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1
USO POTENCIAL DA MADEIRA DA SERINGUEIRA
Francisco J. N. Kronka (*) Clóvis Ribas (*)
Cláudio Monteiro (*)
1. Introdução
A cultura da seringueira, enfrentando inúmeros desafios, está se
estabelecendo como uma atividade lucrativa e sustentável, apresentando um
expressivo crescimento em suas áreas de plantio.
Estabelecidos com o objetivo principal de produção do látex, classificado
como um produto florestal não madeireiro, os seringais apresentam boas
perspectivas como fornecedores de matéria-prima para o segmento de produtos de
madeira sólida.
São conhecidas as características que qualificam a madeira da seringueira
como excelente matéria-prima para diferentes finalidades, destacando-se para
móveis residenciais, de escritórios, móveis institucionais, escolares, médico-
hospitalares, móveis para restaurantes, hotéis e similares, forros e escadas.
Vários aspectos devem ser analisados ao se ter como objetivo a utilização da
seringueira como matéria-prima para a indústria moveleira ao final da rotação, por
ocasião do declínio da produção do látex, destacando-se:
Os plantios de seringueira foram estabelecidos e conduzidos visando
prioritariamente à produção do látex.
O rendimento no processamento mecânico (relação volume da tora e da
madeira serrada).
A disponibilidade da madeira da seringueira: quantidade e época.
Os aspectos referentes à secagem e tratamento preservativo, levando-se
em consideração o alto teor de carboidrato da madeira da seringueira.
Os aspectos da silvicultura da seringueira, considerando-se seu uso
múltiplo (látex e madeira, principalmente).
A divulgação às indústrias consumidoras da disponibilidade desta matéria-
prima. (*) Pesquisadores do Instituto Florestal - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
2
Dentro deste contexto, a seguir são apresentadas e analisadas as situações
dos plantios com espécies exóticas de rápido crescimento (Pinus e Eucalyptus) que
se constituem nas principais fontes de matéria-prima para produção de diferentes
produtos utilizados na fabricação de móveis: madeira serrada, compensados,
produtos de maior valor agregado e painéis reconstituídos.
Da mesma maneira são apresentadas e discutidas estatísticas sobre o
consumo de madeiras tropicais provenientes da Floresta Amazônica na região de
cultivo da seringueira em São Paulo.
Com relação ao segmento moveleiro é dado destaque ao seu expressivo
crescimento, principalmente na exportação de sua produção. Especial enfoque é
dado aos Pólos Moveleiros de São Paulo cuja localização coincide com as regiões
do Pólo da Borracha e que utilizam como matéria-prima a madeira da Amazônia que
representa 36% do seu consumo.
2. A situação dos plantios com espécies exóticas de rápido crescimento
(Pinus e Eucalyptus)
Os dados referentes às áreas com reflorestamento no Estado de São Paulo
são apresentados na Tabela 1.
GÊNERO (Área em ha) REGIÃO
ADMINISTRATIVA EUCALYPTUS PINUS TOTAL DISTRIBUIÇÃO
Araçatuba 892 115 1.007 0,1% Bauru 47.087 20.150 67.237 8,7% Campinas 100.906 9.099 110.005 14,3% Litoral 4.122 4.378 8.500 1,1% Marília 5.186 3.700 8.886 1,2% Presidente Prudente 2.131 7.436 9.567 1,2% Ribeirão Preto 91.501 5.554 97.055 12,6% São José do Rio Preto 2.315 46 2.361 0,3% São Paulo 57.307 6.590 63.897 8,3% Sorocaba 233.406 92.664 326.070 42,3% Vale do Paraíba 66.663 8.762 75.425 9,8% TOTAL 611.516 158.494 770.010
Fonte: KRONKA et al, 2002.
Tabela 1: Áreas Reflorestadas com Eucalyptus e Pinus no Estado de São Paulo.
Os dados apresentados na Tabela 1 mostram que as Regiões Administrativas
de Araçatuba, São José do Rio Preto e Marília apresentam as menores áreas,
correspondendo a 0,1%, 0,3% e 1,2%, respectivamente, do reflorestamento
existente no Estado de São Paulo.
3
A análise dos dados apresentados na Tabela 2, referentes à evolução das
áreas com Pinus e Eucalyptus, durante 5 (cinco) períodos, mostra uma diminuição
das áreas com reflorestamento.
