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Urua Abr09 Internet
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Ano XVII Nº 165ABRIL 2009
R$ 2,00www.uruatapera.com
A tragédia poderia ser evitada com medidas simples para contornar os efeitos previsíveis da cheia anual. CONJUNTURA | PÁG 8.
ALTAMIRARetrato do descaso municipal
PROJETO PÉ DE PINCHA: DEZ ANOS DE PRESERVAÇÃO DE QUELÔNIOS
Ecologia
COTIDIANO| PÁG 4.
Valorização da castanha quilombola
EXTRATIVISMO
COTIDIANO | PÁG 4.
Reaproveitamento do solo com culturas cíclicas obtém resultados animadores.
Renda e diversidadeagrofl orestais
PRODUÇÃO
COTIDIANO | PÁG 4.
Inovação no resgate das es-pécies e mapeamento de suas particularidades.
Tecnologia no manejo de epífi tas
REFLORESTAMENTO
SERVIÇO | PÁG 2.
Só nos primeiros três meses de 2009, foram vendidas 3,5 toneladas de tambaquis.
Piscicultura já se destaca no mercado
ABASTECIMENTO
CIDADES | PÁG 3.Atividade atende inclusive pessoal da terceira idade Comunitário exibe suculento tambaqui de cativeiro
Educação ambiental começa desde a mais tenra idade, aprendendo a respeitar e proteger a natureza
Lançado o I Café das Letras e Artes
ORIXIMINÁ
CULTURA | PÁG 7.
ZEE Oeste do Pará na pauta do Conama
MEIO AMBIENTE
REGIONAL | PÁG 5.
Exemplar de epífita no meio natural
Base de apoio para áreas protegidas
MONTE ALEGRE
REGIONAL | PÁG 5.
MRN
DAVID ALVES/AG
MRN
MRN MRN
Diretora-Editora responsávelFranssinete Florenzano
Colaborador especialEmanuel Nassar
Editoração eletrônicaCalazans Souza
Fotolito e impressãoRua Gaspar Viana, 778Tel. 0xx91.3230-0777
Av. Independência, 1857Oriximiná-PA. CEP 68270-000
Tel/Fax. 0xx91.3222-1440CNPJ 23.060.825/0001-05
Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319
Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224
Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169
Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587
Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119
PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS
Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681
Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072
Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371
Hospital Municipal – (93) 3544 1370
Defensoria Pública – (93) 3544 4000
Fórum – (93) 3544 1299
Polícia Civil – (93) 3544 1219
TELEFONES ÚTEIS
2 SERVIÇOABRIL - 2009
A governadora Ana Júlia Carepa entregou o equi-pamentos aos prefeitos de Oriximiná e Prainha, ressaltando que o Estado pretende colaborar com “ajuda técnica e financeira” aos municípios.
Mais de 200 profissionais oriximinaenses con-cluiram o curso de Atendimento ao Público, de-senvolvido pela Mineração Rio do Norte em par-ceria com o Programa de Desenvolvimento de
O primeiro patrulhão do ano, em Oriximiná, en-volveu mais de 20 PMs, 4 conselheiros tutelares e 2 membros do Cisju. A parceria tem sido importan-te para mostrar à sociedade que o trabalho é eficaz, acredita o
A enchente na região Oeste do Pará é avassaladora, destruindo tudo o que encontra pela frente. A for-ça das águas aumenta de forma descomunal e, se-gundo os especialistas, esta já é considerada como
Gonzaga decreta Situação de Emergência
Oriximiná e Prainha receberam “barcos de saúde”
Parceria empresarial fortalece empregabilidade em Oriximiná
Ação conjunta entre a Polícia Militar, Cisju e Conselho Tutelar
a maior cheia de todos os tem-
pos. Para enfrentar adequada-
mente a situação, o prefeito
de Oriximiná, Luiz Gonzaga
Viana Filho, decretou Situação
de Emergência e dirigiu pes-
soalmente uma equipe que foi
ao interior prestar socorro aos
ribeirinhos do município, que
está com 70% de suas terras
submersas.
O secretário do Interior,
Antônio Odinélio, integrou
a comitiva do prefeito, e
defendeu as medidas emer-
genciais. “A Secretaria do In-
terior está fazendo esforços
subumanos para assistir os
atingidos”, disse Luduge-
ro. Durante a operação de
defesa civil, foram doados
madeiras, alimentos e ou-
tros utensílios à população
atingida.
Na opinião de Ivo Matos,
membro da equipe, a enchen-
te deste ano poderá superar
as de 1954 e 2006, haja vista
que o nível das águas dos rios
Trombetas e Amazonas já ul-
trapassaram os 4 metros.
As enchentes são con-
ceituadas como cíclicas ou
típicas, mas hoje já não fácil
diferir uma da outra. Entre
outras razões, por causa da
ocupação desordenada das
várzeas, dos grandes desma-
tamentos, e do assoreamen-
to dos rios.
“Fazemos o atendimento
básico de sobrevivência da
população atingida, princi-
palmente aqueles que estão
impossibilitados de deixar o
local afetado pelo desastre”,
informa Ivo Matos.
A Comissão de Defesa Civil
de Oriximiná, presidida pelo
prefeito Luiz Gonzaga Viana
Filho, é composta por todas as
secretarias.
Pelo Decreto 1577/2009, que
instituiu o Plano Estadual de
Fortalecimento e Valorização
da Atenção Primária em Saúde
no Estado do Pará, o Estado
incentivará financeiramente a
saúde da família com recursos
transferidos do Fundo Estadu-
al de Saúde para os Fundos
Municipais que cumprirem as
determinações.
A operacionalização do
decreto será definida em ato
complementar, com a assina-
tura dos prefeitos que aderi-
rem ao termo de cooperação.
Os municípios que assinarem
o acordo receberão repasse
anual de cerca de R$ 32 mi-
lhões, que ajudarão a fortale-
cer o atendimento de saúde
primária. As universidades
estadual e federal oferecerão
aos profissionais de saúde do
interior cursos de orientação
técnica.
O fortalecimento das ações
de saúde básica ajudará a re-
duzir os casos de média e alta
complexidade. Com isso, o
tratamento oncológico, por
exemplo, poderá ser feito fora
de Belém, no Hospital Regional
de Santarém.
Fornecedores (PDF) e Associa-
ção Empresarial de Oriximiná
(AEOR).
A existência de uma de-
manda para contratação ime-
diata de mais de 80 pessoas
no município, em vagas de
empresas de associados à AE-
OR, levou a entidade a entrar
em contato com a MRN. “Eles
não estavam encontrando
pessoas qualificadas para as
vagas, então pediram nos-
so apoio para disponibilizar
cursos de capacitação para o
público da cidade”, explica o
especialista em Suprimentos
da MRN, Ângelo Matos.
A solicitação gerou a par-
ceria com o PDF, por intermé-
dio da MRN, que financiou a
primeira turma do curso. Os
valores arrecadados com as
inscrições da primeira turma
serviram de subsídio financei-
ro para a realização de outras
quatro turmas do curso, tota-
lizando mais de 200 pessoas
capacitadas. “O mais impor-
tante é que o curso se tornou
autosustentável, uma turma
financiou a outra. Em uma
semana, os alunos aprende-
ram, por exemplo, técnicas de
como abordar o público e de
como atender as expectativas
dos clientes”, destaca Matos.
As aulas foram ministradas
por profissionais do Instituto
Esperança de Ensino Superior
(Iespes), de Santarém.
No ano passado uma série
de turmas aproveitou o curso
de Gestão Empresarial para
empreendedores do Oeste pa-
raense. Para realizar diversos
cursos de capacitação, o PDF
capta recursos de empresas
apoiadoras - que não são do
Pará, mas têm filial no Estado e
são contratadas das empresas
mantenedoras, como a MRN.
presidente do Cisju, Orivaldo
Maciel. A coordenadora do
Conselho Tutelar, Marcilete
Cardoso, também ressalta
o valor da parceria, dizendo
que o órgão sempre apoiará
a iniciativa. “Sabemos que há
menores em bares e também
nos cyber cafés extrapolando
o horário permitido e com a
ajuda da PM vamos agir nes-
sas situações”, diz a conse-
lheira. O comandante da 12ª
Companhia Independente da
PM, capitão Marcelo Ribeiro,
conta que o primeiro patru-
lhão se restringiu às rondas
ostensivas onde há prática de
jogatina e menores. “Primeiro
damos boas vindas para que
o cidadão de bem faça seu
lazer de forma segura”, frisa.
