificultam as mudanças,

como será necessário que os cursos se voltem para desenvolver o futuro profissional

quanto a habilidade de identificar e equacionar os problemas da prática pedagógica.

Será preciso, ainda, que estes cursos, quanto a prática, aliem a teoria e a realidade

a ser vivenciada. Ao contrario, continuaremos formando profissionais com visão

completamente desconectada da realidade do cotidiano escolar.

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“Assim, entendemos que vivemos num tempo em

que mais que tudo é necessário a didática da

resistência, aos discursos sedutores e vazios, a

capa de psudo-igualdade que encobre a

continuidade do desigual, as propostas

educacionais que a consideram um processo

isolado e descontextualizado e por isso solicitam a

neutralidade. é necessário resistência e não

ingenuidade, pois “o mundo pode ser um êxito, mas

alguns parecem ser capazes de escrever suas

sentenças sobre nossas vidas com mais facilidade

de que outros” APLLE (1994, p.202)

Portanto, as instâncias formadoras dos profissionais da educação – escola

normal, as licenciaturas específicas e as licenciaturas em Pedagogia se encontram

desarticuladas, cada uma isolada em seu “castelo”, apesar de haver uma proposta

de base nacional, tida como diretriz norteadora das respectivas grades curriculares,

aprovadas em encontros nacionais promovidos pela AMFOPE. A formação

fragmentada do professor tem contribuído para uma série de dificuldades na escola,

principalmente na articulação do trabalho pedagógico coletivo e interdisciplinar. Sua

formação acaba apostando na individualização e na fragmentação do currículo.

Enquanto isso não reconhece a escola como espaço de formulação e reformulação

da prática pedagógica. O insucesso de seu trabalho, evidenciado por altas taxas de

repetência muitas vezes, não só lhes trazem desconfortos, como algo externo a sua

prática, tem sido habitual nos cursos de formação inicial e na educação continuada a

separação entre teoria e prática, essencialmente sensível no fazer pedagógico.

Daí a necessidade de se sedimentar conhecimentos, que facilitarão o

desempenho profissional, em consonância com o plano pedagógico coletivo da

escola. Plano este que precisa dar conta das diversidades existentes hoje,

considerando que a escola inclusiva aponta um currículo centrado no aluno, como

forma de ajudá-lo a superar suas dificuldades.

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51

2.17 PSICOPEDAGOGIA E PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

A Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do

processo de aprendizagem. Em outras palavras, busca decifrar como ocorre o

processo de construção do conhecimento nos indivíduos. Assim, ela se propõe a:

identificar os pontos que possam, porventura, estar travando essa aprendizagem e

propiciar estratégias e ferramentas que possibilitem facilitar esse aprendizado.

No pensar da escola a Psicopedagogia, significa um trabalho metodológico,

relacional e social, que parte do ponto de vista de quem ensina e de quem aprende,

buscando a participação da família e da sociedade.

A Psicopedagogia busca na Psicologia, Psicanálise, Psicolinguística, Neurologia,

Psicomotricidade, Fonoaudiologia, Psiquiatria, entre outros, o conhecimento

necessário para aprender como se dá o processo de aprendizagem nos indivíduos.

É preciso, em tempo, desfazer o equívoco de que a Psicopedagogia é a fusão

da Pedagogia com a Psicologia, ou vice-versa. Ela vai além dos conhecimentos

específicos de ambas as áreas. Ela estuda as características da aprendizagem

humana, como se aprende e como essa aprendizagem pode variar de acordo com a

evolução de cada pessoa.

A Psicopedagogia surgiu através da necessidade de compreender melhor as

dificuldades de aprendizado, voltando o seu olhar para o desenvolvimento cognitivo,

psicomotor e afetivo.

Atualmente a psicopedagogia na escola divide-se em duas vertentes:

• Psicopedagogia curativa e terapêutica: Visa à reintegração do individuo com

problemas de aprendizagem no processo de construção do conhecimento.

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• Psicopedagogia preventiva: Visa desenvolver projetos pedagógicos que

contribuam para os procedimentos realizados em sala de aula. Esse projeto deve ter

como finalidade, buscar a integração dos aspectos afetivos e cognitivos, trabalhando

as diferentes áreas do conhecimento e aumentando o vínculo entre professor e

aluno.

