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1 Utilização da estimulação elétrica nervosa transcutânea durante o trabalho de parto: uma revisão literária Elba Caroline Moraes Menezes¹ [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia² Pós-graduação em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia Faculdade Ávila Resumo Este trabalho teve como objetivo averiguar a utilização da Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) durante o trabalho de parto. A dor do trabalho de parto é considerada insuportável para a maioria das mulheres, o que as faz procurar por alternativas, como a cesariana ou o uso de anestesias, para evitar ou reduzir a dor. A TENS é um recurso não invasivo, não farmacológico, de fácil aplicação e baixo custo, usado para o alivio da dor e sua ação é fundamentada na teoria das comportas da dor. Também foram pesquisados o tipo de corrente utilizada, os parâmetros e o posicionamento dos eletrodos. Foi realisada uma revisão literária, no período entre Maio de 2011 e Maio de 2012, onde foram selecionados artigos científicos, revista e livros correlacionados com o tema. Com a conclusão da pesquisa pode-se verificar que a TENS pode ser mais um recurso utilizado na assistência fisioterapêutica durante o trabalho de parto, e a necessidade de um maior número de trabalhos científicos que possam favorecer a inserção tanto do profissional quanto de suas técnicas durante o processo de parturição. Palavras-chave: Parto; Dor; Tens 1. Introdução De acordo com Stephenson (2004), o início do trabalho de parto acontece principalmente de três maneiras: ruptura do saco amniótico, surgimento de sangramento ou contrações que se tornam cada vez mais fortes e rítmicas. O trabalho de parto é, simplesmente, processo pelo qual o útero expele o feto. O que dispara o início do trabalho é desconhecido: algumas teorias divergem sobre o tempo de vida da placenta predeterminado e algum tipo de resposta de alongamento iniciada conforme o tamanho do feto aumenta. Essa ultima teoria não explica o nascimento prematuro. Sabe-se que a ocitocina é secretada perto do início do trabalho de parto e que provoca contração uterina. As contrações tendem a se tornar mais fortes, longas e com intervalos menores quando o trabalho de parto progride de modo normal e eficiente. Segundo Kitchen (2003), a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é uma técnica analgésica simples e não-invasiva usada extensivamente em locais de atendimento à saúde por fisioterapeutas. A TENS é usada principalmente para manejo sintomático de dor aguda e dor crônica de origem benigna. Na medicina, a TENS é a eletroterapia mais frequentemente utilizada para produzir alívio da dor. É popular por não ser invasivo, ser fácil de administrar, ter poucos efeitos colaterais ou interações medicamentosas. A TENS é barata quando comparado com as terapias medicamentosas. Kahn (2001), afirma que o uso da TENS como uma forma de analgesia para o parto está crescendo rapidamente. A literatura, embora na maioria das vezes seja estrangeira, fala muito sobre esse procedimento e estimulou os pesquisadores americanos a investigarem esse método aparentemente seguro, não invasivo e sem drogas, de proporcionar um parto relativamente sem dor. _______________________ ¹ Pós-graduanda em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia. ² Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.

Utilização da estimulação elétrica nervosa transcutânea durante … · 2014. 9. 12. · 1 Utilização da estimulação elétrica nervosa transcutânea durante o trabalho de

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    Utilização da estimulação elétrica nervosa transcutânea durante o

    trabalho de parto: uma revisão literária

    Elba Caroline Moraes Menezes¹

    [email protected]

    Dayana Priscila Maia Mejia²

    Pós-graduação em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia – Faculdade Ávila

    Resumo

    Este trabalho teve como objetivo averiguar a utilização da Eletroestimulação Nervosa

    Transcutânea (TENS) durante o trabalho de parto. A dor do trabalho de parto é considerada

    insuportável para a maioria das mulheres, o que as faz procurar por alternativas, como a

    cesariana ou o uso de anestesias, para evitar ou reduzir a dor. A TENS é um recurso não

    invasivo, não farmacológico, de fácil aplicação e baixo custo, usado para o alivio da dor e

    sua ação é fundamentada na teoria das comportas da dor. Também foram pesquisados o tipo

    de corrente utilizada, os parâmetros e o posicionamento dos eletrodos. Foi realisada uma

    revisão literária, no período entre Maio de 2011 e Maio de 2012, onde foram selecionados

    artigos científicos, revista e livros correlacionados com o tema. Com a conclusão da pesquisa

    pode-se verificar que a TENS pode ser mais um recurso utilizado na assistência

    fisioterapêutica durante o trabalho de parto, e a necessidade de um maior número de

    trabalhos científicos que possam favorecer a inserção tanto do profissional quanto de suas

    técnicas durante o processo de parturição. Palavras-chave: Parto; Dor; Tens 1. Introdução

    De acordo com Stephenson (2004), o início do trabalho de parto acontece principalmente de

    três maneiras: ruptura do saco amniótico, surgimento de sangramento ou contrações que se

    tornam cada vez mais fortes e rítmicas. O trabalho de parto é, simplesmente, processo pelo

    qual o útero expele o feto. O que dispara o início do trabalho é desconhecido: algumas teorias

    divergem sobre o tempo de vida da placenta predeterminado e algum tipo de resposta de

    alongamento iniciada conforme o tamanho do feto aumenta. Essa ultima teoria não explica o

    nascimento prematuro. Sabe-se que a ocitocina é secretada perto do início do trabalho de

    parto e que provoca contração uterina. As contrações tendem a se tornar mais fortes, longas e

    com intervalos menores quando o trabalho de parto progride de modo normal e eficiente.

