22
UPIS FACULDADES INTEGRADAS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO MBA EM GESTÃO DE PROJETOS METODOLOGIAS EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS UM ESTUDO COMPARATIVO RAQUEL DURANS SALOMÃO BRASÍLIA DF 2016

UPIS FACULDADES INTEGRADAS PRÓ-REITORIA DE … · mba em gestÃo de projetos metodologias em gerenciamento de projetos – um estudo comparativo raquel durans salomÃo brasÍlia

Embed Size (px)

Citation preview

UPIS FACULDADES INTEGRADAS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

MBA EM GESTÃO DE PROJETOS

METODOLOGIAS EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS – UM ESTUDO

COMPARATIVO

RAQUEL DURANS SALOMÃO

BRASÍLIA – DF

2016

METODOLOGIAS EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS – UM ESTUDO

COMPARATIVO

RAQUEL DURANS SALOMÃO

Trabalho apresentado ao programa de pós-

graduação e pesquisa em Gestão de Projetos

da UPIS Faculdades Integradas, como

requisito parcial para obtenção do título de

especialista em Gestão de Projetos.

Orientador: Prof. Me. Marta Cristine Peres

Barros

BRASÍLIA – DF

2016

UPIS Faculdades Integradas

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

MBA em Gestão de Projetos

METODOLOGIAS EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS – UM ESTUDO COMPARATIVO

RAQUEL DURANS SALOMÃO

Trabalho apresentado em cumprimento às

exigências acadêmicas parciais do curso de

pós-graduação lato sensu em Gestão de

Projetos para a obtenção do grau de

Especialista.

Marta Cristine Peres Barros Profª Orientadora

Marco Peres Prof Coordenador Orientadora

BRASÍLIA – DF

2016

SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................................................ 1

2. Gerenciamento de Projetos: Conceitos e Perspectivas..................................................... 2

2.1 Conceitos de Projetos e Gerenciamento de Projetos ............................................ 2

2.2 A importância do Gerenciamento de Projetos ...................................................... 2

3. Metodologias de Gerenciamento de Projetos..................................................................... 3

3.1 Metodologia SCRUM ............................................................................................. 4

3.2 Metodologia CANVAS ........................................................................................... 6

3.3 Project Management Body of Knowledge - PMBOK ............................................. 8

3.4 Prince2 ................................................................................................................ 10

4. Uma análise Comparativa entre as Metodologias apresentadas:..................................... 11

5. Conclusão.......................................................................................................................... 14

Referências Bibliográficas..................................................................................................... 16

Metodologias em Gerenciamento de Projetos – Um Estudo Comparativo

RAQUEL DURANS SALOMÃO

Resumo:

O Gerenciamento de Projetos contempla um conjunto de ações e processos facilitadores, que

proporcionam melhores resultados a partir do uso e aplicação de ferramentas/técnicas adequadas ao

contexto organizacional e de seus projetos. Conhecer as práticas relacionadas à gestão de projetos

proporciona um maior conhecimento das metodologias e permite o entendimento e acompanhamento

das novas tendências. Esse artigo tem por objetivo analisar três das principais metodologias

utilizadas atualmente em gerenciamento de projetos (SCRUM, CANVAS, e PRINCE2) e o Guia

Project Management Body of Knowledge (PMBOK), bem como, estabelecer um comparativo a partir

dos processos do Ciclo de Vida de um projeto. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória de

caráter bibliográfico. Buscou-se por artigos e manuais que reunissem as características de cada

metodologia para então traçar uma análise entre elas. Por fim na conclusão observa-se que existem

pontos de congruência em cada metodologia, e que o Ciclo de Vida é um aspecto comum ao projeto,

independentemente da metodologia aplicada.

Palavras-chave: SCRUM, CANVAS, PRINCE2, PMBOK, metodologia,

gerenciamento de projetos.

Abstract:

The Project Management comprises a group of actions and facilitating processes that provide better

results from the use and application of appropriate tools / techniques to the organizational context and

its projects. To know the project management-related practices provides greater knowledge of

methodologies and allows the understanding and monitoring of new trends. This article it’s to analyze

three main methods currently used in project management (SCRUM, CANVAS, and PRINCE2) and

the Project Management Body of Knowledge Guide (PMBOK), as well as establish a comparison from

the Lifecycle processes of a project. It is a qualitative and exploratory research of bibliographic. It is

sought for articles and books that gather the characteristics of each method and then draw an analysis

between them. Finally in conclusion it is observed that there are matching points in each methodology,

and the life cycle is a common aspect of the project, regardless of the methodology applied.