Na função preventiva, cabe ao psicopedagogo:

• Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem.

• Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de

favorecer processos de integração e troca.

• Promover orientações metodológicas de acordo com as características dos

indivíduos e dos grupos.

• Realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional,

tanto na forma individual quanto em grupo.

Segundo Lino de Macedo (1990), o psicopedagogo, no Brasil, ocupa-se das

seguintes atividades:

1. Orientação de estudos: consiste em organizar a vida escolar da

criança quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente.

Procura-se promover o melhor uso do tempo, a elaboração de

uma agenda e tudo aquilo que é necessário ao “como estudar” (

como ler um texto, como escrever, como estudar para a prova,

etc.).

2. Apropriação de conteúdos escolares: o psicopedagogo visa

propiciar o domínio de disciplinas escolares em que a criança

não vem tendo um bom aproveitamento. Ele se diferencia do

professor particular, pois o conteúdo é usado apenas como uma

estratégia para ajudar a fornecer ao aluno o domínio de si

próprio e as condições necessárias ao desenvolvimento

cognitivo.

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3. Desenvolvimento do raciocínio: trabalho feito com o processo de

pensamento necessários ao ato de aprender. Os jogos são

muito utilizados, pois são férteis sobre processos de pensar e de

construir o conhecimento. Este procedimento pode promover um

desenvolvimento cognitivo maior do que aquele que as escolas

costumam alcançar.

4. Atendimento de crianças: a psicopedagogia se presta a atender

deficiências mentais, autismo ou crianças com

comprometimentos orgânicos mais graves, podendo até

substituir o trabalho da escola.

A instituição tem a função de preparar a criança para ingressar na sociedade,

promovendo aprendizagens importantes para o grupo social em que ela pertence.

Devemos levar em consideração que cada criança ao ingressar em uma

instituição escolar, trás junto com ela o seu histórico familiar que pode ser tanto um

facilitador, quanto um inibidor no seu processo de desenvolvimento afetivo.

O seu vínculo com o professor também é de extrema importância. A formação

docente deve oferecer ao professor condições para estabelecer uma relação madura

e saudável com os seus alunos, pais e membros da escola.

Na sua tarefa com a escola, o Psicopedagogo deve refletir sobre essas

questões, buscando dar a sua contribuição para prevenir possíveis problemas no

desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

2.18 PERFIL DO PSICOPEDAGOGO INCLUSIVO

O psicopedagogo inclusivo deverá ter uma clara preocupação do caminho

que terá que percorrer para conseguir alcançar os objetivos. Se preocupar com a

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sociedade mais justa e democrática, sabendo que assim ele poderá obter

possibilidades e alternativas para praticar a educação.

Este psicopedagogo tem que estar ciente que é de extrema importância, para

o desenvolvimento humano, as condições para a sua formação educativa, isto é

essencial. Ele tem que ser responsável para garantir ao individuo o direito a

educação, não se preocupando apenas com a transmissão de conhecimentos, mas

também o afeto, o calor humano a oferecer uma escola e ensino de qualidade.

É importante se interessar e conhecer os procedimentos pedagógicos atuais

para avaliar as mudanças necessárias de métodos e recursos específicos. Tem que

conhecer ou procurar se aprofundar na vida pessoal, no ambiente familiar destes

indivíduos para que possa planejar as tarefas de ensinar, com mais profundidade e

atenção, só assim irá ocorrer à transformação, por menor que seja. E para que haja

esta transformação se faz necessário que o educador tenha uma boa formação e

procure sempre estudar e pesquisar para melhorá-la.

Este profissional devera ter noção de ajustamento, correção e reabilitação e

para isto é muito importante que promova sempre que necessário um atendimento

multidisciplinar. Para entender o que o individuo tem a dizer é importante que o

educador saiba fazer isto; ter clara noção que, a partir do momento que ele escolheu

lidar com a educação inclusiva, ele tem que ter plena conscientização de segurança

em relação aos conteúdos trabalhados com os alunos. É uma missão, uma tarefa,

mas uma grande esperança, e isso são, o que o educador tem que ter.

“Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi

aprendendo que, historicamente, mulheres e

homens descobriam que era possível ensinar”.