Outro foco são locais onde há
cobrança de pedágio. Duran-
te as blitzes, os menores são
conduzidos até suas residên-
cias pelos conselheiros que
participam da operação.
Quando a equipe de supressão vegetal finaliza a re-tirada de vegetação das novas áreas a serem lavradas pela Mineração Rio do Norte, outro time de profis-sionais entra em cena, numa atividade minuciosa
Manejo de epífi tas fornece informações valiosas para trabalhos de identifi cação botânica
Espécies vegetais encontram vida nova em áreas de refl orestamento
e delicada: o resgate das epí-
fitas - plantas como aráceas,
orquídeas e bromélias, que vi-
vem acopladas aos troncos de
árvores e desempenham papel
fundamental no equilíbrio am-
biental da floresta. O trabalho
faz parte do projeto de Mane-
jo de Epífitas, desenvolvido
pela MRN desde 2001, e que já
levou mais de 20 mil plantas
de volta à natureza. O desafio
começa durante o salvamento
das espécies. Todo cuidado
é pouco para que as plantas
sejam retiradas corretamente
dos troncos das árvores, man-
tendo as características neces-
sárias para que se desenvol-
vam em novo ambiente, nas
áreas de reflorestamento.
A novidade contou com
a experiência de mais de 30
anos do orquidólogo paraen-
se João Batista da Silva, que
desenvolve pesquisas junto
ao Museu Paraense Emílio
Goeldi, em Belém. Ele partici-
pa do resgate das espécies e
trabalha no mapeamento de
suas principais características
e particularidades. “Durante o
resgate das epífitas e o acom-
panhamento dessas plantas
nas áreas de reflorestamento,
conseguimos ver detalhes de
adaptação e desenvolvimento
que não seria possível ver em
nenhum laboratório. Podemos
ver espécies enraizadas às ar-
vores após um mês de fixação,
com florescimento em no má-
ximo 2 anos, o que levaria 5
anos em laboratório”, ressalta
o orquidólogo. “Os resulta-
dos vão ficar em duas áreas:
na científica, já que estamos
montando um banco de in-
formações sobre as espécies.
E na satisfação em contribuir
com o meio ambiente”, avalia.
Os próximos passos incluem
criação do banco de germo-
plasma das espécies, compos-
to por uma coleção completa
de sementes, ilustrações botâ-
nicas, coleção viva e catálogo
fotográfico dos exemplares
coletados. “O Manejo de Epí-
fitas e o monitoramento do
reflorestamento geram infor-
mações que são amplamente
divulgadas por pesquisadores,
multiplicando a tecnologia de-
senvolvida”, explica Gentil An-
tônio Sousa Júnior, engenheiro
florestal da empresa.
MRN
informes3CIDADES ABRIL - 2009
Três toneladas de tambaqui foram despes-cados ao longo de abril, em algumas comu-nidades do lago Sapucuá, em Oriximiná. A produção ajudou no abastecimento dos
Piscicultura ajuda a abastecer mercados do Oeste do Pará
mercados de Oriximiná e Por-
to Trombetas no período da
Semana Santa, época em que
a procura por pescados au-
menta na região. Foi a terceira
despesca de 2009 do progra-
ma de fomento à piscicultura,
desenvolvido pela Mineração
Rio do Norte desde 2002, em
parceria com a prefeitura de
Oriximiná. Só nos três primei-
ros meses do ano, os produ-
tores venderam 3,5 toneladas
de peixe.
O projeto, que promove
a criação de tambaquis em
tanques-rede, beneficia atual-
mente 14 comunidades da re-
gião Oeste. A produção para
este ano está prevista em 12
toneladas e deve gerar cerca
R$ 75 mil para os comunitá-
rios. Parte dessa renda deve
ser revertida para o próprio
projeto, já que o objetivo é
que, com o tempo, ele se
torne autosustentável. “Além
de proporcionar alternativa
de renda para os produtores
da região, colaboramos com
a preservação da espécie do
tambaqui, minimizando os
efeitos da pesca predatória”,
destaca o gerente de Relações
Comunitárias da MRN, José
Haroldo Paula.
A MRN doa filhotes de
peixes (alevinos), ração,
berçários, tanques-rede e
ministra treinamentos para
os participantes, através da
parceria com a Emater-PA,
que coordena tecnicamente
o programa. “Cabe à comu-
nidade cuidar dos tanques e
dos peixes durante o período
de crescimento, que dura em
média um ano e três meses.
Após esse prazo, é realizada
a retirada dos peixes dos tan-
ques para a comercialização”,
explica José Haroldo. Toda a
venda dos peixes de cativei-
ros é cadastrada no Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Na-
turais Renováveis).
A iniciativa já desperta o
interesse de produtores inde-
pendentes e dos órgãos públi-
cos municipais, que investem
no negócio na construção de
alevinários, fábricas para ra-
ção e infraestrutura. O número
de tanques-rede mantidos por
iniciativas independentes já é
muito superior aos mantidos
pela MRN.
Morador da comunidade Flutuante, de Oriximiná, o garoto já segura tambaqui dentro do tanque-rede.
Com carga horária de 136 horas e duração de três meses, o curso inclui treze encontros semanais, a serem realizados na Agência de Desenvolvimen-to Municipal de Oriximiná (ADMO). Faz parte do
Conhecer a Lenda da Man-
dioca através de música, conto
e dança. Para incentivar à lei-
tura alunos de 1ª a 4ª séries,
a Secretaria de Cultura de Ori-
ximiná, através da Biblioteca
Municipal Enéas Cavalcante,
realizou na Escola Raimundo
Muniz a abertura das ativida-
des da Caravana da Biblioteca
em Ação.
Funcionários da Bibliote-
ca, voluntários e artistas se-
lecionados através de edital
participaram ativamente da
programação. A Lenda da
Mandioca foi mostrada pelo
Programa Empreendedor
Rural, financiado pelo Senar
(Serviço Nacional de Apren-
dizagem Rural) e executado
pelo Sebrae (Serviço Brasileiro
de Apoio à Micro e Pequena
Empresa).
36 inscritos passaram por
triagem para o preenchimen-
to das 26 vagas ofertadas. Os
requisitos necessários para
participação no curso obede-
cem aos seguintes critérios:
ser maior de 18 anos de idade,
ter concluído o ensino médio e
ser produtor rural ou filho de
produtor rural.
Dividido em 14 módulos, o
programa compreende fases
técnica e comportamental.
Segundo o instrutor Cezar Lo-
pes, engenheiro florestal e es-
pecialista em empreendimen-
to rural, “o programa utiliza a
metodologia construtiva para
propiciar ao participante a vi-
vência com os temas aborda-
dos. Assim, ao final do curso,
os alunos apresentarão um
projeto relativo à atividade
que desenvolvem”.
A prefeitura municipal, atra-
vés da Secretaria de Agricultu-
ra e Abastecimento (Semagri),
apóia o curso, que também
tem como parceiros a Agência
de Desenvolvimento Municipal
de Oriximiná (ADMO), Adepa-
rá, e Sindicato dos Trabalhado-
res Rurais (STR).
Sucesso da iniciativa: procura foi muito superior às vagas.
Caravana da Biblioteca em Ação movimenta Oriximiná
grupo de dança Igarité, pelo
contador de estórias Edivaldo
Pontes e cantada por Inácio
Sérgio. A cada dois meses, os
artistas envolvidos alternam
as apresentações.
Para as atividades de 2009
a Caravana da Biblioteca em
Ação conta com os grupos de
dança Êxtase, Power Dance
Machine e Igarité. A catego-
ria música tem a participação
dos intérpretes Inácio Sérgio,
Erlon Domingos e Pedro Pi-
mentel. E os contadores de
estórias são Edivaldo Pon-
tes, Rui Guilherme e Aniele
Valério.
