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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus vannamei E ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA ALINE HORÁCIO DA COSTA 2016 Natal RN Brasil

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE - Universidade … · Aline Horácio da Costa USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus vannamei E ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus

vannamei E ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA

CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE

DO NORTE, BRASIL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

ALINE HORÁCIO DA COSTA

2016

Natal – RN

Brasil

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Aline Horácio da Costa

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus vannamei

E ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA

NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de

Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre.

Orientador: Prof. Dra. Cibele Soares Pontes

2016

Natal – RN

Brasil

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e por me permitir cursar uma pós-graduação.

Ao meu esposo Pedro Henrique, aos meus pais Carlos e Edilza e demais familiares pelo apoio

em todos os momentos desses dois intensos anos.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio

financeiro.

Ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

(PRODEMA-UFRN) pela competência de seus coordenadores, professores e secretários, pois

repercute em nossa satisfação por fazer parte desse programa.

À professora Cibele por aceitar me orientar, me fazer amadurecer e por toda a paciência nos

difíceis momentos.

À professora Karina por nunca ter se recusado a me ajudar nas horas solicitadas e pelo

aprendizado que obtive.

Às professoras Ivaneide, Fabiana e Karina pela participação em minha banca de qualificação

e por todas as contribuições dadas ao trabalho.

A todos os meus colegas do PRODEMA pela amizade, pelos momentos de alegria e de

descontração e pelo conhecimento compartilhados em sala de aula e fora dela.

À Jaqueline por nos permitir desenvolver a primeira parte da pesquisa na Larvi Aquicultura e

Projetos LTDA e a todos os funcionários que compõem essa empresa, especialmente Honara,

por toda a ajuda nos dias que estive lá.

A todos os carcinicultores entrevistados por terem aceitado participar da segunda etapa da

nossa pesquisa.

Às queridas Myrla e Elaine pelo auxílio na fase de campo.

A Walter por toda a ajuda e rapidez com as análises estatísticas.

As minhas amigas Manu e Leilinha porque sempre estiveram dispostas a me ouvir e auxiliar

nas horas que precisei.

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RESUMO

USO DE PROBIÓTICOS NO CULTIVO DE Litopenaeus vannamei E ASPECTOS

SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO

GRANDE NO NORTE, BRASIL

A principal característica para que uma produção seja considerada sustentável é assumir que a

natureza é finita, evitando-se desta forma o crescimento sem limites. A busca da

sustentabilidade na carcinicultura tem sido uma preocupação constante dos órgãos ambientais.

A utilização de probióticos tem sido atualmente apontada como uma eficiente forma de

tratamento da matéria orgânica presente na coluna d’água e no solo dos viveiros,

possibilitando a minimização da utilização de água nos cultivos, que é um dos requisitos

fundamentais para tornar a carcinicultura ambientalmente responsável. Os probióticos

também atuam como produto natural na profilaxia das enfermidades, promovendo um melhor

crescimento dos organismos aquáticos cultiváveis. Dessa forma, a primeira parte desta

pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de dois probióticos comerciais, de diferentes

composições, sobre o potencial zootécnico e resistência a estresse de larvas e pós-larvas da

espécie Litopenaeus vannamei cultivadas em escala comercial. A segunda parte investigou as

práticas de manejo adotadas pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande

do Norte, caracterizando-se também os aspectos sociais e ambientais da carcinicultura

percebidos por esses produtores. Na primeira fase, os cultivos da espécie Litopenaeus

vannamei tiveram início na fase larval (náuplio V), com duração de 18 dias, quando foram

submetidos a dois tratamentos: P1 - probiótico um; P2 - probiótico dois. As unidades

experimentais consistiram em seis tanques de 15.000 L, com três repetições para cada

tratamento. Os probióticos foram aplicados diariamente conforme recomendação dos

fabricantes, sendo os parâmetros salinidade, temperatura, pH e oxigênio dissolvido

monitorados. As pós-larvas submetidas ao P2 apresentaram valores médios maiores (p < 0,05)

para comprimento (em PL 1 e PL 5), pesos úmido e seco (em PL 5) e percentual de

metamorfose (90%) em relação ao outro tratamento; as demais variáveis não diferiram. As

sobrevivências finais foram 56,4% e 64,9% para pós-larvas submetidas ao P1 e ao P2,

respectivamente. Observou-se que o probiótico 2 foi mais efetivo na melhoria dos parâmetros

bióticos. Na segunda fase, foram realizadas 27 entrevistas através de formulários semi-

estruturados, com produtores do litoral Sul do Rio Grande do Norte. Constatou-se que 85,2%

dos produtores são homens, com baixa taxa de analfabetismo (3,7%), com renda de 2 a 5

salários mínimos (44,4%) e que 22,2% têm a carcinicultura como principal fonte de renda.

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Verificou-se que menos de 50% receberam assistência técnica no último ano e poucas são as

medidas de biossegurança adotadas pelos mesmos. Com relação às boas práticas de manejo

recomendadas pela Associação Brasileira de Produtores de Camarão (ABCC), apenas 11,1%

dos carcinicultores fazem uso de probióticos e essa variável não possui relação com a renda

mensal familiar ou ainda com as taxas de sobrevivência obtidas nos cultivos. Práticas de

manejo como fertilização da água e calagem do solo, assim como questionamentos sobre a

problemática ambiental também não apresentaram relação com a escolaridade, havendo um

manejo homogêneo entre os entrevistados. As micro propriedades produtoras de camarão,

representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte, apontam a necessidade de

orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica para que possam implementar

boas práticas de manejo, de forma a se adequar à carcinicultura responsável recomendada pela

ABCC.

Palavras-chave: Camarão cinza. Camarão branco. Antibióticos. Perfil socioeconômico.

Práticas de manejo. Meio ambiente.

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ABSTRACT

USE OF PROBIOTICS IN THE CULTIVATE OF Litopenaeus vannamei AND SOCIAL

AND ENVIRONMENTAL ASPECTS OF THE SHRIMP FARMING IN SOUTH

REGION OF THE RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL

The main feature for a production to be considered sustainable is to assume that nature is

finite, avoiding thus the unlimited growth. The search of the sustainability in shrimp farming

has been a constant preoccupation of environmental agencies. The use of probiotics have been

currently appointed as an efficient means of treating of the organic matter in the water column

and ponds soil, allowing to minimize the use of water in farming, which is one of the

fundamental requirements to make shrimp farming environmentally responsible. Probiotics

also act as a natural product for prophylaxis of diseases, promoting better growth of the

cultivable aquatic organisms. Thus, the first part of this research had purpose to evaluate the

effects of two commercial probiotics, which different compositions, on the zootecnical

potential and resistance to stress of larvae and post-larvae of the species Litopenaeus

vannamei in commercial scale. The second part investigated management practices adopted

by micro producers of shrimp in the southern coast Rio Grande do Norte, also characterize the

social and environmental aspects of shrimp farming perceived by these producers. In the first

phase, In the first phase, the cultivates of the species Litopenaeus vannamei began in the

larval stage (nauplius V), with duration of 18 days, this time submitted for two treatments: P1

- probiotic one; P2 - two probiotic. The experimental units consisted of six tanks of 15,000 L,

and each treatment had three repetitions. The probiotics were applied daily as recommended

by the manufacturers, and the parameters salinity, temperature, pH and dissolved oxygen

monitored. The post-larvae submitted to P2 had higher mean values (p <0.05) in length (in PL

1 and PL 5), wet and dry weights (PL 5) and metamorphosis percentage (90%) when

compared to the other treatment; the other variables did not differ. The final survivals were

56.4% and 64.9% for postlarvae submitted to P1 and P2, respectively. It was observed that the

probiotic 2 more effective in the improvement of the biotic parameters. In the second phase,

27 interviews were conducted through of semistructured questionnaires, with producers of

the South coast of Rio Grande do Norte. It was found that 85.2% of the producers are men,

with low illiteracy rate (3.7%), earning 2 to 5 minimum wages (44.4%) and 22.2% have

shrimp farming as main source of income. It was found that less than 50% received technical

assistance in the last year and few are the biosecurity measures adopted by them. With regard

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to good management practices recommended by the Brazilian Association of Shrimp Farmers

(ABCC), only 11.1% of shrimp farmers make to use of probiotics and this variable has no

relationship with the monthly family income or with survival rates obtained in cultivation.

Management practices such as water fertilizing and soil liming, as well as questions about the

environmental problems also not associated with schooling, with a homogeneous

management among interviewed. The micro properties producers of shrimp, representative of

the region of the South coast of Rio Grande do Norte, point the need of guidance and support

of the government and appropriate technical assistance to enable them to implement good

management practices, in order to suit the shrimp responsible recommended by the ABCC.

Keywords: Gray shrimp. White shrimp. Antibiotics. Socioeconomic profile. Management

practices. Environment.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Mapa de localização dos municípios de Senador Georgino Avelino e

Nísia Floresta.

19

FIGURA 1 - Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de

experimento.

37

FIGURA 1 - Faixa etária dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio

Grande do Norte.

49

FIGURA 2 - Escolaridade dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio

Grande do Norte.

49

FIGURA 3 - Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de camarão

do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

50

FIGURA 4 - Renda mensal familiar (%) dos micro produtores de camarão do

litoral Sul do Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado no

Brasil no ano de 2015.

50

FIGURA 5 - Motivos pelos quais os micro produtores de camarão do litoral Sul do

Rio Grande do Norte não fazem uso de probióticos nos cultivos.

53

FIGURA 6 - Tempo total médio de um ciclo de cultivo realizado em micro

propriedades produtoras de camarão localizadas no litoral Sul do Rio Grande do

Norte.

53

FIGURA 7 - Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades

produtoras de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

54

FIGURA 8 - Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de

camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

56

FIGURA 9 - Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio

Grande do Norte como necessários para melhorar a atividade de carcinicultura na

região.

57

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade

de ração (g) por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L.

vannamei em cultivo comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela

empresa.

32

TABELA 2 - Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo

com manejo alimentar adotado pela empresa.

TABELA 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água

observados nesse estudo.

33

TABELA 4 - Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos

aplicados.

34

TABELA 5 - Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao teste

de estresse por choque salino em PL 10.

37

TABELA 1 - Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão

localizadas no litoral Sul do Rio Grande do Norte.

51

TABELA 2 - Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de

associação entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo

empregado e questão ambiental; entre a variável uso de probióticos e renda mensal

da família e percentual de sobrevivência nos cultivos.

57

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL 12

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 19

METODOLOGIA GERAL 20

CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE

DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei

27

RESUMO 28

ABSTRACT 28

INTRODUÇÃO 29

MATERIAL E MÉTODOS 30

RESULTADOS 35

DISCUSSÃO 37

CONCLUSÕES 39

REFERÊNCIAS 40

Figura 1. Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de

experimento.

37

Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade

de ração (g) por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L.

vannamei em cultivo comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela

empresa.

32

Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo

com manejo alimentar adotado pela empresa.

33

Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água

observados nesse estudo.

34

Tabela 4. Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos

aplicados.

36

Tabela 5. Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao

teste de estresse por choque salino em PL 10.

37

CAPÍTULO 2 - ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA

CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE,

BRASIL

44

RESUMO 45

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ABSTRACT 46

INTRODUÇÃO 46

METODOLOGIA 48

RESULTADOS 49

DISCUSSÃO 58

CONCLUSÕES 62

REFERÊNCIAS 63

Figura 1. Faixa etária dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio

Grande do Norte.

49

Figura 2. Escolaridade dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio

Grande do Norte.

49

Figura 3. Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de

camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

50

Figura 4. Renda mensal familiar (%) dos micro produtores de camarão do

litoral Sul do Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado

no Brasil no ano de 2015.

50

Figura 5. Motivos pelos quais os micro produtores de camarão do litoral Sul

do Rio Grande do Norte não fazem uso de probióticos nos cultivos.

53

Figura 6. Tempo total médio de um ciclo de cultivo realizado em micro

propriedades produtoras de camarão localizadas no litoral Sul do Rio Grande

do Norte.

53

Figura 7. Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades

produtoras de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

54

Figura 8. Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de

camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

56

Figura 9. Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do

Rio Grande do Norte como necessários para melhorar a atividade de

carcinicultura na região.

57

Tabela 1. Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão

localizadas no litoral Sul do Rio Grande do Norte.

51

Tabela 2. Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de

associação entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo

empregado e questão ambiental; entre a variável uso de probiótico e renda

mensal da família e percentual de sobrevivência.

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS 65

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REFERÊNCIAS GERAIS 66

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista 72

APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido

77

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12

INTRODUÇÃO GERAL

A pesca extrativista no mundo se mantém nos mesmos níveis a alguns anos, enquanto

a aquicultura é o segmento da produção de alimentos de origem animal com o crescimento

mais rápido (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION [FAO], 2012). A aquicultura

“tem permitido a redução do extrativismo e da pesca predatória, transferindo parte do esforço

da mão-de-obra para o cultivo de organismos aquáticos, repercutindo positivamente na

preservação de diversos ecossistemas” (OSTRENSKY et. al., 2002, p. 103). Em 2007, a

captura mundial de pescado foi de 90,8 milhões de toneladas e alcançou os 91,3 milhões de

toneladas em 2012. No entanto, a produção aquícola mundial atingiu a marca dos 49,9

milhões de toneladas em 2007 e em 2012 aumentou para 66,6 milhões de toneladas, mas se

acrescentarmos aqui a produção de plantas aquáticas, esse número sobe para 91,3 milhões de

toneladas, igualando-se à captura (FAO, 2014). Com uma taxa média anual de 6,2% no

período compreendido entre 2000-2012, a aquicultura é uma atividade econômica importante

em muitos países (BALCÁZAR et al., 2006).

O Brasil apresenta vantagens excepcionais para o desenvolvimento da aquicultura

pelas condições naturais, como clima e geografia favoráveis e diversificados e rica

biodiversidade. Este potencial está relacionado à costa marítima de aproximadamente 8,5 mil

quilômetros, à sua zona econômica exclusiva (ZEE) de 3,5 milhões de km2 e à sua dimensão

territorial de, aproximadamente, 13% da água doce do planeta (ROCHA et al., 2013;

ASSOCIACAO CULTURAL E EDUCACIONAL BRASIL [ACEB], 2014). Dessa forma, o

Ministério da Pesca e Aquicultura tem como objetivo incentivar a produção nacional para que

o Brasil alcance a expectativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura (FAO) de se tornar, em 2030, um dos maiores produtores do mundo, com 20

milhões de toneladas de pescado por ano. Atualmente, o Brasil está na 17ª posição no ranking

mundial na produção de pescados em cativeiro e a 19ª na produção total de pescados (ACEB,

2014).

Como se trata de um país diversificado, cada região tem suas características no que se

refere à produção de espécies. Na Região Norte, destaca-se a produção dos peixes como o

tambaqui e o pirarucu. No Sudeste, o cultivo da tilápia fortalece a aquicultura. No Sul, os

principais são as carpas, as tilápias, as ostras e os mexilhões. No Centro-Oeste, predominam o

tambaqui, o pacu e os pintados. Já na Região Nordeste, o cultivo da tilápia e do camarão

marinho são os protagonistas (ACEB, 2014), sendo este último uma atividade do agronegócio

brasileiro de maior representatividade no Nordeste (SANTOS et al., 2009).

