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FACULDADES INTEGRADAS UPIS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA RELAÇÃO DO BEM-ESTAR ANIMAL NO MANEJO PRÉ-ABATE E HEMATOMAS EM CARCAÇAS BOVINAS Autora: Leilane Von Pfuhl Zanganelli Orientadora: Larissa Queiroz Medeiros de Oliveira Brasília DF Julho - 2011

FACULDADES INTEGRADAS UPIS DEPARTAMENTO DE … · de se alimentar e obter mais variedade de alimentos para a sobrevivência. Não existia a intenção da produção intensiva de animais

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FACULDADES INTEGRADAS UPIS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

RELAÇÃO DO BEM-ESTAR ANIMAL NO MANEJO PRÉ-ABATE

E HEMATOMAS EM CARCAÇAS BOVINAS

Autora: Leilane Von Pfuhl Zanganelli

Orientadora: Larissa Queiroz Medeiros de Oliveira

Brasília – DF

Julho - 2011

FACULDADES INTEGRADAS UPIS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

RELAÇÃO DO BEM-ESTAR ANIMAL NO MANEJO PRÉ-ABATE

E HEMATOMAS EM CARCAÇAS BOVINAS

Trabalho de conclusão de curso ao

Curso apresentado como parte das

exigências para a conclusão do

CURSO DE GRADUAÇÃO

Orientadora: Larissa Queiroz Medeiros de Oliveira

Co-Orientador: Emanoel Elzo Leal de Barros

Brasília – DF

Julho - 2011

FACULDADES INTEGRADAS UPIS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RELAÇÃO DO BEM-ESTAR ANIMAL NO MANEJO PRÉ-ABATE

E HEMATOMAS EM CARCAÇAS BOVINAS

Autora: Leilane Von Pfuhl Zanganelli

Orientadora: Larissa Queiroz Medeiros de Oliveira

Co-Orientador: Emanoel Elzo Leal de Barros

APROVADO: / /

_________________________________________

Prof. MSc. Larissa Queiroz Medeiros de Oliveira

_________________________________________

Prof. DSc. Emanoel Elzo Leal de Barros

_________________________________________

Prof. MSc. Eliandra Biachini

_________________________________________

Prof. MSc. Julia Eumira Gomes Neves

Dedico esse trabalho a minha filha, Beatriz.

Aos meus pais, Cinthya e Orlando.

Aos meus avós paternos, Marly e Francisco.

Aos meus avós maternos, Terezinha e Jeremias.

AGRADECIMENTOS À minha filha, Bratriz - que é a razão dessa conquista;

Aos meus pais, Cinthya e Orlando, pelo apoio, por acreditarem em mim e por

estarem ao meu lado;

Aos meus avós materno e paterno, Terezinha e Jeremias, Marly e Francisco;

Ao meu primo, Chico Zanganelli, que acreditou e me apoiou;

À minha orientadora, Profª. Larissa Medeiros de Oliveira Queiroz, por me ajudar

na elaboração deste trabalho;

Ao meu Co-Orientador e amigo, Prof. Emanoel Elzo Leal Barros, pela paciência e

amizade;

Ao amigo e supervisor Stavros Platon Tseimazides, pelas valiosas sugestões

durante a elaboração deste trabalho;

Ao Maurício Taneno, supervisor de Bem-estar e Ratreabilidade pela ajuda e

compreensão na realização deste trabalho.

A empresa Marfrig pela oportunidade a mim concedida;

Aos professores pela valiosa e eterna amizade;

Ao coordenador do curso de Zootecnia da UPIS, Guilherme José de Carvalho,

pela amizade, conselhos sábios e ajuda durante toda minha formação acadêmica;

Aos amigos Rodrigo Sarkis e Priscila Manhães, pelos ensinamentos e pela

amizade verdadeira;

À Coordenadora de Estágio, Eliandra Bianchini, pela disposição em ajudar nesse

trabalho.

À amiga, Andrea Parrila, pelos ensinamentos, compreensão e confiança;

Aos colegas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por me

ensinarem e pela oportunidade de estágio.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................

2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................

2.1. Bem-estar animal .......................................................................................

2.2. Conceito......................................................................................................

2.3. Avaliação do Bem-estar Animal Utilizando as Cinco Liberdades...............

2.4. Interação entre humano e animal...............................................................

2.5. Comportamento do Bovino.........................................................................

2.6. Visão...........................................................................................................

2.7. Audição.......................................................................................................

2.8. Memória......................................................................................................

2.9. Zona de Fuga..............................................................................................

2.10. Ponto de Equilíbrio ou Balanço.................................................................

2.11. Manejo racional.........................................................................................

2.12. Instalações e Equipamentos ....................................................................

2.13. Curral ........................................................................................................

2.14. Apartador...................................................................................................

2.15. Tronco Coletivo.........................................................................................

2.16. Tronco de Contenção................................................................................

2.17. Cercas ......................................................................................................

2.18. Porteiras....................................................................................................

2.19. Embarcador e Desembarcador.................................................................

2.20. Piso...........................................................................................................

2.21. Piquetes de Descanso .............................................................................

2.22. Uso de bandeira como instrumento de condução de animais..................

2.23. Transporte.................................................................................................

2.24. Descanso e dieta hídrica...........................................................................

2.25. Abate humanitário.....................................................................................

2.26. Etapas de um abate humanitário..............................................................

2.26.1. Banho de aspersão................................................................................

2.26.2. Métodos de insensibilização..................................................................

2.26.2.1. Concussão Cerebral...........................................................................

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2.26.2.2. Outros métodos...................................................................................

2.26.3 Sangria....................................................................................................

2.26.4. Esfola....................................................................................................

2.26.5. Evisceração............................................................................................

2.26.6. Serragem de Carcaças e Toalete..........................................................

2.26.7 Lavagem das carcaças...........................................................................

2.27. Sistema Australiano (AUS-MEAT) ........................................................

3. MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................

3.1. Avaliação das instalações...........................................................................

3.2. Avaliação de embarque..............................................................................

3.3. Avaliação de transporte..............................................................................

3.4. Avaliação de desembarque.........................................................................

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................

6. REFERÊNCIAS..............................................................................................

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7. ANEXO........................................................................................................... 75

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Notas de instalações das fazendas avaliadas................................. 53

Gráfico 2. Notas de embarque das fazendas avaliadas................................... 54

Gráfico 3. Notas de transporte das fazendas avaliadas................................... 55

Gráfico 4. Notas de desembarque das fazendas avaliadas............................. 55

Gráfico 5. Hematomas por região nos animais da Fazenda A......................... 63

Gráfico 6. Hematomas por região nos animais da Fazenda B......................... 64

Gráfico 7. Hematomas por região nos animais da Fazenda C........................ 64

Gráfico 8. Hematomas por região nos animais da Fazenda D........................ 65

Gráfico 9. Hematomas por região nos animais da Fazenda E......................... 66

Gráfico 10. Hematomas por região nos animais da Fazenda F....................... 66

Gráfico 11. Hematomas por região nos animais da Fazenda G...................... 67

Gráfico 12. Hematomas por região nos animais da Fazenda H...................... 68

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Esquema de ilustração de zona de fuga, zona de fuga menor e

zona de fuga maior em bovino.........................................................................

21

Figura 02. Esquema ilustrado ponto de equilíbrio........................................... 22

Figura 03. Apartador....................................................................................... 26

Figura 04. Tronco Coletivo fechado semi circular........................................... 26

Figura 05. Tronco de contenção..................................................................... 27

Figura 06. Porteira em péssimas condições................................................... 28

Figura 07. Porteira em boas condições........................................................... 29

Figura 08. Embarcador/Desembarcador fechado nas laterais e regulável

quanto à altura.................................................................................................

30

Figura 9. Embarcador/Desembarcador fechado nas laterais com altura

fixa....................................................................................................................

30

Figura 10. Embarque Racional........................................................................ 31

Figura 11. Desembarcador.............................................................................. 32

Figura 12. Visão da saída dos animais no desembarcador............................ 32

Figura 13. Grade em péssimas condições...................................................... 34

Figura 14. Grade antiderrapante na gaiola do caminhão................................ 35

Figura 15. Sistema AUSMEAT........................................................................ 44

Figura 16. Embarcador largo........................................................................... 57

Figura 17. Porteira em péssimas condições................................................... 57

Figura 18. Pregos expostos no embarcador................................................... 58

Figura 19. Acúmulo de lama no curral............................................................ 58

Figura 20. Animal debilitado sendo embarcado através de escadeira............ 59

Figura 21. Lateral da gaiola do caminhão em péssimas condições................ 59

Figura 22. Lateral da gaiola do caminhão com buracos................................. 60

Figura 23. Diferença de altura da gaiola do caminhão e o piso do

embarcador......................................................................................................

60

Figura 24. Embarcador largo........................................................................... 61

Figura 25. Grade quebrada do piso da gaiola do caminhão........................... 62

Figura 26. Curral e embarcador separados.................................................... 62

Figura 27. Hematomas nas regiões 1 e 2....................................................... 69

Figura 28. Hematomas nas regiões 1 e 3....................................................... 70

Figura 29. Hematomas na região 3................................................................. 71

Figura 30. Hematomas nas regiões 2 e 4....................................................... 72

Figura 31. Hematomas nas regiões 3 e 1....................................................... 73

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho analisar os pontos críticos de bem-estar animal

dentro da bovinocultura de corte e mostrar a relação do manejo pré-abate com as

perdas econômicas causadas por hematomas nas carcaças. Atualmente os

consumidores estão mais exigentes com a qualidade do alimento que estão

consumindo e os pecuaristas e frigoríficos em saber qual a perda econômica

desses produtos. Os bovinos são animais rústicos, porém precisam ser

manejados por quem tem conhecimento dos seus comportamentos para que não

venham ter problemas, como perdas econômicas, danificações das instalações e

acidentes com operários. As fazendas apresentaram mais de 34% de hematomas

em alguma região nas carcaças dos animais. Instalações e transporte

apresentaram notas baixas nos questionários de algumas fazendas.

Palavras-chave: Bovinos, hematomas, manejo.

12

1. INTRODUÇÃO

A relação entre humanos e animais considerados domésticos existe há

aproximadamente dez mil anos e o interesse correspondia à simples necessidade

de se alimentar e obter mais variedade de alimentos para a sobrevivência. Não

existia a intenção da produção intensiva de animais para comercialização. Com o

crescimento da população e a Segunda Guerra Mundial os sistemas de produção

animal se modificaram, a industrialização aumentou, surgiram novos métodos de

criação, foram criados programas de melhoramento genético de raças

especializadas, estímulo à pesquisa em aspectos relacionados ao manejo

nutricional e alimentar incrementando aspectos quantitativos e qualitativos das

espécies animais envolvidas nestes processos. A industrialização da pecuária

bovina de corte levou a procura desenfreada para cumprimento de cotas e metas

econômicas esquecendo as necessidades reais dos animais que permitiriam a

expressão aproximada do seu comportamento normal.

Globalmente, os produtos de origem animal proporcionam um sexto da

energia e mais de um terço da proteína da alimentação humana. Parte destes

nutrientes vem de alimentos que seriam consumidos diretamente pelo homem,

que é convertido pelos animais em alimentos de alta qualidade. As projeções de

consumo indicam grandes aumentos na demanda per capita de produtos de

origem animal, principalmente nos países em desenvolvimento. Para atender à

demanda crescente, as condições intensivas em que os alimentos são

produzidos, processados e comercializados, tem passado por muitas mudanças

com algumas conseqüências indesejáveis.

Informações no que diz respeito ao manejo geral dos animais, controle

ambiental, controle sanitário, controle nutricional precisam estar claramente

transcritas para que o produto chegue ao consumidor em condições favoráveis de

aquisição e consumo.