    Segundo Kitchen (2003), a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é uma técnica

    analgésica simples e não-invasiva usada extensivamente em locais de atendimento à saúde por

    fisioterapeutas. A TENS é usada principalmente para manejo sintomático de dor aguda e dor

    crônica de origem benigna. Na medicina, a TENS é a eletroterapia mais frequentemente

    utilizada para produzir alívio da dor. É popular por não ser invasivo, ser fácil de administrar,

    ter poucos efeitos colaterais ou interações medicamentosas. A TENS é barata quando

    comparado com as terapias medicamentosas.

    Kahn (2001), afirma que o uso da TENS como uma forma de analgesia para o parto está

    crescendo rapidamente. A literatura, embora na maioria das vezes seja estrangeira, fala muito

    sobre esse procedimento e estimulou os pesquisadores americanos a investigarem esse

    método aparentemente seguro, não invasivo e sem drogas, de proporcionar um parto

    relativamente sem dor.

    _______________________ ¹ Pós-graduanda em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia.

    ² Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em

    Bioética e Direito em Saúde.

    mailto:[email protected]

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    2. Fundamentação teórica

    De acordo com Polden (2005), o trabalho de parto é dividido em três estágios. O primeiro

    estágio se diz completo quando a cérvix alcançou a dilatação aproximada de dez centímetros

    de diâmetro, de modo que o feto seja capaz de continuar descendo até a vagina; este é o

    estágio mais longo. O segundo estágio é marcado pela mudança no tempo das contrações, que

    se tornam mais forte e em períodos mais curtos, finalizando com o nascimento do bebê. O

    terceiro estágio é a passagem da placenta.

    Ferreira (2011), constatou que com apenas uma única avaliação no inicio do trabalho de parto,

    dificilmente podemos diagnosticar se ele é verdadeiro ou falso. A falta de diagnostico correto

    torna-se fator de risco para cesariana. Os profissionais devem estar atentos para evitar

    admissões desnecessárias, evitando assim experiências negativas de trabalho de parto. É

    recomendável que em 1 ou 2 horas, após a admissão, a paciente seja reavaliada. O trabalho de

    parto verdadeiro é determinado da seguinte forma: de 2 a 3 contrações regulares em

    10minutos, contrações fortes que dilatem o colo uterino e dilatação cervical ≥ 3 cm com colo

    fino e apagado. Um diagnostico claro diminui o uso de ocitocina, estimulante de contração

    uterina e analgésicos.

    Stephenso (2004), relatam que em muitos mamíferos não humanos, o início do trabalho de

    parto tem como característica a diminuição na concentração do estrogênio e progesterona. No

    entanto, nos seres humanos, não há a diminuição desses hormônios até que o trabalho de parto

    esteja em andamento. Explica-se que haja inativação dos receptores de progesterona (inibe a

    contração).

    Segundo Montenegro (2006), o início do trabalho de parto dá-se com contrações dolorosas,

    que começam com a ampliação da cérvice, e chega ao fim com sua expansão completa, são

    características da fase de dilatação. A fase de expulsão tem início com o fim da fase de

    dilatação e termina com a saída do bebê. Essa ultima fase tem como característica contrações

    mais vigorosas e com intervalos de tempo cada vez menor, chegando a 5 contrações a cada 10

    minutos, associada a movimentos repetitivos de vaivém que precedem a vontade de expelir,

    semelhante a vontade de evacuar. O parto dura em media de 14 a 20 horas.

    Secundamento, o terceiro período do parto, também chamado

    decedura e delivramento, é o estagio da parturição que se processa

    após o desprendimento do feto, e se caracteriza pelo descolamento e

    dequitação ou dequitadura, pela descida e pela expulsão ou

    desprendimento da placenta e de suas pareias para fora das vias

    genitais (REZENDE, 2002).

    Ferreira (2011), afirma que o parto é um processo fisiológico onde o útero, através de

    contrações, expulsa o bebê. A mulher nesse momento necessita de atenção adequada, está se

    torna indispensável para garantir um parto com segurança e bem estar. A equipe de saúde

    deve estar preparada, transmitindo tranquilidade, segurança e respeitando o significado deste

    momento para gestante, seu companheiro e familiares.

    A escolha do tipo de parto, vaginal (normal) ou cirúrgico (cesárea ou

    cesariana), é assunto complexo e polêmico. A cesariana, outrora

    considerada um procedimento de exceção, indicada em situações de

    risco de vida para a gestante e/ou feto, é na atualidade um

    procedimento cirúrgico na maioria das vezes programado, sem a

    identificação médica de nenhum risco definido, cuja escolha é

    frequentemente atribuída à gestante (MANDARINO, 2009).

    De acordo com Polden (2005), cada mulher tem sua maneira de encarar o parto. Há aquelas

    que decidem pelo parto normal, que decidem usar apenas de suas forças para trazer seu filho

    ao mundo. Outras, em nossa realidade a grande maioria, que decidem usufruir toda tecnologia

    a conforto oferecia pela programação de um parto cesariano. Os profissionais de saúde devem

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    estar a par de todas as técnicas que podem vir a ser escolhida pela gestante, porem não podem

    interferia de forma alguma na sua escolha. Toda mãe tem o direito de ser aconselhada e de

    poder escolher qual método julga mais apropriado para o nascimento do seu filho e sua

    decisão deve ser acatada, desde que não provoque nenhum tipo de dano a sua saúde ou a do

    bebê.

