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PRINCIPAIS CULTIVARES DE UVAS FINAS DE MESA Uva de Mesa Produção INTRODUÇÃO As uvas finas de mesa englobam cultivares da espécie Vitis vinifera L., de ori- gem européia, que são sensíveis às doenças fúngicas e altamente exigentes em tratos culturais. Todas as cultivares exportadas estão incluídas nesse grupo ou são lubridas entre elas e alguma outra espécie. As uvas de mesa devem apresentar características apreciadas para o consumo in natura. Os cachos devem ser atraentes, resistentes ao transporte e ao manuseio, ter sabor agradável e boa conservação pós- colheita. A forma ideal do cacho é a cônica, especialmente para o mercado externo, embora seja comum a presença de cachos cilíndricos, com tamanho médio de 15 a 20 cm e peso superior a 300 g. Os cachos devem ser cheios, mas não compactos. Em cultivares de cachos compactos, como, por exemplo, a 'Itália', o raleio é uma prática fundamental para promover uma redução na sua compacidade natural. As bagas devem ser grandes e uniformes, com diâmetro igualou maior que 18 mm para cultivares sem sementes e 24 mm para as que têm sementes. A polpa deve ser firme, com película e engaço resisten- tes e boa aderência das bagas ao pedicelo. As bagas devem ser limpas, sem manchas provocadas por insetos, doenças, danos mecânicos ou defensivos. A ausência de sementes é uma característica desejada para o consumo in natura. A cor das bagas - verde, verde-amarelada, vermelha ou preta,- é um aspecto importante na comer- Frutas do Brasil, 13 Patrícia Coelho de Souza Leão cialização. É importante que a cor seja inten- sa, brilhante e uniforme, característica vari- . etal, mas que sofre influência do clima e das .•. ' práticas culturais. O sabor da polpa, deter- minado pela classe e pela qualidade das substâncias voláteis presentes, pode ser agru- pado em quatro tipos: neutro, especial, foxado e moscatel. As uvas podem ainda ser doces ou ácidas, de acordo com a relação existente entre açúcares e ácidos, e mais ou menos adstringentes, dependendo dos teo- res de tanino. CULTIVARES DE UVA PARA PORTA-ENXERTOS Os principais critérios a serem obser- vados na seleção do porta-enxerto de videi- ra são: resistência a filoxera e a nematói- des; adaptação aos solos ácidos, calcários ou salinos; adaptação à seca ou à umidade excessiva do solo; resistência a doenças fúngicas de folhagem; tolerância à defi- ciência nutricional; boa afinidade com a variedade produtora; compatibilidade na enxertia; facilidade de enraizamento e de pegamento na enxertia. Cada porta-enxerto adapta-se a de- terminadas condições de solo e clima e se comporta diferentemente segundo a vari- edade enxertada. Existem centenas de cultivares obti- das para adaptação a diferentes condições ambientais. No Submédio do Vale do São Francisco, os porta-enxertos que têm apre- sentado comportamento satisfatório para uvas de mesa com sementes, são lubridos

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PRINCIPAISCULTIVARES DEUVAS FINASDE MESA

Uva de Mesa Produção

INTRODUÇÃOAs uvas finas de mesa englobam

cultivares da espécie Vitis viniferaL., de ori-gem européia, que são sensíveis às doençasfúngicas e altamente exigentes em tratosculturais. Todas as cultivares exportadasestão incluídas nesse grupo ou são lubridasentre elas e alguma outra espécie.

As uvas de mesa devem apresentarcaracterísticas apreciadas para o consumoin natura. Os cachos devem ser atraentes,resistentes ao transporte e ao manuseio,ter sabor agradável e boa conservação pós-colheita. A forma ideal do cacho é a cônica,especialmente para o mercado externo,embora seja comum a presença de cachoscilíndricos, com tamanho médio de 15 a20 cm e peso superior a 300 g. Os cachosdevem ser cheios, mas não compactos.Em cultivares de cachos compactos, como,por exemplo, a 'Itália', o raleio é umaprática fundamental para promover umaredução na sua compacidade natural.As bagas devem ser grandes e uniformes,com diâmetro igualou maior que 18 mmpara cultivares sem sementes e 24 mmpara as que têm sementes. A polpa deveser firme, com película e engaço resisten-tes e boa aderência das bagas ao pedicelo.As bagas devem ser limpas, sem manchasprovocadas por insetos, doenças, danosmecânicos ou defensivos. A ausência desementes é uma característica desejadapara o consumo in natura. A cor das bagas- verde, verde-amarelada, vermelha oupreta,- é um aspecto importante na comer-

Frutas do Brasil, 13

Patrícia Coelho de Souza Leão

cialização.É importante que a cor seja inten-sa, brilhante e uniforme, característica vari- .etal, mas que sofre influência do clima e das .•.'práticas culturais. O sabor da polpa, deter-minado pela classe e pela qualidade dassubstâncias voláteis presentes, pode ser agru-pado em quatro tipos: neutro, especial,foxado e moscatel. As uvas podem ainda serdoces ou ácidas, de acordo com a relaçãoexistente entre açúcares e ácidos, e mais oumenos adstringentes, dependendo dos teo-res de tanino.

