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U UN NI I V VE E R RS SI I D DA AD DE E F F E E D DE E R RA AL L D DE E P PE E R RN NA AM MB B U UC CO O CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE GENÉTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ANÁLISE CARIOTÍPICA, HETEROCROMATINA CONSTITUTIVA E FREQUÊNCIA DE EXPRESSÃO DAS RONs EM DUAS ESPÉCIES DE MELANOPLINAE (ORTHOPTERA: ACRIDIDAE) JÉSSICA MIRANDA DO NASCIMENTO RECIFE 2009

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UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO CCEENNTTRROO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS BBIIOOLLÓÓGGIICCAASS

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BBIIOOLLOOGGIIAA MMOOLLEECCUULLAARR DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

ANÁLISE CARIOTÍPICA, HETEROCROMATINA CONSTITUTIVA E FREQUÊNCIA DE EXPRESSÃO DAS

RONs EM DUAS ESPÉCIES DE MELANOPLINAE (ORTHOPTERA: ACRIDIDAE)

JÉSSICA MIRANDA DO NASCIMENTO

RECIFE 2009

UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO CCEENNTTRROO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS BBIIOOLLÓÓGGIICCAASS

DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE GGEENNÉÉTTIICCAA

PPRROOGGRRAAMMAA DDEE PPÓÓSS--GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO EEMM GGEENNÉÉTTIICCAA EE BBIIOOLLOOGGIIAA MMOOLLEECCUULLAARR

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

ANÁLISE CARIOTÍPICA, HETEROCROMATINA CONSTITUTIVA E FREQUÊNCIA DE EXPRESSÃO DAS RONs EM DUAS ESPÉCIES DE

MELANOPLINAE (ORTHOPTERA: ACRIDIDAE)

JÉSSICA MIRANDA DO NASCIMENTO

RECIFE 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Mestre em Genética pela UFPE.

Orientador: Profª. Drª. Maria José de Souza Lopes Co-orientador: Profª. Drª. Marília de França Rocha

Nascimento, Jéssica Miranda do Análise cariotípica, heterocromatina constitutiva e frequência de expressão das RONs em duas espécies de Melanoplinae (Orthoptera: Acrididae). / Jéssica Miranda do Nascimento. – Recife: A Autora, 2009. 75 folhas: il., fig., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Departamento de Genética, 2009.

Inclui bibliografia.

1. Gafanhotos - Citogenética 2. Orthoptera 3. Acrididae. I Título. 595.727 CDU (2.ed.) UFPE 595.726 CDD (22.ed.) CCB – 2009- 045

À minha família e às minhas orientadoras, Maria José e Marília, com amor dedico.

“E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando a vida dos insetos...”

Mário Quintana

AAggrraaddeecciimmeennttooss

Em primeiro lugar a Deus pelo dom da vida, por sempre estar guiando meu caminho,

proporcionando alegrias e conforto nos momentos difíceis e por permitir a concretização de

mais uma etapa da minha vida profissional.

À minha família pelo amor, confiança, apoio, dedicação e pela torcida. Em especial, às

pessoas mais importantes da minha vida: meus avós, Maria e José Miranda; minha mãe,

Letícia; meus irmãos, Jonatha e Rebecca; meus tios, Betânia, Júlio, Otoniel (Tano), Kelly

e Socorro; meus primos Gabriel, Túlio, Maurício e Otoniel (Taninho) e minha cunhada

Diene.

À Profª. Drª. Maria José de Souza Lopes pela orientação, dedicação, disponibilidade,

ensinamentos e pela confiança que me fez seguir para conclusão deste objetivo.

À Profª. Drª. Marília de França da Rocha pela co-orientação, amizade, carinho,

paciência, disponibilidade, incentivo e por sempre ter acreditado em mim, estimulando-me

nos momentos mais difíceis.

Ao CNPq pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste trabalho (Processo

471485/2004-7).

Ao professor Dr. Carlos Salvador Carbonell da Universidade de Montevideo, Uruguai,

pela identificação taxonômica das espécies analisadas e pela disponibilidade.

Ao Professor Dr. Marcelo Guerra e à Drª. Ana Emília pela disponibilização do sistema

de captura de imagens do Laboratório de Citogenética Vegetal (Departamento de Genética/

CCB/ UFPE) e por viabilizar a realização da técnica de FISH. A Ituza e a Diogo pela ajuda

com a captura das imagens de fluorescência deste trabalho.

A Cirlene Maria da Silva pelo auxílio técnico, disponibilidade e, acima de tudo, pela

amizade depositada nestes dois anos.

A Camilla Vila Nova pela tradução e correção do texto em inglês.

Aos amigos, colegas e ex-colegas do Laboratório de Genética e Citogenética Animal

(UFPE): Adriana, Amanda, Angélica, Bárbara, Carolina (Carol), Cibele, Cybelle,

Danielle, Diogo, Evillis, Graciela, Guilherme, Iane, Jefferson, Marcela, Martin, Myrella,

Nara, Nayara, Pollyanna, Sárah, Thatiana e Tyago, minha sincera gratidão pela amizade,

disponibilidade, incentivo, pelas ajudas ao decorrer do trabalho e pelas divertidas conversas

no Laboratório.

A Ituza Celeste pela amizade, incentivo, companheirismo e cumplicidade desde os

tempos de graduação.

A Merilane Calixto pela amizade, estímulo, pelas longas conversas e confidências,

pelos momentos de lazer e, principalmente, por me incentivar nos momentos difíceis.

Às professoras Neide Santos e Vilma Loreto pela disponibilidade, conselhos e

ensinamentos.

Aos amigos e ex-colegas do Laboratório de Biodiversidade e Genética de Insetos

(UPE): Celso, Cristiane (Cris), Fernando, Maria Clara, Mônica, Nathália e Professora Rita

Moura.

Aos colegas de turma do curso de Mestrado: Betânia, Diego, Felipe, Gabriela, Geyner,

Ituza, Júlia, Marília, Nara, Petra, Rodrigo, Thatiana e Will.

A coordenação e secretaria do Programa de Pós-graduação em Genética (PPGG) pelo

auxílio prestado durante o mestrado.

Aos professores do PPGG, pela contribuição para a minha formação.

Aos funcionários do Departamento de Genética, em especial, Francisca (Fran),

Gilzinete (Dona Zizi) e Romildo pela atenção, disponibilidade e respeito.

A Aliny Costa e a Flávia Arruda pela amizade, companheirismo, estímulo,

conversas, farras e acima de tudo por nunca ter me negado ajuda nos momentos em que mais

precisei.

Aos amigos Camilla, Débora, Érika (Érikinha), Manuela (Manú), Márcia, Naara,

Raul e a família Tiné, Maria Juliana, Fernando e Fernandinho pela amizade, paciência,

incentivo, apoio e pelos maravilhosos momentos de lazer.

As minhas eternas amigas Andréa, Bruna, Érica, Francimary (Mary), Leila, Ligia

e Marilian pelo carinho, apoio, incentivo, confidências, farras, risadas... Amo vocês!

A todos que de alguma forma contribuíram para conclusão deste trabalho.

SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas i

Lista de Figuras ii

Lista de Tabelas iii

Introdução iv

Resumo

Abstract vi

viii

1. Revisão da Literatura 10

1.1. Considerações Gerais sobre a Família Acrididae 11

1.2. Caracterização Cariotípica em Acridoidea

1.2.1. Citogenética Convencional

1.2.1.2. Cromossomo Megamérico

1.2.2. Variabilidade Cariotípica

13

13

15

17

1.3. Heterocromatina Constitutiva (HC)

1.3.1. Considerações Gerais

1.3.2. Padrão de Distribuição e Qualificação da Heterocromatina

Constitutiva em Acridoidea

1.4. Regiões Organizadoras de Nucléolos (RONs)

1.4.1. Considerações Gerais

1.4.2. Regiões Organizadoras de Nucléolos em Gafanhotos

20

20

24

30

30

32

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

2.2. Objetivo Específicos

37

38

38

3. Materiais e Métodos 39

3.1. Materiais 40

3.2. Métodos 40

3.2.1. Processamento dos Espécimes

3.2.2. Preparações Citológicas

3.2.3. Coloração Convencional

3.2.4. Bandeamento C

3.2.5. Coloração CMA3/DA/DAPI

3.2.6. Impregnação com Nitrato de Prata (AgNO3)

40

41

41

41

41

42

3.2.7. Hibridização In Situ Fluorescente (FISH)

3.2.8. Documentação Fotográfica

42

43

4. Resultados

4.1. Baeacris punctulatus

4.2. Dichroplus fuscus

44

45

47

5. Discussão 57

6. Conclusões 62

7. Referências Bibliográficas 65

8. Anexo 74

8.1. Fotografias das Espécies Estudadas 75

i

LLiissttaa ddee AAbbrreevviiaattuurraass AgNO3 Nitrato de prata

AT Pares de bases Adenina e Timina

Ba(OH)2 Hidróxido de bário

CCB Centro de Ciências Biológicas

CMA3 Cromomicina A3

CMA3- Marcação CMA3 negativa

CMA3+ Marcação CMA3 positiva

DAPI 4’-6-diamidino-2-fenil-indol

DAPI- Marcação DAPI negativa

DAPI+ Marcação DAPI positiva

DNA Ácido desoxirribonucleico

DNAr DNA ribossômico

ER Enzimas de Restrição

FISH Hibridização in situ fluorescente

G Cromossomo de tamanho grande

GC Pares de base Guanina e Citosina

HC Heterocromatina constitutiva

HCl Ácido clorídrico

HF Heterocromatina facultativa

M Cromossomo de tamanho médio

MM Mitramicina

P Cromossomo de tamanho pequeno

Pb Pares de bases

PEV Variegação por efeito de posição

RNA Ácido ribonucleico

RNAr RNA ribossômico

RON Região organizadora de nucléolo

SSC Solução salina citrato

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco

UPE Universidade de Pernambuco

X Cromossomo X

ii

LLiissttaa ddee FFiigguurraass Figura 1. Células meióticas de Baeacris punctulatus coradas convencionalmente.

(a) Paquíteno; (b) diplóteno; (c) metáfase I; (d) metáfase II. Barra = 5 µm.

49

Figura 2. Bandeamento C (a, b) e tríplice coloração CMA3/DA/DAPI (c, d) em

cromossomos meióticos de Baeacris punctulatus. (a, b) Diplótenos; (c, d)

paquítenos. As cabeças de seta em c apontam os diminutos blocos CMA3+

pericentroméricos. A seta indica o bloco intersticial adicional. Barra = 5 µm.

50

Figura 3. Diferentes marcações das RONs ativas detectada pela impregnação

com AgNO3 em células meióticas de Baeacris punctulatus. (a, c, d) Zigótenos;

(b) diplóteno; (e, f) paquítenos iniciais. Barra = 5 µm.

51

Figura 4. Comparação entre as frequências de atividade das regiões

organizadoras de nucléolos (RONs) localizadas apenas em autossomos e em

autossomos e no cromossomo X em Baeacris punctulatus.

52

Figura 5. FISH com sonda de DNAr 45S em células meióticas de Baeacris

punctulatus. (a, b) Paquíteno; (c, d) metáfase II. Em a e c coloração com DAPI.

Barra = 5 µm.

53

Figura 6. Coloração convencional em células meióticas de Dichroplus fuscus.

(a) Paquíteno; (b) diacinese; (c) metáfase I; (d) anáfase I. Barra = 5 µm.

54

Figura 7. Bandeamento C (a, b) e tríplice coloração (CMA3/DA/DAPI) (c, d) em

células paquitênicas de Dichroplus fuscus. Em c paquíteno corado com CMA3 e

em d paquíteno corado com DAPI. As setas indicam os diminutos blocos

pericentroméricos de HC no bivalente G2. Barra = 5 µm.

55

Figura 8. Cromossomos meióticos de Dichroplus fuscus após impregnação com

AgNO3 (a, b) e FISH com sonda de DNAr 45S (c, d). (a) Zigóteno; (b, c, d)

paquíteno. Em c célula corada com DAPI. As setas indicam os sítios de DNAr

45S. Barra = 5 µm.

56

iii

LLiissttaa ddee TTaabbeellaass Tabela 1. Número de espécies analisadas, tipos de cariótipos e mecanismos

sexuais em Melanoplinae.

15

Tabela 2. Número de espécimes estudados de Baeacris punctulatus e

Dichroplus fuscus, locais de coleta e coordenadas geográficas.

40

Tabela 3. Comparação entre as freqüências de atividade das RONs em

Baeacris punctulatus.

46

INTRODUÇÃO

v

IInnttrroodduuççããoo

Acridoidea representa uma superfamília de gafanhotos com ampla distribuição

mundial. Estudos citogenéticos são amplamente realizados neste grupo, especialmente, em

acridomorfos das regiões Paleártica e Neotropical. Entretanto, para essa última, a maioria

destes estudos está restrita a análise convencional, revelando apenas número diplóide,

morfologia cromossômica e mecanismo de determinação sexual. Análises com colorações

diferenciais e técnicas moleculares têm sido realizadas em poucas famílias, sendo Acrididae e

Romaleidae as mais estudadas.

O cariótipo modal (2n=23,X0:24,XX) é considerado primitivo para Acrididae. Apesar

da conservação cariotípica deste grupo, variações em relação tanto ao número diplóide quanto

ao mecanismo sexual foram observadas. Melanoplinae merece destaque por ser a subfamília

com maior diversidade cariotípica dentro desta família. O gênero Dichroplus, por exemplo,

apresenta variação do número diplóide de 2n=23, como encontrado em D. elongatus, até

2n=8, sendo este o menor número cromossômico para Acridoidea e encontrado,

exclusivamente, em D. silveiraguidoi.

Quanto ao padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva (HC) e de regiões

organizadores de nucléolos (RONs), os acridídeos exibem uma grande variabilidade e

heterogeneidade. Contudo, a distribuição de HC pericentromérica e a presença de duas RONs

localizadas, geralmente, em cromossomos de tamanho médio e pequeno, são considerados os

padrões mais comuns para este grupo.

Apesar da grande variabilidade cariotípica encontrada nos melanoplíneos, poucos

estudos têm sido desenvolvidos neste grupo. A análise cariotípica em Baeacris punctulatus e

Dichroplus fuscus com técnicas mais refinadas, as quais permitem caracterizar a distribuição e

composição da HC, bem como a localização das RONs e dos sítios de DNAr, permitirá uma

melhor caracterização cromossômica dessas espécies. Estes dados poderão contribuir para

uma melhor compreensão dos padrões cromossômico-evolutivos dentro da subfamília

Melanoplinae.

RESUMO

vii

RReessuummoo

A subfamília Melanoplinae constitui um grupo de gafanhotos com a maior diversidade

cariotípica dentro de Acrididae. O objetivo principal deste trabalho foi estudar cromossomos

meióticos dos melanoplíneos Baeacris punctulatus e Dichroplus fuscus através de diferentes

técnicas citogenéticas. Baeacris punctulatus e D. fuscus apresentaram os cariótipos 2n=23,X0

e 2n=19,X0, respectivamente. Em D. fuscus, o bivalente P9 apresentou comportamento

megamérico durante o ciclo meiótico. A localização da heterocromatina constitutiva (HC) foi

preferencialmente pericentromérica, embora ocorram blocos adicionais nas duas espécies. A

coloração CMA3/DA/DAPI evidenciou blocos CMA3 positivos, correspondendo a HC

detectada pelo bandeamento C de todos os cromossomos, com exceção dos blocos terminais

de alguns cromossomos nas duas espécies e de um bloco CMA3 positivo intersticial sem

marcação para o bandeamento C em B. punctulatus. A coloração com DAPI foi uniforme em

B. punctulatus, enquanto que em D. fuscus, os blocos CMA3 positivos foram DAPI negativos.

A impregnação com AgNO3 e a FISH mostraram seis regiões organizadoras de nucléolos

(RONs) em B. punctulatus e duas, em D. fuscus. Na primeira espécie foi observada expressiva

variação na atividade das RONs. Os dados obtidos neste trabalho revelaram a existência de

uma grande variabilidade cariotípica, tanto em relação ao número diplóide quanto aos padrões

de localização e composição da HC e de distribuição das RONs, incluindo um padrão inédito

para Acridoidea referente ao número e frequência de atividade das RONs.

