8
Ano XVII Nº 165 ABRIL 2009 R$ 2,00 www.uruatapera.com A tragédia poderia ser evitada com medidas simples para contornar os efeitos previsíveis da cheia anual. CONJUNTURA | PÁG 8. ALTAMIRA Retrato do descaso municipal PROJETO PÉ DE PINCHA: DEZ ANOS DE PRESERVAÇÃO DE QUELÔNIOS Ecologia COTIDIANO| PÁG 4. Valorização da castanha quilombola EXTRATIVISMO COTIDIANO | PÁG 4. Reaproveitamento do solo com culturas cíclicas obtém resultados animadores. Renda e diversidade agroflorestais PRODUÇÃO COTIDIANO | PÁG 4. Inovação no resgate das es- pécies e mapeamento de suas particularidades. Tecnologia no manejo de epífitas REFLORESTAMENTO SERVIÇO | PÁG 2. Só nos primeiros três meses de 2009, foram vendidas 3,5 toneladas de tambaquis. Piscicultura já se destaca no mercado ABASTECIMENTO CIDADES | PÁG 3. Atividade atende inclusive pessoal da terceira idade Comunitário exibe suculento tambaqui de cativeiro Educação ambiental começa desde a mais tenra idade, aprendendo a respeitar e proteger a natureza Lançado o I Café das Letras e Artes ORIXIMINÁ CULTURA | PÁG 7. ZEE Oeste do Pará na pauta do Conama MEIO AMBIENTE REGIONAL | PÁG 5. Exemplar de epífita no meio natural Base de apoio para áreas protegidas MONTE ALEGRE REGIONAL | PÁG 5. MRN DAVID ALVES/AG MRN MRN MRN

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Ano XVII Nº 165ABRIL 2009

R$ 2,00www.uruatapera.com

A tragédia poderia ser evitada com medidas simples para contornar os efeitos previsíveis da cheia anual. CONJUNTURA | PÁG 8.

ALTAMIRARetrato do descaso municipal

PROJETO PÉ DE PINCHA: DEZ ANOS DE PRESERVAÇÃO DE QUELÔNIOS

Ecologia

COTIDIANO| PÁG 4.

Valorização da castanha quilombola

EXTRATIVISMO

COTIDIANO | PÁG 4.

Reaproveitamento do solo com culturas cíclicas obtém resultados animadores.

Renda e diversidadeagrofl orestais

PRODUÇÃO

COTIDIANO | PÁG 4.

Inovação no resgate das es-pécies e mapeamento de suas particularidades.

Tecnologia no manejo de epífi tas

REFLORESTAMENTO

SERVIÇO | PÁG 2.

Só nos primeiros três meses de 2009, foram vendidas 3,5 toneladas de tambaquis.

Piscicultura já se destaca no mercado

ABASTECIMENTO

CIDADES | PÁG 3.Atividade atende inclusive pessoal da terceira idade Comunitário exibe suculento tambaqui de cativeiro

Educação ambiental começa desde a mais tenra idade, aprendendo a respeitar e proteger a natureza

Lançado o I Café das Letras e Artes

ORIXIMINÁ

CULTURA | PÁG 7.

ZEE Oeste do Pará na pauta do Conama

MEIO AMBIENTE

REGIONAL | PÁG 5.

Exemplar de epífita no meio natural

Base de apoio para áreas protegidas

MONTE ALEGRE

REGIONAL | PÁG 5.

MRN

DAVID ALVES/AG

MRN

MRN MRN

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Diretora-Editora responsávelFranssinete Florenzano

Colaborador especialEmanuel Nassar

Editoração eletrônicaCalazans Souza

Fotolito e impressãoRua Gaspar Viana, 778Tel. 0xx91.3230-0777

[email protected]

Av. Independência, 1857Oriximiná-PA. CEP 68270-000

Tel/Fax. 0xx91.3222-1440CNPJ 23.060.825/0001-05

Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319

Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224

Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169

Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587

Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119

PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS

Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681

Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072

Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371

Hospital Municipal – (93) 3544 1370

Defensoria Pública – (93) 3544 4000

Fórum – (93) 3544 1299

Polícia Civil – (93) 3544 1219

TELEFONES ÚTEIS

2 SERVIÇOABRIL - 2009

A governadora Ana Júlia Carepa entregou o equi-pamentos aos prefeitos de Oriximiná e Prainha, ressaltando que o Estado pretende colaborar com “ajuda técnica e financeira” aos municípios.

Mais de 200 profissionais oriximinaenses con-cluiram o curso de Atendimento ao Público, de-senvolvido pela Mineração Rio do Norte em par-ceria com o Programa de Desenvolvimento de

O primeiro patrulhão do ano, em Oriximiná, en-volveu mais de 20 PMs, 4 conselheiros tutelares e 2 membros do Cisju. A parceria tem sido importan-te para mostrar à sociedade que o trabalho é eficaz, acredita o

A enchente na região Oeste do Pará é avassaladora, destruindo tudo o que encontra pela frente. A for-ça das águas aumenta de forma descomunal e, se-gundo os especialistas, esta já é considerada como

Gonzaga decreta Situação de Emergência

Oriximiná e Prainha receberam “barcos de saúde”

Parceria empresarial fortalece empregabilidade em Oriximiná

Ação conjunta entre a Polícia Militar, Cisju e Conselho Tutelar

a maior cheia de todos os tem-

pos. Para enfrentar adequada-

mente a situação, o prefeito

de Oriximiná, Luiz Gonzaga

Viana Filho, decretou Situação

de Emergência e dirigiu pes-

soalmente uma equipe que foi

ao interior prestar socorro aos

ribeirinhos do município, que

está com 70% de suas terras

submersas.

O secretário do Interior,

Antônio Odinélio, integrou

a comitiva do prefeito, e

defendeu as medidas emer-

genciais. “A Secretaria do In-

terior está fazendo esforços

subumanos para assistir os

atingidos”, disse Luduge-

ro. Durante a operação de

defesa civil, foram doados

madeiras, alimentos e ou-

tros utensílios à população

atingida.

Na opinião de Ivo Matos,

membro da equipe, a enchen-

te deste ano poderá superar

as de 1954 e 2006, haja vista

que o nível das águas dos rios

Trombetas e Amazonas já ul-

trapassaram os 4 metros.

As enchentes são con-

ceituadas como cíclicas ou

típicas, mas hoje já não fácil

diferir uma da outra. Entre

outras razões, por causa da

ocupação desordenada das

várzeas, dos grandes desma-

tamentos, e do assoreamen-

to dos rios.

“Fazemos o atendimento

básico de sobrevivência da

população atingida, princi-

palmente aqueles que estão

impossibilitados de deixar o

local afetado pelo desastre”,

informa Ivo Matos.

A Comissão de Defesa Civil

de Oriximiná, presidida pelo

prefeito Luiz Gonzaga Viana

Filho, é composta por todas as

secretarias.

Pelo Decreto 1577/2009, que

instituiu o Plano Estadual de

Fortalecimento e Valorização

da Atenção Primária em Saúde

no Estado do Pará, o Estado

incentivará financeiramente a

saúde da família com recursos

transferidos do Fundo Estadu-

al de Saúde para os Fundos

Municipais que cumprirem as

determinações.

A operacionalização do

decreto será definida em ato

complementar, com a assina-

tura dos prefeitos que aderi-

rem ao termo de cooperação.

Os municípios que assinarem

o acordo receberão repasse

anual de cerca de R$ 32 mi-

lhões, que ajudarão a fortale-

cer o atendimento de saúde

primária. As universidades

estadual e federal oferecerão

aos profissionais de saúde do

interior cursos de orientação

técnica.

O fortalecimento das ações

de saúde básica ajudará a re-

duzir os casos de média e alta

complexidade. Com isso, o

tratamento oncológico, por

exemplo, poderá ser feito fora

de Belém, no Hospital Regional

de Santarém.

Fornecedores (PDF) e Associa-

ção Empresarial de Oriximiná

(AEOR).

A existência de uma de-

manda para contratação ime-

diata de mais de 80 pessoas

no município, em vagas de

empresas de associados à AE-

OR, levou a entidade a entrar

em contato com a MRN. “Eles

não estavam encontrando

pessoas qualificadas para as

vagas, então pediram nos-

so apoio para disponibilizar

cursos de capacitação para o

público da cidade”, explica o

especialista em Suprimentos

da MRN, Ângelo Matos.

