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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO. FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE LEITE ANÁLISE DO BEM-ESTAR ANIMAL (BOVINOS DE LEITE) NO MUNICIPIO DE NOVA BRÉSCIA Santa Cruz do Sul 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO.

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE LEITE

ANÁLISE DO BEM-ESTAR ANIMAL (BOVINOS DE LEITE) NO M UNICIPIO DE NOVA BRÉSCIA

Santa Cruz do Sul

2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE LEITE

ANÁLISE DO BEM-ESTAR ANIMAL (BOVINOS DE LEITE) NO M UNICIPIO DE NOVA BRÉSCIA

Monografia apresentada no Curso de

Especialização em Produção de Leite da

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde,

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito

para conclusão do curso.

Orientador : Altair Antonio Valloto

Orientado: Carla Valgoi

Santa Cruz do Sul

2011

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Título: ANÁLISE DO BEM-ESTAR ANIMAL (BOVINOS DE LEITE) NO M UNICIPIO DE NOVA BRÉSCIA

Instituição Executora: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Órgão Executor: Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão - PROPPE

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Produção de Leite

Duração:

LOCAL: SANTA CRUZ DO SUL - RS

Equipe: Carla Valgoi, Tecnóloga em Agropecuária – AGROINDUSTRIA

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado.

À minha família, que me apoiou, assumindo minhas atividades em minha

ausência, meu eterno agradecimento. Principalmente a minha mãe, Teresinha, que

me apoiou nas decisões tomadas. Agradeço ao meu namorado Everton que

compreendeu minha dedicação a pesquisa.

Agradeço os produtores que acreditaram na pesquisa, e dispuseram suas

propriedades para desenvolvê-la.

Em especial agradeço ao Professor Doutor Altair Antonio Valloto, que se

dispôs a me auxiliar no desenvolvimento do presente trabalho.

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5

l

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................... .......................................................vI

RESUMO............................................................................................................7

I INTRODUÇÃO..................................................................................................8

II REVISÃO DE LITERATURA............................. .............................................12

2.1 Fundamentação (Relato do caso a ser estudado):......................................14

2.2 Bem-estar animal:........................................................................................16

2.3 Ambiência e ambiente..................................................................................17

2.3.1 Relação homem /animal...........................................................................18

2.3.1.2 Motivação e comprometimentos............................................................18

2.3.2 Estrutura física..........................................................................................19

2.3.2.1 Piquetiamento........................................................................................21

2.4 Estresse.......................................................................................................24

2.5 Bem-estar animal e as alterações comportamentais..................................25

2.6 Critérios para bem-estar animal e avaliação................................................26

III MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................28

3.1 Área de estudo.............................................................................................28

3.2 Procedimentos.............................................................................................29

IV RESULTADOS E DISCUSSÃO............................. ......................................31

V CONCIDERAÇÕES.......................................................................................34

VI RECOMENDAÇÕES....................................................................................34

VII REFERÊNCIAS...........................................................................................36

VIII ANEXOS....................................................................................................39

ANEXO 01 Questionário sobre bem-estar animal no Município de Nova

Bréscia...............................................................................................................39

ANEXO 02 Produtores.......................................................................................40

ANEXO 03 O processo de cinco etapas do engajamento participativo para

melhorar o bem-estar animal (FAO, 2009. Capacitação para implementar boas

praticas de bem-estar animal)............................................................................43

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA l. Representação do espaço físico para realizar movimentos nos

bovinos.................................................................................................................13

FIGURA 2 Interação entre a teoria dos fatores de Herzberg e a pirâmide da

hierarquia das necessidades de Maslow………..................................................14

FIGURA 3 Modelo explicando a influencia do tratador sobre o bem-estar e a

produtividade dos animais…................................................................................19

FIGURA 04: Localização do município de Nova Bréscia, no estado do Rio

Grande o Sul........................................................................................................28

Tabela 01 . Área requerida por animal em baias individuais, em baias coletivas,

nos piquetes e espaço no comedouro.................................................................20

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RESUMO

A criação de bovinos de leite no município iniciou-se a muitos anos, era uma

produção pequena, apenas para consumo próprio. Com o passar dos anos a

produção foi aumentando, alavancado com o surgimento da comercialização do

mesmo. Hoje há novas tecnologias que facilitam a produção. Também surgem

exigências sanitárias e de bem-estar.

Bem-estar é um termo amplo que inclui uma somatória de elementos que

contribuem para a qualidade de vida de um animal, levando-o a um bom estado de

harmonia com o seu ambiente, caracterizado por condições físicas e fisiológicas

adequadas. Estudos comprovam que o estresse excessivo nos animais acarreta

baixa produção, podendo afetar seu crescimento e reprodução, afeta também a

qualidade do leite e seus componentes (CCS, %gordura).

O sistema atual de produção de leite no município possui pontos críticos

importantes no que condiz nas condições de bem-estar animal. O objetivo do

presente trabalho é discutir os pontos críticos de bem-estar animal e promover

reflexão ética sobre a responsabilidade humana sobre a qualidade de vida dos

animais de produção. Destacando as principais dificuldades em estabelecer o bem

estar na produção, contextualizando para o cenário brasileiro.

Palavras-Chave: Bem-estar animal, conscientização, organização da propriedade.

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I INTRODUÇÃO

Apesar de o Brasil possuir o maior rebanho de bovinos, em relação aos

outros países, tem uma produtividade baixa por animal, tanto na produção de

carne como na produção de leite. Esses índices devem-se a falta de tecnologia

empregada por nossos produtores. Muitas vezes, para o aumento da produção

de leite e carne, o produtor acha necessária a aquisição de novas matrizes para

atingir suas metas. Com isso, terão que dispor de novos recursos financeiros, às

vezes não disponíveis na ocasião. Sendo que na verdade deveriam estar se

preocupando com melhorias na nutrição, ou no planejamento da propriedade.

Nos últimos anos o Brasil passou de importador de leite para exportador,

ainda em valores pouco significativos como em outros setores do agronegócio,

mas com boas perspectivas de exportação, passando de 8,9 milhões de

toneladas de derivados lácteos em 2000, para 68,2 milhões em 2004, um bom

crescimento, mas quase insignificante em comparação a outros países

exportadores (ZUGE. et. al., 2009.). Para continuar em constante crescimento

nas exportações é tida uma maior preocupação na adoção de medidas que

garantam a melhoria da qualidade da matéria prima. O conceito “qualidade” é

bastante amplo, não somente a questão organoléptica, mas incluindo requisitos

como rastreabilidade, responsabilidade social, bem-estar dos trabalhadores e

dos animais e questões ambientais.

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A questão do bem-estar animal foi motivo de vários debates, ganhando

evidencia em novembro de 2008, quando o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa) publicou a Instrução Normativa Nº 56 (IN 56 – de

06/11/2008). A Norma estabelece procedimentos gerais de práticas de bem-

estar para animais de produção.