Dentro deste contexto, para que qualquer atividade alcance o sucesso

financeiro, a produtividade deve estar sempre colocada como um dos objetivos a

serem alcançados, sendo que essa apresenta relação direta com os conceitos de

bem-estar animal. Sendo assim, objetivou-se com a realização deste trabalho

analisar os pontos críticos de bem-estar animal dentro da bovinocultura de corte e

13

mostrar a relação do manejo pré-abate com as perdas econômicas causadas por

hematomas nas carcaças.

O trabalho se justifica devido a preocupação em proporcionar aos bovinos,

condições favoráveis de bem estar-animal, com o uso adequado do manejo

racional, proporcionado a queda de produtividade e melhoria do produto final,

assim como atender as exigências de mercados internacionais como a União

Européia e as redes de fast food, como Mc Donalds e Buger King.

.

14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O bem-estar animal

O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo. O crescimento da

sua participação na totalidade do rebanho mundial tem sido induzido pela

incorporação de tecnologia, da elevação das exportações brasileira e do consumo

interno de carne bovina. O Brasil é apontado como o maior fornecedor de carne

bovina do mundo exportando para cerca de 150 países e pode crescer ainda mais

(MANUAL DE TÉCNICAS DA OUROFINO, 2010).

Hoje tem aumentado o interesse e a preocupação dos consumidores

quando se diz respeito à trajetória de vida daquele animal que gerou o produto

que ele esta consumindo, e os principais interessados são os mercados

internacionais.

Para MOLENTO (2011) o mercado europeu possui uma declarada

preferência por padrões elevados de bem-estar animal na produção.

As pessoas desejam comer com qualidade ética, isto é, carne oriunda de

animais que foram criados e abatidos em sistemas que promovam o seu bem-

estar e que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos (SOUZA, 2011).

Nos últimos anos o conceito de bem-estar animal começou a ser

implantado no cenário da produção animal, principalmente com a definição de

protocolos de boas práticas de manejo. E o propósito dessas ações é de cuidar

do manejo com vistas a oferecer produtos de qualidade e atender as exigências

de mercados de exportação (PARANHOS et. al., 2002).

O bem-estar deve ser medido por métodos cientifico e deve ser

independente de quaisquer considerações ético, culturais ou religiosas. São

usados vários indicadores para aferir o bem-estar de um animal, como o dano

físico, a dor, o medo, o comportamento, a redução de defesas do sistema

imunológico e a incidência de doenças (SOUZA, 2011).

No Brasil não existe ainda nenhuma legislação específica para o bem-estar

animal, porém a preocupação teve inicio com o Decreto nº 24.645 de julho de

1934, que estabelece medidas de proteção animal. O Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento estabeleceu o bem-estar em algumas legislações

15

como o que aprova o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de

Produtos de Origem Animal, a Portaria n° 185, de março de 2008, que institui a

Comissão Técnica Permanente para estudos específicos sobre bem-estar animal

nas diferentes áreas da cadeia pecuária, a Instrução Normativa nº 64, de 18 de

dezembro de 2008, que aprova o Regulamento Técnico para os Sistemas

Orgânicos de Produção Animal e Vegetal, a Instrução Normativa nº 56, de 6 de

novembro de 2008, que estabelece os procedimentos gerais de Recomendações

de Boas Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e de Interesse

Econômico (REBEM), abrangendo os sistemas de produção e o transporte, a

Instrução Normativa n° 03 de 2000, que aprova o Regulamento Técnico de

Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue.

Outras legislações que contemplam o Bem Estar Animal: Lei Nº 11.794, de

8 de outubro de 2008, que estabelece procedimentos para o uso científico de

animais, o Decreto nº 6.899, de 15 de julho de 2009, que define a composição do

Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA),

estabelece as normas para o seu funcionamento e de sua Secretaria-Executiva,

cria o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais (CIUCA).

2.2. Conceito

O bem-estar animal é a ciência, indispensável aos profissionais que

trabalham com animais, tanto de produção, como de companhia e cobaias e deve

estar relacionado com conceitos como: necessidades, liberdade, facilidade de

adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimento, sofrimento, dor,

ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde (BROOM, MOLENTO, 2004).

Segundo BROMM e JOHNSON (1993), bem-estar animal é o estado do

organismo durante suas tentativas de se ajustar com o seu meio ambiente. Há

varias implicações, dos quais destacam: o bem-estar é uma característica de um

animal, não é algo que pode ser fornecido a ele. A ação humana pode melhorar o

bem-estar ao proporcionar um recurso ou uma ação.

O Bem-Estar Animal é uma tentativa de enquadrar os sistemas de

produção melhorando a qualidade de vida dos animais envolvidos. Saber e

conhecer os conceitos de bem-estar e o que eles acarretam é fundamental para

16

que os profissionais ligados à saúde e produção animal estejam habilitados a

repassar para o setor esses conhecimentos. Estes indivíduos quando capacitados

podem utilizar estes conceitos de forma preventiva, conseguindo combater os

efeitos deletérios trazidos muitas vezes por manejo antes ou depois da porteira,

que por sua vez reflete na qualidade dos produtos finais (MOLENTO, 2011).

2.3. Avaliação do bem-estar animal utilizando as cinco liberdades

O Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção da Inglaterra

estabeleceu um conjunto de “estados” ideais chamados de as “cinco

liberdades” dos animais: 1. Liberdade de fome e sede; 2. Livre de desconforto;

3. Liberdade de dor, ferimento ou doença; 4. Liberdade para expressar

comportamento normal e 5. Liberdade de medo e angústia (Farm Animal Welfare

Council – FAWAC, 1979).

Esse conceito das cinco liberdades se tornou um elo entre o meio

acadêmico e o meio produtivo na expectativa de capacitar desde o tratador até o

proprietário na tentativa de proporcionar benefícios para a qualidade de vida dos

animais, para o produtor, para a indústria e para o consumidor final. Animais livres

para expressarem seu comportamento natural, mental e fisiologicamente estáveis

estarão perto de uma condição de bem-estar podendo direcionar toda sua energia

para atingir metas de produção incrementando o lucro da propriedade.

2.4. Interação entre humano e animal

Segundo MOLENTO e BOND (2007), os bovinos foram domesticados há

cerca de 6.000 anos. Nos primórdios da domesticação, provavelmente

encontraram nos seres humanos uma relação de certa vantagem: abrigo das

intempéries, alimentos mais regular que em vida livre, proteção contra

predadores. Tal relação se manteve por muitos séculos, até a chamada revolução

verde com a promoção da industrialização da pecuária. Esta transformação

alterou substancialmente a qualidade de vida dos animais de produção.

A interação diária está associada com o tipo de ação entre humanos e

animais durante o desenvolvimento das atividades, e quando positiva,

17

proporciona maior facilidade de manejo, aumenta a eficiência do processo

produtivo. Já ações aversivas durante as atividades de rotina provocam nos

animais dos humanos, o que resulta em maior distância de fuga, maiores índices

de acidentes e menor eficiência da atividade (ROSA, 2002).

Há fortes evidências que existem períodos sensíveis para a definição da

qualidade destas relações, tais como o nascimento e a desmama. O nascimento e

a desmama, por exemplo, são fases da vida do animal que necessitam de um

manejo adequado para que se tenham respostas significativas na produção e

proporcionar menor agressividade dos animais quando na presença humana, o

que torna o manejo mais fácil para ambos (BOIVIN, NEINDRE e CHUPIN, 1992).

Normalmente pode-se observar que a relação do operador com os animais,

principalmente em bovinos é realizada com gritos excessivos, utilização de

equipamentos que agridem aos animais, tais como choque, pedaços de madeiras,

ferrões, todos com o objetivo de manejá-los. Esse manejo é reflexo da falta de

conhecimento das pessoas envolvidas referente ao comportamento dos animais e

consequentemente causam danos e prejuízos para os animais, pecuaristas e

trabalhadores (BOIVIN, NEINDRE e CHUPIN, 1992).

2.5. Comportamento social do bovino

Os bovinos são animais gregários, o que os tornam estressados e acuados

quando manejados isoladamente. Apresentam uma organização social dentro do

rebanho de grande importância e que deve ser observada para a facilidade no

manejo com os animais. Alguns fatores devem ser verificados para minimizar

problemas dentro do rebanho, tais como: separar lotes contemporâneos, do

mesmo sexo, com ou sem chifres, não colocar animais que possuem liderança

maior no mesmo lote, nem animais dominantes juntos, pois isso proporcionaria

grande quantidade de brigas entre eles. Entretanto padrões de espaçamentos

existentes dentro do rebanho nem sempre são suficientes para a neutralização ou

diminuição da agressividade entre os animais que estão competindo por algum

recurso. Por isso, há outro mecanismo de controle social como liderança e

hierarquia de dominância (PARANHOS DA COSTA, 2001).

18

A relação de dominância tem sido determinada pela disputa entre os

animais, onde aqueles que obtêm maior número de vitórias são considerados

dominantes e os perdedores são os subordinados (CRAIG, 1986 apud

HONORATO et al).

Outro aspecto do comportamento social dos bovinos é a liderança, que

muitas vezes resulta na atividade sincronizada dos bovinos. Um rebanho de

vacas se comporta como uma unidade, na qual a maioria dos membros apresenta

o mesmo comportamento ao mesmo tempo. Há sempre um animal que inicia o

deslocamento ou as mudanças de atividade; quando ele é seguido pelos outros,

trata-se do líder. Geralmente são as vacas mais velhas que lideram os rebanhos,

que não estão no topo da ordem de dominância. Isto faz sentido se considerar

que a estrutura social dos bovinos é originalmente matrilinear (STRICKLIN e

KAUTZ-SCANAVY, 1984 apud PARANHOS DA COSTA E COSTA E SILVA).

Os bovinos são animais de ótima memória capazes de reconhecer pessoas

que já estiveram envolvidas em sua rotina de manejo, sendo assim, reagem de

acordo com o tipo de manejo ao qual foi submetido no decorrer da sua vida. Se

no manejo anterior ele foi bem tratado, não haverá problema quanto à

agressividade, porém caso ao contrário poderá apresentar estresse e

agressividade. No caso das ações humanas serem aversivas, há uma tendência

de aumentar o nível de medo dos animais (PARANHOS DA COSTA, 2001).

2.6. Visão

Os bovinos possuem a posição dos olhos na lateral da cabeça, o que

permite uma maior segurança devido a sua visão panorâmica ser de 345 ,

apresentam visão monocular dificultando a percepção dos animais em relação a

profundidade. Outra particularidade é que os bovinos não gostam de locais

escuros ou muito claros (LOUREIRO, 2007).

Um bovino precisa abaixar a cabeça e movimentá-la lateralmente para

focar um objeto, assim se certificará da distância ou identificará se uma sombra à

frente é um buraco. Esse processo de certificação ou identificação levará um

tempo para que o animal decida o que fazer: situação de pressa, empacar ou

refugar. Por esta razão é importante que os currais tenham laterais fechadas,

19

principalmente as mangas de movimentação, que ficam imediatamente antes dos

troncos, devendo-se consecutivamente eliminar os possíveis pontos de distração,

para que o bovino siga em frente tranquilamente. Excesso de estímulo visual

lateral também pode gerar medo e provocar uma parada na movimentação do lote

(LOUREIRO, 2007).

Os bovinos conseguem distinguir as cores, entretanto, não possuem boa

capacidade para diferenciar as tonalidades. As cores que melhor visualizam são

amarelo, laranja, vermelho, azul, cinza e verde (ROSA, CHIQUITELLI NETO e

PARANHOS DA COSTA, 2003).