A solicitação gerou a par-

ceria com o PDF, por intermé-

dio da MRN, que financiou a

primeira turma do curso. Os

valores arrecadados com as

inscrições da primeira turma

serviram de subsídio financei-

ro para a realização de outras

quatro turmas do curso, tota-

lizando mais de 200 pessoas

capacitadas. “O mais impor-

tante é que o curso se tornou

autosustentável, uma turma

financiou a outra. Em uma

semana, os alunos aprende-

ram, por exemplo, técnicas de

como abordar o público e de

como atender as expectativas

dos clientes”, destaca Matos.

As aulas foram ministradas

por profissionais do Instituto

Esperança de Ensino Superior

(Iespes), de Santarém.

No ano passado uma série

de turmas aproveitou o curso

de Gestão Empresarial para

empreendedores do Oeste pa-

raense. Para realizar diversos

cursos de capacitação, o PDF

capta recursos de empresas

apoiadoras - que não são do

Pará, mas têm filial no Estado e

são contratadas das empresas

mantenedoras, como a MRN.

presidente do Cisju, Orivaldo

Maciel. A coordenadora do

Conselho Tutelar, Marcilete

Cardoso, também ressalta

o valor da parceria, dizendo

que o órgão sempre apoiará

a iniciativa. “Sabemos que há

menores em bares e também

nos cyber cafés extrapolando

o horário permitido e com a

ajuda da PM vamos agir nes-

sas situações”, diz a conse-

lheira. O comandante da 12ª

Companhia Independente da

PM, capitão Marcelo Ribeiro,

conta que o primeiro patru-

lhão se restringiu às rondas

ostensivas onde há prática de

jogatina e menores. “Primeiro

damos boas vindas para que

o cidadão de bem faça seu

lazer de forma segura”, frisa.

Outro foco são locais onde há

cobrança de pedágio. Duran-

te as blitzes, os menores são

conduzidos até suas residên-

cias pelos conselheiros que

participam da operação.

Quando a equipe de supressão vegetal finaliza a re-tirada de vegetação das novas áreas a serem lavradas pela Mineração Rio do Norte, outro time de profis-sionais entra em cena, numa atividade minuciosa

Manejo de epífi tas fornece informações valiosas para trabalhos de identifi cação botânica

Espécies vegetais encontram vida nova em áreas de refl orestamento

e delicada: o resgate das epí-

fitas - plantas como aráceas,

orquídeas e bromélias, que vi-

vem acopladas aos troncos de

árvores e desempenham papel

fundamental no equilíbrio am-

biental da floresta. O trabalho

faz parte do projeto de Mane-

jo de Epífitas, desenvolvido

pela MRN desde 2001, e que já

levou mais de 20 mil plantas

de volta à natureza. O desafio

começa durante o salvamento

das espécies. Todo cuidado

é pouco para que as plantas

sejam retiradas corretamente

dos troncos das árvores, man-

tendo as características neces-

sárias para que se desenvol-

vam em novo ambiente, nas

áreas de reflorestamento.

A novidade contou com

a experiência de mais de 30

anos do orquidólogo paraen-

se João Batista da Silva, que

desenvolve pesquisas junto

ao Museu Paraense Emílio

Goeldi, em Belém. Ele partici-

pa do resgate das espécies e

trabalha no mapeamento de

suas principais características

e particularidades. “Durante o

resgate das epífitas e o acom-

panhamento dessas plantas

nas áreas de reflorestamento,

conseguimos ver detalhes de

adaptação e desenvolvimento

que não seria possível ver em

nenhum laboratório. Podemos

ver espécies enraizadas às ar-

vores após um mês de fixação,

com florescimento em no má-

ximo 2 anos, o que levaria 5

anos em laboratório”, ressalta

o orquidólogo. “Os resulta-

dos vão ficar em duas áreas:

na científica, já que estamos

montando um banco de in-

formações sobre as espécies.

E na satisfação em contribuir

com o meio ambiente”, avalia.

Os próximos passos incluem

criação do banco de germo-

plasma das espécies, compos-

to por uma coleção completa

de sementes, ilustrações botâ-

nicas, coleção viva e catálogo

fotográfico dos exemplares

coletados. “O Manejo de Epí-

fitas e o monitoramento do

reflorestamento geram infor-

mações que são amplamente

divulgadas por pesquisadores,

multiplicando a tecnologia de-

senvolvida”, explica Gentil An-

tônio Sousa Júnior, engenheiro

florestal da empresa.

MRN

Page 3: Urua Abr09 Internet

informes3CIDADES ABRIL - 2009

Três toneladas de tambaqui foram despes-cados ao longo de abril, em algumas comu-nidades do lago Sapucuá, em Oriximiná. A produção ajudou no abastecimento dos

Piscicultura ajuda a abastecer mercados do Oeste do Pará

mercados de Oriximiná e Por-

to Trombetas no período da

Semana Santa, época em que

a procura por pescados au-

menta na região. Foi a terceira

despesca de 2009 do progra-

ma de fomento à piscicultura,

desenvolvido pela Mineração

Rio do Norte desde 2002, em

parceria com a prefeitura de

Oriximiná. Só nos três primei-

ros meses do ano, os produ-

tores venderam 3,5 toneladas

de peixe.

O projeto, que promove

a criação de tambaquis em

tanques-rede, beneficia atual-

mente 14 comunidades da re-

gião Oeste. A produção para

este ano está prevista em 12

toneladas e deve gerar cerca

R$ 75 mil para os comunitá-

rios. Parte dessa renda deve

ser revertida para o próprio

projeto, já que o objetivo é

que, com o tempo, ele se

torne autosustentável. “Além

de proporcionar alternativa

de renda para os produtores

da região, colaboramos com

a preservação da espécie do

tambaqui, minimizando os

efeitos da pesca predatória”,

destaca o gerente de Relações

Comunitárias da MRN, José

Haroldo Paula.

A MRN doa filhotes de

peixes (alevinos), ração,

berçários, tanques-rede e

ministra treinamentos para

os participantes, através da

parceria com a Emater-PA,

que coordena tecnicamente

o programa. “Cabe à comu-

nidade cuidar dos tanques e

dos peixes durante o período

de crescimento, que dura em

média um ano e três meses.

Após esse prazo, é realizada

a retirada dos peixes dos tan-

ques para a comercialização”,

explica José Haroldo. Toda a

venda dos peixes de cativei-

ros é cadastrada no Ibama

(Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Na-

turais Renováveis).

A iniciativa já desperta o

interesse de produtores inde-

pendentes e dos órgãos públi-

cos municipais, que investem

no negócio na construção de

alevinários, fábricas para ra-

ção e infraestrutura. O número

de tanques-rede mantidos por

iniciativas independentes já é

muito superior aos mantidos

pela MRN.

Morador da comunidade Flutuante, de Oriximiná, o garoto já segura tambaqui dentro do tanque-rede.

Com carga horária de 136 horas e duração de três meses, o curso inclui treze encontros semanais, a serem realizados na Agência de Desenvolvimen-to Municipal de Oriximiná (ADMO). Faz parte do

Conhecer a Lenda da Man-

dioca através de música, conto

e dança. Para incentivar à lei-

tura alunos de 1ª a 4ª séries,

a Secretaria de Cultura de Ori-

ximiná, através da Biblioteca

Municipal Enéas Cavalcante,

realizou na Escola Raimundo

Muniz a abertura das ativida-

des da Caravana da Biblioteca

em Ação.

Funcionários da Bibliote-

ca, voluntários e artistas se-

lecionados através de edital

participaram ativamente da

programação. A Lenda da

Mandioca foi mostrada pelo

Programa Empreendedor

Rural, financiado pelo Senar

(Serviço Nacional de Apren-

dizagem Rural) e executado

pelo Sebrae (Serviço Brasileiro

de Apoio à Micro e Pequena

Empresa).

36 inscritos passaram por

triagem para o preenchimen-

to das 26 vagas ofertadas. Os

requisitos necessários para

participação no curso obede-

cem aos seguintes critérios:

ser maior de 18 anos de idade,

ter concluído o ensino médio e

ser produtor rural ou filho de

produtor rural.

Dividido em 14 módulos, o

programa compreende fases

técnica e comportamental.