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13

A carcinicultura marinha no Brasil deu seus primeiros passos na década de 1970 com a

produção de algumas espécies de camarões peneídeos: Marsupenaeus japonicus, Litopenaeus

schmitti, Farfantepenaeus subtilis, F. brasiliensis e F. paulensis. No entanto, apenas na

década de 90, a fase comercial da carcinocultura obteve destaque com a espécie exótica de

camarão marinho Litopenaeus vannamei (SANTOS, 2009). Alguns fatores foram essenciais

para o sucesso do cultivo, como seu rápido crescimento, altas taxas de produtividade e

rentabilidade, rusticidade e a capacidade de desenvolver-se em uma ampla faixa de variação

de salinidade (5 a 55 ppt) unidos à facilidade de nutrição e manejo nas mais diversas

condições fazem com que esta espécie seja a mais cultivada no Brasil e no mundo (FAO,

2008; SANTOS et al., 2009).

Com tantas vantagens assim, o crescimento da carcinicultura brasileira se deu de

forma exponencial e de modo semelhante ao dos países do sudeste asiático; “sem

ordenamento adequado, sem regulamentação, com forte incentivo governamental e geração de

impactos ambientais e sociais graves” (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE

E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS [IBAMA], 2005, p. 8). Mesmo com as

experiências dos países asiáticos, o Brasil tomou um rumo semelhante, não se deteve a olhar o

passado e a construir um futuro diferente; não catastrófico (IBAMA, 2005). Isso porque o

nosso sistema capitalista foi alicerçado numa racionalidade econômica guiada pela

maximização do lucro e do excedente econômico a curto prazo, resultando em uma série de

consequências na degradação dos ecossistemas, os quais são suporte físico e vital de todo o

sistema produtivo (LEFF, 2000).

A carcinicultura, enquanto atividade dirigida por essa racionalidade econômica, tem

gerado diversos impactos ambientais e sociais. Dentre eles temos as consequências ecológicas

da conversão de ecossistemas naturais, particularmente de manguezais, para a construção de

viveiros de camarão, a salinização de lençóis freáticos e de terras agriculturáveis, a utilização

da farinha de peixe em rações de camarão, a poluição de águas costeiras devido aos efluentes

dos viveiros e conflitos sociais em áreas costeiras (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006),

além da grave introdução de espécies exóticas, causando impactos ao ecossistema e à pesca

em geral (BARBIERI; MELO, 2006). Diante da deterioração ambiental, combinada com a

introdução de patógenos e grandes surtos de doenças, resultando em severas perdas

econômicas (BONDAD-REANTASO et al., 2005) em todo o mundo é que a sustentabilidade

dessa atividade tem sido fortemente questionada.

Quando se fala em sustentabilidade, “dificilmente um princípio ou uma causa tenha

adquirido tanta adesão e consenso, em escala planetária, quanto à necessidade de que o

desenvolvimento se dê de forma sustentável” (ASSAD; BURSZTYN, 2000, p. 35) e é em

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meados da década de 1980 que o conceito de sustentabilidade torna-se consistente e ganha

adesões (ASSAD; BURSZTYN, 2000). O documento intitulado Nosso Futuro Comum ou

Relatório de Brundtland (1987) afirma que o desenvolvimento sustentável é “o

desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade

das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO [CMMAD], 1991, p. 46). Com rápida

e ampla repercussão internacional, esse documento lançou oficialmente a intenção de um

desenvolvimento harmônico entre sociedade, economia e meio ambiente (LOPES;

CASAGRANDE JÚNIOR; SILVA, 2014), onde o desenvolvimento sustentável pode ser

obtido pelo crescimento produtivo contínuo com responsabilidade; minimizando os impactos

ambientais e sociais (CASAGRANDE JR.; AGUDELO, 2012).

Na base da Agenda 21, documento aprovado por mais de 180 países na II Conferência

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), estão contidos os

princípios do desenvolvimento sustentável. Trata-se de um novo paradigma para abordar um

velho desafio: o desenvolvimento. Embora o termo desenvolvimento tenha sido utilizado e

confundido, por muito tempo, com progresso econômico, nesta nova visão, ultrapassa o

domínio da economia através da sua integração com as outras dimensões: a social, a

ambiental e a institucional, tendo se apoiado em novos paradigmas (BRASIL, 2012).

A principal característica de uma produção sustentável é que se assume que a natureza

é finita, descartando o crescimento sem limites. Para que a aquicultura seja realmente

sustentável deve adotar um sistema que gere renda, otimizando o uso do capital e dos recursos

naturais, promovendo o desenvolvimento humano. Valenti (2008, p. 1) define aquicultura

sustentável como

a produção lucrativa de organismos aquáticos, mantendo uma interação harmônica

duradoura com os ecossistemas e as comunidades locais. Deve ser produtiva e

lucrativa, gerando e distribuindo renda. Deve usar racionalmente os recursos

naturais sem degradar os ecossistemas no qual se insere. Deve gerar empregos e/ou

auto-empregos para a comunidade local, elevando sua qualidade de vida e deve

respeitar sua cultura.

Valenti (2008) também discorre sobre o conceito de aquicultura responsável,

afirmando ser diferente da sustentável. Aquela está relacionada à produção de organismos

aquáticos de acordo com os códigos de ética, estabelecidos por instituições sociais, tais como

sociedades de produtores, órgãos de governo, associações de consumidores ou outros da

sociedade civil. Esses códigos de ética têm o claro objetivo de estabelecer Boas Práticas de

Manejo (BPMs), a fim de minimizar o impacto ambiental, a exploração da mão-de-obra, os

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prejuízos para as comunidades locais e sofrimento dos animais (VALENTI, 2008). A

aquicultura responsável é a mais próxima da sustentável e pode ser alcançada e praticada.

Com o objetivo de promover o saudável desenvolvimento da carcinocultura mundial

foi que o Consórcio sobre Carcinicultura e Meio Ambiente, formado pela Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pela Network of Aquaculture Centers

in Asia Pacific (NACA), pelo Banco Mundial, pelo World Wildlife Fund (WWF) e pelo

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), debateu o tema e apresentou,

em 2006, na III Seção do Sub-Comitê de Aquicultura, os Princípios Internacionais para a

Carcinicultura Responsável.

Esses Princípios Internacionais, ao abordarem aspectos técnicos, ambientais, sociais e

econômicos relacionados à carcinicultura, estão de acordo com um novo modelo de

desenvolvimento da atividade, tornando-a ambientalmente amigável e socialmente mais justa

(FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006). Além das comunidades tradicionais costeiras terem

benefícios com a sua expansão, através do alívio da pobreza nessas áreas, esse novo modelo

visa não comprometer o meio ambiente (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006). Um dos

Princípios abordados nesse documento é o Uso da Água e minimizar a renovação desse

recurso nos cultivos é requisito fundamental para a carcinicultura moderna e ambientalmente

responsável. Essa prática não beneficia apenas o produtor, reduzindo custos de bombeamento

e entrada de patógenos, mas também o meio ambiente pela diminuição da descarga de

nutrientes e de matéria orgânica dos cultivos (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006).

A Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) também lançou, em 2012,

o documento intitulado Procedimento de Boas Práticas de Manejo e Medidas de

Biossegurança para a Carcinocultura Brasileira com o objetivo de promover, a todos os

empreendimentos que compõem a atividade, uma orientação abrangente e segura de como

prevenir, controlar e, se possível, erradicar as enfermidades que afetam o camarão cultivado.

Assim, a regularidade e a sustentabilidade da produção seriam assegurados (ABCC, 2012).

Dentre as recomendações citadas, o documento aponta os probióticos como a forma moderna

para o tratamento da matéria orgânica na coluna d’água e no solo dos viveiros através do uso

contínuo e sistemático e como produto natural na profilaxia das enfermidades (ABCC, 2012).

Desde que o uso de antibióticos tem sido desencorajado, os probióticos são percebidos

como uma alternativa sustentável (LAZADO; CAIPANG, 2014) e têm sido extensivamente

usados na aquicultura (VINE; LEUKES; KAISER, 2006) em substituição aos antibióticos. Os

probióticos foram definidos originalmente (LILLY; STILLWELL, 1965) como “substâncias

produzidas por um protozoário que estimulavam o crescimento de outro”. Fuller (1989)

expandiu a definição para “microrganismos vivos utilizados na alimentação, que afetam

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beneficamente o animal hospedeiro por melhorar seu balanço microbiano intestinal”. Em uma

redefinição, adaptada para a aquicultura, os probióticos são “células microbianas

administradas de tal modo a entrar no trato gastrointestinal, sendo mantidas vivas, com o

objetivo de melhorar a saúde" (GATESOUPE,1999). Essas células podem proteger seu

hospedeiro de patógenos pela produção de metabólitos que inibem a colonização ou o

crescimento de outros microrganismos ou pela competição por recursos como nutrientes ou

espaço (VINE; LEUKES; KAISER, 2006).

A definição de probiótico para ambientes aquáticos necessita ser modificada, pois os

organismos aquáticos estabelecem uma intrínseca relação com o ambiente externo, quando

comparados com os animais terrestres (KESARCODI-WATSON et al., 2008). Verschuere et

al. (2000) sugeriu a definição

microorganismos vivos que têm efeito benéfico sobre o hospedeiro, seja

modificando a comunidade microbiana associada ao hospedeiro ou ao ambiente, seja

melhorando o consumo ou absorção do alimento, seja fortalecendo o sistema

imunológico, ou ainda melhorando a qualidade do ambiente de cultivo.

Os efeitos benéficos dos probióticos incluem ainda a prevenção de doenças intestinais,

e com isso vêm sendo amplamente utilizados para o controle de doenças em muitos países

desenvolvidos (NEWAJ-FYZUL; AL-HARBI; AUSTIN, 2014), além de promover maior

crescimento e eficiência alimentar (VENKAT; SAHU; JAIN, 2004). Os probióticos têm sido

introduzidos nos cultivos de peixe, camarão e moluscos como aditivos para a alimentação

animal ou diretamente na água de cultivo (WANG; XU; XIA, 2005) ou no solo de tanques ou

viveiros (LEONEL OCHOA-SOLANO; OLMOS-SOLTO, 2006).

Diversos estudos têm comprovado a eficácia do uso de probióticos em melhorar o

desempenho zootécnico em organismos aquáticos. Entre eles, podemos citar o estudo

realizado por Zokaeifar et al. (2012), que mostrou que os juvenis de L. vannamei que

receberam a dieta suplementada com cepas de Bacillus subtilis apresentaram valores

significativamente superiores de peso final, ganho de peso, taxa de crescimento específico e

sobrevivência em comparação com o grupo controle. A combinação de bactéria fotossintética

e o Bacillus sp. em diferentes concentrações, adicionadas ao cultivo de L. vannamei, mostrou

que todas as dietas suplementadas com probióticos aumentaram a performance de crescimento

em camarões, com os valores de Peso Final, Ganho de Peso Diário e Taxa Relativa de Ganho

de Peso superiores aos do grupo controle (WANG, 2007). Em um estudo mais recente,

juvenis de bacalhau alimentados com cepas de Enterococcus apresentaram aumento na

performance de crescimento (LAUZON et al., 2010).

Diferentes bactérias do gênero Lactobacillus foram testadas no cultivo de pós larvas

de Macrobrachium rosenbergii, indicando incrementos positivos quanto ao desempenho

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zootécnico dos camarões em relação ao grupo controle; sem probiótico (VENKAT; SAHU;

JAIN, 2004). Em outro estudo, um isolado bacteriano composto de B. subtilis, extraído do

intestino do camarão, foi administrado na ração para juvenis de M. rosenbergii e verificou-se

que as propriedades probióticas desse isolado levaram a aumento do ganho de peso, consumo

de ração, conversão alimentar e sobrevivência desses animais (KEYSAMI;

MOHAMMADPOUR; SAAD, 2012).

O uso de probióticos também tem sido especialmente associado a melhorias na

qualidade da água (WANG; LI; LIN, 2008; SHAILENDER, 2012), como a remoção de

matéria orgânica (SUHENDRA et al., 1997). Esses estudiosos observaram que o uso rotineiro

de probióticos em cultivos de camarão em West Java resultavam em redução do acúmulo de

matéria orgânica, melhorando a qualidade da água e as condições ambientais. O uso de

Bacillus sp. melhorou a qualidade da água, as taxas de sobrevivência e de crescimento e a

saúde de juvenis de Penaeus monodon, além de reduzir o patógeno vibrios (DALMIN et al.,

2001). O uso de probióticos comerciais no cultivo de L. vannamei reduziu as concentrações

de nitrogênio e fósforo e aumentou os rendimentos de camarão (WANG; XU; XIA, 2005).

Wang e He (2009) também reportaram que a aplicação de probióticos comerciais na água no

cultivo de L. vannamei diminuiram significativamente as concentrações de nitrogênio total e

carbono orgânico total do sedimento, sendo observados também a redução de fósforo total e

fósforo inorgânico total em certos períodos do cultivo. Em um recente estudo, observou-se

redução significativa das concentrações de amônia e nitrato quando comparados o uso de

probióticos com o grupo controle no cultivo da mesma espécie. (RAHIMAN et al., 2010).

O uso de probióticos também tem sido reportado em larvicultura de camarão e os

principais objetivos incluem melhorar o crescimento, a sobrevivência e a atividade enzimática

digestiva (GUO et al., 2009; ZHOU; WANG; LI, 2009). A alta taxa de sobrevivência e o

melhor crescimento de larvas do camarão branco indiano, Fenneropenaeus indicus, foram

observados no grupo que receberam alimento enriquecido com probiótico comercial (ZIAEI-

NEJAD et al., 2006). A aplicação do probiótico B. coagulans SC8168 como aditivo na água

aumentou significativamente a taxa de sobrevivência de larvas e a atividade de enzimas

digestivas em L. vannamei (ZHOU; WANG; LI, 2009). Resultados benéficos também foram

encontrados utilizando-se probióticos comerciais em cultivos de larvas e pós larvas de M.

rosenbergii, apresentando aumento na sobrevivência (SHAILENDER, 2012). Liu et al. (2010)

observaram que a administração do probiótico B. subtilis E20 na larvicultura de L. vannamei

resultou no desenvolvimento larval acelerado e em aumento da taxa de sobrevivência larval.

Portanto, o uso de probióticos vem atraindo um grande interesse na indústria da

aquicultura (TINH et al., 2008). Nesse contexto e diante dos problemas de produção

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enfrentados pela carcinicultura, como a ocorrência dos surtos de doenças, foi que a ABCC

(2012) recomendou o uso desses suplementos tanto na fase de larvicultura como de engorda.

