218
ORGANIZADORES Ana Paula Fernandes De Angelis Rubira Ana Cristina Ramos de Souza Marcelo Custódio Rubira V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE – PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA/PIBIC/CNPq/FSL 2012/2013 Porto Velho-RO

V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ORGANIZADORES

Ana Paula Fernandes De Angelis Rubira Ana Cristina Ramos de Souza

Marcelo Custódio Rubira

V COMUNICAÇÃO

CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE –

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO

CIENTÍFICA/PIBIC/CNPq/FSL 2012/2013

Porto Velho-RO

Page 2: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/FSL

INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS FACULDADE SÃO LUCAS – FSL

DIRETORA GERAL

Drª. Maria Eliza de Aguiar e Silva

VICE-DIRETORA Prof. Me.Eloá de Aguiar Gazola

DIRETORA DO FINANCEIRO

Srª Ana Cristina Gazola

DIRETOR DE PÓS-GRADUAÇÃO Srº Jaime Gazola

DIRETOR DE PESQUISA

Profº. Drº. Marcelo Custódio Rubira

EDITORES EXECUTIVOS Profº Me. Ana Paula Fernandes De Angelis Rubira

Profª Me. Ana Cristina Ramos de Souza Profº Drº Marcelo Custódio Rubira

EDITORES TÉCNICOS – CIENTÍFICOS

Profª Me. Ana Paula Fernandes De Angelis Rubira Profª Me. Ana Cristina Ramos de Souza

Profº. Drº. Anselmo Enrique Ferrer Hernandez Profº Drº Marcelo Custódio Rubira Esp. Fabiane Nespolo de Andrade

Profª. Drª. Rubiane de Cássia Pagotto Thaysa Giulliane Coelho Herculano

EDITORES ASSOCIADOS

Profª. Drª. Rubiane de Cássia Pagotto Profº. Drº. Marcos Silveira

Profº. Dr. José Maria Thomaz Menezes

PRODUÇÃO/REVISÃO EDITORIAL Esp. Fabiane Nespolo de Andrade

Thaysa Giulliane Coelho Herculano

AGÊNCIAS FINANCIADORAS Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
ueliton.trinidade
Carimbo
Page 3: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

APRESENTAÇÃO

É um programa voltado para o desenvolvimento do pensamento científico e iniciação à

pesquisa de estudantes de graduação do ensino superior.

OBJETIVOS

• Despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de graduação, mediante sua participação em projetos de pesquisa que introduzam o jovem universitário no domínio do método científico.

• Qualificar quadros para os programas de pós-graduação e aprimorar o processo de formação de profissionais para o setor produtivo.

• Estimular pesquisadores a envolver estudantes de graduação no processo de investigação científica, otimizando a capacidade de orientação da instituição.

• A Iniciação Científica é, em essência, um programa de desmistificação cultural, avesso a dogmas, destinado a esclarecer e completar a formação intelectual dos alunos.

Page 4: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

SUMÁRIO

- ANSELMO ENRIQUE FERRER Leandro Sutil Rosa..........................................................................................................05 - ANDREIMAR MARTINS SOARES Mauro Valentino Paloschi...............................................................................................25 Raíres Ferreira Rodrigues ..............................................................................................43 - CAMILA MACIEL DE SOUSA André Carlos Santos Ferreira..........................................................................................62 Gabriel de Deus Vieira ...................................................................................................77 - LUÍS MARCELO ARANHA CAMARGO Adriane Mendes Caminha Lima.....................................................................................91 Adriel Denner Oliveira da Silva....................................................................................108 - MARCELO CUSTÓDIO RUBIRA Pâmela Melo Santana..................................................................................................125 Ádria Cislane Ferreira da Silva.....................................................................................161 Vanderlei Paula Nascimento........................................................................................190

Page 5: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

RELATÓRIO FINAL

ESTUDO DE DIFERENTES SEMENTES PARA A OBTENÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS COMO UMA ALTERNATIVA NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Orientador: Anselmo Enrique Ferrer Hernandez Bolsista: Leandro Sutil Rosa

RESUMO

A floresta Amazônica é caracterizada por abrigar ampla diversidade, possuindo uma

riqueza considerável em termos vegetais, dentre estas plantas frutíferas ricas em

óleos. Este trabalho teve como objetivo utilizar os processos de extração de óleo,

avaliando e caracterizando os óleos extraídos de diferentes tipos de sementes,

analisando possível fonte para consumo humano e otimizando a obtenção de

biodiesel. Sementes de 4 espécies estudadas foram coletadas no sitio nove Irmãos, no

município de Urupá:RO nos meses de Dezembro de 2012 e Março de 2013, outra

espécie estudada foi a semente de Fevillea cordifolia Linnaeus que foram doadas pelo

Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA - RO), e armazenadas no Laboratório de

pesquisa do Centro de Ensino São Lucas, onde foi desenvolvido todo o trabalho. O

material foi macerado de acordo com a metodologia adotada, e a técnica de extração

utilizada nos experimentos foi de extração continua, sólido-liquido, utilizando aparelho

de Soxhlet. Os solventes envolvidos no processo de extração foram etanol comercial,

etanol combustível e acetona laboratorial. Os óleos obtidos das espécies Liana sp e

Fevillea cordifolia Linnaeus forneceram rendimentos extremamente satisfatório,

possibilitando uma possível alternativa de biodiesel, o solvente álcool de combustível

teve o melhor aproveitamento de extração de óleos vegetais, além de ter o seu custo

menor. Os óleos vegetais das espécies estudadas não podem ser utilizados para

consumo humano, pois apresentam metabolitos secundários que podem acelerar os

batimentos cardíacos. É preciso analisar maior o numero de espécies, pois ainda há

grande numero que falta a ser estudado para flora brasileira.

Palavras-chave: Floresta Amazônica, óleos vegetais, Fevillea cordifolia Linnaeus

Page 6: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

1. INTRODUÇÃO

A diversidade dos vegetais constitui uma grande riqueza em potencial para

economia e saúde humana. Apesar disso, somente algumas espécies vegetais

conhecidas na terra foram estudadas e varias espécies estão desaparecendo do

planeta em ritmo sem precedentes. Com a redução progressiva de grande parte desta

biodiversidade, ocorrerá também uma enorme perca cientifica e econômica,

principalmente para os países menos desenvolvidos, como o Brasil, que são os

detentores da maior parte das reservas vegetais do mundo (COSTA, 2006).

A floresta úmida Amazônia é caracterizada por abrigar ampla diversidade

biológica, tanto no que se refere à fauna, quanto à flora, estando às populações

tradicionais integradas a este contexto, enriquecendo culturalmente e contribuindo

com a diversidade do cenário amazônico (Silva, 2009). No ciclo de vida das plantas

superiores as sementes são responsáveis pelas novas gerações. Além disso, as

sementes têm função na dispersão e perpetuação das espécies (DAVIDE & SILVA,

2008).

Segundo Correa (2009), a região Amazônica possui uma riqueza considerável

em termos de recursos genéricos vegetais. Dentre estes plantas frutíferas ricas em

óleo, que apresentam potencialidade econômica e grande importância de valorização

para região.

O óleo vegetal pode ser extraído a partir de uma grande variedade de vegetais

e cada uma apresenta diferentes teores em óleos e a complexidade exigida para a

extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo

(COSTA, 2006).

A utilização dos óleos vegetais tem um futuro promissor, uma vez que o Brasil

é um dos maiores produtores de soja e possui grandes perspectivas para a produção

de outras sementes. Entre as várias oleaginosas que se tem conhecimento na

literatura, as que apresentam um alto teor de óleo na semente são favoráveis a

produção de biodiesel.

O biodiesel é definido na literatura como um combustível renovável,

biodegradável e ecologicamente correto, constituído de uma mistura de ésteres

metílicos de ácidos graxos, obtidos por reação de transesterificação de qualquer

Page 7: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

triacilglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol,

respectivamente. (TAKAKURA et al, 2009).

A lei brasileira nº 11.097, de 13 de Janeiro de 2005, que entrou em vigor no

ano de 2008, prevê a obrigatoriedade da adição de percentuais crescentes de

biodiesel no óleo diesel, ressaltando ainda que independente da matéria prima

utilizada para a produção do biodiesel, o produto final deve ser único e

padronizado.

Segundo Takakura et al (2009) a transesterificação com metanol ou etanol em

meio alcalino é preferida por razões econômicas, das quais podem se destacar o

rendimento das condições operacionais mais brandas de reação, porém os

parâmetros de processo de purificação do biodiesel ainda não estão claramente

definidos na literatura, podendo elevar os custos na produção.

O biodiesel apresenta vantagens frente ao diesel comum proveniente do

petróleo, por ser uma matriz renovável e com menos impacto ambiental, pois reduz

a quantidades de poluentes gasosos durante a sua queima. No entanto novos

métodos de analise se fazem nescessario para garantir a qualidade e rastreabilidade

do produto final (CAMPOS et al, 2009).

Uma das grandes vantagens do biodiesel é a sua adaptação aos motores do

ciclo diesel, sem necessidades de modificações, configurando-se em uma

alternativa técnica capaz de entender toda a frota já existente movida a óleo diesel

(BARROS et al, 2009).

O objetivo deste trabalho foi utilizar os processos de extração de óleo,

avaliando e caracterizando os óleos extraídos de diferentes tipos de sementes,

analisando possível fonte para consumo humano e otimizando a obtenção de

biodiesel.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Coleta e identificação taxonômica do material vegetal

O trabalho foi realizado nos anos de 2012/2013. Desenvolvido no laboratório

de pesquisa do Centro de Ensino São Lucas, onde trabalhou-se com 05 espécies de

sementes diferentes.

Page 8: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Das espécies estudadas 04 foram coletadas no Sitio Nove Irmãos, Zona Rural,

localizado há 17 km aproximadamente do município de Urupá: RO. O Município de

Urupá localiza-se a uma latitude de 11º08’26 sul e longitude 62º21’39” oeste, estando

em uma altitude de 200 metros sua população estima-se em 12. 687 habitantes,

possuindo uma área de 832,865 km².

Figura: Mapa localização do município de Urupá. Fonte: Google

As coletas foram realizadas em duas etapas. A primeira foi realizada no mês de

Dezembro de 2012, sendo coletados apenas os frutos de 01 espécie de liana, até o

momento não identificado botanicamente. A espécie encontrava-se em área alagada,

o que dificultou a coleta da parte vegetativa. Os frutos coletados foram colocados em

saco plástico e posteriormente levados ao laboratório de fitoquímica, onde foi

desidratado em estufa.

A segunda coleta foi realizada no mês de Março de 2013, foram coletadas três

espécies que encontravam-se em estágio de frutificação. Na oportunidade foi realizada

a coleta da parte vegetativa da espécie de liana, onde já não se encontrava em período

de frutificação.

Todo material botânico coletado seguiu as normas usuais de taxonomia, foram

prensados no local de coleta, sendo borrifado álcool em cada jornal para melhor

conservação, no período de 03 dias. Os frutos foram colocados em sacos plasticos, e

Page 9: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

uma amostra de cada fruto foi acondicionado em vidros com alcool para identificação.

O processo de desidratação do material foi em estufa no laboratório de fitoquímica.

Após esse processo o material foi descrito botanicamente com informações através de

referências bibliográficas sendo identificados a nível de família e espécie,

posteriormente incorporado ao acervo do Herbario Doutor Ary Tupinambá Penña

Pinheiro do Centro de Ensino São Lucas, através dos registros nº 6702 (Liana sp), 6703

(Machaerium Stipitatum),6704 (Byrsonima sp) 6705 (Cardiopetalum calophyllum

Schldl). Das 04 espécies coletadas apenas 01 espécie não foi identificada a nível

específico, a foi encaminhada para especialista.

As sementes de Paca piá (Fevillea cordifolia Linnaeus) foram fornecidas pelo Dr.

José Maria Menezes do Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA - RO) e armazenadas

no laboratório de fitoquímica.

2.2. Espécies (sementes) trabalhadas

As especies estudadas foram:

Fevillea cordifolia Linnaeus, (Paca-piá), família: Curcubitaceae;

Machaerium Stipitatum (sapuva ou sapuvinha). Família Fabaceae;

Cardiopetalum calophyllum Schldl, (embirinha). Família Annonaceae

Byrsonima sp. (murici): Familia: Malpighiaceae

2.3. Procedimento Laboratorial - Extração

Primeiramente foi feito a limpeza da matéria prima das sementes essa etapa

consistiu em retirar cascas, gravetos, sementes podres e outras impurezas que

poderiam prejudicar a qualidade do óleo. Este foi um procedimento muito importante

que garante a qualidade do óleo extraído.

O material foi sendo macerado de acordo com a metodologia adotada,

utilizando um aparelho de liquidificar da marca Arno. A pesagem das amostras e dos

óleos obtidos, foram feito em uma balança analítica, marca Tecnal Modelo B-TEC

2200.B.

Cartuchos foram confeccionados com papel toalha, pois a técnica de extração

utilizada nos experimentos foi de extração contínua, sólido – liquido (decocção),

utilizando um aparelho de Soxhlet, o qual está formado por um balão de 250 ml, com

Page 10: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

boca esmerilada, o aparelho de Soxhlet. Como solventes extrativos foram utilizados

diversos solventes, Etanol 92%, Etanol Posto e Acetona. Para cada amostra e Solvente

utilizado, foi realizado três replicas, com duração de 06 horas cada.

Para a extração dos óleos das sementes foram realizados os seguintes passos:

Pesagem dos cartuchos vazios onde foram colocadas as amostras; Pesagem do

cartucho com as amostras; Pesagem dos balões vazios utilizados nos experimentos,

para conhecer a sua massa inicial; Montagem do aparelho de Soxhlet, e colocação do

cartucho com as amostras nos locais específicos; Adição da quantidade necessária do

solvente para a extração; Abriu-se a torneira para esfriar o sistema e ligar as placas de

calefação para iniciar

o processo de extração, por um tempo de, 06h00minh, cada replica. Depois de concluir

o tempo de extração, foi desligado as placas de calefação e deixou-se esfriar os

aparelhos de Soxhlet para extrair os cartuchos; Colocando novamente o condensador

ao aparelho e destilando o solvente para deixar no balão somente o óleo obtido;

Deixou-se esfriar o balão a temperatura ambiente e pesou-se em balança analítica

para determinar a massa de óleo obtida.

Figura1: Extração de óleo vegetal de sementes de Fevillea cordifolia Linnaeus, utilizando Acetona, pelo tempo de 06 horas. Três replicas em Placa de calefação.

Page 11: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Figura 2: Extração de óleo vegetal de sementes da espécie de liana não identificada, utilizando Acetona,

pelo tempo de 06 horas. Três replicas em Placa de calefação.

2.4. Identificação Metabolitos Secundários

2.4.1. Preparação dos Reagentes

a) Reconhecimento de Alcalóides

Reagente de Mayer: Misturam-se 1,36g cloreto de mercúrio II, 60 ml de água e

5g de potasio em 10 ml de água. Diluiu-se a 100 ml;

Reagente de Wagner: Dissolveram-se 1,27g de iodo e 2g de iodeto de potásio

em 5 ml de água e completou-se o volume para 100ml com água

Reagente de Dragendorff: Solução A: Dissolveu-se 1,7g de nitrato de bismuto

(III) e 20g de ácido tartarico em 80 ml de água.

Solução B: Dissolveram-se 16g de iodeto de potássio em 40 ml de água.

Reagente: misturaram-se partes iguais em A e B.

b) Reconhecimento de Glicosídios Cardiotônicos

Reagente de Kedde: Solução A: ácido 3,5-dinitrobenzóico a 3% em metanol.

Solução B: Hidroxido de potássio a 5,7% em água.

Reagente de Keller-Killiani: Ácido acético glacial, Solução de cloreto férrico III

a 2% e ácido sulfúrico concentrado.

Reagente de Liebermann-Burchard: Misturou-se 10 ml de anidrido acético e

duas gotas de ácido sulfúrico concentrado

Reagente de Salkowski: Ácido sulfúrico concentrado.

Page 12: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

c) Reconhecimento de Taninos

Solução de Cloreto férrico: Preparou-se uma solução 10 % de cloreto férrico III

em água destilada.

Gelatina: Preparou- se uma solução 1% de gelatina Merck em água destilada.

Solução de acetato de Chumbo: Preparou-se uma solução de acetato de

chumbo 10% em água.

d) Reconhecimento de Derivados Antracênicos Livres

Reagente de Bornträger: Preparou-se uma solução de Hidróxido de sódio a 5%

em água.

2.5. ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO

2.5.1 Alcalóides

Os Alcalóides são componentes de caráter básico e sua solubilidade em

diferentes reagentes, modifica a função do pH. Os alcalóides na forma básica são

solúveis em solventes orgânicos e insolúveis em solventes aquosos, na forma de sal,

são solúveis em solventes aquosos e insolúveis em solventes orgânicos.

Esta pesquisa fundamenta-se na capacidade que os alcalóides possuem em

estado de sal, de combinar-se com iodo e metais pesados como bismuto, mercúrio e

tungtênio e formarem precipitados.

Para realizar o ensaio utilizou-se 2,0 ml de solução metanólica, foi adicionado

2,0 ml de ácido clorídrico (10 %) e esquentou essa mistura por 10 minutos. Após o

resfriamento, o extrato foi filtrado e dividido em três tubos de ensaios e colocaram-se

algumas gotas dos seguintes reativos de reconhecimento:

Tubo 1: Reativo de Mayer; Observando formação de precipitado branco ou leve

turvação branca;

Tubo 2: Reativo de Dragendorff: Observando formação de precipitado de

coloração tijolo;

Tubo 3: Reativo de Wagner: Observando a formação de precipitado de coloração

alaranjado.

Page 13: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2.5.2. Glicosídeos Cardiotônicos

A 2,0 de solução do extrato foram adicionado 3,0 de solução de acetato de

chumbo a 10% e 2,0 de ml de água destilada. Aqueceu-se a mistura em banho-maria

durante 10 minutos. Em seguida, o extrato foi filtrado e agitando em 10,0 ml de

clorofórmio separando a fase clorofórmica em quatro tubos de ensaio. Após a

evaporação do clorofórmio, obteve-se a formação de resíduos nos tubos, os quais

foram acrescidos dos seguintes reagentes:

Tubo 01: 1,0 ml de reativo de Kedde: Coloração rosa ou azul-violeta ao visível

indica cardenólidos, os bufadienólidos não reagem. A cor atenua em poucos minutos.

Tubo 02: Realizou-se a reação de Keller-Kiliani (ácido acético glacial, numa gota de

cloreto férrico III a 5% em metanol e ácido sulfúrico concentrado). Colorações intensas

é resultado positivo.

Tubo 03: Realizou-se a reação de Liebermann- Burchard (1,0 ml da amostra e

algumas gotas de ácido acético + 3,0 ml anidrido acético/ácido sulfúrico, onde

coloração verde, azul esverdeado, roxo a azul, indica possitivo.

Tubo 04: Realizou-se a reação de Salkowski para a determinação de núcleo

esteroidal. Onde indo do amarelo para o roxo indica resultado positivo.

2.5.3. Flavonoides

Esta identificação baseia-se na modificação da estrutura do flavonóide em

presença de ácido.

Colocou-se em um tubo, 2,0 ml da solução metanólica e alguns fragmentos de

magnésio e adicionado pelas paredes do tubo, algumas gotas de ácido clorídrico

diluído. Observando a coloração que varia para as diferentes estruturas.

2.5.4. Taninos

Na realização dos ensaios foram utilizados 2,0 ml de solução metanólica e

adicionado 5,0 ml de água destilada. Após a adição o extrato ficou em repouso, sendo

filtrado posteriormente, sendo acrescidos os reagentes:

Tubo 1: 1 a 2 gotas de solução de cloreto férrico III A 10%. Onde Coloração azul

indica possível presença de taninos hidrolisáveis, e coloração verde taninos

condensados.

Page 14: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Tubo 2: 1 a 2 gotas de acetato de chumbo a 10%. Onde havendo presença de

um precipitado corado indica positividade da reação.

2.5.5. Saponinas

Neste ensaio, a 2.0 ml da solução metanolica foram adicionados 5,0 ml de água

a 100ºC. Após o resfriamento, agitou-se vigorosamente, deixando em repouso por 20

minutos. Classifica-se a presença de saponinas pela formação de espumas.

2.5.6. Triterpenos ou Esteróides

Neste ensaio com 2,0 da solução metanolica foi adicionado 5,0 ml de

clorofórmio. Após a filtração o extrato foi dividido em duas porções. Em cada um dos

tubos realizaram-se reações de Liebermann-Burchard e Salkowski.

Os triterpenos desenvolvem coloração estável e os esteróides desenvolvem

coloração mutável com o tempo .

2.5.7. Derivados Antracênicos Livres-quinonas

Colocou-se num tubo de ensaio 2,0 ml da solução aquosa metanólica e 5,0 ml

de clorofórmio, agitando-o. Deixou-se em repouso por 15 minutos. O extrato

cloroformico foi utilizado para realização do ensaio.

Colocou-se 1,0 ml do extrato cloroformico em um tubo de ensaio e

acrescentou-se 1 ml de solução aquosa de hidróxido de sódio a 5%, com posterior

agitação.

Onde coloração roxa em fase aquosa indica a presença de antraquinonas

(reação de Borntraeger).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As extrações de óleos vegetais das espécies Fevillea cordifolia Linnaeus e Liana

sp forneceram um rendimento consideravelmente alto, resultado extremamente

satisfatório do ponto de vista econômico, possibilitando uma possível alternativa na

produção de biodiesel. Abaixo é representado no quadro 1 com os valores percentuais

dos rendimentos.

Page 15: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Quadro 1. Porcentagem de óleos vegetais extraído das espécies Fevillea cordifolia Linnaeus e Liana sp.

Sementes Solvente Peso Amostra Peso do óleo %

Liana sp Etanol Posto 16,73 9,12 54,51

Liana SP Etanol comercial 92% 16,67 9,09 54,52

Liana SP Acetona 16,80 9,06 53,92

Fevillea cordifolia L Etanol Posto 16,31 9,29 56,95

Fevillea cordifolia L Etanol comercial 92% 16,28 9,12 56,20

Fevillea cordifolia L Acetona 15,52 8,74 56,31

Podemos observar que o solvente com melhor aproveitamento de extração de

óleos vegetais é o álcool de combustível, e o mais apropriado devido terem o custo

menor para produção, enquanto os outros solventes utilizados têm um custo maior.

As extrações foram feitas utilizando o aparelho de Soxhlet, através do método

sólido-contínuo.

Ambas as espécies representadas no quadro tem condições suficientes para

produção de óleos vegetais, visando à produção de biodiesel.

As espécies Machaerium Stipitatu, Cardiopetalum calophyllum Schldl e

Byrsonima sp, logo nas primeiras extrações, foi concluído que as mesmas não

apresentam fonte de óleos vegetais. Porém os extratos obtidos foram analisados e

identificados a presença da composição dos metabólitos secundários, representados

nos quadro1, 2 e 3.

A espécie de Liana sp foi descrita botanicamente e dado entrada no herbário

Doutor Ary Tupinambá Penña Pinheiro do Centro de Ensino São Lucas, através do

registro nº 6702, a mesma foi enviada para especialista, pois nenhuma referencia

bibliográfica consultada levou a identificação taxonômica da mesma.

Após análises bibliográficas constatou-se que não há nenhum referencial ou

trabalho científico publicado que indique a ocorrência da espécie Machaerium

Stipitatu, para a Região Norte. As principais bibliografias consultadas foram: Flora do

Acre, Catálogos de Árvores do Brasil e Flora da Reserva Ducke, entre outras. A espécie

Page 16: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

foi descrita botanicamente e será publicada através de artigo científico como uma

nova ocorrência para a Região Norte.

Quadro 2: Resultados dos testes de identificação de metabolitos secundários Machaerium

stipitatu .

Teste de Reconhecimento

Solvente Alcool Comercial

Solvente Acetona

Solvente Alcool

Combustível

ALCALÓIDES

Reagente de Mayer

- - -

Reagente de Wagner

- - -

Reagentede Dragendorff

+ - +

GLICOSÍDEOS

CARDIOTÔNICOS

Reagente Salkoswsk - - -

Reagente de Kedde

+ - +

Reagente de Keller-Killiani

+ - -

Liebermann Burchard

- - +

Reagente Baljet + + +

Reagente Raymund-

Marthoud

- - -

FLAVONOIDES

+ + +

TANINOS

Acetato de chumbo

- - -

Acetato Cloreto de ferro

+ - +

SAPONINAS

+ + +

TRITERPENOS E/OU ESTEROIDES

Reagente de Liebermann-

+ - +

Page 17: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Burchard

Reagente de Salkowski

+ - +

DERIVADOS ANTRACÉNICOS LIVRES

- - +

Reagente de Börntraeger

- - -

Reagente de Raymond - Marthoud

- - -

Quadro 3: Resultados dos testes de identificação de metabolitos secundários Cardiopetalum

calophyllum Schldl.

Teste de Reconhecimento Solvente Alcool Comercial

Solvente Acetona

Solvente Alcool Combustível

ALCALÓIDES

Reagente de Mayer - - -

Reagente de Wagner - - -

Reagentede Dragendorff

- - -

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS

Reagente Salkoswsk - - -

Reagente de Kedde + - +

Reagente de Keller-Killiani

+ + +

Liebermann Burchard - - -

Reagente Baljet + - +

Reagente Raymund- Marthoud

- - -

FLAVONOIDES

- - -

TANINOS

Acetato de chumbo - - -

Acetato Cloreto de ferro

- - -

SAPONINAS

+ + +

TRITERPENOS E/OU ESTEROIDES

Page 18: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Reagente de Liebermann-Burchard

+ - +

Reagente de Salkowski

+ - +

DERIVADOS ANTRACÉNICOS LIVRES

Reagente de Börntraeger

- - -

Reagente de Raymond - Marthoud

- - -

Quadro 4: Resultados dos testes de identificação de metabolitos secundários Byrsonima sp

Teste de Reconhecimento Solvente Alcool Comercial

Solvente Acetona

Solvente Alcool Combustível

ALCALÓIDES

Reagente de Mayer - - -

Reagente de Wagner + + +

Reagentede Dragendorff

+ + +

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS

Reagente Salkoswsk - - -

Reagente de Kedde - - -

Reagente de Keller-Killiani

+ - +

Liebermann Burchard - - -

Reagente Baljet - - -

Reagente Raymund- Marthoud

- - -

FLAVONOIDES

+ + +

TANINOS

Acetato de chumbo + - +

Acetato Cloreto de ferro

- - -

SAPONINAS

+ + +

TRITERPENOS E/OU ESTEROIDES

Reagente de + - +

Page 19: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Liebermann-Burchard

Reagente de Salkowski

+ - +

DERIVADOS ANTRACÉNICOS LIVRES

Reagente de Börntraeger

- - -

Reagente de Raymond - Marthoud

- - -

Quadro 5: Resultados dos testes de identificação de metabolitos secundários Fevillea cordifolia

Linnaeus.

Teste de Reconhecimento Solvente Alcool Comercial

Solvente Acetona

Solvente Alcool Combustível

ALCALÓIDES

Reagente de Mayer - - -

Reagente de Wagner + + +

Reagentede Dragendorff

+ - +

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS

Reagente Salkoswsk - - -

Reagente de Kedde - - -

Reagente de Keller-Killiani

+ - +

Liebermann Burchard + - +

Reagente Baljet - - -

Reagente Raymund- Marthoud

- - -

FLAVONOIDES

+ + +

TANINOS

Acetato de chumbo + - +

Acetato Cloreto de ferro

- - -

SAPONINAS

+ + +

TRITERPENOS E/OU ESTEROIDES

Reagente de Liebermann-Burchard

+ - +

Page 20: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Reagente de Salkowski

+ - +

DERIVADOS ANTRACÉNICOS LIVRES

Reagente de Börntraeger

- - -

Reagente de Raymond - Marthoud

- - -

Quadro 6: Resultados dos testes de identificação de metabolitos secundários Liana sp .

Teste de Reconhecimento Solvente Alcool Comercial

Solvente Acetona

Solvente Alcool Combustível

ALCALÓIDES

Reagente de Mayer - - -

Reagente de Wagner - - -

Reagentede Dragendorff

- - -

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS

Reagente Salkoswsk - - -

Reagente de Kedde - - -

Reagente de Keller-Killiani

+ + +

Liebermann Burchard + + +

Reagente Baljet - - -

Reagente Raymund- Marthoud

- - -

FLAVONOIDES

+ + +

TANINOS

Acetato de chumbo - - -

Acetato Cloreto de ferro

- - -

SAPONINAS

+ + +

TRITERPENOS E/OU ESTEROIDES

Reagente de Liebermann-Burchard

+ + +

Reagente de Salkowski

+ + +

Page 21: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

DERIVADOS ANTRACÉNICOS LIVRES

Reagente de Börntraeger

- - -

Reagente de Raymond - Marthoud

- - -

4. CONCLUSÃO

As extrações de óleos vegetais das espécies Fevillea cordifolia Linnaeus e Liana

sp forneceram um rendimento consideravelmente alto, resultado extremamente

satisfatório do ponto de vista econômico, possibilitando uma possível alternativa na

produção de biodiesel.

Podemos concluir que o solvente com melhor aproveitamento de extração de

óleos vegetais é o álcool de combustível, e o mais apropriado devido terem o custo

menor para produção, enquanto os outros solventes utilizados têm um custo maior.

Para o consumo humano dos óleos das espécies Fevillea cordifolia Linnaeus e

Liana sp é necessário um estudo bem aprofundado, pois ambas espécies apresentaram

o componente metabólico secundário Glicosídeos Cardiotônicos, que acelera os

batimentos cardíacos do individuo. Deve-se levar em consideração também que a

espécie de Liana sp é desconhecida.

No estudo de identificação de Metabolitos secundários presente nos extratos

da especie Machaerium stipitatu foi identificado à presença de Flavonoides e

saponinas em todos os extratos. Apresentou ainda: Alcalóides (reagente Dragendorf)

Glicosídeos Cardiotônicos (Reagente de Kedde) (Reagente Baljet), Taninos (Acetato

Cloreto de ferro) e Triterpenos e/ou Esteroides nos extratos utilizado alcool

combustivel e alcool comercial.

No estudo de identificação de Metabolitos secundários presente nos extratos

da especie Cardiopetalum calophyllum Schldl foram dentificados à presença de

Glicosídeos Cardiotônicos (Reagente de Keller-Killiani) e saponivas em todos os

extratos. Apresentou ainda: Glicosídeos Cardiotônicos (Reagente Baljet), e Triterpenos

e/ou Esteroides nos extratos utilizado alcool combustivel e alcool comercial.

Page 22: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A éspecie Byrsonima sp apresentou os metabólitos secundarios Alcalóides

(reagente de Wagner), (reagente Dragendorf), Flavonoides, saponinas em todos os

extratos. Glicosídeos Cardiotônicos (reagente de Keller-killiani), Taninos (Acetato

Cloreto de chumbo) e Triterpenos e/ou Esteroides nos extratos utilizado alcool

combustivel e alcool comercial.

Fevillea cordifolia Linnaeus apresentou Alcalóides (reagente de Wagner)

Flavonoides, saponinas em todos os extratos. Já os metabolitos Alcalóides (reagente

de Dragendorff) Glicosídeos Cardiotônicos (reagente Keller-killiani), (reagente de

Libermann Burchard), Taninos (acetato de chumbo) Triterpenos e/ou Esteroides

identificados nos extratos utilizados alcool combustivel e alcool comercial.

No estudo de identificação de Metabolitos secundários presente nos extratos

da especie Liana sp foram identificados Glicosídeos Cardiotônicos (reagente de Keller-

killiani), (reagente de Libermann Burchard), Flavonoides, saponinas e Triterpenos e/ou

Esteroides em todos os extratos.

Concluo que o estudo fitoquímico é um desafio a ser realizado pela

comunidade científica. As análises fitoquímicas fornecem informações relevantes à

cerca da presença de metabólitos secundários nas plantas, para que assim possa

chegar ao isolamento de princípios ativos importantes na produção de novos

fitoterápicos.

É necessário analisar maior numero de espécies, tendo em vista o grande

numero que falta a ser estudado para a flora brasileira.

Considero que o método de extração pelo aparelho de Soxhlet obtém um

rendimento maior.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Debora; TORQUATO, Viviane C.S.; CARVALHO, Mauro. Aplicação de

Sensores Químicos na Analise de Biodiesel. 3º Congresso da Rede Brasileira de

Tecnologia de Biodiesel: artigos técnico-científicos. Brasília, 9 a 11 de Novembro de

2009. Brasília, DF: MCT/MBC, 2009.

Page 23: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

CAMARGOS, José Arlete et al. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renovaveis, Laboratório de Produtos Florestais. Ed: Ibama.

Brasilia: 2001. 896p.

CANDEIA, R. A. Biodiesel de Soja: Síntese, Degradação e Misturas Binárias. João

Pessoa: 2008.

CORREA, C.F. Nadia; PEREIRA, Anderson M; SOUZA, Leiliane S.S; FRANÇA, Luiz F;

LIMA, Helena T. Estudo de Potencialidade do Fruto de Patuá (Oenocarpus Bataua

Mart) Visando à produção de Biodiesel. 3º Congresso da Rede Brasileira de

Tecnologia de Biodiesel: artigos técnicos-científicos. Brasília, 9 a 11 de Novembro de

2009. Brasília, DF: MCT/MBC, 2009.

COSTA, L.C.B.; ROCHA, E.A.; JARDIM, J.G. Levantamento Preliminar das Espécies

vegetais com Potencial Econômico no Parque Municipal de Boa Esperança, Ilhéus,

Bahia, Brasil. 2005.

DALY, Douglas, C.; SILVEIRA, Marcos et al. Primeiro Catalogo da Flora do Acre,

Brasil. Rio Branco: EDUFAC. 2008. 555p.

DAVIDE, A. C.; SILVA, E. A. A. da. Produção de sementes e mudas de espécies

florestais / editores. – 1. Ed. – Lavras: Ed. UFLA, 2008

FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Cientifico: Explicitação

das Normas da ABNT. – 15º Edição. – Porto Alegre: 2011.

LARCHER, Walter. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos: RiMa, 2000.

LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de Plantas

Arbóreas nativas do Brasil. Vol.1. 5º ed. Nova Odessa- SP: Instituto Plantarum,

2008. 384p.

LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de Plantas

Arbóreas nativas do Brasil. Vol.2. 3º ed. Nova Odessa- SP: Instituto Plantarum,

2009. 384p.

LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de Plantas

Arbóreas nativas do Brasil. Vol.3. 1º ed. Nova Odessa- SP: Instituto Plantarum,

2009. 384p.

OLIVEIRA, Fernando de; AKISUE, Gokithi. Fundamentos de Farmacobotanica. 2ª ed.

São Paulo: Atheneu, 2000

Page 24: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

PIRES, Laiza Sabrina dos Santos. Estudo dos Compostos Esteroidais do Solanum

stramonifolium Jacq. (Família solanaceae) Porto Velho, 2009.

PNPB. Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel. Brasília, jul. 2005.

Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br>. Acesso em: 03 de Fev. de 2013.

RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray. F; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de

Janeiro: 2007. 830p.

RIBEIRO, José Eduardo L da S et al. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação

das Plantas Vasculares de uma Floresta de terra-firme na Amazônia Central. 19ª ed.

Manaus: INPA, 1999. 816p.

RITTNER, H. Óleo de mamona e derivados. São Paulo: 1996. 559 p.

SILVA, Edilson F. da; SOUSA, Fernanda I. B. de; MENEZES, Rayane S. de; BOARI,

Alessandra de J. Anatomia de órgãos Vegetativos de Elaeis guineensis Jacq.

(Dendê) Afetados pela Doença Amarelecimento Fatal. 3º Congresso da Rede

Brasileira de Tecnologia de Biodiesel: artigos técnicos-científicos. Brasília, 9 a 11 de

Novembro de 2009. Brasília, DF: MCT/MBC, 2009.

TAKAKURA, Alberto K; MANCIO, Andreia A.; MACHADDO, Nélio T.; ARAÚJO,

Marilena E. Projeto do Processo de Produção e Purificação de Biodiesel de Dendê

via Rota Etilica Empregando o Simulador HYSYS. 3º Congresso da Rede Brasileira

de Tecnologia de Biodiesel: artigos técnicos-científicos. Brasília, 9 a 11 de Novembro

de 2009. Brasília, DF: MCT/MBC, 2009.

<http://www.urupa.ro.gov.br/index.php/explore/2011-08-15-05-52-35>. Acesso

em: 29 de Abr. de 2013.

Page 25: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

EFEITO MICROBICIDA DE L-AMINOÁCIDO OXIDASE ISOLADA DO VENENO DE Crotalus atrox

Orientador: Andreimar Martins Soares

Bolsista: Mauro Valentino Paloschi

RESUMO DO PROJETO

Componentes de toxinas animais são moléculas bastante estudas e com um grande

potencial de desenvolvimento tecnológico nas áreas das Ciências Biológicas e

Biomédicas. Esses compostos têm contribuído significativamente para o avanço na

produção de fármacos e outros produtos da medicina. Enzimas como as L-aminoácido

oxidases (LAAOs) são proteínas encontradas em venenos de serpentes, responsáveis

por efeitos fisiopatológicos, como efeitos citotóxicos, coagulantes, hemorrágicos,

indução de apoptose, indução de edema e atividade microbicida em bactérias, fungos,

vírus e outros parasitas. Com a caracterização bioquímica e funcional dessa enzima L-

aminoácido oxidase de veneno de C. atrox poder-se-á desenvolver possíveis produtos

biotecnológicos com potencial terapêutico microbicida.

RESUMO DO RELATÓRIO

A L-aminoácido oxidase de C. atrox foi purificada em duas etapas cromatográficas.

Primeiramente em coluna de exclusão molecular (Superdex G-75, 1x60 cm, GE

Healthcare), originando 8 frações, onde a Fração 1 apresentou uma massa molecular

semelhante a LAAO entre 46 e 56 kDa, e atividade enzimática de LAAO. A segunda

etapa realizada com a Fração 1 da cromatografia anterior em coluna de troca iônica

(DEAE-Sepharose, 1x30 cm, GE Healthcare) apresentou 10 picos, que analisados em

SDS-PAGE apresentou a LAAO com aproximadamente 46 kDa. O veneno bruto mostrou

uma considerável quantidade de proteínas totais (0,870 mg), a LAAO comercial

apresentou 1,307 mg. Tanto o veneno bruto quando a LAAO isolada apresentaram

uma baixa atividade coagulante comparado com venenos de outras serpentes, com

uma Dose Coagulante Mínima de 38 µg para a LAAO comercial e >40 µg para o veneno

bruto. Quanto a atividade fosfolipásica o veneno de C. atrox apresentou 28,35 U/min.

O veneno bruto apresentou uma atividade de LAAO de 0,164 U/min e a Fração 1 0,176

U/min. A atividade bactericida contra S. aureus apresentou uma Concentração

Page 26: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Inibitória Mínima de >40 µg/µL de LAAO e veneno bruto. Para E. coli, a concentração

de 200 µg/µL de LAAO inibiu o crescimento bacteriano, porém o veneno bruto não

inibiu a proliferação destas bactérias.

Palavras-chave: Veneno de serpentes, cascavel, Crotalus atrox, L-aminoácido oxidase,

efeito microbicida.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país extremamente rico quando se trata em diversidade de

serpentes, dentre os gêneros animais encontrados, destaca-se o gênero Bothrops,

Crotalus, Lachesis e Micrurus. Segundo dados do Ministério da Saúde (2009), os

gêneros Bothrops e Crotalus são os maiores responsáveis pelos acidentes ofídicos no

país destes quatro gêneros de serpentes peçonhentas. O predomínio de casos de

acidentes ofídicos notificados é decorrente de acidentes botrópicos, com 73,5% de

ocorrências, seguidos de crotálicos (7,5%), laquéticos (3,0%) e elapídicos (0,7%). O

veneno das cascavéis (nome popular das serpentes do gênero Crotalus) é

caracterizado como um veneno neurotóxico devido sua ação sobre junções

neuromusculares (BRASIL, 2009).

Esses venenos de serpentes são compostos principalmente por proteínas e

peptídeos (MARTINS et al., 2002), gerando assim o grande interesse em pesquisa de

toxinas animais na indústria biotecnológica. Dentre esses compostos destacam-se as L-

aminoácido oxidases (LAAOs). Estas enzimas estão presentes numa quantidade

considerável dentro do veneno de algumas serpentes como a Crotalus atrox e Crotalus

adamanteus, além de serem importantes fatores tóxicos desses venenos (WELLNER e

MEISTER, 1960; TORII et al., 1997; PAWELEK et al., 2000).

As LAAOs são flavoenzimas responsáveis pela desaminação oxidativa de um L-

aminoácido a um α-cetoácido, produzindo assim amônia e peróxido de hidrogênio.

Estas enzimas estão presentes em quantidade considerável dentro do veneno de

algumas serpentes como a Crotalus atrox, além de serem importantes fatores tóxicos

do veneno (PAWELEK et al., 2000). A LAAO possui uma massa molecular próxima de

120 a 150 kDa na forma não reduzida e entre 55 a 66 kDa em presença de agentes

Page 27: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

redutores, além de um pI ácido ou básico com valores ao redor de 4,4 a 8,8 (ALI et al.,

2000).

Estudos com LAAOs de serpentes apresentam diversas ações biológicas, como

indução a apoptose, citotoxicidade, agregação plaquetária, hemorragia e hemólise (LI

et al., 1994; TORII et al., 1997; ABE et al., 1998; SOUZA et al., 1999; DU; CLEMETSON,

2002; LI et al., 2008; ALVES et al., 2008). Além desses efeitos, estas enzimas

demonstram propriedades antimicrobianas variadas, como efeito bactericida contra

bactérias gram-positivas e gram-negativas (STÁBELI et al., 2004; 2007; LEE et al., 2011),

antiviral, contra o vírus HIV (ZHANG et al., 2003) e contra parasitas (TEMPONE et al.,

2001; IZIDORO et al., 2006; RODRIGUES, et al., 2009; COSTA TORRES et al., 2010).

Portanto, com essas propriedades bioquímicas, estas enzimas tornam-se alvos de

diversas pesquisas biotecnológicas (DU; CLEMETSON, 2002; ZULIANI et al., 2009).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Isolar e caracterizar bioquimicamente a enzima L-aminoácido oxidase do

veneno de Crotalus atrox e avaliar sua ação microbicida contra fungos e bactérias

Gram positivas e Gram negativas.

