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IMAC – Instituto de Meio Ambiente do Acre Rua Rui Barbosa, 135 – Bairro: Centro – Rio branco – Acre
Tel: 3224-5497 – e-mail: [email protected]
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USO ATUAL E POTENCIAL E ADEQUAÇÃO À LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO EIXO DO
IGARAPÉ SÃO FRANCISCO
Nilson Gomes Bardales Eufran Ferreira do Amaral
João Luiz Lani Emanuel Ferreira do Amaral
Leoneide Vieira Coêlho do Amaral Eliane Vieira
Nelson Avelar
RIO BRANCO - AC
2006
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USO ATUAL E POTENCIAL E ADEQUAÇÃO À LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO EIXO DO
IGARAPÉ SÃO FRANCISCO
Nilson Gomes Bardales Eufran Ferreira do Amaral
João Luiz Lani Emanuel Ferreira do Amaral
Eliane Vieira Leoneide Vieira Coêlho do Amaral
Nelson Avelar
RIO BRANCO – AC
2006
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...................................................................... ........ 2
LISTA DE TABELAS........................................................................... ..... 3
1 APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZÃO........................................ 4
2 INTRODUÇÃO ................................................................................. 7
3 METODOLOGIA ................................................................................9
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................13
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................... 28
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................29
ANEXOS .........................................................................................46
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização do município de Rio Branco na América do Sul, no Estado do Acre e os seus limites municipais. ...................................................................................... 11
Figura 2. Fluxograma da metodologia para estruturação do zoneamento de risco à integridade ambiental em áreas de influência direta do Igarapé São Francisco nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. ....................................................... 12
Figura 3. Localização da área de estudo nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. ...................................................................................................................... 15
Figura 4.Distribuição dos focos de calor no ano de 2005 na zona-tampão do Igarapé São Francisco nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre ................ Erro!
Indicador não definido.
Figura 5. Distribuição dos solos na faixa de influência direta do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. .................................... 17
Figura 6. Uso da terra na área de estudo no Igarapé São Francisco municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre, 2005. ...................................................................... 18
Figura 7. Uso da terra na zona tampão de 600 m para ambas as margens do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. ... Erro! Indicador
não definido.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1.Ocupação da área de preservação permanente no Igarapé São Francisco no município de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre (2005) ......... Erro! Indicador não
definido.
Tabela 2. Distribuição dos solos, considerando o primeiro componente da unidade de mapeamento, na zona tampão de 600 m em ambas as margens do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. .................................... 19
Tabela 3. Uso da terra na zona tampão de 600 m para ambas as margens do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. ....... Erro!
Indicador não definido.
Tabela 4. Zoneamento de risco na integridade ambiental na zona tampão de 600 m para ambas as margens do Igarapé São Francisco, nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre. ......................................................................................................... 22
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1 Apresentação e Contextualização Na busca de alternativas para o Desenvolvimento Sustentável no Acre, o
Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE/AC) tem um papel fundamental como base de
conhecimentos sobre as características sociais, culturais, econômicas e ambientais do
Estado para a implementação de políticas públicas de forma coerente.
Desde o final dos anos oitenta, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) tem sido
destacado, como um instrumento estratégico para o desenvolvimento regional sustentável e,
também, como meio para enfrentar problemas de ocupação “desordenada” na fronteira
amazônica, tais como o desenvolvimento acelerado, o uso não sustentável de recursos
naturais e invasões de áreas indígenas e unidades de conservação.
Um aspecto fundamental a ser considerado nos programas do ZEE é a integração
entre o Programa Estadual de Zoneamento e o arcabouço legal e institucional existente na
esfera federal. O papel do Governo Federal se dá na orientação dos procedimentos
técnicos, através das diretrizes metodológicas, de forma a assegurar a plena consonância
dos ZEEs estaduais com as estratégias em escala regional através do Programa Nacional
do ZEE (PNZEE), coordenado pela Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento
Sustentável.
No Acre, o Governo Estadual instituiu o Programa Estadual de Zoneamento
Ecológico-Econômico, através do Decreto nº 503 de 06 de abril de 1999, diretamente
vinculado ao Gabinete do Governador, sob a coordenação da Secretaria de Estado de
Planejamento e Coordenação - SEPLAN/AC, hoje, Secretaria de Estado de Planejamento e
Desenvolvimento Econômico-Sustentável – SEPLANDS, e tendo como Secretaria Executiva
a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA, atual Secretaria
de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais - SEMA. Este decreto também constituiu
a Comissão Estadual do Zoneamento Ecológico-Econômico (CEZEE) como instância
máxima de deliberação e definição das diretrizes do zoneamento ecológico-econômico -
ZEE/AC. A CEZEE é composta por 34 instituições organizadas em câmaras representativas
de órgãos públicos estaduais, trabalhadores, empresários, sociedade civil, órgãos públicos
federais, outras esferas governamentais (Administrações Regionais, Assembléia Legislativa)
e entidades públicas de pesquisa.