Cada contador de estória
e músico recebe R$ 800,00
e cada grupo de dança R$
1.800,00, para dois meses de
apresentação, a título de incen-
tivo da Prefeitura Municipal.
Criatividade educativa: as crianças assistem fascinadas e tomam gosto pela leitura.
MRN
As águas da Bacia Amazônica ainda
não atingiram seu ponto mais alto
e a subida dos rios já é considera-
da anormal. Há quem aposte que
a enchente deste ano será a maior dos últi-
mos cem anos. Os menos pessimistas acham
que a maior dos últimos 60 anos com certeza
será. Segundo os estudiosos, o fato se deve
a uma coincidência rara de picos de cheias
dos diferentes rios que a compõem. O local
com maior elevação das águas, calcula-se,
será na altura de Óbidos, parte mais estreita
e profunda do rio Amazonas, pouco antes
de Santarém, onde o pico deverá acontecer
em meados de maio. Mas, apesar das gran-
des proporções, não é o caso de pânico, até
porque a cheia é um fenômeno recorrente
na Amazônia. Por isso, depois, a tendência
é voltar tudo ao normal.
Drama ribeirinhoQuem é da região e conhece bem o fenôme-
no das cheias na região oeste do Pará acredita que, em julho, os prejuízos serão enormes com a morte do gado, principalmente se o rio baixar lentamente, porque, com os campos alagados, os animais ficam sem ter o que comer.
Recorde históricoEm Santarém, o rio Tapajós sobe dois cen-
tímetros por dia. Segundo a medição feita pela Capitania dos Portos, o nível está em 8 metros e cinqüenta e dois centímetros e já se aproxima ao nível do rio em 2006, quando foi registrada a maior cheia dos últimos 30 anos na região. A progressão deve permanecer inalterada até a primeira quinzena do mês de maio, daí que é quase certo que a marca histórica será ultra-passada nos próximos dias.
Passageiros da agoniaNa frente da cidade, a Avenida Tapajós foi
tomada pela água, interditando o trânsito, para agonia dos passageiros que são obri-gados a enfrentar a lama para embarcar e os carregadores que precisam passar pelo local para transportar mercadorias até os barcos que aportam por lá. Em Alter do Chão, a água invadiu a orla e ameaça alagar as pousadas localizadas na beira da praia. Os comerciantes estão preocupados e temem prejuízos. Na Ilha do Amor, as barracas desapareceram. Da vila só é possível avistar os telhados de palha.
Aviso prévioGabriel Guerreiro vem alertando há mais
de um mês sobre os prenúncios das grandes águas este ano. Em Oriximiná, o rio já transbor-dou e inundou a primeira rua na orla da cidade, impedindo o tráfego de veículos e causando transtornos à população, principalmente aos comerciantes, já que os consumidores ficam praticamente sem acesso aos estabelecimentos na área.
Encantamento fatalAs péssimas condições da Rodovia Everaldo
Martins, que liga Santarém a Alter do Chão, não fazem jus aos encantos do paradisíaco lugar. Esta semana, na altura da comunidade de Irurama, um Fiat Uno conduzido por Igua-rany Macambira capotou quando o motorista tentou desviar de um buraco e perdeu uma das rodas do carro. Socorrido e conduzido ao Pronto Socorro Municipal, Iguarany teve vários ferimentos pelo corpo e um corte na cabeça. E continua internado sobre os cuidados do médico neurocirurgião Erick Jennings.
Bela do mundoAlter do Chão, em Santarém, no pólo turís-
tico do Tapajós, foi escolhida como a melhor praia do Brasil em lista publicada pelo jornal inglês The Guardian, reunindo as dez melho-res praias do Brasil. A seleção foi feita por dez especialistas. Alter do Chão desbancou concorrentes paradisíacas de maior fama como Fernando de Noronha, Jericoacoara e praias tradicionais do Rio de Janeiro e da Bahia. E olhe que as areias de Alter do Chão só aparecem no período de vazante do rio Tapajós, entre os meses de agosto e janeiro, quando o volume de água diminui.
ADMO sedia apresentação do curso de empreendimento rural
ABRIL - 20094
Os gestores dos municípios do oeste paraense que participaram da reunião com o ministro Manga-beira Unger, em Itaituba, cobraram mais agilida-de do governo na execução dos projetos na região
O mapeamento para a valorização da castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) através de um plano de ação preliminar foi fruto da discussão entre os técnicos do governo municipal, estadual e federal
Valorização da castanha em área quilombola
Prefeitos do Oeste reclamam das estradas intrafegáveis
e ações imediatas para a me-
lhoria das estradas vicinais,
que estão intrafegáveis. Rau-
liem Queiroz (PT), prefeito de
Jacareacanga e secretário da
Associação dos Municípios da
Transamazônica e Oeste do
Pará (Amut), alfinetou:“é muito
bom o governo federal querer
recuperar as estradas vicinais,
fazer pontes, mas já estaria de
bom tamanho se conseguisse
consertar as pontes da Transa-
mazônica e BR-163”.
O prefeito de Medicilândia,
Ivo Müller (DEM), salientou a
importância da rodovia Transa-
mazônica e das estradas vici-
nais de seu município, um dos
maiores produtores de cacau
do mundo. Ele lembrou que
a dificuldade de escoamento
da produção é um dos fatores
que encarece o produto regio-
nal, tirando a competitividade.
E falou sobre o sofrimento dos
produtores da região por cau-
sa da falta de estradas.
Outro que se queixou mui-
to foi o prefeito de Rurópolis,
Aparecido Florentino (PMDB),
insistindo também na necessi-
dade de mais recursos do go-
verno para que os municípios
possam recuperar pelo menos
as estradas vicinais.
A prefeita de Aveiro, Go-
rete Xavier (PMDB), reclamou
que os prefeitos é que so-
frem a pressão da população
por causa da precariedade
das estradas. E a prefeita de
Novo Progresso, Madalena
Hofmmam (PSDB), criticou o
governo federal que, segundo
ela, está tirando recursos dos
municípios, com a redução do
repasse do FPM.
O prefeito de Belterra, Geral-
do Pastana (PT), propôs que os
governos federal e estadual se
unam de imediato para ajudar
os municípios a recuperar pelo
menos 20% das estradas vicinais
no início do próximo verão. Ele
sugeriu que as próprias prefeitu-
ras façam o serviço e, para cada
quilômetro de estrada recupe-
rada, o governo federal repasse
dois mil litros de óleo diesel e o
governo estadual mais mil litros.
“Para cada Km de estrada a pre-
feitura receberia 3 mil litros de
diesel e faria a recuperação com
seu próprio maquinário e pesso-
al”, explicou.
O presidente da Associação
dos Municípios da Calha Nor-
te (Amucan) e prefeito de Óbi-
dos, Jaime Silva (PTB), defen-
deu atenção maior do governo
para as rodovias localizadas
na margem esquerda do rio
Amazonas, advertindo que as
condições das estradas na re-
gião também são caóticas.
e lideranças de produtores de
castanha na região. A estraté-
gia utilizada na oficina creden-
ciou o Pará Rural como parcei-
ro na viabilização de projetos
de investimentos no setor para
fortalecer e agregar valor à ca-
deia produtiva da castanha.
Em Oriximiná, o apoio
ao extrativismo da castanha
rompe o círculo vicioso da
dependência dos extrativistas
ao mercado tradicional. A ca-
pacitação fortalece o proces-
so organizacional e produtivo,
garantindo mercado justo aos
subprodutos da castanha-do-
pará com agregação de renda
às famílias extrativistas, com o
uso sustentável dos produtos
florestais contribuindo para
segurança alimentar, come-
mora o prefeito Luiz Gonzaga
Viana Filho.
A parceria envolve o setor
privado e de governos: Pará
Secretarias Municipais de
Agricultura e Meio Ambien-
te, Agencia de Cooperação
Técnica Alemã (GTZ) e re-
presentante da Associação
da Reserva Extrativista do
Cupari, Sindicato dos Traba-
lhadores e Trabalhadoras Ru-
rais, Sebrae, Banco do Brasil,
Fundação Orsa e empresas
ligadas à comercialização da
castanha na região do Baixo-
Amazonas.
