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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ – UTP PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO INTEGRADA DE SEGURANÇA PUBLICA ALEXANDRE SANTANA DOS SANTOS ESTADO, SOCIEDADE E O CIDADÃO - UMA GESTÃO CO-PARTICIPATIVA NO COMBATE A CRIMINALIDADE CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ – UTP

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO INTEGRADA DE SEGURANÇA PUBLICA

ALEXANDRE SANTANA DOS SANTOS

ESTADO, SOCIEDADE E O CIDADÃO - UMA GESTÃO CO-PARTICIPATIVA NO COMBATE A CRIMINALIDADE

CURITIBA

2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ – UTP

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO INTEGRADA DE SEGURANÇA PUBLICA

ALEXANDRE SANTANA DOS SANTOS

ESTADO, SOCIEDADE E O CIDADÃO - UMA GESTÃO CO-PARTICIPATIVA NO COMBATE A CRIMINALIDADE

Trabalho apresentado para Conclusão do Curso de Gerenciamento Integrado da Segurança Pública da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento Integrado em Segurança Pública.

Orientador: Cel. Esp. Aramis Linhares Serpa

CURITIBA

2012

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ESTADO, SOCIEDADE E O CIDADÃO - UMA GESTÃO CO-PARTICIPATIVA NO COMBATE A CRIMINALIDADE

ALEXANDRE SANTANA DOS SANTOS1

RESUMO

O presente trabalho visa conhecer o movimento da população em relação ao desenvolvimento econômico ocorrido com Plano de Desenvolvimento Urbano em 1973, no município de Curitiba-Pr sua modificação no espaço urbano, suas relações sociais e conseqüente relação com sua área metropolitana. Com isso, buscamos destacar a importância de se conciliar o desenvolvimento econômico a sua influência e desmembramento nas questões sociais. A estratégia do governo federal visando reduzir os índices de crimes, unindo as esferas federais, estaduais e municipais e trazendo a comunidade busca a eficiência no combate a criminalidade.

Palavras chaves: Desenvolvimento, sustentabilidade, harmonia, estado e sociedade.

 1 Policial Militar, 11 anos de serviço, graduado em Ciências Econômicas  ‐ Faculdades  Integradas Santa Cruz  de  Curitiba,  atuo  como  auxiliar  administrativo  na  Diretoria  de  Apoio  Logístico,  e‐mail [email protected]

 

  

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STATE, SOCIETY AND THE CITIZEN - A PARTICIPATORY MANAGEMENT CO-NO FIGHTING CRIME

ALEXANDRE SANTANA DOS SANTOS2

ABSTRACT

This study aims to know the movement of the population in relation to economic development occurred with Urban Development Plan in 1973, in Curitiba-Pr its modification in urban space, its social relations and consequent relationship with its metropolitan area. With this, we highlight the importance of reconciling economic development and its influence on social dismemberment. The federal government's strategy to reduce crime rates, joining the federal, state and local community and bringing the search efficiency in combating crime.

Keywords: Development, sustainability, harmony, state and society,crime.

 2 Military Police, 11 years of service, graduated in Economics ‐ Integrated College Santa Cruz de Curitiba, I  act  as  administrative  assistant  in  the  Directorate  of  Logistics  Support,  e‐mail [email protected]

 

  

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Sumário 

1.  INTRODUÇÃO E OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................... 1 

1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 2 

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................................................... 2 

1.3 ORGANIZAÇÃO DO PROJETO E METODOLOGIA ................................ 2 

1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 3 

CAPITULO I ....................................................................................................... 4 

2.  CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO ............ 4 

2.1 FATORES NACIONAIS E REGIONAIS DE CRESCIMENTO ECONÔMICO ................................................................................................. 7 

2.2 SISTEMA ECONOMICO .......................................................................... 8 

2.3 EMPREGO E RENDA ............................................................................... 9 

3. PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO DE CURITIBA .. 10 

3.1. SOCIEDADE E CRIMINALIDADE .......................................................... 16 

3.2 POLITICAS DESEGURANÇA PÚBLICA E A COMUNIDADE ............... 17 

3.3 PROJETOS SOCIAIS E EDUCACIONAIS .............................................. 20 

CAPITULO II .................................................................................................... 24 

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 24 

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 27 

 

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1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS DA PESQUISA  

O Presente trabalho tem por objetivo estudar as relações entre o

desenvolvimento industrial de Curitiba a partir de Plano de Desenvolvimento

Urbano nacional de 1973 e seu resultado nos processos urbanístico e social.

Até que ponto o papel desenvolvimentista, praticado pelo estado e pelo

município de Curitiba, tem relação com os índices de criminalidades que

assolam a comunidade curitibana, estes índices são conseqüências do

processo de acomodação social?

Questionamos se o aumento da criminalidade é resultante da falta de

sincronia do estado, cuja expansão econômica promoveu o avanço

tecnológico, criou novos postos de trabalho e expandiu sua área comercial e,

ao mesmo tempo, não ofereceu o suporte necessário às pessoas que

migraram para cá vem em busca de novas perspectivas de vida, e como

conseqüência gera inúmeros conflitos.

Na segunda seção descrevemos os principais aspectos da teoria do

desenvolvimento econômico, na terceira seção abordamos do processo de

industrialização e urbanização de Curitiba, na quarta seção busca-se relacionar

o convívio social com os níveis de criminalidade e findamos com na quinta

seção discorrendo sobre as relações das políticas públicas de segurança

aliadas a comunidade local.

A justificativa refere-se ao fato de se valorar as condições necessárias

para que haja uma maior justiça social e para que de forma justa e equilibrada

o desenvolvimento de uma economia dê suporte ao conjunto da sociedade.

Onde o desenvolvimento deve estar acompanhado de um planejamento

urbano, que a formulação de políticas públicas como educação básica e uma

preparação para o mercado de trabalho por agentes que atendam as

demandas nos mais diversos setores da economia.

Para tanto, adotamos como base, as reflexões de autores que tratam

do assunto especifico da teoria do desenvolvimento econômico regional e

  

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Urbano do Economista Nali de Jesus Souza, artigos e textos de autores que de

forma pontual discorrem sobre temas do espaço urbano e o caderno estatístico

de Curitiba 2012 do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social.

1.1 OBJETIVO GERAL

Produzir informações sobre o modelo do desenvolvimento do parque

industrial de Curitiba relacionando ao seu aumento populacional, em função

desse processo de industrialização, com a falta de criação de uma estrutura

social que comportasse o contingente para cá deslocado.