PAULO FREIRE (1997).

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2.19 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO FRACASSO ESCOLAR

Para Bossa (2002), a idéia do fracasso escolar teve seu surgimento no século

XIX com a obrigatoriedade escolar decorridas das mudanças econômicas e

estruturais da sociedade.

Porém, cabe ressaltar que no período que antecede este século já havia

crianças que não aprendiam, mas não eram conhecidas como tal.

Durante muitos anos o fracasso escolar era visto simplesmente como uma falta

de condição do aluno em adquirir conhecimentos, sendo somente de sua

responsabilidade, porém, com o passar do tempo constatou-se que este problema

também era de responsabilidade da sociedade e principalmente da instituição

escolar que não pode contribuir para exclusão social.

Com base em todo cenário educacional do país hoje, fica claro afirmar que

devemos repensar nossa prática educativa e partirmos do pressuposto que o

fracasso escolar não é uma responsabilidade somente do aluno, mas também da

escola, família e de todos que estão envolvidos no processo de ensinar-aprender.

Se aceitarmos o fato de sermos diferentes, temos que atentar para a necessidade de

construirmos práticas pedagógicas que valorizem e aproveitem toda bagagem de

conhecimentos construída pelo aluno no decorrer de sua caminhada escolar.

Na atualidade, várias pesquisas têm sido realizadas na busca de compreender o

fracasso escolar na alfabetização tendo em vista os problemas que a leitura e a

escrita apresentam à educação (PATTO, 1996; MICOTTI, 1987; SCOZ, 1994).

Essas pesquisas indicam a existência de problemas no processo de ensino-

aprendizagem da linguagem na primeira série, isto é, problemas relativos à

alfabetização, pois é na primeira série que normalmente ocorre à alfabetização.

O educando chega à escola com um grande número de experiências, de

aprendizagens que são ignoradas pelo professor, pois mesmo antes de ingressar na

escola a criança já possui inúmeras vivências que deveriam servir como ponto de

partida das atividades do professor. A criança, mesmo não reconhecendo os

símbolos do alfabeto, já "lê" o seu meio, estabelecendo relações entre significante e

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significado. A escola deve dar continuidade a esse processo defendendo a livre

expressão da criança, pois com isso o educando enfrentará com mais tranqüilidade

a grande aventura do primeiro ano escolar: aprender a ler e escrever.Nesse sentido,

é necessário que os educadores tenham conhecimentos que lhes possibilitem

compreender sua prática e os meios necessários para promoverem o progresso e o

sucesso dos alunos. Uma das maneiras de se chegar a isso é através das

contribuições que a Psicopedagogia proporciona, pois é a área que estuda e lida

com o processo da aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Sua nova

visão vem sendo apresentada pela Psicopedagogia e vem ganhando espaço nos

meios educacionais brasileiros, despertando o interesse dos profissionais que atuam

nas escolas e buscam subsídios para sua prática.

2.20 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

De acordo com Grigorenko; Ternemberg, (2003, p.29):

Dificuldade de aprendizagem significa um distúrbio

em um ou mais dos processos psicológicos básicos

envolvidos no entendimento ou no uso da

linguagem, falada ou escrita, que pode se

manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir,

pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar

cálculos matemáticos.

Quando a criança começa a ler, a maioria dos alunos tende a ver as palavras

como imagens, com uma forma particular ou um padrão. Eles tendem a não

compreender que uma palavra é composta de letras usadas em combinações

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particulares, que correspondem ao som falado. É essencial que os alunos sejam

ensinados e aprendam a arte básica de decodificação e soletração desde o inicio.

A ação de escrever exige também da parte da criança uma ação de analise

deliberada.

Quando fala, ela tem consciência das operações mentais que executa. Quando

escreve, ela tem de tomar consciência da estrutura sonora de cada palavra, tem de

dissecá-la e produzi-la em símbolos alfabéticos que tem de ser memorizado e

estudado de antemão.

Para Smityh; Strick, (2001, p.14) dificuldades de aprendizagem são “...

problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender,

recordar ou comunicar informações”. Um todo, objetivando facilitar o processo de

aprendizagem. O ser sob a ótica da Psicopedagogia é cognitivo, afetivo e social. É

comprometido com a construção de sua autonomia, que se estabelece na relação

com o seu "em torno", à medida que se compromete com o seu social

estabelecendo redes relacionais.

