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nº 77Abril a Junho 2018

CAPA8 Febre aftosa: rumo à erradicação

5 ENTREVISTAMinistro da Agricultura, Blairo Maggi

13 Acreditação para cursos de graduação tem edital aberto

16 Legislação em pauta

CRMVs EM PAUTA18 RT e esporotricose são temas de cursos no CRMV-PB

19 CRMV-RS prepara eleição via internet

20 Ação conjunta investe na atualização de fiscais

21 Semana do Médico-Veterinário promove painéis interativos sobre perfil do profissional do futuro

ARTIGOS TÉCNICOS22 Cavalaria de Ideias: aprendendo sobre cavalos, médicos-veterinários e policiais militares montados

26 Efeito da sexagem e linhagens no desempenho de codornas de corte alimentadas com dieta contendo farelo de girassol

31 O manejo e a qualidade da carne dos suínos

35 As atividades do CCZ de Presidente Prudente (SP) na sua primeira década

41 A docência e o ensino da Medicina Veterinária

45 Gestão da qualidade e saúde pública: aplicação de ferramentas na prevenção de toxinfecções alimentares

49 Venografia em equinos

53 Suplemento científico

75 Publicações

SUMÁRIO

41 45

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31

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Conselho Federal de

Medicina Veterinária

SIA – Trecho 6 – Lotes 130 e 140

Brasília-DF – CEP 71205-060

Fone: (61) 2106-0400

www.cfmv.gov.br

[email protected]

Diretoria Executiva

Presidente

Francisco Cavalcanti de Almeida

CRMV-SP nº 1012

Vice-Presidente

Luiz Carlos Barboza Tavares

CRMV-ES nº 0308

Secretário-Geral

Nivaldo da Silva

CRMV-MG nº 0747

Tesoureiro

Helio Blume

CRMV-DF nº 1551

Conselheiros

Conselheiros Efetivos

Cícero Araújo Pitombo

CRMV-RJ nº 3562

Francisco Atualpa Soares Júnior

CRMV-CE nº 1780

João Alves do Nascimento Júnior

CRMV-PE nº 1571

José Arthur de Abreu Martins

CRMV-RS nº 2667

Therezinha Bernardes Porto

CRMV-MG nº 2902

Wendell José de Lima Melo

CRMV-PB nº 252/Z

Conselheiros Suplentes

Antonio Guilherme Machado de Castro

CRMV-SP nº 3257

Fábio Holder de Morais Holanda Cavalcanti

CRMV-AM nº 41/Z

Irineu Machado Benevides Filho

CRMV-RJ nº 1757

Nestor Werner

CRMV-PR nº 0390

Paula Gomes Rodrigues

CRMV-SE nº 047/Z

Wanderson Alves Ferreira

CRMV-GO nº 0524

Diretora de Comunicação

Flávia Lobo

Revista do CFMV

Editor

Nivaldo da Silva

CRMV-MG nº 0747

Subeditora e Jornalista Responsável

Viviane Marques

MTb 22701-RJ

[email protected]

Capa

Bonach Comunicação/Foto: Sílvio Ávila/Mapa

Diagramação

Bonach ComunicaçãoEX

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A Revista CFMV é trimestral e se destina a divulgar ações do CFMV, promover

educação continuada e valorizar a Medicina Veterinária e a Zootecnia. Distribuída

gratuitamente em repartições públicas, instituições de ensino e Conselhos Regionais

de Medicina Veterinária (CRMVs), esta publicação encontra-se disponível a todos os

interessados em formato PDF para ser lida diretamente on-line ou para

download, no endereço cfmv.gov.br.

AGRIS L70 CDU619 (81)(05)

O conteúdo dos artigos técnicos e científicos é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa, necessariamente, a opinião do CFMV e do jornalista responsável pela revista. Não há retribuição financeira pelos artigos enviados, cujas assinaturas configuram declaração de autoria. Parte ou resumo das pesquisas publicadas, quando enviados a outros periódicos, deverão assinalar, obrigatoriamente, a fonte original. As fotos enviadas, com os devidos créditos, serão indexadas ao banco de imagens do CFMV.

Um novo começo

Francisco Cavalcanti de AlmeidaPresidente do Conselho Federal de

Medicina Veterinária (CFMV)

EDITORIAL

Começar e recomeçar, assim é o ciclo da vida. A Revista CFMV ini-cia um novo ciclo, o primeiro passo da transição para o formato digital. Com tiragem menor, desde o início de 2018 seu acesso

está liberado no portal cfmv.gov.br, levando de forma mais prática e con-veniente notícias do conselho e informações técnico-científicas para profissionais e estudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia do país.

A edição 77 traz outras novidades. Uma nova editoria, dedicada às notícias dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, chamada CRMVs em Pauta, vai apresentar cursos, eventos e iniciativas inovadoras promovidas nos estados da federação. Já os artigos técnicos, assinados por médicos-veterinários e zootecnistas, membros ou não de nossas co-missões nacionais, agora têm uma rubrica especialmente criada. O ob-jetivo é diferenciar esses textos de especialistas do conteúdo editorial, produzido por nossa equipe de jornalistas.

E é como médico-veterinário, que atuou no combate à febre afto-sa, que celebro o reconhecimento pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) de que o Brasil está livre da doença com vacinação. A re-portagem de capa e a entrevista com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, tratam do tema e sinalizam os próximos passos para chegarmos ao status de país livre da aftosa sem vacinação, o que nos lançará a um novo patamar na segurança alimentar e no comér-cio exterior de produtos de origem animal.

Por fim, divulgaremos em breve, em nossas redes sociais, uma pesquisa de opinião sobre a Revista CFMV. Que seja o começo de um conteúdo cada vez mais relevante, estruturado e interessante para os leitores. Contamos com a sua participação e contribuição!

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ENTREVISTA

Blairo Maggi, ministro da Agricultura

A estratégia de combate à febre aftosa tem mais de 60

anos e passou por vários governos centrais e nos esta-

dos, ou seja, o combate à aftosa tornou-se uma bem-su-

cedida política pública. Como isso foi possível?

Acredito que essa vitória se deve ao trabalho de téc-nicos do Mapa, em parceria com a iniciativa privada – produtores, veterinários, pesquisadores e um grande número de agentes envolvidos nessa luta. Também é preciso destacar a criação do Panaftosa, ainda na déca-da de 1950, a partir do entendimento de que a doença só seria debelada por meio da realização de ações con-juntas entre os países do continente americano. Graças a esse trabalho, o último caso registrado no Bra-sil foi em 2006. Agora, o Mapa vem trabalhando a par-tir do Pnefa, que está previsto para ser executado nos próximos dez anos. O objetivo é criar e manter condi-ções sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional.

O que a certificação de país livre da aftosa, concedida

pela OIE, pode significar em aumento da exportação de

carne? Quanto exportamos hoje e para onde? E quais

são os principais potenciais mercados da carne bovina

e suína brasileira?

Com essa certificação, vamos partir para o segundo passo, que é conseguir o certificado de país livre da aftosa sem vacinação. Então, poderemos exportar para qualquer país, uma vez que não haverá mais restrições. Podemos expandir ainda mais o nosso mercado. Atual-mente, o Brasil exporta US$ 38.863.849.390, para mais de 150 países. Desse total, 15,41% são de carnes. So-mos o segundo maior exportador mundial de carnes bovinas e temos o maior rebanho de bovinos e buba-linos do mundo, com mais de 214 milhões de cabeças.

Que desafios essa certificação traz para os envolvidos –

governos federal, estaduais, pecuaristas etc.?

O principal desafio será manter o status sanitário e garantir a implementação do programa de retirada completa da vacinação, prevista para 2026, para que

Em maio, o ministro Blairo Maggi recebeu da Organização

Mundial da Saúde Animal (OIE) o certificado que atesta

que o Brasil está livre da febre aftosa com vacinação. Isso

significa que o rebanho do país está seguro contra a doença.

Na entrevista a seguir, ele recorda o início da estratégia de

combate à doença no continente, com a criação do Centro

Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), e alerta que

o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre

Aftosa (Pnefa), implementado em 1992, ainda tem pelo

menos dez anos de trabalho pela frente. Em sua avaliação,

“o principal desafio será manter o status sanitário e garantir

a implementação do programa de retirada completa da

vacinação”. Governador do Mato Grosso por dois mandatos

consecutivos, Maggi foi eleito em 2011 para o Senado, do

qual se licenciou, em 2016, para assumir o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 2018 5

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ENTREVISTA

o Brasil consiga vencer a segunda etapa, que é garantir o certificado de país livre da aftosa sem vaci-nação. Será uma nova fase, com muito trabalho a fazer, especial-mente em relação à vigilância das fronteiras. Mas acho que o plano está bem elaborado e os envolvi-dos têm bastante consciência da importância de conseguir garantir esse novo status internacional.

O Pnefa prevê o fortalecimento

dos serviços veterinários, da vi-

gilância e prevenção da doença

e parcerias público-privadas. De

que forma isso deverá ser feito e

em qual prazo?

O Pnefa foi elaborado sob a coor-denação do Mapa e tem como ob-jetivo principal criar e manter con-dições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa, além de ampliar as zonas livres sem vacinação. Esse plano foi organiza-do didaticamente, em 16 opera-ções, compostas por 102 ações que

O CFMV teve papel preponderante no Plano Estratégico 2017-2026 do Pnefa, pois a febre aftosa é uma doença que impacta tanto os termos clínicos e epidemiológicos quanto a produção e índices zootécnicos dos rebanhos afetados. O plano estraté-gico tem um capítulo (9.1 Interação com as partes interessadas no pro-grama de prevenção da febre aftosa; 9.1.1 Fortalecer a intersetorialidade das ações com ênfase na febre afto-sa) que demonstra a importância da articulação de diferentes setores da sociedade para garantir o sucesso das políticas públicas implementa-das pelo governo.

Em países vizinhos, a febre aftosa

ainda é uma ameaça. Que provi-

dências vêm sendo tomadas para

evitar que possíveis casos próxi-

mos às fronteiras afetem os reba-

nhos brasileiros?

Estamos tomando providências tanto no âmbito local das frontei-ras quanto no plano regional, ali-nhadas às diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (Phefa), avançan-do no propósito de conquistar e manter uma condição sanitária sustentável na América do Sul, por meio da cooperação para o fortalecimento dos serviços vete-rinários transfronteiriços. As atividades de vigilância da febre aftosa conduzidas pelo serviço vete-rinário brasileiro incluem ações roti-neiras de fiscalização e inspeção de

já estão sendo executadas e devem ser concluídas no período de dez anos. Para garantir seu sucesso, as unidades da federação foram orga-nizadas em cinco blocos. Está pre-vista uma evolução progressiva das zonas livres sem vacinação em três etapas, iniciando em 2019 e finali-zando em 2023.

O senhor acha que esse anúncio

da OIE pode resultar em queda nos

índices de vacinação? Por que va-

cinar continua sendo importante?

Acredito que não. Os produto-res estão muito conscientes da importância de mantermos a vigilância e os procedimentos orientados pelo ministério e pe-las secretarias de Agricultura dos estados e municípios. Um des-cuido poderia custar muito caro a todos.

Qual é a importância do Conselho

Federal de Medicina Veterinária

(CFMV) para o Pnefa?

“Os produtores estão muito conscientes da importância de mantermos a vigilância e os procedimentos orientados pelo ministério e pelas secretarias de Agricultura dos estados e municípios. Um descuido poderia custar muito caro a todos.”

Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 20186

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ENTREVISTA

animais suscetíveis em propriedades rurais, matadouros, eventos agro-pecuários e durante o controle da movimentação animal e da vacina-ção. Periodicamente, são realizados estudos epidemiológicos específi-cos, principalmente, para avaliação de transmissão viral e verificação da efetividade da vacinação contra a febre aftosa na zona livre. Esses es-tudos, além de reforçar o sistema de vigilância nacional, buscam atender a compromissos internacionais e de-mandas de mercados importadores de produtos brasileiros.No âmbito local, desenvolvem-se ações de fiscalização do trânsito de animais e seus produtos no municí-pio de Pacaraima, na fronteira Bra-sil-Venezuela. Do rebanho bovino de Pacaraima, 2.608 animais estão distribuídos em 196 propriedades rurais. Desses, 1.679 estão na zona de proteção, todos identificados, totalizando 2.108 animais, quando somados aos ovinos e caprinos. A vacinação contra a febre aftosa é realizada nos meses de abril e ou-tubro, com agulha oficial, de forma conjunta entre Mapa, Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr) e Fundação Nacio-nal do Índio (Funai). Na zona de proteção, implantada em julho de 2017, os trabalhos da unidade veterinária local fo-ram direcionados à identificação individual dos animais e ações de educação sanitária. Quanto à mo-vimentação de animais, ingressos

ou egressos da zona de proteção, realiza-se o cumprimento na ínte-gra das normas previstas. Existe posto fixo de uso comum entre Aderr, Secretaria de Fazenda e Polícia Militar, com estrutura ade-quada para os trabalhos de fisca-lização, funcionando 24 horas por dia, com registro diário, em for-mulários próprios, das atividades, número de veículos inspeciona-dos e produtos apreendidos. As atividades das equipes de fis-calização móvel ocorrem rotineira-mente, conforme o planejado. Cada equipe é composta por um médico--veterinário, um agente e dois po-liciais militares, coordenada pelo Núcleo de Fiscalização do Trânsito e Aglomerações da Aderr. As fiscali-zações foram incrementadas com o uso de um drone, o que potenciali-zou a eficácia das atividades.

O Laboratório Nacional Agrope-

cuário (Lanagro) Pedro Leopoldo é

considerado referência para aná-

lises e diagnósticos de aftosa e foi

reconhecido pela Organização das

Nações Unidas para a Alimenta-

ção e a Agricultura (FAO) na área

de biossegurança e manutenção

de laboratórios de alta contenção

biológica. É também referência

internacional em gestão de riscos

biológicos. Qual é sua importân-

cia na erradicação da aftosa no

Brasil? Ele é capaz de atender às

necessidades futuras relacionadas

ao controle da aftosa e de outras

doenças que possam vir a amea-

çar os rebanhos brasileiros?

A Rede Lanagro é constituída por seis laboratórios, localizados nos estados de Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo, todos unidades oficiais da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa. No intuito de racionalizar as análises dessa rede, está começando um projeto de reestruturação para o atendi-mento das demandas do ministé-rio pelos próximos 20 anos.Desde 2014, o Lanagro-MG vem realizando trabalho fundamental na investigação laboratorial das suspeitas de doenças vesiculares, dentre elas, a febre aftosa, o que possibilitou que o Brasil alcanças-se o atual status sanitário junto à OIE. É o único do mundo reconhe-cido pela FAO na área de biosse-gurança e manutenção de labora-tórios de alta contenção biológica, podendo realizar o diagnóstico de outras enfermidades que podem ameaçar nossos rebanhos.Anteriormente, esses trabalhos eram desenvolvidos pelo Lana-gro-RS, Lanagro-PE e Lanagro-PA. As unidades de São Paulo e Rio Grande do Sul contribuíram ain-da de forma decisiva para a er-radicação da enfermidade, com ações relacionadas à produção e ao controle da vacina contra a febre aftosa, papel que a última continua desempenhando.

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Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 20188

rumo à erradicaçãoFebre aftosa:

Certificado da OIE comprova que o país está livre da doença com vacinação, mas vigilância e engajamento precisam permanecer altos. Plano estratégico prevê que, a partir de 2021, não seja mais preciso vacinar rebanhos

CAPA

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9Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 2018

Viviane Marques

Em maio, a Organização Mundial da Saúde Ani-mal (OIE) entregou ao Brasil o certificado de país livre da febre aftosa com vacinação. É o encer-

ramento de um ciclo iniciado há quase 70 anos e que, nas últimas décadas, passou a envolver todos os atores relacionados à saúde do rebanho bovino e bubalino no país: do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento (Mapa) aos pecuaristas, passando por serviços de defesa estaduais, órgãos de classe e associações da iniciativa pública e privada. A próxima meta é conquis-tar, em 2023, o status de país livre sem vacinação.

Para isso, um plano estratégico, com ações previs-tas até 2026, vigora desde o ano passado e prevê uma série de ações que revisam, ampliam e aprimoram o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Fe-bre Aftosa (Pnefa), implementado em 1992 e conside-rado um marco decisivo no combate à doença. Para o coordenador de Sanidade da Confederação da Agricul-tura e Pecuária do Brasil (CNA), o médico-veterinário Décio Coutinho, o plano da década de 1990 represen-tou uma virada.

“Foi uma grande alteração, que trouxe a participação do setor privado. Até aquele momento, a atuação [do governo] era de controle. Ali, o processo de vacinação pelo pecuarista passou a ser o principal ponto e criaram--se fundos privados para a erradicação da febre aftosa,

repassados aos serviços de defesa para que o produtor fosse ressarcido em caso de doença na região”, descreve.

CONSCIENTIZAÇÃO FOI FUNDAMENTALEngajar os produtores rurais sobre a importância

da vacinação foi decisivo para a conquista do novo sta-tus sanitário. Dificuldades não faltaram, revela o pre-sidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Francisco Cavalcanti de Almeida. Ele dedicou sua vida profissional, a partir da década de 1970, como funcionário do então Ministério da Agricultura e da Se-cretaria de Estado de Agricultura de São Paulo, ao com-bate à febre aftosa. “Tínhamos que fazer o pecuarista acreditar na eficiência da vacina, pois ele desconfiava que ela gerava a doença, em vez de evitá-la”, recorda.

O trabalho de educação sanitária era árduo na dé-cada de 1970, confirma o médico-veterinário Mário Antônio Assis Fernandes, fiscal estadual agropecuário aposentado, em Goiás. Nessa época, ele chegou a lidar com 26 focos de febre aftosa na região de Goianésia. “Tínhamos de falar dos prejuízos econômicos e seque-las para alertar os pecuaristas, que tinham muita resis-tência em vacinar”, lembra.

Antônio Andrade, diretor de Política Profissio-nal do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), reforça:

NOS ESTADOS, O CORPO A CORPO

Os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs) dão suporte às ações de erradicação da febre aftosa, divulgando o calendário de vacinação e atuando como órgãos consultores e fiscalizadores, entre outras iniciativas. Assistência técnica ao produtor, produção e fabricação de medicamentos e fiscalização pública sanitária são funções dos médicos-veterinários no combate a essa e outras doenças do gado.

Em Mato Grosso, onde está o maior rebanho do país – 24 milhões de bovinos, segundo o Censo 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, espera-se a abertura de novos mercados, bene-ficiando produtores rurais e profissionais, assinala o presidente do CRMV-MT, Verton Marques. “Com o reconhecimento nacional, a atividade fica fortalecida. Esperamos que os gestores públicos deem a devida importância e estabeleçam recursos aos órgãos de defesa sanitária. A manutenção do status é mais difícil que sua conquista, principalmente pela nova etapa a ser alcançada, que é a retirada da vacinação”, diz.

Francisco Edson Gomes, presidente do CRMV-RR, reforça as vantagens comerciais da certificação. Ro-raima, que tem cerca de 800 mil cabeças de gado, foi um dos últimos estados a ter a erradicação reco-nhecida, como parte da política de regionalização do Pnefa. “Somente no triênio 2015-2017, iniciaram-se ações efetivas, como investimento oficial em estrutura física e recursos humanos na Agência de Defesa Agropecuária”, relata.

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Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 201810

“Hoje, o produtor está mais consciente de que a não vacinação gera prejuízo a ele e à cadeia produ-tiva. Quando começamos as campanhas, auditores fiscais agropecuários eram ameaçados de morte e processados por obrigar [produtores] a vacinar e impedir o trânsito de animais entre áreas contami-nadas e livres da doença”.

Histórias que fazem parte do passado, segundo Coutinho. “Hoje, há muita consciên-cia, mesmo no pecuarista do ponto mais longínquo, porque todo o processo de acompanhamen-to e fiscalização ocorre sobre ele. Como é obrigado a estar no escritó-rio da Defesa Agro-pecuária ao menos duas vezes por ano, o contato e o trabalho de educação sanitária ficaram facilitados”, diz o coordenador da CNA.

PRÓXIMO DESAFIO: LIVRE SEM VACINAÇÃOSe o objetivo, na década de 1990, era a implan-

tação progressiva e manutenção de zonas livres da doença, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela OIE, na etapa presente do Pnefa a principal meta é suspender a vacinação a partir de maio de 2021 e, dois anos depois, obter o reconhecimento como país livre da aftosa. Para isso, as diretrizes do Plano Estra-tégico do Pnefa – 2017-2026 alinham-se ao Código

1514, Itália Primeiro caso registrado

no mundo.

1934, Brasil Regulamento do Serviço de Defesa Sanitária

Animal do governo brasileiro.

1972, Brasil Criação da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra

Febre Aftosa (Cosalfa), estratégia integradora de gestão e intervenção regional contra a febre aftosa.

2006, Paraná e Mato Grosso do Sul Últimos registros de

focos da doença.

1951, Brasil Criação do Centro

Pan-Americano de Febre Aftosa

(Panaftosa).

1895, Triângulo Mineiro, BrasilPrimeiro registro da doença

no país, após importação de gado europeu.

1950, Brasil Primeira Conferência Nacional de Febre Aftosa e implantação

do primeiro Programa de Combate à Febre Aftosa no Brasil, com instruções específicas, como vacinação.

1965, Brasil Início da organização de campanhas de vacinação.

1992, Brasil Instituição do Pnefa, com novas bases estratégicas, prevendo a

ampla participação social, regionalização, vacinação sistemática de bovinos e búfalos e outras medidas.

2017, Brasil Plano Estratégico do Pnefa prevê

reconhecimento internacional de país livre de febre aftosa sem vacinação até 2023.

LINHA DO TEMPOFEBRE

AFTOSA

Fonte: Mapa.

Sanitário para Animais Terrestres da OIE e ao Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (Phefa), pela extinção da doença na América do Sul.

A alocação de recursos na quantidade suficiente e o cumprimento do cronograma são alguns desafios para que se cumpra a meta acertada. É preciso que os blocos de estados se articulem, o orçamento seja reforçado e haja novas análises de riscos. “O plano é

Bloco I (AC e RO)

Bloco II (AM, AP, PA e RR)

Bloco III (AL, CE, MA, PB, PE, PI e RN)

Bloco IV (BA, DF, ES, GO, MG, RJ, SE, SP e TO)

Bloco V (MT, MS, PR, RS e SC)

ORGANIZAÇÃO GEOGRÁFICA PARA ZONIFICAÇÃO

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Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 2018 11

1514, Itália Primeiro caso registrado

no mundo.

1934, Brasil Regulamento do Serviço de Defesa Sanitária

Animal do governo brasileiro.

1972, Brasil Criação da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra

Febre Aftosa (Cosalfa), estratégia integradora de gestão e intervenção regional contra a febre aftosa.

2006, Paraná e Mato Grosso do Sul Últimos registros de

focos da doença.

1951, Brasil Criação do Centro

Pan-Americano de Febre Aftosa

(Panaftosa).

1895, Triângulo Mineiro, BrasilPrimeiro registro da doença

no país, após importação de gado europeu.

1950, Brasil Primeira Conferência Nacional de Febre Aftosa e implantação

do primeiro Programa de Combate à Febre Aftosa no Brasil, com instruções específicas, como vacinação.

1965, Brasil Início da organização de campanhas de vacinação.

1992, Brasil Instituição do Pnefa, com novas bases estratégicas, prevendo a

ampla participação social, regionalização, vacinação sistemática de bovinos e búfalos e outras medidas.

2017, Brasil Plano Estratégico do Pnefa prevê

reconhecimento internacional de país livre de febre aftosa sem vacinação até 2023.

Fonte: Mapa.

Fonte: Mapa.

bom e prevê que a transferência da maior parte da responsabilidade passe para os serviços de defesa. Por isso, precisamos ter certeza de que estados e go-verno federal terão recursos necessários a tempo”, observa Coutinho, da CNA.

O diretor da Anffa Sindical reforça: “É preciso man-ter o nível de investimentos em pesquisa e fiscaliza-ção. Não se pode achar que, por estarmos livres de febre aftosa, não se necessita mais [de recursos]. É in-dispensável convalidar todo o material que chega do campo, para fazer diagnósticos diferenciais e garantir que não há nenhum tipo de foco da doença”.

CRONOGRAMA PARA TRANSIÇÃO DE STATUS SANITÁRIO

I IIBLO

CO IIIBL

OC

O IVBLO

CO VBLOCO

2017 - 1º sem.

2017 - 2º sem.

2018 - 1º sem.

2018 - 2º sem.

2019 - 1º sem.

2019 - 2º sem.

2020 - 1º sem.

2020 - 2º sem.

2021 - 1º sem.

2021 - 2º sem.

2022 - 1º sem.

2022 - 2º sem.

2023 - 1º sem.

Discussão e aprovação do plano, com renovação de compromissos públicos e privados.

LEGENDA:

A: Implementação dos compromissos e ações prévias pactuadas.

B: Comunicação à OIE em maio e suspensão de vacinação em junho.

C: Vigilância soroepidemiológica.

D: Reconhecimento pelo Mapa e encaminhamento de pleito à OIE.

E: Avaliações e reconhecimento pela OIE.

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EXPORTAÇÃO, UM MERCADO ABERTO

De janeiro a junho de 2018, o Brasil expor-tou mais de 561 mil toneladas de carne bovina, um crescimento de 7,13% em relação ao mes-mo período do ano passado. A informação está no portal do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

Quando o país se tornar livre da febre aftosa sem vacinação, Coreia do Sul, Japão e Taiwan po-derão importar carne bovina brasileira e aumen-tar em até R$ 1 bilhão, por ano, o faturamento do país com exportações, segundo dados da Asso-ciação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), passados ao portal Farming.

ENQUANTO AINDA É PRECISO VACINAR...Os pecuaristas são responsáveis pela compra e

aplicação das vacinas, seguindo o calendário determi-nado pelo Mapa. A multa para quem não imuniza no período de campanha, é de 1 Unidade Padrão Fiscal (UPF), que equivale a R$ 182,22 por cabeça de gado não vacinado. O produtor não pode comercializar ani-mais enquanto não regularizar a situação.

O mercado de vacinas contra a febre aftosa gira em torno de 330 milhões de doses por ano no Brasil, movi-mentando mais de R$ 400 milhões, estima o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). O produto deve ser adquirido em revendas autorizadas, conservado entre 2 °C e 8 °C até a aplica-ção, para a qual recomenda-se usar agulhas e seringas em bom estado e limpas e manejar os animais com o mínimo de estresse.

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Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 201812

Delegado do Brasil na OIE, o médico-veterinário Gui-lherme Marques é presidente do Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul (CVP-CS) e diretor do Departa-mento de Saúde Animal do Mapa. Para ele, a certifica-ção representa também o avanço para o fim de outras enfermidades e, consequentemente, a oferta de alimen-tos com mais qualidade no país.

O que representa para o país a erradicação com vacina-

ção da febre aftosa no rebanho brasileiro?

Significa atingir a maioridade, ou seja, estamos demonstrando que já somos adultos o suficiente, do ponto de vista de um serviço veterinário, para erradi-car uma enfermidade como a febre aftosa, que muitos países já extinguiram um século atrás. Isso demonstra a higidez de um sistema veterinário. É muito mais do que simplesmente acabar com o vírus da aftosa no território do Brasil: é, além disso, deixar um legado com mais de 5.500 escritórios e mais de 18 mil servidores públicos que se dedicam diuturnamente a esses assuntos. Não se trata somente de manter a condição sanitária de li-

vre da febre aftosa, mas avançar na erradica-

ção de outras en-fermidades e, con-sequentemente, disponibilizar para a população bra-sileira um produto

mais seguro, um ali-mento mais qualifi-

cado. E, obviamente, alcançar mercados inal-

cançáveis.

Será possível cumprir a meta do Brasil livre da aftosa

até 2023?

Não tenho dúvida. O plano estratégico definido é de dez anos e segue até 2026. É possível, sim, gra-dativamente, avançarmos como zona livre sem vaci-nação, desde que somemos os esforços necessários entre governos federal e estaduais e o setor privado. Essa é uma decisão estratégica e necessária, tomada pelo Brasil por meio de um plano hemisférico, do qual somos signatários. Os demais países da região estão acompanhando esse mesmo processo. Acreditamos que o Brasil terá o reconhecimento internacional, a ser concedido em maio de 2023, com todo o país livre de febre aftosa sem vacinação. A última vacina será apli-cada em maio de 2021. Dessa data até 2023, será o período para avaliações de campo e documentais para reconhecimento pelo Mapa e, na sequência, pela OIE. Contudo, estamos acompanhando – e o próprio pla-no prevê – que, caso existam mudanças nas situações epidemiológicas nas regiões ou até outras questões de impacto, há possibilidade de dilatação desse prazo. Pode também haver antecipação, se os estados assim responderem. O prazo estabelecido é exequível e nós estamos trabalhando fortemente para cumpri-lo.

Quais são os obstáculos para que isso ocorra?