Palavras-chave: Melanoplinae, cariótipo, HC, RONs.

ABSTRACT

ix

AAbbssttrraacctt

The subfamily Melanoplinae constitutes a group of grasshoppers with the bigger karyotypic

diversity inside Acrididae. The main objective of this work was to study meiotic

chromosomes of the melanoplines Baeacris punctulatus and Dichroplus fuscus through

different citogenetics techniques. Baeacris punctulatus and D. fuscus presented karyotypes

2n=23,X0 and 2n=19,X0, respectively. In D. fuscus, the bivalent P9 presented megameric

behavior during the meiotic cycle. The localization of the constitutive heterochromatin (CH)

was preferentially pericentromeric, although additional blocks occur in both species.

CMA3/DA/DAPI staining evidenced CMA3 positive blocks, corresponding to CH detected by

the C-banding of all chromosomes, except for the terminal blocks of some chromosomes in

both species and one CMA3 positive interstitial block without label for banding-C in B.

punctulatus. Staining with DAPI was uniform in B. punctulatus, while in D. fuscus, the CMA3

positive blocks were DAPI negative. The impregnation with AgNO3 and FISH showed six

nucleolar organizer regions (NORs) in B. punctulatus and two, in D. fuscus. In the first

species a significant variation in the activity of NORs was observed. Data obtained in this

work revealed the existence of a great karyotypic variability, as in relation to the diploid

number as regarding to patterns of CH localization and composition and of NORs

distribution, including a new pattern to Acridoidea referent to number and frequency of NORs

activity.

Key- words: Melanoplinae, karyotype, CH, NORs.

REVISÃO DA LITERATURA

11

11.. RReevviissããoo ddaa LLiitteerraattuurraa

1.1. Considerações Gerais sobre a Família Acrididae

Acridoidea corresponde a uma superfamília de gafanhotos com ampla distribuição

mundial. Esta superfamília está agrupada em seis famílias: Tristiridae, Pauliniidae,

Ommexechidae, Romaleidae, Pyrgomorphidae e Acrididae, sendo as duas últimas distribuídas

em todo mundo e as demais, Neotropicais. Acrididae é uma família bastante representativa,

possuindo cerca de 1.100 gêneros descritos em todo o mundo. Para região Neotropical, está

constituída por mais de 270 gêneros. Isso decorre provavelmente de sua ampla radiação

adaptativa em diversos habitats, desde florestas tropicais até condições semi-áridas

(Amedegnato, 1974; Carbonell, 1977; Kevan, 1982).

Acrididae possui dez subfamílias, as quais têm sido divididas em dois grupos. O

primeiro compreende Acridinae, Cyrtacanthacridinae, Gomphocerinae, Melanoplinae e

Oedipodinae, e apresenta distribuição mundial. O segundo, por sua vez, é composto por

Copiocerinae, Leptysminae, Ommatolampinae, Rhytidochrotinae e Proctolabinae, sendo

exclusivamente Neotropical (Carbonell, 1977).

A subfamília Melanoplinae compreende mais de 100 gêneros e 900 espécies,

distribuídas por todo o Novo Mundo e partes da Eurásia (Otte, 1995). Para região

Neotropical, está representada por 43 gêneros e 232 espécies (Cigliano, 2007). Melanoplinae

inclui os gêneros de maior diversidade e distribuição geográfica da acridinofauna das

Américas, com numerosas espécies de importância econômica (Michel e Terán, 2005a).

Amedegnato et al. (2003) sugeriram, através de uma análise filogenética molecular, que esses

gafanhotos tiveram origem na América do Sul e se dispersaram para a América do Norte e,

posteriormente, para a Eurásia.

O gênero Baeacris (Dichroplini) compreende nove espécies descritas: B. bogotensis

(Carbonell & Ronderos, 1973), B. descampsi (Carbonell & Ronderos, 1973), B. maquiritare

(Carbonell & Ronderos, 1973), B. morosus (Rehn, J.A.G., 1905), B. penianus (Ronderos,

1992), B. pseudopunctulatus (Ronderos, 1964) B. punctulatus (Thunberg, 1824), B.

talamancensis Rowell & Carbonell, 1977 e B. tarijensis (Ronderos, 1979). No entanto, apenas

B. pseudopunctulatus e B. punctulatus tem sido encontradas na região Nordeste do Brasil

(Carbonell, comunicação pessoal). A última espécie é aquela com mais ampla distribuição

geográfica dentro do gênero (Ronderos e Cigliano, 1991; Michel e Terán, 2005b).

12

Assim como a maioria das espécies de Melanoplinae, B. punctulatus é de difícil

identificação dentro do gênero, e encontra-se incluída no grupo punctulatus, um conjunto de

espécies com aspectos morfológicos uniformes, sendo separado pelas características do

complexo fálico (Michel e Terán, 2005b; Colombo et al., 2005). Devido a essa uniformidade,

B. punctulatus foi inicialmente descrita como pertencente ao gênero Dichroplus (Ronderos,

1964; Carbonell e Ronderos, 1973). Posteriormente, as espécies do grupo punctulatus foram

transferidas para o gênero Baeacris (Ronderos e Cigliano, 1991; Michel e Terán, 2005b).

Dichroplus, também percente à tribo Dichroplini, está constituído por 23 espécies. O

gênero é caracterizado por uma considerável uniformidade morfológica externa. Entretanto,

as espécies podem ser separadas por uma notável divergência na genitália masculina. Devido

à grande semelhança entre os espécimes, o status taxonômico deste grupo também é de difícil

interpretação. Consequentemente, muitas espécies designadas inicialmente como Dichroplus

têm sido recentemente transferidas para outros gêneros (Colombo et al., 2005; Carbonell e

Mesa, 2006). Ronderos e Cigliano (1991), por exemplo, descreveram o novo gênero

Ponderacris, incluindo as espécies Dichroplus auriventris (Bruner, 1913), D. bolivianus

(Ronderos e Carbonell, 1971), D. cuzcoensis (Ronderos e Carbonell, 1971), D. inca

(Ronderos e Carbonell, 1971) e D. peruvianus (Stal, 1878). Posteriormente, Cigliano (1997)

transferiu de Dichroplus para Ronderosia as espécies D. bergi (Stal, 1978), D. cinctipes

Bruner, 1906, D. dubius Bruner, 1906, D. paraguayensis Bruner, 1906, D. robustus Bruner,

1906, D. forcipatus Rehn, 1918, D. gracilis Bruner, 1911, D. malloi Liebermann, 1966 e D.

piceomaculatus Carbonell, 1972. Por esta razão, Dichroplus ainda não é satisfatoriamente

distinguido dos outros gêneros de Dichroplini (Colombo et al., 2005).

Os representantes do gênero Dichroplus são usualmente dominantes, tanto em número

de espécies quanto de indivíduos, em muitas comunidades de gafanhotos da Argentina,

Uruguai, partes da Bolívia, Paraguai, Chile e do sul do Brasil. Algumas espécies são de

grande importância econômica por serem consideradas pragas agrícolas. Dentre estas podem

ser destacadas D. elongatus e D. pratensis, as quais são consideradas grandes devastadoras de

diversas culturas (Cigliano et al., 2000; 2002).

13

1.2. Caracterização Cariotípica em Acridoidea

1.2.1. Citogenética Convencional

Estudos cromossômicos em representantes de Acridoidea da região Neotropical são

bastante numerosos. Estes estudos tiveram início com Saéz (1930) e, posteriormente, vários

trabalhos foram importantes para a análise da acridofauna desta região. Mesa et al. (1982)

reuniram dados cariológicos de 289 espécies desta superfamília, distribuídas em seis famílias:

214 espécies pertencentes à família Acrididae, 45 Romaleidae, 19 Ommexechidae, 8

Tristiridae, 2 Pauliniidae e apenas 1 Pyrgomorphidae.

Segundo Mesa et al. (1982) o cariótipo modal para os acridoideos Neotropicais é do

tipo 2n=23,X0(♂):24,XX(♀), com cromossomos de morfologia acrotelocêntrica. Apesar da

conservação cariotípica dos acridoideos, algumas espécies apresentam cariótipos derivados

devido a vários rearranjos estruturais. O número cromossômico dos representantes da

superfamília Acridoidea pode variar de 2n=8 em Dichroplus silveiraguidoi (Acrididae) até

2n=25 em Conometopus sulcaticollis (Ommexechidae). Quanto ao mecanismo de

determinação do sexo, além da predominância do mecanismo X0, a ocorrência dos sistemas

XY e X1X2Y também foi observada entre as espécies Neotropicais (Mesa et al., 1982).

A família Acrididae é a mais estudada citogeneticamente dentro de Acridoidea e exibe,

em geral, grande conservação cariotípica. A subfamília Leptysminae, por exemplo, apresenta

em sua maioria 2n=23,X0 e cromossomos acrocêntricos (Mesa et al., 1982). Este cariótipo

padrão também foi observado em Stenacris megacephala, Eumastusia koebelei (Mesa e

Fontanetti, 1983) e Belosacris coccineipes (Loreto e Souza, 2000). Rocha et al. (2004)

analisaram os cariótipos de Cornops aquaticum, C. frenatum frenatum, Stenopola dorsalis,

Stenacris xanthochlora e Tucayaca parvula. Todas as espécies mostraram 2n=23,X0:24,XX e

cromossomos acrotelocêntricos, demonstrando a preservação cariotípica dentro desta

subfamília. No entanto, apesar desta conservação, algumas espécies mostram redução do

número diplóide, como foi descrito para Leptysma argentina com 2n=21,X0 (Bidau e Hasson,

1984), Stenopola pallida e Tetrataenia surinama com 2n=21,X0 e 2n=19,X0, respectivamente

(Mesa et al., 1982).

Gomphocerinae é uma subfamília com ampla distribuição mundial. Para região

Neotropical, a maioria das espécies analisadas apresentaram cariótipo 2n=23,X0:24,XX e

cromossomos com morfologia acrotelocêntrica (Mesa et al., 1982; Vilardi, 1986; Remis,

1993). Uma exceção é o gafanhoto Scyllina signatipennis, o qual apresentou

14

2n=22,XY:22,XX, resultado de uma translocação X-autossomo (Mesa et al., 1982; Bidau,

1984). Recentemente, Loreto et al. (2008a) analisaram Rhammatocerus brasiliensis, R.

palustris, R. bruneri, R. pictus e Amblytropidia sp., todas com cariótipos similares

2n=23,X0:24,XX e cromossomos acrotelocêntricos.

A maioria dos gonfoceríneos da Região Paleártica e Neártica, no entanto, apresenta

cariótipos derivados, principalmente do tipo 2n=17,X0:18,XX e com três pares

cromossômicos com dois braços. Euchorthippus chopardi, E. pulvinatus, Stenobothrus

grammiaes, Omocestus panteli e O. raymondi são alguns exemplos de gonfoceríneos com

cariótipos 2n=17,X0, e que apresentam cromossomos metacêntricos (Santos et al., 1983;

Cabrero e Camacho, 1986a,b). Eclipophleps glacialis apresentou o cariótipo 2n=17,X0 e

cromossomos submetacêntricos (L1, L2 e M6), metacêntrico (L3), subacrocêntrico (M4) e

acrocêntricos (M5, P7 e P8). Rearranjos cromossômicos, tais como fusões e inversões, foram

responsáveis pela modificação do cariótipo modal nesta espécie (Bugrov, 1994).

Mudanças do cariótipo modal, também, têm sido observadas no gênero Chorthippus.

A maioria de suas espécies apresentou redução do número diplóide 2n=23 para 2n=17. São

exemplos as espécies Chorthippus paralellus, C. dorsatus, C. jucundus, C. apicalis, C.

nevadensis, C. binotatus e C. vagans (Santos et al., 1983; Cabrero e Camacho, 1986a,b).

Chorthippus brunneus e C. jacobsi também mostraram o cariótipo similar 2n=17,X0,

consistindo de três pares metacêntricos grandes, quatro acrocêntricos médios e um

acrocêntrico pequeno. O cromossomo X foi o maior acrocêntrico do complemento (Bridle et

al., 2002). A redução do número diplóide no gênero Chortippus pode ser considerada um

marcador cariotípico para suas espécies. Apenas C. hammarstroemi e C. schamidti foram

descritas com 2n=21,X0:22,XX e 2n=23,X0:24,XX, respectivamente, diferindo do cariótipo

padrão para este grupo (Bugrov, 1996).

O gênero Schistocerca, pertencente à subfamília Cyrtacanthacridinae, embora

apresente um grande número de espécies e uma ampla distribuição, principalmente nas

Américas, tem sido pouco estudado em nível cromossômico. Entre as espécies americanas,

apenas quatro foram estudadas citologicamente: S. cancellata, S. flavofasciata, S. pallens e S.

paranensis. Todas mostraram número diplóide 2n=23,24, mecanismo sexual X0:XX e

cromossomos acrocêntricos (Mesa et al., 1982; Souza e Melo, 2007).

A subfamília Melanoplinae merece destaque por apresentar grande diversidade

cariotípica. Dentre as espécies de Acrididae listadas por Mesa et al. (1982), cerca de 32%

apresentaram cariótipos derivados sendo concentrados em poucos gêneros pertencentes

principalmente a Melanoplinae. Esta subfamília apresentou 45 de suas 93 espécies descritas

com cariótipos derivados, incluindo espécies que apresentaram variação do número diplóide e

15

mecanismo sexual como, por exemplo, em Leiotettix sanguineus (2n=23,X0 e 2n=22,XY). Na

Tabela 1 estão representadas as espécies de Melanoplinae distribuídas por gêneros listadas por

Mesa et al. (1982), bem como os tipos de cariótipos (modal ou derivado) e mecanismos

sexuais.

Dichroplus é um gênero caracterizado por uma extrema diversidade cariotípica,

variando desde o cariótipo básico com 2n=23:24 encontrado, por exemplo, em D. elongatus

até o número extremamente reduzido 2n=8 em D. silveiraguidoi (Mesa et al., 1982; Colombo

et al., 2005). Além dos números diplóides limites para o gênero, têm sido descritas espécies

com 2n=18 (D. obscurus), 2n=19 (D. vittatus), 2n=21 (D. patruellis) e 2n=22 (D. posteri). O

mecanismo sexual X0 é o mais comum dentro do gênero. Contudo, os mecanismos XY e

X1X2Y também têm sido observados (Mesa et al., 1982).

Tabela 1. Número de espécies analisadas, tipos de cariótipos e mecanismos sexuais em Melanoplinae.

Cariótipo Mecanismo sexual Gêneros Números de espécies Modal (2n=23) Derivado X0 XY X1X2Y

Apacris 2 2 0 2 0 0 Atrachelacris 2 0 2 1 1 0 Bogotacris 1 1 0 1 0 0 Chlorus 4 1 3 4 0 0 Dichroplus* 34 14 20 18 15 2 Eurotettix 5 0 5 0 1 4 Leiotettix* 8 2 7 3 5 2 Nahuelia 1 1 0 1 0 0 Neopedies 5 5 0 5 0 0 Parascopas 4 3 1 4 0 0 Pedies 5 1 4 5 0 0 Propedies 6 6 0 6 0 0 Pseudoscopas 9 9 0 9 0 0 Scotussa 7 4 3 5 1 1

TOTAL 93 49 45 64 23 9 * Algumas espécies possuem polimorfismos para número diplóide e mecanismo sexual.

