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1 Boletim 1003/2016 – Ano VIII – 20/06/2016 Prioridade do Planalto, projeto de terceirização está parado no Senado Por Thiago Resende e Vandson Lima A proposta de liberar a terceirização no mercado de trabalho, colocada na semana passada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, como uma das prioridades legislativas do governo Temer, encontra dificuldades para tramitar no Senado. O relator do projeto, Paulo Paim, é do PT gaúcho. Paim disse ainda haver resistência de senadores ao texto aprovado, em abril do ano passado, na Câmara dos Deputados. Mesmo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), defende rever a possibilidade de terceirizar a atividadefim, aquelas funções intimamente ligadas ao objetivo principal da empresa. "Tenho conversado com muitos senadores. Não percebo neles essa ânsia de aprovar um projeto que deixa terceirizar a atividadefim. Isso aí é o fim do mundo. O que ouço dos senadores é pela formalização, legalizar, melhorar a vida dos cidadãos terceirizados. São 13 milhões de pessoas", disse Paim. Na semana passada, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu rapidez na análise da proposta de lei. "Temos que caminhar no rumo da terceirização", discursou em evento com empresários e executivos. Uma reforma trabalhista está entre as prioridades do presidente interino Michel Temer. Ainda não há articulação no Senado para aprovar o projeto. O líder do governo na Casa, Aloysio Nunes (PSDBSP), até o momento, não foi orientado a acelerar a tramitação do texto. Líderes da base aliada não acreditam que o assunto, que é polêmico, seja votado antes do resultado final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. "Nem [a ampliação do] Super Simples consegue ser votado", exemplificou Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM. Ele se referia à proposição para que mais empresas possam aderir ao programa. Mesmo após acordo costurado com governadores, senadores e o próprio Renan, o texto ainda não foi apreciado. Atualmente, o projeto da terceirização está na comissão especial da chamada Agenda Brasil lista de prioridades formulada, principalmente, pelo PMDB do Senado. O colegiado

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Boletim 1003/2016 – Ano VIII – 20/06/2016

Prioridade do Planalto, projeto de terceirização es tá parado no Senado Por Thiago Resende e Vandson Lima A proposta de liberar a terceirização no mercado de trabalho, colocada na semana passada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, como uma das prioridades legislativas do governo Temer, encontra dificuldades para tramitar no Senado. O relator do projeto, Paulo Paim, é do PT gaúcho. Paim disse ainda haver resistência de senadores ao texto aprovado, em abril do ano passado, na Câmara dos Deputados. Mesmo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), defende rever a possibilidade de terceirizar a atividadefim, aquelas funções intimamente ligadas ao objetivo principal da empresa. "Tenho conversado com muitos senadores. Não percebo neles essa ânsia de aprovar um projeto que deixa terceirizar a atividadefim. Isso aí é o fim do mundo. O que ouço dos senadores é pela formalização, legalizar, melhorar a vida dos cidadãos terceirizados. São 13 milhões de pessoas", disse Paim. Na semana passada, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu rapidez na análise da proposta de lei. "Temos que caminhar no rumo da terceirização", discursou em evento com empresários e executivos. Uma reforma trabalhista está entre as prioridades do presidente interino Michel Temer. Ainda não há articulação no Senado para aprovar o projeto. O líder do governo na Casa, Aloysio Nunes (PSDBSP), até o momento, não foi orientado a acelerar a tramitação do texto. Líderes da base aliada não acreditam que o assunto, que é polêmico, seja votado antes do resultado final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. "Nem [a ampliação do] Super Simples consegue ser votado", exemplificou Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM. Ele se referia à proposição para que mais empresas possam aderir ao programa. Mesmo após acordo costurado com governadores, senadores e o próprio Renan, o texto ainda não foi apreciado. Atualmente, o projeto da terceirização está na comissão especial da chamada Agenda Brasil lista de prioridades formulada, principalmente, pelo PMDB do Senado. O colegiado

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está parado. Blairo Maggi (PPMT), então relatorgeral, foi para o Ministério da Agricultura após o afastamento de Dilma. Renan quer reativar a comissão, que agiliza o processo legislativo. Há cerca de um mês, ele reuniu os líderes da Casa para que fossem definidas prioridades para o Congresso no modelo da Agenda Brasil. O encontro não teve avanços. Em fevereiro, o pemedebista já tinha o anseio de colocar o projeto sobre terceirização em análise até o fim de semestre. Mas dificilmente isso será possível diante da crise política. Segundo o relator, o ministro do Trabalho, Ronaldo Fonseca, disse a ele também ser contra a possibilidade de terceirizar a atividadefim. Essa é a mesma posição do senador Otto Alencar (PSDBA), presidente da comissão da Agenda Brasil. Centrais sindicais reagiram à declaração de Padilha. Força Sindical, CTB, CSB, NCST e UGT defendem a regulamentação dos trabalhadores terceirizados e que "hoje, estão submetidos a uma legislação precária, que os penalizam de forma perversa". Mas não querem que o Congresso aprove uma lei que permita a terceirização da atividadefim.