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Na primeira fase do ZEE (Fase I), iniciada em abril de 1999, os trabalhos
contemplaram a extensão territorial total do Estado do Acre, sendo a maior parte dos
trabalhos baseados em dados secundários, aproveitando e sistematizando os diversos
estudos já realizados no Estado e, estabelecendo Cooperações Técnicas com instituições
de Governo da esfera Federal, Estadual e Municipal, além de instituições não
Governamentais.
O ZEE/AC Fase I constituiu-se num referencial importante para o planejamento do
Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre, como também para a sociedade civil e
setor privado.
Para o ZEE/AC apoiar a Gestão Sustentável e Conservação dos Recursos Naturais
os estudos precisam ser atualizados e, com um maior detalhamento, no âmbito do eixo
temático Recursos Naturais, especificamente no que se refere ao diagnostico do potencial e
limitações de uso de duas das principais bases produtivas do estado a saber, o recurso
floresta e solo e da biodiversidade.
A execução da segunda fase do Zoneamento Ecológico-Econômico (Fase II) tem
como objetivo geral construir o Mapa de Gestão do Estado do Acre, na escala 1: 250.000
(Decreto 4.297 de 11 de julho de 2002, que regulamenta o artigo 9o, inciso II, da Lei federal
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabelece critérios para o ZEE do Brasil).
O ZEE/AC Fase II assume, como papel fundamental, a construção desse Mapa de
Gestão para o Estado do Acre na escala 1:250.000, com indicativo das zonas de uso, sendo
definidas, para cada zona de uso, as restrições, potencialidades e as recomendações de
uso.
Atualmente, a implementação do Zoneamento Ecológico-Econômico recebe apoio do
Programa Piloto para a Conservação das Florestas Tropicais no Brasil (PPG7) e, também,
do Consórcio ZEE Brasil, instância do PNZEE.
O sudeste acreano concentra 71% da população do Estado e 51 % de seu território.
Esta região abrange as regionais do Alto Acre, Baixo Acre e Purus, que representa a área
de maior pressão antrópica atual e forte tendência de ampliação da ocupação humana. O
Estado do Acre é drenado por extensos rios direção geral Sudoeste-Nordeste todos
pertencendo à rede hidrográfica do Rio Amazonas. O rio Purus é o segundo maior
representante da drenagem do Estado, do qual o rio Acre é um dos principais afluentes,
inclusive com cabeceiras em limites internacionais.
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A bacia do igarapé São Francisco encontra-se possui uma área de 45.440 ha, entre
a rodovia federal BR 364 e a rodovia estadual AC-90 (Transacreana), sendo 3.191 ha (7%)
formada pela área urbana de parte da cidade de Rio Branco e, 42.249 ha (93%) pela zona
rural, sendo 36.365,31 ha do município de Rio Branco e 5.882,72 ha do município de Bujari
(HID, 2000).
Em Rio Branco, as atividades antrópicas têm gerado impactos negativos sobre o
meio ambiente e o zoneamento detalhado de parte da bacia do rio Acre vai contribuir para
que Rio Branco, seja o primeiro município da Amazônia Ocidental a dispor de um
instrumento de gestão territorial em escala compatível com o seu território, sendo referência
para os outros municípios do Estado e para os estados vizinhos, inclusive os do Peru e
Bolívia.
Neste contexto, torna-se essencial viabilizar o conhecimento do potencial e restrições
dos recursos naturais e dos aspectos socioeconômicos e culturais em escala compatível a
fim de possibilitar: 1) o reordenamento territorial; 2) maior flexibilidade na definição de zonas
de preservação e de produção agropecuária e florestal; 3) a gestão sustentável do território.
O Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de parte da bacia do Rio
Acre, no município de Rio Branco - ZEAS, na escala de 1:100.000, permitirá estabelecer
diretrizes, planejar e implementar políticas, projetos e ações visando conciliar o processo de
desenvolvimento econômico com a conservação ambiental, a geração de emprego, renda,
melhoria da qualidade de vida e o respeito aos aspectos sociais e culturais da população da
área de estudo.