Os obstáculos que podem ocorrer são alterações da caracterização epidemiológica da região, mas nunca ti-vemos na América do Sul uma situação tão favorável em relação à febre aftosa. Está evidenciado que o proble-ma ainda persiste na região Norte da zona andina, que envolve Colômbia e Venezuela. Para isso, é preciso que trabalhemos com esses dois países de forma efetiva, em especial, na Venezuela. Já estamos tratando de um plano de trabalho com os demais países da América do Sul, coordenado pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), para que nos próximos dois a quatro anos tenhamos uma alteração de cenário naquele país. Outros pontos que podem ser obstáculos, obviamente, são questões econômicas e sociais em nosso país, que podem impactar um programa dessa envergadura. Sem recursos, não é possível avançar em um projeto dessa natureza. No entanto, percebemos que eles existem, uma vez que a quase totalidade dos estados é autossu-ficiente em arrecadação para investir nas ações de defe-sa. O Mapa está trabalhando com reforço orçamentário

para repassar recursos aos estados, por meio de con-vênios. Assim, somaremos cada vez mais ao projeto

de erradicação plena da febre aftosa sem vacinação, com o reconhecimento da OIE, em maio de 2023.

GUILHERME MARQUESDiretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa

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EDUCAÇÃO

ACREDITAÇÃO PARA CURSOS DE GRADUAÇÃO TEM EDITAL ABERTOAdesão dos cursos de Medicina Veterinária é voluntária e vai até 29 de setembro. Processo recebeu elogios das instituições acreditadas em 2017

Reconhecimento que dá credibilidade extra aos cursos, o Projeto de Acreditação dos Cursos de Medicina Veterinária iniciou seu segundo ciclo.

Lançado em 31 de julho, o edital está disponível no portal do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), no endereço http://acreditacao.cfmv.gov.br, sendo possível aderir até o dia 29 de setembro. A par-ticipação é voluntária. Todo o processo de candidatura e avaliação é sigiloso e não substitui o credenciamento pelo Ministério da Educação (MEC). Quem já conquis-tou a acreditação atesta que a oportunidade de apri-moramento é única.

Para a coordenadora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), Mayra Ortiz Assumpção, o processo de

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T O presidente da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária, Rafael Mondadori, apresentou em Brasília o edital para o 2º Ciclo de Acreditação dos Cursos

acreditação promovido pelo conselho sinaliza que o órgão regulador preocupa-se com a qualidade do pro-fissional que chega ao mercado de trabalho. “Inter-namente, serviu para que a instituição olhasse para dentro, num processo de autoconhecimento funda-mental”, analisa.

Constatação que vai ao encontro do que preco-niza o presidente da Comissão Nacional de Educa-ção da Medicina Veterinária (CNEMV/CFMV), Rafael Mondadori. O foco principal do processo, diz, é aferir a qualidade dos cursos e tornar transparente a ex-celência do ensino superior para a sociedade e as próprias instituições. “O principal objetivo do Proje-to de Acreditação do CFMV é estimular o sistema de autoavaliação, para que as instituições promovam

Melissa Silva

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essa reflexão interna e avaliem os potenciais de me-lhorias”, destaca.

Valéria Brandão, coordenadora do curso de gra-duação em Medicina Veterinária da Universidade Es-tadual Paulista (Unesp), campus Botucatu, entende que é importante que todos os cursos busquem ser reco-nhecidos no sistema de acreditação do conselho, para que a profissão seja valorizada. Além da FMVZ-USP e da Unesp-Botucatu, a Universidade Federal de Lavras (Ufla) foi um dos três cursos acreditados no ciclo de 2017, entre 12 que se candidataram. “Existem muitos cursos por aí e é importante que a qualidade deles seja atestada. Isso vai resultar em profissionais mais capaci-tados”, diz Valéria.

A coordenadora revela que, após a conquista da acreditação, há mais busca pelo curso. “Também per-cebemos aumento na procura pelos estágios profis-sionalizantes, inclusive com o interesse de estudan-tes internacionais”, comenta, destacando, ainda, o investimento em atividades práticas. No quarto ano, os alunos passam por rodízio nas diferentes espe-cialidades, como cirurgia, clínica, reprodução e diag-nóstico de imagem, entre outras. No último ano, no estágio profissionalizante de nove meses, atuam de modo muito próximo à realidade que vão vivenciar no mercado.

Além disso, sabendo que os estudantes saem pre-parados nas disciplinas específicas, mas muitas vezes inexperientes no ambiente de negócios, a instituição reforçou o ensino na área de gestão. “Temos feito vá-rios cursos de extensão, como empreendedorismo, administração e marketing. A ideia é que o estudante de Medicina Veterinária também tenha um laborató-rio didático da gestão, com a vivência na prática”, as-sinala Valéria.

MAYRA ORTIZ ASSUMPÇÃO, COORDENADORA DA FMVZ-USP

PALAVRA DE EX-ALUNA

GIOVANNA PASSARONI

A coordenadora da FMVZ-USP, Mayra Ortiz Assumpção, é uma entusiasta do processo de acreditação, o qual serviu para que a equipe percebesse pontos de melhoria, num processo de autoconhecimento

Como enxerga a importância do processo de acredi-

tação do CFMV e o que representa para a universida-

de conquistar um selo de excelência?

Vejo uma importância enorme no processo de acre-ditação. Internamente, serviu para que a instituição olhasse para dentro. Foi um processo de autoconhe-cimento fundamental. Muitas vezes, não temos co-nhecimento de tudo que acontece e se preparar para o processo nos permitiu isso e foi enriquecedor. Para o país, o processo de acreditação é um marco. É a si-nalização para a comunidade externa de que o CFMV está preocupado com a quantidade exorbitante de escolas de Medicina Veterinária que o Brasil possui e com a qualidade de nosso profissional. Sinaliza se-riedade. Para o curso, conseguir esse selo foi a con-firmação de que estamos no caminho certo. Oferece, ao nosso aluno, credibilidade.

Como o selo de acreditação do CFMV pode contri-

buir para a melhoria da qualidade do ensino nas

universidades?

A comissão de acreditação nos avaliou e emitiu um re-latório. O documento serve de norte para as novas po-

Formada pela Faculda-de de Medicina Veterinária de Botucatu, em 2017, Gio-vanna Passaroni Marques de Almeida está cursan-

ENTREVISTA

do Residência em Cirurgia de Pequenos Animais e pretende ingressar na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) para seguir a carreira aca-dêmica. Ela conta que optou pela instituição por seus diferenciais.

“A faculdade apresenta um curso de excelên-cia e diferenciado em teoria, prática e socialização. Dispõe de inúmeras oportunidades de crescimento profissional e inovação, garantindo um profissional Fo

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líticas – apontou nossas deficiências, nos orientou em que podemos melhorar. Ter essa avaliação ex-terna é de suma importância, pois auxilia o diretor, a comissão de gra-duação e a coordenadoria de curso a embasar mudanças e melhorias.

E os reflexos no mercado de traba-

lho, é possível fazer essa relação de

melhoria também?

Em médio e longo prazo, os alunos provenientes de escolas acreditadas poderão ser favorecidos em entrevis-tas de emprego, em caso de dúvida e empate. O empregador terá um selo em que poderá embasar a decisão de contratar ou não um profissional. Também vejo uma relação mais estreita entre instituições internacionais e universidades brasilei-ras que tenham o selo de acreditação.

O principal objetivo do Projeto de Acreditação do

CFMV é estimular o sistema de autoavaliação, para

que as instituições promovam uma reflexão interna e

avaliem os potenciais de melhoria. Como foi esse pro-

cesso e quais são os frutos dessa análise? É possível ci-

tar melhorias identificadas e já implementadas?

Para mim, foi a parte mais importante do processo. Após um mês de trabalho árduo e exaustivo preparando o rela-tório, o sentimento da comissão era de júbilo. Aprendi tan-to, tive conhecimento de coisas que nem imaginava existir dentro da faculdade. Vi nos alunos, também, um sentimen-to de pertencimento e de fazerem parte da construção de

um processo. Os frutos surgiram em di-ferentes níveis: pessoal, mudanças de atitude, conhecimento do que estava ocorrendo ao redor, mudanças de po-lítica administrativa. Uma de nossas fragilidades era não ter instituciona-lizado o Grupo de Apoio Pedagógico (GAP), hoje já realizando reuniões e discussões.

Quais são os diferenciais do curso

da USP?

Por se tratar de um curso concor-rido da melhor universidade da América Latina, a excelência do

aluno é algo indiscutível. Com relação ao ensino, a qualidade do corpo docente, sua integração com a pesquisa e o emprego desta na graduação fazem com que o aprendizado seja diferenciado. Outro grande diferencial é as aulas práticas com animais e um hos-pital veterinário com a maior casuística da América Latina. Aprender fazendo faz toda a diferença.

A USP tem se preocupado em investir na área de

gestão para que os futuros médicos-veterinários

tenham condições de gerir seus negócios? Como

isso ocorre?

Sim. Há uma disciplina de gerenciamento e havia uma optativa de empreendedorismo. É algo que pre-cisamos aperfeiçoar. A ideia é já entrarem no currí-culo, em 2019/2020, as disciplinas optativas Gestão Aplicada para Médicos-Veterinários (15h), Gestão do Agronegócio (15h) e Gestão do Mercado Pet (15h).

habilitado para exercer a profissão. Possui grade cur-ricular integral, podendo o aluno passar boa parte do tempo em atividades práticas no hospital, sem men-cionar os inúmeros grupos de estudos, workshops, cursos, iniciações científicas e projetos de exten-são”, descreve.

Para a jovem médica-veterinária, o reconheci-mento do CFMV aumenta ainda mais a credibilidade da faculdade, o que resulta em maior valorização do

profissional e da profissão perante a sociedade. “A Unesp de Botucatu trabalha com responsabilidade para com o profissional, a profissão e a sociedade. Os professores são capacitados, estimulados e com-prometidos. Temos uma infraestrutura excelente e equipada com instrumentos, aparelhos e materiais de ponta. Somos sempre estimulados à educação continuada e encorajados a trabalhar com mudança e inovação”, conclui.

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ATUALIZAR

LEGISLAÇÃO EM PAUTA

A sanção da Lei nº 13.680, de 14 de junho de 2018, trouxe novidades sobre a comerciali-zação e a fiscalização de produtos alimentí-

cios de origem animal produzidos de forma artesanal. Para entender melhor e aprofundar a análise jurídica sobre a norma – que criou o selo nacional Arte para identificar produtos artesanais –, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) criou um Grupo de Trabalho (GT).

Dentre suas conclusões, entendeu que a legisla-ção recente não transfere competência de fiscalização e inspeção sanitária de produção dos órgãos de agri-cultura para a saúde, ou seja, ela não altera o ordena-mento anterior (Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950) sobre as competências de fiscalização. “Pelo contrário, ratifica que a comercialização de produtos

PARA COMER SEM MEDO

artesanais, assim como dos industriais, está submetida à fiscalização dos órgãos de saúde pública, como sem-pre foi. Também não muda a inspeção de fabricação dos produtos de origem animal, sejam eles industriais ou artesanais. A atribuição continua com os órgãos de defesa agropecuária”, explica Erivânia Camelo, asses-sora técnica do CFMV.

Erivânia afirma que o conselho reconhece a importância da formalização dos produtos artesa-nais para a economia e a inclusão social. Pequenas agroindústrias e produtores, sob a óptica da segu-rança do alimento, devem estar inseridos no siste-ma de qualidade e sanidade – levando em conta suas peculiaridades.

“É importante desburocratizar, apoiar o micro e pequeno produtor de alimentos, bem como preservar

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T Salames e linguiças no Mercado Municipal de São Paulo

Grupo de trabalho do CFMV apresentará propostas para regulamentar a Lei nº 13.680/2018, que permite comercialização interestadual de queijos, linguiças, salames, geleias e mel produzidos de forma artesanal

Melissa Silva

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T Queijo do Marajó

métodos tradicionais e regionais de produção, que compõem um patrimônio cultural nacional, mas os requisitos sanitários estabelecidos visam a proteger a saúde da população. Por isso, é preciso que o debate envolva os serviços de inspeção dos órgãos públicos de agricultura, que dispõem de servidores com for-mação em Medicina Veterinária para inspecionar e fiscalizar os produtos em toda a sua cadeia de pro-dução, desde a sanidade do rebanho até a expedição dos produtos rotulados ao comércio”, enfatiza.

A assessora técnica do CFMV lembra, ainda, que a inspeção é uma questão de segurança alimentar e evita que o consumidor seja exposto a prejuízos eco-nômicos, sociais e, principalmente, à saúde. “Tubercu-lose, listeriose, salmonelose, brucelose e botulismo são doenças que podem ser veiculadas por produtos de origem animal contaminados, que não foram pro-cessados adequadamente e submetidos aos sistemas de inspeção vigentes. Trabalhos científicos têm de-monstrado evidências claras do risco de transmissão de zoonoses por meio de produtos artesanais feitos a partir de leite cru, o que caracteriza importante fator no ressurgimento dessas doenças em diversos países, com riscos de mortalidade”, diz.

O GT assentiu que, de maneira estratégica, o CFMV participará do processo regulatório para consolidar o médico-veterinário como profissional responsável pela inspeção e fiscalização de produtos de origem animal, sejam eles artesanais ou industriais, conforme a Lei nº 5.517/1968.

REGULAMENTAÇÃO PRECISA ESCLARECER BRECHAS

Três atualizações da nova lei ainda necessitam de regulamentação. O processo será conduzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to (Mapa) e o CFMV solicitou representatividade no debate.

O aspecto mais comentado da Lei nº 13.680/2018, logo após sua aprovação e sanção, foi a criação do selo nacional Arte para identificar os produtos ar-tesanais, de modo a permitir sua circulação em ter-ritório nacional. No entanto, o texto não conceitua o que são produtos artesanais, a forma e a escala de produção. “Essa janela de indefinição gera risco de migração de estabelecimentos que já recebem inspeção sanitária industrial”, avalia Erivânia.

Outra novidade a ser regulamentada refere-se ao acréscimo do art. 10-A à legislação anterior (Lei nº 1.283/1950), o qual possibilita que, no caso de comercialização interestadual, a fiscalização de produto registrado seja efetuada por qualquer sistema de inspeção de saúde pública – federal, estadual ou municipal. No entanto, a nova lei não deixa claro como isso deve ocorrer.

Por fim, a norma de 2018 determina que ações de inspeção e fiscalização da elaboração dos produ-tos artesanais deverão ter “natureza prioritaria-mente orientadora”. “A fiscalização orientadora só é aplicável quando a atividade ou situação com-porta grau de risco compatível com esse procedi-mento, algo que também precisa ser especificado objetivamente, em regulamento”, conclui a asses-sora técnica do CFMV.

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RT E ESPOROTRICOSE SÃO TEMAS DE CURSOS NO CRMV-PBCapacitações em João Pessoa, Patos e Areia reuniram 166 profissionais do estado

T Em João Pessoa, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Paraíba organizou o workshop Esporotricose A-Z

Responsabilidade Técnica (RT) e esporotricose foram temas de cursos que a equipe do Conse-lho Regional de Medicina Veterinária do Estado

da Paraíba (CRMV-PB) realizou, no primeiro semestre de 2018, para 166 profissionais de Medicina Veteri-nária e Zootecnia. Os encontros foram promovidos na capital, João Pessoa, e nas cidades de Patos e Areia.

O Curso Básico de RT teve como objetivo capacitar os profissionais do interior do estado para o aprendiza-do da legislação, bem como a atuação do responsável técnico. Em Patos, o encontro foi no dia 11 de abril e, em Areia, em 10 de maio. Três das palestras do curso foram ministradas pelo presidente do CRMV-PB, Domin-gos Lugo: Responsabilidade Técnica – Normas e Proce-dimentos; Ética e Casos Jurídicos; e Responsabilidade Técnica e Controle Populacional.

Nas apresentações, o presidente abordou, entre outros temas, as formas de anotação no livro de RT; as responsabilidades éticas e reflexos jurídicos no caso de infração ou erro médico; os procedimentos de cas-tração, posse responsável e demais ações voltadas ao bem-estar animal; e a proteção do profissional e do meio ambiente. “Os cursos de capacitação promovem a reciclagem e a troca de experiências entre os partici-pantes, bem como a aproximação com o conselho, que

zela pela transparência de seus serviços, em prol da saúde única”, afirmou.

Houve, ainda, as seguintes palestras: Programa de Ge-renciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, por Débo-ra Rochelly; Responsabilidade Técnica em Laticínios e Sala de Diagnósticos de Brucelose e Tuberculose Bovina, por Milano Sales; e O Papel do Responsável Técnico em Feiras e Exposições, por Humberto Cardoso.

No dia 9 de junho, foi a vez de a capital do estado, João Pessoa, sediar o workshop Esporotricose A-Z, minis-trado pelas médicas-veterinárias Roseana Diniz, professo-ra da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e Alessandra Veras. Falou-se sobre métodos de diagnósti-co preciso, como a necessidade do exame clínico das le-sões, epidemiologia, histórico, anamnese e exames labo-ratoriais. A história do agente etiológico da esporotricose, sua distribuição no país e no mundo, meios de diagnóstico e formas de tratamento também foram apresentados.

“O gato não é o problema. O felino indica que, no solo da região em que vive, existe o fungo de forma pa-togênica”, alertou Rosana. “A esporotricose é curável. Um diagnóstico precoce e um tratamento bem orientado ge-ralmente evoluem para a cura clínica”. Outros temas de-batidos foram: políticas públicas, medicina do coletivo, diretrizes na saúde pública e biosseguridade.

CRMVsEM PAUTA

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CRMV-RS PREPARA ELEIÇÃO VIA INTERNET

Pleito on-line será realizado no dia 30 de outubro, das 9h às 17h, e poderão votar apenas os profissionais registrados e com anuidade em dia

T Funcionários do CRMV-RS preparam o envio do edital para a eleição on-line da nova diretoria

A internet será a “cabine de votação” para ele-ger a nova diretoria do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul

(CRMV-RS). Os preparativos estão a todo vapor e o pleito poderá ser acessado no dia 30 de outubro, das 9h às 17h. Estão aptos a votar os médicos-veterinários e zootecnistas registrados no CRMV-RS e em dia com o pagamento da anuidade.

É a primeira vez que o Rio Grande do Sul realiza uma eleição on-line. O edital foi enviado pelos Cor-reios aos profissionais, além de ser publicado no Diário Oficial da União e em jornal regional de grande circula-ção, conforme estabelece a legislação.

Todo o processo eleitoral vem sendo acompanha-do por uma empresa de auditoria independente. Para ter acesso ao sistema de votação, os profissionais re-

ceberão uma carta contendo uma senha provisória, a qual deverá ser trocada por uma definitiva. Não será possível votar com a senha provisória. É também fun-damental que os profissionais estejam com as informa-ções cadastrais atualizadas no CRMV-RS. No endereço siscad.cfmv.gov.br/siscad, o passo a passo de acesso permite que se atualizem endereço, telefone e e-mail. Para alterar outros dados, o contato é pelo e-mail [email protected] ou telefone: (51) 2104-0565.

Vale ressaltar que só será possível votar na data marcada. A quitação da anuidade do conselho deve ser feita, preferencialmente, até 15 de outubro. Um hotsite – eleicao2018.crmvrs.gov.br – reúne todas as informa-ções sobre a eleição. Também é possível solicitar escla-recimentos pelo e-mail [email protected].

CRMVsEM PAUTA

JUNTA GOVERNATIVA ORGANIZA PROCESSO

Desde abril, uma junta governativa está na administração interina do CRMV-RS. O motivo foi a renúncia de 12 conselheiros e do tesoureiro, o que levou à destituição da diretoria. Sob interven-ção do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), aguardam-se pareceres da Comissão de Inquérito do CFMV e do Tribunal de Contas da União (TCU).

A junta tem a tarefa de promover a eleição, para a qual conta com o auxílio do quadro de fun-cionários, todos devidamente preparados para fornecer informações sobre o tema. “O pleito ele-trônico dá ainda mais agilidade e segurança ao processo eleitoral”, destaca sua presidente, Eliza-beth Rota Chittó.

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AÇÃO CONJUNTA INVESTE NA ATUALIZAÇÃO DE FISCAISCurso reuniu, em Salvador, colaboradores dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária dos estados da Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte

T Grupo que participou, em Salvador, de curso intensivo sobre legislação específica do CFMV

Realizado entre 16 e 19 de julho, em Salvador (BA), um curso intensivo sobre legislação espe-cífica do Conselho Federal de Medicina Veteri-

nária (CFMV) reuniu sete colaboradores dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs) da Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte. Os proces-sos da fiscalização foram o tema da capacitação, minis-trada pela médica-veterinária Ana Carolina Gonçalves, gerente técnica do CRMV-MS.

A motivação inicial do encontro foi treinar dois no-vos fiscais, Diego Gomes Campos e Eric Claude Martin, que tomaram posse, em 10 de julho, no CRMV-BA. Além da parte teórica, os participantes foram a campo para um treinamento prático em fiscalização. No último dia de curso, a responsável pelo treinamento aplicou um teste para avaliar e fixar os conteúdos apresentados.

Além dos novatos, participaram, pelo CRMV-BA, o coordenador de fiscalização, Alexander Ramos; a as-sistente administrativa da fiscalização, Leila Acácio; e

o assessor administrativo Igor Andrade, idealizador do encontro. O fiscal Luiz Barbosa e Diego Paiva, gerente administrativo, representaram o CRMV-RN. “Além da re-visão jurídica, o encontro serviu para compartilhar e dis-cutir casos práticos”, avaliou Barbosa, com 16 anos de experiência na fiscalização. Já Paiva relatou que apro-veitou a ida ao CRMV-BA para observar e aprender com o regional baiano. “Vou levar à diretoria do CRMV-RN sugestões que sejam adaptáveis à nossa realidade”.

Facilitadora do encontro, Ana Carolina esclareceu: “O treinamento tem o objetivo de aprimorar a fiscali-zação, para torná-la mais eficaz, mais direcionada, mais efetiva e de boa qualidade”.

A iniciativa teve o apoio da presidente do CRMV--BA, a médica-veterinária Ana Elisa Almeida. “A fiscali-zação é um dos pontos mais relevantes da existência dos conselhos profissionais, por isso a autarquia baia-na sempre procura formas de respaldar o trabalho de seus agentes”, afirmou.

CRMVsEM PAUTA

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SEMANA DO MÉDICO-VETERINÁRIO PROMOVE PAINÉIS INTERATIVOS SOBRE PERFIL DO PROFISSIONAL DO FUTURO

Iniciativa do CRMV-SP, em parceria com a Pet South America, promoveu atividades em quatro cidades do interior e na capital paulista

T Palestras integram programação de evento que debate a profissão e é organizado pelo CRMV-SP

No ano em que se celebram os 50 anos da regu-lamentação do exercício da Medicina Veteriná-ria no Brasil, o Conselho Regional de Medicina

Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) promo-veu painéis interativos sobre inovação para debater o perfil do médico-veterinário para o próximo século. O evento fez parte das atividades da 2ª Semana do Mé-dico-Veterinário, realizada de 10 a 14 de setembro, em celebração ao Dia do Médico-Veterinário.

Assim como na primeira edição, o encontro foi iti-nerante e passou pelas cidades de Taubaté, Marília, Araçatuba, Presidente Prudente e São Paulo. O obje-tivo da iniciativa é estimular o aprimoramento técni-co-profissional e prestigiar os profissionais. “Esses en-contros abrem espaço para importantes debates e nos estimulam a buscar cada vez mais conhecimento. O

médico-veterinário do futuro é aquele que se atualiza, sabe trabalhar em equipe e não tem medo de inovar”, afirma Mário Eduardo Pulga, presidente do CRMV-SP.

Para falar sobre futuro, os temas abordaram téc-nicas inovadoras: impressão 3D aplicada à Medicina Veterinária, uso da nanotecnologia no mercado mé-dico-veterinário e inovações na oncologia veterinária. Os painéis foram exibidos nas cidades do interior que receberam o evento, seguidos de mesas-redondas com os interlocutores para que os participantes pudessem tirar dúvidas.

As atividades da 2ª Semana do Médico-Veteriná-rio foram concluídas na capital, onde o CRMV-SP rea-lizou – após a apresentação da palestra “Oncologia comparada” – cerimônia de premiação em homena-gem a profissionais de destaque do ano em Ensino da Medicina Veterinária, Pesquisa, Defesa Sanitária e Animais Selvagens.

As inscrições para a 2ª Semana do Médico-Veteri-nário são gratuitas e podem ser feitas pela internet, em https://www.petsa.com.br/pt (clique em Experiências > II Semana do Médico-Veterinário). Mais informações: http://www.crmvsp.gov.br.

CRMVsEM PAUTA

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CAVALARIA DE IDEIAS: APRENDENDO SOBRE CAVALOS, MÉDICOS-VETERINÁRIOS E POLICIAIS MILITARES MONTADOS

O intercâmbio entre instituições públicas e a comunidade, utilizando

equinos como meio de interação, é importante para a construção de

conhecimento coletivo sobre a profissão

O projeto Cavalaria de Ideias buscou o intercâm-bio entre instituições públicas e a comunidade para a construção de conhecimento coletivo,

utilizando equinos como meio de interação durante visi-tas orientadas à sede do Esquadrão de Polícia Montada da 5a Região de Polícia Militar de Santa Catarina (Cavala-ria), no município de Joinville (SC). As visitas abordaram três temas principais: a importância de atuação dos mé-dicos-veterinários na sociedade, dos policiais militares montados e a utilização de equinos na Cavalaria.

O público-alvo foi constituído de estudantes e educadores de terceiro a quinto ano de escolas públi-cas de ensino fundamental do município de Joinville, visto que estes são considerados canais disseminado-res de informações para a comunidade. O conhecimen-to foi repassado por acadêmicos do curso de Medicina

Textos de autoria de médicos-veterinários e

zootecnistas

T Interação mediada pela estudante de Medicina Veterinária Thaís Regina Lemfers, que usou equipamento específico para auscultação cardíaca (estetoscópio)

ARTIGOSTÉCNICOS

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Veterinária do Instituto Federal Catarinense (IFC), Cam-pus Araquari, e policiais militares montados de Santa Catarina da cidade de Joinville. Cartilhas educativas foram disponibilizadas, objetivando a extensão do co-nhecimento adquirido aos seus familiares. O avanço na construção do aprendizado foi observado, de forma subjetiva, durante todo o percurso. Questionamentos sobre os animais e a conduta dos profissionais foram elucidados e comentários sobre a qualidade das ações foram realizados pelos participantes.

MÉDICOS-VETERINÁRIOS E POLICIAIS MILITARES MONTADOS: O QUE ELES TÊM EM COMUM?

O médico-veterinário, em grandes centros, é popu-larmente visto, única e exclusivamente, como médico clínico-cirúrgico de pequenos e grandes animais. En-tretanto, tais profissionais são capacitados para atuar além da clínica, como nas áreas de sanidade e produ-ção animal, nutrição, assistência técnica e rural, pes-quisa, inspeção e fiscalização de produtos de origem animal e saúde pública (CONSELHO FEDERAL DE ME-DICINA VETERINÁRIA, 2017).

Para que esse pré-conceito seja alterado, são neces-sárias ações e projetos de impacto, os quais podem ser realizados ou intermediados por instituições privadas e públicas. O IFC é uma instituição pública que inclui em sua missão a realização de projetos de extensão aliados à formação cidadã, à inclusão social e ao desenvolvimen-to regional (INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE, 2014). No Campus Araquari, em uma região próxima a Joinville, oferta o curso de Medicina Veterinária, que, por meio de seus acadêmicos, pode reconstruir essa opinião na co-munidade, com o auxílio de ações extensionistas.

Outra instituição pública de grande importância é a Polícia Militar (PM), que tem a função de proteger a comunidade e atuar ofensivamente em situações que oferecem perigo à sociedade. No estado de Santa Ca-tarina, o Policiamento Montado existe desde 1835. A Cavalaria, ou Guarnição Especial de Polícia Mi-litar Montada, tem um papel relevante, tanto econômico quanto de cunho cívico. Além dis-so, o uso do cavalo colo-ca o policial em evidên-cia durante seu turno de serviço, devido ao porte físico do animal, auxilian-

do na repressão de práticas delituosas e aproximando o policial da sociedade (PMSC, 2016).

Devido ao crescente aumento da violência, obser-vado em nível nacional, estadual e municipal, atua-ções diretas, como confrontos, vêm ocorrendo de for-ma mais frequente e muitas vezes são interpretadas erroneamente perante a comunidade. Para que essas situações não ocorram, a sociedade deve entender e reconhecer o importante trabalho da Polícia Militar Montada (PMM), dando continuidade aos seus serviços prestados e apoio para essa profissão. Porém, para que o serviço dos policiais militares montados seja concre-tizado, a utilização de animais saudáveis é necessária.

Os equinos são animais de grande porte, que eviden-ciam sua força pelo seu tamanho, mas não são comumen-te vistos em ambientes urbanos. Utilizados pela PMM em manifestações ou eventos com grandes concentrações de público, facilitam a manutenção da ordem pública. Ao contextualizar a utilização de animais para esse trabalho, faz-se necessário evidenciar condições básicas que eles devem usufruir para manter sua qualidade de vida.