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Discutir a relação dessa falta de estrutura social com a formação de

áreas periféricas populosas, bem como, relacionar estes acontecimentos a

organização do estado em captar a mobilização da comunidade para

solucionar problemas locais.

1.3 ORGANIZAÇÃO DO PROJETO E METODOLOGIA  

Neste trabalho serão apresentados dados extraídos de livros de

autores que tratam do assunto de desenvolvimento e crescimento econômico,

artigos e textos que tratam de assuntos específicos referente ao tema

desenvolvido e analise do caderno estatístico do IPARDES de 2010-2012.

Este artigo tratará com um breve enfoque histórico, especialmente em

observações nos temas mais polêmicos do desenvolvimento e crescimento

econômico e seu reflexo na sociedade.

O campo de estudo limita-se ao município de Curitiba e sua área de

influencia na região metropolitana.

  

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No capítulo 1 é tratado como com os pensamentos do Economista Nali

de Jesus de Souza sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento econômico e

suas relações com o meio onde ocorre.

Um dos indicadores sociais de desenvolvimento é a capacidade da

população em ascender entre classes sociais se dá é através da educação

como mecanismo de consolidação ou reprodução de desigualdades sociais,

segundo o mestre em sociologia Simon Schwartzmann. No capítulo 2, tratamos do processo de desenvolvimento social e

econômico de Curitiba promovido pelo Plano de Desenvolvimento Urbano do

Governo do Estado em 1973, seguido pelo Plano Nacional de Desenvolvimento

Urbano promovido pelo governo federal.

Ressaltamos nesses planos quais fatores são necessários para que o

desenvolvimento e o crescimento econômico englobem a sociedade como um

todo, diminuindo assim os níveis de tensão social.

No capítulo 5 destacamos, dentro do processo de desenvolvimento e

crescimento econômico de Curitiba, os índices de criminalidade. Onde os

índices de criminalidades são mais perceptíveis e ampliar os níveis de tensão

social, assim grandes esforços do poder público e da comunidade em buscar

uma resolução pacifica dos problemas apresentados.

Findamos com o capitulo 5 estudando as ações do governo em criar

programas que estimule o engajamento da comunidade no combate e na

redução dos índices de criminalidade. Ao governo federal e estadual

incorporam nos estudos e projetos na área de segurança pública, a partir da

constituição federal de 1988, o poder público municipal e as comunidades civis

organizadas.

1.4 JUSTIFICATIVA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da

ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,

através dos seguintes órgãos. (CF, 1988)

  

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Os pilares da Constituição definidos em seu art. 1º que é um dever do

estado e uma obrigação do estado preservar a soberania do país, a cidadania,

a dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

e de seu pluralismo político. Com destaque em seu parágrafo único no qual diz

que “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes

eleitos ou diretamente, nos termos da constituição”.

O estado, nesta constituição tem por objetivos fundamentais a

construção de uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o

desenvolvimento nacional, de erradicar a pobreza e a marginalização e de

reduzir as desigualdades sociais e regionais, e de promover o bem de todos,

sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas

de discriminação.

E na articulação dos incisos previstos no art. 5º desta constituição que

trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, promovendo o bem estar

social na plenitude de seu direitos.

Além de buscar meios de envolver a sociedade como um todo, através

dos artigos já dispostos na Constituição Federal de 1988, na busca de

melhores resultados sociais quando se planeja o desenvolvimento e o

crescimento da economia como um todo, preservando e melhorando o

conjunto da sociedade.

CAPITULO I

MARCO TEÓRICO E REVISÃO DE LITERATURA

2. CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO  

Para os economistas que associam crescimento com desenvolvimento,

um país é subdesenvolvido por que cresce menos que os desenvolvidos,

mesmo havendo recursos ociosos, como terra e mão de obra. Não utilizando

  

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integralmente os fatores de produção que dispõe e, por tanto, a economia

expande-se abaixo de suas possibilidades.

Corrente de economistas teóricos diz que crescimento é sinônimo

de desenvolvimento

Corrente mais empírica entende que crescimento é condição

indispensável para o desenvolvimento, mas não é uma condição

suficiente.

Modelos que enfatizam apenas a acumulação de capital, como solução

simplificadora da realidade, que coloca todos os países dentro da mesma

problemática. O crescimento econômico colocado distribuindo a renda entre os

proprietários dos fatores de produção engendra automaticamente a melhoria

nos padrões de vida e o desenvolvimento econômico.

A experiência tem mostrado que o desenvolvimento econômico não

pode ser confundido com crescimento, por que os frutos dessa expansão nem

sempre beneficiam a economia como um todo e o conjunto da população.

Mesmo que a economia cresça a taxas relativamente elevadas, o

desemprego pode não estar diminuindo na rapidez necessária, tendo em vista

a tendência contemporânea de robotização e de informação no processo

produtivo.

Associados ao desenvolvimento econômico podem estar ocorrendo

outros efeitos perversos, tais como:

A transferência do excedente de renda para outros países reduz a

capacidade de importar e de realizar investimentos, a apropriação

desse excedente por poucas pessoas aumenta a concentração de

renda e da riqueza;

Os baixos salários limitam o crescimento dos setores que

produzem alimentos e outros bens de consumo popular,

bloqueando a expansão do setor do mercado interno;

Há dificuldades para implantação de atividades interligadas às

empresas que mais crescem, exportadoras ou de mercado

interno.

  

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Uma segunda corrente encara o crescimento econômico como uma

simples variação quantitativa do produto, enquanto o desenvolvimento envolve

variações qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições e das

estruturas produtivas. Nesse sentido, o desenvolvimento caracteriza-se pela

transformação de uma economia arcaica em uma economia moderna, eficiente,

juntamente com a melhoria do nível de vida do conjunto da população.

O processo de transformação de uma economia dualista,

subdesenvolvida, em uma economia integrada, desenvolvida, não ocorre de

um ano para outro. O processo é longo e difícil, por que os agentes de uma

economia tradicional de subsistência em geral, apresentam-se muito diferente

daquela dos agentes da economia moderna.

Numa economia de subsistência, muitas vezes, o lucro monetário não é

o objetivo procurado, mas a manutenção do consumo familiar, ou a obtenção

de determinado nível de renda anual.

Portanto, desenvolvimento econômico define-se pela existência de um

crescimento econômico continuo, em ritmo superior ao crescimento

demográfico, envolvendo mudanças de estruturas e melhorias nos indicadores

econômicos, sociais e ambientais.