Fonte: Mesa et al. (1982).

1.2.1.2. Cromossomo Megamérico

O cromossomo megamérico é um marcador cariotípico frequentemente encontrado no

genoma de gafanhotos. Ele é caracterizado por sua natureza heterocromática e por sofrer

condensação precoce na prófase meiótica, sendo facilmente identificado durante o paquíteno e

diplóteno devido a sua heteropicnose positiva durante estas fases (White, 1973; Hewitt,

1979).

16

Geralmente, o megamérico é o terceiro menor cromossomo do complemento (ou seja,

o número 9 em um cariótipo básico com 2n=23,X0 ou o número 6 em cariótipo com

2n=17,X0) (Hewitt, 1979). Arcyptera microptera, A. tornasi, Callephorus compressicornis,

Sphingonotus azurescens são exemplos de espécies com o cariótipo 2n=23,X0 que possuem

um cromossomo megamérico correspondendo ao par P9. Myrmeleotettix maculatus,

Chorthippus parallelus, C. binotatus e Euchorthippus pulvinatus, por sua vez, possuem

2n=17,X0 e o megamérico corresponde ao par M6 (Santos e Giráldez, 1982; Santos et al.,

1983; Bella et al., 1990a).

A presença de cromossomo megamérico tem sido relatada em muitas espécies de

Acrididae, sendo considerada, em muitos casos, uma característica marcante de alguns clados

(Hewitt, 1979). Loreto et al. (2008a) observaram a presença de um megamérico no

gonfoceríneo Amblytropidia sp, correspondendo ao cromossomo M8. Anteriormente, Remis

(1989) também relatou a ocorrência deste tipo de cromossomo em Amblytropidia australis,

sendo este correspondente provavelmente ao par M8 ou M9.

Acrotylus insubricus e A. patruelis, ambas pertencentes à subfamília Oedipodinae,

exibem o cariótipo 2n=23,X0. Estas espécies apresentam um cromossomo megamérico, o

qual foi identificado pela condensação precoce durante a prófase I. Entretanto, foram

observadas diferenças em relação ao tamanho do par correspondente ao marcador, sendo em

A. insubricus o bivalente M9 e em A. patruelis, o P9 (Camacho e Cabrero, 1983).

Oedipoda charpentieri também possui o cariótipo básico 2n=23,X0. Nesta espécie, o

bivalente M6 é um megamérico. Contudo, o par correspondente a este marcador difere em

outras espécies do gênero (O. fuscocincta, O. coerulescens e O. germânica), nas quais o

bivalente megamérico é o par M9 (Santos et al., 1983; Camacho et al., 1986; Navas-Castillo et

al., 1987).

O bivalente M9 de Valanga nigrocornis (Cyrtacanthacridinae) também exibe

comportamento megamérico. Este cromossomo está envolvido em uma fusão cêntrica com o

bivalente M8, resultando na formação de um trivalente durante a meiose I. Devido à

similaridade em tamanho e morfologia (ambos são telocêntricos), os pares envolvidos neste

rearranjo só podem ser distinguidos por seu comportamento durante a prófase meiótica, na

qual é observado que o M9 se condensa precocemente. Como resultado da fusão ocorre a

formação de um cromossomo difásico (um cromossomo que possui um braço heterocromático

e o outro, eucromático) (Teoh e Yong, 1983).

No melanoplíneo Dichroplus vitattus, por sua vez, foi relatado que um cromossomo

megamérico está envolvido no rearranjo cromossômico que deu origem ao sistema neo-XY da

espécie. Bidau e Martí (2001) observaram que em células meióticas de machos, o bivalente

17

sexual neo-XY forma uma massa heteropicnótica positiva até o final da diacinese, onde esta

começa a ser descondensada. Na metáfase I, estes cromossomos apresentam heteropicnose

negativa, ao contrário do que ocorre em indivíduos neo-XY padrão. Os autores sugeriram que

a origem do mecanismo sexual de D. vitattus ocorreu a partir de uma fusão em tandem de dois

cromossomos X telocêntricos originais, seguida por uma outra fusão em tandem com um

pequeno bivalente megamérico e uma inversão pericêntrica, resultando em um neo-X

metacêntrico grande e um neo-Y telocêntrico pequeno.

Cromossomos megaméricos também são comuns em outras famílias de Acridoidea.

Em Atractomorpha, gênero pertencente à Pyrgomorphidae, a presença deste cromossomo foi

considerada como um marcador cariótipo para o grupo. Nankivell (1976) analisando espécies

do grupo crenaticeps de Atractomorpha (A. crenaticeps, A. similis, A. australis) observou o

comportamento megamérico do menor bivalente autossômico do complemento, o P9, em

todas as espécies. Rocha et al. (1997) também observaram a presença de cromossomo

megamérico nos romaleídeos Radacridium nordestinum e R. mariajoseae, correspondendo ao

par M9 nas duas espécies.

1.2.2. Variabilidade Cariotípica

Durante a evolução do genoma de gafanhotos diversas alterações cromossômicas tem

sido observadas. Dentre estas, as mais frequentes são inversões, translocações, fusões e

fissões cêntricas e presença de heterocromatina extra, sob a forma de cromossomo B e

segmentos supernumerários. Cada um desses tipos de variações pode ter um efeito peculiar

sobre vários fatores, tais como frequência e distribuição de quiasmas, fertilidade, tamanho do

corpo e sucesso no cruzamento; podendo se fixar na população e substituir a forma original ou

assumir uma forma polimórfica (Hewitt, 1979).

Inversões pericêntricas são bastante comuns em algumas populações naturais de

gafanhotos, as quais convertem a morfologia cromossômica de acrocêntrica para meta-

submetacêntrica, ou vice-versa. Inversões paracêntricas, em geral, têm sido descritas neste

grupo de insetos (White, 1973). Camnula pellucida (Nur, 1968), Boonacris alticola (Haines et

al., 1978) e Chorthippus jacobsi (Díez e Santos, 1993) são exemplos das poucas espécies que

apresentam polimorfismo para inversão paracêntrica.

Representantes do gênero Trimerotropis merecem destaque por apresentarem uma alta

frequência de inversões pericêntricas. Populações naturais de T. pallidipennis encontradas na

América do Sul, por exemplo, exibiram um alto grau de polimorfismo para este tipo de

18

inversão nos pares 4, 6, 7 e 8. A frequência de inversão pericêntrica nesta espécie pode ser

correlacionada a vários fatores, tais como altitude, latitude, longitude, temperatura e umidade,

e tem apresentado uma grande influência na frequência e distribuição de quiasmas (Vaio et

al., 1979; Confalonieri, 1994; Colombo e Confalonieri, 1996).

Abracris flavolineata (Ommatolampinae) apresenta morfologia cromossômica

diferente daquela comumente encontrada em representantes de Acridoidea. Esta espécie

apesar de possuir número diplóide de 2n=23,X0 mostrou cromossomos meta-

submetacêntricos e subtelocêntricos em todo complemento cariotípico. Esse padrão atípico foi

atribuído à adição de heterocromatina constitutiva e inversão pericêntrica (Cella e Ferreira,

1991).

O romaleídeo Xestotrachelus robustus também apresentou polimorfismo para inversão

pericêntrica. A espécie possui cariótipo 2n=23,X0 e seus cromossomos são divididos em três

pares grandes, cinco médios e três pequenos, onde dois bivalentes pequenos são meta-

submetacêntricos e os demais, acrocêntricos. Alguns espécimes da população da Chapada

Diamantina (Bahia) foram heterozigotos para inversão pericêntrica no par M8, sendo um

cromossomo acrocêntrico e o outro submetacêntrico. Na população de Buíque (Pernambuco),

alguns espécimes foram homozigotos para esse rearranjo (Souza et al., 2003).

Dichroplus pratensis, um gafanhoto com ampla distribuição na América do Sul,

apresenta cariótipo 2n=18,X0:18,XX e cromossomos acrocêntricos. Translocações

Robertsonianas são responsáveis por polimorfismos envolvendo os seis autossomos de

tamanho grande (G1-G6) nessa espécie. Heterozigotos e homozigotos para estas translocações

apresentaram uma diminuição na frequência média de quiasma por células, além da

redistribuição desses quiasmas (Martí e Bidau, 1995; 2001; Bidau e Martí, 2002).

Em Dichroplus silveiraguidoi, o número cromossômico extremamente reduzido é

resultante de uma série de fusões cêntricas e em tandem, além de inversões pericêntricas, a

partir de um possível ancestral com 2n=23. Apesar da redução brusca do número diplóide

nesta espécie, o conteúdo de DNA aparentemente não foi alterado (Cardoso et al., 1974; Saéz

e Pérez-Mosquera, 1977). Fusões cêntricas também foram descritas para Dichroplus

elongatus em duas diferentes populações da Argentina. A presença destas fusões espontâneas

teve influência na frequência e distribuição de quiasmas. As fusões foram consideradas

mutações espontâneas, porque a frequência das mesmas foi menor que 5% (Clemente et al.,

1996).

Um amplo polimorfismo cariotípico, envolvendo fusão cêntrica entre os autossomos 3

e 6, foi descrito para Leptysma argentina. Esse rearranjo acarretou alterações nas

características morfométricas, tamanho do corpo e sucesso de cruzamento em machos e

19

fêmeas. Leptysma argentina possui ainda polimorfismo para ocorrência de segmentos

supernumerários e de cromossomos B (Bidau e Hasson, 1984; Colombo et al., 2003).

Por outro lado, fissões cêntricas são responsáveis pela mudança do cariótipo básico

2n=23,X0 para 2n=25,X0 em Conometopus sulcaticollis e Oedipoda schochi schochi. Este

número diplóide (2n=25) é considerado o maior número cromossômico para família

Acrididae. Adicionalmente, O. s. schochi apresentou mudanças na morfologia cromossômica

de acrocêntrica para meta-submetacêntrica e subacrocêntrica, decorrentes de inversões

pericêntricas (Mesa et al., 1982; Türkoglu e Koca, 2002).

A grande maioria das espécies de gafanhotos apresenta o mecanismo sexual X0:XX,

cuja origem proposta foi a partir da perda do cromossomo Y do sistema XY:XX. Entretanto,

durante a evolução deste grupo diferentes rearranjos deram origem a outros sistemas simples e

múltiplos de determinação do sexo. Fusões cêntricas entre o X original e um autossomo,

deram origem ao mecanismo neo-XY e fusões sucessivas entre o neo-Y e um outro

autossomo originaram o sistema múltiplo X1X2Y (White 1973; Hewitt, 1979; Mesa et al.,

1982).

Bugrov (1995) analisando duas populações de Podisma sapporensis, provenientes da

Rússia, observou que o complemento cromossômico de P. sapporensis da população de

Sakhalin consiste de 2n=23,X0:24,XX, sendo todos os autossomos acrocêntricos e o X

submetacêntrico devido a uma inversão pericêntrica. Indivíduos da população de Kunashir,

por sua vez, apresentaram número diplóide 2n=20 e mecanismo sexual neo-XY, resultado de

uma translocação entre o X e um autossomo.

Sinipta dalmani, por sua vez, apresenta um polimorfismo para fusão cêntrica entre o X

e o M5, determinando a formação de um sistema neo-XY. Nesta espécie, tanto nos indivíduos

X0 como neo-XY, há formação de macroespermátides. Porém, foi observado que em

portadores da fusão a frequência média de produção de macroespermátides aumenta

significantemente, além da ocorrência da formação de microespermátides. Adicionalmente, S.

dalmani apresentou polimorfismo para inversão pericêntrica envolvendo o par M4. Este

polimorfismo também acarretou a produção de macroespermátides e afetou os caracteres

morfológicos dos espécimes, levando à diminuição do tamanho do corpo na condição

homozigota (Remis 1993; 1997).

Uma análise comparativa do comportamento meiótico dos bivalentes sexuais (neo-XY

e neo-XX) em D. vittatus, cuja origem foi a partir de fusões entre autossomo e cromossomo

X, revelou que a frequência média de quiasmas foi baixa em ambos os sexos, porém foi

ligeiramente mais alta em machos que em fêmeas. A distribuição de quiasmas foi basicamente

distal em ambos os sexos. Durante a meiose, a orientação do neo-XY mostrou-se bastante

20

irregular, tendo apenas 21% das metáfases I mostrando orientação padrão. Nas fêmeas, por

sua vez, o neo-XX apresentou um comportamento mais regular, mostrando apenas 17% das

células com orientação atípica (Bidau e Martí, 2001).

1.3. Heterocromatina Constitutiva (HC)

1.3.1. Considerações Gerais

Nas células eucarióticas, o material genético está organizado dentro de uma estrutura

complexa denominada cromatina. Esta pode ser diferenciada em dois tipos: eucromatina, a

qual apresenta um ciclo de condensação-descondensação em diferentes estágios do ciclo

celular e heterocromatina, que se mantém condensada durante todo ciclo celular (Wallrath,

1998; Dillon, 2004).

Brown (1966) classificou a heterocromatina baseado em seu comportamento em

heterocromatina facultativa (HF) e heterocromatina constitutiva (HC). A HF se refere às

regiões reversíveis do genoma, que podem mudar do estado heterocromático para

eucromatina, dependendo do estágio de desenvolvimento ou do tipo de célula. Difere da HC

por envolver cromossomos inteiros e por possuir composição de DNA semelhante à

eucromatina, não sendo nem rica em DNA satélite nem carente de genes (Brown, 1966;

Mattei e Luciani, 2003; Dillon, 2004). Exemplos de HF são o corpúsculo de Barr, o qual é

formado pela inativação de um ou mais cromossomos X em fêmeas de mamíferos, e a

inativação do conjunto cromossômico de origem paterna em alguns insetos fitófagos da

ordem Homoptera (Lyon, 1999; Sumner, 2003).

A HC, por sua vez, caracteriza-se pela condensação durante todo o ciclo celular, por

apresentar replicação tardia, baixa frequência de recombinação, pequeno acesso a nucleases,

alto grau de metilação e baixo de acetilação (Wallrath, 1998; Henikoff, 2000; Mattei e

Luciani, 2003; Grewal e Jia, 2007). Sua distribuição dentro do cariótipo não acontece por

acaso, sendo localizada em sítios e cromossomos específicos. Em geral, ocorre

preferencialmente nas regiões pericentroméricas, porém pode ocupar áreas terminais e menos

frequentemente, intersticiais (John et al., 1985; Sumner, 2003).

Outra característica distintiva da HC é a sua composição de DNA. Os segmentos de

HC nos cromossomos dos eucariotas contêm grande concentração de DNA altamente

repetitivo, também chamado de DNA satélite (Mattei e Luciani, 2003; Sumner, 2003). Essas

21

sequências podem variar em relação ao conteúdo (podendo ser rico em pares de bases AT ou

GC) e ao comprimento (podendo variar de 2pb a milhares de repetições de pares de base).

Embora exista essa correlação entre a HC e a presença de DNA satélite, nem toda

heterocromatina é composta por DNA altamente repetitivo (Sumner, 1990; 2003).

Embora a HC tenha sido considerada durante muitos anos como inativa ou mesmo

pobre em genes, atualmente tem sido comprovado que a mesma pode conter genes e outras

sequências funcionais do DNA (Sumner, 2003; Dillon, 2004). O cromossomo Y

heterocromático de Drosophila melanogaster, por exemplo, contém pelo menos nove genes,

dos quais seis são fatores de fertilidade (Carvalho et al., 2001). Esta evidência de

funcionabilidade da HC tem levado a importantes funções e efeitos na linhagem germinativa

e, com menor frequência, na linhagem somática; além de proteger as regiões eucromáticas do

genoma contra mutações, crossing-over e “elementos parasitas” como os retransposons;

estabilizar as sequências de DNA repetitivo dos telômeros; afetar a segregação cromossômica

e causar variegação por efeito de posição (Wallrath, 1998; Henikoff, 2000; Sumner, 2003).