2.2 Objetivos específicos

Realizar o isolamento da L-aminoácido oxidase do veneno de C. atrox;

Obter a caracterização bioquímica do veneno de Crotalus atrox e LAAO isolada;

Avaliar o potencial bactericida e fungicida do veneno bruto e LAAO contra

bactérias Gram positivas (Staphylococcus aureus) e negativas (Escherichia coli)

respectivamente;

3 METODOLOGIA

3.1 ISOLAMENTO DE TOXINAS

3.1.1 Cromatografia de exclusão molecular

Page 28: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

O fracionamento do veneno de C. atrox (Sigma-Aldrich V6626-500mg) foi

realizado conforme a metodologia descrita por Toyama e colaboradores (2006) com

adaptações. Para realizar o fracionamento em sistema de Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência (HPLC) (ÄKTApurifier) foi utilizado 35 mg do veneno bruto diluído em 1

mL de tampão de Bicarbonato de Amônio 0,2 M, pH 8,0, homogeneizando-se até a

dissolução completa. Em seguida centrifugou-se a solução por 5 min a 15700 xg. O

sobrenadante foi coletado e injetado em uma coluna de gel filtração (Superdex G-75,

1x60 cm, GE Healthcare) previamente equilibrada com o mesmo tampão utilizado na

dissolução. A cromatografia foi realizada em um fluxo de 0,2 mL/min monitorada a

280nm. As frações foram coletadas e armazenadas sem congelamento.

3.1.2 Cromatografia de troca iônica

Para a segunda etapa cromatográfica foi utilizado aproximadamente 5 mg da

fração obtida da cromatografia de exclusão molecular diluído em 250 µL de tampão de

Bicarbonato de Amônio 50 mM, pH 8,0 e homogeneizou-se até a dissolução completa.

Em seguida centrifugou-se a solução por 2 min a 4500 x g. O sobrenadante foi coletado

e injetado em uma coluna de troca iônica (DEAE-Sepharose, 1x30 cm, GE Healthcare)

previamente equilibrada com o mesmo tampão utilizado na dissolução. A eluição da

fração foi conduzida usando um gradiente linear contínuo de Bicarbonato de Amônio

1,0 M, pH 8,0. A cromatografia foi realizada em um fluxo de 1,0 mL/min monitorada a

280nm. As frações foram concentradas por ultrafiltração MW 30 kDa (AMICON).

3.2 ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA

As massas moleculares das frações obtidas nas cromatografias foram avaliadas

em Eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% (SDS-PAGE) em condições redutoras,

realizada segundo técnica descrita por Laemmli (1970). Foram aplicadas no gel 10 μL

de cada amostra com 10 μL de tampão de amostra. O gel foi preparado utilizando uma

solução de acrilamida estoque (30%). Para o gel de corrida foi utilizado tampão Tris-

HCl 0,5 M, pH 6,8, para o gel de concentração, tampão Tris-HCl 1,5 M, pH 8,8, e

acrescentados 0,1% (v/v) de SDS para ambos. O gel foi polimerizado em um sistema

duplo de mini placas de vidro acopladas em reservatório contendo tampão Tris-HCl 2,0

M, pH 8,0. A corrida eletroforética foi realizada a 40 mA. O gel foi corado por 2 horas

Page 29: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

com Coomassie Blue G250 0,1% (m/v) e descorado com ácido acético 10% por 24

horas. A determinação de massa molar foi feita relacionando-se com o Padrão de Peso

Molecular (Sigma).

3.3 CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DO VENENO DE C. atrox

3.3.2 Dosagem de proteína

A quantificação de proteínas totais encontradas no veneno bruto de C. atrox e

frações foram realizadas pelo método de Bradford (1976). A partir da curva padrão de

solução de BSA (albumina de soro bovino) em concentrações diversas foi adicionado

200 µL do reagente Bradford e 7 µL da amostra em analise numa microplaca de 96

poços, incubando-se a solução por 15 minutos para ser realizada a leitura em

espectrofotômetro (BioTek) com um comprimento de onda de 595nm.

3.3.3 Atividade coagulante

Para determinar a Dose coagulante Mínima (DCM), ou seja, a quantidade

mínima de amostra capaz de coagular o plasma em 1 minuto, foram colocados 3 mL de

sangue humano em tubos de ensaio contendo 200 µL de Citrato de Sódio Dihidratado

a 32%. Após isso a amostra foi centrifugada por 15 minutos a 3500 xg para extrair-se

somente o plasma. Em uma microplaca de 96 poços foi adicionado 20 µL

concentrações diversas de proteínas e veneno bruto em a 200 µL de plasma para

poder obter a DCM em µg para coagulação em 1 minuto analisados em

espectrofotometria.

3.3.4 Atividade de L-aminoácido oxidase

Para determinar a atividade de LAAO foi utilizado o método descrito por

Kishimoto e Takahashi (2001) com adaptações. Este ensaio se baseia na produção de

peróxido de hidrogênio (H2O2) por intermédio da desaminação oxidativa da L-leucina

pela LAAO. Foi utilizado 200 µL da seguinte solução: L-leucina 0,1%, Tris-HCl 20mM,

CaCl2 5mM, NaCl 150mM, pH 6,0, peroxidase de rabanete, o-fenilenediamina (OPD),

com adição de 7 µL de veneno bruto e/ou frações. A solução foi incubada a 37°C por

30 minutos e sua densidade óptica (O.D.) foi imediatamente mensurada em

Page 30: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

espectrofotômetro com um comprimento de onda de 450 nm. Foi realizada uma curva

de calibração a partir de diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio para

analise dos resultados expressos em U/minuto, sendo que U = µMol de H2O2

produzido/quantidade de proteína.

3.3.5 Atividade Fosfolipásica

A atividade fosfolipásica foi realizada conforme o método descrito por Holzer e

Mackessy (1996) com adaptações. A reação foi feita com uma solução contendo 190

µL de tampão Tris-HCl 10 mM, CaCl2 10 mM, NaCl 100 mM pH 8,0, 20 µL de substrato

ácido 4-nitro-3-octanoyloxy-benzóico (NOB), com adição de 10 µL de amostra do

veneno bruto. No ensaio enzimático, a solução padrão sem amostra de veneno e a

solução com a amostra foram incubadas separadamente em microplaca de 96 poços

por 20 min a 37ºC e a leitura foi feita com um comprimento de onda de 425 nm em

espectrofotômetro. Os resultados foram expressos em U/minuto, sendo que U =

mA/mg de proteína.

3.4 ATIVIDADE BACTERICIDA

A atividade bactericida foi definida pela Concentração Inibitória Mínima (CIM),

que é a menor concentração de veneno bruto ou proteína que inibe a proliferação

bacteriana. A CIM foi determinada por teste de suscetibilidade de microdiluição

descrito por Vargas e colaboradores (2012) com adaptações. As bactérias utilizadas

foram cedidas pelo Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia (CEPEM).

Escherichia coli (ATCC 25922) e Staphylococcus aureus (ATCC 29213) foram cultivados

em caldo Luria Bertani (LB) durante 24 horas (fase exponencial) e ajustado a uma

absorbância de turvação correspondente a 0,5 da escala de McFarland, que

corresponde a 1,5 x 106 unidades formadoras de colônias (UFC)/mL. 50 µL de

concentrações diversas de LAAO comercial (Sigma-Aldrich, A5147-100mg) e veneno

bruto (40-200 µg/µL) foram inoculadas juntamente com 150 µL de suspensão

bacteriana (1,5 x 106 UFC/mL) de S. aureus em microplaca de 96 poços por 24 horas a

37°C. Para E. coli foram inoculados uma única concentração de LAAO e veneno bruto

(200 µg/µL). O controle negativo foi realizado somente com a suspensão bacteriana

em caldo LB, e o controle positivo foi feito com Cloranfenicol (30 mg) juntamente as

Page 31: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

bactérias em meio de cultura. A inibição do crescimento bacteriano foi determinada

por espectrofotometria. A CIM foi definida com a menor concentração de LAAO e/ou

veneno bruto inoculado conforme o National Committee for Clinical Laboratory

Standards (NCCLS, 2009).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ISOLAMENTO DE TOXINAS

O perfil cromatografico representado da Figura 1 demonstra o fracionamento

do veneno bruto de C. atrox em cromatografia de exclusão molecular. Observou-se a

presença de 8 frações monitoradas a 280 nm. Essas frações foram coletadas

separadamente para identificar a presença da LAAO pelo ensaio enzimatico e perfil

eletroforético, avaliando assim a atividade da LAAO e sua massa molecular. Conforme

a grande massa molecular da LAAO relatada em outros trabalhos (forma reduzida),

como a LAAO de B. atrox que possui 67 kDa (ALVES et al., 2008), LAAO de B. pirajai de

66 kDa (IZIDORO et al., 2006), LAAO de C. d. cascavella de 67 kDa (FONSECA, 2006),

LAAO de Ophiophagus hannah de 65 kDa (LEE et al., 2011), abservou-se a presença de

uma massa molecular entre 46 e 56 kDa semelhante a da LAAO na primeira fração por

meio de SDS-PAGE e teste enzimatico.

Page 32: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Figura 2. Perfil eletroforético das frações obtidas na primeira corrida cromatográfica do veneno de C. atrox. Eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% em condições desnaturantes (SDS-PAGE). Amostras: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 (frações do veneno após cromatografia de exclusão molecular em Superdex G-75) e PPM (Padrão de Peso Molecular - Sigma).

Figura 1. Perfil cromatográfico da primeira etapa do fracionamento do veneno bruto de Crotalus atrox (35 mg/mL) em cromatografia de exclusão molecular (Superdex 75), realizada com tampão de Bicarbonato de Amônio 0,2 M, pH 8,0. O monitoramento foi feito em comprimento de onda de 280nm, com um fluxo de 0,2 mL/min, onde se observou a presença de 8 frações coletadas separadamente.

Tempo (min)

Page 33: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A segunda etapa cromatográfica representada na Figura 3 foi realizada com a Fração 1

do primeiro perfil em resina de troca iônica, resultando em 10 picos monitorados em

280 nm. Os 3 picos principais (8, 9 e 10) foram analisados em SDS-PAGE onde

observou-se a LAAO com aproximadamente 46 kDa, representado na Figura 4.

Figura 3. Perfil cromatográfico da segunda etapa do isolamento de LAAO de Crotalus atrox em cromatografia de troca iônica (DEAE-Sepharose, 1x30 cm, GE Healthcare), realizada com tampão de Bicarbonato de Amônio 50 mM, pH 8,0, e eluido com tampão de Bicarbonato de Amônio 1,0 M, pH 8,0 (Verde). O monitoramento foi feito em comprimento de onda de 280nm, com um fluxo de 1 mL/min, onde se observou a presença de 10 picos.

Page 34: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.2 CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA

4.2.1 Dosagem de proteínas

Conforme o método de dosagem de proteínas totais de Bradford (1976), o

veneno de C. atrox apresentou cerca de 0,870 mg de proteínas totais por mL, ou seja,

de 1 mg obteve-se 87% de proteínas (Tabela 1), uma quantidade considerável em vista

de outros venenos do gênero testados pela equipe interna do CEBio (Centro de

Estudos de Biomoléculas Aplicadas a Saúde), como o de C. durissus cascavella que

apresentou 81,5% de recuperação proteica. A LAAO comercial de C. atrox apresentou

1,307 mg/mL. A amostra de LAAO de C. adamanteus apresentou 1,051 mg/mL,

mostrando que a LAAO de C. adamanteus está mais concentrada. Esse resultado foi

expresso conforme a equação da curva de BSA.

Figura 4. Perfil eletroforético das frações obtidas na segunda corrida cromatográfica do processo de purificação da LAAO. Eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% em condições desnaturantes (SDS-PAGE). Amostras: 8, 9 e 10 (picos da Fração 1 após cromatografia de troca iônica DEAE-Sepharose) e PPM (Padrão de Peso Molecular - Sigma).

Page 35: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.2.2 Atividade Coagulante

A atividade coagulante com o veneno bruto apresentou um baixo potencial de

coagulação, pois com uma dosagem de 40 µg de veneno o plasma coagulou somente

em 3 minutos. Comparando com outros experimentos realizados com veneno de

diferentes espécies de serpentes fornecido pelo grupo de pesquisa do CEBio,

observou-se que o veneno de C. durissus cascavella também uma baixa atividade

coagulante (20 µg) em comparação com o veneno de Bothrops leucurus que com

apenas 3 µg/mL de veneno coagulou o plasma no tempo mínimo (Tabela 1). As

amostras de LAAO de C. adamanteus mostrou uma atividade coagulante com uma

concentração menor que a do veneno bruto de C. atrox e LAAO. A LAAO de C. atrox

coagulou o plasma com 38 µg em 1 min e a LAAO de C. adamanteus coagulou com 8 µg

em 1 min, mostrando uma concentração coagulante mínima superior a de C. atrox.

Testes mais sensíveis devem ser realizados para identificar em quais fatores de

coagulação o veneno bruto e a LAAO isolada atuam.

4.2.3 Atividade de L-aminoácido oxidase

No ensaio para determinar a atividade de LAAO foi realizado uma curva de

calibração para obter uma equação que avaliasse a quantidade de peróxido de

hidrogênio produzida por minuto conforme a quantidade de proteína presente no

veneno bruto ou frações. Assim, o veneno bruto apresentou uma reação de

aproximadamente 0,164 U/min (Figura 7). A Fração 1 do primeiro perfil cromatográfico

foi o único que apresentou atividade de LAAO, com uma reação de 0,176 U/min

(Figura 8). Comparando com testes fornecidos pelos membros do CEBio a amostra de

C. d. cascavella possui uma atividade enzimática mais elevada, (1,059 U/min) que o

expressado pela Fração 1 e o veneno de C. atrox.

Page 36: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.2.4 Atividade fosfolipásica

Para a atividade fosfolipásica, o veneno de C. atrox apresentou um potencial de

atividade de 28,35 U/min. Uma reação considerável em vista de ensaios enzimáticos

fornecidos pelo CEBio com veneno de outras espécies de Crotalus, como a C. d.

terrificus que apresentou 14,76 U/min, porém comparando com veneno de serpentes

Figura 7. Atividade de LAAO realizada com Veneno Bruto de C. atrox (Vermelho) e agua como Branco (Azul). A amostra apresentou reação de 0,164 µMol de H2O2/quantidade de proteína/min para o veneno bruto.

Figura 8. Atividade de LAAO realizada com as frações da primeira etapa cromatográfica (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8) e água como Branco. A única fração que apresentou reação foi a Fração 1, com atividade enzimática de 0,164 µMol de H2O2/quantidade de proteína/min.

Page 37: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

de gênero Bothrops, o veneno de C. atrox apresentou uma baixa atividade, pois o

veneno de Bothrops urutu apresentou uma reação de 59,20 U/min no ensaio

enzimático.

Tabela 1. Análise comparativa da dosagem de proteínas e das atividades enzimáticas dos diferentes

venenos de serpentes testados no Centro de Estudo de Biomoléculas aplicadas a Saúde.

(nd) não determinado. (DCM) Dose Coagulante Mínima: Quantidade de veneno (em µg) capaz de induzir a coagulação do plasma (200 µL) em 60 segundos. Ativ. Fosfolipásica (U/min): mA/mg/min. Ativ. LAAO (U/min): µMol de H2O2/quantidade de proteína/min.

4.3 ATIVIDADE BACTERICIDA

A atividade bactericida realizada com o veneno bruto e LAAO isolada

apresentou para S. aureus uma concentração inibitória mínima de >40 µg/µL com

ambas amostras (Tabela 2). Com os testes realizados para E. coli, a concentração de

200 µg/µL de LAAO inibiu o crescimento bacteriano, porém o veneno bruto não inibiu

a proliferação de bactérias (Tabela 2). As concentrações de LAAO utilizadas foram

muito elevadas para determinar efetivamente a CIM, pois segundo Vargas e

colaboradores (2012) a LAAO de subespécies de Crotalus possui uma CIM de 8 µg/µL

Atividades Enzimáticas

Amostra Dosagem de Proteínas (mg)

Ativ. Coagulante (DCM)

Ativ. Fosfolipásica (U/min)

Ativ. LAAO (U/min)

C. atrox 0,870 40 28,35 0,164

C. d. cascavella 0,815 20 37,62 1,059

C. d. terrificus 0,927 nd 14,76 Nd

B. urutu Nd nd 59,20 Nd

B. leucurus Nd 3 nd Nd

Fração 1 Nd nd nd 0,176

LAAO C. atrox 1,307 38 nd Nd

LAAO C. adamanteus

1,051 8 nd Nd

Page 38: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

para S. aureus de cepas diferentes. Testes com concentrações menores de LAAO e

veneno bruto deverão ser feitos para que se possa definir efetivamente a CIM dessas

amostras tanto para essas espécies de bactérias como outras.

5 CONCLUSÃO

A L-aminoácido oxidase do veneno de Crotalus atrox foi purificada em duas

etapas cromatográficas. O veneno bruto mostra-se com um percentual de 87% de

proteínas totais, considerando 1 mg de veneno como porcentagem total. A LAAO

isolada e veneno bruto mostraram um potencial de coagulação baixo. A atividade de

LAAO mostrou que durante a purificação proteica a atividade enzimática estava se

tornando mais eficaz com o refinamento da amostra. Observou-se que LAAO de C.

atrox é sensível aos procedimentos de processamento de amostra devido as variações

de temperatura e pH que são aplicadas para a purificação de proteínas. Outros

métodos devem ser analisados para obter-se um melhor perfil de purificação. Quanto

a atividade bactericida, as altas concentração de LAAO e veneno bruto testados

inibiram o crescimento bacteriano para S. aureus, e para E. coli, somente a LAAO teve

atividade. Outros testes com concentrações menores de LAAO deverão ser realizados

para determinar com exatidão a CIM necessária, pois conforme a literatura as LAAOs

de venenos de serpentes possuem um grande potencial bactericida.

6 REFERÊNCIAS

ABE, Y.; SHIMOYAMA, Y.; MUNAKATA, H.; ITO, J.; NAGATA, N.; OHTSUKI, K. Characterization of an apoptosis-inducing factor in Habu snake venom as a glycyrrhizin (GL)-binding protein potently inhibited by GL in vitro. Biol Pharm Bull, v. 21, p. 924-927, 1998.

Bactérias Veneno Bruto (µg/µL) LAAO Isolada (µg/µL)

Escherichia coli - 200

Staphylococcus aureus >40 >40

Tabela 2. Concentração Inibitória Mínima (CIM) das amostras de Veneno Bruto de C. atrox e L-aminoácido oxidase isolada em µg/µL. Tabela 2. Concentração Inibitória Mínima (CIM) das amostras de Veneno Bruto de C. atrox e L-aminoácido oxidase isolada em µg/µL.

Page 39: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ALI, S.A.; STOEVA, S.; ABBASI, A.; ALAM, J.M.; KAYED, R.; FAIGLE, M.; NEUMEISTER, B.; VOELTER, W. Isolation, structural, and functional characterization of an apoptosis-inducing L-amino acid oxidase from leaf-nosed viper (Eristocophis macmohoni) snake venom. Arch. Biochem. Biophys., v. 384, p. 216–226, 2000.

ALVES, R.M.; ANTONUCCI, G.A.; PAIVA, H.H.; CINTRA, A.C.; FRANCO, J.J.; MENDONÇA-FRANQUEIRO, E.P.; DORTA, D.J.; GIGLIO, J.R.; ROSA, J.C.; FULY, A.L.; DIAS-BARUFFI, M.; SOARES, A.M.; SAMPAIO, S.V. Evidence of caspase-mediated apoptosis induced by l-amino acid oxidase isolated from Bothrops atrox snake venom. Comp Biochem Physiol A Mol Integr Physiol., v. 151, p. 542-550, 2008.

BRADFORD, M.M.; McRORIE, R.A.; WILLIAMS, W.L. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analitical Biochemistry, v. 72, p. 248-254, 1976.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7. ed. Brasília, 2009.

CHUNHA, E.M.; MARTINS, O.A. Principais compostos químicos presente nos venenos de cobras dos gêneros Bothrops e Crotalus – Uma Revisão. Revista Eletrônica de Educação e Ciência (REEC), v. 2, p. 21-26, 2012.

COSTA TORRES, A.F.; DANTAS, R.T.; TOYAMA, M.H.; FILHO, F.D.; ZARA, F.J.; de QUEIROZ, M.G.R.; PINTO, N.A.N.; de OLIVEIRA, M.R.; TOYAMA, D.O.; MONTEIRO, H.S.A.; MARTINS, A.M.C. Antibacterial and antiparasitic effects of Bothrops marajoensis venom and its fractions: Phospholipase A2 and L-amino acid oxidase. Toxicon, v. 55, p. 795-804, 2010.

COSTA, N.C.S. Caracterização parcial e avaliação do potencial antibacteriano e antitumoral de uma L-aminoácido oxidase isolada de Bothrops jararacussu. 2012. 54 p. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Estrutural) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2012.

DU, X.Y.; CLEMETSON, K.J. Snake venom L-amino acid oxidases. Toxicon, v. 40, p. 659-65, 2002.

FONSECA, F.V. Isolamento e Caracterização de um novo conjunto de serinoproteases com atividade trombina-like e de L-aminoácido oxidase do veneno de Crotalus durissus cascavella. 2006. 82 p. Dissertação (Mestrado em Biologia Funcional e Molecular) - Instituto de Biologia, Departamento de Bioquímica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2006.

HOLZER, M.; MACKESSY, S.P. An aqueuos endpoint assay of snake venom phospholipase A2. Toxicon, v. 34, p. 1149-1155, 1996.

IZIDORO, L.F.M. et al. Biochemical and functional characterization of an L-amino acid oxidase isolated from Bothrops pirajai snake venom. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v.14 p.7034–7043, 2006.

Page 40: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

KISHIMOTO, M.; TAKAHASHI, T. A spectrophotometric microplate assay for L-aminoacid oxidase. Analytical Biochemistry, v. 298, p.136-139, 2001.

LACEN. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA. Laboratório Central De Saúde Pública. Manual De Orientações Para Coleta, Preparo E Transporte De Material Biológico/LACEN. 2006. Disponível em: <www.saude.sc.gov.br/.../manual_coleta_2006>. Acesso em 03 out. 2011.

LAEMMLI, U.K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of bacteriophage T4. Nature, v. 227, p. 680-685, 1970.

LEE, M.L.; TAN, N.H.; FUNG, S.Y.; SEKARAN, S.D. Antibacterial action of a heat-stable form of L-amino acid oxidase isolated from king cobra (Ophiophagus hannah) venom. Comp Biochem Physiol C Toxicol Pharmacol., v. 153, p.237-242, 2011.

LI, R.; ZHU, S.; WU, J.; WANG, W.; LU, Q.; CLEMETSON, K.J. L-amino acid oxidase from Naja atra venom activates and binds to human platelets. Acta Biochim Biophys Sin., v. 40, p. 19-26, 2008.

LI, Z.-Y.; YU, R. F.; LIAN, E. C.-Y. Purification and characterization of L-amino acid oxidase from king cobra (Ophiophagus hannah) venom and its effects on human platelet aggregation. Toxicon, v. 32, p. 1349-1358, 1994.

MARTINS, A.M.C, TOYAMA, M.H, HAVT, A, et al. Determination of Crotalus durissus cascavella venom components that induce renal toxicity in isolated rat kidneys. Toxicon, v. 40, p. 1165-1171, 2002.

NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standards), 2009.

PAWELEK, P.; CHEAH, J.; COULOMBE, R.; MACHEROUX, P.; GHISLA, S.; VRIELINK, A. The structure of L-amino acid oxidase reveals the substrate trajectory into an enantiomerically conserved active site. Embo Journal, v.19, p. 4204-15, 2000.

SILVA, C.B. Caracterização bioquímica, estrutural e funcional de uma L-aminoácido oxidase isolada de peçonha de Lachesis muta (Serpentes, Viperidae). 2011. 165 p. Tese (Doutorado em Toxicologia) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2011.

SOARES, A.M.; ANDRIÃO-ESCARSO, S.H.; ANGULO, Y.; LOMONTE, B.; GUTIÉRREZ, J.M.; MARANGONI, S.; TOYAMA, M.H.; ARNI, R.K.; GIGLIO, J.R. Structural and functional characterization of a myotoxin I from Bothrops moojeni (caissaca) snake venom. Arch. Biochem. Biophys., v. 373, p. 7-15, 2000a.

SOARES, A.M.; GUERRA-SÁ, R.; BORJA-OLIVEIRA, C.; RODRIGUES, V.; RODRIGUES-SIMIONI, L.; RODRIGUES, V.; FONTES, M.R.M.; GIGLIO, J.R. Structural and functional characterization of BnSP-7, a Lys49 myotoxic phospholipase A2 homologue, from Bothrops neuwiedi pauloensis venom. Arch. Biochem. Biophys., v. 378, p. 201-209, 2000b.

Page 41: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

SOUZA, D.H.; EUGENIO, L.M.; FLETCHER, J.E.; JIANG, M.S.; GARRATT, R.C.; OLIVA, G.; SELISTRE-DE-ARAUJO, H.S. Isolation and structural characterization of a cytotoxic L-amino acid oxidase from Agkistrodon contortrix laticinctus snake venom: preliminary crystallographic data. Arch Biochem Biophys., v. 368, p. 285- 290, 1999.

STÁBELI, R. G.; SANT’ANA, C. D.; RIBEIRO, P. H.; COSTA, T. R.; TICLI, F. K.; PIRES, M. G.; NOMIZO, A.; ALBUQUERQUE, S.; MALTA-NETO, N. R.; MARINS, M.; SAMPAIO, S. V.; SOARES, A. M. Cytotoxic L-amino acid oxidase from Bothrops moojeni: Biochemical and functional characterization. Int. J. Biol. Macromol., v. 41, p. 132–140, 2007.

STÁBELI, R.G.; MARCUSSI, S.; CARLOS, G.B.; PIETRO, R.C.; SELISTRE-DE-ARAÚJO, H.S.; OLIVEIRA, E.B.; GIGLIO, J.R.; SOARES, A. M. Platelet aggregation and antibacterial effects of an L-amino acid oxidase purified from Bothrops alternatus snake venom. Bioorg. Med. Chem., v. 12, p. 2881-2886, 2004.

THEAKSTON, R. D.; REID, H. A. Development of simple standard assay procedures for the characterization of snake venom. Bulletin of the World Health Organization, v. 61, p. 949-956. 1983.

TICLI, F.K. Caracterização funcional e estrutural de uma L-aminoácido oxidase do veneno de Bothrops jararacuçu e avaliação da sua ação antitumoral, antiparasitária e bactericida. 2006. 94 p. Tese (Doutorado em Toxicologia) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2006.

TORII, S.; NAITO, M.; TSURUO, T. Apoxin-I, a novel apoptosis-inducing factor with L-amino acid oxidase activity purified from western diamondback rattlesnake venom. J. Biol. Chem., v. 272, p. 9539-9542, 1997.

TORII, S.; YAMANE, K.; HAGA, N.; YAMAMOTO, K.; FOX, J. W.; NAITO, M.; TSURUO, T. Molecular cloning and functional análisis of Apoxin I, a snake venom- derived apoptosis-inducing factor with L-amino acid oxidase activity. Biochem., v. 272, p. 3197-3205, 2000.

TOYAMA, M.H.; TOYAMA, D.O.; PASSERO, L.F.D.; LAURENTI, M.D.; CORBETT, C.E.; TOMOKANE, T.Y.; FONSECA, F.V.; ANTUNES, E.; JOAZEIRO, P.P.; BERIAM, L.O.S.; MARTINS, M.A.C.; MONTEIRO, H.S.A.; FONTELES, M.C. Isolation of a new L-amino acid oxidase from Crotalus durissus cascavella venom. Toxicon, v. 47, p. 47-57, 2006.

VARGAS, L. J.; QUINTANA, J. C.; PEREAÑEZ, J. A.; NÚÑEZ, V.; SANZ, L.; CALVETE, J. Cloning and characterization of an antibacterial L-amino acid oxidase from Crotalus durissus cumanensis venom. Toxicon, v. 64, p. 1-11, 2012.

WELLNER, D.; MEISTER, A. Crystalline L-amino acid oxidase of Crotalus adamanteus. J Biol Chem., v. 235, p. 2013-2018, 1960.

ZHANG, Y. J.; WANG, J. H.; LEE, W-H.; WANG, Q.; LIU, H.; ZHENG, Y. T.; ZHANG, Y. Molecular characterization of Trimeresurus stejnegeri venom L-amino acid oxidase with potential anti-HIV activity. Biochem. Biophys. Res. Commun., v. 309, p. 598-604, 2003.

Page 42: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ZULIANI, J.P.; KAYANO, A.M.; ZAQUEO, K.D.; COUTINHO-NETO, A.; SAMPAIO, S.V.; SOARES, A.M.; STÁBELI, R.G. Snake venom L-amino acid oxidases: Some consideration about their functional characterization. Prot. Pep. Lett., v. 16, p. 908-912, 2009.

Page 43: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

EFEITO MICROBICIDA DO VENENO DE Crotalus durissus cascavella

Orientador: Andreimar Martins Soares Bolsista: Raíres Ferreira Rodrigues

RESUMO DO PROJETO

Toxinas animais têm contribuindo significativamente para o desenvolvimento

das Ciências Biológicas e Biomédicas. Essas moléculas, utilizadas como elementos

importantes na investigação de mecanismos celulares e moleculares, estão envolvidas

em processos farmacológicos, inflamatórios e de intoxicação. Os acidentes ofídicos são

muito comuns em várias regiões do mundo, destacando-se as regiões tropicais e

subtropicais. O gênero Crotalus está representado no Brasil por uma única espécie,

Crotalus durissus, que tem uma ampla distribuição geográfica. A mais comum é a

Crotalus durissus terrificus, conhecida popularmente como Cascavel Sul-americana. A

peçonha da serpente da subespécie Crotalus d. cascavella possui as seguintes

atividades: miotóxica, neurotóxica, nefrotóxica e hematotóxica. Este trabalho

pretende investigar o potencial microbicida das toxinas (crotoxina e convulxina)

isoladas do veneno da Crotalus d. cascavella contra bactérias Gram positivas e

negativas. A partir do isolamento destas toxinas será possível a realização de uma

melhor caracterização bioquímica, farmacológica e a avaliação de suas propriedades

microbicidas. Essas toxinas podem constituir modelos moleculares interessantes para

o desenvolvimento de estratégias biotecnológicas aplicáveis na geração de agentes

terapêuticos e/ou de ferramentas experimentais para a pesquisa básica e aplicada.

RESUMO DO RELATÓRIO

O veneno de Crotalus durissus cascavella, induz efeitos miotóxico, neurotóxico,

nefrotóxico e hematóxico. As principais frações do veneno crotálico são: Fosfolipase

A2, Crotapotina, convulxina, Crotoxina, crotaminae Giroxina. Ressaltam-se a giroxina,

crotamina e convulxina que possuem atividade contra a Leishmania. Inicialmente o

veneno de C. d. cascavella foi fracionado em coluna de exclusão molecular Superdex

Page 44: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

75 previamente equilibrada em tampão bicarbonato de amônio 0,2 M e pH 8,0.

Observou-se a presença de três frações principais, sendo que o veneno desta

subespécie é crotamina negativo. As frações resultantes foram submetidas à

eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de agentes redutores, observando-

se a massa molecular de aproximadamente 23 kDa para crotoxina, 70 kDa para a

convulxina e 30 kDa para giroxina. Em seguida foi realizado uma varredura de tampões

em uma coluna de exclusão molecular em diferentes tampões, para determinar qual

apresenta o melhor perfil de fracionamento. Nas atividades enzimáticas observou-se

que o veneno bruto de C. d. cascavella apresentou cerca de 0,815mg de proteínas

totais por mL, ou seja, 81% de proteínas totais. O mesmo possui baixa atividade

coagulante apresentando dose coagulante mínima de 20 µg/mL em 60 segundos de

reação, possui moderada atividade fosfolipásica com 37,62 U/min e considerável

atividade LAAO (L-aminoácido oxidase) com 1,059 U/min. Na atividade microbicida por

método de microdiluição observou-se que para as bactérias E. coli e P. aeruginosa

apresentaram resultado satisfatório somente com a crotoxina, em contra partida a

bactéria S. aureus apresentou bons resultado tanto para veneno bruto, quanto para a

crotoxina.

Palavras-chave: Veneno de serpente, cascavel, Crotalus durissus, crotoxina, efeito

microbicida.

1. INTRODUÇÃO

A fauna e a flora possuem muitas espécies que são fontes de substâncias

bioativas em diferentes sistemas biológicos. Determinados animais, como as

serpentes, aranhas e escorpiões desenvolveram toxinas altamente específicas,

eficientes e complexas na sua atuação farmacológica. A compreensão destes seus

mecanismos de ação permite o entendimento de vários processos fisiopatológicos,

fenômenos celulares e moleculares ocasionados pelas intoxicações agudas por esses

venenos, trazendo ainda a perspectiva da utilização dessas moléculas bioativas como

modelos e/ou ferramentas biotecnológicas (BORM, 2008).

Page 45: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

As toxinas animais isoladas têm sido amplamente utilizadas como ferramentas

para o estudo funcional e molecular de receptores em plaquetas e células tumorais

(neurotoxinas, metaloproteases desintegrina-similes, desintegrinas e L-aminoácido

oxidases), compreensão dos mecanismos de coagulação do sangue (serinoproteases e

metaloproteases), processos inflamatórios (fosfolipases A2), canais iônicos e

entendimento do sistema imunológico (BORM, 2008).

O gênero Crotalus está representado no Brasil por uma única espécie, Crotalus

durissus, que tem uma ampla distribuição geográfica. Nesta vasta extensão territorial

são reconhecidas cinco subespécies: C. durissus terrificus, encontrada nas zonas altas e

secas da região sul oriental e meridional, C. durissus collilineatus, distribuídas nas

regiões secas da região centro-oeste, Minas Gerais e norte de São Paulo, C. durissus

cascavella, encontrada nas áreas da caatinga do nordeste, C. durissus ruruima,

observada na região norte do país e a C. durissus marajoensis, observada na Ilha de

Marajó (PINHO et al., 2001; FRANÇA et al., 2010).

Os estudos bioquímicos de fracionamento do veneno de Crotalus durissus

revelaram a presença de componentes bioativos como peptídeos, proteínas e enzimas.

Dentre os componentes neurotóxicos, o estudo da crotoxina é de grande importância

para a toxinologia, pois é a principal toxina, representando cerca de 50% do peso seco

do veneno crotálico (FURTADO et al., 2003). O fracionamento deste veneno por

cromatografia de exclusão molecular evidencia quatro principais toxinas denominadas

de Convulxina, Giroxina, Crotoxina e Crotamina. A convulxina é uma lectina tipo C, de

75 kDa, que administrada via i.v. em camundongos, provoca apnéia, perda de

equilíbrio e convulsões. A giroxina, de massa molecular de 30 kDa, é uma

serinoprotease semelhante à trombina, que age sobre o sistema nervoso central. A

crotoxina, de 23 kDa, representa 40 a 60 % do peso seco do veneno e é o principal

componente tóxico do veneno desta espécie. É formada de duas subunidades

diferentes ligadas não covalentemente: o componente ácido, a crotapotina (CA) e

componente básico neurotóxico (CB ou PLA2). E a crotamina é uma neurotoxina

catiônica de massa molecular de 4,8 kDa (BERCOVIVI et al., 1987; OLIVEIRA, 2006).

Outro componente encontrado principalmente nos venenos de coloração

amarela é a enzima denominada de L-aminoácido oxidase (LAAO). A LAAO isolada do

veneno de Crotalus durissus cascavella inibiu o crescimento de bactérias gram-

Page 46: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

positivas (S. mutans) e gram-negativas (Xanthomonas axonopodis) assim como,

apresentou alta atividade contra formas promastigotas de Leishmaini amazonensis in

vitro (TOYAMA et al., 2005). Além deste componente, as outras frações como a

giroxina, crotamina e convulxina apresentaram também efeito leishmanicida (PASSERO

et al., 2007).

Embora inúmeras proteínas de venenos de animais tenham sido isoladas e

caracterizadas em diversos aspectos, como por exemplo, enzimático, farmacológico,

tóxico e estrutural, ainda é restrito o conhecimento a respeito do potencial

biotecnológico destas. A cada pesquisa desenvolvida descobre-se novas possibilidades

de utilização destas proteínas podendo resultar na elaboração de futuros

medicamentos que induzam menos efeitos colaterais e alternativas promissoras para o

tratamento de várias doenças.

Diferentes estratégias têm sido adotadas por pesquisadores com o objetivo de

encontrar fármacos microbicidas que apresentem segurança, baixo custo e baixa

toxicidade em comparação com as drogas empregadas atualmente. Vale a pena

ressaltar que estudos envolvendo compostos derivados de extratos de plantas

(AFONSO-CARDOSO et al., 2007) e toxinas animais (PASSERO et al., 2007; 2008)

também apresentam resultados promissores e desta forma, toxinas extraídas de

serpentes e purificadas serão alvo da análise como potenciais fármacos microbicidas.

Além disso, estes efeitos poderão ser correlacionados com outras atividades

farmacológicas e tóxicas induzidas por estas proteínas buscando elucidar seus

possíveis mecanismos de ação durante o envenenamento ofídico.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral:

Avaliar o potencial efeito microbicida do veneno de serpente Crotalus durissus

cascavella e de duas toxinas isoladas a Crotoxina (CTX) e a convulxina (CVX) contra

fungos e bactérias Gram positivas e Gram negativas.

2.2 Objetivos alcançados:

Page 47: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

a) Isolamento e caracterização bioquímica das principais toxinas do veneno de

Crotalus d. cascavella.

b) Efeito microbicida preliminar do veneno e da crotoxina.

METODOLOGIA

3.1 Isolamento e Caracterização Bioquímica

3.1.2 Purificação de toxinas

O veneno bruto de Crotalus d. cascavella (25 mg) foi fracionado de acordo com

a metodologia descrita por Passero e colaboradores (2007) em uma coluna de exclusão

molecular em Superdex 75 (1x60 cm, Pharmacia) previamente equilibrada com tampão

bicarbonato de amônio 200 mM, pH 8,0. O monitoramento de todas as frações

eluentes foi feito em absorbância em 280 nm com fluxo de 0,2 ml/m,a temperatura

ambiente em sistema de coletor de frações GE.

3.1.3 Eletroforese em Gel de Poliacrilamida

A eletroforese em gel de poliacrilamida com agente desnaturante (SDS) a 12,5

% (m/v), foi realizada segundo a técnica descrita por Laemmli (1970) para a

determinação de peso molecular e o grau de pureza. O gel realizado com o veneno

bruto foi feito nas concentrações de 20, 40, 60 e 80 µg/µl. As frações resultantes da

cromatografia, também foram submetidas a eletroforese. As amostras foram

dissolvidas em tampão de amostra e a corrida eletroforética foi realizada a 40mA. Os

géis foram polimerizados em placas de vidro, as quais foram acopladas em

reservatório contendo tampão Tris-HCl 2,0 M pH 8 e foram corados com Coomassie

Blue e descorados com ácido acético.

A quantificação da proteína foi realizada pelo método de Bradford que

primeiramente consiste na construção da curva padrão com solução BSA (albumina de

soro bovino). As amostras foram centrifugadas e diluídas, na placa de Elisa, adicionou-

se 200 µl do reagente Bradford e 7 µl da amostra que foi incubada por 10 minutos

antes da leitura no espectrofotômetro a 595 nm.

Page 48: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4. Atividades Enzimáticas

4.1 Atividade Coagulante

Na atividade coagulante coletou-se 3 ml de sangue de camundongos em tubo

de ensaio com 50 µl de citrato de sódio, que foi centrifugado a 3500xg em 15 minutos

a 20ºC. Após a centrifugação a atividade foi realizada utilizando 200 µl de plasma que

foi colocado em microplacas com as amostras de veneno nas concentrações de (2, 10 e

20 µg/ml) para a determinação da concentração mínima de proteína para coagulação

em 1 minuto no espectrofotômetro.

4.2 AtividadeFosfolipásica

A atividade fosfolipásica foi executada segundo a técnica descrita por Holzer e

Mackessy (1996) com adaptações. A reação foi feita com uma solução contendo 190 µl

de tampão Tris-HCl 10 mM, CaCl2 10 mM, NaCl 100 mM pH 8,0, 20 µl de substrato

ácido 4-nitro-3-octanoyloxy-benzóico (NOB), com adição de 10 µl de amostra do

veneno bruto de C. d. cascavella. No ensaio enzimático, as amostras foram incubadas

junto com o substrato, tampão de reação, onde a reação enzimática foi lida a 425 nm,

a 37ºC durante 20 minutos, em microplaca no espectrofotômetro.

4.3 Atividade de L-aminoácido oxidase

Na caracterização da atividade LAAO utilizou-se o método descrito por

Kishimoto e Takahashi (2001) com adaptações. Este ensaio se baseia na produção de

peróxido de hidrogênio (H2O2) por meio da deaminação oxidativada L-leucina pela

LAAO. Utilizou-se 207 µl da seguinte solução: L-leucina 0,1%, Tris-HCl 20mM, CaCl2

5mM, NaCl 150mM pH 6,0, peroxidase de rabanete, o-fenilenediamina (OPD) e 55 µg

de proteína do veneno bruto. A solução foi incubada a 37°C por 30 minutos e sua

densidade óptica (O.D.) foi mensurada em espectrofotômetro com um comprimento

de onda de 450 nm. Para determinar a quantidade de H2O2

produzido/minuto/quantidade de proteína foi realizada uma curva de calibração

realizada a partir de diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio.

5. Atividade Microbicida

Page 49: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

5.1 Concentração inibitória mínima (CIM) por teste de suscetibilidade de

microdiluição

As bactérias E. coli, P. aeruginosa e S. aureus (ATCC 25922, 27853 e 29213)

foram cultivadas em caldo Luria Bertani (LB) durante 24 h (fase exponencial) e ajustado

para uma absorbância do padrão de turbidez McFarland 0.5. As concentrações

utilizadas nos testes foram 400, 200, 120 e 80 µg/µl em microplaca. Os experimentos

foram realizados em triplicatas, sendo que o controle positivo para todas as bactérias

foi o antibiótico clorafenicol (30mg) e a absorbância foi monitoradaa partir de leitura

realizada em leitor de Elisa, em um comprimento de onda 630 nm após incubação de

24 h a 37º C. O CIM foi determinado como a menor concentração de veneno bruto e

toxinas isoladas capaz de inibir visivelmente o crescimento bacteriano.