(FONTE: Valor Econômico dia 20/06/2016)

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Indústria prevê alta da demanda, diz CNI São Paulo - A previsão dos industriais brasileiros para a demanda nos próximos seis meses melhorou, de acordo com sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas a compra de matéria-prima e o número de empregados devem continuar em queda.

A previsão do industrial para a demanda saltou a 51 pontos em junho, uma alta de 3,2 pontos na comparação com o mês imediatamente anterior. Na comparação com junho de 2015, a perspectiva dos empresários avançou 4,3 pontos. "Esse aumento fez com que o índice alcançasse valor acima da linha divisória de 50 pontos, ou seja, mostra expectativa de aumento da demanda nos próximos seis meses", destacou a CNI.

As exportações também podem registrar alta nos próximos meses, projetam os industriais. O indicador para vendas externas teve alta de 1,8 ponto na comparação com maio e 4,1 pontos ante junho de 2015, para 52,5 pontos.

Embora os indicadores tenham registrado melhora em junho, as comprar de matéria-prima e o número de empregados para os próximos seis meses continuam em patamar negativo, destacou a CNI.

Com 48,5 pontos, o índice de compras de matéria-prima nos próximos seis meses se mantém abaixo da linha dos 50 pontos. No entanto, o resultado é melhor que o registrado em maio (45,7) e junho (44,1).

A intenção de investimento dos industriais ainda não dá sinais de retomada e segue muito abaixo dos 50 pontos. Na passagem de maio para junho, a intenção das empresas em realizar aportes nos seis meses seguintes cresceu 1,8 ponto para 43,0 pontos. O resultado é melhor que o apurado em junho do ano passado, quando o índice chegou a 41,2 pontos.

Capacidade instalada

A ociosidade das indústrias se manteve estável em maio pelo terceiro mês consecutivo. Segundo a CNI, o percentual médio de utilização da capacidade instalada (UCI) foi de 64%.

Já o índice de estoque efetivo frente ao planejado pelas empresas ficou, em maio, pelo sexto mês consecutivo abaixo da linha divisória dos 50 pontos - qualquer índice acima dessa linha divisória (de zero a 100) sinaliza excesso de produto. Em maio, o indicador de estoque efetivo ficou em 49,8 pontos contra 49,1 em abril e 52,4 pontos em maio passado,

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"indicando que o nível dos estoques se aproximou do desejado pelas empresas", observou a CNI, em relatório. Nas pequenas e médias empresas, os indicadores da sondagem continuam predominantemente negativos e piores do que nas grandes indústrias.

Jéssica Kruckenfellner

Construção perde 17,4 mil vagas em abril São Paulo - A recessão prolongada da economia brasileira provocou demissões no segmento da construção civil pelo 19º mês consecutivo. Em abril, foram cortados 17,4 mil postos de trabalho no País.

O resultado, apurado pelo Sindicato da Construção Civil de São Paulo (SindusconSP) representa uma queda de 0,61% no nível de emprego em abril, em relação a março No acumulado do ano foram demitidos 72,9 mil vagas. Em 12 meses, o total de cortes chega a 398,2 mil trabalhadores (mesmo patamar de maio de 2010). Desconsiderando efeitos sazonais, o número de vagas fechadas em abril foi de 34,7 mil (-1,21%).

Para o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, a queda do nível de emprego na indústria da construção em abril já era esperada em função da recessão, e seguirá se repetindo nos próximos meses, a menos que o setor receba estímulos. "Esperamos que o governo retome as contratações em todas as faixas de renda do Minha Casa Minha Vida, e que a União renove os convênios para que estados e municípios possam aportar terrenos e recursos ao programa. Medidas para ampliar a oferta de crédito ao mercado imobiliário também são urgentes. E é preciso acelerar as providências para colocar de pé as concessões e parcerias público-privadas", afirma o presidente do SindusCon-SP.

Por segmento, obras de instalação teve a maior retração (-1,45%) em abril na comparação com março, seguido por imobiliário (-0,83%). No acumulado do ano, contra o mesmo período do ano anterior, o segmento imobiliário apresenta a maior queda (-16,98%).

A deterioração do mercado de trabalho afeta todas as regiões do Brasil, sendo que os piores resultados foram observados no Nordeste (-1,75%) e Norte (-0,89%). Na outra ponta, o Centro-Oeste apresentou alta de 1,43%, seguido pela Região Sul, com 0,10%.