Diante deste contexto os estudos específicos de uso da terra na área de influência
direta do rio Acre e Riozinho do Rola se constituem em atividades síntese do eixo recursos
naturais que permitirão avaliar a intensidade da ação antrópica sobre os ecossistemas
naturais.
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2 Introdução
A falta de um planejamento racional de uso da terra, seja pela falta de conhecimento,
seja pela necessidade dos agricultores de abrir novas áreas, tem promovido diversos
impactos negativos, muitas vezes chegando a limites críticos em determinadas regiões,
resultando em degradação ambiental e redução da qualidade de vida, não só para a
comunidade rural, mas também para toda a população (DENT & YOUNG, 1993).
A recuperação, conservação e exploração sustentável dos recursos naturais exige
conhecimento de suas propriedades e da situação em relação aos efeitos das atividades
antrópicas (PEDRON et al, 2006).
O diagnóstico do recurso solo, juntamente com outros elementos ambientais, é uma
excelente ferramenta na determinação de problemas, como os conflitos de uso das terras,
os quais podem auxiliar no planejamento racional de todo o ambiente em questão
(FORMAGGIO et al., 1992)
A exemplo da maioria dos demais municípios da região, como Sena Madureira, Porto
Acre, Xapuri e Brasiléia, Rio Branco teve seu processo de ocupação inicial efetuado através
do Rio Acre. Esta ocupação inicial se fundamentou na formação de seringais e ao
extrativismo de produtos florestais com ênfase para a borracha. Posteriormente, com o
declínio do setor gomífero, Rio Branco teve suas terras loteadas em colônias próximas ao já
consolidado núcleo urbano.
Atualmente, Rio Branco possui uma área de 8.831 km2, dos quais 26 % já se
encontravam desflorestados em 2005. As áreas desmatadas, em sua maioria, estão
ocupadas pela mancha urbanizada, pastagens extensivas, cultivos de subsistência, além de
capoeiras com diversos estágios de sucessão natural..
O desmatamento do município tem se concentrado com maior intensidade no setor
leste, principalmente, ao longo das rodovias federais, rios e grandes igarapés da região. O
trecho do rio Acre que está dentro dos limites do município de Rio Branco e a faixa de
influência do Riozinho do Rola são áreas críticas para a gestão territorial do município, uma
vez que concentra ações de uso da terra que impactam diretamente o núcleo urbano no que
se refere a disponibilidade e qualidade de água.
O município de Rio Branco é a capital do Estado e abriga atualmente 305.731
habitantes (ACRE, 2006), o equivalente a quase metade (45,4%) da população do Acre. Rio
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Branco tem como limites os municípios de Sena Madureira, Bujari, Plácido de Castro,
Senador Guiomard, Capixaba, Porto Acre e Xapuri.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso atual da terra na área de
influência direta do Igarapé São Francisco e relacionar com os limites da área de
preservação permanente para se ter uma visão do grau de adequação a legislação
ambiental e estruturar um zoneamento de risco a integridade ambiental.
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3 Metodologia
1. Situação, limites e extensão
O Município de Rio Branco, situado na regional do Baixo Acre, abrange uma
superfície1 de 883.143,74 hectares. Está situado entre as coordenadas geográficas de
10º01’22’’ e 10º04’14’’ de latitude sul e de 69º40’3’’ e 67º42’43’’ de longitude oeste (Figura
1)
Figura 1. Localização do município de Rio Branco na América do Sul, no Estado do Acre e os seus limites municipais.
Os estudos sobre uso da terra na bacia do São Francisco, no de Rio Branco tiveram
cinco etapas complementares (Figura 2):
1 A Comissão Parlamentar de Inquérito, na forma disposta no art. 27 da Resolução n. 86, de 28 de novembro de 1990 –
Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado do Acre, revisou e definiu os novos limites para os 22 municípios acreanos no ano de 2004.
