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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Amarilis Vellozo Machado PRESCRIÇÃO ANTECIPADA Curitiba 2011

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/05/PRESCRICAO-ANTECIPADA.pdf · 2.5.1 A prescrição antecipada e o interesse de agir ... 3.2

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Amarilis Vellozo Machado

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

Curitiba 2011

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

Curitiba 2011

Amarilis Vellozo Machado

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em direito.

Curitiba 2011

TERMO DE APROVAÇÃO

Amarilis Vellozo Machado

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel em Direito do Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba,09 de março de 2011.

Curso de Direito Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________ Orientador: Profª Drª Aline Guidalli Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________ Profº Drº Universidade Tuiuti do Paraná

___________________________________ Profº Drº Universidade Tuiuti do Paraná

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................ .5 1. PRESCRIÇÃO PENAL........................................................................................ 6

1.1 CONCEITO..........................................................................................................6

1.2 NATUREZA JURÍDICA........................................................................................7

1.3 FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO...................................................................9

1.4 BREVE HISTÓRICO..........................................................................................12

1.5 ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO PENAL..............................................................12

1.5.1 Prescrição da pretensão punitiva....................................................................13

1.5.1.1 Prescrição abstrata......................................................................................15

1.5.1.2 Prescrição retroativa....................................................................................16

1.5.1.3 Prescrição intercorrente ou superveniente..................................................16

1.5.1.4 Prescrição antecipada..................................................................................17

1.5.2 Prescrição da pretensão executória................................................................18

1.5.3 Prescrição da pena de multa e restritivas de direito.......................................18

1.6 CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL....................................................20

1.6.1 Da prescrição abstrata....................................................................................20

1.6.2 Da prescrição retroativa..................................................................................22

1.6.3 Da prescrição intercorrente.............................................................................24

1.6.4 Da prescrição executória.................................................................................25

1.7 CAUSAS MODIFICADORAS DO CURSO PRESCRICIONAL..........................26

1.7.1 Causas de Redução do Prazo Prescricional...................................................26

1.7.2 Causas Suspensivas da Prescrição................................................................26

1.7.3 Causas Interruptivas da Prescrição................................................................27

2. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA.............................................................................28

2.1. CONCEITO ......................................................................................................28

2.2. ORIGEM...........................................................................................................29

2.3. FUNDAMENTOS..............................................................................................30

2.3.1 Fundamento lógico..........................................................................................30

2.3.2 Fundamento funcionalista...............................................................................31

2.4 POSIÇÃO NA DOUTRINA E NA JURISPRUDÊNCIA.......................................31

2.5 TEORIAS A FAVOR DA APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO ANTECIPADA........33

2.5.1 A prescrição antecipada e o interesse de agir................................................33

2.5.2 A prescrição antecipada e a instrumentalidade do processo.........................33

2.5.3 A prescrição antecipada e o princípio da economia processual.....................34

2.5.4 A prescrição antecipada e seu reconhecimento no curso da ação penal.......34

2.5.5 A prescrição antecipada e o constrangimento ilegal causado pelo processo

penal........................................................................................................................35

2.5.6 A prescrição antecipada e a prestação jurisdicional concreta........................36

2.6 TEORIAS CONTRÁRIAS À APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO ANTECIPADA ...36

2.6.1 A prescrição antecipada e a legalidade..........................................................36

2.6.2 A prescrição antecipada e o devido processo legal........................................37

2.6.3 A prescrição antecipada e a obrigatoriedade da ação penal..........................37

2.6.4 A prescrição antecipada e a ampla defesa, o contraditório e a presunção de

inocência..................................................................................................................38

2.6.5 A prescrição antecipada e o direito do réu a uma sentença de mérito...........38

2.6.6 A prescrição antecipada e a mutatio libelli......................................................39

2.6.8 A prescrição antecipada e a correta prestação jurisdicional...........................39

3. DA CONTROVÉRSIA DA PRESCRIÇÃO ANTECIPADA..................................39

3.1 Súmula 438 do Superior Tribunal de Justiça.....................................................44

3.2 Projeto do Código de Processo Penal...............................................................45

4. CONCLUSÃO .....................................................................................................45

REFERÊNCIAS........................................................................................................47

5

INTRODUÇÃO

No presente trabalhado será analisado o instituto jurídico da prescrição

antecipada ou nas palavras de Rogério Greco, “reconhecimento antecipado da

prescrição em razão da pena em perspectiva”, que considera “uma provável

pena a ser aplicada ao autor do fato”, por “fundamentos que impeçam o início

da ação penal ou conduzir a extinção do processo sem julgamento do mérito”.

A prescrição, em sentido amplo, ocorre quando o Estado em

determinado espaço de tempo legalmente previsto perde seu ius puniendi,

extinguindo a punibilidade do agente.

Entre as duas espécies de prescrição prevista na legislação penal, a

prescrição da pretensão punitiva e a prescrição da pretensão executória, é na

primeira que se insere a prescrição antecipada.

Na prescrição antecipada, o que se verifica é a utilidade da ação penal

e eventual processo penal posteriormente instaurado, como uma das

condições necessárias ao regular direito de ação, o interesse de agir, que se

divide em interesse-necessidade e interesse-utilidade da medida.

Diante da falta de utilidade para o exercício do direito de ação, visto

que ao ter conhecimento de que ao final da instrução processual, quando o

julgador fosse aplicar a pena, a quantidade seria suficiente para que fosse

declarada a extinção da punibilidade com base na prescrição da pretensão

punitiva estatal, por que movimentar toda a complexa e burocrática máquina

judiciária?

Ante a discordância por parte da doutrina em reconhecer algo que

ainda não ocorreu efetivamente, é que este estudo traz a necessidade de

6

análise mais profunda sobre os fundamentos do direito do exercício da ação

penal.

Deste modo, o presente estudo é composto de três capítulos, sendo

que o primeiro tratará da prescrição penal, o segundo da prescrição antecipada

e o terceiro da controvérsia da prescrição antecipada.

1. PRESCRIÇÃO PENAL

Quando alguém viola a norma penal, nasce o direito do Estado de

punir, pela possibilidade de impor uma sanção penal ao infrator, que deve ser

exercida dentro de um determinado prazo, pois, passando esse prazo, ficará

impedido de impor a punição ao infrator.

A prescrição penal incide sobre o direito de punir do Estado ou de

executar a pena, que pelo decurso do tempo, por não exercer esse direito, o

perde, extinguindo-se a punibilidade do agente.

1.1 CONCEITO

Caso o Estado não exercer a pretensão punitiva ou executória no prazo

legal, extingue-se o ius persequendi in judicio ou o ius punitionis, pondo fim à

ação penal ou à pena, caracterizando a prescrição penal.

Para Álvaro Mayrink da Costa “a prescrição penal é um instituto de

direito material que se constitui uma causa extintiva da punibilidade,

constituindo-se em um impedimento ao exercício do ius puniendi estatal pela

inércia do ius persequendi in iudicio ou do ius puniendi executationis, por não

7

ter exercido a pretensão punitiva ou a pretensão executória em tempo

determinado, em virtude da ausência de interesse na apuração do fato punível,

ou pela emenda do condenado pela via da ausência delitiva.” (COSTA, 1998,

p.2.066 citado por JAWSNICKER, 2010, p.37).

1.2 NATUREZA JURÍDICA

Francisco Afonso Jawsnicker explica que “Quando os estudiosos do

Direito Penal discutem a natureza jurídica da prescrição, buscam definir se as

normas que a regulam são de direito substantivo ou processual”. (2010, p.38).

Ainda traz que, “Essa definição tem importância prática. Se as normas

que regulam a prescrição são processuais, então a lei nova que amplia o prazo

prescricional tem aplicação imediata, por força do art. 2º do Código de

Processo Penal. Ao contrário, se são normas de direito substantivo, segue-se

que a lei nova mais gravosa não pode ser aplicada, em obediência ao princípio

da reserva legal (CF, art. 5º, inc. XXXIX: CP, art. 1º)”.

Antonio Lopes Baltazar comenta em sua obra que, “Sobre a natureza

jurídica da prescrição, há correntes divergentes quando se trata de direito

material ou de direito formal. Há inclusive, quem defenda a tese de caráter

misto, afirmando que o instituto é, ao mesmo tempo, de direito penal e de

direito processual penal. É importante que se estabeleça se a prescrição

pertence ao direito substantivo ou ao direito adjetivo, tendo em vista o reflexo

na contagem do prazo prescricional e sua aplicabilidade”. (2003, p. 18)

O autor acima mencionado, cita que, “Para Heleno Cláudio Fragoso, a

prescrição é de direito processual. Afirmava que o aspecto processual da

8

prescrição é mais nítido, sobretudo quando se trata da prescrição da pretensão

punitiva aí desaparece o direito do Estado à persecução: a prescrição constitui

um pressuposto negativo, implicando a suspensão do processo sem decisão

de mérito. Ocorrendo a prescrição antes da sentença, não se julga a ação

improcedente. O juiz declara extinta a punibilidade e põe fim ao processo”.