6. Varredura de tampões Em uma coluna Sephadex G-75 de exclusão molecular, testaram-se diferentes

tampões para determinar aquele que resultaria em uma melhor resolução das frações

purificadas.

Para isso foram utilizados 15 mg de veneno crotálico dissolvidos em 1mL do

tampão apropriado, centrifugado e o sobrenadante foi injetado em uma coluna

Sephadex G-75 (1x60 cm), acoplada a um sistema HPLC, previamente equilibrada no

mesmo tampão. O monitoramento de todas as frações eluentes foi feito em

absorbância de 280 nm com fluxo de 0,2 ml/m, a temperatura ambiente.

O processo foi realizado utilizando-se os tampões fosfato de sódio (0,2 M pH

7,2), formiato de amônio (0,2 M pH 6,5), formiato de amônio (0,2 M pH 3,5), acetato

de sódio (0,2 M pH 5,5) e acetato de amônio (0,2 M pH 4,5).Após as purificações as

frações coletadas foram congeladas.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1Isolamento e Caracterização Bioquímica

7.1.2 Purificação de Toxinas

Page 50: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

O fracionamento do veneno bruto de Crotalus d. cascavella foi apresentado na

figura 1, onde observou-se a presença de quatro picos principais monitorados por

absorbância em 280 nm. As amostras foram submetidas à eletroforese

monodimensional com intuito de verificar a estimativa da massa molecular de cada

proteína e o grau de pureza (Fig. 2).

Observa-se que o fracionamento do veneno de outras subespécie do

mesmo gênero, como C. d. terrificus e C. d. collilineatus, apresentam perfil

cromatográfico semelhante ao de C. d. cascavella, onde apresentam giroxina,

crotamina, crotoxina e convulxina, apenas com uma variação de quantidade de

giroxina (C.d.ca com 15,4% e 9,6% com C.d.t) e crotoxina (C.d.Ca com 45,3% e C.d.t

com 56,3%) (PASSERO et al., 2007).

O veneno apresentou um perfil caracterizado por bandas proteicas de

alto peso molecular observado na corrida de eletroforese (Fig. 1). Ambos os venenos

de C. d. terrificus e C. d. collilineatus apresentam essencialmente as mesmas bandas de

proteínas. Com uma diferença da última subespécie citada, onde o veneno, por outro

lado, mostra a presença de uma proteína de maior peso molecular, correspondente a

convulxina e três bandas eletroforéticasde 15-34 kDa, que constituem os principais

compostos encontrados, como a crotoxina (PASSERO et al., 2007).

Figura 2. Perfil cromatográfico do fracionamento do veneno bruto de Crotalus d. cascavella em coluna

Superdex 75. O monitoramento foi feito em comprimento de onda de 280nm e a eluição em tampão

bicarbonato de amônio 0,2mM e pH 8,0.

Page 51: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Figura 3. Gel do veneno bruto e das frações crotoxina e convulxina de Crotalus durissus cascavella.

Eletroforese realizada em gel poliacrilamida 12,5%, tampão Tris-HCl pH 8,0 e 0,1% SDS por 120 minutos

a 10 mA e 100 V. O gel foi corado com Coomassie blue. Amostras: PM – padrão de massa molecular

(Sigma); P1 –Veneno bruto 20 µg; P2 –Veneno bruto 40µg; P3 –Veneno bruto 60µg; P4 – Veneno bruto

80µg; P5 – Crotoxina 20µg; P6 –Convulxina 20 µg; P7 – Crotoxina 80 µg; e P8 – BthTX-I (isoforma de

PLA2 de B. jararacussu).

Figura 3. Gel das frações do veneno de Crotalus durissus cascavella. Eletroforese realizada em gel

poliacrilamida 12,5%, tampão Tris-HCl pH 8,0 e 0,1% SDS por 120 minutos a 10 mA e 100 V. O gel foi

corado com Coomassie blue. Amostras: PM – padrão de massa molecular (Sigma); P1 – Fração

Convulxina; P2 –Fração Giroxina; P3 – Fração Crotoxina;

Page 52: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

7.2 Atividades Enzimáticas

7.2.1. Caracterização bioquímica

A quantificação de proteínas foi feita pelo método de Bradford, onde o veneno

de C. d. cascavella apresentou cerca de 0,815mg de proteínas totais por ml, uma

menor quantidade em comparação com o veneno de outra subespécie C. d. terrificus

0,927 mg de proteínas totais por ml (QUADRO 1). O método de Bradford é mais rápido

e sensível e é mais utilizado para a determinação de proteínas totais em plasma

sanguíneo (ZAIA et al., 1998).

A ação coagulante do veneno de C. d. terrificus é devido a ação de uma

proteína trombina-símile (thrombin-like), a giroxina, que converte o fibrinogênio em

fibrina e assim aumenta o tempo de coagulação (SANO-MARTINS et al., 2001).

O teste de atividade coagulante foi realizado com o veneno bruto de C. d.

cascavella nas concentrações (2, 10 e 20 µg/ml). O veneno bruto apresentou uma DCM

(Dose Coagulante Mínima) de 20 µg/ml em 1 minuto. Conclui-se que o veneno

crotálico possui baixa atividade coagulante em comparação com o veneno botrópico.

Testes realizados pela equipe do CEBio demonstraram que o veneno de Bothrops

leucurus com apenas 3 µg/ml coagulou o plasma no tempo mínimo de 60 segundos

(TABELA 1).

A crotoxina é o principal componente tóxico do veneno da subespécie Crotalus

durissus, representando cerca de 60% do veneno total, sendo responsável pela

toxicidade elevada deste veneno. Esta é uma β-neurotoxina heterodimérica, que

apresenta uma subunidade básica, a fosfolipase A2 (denominada de CB com massa

molecular de 14 kDa) associada ao componente ácido, denominada de crotapotina

(CA) (SLOTTA; CONRAT, 1938; SOARES et al., 2001).

A atividade fosfolipásica do veneno bruto de C. d. cascavella foi de 37,62

U/min, sendo que uma unidade foi expressa em U = mA/mg de proteína. Esta atividade

demonstrou um moderado efeito, pois os ensaios enzimáticos realizados com veneno

de outras espécies no CEBio, como a C. atrox foi de 28,35 U/min, a C. d. terrificus de

14,76 U/min, e a Bothrops urutu que apresentou uma reação de 59,20 U/minuto

(TABELA 1).

Page 53: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

O teste para determinar a atividade LAAO de C. d. cascavella foi realizado

segundo a técnica descrita por Kishimoto e Takahashi (2001). Primeiramente foi

realizada uma curva de calibração para obter uma equação que avaliasse a quantidade

de peróxido de hidrogênio produzida por minuto conforme a quantidade de proteína

presente no veneno bruto. O resultado obtido foi uma reação de aproximadamente

1,059 U/min, sendo U = µMol de H2O2 produzido/mg de proteína (TABELA 1).

Tabela 1. Análise comparativa da dosagem de proteínas e das atividades enzimáticas dos diferentes

venenos de serpentes testados no Centro de Estudo de Biomoléculas Aplicadas a Saúde.

8. Atividade Microbicida

8.1. Concentração Inibitória Mínima por teste de suscetibilidade de

microdiluição.

As bactérias utilizadas para o teste de microdiluição são patógenos de grande

importância para o homem. A E. Colli é causadora de infecções relacionadas ao trato

digestivo, a S. aureus provoca infecções que costumam ser encontradas na pele dos

seres humanos e a P. aeruginosa causa infecções em indivíduos imunocomprometidos.

Métodos de diluição são utilizados para determinar as concentrações inibitórias

mínimas (CIM) de agentes antimicrobianos e são os métodos de referência para os

testes de susceptibilidade antimicrobiana (NCCLS, 2009). O CIM é definido como a

Atividades Enzimáticas Veneno Bruto

Dosagem de Proteínas MG

Ativ. Coagulante µg/mL em 1 min

Ativ. Fosfolipásica Ativ. LAAO

C. d. cascavella 0,815 20 37,62 mg de proteína/min

1,059 µMol de H2O2/mg de proteína/min

C. d. terrificus 0,927 - 14,76 mg de proteína/min

-

C. atrox 0,870 40 28,35 mg de proteína/min

0,164 µMol de

H2O2/mg de

proteína/min

B. urutu - - 59,20 mg de

proteína/min

-

B. leucurus - 3 - -

Page 54: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

menor concentração do agente antimicrobiano que impede o crescimento visível de

um microorganismos sobre condições definidas (VARGAS, et al., 2012).

A (CIM) Concentração Inibitória Mínima contra as bactérias E. coli e P.

aeruginosa para veneno bruto e crotoxina foram 400 µg/µL e 80 µg/µL,

respectivamente, e para S. aureus o veneno bruto e crotoxina apresentaram a

concentração de 80 µg/µL (Tabelas 2, 3 e 4). Enquanto que a convulxina não

apresentou resultado devido sua reação com o meio. Observou-se que para as

bactérias E. coli e P. aeruginosa apresentaram resultado satisfatório somente com a

crotoxina, em contra partida a bactéria S. aureus apresentou bons resultados tanto

para veneno bruto, quanto para a crotoxina. Contudo, os resultados obtidos são

preliminares necessitando a repetição dos testes, melhorias e adaptações de técnicas.

Tabela 2. Concentração Inibitória Mínima (CIM) das amostras de Veneno Bruto, crotoxina e convulxina de C. d. cascavella contra E. coli.

CIM (µg/mL)

400 200 120 80

Veneno Bruto

Crotoxina

Convulxina

1.331

0.798

ND

0.905

0.713

ND

0.796

0.759

ND

0.773

0.665

ND

ND: Não determinado

Tabela 3. Concentração Inibitória Mínima (CIM) das amostras de Veneno Bruto, crotoxina e convulxina de C. d. cascavella contra P. aeruginosa.

CIM (µg/mL)

400 200 120 80

Veneno Bruto

Crotoxina

Convulxina

0.492

1.311

ND

0.566

0.905

ND

0.700

0.796

ND

0.590

0.773

ND

ND: Não determinado.

Page 55: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Tabela 4. Concentração Inibitória Mínima (CIM) das amostras de Veneno Bruto, crotoxina e convulxina de C. d. cascavella contra S. aureus.

CIM (µg/mL)

400 200 120 80

Veneno Bruto

Crotoxina

Convulxina

0.245

0.320

ND

0.206

0.473

ND

0.251

0.324

ND

0.180

0.293

ND

ND: Não determinado.

9. Varredura de Tampões

Por meio da varredura de tampões chegou-se a conclusão que o perfil

cromatográfico do veneno de C. d. cascavella, é melhor purificado por meio de

tampões mais básicos, como o AMBIC pH 8,0. Diferente do veneno de C. d. terrificus

que possui uma melhor resolução em tampões ácidos (CAMPOS, 2006).

Figura 4. Perfil cromatográfico do veneno de C. d. cascavella em coluna Sephadex 75. Tampão: Fostato de Sódio 0,2M pH 7,2 leitura em comprimento de onda 280nm.

Page 56: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Fig. 5. Perfil cromatográfico do veneno de C. d. cascavella em coluna Sephadex 75. Tampão: Formiato de amônio 0,2M pH 3,5 leitura em comprimento de onda 280nm.

Figura 4. Perfil cromatográfico do veneno de C. d. cascavella em coluna Sephadex 75. Tampão: Formiato de Amonio 0,2M pH 6,5 leitura em comprimento de onda 280nm.

Page 57: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Observa-se que a natureza do tampão é de grande importância para uma

melhor separação de proteínas de alto peso molecular.

Figura 7. Perfil cromatográfico do veneno de C. d. cascavella em coluna Sephadex 75. Tampão: Acetato de amônio 0,2M pH 3,5 leitura em comprimento de onda 280nm.

Figura 8. Perfil cromatográfico do veneno de C. d. cascavella em coluna Sephadex 75. Tampão: Acetato de Sódio 0,2M pH 5,5 leitura em comprimento de onda 280nm.

Page 58: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

6. CONCLUSÃO

Com a varredura de tampões em diversos pHs observou-se que o veneno de

Crotalus durissus cascavella apresenta uma melhor resolução e separação das toxinas

em tampão de Bicabornato de Amônio pH 8,0 0,2 M. O veneno bruto apresentou um

percentual de 81% de proteínas totais, considerando 1 mg como porcentagem total. O

veneno apresentou um potencial de coagulação insuficiente. O mesmo exibiu

considerável atividade fosfolipásica devido à crotoxina, principal toxina do veneno

crotálico. Observou-se que o veneno da serpente exibiu maior atividade de L-

aminoácido oxidase, em comparação com o veneno da espécie Crotalus atrox. Na

atividade microbicida, observou-se que para as bactérias E. coli e P. aeruginosa

apresentaram resultado satisfatório somente com a crotoxina, em contra partida a

bactéria S. aureus apresentou bons resultado tanto para veneno bruto, quanto para a

crotoxina. Contudo, os resultados CIM obtidos são preliminares necessitando a

repetição dos testes, melhorias e adaptações de técnicas.

REFERÊNCIAS

AFONSO-CARDOSO, S.R.; RODRIGUES, F.H.; GOMES, M.A.; SILVA, A.G.; ROCHA, A.;

GUIMARAES, A.H.; CANDELOR, O.I.; FAVORETO, J.R.S.; FERREIRA, M.S.; SOUZA, M.A.

Protective effect of lectin from Synadenium carinatum on Leishmania amazonensis

infection in BALB/c mice. Korean. J. Parasitol, v.45, p. 255-266, 2007.

ARAUJO, H. S. S.; SOUZA, H. F. S. Métodos em toxinologia: Toxinas de serpentes. São

Carlos, Edufscar, p. 258, 2007.

BERCOVICI, D.; CHUDZINISKI, A.M.; DIAS, N.O.; ESTEVES, M.I.; HIRAICHI, E.; OISHI, N.Y.;

PICARELLI, Z.P.; ROCHA, M.C.; UEDA, C.M.P.M.; YAMANOUYE, N.; RAW, I. A systematic

fracionation of Crotalus durissus terrificus venom. Mem. Inst. Butantan, v.49, p. 69-78,

1987.

Page 59: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

BRADFORD, M.M.; McRORIE, R.A.; WILLIAMS, W.L. A rapid and sensitive method for

the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-

dye binding. Analitical Biochemistry., v. 72, p. 248-254, 1976.

BORM M. A. Atividade neurotóxica do veneno de cascavéis brasileiras (Crotalus

durissus – Linnaeus, 1758) em mamíferos. Unisep, v.2, p. 27-48, 2008.

CAMPOS, L. A. Isolamento e caracterização da delta toxina do veneno de Crotalus

durissus terrificus. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Nuclear) – Universidade de

São Paulo, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, 2006.

FRANÇA, J. B.; NETTO, C. C.; SILVA, M. M. S.; RODRIGUES, R. S.; TORRE, P.D. L.; PÉREZ

A.; SOARES A. M.; ZINGALI, R. B.; NOGUEIRRA, A.; RODRIGUES, V. M.; SANZ L.;

CALVETE, J. J. Snake venomics and antivenomics of Crotalus durissus subspecies from

Brazil: Assessment of geographic variation and ETs implication on snakebit

management. Elsevier, v. 73, p. 1759-1776, 2010.

FURTADO, M.F.D.; SANTOS, M.C.; KAMIGUTI, A.S. Age-related biological activity of

South American rattlesnake (Crotalus durissus terrificus) venom. The Journal of

Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v.9, p. 186-201, 2003.

HOLZER, M.; MACKESSY, S.P. An aqueuos endpoint assay of snake venom

phospholipase A2.Toxicon, v. 34, p. 1149-1155, 1996.

KISHIMOTO, M.; TAKAHASHI, T.A Spectrophotometric microplate assay for L-aminoacid

oxidase. Analytical Biochemistry, v. 298,p.136-139, 2001.

LAEMMLI, U.K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of

bacteriophage T4. Nature, v. 227, p. 680-685, 1970.

MAZZI M. V. Caracterização Funcional e estrutural de uma metaloprotease

Hemorrágica isolada da peçonha de Bothrops jararacussu. Tese (Doutorado em

Toxicologia) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de

São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.

Page 60: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standards), 2009.

OLIVEIRA, H.S. Estudo comparativo bioquimico e imunofarmacológico do veneno

total, da crotoxina e suas isoformas de crotapotina e PLA2 de Crotalus durissus

terrificus, C. d. ruruima, C. d. cascavella e C. d. collilineatus.Tese (Doutorado em

Farmacologia) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas,

Campinas, 2006.

PASSERO, L.F. ; LAURENTI, M.D.; TOMOKANE, T.Y.; CORBETT, C.E.; TOYAMA, M.H. The

effect of phospholipase A2 from Crotalus durissus collilineatus on Leishmania

(Leishmania) amazonensis infection. Parasitol. Res., v. 102, p. 1025-1033, 2008.

PASSERO, L.F.; TOMOKANE, T.Y.; CORBETT, C.E.; LAURENTI, M.D.; TOYAMA, M.H.

Comparative studies of the anti-leishmanial activity of three Crotalus durissus ssp.

venoms. Parasitol. Res., v. 101, p. 1365-1371, 2007.

PINHO, F.M.O.; PEREIRA, I.D. Acidente ofídico. Bothrops, Crotalus, Micrurus e Lachesis,

Ofidismo, v. 47, p. 24-29, 2001.

SANO-MARTINS, I.S.; TOMY, S.C.; CAMPOLINA, D.; DIAS, M.B.; DE CASTRO, S.C.B.;

SOUSA-E-SILVA, M.C.C.; AMARAL, C.F.S.; REZENDE, M.A.; KAMIGUTI, A. S.; WARRELL,

D.A.; THEAKSTON, R.D.G. Coagulopathy following lethal and non-lethal envenoming of

humans by the South American rattlesnake in Brazil. Q J M., v.94, p.551-559, 2001.

SLOTTA, D.H.; FRAENKEL-CONRAT, H. Estudos químicos sobre os venenos ofídicos.

Purificação e cristalização do veneno da cobra cascavel. Mem Inst Butantan, v.12,

p.505-512, 1938.

SOARES, A. M.; ANDRIÃO-ESCARSO, S. H.; BORTOLETTO, R. K.; RODRIGUES-SIMIONI, L.;

WARD, R.J.; ARNI, R.K.; GUTIÉRREZ, J. M.; GIGLIO, J. R. Dissociation of enzymatic and

pharmacological properties of Piratoxins-I and –III, two myotoxic phospholipases

A2 from Bothrops pirajai snake venom. Arch. Biochem. Biophys. 387, 188-196, 2001a.

TOYAMA, M. H.; TOYAMA, D. O.; PASSERO, L. F. D,; LAURENTI, M. D.; CORBETT, C. E.;

TOMOKANE, T. Y.; FONSECA, F. V.; ANTUNES, E.; JOAZEIRO, P. P.; BERIAM, L. O. S.;

Page 61: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

MARTINS, M. A. C.; MONTEIRO, H. S. A.; FONTELES, M. C. Isolation of a new L-

aminoacid oxidase from Crotalus durissus cascavella venom. Toxicon, v. 47, p. 47-57,

2005.

VARGAS, L. J.; QUINTANA, J. C.; PEREANEZ, J. A.; NÚNEZ, V.; SANZ, L.; CALVETE, J.

Cloning and characterizantion of na antibacterial L-amino acid oxidase from Crotalus

durissus cumanensis venom. Toxicon, v.64, p. 1-11, 2012.

ZAIA, D. A. M.; ZAIA, T. B. V.; LICHTIG. Determinação de Proteínas Totais via

Espectrofometria: Vantagens e Desvantagens dos Métodos Existentes. Instituto de

Química - Universidade de São Paulo. p. 789. 1998.

Page 62: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ÚLCERAS POR PRESSÃO ENCONTRADAS EM

PACIENTES HOSPITALIZADOS, NO HOSPITAL DE BASE DR. ARY PINHEIRO, NO

MUNICÍPIO DE PORTO VELHO-RO

Orientador: Camila Maciel de Sousa Bolsista: André Carlos Santos Ferreira

1-RESUMO

As úlceras por pressão têm sido apontadas como um dos indicadores de qualidade da

assistência dos serviços de saúde. Esse estudo visa analisar, microbiologicamente, diversas

úlceras por pressão, espalhadas pelo corpo de pacientes hospitalizados nas UTI’s do Hospital

de Base Dr. Ary Pinheiro, no município de Porto Velho – RO. Dos 309 pacientes que deram

entrada nas UTI’s, indagou-se apenas os portadores de úlceras por pressão. Após o

consentimento, através da assinatura do TCLE, realizava-se a coleta de material específico das

feridas, por meio do swab estéril, que era introduzido no tubo estéril com meio de cultura

Stuart, até a chegada ao laboratório, para serem realizadas todas as provas bioquímicas que

permitissem a identificação dos microorganismos. Foi realizado também o antibiograma, que

permitiu confirmar ou não o antibiótico prescrito para os pacientes. A coleta de dados foi

realizada no período de setembro a dezembro de 2012. Participaram da pesquisa 14

indivíduos, porém em apenas 11 foram efetivadas as coletas, totalizando 20 feridas. A Unidade

de Terapia Intensiva Geral apresentou a maior frequência entre os setores (81,81%). O sexo

masculino foi mais prevalente (54,5%). Com relação à localização da UP, a região sacral foi a

mais acometida (55%). No que se refere ao comprometimento tecidual, o estágio II obteve

maior índice (40%). Diante da microbiota encontrada, o microorganismo mais frequente foi a

bactéria Klebsiella pneumoniae (40%), apresentando 100% de sensibilidade aos antibióticos

meropenem e imipenem. Conclui-se que a entidade em questão necessita ser valorizada, visto

ser uma porta de entrada para bactérias multirresistentes, dificultando a cicatrização da ferida,

e por consequência, o prognóstico do paciente.

PALAVRAS-CHAVE: feridas, infecção, microorganismos.

Page 63: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2 - INTRODUÇÃO

Segundo KONEMAN, et. al., 2001, p. 157, as feridas podem ser de origem exógena

“aquelas associadas a traumatismos ou úlceras por decúbito, mordeduras de animais ou

humanas, queimaduras ou corpos estranhos na pele ou em mucosas” ou endógena

“associadas à apendicite, colecistite, celulite, infecções dentárias, osteomielite, empiema,

artrite séptica, sinusite ou diversas outras infecções internas”. Quando se pretende coletar

material de feridas para análise, o mais indicado é “a aspiração do líquido cavitário ou pus das

profundidades das feridas pustulosas ou vesiculares e abscessos, com agulha e seringa

estéreis.” (KONEMAN, et. al., 2001, p. 157).

Para a utilização do swab, faz-se necessário afastar as bordas com o polegar e o

indicador de uma das mãos ou fazer uma pequena incisão no abscesso fechado, antes de

passar a ponta do swab sobre a lesão com a outra mão. Para BRAGA, et. al., 2007, o meio de

cultura indicado para bactérias Gram-positivas é “ágar Manitol Salgado (para isolamento de

Sthaphylococcus aureus)” e “ágar MacConkey (para bacilos Gram-negativos)”.

De acordo com TAZIMA, et. al., 2008, as feridas podem ser classificadas de três formas:

agente causal (incisas ou cirúrgicas, produzidas por um instrumento cortante – faca; contusas,

produzidas por objeto rombo e caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia

e edema; lacerantes, ferimentos com arrancamento tecidual e rasgo – mordedura de cão -

com margens irregulares; perfurantes, caracterizadas por pequenas aberturas na pele,

havendo predomínio da profundidade sobre o comprimento – bala ou ponta de faca), grau de

contaminação (limpa: não atingem os tratos respiratório, digestivo, genital ou urinário, e não

apresentam sinais de infecção; limpa-contaminada: apresentam contaminação grosseira, em

que houve contato com os tratos respiratório, digestivo, urinário ou genital; contaminada:

feridas acidentais, que tiveram contato com terra ou fezes, por exemplo; infectada:

apresentam sinais nítidos de infecção) ou comprometimento tecidual (estágio I: atinge

epiderme, sem perda tecidual; estágio II: ocorre perda tecidual e compromete epiderme e

derme; estágio III: há comprometimento total da pele e necrose da hipoderme, porém, não

atinge fáscia muscular; estágio IV: há extensa destruição de tecido, chegando a comprometer

osso ou músculo ou necrose tissular).

Segundo SILVA (2008), “as úlceras por pressão (UP) em pacientes acamados tem sido

apontada como um dos indicadores de qualidade da assistência dos serviços de saúde”.

Partindo desse princípio, esse projeto visa analisar, microbiologicamente, a presença de

bactérias nas UP. De acordo com JÚNIOR e NASCIMENTO aput SILVA (2008), os

microorganismos mais frequentes nas feridas são: Sthaphylococcus aureus, Sthaphylococcus

Page 64: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

epidermidis, Escherichia coli, e bactérias da família Enterobacteriacae (exemplo: Klebsiella

pneumoniae, Proteus mirabilis, Proteus morganii, Proteus vulgaris, Acinetobacter baumannii).

De acordo com a ANVISA, p. 6, a forma de identificar a bactéria Sthaphylococcus

aureus é “a prova da coagulase que pode ser efetuada em tubo ou em lamina”. A mesma

também afirma que as enterobactérias “é a maior e mais heterogênea família de bactérias

Gram negativas de importância médica. São considerados atualmente: 27 gêneros / 102

espécies / 08 grupos indefinidos” (ANVISA, p. 16)

DALMARCO, et. al., 2006, p. 171, refere-se às bactérias produtoras de beta-lactamases

como “o mais importante mecanismo de resistência contra agentes beta-lactâmicos”. Ele

afirma que as bactérias pertencentes a família Enterobacteriaceae “comumente expressam

Beta-lactamases codificadas por plasmídeos que conferem resistência à penicilinas mas não às

cefalosporinas de amplo-espectro” (DALMARCO, et. al., 2006, p. 171).

SANTOS, 2009, p. 251, diz que a enzima betalactamase de espectro estendido atua na

“hidrólise do anel beta lactâmico central dos antimicrobianos pertencentes a este grupo,

impedindo a formação integral da parede celular bacteriana”. Neto, et. al., 2010, defende as

enterobactérias como “causadora de vários processos patogênicos como abcessos, meningites,

sepses, pneumonias, infecções do trato urinário, infecções gastrintestinais, colonização de

cateteres e infecções em feridas operatórias”.

A interação do hospedeiro com o agente causador é essencial para definirmos que tipo

de bactéria está causando danos à ferida.

Considera-se uma ferida contaminada quando a mesma indica presença de

microorganismos na superfície epitelial sem que haja reação fisiológica. Colonizada quando há

relação de dependência metabólica com o hospedeiro e o agente agressor. Infectada, quando

a ferida indica parasitismo, ou seja, há interação metabólica hospedeiro x agente agressor, e

reação inflamatória. (JÚNIOR e NASCIMENTO aput SILVA, 2008).

Os métodos diagnósticos, ou seja, aqueles utilizados para diagnosticar infecções

bacterianas, são feitos por diversos procedimentos:

““Exame direto, coloração de Gram, coloração ácido-resistente,

detecção de ácidos orgânicos, sondas genéticas, reação da polimerase

em cadeia (PCR), isolamento, identificação bioquímica, análise do

perfil plasmideal, polimorfismo de tamanhos dos fragmentos de

restrição (RFLP), PCR-RFLP, RAPD-PCR, ribotipagem, eletroforese de

campo pulsado (PFGE) e eletroforese de isoenzimas (MLEE)...

(MARTINEZ e TADDEI aput TRABULSI, 2008, p. 117-124)...””

Page 65: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Entretanto, as principais provas para identificar as enterobactérias são:

““Fermentação da glicose, fermentação da lactose, motilidade,

utilização de citrato, descarboxilação da lisina, produção de sulfeto de

hidrogênio, produção de CO2, oxidase, produção de indol, produção

de urease, produção de fenilalanina desaminase ou opção triptofanase

e produção de gelatinase ou opção DNAse. (ANVISA, p. 17)...””

Já para identificar a bactéria Sthaphylococcus aureus, BRAGA, et. al., 2007, p. 24, utiliza

os seguintes testes “fermentação do manitol, morfologia celular através de características

observadas na coloração de Gram, produção de catalase e coagulase livre”.

BARBOSA, et. al., 2001, no seu estudo, escolheu os antibióticos para realizar os testes

de susceptibilidade antimicrobiana de acordo com os mecanismos de ação de cada um, isto é,

“penicilina – amoxicilina, cefalosporina – cefaclor, peptídicos – vancomicina, antibióticos que

inibem a síntese da parede celular”. Aos antibióticos que inibem a síntese de proteínas, ele

escolheu “tetraclinas – tetraciclina, aminoglicosídeos – gentamicina, fenólicos – cloranfenicol,

lincosamidas – clindamicina e macrolídeos – azitromicina”.

Segundo ALMEIDA, et. al., 2007, p. 490, os métodos mais adequados para determinar

perfil de sensibilidade aos antimicrobianos são “método de difusão em ágar, diluição em placa

ou tubo e também através de equipamentos, de diferentes graus de automação”.

Quanto ao tratamento com antibióticos, inúmeras pesquisas foram desenvolvidas,

para definir sensibilidade antimicrobiana. MARTINS, et. al., 2007, concluiu que o antibiótico

vancomicina mostrou-se mais eficaz (97,5%) para a bactéria Sthaphylococcus aureus; a

gentamicina (100%) para Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis e Proteus vulgaris; a

amicacina (100%) para Proteus mirabilis; e a ciprofloxacina (100%) para Proteus vulgaris. Para

FERNANDES, et. al., o antibiótico imipenem mostrou-se 100% eficaz para as bactérias

Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli; a vancomicina (100%) para Sthaphylococcus

aureus; e amicacina (100%) para Enterobacter sp.

Para VERA, et. al., 2009, numa análise microbiológica de úlceras leishmanióticas,

detectou que os antibióticos amicacina, imipenem e ciprofloxacina foram eficazes (100%) para

as bactérias Enterobacter sp, Proteus sp, P. aeruginosa, Klebsiella sp, E. coli, S. marcecens e C.

freundii. Já o antibiótico gentamicina mostro-se eficaz (100%) para todas as bactérias citadas,

exceto para a Enterobacter sp (72,7%). RAPINI, et. al., 2004, p. 1, quando refere-se a

resistência antimicrobiana, explica que “pode ser carreada pelo cromossomo bacteriano ou

Page 66: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

pelo cromossomo extra bacteriano denominado plasmídio”. Elas podem transferir genes que

conferem a resistência antimicrobiana a outras bactérias da própria espécie ou de espécies

não relacionadas, patogênicas ou não. (RAPINI, et. al., 2004, p. 1).

SANTOS, 2009, p. 251, defende que “os micro-organismos adquirem a capacidade de

sobrepujar o arsenal terapêutico usado no controle das doenças infecciosas aplicado contra

eles”.

Quatro aspectos básicos devem ser prioritários para prevenção da úlcera por pressão,

são eles:

““Avaliação do risco do paciente e dos fatores que o colocam em risco;

cuidados com a pele e tratamento precoce da úlcera; redução da carga

mecânica pelo reposicionamento e utilização de superfícies especiais

de suporte, como almofadas e colchões; educação de pacientes,

cuidadores e fornecedores de serviços. (NOGUEIRA, et. al., 2002, p.

15)...”

3- OBJETIVO

3.1- Geral

Verificar as espécies de microorganismos presentes nas úlceras por pressão em

pacientes hospitalizados e analisar a susceptibilidade das espécies microbianas sobre

os antibióticos estudados.

3.2- Específicos

Coletar, através da técnica de swab, material específico

(microorganismos) em pacientes hospitalizados;

Verificar presença de microorganismos em úlceras por pressão

encontradas em diferentes partes do corpo humano (occipital, coccígena,

trocanter, calcâneos e cotovelos);

Classificar os tamanhos das úlceras e seus estágios (I, II, III e IV);

Relacionar o tempo de permanência hospitalar do paciente, com o

início da formação de úlceras por pressão;

Relacionar número e tipo de úlceras por pressão de acordo com a

etiologia (politraumas, afecções pulmonares, acidente vascular encefálico

[AVE] e Infarto do miocárdio), gênero e idade;

Page 67: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Analisar o antibiograma diante da microbiota encontrada.

4 - METODOLOGIA

4.1. Origem do material

Todo o material pertencente à amostragem foi oriundo da cidade de Porto

Velho – RO e coletado de feridas em diferentes partes do corpo (occipital, coccígena,

trocanter, cotovelo e calcâneo) de pacientes hospitalizados nas UTI’s do Hospital de

Base Dr. Ary Pinheiro, após consentimento diante da assinatura do TCLE.

Foram avaliadas úlceras por pressão em pacientes hospitalizados em 22 leitos

de Unidade de Terapia Intensiva do Hospital, divididos da seguinte forma: 10 leitos na

UTI Geral, 04 leitos na UTI Cardiológica e 08 leitos na UCE (Unidade de Cuidados

Especiais). Estas amostras foram coletadas no período diurno, durante quatro meses

(setembro a dezembro de 2012).

4.2. Processamento

Para a coleta, que era realizada no momento do banho no leito, utilizaram-se

luvas de procedimento para retirada do curativo existente. Realizava-se uma

antissepsia com SF 0,9% a jato e posteriormente, paramentava-se com máscara, gorro

e luvas estéreis. Usufruía-se do swab, que era propagado pelo leito da lesão,

certificando-se que o material colhido não seria da microbiota da pele, e sim da úlcera

em si. Era usado um swab para cada úlcera por pressão, independente da quantidade

da mesma em um mesmo paciente.

Após a coleta, cada swab com as amostras eram introduzidas no tubo estéril

com meio de cultura Stuart, identificadas (iniciais dos pacientes, posição das úlceras e

data) e transportadas em caixa térmica com gelo, para mantê-las íntegras, até a

chegada ao laboratório. No laboratório, era entregue a requisição do pedido de

exame, feito pelo médico plantonista na unidade, que continha o nome do paciente,

os exames solicitados (cultura + antibiograma), e a assinatura do médico.

Para a identificação dos microrganismos foram realizadas todas as provas

bioquímicas e também realizado o antibiograma com a utilização dos discos de

difusão, que permitiu confirmar ou não o antibiótico prescrito para os pacientes.

Page 68: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.3. Aspectos éticos

Este projeto foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro de Ensino Faculdade São Lucas, no município de Porto Velho/RO, sob

supervisão do Ministério da Saúde, Resolução 196, de 10 de outubro de 1986, inciso III,

alínea G: “contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e/ou

seu representante legal” e alínea J: “ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos

com autonomia plena”. (CNS, 1996, p. 3-4).

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme o objetivo, vinte e dois leitos das Unidades de Terapia Intensiva

(UTI’s) foram avaliados durante o prazo estabelecido no projeto, ou seja, quatro

meses. Durante este prazo, os leitos receberam os mais diversos casos de pacientes, e

como o planejado foram indagados apenas aqueles portadores de úlceras por pressão.

Dos 309 pacientes que deram entrada nas referidas UTI’s, a tentativa de

exposição do TCLE foram para 24 pacientes, portadores de úlceras por pressão. Apenas

14 foram assinados, devido muitas vezes à ausência de responsável legal ou alta

hospitalar antes da assinatura.

Dos 14 indivíduos participantes da pesquisa, apenas em 11 foram efetivadas as

coletas de material específico das úlceras por pressão, visto que os outros foram a

óbito antes mesmo da coleta.

Conforme apresentado na tabela 1, a Unidade de Terapia Intensiva Geral teve a

maior frequência de pacientes acometidos pela úlcera por pressão.

Tabela 1. Distribuição dos pacientes e prevalência de úlcera por pressão nas três UTI’s do Hospital de

Base Dr. Ary Pinheiro, no município de Porto Velho – RO.

Setores Nº de pacientes com

úlcera por pressão

Frequência (%)

UTI Geral 9 81,81

UTI Cardiológica 0 0

UCE (Unidade de Cuidados

Especiais)

2 18,18

Page 69: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Na tabela 2, apresenta-se o perfil desses pacientes portadores de úlcera por

pressão. Dos onze, seis (54,5%) eram do gênero masculino e cinco (45,5%) do gênero

feminino, concordando com o trabalho de PIRETT, 2011, p. 43 e BRAGA, 2011, p. 41,

realizado com úlceras por pressão, e FERREIRA, et. al., 2004, p. 139, realizado em

deiscência de sutura, feridas traumáticas, úlceras vasculogênicas, úlceras de pressão e

úlceras plantares. Porém discordando com o trabalho de GOMES, et. al., 2009, p. 21,

que prevaleceu o sexo feminino, realizado em feridas crônicas de membros inferiores.

Com relação à idade, um (9,09%) possuía entre 18 e 39 anos, cinco (45,4%)

entre 40 e 59 anos e cinco (45,4%) tinham idade acima de 60 anos, corroborando com

LUZ, et. al., 2010, p. 37. Em relação ao tempo de permanência nas UTI’s, obtivemos

uma média de 17,81 dias, variando entre 3 a 39 dias.

Tabela 2. Características dos 11 pacientes portadores de úlcera por pressão, internados nas UTI’s do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, no município de Porto Velho – RO.

Média (Extremos)

Idade (anos) 56 (17-77)

Gênero

Masculino 6

Feminino 5

Tempo de

internação (dias)

Total 17 (3-39)

UTI Geral 19 (3-39)

UTI Cardiológica

UCE 9 (7-11)

Comorbidades

Doenças cardíacas 3

Doenças

neurológicas

3

Doenças renais 3

Doenças 1

Page 70: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

pulmonares

Dispositivo invasivo

Cateter vesical 11

Cateter gástrico 9

Diante da microbiota encontrada, o microorganismo mais frequente foi

Klebsiella pneumoniae (40%), encontrada em oito úlceras por pressão. Em seguida,

prevaleceu Acinetobacter baumannii (35%), encontrada em sete lesões. Achados esses

semelhantes ao trabalho de WAIHRICH, 2006, p. 27 e BRAGA, 2011, p. 49 realizado em

úlceras por pressão. Pseudomonas aeruginosa (15%), foi encontrada em três feridas.

Por fim, encontramos Escherichia coli (10%), em duas úlceras por pressão (Tabela 3).

Todas as bactérias sendo gram-negativas, de acordo com o trabalho de GOMES,

et. al., 2009, p. 22, realizado em feridas crônicas de membros inferiores, onde houve

maior prevalência de microorganismos gram-negativos.

Tabela 3. Bactérias isoladas de úlceras por pressão de pacientes internados nas UTI’s do Hospital de

Base Dr. Ary Pinheiro, no município de Porto Velho – RO.

Microorganismos N %

Klebsiella pneumoniae 8 40

Acinetobacter baumannii 7 35

Pseudomonas aeruginosa 3 15

Escherichia coli 2 10

Em relação à localização da ferida, 11 (55%) apareceram na região sacral, com

predomínio da bactéria Klebsiella pneumoniae, seguido da região occipital 5 (25%),

com igual índice de Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii, região

escapular 3 (15%), com maior incidência de Acinetobacter baumannii, e região

trocantérica 1 (5%), com Acinetobacter baumannii, como pode ser representado no

Gráfico 1, permitindo corroborar com o trabalho de PIRETT, 2011, p. 47 e LUZ, et. al.,

2010, p. 37. Todos os 11 participantes da pesquisa apresentaram úlcera por pressão na

região sacral. Dessas, cinco (45,4%) encontravam-se em estágio III, e maior índice da

bactéria Klebsiella pneumoniae.

Page 71: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Gráfico 1. Qualificação das bactérias com maior incidência em cada região estudada e quantificação da distribuição das úlceras por pressão nos pacientes hospitalizados nas UTI’s do Hospital de Base Dr. Ary

Pinheiro, no município de Porto Velho – RO.

Na classificação dos tamanhos e seus devidos estágios, 8 (40%) feridas

encontravam-se em estágio II, 7 (35%) em estágio III, 3 (15%) em estágio I e 2 (10%)

em estágio IV. (Gráfico 2). Das oito úlceras por pressão com estágio II, houve maior

incidência (50%) na região sacral, com maior acometimento das doenças renais, e

maior índice da bactéria Klebsiella pneumoniae.

Gráfico 2. Espécies de bactérias, frequência e estágio das úlceras por pressão, encontradas nos pacientes hospitalizados no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, no município de Porto Velho - RO.

55% 25%

15%

5%

Região sacral

Região occipital

Região escapular

Região trocantérica

0 1 2 3 4 5 6

Estágio I

Estágio II

Estágio III

Estágio IV

Escherichia coli

Pseudomonas aeruginosa

Acinetobacter baumannii

Klebsiella pneumoniae

Nº de amostras

Acinetobacter baumannii

Acinetobacter baumannii

Klebsiella pneumoniae

Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii

Page 72: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Quando relacionamos o número de úlceras por pressão por paciente, temos o

seguinte: 6 (54,5%) pacientes apresentavam duas úlceras por pressão, 4 (36,3%)

apresentavam uma úlcera por pressão, e 1 (9,09%) paciente apresentava quatro

úlceras por pressão.

A tabela 4 apresenta o perfil de susceptibilidade de Klebsiella pneumoniae

encontrada nas úlceras por pressão, tendo em vista ter sido a mais frequente.

Verificou-se 100% de sensibilidade desta espécie a meropenem e imipenem. Das oito

cepas de K. pneumoniae, sete apresentaram 87,5% de sensibilidade a amicacina.

Já Acinetobacter baumannii apresentou 85,7% de sensibilidade à polimixina B.

A bactéria Escherichia coli mostrou-se 100% sensível ao imipenem, meropenem e

piperacilina. Por fim, a Pseudomonas aeruginosa apresentou 50% de sensibilidade ao

aztreonam e piperacilina.

Tabela 4. Perfil de sensibilidade de Klebsiella pneumoniae isoladas a partir de úlceras por pressão de pacientes hospitalizados nas UTI’s do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, no município de Porto Velho – RO.

Antibióticos testados Klebsiella pneumoniae (n=8)

(%)

Meropenem 100

Trimetropim 12,5

Imipenem 100

Polimixina B 12,5

Amicacina 87,5

Ertapenem 12,5

Tobramicina 25

Gentamicina 25

Piperacilina 37,5

Cefotetan 25

6 – CONCLUSÃO

Conclui-se que a Unidade de Terapia Intensiva Geral e a Unidade de Cuidados

Especiais, por receber pacientes com diversos diagnósticos médicos, sendo esses

Page 73: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

incapacitantes, promovendo a restrição total do indivíduo ao leito, apresentaram

maiores frequência de pacientes portadores de úlceras por pressão, comparado à

Unidade de Terapia Intensiva Cardiológica, onde há maior fluxo de pacientes.