A dificuldade de aprendizagem nessa definição é entendida e trabalhada com

um agente dificultador para a construção do aprendiz que é um ser biológico,

pensante, que tem uma história, emoções, desejos e um compromisso político-

social. "A Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos

múltiplos fatores envolvidos nesse processo" (RUBINSTEIN, 1996, p. 127).

Nem sempre a Psicopedagogia foi entendida da forma como aqui está

caracterizada. A Psicopedagogia, inicialmente, começou tendo como pressuposto

que as pessoas que não aprendiam tinham um distúrbio qualquer. Bossa, (2002, p.

42) esclarece que:

A preocupação e os profissionais que atendiam

essas pessoas eram os médicos, em primeira

instância e, em seguida Psicólogos e Pedagogos

que pudessem diagnosticar os déficits. Os fatores

orgânicos eram

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responsabilizados pelas dificuldades de

aprendizagem na chamada época "patologizante" A

criança ficava rotulada e a escola e o sistema a que

elapertencia, se eximiam de suas

responsabilidades: “Ela (a criança) tem

problemas‟.

2.21 DÉFICIT DE APRENDIZAGEM

A criança com amadurecimento intelectual, emocional e físico suficientes para

aceitar com naturalidade as importantes modificações da rotina de vida que surgem

com a vida escolar, que tenha sido previamente preparada para a socialização

extrafamiliar e que entre em uma escola com maleabilidade suficiente para atender

suas necessidades específicas, deverá se adaptar rapidamente.

A inadaptação geralmente é revelada por queixas do tipo: recusa em ir à escola,

agressividade, passividade, desinteresse, instabilidade emocional, comportamento

desordeiro, somatizações.

Quando surgem dificuldades, toda a relação "família-criança-escola" encontra-se

alterada. Frente a uma criança específica, em última análise, pode-se dizer que a

escolha daquela escola, naquele momento, não foi adequada; a criança é normal;

porém, não correspondem às expectativas da família, que escolheu a escola

segundo suas expectativas; a criança é normal, mas ainda imatura para a

escolarização - a criança não é normal e precisa de uma atenção mais diferenciada!

A criança, com incapacidade de aprendizagem, no início, se relacionará bem

com as demais crianças, não é hiperativa e geralmente gosta de escola. Desde o

momento em que o jardim de infância enfoca a maior extensão do desenvolvimento

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social, muito mais do que o aprendizado, a criança com incapacidade de

aprendizado poderá dar-se muito bem neste nível escolar.

2.22 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E ALGUMAS INTERVENÇÕES

POSSÍVEIS

2.22.1 O trabalho e a intervenção do psicopedagogo na escola

A atuação do Psicopedagogo na instituição visa a fortalecer-lhe a identidade,

bem como buscar o resgate das raízes dessa instituição, ao mesmo tempo em que

procura sintonizá-la com a realidade que está sendo vivenciada no momento

histórico atual, buscando adequar essa escola às reais demandas da sociedade.

Durante todo o processo educativo, procura investir numa concepção de ensino-

aprendizagem que:

Fomente interações interpessoais; Incentive os sujeitos da ação educativa a

atuarem considerando integradamente as bagagens intelectuais e moral; Estimule a

postura transformadora de toda a comunidade educativa para, de fato, inovar a

prática escolar; contextualizando-a; Enfatize o essencial: conceitos e conteúdos

estruturantes, com significado relevante, de acordo com a demanda em questão;

Oriente e interaja com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio

do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os diversos

conteúdos trabalhados; Reforce a parceria entre escola e família; Lance as bases

para a orientação do aluno na construção de seu projeto de vida, com clareza de

raciocínio e equilíbrio; Incentive a implementação de projetos que estimulem a

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autonomia de professores e alunos; Atue junto ao corpo docente para que se

conscientize de sua posição de “eterno aprendiz”, de sua importância e envolvimento

no processo de aprendizagem, com ênfase na avaliação do aluno, evitando

mecanismos menores de seleção, que dirigem apenas ao vestibular e não à vida.

