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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ REGINALDO BONIN DE OLIVEIRA A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ENTRE O RGPS E RPPS (ART. 201 § 9º CRFB): O CASO DA COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS POLICIAIS MILITARES DO PARANÁ E O CONFLITO JURISPRUDENCIAL CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REGINALDO BONIN DE OLIVEIRA

A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ENTRE O RGPS E RPPS

(ART. 201 § 9º CRFB): O CASO DA COMPENSAÇÃO

PREVIDENCIÁRIA DOS POLICIAIS MILITARES DO PARANÁ E O

CONFLITO JURISPRUDENCIAL

CURITIBA

2013

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REGINALDO BONIN DE OLIVEIRA

A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ENTRE O RGPS E RPPS

(ART. 201 § 9º CRFB): O CASO DA COMPENSAÇÃO

PREVIDENCIÁRIA DOS POLICIAIS MILITARES DO PARANÁ E O

CONFLITO JURISPRUDENCIAL

Trabalho de conclusão do curso apresentado ao curso de direito da faculdade de ciências jurídicas, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em direito. Orientador: Prof. Oswaldo Pacheco Lacerda Neto.

CURITIBA

2013

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TERMO DE APROVAÇÃO

REGINALDO BONIN DE OLIVEIRA

A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ENTRE O RGPS E RPPS

(ART. 201 § 9º CRFB): O CASO DA COMPENSAÇÃO

PREVIDENCIÁRIA DOS POLICIAIS MILITARES DO PARANÁ E O

CONFLITO JURISPRUDENCIAL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharelado no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ___ de _____________ de 2013.

____________________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografia Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: ____________________________________________ Prof. Prof. Oswaldo Pacheco Lacerda Neto

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

Supervisor: _____________________________________________ Prof. Dr.

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

Supervisor:______________________________________________ Prof. Dr.

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

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AGRADECIMENTO

Eis um dos momentos mais importantes do trabalho: o de agradecer.

Agradeço a minha doce e amada esposa Cristiane Obrzut, que sempre me

incentivou a prosseguir com os estudos e me compreendeu nos momentos de

ausência, que aliás, foram muitos.

Aos meus pequenos príncipes Guilherme e Henrique, que mesmo sem

compreender a dificuldade da vida, foram fontes inspiradoras incessantes, obrigado

meus pequenos, papai volta agora ao ceio familiar.

Ao meu pai que na imensidão de sua humildade, sempre me apoiou.

Ao meu irmão Waldinei que de maneira incontestável sempre acreditou no

meu potencial.

Ao meu irmão Walter que, embora não esteja mais entre nós, foi meu grande

incentivador em iniciar o curso de Direito. A você meu saudoso irmão, dedico este

trabalho.

Não poderia deixar de agradecer também aos meus amigos de faculdade,

que nos momentos difíceis foram meu alicerce de sustentação.

Agradeço ao professor orientador Oswaldo, que desde o início acreditou no

trabalho, mesmo sendo um assunto pouco debatido e quase sem bibliografias,

incentivou o prosseguimento.

Em um plano maior, agradeço a DEUS PAI, por guiar meus passos, pela força

e pelo amparo, mas principalmente, por colocar a minha volta pessoas tão

maravilhosas na qual me relaciono.

A todos o meu MUITO OBRIGADO!

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Dedico este trabalho a minha amada esposa Cristiane e aos nossos principezinhos Guilherme e Henrique, que dão sentido as nossas vidas. Dedico também ao meu querido irmão Walter cuja falta ainda me traz muitas saudades.

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Não há tirania mais cruel que a exercida à sombra das leis e com as cores da justiça. (Montesquieu)

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RESUMO

Embora muito pouco debatido e diriamos até comentado, a compensação

previdenciária prevista no artigo 201, § 9º da nossa Constituição da República

Federativa do Brasil que envolve o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e os

diversos Regimes Próprios de Previdência Social (RGPS) sejam eles nas esferas

Federal, Estadual ou Municiapal, é uma realidade, e mais do que isso, uma forma de

captação de recursos para o custeio de pagamento dos benefícios. O que se propõe

no presente trabalho é discorrer sobre a questão da compensação previdenciária

entre o RGPS e o RPPS do Estado do Paraná – PARANÁPREVIDÊNCIA, mais

especificamente no caso dos policiais militares que não tem este direito

constitucional da compensação devidamente efetivado junto ao sistema de

seguridade social do Estado do Paraná, pretende-se ainda, analisar o conflito

jurisprudencial entre o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – TJPR e o Superior

Tribunal de Justiça – STJ, que dão entendimentos diversos sobre o caso.

Palavra chave: Compensação Previdenciária, RGPS, RPPS, Policiais Militares.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RGPS Regime Geral de Previdência Social

RPPS Regime Próprio de Previdência Social

PMPR Polícia Militar do Paraná

CF Constituição Federal

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil

STJ Superior Tribunal de Justiça

TJPR Tribunal de Justiça do Paraná

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 08

2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E DEFINIÇÕES NECESSÁRIAS............. 11

2.1 DEFINIÇÕES IMPORTANTES................................................................... 13

2.1.1 Compensação Previdenciária..................................................................... 13

2.1.2 Regime de Origem e Regime Instituidor..................................................... 14

2.1.3 Reserva e Reforma Remunerada dos Policiais Militares............................ 14

2.1.4 Benefício..................................................................................................... 15

2.1.5 Proventos.................................................................................................... 15

3 O REGIME JURÍDICO DOS POLICIAIS MILITARES MILITARES DOS

ESTADOS................................................................................................... 16

3.1 REGIME JURÍDICO.................................................................................... 16

3.2 DOS AGENTES/SERVIDORES PÚBLICOS/ESTATAIS............................ 17

3.3 AGENTES PÚBLICOS MILITARES............................................................ 19

3.4 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 18/1.998................................................ 22

4 A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA - AMPARO LEGAL...................... 26

4.1 A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA - UMA FORMA DE CUSTEIO..... 27

4.2 COMPREV (FEDERAL/ESTADUAL........................................................... 28

5 A NÃO EFETIVAÇÃO DA COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO

PAGAMENTO DOS PROVENTOS DOS POLICIAIS INATIVOS................ 29

5.1 A HOMOLOGAÇÃO DA CONTAGEM RECÍPROCA................................. 30

5.2 NÃO EFETIVAÇAO DA COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA.................. 32

5.3 EXEMPLO PRÁTICO....................................................................... .......... 33

5.4 CASO DOS POLICIAIS CIVIS DO PARANÁ............................................ 35

6 O CONFLITO JURISPRUDENCIAL ENTRE O TJPR E O STJ.................. 37

6.1 ACÓRDÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA............................... 37

6.2 A RECENTE ALTERAÇÃO LEGISLATIVA – LEI ESTADUAL Nº 17.435 DE

21 DE DEZEMBRO DE 2012...................................................................... 43

7 CONCLUSÃO............................................................................................. 46

REFERÊNCIAS................................................................................................... 49

ANEXO.................................................................................................................. 51

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1. INTRODUÇÃO

É indiscutível que a questão previdenciária tem assumido nos últimos anos

grande importância no cotidiano das pessoas, sobretudo com o advento e evolução

empírica de nossa Constituição Republicana, fazendo ainda mais verdadeiro o

bordão: “Previdência, um dia você vai precisar dela”, até porque, somos um país em

contínuo avanço social e econômico propiciando desta forma, maior longevidade e

conseqüentemente aumento da população tida como “terceira idade” ou ainda

“melhor idade”.

Disto extrai-se que, necessitamos cada vez mais o fortalecimento dos

sistemas previdenciários, sejam do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e

até mesmo os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), destinados aos

agentes/servidores públicos/estatais.

É lógico que ao termo previdência, empregado genericamente, devemos aqui

entender no seu correto e amplo conceito, ou seja, a seguridade social, que por sua

vez, subdivide-se em: saúde, previdência e assistência social. Assim converge a

idéia do bordão acima, de que em alguma fase da vida, o cidadão, em sua maioria

absoluta, certamente necessitará de seus préstimos.

Neste sentido, dada a virtuosa importância na vida de todos que as questões

de seguridade social nos afetam, a escolha do presente tema, se deve a certa

lacuna não preenchida no direito previdenciário atual, que, quase nada ou muito

pouco se discute sobre a questão envolvendo compensação previdenciária entre o

Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e o Regime Próprio de Previdência

Social (RPPS), prevista no artigo 201, § 9º da nossa Constituição da República

Federativa do Brasil, que de certa forma, não deixa de ser uma forma de custeio.

Registramos aqui, neste intróito, a imensa dificuldade de se encontrar material

doutrinário que aborde o tema da compensação previdenciária entre os regimes

próprios e o geral, aliás, na doutrina de direito previdenciário propriamente dito, a

lacuna é imensa.

Dentro deste vazio bibliográfico, merece destaque o trabalho da professora

Marisa Ferreira dos Santos, intitulado: Direito Previdenciário Esquematizado e o

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trabalho de Marcelo Leonardo Tavares, intitulado: Direito Previdenciário: regime

geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de

previdência social, estes dois autores, abordaram o tema com um pouco mais de

profundidade.

Neste sentido, foi de grande valia, a doutrina de Direito Administrativo,

principalmente nas definições dos institutos.

No presente trabalho, analisaremos um estudo de caso específico, ou seja, a

questão da compensação previdenciária envolvendo o RGPS e o RPPS da

PARANAPREVIDÊNCIA, ente de seguridade social funcional destinada a gerir a

Regime Próprio de Previdência dos agentes públicos estaduais bem como seus

dependentes e pensionistas.

Em peculiar, examinaremos a questão da compensação previdenciária entre

os entes RGPS-INSS e RPPS-PARANAPREVIDÊNCIA, previsto e expresso no art.

201, § 9 da Constituição Federal. Embora haja esta compensação previdenciária a

todos dos agentes/servidores públicos do Estado do Paraná, este direito é negado a

categoria Policial Militar do Estado do Paraná. Por exemplo: suponhamos que um

policial militar possua 7 anos de contribuição no RGPS e conte na corporação com

23 anos de serviço e conseqüente contribuição ao RPPS, a soma destas

contribuições são exatos 30 anos de contribuição, que nos termos do artigo 157, §

4º, I, do diploma jurídico que rege a categoria – lei 1.943/54 Código da Polícia Militar

– autorizaria este policial a passar para a inatividade com proventos integrais, sendo

que 23/30 avos pagos pelo regime próprio e 7/30 avos pagos pelo regime geral

através do instituto da compensação financeira previdenciária entre os entes,

conforme previsão contida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal, mas isto, não

ocorre.

A controvérsia que pretende discorrer no presente trabalho é o claro

desrespeito ao contido no § 9º do art. 201 da Constituição Federal, que garante sem

distinção, para efeitos de aposentadoria dos agentes/servidores públicos/estatais, a

contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública (entenda-se

Regime Próprio de Previdência Social funcional) e na atividade privada (Regime

Geral de Previdência Social), com isto insurge a negativa da

PARANAPREVIDÊNCIA em não reconhecer a contagem recíproca do tempo de

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contribuição de policiais militares que, antes de iniciar carreira no serviço público,

contribuíram ao RGPS.

Analisaremos conflitos jurisprudenciais entre as cortes brasileiras referentes

ao tema, principalmente os conflitos de decisões judiciais entre o Tribunal de Justiça

do Estado do Paraná e o Superior Tribunal de Justiça, o primeiro não reconhecendo

o direito de contagem recíproca dos militares estaduais, e o segundo em via

contrária.