No presente estudo observamos que na maioria das vezes, a ferida esta mais

frequente em indivíduos do gênero masculino e idosos, dado também observado na

literatura. A região sacral continua sendo a precursora desse agravo, conforme

identificado em outros trabalhos.

Os microorganismos isolados em úlceras por pressão dos indivíduos

participantes desta pesquisa demonstram uma população polimicrobiana,

predominando a bactéria Klebsiella pneumoniae. Essa bactéria mostrou-se 100%

sensível aos antibióticos imipenem e meropenem.

Os resultados demonstram a importância da aplicação do antibiograma no

contexto clínico, confirmando o melhor tratamento ao paciente, contribuindo, desta

forma, para a não resistência bacteriana aos antibióticos.

7 – REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DDE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Detecção e Identificação de

Bactérias de Importância Médica.

KONEMAN, Elmer W., et. al. Diagnóstico Microbiológico Texto e Atlas Colorido. 5ª

Edição. Medsi Editora Médica e Científica Ltda. 2001.

TRABULSI, Luiz Richard, et. al. Microbiologia. 5ª Edição. São Paulo: Atheneu, 2008.

MARTINS, Marlene Andrade, et. al. Úlcera crônica de perna de pacientes em

tratamento ambulatorial: análise microbiológica e de suscetibilidade antimicrobiana.

Cienc Cuid Saude, Goiânia, GO, 2010.

TAZIMA, Maria de Fátima G. S., et. al. Biologia da ferida e cicatrização. Medicina,

Ribeirão Preto, SP, 2008; 41 (3): 259-64.

Page 74: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

FERNANDES, Ly de Freitas, et. al. Isolamento e perfil de suscetibilidade de bactérias de

pé diabético e úlcera de estase venosa de pacientes admitidos no pronto-socorro do

principal hospital universitário do estado de Goiás, Brasil. Jornal Vascular Brasileiro,

Goiânia, GO, 2007.

VERA, Luis Angel, et. al. Sensibilidade antimicrobiana de bactérias aeróbicas isoladas

de úlceras leishmanióticas, em Corte de Pedra, BA. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical, Corte de Pedra, BA, 2006.

SILVA, Roberto Carlos Lyra da, et. al. Feridas: fundamentos e atualizações em

enfermagem. 2ª edição. São Caetano do Sul, SP. Yendis Editora, 2007.

DALMARCO, Eduardo Monguilhott, et. al. Identificação Laboratorial de β-Lactamases

de Espectro Estendido (ESBLs) – Revisão. RBAC, vol. 38(3): 171-177, 2006. Disponível

em: <http://www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac_38_03/rbac3803_09.pdf>. Acesso em: 16

abril 2012.

BARBOSA, Flávio Henrique Ferreira, et. al. Perfil de Susceptibilidade Antimicrobiana de

Bifidobacterium bifidum Bb12 e Bifidobacterium longum Bb46. Revista de Biologia e

Ciências da Terra ISSN 1519-5228. Volume 1 – Número 2 – 2001. Disponível em:

<http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/pdf/bacterias.pdf>. Acesso em: 16 abril

2012.

NETO, Guilherme Tude Coelho, et. al. Detecção de enterobactérias em superfícies de

uma unidade mista de saúde no município de São Luís, Maranhão, Brasil. Revista de

Investigação Biomédica do Uniceuma, n.2, p.77-84, 2010. Disponível em:

<http://www.extranet.ceuma.br/sitenovo/Revistas/artigos/investigacao_biomedica/in

vestigacao_biomedica2/artigo9.pdf>. Acesso em: 16 abril 2012.

RAPINI, L. S., et. al. Perfil de resistência antimicrobiana de cepas de Staphylococcus sp.

isoladas de queijo tipo coalho. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.56, n.1, p.130-133,

2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v56n1/a22v56n1.pdf>. Acesso

em: 20 abril 2012.

Page 75: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ALMEIDA, Maria Inez, et. al. Prevalência e perfil de sensibilidade de amostras de

Staphylococcus aureus isoladas de casos clínicos de infecções hospitalares. Revista

Eletrônica de Enfermagem, v. 09, n. 02, p. 489 - 495, 2007. Disponível em:

<http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/pdf/v9n2a15.pdf>. Acesso em: 20 abril 2012.

SANTOS, Sérgio Barboza dos, Incidência de Enterobactérias produtoras de

Betalactamase de Espectro Estendido (ESBL) em um Hospital do Município de Duque

de Caxias – RJ. RBAC, vol. 41(4): 251-255, 2009. Disponível em:

<http://www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_41_04/rbac_41_4_002.pdf>. Acesso em:

20 abril 2012.

NOGUEIRA, Paula Cristina, et. al. Fatores de risco e medidas preventivas para úlcera de

pressão no lesado medular. Experiência da equipe de enfermagem do HCFMRP-USP.

Medicina, Ribeirão Preto, 35: 14-23, jan./mar. 2002. Disponível em:

<http://www.fmrp.usp.br/revista/2002/vol35n1/fatores_risco.pdf>. Acesso em: 20

abril 2012.

BRAGA, Iolanda Alves, et. al., Colonização de Úlcera de Pressão por Bactérias

Multirresistentes: Fatores de Risco e sua Relação com o Desenvolvimento de Sepse em

um Hospital Universitário de Minas Gerais. Prática Hospitalar. Ano IX. Nº 51. Mai-

Jun/2007. Disponível em:

<http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2051/pdfs/mat%2002.pdf>. Acesso

em: 10 maio 2012.

WAIHRICH, Eduardo Siqueira, et. al. Perfil nosológico e microbiológico das úlceras de

pressão em pacientes neurocirúrgicos. Brasília Médica. 2006; 43(1/4):25-31.

PIRETT, Cely Cristiane Nery Silva. Úlcera por pressão colonizada por Staphylococcus

aureus resistente a meticilina [manuscrito] : reservatório, fatores de risco e evolução

para infecção local e bacteremia em um hospital de ensino e instituições de longa

permanência para idosos – 2011. Disponível em: <

Page 76: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

http://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/2581/1/%C3%9AlceraPress%C3%A3oC

olonizada.pdf>. Acesso em: 16 ago 2013.

GOMES, Flávia Sampaio Latini, et. al. Tratamento de feridas crônicas com coberturas

oclusivas. Rev. Min. Enferm.;13(1): 19-27, jan.-mar., 2009.

FERREIRA, Adriano M. O cuidado de enfermagem nos procedimentos de coleta para

análise microbiológica de feridas: aplicabilidade de duas técnicas. Arq. Ciênc. Saúde.

2004 jul-set:11(3):137-41.

LUZ, Sheila Rampazzo, et. al. Úlceras de pressão. Revista Geriatria & Gerontologia.

Curitiba, PA, 2010. Disponível em:

<http://www.sbgg.org.br/profissionais/arquivo/revista/volume4-

numero1/artigo06.pdf>. Acesso em: 31 ago 2013.

Site da Resolução Nº 196, de 10 de outubro de 1996:

http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/Resolucao_196_de_10_10_1

996.pdf. Acesso em: 10 maio 2012.

Page 77: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE FERIDAS INFECTADAS EM PÓS-OPERATÓRIO

ORTOPÉDICO E SEUS AGENTES CAUSADORES EM HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO

VELHO-RO

Orientador: Camila Maciel de Sousa Bolsista: Gabriel de Deus Vieira

RESUMO

Um paciente que apresenta algum tipo de infecção pode aumentar até três vezes os

gastos com o seu tratamento, quando comparado com um paciente livre de infecções.

As infecções no sítio cirúrgico são a terceira causa mais comum de infecção em

pacientes cirúrgicos. As infecções de cirurgias ortopédicas além de prolongar o tempo

de internação em média de duas semanas, aumentam a morbidade, duplicam as taxas

de internação e triplicam os custos financeiros com o paciente. Este projeto teve por

objetivo avaliar os casos de feridas infectadas em pós-operatório ortopédico no

Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro. Foram analisados pacientes de pós-operatório de

cirurgia ortopédica que apresentaram sintomas, sinais flogísticos ou alterações

osteoarticulares indicativas de osteomielite, durante o período de novembro de 2012 a

agosto de 2013. Foi feito a coleta através de punção de fístulas e abscessos durante o

ato operatório da medula óssea ou do próprio osso, sendo coletadas através de swabs

estéreis, com antissepsia do local da coleta feita com gaze embebida em solução de

hipoclorito de sódio 0,5%. As amostras adquiridas dos pacientes foram mantidas em

refrigeração e no mais breve possível foram encaminhadas ao laboratório para futuras

análises. Foram estudadas as características sociais dos pacientes. Foram realizados 36

procedimentos cirúrgicos de limpeza e coleta de secreções oriundas de algum

processo infeccioso durante o período analisado. O tipo de cirurgia que apresentou o

maior número de infecção foi osteossíntese, em 35 (97,2%) pacientes e artroplastia em

1 (2,8%) paciente. Dentre o material utilizado, 17 (36,9%) cirurgias que utilizaram placa

se infectaram e 16 (34,7%) que utilizaram fixador externo. A bactéria que causou o

maior número de infecções foi o Staphylococcus aureus, acomentendo 14 (43,9%)

pacientes, seguido pela Acinetobacter baumannii, acomenteu 4 (12,5%) pacientes. Em

Page 78: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

relação ao perfil de resistência das cepas gram-positivas aos antibióticos, 100% das

cepas de Staphylococcus aureus foram sensíveis à vancomicina e 35,7% à oxacilina;

100% das cepas de Staphylococcus epidermidis foram sensíveis à vancomicina e 33,3%

à oxacilina. Quanto às cepas de bactérias gram-negativas, 50% das cepas de

Acinetobacter baumannii foram sensíveis a sulfametoxazol/trimetropim, 100% tiveram

resistência quanto à ceftriaxona, gentamicina e vancomicina; quanto às cepas de

Pseudomonas aeruginosa, 66,6% foram sensíveis ao imipenem e 100% foram

resistentes à ceftriaxona e sulfametoxazol/trimetoprima. Conclui-se que o

procedimento cirúrgico que obteve o maior número de infecções foi a osteossíntese e

os materiais que apresentaram a maior prevalência de infecções foram o fixador

externo e a placa. Dentre as bactérias causadoras de infecção, a Staphylococcus aureus

foi a mais frequente.

PALAVRAS-CHAVE: Cirurgia ortopédica, Ferida, Infecção hospitalar.

1 – INTRODUÇÃO

As infecções no sítio cirúrgico geram um grande déficit econômico ao serviço

público de saúde, devido ao alto custo das despesas hospitalares causadas pelo

prolongamento da internação do paciente (Rabhae et al., 2000). Um paciente que

apresenta algum tipo de infecção pode aumentar até três vezes os gastos com o seu

tratamento, quando comparado com um paciente livre de infecções (Magram et al.,

1999). As infecções no sítio cirúrgico são a terceira causa mais comum de infecção em

pacientes cirúrgicos (Ercole et al., 2011)

Nas primeiras 48 horas de pós-operatório, ocorre um aumento na temperatura

para até 38ºC, elevando assim o metabolismo do organismo. Do terceiro ao sexto dia

do pós-operatório, pode ter a presença de infecção dos cateteres vasculares, podendo

levar a tromboflebite em membros inferiores. Do sexto ao décimo dia de pós-

eperatório pode apresentar sepse, que acaba gerando febre, pus e abscessos

incisionais. Fatores endógenos como imunossupressão, obesidade, idade avançada,

desnutrição, diabetes mellitus, infecção concomitante presente em outro local do

corpo e internação prolongada aumentam o risco de infecções no pós-operatório

Page 79: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

(Stracieri, 2008). Fatores exógenos como o uso de esteroides sistêmicos, tabagismo,

etilismo e transfusão de certos derivados sanguíneos também aumentam o risco de

infecção (Mangram et al.,1999).

Em relação ao patógeno causador da infecção, o seu grau de infecção depende

de sua virulência, do número de microorganismo infectantes, do meio em que a

infecção desenvolverá, dos mecanismos de defesa do paciente e da presença de

fatores que levam a imunodepressão desse paciente (Rocha, 2008).

As infecções de cirurgias ortopédicas além de prolongar o tempo de internação

em média de duas semanas, aumentam a morbidade, duplicam as taxas de internação

e triplicam os custos financeiros com o paciente (Barbos et al., 2010). Nas cirurgias

ortopédicas, o uso de pregos, placas ósseas e uso de dispositivos de fixação externa

são alguns exemplos de instrumentais cirúrgicos que podem apresentar algum tipo de

infecção (Mangram et al.,1999; Cabrita et al., 2007). Microorganismos altamente

infecciosos como o Staphylococcus aureus, também podem ser cultivados em canetas,

teclados, estetoscópios, jalecos médicos, torniquetes e esfigmomanômetros (Brennan

et al., 2009).

Alguns sinais são característicos da ferida infectada como a dor, sendo

espontaneamente dolorosas após quarenta e oito horas de pós-operatório; cefaleia,

sendo mais comum quando utilizada a raquianestesia durante a cirurgia e febre, sendo

normal em pós-operatório, mas também indicando a presença de uma infecção aguda

(Stracieri, 2008). Geralmente no local da ferida infectada também apresentam edema,

calor, eritema, rubor, deiscência e pus (Santos, 2010).

As cirurgias podem ser classificadas conforme o seu grau de infecção. As

cirurgias limpas são decorrentes de feridas não traumáticas e sem processo

inflamatório. As cirurgias potencialmente contaminadas são cirurgias que ocorrem

algum tipo de perfuração do trato gastro-intestinal respiratório ou urinário sem

contaminação significativa. As cirurgias contaminadas são aquelas decorrentes de

feridas traumáticas com menos de seis horas, com presença de processo inflamatório

sem pus. As cirurgias infectadas são aquelas que apresentam pus e feridas traumáticas

com mais de seis horas de evolução (Rocha, 2008; Serrano e Daza, 2006).

Page 80: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2 – OBJETIVOS

2.1 – OBJETIVO GERAL

Este projeto teve por objetivo avaliar os casos de feridas infectadas em pós-

operatório ortopédico no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro.

2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Quantificar os casos de feridas infectadas em pós-operatório ortopédico.

Verificar as comorbidades que estão associadas às feridas infectadas.

Verificar os ossos que são acometidos com maior frequência.

Verificar o tempo de pós-operatório de pacientes com feridas infectadas.

Verificar a presença ou não de osteomielite.

Verificar o de pós-operatório de pacientes com feridas infectadas.

Verificar em quais os tipos de cirurgias ortopédicas a infecção é mais frequente.

Isolar e identificar os microorganismos causadores da infecção.

3 – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 – LOCAL DA PESQUISA

A coleta de amostras e dados do presente projeto foi realizada no

Departamento de Ortopedia do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, situado na avenida

governador Jorge Teixeira, 3766, Bairro Industrial, Porto Velho-RO. A cultura,

identificação e antibiograma das coletas foram realizados no Laboratório Escola da

Faculdade São Lucas, Porto Velho-RO.

3.2 – SUJEITO DA PESQUISA

Foram estudados pacientes de pós-operatório de cirurgia ortopédica que

apresentarem sintomas, sinais flogísticos ou alterações osteoarticulares indicativas de

osteomielite, durante o período de 10 meses, que vai de novembro de 2012 a agosto

de 2013. Em média são atendidos quatro pacientes por mês com estas características

no Setor de Ortopedia do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro.

Page 81: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

3.3 – AMOSTRAS

No setor de ortopedia estão diariamente os médicos residentes em ortopedia

André Pastuczenko dos Santos Rodrigues de Freitas e Flávia Bressan, estes foram os

responsáveis pelo diagnóstico dos pacientes de acordo com as características já

descritas na pesquisa. A coleta das amostras foi realizada pelos médicos ortopedistas

Hallan Rodrigues Mendonça e Renato de Figueiredo Radaeli, que são os responsáveis

pela cirurgia, sendo feita através de punção de fístulas e abscessos durante o ato

operatório da medula óssea ou do próprio osso, sendo coletadas através de swabs em

meio Stuart, com antissepsia do local da coleta feita com gaze embebida em solução

de hipoclorito de sódio 0,5%. Logo após, foram etiquetadas e encaminhadas para o

Laboratório Escola da Faculdade São Lucas onde foi realizada a cultura da amostra, a

identificação da bactéria e o antibiograma.

3.4 – VARIÁVEIS DO ESTUDO

Nos casos diagnosticados, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido pelo paciente ou responsável legal, foi analisado o prontuário do paciente,

com o auxílio de um dos médicos responsáveis pelo paciente, onde foi verificado o

tempo de pós-operatório, presença ou não de osteomielite, tipo de cirurgia realizada e

o osso com acometimento. Também foram verificadas comorbidades associadas à

ferida infectada e os microorganismos causadores da infecção.

3.5 - ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto foi realizado com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro de Ensino Faculdade São Lucas, no município de Porto Velho/RO, sob

supervisão do Ministério da Saúde, Resolução 196, de 10 de outubro de 1986, inciso III,

alínea G: “contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e/ou

seu representante legal” e alínea J: “ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos

com autonomia plena” (CNS, 1996, p. 3-4).

Page 82: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4 – RESULTADOS

Foram realizados 36 procedimentos cirúrgicos de limpeza e coleta de secreções

oriundas de algum processo infeccioso durante o período analisado. Destes pacientes,

24 (66,7%) são homens e 11 (33,3%) são mulheres. O tempo médio entre a cirurgia e a

procura pelo atendimento devido aos sinais de infecção foi de 9 semanas e 6 dias. O

tipo de cirurgia que apresentou o maior número de infecção foi osteossíntese, em 35

(97,2%) pacientes e artroplastia em 1 (2,8%) paciente (Tabela 1). O tempo médio gasto

nas cirurgias que vieram posteriormente a apresentar infecção foi de 1 hora e 37

minutos.

Dentre o material utilizado, 17 (36,9%) cirurgias que utilizaram placa se

infectaram e 16 (34,7%) que utilizaram fixador externo (Tabela 1).

Tabela 1 – Tipo de cirurgia, material utilizado, comorbidades e presença de osteomielite em pacientes

que evoluíram para infecção no pós-operatório de cirurgia ortopédica.

Variáveis N %

Tipo de cirurgia

Osteossíntese 35 97,2

Artroplastia 1 2,8

Material

Placa 17 36,9

Fixador externo 16 34,7

Fios de Kirchner 7 15,2

Parafuso 2 4,4

Haste intramedular 2 4,4

Fio de Ethibond 1 2,2

Comorbidades

Hipertensão arterial sistêmica 6 16,7

Diabetes 7 19,4

Insuficiência renal 1 2,8

Osteomielite

Sim 9 25

Não 18 50

Indicativo 9 25

Page 83: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Em relação ao osso que foi submetido à cirurgia, o fêmur foi o que obteve a

maior prevalência, em 17 (41,6%) pacientes; seguido pela tíbia, em 12 (29,4%)

pacientes (Figura 1). A média de pessoas dentro do centro cirúrgico nas cirurgias que

se infectaram foi de 4,8 pessoas, sendo compostos por cirurgiões, residentes e

circulantes.

Figura 1 – Segmento ósseo acometido por infecção no pós-operatório de cirurgia ortopédica.

O ar condicionado esteve presente em todos os procedimentos cirúrgicos que

se infectaram. Em relação às comorbidades, 6 (16,7%) pacientes tinha hipertensão

arterial sistêmica, 7 (19,4%) tinha diabetes e 1 (2,8%) paciente tinha insuficiência renal.

Dentre os pacientes que evoluíram para infecção após o ato cirúrgico, 9 (25%)

pacientes tinham osteomielite, 9 (25%) pacientes tinham quadro sugestivo de

osteomielite e 18 (50%) pacientes não tinham osteomielite (Tabela 1). Quanto aos

antibióticos utilizados na profilaxia, o cefalotina foi utilizado em 17 (37,7%) pacientes,

10 (22,2%) pacientes utilizaram ciprofloxacina e 8 (18,1%) pacientes utilizaram

clindamicina (Figura 2).

Fêmur 42%

Tíbia 30%

Patela 5%

Tálus 5%

Fíbula 5%

Pelve 2%

Clavícula 2%

Metatarso 3%

Úmero 3%

Falange 0%

Ulna 3%

Page 84: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Figura 2 – Antibióticos utilizados na profilaxia de pacientes que desenvolveram infecção em pós-

operatório ortopédico.

A bactéria que causou o maior número de infecções foi o Staphylococcus

aureus, acomentendo 14 (43,9%) pacientes, seguido pela Acinetobacter baumannii,

acomenteu 4 (12,5%) pacientes (Figura 3).

Figura 3 – Agentes etiológicos responsáveis por infecção em pós-operatório ortopédico.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

me

ro d

e p

resc

riçõ

es

14

4

3

3

3

1

1

1

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Staphylococcus aureus

Acinetobacter baumannii

Staphylococcus epidermidis

Klebsiella pneumoniae

Pseudomonas aeruginosa

Enterobacter aerogenes

Escherichia coli

Providencia stuartii

Serratia marcescens

Número de casos

Page 85: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Em relação ao perfil de resistência das cepas gram-positivas aos antibióticos,

100% das cepas de Staphylococcus aureus foram sensíveis à vancomicina e 35,7% à

oxacilina; 100% das cepas de Staphylococcus epidermidis foram sensíveis à

vancomicina e 33,3% à oxacilina. Quanto às cepas de bactérias gram-negativas, 50%

das cepas de Acinetobacter baumannii foram sensíveis a sulfametoxazol/trimetropim,

100% tiveram resistência quanto à ceftriaxona, gentamicina e vancomicina; quanto às

cepas de Pseudomonas aeruginosa, 66,6% foram sensíveis ao imipenem e 100% foram

resistentes à ceftriaxona e sulfametoxazol/trimetoprima; quanto às cepas de Klebsiella

pneumoniae, 100% foram sensíveis ao imipenem e 66,6% foram resistentes à

ceftriaxona; quanto à cepa de Providencia stuartii, foi sensível ao imipenem e,

resistente a ceftriaxona e gentamicina; quanto às cepas de Enterobacter aerogenes,

50% foram sensíveis à ceftriaxone, o restante obteve resistência aos demais

antimicrobianos; quanto à cepa de Serratia marcescens, foi sensível a ceftriaxona e

resistente a gentamicina, ciprofloxacina e ampicilina/sulbactam; quanto à cepa de

Escherichia coli, foi sensível a 100% dos antibióticos testados (Tabela 2).

Tabela 2 – Percentual de resistência aos antimicrobianos das cepas das bactérias oriundas de infecção

em pós-operatório ortopédico.

Bactéria

(N)

Antimicrobiano

Oxacilina Ampicilina

Sulbactam Ceftriaxone

Gentamicin

a

Sulfametoxazo

l

Trimetoprima

Vancomicin

a Imipenem

S R S R S R S R S R S R S R

Staphylo

coccus

aureus

(14)

35,7 64,3 0 100 28,6 71,4 42,8 57,2 78,5 21,5 100 0 N

Staphylo

coccus

epidermi

dis (3)

33,3 66,7 66,7 33,3 66,7 33,3 33,3 66,7 100 0 100 0 N

Page 86: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

S=Sensível; R=Resistente; N=Não testado.

5 – DISCUSSÃO

Para se obter um bom tratamento das infecções no pós-operatório, deve-se

realizar um extenso debridamento cirúrgico, fazer uma antibioticoprofilaxia adequada

e antibióticoterapia definitiva correta (Del Pozo et al., 2009). As síndromes infecciosas

que se instalaram até um ano após a cirurgia são consideradas infecções hospitalares,

devendo ser tratadas empiricamente até que o resultado da cultura esteja pronto.

Durante o ato cirúrgico, é recomendado antibioticoprofilaxia, com o intuito de

Acinetob

acter

bauman

nii (4)

N 0 100 0 100 0 100 50 50 0 100 0 10

0

Pseudom

onas

aerugino

sa (3)

N 0 100 0 100 0 33,4 0 100 N 66,6 33

,4

Klebsiell

a

pneumo

niae(3)

N 0 100 33,4 66,6 33,4 66,6 66,6 33,4 N 100 0

Enteroba

cter

aerogen

es (2)

N 0 100 50 50 0 100 0 100 N 100 0

Providen

cia

stuartii

(1)

N 0 100 0 100 0 100 100 0 N 100 0

Escheric

hia

coli (1)

N 100 0 100 0 100 0 100 0 N 100 0

Serratia

marcesc

ens (1)

N 0 100 100 0 0 100 100 0 N 100 0

Page 87: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

prevenir infecções devido à manipulação cirúrgica durante o mesmo. Segundo D’Elia et

al. (2007), as infecções superficiais devem receber antibióticoterapia agressiva,

evitando a evolução para uma infecção profunda, podendo levar a quadro de sepse. É

recomendada a profilaxia tentando pegar principalmente Staphylococcus aureus,

devido a sua elevada prevalência em infecções (Frommelt et al., 2006; Lima e Oliveira,

2010). Geralmente, se utilizada cefalosporinas de primeira e segunda geração

(Secretaria de Estado da Saúde, 2005). Nesse estudo, foi notado que o antibiótico mais

utilizado na profilaxia foi a cefalotina, uma cefalosporina de primeira geração.

Nesse estudo, foi evidenciado que o ar condicionado esteve presente em todas

as cirurgias que se infectaram. A ventilação tem como finalidade manter o ambiente

da sala cirúrgica agradável, mas conforme a falta de manutenção e acúmulo de poeira,

pode se tornar em local de abrigo de vários patógenos (Mangram et al., 1999; Lima et

al., 2004).

Segundo Mangram et al. (1999), os principais fatores de risco para o

desenvolvimento de infecções em pós-operatório é a desnutrição do paciente,

internação prolongada, idosos, cirurgia prévia , duração do ato cirúrgico e obesidade.

Nesse estudo, foi evidenciado que dentre a presença das seguintes comorbidades nos

pacientes que evoluíram para infecção: diabetes e hipertensão arterial. Os indivíduos

que apresentam doenças crônicas possuem maior risco de desenvolver quadros

infecciosos, devido à baixa resistência física e imunológica desses pacientes.

Ercole et al. (2011) em seu estudo sobre infecção em sitio cirúrgico ortopedia,

avaliou que 50 cirurgias que evoluíram para infecção tiveram tempo de duração menor

que 120 minutos e 13 cirurgias tiveram tempo de duração maior que 120 minutos. O

tempo médio entre a cirurgia e a infecção foi de 95,8 dias e dentre o gênero

acometido, 57,7% dos pacientes eram mulheres. Nesse estudo, o tempo médio gasto

nas cirurgias e o tempo médio entre a cirurgia e a infecção foi um pouco maior e, em

relação ao gênero, os homens foram mais prevalentes. Segundo Khan et al. (2008),

cirurgias com duração acima de 120 minutos possuem fator de risco para infecção,

devido a maior exposição dos tecidos e ao cansaço da equipe, propiciando falhas

técnicas da equipe.

Page 88: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Villa et al. (2013), em seu estudo sobre infecção em fraturas expostas, os ossos

que foram mais acometidos foram tíbia (32%) e o fêmur (26,7%). Nesse estudo,

também foi notado à maior prevalência de acometimento desses ossos.

Silva et al. (2008) em seu estudo sobre infecção em fraturas de membros

inferiores, notaram que, o Staphylococcus aureus esteve presente em todos os casos,

exceto um em que a cultura foi positiva para Pseudomonas aeruginosa. Nesse estudo

também foi notado a maior prevalência do Staphylococcus aureus e quanto à

Pseudomonas aeruginosa, esteve presente em 3 pacientes. Graça et al. (1997) em seu

estudo sobre infecção de cirurgia ortopédica em um hospital universitário, avaliou que

30,7% das bactérias causadoras de infecção eram da espécie Staphylococcus aureus,

17,3% eram Pseudomonas aeruginosa, 7,6% Klebsiella sp e, 5,7% Enterobacter sp.

Dentre o antibiograma, 81,2% das cepas de Staphylococcus aureus foram sensíveis a

oxacilina e cefalotina, quanto as cepas de Pseudomonas aeruginosa, 22,2% foram

sensíveis a gentamicina e 75% das cepas de Klebsiella sp foram sensíveis a

gentamicina. Nesse estudo, foi notado que a maioria das cepas de Staphylococcus

aureus foram resistentes à oxacilina; quanto às cepas de Pseudomonas aeruginosa,

100% foram resistentes à gentamicina e um terço das cepas de Klebsiella pneumoniae

foram sensíveis a gentamicina.

6 – CONCLUSÃO

O procedimento cirúrgico que obteve o maior número de infecções foi a

osteossíntese e os materiais que apresentaram a maior prevalência de infecções foram

o fixador externo e a placa. Dentre as bactérias gram positivas, a Staphylococcus

aureus foi a mais encontrada e dentre as gram negativas, a Acinetobacter baumannii,

foi a que bactéria mais prevalente. As infecções em sítio cirúrgico são eventos

preocupantes, devido a sua gravidade e ao elevado custo aos cofres públicos, com isso,

se faz necessário a prevenção das infecções e, caso não seja possível, se faz necessário

estabelecer o seu rápido diagnóstico e uma conduta adequada para o seu tratamento,

a fim de impedir a sua evolução.

Page 89: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

7 – REFERÊNCIAS

1. Barbos M, Portigliatti BM, Pecoraro S, Picco W, Veglio V. Decolonization of

orthopedic surgical team S. aureus carriers: impact on surgical-site infections. J

Orthopaed Traumatol. 2010; 11:47-49.

2. Brennan SA, Walls RJ, Smyth E, Mulla TA, O’Byrne J. Tourniquets and

exsanguinators: a potential source of infection in the orthopedic operating theater?

Acta Orthopaedica. 2009; 80(2): 251–255.

3. Cabrita HB, Croci AT, Camargo OP, Lima AL. Prospective study of the treatment

of infected hip arthroplasties with or without the use of an antibiotic-loaded cement

spacer. Clinics (Sao Paulo). 2007;62(2):99-108.

4. D´E lia CO, Santos ALG, Leonhardt MCL, Lima ALLM, Pécora JR, Camanho GLL.

Tratamento das infecções pós artroplastia total de joelho: resultados com 2 anos de

seguimento. Acta Ortop Bras. 2007; 15(3):158-162.

5. Del Pozo JL, Patel R. Clinical practice. Infection associated with prosthetic joints.

N Engl J Med. 2009;361(8):787-94

6. Ercole FF, Chianca, TCM, Duarte D, Starling CEF, Carneiro M. Surgical Site

Infection in Patients Submitted to Orthopedic Surgery: The NNIS Risk Index and Risk

Prediction. Rev Latino-Am Enfermagem. 2011;19(2):269-76.

7. Frommelt L. Principles of systemic antimicrobial therapy in foreign material as-

sociated infection in bone tissue, with special focus on periprosthetic infection. Injury.

2006;37(Suppl 2):S87-94.

8. Graça R, Giordano M, Castro E. Infecção pós-operatória: estudo de cirurgias

ortopédicas realizadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto-UERJ em um ano. Rev

Bras Ortop. 1997; 32(1): 1-5.

9. Khan MS, Rehman S, Ali MA, Sultan B, Sultan S. Infection in Orthopedic

Implant Surgery, Its Risk Factors and Outcome. J Ayub Med Coll Abbottabad.

2008;20(1):23-5

10. Lima ALLM, Oliveira PRSD. Atualização em infecções em próteses articulares.

Rev Bras Ortop. 2010;45(6):520-3.

Page 90: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

11. Lima ALM, Zumiotti AV, Uip DE, Silva SJ. Fatores preditivos de infecção em

pacientes com fraturas expostas nos membros inferiores. Acta Ortop Bras.

2004;12(1):23-39.

12. Magram AJ, Horan TC, Pearson ML, Silver LC, Jarvis WR. Guideline for

prevention of surgical site infection, 1999. Infect Control Hosp Epidemiol.

1999;20(4):250-78.

13. Rabhae GN, Ribeiro Filho N, Fernandes AT. Infecção do sítio cirúrgico. In:

Fernandes AT, editor. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São

Paulo: Atheneu; 2000. p. 479-505.

14. Resolução Nº 196, de 10 de outubro de 1996. Disponível em:

<http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/Resolucao_196_de_10_10_

1996.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2012.

15. Rocha JJR. Infecção em cirurgia e cirurgia das infecções. Medicina (Ribeirão

Preto) 2008; 41(4): 487-90.

16. Santos MLG, Teixeira R, Augusto Filho D. Surgical site infections in adults

patients undergoing of clean and contaminated surgeries at a university brazilian

hospital. Arq Gastroenterol. 2010; 47(4): 10-16.

17. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenadoria de controle de doenças - SSD.

Infecção em sítio cirúrgico, 2005.

18. Serrano LE, Cruz CCH. Méndez Daza. Artrodesis de tobillo infectada: experiencia

de nueve casos con tutor de Ilizarov. Revi Colomb Ortop Trauma. 2006; 20(4):1-6.

19. Silva AGP, Silva FBA, Santos ALG, Malheiros CAM, Sakaki MH, Umiotti AZ.

Infecção pós-estabilização intramedular das fraturas diafisárias dos membros

inferiores protocolo de tratamento. Acta Ortop Bras. 2008; 16(5):266-9.

20. Stracieri LDS. CUIDADOS e complicações pós-operatórias. Medicina (Ribeirão

Preto) 2008; 41 (4): 465-8.

21. Villa PEA, Nunes TR, Gonçalves FP, Martins JS, Lemos GSP, Moraes FB. Avaliação

clínica de pacientes com osteomielite crônica após fraturas expostas tratados no

Hospital de Urgências de Goiânia, Goiás. Rev Bras Ortop. 2013;48(1):22-28.

Page 91: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA ANGIOSTRONGILÍASE EM PORTO VELHO, RONDÔNIA,

BRASIL – COMPONENTE HUMANO

Orientador: Luís Marcelo Aranha Camargo Bolsista: Adriane Mendes Caminha

1. INTRODUÇÃO

A meningite ou meningoencefaliteeosinofílica é uma doença grave, causada

porAngiostrongylussp. quese aloja no sistema nervoso central, não havendo

tratamento específico (Hughes et al., 2003). O homem se infecta ao ingerir moluscos

infectados ou alimentos contaminados com larvas de terceiro estádio (L3) do

Angiostrongylussp.presentes no muco secretado por moluscos terrestres, seus

hospedeiros intermediários ou hospedeiros paratênicos. Após a ingestão das larvas L3,

estas penetram pelo trato intestinal, vasos sanguíneos, e são levadas para as

meninges, onde usualmente morrem (Chotmongkolet al., 2006). A patogenia depende

diretamente dos danos causados pela movimentação das larvas e da reação

inflamatória granulomatosa da pessoa infectada. Em cortes histológicos observam-se

em torno dos vermes células inflamatórias (histiócitos, neutrófilos e eosinófilos),

congestão vascular, hemorragia subdural e subaracnóide, necrose focal e hemorragia

cerebral (Cross, 1987). As manifestações clínicas se desenvolvem no homem 35 dias

após a ingestão das larvasL3,sendo elas dores de cabeça, rigidez na nuca e distúrbios

visuais (Kooet al., 1988 ; Kuberski& Wallace, 1979). A meningite eosinofílica é

considerada uma zoonose, que tem como hospedeiros definitivos naturais

Rattusnorvegicus, Rattusrattuse roedores silvestres (Namue et al., 1997). Os ratos são

necessários para o estabelecimento dos parasitas no local. Quando A. cantonensisé

identificado no rato, o parasito passa a ser considerado endêmico na região (Wang et

al., 2008).

Os hospedeiros intermediários naturais são algumas espécies de moluscos como

Achatinafulica, Sarasinulamarginata, Subulinaoctona, Bradybaenasimilaris. Porém, A.

fulicaé considerada o mais importante hospedeiro intermediário do A.

Page 92: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

cantonensis(Alicata, 1965; Morera, 1973; Wanget al., 2008), devido a sua

susceptibilidade ao parasita, bem como a produção de larvas do nematódeo que é

superior a dos demais moluscos (Wallace &Rosen, 1969). Segundo Bowdich (1822) o

molusco A. fulicaé um gastrópode pulmonado terrestre conhecido como “caramujo

gigante africano”, pois adultos dessa espécie podem apresentar conchas medindo 15 a

20cm de altura e 10 a 12cm de largura, pesando em média 200 gramas. Sua presença

tem sido relatada em diversas regiões da África, Sudeste Asiático, Ilhas do Pacífico,

Austrália, Japão, Madagascar e mais recentemente no continente americano

(Vasconcelos & Pile, 2001). Esses moluscos são típicos de regiões tropicais e

subtropicais e graças a sua capacidade de adaptação nestes climas, torna o Brasil um

país com grande potencialidade para a helicicultura tropical extensiva.

A introdução de A. fulicano Brasil se deu visando ao cultivo e comercialização de

“escargots”, a partir de 1988 (Telles et al., 1997) no Paraná, por criadores que

consideravam a criação destes animais uma alternativa economicamente viável, pois

possuem rápido e intenso processo reprodutivo. Assim, as matrizes foram propagadas

durante os cursos de helicicultura. No entanto, os consumidores não apreciaram o

sabor, a textura e o aspecto da carne deste molusco. A criação destes animais tornou-

se inviável aos proprietários, que, devido à rápida proliferação destes animais,

passaram a ter gastos excessivos e, aliados ao desconhecimento da biologia dos

moluscos, jogaram suas criações na natureza de forma inconsequente (Paiva, 2004).

Esses animais, extremamente resistentes a longos períodos de seca, suportando

grandes variações climáticas, alimentando-se de diversas plantas e, associados à sua

alta adaptabilidade ao ambiente, não encontraram dificuldade em território brasileiro

para crescerem e multiplicarem-se intensamente.

O primeiro registro brasileiro de A. fulicafora do cativeiro ocorreu no município de

Itariri no Estado de São Paulo e, após quatro anos, foi registrado no Estado do Rio de

Janeiro (Vasconcelos & Pile, 2001). Atualmente se encontra distribuído por 23 Estados,

englobando diferentes ecossistemas em todo o Brasil (Telles et al., 1997; Vasconcelos

& Pile, 2001). Esses moluscos foram classificados entre as cem piores espécies exóticas

invasoras de ocorrência mundial (Aloweet al., 2004). Eles sobrevivem tanto em meios

naturais como antrópicos: florestas, capoeiras, bordas de florestas, caatingas, brejos,

outras áreas de vegetação nativa, áreas de cultura como hortas e pomares, sendo

Page 93: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

também encontrado em plantações abandonadas, terrenos baldios urbanos, quintais e

jardins (Vasconcelos & Pile, 2001). A presença de A. fulicaé preocupante devido aos

riscos que podem causar à saúde humana, aos prejuízos econômicos e aos danos

ecológicos que se sobressaem aos demais. O primeiro registro brasileiro de A.

fulicainfectadas naturalmente com A.cantonensisocorreu em São Vicente no Estado de

São Paulo (Caldeira et al.,2007). Não há dados sobre a ocorrência de angiotronsgilíase

em Rondônia, muito embora relatos de Basano, médico do Centro de Medicina

Tropical de Rondônia, confirmem a elevada frequência de casos de meningites não

bacterianas, fúngicas e virais e de etiologia desconhecida nos serviços de saúde local. A

invasão ambiental por essa espécie é preocupante uma vez que ela se desenvolve sem

controle no território brasileiro e acaba competindo com outros moluscos da fauna

nativa podendo causar desequilíbrio trófico e perda de diversidade (Raut& Barker,

2002). Uma vez que a coleta manual ainda permanece como a melhor forma de

controle, novos estudos da biologia, ecologia e comportamento da A. fulica são

importantes para o encontro e formulações de melhores estratégias de controle. Além

disso, é importante o envolvimento da comunidade que convive com essa espécie para

que o controle seja eficiente, sendo essencial o fornecimento de informações sobre o

método de manuseio uma vez que, se manipulados de forma incorreta, podem

transmitir infecções parasitárias. Outra providência a ser tomada é não permitir que

pneus, latas, entulhos, plásticos, tijolos, telhas e madeiras, lixo em geral, fiquem

espalhados pelo quintal ou terreno, favorecendo a proliferação da A. fulicaalém de

albergar outras pragas (Vasconcelos &Szabó, 2004).

2. OBJETIVO

2.1 GERAL DO PROJETO

Verificar a incidência de casos de meningite de origem não específica ocorridos

no Centro de Medicina Tropical e correlaciona-los com a possíveis ocorrência de

Angiostrongylussp.

Page 94: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2.2 ESPECÍFICOS DO PROJETO

Correlacionar os casos de meningite cujos agentes etiológicos não foram

determinados, ocorridos no Centro de Medicina Tropical (CEMETRON), com os hábitos

de vida dos pacientes e de seus familiares.

Realizar capturas de A.fulicanos endereços dos pacientes cujos casos foram de

origem não específica.

Verificar o padrão etiológico de meningites ocorridas num intervalo de dez anos no

CEMETRON.

3. RELATÓRIO ANUAL

Relatar as atividades realizadas no período de agosto de 2012 a agosto de 2013,

estas guiadas pelo cronograma proposto inicialmente.

3.1 RELEVÂNCIA ACADÊMICA

O presente estudo mostrou que a pesquisa científica está sendo de extrema

importância na formação acadêmica, despertando maior interesse em grupos de

pesquisa, além de agregar a cada dia fundamentos importantes, como o método

epidemiológico, técnicas laboratoriais (pesquisa de larvas -Baermann/Moraes, estudo

molecular – PCR), a importância da notificação compulsória dos casos.

Vale ressaltar que além do conhecimento técnico adquirido foi importante o

contato com a realidade da população local, a convivência com outros pesquisadores,

o vinculo multidisciplinar e interinstitucional, ainda participando e contribuindo para a

consolidação da rede Brasileira de vigilância de Angiostrongiliase, implantando um

sistema de vigilância epidemiologia no CEMETRON.

Finalizando com enriquecimento teórico da elaboração dos relatórios parcial e

final, tendo como produto final a confecção de uma comunicação cientifica.

3.2 METODOLOGIA

Page 95: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Para obter os dados de meningite foimontado um sistema de vigilância

epidemiológica no hospital CEMETRON para a verificação da ocorrência de meningite,

e a seleção dos casos em que a meningite era de origem não específicaa partir da

análise do líquor que foicoletado e armazenado pelo laboratório do hospital

CEMETROM, para avaliação etiológica da meningite. O sistema de vigilância

epidemiológica contava com a participação do biomédico Claudino Limeira de Souza,

que informava a presença de LCR com etiologia não específica, além de armazenar

cerca de 2mL do LCR que já havia sido coletado para elucidação diagnóstico. Foi

realizado o levantamento dos endereços dos pacientes com casos de meningite não

especifica e feito busca ativa de moluscos terrestres da espécie A. fulicanos quintais e

na circunvizinhança.