Keywords: SCRUM, CANVAS, PRINCE2, PMBOK, methodology, project management

1

1. INTRODUÇÃO

A constante competitividade presente, atualmente, no mercado altamente

globalizado têm apresentado significativos impactos nas organizações que passam a

oferecer produtos e/ou serviços inovadores com foco na qualidade que exigem

melhoria dos processos internos. Essas ações estratégicas visam o alcance dos

resultados esperados e efetiva execução de todas as etapas de um projeto.

Neste contexto, o Gerenciamento de Projetos surge como um conjunto de

ações e processos facilitadores, proporcionado melhores resultados a partir do uso e

aplicação de metodologias com ferramentas/técnicas adequadas ao contexto

organizacional e aplicáveis ao ciclo de vida de seus projetos e suas principais fases

que contemplam: a Iniciação, o Planejamento, a Execução, o

Monitoramento/Controle e o Encerramento.

Fonseca (2006) conceitua ciclo de vida do projeto como uma sequência em

que cada fase é marcada pela conclusão de um ou mais produtos desta fase, que

são determinadas conforme a necessidade de cada iniciativa ou dos interesses

envolvidos e descreve as etapas inicial, intermediária e final de um projeto.

Outro fator que deve ser considerado ao citar o uso de metodologias em

projetos está relacionado ao nível de maturidade da organização, uma vez que,

processos influenciam, de forma direta, na escolha e aplicação das metodologias.

Kerzner (2010) considera a maturidade em gestão de projetos como sendo o

desenvolvimento de sistemas e processos repetitivos e que garantem alta

probabilidade de que cada um deles atinja os resultados esperados.

Sabendo-se que a Administração não é uma ciência exata e que cada

organização possui necessidades específicas, este artigo tem por objeto analisar, de

forma exploratória a partir da pesquisa secudária, três das principais metodologias

utilizadas atualmente em gerenciamento de projetos (SCRUM, CANVAS, e

PRINCE2) e o Guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK) bem como,

estabelecer um comparativo a partir dos processos do Ciclo de Vida de um projeto,

considerando como variáveis: a especificidade do projeto, a realidade do ambiente

em qual está inserido e as melhores práticas que agregue valor aos resultados

esperados.

2

2. Gerenciamento de Projetos: Conceitos e Perspectivas

2.1 Conceitos de Projetos e Gerenciamento de Projetos

As situações de complexidades e imprevisibilidade no ambiente

organizacional têm exigido das empresas e dos seus administradores, novas

técnicas gerenciais, no sentido de melhorar o desempenho das organizações e

potencializar o alcance de metas e dos objetivos estratégicos.

Neste contexto, o Gerenciamento de Projetos tem sido fundamental para as

organizações que utilizam práticas de gestão em projetos ou mesmo possuem

escritórios de projetos. Por vezes, pode-se dizer que o escritório ou a área de

projetos em algumas organizações realiza um importante trabalho em sinergia com

os objetivos estratégicos apoiando no processo decisório e permitindo maior

confiabilidade à área de planejamento estratégico.

O Guia Project Management Body of Knowledge - PMBOK (2013) define

projeto como: “Projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto,

serviço ou resultado exclusivo”.

Ricardo Vargas (2016) define projeto como sendo um conjunto de ações,

executado de maneira coordenada por uma organização transitória, ao qual são

alocados os insumos necessários para, em um dado prazo, alcançar o objetivo

determinado.

Quando tratamos de Ciclo de Vida de Projeto, é importante compreender que

este ciclo compreende as fases que vão do início ao final de um projeto,

normalmente fixas para todos os projetos, definidas como: iniciação, planejamento,

execução, controle e monitoramento e encerramento, sendo que a maior parte do

esforço para realização do projeto acontece na fase de execução (PMBOK, 2013).

2.2 A importância do Gerenciamento de Projetos

Para Soderlund e Lenfle (2013) a história da gestão de projetos é uma mistura

entre a história dos negócios e história da gestão.

Observa-se que a gestão de projetos não é uma ciência nova, ela sempre

existiu empiricamente sendo reconhecida, posteriormente, como uma ciência.