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2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E DEFINIÇÕES NECESSÁRIAS.

A nossa Carta Republicana promulgada em 1988, colocou a Previdência

Social no rol de direitos sociais positivados no artigo 6º e ainda a inseriu em um

sistema de proteção social mais amplo, intitulando, inclusive, o Título VIII, capítulo II

da Carta Constitucional como: “Da Seguridade Social”, englobando, conjuntamente,

além da previdência social, políticas de saúde pública e assistência social, conforme

podemos observar no art. 194 da nossa lei maior.

Neste sentido, para os professores Carlos Alberto Pereira de Castro e João

Batista Lazzari, Previdência Social é:

o ramo da atuação estatal que visa à proteção de todo indivíduo ocupado numa atividade laborativa remunerada, para proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, permanente ou temporária, das condições de obter seu próprio sustento. Eis a razão pela qual se dá o nome de seguro social ao vínculo estabelecido entre o segurado da Previdência e o entre segurador estatal. (Castro, Lazzari, 2009, p. 54)

Há que se ressaltar, que a Previdência Social no Brasil, não é composta

apenas por um único regime, mas sim de vários, como o Regime Geral, Regime

Próprio e o Regime Complementar, também chamado de Sistema Privado.

Neste sentido, devemos entender como regime previdenciário, nas palavras

dos professores Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, em sua

obra intitulada Manual de Direito Previdenciário, como sendo:

aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si em virtude da relação de trabalho ou categoria profissional a que está submetida, garantido a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo sistema de seguro social – aposentadoria e pensão por falecimento do segurado. (Castro, Lazzari, 2009, p. 113)

No presente trabalho será examinado o Regime Geral de Previdência Social

do Instituto Nacional de Seguridade Social (RGPS-INSS) e o Regime Próprio de

Previdência Social do agentes/servidores1, públicos do Estado do Paraná (RPPS-

PARANAPREVIDÊNCIA), sobretudo a questão envolvendo a compensação

���������������������������������������� �������������������1A conceituação sobre Agentes/Servidores Públicos/Estatais será abordada no capítulo: O Regime Jurídico dos Policiais Militares.

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previdenciária entre estes entes nas contribuições dos policiais militares da

respectiva unidade da federação.

No que tange os agentes/servidores do serviço público, a Constituição

Federal, concede tratamento diferenciado a estes agentes/servidores ocupantes de

cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem

como os das autarquias e fundações públicas, ao possibilitar que estes, instituam

regimes de previdências funcionais próprias, conforme podemos observar o disposto

“in verbis”:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

Em primeira análise, podemos extrair que estes agentes/servidores públicos,

não serão inseridos no RGPS, o que também não quer dizer que, uma vez optante

por carreiras do serviço público, seja ela qual for à esfera da administração pública,

estejam estes agentes/servidores abrindo mão ou abdicando do seu tempo de

contribuição previdenciária junto ao Regime Geral de Previdência Social, enquanto

laboravam na iniciativa privada, com vistas a sua aposentadoria.

Aliás, neste sentido o § 9 do art. 201 da Constituição Federal dispõem a

possibilidade de compensação previdenciária entre as esferas do poder público, seja

União, Estados ou Municípios, conforme podemos observar:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: § (...) § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.

O referido instituto não teve origem na Constituição Federal de 1988, embora

esta seja nossa lei maior vigente hoje, esta previsão constitucional foi inserida no

texto constitucional promulgado em 1988, através da Emenda Constitucional nº 20,

de 1998, emenda esta, que teve o escopo de implantar modificações no sistema de

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previdência social então vigente, estabelecendo normas de transição e

acrescentando outras providências atinentes ao tema.

Da própria leitura do novo texto constitucional inserido pela Emenda

Constitucional nº 20/1.998, percebe-se, em prima facie, que trata-se de norma

constitucional de eficácia contida, cabendo lei posterior estabelecer critérios no que

concerne a compensação entre os regimes previdenciários.

O diploma legal que veio a disciplinar a compensação financeira entre o

Regime Geral de Previdência Social e os Regimes Próprios de Previdência Social

dos servidores da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, foi a lei nº 9.796

de 5 de maio de 1.999, que, por seu turno, foi regulamentada pelo decreto federal nº

3.112 de 6 de julho de 1.999.

2.1 DEFINIÇÕES IMPORTANTES

Diante da especificidade que a disciplina e aplicação do Direito Previdenciário

traz, é imperioso, antes de avançarmos na problemática da compensação

previdenciária propriamente dita, definirmos alguns conceitos.

2.1.1 Compensação Previdenciária

Para definirmos a compensação previdenciária, lançaremos mão do disposto

na cartilha elaborada pelo Instituo Nacional de Previdência Social, intitulada: Regime

Próprio de Previdência dos Servidores: Como Implementar? Uma Visão Prática e

Teórica, de autoria de Luiz Gushiken e outros.

Na conceituação de compensação previdenciária expressa na supracitada

obra, temos que:

A compensação Previdenciária surge como conseqüência da previsão constitucional da contagem recíproca do tempo de contribuição e tem a finalidade de evitar que os regimes concedentes sejam prejudicados financeiramente por serem obrigados a aceitar, para efeito de concessão de benefício, o tempo de filiação a outro regime sem terem recebido as correspondentes contribuições. A contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, permite que o segurado possa contribuir para um regime e aposentar-se por outro. Assim, o regime que

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efetuar a concessão, portanto aquele que tiver a obrigação de efetuar o pagamento do benefício, teria que fazê-lo sem que houvesse recebido as contribuições necessárias para tanto e o outro, ao contrario, as teria recebido sem ter que arcar com a correspondente despesa de pagamento do benefício. (Gushiken, ...[et al.], 2002, p. 277)

Com isto, temos que a compensação previdenciária, é uma forma, um

mecanismo que visa distribuir o ônus do pagamento do benefício ou proventos cujo

segurado haja contribuído em mais de um sistema previdenciário em tempos

distintos, seja entre regime geral de previdência social e regime próprio de

previdência social e vice-versa ou entre regimes próprios dos entes da federação.

2.1.2 Regime de Origem e Regime Instituidor

Nos termos do artigo 3º, III e IV do Decreto Federal nº 3.112 de 6 de julho de

1.999, que regulamentou a lei nº 9.796, de 5 de maio de 1.999, que por seu turno,

disciplinou a compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social e

os regimes próprios de previdência dos servidores dos entes federados define-se

por:

Regime de Origem: o regime previdenciário ao qual o segurado ou servidor público esteve vinculado sem que dele receba aposentadoria ou tenha gerado pensão para seus dependentes;

Regime Instituidor: o regime previdenciário responsável pela concessão e pagamento de benefício de aposentadoria ou pensão dela decorrente a segurado ou servidor público ou a seus dependentes com cômputo de tempo de contribuição no âmbito do regime de origem.

Com isto, temos que o instituto da compensação financeira previdenciária

veio a beneficiar os regimes instituidores, pois, a estes, recaem o ônus da

concessão e pagamento dos benefícios de aposentadorias ou proventos.

2.1.3 Reserva e Reforma Remunerada dos Policias Militares

Tanto Reserva Remunerada quanto Reforma, em linhas gerais, é a situação

de inatividade do militar que ingressa nesta condição, atendendo normatização legal,

após cumprir, em regra geral, tempo de serviço e contribuição previsto em lei.

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2.1.4 Benefício

Para a definição de benefício, recorremos ao disposto no artigo 18, I da lei nº

8.213 de 24 de julho de 1.991 “in verbis”

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos de acidente do trabalho, expressas em benefícios e servisos: I – quanto ao segurado: a) Aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuição; d) aposentadoria especial

(...) Grifei

Com isto, deduz que benefício é a denominação dada às parcelas pagas em

dinheiro aos segurados do Regime Geral de Previdência Social, que cumpriram os

requisitos para aposentadoria em uma de suas modalidades constantes no rol do

artigo 18, I da lei nº 8.213 de 24 de julho de 1.991

2.1.5 Proventos

E também a título de conceituação, em um universo tão específico quanto aos

agentes públicos (e suas classes e subclasses) com legislação específica,

lembramos que nos termos do artigo 78 e 79 da lei estadual nº 6.417/73, também

conhecida como Código de Vantagens e Vencimentos da Polícia Militar do Paraná, a

definição adequada ao quantitativo recebido do policial militar na inatividade é

proventos, conforme observamos abaixo:

Art. 78 – O Policial Militar na inatividade remunerada, satisfeitas as condições estabelecidas neste Título, faz jus: 1 – aos proventos; (...) Art. 79 – Proventos são o quantitativo em dinheiro que o Policial Militar percebe na inatividade, quer na reserva remunerada quer na situação de reforma, constituídos pelas seguintes parcelas (...)

Salientamos que embora com denominação específica, é costumeira a

utilização da terminologia benefícios referindo-se proventos.

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3. O REGIME JURÍDICO DOS POLICIAIS MILITARES – MILITARES DOS

ESTADOS

Antes de delinearmos o regime jurídico dos policiais militares dos Estados e

do Distrito Federal, se faz necessária uma análise amplificada de alguns institutos

que envolvem os agentes públicos em geral, sejam eles civis ou militares.

3.1 REGIME JURÍDICO

Quando se refere aos direitos envolvendo os agentes públicos é mister

analisar a qual regramento legal os permeiam e os subordinam, surgindo aqui, a

idéia de regime jurídico vinculativo, mas o que seria regime jurídico?

Assim, nas palavras de Odete Medauar, regime jurídico significa: (direito

administrativo moderno)

o conjunto de normas referentes aos seus deveres, direitos e demais aspectos da sua vida funcional. Ao se mencionar regime jurídico dos servidores, cogita-se do modo como o ordenamento disciplina seus vínculos com o poder público, quanto a direitos, deveres e vários aspectos da vida funcional (Medauar, 2009, p. 278)

Já na conceituação do Professor administrativista Marçal Justen Filho a

expressão regime jurídico:

é utilizada para indicar um feixe de normas dentro do conjunto total do ordenamento jurídico. Sob esse ângulo, o regime jurídico é um subsistema normativo. A expressão regime jurídico poderia ser utilizada, então, para indicar os vários ramos do direito. Mas o conceito de regime jurídico é diverso, por ser integrado pelas normas que disciplinam certo tipo de atividade socialmente relevante. Por isso, um regime jurídico pode ser composto por normas de diferentes ramos do direito. (Justen Filho, 2012, p. 107)

É importante ressaltar, que o ordenamento jurídico pátrio, adota para os

agentes/servidores públicos, regime jurídico diferenciado do que vigora para os

empregados do setor privado, inclusive na esfera penal. Na própria Carta

Republicana, mais especificamente no artigo 7º, arrola direitos dos trabalhadores

urbanos e rurais, que em parte, somente, são estendidos aos agentes/servidores

públicos.

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No entanto, embora se tenha para os agentes/servidores públicos regime

jurídico distinto, há em alguns pontos, momentos de aproximação que a própria

CRFB traz, como por exemplo, os constantes no artigo 39, § 3º, que prevê a

aplicação para os servidores públicos dos direitos constantes no artigo 7º, IV, VII,

VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX.

É contemplado aos servidores públicos civis, o direito à livre associação

sindical, bem como o direito a greve, nos termos do artigo 37, VI e VII

respectivamente, muito embora, o direito a greve dependa de regulamentação de lei

específica que, diga-se de passagem, nunca houve.