Foi realizado o levantamento dos dados de meningite do hospital CEMETRON dos

últimos dez (10) anos, para verificar a incidência de meningite e suas etiologias, a

partir de um questionário que foi preenchido com os dados das fichas de notificação

compulsória dos pacientes diagnosticados nesse nosocômio.

Os LCRs armazenados foram enviados para o Instituto de Pesquisas Biomédicas -

Laboratório de Parasitologia Molecular em Porto Alegre/RS, aos cuidados da

biomédica Vanessa Fey, onde estão sendo analisados por meio de PCR para

identificação de Angiostrongylussp.

3.3 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto foi submetido ao comitê de ética em pesquisa da Faculdade São

Lucas, aproado na instituição: Carta AP/CEP/645/11.

3.4 CRONOGRAMA (Período: Agosto de 2012 a Agosto de 2013)

AGOSTO

SETEMBRO

Elaboração do cronograma de execução de pesquisa. EXECUTADO

Page 96: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

OUTUBRO

Foi solicitada a análise dos prontuários dos pacientes de 10 anos

atrás e também solicitado autorização do hospital para montar

um serviço de vigilância epidemiológica no Centro de Medicina

Tropical de Rondônia (CEMETRON).

Foi montado um serviço de vigilância epidemiológica no

CEMETRON, que acompanhou todos os novos casos de

meningites não específica diagnosticada a partir da análise do

LCR dos pacientes.

EXECUTADO

NOVEMBRO/

DEZEMBRO

Foi realizado o levantamento dos casos de meningites dos

últimos dez anos, a partir do arquivo que se encontra no

CEMETRON.

EXECUTADO

JANEIRO

Tabulação dos dados analisados até este mês.

Elaboração do relatório parcial.

EXECUTADO

FEVEREIRO

Correlacionar todos os casos de meningites de acordo com seu

agente etiológico.

Listar os pacientes em que os casos de meningites não tiveram

causas determinadas para uma visita posterior.

EXECUTADO

MARÇO/ABRIL

Realizado as visitas nas residências dos pacientes em que a

análise do LCR foi positivo para a nossa pesquisa.

Essa visita visou à busca ativa de moluscos da espécie

Achatinafulica e outros gastrópodos, assim como a captura e

análise deste por meio de PCR para identificação de A.

cantonensis e A. costaricencis.

EXECUTADO

MAIO

Treinamento da acadêmica para a realização do PCR e da análise

do líquor.

EXECUTADO

Page 97: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

JUNHO

Análise do líquor de pacientes que foram diagnosticados a partir

do mês de outubro. Visita na residência daqueles pacientes, cujo

caso de meningite é indeterminado, para a busca ativa de

moluscos. Análise dos moluscos por meio do PCR para

identificação de A.cantonensis e A. costaricencis.

EXECUTADO

JULHO/AGOSTO Elaboração do relatório final e apresentação do mesmo

EXECUTADO

3.5 PLANO DE TRABALHO DESENVOLVIDO NO PERIODO DE AGOSTO DE

2012 A AGOSTO DE 2013.

Foi solicitada ao departamento de epidemiologia do CEMETRONa liberaçãopara

análise dos formulários de notificação compulsória de meningites dos últimos dez anos

(2002 a 2012), foi também solicitado à autorização da direção do hospital para montar

um serviço de vigilância epidemiológica no CEMETRON.

O serviço de vigilância epidemiológica foi instalado no CEMETRON, com a

participação do biomédico que acompanhou todos os novos casos de meningite com

origem etiológica não específica, armazenando 2mL do mesmo para análise posterior

por meio de PCR para identificação de Angiostrongylus sp.

Foi realizado o levantamento dos casos de meningites dos últimos dez anos, a

partir de um questionário para se obter algumas informações das fichas de notificação

compulsória arquivadas no hospital CEMETRON.Realizada a tabulação dos dados de

382 questionários que foram preenchidos das fichas de notificação de meningite.Onde

foi possível verificar 78 casos de meningite não especifica, sendo que nenhuma das

fichas de notificação apresentava contagem de eosinófilos, pois o laboratório não

emprega a metodologia de contagem do mesmo, sendo essa condição, uma

dificuldade encontrada para a identificação dos casos suspeitos.A partir disso foi

necessário estudar outra forma de classificar oscasos suspeitos.Foi determinado como

caso suspeito de infecção por Angiostrongylussp.todo paciente que tivesse o LCR com

os seguintes aspectos: Cor: claro ou pouco turvo, glicose: normal, leucócitos: 150 a

Page 98: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2000, proteínas totais elevadas. E ainda associar a pesquisa de características clínicas

nos pacientes com o LCR não especifico, como: cefaléia, rigidez de nuca, distúrbios

visuais, febre, paralisia de extremidades, tronco e face.

Adotamos também o padrão para o LCR com meningite provavelmente

bacteriana e viral. O LCR provavelmente bacteriano terá que apresentar-se com as

seguintes características: Aspecto/cor: turvo/purulento, leucócitosaumentados com

predomínio de polimorfonucleares, glicose diminuída, cloreto diminuído, proteínas

totais aumentadas e microscopia positiva para pesquisa de gram. O LCR

provavelmente viral terá as seguintes características: Cor/aspecto: límpido/incolor,

glicose normal, cloreto normal, leucócitos de 5 a 500 com predomínio de

mononucleares.

Dentre os questionários coletados foram verificados que são 17 casos de

pacientes de Porto Velho e 61 são de pacientes advindos do interior do estado de

Rondônia, o que implica na impossibilidade da coleta de gastrópodes na redondeza das

residências destes pacientes advindos do interior do estado de Rondônia. Sendo assim

o estudo dos gastrópodes será aplicado nos 17 casos suspeitos da capital.

Foram aplicadosos critérios nos casos suspeitos descritos acima, verificou-se a

existência de apenas 04 casos suspeitos. Foirealizada a visita nas residências destes

pacientes para a busca ativa de gastrópodes. Os gastrópodes coletados nas residências

foram separados pelo método de Baermann-Moraese submetidos a PCR para

verificação de larvas de Angiostrongylussp. Para análise do PCR foi extraído o DNA das

larvas recuperadas dos moluscos, pelo kit Wizard, conforme protocolo do fabricante.

Em seguida o DNA foi utilizado como molde para a amplificação pela reação em cadeia

da polimerase (PCR) da região espaçadora transcrita interna dois (ITS2) do DNA

ribossomal, seguido por uma digestão com a enzima de restrição ClaI (PCR-RFLP). Os

iniciadores utilizados foram NC1 (5'-ACGTCTGGTTCAGGGTTGTT-3') e NC2 (5'-

TTAGTTTCTTTTCCTCCGCT-3') (Gasser et al. 1993). Os perfis moleculares obtidos foram

comparados aos de A. cantonensis e A. costaricensis.

As amostras de LCR, com resultado etiológico de origem indeterminada,

coletadas pelo laboratório do CEMETRON foram enviadas para o Instituto de Pesquisas

Biomédicas - Laboratório de Parasitologia Molecular em Porto Alegre/RS, aos cuidados

da biomédica Vanessa Fey, onde foram analisados por meio de PCR para identificação

Page 99: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

de Angiostrongylussp. A metodologia empregada para a análise das amostras foi

inicialmente sensibilizar placa Elisa com o antígeno, e deixa-la armazenada no freezer.

Retirar do freezer as tirasaserem utilizadas, preparar o anticorpo primário na seguinte

diluição: soro primário= diluição 1/200 em PBS 1X + tween 0,05% + Milk 5%.Aplicar na

placa 100µL do anticorpo primário previamente preparado e mantido no gelo. Incubar

por 2 horas em temperatura ambiente coberto com papel alumínio. Lavar a placa 5

vezes com PBS 1X + tween 0,05%. Incubar a placa com o anticorpo secundário

(AntihumanIgGperoxidase) na seguinte diluição: 1/2000 em PBS 1X + tween 0,05% +

Milk 5% e aplicar na placa 100µL. Incubar por 2 horas em temperatura ambiente e

lavar novamente a placa 5 vezes com PBS 1X + tween 0,05%. Preparar o OPD

(revelador) manter no escuro e aplicar 100µL na placa, aguardar de 10-15 min. Parar a

reação com 100µL de HCl 2N, levar para o leitor , leitura feita em 492nm. Imprimir a

leitura da placa e calcular a razão das amostras analisadas. Os Resultados ainda não

foram enviados.

3.6 RESULTADOS PARCIAIS

De acordo com os dados coletados das fichas de notificações do CEMETRON foi

possível traçar um gráfico com o índice anual de meningite no estado de Rondônia.

Figura 01: Número de casos de meningite por ano, CEMETRON, Porto Velho, RO, 2002-2012.

0

20

40

60

2002 2004 2006 2008 2010 2012

Números de casosde meningite/ano

Page 100: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A partir dos dados colhidos através dos formulários das fichas de notificações,

foi estabelecido o perfil epidemiológico de casos de meningites atendidas pelo hospital

CEMETRON, sendo possível compor gráficos de faixa etária, sexo, número de óbito

anual por meningite e etiologia mais incidente. Nota-se uma diminuição da incidência

de meningite no período estudado.

Figura 02: Número de casos de meningite anual comparando a incidência por gênero, CEMETRON, Porto Velho, RO, 2002-2012.

Este gráfico aponta uma maior incidência dos casos de meningite no sexo

masculino que se mantém ao longo desses 10 anos.

Figura 03: Número de casos de meningite anual comparando as faixas etárias, CEMETRON, Porto Velho,

RO, 2002-2012.

0

5

10

15

20

25

30

35 sexo feminino

sexo masculino

0

10

20

30

40 CriançaAdulto JovemAdultoIdoso

Page 101: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

É possível verificar que a incidência de casos de meningite e bem mais

significativa nas crianças, sendo no período dos anos de 2003, 2004 e 2005 bem

semelhantes ao número de casos em adultos jovens. O número de casos de meningite

diminui significativamente a partir dos anos de 2007 a 2012. Esta diminuição pode

haver relação com subnotificação dos casos tratados no hospital infantil Cosme e

Damião ou pela introdução da vacinameningo C, que foi instituída no calendário pelo

Ministério da Saúde.

Figura 04: Número de casos de meningite em 10 anos comparando as etiologias,

CEMETRON, Porto Velho, RO, 2002-2012.

É possível a partir da análise deste gráfico perceber que a meningite bacteriana

tem maior incidência, mas nãose pode ignorar a incidência de casos de meningite não

específica. A investigação destes casos se faz necessária para entender qual é a causa e

tentar eliminar esse fator causal. Como o foco da nossa pesquisa é angiostrongylussp.

será que partes destes casos estão sendo causados por este patógeno!

0

5

10

15

20

25

30

BACTERIANA FUNGICA VIRAL NÃO ESPECÍFICA TUBERCULOSA

CASOS DE MENINGITES EM 10 ANOS

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Page 102: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Figura 05: Número anual de óbitos por meningite, CEMETRON, Porto Velho, RO, 2002-2012.

O LCR dos pacientes com meningite de origem não específica do CEMETRON

está no Instituto de Pesquisas Biomédicas - Laboratório de Parasitologia Molecular em

Porto Alegre/RS, aos cuidados da biomédica Vanessa Fey, onde estão sendo analisadas

por meio de PCR para a identificação de Angiostrongylus sp.

3.7 DISCUSSÃO

A meningite é um processo inflamatório nas meninges, membranas que

revestem o sistema nervoso central, causada por algum patógeno. As meningites com

maior prevalência e impacto na saúdepública, são as meningites virais e as

bacterianas(Souza, 2012).

Apesar da abordagem multifatorial, para o diagnóstico etiológico, ainda se

encontram muitas dificuldades, devido, por exemplo, a diversidade de agentes

etiológicos e apresentações sintomatológicas e laboratoriais de um mesmo agente

durante as etapas da instalação e evolução da síndrome meningea (Souza, 2012).

Enquadrando-se nessa problemática inclui a meningite causada por Angiostrongylussp.

Segundo EDUARDO 2007, A meningite por Angiostrongylussp. é mais

comumente caracterizada por forte dor de cabeça, rigidez de nuca, parestesias em

0

2

4

6

8

10

Page 103: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

membros e febre baixa pode estar presente. O LCR vai estar anormal com presença de

proteínas, leucocitose com > 20% de eosinófilos.

O primeiro caso registrado de meningite eosinofílica causada pelo A.

cantonensis ocorreu em Taiwan na China no ano de 1944. A doença é endêmica no

sudoeste Asiático e regiões do Pacífico. Existem casos relatadosnos Estados Unidos,

Jamaica, Nova Zelândia, Haiti, Reino Unido, Suíça, a maioria destes não são casos

autóctones (Garciaet al., 2008).

No Brasil não existem casos de meningite por A.cantonensis (Coelho, 2005;

Fontoura, 2013), mas de acordo com GARCIA et al em 2008 há ocorrência de dois

casos de meningite eosinofilica causada por A. cantonensisem Cariacica-ES. E mais dois

casos em Pernambuco no ano de 2010 (Silva, 2011).

Não há dados sobre a ocorrência de angiotronsgilíase em Rondônia, muito

embora relatos de Basano, médico do CEMETRON, confirmem a elevada frequência de

casos de meningites de origem indeterminada no serviço de saúde local.

É conhecido que a presença doA. fulicaé fator de risco para o aparecimento de

casos de meningite por Angiostrongylussp. O seu primeiro registro no Brasil ocorreu no

município de Itariri no Estado de São Paulo e, após quatro anos, foi registrado no

Estado do Rio de Janeiro (Vasconcelos & Pile, 2001). Atualmente se encontra

distribuído por 23 Estados, englobando diferentes ecossistemas em todo o Brasil

(Telles et al., 1997; Vasconcelos & Pile, 2001). Sendo encontrado em grande escala no

estado de Rondônia no meio urbano e ribeirinho.

Devido à presença de meningites de etiologia não específica no CEMETRON e a

presença abundante do hospedeiro A. fulicano município de Porto Velho, foi

organizado um serviço de vigilância epidemiológica no CEMETRON, com a participação

do biomédico Claudino Limeira de Souzaque selecionou os casos de meningite de

etiologia não específica no período de out/2012 a jul/2013. Foi armazenado 2mL de

LCR de um total de 10 casos para análise por meio de PCR para identificação de

Angiostrongylus sp.noInstituto de Pesquisas Biomédicas - Laboratório de Parasitologia

Molecular em Porto Alegre/RS, aos cuidados da biomédica Vanessa Fey. Ainda não foi

realizado o PCR da amostras enviadas por falta dos reagentes específicos.

A rápida dispersão de A. fulica evidência a necessidade de planos de manejo

contínuos e eficientes em todo o país visando o controle efetivo dessa invasão. A

Page 104: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

erradicação de A. fulica é pouco provável devido ao nível atual de infestação (Zanol

2010).

Os animais silvestres, sendo importantes hospedeiros de enfermidades, aliado

ao fato de grande diversidade de vetores, desmatamento, existência de homens com

atividades ocupacionais ligadas a agricultura e o não monitoramento eficiente da

incidência dessas enfermidades na população, podem fechar um ciclo e criar

problemas de saúde pública no município. Sendo necessária a implantação de meios

diagnósticos nos centros de referência para doenças infecciosas, para uma busca ativa

da infecção humana pelo Angiostrongylussp.

Tendo em vista toda esta problemática sugerimos ao CEMETRON a implantação

de contagem de eosinófilo de rotina na análise do LCR, assim como análise por meio

de PCR para as amostras que apresentarem eosinofilia durante a leitura do LCR.

Propomos a criação de uma rede de busca ativa de casos suspeitos de meningite

eosinofilica, a partir do envio de amostras de LCR suspeitas para o Instituto de

Pesquisas Biomédicas - Laboratório de Parasitologia Molecular em Porto Alegre/RS,

aos cuidados da biomédica Vanessa Fey, assim como a captura de novos moluscos A.

fulica para verificação da possível contaminação dos mesmos pelo Angiostrongylussp.

4. CONCLUSÃO

A importância deste estudo consiste na presença de meningites de etiologia

não específica no CEMETRON e a existência abundante de gastrópodes da espécie A.

fulica, no município de Porto Velho que podem estar parasitados por A. cantoensis.

Junto a estes fatores não há métodos diagnósticos implantados no CEMETRON para

verificar a existência de casos confirmados de meningite eosinofílica.

Após estudo paralelo foi verificado que gastrópodes do município de Porto

Velho não estão sendo parasitados por A. cantonensis. Mesmo assim é importante

manter-se vigilante por se tratar de uma doença emergente e negligenciada em todo

Brasil.

Estamos no aguardo do PCR dos LCR suspeitos para verificar a existências de

casos de meningite por A. cantonensis.

Page 105: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

REFERÊNCIAS

ALICATA J. E. 1965. Biology and distribution of the rat lungworm,

Angiostrongyluscantonensis, and its relationship to eosinophilicmeningoencephalitis

and other neurological disorders of man and animals.Adv. Parasitol 3: 223-248.

ALOWE S., BROWNE, M. & BOUDJELAS, S. 100 of the world’s worst invasive alien

species. A selection from the global invasive species database.Disponívelem:

http://www.issg.org/database. 2004

CALDEIRA, R. L., CARVALHO, O. S., MENDONÇA, C. L. F., GRAEFF-TEIXEIRA, C., SILVA,

M.C. F., BEM, R., MAURER, R., LIMA, W. S., LENZI, H. L. Molecular differentiation of

Angiostrongyluscostaricensis, Angiostrongyluscantonensis, and

Angiostrongylusvasorum by Polymerase Chain reaction and restriction Fragment

Length Polymorphism. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 98: 1039-43.2003.

CROSS, J. H. Public health Importance of Angiostrongyluscantonensis it relatives.

Parasitol Today, 3: 367-69. 1987.

CHOTMONGKOL, V., SAWADPANITCH, K., SAWANYAWISUTH, K., LOUHAWILAI, S.,

LIMPAWATTANA, P. Treatment of eosinophilic meningitis with a combination of

prednisolone and mebendazole.Am. J. Trop. Med. Hyg., 74:1122–4. 2006

COELHO, L. M. Agência Rural. Informe Técnico para controle do caramujo africano

(achantinafulica, Bowdich, 1822) em Goiás. Set. 2005.

EDUARDO, M.B.P. Manual de doenças transmitida por alimento Angiostrongylus /

angiostrongilíase. Nov. 2007.

GARCIA, M. H. O. Ministério da Saúde. Investigação de casos de meningite eosinofílica

causada pela infecção por Angiostrongyluscantonensis no Espírito Santo, Brasil,

2008.Disponível em:

Page 106: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ano08_n18_men_eosinofilica_es.pdf.

Acesso em: 10/08/2013.

HUGHES, P. A., MAGNET, A. D., FISHBAIN, J.T. Eosinophilic meningitis: a case series

report and review of the literature. Mil. Med.;168:817–21,2003.

KOO, J., PIEN, F, D., KLIKS, M. M. Angiostrongylus(Parastrongylus) eosinophilic

meningitis. Rev. Infect. Dis., 10:1155-1162, 1988.

KUBERSKI, T., & WALLACE, G. D. Clinical manifestations of eosinophilic meningitis due

to Angiostrongyluscantonensis.Neurology.:29:1566–70, 1979.

MORERA AND CÉSPEDES.Life history and redescription of Angiostrongyluscostaricensis.

Am. J. Trop. Med. Hyg., 22: 613-621, 1971.

NAMUE, C., WONGSAWAD, C. A survey of helminth infection in rats (Rattusspp) from

Chiang Mai Moat.Southeast Asian J. Trop. Med. Public. Health; 28(Suppl1):179-83,

1997.

PAIVA, C. L.Achatinafulica (Moluscos): Praga agrícola e ameaça à Saúde Pública no

Brasil.http://www.geocities.com/lagopaiva/achat_tr.htm. 2004.

RAUT, K..& BARKER, G.AchatinafulicaBowdich, 1822 and otherAchatinidae pest in

tropical agricultura.Molluscs as croup pest.; 55-144, 2002.

ROSEN, L., CHAPPELL., LAGUEUR, G. L., WALLACE, G. D., WEINSTEIN, P. P.Eosinophilic

meningitis caused by a metastrongylid lungworm of rats. J.Amer. Med. Ass., 179: 620-

24, 1962.

SOUZA, M. O. Estudo do perfil dos exames de líquor, com diagnóstico de meningite,

em um Hospital de referência de Salvador. Salvador, 2012. Disponível

Page 107: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

em:http://www.fameb.ufba.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download

&gid=1399&Itemid=283. Acesso em: 10/08/2013

TELLES, H. M. S., VAZ, J. F., FONTES, L. R., DOMINGOS, M. D.

OcurrenceofAchatinafulicaBowdich, 1822 (Mollusca, Gastropoda) in Brazil:

intermediatesnail host ofAngiostrongyliasis. Rev. Saúde Públ., 31: 310-2, 1997.

VASCONCELOS, M. C. & SZABÓ, R, B. Associação Brasileira de Controle deVetores e

Pragas – ABCVP. Vetores & Pragas. Caramujo Africano: Umcaso de Saúde Pública. Ano

VI n. 14, Rio de Janeiro, RJ – Brasil, 20-23, 2004.

VASCONCELOS, M. C., PILE, E. Ocorrência de Achatinafulica no Vale doParaíba, Estado

do Rio de Janeiro, Brasil. Rev. Saúde Públ., 35:582-84, 2001.

WALLACE, G. D. & ROSEN. L. Techniques for recovering and identifyinglarvae of

Angiostrongyluscantonensis.Malacologia, 7:427-39, 1969.

WALLACE, G. D. & ROSEN. L. Studies on eosinophilic meningitis.Molluscan hosts of

Angiostrongyluscantonensis on the Pacific islands. Am.J. Trop. Med. Hyg, 18: 206-16,

1969.

WANG, Q. P., LAI, D. H., ZHU, X. Q., CHEN, X. G. , LUN, Z. R,.Human angiostrongyliasis,

Lancet. Infect. Dis, 8: 621-628, 2008.

ZANOL, J.; FERNANDEZ, M. A.; OLIVEIRA, A. P. M.; RUSSO, C. A. M.; THIENGO, S.C. O

caramujo exótico invasor Achatinafulica (Stylommatophora, Mollusca) no Estado do

Rio de Janeiro (Brasil): situação atual. Biota Neotropica, Campinas, v. 10, n. 3, p. 67-78,

2010.

Page 108: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ESTUDO DA OCORRÊNCIA DA ANGIOSTRONGILÍASE EM PORTO VELHO, RONDÔNIA,

BRASIL – COMPONENTE GASTROPODA

Orientador: Luís Marcelo Aranha Camargo

Bolsista: Adriel Denner Oliveira da Silva

1- INTRODUÇÃO

Dezenove espécies de Metastrongylidae do gênero Angiostrongylus

(Kamenky,1905) são conhecidas no mundo e podem ser infectantes para pequenos

mamíferos (Bhaibulay, 1991). Duas espécies podem infectar o homem, o

Angiostrongylus costaricensis (Morera e Céspedes, 1971) causador da angiostrongilíase

abdominal (Morera, 1973) e Angiostrongylus cantonensis (Chen, 1935), agente

etiológico da meningite eosinofílica (Alicata, 1962), também chamado de “verme do

rato”. Nomura & Lin descreveram, no homem, o 1º caso de meningite eosinofílica

humana causada por A. cantonensis em 1945 (Beaver & Rosen, 1964). O segundo caso

de infecção humana por este parasito foi descrito no Havaí em 1961 (Rosen et al., 1962).

Desde a descrição do primeiro caso em 1945, aproximadamente 2.800 casos já foram

reportados em 30 países (Wang et al., 2008).

A meningite eosinofílica é considerada uma zoonose, que tem como

hospedeiros definitivos naturais Rattus norvegicus, Rattus rattus e roedores silvestres

(Namue et al., 1997). Os hospedeiros intermediários naturais são algumas espécies de

moluscos como Achatina fulica, Sarasinula marginata, Subulina octona, Bradybaena

similaris. Porém, A. fulica é considerada o mais importante hospedeiro intermediário

do A. cantonensis (Alicata, 1965; Morera, 1973; Wanget al., 2008), devido a sua

susceptibilidade ao parasita, bem como a produção de larvas do nematódeo que é

superior a dos demais moluscos (Wallace & Rosen, 1969a).

A presença dos moluscos tem sido relatada em diversas regiões da África,

Sudeste Asiático, Ilhas do Pacífico, Austrália, Japão, Madagascar e mais recentemente

no continente americano (Vasconcelos & Pile, 2001; Wilson, 1991). Esses moluscos são

típicos de regiões tropicais e subtropicais, graças a sua capacidade de adaptação

nestes climas, o que torna o Brasil um país com grande potencialidade para a

helicicultura tropical extensiva.

Page 109: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A introdução de A. fulica no Brasil se deu visando ao cultivo e comercialização

de “escargots”, a partir de 1988 (Telles et al., 1997) no Paraná, por criadores que

consideravam a criação destes animais uma alternativa economicamente viável. No

entanto, os consumidores não apreciaram o sabor, a textura e o aspecto da carne

deste caracol. A criação destes animais tornou-se inviável aos proprietários, que,

devido à rápida proliferação destes animais, passaram a ter gastos excessivos e,

aliados ao desconhecimento da biologia dos moluscos, dispensaram suas criações na

natureza de forma inconsequente (Paiva, 2004).

A invasão ambiental por essa espécie é preocupante uma vez que ela se

desenvolve sem controle no território brasileiro e acaba competindo com outros

moluscos da fauna nativa podendo causar desequilíbrio trófico e perda de diversidade

(Raut & Barker, 2002).

O primeiro registro brasileiro de A. fulica fora do cativeiro ocorreu no município

de Itariri no estado de São Paulo e, após quatro anos, foi registrado no estado do Rio

de Janeiro (Vasconcelos & Pile, 2001), recentemente o caramujo africano encontra-se

amplamente distribuído no estado do Rio de Janeiro podendo ser encontrado em

quase todos os municípios desse estado (ZANOL et al., 2010). Atualmente se encontra

distribuído por 23 estados, englobando diferentes ecossistemas em todo o Brasil

(Telles et al., 1997; Vasconcelos & Pile, 2001).

O primeiro registro brasileiro de A. fulica infectada naturalmente com

A.cantonensis ocorreu em São Vicente no estado de São Paulo (Caldeira et al.,2007).

Não há dados sobre a ocorrência de angiotronsgilíase em Rondônia, mas de acordo

com informações pessoais (2009), médico do Centro de Medicina Tropical de Rondônia

confirme a elevada frequência de casos de meningites não bacterianas, fúngicas e

virais e de etiologia desconhecida nos serviços de saúde local.

É importante o envolvimento da comunidade que convive com essa espécie

para que o controle seja eficiente, sendo essencial o fornecimento de informações

sobre o método de manuseio adequado e não permitir que pneus, latas, entulhos,

plásticos, tijolos, telhas e madeiras, lixo em geral, fiquem espalhados pelo quintal ou

terreno, favorecendo a proliferação da A. fulica além de albergar outras pragas

(Vasconcelos & Szabó, 2004).

Page 110: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2-OBJETIVOS

2.1-GERAL DO PROJETO

Captura de 200 moluscos da espécie Achatina fulica nos bairros Triângulo,

Baixa da União, Cai N´Água em Porto Velho, Rondônia, além de alguns roedores (ratos)

nos arredores da Faculdade São Lucas.

2.2-ESPECÍFICOS DO PROJETO

1. Verificar a presença de larvas L3 de A. cantonensis em moluscos A. fulica

naturalmente infectados nos bairros Triângulo, Baixa da União, Cai N´Água em

Porto Velho, Rondônia.

2. Verificar a presença de larvas L1 de A. cantonensis nas fezes de ratos

naturalmente infectados no município de Porto Velho.

3. Realizar capturas de A. fulica nos endereços dos pacientes, com suspeita de

meningites eosinofílica, para verificar se estão infectados com A.cantonensis.

2.3-RELATÓRIO ANUAL

Relatar as atividades realizadas no período de agosto de 2012 a julho de 2013,

estas guiadas pelo cronograma proposto inicialmente.

3-JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA SOCIAL

Os moluscos são típicos de regiões tropicais e subtropicais. Graças a sua

capacidade de adaptação nestes climas, o Brasil torna-se um país com grande

potencialidade para a helicicultura tropical extensiva. As práticas do amazônida, sua

moradia e seus hábitos alimentares, sua convivência com animais domésticos e

silvestres e a peculiaridade do saneamento, são fatores de relevância para

Page 111: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

compreensão e definição da importância destas variáveis no contexto do binômio

saúde x doença.

Os moluscos A. fulica tem despertado o interesse das autoridades em saúde

pública uma vez que são um dos hospedeiros intermediários do nematódeo

A.cantonensis que parasita animais domésticos e silvestres, além do homem,

constituindo uma das principais zoonoses emergentes.

No Brasil, os moluscos A. fulica estão sendo apontados como uma das cinco

espécies-problema que mais requerem atenção dos órgãos ambientais. Além disso,

nematódeo que parasita o gastrópode esta associado à meningite eosinofílica, doença

grave que compromete sistema nervoso central e não tem drogas para o tratamento

efetivo (Chotmongkol et al., 2006).

Segundo CARVALHO et al 2012 foi realizado estudo para investigar a presença

de A. cantonensis nas aéreas portuárias brasileiras circundantes. Dos 30 portos

investigados 36,6% apresentaram gastrópodes infectados com A. cantonensis

indicando uma ampla distribuição do verme.

Novos conhecimentos são essenciais para a delimitação precisa dos riscos

epidemiológicos e implantação de um sistema de inspeção e vigilância sanitária

realmente adequada ao problema.

4-RELEVÂNCIA ACADÊMICA

O presente estudo mostrou que a pesquisa científica está sendo de extrema

importância na formação acadêmica, despertando maior interesse em grupos de

pesquisa, além de agregar a cada dia fundamentos importantes, como o método

epidemiológico, técnicas laboratoriais (pesquisa de larvas -Baermann/Moraes, estudo

molecular – PCR).

Vale ressaltar que além do conhecimento técnico adquirido foi importante o

contato com a realidade da população local, a convivência com outros pesquisadores,

o vinculo multidisciplinar e interinstitucional, ainda participando e contribuindo para a

consolidação da rede Brasileira de vigilância de Angiostrongiliase.

Finalizando com enriquecimento teórico da elaboração dos relatórios parcial e

final, tendo como produto final a confecção de uma comunicação cientifica.

Page 112: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

5-METODOLOGIA

5.1-Área de Estudo

Os exemplares utilizados nos experimentos foram capturados na área urbana

de Porto Velho nos bairros Triângulo, Cai N´agua e Baixa da União.

Figura 2. Área de estudo. Bairro Baixa da União dividido em 7 parcelas, Porto Velho, Rondônia.

5.2-Coleta e Transporte dos Caramujos

Foram coletados 200 moluscos dos bairros referidos de forma não randômica.

A coleta foi das 06:00 horas até as 8:00 horas da manhã, feita manualmente com uso

de luvas e os moluscos colocados em recipientes plásticos rotulados com os dados

referentes à coleta como data, temperatura e localização por meio de GPS. Os

exemplares foram transportados de imediato para o Laboratório da Faculdade São

Lucas para processamento. A amostragem foi realizada de forma não randômica.

5.3-Verificação da presença de larvas L3 de A. cantonensis em A. fulica

Como os moluscos são providos de conchas, estas foram quebradas e

desprezadas juntamente com as vísceras, preservando a região cefalopodal (cabeça +

pé). Em seguida, o corpo do molusco foi seccionado em pequenos fragmentos

Page 113: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

(aproximadamente 0,3 cm cada) e transferido para tubos de 50 mL, contendo 20 mL

de solução digestiva e 20 mL de água de torneira, mantidos em banho-maria a 37 C,

durante duas hora. O material digerido foi processado pelo método de Baermann-

Moraes. Decorridos 4 horas (no mínimo) foi coletado cerca de 3 mL da solução para a

placa de Petri, e em seguida o material foi examinado com auxílio de microscópio

estereoscópico, para identificação de L3, através da morfologia e movimentação.

5.4-Procedência dos ratos

Os exemplares utilizados nos experimentos foram capturados na área urbana

do município de Porto Velho. Foram capturados 47 roedores (Rattus rattus) com 15

armadilhas Tomahawk no período de outubro/2011 a maio/2012.

5.5- Coleta, transporte e eutanásia dos ratos

Os ratos foram capturados através de armadilhas por funcionários da Secretaria

Municipal de Saúde e acadêmicos de biologia. Foram colocados em gaiolas (Tomahaw)

e rotulados com os dados referentes à coleta como data, temperatura e localização

por meio de GPS. Após a captura, foi realizada a sedação dos mesmos utilizando

quetamina (10mg/kg) e xilazina (1mg/kg). As fezes dos ratos foram coletadas no

Laboratório da Faculdade São Lucas e submetidas a exame in loco.

5.6-Verificação da presença de larvas L1 de A. cantonensis nas fezes de ratos

Não foi realizado, pois as amostras foram armazenadas em MIF (Merthiolate-

lodo-formol) em vials de PVC, no entanto a solução de MIF preserva apenas o

componente físico do material e não preserva o DNA, isso impossibilitou a análise

molecular das amostras coletadas, culminando na perda do material genético das

amostras.

6-CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Inclusão: Foram coletados apenas exemplares de A. fulica vivos de diversos

tamanhos em áreas de vegetação Peridomiciliar. 50% dos exemplares foram

enviados ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo aos cuidados de Luiz

Ricardo L. Simone para determinação da espécie.

Page 114: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Exclusão: Exemplares de outras espécies de caramujos não foram

coletados.

7-ASPECTOS ÉTICOS

O projeto foi submetido ao Comitê de ética em Pesquisa da Faculdade São

Lucas, aprovado na instituição: Carta AP/CEP/645/11.

8-PLANO DE TRABALHO DESENVOLVIDO (AGOSTO DE 2012 À AGOSTO DE 2013)

Inicialmente foram coletados cerca de 50 caramujos nas regiões determinadas

e cerca de 50% foram enviados para Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo

aos cuidados de Luiz Ricardo L. Simone para determinação da espécie. Após a

determinação da espécie, foram realizadas as coletas de 200 gastrópodes,

armazenados em álcool 70% como constava no protocolo anterior. Com este método

não se conseguiu constatar a presença de larvas L3 de A. cantonensis. Sob orientação

do tutor mudou-se o protocolo com o intuito de trabalhar com os gastrópodes vivos,

metodologia fornecida pelo Centro de Pesquisa René Ranchou – Laboratório de

Helmintologia e Malacologia Médica (Dra. Roberta Lima Caldeira). Inicia-se novamente

o trabalho de coleta de novos gastrópodes e análise laboratorial. Na nova metodologia

começou-se a detectar larvas nos caramujos. Foram coletadas todas as larvas que

foram achadas vivas e armazenadas em vials de PVC contendo álcool 70% para

preservação do material genético e posterior análise molecular. Conseguiu-se

processar 100 gastrópodes, unidade por unidade e cerca de 92% tinham larvas. Foram

enviados 10% do material ao Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica/MG

para realização do PCR, mas o material chegou em péssimas condições, mesmo assim

o experimento foi realizado. Não se obteve a amplificação do material enviado. Foi

recebido a orientação de fazer pool de 10 larvas, pois a técnica de PCR necessita de

material suficiente para amplificar o DNA. Foram então coletados mais 100

gastrópodes, totalizando 200 unidades.

Foram encontrados também larvas L1 em 80 amostras de fezes dos roedores a

partir do método de Baermann-Moraes, capturados nos arredores da Faculdade São

Lucas, as fezes foram armazenadas em MIF (Merthiolate-lodo-formol) em vials de PVC

Page 115: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

para preservação do material, com intuito de enviar as amostras para o Laboratório de

Helmintologia e Malacologia Médica/MG para realização do PCR. No entanto a solução

de MIF preserva apenas o componente físico do material e não preserva o DNA, isso

impossibilitou a análise molecular das amostras coletadas, culminando na perda do

material genético das amostras.

Em janeiro/2013 foram enviados 100% das amostras processadas e

acondicionadas em criotubos de 2 mL, juntamente com etanol 70%, para o Laboratório

de Helmintologia e Malacologia Médica/MG para realização do PCR. Foi extraído o

DNA das larvas recuperadas dos moluscos, pelo kit Wizard, conforme protocolo do

fabricante. Em seguida o DNA foi utilizado como molde para a amplificação pela reação

em cadeia da polimerase (PCR) da região espaçadora transcrita interna dois (ITS2) do

DNA ribossomal, seguido por uma digestão com a enzima de restrição ClaI (PCR-RFLP).

Os iniciadores utilizados foram NC1 (5'-ACGTCTGGTTCAGGGTTGTT-3') e NC2 (5'-

TTAGTTTCTTTTCCTCCGCT-3') (Gasser et al. 1993). Os perfis moleculares obtidos foram

comparados aos de A. cantonensis e A. costaricensis. Em abril/2013 veio o relatório

das amostras processadas com negatividade para A.cantonensis e A.costaricensis.

No mês de abril fomos orientados a aumentar a amostra da pesquisa. Neste

período foram coletados mais 100 amostras de caramujos, que passou pela mesma

metodologia de processamento e análise de PCR em Minas Gerais. Em julho/2013

recebemos o relatório, sendo o resultado negativo para A. cantonensis e A.

costaricensis.

9-CRONOGRAMA PROSPOSTO INICIALMENTE

Cronograma de Atividades

Período: Agosto de 2012 à Agosto de 2013

SETEMBRO

Elaboração do cronograma de execução de pesquisa. Executado

OUTUBRO A captura dos ratos foi realizada a partir do mês de

outubro até o mês de junho.

Executado

Page 116: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

NOVEMBRO

Foi feita uma primeira coleta de caramujos e os

mesmos serão enviados ao malacólogo para

determinação da espécie.

Executado

DEZEMBRO/

JANEIRO

Após esta identificação foi feito as coletas de 200

amostras apenas da espécie A. fulica. Os mesmos

foram identificados por bairro e a área, de acordo

com o que foi especificado no projeto. Elaboração

do relatório parcial.

Executado

FEVEREIRO

Realizado o processamento dos caramujos para a

extração do pool de larvas L3 e armazenamento.

Executado

MARÇO

Enviados os tubos com o pool de larvas L3 para a

realização do PCR para análise do DNA e

treinamento do acadêmico da técnica do PCR.

Executado

ABRIL Análise das fezes dos ratos, a partir do método de

BAERMANN-MORAES para a análise da larva L1.

Executado

MAIO Tabulação dos dados obtidos.

Executado

JUNHO

Caso fosse encontrado A. cantonensis seria aplicado

um questionário para os moradores da redondeza,

onde estes caramujos foram encontrados.

Executado

JULHO Elaboração do relatório final e apresentação do

mesmo.

Executado

10-DISCUSSÃO

O molusco A. fulica, provavelmente foi introduzido no Brasil a partir da década

de 80 com finalidade gastronômica, em substituição ao scargot. No entanto, esse tipo

de alimento não atraiu o consumidor brasileiro, e os caramujos foram soltos no

ambiente silvestre. A disseminação do animal encontra-se atualmente em 23 estados

brasileiros (Telles et al., 1997; Vasconcelos & Pile, 2001), mas segundo LISBOA et al em

2006 os gastrópodes são encontrados em todo território nacional.

Page 117: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Esses moluscos foram classificados entre as cem piores espécies exóticas

invasoras de ocorrência mundial (Alowe et al., 2004). Sua alta taxa reprodutiva aliada a

uma grande capacidade de adaptação a diferentes tipos de ambiente e a ausência de

predadores naturais favoreceu sua rápida dispersão (BRAISL, 2005).

A presença de A. fulica é preocupante devido aos riscos que pode causar à

saúde humana, aos prejuízos econômicos e aos danos ecológicos que se

sobressaem aos demais. Sabe-se que esses moluscos têm preferência por culturas

de frutas e legumes, devorando brotos e talos novos, mas incluindo em sua dieta

outras partes do vegetal, como folhas e ramos. Segundo FONTOURA (2013) Perdas

econômicas têm sido observadas, sobretudo em áreas de produção agrícola em

pequena escala onde o caramujo africano pode ser considerado uma praga agrícola.

Pode ser vetor de duas importantes antropozoonoses: A. cantonensis (Chen,

1935), helminto pulmonar de roedores, agente etiológico da meningite eosinofílica

humana e A. costaricensis (Aquino, 2010), o agente da angiostrongilíase abdominal. No

Brasil não há registro de nenhum caso da doença, que já foi verificada em ilhas do

Pacífico, no Sudeste Asiático, na Austrália e nos Estados Unidos (Fontoura, 2013; Pien

& Pien, 1999).

Cabe lembrar que ainda não existem casos confirmados no Brasil de A.

cantonensis (Coelho, 2005; Fontoura, 2013), mas de acordo com GARCIA et al em 2008

há ocorrência de dois casos de meningite eosinofilica causada por A. cantonensis em

Cariacica-ES. E um terceiro caso considerado como provável no município de Vila

Velha-ES. E em 2010 foi relatado mais dois casos no estado de Pernambuco (Silva,

2011).

O homem se infecta ao ingerir moluscos infectados ou alimentos contaminados

com larvas de terceiro estádio presentes no muco secretado por moluscos terrestres

(Chotmongkol et al., 2006). É provável que o consumo humano desses vegetais seja a

maneira mais comum de contaminação (Coelho, 2005).

Não há dados sobre a ocorrência de angiotronsgilíase em Rondônia, muito

embora informação pessoal (2009), médico do Centro de Medicina Tropical de

Rondônia, confirmem a elevada frequência de casos de meningites não bacterianas,

fúngicas e virais e de etiologia desconhecida nos serviços de saúde local.

Page 118: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Foi investigado no Município de Porto Velho – RO, a ocorrência de hospedeiros

intermediários de A. cantonensis. Foram coletados 300 amostras de A. fulica, na qual

foi extraído inumeras larvas que foram acondicionadas em álcool 70% e realizada o

PCR em seguida. O resultado foi negativo para A. cantonensis e A. costaricensis. Apesar

da ausência desses nematóides nos moluscos, a investigação e vigilância

epidemiológica são crucias, pois já foi registrada a presença de moluscos infectados

com A. cantonensis (Pará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São

Paulo, Paraná e Santa Catarina).