Há diversas formas de se chegar a um “bem-estar” propriamente dito,

dependendo do ponto de vista, que correspondem a valores e opiniões. Sendo

assim o conceito de bem–estar animal deve manter um consenso entre o popular

e o cientifico, surgindo assim as cinco liberdades dos animais teoria esta criada

pelo professor John Webster e divulgada pelo Farm Animal Welfare Concil

(FAWC): ele deve ser livre de fome e de sede; livre de desconforto; livre de dor,

lesão ou doença; livre para expressar os seus comportamentos normais; livre de

medo e aflição.

O Rio Grande do Sul é o segundo estado produtor de leite, com pouco

mais de 10% do total nacional. Em primeiro, está Minas Gerais, com cerca de

28% da produção brasileira. As novas plantas industriais de leite em instalação

no Estado são as seguintes: Nestlé (Palmeira das Missões), Embaré (Sarandi),

CCGL (Cruz Alta) e Italac (Passo Fundo). Em ampliação, estão a Consulati

(Pelotas), Bom Gosto (Pejuçara) e Elegê (Passo Fundo), Cosuel (Arroio do

Meio).

Segundo dados do IBGE-2008, no Estado do Rio Grande do Sul, existe

elevado número de pequenos produtores (82%), que produzem menos de 2.000

litros vaca/ano, em média 36 litros de leite por dia. Desta forma, são necessários

estudos, para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas, que sob um

baixo custo, tenham alta rentabilidade produtiva.

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No município de Nova Bréscia, interior do Rio Grande do Sul repete-se um

quadro de micro produtores rurais, onde a bovinocultura leiteira se desenvolve

paralelamente com a produção de aves, sendo esta a principal atividade da

propriedade, na maioria dos casos.

Este trabalho tem por objetivo, estudar o bem-estar animal dos bovinos

leiteiros, analisando a forma de manejo e o tipo de instalações das propriedades

rurais do município de Nova Bréscia-RS, visto que a importância do bem-estar na

propriedade é relevante e de grande valia, aumentando a vida produtiva,

reprodutiva dos animais em produção. A importância do bem-estar está sendo

motivo de estudo, e uma exigência do mercado. Desta maneira, este estudo

caracterizou os principais pontos críticos de Bem–estar animal nas pequenas

propriedades, dificuldades estas relacionadas à aplicação de bem-estar ao

rebanho. Assim desta forma adaptar a aplicação da pratica, visando melhorar o

bem estar e conseqüentemente aumentar a produtividade e rentabilidade.

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II REVISÃO DE LITERATURA

O crescimento significativo da população mundial, bem como o acesso

desta população a um maior consumo de alimentos, criou uma demanda maior

na produção de alimentos, indagando inúmeras questões éticas, incluindo a

sustentabilidade ambiental, e sem esquecer, claro, da preocupação do bem-estar

animal. A correta planificação de instalações pecuárias quer ao nível do

condicionamento espacial (arquitetura) quer ao nível de condicionamento

ambiental (climatização), é fundamental para que os conceitos e requisitos de

Bem-estar sejam atendidos.

As normas para proteger os animais contra abusos já têm cerca de 200

anos. A primeira delas surgiu na Inglaterra (WIKIPÉDIA, 2010) A pressão dos

consumidores europeus fez com que esse tema se destacasse ainda mais a

partir dos anos 60. Hoje, existem certificadoras para atestar se o produto a ser

consumido tem origem em sistemas de produção que valorizam o conforto do

rebanho. A IN 56 estabelece procedimentos gerais de recomendações de bem-

estar para animais de produção e de interesse econômico, abrangendo os

sistemas de produção e o transporte. Para a garantia do bem-estar animal, a

Instrução Normativa Nº 56 estabelece que devam ser observados os seguintes

princípios:- Proceder ao manejo cuidadoso e responsável nas várias etapas da

vida do animal, desde o nascimento, criação e transporte; - Possuir

conhecimentos básicos de comportamento animal a fim de proceder ao

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adequado manejo; - Proporcionar dieta satisfatória, apropriada e segura,

adequada às diferentes fases da vida do animal:- Assegurar que as instalações

sejam projetadas apropriadamente aos sistemas de produção das diferentes

espécies de forma a garantir a proteção, a possibilidade de descanso e o bem-

estar animal; - Manejar e transportar os animais de forma adequada para reduzir

o estresse e evitar contusões e o sofrimento desnecessário; - Manter o ambiente

de criação em condições higiênicas (MAPA, 2008).

O termo "bem-estar animal" diz respeito tanto ao bem-estar físico, quanto

mental do animal, e a base dos conceitos envolve principalmente as

necessidades e estados de bem estar dos animais, a identificação de problemas

que geram sofrimento e dor, e a indicação da necessidade de mudanças no

manejo, que assumam compromisso com o respeito e a ética em relação a

outros seres vivos. Os conceitos de bem-estar animal devem ser aplicados como

mecanismos de aprimoramento das relações dos seres humanos com os animais

e, portanto, conhecer, avaliar e garantir as condições para satisfação das

necessidades básicas dos animais é fundamental (FAO, 2009).

Na forma natural, o comportamento dos animais na natureza, é em grupos.

Embora a vida em grupo traga uma série de vantagens adaptativas aos animais

ela também traz aumento na competição por recursos, resultando na

apresentação de interações agressivas entre os animais (PARANHOS DA

COSTA, 2003). Essa é uma questão muito importante na vida social na criação

de bovinos em condições pouco apropriada às suas necessidades sociais. Em

condições naturais, essa agressividade é controlada, eles apresentam condições

de organização social.

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O espaçamento disponível para os animais também tem grande

relevância, sendo que cada condição de criação exige um condicionamento

especifico, levando em consideração o clima e o comportamento social. Cada um

dos indivíduos do grupo possui uma caracterização especifica caracterizada pela

área onde o animal se encontra ou se desloca (espaço físico, para realizar

movimentos básicos, espaçamento de fuga, distancia entre animais)

(PARANHOS DA COSTA, 2003).

Figura 1 Representação do espaço físico para realizar movimentos nos

bovinos. (PARANHOS DA COSTA, 2003)

2.1 Fundamentações (Relato do caso a ser estudado):

No município de Nova Bréscia-RS, nos últimos anos , ocorreram grandes

iniciativas de incentivo à produção leiteira, visando o aumento na renda e,

conseqüentemente, na qualidade de vida do produtor rural. Possui programas de

inseminação e assistência veterinária, propiciando melhoria de ganhos genéticos

do rebanho, abrangendo pequenas e médias propriedades produtoras de leite do

município (Comunicação pessoal da SECRETARIA DA AGRICULTURA, 2010).