PERÍODO (Área em ha) REGIÃO ADMINISTRATIVA 1961-62(1) 1971-73(2) 1991-92(3) Evolução
(%) 1999-2000
Evolução (%)
1991-1992 / 1999-2000
ARAÇATUBA - 4.930 1.445 -70,7 1.007 -30,3 BAURU - 51.380 74.128 44,3 67.237 -9,3 CAMPINAS - 139.370 104.808 -24,8 110.005 5,0 LITORAL - 12.770 11.653 -8,8 8.500 -27,1 MARÍLIA - 18.670 8.209 -56,0 8.886 8,2 PRESIDENTE PRUDENTE - 8.740 10.173 16,4 9.567 -6,0 RIBEIRÃO PRETO - 58.840 95.303 61,9 97.055 1,8 SÃO JOSÉ RIO PRETO - 15.830 2.729 -82,8 2.361 -13,5 SÃO PAULO - 58.370 62.265 6,7 63.897 2,6 SOROCABA - 234.920 360.117 53,3 326.070 -9,5 VALE DO PARAÍBA - 37.600 81.692 117,3 75.425 -7,7 TOTAL 372.900 641.420 812.523 26,7 770.010 -5,2
Fonte: KRONKA et al, 2002. (1) BORGONOVI & CHIARINI (1965) e BORGONOVI et al. (1967) (2) ZONEAMENTO ECONÔMICO FLORESTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (1975) (3) INVENTÁRIO FLORESTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – INSTITUTO FLORESTAL (1993)
Tabela 2: Dados Comparativos entre as Áreas Reflorestadas (Eucalyptus, Pinus e Outros) nos
Períodos 1961-62, 1971-73, 1991-92 e 1999-2000 nas Regiões Administrativas Estado de São Paulo.
Verifica-se também, conforme é visualizado nas Figuras 1 e 2 que a
diminuição da base florestal deveu-se ao decréscimo das áreas com espécies de
Pinus, considerando-se que as áreas de Eucalyptus permaneceram praticamente
inalteradas.
Fonte: KRONKA et al, 2002.
Figura 1: Evolução do Reflorestamento no Estado de São Paulo, nos Períodos de 1961-62, 1971-73, 1991-92 e 1999-2000.
-
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1961-62 1971-72 1991-92 1999-00
Período
Área
(hec
tare
s)
4
Fonte: KRONKA et al, 2002.
Figura 2: Evolução do Reflorestamento (Eucalyptus e Pinus) no Estado de São Paulo.
A análise da Tabela 2 indica que, justamente nas Regiões onde se localizam
os Pólos Moveleiros (Votuporanga, Mirassol e Tupã), houve decréscimo acentuado
do reflorestamento (-30,3% em Araçatuba e 13,5% em São José do Rio Preto). A
Região Marília apresentou crescimento de 8,2%.
Outro aspecto que deve ser considerando e que concorre na utilização da
madeira de Pinus e Eucalyptus para outras finalidades, é justamente a ampliação e
conseqüente consumo, das indústrias setoriais (celulose, papel, painéis) que têm
nas referidas espécies sua fonte principal de matéria-prima.
Para que sejam supridas suas necessidades de matéria-prima para
abastecimento industrial, as empresas setoriais mantêm maciços florestais, próprios
ou contratados de terceiros, conforme é indicado na Tabela 3, onde são
apresentadas as áreas com florestas plantadas existentes no Brasil.
Estado Eucalyptus Pinus Total (ha)
AP 61.000 33.800 94.800BA 390.000 20.000 410.000ES 203.000 2.800 205.800GO 18.000 1.000 19.000MA 67.000 -- 67.000
Eucalyptus
Pinus
-
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
1961-62 1969 1971-72 1991-92 1999-2000
Período
Área
(hec
tare
s)
6
-9.145
-15.600
-19.400
-23.300-25.000
-20.000
-15.000
-10.000
-5.000
0
1.0
00
m3
2002 2005 2010 2015
2.1- Situação referente à oferta / demanda de toras de Pinus no Brasil
A situação nacional referente à produção e demanda de toras de Pinus é a
seguinte:
Área de Plantio de Pinus 1.900.000ha
Idade Média 13 anos
IMA (Incremento Médio Anual) 23m3/ha/ano
Produção Sustentada 43,7 milhões de m3/ano
Consumo Anual 50 milhões de m3
Conforme pode ser constatado, dentro de uma condição de sustentabilidade,
em que seriam explorados unicamente os volumes decorrentes do crescimento da
área plantada (43,7 milhões de m3/ano), o consumo de 50 milhões de m3/ano indica
a existência de um déficit aproximado de 6 milhões de m3/ano.