Estado de São Paulo

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Em abril, houve queda de -0,46% no emprego em relação a março, com redução de 3.481 mil vagas. O estoque de trabalhadores sofreu retração de 761 mil em março para 757 mil em abril. Desconsiderando a sazonalidade, o declínio no período foi de -1,65% (-12,5 mil vagas).

No período, o segmento infraestrutura respondeu pelo pior desempenho (-1,54%), acompanhado por de obras de instalação (-1,48%). Na capital, que responde por 45% do total, a queda em abril em relação ao mês anterior foi de 0,61% (-2.091). Em 12 meses, São Paulo registrou retração de 12,15%.

Fora de São Paulo, Sorocaba apresentou a maior queda (-1,24%), diz a entidade.

Paula Cristina e Agências

TST mantém decisão em processo do Banpará - A Subseção 2 Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST) manteve decisão que rejeitou a indicação de imóvel para penhora localizado em outra cidade, fora do fórum de execução. A decisão é da 1ª de Vara do Trabalho de Belém (PA), que substituiu o imóvel em Marabá, pelo bloqueio de conta bancária do devedor, o Banco do Pará (Banpará). Na decisão, a SDI-2 negou provimento a recurso ordinário em mandado de segurança do devedor, interposto após o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região não acolher sua pretensão. O banco alegava violação aos artigos 620 e 656 do Código de Processo Civil de 1973 e à Súmula 417, segundo a qual a penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à execução provisória, fere direito líquido e certo. No entanto, para o TRT a indicação de bens à penhora "não pode ser meramente ilustrativa, um mero formalismo", e sim satisfazer à sua finalidade, que é a garantia da execução. Para ressaltar a dificuldade de cumprir a penhora, o TRT ressaltou a distância de Marabá a Belém. Na decisão, o TRT deixou claro ainda que o fato de a execução ainda ser provisória não impede a apreensão de dinheiro./Agências

(FONTE: DCI dia 20/06/2016)

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Escalada do desemprego acelera desigualdade de dist ribuição de renda MARIANA CARNEIRO - DE SÃO PAULO A escalada do desemprego tem produzido um efeito adverso na distribuição de renda do país. Após anos de queda contínua, a desigualdade -a distância de renda entre ricos e pobres- voltou a crescer com força no primeiro trimestre deste ano.

A tendência é objeto de estudo do professor da USP Rodolfo Hoffmann, especialista em políticas sociais, que usou dados do IBGE para estudar o impacto da falta de vagas.

Desde o início do segundo mandato da presidente afastada, Dilma Rousseff, em 2015, a desigualdade entre os que compõem a força de trabalho (desempregados e ocupados) aumentou quase 3%. É bastante para um indicador que varia pouco ao longo tempo. Nesse período, a taxa de desemprego subiu de 7,9% para 10,9%.

O levantamento se baseia em informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), cuja série começou em 2012. E capta apenas os movimentos da renda proveniente do mercado de trabalho.

Deixa de lado, portanto, recursos que venham de aposentadoria, pensões e aluguéis, por exemplo. Assim, se a pessoa perdeu o emprego, a renda, por esse estudo, vai a zero, mesmo que eventualmente receba recursos do Bolsa Família ou da Previdência.

Seguro-desemprego e FGTS, que têm efeitos só temporários, também não são computados.

A métrica mais apurada para medir a desigualdade é a renda dividida por morador de um domicílio, mas esse dado só é divulgado pelo IBGE uma vez por ano, em setembro. Até lá, para não ficar no escuro, estudiosos costumam usar como régua a renda dos trabalhadores ocupados.

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NÚCLEO DA RECESSÃO

Hoffmann, porém, decidiu trilhar outra via, para ajustar a visão sobre o que considera o núcleo da recessão. "Como uma característica importante da crise é o aumento do desemprego, é mais apropriado analisar a distribuição do rendimento da força de trabalho, e não apenas dos ocupados. Considerar apenas os ocupados implica desconsiderar os desempregados", diz. No primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE, 11,089 milhões de pessoas tentaram, sem êxito, se ocupar. São desempregados pela estatística oficial. A informalidade também aumentou no período.

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Entre o primeiro trimestre de 2015 e o início deste ano, segundo Hoffmann, "aumentou o desemprego, diminuiu a renda média e cresceu a pobreza" (leia na pág. A17).

ECONOMIA NO ALMOÇO

Na fila do restaurante popular no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, a cuidadora de idosos Rejane Araújo, 56, sentiu na pele o sinal mostrado pelos números. Perdeu a carteira assinada, faz trabalho informal e recorre ao prato popular para economizar no almoço. "A vida era mais fácil antes."

(FONTE: Folha de SP dia 20/06/2016)

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