De acordo com LISBOA et al 2006 e BRASIL 2005, ações de coleta manual

desses moluscos, seguida da incineração foram as únicas formas eficientes no combate

a essa espécie invasora.

Uma vez que a coleta manual ainda permanece como a melhor forma

descontrole, novos estudos da biologia, ecologia e comportamento da A. fulica são

importantes para o encontro e formulações de melhores estratégias de controle. Além

disso, é importante o envolvimento da comunidade que convive com essa espécie para

que o controle seja eficiente, sendo essencial o fornecimento de informações sobre o

método de manuseio uma vez que, se manipulados de forma incorreta, podem

transmitir infecções parasitárias. Outra providência a ser tomada é não permitir que

pneus, latas, entulhos, plásticos, tijolos, telhas e madeiras, lixo em geral, fiquem

espalhados pelo quintal ou terreno, favorecendo a proliferação da A. fulica além de

albergar outras pragas (Vasconcelos & Szabó, 2004).

11-CONCLUSÃO

Foi observado em abundância a existência de gastrópodes da espécie A. fulica

no município de Porto Velho-RO, sendo que de 300 amostras capturadas, 100% após

digestão e análise laboratorial, possuíam larvas no seu sedimento, mas após captura

das larvas e estudo de PCR, observou-se que as larvas não são de A. cantonensis ou A.

costaricensis.

O estudo vai prosseguir, mapeando outros setores do município de Porto

Velho, tanto na captura de A. fulica como de roedores (Rattus rattus), além de

Page 119: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

modificar a técnica de isolamento de larvas L1 de A. cantonensis dos gastrópodes,

evitando utilizar o MIF para conservação das fezes.

APÊNDICE

(Comunicação submetida para o congresso Brasileiro de Parasitologia de 2013)

INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS DE

Angiostrongylus cantonensis EM PORTO VELHO, RONDÔNIA, BRASIL.

Adriel Denner Oliveira da Silva¹, Adriane Mendes Caminha Lima¹, Bárbara De

Figueiredo Tenório¹, Ana Catarina Ferreira dos Santos¹, Grazielle Morais Tavares¹,

Fernanda Gabry Scazuza Gomes de Souza¹, Anderson² , Carlos Graeff Teixeira³, Roberta

Lima Caldeira4, Luis Marcelo Aranha Camargo5.

Acadêmico de Medicina da Faculdade São Lucas¹

Acadêmico de Biologia da Faculdade São Lucas²

Prof. Dr. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul³

Pesquisadora do centro de pesquisa René Ranchou4

Pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas USP5

Introdução: O molusco Achatina fulica ou gigante africano, provavelmente foi

introduzido no Brasil a partir de 1988 com finalidade gastronômica, em substituição ao

scargot. No entanto, esse tipo de alimento não atraiu o consumidor brasileiro. Em

virtude disso, os caramujos foram soltos no ambiente silvestre, provavelmente por

desinformação e, atualmente encontram-se em 23 estados brasileiros. Pode ser vetor

de duas importantes antropozoonoses: Angiostrongylus cantonensis, helminto

pulmonar de roedores, agente etiológico da meningite eosinofílica humana e A.

costaricensis, o agente da angiostrongilíase abdominal. Objetivo: Investigar a presença

de larvas de A. cantonenis em moluscos da espécie A. fulica em Porto Velho, RO, nos

bairros Triângulo, Baixa da União, Cai N´Água, além de alguns roedores (ratos) nos

Page 120: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

arredores da Faculdade São Lucas. Metodologia: Foram coletados 200 moluscos nos

referidos bairros. A coleta foi no período diurno, feita manualmente com uso de luvas

e os moluscos colocados em recipientes plásticos rotulados com os dados referentes à

coleta como data, temperatura e localização por meio de GPS. Posteriormente, foram

separados em grupos de cinco, quebrando-se suas conchas e sendo sua massa corporal

fragmentada (aproximadamente 0,3cm), os quais foram transferidos para tubos Falcon

e processados por digestão com pepsina (Wallace & Rosen 1969), seguido de

sedimentação pelo método de Baermann (Moraes 1948). As larvas encontradas foram

contadas, coletadas e acondicionadas em geotubos de 5 mL, juntamente com etanol

70%, para posterior análise molecular. Foi extraído o DNA das larvas recuperadas dos

moluscos, pelo kit Wizard, conforme protocolo do fabricante. Em seguida o DNA foi

utilizado como molde para a amplificação pela reação em cadeia da polimerase (PCR)

da região espaçadora transcrita interna dois (ITS2) do DNA ribossomal, seguido por

uma digestão com a enzima de restrição ClaI (PCR-RFLP). Os iniciadores utilizados

foram NC1 (5'-ACGTCTGGTTCAGGGTTGTT-3') e NC2 (5'-TTAGTTTCTTTTCCTCCGCT-3')

(Gasser et al. 1993). Os perfis moleculares obtidos foram comparados aos de A.

cantonensis e A. costaricensis. Resultados: Os moluscos capturados estavam negativos

para A. cantonensis e A. costaricensis. Conclusão: Apesar da ausência desses

nematóides nos moluscos, a investigação e vigilância epidemiológica são crucias, pois

já foi registrada a presença de moluscos infectados com A. cantonensis em oito

estados brasileiros (Pará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,

Paraná e Santa Catarina).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALICATA J. E. 1965. Biology and distribution of the rat lungworm, Angiostrongylus

cantonensis, and its relationship to eosinophilic meningoencephalitis and other

neurological disorders of man and animals. Adv. Parasitol 3: 223-248.

ALICATA, J. E. 1962. Angiostrongylus cantonensis (Nematoda: Metastrongylidae) as a

causative agent of eosinophilic meningits of man in Hawaii and Tahiti. Can. J. Zool,

40:5.

Page 121: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ALOWE S., BROWNE, M. & BOUDJELAS, S. 2004. 100 of the world’s worst invasive alien

species. A selection from the global invasive species database.

http://www.issg.org/database.

AQUINO, M. Achatina Fulica no Brasil, Gazeta de Alagoas. out. 2010.

BEAVER, P. C; ROSEN, L. 1964. Memorandum on the first report of Angiostrongylus in

man, by Nomura and Lin, 1945. Am. J. Trop. Med. Hyg. 13: 589-90.

BHAIBULAY, M. 1991. Snail borne parasitic zoonoses: Angiostrongyliasis. Southeast

Asian Journal of Trop.Med.Public. Health, 22 (supl.): 189-93.

CALDEIRA, R. L., CARVALHO, O. S., MENDONÇA, C. L. F., GRAEFF-TEIXEIRA, C., SILVA,

M.C. F., BEM, R., MAURER, R., LIMA, W. S., LENZI, H. L. Molecular differentiation of

Angiostrongylus costaricensis, Angiostrongylus cantonensis, and Angiostrongylus

vasorum by Polymerase Chain reaction and restriction Fragment Length

Polymorphism. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 98: 1039-43. 2003

CARVALHO O. S., SCHOLTE R. G., MENDONÇA C. L., PASSOS L. K., CALDEIRA R. L.

Angiostrongylus cantonensis(Nematode: Metastrongyloidea) in molluscs from harbour

areas in Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 107(6): 740-746,

September 2012

CHOTMONGKOL, V., SAWADPANITCH, K., SAWANYAWISUTH, K., LOUHAWILAI, S.,

LIMPAWATTANA, P. 2006. Treatment of eosinophilic meningitis with a combination of

prednisolone and mebendazole. Am. J. Trop. Med. Hyg., 74:1122–4.

COELHO, L. M. Agência Rural. Informe Técnico para o Controle do Caramujo Africano

(Achatina fulica, Bowdich 1822) Em GOIÁS. Set. 2005.

Page 122: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

FONTOURA, R. Agência Fiocruz de Notícias. Especialista comenta os riscos que os

caramujos africanos podem representar para a população, 2013.

GARCIA M. H. O. Ministério da Saúde. Investigação de casos de meningite eosinofílica

causada pela infecção por Angiostrongylus cantonensis no Espírito Santo, Brasil, 2008.

Disponível em:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ano08_n18_men_eosinofilica_es.pdf.

Acesso em: 10/08/2013.

MORERA and CÉSPEDES, 1971Life history and redescription of Angiostrongylus

costaricensis. Am. J. Trop. Med. Hyg., 22: 613-621.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Caramujo gigante (Achatina fulica) e os riscos à saúde, 2005.

NAMUE, C., WONGSAWAD, C. 1997. A survey of helminth infection in rats (Rattus spp)

from Chiang Mai Moat. Southeast Asian J. Trop. Med. Public. Health; 28(Suppl 1):179-

83.

NOMURA, S. & LIN, H. 1945. First clinical case of Hemostrongylus ratti. J. Trop. Med.

Hyg., 13, 589-90.

PAIVA, C. L. 2004. Achatina fulica (Moluscos): Praga agrícola e ameaça à Saúde Pública

no Brasil.http://www.geocities.com/lagopaiva/achat_tr.htm.

PIEN, F. D., PIEN B. C.1999. Angiostrongylus cantonensis eosinophilic meningitis. Int. J.

Infect. Dis., 3: 161-63.

RAUT, K.. & BARKER, G. 2002 Achatina fulica Bowdich, 1822 and other Achatinidae pest

in tropical agricultura. Molluscs as croup pest.; 55-144.

Page 123: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ROSEN, L., CHAPPELL., LAGUEUR, G. L., WALLACE, G. D., WEINSTEIN, P. P.1962.

Eosinophilic meningitis caused by a metastrongylid lungworm of rats. J. Amer. Med.

Ass., 179: 620-24.

SILVA R. J., Ocorrência de Angiostrongylus cantonensis (Nematoda, Angiostrongylidae)

em Achatina fulica (Mollusca, Gastropoda) na Baixada Santista. Disponível em:

http://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/31808/ocorrencia-de-angiostrongylus-

cantonensis-nematoda-angiostrongylidae-em-achatina-fulica-mollusca-gas/. Acesso

em: 08/08/2013.

TELLES, H. M. S., VAZ, J. F., FONTES, L. R., DOMINGOS, M. D., Ocurrence of Achatina

fulica Bowdich, 1822 (Mollusca, Gastropoda) in Brazil: intermediate snail host of

Angiostrongyliasis. Rev. Saúde Públ., 31: 310-2. 1997.

VASCONCELOS, M. C. & SZABÓ, R, B. Associação Brasileira de Controle de Vetores e

Pragas –ABCVP. Vetores & Pragas. Caramujo Africano: Um caso de Saúde Pública. Ano

VI n. 14, Rio de Janeiro, RJ –Brasil, 20-23. 2004.

VASCONCELOS, M. C., PILE, E., Ocorrência de Achatina fulica no Vale do Paraíba,

Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rev. Saúde Públ., 35:582-84. 2001.

WALLACE, G. D. & ROSEN. L., Techniques for recovering and identifying larvae of

Angiostrongylus cantonensis. Malacologia, 7:427-39. 1969.

WALLACE, G. D. & ROSEN. L., Studies on eosinophilic meningitis. Molluscan hosts of

Angiostrongylus cantonensis on the Pacific islands. Am. J. Trop. Med. Hyg, 18: 206-16.

1969.

WANG, Q. P., LAI, D. H., ZHU, X. Q., CHEN, X. G. , LUN, Z. R., Human angiostrongyliasis,

Lancet. Infect. Dis, 8: 621-628. 2008.

Page 124: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

WILSON, M. E., A world guide to infections: diseases, distribution, diagnosis. Oxforf

University Press. 1991.

ZANOL, J.; FERNANDEZ, M. A.; OLIVEIRA, A. P. M.; RUSSO, C. A. M.; THIENGO, S.C. O

caramujo exótico invasor Achatina fulica (Stylommatophora, Mollusca) no Estado do

Rio de Janeiro (Brasil): situação atual. Biota Neotropica, Campinas, v. 10, n. 3, p. 67-78,

2010.

Page 125: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA, VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA E FATORES

DE RISCO CARDIOVASCULARES EM PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR

Orientador: Marcelo Custódio Rubira

Bolsista: Pâmela Melo Santana

Resumo

Estudos recentes indicam forte associação entre inatividade física, baixo nível de

condicionamento cardiorrespiratório e presença de fatores de risco cardiovascular.

OBJETIVO: Comparar o nível de atividade física e o risco cardiovascular entre

professores de ensino superior de ambos os gêneros. A população-alvo deste estudo

foi limitada aos professores da Faculdade São Lucas, de ambos os gêneros, com idade

entre 25 e 60 anos. Foram coletados dados relacionados à idade, gênero, cor da pele,

tabagismo e antecedentes familiares relacionados a doenças cardiovasculares. O

questionário IPAQ (International Physical Activity Questionnaire) foi aplicado para

quantificar atividade física em 28 professores de ambos os gêneros e foram divididos

em quatro grupos: os ativos ou muito ativos (GA) e os insuficientemente ativos ou

sedentários (GS) de ambos os gêneros. Foram realizadas avaliações antropométricas (

IMC e Relação Cintura/Quadril), hemodinâmicas (Pressão arterial) de acordo com VII

Joint National Committee (JNC-7) utilizando medidor de pressão arterial automático,

modelo HEM 718, marca OMRON, Perfil bioquímico por punção digital periférica para

dosagem bioquímica de colesterol total (CT), Triglicérides (TG) e glicemia. O exame de

eletrocardiograma foi realizado na posição de repouso (deitado) e em pé por 10

minutos. Os dados foram registrados no eletrocardiógrafo digital e analisados no

MatLab. O método da transformada rápida de Fourier (FFT) foi utilizado para obter

uma estimativa de potência espectral da VFC durante fases estacionárias do

experimento (repouso e em pé). Foram analisados os dados antropométricos e

hemodinâmicos e foi observado que os valores médios de IMC, circunferência da

cintura estavam dentro de parâmetros de normalidade. Com relação a porcentagem

de gordura e RCQ foi elevada. A pressão arterial sistólica e a diastólica estavam dentro

de parâmetros de normalidade de acordo com Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Em nosso estudo observamos que 40% dos voluntários apresentaram valores

Page 126: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

limítrofes e elevados de colesterol total e com relação ao HDL-c em 14,3% e LDL-c

28,5%. Na análise do cortisol sanguíneo apresentou que 71,4% dos voluntários com

valores dentro da normalidade. Na estratificação de risco 10,7% dos voluntários

apresentaram de valores elevados da circunferência da cintura (CA) e de 74,9% de

risco moderado e alto risco para a RCQ. Foi observado que 85,6% dos voluntários

apresentaram alto sobrepeso e obesidade pela porcentagem de gordura e com IMC

60,6% apresentou sobrepeso e obesidade. A análise do IPAQ demonstrou que 74,9%

dos voluntários apresentaram baixo nível de atividade física, resultado igual a

insuficientemente ativos ou sedentários. O presente estudo demonstrou que

professores apresentam um estilo de vida com maior risco de doença cardiovascular.

Palavras-chave: Atividade motora, exercício, estudantes de medicina, educação física e

treinamento, fatores de risco

1.0 Introdução

O processo de urbanização ocorrido em muitos países no último século

acarretou modificações no estilo de vida da população (adoção de hábitos alimentares

inadequados e inatividade física) que favoreceram o crescimento dos níveis de

obesidade(Popkin 2001). Atrelados a esse contexto, o processo de industrialização e o

desenvolvimento tecnológico presentes na sociedade atual, contribuíram para uma

alteração nas principais causas de mortalidade e morbidade, com predominância das

doenças e agravos não transmissíveis (DANTs) em relação às doenças infecto-

contagiosas e àquelas causadas por deficiência nutricional (Yusuf, Reddy et al. 2001).

Estimativas recentes apontaram que o grupo das DANTs responde por cerca de

60% da mortalidade ocorrida em todo o mundo, sendo as doenças cardiovasculares

responsáveis por uma em cada três mortes registradas por este grupo de doenças

(Avery, Wholey et al. 2005). A etiologia das DANTs, e, conseqüentemente das doenças

cardiovasculares, tem origem na presença e/ou agrupamento de fatores de riscos

inerentes ao próprio indivíduo (gerais, comportamentais e biológicos) ou à

comunidade em que o mesmo se encontra inserido (condições sócio-econômicas,

ambientais, culturais e de urbanização). Nesse sentido, a adolescência se caracteriza

Page 127: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

como um período propício para o desenvolvimento de estratégias intervencionistas

voltadas ao combate das doenças cardiovasculares, uma vez que há evidências de que

estas doenças podem se originar neste período de vida (Berenson, Srinivasan et al.

1998).

Na sociedade ocidental a ocorrência de doenças cardiovasculares atinge a

quase totalidade das pessoas, e tem se tornado cada vez mais precoce. Segundo dados

da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são

consideradas a primeira causa de morte no Brasil e são responsáveis por 30% de todos

os óbitos (Eyken and Moraes 2009). Os fatores de risco cardiovascular são condições

que podem ocasionar doenças no coração, nas artérias ou nas veias e têm se tornado

uma preocupação para saúde pública, devido ao grande número de óbitos e

complicações e o grande gasto que estas patologias trazem aos cofres públicos, sendo

considerada a principal causa de gasto com assistência médica pelo SUS(Coltro,

Mizutani et al. 2009).

Os fatores de risco considerados mais importantes são aqueles que apresentam

alta prevalência na população, podendo ser divididos em não modificáveis, ou seja,

associados com a história familiar e intra-uterina, genética e modificações fisiológicas,

como hipertensão e diabetes e que estão diretamente ligados ao risco de desenvolver

doenças isquêmicas e Acidente Vascular Cerebral; e aqueles que são passíveis de

controle, ou seja, os modificáveis (Eyken and Moraes 2009).

Estudos conduzidos com a população adulta brasileira mostram que a

participação em atividade física no lazer é mais freqüente em homens do que em

mulheres, em grupos de idade mais jovem, de maior renda e nível educacional(Pitanga

and Lessa 2005). Adicionalmente, sujeitos que participam de atividade física no lazer

de forma regular têm melhores níveis de percepção de saúde se comparados aos

sedentários(Barros MVG 2001) Fatores de risco para doenças crônicas não

transmissíveis, como o tabagismo e a obesidade, podem estar associados à inatividade

física no lazer.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% dos casos de doenças

coronarianas, 90% dos casos de diabetes tipo 2 e 30% dos casos de câncer poderiam

ser evitados com mudanças nos hábitos alimentares, níveis de atividade física e uso de

produtos derivados do tabaco. A atividade física regular pode reduzir o risco de

Page 128: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer do cólon e da mama, prevenir a

osteoporose e auxiliar na manutenção do peso saudável.

1.1 Inatividade Física

Estudos epidemiológicos demonstram que a inatividade física aumenta

substancialmente a incidência relativa de doença arterial coronariana (45%), infarto

agudo do miocárdio (60%), hipertensão arterial (30%), câncer de cólon (41%), câncer

de mama (31%), diabetes do tipo II (50%) e osteoporose (59%) (Katzmarzyk and

Janssen 2004). As evidências também indicam que a inatividade física é

independentemente associada à mortalidade, obesidade, maior incidência de queda e

debilidade física em idosos, dislipidemia, depressão, demência, ansiedade e alterações

do humor (Warburton, Nicol et al. 2006)

A prática regular de atividade física tem sido recomendada para a prevenção e

tratamento de doenças cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças

crônicas (Pate, Pratt et al. 1995).

O ambiente moderno, contudo, mudou drasticamente. Com o advento das

revoluções industriais e tecnológicas, o alimento tornou-se abundante e a todo o

momento disponível. A atividade física, crucial nos tempos remotos, tornou-se

dispensável. O homem, outrora fisicamente ativo e nômade, tornou-se sedentário. Os

substratos energéticos (glicogênio e triglicérides) estocados no músculo esquelético e

tecido adiposo, que flutuavam constantemente em função do ciclo “caça/jejum-

alimentação/repouso”, tornaram-se estáveis (e em níveis elevados). Como

consequência, condições como síndrome metabólica e obesidade emergiram (Gualano

and Tinucci).

A síndrome metabólica - também conhecida como síndrome X, síndrome da

resistência à insulina, quarteto mortal ou síndrome plurimetabólica - é caracterizada

pelo agrupamento de fatores de risco cardiovascular como hipertensão arterial,

resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose/diabete do tipo 2,

obesidade central e dislipidemia (LDL-colesterol alto, triglicérides alto e HDL-colesterol

baixo).

Page 129: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

1.2 Exercício e Obesidade

Nas últimas décadas tem havido rápido e crescente aumento no número de

pessoas obesas, o que tornou a obesidade um problema de saúde pública. Essa doença

tem sido classificada como uma desordem primariamente de alta ingestão energética.

No entanto, evidências sugerem que grande parte da obesidade é mais devida ao

baixo gasto energético que ao alto consumo de comida, enquanto a inatividade física

da vida moderna parece ser o maior fator etiológico do crescimento dessa doença nas

sociedades industrializadas(Eriksson, Taimela et al. 1997).

A obesidade é uma doença crônica, e atualmente epidêmica, tendo

apresentado importante aumento na sua prevalência nas últimas décadas em

diferentes países, inclusive no Brasil (IBGE, 2010). No mundo e no Brasil, a obesidade

tem sido preocupante por desencadear doenças cardiovasculares, hipertensão arterial,

diabetes mellitus tipo II, artrite, tumores, desvios posturais, depressão e doenças

respiratórias (Avenell, Broom et al. 2004).

Das doenças respiratórias, a asma e a rinite alérgica são as que mais atingem a

população mundial. A associação de duas ou mais doenças tem consequências graves,

principalmente da obesidade com as doenças respiratórias. Além disso, só

recentemente, com o aumento suficiente da prevalência da obesidade e possibilidades

de estudos em grandes amostras populacionais, conseguiu-se determinar combinações

estatisticamente significantes entre elas (Beuther, Weiss et al. 2006). Essa associação

ocorre porque a obesidade pode afetar o tórax, o diafragma e os músculos

abdominais, determinando alterações na função respiratória (Matteoni, Bueno Júnior

et al. 2009).

Estudos epidemiológicos e de coorte têm demonstrado forte associação entre

obesidade e inatividade física(Lakka, Laaksonen et al. 2003), assim como tem sido

relatada associação inversa entre atividade física, índice de massa corpórea (IMC)1,

razão cintura-quadril (RCQ)2 e circunferência da cintura(Lakka, Laaksonen et al. 2003).

Esses estudos demonstram que os benefícios da atividade física sobre a obesidade

podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a

manutenção de um estilo de vida ativo, independente de qual atividade praticada,

pode evitar o desenvolvimento dessa doença.

Page 130: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Para o tratamento da obesidade é necessário que o gasto energético seja maior

que o consumo energético diário, o que nos faz pensar que uma simples redução na

quantidade de comida através de dieta alimentar seja suficiente. No entanto, isso não

é tão simples; tem sido demonstrado que mudança no estilo de vida, através de

aumento na quantidade de atividade física praticada e reeducação alimentar, é o

melhor tratamento(Jakicic, Clark et al. 2001).

Como componente básico da prevenção e tratamento da obesidade, deve ser

considerada a adoção precoce de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde,

como dieta equilibrada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a

infância (Cardiologia 2005). Porém, além de a prática regular de atividade física

apresentar efeitos benéficos na prevenção e tratamento do diabetes, associado à

obesidade e à síndrome metabólica, pode também determinar melhora significativa do

perfil metabólico por efeito independente, mesmo quando o paciente se mantém

acima do peso (Poeta 2013).

Embora a maioria dos estudos tenha examinado o efeito do exercício aeróbio

sobre a perda de peso, a inclusão do exercício resistido (musculação) mostra

vantagens. O exercício resistido é um potente estímulo para aumentar a massa, força e

potência muscular, podendo ajudar a preservar a musculatura, que tende a diminuir

devido à dieta, maximizando a redução de gordura corporal(Kraemer, Volek et al.

1999). Além disso, seu potencial em melhorar a força e resistência muscular pode ser

especialmente benéfico para as tarefas do cotidiano, podendo facilitar a adoção de um

estilo de vida mais ativo em indivíduos obesos sedentários(Jakicic, Clark et al. 2001).

A recomendação tradicional de no mínimo 150 minutos semanais (30 minutos,

cinco dias por semana) de atividade física de intensidade leve a moderada, que é

baseada primariamente nos efeitos da atividade física sobre a doença cardiovascular e

outras doenças crônicas, como o diabetes mellitus, demonstra não ser suficiente para

programas que priorizem a redução de peso. Com isso, tem sido recomendado que

programas de exercício para obesos comecem com o mínimo de 150 minutos semanais

em intensidade moderada e progridam gradativamente para 200 a 300 minutos

semanais na mesma intensidade(Jakicic, Clark et al. 2001). Entretanto, se por algum

motivo o obeso não puder atingir essa meta de exercícios, ele deve ser incentivado a

realizar pelo menos a recomendação mínima de 150 minutos semanais, pois mesmo

Page 131: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

não havendo redução de peso haverá benefícios para a saúde (Wei, Kampert et al.

1999).

1.3 Exercício e Resistência a Insulina

A associação entre inatividade física e resistência à insulina foi sugerida pela

primeira vez em 1947. Desde então, estudos transversais e de intervenção têm

demonstrado relação direta entre atividade física e sensibilidade à insulina(Holloszy,

Schultz et al. 1986) Estudos transversais demonstram menores níveis de insulina e

maior sensibilidade à insulina em atletas, quando comparados a seus congêneres

sedentários(Nuutila, Knuuti et al. 1994). Atletas másteres demonstram ser protegidos

contra a deterioração da tolerância à glicose associada ao envelhecimento(Rogers,

King et al. 1990). Entretanto, pouco tempo de atividade física está associado a baixa

sensibilidade à insulina e alguns dias de repouso estão associados a aumento da

resistência à insulina(Lipman, Schnure et al. 1970).

Tem sido demonstrado que uma única sessão de exercício físico aumenta a

disposição de glicose mediada pela insulina em sujeitos normais, em indivíduos com

resistência à insulina parentes de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos

com resistência à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2, e o exercício físico

crônico melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, em obesos não-

diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e 2(Miller, Pratley et al. 1994).

Apesar do claro benefício da prática de atividade física sobre a sensibilidade à

insulina, há situações em que o exercício agudo não melhora a sensibilidade à insulina

e pode até piorá-la. A sensibilidade à insulina está diminuída após a corrida de

maratona, assim como após exercício extenuante e excêntrico, como correr numa

ladeira(Kirwan, Hickner et al. 1992); uma provável explicação para esse fato é a

utilização aumentada e contínua de ácidos graxos como combustível muscular.

Entretanto, estas são condições extremas em que a intensidade de exercício é maior

do que a intensidade que a maioria dos indivíduos com síndrome metabólica consegue

suportar.

O efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina tem sido

demonstrado de 12 a 48 horas após a sessão de exercício, porém volta aos níveis pré-

Page 132: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

atividade em três a cinco dias após a última sessão de exercício físico(Eriksson, Taimela

et al. 1997), o que reforça a necessidade de praticar atividade física com freqüência e

regularidade.

O fato de que apenas uma sessão de exercício físico melhora a sensibilidade à

insulina e que o efeito proporcionado pelo treinamento regride em poucos dias de

inatividade levantam a hipótese de que o efeito do exercício físico sobre a

sensibilidade à insulina é meramente agudo. No entanto, foi demonstrado em estudo

que indivíduos com resistência à insulina melhoram a sensibilidade à insulina em 22%

após a primeira sessão de exercício e em 42% após seis semanas de treinamento, o

que demonstra que o exercício físico apresenta tanto um efeito agudo como um efeito

crônico sobre a sensibilidade à insulina.

Benefício do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é demonstrado

tanto com o exercício aeróbio como com exercício resistido. O mecanismo pelo qual

essas modalidades de exercício melhoram a sensibilidade à insulina parece ser

diferente(Pollock, Franklin et al. 2000), o que sugere que a combinação das duas

modalidades de exercício pode ser aditiva.

1.4 Exercício e Diabetes do Tipo 2

Os benefícios da prática da atividade física regular para a saúde têm Sido

amplamente documentados. Há várias evidências de que os Resultados inicialmente

obtidos num programa de atividade física só foram Mantidos se os indivíduos

continuarem praticando exercício apropriado em longo prazo (Marcus, Forsyth et al.

2000).

Estudos epidemiológicos e de intervenção demonstram claramente que a

prática regular de atividade física é eficaz para a prevenção e controle do diabetes do

tipo 2. A prática regular de atividade física tem demonstrado diminuir o risco de

desenvolver diabetes do tipo 2, tanto em homens como em mulheres, independente

da história familiar, do peso e de outros fatores de risco cardiovascular como o fumo e

a hipertensão(Manson, Nathan et al. 1992). Estudos de intervenção têm demonstrado

que mudanças no estilo de vida, adotando-se novos hábitos alimentares e prática

regular de atividade física, diminuem a incidência de diabetes do tipo 2 em indivíduos

com intolerância à glicose; a realização de pelo menos quatro horas semanais de

Page 133: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

atividade física de intensidade moderada a alta diminuiu em média 70% a incidência

de diabetes do tipo 2, em relação ao estilo de vida sedentário, após quatro anos de

seguimento(Tuomilehto, Lindstrom et al. 2001).

A prática de atividade física também tem sido considerada uma importante

ferramenta no tratamento de indivíduos com diabetes do tipo 2. Programas de

exercício físico têm demonstrado ser eficientes no controle glicêmico de diabéticos,

melhorando a sensibilidade à insulina e tolerância à glicose e diminuindo a glicemia

sanguínea desses indivíduos(Castaneda 2001).

Geralmente tem sido recomendada a realização de exercícios aeróbios para

indivíduos com diabetes do tipo 2(Castaneda 2001). No entanto, recentes estudos têm

demonstrado que o exercício resistido também é benéfico no controle glicêmico de

diabéticos do tipo 2(Dunstan, Puddey et al. 1998).

O exercício resistido pode ser especialmente benéfico para diabéticos idosos,

pois durante o envelhecimento há diminuição da força e massa muscular, a qual afeta

o metabolismo energético de maneira indesejável (fig. 2). O aumento da força e massa

muscular através da prática de exercício resistido pode reverter esse quadro,

melhorando o controle glicêmico desses indivíduos. De acordo com isso, foi

demonstrada diminuição dos níveis de glicose sanguínea, aumento dos estoques de

glicogênio muscular, redução da pressão sistólica e gordura do tronco, aumento da

massa muscular e do nível de atividade física diária de diabéticos idosos de ambos os

sexos, após 16 semanas de exercício resistido, o que resultou em redução da

medicação em 72% dos praticantes, enquanto que indivíduos que participaram do

grupo controle tiveram inalterados os níveis de glicemia sanguínea, pressão sistólica,

gordura do tronco e atividade física diária, e diminuídos os estoques de glicogênio

muscular, sendo que 42% tiveram a medicação aumentada(Castaneda, Layne et al.

2002).

Page 134: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

1.5 Exercício e Hipertensão Arterial

Alterações cardiovasculares provocadas pelo exercício são também observadas

na pressão arterial, quando os níveis pressóricos de repouso e durante o exercício

submáximo para a mesma potência absoluta são reduzidos após o treinamento físico

aeróbio (Rondon and Brum 2003). Tem sido documentada por meio de estudos

epidemiológicos uma associação entre o baixo nível de atividade física ou

condicionamento físico com a presença de hipertensão arterial. E, por outro lado,

grandes ensaios clínicos aleatorizados e metanálises não deixam dúvidas quanto ao

efeito benéfico do exercício sobre a pressão arterial de indivíduos hipertensos leves e

moderados. Isto é, o treinamento físico reduz significativamente a pressão arterial em

pacientes com hipertensão arterial sistêmica(Lesniak and Dubbert 2001).

De fato, vários estudos têm demonstrado o efeito hipotensor do exercício em

pacientes hipertensos, já após uma única sessão de exercício físico aeróbio, e esta

redução nos níveis pressóricos é mantida com o decorrer de um programa de

treinamento físico (Rondon, Alves et al. 2002).

Page 135: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas nos sistemas

corporais e, em especial, no sistema cardiovascular. Com o objetivo de manter a

homeostasia celular em face do aumento das demandas metabólicas, alguns

mecanismos são acionados (Araújo 2001). Esses mecanismos funcionam sob a forma

de arcos reflexos constituídos de receptores, vias aferentes, centros integradores, vias

eferentes e efetores; muitas etapas desses mecanismos ainda não foram

completamente elucidadas (Cardiovascular 1997).

Estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado efeitos benéficos da

prática de atividade física sobre a pressão arterial em indivíduos de todas as idades.

Alto nível de atividade física diária está associado a menores níveis de pressão arterial

em repouso. A prática regular de exercício físico tem demonstrado prevenir o aumento

da pressão arterial associado à idade(Gordon, Scott et al. 1990), mesmo em indivíduos

com risco aumentado de desenvolvê-la(Paffenbarger, Jung et al. 1991). Programas de

atividade física têm demonstrado diminuir a pressão arterial sistólica e diastólica,

tanto de indivíduos hipertensos como de normotensos(Guimaraes, Ciolac et al.).

Esses benefícios da atividade física sobre a pressão arterial fazem dela uma

importante ferramenta na prevenção e tratamento da hipertensão. Uma metanálise

de 54 estudos longitudinais randomizados controlados, examinando o efeito do

exercício físico aeróbio sobre a pressão arterial, demonstrou que essa modalidade de

exercício reduz, em média, 3,8 mmHg e 2,6mmHg a pressão sistólica e diastólica,

respectivamente. Reduções de apenas 2 mmHg na pressão diastólica podem diminuir

substancialmente o risco de doenças e mortes associadas à hipertensão (Cook, Cohen

et al. 1995), o que demonstra que a prática de exercício aeróbio representa

importante benefício para a saúde de indivíduos hipertensos.

A atividade física deve ser avaliada e prescrita em termos de intensidade,

frequência, duração, modo e progressão. A escolha do tipo de atividade física deverá

ser orientada de acordo com as preferências individuais, respeitando as limitações

impostas pela idade, como evitar o estresse ortopédico. Os exercícios resistidos de

intensidade leve (40% a 60% da carga voluntária máxima), com um número maior de

repetições também parecem ter efeito benéfico na PA, além dos benefícios

comprovados sobre o sistema osteomuscular, podem, portanto, ser prescritos para o

Page 136: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

hipertenso desde que estejam associados aos exercícios aeróbios (Pollock, Franklin et

al. 2000).

Tem sido proposto que o efeito do exercício aeróbio sobre a pressão arterial é

mais devido ao efeito agudo da última sessão de exercício, que às adaptações

cardiovasculares ao treinamento.

Indivíduos hipertensos têm sido tradicionalmente desencorajados a realizar

exercício resistido devido ao receio de essa modalidade de exercício precipitar um

evento cerebrovascular ou cardíaco. Porém, estudos investigando o efeito de longo

período de treinamento com exercício resistido sobre a pressão sanguínea de repouso

não documentaram efeitos deletérios, sugerindo que indivíduos hipertensos não

devem evitar sua prática, pois ela proporciona grandes benefícios para a qualidade de

vida, principalmente de indivíduos idosos (Ciolac, Garcez-Leme et al.).

Os efeitos benéficos do exercício físico devem ser aproveitados no tratamento

inicial do indivíduo hipertenso, visando evitar o uso ou reduzir o número de

medicamentos e de suas doses. Em indivíduos sedentários e hipertensos, reduções

clinicamente significativas na pressão arterial podem ser conseguidas com o aumento

relativamente modesto na atividade física, acima dos níveis dos sedentários, além do

que o volume de exercício requerido para reduzir a pressão arterial pode ser

relativamente pequeno, possível de ser atingido mesmo por indivíduos sedentários

(Monteiro and Sobral Filho 2004).

1.6 Exercício e Dislipidemia

As dislipidemias podem ser definidas como distúrbios do metabolismo lipídico,

com repercussões sobre os níveis de lipoproteínas na circulação sanguínea, bem como

sobre as concentrações de seus diferentes componentes (Prado and Dantas 2002). A

lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e o maior carreador de colesterol para as

células (Farret 2005) e está associado ao início e a aceleração do processo

aterosclerótico (Isosaki and Cardoso 2004). Já as lipoproteínas de alta densidade (HDL-

c), são de extrema importância, pois participam do transporte reverso do colesterol,

sendo consideradas antiestrogênicas (Farret 2005).

Page 137: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Ainda que a genética, o sexo e a idade sejam de grande importância para o

desenvolvimento das dislipidemias, a mudança de hábitos alimentares e a pratica de

atividade física são modificações no estilo de vida que podem melhorar de forma

significativa essas doenças. Se associadas, essas práticas podem ainda aperfeiçoar as

mudanças do perfil lipoproteico plasmático, sendo, além disso, intervenções de baixo

custo, se comparadas com tratamentos medicamentosos (Rique, Soares et al. 2002).

Os efeitos da atividade física sobre o perfil de lipídios e lipoproteínas são bem

conhecidos. Indivíduos ativos fisicamente apresentam maiores níveis de HDL colesterol

e menores níveis de triglicérides, LDL e VLDL colesterol, comparados a indivíduos

sedentários(Durstine and Haskell 1994).

Estudos de intervenção demonstram que perfis desfavoráveis de lipídios e

lipoproteínas melhoram com o treinamento físico. Essas melhoras são independentes

do sexo, do peso corporal e da adoção de dieta, porém, há possibilidade de ser

dependentes do grau de tolerância à glicose(Durstine and Haskell 1994). A atividade

física tem demonstrado ser eficiente em diminuir o nível de VLDL colesterol em

indivíduos com diabetes do tipo 2; entretanto, com algumas exceções, a maioria dos

estudos não tem demonstrado significante melhora nos níveis de HDL e LDL colesterol

nessa população, talvez devido à baixa intensidade de exercício utilizada.

Apesar de estudos acerca do efeito do exercício físico sobre o perfil de lipídios e

lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica serem escassos, considerando

as evidências acima e o fato de que o exercício amplia a habilidade do tecido muscular

de consumir ácidos graxos e aumenta a atividade da enzima lípase lipoprotéica no

músculo (Blomhoff 1992), é provável que o exercício físico seja eficiente em melhorar

o perfil de lipídios e lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica.

O impacto isolado do exercício físico comparado com seu efeito associado a

dieta foi evidente em relação as variáveis CT e LDL-c. Em relação aos TG, tanto o GE

como o GD não demonstraram modificações positivas. No entanto, para as variáveis

HDL-c e peso, a associação da dieta com o exercício físico apresentou maiores

benefícios (Fagherazzi, Dias et al. 2008).

1.7 Atividade Física e Saúde

Page 138: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Os benefícios para a saúde e o bem-estar decorrentes da prática regular de

atividade física estão bem documentados. Estudos epidemiológicos indicam que esta

tem um papel fundamental na prevenção de várias doenças(Sofi, Capalbo et al. 2008) e

na melhoria da auto-estima e qualidade de vida. Apesar disso, evidências disponíveis

indicam uma tendência de aumento na proporção de indivíduos expostos a baixo nível

de atividade física, independentemente da idade(Adams 2006).

O avanço tecnológico, principalmente nas últimas décadas, fez com que boa

parte das atividades relacionadas ao trabalho tivesse sua intensidade, pelo menos em

relação ao esforço físico, bastante reduzida. Somando-se a esse fato, seja pela falta de

espaço físico adequado ou pelo ascendente modismo por diferentes formas de jogos

eletrônicos, as atividades de lazer passaram a ser cada vez mais passivas, denotando

um menor gasto energético diário(Schnohr, Scharling et al. 2003).

Quanto maior for a prática de atividade física, principalmente as de natureza

aeróbia, maior foi o condicionamento cardiorrespiratório do indivíduo, que pode ser

representado pelo aumento do consumo máximo de oxigênio e por uma recuperação

mais rápida dos parâmetros de pressão arterial e frequência cardíaca após o esforço.

Baixos níveis de condicionamento cardiorrespiratório apresentam correlação com um

risco crescente de morte prematura devido a qualquer causa, especialmente por

doenças do coração.

A doença cardiovascular continua sendo a principal causa de morte na

população adulta no mundo ocidental e o aumento da prática regular de atividade

física é uma das intervenções preventivas mais importantes(Pina, Apstein et al. 2003).

Intervenções relacionadas à promoção da saúde e à prevenção e controle da

obesidade e das doenças cardiovasculares, como o incentivo da prática de atividade

física, abandono do tabagismo e educação nutricional da população, têm adquirido

grande importância por promover a redução de peso, dos níveis plasmáticos de

lipídeos e de glicose, bem como dos níveis de pressão arterial(Bloch, Salles et al. 2003).

1.8 Freqüência Cardíaca (FC) e Sistema Nervoso Autônomo (SNA)

Um dos sinais vitais do organismo é a FC, o número de sístoles por minuto de

um coração normal. Este é um dos sinais mais eficazes e óbvios da presença de vida

Page 139: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

num organismo e de importância fundamental na área médica, sendo obrigatória a sua

medida em qualquer exame físico.

O coração, apesar de ter sua inervação intrínseca e, portanto, ser capaz de

regular seu ritmo, promover a condução dos estímulos intracardíacos e ter

contratilidade, tem também todas essas funções amplamente moduladas pela

influência direta dos ramos simpático e parassimpático do SNA(Guyton 2006).

A estimulação simpática aumenta a freqüência de descarga do nodo sinusal,

aumenta a velocidade de condução, bem como o nível de excitabilidade em todas as

regiões do coração. A estimulação simpática máxima pode duplicar a força de

contração cardíaca e quase triplicar a freqüência dos batimentos(Guyton 2006). Por

sua vez, o ramo parassimpático desacelera a FC, resultando em intervalos maiores

entre os batimentos. (Carvalho JLA 2002).

Essas oscilações constantes da FC têm implicações importantes na orientação

diagnóstica e terapêutica do paciente (Cole, Blackstone et al. 1999).

O conhecimento de que as flutuações da FC, batimento a batimento, refletem a

interação do sistema nervoso simpático (SNS) e sistema nervoso parassimpático (SNP)

veio oferecer uma nova linha de estudo do SNA a partir do estudo da variabilidade da

freqüência cardíaca (VFC). A permanente influência exercida pelo SNA sobre o

funcionamento dos diversos órgãos, aparelhos e sistemas que compõem o organismo

humano é essencial para a preservação das condições do equilíbrio fisiológico interno,

permitindo que o mesmo exerça, adequadamente, sua interação com o meio

ambiente circundante. Qualquer fator que provoque tendência ao desequilíbrio

promove de pronto, respostas orgânicas automáticas e involuntárias que têm por

finalidade reverter o processo em andamento e restabelecer o equilíbrio funcional.