    Mandarino (2009), relata que é de 10% a 15% a taxa ideal de cesariana estabelecida pela

    Organização Mundial de Saúde (OMS). Contudo, o que se tem observado são taxas universais

    em geral superiores, mesmo em países desenvolvidos. O número de cesarianas no Brasil

    supera os 35% em geral, e se considerarmos o setor privado o número ultrapassa os 70%. No

    Brasil nenhum estado apresenta valores dentro dos parâmetros de normalidade da OMS. O

    estado de São Paulo tem a maior taxa de cesariana (53%), realizadas pelo Sistema Único de

    Saúde (SUS), e o Amapá a menor (23,42%), proporcionalmente. Isto tem colocado o Brasil

    em destaque mundialmente.

    A mulher em trabalho de parto e parto precisa receber um cuidado

    humanizado e seguro, garantindo-lhe os benefícios dos avanços

    científicos, mas, principalmente, permitindo e despertando a

    parturiente para o exercício da cidadania, resgatando sua liberdade de

    escolha no trabalho de parto e parto (CARRARO, 2008).

    Segundo Ferreira (2011), a humanização do trabalho de parto tem a mulher como foco desse

    processo. Portanto o fisioterapeuta e as técnicas administradas por ele para o alivio da dor são

    muito bem-vindas. A fisioterapia tem como objetivo aliviar a dor, reduzir o tempo de trabalho

    de parto e colaborar para um processo de nascimento mais harmonioso. O fisioterapeuta tem

    maior atuação no primeiro estagio do parto, com o objetivo de diminuir o tempo de dilatação.

    Somente após delicada avaliação é que pode ter inicio o atendimento fisioterapêutico.

    É desaconselhável a assistência ao parto em domicilio, por ser

    aleatória, cheia de riscos imanentes e incapaz de preencher, ou falta de

    recursos imediatos, os objetivos básicos da Obstetrícia: amparar, com

    razoável segurança a vida materna e a do concepto. Os cuidados

    reclamados hoje pela parturiente só podem ser prestados em

    maternidades bem organizadas, com aparelhamento moderno, nas

    quais seja possível resolver, com urgência extremada, distocias e

    acidentes, amiúde interpostos na caprichosa evolução dos casos

    obstétricos (REZENDE, 2002).

    Carraro (2008), constatou que a hospitalização do trabalho de parto diminuiu as taxas de

    mortalidade materna e neonatal, tornando o cuidado à mulher durante o parto, um foco de

    grande medicalização. Porém, o parto modificou-se de maneira discreta, permanecendo a

    parturiente sem conhecimento, o que a amedronta. Durante o processo de nascimento a

    gestante se entrega a equipe de saúde, que é formada, na maior parte das vezes, por

    desconhecidos, impedindo-a de vivenciar ativamente esse momento. É de suma importância

    apoiar doutrinas que se destinam a naturalização e participação da mãe nesse momento de

    suma importância, mas em um contexto de assistência especializada.

    Mazzali (2008), afirma que há algum tempo, os obstetras vem buscando meios de controlar a

    dor ou mesmo minorá-la. Ainda hoje, o trabalho de parto é visto como um momento de

    angústia, medo e fantasia por parte das gestantes. Apesar de toda evolução cientifica e da

    substituição dos partos domiciliares pelos hospitalares, as mulheres, no momento de dar a luz,

    ainda se sentem conturbadas e pouco preparadas para vivenciar essa situação.

    De acordo com Davim (2009), a maioria dos profissionais que trabalham em maternidades vê

    na dor sentida pelas parturientes um sofrimento sem solução. É importante que esses

    profissionais partilhem do mundo pessoal do individuo com dor, para então entender o que

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    essa pessoa está sentindo. Eles desempenham papel importante no processo de parturição e

    podem colocar seu conhecimento a serviço do bem estar da mulher.

    Ardila apud Nunes (2007), constatou que a dor é uma sensação subjetiva e ao mesmo tempo

    um padrão de respostas dados a um estímulo doloroso. A dor é incomunicável. É uma

    experiência única, pessoal, impossível de ser compreendida por quem não a está

    experimentando.

    Silva (2011), relata que a dor é considerada uma sensação subjetiva, tendo relação com as

    experiências já vivenciadas pelo indivíduo e no inicio do trabalho de parto ela representa um

    importante sinal. Deve-se então considerar adaptações e métodos de alívio, na tentativa de

    apoiar e encorajar as gestantes, não associando a dor do parto ao medo, ao perigo e

    sofrimento. Uma vez que, para grande maioria das mulheres, a dor do parto é considerada

    insuportável, torna-se a experiência mais dolorosa de suas vidas.

    Segundo Rezende (2002), durante as primeiras contrações o medo determina forte tensão o

    que gera a impressão de dor, criando-se assim a tríade: medo-tensão-dor. A dor aumenta o

    medo; esse intensifica a tensão e a dor, criando assim um circulo vicioso que pode levar a

    verdadeiro terror e pânico.

    Ferreira (2011), constatou que as técnicas fisioterapêuticas desviam a atenção do estimulo

    doloroso, quebrando assim o clico ‘’medo, tensão e dor’’ descrito na década de 1940 por Dick

    Read. A Organização Mundial de Saúde e o Programa de Humanização do Parto e

    Nascimento do Ministério da Saúde preconizam que a mulher participe da forma ativa do

    trabalho de parto, a atuação do fisioterapeuta contribui nesse processo. Existem varias

    técnicas que podem ser utilizadas pelo fisioterapeuta, cabe a ele optar pela mais adequada

    para cada fase e paciente.