Nesse sentido, o material didático adotado, após criteriosa análise, deve ser

utilizado como orientador do trabalho do professor e nunca como o único recurso de

sua atuação docente.

Com certeza, se almejamos contribuir para a evolução de um mundo que

melhore as condições de vida da maioria da humanidade, nossos alunos precisam

ser capazes de olhar esse mundo real em que vivemos interpretá-lo, decifrá-lo e nele

ter condições de interferir com segurança e competência.

Em sua obra “A Psicopedagogia no Brasil- Contribuições a Partir da Prática”,

Nádia Bossa registra o termo prevenção como referente à atitude do profissional no

sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar

comprometimentos nesse processo, Partindo da criteriosa análise dos fatores que

podem promover como dos que têm possibilidade de comprometer o processo de

aprendizagem, a Psicopedagogia Institucional elege a metodologia e/ou a forma de

intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo, o que vem a ser

sua função precípua, colaborando, assim, na preparação das gerações para viver

plenamente a complexidade característica da época. Sabemos que o aluno de hoje

deseja que sua escola reflita a sua realidade e o prepare para enfrentar os desafios

que a vida social apresenta, portanto não aceita ser educado com padrões já

obsoletos e ultrapassados.

A psicopedagogia trabalha e estuda a

aprendizagem, o sujeito que aprende, aquilo que

ele está apontando como a escola em seu

conteúdo sociocultural. É uma área das Ciências

Humanas que se dedica ao estudo dos processos

de aprendizagem. Podemos hoje afirmar que a

Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois

se constitui a partir de uma nova compreensão

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acerca da complexidade dos processos de

aprendizagem e, dentro desta perspectiva, das

suas deficiências. (FABRICIO, 2000, p. 35).

Surgiu da necessidade de melhor compreensão do processo de

aprendizagem, comprometida com a transformação da realidade escolar, na medida

em que possibilita, mediante exercício, análise e ação reflexiva, superar os

obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura

do mundo e atuação coerente com a evolução e progresso da humanidade,

colaborando, assim, para transformar a escola extemporânea, que não está

conseguindo acompanhar o aluno que chega a ela, em escola contemporânea,

capaz de lidar com os padrões que os alunos trazem e de se contrapor à cultura de

massas predominante, dialogando com essa cultura.

2.22.2 A intervenção psicopedagógica na sala de aul a

Para tanto, juntamente com toda a Equipe Escolar, o Psicopedagogo estará

mobilizado na construção de um espaço concreto de ensino- aprendizagem, espaço

este orientado pela visão de processo, através do qual todos os participantes se

articulam e mobilizam na identificação dos pontos principais a serem intensificados e

hierarquizados, para que não haja ruptura da ação, e sim continuidade crítica que

impulsione a todos em direção ao saber que definem e lutam por alcançar.

Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do

ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, que podemos

chamar de psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os

conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção

de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar,

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62

contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no

processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e

participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende

conteúdos, aprende a ensinar, a dialogar e liderar; aprende a ser cada vez mais um

cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é

também aprendente. Agindo assim, a maioria das questões poderá ser tratada de

forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas.

Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, revelando

uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no

processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui,

necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no

que é valorizado como aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno

permite ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos que

façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem.

No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente dependem na

solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do estudo psicopedagógico

têm servido, muitas vezes, para diferentes fins, sobretudo quando a escola não se

dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno nas suas necessidades.

Assim, se a instituição consagra o armazenamento do conteúdo como fator de

soberania, os resultados do estudo correm o risco de serem compreendidos como a

confirmação das incapacidades do aluno de fazer frente às exigências, acabando

por referendar o processo de exclusão. Escolas conteudistas, porém menos

"exigentes", recebem os resultados do estudo como uma necessidade de maior

acolhimento afetivo do aluno. Tornam-se mais compreensivas, mais tolerantes com

o baixo rendimento, sem, contudo, alterar seu projeto pedagógico. Mantém, assim, o

distanciamento entre o aluno e o conhecimento. Nelas também ocorre o processo de

exclusão.

O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando,

ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de

aprendizagem daquele aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para

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63

atender as necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se

transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa no projeto terapêutico.