Segundo o instrutor Cezar Lo-

pes, engenheiro florestal e es-

pecialista em empreendimen-

to rural, “o programa utiliza a

metodologia construtiva para

propiciar ao participante a vi-

vência com os temas aborda-

dos. Assim, ao final do curso,

os alunos apresentarão um

projeto relativo à atividade

que desenvolvem”.

A prefeitura municipal, atra-

vés da Secretaria de Agricultu-

ra e Abastecimento (Semagri),

apóia o curso, que também

tem como parceiros a Agência

de Desenvolvimento Municipal

de Oriximiná (ADMO), Adepa-

rá, e Sindicato dos Trabalhado-

res Rurais (STR).

Sucesso da iniciativa: procura foi muito superior às vagas.

Caravana da Biblioteca em Ação movimenta Oriximiná

grupo de dança Igarité, pelo

contador de estórias Edivaldo

Pontes e cantada por Inácio

Sérgio. A cada dois meses, os

artistas envolvidos alternam

as apresentações.

Para as atividades de 2009

a Caravana da Biblioteca em

Ação conta com os grupos de

dança Êxtase, Power Dance

Machine e Igarité. A catego-

ria música tem a participação

dos intérpretes Inácio Sérgio,

Erlon Domingos e Pedro Pi-

mentel. E os contadores de

estórias são Edivaldo Pon-

tes, Rui Guilherme e Aniele

Valério.

Cada contador de estória

e músico recebe R$ 800,00

e cada grupo de dança R$

1.800,00, para dois meses de

apresentação, a título de incen-

tivo da Prefeitura Municipal.

Criatividade educativa: as crianças assistem fascinadas e tomam gosto pela leitura.

MRN

As águas da Bacia Amazônica ainda

não atingiram seu ponto mais alto

e a subida dos rios já é considera-

da anormal. Há quem aposte que

a enchente deste ano será a maior dos últi-

mos cem anos. Os menos pessimistas acham

que a maior dos últimos 60 anos com certeza

será. Segundo os estudiosos, o fato se deve

a uma coincidência rara de picos de cheias

dos diferentes rios que a compõem. O local

com maior elevação das águas, calcula-se,

será na altura de Óbidos, parte mais estreita

e profunda do rio Amazonas, pouco antes

de Santarém, onde o pico deverá acontecer

em meados de maio. Mas, apesar das gran-

des proporções, não é o caso de pânico, até

porque a cheia é um fenômeno recorrente

na Amazônia. Por isso, depois, a tendência

é voltar tudo ao normal.

Drama ribeirinhoQuem é da região e conhece bem o fenôme-

no das cheias na região oeste do Pará acredita que, em julho, os prejuízos serão enormes com a morte do gado, principalmente se o rio baixar lentamente, porque, com os campos alagados, os animais ficam sem ter o que comer.

Recorde históricoEm Santarém, o rio Tapajós sobe dois cen-

tímetros por dia. Segundo a medição feita pela Capitania dos Portos, o nível está em 8 metros e cinqüenta e dois centímetros e já se aproxima ao nível do rio em 2006, quando foi registrada a maior cheia dos últimos 30 anos na região. A progressão deve permanecer inalterada até a primeira quinzena do mês de maio, daí que é quase certo que a marca histórica será ultra-passada nos próximos dias.

Passageiros da agoniaNa frente da cidade, a Avenida Tapajós foi

tomada pela água, interditando o trânsito, para agonia dos passageiros que são obri-gados a enfrentar a lama para embarcar e os carregadores que precisam passar pelo local para transportar mercadorias até os barcos que aportam por lá. Em Alter do Chão, a água invadiu a orla e ameaça alagar as pousadas localizadas na beira da praia. Os comerciantes estão preocupados e temem prejuízos. Na Ilha do Amor, as barracas desapareceram. Da vila só é possível avistar os telhados de palha.

Aviso prévioGabriel Guerreiro vem alertando há mais

de um mês sobre os prenúncios das grandes águas este ano. Em Oriximiná, o rio já transbor-dou e inundou a primeira rua na orla da cidade, impedindo o tráfego de veículos e causando transtornos à população, principalmente aos comerciantes, já que os consumidores ficam praticamente sem acesso aos estabelecimentos na área.

Encantamento fatalAs péssimas condições da Rodovia Everaldo

Martins, que liga Santarém a Alter do Chão, não fazem jus aos encantos do paradisíaco lugar. Esta semana, na altura da comunidade de Irurama, um Fiat Uno conduzido por Igua-rany Macambira capotou quando o motorista tentou desviar de um buraco e perdeu uma das rodas do carro. Socorrido e conduzido ao Pronto Socorro Municipal, Iguarany teve vários ferimentos pelo corpo e um corte na cabeça. E continua internado sobre os cuidados do médico neurocirurgião Erick Jennings.

Bela do mundoAlter do Chão, em Santarém, no pólo turís-

tico do Tapajós, foi escolhida como a melhor praia do Brasil em lista publicada pelo jornal inglês The Guardian, reunindo as dez melho-res praias do Brasil. A seleção foi feita por dez especialistas. Alter do Chão desbancou concorrentes paradisíacas de maior fama como Fernando de Noronha, Jericoacoara e praias tradicionais do Rio de Janeiro e da Bahia. E olhe que as areias de Alter do Chão só aparecem no período de vazante do rio Tapajós, entre os meses de agosto e janeiro, quando o volume de água diminui.

ADMO sedia apresentação do curso de empreendimento rural

Page 4: Urua Abr09 Internet

ABRIL - 20094

Os gestores dos municípios do oeste paraense que participaram da reunião com o ministro Manga-beira Unger, em Itaituba, cobraram mais agilida-de do governo na execução dos projetos na região

O mapeamento para a valorização da castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) através de um plano de ação preliminar foi fruto da discussão entre os técnicos do governo municipal, estadual e federal

Valorização da castanha em área quilombola

Prefeitos do Oeste reclamam das estradas intrafegáveis

e ações imediatas para a me-

lhoria das estradas vicinais,

que estão intrafegáveis. Rau-

liem Queiroz (PT), prefeito de

Jacareacanga e secretário da

Associação dos Municípios da

Transamazônica e Oeste do

Pará (Amut), alfinetou:“é muito

bom o governo federal querer

recuperar as estradas vicinais,

fazer pontes, mas já estaria de

bom tamanho se conseguisse

consertar as pontes da Transa-

mazônica e BR-163”.

O prefeito de Medicilândia,

Ivo Müller (DEM), salientou a

importância da rodovia Transa-

mazônica e das estradas vici-

nais de seu município, um dos

maiores produtores de cacau

do mundo. Ele lembrou que

a dificuldade de escoamento

da produção é um dos fatores

que encarece o produto regio-

nal, tirando a competitividade.

E falou sobre o sofrimento dos

produtores da região por cau-

sa da falta de estradas.

Outro que se queixou mui-

to foi o prefeito de Rurópolis,

Aparecido Florentino (PMDB),

insistindo também na necessi-

dade de mais recursos do go-

verno para que os municípios

possam recuperar pelo menos

as estradas vicinais.

A prefeita de Aveiro, Go-

rete Xavier (PMDB), reclamou

que os prefeitos é que so-

frem a pressão da população

por causa da precariedade

das estradas. E a prefeita de

Novo Progresso, Madalena

Hofmmam (PSDB), criticou o

governo federal que, segundo

ela, está tirando recursos dos

municípios, com a redução do

repasse do FPM.

O prefeito de Belterra, Geral-

do Pastana (PT), propôs que os

governos federal e estadual se

unam de imediato para ajudar

os municípios a recuperar pelo

menos 20% das estradas vicinais

no início do próximo verão. Ele

sugeriu que as próprias prefeitu-

ras façam o serviço e, para cada

quilômetro de estrada recupe-

rada, o governo federal repasse

dois mil litros de óleo diesel e o

governo estadual mais mil litros.

“Para cada Km de estrada a pre-

feitura receberia 3 mil litros de

diesel e faria a recuperação com

seu próprio maquinário e pesso-

al”, explicou.

O presidente da Associação

dos Municípios da Calha Nor-

te (Amucan) e prefeito de Óbi-

dos, Jaime Silva (PTB), defen-

deu atenção maior do governo

para as rodovias localizadas

na margem esquerda do rio

Amazonas, advertindo que as

condições das estradas na re-

gião também são caóticas.

e lideranças de produtores de

castanha na região. A estraté-

gia utilizada na oficina creden-

ciou o Pará Rural como parcei-

ro na viabilização de projetos

de investimentos no setor para

fortalecer e agregar valor à ca-

deia produtiva da castanha.