Na Figura 3 é apresentada uma projeção no balanço referente à produção e
consumo de toras de Pinus.
Fonte: STCP, 2004. Figura 3: Projeção no Balanço (Toras de Pinus).
7
2.2- Situação referente à oferta/demanda de toras de Eucalyptus no Brasil
A situação nacional referente à produção e demanda de toras de Eucalyptus é
a seguinte:
Área de Plantio de Eucalyptus 3.000.000ha
Idade Média 4,5 anos
IMA (Incremento Médio Anual) 30m3/ha/ano
Produção Sustentada 90 milhões de m3/ano
Consumo Anual 97 milhões de m3
Conforme pode ser constatado, dentro de uma condição de sustentabilidade,
em que seriam explorados unicamente os volumes decorrentes do crescimento da
área plantada (90 milhões de m3/ano), o consumo de 97 milhões de m3/ano indica a
existência de um déficit aproximado de 7 milhões de m3/ano.
Na Figura 4 é apresentada uma projeção no balanço referente à produção e
consumo de toras de Eucalyptus.
Fonte: STCP, 2004. Figura 4: Projeção no Balanço (Toras de Eucalyptus).
9.24 5
2 .4 7 3
-5.0 57
-13 .91 3
-1 5.00 0
-1 0.00 0
-5.00 0
0
5.00 0
1 0.00 0
1.0
00
m3
2 0 02 20 05 20 1 0 2 01 5
8
2.3- Evolução do preço de matéria-prima florestal
A redução da oferta de matéria-prima florestal para as diferentes atividades
industriais setoriais teve como conseqüência um forte aumento dos preços conforme
pode ser constatado pelo exame da Figura 5, que apresenta a variação do preço da
tora de Pinus, considerando-se diferentes classes de diâmetro, durante um período
aproximado de 8 anos.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
12/9
6
06/9
7
12/9
7
06/9
8
12/9
8
06/9
9
12/9
9
06/0
0
12/0
0
06/0
1
12/0
1
06/0
2
12/0
2
06/0
3
12/0
3
06/0
4
classes de diâmetro (cm)
US$
/ m
³
08 a 18cm 18 a 24cm 25 a 34cm > 34cm
1ª grande desvalorização do Real
↓
Fonte: Valor Florestal, 2004.
Figura 5: Evolução do preço de toras de Pinus no período de 12/1996 a 06/2004, de acordo com
suas classes de diâmetro. 3. O segmento moveleiro
A indústria brasileira de móveis é formada por mais de 16.000 micros,
pequenas e médias empresas que geram mais de 195 mil empregos.
Estas empresas localizam-se em sua maioria na região centro-sul do País
constituindo em alguns Estados pólos moveleiros, conforme é mostrado na Tabela 5.
Pólo moveleiro Estado Empresas Empregados Principais mercados
Ubá MG 300 3.150 MG, SP, RJ, BA e exportação Bom Despacho MG 117 2.000 MG Linhares e Colatina ES 130 3.000 SP, ES, BA e exportação Arapongas PR 145 5.500 Todos os Estados e exportação
9
Pólo moveleiro Estado Empresas Empregados Principais mercados Votuporanga SP 85 5.000 Todos os Estados Mirassol SP 210 8.500 PR, SC, SP e exportação Tupã SP 54 700 SP São Bento do Sul SC 210 8.500 PR, SC, SP e exportação Bento Gonçalves RS 370 10.500 Todos os Estados e exportação Lagoa Vermelha RS 60 1.800 RS, SP, PR, SC e exportação
Fonte: Abimovel, 2004.
Tabela 5: Localização dos Pólos Moveleiros, Empresas, Empregados e Principais Mercados.
As receitas geradas pelas exportações de móveis de madeira estão indicadas
na Figura 6.
125,7
532,4
661,5
1000
940,0
483,5488,8
385,2338,1
366,3
351,3
336,6
293,5266,1
57,339,7
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Rec
eita
s (U
S$ x
1 m
ilhão
)
Fonte: ABIMOVEL, 2004 e REMADE, 2006.
Figura 6: Receitas geradas pelas exportações brasileiras de móveis.