3

O resultado do projeto, em alguns casos, só entregará o benefício esperado

para o negócio se o gerente de projetos tiver total domínio dos processos de negócio

da empresa, bem como possam balancear adequadamente as restrições técnicas e

do projeto em suas decisões. Além disso, é de suma importância identificar os

momentos corretos durante o ciclo de vida do projeto que venham a exigir

monitoramento e controle. Outro ponto que merece destaque é a habilidade para

lidar com risco que fazem parte da dinâmica do ambiente, e essencialmente ter

sensibilidade para adaptar suas práticas ao contexto único do seu projeto. A boa

parte de toda essa amplitude de competências relacionadas é que a área de gestão

de projetos tem se fortalecido no mundo corporativo com projetos liderando frentes

de negócio.

Isso significa dizer que os gerentes de projetos precisam estar à frente do que

está acontecendo, principalmente, no que diz respeito ao contexto e ao ambiente em

que seus projetos estão envolvidos. Ademais, precisam ter habilidades de gestão e

interpessoais para lidar com as incertezas e as mudanças que podem acontecer

durante a execução de um projeto sabendo-se que, muitas vezes, esses riscos

fazem parte da dinâmica do ambiente organizacional.

3. Metodologias de Gerenciamento de Projetos

Segundo Charvat (2003), uma metodologia é tida como um conjunto de

orientações e princípios que podem ser adaptados e aplicados em uma situação

específica. Em ambiente de projetos essa orientação gera um check list de

processos e procedimentos a serem aplicados. Uma metodologia pode também ter

uma abordagem específica utilizando-se de modelos, formulários para utilização

durante o ciclo de vida do projeto.

Kerzner (2010) salienta que todas as empresas acabam, intuitivamente,

entendendo os conceitos básicos de gerenciamento de projetos e conclui que: “a

excelência nesse campo só pode ser alcançada mediante a implantação e execução

bem-sucedida de processos e metodologias”.

4

Assim sendo uma metodologia de gerenciamento de projetos pode ser vista

como um conjunto de processos, métodos e ferramentas para o alcance dos

objetivos do projeto com um roteiro para o gerenciamento dos projetos.

Uma metodologia bem conhecida em gestão de projetos são os Métodos

Ágeis que constituem parte da Engenharia de Software, área de conhecimento

voltada para especificação, desenvolvimento e manutenção de sistemas de

software. (PRESSMAN, 2007). Esse termo surgiu em 2001, a partir de uma reunião

nos Estados Unidos da América (EUA), em que um grupo de dezessete

especialistas em processos de desenvolvimento de software colocou em discussão

a proposta de como melhorar o desempenho de seus projetos (BALLE, 2011).

Este artigo analisou três das principais metodologias mais utilizadas em

gerenciamento de projetos (SCRUM, CANVAS e PRINCE2) e o Guia Project

Management Body of Knowledge (PMBOK), detalhadas a seguir, considerando as

variáveis de especificidade do projeto, realidade do ambiente em qual está inserido e

as melhores práticas que agregue valor aos resultados esperados.

3.1 Metodologia SCRUM

SCHWABER, (2004) considerou o SCRUM como sendo um framework (caixa

de ferramentas) de desenvolvimento interativo e incremental utilizado no

gerenciamento de projetos e desenvolvimento de software ágil. É considerado um

método ágil por reunir atividades de monitoramento e feedback, em geral com

reuniões rápidas e diárias com toda a equipe envolvida nas tarefas, tendo como

objetivo à identificação e correção de quaisquer deficiências e/ou impedimentos no

processo de desenvolvimento. A disseminação de SCRUM acontece na década de

2010.

O método é baseado em equipe pequenas de no máximo sete pessoas, com

requisitos pouco estáveis ou desconhecidos e interações curtas, sendo o

desenvolvimento de no máximo 30 dias chamados de Sprints.

Schwaber (2004) considera que em SCRUM existem três papéis principais

que são Product Owner representado pelo interesse de todos no projeto, Time que

desenvolve as funcionalidades do produto e Scrum Master que garante que todos

5

sigam as regras e práticas do Scrum, além de ser responsável por remover os

impedimentos do projeto.