Em Oriximiná, o apoio

ao extrativismo da castanha

rompe o círculo vicioso da

dependência dos extrativistas

ao mercado tradicional. A ca-

pacitação fortalece o proces-

so organizacional e produtivo,

garantindo mercado justo aos

subprodutos da castanha-do-

pará com agregação de renda

às famílias extrativistas, com o

uso sustentável dos produtos

florestais contribuindo para

segurança alimentar, come-

mora o prefeito Luiz Gonzaga

Viana Filho.

A parceria envolve o setor

privado e de governos: Pará

Secretarias Municipais de

Agricultura e Meio Ambien-

te, Agencia de Cooperação

Técnica Alemã (GTZ) e re-

presentante da Associação

da Reserva Extrativista do

Cupari, Sindicato dos Traba-

lhadores e Trabalhadoras Ru-

rais, Sebrae, Banco do Brasil,

Fundação Orsa e empresas

ligadas à comercialização da

castanha na região do Baixo-

Amazonas.

Começou na terça-feira (14)

a oficina de valorização da cas-

tanha-do-pará, que qualificará

120 famílias de extrativistas

das comunidades rurais de Ca-

fezal, Pedra Branca, Recreio e

Arumanduba, do Vale do Jari e

Calha Norte do Rio Amazonas,

no município de Almeirim. É a

segunda oficina de valoriza-

ção de produto florestal não

madeireiro promovida pelos

órgãos governamentais, em

parceria com ONGs da região.

A ação conta com a participa-

ção de ribeirinhos, extrativis-

tas, técnicos e pesquisadores

que atuam e promovem ações

de desenvolvimento susten-

tável no Vale do Jari e Baixo

Amazonas.

Rural e Secretaria de Esta-

do de Projetos Estratégicos,

Ministério de Desenvolvi-

mento Agrário, Ministérío

do Meio Ambiente; Empresa

Brasileira de Agropecuária,

Fruto tradicional na região, a castanha-do-pará enfrenta crise

Trabalhar adequadamente a terra para dela obter uma fonte de renda. Essa é a premissa que rege al-guns comunitários do Oeste paraense, que traba-lham com a implantação de sistemas agroflorestais,

Criado em 1999 por moradores do município de Terra Santa, no Oeste paraense, a preservação de quelônios da Amazônia através do projeto Pé-de-Pincha ganhou força e parceiros ao longo do tempo.

Sistemas agrofl orestais geram renda e diversifi cam a produção

os SAFs. Através do plantio de

espécies frutíferas e florestais

em áreas já cultivadas ante-

riormente – na maioria das

vezes com mandioca -, o so-

lo é reaproveitado com o uso

combinado de culturas de ci-

clo curto, médio e longo.

Desenvolvido desde 2004

pela Mineração Rio do Norte

(MRN), o projeto teve como

parceiro inicial o Instituto Na-

cional de Pesquisas da Amazô-

nia (Inpa) e conta desde 2006

com a coordenação técnica da

Empresa de Assistência Téc-

nica e Extensão Rural (Ema-

ter-PA). “É importante que os

produtores da região diversi-

fiquem sua produção, prolon-

gando a vida útil daquela área

que já foi alterada. O trabalho

com culturas de diferentes ci-

clos, além de melhorar a quali-

dade de vida da geração atual,

garante o atendimento das

necessidades das gerações fu-

turas”, explica o gerente de Re-

lações Comunitárias da MRN,

José Haroldo de Paula.

Até o ano passado, eram

beneficiadas cerca de 70 fa-

mílias das comunidades Boa

Nova e Saracá, localizadas no

lago Sapucuá, em Oriximiná.

Neste ano, as comunidades

Casinha e Castanhal passam a

integrar o projeto. Em março,

mais de 20 agricultores des-

sas duas localidades planta-

alternativas é o processa-

mento das frutas, que po-

dem ser transformadas em

produtos de maior valor

comercial, como licores,

doces, bombons, geléias e

compotas.

Com esse objetivo, mais de

vinte produtores do Sapucuá

participaram em março do

curso de Processamento de

Frutas, ministrado pela Ema-

ter-PA. Assim, eles poderão

processar os primeiros frutos

das 23 mil mudas plantadas

nos anos iniciais do projeto.

“Uma preocupação nossa é

para que haja a verticalização

da produção, que gera maior

valor agregado e, consequen-

temente, maior renda para os

agricultores”, explica o enge-

nheiro agrônomo da Emater,

Aluísio Santos.

ram cerca de oito mil mudas

de espécies frutíferas - como o

mamão, a laranja e o abacate

-, e espécies de madeira de lei

- como o cedro, pau d’arco e

andiroba. Em Boa Nova e Sa-

racá foram replantadas 1,4 mil

mudas neste mês. Os produto-

res também recebem da MRN

ferramentas e insumos.

Além do plantio das mu-

das, são ensinadas manei-

ras de aproveitar melhor

a produção, com o olho

no mercado. Uma dessas

Os próprios produtores transportam mudas da balsa para armazenar em terra fi rme

Pé-de-Pincha completa dez anos de preservação dos quelônios da Amazônia

Em Oriximiná e Terra Santa,

o projeto é desenvolvido com

o apoio da Mineração Rio do

Norte (MRN) – empresa que

produz bauxita na região -,

Universidade Federal do Ama-

zonas (Ufam), Ibama e as pre-

feituras das cidades.

Em dez anos de história,

mais de 800 mil filhotes de

tracajá, pitiú e tartaruga da

Amazônia já foram devolvidos

à natureza. Este ano não foi

diferente. Durante o mês de

março, mais de cinco mil filho-

tes de quelônios foram soltos

nos rios da região. Atualmen-

te, 86 comunidades do Pará e

Amazonas são beneficiadas.

A participação dos comu-

nitários é fundamental para o

desenvolvimento do projeto.

O Pé-de-Pincha trabalha com

o envolvimento de produtores

rurais, lideranças comunitárias

e escolas da rede municipal de

ensino.

São as próprias comunida-

des que indicam os agentes

ambientais voluntários. Essas

pessoas são treinadas para li-

derar o manejo dos quelônios

em cada comunidade. “Sem

esse apoio o trabalho não

poderia ser realizado. Depen-

demos de nossos voluntários

e dos recursos dessas institui-

ções”, avalia uma das coorde-

nadoras do projeto, a profes-

sora da Ufam, Sandra Helena

Azevedo.

O manejo dos quelônios

envolve diversos procedimen-

tos que garantem o nascimen-

to do maior número possível

de filhotes. Além de nascer

em segurança, eles são pro-

tegidos até que o casco fique

duro e resista aos principais

predadores (aves, peixes e ja-

carés). Os números mostram

a importância do projeto. “A

Através do projeto, o crescimento dos animais é acompanhado constantemente

COTIDIANO

estimativa de sobrevivência

dos filhotes de quelônios sem

o apoio do Pé-de-Pincha é de

1%. Após o nosso acompanha-

mento, esse número sobe para

40%”, garante Sandra.

Além de proteger os ninhos

nos locais de desova, coletar

os ovos, acompanhar a eclo-

são e soltar os filhotes na natu-

reza, através do Pé-de-Pincha

são realizadas atividades de

educação ambiental, cursos

sobre alternativas de geração

de renda e formação de lide-

ranças ambientais.

“Realizamos diversas ati-

vidades educacionais com as

comunidades participantes

do projeto. Os comunitários

já sabem que, se não preser-

var, o futuro dos quelônios da

região será incerto”, explica a

professora.

MRN

MRN

Page 5: Urua Abr09 Internet

ABRIL - 2009 5

Cerca de 2 milhões e meio de hectares de florestas es-taduais estão sendo monitoradas a partir de um con-junto de ações que vêm sendo discutidas e aprimo-radas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal

A sede do município terá uma base de apoio para os planos de manejo das áreas protegi-das da região da Calha Norte. Também seráum escritório da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) na região.

Sistema de monitoramento amplia fi scalização sobre as fl orestas

Monte Alegre ganhará base de apoio para áreas protegidas

Os cargos serão ocupados por

agentes públicos concursados,

já chamados em março para

ocupar suas funções.