Compreende ainda que desenvolvimento um fenômeno de longo prazo,

implicando o fortalecimento da economia nacional, a ampliação da economia

de mercado, a elevação geral da produtividade e do nível do bem estar do

conjunto da população, com a preservação do meio ambiente.

O crescimento econômico precisa, portanto, superar o crescimento

demográfico para expandir o nível de emprego e a arrecadação pública, a fim

de permitir ao governo realizar gastos sociais e atender prioritariamente às

pessoas mais carentes. Com isso, há melhorias nos indicadores sociais,

incluindo melhorias nos níveis educacionais e de consciência ambiental.

O nível de renda e sua distribuição entre as pessoas as razões de seu

crescimento se devem à construção de habitações populares ou de

  

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equipamentos militares, ao aumento das horas de trabalho ou à maior

produtividade.

Em relação a população, seu simples aumento de renda não indica,

necessariamente, se ela se encontra melhor ou pior em termos de saúde,

educação e conforto; uma possível melhoria no nível do bem estar das pessoas

é apenas inferida pela elevação da renda per capta.

Um dos indicadores de desenvolvimento é o numero de pessoas pobres,

com renda inferior para o atendimento de suas necessidades básicas, este

indicador afeta o crescimento do setor de mercado interno, pois sua dimensão

depende tanto do tamanho da população, como do seu poder aquisitivo.

Portanto, subdesenvolvimento pode ser definido por crescimento

econômico insuficiente em relação ao crescimento demográfico. Por sua

concentração de renda e da riqueza, implicando um numero considerável de

pessoas pobres e miseráveis em relação à população total.

Os índices sociais e ambientais mostram-se desfavoráveis, quando

comparados com os mesmos índices de países desenvolvidos, com isso as

estruturas econômicas permanecem inadequadas à adoção de inovações

tecnológicas e ao crescimento econômico sistemático, podendo perdurar

formas pré capitalistas em alguns setores.

2.1 FATORES NACIONAIS E REGIONAIS DE CRESCIMENTO ECONÔMICO  

Nesta analise, o conjunto do território nacional é dividido em regiões.

Os setores de cada região são estudados individualmente e em relação aos

demais setores da economia nacional. Obtêm-se um conjunto de setores

dinâmicos em função de fatores regionais e de forças nacionais.

Tendo em vista as interdependências inter regionais, a expansão da

economia regional decorre em grande parte do próprio crescimento da

economia nacional. Este se origina na:

Expansão demográfica,

  

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Aumento da oferta de fatores produtivos, com mão de obra

especializada, capacidade empresarial,

Demanda interna e externa via crescimento da renda e do

emprego,

O crescimento regional o aumento deve-se a fatores:

Gerados por peculiaridades internas, que conferem vantagens

locacionais para determinados setores

Nacionais determinados por encontrar-se na economia local

atividades que, no nível nacional, estão crescendo rapidamente.

Os fatores regionais de crescimento são as vantagens locacionais que

estimulam o crescimento econômico local e que atraem novas indústrias para a

área, como dimensão do setor de mercado interno, disponibilidade e a

qualidade da mão e da infra estrutura, níveis salariais, dotação de recursos

naturais ou políticas publicas favoráveis.

2.2 SISTEMA ECONOMICO  

Os dois principais tipos de sistemas econômicos são o capitalismo e o

socialismo e cada sistema traz um ordenamento institucional, que sua vez trata

dos modos de organização da vida econômica de uma sociedade.

O sistema econômico capitalista tem um método próprio de se regular,

com um governo que pouco se envolve em decisões econômicas. Depende

das forças de mercado para se determinar os preços, alocar recursos, distribuir

renda e a produção.

Os fatores de produção são de propriedade privada, e cada proprietário

dos recursos toma as decisões de produção.

Esta expressão engloba todos os métodos pelos quais os recursos são

alocados e os bens e serviços são distribuídos.

  

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Este sistema econômico é formado por um conjunto de organizações,

cujo funcionamento faz com que os recursos escassos sejam utilizados para

satisfazer as necessidades humanas. Desse modo o sistema pode ser

decomposto em três grupos de elementos básicos:

Estoques de recursos produtivos: constitui a própria base da

atividade econômica, inclui recursos humanos (população

economicamente ativa, capacidade empresarial e tecnológica) e

patrimoniais ( reservas naturais e de capital):

Complexo de unidades de produção (empresas) integram o

aparelho produtivo da sociedade, dando a origem aos fluxos de

produção e da renda ao executarem aas tarefas

Conjunto de instituições: jurídicas, políticas, sociais e econômicas

que dão formas as atividades desenvolvidas.

2.3 EMPREGO E RENDA

A criação de postos de trabalho, em qualidade e quantidade suficientes

para alterar as condições de vida da população brasileira, depende de políticas

macroeconômicas se aliando a políticas de nível microeconômicas, que podem

afetar, de um lado, a qualificação dos trabalhadores, e de outro, a organização

do mercado de trabalho criando condições de geração de renda e fazendo com

que os ganhos do trabalho aumentem a importância relativa, em relação aos

ganhos de capital.

Quando a economia de aquece, há muita gente procurando emprego e,

com isso, aumenta tanto a ocupação quanto a desocupação; quando a

economia se esfria, muita gente desiste de procurar trabalho e dessa forma, o

desemprego pode cair.

A concentração populacional nas grandes cidades, a re estruturação do

setor industrial e o baixo crescimento econômico estão criando um novo

elemento de carências e problemas, relacionado ao desemprego, à

desorganização e violência urbana, à insegurança pessoal e à deterioração de

alguns serviços públicos.

  

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A participação no mercado de trabalho é a principal forma de inclusão

das pessoas nas sociedades modernas, e o ponto de partida de todas as

analises sobre a inclusão e exclusão social.

Os temas do crescimento econômico, distribuição territorial da

atividade econômica da atividade econômica, adoção de tecnologias intensivas

de capital, mudanças do perfil de habilidades da mão de obra.

3. PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO DE CURITIBA  

A abertura da economia foi condição fundamental para introduzir novas

tecnologias e aumentar a produtividade das indústrias, reduzindo os custos de

produção. Esta abertura estimulou o mercado brasileiro, sobretudo as

indústrias de alimento, siderúrgicas, automotivas, setor eletro-eletrônicos,

dentre outros.

Neste processo, observou-se, segundo autores pesquisados, em

Curitiba torna-se uma área estratégica por possuir imensas áreas para

instalação de um parque industrial e pela sua proximidade com o porto de

Paranaguá deu maior vazão e rapidez a sua produção.