Ainda segundo Schwaber (2004), a visão contém a lista das características do

produto estabelecidas pelo cliente, além de algumas premissas e restrições, em

seguida o Product Backlog é criado contendo a lista de todos os requisitos

conhecidos então o Product Backlog é priorizado e dividido em releases (figura1).

Figura 1 Releases do Product Backlog

Fonte: SCHWABER (2004)

O SCRUM é uma metodologia mais utilizada para projetos de TI ou mesmo

para desenvolvimento de sistemas. Essa metodologia é comumente utilizada

também projetos muito complexos que por vezes não se tem clareza de todo o

escopo ou de todos os requisitos, assim como ele é dividido em ciclos curtos (que

são Sprints) fica mais fácil gerenciar as pequenas entregas.

Projetos SCRUM progridem em uma série de Sprints que são interações não

maiores do que um mês. Quando se inicia um Sprint, os membros da equipe se

comprometem a entregar um número de características que foram listadas no

Product Backlog. No final do Sprint, esses recursos são codificados, analisados e

integrados no produto em desenvolvimento ou sistema. No final do Sprint (é como se

fosse o ciclo) há uma revisão durante a qual a equipe demonstra a nova

funcionalidade para o Product Owner e a outras partes interessadas que fornecem

feedback que poderão influenciar o próximo Sprint. (COHN, 2002).

Schwaber (2004) explica que cada Sprint é iniciado com uma reunião de

planejamento (Sprint Planning Meeting), na qual o Product Owner e o Time decidem

em conjunto o que deverá ser implementado (Select Product Backlog).

6

A reunião é dividida em duas partes. Na primeira, definida como (Sprint

Planning 1) o Product Owner apresenta os requisitos de maior valor e prioriza

aqueles que devem ser implementados. O Time então define, colaborativamente, o

que poderá entrar em desenvolvimento da próxima Sprint, considerando sua

capacidade de produção.

Na segunda parte, o time planeja seu trabalho, definindo o Sprint Backlog,

que são tarefas necessárias para implementar as funcionalidades selecionadas no

Product Backlog. Nas primeiras Sprints, é realizada a maioria dos trabalhos de

arquitetura e infraestrutura. A lista de tarefas pode ser modificada pelo Time ao

longo da Sprint, e as tarefas podem variar entre quatro e dezesseis horas para

conclusão (BARROS et al., 2009).

3.2 Metodologia CANVAS

O Project Model Canvas ou apenas CANVAS é uma metodologia

relativamente nova na comunidade de gerenciamento de projetos e é conhecida,

assim como no SCRUM, por ser uma metodologia ágil. Ela tem como característica

ser uma ferramenta altamente visual, de fácil aplicação, onde se utiliza uma folha A1

e post-its para auxiliar os gerentes no planejamento do projeto e auxilia na tomada

de decisão.

A metodologia CANVAS é baseada em quatro etapas, a saber: conceber,

integrar, resolver e comunicar/compartilhar.

É baseada em seis perguntas fundamentais (Figura 2) que são: Por quê? O

que? Quem? Como? Quando? e Quanto?. Esta série de perguntas e respostas será

sempre com uso de folha A1 e post-its, quando é finalizada uma seção cabe

ressaltar que os post-its deverão ser organizados por ordem de importância, de

forma a definir quais são os mais importantes.

Na pergunta por quê? Busca-se entender a Justificativa, Objetivos e

Benefícios. Este é o momento em que há descrição dos motivos para a organização

iniciar o projeto de forma objetiva.

- O que? Esta pergunta é baseada no levantamento do Produto e Requisitos.

Pois é fundamental que os requisitos sejam levantados de forma clara e completa

para que o projeto possa ser entregue com a qualidade esperada.

7

- Quem? Stakeholders externos e Equipe. É importante saber quem são os

envolvidos no projeto e em qual momento de execução cada um será envolvido.

- Como? Premissas, Grupos de Entrega e Restrições. Permite a possibilidade

de verificar como serão realizadas as entregas do projeto a partir das definições de

premissas e restrições do projeto.

- Quando e Quanto? Riscos, Linha do Tempo e Custos. Os aspectos

baseados em cronograma e custos em CANVAS são deixadas para o final do

planejamento, pois assim possibilita a validação dos artefatos com o plano do

projeto.

Figura 2 Seis perguntas fundamentais em Canvas

Desta forma, obtêm-se informações que auxiliam os gerentes na análise e

levantamento das necessidades, bem como, compreender a viabilidade do projeto e,

posteriormente, gerar o plano do projeto.