O conceito de qualidade de vida para animais é aliado ao bem-estar animal e às cinco liberdades im-plícitas nesse conceito, devendo o animal ser: livre de fome e sede; livre de dor e doença; livre de desconfor-to; livre para expressar seu comportamento natural; e livre de medo e estresse (MOLENTO, 2005). Para isso, os cavalos utilizados nos Esquadrões de Polícia Mon-tada recebem inspeções frequentes de médicos-vete-rinários, garantindo, assim, sua saúde física e mental.

Souza e Shimizu (2013) sugerem que o Estado, como tutor dos animais, deve implementar políticas visando a mudanças na relação do homem com os ani-mais. Adicionalmente, a World Animal Protection (Pro-teção Animal Mundial) define que os animais sejam devidamente treinados e possuam acompanhamento

veterinário regular para que ocorram ações de extensão com a contex-

tualização animal (HEWSON, 2012). Por esse motivo, o

local escolhido foi a base do Esquadrão de Po-

lícia Montada da 5a

Região de Polí-cia Militar de Santa Catarina

(Cavalaria), em que essas condições prede-

finidas são existentes.

Cartilha oferecida aos visitantes Reprodução/Arquivo Pessoal

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Sabendo dessa lacuna existente sobre o conheci-mento da sociedade acerca da importância de médicos--veterinários e policiais militares montados e da rele-vância do eixo de conexão que o equino realiza entre as duas profissões, o projeto buscou, por meio da interação animal, aproximar tais profissionais da comunidade e re-forçar sua importância na cidade de Joinville e região.

REPERCUSSÃO E RESULTADOS DAS AÇÕESQuatro visitas foram realizadas, com a participa-

ção de 171 crianças e 15 educadores. A educação continuada foi assistida por 29 facilitadores, entre eles: policiais militares, acadêmicos e professores do IFC-Araquari, os quais conseguiram propiciar aos es-tudantes experiências únicas, dentre elas, a conver-sa direta em forma de um “bate-papo” descontraído com um policial militar durante a primeira seção, que trouxe à tona informações básicas de segurança e o serviço desses profissionais.

Outro momento de grande relevância para o pas-seio foi durante a quarta seção, que abordava a fisio-logia e anatomia do equino, em que, com o auxílio de um estetoscópio, as crianças conseguiram auscultar o batimento cardíaco do animal. Sorrisos, onomatopeias e falas como “Nossa, como bate forte!” e “Que legal! Posso escutar de novo?” foram relatadas, expressando a sur-presa das crianças com o fascínio da ocasião.

As atividades lúdicas são instrumentos pedagó-gicos muito importantes, mais do que apenas diver-timento, caracterizando-se como um auxílio indis-pensável para o processo de ensino-aprendizagem e propiciando a obtenção de informações em perspec-tivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando (MALUF, 2008). Após o repasse de infor-mações da terceira seção, a qual abordava conceitos de bem-estar e cinco liberdades, uma das crianças relatou: “Pois é, não pode fazer com eles o que não que-remos que façam com a gente”, demonstrando que o

VISITAS À CAVALARIA: PASSO A PASSO

As ações educativas ocorreram em visitas orientadas por facilitadores, acadêmicos do curso de Medicina Ve-terinária do IFC-Araquari e policiais militares da Cavalaria. Cada visita foi subdividida em temas complementares, com enfoque em três áreas: a importância da atuação dos médicos-veterinários, dos policiais militares montados e a utilização de equinos na Cavalaria.

O público-alvo compreendeu estudantes de terceiro a quinto ano do ensino fundamental da rede pública e seus respectivos educadores. Para a visita, formaram-se subgrupos que incluíam a presença de um facilitador. Identificados com pulseiras coloridas, cada subgrupo foi definido e a visitação era iniciada.

Seis seções foram distribuídas em um percurso dentro da sede do Esquadrão da PMM, sendo que, em cada local específico, distintos temas foram abordados, com interações diferenciadas, a fim de proporcionar maior aprendizado aos alunos. As seções que constituíram as visitas foram: (i) A importância dos médicos-veterinários e policiais militares montados na sociedade; (ii) Comportamento equino; (iii) Bem-estar animal; (iv) Anatomia do sistema digestório e nutrição animal; (v) Ferrageamento; (vi) Equipamentos utilizados no trabalho de rotina no Esquadrão de Polícia Montada (Cavalaria).

Para que o conhecimento fosse repassado de forma igualitária a todos os visitantes, os facilitadores rece-beram anteriormente à visita uma apostila com informações básicas, pontos-chave de discussão e metodologia para abordagem científica dos temas propostos mediante suas exemplificações lúdicas. Durante a visita, grupos de oito a dez estudantes foram formados, com a liderança de um a dois facilitadores cada.

Uma das interações realizadas na quarta seção foi elaborada por meio do desenvolvimento de material di-dático lúdico, a fim de tornar o repasse de conhecimento mais eficaz. Confeccionou-se, assim, uma capa ilustra-tiva do sistema digestório de equinos para “vestir” o animal, contendo o desenho de órgãos internos da espécie, em tamanho real, para demonstração de sua anatomia topográfica.

A ação contou também com a confecção de cartilha educativa e camiseta do projeto. A primeira continha um resumo dos conhecimentos repassados para que as crianças levassem uma fonte de consulta e propagassem o conhecimento adquirido. A camiseta tinha o logo do projeto e das instituições públicas, para identificação e caracterização visual dos participantes. Cerca de 500 cartilhas educativas e 200 camisetas do projeto foram distribuídas durante as ações.

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conhecimento repassado era de fácil entendimento e absorção e, provavelmente, deve acarretar no futuro ações diferenciadas para com animais.

Campos (2011) relata que momentos de diversão quase nunca são elaborados a partir da lógica de opor-tunizar novas experiências em grupo e expandir o reper-tório científico-cultural das crianças. Tal feito foi possível nas visitas, porque, além de ser um evento diferente para as crianças da escola, elas desenvolveram seu conheci-mento mediante dinâmicas realizadas entre as seções.

Durante todas as visitas, foram relatadas pelos fa-cilitadores a emoção e diversão das crianças por esta-rem em contato com cavalos. A utilização da espécie parece ter sido útil para a contextualização de todas as seções, tendo sido o aproveitamento subjetivo ava-liado pelos organizadores do evento de nível elevado. Nas escolas, os temas foram novamente trabalhados e desenhos foram confeccionados, como forma de com-provar a aproximação do conhecimento transmitido.

Devido aos resultados positivos obtidos no proje-to e ao seu caráter extensionista e educativo, a ação também foi realizada com 90 policiais militares em formação, por meio de convite realizado pelo capitão da PMM de Joinville. As dinâmicas realizadas com os soldados foram idênticas às feitas com as crianças, porém com linguagem adaptada a esse público-alvo. Posteriormente às atividades com os soldados, somen-te comentários positivos foram relatados aos organiza-dores, demostrando que o repasse de conhecimento interdisciplinar foi efetivo.

CONSIDERAÇÕES FINAISO projeto Cavalaria de Ideias expandiu o conhe-

cimento interdisciplinar a mais de 300 participantes, entre eles, estudantes e educadores de escolas públi-cas da cidade, policiais militares em formação, policiais militares da PMM de Joinville e acadêmicos e docentes

do IFC-Araquari. Isso reforça a importância da parceria de instituições públicas com a comunidade, em que novas ações são esperadas para a continuação da ex-tensão de diversos temas de interesse que são de ex-trema importância para toda a comunidade.

AGRADECIMENTOSÀs instituições públicas: IFC-Araquari, pelo apoio

financeiro (Edital nº 014/2016); Esquadrão de Polícia Montada da 5a Região da Polícia Militar de Santa Catari-na (Cavalaria) de Joinville, pela parceria para realização do projeto; Escola Municipal José Motta Pires, Escola Municipal Nove de Março e Escola Municipal Professor Júlio Machado da Luz, do município de Joinville, pela participação; e a todos os colaboradores pelo envolvi-mento no projeto.

T Soldado da PMM apresenta-se para crianças do projeto

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REFERÊNCIAS

CAMPOS, R. A Brinquedoteca: Reflexões pedagógicas. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 5, n. 9, p. 401-414, 2011.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Áreas de Atuação. 2017.

HEWSON, C. PROTEÇÃO ANIMAL MUNDIAL: Módulo 19 – Bem-estar de animais utili-zados na educação, pesquisa e laboratórios. Concepts in Animal Welfare, Londres, n. 3, 2012.

INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE. Planejamento Estratégico do Instituto Federal Catarinense: 2013-2017. Blumenau p. 22, 2014.

MALUF, A.C.M. Atividades lúdicas para a educação infantil: Conceitos, orientações e práticas. Petrópolis: Vozes, n. 1, p. 42, 2008.

MOLENTO, C. F. M. BEM-ESTAR E PRODUÇÃO ANIMAL: aspectos econômicos – revi-são. Archives of Veterinary Science, v. 10, n. 1, p. 1-11, 2005.

POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA. PMSC. (Ed.). CAVALARIA (GUESPPMMON): Guarnição Especial de Polícia Militar Montada - (GuEspPMMon). 2016.

SOUZA, J.F. de J.; SHIMIZU, H.E. Representação social acerca dos animais e bioética de proteção: subsídios à construção da educação humanitária. Revista Bioética, Brasília, v. 21, n. 3, p.546-556, 2013.

AUTORES

THAÍS REGINA LEMFERS Graduanda do curso de Medicina Veterinária do IFC-Araquari [email protected]

ERIKA AMARAL MATTOS Graduanda do curso de Medicina Veterinária do IFC-Araquari

JÉSSICA ALINE ALVES Graduanda do curso de Medicina Veterinária do IFC-Araquari JANDENIR CARDOSOCabo do Esquadrão de Polícia Montada da 5a Região de Polícia Militar de Santa Catarina (Cavalaria) de Joinville

CARLOS EDUARDO NOGUEIRA MARTINSZootecnistaCRMV-SC nº 139/ZProfessor coorientador, doutor em Zootecnia

BETHÂNIA DA ROCHA MEDEIROS Médica-veterináriaCRMV-SC nº 2669Professora orientadora, doutora em Medicina Animal: Equinos

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EFEITO DA SEXAGEM E LINHAGENS NO DESEMPENHO DE CODORNAS DE CORTE ALIMENTADAS COM DIETA CONTENDO FARELO DE GIRASSOL

Qualidade da carne de aves que recebem fonte alternativa de

alimento pode melhorar, desde que observadas as características de

cada linhagem

A criação de codornas é importante fonte de renda para os coturnicultores. Entretanto, o efeito da linhagem e da sexagem inadequa-

das é fator limitante para a atividade, resultando em aumento da idade de abate e baixa qualidade da carne. Uma alternativa é o uso de farelos, como o de girassol, em dietas das aves, o que pode aumentar o retorno econômico em sistemas de confinamento.

Visando ao aumento da diversidade da oferta de proteína animal para alimentação da população huma-na e maior sustentabilidade na produção de proteína, torna-se importante a realização de estudos que ex-plorem alimentos alternativos para a coturnicultura, que atendam a todas as exigências nutricionais, pos-sibilitando, dessa forma, os animais expressarem seu melhoramento genético (MOREIRA, 2005).

Textos de autoria de médicos-veterinários e

zootecnistas

T O plantel de codornas no país, segundo levantamento feito em 2015 pelo IBGE, era de 21,99 milhões de cabeças

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Por meio do melhoramento genético, melhorias de algumas características, como peso vivo, ganho de peso diário, consumo de ração, mortalidade e ren-dimento de carcaça, tornaram as linhagens de corte mais complexas e direcionadas ao mercado consu-midor. Com diversas genéticas, torna-se fundamental o conhecimento do desempenho zootécnico de cada linhagem comercial, pois estas apresentam diferenças na velocidade de crescimento, ganho de peso, conver-são alimentar, mortalidade e, principalmente, no ren-dimento de carcaça, tornando importante e necessário esse conhecimento para a escolha da nutrição, manejo, instalações e linhagem a ser criada (SILVA, 2006).

O uso de grandes quantidades de grãos pode re-duzir o retorno econômico. Faz-se necessário buscar alternativas que oportunizem a minimização do efeito negativo, aliada ao aumento da produtividade e obten-ção de produtos com qualidade. Ainda, a possibilidade de uso de resíduos da agroindústria na alimentação de codornas pode contribuir para a minimização dos cus-tos de produção, além de diminuir o impacto no meio ambiente pelo descarte incorreto desses resíduos (OLIVEIRA et al., 2012).

O farelo de girassol pode ser utilizado como fonte alternativa de alimento para codornas, com sua inclu-são na dieta dos animais em substituição à fonte tra-dicional de fornecimento de proteína, a soja. No en-tanto, devem-se observar os níveis de extrato etéreo e os teores de fibra para que não ultrapassem valores que prejudiquem a digestibilidade, podendo melhorar o desempenho produtivo.

ORIGEM DAS CODORNAS De acordo com Pinto et al. (2002), as codornas são

originárias do Norte da África, da Europa e da Ásia, per-tencendo à família dos fasianídeos (Fhasianidae), subfa-mília dos Perdicinidae, sendo, portanto, da mesma famí-lia das galinhas e perdizes, com plumagem cinza-bege e pequenas listas brancas e pretas, tendo sido criadas pri-meiramente na China e Coreia e, em seguida, no Japão.

Segundo Reis (1980), os primeiros escritos a res-peito dessa ave datam do século XII e registram que elas eram criadas em função do seu canto. Os japone-ses, a partir de 1910, iniciaram estudos e cruzamen-tos entre as codornas, provindas da Europa, e espécies selvagens, obtendo um tipo domesticado, a Coturnix coturnix japonica ou codorna doméstica. A partir de então, iniciou-se sua exploração, visando à produção de carne e ovos.

A prática da criação de codornas para abate no Brasil é recente. A subespécie mais difundida no país ainda é a Coturnix coturnix japonica, linhagem de baixo peso corporal, utilizada para a produção de ovos para consumo. Hoje, já se observa um tipo de codorna mais pesado, que atende aos quesitos necessários à produ-ção de carne. Estas apresentam maior peso vivo (250 a 300 g), coloração marrom mais viva, temperamento ni-tidamente calmo e peso e tamanho dos ovos um pouco maiores (OLIVEIRA, 2001).

A COTURNICULTURA NO BRASIL O efetivo de codornas, segundo o Instituto Bra-

sileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), era de 21,99 milhões de cabeças, apresentando aumento de 8,1% em relação ao registrado em 2014. A região Su-deste é a maior produtora nacional de codornas, inde-pendentemente da finalidade, seja para produção de carne, seja de ovos. Essa região participa com 54,7% no cenário nacional, sendo o estado de São Paulo o maior produtor.

A procura do mercado consumidor atual por carne de qualidade e outros fatores, como rápido crescimen-to dos animais, precocidade na produção, maturidade sexual, alta produtividade, baixo investimento inicial e rápido retorno financeiro, torna a coturnicultura de corte uma atividade altamente promissora no país (SIL-VA, 2009).

Ainda, segundo os mesmos autores, a codorna é uma excelente alternativa para alimentação humana, pois pode ser utilizada tanto para a produção de ovos quanto para a produção de carne, que é aceita univer-salmente por ser um produto de excelente qualidade e rica em aminoácidos essenciais. Apresenta também alto conteúdo proteico e baixa quantidade de gordura.

A carne de codorna é escura, macia, saborosa e pode ser preparada da mesma maneira que a de fran-go de corte. Pesquisas indicam que é uma excelente fonte de vitamina B6, niacina, B1, B2, ácido pantotêni-co e ácidos graxos. Apresenta, ainda, grandes concen-trações de ferro, fósforo, zinco e cobre quando com-parada à carne de frango. A quantidade de colesterol atinge valores intermediários (76 mg) entre a carne de peito (64 mg) e da coxa e sobrecoxa (81 mg) do fran-go. A maioria dos aminoácidos encontrados na carne de codorna é superior aos de frango. Vários autores concluíram que a idade, sexo, linhagem e nutrientes da dieta afetam a composição química da carcaça das aves (MORAES; ARIKI, 2009).

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CRIAÇÕES COMERCIAS DE CODORNAS

A coturnicultura tem apresentado um desenvol-vimento bastante acentuado nos últimos tempos. Os principais fatores que contribuem para isso são o ex-cepcional sabor de sua carne, responsável por iguarias finas e sofisticadas, e o baixo custo para implantar uma pequena criação, podendo se tornar uma fonte de ren-da complementar para os pequenos produtores rurais. Do ponto de vista técnico e econômico, torna-se ain-da mais atrativa, ao verificar-se o rápido crescimento e rapidez para atingir a idade de postura, a elevada prolificidade e o pequeno consumo de ração (JOVEM APRENDIZ RURAL DE BATATAIS, 2008).

De acordo com Almeida (2001), a primeira importa-ção oficial de matrizes de codornas destinadas à produ-ção de carne foi feita no ano de 1996. Nesse período, os animais destinados ao abate eram advindos do descarte de matrizes de postura em fim de produção ou de machos classificados erroneamente no processo de sexagem, ou seja, animais não especializados para a produção de car-ne. Apesar de a demanda ainda ser baixa se comparada às carnes de frango e de peru, Moreira (2005) afirma que sua alta rentabilidade faz com que a empresa mantenha o empenho na continuidade da produção, garantia de que a linha comercializada é compensatória, diferenciada e superior aos produtos avícolas tradicionais.

Trabalhos realizados por Silva e Ribeiro (2001) com codornas japonesas, na fase inicial de criação, de um a 14 dias de idade, verificaram que as aves aumen-tam até sete vezes o próprio peso inicial, em função da hipertrofia, principalmente, dos músculos peitorais, do crescimento dos ossos e das vísceras. Com a proximi-dade da maturidade sexual, o crescimento é fortemen-te influenciado pela formação das reservas de gordura, especialmente, nas vísceras, fígado, ovário e oviduto.

Brandão et al. (2007) realizaram um experimento com o objetivo de determinar as exigências de cálcio de codornas japonesas em postura. As variáveis avalia-das foram: consumo de ração, produção de ovos, mas-sa de ovos, conversão por massa de ovos, conversão por dúzia de ovos, peso do ovo, peso e percentagem de gema, albúmen e casca e gravidade específica. Os autores recomendaram, para codornas japonesas, o ní-vel de 3,51% de cálcio na ração para a otimização dos índices de desempenho sem afetar negativamente a qualidade interna e externa dos ovos.

Almeida et al. (2002) destacam que o sistema de exploração de codornas brasileiro é montado priori-

tariamente para atender ao mercado de ovos, mas, a partir de 1996, com a introdução da variedade italiana, essa realidade apresentou tendências para melhora. Ao comparar o desempenho de codornas japonesas e italianas, os autores concluíram que a Coturnix cotur-nix apresentou melhor aptidão para corte, caracteriza-da por melhores índices zootécnicos, como ganho de peso médio, melhor conversão alimentar e utilização mais eficiente do alimento, uma vez que obteve maior crescimento com menor consumo de alimento para cada 100 g de peso corporal.

Em virtude do aumento do consumo mundial de carne, pesquisadores estão buscando alternativas que possam satisfazer as novas exigências de produtos de origem animal e uma delas está relacionada à produção de codornas de corte. A criação de codornas para produ-ção de carne é uma boa opção para obtenção de proteí-na de origem animal, pois suas instalações não necessi-tam de grandes investimentos, uma vez que esse animal é pequeno e ocupa pouco espaço e sua produção de dejetos é inferior à das criações animais convencionais, agredindo menos o meio ambiente. No entanto, pouco se conhece sobre o potencial produtivo de codornas de corte no Brasil e os custos de produção, tornando seu preço elevado e pouco competitivo no mercado varejis-ta em relação a outras aves (MORI et al., 2005).

São escassas as informações nas áreas de manejo e nutrição, dificultando a criação e contribuindo para o aumento no custo de produção dessa espécie, como, por exemplo, o fornecimento de rações que não se adaptam às reais exigências dessas aves. Em conse-quência da falta de informações, sua produção é rea-lizada de modo empírico com base nas informações disponíveis sobre codornas de postura da linhagem japonesa (Coturnix japonica), conforme retratado por Almeida et al. (2002). O mercado de codornas para

T A carne de codorna é escura, macia e fonte de nutrientes, além de rica em aminoácidos

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carne disponibiliza carcaças inteiras congeladas e, em casos raros, oferta também codornas desossadas e de-fumadas, muito embora apresente algumas limitações, pois o hábito de consumo de codornas restringiu-se a aperitivo ou petisco, fato que restringe o consumo per capita. Não obstante, essa realidade vem sendo modi-ficada pela especialização dos sistemas de produção (CUNHA, 2009).

GENÉTICA E LINHAGEM DAS AVES O melhoramento genético tem contribuído de for-

ma expressiva para a evolução da avicultura de corte no Brasil, sendo que a coturnicultura vem ganhando cada vez mais destaque, com números crescentes, le-vando a uma demanda por material genético de qua-lidade. Contudo, a primeira dificuldade encontrada pelo melhorista é o conhecimento e identificação dos grupos genéticos que serão utilizados nos cruzamen-tos, como linhas machos e linhas fêmeas (VELOSO et al., 2015).

Nesse sentido, o estudo de divergência genética desempenha papel importante na avaliação de gru-pos genéticos, pois permite avaliar a superioridade de alguns genótipos sobre outros e identificar genótipos divergentes que podem ser utilizados como proge-nitores em programas de hibridação, evitando a con-sanguinidade e, consequentemente, a depressão de características determinantes da viabilidade da espé-cie, como taxa reprodutiva e sobrevivência (FALCONER, 1981). Ainda, é importante ressaltar que o grupo gené-tico tem efeito direto nas características de desempe-nho (TEIXEIRA et al., 2013).

Para predizer a divergência genética, várias técni-cas de análise multivariada podem ser aplicadas, en-tre as quais, a análise de agrupamento, que tem por finalidade reunir, por algum critério de classificação, os progenitores em vários grupos, de modo que haja homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre eles (CRUZ, 2004).

A utilização de técnicas multivariadas é mais apro-priada em virtude de as características serem conside-radas simultaneamente, pois levam em conta as pos-síveis correlações entre as características investigadas (VENTURA et al., 2012).

FARELO DE GIRASSOL A safra 2016/2017 do girassol (Helianthus annus

L) no Brasil apresenta uma área de cultivo de 51,5 mil

hectares; com aumento na produção e produtividade, deve crescer em torno de 15,5% em comparação à safra anterior (CONAB, 2017). A melhor média de pro-dutividade das regiões produtoras, segundo o último levantamento de safra, deverá ser obtido no Sul, em torno de 1.626 kg/ha. Espera-se para o Distrito Federal a maior produtividade de girassol do Brasil – uma mé-dia de 2.500 kg/ha, aumento expressivo de 12,7% em comparação à safra anterior.

O farelo de girassol é proveniente da extração do óleo das sementes de girassol com o uso de sol-ventes, sendo considerado um concentrado proteico altamente degradável no rúmen (NRC, 2007). Os va-lores de proteína variam de 30% a 53% sem a casca e de 20% a 30% para o farelo com casca; logo, sua composição bromatológica oscila de acordo com a forma de extração e a quantidade de casca presente (MINARDI, 1969).

O teor de extrato etéreo do farelo de girassol pode variar em função do processo utilizado para extrair o óleo da semente. De acordo com Cati (2001), quando se usa o solvente, o farelo apresenta média de 1,5% de extrato etéreo na matéria seca, 28% de proteína bruta e teores de fibra em detergente neutro e em de-tergente ácido de 48,30% e 35,05%, respectivamen-te. Quando a extração do óleo é por prensagem a frio, além de ser um processo mais simplificado, o resíduo gerado apresenta em média 93,3% de matéria seca, 31,3% de proteína bruta, 21,6% de extrato etéreo, 48,4% de fibra em detergente neutro e 35,1% de fibra em detergente ácido (NEIVA JÚNIOR et al., 2007).

O farelo de girassol tem sido utilizado na alimen-tação animal e, de acordo com alguns estudos com ruminantes realizados por Oliveira et al. (2012), seu valor nutricional é equivalente ao farelo de soja e de

T Semente de girassol (foto) é matéria-prima para a produção do farelo

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AUTORES

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BÁRBARA MARTINS RODRIGUES Graduanda em Zootecnia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

LUAN SOUZA DE PAULA GOMES Engenheiro agrônomo CREA-MG nº 188223 Mestrando em Produção Animal, autônomo

ÉDEN EDUARDO ALVES RIBEIRO Engenheiro agrônomo CREA-MG nº 209250/DMestrando em Produção Animal, autônomo

VICTOR AUGUSTUS VASCONCELOS DE OLIVEIRA Graduando em Zootecnia na Universidade Federal de Minas Gerais

algodão. Seu emprego, além de ser mais vantajoso economicamente em diversas situações, tendo em vis-ta o preço do quilograma da proteína bruta, liberaria o farelo de soja para exportação (UNGARO, 2009).

Furlan et al. (2001) utilizaram farelo de girassol na alimentação de frangos de corte com a suplementação de lisina e verificaram que pode ser adicionado na ra-ção até 15% em substituição ao farelo de soja.

Esse farelo é promissor na alimentação de co-dornas, sendo necessário efetuar mais pesquisas re-lacionadas ao efeito da sexagem e linhagem sobre o desempenho e a qualidade da carne. Isso permitirá aos produtores uma melhor escolha sobre os proce-dimentos de nutrição, manejo, instalações e linhagem a ser criada.

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O MANEJO E A QUALIDADE

DA CARNE DOS SUÍNOS

O bem-estar animal influencia a qualidade de vida dos animais e dos produtos gerados por eles. Alteração

mais presente nos suínos, a carne pálida, mole e exsudativa diminui o

valor agregado e causa prejuízo

Nos últimos 15 anos, houve um crescimento de 60% na produção e exportação de carne suína, tornando o Brasil o quarto maior expor-

tador (ABPA, 2016). Esse crescimento acentuado da produção de carne acabou por comprometer o bem--estar animal, que pode ser avaliado por parâmetros predefinidos na granja e/ou no frigorífico (HOTZEL et al., 2004).

QUALIDADE DA CARNEApós 1960, a carne suína com menos gordura

passou a ser valorizada (FÁVERO et al., 2001; IRGANG, 2008). Entretanto, a menor concentração de Gordura Intramuscular (GIM) altera a maciez, suculência e colo-ração, uma vez que essa substância é responsável pela maciez e suculência da carne (ROSENVOLD et al., 2003; IRGANG, 2008; FÁVERO et al., 2009).

CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNEQuando o indivíduo sofre algum estímulo nervoso,

inicia-se a contração muscular. Os estímulos sofridos causam despolarização e aumentam a permeabilidade da membrana ao cálcio. Este, quando dentro do sarco-

Textos de autoria de médicos-veterinários e zootecnistas

T O aumento da demanda e da produção comprometeu o bem-estar dos animais na criação dos suínos

ARTIGOSTÉCNICOS

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plasma, forma um complexo denominado actomiosina, responsável pela contração muscular.

Entretanto, em razão do abate, o metabolismo do animal passa a ser anaeróbio, fazendo com que a concentração de trifosfato de adenosina (ATP), após um período, cesse (SOUZA et al., 2013). Na ausência de ATP, a ligação actomiosina não é desfeita e o rigor mortis é instalado, ocorrendo a conversão do músculo em carne (RÜBENSAM, 2000; BRIDI et al., 2013; SOUZA et al., 2013).

Durante o metabolismo anaeróbio, a fonte de energia (ATP) mais intensa é o glicogênio muscular (PARDI et al., 2001), que é convertido em ácido lático e, em anaerobiose, se acumula nas células musculares e as acidifica (CAMPOS et al., 2014), resultando na queda de pH da carne (RÜBENSAM, 2000).

FATORES DE INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DA CARNEA carne suína apresenta alguns parâmetros míni-

mos para ser considerada de qualidade, segundo o National Pork Producers Council (NPPC, 1998 apud BRIDI; SILVA, 2013). Dentre os parâmetros, incluem--se a coloração entre 3,0 e 5,0, a luminosidade entre 49 e 37, o pH final menor que 5,9, a gordura intra-muscular entre 2% e 4% e a perda de água menor que 2,5%. Na hipótese de existir algum desses pa-râmetros fora do padrão desejado, a carne apresen-tará qualidade inferior e gerará perdas ao frigorífico (BARBOSA et al., 2006).

Carne de qualidade inferior pode ser classificada, principalmente, como pálida, mole e exsudativa (PSE) e escura, dura e seca (DFD) (TERRA et al., 2000).

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA CARNE

pH A queda de pH, após o abate do animal, é fisiológi-

ca (7,0 para 5,5, em média) e retarda o crescimento de microrganismos, auxiliando no sabor, cor e maciez da carne (RÜBENSAM, 2000; LUDTKE et al., 2010).

O pH deve ser medido em dois momentos: nos 45 minutos iniciais após o abate – pH inicial – e 24 horas depois – pH final. Os músculos de eleição são Longis-simus dorsi e Semimembranosus, pela quantidade de fibras brancas (LUDTKE et al., 2010).

A velocidade de queda do pH ocorre devido à pro-porção de ácido lático produzida, que pode gerar car-nes PSE – quando a queda é muito rápida – ou com

características de carne DFD – quando é muito lenta (LUDTKE et al., 2010).