Estudos realizados em vários organismos, especialmente em parasitas nematóides, têm

mostrado que quebras cromossômicas são bastante comuns em células somáticas, sendo

responsáveis pela perda e desintegração da maior parte da HC. Esta heterocromatina

eliminada é composta por segmentos de DNA satélite, os quais estão ausentes nas novas

células somáticas, porém conservadas nas células germinativas. Isto sugere que não somente

sequências repetitivas, mas também genes específicos imersos na HC são requeridos para

função da linhagem germinativa (Müller et al., 1996; Sumner, 2003).

A presença da HC pode também influenciar na ocorrência e localização de quiasmas,

alterando o número de quiasmas por bivalente, bem como ter um efeito negativo no

pareamento cromossômico e crossing-over. Em geral, a recombinação é ausente em regiões

de heterocromatina e isto é, frequentemente, associado à falta ou impedimento da formação

do complexo sinaptonêmico em tais regiões ou à diferenças na estrutura do complexo

sinaptonêmico nas regiões de HC (John, 1990; Sumner, 2003). Adicionalmente, a HC parece

ter um importante papel na função do centrômero. As proteínas da heterocromatina estão

associadas com repetições de DNA que envolve o centrômero e são requeridas para promover

a coesão das cromátides-irmãs e segregação cromossômica. Essas funções são mediadas pela

ação de proteínas especiais de ligação à HC, tais como a proteína HP1 (Dernburg et al., 1996;

Grewal e Moazed, 2003; Grewal e Jia, 2007).

O fenômeno denominado variegação por efeito de posição (PEV), o qual é causado

pela mudança de posição de sequências gênicas para as proximidades das regiões de HC, tem

sido descrito em vários organismos, desde leveduras até mamíferos. Este fenômeno foi

22

observado primeiramente em Drosophila, quando o gene white, requerido para pigmentação

vermelha do olho, foi colocado próximo da heterocromatina centromérica por inversão

cromossômica, produzindo um mosaicismo vermelho e branco dentro do olho dos indivíduos

mutados (Wallrath, 1998; Huisinga et al., 2006). Outro exemplo de PEV é a trans-inativação,

também observada em Drosophila, na qual a HC silencia genes no cromossomo homólogo via

pareamento somático (Dorer e Henikiff, 1997; Henikoff, 2000). Em leveduras, a PEV nos

centrômeros e telômeros está associada a mudanças na acetilação de histonas e à organização

dos nucleossomos. Na levedura de fissão Schizosaccharomyces pombe, por sua vez, o

silenciamento está associado ao espalhamento da proteína Swi6 dentro da região silenciada

(Partridge et al., 2000).

As sequências de DNA repetitivo que compõem a HC podem ser diferenciadas em

duas formas: compacta (αHC) ou dispersa (βHC). Esta última representa o estado mais raro da

HC, que possui uma estrutura com unidades de repetições variadas, sendo rica em

retrotransposons. A β–heterocromatina consiste de fibras de cromatina relativamente

desorganizadas que se replicam tardiamente e formam uma barreira entre a -heterocromatina

cêntrica e a eucromatina. A αHC, por sua vez, está relacionada com as regiões detectadas pelo

bandeamento C, sendo constituída por repetições em tandem de sequências simples

(Holmquist et al., 1998).

Além da heterocromatina constitutiva associada aos cromossomos do cariótipo

normal, ditos cromossomos A, tais como a HC localizada pelo bandeamento C e a HC

associadas às regiões organizadoras de nucléolos (RONs), existe também a heterocromatina

supernumerária ou extra-cromossômica (Jones e Rees, 1982; Camacho et al., 2000). Este tipo

de heterocromatina pode ser observado sob a forma de segmentos supernumerários ou

cromossomos B. Os segmentos supernumerários, também chamados de segmentos extras, são

encontrados em plantas e animais, particularmente em insetos, e podem apresentar variações

quanto à natureza (heterocromáticos ou excepcionalmente eucromáticos), quantidade,

localização, distribuição e tamanho dos segmentos. Podem estar presentes em populações sob

forma polimórfica, caracterizando-se em indivíduos heterozigotos e homozigotos com e sem

segmentos. Dependendo da posição ao longo dos cromossomos, podem ser designados como

distal, intersticial, proximal ou extrínseco. Quanto ao número, pode apresentar variabilidade

entre as populações de uma mesma espécie ou entre indivíduos de uma mesma população

(Hewitt, 1979; Camacho et al., 1984; 2000). A presença de cromossomos portadores de

segmentos extras pode afetar a frequência de quiasmas no cromossomo portador ou nos

demais cromossomos do complemento, podendo também induzir a redistribuição dos

23

quiasmas nos pares que os possuem, além de influenciar na atividade das RONs (Jones e

Rees, 1982).

Os cromossomos B, também chamados de cromossomos supernumerários ou

acessórios, são cromossomos extras, geralmente pequenos e heterocromáticos, presentes no

cariótipo de algumas espécies. Ocorrem no genoma de vários taxa de animais e plantas,

podendo variar em diferentes células de um mesmo indivíduo. Nos animais, grande parte dos

exemplos conhecidos de cromossomos B tem sido relatada em insetos, principalmente em

coleópteros, dípteros e ortópteros. Este tipo de cromossomo pode variar quanto à morfologia,

tamanho, comportamento, frequência e padrão de bandeamento C. Estes cromossomos são

ditos estáveis, se todas as células dos indivíduos, que os possuem, apresentam o mesmo

número, e instáveis, se o número de cromossomos acessórios variar em diferentes células do

mesmo indivíduo. Por outro lado, também são caracterizados por não apresentarem um

padrão Mendeliano de herança e, geralmente, não pareiam com nenhum membro do

complemento A (Jones e Rees, 1982; Camacho et al., 2000). Nos indivíduos que apresentam

estes cromossomos acessórios, a frequência e distribuição de quiasmas pode ser aumentada ou

diminuídas, além de ocorrer a possibilidade de produção de micro e macroespermátides

(Bidau, 1987; Camacho et al., 2000).

Várias técnicas especiais de identificação cromossômica têm sido utilizadas para a

análise de regiões específicas de heterocromatina constitutiva. Dentre estas, o bandeamento C

é a mais utilizada por ser rápida e precisa para o estudo do padrão de distribuição da

heterocromatina em plantas e animais (Sumner, 1972). O uso desta técnica envolve exposição

do material biológico a uma solução ácida, depois a uma básica e, em seguida, a uma solução

salina em temperatura elevada. Esse material quando submetido à coloração com Giemsa,

marca regiões heterocromáticas mais fortemente, formando blocos escuros denominados

bandas C (C = constitutiva), porém não fornece dados a respeito da natureza da HC quanto à

sua composição de bases e também é inespecífica com relação ao DNA satélite (Sumner,

1990; 2003).

A coloração com fluorocromos base-específicos, por sua vez, permite a qualificação

da HC quanto à composição de bases. Esta técnica, além de diferenciar a HC, permite

verificar a sua variabilidade e heterogeneidade através do uso de corantes fluorescentes

específicos para os pares de bases AT ou GC (Schweizer, 1976; 1980). Estes corantes

fluorescentes associados a outras substâncias não fluorescentes, como Distamicina A, que

funcionam como contracorantes, permitem a qualificação da heterocromatina quanto à

composição de bases e podem ser divididos em dois grupos principais: 1) fluorocromos

específicos para sítios de DNA ricos em AT (Adenina e Timina) como, por exemplo, a

24

Quinacrina, Hoecht 33258 e o 4’6-diamidino-2-fenilindol (DAPI) e 2) fluorocromos

específicos para sítios de DNA ricos em GC (Guanina e Citosina), tais como a Cromomicina

A3 (CMA3) e a Mitramicina (MM) (Schweizer, 1981).

A técnica de bandeamento por enzimas de restrição (ER) também tem sido utilizada na

caracterização da HC. Certas ER induzem a diferenciação linear similar ao bandeamento C,

enquanto outras são capazes de detectar classes de HC que não são detectadas por esta

técnica. O bandeamento por ER consiste no tratamento de preparações cromossômicas fixadas

com uma solução de endonucleases de restrição, seguidas por coloração, normalmente com

Giemsa, mas às vezes com um fluorocromo base-específico. O tamanho das bandas positivas

após digestão in situ dos cromossomos metafásicos podem variar de uma ER para outra. Isto

ocorre devido à existência de subclasses específicas do DNA repetitivo. Diferentes fatores

podem afetar a clivagem da heterocromatina por estas enzimas, sendo a compactação da HC e

o tamanho do sítio de restrição os mais importantes na determinação da quantidade de DNA

removível (López-Fernández et al., 1991; Rodríguez Iñigo et al., 1993).

A hibridização in situ fluorescente (FISH) permite localizar genes e sequências de

DNA ao longo dos cromossomos, podendo ser utilizadas diferentes sondas, tais como sondas

de sequências únicas e sondas de DNA repetitivo, incluindo o DNA ribossomal e DNA

satélite. A técnica fundamenta-se basicamente no pareamento de um determinado segmento

de DNA ou RNA (sonda) com uma sequência de nucleotídeos complementar do DNA de

interesse, com o intuito de visualizar a seqüência em sua posição exata. A FISH tem sido

utilizada na criação de novos tipos de marcadores cromossômicos para análise cariotípica

comparada, na construção de mapas físicos para diferentes espécies e na análise de estruturas

e rearranjos cromossômicos (Sumner, 2003; Guerra, 2004).

1.3.2. Padrão de Distribuição e Qualificação da Heterocromatina Constitutiva em

Acridoidea

A heterocromatina constitutiva é o mais dinâmico de todos os componentes

cromossômicos, podendo sofrer mudanças dentro de uma espécie ou entre espécies diferentes.

Estudos sobre a distribuição, variabilidade e heterogeneidade da HC têm sido realizados em

várias espécies de gafanhotos, demonstrando diferenças tanto em nível quantitativo quanto

qualitativo. A maior parte desses estudos é realizada através do bandeamento C. No entanto,

quanto ao uso de ER, FISH e coloração fluorocromos base-específicos, ainda são poucos os

25

estudos realizados (King e John, 1980; Cabrero e Camacho, 1986a; Rodríguez Iñigo et al.,

1996; Loreto et al., 2005).

Na família Ommexechidae, apenas Spathalium helios foi estudada através do

bandeamento C. A espécie apresentou blocos de HC na região pericentromérica dos onze

bivalentes autossômicos presentes no seu cariótipo. Nos pares 7 e 8 também foram

observados pequenos blocos terminais. Nenhuma marcação foi observada no bivalente sexual

neo-XY desta espécie (Mesa et al., 1990).

Atractomorpha similis, Monistria concinna e Pyrgomorpha conica, espécies

pertencentes à família Pyrgomorphidae, apresentaram padrão pericentromérico de HC em

todos os cromossomos. No entanto, A. similis exibiu vários blocos intersticiais e/ou terminais

adicionais em todo o complemento, sendo muitos destes, polimórficos em relação ao tamanho

e à ocorrência. O cromossomo megamérico desta espécie apresentou vários blocos

intersticiais, além do padrão pericentromérico. Neste bivalente há evidências de

heterogozidade no padrão de bandeamento C. Em M. concinna, por sua vez, foi observado

blocos intersticiais no cromossomo X e no bivalente 6, sendo este heterozigoto, e terminais

nos bivalentes 4 e 5 (King e John, 1980; Santos et al., 1983).

Para família Romaleidae, apenas nove espécies foram estudadas quanto à distribuição

e variabilidade da HC, até o momento. A maioria das espécies apresentou blocos

pericentroméricos em todos os cromossomos do complemento. Entretanto, blocos

intersticiais, terminais, proximais e distais também foram observados. Xyleus angulatus

exibiu blocos pericentroméricos em todos os cromossomos e intersticiais nos pares 1, 2, 3.

Adicionalmente, a espécie apresentou um cromossomo B instável, predominantemente

heterocromático, além de segmentos supernumerários heterocromáticos nos pares 5, 6, 7 e 11

e eucromático no par 10 (Souza e Silva Filha, 1993; Souza e Kido, 1995). Brasilacris gigas,

Phaeoparia megacephala e Xestotrachelus robustus também apresentaram HC

pericentromérica. No entanto, diferenças de tamanho dos blocos foram observadas entre os

cromossomos de P. megacephala. Os bivalentes 9 e 10 de X. robustus foram quase totalmente

heterocromáticos (Souza e Kido, 1995; Pereira e Souza, 2000; Souza et al., 2003). Zoniopoda

tarsata exibiu apenas blocos intersticiais nos bivalentes 1, 2, 3 e no cromossomo X. Esta

espécie também é polimórfica para presença de segmento supernumerário na porção proximal

do P11 e apresenta dois cromossomos B estáveis (Vilardi, 1986).

Rocha et al. (1997) identificaram diferenças na distribuição da HC entre Radacridium

mariajoseae e R. nordestinum. Em R. mariajoseae, foram observados blocos

pericentroméricos nos bivalentes 1, 10 e 11 e um bloco proximal no bivalente 2. O

cromossomo X apresentou blocos pericentromérico, proximal e distal, enquanto o bivalente 9,

26

o qual corresponde ao megamérico, exibiu bloco proximal, distal e instersticial. Em R.

nordestinum, o bandeamento C detectou pequenos blocos pericentroméricos em todos os

cromossomos e instersticial nos bivalentes 2 e 5. Segmentos supernumerários nos bivalentes

3, 4, 6, 7 e 10 foram encontrados nesta espécie. Em representantes do gênero Chromacris,

diferenças também foram identificadas. Chromacris nuptialis apresentou blocos de HC em

regiões pericentroméricas da maioria dos cromossomos. Os bivalentes 2 e 10 mostraram

blocos teloméricos e o par 9, intersticial. Chromacris speciosa, por sua vez, exibiu HC

pericentromérica em todos os cromossomos. Adicionalmente, foram observados blocos

proximais nos pares 3, 4, 5 e 6, teloméricos nos pares 1 e 2 e intersticiais nos pares 5, 7, 8 e

no cromossomo X (Loreto et al., 2005).

Apenas cinco espécies de Romaleidae foram analisadas através da coloração com

fluorocromos base-específicos. Em Xyleus angulatus, Phaeoparia megacephala e

Xestotrachelus robustus, os blocos positivos para o bandeamento C também foram CMA3+.

Entretanto, em P. megacephala o tamanho dos blocos CMA3+ foi menor nos cromossomos 1,

2, 3 e X, os quais apresentaram grandes blocos de HC detectados pelo bandeamento C (Souza

et al., 1998; Pereira e Souza, 2000; Souza et al., 2003). A espécie Chromacris nuptialis

apresentou apenas o bivalente M6 com bloco CMA3+ na região pericentromérica. Enquanto,

em C. speciosa foi observado dois blocos CMA3+, sendo um localizado na região proximal do

M6 e o outro na região telomérica do G2 (Loreto et al., 2005). A coloração com DAPI foi

homogênea em todas as cinco espécies estudadas (Pereira e Souza, 2000; Souza et al., 2003;

Loreto et al., 2005).

Acrididae representa a família mais estudada através da técnica de bandeamento C,

especialmente para as espécies da região Paleártica (King e John, 1980; Santos et al., 1983;

Cabrero e Camacho, 1986a). King e John (1980) analisaram 21 espécies de acridídeos,

provenientes da Austrália, revelando a presença de blocos centroméricos em todos os

cromossomos do complemento e intersticiais em alguns cromossomos de todas as espécies.