O prefeito Jardel Vascon-

celos colocou à disposição do

governo um imóvel do municí-

pio, que deverá ser reformado

e adaptado às necessidades

das equipes administrativa e

de pesquisa que vão atuar na

região. Além dessa base, será

implantado posteriormente

na cidade um centro de apoio

aos visitantes e um espaço pa-

ra exposição das unidades de

proteção de toda a Calha Nor-

te. Os recursos são oriundos

de compensação ambiental

de projetos de grande impacto

implantados no Pará.

Em reunião com o prefeito,

vereadores, a deputada Jose-

fina Carmo (PMDB) e outras

lideranças, o secretário de

Meio Ambiente Valmir Orte-

ga anunciou que até o final

do ano o plano de manejo do

Parque Estadual de Monte Ale-

gre, que está sendo elaborado

pelo Museu Paraense Emílio

Goeldi, será concluído. O par-

que é circundado pela Área de

Proteção Ambiental Paytuna,

criada pela Lei 6.426, de 17 de

dezembro de 2001, e possui

56.129 hectares, com grande

potencial para o ecoturismo.

Um dos atrativos é a Serra da

Lua, que abriga vários sítios

arqueológicos com pinturas

rupestres que datam de 11 mil

e 200 anos.

Estudos apontam que a

ocupação da Amazônia e a

origem do homem nas Améri-

cas se deu naquela região. De

grande beleza, além do valor

histórico, o Parque de Monte

Alegre é cenário de espécies

como minissamambaias, mi-

niavencas, cavernas, lago e

até uma mancha de cerrado,

ocorrência rara, em área de

floresta.

O local já recebe visitação

pública, sobretudo de estran-

geiros, mas o plano de manejo

vai consolidar a forma de uso

dos recursos naturais, de con-

servação da biodiversidade e

possibilitar o fortalecimento do

ecoturismo, realça a deputada

Josefina Carmo. Paralelamente,

a comunidade do entorno está

sendo capacitada para atuar e

se beneficiar das atividades,

dentre elas parceria entre a Se-

ma e o Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional

(Iphan) para identificar os sítios

arqueológicos com potencial

de visitação e um curso sobre

Educação Patrimonial para alu-

nos e professores da rede pú-

blica, ministrado pelo Museu

Goeldi.

A gestão das unidades de

conservação será feita por um

conselho consultivo, integrado

por representantes de órgãos

públicos municipal, estadual e

federal e movimentos sociais

da região.Deputada Josefi na Carmo: é preciso proteger o patrimônio

do Pará (Ideflor), por meio do

Núcleo de Monitoramento, La-

boratório de Sensoriamento

Remoto e da Gerência de Ou-

torga e Contratos.

As medidas incluem estu-

dos dos planos de manejo de-

senvolvidos na região, análise

da área através de imagens

por satélite, além de viagens

a campo, com a participação

da comunidade, Conselhos

Gestores (formados por movi-

mentos sociais e representan-

tes governamentais) e fiscali-

zação direta. A partir dessas

ações, será possível manter

uma vigilância maior sobre as

florestas, evitando que os re-

cursos florestais sejam utiliza-

dos de maneira desordenada.

As áreas de floresta que

serão monitoradas estão

localizadas no conjunto de

glebas Mamuru-Arapiuns e

Nova Olinda, que abrangem

os municípios de Santarém,

Aveiro, Juruti e Óbidos, além

das glebas Joana Peres I e II,

localizadas em Portel e Bagre.

Segundo Daniel Costa, enge-

nheiro florestal e coordenador

de Monitoramento do Ideflor,

“a troca de informações en-

tre outras instituições, como

o Instituto de Terras do Pará

(Iterpa) e a Secretaria de Meio

Ambiente (Sema), será funda-

mental para a realização deste

trabalho”. Futuramente, será

criado o Sistema de Informa-

ção Geográfica do Ideflor, que

também irá auxiliar as ações

de fiscalização.

Há vários anos vem sendo

desenvolvido trabalho para

implantação das unidades de

conservação da Calha Norte,

um bloco de áreas protegidas

de 12 milhões de hectares que

compreende os municípios de

Alenquer, Almeirim, Faro, Mon-

te Alegre, Óbidos e Oriximiná.

A Calha Norte é formada

pela Estação Ecológica do

Grão-Pará, Reserva Biológica

Maicuru e pelas florestas esta-

duais do Paru, de Trombetas,

de Faro e do Iriri.

Somada a outras unidades

de conservação, como as Ter-

ras Indígenas, são mais de 25

milhões de áreas protegidas

no Pará, que cumprem impor-

tante papel na conservação da

biodiversidade.

A região se integra a um

corredor chamado Escudo das

Guianas - uma área de milhões

de hectares que sai do Suri-

name, passa pelas Guianas,

pelo Amapá, Pará e termina

no Amazonas, constituindo o

maior bloco de áreas protegi-

das de florestas tropicais do

planeta.

Os estudos que estão sendo

realizados por várias institui-

ções na Calha Norte vão indi-

car quais as áreas que devem

ser protegidas integralmente e

quais terão uso econômico.

Várias expedições socioeco-

nômicas e científicas já foram

concluídas, e o relatório técni-

co será apresentado ainda em

2009. No início de 2010 será

feito o zoneamento da área.

Mais de vinte empresários de Terra Santa con-cluiram o curso de Gestão Empresarial, pro-movido pela primeira vez na cidade através de uma parceria da Mineração Rio do Norte,

Empresários de Terra Santa investem em qualifi cação profi ssional

Associação de Micro e Pe-

quenos Empresários de Terra

Santa (Ampets) e Programa de

Desenvolvimento de Fornece-

dores (PDF).

“Os empreendedores pude-

ram ter uma visão de gestão

em Planejamento Estratégico,

Marketing, Logística, Finanças

e Recursos Humanos. Esses

são os temas focados”, explica

o especialista em suprimentos

da MRN, Ângelo Matos.

Após cinco meses de au-

las - ministradas por profes-

sores do Instituto Esperança

de Ensino Superior (Iespes),

de Santarém -, os alunos de-

vem apresentar um plano

de negócios como trabalho

de conclusão. “Eles devem

usar suas próprias empre-

sas como base desse plane-

jamento, já que a intenção é

que, de fato, eles apliquem

o plano em seus negócios”,

ressalta o especialista.

A turma que se forma em

Terra Santa é composta por

empresários de vários seto-

res, como moveleiro, ferra-

gens, alimentação e bebidas.

“A repercussão do curso foi

tão boa que queremos co-

meçar uma nova turma em

2009 para atender outros

interessados. Além disso, o

curso serviu para despertar

a atenção de muitos empre-

sários para a importância de

estar sempre em busca de

mais qualificação. Depois,

vamos trazer outros cursos

para o público daqui”, enfa-

tiza o presidente da Ampets,

Ademar Bentes.

A MRN realizou no ano pas-

sado duas edições do curso

em Óbidos e Oriximiná, em

parceria com as associações

comerciais dos municípios.

Foram certificados cerca de

60 empresários. “Investir em

programas de qualificação de

fornecedores regionais é fun-

damental. Sistemas de gestão

profissionalizados e moder-

nos significam mais qualidade

e, consequentemente, maior

competitividade. Assim, esses

empreendedores passam a

atender as demandas do mer-

cado e ajudam a movimentar a

economia local”, avalia Matos.

REGIONAL

O Conselho Nacional do Meio ambiente deve votar, até o fim do mês, a resolução que propõe a implan-tação do projeto de Zoneamento Ecológico Econô-mico (ZEE) da região Oeste do Pará, apresentada

ZEE Oeste do Pará aguarda votação

pelo governo do Estado e já

aprovada pelas Câmaras de

Assuntos Jurídicos e Gestão

Territorial do órgão.

A resolução deveria ter

sido votada na reunião de

11.03.2009, mas um dos con-

selheiros do Conama pediu

para examinar melhor a pro-

posta do governo paraense.

O projeto do ZEE do Oeste

do Pará é parte do novo mo-

delo de desenvolvimento para

a Amazônia Legal, representa-

do pelo Plano Amazônia Sus-

tentável. A proposta abrange

19 municípios sob a área de

influência das rodovias BR-163

(Santarém/Cuiabá) e BR-230

(Transamazônica), num total

de 334.450 quilômetros qua-

drados, o que corresponde a

27% do território do Pará. Essa

área é 2,19 vezes maior que o

Acre, 1,35 maior que São Pau-

lo e somente 6% menor que a

Alemanha. O ZEE apresenta

as potencialidades e limita-

ções econômicas, ambientais

e sociais de Altamira, Anapu,

Aveiro, Belterra, Brasil Novo,

Itaituba, Jacareacanga, Juruti,

Medicilândia, Novo Progresso,

Placas, Porto de Moz, Prainha,

Rurópolis, Santarém, Senador

José Porfírio, Trairão, Uruará

e Vitória do Xingu, com popu-

lação de cerca de 1 milhão de

habitantes.