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Código
Florestal
Pontos quentes
2005
Solos
Rio Branco
Fotografias aéreas
Neput/UFV 2006
Área de
Preservação
Permanente
Focos de calor
2005
Solos Área de
Estudo
Uso atual da terra
2005/2006
Adequação à legislação
ambiental
Distância da Área de
Preservação Permanente
Distância de Focos de Calor
Potencial dos Solos
Índice de Cobertura do Solo
Zoneamento de Risco à
Integridade Ambiental
Base Cartográfica ZEE FASE II
1:100.000
Fotografias áreas Neput/UFV
1:5.000
Limites municipais Hidrografia
Hidrografia de Rio Branco
Igarapé São Francisco
Zona Tampão
600 m
Área de Estudo
Figura 2. Fluxograma da metodologia para estruturação do zoneamento de risco à integridade ambiental em áreas de influência direta do Igarapé São Francisco nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
a) Definição da área de estudo
O igarapé São Francisco é qualificado como uma importante fonte de água para a
capital do Estado. Localiza-se na porção Oeste do município de Rio Branco. Ao Norte é
limitada pela bacia do igarapé Mapinguari (direção predominante Sul-Norte) e ao Sul pela
bacia do Riozinho do Rôla (direção predominante Oeste-Leste). Representa o principal
canal de drenagem da bacia que ao longo do seu curso recebe descarga de vários igarapés
de tamanho menor, compondo uma rede fluvial de cursos de d’água perenes e
intermitentes, com três igarapés principais: Saituba, Dias Martins e Batista, afluentes de sua
margem direita. Suas nascentes localizam-se nos municípios de Rio Branco e Bujari, no
quadrilátero envolvente delimitado pelas Coordenadas 68o 10’ WG e 09o 55’S e 68o 00’ WG
e 10o 00’S. O igarapé São Francisco tem direção predominante de Oeste para Leste,
desaguando no rio Acre imediatamente a jusante da mancha urbana de Rio Branco (VIEIRA
et al., 2003; LACERDA et al 2005).
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O igarapé São Francisco é afluente da margem esquerda do Rio Acre, abrange o 1o
distrito da cidade de Rio Branco no sentido noroeste-sudeste, com uma extensão
aproximada de 20 km, tem um curso repleto de meandros e, uma vazão entre 10 m3/s a 100
m3/s, dependendo dos períodos seco e chuvoso respectivamente (HID, 2000).
A maior parte da área da bacia (87 %) está situada no município de Rio Branco e 12
% no município do Bujari.
b) Áreas de preservação permanente (APP)
As áreas de preservação permanente foram definidas de acordo com a Lei Federal
nº 4.771 (BRASIL, 1965) e com base na resolução nº 303 (CONAMA, 2002), sendo
considerada para o Igarapé São Francisco uma faixa de 150 metros.
A partir da definição das áreas de preservação permanente foi realizada uma
interseção com o uso da terra de 2005 e 2006 obtido a partir das fotografias aéreas para
avaliar o grau de adequação à legislação ambiental e se estruturar outra camada de
informação contendo as distâncias à área de preservação permanente.
c) Focos de calor
Foram sistematizados todos os focos de calor do ano de 2005 contidas na base de
dados do Zoneamento segunda fase (ACRE, 2006). Foi estruturada uma camada de
informação secundária contendo a distância aos pontos de focos de calor na área de estudo
(Igarapé São Francisco).
d) Solos
Com base no mapa de solos do município de Rio Branco (Lani et al., 2006b) foi
realizada uma reclassificação para obtenção da vulnerabilidade, considerando os fatores:
nível de fertilidade natural , disponibilidade de água e possibilidade de mecanização. Com a
normalização inversa da vulnerabilidade obteve-se o potencial dos solos da área de estudo,
a cada variável foi atribuído um peso, de acordo com sua potencialidade ou fragilidade ao
sistema.
e) Estudos de cobertura do solo
As informações referentes à cobertura do solo no Estado do Acre foram obtidas
através da interpretação de imagens digitais em composições coloridas 5R4G3B do sensor
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Thematic Mapper do satélite Landsat 5 obtidas do ano de 2005 (Lani et al, 2005a). Para a
obtenção do uso mais detalhado na área de preservação permanente do Igarapé São
Francisco, foram utilizadas aerofotos verticais obtidas a partir da missão executada pela
Universidade Federal de Viçosa/Neput, que contou com a execução de uma aeronave JDC-
PT, numa escala de 1:10.000. A base construída constou de dezoito classes de cobertura
do solo: áreas urbanas, capoeira, pastagens, agricultura, espelhos d’água, Praias, Floresta,
Igarapé, solo exposto, vegetação rasteira, rua pavimentada, rua sem pavimento, área
queimada, área edificada, árvore, pastagem velha, rio Acre, área desmatada. A partir desta
base dados foi realizada uma hierarquização dos usos de acordo com a cobertura do solo
resultando num plano de informação secundário.