Ressaltamos, contudo, que, tanto a sindicalização quanto a greve, não são

permitidas aos militares, sejam estaduais ou federais, nos termos do artigo 142, § 3º,

IV da CRFB.

Com isto, temos algumas semelhanças trazidas pela CRFB entre o regime

jurídico dos agentes/servidores públicos e empregados do setor privado.

Quando o § 1º do artigo 42 da Constituição Federal (que trata sobre os

Militares dos Estados) dispôs que aplica-se aos militares dos Estados o constante do

artigo 40º, § 9º (O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado

para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de

disponibilidade), esta previsão, de certa forma, “emprestou” o termo aposentadoria,

aos militares dos Estados, usado no supracitado parágrafo, muito embora, como já

mencionamos, a terminologia própria para inatividade dos militares em geral é

Reserva Remunerada e Reforma. (Grifei)

3.2 DOS AGENTES/SERVIDORES PÚBLICOS/ESTATAIS.

O Estado é uma pessoa jurídica que engloba os três poderes constituídos:

Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, independentes e harmônicos

entre si (nos termos do artigo 2º da CEFB), cujas funções e incumbências são

desempenhar, controlar e administrar os interesses público-sociais, políticos e

econômicos. Daí extrai-se a terminologia administração pública.

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Utilizando-se da definição dada pela professora Maria Sylvio Zanella Di Pietro,

a expressão administração pública, temos que:

a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa;

b) em sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo. (Di Pietro, 2009, p. 49)

Os desempenhos dessas funções se materializam por intermédio

indispensável de pessoas físicas que se devotam em prol do serviço público, ou

seja, de maneira absolutamente genérica, são os agentes públicos ou estatais.

Isto considerado, nos ensinamentos do Professor Marçal Justen Filho,

podemos entender agente público como sendo “toda a pessoa física que atua como

órgão estatal, produzindo ou manifestando a vontade do Estado.” (Justen Filho,

2012, p. 814)

E ainda mais adiante, acrescenta:

O Estado é uma pessoa jurídica, e sua atuação jurídica depende de atuação material de um indivíduo. O agente público é aquele que forma e manifesta a vontade estatal, vinculando-se ao Estado por uma relação orgânica, sem se configurar como um representante em sentido próprio. (Justen Filho, 2012, p. 814)

Já Diogenes Gasparini, na mesma linha de definição que Marçal Justen Filho

definiu as pessoas físicas que prestam labor em prol do serviço público, porém

aquele os chamou de agentes públicos e este último autor os chamou de agentes

estatais. Embora com nomenclatura um pouco diversa, no entanto no mesmo

sentido, ou seja, a de denominar pessoas físicas que se devotam em nome do

serviço público estatal.

Com referência a importância dos agentes públicos/estatais, na execução das

tarefas da administração pública, assim assevera Diogenes Gasparini:

Para execução dos serviços e obras que estão a seu cargo, a União, os Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios e suas respectivas autarquias, fundações públicas e privadas, a sociedade de economia mista

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e a empresa pública necessitam de recursos humanos e materiais, ingredientes indispensáveis à realização de qualquer tarefa. (Gasparini, 2007, p. 139)

No que tange a definição dada aos agentes públicos/estatais, assim

acrescenta o supracitado autor:

Os recursos humanos, os únicos que nos interessam neste momento, constituem a massa de pessoas físicas que, sob variados vínculos e algumas vezes sem qualquer liame, prestem serviços à Administração Pública ou realizam atividades de sua responsabilidade. Essas pessoas são os agentes públicos. Podem ser definidos como todas as pessoas físicas que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços a Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade. (Gasparini, 2007, p. 139)

Já na definição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro de maneira mais direta e

sintética assevera que, “agente público é toda pessoa física que presta serviços ao

Estado e às pessoas jurídicas da Administração Pública” (Di Pietro, 2009, p 510)

No conjunto dos agentes estatais, há diversas subclassificações de acordo

com o vínculo com o poder público, entre eles, temos os agentes políticos (tanto do

poder executivo quanto do legislativo, com mandato eletivo ou cargo em comissão),

agentes estatais com vínculo jurídico formal, agentes estatais sem vínculo jurídico

formal entre outros.

a grande massa dos agentes estatais se vincula ao Estado de modo formal. Os atos que praticam são imputados ao Estado como decorrência inerente ao regime jurídico disciplinador da relação jurídica instaurada. Os agentes estatais com vínculo formal podem ser divididos em duas grandes categorias. Há aqueles cujo vínculo se subordina ao direito público e os que se vinculam por laços de direito privado. (Justen Filho, 2012, p. 820)

Por todo o exposto, nos atemos aos agentes estatais com vínculo jurídico

formal, pois aqui estão os policiais militares, foco do presente trabalho.

3.3 AGENTES PÚBLICOS MILITARES.

Como visto anteriormente, agente público/estatal é sem dúvidas, uma

denominação genérica as pessoas físicas que prestam seu labor ao serviço público.

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Sobre o tema, leciona o professor Marçal Justen Filho:

a exposição acima já induz a existência de inúmeras categorias de agentes estatais. A expressão agente estatal tem utilidade limitada, porque indica a condição de órgão do Estado e a submissão a um regime jurídico genérico. Existem inúmeras categorias de agentes estatais, conforme o tipo de vínculo mantido com o Estado, a natureza das funções desempenhadas, as condições para investidura, os direitos e deveres assumidos e assim por diante. (Justen Filho, 2012, p. 818)

Contudo, no âmbito da administração pública, os agentes estatais se

diferenciam entre militares e civis, muito embora o regime jurídico destes agentes

apresentem pontos em comuns, no que tange aos militares, à diferenças marcantes.

Neste diapasão, os militares, sejam eles federais ou estaduais, de maneira

genérica, estariam classificados como sendo agentes estatais com vínculo jurídico

formal de direito público não político.

Como agente público não político, devemos entender nos ensinamentos do

Professor Marçal Justen Fiho, como sendo “Aqueles investidos de funções estatais

que não compreendem, na sua essencialidade, poderes de natureza política”

(Justen Filho, 2012, p. 832)

É inegável, muito embora seja o agente não político, que ele de certa forma,

também estará exercendo alguma natureza política, sob o vínculo do direito público,

pois, é um representante do povo, porém suas atividades estão mais acentuadas no

sentido de promover a satisfação dos direitos fundamentais e outras garantias.

No entanto, como visto, dentro desta classificação genérica, de acordo com

as funções desenvolvidas, direitos e deveres, condições para assunção de cargo,

haverá um enquadramento em regime jurídico próprio, de acordo com as

peculiaridades de cada classe. Neste regime jurídico constará conjunto de normas

com vistas a disciplinar e orientar determinada classe.

Sobre os militares, ainda nas palavras de Marçal Justen Filho:

a categoria dos militares é integrada pelos membros das Forças Armadas, mas o seu regime jurídico é estendido também aos integrantes da polícias militares e corpos de bombeiros militares instituídos nos Estados e no Distrito Federal (tal como autorizado pelo art. 42 da Costituição). (Justen Filho, 2012, p. 833)

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No entanto, é mister salientar que a extensão do regime jurídico dos militares

das Forças Armadas, aos policiais militares (militares estaduais) que o autor se

referiu, estende-se em parte substancial mas não no todo, haja vista, a atividade

absolutamente peculiar da função policial militar, também manifestada na vontade

do legislador constituinte, que através da emenda 18/1998, criou a categoria de

Militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios (artigo 42 da CRFB), tirando

estes profissionais da categoria de servidores públicos.

Este aproveitamento substancial do regime jurídico dos militares das Forças

Armadas e não da sua totalidade se torna clara, dada a atividade policial que os

militares dos Estados exercem, pois, aos primeiros cabe a garantia da soberania

nacional e aos segundos, possuem como atividade primeira à segurança pública, ou

seja, policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, nos termos do artigo

144. § 5º da CRFB.

Acrescenta o professor Marçal Justen Filho:

o princípio jurídico a partir do qual se estrutura a disciplina militar é a defesa da segurança nacional no plano tanto externo como interno. Os militares são os agentes estatais investidos de modo específico e especializado na competência para o exercício da violência monopolizada pelo Estado. Precisamente por isso, o regime jurídico a eles aplicável é diferenciado. (Justen Filho, 2012, p. 835)

Embora também tenham a incumbência, as Policias Militares do Estados e do

Distrito Federal, da defesa da soberania, justamente por ser forças auxiliares do

Exército Brasileiro, conforme definição do 144. § 6º da CRFB, no entanto, esta é de

forma secundária.

Por todo o explanado, muito embora os Militares dos Estados, ou federais,

tenham regime jurídico próprio, dada suas peculiaridades, estes não deixam jamais

de serem agentes estatais e por óbvio, não estariam excluídos dos favores

constitucionais da contagem recíproca de contribuição previdenciária, prevista no

artigo 201, § 9 da CRFB.

Corrobora neste sentido, Marçal Justen Filho:

Portanto, a Constituição deixou de enquadra os militares na categoria de servidor público. Isso não significa, obviamente, que os militares não se configurem como agentes estatais. A vontade constitucional orienta-se a

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impedir a extensão automática aos militares do regime jurídico próprio dos agentes não políticos civis. (Justen Filho, 2012, p. 834)

Para Diogenes Gasparini são agentes militares e, portanto, agentes

públicos/estatais:

São todas as pessoas que, permanente ou temporariamente, desempenham atividade militar no âmbito federal ou estadual, percebendo por esse desempenho um subsídio. Para a Lei Maior em vigor são agentes militares os integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), os pertencentes às Polícias Militares e os integrantes dos Corpos de Bombeiros Militares. Os primeiros são federais, enquanto os últimos são estaduais, distritais e territoriais, embora não se tenha nenhum território instalado. (Gasparini, 2007, p. 252)

Os militares, sejam eles federais ou estaduais, são estatutários, no entanto,

não são submetidos ao estatuto dos servidores civis por pertencer à outra categoria

de agentes públicos/estatais, conforme já visto, portanto são regidos por estatuto

próprio.

3.4 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 18/1.998

A emenda constitucional nº 18, de 1.998, criou uma classificação jurídica

específica aos Policiais e Bombeiros Militares, dando a eles a denominação de

Militares dos Estados.

Com isto, tem-se que o legislador quis retirar esta classe de profissionais do

rol de servidores públicos geral, dado a especificidade de suas atribuições.

Vejamos a norma:

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) (grifei)

Já no parágrafo primeiro do mesmo artigo constitucional, o legislador dispõe

de um rol, não taxativo, diga-se de passagem, de dispositivos constitucionais

aplicáveis ao Policias Militares (Militares dos Estados) conforme abaixo:

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual

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específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.” (grifei)

Por seu turno, assim dispõem os supracitados dispositivos acima grifados:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (grifei) § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. (grifei)

Neste sentido, embora o inciso X, § 3º do artigo 142, seja uma norma

constitucional de eficácia contida, dependendo de regulação infraconstitucional – lei

ordinária – do legislativo competente, não resta dúvidas que a vontade do legislador

constituinte não foi jamais negar o direito a reciprocidade entre os entes

previdenciários, tanto é que afirmou este direito de compensação financeira entre os

entes previdenciários do serviço público sejam elas das esferas federal, estadual ou

municipal, conforme podermos observar no disposto do artigo 40, § 9º da

Constituição Federal.

Com isto, não parece lógico e tampouco respaldado com amparo legal, negar

a possibilidade de compensação previdenciária oriunda do RGPS, com a simples

argumentação de que Policiais e Bombeiros Militares teriam regime próprio que os

regem.