A análise da evolução das receitas geradas pelas exportações de móveis
indica um crescimento expressivo, principalmente nos últimos 5 anos.
Do total produzido, 60% referem-se a móveis residenciais, 25% a móveis de
escritório e 15% móveis institucionais, escolares, médico-hospitalares, móveis para
restaurantes, hotéis e similares.
As matérias-primas mais utilizadas pelas indústrias de móveis são as chapas
de madeiras processadas (aglomerado e MDF), madeira maciça (proveniente de
mata nativa e com sua utilização em rápido declínio) e tábuas provenientes de
plantios das espécies de Pinus e Eucalyptus, que vem ganhando força no mercado,
devido à substituição da madeira maciça.
10
Os painéis de madeira aglomerada e de MDF destinam 90% do volume à
fabricação de móveis e toda a sua produção é sustentada por florestas plantadas.
Graças aos painéis de madeira, houve uma “massificação” do consumo,
especialmente de móveis lineares. Em média 70% da madeira maciça utilizada pela
indústria moveleira também é resultado de plantio, como no caso do Pinus, que
substitui a araucária; já o Eucalyptus se consolidou no Brasil, sendo os segmentos
produtores de camas e de sala de jantar os que mais utilizam.
4. O consumo de madeiras tropicais no Estado de São Paulo
Conforme IMAZON (2001), o Estado de São Paulo “importou” o equivalente a
6,1 milhões de metros cúbicos de tora de madeira da Amazônia, sendo que a quase
totalidade foi consumida no próprio Estado, conforme mostra a Tabela 6. Setores envolvidos Volume consumido de madeira em tora (mil m3/ano)
Depósito de madeira 4.200 Indústrias Móveis Casas de madeira Pisos e esquadrias Diversos
666 165 147 301
Construção vertical 605 Total 6.084
Fonte: Sobral, 2002.
Tabela 6: Consumo da Madeira Amazônica dos diferentes segmentos industriais no Estado de São Paulo, 2001.
Na Figura 7 são indicados os diferentes setores e sua participação no
consumo de madeiras tropicais.
estrutura de telhados de casas
42%
móveis finos e peças de decoração
1%
andaimes e fôrmas para concreto
28%
móveis populares15%
forros, pisos e esquadrias
11%
casas pré-fabricadas de madeira
3%
Fonte: Sobral, 2002.
Figura 7: Uso da Madeira Amazônica no Estado de São Paulo, 2001.
11
A análise da Tabela 6 e Figura 7 mostra que o setor de estrutura de casas e
andaimes e formas de concreto são responsáveis pelo consumo de 70% da madeira
proveniente da Amazônia. O setor moveleiro, em São Paulo, utiliza 15% do total.
Na região de Votuporanga e Mirassol predominam indústrias especializadas
na produção de móveis populares (camas, estofados, armários, mesas). Estas
indústrias, em número de 240 em 2001, consumiram 644 mil metros cúbicos de
madeira: o aglomerado representou 34% do consumo, a madeira oriunda do
reflorestamento (Pinus e Eucalyptus) contribuiu com 17%, seguida por compensado
e chapa dura com (7%) e MDF (6%). A madeira da Amazônia representou 36% do
consumo dos referidos pólos significando 232 mil m3 por ano.
As indústrias de móveis localizadas em Itatiba (40) e São Bernardo do Campo
(75), consomem 177 mil metros cúbicos sendo que a madeira Amazônia representou
64% ou 113 mil metros cúbicos.
Na Tabela 7 é apresentado o consumo de madeira tropical para as referidas
regiões.
Região No de
Indústrias Consumo de Madeira
(m3) Madeira da Amazônia
Votuporanga e Mirassol 240 644.000 (1) 232.000 (36%) Itatiba e S.Bernardo 115 177.000 113.000 (64%) Total 355 821.000 345.000 (1) aglomerado (34%), reflorestamento (17%), chapa dura (7%), MDF (6%) Fonte: APABOR, 2005.
Tabela 7: Consumo da Madeira Amazônica nas regiões de Votuporanga, Mirassol, Itatiba e São Bernardo, 2001.
5. Os plantios de seringueira (Hevea brasiliensis) no Estado de São Paulo
As áreas plantadas com seringueira (Hevea brasiliensis) no Estado de São
Paulo totalizam aproximadamente 60 mil hectares (Cortez, 2004), concentrando-se
no chamado Pólo da Borracha, cuja localização e evolução são indicadas nas
Figuras 8 e 9.