Essas respostas reguladoras recebem o nome de respostas autonômicas, pois são

efetuadas pelo SNA por meio de suas subdivisões anatomofuncionais – o SNS e o SNP,

e, praticamente, todos os órgãos são dotados desses dois ramos do SNA e são, dessa

forma, controlados em rede, para que todo o organismo trabalhe harmoniosamente e

para que os órgãos funcionem em sintonia(Carvalho JLA 2002).

A modulação autonômica da FC é, em parte, responsável pela sua variabilidade.

Em indivíduos saudáveis, a estimulação dos nervos parassimpáticos está associada

com a redução da FC e maior variabilidade da freqüência cardíaca, enquanto que a do

Page 140: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

simpático contribui para o seu aumento associado à diminuição de sua

variabilidade(Longo, Ferreira et al. 1995).

As variações encontradas nos parâmetros hemodinâmicos batimento a

batimento expressam a resposta fisiológica de uma série de comandos neuro-

humorais na tentativa de sustentar a função cardiovascular(Ribeiro, Brum et al. 1992).

Um dos fatores que influencia a VFC é a mudança postural. Na condição de

repouso, ambos os sistemas, simpático e parassimpático, estão tonicamente ativos,

com predominância dos efeitos da estimulação vagal. Portanto, o estudo da VFC em

repouso nas posições supina e sentada permite identificar possíveis alterações do

balanço simpato-vagal sobre o nodo sinusal(Longo, Ferreira et al. 1995).

A mudança postural, da posição supina para sentada, ativa ou passiva,

desencadeia ajustes rápidos no sistema cardiovascular em resposta ao desvio

hidrostático causado pelo deslocamento do sangue das extremidades superiores para

as inferiores, diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial, ativação dos

receptores arteriais e cardiopulmonares e integração das informações periféricas e

centrais.

Variações da FC também podem ser ocasionadas por alterações na resistência

vascular periférica devida à regulação do fluxo sangüíneo regional, ou ainda causadas

por hormônios como as catecolaminas(Ribeiro, Brum et al. 1992).

Nos dias atuais, está bem estabelecido que em indivíduos normais, em

repouso, a análise espectral mostra, claramente, três ritmos básicos de oscilações da

PA e do intervalo cardíaco. Mais especificamente: um ritmo de muito baixa freqüência

(< 0,03 Hz), um ritmo identificado como de baixa freqüência (0,03 a 0,15 Hz) e um

ritmo de alta freqüência (0,15 a 0,35 Hz)(Malliani 1991).

2.0 Objetivo Geral

Comparar o nível de atividade física e o risco cardiovascular entre professores

de ensino superior de ambos os gêneros.

2.1 Objetivos específicos

Mensurar IMC, Pressão Arterial, Perfil lipídico

Page 141: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Avaliar a capacidade física de professores de ensino superior

Avaliar a variabilidade da freqüência cardíaca.

3.0 Material e Método

3.1 População

A população-alvo deste estudo foi limitada aos professores da Faculdade São

Lucas, de ambos os gêneros, com idade entre 25 e 60 anos.

A pesquisa foi realizada na Faculdade São Lucas, após ser aprovada pelo Comitê

em Ética e Pesquisa com Seres Humanos da instituição. Caracteriza-se como um

estudo descritivo e transversal.

Em um primeiro instante, foi aplicado questionário IPAQ (International Physical

Activity Questionnaire) para quantificar atividade física em 28 professores de ambos

os gêneros e após foram divididos em quatro grupos: os ativos ou muito ativos (GA) e

os insuficientemente ativos ou sedentários (GS) de ambos os gêneros.

Como critérios de inclusão adotaram-se: 1) ser professor da Faculdade São

Lucas; 2) ter idade compreendida entre 25-45 anos; 3) ter pelo menos 5 anos seguidos

de experiência no ensino superior; 4) ter carga horária de no mínimo 30 horas aulas

semanais.

Já como critérios de exclusão adotaram-se: 1) não aceitar participar da

amostra; 2) deficiência física que limite a realização do estudo; 3) presença de

patologia cardíaca ou pulmonar clinicamente manifesta. Deve-se ressaltar que

indivíduos portadores de risco cardiovascular (como hipertensos, diabéticos, fumantes

etc.) não foram excluídos.

3.2 Mensuração das variáveis

Fase I

Nível de atividade física

Foi aplicado questionário IPAQ - International Physical Activity Questionnaire,

instrumento desenvolvido e preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),

pelo Instituto Karolinska da Suécia e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças

Page 142: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

dos Estados Unidos, com o objetivo de avaliar quantidade de atividade física

praticada(Craig, Marshall et al. 2003). A partir do IPAQ, classifica em: a) níveis

suficientes de atividade física, resultado igual a ativos ou muito ativos e b) baixo nível

de atividade física, resultado igual a insuficientemente ativos ou sedentários.

Fase II

Questionário para aferição de antecedentes familiares e tabagismo

Foram coletados dados relacionados à idade, gênero, cor da pele, tabagismo e

antecedente familiar relacionado ao pai, mãe ou irmão, sendo antecedente familiar

considerado positivo quando houvesse presença de familiares, independente da idade

do evento, com hipertensão arterial (HA), acidente vascular cerebral (AVC), infarto

agudo do miocárdio (IAM), diabetes melito (DM) e obesidade.

3.3 Aferição da pressão arterial (PA)

Na posição sentada, com as costas devidamente apoiadas, no braço esquerdo

livre de roupas de cada indivíduo, foram realizadas três medidas consecutivas da PA

(dois minutos de intervalo entre cada tomada), registrando-se a média das mesmas.

Baseando-se nos valores de referência do VII Joint National Committee (JNC-7),

classifica-se em normotensos PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg, e com pré-

hipertensão/hipertensão PAS > 120 mmHg e/ou PAD > 80 mmHg,

respectivamente(Svetkey 2005). O valor mais alto de PA sistólica ou diastólica

estabelece o diagnóstico(SBC 2001). Como instrumento de aferição foi utilizado

medidor de pressão arterial automático, modelo HEM 718, marca OMRON.

3.4 Avaliação do índice de massa corporal (IMC)

O IMC foi obtido através da divisão da massa corporal (em quilogramas) pela

estatura ao quadrado (em metros), permitindo classificar o grau de sobrepeso ou

obesidade do indivíduo(Heyward 1996). A estatura foi medida em metros, com os

indivíduos descalços, na posição ortostática com os pés unidos, mantendo-se em

posição ereta e olhando para o infinito (plano de Frankfurt, paralelo ao solo). Essa

medida foi realizada com os indivíduos em apnéia inspiratória, prevenindo-os para não

Page 143: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

encolher nenhuma parte do corpo quando o cursor tocasse a cabeça. O peso foi

medido em quilogramas, devendo os indivíduos, obrigatoriamente, estarem trajando

roupas leves e sem sapatos.

O instrumento utilizado para a coleta foi uma balança antropométrica com

capacidade de até 150 kg e mostrador subdividido de 100 g em 100 g, possuindo

estadiômetro fixo com capacidade de mensuração até 2,0 m, subdividido de 5,0 cm em

5,0 cm, marca Filizola. Classifica-se em IMC normal o resultado < 25 kg/m2, e o

resultado > 25 kg/m2 como sobrepeso/obesidade(Heyward 1996).

3.5 Aferição da circunferência abdominal (CA)

A CA, obtida em centímetros, foi medida com uma fita métrica inelástica,

graduada em milímetros diretamente sobre a pele em volta do avaliado, no nível de

maior distensão anterior do abdômen em plano horizontal, sendo a leitura feita no

momento de uma expiração normal(WHO. 1995). Classifica-se em: 1) mulheres com

adiposidade abdominal adequada (CC < 80 cm) e mulheres obesas (CC > 80 cm); e 2)

homens com adiposidade abdominal adequada (CC < 94 cm) e homens obesos (CC > 94

cm)(WHO. 1997).

3.6 Testes bioquímico-laboratoriais

Por punção digital periférica, foi coletado aproximadamente duas gotas de

sangue para dosagem bioquímica de colesterol total (CT), Triglicérides (TG) e glicemia,

após jejum mínimo de 12 horas. As amostras de sangue foram analisadas com

equipamento Accutrend CTG marca Bayer (digital). Classifica-se em:

CT < 200 mg/dl como desejável/normal e CT > 200 mg/dl como elevado;

TG < 150 mg/dl como desejável/normal e TG > 150 mg/dl como elevado(SBC

2001);

Glicemia < 100 mg/dl como desejável/normal e glicemia > 100 mg/dl como

elevada(MS. 1996).

Page 144: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

3.7 Eletrocardiograma

O exame de eletrocardiograma foi realizado no período da manhã em sala com

temperatura agradável, os voluntários calmos e descansados por dez minutos. Foi

registrado o eletrocardiograma de repouso e em pé por 10 minutos. Os dados foram

registrados no eletrocardiógrafo digital e analisados no MatLab.(Niskanen, Tarvainen

et al. 2004)

3.8 Análise espectral no domínio da freqüência

Esta análise decompõe a Variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) em

componentes oscilatórios fundamentais, sendo os de alta freqüência (High Frequency

– HF) que corresponde à modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo

vago sobre o coração e os de baixa freqüência (Low Frequency – LF) que é decorrente

da ação conjunta dos componentes vagal e simpático sobre o coração, com

predominância do simpático.

A relação LF/HF reflete as alterações absolutas entre os componentes simpático

e parassimpático, caracterizando o balanço simpato-vagal sobre o coração.(Malliani

1991; ACHARYA 2004) O método transformada rápida de Fourier (FFT) foi

utilizado para obter uma estimativa de potência espectral da VFC durante fases

estacionárias do experimento (repouso e em pé). A facilidade de aplicação desse

método e a boa apresentação gráfica são as principais razões para sua maior

utilização(Aubert, Seps et al. 2003; Niskanen, Tarvainen et al. 2004).

Análise estatística

As variáveis quantitativas foram descritas através da média e do desvio-padrão

e as variáveis qualitativas através de freqüências. Para comparação entre os grupos

das variáveis quantitativas, foi utilizado o teste t de Student, para amostras

independentes e para variáveis qualitativas, utilizou-se o teste Qui-quadrado.

Em todas as análises estatísticas, foi adotado um nível de significância < 5%. Os

cálculos estatísticos foram realizados no software estatístico Sigma Stat versão 3.0

Page 145: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.0 Resultados e Discussão

Foram avaliados 28 voluntários. Na tabela 1, logo abaixo são apresentados os

dados antropométricos e hemodinâmicos da população estudada.

4.1 Dados demográficos, antropométricos e hemodinâmicos

A média de idade foi de 39, 07±10,74, altura de 1,62±0,06 e peso de

71,64±13,25. Foram analisados os dados antropométricos e hemodinâmicos e foi

observado que os valores médios de IMC, circunferência da cintura e RCQ estavam

elevados de acordo com os parâmetros da normalidade. Com relação a porcentagem

de gordura foi elevada, valor considerado acima da média normal, tornando a

voluntários predisponente a doenças relacionadas com a obesidade.

A pressão arterial sistólica e a diastólica estavam elevadas de acordo com os

parâmetros de normalidade da Sociedade Brasileira de Hipertensão, sendo classificada

como quadro de hipertensão arterial.

Tabela-1. Medidas antropométricas e hemodinâmicas dos docentes universitários.

Dobras Cutâneas N Média e desvio padrão

Peitoral 28 20,73±5,93

Subescapular 28 31,49±10,33

Axilar média 28 28,23±8,41

Suprailíaca 28 35,91±10,30

Abdome 28 40,32±12,43

Tríceps 28 28,15±7,69

Bíceps 28 22,63±8,72

Coxa 28 43,30±14,01

Panturrilha 28 32,70±16,88

Page 146: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.1.1 Medidas Antropométricas- Dobras cutâneas

As dobras cutâneas são apresentadas na tabela 2 abaixo.

Tabela-2. Medidas das dobras cutâneas na avaliação da composição corporal dos docentes

universitários.

Dobras Cutâneas N Média e desvio padrão

Peitoral 28 20,73±5,93

Subescapular 28 31,49±10,33

Axilar média 28 28,23±8,41

Suprailíaca 28 35,91±10,30

Abdome 28 40,32±12,43

Tríceps 28 28,15±7,69

Bíceps 28 22,63±8,72

Coxa 28 43,30±14,01

Panturrilha 28 32,70±16,88

4.2 Lipídeos plasmáticos e glicemia

As frações de colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, VLDL-colesterol e

triglicérides e glicemia da população estudada se mantiveram dentro dos limites

normais ou desejados, conforme tabela 3.

Tabela-3. Perfil lipídico e glicêmico dos docentes universitários.

Perfil Bioquímico N Média e desvio padrão

Glicemia 10 99,50±17,69

Colesterol total 11 184,08±33,41

HDL-c 7 48,28±7,77

LDL-c 7 109,71±20,30

Triglicerídios 8 120,87±86,92

VLDL-c 2 19±6

Cortisol 7 20,87±12,33

Page 147: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.3 Histórico Familiar

A avaliação do histórico familiar observou-se as maiores porcentagem com

relação a histórico positivo. Os dados são apresentados na tabela 4 abaixo.

Tabela-4. Histórico familiar positivo e negativo para Hipertensão arterial, Diabetes mellitus, Doença arterial coronária e Acidente Vascular cerebral dos docentes universitários.

Histórico familiar Frequência Percentual válido

POSITIVO 26 92,85

NEGATIVO 2 7,14

4.5 Distribuição de frequências da Relação Cintura/Quadril

A média e o desvio padrão da medida de cintura abdominal e relação cintura

/quadril (RCQ) estavam dentro do “normal” na população estudada. Houve, porém,

uma estratificação de risco nestas variáveis de 10,7% da população com valores

elevados da circunferência da cintura (CA) e de 74,9% de risco moderado e alto risco

para a RCQ.

Tabela 5 – Estratificação de risco de docentes universitários para a circunferência da cintura

abdome (CA) e a RCQ.

Classificação da medida da cintura abdome

Frequência Percentual válido

Normal cintura 15 53,5

Limítrofe 10 35,7

Elevada 3 10,7

Classificação da medida da cintura/quadril

Baixo risco 7 25

Risco moderado 13 46,4

Alto risco 8 28,5

Em nossos resultados observamos que 40% dos voluntários apresentaram

valores limítrofes e elevados de colesterol total.

Page 148: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Com relação ao HDL-c em 14,3% dos voluntários apresentaram risco

aumentado para doença cardiovascular e o LDL-c 28,5% com valores limítrofe.

Tabela 6 – Estratificação de risco de docentes Universitários para o colesterol total, HDL-c e

LDL-c.

Colesterol Frequência Percentual válido

Normal 6 60

Limítrofe 3 30

Elevado 1 10

HDL-c

Risco aumentado 1 14,3

Normal 3 42,8

Protetor 3 42,8

LDL-c

Normal 5 71,4

Limítrofe 2 28,5

Alto - -

4.6 Porcentagem de Gordura pela Prega Cutânea

A média dos valores da porcentagem de gordura obtidos pela prega cutânea

(%G- Prega Cutânea) foi acima do “ideal desejado” na população estudada, e foi

observado de acordo com distribuição e classificação da porcentagem de gordura, com

um alto número de docentes com sobrepeso e obesidade afetando 85,6% dos

voluntários estudados.

Tabela-7. Percentual de gordura e classificação da composição corporal dos docentes

estudados.

% Gordura Frequência Percentual válido

Normal 4 14,3

Sobrepeso 2 7,1

Elevada 22 78,5

Page 149: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A média dos valores do IMC apresentava-se de forma “indesejável” na

população estudada, visto que, foi observado de acordo com distribuição e

classificação do IMC, um alto número de docentes com sobrepeso e obesidade

afetando 60,6% dos voluntários estudados.

Tabela-8. Distribuição e classificação do IMC dos docentes universitários estudados.

Classificação do IMC Frequência Percentual válido

IMC Baixo - -

IMC Normal 11 39,2

Sobrepeso 12 42,8

Obesidade grau I 5 17,8

Obesidade grau II - -

4.3 Comparações entre IMC e % de gordura

Os resultados apresentados da população referente ao IMC e a % de gordura da

população estudada mostra claramente a grande diferença entre os valores,

mostrando que o Índice de Massa corporal não é o método mais indicado para

quantificar a quantidade de gordura total no organismo.

4.4 Pressão Arterial

As pressões arteriais sistólicas e as diastólicas foram normais na população

estudada. Observou-se um baixo índice de valores acima do ideal desejado, com cerca

de 10,8% para a PAS e 7,2% para a PAD. A distribuição esta expressa na tabela 9.

Tabela 9 – A distribuição das pressões arteriais sistólica e a diastólica em docentes

Universitários.

Normotensos Frequência Percentual válido

PAS

PAD

25

26

89,2

92,8

Page 150: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.7 Nível de atividade física

A análise do IPAQ - International Physical Activity Questionnaire, apresentou

uma classificação com alto número de voluntários cerca de 74,9% com baixo nível de

atividade física, resultado igual a insuficientemente ativos ou sedentários, conforme

tabela -10 abaixo.

Tabela 10 – A distribuição e classificação do nível de atividade física de acordo com IPAQ das

docentes Universitários.

Classificação do IPAQ Frequência Percentual válido

Sedentários 6 21,4

Irregularmente ativos 15 53,5

Ativo 7 25,0

Muito ativo - -

4.7 Percepção do nível de saúde

A análise da percepção do Nível de Saúde do IPAQ - International Physical

Activity Questionnaire, apresentou que 28,6% das voluntários se sentiam com a

condição de saúde ruím e regular, conforme tabela-11.

Tabela 11 – A distribuição e classificação da percepção do Nível de Saúde pelo IPAQ dos

docentes universitários.

Classificação da percepção do Nível de Saúde

Frequência Percentual válido

Ruim 1 3,6

Regular 7 25,0

Boa 12 42,8

Muito boa 8 28,6

Excelente - -

4.8 Cortisol sanguíneo

A distribuição e análise do cortisol sanguíneo apresentou que 71,4,% dos

voluntários com valores dentro da normalidade, conforme tabela-12.

Page 151: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Tabela 12 – A distribuição e análise do cortisol sanguíneo das docentes Universitários.

Nível cortisol Frequência Percentual válido

< 30 5 71,4

> 30 2 28,5

4.9 Escore de Framingham

A análise do escore de Framingham (pontuação) apresentou 71,4% dos

voluntários com risco baixo de 1% e 4%, e apresentou 28,5% dos voluntários com risco

intermediário para de 10% para doença arterial coronária em 10 anos. Dados são

apresentados na tabela 13.

Tabela-13. A distribuição e classificação do escore de Framingham das docentes Universitários.

Pontos escore Framingham

Frequência Percentual válido

1 4 57,1

4 1 14,3

10 2 28,5

4.3 Respostas da variabilidade de frequência cardíaca no domínio da frequência com

cortisol sanguíneo.

Nesta análise procuramos quantificar os diferentes componentes de frequência

cardíaca. Analisamos no estudo a variabilidade da frequência cardíaca de três bandas

de frequência classificadas como espectro de baixa frequência entre 0,04 a 0,15 Hz

(low frequency-LF), espectro de alta frequência entre 0,15 e 0,40 Hz (high frequency-

HF) e a relação LF/HF das voluntárias avaliadas para classificação da variabilidade da

frequência cardíaca.

Com relação a VFC observamos que LF apresentou uma relação invertida com

cortisol e direta com HF, conforme tabela 14.

Page 152: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Tabela 14 - Descrição e comparação dos índices de variabilidade de frequência cardíaca (VFC)

em repouso (supino) com cortisol sanguíneo das docentes Universitários.

Cortisol VFC

LF supino

VFC

HF supino

r -0,3 0,28

p 0,15 0,20

5. Conclusão

O presente estudo demonstrou que professores apresentam um estilo de vida

com grande risco de doença cardiovascular.

Agradecimentos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico - CNPq

Referências Bibliográficas

ACHARYA, U. R. (2004). " Heart rate analysis in normal subjects of various age groups."

Biomed Eng Online 3(24): 1-8.

Adams, J. (2006). "Trends in physical activity and inactivity amongst US 14-18 year olds

by gender, school grade and race, 1993-2003: evidence from the youth risk behavior

survey." BMC Public Health 6: 57.

Araújo, C. (2001). "Fisiologia do exercício físico e hipertensão arterial. Uma Breve

introdução." Revista Hipertensão 4.

Aubert, A. E., B. Seps, et al. (2003). "Heart rate variability in athletes." Sports Med

33(12): 889-919.

Page 153: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Avenell, A., J. Broom, et al. (2004). "Systematic review of the long-term effects and

economic consequences of treatments for obesity and implications for health

improvement."

Avery, G. H., D. R. Wholey, et al. (2005). "Physician evaluations of care management

practices in Medicaid programs." Am J Manag Care 11(3): 156-64.

Barros MVG, N. M. (2001). "Comportamentos de risco, auto-avaliação do nível de

saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da indústria." Saude Publica 35(6):

554-63.

Berenson, G. S., S. R. Srinivasan, et al. (1998). "Association between multiple

cardiovascular risk factors and atherosclerosis in children and young adults. The

Bogalusa Heart Study." N Engl J Med 338(23): 1650-6.

Beuther, D. A., S. T. Weiss, et al. (2006). "Obesity and asthma." Am J Respir Crit Care

Med 174(2): 112-9.

Bloch, K. V., G. F. Salles, et al. (2003). "Orlistat in hypertensive overweight/obese

patients: results of a randomized clinical trial." J Hypertens 21(11): 2159-65.

Blomhoff, J. P. (1992). "Lipoproteins, lipases, and the metabolic cardiovascular

syndrome." J Cardiovasc Pharmacol 20 Suppl 8: S22-5.

Cardiologia, S. B. d. (2005). "I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da

Síndrome Metabólica." Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

Cardiovascular, I. C. N. d. R. (1997). Arquivos Brasileiros de Cardiologia 69 (4).

Carvalho JLA, R. A., Nascimento FAO, Souza Neto J, Junqueira JR, L. F. (2002).

"Desenvolvimento de um Sistema para a Análise da Variabilidade da Freqüência

Cardíaca."

Page 154: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Castaneda, C. (2001). "Type 2 diabetes mellitus and exercise." Rev Nutr Clin Care 3:

349-58.

Castaneda, C., J. E. Layne, et al. (2002). "A randomized controlled trial of resistance

exercise training to improve glycemic control in older adults with type 2 diabetes."

Diabetes Care 25(12): 2335-41.

Ciolac, E. G., L. E. Garcez-Leme, et al. "Resistance exercise intensity progression in

older men." Int J Sports Med 31(6): 433-8.

Cole, C. R., E. H. Blackstone, et al. (1999). "Heart-rate recovery immediately after

exercise as a predictor of mortality." N Engl J Med 341(18): 1351-7.

Coltro, R. S., B. M. Mizutani, et al. (2009). "[Cardiovascular risk factors in a population

attending a community event on health education]." Rev Assoc Med Bras 55(5): 606-

10.

Cook, N. R., J. Cohen, et al. (1995). "Implications of small reductions in diastolic blood

pressure for primary prevention." Arch Intern Med 155(7): 701-9.

Craig, C. L., A. L. Marshall, et al. (2003). "International physical activity questionnaire:

12-country reliability and validity." Medicine And Science In Sports And Exercise 35(8):

1381-1395.

Dunstan, D. W., I. B. Puddey, et al. (1998). "Effects of a short-term circuit weight

training program on glycaemic control in NIDDM." Diabetes Res Clin Pract 40(1): 53-61.

Durstine, J. L. and W. L. Haskell (1994). "Effects of exercise training on plasma lipids

and lipoproteins." Exerc Sport Sci Rev 22: 477-521.

Page 155: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Eriksson, J., S. Taimela, et al. (1997). "Exercise and the metabolic syndrome."

Diabetologia 40(2): 125-35.

Eyken, E. B. B. D. O. V. and C. L. Moraes (2009). "Prevalência de fatores de risco para

doenças cardiovasculares entre homens de uma população urbana do Sudeste do

Brasil; Prevalence of risk factors for cardiovascular diseases in an urban male

population in Southeast Brazil." Cardeno de Saude Pública 25(1): 111-123.

Fagherazzi, S., R. d. L. Dias, et al. (2008). "Impacto do exercício físico isolado e

combinado com dieta sobre os níveis séricos de HDL, LDL, colesterol total e

triglicerídeos; Impact of isolated and combined with diet physical exercise on the HDL,

LDL, total cholesterol and triglycerides plasma levels." Rev. bras. med. esporte 14(4):

381-386.

Farret, J. F. (2005). Nutrição e doenças cardiovasculares: prevençaõ primária e

secundária. Saõ Paulo.

Gordon, N. F., C. B. Scott, et al. (1990). "Exercise and mild essential hypertension.

Recommendations for adults." Sports Med 10(6): 390-404.

Gualano, B. and T. Tinucci "Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas." Rev.

bras. educ. fís. esporte [online] 25: 37-43.

Guimaraes, G. V., E. G. Ciolac, et al. "Effects of continuous vs. interval exercise training

on blood pressure and arterial stiffness in treated hypertension." Hypertens Res 33(6):

627-32.

Guyton, A. H., J. (2006). Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro,

GuanabaraKoogan.

Heyward, V. H. (1996). "Evaluation of body composition. Current issues." Sports Med

22(3): 146-56.

Page 156: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Holloszy, J. O., J. Schultz, et al. (1986). "Effects of exercise on glucose tolerance and

insulin resistance. Brief review and some preliminary results." Acta Med Scand Suppl

711: 55-65.

Isosaki, M. and E. Cardoso (2004). "Manual de dietoterapia e avaliação nutricional:

Serviço de Nutrição e Dietética do Instituto do Coração-HCFMUSP; Manual of diet

therapy and nutricional evaluation."

Jakicic, J. M., K. Clark, et al. (2001). "American College of Sports Medicine position

stand. Appropriate intervention strategies for weight loss and prevention of weight

regain for adults." Med Sci Sports Exerc 33(12): 2145-56.

Katzmarzyk, P. T. and I. Janssen (2004). "The economic costs associated with physical

inactivity and obesity in Canada: an update." Can J Appl Physiol 29(1): 90-115.

Kirwan, J. P., R. C. Hickner, et al. (1992). "Eccentric exercise induces transient insulin

resistance in healthy individuals." J Appl Physiol 72(6): 2197-202.

Kraemer, W. J., J. S. Volek, et al. (1999). "Influence of exercise training on physiological

and performance changes with weight loss in men." Med Sci Sports Exerc 31(9): 1320-

9.

Lakka, T. A., D. E. Laaksonen, et al. (2003). "Sedentary lifestyle, poor cardiorespiratory

fitness, and the metabolic syndrome." Med Sci Sports Exerc 35(8): 1279-86.

Lesniak, K. T. and P. M. Dubbert (2001). "Exercise and hypertension." Curr Opin Cardiol

16(6): 356-9.

Lipman, R. L., J. J. Schnure, et al. (1970). "Impairment of peripheral glucose utilization

in normal subjects by prolonged bed rest." J Lab Clin Med 76(2): 221-30.

Page 157: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Longo, A., D. Ferreira, et al. (1995). "[Variability of heart rate]." Rev Port Cardiol 14(3):

241-62, 190.

Malliani, A., et. al. (1991). " Cardiovascular neural regulation explored in the frequency

domain." Circulation 84(n. 2): 482-492.

Manson, J. E., D. M. Nathan, et al. (1992). "A prospective study of exercise and

incidence of diabetes among US male physicians." JAMA 268(1): 63-7.

Marcus, B. H., L. H. Forsyth, et al. (2000). "Physical activity behavior change: issues in

adoption and maintenance." Health Psychology 19(1S): 32.

Matteoni, S. P. C., C. R. Bueno Júnior, et al. (2009). "Efeito de um programa de

condicionamento físico no broncoespasmo induzido pelo exercício em mulheres

obesas; Effect of a physical fitness program on the exercise-induced bronchospasm in

obese women." Rev. bras. med. esporte 15(3): 190-194.

Miller, J. P., R. E. Pratley, et al. (1994). "Strength training increases insulin action in

healthy 50- to 65-yr-old men." J Appl Physiol 77(3): 1122-7.

Monteiro, M. d. F. and D. C. Sobral Filho (2004). "Exercício físico eo controle da pressão

arterial." Revista Brasileira de Medicina do Esporte 10(6): 513-516.

MS. (1996). "Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus: Guia básico para diagnóstico e

tratamento.".

Niskanen, J. P., M. P. Tarvainen, et al. (2004). "Software for advanced HRV analysis."

Comput Methods Programs Biomed 76(1): 73-81.

Nuutila, P., M. J. Knuuti, et al. (1994). "Different alterations in the insulin-stimulated

glucose uptake in the athlete's heart and skeletal muscle." J Clin Invest 93(5): 2267-74.

Page 158: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Paffenbarger, R. S., Jr., D. L. Jung, et al. (1991). "Physical activity and hypertension: an

epidemiological view." Ann Med 23(3): 319-27.

Pate, R. R., M. Pratt, et al. (1995). "Physical activity and public health. A

recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the

American College of Sports Medicine." JAMA 273(5): 402-7.

Pina, I. L., C. S. Apstein, et al. (2003). "Exercise and heart failure: A statement from the

American Heart Association Committee on exercise, rehabilitation, and prevention."

Circulation 107(8): 1210-25.

Pitanga, F. J. and I. Lessa (2005). "[Anthropometric indexes of obesity as an instrument

of screening for high coronary risk in adults in the city of Salvador--Bahia]." Arq Bras

Cardiol 85(1): 26-31.

Poeta, L. S. D., Maria de Fátima da Silva; Caramellic, Bruno; Matad, Jorge; Giuliano,

Isabela de Carlos Back (2013). "Efeitos do exercício físico e da orientação nutricional no

perfil de risco cardiovascular de crianças obesas." Rev Assoc Med Bras 59 (1): 56-63.

Pollock, M. L., B. A. Franklin, et al. (2000). "Resistance exercise in individuals with and

without cardiovascular disease: benefits, rationale, safety, and prescriptionan advisory

from the committee on exercise, rehabilitation, and prevention, council on clinical

cardiology, american heart association." Circulation 101(7): 828-833.

Pollock, M. L., B. A. Franklin, et al. (2000). "AHA Science Advisory. Resistance exercise

in individuals with and without cardiovascular disease: benefits, rationale, safety, and

prescription: An advisory from the Committee on Exercise, Rehabilitation, and

Prevention, Council on Clinical Cardiology, American Heart Association; Position paper

endorsed by the American College of Sports Medicine." Circulation 101(7): 828-33.

Popkin, B. M. (2001). "The nutrition transition and obesity in the developing world." J

Nutr 131(3): 871S-873S.

Page 159: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Prado, E. S. and E. H. M. Dantas (2002). "Efeitos dos exercícios físicos aeróbio e de

forçaa nas lipoproteínas HDL, LDL e lipoproteína (a)." Arquivos Brasileiros de

Cardiologia 79(4): 429-433.

Ribeiro, M. P., J. M. Brum, et al. (1992). "[A spectral analysis of the heart rate. The

basic concepts and their clinical application]." Arq Bras Cardiol 59(2): 141-9.

Rique, A. B. R., E. d. A. Soares, et al. (2002). "Nutrição e exercício na prevenção e

controle das doenças cardiovasculares." Rev Bras Med Esporte 8(6): 244-54.

Rogers, M. A., D. S. King, et al. (1990). "Effect of 10 days of physical inactivity on

glucose tolerance in master athletes." J Appl Physiol 68(5): 1833-7.

Rondon, M. and P. C. Brum (2003). "Exercício físico como tratamento não

farmacologico da hipertensão arterial." Rev Bras Hipertens 10(2): 134-9.

Rondon, M. U. P. B., M. J. N. Alves, et al. (2002). "Postexercise blood pressure

reduction in elderly hypertensive patients." Journal of the American college of

cardiology 39(4): 676-682.

SBC ( 2001). "Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes brasileiras sobre

dislipidemias." Arq Bras Cardiol. 77((supl. 3)): 4-48.

Schnohr, P., H. Scharling, et al. (2003). "Changes in leisure-time physical activity and

risk of death: an observational study of 7,000 men and women." Am J Epidemiol

158(7): 639-44.

Sofi, F., A. Capalbo, et al. (2008). "Physical activity during leisure time and primary

prevention of coronary heart disease: an updated meta-analysis of cohort studies." Eur

J Cardiovasc Prev Rehabil 15(3): 247-57.

Page 160: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Svetkey, L. P. (2005). "Management of prehypertension." Hypertension 45(6): 1056-61.

Tuomilehto, J., J. Lindstrom, et al. (2001). "Prevention of type 2 diabetes mellitus by

changes in lifestyle among subjects with impaired glucose tolerance." N Engl J Med

344(18): 1343-50.

Warburton, D. E., C. W. Nicol, et al. (2006). "Health benefits of physical activity: the

evidence." CMAJ 174(6): 801-9.

Wei, M., J. B. Kampert, et al. (1999). "Relationship between low cardiorespiratory

fitness and mortality in normal-weight, overweight, and obese men." JAMA 282(16):

1547-53.

WHO. (1995). " World Health Organization. Physical status: the use and interpretation

of anthropometric indicators of nutritional status."

WHO. (1997). "World Health Organization. Obesity: preventing and managing the total

epidemic." Report of a WHO Consultation Group.

Yusuf, S., S. Reddy, et al. (2001). "Global burden of cardiovascular diseases: part I:

general considerations, the epidemiologic transition, risk factors, and impact of

urbanization." Circulation 104(22): 2746-53.

Page 161: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOVENS COM IMC NORMAL,

SOBREPESO E OBESOS.

Orientador: Marcelo Custódio Rubira

Bolsista: Ádria Cislane Ferreira da Silva

Resumo

A prevalência da obesidade tem aumentado em todo o mundo e vem se tornando o

maior problema de saúde da sociedade moderna na maioria dos países desenvolvidos

e em desenvolvimento, e está associada a uma incidência elevada de um largo

espectro de patologias clínicas e mesmo cirúrgicas. Elevados níveis de gordura corporal

geralmente está associada com o desenvolvimento precoce de doenças crônicas não

transmissíveis, como as cardiovasculares, hipertensão arterial, elevados níveis de

lipoproteína de baixa densidade, diabetes e hiperlipidemias. Na obesidade, observa-se

uma maior ativação do sistema nervoso simpático, e esta ativação desencadeia um

aumento da frequência cardíaca, implicando em intervalos mais curtos entre os

batimentos. Já o ramo parassimpático atua desacelerando a frequência cardíaca,

resultando em intervalos maiores entre os batimentos. Quantificar a gordura corporal

com o menor erro possível torna-se fundamental, fato que tem levado pesquisadores a

desenvolverem e validarem diferentes técnicas para estimá-la, tais como:

antropometria e impedância bioelétrica. O objetivo do estudo foi analisar a

composição corporal de jovens universitárias com diferentes tipos de IMC e a relação

com a variabilidade da frequência cardíaca. O presente estudo foi realizado com 68

jovens universitárias voluntárias do gênero feminino, na faixa etária entre 18 e 30 anos

de idade, sedentárias, não fumantes, sem presença de doenças cardíacas e diabetes e

com diferentes níveis de IMC. Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em

pesquisa da Faculdade São Lucas. Foram realizados os exames de eletrocardiograma,

método antropométrico de dobras cutâneas e os Índices antropométricos relação

cintura quadril e Índice de massa corporal (IMC). Resultados. O método de análise da

composição corporal, através das dobras cutâneas foi capaz de identificar indivíduos

“obesos” que foram considerados como normais de acordo com a classificação de

índice de massa corpórea e o índice de variabilidade de frequência cardíaca LF basal

Page 162: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

(em supino) têm tendência a ser maior no grupo das voluntárias com percentil de

gordura de 26 a 30%. Conclusão. Não há diferença estatística do índice de variabilidade

de frequência cardíaca em jovens comparando o IMC entre baixo peso e eutróficos e

pela porcentagem de gordura entre normais e sobrepeso.

Palavras-chave: Obesidade, índice de massa corpórea, gordura corporal, frequência

cardíaca, jovens.

1. INTRODUÇÃO

A prevalência da obesidade tem aumentado em todo o mundo e vem se

tornando o maior problema de saúde da sociedade moderna na maioria dos países

desenvolvidos e em desenvolvimento, e está associada a uma incidência elevada de

um largo espectro de patologias clínicas e mesmo cirúrgicas(1). Quando comparados

com os eutróficos (normo-peso), observa-se uma frequência cada vez maior no

atendimento de emergência de pacientes obesos, em unidades de pronto-

atendimento e terapia intensiva(2).

Elevados níveis de gordura corporal geralmente está associada com o

desenvolvimento precoce de doenças crônicas não transmissíveis, como as

cardiovasculares, hipertensão arterial, elevados níveis de lipoproteína de baixa

densidade, diabetes e hiperlipidemias. Além de provocar sintomas, como a fadiga fácil

e diminuição da resistência física(3).

Nos estudos de Almeida et al, podemos observar que o excesso de peso está

claramente associado ao aumento da pressão arterial nos jovens que foram avaliados.

Encontrando correlação positiva entre os valores da pressão arterial (PA) sistólica e

diastólica e o índice de massa corporal (IMC)(4). Esta prevalência de hipertensão na

obesidade está atribuída a diversos fatores, entre eles, podemos destacar a

hiperinsulinemia decorrente da resistência a insulina presente em indivíduos obesos,

principalmente naqueles que apresentam excesso de gordura na região do tronco(5).

Na obesidade, observa-se uma maior ativação do sistema nervoso simpático, e

esta ativação desencadeia um aumento da frequência cardíaca, implicando em

intervalos mais curtos entre os batimentos. Já o ramo parassimpático atua

desacelerando a frequência cardíaca, resultando em intervalos maiores entre os

Page 163: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

batimentos(6). Assim, a variabilidade da frequência cardíaca pode ser medida com base

nos intervalos entre os batimentos, os quais são mais facilmente observados como

intervalos RR, que são os intervalos de tempo entre duas ondas R consecutivas(7).

Acrescente-se que, segundo todas as estatísticas, a obesidade é um risco

adicional de mortalidade e os obesos aparentam ter uma sobrevida menor que os

indivíduos de peso normal(8). Por outro lado, níveis de gordura extremamente baixos,

podem estar associados à bulimia nervosa, anorexia e desnutrição calórica - proteica(9).

O padrão de distribuição de gordura corporal pode estabelecer um prognóstico

de risco para a saúde mais fidedigno que o próprio grau de obesidade. Quantificar a

gordura corporal com o menor erro possível torna-se fundamental, fato que tem

levado pesquisadores a desenvolverem e validarem diferentes técnicas para estimá-la,

tais como: antropometria e impedância bioelétrica. A técnica antropométrica é a que

tem sido mais usada em todo o mundo, por ser a mais barata e apresentar excelente

fidedignidade(10).

Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo analisar a

variabilidade da frequência cardíaca em indivíduos classificados baixo-peso e

eutróficos pelo IMC e Percentual de gordura, visto que dificilmente encontram-se na

literatura trabalhos realizados entre indivíduos com IMC e percentual de gordura

dentro da normalidade e sua relação com a atividade simpática.

1.1Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo do estudo foi analisar a composição corporal de jovens universitárias

com diferentes tipos de IMC e a relação com a variabilidade da frequência cardíaca.

1.1.2 Objetivo Específico

A identificação de mulheres baixo peso e eutróficas pela porcentagem de

gordura corporal e pelo IMC, diferenciando ambas as técnicas antropométricas.

Analisar a variabilidade da frequência cardíaca em indivíduos classificados pela

porcentagem de gordura e pelo IMC como baixo peso e eutróficos.

Page 164: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Baixo Peso, Eutrofia e Obesidade

Indivíduos baixo peso, com uma quantidade de gordura corporal inferior ao

normal, possuem uma forte tendência a desenvolver riscos a saúde, porque o corpo

necessita de uma certa quantidade de gordura para manutenção das funções

fisiológicas normais. Os lipídeos essenciais, como os fosfolipídios, são necessários para

a formação da membrana celular, enquanto os lipídeos não essenciais, como os

triglicerídeos encontrados no tecido adiposo, fornecem isolamento térmico e

armazenam energia metabólica(11).

Assim a carência de gordura corporal como a encontrada em indivíduos com

desordens alimentares como anorexia nervosa, pode levar a sérias disfunções

fisiológicas como: subnutrição, aumentado risco de desequilíbrio em fluidos

eletrolíticos, osteoporose e osteopenia, fraturas ósseas, desgastes musculares, edema

periférico, bem como desordens renais e reprodutivas(12).

Já os indivíduos considerados eutróficos, com quantidade de gordura corporal

total dentro da normalidade, geralmente desfrutam de boas condições de saúde,

apresentando baixa tendência ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares,

diabetes, colesterol elevado, entre outras patologias relacionadas ao baixo peso,

sobrepeso e obesidade(11).

A obesidade é considerada uma doença crônica com grande incidência mundial,

definida como o excesso de tecido adiposo em um indivíduo, no qual, desencadeia um

desequilíbrio em longo prazo entre a ingestão e o gasto calórico(13).

Os obesos, diferente dos eutróficos, são considerados grupo de risco para o

desenvolvimento precoce de doenças crônicas não transmissíveis, como as

cardiovasculares, hipertensão arterial, elevados níveis de lipoproteína de baixa

densidade, diabetes e hiperlipidemias. Como resultado, há uma frequência cada vez

maior no atendimento de emergência de pacientes obesos, quer seja no pronto

socorro, na unidade de terapia intensiva ou na sala de ressuscitação(14).

As pessoas obesas possuem um número maior de células gordurosas que

contém um volume de lipídeos maior que seus equivalentes magros. Atualmente as

células adiposas não são tidas somente como estruturas de proteção e sustentação,

Page 165: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

mas como um verdadeiro órgão dotado de intensa atividade endócrina e metabólica.

Um exemplo disso é a síntese do hormônio leptina pelo próprio tecido adiposo. Este

hormônio atua em células neuronais do hipotálamo, realizando o controle da ingestão

alimentar(15).

Indivíduos obesos apresentam concentrações plasmáticas de leptina 5 vezes

maiores que indivíduos magros, e por consequência acabam desenvolvendo um

fenômeno nomeado com hiperleptinemia, que é a resistência à leptina no organismo,

decorrente de alterações no receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema

de transporte na barreira hematocefálica(6, 16, 17).

O aumento da pressão arterial é fator de risco para todas as faixas de índice de

massa corpórea. Sabe-se que um aumento de 10% na quantidade de gordura corporal

reflete em um aumento significativo na pressão arterial(18).