Ainda, referido autor traz que, “Aqueles que entendem ser a prescrição

um tema de natureza mista, afirmam: existe a perda do interesse na punição

porque, com o decurso do tempo, desaparecem as razões que justificam a

pena e, também, impedimento processual. Deve ser considerada mista a

natureza jurídica da prescrição dizia Jescheck: “de um lado, é causa pessoal

de anulação da pena; de outro, sob o aspecto jurídico-processual, como um

obstáculo processual””.

Há correntes doutrinárias para todos os lados, contudo, a maioria

entende que a prescrição faz parte do direito material.

Diz Antonio Lopes Baltazar que, “Apesar dessas doutrinas divergirem,

é majoritária a corrente no sentido de ser a prescrição um instituto de direito

penal”. (2003, p. 18).

O autor menciona em nota de rodapé o entendimento de Antonio

Rodrigues Porto: “a prescrição penal pertence ao direito material, ou

substantivo, e não ao direito formal, ou adjetivo, embora algumas de suas

conseqüências imediatas (sobre a ação penal e a condenação) pertençam ao

direito processual”.

Traz ainda, o entendimento de Andrei Zenkner Schmidt, onde “a

prescrição é de direito material, não por seus efeitos, não por estar contida no

Código Penal e nem pela forma de contagem do prazo, mas, sim, pela

9

subjetividade do Direito. [...] Se a prescrição pode ocorrer antes mesmo de uma

relação processual, não há dúvida de que é de direito material”.

Francisco Afonso Jawsnicker, cita que para José Júlio Lozano Jr, “a

prescrição penal tem natureza material, pertencendo aos limites do Direito

Penal. Isto porque ela extingue o direito de punir do Estado, surgindo com a

prática do crime”. (2010, p. 38)

Referido autor, afirma que “No Brasil, a maioria dos penalistas situa a

prescrição no direito material. Além de Damásio Evangelista de Jesus e José

Júlio Lozano Jr., acima mencionados, podem ainda ser citados: Antonio

Rodrigues Porto, Alvaro Mayrink da Costa, Celso Delmanto, Cezar Roberto

Bitencourt, Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, Luiz Regis

Prado, entre outros”. (2010, p. 39).

1.3 FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO

Tendo em vista que a principal função da pena é a reeducação do

agente, a punição tardia torna-se desnecessária por não cumprir essa

finalidade, visto que é inadmissível que a pessoa fique por tempo

indeterminado sob a ameaça de uma ação penal ou de seus efeitos.

Para Francisco Afonso Jawsnicker, “Várias teorias foram formuladas

para justificar a existência da prescrição. [...] tais teorias buscam definir o efeito

da passagem do tempo sobre a pena, considerada em abstrato ou em

concreto”. 1 (2010, p. 40).

Resumindo as teorias apontadas pelo autor, temos:

1 Não se pretende fazer uma análise detida acerca das teorias tendo em vista que tal análise escapa do objeto do presente estudo

10

A teoria da prova: aplicada na prescrição da pretensão punitiva,

sustenta que com o passar do tempo ocorre a perda da substância

da prova. Sendo incerta a apuração dos fatos, torna-se precária a

defesa do acusado e desaparece a possibilidade de uma sentença

mais justa.

A teoria da readaptação social ou da correção ou da emenda:

considera desnecessária a punição, presumindo a emenda do

infrator que não tenha cometido outro crime durante um tempo mais

ou menos longo.

A teoria da expiação moral: se baseia numa presunção de que o

autor do crime com o correr do tempo, tenha expiado sua culpa, em

face do sofrimento moral decorrente do remorso provocado pelo

consentimento do crime.

A teoria do esquecimento: diz que a sociedade com o passar do

tempo esquece os crimes, não tendo mais objetivo a pena.

Teoria do interesse diminuído: semelhante a teoria do esquecimento,

diz que como a prescrição tem como pressuposto o desaparecimento

do interesse de punir com o tempo, perdendo a pena seu sentido.

Teoria psicológica: o tempo elimina o nexo psicológico entre o fato e

o agente, perdendo a punição seu valor objetivo pois não está mais

presente no espírito do réu e da sociedade.

Teoria da extinção dos efeitos jurídicos: como o direito penal existe

para reprimir o crime, com o passar do tempo desaparece os efeitos

antijurídicos do crime, desaparecendo a necessidade de punição.

11

Teoria da analogia civilista: defendida por René Ariel Dotti, “como a

aquisição de um direito à impunidade pela inação dos órgãos do

Estado responsáveis pela apuração do crime e punição do autor”.

O autor traz a abordagem de Fábio Guedes de Paula Machado de outras

teorias:

Da piedade: justifica a prescrição a partir do sentimento de

piedade inspirado pelos temores, ânsias e agonias que flagelaram o

réu durante o tempo em que ele se subtraiu da Justiça.

Da perda do interesse estatal na punição: decorrente da teoria do

esquecimento, mas dá ênfase à perda do interesse estatal na

repressão do delito, em razão de seu caráter predominante de ordem

pública.

Da política criminal: ”a prescrição é um modo político de extinção

da ação e quanto à prescrição da pena diz-se que a mesma se

baseia em critério de oportunidade política”.

Para concluir, Francisco Afonso Jawsnicker, menciona José Julio

Lozano Jr.: “a inconstância das teorias que tentam explicar a prescrição penal

faz-nos concluir que ela, antes de ser pautada por razões e técnica judiciária,

consiste em verdadeira construção de Política Criminal derivada de um

sentimento de justiça relacionado à consciência altruísta de que “o tempo, com

sua ação modificadora de todos os acontecimentos humanos, se não os

cancela, enfraquece-os enormemente” (PENSO, Girolano)”. (2010, p.41).

12

1.4 BREVE HISTÓRICO

Sobre a história da prescrição penal, Francisco Afonso Jawsnicker

ensina que “A prescrição da pretensão punitiva tem origem no Direito Romano.

A lex Julia de adulteriis, de 18 a.C, fixou o prazo de cinco anos para a

prescrição dos crimes nela previstos - adultério, estupro e lenocínio. Com o

tempo, os romanos estenderam a prescrição para a generalidade dos demais

delitos, excetuando o parricídio, apostasia e parto suposto. O prazo

prescricional, foi alargado para vinte anos, mantida no entanto a prescrição

qüinqüenal para os crimes previstos na lex Julia de adulteriis e para o

peculato”. (2010, p. 42).

Referido autor menciona que, “O Direito Romano inspirou as

legislações posteriores, de modo que a prescrição da pretensão punitiva foi

admitida no Direito Germânico e de outros povos, previstos sempre casos de

imprescritibilidade”. Ainda, “A prescrição da pretensão executória é bem mais

recente, tendo sido introduzida no Código Penal Francês em 1791”. (2010, p.

43).

Continuando o autor, diz que, “De modo geral, as legislações modernas

admitem tanto a prescrição da pretensão punitiva quanto a prescrição da

pretensão executória, embora as disciplinando de diferentes formas, no que diz

respeito aos requisitos, extensão, efeitos, etc”. (2010, p. 43).

1.5 ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO

Para Francisco Afonso Jawsnicker, “Quando ocorre uma infração

penal, nasce para o Estado o direito de punir concreto, ou seja, o direito de

13

aplicar a pena cominada à infração perpetrada. O exercício desse direito é

limitado temporalmente pela prescrição em dois momentos. Num primeiro

momento, há um limite temporal para o Estado obter a sentença penal

condenatória. Num segundo momento, há um limite temporal para o Estado

executar essa sentença. Nauele primeiro momento, fala-se em ius puniendi;

neste, em ius punitionis”. (2010, p. 50).

Cezar Roberto Bitencourt, citado por Francisco Afonso Jawsnicker,

ensina que, “da distinção entre ius puniendi e ius punitionis decorre a

classificação da prescrição penal em prescrição da pretensão punitiva e

prescrição da pretensão executória. São duas, pois, as espécies de prescrição

penal”. (2010, p. 50).

“As espécies prescricionais têm efeitos distintos”, comenta Francisco

Afonso Jawsnicker, e cita Cezar Roberto Bitencourt: “a pretensão punitiva tem

como conseqüência a eliminação de todos os efeitos do crime: é como se este

nunca tivesse existido”. (2010, p. 51).

Com relação a prescrição da pretensão executória, diz o referido autor

que incide exclusivamente sobre a pena, trazendo a lição de Júlio Fabbrini

Mirabete, “que os demais efeitos da condenação (pressuposto da reincidência,

inscrição do réu no rol dos culpados, pagamento de custas, efeitos da

condenação etc.) permanecem enquanto não ocorrer causa que os extinga

(decurso de cinco anos para a reincidência, reabilitação etc.)”. (2010, p. 51).

1.5.1 Prescrição da Pretensão Punitiva

Antonio Lopes Baltazar ensina que, “Com a prática do delito, surge

entre o agente e o Estado um litígio. De um lado, o Estado pretende, deseja

14

punir o infrator da norma penal; de outro, o agente resiste a estatal. Pretensão

Punitiva é a exigência que faz o Estado, que tem o poder-dever de punir, ao

Poder Judiciário, para que este promova o julgamento e aplique uma sanção

penal ao autor da infração”. (2003, p. 33).

Continuando o autor: “Sendo o titular do ius puniendi, o Estado exerce

esse direito por intermédio da ação penal, cujo objetivo final é uma sentença,

submetendo o agente a uma sanção penal”. (2003, p. 33).