Começou na terça-feira (14)
a oficina de valorização da cas-
tanha-do-pará, que qualificará
120 famílias de extrativistas
das comunidades rurais de Ca-
fezal, Pedra Branca, Recreio e
Arumanduba, do Vale do Jari e
Calha Norte do Rio Amazonas,
no município de Almeirim. É a
segunda oficina de valoriza-
ção de produto florestal não
madeireiro promovida pelos
órgãos governamentais, em
parceria com ONGs da região.
A ação conta com a participa-
ção de ribeirinhos, extrativis-
tas, técnicos e pesquisadores
que atuam e promovem ações
de desenvolvimento susten-
tável no Vale do Jari e Baixo
Amazonas.
Rural e Secretaria de Esta-
do de Projetos Estratégicos,
Ministério de Desenvolvi-
mento Agrário, Ministérío
do Meio Ambiente; Empresa
Brasileira de Agropecuária,
Fruto tradicional na região, a castanha-do-pará enfrenta crise
Trabalhar adequadamente a terra para dela obter uma fonte de renda. Essa é a premissa que rege al-guns comunitários do Oeste paraense, que traba-lham com a implantação de sistemas agroflorestais,
Criado em 1999 por moradores do município de Terra Santa, no Oeste paraense, a preservação de quelônios da Amazônia através do projeto Pé-de-Pincha ganhou força e parceiros ao longo do tempo.
Sistemas agrofl orestais geram renda e diversifi cam a produção
os SAFs. Através do plantio de
espécies frutíferas e florestais
em áreas já cultivadas ante-
riormente – na maioria das
vezes com mandioca -, o so-
lo é reaproveitado com o uso
combinado de culturas de ci-
clo curto, médio e longo.
Desenvolvido desde 2004
pela Mineração Rio do Norte
(MRN), o projeto teve como
parceiro inicial o Instituto Na-
cional de Pesquisas da Amazô-
nia (Inpa) e conta desde 2006
com a coordenação técnica da
Empresa de Assistência Téc-
nica e Extensão Rural (Ema-
ter-PA). “É importante que os
produtores da região diversi-
fiquem sua produção, prolon-
gando a vida útil daquela área
que já foi alterada. O trabalho
com culturas de diferentes ci-
clos, além de melhorar a quali-
dade de vida da geração atual,
garante o atendimento das
necessidades das gerações fu-
turas”, explica o gerente de Re-
lações Comunitárias da MRN,
José Haroldo de Paula.
Até o ano passado, eram
beneficiadas cerca de 70 fa-
mílias das comunidades Boa
Nova e Saracá, localizadas no
lago Sapucuá, em Oriximiná.
Neste ano, as comunidades
Casinha e Castanhal passam a
integrar o projeto. Em março,
mais de 20 agricultores des-
sas duas localidades planta-
alternativas é o processa-
mento das frutas, que po-
dem ser transformadas em
produtos de maior valor
comercial, como licores,
doces, bombons, geléias e
compotas.
Com esse objetivo, mais de
vinte produtores do Sapucuá
participaram em março do
curso de Processamento de
Frutas, ministrado pela Ema-
ter-PA. Assim, eles poderão
processar os primeiros frutos
das 23 mil mudas plantadas
nos anos iniciais do projeto.
“Uma preocupação nossa é
para que haja a verticalização
da produção, que gera maior
valor agregado e, consequen-
temente, maior renda para os
agricultores”, explica o enge-
nheiro agrônomo da Emater,
Aluísio Santos.
ram cerca de oito mil mudas
de espécies frutíferas - como o
mamão, a laranja e o abacate
-, e espécies de madeira de lei
- como o cedro, pau d’arco e
andiroba. Em Boa Nova e Sa-
racá foram replantadas 1,4 mil
mudas neste mês. Os produto-
res também recebem da MRN
ferramentas e insumos.
Além do plantio das mu-
das, são ensinadas manei-
ras de aproveitar melhor
a produção, com o olho
no mercado. Uma dessas
Os próprios produtores transportam mudas da balsa para armazenar em terra fi rme
Pé-de-Pincha completa dez anos de preservação dos quelônios da Amazônia
Em Oriximiná e Terra Santa,
o projeto é desenvolvido com
o apoio da Mineração Rio do
Norte (MRN) – empresa que
produz bauxita na região -,
Universidade Federal do Ama-
zonas (Ufam), Ibama e as pre-
feituras das cidades.
Em dez anos de história,
mais de 800 mil filhotes de
tracajá, pitiú e tartaruga da
Amazônia já foram devolvidos
à natureza. Este ano não foi
diferente. Durante o mês de
março, mais de cinco mil filho-
tes de quelônios foram soltos
nos rios da região. Atualmen-
te, 86 comunidades do Pará e
Amazonas são beneficiadas.
A participação dos comu-
nitários é fundamental para o
desenvolvimento do projeto.
O Pé-de-Pincha trabalha com
o envolvimento de produtores
rurais, lideranças comunitárias
e escolas da rede municipal de
ensino.
São as próprias comunida-
des que indicam os agentes
ambientais voluntários. Essas
pessoas são treinadas para li-
derar o manejo dos quelônios
em cada comunidade. “Sem
esse apoio o trabalho não
poderia ser realizado. Depen-
demos de nossos voluntários
e dos recursos dessas institui-
ções”, avalia uma das coorde-
nadoras do projeto, a profes-
sora da Ufam, Sandra Helena
Azevedo.
O manejo dos quelônios
envolve diversos procedimen-
tos que garantem o nascimen-
to do maior número possível
de filhotes. Além de nascer
em segurança, eles são pro-
tegidos até que o casco fique
duro e resista aos principais
predadores (aves, peixes e ja-
carés). Os números mostram
a importância do projeto. “A
Através do projeto, o crescimento dos animais é acompanhado constantemente
COTIDIANO
estimativa de sobrevivência
dos filhotes de quelônios sem
o apoio do Pé-de-Pincha é de
1%. Após o nosso acompanha-
mento, esse número sobe para
40%”, garante Sandra.
Além de proteger os ninhos
nos locais de desova, coletar
os ovos, acompanhar a eclo-
são e soltar os filhotes na natu-
reza, através do Pé-de-Pincha
são realizadas atividades de
educação ambiental, cursos
sobre alternativas de geração
de renda e formação de lide-
ranças ambientais.
“Realizamos diversas ati-
vidades educacionais com as
comunidades participantes
do projeto. Os comunitários
já sabem que, se não preser-
var, o futuro dos quelônios da
região será incerto”, explica a
professora.
MRN
MRN
ABRIL - 2009 5
Cerca de 2 milhões e meio de hectares de florestas es-taduais estão sendo monitoradas a partir de um con-junto de ações que vêm sendo discutidas e aprimo-radas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal
A sede do município terá uma base de apoio para os planos de manejo das áreas protegi-das da região da Calha Norte. Também seráum escritório da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) na região.
Sistema de monitoramento amplia fi scalização sobre as fl orestas
Monte Alegre ganhará base de apoio para áreas protegidas
Os cargos serão ocupados por
agentes públicos concursados,
já chamados em março para
ocupar suas funções.
O prefeito Jardel Vascon-
celos colocou à disposição do
governo um imóvel do municí-
pio, que deverá ser reformado
e adaptado às necessidades
das equipes administrativa e
de pesquisa que vão atuar na
região. Além dessa base, será
implantado posteriormente
na cidade um centro de apoio
aos visitantes e um espaço pa-
ra exposição das unidades de
proteção de toda a Calha Nor-
te. Os recursos são oriundos
de compensação ambiental
de projetos de grande impacto
implantados no Pará.
Em reunião com o prefeito,
vereadores, a deputada Jose-
fina Carmo (PMDB) e outras
lideranças, o secretário de
Meio Ambiente Valmir Orte-
ga anunciou que até o final
do ano o plano de manejo do
Parque Estadual de Monte Ale-
gre, que está sendo elaborado
pelo Museu Paraense Emílio
Goeldi, será concluído. O par-
que é circundado pela Área de
Proteção Ambiental Paytuna,
criada pela Lei 6.426, de 17 de
dezembro de 2001, e possui
56.129 hectares, com grande
potencial para o ecoturismo.