Por outro lado, na leitura do artigo 201, § 9º da Constituição Federal, não

denotamos qualquer exceção, e se houvesse interesse do legislador em restringir ou

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excluir qualquer categoria de profissionais dos direitos previstos na norma citada,

certamente o faria.

Portanto, é absolutamente forçoso interpretar e negar a compensação

previdenciária aos policiais militares com o argumento que estes são regidos por

regime jurídico próprio e que este por seu turno, não contemplaria tal beneficie e

nem precisaria, já que a previsão está na lei maior.

Sobre o tema, assevera Diogenes Gasparini

A EC n. 18/98 promoveu grande alteração na Seção III do Capítulo VII do Título III, que tratava dos Servidores Públicos Militares (art. 42). Hoje essa seção cuida Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (art. 42), sem chamá-los de servidores. Estes são, na atual sistematização constitucional, uma espécie de agente público: agente público militar ou, simplesmente, agente militar. Sua organização e regime jurídico diferem em muito da organização e regime dos servidores públicos. (Gasparini, 2007, p. 251) (grifei)

Com o advento da Emenda Constitucional nº 18 de 1.988, modificando a

tratativa dada aos policias militares, acrescenta ainda a professora Maria Sylvia

Zanella Di Pietro:

Cabe aqui uma referência aos militares. Até a Emenda Constitucional nº 18/98, eles eram tratados como “servidores militares”. A partir dessa Emenda, exclui-se, em relação a eles, a denominação de servidores, o que significa ter de incluir, na classificação apresentada, mais uma categoria de agente público, ou seja, a dos militares, essa inclusão em nova categoria é feita em atenção ao tratamento dispensado pela referida Emenda Constitucional. Porém, conceitualmente, não há distinção entre os servidores civis e os militares, a não ser pelo regime jurídico, parcialmente diverso. Uma e outra categoria abrangem pessoas físicas vinculadas ao Estado por vínculo de natureza estatutária. (Di Pietro, 2009, p. 510)

Portanto, os policiais militares dos Estados e do Distrito Federal, também

denominado de Militares dos Estados, por força da vontade constitucional, não são

servidores públicos, e sim Militares dos Estados, em conformidade com o contido no

artigo 42 da lei maior.

Porém esta categoria, não deixa sob hipótese alguma de ser um agente

público/estatal, justamente por materializar a vontade e as ações do Estado

Membro, no caso em comento, incumbidos da segurança pública, conforme previsão

constitucional contida no artigo 144, V.

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Com isto temos que, agente público/estatal é a denominação genérica que

tanto aos civis quanto aos militares é aplicável.

Ao passo que, servidores públicos é a denominação específica dada a todos

os agentes públicos/estatais civis, com previsão e direitos elencados nos artigos 39

à 41 da CRFB; militares estaduais são os policiais militares dos Estados e Distrito

Federal, com previsão e direitos elencados no artigo 42 da lei maior. Para o caso

dos agentes pertencentes aos efetivos da Marinha, Exército e Aeronáutica são eles

denominados Militares Federais, conforme artigo 142, § 3º da Constituição Federal.

Como visto acima e respaldado na doutrina, servidores públicos civis e

militares, embora sejam agentes públicos/estatais com vínculo jurídico formal de

direito público, são estatutários, porém, com regime jurídico disciplinador diverso.

O regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das

fundações públicas federais é disposto na lei federal nº 8.112 de 11 de dezembro de

1.990, também chamado de Estatuto dos Servidores Públicos Federais; para os

militares federais o regime jurídico é previsto na lei federal nº 6.880 de 9 de

dezembro de 1.980, também conhecida como Estatuto dos Militares.

Já no Estado do Paraná, o servidor público civil, é regido pela lei estadual nº

6.174 de 16 de novembro de 1.970, - Estatuto do Servidor Funcionários Civis do

Paraná que estabelece o regime jurídico.

Para os policiais militares do Estado, a lei estadual nº 1.943 de 23 de junho de

1.954 (Também conhecida como Código da Polícia Militar do Paraná) é o diploma

legal que estabelece o regime jurídico dos militares estaduais do Paraná.

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4. A COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA – AMPARO LEGAL

Como visto anteriormente, podemos entender como compensação financeira

previdenciária, previsão expressa no artigo 201, § 9º da Constituição Federal, como

sendo o acerto de contas entre o Regime Geral de Previdência Social – RGPS e os

Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS dos entes federados. Este acerto

de contas é referente ao tempo de contribuição em que o agente público esteve

vinculado no regime de origem, sendo este tempo de contribuição utilizado na

concessão de benefícios/proventos de aposentadoria em regime instituidor, isto,

mediante contagem recíproca entre os entes.

A lei que dispõe sobre regras gerais para organização e funcionamento dos

regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos

Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito

Federal é a Lei nº 9.717 de 27 de novembro de 1.998 que, por seu turno, é regulada

pelo decreto federal nº 3.048 de 6 de maio de 1.999. Já o diploma legal que

disciplinou a compensação financeira no caso de contagem recíproca entre o RGPS

e o RPPS foi a lei nº 9.796 de 5 de maio de 1.999, regulamentada pelo decreto

federal nº 3.112 de 6 de julho de 1.999.

Já no que se refere a legislação sobre matéria previdenciária, lembramos que

é de competência concorrente entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios,

conforme pontua Marcelo Leonardo Tavares:

a legislação sobre previdência é de competência concorrente da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 24. XII, e art. 30. II). Isto significa que cabe à União a edição de normas gerais sobre a matéria, bem como a produção de regras especificas de interesse dos servidores federais; e aos Estados, Distrito Federal e Municípios a edição de normas específicas para seus respectivos planos de previdência, respeitadas as regras gerais da União. (Tavares, 2009, p. 303)

Também neste sentido, pontua Roque Antonio Carrazza:

salientamos que também os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm competência para instituir contribuições, para o custeio dos sistemas de previdência e assistência social de seus servidores. Em resumo, enquanto organizam o sistema de previdência e assistência social de seus servidores, estão explicitamente autorizados a instituir e a cobrar-lhes contribuição previdenciária (art. 149, § 1º, da CF). (Carrazza, 2011, p. 222)

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Ressaltamos, contudo que, embora não se tenha uma resposta direta quanto

à obrigatoriedade ou não de criação de RPPS, mas de forma implícita, deduz-se

que, os entes federados não são obrigados a criar regime próprio, sendo, portanto,

uma faculdade dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) .

Na legislação previdenciária vigente é previsto a extinção do RPPS, ocasião em que

os segurados se incorporarão ao RGPS, com isto, concluímos que se é possível a

extinção, logo, sua criação não é obrigatória. (Gushiken, ...[et al.], 2002, p. 54)

4.1 COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA – UMA FORMA DE CUSTEIO.

Via de regra, as leis que regem os Regimes Próprios de Previdência Social

dos agentes públicos em geral (civis e militares), sejam de âmbito Federal, Estadual,

Distrital ou Municipal, seguem a mesma lógica do Regime Geral de Previdência,

prevista no artigo 201 da Constituição Federal, ou seja, “observando critérios que

preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial”, previsão esta, que também está

positivada no artigo 40 (artigo que assegura o regime de previdência aos servidores)

da Carta Política.

No que concerne equilíbrio financeiro, passamos necessariamente na questão

de financiamento do sistema, mais precisamente nas fontes de custeio.

No que se refere a fontes de custeio, para Wladimir Novaes Martinez:

Entende-se por fonte de custeio os meios econômicos e, principalmente, financeiros obtidos e destinados à concessão e manutenção das prestações previdenciárias. Provêm da comunidade e destinam-se ao consumo de uma fração dela: os beneficiários. (Martinez, 1992)

Com isto, temos que a compensação previdenciária entre os regimes de

previdência social (Geral ou Próprio) é sem dúvidas uma fonte de custeio cuja

obrigação de repasse financeiro é do Regime de Origem – onde o segurado iniciou

suas atividades laborais – para o Regime Instituidor, cabendo a este último,

incumbência da obrigação de garantir-lhe o benefício previdenciário após a

inatividade.

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É importante frisar que a contribuição cobrada em prol do custeio dos regimes

de previdências próprios dos entes federados (sem dúvidas o maior montante do

custeio), tem caráter de tributo, devendo sua criação e instituição, obedecer todo o

processo legislativo próprio, inclusive o princípio da anterioridade nonagesimal,

previsto no artigo 195, § 6º da CRFB, que normativa que toda a lei que vise criar ou

aumentar contribuições sociais para a seguridade social, seja ela do Regime Geral

ou Próprio, só poderá ser aplicada, noventa dias depois de publicada.

Corroboram neste sentido, os ensinamentos de Roque Antonio Carrazza que

assim acrescenta:

Agora já não há mais dúvidas de que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, para o custeio da previdência e assistência social de seus servidores, tem competência para criar suas próprias contribuições previdenciárias, que deverão, no entanto, obedecer ao princípio da anterioridade nonagesimal, previsto no art. 195, § 6º, da CF (que determina que a lei que criar ou aumentar contribuições sociais para a seguridade social só poderá incidir noventa dias após publicada). (Carrazza, 2011, p. 222)

4.2 COMPREV (FEDERAL/ESTADUAL)

Lembramos que a operacionalização da compensação financeira

previdenciária onde figura como regime de origem o RGPS, é feito por meio do

Sistema de Compensação Previdenciária – COMPREV – , sistema eletrônico que

visa efetivar a contagem recíproca entre o RGPS (Regime de Origem) e os RPPS

(Regime Instituidor) dos entre os entes federados.

No entanto, a PARANAPREVIDÊNCIA, também possui o COMPREV no

âmbito do RPPS dos agentes públicos do Estado.

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5. A NÃO EFETIVAÇÃO DA COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO PAGA-

MENTO DOS PROVENTOS DOS POLICIAIS INATIVOS

É importante salientar que, embora a administração pública reconheça, nos

termos do artigo 201, § 9º da CRFB, a compensação previdenciária de policiais

militares, por meio do sistema de recursos humanos da PMPR, ou seja, via

homologação de averbação de tempo contribuição pago ao RGPS, porém, a

PARANAPREVIDÊNCIA, não efetiva em termos pecuniários.

Em via contrária, o RGPS aceita a contagem de tempo de serviço militar, seja

ele obrigatório, no caso dos conscritos2 e o voluntário, neste caso os policiais

militares3, haja vista, seu ingresso se dar por voluntariado e aprovação em concurso

público, nos termos da Constituição Federal.

Aliás, a Seção VII da lei nº 8.213/91 – diploma que regula os Planos de

Benefícios da Previdência Social –, entre os artigos 94 a 99, dispõem sobre a

compensação previdenciária onde o INSS figure como Regime Instituidor e os

regimes próprios como Regime de Origem.

A única ressalva feita pelo INSS, é que o tempo contado não poderá ter sido

antes considerado para fins de inatividade remunerada nas Forças Armadas ou

aposentadoria no serviço público, nos termos do artigo 55, I da lei nº 8.213/91,

conforme podemos observar:

I - o tempo de serviço militar, inclusive o voluntário, e o previsto no § 1º do art. 143 da Constituição Federal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, desde que não tenha sido contado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou aposentadoria no serviço público; (Grifei)

Também o Regulamento da Previdência Social – Decreto nº 3.048/99 assim

disciplina:

���������������������������������������� �������������������2Em regra geral, conscritos são aqueles brasileiros do sexo masculino entre 17 e 18 anos, obrigados a se alistarem no serviço militar, que no Brasil é obrigatório. Poderão se alistar em uma das três forças militares federais de proteção: Exército, Marinha ou Aeronáutica 3Conforme previsão legal do artigo 1º § 1º da Lei 1.943/54 – Código da PMPR – A Corporação, formada por alistamento voluntário de brasileiros natos, (...). Sem grifo no original.