Ainda o referido autor, explicando que:

“Instaurada a ação penal, até o trânsito em julgado, estará o Estado

exercendo a persecução penal, ou seja, a pretensão punitiva.

Contudo, é sabido que os atos processuais não são realizados

rapidamente, demandam tempo, não só em razão da deficiência de

infra-estrutura dos órgãos incumbidos na apuração dos fatos, como

também na obediência aos princípios processuais, especialmente da

ampla defesa; por isso, para evitar que as partes permaneçam

sujeitas eternamente à pretensão do Estado, limitou-se a persecução

a um prazo. Vencido esse prazo antes do Estado conseguir aplicar ao

autor do delito a sanção pleiteada, a punibilidade estará extinta pela

prescrição da pretensão punitiva ou prescrição abstrata, também

denominada, impropriamente, de “prescrição da ação””. (2003, p.33).

Para Francisco Afonso Jawsnicker, “a prescrição da pretensão punitiva,

também denominada prescrição da ação penal, [...] acarreta a perda do direito

do Estado-Administração de exigir do Estado-Juiz uma decisão sobre o mérito

da acusação judicialmente formulada, na lição de José Júlio Lozano Jr.. Assim

sendo, a prescrição da pretensão punitiva ocorre sempre antes do trânsito em

julgado da sentença penal condenatória”.

15

Continua o autor, “A prescrição da pretensão punitiva subdivide-se em

prescrição abstrata, intercorrente e retroativa. A prescrição antecipada, [...]

pode ser vista como modalidade da prescrição da pretensão punitiva”.

1.5.1.1 Prescrição abstrata

Ao tratar dessa espécie de prescrição, Francisco Afonso Jawsnicker,

cita Zaffaroni e Pierangeli: “a prescrição da pretensão punitiva é aquela que se

verifica antes do trânsito em julgado da sentença final condenatória e acarreta

a perda, pelo Estado, da pretensão de obter uma decisão acerca do crime que

imputa a alguém”. (2010, p. 51).

Nas palavras de Celso Delmanto, citado por Jawsnicker, temos, “é da

própria natureza da prescrição que deve ser proporcional ao crime, de maneira

que os mais leves prescrevem em menor lapso e os mais graves em maior

espaço de tempo”. (2010, p. 52).

Assim, para o referido autor, a prescrição abstrata é regulada pelo

máximo da pena privativa de liberdade cominada à infração penal, devendo ser

consideradas as causas de aumento máximo e diminuição mínima, com

exceção das causas de aumento previstas nos artigos 70 e 71 do Código Penal

por força do artigo 119 do mesmo diploma legal.

Contudo, as circunstâncias agravantes ou atenuantes previstas nos

artigos 61,62 e 65 do Código Penal, respectivamente, não geram nenhum

efeito sobre o cálculo dessa modalidade de prescrição.

O artigo 111 do Código Penal fixa o termo inicial da prescrição

abstrata.

16

O artigo 10 do referido Código dispõe sobre à regra da contagem do

prazo prescricional, tanto para a prescrição punitiva como para executória,

devendo ser incluído o dia do começo no cômputo do prazo.

1.5.1.2 Prescrição retroativa

Para Francisco Afonso Jawsnicker a prescrição retroativa “resulta da

combinação dos artigos 109, caput e 110, §§1º e 2º, do Código Penal. Essa

modalidade de prescrição da pretensão punitiva, a exemplo do que ocorre com

a prescrição superveniente, regula-se pela pena in concreto”. Citando Luiz

Regis Prado: “Todavia, diversamente daquela, a prescrição retroativa tem o

seu prazo contado regressivamente”. (2010, p. 58).

Referido autor cita os ensinamentos de José Júlio Lozano Jr.: “pode

sobrevir entre os seguintes marcos: a) da data da publicação da sentença

condenatória à do recebimento da denúncia ou queixa; b) da data do

recebimento da denúncia ou queixa à do início do prazo prescricional; c) da

data do acórdão condenatório à do recebimento da denúncia ou queixa”. (2010,

p. 58).

Como forma da prescrição da pretensão punitiva, refere-se a

prescrição após o trânsito em julgado para a acusação, regulada pela pena em

concreto da sentença, podendo verificar-se o lapso prescricional

retroativamente, até o recebimento da denúncia ou deste, até a data do fato.

1.5.1.3 Prescrição intercorrente ou superveniente

Tratando-se dessa modalidade de prescrição, Francisco Afonso

Jawsnicker assim leciona, “resulta da combinação dos artigos 109, caput e 110,

17

§1º, e pode se verificar em dois casos: (a) havendo trânsito em julgado da

sentença condenatória para a acusação; e (b) sendo desprovido o recurso

interposto pela acusação”. (2010, p. 56).

Ainda, o referido autor, “O §1º permite que o cálculo da prescrição da

pretensão punitiva leve em conta a pena aplicada, quando a sentença

condenatória já transitou em julgado para a acusação, ou após o

desprovimento do recurso interposto”. (2010, p. 55).

É regulada pela pena imposta na sentença, tendo por termo inicial o

trânsito em julgado para a acusação.

Como na prescrição intercorrente ou superveniente o prazo é contado

da sentença para frente até o trânsito em julgado definitivo, difere da prescrição

abstrata, pois esta é regulada pelo máximo da pena em abstrato e da

prescrição retroativa, porque nesta o prazo de prescrição é contado da

sentença para trás.

1.5.1.4 Prescrição antecipada

Esta modalidade de prescrição, objeto do presente estudo, será melhor

analisada em capítulo próprio, contudo, para prosseguir nas espécies de

prescrição, trazemos a lição de Antonio Lopes Baltazar: “a prescrição

antecipada, é uma fórmula anômala de prescrição, que visa a evitar o

dispêndio desnecessário de tempo com julgamentos inócuos”. (2003. P. 105).

18

1.5.2 Prescrição da Pretensão Executória 2

Francisco Afonso Jawsnicker menciona que “A segunda espécie de

prescrição é a da pretensão executória, também denominada prescrição da

condenação. Essa modalidade prescricional acarreta a perda do direito do

Estado-Administração, de executar a pena materializada na sentença penal

irrecorrível. Assim sendo, surge depois do trânsito em julgado da sentença

penal condenatória”. (2010, p. 51).

Referido autor ensina que a prescrição da pretensão executória é

regulada pelo artigo 110 do Código Penal, que “Com o trânsito em julgado da

sentença condenatória, o prazo prescricional é calculado levando em conta a

pena in concreto, ou seja, a pena fixada na sentença. Tal pena deve ser

enquadrada em um dos incisos do artigo 109, para definição do prazo

prescricional”. (2010, p. 54).

1.5.3 Prescrição da penal de multa e restritivas de direito3

Antonio Lopes Baltazar traz em sua obra o entendimento que, “Na

contagem do prazo prescricional, tanto da prescrição da pretensão punitiva

como da prescrição da pretensão executória aplica-se a regra contida no art.

109 do Código Penal. A diferença é que a primeira é regulada pela pena

máxima in abstrato, enquanto a segunda é regulada pela pena in concreto.

Porém, há exceções, na maneira de se contar o prazo e na quantidade do

2 Não se pretende fazer uma análise detida acerca dessa modalidade de prescrição tendo em vista que tal análise escapa do objeto do presente estudo. 3 Não se pretende fazer uma análise detida acerca dessa modalidade de prescrição, tendo em vista que tal análise escapa do objeto do presente estudo.

19

prazo em relação à pena, sendo que a primeira está prevista no próprio

estatuto repressivo, em seu art. 114, que é a prescrição da pena de multa,

outras exceções estão contidas em leis especiais [...]”. (2003, p. 137).

Ainda, conforme referido autor, ao tratar da prescrição pretensão

punitiva da pena de multa: “Com relação à cominação isolada da pena de multa

somente é verificável em poucas contravenções penais. Nesses casos, o prazo

prescricional é de dois anos”. (2003, p. 138).

Continuando, “Quando a multa é alternativa, em que o juiz pode aplicar

a pena privativa de liberdade ou somente a multa, como ocorre nos crimes

privilegiados, por exemplo, ou cumulativa, em que o juiz deve aplicar ambas, o

que ocorre com a maioria dos delitos, a prescrição da pretensão punitiva é

regulada pela pena abstrata do crime, por isso, a prescrição da multa é a

mesma da pena privativa de liberdade”. (2003, p. 138).

Quanto à prescrição da pretensão executória da pena de multa, o

mesmo autor diz, “a questão não é pacífica, visto que a Lei nº 9.268/1996,

dando nova redação ao art. 51 do Código Penal, estabeleceu que, após o

trânsito em julgado da sentença condenatória, a multa é considerada dívida de

valor, devendo ser aplicada as normas da legislação relativas à dívida da

Fazenda Pública”. (2003, p. 138).

Continua o autor, “Uma corrente defende que o prazo será de dois

anos quando a multa for aplicada isoladamente: e o mesmo prazo da

prescrição da pena privativa de liberdade, quando aplicada cumulativamente”.

(2003, p. 138).

