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1 V Colóquio Internacional - Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-Americano PROGRAMA Grpesq/CNPq/UERJ Intelectuais e Poder no Mundo Ibero-Americano Revista Eletrônica INTELLÈCTUS. www.intellectus.uerj.br Grupo de Investigação - Correntes Artísticas e Movimentos Intelectuais Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX. Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro. .

V Colóquio Internacional - intellectus.uerj.br · Marieta Pinheiro- Doutoranda PPGH/UERJ) A defesa de um rei constitucional: os escritos de Heliodoro Jacinto de Araújo Carneiro

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V Colóquio Internacional - Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-Americano PROGRAMA Grpesq/CNPq/UERJ Intelectuais e Poder no Mundo Ibero-Americano Revista Eletrônica INTELLÈCTUS. www.intellectus.uerj.br

Grupo de Investigação - Correntes Artísticas e Movimentos Intelectuais

Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX.

Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro.

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Apresentação.

O V Colóquio Internacional – Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-Americano- dá continuidade a iniciativas semelhantes

realizadas em 2004 no Rio de Janeiro, 2005 em Coimbra, 2006 em Juiz de Fora e 2007 em Coimbra consolidando, dessa forma, o êxito

da iniciativa conjunta do GrPESq/CNPq-UERJ “Intelectuais e Poder no Mundo Ibero-Americano” e do Grupo de Investigação CEIS-

20/Universidade de Coimbra “Correntes Artísticas e Movimentos Intelectuais”. Este evento tem como principais objetivos incentivar o

conhecimento mútuo de pesquisas e criar condições para o encontro regular e o intercâmbio científico entre pesquisadores que trabalham nos

vários países ibero-americanos, em diferentes áreas das ciências humanas e promover a criação de projetos comuns de investigação, dirigidos a

uma compreensão global do mundo ibero-americano.

O Colóquio ocorrerá nas dependências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro nos dias 28, 29 e 30 de maio de 2008. Será

constituído na parte da manhã por três Mesas composta por professores brasileiros, portugueses e chilenos e na parte da tarde por duas Sessões

simultâneas que reunirão professores e pesquisadores pertencentes aos quadros de Universidades e Centros de Pesquisa brasileiros, portugueses,

italianos, bem como pós-graduandos (mestrandos e doutorandos)

Dessa forma, gostaríamos de dar as boas vindas a todos os participantes, desejando que o evento seja proveitoso e atinja todos os

objetivos propostos.

Comissão Organizadora.

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PROGRAMA - Quarta-feira 28/05/2008 Sala 7005 bloco F (Salão Nobre) 10:00 ABERTURA

Sala 7005 bloco F (Salão Nobre)

Sala 7023 bloco A (Celso Mello)

10:30 / 12:30 14:30/ 16:30 14:30 / 16:30 Mesa I

Maria Manuela T. Ribeiro (CEIS-20/Universidade de Coimbra). Rubem Barboza Filho (UFJF) Antonio Pedro Pita (CEIS-20/Universidade de Coimbra)

Sessão I . Rafael Ruiz (UNIFESP) A tensão entre a lei e o costume na América espanhola. Cláudia Beatriz Heynemann (Arquivo Nacional)- O abominável filósofo: Aristóteles e a história científica em Portugal do setecentos Noémia Malva Novais (CEIS20) João Chagas: Itinerários de um intelectual republicano: uma modernidade adiada

Sessão I - Marieta Pinheiro- Doutoranda PPGH/UERJ) A defesa de um rei constitucional: os escritos de Heliodoro Jacinto de Araújo Carneiro (1817-1822) Jorge Bastos. Doutorando/. PPGH/UERJ. A Monarquia portuguesa na obra de Alexandre Herculano: a história de Portugal como espelho de príncipes. Uma discussão teórico-metodológica Fabiana Sabóia. Doutoranda/IUPERJ. Expressões do iberismo - A Revista do Brasil e o circuito arielista numa perspectiva comparativa. . Bernardino da Cunha F. Abreu. Mestrando PPGH/UERJ A Brasiliana exilada: A biblioteca de Oliveira Lima

17:00/ 19:00 17:00 / 19:00

Sessão II Ana Lúcia Lana Nemi (UNIFESP) Mário de Andrade e José Ortega y Gasset: enigmas da narrativa histórica no mundo ibérico. Beatriz Helena Domingues (UFJF) Caliban e Próspero em um encontro amigável. Silvana Morelli (USP) A província, das aporias às experiências repartidas: Gilberto Freyre e Manuel Bandeira no Brasil das décadas de 20 e 30 Isabel Nogueira (CEIS-20)- Artes plásticas e pensamento crítico em Portugal nos anos setenta: aspectos de uma modernidade adiada

Sessão II - Felipe Dutra Asensi - Mestrando em Sociologia do IUPERJ. Intelectuais, Cidadania e “Marca da Origem” no Brasil: tensões entre modernidade e tradição na construção dos direitos. Jorge Batista Fernandes Doutorando em História - PPGH/UERJ. Virulência e desilusão. A Justiça da República Velha sob o olhar dos intelectuais da época. Joaquim Cerqueira Neto. Mestrando PUC/Rio. Heranças ibéricas e modernidade brasileira na obra de Oliveira Vianna. Sérgio Paulo Aurnheimer Filho. Mestrando PPGH/UERJ. A Educação na Ciência do Tempo: a problemática do espaço acadêmico e educacional na historiografia fluminense.

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Quinta-feira 29 /05/2008

Sala 7005 bloco F (Salão Nobre)

Sala 7005 bloco F (Salão Nobre)

Sala 7023 bloco A (Celso Mello)

10:30 / 12:30 14:30/ 16:30 14:30 / 16:30 Mesa I

César Guimarães. IUPERJ Antonio Carlos Peixoto UERJ

Eduardo Deves Valdes Uni. do Chile.

Sessão I. Eduardo Raposo. Puc/Rio O Leviatã Ibérico: Modernidade e corporativismo na formação institucional Brasileira. João Marcelo Ehlert Maia. CPDOC/FGV Espaços vazios e imaginação periférica” Claudia Wasserman. UFRGS. América Latina Dependência X Desenvolvimento no pensamento marxista. Maria Emilia Prado. UERJ Reflexões em torno das temáticas da integração e do desenvolvimento.

Sessão I - Alexandre Manuel E. Rodrigues. Doutorando PPGH/UERJ Passagens para o nacional: Comentários sobre Evolução Política do Brasil de Caio Prado Júnior Alexandre Pinheiro Ramos- Mestrando e PPGH/UERJ Estado, Corporativismo e Utopia no pensamento integralista de Miguel Reale (1932-1937). Joana Rita da Costa Brites. Mestranda- U. de Coimbra O moderno sim, mas o moderno característico da nossa paisagem”: discursos e percursos da arquitectura do Estado Novo Massimo Morigi e Stefano Salmi - Dottorandos presso la FLUC è collaboratores del CEIS- 20 Arte e Modernita’: I due percorsi comuni Del fascismo e dell’ Estado Novo.

17:00/ 19:00 17:00 / 19:00

Sessão II Lucia Maria Paschoal Guimarães. UERJ/IHGB A "Sala do Brasil": uma vitrine para a Terra da Santa Cruz na Universidade de Coimbra Adriano de Freixo. CEFET-RJ e UniBennett A Língua como Pátria: A Mitologia Cultural Portuguesa e a Construção da Idéia da Lusofonia. Paulo Jorge Granja. CEIS-20 Do novo cinema brasileiro ao Cinema Novo Português: a recepção crítica do cinema brasileiro e a sua influência no cinema português.

Sessão II - Frank dos Santos Ramos. Mestre em História Social/UFF -Professor regente de História da SEE-RJ. Do Proibido ao Permitido: A Comunidade Zur Israel no Brasil- Holandês Rodrigo da Nóbrega M. Pereira. Doutorando .PPGH/UERJ Catequizar e Civilizar: O debate sobre a educação religiosa como instrumento das políticas públicas do Estado Imperial Brasileiro. Andréa Braga Fonseca – Doutoranda PPGH/UERJ Olhares Protestantes sobre o Mundo Ibérico

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Sexta-feira 30 /05/ 2008 Sala 7005 bloco

F (Salão Nobre)

Sala 7005 bloco F (Salão Nobre)

Sala 7023 bloco A (Celso Mello)

10:30 / 12:30 14:30/ 16:30 14:30 / 16:30

Mesa I Luís Reis Torgal- Prof. Catedrático aposentado. Universidade de Coimbra A Universidade entre a Tradição e a Modernidade. Francisco J. Calazans Falcon. Universo /prof. Titular aposentado UFF

Sessão I Maria Letícia Corrêa. FFP- UERJ). A modernização do Brasil na obra de Serzedelo Corrêa Daniel de Pinho Barreiros. Prof de História/CMRJ A Elite Intelectual Moderno-Burguesa e a “vigilância” contra o Populismo (1960-1969) Ricardo Ismael. Dr. PUC-Rio. Entre o Corporativismo e o Pluralismo: A Trajetória do Sindicalismo Brasileiro a partir dos anos de 1990

Sessão I - Helenice P. Sardenberg. Doutoranda Serviço Social/ UERJ Políticas Sociais e exclusão social em lugares turísticos: Apontamentos sobre o Caso de Itacaré, Ba. Alejandra Saladino. Doutoranda PPCIS/UERJ. Museus da Ibero-américa: para uma mudança de paradigmas Jocelito Zalla. Mestrando PPGH/ UFRGS. Tradição e modernidade na pena de um centauro: Luiz Carlos Barbosa Lessa e a invenção do tradicionalismo gaúcho (1945-1954 Alessandra Marchiori. Mestranda/ CEBELA A Comunidade Sul-Americana das Nações.

17:00/ 19:00 17:00 / 19:00

Sessão II Valdeci Rezende Borges . UFG/ CAC José de Alencar entre a Tradição e Modernidade: lutas Por uma forma de representação “moderna” e brasileira. Gleudson Passos Cardoso. UECE “A República com Cristo!”. Homens de Fé e Saber e o Imaginário Católico-Republicano em Fortaleza (1902 - 1913). Cláudio Antônio S. Monteiro. Severino Sombra/Vassouras/RJ A consolidação das instituições monarquistas no Brasil na perspectiva da política internacional francesa relativa à América Latina (1840-1850).

Sessão II -

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ISBN 978-85-88769-23-6

28 de Maio de 2008 / Quarta- Feira.