Capacidade de Retenção de Água (CRA)A CRA é a capacidade que a carne tem de reter

água durante seu manuseio (OSÓRIO et al., 2009). A água presente na carne pode ser classificada como li-gada, imobilizada e livre, sendo a livre a maioria dessa composição (PARDI et al., 2001).

A CRA pode ser alterada pelo pH e pela desnatura-ção das proteínas miofibrilares. Junto ao pH, ela com-põe o chamado efeito da carga neutra (MOURA et al., 2015), relacionado com o ponto isoelétrico das proteí-nas miofibrilares – quanto mais próximo de 5,5, me-nor a interação com a água e menor a CRA dessa carne (MONTERREY-QUINTERO et al., 2000).

Uma rápida queda de pH associada a altas tem-peraturas corporais do suíno causa desnaturação das proteínas miofibrilares, que afeta a CRA. Essas relações justificam a perda de água das carnes PSE e DFD.

O método mais utilizado para a medição da CRA é a exsudação, considerando-se normal uma perda de 2% a 5% de água (LUDTKE et al., 2010).

ColoraçãoA coloração das carnes é determinada, em sua

maioria, pela mioglobina, hemoglobina e estado físico do ferro no interior da molécula de mioglobina (BRIDI et al., 2013). Normalmente, a coloração da carne suína apresenta-se em tonalidade entre rosada e avermelha-da (BATISTA et al., 2010). Entretanto, o manejo pré-aba-te influencia essa coloração, devido ao efeito da carga neutra. Carne com pH próximo ao ponto isoelétrico das proteínas miofibrilares tem menor capacidade de reter mioglobina, sendo mais clara; o oposto ocorre quando o pH é mais distante do ponto isoelétrico.

T Quantidade de gordura influencia maciez e suculência da carne suína

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Para a avaliação da coloração da carne suína, uti-lizam-se os músculos correspondentes ao lombo e/ou ao pernil, 24 horas após o abate, sendo analisada pelos métodos do padrão fotográfico e colorímetro.

O padrão fotográfico é um método subjetivo, que apresenta uma variação de 1,0 a 6,0. O método do co-lorímetro é objetivo e mede a reflectância da carne. A partir desses dados, os valores de cor são calculados em relação a uma escala de cor tridimensional, pela qual se medem a luminosidade, a tonalidade e a sa-turação. Entretanto, apenas o valor da luminosidade relaciona-se diretamente com a qualidade da carne (GAEBLER, 2010), variando dentro de uma escala de 0 a 100, que significam, respectivamente, preto e bran-co. O valor normal oscila entre diversos autores, mas considera-se aceitável entre 40 e 50.

CARNE PSEA carne PSE apresenta coloração mais pálida, com

textura mais macia e maior perda de água do que a carne normal. É uma carne com mais característica de músculos glicolíticos, como é o caso do suíno (BRIDI et al., 2013).

O pH inicial menor que 5,8 já é indicativo de carnes PSE extremas (LUDTKE et al., 2010), devendo-se avaliar o pH inicial e final. No teste do colorímetro, a carne apresenta-se com o valor de luminosidade maior do que 50 (LUDTKE et al., 2010). No método de perda de água por exsudação, um valor maior que 5% é indica-tivo de PSE (LUDTKE et al., 2010). Para concluir a classi-ficação, devem-se avaliar esses parâmetros juntos.

A carne PSE tem origem multifatorial, podendo ser genética ou de manejo dos animais, sendo normalmen-te relacionados entre si (RÜBENSAM, 2000). De ordem genética, ocorre a presença do gene halotano. Animais com esse gene são mais suscetíveis ao estresse e apre-sentam maior incidência de carne PSE (FERREIRA, 2011).

Portadores desse gene apresentam uma maior sensibilidade ao canal de cálcio, havendo, assim, uma maior concentração de cálcio no sarcoplasma do que a necessária para iniciar o processo de contração (RÜBENSAM, 2000; MAGANHINI et al., 2007; BRIDI et al., 2013), de modo que há intensa glicogenólise quando a temperatura muscular ainda se encontra alta (RÜBENSAM, 2000; CAMPOS et al., 2014). Entretanto, foi observada a ocorrência de carne PSE em animais sem a presença do gene halotano. Esse fato pode ter ocorrido devido ao seu manejo inadequado (MURRAY,

2000). Assim, o manejo pré-abate realizado de forma inadequada também é uma causa de carnes PSE.

A carne PSE apresenta diversas consequências para a indústria frigorífica. Não sendo macia, pode ser utilizada em salames e salsichas, desde que misturada com um mínimo de 30% de carnes normais (RÜBEN-SAM, 2000; TERRA et al., 2000).

A fim de diminuir sua incidência, pode ser feito melhoramento genético, visando à redução do gene halotano nas linhagens de suíno, fato ainda controver-so na literatura. Contudo, boas práticas de manejo no período que antecedem o abate devem ser realizadas (MURRAY, 2000; COSTA et al., 2005).

CARNE DFDA carne DFD apresenta coloração mais escura, com

textura mais dura e menor perda de água do que a car-

T No frigorífico, o resfriamento da carne deve ser feito o mais rápido possível

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AUTORA

MARINA BEBIANOMédica-veterináriaCRMV-MG nº 16352Autônoma

ne normal. Entretanto, por se tratar de uma carne com baixa incidência nos suínos, não será discutida.

PRÁTICAS DE BEM-ESTAR ANIMAL PARA EVITAR ALTERAÇÕES NA CARNE

A fim de evitar tais problemas para a indústria e o pro-dutor, algumas medidas podem ser tomadas. Entre elas, na granja, destaca-se o manejo adequado dos animais pelos funcionários, evitando estresse agudo, além da diminuição ou total exclusão de choques desnecessários nos animais.

Já no frigorífico, o resfriamento da carne deve ser feito de maneira adequada e o mais rápido possível, evitando modificações, como o encurtamento pelo frio (TERRA et al., 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAISAlém do interesse na questão do crescimento ex-

portador brasileiro, o bem-estar animal é importante por ter relação com a qualidade dos produtos gerados, bem como a qualidade de vida dos animais.

A alteração de carne mais presente no suíno é a PSE, devido à característica das fibras desses animais. Essa alte-ração diminui o valor agregado do produto, gerando gran-de prejuízo aos produtores e frigoríficos. A carne PSE tem como causas a genética e o ambiente. A DFD é outra alte-ração possível, não sendo de muita ocorrência em suínos.

Com a melhoria do padrão de vida dos animais, melhores produtos serão formados, com maior valor agregado, além de vida digna a eles, beneficiando pro-dutores e frigoríficos.

Pode-se concluir que a relação entre o manejo dos animais e a qualidade da carne dos suínos é intrínseca, de-pendente de vários fatores. É necessário, principalmente, que funcionários de granjas e frigoríficos sejam treinados quanto à fisiologia e comportamento do animal. Assim, o manejo acontecerá de maneira mais adequada, o estresse será diminuído e a qualidade da carne será melhor.

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AS ATIVIDADES DO CCZ DE PRESIDENTE PRUDENTE (SP) NA SUA PRIMEIRA DÉCADAUnidade fundada em 2007 realizou campanhas que reduziram a quantidade de animais soltos nas ruas e melhoraram a conscientização da população sobre castração e vacinação

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) foi criado pela Lei nº 6.574/2006 (PRESIDENTE PRUDENTE, 2006), com a finalidade de de-

senvolver ações de controle das populações animais e providências de prevenção e controle das zoonoses no município de Presidente Prudente. Completou, em setembro de 2017, dez anos de fundação.

Seus funcionários visitam os imóveis que tive-ram aparecimento de escorpiões, fornecendo orien-

Textos de autoria de médicos-veterinários e zootecnistas

T Profissional do CCZ de Presidente Prudente (SP) usa aparelho que realiza a leitura de microchip em cão

ARTIGOSTÉCNICOS

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tações, conforme o observado, quando tem aciden-te (picadas) de pessoas e realizando, além disso, a busca ativa no imóvel e nos vizinhos (BRASIL, 2009). Quando se verifica terreno baldio ou imóvel com características propícias de animais sinantrópicos, é feita notificação aos proprietários desses imóveis para efetuar a limpeza num prazo de 30 dias; não surtindo efeito, aplica-se multa ao imóvel de 60 UFM (Unidade Fiscal do Município), de acordo com a Lei

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nº 6.574/2006, arts. 20 e 21 (PRESIDENTE PRUDEN-TE, 2006).

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontou que o número de acidentes com escorpiões dobrou na última década no estado (CVE, 2016), tendo sido observada essa tendência no município. No ano de 2013, após uma análise da distribuição das notificações de escorpiões nos bairros, tentou-se buscar possíveis causas para seu aparecimento, segundo estudo de Silva (2014), ob-servando-se surgimento maior em ambientes como fundos de vale canalizados (drenagem), centro de reciclagem, ferro-velho, madeireiras e supermerca-dos. Intensificou-se uma campanha de orientação com entrega de panfletos nas áreas com maior inci-dência de notificações.

As informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foram utilizadas para comparar a situação do município com as cidades vi-zinhas. De acordo com o Grupo de Vigilância Epide-miológica 21 (GVE 21) e a utilização de medidas edu-cativas, além da aplicação de sanções administrativas aos proprietários de imóvel propício à proliferação de escorpiões, observou-se que não teve aumento ex-pressivo nos acidentes com esses animais nos anos seguintes a 2013, mantendo uma média constante em relação à região (Gráfico 1).

Gráfico 1. Comparação do número de acidentes com escorpiões no GVE 21 e no município de Presidente Prudente, no período de 2007 a 2016.

Tabela 1. Serviços prestados pelo CCZ de Presidente Prudente, no período de 2001 a 2016.

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GVE  -­  21 43 23 52 94 98 143 178 193 283 154

PRES.  PRUDENTE 2 6 7 17 30 56 38 41 66 59

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016  *

Gráfico 1. Comparação do número de acidentes com escorpiões no GVE 21 e no município de Presidente Prudente, no período de 2007 a 2016

Fonte: Divisão de Zoonoses / CVE / Sinan Net.

Nota: * Dados atualizados em 21 de setembro de 2016; População DATASUS.

O CCZ também recebe solicitação para recolher morcegos mortos caídos em imóveis, sendo realizadas orientações de como evitar acidentes e incômodos; os animais recolhidos são encaminhados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios de Presidente Prudente (APTA) para análise. O último caso de morcego com diagnóstico positivo para raiva foi há mais de seis anos.

Implantou-se, no início de 2013, parceria com a empresa de coleta de animais mortos no município, para enviá-los ao CCZ, que faz a retirada do cérebro, enviando o material à APTA para ser analisado, para monitorar a circulação da raiva canina e felina no município, como apresentado na Tabela 1. Após a parceria, houve um aumento significativo no envio de material à APTA.

Serviços prestados 2011 2012 2013 2014 2015 2016* Notificações de animais sinantrópicos 862 2.001 1.177 1.189 1.117 695 Busca ativa de escorpiões 661 719 52 10 15 42 Morcegos recolhidos 89 110 127 79 82 48 Coletas de cérebro de cães 65 44 119 74 159 138 Coletas de cérebro de gatos 3 5 46 18 11 0 Animais adotados 66 61 55 78 85 100 Castrações 332 161 985 828 1.478 961 Exames de LV canina 6.643 12.206 7240 8.490 3.570 9.480 Animais positivos p/ LVC 47 29 34 37 196 142

Fonte: Divisão de Zoonoses / CVE / Sinan Net.

Nota: * Dados atualizados em 21 de setembro de 2016; População DATASUS.

Fonte: CCZ.

Nota: * Dados até 30 de setembro de 2016.

O CCZ também recebe solicitação para recolher mor-cegos mortos caídos em imóveis, sendo realizadas orien-tações de como evitar acidentes e incômodos; os animais recolhidos são encaminhados à Agência Paulista de Tec-nologia dos Agronegócios de Presidente Prudente (APTA) para análise. O último caso de morcego com diagnóstico positivo para raiva foi há mais de seis anos.

Implantou-se, no início de 2013, parceria com a em-presa de coleta de animais mortos no município, para enviá-los ao CCZ, que faz a retirada do cérebro, envian-do o material à APTA para ser analisado, para monitorar a circulação da raiva canina e felina no município, como apresentado na Tabela 1. Após a parceria, houve um au-mento significativo no envio de material à APTA.

Serviços prestados 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Notificações de animais sinantrópicos 862 2.001 1.177 1.189 1.117 695

Busca ativa de escorpiões 661 719 52 10 15 42

Morcegos recolhidos 89 110 127 79 82 48

Coletas de cérebro de cães 65 44 119 74 159 138

Coletas de cérebro de gatos 3 5 46 18 11 0

Animais adotados 66 61 55 78 85 100

Castrações 332 161 985 828 1.478 961

Exames de LV canina 6.643 12.206 7240 8.490 3.570 9.480

Animais positivos p/ LVC 47 29 34 37 196 142

Vacinas contra raiva 0 42.673 39.433 38.973 00 41.114

Apreensão de grandes animais 0 0 0 43 91 74

A campanha de vacinação contra raiva de 2017 contou com 82 postos de vacinação na área urbana e rural, além dos quatro distritos, alcançando uma cober-

tura de 88,50% da população de cães e gatos, esti-mada em 46.451 animais, sendo 41.604 cães e 4.847 gatos. A cobertura nos cães foi de 86,70% e, nos gatos,

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de 104,00%. A campanha teve duração de 40 dias, de acordo com a Lei nº 7.908/2012, art. 7º (PRESIDENTE PRUDENTE, 2012). Os estabelecimentos veterinários que fazem aplicação de vacinas contra a raiva devem enviar relatório mensal das quantidades ao CCZ, que é anexado à campanha de raiva.

Após a campanha de raiva de 2009, realizou-se a coleta de sangue para verificação da resposta imune humoral de cães e gatos depois da vacinação, tendo sido observada uma baixa cobertura vacinal nos gatos do município em comparação com a resposta imune humoral de cães e gatos vacinados contra a raiva no Sudeste do Brasil (ALBAS et al., 2013). Foram intensifi-cadas as divulgações nas campanhas posteriores para atingir cobertura vacinal maior.

Com o surgimento da Leishmaniose Visceral Ame-ricana (LVA) no município, em 2009, e, no ano seguinte, do primeiro cão autóctone, os trabalhos de prevenção e controle da doença foram intensificados, confor-me as normas do Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral americana do estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2006).

Com a intensificação das coletas de sangue para diagnóstico de leishmaniose, o material foi utilizado para comparação dos métodos ensaio de imunoabsor-ção enzimática (Elisa) e Reação de Imunoflorescência Indireta (Rifi), com a utilização do teste imunocroma-tográfico DPP. Com os resultados obtidos, foi possível concluir pela utilidade do DPP, realizado tanto com amostra de sangue total em campo quanto com soro sanguíneo em laboratório, sendo alternativa viável e necessária para a triagem da leishmaniose em áreas com transmissão autóctone. Trata-se de tecnologia de fácil execução (FERRATO, 2011).

No dia 1º de dezembro de 2011, foi inaugurado o Laboratório Veterinário do CCZ, para agilizar a rea-lização dos exames de LVC. No período de 2011 até setembro de 2016, foram feitos 47.629 exames de LVC no município (Tabela 1), sendo diagnosticados 485 cães com a doença, ou seja, a prevalência foi de 1,01% das amostras.

Com a divisão do município em áreas e setores para um melhor monitoramento dos serviços de controle da LVC, foram empregados dois veículos adaptados para os serviços de coleta. As equipes foram montadas com um motorista e quatro agentes de apoio de zoonoses em cada. Esses funcionários foram treinados para rea-lização da coleta de sangue para diagnóstico de LVC e,

conjuntamente, a chipagem dos cães, amparada pela Lei nº 7.908/2012 (PRESIDENTE PRUDENTE, 2012). Assim, desde 2013, ocorrem o registro e chipagem de cães no município, além de cadastro dos proprietários, informações que são armazenadas no CCZ.

A equipe procede ao inquérito canino de casa em casa, coletando o sangue dos cães e fazendo a chipa-gem. Se por algum motivo não for realizada, o proprie-tário terá a possibilidade de levar seu cão a um plantão próximo de sua residência. Não ocorrendo coleta, será enviada uma notificação ao imóvel do proprietário desse animal, para dentro do prazo de 30 dias enca-minhar o resultado do exame com formulário de chi-pagem em clínica veterinária particular ou conduzir o animal ao CCZ para exame e chipagem, conforme obri-gatoriedade das Leis nº 7.099/2009 e nº 7.908/2012 (PRESIDENTE PRUDENTE, 2009, 2012).

Com o apoio do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), fez-se uma análise da distribuição da leishmaniose no município, o que possibilitou afirmar que a LVC teve início em 2010, com casos importados, e que a prevalência é mais intensa em alguns locais do que em outros, reve-lando padrão espacial diferente de outros municípios, com baixa infectividade e transmissão humana e cani-na. Isso se deve, em grande medida, ao serviço do CCZ, que tem trabalhado constantemente em atividades bem-sucedidas para o controle da doença (MATSUMO-TO, 2014).

Ainda com o apoio da Unesp, além do Instituto Adolfo Lutz (IAL) Central de São Paulo e de Presidente Prudente, foi realizado um estudo dos casos autócto-

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T Campanhas contra a raiva e a LVC melhoraram índices no município

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nes de LVC no município. Foi possível avaliar o conjun-to de diagnóstico, com o intuito de aprimorar as medi-das de vigilância e controle da doença. Não obstante, destaca-se a necessidade de manter o serviço de vigi-lância atento, pois possui um importante fator relacio-nado ao ciclo da doença: a presença do cão infectado (D’ANDREA et al., 2015).

O CCZ iniciou um trabalho de controle popula-cional dos animais do município no ano de 2011, por meio de castrações. Segundo levantamento, havia mais de 46.000 animais, mas não se tinha a estimativa de animais errantes, sendo observados muitos animais soltos nas ruas dos bairros periféricos.

No início dos trabalhos de castração, houve a co-laboração de algumas clínicas veterinárias do mu-nicípio e do Hospital Veterinário da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), que forneciam gratuitamente a mão de obra dos serviços, feitos nas suas clínicas; já o município fornecia os materiais necessários para as castrações. Realizaram-se, em média, 15 castrações por mês. Com o aumento da demanda, o município lan-çou licitação para compra dos serviços de castrações, resultando no aumento da oferta e intensificação dos trabalhos de castração.

É utilizado o sistema do Cadastro Único da assis-tência social para a triagem da população de baixa ren-da que é atendida com a castração gratuita. Em média, 50 castrações mensais passaram a ser efetuadas, per-manecendo somente os serviços adquiridos por licita-ção. As clínicas veterinárias suspenderam suas partici-pações e o Hospital da Unoeste manteve os serviços mediante sua triagem.

O controle populacional no município não é rea-lizado por intermédio de campanhas, que têm prazo e tempo estipulados, mas pelo sistema constante, em que se efetuam, diariamente, a chipagem e os servi-ços de castração, incluindo agendamento, busca, con-dução à clínica veterinária e entrega dos animais nas residências com a medicação pós-cirúrgica.

O intuito é, pelo sistema de castrações, diminuir a quantidade de animais errantes (soltos) nas ruas do município, prevenir acidentes e agressões às pessoas por mordeduras e controlar doenças que podem ser transmitidas, como leishmaniose, verminoses, raiva, sarnas e outras.

Já foram atendidos, no período de seis anos, mais de 4.700 animais (Tabela 1), para uma população mé-dia de 46.000 animais, ou seja, 10,21% foram castra-

dos. Essa é uma porcentagem baixa em relação à es-timativa de animais no município, mas, com as outras medidas implantadas, observa-se uma diminuição dos animais soltos nas ruas. São ações com resultados em médio e longo prazo, com as quais se espera ter um controle efetivo da população de animais.

Sem aprofundar a questão, pode-se observar grande número de animais soltos em vias e logra-douros públicos, com todos os problemas que cau-sam e sofrem os animais não supervisionados, como acidentes de trânsito, agressões, crueldade e trans-missão de doenças para outros animais e o próprio homem. Ainda, empresas privadas e instituições pú-blicas, como escolas, unidades de saúde, prontos-so-corros, parques e delegacias, entre outras, vivenciam incontáveis e repetidas situações de animais abando-nados às suas portas.

Na maioria dos casos, gera-se uma situação con-flituosa, em que, por um lado, estão os que protegem parcialmente esses animais, dando abrigo provisório, alimento e água, sem um envolvimento completo para a solução da questão, muitas vezes até por desconhe-cer saídas que hoje já se vislumbram; e, por outro, es-tão os que solicitam a retirada desses animais, criando um ciclo interminável e pouco resolutivo.

A simples remoção deles de estabelecimentos ou locais públicos não tem demonstrado resultados efe-tivos no controle dessas populações, uma vez que a situação do ambiente local não cria perspectivas nesse sentido. Ficam mantidas as condições de abrigo, água e alimento, propícias à introdução de outros animais, na maior parte das vezes, suscetíveis a doenças.

Tendo como objetivo diminuir o número de cães e gatos abandonados na cidade, além de buscar a minimi-zação da ocorrência de agravos e do risco de transmissão de zoonoses por essas espécies (SÃO PAULO, 2009), os proprietários de animais de estimação foram recomen-dados a mantê-los domiciliados, alimentados, vacinados, vermifugados, chipados e esterilizados, o que garante menores riscos à saúde humana e animal, seja no local onde esse animal está domiciliado, seja no entorno.

O proprietário responsável deve sempre procurar orientações veterinárias para manter seu animal sau-dável. Entre essas recomendações, estão as vacina-ções anuais contra a raiva, que podem ser realizadas gratuitamente, quando da campanha anual promovida pelo CCZ ou na sua sede. Além dessa vacina, deve in-formar-se com seu médico-veterinário sobre as demais

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vacinas, que protegem contra doenças transmissíveis entre os animais.

O abandono de animais de estimação tem pro-porções incontroláveis, renovando as populações de animais soltos em vias e logradouros públicos. O CCZ busca outras soluções para o controle, sendo de gran-de importância a educação do proprietário para posse responsável, pois, enquanto cada um não tomar para si sua responsabilidade para com seu animal de estima-ção, não haverá como reverter essa situação.

Até o mês de outubro de 2017, já foram chipados mais de 48.800 cães, ou seja, mais de 100% da popu-lação de cães estimada no município, que é de 46.451. Observa-se que alguns cães foram repostos após óbi-to, mas seus proprietários não informaram ao CCZ, sen-do a quantidade de animais superior à estimada.

Iniciou-se a implantação de uma nova fase do con-trole dos animais, que consiste na retirada dos animais errantes, pela divulgação nos meios de comunicação para que a população mantenha seus animais contidos dentro das residências, pois aqueles encontrados soltos nas ruas serão recolhidos e entregues aos seus proprie-tários, que sofrerão as sanções da Lei nº 8.545/2014 (PRESIDENTE PRUDENTE, 2014). Os animais que não possuírem chip serão conduzidos ao CCZ e levados para adoção, mas antes serão castrados e chipados.

No ano de 2014, por decreto, foram transferidos todos os equipamentos, materiais e recursos humanos destinados à apreensão de grandes animais da Se-cretaria de Obras para o CCZ; após isso, realizou-se a implantação da Lei nº 8.545/2014 (PRESIDENTE PRU-DENTE, 2014), a qual dispõe sobre a apreensão dos animais, resgate, destinação, responsabilidade dos seus proprietários e sanções. A equipe de apreensão foi montada, treinada e capacitada, dando início aos serviços de apreensão dos animais de grande porte soltos em vias e logradouros públicos ou locais de livre acesso ao público.

Antes, havia muitos animais de grande porte (cava-los e bois) soltos em vias públicas, com muitos atrope-lamentos; após esses serviços terem sido transferidos ao CCZ, iniciaram-se o recolhimento, chipagem e apli-cação de multas aos seus proprietários, o que levou à diminuição drástica dos acidentes e dos animais soltos nas ruas. Nesse período, foram recolhidos mais de 200 animais (Tabela 1).

De acordo com informações da Secretaria da Saú-de, verificou-se, num bairro periférico, o aumento de

escabiose humana, com muita recidiva de tratamento das pessoas. O CCZ realizou estudo dos casos, sendo verificado que, na casa das pessoas acometidas, seus animais também tinham sarna. Depois da verificação, os cães foram tratados e as recidivas humanas, pratica-mente reduzidas a zero. Após o fato, outro serviço foi disponibilizado à população: o diagnóstico e tratamen-to de sarna em cães e gatos; para tanto, o proprietário leva seu animal ao CCZ e recebe o diagnóstico e trata-mento oral para ser feito na residência, como forma de prevenção contra a transmissão humana.

O CCZ iniciou suas atividades em uma sala na Vigi-lância Epidemiológica com um médico-veterinário (an-tecessor) e quatro funcionários (agentes de campo); no ano de 2006, transferiu-se para sede própria, localiza-da à rua Presidente Castelo Branco, numa área de mais 30.000 m², com recepção, salas administrativas, sala de reuniões, dois refeitórios, sala de consulta, labora-tório, canil/gatil, centro cirúrgico, depósito de ração, almoxarifado, depósito de veneno, sala de necropsia, baia para grandes animais e piquetes. Agora, possui um quadro de funcionários composto por: médico-ve-terinário (atual), farmacêutica, 25 agentes de apoio de zoonoses, dois auxiliares de campo, quatro serviços gerais, três motoristas, telefonista/recepcionista, escri-turaria e dois vigias.

Após denúncias e sendo constatada a existência de mais de dez animais, conforme art. 20 da Lei nº 8.545/2014 – “Não é permitido, em imóvel residen-

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T Fachada do CCZ de Presidente Prudente (SP)

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cial, a criação, o alojamento e a manutenção de mais de 10 animais, das espécies caninas ou felinas, com idade superior a 90 dias. No § 1º [...] a manutenção de animais, em quantidade superior ao estabelecido [...] caracterizarão atividade de canil/gatil de propriedade privada, [...] e no § 2º Os canis/gatis de propriedade privada somente poderão funcionar após vistoria téc-nica efetuada pelo agente de Controle de Zoonoses [...] e deverão ter alvará da municipalidade, Registro no Conselho Municipal de Medicina Veterinária com res-ponsável Técnico” –, foram instaurados 72 processos, dos quais 38 (52,77%) procederam à adequação, di-minuindo a quantidade de animais na residência, 13 (18,00%) fizeram adequação com emissão de certifi-cado de adequação e 21 (29,23%) sofreram proces-so administrativo e aplicação de multas; do total, 51 (70,80%) realizaram adequações conforme a lei.

CONCLUSÃOPara ter êxito nos programas do CCZ, as medidas

adotadas devem ser conjuntas, ou seja, necessitam da conscientização da população, leis que normalizam as regras e deveres dos proprietários, castração dos ani-mais, evitando procriações indesejáveis, identificação dos animais e seus donos, retirada dos cães errantes, campanhas de adoção consciente, pesquisas e com-partilhamento das informações dos diversos órgãos envolvidos com a saúde (Estratégia de Saúde da Fa-mília, unidade básica de saúde, Vigilância Epidemio-lógica, Vigilância Sanitária, organizações não governa-mentais, promotorias, universidades, órgãos públicos e demais departamentos).

Foi observado que, nessa década de fundação do CCZ, as medidas implantadas e utilizadas alcançaram a conscientização e responsabilidade dos proprietários perante seus animais. Mesmo sendo um trabalho árduo e contínuo, surtiu efeito na diminuição da quantidade de animais soltos nas ruas do município, conscientização da população na busca pela castração de seus animais e por mantê-los dentro de suas residências, aumento da realização de exames para o diagnóstico da LVC, com a implantação do laboratório e treinamento técnico dos funcionários, cumprimento de metas de vacinação e, principalmente, implantação das leis municipais para ter respaldo para a execução dos serviços.

AUTOR

CÉLIO NEREU SOARES (IN MEMORIAM)Médico-veterinário

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A DOCÊNCIA E O ENSINO DA MEDICINA VETERINÁRIAApesar do reconhecimento da essencialidade do docente como formador técnico e social e de o tempo de atuação permitir uma visão diferenciada dos tópicos abordados, a carreira sofre influência do perfil discente, da restrição ao uso de animais e da necessidade de incorporação de novas tecnologias didáticas

Docência significa ensinar, instruir, mostrar, in-dicar (VEIGA, 2006) e é exercida por profis-sionais na busca de mediar a aprendizagem,

inserida em um contexto colaborativo e crítico (IBIA-PINA, 2004).

Historicamente, são atribuídas quatro funções aos professores universitários: o ensino, a pesquisa, a ad-ministração e a extensão. Atualmente, novas funções foram incorporadas, inclusive o chamado business, que consiste na busca por financiamentos e assessorias, além de transitar entre as próprias relações institucio-nais, sejam elas dentro da universidade, com outros centros parceiros ou com empresas privadas. A criação

Textos de autoria de médicos-veterinários e

zootecnistas

T Entre estudantes, é comum o descontentamento em relação à alta carga horária, que impossibilita a realização de estágios extracurriculares

ARTIGOSTÉCNICOS

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de uma divisão entre os docentes universitários que se dedicam, prioritariamente, à pesquisa, à extensão ou ao ensino dificulta e “depaupera” as três atividades, uma vez que elas deveriam acontecer de forma coor-denada e indissociável (FÁVERO, 2013).