    Ruano (2007), afirma que o medo de sentir dor é muito difundido pelas mulheres nos dias

    atuais. Em algumas, a dor do parto é bastante intensa, sofrida, desgastante e aterrorizante, o

    que as faz tentar driblar esta dor optando pela analgesia e cesárea, que poderiam aliviar o

    sofrimento. Com isto, a cesariana tornou-se freqüentemente solicitada e praticada na

    obstetrícia moderna, o que, para muitos, acarretou em um problema de saúde coletiva.

    De acordo com Ferreira (2011), estudos mostram que a dor do prato pode ser considerada

    insuportável para maioria das mulheres. A dor pode causar varias alterações, como:

    hiperventilação materna, podendo causar hipoxemia e desaceleração dos batimentos cardíacos

    do feto; aumento do debito cardíaco materno; aumento dos níveis de epinefrina,

    norepinefrina, cortisol e ACTH; modificações gastrointestinais; e acidose metabólica materna.

    Em 1933, Read publicou um livro sobre “parto Natural”, refundido em

    1944 com o nome de “Parto sem medo”. Em sua teoria a dor do parto

    não existe, o sofrimento referido pela mulher civilizada é fruto do

    medo que lhe foi incutido desde a infância, exacerbado durante a

    gestação por informações pessimistas e falsas (REZENDE, 2002).

    Segundo Guyton (2002), a dor no início do trabalho de parto tem característica de uma cólica,

    é provavelmente causada pela hipóxia do músculo uterino decorrente da compressão dos

    vasos sanguíneos do útero. Durante a segunda fase do parto a dor é muito mais intensa,

    provocada pelo estiramento cervical, perineal e de estruturas do próprio canal vaginal. Essa

    dor é conduzida até a medula espinhal e ao cérebro por meio dos nervos somáticos, e não

    pelos nervos sensitivos viscerais.

    Davim (2007), constatou que a dor do parto varia de acordo com sua evolução. A dor visceral,

    vinda das contrações do útero e da dilatação cervical, que é transmitida via fibras aferentes

    simpáticas, é a dor do primeiro estágio. A dor desse estagio é transmitida por fibras viscerais

    aferentes A delta e C, que se originam na parte lateral e no fundo do útero, chegando a medula

    espinhal no nível de T10-L1, através do plexo hipogástrico e aórtico. No segundo estagio do

    prato a dor é advinda do corpo do útero, da continuidade da distensão da cérvice até chegar a

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    sua dilatação total, da pressão exercida pelo feto sobre a pelve, do estiramento da fáscia e

    tecidos subcutâneos do canal do parto, da distensão do períneo e pressão nos músculos do

    assoalho pélvico. Nesse momento a dor será transmitida pelo nervo pudendo na altura das

    vértebras S2, S3 e S4, e tem características somáticas. No primeiro estagio a dor é mal

    localizada e difusa, enquanto no segundo é intensa e bem localizada.

    Almeida (2005), afirma que existem várias escalas para avaliação de dor como a escala

    analógica visual (Visual Analogue Scale – VAS), as escalas numéricas, as escaldas de

    categorias de expressões verbais e de representação gráfica não numérica (de faces, copos,

    cores, dentre outros). Elas são unidimensionais e não avaliam outras variáveis (padrão

    cultural, experiências pregressas, significado das situações, personalidade, atenção, emoções,

    contingência de reforço) que modificam a expressão de dor. A VAS é uma escala de fácil

    compreensão ao paciente. É provida de instruções claras e conceitos simples, permitindo

    aplicação rápida com intervenção mínima.

    De acordo com Davim (2009), tanto, é de fundamental importância que as mulheres podem

    fazer uso de métodos farmacológicos e não farmacológicos, no alivio da dor, incluindo o

    apoio de profissionais de saúde, companheiros (as) e familiares, antes e durante o trabalho de

    parto.

    Com respaldo das instituições governamentais, tendo em vista os

    benefícios destas terapias não medicamentosas, deveria se esperar que

    os profissionais atuantes nos processos de cuidado à parturiente

    oferecessem e utilizassem com frequência tais métodos. Contudo,

    observa-se no cotidiano da prática assistencial que estes cuidados

    estão ocorrendo de forma tímida no setor privado, onde prevalecem as

    intervenções cirúrgicas, constatado pelo índice de cesarianas, e no

    setor público pela pouca aplicabilidade das tecnologias leves (SILVA,

    2011).

    Ferreira (2011), relata que sendo diagnosticado o trabalho de parto, a dor deve ser avaliada,

    podendo trazes danos a mãe e/ou feto. Existem três métodos de tratamento da dor:

    farmacológicos sistêmicos, farmacológicos regionais e não-farmacológicos. Este ultimo deve

    ser valorizado pois não tem efeitos colaterais, podem ser associados, diminui o consumo de

    anestésico sistêmico, retarda o inicio de técnicas farmacológicas regionais e a paciente e seu

    companheiro podem participar do parto de forma ativa.

    Camano (2005), constatou que o alivio da dor proporciona conforto materno e controle do

    estresse. Para controlar a dor encontram-se os métodos não-farmacológicos, a analgesia

    sistêmica e os bloqueios regionais. As técnicas de analgesia mais utilizadas são a peridural

    continua, no duplo bloqueio (associação raquiperidural) e a raquianestasia.

    Ferreira (2011), afirma que a analgesia farmacológica mais conhecida é a peridural, que

    provoca grande alivio para gestante. Porém, sua administração tem sido responsabilizada por

    efitos adversos como hipotensão materna secundaria ao bloqueio simpático e relaxamento dos

    músculos do assoalho pélvico e abdominais, provocando dificuldade na rotação interna do

    polo cefálico fetal dentro do canal de parto e o aumento no tempo expulsão do bebê,

    favorecendo o aumento das taxas de parto fórcipes.