Um dos atrativos é a Serra da
Lua, que abriga vários sítios
arqueológicos com pinturas
rupestres que datam de 11 mil
e 200 anos.
Estudos apontam que a
ocupação da Amazônia e a
origem do homem nas Améri-
cas se deu naquela região. De
grande beleza, além do valor
histórico, o Parque de Monte
Alegre é cenário de espécies
como minissamambaias, mi-
niavencas, cavernas, lago e
até uma mancha de cerrado,
ocorrência rara, em área de
floresta.
O local já recebe visitação
pública, sobretudo de estran-
geiros, mas o plano de manejo
vai consolidar a forma de uso
dos recursos naturais, de con-
servação da biodiversidade e
possibilitar o fortalecimento do
ecoturismo, realça a deputada
Josefina Carmo. Paralelamente,
a comunidade do entorno está
sendo capacitada para atuar e
se beneficiar das atividades,
dentre elas parceria entre a Se-
ma e o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) para identificar os sítios
arqueológicos com potencial
de visitação e um curso sobre
Educação Patrimonial para alu-
nos e professores da rede pú-
blica, ministrado pelo Museu
Goeldi.
A gestão das unidades de
conservação será feita por um
conselho consultivo, integrado
por representantes de órgãos
públicos municipal, estadual e
federal e movimentos sociais
da região.Deputada Josefi na Carmo: é preciso proteger o patrimônio
do Pará (Ideflor), por meio do
Núcleo de Monitoramento, La-
boratório de Sensoriamento
Remoto e da Gerência de Ou-
torga e Contratos.
As medidas incluem estu-
dos dos planos de manejo de-
senvolvidos na região, análise
da área através de imagens
por satélite, além de viagens
a campo, com a participação
da comunidade, Conselhos
Gestores (formados por movi-
mentos sociais e representan-
tes governamentais) e fiscali-
zação direta. A partir dessas
ações, será possível manter
uma vigilância maior sobre as
florestas, evitando que os re-
cursos florestais sejam utiliza-
dos de maneira desordenada.
As áreas de floresta que
serão monitoradas estão
localizadas no conjunto de
glebas Mamuru-Arapiuns e
Nova Olinda, que abrangem
os municípios de Santarém,
Aveiro, Juruti e Óbidos, além
das glebas Joana Peres I e II,
localizadas em Portel e Bagre.
Segundo Daniel Costa, enge-
nheiro florestal e coordenador
de Monitoramento do Ideflor,
“a troca de informações en-
tre outras instituições, como
o Instituto de Terras do Pará
(Iterpa) e a Secretaria de Meio
Ambiente (Sema), será funda-
mental para a realização deste
trabalho”. Futuramente, será
criado o Sistema de Informa-
ção Geográfica do Ideflor, que
também irá auxiliar as ações
de fiscalização.
Há vários anos vem sendo
desenvolvido trabalho para
implantação das unidades de
conservação da Calha Norte,
um bloco de áreas protegidas
de 12 milhões de hectares que
compreende os municípios de
Alenquer, Almeirim, Faro, Mon-
te Alegre, Óbidos e Oriximiná.
A Calha Norte é formada
pela Estação Ecológica do
Grão-Pará, Reserva Biológica
Maicuru e pelas florestas esta-
duais do Paru, de Trombetas,
de Faro e do Iriri.
Somada a outras unidades
de conservação, como as Ter-
ras Indígenas, são mais de 25
milhões de áreas protegidas
no Pará, que cumprem impor-
tante papel na conservação da
biodiversidade.
A região se integra a um
corredor chamado Escudo das
Guianas - uma área de milhões
de hectares que sai do Suri-
name, passa pelas Guianas,
pelo Amapá, Pará e termina
no Amazonas, constituindo o
maior bloco de áreas protegi-
das de florestas tropicais do
planeta.
Os estudos que estão sendo
realizados por várias institui-
ções na Calha Norte vão indi-
car quais as áreas que devem
ser protegidas integralmente e
quais terão uso econômico.
Várias expedições socioeco-
nômicas e científicas já foram
concluídas, e o relatório técni-
co será apresentado ainda em
2009. No início de 2010 será
feito o zoneamento da área.
Mais de vinte empresários de Terra Santa con-cluiram o curso de Gestão Empresarial, pro-movido pela primeira vez na cidade através de uma parceria da Mineração Rio do Norte,
Empresários de Terra Santa investem em qualifi cação profi ssional
Associação de Micro e Pe-
quenos Empresários de Terra
Santa (Ampets) e Programa de
Desenvolvimento de Fornece-
dores (PDF).
“Os empreendedores pude-
ram ter uma visão de gestão
em Planejamento Estratégico,
Marketing, Logística, Finanças
e Recursos Humanos. Esses
são os temas focados”, explica
o especialista em suprimentos
da MRN, Ângelo Matos.
Após cinco meses de au-
las - ministradas por profes-
sores do Instituto Esperança
de Ensino Superior (Iespes),
de Santarém -, os alunos de-
vem apresentar um plano
de negócios como trabalho
de conclusão. “Eles devem
usar suas próprias empre-
sas como base desse plane-
jamento, já que a intenção é
que, de fato, eles apliquem
o plano em seus negócios”,
ressalta o especialista.
A turma que se forma em
Terra Santa é composta por
empresários de vários seto-
res, como moveleiro, ferra-
gens, alimentação e bebidas.
“A repercussão do curso foi
tão boa que queremos co-
meçar uma nova turma em
2009 para atender outros
interessados. Além disso, o
curso serviu para despertar
a atenção de muitos empre-
sários para a importância de
estar sempre em busca de
mais qualificação. Depois,
vamos trazer outros cursos
para o público daqui”, enfa-
tiza o presidente da Ampets,
Ademar Bentes.
A MRN realizou no ano pas-
sado duas edições do curso
em Óbidos e Oriximiná, em
parceria com as associações
comerciais dos municípios.
Foram certificados cerca de
60 empresários. “Investir em
programas de qualificação de
fornecedores regionais é fun-
damental. Sistemas de gestão
profissionalizados e moder-
nos significam mais qualidade
e, consequentemente, maior
competitividade. Assim, esses
empreendedores passam a
atender as demandas do mer-
cado e ajudam a movimentar a
economia local”, avalia Matos.
REGIONAL
O Conselho Nacional do Meio ambiente deve votar, até o fim do mês, a resolução que propõe a implan-tação do projeto de Zoneamento Ecológico Econô-mico (ZEE) da região Oeste do Pará, apresentada
ZEE Oeste do Pará aguarda votação
pelo governo do Estado e já
aprovada pelas Câmaras de
Assuntos Jurídicos e Gestão
Territorial do órgão.
A resolução deveria ter
sido votada na reunião de
11.03.2009, mas um dos con-
selheiros do Conama pediu
para examinar melhor a pro-
posta do governo paraense.
O projeto do ZEE do Oeste
do Pará é parte do novo mo-
delo de desenvolvimento para
a Amazônia Legal, representa-
do pelo Plano Amazônia Sus-
tentável. A proposta abrange
19 municípios sob a área de
influência das rodovias BR-163
(Santarém/Cuiabá) e BR-230
(Transamazônica), num total
de 334.450 quilômetros qua-
drados, o que corresponde a
27% do território do Pará. Essa
área é 2,19 vezes maior que o
Acre, 1,35 maior que São Pau-
lo e somente 6% menor que a
Alemanha. O ZEE apresenta
as potencialidades e limita-
ções econômicas, ambientais
e sociais de Altamira, Anapu,
Aveiro, Belterra, Brasil Novo,
Itaituba, Jacareacanga, Juruti,
Medicilândia, Novo Progresso,
Placas, Porto de Moz, Prainha,
Rurópolis, Santarém, Senador
José Porfírio, Trairão, Uruará
e Vitória do Xingu, com popu-
lação de cerca de 1 milhão de
habitantes.