No ano de 2005 foi fundada no município a Associação dos Produtores de

Leite de Nova Bréscia. Esta veio com objetivo de terceirizar serviços (maquinas

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agrícolas), de forma que pequenos e médios produtores tivessem acesso às

tecnologias, dando mais agilidade as tarefas e no aumento da produção da

propriedade.

Atualmente, no município, existe 3 (três ) empresas que compram a

produção de leite. A atividade leiteira no município está em constante

crescimento, sendo a segunda principal fonte de renda mensal, contribuindo,

para a fixação do homem do campo e para a estabilidade financeira, em períodos

de safra e entressafra, contribuindo na economia local.

Mesmo com um crescimento na produção de leite no município, a base

das propriedades é ainda de pequeno porte (tendo não mais de 15 vacas em

ordenha, comunicação pessoal da SECRETARIA DA AGRICULTURA, 2010). Em

algumas propriedades houve melhorias no rebanho (ganhos genéticos,

alimentares) tendo um aumento na produção sem aumento no número de

animais. Outros produtores apostaram na compra de mais animais, sendo que

não fizeram melhorais nas instalações e manejo. Desta forma, hoje a

reorganização da propriedade do município de Nova Bréscia é de fundamental

importância, onde um dos principais objetivos é a melhoria do manejo visando o

bem-estar animal no rebanho.

Este trabalho objetiva averiguar como são vistas as normas de Bem-estar

animal nas propriedades de Nova Bréscia-RS, em produtores do município,

havendo uma comparação entre eles, com objetivo de montar a melhor forma

para construir (organizar) um espaço que privilegie a relação de bem-estar

animal, servindo assim de base para as propriedades do município, a fim de

gerar dados que contribuam para o aumento da produção, bem como, criar

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estratégias para futuras mudanças principalmente nas estruturas físicas e

manejo, na agricultura familiar, do município.

2.2 Bem-estar animal: Aspectos Gerais

A cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul, onde este produto se

mostra como principal fonte de renda é representada por um grande número de

pequenos e médios produtores (MALAFAIA et.al., 2008).

O Rio Grande do Sul produz 3,40 bilhões de litros de leite, 1, 456 milhões

de vacas e produtividade média anual de 2,334 litros por animal ordenhado

(IBGE, 2009).

O estado do Rio Grande do Sul apresenta ótimas condições, para o

desenvolvimento de sistemas de produção de leite, eficientes e competitivos,

onde as condições climáticas são favoráveis aos animais de raças especializadas

e permitem o crescimento de espécies forrageiras, de alta qualidade nutricional.

O bem estar animal é reconhecido como um componente essencial de um

setor pecuário responsável. Segundo FAO (2009) o bem-estar animal é tido

como parte integrante de programas que melhoram a saúde animal e aumentam

a produção pecuária.

A utilização de animais para a produção de alimento (quantidade) está

aumentando. Sendo que, se percebe que o número de animais diminuiu, mas a

produtividade aumentou e normalmente em recintos fechados (FAO, 2009).

O efeito da doença sobre o Bem-estar animal e sua adaptabilidade ao

ambiente é mais obvio a nossos olhos, por exemplo, o efeito de uma mastite ou

uma diarréia sobre um animal é fácil de ser observado, pois refletem vários sinais

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clínicos, reflexos do desconforto, da dor, do ambiente e o tratamento veterinário

que reduz as conseqüências da doença, assim melhora visivelmente o bem-estar

do animal. No entanto, muitas vezes o bem-estar ruim não é só uma

consequência de uma saúde ruim, mas também a causa do comprometimento da

saúde de um animal e mesmo do rebanho.

Estresse pode ser definido como uma resposta biológica desencadeada

quando um indivíduo recebe uma ameaça para a sua homeostase; se essa

ameaça se prolonga a permanência em estado de alerta podendo conduzir à

exaustão (CRUZ e SOUSA, 2005).

Sobretudo a abordagem científica do bem-estar animal demanda que este

estado seja medido cientificamente. Independendo das condições morais, a sua

medida e interpretação deve ser objetiva. Sendo assim para definir as condições

de Bem-estar de um animal tem-se adotado indicadores de bem-estar animal:

fisiológicos, comportamentais, de saúde, produtivos e reprodutivos.

2.3 Ambiência e ambiente

O ambiente está diretamente relacionado com o bem-estar, sendo assim,

é preciso entender o conceito de ambiência para poder relacioná-lo com o objeto

de estudo, o bovino.

Ambiente é o espaço constituído por um meio físico e, ao mesmo tempo

um meio psicológico preparado para o exercício das atividades dos animais ali

presentes (PARANHOS DA COSTA, 2000). O ambiente que rodeia o animal

compreende todos os fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e climáticos

que interagem com o animal, definindo o tipo de relação animal / ambiente.

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2.3.1 Relação homem / animal

Através do comportamento do homem em relação aos animais, o tratador

tem um importante papel no bem estar e na produtividade dos animais

(LENSINK, 2002). Para melhorar o bem-estar dos animais e melhorar

potencialmente, deve-se compreender melhor a origem do comportamento

humano em relação aos animais (lado psicológico, atitudes. e traços da

personalidade do tratador).

2.3.1.2 Motivação e comprometimento

O ciclo motivacional do ser humano começa com o surgimento de uma

necessidade que rompe o estado de equilíbrio do organismo, refletindo em

insatisfação ou desconforto, assim o individuo manifesta um determinado

comportamento na tentativa de corrigir a situação (RUSSI et al- 2009).

Maslow (1970) citado por Russi et al(2009), sugere que as necessidades

humanas estão divididas em graus de prioridade, obedecendo uma hierarquia

capaz de exercer profundas influencias sobre o comportamento humano: as

necessidades biológicas seriam aquelas mais básicas (sobrevivência do

individuo); as necessidades de segurança representando questões relacionadas

à segurança, proteção e estabilidade; as necessidades sociais ou de associação

incluiriam aspectos como necessidade de ser amado, de ser aceito (

aceitabilidade); necessidade de estima está ligada a capacidade de

autovalorização e as necessidades de autorealização se associam com a

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necessidade de desenvolvimento de potencialidades individuais. Sendo assim, à

medida que as necessidades básicas são preenchidas, as pessoas podem

deslocar seus desejos para aspirações mais elevadas.

Figura 2 . Interação entre a teoria dos fatores de Herzberg e a pirâmide da

hierarquia das necessidades de Maslow. Fonte:

http://www.bbconsult.com.br/artigoIndicadores.asp.

Para manter um funcionário motivado, é necessário que se estabeleça

boas relações no trabalho, para isso é preciso uma boa comunicação com os

empregados.

2.3.2 Estrutura física da propriedade

As instalações para alojamento dos animais devem ser simples, eficientes,

de baixo custo e proporcionar aos animais conforto, espaço e proteção de um

ambiente limpo, seco e de boas condições sanitárias para evitar doenças.