“Ocorre que, em se aplicando à multa a legislação referente à divida

ativa, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas, como

20

expressa o art. 51 do Código Penal, o prazo prescricional da pena de multa,

aplicado isoladamente ou cumulativamente, também deve seguir as normas

sobre a dívida ativa, ou seja, o prazo será de cinco anos. Esta é a posição da

segunda corrente, e que nos parece a mais coerente.” (2003, p. 138).

Com relação a prescrição das penas restritivas de direito, Antonio

Lopes Baltazar, assim analisa, “As penas restritivas de direito: prestação

pecuniária, perdas de bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou a

entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de

semana, são aplicadas em substituição às privativas de liberdade. (2003, p.

139).

Ainda nas palavras do mencionado autor, “Nos termos do artigo 109,

parágrafo único, do Código Penal, o prazo prescricional dessas penas é o

mesmo da pena privativa de liberdade, pela qual deu-se a substituição”. (2003,

p. 139).

Continua o autor, “A prescrição das penas restritivas de direito, tanto

pode ser da pretensão punitiva como da pretensão executória. Porém, quanto à

primeira, só é possível nas modalidades retroativa e intercorrente, visto que

são verificadas somente após a sentença condenatória, que impõe uma pena

privativa de liberdade e em seguida a substitui por uma de direito”. (2003, p.

138).

1.6 CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL

1.6.1 Da prescrição abstrata

Na explicação de Antonio Lopes Baltazar, o prazo da prescrição

abstrata se dá da seguinte forma: “Primeiramente, verifica-se qual é a pena

21

máxima cominada abstratamente ao crime que está sendo analisado. Isto

ocorre porque a prescrição da pretensão punitiva, nos termos do art. 109, do

Código Penal, exceto a retroativa e a intercorrente (art. 110, §§, 1º e 2º), é

regulada pelo máximo da pena prevista em lei”. (2003, p. 39).

Com relação a pena de multa, comenta o autor: “se for a única

cominada ou a única aplicada, a prescrição ocorrerá em dois anos. Se a multa

for cumulativa ou substitutiva, o prazo prescricional é o mesmo da pena

privativa de liberdade [...] art. 114 do Código Penal. Portanto, como as penas

mais leves prescrevem com as mais graves (art. 118, do CP), a pena de multa

cumulada ou a aplicada em substituição à privativa de liberdade prescreve

juntamente com esta. O valor da pena de multa é irrelevante ao prazo

prescricional. Qualquer que seja o valor, o prazo é o mesmo”. (2003, p. 39).

Com relação as causas de aumento ou de diminuição da pena, diz,

referido autor, que “serão consideradas pelo total do aumento ou da

diminuição. Se houver limite máximo e mínimo, adota-se o máximo do aumento

ou o mínimo da diminuição. Por não haver previsão legal, essa é a orientação

doutrinária e jurisprudencial”. Em se tratando das agravantes ou atenuantes,

“em nada alteram na contagem do prazo prescricional, isto é, não são

consideradas”. (2003, p. 40).

Ainda no entendimento do mencionado autor ao tratar do concurso

material: “cada crime tem o seu prazo de prescrição isolado; por isso, pode

transcorrer o prazo com relação a um delito e a outro. As penas não são

somadas para se obter um prazo único. Há um prazo para cada delito, todos

fluindo cumulativamente, a partir do termo inicial de cada um”. (2003, p. 40).

22

Com relação ao concurso formal próprio ou crime continuado, diz o

autor, “o prazo é contado considerando-se a pena do crime mais grave e

desprezando-se o aumento pelo concurso ou pela continuação”. (2003, p. 41).

Continuando a maneira de se contar o prazo prescricional, ensina o

autor: “encontrado o máximo da pena, prevista na lei, com as observações

anotadas, em seguida, deverá ser ajustada em um dos incisos do art. 109, do

Código Penal, pois qualquer que seja a pena, caberá nesse dispositivo. Feito

isso, obter-se-á o prazo da prescrição. Logo a seguir, deve-se verificar se há

alguma causa modificadora do prazo prescricional” (prevista no art. 115 do

Código Penal – redução pela metade). (2003, p. 41).

Ainda: “Sabendo agora qual é o prazo prescricional final, basta verificar

se já transcorrer, para, então, ser declarada a extinção da punibilidade. Caso o

prazo encontrado caiba entre a data do fato e o recebimento da denúncia, que

é a primeira causa interruptiva, ou então, entre o recebimento da denúncia e a

publicação da sentença, segunda causa interruptiva, isto nos crimes julgados

pelo juiz singular, uma vez que nos crimes da competência do júri a segunda

causa é a pronúncia, a pretensão punitiva do Estado estará extinta”. (2003, p.

42).

O termo inicial do prazo de prescrição da pretensão punitiva, conforme

o já mencionado autor, “começa a correr, em regra, da data da consumação do

delito. Na tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa: nos crimes

permanentes, no dia da cessação da permanência; co crime de bigamia e nos

de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o

fato se tornou conhecido (art. 111, do CP)”. (2003, p. 42).

23

1.6.2 Da prescrição retroativa

A contagem do prazo nesta modalidade de prescrição é a seguinte,

conforme entendimento de Antonio Lopes Baltazar: “Após o trânsito em julgado

para a acusação da decisão condenatória, ou então, após o seu recurso

improvido, verifica-se qual foi a pena imposta na sentença. Esta será a pena

que irá regular a prescrição, uma vez que preenchidos esses pressupostos não

se leva mais em conta o máximo da pena abstrata”. (2003, p. 82).

Diferentemente da contagem do prazo na prescrição abstrata, referido

autor assim enfoca: “Referente à pena aplicada, [...] as agravantes e

atenuantes ...são consideradas porque refletem diretamente na pena final; as

causas de aumento e de diminuição da pena..., são incluídas de acordo com o

quantum aumentado ou diminuído, ou seja, integram o total da pena. Sendo o

crime qualificado, não resta dúvida, considera-se a pena integral aplicada”.

(2003, p. 82).

Continuando, “é a pena aplicada na sentença que rege a contagem do

prazo prescricional retroativo. Essa regra, contudo, sofre uma exceção, a do

concurso de crimes, concurso formal perfeito e crime continuado”. (2003, p.

83).

No concurso material, “a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena

e cada um dos crimes (art. 119 do Código Penal). [...] conforme jurisprudência

pacífica, cada delito componente do concurso material tem o seu prazo

prescricional isolado, apesar de comporem na somatória da pena concreta”.

(2003, p. 83).

24

Com relação ao concurso formal perfeito, entende o autor que,

“despreza-se o quantum do aumento pelo concurso, levando-se em conta tão-

somente a pena do crime único, ou seja, como se não existisse o concurso”.

(2003, p. 83).

Para o crime continuado, previsto no artigo 71, caput, do Código Penal,

“a regra é a mesma do concurso formal. Para se aplicar o princípio retroativo,

deve ser considerada a pena imposta na sentença, desprezando-se o

acréscimo em razão da continuação”. (2003, p. 84).

Finalizando a maneira da contagem de prazo, traz o autor:

“Após certificar-se sobre a pena aplicada, [...] é o de ajustar essa

pena em um dos prazos prescricionais previstos no art. 109 do

Código Penal. Se o prazo previsto no inciso desse artigo, em que for

ajustada a pena da sentença, já houver decorrido entre a data do fato

e a primeira causa interruptiva, que o recebimento da denúncia (art.

117, I, Do Código Penal), ou então, entre o recebimento da denúncia

e a publicação da sentença (nos crimes julgados pelo juiz singular),

ou pronúncia (nos crimes julgados pelo Tribunal do Juri), estará

extinta a punibilidade pela prescrição. Deve-se atentar, também, se

há alguma causa modificadora do prazo”, art. 115, do Código Penal.

(2003, p. 85).

1.6.3 Da prescrição intercorrente

Com relação a contagem do prazo prescricional intercorrente, ensina

Antonio Lopes Baltazar: “Como na prescrição retroativa, a intercorrente é

regulada pela pena imposta na sentença; sendo assim, verifica-se qual foi a

sanção em concreto. Do total da pena, deve ser abatido o quantum referente

25

ao aumento, no caso de concurso formal próprio ou crime continuado. Se a

somatória da pena referir-se ao concurso material, leva-se em conta a pena de

cada crime isolado, e não o total.” (2003, p. 100).

Ainda, “Verificada a pena concreta, o passo seguinte é ajustá-la a um

dos incisos do art. 109, do Código Penal, onde estará a resposta sobre o prazo

de prescrição. É a mesma sistemática da prescrição da pretensão punitiva

propriamente dita. Só que, neste caso, trabalhamos com a pena da sentença,

enquanto na primeira operação se faz com o máximo da pena abstrata.

Encontrado o prazo prescricional no dispositivo mencionado, deve se verificar,

em seguida, se há alguma causa de diminuição desse prazo” (art. 115 do CP).

(2003, p. 102).

Finalizando, “esse prazo final obtido deve ser inserido entre a

publicação da sentença e o trânsito em julgado, que se constituem nos termos

inicial e final”. (2003, p. 103).