Novos desafios reconhecidamente surgem duran-te o exercício da docência no ensino superior, em um caráter similar aos desafios sofridos pela classe de profissionais da educação básica, como a consciência da competitividade insalubre, do estresse, das más condições de trabalho, das cobranças institucionais, do descompromisso dos alunos, da jornada excessiva de trabalho, da remuneração insuficiente, da falta de

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incentivos ao professor, das incertezas quanto à carga horária e das dificuldades na administração do tempo (BARRETO, 2008; CLARO; PROFETA, 2015).

Especialmente no nível universitário, a concepção de docência como um dom é marcante e carrega um desprestígio da sua condição acadêmica, deixando para segundo plano os conhecimentos pedagógicos e a formação do docente (CUNHA, 2004). Nas políticas de formação do docente para o ensino superior, há uma ausência na preocupação com o embasamento peda-gógico, estando a competência do profissional da do-cência condicionada somente à detenção de títulos de mestrado e doutorado. Vale ressaltar que a formação de docentes de ensino superior é diferenciada daquela dos profissionais direcionados a atuar na educação básica, técnica ou tecnológica (VASCONCELOS, 2005).

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIAA extensão universitária é uma forma de aproxima-

ção e diálogo da universidade com a sociedade, promo-vendo o desenvolvimento de soluções e práticas de im-pactos sociais relevantes. O desafio para os professores de Medicina Veterinária inclui a dificuldade de captação de recursos, organização das viagens de campo e mesmo conseguir alunos interessados em dar continuidade aos projetos já existentes (FREIRE, 2011). Entre os principais beneficiados pelas ações de extensão em Medicina Ve-terinária, destacam-se os carroceiros, protetores de ani-mais, quilombolas, agricultores familiares e assentados.

O PERFIL DO ESTUDANTE DE MEDICINA VETERINÁRIAO perfil do estudante de Medicina Veterinária

vem se modificando ao longo do tempo. Ao processo de urbanização observado na profissão, associam-se mudanças comportamentais na relação entre humanos e animais, em que cães e gatos vêm ganhando espa-ço, em detrimento de outras especialidades. Parte da função dos docentes, nesse contexto, é orientar os alu-nos quanto à sua conduta frente a situações extremas, como a humanização passional dos animais e os casos de maus-tratos, frequentemente encontrados.

Segundo levantamento feito na Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG) e na Universidade Es-tadual de Londrina (UEL), 17% e 15% dos alunos, respectivamente, evadiram do curso de Medicina Ve-terinária, números considerados baixos pelo Ministério da Educação (MEC) (ADACHI, 2009; RISSI; MARCONDES, 2013). Um dos motivos para a insatisfação é a motiva-

ção sentimental à época do vestibular e o desconheci-mento do mercado de trabalho para a categoria profis-sional (ADACHI, 2009). É comum o descontentamento em relação à alta carga horária das disciplinas, o que impossibilita a realização de estágios extracurriculares, além de dificultar financeiramente a manutenção no curso, uma vez que este exige dedicação integral e ins-trumentais e vestimentas específicos.

METODOLOGIAForam avaliados os referenciais teóricos e a expe-

riência dos docentes da Escola de Veterinária da UFMG (EV-UFMG). Uma abordagem qualitativa e exploratória foi realizada para a coleta de dados, por meio de uma entrevista pré-estruturada com 15 professores, que contribuíram de forma voluntária.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado e garantiu o sigilo, a voluntariedade e a anuên-cia aos objetivos da entrevista, que foi presencial, agen-dada de acordo com a disponibilidade de cada partici-pante. As perguntas estão disponibilizadas no Quadro 1.

QUADRO 1. ENTREVISTA PRÉ-ESTRUTURADA, REALIZADA COM DOCENTES DA EV-UFMG, PARA DEFINIÇÃO DOS DESAFIOS DA

DOCÊNCIA NO CURSO.

D Qual foi o ano de conclusão do curso de Medi-cina Veterinária?

D Qual foi o ano de ingresso na carreira docente? D Quais mudanças observa no perfil dos alunos que

cursam a graduação em Medicina Veterinária? D Qual é o maior desafio que enfrenta hoje no ensino de graduação e por quê?

D Como a dinâmica didática mudou com o ingres-so das novas tecnologias para ministrar as aulas?

D Considera a adequação às novas tecnologias de ensino uma tarefa difícil?

D Qual é sua visão sobre a tríade da docência uni-versitária: ensino, pesquisa e extensão? Como era no passado e o que se espera para o futuro?

D Quais são as maiores mudanças na utilização dos animais para ensino e pesquisa? Como era no passado e o que se espera para o futuro?

D Qual é sua opinião em relação à restrição na utilização de animais no âmbito das aulas e pesquisa? Alternativas a essas restrições são discutidas nas entidades acadêmicas da ins-tituição?

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Os professores selecionados atuam em diferentes departamentos da EV-UFMG e foram separados em ca-tegorias, de acordo com o tempo de docência universi-tária: 1 a 10, 11 a 20 e mais de 20 anos.

RESULTADOSA EV-UFMG possui 99 docentes registrados em seu

site oficial (dados de 2016), sendo a maioria homens. Con-siderando o tempo de carreira, percebe-se que, no passa-do, a disparidade entre os gêneros era maior (Figura 1).

 

%

Nota: Número de docentes expressos em porcentagem, de acordo com seu tempo

de carreira entre 0 e 10 anos, de 11 a 20 anos e mais de 20 anos.

Por se tratar de um curso visto muitas vezes no passado como dedicado ao ambiente rural, destina-do ao cuidado de animais de grande porte e de difícil treinamento, a Medicina Veterinária atraía um grande número de homens egressos do campo ou do interior do Brasil. Atualmente, no entanto, o perfil do discente sofreu transformações (Figura 2).

O perfil discente atual foi destacado como femi-nino e urbano, contrapondo-se a alunos que, no pas-sado, eram na sua maioria de origem rural e do sexo masculino. Os entrevistados destacaram também a heterogeneidade socioeconômica e racial crescente, atribuída, principalmente, aos programas sociais ins-taurados pelo governo federal. Entre os programas ci-tados, existem o sistema de cotas, as bolsas e auxílios a alunos carentes, que incluem acesso à moradia, ali-mentação, transporte, assistência à saúde e bolsa de acesso a material acadêmico e informática. Na UFMG, destaca-se o papel da Fundação Mendes Pimentel (Fump), que possibilita a inclusão e permanência de diversos alunos nos cursos de graduação, em espe-

cial, na Medicina Veterinária, uma vez que se trata de um curso de cinco anos de duração e com aulas em período integral.

Professores mais experientes destacaram a maior dificuldade de sedimentação do conhecimen-to pelos novos alunos, em relação ao passado, com forte presença das mídias nas salas de aula e con-sequente deficit de atenção. A falta de atenção e de participação foi apontada como um grande desafio enfrentado pelos docentes. O discente foi descrito como detentor de um perfil imediatista, desinteres-sado pela busca de informações complementares e sedimentação do conhecimento.

O acesso imediato à informação é visto como posi-tivo pela maioria dos docentes, mas foi ressaltada a di-ficuldade de o estudante conseguir separar, do grande volume de informações acessadas, aquelas de caráter técnico e cientificamente relevantes.

 

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Professores mais experientes destacaram a maior dificuldade de sedimentação do conhecimento pelos novos alunos, em relação ao passado, com forte presença das mídias nas salas de aula e consequente deficit de atenção. A falta de atenção e de participação foi apontada como um grande desafio enfrentado pelos docentes. O discente foi descrito como detentor de um perfil imediatista, desinteressado pela busca de informações complementares e sedimentação do conhecimento.

O acesso imediato à informação é visto como positivo pela maioria dos docentes, mas foi ressaltada a dificuldade de o estudante conseguir separar, do grande volume de informações acessadas, aquelas de caráter técnico e cientificamente relevantes.

 

 

Figura 2. A) Porcentagem dos docentes da EV-UFMG que destacaram as mudanças no perfil dos alunos de graduação quanto à inclusão socioeconômica, maturidade e interesse dos alunos, perfil predominantemente feminino e urbano, alunos com falhas na base educacional, inclusão de negros no curso e alunos com interesse em estudar no exterior. B) Porcentagem dos docentes da EV-UFMG, em diferentes tempos de carreira, que identificaram como principais desafios no ensino: a atualização constante, a realização da tríade universitária (ensino, pesquisa e extensão), a base educacional dos alunos que ingressam no curso de graduação, a competitividade no ambiente de trabalho, a dificuldade da administração de tempo para realização das diversas atividades impostas ao docente e a motivação na profissão de professor universitário.

A incorporação de novas tecnologias de ensino é bem aceita pela maioria dos professores, destacando-se o programa de computador Moodle para comunicação com os alunos e divulgação de notas. Também é relevante o uso de recursos audiovisuais,

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T Figura 1. Distribuição dos docentes da EV-UFMG quanto ao gênero e tempo de carreira.

T Figura 2. A) Porcentagem dos docentes da EV-UFMG que destacaram as mudanças no perfil dos alunos de graduação quanto à inclusão socioeconômica, maturidade e interesse dos alunos, perfil predominantemente feminino e urbano, alunos com falhas na base educacional, inclusão de negros no curso e alunos com interesse em estudar no exterior. B) Porcentagem dos docentes da EV-UFMG, em diferentes tempos de carreira, que identificaram como principais desafios no ensino: a atualização constante, a realização da tríade universitária (ensino, pesquisa e extensão), a base educacional dos alunos que ingressam no curso de graduação, a competitividade no ambiente de trabalho, a dificuldade da administração de tempo para realização das diversas atividades impostas ao docente e a motivação na profissão de professor universitário.

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A incorporação de novas tecnologias de ensino é bem aceita pela maioria dos professores, destacando-se o programa de computador Moodle para comunicação com os alunos e divulgação de notas. Também é relevan-te o uso de recursos audiovisuais, permitindo a maior in-teração do estudante com vídeos e imagens. A facilidade de atualização do conteúdo permitida por essas tecnolo-gias também foi elogiada pela maioria dos professores. No entanto, foi apontada a falta de treinamento para a utilização das tecnologias e, consequentemente, a explo-ração de todo o seu potencial. Foi ressaltada a importân-cia da utilização de filmes nas diversas áreas. Entretanto, faltam incentivos e disponibilidade de tempo para que os docentes possam se dedicar à sua produção.

Em relação ao ensino, pesquisa e extensão, todos os professores entrevistados mencionaram a impor-tância do perfil de cada docente. Destacou-se a impor-tância dos três pilares como uma função universitária e não dos docentes, de forma individual. No entanto, observa-se maior dedicação à pesquisa, pois o volume de publicações embasa relatórios de produtividade, progressão na carreira e financiamentos. A extensão é vista como essencial, uma vez que faz brotar questio-namentos e pode direcionar pesquisas.

Os docentes destacaram as dificuldades impostas pela restrição ao uso de animais nas aulas práticas e na pesquisa. Todos reconheceram a importância do Co-mitê de Ética no Uso de Animais (Ceua), destacando, porém, a falta de diálogo do comitê em questões espe-cíficas, como as diligências. Também foram citados os problemas que a humanização dos animais traz para a sala de aula, dificultando a aprendizagem, com alu-nos negando-se a participar de aulas práticas. Nenhum docente acredita na eliminação do uso dos animais na pesquisa e ensino, apesar de todos reconhecerem que as restrições tendem a aumentar.

Os profissionais com mais de 20 anos de carrei-ra destacaram o prazer em praticar a docência, envol-vendo a constante troca de saberes e inovação. Todos ressaltaram a importância de deixar um legado acadê-mico, mas também no âmbito da extensão e pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAISForam identificados grandes desafios à docência

universitária no curso de graduação em Medicina Vete-rinária da UFMG. Dentre eles, destacam-se como predo-minantes a dificuldade da administração do tempo para realização das diversas atividades impostas, a falta de

motivação e a falta de base educacional dos alunos. To-dos reconhecem a crescente restrição ao uso de animais no ensino e pesquisa, porém salientam a importância da regulamentação e do papel do Ceua. Todos destacam os benefícios das novas mídias para o ensino.

Os docentes entrevistados reconhecem a com-plexidade da atividade na Medicina Veterinária, que requer ampla competência nos âmbitos técnico, cien-tífico, cultural, tecnológico, pedagógico e social. Re-conhecem-se como agentes mediadores da aprendi-zagem, não somente ligados ao caráter de formação técnica, mas também social.

AUTORES

ANA FLÁVIA MACHADO BOTELHO Médica-veterináriaCRMV-MG nº 14528Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ-UFG)[email protected]

ANA LUÍSA SOARES DE MIRANDAMédica-veterináriaCRMV-MG nº 12576Doutoranda em Ciência Animal/CNPq

BENITO SOTO-BLANCO Médico-veterinárioCRMV-MG nº 14513UFMG

MARÍLIA MARTINS MELO Médica-veterináriaCRMV-MG nº 2432UFMG

REFERÊNCIAS

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Claro, J.A.C.S; Profeta, R.A. Programas de benefícios sociais para docentes no ensino superior brasileiro como forma de reter talentos: um estudo explorató-rio. Avaliação, v.20, n.1, p. 189-223, 2015.

FÁVERO, A.A.; TONJETO, C., ROMAN, M.F. A formação de professores reflexivos: a docência como objeto de investigação. Educação, v.38, n.2, p.277-288, 2013.

FREIRE, S.M. Desafios da extensão universitária na contemporaneidade. Revis-ta Conexão UEPG, v.7, n.1, p.8-15, 2011.

IBIAPINA, Ivana Maria Lopes de Melo. Docência universitária: um romance cons-truído na reflexão dialógica. 2004. 393 p. Tese (Doutorado em Educação). Pro-grama de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004. MEC. Cadastro e-MEC de Instituições e Cursos de Educação Superior. 2016. Disponível http://emec.mec.gov.br/. Acesso em 22 de jun. 2016.

RISSI, M.C.; MARCONDES, M.S.; Reflexão sobre a reprovação, retenção e evasão na UEL: retenção em 2010, reprovação 2010 a 2012 e evasão 2003 a 2012 nos cursos de graduação. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 254p., 2013.

VASCONCELOS, M.M.M. A formação do docente universitário sob o prisma da ética. Tese de doutorado. Disponível em <www.pucpr.br/eventos/educere/edu-cere2008/ anais/pdf/752_496.pdf>. Acesso em 3 de maio de 2016.

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GESTÃO DA QUALIDADE E SAÚDE PÚBLICA: APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS NA PREVENÇÃO DE TOXINFECÇÕES ALIMENTARES

O setor alimentício constitui uma das mais importantes atividades econômicas no mundo, por isso o controle de qualidade dos alimentos é fundamental, tanto para a saúde dos consumidores quanto para a redução de custos nas empresas

Os alimentos contaminados por diversas fontes, como equipamentos, manipuladores, fômites, agentes bióticos (biológicos) e abióticos (quí-

micos e físicos), podem representar risco à saúde.Cada vez mais, os consumidores exigem segu-

rança alimentar por parte das indústrias alimentí-cias. Essa preocupação tem estreita ligação com as doenças veiculadas por alimentos e que podem de-sencadear surtos, ou seja, sintomas em mais de um indivíduo após consumo de alimento aparentemente

Textos de autoria de médicos-veterinários e

zootecnistas

T Alimentos de origem animal não são, em si, provedores de doenças, mas atuam como veículo de agentes patogênicos, causando as DTAs

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seguro. Para Andrade (2011), além da questão de saú-de pública, a segurança dos alimentos interfere nas relações comerciais, promovendo perdas de vendas, além de desperdícios nas indústrias e processos judi-ciais por parte dos consumidores.

A contaminação de alimentos por agentes pato-gênicos pode ocorrer em qualquer fase do processo de produção e são conhecidas mais de 200 doen-ças que podem ser veiculadas por eles. Ela pode ser promovida por agentes físicos, químicos e biológi-

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cos, com destaque para as bactérias. Dessa forma, empresas que possuem programas, ferramentas e sistemas de gestão de qualidade tornam-se positi-vamente diferenciadas.

As ferramentas de gestão de qualidade mais uti-lizadas nas indústrias alimentícias são as Boas Práti-cas de Fabricação (BPF) e o programa de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), cuja implantação tem como objetivo garantir a segurança e inocuidade dos alimentos (CAPIOTTO; LOURENZA-NI, 2010).

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTAS)As DTAs são causadas pela ingestão de alimentos

contaminados que desenvolvem distúrbios gastroin-testinais, sendo destacados, entre os principais sinto-mas, vômitos, diarreias, náuseas, dores abdominais e febre, podendo também afetar outros órgãos, levando até à morte, dependendo do agente envolvido (BRA-SIL, 2010).

O alimento, em si, não é o provedor das doen-ças, mas atua como um veículo de agentes pato-gênicos e, dessa forma, várias são as doenças que podem ser transmitidas.

As DTAs representam grave problema de saúde pública em todo o mundo e, apesar de importan-tes, o perfil epidemiológico é pouco conhecido, pois os casos nem sempre são notificados, por apresentarem sintomas que são tratados sem aju-da médica. Também, os grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos, podem apresentar sinto-mas mais graves e ter associação com outras doen-ças, devido à baixa imunidade.

Somente alguns estados têm dados estatísticos das ocorrências, principais alimentos envolvidos e agentes etiológicos mais comuns, pois, na maioria das vezes, a cura acontece sem tratamento específico e não há ações de conscientização eficientes por parte dos órgãos responsáveis a fim de demostrar a impor-tância dessas doenças para a saúde pública (BRASIL, 2010). Dessa forma, a negligência em relação a essas doenças faz com que a população não tenha a cons-ciência da gravidade do consumo de alimentos con-taminados. Muitos sequer sabem o que são as DTAs.

Os alimentos podem ser contaminados por agen-tes químicos, físicos e biológicos, que são os de maior perigo e representados por bactérias e suas toxinas, fungos, vírus, parasitas e protozoários. A contamina-

ção ocorre devido à forma inapropriada de prepara-ção, armazenamento ou manipulação dos alimentos, como também ao próprio ambiente em que é produ-zido (SILVA JR, 2008).

Dados do Ministério da Saúde revelam que, dos casos notificados no ano de 2015, cerca de 58% não tiveram causa identificada; dos identificados, 4% fo-ram causados por vírus e, em média, 40% das doen-ças tiveram como agente as bactérias. As principais fontes naturais que podem levar à contaminação dos alimentos são: água, solo, utensílios, manipuladores de alimentos e ar. Para a indústria de alimentos, maior atenção deve ser dispensada aos equipamentos, água e manipuladores (JAY, 2005), existindo fatores que favorecem a presença, sobrevivência, morte e/ou inativação de agentes contaminantes. Alguns são in-trínsecos aos alimentos (pH, atividade da água) e ou-tros, extrínsecos (temperatura, umidade do ar) (HOF-FMANN, 2001).

As DTAs são classificadas, de acordo com o tipo de interação com o agente envolvido, em: infecções alimentares, intoxicações e toxinfecções alimentares. As infecções alimentares são causadas pela ingestão de alimentos contaminados por microrganismos ca-pazes de se multiplicar no trato gastrointestinal; as intoxicações, pela ingestão de alimentos contamina-dos pelas toxinas produzidas pelos agentes; e as to-xinfecções, pela ingestão de alimentos contaminados por microrganismos toxigênicos, que liberam suas to-xinas quando multiplicam ou esporulam no intestino e agem nos mecanismos de secreção e absorção da mucosa intestinal, determinando diarreia intensa e desidratação. Os principais agentes de toxinfecções alimentares notificados no Brasil são Salmonella ssp., Staphylococcus aureus, E. coli e Bacillus cereus (SAN-TOS, 2014).

As toxinfecções alimentares são destacadas como problemas de saúde pública com conside-rável grau de morbidade e mortalidade e que de-terminam surtos alimentares. Estes são definidos como a ocorrência de sintomas em dois ou mais indivíduos que tenham consumido o mesmo ali-mento, em uma mesma região ou período (SILVA et al., 2007). Segundo Horvath (2011), a ocorrência de surtos caracteriza falha na cadeia de produção, com contaminação do alimento.

Várias ações podem evitar as contaminações e, em consequência, os surtos alimentares. Grande número

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de DTAs pode ser evitado quando são aplicadas ferra-mentas de qualidade em todas as etapas do processo de produção. Dentre elas, destacam-se a implantação do manual de BPF e o uso do sistema de APPCC.

SEGURANÇA ALIMENTAR Segurança alimentar pode ser definida como o di-

reito de todos de ter acesso a alimento de qualidade, ou seja, alimentos livres de qualquer tipo de contami-nação, não oferecendo riscos à saúde (SOUZA, 2006).

A preocupação com a segurança alimentar tem gerado ações por parte das organizações governa-mentais e indústrias alimentícias em relação à adoção de medidas preventivas por meio de programas espe-cíficos. Nesse sentido, a segurança dos alimentos está relacionada com os sistemas de qualidade adotados nas empresas e, cada vez mais, assume papel impor-tante na saúde pública.

Os sistemas de segurança alimentar estão sen-do adotados em todo o mundo, não somente para garantir a segurança dos produtos alimentícios, mas também para reduzir os custos e aumentar a lucrativi-dade, pois minimizam perdas. Além disso, o controle da qualidade dos alimentos contribui para a saúde e maior satisfação dos consumidores e torna as empre-sas mais competitivas.

O conceito de inocuidade de um alimento é amplo, mas representa a ausência de contaminantes em níveis nocivos ou substâncias que podem tornar o alimento um risco à saúde ao ser ingerido (MERCADO, 2007).

FERRAMENTAS DE QUALIDADEQualidade pode ser definida como o grau de ex-

celência de um produto qualquer, mas, para a área de alimentos, é vista pela óptica da inocuidade do ali-mento, seguida das características físico-químicas e sensoriais (FORTES, 2002).

No setor de alimentos, a qualidade deve ser tratada e estar presente em todas as etapas do processo pro-dutivo, desde a matéria-prima até a comercialização. Ainda em relação às indústrias de alimentos, o concei-to pode ser abordado por duas visões: a qualidade per-cebida e a intrínseca. A primeira trata das característi-cas do produto que atraem o consumidor (cor, aroma, textura) e a segunda está relacionada à segurança do alimento, ou seja, a ausência de contaminantes.

O sistema de gestão de qualidade é uma forma estruturada e incorporada em toda a organização, com

o intuito de garantir produtos seguros. As ferramentas de qualidade foram desenvolvidas para diminuir ou eliminar as contaminações, merecendo destaque o sistema APPCC e as BPF, que são consideradas pré--requisitos para a implantação do sistema. De acordo com Capiotto e Lourenzani (2010), essas ferramentas baseiam-se em princípios e conceitos de prevenção e são aplicadas em toda a cadeia produtiva.

A metodologia de APPCC foi desenvolvida na década de 1960, pela Nasa, para garantir a ausência total de riscos alimentares aos tripulantes em órbita. A proposta da ferramenta é a análise, identificação e determinação dos perigos envolvidos na cadeia pro-dutiva, criando medidas de controle, de forma a ga-rantir a segurança do consumidor.

O conceito básico desse sistema é a prevenção de contaminantes, em vez da inspeção do produto acabado. Para que ocorra essa prevenção, é preciso conhecer to-dos os procedimentos e etapas da produção do alimento. Assim, é possível mapear os perigos em potencial e traçar estratégias para evitar que ocorram (COLETTO, 2012).

Princípios da metodologia APPCC (TONDO; BARTZ, 2011)

è Análise e identificação de perigos. è Identificação de pontos críticos de controle. è Estabelecimento de limites críticos para cada

ponto de controle. è Estabelecimento de procedimentos para mo-

nitorar os pontos críticos de controle. è Estabelecimento de ações corretivas a ser to-

madas quando o monitoramento mostra que o limite crítico não foi apropriado.

è Estabelecimento de procedimento de verifi-cação do sistema.

è Estabelecimento efetivo de registros de re-sultados.

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A ferramenta oferece várias vantagens, como a prevenção por meio da identificação de perigos de contaminação, aumento da competitividade, redu-ção de custos de produção, diminuição de análises laboratoriais, entre outras, sendo necessário para a implantação o comprometimento de toda a equipe. Para que funcione de modo eficaz, faz-se necessária a implantação de programas de pré-requisitos funda-mentais, podendo ser usada a ferramenta de BPF.

As BPF abrangem um vasto conjunto de princípios, normas e procedimentos que devem ser adotados pe-las indústrias com o propósito de assegurar a qualidade, abrangendo desde a matéria-prima até o produto final. Sua adoção é essencial para a obtenção de produtos inócuos.

Elas envolvem o conjunto de normas empregadas em produtos, processos, serviços e edificações, visan-do à promoção e garantia de segurança do alimento. Consideram a matéria-prima, equipamentos, instala-ções e manipuladores, que devem estar comprometi-dos com o processo e a qualidade.

Esse programa analisa desde a estrutura física até o pessoal envolvido no processo produtivo. São avaliados procedimentos de higiene das instalações, equipamentos, utensílios, controle de água e, ainda, a higiene e saúde dos manipuladores de alimentos, que são um dos principais carreadores de contaminantes para os alimentos (SANTOS, 2014).

Pode-se dizer que essa ferramenta tem a finali-dade de atingir determinado padrão de identidade e qualidade de um produto, por meio de práticas sim-ples e eficientes, que vão desde a forma correta de higiene pessoal dos manipuladores até os produtos que devem ser utilizados na limpeza das indústrias.

Cada indústria deve estabelecer seu manual de BPF, contendo todas as operações do estabelecimen-to e suas peculiaridades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A qualidade dos alimentos é uma das maiores preocupações dos consumidores em todo o mundo, por isso, cada vez mais, as indústrias alimentícias es-tão adotando métodos de controle de qualidade que garantam o fornecimento de produtos inócuos.

A implantação de ferramentas da gestão de qua-lidade, como as BPF e o sistema APPCC, é um passo importante para que sejam produzidos alimentos em conformidade com a legislação e que atendam às ex-pectativas dos consumidores.

AUTORAS

CLARISSA DE JESUS RODRIGUESMédica-veterináriaCRMV-GO nº 06678Pós-graduanda em Gestão da Produção e Qualidade Agroindustrial na Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Campus Jataí[email protected]

NIRIALUCE REZENDE MESTRE ZootecnistaCRMV-GO nº 0208/ZP Docente da UEG – Campus Jataí

REFERÊNCIAS

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VENOGRAFIA EM EQUINOS

A ferramenta analisa o grau de comprometimento circulatório da região do casco de equinos acometidos por laminite

O casco é o tecido córneo que engloba a junção da porção distal da falange média com a fa-lange distal e as inserções dos tendões exten-

sores e flexores, a cápsula articular e seus ligamentos colaterais, o osso sesamoide distal e as cartilagens me-dial e lateral do casco. Além de amortecer durante a movimentação, deve proteger as estruturas adjacentes a ele e, por conta de sua complexidade, muitas vezes é chamado órgão digital (BUDRAS et al., 2009).

Quanto à circulação, Kainer (1989) afirma que a fonte arterial da extremidade distal do membro to-rácico origina-se das artérias palmares digitais me-dial e lateral. O primeiro ramo, próximo à articulação interfalângica proximal, origina a artéria bulbar, que fornece ramos para o coxim digital e emite ramifi-cações, como as artérias coronárias, que irrigam os talões e o córium lamelar. O próximo ramo, da artéria dorsal da falange medial, dá origem a anastomoses, dorsalmente formando o círculo coronário arterial. Essa artéria, com o círculo coronário arterial, fornece

Textos de autoria de médicos-veterinários e

zootecnistas

T As afecções ortopédicas, aliadas às afecções digestórias e respiratórias, são as que mais aposentam equinos todos os anos

ARTIGOSTÉCNICOS

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ramos para a articulação interfalângica distal, ten-dão do músculo extensor digital comum, córium la-melar e coronário, fáscia e pele. O arco colateral tem a função de irrigar o osso sesamoide distal, a junção interfalângica distal, o coxim digital e uma porção do córium, sendo composto por ramos da artéria digital palmar e artéria palmar da falange média. Na falan-ge distal, a artéria palmar dorsal dá origem à artéria palmar da falange distal, que irriga o coxim digital e o “córium” próximo à região da ranilha; essas artérias desprendem ramos que originam a artéria circunfle-xa e o arco terminal, irrigando o osso sesamoide dis-tal, córium laminar e solear.

Dentro de cada uma das lâminas, o fluxo é sempre no sentindo distal para proximal; concomitantemente, há anastomoses arteriovenosas, as quais estão locali-zadas na derme, faixa coronária, nas estruturas neuro-vasculares dentro das lâminas dérmicas e na entrada e ao longo do comprimento das lâminas dérmicas (POL-LITT; MOLYNEUX, 1990; MOLYNEUX et al.,1994).

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VENOGRAFIA

A venografia é definida como um método de diag-nóstico que consiste na avaliação da imagem radioló-gica formada após a injeção de contraste em uma veia (RUCKER, 2010).