Existem vários indicativos para caracterizar o ambiente em termos de

conforto e bem-estar animal, entre os quais estão os índices de conforto térmico,

determinados com base nas variações dos valores das variáveis climáticas. A

utilização de um índice de avaliação do conforto para determinada espécie

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animal, portanto, deve considerar, além das características inerentes ao animal, o

tipo de ambiente (aberto ou fechado) e a importância relativa de cada elemento

meteorológico envolvido.

A dificuldade do uso generalizado dos índices ocorre pelo motivo de que

alguns deles têm o objetivo de determinar a adequação de um ambiente com

relação a uma atividade ou a um tipo específico de animal. Segundo CAMPOS

et.al.(2006) é imprescindível, no planejamento das instalações, que se tenha:

espaço adequado; área de descanso seca e ventilada; sombra; espaço de cocho

apropriado para alimento (e reduzir competição); grupos homogêneos e ambiente

saudável.

Para a adequada climatização de uma determinada instalação pecuária é

necessário e fundamental dispor de dados meteorológicos do local da instalação.

Em condições de clima tropical e subtropical, como ocorre em nosso hemisfério,

as coberturas devem ser orientadas no sentido leste-oeste, para que no verão

haja menor incidência da luz solar e maior insolação no inverno.

As instalações devem se localizadas em área ampla, de fácil acesso, boa

drenagem e ventilação. Estas devem ser suficientes para alojar o número de

animais existentes na propriedade, oferecendo condições de conforto físico e

térmico quando alimentados, ordenhados ou outra atividade de manejo.

A instalação escolhida deve proporcionar alto grau de eficácia da mão-de-

obra, que está diretamente envolvida com a movimentação de alimentos, esterco,

leite e animais.

Segundo Stookey (1994) quando os bovinos não possuem uma oferta

adequada de água e alimentos de qualidade, tornam-se suscetíveis a doenças e

incapazes de expressar seu potencial produtivo. Sendo assim, o fornecimento de

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uma dieta balanceada, que respeite as exigências nutricionais da categoria, é de

fundamental importância, para a manutenção da saúde do rebanho e os animais

respondem satisfatoriamente as vacinas e aos medicamentos.

Tabela 01 . Área requerida por animal em baias individuais, em baias coletivas,

nos piquetes e espaço no comedouro.

Dimensão

Idade dos animais

(meses)

Baias

individuais

(m)

Baias

coletivas (m 2)

Piquetes

(m2)

Espaço no

comedouro

(m2)

Bezerras

até 4

0,6

x 1,4

1,5 75 0,5

Bezerras

de 5 a 12

0,8

x 1,5

2,5 75 0,6

Novilhas

de 12 a 18

0,9

x 1,7

3,5 150 0,6

Novilhas

de 18 a 24

1,1

x 1,7

5,0 200 0,7

F o n t e : C A M P O S , 2 0 0 6 .

2.3.2.1 Piquetiamento

PARANHOS DA COSTA e CROMBERG (1997) afirmam que existem

vários recursos e estímulos necessários para que os animais mantidos em

pastagens se encontrem em boas condições de bem-estar, como: o espaço entre

si, de forma que os animais mantenham suas atividades em um contexto social

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equilibrado; os abrigos, proteção contra os rigores do clima; os alimentos,

incluindo forragem, a água e os suplementos.

Sendo assim os maiores riscos para a diminuição do bem-estar de animais

mantidos a pasto, ocorrem na ausência ou deficiência de um ou mais dos

recursos necessários. Situações:

a) Utilização do espaço e conseqüências nas relações sociais.

Voltando a lembrar que cada indivíduo (animal) possui um espaço

necessário ou tido como área individual, espaço este onde o animal está, sendo

assim, não é fixo, acompanha o animal por onde ele estiver. Este espaço

compreende o espaço físico que o animal necessita para realizar os movimentos

básicos, um espaço social, que caracteriza a distância mínima que se estabelece

entre um animal e outros membros do grupo, além de definir a distância de fuga

(máximo de aproximação que um animal tolera em presença de um estranho, do

dominante ou do predador, antes de iniciar a fuga).

Em condições de pastejo rotacionado é muito comum a formação de

grandes grupos de animais, mantidos em alta densidade. Nestas condições é

inevitável a violação de seu espaço individual, o que pode resultar num aumento

das interações estressantes, podendo assim aumentar as reações agressivas

(PARANHOS DA COSTA e CROMBERG, 1997).

b) Restrições no acesso à sombra:

A sombra de árvores é considerada uma das mais eficientes para conferir

conforto térmico. Para animais criado a pasto, sabe-se que a falta de sombra nas

pastagens pode causar queda de 10% a 20% na produção de leite. Esta

diminuição na produção reflete-se ao estresse calórico que os animais são

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submetidos nas pastagens em períodos quentes, também pode ter conferir

queda da fertilidade e a morte de embriões.

Quanto mais leite uma vaca produzir, maior o seu consumo e sua

conseqüente produção de calor. De acordo com a pesquisa da Embrapa gado de

leite, recomenda-se que um ambiente ideal tenha temperatura entre 4° C 24° C e

com uma umidade relativa do ar menor que 75%.

Pesquisas feitas com animais em diferentes situações de pastejo (com

presença árvores e sem árvores) apresentam resultados relativamente positivos

nos casos em que há presença de árvores nos piquetes. Stafford-Smith et al

(1985) in Paranhos da Costa e Cromberg (1997) relata que a intensidade em que

os animais ocupam a sombra (definida pela freqüência com que a fazem e pelo

tempo de permanência na sombra) é controlada por diversos fatores: as

condições climáticas, fatores sociais (hierarquia e territorialismo), as diferenças

entre raças e as diferenças entre indivíduos dentro de raças.

Dentre tantas variáveis fica difícil saber o quanto de sombra ofertar. A

maneira mais simples de se chegar a uma conclusão é observar os

comportamentos dos animais. Fornecer aos animais oportunidades de

termorregulação comportamental (acesso a sombra, água) é o primeiro passo a

ser considerado, desde que as respostas comportamentais sejam

complementares da regulação fisiológica e requeiram um uso mínimo de capital e

de energia.

Almeida et al (2007) diz que é importante considerar o índice de

temperatura e umidade (ITU). Em seu trabalho relata que há diferenças na forma

em que as árvores estão distribuídas. E conclui que tem melhores resultados os

piquetes com formação de áreas de refugio (bosques).

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c) Restrições no acesso à água.

A água é um importante nutriente, principalmente para os bovinos

mantidos em climas quentes, pois exerce efeito no conforto térmico pelo

resfriamento direto (água em temperatura menor que a do corpo) (BEEDE e

COLLIER, 1986 in PARANHOS da COSTA e CROMBERG, 1997). COIMBRA

(2007) afirma que o suprimento de água aos animais pode ser melhor entendida

considerando-se as conseqüências negativas de restrição, como: restrição no

consumo de alimento, concentração de urina, prejuízo na termoregulação,

retenção de produtos metabólicos, entre outros problemas. COIMBRA (2007)

afirma também que a melhor posição do bebedouro seria nos piquetes, não nos

corredores entre piquetes, possibilitando um maior tempo de ingestão de água,

não prevalecendo às hierarquias.