Finocchio (2013) ressalta a importância de se ter clareza nos motivos que

levaram a organização a verificar a necessidade de realização do projeto em

questão.

Isso sinaliza que, projetos mal definidos podem levar a organização a passar

por diversos problemas tais como: entregas com baixa qualidade, clientes

insatisfeitos, gastos desnecessários, problemas relacionados com outras áreas da

8

organização envolvidas no projeto ou ainda pode acontecer o risco do projeto não

atender a necessidade para o qual foi criado.

Um dos objetivos dessa metodologia é que os gerentes possam repensar,

planejar e analisar de forma correta os projetos dentro da organização tendo em

vista a viabilidade e necessidade dos projetos.

Ladeira (2014) considera que novos projetos em Startups brasileiros tendem a

utilizar o CANVAS, pois além de ser uma metodologia ágil e de fácil aplicação possui

diversos benefícios como:

Melhoria da comunicação e do alinhamento de todos os envolvidos

direta ou indiretamente no projeto além de melhoria da qualidade do

projeto e do produto após maiores contribuições das pessoas

envolvidas;

Plano em uma única folha de papel A1 facilitando a identificação de

inconsistências e riscos do projeto que só poderiam ser visualizados

tardiamente;

Um dos objetivos é através do PMC fornecer uma ferramenta prática

para organizar idéias, deixar claro os objetivos e fases e tornar todo o

processo compreensível rapidamente mesmo para quem não tem

familiaridade com os conceitos de gerenciamento de projetos;

3.3 Project Management Body of Knowledge - PMBOK

O Project Management Institute – PMI é uma associação que visa difundir a

gestão de projetos com o propósito de melhorar o desempenho dos profissionais na

área de projetos, ocupando uma posição de liderança mundial em gerenciamento de

projetos, principalmente por seu conhecido PMBOK Guide- A Guide to the Project

Management Body of Knowledge (Guia PMBOK), ele tornou-se padrão pelo Instituto

de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos em 1996, auxiliando na disseminação do

PMBOK, inclusive na Europa.

O PMBOK é considerado por alguns teóricos como um guia no gerenciamento

de projetos e não uma metodologia, por possuir um conjunto de ferramentas e

técnicas e não, efetivamente, as práticas utilizadas no gerenciamento de projetos.

9

Xavier (2010) ao fazer referência ao PMBOK, diz que o guia aborda o que é

necessário para o gerenciamento de projetos, sem entrar no mérito de como esses

processos deveriam ser realizados e em qual sequência. Isso poderia dificultar para

quem não tem nenhum conhecimento em gerenciamento de projetos ao tentar

colocar em prática todas as ferramentas que são abordadas no guia em um mesmo

projeto.

O Guia PMBOK (2013), traz as seguintes definições para projetos e

gerenciamento de projetos, respectivamente: “Um projeto é um esforço temporário

empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMBOK, 2013,

p. 3), e Gerenciamento de Projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades,

ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos.

Um dos documentos fundamentais no PMBOK que é gerado na fase de

planejamento é o Plano de Projeto ele serve para dar direcionamento às demais

fases de execução e monitoramento e controle.

O PMBOK descreve áreas de conhecimento, com entradas, ferramentas a

serem utilizadas e as saídas de cada área de conhecimento. O PMBOK possui

diversas ferramentas a serem adaptadas ao projeto e ao que este requer, e nada

mais do que isso para o planejamento e a execução do projeto. Ele traz as fases do

projeto bem como as áreas e seus processos bem definidos, e ainda, com o fluxo de

integração entre os itens de cada área e seus processos sequenciados, no intuito de

conduzir a prática de gerenciamento de projeto a ser adaptada. Tem caráter

documental e comunicativo. Neste contexto, a realização do gerenciamento de

projetos se dá por meio da aplicação e integração dos 47 processos que estão

descritos no guia e estão descritos por cinco grupos de processos, esse grupo de

processos são entendidos também como fases/ e ou ciclo de vida do projeto que

são: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento.

O Guia PMBOK aborda dez áreas de conhecimento com 47 processos

distribuídos nos cinco grupos de processos do ciclo de vida do projeto. As áreas

abordadas no PMBOK são: gerenciamento da integração, escopo, tempo, custo,

qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos, aquisições e partes

interessadas.