Os bovinos também têm uma visão binocular, porém muito pobre. São

capazes de ver com ambos os olhos em uma área de apenas 30o na frente de

suas cabeças, sendo a única área na qual eles têm acurada definição de

profundidade. Então, quando uma pessoa se aproxima pelo lado, o animal irá

virar a cabeça para determinar a distância da ameaça. Esta característica da

visão é a principal razão pela qual modernas instalações de manejo têm sido

construídas com os "lados sólidos" (ROSA, CHIQUITELLI NETO e PARANHOS DA

COSTA, 2003).

2.7. Audição

De acordo com LOUREIRO (2007), o nível de ruído em um centro de

manejo deve ser sempre o mínimo possível, garantindo a tranqüilidade dos

animais. Dessa forma é importante evitar excesso de gritos, sons agudos, pois

gera aumento de batimentos cardíacos tornando os animais confusos e acabam

assumindo atitudes de defesa. A utilização do berrante se assemelha com os

sons graves emitidos pelo bovino, dessa maneira sua utilização e ao manejá-los

com o tom de voz grave e baixa, acalma os animais.

É preciso saber que a audição dos bovinos chega à faixa de 4000-8000 Hz,

isto permite que ouçam sons imperceptíveis. Uma forma de adaptá-los aos

barulhos inesperados nas proximidades é permitir que um nível razoável de

barulho esteja presente no ambiente de forma constante (PERES, 2002).

20

2.8. Memória

LOUREIRO (2007) afirmou que o bovino possui uma boa memória

guardando fatos ocorridos por muitos meses, como maus-tratos sofridos ou

experiências amedrontadoras, portanto, deve-se evitar ao máximo atitudes

agressivas e experiências que provoquem medo, pois certamente evitarão os

locais onde ocorreram e as pessoas que praticam tais agressões.

Este mesmo autor, afirma que os bovinos respondem sempre melhor a

bons tratamentos e tornam-se mais facilmente manejados se estão calmos, e

conseguem reconhecer vozes de pessoas conhecidas.

2.9. Zona de Fuga

Os bovinos possuem uma área circular imaginária ao seu redor, chamada

zona de fuga (Figura 1). É uma distância mínima que o animal permite a

aproximação de humanos antes de iniciar a fuga. Portanto, para conduzir os

animais para frente o manejador posiciona-se dentro na zona de fuga e numa

posição caudal a partir do ponto de equilíbrio até um ângulo de 45 graus em

relação a este ponto. O posicionamento ainda mais caudal, entre 45 e 60 graus

em relação ao ponto de equilíbrio, geralmente resulta na paralisação do

deslocamento, isto porque estará se aproximando da área cega, o que leva o

animal a virar a cabeça para manter quem está se aproximando em seu campo

visual, parando de andar ou, no caso de não parar, começa a andar em círculos.

Se tomar uma posição mais frontal em relação ao ponto de equilíbrio a tendência

é o animal se mover para trás (ROSA, CHIQUITELLI NETO e PARANHOS DA

COSTA, 2003).

Alguns animais possuem uma maior ou uma menor zona de fuga, o que vai

depender muito da convivência e do manejo adequado que se recebe. Os bovinos

tendem a se mover na direção oposta a pessoa que está próxima, por essa razão,

para mover um rebanho em uma determinada direção é necessário caminhar em

direção oposta dos animais, assim eles aceleram o seu movimento, e se caminhar

21

na mesma direção, eles tenderão a diminuir o movimento (ROSA, CHIQUITELLI

NETO e PARANHOS DA COSTA, 2003).

Diante desse conhecimento, os operadores envolvidos no manejo de

condução dos animais nas instalações devem ser treinados para atenderem os

princípios básicos do comportamento animal, para que com isso possam realizar

uma condução adequada, sem causar agitação excessiva nos animais (GOMIDE,

RAMOS e FONTES, 2006).

Figura 01. Esquema de ilustração de zona de fuga, zona de fuga menor e zona de fuga maior em bovino. Fonte: Grupo Etco (Adaptado, 2011).

Dentro de um grupo de animais a zona de fuga poderá variar conforme a

interação de cada animal com a presença humana. Animais que possuem maior

interação conseqüentemente terão uma zona de fuga menor facilitando assim o

manejo, do que aqueles animais que possuem interação menor, tendo contato

com o homem apenas em datas específicas, tais como: marcação, vacinação,

castração, a zona de fuga será maior. Animais de confinamentos intensivos

costumam não apresentar distância de fuga devido a convivência com os

tratadores, permitindo em muitas vezes que os toquem (LOUREIRO, 2007).

Para um bom trabalho, é necessário que o trabalhador certifique-se da

distância de fuga do animal e assim posicione-se na extremidade do círculo

imaginário da zona de fuga. Após o posicionamento, o trabalhador caminha

vagarosamente em direção ao grupo de animais, observando a movimentação

dos mesmos. É importante que o trabalhador respeite essa distância, que irá

22

diminuir a medida que houver uma interação maior entre trabalhador X animais.

Caso contrário, o animal fugirá em sentido oposto (LOUREIRO, 2007).

2.10. Ponto de equilíbrio ou balanço

O ponto de equilíbrio é uma linha imaginária na altura da paleta do animal.

Esse ponto é considerado também o ponto de marcha, ou seja, permite o animal

andar pra frente caso o trabalhador se posicione atrás do ponto de equilíbrio,

assim como o animal andará para trás caso o trabalhador se posicione à frente da

linha imaginária (Figura 2). Com esse conhecimento, o trabalhador consegue

manejar os animais dentro do curral de forma adequada e tranqüila, manejando

os animais para a direção que quiserem (LOUREIRO, 2007).

De acordo com GOMIDE, RAMOS e FONTES (2006) um dos erros dos

trabalhadores é manejar os animais à frente da linha do ponto de equilíbrio do

animal e utilizam varas, choques, ferrões, na tentativa de fazer com que os

animais se locomovam para frente.

Figura 02. Esquema ilustrado ponto de equilíbrio. Fonte Grandin (1994).

O ponto cego é uma região atrás do animal no qual ele não consegue ter

nenhuma visão, por isso o trabalhador ao se posicionar no ponto cego o animal

não esboçará nenhuma reação (GOMIDE, RAMOS e FONTES, 2006).

23

2.11. Manejo racional

O manejo racional é definido como toda a ação que fornece conforto e

segurança aos animais de produção, assim eliminando todas as formas de

agressividade como o uso de ferrões, varas, apitos, chicotes, gritos, barulhos.

Todas essas ações estão contribuindo para o estresse e lesões físicas, e

favorecendo a queda de produção e prejuízo ao produtor (PARANHOS DA

COSTA e QUINTILIANO, 2011).

O manejo racional é baseado no comportamento dos bovinos com

objetivos de minimizar o estresse dos animais, evitarem acidentes para os

funcionários, evitar danos aos animais, como lesões, queda de peso, menor

desempenho reprodutivo, susceptibilidade a doenças, menor qualidade na carne;

aumentar a eficiência da fazenda e diminuir prejuízos nos produtos finais. Cada

procedimento extra durante o manejo gera mais estresse e hematomas nos

animais, sendo assim a eliminação de procedimentos desnecessários aliado a

estruturas adequadas, reduzem as situações de estresse e conseqüentemente os

prejuízos. Portanto, os animais devem ser manejados com paciência e respeito ao

seu instinto (COSTA e QUINTILIANO, 2011).

2.12. Instalações e Equipamentos

As instalações e equipamentos devem apresentar funcionalidade e bom

estado de conservação para proporcionar bem-estar animal para os animais e

funcionários.

O desenvolvimento de um desenho de curral por profissionais capacitados

e especializados com certeza proporcionará um manejo mais fácil, humanitário,

tranqüilo e silencioso, porém todo o sistema só será utilizado em sua capacidade

máxima em relação aos seus benefícios se forem conduzidos por equipes de

trabalho bem treinadas e supervisionadas (SOARES, 2010).

Pode-se observar que equipamentos que promovem ruídos aumentam a

excitação e estresse dos bovinos, o que tem levado os produtores a optar por

equipamentos mais modernos e mais silenciosos onde se observa melhoras no

manejo e animais mais tranqüilos em função da eliminação de ruídos. Ruídos

24

metálicos, batidas de portões e golpes em pescoceiras devem ser eliminados

(SOARES, 2010).

As estruturas e espaços devem ser projetados de acordo com suas

funções específicas, tais como: pesagem, procedimentos sanitários, apartações

por lote e identificação. Estas estruturas devem estar dispostas de maneira que

os animais possam se movimentar de acordo com suas características naturais

entrando em um extremo e saindo em outro (SOARES, 2010).

As instalações e equipamentos já existentes na propriedade devem estar

em boas condições de conservação e caso haja necessidade o produtor poderá

fazer adaptações simples, porém funcionais e com custos reduzidos.

Freqüentemente os gastos são elevados com a aquisição de novos

equipamentos, e se esquece de implementar boas práticas de manejo, que

podem levar a resultados tão bons quanto à aplicação de novas tecnologias

(SOARES, 2010).

2.13. Curral

O curral é uma instalação destinada para o trabalho com bovinos, portanto

não deve ser usado para mantê-los presos por longos períodos. A permanência

dos animais no curral por muito tempo pode desenvolver pontos negativos como,

desconforto térmico, sede, fome, estresse. No curral é possível realizar atividades

de forma eficiente e segura, como: apartações, marcação e identificação,

descorna, vacinação, embarque e desembarque, castração, exames

ginecológicos, combate a endo e ectoparasitos (COSTA, 2005).

O curral de manejo deve ser planejado de forma que os funcionários não

necessitem locomover-se entre os animais, prevendo áreas de escape ou

proteção em pontos de maior risco (GUIMARÃES, 2005).

A construção de um curral deve ser realizada em área plana ou, no

máximo, levemente ondulada. O terreno deve ser seco e de boa drenagem para

permitir secagem rápida após a chuva ou manejo dos animais. A posição entre os

piquetes deve ser a mais eqüidistante possível, de modo a evitar longos

percursos, circunstância que pode provocar perda de peso (GUIMARÃES, 2005).

25

Atualmente, são mais utilizados os currais racionais devido à vantagem de

não apresentar cantos perdidos e permitir um fluxo de animais mais rápido.

Proporcionam uma facilidade de deslocamento dos animais, dificulta a visibilidade

adiante dos animais aguçando a curiosidade fazendo com que não parem ao

longo do percurso. Nos Estados Unidos, GRANDIN (2001) desenvolveu

instalações onde os bovinos são movidos em um sentido único, se possível em

mangas curvas, em pequenas quantidades e mantendo os animais em fila para

que possam manter contato visual e físico uns com os outros. Com esse formato

traz um novo jeito de conduzir os animais: com o tratamento mais suave, os

animais perdem o medo e alguns se tornam dóceis com o tratador como também

com os visitantes.

Produtores que possuem instalações tradicionais em suas propriedades e

queiram se adequar ao manejo racional, não são necessárias novas instalações.

É possível a avaliação e adequação das instalações para minimizar problemas e

se enquadrar nas boas práticas de manejo. Com pequeno investimento, se pode

fazer adaptações em currais vazados utilizando madeirites ou tapumes para

facilitar o fluxo dos animais, assim como colocar pisos antiderrapantes na rampa

do embarcadouro, evitar tábuas quebradas trocando-as caso ocorra (REVISTA

RURAL, set. 2001).

2.14. Apartador

Para se reduzir o estresse, evitar brigas e conservar a qualidade da carne,

não se deve misturar animais estranhos antes do embarque para o frigorífico, por

isso a necessidade de currais de aparte que possam acondicionar uma

quantidade de animais de acordo com a capacidade de transporte dos veículos

(REVISTA RURAL, set. 2001).