O relator do projeto na As-
sembleia Legislativa, deputado
Gabriel Guerreiro, que é tam-
bém presidente da Comissão
de Ecologia, Meio Ambiente,
Geologia, Mineração e Energia
da Alepa e líder do PV, consi-
60 pesquisadores de 12 ins-
tituições. O projeto contou
ainda com a participação dos
governos locais e sociedade ci-
vil, que debateram o tema em
mais de 10 audiências públi-
cas na região. Para Guerreiro,
O ZEE possibilita que a área de
influência da BR-163 não seja
afetada pela Resolução 3.545
do Banco Central-Conselho
Monetário Nacional, determi-
nando que a partir de 1º de
julho de 2008 a concessão de
crédito rural para atividades
agropecuárias, nos municípios
que integram o Bioma Amazô-
nia, fica condicionada ao licen-
ciamento ambiental e à obser-
vância das Diretrizes do ZEE de
cada Estado. “O ZEE é um es-
tímulo aos governos estadual
e municipal e às comunidades
locais para o uso racional dos
recursos naturais e promoção
do desenvolvimento sustentá-
vel”, defendeu o líder do PV.
dera a iniciativa uma das mais
importantes do Estado.
Guerreiro, no entanto, su-
geriu algumas alterações no
projeto, como o aumento da
área de reserva legal para ex-
ploração de recursos flores-
tais, hoje estipulada em 20 por
cento da área total.
“O ZEE é o passo inicial para
o ordenamento ambiental e
territorial da região. A partir
daí é que será possível ofere-
cer segurança jurídica ao setor
produtivo, aos agricultores fa-
miliares, comunidades extrati-
vistas, ribeirinhos, populações
indígenas e quilombolas, para
que desenvolvam suas ativi-
dades em bases sustentáveis”,
pontuou Gabriel Guerreiro.
O Plano de Desenvolvimen-
to da BR-163, coordenado pela
Embrapa, envolveu mais de
Gabriel Guerreiro: é preciso proporcionar segurança jurídica e sustentabilidade
6 ABRIL - 2009
VICENTE MALHEIROS DA [email protected]
WALCYR [email protected]
No Rio Maiuatá - você sabe onde fica o Rio Maiuatá? Não? Fica no Município de Igarapé-Miri, no Pará, e é afluente do Rio Tocantins - no Rio Maiuatá, dizia eu, come-çaram a ouvir os estriden-tes assobios da Matinta Perera. Os moradores se perguntavam: Quem será já que vira Matinta por aqui? E nada de descobrir quem era a Matinta do Rio Maiuatá...
A coisa foi aumentan-do e, além dos assobios, a Matinta começou a assus-tar as pessoas de outras maneiras. Você sabe, não é? que a Matinta pode se transformar no que quiser. Pois é, a Matinta ora aparecia em forma de onça, ora em forma de queixada, ora em forma de outro animal qual-quer, sempre atazanando
os pacatos caboclos e seus familiares, metendo medo e não deixando ninguém dormir com os estridentes
- Fiiiiiiiiittt...Ou pior quando dobra-
va o assobio- Firifififiuuu...Teodoro Castro Bar-
boza, 40 anos, filho de Sumaúma, lá em Igarapé-Miri, foi quem contou esta história. E ele continuou dizendo que a Matinta tanto perseguiu os mora-dores que um deles, mais corajoso, disse que ia dar um jeito naquela situa-ção. Era o João Piraqueira, filho da Tia Podó, que era muito estimado naquelas bandas.
Pois bem, o João Pi-raqueira procurou um pajé dos bons, explicou a situação e disse que queria dar uma solução
A TIA PODÓ
No início do ano, quan-do estive em São Paulo, vi-sitei o jornalista Luís Nas-sif, que fez um registro do fato em seu Blog, com ilustrações de músicas da família Fonseca: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/02/25/trivial-do-maestro-isoca/
De volta a Belém, en-contrei no Portal do jorna-lista a melodia do choro O Bandolim do Nassif, com-
posto por Adalberto Ca-valcanti, de Recife, e resol-vi escrever dois arranjos (Duo para Flauta e Piano; e Trio para Flauta, Fagote e Piano), além de acres-centar uma introdução. A partitura do duo e a gra-vação do trio podem ser conferidas no link: http://colunistas.ig.com.br:80/luisnassif/2009/03/23/d o s - p r e s e n t e s -inesqueciveis/
para aquele problema, a fim de que os moradores do Rio Maiuatá voltassem a ter paz e pudessem dormir sossegados. O pajé ouviu e seguiu junto com o rapaz.
Ah! Você nem imagina o que aconteceu! Pois não é que a Matinta era... Não, estou me precipitando e já chegando ao fim da história. Deixe, pois, que conte o que aconteceu depois que o João Pira-queira falou com o pajé. Como já disse, depois de ouvir atentamente, o
pajé seguiu com João Pi-raqueira para o Rio Maiua-tá. Lá chegando, pediu que o rapaz arrumasse duas cuias pitinga e uma sandália e guardou este material.
Quando chegou de noite, assim que a Matin-ta começou a assobiar, quando se ouviu
– Fiiiiiiittt...!O pajé saiu da casa
em que estava, começou a fazer suas orações, pe-gou as duas cuias pitinga e colocou em cima da sandália emborcada. Era
a fórmula para amarrar Matinta Perera!
Naquela noite ouviu-se ainda um assobio cortado pela metade e um barulho assim como se fosse um pato se debatendo em cima de um galho de uma árvore próxima. Ninguém foi olhar, esperando a manhã seguinte...
* * *Ao amanhecer o pajé
chamou João Piraqueira para ir ver a Matinta amar-rada pela fórmula...
Veja só o que é o destino!
O pajé disse para o rapaz:
- Agora vamos saber quem é a Matinta Perera do Rio Maiuatá!
Quando chegaram no local, sobre um galho de uma árvore próxima às duas cuias pitinga em cima da sandália embor-cada, estava uma mulher que dali não conseguia se mexer, como se estivesse amarrada no galho. O pajé disse para João Pira-queira: esta é a Matinta Perera que estava pertur-bando vocês...!
Quando João Piraquei-ra ergueu a vista para o galho da árvore, quase desmaiou. Quem estava lá em cima era a sua pró-pria mãe, a Tia Podó...
* * *Surpresa desagradável
para o João Piraqueira, não acha? Ele, que tanto se empenhou em amarrar a Matinta, veio a descobrir que era a sua genitora...
Ele ficou muito enver-gonhado. Mas o certo é que, depois daquele dia, nunca mais se ouviu ou se viu a Matinta Perera do Rio Maiuatá... Mas os velhos moradores, como Teodoro Castro Barboza, até hoje se lembram e contam a história...
CHOROS, MAXIXES, VALSASE NOTURNOS
Homenagem musi-cal que vem do nordes-te, passa pelo norte e vai ao sudeste, graças à informática.
Luís Nassif – que também é músico – es-creveu na Folha de São Paulo (caderno Dinheiro, 28.07.2002) o artigo A Canção Amazônica de Isoca, em que se reporta sobre a herança musical de Wilson Fonseca, meu saudoso pai.
Escrevi ainda arranjos – Quintetos de Cordas e de Sopros, com Piano – para o choro Despretensioso, de Luna Remer (Luciana Re-mer Tacla), de Curitiba.
No catálogo de minha obra musical (que já ul-trapassa de mil peças), há muitos sambas, além de sairés, choros e chorinhos (Azulino, Petição Inicial, Você pensa que cabo-clo é besta?, Brincadeira ou Sapecando, Os Três
Peraltas, Sapecando Miu-dinho ou Festa Mocoron-ga, Chorinho Pai D’Égua, Futebol, Irurá, De Casa Nova, Marcapasso). Aliás, foi com o choro Irurá que tive a honra de ser con-templado com premiação conferida pelo Concurso Internacional de Compo-sição 2006, promovido pelo Quinteto Amizade, cuja entrega ocorreu em fevereiro último na Sala Martins Penna do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília.
Na linha da tradição de meu avô José Agosti-nho da Fonseca, compus alguns maxixes, como Cunhantã (sairé-maxixe), Quase aos 50, Prá Valer, Jana (em homenagem à cantora Jana Figarella) e o recente Trintão (Duo para Bandolim e Piano), dedicado ao meu primo-gênito Vicente Filho, que já chega aos 30 anos de
idade. Na mesma semana, dediquei ao meu segundo filho o chorinho Adriano no Cavaquinho (Duo para Cavaquinho e Piano).