10:00 Abertura – Sala 7005 bloco F- (Salão Nobre da Faculdade de Direito) 10:30 / 12:30 – Sala 7005 bloco F ( Salão Nobre) MESA 1- * Maria Manuela T. Ribeiro (CEIS-20- U. de Coimbra)

* Rubem Barboza Filho (UFJF)

* Antonio Pedro Pita. (CEIS-20. U. de Coimbra.

14:30 / 16:30- Sala 7005 bloco F (Salão Nobre)

SESSÃO I- * Rafael Ruiz- Prof. Adjunto da UNIFESP- A tensão entre a lei e o costume na América espanhola A colonização da América, durante os séculos XV, XVI, XVII e meados do XVIII, esteve marcada por uma visão prudencialista ou probabilística do direito, muito diferente da visão legalista ou sistêmica da última metade do XVIII e XIX. Essa visão levou a uma prática judiciária de análise e solução dos conflitos de forma circunstanciada, caso a caso, baseada em outros princípios que não a lei, como os usos e costumes e a opinião dos doutores. Proponho uma comunicação, que é parte do meu projeto de pesquisa atual aprovado pela FAPESP com o financiamento de auxílio à pesquisa de Jovem Pesquisador, que estabeleça diferentes hipóteses sobre a colonização espanhola da América dentro de uma tradição consuetudinária no estabelecimento e funcionamento da sociedade. A linha central dessas hipóteses consiste no entendimento de que as Audiências e os Cabildos teriam poder jurídico efetivo para interpretar, adaptar, adequar e recusar as leis metropolitanas, não como forma de resistência, mas como modo de realizar a justiça de acordo com os próprios princípios reguladores do Império. E, inclusive, poderiam, de acordo com esses mesmos princípios, criar o direito, ou seja, as Audiências e os Cabildos seriam agentes ativos e eficazes, de acordo com os seus próprios interesses e a sua gama de relações estabelecidas da construção das bases políticas, econômicas, jurídicas, administrativas e sociais na América. Como a pesquisa está ainda nos seus começos, proponho apresentar os resultados obtidos até agora com os seguintes documentos: Francisco Bermúdez de Pedraza, Arte legal para el estudio de la Iuresprudencia nuevamente corregido y añadido en esta segunda edición, Madrid, por Francisco Martínez, a costa de Domingo Gonçalez, 1633 e Paulo Laymann, Theologia Moralis in quinque libros partita, Editio Sexta, Joan Martius Schonwetteri, Bambergae, 1677 (a análise deste último autor permitiu a elaboração de um artigo, A força do costume, de acordo com a Apologia pro Paulistis (1684), escrito em colaboração com Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron, já no prelo.

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* Cláudia Beatriz Heynemann. Pesquisadora-Arquivo Nacional; Editora do site O Arquivo Nacional e a História Luso-brasileira O abominável filósofo: Aristóteles e a história científica em Portugal do setecentos “Um filósofo tão abominável”, na crítica do marquês de Pombal à presença de Aristóteles na obra de Antônio Genovesi, uma filosofia, a Escolástica, “emanada das lições frívolas, e capciosas dos árabes” como enunciado nos Estatutos da Universidade de Coimbra, o aristotelismo ou o que viria então representar foi central para o universo intelectual luso setecentista. Os principais nomes do discurso reformista de meados do setecentos luso, entre eles os oratorianos Verney e a Junta da Providência Literária, descrevem o que teria sido a história dessa obra no Ocidente sobretudo a partir da apropriação árabe – essa era uma das suas denominações - arábico-aristotélica, evidenciando uma ambivalência em relação ao verdadeiro caráter do corpus aristotélico e as interpretações errôneas, as traduções, os textos apócrifos, todas as traições que marcaram os escritos do grego. Assim, o tomismo, os jesuítas, (ruína da Universidade e do próprio reino), os desvios e insucessos na história portuguesa, se alinham nessas narrativas que iluminam a identidade lusa com a tradição aristotélica tal como compreendida. Essa última será preservada particularmente quando aplicada ao conhecimento da natureza, no âmbito da própria história natural, da qual Aristóteles é visto como fundador. Considerando que esse é um campo do conhecimento estruturado a partir da lógica aristotélica, como os sistemas de classificação da natureza, esse será o principal espaço para a herança do filósofo. A proposta dessa comunicação é voltar a textos fundadores como os de Verney para constrastar a ruptura enunciada pelo reformismo e a permanência e renovação desse universo, lugar de contradições e impasses no projeto português, ou luso-brasileiro, de inscrição na modernidade. * Noémia Malva Novais -Investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20). João Chagas: Itinerários de um intelectual republicano João Chagas nasceu a 1 de Setembro de 1863, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, no seio de uma família de emigrantes liberais. Tendo perdido os pais quando ainda era uma criança, teve que defrontar-se com a vida sem amparo, sem guia e sem conselho. Desse modo, o benefício da idade foi o único que então conheceu. Assim se lhe apresentou a necessidade de se conferir uma como que auto-tutela, que não foi omissa nem de tino, nem de zelo activo, nem de prudência severa. Quando outros, aos vinte anos, eram caloiros em Coimbra, João Chagas, apartando-se da vida das escolas, iniciava-se no jornalismo e delineava ele mesmo o programa da educação do seu espírito. Era um ser ‘secretamente’ inspirado, que persuadia sem discutir, e, essa inspiração, associada ao carácter determinado, muda o rumo da sua vida após o Ultimato inglês de 1890. Esta convulsão patriótica obrigou-o a rever a sua posição de jornalista relativamente indiferente à questão do regime político, quando não mesmo de simpatizante das instituições monárquicas, e acrescentou-o aos afeiçoados à ideia republicana. Ombreando com António José de Almeida, Afonso Costa, Guerra Junqueiro, Brito Camacho e tantos outros, integrou a impaciente “geração do Ultimato”, que se dispunha a romper com o aparato da palavra eloquente e a adoptar meios mais enérgicos de contestação. O fascínio da revolução galvanizou a crença e a vontade deste colectivo de conspiradores potenciais. Então, João Chagas passou de jornalista e escritor a conspirador a tempo inteiro, chefiando jornais republicanos, publicando panfletos de oposição à Monarquia, resistindo à ditadura de João Franco, ostentando, progressivamente, a proa de um político relevante. Assim, é nomeado pelo poder republicano, em 1911, como ministro de Portugal em Paris. Da escrita jornalística e literária nasce o discurso político e diplomático, sobressaindo, no entanto, e sempre, o intelectual notável.

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14:30/16:30- Sala 7023 bloco A (Prof. Celso Mello) SESSÃO I- * Marieta Pinheiro de Carvalho- Doutorada em História. PPGH/UERJ A defesa de um rei constitucional: os escritos de Heliodoro Jacinto de Araújo Carneiro (1817-1822) A paz européia, posterior ao congresso de Viena de 1815, inaugurou uma nova fase na história desse continente, bem como deu início a um período de agitações políticas decorrentes das novas idéias de influência liberal. Em Portugal, as pressões para o retorno do príncipe d. João para o Reino começavam a aparecer, principiando uma série de publicações em periódicos, bem como de protestos de reinóis, insatisfeitos com a posição assumida de "colônia" do Brasil. O objetivo dessa comunicação é analisar esse momento, a luz das idéias de Heliodoro Jacinto de Araújo Carneiro, oficial da Secretaria de Estado dos Negócios do Brasil. Formado pela Universidade de Coimbra, esse oficial, encarregado pelo rei de acompanhar as fermentações européias, publicou na década de 1820 duas obras: a primeira, reunindo cartas encaminhadas ao rei desde 1817; e a segunda, dentro da efervescência do retorno de d. João VI para Portugal. Dentre as propostas, Heliodoro Jacinto defendia a instituição de uma "monarquia constitucional". Interessa perceber quais foram as suas idéias apresentadas ao rei, articulando seu pensamento à ilustração portuguesa, e, sobretudo, a sua característica essencial, que era adequar as inovações do pensamento europeu, nesse caso as idéias liberais, às necessidades do Reino, de modo a promover seu adiantamento. * Jorge Bastos. Doutorando em História. PPGH/UERJ. Prof. CMRJ A Monarquia portuguesa na obra de Alexandre Herculano: a história de Portugal como espelho de príncipes. Uma discussão teórico-metodológica. A comunicação Um novo olhar sobre Alexandre Herculano: as possibilidades oferecidas pela Escola Collingwoodiana e pela Begrieffsgeschichte faz parte das reflexões teórico-metodológicas da pesquisa que desenvolvemos no Doutorado em História Política do Programa de Pós-Graduação da UERJ, provisoriamente intitulada A Monarquia Portuguesa na Obra de Alexandre Herculano: a História de Portugal como Espelho de Príncipes, que tem por objetivo identificar o modelo ideal de monarca construído por Alexandre Herculano através da análise da construção histórica que o autor faz dos reis de Portugal no conjunto da sua vasta produção intelectual que, desta forma, caracteriza-se como o principal acervo de fontes a serem estudas. Em nosso entender, a Escola Collingwoodiana, onde se destacam Quentin Skinner e John Pocock, e a História do Conceitos de Reinhart Koselleck oferecem um leque de possibilidades expressivo e nosso objetivo neste exercício teórico-metodológico é indicar algumas destas inúmeras possibilidades de análise. * Fabiana Sabóia. Doutoranda em Sociologia/IUPERJ. Bolsista CAPES Expressões do iberismo - A Revista do Brasil e o circuito arielista numa perspectiva comparativa. A comunicação visa discutir comparativamente a produção intelectual brasileira do grupo que contribuía para a revista do Brasil e a produção intelectual hispanoamericana, formada em torno de José Henrique Rodó, o chamado “circuito arielista", apontando suas principais características presentes na relação entre construção/consolidação nacional e suas respectivas tradições ibéricas. Buscamos também um entendimento quanto ao diferente papel desempenhado pela tradição ibérico-barroca na trajetória destes países: enquanto no Brasil no início do século próximo passado, ela foi determinante na elaboração de propostas de construção da nação, no mundo hispano-americano sua existência se transformou em um instrumento de defesa frente a uma liderança e conseqüente subjugação norte-americana no continente. * Bernardino da Cunha Freitas Abreu. Mestrando em História. PPGH/UERJ. Bolsista Capes. A Brasiliana exilada: A biblioteca de Oliveira Lima Esta comunicação, resultado de uma pesquisa para dissertação de mestrado, consiste num resumo de análise acerca da produção intelectual do diplomata e historiador Manuel de Oliveira Lima (1867 – 1928), autor de Dom João VI no Brasil e No Japão: impressões da terra e da gente. O ponto culminante desta análise destaca o acerca do acervo documental e bibliográfico construído por Oliveira Lima ao logo de sua carreira intelectual, e que atualmente constitui o acervo da Oliveira Lima Library, da Catholic University of América, em Washington, DC, onde Oliveira Lima terminou seus dias como professor de Direito Internacional; e tece considerações a respeito da importância deste acervo na

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produção historiográfica desenvolvida por Oliveira Lima, ao longo de sua carreira diplomática, e após o encerramento desta. Alem disso, esta comunicação destaca a importância da instalação de um acervo bibliográfico e documental dedicado prioritariamente às questões de formação histórica e social da América Latina no ambiente de um campus universitário na capital norte-americana como um lugar de memória privilegiado para a consolidação da identidade intelectual de Oliveira Lima.