1.6.4 Da pretensão executória4

Para Antonio Lopes Baltazar: “enquanto na prescrição da pretensão

punitiva o prazo é considerado pelo máximo da pena in abstrato, na prescrição

da pretensão executória é contado, em regra, pela quantidade da pena imposta

na sentença, pena in concreto. As exceções são os casos de fuga do

condenado e revogação do livramento condicional, cujo prazo é determinado

pelo restante da pena e, nos casos de concurso formal e crime continuado, em

4 Não se pretende fazer uma análise detida acerca dessa modalidade de prescrição, tendo em vista que tal análise escapa do objeto do presente estudo.

26

que a majoração da pena, prevista nos artigos 70 e 71 do Código Penal, é

desconsiderada para efeitos prescricionais. Porém, as causas de aumento de

pena e as agravantes são consideradas”.

1.7 CAUSAS MODIFICADORAS DO CURSO PRESCRICIONAL

1.7.1 Causas de redução do prazo prescricional

No entendimento de Francisco Afonso Jawsnicker, “Em diversos

dispositivos, o Código Penal estabelece regras especiais que levam em conta a

idade do agente ou da vítima. Por exemplo, constitui circunstância atenuante, o

fato de o agente ser menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70

(setenta) anos, na data da sentença (art. 65, inc. I). E constitui circunstância

agravante o fato de o crime ter sido cometido contra criança ou velho (art. 61,

inc. II, alínea “h”). (2010, p. 65).

Continua o autor, ”Para efeito do prazo prescricional, a idade do agente

pode ser relevante como prevê o artigo 115, verbis: São reduzidos de metade

os prazos da prescrição, quando o criminoso era, ao tempo da do crime, menor

de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior que 70 (setenta)

anos”. (2010, p. 65).

Menciona o referido autor que, “A redução prevista nesse artigo aplica-

se a todas as espécies prescricionais, ou seja, quer à prescrição da pretensão

punitiva, quer à prescrição da pretensão executória”. (2010, p. 66).

1.7.2 Causas Suspensivas da Prescrição

No entendimento de Francisco Afonso Jawsnicker, “As duas primeiras

hipóteses de suspensão do prazo prescricional previstas no artigo 116 do

27

Código Penal, dizem respeito à prescrição da pretensão punitiva”. (2010, p.

67).

Continua referido autor que, “O inc. I dispõe que a prescrição não

ocorre enquanto não for resolvida, em outro processo, questão de que dependa

o reconhecimento da existência do crime. Com efeito, havendo questão

prejudicial, obrigatória ou facultativa, suspende-se o curso da ação penal até

que a controvérsia seja dirimida pelo juízo. O inc. II estabelece que o prazo

prescricional se suspende enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro”.

(2010, p. 67).

No entendimento do autor, “O parágrafo único do artigo 116 traz uma

causa suspensiva da prescrição da pretensão executória, qual seja, o fato de o

condenado estar preso por outro motivo” Cita o autor Edgar Magalhães, “a

expressão outro motivo é ampla: toda e qualquer razão que não seja a da

sentença condenatória de que trata o dispositivo. Preso por outro motivo, não

pode ele cumprir a pena que lhe foi imposta, donde seria absurdo que esse

outro comportamento ilícito, que lhe determinou a prisão, fosse causa para que

ele não cumprisse a pena que foi imposta naquela sentença”. (2010, p. 68).

Ainda, explica referido autor que “O art. 116 do Código Penal não

esgota as causas de suspensão do prazo prescricional”. (2010, p. 68).

1.7.3 Causas Interruptivas da Prescrição

Para o autor Francisco Afonso Jawsnicker, “Além de ser passível de

suspensão, o prazo da prescrição penal pode ser interrompido. Ressalta-se

que a suspensão e interrupção do prazo prescricional são fenômenos distintos.

28

José Federico Marques leciona que “diferente da suspensão do prazo

prescricional, é a sua interrupção. Esta última, como diz Raimundo Macedo,

tem por efeito deter o curso da prescrição, bem como tornar inútil o lapso de

tempo decorrido, começando daí novo curso, como se o crime tivesse sido

praticado naquele dia.” (2010, p. 70).

Ainda nas palavras do mencionado autor, “As causas interruptivas do

prazo prescricional estão previstas, de forma taxativa, no artigo 117 do Código

Penal”. (2010, p. 70).

2. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

2.1 CONCEITO

Nas palavras de Francisco Afonso Jawsnicker, “a prescrição

antecipada, também chamada “em perpectiva”, projetada ou virtual, não está

prevista na legislação brasileira. Trata-se de uma construção relativamente

recente da doutrina e da jurisprudência pátrias”. (2010, p. 89).

Referido autor traz em sua obra o entendimento de Osvaldo Palotti

Júnior, onde essa modalidade de prescrição constitui “o reconhecimento da

prescrição retroativa, tomando-se por base a pena que possível ou

provavelmente seria imposta ao réu no caso de condenação”. (2010, p. 89).

Para Antonio Lopes Baltazar, a prescrição antecipada é “o

reconhecimento da prescrição retroativa, antes da sentença, com base na pena

a que o réu seria condenado, evitando assim, o desperdício de tempo na

29

apuração de coisa nenhuma, pois já se sabe, antecipadamente, que o

resultado será a extinção da punibilidade”. (2003, p. 1007).

2.2 ORIGEM

Antonio Lopes Baltazar traz em sua obra um breve histórico a respeito

da prescrição retroativa e seu reconhecimento antecipado, a seguir transcrito:

“A prescrição retroativa como modalidade de prescrição punitiva é

criação pretoriano, nenhuma outra legislação a contempla. Desde o

Decreto nº 4.780/1923, que permitia a contagem do prazo

prescricional com base na pena imposta na sentença, quando

somente o réu houvesse recorrido, surgiram debates sobre a

possibilidade de se contar o prazo em data anterior à sentença. Já

nessa época, O Supremo Tribunal Federal chegou a admitir a

contagem do prazo retroativamente.

Como o Código Penal de 1940 adotou a mesma redação do Decreto

mencionado, a discussão sobre a prescrição retroativa persistia, até

que, em 1964, O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula nº 146,

consagrando a prescrição retroativa. Atualmente, em virtude de

alteração trazida pela Lei nº 7.209/1984, que modificou a parte geral

do Código Penal, o prazo retroativo, pode, inclusive, ser contado em

data anterior ao do recebimento da denúncia, conforme determina o

art. 110, § 2º.

Devido a uma série de problemas sociais, nas últimas décadas, a

grande maioria do provo brasileiro abandonou o campo e migrou para

as cidades, especialmente para as grandes capitais, onde não há, em

regra, infra-estrutura capaz de absorver tanta gente que chega

diariamente. Surgem, desse modo, a falta de moradia, o desemprego,

30

a falta de escolas, falta de saneamento básico, enfim, um caminho

fértil em direção à criminalidade.

Não há dúvida alguma que essa situação é a causa principal do

assustador crescente índice de criminalidade nos grandes centros

urbanos, em todos os níveis, e que, consequentemente, “abarrota” os

Distritos Policiais de Inquéritos e, as Varas Criminais, de processos.

Por outro lado, nossa legislação processual penal contém uma

excessiva dose de formalismo, também responsável pela morosidade

no desencadeamento da persecutio criminis.

Essas situações, inexoravelmente, levam ao retardamento do

processo, de maneira que, após a condenação, já ocorrera o prazo

prescricional retroativo, ou seja, o réu foi punido no papel, mas não

na prática, pois a prescrição retroativa anula todos os efeitos,

principais e acessórios da sentença. É muito comum ainda, e cada

vez mais, vem ocorrer situação em que processos, mesmo antes de

findados, já indicam a inequívoca existência futura de prescrição. Em

resumo, o Estado movimentou a máquina judiciária por um período

prolongado, com dispêndio financeiro considerável, entretanto não

conseguiu impor uma punição concreta ao autor do delito.

Em razão desse quadro, surgiu uma corrente, na doutrina e

jurisprudência, defendendo a tese de uma e outra modalidade de

prescrição, oriunda da prescrição retroativa: a chamada prescrição

antecipada, com o objetivo de se evitarem tramitação processual

desnecessária e julgamentos inúteis.” (2003, p. 105).

2.3 FUNDAMENTOS

2.3.1 Fundamento lógico

Como preconiza Francisco Afonso Jawsnicker, “o instituto da

prescrição cumpre determinadas funções sociais, pois não seria humano

31

manter-se uma pessoa indefinidamente sob a ameaça de punição, além do

que, o curso do tempo enfraquece ou faz desaparecer as provas, o que poderia

afastar a sentença condenatória da verdade dos fatos”. (2010, 109).

Continua o autor, “no entanto, não se compreende que depois de toda

a movimentação do aparelho repressivo do Estado e da máquina judiciária, o

que demanda recursos materiais e intelectuais, declare-se que, embora o réu

tivesse sido condenado a cumprir determinada pena, aquela condenação na

verdade não existe”. (2010, 109).

2.3.2 Fundamento funcionalista

Francisco Afonso Jawsnicker, cita o autor Fábio Guedes de Paula

Machado que propõe outro fundamento para a prescrição antecipada baseado

no funcionalismo penal, “enquanto método de Direito Penal, integrado ao

sistema reitor que é de preservação das garantias fundamentais em obediência

ao princípio da dignidade da pessoa humana, acrescido ainda com as

constatações de se buscar a necessária eficácia do Direito Penal. Por

conseguinte a prescrição antecipada passa a ter outro enfoque,

prioritariamente material, surgindo posteriormente no processo, e não o

inverso, como propugnado pela negativa do interesse de agir em face da

possibilidade de um processo penal incapaz de efetiva imposição de

condenação”. (2010, 110).