O relator do projeto na As-

sembleia Legislativa, deputado

Gabriel Guerreiro, que é tam-

bém presidente da Comissão

de Ecologia, Meio Ambiente,

Geologia, Mineração e Energia

da Alepa e líder do PV, consi-

60 pesquisadores de 12 ins-

tituições. O projeto contou

ainda com a participação dos

governos locais e sociedade ci-

vil, que debateram o tema em

mais de 10 audiências públi-

cas na região. Para Guerreiro,

O ZEE possibilita que a área de

influência da BR-163 não seja

afetada pela Resolução 3.545

do Banco Central-Conselho

Monetário Nacional, determi-

nando que a partir de 1º de

julho de 2008 a concessão de

crédito rural para atividades

agropecuárias, nos municípios

que integram o Bioma Amazô-

nia, fica condicionada ao licen-

ciamento ambiental e à obser-

vância das Diretrizes do ZEE de

cada Estado. “O ZEE é um es-

tímulo aos governos estadual

e municipal e às comunidades

locais para o uso racional dos

recursos naturais e promoção

do desenvolvimento sustentá-

vel”, defendeu o líder do PV.

dera a iniciativa uma das mais

importantes do Estado.

Guerreiro, no entanto, su-

geriu algumas alterações no

projeto, como o aumento da

área de reserva legal para ex-

ploração de recursos flores-

tais, hoje estipulada em 20 por

cento da área total.

“O ZEE é o passo inicial para

o ordenamento ambiental e

territorial da região. A partir

daí é que será possível ofere-

cer segurança jurídica ao setor

produtivo, aos agricultores fa-

miliares, comunidades extrati-

vistas, ribeirinhos, populações

indígenas e quilombolas, para

que desenvolvam suas ativi-

dades em bases sustentáveis”,

pontuou Gabriel Guerreiro.

O Plano de Desenvolvimen-

to da BR-163, coordenado pela

Embrapa, envolveu mais de

Gabriel Guerreiro: é preciso proporcionar segurança jurídica e sustentabilidade

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6 ABRIL - 2009

VICENTE MALHEIROS DA [email protected]

WALCYR [email protected]

No Rio Maiuatá - você sabe onde fica o Rio Maiuatá? Não? Fica no Município de Igarapé-Miri, no Pará, e é afluente do Rio Tocantins - no Rio Maiuatá, dizia eu, come-çaram a ouvir os estriden-tes assobios da Matinta Perera. Os moradores se perguntavam: Quem será já que vira Matinta por aqui? E nada de descobrir quem era a Matinta do Rio Maiuatá...

A coisa foi aumentan-do e, além dos assobios, a Matinta começou a assus-tar as pessoas de outras maneiras. Você sabe, não é? que a Matinta pode se transformar no que quiser. Pois é, a Matinta ora aparecia em forma de onça, ora em forma de queixada, ora em forma de outro animal qual-quer, sempre atazanando

os pacatos caboclos e seus familiares, metendo medo e não deixando ninguém dormir com os estridentes

- Fiiiiiiiiittt...Ou pior quando dobra-

va o assobio- Firifififiuuu...Teodoro Castro Bar-

boza, 40 anos, filho de Sumaúma, lá em Igarapé-Miri, foi quem contou esta história. E ele continuou dizendo que a Matinta tanto perseguiu os mora-dores que um deles, mais corajoso, disse que ia dar um jeito naquela situa-ção. Era o João Piraqueira, filho da Tia Podó, que era muito estimado naquelas bandas.

Pois bem, o João Pi-raqueira procurou um pajé dos bons, explicou a situação e disse que queria dar uma solução

A TIA PODÓ

No início do ano, quan-do estive em São Paulo, vi-sitei o jornalista Luís Nas-sif, que fez um registro do fato em seu Blog, com ilustrações de músicas da família Fonseca: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/02/25/trivial-do-maestro-isoca/

De volta a Belém, en-contrei no Portal do jorna-lista a melodia do choro O Bandolim do Nassif, com-

posto por Adalberto Ca-valcanti, de Recife, e resol-vi escrever dois arranjos (Duo para Flauta e Piano; e Trio para Flauta, Fagote e Piano), além de acres-centar uma introdução. A partitura do duo e a gra-vação do trio podem ser conferidas no link: http://colunistas.ig.com.br:80/luisnassif/2009/03/23/d o s - p r e s e n t e s -inesqueciveis/

para aquele problema, a fim de que os moradores do Rio Maiuatá voltassem a ter paz e pudessem dormir sossegados. O pajé ouviu e seguiu junto com o rapaz.

Ah! Você nem imagina o que aconteceu! Pois não é que a Matinta era... Não, estou me precipitando e já chegando ao fim da história. Deixe, pois, que conte o que aconteceu depois que o João Pira-queira falou com o pajé. Como já disse, depois de ouvir atentamente, o

pajé seguiu com João Pi-raqueira para o Rio Maiua-tá. Lá chegando, pediu que o rapaz arrumasse duas cuias pitinga e uma sandália e guardou este material.

Quando chegou de noite, assim que a Matin-ta começou a assobiar, quando se ouviu

– Fiiiiiiittt...!O pajé saiu da casa

em que estava, começou a fazer suas orações, pe-gou as duas cuias pitinga e colocou em cima da sandália emborcada. Era

a fórmula para amarrar Matinta Perera!

Naquela noite ouviu-se ainda um assobio cortado pela metade e um barulho assim como se fosse um pato se debatendo em cima de um galho de uma árvore próxima. Ninguém foi olhar, esperando a manhã seguinte...

* * *Ao amanhecer o pajé

chamou João Piraqueira para ir ver a Matinta amar-rada pela fórmula...

Veja só o que é o destino!

O pajé disse para o rapaz:

- Agora vamos saber quem é a Matinta Perera do Rio Maiuatá!

Quando chegaram no local, sobre um galho de uma árvore próxima às duas cuias pitinga em cima da sandália embor-cada, estava uma mulher que dali não conseguia se mexer, como se estivesse amarrada no galho. O pajé disse para João Pira-queira: esta é a Matinta Perera que estava pertur-bando vocês...!

Quando João Piraquei-ra ergueu a vista para o galho da árvore, quase desmaiou. Quem estava lá em cima era a sua pró-pria mãe, a Tia Podó...

* * *Surpresa desagradável

para o João Piraqueira, não acha? Ele, que tanto se empenhou em amarrar a Matinta, veio a descobrir que era a sua genitora...

Ele ficou muito enver-gonhado. Mas o certo é que, depois daquele dia, nunca mais se ouviu ou se viu a Matinta Perera do Rio Maiuatá... Mas os velhos moradores, como Teodoro Castro Barboza, até hoje se lembram e contam a história...

CHOROS, MAXIXES, VALSASE NOTURNOS

Homenagem musi-cal que vem do nordes-te, passa pelo norte e vai ao sudeste, graças à informática.

Luís Nassif – que também é músico – es-creveu na Folha de São Paulo (caderno Dinheiro, 28.07.2002) o artigo A Canção Amazônica de Isoca, em que se reporta sobre a herança musical de Wilson Fonseca, meu saudoso pai.

Escrevi ainda arranjos – Quintetos de Cordas e de Sopros, com Piano – para o choro Despretensioso, de Luna Remer (Luciana Re-mer Tacla), de Curitiba.

No catálogo de minha obra musical (que já ul-trapassa de mil peças), há muitos sambas, além de sairés, choros e chorinhos (Azulino, Petição Inicial, Você pensa que cabo-clo é besta?, Brincadeira ou Sapecando, Os Três

Peraltas, Sapecando Miu-dinho ou Festa Mocoron-ga, Chorinho Pai D’Égua, Futebol, Irurá, De Casa Nova, Marcapasso). Aliás, foi com o choro Irurá que tive a honra de ser con-templado com premiação conferida pelo Concurso Internacional de Compo-sição 2006, promovido pelo Quinteto Amizade, cuja entrega ocorreu em fevereiro último na Sala Martins Penna do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília.