17:00 /19:00 - Sala 7005 bloco F. (Salão Nobre)

SESSÃO II- * Ana Lúcia Lana Nemi- Profª Adjunta UNIFESP Mário de Andrade e José Ortega y Gasset: enigmas da narrativa histórica no mundo ibérico. José Ortega y Gasset (1883-1955), intelectual espanhol ligado aos movimentos liberal e republicano, publicou sua reflexão intitulada La deshumanización del arte em 1925. Em meio aos debates vanguardistas da época, Ortega se propunha a discutir os motivos da impopularidade da chamada “arte nova” e advogava sua inserção no debate contemporâneo sobre os sentidos do humano e da nação. Mário de Andrade (1893-1945) publicou seu Ensaio sobre a música brasileira em 1928, depois de ter vivido a “Semana de Arte Moderna” e já em busca da institucionalização possível das idéias então sugeridas. Nas suas reflexões, o autor procurava a particularidade da nação em relação às possibilidades de conhecimento sem fronteiras. Proponho uma comunicação que estabeleça as possíveis “afinidades eletivas” entre os dois autores a partir da aproximação do conceito de cultura sugerido por eles em suas tentativas de mapear suas respectivas nações e propor a inserção de suas tradições no mundo ocidental dos cidadãos. Assim, os conceitos de cultura, povo e nação são aqui fundamentais. Procurar-se-á, também, verificar as conexões políticas dos autores em seus contextos sociais e, neste sentido, compreender os “usos”, as conexões e os diálogos dos autores em seu tempo e lugar. *Beatriz Helena Domingues Profª Adjunta Depto de História/UFJF Caliban e Próspero em um encontro amigável. É explicita a afinidade, pelo próprio titulo da obra, entre Richard Morse e os modernistas brasileiros, no livro O Retorno de Mcluhanaima, publicado em 1988. Não tão evidente, contudo, se manifesta tal influência na obra anterior do autor, O Espelho de Próspero, de 1982. Minha apresentação pretende chamar a atenção para a presença, em O Espelho de Próspero, de algumas interpretações polêmicas sobre o papel da tradição ibérica no Brasil, em especial para a interpretação positiva sobre a Contra-Reforma, na linha inaugurada por Oswald de Andrade nos anos 50. Argumento que tal proximidade pode ter sido facilitada pelas afinidades filosóficas e literárias de ambos os autores. Tanto o modernista quanto o brazilianista me parecem ter sido atraídos pela mesma vertente do Renascimento europeu (Montaigne, Rabelais, Erasmo) no que se refere à interpretação de culturas alheias, no caso de Morse, e de sua própria, no de Oswald. * Silvana Moreli Vicente Dias (FFLCH-USP) A província, das aporias às experiências repartidas Gilberto Freyre e Manuel Bandeira no Brasil das décadas de 20 e 30

Ser provinciano pode significar, no século XX, o contato direto com um campo minado, pleno de conflitos, diretos e indiretos, guiados por interesses de cunho local e nacional. O assunto ainda suscita divergências – menos ou mais acirradas – e é fato que o Brasil não passou incólume por ele. Manuel Bandeira mostra ter consciência de sutilezas do termo, como se lê na crônica “Sou provinciano”, de 1933: “[...] as palavras ‘província’, ‘provinciano’, ‘provincianismo’ são geralmente empregadas pejorativamente por só se enxergar

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nelas as limitações do meio pequeno” (BANDEIRA, 1974, p. 668). Um dos pilares da literatura brasileira, Bandeira indica – a contrapelo das principais tendências vanguardistas de então – como os escritos do jovem intelectual Gilberto Freyre foram fundamentais para “moldar” este seu sentimento de província, que destaca o veio comunicativo, de natureza memorialística e de profunda relação com a tradição local. E, neste equilíbrio precário entre regionalismo e universalismo, modernidade e tradição, localismo e cosmopolitismo, ambos os escritores elaboraram discursos que evidenciam os limites dos valores progressistas, racionais e liberalizantes, no contexto do capitalismo que, segundo suas leituras de viés romântico, aprofunda o individualismo e o esvaziamento da experiência. Para discutir alguns aspectos desse diálogo, lançaremos mão de crônicas, muitas delas não coligidas em livro, e da correspondência inédita trocada entre Freyre e Bandeira. Ademais, abordaremos facetas do debate intelectual e artístico em cena no Modernismo brasileiro das décadas de 1920 e 1930, marcado, como se verá, por um contexto em que intelectuais, artistas e literatos aos poucos procuravam ampliar seu círculo “cordial” e fazer da conciliação entre modernidade e tradição, em diferente medida, um projeto. Este, por sua vez, é emblemático da política modernizadora e paradoxalmente conservadora empreendida pelo Estado Novo, que deu guarida a muitos intelectuais dessa geração.

* Isabel Nogueira (CEIS-20 – Universidade de Coimbra) Artes plásticas e pensamento crítico em Portugal nos anos setenta: aspectos de uma modernidade adiada Esta proposta de comunicação resulta, em larga medida, da vontade de dar continuidade temporal e conceptual às questões apresentadas no Colóquio Ibero-Americano de 2007, sob o título Artes plásticas e discurso crítico em Portugal nos anos sessenta: entre a tradição e a modernidade. Na verdade, se arte dos anos sessenta portugueses incorporou, de modo que se revelaria mais ou menos definitivo, a procura e a experimentação vanguardista como propósitos abertos da criação e da pesquisa; os anos setenta pautaram-se por uma abertura – inclusivamente do ponto de vista político e social, com a revolução de Abril de 1974 – de todo um rol inédito de possibilidades de criação e perspectivas de renovação. Foi a época dos eventos colectivos, desde as pinturas murais “da revolução”, até ao incremento de um modo de operar menos impulsivo e mais ligado à exaltação do artista/criador, numa procura de uma identidade artística, estética e mesmo poética. Como escreveu o crítico Francisco Bronze: «Neste mar redemoinhamos, submergimos, voltamos à tona; no meio de correntes várias, esbracejamos, lutamos pela sobrevivência, pretendemos entrar na corrente que nos leve à praia (do mundo novo? do mundo velho?). Todos nós. Os artistas também. Eles procuram “acertar o passo” com a vida política nacional ou, simplesmente, esforçam-se por não perder o “comboio da revolução”, como por aí se diz». Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril tornou-se também notório um discurso sobre a arte que se revestiu de algum desânimo face ao rumo auspicioso pelo qual a vida artística portuguesa poderia, eventualmente, ter enveredado e que aparentemente não enveredou. Efectivamente, os horizontes tinham voltado a estreitar-se, nomeadamente ao nível da intervenção ajustada dos artistas na vida política e cultural do país. Por outro lado, continuava a verificar-se alguma indiferença institucional, concretamente no que respeita aos espaços museológicos face à arte portuguesa do século XX, em particular face aos jovens artistas. A maioria das grandes exposições de artistas portugueses assumiria um carácter póstumo. As possibilidades que Abril abriu foram importantes, mas a “folha em branco” tinha de ser preenchida, numa modernidade sucessivamente adiada. Neste contexto foram determinantes as acções de agrupamentos artísticos – Grupo Acre (1974-1977), Grupo Puzzle (1975-1981), Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (1958-) –, assim como de críticos/curadores, como Egídio Álvaro e Ernesto de Sousa, responsáveis por alguns projectos expositivos – Encontros Internacionais de Arte (1974-1977), Do Vazio à Pró-Vocação (1972), Projectos/Ideias (1974), Alternativa Zero: Tendências Polémicas na Arte Portuguesa Contemporânea (1977) – que marcariam a década e a procura de uma modernidade em Portugal.

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17:00 / 19:00 - Sala 7023 bloco A (Prof. Celso Mello) Sessão II- * Felipe Dutra Asensi - Mestrando em Sociologia do IUPERJ. Pesq. LAPPIS/UERJ. Pesq. NUPIJ/UFF. Prof. de Argumentação Jurídica da UNESA (projeto de férias). Professor de Sociologia da UIGM. Intelectuais, Cidadania e “Marca da Origem” no Brasil: tensões entre modernidade e tradição na construção dos direitos. O debate intelectual sobre a cidadania no Brasil enseja múltiplas discussões, que remetem não somente à nossa formação sociológica como também ao próprio processo de reivindicação de direitos. Nesta seara, é possível observar como determinados elementos presentes em nossa “origem”, em alguma medida, permanecem no presente. Para tal, seria útil recorrer a Tocqueville, que sustenta que os elementos históricos e sociológicos presentes na constituição de uma sociedade, de certa forma, estão presentes no seu desenvolvimento, seja como tradição, seja como prática relida. O argumento consiste no seguinte: a partir das práticas sociais que se desenvolvem no espaço e no tempo, as características da origem se realimentam, se recriam e se refazem no cotidiano dos atores. Por isso, o trabalho propõe a pensar quais são as características da origem brasileira e em que medida podemos pensar o Brasil de hoje a partir de nossa formação sociológica originária. Podemos, então, apontar duas características que, em virtude de sua relevância social, se desenvolveram e estão presentes na sociedade atual: a pr ecedência da idéia sobre os fatos e a cultura da transação. Neste trabalho, o que se procura identificar é justamente em que sentido as características originárias tradicionais brasileiras se desenvolveram e foram recriadas no cenário contemporâneo a partir de instituições modernas, influindo diretamente na efetivação e compreensão das pessoas sobre seus próprios direitos. Nesta linha, será realizada uma análise de algumas questões de nosso passado (centralização, auto-governo, etc) sob a perspectiva de que nem todo direito escrito é direito exercido. Assim, a proposta consiste em realizar uma discussão dos desafios intelectuais presentes em nossa origem a fim de subsidiar uma análise sobre o desenvolvimento na prática dos direitos, principalmente tomando como norte a Constituição de 1988 e o debate sobre democracia participativa no Brasil. *Jorge Batista Fernandes Doutorando em História - PPGH/UERJ. Pesquisador do GrPesq “Intelectuais e Poder no Mundo Ibero-Americano” A organização da justiça na república velha sob o olhar dos contemporâneos. A proclamação da República e os caminhos trilhados pela nova forma de govern, foram objetos de apreciação e produziram considerações negativas tanto de membros dos chamados republicanos históricos, que creditaram ao evento um caráter eminentemente elitista, passando pelos republicanos de “última hora”, como ficaram conhecidos os monarquistas que aderiram à República no amanhecer do dia 16 de novembro de 1989, ou mesmo antes. No entanto, a abordagem dos monarquistas convictos sobre o 15 de novembro e, principalmente, sobre as modificações realizadas pelos novos governantes seriam aquelas que, pela sua natureza política, contribuiriam para o “contraponto” com a visão dos “desiludidos”, isto porque nada esperavam da República. Este trabalho tem como objetivo apresentar o diagnóstico contemporâneo sobre à organização do Poder Judiciário frente a institucionalização da República. A questão que cerca esta reflexão está relacionada à organização da Justiça realizada pela República e a leitura elaborada por intelectuais daquela época. O encontro com Amaro Cavalcanti e Cândido de Oliveira foi singular, na medida em que apresentavam posições políticas relativamente diferenciadas em relação à República e à sua organização. * Joaquim Cerqueira Neto. Mestrando em Sociologia Política. Deptº de Ciências Sociais da PUC - RJ. Bolsista CAPES. Heranças ibéricas e modernidade brasileira na obra de Oliveira Vianna. A presente proposta de trabalho procura analisar as idéias de Tradição e Modernidade em Oliveira Vianna, em particular, a partir de sua obra inaugural, Populações Meridionais. Os idos de 20 e 30, no Brasil, foram marcados por grandes transformações sociais, políticas e econômicas, bem como por um clima de efervescência de idéias. Populações Meridionais é publicada neste ambiente, garantindo ao seu autor lugar de destaque entre os “intérpretes do Brasil”. Nesta obra, Oliveira Vianna investiga as bases formativas da identidade nacional, recorrendo aos elementos herdados da