Blocos de HC teloméricos foram menos frequentes entre as espécies estudadas. A presença de

cromossomo megamérico foi relatada para Aiolopus thalassinus, Calephorops viridis, Perala

niridis e Stenacatantops angustifrons. Estes cromossomos apresentaram, em adição aos

blocos de HC intersticiais fortes, blocos positivos menos intensos, dando uma aparência mais

escura quando comparado com outros elementos do complemento. Santos et al. (1983), por

sua vez, analisando 36 espécies de Acrididae da Espanha, observaram que a localização da

HC ocorre preferencialmente nas regiões centroméricas e teloméricas, sendo rara a presença

de HC intersticial.

27

O padrão de distribuição da HC também foi descrito para 20 espécies de

Gomphocerinae oriundos da Península Ibérica. Os cromossomos de todas as espécies

analisadas exibiram HC pericentromérica. No entanto, estes blocos foram pequenos,

restringindo-se apenas a HC centromérica (Omocestus raymondi e Chorthippus dorsatus), ou

grandes, estendendo-se do centrômero a região proximal (Stauroderus scalaris, C. binotatus e

C. brunneus). A maioria das espécies, entretanto, mostrou blocos pericentroméricos

intermediários (como, por exemplo, em Euchorthippus chopardi e C. jucundus). A presença

de HC intersticial ou distal também tem sido identificada, na maioria das vezes, em dois pares

cromossômicos diferentes dentro do mesmo complemento. Os cromossomos megaméricos de

Truxalis nasuta (bivalente 9) e E. pulvinatus (bivalente 6) apresentaram um bloco

pericentromérico médio e um intersticial (Cabrero e Camacho, 1986a).

Bridle et al. (2002), em uma análise comparativa entre Chorthippus brunneus e C.

jacobsi, observaram um padrão similar de distribuição nas duas espécies. Estas apresentaram

blocos de HC associados às regiões centroméricas de todos os cromossomos e intersticiais

localizados nos braços curtos dos bivalentes G2 e G3. Um polimorfismo, para presença de

segmentos supernumerários na região distal dos bivalentes M7 e P8, foi detectado nas duas

espécies. Todos os blocos identificados pelo bandeamento C responderam positivamente aos

fluorocromos CMA3 e Acridina-Orange. Estes revelaram, adicionalmente, uma marcação

distal no cromossomo X de C. brunneus. A coloração com o DAPI também corou as regiões

banda C positivas, com exceção dos blocos intersticiais dos bivalentes G2 e G3 e do bloco

distal do cromossomo X de C. brunneus.

Acrotylus insubricus, A. patruelis, Oedipoda charpentieri e O. schochi schochi, todos

representantes da subfamília Oedipodinae, exibiram blocos de HC na região pericentromérica

de todos os cromossomos e blocos adicionais em alguns elementos do complemento.

Acrotylus insubricus apresentou HC telomérica nos bivalentes M6, M7, M8 e M9. Oedipoda

charpentieri mostrou um bloco distal no bivalente M9. O cromossomo megamérico desta

espécie, o bivalente M6, exibiu um bloco distal e um intersticial pequeno. Oedipoda schochi

schochi, por sua vez, apresentou blocos distais nos bivalentes 5, 7 e 8, intersticiais nos

bivalentes 7 e 8 e o braço curto do bivalente 9 mostrou-se totalmente heterocromático. A

espécie A. pratruelis apresentou apenas polimorfismo para ocorrência de segmento

supernumerário no par 11. (Camacho e Cabrero, 1983; Navas-Castillo et al., 1987; Türkoglu e

Koca, 2002).

Estudos com diferentes técnicas para a caracterização da HC em Dociostaurus jagoi e

D. genei revelaram grande diferença no conteúdo da heterocromatina entre as duas espécies.

O bandeamento C evidenciou HC pericentromérica em todos os cromossomos de ambas as

28

espécies. Entretanto, os blocos foram considerados maiores em D. genei. Adicionalmente, D.

jagoi apresentou um bloco intersticial no cromossomo G1 e D. genei exibiu grandes blocos

distais em sete cromossomos, sendo cinco desses polimórficos para presença de segmentos

supernumerários. O uso de fluorocromos base-específicos revelou uma marcação na região

intersticial de G1 e na região centromérica de um bivalente pequeno em D. jagoi, enquanto em

D. genei foi observado um padrão complexo. Nesta espécie, a região proximal apresentou

blocos DAPI+ e a região pericentromérica da maioria dos cromossomos, blocos CMA3+. Os

segmentos supernumerários foram DAPI+ e CMA3-. O uso de enzimas de restrição nas duas

espécies, revelou que a porção centromérica foi extensivamente digerida pelas endonucleases

MboI e Sal3A, enquanto os segmentos supernumerários, pela AluI (Rodríguez Iñigo et al.,

1993). Em D. genei, a técnica de FISH evidenciou a presença de duas famílias de DNA

repetitivo, a DgT2 e DgA3, sendo a primeira representativa da família de sequências que

formam principalmente os blocos de HC pericentroméricos e a segunda, os blocos distais, os

quais correspondem aos segmentos supernumerários (Rodríguez Iñigo et al., 1996).

Eyprepocnemis plorans é a espécie mais estudada em relação à ocorrência e

variabilidade de heterocromatina extra em gafanhotos. Esta espécie apresenta ampla

distribuição ao longo da Península Ibérica, norte da África, Cáucaso, Turquia, Turcomenistão,

Irã e sudoeste da Arábia (Bakkali et al., 1999; Camacho et al., 2003). Mais de 50 tipos de Bs

tem sido descritos nas populações analisadas. Essa diferenciação tem sido caracterizada com

base no tamanho, morfologia, comportamento, frequência e padrão de bandeamento C

(Henriques-Gil et al., 1984; López-Léon et al., 1993; Bakkali e Camacho, 2004). O tipo B1 é o

mais comum nas populações da Espanha e Marrocos, sendo considerado o B original nestas

populações. No entanto, nas populações de Melilla, a forma mais frequente é a variante B16

(Henriques-Gil et al., 1984; Bakkali et al., 1999; Henriques-Gil e Arana, 1990; Bakkali e

Camacho, 2004). Eyprepocnemis plorans também apresenta polimorfismo para segmentos

supernumarários em populações naturais da Espanha. O segmento mais frequente está

presente na região proximal do bivalente P11 (Perfectti et al., 2000).

Quanto aos acridídeos Neotropicais, alguns gêneros foram analisados através do

bandeamento C e da coloração com fluorocromos base-específicos. As espécies Schistocerca

pallens e S. flavofasciata apresentaram um padrão similar de distribuição da heterocromatina.

Em ambas, o bandeamento evidenciou HC pericentromérica em todos os cromossomos.

Schistocerca flavofasciata exibiu ainda um grande bloco distal no bivalente 9. Em células

mitóticas de embrião de S. pallens, foram vistos blocos de HC intersticiais em dois bivalentes

autossômicos. Nesta espécie, a tríplice coloração CMA3/DA/DAPI revelou blocos CMA3+ na

29

região intersticial dos bivalentes M4, M5 e M6. Todos os cromossomos foram uniformemente

corados pelo DAPI (Souza e Melo, 2007).

Na subfamília Leptysminae, sete espécies foram caracterizadas em relação à HC.

Belosacris coccineipes, Stenacris xanthochlora e Tucayaca parvula apresentaram apenas HC

pericentromérica em todos os cromossomos do complemento (Loreto e Souza, 2000, Rocha et

al., 2004). Em adição aos blocos pericentroméricos, blocos distais foram observados em dois

cromossomos de tamanho médio em Cornops aquaticum e C. frenatum frenatum, e em dois

cromossomos, um de tamanho médio e outro pequeno, em Stenopola dorsalis (Rocha et al.,

2004). Leptysma argentina exibiu blocos pericentroméricos em todos os cromossomos,

intersticiais em três bivalentes médios e um bloco C negativo no bivalente 10.

Adicionalmente, a espécie foi polimorfica para segmentos heterocromáticos nos cromossomos

pequenos e para presença de um cromossomo B (Bidau e Hasson, 1984).

A coloração com fluorocromos base-específicos revelou marcação CMA3+ na região

pericentromérica nos bivalentes M6, P9 e P11 de Belosacris coccineipes (Loreto e Souza,

2000). Cornops f. frenatum apresentou blocos CMA3+ em todos os cromossomos. Cornops

aquaticum, por sua vez, mostrou blocos CMA3+ nos bivalentes M3, M5 e P9. Em Stenopola

dorsalis, a marcação foi identificada em cinco bivalentes médios. Stenacris xanthochlora e

Tucayaca parvula apresentaram blocos CMA3+ na região proximal do M8 e nas regiões

pericentroméricas dos bivalentes P9 e P10. Adicionalmente, T. parvula também apresentou

marcação na região proximal do M7. O DAPI corou uniformemente todos os cromossomos

dos leptysmíneos analisados (Loreto e Souza, 2000; Rocha et al., 2004).

Loreto et al. (2008b) observaram em Rhammatocerus brasiliensis (Gomphocerinae)

blocos pericentroméricos em todos os cromossomos, incluindo o polimórfico cromossomo B.

Contudo, as demais regiões deste cromossomo mostraram coloração intermediária entre a

eucromatina dos cromossomos A e a HC observada pelo bandeamento C. As regiões

pericentroméricas de todos os cromossomos, incluindo aquelas observadas no cromossomo B,

exibiram blocos CMA3+. O ommatolampíneo Abracris flavolineata, por sua vez, apresentou

blocos pericentroméricos de HC estendendo-se por todo o braço curto de todos os

cromossomos, exceto no bivalente M7, o qual apresentou apenas HC pericentromérica (Cella

e Ferreira, 1991).

Na região Neotropical, o gênero Dichroplus merece destaque pelo amplo

polimorfismo tanto para presença de cromossomos B como para segmentos supernumerários.

Bidau (1987) observou a ocorrência de Bs mitoticamente instáveis em D. pratensis. Nesta

espécie, o cromossomo B é um pequeno telocêntrico, parcialmente eucromático. O número de

Bs variou de 0 a 4, e esta variação foi inter e intrafolicular. A presença de Bs apesar de não

30

afetar o comportamento meiótico normal de D. pratensis, acarretou no aumento da produção

de macroespermátides, além de influenciar na frequência de quiasmas. Em D. elongatus, por

sua vez, foi observado polimorfismo para cromossomos B e segmentos supernumerários nos

bivalentes M6, P9 e P10 em populações naturais da Argentina. O cromossomo B nesta espécie

foi mitoticamente instável, podendo variar de 0 a 6 entre folículos testiculares. A ocorrência

dessa heterocromatina extra afetou a frequência e distribuição de quiasmas e, adicionalmente,

os cromossomos B tiveram influência sobre a fertilidade dos machos (Clemente et al., 1994;

Remis e Vilardi, 2004; Remis et al., 2004; Rosetti et al., 2007).

Em várias populações argentinas de Metaleptea brevicornis adspersa, a presença de

um isocromossomo B estável foi observada (Bidau, 1986; Pastori e Bidau, 1994, Grieco e

Bidau, 2000). No entanto, Grieco e Bidau (2000) identificaram a presença de dois cinetócoros

separados por um material axial de comprimento considerável neste cromossomo. Foram

propostas duas hipóteses alternativas para explicar a natureza dicêntrica do isocromossomo B:

1) a ocorrência de uma translocação de um braço inteiro entre dois cromossomos B

acrocêntricos ancestrais e 2) produção de uma permuta tipo U entre as cromátides de um

cromossomo B acrocêntrico, resultando em um isocromossomo B dicêntrico e um pequeno

fragmento acrocêntrico.

1.4. Regiões Organizadoras de Nucléolos (RONs)

1.4.1. Considerações Gerais

O nucléolo é uma estrutura presente nas células eucarióticas, responsável pela síntese

de RNA ribossomal (RNAr) e biogênese dos ribossomos (Hadjiolov, 1985; Raska et al.,

2004). Esta organela consiste de três partes principais: os centros fibrilares, o componente

fibrilar denso e o componente granular. Os primeiros são áreas que contêm o DNAr e a RNA

polimerase I; o segundo localiza-se ao redor do centros fibrilares; e o terceiro forma a camada

mais externa do nucléolo e consiste de partículas pré-ribossomais (Olson et al., 2000; Sumner,

2003).

A função primária da região nucleolar é, claramente, a síntese dos diferentes tipos de

RNAr e o processamento destes em pré-ribossomos. Contudo, outras funções podem ser

atribuídas a esta organela, tais como a inibição do pareamento de cromossomos homólogos e

formação do complexo sinaptonêmico (John, 1990). Um importante papel do nucléolo

31

também tem sido descrito na regulação do ciclo celular. Três reguladores do ciclo, cuja

atividade é regulada pelo sequestro no nucléolo, foram identificados: a Cdc 14, uma proteína

fosfatase necessária para promoção da saída da mitose; a Mdm2, um inibidor da proteína

supressora de tumor p53; e Pch2, uma proteína requerida para progressão do ciclo celular

meiótico em resposta a defeitos na recombinação e sinapse cromossômica (Visintin e Amon,

2000; Sumner, 2003).

As regiões organizadoras de nucléolos (RONs) são segmentos específicos do

cromossomo que contêm cópias dos principais genes de DNAr que codificam RNA

ribossômico (Schwarzacher e Wachtler, 1983). Estes genes estão separados por espaçadores

transcritos internos e externos. Os primeiros são compostos por unidades de repetição ricas

em GC, motivo pelo qual as RONs, geralmente, apresentam marcações positivas quando

submetidas a coloração com o fluorocromo Cromomicina A3 (Torres et al., 1990; King,

1991).

Quatro tipos de RNAr são conhecidos em eucariotas, o 5S; 5,8S; 18S e 28S. O produto

desses genes associados a proteínas específicas é necessário na formação dos ribossomos. Os

RNAs 5,8S; 18S e 28S ribossômicos são sintetizados pelos genes presentes nas RONs e estão

organizados em tandem, dando origem a unidades que formam o RNAr 45S. O RNAr 5S, por

sua vez, é codificado por genes, que normalmente estão localizados em sítios distintos das

RONs, podendo ser encontrados em vários locos distribuídos em um ou mais cromossomos

(Sumner, 2003; Raska et al., 2004).

A análise das RONs pode proporcionar importantes informações sobre a organização

cromossômica e função gênica, além de ser um bom marcador cromossômico para diferenciar

espécies e até mesmo raças (Sumner, 1990). O estudo citológico das RONs teve um grande

avanço, a partir da década de 70, com o surgimento da técnica de impregnação com nitrato de

prata (AgNO3) desenvolvida por Goodpasture e Bloom (1975). A alta eficiência desta técnica

para identificação de RONs ativas é devido a grande afinidade dos sais de prata pelas

proteínas não-histônicas associadas aos sítios de DNAr (Sumner, 1990; Trerè, 2000). A

impregnação pelo nitrato de prata consiste em expor o material biológico a uma solução salina

a 60ºC e, em seguida, submetê-lo a uma solução de nitrato de prata e incubá-lo em câmara

úmida a 70° - 80°C (Rufas et al., 1987). Essa técnica permite uma diferenciação entre os

nucléolos ou remanescentes nucleolares, que se marcam em negro ou marrom escuro e a

cromatina dos cromossomos que, por sua vez, se diferencia em amarelo (Sumner, 1990). Cada

ponto marcado pela prata corresponde, ultraestruturalmente, ao centro fibrilar intimamente

associado ao componente fibrilar denso (Derenzini et al., 1990; Trerè, 2000).