2.22.3 A intervenção psicopedagógica junto à famíli a

Na formação do indivíduo, a família desempenha papel fundamental, pois desde

o nascimento a criança começa a interagir com as pessoas que convivem, e aos

poucos vão aprendendo a se socializar e adquirindo características semelhantes às

dessas pessoas. Essas características irão influenciar no desenvolvimento

intelectual e psicológico, por toda a vida, embora passe por constantes alterações e

adaptações dependendo do meio em que conviver posteriormente.

A criança sofre alterações do meio em que vive e ao crescer, começa a ter uma

vida social mais ampla, como na escola, por exemplo, e nessa vivencia, descobrirá

coisas novas, se relacionará com pessoas diferentes das quais está acostumada,

surgindo novidades que também influenciará no seu desenvolvimento pessoal.

Segundo Coll (1995, p. 251), a família, principalmente durante os anos

escolares, deveria educar as crianças em um ambiente democrático: “[...] são os

estilos educativos democráticos, por sua judiciosa combinação de controle, afeto,

comunicação e exigências de maturidade, os que propiciam um melhor

desenvolvimento da criança”. Se a criança não tiver uma base sólida na família, com

uma educação democrática, afetuosa, crítica, de valores positivos, as características

pessoais podem sofrer alterações radicais, direcionando a mesma às boas ou más

atitudes.

Os pais precisam dar o suporte necessário para que a escola possa fazer a sua

parte e deixar a sociedade, de uma maneira geral, satisfeita com os resultados

obtidos com essa parceria.

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Na educação, a escola sempre teve um papel fundamental, e hoje, além da

função de ensinar para a cidadania e para o trabalho, tem também que passar os

valores fundamentais para a vida do indivíduo, sendo que esse papel também

deveria ser de comprometimento familiar.

Com o tempo, foram sendo atribuídas mais funções às escolas, principalmente

pela influência econômica, política e social, e, Segundo Libâneo (2003, p. 139), “a

revolução de 1930 representou a consolidação do capitalismo industrial no Brasil e

foi determinante para o consequente aparecimento de novas exigências

educacionais”.

A intervenção psicopedagógica voltada também para a família poderá ajudar no

real conhecimento delas, caso não estiverem claras ou forem apenas parcialmente

compreendidas, criando a possibilidade de compreensão do outro, a adequação de

papéis e de limites.

Assim, o trabalho psicopedagógico requer do especialista uma real percepção

de si, de maneira a não se deixar levar pelos próprios valores durante a intervenção.

Isso porque o reconhecimento de um problema de aprendizagem e a intervenção

mais adequada para solucioná-lo será resultado da bagagem cultural que ele traz

consigo e que interferirá na sua capacidade de observação e análise de cada caso.

Também sua postura frente à aprendizagem terá grande influência sobre o

trabalho com a família e na possibilidade de seus membros resinificarem e sentirem

segurança em seus papéis de ensinante e aprendente.

A atuação psicopedagógica, enquanto protetora e facilitadora das relações,

repercutirá em envolvimento na manutenção de um sistema familiar com uma

saudável circulação do conhecimento, possibilitando o equilíbrio de poder entre seus

membros, clareza na definição de papéis e de limites.

Enfim, a intervenção psicopedagógica buscará não se limitar à compreensão da

dificuldade, mas à aquisição de novos comportamentos que levem à sua superação.

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2.23 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Muito se tem falado e poucas escolas conseguem elaborar o seu projeto

político-pedagogico, considerando que o conceito e as observações técnicas não

foram ainda, devidamente absorvidos pelos professorados. Ainda encontramos

planos didáticos, planos de unidade, planos de disciplina com nomeação de

projetos-pedagógicos.

Neste momento em que se discute a escola inclusiva, é urgente que se

organize a escola em prol deste projeto, a fim de buscar a sustentação política e

pedagógica das ações que serão desenvolvidas na consecução de implantar a

escola inclusiva.

“Precisamos considerar com urgência todos os

outros temas que afetam a capacidade dos

professores de realizar suas tarefas em condições

de trabalho apropriadas, que abram oportunidades

para o crescimento profissional contínuo;

remuneração adequada, desenvolvimento

profissional, aprendizado ao longo da carreira,

avaliação do rendimento e responsabilidade pelos

resultados no aprendizado dos estudantes”

DECLARAÇAO DE COPACABANA (2001 item 3º).