O apartador se localiza logo após o tronco de contenção de formato

circular, possui a função de separar animais de diferentes categorias para

melhorar o manejo e direcionar os animais para o embarque ou para as mangas

do curral (Figura 3).

26

Figura 03. Apartador. Fonte: Mercado Rural (2011).

2.15. Tronco coletivo

O tronco coletivo tem a função de encaminhar os animais ao tronco de

contenção e possibilitar a realização de algumas tarefas do manejo (ARAÚJO

NETO E MAGALHÃES, 2005). Desperta interesse e curiosidade nos animais pelo

o que tem à frente, pois os animais não enxergam o fim do corredor, dessa forma

os mesmo não param no meio do percurso (Figura 04). O ideal é que o tronco

seja curvo, com laterais sólidas e altas o suficiente para que os animais não

saltem sobre elas (BIZINOTO, 2004).

Figura 04. Tronco Coletivo fechado semi circular. Fonte: Arquivo Pessoal.

27

A plataforma de trabalho deve ter 1,0 m de altura, permitindo que a parte

superior da plataforma de serviço esteja na altura da cintura do tratador

(GRANDIN, 1994). Com essa plataforma o tratador pode se locomover ao longo

do mesmo e com o auxílio de bandeiras fará com que os animais se locomovam

com grande facilidade até o tronco de contenção.

2.16. Tronco de contenção

O tronco (Figura 5) é o equipamento utilizado para a contenção individual

dos animais localizado logo após o tronco coletivo, podendo ou não conter

balança e utilizado para a realização de vacinação, vermifugação, castração,

diagnostico de gestação.

Figura 05. Tronco de contenção. Fonte: SoloStocks (2011).

2.17. Cercas

As cercas para currais de manejo de bovinos de corte devem ter altura

mínima de 1,80 m e serem mais reforçadas, pois os animais ficam contidos em

espaço menores. Normalmente a cerca deve conter 3 m, sendo 1 m enterrado no

28

chão permanecendo com 2 m de altura, essa estrutura é composta de madeira e

cordoalha (GRANDIN, 1994).

2.18. Porteiras

As porteiras (Figuras 6 e 7) são de grande importância ao serem projetadas

de lances fechados, ou seja, de tábuas encaixadas fazendo com que os animais

não vejam além da porteira e quando abrir a mesma surgirá um foco de luz que

funcionará como estímulo para os animais ficarem em movimento dentro do

curral. Devem estar em boas condições para evitar acidentes (BICUDO et al,

2002).

As porteiras devem ser localizadas nas extremidades do curral, e devem

abrir sempre na direção do fluxo do animal e sua abertura deve ter pelo menos

180º (BICUDO et al, 2002).

Figura 06. Porteira em péssimas condições. Fonte: Arquivo Pessoal.

29

Figura 07. Porteira em boas condições. Fonte: Arquivo Pessoal.

2.19. Embarcador e desembarcador

O embarcadouro/ desembarcador (Figuras 8 e 9) é o conjunto formado por

um corredor estreito (0,70 m) e rampa de embarque. Permite a carga e descarga

de animais nos caminhões. Quando houver necessidade de maior versatilidade

no embarque de animais, levando-se em conta os diferentes veículos utilizados

no transporte, é possível adaptar-se uma rampa móvel no último lance do

embarcadouro, a qual pode ser regulada e fixada a diferentes alturas (NUNES E

MARTINS, 1998).

A rampa do embarcadouro/desembarcadouro é utilizada para embarque e

desembarque dos bovinos e deve ser constituída com pisos antiderrapantes ou

substratos que evitem escorregões ou quedas provocando lesões dos animais

quando manejados. A necessidade de uma passarela localizada na lateral do

embarcador torna eficiente o manejo dos animais (GUIMARÃES, 2005).

A rampa do embarcadouro deve ter uma inclinação preferencialmente

menor que 20 graus. É indicado que a parte final do embarcador seja em nível,

prolongando-se por pelo menos dois metros de comprimento (PARANHOS DA

COSTA, SPIRONELLI e QUINTILIANO, 2008).

30

Figura 08. Embarcador/Desembarcador fechado nas laterais e regulável quanto à altura. Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 09. Embarcador/Desembarcador fechado nas laterais com altura fixa. Fonte: Arquivo Pessoal.

Durante o embarque problemas na hora do embarque (Figura 10) se

apresentam quando o animal é obrigado a subir a rampas de embarque íngremes

ou são expostos a bastão de choque. A importância de se reduzir o nível de

estresse durante a rotina de manejo deve ser observado, pois é sabido que

animais agitados durante o manejo correm mais riscos de acidentes, levando ao

aumento de contusões nas carcaças (LOUREIRO, 2007).

31

Figura 10. Embarque Racional. Fonte: http://manejoracional.blogspot.com

É importante que os animais não sejam amedrontados, excitados ou

maltratados, evitando-se o uso de violência, golpes, gritos e ainda do choque

elétrico durante o manejo de embarque (BRAGGION e SILVA, 2004).

O desembarque na propriedade ou no frigorífico (Figuras 11 e 12) deverá

ser realizado com atenção para verificar se há algum animal caído dentro do

caminhão. Caso haja algum animal caído é necessário que seja notificado e que

tome as providências cabíveis para o abate de emergência (BRAGGION e SILVA,

2004).

32

Figura 11. Desembarcador. Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 12. Visão da saída dos animais no desembarcador. Fonte: Arquivo Pessoal.

2.20. Pisos

Os pisos devem ter superfície antiderrapante ou substratos que evitem

escorregões ou quedas dos animais, para isso utiliza-se “borrachões” ou ranhuras

33

no piso de cimento dos corredores, seringa e principalmente nas rampas de

embarque e desembarque (BICUDO et al, 2002).

2.21. Piquetes de descanso

O piquete de descanso é utilizado para minimizar o estresse dos animais

que estão sendo manejados ou está à espera de serem embarcados. Deve conter

água a vontade e não se devem conter alimentos para que fique claro aos

manejadores que os animais permanecerão por pouco tempo dentro dos piquetes

de descanso. Deve-se propiciar este espaço para no mínimo 3% do rebanho com

1,86 m² de sombra (BICUDO et al, 2002).

2.22. Uso de bandeira como instrumento de condução de animais

A utilização de bandeiras, bastões com plásticos na ponta ou outros

objetos não elétricos devem ser ferramentas de primeira tentativa no manejo dos

animais. A utilização da bandeira é considerada a extensão do braço do

manejador facilitando assim o entendimento e a visualização do animal para a

direção que se deseja (GOMIDES, RAMOS e FONTES, 2006).

2.23. Transporte

O transporte dos bovinos, é um dos segmentos do manejo pré-abate, é

considerado e possui grande relevância quando se trata em bem-estar animal.

Vários estudos mostram que o transporte de bovino pode provocar estresse,

perdas de peso e contusões, podendo inclusive levar animais à morte quando

realizado em condições muito desfavoráveis (TSEIMAZIDES, 2006).

O estresse no transporte pode ocorrer por diversos motivos como longas

distâncias sem água e alimento, superlotação ou sublotação do caminhão,

poluição, barulho, má condução do motorista através de altas velocidades ou

freadas bruscas. A conseqüência disso proporciona o comprometimento da

qualidade da carne, como a alteração no pH, que irá interferir diretamente na

34

resistência da fibra muscular, perda de peso, hematomas nas carcaças

(TSEIMAZIDES, 2006).

Durante a situação de estresse em que o animal está submetido, podem se

esgotar as reservas de glicogênio, impedindo que a declinação do pH e dessa

forma o músculo passa a reter mais água, ficando estruturado e de coloração

escura tanto pela menor refração de luz quanto pela maior ação enzimática, com

gasto periférico do oxigênio originando uma carne DFD (Dark, Firm, Dry) em

português significa, carne, escura, firme e seca, na conversão músculo carne

(FEIJÓ, sd).

De acordo com KNOWLES (1999) o transporte rodoviário, em condições

desfavoráveis (Figuras 13 e 14), pode provocar a morte dos animais ou conduzir a

contusões, perda de peso e estresse dos animais. Um grande problema no

transporte rodoviário é a questão da densidade e capacidade de animais dentro

das gaiolas, sendo que ainda não há uma legislação que defina esse entrave. Há

uma variação em relação a tamanho, raça e peso dos animais para se determinar

a densidade e capacidade de transporte. Normalmente, se classifica como alta

densidade (600kg/m²), média 400kg/m², baixa 200kg/m², onde a densidade

adequada é de 360kg/m². Densidades muito baixas também devem ser evitadas,

pois os animais podem ficar muito soltos na carroceria, levando escorregões

durante as manobras da viagem (BONFIM, 2003).

Figura 13. Grade em péssimas condições. Fonte: Arquivo Pessoal.

35

Figura 14. Grade antiderrapante na gaiola do caminhão. Fonte: Arquivo Pessoal.

Os caminhões usados para o transporte rodoviário de bovinos vivos

geralmente apresentam uma capacidade de carga média de 18 bovinos por

caminhão, podendo variar de 16 a 20, dependendo do sexo, da idade e do peso

do animal (COSTA, ZUIN e PIOVEZAN, 2002).

O piso da carroceria deverá ter piso antiderrapante ou grades para evitar

escorregões proporcionando conforto e para reter dejetos (FERREIRA e SOUZA,

2008).

Todo o pessoal que está ligado ao manejo dos animais deve receber

treinamento antes de manipulá-los, e os motoristas dos veículos que transportam

os animais deveriam ser mais cuidadosos. Quando bem controlados, o embarque

e o desembarque não produzem um estresse acentuado nos bovinos. No entanto,

todo o cuidado é muito importante para evitar ferimentos e contusões nos

animais, o que prejudicaria a qualidade das suas carcaças (LOUREIRO, 2007).

2.24. Descanso e dieta hídrica

O período de descanso ou dieta hídrica no matadouro é o tempo

necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações

36

surgidas pelo deslocamento desde o local de origem até ao estabelecimento de

abate (GIL e DURÃO, 1985).

De acordo com o artigo nº. 110 do RIISPOA - Regulamento de Inspeção

Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, os animais devem

permanecer em descanso, jejum e dieta hídrica nos currais por 24 horas, podendo

este período ser reduzido em função de menor distância percorrida. De maneira

geral, é necessário um período mínimo de 12 a 24 horas de retenção e descanso

para que o animal que foi submetido a condições desfavoráveis durante o

transporte por um curto período, se recupere rapidamente. O descanso tem como

objetivo principal reduzir o conteúdo gástrico para facilitar a evisceração da

carcaça e também restabelecer as reservas de glicogênio muscular, tendo em

vista que as condições de estresse reduzem as reservas de glicogênio antes do

abate (THORNTON apud JOAQUIM, 2002).

Segundo GIL e DURÃO (1985), durante o período que os animais

permanecem em descanso e dieta hídrica, é realizada a inspeção ant-mortem

com as seguintes finalidades:

a) exigir e verificar os certificados de vacinação e sanidade do animal;

b) identificar o estado higiênico-sanitário dos animais para auxiliar, com os

dados informativos, a tarefa de inspeção post-mortem;

c) identificar e isolar os animais doentes ou suspeitos, antes do abate, bem

como vacas com gestação adiantada e recém-paridas;

d) verificar as condições higiênicas dos currais.

2.25. Abate humanitário

Abates conduzidos com etapas de recepção, manejo, insensibilização e

sangria adequadas vêm sendo aplicados em países desenvolvidos desde que se

observou a sua influência na qualidade final da carne. Esse tipo de abate é

considerado humanitário, podendo ser definido como o conjunto de

procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar animal desde o

embarque na propriedade rural até a operação de sangria no

abatedouro/frigorífico. O emprego dessas etapas de Abate Humanitário em todo o

processo de abate além de cuidar para que a qualidade da carne seja garantida,

37

fará com que se reduzam as perdas com contusões que assombra toda a

indústria de carnes (MUCCIOLO, 1985).