f) Zoneamento de risco à integridade ambiental
A partir da integração da distância de área de preservação permanente, distância de
focos de calor; potencial dos solos e índice de cobertura do solo foi obtido o índice de risco
que foi estratificado em cinco zonas:
Zona 1 – Áreas de risco muito alto, críticas para ações de recuperação e
conservação ambiental
Zona 2 – Áreas de risco alto, prioritárias para ações de recuperação ambiental
Zona 3 – Áreas de risco médio, prioritárias recuperação e exploração sustentável
Zona 4 – Áreas de risco baixo, prioritárias para o uso sustentável
Zona 5 – Áreas de risco muito baixo, prioritárias para a consolidação através do uso
sustentável
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4 Resultados e discussão
a) Área de Estudo
Considerando a zona tampão de 600 m, a área de estudo do Igarapé São Francisco
ocupa 6.591 hectares (Figura 3).
Bujari
Rio Branco
67°44'0"W
67°44'0"W
68°54'10"W
68°54'10"W
9°1
8'3
0"S
9°1
8'3
0"S
10
°28
'40
"S
10
°28
'40
"SZona Tampão 600 m (Igarapé São Francisco) BujariRio BrancoIgarapé São Francisco
Figura 3. Localização da área de estudo nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
b) Área de Preservação Permanente
Nos municípios de Rio Branco e Bujari a área de preservação permanente do
Igarapé São Francisco ocupa 6.593 hectares (tabela 1). Possui uma área de Floresta
remanescente de 45 %, na região de sua nascente, localizado na zona rural do município de
Rio Branco e uma pequena parte do município do Bujari.
No perímetro urbano o grande problema tem sido a ocupação desordenada, cujo uso
descaracterizado tem prejudicado inclusive a obstrução das linhas de drenagem natural
(HID, 2000).
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A ocupação às margens do igarapé (área urbana) resulta em grandes dificuldades
em se manter o nível mínimo de área verde, ocupando 11,6 % da área de APP, o que
representa 765,2 hectares. As pastagens ocupam 22,2 % e as capoeiras 10,0 %,
demonstrando o desmatamento acentuado das margens, que resulta em perdas de solos
por erosão, seguido de assoreamento severo do leito do igarapé.
Tabela 1. Ocupação da área de preservação permanente no Igarapé São Francisco no município de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre (2005)
Ocupação na área de preservação permanente
USO DA TERRA (2005) Igarapé São Francisco
ha %
Agricultura 35,6 0,5
Capoeira 656,3 10,0
Espelho d’água 26,8 0,4
Floresta 2954,8 44,8
Igarapé 17,6 0,3
Pastagem 1463,4 22,2
Pastagem velha 49,4 0,8
Praia 3,0 0,04
Rio Acre 12,4 0,2
Rua pavimentada 8,9 0,1
Rua sem pavimento 4,3 0,1
Solo exposto 64,2 1,0
Vegetação rasteira 109,2 1,7
Área desmatada 1,5 0,02
Área edificada 57,3 0,9
Área queimada 357,3 5,4
Área urbana 765,2 11,6
Árvore 6,7 0,1
TOTAL 6593,7 100,0
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c) Focos de calor
Os focos de calor revelam a tendência de ocorrência de queimadas, assim para o
ano de 2005 ocorreram 30 focos de calor na zona tampão delimitada para o Igarapé São
Francisco, os focos são mais concentrados na porção rural dos municípios de Rio Branco e
Bujari.
Rio Branco
Bujari
67°49'40"W
67°49'40"W
68°10'0"W
68°10'0"W
10
°1'2
0"S
10
°1'2
0"S
Focos de Calor Igarapé São Francisco Rio Branco BujariZona Tampão
Figura 4. Distribuição dos focos de calor no ano de 2005 na zona-tampão do Igarapé São Francisco nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre
c) Solos
A distribuição dos solos na faixa de influência direta do Igarapé São Francisco,
apresenta uma distribuição diferenciada de classes (Figura 5) e certamente com diferentes
potencialidades. Assim a discussão dos resultados será realizada por classes de solos que
compõem a área de estudo:
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Os Argissolos ocupam 41,6 % da área de estudo, o que representa 2743,2 hectares,
o aspecto marcante dos Argissolos é o incremento de argila do horizonte A para o horizonte
B. outra característica peculiar é a baixa atividade da argila. Apresentam um horizonte
subsuperficial do tipo B textural, tendo uma evolução avançada com atuação incompleta de
processo de ferralitização, em conexão com paragênese caulinítica-oxidíca ou virtualmente
caulinítica, ou com hidroxi-Al entre camadas, na vigência de mobilização de argila da parte
mais superficial, com concentração ou acumulação em horizonte subsuperficial (Embrapa,
2006).