2.4. POSIÇÃO NA DOUTRINA E NA JURISPRUDÊNCIA

Para Antonio Lopes Baltazar, “A jurisprudência e a doutrina,

majoritárias, não admitem a prescrição antecipada, sob o argumento de que o

32

Código Penal, ao cuidar da prescrição retroativa, impôs como pressuposto uma

sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de

improvido o recurso. Portanto, afirmam, não há como o juiz, ao receber a

denúncia ou em qualquer fase do processo, antes de prolatar a sentença,

declarar extinta a punibilidade pela prescrição, mesmo que, numa análise dos

autos, conclua que o réu, à luz das circunstâncias judiciais (art. 59 do Código

Penal), seja condenado à pena mínima, e daí, já haver ocorrido lapso de tempo

prescricional suficiente entre o fato e o recebimento da denúncia”. (2003, p.

108).

Continuando o autor, “Desse modo, seguindo essa orientação, em

obediência ao princípio da legalidade, o Promotor de Justiça é forçado a

oferecer denúncia quando estiverem presentes indícios de autoria e evidências

da existência do crime de ação pública, mesmo que perceba a ocorrência de

tempo suficiente para a futura declaração da prescrição retroativa, mas não

para a prescrição da pretensão abstrata. É obrigado a acusar o réu, realizar a

prova e, ao final, só após a sentença, com a fixação da pena, é que poderá

pedir que seja declarada a extinção da punibilidade pela prescrição retroativa e,

mesmo assim, para alguns, não poderá ser reconhecida pelo juiz da sentença”.

(2003, p. 108).

Diante do exposto, percebe-se que há divergências na aplicação da

prescrição antecipada, “que visa a evitar dispêndios desnecessários de tempo

com julgamentos inócuos, nas palavras de Baltazar”. (2003, p. 105).

A seguir serão tratadas as divergências, com teorias a favor e

contrárias a aplicação desta “fórmula anômala de prescrição”, como descreve

Baltazar.

33

2.5 TEORIAS A FAVOR DA APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

2.5.1 A prescrição antecipada e o interesse de agir

O interesse de agir está entre as três condições fundamentais do

direito de ação, conforme a teoria geral do processo.

Para José Frederico Marques, citado por Francisco Afonso Jawsnicker,

“existe interesse de agir quando, configurado o litígio, a providência

jurisdicional invocada é cabível à situação concreta da lide, de modo que o

pedido apresentado ao juiz traduza formulação adequada à satisfação do

interesse contrariado, não atendido, ou tornado incerto. [...] o interesse de agir

significa existência de pretensão objetivamente razoável”. (2010, p. 94).

Dessa forma, para Francisco Afonso Jawsnicker “a prescrição

antecipada encontra seu principal fundamento na falta de interesse de agir, que

acarreta a ausência de justa causa para o início ou prosseguimento da ação

penal”. (2010, p. 93).

Referido autor, citando o entendimento de José Frederico Marques, diz

que a justa causa deve ser entendida como “o conjunto de elementos e

circunstâncias que tornem viável a pretensão punitiva”. (2010, p. 96).

2.5.2 A prescrição antecipada e a instrumentalidade do processo

Citado na obra de Francisco Afonso Jawsnicker, Sidney Beneti, em

declaração de voto no Acórdão de 16.03.1992 – RT 688/323, afirma que a

prescrição antecipada “se coloca a par da moderna orientação científica da

instrumentalidade do processo, para a qual se dirigem todos os doutrinadores

do direito processual, tanto civil como penal, como largamente tratado em obra

34

clássica pelo Prof. Cândido Rangel Dinamarco (A Instrumentalidade do

Processo. RT, 1989). A orientação contrária não pode ser vista se não (sic)

como desnecessário formalismo, que se alimenta tão-somente do formalismo,

visto que lhe falta substância, quer no âmbito do Direito Material, quer no do

Direito Processual”. (2010, p. 107).

2.5.3 A prescrição antecipada e o princípio da economia processual

O princípio da economia processual está entre outros princípios, o que

justifica o uso da prescrição antecipada, visto que indaga o motivo de se

movimentar a máquina judiciária sem utilidade, pois já se sabe,

antecipadamente, que não será possível aplicar a sanção penal.

No entendimento de Antonio Lopes Baltazar, “pelo princípio da

economia processual, entende-se que deva ser escolhido, entre duas

alternativas, aquela que for menos onerosa à parte e também ao Estado.

Procura-se buscar o máximo resultado na atuação do direito com o mínimo

possível de atividades processuais e, consequentemente, de despesas, sem

contudo, suprimir atos previstos no rito processual em prejuízo às partes”.

(2003, p. 111).

2.5.4 A prescrição antecipada e seu reconhecimento no curso da ação penal

Francisco Afonso Jawsnicker aduz que, “Pode ocorrer que no curso da

aço penal fique evidente a possibilidade de ser reconhecida a prescrição

retroativa, em havendo sentença condenatória. Cita Rubens de Paula que

analisa essa hipótese, a ela se referindo como “causa superveniente extintiva”.

(2010, p. 101).

35

Ainda, comenta que, “O Estado, ao promover a persecutio criminis, tem

por interesse material a imposição de uma pena ao autor da infração penal. A

possibilidade de imposição dessa pena deve estar presente durante todo o

processo penal. Caso contrário, desaparece o interesse processual”. (2010, p.

101).

2.5.5 A prescrição antecipada e o constrangimento ilegal causado pelo

processo penal

Edison Aparecido Brandão, citado na obra de Francisco Afonso

Jawsnicker afirma que “é evidente o constrangimento a que está sujeito o réu,

que aguardará por longos meses seu julgamento para que, mesmo se

condenado for, somente então se possa ter a prescrição reconhecida”. (2010,

p. 105).

No entendimento de Francisco Afonso Jawsnicker, “Ressalta-se que

não se trata apenas de isentar o agente dos incômodos do processo. Trata-se

de livrá-lo de um processo inútil, porque não trará nenhum resultado concreto,

face ao inevitável reconhecimento da prescrição retroativa. [...] a prescrição

antecipada não evita os incômodos de um processo legítimo, que devem ser

suportados pelo réu, mas apenas o constrangimento ilegal do processo sem

justa causa, que não precisa ser aceito, ensejando a impetração de habeas

corpus, com fulcro no art. 648, inc. I, do Código de Processo Penal.” (2010, p.

106).

Conclui o referido autor que “percebe-se a íntima relação entre este

argumento e o da carência da ação penal por falta de interesse de agir. Uma

situação leva à outra. Vislumbrada a inutilidade do processo penal, em virtude

36

do provável reconhecimento da prescrição retroativa, segue-se a falta de

interesse de agir. Verificada esta, segue-se que o processo gera

constrangimento ilegal, por justa causa”. (2010, p. 106).

2.5.6 A prescrição antecipada e a prestação jurisdicional concreta

Antonio Lopes Baltazar, leciona que “O Poder Judiciário, quando

movimentado pelo autor da ação penal, busca um resultado concreto, objetiva

uma condenação que satisfaça a pretensa estatal de acordo com a infração

praticada pelo réu e em consonância com a lei pré-estabelecida. Jamais a

máquina estatal deve ser utilizada para se postular coisa abstrata, sem

qualquer ligação com a realidade. Por isso, a instauração de um processo ou o

seu prosseguimento, quando de antemão já se vislumbra que não se chegará a

uma condenação, ou seja, não haverá o resultado para o qual se propôs o

Estado. Por quê razão lógica continuar com um trabalho absolutamente inútil?

(2003, p. 112).

2.6 TEORIAS CONTRÁRIAS À APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

2.6.1 A prescrição antecipada e a legalidade

Antonio Lopes Baltazar, traz a esta questão que “Os opositores do

reconhecimento antecipado da prescrição retroativa evocam uma série de

obstáculos impeditivos”, entre eles, o Princípio da Legalidade: “o artigo 110, §§

1º e 2º do Código Penal, determina que a prescrição retroativa só pode ser

reconhecida depois da sentença condenatória, com trânsito em julgado para a

acusação, ou depois de improvido o seu recurso; logo, afirmam, antes da

37

sentença condenatória a prescrição só pode ser regulada pela pena máxima

cominada em lei. Tal procedimento vem violar o texto legal, pois somente após

uma sentença condenatória é que se pode cogitar da prescrição em concreto; é

a posição, inclusive, do Supremo Tribunal Federal”. (2003, p. 108).

2.6.2 A prescrição antecipada e o devido processo legal

Este princípio, também invocado por Antonio Lopes Baltazar, quando

menciona os opositores do instituto da prescrição antecipada, “a condenação

não pode ser aceita pela parte; urge desenvolver o processo em todas as

etapas. Só a sentença gera o status de condenado, por isso, como afirma José

Carlos Marrone, “há evidente obstáculo constitucional para se reconhecer a

prescrição antecipada, que toma como referência, dado aleatório, ou seja,

suposta data de trânsito em julgado de sentença condenatória, ou de hipotética

condenação””. (2003, p. 110).