Na linha da tradição de meu avô José Agosti-nho da Fonseca, compus alguns maxixes, como Cunhantã (sairé-maxixe), Quase aos 50, Prá Valer, Jana (em homenagem à cantora Jana Figarella) e o recente Trintão (Duo para Bandolim e Piano), dedicado ao meu primo-gênito Vicente Filho, que já chega aos 30 anos de

idade. Na mesma semana, dediquei ao meu segundo filho o chorinho Adriano no Cavaquinho (Duo para Cavaquinho e Piano).

Homenagens à queri-da Santarém, minha terra natal, não faltam.

Durante a Semana Santa surgiram quatro novas Valsas Santarenas (76 até 79), compostas na Quinta-Feira Santa, na Sexta-Feira Santa e no Domingo de Páscoa. A de nº 77, escrita por sugestão de meu irmão José Agostinho (Tinho) e a ele dedicada, apresenta um motivo sacro, daí por-que, além do arranjo para piano, fiz um Quarteto de Cordas.

O jornal Uruá-Tapera de outubro/2003 publi-cou o meu artigo Santa-rém, Pôr-de-Sol, que con-tém o poema que escrevi para o belíssimo noturno composto, sob aquele su-

gestivo título, por Wilson Fonseca, em 1951.

O noturno é composi-ção curta e sugere a calma da noite. Gênero introdu-zido por John Field (sé-culo XIX), tornou-se uma “forma de salão”, a partir dos belos noturnos (21) de Chopin. Outros composito-res escreveram noturnos: Mendelssohn (Sonhos de uma Noite de Verão), De-bussy (Nocturnes) e Brit-ten (Serenade para tenor, trompa e cordas).

Compus alguns notur-nos: Navegando no Tapa-jós, Olhando o Ocaso nº 2, Meditação e Noturno Tapajônico, além da letra e arranjos para Santarém, Pôr-de-Sol.

A pedido da Profª. Gló-ria Caputo, dediquei o Noturno Tapajônico, com arranjo para Banda Sinfô-nica, Percussão e Piano, ainda inédito, à Orquestra Jovem do Projeto Vale.

ADEMAR AYRES DO [email protected]

Bom, pra início de con-versa, eu vou logo avisan-do que carnaval não mexe mais comigo. Anda muito longe a fase das festas infantis da ARP, que eu frequentei na companhia do meu dileto amigo Cé-lio Simões e daquela nos-sa namorada de então. Nem mais saudade das festas da adolescência, quando eu me esbaldava em boa companhia e sem a ameaça do Célio, nos nobres salões do badala-do Centro Recreativo de Santarém. Agora, prefiro aproveitar os dias do senhor momo para ficar quieto no meu canto.

Este foi o quinto car-naval que eu e minha es-posa aceitamos o convite de um casal de velhos amigos, para ficar des-cansando no belo sítio deles, a alguns quilôme-tros de Belém. Levo sem-pre um bom livro (desta vez, Quincas Borba, do insuperável Machado de Assis), uma rede larga o suficiente para não sobrar o pé, e assim me mante-nho por quatro dias, qual um urso polar em plena hibernação. No máximo, quando muito, dou uma espiada de esguelha( ou à socapa, como escreveria o bruxo do Cosme Velho),

História de Quarta-feira de Cinzas

na televisão, para apreciar os movimentos hiperbóli-cos de alguma mulata re-bolativa na avenida. Fora isso, joguei conversa fora, apanhei manga pra comer com canivete debaixo da árvore, me distraí matan-do mosca com uma mo-derna raquete elétrica e ouvi algumas histórias.

A melhor de todas me foi contada pelo casal de amigos do qual eu e minha esposa fomos hóspedes, e o enredo aconteceu alguns meses antes do carnaval, quan-do eles viajavam, uma noite, no rumo do sítio. Antes, vamos logo expli-car que esse meu amigo é médico conceituado na capital, homem sério de quem nunca ouvi dizer isso-assim-zinho (ainda se escreve com hífen?) que seja sobre alguma mentira contada, e muito menos dá pra duvidar do que ele disse, de vez que o episó-dio teve por testemunha sua própria esposa.

Meu amigo comprou o sítio há muitos anos e

acabou fazendo grande amizade com a popula-ção do lugarejo, e muito contribuiu para isso sua condição de excelente clínico geral, fazendo com que ele acabasse por abrir um consultório na sede do município, onde atende gratuitamente a quem o procura. Sai de Belém toda sexta-feira cedo e vai direto para seu consultório da estrada. Ao chegar, já o espera uma longa fila de gente e sua prestimosa esposa lhe presta ajuda como voluntária na organização dos atendimentos. O ca-sal almoça por lá mesmo e só toma o caminho do sítio, para o merecido descanso de fim de se-mana, quando termina de atender o último pa-ciente, muitas das vezes já vendo a lua alta.

O que ele me narrou, e que eu passo igualzinho a vocês, aconteceu quando meu amigo e a esposa se dirigiam ao sítio, após mais uma dessas sestas-feiras de estafante traba-

lho. Deixaram a sede do município e pegaram a BR para alcançar o ramal que os levaria ao sítio, a uns dez quilômetros de dis-tância. Já tinham vencido metade do percurso e con-versavam animadamente, quando a luz potente da caminhonete Hyllux, bateu num vulto todo de branco a uns duzentos metros de distância.

- Olha ali – apontou a esposa – não parece o personagem daquela da música do Erasmo?

- É – brincou o médico – sentado à beira de um caminho.

No que se aproxima-ram, assistiram surpresos o homem de branco se levantar do acostamento e caminhar alguns passos até o meio da pista. Lá se pos-tou em posição de sentido e ergueu os braços para o céu, como se tentasse bar-rar a passagem do carro.

- É assalto! Te segura ! – gritou meu amigo para a esposa.

Segurou firme na di-reção e sentou o pé no

acelerador fazendo o carro disparar. Ao chegar a uns dez metros do homem de branco, meu amigo abaixou a cabeça para se proteger do impacto, ain-da a tempo de ouvir o grito desesperado da esposa:

- Meu Deus, é seu Pe-dro! É seu Pedro !

Como não houve ne-nhum barulho de impacto nem sinal de cadáver estendido no asfalto, meu amigo continuou em disparada até o sítio, onde tratou de cuidar da esposa, que estava em total estado de choque. Finalmente, após cuida-dos de emergência e al-guns calmantes, ele criou coragem e indagou:

- Por Deus, me explica quem é o tal Pedro que você viu?

Ela, ainda trêmula, esclareceu:

- Ora, era aquele pedreiro que fez serviço aqui no nos-so sítio. Faz uns três meses que ele foi atropelado. Vinha de bicicleta, naquele pedaço, quando um caminhão pas-sou por cima dele.

OPINIÃO

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7CULTURA ABRIL - 2009

JOSÉ WILSON MALHEIROS

jwmalheiros@hotmail.comwww.wilsonmalheiros.mus.brwww.jornaldialogando.blogspot.com

Afirma-se, com toda a razão, que hoje em dia o que não sai publicado na imprensa, não existe. Então, com a finalidade de deixar gravado para o futuro, dou a público, ago-ra, aproveitando a ocasião, um fato que merece ser mencionado na biografia do maestro.

Neste vinte e quatro de

março o Maestro Wilson Fonseca (Izoca) comple-tou sete anos de falecido. No início do ano passado um grupo de interessados manifestou a vontade de conhecer melhor a ópera do compositor, que tem libreto e arranjo orquestral de minha autoria, pois Izo-ca, ao encerrar essa obra, infelizmente não teve mais

UMA ÓPERA NO ALÉM

condições físicas de fazer a orquestração.

Em uma das reuniões, um fato incomum acon-teceu. Veja o texto da declaração que tenho em meu poder:

“DECLARAMOS que no mês de abril/2008 estive-mos reunidos, uma tarde, na residência de José Wil-son Malheiros da Fonseca, em Belém Pa., mais pre-cisamente da dependên-cia que ele denomina de “gabinete”.

Passamos a tarde vendo e escutando as partituras da ópera Vitória Régia, um Amor Cabano, música de Wilson Fonseca (Izoca).

Estavam presentes, en-tre outras pessoas, Célia Maracajá, Luiz Arnaldo, Maestro Martinho Lutero

(brasileiro, que vive na Europa), José Wilson e sua esposa Damea.