Pela gama diversificada de probióticos disponível no mercado para os carcinicultores

(AKHTER et al., 2015) torna-se fundamental a realização de estudos que examinem a eficácia

do uso de probióticos na larvicultura de espécies comerciais de camarão.

Dessa forma, a primeira parte da pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de dois

probióticos comerciais de diferentes composições sobre o potencial zootécnico e a resistência

a estresse de larvas e pós-larvas da espécie Litopenaeus vannamei cultivadas em escala

comercial. A segunda parte investigou as práticas de manejo adotadas pelos micro produtores

de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte, caracterizando-se também os aspectos

sociais e ambientais da carcinicultura percebidos por esses produtores.

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CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo abrangeu o município de Senador Georgino Avelino (06°09’46,8”

latitude Sul e 35°07’22,8” longitude Oeste) e Genipapeiro (Distrito de Nísia Floresta -

6°05’27,6” latitude Sul e 35°12’32,4” longitude Oeste). A localidade foi escolhida em função

da grande quantidade de fazendas, consideradas de micro porte, de camarão já instaladas e em

operação.

Segundo Censo de 2010, a população total residente de Georgino Avelino é de 3.904

pessoas com densidade demográfica de 151,31 hab/km2

(INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE], 2010). O município situa-se na mesorregião Leste

Potiguar e na microrregião Litoral Sul, limitando-se com os municípios de Nísia Floresta,

Tibau do Sul, Arês e o Oceano Atlântico, abrangendo uma área de 25,934 km². O município

de Nísia Floresta com área de 307,841 km2 e densidade demográfica de 77,26 km

2 conta com

uma população de 23.784 habitantes segundo o mesmo Censo (IBGE, 2010). Nísia Floresta

também situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba e possui vários

distritos, dentre eles Genipapeiro.

Os municípios de Senador Georgino Avelino e Nísia Floresta têm contribuído

substancialmente para a carcinicultura no estado e, segundo dados do IBGE, em 2014 eles

alcançaram a produção de 2.000 e 1.700 toneladas de camarão, respectivamente. Quantidades

inferiores, apenas, as de Mossoró (3.190 ton) e Canguaretama (2.950 ton) (IBGE, 2015).

Figura 1: Mapa de localização dos

municípios de Senador Georgino

Avelino e Nísia Floresta.

Google Maps.

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METODOLOGIA GERAL

A pesquisa conta com duas fases: experimental (Capítulo 1) e observacional descritiva

(Capítulo 2).

Fase experimental

O estudo foi realizado na Larvi Aquicultura e Projetos LTDA, um laboratório comercial

de produção de pós-larvas de camarão localizado no município de Macau, Rio Grande do

Norte. A espécie utilizada no experimento foi o camarão marinho L. vannamei, nas fases de

náuplio V até pós-larva 10 (PL 10), com duração de 18 dias.

Povoamento dos tanques

Náuplios em estágio V, em salinidade 35 ppt, foram obtidos em um laboratório de

reprodução e produção de larvas de L. vannamei e transportados até o local do experimento.

Em seguida, foram lavados até que toda a água do transporte fosse renovada pela água

utilizada na larvicultura e aclimatados, durante duas horas, para a salinidade 34 ppt, salinidade

utilizada no cultivo em função das características da água captada no ambiente pelo

laboratório. Posteriormente, foram transferidos para os seis tanques de cultivo com volume de

10.000 L de água e cada unidade experimental recebeu aproximadamente 4.000.000 de

náuplios, resultando na densidade de estocagem inicial de, aproximadamente, 400 larvas.L-1

.

À água de cultivo, foram adicionadas as microalgas Chaetoceros muelleri e Thalassiosira

fluviatilis nas concentrações de 4 x 104 células ml

-1 e 0,5 x 10

4 células ml

-1, respectivamente.

Os tanques de cultivo contaram com aeração constante e começaram a receber a adição de

probióticos na água antes mesmo do povoamento. A água dos tanques foi renovada

diariamente a partir do estágio de PL 1, a uma taxa de 90%, sendo retirados por sifonagem os

restos de alimento, fezes e mudas do fundo.

Procedimento Experimental

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e as unidades experimentais

consistiram em 6 tanques de 15.000 L. Foram aplicados dois tratamentos, que consistiu em

dois tipos de probióticos comerciais com composições distintas, com três repetições cada. O

tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico comercial Epicin G2 (Epicore

Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus subtilis, B. licheniformis,

Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No tratamento com o P2,

foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim,

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Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus acidilactici e bactérias

probióticas (total). Diariamente, em cada tanque foram adicionados os probióticos ao cultivo,

duas vezes ao dia (8:00 e 15:00 h), nas quantidades de 2 g.1000 L-1

para ambos os

tratamentos.

Manejo alimentar na larvicultura

Em todas as unidades experimentais, diariamente foram realizadas contagens em

câmara de Neubauer das densidades das microalgas utilizadas (C. muelleri e T. fluviatilis),

realizando-se a complementação das mesmas sempre às 07:00 e 14:00 h, com o objetivo de

manter as densidades acima estipuladas, nos tanques de cultivo. No estágio de Protozoea 2,

iniciou-se a oferta de rações industrializadas. O manejo alimentar seguiu o protocolo

determinado pela empresa e consistiu na oferta de náuplios de Artemia a partir do estágio de

Protozoea 3 (Z 3), com complementação de dieta seca nos estágios de Misis e Pós-larva

(Tabelas 1 e 2). Os náuplios de Artemia (Mackay) congelados e vivos foram ofertados,

respectivamente, de Z 3 a PL 1 e de PL 2 a PL 8.

Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade de ração (g)

por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L. vannamei em cultivo

comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela empresa.

Dia Estágio Náuplios de

Artemia/indivíduo

Quantidade de

ração/tanque (g)

Frequência de

arraçoamento/

dia

1 N 5 - - -

2 Z 1 - - -

3 Z 2 - 24 4 x

4 Z 2 - 40 4 x

5 Z 3 2 78 6 x

6 M 1 17 87 6 x

7 M 2 17 128 8 x

8 M 3 27 168 8 x

9 PL 1 27 184 8 x

10 PL 2 28 286 11 x

11 PL 3 28 319 11 x

12 PL 4 28 363 11 x

13 PL 5 40 385 11 x

14 PL 6 40 450 10 x

15 PL 7 28 480 10 x

16 PL 8 28 500 10 x

17 PL 9 - 660 12 x

18 PL 10 - 684 12 x

Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA

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g = grama; N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva

Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo com manejo

alimentar adotado pela empresa.

Dia Estágio Ração ofertada (Fabricante)

1 N 5 -

2 Z 1 -

3 Z 2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),

Minipro 0 (Maripro as)

4 Z 2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),

Minipro 0 (Maripro as)

5 Z 3 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)

6 M 1 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)

7 M 2 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)

8 M 3 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)

9 PL 1 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)

10 PL 2 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),

11 PL 3 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 150 - 250

(Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),

12 PL 4 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2

(Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150

(Inve),

13 PL 5 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 3

(Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as)

14 PL 6 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve)

15 PL 7 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve)

16 PL 8 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Minipro 3 (Maripro as)

17 PL 9 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua)

18 PL 10 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua), Minipro 3 (Maripro as)

Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA

N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva

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Parâmetros físico-químicos

A salinidade (ppt), temperatura (oC) e oxigênio dissolvido (mg.L

-1) foram controlados

diariamente, sendo verificados às 07:00 e 17:00 h, enquanto o pH foi medido nos estágios de

Protozoea 1, Misis 1, PL 1, PL 5 e PL 10. Os valores médios estão dentro das condições

ideais para o cultivo de L. vannamei (VAN WKY and SCARPA, 1999; KUBITZA, 2003;

NUNES e ANDREATTA, 2011) (Tabela 3). A salinidade foi monitorada através de

refratômetro (pHep5, Hanna instruments), a temperatura e o oxigênio dissolvido através de

oxímetro (Handy Polaris, OxyGuard) e o pH com pHmetro (STX-3, Vee Gee Scientific).

Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água observados

nesse estudo.

Parâmetros Tratamentos

Probiótico 1 Probiótico 2

Salinidade (ppt) 32,79 ± 1,21 32,85 ± 1,34

Temperatura (°C) 29,18 ± 0,64 29,41 ± 0,58

pH 7,65 ± 0,23 7,69 ± 0,26

Oxigênio dissolvido (mg L-1

) 6,59 ± 0,60 6,52 ± 0,65

Desempenho Zootécnico

O comprimento total foi mensurado nos estágios PL 1, PL 5 e PL 10 relacionados ao 1º,

5º e 10º dia após início da metamorfose das larvas do tanque ao primeiro estágio de pós-larva,

em papel milimetrado, sendo para isto coletados aleatoriamente 30 indivíduos de cada

unidade experimental. Para a determinação do peso úmido e seco, nos estágios acima citados,

as pós-larvas foram retiradas aleatoriamente com a ajuda de um bécker, na quantidade de 10

amostras de 15 PL´s de cada unidade experimental. No laboratório, as PL´s foram secas em

papel filtro e embaladas em papéis alumínio pré-pesados e, em seguida, pesadas em balança

analítica de precisão (AY220, Shimadzu) para a obtenção do peso úmido. Posteriormente,

foram levadas à estufa de circulação forçada, onde foram submetidas por 24 h à temperatura

de 60 oC e, depois, novamente pesadas para obtenção do peso seco.

Ao final do experimento, foram mensurados o ganho de peso (1) (KURESHY and

DAVIS, 2002), a taxa de crescimento específico (2) (TCE) (WU and DONG, 2002) e o

percentual de sobrevivência final (3) (adaptado de SILVA et al., 2009):

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Em que: Ln = Logaritmo neperiano; Pi = Peso inicial; Pf = Peso final; t = tempo de

experimento.

Em que: Ni = Número de larvas povoadas no início do experimento; Nf = Número de

pós-larvas estimadas no final do experimento.

Para determinar Nf, a população de cada unidade experimental foi concentrada em três

caixas de 500 L cada. Após homogeneização, foram coletadas quatro amostras de água de 145

ml e contadas as pós-larvas presentes. Posteriormente, realizou-se uma estimativa do número

total de animais a partir das médias obtidas.

Para calcular o percentual de metamorfose, foram coletados 50 indivíduos,

aleatoriamente, de cada tanque no 9º e 10º dia de cultivo, avaliando-se assim o perfil de

natação e a anatomia externa para determinar o estágio de desenvolvimento no qual o animal

se encontrava.

Teste de estresse (adaptado de TACKAERT et al., 1989)

Realizou-se teste de estresse a partir de choque iônico. Desta forma, 30 indivíduos

foram retirados aleatoriamente de cada unidade experimental e colocados em água doce por

30 minutos, retornando para a água salgada por igual período de tempo. Logo em seguida, foi

verificada a sobrevivência em cada uma das amostras.

Análise Estatística

Todos os dados foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade (Komolgorov-

Smirnov), homocedasticidade (Levene) e independência (gráfico dos resíduos x ordem de

coleta). Para as variáveis que não apresentaram violações sérias dos pressupostos exigidos foi

aplicado o teste t de Student (paramétrico). Para as variáveis que tiveram problemas nesse

diagnóstico, U de Mann-Whitney, qui-quadrado (χ²) e teste exato de Fisher (não-

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paramétricos) foram utilizados. Em todos os testes, o nível de significância adotado foi 0,05 e

o software utilizado foi o MINITAB 17. A sobrevivência final foi analisada descritivamente.

Fase observacional descritiva

O estudo foi realizado no mês de setembro de 2015 durante reuniões que estavam

ocorrendo em função do cadastramento de micro produtores de camarão do litoral Sul pelo

Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte -

IDEMA.

A pesquisa foi realizada por meio de um processo de amostragem aleatória simples, na

qual os entrevistados foram selecionados aleatoriamente de uma listagem disponibilizada pelo

IDEMA. O cálculo do tamanho da amostra resultou em 27 micro produtores de um total de

39, o que representa 69% de toda a população em estudo. Todos, após terem sido

devidamente explicados sobre a pesquisa e seus objetivos, foram, então, solicitados a assinar

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A pesquisa foi feita através de entrevistas semiestruturadas, com a aplicação de

questionários (Apêndice) contendo perguntas sobre características socioeconômicas dos

produtores (sexo, idade, renda, etc.), infraestrutura da fazenda, práticas de manejo, medidas de

biossegurança adotadas, medição de parâmetros físico-químicos da água e uso de novas

tecnologias de produção, entre outras. Abordamos também no nosso instrumento de pesquisa

questões específicas sobre a problemática ambiental envolvendo os impactos da carcinicultura

e a geração de lixo durante os ciclos de cultivo.

Os métodos estatísticos utilizados foram a estatística descritiva, por meio de

frequências absolutas e relativas organizadas em tabelas e gráficos, e o teste Exato de Fisher

que é utilizado para testar a significância da associação observada entre variáveis categóricas

numa tabela cruzada ou de contingência. Vale ressaltar que para as variáveis com múltiplas

respostas, considerou-se cada categoria como sendo uma variável dicotômica (Sim/Não) e que

para realizar os testes foi necessário agrupar categorias das variáveis Escolaridade, Renda

mensal da família, Uso de probióticos e Percentual de sobrevivência nos cultivos. Todos os

testes estatísticos foram realizados com um nível de significância 0,05 e o software utilizado

foi o SPSS versão 20.