LUVISSOLO HÁPLICO
Pálico abrúptico
13%
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO
Distrófico típico
2%
NEOSSOLO FLÚVICO
Ta Distrófico típico
1%
ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico plíntico
7%
ARGISSOLO AMARELO
Distrófico plíntico
18%
PLINTOSSOLO HÁPLICO
Distrófico típico
17%
LUVISSOLO HÁPLICO
Órtico típico
25%
ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO
Alítico típico
13%
ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO
Ta Distrófico plíntico
4%
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO
Distrófico típico
0,24%PLINTOSSOLO HÁPLICO
Distrófico
0,02%
Figura 5. Distribuição dos solos na faixa de influência direta do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
No terceiro nível categórico (Grande-grupo) do Sistema Brasileiro de Classificação
ocorrem quatro unidades (Tabela 2): Argissolo Amarelo Distrófico (18,2 % da área de
estudo); Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico (6,8 % da área de estudo); Argissolo
Vermelho-Amarelo Alítico (13,0 % da área de estudo) e Argissolo Vermelho-Amarelo Ta
Distrófico (3,5 % da área de estudo). O maior problema destes solos é a fertilidade (são
todos distróficos), aliados ao relevo e a drenagem moderada a alta (no caso dos plínticos),
limita a mecanização pesada na área.
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Tabela 2. Distribuição dos solos, considerando o primeiro componente da unidade de mapeamento, na zona tampão de 600 m em ambas as margens do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
Grande Grupo predominante Área (ha) %
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Alítico típico 15,7 0,24 PLINTOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico 1,3 0,02 PLINTOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico 1.093,5 16,59 PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico 110,3 1,67 ARGISSOLO AMARELO Distrófico plíntico 1.202,5 18,24 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico plíntico 451,3 6,85 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Alítico típico 858,1 13,02 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Ta Distrófico plíntico 230,8 3,50 NEOSSOLO FLÚVICO Ta Eutrófico típico 94,5 1,43 LUVISSOLO HÁPLICO Pálico abrúptico 877,2 13,31 LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico 1.655,7 25,12
TOTAL 6.593,70 100,0
Em termos de abrangência os Luvissolos aparecem em segundo lugar na área de
estudo com 38,43 %. Os Luvissolos por definição apresentam argila de atividade alta,
caráter eutrófico (V > 50 %), além da presença de horizonte B textural, estão geralmente
associados a relevo movimentado e a solos poucos profundos, conferindo-lhes relativo grau
de susceptibilidade à erosão, o que, aliado ao fato de apresentarem drenagem deficiente,
restringem seu uso, apesar da alta fertilidade natural AMARAL, et al, 2006; EMBRAPA,
2006).
De Acordo com o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa,
2006) a nível de grande grupo, ocorrem na área o Luvissolo Háplico Pálico (13,3 %) e o
Luvissolo Háplico Órtico (25,2 %). São solos que possuem um horizonte B textural com
argila de atividade alta e saturação por bases alta (Embrapa, 2006). Em função de sua alta
fertilidade natural apresentam grande potencial para uso agrícola, embora tenham restrições
à mecanização semelhantes aos Argissolos.
Os Plintossolos que ocupam 18,5 % ou 1220,7 hectares são solos que apresentam
restrições ao uso em decorrência da má drenagem. Os Plintossolos Argilúvicos são mais
profundos que os Plintossolos Háplico uma vez que apresentam um ganho de argila em
profundidade com um horizonte textural.
Com relação a fertilidade os alíticos são os que possuem a maior restrição em
função dos altos teores de alumínio presentes nos solo. Como citado acima todos têm
restrição de drenagem o que limita a disponibilidade de oxigênio no interior do perfil e
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restringe consideravelmente o processo de mecanização destas áreas. No mesmo nível
categórico outra classe se destaca é o Plintossolo Háplico Distrófico (16,6 % da área de
estudo), em menores proporções Plintossolo Argilúvico Alítico (0,2 % da área de estudo);
Plintossolo Háplico Distrófico (0,02 % da área de estudo) e Plintossolo Argilúvico Distrófico
(1,7 % da área de estudo).
Os Neossolos representam 1,43 % da área, são solos resultantes de depósitos
recentes de origem fluvial (AMARAL et al, 2006), tem grande potencial agrícola em função
da sua alta fertilidade natural e boa disponibilidade de oxigênio no perfil, resultado de sua
boa drenagem, principalmente pela fração que o compõe (silte e areia).