CULTIVARES DE UVA PARAPORTA-ENXERTOS

Os principais critérios a serem obser-vados na seleção do porta-enxerto de videi-ra são: resistência a filoxera e a nematói-des; adaptação aos solos ácidos, calcáriosou salinos; adaptação à seca ou à umidadeexcessiva do solo; resistência a doençasfúngicas de folhagem; tolerância à defi-ciência nutricional; boa afinidade com avariedade produtora; compatibilidade naenxertia; facilidade de enraizamento e depegamento na enxertia.

Cada porta-enxerto adapta-se a de-terminadas condições de solo e clima e secomporta diferentemente segundo a vari-edade enxertada.

Existem centenas de cultivares obti-das para adaptação a diferentes condiçõesambientais. No Submédio do Vale do SãoFrancisco, os porta-enxertos que têm apre-sentado comportamento satisfatório parauvas de mesa com sementes, são lubridos

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obtidos no Instituto Agronômico de Cam-pinas - IAC. Entretanto, outros porta-enxertos devem ser testados, pois cadacultivar copa poderá apresentar desen-volvimento distinto, dependendo do por-ta-enxerto utilizado, em virtude da influ-ência recíproca edo grau de afinidadeexistente entre ambos, além da ne-cessidade de se aumentar o elenco dealternativas de porta-enxertos para essaregião. Os principais porta-enxertos culti-vados no Submédio do Vale do São Fran-cisco são: IAC 313 ou 'Tropical', IAC 572ou '[ales' e IAC 766 ou 'Campinas'. Entre-tanto, outros importantes porta-enxertostambém estão sendo pesquisados, tais como:Salt Creek, Dog Ridge, Courdec 1613,Harmony, 420-A, Paulsen 1103 e S04.

CULTIVARES DE UVACOM SEMENTESItália ou Pirovano 65

É resultante do cruzamento entreBicane x Moscatel de Hamburgo, por An-gelo Pirovano, em 1911, na Itália. Princi-pal cultivar de uvas finas de mesa doBrasil, concentra sua produção nos Esta-dos de São Paulo, norte do Paraná, MinasGerais, Pernambuco e Bahia. No Nordes-te Semi-Árido brasileiro, esta é ainda aprincipal cultivar utilizada. A planta apre-senta vigor mediano, maior fertilidade apartir da 4a gema, adequando-se ao tipo depoda média (7 a 8 gemas), ciclo fenológico

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de aproximadamente 120 dias, e produti-vidade média de 30 t/ha/ ano, podendoatingir até 50 t/ha/ ano, em parreirais bemmanejados. ~ bastante sensível às doen-ças fúngicas. Os cachos são grandes, compeso médio de 450 g, cilíndrico-cônicos,alongados, alados e muito compactos, comboa resistência ao transporte e arma-zenamento. As bagas são grandes (8 a12 g), podendo atingir mais de 23 mm dediâmetro, cor verde-amarelada, ovaladas,consistência carnosa, sabor neutro leve-mente mos;:atel e boa aderência ao pedi-celo (Fig. 1).

Uva de Mesa Produçiío

Fig. 1. Cultivar Itália.

Piratininga

Originada de mutação somáticada variedade IAC 842-4 (Eugênio).Apresenta vigor mediano, desenvol-vimento vegetativo abundante, ramosvigorosos, folhas verde-claras, inflores-cências grandes e flores hermafroditasperfeitas. Cachos médios a grandes, compeso médio entre 300 e.400 g, cônicos,medianamente compactos, necessitan-do de raleio menos intenso que a 'Itália'.As bagas são de cor róseo-escuras, ovais,grandes, carnosas, sabor neutro, e apre-sentam mediana aderência ao pedicelo.No período chuvoso, as bagas desta-cam-se facilmente do engaço, emvirtude da ruptura da película em tor-no do pedicelo. Considerada há algunsanos como a principal uva vermelhaproduzida no Submédio São Francisco,atualmente foi substituída por outras,como a Red Globe e Benitaka, commelhores características de tamanho decachos e bagas, aderência ao pedicelo econservação pós-colheita, deixando,portanto, de ser uma cultivar reco-mendada para essa região (Fig. 2).