Os fatores que levam as pessoas e as atividades econômicas a se

concentrarem em determinados lugares ou a se dispersarem com o tempo são

variados, englobando disponibilidades de recursos naturais, mudanças de

ambiente, crescimento demográfico e fatos econômicos provocados por

flutuações de demanda e inovações tecnológicas.

O prosseguimento da industrialização e o atendimento das

necessidades que ela cria engendram novos fatores locacionais, o que atrai

novas indústrias para a área.

Com a instalação de algumas indústrias de porte, outras de base foram

se instalando próximas e exigindo um volume cada vez maior de mão de obra

para o setor e para apara a construção civil. Fatos estes que exigiam do

governo ações de planejamento do espaço urbano como a construção de

casas populares, escolas, creches, hospitais e vias de acesso.

  

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Assim o processo desenvolvimentista pelo qual passou Curitiba, há que

se considerar segundo autores pesquisados, fatores essenciais como o

aumento populacional motivado pelo fluxo migratório que as crescentes ofertas

ou promessas de trabalho em Curitiba e Região.

O intenso fluxo migratório ocorrido neste período aliou-se as facilidades

do transporte coletivo, com melhorias nas vias de acesso às periferias com os

centros comerciais e industriais. Fato este que culminou com o encarecimento

do metro quadrado do espaço urbano, levando as pessoas a se estabelecerem

nas periferias ou nas cidades mais próximas.

A região metropolitana passou a sediar parcelas consideráveis de

pessoas que nesses locais passaram a criar demandas por serviços e produtos

nessas cidades dando inicio a ampliação e o fortalecimento do comercio local

O desenvolvimento dos meios de transporte efetua-se pela

necessidade de ligar as zonas produtoras com as fontes de matéria prima e os

centros consumidores. A infraestrutura dos meios de transporte influencia a

localização futura de novas indústrias, resultando numa hierarquia de regiões

segundo sua estrutura produtiva e configuração urbana.

A criação da Cidade Industrial de Curitiba amplia o espaço direcionado

para as indústrias fortalecendo o potencial econômico da cidade, fazendo dela

o destino de muitas pessoas das mais variadas partes do estado e de outras

regiões do país.

A divisão do espaço urbano de Curitiba passa a ser composta por um

centro administrativo e comercial e suas extremidades em áreas residenciais e

industriais

Em 1973, com a publicação do PDU/PR (Plano de desenvolvimento

urbano), o governo federal ao promulga a lei complementar nº 14 de 08 de

junho de 1973 criou as regiões metropolitanas brasileiras, São Paulo, Belo

Horizonte, Porto Alegre, Recife, Belém, Salvador, Fortaleza e Curitiba.

Esta medida transforma Curitiba, ela deixa de ser apenas o centro

comercial e industrial do estado e se ramifica a outros municípios e sua

  

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periferia não se restringiria mais apenas aos seus bairros, passava então a

incorporar e interagir com os municípios vizinhos.

A legislação também favorecia os demais municípios que participassem

do planejamento integrado e dos serviços comuns, tendo preferências na

obtenção de recursos federais, na forma de financiamento.

Mendes, 2009, lembra que a década de 70 foi marcada pelo choque no

preço do petróleo quando o barril passa de U$2,5 para U$12,5 em 1973. O

Brasil era um alto consumidor do produto, e sua produção diária não era

suficiente para suprir suas necessidades tendo que importar para manter sua

demanda.

Somava-se a isso, segundo MENDES, 2005, o crescimento acelerado

pelo qual passou o Brasil no período de 1961-1973, altos investimentos no

setor industrial, obras como a transamazônica, dentre outras que eram

conduzidos com empréstimos a juros baixos vindo do exterior, o transporte

interno era quase que totalmente realizado com a utilização de caminhões e

por veículos. O aumento inesperado da principal força motriz do país, fez com

que o mercado interno entrasse em colapso.

A década de 80 foi marcada pela recessão, desemprego, aumento da

divida externa, inflação e a queda de renda per capita, motivada pelo segundo

aumento no valor do barril de petróleo que passa para US$ 30,00. Resultando

numa recessão interna em vários anos e o efeito do programa de substituição

de importações ao longo desta década.

Na década de 90 houve mudanças positivas no Brasil, apesar de muitos

terem dificuldades em percebê-las. O país nesse período, as taxas de

importação eram elevadas, alguns produtos não eram autorizados sua

importação, sob a alegação de proteger o mercado interno.

A sucessão de desequilíbrio nestas décadas e o impacto na produção e

na oferta de emprego significaram uma alteração efetiva da tendência nos

conjunto da economia nacional que o país vinha desenvolvendo.

  

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Na década de 90 aconteceu o período mais intenso de industrialização

quando onde cerca de 60% das empresas hoje localizadas na Cidade Industrial

de Curitiba (CIC) iniciaram suas atividades.

Com a criação de postos de trabalho nas indústrias aliada à construção

civil que alavancam os setores de serviços e de comercio resultando num

enorme contingente de pessoas dispostas a trabalhar. Estes contingentes eram

compostos por trabalhadores com poucas qualificações para comporem os

diversos segmentos de mercado que assim surgiam e os quais criavam

necessidades por serviços públicos.

O processo industrialização de Curitiba sem observar os reflexos que

ocorreria pela falta de estrutura e projetos sociais efetivos, que suportasse o

avanço populacional, teve como conseqüências um o aumento da pobreza e na

criação de subempregos. Com pouco acesso à justiça e a preservação de seus

direitos, esta população, incorporou uma massa de mão obra para os agentes

delituosos com a promessa de remuneração, prestigio e proteção.

Assim dividiu-se o espaço urbano, de um lado, os espaços elitizados,

caracterizados pelas classes dominantes e uma infra estrutura de alto consumo

e de qualidade, do outro os espaços periféricos das classes populares e as

hiper-periferias dos excluídos.

Nos espaços periféricos predominaram a cultura da pobreza e a sua

dinâmica para reduzir os efeitos devastadores do desemprego e das

necessidades habitacionais imediatas, assim surgem trabalhos informais, às

construções de residências e de acesso sem o atendimento às exigências das

normas de construção civil.