Quando acabamos de ver, escutar e comentar o libreto e as partituras, mais ou menos pelas seis da tarde, o computador foi totalmente desligado. Não havia, na casa, mais nenhum aparelho eletrô-nico ligado, nem rádio, nem televisão, aparelho reprodutor de CD, casse-te etc, estando também a máquina filmadora da Célia (que nem foi usada nessa ocasião), desligada. Tudo isto foi verificado minuciosamente pelos presentes.

Em dado momento co-meçamos a escutar, dentro do gabinete, com grande nitidez e com razoável

volume, uma voz de tenor operístico a cantar uma ária que não conseguimos identificar.

Ao chegarmos perto da “voz” sentíamos como se estivéssemos perto do “cantor”. Todos ficaram perplexos.

Esse fenômeno durou mais ou menos meia hora. A sensação era de que al-guém, que não podíamos ver (apenas escutar) estava ali bem próximo de nós, cantando, mesmo.

Atestamos que o acima relatado é verdade.

Assinam o documento como testemunhas presen-ciais (tudo reconhecido em cartório):

Luiz Arnaldo Dias Cam-pos, produtor cultural, cineasta. Célia Maracajá,

produtora cultural, atriz. Damea Gorayeb S. Fonse-ca, professora”.

A coincidência se repe-te: no início do século vin-te, como atesta bibliografia abundante, um maestro e professor recém chegado da Itália também assistia, em companhia de pesso-as ilustres da sociedade da época, os fenômenos espirituais que ocorriam em Belém na casa do casal Eurípedes e Ana Prado.

O maestro era Ettore Bosio, que inclusive bateu algumas fotos que estão na internet.

Fica, portanto, regis-trado o fato. Onde não se pode criticar, todos os elo-gios são suspeitos. Fique à vontade para emitir sua opinião sobre o fato.

Personalidades, artistas da terra, fotógra-fos locais e alunos da rede estadual de ensi-no participaram do evento, promovido pe-la Secretaria Municipal de Cultura, através

I Café das Letras e das Artes de Oriximiná da direção da Biblioteca Mu-

nicipal Enéas Cavalcante. O

público compareceu em peso,

lotando a sala de estudos da

Biblioteca.

O evento iniciou com ex-

posição de fotos de autoria

de alunos de duas turmas da

Escola Estadual Padre José

Nicolino. Na primeira expo-

sição os alunos mostraram

imagens dos encantos natu-

rais do município, enfatizan-

do a preservação do meio

ambiente. A segunda etapa

retratou as mazelas da so-

ciedade local. “A fotografia

é uma poesia retratada em

um milésimo de segundo”,

recitou o fotógrafo Vilson

Monteiro, um dos integran-

tes da mostra, que contou,

ainda, com a participação

de Willyan de Souza Vinente,

aluno do ensino médio da

escola Pe. José Nicolino e um

dos mais freqüentes usuá-

rios da Biblioteca Municipal.

Wyllian aproveitou para re-

latar um pouco de uma das

histórias que mais o fascinou

enquanto leitor.

A segunda parte ficou

marcada pela palestra de

Francisco de Souza Florenza-

no, assessor de Comunicação

da Prefeitura Municipal, que

falou sobre a arte de comu-

nicar. “As pessoas são o que

falam, portanto é preciso ter

atenção e cuidado ao se co-

municar” ressaltou. Ao final

os compositores João Aragão

e Tirso Givoni foram home-

nageados pelo cantores Él-

son Gomes e Pedro Pimentel,

que interpretaram canções

dos artistas que fizeram su-

cesso no FEMPO – Festival de

Música Popular de Oriximiná.

João Aragão, emocionado,

fez questão de agradecer a

todos pela homenagem que

recebeu.

Durante as apresentações,

ao público foi servido café e

chá, deixando o evento ainda

mais charmoso.

A iniciativa inédita alcançou grande adesão do público oriximinaense, que mostrou interesse pelos valores culturais

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8 CONJUNTURAMARÇO - 2009

Devastação em Altamira é fruto do descaso“Todo ano chove muito nesta época, todo ano os rios sobem. A enchente é um fato previsível, rotinei-ro, que você sabe e controla. Vai acompanhando o nível pluviométrico e do rio, retirando as famíliasnas áreas mais expostas, pro-

videnciando abrigo condigno,

protegendo os moradores

com relação à saúde, segu-

rança alimentar. Altamira

tem sua economia voltada à

exploração florestal, agrope-

cuária, é cercada de morros e

pequenas fazendas - e todas

elas têm açudes, barragens,

criatórios de peixes. São cer-

ca de cem mil habitantes, que

há oito anos dispõem de De-

fesa Civil e Secretaria de Meio

Ambiente.

Quando as chuvas vêm, nin-

guém ignora que as barragens

vão enchendo. São calculadas

para determinado volume

d’água, daí ser inusitada a situ-

ação em Altamira. Desta vez,

a prefeitura não se preocupou

em fazer o trabalho preventi-

vo, utilizar os mecanismos de

controle para evitar danos à

agropecuária e à população

em geral”. O desabafo, em

tom didático, é do presidente

da Assembleia Legislativa do

Pará, deputado Domingos Ju-

venil (PMDB), prefeito de Alta-

mira em 2002, quando houve

a maior enchente dos últimos

50 anos na região, segundo

dados oficiais.

As barragens encheram

além do suportável e então

aconteceu o “efeito dominó”:

transbordaram, rompendo

estradas e pontes, em poucas

horas inundando tudo, arras-

tando casas, carros, provo-

cando fome, sede e desabrigo

e resultando numa Altamira

devastada, explicou Juvenil,

que foi quem alertou a gover-

nadora Ana Júlia Carepa assim

que começou o verdadeiro

tsunami, ainda no domingo

passado, e foi com ela pres-

tar socorro à população, atra-

vés da Defesa Civil, Corpo de

Bombeiros, PM, Sespa, Sema,

Cosanpa e organismos de pro-

teção social.

Em caráter emergencial,

foram providenciados hospi-

tal de campanha, para evitar

contaminação, distribuição de

água potável em carros pipa –

a enxurrada levou a adutora da

Cosanpa -, tendas de abrigo,

tantas cestas básicas quantas

necessárias para alimentar

os atingidos pela enchente e

utensílios de cozinha para que

as famílias tenham condições

de preparar a própria comida,

relatou o presidente da Alepa,

salientando que, paralelamen-

te ao apoio aos desabrigados,

está sendo executado trabalho

de limpeza da área atingida.

Como medidas estruturais

já em andamento, o deputado

Domingos Juvenil elencou a re-

construção da ponte destruída

pelas águas e o reforço das de-

mais que demandam reparos,

além de distribuição de Che-

ques-Moradia para as famílias

reconstruirem suas casas em

lugar seguro, destinação de

mil casas do projeto “Minha

Casa, Minha Vida”, e microcré-

dito para os pequenos comer-

ciantes que perderam quase

tudo, através do CredPará.

Juvenil e Ana Júlia em vistoria

A polêmica quanto à situa-

ção do município, no sentido

de ser declarada de “emer-

gência” ou de “calamidade

pública”, ao que tudo indica,

é em função de interesses

nem tão republicanos, uma

vez que, em tais circunstân-

cias, torna-se inexigível fa-

zer licitações e aí a tentação

político-eleitoral e da obten-

ção de lucro fácil em cima do

sofrimento dos desabrigados

causa mais consequências

funestas que as aves de ra-

pina que sobrevoam o lixo

acumulado e que por várias

vezes quase foram responsá-

veis pelo fechamento do ae-

roporto local. Os urubus-aves

podem ser abatidos em pleno

voo ou evitados com a efici-

ência da limpeza pública. Os

que condenam a população

mais carente a tanta aflição,

também o deveriam ser.

A força das águas das represas que transbordaram provocou deslizamentos, rachaduras e deixou um imenso e assustador rastro de destruição em toda a área urbana

Terra encharcada: a natureza segue seu curso inexorável, ante o imobilismo de quem deveria monitorá-la

Estrada seccionada e ponte literalmente arrebentada: prejuízos incalculáveis O socorro chegou a tempo de evitar o pior: os serviços de recomposição já estão sendo feitos.

Governadora e presidente da Alepa reuniram lideranças

Desolado, o morador desabrigado contempla os estragos Ao lixo causado pela enxurrada, soma-se o não recolhido

FOTOS DAVID ALVES/AG