2.4 Estresse

Fisiologicamente, os indicadores do Bem-estar animal estão relacionados

com a resposta fisiológica ao estresse. A diminuição do bem-estar está

caracterizada por uma resposta endócrina clássica de estresse, liberando

inicialmente adrenalina e noradrenalina e posteriormente glicocorticóides. A

adrenalina afeta o metabolismo de glicose aumentando o estoque de nutrientes

nos músculos (fuga), sendo que a noradrenalina aumenta o fluxo de sangue para

os músculos, aumentando assim os batimentos cardíacos (COSTA e SILVA

et.al., 2009). Sendo assim, dependendo do tempo de duração, da intensidade ou

da capacidade individual de resposta, pode comprometer o desenvolvimento,

produção e a reprodução do animal.

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O estresse pode ser definido como crônico ou agudo. Crônico quando é

constante no dia a dia de uma forma mais suave. O estresse agudo é mais

intenso e curto sendo causado em situações traumáticas, mas passageiras.

A resposta apresentada pelo animal perante uma ação de estresse

representa uma tentativa de restabelecer o equilíbrio orgânico, ou seja, a

homeostase (COSTA e SILVA et.al., 2009).

2.5 Bem-estar animal e as alterações comportamentais

Dentre outros comportamentos apresentados pelos animais que mais

impressionam o homem são os comportamentos estereotipados. Estes são

comportamentos repetitivos e não apresentam função aparente. Estes sintomas

são mais comuns em animais estabulados sob condições que comprometam o

bem-estar, principalmente ocasionado por ócio, estresse social ou espacial

(COSTA E SILVA et.al., 2009).

É inevitável que práticas humanas aversivas tendam a ocorrer na vida do

animal, como vacinação marcação e castração. O aumento do nível do medo dos

animais pelos humanos representa a resposta que dificultam mais ainda o

manejo dos animais: dificulta o manejo da alimentação, dos cuidados sanitários,

da ordenha, das práticas zootécnicas e maior distancia de fuga, resultando em

um quadro de estresse.

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Fig. 3 – Modelo explicando a influência do tratador sobre o bem-estar e a

produtividade dos animais (HEMSWORTH E COLEMAN, 1998)

Segundo a FAO (2009) estudos feitos na Austrália mostram como o

manejo grosseiro dos animais pode levar a uma reação de medo mais

prolongado em relação ao homem e redução na produtividade. Sendo que os

animais apresentaram uma resposta persistente de medo às pessoas, e

apresentaram um maior nível do hormônio cortisol no leite e menor produção

leiteira. Este hormônio cortisol está diretamente ligado a situações de estresse.

2.6 Critérios para bem-estar animal e avaliação

Segundo a FAO (2009) a avaliação científica do bem-estar envolve

múltiplos critérios, podendo ser aplicados em níveis específicos:

• Critérios “baseados nos animais” que servem para avaliar os animais

entre si. Estes incluem presença de lesões, a incidência da doença corporal e o

desempenho de certos comportamentos. Sendo que muitos destes critérios são

de grande relevância para o bem-estar, no entanto fornecem apenas “uma foto”

no tempo.

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• Critérios “baseados nos recursos” que servem para avaliar o

alojamento, alimentação e outros recursos destinados aos animais. Estes

critérios não garantem uma boa condição de bem-estar em qualquer momento, já

que, os animais podem sofrer de doença ou medo apesar de terem um ambiente

adequado e outros recursos.

• Critério “relativos à gestão” focam no cuidado humano como um fator

importante no bem-estar animal. Podendo incluir a competência do pessoal no

manejo, práticas de alimentação, estratégias de higiene e manutenção de

registros. Estes critérios são indicadores relativamente indiretos ao bem-estar.

Uma boa condição de bem-estar animal é resultado da interação complexa

entre a genética, nutrição, meio ambiente, saúde, capacidade de gestão e outros

fatores. A avaliação do bem-estar necessita identificar as causas dos problemas

do bem-estar e as oportunidades para a intervenção bem sucedida em todo o

sistema ou cadeia produtiva (FAO, 2009). A participação das pessoas envolvidas

é de grande importância na avaliação do bem-estar.

Uma vez que os objetivos de fornecer bem-estar forem estabelecidos, a

ciência designa quais disposições devem ser tomadas para que os objetivos

sejam cumpridos (COSTA E SILVA et.al., 2009). As intervenções para promover

boas praticas de bem-estar animal devem incluir uma análise das possíveis

funções e benefícios das diferentes normas de bem-estar animal e dos

programas de garantia, e capacitação, que é necessária para facilitar o

cumprimento destes. Lembrando que o comportamento das pessoas para com os

animais está diretamente ligado ao bem-estar.

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Segundo BECKER in COSTA E SILVA et.al. (2009) existe possibilidades

de amansar o gado, através de habituação e aprendizado associativo (impondo

condições) durante o manejo.

III MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Áreas de estudo

Este estudo examina um fenômeno contemporâneo – bem-estar animal –

dentro do contexto de produção de bovinocultura de leite por meio de observação

no sistema produtivo no Município de Nova Bréscia.

Nova Bréscia, um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul,

que tem sua população estimada em 3.291 habitantes, no ano de 2009 (IBGE,

2009). Está situada no norte do Rio Grande do Sul, conhecida como a “Capital da

mentira”, graças ao Festival da Mentira realizado no município. Conhecida

também por ser a terra do churrasqueiro.

O município esta localizado a uma altitude média de 322m (IBGE, 2009).

Sua emancipação política e administrativa, data do ano de 1964. De acordo com

dados levantados junto ao IBGE, (2008), o rebanho de vacas ordenhadas era de

aproximadamente 1.300 cabeças, com uma produção de leite média anual de

3.944 l/animal, representando, aproximadamente, 38% de um rebanho efetivo de

3.450 cabeças.

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Nova Bréscia, possui uma área de 102 Km². Possui um clima Subtropical:

verão e inverno bem definidos. Sendo que no verão as temperaturas chegam a

34°C e inverno à -3°C, marcando assim uma variação de temperatura de

37°Celcius. A umidade relativa do ar em média é de 70%, com uma precipitação

anual de 2200 a 2500 mm por ano (EMATER-NB). Situa-se na Encosta Inferior

do Nordeste, Estado do Rio Grande do Sul. Solo fértil em região montanhosa,

Micro região Colonial do Baixo Taquari.

Fonte: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Br%C3%A9scia, 2010).