    A gravidez impõem profundas alterações fisiológicas que podem

    comprometer a segurança da parturiente durante a anestesia e as

    intervenções obstétricas. Nesse contexto aumenta a toxicidade aos

    anestésicos locais e diminui o sucesso das manobras de reanimação

    (CAMANO, 2005).

    Segundo Davim (2007), mesmo que cada mulher responda a dor do parto de forma diferente,

    as técnicas não-farmacologias podem ajudar a reduzir a sensação dolorosa. Para que se possa

    agir de maneira adequada é preciso entender o tipo de dor sentida durante o parto, os fatores

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    físicos e psicológicos que influenciam nessa percepção e como a observação do padrão

    comportamental podem esclarecer a resposta de uma parturiente à dor. É de relevante

    importância adequação da atuação dos profissionais de saúde na assistência as parturientes,

    visando melhorar as relações interpessoais entre profissional-parturiente-família, favorecendo

    assim um processo parturitivo menos doloroso e tenso.

    Davim (2009), relata que é de grande importância que as gestantes possam fazer uso de

    métodos farmacológicos e não-farmacológicos para o alívio da dor, incluindo a apoio das

    pessoas que estão ao seu redor. Os métodos não-farmacológicos, também considerados não

    invasivos, podem reduzir a sensação dolorosa, diminuindo assim a necessidade da utilização

    de métodos farmacológicos, melhorando a experiência vivida durante o parto.

    De acordo com Camano (2005), entre os métodos não farmacológicos podemos citar a

    psicoprofiláticas, a hipnose, a acupuntura e a estimulação elétrica transcutânea. Elas auxiliam

    na analgesia, porem são insuficientes para bloquear toda estimulação nociva do parto, quando

    utilizados de forma isolada.

    Segundo Nelson (2003), o primeiro relato de uso da eletricidade para o alívio da dor aparece

    no Compositiones Medicae, escrito em 46 d.C. por Scribonis Largus, um médico romano. Um

    peixe-torpedo vivo (também chamado de enguia elétrica) foi usado para anestesiar a parte

    afetada do corpo.

    De acordo com Kitchen (2003), o desenvolvimento de geradores eletrostáticos no século

    XVII aumentou o uso da eletricidade na medicina, embora sua popularidade tenha declinado

    no século XIX e início do século XX devido a resultados clínicos variáveis e ao

    desenvolvimento de tratamentos alternativos.

    Nelson (2003), relata que em 1967, Wall e Sweet testaram a hipótese central da teoria das

    comportas para o controle da dor. Eles relataram a abolição temporária da dor crônica por

    meio da estimulação elétrica de nervos periféricos, usando eletrodos sobre a superfície da

    pele. Essa técnica tornou-se logo conhecida como estimulação elétrica nervosa transcutânea

    (TENS). Para o tratamento de dores agudas a TENS tem sido utilizada nas salas de

    emergência, durante procedimentos cirúrgicos menores, pós-operatório, durante o trabalho de

    parto, lesões medulares agudas e nas lesões desportivas.

    Kitchen (2003), afirma que Shealy, Mortimer e Reswick (1967) encontraram que a

    estimulação elétrica das colunas dorsais, que formam a via de transmissão central dos

    aferentes periféricos de diâmetro largo, também produzia alívio da dor. Por definição,

    qualquer dispositivo de estimulação que emita correntes elétricas através da superfície intacta

    da pele é TENS.

    Segundo Bisschop (2001), as correntes fornecidas foram definidas por Mannheimer et al.,

    sendo por esse motivo é conservado o nome original. As aplicações são principalmente

    antálgicas, mas a utilização com finalidade exitomotora é possível no que se refere aos

    músculos não denervados.

    O TENS é um recurso não-farmacológico para o alívio da dor aguda e

    crônica, baseado na Teoria das Comportas, que consiste na aplicação

    de eletrodos percutâneos que emitem uma corrente elétrica com forma

    de onda tipicamente bifásica, simétrica ou assimétrica com o objetivo

    de excitar as fibras nervosas, com mínimos efeitos adversos para o

    paciente (CANESIN, 2010).

    Ferreira (2007), contatou que a estimulação elétrica nervosa transcutânea apresenta, como

    principal efeito, a analgesia. Apesar de não estar completamente elucidado seu mecanismo

    fisiológico de ação, é postulado que o estimulo elétrico através da pele inibiria as

    transmissões dos impulsos dolorosos através da medula espinhal, bem como a liberação de

    opiácios endógenos, como endorfinas, pelo cérebro ou medula espinhal.

  • 7

    De acordo com Silverthorn (2003), os sinais aferentes para a dor são carreados a partir de dois

    tipos de fibras. A dor rápida, descrita como aguda e localizada, é transmitida rapidamente por

    fibras Aδ (A-delta). A dor lenta, descrita como difusa e espalhada, é levada por fibras C.

    Kahn (2001), relata que com a TENS, uma corrente elétrica é aplicada às terminações

    nervosas na pele, as quais viajam até o cérebro através de fibras nervosas seletivas (i.e., fibras

    A) ou por processadores de informações espaciais proprioceptivos. Essas fibras devem passar

    por um segmento da medula espinhal, a substância gelatinosa, que contém células

    especializadas envolvidas na transmissão neural. As células T também servem como junções

    de transmissão para que essas fibras conduzam sensações ascendentes de dor até o tálamo, ou

    o “centro da dor” do cérebro.