10

3.4 Prince2

O PRINCE2- Project in Controlled Enviroment surgiu com objetivo de ser o

método voltado para aplicação em gerenciamento de projetos do governo britânico

em 1996, sendo adotado como padrão para todos os projetos do governo britânico e

utilizado na iniciativa privada, na Europa e em outros países. É um conjunto de

princípios integrados, com pouca aplicação de ferramentas como as demais práticas

em gerenciamento de projetos, porém consegue movimentar recursos humanos

para frente de projetos distintos sem perda de produção, pelo tempo alocado em

diversos projetos. Esse método é bastante difundido na Europa e está começando a

ser utilizado de forma mais expressiva no Brasil especialmente por empresas

européias que previamente utilizavam esse método na Europa antes de se

posicionarem no Brasil.

RIBEIRO (2011) destaca que PRINCE2 é um método para o gerenciamento

de projetos que foi construído com base na experiência e que fornece mecanismos

para alertar precocemente potenciais problemas que possam afetar o projeto. Esse

método provê condições para melhorar o controle de uso de recursos, melhorar a

capacidade de gerenciar riscos, estabelecer uma linguagem comum de

gerenciamento de projetos, definir e deixar claro os papéis e responsabilidades dos

envolvidos, assegurar as entregas do projeto conforme planejado.

RIBEIRO (2011) diz que a utilização de PRINCE2 traz benefícios para a

Organização, para o Projeto e para o Gerente de Projeto respectivamente:

Para a organização como: melhor uso dos recursos investidos e retorno sobre

o investimento através da execução de projetos viáveis e de valor/benefícios para a

Organização, envolvimento ativo de usuários e stakeholders do projeto para

assegurar que o produto do projeto esteja de acordo com os requisitos de negócio,

funcionais e do ambiente e Utilização de uma abordagem que distingue o

gerenciamento do projeto de desenvolvimento do produto;

Para o Projeto que são: um organizado e controlado início, meio e fim do

projeto, revisões Regulares de progresso com pontos de decisão flexíveis e bom

canal de comunicação entre o time do projeto e o restante da organização e

definição dos critérios de qualidade no início do projeto e monitoria contínua destes

requisitos contra os produtos entregues;

11

Diferentemente do PMBOK que traz 10 áreas de conhecimento, o PRINCE2

trata de 7 temas que são:

Business Case: É um documento que traz uma justificativa do projeto

e sua viabilidade, é por meio dele que o gerente de projetos irá realizar

o controle e monitoramento para saber se os objetivos estão sendo

alcançados e também poderá servir de apoio a tomadas de decisão.

Organização: É baseado no estabelecimento da estrutura

organizacional com papéis e responsabilidades claros e definidos de

todo o time envolvido no projeto. Essa estrutura refere-se as pessoas

que serão envolvidas na execução do projeto e não na estrutura

organizacional propriamente dita;

Qualidade: Avalia se as entregas do projeto estão em acordo ao que foi

solicitado preliminarmente, para então estabelecer análises do

cronograma e custos.

Riscos: Tem por objetivo avaliar as incertezas do projeto e analisar

quais os impactos negativos e positivos para o projeto;

Plano: Foco no planejamento, na comunicação e no controle para

desenvolver e entregar os produtos do projeto conforme critérios de

qualidade.

Mudança: Analisa os impactos das mudanças realizadas ao longo do

projeto e quais impactos (prazo, custo, qualidade, riscos) que essas

mudanças trarão no projeto.

Progresso: É baseado no acompanhamento dos objetivos do projeto,

estabelece o que foi planejado com o realizado.

4. Uma análise Comparativa entre as Metodologias apresentadas:

Considerando que todos os projetos têm um ciclo de vida caracterizado por

início, meio e fim segue a análise comparativa das metodologias utilizadas neste

artigo:

12

Tabela 1 Análise comparativa entre as metodologias

Planejamento/ Início: Execução/ Meio: Monitoramento/Controle/ Fim:

SCRUM Planejamento é realizado por

Sprints (ciclos) por meio de

reuniões de planejamento e

reuniões diárias.

Progridem em ciclos

curtos (Sprints),

média de 1 mês.

No final do ciclo (Sprint) é

apresentado as funcionalidades

ao Product Owner e demais

interessados que irão fornecer

feedback da nova funcionalidade.