FERREIRA, (2005, pg160) ressalta que, a violência e a criminalidade

embora, em muitos casos, possa aparecer associada a pobreza, não é uma

consequência direta desta, devendo para a analise da ação criminosa e da

criminalidade levar em consideração outros fatores sociais do meio urbano

com: processo de segregação espacial presente na vida urbana, expansão

desta de forma desigual, a formação de periferias sem condições dignas aos

  

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moradores. Ressaltando ainda que fatores como o egocentrismo de uma

sociedade competitiva, instabilidade da vida moderna, agressividade e pela

indiferença afetiva própria da ausência de raízes sociais.

O tráfico de drogas e outras atividades criminosas tornaram-se as

alternativas para aferir renda, sobretudo aos mais jovens que se tornam mão

de obra barata e descartável.

Agentes delituosos optaram em se estabelecer nesses pontos, por

serem estratégicos do território por onde possam se esconder, de preferência

em lugares onde há omissão do estado, criando assim territórios livres para os

domínios dessas organizações.

À medida que a criminalidade se instala na região, a rede de crime se

organiza e ganha poder, prestigio, dinheiro e impede a mobilidade social

asfixiando a organização da comunidade e cria assim novas exclusões.

Da mesma forma que a sociedade evolui o aumento da criminalidade

se torna apenas uma parte dos problemas que ela enfrenta, e que em muitas

das vezes independe das condições sociais de seus agentes.

Há que se discutir as forças que levam o cidadão a praticar crimes e

questionando e exigindo ação direta dos órgãos estatais na redução dos

índices negativos decorrentes da evolução da sociedade.

Nesse sentido, áreas onde os agentes criminosos estão instalados, os

municípios passam a ingressar e assumir um papel ativo e dinâmico no campo

da justiça social dando maior atenção à segurança pública.

O governo federal e o estado devem viabilizar a complementação de

medidas na construção de uma nova realidade, e consequentemente,

resultando numa maior confiança no poder do estado dentro da comunidade.

A partir da Constituição de 1988, a constituição cidadã, os municípios

começaram a vislumbrar um papel de maior importância na sociedade, onde

além de sua organização, passa a mobilizar e gerir a segurança publica.

Havendo um incentivo e valorização da municipalidade, pois se entendeu que o

  

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município é a célula organizacional, é onde vivemos e compartilhamos nossas

ações.

TABELA 1 – CRESCIMENTO DO NÚCLEO URBANO CENTRAL DE

CURITIBA E DA REGIÃO METROPOLITANA 91 - 10

MUNICÍPIOS 1991 2000 2010

91-00 00-10 Curitiba 1.315.035 1.587.315 1.751.907 1,9 0,99 São José dos Pinhais 127.455 204.316 264.210 4,83 2,6 Pinhais - 102.985 117.008 - 1,28 Piraquara 106.882 72.886 93.207 -3,76 2,49 Quatro Barras 10.007 16.161 198.51 4,91 2,08 Campina Grande do Sul 19.343 34.566 38.769 5,98 1,15 Colombo 117.767 183.329 212.967 4,53 1,51 Almirante Tamandaré 66.159 88.277 103.204 2,63 1,57 Rio Branco do Sul 38.296 29.341 30.650 -2,63 0,44 Itaperuçu - 19.344 23.887 - 2,13 Campo Magro - 20.409 24.843 - 1,99 Campo largo 75.523 92.782 112.377 2,49 1,93 Araucária 61.889 94.258 119.123 4,3 2,37 Fazenda Rio Grande - 62.877 81.675 - 2,65 Total 1.935.356 2.608.846 2.993.678 3,03 1,39

FONTE: IBGE-SIDRA - NETO

Observa-se nesta tabela I o movimento da população de Curitiba e de

sua região metropolitana, em duas décadas a capital paranaense quase dobra

sua população, pois passa a comportar 436.872 mil pessoas a mais, seguida

pelo Município de São José dos Pinhais que obtém o segundo maior aumento

populacional, com um aumento de 136.755 pessoas vivendo em seu município.

Esse aumento rápido e desordenado da população, características das

grandes cidades, intensifica os problemas sociais como a falta de saneamento

básico, água tratada, luz, transporte adequado, que atingem principalmente as

periferias.

Associado esse quadro de carência do estado, sobretudo nos bairros

periféricos, o crime organizado tem um campo fértil para se instalar e

desenvolver, passando muitas vezes a cumprir o papel governamental,

  

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cooptando as lideranças através de favores como, por exemplo, emprestando

dinheiro ou dando atendimento medico e social a população carente.

3.1. SOCIEDADE E CRIMINALIDADE

O entendimento dos problemas urbanos, com tantas necessidades

recorrentes e outras emergentes, leva a que uma solução para os mesmos

devam ser buscada na interpretação abrangente da realidade. Esse

entendimento mais amplo deve incluir a analise das diversas modalidades do

uso do território para identificar as especificidades do fenômeno da violência e

a partir daí, mensurar sua problemática.

A crise do estado, representada pelo enfraquecimento da autoridade

pública, tem um impacto decisivo sobre o padrão de desenvolvimento e

urbanização, seja pela omissão e colapso dos serviços públicos, de infra

estrutura e de segurança ou seja pela corrupção e deformação que degrada a

função publica.

Num processo de formação excludente onde se tem por base as

desigualdades sociais e econômicas, criam-se territórios de segregação e de

pobreza, onde a violência se manifesta em todos seus aspectos.

Os direitos civis, segundo Schartzmann, são os direitos mais antigos

das sociedades modernas, que protegem os indivíduos tanto da ação

predatória do estado quanto da ação predatória de outros indivíduos.

A sociedade fica assombrada com o volume de crimes praticados

contra o bem mais precioso de uma sociedade, os crimes de homicídios se

destacam nas manchetes de jornais, causando temor social se ampliando

quando se relaciona a estes índices aos de outros municípios, como os índices

de Curitiba relacionando-se com os da região metropolitana.

Considerando que o calculo do número de homicídios que aqui

ocorreram e relacionando ao seu crescente aumento populacional elevam-se

as preocupações populares que passam cobrar do governo medidas que

reduzam esses números.

  

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A relação e as motivações para as praticas de homicídios são

imprecisas e afirmar que é resultante de disputas por território, acerto de

contas entre dependentes químicos e traficantes, crimes passionais ou em

decorrência de quaisquer outros fatores é difícil por que não há uma

divulgação oficial e precisa sobre estes dados, o que torna difícil se buscar

meios para conter esta evolução.

As comunidades dos bairros pobres e periféricos são acusadas pela

sua própria condição de miséria, pois suas formas de vida, trabalho e de

moradia parecem refletir e causar toda a desordem social.