O abate humanitário também tem o lado econômico que resulta em

menores contusões em carcaça e, portanto, em menores áreas a serem

descartadas, com significativa redução de perdas. A qualidade da carne é

melhorada evitando-se problemas como ossos quebrados, hemorragias internas,

couro rasgado ou marcado, carnes em condições anormais como DFD, que

possuem menor tempo de prateleira. Havendo assim perdas quantitativas

(ocorridas devido a contusões, queda de rendimento de carcaça) e qualitativas

(alterações metabólicas, queima de glicogênio, alteração pH) da carne, com

prejuízos diretos ou indiretos para produtores, frigoríficos e consumidores finais,

deteriorando o produto final e conseqüentemente depreciando seu valor comercial

(CIOCCA et al, 2006).

Os procedimentos de abate no Brasil até o ano de 2000 eram

regulamentados unicamente pelo RIISPOA, entretanto, seus artigos permitiam o

sacrifício de bovinos pelo processo de marretada. Em janeiro de 2000, o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Instrução

Normativa nº 03, aprovou o regulamento que estabeleceu requisitos mínimos para

a proteção dos animais de abate (MAPA, 2000).

2.26. Etapas de um abate humanitário

2.26.1. Banho de aspersão

Os animais após o descanso seguem por uma rampa de acesso ao boxe

de atordoamento e durante esse percurso é realizado o banho de aspersão. O

local deve dispor, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

de um sistema tubular de chuveiros dispostos transversal, longitudinal e

lateralmente, orientando os jatos para o centro da rampa. A água deve ter a

pressão não inferior a 3 atmosferas (3,03 Kgf/cm2) e recomenda-se hipercloração

a 15ppm de cloro disponível. No Brasil, o afunilamento final da rampa de acesso é

denominado "seringa", onde também há canos perfurados ou borrifadores,

conforme artigo 146 do RIISPOA. A seringa simples ou dupla, até o boxe de

38

atordoamento, deve ter, transversalmente, a forma "V", com a finalidade de

permitir a passagem de apenas um animal por vez (MUCCIOLO, 1985).

O banho de aspersão foi adotado em substituição ao banho de imersão, o

qual, levando em conta a grande quantidade de sujeira que se depositava no

tanque e a impossibilidade de troca freqüente da água, se constituía em fator de

disseminação e extensão de contaminações (MUCCIOLO, 1985).

O objetivo do banho do animal antes do abate é limpar a pele para

assegurar uma esfola higiênica, reduzir a poeira, tendo em vista que a pele fica

úmida, e, portanto, diminuiria a sujeira na sala de abate. Para Steiner, a limpeza

de bovinos, particularmente suas extremidades, cascos e região anal, deve ser

realizada nos currais, nas rampas ou seringas, utilizando mangueiras ou aspersão

de água sob pressão (STEINER, 1983).

2.26.2. Métodos de insensibilização

A insensibilização é utilizada para evitar sofrimento ao animal no abate e

deve ser realizada antes da sangria. Determinado pelo processo adequado, o

atordoamento consiste em colocar o animal em um estado de inconsciência, que

perdure até o fim da sangria, não causando sofrimento desnecessário e

promovendo uma sangria tão completa quanto possível (GIL e DURÃO, 1985).

Segundo a Instrução Normativa nº 03, de 17 de janeiro de 2000, do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os métodos de

insensibilização para o abate humanitário dos animais classificam-se em:

- Método mecânico

- Percussivo Penetrativo: Pistola com dardo cativo - a pistola deve ser

posicionada de modo a assegurar que o dardo penetre no córtex cerebral, através

da região frontal.

- Percussivo não penetrativo - só é permitido se for utilizada a pistola que

provoque um golpe no crânio.

- Método elétrico

- Eletronarcose: permite que a corrente elétrica atravesse o encéfalo do

animal. Deve ser realizado através de eletrodos para uso em animais maiores e

suínos e equipamentos de imersão para aves.

39

- Método da exposição à atmosfera controlada: utiliza dióxido de carbono (CO2)

onde os animais são expostos para insensibilização por anoxia.

2.26.2.1. Concussão e contusão cerebral

O método de dardo cativo é considerado o mais eficiente para

insensibilização de bovinos. A contusão/ laceração cerebral utilizando dardo

penetrativo é obtida pelo dardo metálico, que atravessa o crânio do animal em

alta velocidade e força, provocando injúria no Sistema Nervoso Central, devido ao

seu efeito dilacerante e ao aumento da pressão interna. Já a concussão cerebral

com dardo não-penetrativo a pistola possui uma ponta embolada desenhada para

insensibilizar o animal sem penetrar no cérebro. Leva-se a uma lesão encefálica

ou injúrias cerebrais difusas, provocadas pelo impacto súbito e alterações da

pressão intracraniana. Como conseqüência de ambos – métodos penetrante e

não-penetrante - ocorre um estado de incoordenação motora imediata, que

impede a permanência do animal em pé, caindo inconsciente. A pistola deve ser

posicionada de forma correta, em bovinos deve ser posicionada no meio da testa

do animal, em um X imaginário formado entre os dois olhos e a base dos chifres

(GIL e DURÃO, 1985).

Quando a insensibilização é realizada efetivamente, o animal apresenta

queda imediata com as pernas flexionadas, respiração rítmica ausente, espasmos

musculares nas pernas e nos músculos da região traseira, expressão fixa e

vidrada com nenhum reflexo no globo ocular e nenhuma vocalização (GOMIDE

apud SOARES, 2010).

2.26.2.2. Outros métodos

No Brasil, métodos de insensibilização que não constam no Regulamento

aprovado pela Instrução Normativa nº 3, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, somente poderão ser usados após requerimento no DIPOA e

subseqüente aprovação.

Métodos como concussão por marretada, corte de medula, uso de armas

de fogo e processos químicos somente poderão ser usados após aprovação do

40

DIPOA, sendo também aprovados abates religiosos, sem métodos de

insensibilização. O maior problema é que esses métodos normalmente são

utilizados de forma clandestina, sem aprovação do DIPOA e sem o mínimo

requisito de bem-estar animal.

2.26.3. Sangria

De acordo com a Instrução Normativa nº 03 de 2000, a sangria deve

realizada após a insensibilização do animal pela secção dos grandes vasos do

pescoço, no máximo 1 minuto após a insensibilização. Após a seção dos grandes

vasos do pescoço, não serão permitidas, na calha de sangria, operações que

envolvam mutilações, até que o sangue escoe ao máximo possível, tolerando-se

a estimulação elétrica com o objetivo de acelerar as modificações post-mortem;

A remoção de sangue envolve questões sensoriais como sangue retido nas

veias e nos músculos pode afetar a aparência da carne e produzir manchas

desagradáveis, o sabor e odor da carne também são ligeiramente alterados na

presença de sangue. Porém, a promoção de autólise e oxidação das gorduras da

carne, o sangue contribui para uma menor vida-de-prateleira do produto (GIL e

DURÃO, 1985).

O número e os tipos de vasos sanguíneos seccionados na sangria tem

influência direta na quantidade de sangue expulso e no bem-estar animal. As

artérias carótidas e as veias jugulares devem ser completamente seccionadas

para uma sangria adequada. Os bovinos possuem um sistema de artérias

próximas da vértebra cervical que permite que o sangue chegue ao cérebro do

animal quando as carótidas são cortadas (PISKE, 1982).

O volume de sangue de bovinos é estimado em 6,4 a 8,2 litros/100kg de

peso vivo, a quantidade de sangue obtida na sangria com o animal deitado é

aproximadamente de 3,96 litros/100kg de peso vivo e com a utilização do trilho

aéreo é de 4,42 litros/100kg de peso vivo. Numa boa sangria, necessária para a

obtenção de uma carne com adequada capacidade de conservação, é removido

cerca de 60% do volume total de sangue, sendo que o restante fica retido nos

músculos (10%) e vísceras (20 - 25%) (PISKE, 1982).

41

2.26.4. Esfola

É a retirada da pele e seus anexos dos animais abatidos, realizada com o

animal dependurado na trilhagem aérea e sua progressão pode ser automatizada.

Entende-se pela retirada dos mocotós, serragem ou cortes dos chifres e a esfola

da cabeça para facilitar a posterior retirada da pele (SOERENSEN e MARULLI,

1999).

A esfola aérea proporciona vantagens como eliminação completa do

contato do animal com o piso, permite maior drenagem do sangue pela posição

vertical do animal, evita a formação de coágulos na cavidade torácica, favorece a

higiene e rapidez das operações, reduz a área de trabalho e economiza mão-de-

obra especializada (PISKE, 1982).

Segundo Lima (2007) na esfola ainda são realizadas as oclusões do reto

que consiste em separá-lo de seus ligamentos, envolvê-lo em

saco plástico, amarrar e recolocá-lo novamente para dentro da cavidade; e a

oclusão da porção anterior do esôfago que consiste em separá-lo de suas

ligações com a traquéia por meio de saca-rolha e em seguida ocluir com

barbante.

Os frigoríficos brasileiros submetidos à Inspeção Federal realizam a

operação de esfola da seguinte forma: ablação dos chifres e das patas dianteiras,

abertura da barbela até a região do mento, incisão longitudinal da pele do peito

até o ânus e corte das patas traseiras. Nesta fase inicia-se a retirada do couro e a

desarticulação da cabeça. Uma atenção especial deve ser dada a esta fase para

evitar contaminação cruzada entre o couro e a carne por mãos e facas. A seguir é

realizada a oclusão do esôfago e a separação do conjunto cabeça e língua

(PISKE, 1982).

2.26.5. Evisceração

A evisceração é uma operação realizada habitualmente pela abertura da

cavidade torácica, abdominal e pélvica, através de um corte que passa em toda

sua extensão (ROÇA, 2011).

42

Ocorre com a abertura do pescoço e liberação do esôfago amarrando-o na

sua porção cranial para evitar contaminação com conteúdo ruminal. Então se

promove a desarticulação parcial da cabeça, marcando-a com um número de

identificação do animal.

É realizada a serragem do esterno e a oclusão do duodeno, próximo ao

piloro e do reto, juntamente com a bexiga urinaria. Estas operações devem ser

realizadas cuidadosamente e sob rigorosa observação, com o objetivo de evitar

lesões no trato gastrintestinal e urinário durante a abertura do abdômen e

separação do esterno com a serra.

A evisceração é seguida pela extração dos órgãos da cavidade pélvica, das

vísceras abdominais, das vísceras torácicas, traquéia e esôfago, que são

conduzidas para inspeção através de mesa rolante (ROÇA, 2011).

As vísceras devem, por medidas higiênicas, ser encaminhadas à secção de

triparia, o que comumente é realizado através de condutos denominados "chutes"

(ROÇA, 2011).

2.26.6. Serragem de carcaças e toalete

As carcaças esviceradas são serradas ao longo da coluna vertebral em

duas meias-carcaças. As serras utilizadas para a serragem da carcaça devem ser

esterelizadas a cada serragem para evitar contaminações de uma carcaça para

outra.

Após a serragem, as meias-carcaças passam por inspeção e toalete final.

Nessa fase é realizada a inspeção e remoção dos rins e inspeção nas glândulas

da região pélvica e do pescoço. Também é realizada a remoção do rabo, medula,

coágulos sanguíneos, limpeza de gorduras excedentes e limpeza de contusões e

hematomas (ROÇA, 2011).