32

O uso da impregnação com AgNO3 tem permitido identificar outros componentes

cromossômicos, além dos nucléolos, em insetos. Em gafanhotos, esta técnica tem revelado

diferentes estruturas, tais como cinetócoros, complexo sinaptonêmico, “cores” (esqueleto de

proteínas não-histônicas) e centríolos adjuntos das espermátides (estrutura protéica que está

unida ao núcleo e em volta do único centríolo presente em espermátides haplóides normais)

(Rufas et al.,1983; 1987).

A hibridização in situ fluorescente (FISH) com sonda ribossômica combinada com a

impregnação com nitrato de prata, tem permitido o estudo mais preciso das RONs quanto à

variabilidade e atividade dos genes ribossomais. Apesar da correlação entre a marcação dos

remanescentes nucleolares corados pelo AgNO3 e a identificação dos mesmos com sondas de

DNAr, os resultados obtidos entre as duas técnicas podem diferir. Isto ocorre porque a FISH

localiza os sítios de DNAr independentes do seu estado de ativação, enquanto a impregnação

com AgNO3 permite localizar apenas as RONs com atividade transcricional na intérfase

anterior (Sumner, 1990; Moscone et al., 1996).

1.4.2. Regiões Organizadoras de Nucléolos em Gafanhotos

Em gafanhotos, as regiões organizadoras de nucléolos (RONs) apresentam grande

variabilidade quanto à distribuição e número, podendo variar de um a cinco, embora a

presença de duas RONs por células seja a condição mais frequente. Geralmente, os

remanescentes nucleolares são facilmente localizados, através da impregnação com AgNO3,

durante o início da prófase meiótica (Rufas et al., 1985; Esponda et al., 1985). As RONs ainda

podem ser classificadas de acordo com sua expressão em primárias, as quais estão ativas em

todos os espermatócitos primários, e secundárias, apresentando atividade ocasional em

algumas células do indivíduo (Fernández-Piqueras et al., 1983; Santos et al., 1990). Quanto à

distribuição dentro do complemento cariotípico, três padrões básicos têm sido observados: 1)

restritas ao cromossomo X, 2) restritas aos autossomos e 3) presentes tanto no cromossomo X

quanto nos autossomos (Cabrero e Camacho, 1986b; Rocha et al., 1997; Souza et al., 1998;

Loreto e Souza, 2000; Bridle et al., 2002; Rocha et al., 2004; Souza e Melo, 2007).

Rufas et al. (1985) descreveram o padrão de distribuição de RONs em espermatócitos

de 21 espécies de gafanhotos acridoideos provenientes da Espanha. Neste estudo foi

observado uma grande variabilidade, tanto em relação ao número quanto à localização das

RONs. Todavia, a maioria das espécies apresentou dois remanescentes nucleolares por

células, localizados, preferencialmente, em autossomos de tamanho médio e pequeno. Apenas

33

Melanoplus frigidus, Eyprepocnemis plorans, Ramburiella hispanica, Chorthippus apicallis e

Gomphocerus sibiricus apresentaram RONs localizadas tanto em autossomos como no

cromossomo X. A presença de RONs localizadas em cromossomos megaméricos, também,

pôde ser observada, como por exemplo, nas espécies Arcyptera microptera e A. tornosi.

A espécie Eyprepocnemis plorans apresentou quatro RONs ativas, localizadas na

região proximal dos bivalentes P9, P10 e P11 e do univalente X (Cabrero et al., 1987). No

entanto, o emprego da FISH com sonda de DNAr revelou a presença de sítios ribossomais na

região pericentromérica de todos os cromossomos do complemento A e na metade distal do

cromossomo B em diferentes populações da Espanha (López-Léon et al., 1994) e Marrocos

(Bakkali et al., 2001). O maior número de sequências foi encontrado no cromossomo B,

seguido pelos cromossomos X, P9, P10 e P11, os quais correspondem as RONs primárias. Os

demais exibiram pequenas marcações, correspondendo a um baixo número de cópias de

DNAr. Os genes de RNAr presentes no cromossomo B foram inativos nas populações das

duas localidades. Por outro lado, apenas RONs primárias foram ativas nos espécimes da

Espanha, enquanto nas populações do Marrocos uma alta frequência de RONs secundárias

ativas foram observadas. Esta ativação pode ser devida a diferenças genéticas e/ou

ambientais, determinando as mudanças nos indivíduos do Marrocos (López-Léon et al., 1994;

Bakkali et al., 2001).

Uma análise comparativa através da técnica de FISH identificou diferenças no número

de RONs em cinco espécies da subfamília Eyprepocnemidinae. A espécie Eyprepocnemis

plorans, oriunda do Norte do Cáucaso, mostrou sítios de DNAr apenas nos pares P9 e P11. As

demais apresentaram um número variável de bivalentes com sequências ribossomais: um em

Thisoicetrinus pterostichus (P9), dois em E. unicolor (P9 e P10) e Hetracris adspersa (M8 e

P11) e três em Shirakiacris shirakii (P9, P10 e P11). A impregnação com AgNO3 detectou

atividade em todos os sítios de DNAr nas cinco espécies analisadas (Cabrero et al., 2003).

Cabrero e Camacho (1986b) realizaram uma análise do padrão de distribuição de

RONs em 20 espécies de gonfoceríneos da região Paleártica. Cerca de dez espécies

apresentaram RONs restritas aos autossomos, quatro restritas ao X e seis presentes tanto nos

autossomos como no cromossomo X. Em 17 espécies com 2n=17, as RONs primárias foram

identificadas preferencialmente nos cromossomos G2, G3 e no X, sendo a maioria localizada

em região intersticial. RONs secundárias foram encontradas em nove espécies, localizando-se

principalmente na região paracentromérica dos pares M4, M5, M6 e P8. Os cromossomos

megaméricos de Truxalis nasuta (M9) e Chorthippus apicalis (M6) mostraram RONs ativas

primárias, enquanto que nas espécies Euchorthippus pulvinatus, Omocestus bolivari, O.

34

llorenteae, Chorthippus binotatus e C. vagans, estes cromossomos exibiram RONs

secundárias.

O uso da FISH em Chorthippus brunneus e C. jacobsi revelou sítios de DNAr

associados a HC dos pares G2 e G3 nas duas espécies. Adicionalmente, C. brunneus

apresentou um sítio de DNAr extra na extremidade distal do cromossomo X. A análise destes

sítios ribossomais, através da impregnação com AgNO3, mostrou RONs ativas apenas na

região proximal dos bivalentes G2 e G3. Duas hipóteses foram levantadas para explicar a

inatividade das sequências de DNAr no cromossomo X de C. brunneus: 1) a ocorrência de

silenciamento de uma RON ancestral no cromossomo X e 2) a transposição de genes

ribossomais não funcionais de autossomos para o cromossomo X. Todos os sítios de DNAr

(ativos ou não) foram CMA3+ positivos (Bridle et al., 2002). Estudos semelhantes também

detectaram a presença de remanescentes nucleolares nos pares G2 e G3 em Chorthippus

parallelus e C. erythropus, tanto pela impregnação com AgNO3 quanto pela técnica de FISH.

Contudo, C. parallelus, assim como C. brunneus, exibiu sítios de DNAr na região distal do

cromossomo X (Gosálvez et al., 1988; Bella et al., 1990b; 2007).

Loreto et al. (2008a) descreveram o padrão de distribuição de RONs em cinco espécies

de gonfoceríneos Neotropicais. Em Rhammatocerus brasiliensis, R. brunneri, R. palustris, R.

pictus e Amblytropidia sp. foram detectadas RONs ativas na região pericentromérica do

bivalente P9. Rhammatocerus brasiliensis, por sua vez, exibiu adicionalmente RONs ativas

nos autossomos M4 e M6. A técnica de FISH confirmou as RONs ativas visualizadas pelo

AgNO3 em todas as espécies, não identificando nenhum sítio ribossomal adicional.

A presença de RONs em cromossomo megamérico também tem sido detectada em

algumas espécies. Em Oedipoda fuscocincta, o megamérico M9 apresentou uma constrição

secundária, na qual foi identificada a única RON presente em indivíduos padrões. No entanto,

em heterozigotos para ocorrência de segmentos supernumerários no cromossomo P10, a

impregnação com AgNO3 revelou a presença de uma RON extra neste segmento. Acredita-se

que esta heterocromatina extra tenha sido originada a partir da translocação de um segmento

do par P9 para região distal do P10, uma vez que só existe uma RON ativa nesta espécie

(Camacho et al., 1986). Oedipoda charpentieri, por sua vez, apresentou dois remanescentes

nucleolares associados à HC intersticial e distal do cromossomo megamérico M6 (Navas-

Castillo et al., 1987). Arcyptera tornosi exibiu duas RONs, uma localizada na HC pericêntrica

do par M3 e a outra, na HC distal do bivalente megamérico M9. O uso de fluorocromos base-

específicos identificou blocos CMA3+ e DAPI+ nas duas RONs presentes nesta espécie

(Gosálvez et al., 1987). Metaleptea brevicornis adspersa também apresentou uma RON ativa

no cromossomo megamérico M9 (Pastori e Bidau, 1994).

35

Rocha et al. (2004) identificaram a presença de três RONs nos leptysmíneos Cornops

aquaticum (M3, M5 e P9), C. frenatum frenatum (M3, M5 e P9), Stenacris xanthochlora (M8,

P9 e P10) e Tucayaca parvula (M8, P9 e P10), e apenas duas RONs em Stenopola dorsalis (M5 e

M6). Os remanescentes nucleolares de todas as espécies foram CMA3+. Belosacris

coccineipes, por sua vez, apresentou três RONs localizadas nos bivalentes P9, P10 e P11, as

quais também apresentaram riqueza em pares de bases GC (Loreto e Souza, 2000).

Em Schistocerca gregaria, uma espécie com ampla distribuição no Velho Mundo, a

impregnação com AgNO3 revelou RONs localizadas distalmente no cromossomo M6 e

proximalmente, no P9 (Rufas e Gosálvez, 1982). Contudo, as espécies americanas S.

flavofasciata e S. pallens apresentaram uma RON no bivalente M5 e duas nos bivalentes M5 e

M6, respectivamente, sendo todas localizadas nas regiões intersticiais. A coloração sequencial

AgNO3/CMA3/DA/DAPI mostrou que HC associada a RON foi CMA3+ em S. pallens.

Adicionalmente, a FISH com sonda de DNAr 45S confirmou a presença de sítios de DNAr

nos bivalentes M5 e M6 nesta espécie (Souza e Melo, 2007).

Em Stauroderus scalaris, a impregnação com AgNO3 identificou a presença de uma

única RON ativa na região pericentromérica do autossomo G3 (Cabrero e Camacho, 1986b;

López-Léon et al., 1999). Todavia, a análise com FISH, utilizando sonda de DNAr de

Triticum, revelou um caso extremo nesta espécie. S. scalaris apresentou sítios de DNAr na

heterocromatina associada à região pericentromérica de todos os cromossomos do

complemento. Embora, a marcação mais intensa tenha correspondido à única RON localizada

no bivalente G3. A inatividade da maioria das sequências ribossomais sugere a presença de

um alto número de cópias de genes de RNAr inativas nos blocos de HC pericentroméricos.

Foi proposto que esta inatividade baseia-se na hipótese que a ativação das RONs é realizada

sequencialmente em ordem de tamanho. Neste caso, o cromossomo G3 teria a capacidade de

fornecer RNAr suficientes para demanda celular nesta espécie (López-Léon et al., 1999).

A análise de distribuição das RONs em representantes da família Romaleidae está

restrita a poucos gêneros. Radacridium nordestinum e R. mariajoseae apresentaram apenas

uma RON, mas diferiram quanto aos cromossomos portadores. Na primeira espécie o

remanescente nucleolar está localizado na região intersticial do par G2, e na segunda, na

região proximal do cromossomo X. Os centríolos adjuntos, “cores” e os cinetócoros também

foram marcados através da impregnação com AgNO3 nas duas espécies (Rocha et al., 1997).

Xyleus angulatus apresentou três RONs localizadas na região proximal dos cromossomos G3,

M4 e X. As RONs nesta espécie correspondem a áreas de heterocromatina CMA3+. A

utilização da técnica de FISH com sonda pTa71 de trigo (Triticum aestivum) revelou

marcações nas regiões proximais dos pares G3 e M4 e no cromossomo X, coincidindo com as

36

RONs identificadas pelo AgNO3 (Souza et al., 1998). Phaeoparia megacephala apresentou

uma RON na região proximal do bivalente M6, a qual foi CMA3+ (Pereira e Souza, 2000).

Em Xestotrachelus robustus, o uso da impregnação com AgNO3 e FISH com sonda de

DNAr 45S de Arabidopsis thaliana detectaram a presença de apenas uma RON na região

pericentromérica do bivalente M5. Um bloco CMA3+ também foi identificado nesta região

(Souza et al., 2003). As espécies Chromacris nuptialis e C. speciosa, por sua vez,

apresentaram uma RON localizada no bivalente M6. A FISH confirmou a presença de sítios

ribossomais apenas no M6 e revelou localização exata dos mesmos, sendo localizado na

região pericentromérica em C. nuptialis e na região proximal em C. speciosa (Loreto et al.,

2005).

OBJETIVOS

38

22.. OObbjjeettiivvooss

2.1. Objetivo Geral

Realizar uma análise citogenética-comparativa nas espécies de gafanhotos Baeacris

punctulatus e Dichroplus fuscus (Acrididae: Melanoplinae) por meio de diferentes

técnicas citogenéticas.

2.2. Objetivos Específicos

1. Descrever o número diplóide, morfologia cromossômica e mecanismo de

determinação sexual de Baeacris punctulatus e Dichroplus fuscus;

2. Analisar comparativamente os padrões de distribuição da heterocromatina constitutiva

(HC) e sua variabilidade;

3. Caracterizar a HC quanto à composição de pares de bases através do uso dos

fluorocromos base-específicos Cromomicina A3 (CMA3) e 4’-6-diamidino-2-fenil-

indol (DAPI);

4. Identificar as regiões organizadoras de nucléolos (RONs) através da impregnação com

nitrato de prata (AgNO3) e por hibridização in situ fluorescente (FISH).

MATERIAIS E MÉTODOS

40

33.. MMaatteerriiaaiiss ee MMééttooddooss

3.1. Materiais

Neste trabalho foram estudados cromossomos meióticos obtidos de 76 espécimes

machos de melanoplíneos: 45 indivíduos de Baeacris punctulatus (Thunberg, 1824) e 31 de

Dichroplus fuscus (Thunberg, 1815). Os gafanhotos foram coletados com auxílio de rede

entomológica em diferentes localidades dos Estados de Pernambuco e da Bahia (Tabela 2). A

identificação taxonômica das espécies analisadas foi realizada pelo professor e entomólogo

Carlos Salvador Carbonell, da Universidade de La Republica, Montevidéu, Uruguai. Todos os

exemplares foram depositados na coleção entomológica do Laboratório de Genética e

Citogenética Animal, do Departamento de Genética, CCB, UFPE.

Número de espécimes Locais de coleta Coordenadas B. punctulatus D. fuscus

3 10 Bezerros/PE 8º14’0’’ S: 35º47’49’’ W 1 0 Bonito/PE 8º28’13’’ S: 35º43’43’’ W 5 11 Caruaru/PE 8º17’0’’ S: 35º58’34’’ W 6 0 Goiana/PE 7º33’38’’ S: 35º0’9’’ W 3 0 Igarassu/PE 7º50’31’’ S: 34º54’23’’ W 1 0 Itamaracá/PE 7º44’52’’ S: 34º49’32’’ W

11 2 Mucugê/BA 13º0’19’’ S: 41º22’15’’ W 5 2 Rio de Contas/BA 13º34’44’’S: 41º48’41’’ W

10 4 Saloá/PE 8º58’33’’ S: 36º41’15’’ W 0 2 Vitória de Santo

Antão/PE 8º7’5’’ S: 35º17’29’’ W

3.2. Métodos

3.2.1. Processamento dos Espécimes

Os exemplares machos de B. punctulatus e D. fuscus foram sacrificados com éter para

retirada dos testículos. Este material foi fixado em solução Carnoy (etanol: ácido acético 3:1),

identificado e acondicionado em freezer.