3.2 POLITICAS DESEGURANÇA PÚBLICA E A COMUNIDADE  

Segundo a teoria da subcultura (ESCOBAR, 2001) a delinqüência

resulta da interiorização de um sistema de crenças e valores, num processo de

aprendizagem, socialização, motivação e assimilação, sendo que os jovens,

cada vez mais distantes do mercado de trabalho pela própria exigência e

qualificação. Alia-se a isso fatores como a educação fora do lar, acabam

buscando a auto afirmação através de uma sub cultura onde a norma é

exatamente a ausência de normas, a anomia apontada por Durkheim.

Em 1999 a partir da entrada em vigor da Lei nº 9.867 de 10 de fevereiro

de 1999, dispondo sobre a criação e o funcionamento de cooperativas sociais

com a finalidade de inserir as pessoas em desvantagens no mercado de

trabalho, promovendo e integrando o cidadão com a comunidade.

O PRONASCI instituído através da Lei nº 11.530 de 24 de outubro de

2007 e alterado pela Lei nº 11.707 de 19 de junho de 2008 tem sua origem no

PAC da Segurança Pública promovido durante o primeiro governo LULA,

fundamenta-se pelo controle e repressão da violência e sua atuação articula-e

com os programas de segurança pública com as políticas sociais.

  

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A Constituição Federal definindo em seu art. 144 que a segurança

pública é dever do estado representado pelos órgãos da Policia Federal, Policia

Rodoviária e Ferroviária Federal, Policia Civil, Militar e Bombeiros Militares é

um direito e estabelecendo que o tema segurança é uma responsabilidade de

todos.

Concede assim a oportunidade da comunidade conversar diretamente

com os agentes da segurança pública, trazendo idéias e criando parceria entre

o estado e a sociedade na gestão e solução dos conflitos locais ou regionais.

De todas as esferas do governo, o poder local é o que está mais

próximo da população, podendo mobilizar a iniciativa privada, organizações

não governamentais, associações locais de igreja, de bairro buscando o bem

estar e a melhorias na qualidade de vida da população.

Num clima de democracia e participação popular, na lógica de

conceder maior responsabilidade aos poderes locais no que tange a gestão e

implementação de políticas públicas de caráter social, surgem os conselhos

comunitários de segurança publica, seguindo o mesmo objetivo dos conselhos

municipais destinados a outras áreas de atuação do poder publico como saúde,

educação.

Tradicionalmente, no Brasil, a segurança pública é entendida como uma

questão de justiça criminal-policial, sistema judiciário e sistema carcerário,

cabendo a maior parte dessas tarefas ao poder público estadual. Com efeito, a

constituição federal atribui aos estados federativos a responsabilidade pela

gestão da segurança, cabendo o governo municipal uma pequena parcela

dessa responsabilidade.

O município tem em suas mãos importantes instrumentos para colaborar

com a segurança pública, podendo atuar na prevenção primária como o

atendimento às necessidades básicas de moradia, saúde, educação, emprego

e de forma secundaria a reestruturação, revitalização e a conservação de

espaços públicos propícios a pratica de crimes.

  

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Segundo determinação do governo estadual, caberia aos conselhos de

segurança uma aproximação entre as policias estaduais e representantes da

sociedade civil, proporcionando os meios necessários para que os órgãos de

segurança pudessem atuar cooperativamente como seus beneficiários, visando

aumentar o grau de envolvimento da sociedade civil nos difíceis e delicados

processos de decisão. Envolvendo a atividade policial e as comunidades, que

através de seus representantes, participassem da formulação de diagnósticos e

de estratégias orientadas para a melhoria do desempenho das policias.

Trojanowicz, 1994, diz que o policiamento comunitário é uma filosofia e

uma estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre

população e a polícia, objetivando o trabalho em conjunto, identificando,

priorizando e resolvendo problemas contemporâneos (crimes, drogas,

desordens físicas e morais), em geral a decadência do bairro, com o objetivo

de melhorar a qualidade de vida da área.

Com a população insatisfeita e com as constantes matérias amplamente

divulgadas pela imprensa informando a crescente onda de violência pela qual

passavam alguns dos bairros da capital e da região metropolitana, obrigou o

governo a agir de modo mais contundente nas áreas em que havia maior

incidência de homicídios ou em decorrência do tráfico, consumo ou a tomada

de poder pelo crime organizado nestes ambientes.

Os problemas relacionados com a segurança, de acordo com os autores

estudados, estão relacionados com a falta de organização do espaço urbano

desencadeado no decorrer do desenvolvimento da economia, da criação de

uma rede de suporte resultando hoje, numa divisão social entre as classes

favorecidas pelas benesses de seu resultado e as desfavorecidas excluídas do

processo.

O processo de readequação dessa desorganização social demanda

grande volume de recursos financeiros disponibilizados pelos programas de

assistência social do governo federal, mobilização do estado em gerir estes

recursos disponibilizando aos municípios em forma de projetos pontuais. Para

tanto, faz-se necessário a mobilização de entidades locais de

  

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representatividade solicitar dos órgãos públicos projetos que visem melhorias

em seus locais.

O nível de renda, emprego e o grau de alfabetização têm sido

vastamente reconhecidos como fatores determinantes da situação econômica e

social de uma região então se tornam imprescindível à atuação dos governos

federais, estaduais e municipais a implantação de recursos públicos capazes

de atender as necessidades dessa região e a sociedade civil de forma

organizada em conselhos cobrando desses órgãos a perfeita utilização dos

recursos disponibilizados, resultando numa melhora das condições de vida da

população local.

3.3 PROJETOS SOCIAIS E EDUCACIONAIS  

TABELA 1 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE CURITIBA 2007-2010 FAIXA ETARIA 2007 2011 VR % RES 0 a 1 21.112 22.241 5,35 1.129 1 a 4 90.601 85.678 -5,43 -4.923 5 a 9 127.451 112.048 -12,09 -15.403 10 a 14 146.240 129.993 -11,11 -16.247 15 a 19 158.786 139.512 -12,14 -19.274 20 a 24 173.388 158.554 -8,56 -14.834 25 a 29 160.214 165.750 3,46 5.536 30 a 34 145.177 155.230 6,92 10.053 35 a 39 148.178 138.003 -6,87 -10.175 40 a 44 147.399 130.381 -11,55 -17.018 45 a 49 124.975 122.687 -1,83 -2.288 50 a 54 101.088 106.731 5,58 5.643 55 a 59 72.950 87.010 19,27 14.060 60 a 64 56.282 65.793 16,90 9.511 65 a 69 43.863 45.960 4,78 2.097 70 a 74 34.239 34.456 0,63 217 75 a 79 23.761 24.636 3,68 875 80 ou mais 21.704 27.244 25,53 5.540

Fonte: IPARDES, CALCULOS DO AUTOR

Analisando, preliminarmente a população de Curitiba, segundo tabela 2

do IPARDES, mensurando a variação etária no período de 2007 a 2010

observou-se que nesse período sua população decresceu 2,53%.