2.26.7. Lavagem das carcaças

As carcaças depois de divididas através de serra elétrica em duas meias

carcaças e submetidas à toalete para remoção dos rins, rabo, gorduras e medula,

43

são lavadas em cabines através de jatos de água à temperatura de 38- 40ºC com

o objetivo de eliminar esquírolas ósseas, coágulos e pêlos (ROÇA, 2011).

A efetividade desta operação depende principalmente do tempo gasto na

lavagem, volume, pressão e temperatura da água. A lavagem da carcaça com

água quente e clorada tem como objetivo reduzir a contagem microbiana da carne

fresca.

A contaminação bacteriana inicial e a temperatura de armazenamento são

os principais fatores que determinam a durabilidade da carne. Portanto o pré-

tratamento da carne com o objetivo de reduzir a contaminação inicial da carcaça é

o caminho para prolongar a vida de prateleira (PISKE, 1982).

2.27. Sistema Australiano (AUS-MEAT)

No sistema AUS-MEAT, as carcaças são avaliadas pelo peso, sexo, idade,

avaliação da gordura e musculosidade, e escores de contusões. A pesagem é

feita na carcaça quente, chamada “Hot Standard Carcase Weight” (HSCW), a qual

é utilizada para a comercialização. Perdas no processo de resfriamento de 0,5 a

2% são consideradas normais, porém acima destas já são tomadas decisões para

melhora nos sistema de resfriamento. A classificação dos sexos ocorre entre

machos e fêmeas, em que machos são classificados como novilhos castrados ou

touros, incluindo esta última categoria 10 tanto o novilho inteiro quanto o touro

adulto. As fêmeas são separadas em novilhas e vacas; qualquer fêmea que tenha

mais de sete dentes incisivos permanentes, ou que esteja gestante ou em

lactação, é classificada como vaca. A avaliação de acabamento de gordura é feita

pela medida P8, na garupa na parte dorsal da terceira vértebra sacral (PEREIRA,

2009).

A classificação dos sexos é diferenciada entre machos e fêmeas, onde os

machos são classificados como novilhos castrados ou touros, incluindo esta

última categoria tanto como novilho inteiro quanto touro adulto. As fêmeas são

separadas em novilhas e vacas; qualquer fêmea que tenham mais de sete dentes

incisivos permanentes, ou que esteja gestante ou lactante, é classificada como

vaca. A avaliação de acabamento de gordura é feita pela medida P8, na garupa

na parte dorsal da terceira vértebra sacral (SAINZ e ARAÚJO, 2001).

44

A classificação da idade é realizada através da avaliação da dentição

observando-se os dentes incisivos e molares permanentes. Em relação á

musculosidade, são cinco categorias de musculosidade, valorizando o tamanho, a

forma e a fidelidade com as imagens padrões desse sistema (SAINZ e ARAÚJO,

2001).

Para avaliação de contusões, os escores padrões da AUS-MEAT se

diferenciam pela localização da contusão. A área coberta pelo hematoma deve ter

10 cm de diâmetro ou mais; e ou 2 cm de profundidade. Hematomas na região 1,

2 e 3 (Figura 15) independentemente causam descaracterização dos cortes.

Figura 15. Regiões da carcaça no Sistema AUSMEAT. Fonte: Adaptado, AUSMEAT Limited.

Região 1

Coxão Duro, Coxão Mole, Lagarto, Patinho, Músculo.

Região 2

Alcatra, Picanha, Maminha, Coração da Alcatra.

45

Região 3

Filé de Costela, Filé de Lombo, Lombo, Contra-filé, Filé Mingon.

Região 4

Paleta, Pá, Raquete, Músculo do Dianteiro, Peixinho, Acém.

Região 5

Ponta de Agulha, Vazio

46

3. MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi qualitativa e descritiva, realizada em um frigorífico

na cidade de Promissão-SP no período de 01 a 13 de fevereiro de 2011. A

pesquisa teve o intuito de obter informações que relacionem avaliações de

instalações, embarque, transporte e desembarque, com a avaliação de

quantidade e regiões de hematomas nas carcaças.

Foram visitadas oito propriedades, que fazem a exploração comercial de

bovinos de corte (mestiços e Nelore), as quais estão situadas a uma distância

máxima de 300 km do frigorífico.

Um questionário padrão (anexo) foi elaborado onde em cada propriedade

foram avaliados os itens divididos em quatro grupos (instalações, embarque,

transporte e desembarque), sendo que para cada grupo foram avaliados itens

diferentes e cada grupo recebeu um valor de 25 pontos, totalizando 100 pontos.

Estes 25 pontos foram então, divididos pelo total de itens de cada grupo, desta

forma, cada item do grupo 1 recebeu nota 3,12 (25 dividido por 8), para o grupo 2

a nota foi de 2,77 (25 dividido por 9), o grupo 3 recebeu nota 4,16 (25 dividido por

6), enquanto que para o grupo 4 foi atribuída nota 6,25 (25 dividido por 4). Esta

pontuação máxima foi atribuída, quando a propriedade atendia aos requisitos de

bem-estar, para as propriedades que apresentavam algum problema, a nota para

cada grupo foi de descontada em 50% e para itens que não cumpriam aos

requisitos de bem-estar foi atribuída nota zero (Tabela 1).

Tabela 1. Notas dos itens do questionário.

Itens avaliados Pontuação

1 2 3

Instalações 3,12 1,56 0 Embarque 2,77 1,38 0 Transporte 4,16 2,08 0

Desembarque 6,25 3,12 0

47

3.1. Avaliação das instalações

Parafusos e pregos expostos:

Nota máxima: nenhum prego ou parafuso exposto nas instalações;

Nota média: pregos e parafusos expostos no corredor ou no

embarcador;

Nota zero: pregos e parafusos expostos no corredor e no embarcador.

Piso antiderrapante:

Nota máxima: com piso antiderrapante ou com substrato;

Nota média: com piso antiderrapante ou com substrato em más

condições;

Nota zero: com piso sem antiderrapante.

Embarcadouro:

Nota máxima: totalmente fechado nas laterais;

Nota média: parcialmente fechado;

Nota zero: embarcadouro aberto.

Largura do embarcadouro:

Nota máxima: largura ideal, um animal por vez;

Nota média: embarcadouro estreito;

Nota zero: embarcadouro largo.

Rampa do embarcadouro:

Nota máxima: inclinação 20º com parte reta no terço final;

Nota média: inclinação de 20º sem a parte reta no terço final;

Nota zero: inclinação acima de 20º com ou sem a parte reta no terço

final.

Limpeza:

Nota máxima: ambiente no curral e embarcador limpos;

Nota média: acúmulo de dejetos ou lama nos currais até a altura da

quartela dos animais;

Nota zero: acúmulo de dejetos ou lama nos currais acima da quartela

dos animais.

Passarela lateral:

48

Nota máxima: instalações com passarela lateral;

Nota média: com passarela em parte da estrutura – corredor ou

embarcador;

Nota zero: sem passarela no embarcador.

Tábuas:

Nota máxima: sem tábuas soltas ou quebradas nas instalações;

Nota média: com tábuas soltas, quebradas ou faltando no corredor ou

no embarcadouro;

Nota zero: com tábuas soltas, quebradas ou faltando no corredor e no

embarcadouro.

3.2. Avaliação de embarque – realizado através da utilização de caminhões

boiadeiros com embarcadouros:

Lotes contemporâneos:

Nota máxima: lotes contemporâneos;

Nota média: lotes desuniformes quanto à idade e sexo sendo da mesma

raça;

Nota zero: lotes desuniformes, raças misturadas e animais com e sem

chifres.

Aparência física:

Nota máxima: animais saudáveis embarcados;

Nota média: animais apáticos apresentando algum problema,

claudicando;

Nota zero: animais debilitados com embarques forçados.

Utilização de bandeira ou qualquer outro equipamento para manejar os

animais:

Nota máxima: utilização de forma correta;

Nota média: não utilização

Nota zero: utilização de forma incorreta servindo para outras finalidades

tais como agredir, cutucar os animais.

Utilização de gritos

Nota máxima: manejo sem gritos;

49

Nota média: utilização de gritos;

Nota zero: gritos excessivos.

Utilização de choque:

Nota máxima: a não utilização do choque para o manejo;

Nota média: utilização com freqüência;

Nota zero: utilização com freqüência excessiva.

Animais reativos:

Nota máxima: animais que embarcaram sem dificuldade e que não

refugaram;

Nota média: animais que embarcaram com dificuldade, refugaram e

necessitaram de manejo insistente;

Nota zero: animais que retrucam e investem contra os funcionários.

Espaçamento entre a gaiola do caminhão e o embarcadouro:

Nota máxima: não apresentou nenhum espaçamento entre a gaiola do

caminhão e o piso do embarcadouro;

Nota média: apresentou diferença entre o espaçamento entre a gaiola

do caminhão e o piso do embarcadouro – até 3 cm;

Nota zero: apresenta distâncias excessivas acima de 3 cm.

Diferença de altura entre a gaiola do caminhão e o embarcadouro:

Nota máxima: não há diferença de altura entre a gaiola do caminhão e o

piso do embarcadouro;

Nota média: apresentou diferença de altura entre a gaiola do caminhão

e o piso do embarcadouro – até 20 cm;

Nota zero: distâncias excessivas acima de 20 cm.

3.3. Avaliação de transporte

Os animais foram transportados em caminhões próprios do frigorífico ou

terceirizados.

Portas das gaiolas/ compartimentos:

Nota máxima: caminhões que possuem porta com travas;

Nota média: caminhões com portas com travas frágeis e inadequadas;

50

Nota zero: portas das gaiolas e/ou dos compartimentos não

apresentarem travas ou boas condições.

Gaiolas dos caminhões:

Nota máxima: gaiolas limpas e sem tábuas quebradas;

Nota média: gaiolas sujas sem tábuas quebradas;

Nota zero: gaiolas sujas e com tábuas quebradas.

Parafusos e pregos expostos:

Nota máxima: nenhum prego ou parafuso exposto na gaiola do

caminhão;

Nota média: pregos e parafusos expostos em 1/3 na gaiola do

caminhão;

Nota zero: mais de 1/3 da gaiola com pregos e parafusos expostos.

Rodovia e acesso:

Nota máxima: rodovias em boas condições e com acesso reduzido em

estrada de chão;

Nota média: rodovias com boas condições com trechos que necessitam

de atenção;

Nota zero: rodovias ruins com muitas trepidações, mal sinalizadas com

trechos perigosos e sinuosos.

Tempo gasto no embarque na propriedade ao desembarque no frigorífico:

Nota máxima: viagens menores de 4 horas de duração;

Nota média: viagens com duração entre 4 a 8 horas ininterruptas para o

animal;

Nota zero: viagens com duração de 8 a 12 horas ininterruptas para o

animal.

Chegada dos animai ao frigorífico:

Nota máxima: animais íntegros;

Nota média: animais que chegaram caídos, machucados ou que foram

pisoteados, porém não necessitaram de ajuda no desembarque.

Nota zero: animais que chegaram ao frigorífico debilitados necessitando

de auxílio no desembarque.

51

3.4. Avaliação de desembarque – realizado no frigorífico.

Espaçamento entre a gaiola do caminhão e o desembarcadouro:

Nota máxima: não apresenta nenhum espaçamento entre a gaiola do

caminhão e o piso do desembarcadouro;

Nota mínima: apresentou diferença entre o espaçamento entre a gaiola

do caminhão e o piso do embarcadouro – até 3 cm.

Nota zero: distâncias excessivas acima de 3 cm entre a gaiola do

caminhão e o piso do embarcadouro.