O projeto político-pedagogico é um planejamento coletivo, com a participação

de todos envolvidos no processo educacional – docentes, funcionários, alunos e

seus pais, com vistas a torná-lo compatível com a realidade escolar. Não é possível

pensar em um planejamento que esteja de acordo com as aspirações dos alunos e

de sua comunidade. Este projeto é, portanto o eixo de sustentação da escola.

Para se elaborar o projeto político pedagógico é importante que se pense na

realidade global do homem e da sociedade, principalmente a respeito da realidade

do grupo e da instituição que ele se integra. Diagnosticar a demanda, isto é, verificar

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quantos são os alunos, onde estão e porque alguns não freqüentam a escola. Não

será possível a elaboração de um currículo que reflita o meio social e cultural em

que se insere, sem que a escola conheça seus alunos.

“Priorizar a qualidade do ensino regular é um

desafio que precisa ser assumido por todos os

profissionais, entendendo que a educação, por si

só, não conseguirá eliminar a pobreza, mas que ela

representa a base do crescimento pessoal,

tornando-se determinante, na melhoria significativa

de igualdade de acesso às oportunidades de uma

melhor qualidade de vida”. DECLARAÇÃO DE

COPACABANA (2001, Item 4)

A integração entre as áreas do conhecimento e a concepção transversal das

novas propostas de organização curricular considera as disciplinas como meio e não

fins em si mesmos e partem do respeito à realidade dos alunos, de suas

experiências de vida cotidiana, para chegar a sistematização do saber.

Neste sentido cresce a importância de se conhecer a realidade

socioeconômica política geral e a realidade do grupo, para que se possam definir

ações que efetivamente contribuam para a melhoria do homem e da sociedade. A

partir desse conhecimento, propõe-se um modelo de ação de grupo para se realizar

os fins que se quer alcançar, estabelecendo um modelo de metodologia capaz de

realizar o conjunto de ações propostas pelo grupo.

Definidos os primeiros passos os referenciais filosóficos e o diagnóstico de

sua realidade e de seu aluno – é chegado o momento de se pensar na

programação, ou seja, nas propostas de ação, que deverão apontar as

necessidades expressa no diagnóstico.

Entendendo que a escola é o espaço social que reúne profissionais distintos e

recebe uma clientela igualmente distinta, guarda em si, singularidade que lhes são

próprias, impedindo que o projeto elaborado por uma determinada escola possa ser

utilizado por outra escola. O projeto político-pedagogico é elaborado para atender

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uma determinada clientela e não outra. Esta nova proposta traz consigo a

necessidade de revisar os papeis desempenhados pelos diretores e coordenadores,

no sentido de superarem o teor controlador e burocrático de suas funções, pelo

trabalho de apoio ao professor e a toda comunidade escolar, precisa-se desenvolver

um trabalho coletivo que promova maior autonomia pedagógica, administrativa e

financeira a escola.

2.24 CURRÍCULO

Considerando os direitos das pessoas com necessidades educativas

especiais não devem estar ligados ao grau ou tipo de deficiência, de modo a garantir

direitos aos que tiverem mais próximos da normalidade e negá-los aos mais

severamente comprometidos biologicamente.

“Adequar um currículo não significa a retirada de

conceitos básicos a serem trabalhados pela escola,

mas de se buscar estratégias metodológicas

interativas que favoreçam as respostas

educacionais dos alunos” MANTOAN (2003.p.32).

A simples inserção em sala de aula regular não garante a integração. É

necessário um investimento consistente e permanente na formação dos educadores,

em relação ao ensino geral e as especificidades das deficiências.

“O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na

escola como um todo é compatível com a vocação

da escola de formar gerações. É nos bancos

escolares que aprendemos a viver com nossos

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pares, a dividir responsabilidades e tarefas. o

exercício dessas ações desenvolve a cooperação,

o sentido de trabalhar e produzir em grupo, o

reconhecimento da diversidade dos talentos

humanos e a valorização do trabalho de cada

pessoa para a consecução de metas comuns de

um mesmo grupo” MANTOAN (2003.p.40).