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26

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27

CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE

DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei

ESTE ARTIGO ESTÁ SUBMETIDO AO BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCA E,

PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTE

PERIÓDICO (ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/NovasInstrucoes_aos_Autores_19nov15.pdf)

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28

AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE DESEMPENHO DE 1

PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei 2

3

RESUMO 4

O objetivo do trabalho foi a avaliação da diferença entre o tratamento com o probiótico 1 (P1) 5

em relação ao tratamento com o probiótico 2 (P2) no cultivo larval de Litopenaeus vannamei, 6

estes foram cultivados por 18 dias. O tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico 7

comercial Epicin G2 (Epicore Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus 8

subtilis, B. licheniformis, Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No 9

tratamento com o P2, foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura 10

Ltda, Ceará-Mirim, Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus 11

acidilactici e bactérias probióticas (total). As unidades experimentais consistiram em seis 12

tanques de 15.000 L, e cada tratamento contou com três repetições. Os probióticos foram 13

aplicados diariamente na água, avaliando-se o potencial zootécnico e resistência a estresse 14

iônico de larvas e pós-larvas (PL). Os parâmetros salinidade, temperatura, pH e oxigênio 15

dissolvido foram controlados. As pós-larvas submetidas ao P2 apresentaram valores médios 16

maiores (p < 0,05) para comprimento (PL 1 e PL 5), pesos úmido e seco (PL 5) e percentual de 17

metamorfose (90%) em relação ao outro tratamento, as demais variáveis não diferiram. A 18

sobrevivência final foi de 56,4% e 64,9% para pós-larvas submetidas ao P1 e ao P2, 19

respectivamente. Dessa forma, o probiótico 2 apresentou melhores resultados que o P1 para 20

o cultivo de L. vannamei em sistema de larvicultura comercial em algumas fases de 21

desenvolvimento. 22

Palavras-chave: Litopenaeus vannamei; performance de crescimento; sobrevivência 23

24

25

PROBIOTICS EVALUATION ON PERFORMANCE PARAMETERS OF POST- LARVAE 26

OF Litopenaeus vannamei 27

28

ABSTRACT 29

The objective of the search was evaluation of the difference between treatment with the 30

probiotic 1 (P1) in relation when treatment with probiotic 2 (P2) in the larvae cultivation of 31

the Litopenaeus vannamei, these were culture for 18 days. The treatment with P1 consisted in 32

the addition of the commercial probiotic Epicin G2 (Epicore Networks Eastampton, Estados 33

Unidos) containing Bacillus subtilis, B. licheniformis, Lactobacillus acidophilus, B. pumilus and 34

Saccharomyces cerevisiae. In the treatment with P2, was utilized commercial probiotic ProBacyl 35

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29

(Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim, Brazil) with a mixture of B. subtilis, B. 36

licheniformis, Pediococcus acidilactici and probiotic bacteria (total). The experimental units 37

consisted of six tanks of 15,000 L, and each treatment had three repetitions. The probiotics 38

were applied daily in the water, evaluating the zootechnical potential and resistance to stress 39

larvae and post-larvae (PL). The parameters salinity, temperature, pH and oxygen dissolved 40

were controlled. The post-larvae submitted for P2 presented medium values higher (p < 0,05) 41

to length (PL 1 and PL 5), humid and dry weights (PL 5) and metamorphosis percentage 42

(90%) compared to the other treatment, but as other variables did not differ. The final 43

survival was 56,4% and 64,9% to post-larvae submitted to P1 and P2, respectively. Thus, the 44

probiotic 2 showed better results than P1 for cultivation of L. vannamei in commercial 45

hatchery system at some stages of development. 46

47

Keywords: Litopenaeus vannamei; growth performance; survival 48

49

50

INTRODUÇÃO 51

52

Durante muitas décadas, os antibióticos foram utilizados como estratégia para 53

combater doenças em organismos aquáticos e também para aumentar o crescimento e a 54

conversão alimentar (PANDIYAN et al., 2013), o que causou o desenvolvimento e a 55

disseminação de patógenos resistentes (CABELLO, 2006), resultando em fortes críticas 56

quanto à eficácia desses produtos. Desta forma, o uso de antibióticos tem sido desencorajado, 57

ao mesmo tempo em que os probióticos surgem como uma alternativa sustentável 58

(LAZADO and CAIPANG, 2014) e vem sendo extensivamente usados na aquicultura (VINE 59

et al., 2006). 60

Os probióticos foram definidos originalmente (LILLY and STILLWELL, 1965) como 61

“substâncias produzidas por um protozoário que estimulavam o crescimento de outro”. 62

FULLER (1989) expandiu a definição para “microrganismos vivos utilizados na alimentação, 63

que afetam beneficamente o animal hospedeiro por melhorar seu balanço microbiano 64

intestinal”. Em uma redefinição, adaptada para a aquicultura, os probióticos são “células 65

microbianas administradas de tal modo a entrar no trato gastrointestinal, sendo mantidas 66

vivas, com o objetivo de melhorar a saúde" (GATESOUPE,1999). 67

Quando comparados aos animais terrestres, os organismos aquáticos possuem uma 68

relação mais estreita com o ambiente em que vive (KESARCODI-WATSON et al., 2008), de 69

forma que VERSCHUERE et al. (2000) definiu os probióticos como sendo “microorganismos 70

vivos que têm efeito benéfico sobre o hospedeiro, seja modificando a comunidade 71

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30

microbiana associada ao hospedeiro ou ao ambiente, melhorando o consumo ou absorção do 72

alimento, fortalecendo o sistema imunológico, ou ainda melhorando a qualidade do 73

ambiente de cultivo". 74

O aumento do uso de probióticos em cultivos de camarão tem sido relacionado com a 75

busca de uma aquicultura ambientalmente amigável (VINE et al., 2006; KESACORDI-76

WATSON et al., 2008) e seus efeitos benéficos relatados incluem incremento da 77

decomposição de matéria orgânica, redução nas concentrações de nitrogênio e fósforo, 78

controle de amônia, levando a uma menor incidência de doenças, maior sobrevivência dos 79

animais e consequente aumento da produção (BOYD and MASSAAUT, 1999). 80

As pesquisas sobre o uso de probióticos em larvicultura de organismos aquáticos se 81

iniciaram no final da década de 1980 (VINE et al., 2006) e a manipulação da microbiota larval 82

com probióticos tem sido sugerida como uma estratégia para preventivamente colonizar as 83

larvas com microorganismos benéficos (VERSCHUERE et al., 1999). O uso de probióticos 84

reportado para larvicultura de camarão tem como principais objetivos melhorar o 85

crescimento, a sobrevivência, a atividade enzimática digestiva e a resposta imune (ZIAEI-86

NEJAD et al., 2006; RAVI et al., 2007; GUO et al., 2009; ZHOU et al., 2009; LIU et al., 2010; 87

SHAILENDER, 2012). 88

Portanto, como o uso de probióticos vem atraindo um grande interesse na indústria da 89

aquicultura (TINH et al., 2008) e uma gama diversificada desse produto está disponível no 90

mercado para os produtores de camarão (AKHTER et al., 2015), é fundamental a realização 91

de estudos que avaliem o uso de probióticos na larvicultura de espécies comerciais de 92

camarão. Dessa forma, nossa pesquisa teve como objetivo avaliar os diferentes efeitos do 93

tratamento com o probiótico 1 em relação ao tratamento com o probiótico 2, através do uso de 94

probióticos comerciais de diferentes composições, sobre o potencial zootécnico e resistência a 95

estresse iônico de larvas e pós-larvas de Litopenaeus vannamei cultivadas em escala comercial. 96

97

MATERIAL E MÉTODOS 98

99

O estudo foi realizado na Larvi Aquicultura e Projetos LTDA, um laboratório comercial 100

de produção de pós-larvas de camarão localizado no município de Macau, Rio Grande do 101

Norte. A espécie utilizada no experimento foi o camarão marinho L. vannamei, nas fases de 102

náuplio V até pós-larva 10 (PL 10), com duração de 18 dias. 103

104

Povoamento dos tanques 105

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31

Náuplios em estágio V, em salinidade 35 ppt, foram obtidos em um laboratório de 106

reprodução e produção de larvas de L. vannamei e transportados até o local do experimento. 107

Em seguida, foram lavados até que toda a água do transporte fosse renovada pela água 108

utilizada na larvicultura e aclimatados, durante duas horas, para a salinidade 34 ppt, 109

salinidade utilizada no cultivo em função das características da água captada no ambiente 110

pelo laboratório. Posteriormente, foram transferidos para os seis tanques de cultivo com 111

volume de 10.000 L de água e cada unidade experimental recebeu aproximadamente 112

4.000.000 de náuplios, resultando na densidade de estocagem inicial de, aproximadamente, 113

400 larvas.L-1. À água de cultivo, foram adicionadas as microalgas Chaetoceros muelleri e 114

Thalassiosira fluviatilis nas concentrações de 4 x 104 células ml-1 e 0,5 x 104 células ml-1, 115

respectivamente. Os tanques de cultivo contaram com aeração constante e começaram a 116

receber a adição de probióticos na água antes mesmo do povoamento. A água dos tanques 117

foi renovada diariamente a partir do estágio de PL 1, a uma taxa de 90%, sendo retirados por 118

sifonagem os restos de alimento, fezes e mudas do fundo. 119

120

Procedimento Experimental 121

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e as unidades experimentais 122

consistiram em 6 tanques de 15.000 L. Foram aplicados dois tratamentos, que consistiu em 123

dois tipos de probióticos comerciais com composições distintas, com três repetições cada. O 124

tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico comercial Epicin G2 (Epicore 125

Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus subtilis, B. licheniformis, 126

Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No tratamento com o P2, 127

foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim, 128

Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus acidilactici e bactérias 129

probióticas (total). Diariamente, em cada tanque foram adicionados os probióticos ao cultivo, 130

duas vezes ao dia (8:00 e 15:00 h), nas quantidades de 2 g.1000 L-1 para ambos os tratamentos. 131

132

Manejo alimentar na larvicultura 133

Em todas as unidades experimentais, diariamente foram realizadas contagens em 134

câmara de Neubauer das densidades das microalgas utilizadas (C. muelleri e T. fluviatilis), 135

realizando-se a complementação das mesmas sempre às 07:00 e 14:00 h, com o objetivo de 136

manter as densidades acima estipuladas, nos tanques de cultivo. No estágio de Protozoea 2, 137

iniciou-se a oferta de rações industrializadas. O manejo alimentar seguiu o protocolo 138

determinado pela empresa e consistiu na oferta de náuplios de Artemia a partir do estágio de 139

Protozoea 3 (Z 3), com complementação de dieta seca nos estágios de Misis e Pós-larva 140

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32

(Tabelas 1 e 2). Os náuplios de Artemia (Mackay) congelados e vivos foram ofertados, 141

respectivamente, de Z 3 a PL 1 e de PL 2 a PL 8. 142

143

Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade de ração (g) 144

por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L. vannamei em cultivo 145

comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela empresa. 146

Dia Estágio Náuplios de

Artemia/indivíduo

Quantidade de

ração/tanque (g)

Frequência de

arraçoamento/

dia

1 N 5 - - -

2 Z 1 - - -

3 Z 2 - 24 4 x

4 Z 2 - 40 4 x

5 Z 3 2 78 6 x

6 M 1 17 87 6 x

7 M 2 17 128 8 x

8 M 3 27 168 8 x

9 PL 1 27 184 8 x

10 PL 2 28 286 11 x

11 PL 3 28 319 11 x

12 PL 4 28 363 11 x

13 PL 5 40 385 11 x

14 PL 6 40 450 10 x

15 PL 7 28 480 10 x

16 PL 8 28 500 10 x

17 PL 9 - 660 12 x

18 PL 10 - 684 12 x

Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA 147

g = grama; N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva 148

149

150

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33

Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo com manejo 151

alimentar adotado pela empresa. 152

Dia Estágio Ração ofertada (Fabricante)

1 N 5 -

2 Z 1 -

3 Z 2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),

Minipro 0 (Maripro as)

4 Z 2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),

Minipro 0 (Maripro as)

5 Z 3 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100 (Zeigler),

Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)

6 M 1 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100 (Zeigler),

Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)

7 M 2 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)

8 M 3 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)

9 PL 1 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150

(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)

10 PL 2 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150 (Zeigler),

Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),

11 PL 3 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler),

Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),

12 PL 4 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore),

LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),

13 PL 5 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 3 (Epicore),

LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as)

14 PL 6 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve)

15 PL 7 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve)

16 PL 8 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Minipro 3 (Maripro as)

17 PL 9 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua)

18 PL 10 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK

2/5 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua), Minipro 3 (Maripro as)

Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA 153

N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva 154

155

Parâmetros físico-químicos 156

A salinidade (ppt), temperatura (oC) e oxigênio dissolvido (mg.L-1) foram controlados 157

diariamente, sendo verificados às 07:00 e 17:00 h, enquanto o pH foi medido nos estágios de 158

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34

Protozoea 1, Misis 1, PL 1, PL 5 e PL 10. Os valores médios estão dentro das condições ideais 159

para o cultivo de L. vannamei (VAN WKY and SCARPA, 1999; KUBITZA, 2003; NUNES e 160

ANDREATTA, 2011) (Tabela 3). A salinidade foi monitorada através de refratômetro 161

(pHep5, Hanna instruments), a temperatura e o oxigênio dissolvido através de oxímetro 162

(Handy Polaris, OxyGuard) e o pH com pHmetro (STX-3, Vee Gee Scientific). 163

164

Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água observados 165

nesse estudo. 166

Parâmetros Tratamentos

Probiótico 1 Probiótico 2

Salinidade (ppt) 32,79 ± 1,21 32,85 ± 1,34

Temperatura (°C) 29,18 ± 0,64 29,41 ± 0,58

pH 7,65 ± 0,23 7,69 ± 0,26

Oxigênio dissolvido (mg L-1) 6,59 ± 0,60 6,52 ± 0,65

167

Desempenho Zootécnico 168

O comprimento total foi mensurado nos estágios PL 1, PL 5 e PL 10 relacionados ao 1º, 169

5º e 10º dia após início da metamorfose das larvas do tanque ao primeiro estágio de pós-170

larva, em papel milimetrado, sendo para isto coletados aleatoriamente 30 indivíduos de cada 171

unidade experimental. Para a determinação do peso úmido e seco, nos estágios acima 172

citados, as pós-larvas foram retiradas aleatoriamente com a ajuda de um bécker, na 173

quantidade de 10 amostras de 15 PL´s de cada unidade experimental. No laboratório, as PL´s 174

foram secas em papel filtro e embaladas em papéis alumínio pré-pesados e, em seguida, 175

pesadas em balança analítica de precisão (AY220, Shimadzu) para a obtenção do peso úmido. 176

Posteriormente, foram levadas à estufa de circulação forçada, onde foram submetidas por 24 177

h à temperatura de 60 oC e, depois, novamente pesadas para obtenção do peso seco. 178

Ao final do experimento, foram mensurados o ganho de peso (1) (KURESHY and 179

DAVIS, 2002), a taxa de crescimento específico (2) (TCE) (WU and DONG, 2002) e o 180

percentual de sobrevivência final (3) (adaptado de SILVA et al., 2009): 181

182

Em que: Ln = Logaritmo neperiano; Pi = Peso inicial; Pf = Peso final; t = tempo de 183

experimento. 184

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35

185

Em que: Ni = Número de larvas povoadas no início do experimento; Nf = Número de 186

pós-larvas estimadas no final do experimento. 187

188

Para determinar Nf, a população de cada unidade experimental foi concentrada em três 189

caixas de 500 L cada. Após homogeneização, foram coletadas quatro amostras de água de 190

145 ml e contadas as pós-larvas presentes. Posteriormente, realizou-se uma estimativa do 191

número total de animais a partir das médias obtidas. 192

Para calcular o percentual de metamorfose, foram coletados 50 indivíduos, 193

aleatoriamente, de cada tanque no 9º e 10º dia de cultivo, avaliando-se assim o perfil de 194

natação e a anatomia externa para determinar o estágio de desenvolvimento no qual o 195

animal se encontrava. 196

197

Teste de estresse (adaptado de TACKAERT et al., 1989) 198

Realizou-se teste de estresse a partir de choque iônico. Desta forma, 30 indivíduos 199

foram retirados aleatoriamente de cada unidade experimental e colocados em água doce por 200

30 minutos, retornando para a água salgada por igual período de tempo. Logo em seguida, 201

foi verificada a sobrevivência em cada uma das amostras. 202

203

Análise Estatística 204

Todos os dados foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade 205

(Komolgorov-Smirnov), homocedasticidade (Levene) e independência (gráfico dos resíduos 206

x ordem de coleta). Para as variáveis que não apresentaram violações sérias dos pressupostos 207

exigidos foi aplicado o teste t de Student (paramétrico). Para as variáveis que tiveram 208

problemas nesse diagnóstico, U de Mann-Whitney, qui-quadrado (χ²) e teste exato de Fisher 209