Tabela 2. Número de espécimes estudados de Baeacris punctulatus e Dichroplus fuscus, locais de coleta e coordenadas geográficas.

41

3.2.2. Preparações Citológicas

As preparações citológicas foram realizadas empregando a técnica clássica de

esmagamento de folículos testiculares, que consiste em fragmentar folículos em uma gota de

ácido acético a 45% e esmagá-los entre a lâmina e lamínula. As lâminas a serem utilizadas nas

diferentes técnicas de análise citogenética, com exceção da coloração convencional, foram

mergulhadas em nitrogênio líquido para retirada das lamínulas e envelhecidas três dias à

temperatura ambiente antes de serem submetidas às técnicas de bandeamento.

3.2.3. Coloração Convencional

Para coloração convencional foi usado o corante orceína lacto-acética a 2%. Neste

caso, o corante foi adicionado à lâmina antes do esmagamento dos folículos testiculares. As

lâminas foram vedadas com esmalte para evitar a evaporação do corante. Este método foi

usado para determinar o número diplóide, morfologia cromossômica e mecanismo de

determinação do sexo de cada espécie estudada.

3.2.4. Bandeamento C

O bandeamento C foi realizado segundo Sumner (1972), com algumas modificações

em relação ao tempo de exposição às diferentes soluções. As lâminas foram pré-tratadas com

uma solução ácida (HCl 0,2 N) por 30 minutos em temperatura ambiente e depois lavadas

com água destilada. Em seguida, mergulhadas em solução saturada de hidróxido de bário

(Ba(OH)2) a 60°C por um minuto. Após lavagem em HCl (0,2 N) e em água destilada para a

retirada de todo resíduo de Ba(OH)2, as lâminas foram mergulhadas em solução salina (2 x

SSC) a 60°C por 45 minutos e novamente lavadas com água destilada. A coloração foi

realizada com solução de Giemsa a 5% diluída em tampão fosfato pH 6,8 por 5 minutos. Na

seqüência, as lâminas foram lavadas com água destilada e montadas com bálsamo do Canadá.

3.2.5. Coloração CMA3/DA/DAPI

A coloração com fluorocromos base-específicos foi realizada segundo o método

descrito por Schweizer (1976), com pequenas modificações. Duas gotas da solução de CMA3

(0,5 mg/ml) foram colocadas sobre cada lâmina. O material foi coberto com uma lamínula e

incubado em uma caixa fechada por 40 minutos. Após este período a lâmina foi lavada com

42

água destilada. Em seguida, foram adicionadas duas gotas da solução de Distamicina A (0,1

mg/ml) e o material foi coberto com lamínula. A lâmina ficou incubada por 30 minutos e

depois foi lavada. Por fim, foram adicionadas duas gotas da solução de DAPI (2 µg/ml) e

novamente a lâmina foi coberta com lamínula, incubada por 20 minutos e depois lavada. Após

as colorações, a lâmina foi montada com meio de montagem com glicerol/tampão

Macllvaine/MgCl2. Todo o procedimento foi realizado no escuro e as lâminas acondicionadas

em caixa fechada, até o momento de serem analisadas em microscópio de fluorescência.

3.2.6. Impregnação com Nitrato de Prata (AgNO3)

Para impregnação com nitrato de prata (AgNO3) foi utilizado o método desenvolvido

por Rufas et al (1987), com pequenas modificações. As lâminas foram pré-tratadas com

solução salina (2 x SSC) a 60°C por 10 minutos. Em seguida, foram submetidas a uma

solução de nitrato de prata (1 g/ml) com pH 3,0 ajustado com ácido fórmico e incubadas a 70°

em câmara úmida pré-aquecida por três minutos. Depois de lavadas com água destilatada, as

lâminas foram montadas com bálsamo do Canadá.

3.2.7. Hibridização In Situ Fluorescente (FISH)

A hibridização in situ fluorescente (FISH) foi realizada de acordo com a metodologia

de Moscone et al. (1996), com pequenas modificações. Os sítios de DNAr 45S foram

localizados usando a sonda R2, um fragmento de 6.5 kb da unidade repetitiva do DNAr 18S-

5,8S-25S de Arabidopsis thaliana. A sonda foi marcada por nick translation (Invitrogen) com

digoxigenina-11-dUTP (Roche). As lâminas, previamente preparadas e armazenadas no

freezer, foram fixadas em Carnoy 3:1 por 15 minutos, desidratadas em etanol 70% e 100%,

por 5 minutos cada e secas na estufa a 60 ºC por 30 minutos. Em seguida, foram pré-tratadas

com RNAse a 37 ºC por 1 hora, lavadas em 2 x SSC, tratadas com proteinase K por 20

minutos, fixadas em paraformaldeído por 10 minutos, desidratadas em etanol 70% e 100%

por 5 minutos cada e deixadas para secar por pelo menos 90 minutos. A mistura de

hibridização continha 50% de formamida (v/v), 5% de dextran sulfato (w/v), 2 x SSC de 2–5

ng/µl de cada sonda. Cada lâmina recebeu 10 µl da mistura de hibridização e foi coberta com

uma lamínula. O conjunto sonda-cromossomo foi desnaturado a 75 ºC por 5 minutos e

colocado para hibridizar a 37 ºC por 18 horas. Os banhos pós-hibridização foram realizados

em 2 x SSC (2 vezes de 5 minutos cada) e 0,1 x SSC (2 vezes de 5 minutos cada). A sonda foi

detectada com anti-digoxigenina conjugada com FITC produzido em ovelha (Roche) e o sinal

43

amplificado com anticorpo contra anticorpos de ovelha, produzido em coelho, conjugado com

FITC (Dako). Todas as preparações foram contra-coradas e montadas com 2 µg/ml de DAPI

em Vectashield (Vector).

3.2.8. Documentação Fotográfica

A captura de imagens das células meióticas foi realizada com uma câmera digital

Olympus D-535 ZOOM acoplada a ocular do microscópio Leica WILD MPS 52. Para a

coloração com fluorocromos, foi utilizado o microscópio Leica DMRB. As imagens foram

capturadas com o uso do programa IM50. Para a FISH, por sua vez, foi utilizado um

fotomicroscópio de epifluorescência Leica DMLB, acoplado com uma câmera de vídeo Cohu.

As imagens das melhores células foram capturadas usando programa QFISH da Leica. Todas

as pranchas foram montadas com o auxílio do programa Corel Photo-Paint 12.

RESULTADOS

45

44.. RReessuullttaaddooss

4.1. Baeacris punctulatus

A espécie Baeacris punctulatus apresentou número diplóide 2n=23 e mecanismo

sexual do tipo X0. Todos os cromossomos do complemento exibiram morfologia acrocêntrica

e foram agrupados em três pares grandes (G1 – G3), cinco médios (M4 – M8) e três pequenos

(P9 – P11). O cromossomo X apresentou tamanho médio (Figura 1). Este cromossomo mostrou

heteropicnose positiva durante o início da meiose (Figura 1a, b), heteropicnose negativa em

metáfase I (Figura 1c) e isopicnose em metáfase II (Figura 1d). O bivalente P10 também

apresentou blocos heteropicnóticos positivos durante a prófase (Figura 1b).

A análise da heterocromatina constitutiva (HC), através do bandeamento C, revelou

pequenos blocos pericentroméricos em todos os autossomos do complemento, com exceção

do bivalente 10, o qual apresentou um grande bloco de HC nesta região. Este padrão

encontrado no P10 corresponde ao bloco heteropicnótico positivo observado durante o início

da prófase I. O cromossomo X também apresentou um pequeno bloco na região

pericentromérica e adicionalmente, assim como o bivalente M4, apresentou um pequeno bloco

terminal. O bivalente G2 exibiu um bloco proximal (Figura 2a, b).

A tríplice-coloração CMA3/DA/DAPI identificou diminutos blocos CMA3 positivos

(CMA3+) na região pericentromérica de todos os autossomos e na região proximal do

bivalente G2, os quais corresponderam aos blocos visualizados pelo bandeamento C. O bloco

de HC pericentromérico presente no cromossomo X também foi CMA3+. (Figura 2c). Por

outro lado, os blocos terminais de HC dos cromossomos M4 e X foram neutros para o CMA3.

O tamanho das marcações fluorescentes de todos os cromossomos foi bem menor quando

comparados aos blocos de HC. Adicionalmente, um cromossomo de tamanho médio

apresentou um bloco intersticial CMA3+, o qual não coincidiu com nenhum bloco detectado

pelo bandeamento C (Figura 2c). A coloração com DAPI mostrou-se homogênea em todos os

cromossomos do complemento (Figura 2d).

Baeacris punctulatus apresentou um padrão de distribuição de regiões organizadoras

de nucléolos (RONs) bastante diferenciado. Os remanescentes nucleolares foram observados

em cinco bivalentes autossômicos e no cromossomo X. A impregnação com AgNO3 permitiu

detectar, em diferentes subfases da prófase meiótica (leptóteno – diplóteno), uma variação na

atividade das RONs (uma a seis) nesta espécie (Figura 3). Para avaliar a frequência de

atividade das RONs foram analisadas 568 células, marcadas pelo AgNO3, de diferentes

46

indivíduos. Para esta contagem foi levada em consideração a presença visível do cromossomo

X. A Tabela 3 mostra as frequências total e parcial de atividade das RONs. O número mais

frequente observado foi de três RONs por célula (34,33%), seguido por duas e quatro RONs

(25,35%). A presença de uma ou seis RONs ativas foi bastante baixa, compreendendo 1,76 e

1,59%, respectivamente. A identificação exata dos autossomos portadores das RONs não foi

possível através da análise com impregnação com AgNO3, uma vez que a maioria das células

analisadas estavam em estágios meióticos bastante iniciais. No entanto, nos diplótenos

analisados foi visto que os remanescentes nucleolares estavam presentes em cromossomos de

tamanho grandes e/ou médios.

O cromossomo X pode ou não estar envolvido no conjunto de RONs ativas (Figuras 3

e 4; Tabela 3). Das 568 células analisadas, 365 mostraram atividade do cromossomo X, o que

correspondeu à cerca de 64%. Foi observado que em 100% das células com apenas um

remanescente nucleolar, este sempre correspondia a um bivalente autossômico. Das 144

células com 2 RONs 59,03% apresentaram RONs ativas apenas em autossomos e 40,97% em

autossomos e no cromossomo X. A partir de três RONs ativas, a frequência de atividade

apenas em autossomos diminui (33,85%) e aumenta de forma significativa a atividade do X

(66,15%), chegando a atingir 100% das células com seis RONs ativas (Figura 4; Tabela 3).

A técnica de FISH permitiu a identificação de seis sítios de DNAr, sendo localizados

nas regiões pericentroméricas dos três bivalentes grandes (G1 – G3), em dois bivalentes de

tamanho médio e no cromossomo X. Os sinais de hibridização apresentaram pequenas

diferenças em relação ao tamanho, sendo maiores nos cromossomos grandes e menores nos

bivalentes médios e no X (Figura 5). O número de sítios ribossômicos identificados pela FISH

coincidiu com os remanescentes nucleolares marcados pela impregnação com AgNO3.

Nº de RONs ativas

Nº de cél. analisadas

Freq. total de RONs (%)

N° de cel. com o X ativo

Freq. de RONs apenas autossomos (%) para cada conjunto de RONs ativas

1 10 1,76 0 100 2 144 25,35 59 59,03 3 195 34,33 129 33,85 4 144 25,35 112 22,22 5 66 11,62 56 15,15 6 9 1,59 9 0

Total 568 100 365 -

Tabela 3. Comparação entre as frequências de atividade das RONs em Baeacris punctulatus.

47

4.2. Dichroplus fuscus

A espécie Dichroplus fuscus apresentou número diplóide 2n=19 e mecanismo sexual

do tipo X0. Os cromossomos foram agrupados em dois pares grandes (G1 – G2), quatro

médios (M3 – M6) e três pequenos (P7 – P9). O cromossomo X foi considerado um dos

menores médios. Os pares G1 e G2 mostraram morfologia meta-submetacêntrica e os demais,

acrocêntrica (Figura 6). O cromossomo X apresentou heteropicnose positiva durante o início

da meiose (Figura 6a), heteropicnose negativa em diacinese e metáfase I (Figura 6b, c) e

isopicnose em fases adiantadas (Figura 6d). Adicionalmente, blocos heteropicnóticos

positivos foram visualizados em alguns bivalentes autossômicos. Durante o ciclo meiótico,

também foi observado comportamento megamérico do bivalente P9 (Figura 6a).

O bandeamento C revelou grandes blocos pericentroméricos de heterocromatina

constitutiva (HC) nos bivalentes de tamanho médio e pequeno, sendo diminutos no bivalente

G2. Estes bivalentes também apresentaram pequenos blocos terminais adicionais, com

exceção do bivalente G2, o qual apresentou um grande bloco. O bivalente G1, por sua vez, não

apresentou nenhum bloco de HC detectável pelo bandeamento C. O cromossomo X

apresentou um grande bloco na região pericentromérica e um pequeno na região terminal. O

cromossomo megamérico P9 foi quase inteiramente heterocromático, mostrando grandes

blocos pericentromérico e terminal (Figura 7a, b). Este padrão, assim como o encontrado nos

demais bivalentes, corresponde aos blocos heteropicnóticos observados durante a prófase I da

meiose.

A tríplice-coloração CMA3/DA/DAPI evidenciou blocos CMA3 positivos (CMA3+) na

HC pericentromérica dos bivalentes médios e pequenos e do cromossomo X, coincidindo com

o padrão detectado pelo bandeamento C. Os blocos terminais dos pares G2, M5, M6 e P7 foram

CMA3+, enquanto que os blocos dos pares M3, M4, P8, P9 e o do cromossomo X foram neutros

(Figura 7c). Todos os blocos CMA3+ foram DAPI negativo, indicando ausência de riqueza de

pares de base AT nesta espécie (Figura 7d). O bivalente G1 não exibiu nenhuma marcação

fluorescente (Figura 7c, d).

A impregnação com AgNO3 evidenciou a presença de duas regiões organizadoras de

nucléolos (RONs), localizadas nos bivalentes M3 e P7 (Figura 8a, b). Adicionalmente, o

AgNO3 marcou os cinetócoros e as regiões de HC em todos os cromossomos (Figura 8b).

Entretanto, o tamanho dos blocos marcados pelo AgNO3 foi menor quando comparado com

aqueles marcados pelo bandeamento C. O uso da hibridização in situ fluorescente (FISH)

permitiu detectar sítios de DNAr na região pericentromérica do bivalente M3 e na região

48

proximal do bivalente P7, coincidindo com a marcação observada através da impregnação

com AgNO3 (Figura 8c, d).

49

Figura 1. Células meióticas de Baeacris punctulatus coradas convencionalmente. (a) Paquíteno; (b) diplóteno; (c) metáfase I; (d) metáfase II. Barra = 5 µm.

50

Figura 2. Bandeamento C (a, b) e tríplice coloração CMA3/DA/DAPI (c, d) em cromossomos meióticos de Baeacris punctulatus. (a, b) Diplótenos; (c, d) paquítenos. As cabeças de seta em c apontam os diminutos blocos CMA3

+ pericentroméricos. A seta indica o bloco intersticial adicional. Barra = 5 µm.

51

Figura 3. Diferentes marcações das RONs ativas detectada pela impregnação com AgNO3 em células meióticas de Baeacris punctulatus. (a, c, d) Zigótenos; (b) diplóteno; (e, f) paquítenos iniciais. Barra = 5 µm.