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Art. 60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre outros: IV - o tempo de serviço militar, salvo se já contado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou auxiliares4, ou para aposentadoria no serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, nas seguintes condições: a) obrigatório ou voluntário; (...)

Corroboram neste sentido, os ensinamentos da Professora Marisa Ferreira

dos Santos:

conta-se o tempo de serviço militar, tanto o obrigatório (art. 143 da CF) quanto o voluntário, ainda que prestado em período anterior à filiação ao RGPS. Entretanto, para valer como tempo de serviço no RGPS, esse período não pode ter sido antes contado para fins de inatividade remunerada nas Forças Armadas ou aposentadoria no serviço público. (Santos, 2012, p. 232)

5.1 A HOMOLOGAÇÃO DA CONTAGEM RECÍPROCA

Como afirmado anteriormente, a administração pública, por intermédio do

setor de recursos humanos da Polícia Militar do Paraná, nas funções do Diretor de

Pessoal, realiza a homologação de averbação de tempo de contribuição que os

policiais militares possuem do RGPS, mediante ato próprio (Portaria) e homologação

do comandante geral da corporação.

Tais atos são devidamente publicados em boletim geral da corporação

(espécie de diário oficial que torna público, atos atinentes e de interesse da

corporação).

No anexo do presente trabalho, segue extratos de boletins, com

homologações de tempo de contribuição junto ao RGPS-INSS.

Abaixo segue, “ipsis litteris”, a redação utilizada na publicação, bem como a

fundamentação legal utilizada:

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4O artigo 144, §6º da Constituição Federal de 1988, classificou as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares como sendo força auxiliar e reserva do exército nos seguintes termos: “ As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

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3. ATOS DO DIRETOR DE PESSOAL a. Contagens de Tempos de Serviços O Diretor de Pessoal da Polícia Militar do Paraná, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto Estadual 7339/2010 (RISG/PMPR), nos Art. 57, Inc. XXVI e Art. 68, Inc. IV, resolve: declarar contagem de tempo de serviço para fins de transferência para a reserva remunerada e reforma, em favor dos integrantes da Polícia Militar, adiante relacionados, nos termos do artigo 201, § 9° da Constituição Federal: (Grifei)

A grande celeuma está no órgão previdenciário do Estado, ou seja, a

PARANÁPREVIDÊNCIA, entidade caracterizada com personalidade jurídica de

direito privado, natureza de serviço social autônomo paradministrativo, denominada

PARANAPREVIDÊNCIA, conforme classificação do artigo 2º da lei de criação nº

12.398 de 30 de dezembro de 1.998.

Mesmo tendo um direito constitucional devidamente homologado, pela

administração pública, a referida entidade simplesmente não efetiva e ignora as

vantagens da compensação previdenciária sob o pretexto de que são os policiais

militares regidos por regime diferenciado próprio.

Acrescentamos que a própria PARANAPREVIDÊNCIA se contradiz, pois, ao

negar a efetivação da compensação previdenciária aos policiais militares sob o

argumento de que estes são regulados por regime jurídico próprio (diferentes dos

servidores públicos civis), desconsidera então o contido no artigo 1º da lei nº 12.398

de 30 de dezembro de 1.998, lei que, mais uma vez frisamos, criou a

PARANAPREVIDÊNCIA.

Na norma do citado artigo, institui o sistema de seguridade social funcional do

Estado, compreendendo os programas de previdência, destinando seus préstimos a

beneficiar os agentes públicos estaduais, seus dependentes e pensionistas, senão,

vejamos:

Art. 1º. Fica criado o Sistema de Seguridade Funcional do Estado do Paraná, compreendendo os Programas de Previdência e de Serviços Médicos-Hospitalares, de que são beneficiários, nos termos desta Lei, os agentes públicos estaduais, seus dependentes e pensionistas. (Grifei)

Aqui o legislador não acrescentou distinção ao utilizar a expressão “agente

público” colocando, sejam civis ou militares, na mesma condição de segurado do

sistema previdenciário então criado.

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Pelo que já explanamos, é cediço, seja na doutrina ou na jurisprudência dos

tribunais, de que os militares (federais ou estaduais) por mais que sejam

disciplinados por regime jurídico próprio, são, antes de qualquer coisa, agentes

públicos/estatais.

5.2 NÃO EFETIVAÇAO DA COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Como já mencionado, a administração pública, realiza a homologação e

averbação, nos termos do artigo 201, § 9º da CRFB, do tempo de contribuição

realizado por militares estaduais ao RGPS.

O que ocorre, é a negativa na efetivação, em termos pecuniários, em

reconhecer e pagar as vantagens oriundas da compensação financeira

previdenciária aos policiais militares que passam para a inatividade

(reserva/reforma).

No sítio eletrônico da PARANAPREVIDÊNCIA, há notas explicativas sobre o

instituto da compensação previdenciária e consta em seu conteúdo, uma nota

esclarecendo que para os policiais militares, somente haverá a compensação

previdenciária, nos casos de serviço público, atribuindo isto, ao regime jurídico dos

policiais militares (Lei nº 1.943/54 – Código da PMPR).

Ressaltamos que a supracitada nota explicativa constante no sítio, encontra-

se destacada em vermelho.

Vejamos, “in totum” o conteúdo:

Compensação Previdenciária

O que é: É o repasse financeiro entre o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e a ParanaPrevidência, em aposentadorias e pensões precedidas de aposentadoria, concedidas a partir de 05 de outubro de 1988, em manutenção em 06 de maio de 1999, sendo que o Regime que forneceu a Certidão contribuirá com um percentual proporcional ao tempo utilizado na aposentadoria. A quem é devido: Aos Regimes Próprios de Previdência dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e ao Regime Geral de Previdência Social (INSS), nos casos de averbação de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria (Lei nº 6.226/75). Quando se dá a Compensação Previdenciária: A Compensação Previdenciária dar-se-á nos casos em que o servidor público averbou para sua aposentadoria períodos de atividade com recolhimento previdenciário ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), mediante certidão emitida pelo INSS, ou ainda, quando o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) certifica ao ex-servidor (através de CTC - certidão de tempo de contribuição) os períodos por ele trabalhado, e este utiliza na aposentadoria

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concedida pelo INSS, excluído o período concomitante. Fica também excluída da Compensação Previdenciária a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada nos arts. 20, 21 e 151 da Lei nº 8.213/91, e a pensão dela precedida. Base legal: O § 9º do artigo 201 da Constituição Federal garante a contagem recíproca do tempo de contribuição para aposentadoria, a todos os trabalhadores, nos diversos sistemas públicos de previdência, onde todos estes se compensarão. "§ 9º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei." Esclarecemos que, no caso de reserva remunerada a pedido, só será computado o tempo de contribuição exercido em instituições consideradas de serviço público, face à exigência de Lei específica de inatividade para os policiais militares, ou seja, Lei nº 1943, de 23/06/1954. Grifei A Lei Federal nº 9.796/99, os Decretos Federais nº 3.112 e 3.217/99 e a Portaria 6.209/99 do Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, estipulam as regras para a operacionalização da Compensação Previdenciária entre o RGPS e RPPS. � Saiba mais sobre Averbação (contagem de tempo) do servidor ativo acessando o Portal do Servidor: clique aqui

Com isto, a PARANAPREVIDÊNCIA fundamenta a negativa na efetivação da

compensação previdenciária, numa equivocada interpretação do regime jurídico dos

policiais militares, bem como nega a norma do artigo 1º da lei nº 12.398/98 (lei de

criação do Órgão previdenciário) que assegura os agentes públicos em geral.

5.3 EXEMPLO PRÁTICO

Para se termos uma idéia do prejuízo que a não efetivação da compensação

previdenciária oriunda da RGPS para o RPPS causa aos policiais militares do

Paraná, vejamos o exemplo:

Suponhamos que um trabalhador da iniciativa privada, portanto, contribuinte

do RGPS, inicie seu labor e contribuições aos 18 anos de idade. Ainda, que aos 30

anos de idade e, portanto, contando com 12 anos de contribuição no RGPS,

ingresse na carreira policial militar do Estado do Paraná como Soldado5, (lembrando

que 30 anos é a idade limite para ingresso).

���������������������������������������� �������������������5A carreira na Polícia Militar do Paraná é constituída por postos e graduações divididos em 2 quadros, o primeiro denominado Quadro de Praças Policiais Militares, cuja as graduações, em ordem de ascensão na carreira são: Soldado (graduação de ingresso na carreira), Cabo, 3º Sargento, 2º

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Ao ingressar na corporação, este, agora agente público/estatal, ou militar

estadual, inicia sua contribuição ao novo regime que ora ingressa, ou seja, o RGPS -

PARANAPREVIDÊNCIA dos servidores públicos do Estado do Paraná.

Na mesma linha de raciocínio, suponhamos que este policial militar, não se

interesse em progredir na carreira e permaneça como Soldado, o que ocorrerá é que

aos 53 anos de idade, e portando com 23 anos de serviço público e contribuição ao

RGPS da PARANAPREVIDÊNCIA, este policial será transferido compulsoriamente

para a reserva remunerada por ter atingido a idade limite de permanência como

Soldado policial militar, nos termos do artigo 157 e 158 da lei estadual nº 1.943 de

23 de junho de 1.954, também conhecida como Código da Polícia Militar do Paraná,

“in verbis”

Art. 157. Serão transferidos compulsoriamente para a reserva remunerada o oficial que conte ou venha a contar 35 anos de serviço público, o que atingir a idade limite estabelecida nesta Lei e o que permanecer afastado da atividade militar ou policial por mais de 8 (oito) anos contínuos ou não. (grifei) (...) Art. 158. A idade limite a que trata o artigo anterior é a seguinte: (...) III – para as praças Aspirante a Oficial 47 anos Sub-tenente e Sargento 56 anos Cabo 54 anos Soldado 53 anos (Grifei)

O que ocorrerá com este policial militar é que ele será atingido com o instituto

da reserva remunerada compulsória, ou seja, contra sua vontade. No entanto, o

mais grave não é isto, este mesmo policial militar será transferido compulsoriamente

à inatividade com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, no caso

exemplificado, 23 anos, na proporção de 23/30 avos.

Neste caso, recairá em hipótese semelhante ao contido no item II, § 4º, Artigo

157 da lei 1.943/54, ou seja, a situação em que o militar estadual poderá ser

transferido a reserva remunerada, a pedido e desde que conte com pelo menos 25

anos de serviço público, com proventos proporcionais à razão de 1/30 avos do

vencimento do posto ou graduação da atividade e por ano de serviço. O que se

diferencia aqui é que neste caso cumpre-se o tempo mínimo de 25 anos e somente

acontece a pedido e não compulsoriamente. ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������

Sargento, 1º Sargento, Subtenente. Para o quadro de Oficiais Policiais Militares: 2º Tenente, 1º Tenente, Capitão, Major, Tenente-Coronel e Coronel.

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Neste caso, a título de visualização da gravidade de não se efetivar a

compensação previdenciária aos policiais militares, imaginemos que os vencimentos

deste policial militar, que foi transferido para reserva remunerada compulsoriamente,

com 23 anos de serviço/contribuição ao RPPS, seja, por exemplo, R$ 1.000,00.