Tal método avalia a perfusão do casco do equino, com o animal em posição quadrupedal e a utilização de sedativos. As estruturas anatômicas detectadas com venografia são os tecidos moles, indetectáveis com radiografias simples (D’ARPE; BERNARDINI, 2008).

Seu emprego em equinos permite uma avaliação simples e prática do casco, contribuindo para que o diag-nóstico precoce de laminite seja realizado. Concomitan-temente, a venografia permite uma detalhada avaliação da estrutura, podendo diagnosticar problemas que co-mumente passariam despercebidos em uma avaliação corriqueira (RUCKER, 2007). Ainda, Eastman et al. (2012) afirmam que, além de método de diagnóstico, pode ser utilizada para acompanhamento do tratamento realizado, bem como para determinação do prognóstico do caso.

TÉCNICAS Pollitt (2008) aponta que, para realização do pro-

cedimento, o animal deve ser mantido na posição qua-drupedal, devendo receber uma tranquilização, por anestésicos, facilitando a realização da técnica.

Após a sedação, o local deve receber tricotomia e antissepsia do membro em questão, na região em torno do metacarpo/metatarso. Posteriormente, um torniquete é colocado na região do boleto, começando na região proximal e avançando para distal, a fim de permitir uma ingurgitação das veias, visibilizando-as melhor (POLLITT, 2008).

Insere-se, então, o cateter na veia desejada, nor-malmente a digital palmar lateral, no meio da quar-tela (RUCKER, 2007). Com o cateter inserido, aguar-da-se o sangue fluir livremente preenchendo todo o extensor e injeta-se o contraste. Deve-se lembrar de fixar o cateter e seu extensor em uma região acima do foco que será radiografado – região da falange distal (POLLITT, 2008).

Assim que a injeção de contraste inicia-se, a equipe deve se adequar para a realização do posicionamento das placas radiológicas no aspecto palmar/plantar da terceira falange, para a execução do procedimento ra-diológico. Habitualmente, coloca-se o membro do ani-mal sobre blocos de madeira (Figura 1) para facilitar o posicionamento (POLLITT, 2008).

Fonte: Adaptado de D’Arpe e Bernardini (2008).

PROJEÇÕES

Pollitt (2008) afirma que as melhores projeções para realização da técnica são a dorsopalmar (antero-posterior) e a lateromedial, sempre paralelas ao solo. Habitualmente, realizam-se dois raios-x lateromediais de alto contraste para estruturas mais densas e baixo contraste para tecidos moles; em seguida, coloca-se o aparelho para a realização da projeção dorsopalmar.

D’Arpe e Bernardini (2008) demonstram que uma distância de 80 cm permite um bom resultado, sem distorção do foco, com imagens de qualidade e níveis seguros de radiação (Figura 2).

CONTRASTEPollitt (2008) afirma que, para um cavalo de cerca de

450 kg, são necessários aproximadamente cerca de 20 a 25 mL de solução de contraste para a realização da ve-nografia. Normalmente, pode-se empregar qualquer tipo de agente, não diluído, utilizado em mielografias, como, por exemplo, Urografin 76, Iomeron 350 e Omniopaque.

Fonte: Adaptado de D’Arpe e Bernardini (2008).

T Figura 1. Posicionamento ideal do casco do equino sobre o apoio para a realização do procedimento radiológico durante a venografia.

T Figura 2. Diferentes imagens radiológicas que podem ser obtidas distorcidamente quando se altera o ângulo ideal para a realização do procedimento venográfico.

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Fonte: Adaptado de Rucker (2010a).

Fonte: Adaptado de Baldwin e Pollitt (2010).

INTERPRETAÇÃO

Como as artérias da região fazem anastomose, se uma área da vascularização estiver comprometida, consequentemente o tecido afetado também estará, mas não necessariamente isquêmico (RUCKER, 2007).

Para avaliar a vascularização da região dos dígitos, é possível dividir a avaliação em cinco áreas princi-pais: plexo coronário, papilas coronárias, plexo veno-so sublamelar, arco terminal, papilas terminais, vasos circunflexos e plexo venoso solear (vasos bulbares) (D’ARPE; BERNARDINI, 2008; BALDWIN; POLLITT, 2010).

Em um casco normal, as artérias e as veias são clara-mente evidentes, sendo possível acompanhar o trajeto delas desde a região oriunda do metacarpo/metatarso, passando pela região da sola (RUCKER, 2010a, 2010b).

No venograma normal, os grandes vasos do plexo coronário, acima e abaixo da linha do casco, são preen-chidos com meio de contraste (Figura 3). As veias na der-me próximas à parede do casco, ao lado do processo de extensor da falange distal, são igualmente preenchidas com contraste e estão conjugadas com o plexo venoso sublamelar. Decorrente da vascularização do plexo co-ronário, há as papilas coronárias, definidas como vasos finos que vão se afilando paralelos à parede dorsal do casco. O plexo venoso sublamelar é uma coluna de es-pessura média (aproximadamente 3 mm de espessura ao longo do seu comprimento). Os vasos das papilas do ter-minal estendem-se distalmente a partir da superfície pal-mar dos vasos circunflexos. O plexo venoso solear cobre a superfície palmar do casco (BALDWIN; POLLITT, 2010).

A vasculatura da região dos talões é extensa e abundante, porém raramente é comprometida em ca-sos de laminite (RUCKER, 2010a, 2010b) (Figura 4).

O arco terminal corre por um canal ósseo dentro da terceira falange, o qual é extremamente sensível. Nos casos de laminite, principalmente crônica, quan-do há deslocamento da falange, os vasos perdem sua capacidade de preenchimento vascular, resultando em comprometimento sanguíneo do casco. Juntamente à isquemia dessa região, leva ao retardo ou comprometi-mento do crescimento da sola (RUCKER, 2007).

Quando ocorre deslocamento da falange, com com-prometimento da zona lamelar, pode haver extravasa-mento sanguíneo e consequente acúmulo de sangue na região sublamelar. Quando há somente rotação de falange, o acúmulo de sangue tem um aspecto triangular; no entan-to, quando há afundamento total da falange, o aspecto do sangue acumulado é retangular (RUCKER, 2007).

Os vasos circunflexos fazem parte da primeira região a ser comprometida nos casos de laminite. À medida que a terceira falange descola-se caudalmente, as papilas solea-res, que são o indicador de carga mais sensível, assumem uma aparência dobrada. Com o avanço do quadro de la-minite e o deslocamento da falange, o contraste distal ao ápice da falange distal deixa de existir, havendo o desloca-mento rotacionado em grau elevado, resultando em pene-tração da sola, sendo possível visualizar o extravasamento de contraste na região do casco (RUCKER, 2007).

D’Arpe e Bernardini (2008) dividem a laminite agu-da em cinco fases e correlacionam com os achados ve-nográficos em cada período. Somente após 72 horas do início da laminite (segunda fase), é possível obser-var alterações na venografia, sendo a primeira evidên-cia uma compressão irreversível das papilas soleares (D’ARPE; BERNARDINI, 2008).

T Figura 3. Venograma normal de um casco em projeção lateromedial, notando-se a indicação das regiões principais do venograma e das papilas coronárias (quadrado em destaque).

T Figura 3. Imagem venográfica representando um caso crônico de laminite, na qual se observam falhas vasculares em inúmeras regiões indicando um prognóstico reservado ao paciente.

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Na terceira fase, a venografia mostra que os vasos dorsais lamelares estão presentes, há pouca compres-são dos vasos circunflexos e as papilas são distorcidas dorsalmente. A perfusão do arco terminal está normal e a do plexo coronário aparece próxima do normal (D’ARPE; BERNARDINI, 2008).

Na quarta fase, os vasos lamelares dorsais estão ausentes e os vasos circunflexos dorsais, comprimi-dos por causa do deslocamento para baixo da falange distal. Há perfusão normal do arco terminal. O plexo coronário é comprimido pelo processo de extensor da terceira falange. Na quinta e última fase, caracterizada por danos de alta gravidade, os vasos lamelares dor-sais estão ausentes e não há deslocamento vertical do ápice da falange distal. O contraste do plexo coronário é quase nulo. Em casos de elevada gravidade, a ban-da coronária parece agir como um torniquete (D’ARPE; BERNARDINI, 2008).

Baldwin e Pollitt (2010), em estudo induzindo a la-minite e acompanhando o quadro com venografia, nota-ram que, somente sete dias após a indução do quadro de laminite, houve alterações radiográficas significativas: alteração do posicionamento da falange distal; redução do contraste no plexo coronário; e plexo sublamelar distendido, distorcido e com uma margem turva com dimensão variada. A junção entre os vasos circunflexos e sublamelares estava distorcida e localizada próxima ao ápice da falange distal; o deslocamento da falange distal mudou a aparência das papilas coronárias: em vez do seu arranjo linear, observado nos animais saudáveis, estavam dobradas. No calcanhar, no entanto, a vascula-rização permanecia quase inalterada.

CONCLUSÃO Os membros são responsáveis pela sustentação de

todo o peso do equino e, diante disso, qualquer afec-ção envolvendo suas estruturas é de extrema impor-tância. Além disso, as afecções ortopédicas, aliadas às afecções digestórias e respiratórias, são as que mais aposentam equinos todos os anos.

A laminite não é uma afecção de etiologia única e resolução simples. Sua etiologia é multifatorial e sua re-solução é extremamente complexa; portanto, todos os tipos de estudo envolvendo seu diagnóstico, prevenção e profilaxia são muito importantes. Devido às suas di-versas fases, em cada uma delas há um tratamento es-pecífico mais indicado. A venografia permite que, junto

aos sinais clínicos, se estabeleça a fase da doença do paciente, possibilitando escolher o melhor tratamento.

A venografia, por fornecer informações extrema-mente valiosas sobre o estado da circulação da região do casco, torna-se uma ferramenta de diagnóstico útil, simples, menos onerosa e eficaz. Por esses inúmeros motivos, deve ser mais difundida entre os profissionais que trabalham com a medicina equina.

AUTORES

LARA ANTONIASSI DEL RIOMédica-veterináriaCRMV-SP nº [email protected]

BRUNO FORNITANO CHOLFE Médico-veterinárioCRMV-SP nº 20732

GUILHERME GONÇALVES FABRETTI SANTOS Médico-veterinárioCRMV-SP nº 24937

IGOR AUGUSTO ANDRETA PAIOLA Médico-veterinárioCRMV-SP nº 27851

JOÃO MORELLI JÚNIOR Médico-veterinárioCRMV-SP nº 9394

REFERÊNCIAS

BALDWIN, G. I.; POLLITT, C. C. Progression of Venographic Changes After Experi-mentally Induced Laminitis. Vet Clin Equine v. 26, p. 135–140, 2010

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KAINER, R.A. Clinical anatomy of the equine foot. Veterinary Clinical of North American Equine Practice, v.5,n. 1, 1989.

MOLYNEUX GS, HALLER CJ, MOGG KC, et al. The structure, innervation and loca-tion of arteriovenous anastomoses in the equine foot. Equine Vet J , 26:305–12, 1994.

POLLITT, C.C. & MOLYNEUX, G.S. A scanning electron microscopical study of the dermal microcirculation of the equine foot. Equine Vet. J., 22 (2), 79–87. 3.1990

POLLITT, C.C. Equine Laminitis Current Concepts. Rural Industries Research and Development Corporation. 2008.

RUCKER, A. The digital venogram, In: Equine Podiatry (Eds A.F. Floyd & R.A. Mansmann), Sauders, Dt Lous, Missouri. P. 339-345, 2007

RUCKER, A. Clinical Applications of Digital Venography. Journal of Equine Vete-rinary Science, v. 30, n. 9, p. 491-503, 2010a

RUCKER, A.. Equine venography and its clinical application in North America. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v. 26, n. 1, p. 167-177, 2010b.

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Suplementocientífico

54 Ocorrência de osteossarcoma mamário

em cadela: relato de caso

59 Hemograma com diferentes volumes

sanguíneos de cães

63 Protocolos anestésicos utilizados em clínicas

veterinárias de pequenos animais do Centro-Oeste de Minas Gerais

71 Hérnia peritoneopericárdica em felino

doméstico: relato de caso

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Revista CFMV Brasília DF

Ano XXIVAbril a Junho

O Comitê Científico é formado pelos presidentes das Comissões Assessoras do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Méd. Vet. Marcelo Renck Real (CRMV-MS nº 0634) – Conagro

Méd. Vet. Cássio Ricardo Ribeiro (CRMV-DF nº 1171) – Cobea

Méd. Vet. Francisco Edson Gomes (CRMV-RR nº 0177) – CNAS

Méd. Vet. Luis Eduardo Ribeiro da Cunha (CRMV-RJ nº 2619) – CONBB

Méd. Vet. Rafael Gianella Mondadori (CRMV-RS nº 5672) – CNEMV

Zoot. Ana Cláudia Ambiel - (CRMV-SP nº 1148/Z) – CNEZ

Méd. Vet. Wanderson Alves Ferreira (CRMV-GO nº 0524) – CNEV

Méd. Vet. Ismar Araújo de Moraes (CRMV-RJ nº 2753) – Conel

Méd. Vet. Nestor Werner (CRMV-PR nº 0390) – CNMA

Méd. Vet. Fábio Fernando Ribeiro Manhoso (CRMV-SP nº 6983) – CNRMV

Méd. Vet. Irineu Machado Benevides Filho (CRMV-RJ nº 1757) – Conret

Méd. Vet. Nélio Batista de Morais (CRMV-CE nº 0676) – CNSPV

Méd. Vet. José Maria dos Santos Filho (CRMV-CE nº 0950) – Contha

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OCORRÊNCIA DE OSTEOSSARCOMA MAMÁRIO EM CADELA: RELATO DE CASO MAMMARY OSTEOSARCOMA IN FEMALE DOG – A CASE REPORT

Os tumores mamários em cadelas encontram-se entre as neoplasias mais prevalentes na clínica médica de pequenos animais, de modo que o curso clínico e o sucesso terapêutico são diretamente proporcionais, principalmente, à natureza do neoplasma e instituição precoce do tratamento, seja ele apenas cirúrgico ou associado a outras modalidades terapêuticas. No contexto das neoplasias mamárias mais incidentes nessa espécie e nos felinos, ganham destaque aquelas de origem epitelial, fato que reflete a baixa ocorrência dos sarcomas (aproximadamente 3% a 8%), especialmente o osteossarcoma, caracterizado em cerca de 1% das cadelas com tumores mamários. Este artigo relata a ocorrência de osteossarcoma mamário em fêmea da espécie canina, incluindo a evolução clínica pós-operatória, a descrição necroscópica posterior e conside-rações acerca desse tipo neoplásico.

Palavras-chave: Neoplasias da mama. Oncologia. Cães.

Mammary tumors in bitches are among the most prevalent neoplasms in small animals’ practice, with the clinical course and therapeutic success directly proportional to the nature of the neoplasm and early treatment, surgical or associated with other therapeutic modalities. In the context of the most frequent mammary neoplasms in this canine and feline species, those of epithelial origin are highlighted, fact that reflects the low occurrence of sarcomas (approximately 3% to 8%), especially osteosarcoma, characterized in 1% of dogs with mammary tumors. The present article reports occurrence of mammary osteosarcoma in female dog, including postoperative clinical evolution, necroscopic description and considerations about this neoplastic type.

Keywords: Mammary neoplasms. Oncology. Dogs.

RESUMO

ABSTRACT

SUPLEMENTO CIENTÍFICO

INTRODUÇÃO

O conhecimento da natureza e do curso clínico das neoplasias mamárias em cadelas apresenta im-portância não só relacionada à oncologia veterinária, mas também à literatura oncológica humana, especial-mente no que diz respeito às semelhanças acerca dos tipos histológicos mais comumente encontrados e ao

microambiente neoplásico, permitindo, dessa maneira, a evolução nos meios diagnósticos, manejos terapêu-ticos e métodos de prevenção em ambas as espécies (OLIVEIRA, 2015). Também, em cães, as neoplasias mamárias representam os tumores de ocorrência mais frequente, caracterizando aproximadamente 52% do total neoplásico (QUEIROGA; LOPES, 2002).

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Dentre os fatores de risco associados ao apareci-mento de tumores mamários em cadelas, a oscilação hormonal ganha destaque, principalmente por ação dos hormônios estrógeno e prolactina, com o segundo apre-sentando ação carcinogênica sobre a glândula mamária. Tal fato justifica as diferentes incidências desse tipo neoplásico em cadelas inteiras e naquelas submetidas à ovariossalpingo-histerectomia, cujo risco de ocorrência é de aproximadamente 0,5% nas fêmeas esterilizadas antes do primeiro ciclo estral, estatística que se eleva para 0,8% entre o primeiro e o segundo ciclos estrais e para 26,0% do segundo ciclo em diante.

As neoplasias malignas da glândula mamária in-cluem carcinomas, sarcomas e carcinossarcomas. Os primeiros são classificados em não infiltrativos, com-plexos e simples (sólidos, tubulopapilíferos e anaplá-sicos), podendo ainda ser caracterizados como car-cinomas de células fusiformes, células escamosas, mucosos ou lipídicos. Os sarcomas envolvem, princi-palmente, os fibrossarcomas e osteossarcomas, apesar da possibilidade de ocorrência de outros.

Em estudo realizado por Baltazar et al. (2016), caracterizado pela análise de 565 resultados histo-patológicos, aproximadamente 20% dos neoplasmas foram originados do trato reprodutivo, dos quais 73% referiam-se à glândula mamária, incluindo cães e ga-tos. Desse total, 47% mostraram-se de origem maligna (48% adenocarcinomas, 44% carcinomas, 4% sarco-mas indiferenciados e 4% carcinossarcomas) e 53%, de origem benigna (adenomas, incluindo cistoadeno-mas e fibroadenomas, hemangiomas e tumores mistos benignos). Nesse contexto, o osteossarcoma, neoplasia de origem mesenquimal, apresenta sua forma extraes-quelética de incidência rara em cadelas, correspon-dendo a aproximadamente 1% dos tumores mamários e determinando prognóstico ruim (HELLMÉN et al., 1993; LANGENBACH et al., 1998; OLIVEIRA, 2015).

Na espécie canina, o osteossarcoma extraesquelé-tico foi relatado em diferentes órgãos e tecidos, como fígado, esôfago, jejuno, pulmões, trato respiratório su-perior, retroperitônio, saco anal, baço, olhos, pericárdio, glândula mamária, glândulas adrenais, tireoide, derme, globo ocular, ovários, testículos, rins e mesentério (DUFFY et al., 2015). No que diz respeito ao compor-

tamento biológico e malignidade, os osteossarcomas representam tumores com alto índice de metástase a distância, fato encontrado em aproximadamente 75% dos pacientes acometidos (PATNAIK, 1990; TACCAGNI et al., 1997; OLIVEIRA, 2015).

Este trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência de osteossarcoma mamário em fêmea da espécie ca-nina, bem como sua evolução clínica pós-operatória.

RELATO DO CASOUm cão da raça Cocker Spaniel, fêmea e com 12

anos de idade, foi admitido no ambulatório do Hospital Veterinário Pet Care com histórico de nodulações em pálpebra superior direita e dígito direito, além de tu-moração mamária, há aproximadamente oito meses. O paciente havia sido esterilizado há cinco anos, devido a quadro de hiperplasia endometrial cística, evidencia-do em exame ultrassonográfico.

No exame físico, destacaram-se tumoração de aproximadamente 3 cm em região dorsal do terceiro dígito do membro torácico direito, nódulo de 3 mm em pálpebra superior direita, tumoração em glândula mamária abdominal caudal esquerda dimensionando cerca de 13 cm (com ulceração de sua porção central) e nódulo em glândula mamária torácica cranial direita de aproximadamente 2 cm. Os demais parâmetros do exame físico encontraram-se dentro da normalidade.

Mediante a indicação cirúrgica diagnóstica e tera-pêutica das formações cutâneas e mamárias observadas no atendimento, foram sugeridos, de maneira pré-ope-ratória, diagnóstico por imagem (com foco na pesquisa de eventuais metástases), hematologia, bioquímica sé-rica e estudo ecocardiográfico, tendo tais análises sido realizadas após dois meses da admissão hospitalar. En-tre os achados mais relevantes, foram encontrados he-patomegalia, parênquima hepático grosseiro e presen-ça de área hiperecogênica produtora de tênue sombra acústica posterior, medindo aproximadamente 2,1 cm, nessa víscera, sob exame ultrassonográfico abdominal (Figura 1); ausência de sinais sugestivos de metástases pulmonares na radiologia torácica; e as análises séri-cas, do ponto de vista das alterações mais relevantes, demonstraram elevação de plaquetas (735 mil/mm3), colesterol (376 mg/dL), triglicérides (193 mg/dL), alani-

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

na aminotransferase (ALT) (376 UI/L), fosfatase alcalina (1.071 UI/L) e gamaglutamiltransferase (27 UI/L).

Foi sugerida aos tutores a realização de biópsia hepática incisional, com subsequente estudo anato-mopatológico hepático, ainda em período pré-ope-ratório, para descarte de metástases, porém optaram pelo sequenciamento cirúrgico sem demais exames complementares invasivos, caracterizando, inclusive, a modalidade terapêutica paliativa, baseada nas eleva-das dimensões da tumoração mamária e no alto risco de ulceração neoplásica.

O animal foi encaminhado ao procedimento ci-rúrgico, que consistiu na exérese da cadeia mamária esquerda em sua totalidade (incluindo linfonodo in-guinal) e nas anaplastias de pálpebra superior direita e do terceiro dígito do membro torácico esquerdo, todas realizadas sob as técnicas cirúrgicas tradicionais e com os tecidos excisados tendo sido encaminhados à aná-lise anatomopatológica. O estudo histopatológico da glândula mamária revelou nódulo pseudoencapsulado, densamente celular, composto por fileiras celulares uni-direcionais esparsas, inseridas em escasso a moderado estroma fibrilar acidófilo e matriz acelular acidófila ví-trea (osteoide), frequentemente mineralizada ou basófi-la pálida vítrea (condroide), isolando as células em lacu-nas (estas se apresentavam piriformes a angulares, com escasso citoplasma acidófilo, bordas citoplasmáticas pobremente delimitadas, núcleos ovais pleomórficos e vesiculares, além de nucléolos conspícuos pequenos

a medianos). Tais achados configuraram quadro histo-patológico compatível com osteossarcoma mamário, o qual se estendia ainda ao linfonodo simultaneamente analisado. A microscopia dos nódulos em pálpebra e dí-gito revelou, respectivamente, adenoma meibomiano e carcinoma epiteliomatoso bem diferenciado.

O período pós-operatório, incluindo as primeiras 24 horas de terapia intensiva e os dias subsequentes, foi marcado por evolução positiva e consistiu na adminis-tração dos fármacos cloridrato de ranitidina, amoxicili-na e clavulanato de potássio, cloridrato de tramadol e dipirona sódica, todos nas doses e frequências usuais. As suturas cutâneas foram removidas após 15 dias do procedimento, porém, passados 36 dias, os tutores re-tornaram ao hospital referindo sinais como prostração, taquipneia (mesmo sob repouso) e hiporexia há cinco dias. Durante a avaliação física, destacaram-se dimi-nuição da coloração de mucosas, 5% de desidratação, temperatura de 39,2 °C, moderada sensibilidade álgica abdominal com percussão propagatória positiva para efusão peritoneal, hepatomegalia, esplenomegalia e 4,8 mmol/dL de lactato. Mediante o prognóstico ruim relacionado ao aspecto anatomopatológico da glândula mamária, obtido previamente, o animal foi encaminha-do à ultrassonografia abdominal, a qual exibiu modera-do volume de líquido livre peritoneal (hemoperitôneo, elucidado na paracentese – Figura 2), além de importan-te hepatomegalia associada a diversas tumorações dis-tribuídas pelo parênquima hepático, medindo de 6 a 9 cm (Figuras 3 e 4). Adicionalmente, o exame revelou au-mento da ecogenicidade do mesentério em região epi-gástrica (perímetro peripancreático) e baço com aspecto heterogêneo à custa de inúmeras formações nodulares (hiperecoicas), sugerindo processo neoplásico infiltrati-vo (Figuras 5 e 6). A reunião de tais informações clínicas e piora no prognóstico levaram os proprietários a optar pela eutanásia, seguida de necropsia para confirmação da suspeita de metástases viscerais do osteossarcoma mamário anteriormente diagnosticado.

O estudo necroscópico revelou, microscópica e totalitariamente, infiltrados neoplásicos (osteossar-coma osteoblástico) em linfonodo esternal, linfonodo duodenopancreático, pulmão, baço, diafragma, fígado, rins e adrenais. Tais infiltrações eram caracterizadas

T Figura 1. Imagem ultrassonográfica hepática pré-operatória demonstrando área hiperecogênica e grosseira, produtora de tênue sombra acústica poste-rior, apresentando halo hipoecogênico, medindo aproximadamente 2,1 cm x 1,4 cm, em porção direita do referido órgão.

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que 13 em dez campos, sob aumento de 400 vezes), sendo as figuras de mitose predominantemente atípi-cas. O arranjo era semissólido, entremeado por abun-dante matriz eosinofílica amorfa/hialina (osteoide).

DISCUSSÃOCaracterizado pelo prognóstico ruim, o osteos-

sarcoma mamário em cadelas determina metástases a distância em aproximadamente 75% dos pacientes acometidos (HELLMÉN, 1993). Em 2014, Hellmén des-creveu cinco casos de osteossarcoma mamário em ca-delas, os quais envolveram as raças Boxer (1), Schnau-zer Gigante (2), Airedale Terrier (1) e Papillon (1), com média de 12 anos de idade. Todos os animais apresen-tavam metástases, encontradas nos pulmões, linfono-dos mediastinais e esternais, pericárdio, miocárdio, rins, pleura, diafragma e baço, a exemplo do que foi observado no cão descrito neste estudo.

Do ponto de vista do desenvolvimento de metás-tases a distância, de maneira geral, os sarcomas ma-joritariamente disseminam-se pela via hematógena, diferentemente dos carcinomas, que frequentemente ganham a via linfática, mediada pelos linfonodos re-gionais. Nesse contexto, os osteossarcomas mamários destacam-se pela disseminação por ambas as rotas circulatórias e a maneira pela qual as células ganham a via linfogênica permanece incerta, apesar de alguns autores justificarem-na pela facilidade de invasão dos linfonodos pelas células tumorais (HELLMÉN, 1995). No que se refere à investigação diagnóstica pré-ope-ratória, os achados relacionados à imaginologia, como alterações nas dimensões e ecogenicidade hepáticas, e o nódulo em topografia esplênica possivelmente já se apresentavam como indicadores de focos metastá-ticos, porém a refratariedade dos proprietários quanto à realização de biópsias viscerais guiadas por ultras-sonografia, ainda no período pré-operatório, associada ao rápido crescimento tumoral e às dimensões da neo-plasia em questão observados na admissão hospitalar, compreendeu fatos que caracterizaram o procedimen-to cirúrgico como necessário. Ainda, o diagnóstico cito-lógico mamário pré-cirúrgico não foi realizado, devido à baixa sensibilidade dessa técnica para tais neoplas-mas, assim como citado por diversos autores, os quais

SUPLEMENTO CIENTÍFICO

T Figura 2. Imagem ultrassonográfica abdominal pós-operatória demons-trando moderada quantidade de líquido livre de aspecto anecogênico celu-lar, distribuído difusamente pela cavidade abdominal (efusão abdominal).

T Figuras 3 e 4. Aspecto ultrassonográfico hepático pós-operatório revelando ecogenicidade difusamente heterogênea, além de diversas áreas nodulares dispersas pelo parênquima do órgão, com tamanhos diversos, as maiores medindo cerca de 9,13 cm x 7,3 cm.

por células estreladas a poligonais, pleomórficas, de citoplasma moderado a amplo, eosinofílico, frequen-temente claro ou vacuolizado, bordas distintas, núcleo grande, pleomórfico, de cromatina grosseira a vesicu-lar, ocasionalmente com um a dois nucléolos conspí-cuos. O índice mitótico era moderado a elevado (maior

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

frequentemente justificam tal posicionamento pela ocorrência usual de situações como contaminação das amostras citológicas por sangue e pela presença de cé-

T Figuras 5 e 6. Imagens obtidas em ultrassonografia pós-operatória de-monstrando baço com ecogenicidade mista e ecotextura difusamente hete-rogênea, destacando-se inúmeras estruturas arredondadas e hiperecogêni-cas, dispersas por todo o parênquima, uma delas medindo cerca de 1,23 cm de diâmetro (compatível com processo infiltrativo neoplásico).

lulas necrosadas (PELETEIRO, 1994). Além disso, para a adequada caracterização citológica das amostras de neoplasias mamárias, há necessidade de punção em diversos pontos distintos, uma vez que os tumores ma-mários podem ser mistos (LANA, 2007).

Por fim, após o estabelecimento do diagnóstico de osteossarcoma mamário, a não utilização de ferramentas terapêuticas adicionais (como quimioterapia, por exem-plo), a pedido dos tutores, pode ter contribuído para o rápido desenvolvimento de metástases, potencializando, assim, o caráter agressivo desse tipo neoplásico.

CONCLUSÃOO osteossarcoma mamário representa um desafio,

tanto pela sua baixa incidência quanto pelo seu com-portamento agressivo (metastático) e refratário às tera-pias disponíveis.