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tradição ibérica como um padrão interpretativo privilegiado. No geral, seu diagnóstico postula a criação de uma ordem político-institucional centralizada e forte, caminho que permitiria corrigir as falhas da desorganização política e social então vigente, implantando um projeto de modernização para o Brasil. Nesta chave, o estudo demonstrará que a narrativa proferida por Oliveira Vianna estabelece distanciamentos com as narrativas de outros autores daquele período, engajados na solução do “problema nacional”, como Paulo Prado (Retrato do Brasil), Tavares Bastos (A Província), Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil). Considerando a influência exercida sobre a produção intelectual da época e a posterior, tendo também inspirado os marcos teóricos do Estado Novo brasileiro, a recuperação e exame de sua obra aparece como complemento necessário a qualquer abordagem sobre a questão da modernidade no Brasil. Dessa maneira, acredita-se que a presente proposta de trabalho esteja relacionada ao grupo II, “intelectuais e as temáticas da modernidade e da tradição no mundo ibero-americano”, do V Colóquio Internacional – Tradição e Modernidade no mundo ibero-americano. * Sérgio Paulo Aurnheimer Filho. Mestrando em História. PPGH/UERJ. Professor regente de História da SEE-RJ Pesquisador do GrPes/UFF- .Idéias Intelectuais e Instituições A Educação na Ciência do Tempo: a problemática do espaço acadêmico educacional na historiografia fluminense. Qual é a grandeza relevância acadêmica possível dos estudos, formalmente históricos, que versam sobre a política educacional? Como diferenciar o tamanho do empenho na abordagem do historiador institucional com aquela feita por um pesquisador identificado somente com a história da pedagogia? O que é enfatizado, quantitativamente, nas pesquisas sobre a questão educacional nos temas, das dissertações e teses de História, da UFF, UFRJ e UERJ? Enfim são algumas das questões que estimularam a confecção deste trabalho que procura avaliar o escalonamento do interesse, na produção profissional dos historiadores fluminenses, na pesquisa da relação do poder com a educação. Procurando apontar o quantitativo das pesquisas identificadas como institucionalmente históricas, ou seja, produzidas nos programas de pós-graduação em história sobre a educação brasileira e vice versa. É destacada a questão de como relacionar essa quantidade com a qualidade do interesse dos pesquisadores da História em formação com uma determinada concepção epistemológica do que seja a tarefa do historiador de um lado e do educador retrospectivo do outro. O entendimento final identifica que o resultado quantitativo alcançado representa a predeterminação de uma certa valoração qualitativa do que seja essa resultante da relação acadêmica fluminense, hoje possível, entre a Educação e o saber histórico. Teoricamente são usadas as interpretações de Gramsci sobre “Estado Ampliado” e “Hegemonia” na conclusão que pretende convidar à reflexão sobre a viabilidade de uma correção, ou não, do atual valor acadêmico da interação produzida pelo estudo do poder pelo saber, tendo como prisma compulsório básico a sua historicidade.

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29 de Maio de 2008 / Quinta-Feira- Sala 7005 bloco F (Salão Nobre) MESA 1 - 10:30 / 12:30 Prof. Dr. César Guimarães. IUPERJ

Prof. Dr. Antonio Carlos Peixoto UERJ

Prof. Dr. Eduardo Deves Valdes (Univ. do Chile)

14:30 / 16:30 - Sala 7005 bloco F (Salão Nobre)

SESSÃO I- *Eduardo Raposo. Prof. do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio. Coordenador do PPGCS/PUC/RIO. O Leviatã Ibérico: Modernidade e corporativismo na formação institucional Brasileira.

“Nas nações ibéricas, à falta dessa racionalização da vida, que tão cedo experimentaram algumas terras protestantes, o princípio unificador foi sempre representado pelos governos.”

Sergio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. A presente proposta de trabalho propõe-se a discutir o caráter híbrido da formação do Estado brasileiro. Para tanto erigimos modernidade e corporativismo como as manifestações que melhor expressam tal hibridismo. Manifestações que nos remetem a paradoxos cunhados pelos principais intérpretes do Brasil - como atraso e modernidade, público e privado, desenvolvimento e subdesenvolvimento, centralização e descentralização, estatismo e liberalismo, ordem oligárquica e ordem burguesa, democracia e hierarquia, iberismo e americanismo -, que procuram chamar atenção para nossa paradoxal formação civilizatória. Paradoxos que precisam ser compreendidos para ajudarem a explicar o que é o Brasil.

Discutirei o fato do iberismo latino-americano esgotar parte substancial de suas forças e de seus recursos na tarefa da dominação corporativa deixando, constantemente, em segundo plano objetivos ligados ao desenvolvimento econômico, justiça social e democracia política; tendo dificuldades em incorporar à sua “natureza institucional” metas que escapem às tarefas eminentemente políticas. Não que se trate de um destino inexorável, mas o fato é que o Brasil e a América Latina convivem com a modernidade de maneira contraditória e peculiar, constituindo sua identidade em meio a tradições paradoxais.

Dialogando com autores como Sérgio Buarque de Holanda, Vitorino Magalhães Godinho, José Tengarrinha, Cláudio Véliz, Perry Anderson, Immanuel Wallerstein, Raimundo Faoro, Simon Schwartzman, Peter Evans, Oliveira Vianna, Tavares Bastos entre outros, discutirei as características e as contradições da formação do Estado Brasileiro ISBN 978-85-88769-23-6

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* João Marcelo Ehlert Maia. Doutor em Sociologia/ IUPERJ. Pesquisador-bolsista do CPDOC/FGV Espaços vazios e imaginação periférica”

O espaço é um das categorias centrais da imaginação ibero-americana, como atestam as inúmeras imagens geográficas que, desde a aventura colonizadora, foram mobilizadas para a decifração do Novo Continente – sertão, pampa, deserto etc. A despeito de inúmeras pesquisas recentes que vêm contribuindo para um entendimento maior desse tema, como Lima (1999), Oliveira (2000) e Barboza Filho (2000), resta largo campo de pesquisa, em especial para estudos que busquem desvendar a recepção dessas imagens espaciais nas práticas políticas. Este trabalho insere-se no âmbito da pesquisa “Os tenentes do Oeste: João Alberto, a Fundação Brasil Central e a imaginação espacial brasileira” (financiamento do CNPQ), que busca investigar a relação entre essa agência pública constituída durante o Estado Novo, sob inspiração da chamada “Marcha para Oeste”, e as matrizes da imaginação geográfica brasileira (em especial obras clássicas dos anos 20 e 30 que consolidaram narrativas sobre o espaço nacional). Neste texto específico tomo por objeto algumas fontes que venho levantando com o objetivo de destacar a persistência do tema dos “espaços vazios” nos discursos estatais sobre o território brasileiro e os distintos significados atribuídos a essa imagem. Assim, mobilizo tanto obras editadas, como “Brasil Central: notas e impressões” de Silo Meireles, um dos funcionários da agência, quanto relatórios produzidos pela Fundação. O objetivo é explorar os significados dessa idéia e seu potencial como ferramenta cognitiva mobilizada pela intelligentsia estado-novista para pensar a modernização brasileira. A hipótese geral que guia o trabalho refere-se à possibilidade de localizar, a partir dessa imagem espacial, uma teorização periférica sobre o moderno, característica de sociedades que se formaram nas margens da civilização européia e se viram às voltas com processos recentes de construção nacional em espaços vastos e inexplorados. * Claudia Wasserman.. Professora Associada Depto História/UFRGS. Pesquisadora/CNPq América Latina: dependência X desenvolvimento no pensamento marxista – Entre os anos 1950 e 1970, as ciências sociais latino-americanas vivem um dos seus períodos mais produtivos e originais. Destaca-se a existência de diversas correntes teóricas e políticas que, para além de seus enfoques e soluções diversas, convergem em torno de certos problemas e perguntas. O ponto de partida neste período consiste no surgimento de uma temática central – o desenvolvimento – que termina por organizar toda a reflexão teórica latino-americana e orienta um conjunto de investigações científicas. Além do problema central para o qual convergem diversas correntes políticas e teóricas, também sobressai uma constelação de perguntas chaves correspondentes: quais são as causas de nosso subdesenvolvimento? Que obstáculos têm que ser transpostos se quisermos desenvolvermo-nos? Que tipo de desenvolvimento é viável e qual é o desejável para a América Latina? Essa constelação de perguntas continua presente no vocabulário das ciências humanas e econômicas da América Latina. Pretendo abordar o significado do conceito desenvolvimento para a corrente marxista da teoria da dependência; as disputas políticas em torno do tema; de que modo, temáticas e problemas correlatos foram vinculados ao problema central, como é o caso de desenvolvimento X subdesenvolvimento e desenvolvimento X dependência. O interesse recai, sobretudo, na chamada Teoria da Dependência em sua vertente marxista, representada por autores como Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos, Vânia Brambirra, André Gunder Frank, entre outros, que conviveram em instituições como a Universidade de Brasília (UNB) e, no exílio chileno, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos (CESO), da Faculdade de Economia, da Universidade do Chile ou no México, no Centro de Estudos Latino-americanos, na Faculdade de Filosofia, da Universidade Nacional Autônoma do México

*Maria Emilia Prado. Profª Titular Depto de História /UERJ. Editora da revista INTELLÈCTUS www.intellectus.uerj.br Reflexões em torno das temáticas da integração e do desenvolvimento. Este trabalho tem como objetivo contribuir para a discussão teórica a respeito do papel dos intelectuais no Brasil a partir da análise do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, destacando-se especialmente as reflexões feitas por Hélio Jaguaribe e Roland Corbusier, respectivamente idealizador e diretor do ISEB na segunda metade da década de 1950, no tocante às temáticas da nação e do desenvolvimento. Para isto serão objeto de análise os conceitos de cultura, nação e desenvolvimento apresentados em alguns dos trabalhos produzidos por esses intelectuais no período de 1955-60. Esta análise será feita adotando-se uma abordagem metodológica onde os escritos serão compreendidos a partir do tempo histórico em que foram produzidos, buscando inseri-los na tradição intelectual brasileira.