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Fig. 2. Cultivar Piratininga.

Red GlobeFoi obtida pelo Dr. H.P Olmo, na Uni-

versidade da Califórnia, em Davis, pormeio das seguintes hibridações: (Hunisiax Emperor) x (Hunisia x Emperor xNocera), lançada para o cultivo comercialem 1980. No Submédio do Vale do SãoFrancisco, essa cultivar apresenta vigormediano a elevado quando enxertada so-bre porta-enxerto IAC 572, exigindo podamais longa (9 a 15 gemas). Os cachos sãograndes, soltos, com excelente aspectovisual. As bagas são arredondadas, muitograndes (12 a 13 g), podendo atingir diâ-metros superiores a 25 mm, de coloraçãorosada, textura firme, sabor neutroinexpressivo e boa aderência ao pedicelo.A irregularidade de produção em safrasconsecutivas e a elevada sensibilidade àdesidratação da baga e engaço, especial-mente na fase de pegamento do fruto, sãoalguns dos problemas associados a essa c~-tivar, nas condições do Submédio SãoFrancisco. Entretanto, o principal fatorlimitante para a utilização desta cultivarnos últimos anos tem sido a elevada sen-sibilidade ao cancro bacteriano causadopor Xanthomonas campestris pv. viticola,quando as condições de alta umidade rela-tiva e precipitações favorecem o desen-volvimento da doença. Por esse motivo, é

Frutas do Brasil, 13

importante evitar a poda da planta sob es-sas condições climáticas (Fig. 3).

Fig. 3. Cultivar Red Globe.

BenitakaOriginada de mutação somatica na

cultivar Itália, descoberta numa fazen-da, no município de Floraí, norte doParaná, foi lançada em 1991, e passoua ser cultivada no Submédio do Vale doSão Francisco, em 1994, aproximadamen-te. Destaca-se pelo intenso desenvolvi-mento da coloração rosado-escura, mes-mo quando ainda imatura, em qualquerépoca do ano. Os cachos são grandes,com peso médio de aproximadamente400 g e bagas grandes (8 a 12 g). A polpaé crocante, com sabor neutro. Apresentaboa conservação pós-colheita. Essas ca-racterísticas fazem da 'Benitaka' a uvade cor que mais vem despertando o in-teresse dos produtores do Submédiodo Vale do São Francisco nos últimosanos (Fig. 4).

BrasilOriginada de mutação somanca na

cultivar Benitaka, surgiu na mesma fazendaonde esta se originou. Apresenta-se muitoatrativa ao consumo, pois adquire umacoloração preta mais intensa e uniformeque as suas irmãs 'Benitaka' e 'Rubi', mesmoem condições de clima quente. Outra ca-racterística marcante que a diferencia deoutras cultivares de mesa é a coloração ver-melho-escura da polpa. As característicasda planta e frutos (cachos e bagas) da 'Brasil'são semelhantes às da 'Itália' e 'Benitaka'.A 'Brasil' pode ser considerada uma cultivar

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Figo 40 Cultivar Benitaka.

emergente no Submédio do Vale do SãoFrancisco. Embora pouco conhecida,apresenta-se -como uma opção de uva decor preta, especialmente para o mercado ~interno (Fig. 5).

Figo 50 Cultivar Brasil.

PatríciaHíbrido IAC de terceira geração, des-

cendendo do cruzamento da IAC 501-6(Soraya) com IAC 544-14, que, por suavez, foi obtido do cruzamento entre IAC339-21 (Moscatel Rosado x Vitis smalliana)e IAC 287-2 (Niágara rosada x Jumbo).As plantas são produtivas (superior a

Uva de Mesa Produção I"7 kg/planta) e muito vigorosas. Devem serconduzidas em poda longa com 9 a 12gemas. Seus cachos são grandes, entre350 e 500 g, cilíndricos, muito compac-tos, com boa aderência ao pedicelo,engaços fortes, bem desenvolvidos e ra-mificações abundantes. Apresenta menorsensibilidade às doenças fúngicas e boaconservação pós-colheita. As bagas sãopequenas, arredondadas, de cor vermelho-escura, textura crocante, sabor neutro, le-vemente herbáceo, casca espessa, que as-segura grande resistência a rachaduras.Não necessita de raleio de bagas, vanta-gem que reduz o custo de produção. Suacomercialização está restrita ao mercadointerno (Fig. 6).

I..

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Figo 60 Cultivar Patrícia.