    Kitchen (2003), descreveu que as fibras nervosas de diâmetro largo, como as Aβ e Aα, têm

    baixo limiar de ativação por estímulos elétricos quando comparadas com as fibras

    equivalentes de diâmetro pequeno Aδ e C. A amplitude de corrente necessária para excitar

    uma fibra nervosa declina com o aumento da duração de pulso e com o aumento da freqüência

    de pulso.

    Segundo Kahn (2001), as pequenas fibras C têm uma velocidade de transmissão

    consideravelmente menor que a das fibras A, assim o sinal ao longo das fibras A normalmente

    alcançam o cérebro antes da transmissão das fibras C. Ambas devem passar pelas mesmas

    células T da medula espinhal. Se a célula T é considerada como uma comporta, é concebível

    que uma sobrecarga de transmissão das fibras A possa bloquear a transmissão mais lenta das

    fibras C.

    Ferreira apud Ribas (2008), relata que para a obtenção de resultados satisfatórios, com a

    utilização da TENS, é preciso que os eletrodos sejam posicionados, adequados e acoplados

    em áreas anatômicas e fisiologicamente relacionadas à dor.

    De acordo com Nelson (2003), os sistemas de estimulação elétrica nervosa transcutânea são

    normalmente comercializadas na forma de um “kit” consistindo da unidade de TENS, uma

    fonte de energia, cabos, eletrodos, manual de instruções, maleta e, eventualmente gel para uso

    com eletrodos e fita adesiva.

    Kitchen (2003), constatou que os principais tipos de TENS descritos na literatura são TENS

    convencional, TENS acupuntura e TENS breve-intensa. Atualmente, a TENS convencional

    continua sendo o método mais comumente utilizado para emitir correntes na prática clínica.

    Maciel (2008), afirma que a TENS de alta freqüência e baixa duração de pulso é conhecida

    como TENS convencional, promove um tipo de estimulação tátil capaz de ativar as fibras de

    grosso calibre e diminuir a sensação dolorosa. Sua ação pode ser explicada pela teoria da

    comporta da dor e seu efeito analgésico é local, realizando-se no segmento medular

    correspondente ao dermátomo estimulado. O conhecimento geral da TENS tem acentuado o

    seu uso na administração da dor neurogênica e pode ser analisada a mais comum e importante

    forma de eletroanalgesia.

    Kitchen (2003), relata que a meta da TENS convencional é ativar seletivamente fibras Aβ de

    diâmetro largo sem ativar concorrentemente fibras de pequeno diâmetro Aδ e C ou eferentes

    musculares.

    Segundo Nelson (2003), o modo convencional é geralmente caracterizado por uma alta

    freqüência e por uma baixa amplitude de estimulação.

    De acordo com Bisschop (2001), as fibras nervosas de condução rápida são estimuladas de

    forma contínua com freqüência situada entre 50 e 150 Hz, com durações de impulso entre

    0,04 e 0,2 ms. A intensidade não deve provocar contrações musculares, mas deve causar

    percepções parestésicas não desagradáveis na zona álgica.

    Kitchen (2003), afirma que a maioria dos comentaristas acredita que a TENS acupuntura deve

    ser definida como a indução de contrações musculares fásicas, porém não-dolorosas, nos

    miótomos relacionados com a origem da dor.

  • 8

    Nelson (2003), constatou que este modo é caracterizado por uma alta amplitude e por uma

    baixa freqüência de estímulo. A freqüência de estimulação é menor que 10 pps, mais

    comumente na faixa de 1 a 4 pps. A duração de pulso varia normalmente de 100 a 300 µs, a

    qual pode ser de média a máxima no ajuste do controle.

    De acordo com Kirchen (2003), a meta da TENS breve-intensa é ativar aferentes cutâneos Aδ

    de pequeno diâmetro, emitindo a TENS sobre os nervos periféricos que se originam no local

    da dor em uma intensidade que seja apenas tolerável para o paciente.

    Segundo Nelson (2003), a amplitude é ajustada para produzir contração muscular, com os

    ajustes mais altos levando a contrações musculares tetânicas desconfortáveis e os ajustes mais

    baixos causando fasciculações musculares não ritmadas. Qualquer um dos ajustes deve

    também produzir uma sensação de parestesia.

    Bisschop (2001), relata que os pulsos são de duração bastante grande (0,15 a 0,5), com

    freqüência que pode ser escolhida entre 50 e 150 Hz. A intensidade corresponde ao limiar da

    dor, à pré-dor (pré-pain). Os eletrodos são colocados no local da dor ou ligeiramente acima da

    zona álgica.

    Nelson (2003), contatou que o TENS burst tem sido utilizado em uma tentativa de aumentar a

    receptividade do paciente à estimulação de alta amplitude, pois alguns pacientes tiveram

    dificuldades em tolerar as “pancadas” de estimulação muscular produzidas pelo modo de

    baixa freqüência/ alta intensidade (TENS acupuntura). Esse modo é caracterizado por altas

    frequências da onda portadora, por exemplo, 60 a 100 pps moduladas em trens de pulso de

    baixa frequência (0,5 a 4 pps). A duração de pulso pode variar de 50 até 200 µs.