A política de inclusão escolar, diferente da política de integração que coloca o

ônus da adaptação no aluno, implica em todo um remanejamento e reestruturação

da dinâmica escolar do aluno, que recebe, dentro de sua própria classe, os recursos

e os suportes psicoeducacionais necessários para o seu desenvolvimento. Ao invés

de o aluno ir a sala de recursos, a sala de recursos e os suportes psicoeducacionais

necessários é que vão a ele, em sua sala regular. Isso implica a presença de um

profissional especializado acompanhando diretamente o aluno durante a aula e

orientando o professor regular na adaptação curricular e metodológica.

O currículo é o ponto chave do cotidiano escolar. Mudar a escola é mudar a

visão sobre o que nela se ensina; é colocar a aprendizagem como eixo do trabalho

escolar, considerando que a escola existe para que todos aprendam. Neste sentido,

será necessário garantir um processo de inclusão, no qual se respeite a questão do

tempo, enquanto elemento básico para a aquisição da aprendizagem, lembrando-

nos de que cada indivíduo apresenta ritmos próprios na execução de suas tarefas.

A educação inclusiva coloca como meta para a escola, o sucesso de todas as

crianças, independemente do nível de desempenho que cada sujeito seja capaz de

alcançar. O importante é a qualidade sobre o que se ensina e um currículo

competente deve ser elaborado a partir do conhecimento do aluno. Este

conhecimento da turma, feito a partir de um diagnóstico, possibilita ao professor,

conhecer o nível de possibilidade dos alunos e, assim, organizar atividades que

favoreçam seu desenvolvimento. Este, na verdade, é “o grande desafio a ser

enfrentado pelas escolas regulares tradicionais, cujo paradigma é condutista e

baseado na transmissão de conhecimentos”.

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Adequar um currículo não significa a retirada de conceitos básicos a serem

trabalhados pela escola, mas de se buscar novas estratégias metodológicas

interativas que favoreçam as respostas educacionais dos alunos.

Não há previsão, segundo nos alerta MANTOAN (2003 p.43);

“Quanto à utilização de métodos e técnicas de

ensino específico à inclusão, mas “os alunos

aprendem ate o limite em que se conseguem

chegar”. Não há receita pronta para ser seguida.

Um trabalho pedagógico consciente exige a

participação de todos na elaboração de um projeto

político-pedagógico que sirva de horizonte, por

meio das metas que serão propostas, afim de que

seja possível pensar em ações necessárias ao que

se quer atingir”.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos atuais problemas escolares apresentados pelos alunos, nas

escolas, muito tem se falado com relação à dificuldade de aprendizagem,

indisciplina, timidez, agressividade, problemas emocionais, problemas cognitivos,

sociais e biológicos.

Então é necessário investigar todos os aspectos que possam estar

contribuindo de alguma forma para a problemática, a fim de intervir da melhor

maneira possível, fazendo uma avaliação diagnóstica.

E, por isso, é muito importante à atuação do psicopedagogo, sabendo sobre esse

diagnóstico, fazer uma reflexão, para saber qual a melhor forma de intervenção

necessária para trabalhar com essas dificuldades, usando os recursos e recorrendo

a várias estratégias, como até pedindo auxilio a demais profissionais que trabalham

esses tipos de obstáculos educacionais, desta forma objetivando-se a ajudar a

criança a superar tais dificuldades.

Observamos que os atendimentos serão bastante eficientes no sentido de se atingir

tal objetivo. Os mesmos deveriam acontecer na seguinte proporção com encontros

de caráter lúdico individual ou em grupos de crianças, onde seriam realizados jogos,

brincadeiras, produções artísticas, contagem de histórias e outras atividades que

permitam a expressão da criança e que forneçam possibilidade de análise e

desenvolvimento de habilidades que a criança necessite estar sendo desenvolvida

de acordo com a avaliação diagnóstica.

Esperamos que esta pesquisa sirva de norte e foco para as futuras linhas de

pesquisa que se relacionem com a área de e base para a superação desses

agravantes nas salas de aula; que vem gerando debates e embates para a melhoria

da aprendizagem onde o ensino não aconteça sem a interação da aprendizagem.

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