52

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6

Número de RONs ativas

Freq

üênc

ia d

e ativ

idad

e (%

)Autossomos Autossomos + X

Figura 4. Comparação entre as frequências de atividade das regiões organizadoras de nucléolos (RONs) localizadas apenas em autossomos e em autossomos e no cromossomo X em Baeacris punctulatus.

53

Figura 5. FISH com sonda de DNAr 45S em células meióticas de Baeacris punctulatus. (a, b) Paquíteno; (c, d) metáfase II. Em a e c coloração com DAPI. Barra = 5 µm.

54

Figura 6. Coloração convencional em células meióticas de Dichroplus fuscus. (a) Paquíteno; (b) diacinese; (c) metáfase I; (d) anáfase I. Barra = 5 µm.

55

Figura 7. Bandeamento C (a, b) e tríplice coloração (CMA3/DA/DAPI) (c, d) em células paquitênicas de Dichroplus fuscus. Em c paquíteno corado com CMA3 e em d paquíteno corado com DAPI. As setas indicam os diminutos blocos pericentroméricos de HC no bivalente G2. Barra = 5 µm.

56

Figura 8. Cromossomos meióticos de Dichroplus fuscus após impregnação com AgNO3

(a, b) e FISH com sonda de DNAr 45S (c, d). (a) Zigóteno; (b, c, d) paquíteno. Em c célula corada com DAPI. As setas indicam os sítios de DNAr 45S. Barra = 5 µm.

DISCUSSÃO

58

55.. DDiissccuussssããoo

De acordo com análise cromossômica convencional Baeacris punctulatus apresentou

número diplóide de 2n=23,X0 e Dichroplus fuscus, 2n=19,X0. O padrão cariotípico

observado em B. punctulatus está de acordo com o que tem sido descrito para a maioria das

espécies de Acridoidea (Mesa et al., 1982). A redução do número cromossômico em D. fuscus

decorre provavelmente de duas fusões cêntricas entre acrocêntricos ancestrais resultando em

dois pares de cromossomos com dois braços (meta-submetacêntricos). Reduções do número

diplóide também foram descritas para outras espécies do gênero Dichroplus, o qual tem sido

caracterizado por ser o mais diverso cariotipicamente dentro da subfamília Melanoplinae. No

entanto, apenas em D. pratensis foi descrito o cariótipo 2n=19,X0 (Mesa et al., 1982;

Colombo et al., 2005).

Dichroplus representa um gênero com ampla diversidade cariotípica variando de

2n=23, observado em D. elongatus, até 2n=8, em D. silveiraguidoi. Fusões cêntricas

representam os principais mecanismos responsáveis pela redução do número diplóide neste

grupo. Por outro lado, muitos cariótipos derivados conservam o número de braços

cromossômicos, em decorrência da formação de cromossomos meta-submetacêntricos.

(Bidau, 1990, 1991; Martí e Bidau, 2001; Bidau e Martí, 2004; Colombo et al., 2005). A

espécie D. silveiraguidoi é uma exceção dentro do gênero, uma vez que o número diplóide e

número de braços cromossômicos foram bastante reduzidos (Cardoso et al., 1974; Saéz e

Pérez-Mosquera, 1977).

O padrão pericentromérico, observado em B. punctulatus e D. fuscus, é considerado o

mais comum entre as espécies de Acrididae. Blocos proximais e terminais foram observados

em ambas as espécies estudadas, o que também ocorre com menor frequência em alguns

acridídeos (King e John, 1980; Cabrero e Camacho, 1986a; Rocha et al., 2004; Loreto et al.,

2005). Por outro lado, D. fuscus exibiu blocos de HC bem maiores quando comparados com

aqueles observados em B. punctulatus. A ausência ou diminuição da HC pericentromérica nos

cromossomos G1 e G2, respectivamente, de D. fuscus, pode estar associada à perda de

heterocromatina, decorrente de rearranjos do tipo fusões cêntricas, entre os maiores

cromossomos do complemento, envolvidas na origem desses cromossomos com dois braços.

Rocha et al. (1997) também observaram a presença de cromossomos sem blocos de HC em

Radacridium mariajoseae, que apresentou HC restrita apenas a seis cromossomos.

Em D. fuscus, o bivalente P9 correspondeu a um cromossomo megamérico. Esse tipo

cromossômico tem sido descrito em diferentes espécies de gafanhotos (Camacho et al., 1986;

Rocha et al., 1997; Loreto et al., 2008a). O padrão de bandeamento C em D. fuscus revelou

59

grandes blocos pericentromérico e terminal de HC no bivalente P9. Esta grande quantidade de

HC também tem sido observada em megaméricos de outras espécies, tais como Aiolopus

thalassinus, Perala niridis, Oedipoda charpentieri e Radacridium mariajoseae (King e John,

1980; Navas-Castillo et al., 1987; Rocha et al., 1997).

Apesar da presença do cromossomo megamérico ter sido relatada para vários

acridoideos, ainda não se sabe qual o seu papel biológico. No entanto, devido à similaridade

deste marcador com o cromossomo X (em relação à transcrição, replicação e alociclia),

acredita-se que sua função seja similar a inativação do cromossomo X durante a

espermatogênese, sendo o megamérico um portador de genes cuja inatividade durante a

meiose seja necessária em algum processo particular (Hewitt, 1979).

A coloração CMA3/DA/DAPI tem revelado uma ampla heterogeneidade na

composição de pares de bases da HC entre os acridoideos. Vários padrões têm sido descritos

para este grupo, contudo, o padrão CMA3+ apresenta predominância entre as espécies (John et

al., 1985; Souza et al., 2003; Rocha et al., 2004; Loreto et al., 2005; 2008b). As duas espécies

analisadas neste trabalho mostraram diferenças quanto à composição da HC. Em B.

punctulatus, os blocos CMA3+ foram muito pequenos e com localização pericentromérica em

todos os cromossomos e na região proximal do bivalente G2, indicando riqueza de pares de

bases GC na heterocromatina dessa espécie, diferente dos blocos terminais do M4 e do X, que

foram neutros para o CMA3. Por outro lado, a presença de um grande bloco CMA3+ na região

intersticial de um bivalente médio, não coincidindo com nenhum bloco positivo para o

bandeamento C, sugere a ocorrência de uma classe de DNA distinta nesta região.

Diferente de B. punctulatus, D. fuscus mostrou um padrão de qualificação da HC no

qual grandes blocos foram CMA3+. Esse padrão correspondeu aos blocos visualizados pelo

bandeamento C indicando ampla riqueza de pares de base GC na heterocromatina dessa

espécie. Padrões semelhantes foram descritos para os romaleídeos Xyleus angulatus,

Phaeoparia megacephala e Xestrotrachelus robustus (Souza et al., 1998; Pereira e Souza,

2000; Souza et al., 2003). A presença de HC neutra nas duas espécies estudadas também tem

sido decrita para outros acridídeos, como por exemplo, em Belosacris coccineipes, Cornops

aquaticum e Stenopola dorsalis e Schistocerca pallens (Loreto e Souza, 2000; Rocha et al.,

2004; Souza e Melo, 2007).

Em gafanhotos, especialmente em espécies representantes das famílias Romaleidae e

Acrididae, as RONs estão frequentemente localizadas em um ou dois pares de autossomos de

tamanho médio e pequeno (Rufas et al., 1985; Cabrero e Camacho, 1986b; Rocha et al., 2004;

Loreto et al., 2005). Neste estudo, as espécies analisadas diferiram tanto em relação ao

número quanto a distribuição e localização das RONs. Dichroplus fuscus mostrou duas RONs

60

com localização nos pares M3 e P7, padrão comum em diferentes espécies de Acridoidea. Em

contraste, B. punctulatus apresentou RONs ativas em cinco pares de autossomos e no

cromossomo X. Padrão de distribuição de RONs envolvendo mais de dois pares

cromossômicos é menos frequente nessa superfamília. São exemplos de espécies com 5

RONs Eyprepocnemis plorans, com 4 RONs Gomphocerus sibiricus e Heteracris litoralis e

com 3 RONs Rhammatocerus brasiliensis (Rufas et al., 1985; Loreto et al., 2008a).

A impregnação com nitrato de prata (AgNO3) tem revelado a ocorrência de variação

na atividade de transcrição de sítios de DNAr em vários organismos. Em B. punctulatus

ocorreu uma ampla variação na frequência de atividade das RONs, de uma até seis RONs

ativas por célula. A frequência de atividade de três foi a condição mais comum dentre as

células analisadas correspondendo a 34,33%. Contudo, o mecanismo exato pelo qual a

atividade das RONs é reprimida não está totalmente esclarecido, embora a metilação pareça

desempenhar um importante papel neste processo (Zurita et al., 1998; Bakkali et al., 2001;

Guillén et al., 2004).

A comparação em B. punctulatus entre a frequência da atividade das RONs

localizadas apenas em autossomos com aquelas presentes tanto em autossomos como no

cromossomo X, sugere que a atividade dos genes para DNAr do cromossomo X parece ter

correlação com o aumento do número de RONs autossômicas ativas. A presença de atividade

nucleolar do X foi observada em células com no mínimo duas RONs ativas, tendo um

aumento significativo da frequência de atividade deste cromossomo a partir de três RONs

ativas. Isto indica que em células com apenas uma ou duas RONs, a atividade do X não se faz

tão necessária.

Segundo Zurita et al. (1998), a variabilidade na atividade das RONs segue uma

hierarquia de tamanho, ou seja, as RONs que possuem maior número de genes de RNAr

teriam uma maior habilidade para recrutar os fatores de transcrição. Para estes autores, a partir

do momento que os primeiros fatores de transcrição vão se ligando, eles vão ativando de

maneira cooperativa os sítios adjacentes. Desta forma, a ativação de um determinado número

de RONs depende da necessidade celular no dado momento, sugerindo a existência de um

controle gênico para cada ciclo celular.

Em B. punctulatus, a FISH permitiu identificar os sítios de DNAr nos bivalentes G1,

G2 e G3, em dois bivalentes médios e no cromossomo X. Este padrão coincidiu com o número

máximo de RONs detectadas pelo AgNO3 e representa um dado inédito dentro de Acridoidea

da região Neotropical, tanto no que se refere a quantidade de cromossomos portadores de

RONs como a frequência de atividade dessas RONs. As espécies parleárticas Stauroderus

scalaris e Eyprepocnemis plorans (algumas populações da Espanha e do Marrocos)

61

apresentaram sítios de DNAr em todos os cromossomos do complemento. No entanto, a

atividade das RONs nessas espécies encontraram-se restritas a apenas um par cromossômico

(par 3) em S. scalaris e a quatro cromossomos (pares 9, 10, 11 e cromossomo X) em E.

plorans (López-Léon et al., 1994; 1999; Bakkali et al., 2001). Esta situação difere da

encontrada em B. punctulatus, uma vez que, todos os sítios mostraram-se ativos, mas com

frequência de atividade variável. Por outro lado, o grande número de sítios de DNAr

encontrado pode ser explicado pela presença de sequências repetitivas que compõem os genes

de DNAr associados às regiões de heterocromatina, as quais são áreas mais suscetíveis a

rearranjos (Sánchez-Gea et al., 2000).

Em D. fuscus, por sua vez, a FISH também identificou os cromossomos portadores das

RONs, correspondendo ao bivalente M3 e ao bivalente P7. Esse padrão é considerado comum

dentro de Acridoidea (Cabrero et al., 2003; Rocha et al., 2004; Souza e Melo, 2007). A

marcação dos cinetócoros pelo AgNO3 em D. fuscus, também, é comum para algumas

espécies de gafanhotos, tais como Chorthipus jucundus, Arcyptera microptera (Rufas et al.,

1983), A. fusca (Suja et al., 1991), Radacridium nordestinum, R. mariajoseae (Rocha et al.,

1997) e Xestotrachelus robustus (Souza et al., 2003).

A afinidade do AgNO3 por regiões de HC observada em D. fuscus, por sua vez, não

tem sido descrita em gafanhotos. No entanto, esta característica foi amplamente observada em

coleópteros da família Scarabaeidae (Colomba et al., 2000; Moura et al. 2003; Bione et al.,

2005). A afinidade dos íons de prata pela HC ocorre devido à presença de proteínas

argirofílicas distribuídas neste material. Contudo, os blocos de HC marcados pelo AgNO3 em

D. fuscus foram menores quando comparados aos blocos detectados pelo bandeamento C, o

que indica que a HC desta espécie é heterogênea.

Apesar das semelhanças morfológicas, as quais colocaram, anteriormente, B.

punctulatus e D. fuscus dentro de um mesmo gênero (Dichroplus), as espécies podem ser

distinguidas, seguramente, pelas suas características cromossômicas. Estas apresentaram

diferenças em relação ao número diplóide, padrão de distribuição e qualificação da HC e ao

padrão de distribuição das RONs e respectivos sítios de DNAr. Estes dados sugerem que em

Melanoplinae, além de um alto nível de variabilidade cariotípica, podem ocorrer uma grande

riqueza no que se refere à composição da HC e aos mecanismos que controlam as atividades

das RONs. Estudos futuros usando técnicas moleculares nas espécies aqui analisadas e em

outras espécies desta subfamília contribuirão para aumentar o entendimento de sua evolução

cariotípica.

CONCLUSÕES

63

66.. CCoonncclluussõõeess

1. Os diferentes números diplóides 2n=23, X0 e 2n=19,X0 observados em B. punctulatus

e D. fuscus, respectivamente, corroboram a variabilidade cariotípica encontrada na

subfamília Melanoplinae.

2. A presença de cromossomos com dois braços decorrentes da redução do número

cromossômico em D. fuscus indica a ocorrência de fusões cêntricas entre

cromossomos acrocêntricos, sendo este tipo de rearranjo responsável pelas mudanças

cariotípicas na maioria das espécies do gênero Dichroplus.

3. O padrão pericentromérico e a riqueza de pares de bases GC da heterocromatina

detectada nas duas espécies têm sido considerado comum entre a maioria dos

acridoideos. Contudo, a presença de blocos adicionais, bem como a diferença na

quantidade de HC entre B. punctulatus e D. fuscus sugere a ocorrência de rearranjos

envolvendo regiões heterocromáticas ao longo da evolução cromossômica dessas

espécies, acarretando a redução e/ou amplificação destas regiões.

4. A ocorrência em B. punctulatus de seis sítios de DNAr ativos, localizados em três

autossomos grande, dois médio e no cromossomo X, detectados pela impregnação

com AgNO3 e confirmado pela FISH, representa um padrão inédito para a

superfamília Acridoidea.

5. A ampla variabilidade de atividade das RONs encontrada em B. punctulatus sugere

que, provavelmente, diferentes mecanismos de controle gênico são utilizados para

atender as necessidades celulares nessa espécie.

6. A presença de duas RONs ativas em D. fuscus, detectadas pela impregnação de

AgNO3 e pela FISH, localizadas em cromossomos de tamanho médio e pequeno, tem

sido considerado comum para a maioria dos acridoideos.

7. As diferenças em relação ao número e localização das RONs entre B. punctulatus e D.

fuscus indicam que a ocorrência de rearranjos cariotípicos envolvendo sítios de DNAr

tem um papel fundamental na evolução cromossômica da subfamília Melanoplinae.

64

8. A afinidade do AgNO3 por proteínas associadas às regiões de HC observadas em D.

fuscus sugere a ocorrência de uma classe de heterocromatina diferenciada nessa

espécie.

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ANEXO

75

88.. AAnneexxoo

8.1. Fotografias das Espécies Estudadas

Fotografias das espécies estudadas. (a) Baeacris punctulatus; (b) Dichroplus fuscus. FONTE: Carbonell et al., 2006.