Em locais que ocorrem estes solos não deve ser realizado nenhum tipo de manejo
agressivo ao solo, como a mecanização, entretanto, são de grande potencial para o uso
pelas comunidades ribeirinhas, que podem ter ali seu sustento e que na maioria das vezes
não tem consciência do potencial destas áreas.
d) Uso da terra
O uso da terra na área de estudo principalmente na área urbana de Rio Branco
(Figura 6) é muito preocupante, podendo chegar a um diagnóstico quase que irreversível
para um dos principais afluentes do Rio Acre. Problemas como desmatamento,
assoreamento do igarapé, poluição por resíduos sólidos e de esgoto doméstico, além das
queimadas, são fatores altamente relevantes e que devem ser contornados para que se
possa chegar ao equilíbrio necessário a manutenção do Igarapé São Francisco.
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626000,000000
626000,000000
627500,000000
627500,000000
629000,000000
629000,000000
630500,000000
630500,000000
88
99
30
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00
88
99
30
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000
00
89
01
60
0,0
000
00
89
01
60
0,0
000
00
Uso da Terra
Agricultura
Açude
Capoeira
Edificação
Espelho d'água
Área edificada
Área queimada
Área urbana
Árvore
Área desmatada
Rio Acre
Rua pavimentada
Rua sem pavimento
Solo exposto
Vegetação rasteira
Floresta
Igarapé
Pastagem
Pastagem velha
Praia
Igarapé São Francisco 0 1.400 2.800700 metros
Figura 6. Uso da terra na área de estudo no Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre, 2005.
Na zona tampão do Igarapé São Francisco a cobertura florestal se estende por 45 %
da área de estudo (Figura 7). E, da área antrópica a tipologia de uso que ocupa maior
extensão é a das pastagens em diferentes estágios de maturação (23 % da área de estudo).
Estas pastagens estabelecidas degradam rapidamente após dois a cinco anos de uso
intensivo, devido a perda de nutrientes do solo e aumento da compactação, além disto,
verifica-se o pastejo excessivo ou áreas abandonadas (pastagens velhas). Outro uso nesta
área antropizada que merece destaque são as capoeiras com 10 %. Estas áreas de
capoeira representam as áreas abandonadas para regeneração natural oriundas de cultivos
anuais ou de pastagens abandonadas.
Outro aspecto muito importante é a ocorrência de áreas recém-queimadas que na
área de estudo está representada com 5 % total ou 357,3 hectares (Tabela 3), este aspecto
está intimamente relacionado com as pastagens, que são queimadas como uma estratégia
dos produtores (moradores) na tentativa de reverter o processo de degradação dos pastos e
também como controle de plantas espontâneas e limpeza destas áreas.
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Pastagem velha
1%
Área queimada
5%
Área edificada
1%
Rua pavimentada
0.14%
Vegetação rasteira
2%
Pastagem
22%
Igarapé
0.17%
Floresta
45%
Espelho d'água
0.41%
Capoeira
10%Agricultura
1%
Área urbana
12%
Solo exposto
1%
Figura 7. Uso da terra na zona tampão de 600 m para ambas as margens do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
A lâmina de água do Igarapé São Francisco ocupa 17,6hectares que representa 0,2
% da área de estudo. Os espelhos d’água ocupam 0,4 % ou 26,8 hectares da área de
estudo, e com um pequeno percentual de agricultura 1 %.
Tabela 3. Uso da terra na zona tampão de 600 m para ambas as margens do Igarapé São Francisco, municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
Cobertura Hectares %
Agricultura 35,6 1,0 Capoeira 656,3 10,0
Espelho d’água 26,8 0,4 Floresta 2.954,8 44,8 Igarapé 17,6 0,3
Pastagem 1.463,4 22,2 Pastagem velha 49,4 0,8
Praia 3,0 0,04 Rio Acre 12,4 0,2
Rua pavimentada 8,9 0,1 Rua sem pavimento 4,3 0,1
Solo exposto 64,2 1,0 Vegetação rasteira 109,2 1,7
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Área desmatada 1,5 0,02 Área edificada 57,3 0,9
Área queimada 357,3 5,4 Área urbana 765,2 11,6
árvore 6,7 0,1
TOTAL 6.593,7 100,0
As áreas urbanas e edificadas juntas somam 822,51 hectares que representam 12,5
% da área de estudo. As áreas desmatadas e de vegetação rasteira ocupam 110,7 % da
área de estudo, sendo um pequeno percentual representado pela agricultura (1,0 %).
e) Zoneamento de Risco à integridade ambiental
Para avaliar o uso atual e a adequação a legislação ambiental, foi realizado um
zoneamento de risco à integridade ambiental.