    Kitchen (2003), afirma que no uso da TENS em obstetrícia aplica-se os eletrodos em áreas da

    medula espinhal que correspondem à entrada dos aferentes nociceptivos associados com o

    primeiro e o segundo estagio do parto. Segundo Baracho 2007, os eletrodos devem ser

    posicionados na região paravertebral, um par a nível de T10 a L1 (corresponde a inervação do

    útero e cérvix) e outro a nível de S2 a S4 (corresponde a inervação do canal do parto e

    assoalho pélvico).

    Dois pares de eletrodos localizados bilateralmente nos pontos de acupuntura Li4(ponto médio

    entre o primeiro e o segundo osso do carpo, na região dorsal da mão) e Sp6 (5 cm acima do

    maléolo medial) (MARQUES, 2011).

    Kahn (2001), relata que dentre os parâmetros a frequência deve ser alta (80 a 120 Hz), a

    largura de pulso deve ser media (150 µs), a amplitude deve ser confortável porem baixa

    aumentando de acordo com as contrações.

    De acordo com Ferreira (2011), existem muitos estudos na literatura a respeito da utilização

    da TENS, no entanto, a aceitação da técnica pelas gestantes é variável. Foi realizada uma

    revisão sistemática da Cochrane envolvendo 19 estudos e 1671 gestantes, com relação ao

    posicionamento dos eletrodos. Em 15 estudos os eletrodos foram posicionados na região

    lombar, 2 em pontos de acupuntura e em mais 2 no crânio. A técnica não provocou nenhum

    efeito adverso, melhorou o sintoma doloroso quando utilizada em pontos de acupuntura, nos

    demais estudos não reduziu significativamente a dor. Concluiu-se que é importante manter

    esse recurso disponível para as gestantes poderem optar pela sua aplicação.

    Baracho (2007), constatou que muitas maternidades não dispõem do serviço da fisioterapia,

    em virtude disso, os profissionais que acompanham as gestantes no período pré-natal devem

    orientá-las sobre os procedimentos durante o trabalho de parto. Para o controle da dor podem

    ser utilizadas medidas farmacológicas e não- farmacológicas, com a TENS.

    Segundo estudos realizados, o uso da TENS no trabalho de parto atua

    eficientemente no alivio da dor, podendo também reduzir a duração da

    fase de dilatação e a dose de anestésico farmacológico, alem de não de

    na trazer prejuízo materno fetal (MARQUES, 2011).

  • 9

    O uso de corrente elétrica para produzir bloqueio periódico seletivo (anódino) tem referencias

    favoráveis no parto. Usam-se eletrodos bipolares e as fibras nervosas serão bloqueadas pelo

    breve fluxo de corrente oriunda do anódio (REZENDE, 2002).

    Mazzali (2008), afirma que o TENS é utilizado nas gestantes em trabalho de parto, gerando

    uma analgesia local diminuindo o incomodo da dor. Os eletrodos são posicionados no lugar

    de maior concentração de dor, que é a região lombo-sacral. O uso de drogas farmacológicas

    para o alivio da dor, como a anestesia peridural e raquidiana, são retardadas com a utilização

    da TENS.

    Segundo Marques (2011), a falta de estudos científicos sofre a utilização da TENS em outras

    fases da gestação, restringe a utilização da técnica ao trabalho de parto. Durante o parto a

    TENS pode ser aplicada de forma continua ou apenas durante as contrações, a própria

    gestante pode acionar o aparelho manualmente, mas apenas nos modelos que possuem essa

    função. 3. Metodologia

    Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica onde a coleta de dados foi realizada no

    periode entre Maio de 2011 e Maio de 2012, na qual foram utilizados livros da Universidade

    Federal de Roraima e da Faculdade Cathedral. Os artigos científicos selecionados foram

    coletados dos bancos de dados da Bireme, Scielo, Lilacs e Google Acadêmico, e de revistas

    cientificas. As referências bibliográficas datam de 2001 à 2011.

    A busca nos bancos de dados foi realisada através das palavras-chave: TENS, Eletroterapia,

    Trabalho de Parto, Dor, Alivio da Dor, Medo da Dor. Foram selecionados trabalhos que

    correlacionassem o trabalho de parto com a dor relatada pelas parturientes, a utilização de

    TENS para o alívio das dores agudas e crônicas, técnicas fisioterapêuticas utilizadas para o

    alivio da dor, e a relação entre o medo da dor e o parto.

    O principal motivo para escolha do objeto de pesquisa foi a falta de trabalhos científicos que

    demonstrem a efetividade da utilização da técnica nas gestantes em trabalho de parto normal,

    tendo em vista que a TENS em um recurso fisioterapêutico de fácil aplicação, não-invasivo,

    não-farmacológico e de baixo custo.

    4. Discussão

    Esse estudo teve como finalidade investigar o efeito da utilização da TENS na diminuição do

    processo álgico de pacientes em trabalho de parto. De acordo com os dados coletados, os

    resultados se mostraram positivos, confirmando o que foi descrito por Ferreira (2007), que

    afirma que a estimulação neuromuscular transcutânea apresenta, como principal efeito, a

    analgesia.

    As mulheres precisam ser bem instruídas durante o pré-natal quanto ao tipo de parto que pode

    vir a ser realizado e quais serão os primeiros sinais do inicio desse trabalho de parto. De

    acordo com Rezende (2002) durante as primeiras contrações o medo determina forte tensão o

    que gera a impressão de dor, criando-se assim a tríade: medo-tensão-dor. A dor aumenta o

    medo; esse intensifica a tensão e a dor, criando assim um circulo vicioso que pode levar a

    verdadeiro terror e pânico.