Diferença de altura entre a gaiola do caminhão e o embarcadouro:

Nota máxima: não há nenhuma diferença de altura entre a gaiola do

caminhão e o piso do embarcadouro;

Nota média: apresentou diferença de altura entre a gaiola do caminhão

e o piso do embarcadouro – até 20 cm;

Nota zero: distâncias excessivas acima de 20 cm.

Saída do caminhão no desembarque:

Nota máxima: porta do caminhão no desembarque ficou presa, os

animais se apresentaram íntegros e o desembarque dos animais foi

realizado sem pisoteio;

Nota média: porta do caminhão esteve solta, porém os animais

estiveram íntegros ou a saída dos animais forem sem pisoteio;

Nota zero: porta do caminhão solta, animais machucados ou com

pisoteio na saída.

As observações e avaliações dos itens do questionário foram realizadas de

forma discreta para que os envolvidos não alterassem a forma habitual com que

realizam o manejo dos animais.

Além do questionário utilizado para avaliar as propriedades, foram

realizadas avaliações nas carcaças dos animais oriundos dessas propriedades

quanto à quantidade e região de hematomas.

Para essa avaliação foi utilizado o modelo do sistema australiano de avaliação e

tipificação de carcaças – AUSMEAT, sendo adaptado para as condições do

52

frigorífico. O AUSMEAT divide a carcaça em quatro regiões, tendo a região do

vazio como região 0:

Região 1

Coxão Duro, Coxão Mole, Lagarto, Patinho, Músculo.

Região 2

Alcatra, Picanha, Maminha, Coração da Alcatra.

Região 3

Filé de Costela, Filé de Lombo, Lombo, Contra-filé, Filé Mingon.

Região 4

Paleta, Pá, Raquete, Músculo do Dianteiro, Peixinho, Acém.

Para o frigorífico se considera a região 0 sendo como a região 5: Ponta de

Agulha, Vazio.

Atualmente, o sistema australiano é o único que avalia o item de

hematomas, sendo consideradas escoriações com 10 cm de diâmetro ou 2 cm de

profundidade nas regiões 1, 2, 4 – e na adaptação do frigorífico é considerada

também a região 5. Na região 3 são considerados hematomas de qualquer

tamanho por conter cortes nobres como o filé mignon.

53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar do baixo número de propriedades avaliadas, os dados foram

considerados satisfatórios por mostrarem tanto propriedades que cumprem

requisitos de bem-estar animal como propriedades que desconhecem e/ou

necessitam de um treinamento e supervisão de um profissional capacitado.

Comparando as notas de instalações das fazendas (Gráfico 1), pode-se

observar que 62,5% das propriedades apresentaram nota inferior a 17 pontos,

sendo que a fazenda D, no total de 66 animais apresentou 33 animais com

hematomas, o que corresponde a 50% dos animais dessa propriedade.

A fazenda E, no total de 182 animais apresentaram 64 animais com

hematomas, o que correspondeu a 35,36% dos animais. Na fazenda G do total de

72 animais, 15 animais apresentaram hematomas representando assim 20,83%

dos animais. A fazenda H do total de 176 animais, 59 apresentaram hematomas

com um índice de 35,52% do total de animais.

Já a fazenda F com 60 animais embarcados, 6 animais apresentaram

hematomas, o que representou 10%. É uma porcentagem baixa quando

comparada com as demais fazendas, que tiveram acima de 20 % dos animais que

apresentaram hematomas, porém deve-se ressaltar que os animais desta

propriedade eram da raça Simental.

Gráfico 1. Notas de instalações das fazendas avaliadas.

Nota de Instalações

25

73

40

24

33

64

6

15

59

12,4810,9210,9214,0418,7218,72

15,6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A - 200 B - 98 C - 66 D - 66 E - 182 F - 60 G - 72 H - 176

Fazendas

No

tas -

po

nto

s

Qu

an

tid

ad

e -

un

idad

e

Nota Instalação Quantidade de animais com hem.

54

Das fazendas avaliadas no item de embarque (Gráfico 2), nenhuma

apresentou nota inferior a 17 pontos.

Gráfico 2. Notas de embarque das Fazendas avaliadas.

Dentre as fazendas avaliadas para os itens de transporte (Gráfico 3), 75%

tiveram notas inferior a 17 pontos, podendo ser observado que na fazenda B, dos

98 animais embarcados, 40 animais apresentaram hematomas correspondendo a

40,81% dos animais desta propriedade. Na fazenda C, 24 animais apresentaram

hematomas dos 66 animais avaliados, o que representou 36,36% do lote.

Na fazenda E, 64 animais apresentaram hematomas, do total de 182

animais, correspondendo a 35,36% dos animais. A fazenda G, de 72 animais

avaliados, 15 apresentaram hematomas representando assim 20,83% dos

animais desta propriedade. A fazenda H do total de 176 animais, 59 apresentaram

hematomas com um índice de 35,52% do total de animais.

Já a fazenda F com 60 animais teve 6 animais com hematomas, o que

representa 10%. Pode-se ter a mesma justificativa usada no item de instalações,

sendo uma porcentagem baixa quando comparada com as demais fazendas, que

tiveram acima de 20 % dos animais que apresentaram hematomas, porém deve-

se ressaltar que os animais desta propriedade eram da raça Simental.

Nota de Embarque

19,3823,54

73

40

24

33

64

6

15

59

17,9922,15 22,16

19,38 19,38 20,77

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A - 200 B - 98 C - 66 D - 66 E - 182 F - 60 G - 72 H - 176

Fazendas

No

tas -

po

nto

s

Qu

an

tid

ad

e -

un

idad

e

Nota Embarque Quantidade de animais com hem.

55

Gráfico 3. Notas de transporte das Fazendas avaliadas.

Para as notas de desembarque das fazendas avaliadas (Gráfico 4), pode-

se observar que 12,5% das propriedades apresentou nota inferior a 17 pontos.

Apenas fazenda B apresentou nota baixa, tendo 40 animais que apresentaram

hematomas dos 98 animais avaliados, o que representou a 40,81% dos animais

dessa propriedade.

Gráfico 4. Notas de desembarque das Fazendas avaliadas.

Nota de Transporte

73

40

24

33

64

6

15

59

20,8

14,56 16,64

22,88

14,56 14,56 12,48 14,56

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A - 200 B - 98 C - 66 D - 66 E - 182 F - 60 G - 72 H - 176

Fazendas

No

ta -

po

nto

s

Qu

an

tid

ad

e -

un

idad

e

Nota Transporte Quantidade de animais com hem.

Nota de Desembarque

21,87 21,87

73

40

24

33

64

6

15

59

21,8715,62

21,8718,72

21,87 21,87

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A - 200 B - 98 C - 66 D - 66 E - 182 F - 60 G - 72 H - 176

Fazendas

No

ta -

po

nto

s

Qu

an

tid

ad

e -

un

idad

e

Nota desembarque Quantidade de animais com hem.

56

Foi verificado que as notas de instalações e transporte foram as mais

baixas quando comparadas com as demais, porém não se pode afirmar que os

hematomas encontrados nos animais avaliados foram oriundos dessas etapas.

Nas avaliações das instalações (Figuras 16, 17, 18 e 19) foram

observados: piso do embarcadouro de terra e grama, embarcadores abertos nas

laterais o que possibilitava os animais a se virarem ou atropelarem outros

animais, parte da estrutura da porteira do curral de espera quebrada com o

manejo brusco de apartação do funcionário estressando os animais, pregos

expostos e tábuas soltas no corredor de embarque, o piso antiderrapante não

estava em boas condições, havia acúmulo de lama no curral e não havia

passarela lateral.

Figura 16. Embarcador largo. Fonte: Arquivo Pessoal.

57

Figura 17. Porteira em péssimas condições. Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 18. Pregos expostos no embarcador. Fonte: Arquivo Pessoal.

58

Figura 19. Acúmulo de lama no curral. Fonte: Arquivo Pessoal.

Durante as avaliações de embarque foram observados: embarque de 2

animais debilitados embarcados através de escavadeiras, isso ocorre devido ao

fato de terem uma quantidade para se cumprir no carregamento e com isso

acabam embarcando animais bastante debilitados. Tempo de retorno excedeu a 8

horas ininterruptas com trechos de estrada de terra e de difícil acesso, por haver

queda de energia na propriedade ficando os animais embarcados à espera do

retorno de energia para serem pesados os caminhões. Funcionário utilizando

choque um funcionário em uma propriedade submetia os animais com choques

ligados diretamente na tomada. Lotes desuniformes quanto a raças, animais com

ou sem chifres e de tamanho.

Avaliações de transporte (Figuras 20, 21, 22, 23, 24 e 25) foram

observados: terceirização de caminhões prejudica bastante o processo, pois

muitos com gaiolas quebradas, sujas, motoristas sem treinamentos. As portas das

gaiolas dos caminhões eram de guilhotina e não apresentavam cuidados de

conservação. A rodovia tinha trechos que precisavam de mais atenção e o tempo

de viagem ultrapassou de 4 horas. Transporte de animais debilitados, com perna

quebrada. Trechos de difícil acesso, estrada de terra ruim com bastante buracos.

59

Em relação ao desembarque foi observado: maioria dos desembarques

realizados de forma tranqüila com os animais íntegros. Problemas encontrados

foram a diferença de altura da gaiola dos caminhões com o piso do

desembarcador, principalmente quando os caminhões eram terceirizados.

Figura 20. Animal debilitado sendo embarcado através de escadeira. Fonte: Arquivo Pessoal.

60

Figura 21. Lateral da gaiola do caminhão em péssimas condições. Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 22. Lateral da gaiola do caminhão com buracos. Fonte: Arquivo Pessoal.

61

Figura 23. Diferença de altura da gaiola do caminhão e o piso do embarcador. Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 24. Embarcador largo. Fonte: Arquivo Pessoal.

62

Figura 25. Grade quebrada do piso da gaiola do caminhão. Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 26. Curral e embarcador separados. Fonte: Arquivo Pessoal.

63

Nas carcaças dos 200 animais da Fazenda A foram observados 73 animais

com hematomas em alguma região com um total de 124 hematomas encontrados,

o que representa 36,5% do total de animais. A região 3 apresentou maior

quantidade de hematomas, sendo 66 em 39 animais o que corresponde a 53,22%

de hematomas nessa região no lote (Gráfico 5).

Hematomas por região nos animais da

Fazenda A

19

5 3

2420

5 3

30

39

66

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 5. Hematomas por região nos animais da Fazenda A.

Nas carcaças dos 98 animais da Fazenda B, 40 animais apresentaram

hematomas em alguma região com um total de 71 hematomas encontrados, o

que representa 40,81% do total de animais. A região 4 apresentou grande

quantidade de hematomas com 25 em 12 animais o que representa 35,2% de

hematomas nessa região no lote (Gráfico 6).

64

Hematomas por região nos animais da

Fazenda B

14

1

5

19

2

6

17

12

19

25

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 6. Hematomas por região nos animais da Fazenda B.

Nas carcaças dos 66 animais da Fazenda C, 24 animais apresentaram

hematomas em alguma região com um total de 60 hematomas encontrados, o

que representa 36,36% do total de animais. A região 3 apresentou elevada de

hematomas com 28 em 14 animais o que representa 46,66% de hematomas

nessa região no lote (Gráfico 7).

Hematomas por região nos animais da

Fazenda C

6

0

12

8

0

14

8

14

10

28

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 7. Hematomas por região nos animais da Fazenda C.

65

Na Fazenda D, 50% dos animais avaliados apresentaram hematomas em

alguma região. Em um total de 66 animais foram observados 33 animais com

hematomas. A região 1 apresentou maior quantidade de hematomas,

correspondendo a 17 em 15 animais. Isso representou 35,41% de hematomas no

lote avaliado (Gráfico 8).