Logo, conforme acima explanado, este agente terá como proventos a

proporção de 23/30 avos do quantitativo recebido enquanto ativo, ou seja, R$

766,66, uma redução de 23,33% que ocorrerá de maneira inevitável e repentina.

É a inteligência do disposto do artigo 201, § 9º da Constituição Federal que

visa coibir esta situação, pois, no exemplo acima explanado, uma vez efetivado a

compensação previdenciária entre o RGPS e o RPPS dos servidores do Paraná,

este mesmo policial militar seria sim compulsoriamente transferido para a

inatividade, porém, com proventos integrais, já que este possuía 12 anos de

contribuição junto a RGPS.

Salientamos que, não é o RGPS que cria empecilhos no repasse financeiro

da compensação envolvendo os policiais militares do Paraná, mas sim a

PARANAPREVIDÊNCIA, que não efetiva alegando que o regime jurídico dos

policiais militares não é compatível com a questão da compensação previdenciária.

Parece ser um equívoco, pois, além de tolher um direito constitucionalmente

previsto de todos os agentes públicos/estatais, abre mão de receber cifras

financeiras consideráveis que ajudariam o sistema de custeio do RPPS dos agentes

públicos do Paraná.

5.4 O CASO DOS POLICIAIS CIVIS DO PARANÁ.

Por todo o exposto, há que se examinar a questão dos policiais civis do

Estado do Paraná, que em situação completamente distinta, possuem (para aqueles

que têm contribuição no RGPS), efetivação da contagem recíproca entre os entres

previdenciários, conforme previsão constitucional.

Salientamos que estes profissionais são civis, portanto, servidores civis, nos

termos do artigo 39 a 41 da CRFB, cabendo a eles, como visto anteriormente,

regime jurídico diferenciado, ou seja, as normas disciplinadoras desta classe

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constam na lei complementar nº 14 de 26 de maio de 1.982, também chamada de

Estatuto da Polícia Civil do Paraná e no que couberem, as disciplinas da lei estadual

nº 6.174 de 16 de novembro de 1.970, - Estatuto dos Servidores Civis do Paraná.

Contudo, uma análise merece ser feita.

Os policiais civis também são responsáveis pela segurança pública nos

Estados e no Distrito Federal, só que no âmbito da polícia judiciária, nos termos do

artigo 144, IV, § 4º da Constituição Federal, ao passo que a polícia militar cabe a

polícia administrativa.

Tanto uma instituição e seus agentes, com regimes jurídicos distintos, quanto

outra, possuem em sua essência algo em comum, são instituições policiais com

seus riscos de atividades inerentes a função ambas em prol da segurança púbica.

Com isto, não parece ser a vontade do legislador constituinte quando inseriu,

através da Emenda Constitucional nº 20, o instituto da compensação previdenciária

com vistas a beneficiar um rol de agentes estatais (civis) em detrimento dos outros

(militares), haja vista possuírem atividades semelhantes, como a policial.

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6. O CONFLITO JURISPRUDENCIAL ENTRE O TJPR E O STJ

Sobre a questão envolvendo a compensação previdenciária, do RGPS e o

RPPS, no que concerne o reconhecimento desta compensação prevista no artigo

201, § 9º da CRFB, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, não tem reconhecido

este direito dos milicianos estaduais, na mesma linha de interpretação dada pela

PARANAPREVIDÊNCIA, ou seja, regime jurídico, conforme podemos abaixo

observar:

"MANDADO DE SEGURANÇA - POLICIAL MILITAR - TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA - ART. 157, § 4º, INC. III DA LEI ESTADUAL N.º 1.943 DE 23 DE JUNHO DE 1954 - EXIGÊNCIA DE 25 (VINTE E CINCO) ANOS DE SERVIÇO PÚBLICO - TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA ATIVIDADE PRIVADA - VALIDADE SOMENTE PARA A APOSENTADORIA - REGRA ESPECIAL DECORRENTE DA FUNÇÃO - INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO. Ao policial militar do Estado do Paraná, a contagem recíproca de tempo de serviço prevista no art. 201, § 9º da Constituição Federal, é assegurada, tão-somente, para efeito de aposentadoria, não podendo ser computada, com a finalidade de transferência para a reserva remunerada." (sem grifo no original)

Pelo ementário do acórdão acima, denota-se que a negativa quanto ao

reconhecimento do direito constitucional da compensação é atribuída pelo fato dos

policiais militares possuírem regramento especial decorrente da função, daí nossa

preocupação de, no capítulo 3 do presente trabalho, em delinear e conceituar o

regime jurídico que envolve os militares dos Estados.

Em sentido diverso, é a posição do Superior Tribunal de Justiça, que no

mesmo processo acima citado, adotou posicionamento contrário, cujo inteiro teor e

análises respaldadas na doutrina, passamos a fazer de forma intercalada a seguir:

6.1 ACÓRDÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 19.612 - PR (2005/0026336-5) RELATORA: MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA RECORRENTE: ANILTON LAÉRCIO SIQUEIRA ADVOGADO: ANILTON LAÉRCIO SIQUEIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ IMPETRADO : SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO E PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO PARANÁ E OUTROS RECORRIDO : ESTADO DO PARANÁ PROCURADOR: MARIA AUGUSTA CORRÊA LOBO E OUTRO(S) RELATÓRIO

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MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): Trata-se de recurso ordinário, interposto por Anilton Laércio Siquera, contra acórdão proferido pelo egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que restou assim ementado: "MANDADO DE SEGURANÇA - POLICIAL MILITAR - TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA - ART. 157, § 4º, INC. III DA LEI ESTADUAL N.º 1.943 DE 23 DE JUNHO DE 1954 - EXIGÊNCIA DE 25 (VINTE E CINCO) ANOS DE SERVIÇO PÚBLICO - TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA ATIVIDADE PRIVADA - VALIDADE SOMENTE PARA A APOSENTADORIA - REGRA ESPECIAL DECORRENTE DA FUNÇÃO - INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO. Ao policial militar do Estado do Paraná, a contagem recíproca de tempo de serviço prevista no art. 201, § 9º da Constituição Federal, é assegurada, tão-somente, para efeito de aposentadoria, não podendo ser computada, com a finalidade de transferência para a reserva remunerada." Alega o recorrente, em síntese, que o tempo de serviço na atividade privada deve ser computado para o deferimento do pedido de transferência para a reserva remunerada, em razão do que determina o art. 201, § 9º, da Constituição Federal. Em contra-razões, o Estado do Paraná afirma que o referido dispositivo constitucional é aplicável somente à aposentadoria do militar e não para a sua reforma. Ouvido o Ministério Público Federal, este opinou pelo provimento do recurso ordinário. É o relatório. EMENTA RECURSO ORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. MILITAR. RESERVA REMUNERADA. APLICAÇÃO DO ART. 201, § 9º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA E SISTEMÁTICA. POSSIBILIDADE. 1. Pela leitura das definições verifica-se que tanto a reforma, a reserva remunerada e a aposentadoria, todas no âmbito militar, referem-se, em última análise, à passagem para inatividade, por tempo de serviço, com a permanência no recebimento de proventos. Doutrina. 2. Se tanto a reserva remunerada como a aposentadoria, para os militares, conduzem, de certo modo, a uma mesma definição, qual seja, a de que se trata da passagem do militar para a inatividade, por tempo de serviço, com o percebimento de seus proventos, razão não há para que o art. 201, § 9º, da Constituição seja interpretado restritivamente, sem que o verdadeiro sentido lhe seja extraído. Aplicabilidade dos métodos de interpretação sistemático e teleológico. 3. Quando a Constituição determina que para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, tal disposição deve ser lida também para fins de reserva remunerada do militar, na medida em que não há razão lógica, sistemática ou teleológica para uma distinção que leve a uma interpretação restritiva do dispositivo constitucional. 4. Recurso ordinário provido. VOTO MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): A questão posta para solução deste Tribunal é saber se o tempo de atividade privada do militar vale para fins de reserva remunerada, ou se apenas para a sua aposentadoria. O dispositivo legal que fundamenta a pretensão do recorrente é o art. 201, § 9º, da Constituição Federal. Esta é a sua redação: "Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei."

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A interpretação conferida pelo recorrente ao referido artigo é ampliativa no sentido de que não apenas para a aposentadoria, mas para reforma também deve ser computado o tempo de serviço na atividade privada. Por primeiro, é importante ressaltar que nos autos resta certo que a contribuição do recorrente quando na atividade privada foi devidamente recolhida. Portanto, a questão, como afirmado, é saber se este tempo pode ser computado para a transferência do militar para a reserva remunerada. Do dicionário jurídico de Maria Helena Diniz extrai-se a definição para os termos reforma e aposentadoria, ambos na seara militar: "Reforma. (...) 2. Direito militar. Afastamento do serviço ativo nas Forças Armadas, concedido a militar, sem prejuízo de seus vencimentos e com promoção para o posto imediato, por incapacidade física ou por tempo de serviço. (...) Aposentadoria (...) 6. Direito administrativo. Desligamento regular, com remuneração ad vitam, integral ou não, do estipêndio, do funcionário público, civil ou militar, dos quadros do serviço público ativo, por motivo de idade, invalidez ou tempo de serviço." (Dicionário Jurídico, editora Saraiva, volumes 1, p. 234 e 4, p. 84) Já a reserva remunerada, como afirmado pelo membro do Ministério Público Federal, "é o ato pelo qual o militar é aposentado a pedido (voluntariamente) ou de ofício consoante a lei, a exemplo do implemento do tempo de serviço mínimo para inativação, ou do exercício de função pública civil por mais de dois anos ininterruptamente". A Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos militares) traz a definição de reforma e reserva remunerada, fazendo a necessária distinção entre as duas categorias: Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares. § 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações: (...) b) na inatividade: I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e percebam remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização; e II - os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores estejam dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas continuem a perceber remuneração da União. Pela leitura das definições verifica-se que tanto a reserva remunerada e a aposentadoria, todas no âmbito militar, referem-se, em última análise, à passagem para inatividade, por tempo de serviço, com a permanência no recebimento de proventos. Pode-se, inclusive, dizer que a aposentadoria (inatividade) seria o gênero do qual a reforma e a reserva remunerada são espécies, distinguindo-se apenas pela possibilidade de prestação de serviço militar na segunda espécie, enquanto na primeira o militar fica definitivamente dispensado do serviço.

Do exposto até aqui no voto da ministra Maria Thereza Assis Moura, cuidou

em entender a definição dos institutos que envolvem os militares, entre eles a

reserva e a reforma remunerada, que, aliás, todos convergem para um só sentido,

ou seja, a inatividade do agente estatal.

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Também busca a magistrada, analisar a vontade do legislador constituinte de

maneira teleológica e sistemática, ou seja, busca analisar a finalidade da norma, e

sua aplicabilidade no mundo jurídico.

Segue o voto:

Destarte, a interpretação da norma constitucional não pode ficar adstrita ao sentido literal da norma, senão que demanda uma ampliação teleológica e sistemática de seu conteúdo.