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REFERÊNCIAS

FABIO NAVARRO BALTAZARMédico-veterinárioCRMV-SP nº 19854Coordenador científico do Hospital Veterinário Pet Care [email protected]

ALEX LAFARTI DE SENA Médico-veterinárioCRMV-SP nº 6059

PAULA CATARINA DE OLIVEIRA FARIA Médica-veterináriaCRMV-SP nº 21625

GEOVANNA REZENDE DE SOUSAMédica-veterináriaCRMV-SP nº 42841

CÉLIO FRANCO Graduando de Medicina Veterinária nas Faculdades Metropolitanas Unidas (UniFMU)

CARLA ALICE BERL Médica-veterináriaCRMV-SP nº 3012

AUTORES

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HEMOGRAMA COM DIFERENTES VOLUMES SANGUÍNEOS DE CÃES HEMOGRAM WITH DIFFERENT BLOOD VOLUMES OF DOGS

Para a realização do hemograma de forma manual, o valor mínimo padrão é de 5 mL de sangue, porém esse volume torna-se significante quando se trata de animais de pequeno porte, sendo, assim, impraticável a execução do exame. Esta pesquisa tem por objetivo comparar os valores hematimétricos de cães clinicamente sadios, em diferentes volumes de amostras, e com isso estabelecer um volume mínimo de amostra sanguínea para a realização do hemograma. Foram avaliados os volumes de 5 mL e 2 mL. Os testes foram comparados e analisados, demostrando que o volume não interfere expressivamente no resultado.

Palavras-chave: Cão. Hematologia. Sangue. EDTA.

In order to perform the hemogram manually, the standard minimum value is 5 mL of blood, however, this volume becomes significant when it comes to small animals, and therefore it is impractical to perform the exam. The aim of this study was to compare the hematimetric values of clinically healthy dogs in different volumes of samples and to establish a minimum volume of blood samples for blood counts. There are utilized volumes of 5 mL and of 2 mL of blood samples. The results showed no differences among tests.

Keywords: Dog. Hematology. Blood. Dog. EDTA tube.

RESUMO

ABSTRACT

SUPLEMENTO CIENTÍFICO

INTRODUÇÃO

O eritrograma é formado basicamente por quatro testes: contagem global de hemácias, dosagem de he-moglobina, hematócrito e índices hematimétricos. Os valores de referência para cada parâmetro na espécie canina são: 5,5 a 8,5 x 10^6/ mm³ na contagem global de hemácias, 12,0 a 18,0 g/dL em relação à dosagem de hemoglobina, o hematócrito normal para cães é de 45% e os índices hematimétricos, Volume Corpuscular Médio (VCM) de 60 a 77 e Concentração de Hemoglo-bina Corpuscular Média (CHCM) de 32% a 36% (RE-BAR et al., 2003; LOPES et al., 2007).

Quanto à massa total de eritrócitos, as anemias po-dem ser relativas ou absolutas. A relativa desenvolve-se quando há aumento da expansão do volume plasmático e isso pode ocorrer em gestantes, após a administra-ção de fluidos, e em neonatos; portanto, esse tipo de anemia não é patológico. Já a absoluta é clinicamente importante e deve ser investigada (LOPES et al., 2007).

As anemias absolutas podem ser classificadas em quatro tipos, de acordo com a característica morfoló-gica dos eritrócitos e cálculos de VCM e CHCM. Se os valores obtidos de VCM estão dentro do intervalo, é

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

denominada normocítica; abaixo, microcítica; e, acima, macrocítica. Se os valores de CHCM estão abaixo do in-tervalo de referência, é hipôcromica e, dentro ou acima do intervalo, homocrômica (LOPES et al., 2007).

A policitemia equivale ao aumento de eritróci-tos circulantes, que pode ocorrer de forma absoluta ou relativa, obedecendo à mesma lógica dos tipos de anemia.

No plaquetograma, são avaliadas as plaquetas e a atividade de hemostasia (REBAR et al., 2003; LOPES et al., 2007). Além da contagem das plaquetas, é necessá-rio avaliar a morfologia e observar a presença de endo-parasitas. Os valores normais de plaquetas para cães e gatos são de 200.000 µL a 500.000 µL; acima está a trombocitose e abaixo, a trombocitopenia.

O leucograma permite a contagem total e diferen-cial dos leucócitos, cujos valores podem variar com a idade, raça e sexo. A contagem diferencial refere a contagem individual das células que compõem a série leucocitária, como neutrófilo, basófilo, eosinófilo, mo-nócito e linfócito (SANTOS et al., 2012), e caracterizam a leucocitose, que pode ser fisiológica, reativa e proli-ferativa, e a leucopenia (THRALL et al., 2007).

A leucopenia ocorre, na maioria das vezes, por neu-tropenia e linfopenia, sendo a primeira mais comum em infecções bacterianas e a segunda em infecções virais. Severas infecções bacterianas e virais podem causar leucopenia associada com neutropenia e linfopenia ou ambas, como também podem reduzir o número de ou-tros leucócitos. Uma demanda excessiva e continuada de leucócitos leva à exaustão da medula óssea (estoque) e excede a produção, resultando em um desvio à esquer-da degenerativo, havendo mais neutrófilos imaturos que maturos. O desvio à esquerda degenerativo indica uma situação sistêmica desfavorável (VECINA et al., 2006).

T Figura 1. Tubos de coleta (EDTA) de 2 e 5 mL, com suas respectivas lâminas contendo esfregaço sanguíneo.

T Figura 2. Amostra já corada do esfregaço sanguíneo das amostras de 2 e 5 mL, respectivamente. Note que não há diferenças morfológicas entre as séries branca e vermelha.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

MATERIAL E MÉTODOS

Animais A pesquisa foi conduzida em 30 cães atendidos

para avaliação pré-anestésica ou pré-operatória no Hospital Veterinário da Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas), clinicamente hígidos. De cada ani-mal, foram coletadas uma amostra de sangue de 2 mL e outra de 5 mL, em frasco com anticoagulante ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), na concentração de 2 mg/mL de sangue, diluído a 10% numa proporção de 0,1 mL para cada 5 mL de sangue.

A primeira parte do exame realizada foi o Volume Globular (VG), também denominado hematócrito, no qual se encheram dois terços de um capilar, colocado na microcentrífuga por cinco minutos, sendo a leitura realizada em uma tabela. A segunda parte foi a proteí-na plasmática total; para isso, utilizou-se o mesmo ca-pilar, o qual foi quebrado na região do plasma, sendo uma gota do seu conteúdo colocado no refratômetro, a fim de obter o resultado da proteína. Posteriormen-te, realizou-se a dosagem de hemoglobina, por meio do espectrofotômetro.

O método utilizado para a contagem de hemá-cias e leucócitos foi o manual, por meio do hemo-citômetro, também chamado câmara de Neubauer. Para a contagem global de hemácias, foram empre-gados 4 mL de diluente de Marcano mais 20 µL de sangue e, para a contagem global de leucócitos, 0,4 mL de ácido acético para 20 µL de sangue. A câmara foi preenchida e se procedeu à contagem – para he-mácias, contou-se o quadrante do meio na objetiva de 40x e, para leucócitos, os quatro quadrantes dos cantos na objetiva de 10x.

Por último, fez-se o esfregaço sanguíneo e utili-zou-se a coloração de rotina, com corante panótico rápido. Após a secagem completa da lâmina, colocou--se o óleo de imersão e se observou na objetiva de 100x a morfologia celular, fazendo a contagem indi-vidual de cada célula leucocitária e de plaquetas. A Figura 1 mostra os tubos utilizados para a coleta de sangue. A Figura 2 mostra a avaliação do esfregaço sanguíneo em lâmina.

RESULTADOS Para cada amostra coletada, foram avaliados pa-

râmetros como: eritrócitos, VG, hemoglobina, pro-teína plasmática total, leucócitos e plaquetas. Os eritrócitos obtiveram uma média de 6,7 nas amos-tras de 2 mL e 7,2 nas de 5 mL, apresentando um desvio de 2 e 1,5, respectivamente. No VG, a média foi de 46,2 e 45,6, sendo seu desvio de 8,4 e 8,2. Já na hemoglobina, os valores variaram entre 14,4 e 15,2 e o desvio teve um valor fixo de 3,4 para as duas amostras. No parâmetro proteína plasmática total, a média foi de 10 e 9, com pequeno percen-tual de desvio, sendo 2 e 1. Os leucócitos, em geral, tiveram uma média de 14.688 nas amostras de 2 mL e 14.175 nas amostras de 5 mL, com um desvio de 5.361 e 4.927. As variações de leucócitos, como mostram os Quadros 1 e 2, tiveram médias aproxi-madas, tanto nas amostras de 2 mL quanto nas de 5 mL, todos com seus respectivos desvios. Por fim, as plaquetas obtiveram médias entre 287 e 266, com um desvio de 148 e 161.

 2ml 5ml 2ml 5ml 2ml 5ml 2ml 5ml 2ml 5ml1 8.8 8,24 51 51 17 17 9.1 8.8 27.150 24.325

2 9.95 9,3 55 54 18.3 18 8.6 8.5 8.000 7.975

3 7.39 8,28 51 50 16.8 16.6 6.9 6.9 14.200 13.450

4 8.16 8,18 47 46 15.6 15.1 12 12 8.225 7.725

5 7.95 7,8 55 54 18.3 17.8 9.25 9.15 17.000 16.250

6 8.4 8,6 58 56 19.1 18.5 9.1 8.6 14.800 15.500

7 6 6,31 44 45 14.6 14.8 9.05 8.8 11.650 10.500

8 8.4 8,36 47 48 15.6 15.8 7.75 7.6 13.750 14.325

9 8.8 8,55 52 52 17.1 17.3 11.5 11.3 7.725 7.650

10 8.6 8,25 46 46 15.1 15.1 10.2 9.9 11.750 11.700

11 6.55 6,35 38 38 12.6 12.6 8.3 8.15 13.625 13.675

12 7.38 7,3 49 48 16.1 15.8 8.3 8 15.100 15.825

13 4.56 4,08 28 28 9.3 9.3 8.7 8.5 8.350 8.400

14 7.99 8,1 55 54 18.3 18 9.05 8.4 11.975 13.425

15 7.2 7,87 57 55 19 18.3 7.9 7.7 10.750 11.950

16 8.17 7,61 50 50 16.1 16.6 7.3 7 13.745 13.425

17 7.25 6,08 48 48 16 16 9.75 9.7 15.950 16.925

18 8.43 8,94 44 45 14.6 14.8 9.3 9 21.500 21.350

19 7.59 7,97 45 43 15 14.3 8.8 8.4 27.500 27.600

20 4.9 4,5 40 35 13.3 11.6 8.4 7.2 20.300 21.400

21 6.7 7,05 51 51 16.8 17 8.8 9.15 18.100 12.750

22 7.7 6,8 49 41 16.1 13.6 10.1 10 12.275 14.500

23 6.9 6,29 40 44 13.3 14.6 7.6 7.8 24.900 19.800

24 4.8 5,62 27 27 9 9 9.2 9.2 15.600 16.140

25 7.9 7,89 42 42 14 14 8.7 8.6 11.750 11.800

26 9 9,1 53 53 17.6 17.6 9.2 9.1 14.300 11.700

27 5 5,37 32 35 10.6 11.6 7.9 7.6 13.250 12.800

28 7.6 6,26 41 42 13.6 14 8.2 8 18.150 13.900

29 4.2 3,5 33 30 11 10 9.4 9 7.000 6.200

30 8.3 8,5 58 57 19.1 19 8 8.3 12.290 12.300MÉDIA   6,666667 7,235 46,2 45,6 14,42857 15,2 10 9 14688,67 14175,5DESVIO  P. 2,081666 1,51121 8,482843 8,27793 3,457222 3,4254 2,828427 1,63299 5361,933 4927,898

ANIMALERITRÓCITOS VG     HEMOGLOBINA   PPT LEUCÓCITOS

Quadro 1. Valores encontrados nos parâmetros eritrócitos, VG, hemoglobina, proteína plasmática total e leucócitos totais.T Quadro 1. Valores encontrados nos parâmetros eritrócitos, VG, hemoglobi-na, proteína plasmática total e leucócitos totais.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

VANESSA COELHO TEIXEIRAMédica-veterinária (recém-graduada)

THAIS ROCHA OLIVEIRAMédica-veterinária (recém-graduada)

ARIANE FLÁVIA DO NASCIMENTOMédica-veterinária CRMV-MG nº 9012Profa. Dra. na Unifenas

RENATA MARCON ZANELATTO BRUZADELLIMédica-veterinária CRMV-MG nº 5328Profa. Ma. na Unifenas

PHILIPI COUTINHO DE SOUZAMédico-veterinário CRMV-MG nº 15722Prof. Me. na Unifenas

AUTORES

BÚRIGO. Manual de Coleta e Transporte de Amos-tra para Exames Veterinários. Disponível em: http://www.laboratorioburigo.com.br/img/ma-nual/arquivo_3.pdf. Acesso em: 04 abril de 2017.CARVALHO, T. F.; A Importância da Patologia Clí-nica na Veterinária: Hematologia e Urinálise em Pequenos Animais. Goiás: Jataí, 2008. 9 p.CENTRO DE DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO ANIMAL (CDMA). Manual de Colheita de Amostras e Exames em Patologia Clínica e Anatomopatologia. Disponível em: http://www.cdmalaboratorio.com.br/Manual-colheita-patologia-clinica-anatomopa-

tologia-CDMA.pdf. Acesso em: 04 abril de 2017CIARLINI, R. C.; Aspectos Técnicos dos Exames Laboratoriais de Rotina. São Paulo: UNEPS - Ara-çatuba, 2009. 11 p. Disponível em: http://www.novosolhos.com.br/download.php?extensao=p-df&original=texto+tecnicas+laboratoriais.pdf&-servidor=arq_material/1300_1362.pdf. Acesso em: 04 abril de 2017.LOPES, S.T. A.; BIONDO, A. W.; SANTOS, A. P. Manual de Patologia Clínica Veterinária. 3ª ed. Santa Ma-ria: 2007.REBAR, A. H. et al. Hematologia para Cães e Gatos.

São Paulo: ROCA, 2003.SANTOS, C. F. et al. Estudo comparativo entre o he-mograma humano e Veterinário. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, Campo Grande, vol. 16, n. 4, 2012. THRALL, M. A. et al. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 2ª ed. São Paulo: ROCA, 2014.VECINA, J. F.; PATRÍCIO, R. F.; CIARLINI, P. C. Impor-tância do fibrinogênio plasmático na identificação de processos inflamatórios de cães. Ciência Ve-terinária nos trópicos, Recife, v. 9, n. 1, p.31 – 35 janeiro/abril 2006.

REFERÊNCIAS

T Quadro 2. Valores encontrados nos parâmetros neutrófilos, linfócitos, mo-nócitos, eosinófilos, bastonetes e plaquetas.

2ml  5ml 2ml 5ml 2ml 5ml 2ml 5ml 2ml 5ml 2ml 5ml17.105 11.676 5.702 6.811 271 486 4.072 5.352 0 0 233 2184.560 4.785 1.920 1.356 240 239 1.280 1.595 0 0 328 1398.804 7.936 2.840 1.614 994 1.479 1.562 2.421 0 0 185 2484.935 4.249 1.234 1.699 576 232 1.480 1.545 0 0 743 6429.350 7.637 4.420 4.225 1.360 2.763 1.870 1.462 0 163 175 6049.620 8.835 3.700 2.790 740 1.395 592 2.480 148 0 504 5677.223 4.725 1.981 2.625 466 735 1.864 2.310 116 105 408 1807.837 7.449 3.850 4.871 1.375 1.289 688 716 0 0 138 1334.172 4.819 2.086 1.760 154 76 1.313 995 0 0 550 6416.110 6.786 3.055 2.340 822 819 1.763 1.755 0 0 370 875.586 4.513 5.995 6.154 681 957 1.363 1.914 0 137 49 4412.231 9.337 2.416 4.589 151 475 302 1.266 0 158 373 2926.430 6.720 668 588 0 0 1.252 1.092 0 0 351 3268.502 9.397 1.917 2.416 0 0 1.556 1.612 0 0 283 2835.160 5.976 4.300 4.421 0 0 1.290 1.553 0 0 173 1976.460 6.578 6.323 5.908 0 0 962 939 0 0 192 1869.410 11.002 6.062 5.077 0 0 478 846 0 0 214 19812.255 13.664 7.095 7.259 645 214 1.505 213 0 0 223 28620.075 16.836 4.675 8.280 550 552 2.200 1.932 0 0 277 24317.052 19.688 1.827 856 609 214 812 642 0 0 411 41413.756 9.307 2.896 1.275 181 892 1.267 1.276 0 0 254 2576.383 6.525 2.209 2.320 1.227 1.740 2.456 3.915 0 0 200 15316.185 14.454 2.490 1.584 3.735 1.188 2.490 2.574 0 0 224 23010.920 10.813 2.340 3.228 936 484 1.404 1.615 0 0 336 1889.284 9.204 1.292 1.888 352 236 822 472 0 0 312 3079.152 5.851 3.003 3.158 572 1.053 1.573 1.638 0 0 301 2544.638 7.040 4.903 2.944 1.987 1.920 1.722 768 0 128 165 23013.794 9.591 1.996 2.224 545 417 1.452 1.390 363 278 76 564.900 4.278 1.260 1.054 350 186 420 620 70 62 113 849.832 9.700 1.230 1.350 368 375 860 875 0 0 450 3009390,7 8645,7 3189,5 3222,13 662,9 680,533 1422,333 1592,77 23,23333 34,3667 287,0333 266,2333

4262,343 3750,92 1758,333 2071,36 751,2501 677,367 748,6622 1043,19 73,30507 70,3212 148,8627 161,5577

NEUTRÓFILOS LINFÓCITOS MONÓCITOS EOSINÓFILOS BASTONETES PLAQUETAS

Quadro 2. Valores encontrados nos parâmetros neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos, bastonetes e plaquetas.

DISCUSSÃOOs resultados apontam que a amostra de 2 mL, em

relação à de 5 mL, obteve suas médias aproximadas da maioria dos parâmetros avaliados, sendo a diferença entre elas apenas a quantidade de sangue coletada e analisada. Já a diferença principal de pesquisas anterio-res é que, segundo Búrigo (2017), o indicado para reali-zação de um perfil hematológico é uma quantidade de 3 a 5 mL de sangue; quando não for possível, deve ser utilizada uma quantidade de 1 ou 2 mL. Os dados pare-cem ser semelhantes aos estudos de CDMA (2017).

Os resultados foram conclusivos em relação às amostras de maior volume sanguíneo. Pode-se considerar que, de acor-do com Carvalho (2008), os métodos mais viáveis e precisos para realização das análises são os que empregam aparelhos automatizados, quando possível, utilizando, assim, quantida-des mínimas de sangue para sua realização, ao contrário dos

manuais utilizados neste projeto. Isso está em desacordo com Ciarlini (2009), que descreve a maioria dos procedimentos realizados manualmente, mostrando pleno domínio, sendo estes viáveis também, não deixando de ser precisos.

CONCLUSÃODe acordo com os dados apresentados, observa-se

que fatores como sexo, idade e raça foram de grande im-portância em relação ao desvio padrão, porém não inter-feriram nos resultados. No que diz respeito às amostras de 2 e 5 mL dos 30 animais avaliados, totalizando uma quantidade de 60 exames, pode-se concluir, com o apoio da análise estatística, que todos os parâmetros avaliados nas amostras de 2 mL não sofreram alterações significati-vas quando comparados com as amostras de 5 mL.

Em decorrência dos resultados, entende-se que tanto a amostra mínima quanto a máxima possuem uma margem de erro pequena quando avaliadas separada-mente, o que leva a assentar que a utilização da amostra de 2 mL é mais viável com relação à de 5 mL, podendo ser uma solução para a avaliação do perfil hematológico no caso de pequenos animais, incluindo cães e gatos, em que, em decorrência desse fator, todos os portes são beneficiados, não apenas os de médio e grande.

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PROTOCOLOS ANESTÉSICOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS VETERINÁRIAS DE PEQUENOS ANIMAIS DO CENTRO-OESTE DE MINAS GERAISANESTHETIC PROTOCOLS USED IN VETERINARY CLINICS OF SMALL ANIMALS FROM CENTER - WEST OF THE STATE OF MINAS GERAIS

Foram analisados e discutidos os principais protocolos anestésicos utilizados nas clínicas veterinárias do Centro-Oeste do estado de Minas Gerais para realização de cirurgias em cadelas, como cesariana, ovariossalpingo-histerectomia eletiva e mastectomia radical unilateral. A pesquisa foi realizada em cidades com mais de 20 mil habitantes, gerando um total de 29 clínicas participantes. Os médicos-veterinários que aceitaram participar foram submetidos a uma entrevista semiestruturada, que consistia em perguntas sobre os medicamentos pré-anestésicos e anestésicos para indução e manutenção mais utilizados para cada tipo de cirurgia. Os fármacos mais empregados neste estudo, em todos os procedimentos cirúrgicos, foram: xilazina, cetamina, propofol e isoflurano. Em relação às cirurgias realizadas apenas com medicação pré-anestésica, estas não devem acontecer, visto que o pré-anestésico não produz anestesia e analgesia adequadas, submetendo o animal a uma grande sensação dolorosa.

Palavras-chave: Analgesia. Anestesiologia. Protocolos anestésicos.

In this work, the main anesthetic protocols used in the veterinary clinics of the Center-West of the State of Minas Gerais for performing surgical procedures in dogs such as cesarean section, elective ovariossalpingohysterectomy and unilateral radical mastectomy are discussed. From 29 veterinarians participated of the research conducted in cities with more than 20 thousand inhabitants. The veterinarians who agreed to participate in the research answered a semi-structured interview consisting of questions about which preanesthetic drugs, anesthetics for induction and maintenance used for each type of surgery. The drugs most used in this study in all surgical procedures were xylazine, ketamine, propofol and isoflurane. In relation to surgeries performed with pre-anesthetic medication alone, these should not happen, since the pre-anesthetic does not produce anesthesia and adequate analgesia, subjecting the animal to a great painful sensation.

Keywords: Analgesia. Anesthesiology. Anesthetic protocols.

RESUMO

ABSTRACT

SUPLEMENTO CIENTÍFICO

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

INTRODUÇÃO

A preocupação com o efeito que se tem ao usar um anestésico é notável nos dias atuais, tendo em vista a fragilidade do animal exposto, devido às várias altera-ções clínicas. Dentre estas, podem ser citadas a bradi-cardia, a hipotermia, convulsões, a parada respiratória e a hipotensão (FERREIRA, 2010).

Diversos são os protocolos anestésicos utilizados em cirurgias eletivas, porém é recomendado usar uma técnica equilibrada, a fim de realizar as analgesias e anestesias adequadas, bloqueando a resposta adrenér-gica causada pela dor (FANTONI; CORTOPASSI, 2014).

Cirurgias ocasionam traumas nos tecidos, varian-do sua intensidade conforme a intervenção realizada. Constantemente, o período pós-operatório imedia-to resulta em dor e/ou desconforto para o paciente, sendo controlada intraoperatoriamente por anestesia local ou geral (OLIVA et al., 2004). Em relação ao bem--estar, é importante que se tenha conhecimento so-bre as consequências das ações dos fármacos sobre os animais.

O objetivo do trabalho foi avaliar os protocolos anes-tésicos utilizados nas clínicas de pequenos animais loca-lizadas na região Centro-Oeste do estado de Minas Gerais, em procedimentos cirúrgicos em cadelas, como cesaria-na, ovariossalpingo-histerectomia eletiva e mastectomia radical unilateral, com foco nos efeitos dos anestésicos nos neonatos, relaxamento na ovariossalpingo-histerec-tomia e analgesia durante a mastectomia, de acordo com a literatura (BROCK, 1994; SANTOS et al., 2007; FOSSUM, 2008; MASSONE, 2011; FERNANDES; NARDI, 2015).

MATERIAL E MÉTODOSAs entrevistas foram realizadas em cidades do Cen-

tro-Oeste de Minas Gerais, com mais de 20 mil habitan-tes, gerando um total de 16 municípios. Contribuíram para esta pesquisa médicos-veterinários cadastrados no Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mi-nas Gerais (CRMV-MG) que realizam as cirurgias avalia-das e assinaram o termo de consentimento.

As entrevistas semiestruturadas (MANZINI, 1990/1991) consistiram em questões contendo dados

de caracterização (nome da clínica, nome do médico- -veterinário e número do CRMV) e sobre os protocolos anestésicos mais utilizados em cirurgias de cesariana, ovariossalpingo-histerectomia eletiva e mastectomia radical unilateral em cadelas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O número total de médicos-veterinários entre-

vistados que aceitaram participar da pesquisa foi de 29. As entrevistas abordaram os seguintes temas: ce-sariana em cadelas, ovariossalpingo-histerectomia eletiva em cadelas e mastectomia radical unilateral em cadelas.

Em relação à cesariana, a medicação pré-anestési-ca mais utilizada foi a xilazina (11 dos entrevistados), como se pode observar no Gráfico 1.

De acordo com Muir (2008), as drogas agonistas α-2 adrenérgicos, como a xilazina, provocam nas ges-tantes efeitos calmantes, analgésicos e relaxamento muscular; no entanto, seu uso deve ser cauteloso e em doses baixas. Altas doses desencadeiam efeitos de-pressores sobre os fetos, como bradicardia e redução na frequência respiratória, diminuindo sua viabilidade e chances de sobrevivência.

A acepromazina foi o segundo agente mais utiliza-do. Muir (2008) afirma que esses fenotiazínicos atra-vessam a barreira placentária e podem ser encontrados rapidamente no sangue fetal. Por outro lado, Massone (2011) disserta que esses pré-anestésicos deprimem discretamente os fetos, sem causar efeitos maiores. Em outro estudo, Robertson e Moon (2003) relatam que a

T Gráfico 1. Medicamentos pré-anestésicos utilizados pelos médicos-veteri-nários entrevistados em cesarianas em cadelas.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

acepromazina pode ser utilizada com sucesso na cesa-riana em cadelas.

Em relação aos agentes opioides, como diazepam e midazolam, Massone (2011) afirma que são seguros para esse tipo de cirurgia. No entanto, Brock (1994) sugere que, em cesarianas, seja evitado o uso de me-dicação pré-anestésica, como xilazina, acepromazina, diazepam e midazolam. Ainda, afirma que o diazepam pode diminuir o vigor dos neonatos. Já Muir (2008) re-fere que os benzodiazepínicos atingem concentrações maiores no sangue fetal que no sangue materno, po-rém os efeitos depressores respiratórios são ínfimos para os recém-nascidos.

A respeito de meperidina, Fantoni e Cortopassi (2014) afirmam que seu uso como pré-anestésico é seguro para os fetos, o que sugere ser esse fármaco um bom sedativo para gestantes. Sobre o tramadol, re-latam que esse agente pode ser utilizado em cadelas gestantes, tendo doses consideradas seguras na medi-cação pré-anestésica.

Dos veterinários entrevistados, apenas um não faz uso de medicação pré-anestésica nas cesarianas, corroborando Gilson (2003), que afirma que ela deve ser excluída, a fim de minimizar a depressão fetal. Contudo, estudos realizados por Moon et al. (2001) não evidenciaram correlação entre a maioria dos fár-macos utilizados na pré-anestesia em Medicina Vete-rinária e a mortalidade ou o maior grau de depressão dos filhotes. Apenas a xilazina é apontada como res-ponsável por produzir efeitos comprovadamente de-pressores nos fetos.

Sobre o uso de anestésicos para indução em cesa-rianas, o agente mais utilizado foi a cetamina, confor-me apresentado no Gráfico 2.

Segundo Muir (2008), os anestésicos dissociativos, como a cetamina, atravessam a barreira placentária ra-pidamente, provocando depressão fetal em torno de cinco a dez minutos após sua administração, devido ao fato de esses agentes aumentarem o tônus uterino, di-minuindo, assim, o fluxo sanguíneo e desencadeando hipóxia fetal. Na mesma linha, Skerman et al. (1991) afirmam que o uso de cetamina em cesarianas não é recomendado, por causar hipóxia fetal. Ainda, sugerem que a associação de cetamina e xilazina provoca de-pressão respiratória, hipotensão fetal e apneia, sendo seu uso não recomendado.

O propofol foi o segundo anestésico mais utili-zado. Gim et al. (1993) apontam que esse anestési-co é potencialmente benéfico em fetos prematuros ou cujo trabalho de parto está comprometido, de-vido a seu menor efeito depressor nos neonatos. Oliva (2010) também apresenta dados positivos, afirmando que esse fármaco é o mais recomendado em cesarianas quando comparado aos barbitúricos, como o tiopental, pois provoca recuperação anes-tésica mais rápida nas gestantes e está associado a um vigor neonatal melhor. Assemelha-se a essas afirmações o estudo de Matsubara et al. (2007), que utilizou o propofol na indução de cadelas com 45 dias de gestação, observando uma diminuição da pressão arterial materna; no entanto, não houve de-pressão fetal.