(não-paramétricos) foram utilizados. Em todos os testes, o nível de significância adotado foi 210

0,05 e o software utilizado foi o MINITAB 17. A sobrevivência final foi analisada 211

descritivamente. 212

213

RESULTADOS 214

215

Desempenho Zootécnico 216

Nos estágios PL 1 e PL 5, referentes ao 9o e 13o dia de experimento, as pós-larvas que 217

receberam o probiótico 2 apresentaram valores médios de comprimento (Tabela 4) maiores 218

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36

do que as tratadas com o probiótico 1 (teste t de Student, p < 0,05). No estágio PL 10 (décimo 219

oitavo dia de experimento), não houve diferença estatística entre os tratamentos (teste t de 220

Student, p > 0,05). 221

222

Tabela 4: Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos aplicados. 223

Tratamentos

Probiótico 1 Probiótico 2

Comprimento total (mm) PL 1 4,66 ± 0,58a 4,83 ± 0,52b

PL 5 6,02 ± 0,67a 6,22 ± 0,58b

PL 10 8,13 ± 0,68a 8,00 ± 0,86a

Peso úmido (mg) PL 1 5,46 ± 1,42a 6,29 ± 3,99a

PL 5 10,08 ± 1,80a 12,20 ± 4,88b

PL 10 27,55 ± 4,15a 27,56 ± 5,62a

Ganho de peso úmido (mg) 22,72 ± 3,90a 21,27 ± 6,16a

TCE (peso úmido) % dia-1 9,80 ± 1,49a 8,69 ± 2,26a

Peso seco (mg) PL 1 0,91 ± 0,37a 0,89 ± 0,38a

PL 5 1,91 ± 0,49a 2,33 ± 0,60b

PL 10 6,41 ± 0,89a 6,57 ± 1,34a

Ganho de peso seco (mg) 5,64 ± 0,88a 5,68 ± 1,19a

TCE (peso seco) % dia-1 12,11 ± 2,16a 11,63 ± 2,57a *PL: pós-larva. 224

Letras diferentes sobrescritas indicam diferença significativa ao nível de 5% entre os tratamentos. 225

226

Animais dos estágios PL 1 e PL 10 não diferiram entre os tratamentos para os valores 227

médios de peso úmido (respectivamente, testes t de Student e U de Mann-Whitney, p > 0,05). 228

Já em estágio PL 5 houve diferença entre os tratamentos (teste t de Student, p < 0,05). Em 229

relação ao peso seco, o resultado foi o mesmo (Tabela 4). 230

Os valores médios de ganho de peso úmido e seco (Tabela 4) não apresentaram 231

diferenças entre os dois tratamentos (teste t de Student, p > 0,05) e em relação à TCE, os 232

valores médios encontrados (Tabela 4) também não diferiram entre os tratamentos aplicados 233

(teste t de Student, p > 0,05). 234

Os percentuais de metamorfose (Figura 1) encontrados no nono dia de experimento 235

não diferiram entre os tratamentos (teste Qui-quadrado χ², p > 0,05). No entanto, no décimo 236

dia, o percentual encontrado nas unidades experimentais que receberam o probiótico 2 (90%) 237

foi significativamente superior ao apresentado nas unidades que receberam o probiótico 1 238

(78%) (teste Qui-quadrado χ², p < 0,05). Vale ressaltar que o intervalo de 95% de confiança 239

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37

para essa diferença é [3,8%;20,2%] e a chance de a larva virar pós-larva no décimo dia de 240

experimento utilizando o probiótico 2 é 2,5 vezes maior do que utilizando o probiótico 1. 241

242

243

Figura 1. Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de experimento. 244

Letras diferentes sobre as barras indicam diferenças significativas ao nível de 5% através do 245

teste Qui-quadrado (χ²). 246

247

A diferença no percentual de sobrevivência (Tabela 5) para as pós-larvas submetidas 248

aos probióticos 1 e 2 corresponde a, aproximadamente, 340.000. 249

250

Teste de estresse 251

Os indivíduos submetidos ao teste de estresse por choque salino em Protozoea 1, Misis 252

1, PL 1 e PL 5 apresentaram mortalidade de 100%. O único estágio que apresentou 253

sobrevivência foi PL 10 (Tabela 5), mas os percentuais encontrados para as PL’s 254

sobreviventes não diferiram entre os tratamentos (teste exato de Fisher, p > 0,05). 255

256

Tabela 5: Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao teste de estresse 257

por choque salino em PL 10. 258

Tratamentos

Probiótico 1 Probiótico 2

Sobrevivência final (%) 56,4 64,9 Sobrevivência após teste de estresse em

PL* 10 (%) 93,5a 91a *PL: pós-larva. 259

Letras iguais sobrescritas indicam diferença não significativa ao nível de 5% entre os tratamentos. 260

261

DISCUSSÃO 262

263

69,3%

78,0%

71,3%

90,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

9º dia 10º dia

Pecen

tua

l de P

l'sProbiótico 1

Probiótico 2

(a) (a)

(a)

(b)

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38

Segundo Luo et al., apud LUIS-VILLASEÑOR et al. (2012), a microbiota interna dos 264

animais aquáticos cultivados está relacionada e é influenciada pela comunidade bacteriana 265

presente no ambiente de cultivo, interferindo totalmente na nutrição, imunidade e resistência 266

à doenças. Dessa forma, para que os organismos aquáticos permaneçam saudáveis, 267

repercutindo positivamente na produção, é necessário um propício ambiente de cultivo, que 268

pode ser conseguido através da adição de bactérias benéficas, como exemplo. 269

NIMRAT et al. (2012) investigaram os efeitos de diferentes composições de Bacillus spp. 270

sobre o crescimento e sobrevivência de estágios larvais e pós-larvais de L. vannamei. No 271

estágio pós-larval, todos os tratamentos com probióticos apresentaram melhores resultados 272

que o grupo controle (sem adição de probiótico). Esses autores também observaram 273

diferenças, entre os próprios tratamentos probióticos utilizados, para os valores de peso 274

final, comprimento final e percentuais de ganho de peso e comprimento, diferindo dos dados 275

obtidos nesse experimento que mostrou diferenças em animais apenas em PL 1 e PL 5. 276

ZIAEI-NEJAD et al. (2006) relataram que nem o peso úmido nem a sobrevivência do camarão 277

Fenneropenaeus indicus, nas fases de misis 1 a PL 14, diferiam (p > 0,05) entre os dois 278

tratamentos utilizados (probiótico comercial adicionado na água ou na alimentação, através 279

de artêmia enriquecida), embora ambos tenham sido superiores aos do grupo controle. 280

RENGPIPAT et al. (1998) também verificaram que pós-larvas de Penaeus monodon 281

alimentados com dietas contendo probióticos Bacillus sp. não diferiram no crescimento e 282

sobrevivência entre os três tratamentos probióticos utilizados, mas os valores encontrados 283

nesses tratamentos foram superiores aos do grupo controle. Em outro estudo com camarões 284

de água doce, pós-larvas de Macrobrachium rosenbergii que foram alimentadas com dietas 285

suplementadas com L. acidophilus, L. sporogenes e L. sporogenes não apresentaram diferença (p 286

> 0,05) para ganho de peso e taxa de crescimento específico entre os tratamentos probióticos 287

(VENKAT et al., 2004). 288

NIMRAT et al. (2011) observaram que o crescimento e as taxas de crescimento 289

específico e de sobrevivência em pós-larvas (PL 1 a PL 21) do camarão branco não diferiram 290

entre alguns tratamentos probióticos utilizados no experimento, assim como o observado em 291

nosso estudo, quando a taxa de crescimento específico, o comprimento final, o peso final e os 292

ganhos de peso não diferiram entre os tratamentos utilizados. Em outro estudo, juvenis de L. 293

vannamei alimentados com dietas suplementadas com Bacillus subtilis, cepas L10 and G1, 294

também não apresentaram diferenças (p > 0,05) para os valores médios de peso final, ganho 295

de peso e taxa de crescimento específico (ZOKAEIFAR et al., 2012). 296

A taxa de desenvolvimento larval está intrinsicamente relacionada à metamorfose e no 297

estudo realizado por LUIS-VILLASEÑOR et al. (2011), a taxa de desenvolvimento larval de L. 298

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39

vannamei não diferiu significativamente (p > 0,05) entre os dois tratamentos com adição de 299

probióticos comerciais, sendo um deles utilizado nesse estudo; o probiótico 1. O mesmo pode 300

ser observado no nosso estudo para o nono dia de cultivo, não havendo diferença estatística 301

(p > 0,05) entre os percentuais de metamorfose encontrados. No entanto, no mesmo estudo, 302

corroborando com o nosso resultado para o décimo dia, larvas submetidas aos tratamentos 303

com quatro cepas isoladas de Bacillus apresentaram diferença (p > 0,05) para a taxa de 304

desenvolvimento larval entre os tratamentos (LUIS-VILLASEÑOR et al., 2011), ou seja, 305

algumas bactérias probióticas podem propiciar melhores taxas de desenvolvimento larval do 306

que outras, o que para uma larvicultura em escala comercial é de grande importância. 307

Estudos realizados por GUO et al. (2009), determinaram que o uso de B. fusiformis aumentou 308

a sobrevivência e acelerou a metamorfose de larvas de P. monodon e L. vannamei. 309

Com relação à sobrevivência, o percentual obtido nos tanques que receberam o 310

probiótico 2 foi semelhante ao encontrado no estudo realizado por CASTEX et al. (2009). Eles 311

apresentaram taxa de sobrevivência final de 64% para tanques que receberam dieta 312

suplementada com cepas de P. acidilactici (espécie contida apenas no probiótico 2) no cultivo 313

de L. stylirostris. Em resultados similares aos encontrados no nosso estudo, larvas de L. 314

vannamei submetidas ao probiótico Bacillus YC5-2 apresentaram sobrevivência de 67%, 315

seguida de, aproximadamente, 57% para aquelas submetidas ao probiótico comercial Alibio 316

(LUIS-VILLASEÑOR et al., 2011). 317

O teste de estresse é bastante utilizado pelos laboratórios comerciais e consiste numa 318

ferramenta útil durante o processo produtivo, pois possui a capacidade de distinguir pós-319

larvas saudáveis de outras debilitadas. A capacidade osmorregulatória de larvas de 320

camarões peneídeos é limitada, diferentemente da dos juvenis e adultos, e a habilidade para 321

tolerar baixas salinidades se desenvolve somente após a metamorfose para pós-larva e 322

aumenta com idade (SAMOCHA et al., 1998). Portanto, essas podem ter sido as causas das 323

mortalidades nos estágios larvais e nos pós-larvais PL 1 e PL 5. No estudo realizado por 324

BUGLIONE et al. (2008), as pós-larvas de L. vannamei que tiveram alimentação suplementada 325

por L. plantarum apresentaram 87,86% de sobrevivência após teste de estresse salino em PL 326

20, sendo o percentual observado inferior aos encontrados nesse estudo. LIU et al. (2010) 327

afirmaram que a utilização de probióticos melhora a resistência ao estresse tanto em peixes 328

quanto em camarões, em especial L. vannamei. 329

330

CONCLUSÃO 331

332

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40

Dentre os probióticos comerciais utilizados no estudo, o probiótico 2 apresentou 333

melhores resultados que o P1 para o cultivo de L. vannamei em sistema de larvicultura 334

comercial quando avaliados os estágios de PL 1 e PL 5. Entretanto, ao término do 335

experimento (PL 10), os parâmetros de crescimento (comprimento, peso, taxa de crescimento 336

específico e ganho de peso) avaliados não diferiram entre os dois tratamentos. Recomenda-se 337

que a decisão de utilização pelo produtor leve em consideração a viabilidade econômica e a 338

facilidade de obtenção do produto. 339

340

REFERÊNCIAS 341

342

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44

CAPÍTULO 2 – ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA

CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE,

BRASIL

ESTE ARTIGO ESTÁ SUBMETIDO À REVISTA CAMPO-TERRITÓRIO:

REVISTA DE GEOGRAFIA AGRÁRIA E, PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE

ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTE PERIÓDICO

(http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/about/submissions#authorGuidelines

)

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45

ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA CARCINICULTURA NO

LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

SOCIAL AND ENVIRONMENTAL ASPECTS OF SHRIMP

FARMING ON THE SOUTHERN COAST OF RIO GRANDE DO

NORTE, BRAZIL

Aline Horácio da Costa Mestranda do programa de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA -

UFRN).

[email protected]

Karina Ribeiro

Doutora em Aquicultura (UNESP-CAUNESP) e professora EBTT da UFRN

[email protected];

Cibele Soares Pontes Doutora em Psicobiologia (UFRN) e professora adjunta da UFRN

[email protected]

Resumo

A busca da sustentabilidade na carcinicultura tem sido uma preocupação constante por

parte dos produtores. Desta forma, a fim de avaliar a interação dos micro produtores de

camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte junto aos padrões de responsabilidade

ambiental recomendados pela Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC),

aplicou-se questionários com o intuito de caracterizar as práticas de manejo adotadas,

além de conferir os aspectos sociais e ambientais percebidos por eles produtores em

função da atividade. Para tanto, foram entrevistados 27 produtores, sendo 85,2%

homens, com baixa taxa de analfabetismo (3,7%), renda de 2 a 5 salários mínimos

(44,4%). Entre os entrevistados, 22,2% têm a carcinicultura como principal fonte de

renda. Verificou-se que menos de 50% receberam assistência técnica no último ano e

poucas são as medidas de biossegurança adotadas pelos mesmos. Com relação às boas

práticas de manejo recomendadas pela ABCC, 11,1% dos carcinicultores fazem uso de

probióticos e essa variável não possui relação com a renda mensal familiar ou ainda

com as taxas de sobrevivência obtidas nos cultivos. Práticas de manejo, como

fertilização da água e calagem do solo, assim como questionamentos sobre a

problemática ambiental também não apresentaram relação com a escolaridade, havendo

um manejo homogêneo entre os entrevistados. As micro propriedades produtoras de

camarão, representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte, apontam a

necessidade de orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica para que

possam implementar boas práticas de manejo, de forma a se adequar à carcinicultura

responsável recomendada pela ABCC.

Palavras-chave: Carcinicultor. Perfil socioeconômico. Práticas de manejo.