    Ruano (2007) relata que o medo de sentir dor é muito difundido pelas mulheres nos dias

    atuais. Em algumas, a dor do parto é bastante intensa, sofrida, desgastante e aterrorizante, o

    que as faz tentar driblar esta dor optando pela analgesia e cesárea, que poderiam aliviar o

    sofrimento.

    Podemos considerar o medo da dor umas das causas que vem desencadeado o grande aumento

    nas taxas de cesariana mundialmente, banalizando o procedimento. Mandarino (2009), afirma

    que a cesariana, outrora considerada um procedimento de exceção, indicada em situações de

    risco de vida para a gestante e/ou feto, é na atualidade um procedimento cirúrgico na maioria

  • 10

    das vezes programado, sem a identificação médica de nenhum risco definido, cuja escolha é

    frequentemente atribuída à gestante.

    Segundo Polden (2005), toda mãe tem o direito de ser aconselhada e de poder escolher qual

    método julga mais apropriado para o nascimento do seu filho e sua decisão deve ser acatada,

    desde que não provoque nenhum tipo de dano a sua saúde ou a do bebê.

    De acordo com Ferreira (2011), estudos mostram que a dor do prato pode ser considerada

    insuportável para maioria das mulheres. A dor pode causar varias alterações, como:

    hiperventilação materna, podendo causar hipoxemia e desaceleração dos batimentos cardíacos

    do feto; aumento do debito cardíaco materno; aumento dos níveis de epinefrina,

    norepinefrina, cortisol e ACTH; modificações gastrointestinais; e acidose metabólica materna.

    As mulheres não necessitam passar por processos tão traumáticos e que possam proporcione

    tanta dor e risco tanto para sua vida quanto para a vida do seu bebê. Precisam ser amparadas e

    respeitadas no seu momento mais intimo, tendo o direito de ser assistida por uma equipe

    multidisciplinar que trabalhe em prol do seu bem estar físico e mental.

    A fisioterapia dispõe de técnicas que podem auxiliar no alivio da dor da parturiente, como

    afirma Ferreira (2011), que existem varias técnicas que podem ser utilizadas pelo

    fisioterapeuta, cabe a ele optar pela mais adequada para cada fase e paciente. A TENS é uma

    delas, no entanto existe a necessidade de ter esse profissional incluso na equipe de saúde

    responsável pelo atendimento a gestante na hora do parto, o que não é visto na maioria das

    maternidades, como contatou Baracho (2007), muitas maternidades não dispõem do serviço

    da fisioterapia.

    Davim (2009), relata que é de grande importância que as gestantes possam fazer uso de

    métodos farmacológicos e não-farmacológicos para o alívio da dor.

    Porém a utilização de métodos farmacológicos como as anestesias peridural e raquianestesia

    podem provocar reações indesejadas desfavorecendo a evolução do trabalho de parto, como

    foi contatado por Ferrira (2011), que sua administração tem sido responsabilizada por efitos

    adversos como hipotensão materna secundaria ao bloqueio simpático e relaxamento dos

    músculos do assoalho pélvico e abdominais, provocando dificuldade na rotação interna do

    polo cefálico fetal dentro do canal de parto e o aumento no tempo expulsão do bebê,

    favorecendo o aumento das taxas de parto fórcipes.

    De acordo com Davim (2009), os métodos não-farmacológicos, também considerados não

    invasivos, podem reduzir a sensação dolorosa, diminuindo assim a necessidade da utilização

    de métodos farmacológicos, melhorando a experiência vivida durante o parto.

    A TENS é um método não farmacológico, de baixo custo, que não necessita de procedimento

    invasivo e de fácil aplicação, que tem sua ação fundamentada na teoria das comportas da dor,

    como afirma Nelson (2003), que em 1967, Wall e Sweet testaram a hipótese central da teoria

    das comportas para o controle da dor. Eles relataram a abolição temporária da dor crônica por

    meio da estimulação elétrica de nervos periféricos, usando eletrodos sobre a superfície da

    pele.

    Kahn (2001) e Kitchen (2001) relatam que fibras nervosas de diâmetro largo, como as Aβ e

    Aα, têm baixo limiar de ativação por estímulos elétricos quando comparadas com as fibras

    equivalentes de diâmetro pequeno Aδ e C. Ambas devem passar pelas mesmas células T da

    medula espinhal. Se a célula T é considerada como uma comporta é concebível que uma

    sobrecarga de transmissão das fibras A possa bloquear a transmissão mais lenta das fibras C. 5. Conclusão

    De acordo com as referências pesquisadas a utilização da TENS durante o trabalho de parto,

    com o intuito de proporcionar um maior relaxamento e assim favorecer a ocorrência de um

    parto menos doloroso, mostrou-se positiva.

  • 11

    A aplicação da TENS mostrou ser de baixo custo, fácil aplicação e segura, por ser uma

    técnica não invasiva, o que pode vir a favorecer sua implantação e utilização dentro das

    maternidades pelo fisioterapeuta, quando inserido na equipe.

    Um ponto a ser considerado é a falta de profissionais fisioterapeutas dentro da equipe de

    saúde que presta atendimento a essas parturientes. A fisioterapia dispõe de varias técnicas de

    relaxamento e respiração que associadas ao uso da TENS podem otimizar o efeito da mesma,

    aumentando a possibilidade de um trabalho de parto menos traumático.

    A positividade da pesquisa vem apontar a TENS como mais uma sugestão fisioterapêutica de

    incremento para assistência as mulheres durante o trabalho de parto. Contudo, é preciso

    ressaltar a necessidade de um maior número de pesquisas, em especial experimentais, que

    possam vir a reforçar a efetividade da técnica.

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