O monitoramento é feito nas

reuniões diárias para verificar

evolução da atividade.

CANVAS Realizada reunião com os

principais stakeholders e/ou

equipe do projeto para que

possam analisar e ter uma

visão geral da estratégia do

projeto. Pode ser utilizado

posteriormente para geração

do plano de projeto.

É uma metodologia

com foco no

planejamento do

projeto.

A metodologia não prevê

processos específicos para

monitoramento/ controle em

CANVAS.

PMBOK Baseia-se no alinhamento das

expectativas das partes

interessadas com o escopo e

objetivo do projeto.

Entrega principal desta fase:

Plano Projeto;

Acompanhar se as

atividades estão

acontecendo em

conformidade com o

plano de

gerenciamento de

projetos.

Mede as ocorrências durante o

projeto com o propósito de

identificar variações no plano de

gerenciamento de projetos.

Atua de forma corretiva para

verificar desvios daquilo que foi

programado.

PRINCE2 Autoriza a iniciação do

projeto, produz-se:

Documentação de Iniciação

do Projeto,

Execução acontece

por estágio. Em

cada estágio é

definido um

conjuntos de

Controla o que foi acordado no

plano detalhado do estágio;

Ao final de cada estágio, verifica-

se se o business case é válido.

13

Planejamento/ Início: Execução/ Meio: Monitoramento/Controle/ Fim:

Requisição para entrega do

projeto,

Abordagem de fronteiras de

estágios,

Define papéis e

responsabilidades da

equipe envolvida, e

Gera o business case.

entregas produzidas

pela equipe

especializada;

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Com o levantamento e estudos das metodologias percebe-se uma

diversidade de terminologias utilizadas em cada uma. A tabela 2 traz a descrição

das terminologias para melhor compreensão por parte do leitor.

Tabela 2 Descrição da terminologia utilizada nas metodologias analisadas

Descrição da

Equipe:

Reuniões: Documentação: Utilização:

SCRUM - Product Owner –A

empresa que será

aplicada o projeto;

- Scrum Master-

Gerente de Projetos

-Equipe de

desenvolvimento-

Até 7 pessoas

responsáveis pela

análise, programação

e testes;

Sprint Planning

Meeting

Sendo sempre

antes de iniciar

um Sprint (ciclo,

em média 30

dias), as reuniões

são diárias sendo

rápidas e

objetivas entre 15

a 30 minutos

(Dailyling Scrum

ou Cerimônias).

Geração de atas

de reunião;

Scrum costuma ser

utilizado em projetos

de desenvolvimento

de software ou onde

não se tem muita

clareza de escopo ou

que há freqüentes

mudanças no escopo.

14

Descrição da

Equipe:

Reuniões: Documentação: Utilização:

CANVAS - Gestores e Equipe

envolvida no projeto;

Realizada

reuniões que

para alinhar o

objetivo e

estratégia do

projeto.

Podem ser

geradas atas;

Utilizado quadro com

post its e diferentes

perguntas para a

equipe do projeto;

PMBOK - Patrocinador;

- GP/ Demais

envolvidos;

Reuniões com

equipe do projeto,

stakeholders e

demais

envolvidos.

Ao término de

cada processo é

gerada uma

documentação

podendo se

entrada de outro

processo;

Aplicável a qualquer

projeto, não é

necessário utilizar

todas as áreas de

conhecimento isso

depende do escopo e

complexidade do

projeto;

PRINCE2 - Gerente do Projeto;

- Equipe Especialista;

Reuniões com

equipe do projeto

conforme

necessidade e

andamento do

projeto.

Geração de atas

nas reuniões;

Documentação de

papéis e

responsabilidades,

dentre outros.

Aplicável a qualquer

projeto;

Fonte: Desenvolvido pela autora

5. Conclusão

O ambiente de gerenciamento de projetos por ser uma área organizacional

com grande visibilidade, sendo inclusive, em algumas organizações o apoio à área

de planejamento estratégico, vem se posicionando como uma área bastante

competitiva.

Este estudo permitiu compreender a constante evolução das metodologias

agregadas ao gerenciamento de projetos. Nota-se que há diferentes metodologias e

se observa que estas servem para estabelecer um melhor uso das técnicas

15

apresentadas e que devem ser adequadas aos diferentes níveis de maturidade

organizacional.