FIGURA 04: Localização do município de Nova Bréscia, no estado do Rio

Grande o Sul

3.2 Procedimentos

Na primeira fase do projeto, foi aplicado, aos agropecuaristas escolhidos,

um questionário prático (Relação de produtores e questionários no Anexo 01),

visando identificar os conhecimentos prévios, sobre conceitos básicos de bem-

estar, este, deveria demonstrar como a técnica de bem-estar animal é conduzida,

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a fim de diagnosticar erros pontuais, que contribuem para perdas progressivas,

ou, que simplesmente atrapalham a técnica.

Na segunda fase do projeto, foram realizados acompanhamentos a campo

(30/03/2010, a 30/01/2011), onde foi analisada a estrutura da propriedade, em

partes, com objetivo de manter a organização, e a importância do bem-estar

animal, da seguinte forma: observar as condições do rebanho: comportamento

com outros animais, escore corporal; examinar registros sanitários: observar

quais doenças registradas; avaliar o manejo; examinar registros de produção.

Na terceira fase do projeto, foi realizado o acompanhamento das

atividades, incorporando mensurações do sistema de criação e bem-estar.

Criados também protocolos que atendam critérios de viabilidade, validade,

confiabilidade, continuidade e objetividade. Foram listados os indicadores de grau

reduzido (danos corporais, doenças imunodepressoras...) ou elevado

(demonstração de uma variedade de comportamentos normais, indicadores

fisiológicos de prazer...) de bem-estar.

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IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em primeira análise, a escolha dos produtores foi de um tanto dificultosa

pela falta de interesse dos produtores com a pesquisa.

Nas três propriedades os produtores reconhecem a importância do bem-

estar, não só do bem estar animal, mas do bem-estar da propriedade como um

todo, mas admitem que poucas vezes, estes conceitos, são levados ao “pé da

letra”. Um dos produtores comenta: -“Somos gringos de sangue quente, às vezes

o instinto fala mais alto.”

As três propriedades apresentam apenas mão-de-obra familiar.

Totalizando três a quatro pessoas por propriedade. Apenas uma das

propriedades, tem a produção de leite como principal atividade, nas demais a

criação de aves prevalece.

A propriedade B é a que se apresenta mais organizada, possu infra-

estruturar moderna, com sala de espera coberta, sala de ordenha, sala de

alimentação cômoda, tornando um ambiente agradável de trabalho, prevalecendo

o bem-estar.

A propriedade A e C apresentam estruturas mais antigas, com ordenha

balde ao pé. A propriedade C está sendo reformada, onde está sendo feita uma

sala de ordenha e sala de espera. Na propriedade A está presente uma maior

desorganização, onde os galpões estão dispersos e inadequados, contradizendo

os limites citados por CAMPOS (2006), que afirma que os animais necessitam de

espaçamentos adequados para uma condição de bem-estar.

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Nenhuma das três propriedades analisadas possuía registros confiáveis do

rebanho. As únicas informações escritas apresentadas foram as listas de

prenhes. Sendo assim as propriedades foram orientadas a produzir registros

mais específicos e individuais, apresentando primeiramente os dados de

identificação, doenças e tratamento, prenhes, parições, controle leiteiro. Assim,

segundo a FAO (2006), teríamos como fazer uma avaliação cientifica do bem-

estar no que condiz à gestão da propriedade.

Na análise do rebanho, se teve um resultado satisfatório. Os animais

estavam em boas condições de conforto, não apresentando estado de estresse

aparente, condizendo com as condições citadas por ASAE/EFSA (2009).

Em relação ao escore corporal, há uma variação entre propriedades e

inclusive na própria propriedade. Fator este que reflete a falta de controle da

dieta dos animais. Em nenhuma das três propriedades a alimentação é

balanceada, condizendo com a necessidade de cada animal, primeiramente

porque não é feito controle leiteiro, sendo assim não se sabe o que realmente o

animal necessita. Na propriedade C foram apresentados dados concretos e

específicos no que se refere à quantidade de alimento dada para cada animal,

eram baseados na produtividade de cada animal. Mesmo assim apresentou

animais com escore corporal abaixo do indicado. Este fato se explica pela falta

de controle da qualidade e quantidade de matéria seca e energia digerida.

Wattiax (1998) afirma que uma dieta com ótima relação: foragem e concentrado,

onde maximiza a produção de leite, preserva a saúde da vaca e, provavelmente,

mais econômica.

As três propriedades praticam o pastejo dos animais. Possuem piquetes

permanentes para o verão baseados em branquearia, tifton e Aires ( Panicum

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maxim)e para o inverno baseado em aveia preta (Avena strigosa Schreb) e

asevém (Lolium multiflorum Lam). Há um déficit na divisão dos piquetes na

propriedade B, não havendo espaço específico para as pastagens de inverno,

sendo assim as pastagens de verão não recebem o descanso adequado,

causando desgaste do cultivar, comprometendo seu desenvolvimento.

Os piquetes, nas três propriedades não apresentam água, mas

disponibilizam de sombra. Sendo assim o pastejo é controlado, não

ultrapassando duas horas no verão. Mesmo assim, as propriedades precisam de

algumas modificações para condizer com a afirmação de PARANHOS DA

COSTA E CROMENBERG (1997), onde afirmam que existem vários recursos e

estímulos necessários para que os animais mantidos em pastagens se

encontrem em boas condições de bem-estar, como disponibilidade de qualidade

e quantidade de foragem por piquete.

Na análise do rebanho, listando os indicadores de grau reduzido e elevado

bem-estar, prevaleceu o elevado bem-estar. No dia em que os animais foram

analisados apresentavam-se cômodos, ativos fisiologicamente falando,

transpassavam harmonia entre si.

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V CONSIDERAÇÕES

A relação entre Bem-estar animal e a saúde é bi-direcional,

caracterizando-se por componentes multifatoriais ambientais que envolvem

componentes físicos, psicológicos e biológicos. No entanto, na interferência dos

fatores causais e o bem-estar animal encontra-se um forte componente, o ser

humano, que por meio de atitudes e estratégias de manejo pode interferir

positivamente ou negativamente no sofrimento do animal.

O bem-estar animal não deve ser tratado como fator único, mas como um

de muitos objetivos sociais importantes. Incluindo a segurança pública, a

segurança alimentar, a saúde humana e animal, a sustentabilidade ambiental,

segurança dos trabalhadores, desenvolvimento rural e justiça social.

O desenvolvimento das técnicas de bem estar no município de Nova

Bréscia, vão ter de passar por um processo de adaptação por parte dos

produtores, onde partes dos costumes devem mudar, para que se tenha

resultados satisfatórios.

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VI RECOMENDAÇÕES

1-Qualquer modificação que se deseja fazer na produção como um todo, e

que reflete no sistema de produção, manejo e os alojamentos dos animais, não

deve ser realizado sem previamente ser avaliado as sua repercussão em termos

de Bem-estar.