O ilustre professor das alterosas José Alfredo de Oliveira Baracho define com precisão o sentido da interpretação constitucional, sobretudo a necessidade de ser-lhe dada um viés teleológico e sistemático:

"I - na interpretação constitucional deve sempre prevalecer o conteúdo teleológico da Constituição, que é instrumento de governo, além de ser instrumento de restrição de poderes de amparo à liberdade individual; II - a finalidade suprema e última da norma constitucional é a proteção e a garantia da liberdade e dignidade do homem; III - a interpretação da lei fundamental deve orientar-se, sempre, para esta meta suprema; IV - em caso de aparente conflito entre a liberdade e o interesse do governo, aquela deve prevalecer sempre sobre este último, pois a ação estatal, manifestada por meio de normas constitucionais, não pode ser incompatível com a liberdade (in dubio pro libertate); V - o fim último do Estado é exercer o mandato dentro de seus limites; VI - deve-se dar ênfase ao método histórico, que acentua a importância em recorrer às atas e outros documentos contemporâneos para a formulação da Constituição, a fim de descobrir qual deve ser o significado dos termos técnicos usados pelo texto" (Teoria da constituição, Resenha Universitária, 1979) Quanto ao método teleológico, Luis Roberto Barroso define com precisão sua aplicabilidade:

"O método teleológico refere-se à interpretação pela busca da finalidade ou do espírito da lei, "Chama-se teleológico, o método interpretativo que procura revelar o fim da norma, o valor ou bem jurídico visado pelo ordenamento com a edição de dado preceito". (Interpretação e aplicação da Constituição:fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora, 5ª edição, editora Saraiva, p. 138)

No tocante à interpretação sistemática, o incomparável mestre e hermeneuta Carlos Maximiliano, ensinava a forma como se deve analisar uma lei ou artigo, tomando-se por conta a citada interpretação:

"Consiste o Processo Sistemático em comparar o dispositivo sujeito a exegese, com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto."

Enriquecendo o estudo, completava:

"Já não se admitia em Roma que o juiz decidisse tendo em mira apenas uma parte da lei; cumpria examinar a norma em conjunto: Incivile est, nisi tota lege perspecta, una aliqua particula ejus proposita, judicare, vel respondere - 'é contra Direito julgar ou emitir parecer, tendo diante dos olhos, ao invés da lei em conjunto, só uma parte da mesma." (Hermenêutica e Aplicação do Direito, editora forense, 17ª edição, p. 128)

Como se pode observar, a interpretação teleológica leva à possibilidade de o aplicador do direito, em caso de norma que conduza a mais de uma

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interpretação, optar pela interpretação que melhor corresponda ao seu objetivo, desde que consentânea com os fins pretendidos pelo legislador.

No caso da interpretação sistemática, esta pressupõe que determinado dispositivo da Constituição não se encontra isolado, mas inserido no todo da ordem constitucional, devendo ser compreendido em relação ao texto constitucional e ao sistema global do direito positivo em vigência.

Destarte, se tanto a reserva remunerada como a aposentadoria, para os militares, conduzem, de certo modo, a uma mesma definição, qual seja, a de que se trata da passagem do militar para a inatividade, por tempo de serviço, com o percebimento de seus proventos, razão não há para que o art. 201, § 9º, da Constituição seja interpretado restritivamente, sem que o verdadeiro sentido lhe seja extraído.

Pelo que foi exposto, quando a Constituição determina que para efeito de aposentadoria é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, tal disposição deve ser lida também para fins de reserva remunerada do militar, na medida em que não há razão lógica, sistemática ou teleológica para uma distinção que leve a uma interpretação restritiva do dispositivo constitucional.

Salientamos aqui, na inteligência do legislador constituinte, que a norma foi

cuidadosamente redigida a fim de albergar, com o instituto da compensação

previdenciária, todo qualquer agente/servidor público/estatal, independentemente do

regime jurídico subordinado.

Denota-se isto, ao verificar no texto constitucional do parágrafo 9º do artigo

201 da Carta Magna (que assegura a contagem recíproca do tempo de contribuição

entre o regime geral de previdência e os regimes próprios), ao utilizar a

denominação administração pública, quis o legislador, estender a todas as pessoas

físicas que laboram em prol do serviço público, independentemente se pessoal civil

ou militar, pois, ao mencionar administração pública, devemos entender todos os

agentes públicos/estatais, conforme visto no capítulo 3 do presente trabalho.

Segue o voto da ministra Maria Thereza Assis Moura:

Ademais, certamente o constituinte, ao prever que para a aposentadoria é assegurado a contagem de tempo de contribuição recíproca, dentro de toda a defesa social que deve ilustrar a interpretação constitucional, quis prever que a referida contagem é devida para todos os tipos de passagem para a inatividade, que se assemelhem à aposentadoria e que não apresentem qualquer distinção que justifique tratamento desigual. O sentido social da Constituição demanda que esta interpretação seja feita em consonância com a finalidade democrática e sociológica da Carta, de forma que também para reforma deve ser admitida a contagem recíproca. No Superior Tribunal de Justiça é pacífico entendimento sobre a possibilidade da contagem recíproca do tempo de serviço prestado na atividade privada para fins de averbação do serviço público, inclusive nos casos de militares: "CONSTITUCIONAL - PREVIDENCIÁRIO - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS -

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MILITARES - CONTAGEM RECÍPROCA - ATIVIDADE RURAL - ART. 202, PARÁG. 2º, CF - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES - IMPOSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1 - Nos termos constitucionais (art. 202, parág. 2º) é assegurado, para fins de aposentadoria, a contagem recíproca do tempo de contribuição na Administração Pública e na atividade Privada, rural ou urbana. Contudo, o Pretório Excelso já asseverou que "...parece lícito extrair que, para contagem recíproca propriamente dita, isto é, aquela que soma o tempo de serviço público ao da atividade privada, não pode ser dispensada a prova de contribuição, pouco importando - diante desse explícito requisito constitucional - que de contribuir houvesse sido, no passado, dispensada determinada categoria profissional" (ADIN nº 1.664, Rel. Ministro OCTÁVIO GALLOTTI, DJU de 19.12.1997). 2 - No caso sub judice, nas próprias certidões emitidas pela Autarquia - que gozam de fé pública e se revestem da presunção iuris tantum -, constam que não foram comprovadas as contribuições previdenciárias referentes ao tempo de serviço prestado na atividade rural, bem como referido lapso temporal não pode ser utilizado para contagem recíproca e averbação, inexistindo, portanto, prova legítima quanto a liquidez e certeza do direito alegado. 3 - Precedentes (RMS nºs 11.021/SC e 10.428/SC). 4 - Recurso conhecido, porém, desprovido." (RMS 11.232/SC, Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, DJ 19/02/2001) Vale, no ponto, ainda, transcrever o parecer do Ministério Público Federal, que analisou a questão com eficiência: "A distinção feita pelo Acórdão recorrido de que o Recorrente somente poderia contar o tempo de serviço na iniciativa privada para a aposentadoria compulsória contraria, diretamente, o princípio da legalidade (art. 5.o, inc. II e art. 37, caput da CF/88), o direito a contagem recíproca do tempo de serviço privado para aposentadoria no serviço público (art. 201, § 9.o e art. 40, § 9.o da CF/88), e os princípios da igualdade e da razoabilidade (art. 5.o, caput e inc. LIV da CF/88). A reforma é o ato pelo qual o militar é aposentado por completar a idade limite de permanência na reserva remunerada ou por contrair doença, moléstia ou enfermidade incapacitante para o serviço ativo. Por outro lado, a reserva remunerada é o ato pelo qual o militar é aposentado a pedido (voluntariamente) ou de ofício consoante a lei, a exemplo do implemento do tempo de serviço mínimo para inativação, ou do exercício de função pública civil por mais de dois anos ininterruptamente. A distinção feita pelo Acórdão recorrido para negar a contagem do tempo de serviço do Recorrente a iniciativa privada – 04 (quatro) anos e 21 (vinte e um) dias com contribuição para o INSS - para fins de aposentadoria voluntária com proventos proporcionais é descabida. O Recorrente tem mais de 20 anos de serviços prestados, exclusivamente, a Polícia Militar do Estado do Paraná e esta circunstância lhe confere o direito a aposentadoria voluntária com proventos proporcionais pelo adimplemento do requisito temporal dos vinte e cinco anos de trabalho, dos quais pelo menos quinze sejam prestados no serviço estadual. O Pleno do STF já decidiu ser auto-aplicável o art. 201, § 9.o da CF/88 que assegura a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada para efeito de aposentadoria, consoante se verifica do seguinte excerto do julgado adiante transcrito: “...................................................................................................... 20. A minha leitura, o artigo 202, § 2.o, CF, contém duas regras diversas, a primeira das quais, independente da segunda. 21. Com efeito, não diz o dispositivo que a lei assegurará a contagem recíproca para a aposentadoria, mediante compensação financeira entre os sistemas previdenciários, segundo os critérios que a lei estabeleceu.

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22. O que se contém, na primeira parte do parágrafo questionado, é uma norma constitucional completa, com força preceptiva bastante a assegurar, desde logo, a contagem recíproca. 23. Outra coisa é a previsão, na segunda parte do mesmo texto constitucional, da compensação financeira entre os diferentes sistemas previdenciários, essa sim, pendente do estabelecimento de critérios legais. .....................................................................................................” (RE n.º 162.620/SP. Rel. Min. Sepúlveda Pertence. J. 30/9/1993. RTJ 152/650)." Nem se diga, como fez o acórdão recorrido que o art. 142, § 3º, X, da Constituição Federal obstaria o direito do recorrente, porquanto deixou ao critério da lei as condições para a transferência do militar para a inatividade. A leitura do referido artigo não é esta. De fato, a lei deverá regular as condições para a passagem do militar para a inatividade, sem contraria, e isto é certo, o conteúdo da Constituição. Portanto, se há norma constitucional que determina a contagem recíproca do tempo de serviço, não pode a lei dispor de maneira diversa, mas tão somente regulamentar outros requisitos que não estão previstos em norma constitucional. Ante o exposto, dou provimento ao recurso ordinário para conceder a segurança, assegurando o cômputo do tempo de serviço do recorrente na atividade privada para o deferimento do pedido de transferência para a reserva remunerada. É como voto.

Como visto na fundamentação jurisprudencial utilizada pela ministra do STJ

Maria Thereza de Assis Moura, a questão da compensação previdenciária

envolvendo militares, não é nova nos tribunais superiores.

Tanto na fundamentação utilizada no Superior Tribunal de Justiça quanto no

Supremo Tribunal Federal, versam sobre a mesma lógica, ou seja, tanto a

aposentadoria, a reserva remunerada e a reforma levam a uma mesma finalidade,

quer seja, a inatividade tanto do servidor civil ou militar.

Com isto, entendem os supracitados tribunais, que não há lógica na negativa

de compensação envolvendo militares.

Diferentemente tem decido, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que

entende ser o regime jurídico dos policiais militares do Paraná, incompatível com o

instituto da compensação previdenciária.

6.2 A RECENTE ALTERAÇÃO LEGISLATIVA – LEI ESTADUAL Nº 17.435 DE 21

DE DEZEMBRO DE 2012

Com relação aos regimes próprios de previdência social destinado a

assegurar os agentes públicos, a Constituição Federal é taxativa ao proibir a

existência de mais de um regime no mesmo ente federado, vejamos a norma:

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§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.

Da leitura na norma, verifica-se uma exceção, que envolve justamente os

militares federais. Por seu turno, o artigo 42, § 1º, que versa sobre os policiais

militares, prevê a aplicação do artigo 142, § 3º, X, aos milicianos estaduais.