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14:30 / 16:30 - Sala 7023 bloco A (Prof. Celso Mello) Sessão I- * Alexandre Manuel Esteves Rodrigues. Doutorando em História PPGH/UERJ, professor do Centro Universitário Metodista Bennett Passagens para o nacional: Comentários sobre Evolução Política do Brasil de Caio Prado Júnior Estudo sobre o livro Evolução Política do Brasil, de Caio Prado Júnior. Discussão desse "ensaio de interpretação materialista da História do Brasil", subtítulo utilizado na sua primeira edição, em 1933, em torno da crítica a uma historiografia preocupada com a "superfície dos acontecimentos", bem como das tentativas de interpretação marxista realizadas até então. Busca de elucidação das contribuições analíticas feitas por Caio Prado Júnior e da própria situação do PCB, considerando que, desde o VI Congresso da Internacional Comunista, realizado no segundo semestre de 1928, começa a ser discutido e definido pela primeira vez um posicionamento mais específico acerca da questão latino-americana, cujo ápice se dá com a ascensão de Stálin ao poder no PCUS e as conhecidas conseqüências na URSS, na IC e nos partidos comunistas do mundo inteiro. Revisão do processo que desembocou no desmantelamento do grupo dirigente original do PCB. Análise da abordagem realizada acerca da passagem da colônia à nação, sintonizada com a perspectiva crítica da histórica política brasileira. * Alexandre Pinheiro Ramos- Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História/UERJ..Pesquisador do GrPesq “Idéias, Intelectuais e Instituições” (CNPq-UFF)

Estado, Corporativismo e Utopia no pensamento integralista de Miguel Reale (1932-1937). É incontestável a influência que autores como Alberto Torres, Oliveira Vianna, dentre outros, tiveram para a formação do pensamento dos diversos intelectuais que se congregaram sob a bandeira da Ação Integralista Brasileira. Inspirando-se e baseando-se nas propostas de organização de um Estado “forte”, preferencialmente corporativista, e sempre presente na sociedade, muitos intelectuais integralistas levaram tal preocupação para o Integralismo, incorporando-as às suas análises. Miguel Reale, advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e um de seus principais representantes, certamente configurou-se como o maior “seguidor” destas idéias, e embora sua produção intelectual do período que nos interessa, ou seja, da década de 1930, possuísse um direcionamento político muito claro – a apresentação e justificação do Integralismo como ideal para o Brasil – ele trouxe para o centro de suas reflexões as questões concernentes a organização e ao papel a ser desempenhado pelo Estado e pelo corporativismo. Desta maneira, pretendemos demonstrar como Miguel Reale teria contribuído para aquele tipo de literatura já existente no Brasil, mas somando-se a isto os elementos peculiares de seu pensamento como a elaboração de uma “utopia integralista” a qual apresentaria o Estado Corporativista como elemento fundamental de organização da sociedade, e o papel exercido pelo Direito, utilizado de maneira a lhe fornecer os argumentos necessários para justificar suas propostas.

* Joana Rita da Costa Brites. Mestranda em História da Arte na Faculdade de Letras da U. de Coimbra, historiadora de arte no Gabinete de Candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial da UNESCO

O moderno sim, mas o moderno característico da nossa paisagem”: discursos e percursos da arquitectura do Estado Novo

Os conceitos de «modernismo» e «nacionalismo» – apesar da nebulosidade com que foram definidos e defendidos, não só mas também em Portugal, na primeira metade do século XX – constituem o fio condutor da teoria e da prática arquitectónica do Estado Novo. Os apelos em torno da concretização de “uma renovação nossa”, adaptando as puritanas formas modernas ao “clima arquitectónico local”, marcaram, intensivamente, os discursos e percursos da arquitectura dos anos trinta e quarenta. Partindo da exposição do debate verificado, durante as décadas de afirmação e consolidação do salazarismo, entre o «fazer moderno» e o «fazer nacional» (este coadjuvado ou substituído pelas noções de «tradicional» ou «regional»), a presente comunicação procurará demonstrar a ambiguidade que tal contenda assumiu, tanto na recepção estética (periódicos), como nos edifícios estatais construídos (as «colagens» de gramáticas estilísticas à partida incompatíveis, descritas posteriormente como “absurdas sínteses moderno-barroco-alvenaria-cimento armado”).

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Problematizar-se-á a ideia de que a trajectória de «corrupção» da arquitectura moderna (entranhando-se-lhe uma escala monumentalizante e/ou pseudo roupagens «pitorescas» ou históricas) constitui um apanágio dos regimes autoritários ou totalitários. Introduzindo sintéticas perspectivas comparativas, quer com outros fascismos quer com demoliberalismos, destacar-se-ão os paralelos e as diferenças. Finalmente, procurar-se-á sustentar que a «bricolage» arquitectónica registada em Portugal nos anos trinta e quarenta, longe de enfraquecer a viabilidade conceptual de uma arquitectura do Estado Novo, constitui o seu vector de unidade. O património então edificado corporiza, afinal, um exemplo da lógica pragmática, intrínseca à natureza do regime. Uma directriz estética centralizada, monolítica e aplicada sem piedade teria contrariado uma das chaves do «saber durar» do salazarismo: o hibridismo, a indefinição, o jogo entre forças modernizantes e conservadoras. * Massimo Morigi e Stefano Salmi - Massimo Morigi è Dottorando presso la FLUC; Stefano Salmi è Dottorando presso la FLUC ed è collaboratore del CEIS20

Arte e Modernita’: I due percorsi comuni Del fascismo e dell’ Estado Novo.

Nell’ambito degli studi sui totalitarismi del ‘900, le politiche culturali e/o propagandistiche di questi regimi sono fra i terreni più fecondi sia per focalizzare la natura e la dimensione del consenso da loro ottenute ma anche per ridiscutere ormai stantii luoghi comuni che vorrebbero, da un lato, i totalitarismi come assolutamente “reazionari” rispetto alle nuove correnti culturali ed artistiche e dall’altro, queste correnti del tutto impermeabili, sia nei loro principali esponenti ma anche a livello di elaborazione culturale, ad instaurare un qualsiasi rapporto con una visione totalizzante della vita e della politica. Sulla scorta di una ormai consolidata letteratura, che giudica invece il rapporto totalitarismo/arte in un’ottica assolutamente più dialettica, arrivando addirittura, sulla scorta delle categorie estetiche benjaminiane, ad assegnare incontestabili “markers” di arte d’avanguardia alle esperienze artistiche venutasi ad ibridare col totalitarismo ( non solo il futurismo ma anche l’architettura moderna che vide in questi regimi un’occasione unica di commesse pubbliche, mettendo così in pratica la propria visione razionale ed antitradizionalista), la comunicazione si propone quindi di trattare dei casi portoghese ed italiano. Un esame che oltre ad operare una comparazione di “sistema” sulle rispettive politiche culturali nel campo dell’arte ( arti plastiche Che sotto il fascismo italiano e sotto il salazarismo godettero di relativa libertà ed anche sostegno, al contrario della letteratura che dovette subire da entrambi i regimi pesantissime censure nelle opere e vere e proprie persecuzioni negli autori) ed anche sui diretti contatti e scambi di esperienze fra l’Italia fascista e l’ Estado Novo, si propone partendo da questa analisi di contribuire al dibattito sul sempre difficile e mai risolto rapporto fra arte e potere e sulla possibilità delle avanguardie artistiche di non essere assorbite dalle politiche di “estetizzazione della politica” (totalitarismi fascisti) o di “politicizzazione dell’estetica” ( totalitarismi comunisti).