Este zoneamento associa as informações de adequação a legislação ambiental das
áreas de preservação permanente, a pressão das queimadas, a vulnerabilidade dos solos e
o uso atual da terra nas zonas de influência direta do Igarapé São Francisco.
O Igarapé São Francisco sofre uma alta pressão antrópica ao longo do seu curso
que condiciona um risco alto à integridade ambiental. Este risco ocorre principalmente nas
áreas mais urbanizadas, no qual o igarapé corta alguns bairros da cidade de Rio Branco.
A área de estudo apresenta risco médio (zona 3) a baixo (zona 4) ao longo do curso
do Igarapé São Francisco (Tabela 4). A zona 3 que representa risco médio e que são
prioritárias a recuperação e exploração sustentável, ocupa uma área de 2.932,7 hectares
(44 % da área de influência direta). A zona 4 que apresenta um risco baixo a integridade
ambiental, representa 42 % da área de influência direta, ou seja, 2.809, 9 hectares.
4 % da área de influência do igarapé apresentam um risco muito baixo, ou seja, com
áreas prioritárias para consolidação através do uso sustentável.
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Tabela 4. Zoneamento de risco na integridade ambiental na zona tampão de 600 m para ambas as margens do Igarapé São Francisco, nos municípios de Rio Branco e Bujari, Estado do Acre.
Zonas Área (ha) %
Zona 1 37,8 0,6 Zona 2 509,6 7,7 Zona 3 2.932,7 44,5 Zona 4 2.809,9 42,6 Zona 5 303,7 4,6
TOTAL 6.593,7 100,0
Na zona 2, de risco alto, estão 509,6 hectares (7 % da área de influência direta) têm
risco alto (Tabela 5) à integridade ambiental e esta área deveria ser priorizada para ações
de recuperação de áreas de preservação permanente e de áreas degradadas, uma vez que
são áreas frágeis que estão tendo um sobre utilização.
Apenas 37,8 hectares estão inseridos na zona 1, com risco muito alto à integridade
ambiental, que representa menos de 1 % da área total de influência do igarapé. Uma grande
parte destes problemas está na zona urbana. E isso agrava e muito a integridade do
igarapé, mesmo que o percentual seja baixo em termos de risco, uma vez que a falta de
conscientização da população que vive as margens do igarapé contribui para um cenário
negativo existente. No qual o desmatamento de suas margens e a poluição das águas
causada pela ocupação humana vem ocasionando um quadro irreversível ao Igarapé São
Francisco.
O outro problema gravíssimo do igarapé deve-se ao lançamento direto em suas
águas de esgoto “in natura” em virtude das redes coletoras de esgotos dos bairros não
terem o mínimo de estrutura.
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5 Conclusões e recomendações
Com base nos dados obtidos pelo estudo foi possível estabelecer as seguintes
conclusões principais:
O igarapé São Francisco possui o maior risco ambiental na área urbana, onde
ainda ocorre níveis diferenciados de risco. Porém ainda há pontos com uma
sobreutilização também nas áreas fora do perímetro urbano.A distribuição
dos riscos em escala detalhada (1:10.000) permite uma gestão territorial com
ações locais efetivas.
Com base nos dados obtidos pelo estudo é possível estabelecer as seguintes
recomendações gerais:
• Deve-se montar um programa emergencial para levantamento cruzamento do
banco de dados do cadastro imobiliário com o zoneamento de risco para se obter as
residências xas áreas de riscodas residências no entorno para construir um banco de dados
georreferenciado com informações de coordenadas, número de pessoas e residências, bem
como ações de uso da terra e iniciativas promissoras.
• Deve-se estruturar um programa de monitoramento da cobertura vegetal na
faixa de influência direta do rio Acre e Riozinho do Rôla, de forma que ações de educação
ambiental sejam implementadas nestas áreas, principalmente naquelas áreas de amior
risco.;
• A base fundiária da área de influência direta deve ser detalhada de forma que
se possa estratificar as pequenas, média e grandes propriedades nesta região e se ter
ações diferenciadas para cada uma delas.
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6 Referências bibliográficas
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Anexos
1. Cartas do zoneamento à integridade ambiental (escala 1:5.000)