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46

Abstract

The seeking for sustainability in shrimp farming has been a constant concern by

producers. Thus, in order to evaluate the interaction of shrimp micro producers in the

Southern coast of Rio Grande do Norte with the environmental responsibility standards

recommended by the Brazilian Association of Shrimp Farmers (ABCC), questionnaires

were applied in order to characterize the management practices, check over socials and

environmental aspects perceived by the producers according to each activity. For this

purpose, we interviewed 27 producers, from which 85.2% were men, with low illiteracy

rate (3.7%), income from 2 to 5 minimum wages (44.4%). Among the interviewed, 22.2%

have shrimp farming as their main source of income. It was found that less than 50%

received technical assistance in the last year and few are the biosecurity measures

adopted by them. With regard to good management practices recommended by the

ABCC, 11.1% of shrimp farmers use probiotics and this variable has no link to the

monthly family income or survival rates obtained in cultivation. Management practices,

such as water fertilizing and soil liming, as well as questions about the environmental

problems were not associated with schooling, with a homogeneous management among

interviewed. The micro properties producers of shrimp representing the Southern coast of Rio

Grande do Norte point the need of guidance and support of the government and

appropriate technical assistance to enable them to implement good management

practices, in order to suit the shrimp responsible recommended by the ABCC.

Keywords: Shrimp producer. Socioeconomic profile. Management practices.

Introdução

A aquicultura é uma atividade econômica importante na produção de pescado

(CAVALLI e FERREIRA, 2010) e um dos seus principais ramos é a criação de

camarão. A carcinicultura marinha no Brasil teve seu início na década de 1970, mas

começou a se destacar comercialmente apenas a partir da década de 90 com a

introdução da espécie exótica de camarão marinho Litopenaeus vannamei. Alguns

fatores foram essenciais para o estabelecimento da atividade, como o rápido

crescimento dessa espécie, altas taxas de produtividade e rentabilidade, rusticidade e

capacidade de desenvolver-se em uma ampla faixa de variação de salinidade. Além

disso, a facilidade de nutrição e manejo nas mais diversas condições faz com que esta

espécie seja a mais cultivada no Brasil e no mundo (FAO, 2008; SANTOS et al., 2009).

O crescimento da carcinicultura brasileira se deu de forma exponencial,

destacando-se pela velocidade de ampliação da área ocupada pelas fazendas de engorda,

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47

como também do número de fazendas, da produção e das exportações. Durante muito

tempo, a produção e o desempenho financeiro dessa atividade repercutiram em

resultados positivos, por outro lado o rápido e indiscriminado crescimento acabou

gerando problemas de ordem ambiental, econômica e social (RIBEIRO et al., 2014).

O estado do Rio Grande do Norte, que até 2009 liderou a produção nacional de

camarão, atualmente ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas do Ceará. Apesar da

série de problemas enfrentados pela carcinicultura norte-rio-grandense, o estado ainda

possui grande quantidade de produtores de camarão e esses estão distribuídos em polos

camaroneiros.

O polo Sul, localizado no litoral Sul do estado, é o único composto por um

elevado número de micro produtores, onde a maioria vem sofrendo com doenças que

dizimam muitas vezes toda a produção e resulta em severas perdas econômicas. São

considerados empreendimentos de micro porte aqueles onde a carcinicultura é

“realizada em viveiros ou tanques especiais, construídos em terreno natural, cuja

somatória da área inundada produtiva, excluídos os canais de abastecimento,

reservatórios e bacia de sedimentação, seja inferior ou igual a 5,0 (cinco) hectares”

(RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

Portanto, com o objetivo de promover, para todos os empreendimentos que

compõem a atividade, uma orientação abrangente e segura de como prevenir, controlar

e, se possível, erradicar as enfermidades que afetam o camarão cultivado, a Associação

Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) lançou, em 2012, o documento intitulado

Procedimento de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança para a

Carcinocultura Brasileira. Assim, a regularidade e a sustentabilidade da produção

seriam asseguradas (ABCC, 2012).

Dessa forma, entendemos que para a atividade de carcinicultura se desenvolver

dentro dos padrões de responsabilidade em função da busca da sustentabilidade é

necessária a adoção das recomendações contidas nesse documento. Com base neste,

elaboramos um questionário objetivando conhecer as práticas de manejo adotadas pelos

micro produtores de camarão do litoral sul do Rio Grande do Norte e, em paralelo,

caracterizar os aspectos sociais e ambientais da carcinicultura percebidos por esses

produtores.

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48

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49

Metodologia

Área de estudo

A área de estudo abrangeu o município de Senador Georgino Avelino

(06°09’46,8” latitude Sul e 35°07’22,8” longitude Oeste) e Genipapeiro (Distrito de

Nísia Floresta - 6°05’27,6” latitude sul e 35°12’32,4” longitude oeste). A localidade foi

escolhida em função da grande quantidade de fazendas, consideradas de micro porte, de

camarão já instaladas e em operação.

Aplicação das entrevistas e análises estatísticas

O estudo foi realizado no mês de setembro de 2015 durante reuniões que

estavam ocorrendo em função do cadastramento de micro produtores de camarão do

litoral Sul pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio

Grande do Norte - IDEMA.

A pesquisa foi realizada por meio de um processo de amostragem aleatória

simples, na qual os entrevistados foram selecionados aleatoriamente de uma listagem

disponibilizada pelo IDEMA. O cálculo do tamanho da amostra resultou em 27 micro

produtores de um total de 39, o que representa 69% de toda a população em estudo.

Após explicação pública sobre a pesquisa e seus objetivos, os participantes foram

convidados a participar e, então, solicitados a assinar o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (TCLE).

Em seguida, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas, com a utilização de

questionários contendo perguntas sobre características socioeconômicas dos produtores,

infraestrutura da fazenda, práticas de manejo, medidas de biossegurança adotadas,

medição de parâmetros físico-químicos da água e uso de novas tecnologias de produção,

entre outras. No questionário, foram também abordadas questões específicas sobre a

problemática ambiental envolvendo os impactos da carcinicultura e a geração de lixo

durante os ciclos de cultivo.

Os dados serão apresentados através de estatística descritiva, por meio de

frequências absolutas e relativas organizadas em tabelas e gráficos, e analisados pelo

teste Exato de Fisher com relação à significância da associação observada entre

variáveis categóricas numa tabela cruzada ou de contingência. Para as variáveis com

múltiplas respostas, considerou-se cada categoria como sendo uma variável dicotômica

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(Sim/Não) e que para realizar os testes foi necessário agrupar categorias das variáveis

escolaridade, renda mensal da família, uso de probióticos e percentual de sobrevivência

nos cultivos. Todos os testes estatísticos foram realizados com um nível de significância

0,05 e o software utilizado foi o SPSS versão 20.

Resultados

Os produtores, em sua maior parte, tinham entre 31-40 anos e 51-60 anos

(Figura 1), a maioria são do sexo masculino (85,2%) e casados (88,9%).

Figura 1. Faixa etária dos micro

produtores de camarão do litoral Sul

do Rio Grande do Norte.

Figura 2. Escolaridade dos

microprodutores de camarão do litoral Sul

do Rio Grande do Norte.

Todos os entrevistados (100%) residem em imóvel próprio, com famílias

compostas de três a cinco pessoas (59,3%). Observou-se que 66,7% têm entre um e três

filhos, existindo apenas três famílias (11,1%) com mais de cinco pessoas. Apesar de não

ser característica da atividade o baixo grau de informação entre os produtores de

camarão, um dos entrevistados afirmou ser analfabeto (Figura 2).

Dentre os micro produtores, 70,4% informaram não receber benefícios do

governo, enquanto 25,9% são aposentados e 3,7% recebem benefícios do programa

bolsa família. As principais fontes de renda listadas pelos produtores estão apresentadas

0

5

10

15

20

25

30

35

40

26 a 30anos

31 a 40anos

41 a 50anos

51 a 60anos

61 anosou mais

3,7

29,6

18,5

29,6

18,5

Per

cen

tual

Faixa etária

0 10 20 30 40 50

Analfabeto

Fundamentalcompleto/incompleto

Médio completo/incompleto

Superior completo

3,7

40,7

44,4

11,1

Percentual

Esco

lari

dad

e

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51

na Figura 3, sendo a atividade de carcinicultura considerada a principal atividade

econômica para 22,2% dos entrevistados.

Figura 3. Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de camarão do

litoral Sul do Rio Grande do Norte.

A origem da terra que cultivam é, em sua maioria, de herança (59,6%), seguida

de compra (25,9%), arrendamento (7,4%), posse (3,7%) e doação (3,7%). Com relação

à renda mensal familiar, a maior parte recebe de dois a cinco salários mínimos (Figura

4).

Figura 4. Renda mensal familiar (%) dos micro-produtores de camarão do litoral Sul do

Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado no Brasil no ano de

2015.

22,2

3,7

22,2

3,7

3,7

3,7

25,9

3,7

7,4

3,7

0 5 10 15 20 25 30

Aposentadoria

Autônomo

Carcinicultura apenas

Comércio

Emprego apenas

Emprego e carcinicultura

Funcionalismo público

Pesca apenas

Pesca, carcinicultura e agricultura

Vendas

Percentual

Pri

nci

pal

fo

nte

de

ren

da

0

10

20

30

40

50

Até 1 SM De 1 a 2SM

De 2 a 5SM

De 5 a 10SM

Acima de10 SM

22,2 25,9

44,4

3,7 3,7 Per

cen

tual

Renda mensal da família

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52

Verificamos que 85,2% dos entrevistados que estão com os viveiros em plena

atividade, enquanto 14,8% estão parados em função de altas mortalidades nos cultivos

ou ainda por embargo pelo órgão ambiental competente. Um total de 48,1% relatou que

a família também trabalha nos cultivos, 88,9% dos entrevistados não possuem

empregados e os que têm (11,1%) não assinam a carteira de trabalho.

Em relação à analise das técnicas de produção adotadas, os resultados obtidos

encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão localizadas no

litoral Sul do Rio Grande do Norte.

(*) Os resultados de frequência avaliados estão relacionados a 100% dos entrevistados.

Questões Respostas

Frequência

relativa

(%)*

Como você cultiva os camarões? Viveiro escavado 100,0

Utiliza água de poço no cultivo? Sim 11,1

Não 88,9

Faz algum tipo de tratamento na água antes

de bombeá-las para os viveiros? Não 100,0

Faz fertilização da água? Sim 18,5

Não 81,5

Usa disco de Secchi? Não 100,0

Faz calagem do solo? Sim 77,8

Não 22,2

Adquire pós-larvas livres de enfermidades? Sim 92,6

Não 7,4

Onde adquire as Pl’s? Larvicultura

comercial 100,0

Realiza aclimatação das pós-larvas? Sim 70,4

Não 29,6

Qual a duração da fase berçário? Não tem berçário 100,0

Como é o planejamento para a compra de

ração?

Compra sozinho 88,9

Compra

associado a outro

produtor

3,7

Outro 7,4

Você escolhe a ração em função: Sim 11,1

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53

da facilidade de encontrar no mercado Não 88,9

do preço Sim 74,0

Não 26,0

da qualidade (percentual de proteína) Sim 51,9

Não 48,1

Qual a frequência da oferta de alimento/dia? Duas vezes 92,6

Outro 7,4

Quantas vezes faz o ajuste de ração em um

ciclo de cultivo

Diariamente 96,3

Três vezes 3,7

Como fornece a ração? Bandeja 100,0

A sobra de ração é retirada? Sim 92,6

Não 7,4

Com qual frequência realiza biometrias

durante o cultivo?

Uma vez por

semana 18,5

A cada 15 dias 48,1

Uma vez por

mês 7,4

Outros 11,1

Não realiza

biometria 14,8

Faz medição de quais parâmetros físico-

químicos da água?

Temperatura Sim 11,1

Não 88,9

Salinidade Sim 37,0

Não 63,0

pH Sim 3,7

Não 96,3

Oxigênio dissolvido Sim 11,1

Não 88,9

Alcalinidade Sim 11,1

Não 88,9

Dureza Sim 3,7

Não 96,3

Turbidez Sim 3,7

Não 96,3

Amônia tóxica Sim 3,7

Não 96,3

Nitrito Sim 3,7

Não 96,3

O que faz para controlar a matéria orgânica

no fundo dos viveiros?

Retira Sim 92,6

Não 7,4

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54

Usa probióticos Não 100,0

Deixa secar ao sol Sim 88,9

Não 11,1

Não controla Sim 3,7

Não 96,3

Faz uso de probióticos com qual finalidade?

Melhoria na qualidade de água Sim 3,7

Não 96,3

Maior crescimento Sim 7,4

Não 92,6

Não faz uso Sim 88,9

Não 11,1

Para os entrevistados que não fazem uso de probióticos (Tabela 1), os motivos

são apresentados na Figura 5.

Figura 5. Motivos pelos quais os micro

produtores de camarão do litoral Sul do Rio

Grande do Norte não fazem uso de

probióticos nos cultivos.

(*) Percentual em relação ao total de

entrevistados que não faz uso de probióticos.

Múltiplas respostas.

Figura 6. Tempo total médio de um ciclo de

cultivo realizado em micro propriedades

produtoras de camarão localizadas no litoral

Sul do Rio Grande do Norte.

0

20

40

60

80

100

33,3

62,5

37,5

Per

cen

tual

*

Motivo de não fazer uso de probióticos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

5044,4

11,1

7,4 7,4

22,2

7,4

Per

cen

tual

Tempo total médio de um ciclo de cultivo

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55

Os cultivos, que no momento de crescimento da atividade na região,

ultrapassavam 90 dias, hoje têm seus dias abreviados (Figura 6) em função do

recorrente aparecimento de doenças, e muitas vezes contam com baixas sobrevivências

(Figura 7).

Figura 7. Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades produtoras de

camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.

Para 96,3% dos entrevistados, o percentual de sobrevivência diminuiu

consideravelmente nos últimos cinco anos e 3,7% afirmaram estar ainda em seu terceiro

ciclo de cultivo. O tempo de cultivo (Figura 6), nesse caso, está relacionado com a

sobrevivência, uma vez que quando os camarões começam a morrer, a retirada dos

animais dos viveiros é feita emergencialmente.

Quando questionados, sobre a que se pode atribuir essa variação da

sobrevivência, 81,5% consideraram a incidência de doenças, 11,1% a água contaminada

e 7,4% ao solo envelhecido, enquanto 11,1% não souberam responder.

Sobre a despesca, quase todos os entrevistados (92,6%) a realiza de forma total,

enquanto 7,4% parcial. A despesca parcial foi justificada em ser realizada em virtude do

pagamento de despesas do próprio cultivo. Ainda em relação à produção, na maioria dos

casos (88,9%), é comprada por atravessadores, que a escoam para o comércio, sendo

relativamente baixa a venda direta aos consumidores (11,1%). Todo o camarão

produzido é comercializado inteiro (100%).

0

10

20

30

40

50

Até 30% De 31 a 50% De 51 a 70% Mais de 70%

77,8

7,4 7,4 7,4 Per

cen

tual

Sobrevivência dos cultivos

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No que diz respeito à questão ambiental, 81,5% dos produtores afirmaram

possuir licença ambiental, embora os micro empreendedores estejam passando por um

processo de ajuste legal em função da Lei Cortez Pereira. Questionou-se ainda a visão

dos produtores quanto aos impactos negativos da carcinicultura junto ao meio ambiente,

sendo que a maioria (88,9%) não vê a atividade como impactante. Entretanto, 3,7% dos

entrevistados acreditam que destrói áreas de manguezal, 3,7% acham que piora a

qualidade da água no entorno da fazenda e 3,7% não souberam responder.