  

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Dentro desse conjunto, a análise que se fez levando-se em conta que

as crianças em idade escolar e de profissionalização, que se inicia em média

aos 05 anos até a idade de 19 anos, respectivamente, houve um decréscimo

de 11,77%.

As pessoas, enquadradas nessa analise, com aptidão ao mercado de

trabalho (20 anos aos 54 anos) ocorreu ligeira uma queda de 2,31%.

Dentro ainda desse quadro de pessoas aptas ao mercado de trabalho

divididos em iniciação dos 20 anos aos 34 anos houve uma queda de 1,5% e

de maturidade profissional, dos 35 anos aos 54 anos, uma queda de 3,66%.

Considerado o número de pessoas, compreendidas na faixa de 55 até

69 anos, aptas em adquirir aposentadoria, às já aposentadas e aquelas que

estão dispostas a trabalhar para complementar renda, acresceu 14,82%.

A faixa onde se reduz o nível de atividade profissional, esta faixa de 70

anos ou mais houve um aumento de 8,32 %.

Tendo como objetivo de trabalhar com estes dados, a elaboração de

projetos escolares visando a preparação e a qualificação para o mercado de

trabalho, separando estudantes por diferentes atividades de interesse se faz

necessário para se atender as necessidades do mercado de trabalho evitando

assim a desmotivação para o estudo e inibindo a evasão escolar.

Formular projetos educacionais e profissionais para incentivar aquelas

pessoas que não se encontram com qualificação profissional, independente da

faixa etária onde estejam inseridas, também se faz necessário para ingressar

ou permanecer no mercado de trabalho.

O nível de renda e emprego juntamente com o grau de alfabetização tem

sido vastamente reconhecido como fatores determinantes na situação

econômica e social de uma região ou de um país.

Segundo dados do IPARDES na TABELA I, observa-se que houve uma

redução de 11,77% na faixa dos 05 aos 19 anos, se estendermos esta faixa até

  

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os 24 anos, pelo ingresso tardio no mercado de trabalho, observa-se uma

redução menor de 10,85%. Fazendo-se necessárias ações localizadas

priorizando a qualidade de educação e de profissionalização dessas pessoas.

Do ponto de vista da educação, cabe analisar como estão distribuídos os

alunos matriculados nas redes de ensino, levando-se em conta o período inicial

em creches até que este aluno seja capacitado para o mercado de trabalho.

Com os dados fornecidos pelo IPARDES observa-se a seguinte distribuição

nos órgãos de ensino.

Ressalta-se que dos 10 aos 19 anos o ano de 2010 contava com

269.505 jovens em idade escolar e de preparação para o mercado de trabalho

considerando que haviam sido matriculadas no sistema de ensino 363.115

pessoas no fundamental, médio e profissional.

Ocorre que havendo um mercado de trabalho aquecido este necessita

de profissionais aptos a atuar nele. Como se observa na tabela 2 que, embora

haja uma enorme quantidade de pessoas nos bancos de escola, nos ensino

fundamental e ensino médio, há uma defasagem na preparação desses alunos

para o mercado de trabalho.

ABELA 3 - MATRICULAS NO ENSINO REGULAR 2010 DEPENDENCIA ADMINISTRATIVA CRECHE

PRÉ-ESCOLA FUNDAMENTAL MÉDIO PROFISSIONAL

FEDERAL 50 43 461 2073 901ESTADUAL - - 89889 58300 5696MUNICIPAL 19674 11452 95501 - -PARTICULAR 11714 14537 54054 20668 9540TOTAL 31438 26032 239905 81041 16137FONTE: MEC-INEP-SEED

A Tabela 3,demonstra que no ano de 2010 as matriculas estavam assim

distribuídas nas esferas de administração, ressaltando que a diferença entre os

níveis de formação é preocupante, pois na média estão quase 10% de

diferença entre o ensinos médios e o ensino profissionalizantes.O que pode ter

efeitos na captação de mão de obra especializada para os setores industriais,

comerciais e de prestação de serviços, no médio ou no curto prazo.

  

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Segundo dados do IPARDES em 2010 a prefeitura de Curitiba realizou

obras e prestou serviços, conforme a tabela 3, nos dando a noção da

quantidade de recursos necessários para manter ou ampliar obras de

prestação dos serviços, exemplificados na tabela e a necessidade de se haver

uma comunidade reunida em conselhos para se verificar a eficiência e o

resultado dos investimentos.

TABELA 4 - DESPESAS MUNICIPAIS POR FUNÇÃO EM R$ - 2010 CULTURA 35.712.960,58 DESPORTO E LAZER 19.154.724,85EDUCAÇÃO 572.597.075,04HABITAÇÃO 31.123.408,21SAUDE 798.637.556,04TRABALHO 34.604.800,23URBANISMO 1.040.810.475,36TOTAL 2.532.641.000,31 FONTE: PREFEITURA DE CURITIBA-IPARDES

A busca de sinergia entre o estado e a sociedade civil, ou seja, o

desempenho adequado das funções de cada um, contribuindo para o

funcionamento do todo é uma necessidade imediata e uma exigência do

sistema de gestão de políticas públicas. Baseado em um novo paradigma de

relação Estado - Sociedade, que prevê a articulação entre os diversos setores

públicos, a descentralização, a parceria, a transparência, o controle e a

participação da sociedade civil na coisa pública.

O governo disponibiliza recursos como o do PRONASCI prevendo

incentivos a atividades culturais nas comunidades mobilizadas pelo Programa,

transformando os espaços em centros de promoção sociocultural, inovando e

revitalizando bibliotecas com equipamentos de multimídias e computadores

para acesso a internet.

Como exemplo, a implantação de pontos de Cultura estes serão um

espaço onde os jovens serão incentivados a desenvolver atividades como

música, teatro e dança com o funcionamento concomitante de escolas e

centros comunitários. Os jovens serão sensibilizados e capacitados.