2-os proprietários devem responsabilizar seus funcionários pela aplicação

das normas de bem-estar na exploração e proporcionar-lhes a formação

adequada para o efeito.

3-É de fundamental importância a formulação de um plano escrito de bem-

estar e saúde de efetivo, que deverá ser atualizado e revisto anualmente. Este

plano deve ser formulado pelo tratador juntamente com o médico veterinário e os

técnicos de exploração, com objetivo de prever medidas sanitárias, abrangendo

todo ciclo anual de produção e estratégias que previnam, tratem ou limitam

possíveis problemas existentes de doenças.

4-A seleção genética voltada para o desempenho de características

específicas buscando apenas a produtividade ao invés de para saúde em geral,

também comprometem o desenvolvimento de um plano de bem-estar.

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VII REFERÊNCIAS

ASAE/EFSA. EFSA: Bem-estar do gado bovino leiteiro . Julho de 2009. Disponível em: http://qualfood.biostrument.com/index.php?option=noticia&task=show&id=11079. Acessado em: fevereiro de 2010. ASSIS., A. G., STOCK, L. A., CAMPOSN, O. F., GOMES, A. T., ZOCCAL, R. e SILVA., M. R. . Sistema de produção de leite no Brasil. Circular técnica 85. ISSN 1517-4816. Juiz de Fora, MG. Dez. de 2005. CAMPOS, A. T.; KLOSOWSKI; CAMPOS, A. T de. Construções para gado de leite: Instalações para Novilhas. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: http://www.infobibos.com/artigos/zootecnia/constleite/index.htm. Acesso em: 12/3/2010 CARVALHO., M. M.. Importância da sombra natural em pastagens cultivadas . Instrução técnica para o produtor de leite, ISSN nº 1518-3254. Embrapa gado de leite. Revista atualizada em março de 2006. Disponivelem: http://www.cnpgl.embrapa.br , acessado em setembro de 2010. COIMBRA.,Paula Araujo Dias. Aspectos extrínsecos do comportamento de bebida de bovinos em pastoreio. Dissertação de mestrado em Agroecossistemas, Universidade Federal de Santa Catarina. Bibliografia: f.85-96, Florianópolis, abril de 2007. CRUZ., V.F. e SOUSA. P. Sistema integrado de monitoramento do bem-estar animal . Área de transferência de tecnologia e bem-estar animal. Embrapa Suínos e Aves. Artigos 2005. Acessado em março de 2010, disponível em: http://www.cnpgl.embrapa.br EMBRAPA. Conforto para o rebanho . Reportagem publicada na edição de janeiro de 2009 da revista Balde Branco. Encontrado em: http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/sala/noticias/jornaldoleite.php?id=415. Acessado em 21/02/10 FAO.(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO). Capacitação para implantar boas práticas de bemm-es tar animal. In: Relatório do Encontro de Especialista da FAO de 30 de setembro – 3 de setembro de 2008. Sede Mundial da FAO (Roma), 2009. IBGE. Censo Agropecuário-2008. Disponivelem: http://www.ibge.gov.br, acessado em: 01/05/10. IBGE. Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Agropecuária, pesquisa da Pecuária Municipal 2009. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2009/ppm2009.pdf , consultado em 30de setembro de 2011.

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ROSA, M.S.;PARANHOS da COSTA, M.J.R. . Bem-estar de vacas leiteiras: a importância da interação retireiro-vaca. 44º Reunião anual da sociedade brasileira de zootecnia. UNESP-Jaboticabal, 24 a 27 de junlho de 2007. RUSSI., L. dos S. et al. Importância da capacitação de recursos humanos em programas de inseminação artificial . Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.33, n.1, p.26-33, jan./mar. 2009. Disponível em http://www.cbra.org.br, acessado em novembro de 2010. STOOKEY.,Joseph M. Is Intensive Dairy Production Compatible With Anima l Welfare? Advances in Dairy Technology Vol. 6. Proceedings of the 1994 , Seminário em Western Dairy Canadian Dairy pp 209-219. WATTIAUX., Michel A..Nutrição e alimentação. Guia técnico da pecuária Leiteira . Instituto babcock para pesquisa e desenvolvimento da pecuária leiteira internacional. University of Wisconsin, Madison, USA. Publicado em agosto de 1998 WIKIPÉDIA. Bem-estar animal . Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bem-estar_animal. Acessado em março de 2010. ZANELA., M.B. et. al. Qualidade do leite em sistemas de produção do Rio Grande do Sul . Pesquisa agropec. Brás. Brasília, v.41, n.l,p.153-159, jan.2006. ZÜGE.,Roberta Mara, . Produção integrada de bovinos de leite . MV, Dr. Coordenadora de Projetos.Instituto de Tecnologia do Paraná, Brasil. Publicado em 04/04/2009. Disponível em: http://pt.engormix.com/MA-pecuaria-leite/administracao/artigos/producao-integrada-leite-bovino_145.htm. Acessado em março de 2010. ZÜGE.,Roberta M. e CORTADA., Carmen N. M. . Artigo SAPI leite bovino. Instituto de Tecnologias do Paraná. http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorteRegiaoSudeste/instalacoes.htm. Acessado em: 10 de março de 2010.

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VIII ANEXOS

ANEXO 01 QUESTIONÁRIO SOBRE BEM-ESTAR ANIMAL NO MUNICIPIO DE NOVA BRÉSCIA. Nome:_________________________________________________________ Localidade:_____________________________________________________ Tamanho da propriedade:__________________________________________ 1 Quantas vacas em lactação? ________ Quantas vacas secas?____________ 2 Quantidade de novilhas?____________ Número de bezerros?_____________ 3 Possibilidades de aumento no plantel ou na estrutura da propriedade? ( )sim ( )não____________________________________________________ 4 Quantos litros de leite foram produzidos no mês anterior? _________________ 5 Possui controle leiteiro? ( )sim ( )não 6 Possui anotações de prenhes, parição, doenças, tratamento....? ( )sim ( )não 7 O que entende por Bem-estar animal?___________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 8 Há interesse em implantar um programa de Bem-estar animal na propriedade? sim ( ) não ( ). _____________________________________________________ 9 Se o programa já existe qualifique-o (aspectos de comodidade e produtividade): _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Campo a ser respondido pelo pesquisador Organização na propriedade: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Quais as condições do rebanho? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Possíveis sinais de estresses: ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Qual situação nutricional aparente do rebanho?____________________________________________________________ Grau de satisfação do produtor, quanto ao uso desta técnica ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

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ANEXO 02 Produtores:

A-Caludiomiro Zambiasi

Propriedade formada por terrenos acidentados e algumas planícies. Tem

como base mão de obra familiar, tendo como base a criação de aves e produção

de leite.