O exame da Tabela 7 mostra que os principais Pólos Moveleiros de São
Paulo consomem 345.000 m3 de madeira da Amazônia. Admitindo-se um incremento
anual de 5m3/ha/ano, bastante conservador, verifica-se que os 60.000 hectares de
12
seringais poderão produzir 300.00 m3/ha/ano, suficientes para, se não totalmente,
diminuir de forma expressiva o consumo de madeira proveniente da Amazônia.
Na Figura 8 é apresentada a evolução dos plantios de seringueira no Estado
de São Paulo no período de 1978 a 2005.
(*) estimativas Fonte: APABOR, 2005.
Figura 8: Distribuição anual dos plantios de seringueira no Estado de São Paulo.
A Figura 9 mostra a localização dos Pólos Moveleiros justamente na região
onde se concentram aproximadamente 90% dos plantios de seringueira existentes.
Ressalte-se uma vez mais, que nestas Regiões houve declínio das áreas de
reflorestamento com espécies exóticas de rápido crescimento (Pinus e Eucalyptus),
cujos índices, aliás, são os menores do Estado de São Paulo
0
1500
3000
4500
6000
7500
9000
1978 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005(*)
Ano
Áre
a (h
a)
13
53,14%
35,15%
11,71%
Pólo da Borracha
53,14%
35,15%
11,71%
Pólo da Borracha
Fonte: APABOR / INSTITUTO FLORESTAL, 2006.
Figura 9: Localização dos plantios de seringueira no chamado Pólo da Borracha e dos principais Pólos Moveleiros no Estado de São Paulo.
A expressiva evolução dos plantios
14
adulto existente no município de Bálsamo, tendo sido efetuados os seguintes
procedimentos:
1. Determinação da altura comercial e diâmetro (DAP).
2. As árvores foram derrubadas e seccionadas em toras com comprimentos
em torno de 2 m. Para cada tora foram medidos os diâmetros de suas extremidades
para fins do cálculo de seu volume.
3. Foram anotadas também as posições da tora na árvore.
4. As toras, assim obtidas, foram transportadas para a Estação Experimental
do Instituto Florestal, localizada no município de Manduri.
5. Cada uma das toras teve seu volume verde calculado.
6. As toras verdes foram a seguir serradas, sendo cada peça identificada de
acordo com a respectiva tora.
7. A seguir as peças das toras das diferentes árvores, devidamente
identificadas, foram imersas em solução preservativa contendo inseticida e fungicida,
sendo a seguir colocadas para secagem ao ar livre.
8. As peças foram a seguir resserradas tendo determinados os volumes de
cada um dos produtos obtidos.
9. A comparação entre os volumes da árvore e respectivas toras verdes, com
os volumes das peças desdobradas e secas mostrou os resultados apresentados
nas Tabelas 8 e 9. Tora Volume verde
(m3) Volume toras desdobradas
(m3) ÁRVORE A
A1 0,256004 0,1654509 A2 0,149777 0,0971549 A3 0,122871 0,0740742 A4 0,107797 0,0586910 A5 0,094682 0,0614881 A6 0,084249 0,0524104 A7 0,071004 0,0336105
Total 0,886384 (1) 0,5428800 (2) ÁRVORE B
B1 0,275626 0,1870797 B2 0,164871 0,1066165 B3 0,131928 0,0794753
15
Tora Volume verde (m3)
Volume toras desdobradas (m3)
B4 0,115211 0,0679491 B5 0,106758 0,0631324 B6 0,081510 0,0218473 B7 0,067663 0,0411026
Total 0,943566 (1) 0,5672029 (2) ÁRVORE C
C1 0,406553 0,2179566 C2 0,232494 0,3077915 C3 0,180690 0,0878800 C4 0,130778 0,0543505 C5 0,087973 0,0457797 C6 0,076166 0,0396027 C7 0,069324 0,0297960
Total 1,183978 (1) 0,7831570 (2) ÁRVORE D
D1 0,414684 0,2273985 D2 0,235563 0,1438200 D3 0,202909 0,1267113 D4 0,067663 0,0672894 D5 0,055105 0,0332514 D6 0,051444 0,0271084 D7 0,055105 0,0265914 D8 0,076166 0,0263670 D9 0,069324 0,0259266
D10 0,146116 0,0243086 D11 0,055105 0,0216684 D12 0,053625 0,0175032 D13 0,059663 0,0160352 D14 0,047910 0,0147256 D15 0,037444 0,0125424 D16 0,056604 0,0112768 D17 0,029344 0,0086320 Total 1,713774 (1) 0,8311562 (2)
TOTAL GERAL 4,727701 (1) 2,7243961 (2)
Tabela 8: Cubagem das toras: cálculo do volume verde e cálculo do volume das peças
desdobradas.