Sobre o tema, pontuou a Marcelo Leonardo Tavares:

apesar de o § 20 do art. 40 somente fazer referência a exclusão do regime de pensão militar, uma interpretação sistemática e lógica também acaba por excluir da unidade de regime e gestão o sistema de pensão dos milicianos estaduais (policiais e bombeiros militares) que, da mesma forma que os militares da União, tiveram mantidas as especificidades de seus sistemas. Portanto, nos Estados e no Distrito Federal continuarão a conviver, separadamente, um regime próprio dos servidores e outro de pensão para policiais e bombeiros militares (Tavares, 2009, p. 324)

E ainda completa:

a exceção do regime de pensão dos militares (referencia de ressalva ao art. 142, §3º, X, da CRFB/1988) somente haverá um sistema previdenciário próprio em favor dos servidores da União, no Distrito Federal, e em cada um dos Estados e Municípios. A unidade de regime importa submissão às mesmas regras e requisitos para a fruição de benefícios previdenciários. Pela nova previsão, a administração dos planos próprios, em cada um dos entres da Federação, ficará a cargo de um único órgão, obviamente do Poder Executivo, que é quem tem atividade administrativa precípua, para o gerenciamento e controle das aposentadorias e pensões dos servidores do próprio Executivo e também dos Poderes Legislativos e Judiciário. A responsabilidade pela concessão, manutenção, pagamento e cessação dos benefícios ficará a cargo desse órgão (Tavares, 2009, p. 323)

No Estado do Paraná, a entidade gestora do regime próprio de previdência

funcional dos agentes públicos é a PARANAPREVIDÊNCIA, ou seja, não há a criação de

outro ente previdenciário, que, aliás, até o advento da lei estadual nº 17.435/12, utilizava um

único fundo de custeio, tanto aos civis quanto aos militares.

A referida lei objetivou a reestruturação do plano de custeio e financiamento do

regime próprio dos servidores do Paraná, criando, dentro da mesma unidade gestora do

PARANAPREVIDÊNCIA, fundos diferenciados com a segregação de massas (civis e

militares), sendo eles, nos termos dos artigos 3º e 4º da lei estadual nº 17.435/12, o Fundo

Previdenciário, o Fundo Financeiro e o Fundo Militar.

O Fundo Previdenciário, com fulcro do artigo 12 da lei estadual nº 17.435/12, é

destinado ao pagamento dos benefícios dos servidores públicos estaduais, titulares de

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cargos efetivos, membros do Ministério Público, magistrados e conselheiros do Tribunal de

Contas do Estado, cujo ingresso no serviço público tenha ocorrido após 31 de dezembro de

2.003.

Nos termos do artigo 13 da mesma lei, o Fundo Financeiro destina-se aos

pagamentos dos benefícios dos mesmos beneficiários do artigo 12, porém, para aqueles

que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro de 2.003.

O artigo 14 da lei de reestruturação versa sobre o Fundo Militar, destinado ao

pagamento dos proventos dos militares do Estado do Paraná sem distinção de idade, data

de ingresso ou concessão de benefício.

No que se refere à criação de regimes ou fundos previdenciários

diferenciados ao militares, os mesmos sofrem severas criticas da doutrina, senão,

vejamos:

rechaçamos argumentos no sentido de que as características da carreira militar justificam regime diferenciado dos demais servidores públicos. Há servidores públicos civis, sob as normas do RPPS, que desempenham atividades extremamente perigosas à sua saúde e integridade física, e de extrema importância para o País, e nem por isso estão garantidos pela integralidade e paridade quando se aposentarem, nem seus dependentes, futuros pensionistas, terão essas garantias (Santos, 2012, p. 487)

Neste sentido, lembramos mais uma vez o caso dos policiais civis dos

Estados e do Distrito Federal, pois, exercem atividade policial e nem por isso

possuem regime ou fundo previdenciário diferenciado.

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CONCLUSÃO

Com relação à negativa na efetivação da compensação financeira

previdenciária aos policiais militares do Paraná, identificamos ao longo do trabalho,

que a questão versa sobre o regime jurídico dos milicianos estaduais.

Como explanado, os policiais militares dos Estados e do Distrito Federal, são

classificados não como servidores públicos, mas sim denominados militares dos

Estados, nos termos do artigo 42 da CRFB.

Embora sejam assim denominados, é pacífico tanto na doutrina quanto na

jurisprudência que estes, não deixam de ser agentes públicos/estatais.

Ressaltamos que o § 1º do artigo 42 da Constituição Federal dispôs que se

aplicam aos militares dos Estados o constante do artigo 40º, § 9º, ou seja, a

possibilidade de contagem do tempo de contribuição federal, estadual ou municipal

para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de

disponibilidade.

Logo, nos termos do artigo 40º, § 9º, se admite aqui a compensação

previdenciária, uma vez que aceita o tempo de serviços prestado na União, Estado e

Município.

Com isto, mais uma vez não se justifica o posicionamento da

PARANAPREVIDÊNCIA, pois, a título de exemplificação, suponhamos que um

policial militar do Paraná, antes de ingressar na carreira fosse enfermeiro

concursado em determinado Município com regime próprio de previdência instituído,

ou seja, um agente/servidor público, este, teria a compensação financeira

previdenciária entre o Estado/instituidor e o Município/origem deferida sem problema

algum, por força do supracitado dispositivo constitucional combinado com o artigo

201, § 9º da mesma Carta.

Por outro lado, este mesmo policial militar antes de ingressar na carreira,

exercesse a profissão de enfermeiro na iniciativa privada, estando por óbvio filiado

ao RGPS, não teria seu direito de compensação financeira previdenciária

reconhecida e efetivada pela PARANAPREVIDÊNCIA, sob a alegação de que o

regime jurídico dos policiais militares é distinto.

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Isto não nos parece lógico e tão pouco respaldado no direito constitucional,

pois, se no primeiro caso a compensação previdenciária se realiza com fulcro no

contido no artigo 40º, § 9º, no segundo caso, encontra-se absoluto respaldo no

artigo 201, § 9º da CRFB que de maneira muito clara, assegura a contagem

recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada,

hipótese em que os regimes se compensação financeiramente. Aliás, esta previsão

também complementa o dispositivo constitucional do artigo 40º, § 9º como já dito.

Há que se ressaltar que é uma verba garantida, verba esta de custeio, que

jamais poderia ser ignorada por uma questão de conceituação de regime jurídico,

mas que principalmente, fere o direito do segurado.

Por mais que se admita a subordinação dos militares estaduais a regime

jurídico específico, eles estariam necessariamente vinculados a um entre

previdenciário próprio, no caso, previdência dos militares.

Mesmo assim estes não estariam excluídos, por questão de definição de

regime jurídico, do direito a compensação previdenciária, pois, na inteligência da

norma do artigo 201, § 9º, “para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem

recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada,

rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se

compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.”

É claro que ao estabelecer que “os diversos regimes” não cabem aqui,

exclusão de qualquer natureza, seja por regime jurídico ou qualquer motivo.

Por outro viés, bastaria o respeito à norma do artigo 201, §9º da nossa

Constituição Federal, que não ao acaso, é chamada de Lei Maior.

Outro ponto a ser considerado é que por mais que o regime jurídico dos

policiais militares sejam distintos, estes estão ligados umbilicalmente ao ente estatal

maior que é a administração pública, logo, na inteligência da norma do artigo 201, §

9º da CF, é claro a dizer que “a contribuição na administração pública” logo, também

é descabida interpretações sobre o regime jurídico que os permeiam, sejam eles

civis ou militares já que se refere em administração pública como um todo.

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É importante frisar também que o artigo primeiro da lei nº 12.398 de 30 de

dezembro de 1.998, que criou o órgão gestor do regime próprio de previdência do

Paraná – PARANAPREVIDÊNCIA utilizou a terminologia “agentes”, ou seja, não

distinguindo regime jurídico destes, abrangendo e cobrindo a todas as pessoas física

que laboram em prol do serviço público.

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REFERÊNCIAS

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LIMA, Rodrigo Perim de. O Regime Jurídico-Administrativo dos Militares Estaduais. 1ª ed. Curitiba: AVM, 2007. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 13ª ed. Ver. E atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 5ª. Ed. Rev e atual. São Paulo: Método, 2010. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2ª ed. Revl e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. MARTINEZ, Wladimir Novaes. A Seguridade Social na Constituição Federal. 2ª ed. São Paulo: LTr, 1992. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 11ª ed. Rev e ampl. e atual. Niterói: Impetus, 2009.

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ANEXO

1 – Extrato do Boletim Geral da Polícia Militar do Paraná nº 015 de 22 de Janeiro de 2.013.

(...)

3. ATOS DO DIRETOR DE PESSOAL

a. Contagens de Tempos de Serviços

O Diretor de Pessoal da Polícia Militar do Paraná, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto Estadual 7339/2010 (RISG/PMPR), nos Art. 57, Inc. XXVI e Art. 68, Inc. IV, resolve: declarar contagem de tempo de serviço para fins de transferência para a reserva remunerada e reforma, em favor dos integrantes da Polícia Militar, adiante relacionados, nos termos do artigo 201, § 9° da Constituição Federal:

ÓRGÃO – SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

Nome/RG LF Cargo Anos Dias D.Início D.Final Serviço Prestado

Marcio Bilik/44774488 01 CAP-5 04 322 01/05/1984 28/06/1986 INSS

01/08/1986 14/02/1987 INSS

21/08/1987 01/10/1987 INSS

11/01/1988 26/06/1989 INSS

27/06/1989 18/12/1989 INSS

21/12/1989 11/02/1990 INSS

(Ref. Port. nº 145/DP, de 18 jan. 13)

(…)

2 – Extrato do Boletim Geral da Polícia Militar do Paraná nº 013 de 18 de Janeiro de 2.013.

(...)

3. ATOS DO DIRETOR DE PESSOAL

a. Contagens de Tempos de Serviços

O Diretor de Pessoal da Polícia Militar do Paraná, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto Estadual 7339/2010 (RISG/PMPR), nos Art. 57, Inc. XXVI e Art. 68, Inc. IV, resolve: declarar contagem de tempo de serviço para fins de transferência para a reserva remunerada e reforma, em favor dos integrantes da Polícia Militar, adiante relacionados, nos termos do artigo 201, § 9° da Constituição Federal:

ÓRGÃO – SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

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Nome/RG LF Cargo Anos Dias D.Início D.Final Serviço Prestado

Paulo Cesar Ferrarezi/ 01 SD1C-5 05 077 20/08/1985 01/10/1989 INSS

48746586 02/10/1989 20/05/1990 INSS

02/05/1991 17/10/1991 INSS

(Ref. Port. nº 050/DP, de 14 jan. 13)

(…)

3 – Extrato do Boletim Geral da Polícia Militar do Paraná nº 024 de 4 de Fevereiro de 2.013.

(...)

3. ATOS DO DIRETOR DE PESSOAL

a. Contagens de Tempos de Serviços

O Diretor de Pessoal da Polícia Militar do Paraná, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto Estadual 7339/2010 (RISG/PMPR), nos Art. 57, Inc. XXVI e Art. 68, Inc. IV, resolve: declarar contagem de tempo de serviço para fins de transferência para a reserva remunerada e reforma, em favor dos integrantes da Polícia Militar, adiante relacionados, nos termos do artigo 201, § 9° da Constituição Federal:

ÓRGÃO – SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

Nome/RG LF Cargo Anos Dias D.Início D.Final Serviço Prestado

Vanderlei Vaz/92772772 01 SD1C-5 04 012 01/03/1995 12/12/1996 INSS

02/05/1997 30/10/1999 INSS

05/06/2000 05/01/2001 INSS

(Ref. Port. nº 192/DP, de 25 jan. 13)

(…)