Ao serem questionados quanto ao uso de bacias de sedimentação, 96,3% dos

entrevistados afirmaram que sua fazenda não possui e, portanto, os efluentes são

despejados diretamente no manguezal. Muitos dos entrevistados afirmam que não

geraram impactos ambientais uma vez que não usam produtos químicos, enquanto que

os outros produtores (médios e grandes) os utilizam. Um total de 93,6% dos

entrevistados acham que o cultivo não gera muito lixo (resíduos sólidos) e 88,9% não

consideram necessário haver um programa de reciclagem, pois todo o lixo produzido já

é reutilizado por eles, como os sacos de ração e de pós-larvas.

Sobre a assistência recebida no último ano, 33,3% afirmaram terem sido

assistidos pelo Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE,

enquanto 3,7% pela ABCC e 7,4% pela Cooperativa dos Produtores de Camarão

Marinho do Estado do Rio Grande do Norte – Coopercam. No entanto, nenhum dos

produtores citou o extinto Ministério da Pesca e Aquicultura ou qualquer outra

assistência.

No que diz respeito às medidas de biossegurança, nenhuma fazenda possui

controle e acesso de veículos e visitantes, rodolúvio, pedilúvio e os controles de pragas,

animais silvestres e domésticos. Entretanto, 100% dos entrevistados monitoram a saúde

dos animais diariamente com análises visuais, mas não fazem qualquer tipo de análise

laboratorial, pois 96,3% afirmaram não ter acesso aos meios e 59,3% consideram caro.

Um total de 100% dos produtores afirmou já ter vivenciado enfermidades em suas

fazendas (Figura 8) e que não fizeram nenhuma análise para determinar o tipo de

doença e 88,9% afirmaram que não usaram antibióticos.

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57

Figura 8. Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de camarão do

litoral Sul do Rio Grande do Norte.

(*) Múltiplas respostas.

Devido ao surgimento dessas doenças, 85,2% dos entrevistados já tiveram que

desativar o(s) viveiro(s) por algum tempo, acarretando em prejuízos. Em todos os surtos

ocorridos, 100% dos produtores realizaram uma despesca emergencial, sendo a água do

cultivo lançada sem tratamento no meio ambiente. Um total de 59,3% comunicou às

fazendas vizinhas que estavam com animais doentes. Aqueles que não comunicaram

(40,7%) disseram que não havia necessidade, pois todos já ficam sabendo,

principalmente, quando as garças começam a sobrevoar os viveiros.

Para melhorias na atividade de carcinicultura, os entrevistados listaram alguns

itens (Figura 9). Com relação ao acesso a crédito bancário para a aquicultura, apenas

25,9% o obtiveram. No entanto, todos os produtores afirmaram que sua fazenda

beneficia a comunidade do entorno pela geração de emprego temporário e renda para a

população, principalmente, nas épocas de despesca e preparação dos viveiros para os

cultivos. Um produtor (3,7%) ainda citou a venda de camarão barato para os moradores

da região.

0102030405060708090

100

Manchabranca

NIM NHP Vibrioses Infestaçãopor

Gregarina

Nãosabem

81,5

33,3

7,4 3,7 3,7

11,1

Per

cen

tual

Doenças*

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58

Figura 9. Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande

do Norte como necessários para melhorar a atividade de carcinicultura na região.

(*) Múltiplas respostas.

De acordo com correlações realizadas (Tabela 2), e com o teste Exato de Fisher,

não há indícios de associação linear (p>0,05) entre o nível de escolaridade e todas as

variáveis ligadas ao manejo empregado pelos produtores, ou seja, o manejo independe

do grau de escolaridade do micro produtor. Para as variáveis sobre a questão ambiental,

os resultados foram semelhantes: independem da escolaridade. Ao realizar o mesmo

teste para as variáveis renda mensal da família e porcentagem de sobrevivência contra o

uso de probióticos, verificou-se que também não há evidências de associação.

Tabela 2. Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de associação

entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo empregado e questão

ambiental; entre a variável uso de probióticos e renda mensal da família e percentual de

sobrevivência nos cultivos.

Resp. = Resposta

(*) Teste Exato de Fisher

SM = salário mínimo

Escolaridade

Valor-p* Manejo empregado Resp.

Até 10

grau 2

0 grau ou mais

Q13 Utiliza água de poço no

cultivo?

Sim 8,3% 13,3% 0,5863

Não 91,7% 86,7%

Q15 Faz fertilização da água? Sim 16,7% 20,0%

0,6121 Não 83,3% 80,0%

0 20 40 60 80 100

Incentivos do governo

Acompanhamento dos cultivospelos orgãos ambientais

Diminuição do custo da ração

Aumento do preço no mercado

Maior exportação

92,6

85,2

85,2

11,1

40,7

Percentual*

Nec

essá

rio

s p

ara

mel

ho

rar

a ca

rcin

icu

ltu

ra

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59

Q17 Faz calagem do solo? Sim 66,7% 86,7%

0,2188 Não 33,3% 13,3%

Q30 O que faz para controlar a

matéria orgânica no fundo do

viveiro? Retira

Sim 83,3% 100,0%

0,1880 Não 16,7% 0,0%

Deixa secar ao sol Sim 91,7% 86,7%

0,5863 Não 8,3% 13,3%

Não controla Sim 8,3% 0,0%

0,4444 Não 91,7% 100,0%

Questão ambiental

Q39a Destruição do

ecossistema manguezal

Sim 0,0% 6,7% 0,5556

Não 100,0% 93,3%

Q39b Piora da qualidade da

água no entorno da fazenda

Sim 0,0% 6,7% 0,5556

Não 100,0% 93,3%

Q39g Não gera impactos Sim 100,0% 80,0%

0,1556 Não 0,0% 20,0%

Q40 Você acha que o cultivo

gera muito lixo?

Sim 0,0% 6,7% 0,5556

Não 100,0% 93,3%

Q41 Você acha necessário que

houvesse um programa de

reciclagem do lixo produzido

durante o cultivo?

Sim 8,3% 13,3%

0,5863

Não 91,7% 86,7%

Uso de probióticos

Valor-p*

Sim Não

Q8 Renda mensal da família

Até 2

SM 0,0% 54,2%

0,1244 Acima

de 2

SM

100,0% 45,8%

Q33 Qual é a porcentagem de

sobrevivência?

Até 30% 33,3% 83,3%

0,1145 Acima

de

30%

66,7% 16,7%

Discussão

A carcinicultura é uma das atividades comerciais que mais crescem no Nordeste

brasileiro, sendo de grande representatividade no cenário nacional (CAVALCANTI,

2012). Scorvo Filho et al. (2010) afirmaram que a carcinicultura tem se moldado a

novos padrões, com uso de menor densidade de estocagem nos viveiros e manejos

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60

sanitários e profiláticos. Na nossa pesquisa, pudemos observar que, no caso das micro

propriedades de produção de camarão do litoral Sul, a diminuição da densidade de

estocagem é um reflexo do surgimento das doenças que resulta em quedas na

produtividade e no lucro. Para a maioria dos produtores entrevistados, a carcinicultura já

foi a sua principal fonte de renda. Já sobre a mudança para manejos sanitários e

profiláticos citados por Scorvo Filho et al. (2010), isso ainda não aconteceu na região

estudada devido a condição financeira dos produtores e a única medida citada pelos

produtores foi a calagem do solo. Esta pratica é comumente empregada para a correção

do pH em aquicultura e consiste na adição de calcário agrícola, tanto na água quanto no

fundo dos viveiros. O uso de calcário ou cal hidratada promovera a correção do pH ou a

desinfeccção, respectivamente.

Alguns dos resultados da expansão acelerada da carcinicultura no Brasil foram a

geração de emprego e a absorção da população local com nível básico de escolaridade

(COSTA e SAMPAIO, 2004). Isso porque os empregos diretos gerados pela

carcinicultura demandam, em sua maioria, pouco grau de instrução formal, pois as

atividades desenvolvidas são basicamente de arraçoamento, monitoramento da

qualidade da água e biometria do camarão (FIGUEIRÊDO et al., 2004). Assim, de

acordo com o grau de escolaridade apresentado, observamos que a minoria possui baixo

nível de escolaridade, sendo 3,7% analfabeto e 37% concluintes do ensino médio. Tais

resultados demonstram que, ao invés de empregados, houve o fortalecimento de

empreendimentos próprios.

A comercialização de camarão no Brasil hoje envolve o mercado interno, que é

o principal mercado para diversos produtores de camarão (SCORVO FILHO et al.,

2010). Os dados apresentados demonstram que a maioria dos entrevistados escoa toda a

produção para os atravessadores, corroborando com Lopes e Baldi (2013), que ao

entrevistarem representantes do setor de aquicultura, observaram que os agentes

intermediários são componentes dessa estratégia de exploração do mercado nacional. Os

produtores de camarão marinho de Requenguela/CE também não se preocupam com a

comercialização do produto, pois existe um parceiro que garante a compra da produção

(REIS, 2008).

A comunidade de Requenguela, localizada no município de Icapuí – Ceará, é

composta por aproximadamente 35 famílias e a principal fonte de renda está na pesca da

lagosta e na aquicultura (REIS, 2008) e no nosso estudo pelos menos 37% dos

entrevistados citaram carcinicultura ou pesca como principal fonte de renda. A

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61

Associação dos Produtores de Camarão Marinho de Requenguela é formada por

associados de 20 famílias, os quais possuem baixa escolaridade, tendo esse fato

dificultado a credibilidade inicial do grupo para receber crédito bancário. Esses

produtores, assim como no nosso estudo também utilizam comedouros fixos no manejo

alimentar, mas além da ração, ofertam alimento natural como a artêmia (recolhido no

ambiente próximo aos viveiros).

Semelhantemente aos produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande do

Norte, os quais despejam os efluentes dos cultivos diretamente no manguezal por causa

da falta de bacia de sedimentação, os produtores da comunidade Requenguela descartam

os efluentes sem tratamento prévio nos rios das proximidades (REIS, 2008). Sobre isso,

o art. 14 da Resolução CONAMA n0 312 de 2002 dispõe que

os projetos de carcinicultura, a critério do órgão licenciador, deverão

observar, dentre outras medidas de tratamento e controle dos efluentes, a

utilização das bacias de sedimentação como etapas intermediárias entre a

circulação ou o deságue das águas servidas ou, quando necessário, a

utilização da água em regime de recirculação (BRASIL, 2002).

Segundo a Lei Cortez Pereira, na sessão II, em cultivo com tanques escavados, a

produção de espécies exóticas de camarão deve obedecer aos seguintes requisitos:

haver solidez necessária à contenção de água, que garanta a sua estabilidade,

comprovada por cálculos de engenharia com recolhimento de Anotação de

Responsabilidade Técnica (ART); proteção dos taludes e gabiões contra a

erosão; dispositivos de proteção contra a fuga de camarões para o meio

ambiente tais como telas, filtros, redes, tanques de peixes nativos predadores;

derivação das águas de drenagem para bacias de sedimentação, ou

diretamente para rios ou estuários se apresentarem qualidade igual ou

superior recebidas no ato de captação (RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

Dessa forma, não fica clara a obrigatoriedade das bacias de sedimentação para os

micro produtores. Entretanto, segundo o artigo 8 da mesma lei, apenas os

empreendimentos de médio, grande e excepcional porte ficam obrigados a implantarem

bacia de sedimentação independente da densidade utilizada (RIO GRANDE DO

NORTE, 2015). Podemos inferir a necessidade dos micro produtores em realizar as

análises de água ficando assim resguardados para eventuais fiscalizações.

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No censo realizado em 2011 pela ABCC em convênio com o Ministério da

Pesca e Aquicultura, 24% dos micro produtores de camarão do estado do Rio Grande do

Norte fazem uso de probióticos no solo, na água ou na ração, percentual este superior ao

encontrado no nosso trabalho para a região estudada. Apenas 1% de todos os micro

produtores norte-rio-grandenses faz uso de berçários, mas a realização de análises

presuntivas é rotina para 52% dos entrevistados (ABCC/MPA, 2011), percentual

inferior ao observado no nosso estudo que foi de 100%. Segundo o mesmo documento,

dos 72% dos micro produtores entrevistados que possuem licença ambiental, apenas 3%

tiveram acesso a financiamento bancário para a atividade de carcinicultura

(ABCC/MPA, 2011), percentual bem inferior ao encontrado na nossa pesquisa.

A baixa taxa de assistência técnica recebida pelos micro produtores da região

escolhida demonstra o quanto os órgãos governamentais e ambientais estão omissos à

atividade de carcinicultura e o quanto a luta desses produtores é árdua, pois encontram-

se sozinhos, sem apoio algum. Isso pode estar repercutindo no tipo de atividade

praticada na região, pois trata-se de uma carcinicultura rudimentar e artesanal, uma vez

que nenhuma fazenda possui aquelas medidas de biossegurança já citadas anteriormente

nos nossos resultados.

Sobre o tempo médio de um ciclo de cultivo, no estudo realizado por Figueirêdo

et al. (2004) para fazendas de camarão em águas interiores, na região do Baixo

Jaguaribe – Ceará, é entre 90 e 150 dias; esse mesmo intervalo de dias também era

observado no período citado nas micro propriedades produtoras de camarão estudadas

em nossa pesquisa. Das fazendas investigadas por Figueirêdo et al. (2004), 10 (cerca de

30%) praticam a agricultura de sequeiro e irrigada na região enquanto apenas alguns

entrevistados (7,4%) no nosso estudo também trabalham com a agricultura.

No nosso estudo, todos os produtores são moradores da região e a maioria

proprietários das áreas de cultivo. Reis (2008) afirma que

a sustentabilidade da carcinicultura está vinculada a três variáveis básicas:

ambiental, financeira e social. O princípio básico para este resultado é que o

empreendimento pertença à comunidade local, pois esta tem interesse na

continuidade, visando à sua prosperidade na forma de empregos para os

próprios componentes familiares. Este vínculo da comunidade com sua terra

propicia maiores cuidados em relação ao uso racional dos recursos naturais e

às melhorias sócio-econômicas, tornando a carcinicultura sustentável; ao

contrário, proprietários de empreendimentos dissociados da localidade,

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buscando por um retorno financeiro mais imediato, acabam pondo em

segundo plano os aspectos sociais e ambientais (REIS, 2008).

Sampaio et al., (2008) investigaram os impactos socioeconômicos do cultivo do

camarão marinho em alguns municípios selecionados do Nordeste brasileiro e no

momento em que perguntaram aos entrevistados sobre o principal efeito da

carcinicultura no município, em unanimidade responderam: aumento no emprego. O

mesmo pode ser observado no nosso estudo quando perguntamos de que forma sua

fazenda beneficia a comunidade do entorno e todos os entrevistados responderam:

geração de emprego e renda.