2.6.3 A prescrição antecipada e a obrigatoriedade da ação penal

Outro princípio trazido por Antonio Lopes Baltazar, que encontra

opositores para o reconhecimento da prescrição antecipada é o da

obrigatoriedade, “não tem o juiz poderes discricionários para analisar se

instaura ou não a ação penal. Os órgãos incumbidos da persecução devem

promover os atos procedimentais até o final da decisão. Por isso, a autoridade

policial deve instaurar o Inquérito Policial; o Promotor de Justiça deve oferecer

a denúncia; o juiz deve presidir a instrução do processo e decidir”. (2003, p.

110).

38

2.6.4 A prescrição antecipada e a ampla defesa, o contraditório e a

presunção de inocência

Com relação ao princípio da ampla defesa e do contraditório Antonio

Lopes Baltazar, ao tratar dos opositores da prescrição antecipada traz que: “a

prescrição antecipada não pode ser reconhecida porque depende de uma

sentença condenatória e ninguém pode ser condenado sem a garantia do

contraditório e da ampla defesa; portanto, uma condenação sem instrução

probatória é ato nulo e não produz efeito algum”. (2003, p. 109).

Ao tratar do princípio da presunção de inocência, Francisco Afonso

Jawsnicker menciona que “alguns operadores do Direito sustentam que a

prescrição antecipada viola o princípio da presunção de inocência, consagrado

no art. 5º, inc. LVII, da Constituição Federal”. Comenta que o Tribunal de

Alçada Criminal de São Paulo e o do Paraná, decidiram que a prescrição penal

antecipada viola o princípio da presunção e inocência. (2010, p. 124).

2.6.5 A prescrição antecipada e o direito do réu a uma sentença de mérito

Francisco Afonso Jawsnicker trás sobre este tema que, “Sustenta-se,

contra a prescrição antecipada, o direito do réu a uma sentença de mérito, uma

vez que no processo penal é útil tanto a sentença que declara o acusado

culpado quanto aquela que reconhece a sua inocência, já que ambas são

respostas ao jus puniendi”. Continuando o autor, “Quando se fala em direito a

uma sentença de mérito, é preciso que se ressalte que se fala em sentença

que aprecia a imputação feita ao réu, que o declara culpado ou reconhece a

sua inocência. Esse esclarecimento é necessário tendo em vista a clássica

divisão dos atos decisórios praticados pelos juízes penais, em decisões

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interlocutórias simples, decisões interlocutórias mistas e decisões definitivas.

Estas, por sua vez, subdividem-se em condenatórias, absolutórias e

terminativas de mérito. A sentença que reconhece a extinção da punibilidade é

considerada terminativa de mérito. O argumento em tela, entretanto, se refere

unicamente às decisões condenatórias e absolutórias”. (2010, p. 125).

2.6.6 A prescrição antecipada e a mutatio libelli

Na obra de Francisco Afonso Jawsnicker vem a informação de Rogério

Felipeto, que há outra questão de ordem prática que se antepõe à prescrição

antecipada: “admitindo-se, por absurdo, que a prescrição antecipada pudesse

verificar-se, não satisfaria ela a possibilidade da mutatio libelli, eis que

inexistindo coisa julgada, a nova tipificação penal alteraria o prazo

prescricional”. (2010, p. 133).

2.6.7 A prescrição antecipada e a correta prestação jurisdicional

Francisco Afonso Jawsnicker expõe a afirmação de Rogério Felipeto ao

argumento da economia processual usado em defesa da prescrição

antecipada: “os fins que inspiram repugnam, pois o seu escopo é tão-só a

diminuição numérica de processo, relegando-se a plano inferior uma correta

prestação jurisdicional”. (2010, p. 136).

3 DA CONTROVÉRSIA DA PRESCRIÇÃO ANTECIPADA

Ao tratar deste tema, Francisco Afonso Jawsnicker aponta que, “A

prescrição antecipada é tema que tem gerado série controvérsia na doutrina e

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na jurisprudência pátrias. Tal controvérsia, parece-nos, está longe de ser

dirimida”. (2010, p. 91).

Referido autor, cita em sua obra o posicionamento de Júlio José

Lozano Jr. Que informa, “a jurisprudência dos Tribunais Superiores é pacífica

quanto ao não-acolhimento da referida modalidade prescricional, no que vem

sendo seguida pelos Pretórios estaduais, também com posições majoritárias

nesse sentido, acrescentando que contrariamente a esse tipo prescricional

posicionam-se, dentre outros, os seguintes doutrinadores: BITTENCOURT,

C.R....; CERNICCHIARO, Luiz Vicente...; DOTTI, René Ariel...; FELIPETO,

Rogério...; JESUS, D.E....; MIRABETE, J.F....; JÚNIOR, Osvaldo Palotti...;

PORTO, A.R....; ZAFFARONI, E.R.; PIERANGELI, J.H....”. (2010, p. 91).

Também cita os autores que aceitam a tese da prescrição antecipada:

“Edison Aparecido Brandão,...; Maurício Antonio Ribeiro Lopes,...; Paulo

Martini,...; Sídio Rosa de Mesquita Júnior,...; Antonio F. Scheibel Padula,...;

Dagoberto Romani,...; Andrei Zenkner Schimidt,...; Luiz Sérgio Fernandes de

Souza,...”. (2010, p. 91).

O citado autor observa as palavras de Júlio José Lozano Jr. “ao lado

da doutrina, encontramos a jurisprudência, que, embora de maneira tímida,

vem aceitando a tese em exame para, com base nela, rejeitar iniciais

acusatórias e, até mesmo, trancar ações penais eventualmente instauradas”.

(2010, p. 92).

Jawsnicker comente que “Os operadores do Direito – advogados,

membros do Ministério Público e magistrados – que defendem a prescrição

antecipada invocam como argumento a carência de ação por falta de interesse

de agir. Se for constatado, no caso concreto, à vista das circunstâncias do fato

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e das condições pessoais do réu, especialmente sua primariedade e bons

antecedentes, que a pena, no caso de condenação, seria atingida pela

prescrição, segue-se que faltaria ao Estado o interesse de agir, porque de

nenhuma utilidade o processo”. (2010, p. 92)

Continuando o autor, “Os defensores da prescrição antecipada também

alegam, em favor do instituto, o dispêndio de tempo e o desgaste do prestígio

da Justiça Pública, quando se antevê o reconhecimento da prescrição

retroativa na eventualidade de futura condenação. Argumentam ainda que o

reconhecimento antecipado da prescrição presta-se para livrar o réu da

penalização pela morosidade da Justiça. Além disso, valem-se do princípio da

instrumentalidade do processo para defender a prescrição antecipada”. (2010,

p. 92)

Com relação aos opositores, Jawsnicker assim comenta, “Do outro

lado, aqueles que se manifestam contra a prescrição antecipada dispõe de um

grande leque de argumentos. Essa modalidade prescricional, dizem, não

encontra respaldo legal, além de contrariar uma série de princípios do Direito, a

saber: da legalidade, da obrigatoriedade, da ampla defesa, do contraditório, do

devido processo legal e da presunção de inocência. Ademais, asseveram que a

prescrição antecipada relega a plano inferior a correta prestação jurisdicional,

além de ignorar a possibilidade da mutatio libelli. Sustentam, ainda, que os

efeitos civis da sentença condenatória constituem um óbice à aceitação da

figura prescricional em tela. Objetam, por fim, que não se pode antever, como

exige a prescrição antecipada, o quantum punitivo.” (2010, p. 92).

Ao tratar da prescrição retroativa e seu reconhecimento antecipado,

Maximilianus e Maximiliano, aponta que, “Alguns julgados têm admitido o

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reconhecimento da prescrição retroativa mesmo antes da sentença

condenatória. Não haveria justa causa para se iniciar ou continuar a ação penal

quando já se escoou o lapso prescricional referente à pena a ser

eventualmente aplicada”. (2007, p. 141.)

Continua o autor: “Trata-se da hipótese em que os dados constantes dos

autos indicam que, se houver condenação, a pena aplicada será a mínima ou

algo próximo da mínima. Como se sabe, a pena mínima é a regra na

jurisprudência nacional. Qualquer acréscimo deve ser cumpridamente

fundamentado. Assim, o prazo prescricional deve ser regulado desde já pela

pena que será aplicada, caso haja condenação. Ocorrendo este lapso, não

haveria sentido no início ou no prosseguimento do feito, vez que, mesmo

sobrevindo sentença condenatória, a punibilidade seria declarada extinta, logo

a seguir, pelo reconhecimento da prescrição retroativa”. (2007, p. 141).

Referido autor, assim finaliza: “Segundo este entendimento, é de

nenhum efeito, a persecução penal neste caso. Haveria dispêndio de tempo e

desgaste do prestígio da Justiça Pública, faltando, assim, na hipótese, o

interesse de agir. Entretanto, vem-se firmando forte corrente contrária que não

admite o reconhecimento antecipado da prescrição retroativa. Essa corrente

entende que a lei não autoriza que seja declarada a prescrição com base numa

pena hipotética. Por outro lado, enquanto não ocorrer a prescrição pela pena

em abstrato, o réu tem o direito a uma decisão de mérito, que, ao menos

moralmente, poderá lhe ser mais favorável do que a simples extinção do

processo”. (2007, p. 141).