ISBN 978-85-88769-23-6

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17:00 / 19:00 Sala 7005 bloco F. (Salão Nobre) SESSÃO II- * Lucia Maria Paschoal Guimarães. Prof. Titular de Metodologia./UERJ. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A "Sala do Brasil": uma vitrine para a Terra da Santa Cruz na Universidade de Coimbra A inauguração da Sala do Brasil na Universidade de Coimbra, em 7 de dezembro de 1937, no âmbito das festividades do quarto centenário da Universidade, reuniu importantes figuras do panorama poítico e intelectual lusíada. A comunicação pretende examinar as dimensões desse evento, à luz do contexto das relações luso-brasileiras. * Adriano de Freixo. Professor do CEFET-RJ e do UniBennett A Língua como Pátria: A Mitologia Cultural Portuguesa e a Construção da Idéia da Lusofonia. Após a concretização da independência das suas antigas colônias, em meados da década de 1970, o Estado português relegou ao segundo plano sua tradicional “política atlântica” e passou a priorizar o processo da integração do país à Comunidade Européia. No entanto, na década de 1980, com esta integração já concretizada, Portugal ensaiou o seu “retorno” à África depois de quase uma década de esquecimento. Foi neste contexto que setores da elite política portuguesa – de todas as correntes políticas, inclusive do Partido Socialista – e da intelectualidade progressista encamparam o ideal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Nesse momento, procurou-se construir um consenso nacional em torno da sua construção, através da idéia da lusofonia, uma releitura, em novos parâmetros, do discurso secular da originalidade da cultura portuguesa e das marcas que ela deixou no mundo, a partir das grandes navegações dos séculos XV e XVI. Com esta perspectiva, procurou-se referendar tal idéia com a busca em experiências passadas ou em escritos de intelectuais e pensadores bastante distintos entre si dos elementos necessários para o processo de legitimação daquela Comunidade, então em processo de gestação. Assim, através do resgate e da resignificação de um conjunto de mitos extremamente caros ao imaginário lusitano, a idéia da lusofonia ganhou corpo e tornou-se efetivamente uma força mobilizadora para amplos setores da sociedade portuguesa. * Paulo Jorge Granja Investigador do CEIS-20

Do novo cinema brasileiro ao Cinema Novo Português: a recepção crítica do cinema brasileiro e a sua influência no cinema português. Ainda antes do sucesso internacional alcançado pelo chamado Cinema Novo, nos anos 60, a renovação do cinema brasileiro a que se assistiria desde os inícios da década de 50 não deixaria indiferente a crítica de cinema que pretendia modernizar o cinema em Portugal. Partindo de uma situação estética e comercial semelhante à vivida pelo cinema em Portugal, ao denunciar a realidade política e social do Brasil, o sucesso desse novo cinema em língua portuguesa parecia legitimar as esperanças de todos quantos acreditavam na possibilidade de um cinema política e socialmente comprometido. Um cinema de fortes preocupações sociais que pudesse competir internacionalmente, quer com o cinema de evasão, invariavelmente identificado com o cinema americano, quer com o chamado moderno cinema europeu, ostensivamente formalista e, na maior parte dos casos, desprezando quaisquer compromissos de natureza social ou política. Mesmo para os críticos mais próximos do regime salazarista, os paralelismos entre a situação em que se encontrava o cinema português e aquela em que se encontrava o cinema brasileiro eram inevitáveis, sendo este frequentemente apresentado como um exemplo de renovação a seguir. Nesta comunicação, analisaremos, pois, a forma como o novo cinema brasileiro foi recebido pela crítica de cinema em Portugal, nomeadamente em revistas como a Imagem, o Visor, Celulóide e O Filme. Embora sempre atenta às estratégias de afirmação internacional do cinema brasileiro, revelaremos como a crítica dessas revistas ora valorizou o conteúdo dos filmes, ora privilegiou os aspectos formais em detrimento de mensagens políticas demasiado incómodas, conforme o posicionamento político-ideológico das respectivas linhas editoriais. Finalmente, sugeriremos como, algo paradoxalmente, o novo cinema português — há muito reivindicado pela crítica de esquerda —, acabaria por afirmar a sua modernidade menos pela assunção de uma qualquer responsabilidade política e social do cinema, do que pela adopção dos critérios estéticos formais e das estratégias de afirmação internacional comuns quer ao cinema novo brasileiro, quer ao moderno cinema europeu.

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17:00 / 19:00 - Sala 7023 bloco A (Prof. Celso Mello) SESSÃO I- * Frank dos Santos Ramos. Mestre em História Social/UFF -Professor regente de História da SEE-RJ.Editor-responsável da Revista Eletrônica Tempo de

Conquista. www.revista.tempodeconquista.nom.br Do Proibido ao Permitido: A Comunidade Zur Israel no Brasil- Holandês. A fundação da Kahal Kadosh Zur Israel, em 1636, constituiu-se na primeira comunidade judaica legal das Américas, organizada a partir da chegada de judeus sefarditas no nordeste brasílico durante a segunda Invasão Holandesa, 1630-1654. Seu estabelecimento assim como sua consolidação num meio social tão hostil aos judeus e seus descendentes como o fora na Nova Lusitânia, significou um verdadeiro revigoramento das já esmaecidas práticas religiosas tão caras aos judeus por causa das inúmeras barreiras religiosas criadas pelos governos fiéis aos princípios católicos. Portanto, a partir do respaldo legal das autoridades holandesas — e em contraponto com as demais regiões da América lusitana —, uma tolerância religiosa em grau nunca antes presenciado foi vivenciado no nordeste do Brasil. Embora tivesse curta duração, seus efeitos se fizeram sentir longamente, contribuindo decisivamente para a manutenção, lembrança e divulgação das tradições judaicas no Brasil até os dias atuais.

* Rodrigo da Nóbrega Moura Pereira. Doutorando em História. PPGH/UERJ. Pesquisador do GrPesa/UERJ. “Intelectuais e Poder no Mundo Ibero-Americano.

Catequizar e Civilizar: O debate sobre a educação religiosa como instrumento das políticas públicas do Estado Imperial Brasileiro. Durante a maior parte do século XIX, houve, entre os políticos e intelectuais brasileiros, um razoável consenso sobre a idéia de que a educação religiosa do povo era uma tarefa indeclinável do Estado Imperial, e também uma condição indispensável para a manutenção da ordem social. Este artigo tem como objetivo analisar o debate entre os políticos e intelectuais brasileiros que, especialmente entre as décadas de 1860 e 1870, em meio aos conflitos que opunham católicos liberais e ultramontanos, discutiram o papel do Estado na formação religiosa das classes populares. Interessa examinar como a elite brasileira percebia a religiosidade popular e como, em sua visão, a educação religiosa poderia servir de instrumento civilizatório. * Andréa Braga Fonseca – Doutoranda em História/UERJ. Pesq. GrPesq?UERJ Intelectuais e Poder no Mundo Ibero-Americano. Olhares Protestantes sobre o Mundo Ibérico. A chegada de homens e mulheres protestantes alemães, ingleses e estadunidenses ao Brasil, marcou o início do encontro de dois mundos culturalmente distintos. São os olhares protestantes sobre o mundo com características ibéricas fortes que serão analisados aqui. Foram trabalhados os jornais que constam de vários discursos dos missionários criticando a cultura ibérica, bem como os diários. Essas fontes podem ser pensadas como lugares importantes da construção de identidade de um grupo que desejava se apresentar como diferente do “outro”. O Objetivo do trabalho portanto é analisar os conflitos de olhares elaborados por dois personagens protestantes principais: Robert Kaley que chegou ao Rio em 1855. Este, médico, missionário, há havia realizado trabalhos de evangelização na Ilha de Madeira (Portugal) e trabalhado com religiosos portugueses nas Índias Ocidentais Britânicas. E a preceptora alemã luterana Ina Von Binzer que imigrou para o Brasil em 1881, contratada por uma família do Estado do Rio de Janeiro. Durante o período que aqui permaneceu também elaborou um olhar especifico sobre a realidade ibérica.

ISBN 978-85-88769-23-6

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30 de Maio de 2008/ Sexta-Feira. 10:30 às 12:30 - Sala 7005 bloco F (Salão Nobre )

MESA 1 *Luís Reis Torgal- Professor Catedrático Aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, coordenador científico do grupo de investigação “Arquivo da Memória e História do Século XX”, do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20 A Universidade entre a Tradição e a Modernidade. As caricaturas portuguesas do fim da Monarquia e do início da República (fins do século XIX - inícios do século XX), uma delas do célebre Rafael Bordalo Pinheiro, na famosa série Álbum das Glórias, apresentam a Universidade ligada à Tradição e aos seus privilégios corporativos, como se fosse o símbolo do “conservadorismo” (monárquico ou de “antigo regime”, para ser mais convincente). Mas será essa a verdadeira razão que poderá justificar a crítica à Universidade “conservadora”, ligada a uma forma de ensino autoritário e memorial e de ciência “escolástica” fora do âmbito da realidade social ou da “modernidade”? Teremos de repensar a questão da Tradição e da Modernidade segundo outros prismas para entendermos talvez a verdadeira “questão da Universidade”. Mesmo a lógica de que o saber e o ensino só podem ser “modernos” desde que enquadrados numa lógica de “progresso rectilíneo” não pode servir para averiguarmos o “estado da instituição”. Deve dizer-se, é certo que foram as teses “iluministas”, com o Pombalismo e, depois, as teses “cientistas” da Enciclopédia e de Condorcet que geraram em Portugal um movimento pedagógico-científico que se verificou na Universidade ou mesmo fora dela, como na então criada Academia das Ciências. É também certo que essa lógica gerou uma teorização kantiana de “conflito de faculdades”, que se expressou na prática no início do século XIX, com repercussões ao longo da centúria, que desenvolvia a tese de que faculdades científicas (a “filosofia”, no sentido amplo) deveria tomar o papel que até aí era ocupado pelas ciências ditas “positivas”, a teologia e o direito. É verdade que foram as teses da Convenção que apresentaram as concepções mais radicais, propondo inclusivamente não a “reforma” da Universidade, mas a sua supressão, o que sucedeu em França no fim do século XVIII e no século XIX, até ao seu final, após a experiência centralizadora, napoleónica, do ensino, levando á formação de escolas autónomas, fora do paradigma universitário (corporativo) da instituição. É certo que se em Portugal essa tese não vingou com o desaparecimento da única Universidade então existente — a de Coimbra —, se verificou, depois de 1836, o aparecimento de escolas autónomas de algum significado no panorama do ensino. E no Brasil independente, em 1822, onde não existia nenhuma universidade no período “colonial”, nenhuma foi criada também, ao invés do que seria de esperar, tendo de se aguardar a década de vinte do século XX para encontrarmos uma instituição com essa designação. Mas é igualmente verdade que não desapareceu — nem talvez pudesse desaparecer, nem em Portugal nem no Brasil, dado o sentido reconstitucionalizador da sociedade liberal — o “império do bacharel jurista” e também é certo que práticos e cientistas médicos e das “ciências naturais” que pensaram fazer alterar o rumo da ciência e da cultura nem sempre eram liberais e chegaram mesmo, alguns, a apresentar-se como tradicionalistas políticos, revolvendo as teorias do “progresso rectilíneo”, negando-o ou colocando o andamento da civilização numa lógica de espiral de tipo viquiano. Curiosamente no final do século XIX, em Portugal, verificou-se, por sua vez, uma nova luta dos “cientistas”, ou numa lógica da Universidade humboldtiana, de tipo científico, mas não perdendo o sentido de uma instituição que se queria centralizada e dinamizada pelo poder central, ainda que com uma certa autonomia no campo que lhe era próprio, ou — e não eram os mais republicanos (se se pode dizer assim, num tempo em que mesmo republicanos dos mais lutadores, no campo universitário provinham das hostes monárquicas, como Bernardino Machado) — defendiam uma lógica autonomista de tipo “neo-corporativo”, mas liberal e “burguês”, com um grande dinamismo científico, numa concepção de tipo americano, como o fizera o professor-médico Sobral Cid. A verdade ainda é que a “geração de República” não conseguiu dar nova vida à instituição universitária, ainda que algumas reformas se viessem a impor e se verificasse uma luta encarniçada à direita e à esquerda no meio estudantil, sem que a Universidade deixasse de ser fortemente “juridista” (o papel dos juristas na formação e consolidação do Estado Novo, de tipo “fascista” é um facto significativo). E se os escritores e intelectuais modernistas vão troçar de todas as instituições, inclusivamente da Universidade, mas vão seguir uma via que os levará a uma linha nacionalista (o mesmo começara por suceder na Itália, pátria de Marinetti e de D’Annunzio), a sensibilidade da “gente nova”, humanista e cientista, demoliberal, dos anos vinte - trinta do século XX em busca de uma “universidade nova”, vai — sobretudo, na esteira de uma célebre lição de Ortega y Gasset, pouco ouvida nos meios universitários instalados espanhóis, mas com grande impacto nos meios estudantis e na área dos intelectuais e universitário rebeldes portugueses — lutar por uma Universidade essencialmente “cultural”, mas também “profissional” e “científica”, em busca de uma ética de “autenticidade”. Assim o fizeram o botânico Aurélio Quintanilha, o médico Abel Salazar, os humanistas Rodrigues Lapa, Sílvio Lima, e mesmo Hernâni Cidade, professores liceais como Lobo Vilela, intelectuais “livres” como António Sérgio e outros “seareiros”.