Homenagens à queri-da Santarém, minha terra natal, não faltam.
Durante a Semana Santa surgiram quatro novas Valsas Santarenas (76 até 79), compostas na Quinta-Feira Santa, na Sexta-Feira Santa e no Domingo de Páscoa. A de nº 77, escrita por sugestão de meu irmão José Agostinho (Tinho) e a ele dedicada, apresenta um motivo sacro, daí por-que, além do arranjo para piano, fiz um Quarteto de Cordas.
O jornal Uruá-Tapera de outubro/2003 publi-cou o meu artigo Santa-rém, Pôr-de-Sol, que con-tém o poema que escrevi para o belíssimo noturno composto, sob aquele su-
gestivo título, por Wilson Fonseca, em 1951.
O noturno é composi-ção curta e sugere a calma da noite. Gênero introdu-zido por John Field (sé-culo XIX), tornou-se uma “forma de salão”, a partir dos belos noturnos (21) de Chopin. Outros composito-res escreveram noturnos: Mendelssohn (Sonhos de uma Noite de Verão), De-bussy (Nocturnes) e Brit-ten (Serenade para tenor, trompa e cordas).
Compus alguns notur-nos: Navegando no Tapa-jós, Olhando o Ocaso nº 2, Meditação e Noturno Tapajônico, além da letra e arranjos para Santarém, Pôr-de-Sol.
A pedido da Profª. Gló-ria Caputo, dediquei o Noturno Tapajônico, com arranjo para Banda Sinfô-nica, Percussão e Piano, ainda inédito, à Orquestra Jovem do Projeto Vale.
ADEMAR AYRES DO [email protected]
Bom, pra início de con-versa, eu vou logo avisan-do que carnaval não mexe mais comigo. Anda muito longe a fase das festas infantis da ARP, que eu frequentei na companhia do meu dileto amigo Cé-lio Simões e daquela nos-sa namorada de então. Nem mais saudade das festas da adolescência, quando eu me esbaldava em boa companhia e sem a ameaça do Célio, nos nobres salões do badala-do Centro Recreativo de Santarém. Agora, prefiro aproveitar os dias do senhor momo para ficar quieto no meu canto.
Este foi o quinto car-naval que eu e minha es-posa aceitamos o convite de um casal de velhos amigos, para ficar des-cansando no belo sítio deles, a alguns quilôme-tros de Belém. Levo sem-pre um bom livro (desta vez, Quincas Borba, do insuperável Machado de Assis), uma rede larga o suficiente para não sobrar o pé, e assim me mante-nho por quatro dias, qual um urso polar em plena hibernação. No máximo, quando muito, dou uma espiada de esguelha( ou à socapa, como escreveria o bruxo do Cosme Velho),
História de Quarta-feira de Cinzas
na televisão, para apreciar os movimentos hiperbóli-cos de alguma mulata re-bolativa na avenida. Fora isso, joguei conversa fora, apanhei manga pra comer com canivete debaixo da árvore, me distraí matan-do mosca com uma mo-derna raquete elétrica e ouvi algumas histórias.
A melhor de todas me foi contada pelo casal de amigos do qual eu e minha esposa fomos hóspedes, e o enredo aconteceu alguns meses antes do carnaval, quan-do eles viajavam, uma noite, no rumo do sítio. Antes, vamos logo expli-car que esse meu amigo é médico conceituado na capital, homem sério de quem nunca ouvi dizer isso-assim-zinho (ainda se escreve com hífen?) que seja sobre alguma mentira contada, e muito menos dá pra duvidar do que ele disse, de vez que o episó-dio teve por testemunha sua própria esposa.
Meu amigo comprou o sítio há muitos anos e
acabou fazendo grande amizade com a popula-ção do lugarejo, e muito contribuiu para isso sua condição de excelente clínico geral, fazendo com que ele acabasse por abrir um consultório na sede do município, onde atende gratuitamente a quem o procura. Sai de Belém toda sexta-feira cedo e vai direto para seu consultório da estrada. Ao chegar, já o espera uma longa fila de gente e sua prestimosa esposa lhe presta ajuda como voluntária na organização dos atendimentos. O ca-sal almoça por lá mesmo e só toma o caminho do sítio, para o merecido descanso de fim de se-mana, quando termina de atender o último pa-ciente, muitas das vezes já vendo a lua alta.
O que ele me narrou, e que eu passo igualzinho a vocês, aconteceu quando meu amigo e a esposa se dirigiam ao sítio, após mais uma dessas sestas-feiras de estafante traba-
lho. Deixaram a sede do município e pegaram a BR para alcançar o ramal que os levaria ao sítio, a uns dez quilômetros de dis-tância. Já tinham vencido metade do percurso e con-versavam animadamente, quando a luz potente da caminhonete Hyllux, bateu num vulto todo de branco a uns duzentos metros de distância.
- Olha ali – apontou a esposa – não parece o personagem daquela da música do Erasmo?
- É – brincou o médico – sentado à beira de um caminho.
No que se aproxima-ram, assistiram surpresos o homem de branco se levantar do acostamento e caminhar alguns passos até o meio da pista. Lá se pos-tou em posição de sentido e ergueu os braços para o céu, como se tentasse bar-rar a passagem do carro.
- É assalto! Te segura ! – gritou meu amigo para a esposa.
Segurou firme na di-reção e sentou o pé no
acelerador fazendo o carro disparar. Ao chegar a uns dez metros do homem de branco, meu amigo abaixou a cabeça para se proteger do impacto, ain-da a tempo de ouvir o grito desesperado da esposa:
- Meu Deus, é seu Pe-dro! É seu Pedro !
Como não houve ne-nhum barulho de impacto nem sinal de cadáver estendido no asfalto, meu amigo continuou em disparada até o sítio, onde tratou de cuidar da esposa, que estava em total estado de choque. Finalmente, após cuida-dos de emergência e al-guns calmantes, ele criou coragem e indagou:
- Por Deus, me explica quem é o tal Pedro que você viu?
Ela, ainda trêmula, esclareceu:
- Ora, era aquele pedreiro que fez serviço aqui no nos-so sítio. Faz uns três meses que ele foi atropelado. Vinha de bicicleta, naquele pedaço, quando um caminhão pas-sou por cima dele.
OPINIÃO
7CULTURA ABRIL - 2009
JOSÉ WILSON MALHEIROS
jwmalheiros@hotmail.comwww.wilsonmalheiros.mus.brwww.jornaldialogando.blogspot.com
Afirma-se, com toda a razão, que hoje em dia o que não sai publicado na imprensa, não existe. Então, com a finalidade de deixar gravado para o futuro, dou a público, ago-ra, aproveitando a ocasião, um fato que merece ser mencionado na biografia do maestro.
Neste vinte e quatro de
março o Maestro Wilson Fonseca (Izoca) comple-tou sete anos de falecido. No início do ano passado um grupo de interessados manifestou a vontade de conhecer melhor a ópera do compositor, que tem libreto e arranjo orquestral de minha autoria, pois Izo-ca, ao encerrar essa obra, infelizmente não teve mais
UMA ÓPERA NO ALÉM
condições físicas de fazer a orquestração.
Em uma das reuniões, um fato incomum acon-teceu. Veja o texto da declaração que tenho em meu poder:
“DECLARAMOS que no mês de abril/2008 estive-mos reunidos, uma tarde, na residência de José Wil-son Malheiros da Fonseca, em Belém Pa., mais pre-cisamente da dependên-cia que ele denomina de “gabinete”.
Passamos a tarde vendo e escutando as partituras da ópera Vitória Régia, um Amor Cabano, música de Wilson Fonseca (Izoca).
Estavam presentes, en-tre outras pessoas, Célia Maracajá, Luiz Arnaldo, Maestro Martinho Lutero
(brasileiro, que vive na Europa), José Wilson e sua esposa Damea.
Quando acabamos de ver, escutar e comentar o libreto e as partituras, mais ou menos pelas seis da tarde, o computador foi totalmente desligado. Não havia, na casa, mais nenhum aparelho eletrô-nico ligado, nem rádio, nem televisão, aparelho reprodutor de CD, casse-te etc, estando também a máquina filmadora da Célia (que nem foi usada nessa ocasião), desligada. Tudo isto foi verificado minuciosamente pelos presentes.