Tora Rendimento (2÷1) (%)
A 61,2 B 60,1 D 66,1 D 48,5
RENDIMENTO MÉDIO 57,6
Tabela 9: Cálculo do rendimento.
Observação:
Os rendimentos indicados devem ser considerados como de caráter
preliminar. Há necessidade de serem feitas novas determinações observados
16
os diferentes estratos a serem definidos considerando-se: condições do “site”,
idade, clone, espaçamento.
Os rendimentos obtidos na forma indicada são compatíveis com aqueles
obtidos tradicionalmente na Malásia e Indonésia, principais produtores de
látex e grandes exportadores de madeira de seringueira.
7. Caracterização e monitoramento dos seringais
Os procedimentos metodológicos a serem seguidos para a caracterização e
monitoramento dos seringais existentes no chamado Pólo da Borracha, são
detalhados a seguir:
1- Levantamento (fotointerpretação, mapeamento e quantificação)
Para a caracterização dos seringais será efetuado seu levantamento
mediante análise digital de fotografias digitais coloridas, obtidas mediante vôo
efetuado em 2000-2001, escala 1:30.000, devidamente atualizadas com imagens
recentes do satélite CBERS2 (China-Brazil Earth Resources Satellite). Desta forma
será feita a fotointerpretação, mapeamento e respectiva quantificação dos seringais
existentes.
2- Monitoramento
Para a execução de levantamentos a serem efetuados em intervalos de
tempo regulares, será estruturada base digital georreferenciada em ambiente SIG
(Sistema de Informações Geográficas) que permite a associação de polígonos
espaciais (= seringais levantados) com os bancos relacionais que contém dados
como: clone utilizado, data de plantio, espaçamento, início da sangria, proprietário,
etc.
8. Inventário Florestal dos Seringais
Tem como objetivo determinar a estimativa volumétrica e a qualificação da
madeira da seringueira, em função dos diferentes estratos estabelecidos, bem como
definir parâmetros para predição da produção.
Com o mapeamento dos seringais é gerado um multiplicador fundamental
para extrapolar as estimativas por unidade de área para a população como um todo,
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a partir da amostragem onde serão efetuadas medições de diâmetros e alturas e
outras variáveis para ampliar a abrangência do levantamento.
Para se obter uma base a mais próxima possível sobre a realidade atual dos
seringais e de seu potencial volumétrico de madeira o inventário florestal atualizará e
corrigirá as estatísticas de todos os plantios, mediante visitas e serviços de campo.
Deve ser ressaltado que toda a informação primária e secundária obtida pelo
inventário será sistematizada em base de dados usando-se Sistema de Informação
Geográfica (SIG).
O inventário florestal será executado observando-se as seguintes etapas, a
seguir resumidas:
Estratificação dos seringais (idade, tipo de clone, espaçamentos,
condições de sangria).
Amostragem
- definição da unidade amostral: área, parâmetros a serem levantados
(diâmetro, altura total e comercial, condições de sangria, características
dos indivíduos).
- locação das unidades amostrais nos estratos estabelecidos.
Na definição dos métodos e processos de amostragem (área da parcela,
locação - aleatória, sistemática ou mista), serão observadas as seguintes
premissas básicas: representatividades da população; abranger todas as
realidades da população e validade estatística.
Coleta e processamento de dados: obtenção e caracterização dos
parâmetros volumétricos. Serão definidas equações volumétricas, de
acordo com as características dos estratos estabelecidos.
Projeções e simulações do crescimento.
Os resultados dos volumes obtidos nas mesmas parcelas ao longo dos
anos, permitirão a elaboração de curva de função de produção para cada
estrato.
Em síntese, os produtos desta etapa para toda a região do Pólo da Borracha
serão os seguintes:
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Volumetria dos seringais de acordo com os estratos estabelecidos.
Indicação da disponibilidade de madeira dos seringais já exauridos onde
não são efetuadas mais sangrias.
Predição da disponibilidade de madeira em função de novos plantios e
seringais em diferentes fases de sangria.