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Entretanto, a lógica da Universidade promovida por “novas gerações” de intelectuais e universitários “fascistas” se defendia um juridismo e um humanismo conservador ou reaccionário, também lutava por uma ideia de progresso que se casava com o nacionalismo e com virtualidades “bélicas” ou racistas ou, pelo menos, eugenistas. O último paradigma da Universidade nesta confusão de conceitos, entre Tradição e Modernidade, será a lógica da Universidade globalizada, neo-liberal, massificada, cada vez mais massificada de ideias e normativizada segundo regras de rentabilidade e de gestão empresarial, contrária à “universidade sem condição” proposta utopicamente numa famosa conferência de Jacques Derrida. Destruiu-se o velho conceito de Universidade, como lógica democrática e social, ou socialista, para se instalar um conceito, não de tipo “americano”, como se diz, mas que tem a América como pseudoparadigma, que se coloca numa posição pragmática de desenvolvimento, que tende mesmo a separar “pedagogia” e “informação” de Ciência, que se retiraria para os muros de centros de investigação, embora numa lógica de relações internacionais. E quem pensa o contrário, quem não compreende os conceitos de “competitividade”, “competência”, “massa crítica” e outros quejandos conceitos trazidos normalmente das ciências práticas, da tecnologia, da sociologia industrial, da medicina, das ditas ciências da comunicação, com toda a sua “actualidade cibernética”, das ciências da educação, mas também compreendidos ou manipulados por alguns políticos-juristas, conceitos normalmente apresentados em Inglês, que se arvora como o novo latim ou o novo francês do século XXI, na mesma lógica imperial, mas de sentido inverso, considera-se que não acompanhou o comboio do “progresso” e da “modernidade” e é apelidado de defensor da Tradição e do Conservadorismo. Mesmo que esse alguém seja capaz de dominar as novas tecnologias e as considere um óptimo instrumento e não um fim em si mesmas. Poderemos, por contraditório que pareça, dizer que estamos perante uma “nova escolástica”, incapaz da reflectir em liberdade e “sem condição”. Por isso mesmo se há mundo complexo para se entender os conceitos de Modernidade e de Tradição é a Universidade. Foi-o sempre e continuará a sê-lo. Por isso a entendo como uma instituição que está sempre em “crise”. A crise é um estado de transição, de doença, em direcção à vida ou à morte ou… a uma vida doentia. Em direcção a quê? — será sempre essa a questão. * Francisco J. Calazans Falcon. ( prof. Titular aposentado da UFF e prof. da Universo)

14:30 / 16:30 - Sala 7005 bloco F (Salão Nobre) SESSÃO I- * Maria Letícia Corrêa. Drª em História/UFF. Professora adjunta de História do Brasil no Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A modernização do Brasil na obra de Serzedelo Corrêa A quase simultânea eliminação das instituições fundamentais do Império, com a Abolição e a República, juntamente com o crescente cosmopolitismo do importante pólo comercial em que se transformou a cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX, favoreceram a emergência de um intenso debate sobre os rumos da sociedade brasileira no período. O início da República foi marcado pela discussão de propostas de defesa de uma política que auxiliasse a nascente indústria nacional. Tais demandas se refletiram no campo das idéias econômicas, que devem ser vistas como parte do amplo processo de modernização que caracterizou as duas primeiras décadas republicanas, cristalizando-se, então, a representação assente na polaridade entre campo/arcaico x cidade/moderna, e a defesa de ações que concorressem para o progresso e a civilização. Nos termos da época, esta polarização se expressou, por exemplo, na discussão sobre a oposição entre indústria natural, identificada aos estabelecimentos que consumiam matérias-primas produzidas no país, ou mesmo à própria atividade agrícola, e indústria artificial, com os estabelecimentos que processavam matérias-primas importadas. O debate sobre idéias econômicas da Primeira República será abordado a partir da produção intelectual de Serzedelo Corrêa, engenheiro militar, que ocupou cargos-chave no governo federal, elegendo-se deputado à Assembléia Constituinte de 1890-1891 e depois ao Congresso Nacional, firmando-se como liderança ligada ao Centro Industrial do Brasil. A produção do autor sobre matéria econômica reúne os artigos de imprensa reunidos no livro O problema econômico do Brasil, de 1903, e textos produzidos entre 1902 e 1906. As matrizes teóricas que informam seus argumentos apontam para um deslocamento dos conceitos do livre-cambismo, em prol dos precursores da defesa do protecionismo, como Friedrich List, e da influência de Augusto Comte, o que vem a determinar o crescimento da importância do Estado como tema da Economia Política.

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*Daniel de Pinho Barreiros. Dr. em História/UFF. Prof, de História/CMRJ. Pesquisador associado do Grpesq-UFF-CNPq Idéias, Intelectuais e Instituições. A Elite Intelectual Moderno-Burguesa e a “vigilância” contra o Populismo (1960-1969) Pouco espaço para dúvida havia entre a elite intelectual moderno-burguesa (Campos, Gudin, Bulhões, Delfim Netto e Mario H. Simonsen) quando o assunto referia-se à necessária ruptura com o Projeto Desenvolvimentista, juntamente com seu “corolário”, o “populismo latino-americano”. A adesão ao movimento civil-militar de 1964, a participação ativa na formulação da política econômica dos governos militares, bem como os ataques públicos movidos pelos moderno-burgueses desde o início de 1960, evidenciavam o entendimento de que dentro dos marcos do desenvolvimentismo, a obtenção do “bem maior”, prevista como orientação geral dos princípios fundamentais da elite, jamais seria possível. Com a mesma atenção mantiveram em observação a administração econômica após-1964, certos de que a luta contra o populismo e contra o Projeto Desenvolvimentista dependia de constante vigilância que pudesse impedir sobrevivências ou recaídas, por parte dos militares ou de lideranças civis aliadas ao bloco golpista. Entre denúncias a críticas, a elite moderno-burguesa propagava a idéia de uma necessária “revolução” contra a “demagogia” e contra a “indigência intelectual”, revolução esta que esperavam ter sido concretizada nos “idos de março”. * Ricardo Ismael. Dr. Em Ciência Política/ IUPERJ. Professor assistente da PUC-Rio. Coordenador de graduação do Departamento de Sociologia e Política

Entre o Corporativismo e o Pluralismo: A Trajetória do Sindicalismo Brasileiro a partir dos anos de 1990 As bases do sindicalismo corporativo (poder regulador do Ministério do Trabalho, unicidade sindical, filiação sindical voluntária, contribuição sindical compulsória e poder normativo da Justiça do Trabalho), implantadas durante o primeiro governo Vargas, conseguiram atravessar diferentes momentos da história política do país, apresentando-se como exemplo de longevidade institucional, apesar das críticas recorrentes. O novo sindicalismo surgido no final dos anos de 1970, na região do ABC paulista, liderado pelo então líder metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, defendia um sistema de representação de interesses pluralista, o qual marcaria o fim do monopólio da representação sindical, a ascensão de organizações voluntárias e competitivas como as Centrais Sindicais, e consagraria a livre negociação entre trabalhadores e o patronato, derrotando assim o tradicional controle do Estado sobre os sindicatos. Esta tensão entre o corporativismo e o pluralismo esteve presente na elaboração da Constituição de 1988. Naquela oportunidade, entretanto, observou-se uma inflexão na posição do Partido dos Trabalhadores na votação sobre a unicidade sindical. A abstenção dos deputados petistas, representantes do ideário do novo sindicalismo encarnado pela Central Única dos Trabalhadores, favoreceu a manutenção do monopólio da representação sindical. O artigo pretende mostrar a consolidação de um sistema híbrido de representação de interesses dos trabalhadores no Brasil, estrutura corporativa e arranjos pluralistas convivendo juntos, tomando como base a trajetória do sindicalismo a partir dos anos de 1990. Neste período ganha visibilidade às contradições entre o discurso e a prática das forças políticas defensoras de reformas profundas na legislação sindical, em razão das adversidades derivadas do ambiente econômico e por conta das crescentes possibilidades, posteriormente confirmadas, de ampliar sua influência no cenário político.