Em dado momento co-meçamos a escutar, dentro do gabinete, com grande nitidez e com razoável
volume, uma voz de tenor operístico a cantar uma ária que não conseguimos identificar.
Ao chegarmos perto da “voz” sentíamos como se estivéssemos perto do “cantor”. Todos ficaram perplexos.
Esse fenômeno durou mais ou menos meia hora. A sensação era de que al-guém, que não podíamos ver (apenas escutar) estava ali bem próximo de nós, cantando, mesmo.
Atestamos que o acima relatado é verdade.
Assinam o documento como testemunhas presen-ciais (tudo reconhecido em cartório):
Luiz Arnaldo Dias Cam-pos, produtor cultural, cineasta. Célia Maracajá,
produtora cultural, atriz. Damea Gorayeb S. Fonse-ca, professora”.
A coincidência se repe-te: no início do século vin-te, como atesta bibliografia abundante, um maestro e professor recém chegado da Itália também assistia, em companhia de pesso-as ilustres da sociedade da época, os fenômenos espirituais que ocorriam em Belém na casa do casal Eurípedes e Ana Prado.
O maestro era Ettore Bosio, que inclusive bateu algumas fotos que estão na internet.
Fica, portanto, regis-trado o fato. Onde não se pode criticar, todos os elo-gios são suspeitos. Fique à vontade para emitir sua opinião sobre o fato.
Personalidades, artistas da terra, fotógra-fos locais e alunos da rede estadual de ensi-no participaram do evento, promovido pe-la Secretaria Municipal de Cultura, através
I Café das Letras e das Artes de Oriximiná da direção da Biblioteca Mu-
nicipal Enéas Cavalcante. O
público compareceu em peso,
lotando a sala de estudos da
Biblioteca.
O evento iniciou com ex-
posição de fotos de autoria
de alunos de duas turmas da
Escola Estadual Padre José
Nicolino. Na primeira expo-
sição os alunos mostraram
imagens dos encantos natu-
rais do município, enfatizan-
do a preservação do meio
ambiente. A segunda etapa
retratou as mazelas da so-
ciedade local. “A fotografia
é uma poesia retratada em
um milésimo de segundo”,
recitou o fotógrafo Vilson
Monteiro, um dos integran-
tes da mostra, que contou,
ainda, com a participação
de Willyan de Souza Vinente,
aluno do ensino médio da
escola Pe. José Nicolino e um
dos mais freqüentes usuá-
rios da Biblioteca Municipal.
Wyllian aproveitou para re-
latar um pouco de uma das
histórias que mais o fascinou
enquanto leitor.
A segunda parte ficou
marcada pela palestra de
Francisco de Souza Florenza-
no, assessor de Comunicação
da Prefeitura Municipal, que
falou sobre a arte de comu-
nicar. “As pessoas são o que
falam, portanto é preciso ter
atenção e cuidado ao se co-
municar” ressaltou. Ao final
os compositores João Aragão
e Tirso Givoni foram home-
nageados pelo cantores Él-
son Gomes e Pedro Pimentel,
que interpretaram canções
dos artistas que fizeram su-
cesso no FEMPO – Festival de
Música Popular de Oriximiná.
João Aragão, emocionado,
fez questão de agradecer a
todos pela homenagem que
recebeu.
Durante as apresentações,
ao público foi servido café e
chá, deixando o evento ainda
mais charmoso.
A iniciativa inédita alcançou grande adesão do público oriximinaense, que mostrou interesse pelos valores culturais
8 CONJUNTURAMARÇO - 2009
Devastação em Altamira é fruto do descaso“Todo ano chove muito nesta época, todo ano os rios sobem. A enchente é um fato previsível, rotinei-ro, que você sabe e controla. Vai acompanhando o nível pluviométrico e do rio, retirando as famíliasnas áreas mais expostas, pro-
videnciando abrigo condigno,
protegendo os moradores
com relação à saúde, segu-
rança alimentar. Altamira
tem sua economia voltada à
exploração florestal, agrope-
cuária, é cercada de morros e
pequenas fazendas - e todas
elas têm açudes, barragens,
criatórios de peixes. São cer-
ca de cem mil habitantes, que
há oito anos dispõem de De-
fesa Civil e Secretaria de Meio
Ambiente.
Quando as chuvas vêm, nin-
guém ignora que as barragens
vão enchendo. São calculadas
para determinado volume
d’água, daí ser inusitada a situ-
ação em Altamira. Desta vez,
a prefeitura não se preocupou
em fazer o trabalho preventi-
vo, utilizar os mecanismos de
controle para evitar danos à
agropecuária e à população
em geral”. O desabafo, em
tom didático, é do presidente
da Assembleia Legislativa do
Pará, deputado Domingos Ju-
venil (PMDB), prefeito de Alta-
mira em 2002, quando houve
a maior enchente dos últimos
50 anos na região, segundo
dados oficiais.
As barragens encheram
além do suportável e então
aconteceu o “efeito dominó”:
transbordaram, rompendo
estradas e pontes, em poucas
horas inundando tudo, arras-
tando casas, carros, provo-
cando fome, sede e desabrigo
e resultando numa Altamira
devastada, explicou Juvenil,
que foi quem alertou a gover-
nadora Ana Júlia Carepa assim
que começou o verdadeiro
tsunami, ainda no domingo
passado, e foi com ela pres-
tar socorro à população, atra-
vés da Defesa Civil, Corpo de
Bombeiros, PM, Sespa, Sema,
Cosanpa e organismos de pro-
teção social.
Em caráter emergencial,
foram providenciados hospi-
tal de campanha, para evitar
contaminação, distribuição de
água potável em carros pipa –
a enxurrada levou a adutora da
Cosanpa -, tendas de abrigo,
tantas cestas básicas quantas
necessárias para alimentar
os atingidos pela enchente e
utensílios de cozinha para que
as famílias tenham condições
de preparar a própria comida,
relatou o presidente da Alepa,
salientando que, paralelamen-
te ao apoio aos desabrigados,
está sendo executado trabalho
de limpeza da área atingida.
Como medidas estruturais
já em andamento, o deputado
Domingos Juvenil elencou a re-
construção da ponte destruída
pelas águas e o reforço das de-
mais que demandam reparos,
além de distribuição de Che-
ques-Moradia para as famílias
reconstruirem suas casas em
lugar seguro, destinação de
mil casas do projeto “Minha
Casa, Minha Vida”, e microcré-
dito para os pequenos comer-
ciantes que perderam quase
tudo, através do CredPará.
Juvenil e Ana Júlia em vistoria
A polêmica quanto à situa-
ção do município, no sentido
de ser declarada de “emer-
gência” ou de “calamidade
pública”, ao que tudo indica,
é em função de interesses
nem tão republicanos, uma
vez que, em tais circunstân-
cias, torna-se inexigível fa-
zer licitações e aí a tentação
político-eleitoral e da obten-
ção de lucro fácil em cima do
sofrimento dos desabrigados
causa mais consequências
funestas que as aves de ra-
pina que sobrevoam o lixo
acumulado e que por várias
vezes quase foram responsá-
veis pelo fechamento do ae-
roporto local. Os urubus-aves
podem ser abatidos em pleno
voo ou evitados com a efici-
ência da limpeza pública. Os
que condenam a população
mais carente a tanta aflição,
também o deveriam ser.
A força das águas das represas que transbordaram provocou deslizamentos, rachaduras e deixou um imenso e assustador rastro de destruição em toda a área urbana
Terra encharcada: a natureza segue seu curso inexorável, ante o imobilismo de quem deveria monitorá-la
Estrada seccionada e ponte literalmente arrebentada: prejuízos incalculáveis O socorro chegou a tempo de evitar o pior: os serviços de recomposição já estão sendo feitos.
Governadora e presidente da Alepa reuniram lideranças
Desolado, o morador desabrigado contempla os estragos Ao lixo causado pela enxurrada, soma-se o não recolhido
FOTOS DAVID ALVES/AG