Com tantas divergências doutrinárias não seria diferente no âmbito do

Judiciário, como se pode ver em alguns julgados:

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"PENAL E PROCESSUAL PENAL. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA OU EM PERSPECTIVA. PROCESSO NATIMORTO. 1. Deve ser reconhecida a prescrição de forma antecipada, tendo por referência, não o fato jurídico da pena aplicada, mas apenas a pena hipotética ou em perspectiva, quando de logo se sabe, induvidosamente, que a sentença a ser proferida, se der pela condenação, não terá nenhuma eficácia. Hipótese em que, cessando o interesse de agir, de forma intercorrente, o processo revela-se tal como um "natimorto". 2. Recurso improvido. (RCCR 1997.34.00.026404-6/DF, Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, DJ 24.06.2004, p. 12).

"PROCESSO PENAL. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA, EM PERSPECTIVA OU VIRTUAL. 1. A doutrina e a jurisprudência divergem, quanto à prescrição antecipada, predominando, no entanto, a orientação que não a admite.2. A prescrição antecipada evita um processo inútil, um trabalho para nada, para chegar-se a um provimento jurisdicional de que nada vale, que de nada servirá. Desse modo, há de reconhecer-se ausência do interesse de agir.3. Não há lacunas no Direito, a menos que se tenha o Direito como lei, ou seja, o Direito puramente objetivo. Desse modo, não há falta de amparo legal para aplicação da prescrição antecipada.4. A doutrina da plenitude lógica do direito não pode subsistir em face da velocidade com que a ciência do direito se movimenta, de sua força criadora, acompanhando o progresso e as mudanças das relações sociais. Seguir a lei "à risca, quando destoantes das regras contidas nas próprias relações sociais, seria mutilar a realidade e ofender a dignidade do espírito humano, porfiosamente empenhado nas penetrações sutis e nos arrojos de adaptação consciente" (Pontes de Miranda).5. "Se o Estado não exerceu o direito de punir em tempo socialmente eficaz e útil, não convém levar à frente ações penais fundadas de logo ao completo insucesso" (Juiz Olindo Menezes).6. "O jurista, como o viajante, deve estar pronto para o amanhã" (Benjamim Cardozo)." (TRF - 1ª REGIÃO. RC – 200234000286673. 3ª TURMA.. Relator Des. Federal TOURINHO NETO. DJ DATA: 14/1/2005, p. 33)

"Se após exame minucioso dos autos, o julgador, ao verificar a suposta pena a ser aplicada, mesmo considerando todas circunstâncias judiciais desfavoráveis, perceber que eventual juízo condenatório restaria fulminado pela prescrição, não há justificativa para proceder-se a um complexo exame da ocorrência, ou não, da conduta criminosa, em nítida afronta às finalidades do processo e em prejuízo do próprio Poder Judiciário, devendo ser reconhecida, nessa hipótese, a ausência de justa causa para a ação. 2. Negado provimento ao recurso em sentido estrito." (TRF 4ª REGIÃO - RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO Nº 2003.70.02.003195-9/PR - DJU 22.12.2004, SEÇÃO 2, P. 177, J. 01.12.2004 - RELATOR: DES. FEDERAL LUIZ FERNANDO WOWK).

Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO VIRTUAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. APELO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A prescrição virtual não pode ser utilizada como fundamento extintivo de punibilidade, por ausência de previsão legal expressa no ordenamento jurídico pátrio. Inteligência da Súmula 438 do STJ. 2. Afigura-se, em tese, viável o reconhecimento da prescrição virtual, apenas para rejeição da denúncia, ou arquivamento do inquérito policial, por evidenciar ausência de interesse processual, na modalidade interesse-utilidade.

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3. Apelo conhecido e dado provimento. Acórdão – Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Senhores Desembargadores da Primeira Câmara Criminal, por unanimidade, de acordo com o parecer da Procuradoria Geral de Justiça, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Desembargador Relator. Participaram do julgamento Excelentíssimos Senhores Desembargadores Antonio Fernando Bayma Araujo (Presidente), Raimundo Nonato de Souza e José Luiz Oliveira de Almeida. Presente pela Procuradoria Geral de Justiça o Dr. Eduardo Jorge Nicolau São Luís, 26 de outubro de 2010. DESEMBARGADOR Antônio Fernando Bayma Araujo PRESIDENTE DESEMBARGADOR José Luiz Oliveira de Almeida RELATOR PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRÉDITO PRESCRIÇÃO PELA PENA EM PERSPECTIVA. FACTIBILIDADE. É factível a aplicação da prescrição pela pena em perspectiva para evitar o deletério desgaste do emprego da força de trabalho do Judiciário ao longo de toda uma instância processual quando ex prompto já se constata que o resultado, mesmo em caso de efetivo juízo condenatório, será absolutamente nenhum. (TRF4, RSE 2006.72.14.002573-7, Sétima Turma, Relator Ricardo Nüske, D.E. 28/01/2009).

PENAL. PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA. ARTIGOS 299 e 171, AMBOS DO CÓDIGO PENAL. ART. 1º, INCS. I E II DO DLNº 201/67. VIÁVEL A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA. EXCEPCIONALIDADE. 1. A prescrição pela pena projetada, embora não prevista na lei, é construção jurisprudencial tolerada em casos excepcionalíssimos, quando existe convicção plena de que a sanção aplicada não será apta a impedir a extinção da punibilidade. 2. Na espécie, considerando o período transcorrido das datas dos fatos até o presente momento (mais de nove anos), sem que a denúncia tenha sido recebida, a prescrição fatalmente incidirá sobre a pena aplicada em eventual sentença condenatória – que, provavelmente, muito não se afastará do mínimo legal. (TRF4, RSE 2005.71.08.011814-0, Oitava Turma, Relator Luiz Fernando Wowk Penteado, D.E. 14/01/2009).

3.1 Súmula 438 do Superior Tribunal de Justiça

Ante as divergências doutrinárias, o Superior Tribunal de Justiça editou

a Súmula 438 que assim dispõe: “É inadmissível a extinção da punibilidade

pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética,

independentemente da existência ou sorte do processo penal”.

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Assim, a citada súmula confirma o posicionamento da referida corte

acerca da ilegalidade da prescrição antecipada, pela falta de previsão legal

para seu reconhecimento.

3.2 Projeto do Código de Processo Penal

É oportuno mencionar o conteúdo do caput do artigo 37 do Projeto Lei

do Senado nº 156/2009, pois resgata a possibilidade da aplicação da

prescrição penal antecipada, tema de inúmeras divergências por parte dos

operadores do direito: “insuficiência de elementos de convicção ou por outras

razões de direito, seja, ainda, com fundamento na provável superveniência de

prescrição que torne inviável a aplicação da lei penal no caso concreto, tendo

em vista as circunstâncias objetivas e subjetivas que orientarão a fixação da

pena”.

4 CONCLUSÃO

Diante do trabalho apresentado, percebe-se que a aplicação da

prescrição, seja da pretensão punitiva ou executória, por si só, já gera críticas

por parte da doutrina, por ser a prescrição, a perda do Estado do direito de

punir o acusado.

Pode-se verificar isso nas palavras de Fábio André Guaragni, “Se a

inércia estatal tocante à persecução de um fato penalmente relevante ou à

execução da sanção penal importa na renúncia em relação a ambas, dando

lugar à prescrição, a contrario sensu, o exercício de atos persecutórios

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destinados à apuração do fato e punição de atos persecutórios destinados à

apuração do fato e punição do infrator demonstram a inequívoca intenção

estatal de exercer seu direito de punir, afastando a possibilidade de ocorrer

prescrição”. (2006, p. 148).

Com relação a prescrição penal antecipada, as controvérsias são

ainda maiores, pois padece de previsão legal. A não aceitação é majoritária,

pois afronta o princípio da legalidade.

Com entendimentos contrários, temos as correntes a favor da

prescrição antecipada, defendendo que constitui hipótese de carência de ação

por falta de interesse de agir, além do que, o processo penal não teria efeito o

esperado, entre outras razões, como a economia processual e a celeridade.

Diante do estudo apresentado, concluí-se que este tema é alvo de

inúmeras divergências, pois, tanto as teses contrárias, como as teses a favor

do reconhecimento da prescrição penal antecipada, têm fundamentos de

grande relevância no ordenamento brasileiro.

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REFERÊNCIAS

BALTAZAR, Antonio Lopes. Prescrição Penal. Editora Edipro, 1ª Edição, 2003. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. Volume I. Editora Impetus, Niteroi,RJ, 2007. GUARAGNI, Fábio André. Prescrição Penal e Impunidade. Juruá Editora, Curitiba, 1ª edição, 2ª tiragem, 2006. JAWSNICKER, Francisco Afonso. Prescrição Penal Antecipada. Juruá Editora, Curitiba, 2ª edição, 2008. FÜHER, Maximilianus Cláudio Américo e FÜHER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito Penal. Parte Geral. Malheiros Editores, 27ª edição, 2007.