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14:30 / 16:30 - Sala 7023 bloco A ( Prof. Celso Mello) Sessão I- * Helenice Pereira Sardenberg. Pedagoga. Doutoranda em Serviço Social – UERJ; Professora e Coordenadora do Curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Maria Thereza Políticas Sociais e exclusão social em lugares turísticos:Apontamentos sobre o Caso de Itacaré, Ba. Este trabalho traduz-se no esforço em pensar as problemáticas oriundas da exclusão social, especialmente em lugares turísticos, bem como as políticas sociais implementadas como forma de inclusão de uma parcela da sociedade, especificamente na cidade de Itacaré, localizada ao sul da Bahia. Para isto, num primeiro momento trata-se da noção/conceito de globalização, articulando-o com as novas territorialidades e sociabilidades oriundas desse processo. Para tanto, utiliza-se como ponto de partida a reflexão de Milton Santos, notadamente na sua obra Por uma outra globalização (2000), não excluindo, contudo, a contribuição de outros autores, como Kosik (1989), Mèzaros (2002), Harvey (2006), Chesnais (1996), Iamamoto (2005). Sendo assim, argumenta-se que como desdobramento da globalização, as cidades turísticas vão sendo redesenhadas a serviço da atual dinâmica exacerbada do mercado, à medida que tais processos estão intrinsecamente relacionados à dinâmica do capital. Portanto, avalia-se que Itacaré pode ser incluída como importante estudo de caso, pois ela, como outras tantas cidades turísticas, especialmente as litorâneas, vem sofrendo constrangimentos cuja avaliação pode oferecer valiosas contribuições para a compreensão da urbanização – excludente – contemporânea. Esta cidade explicita as tendências sócio-espaciais decorrentes do processo de reestruturação econômica mundial, através do acirramento das contradições locais, dentre elas o incremento da pobreza, pois o município enfrenta de forma paradoxal e concomitante o aumento da precariedade, especialmente da população nativa, que se submete aos ditames da exclusão, de um lado, e o incremento da riqueza que se corporifica através do usufruto dos “estrangeiros” que sistematicamente visitam a região, em função de suas belezas naturais, desfrutando de tudo que acaba sendo vedado aos nativos, em especial os recursos naturais, como praias, cachoeiras que têm sido sistematicamente privatizadas. * Alejandra Saladino. Museóloga. Doutoranda em Ciências Sociais/UERJ. Museus da Ibero-américa: para uma mudança de paradigmas No I Encontro Ibero-Americano de Museus, que reuniu em junho de 2007 na cidade de Salvador 22 representantes da área de museus dos países ibero-americanos, foi elaborada a Carta da Cidade de Salvador, um protocolo de intenções que, além de ratificar as moções da Carta de Santiago, propõe a articulação das ações empreendidas pelos países, no bojo da Rede Ibermuseus, no sentido de transformar os museus em potenciais agentes de mudança e desenvolvimento social. O objetivo desta comunicação é caracterizar tais práticas e refletir sobre esse processo de integração e intercâmbio de experiências no campo museológico ibero-americano. * Jocelito Zalla . Mestrando. PPGH/UFRGS Tradição e modernidade na pena de um centauro: Luiz Carlos Barbosa Lessa e a invenção do tradicionalismo gaúcho (1945-1954) O presente trabalho tem como objetivo a análise da produção intelectual de um dos fundadores e principal teórico do movimento tradicionalista gaúcho, Luiz Carlos Barbosa Lessa, no seu período de formação – 1945-1954. A análise dessa produção se mostra um instrumento privilegiado para captar a dinâmica da fabricação do tradicionalismo, evidenciando nesse processo a relação entre campo e cidade e a corolária tensão entre tradição e modernidade. O recorte temporal se justifica pelo corpus documental analisado, expressando um período de intenso engajamento pessoal de Lessa na constituição do tradicionalismo - a partir de suas primeiras publicações em um veículo de comunicação de grande circulação, a Revista do Globo, de Porto Alegre, até a defesa e publicação de sua tese “O sentido e o valor do tradicionalismo”, no I Congresso Tradicionalista Gaúcho. A perspectiva teórica que ilumina esta proposta é a formulada por Eric Hobsbawm, que fundou uma vertente de estudos sobre o fenômeno contemporâneo identificado como “invenção das tradições”. O autor entende por “tradição inventada” um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que legitima uma noção de continuidade em relação ao passado. É possível pensar o tradicionalismo no período como um movimento cultural, social e político de caráter conservador, porque busca num passado idealizado as respostas a uma crise

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moral da sociedade, o que deveria ser seguido pelo restante do Brasil, mas também evidenciar o seu tom de denúncia social: a renovação iluminada pelo passado que Barbosa Lessa propunha daria também respostas sociais, políticas e econômicas frente à pobreza material gerada pelo progresso e pela modernidade. *Alessandra Marchiori. Mestranda em Relações Internacionais CEBELA A Comunidade Sul-Americana das Nações. O presente trabalho busca analisar as repercussões na imprensa de dois dos principais países fundadores do Mercosul- Argentina e Brasil- ao longo do anos de 2005/06, a respeito da criação da Comunidade Sul-Americana. Nesse sentido, será necessário recuperar a discussão histórica do pan-americanismo bem como a trajetória do Mercosul. Atenção especial será dada ao papel dos Estados Unidos tanto historicamente como em tempos mais recentes, mediante formulação da política da Alca. Por- fim, será necessário compreender a proposta da CSN (CASA) inclusive suas implicações políticas para que seja possível avaliar o modo como a imprensa argentina e brasileira tratou a fundação da Comunidade Sul das Nações

17:00 / 19:00 - Sala 7005 bloco F. (Salão Nobre)

SESSÃO II- * Valdeci Rezende Borges . Doutor em História pela PUC/SP. Professor do curso de História da UFG/CAC, José de Alencar entre a Tradição e Modernidade: lutas por uma forma de representação “moderna” e brasileira Busca-se tratar da atuação do escritor José de Alencar no campo das batalhas simbólicas oitocentistas, travadas no Rio de Janeiro e com repercussões em Portugal, por uma forma narrativa moderna para representar a nação brasileira. Tal embate com a tradição literária portuguesa ficou plasmado em vários ensaios críticos, dos quais emerge a idéia de edificar uma literatura própria construtora de uma identidade e independência cultural da nação que completasse a do campo político. No contexto de um processo conflituoso, buscando inventar uma literatura nacional, com língua brasileira, tratamento e motivos próprios, Alencar, inserido nos campos da política imperial e da intelectualidade romântica, combateu por uma literatura individual, própria, que consolidasse a independência política declarada em 1822. O escritor foi militante combativo nas controvérsias ao redor da constituição da nacionalidade, tornando um dos genealogistas do Brasil como nação no confronto direto em longas polêmicas com grupos variados de intelectuais, tanto brasileiros quanto portugueses como Pinheiro Chagas e José Feliciano de Castilho. Alencar realizou uma reflexão teórica e metodológica sistemática com a intenção de construir e consolidar um paradigma para a escrita da literatura nacional. Essa luta foi expressa nos ensaios O Estilo na Literatura Brasileira, de 1850; Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, de 1856; Carta ao Dr. Jaguaribe, de 1865, que é posfácio de Iracema; Pós-escrito à Diva, também de 1865; Pós-escrito à segunda edição de Iracema, de 1870; Bênção Paterna, prefácio de Sonhos D’Ouro, de 1872, e nas Cartas ao Sr. J. Serra ou O Nosso Cancioneiro, de 1874. A partir desse corpus documental o objetivo é perceber os argumentos alencarianos em diálogo com aqueles dos representantes da tradição ibérica. * Gleudson Passos Cardoso. Professor Assistente de História da Universidade Estadual do Ceará/ UECE “A República com Cristo!”. Homens de Fé e Saber e o Imaginário Católico-Republicano em Fortaleza (1902 - 1913). No início do século XX, intelectuais católicos se viram empenhados a participarem da vida política e da organização social no Estado do Ceará. Em meio às mazelas sociais provenientes do ciclo de estiagem daquela primeira década (saques, vadiagem, mendicância etc), bem como, o envolvimento de alguns trabalhadores nos motins políticos, sobretudo, na capital cearense, homens de fé e saber se envolveram nas campanhas “em prol da regeneração moral dos pobres”. Exemplo que bem ilustra este momento é o do Dr. Guilherme Studart, que no calor das preocupações alardeadas pela “questão social” presente na Encíclica Rerum Novarum, promulgada por Leão XIII, obteve reconhecimento em virtude das “Conferências Vicentinas”, a lhe valer o título de “barão da Igreja”. Outras iniciativas como as “Conferências Católico-Sociais”, realizadas pelo Padre Júlio Maria Lombaerde em visita ao Ceará, a criação do Colégio dos Meninos Desvalidos e o Círculo

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Católico de Fortaleza, levam a crer que intelectuais e clérigos, em suas ações assistencialistas e ilustradas, passaram a ocupar as lacunas deixadas pelos representantes do poder público junto às camadas populares. Naquela ocasião, políticos se ocuparam das querelas em torno das cisões no seio do regime oligárquico, a exemplo das divergências sofridas pela família Pompeu Accioly que controlou a máquina pública cearense entre 1892 a 1912. Destarte, o objetivo desta comunicação é apresentar as práticas e discursos realizados por clérigos e intelectuais católicos na cidade de Fortaleza, tendo em vista uma “cultura política” católica-republicana imaginada como alternativa viável sobre o laicismo na política, a combater o avanço das idéias socialistas junto aos trabalhadores e a participação destes em alguns motins políticos, frente às convulsões sociais causadas pelo alto índice de pobreza e exclusão na sociedade brasileira daquele período. * Cláudio Antônio Santos Monteiro. Dr. em História. Universidade Robert Schuman-Strasbourg/França.Prof. Programa de Mestrado da Fund. Severino Sombra/Vassouras/RJ A consolidação das instituições monarquistas no Brasil na perspectiva da política internacional francesa relativa à América Latina (1840-1850). Na perspectiva dos observadores externos sobre o processo de consolidação das instituições monarquistas no Brasil ao tempo do Segundo Reinado se faz constante referência ao desenvolvimento de políticas externas do Estado com relação, em primeiro lugar, aos problemas de fronteira – particularmente entre o Brasil e as repúblicas do Prata – e em segundo lugar, ao processo de extinção do tráfico de escravos, que por sua vez, marcaram o histórico das relações entre o Império e a Inglaterra. Nessa perspectiva, a presente comunicação visa relevar a importância das fontes francesas – diplomáticas e publicistas – com relação à consolidação das instituições imperiais no Brasil, o que envolve, entre outras coisas, problemas e estratégias no que diz respeito ao jogo das disputas de zonas de influências característico do contexto internacional do século XIX entre as potências européias com relação aos países sul americanos. ISBN 978-85-88769-23-6

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Organização Geral- Profª Drª Maria Emilia Prado (UERJ).

Prof. Dr. Antonio Pedro Pita (U. Coimbra)

Comissão Acadêmica: Profª Drª Ana Lúcia Lana N Martins (UNIFESP)

Prof. Dr. Antonio Carlos Peixoto (UERJ)

Profª Drª Beatriz Domingues (UFJF)

Profª Drª Cláudia Wassermann (UFRGS)

Profª Drª Regina Rique (UNAM)

Prof. Dr. Rubem Barboza Filho. (UFJF)

Secretaria Acadêmica: Mestranda Alessandra Marchiori ( Bolsista Faperj/ CEBELA

Doutorando Jorge Batista Fernandes (Bolsista Capes/UERJ)

Doutorando Rodrigo da Nóbrega Moura Pereira(Bolsista Capes/UERJ

ISBN 978-85-88769-23-6