Alphonse Lavallée ou Ribier, Dattierde Beirouth e Christmas Rose são outrascultivares com sementes, de menorimportância econômica no Submédio doVale do São Francisco.

CULTIVARES DE UVASEM SEMENTES

A apirenia (ausência de sementes) éuma característica das mais desejáveis parao consumo da uva in natura, pois a culti-var sem sementes alcança preços mais

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elevados que as tradicionais uvas comsementes. Observa-se uma tendênciamundial para o consumo desse tipo de uva.

O cultivo comercial de uvas semsementes, no Submédio do Vale do SãoFrancisco, é recente, iniciando-se a partirde 1990. Em 1967, no entanto, algumascultivares sem sementes já haviam sidointroduzidas na coleção de videira doCampo Experimental de Mandacaru,Juazeiro, BA. Posteriormente, algunsprodutores iniciaram o cultivo expe-rimental em pequenas áreas, efetuandotestes preliminares de manejo e in-troduzindo novos materiais. De umamaneira geral, as cultivares apirênicasapresentaram, nas condições ambientaisdo Semi-Árido do Nordeste brasileiro,plantas com intenso vigor vegetativo eprodutividades reduzidas, problemas debaixa fertilidade de gemas, cachos pe-quenos e compactos, pequeno tamanhode bagas, desgrane elevado e baixa con-servação pós-colheita.

As cultivares Perlette, SuperiorSeedless, Catalunha, Centennial Seedlesse Flame Seedless, foram avaliadas em áreasexperimentais de fazendas privadas noSubmédio do Vale do São Francisco. Entreelas se destacaram a Perlette, SuperiorSeedless e Catalunha, com produtividadesrazoáveis e com qualidades que atendiamàs exigências do mercado externo. Emtermos comerciais, as áreas cultivadas sãoainda insignificantes, quando comparadasàs cultivares com sementes, mas com pers-pectivas de expansão muito rápida, emvirtude do grande número de implan-tações de vinhedos com uvas semsementes nos últimos anos.

Entre as dificuldades para a obtençãode produtividades satisfatórias de uva semsementes, estão a falta de adaptação dascultivares introduzidas às condiçõesclimáticas da Região do Submédio do Valedo São Francisco e a necessidade de ajustesdas técnicas de manejo.

Atualmente, tem-se conhecimento docomportamento das seguintes cultivares:

Frutas do Brasil, 13

Pe ri etteObtida pelo cruzamento de Scolo-

kertek hiralynoje ou Regina dei Vigneti xSultanina marble, pelo Dr. H. P. Olmo naCalifórnia. Seus cachos são cônicos, tamanhomediano a grande, que pode variar segundoo tipo de poda utilizada. Os cachosapresentam peso médio entre 400 e 500 g.As bagas são esféricas e pequenas,entretanto, podem atingir diâmetro superiora 18 mm quando tratadas com reguladoresde crescimento (Souza Leão et al., 1999).Possuem coloração amarelada uniforme esabor levemente moscatel adocicado.A aderência ao pedicelo e conservação pós-colheita são boas. São plantas vigorosas, querespondem bem a podas longas (16 gemas),pois a fertilidade das gemas é crescente dabase para o ápice. A Perlette apresenta umaprodutividade média de aproximadamente20 t/ha/ ano. Entretanto, em área expe-rimental, obteve-se produtividade da ordemde 32,2 t/ha/ ano (Camargo et al., 1997).Como seus cachos são excessivamentecompactos, exigem a utilização de intensotrabalho de raleio, recomendando-se autilização de práticas como a aplicação denitrogênio ou reguladores de crescimento,antes e durante a floração, de modo apromover a descompactação do cacho e,conseqüentemente, a redução dos custos deprodução (Fig. 7).,

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CotolunhoEssa cultivar possui cachos muito

atraentes, parecidos com os da ThompsonSeedless. Camargo et al. (1997) obtiveramprodutividade média de 20,4 t/ha/ ano emárea experimental utilizando poda longa.Seus cachos apresentam peso médio de400 g em poda longa e as bagas podematingir diâmetro acima de 17 mm quandotratadas com reguladores de crescimento.Apresentam bom sabor e boa conservaçãopós-colheita (Fig. 8).

Fig. 8. Cultivar Catalunha.