Hematomas por região nos animais da

Fazenda D

11

1

11

1

15

68

17

7

12

0

5

10

15

20

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 8. Hematomas por região nos animais da Fazenda D.

Na fazenda E, 35,16% dos animais avaliados apresentaram hematomas

em alguma região. Em um total de 182 animais foram observados 64 animais com

hematomas. A região 1 apresentou maior quantidade de hematomas,

correspondendo a 52 em 31 animais, o que representa 42,62% de hematomas no

lote avaliado (Gráfico 9).

66

Hematomas por região nos animais da

Fazenda E

18

5

20

5

23

6

3137

8

52

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 9. Hematomas por região nos animais da Fazenda E.

Nas carcaças dos 60 animais da Fazenda F (Gráfico 10) foram observados

6 animais que apresentaram hematomas em alguma região da carcaça, o que

corresponde a 10% do total de animais. Também foi observada a quantidade total

de hematomas no rebanho, correspondendo a 9 hematomas, onde a região 2

apresentou maior quantidade e a região 1 não teve nenhum hematoma.

Hematomas por região nos animais da

Fazenda F

1 1

4

2

1

0

5

2

1

00

1

2

3

4

5

6

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 10. Hematomas por região nos animais da Fazenda F.

67

Nas carcaças dos 72 animais da Fazenda G (Gráfico 11) foram observados

15 animais que apresentaram hematomas em alguma região da carcaça, o que

corresponde a 20,83% do total de animais. Também foi observada a quantidade

total de hematomas no rebanho, correspondendo a 23 hematomas, onde a região

1 apresentou maior quantidade e a região 5 apresentou menor quantidade de

hematomas.

Hematomas por região nos animais da

Fazenda G

1 1

3

5

2

54

7

3

8

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 11. Hematomas por região nos animais da Fazenda G.

Nas carcaças dos 60 animais da Fazenda H foram observados 59 animais

que apresentaram hematomas em alguma região da carcaça, o que corresponde

a 33,52% do total de animais (Gráfico 12). Também foi observada a quantidade

total de hematomas no rebanho, correspondendo a 84 hematomas, onde a região

5 apresentou maior quantidade e a região 2 apresentou menor quantidade de

hematomas.

68

Hematomas por região nos animais da

Fazenda H

29

1

171314

33

1

22

1315

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5

Região

Qu

nati

dad

e -

un

idad

e

Quantidade de animais Índice de hematomas

Gráfico 12. Hematomas por região nos animais da Fazenda H.

De acordo com o questionário, seis fazendas tiveram notas baixas na

avaliação dos itens de instalações e transporte e apresentaram índices elevados

de animais com hematomas nas carcaças. Pode-se atentar para esses itens no

intuito de diminuir os índices de hematomas, porém não se pode afirmar que

todos os hematomas encontrados foram adquiridos durante a avaliação.

A área acometida por uma contusão possui uma aparência ruim e

desagradável, sendo necessária, na maioria das vezes a remoção, o que causa

perda de peso e de seu valor comercial, como também a propensão a

contaminações, devido à presença de sangue que é um ótimo meio para o

desenvolvimento microbiano (PEREIRA e LOPES, 2008). Essa remoção causa

prejuízos para os pecuaristas e para o frigorífico.

Foi observado que a maioria das fazendas, os animais apresentaram maior

quantidade de hematomas nas regiões 1 e 3 e menor quantidade de hematomas

nas regiões 2 e 5 (Figuras 27, 28, 29, 30 e 31).

Hematomas nas regiões 1 (coxão mole, coxão duro, lagarto, patinho,

músculo) e 3 (lombo, contra-filé, filé mignon, filé de costela) causam perdas ou

despadronização dos cortes ocorrendo baixos valores agregados ao produto, tais

69

como tipo de marca, tipo de consumidor, tipo de mercado. São fatores que

causam impactos econômicos na cadeia produtiva da carne.

Figura 27. Hematomas nas regiões 1 e 2. Fonte: Arquivo Pessoal.

70

Figura 28. Hematomas nas regiões 1 e 3. Fonte: Arquivo Pessoal.

71

Figura 29. Hematomas na região 3 Fonte: Arquivo Pessoal.

72

Figura 30. Hematomas nas regiões 2 e 4. Fonte: Arquivo Pessoal.

73

Figura 31. Hematomas nas regiões 3 e 1 Fonte: Arquivo Pessoal.

74

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O manejo racional na bovinocultura de corte está diretamente ligado ao

bem-estar animal e conseqüentemente na produtividade e qualidade do produto

final carne.

As fazendas avaliadas apresentaram índices de hematomas nos animais

acima de 34%, considerado alto por representar grande perda de peso na carcaça

dos animais e perda de padronização de cortes.

Para a redução de hematomas, são sugeridas algumas recomendações

relacionadas às boas práticas agropecuárias, principalmente no que diz respeito

ao manejo racional de bovinos.

O frigorífico vem tentando melhorar a questão de hematomas há mais de 5

anos e pode-se observar que a quantidade ainda é elevada. É necessário

trabalhos em conjunto com a cadeia produtiva, principalmente nas questões de

instalações nas propriedades (conscientizando produtores dos benefícios de

investimentos nas melhorias) e no transporte. É importante que o setor de

transporte da empresa seja mais atento quanto a manutenção da frota de

caminhões e maior fiscalização dos serviços terceirizados.

Isso leva ao atendimento de expectativas de muitos consumidores, que

requerem cada vez mais segurança dos alimentos e bem-estar dos animais.

Ganhos em eficiência, animais sem estresse, menores riscos para animais e

funcionários, maior produtividade homem/hora, maior qualidade de carne no pré-

abate e acesso a mercados mais exigentes justificam o manejo racional de

animais.

75

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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80

7. ANEXOS

Questionário - BEA e os impactos econômicos na bovinocultura de corte

Fazenda: X Quantidade de animais: XX Data: XX/XX/XXXX

Instalações 1 (= 3,12 X 8 = 25) 2 (= 1,56X 8 = 12,5) 3 (= 0) Nota

1 Parafusos e

pregos expostos Nenhum

prego/parafuso solto

Pregos/parafusos expostos no corredor ou no embarcadouro

Pregos/parafusos expostos no corredor e no embarcadouro

3,12

2 Piso

antiderrapante Piso antiderrapante ou com substrato

Piso antiderrapante ou com substrato em

más condições Piso sem antiderrapante 3,12

3 Embarcadouro Totalmente fechado

nas laterais Parcialmente fechado Embarcadouro aberto 1,56

4 Largura do

embarcadouro Ideal Estreito Largo 3,12

5 Rampa do

embarcadouro

Inclinação 200 com

parte reta no terço final

Inclinação de 200

sem parte reta no terço final

Inclinação acima de 200 com

ou sem a parte reta no terço final

3,12

6 Limpeza Limpo Acúmulo de

dejetos/lama até a quartela

Acúmulo de dejetos/lama acima da quartela

1,56

7 Passarela lateral Com passarela lateral

Com passarela em parte da estrutura

(corredor ou embarcadouro)

Sem passarela no embarcadouro

0

8 Tábuas Sem tábuas soltas ou

quebradas

Com tábuas soltas, quebradas ou

faltando no corredor ou no embarcadouro

Com tábuas soltas, quebradas ou faltando no

corredor e no embarcadouro 3,12

Total: 25 pontos Total 18,72

Embarque 1 (=2,77 X 9 = 25) 2 (=1,38 X 9 = 12,5) 3 (= 0) Nota

1 Lotes

contemporâneos Lotes

contemporâneos

Lotes desuniformes quanto a idade e sexo sendo da mesma raça

Lotes desuniformes, raças misturadas, animais com e

sem chifres 2,77

2 Aparência física/

exterior Animais saudáveis

Animais apáticos, apresentando algum

problema, claudicando

Animais debilitados com embarques forçados,

caquético 2,77

3

Utilização de bandeira ou

qualquer outro equipamento

Uso correto Não utiliza Uso incorreto, servindo para

outras finalidades 0

4 Utilização de

gritos Sem gritos Com gritos Gritos excessivos 1,38

5 Utilização de

choque

Não utiliza, sendo somente em emergência

Utiliza com frequência

Frequência excessiva 2,77

6 Utilização de

ferrão Não utiliza

Utiliza com frequência

Frequência excessiva 2,77

7 Animais reativos Animais embarcam

sem dificuldades, não refugam

Animais embarcam com dificuldade,

refugam e necessitam de

manejo insistente

Animais retrucam e investe contra os operadores

1,38

81

8

Espaçamento entre a gaiola do

caminhão e o embarcadouro

Não apresenta nenhum espaçamento

entre a gaiola do caminhão e o piso do

embarcadouro

Apresenta diferença entre o espaçamento

entre a gaiola do caminhão e o piso do embarcadouro (até

20 cm)

Distância excessiva (acima de 20 cm)

2,77

9

Diferença de altura entre a

gaiola do caminhão e

omembarcadouro

Não apresenta nenhuma diferença

de altura entre a gaiola do caminhão e

o piso do embarcadouro

Apresenta diferença de altura entre a

gaiola do caminhão e o piso do

embarcadouro (até 20cm)

Altura excessiva (acima de 20 cm)

1,38

Total: 25 pontos Total 17,99

Transporte 1 (= 4,16 X 6 = 25) 2 (= 2,08 X 6 = 12,5) 3 (= 0) Nota

1

Portas das gaiolas/

compartimentos

Com portas com travas

Com travas frágeis e inadequadas

Sem travas 4,16

2 Gaiolas Limpas, sem tábuas

quebradas Limpas ou sujas, com

tábuas quebradas Sujas e com tábuas

quebradas 2,08

3

Parafusos e pregos expostos

(peso 2)

Nenhum prego/parafuso solto

Pregos/parafusos expostos no corredor ou no embarcadouro

Pregos/parafusos expostos no corredor e no embarcadouro

4,16

4 Rodovia e acesso Boas condições,

acesso reduzido em estrada de chão

Boas condições com trechos que precisa

de atenção

Rodovia ruim, com muitas trepidações, mal

sinalizadas, com trechos perigosos ou muito sinuosos

2,08

5 Tempo < 4 horas de 4 a 8 horas ininterruptas

de 8 a 12 horas ininterruptas 4,16

6 Animais Íntegros

Animais caídos, machucados ou pisoteado sem necessidade de

ajuda no desembarque

Animais debilitados necessitando de ajuda no

desembarque 4,16

Total: 25 pontos Total 20,8

Desembarque 1 (= 6,25 X 4 = 25) 2 (= 3,12 X 4 = 12,5) 3 (= 0) Nota

1

Espaçamento entre a gaiola do

caminhão e o desembarcadouro

Não apresenta nenhum espaçamento

entre a gaiola do caminhão e o piso do

desembarcadouro

Apresenta diferença entre o espaçamento

entre a gaiola do caminhão e o piso do

desembarcadouro (até 20 cm)

Distância excessiva (acima de 20 cm)

6,25

2

Diferença de altura entre a

gaiola do caminhão e

desembarcadouro

Não apresenta nenhuma diferença

de altura entre a gaiola do caminhão e

o piso do desembarcadouro

Apresenta diferença de altura entre a

gaiola do caminhão e o piso do

desembarcadouro (até 20cm)

Altura excessiva (acima de 20 cm)

3,12

3 Saída do caminhão

Porta do caminhão presa, animais

íntegros, saída dos animais sem pisoteio

Porta do caminhão solta, animais

íntegros, saída dos animais sem pisoteio

Porta do caminhão solta, animais machucados,

pisoteio de animais 6,25

4 Piso

antiderrapante Piso antiderrapante ou com substrato

Piso antiderrapante ou com substrato em

más condições Piso sem antiderrapante 6,25

Total: 25 pontos Total 21,87