O rebanho é formado pelas raças holandesa e jersey, totalizando 19 vacas

lactantes, apresentam escore corporal entre 3,2 e 3,5 e 17,7l/vaca/dia.

Instalações antigas, com ordenha balde ao pé, utilizando transferidor de leite, que

conduz o leite do taro para o resfriador.

Alimentação não é balanceada. Baseada em silagem, ração e pasto. Os

alimentos não são pesadas, sendo assim não há números registrados, impedindo

o calculo real da dieta aplicada.

O produtor tem consciência da importância de bem-estar animal, mas

afirma que pela propriedade ser conduzida por varias pessoas, sem tarefas

definidas, os conceitos nem sempre são aplicados.

O piquetiamento não é rotacionado, com presença de sombra, mas com

água apenas entre piquetes.

No dia da visita o rebanho estava no pasto, não apresentava sinais de

estresse.

B Grasiela Senter

Propriedade formada por terrenos acidentados, e algumas planaltos. A

propriedade funciona apenas com mão-de-obra familiar. O rebanho é formado

por 20 vacas em lactação com 16,2 litros de leite/vaca/dia e 14 novilhas todas da

raça holandesa.

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A estrutura da propriedade é moderna, com sala de espera coberta, sala

de ordenha bem arejada, comodidade para cumprir as tarefas.

A alimentação não é balanceada. Baseada em silagem, ração e pasto, de

forma que não se tem controle de quantidade de ração e silagem e indiferente se

a vaca se apresenta seca ou em pico de lactação, sendo assim, há vacas com

escorre muito variável entre 3,0 a 4,2.

Possui quatro piquetes grandes, três deles com água, onde as vacas ficam

vários dias cada um. À noite as vacas permanecem nos piquetes.

No dia da visita estava sendo feita a ordenha, sendo esta tranqüila. Os

animais não apresentavam nenhum tipo de estresse.

A propriedade possui apenas anotações de parição. Não apresentando

nenhum tipo de registros sanitários e parições. Não é feito controle leiteiro.

C Henrique Valgoi

A propriedade possui 22.5 hectares. Também funciona apenas com mão-

de-obra familiar e alem da produção de leite, trabalham também com a produção

de aves. A propriedade está em adaptação, onde estão sendo feita modificações

na estrutura dos pavilhões da propriedade, em busca de acessibilidade na

produção. Esta propriedade tem 27 anos de existência, desde então produzindo

leite e aves. Com um rebanho misto (jersey , holandesa e ¾ holandesa). Hoje

possui 14 vacas em lactação com uma média de produção de 14l/vaca/dia, com

objetivo de aumentar o rebanho. A ordenha é mecanizada, feita com balde ao pé.

Não possui sala de ordenha.

No que condiz em Bem-estar animal, esta propriedade possui controle

leiteiro, controle de parições e prenhes, mas não tem registros sanitários. Existe

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uma preocupação com bem-estar fisiológico e mental, fornecendo uma

alimentação balanceada, baseada em silagem, ração e pasto.

Possui 10 piquetes no verão com pastagens perenes, sendo 7 deles com

sombra, mas nenhum possui água, apenas nos caminhos entre piquetes e

estábulo. No inverno os piquetes são feitos em outra área totalizando o número

de 10 piquetes também sem água instalada, apenas no caminho entre piquetes.

A propriedade tenta manter uma rotina nos horários de ordenhe e pastejo.

Em segunda etapa realizada a análise do rebanho, mantendo escore

corporal entre 2,9 a 3,6. Rebanho sem sinais aparentes de estresse. Apresentam

um bom comportamento social entre si, mas com algumas hierarquias

estabelecidas havendo conflitos entre os animais, que acarretam perdas ao

produtor. Segundo ele, não há possibilidade de dividir em dois lotes.

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ANEXO 03

O processo de cinco etapas do engajamento participa tivo para

melhorar o bem-estar animal

(FAO, 2009. Capacitação para implementar boas praticas de bem-estar

animal)

A Brooke, uma instituição de caridade que visa melhorar o bem-estar dos

equinos de trabalho e dos seus proprietários, atua na Ásia, África, América

Central e no Oriente Médio. Um projeto em um vilarejo indiano ilustra o processo

de cinco etapas da Brooke, onde os humanos e equinos trabalham sob duras

condições próximas a fornos de fazer tijolos.

• Em primeiro lugar, uma atividade ponto de partida foi usada para engajar

proprietários de animais e construir uma rede de relacionamentos. Isto envolveu

o incentivo para a comunidade formar grupos de auto-ajuda, de 10 a 20 homens

ou mulheres cada, que colocariam regularmente pequenas quantias em um fundo

que era utilizado para fins decididos pelo grupo. Os grupos de auto-ajuda

decidiram reunir-se mensalmente para discutir os seus problemas comuns, em

especial o bem-estar dos equinos.

• Em seguida, uma análise participativa da comunidade foi realizada

utilizando ferramentas de “avaliação rural participativa”, as quais são amplamente

utilizadas em programas de desenvolvimento. Isto gera uma maior compreensão

da vida, trabalho e práticas de alimentação dos animais, bem como das crenças

tradicionais dos proprietários.

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• Em terceiro lugar, uma avaliação participativa das necessidades do bem-

estar animal, o que incentivou proprietários a olhar para os recursos disponíveis e

para as limitações, do ponto de vista dos animais. Nesta avaliação pôde-se

identificar que os principais problemas dos equinos eram as feridas na cintura e a

claudicação.

• Em quarto lugar, uma análise das causas e um planejamento de ação

foram utilizados para identificar as causas das lesões. Estas análises avaliaram

mantas e selas danificadas, limpeza, material e dimensões das cintas e

barrigueiras, carroças com defeitos e condução sem cuidado. Os efeitos sobre os

animais foram identificados como: infecções de feridas, falta de apetite, fraqueza

e sofrimento. Os efeitos sobre os proprietários foram identificados como perda de

rendimento com os animais trabalhando menos, levando à frustração e raiva. Um

plano de ação foi então desenvolvido para tratar cada uma das causas das

lesões.

• A última etapa foi a implementação do plano de ação e monitoramento

participativo. A implementação do plano de ação incluiu apertar parafusos soltos

na sela que causavam feridas, alterar a cinta conforme necessário, reparar as

carroças para melhorar o equilíbrio e verificar periodicamente os ferimentos. Um

grupo foi então designado a pontuar animais baseado em indicadores de bem-

estar animal, através de uma avaliação científica de bem-estar realizado por

especialistas da Brooke no assunto.

Embora os grupos de auto-ajuda tenham sido formados por um interesse

comum em seus animais, eles também têm iniciado outras atividades e gerado

outros grupos semelhantes, que estão ajudando a tornar os proprietários de

equinos mais autoconfiantes. Um número significativo destes grupos é

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gerenciado por mulheres que desempenham um importante papel na prestação

de cuidados para os equinos de trabalho.