  

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Estes locais podem ainda contar com espaços que visem e garantam

seus direitos, tornando o cidadão visível na sociedade, através de um núcleo

de justiça comunitária.

As lideranças das comunidades serão capacitadas em oficinas para

mediar conflitos e promover a coesão social. Essas lideranças serão

identificadas por meio de parcerias com a defensoria pública, ministério

público, tribunais de justiça e a secretaria de reforma do judiciário.

Ferreira e Penna, em seu estudo consideram que a violência permite

mostrar outra dimensão da criminalidade, que é a territorialização da mesma ao

admitir que o papel do espaço urbano no processo produção e a de re-

alimentação da violência.

Ações diretas do governo federal, estadual e a mobilização de órgãos

municipais no combate da criminalidade de forma conjunta, conhecendo as

necessidades emergenciais de cada comunidade e traçando metas com o

auxilio da comunidade local, torna o processo mais eficiente e reduziria os

níveis os níveis de violência.

CAPITULO II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

SCHWARTZMAN (2005 pg. 176) destaca que a estrutura social de um

país é dada pela sua estrutura demográfica, sua ocupação, sua distribuição de

riqueza entre seus habitantes e sua distribuição espacial. Diz ainda que além

desses fatores há divisões de natureza étnica e cultural, concluindo que a

sociedade brasileira vem se transformando rapidamente ao longo das ultimas

décadas, a tal ponto que a agenda social muitas vezes é superada pelos fatos.

O termo desenvolvimento remete nosso imaginário ao avanço que

ocorre em qualquer área, ele é um resultado da evolução humana, do trabalho

em conjunto em todas as esferas da sociedade e tem como marco inicial a

capacidade do ser humano se adaptar as novas realidades que surgem.

  

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A geração da riqueza de um país está quantificada em seus fatores de

produção e suas relações comerciais, gerando divisas com a sua exportação e

importando bens para suprir aqueles defictários.

Este processo está presente a todo o momento em nossas vidas, seja

na produção ou no consumo, é um mercado aberto para aqueles que podem

adquirir e um mercado restrito para aqueles que não podem adquirir ,se

tornando-se assim, fator propulsor de desigualdades sociais.

O processo de industrialização ocorrido em Curitiba trouxe avanço

tecnológico, ampliou o horizonte comercial e industrial, porém suas relações

com o meio não acompanhou tal avanço. As dificuldades que diversos

municípios apresentaram em atender a sua própria população aliada aos

sonhos projetados pelas pessoas em obter melhores condições de vida,

trouxeram a Curitiba um enorme contingente de pessoas ávidas a participarem

desse projeto industrial que a capital projetava.

Essa imensa massa populacional que se formava necessitava de uma

estrutura de suporte como áreas residenciais, hospitais, escolas de

acessibilidade urbana e o estado e os municípios não respondiam a estas

necessidades, e quando respondiam a resposta era de forma lenta, fornecendo

condições na medida em que havia manifestações populares solicitando tais

medidas.

Aliadas a lentidão dos órgãos públicos em sanar as necessidades

ocorridas com as crises econômicas, pelas quais o país passara como a crise

do petróleo iniciada em 1973, o aumento da divida pública, a década de 80

voltada a gerir problemas da divida externa e a busca de recuperação na

década de 90, criou e sedimentou as disparidades sociais.

Com isso o aumento do numero de desempregados, falência de

empresas e a impossibilidade de investimentos públicos de porte para

recuperar a economia geraram fatos motivadores de tensões de toda ordem na

sociedade. Subempregos, baixas remuneração, empobrecimento da população

e a formação de periferias sem as mínimas condições de urbanismo.

  

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26 

 

Relacionar estes fatos ao aumento dos índices de criminalidade que

surgiram a partir desses momentos da historia, se torna temeroso, pois os

agentes criminosos buscam se estabelecer nos lugares onde o estado se

ausenta, não oferecendo as condições mínimas para coibir a marginalidade.

Como resultado deste estudo, percebe-se que depois de décadas de

desenvolvimento e as crises que se sucederam, o poder público busca meios

de se relacionar e se aproximar da população, buscando a população para o

debate, incentivando projetos que visem a melhoria no convívio entre estado e

cidadão bem como a redução das tensões sociais nos ambientes em que se

encontram com maior grau de vulnerabilidade.

Além do governo federal e estadual e a partir da constituição federal de

1988, adicionando o poder municipal e incluindo as associações de bairros e os

conselhos de seguranças locais, a segurança pública deixa de ser apenas um

dever do estado e passa a incorporar como direito e responsabilidade de todos.

Dessa forma o cidadão passa a conhecer e a cobrar maior empenho

dos órgãos públicos na resolução de seus conflitos locais, e em contrapartida o

estado passa a traçar projetos de re-estruturação social, sanando alguns dos

mais variados objetos de discussão entre os grupos formados.

O estado discutindo e planejando ações com a comunidade, de acordo

com as suas necessidades, torna mais transparente os gastos públicos os

tornando mais eficientes. Entretanto para que isso ocorra se faz necessário

que o estado conheça sua população, suas divisões sociais e etárias, onde

estão e o que fazem dentro do mapa urbano e, reconhecendo os problemas

que as comunidades lhe apresentam, atente para suas propostas e busquem,

em conjunto, soluções possíveis.

A implantação de ações públicas, como criação ou ampliação de

creches, escolas, ofertas de cursos profissionalizantes para quem inicia no

mercado de trabalho bem como para aqueles trabalhadores que estão fora

mercado de trabalho, se faz necessário e urgente, pois dessa forma, criaria

  

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maior dificuldade aos agentes delituosos em captar mão de obra para seu

exercício ilegal.

Criar áreas de convivência como parques e centros de lazer voltados

para as pessoas de acordo com a faixa etária nos locais onde se encontram,

tornando-se pessoas menos isoladas, facilitando a comunicação entre os

moradores locais e incentivando a discussão sobre os problemas que

enfrentam e a busca de soluções em conjunto.

Assim percebemos que o estado busca meios de se reduzir os índices

negativos no seio da sociedade, mas a sociedade ainda não está preparada

para agir e pensar em grupo em prol de suas próprias necessidades, pelo fato

do estado a ter deixado em segundo plano durante o processo de

industrialização.

Não encontramos relação entre os níveis de pobreza com os índices de

criminalidade. Porém observamos que a criminalidade se faz presente em

regiões onde o poder público deixou de dar maior atenção, em áreas populosas

e afastadas de forma desordenada.

BIBLIOGRAFIA  

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