Já a associação de propofol com anestesia epidural com lidocaína ficou em terceiro lugar. Crissiuma et al. (2002) sugerem o uso do propofol na indução e ma-nutenção anestésica, seguido pela anestesia epidural com lidocaína a 2%. Esta é uma técnica aceitável, pois não promove alterações cardiorrespiratórias impor-tantes que venham a comprometer o vigor dos fetos. Luz et al. (2005) afirmam que a anestesia epidural com anestésicos locais provoca menos depressão fetal, pois os neonatos apresentam reflexo de sucção mais rápido e já nascem vigorosos.

Sobre o uso de tiopental, Lavor et al. (2004) observaram que neonatos de cadelas anestesiadas com esse fármaco apresentaram baixos índices de

T Gráfico 2. Anestésicos de indução utilizados para realização de cesarianas em cadelas pelos médicos-veterinários entrevistados.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

vitalidade, indicando que os filhotes necessitavam de cuidados especiais nos primeiros dez minutos de vida. Fantoni e Cortopassi (2014) também afirmam que, por atravessar a barreira placentária e ser um agente hipotensor, o tiopental pode causar impor-tante depressão fetal.

Em relação ao uso de anestésicos na manuten-ção para cirurgias cesarianas, o anestésico mais usado nas clínicas foi o agente volátil isoflurano, seguido pelo propofol, cetamina e tiopental. Ape-nas um médico-veterinário dos 29 entrevistados não faz uso de anestésico, conforme se pode ob-servar no Gráfico 3.

Em relação ao anestésico isoflurano, Skerman et al. (1991) afirmam que ele atravessa a barreira placentária, devido ao baixo peso molecular e alta lipossolubilidade, estabelecendo, assim, um equilí-brio materno-fetal, gerando efeitos semelhantes aos causados na mãe no feto. No entanto, o estudo de Moon et al. (2001) sugere como protocolo anestési-co seguro para cesarianas a indução anestésica com propofol e a manutenção com isoflurano. Alegam ocorrer uma menor depressão dos filhotes nascidos sob essa anestesia, quando comparada a outras téc-nicas anestésicas.

Entre os entrevistados, um médico-veterinário não faz uso de nenhum anestésico para indução e manu-tenção em cirurgias cesarianas, o que não é indicado, uma vez que somente a medicação pré-anestésica não produz anestesia.

Já para a cirurgia de ovariossalpingo-histerecto-mia, a medicação pré-anestésica mais utilizada pelos

Em relação ao uso de xilazina, esta produz analge-sia em nível visceral, relaxamento muscular e sedação mais acentuada que outros fármacos tranquilizantes utilizados na pré-anestesia. Além disso, provoca rápi-da indução e analgesia, relaxamento dos músculos e diminuição do movimento intestinal.

Sobre o uso de acepromazina combinado com opioides (morfina e meperidina), provoca uma boa sedação em cães, mostrando-se uma associação se-gura. Massone (2011) cita que o uso conjunto dessas drogas produz uma neuroleptoanalgesia, que gera um estado de tranquilização e intensa analgesia, sem perda da consciência.

Três veterinários entrevistados utilizam a combi-nação de xilazina e diazepam. Massone (2011) sugere que essas duas drogas juntas causam maior miorrela-xamento e analgesia, visto que o diazepam não possui efeito analgésico.

Sobre a utilização de acepromazina isolada, ace-promazina e xilazina e acepromazina e midazolam, foi verificado que a combinação de acepromazina e midazolam não causou alterações significativas da frequência cardíaca em cadelas submetidas à ovariossalpingo-histerectomia (ALBUQUERQUE et al., 2013). Observou-se, entretanto, redução da fre-quência respiratória, 15 minutos após a aplicação da medicação pré-anestésica, provavelmente advinda da acepromazina, visto que os fenotiazínicos po-

T Gráfico 3. Anestésicos para manutenção utilizados em cadelas para reali-zação de cesarianas, segundo respostas dos médicos-veterinários entrevis-tados.

T Gráfico 4. Pré-anestésicos utilizados pelos médicos -veterinários entrevista-dos para realização de ovariossalpingo-histerectomia eletiva em cadelas.

médicos-veterinários da região foi a xilazina, conforme pode ser observado no Gráfico 4.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

dem provocar alteração na frequência respiratória, devido ao seu efeito calmante. Fantoni e Cortopassi (2014) afirmam que a acepromazina causa uma re-cuperação do paciente mais prolongada, por seus efeitos sedativos persistirem por até oito horas em cães. No entanto, Junior (2008) observa que não há uma diferença estatisticamente significativa no re-laxamento muscular quando se usa acepromazina associada ou não à meperidina, em cadelas submeti-das à ovariossalpingo-histerectomia.

Fantoni e Cortopassi (2014) destacam que o uso de morfina como medicação preemptiva contribui para minimizar a liberação de cortisol e de catecolaminas em resposta à dor provocada na ovariossalpingo-histe-rectomia em cadelas.

Em relação aos anestésicos utilizados para indu-ção na técnica de ovariossalpingo-histerectomia, o mais utilizado foi a cetamina, como pode ser analisado no Gráfico 5.

Massone (2011) declara que, apesar de ser um anestésico dissociativo que provoca boa analgesia, a cetamina não permite efetuar laparotomias, pois, para esse fim, sua dose seria acima de 100 mg/kg. No entanto, Yang et al. (1996) afirmam que, quando as-sociada a um opioide na pré-anestesia, a analgesia é mais prolongada. Concordam com esses autores Hell-yers et al. (2007), ao afirmar que anestésicos disso-ciativos devem ser usados em associação com anal-gésicos em procedimentos invasivos e que envolvem manipulação visceral.

Em relação ao uso de propofol e propofol em as-sociação com cetamina, Vieira et al. (2013) avaliam serem mínimas as alterações cardíacas ao utilizar na anestesia de animais. Corroborando esses dados, Gas-parini et al. (2009) ressaltam que tanto a infusão de cetamina com propofol quanto a infusão de propofol isolado geram estabilidade cardiovascular e uma anes-tesia satisfatória para realização de ovariossalpingo--histerectomia em cadelas.

Quanto ao uso de anestesia epidural com anesté-sicos locais, Ishiy et al. (2002) asseguram que somente essa prática não é suficiente para provocar anestesia para prática de ovariossalpingo-histerectomia em ca-delas, visto que os ovários são inervados pelo quar-to nervo lombar e o uso de lidocaína pela via epidu-ral proporciona bloqueio anestésico somente entre a quarta e quinta vértebra lombar (BAILEY et al., 1988). Concordando com esse autor, Pohl (2010) afirma que cadelas submetidas à ovariossalpingo-histerectomia apenas com anestesia epidural necessitam de comple-mentação anestésica.

Em relação ao tiopental, Massone (2011) cita que esse anestésico não produz relaxamento muscular adequado.

A respeito dos anestésicos utilizados na manu-tenção anestésica de ovariossalpingo-histerectomia, o mais citado foi o isoflurano, seguido pela cetamina, propofol, tiletamina/zolazepam e tiopental; um vete-rinário entrevistado não usa agente anestésico, como pode ser observado no Gráfico 6.

Fantoni e Cortopassi (2014) asseguram que o iso-flurano é capaz de relaxar a musculatura uterina. Da

T Gráfico 5. Anestésicos de indução utilizados em cadelas para realização de ovariossalpingo-histerectomia eletiva, conforme respostas dos médicos-ve-terinários entrevistados.

T Gráfico 6. Anestésicos utilizados pelos médicos-veterinários para manuten-ção em cirurgias de ovariossalpingo-histerectomia eletiva em cadelas.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

mesma forma, Paddleford (2001) afirma que o isoflu-rano provoca adequado relaxamento muscular para a maioria dos procedimentos cirúrgicos.

Em relação ao uso de tiletamina/zolazepam, Melo e Cordeiro (2001) relatam que animais anestesiados com esse agente apresentam reação dolorosa, mani-festada por vocalizações. Além disso, independente-mente da faixa etária, seu uso provocou taquicardia em 100% dos animais. Essa associação causa redução da temperatura corporal, que está ligada ao acentuado relaxamento muscular e à redução na atividade meta-bólica (LIN, 2007). Isso não foi observado no estudo de Melo e Cordeiro (2001).

Já na cirurgia de mastectomia radical unilateral, o pré-anestésico mais utilizado nas clínicas veterinárias do Centro-Oeste mineiro foi a xilazina, conforme ob-servado no Gráfico 7.

A xilazina possui propriedades analgésicas e seda-tivas (GROSS, 2001; MUIR, 2008).

A respeito do emprego de acepromazina e das associações com midazolam e/ou morfina, Massone (2011) afirma que o uso de acepromazina em cirur-gias cruentas não é indicado, visto que esse agente apresenta analgesia discreta. Lin e Pugh (2004) tam-bém citam-na como agente tranquilizante, porém sem analgesia.

Segundo Jones et al. (1979), o midazolam pos-sui maior potência quando comparado ao diaze-pam, apresentando boa sedação e relaxamento muscular, porém possui curta duração, sendo elimi-nado rapidamente. Já Fantoni e Cortopassi (2014)

citam que a administração de morfina via intramus-cular oferece analgesia com duração de três a qua-tro horas. Concordam com essa afirmação Santos et al. (2011), que relatam que, em cirurgias como a mastectomia radical, o tempo de duração é infe-rior a três horas. Dessa maneira, os autores alegam que o uso da morfina na medicação pré-anestésica irá apresentar efeito analgésico apenas na primeira hora do período pós-operatório.

Em relação ao uso da associação de aceproma-zina e tramadol, Dayer et al. (1994) apontam que a analgesia produzida pelo tramadol tem duração de quatro a seis horas. Esse sinergismo pode ser benéfi-co, uma vez que o agente irá suprir a analgesia discre-ta da acepromazina.

No Gráfico 8, pode-se observar que o propofol foi o anestésico de indução mais utilizado na cirur-gia de mastectomia radical unilateral em cadelas e a associação desse agente com cetamina ficou em segundo lugar.

Segundo Oliveira et al. (2007), somente o uso de propofol não produz analgesia. Na mesma linha, Aguiar et al. (2001) relatam ser necessária a associa-ção de propofol com outros agentes que promovam analgesia, como a cetamina. Esses autores utiliza-ram-no como o único agente de manutenção anes-tésica em infusão contínua, porém foi observado que não houve analgesia suficiente para realização de procedimentos cirúrgicos, visto que todos os ani-mais apresentaram resposta aos estímulos nocicep-tivos realizados.

T Gráfico 7. Medicamentos pré-anestésicos utilizados em mastectomia unila-teral em cadelas, segundo respostas dos médicos-veterinários.

T Gráfico 8. Anestésicos de indução utilizados pelos médicos- veterinários entrevistados para realização de mastectomia radical unilateral em cadelas.

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Em relação ao uso isolado de cetamina, Lin (2007) assegura que, pensando na analgesia, esse agente pa-rece ser mais útil no bloqueio da dor pós-operatória de cirurgia tegumentar e musculoesquelética. Sugere, ainda, que a cetamina pode atuar diminuindo a hipe-ralgesia após dano tecidual.

Massone (2011) afirma que o uso de tiopental em cirurgias permite a obtenção de bons planos anestésicos, que irão variar de acordo com a dose administrada. Entretanto, Paddleford (2001) cita esse anestésico com efeito de duração curta (cinco a 20 minutos), além de não proporcionar nenhum tipo de analgesia, sugerindo seu uso como indutor e anestésico principal para procedimentos rápidos. Também Lin e Pugh (2004) relatam que se deve evi-tar o tiopental quando o procedimento cirúrgico ul-trapassar uma hora.

Um médico-veterinário não utiliza anestesia para indução.

Quanto aos anestésicos empregados para manu-tenção, o de maior uso, assim como nas demais cirur-gias descritas, foi o isoflurano, seguido pela cetamina, propofol e tiopental, respectivamente (Gráfico 9). As-sim como nas cirurgias descritas, um dos veterinários entrevistados não usa nenhum tipo de anestesia du-rante os procedimentos cirúrgicos referidos, o que é extremamente desaconselhado, visto que a medicação pré-anestésica não provoca analgesia suficiente para realização do processo cirúrgico.

SUPLEMENTO CIENTÍFICO

Moens et al. (2003) asseguram que o uso de anes-tésicos intravenosos associados à anestesia geral com agentes inalatórios permite um plano anestésico mais

superficial, que irá causar menor depressão cardiovas-cular e respiratória. Na mesma linha, Paddleford (2001) cita o isoflurano como um depressor geral do sistema nervoso central, não provocando tremores musculares na anestesia profunda. Para Nocite (1987), no entanto, ele é rapidamente eliminado do organismo do animal, sendo a analgesia pós-operatória praticamente inexis-tente, o que caracteriza uma desvantagem desse anes-tésico volátil.

CONCLUSÕESOs fármacos mais utilizados em todos os pro-

cedimentos cirúrgicos avaliados nas clínicas vete-rinárias do Centro-Oeste de Minas Gerais foram: xilazina, cetamina e propofol e, para manutenção, o anestésico inalatório isoflurano. Não é possível afirmar que exista um protocolo anestésico padrão para as cirurgias avaliadas. Há agentes que devem ser evitados em alguns procedimentos. No entanto, cirurgias realizadas sem nenhum agente anestési-co são extremamente desaconselháveis, visto que o pré-anestésico não produz anestesia e analgesia adequadas, submetendo o animal a uma grande sensação dolorosa.

Há uma grande variedade de anestésicos disponí-veis no mercado. Seu uso deve ser avaliado em rela-ção a cada paciente, uma vez que alguns agentes são contraindicados nos procedimentos cirúrgicos. Cabe ao médico-veterinário o conhecimento a respeito da farmacologia dos agentes anestésicos.

FLÁVIA GUIMARÃES RESENDEMédica-veterinária CRMV-MG nº [email protected]

GLAUCO VINÍCIO CHAVESMédico-veterinárioCRMV-MG nº 6984

AUTORES

T Gráfico 9. Anestésicos de manutenção utilizados em mastectomia unilate-ral radical em cadelas, conforme respostas dos médicos-veterinários entre-vistados.

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REFERÊNCIAS

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HÉRNIA PERITONEOPERICÁRDICA EM FELINO DOMÉSTICO: RELATO DE CASOPERITONEUMPERICARDIAL HERNIA IN DOMESTIC FELINE: A CASE REPORT

Hérnia peritoneopericárdica é uma anomalia congênita caracterizada por uma comunicação direta entre o abdô-men e o pericárdio por um defeito no diafragma. Os sinais clínicos são inespecíficos, porém sinais respiratórios e gastrointestinais são mais comuns. Os animais também podem permanecer assintomáticos e ser diagnosticados incidentalmente por imagens radiográficas devido a outras razões. Foi atendida uma gata, sem padrão racial defi-nido, que ao exame físico não demonstrava alterações. Os achados radiográficos, como opacificação da cavidade torácica, perda de definição da parede caudal do coração e irregularidade do contorno diafragmático no hemitó-rax esquerdo, foram compatíveis com hérnia peritoniopericárdica. Outros exames foram realizados, como ultras-sonografia abdominal e torácica, eletrocardiograma e ecocardiograma, mas a radiografia torácica foi efetiva para diagnóstico. A ecocardiografia também pode confirmar o diagnóstico quando os aspectos radiográficos não são claros, além de fornecer dados sobre função miocárdica em condições restritivas. Nenhuma terapia foi instituída e o paciente veio a óbito, provavelmente, por compressão e disfunção miocárdica.

Palavras-chave: Restrições cardíacas. Restrições respiratórias. Diafragma.

Peritoneopericardial hernia is a congenital anomaly characterized by a direct communication between the abdomen and the pericardium through a defect in the diaphragm. Clinical signs are non-specific, however respiratory and gastrointestinal signs are more common. Animals may also remain asymptomatic and be diagnosed incidentally by radiographic images for other reasons. A cat, without a defined racial pattern, after the physical examination showed no alterations suggestive of the disease. Radiographic findings, such as opacification of the thoracic cavity, loss of definition of the caudal wall of the heart and irregularity of the diaphragmatic contour in the left hemithorax were compatible with peritoniopericardial hernia. Other exams performed, such as abdominal and thoracic ultrasonography, electrocardiogram and echocardiogram. Chest radiography was effective for diagnosis. Echocardiography may also confirm the diagnosis when radiographic findings are unclear, as well as provide data on myocardial function under restrictive conditions. The patient died, probably by compression and myocardial dysfunction without treatment.

Keywords: Cardiac restrictions. Respiratory restrictions. Diaphragm.

RESUMO

ABSTRACT

SUPLEMENTO CIENTÍFICO

Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 2018 71

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

INTRODUÇÃO

Hérnia Peritoneopericárdica (HDPP) é uma condição rara, relatada em cães e gatos, caracte-rizada por uma comunicação direta entre o abdô-men e o pericárdio por um defeito no diafragma que permite a migração de órgãos da cavidade abdominal para a do pericárdio (HICKS; BRITTON, 2013). Embora a comunicação não seja induzida por traumas, estes podem facilitar a movimenta-ção do conteúdo abdominal por meio do defeito preexistente (WARE, 2006).

É a anomalia congênita mais comum do pericárdio de pequenos animais, com prevalência de 0,3% em gatos e cães, com possível base hereditária e presen-ça de anomalias esqueléticas e cardíacas congênitas e hérnias umbilicais concomitantes; dessa forma, pode apresentar-se como uma única anomalia ou como par-te de uma síndrome de múltiplas anomalias congêni-tas (HICKS; BRITTON, 2013).

Os sinais clínicos não são específicos, mas cães e gatos com HDPP podem permanecer assintomáti-cos. Dispneia, taquipneia e tosse são os sinais respi-ratórios mais frequentes em gatos (HICKS; BRITTON, 2013) e vômito, anorexia, perda de peso e diarreia, em cães (BANZ; GOTTFRIED, 2010). O fígado e o in-testino delgado são as vísceras abdominais mais frequentemente herniadas para o saco pericárdico (HICKS; BRITTON, 2013).

Alterações ao exame físico incluem sons cardíacos abafados, em um ou ambos os lados do tórax, deslo-camento ou atenuação do impulso precordial apical, sensação de vazio percebida à palpação abdominal e, raramente, sinais de tamponamento cardíaco (REIMER et al., 2004; WARE, 2006).

Hérnia diafragmática peritoneopericárdica é ti-picamente diagnosticada durante avaliação de ani-mais com sinais clínicos respiratórios ou gastrointes-tinais. No entanto, em alguns animais, o diagnóstico é obtido por meio da avaliação incidental de ima-gens radiográficas.

O exame radiográfico fornece informações so-bre a localização, extensão, conteúdo e compli-

cações secundárias associadas à hérnia. Caso o diagnóstico não possa ser confirmado a partir de radiografias simples e contrastadas, a ultrassono-grafia ou outros métodos de imagem podem ser realizados. Os achados ultrassonográficos incluem visibilização de estruturas abdominais intratoráci-cas, principalmente o fígado, e interrupção no con-torno diafragmático. Achados ecocardiográficos são relevantes, pois a HDPP pode comprometer o cora-ção, além de ocorrer simultaneamente com outras cardiopatias congênitas (BANZ; GOTTFRIED, 2010). As alterações do eletrocardiograma são inconsis-tentes. Menor amplitude dos complexos e desvio de eixo causados por mudanças no posicionamen-to cardíaco podem ser ocasionalmente observados (WARE, 2006).

Animais com sinais clínicos de HDPP submetidos à herniorrafia tiveram remição dos sintomas. O trata-mento conservador consiste em monitoramento do animal para sinais de desconforto respiratório e dis-túrbios gastrointestinais. As taxas de sobrevivência são semelhantes, independentemente do método de tratamento instituído (BURNS et al., 2013), com prog-nóstico favorável tanto para o tratamento cirúrgico quanto conservador. Entretanto, a recorrência de sinais clínicos é comum quando o método conservador é rea-lizado (HICKS; BRITTON, 2013).

RELATO DE CASOUma gata, sem padrão racial, de aproximadamen-

te sete anos de idade e 3,2 kg, foi atendida no Hos-pital Veterinário para avaliação de rotina. Durante a anamnese, o proprietário negou a ocorrência de si-nal clínico e relatou que o animal sempre foi ativo. Ao exame físico, não foi observada alteração. Foram realizadas eletrocardiografia, radiografia torácica e ultrassonografia abdominal.

O eletrocardiograma (Figura 1) evidenciou fre-quência cardíaca de 225 BPM, com taquicardia sinu-sal e aumento na duração do complexo QRS e na am-plitude da onda T.

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

T Figura 1. Exame eletrocardiográfico evidenciando aumento na duração da onda R e na amplitude da onda T.

T Figura 2. Imagem radiográfica do tórax na projeção laterolateral (decúbito direito): opacificação da cavidade torácica em correspondência ao mediastino caudal (região de lobo pulmonar acessório) e perda de definição da parede caudal do coração.

T Figura 4. Imagem ultrassonográfica em plano sagital da região torácica caudal: parte do lobo hepático como conteúdo do saco herniário em contato com o coração e perda parcial do contorno diafragmático.

T Figura 3. Imagem radiográfica do tórax na projeção ventrodorsal (decúbito dorsal): opacificação da cavidade torácica em correspondência ao mediastino caudal (região de lobo pulmonar acessório), perda de definição da parede caudal do coração e irregularidade do contorno diafragmático no hemitórax esquerdo.

Ao exame radiográfico, foram evidenciadas opaci-ficação da cavidade torácica em correspondência ao mediastino caudal (região de lobo pulmonar acessó-rio), perda de definição da parede caudal do coração e irregularidade do contorno diafragmático no hemitó-rax esquerdo (Figuras 2 e 3). A ultrassonografia abdo-minal e torácica revelou parte do lobo hepático como conteúdo do saco herniário e perda parcial do contor-no diafragmático (Figura 4).

Ao exame ecocardiográfico, foram observadas câ-maras cardíacas apresentando formato e dimensões internas normais. Os índices de função sistólica do ven-trículo esquerdo estavam dentro dos limites da norma-lidade (FE = 71% e FS = 41%) e sua função diastólica, alterada, apresentando padrão de relaxamento anormal

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SUPLEMENTO CIENTÍFICO

JULIANA APARECIDA CERQUEIRAMédica-veterináriaCRMV-SP nº 35544Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista

AUTORA

BANZ, A.C.; GOTTFRIED, S.D. Peritoneopericardial dia-phragmatic hernia: a retrospective study of 31 cats and eight dogs. Journal of the American Animal Hos-pital Association. v.46, p.398-404, 2010.

BURNS, C.G.; BERGH, M.S.; MCLOUGHLIN, M.A. Surgi-cal and nonsurgical treatment of peritoneopericar-dial diaphragmatic hernia in dogs and cats: 58 cases (1999–2008). Journal of the American Veterinary Medical Association. v.242, p.643-650, 2013.

HICKS, K.A.; BRITTON, A.P. A fatal case of complicated congenital peritoneopericardial diaphragmatic hernia in a Holstein calf. The Canadian Veterinary Journal. v.54, p.687-689, 2013.

RANDALL, E.K.; PARK, R.D. The Diaphragm. In: THRALL, D.E. Textbook of veterinary diagnostic radiology, 6ed. St. Louis: Saunders, p.535-7549. 2013.

REIMER, S.B.; KYLES, A.E.; FILIPOWICZ, D.E.; Long-term outcome of cats treated conservatively or surgically for peritoneopericardial diaphragmatic hernia: 66 cases (1987–2002). Journal of the American Animal Hospital Association. v.224, p.728-732, 2004.

WARE, W.A. Doenças do pericárdio. In: NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elsevier. 2006.

REFERÊNCIAS

T Figura 5. Corte paraesternal esquerdo apical cinco câmaras e imagem oblíqua visibilizando presença de estrutura compatível com parênquima hepático próximo à parede livre do ventrículo esquerdo.

(inversão de ondas E - 1,0 m/s e A - 1,4 m/s). A valva mitral apresentou morfologia e movimentação normais, sem alterações ao Doppler, não tendo sido visibilizada regurgitação. A valva tricúspide apresentou morfologia e movimentação normais, sem alterações ao Doppler. As válvulas aórtica e pulmonar não apresentaram alte-rações de fluxo ao Doppler. O tronco da artéria pulmo-nar apresentou calibre normal. O pericárdio apresentou espessura e movimentação anormais, com presença de estrutura compatível com parênquima hepático próxi-mo à parede livre do ventrículo esquerdo (Figura 5).

Foi indicado o tratamento cirúrgico, que, todavia, não obteve concordância do proprietário. Seis meses após o diagnóstico, o paciente foi submetido à aneste-sia para realização de mastectomia, vindo a óbito por parada cardiorrespiratória durante a anestesia.

DISCUSSÃOSegundo Reimer et al. (2004) e Randall e Park

(2013), as hérnias diafragmáticas congênitas podem ter

um quadro assintomático e somente ser diagnosticadas de forma incidental, como na gata do estudo, que ainda possuía o diferencial de não possuir raça definida, ao contrário de outros estudos (HICKS; BRITTON, 2013).

Os achados radiográficos permitem identificar es-truturas abdominais na cavidade torácica, aos moldes das encontradas nas hérnias diafragmáticas, sendo o fígado o órgão mais comumente encontrado (RAN-DALL; PARK, 2013).

Os distúrbios observados ao exame eletrocardio-gráfico, possivelmente, ocorreram devido à compres-são exercida pelo conteúdo herniado sobre o mio-cárdio, a exemplo da disfunção diastólica comum nos quadros de alterações pericárdicas. A ausência de te-rapia cirúrgica pode ter comprometido a sobrevida do paciente. Embora Burns et al. (2013) relatem ausência de diferença entre tratamento cirúrgico e conservador, isso pode estar relacionado ao pequeno número de ca-sos observados e é diferente do que é verificado nos casos de hérnias diafragmáticas. O óbito do paciente, seis meses após o diagnóstico, reforça a necessidade de alívio das compressões e da função miocárdica.

CONCLUSÃOA HDPP, normalmente, é achado incidental e a libe-

ração das compressões e disfunções pericárdicas está indicada para favorecer a sobrevida do paciente.

Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 201874

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PUBLICAÇÕES

A terceira edição, revisada, atualizada e ampliada, man-tém a proposta original de repassar aspectos de bioquí-mica fundamental e de metabolismo de tecidos, além de abordar os conceitos dos transtornos metabólicos mais comuns em Medicina Veterinária. O objetivo é facilitar o estudo da bioquímica em nível de graduação, dificultado muitas vezes pela volumosa bibliografia e pela ausência de integração dos temas que mais interessam aos discentes. Nesta versão, os autores buscam oferecer temas básicos e aplicados que sirvam de fundamento para a aplicação de conhecimentos na clínica, fisiologia e nutrição animal.

O desenvolvimento observado na última década e a per-manente incorporação de novas metodologias e procedi-mentos à fisiatria veterinária têm contribuído substancial-mente com os tratamentos ortopédicos, traumatológicos e neurológicos, permitindo uma reabilitação funcional mais integral do paciente com patologias neuromusculares e esqueléticas. Nesta recém-lançada obra, os autores bus-cam transmitir a experiência adquirida de forma acessível, com enfoque minucioso e abordagem terapêutica multi-modal das doenças sistêmicas, ortopédicas, articulares e neurológicas mais comuns em pequenos animais.

Esta edição atualizada, lançada em março de 2018, traz novas informações e fotos para fazer uma abordagem completa tanto da patologia geral quanto da patologia dos sistemas orgânicos, com explicações detalhadas das respostas celulares, dos tecidos e dos órgãos a lesões e infecções. Para esta sexta edição, as contribuições de mais de 20 patologistas veterinários, reconhecidos na-cional e internacionalmente, atualizarão estudantes e profissionais sobre os avanços na patologia e patogenia das doenças dos animais domésticos.

Em seus seis capítulos, a obra aborda da introdução à biolo-

gia e sistemática desses animais às anomalias de desenvol-

vimento e neoplasias. Ao longo da leitura, apresentam-se os

principais aspectos da manutenção de répteis em cativeiro,

como alimentação, temperatura, exame clínico, quarentena,

vias de administração e drogas utilizadas, técnicas de cole-

ta de amostras biológicas e outros. Também estão descritas

doenças nutricionais (diagnóstico e tratamento), anestesia,

cirurgia, doenças infecciosas e parasitárias, com menção às

patologias imunológicas e ao sistema imune.

Título:

DOENÇAS DOS RÉPTEIS (300 P.)

Autor:Juan Carlos Troiano

Editora:

MedVet

Contato:

http://www.medvetlivros.com.br

Título:

BASES DA PATOLOGIA EM VETERINÁRIA (1.408 P. OU E-BOOK) Autor:James Zachary

Editora:

Elsevier

Contato:

https://www.elsevier.com/pt-br/books-and-journals

Título:

TRATADO DE FISIOTERAPIA E FISIATRIA DE PEQUENOS ANIMAIS (448 P.)

Autores:

Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

Editora:

Paya

Contato:

www.editorapaya.com.br

Título:

INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA (538 P.)

Autores: Félix H. Díaz González e Sérgio Ceroni da Silva

Editora:

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Contato:

http://www.ufrgs.br/editora/

Revista CFMV Brasília DF Ano XXIV nº 77 Abril a Junho 2018 75

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