9. Rendimento volumétrico no processamento mecânico da madeira da seringueira
A partir das informações obtidas através do inventário florestal, nos diferentes
estratos considerados, serão amostradas árvores com a finalidade de avaliação do
volume comercial da madeira verde e do correspondente volume de madeira serrada
e seca.
Desta maneira será obtido o rendimento volumétrico, desde a árvore em pé
até o produto acabado ou serrado.
Observações:
Conforme foi constatado, os seringais existentes foram estabelecidos com o
objetivo principal de extração do látex. A madeira, ao final da rotação com a
diminuição da produção do látex, era utilizada como lenha.
Não tendo havido, portanto, tratamento ou silvicultura dos plantios,
basicamente aqueles referentes a espaçamento e desrrama, os fustes das árvores
apresentam-se bastante irregulares (bifurcações, galhos grossos). Normalmente não
existe um fuste sem galhos devido à inexistência de desrrama que, aliás, somente é
efetuada até a altura que permita a execução das sangrias (+/- 2m).
Também o fato de ter sido adotado espaçamento amplo entre as linhas e
menor dentro (ex.: 8,0 m x 2,5 m), para permitir culturas intercalares nos primeiros
anos, isto também contribuiu para que as árvores não tivessem copas com formação
adequada, conforme pode ser constatado nas Figuras 10, 11 e 12.
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Figura 10: Espaçamentos adotados na implantação de antigos seringais (8 m x 2,5 m). Observar inclinação das árvores motivada pela competição das copas pela luz.
Figura 11: Aspecto de um seringal antigo (+/- 15 anos). Observar ramos laterais grossos e excessivos
provocados pela não execução de desrama.
8
2,5 m
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Figura 12: Aspecto de um seringal adulto mostrando árvores com desenvolvimento desuniforme com má formação silvicultural: bifurcações, galhos grossos e ausência de um fuste definido (município de
Bálsamo).
10. Desenvolvimento do Projeto
A execução das atividades previstas, objetivando a caracterização e
quantificação da madeira da seringueira contará com recursos, em parte, de Projeto
aprovado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo, dentro de sua linha de Pesquisas em Políticas Públicas “Disponibilidade da madeira da seringueira (Hevea brasiliensis) como matéria-prima para a confecção de mobiliário no Estado de São Paulo”.
Neste projeto, onde estão indicados os recursos necessários, as instituições
participantes são as seguintes:
Instituições Executoras
1 – Instituto Florestal
2 - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"- Universidade de São Paulo - Departamento de Ciências Florestais
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Instituições Parceiras
1 – APABOR – Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha
2 – CEMAD-SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Centro Tecnológico de Formação Profissional da Madeira e do Mobiliário de Votuporanga
3 - SEBRAE-SP - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo
4 – ABIMOVEL – Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário Literatura Consultada
Cortez, J.V e Benesi, J.F.C. Contribuição do Estado de São Paulo para aumento da produção de borracha natural. Secretaria da Agricultura – Câmara Setorial de Borracha Natural. São Paulo. 2000.
Dean, W. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. Nobel. 1989.
Desenvolvendo indústrias de madeira de seringueira. Workshop. Malásia –Tailândia. 2001.
Gonçalves, P.S. et al. Manual de heveicultura para o Estado de São Paulo. Instituto Agronômico. Boletim Técnico IAC, 189. Campinas. 2001.
Hassan, M.J.M. Viability rubber forest plantation. Malaysian Rubber Board – MRB, Monograph no 6. 2003.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – Laboratório de Produtos Florestais. Madeira de Hevea brasiliensis: adequação tecnológica para sua utilização. Brasília. 1999.
Kelmanm, W. and Hong L.T. Rubberwood – the success of an agricultural by product. Unasylva 201. vol.51. 2000.
Peralta, D.S. et al. Posibilidades de utilización industrial de la madera de plantaciones de caucho en Colombia. Cali. Colombia. 2004.
Rubber forest plantation. Malaysian Rubber Board – MRB, Monograph no 5. 2003.
Sanquetta, C.R. et al. Carbono: ciência e mercado global. Curitiba. 2004
Sanquetta, C.R. et al. As florestas e o carbono. Curitiba. 2002.
Sobral, L. et al. Acertando o alvo 2: consumo de madeira amazônica e certificação florestal no Estado de São Paulo. Belém: Imazon, 2002. 72p.