O objeto de análise neste artigo foram as metodologias SCRUM, CANVAS,

PRINCE e o Guia PMBOK e pode-se inferir que há pontos que são comuns em

todas elas. Exemplo disso, é a realização de reuniões periódicas com a participação

das partes interessadas, embora em, por exemplo, no SCRUM tenha uma outra

terminologia (Sprint Planning Meeting, Dailyling SCRUM ou Cerimônias). Neste

ponto vale destacar que reuniões fazem parte da rotina dos projetos para darem um

norte àquilo que está planejado ou sendo executado.

Com relação ao campo de aplicabilidade das metodologias estudadas

verificou-se que o SCRUM é mais utilizado em projetos de TI ou para

desenvolvimento de softwares, enquanto o CANVAS tem sua aplicabilidade em

projetos de menor complexidade, por ser capaz de dar uma visão global do projeto

para gestores e equipe do projeto, sendo na fase de iniciação, um grande facilitador

para delimitar o objetivo do projeto e manter o alinhamento da comunicação. Já as

metodologias do PRINCE2 e do Guia PMBOK podem ser aplicadas a qualquer tipo

de projeto.

Enquanto a metodologia PRINCE2 pode ser caracterizada como uma

metodologia de fácil aplicação apresentando 7 temas, o Guia PMBOK, é visto por

muitos gestores como um plano de gerenciamento do projeto que inclui diversos

planos secundários, totalizando 16 componentes que abrangem 10 áreas de

conhecimento e uma extensa lista de ferramentas, implica necessariamente na

análise das especificidades de cada projeto que vai depender do escopo do projeto

bem como de sua complexidade.

Não é possível dizer que determinada metodologia seja a ideal para uma

determinada organização. Tudo vai depender do nível de maturidade da organização

em gerenciamento de projetos e da necessidade exigida pelo projeto naquele

momento, já que as organizações são dinâmicas e o contexto empresarial muda a

todo o momento devido às relações com o mercado externo, com os clientes,

fornecedores e demais envolvidos.

16

Referências Bibliográficas

BALLE, A. R. Análise de Metodologias Ágeis: Conceitos, Aplicações e Relatos sobre XP e Scrum. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciência da Computação) – Instituto de Informática, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Porto Alegre, 2011.

BARROS, C.F.; LAFETÁ, F.G.; GOMES, I.V.S.; BATISTINI, A.A. Gestão de Projetos: da antiguidade às tendências do século XXI. XXXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP. Curitiba, PR: ABEPRO, 2014.

CHARVAT, Jason. Project Management Methodologies. New Jersey: Ed. John Wiley & Sons, 2003.

COHN, Mike. Introduction to Scrum - An Agile Process. Mountain Goat: Lafayette, 2002. Disponível em: < http://www.mountaingoatsoftware.com/agile/scrum >.

FINOCCHIO JUNIOR, José. Project Model Canvas: Gerenciamento de Projetos sem Burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier: 2013.

FONSECA, S. U. L. Benefícios da adoção do modelo PMBOK no desenvolvimento e implantação do projeto de tecnologia da informação de um operador logístico: um estudo de caso da Word Cargo. 2006. Dissertação de Mestrado em Gestão de Negócios. Universidade Católica de Santos. Santos, 2006.

KERZNER, Harold R. Project management: a systems approach to planning, scheduling, and controlling. Norfolk: Wiley, 2009.

PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. 6. ed. São Paulo: Ed.Mc Graw Hill, 2007.

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos - Guia PMBOK. 5ª ed. Newtown Square, Pennsylvania, USA: Project Management Institute, 2013.

RIBEIRO, Robériton Luís Oliveira. Gerenciando Projetos com PRINCE2. São Paulo: Ed. Brasport, 2011.

SCHWABER, K. Agile Project Management with Scrum. Redmond: Microsoft Press, 2004.

SÖDERLUND, Jonas; LENFLE, Sylvain. Making Project History: Revisiting the Past, Creating the Future. International Journal of Project Management, v. 31, p. 653-662, 2013.

17

VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro: Brasport, 2006.

XAVIER, Carlos Magno da Silva. Qual a diferença entre padrões e metodologias de gerenciamento de projetos? Disponível em: <http://beware.com.br/academia/artigos/qual-a-diferenca-entre-padroes-e-metodologias-de-gerenciamento-de-projetos/>.