Superior SeedlessFoi obtida na Califórnia, em programa

de melhoramento genético privado, É, por-tanto, uma cultivar patenteada, também co-nhecida como 'Sugraone' ou 'Festival'. Apre-senta excelentes características comerciais,embora sua fertilidade de gemas seja baixa, oque conduz a produtividades reduzidas.Os cachos são médios, geralmente cônicos esuas bagas elipticas podem atingir um tama-nho satis-fatório, sem necessidade de aplica-ção de reguladores de crescimento. Apresen-tam coloração verde e textura crocante, comsabor especial. A excelente aceitação dessacultivar no mercado externo tem consolida-do a 'Superior Seedless' como a mais impor-

Uva de Mesa Produção

tante cultivar sem sementes. Observa-se, nosúltimos anos, uma rápida expansão das áreascultivadas com a Superior Seedless noSubmédio do Vale do São Francisco (Fig. 9).

Fig. 9. Cultivar Superior Seedless.

Centennial SeedlessFoi lançada na Califórnia, pelo

Dr. H. P. Olmo, pelo cruzamento entreGold x Q256 (F2 de Emperor x Pirova-no 75). Apresenta plantas vigorosas e fer-tilidade de gemas superior às demaiscultivares sem sementes. Os cachos sãograndes e soltos, com peso médio de 400a 500 g. As bagas são elipticas alongadas,de tamanho mediano (diâmetro médio de18 mm), podendo ser ainda maiores com aaplicação de ácido giberélico. Sua coloraçãoé verde uniforme e o sabor é neutroinexpressivo, É uma cultivar precoce, poissua colheita é realizada, aproximadamente,aos 100 dias após a poda. O~ seus principaisproblemas são a fraca aderência ao pedicelo,resultando na baixa conservação pós-colheita e aparecimento de manchas sobrea película das bagas durante a fase dematuração. Por esses fatores, não está

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sendo recomendada para o plantio noSubmédio do Vale do São Francisco; noentanto, está sendo cultivada com sucessona região noroeste paulista (Fig. 10).

Fig. 10. Cultivar Centennial Seedless.

Outras cultivares foram avaliadasem coleções estabelecidas em áreas ex-perimentais, destacando-se as cultivares'Vênus', 'Marroo Seedless', 'CrimsonSeedless' e 'Fantasy".

'Vênus', obtida pela Universidade doArkansas, Estados Unidos, foi introduzidano Brasil pela Embrapa Uva e Vinho em1984, passando a ser cultivada comer-cialmente a partir de 1991. Nas condiçõesdo Submédio do Vale do São Francisco,apresentou características interessantes,destacando-se a sua precocidade, tamanhode bagas e boa fertilidade de gemas,quando comparada a outras cultivaressem sementes, obtendo-se uma produti-vidade média estimada em 24 t/ha/ ano(Souza Leão, 1999). Os seus cachos apre-sentam formato cônico e muito compac-tos. As bagas são esféricas, com consis-tência de polpa mucilaginosa e baixaaderência das bagas ao pedicelo. Sua co-loração é preta uniforme e o sabor é muitoagradável e típico, lembrando o gostofoxado das uvas americanas (Fig. 11).Alguns aspectos, como a baixa resistênciaao transporte e desgrane elevado, podemlimitar a utilização dessa cultivar.

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Fig. 11. Cultivar Vênus.

'Marroo Seedless' é onglllana daAustrália e foi obtida em 1977 pelocruzamento Carolina Blackrose x RubySeedless. Apresenta cachos grandes,cônicos e medianamente compactos.As bagas são grandes, elípticas e de colo-ração vermelha intensa. Essa cultivarapresentou tamanho de bagas, fertilidadede gemas e produtividade média estimadaem 20 t/ha/ ano (Souza Leão, 1999) quepermitem considerá-Ia como mais umaalternativa de uva sem sementes para aRegião do Submédio do Vale do SãoFrancisco (Fig. 12).

Fig. 12. Cultivar Marroo Seedless.

Crimson Seedless ou Ruiva, e Fantasyou Fantasia foram obtidas pelo programade melhoramento do USDA, em Fresno,Califórnia e introduzidas no Brasil peloInstituto Agronômico de Campinas (JAC).Ambas as cultivares apresentam plantasvigorosas. Os cachos de 'Crirnson Seedless'são médios (400 a 600 g), enquanto os da'Fantasy' são um pouco menores (300 a400 g). 'Crimson Seedless' tem cachosmedianamente compactos e 'Fantasy'levemente soltos, dispensando o raleio de

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bagas. O peso médio de bagas varia de 4 a9 g e o diâmetro entre 16 e 22 mm.'Fantasy' possui coloração preta, enquan-to as bagas de 'Crimson Seedless' sãoavermelhadas (pommer et al., 1997). Essas

Uva de Mesa Produflão

cultivares estão sendo testadas empequenas áreas, em vinhedos comerciais,com boas perspectivas para cultivo noSubmédio do Vale do São Francisco.