A carcinicultura poderá mudar radicalmente o quadro socioeconômico rural de

muitas regiões brasileiras, mas somente quando for efetivamente incentivada, apoiada e

financiada. Essa atividade pode ainda se transformar numa alternativa à substituição do

seguro defeso dos pescadores, o qual já alcançou a marca dos R$ 2 bilhões (ABCC,

2015). Alguns produtores entrevistados em nossa pesquisa antes eram apenas

pescadores e viram na carcinicultura uma oportunidade de obter melhores condições de

vida, pois a pesca extrativista não conseguia mais suprir todas as suas necessidades.

Dessa forma, corroborando com Reis (2008), podemos inferir que a carcinicultura pode

ser uma alternativa à própria atividade pesqueira devido à diminuição dos estoques

naturais.

Os micro produtores de camarão entrevistados necessitam de incentivos dos

órgãos governamentais para, então, viabilizar a realização de uma atividade responsável

ambientalmente e suprir suas necessidades, pra que não se vejam obrigados a degradar

as áreas de manguezal (como exemplos, pelo aumento ilegal das áreas de cultivo ou

despejo de efluentes sem tratamento) e com isso todos nós sejamos afetados.

Conclusões

Os micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte têm

vivenciado altas taxas de mortalidade nos cultivos devido às doenças que surgiram nos

últimos anos. Esse fato tem prejudicado o desenvolvimento da atividade na região, na

qual tem-se observado ciclos de cultivo cada vez mais curtos e com baixa lucratividade

e, em muitas vezes, até com prejuízos aos produtores. Esses, em sua maioria, não

dispõem de recursos para a adoção de medidas de biossegurança e o uso de novas

tecnologias de produção, as quais são essenciais para o controle de enfermidades e

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sucesso da produção. Embora no passado tal atividade tenha gerado muito lucro para os

produtores, observou-se que poucos possuem mais de um viveiro e quase todos têm a

carcinicultura como uma complementação da renda familiar. As micro propriedades

produtoras de camarão, representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte,

apontam a necessidade de orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica

para que possam implementar boas práticas de manejo, de forma a se adequar à

carcinicultura responsável recomendada pela ABCC.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A carcinicultura marinha é uma atividade muito importante, pois além de

atender aos interesses das crescentes demandas nacional e mundial por frutos do mar,

ainda propicia impacto positivo de ordem social e econômica nas regiões em que é

praticada, através da geração de empregos e renda para a população local. Entretanto,

poucos são os estudos que objetivam investigar o perfil socioeconômico dos produtores

de camarão, assim como suas práticas de manejo e as medidas de biossegurança

adotadas em suas fazendas. Apenas dessa maneira, com um estudo detalhado e

continuado, saberemos qual tipo de impacto essa atividade poderá provocar ao meio

ambiente, provavelmente também relacionado à falta de assistência técnica recebida.

Enquanto tantos carcinicultores de micro porte permanecem sem qualquer tipo

de assistência, o uso de novas tecnologias de produção, como os probióticos que têm

sido amplamente relatados pela literatura especializada, vem de encontro a uma

carcinicultura responsável e se constitui numa alternativa para melhores resultados nos

cultivos. No entanto, esses micro produtores carecem, além da assistência técnica, de

apoio financeiro por meio de incentivos governamentais, pra que esses venham a tornar

as novas tecnologias mais acessíveis, incentivando, assim, melhores práticas de manejo

e visando contribuir com a continuidade da atividade de carcinicultura.

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ZHOU, X.; WANG, Y.; LI, W. Effect of probiotic on larvae shrimp (Penaeus

vannamei) based on water quality, survival rate and digestive enzyme activities.

Aquaculture, v. 287, n. 3–4, p. 349–353, 2009.

ZOKAEIFAR, H. et al. Effects of Bacillus subtilis on the growth performance, digestive

enzymes, immune gene expression and disease resistance of white shrimp, Litopenaeus

vannamei. Fish and Shellfish Immunology, v. 33, n. 4, p. 683–689, 2012.

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APÊNDICES

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Roteiro de Entrevista

Questionário aplicado aos micro-produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande

do Norte

Sobre o perfil sócio-econômico dos produtores:

Nome: ____________________________________________________________

Idade: ____________________________ Sexo ( ) masc. ( ) fem.

Estado Civil: ______________________

1. Reside em imóvel próprio?

( ) Sim ( ) Não

2. Quantas pessoas compõem essa família?

( ) 1 pessoa ( ) 2 pessoas ( ) 3 a 5 pessoas ( ) acima de 5

3. Escolaridade dos entrevistados:

( ) Analfabeto

( ) Ens. Fund. completo

( ) Ens. Fund. incompleto

( ) Ens. Médio completo

( ) Ens. Médio incompleto

( ) Ens. Superior incompleto

( ) Ens. Superior completo

4. Tem quantos filhos?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) mais de 4 ( ) não tem filhos

5. Recebe qual benefício do governo?

( ) Bolsa família

( ) Bolsa escola

( ) Aposentadoria

( ) Outro: ___________________________________

( ) Não recebe benefício

6. Origem da terra em que cultiva?

( ) Herança ( ) Posse ( ) Doação ( ) Compra ( ) Arrendamento

( ) Outra: _______________

7. Qual a sua principal fonte de renda? ____________________________________________________________

8. Renda mensal da família:

( ) até 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários ( ) 2 a 5 salários ( ) 5 a 10 salários ( )

acima de 10 salários

Sobre a propriedade e infra-estrutura da fazenda:

9. Todos os viveiros estão em funcionamento? ( ) Sim ( ) Não

9.1. Em caso negativo, por quê? _________________________________

10. Sua família trabalha com você? ( ) Sim ( ) Não

11. Possui quantos empregados? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) mais de 3 ( ) não tem empregado

11.1.Todos têm carteira assinada? ( ) Sim ( ) Não

Sobre o manejo empregado:

12. Como você cultiva os camarões?

( ) Viveiro escavado

( ) Viveiro de alvenaria

( ) Tanques-rede

( ) Gaiolas

( ) Outra: __________________

13. Utiliza água de poço no cultivo? ( ) Sim ( ) Não

14. Faz algum tipo de tratamento na água antes de bombeá-las para os

viveiros? ( ) Sim ( ) Não

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15. Faz fertilização da água? ( ) Sim ( ) Não

16. Usa disco de Secchi? ( ) Sim ( ) Não

17. Faz calagem do solo? ( ) Sim ( ) Não

18. Adquire pós-larvas livres de enfermidades? ( ) Sim ( ) Não

19. Onde adquire as Pl’s?

( ) Laboratório próprio ( ) Larvicultura comercial

20. Realiza aclimatação das pós-larvas? ( ) Sim ( ) Não

21.Qual a duração da fase berçário? ( ) 10 dias ( ) 15 dias ( ) 20 dias ( ) Outro: ______ ( ) Não tem berçário

22. Como é o planejamento para a compra de ração? ( ) Compra sozinho

( ) Compra associado a outro produtor

( ) Outro: _________________________________________

23. Você escolhe a ração em função:

( ) da facilidade de encontrar no mercado

( ) do preço

( ) da qualidade (percentual de proteína)

( ) Outro: ______________________________

24. Qual a frequência da oferta de alimento/dia?

( ) Duas vezes

( ) Três vezes

( ) Quatro vezes

( ) Cinco vezes

( ) Mais de cinco vezes

( ) Outro: _________________

25. Quantas vezes faz o ajuste de ração em um ciclo de cultivo?

( ) Diariamente

( ) Duas vezes

( ) Três vezes

( ) Quatro vezes

( ) Mais de quatro vezes

26. Como fornece a ração?

( ) Bandeja ( ) Voleio ( ) Outra: ____________________________

27. A sobra de ração é retirada? ( ) Sim ( ) Não

28. Com qual frequência realiza biometrias durante o cultivo? ( ) Uma vez por semana

( ) A cada 15 dias

( ) Uma vez por mês

( ) Outro: ________________________________________

( ) Não realiza biometrias

29. Faz medição de quais parâmetros físico-químicos da água? ( ) Temperatura

( ) Salinidade

( ) pH

( ) Oxigênio dissolvido

( ) Alcalinidade

( ) Dureza

( ) Turbidez

( ) Amônia tóxica

( ) Nitrito

( ) Outro: _________________

30. O que faz para controlar a matéria orgânica no fundo dos viveiros? ( ) Retira

( ) Usa probióticos

( ) Deixa secar ao sol

( ) Outro: _________________

( ) Não controla

31. Faz uso de probióticos com qual finalidade? ( ) Melhoria na qualidade de água

( ) Reduzir o aparecimento de doenças

( ) Maior crescimento

( ) Outro: _____________________________________

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( ) Não faz uso

31.1. Se não faz uso, por quê?

( ) Não conhece

( ) É caro

( ) Não acha necessário/eficaz

( ) Outro: __________________________

Sobre a produção, despesca, outras medidas de biossegurança e BPM:

32. Qual o tempo total de um ciclo de cultivo? ( ) Até 50 dias ( ) 60 dias ( ) 70 dias ( ) 80 dias ( ) 90 dias ( ) Outro: _____

33. Qual é a porcentagem de sobrevivência?

( ) Até 30%

( ) 31% a 40%

( ) 41% a 50%

( ) 51% a 60%

( ) 61% a 70%

( ) 71% a 80%

( ) 81% a 90%

( ) Maior de 91%

33.1.Nos últimos 5 anos, essa porcentagem:

( ) Aumentou ( ) Diminuiu

33.2.A que você atribui essa variação?

( ) Solo envelhecido

( ) Água contaminada

( ) Incidência de doenças

( ) Outro: _____________________________________

( ) Não sabe

34. A despesca é: ( ) Total ( ) Parcial

35. Qual o destino da produção de camarão? ( ) Venda direta para consumidores

( ) Venda para a Cooperativa

( ) Empresa privada

( ) Para o poder público

( ) Para atravessador/Intermediário

( ) Consumo

( ) Outro: __________________________

36. Como vende o camarão produzido?

( ) Inteiro ( ) Sem cabeça ( ) Filé ( ) Outro: ________________

Sobre a questão ambiental:

37. Possui licença ambiental? ( ) Sim ( ) Não

38. Possui bacia de sedimentação? ( ) Sim ( ) Não

39. Você acha que a carcinicultura gera quais impactos negativos ao meio

ambiente?

( ) Destruição do ecossistema manguezal

( ) Piora da qualidade da água no entorno da fazenda

( ) Diminuição das áreas de lazer

( ) Produção de lixo sólido

( ) Morte de outros animais (perda de biodiversidade)

( ) Outro: _____________________

( ) Não gera impactos

( ) Não sabe

40. Você acha que o cultivo gera muito lixo? ( ) Sim ( ) Não

41. Você acha necessário que houvesse um programa de reciclagem do lixo

produzido durante o cultivo? ( ) Sim ( ) Não

Sobre a assistência técnica e parcerias:

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42. Assistência técnica, recebida no último ano, para desenvolver a atividade de

carcinocultura:

( ) Cooperativa

( ) Sindicato

( ) ABCC

( ) Ministério da Pesca e Aquicultura

( ) SEBRAE

( ) Outra: _______________________________

Sobre o controle de enfermidades:

43. Sua fazenda tem:

( ) Controle de acesso de veículos

( ) Controle e acesso de visitantes

( ) Rodolúvio

( ) Pedilúvio

( ) Controle de pragas

( ) Controle de animais silvestres

( ) Controle de animais domésticos

( ) Outro: _________________________-

44. A saúde dos animais é monitorada com qual a frequência? ( ) Diariamente com análises

visuais

( ) Semanalmente

( ) A cada 10 dias

( ) Quinzenalmente

( ) Mensalmente

( ) Outro: ______________

( ) Não monitora

45. Faz quais análises?

( ) Apenas microscópicas

( ) Apenas presuntivas

( ) Microscópicas e presuntivas

( ) Outro: _____________

( ) Não faz análises

45.1. Se não faz, por quê?

( ) É caro

( ) Não tem acesso aos meios de análises

( ) Mexe com os animais (estressa-os)

( ) Dá muito trabalho

( ) Tem medo de aumentar as doenças

( ) Outro: ____________________________________

46. Qual (is) doença (s) apareceu (ram) na sua fazenda? ( ) Mancha branca

( ) NIM

( ) NHP

( ) Vibrioses

( ) Infestação por gregarina

( ) Outra: ________________

( ) Não apareceu doença

( ) Não sabe

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47. Você já fez uso de antibióticos? ( ) Sim ( ) Não

48. Teve que parar de usar o viveiro por algum tempo? ( ) Sim ( ) Não

49. Quando detectou a doença, você:

( ) Realizou a despesca emergencial e a água foi lançada sem tratamento no ambiente

( ) Realizou a despesca emergencial e a água lançada foi tratada com cloro antes do

descarte no ambiente

( ) Comunicou às fazendas vizinhas que estava com animais doentes

( ) Outro: ______________________________

Outros:

50. O que você acha que pode melhorar a atividade de carcinicultura? ( ) Incentivos do governo

( ) Acompanhamento dos cultivos pelos órgãos ambientais

( ) Diminuição do custo da ração

( ) Melhoria do preço no mercado interno

( ) Maior exportação

( ) Outro: _______________________________

51. Teve acesso a algum crédito bancário para a aquicultura? ( ) Sim ( ) Não

52. Você acha que sua fazenda beneficia a comunidade do entorno de que forma? ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Caracterização da carcinicultura no litoral

Sul do Rio Grande do Norte (RN), Brasil, que tem como pesquisadora responsável Aline Horácio da

Costa.

Esta pesquisa pretende traçar o perfil socioeconômico de micro produtores de camarão de

uma região no litoral Sul do RN e identificar as práticas de manejo empregadas por esses produtores.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a carência de trabalhos que relatem como a

atividade de carcinicultura é desenvolvida na região escolhida.

Caso você decida participar, você deverá responder as perguntas da entrevista que

elaboramos.

Durante a realização, você apenas deverá estar atento às questões perguntadas e a previsão

de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame físico ou

psicológico de rotina.

Pode acontecer um desconforto por causa de alguma pergunta, você tem o direito de se

recusar a responder todas as perguntas que lhes cause constrangimento de qualquer natureza. O

desconforto será minimizado pois passaremos para a pergunta seguinte e você terá como benefício a

participação em uma pesquisa pioneira na região, podendo, posteriormente, ser beneficiado através

de projetos governamentais.

Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá

direito a assistência gratuita que será prestada através de esclarecimentos por um acompanhante da

pesquisadora.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Aline

Horácio da Costa e o telefone para contato é (84) 8871-7082.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase

da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o

pesquisador responsável Aline Horácio da Costa.

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Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para

mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Caracterização

da carcinicultura no litoral Sul do Rio Grande do Norte, Brasil, e autorizo a divulgação das

informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado

possa me identificar.

Natal, ____________________________________.

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Caracterização da carcinicultura no litoral Sul do

Rio Grande do Norte, Brasil, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os

procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante

desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde

– CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, _________________________________.

Assinatura do pesquisador responsável

Impressão datiloscópica do

participante