Os mecanismos envolvidos na hipertensão induzida por obesidade são diversos

e complexos. Anormalidades renais como aumento da reabsorção de sódio e água,

resistência à insulina, hiperleptinemia, ativação do sistema renina-angiotensina e do

sistema nervoso simpático tem sido apontadas como mecanismos fisiopatogênicos da

hipertensão arterial associada à obesidade(19).

Ressalta-se a importância do aumento da adiposidade corporal na prevalência

de hipertensão arterial, principalmente nos indivíduos que apresentam distribuição

central de gordura. Embora o aumento de gordura esteja também associado ao

aumento de prevalência de outros fatores de risco para doença cardiovascular, como

dislipidemia e intolerância a glicose, o impacto da obesidade sobre a prevalência de

hipertensão arterial foi muito mais evidente(20). A gravidade da hipertensão parece

relacionar-se diretamente com o grau de gordura corporal e com o padrão de

distribuição predominantemente visceral(18).

2.2 Frequência Cardíaca (FC) e Sistema Nervoso Autônomo (SNA)

A Frequência cardíaca é conceituada como o número de sístoles por minuto em

um coração normal. É considerada um dos sinais mais eficazes e óbvios da presença de

vida em um organismo, e é fundamental na área médica, sendo obrigatória a sua

medida em qualquer exame físico(21).

Page 166: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A análise de sinais de variabilidade da frequência cardíaca é importante quando

se estuda o sistema nervoso autônomo, pois ajuda a avaliar o equilíbrio entre as

influências simpática e parassimpática no ritmo cardíaco(22).

A permanente influência exercida pelo sistema nervoso autônomo (SNA) sobre

o funcionamento de diversos órgãos, aparelhos e sistemas que compõem o organismo,

é essencial para a preservação das condições do equilíbrio fisiológico interno,

permitindo que o mesmo exerça, adequadamente, sua interação com o meio

ambiente circundante(8). Qualquer fator que desencadeie um desequilíbrio resulta em

respostas orgânicas automáticas e involuntárias que tem por objetivo restabelecer o

equilíbrio funcional, para que todo o organismo trabalhe harmoniosamente e para que

os órgãos funcionem em sintonia(23).

Essas respostas reguladoras são chamadas de respostas autonômicas, pois são

efetuadas pelo SNA, por meio de suas subdivisões anatomofuncionais: Sistema

nervoso simpático (SNS) e parassimpático (SNP). Estes por sua vez estão presentes em

diversos órgãos do corpo humano, como por exemplo, do coração(6).

Mesmo possuindo uma inervação intrínseca, o coração é altamente modulado

pelos ramos simpático e parassimpático do SNA, no desenvolvimento de suas funções.

Assim, devido a sua importância, o coração deve participar, e participa, sob a tutela do

SNA, ativamente no processo homeostático orgânico, sendo o SNA o responsável pela

regulação do ritmo e da função de bombeamento cardíaco, adequando essas funções

às necessidades metabólicas e teciduais, às quais estão expostos os seres humanos em

suas atividades da vida diária(24).

O ramo Simpático atua na frequência cardíaca estimulando o seu aumento,

isto acontece da seguinte forma: A estimulação simpática aumenta a frequência de

descarga do nodo sinusal, aumenta a velocidade de condução, bem como o nível de

excitabilidade em todas as regiões do coração. A estimulação simpática máxima pode

duplicar a força de contração cardíaca e quase triplicar a frequência dos batimentos10.

Por sua vez, o ramo parassimpático desacelera a FC, resultando em intervalos maiores

entre os batimentos(23).

Essas oscilações constantes da FC têm implicações importantes na orientação

diagnóstica e terapêutica do paciente 22.

A modulação autonômica da FC é, em parte, responsável pela sua variabilidade.

Page 167: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Em indivíduos saudáveis, a estimulação dos nervos parassimpáticos está associada

com a redução da FC e maior variabilidade da frequência cardíaca, enquanto que a do

simpático contribui para o seu aumento associado à diminuição de sua

variabilidade(25).

O conhecimento de que as flutuações da FC, batimento a batimento, refletem a

interação do sistema nervoso simpático (SNS) e sistema nervoso parassimpático (SNP)

veio oferecer uma nova linha de estudo do SNA a partir do estudo da variabilidade da

frequência cardíaca (VFC). O estudo da VFC é um método que nos permite analisar as

flutuações que ocorrem durante períodos curtos e prolongados (24 hs), tendo a

vantagem de possibilitar uma avaliação não invasiva e seletiva da função autonômica.

Entretanto, vários aspectos metodológicos, ainda carecem de padronização universal e

o significado dos diferentes níveis de VFC, são mais complexos do que realmente se

acredita, podendo gerar conclusões incorretas e extrapolações precipitadas(26).

A análise da VFC trouxe possibilidades reais de observação e compreensão dos

mecanismos extrínsecos do controle do ritmo cardíaco em situações fisiológicas e

patológicas(24).

Um dos fatores que influencia a VFC é a mudança postural. Na condição de

repouso, ambos os sistemas, simpático e parassimpático, estão tonicamente ativos,

com predominância dos efeitos da estimulação vagal. Portanto, o estudo da VFC em

repouso nas posições supina e sentada permite identificar possíveis alterações do

balanço simpato-vagal sobre o nodo sinusal(25).

A mudança postural, da posição supina para sentada, ativa ou passiva,

desencadeia ajustes rápidos no sistema cardiovascular em resposta ao desvio

hidrostático causado pelo deslocamento do sangue das extremidades superiores para

as inferiores, diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial, ativação dos

receptores arteriais e cardiopulmonares e integração das informações periféricas e

centrais(27).

Variações da FC também podem ser ocasionadas por alterações na resistência

vascular periférica devida à regulação do fluxo sanguíneo regional, ou ainda causadas

por hormônios como as catecolaminas(28).

Está bem estabelecido que em indivíduos normais, em repouso, a análise

espectral mostra, claramente, três ritmos básicos de oscilações da PA e do intervalo

Page 168: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

cardíaco. Mais especificamente: um ritmo de muito baixa frequência (< 0,03 Hz), um

ritmo identificado como de baixa frequência (0,03 a 0,15 Hz) e um ritmo de alta

frequência (0,15 a 0,35 Hz)(27).

2.3 Função simpática na obesidade

Na obesidade, observa-se uma maior ativação do sistema nervoso simpático(29).

A ativação simpática é induzida precocemente pela superalimentação e revertida com

a perda de peso, com base nessa afirmação, podemos perceber que indivíduos de

baixo peso e eutróficos possuem menor tendência a uma predominância simpática. O

aparecimento das modificações do simpático induzidas pela alimentação parece

preceder e desencadear alterações na atividade do sistema renina-angiotensina(30).

O tônus simpático está aumentado em órgãos-chave na obesidade, incluindo

rim, músculo esquelético e vasos periféricos. Evidências para o aumento do tônus

simpático para o coração em humanos são menos fortes, especialmente nos obesos

normotensos(29).

Ativação simpática em vários locais-alvos parece ter importante papel na

patogênese da resistência à insulina relacionada com obesidade(31), hipertensão(32),

ativação do sistema renina-angiotensina(33) e morte súbita(34).

Em indivíduos normotensos, aumentos na produção de insulina, em geral, não

se acompanham de elevação dos níveis pressóricos. A explicação para este fenômeno

seria a de que o aumento da atividade simpática, consequente a hiperinsulinemia, que

induz vasoconstrição, seria contrabalanceado pela ação direta vasodilatadora da

insulina. Em indivíduos com pré-disposição genética a hipertensão nos quais a ação

vasodilatadora da insulina estaria prejudicada, o aumento da atividade simpática

induzida pela hiperinsulinemia poderia ser responsável pela elevação dos níveis

pressóricos. Isto explicaria a elevação da pressão arterial nos pacientes, à medida que

se eleva o IMC(1).

Portanto, a hiperinsulinemia provoca aumentos da atividade do sistema

nervoso simpático e da reabsorção tubular de sódio, ações que contribuem para o

aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca(35).

Page 169: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Estudos recentes mostram que a leptina também pode participar no

desenvolvimento da hiperatividade simpática na obesidade. Podendo esta ser o elo

entre obesidade e aumento da atividade simpática. Além de seus efeitos no controle

do apetite e metabolismo, a leptina age diretamente no hipotálamo para aumentar

atividade simpática direcionada ao rim(36). A leptina é uma proteína secretada pelos

adipócitos com papel regulador em vários sistemas do organismo, como sistema

imune, respiratório e reprodutivo, bem como no balanço energético via ação

hipotalâmica. Sua ação primária ocorre no núcleo hipotalâmico arqueado, no qual

inicia uma cascata de eventos para inibição da ingestão energética e aumento do gasto

energético(37). As concentrações de leptina são influenciadas pela adiposidade, fatores

hormonais e nutricionais(16). A restrição e os episódios de compulsão alimentar,

presentes na anorexia nervosa e bulimia, respectivamente, são considerados, na

literatura científica, fatores determinantes na leptinemia. Seus níveis também

alterados no tratamento desses distúrbios alimentares sugerem uma relação entre as

alterações neuroendócrinas e consequentes modificações nos sinais de fome e

saciedade, com a patogenia ou manutenção dos quadros clínicos(12).

A atividade do nervo simpático muscular (ASNM) é mais alta em obesos

normotensos e obesos hipertensos do que normotensos não-obesos. A perda de peso

em obesos normotensos reduz a ASNM, reduz a norepinefrina plasmática, melhora a

sensibilidade barorreflexa e o consumo de glicose(33). Contudo, para redução da ASNM

em indivíduos obesos parece que a perda de peso significante é necessária e não

apenas a redução do consumo de calorias(38).

Pacientes obesos são mais suscetíveis a apresentar arritmias ventriculares e

morte súbita do que os indivíduos magros. Perda de peso resultante de restrição

calórica melhora o tônus parassimpático para o coração durante a noite e reduz a

relação do tônus simpático/parassimpático do coração durante o dia sem modificar a

frequência cardíaca de repouso. Contudo, a obesidade está associada com

anormalidades da função do parassimpático que pode ser clinicamente relevante(39).

2.4 Medidas antropométricas e Índice antropométrico na quantificação da gordura

corpórea

Page 170: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Muitas pessoas estão preocupadas em perder peso e ficar leves, sem

reconhecer que há uma importante diferença entre ser leve e ser magro. Enquanto a

leveza é relacionada ao peso corporal, a magreza esta associada à composição do peso

corporal do indivíduo(19).

O padrão de distribuição de gordura corporal pode estabelecer um prognóstico

de risco para a saúde bastante fidedigno. Deve-se considerar que, em muitos

indivíduos, embora o excesso de peso corporal não seja ainda “visualmente

significante”, pode ser suficiente para facilitar o aparecimento de condições

patológicas como diabetes, hipertensão arterial e hiperlipidemias, além de provocar

sintomas, como fadiga fácil e diminuição da resistência física(1).

Quantificar a gordura corporal com o menor erro possível torna-se

fundamental, fato que tem levado pesquisadores a desenvolverem e validarem

diferentes técnicas para estimá-la, tais como: antropometria e impedância

bioelétrica(40).

A antropometria refere-se à medida do tamanho e da proporção do corpo

humano. É a técnica mais usada em todo o mundo, por ser a mais barata e apresentar

excelente fidedignidade. Esta técnica faz uso de medidas lineares, de massa, de

diâmetros, de perímetros e de dobras cutâneas. Estas medidas, sozinhas ou

combinadas, são usadas para se obter índices, tais como o índice de massa corporal

(IMC) ou o percentual de gordura corporal (%G), corrigidas, ou não, para a idade(11).

Pesquisas indicam que a maneira pela qual a gordura está distribuída pelo

corpo é mais importante que a gordura corporal total, na determinação do risco

individual de doenças. Índices antropométricos podem ser utilizados para classificar

casos de obesidade, de acordo com seu tipo: Obesidade corporal superior ou

abdominal (alto risco), ou obesidade corporal inferior (baixo risco)(19).

Um dos métodos mais usados para a obtenção de informação relacionada à

quantidade de gordura e sua distribuição no organismo é a medida de dobras

cutâneas, na qual mede indiretamente a espessura do tecido adiposo subcutâneo(20).

O Método de Dobras Cutâneas (DOC) é uma medida da espessura de duas

camadas de pele e a gordura subcutânea adjacente. Pesquisas demonstraram que a

gordura subcutânea, avaliada pelo método de DOC em doze locais, é similar ao valor

obtido nas imagens de ressonância magnética (MRI)(19).

Page 171: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Medir dobras cutâneas é um importante método de avaliação da quantidade e

da distribuição da gordura corpórea em estudos epidemiológicos, por ser um método

barato e não invasivo. Sua realização requer, contudo, treinamento prolongado e

supervisão para que se obtenham resultados confiáveis, fazendo com que uma

importante limitação na utilização das medidas de prega cutânea seja a dificuldade na

padronização dos antropometristas. A realização de medidas confiáveis depende de

um bom treinamento dos antropometristas, uma vez que o instrumento de coleta

parece desempenhar um papel muito pequeno na determinação do erro(11).

O índice de massa corpórea (IMC) é a proporção do peso do corpo para a altura ao quadrado, sua verificação é recomendada como primeira a abordagem da gordura corporal dos pacientes, pois é um índice rudimentar de obesidade. As limitações deste índice são a superestimação e a subestimação da gordura corporal em indivíduos com excesso ou perda de massa muscular respectivamente(41).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os seguintes valores foram

adotados para a classificação do grau de obesidade no indivíduo: Sobrepeso: IMC ≥ 25

e ≤ 29,9Kg/m², Obesidade grau 1: IMC ≥ 30 e ≤ 34,9Kg/m², Obesidade grau 2: IMC ≥ 35

e ≤ 39,9Kg/m², Obesidade grau 3: IMC ≥ 40kg/m² (Anteriormente denominada

obesidade mórbida).

Torna-se evidente que o IMC não é um parâmetro adequado para ver se

indivíduos de ambos os sexos possuem níveis de gordura corporal adequados em

relação à saúde. Isto porque sujeitos podem apresentar um IMC dentro do padrão

ideal e, no entanto, possuírem uma quantidade de gordura corporal acima do ideal; ou

apresentarem um IMC abaixo do recomendado e possuírem uma quantidade de

gordura corporal ideal. Esta falta de congruência entre o IMC e a gordura corporal

pode ser explicada não só pela fragilidade deste índice, mas também pelo fato de a

gordura corporal estar associada aos níveis de atividade ou aptidão física(11).

Diversos estudos publicados na última década confirmaram a importância da

distribuição da gordura corporal na etiologia dos desarranjos metabólicos decorrentes

da obesidade(1).

Page 172: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A deposição de gordura na região abdominal caracteriza a obesidade

abdominal visceral, que é mais grave fator de risco cardiovascular e de distúrbio na

homeostase glicose-insulina do que a obesidade generalizada. É associada, também, à

hipertensão, dislipidemias, fibrinólise, aceleração da progressão da aterosclerose e

fatores psicossociais. A presença concomitante de obesidade centralizada a um ou

mais dos distúrbios metabólicos apontados caracterizam a síndrome metabólica(42).

A medida dos depósitos de gordura na região das vísceras pode ser feita com

precisão através da tomografia computadorizada, método inviável para estudos

populacionais, que utilizam indicadores antropométricos no diagnóstico da obesidade

centralizada. Outro índice antropométrico largamente utilizado é a relação entre as

medidas das circunferências cintura e do quadril (RCQ) e a medida da circunferência da

cintura (CC)(19).

A CC tem sido apontada como melhor indicador para aferir a obesidade

abdominal em comparação com a RCQ, por ter melhor reprodutibilidade16. Entretanto,

segundo Björntorp, esses dois indicadores contém informações diferentes sobre os

distúrbios metabólicos associados à obesidade centralizada. Na tabela 1 encontramos

os valores considerados baixo, normal e alto da RCQ, para desenvolvimento de

doenças relacionadas à obesidade(42). A CC seria melhor o indicador da massa adiposa

visceral, estando fortemente relacionada com as doenças cardiovasculares

ateroscleróticas(11).

Estudos de Hans et al (2005) demonstraram que a medida da circunferência da

cintura maior que 88 cm para mulheres e maior que 102 cm para homens é capaz de

identificar pacientes com maior risco de doença cardiovascular. Da mesma forma, a

razão entre as medidas da circunferência da cintura e quadril (RCQ) maior que 0,95

para homens e maior que 0,85 para mulheres, que caracterizam a distribuição central

de gordura tem sido utilizada para identificar indivíduos com maior risco

cardiovascular(10).

2.5 Análise Espectral

A análise espectral é o método no domínio da frequência mais utilizado para

verificar a variabilidade da frequência cardíaca, tendo se tornado um valioso

instrumento na avaliação do sistema cardiovascular(11).

Page 173: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

No estudo da variabilidade da frequência cardíaca, usualmente esse método

identifica oscilações em três bandas de frequência. Essas oscilações podem ser

classificadas como sendo de alta frequência, entre 0,2 a 0,4 Hz, de média frequência,

ao redor de 0,1 Hz, e de baixa frequência, entre 0,02 a 0,07 Hz. As oscilações de alta

frequência coincidem com a frequência respiratória. A oscilação da frequência cardíaca

secundária à respiração, conhecida como arritmia sinusal respiratória, é um fenômeno

mediado pelo vago, através de estímulos diretos dos centros respiratórios cerebrais,

mas que depende também de reflexos cardiopulmonares. Os componentes de baixa

frequência são influenciados tanto pela modulação simpática como pela modulação

vagal. Foi demonstrado que esses componentes aumentam durante algumas

intervenções em laboratório, que sabidamente aumentam a atividade simpática.

Nessas circunstâncias, o método tem sido empregado com sucesso. As evidências em

relação à participação simpática na gênese desses componentes, quando são avaliados

durante exercício dinâmico, ainda são controversas (1).

3. MÉTODOS

O presente estudo foi realizado com 68 jovens universitárias voluntárias do

gênero feminino, na faixa etária entre 18 e 30 anos de idade, sedentárias, não

fumantes, sem presença de doenças cardíacas e diabetes e com diferentes níveis de

IMC.

Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade São

Lucas.

As voluntárias foram informadas a respeito da natureza deste estudo e

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Estas foram previamente

divididas em:

2 grupos pelo IMC, onde o grupo (1) era Baixo Peso, com IMC

menor que 19 kg/m2. No grupo (2) era Eutróficos, com IMC entre 19 a

25kg/m2 ;

2 grupos pela porcentagem de gordura onde no grupo (1) a

porcentagem foi de < 26% e no grupo (2) foi entre 26 até 30%.

Page 174: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Os critérios de inclusão foram definidos por jovens entre 18 e 30 anos do sexo

feminino com IMC menor que 19 até 25 kg/m2.

Foram considerados critérios de exclusão: portadoras de doenças renais,

cardíacas e/ou respiratórias; utilização de medicamentos que alteram a composição

corporal como diuréticos, corticóides, tabagistas e atletas.

Foram realizados os exames de eletrocardiograma, método antropométrico de

dobras cutâneas e os Índices antropométricos relação cintura quadril e Índice de

massa corporal (IMC).

3.1 Eletrocardiograma (ECG)

A realização do exame foi feita pela parte da manhã e tarde com o ambiente da

sala em temperatura agradável.

A voluntária deveria estar calma e descansada há pelo menos 10 minutos, a

mesma não poderia ter ingerido café, foi investigado quanto ao uso de medicamentos

e, além disso, teve que retirar todos os acessórios que estaria utilizando, como relógio,

correntes e anéis para evitar qualquer interferência durante o exame.

Com a paciente em supino, e palmas viradas para cima, foi determinada a

posição da derivação precordial II, em seguida, foram posicionados os eletrodos. Foi

então registrado o eletrocardiograma de repouso, em supino em uma maca, por 10

minutos e o registro foi realizado novamente com a voluntária em pé por mais 10

minutos. Nos dois períodos do registro a voluntária deveria estar calma, imóvel e sem

falar.

Os dados foram registrados no eletrocardiógrafo digital (Nexus 10), que emitiu

um relatório automático.

Figura 1 – Eletrocardiógrafo digital Nexus 10

Page 175: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

3.2 Dobras Cutâneas

A realização do método de dobras cutâneas foi feita no período da manhã e

tarde. Sendo que todas as voluntárias foram devidamente orientadas quanto à

realização deste método. Em cada voluntária foi avaliada 9 dobras sendo elas: Axilar

média, peitoral, subscapular, bicciptal, tricciptal, supra-íliaca, abdominal, femural e

poplítea. Para realização do método foi utilizado o adipômetro da marca Sanny. Todas

as medidas foram realizadas no lado direito do corpo. Foi utilizado um lápis

demartográfico para marcar o local apropriado da medida. O pinçamento da dobra

cutânea foi feito com a mão esquerda e com os dedos polegar e indicador cerca de 1

cm acima do local marcado da medida. As hastes do compasso foram posicionadas de

tal forma que ficassem perpendiculares à dobra, aproximadamente 1 cm abaixo do

local pinçado. Manteve-se a dobra pressionada enquanto à medida foi realizada. A

leitura no compasso foi feita dentro de um tempo de aproximadamente 3 segundos

após a pressão ter sido aplicada na dobra, posteriormente a pressão é retirada, a

dobra desfeita e as hastes removidas do local. Foram realizadas duas medidas para

cada dobra.

3.3 Análise Estatística

Os dados foram armazenados num banco de dados e posteriormente

submetidos a procedimentos de análise estatística através do Software Sigma Stat.

Para a comparação das variáveis foi utilizado o teste t Student.

Todas as discussões no presente trabalho foram realizadas no nível de 5% de

significância.

4. RESULTADOS

4.1 Descrição da Amostra

Este estudo contou com a participação de 68 jovens voluntárias do gênero

feminino, que apresentavam diferentes níveis de IMC. Estas foram divididas em 4

Page 176: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

grupos distintos: (1-IMC) Grupo de IMC menor que 19 kg/m2– Baixo Peso; (2-IMC)

Grupo IMC entre 19 a 25kg/m2 – Normais; (1-%G) Grupo de porcentagem menor que

26%- Normais; (2-%G) Grupo de porcentagem entre 26 até 30 - Sobrepesos. Esta

divisão foi realizada a partir da análise da composição corporal feita pelas medidas

antropométricas.

4.2 Dados antropométricos e hemodinâmicos

Foram analisados os dados antropométricos e hemodinâmicos da população

com os valores de IMC referentes à menor que 19 até 25 kg/m2, e a porcentagem de

gordura com os valores entre menor que 26 até 30 %.

A tabela 1 nos informa a respeito dos dados antropométricos e hemodinâmicos

da população estudada.

Observa-se que embora o grupo 1 esteja com um IMC classificado como baixo

peso, já existe uma quantidade considerável de tecido adiposo na região abdominal

visceral, e a relação cintura quadril já está próxima do valor para baixo risco de doença

cardiovascular. O grupo 2 apesar de classificado como normal pelo IMC, apresenta

uma maior quantidade de gordura em região pélvica, e a relação cintura quadril já é

classificada como risco moderado para desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Tabela 1: Dados antropométricos e hemodinâmicos da população com índice de massa

corporal classificados como baixo peso e normal

GRUPO 1-IMC GRUPO 2-IMC P

IMC 17,845±0,834 22,011±1,733 0,001

IDADE 19,778± 1,394 20,526 ± 2,729 0,513

ALTURA 1,647 ± 0,0646 1,613 ± 0,0594

PESO 48,422 ± 4,020 57,309 ± 6,015

PAS 101,925 ± 9,187 102,349 ± 11,560 0,914

PAD 70,295 ± 6,806 68,349 ± 7,931 0,501

CINTURA 61,622 ± 4,734 70,355 ± 5,647 0,001

QUADRIL 88,00 ± 3,041 92,692±5,813

C\Q 0,680 ± 0,0525 0,756±0,0480

Page 177: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Grupo I – Baixo Peso, Grupo II – Normais, PAS – Pressão Arterial Sistólica, PAD – Pressão Arterial

Diastólica, C/Q – Relação cintura/quadril

Na tabela 2 encontramos os dados antropométricos da população com IMC

referente à menor que 19 até 25 kg.m-2, obtidos por meio do método avaliativo de

Dobras Cutâneas. Observa-se que no grupo classificado como baixo peso, a média da

gordura total é de 23,515 com desvio padrão de 3,62. Este grupo apesar de classificado

como baixo peso pelo IMC, quando submetido ao método de DOC, observamos que a

quantidade de gordura é classificada normal. Já no grupo contendo valores de IMC

dentro da normalidade, a média da gordura total é de 30, 203, valor considerado

acima da normalidade, classificando este grupo como sobrepeso. O desvio padrão é

de 5,27.

Tabela 2: Dados antropométricos da população com índice de massa corporal classificados

como baixo peso e normal.

Grupo I – Baixo Peso, Grupo II – Normais

A tabela 3 contém dados antropométricos e hemodinâmicos de dois grupos

com percentual de gordura variando de menor que 26 e de 26 a 30%. Observa-se que

apesar de estar com o IMC baixo, o grupo A apresenta uma porcentagem de gordura

referente a 23%, valor considerado normal. Já o valor da relação cintura-quadril está

GRUPO 1-IMC GRUPO 2-IMC

Peitoral 9,383±2,16 14,043±5,00

Subescapular 14,928±8,76 19,011±6,71

Axilar média 10,961±2,52 17,221±5,67

Supra ilíaca 13,711±5,12 24,262±10,25

Abdominal 21,278±4,19 28,503±6,95

Tríceps 13,061±6,24 18,720±5,63

Bíceps 7,928±4,01 13,974±6,60

Coxa 19,072±4,79 29,663±8,30

Panturrilha 14,517±6,26 19,925±7,38

Gordura total 23,515±3,62 30,203±5,27

Page 178: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

dentro da faixa de risco moderado para desenvolver doenças relacionadas à

obesidade.

Tabela 3: Dados antropométricos e hemodinâmicos da população com percentual de gordura

até 26 e de 26 a 30%.

Grupo I- Percentual de até 26%, Grupo II- Percentual de 26 a 30%.

Na tabela 4 o grupo considerado abaixo do peso pelo IMC apresenta um valor

de porcentagem de gordura classificada como normal. Já o grupo 2, que é considerado

normopeso pelo IMC, apresenta uma porcentagem de gordura acima da média

normal, tornando este grupo suscetível a doenças relacionadas com a obesidade.

Tabela 4: Dados antropométricos da população com percentual de gordura até 26 e de 26 a

30%.

GRUPO 1-%G GRUPO 2-%G P<0,005

GORDURA 23,05 ± 2,86 28,31±1,72 0,001

IMC 19,64±2,00 22,47±4,55 0,079

IDADE 19,81±3,06 20,05±1,63

ALTURA 1,61±0,06 1,63±0,05

PESO 51,31±4,71 59,86±13,00

PAS 98,51±13,66 102,05±9,56 0,322

PAD 65,09±9,93 69,60±5,16 0,092

CINTURA 63,71±4,75 69,97±6,39

QUADRIL 88,56±4,79 93,33±7,29

C\Q 0,71±0,05 0,74±0,07

GRUPO 1-%G GRUPO 2-%G

Peitoral 8,93±3,26 13,09±3,03

Subescapular 12,64±3,02 17,95±6,70

Axilar média 11,87±2,82 14,59±3,56

Supra ilíaca 14,86±4,35 18,73±5,16

Abdominal 21,16±3,56 26,57±4,29

Tríceps 13,72±4,56 17,75±4,69

Bíceps 10,80±9,33 12,20±4,48

Coxa 19,68±4,86 27,56±7,71

Panturrilha 16,54±7,53 20,33±6,64

GORDURA 23,05 ± 2,86 28,31±1,72

Page 179: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Grupo I- Percentual de até 26%, Grupo II- Percentual de 26 a 30%.

4.3 Respostas da variabilidade de frequência cardíaca

Nesta análise procuramos quantificar os diferentes componentes de frequência

cardíaca referente tanto ao IMC com os valores entre <18,9 e > 19,2, quanto à

porcentagem de gordura com os valores entre < 26 até 30 %. Analisamos no estudo a

variabilidade da frequência cardíaca de duas bandas de frequência classificadas como

espectro de baixa frequência entre 0,04 a 0,15 Hz (low frequency-LF),espectro de alta

frequência entre 0,15 e 0,40 Hz (high frequency-HF) e a relação LF/HF das voluntárias

avaliadas para classificação da variabilidade da frequência cardíaca.

A Tabela 5 apresenta, respectivamente, os valores dos dois grupos quando em

repouso (supino) e quando em pé. Percebemos que na população do grupo 1 com o

IMC até 19kg/m2, não houve diferença no balanço entre atuação das bandas LF

(Simpático) E HF (Parassimpático) de ambos os grupos durante o repouso, sendo a

amostra diferente em 18%. Porém observa-se que o grupo 2 , com um IMC de 19 a 25

kg/m2 tem a tendência a uma maior ação da banda LF em repouso do que o grupo 1. Já

o grupo 1, tem a tendência de uma maior ação da banda HF do que o grupo 2, durante

o repouso. Durante a posição de ortostatismo observa-se que não houve diferença

significativa no balanço entre atuação das bandas LF E HF em ambos os grupos.

Tabela 5: Comparação da Atuação Simpática e parassimpática nos grupos classificados baixo

peso e normal pelo Índice de Massa Corporal durante o repouso e em ortostatismo

DEITADO Grupo 1-IMC Grupo 2-IMC P<0,005

LF\HF 0,917±0,366 1,303±0,669 0,181

LF 36,667±7,40 40,890±11,23 0,385

HF 43,40±12,52 38,58±15,01 0,468

EM PÉ

LF\HF 4,23±2,22 4,60±2,78 0,76

LF 52,20±8,19 54,14±10,91 0,68

Page 180: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Na tabela 6, referente à população com percentual de gordura entre menor

que 26 até 30%, observa-se que durante o repouso, o grupo 2 (% G entre 26 a 30) sofre

uma ação maior da banda LF, quando comparado ao grupo 1 (%G de <26). Já na

posição em pé não houve diferença estatística com relação ao LF.

Tabela 6: Dados variabilidade da frequência cardíaca com individuo deitado e em pé. Em uma

população classificada como normal e sobrepeso pelo percentual de gordura.

DEITADO Grupo 1-%G Grupo 2-%G P<0,005

LF\HF 1,19±0,62 1,56±0,62 0,18

LF 36,70±8,03 47,98±10,56 0,12

HF 37,30±15,11 34,11±9,59 0,58

EM PÉ

LF\HF 5,40±2,35 5,43±4,08 0,97

LF 52,70±9,55 52,70±10.84 1.00

HF 11,70±5,75 13,58±7,38 0,53

Grupo 1 - Até 26%, Grupo 2 – De 26 a 30 %

5. DISCUSSÃO

A amostra formada apenas pelo gênero feminino justificou-se ao fato de que as

mulheres têm maior prevalência no curso de fisioterapia da Instituição onde foi

realizado o estudo.

As voluntárias deste estudo possuíam variados níveis de IMC. Embora o IMC

seja um índice de fácil aplicação em estudos populacionais, o mesmo não se mostra

tão fidedigno quanto aos riscos cardiovasculares, em virtude da superestimação, ou

subestimação da quantidade real de gordura corporal(43). Visto que este índice não nos

revela uma distinção entre massa magra e gorda, bem como sua distribuição corporal.

HF 14,90±6,50 15,51±8,45 0,86

Baixo Peso: Grupo 1; Normais: Grupo 2

Page 181: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Já o método de antropometria pelas Dobras Cutâneas além de possuir baixo

custo operacional, é de aplicabilidade em vários grupos. Não é um método invasivo,

proporcionando rapidez, facilidade e certa fidedignidade na aquisição das medidas,

objetivando predizer a gordura corporal relativa e a massa gorda através de equações

de regressão. Com a realização deste método, foi observado que as médias do

percentual de gordura da população de baixo peso, estão dentro da média de

normalidade, pelo percentual de gordura. Já a população com um IMC que varia de 19

a 25, considerados dentro da normalidade, possuem um percentual de gordura de

28%, valor considerado acima da média normal, representando um risco à saúde e

mostrando que é necessária uma avaliação mais minuciosa do indivíduo, mesmo

daquele que não é considerado obeso pela abordagem inicial do IMC.

A RCQ é um dos indicadores mais utilizados na aferição da distribuição

centralizada do tecido adiposo em avaliações individuais e coletivas(44). Trata-se de

uma ferramenta paralela rápida, fácil e muito eficiente para identificar pessoas com

risco de saúde elevado devido à gordura abdominal(45). A média da relação

cintura/quadril do grupo referente ao IMC baixo peso, apresenta baixo risco para

doenças relacionadas a obesidade. Já os grupos com um IMC relativamente normal,

apresenta risco cardiovascular moderado. O grupo classificado normal pelo

percentual de gordura encontra-se em faixa moderada de risco relacionada à saúde.

Os fatores genéticos desempenham papel importante na determinação da

suscetibilidade do indivíduo para o ganho de peso, porém são os fatores ambientais e

de estilo de vida, tais como hábitos alimentares inadequados e sedentarismo, que

geralmente levam a um balanço energético positivo, favorecendo o surgimento da

obesidade(46).

Na análise da pressão arterial podemos observar que a média dos valores

foram normais de acordo com o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, sendo

que a pressão arterial no grupo com IMC normal foi maior do que no grupo IMC baixo

peso, e a pressão arterial do grupo obeso pelo percentual, foi maior que no grupo

normal pela porcentagem. Evidências cientificas confirmam a relação entre sobrepeso

e a deposição de gordura abdominal com o aumento na pressão arterial(1).

Page 182: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

A FC é um dos sinais mais eficazes e óbvios da presença de vida num

organismo. As oscilações constantes da FC têm implicações importantes na orientação

diagnóstica e terapêutica do paciente(47).

Avanços na bioengenharia e no processamento de sinais biológicos têm

permitido inúmeras possibilidades de novos procedimentos terapêuticos não

invasivos, bem como aumento da capacidade de diagnóstico, especialmente na área

cardiovascular e é reconhecida a importância da informação dos mecanismos de

regulação contida nos sinais biológicos e a necessidade de uma análise mais fina e

precisa desses sinais. A análise da variabilidade da frequência cardíaca realizada por

computador trouxe possibilidades reais de observação e compreensão dos

mecanismos extrínsecos do controle do ritmo cardíaco em situações fisiológicas e

patológicas. Portanto, uma das mais acessíveis e confiáveis fontes de informação sobre

os efeitos do SNA sobre o sistema cardiovascular é a VFC. A variação batimento a

batimento, obtida pelo intervalo RR do ECG, pode ser analisada em função das

frequências que compõe essa variabilidade(33).

Neste estudo, o exame do ECG foi realizado com o aparelho Nexus-10 e

procuramos quantificar os diferentes componentes de frequência cardíaca.

Analisamos no estudo a variabilidade da frequência cardíaca de duas bandas de

frequências classificadas como espectro de baixa frequência entre 0,04 a 0,15 Hz (low

frequency - LF), espectro de alta frequência entre 0,15 e 0,40 Hz (high frequency - HF) e

a relação LF/HF das voluntárias avaliadas para classificação da variabilidade da

frequência cardíaca.

É importante ressaltar que a magnitude dos componentes do espectro de

potência reflete a modulação autonômica (maior diferença entre ativação e inibição

fisiológica) e não o grau de atividade tônica do sistema nervoso autônomo (média da

atividade flutuante que existe entre a ativação e inibição). Por exemplo, uma

diminuição da densidade do componente de alta frequência, que ocorre durante a

mudança da posição de decúbito dorsal para a ortostática, significa diminuição da

modulação parassimpática com diminuição concomitante da atividade tônica vagal(48).

Em indivíduos saudáveis, a estimulação dos nervos parassimpáticos está associada

com a redução da FC e maior variabilidade da frequência cardíaca, enquanto que a do

simpático contribui para o seu aumento associado à diminuição de sua variabilidade(31,

Page 183: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

32).

Para testar a hipótese de que a variação da FC pode prognosticar a sobrevida a

longo prazo após Infarto agudo do Miocárdio, analisaram o ECG de 24 horas (Holter)

de pacientes que sobreviveram ao IAM. Eles observaram que de todas as variáveis

medidas pelo Holter, a variação da FC foi a que apresentou maior índice de correlação

com a mortalidade. Uma hipótese para explicar esse achado é que a diminuição da VFC

está relacionada, ou ao aumento do tônus simpático ou à diminuição do tônus vagal,

os quais podem predispor o coração à fibrilação ventricular(26).

Em um estudo realizado em adolescentes e adultos jovens sadios durante os

testes de inclinação, foi observado importante elevação dos componentes de baixa

frequência e discreto decréscimo nos componentes de frequência mais alta. Esses

dados sugeriram que o aumento da FC observado com a inclinação é mediado tanto

para a retirada da influência vagal como pelo aumento da atividade simpática(27).

Este estudo também demonstrou, que durante a posição supina nos indivíduos

com baixo peso pelo IMC, ocorre elevação do componente HF, porém, quando

adotada a posição em pé ocorre um aumento no componente LF, efeito fisiológico.

Na população com IMC normal, ocorreram maiores valores do componente LF

tanto na posição supino como na posição em pé.

Já nos indivíduos classificados obesos pela porcentagem de gordura, ocorreu

uma elevação do componente LF em repouso. Diferente da população classificada

normal pela porcentagem, onde há certa predominância do componente HF em

repouso. Observa-se que quanto maior for a proporção de gordura, maior será a

tendência a uma influência simpática em um individuo, independente da posição

adotada. Já que no repouso, existe atuação tanto do ramo simpático como do

parassimpático(47).

O achado da média baixa da banda LF no grupo de alto percentil de gordura,

entraria em concordância quando estudos afirmam que o tônus simpático está

aumentado em órgãos-chave na obesidade, incluindo rim, músculo esquelético e vasos

periférico, porém evidências para o aumento do tônus simpático para o coração em

humanos são menos fortes, especialmente nos obesos normotensos(29).

Page 184: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

6. CONCLUSÃO

Com os resultados desse trabalho foi concluído que: O método de análise da

composição corporal, através das dobras cutâneas foi capaz de identificar indivíduos

“obesos” que foram considerados como normais de acordo com a classificação de

índice de massa corpórea.

O índice de variabilidade de frequência cardíaca LF basal (em supino) têm

tendência a ser maior no grupo das voluntárias com percentil de gordura de 26 a 30%.

Não há diferença estatística do índice de variabilidade de frequência cardíaca

analisados pelo IMC entre baixo peso e eutróficos e pela porcentagem de gordura

entre normais e sobrespeso em jovens.

Agradecimentos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico - CNPq

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Carneiro G, Faria AN, Ribeiro FF, Guimarães A, Lerário D, Ferreira SRG, et al.

Influência da distribuição da gordura corporal sobre a prevalência de hipertensão

arterial e outros fatores de risco cardiovascular em indivíduos obesos. Rev Assoc Med

Bras(1992)2003;49(3):306-11.

2. Mariath AB, Grillo LP, Silva RO, Schmitz P, Campos IC, Medina JRP, et al.

Obesidade e fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não

transmissíveis entre usuários de unidade de alimentação e nutrição. Cad saúde

pública2007;23(4):897-905.

3. Gunnell DJ, Frankel SJ, Nanchahal K, Peters TJ, Smith GD. Childhood obesity and

adult cardiovascular mortality: a 57-y follow-up study based on the Boyd Orr cohort.

The American journal of clinical nutrition1998;67(6):1111-8.

Page 185: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4. Almeida FA, Yoshizumi AM, Mota AC, Fernandes AP, Gushi AC, Nakamoto AY.

Distribuição dos valores pressóricos e prevalência de hipertensão arterial em jovens de

escolas do ensino médio em Sorocaba, SP. J Bras Nefrol2003;25(4):179-86.

5. Halpern A, Mancini MC. O tratamento da obesidade no paciente portador de

hipertensão arterial. Rev Bras Hipertens2000;7(2):166-71.

6. Guyton AC, John EH. Tratado de fisiología médica. Guanabara Koogan, Rio de

Janeiro; 1997.

7. Roque JMA. Variabilidade da frequência cardíaca. 2009.

8. Consultation W. Obesity: preventing and managing the global epidemic. World

Health Organization technical report series2000(894).

9. Silva GR, Cruz NR, Coelho EJB. Perfil nutricional, consumo alimentar e

prevalência de sintomas de anorexia e bulimia nervosa em adolescentes de uma escola

da rede pública no município de Ipatinga, MG. Revista Digital de Nutrição2008;2(3).

10. Pitanga FJG, Lessa I. Indicadores antropométricos de obesidade como

instrumento de triagem para risco coronariano elevado em adultos na cidade de

Salvador-Bahia. Arq Bras Cardiol2005;85(1):26-31.

11. Heyward VH, Stolarczyk LM. Avaliação da composição corporal aplicada.2000.

12. Alves E, Vasconcelos FAG, Calvo MCM, Neves J. Prevalência de sintomas de

anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo

feminino do Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cad saúde

pública2008;24(3):503-12.

13. Neto ANM, Oliveira RF, dos Santos AM, da Silva ACC, Souza NR, Cardoso JP.

Obesidade, envelhecimento e risco cardiovascular no Brasil: possíveis soluções para

problemas atuais. Revista Saúde Com;4.

Page 186: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

14. Gigante DP, Moura E, Sardinha LMV. Prevalência de excesso de peso e

obesidade e fatores associados. Revista Saúde Pública2009;43(S2):83-9.

15. Seidell JC, Flegal KM. Assessing obesity: classification and epidemiology. British

medical bulletin1997;53(2):238-52.

16. Araújo TF, Guimarães DF, Ferreira FR, Melo Luz JC, Spini VBMG. Leptina e o

controle neuroendócrino do peso corporal.

17. Romero CEM, Zanesco A. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da

obesidade. Revista de Nutrição2006;19(1):85-91.

18. Galvão R, Kohlmann OJ. Hipertensão arterial no paciente obeso. Rev Bras

Hipertens2002;9(3):262-7.

19. Glaner MF. Índice de massa corporal como indicativo da gordura corporal

comparado às dobras cutâneas. Rev Bras Med Esporte2005;11(4):243-6.

20. Kamimura MA, Draibe SA, Sigulem DM, Cuppari L. Métodos de avaliação da

composição corporal em pacientes submetidos à hemodiálise. Revista de

nutrição2004;17(1):97-105.

21. Alonso DO, Forjaz CLM, Rezende LO, Braga AMFW, Barretto ACP, Negräo CE, et

al. Comportamento da frequência cardíaca e da sua variabilidade durante as diferentes

fases do exercício físico progressivo máximo. Arquivo brasileiro de

cardiologia1998;71(6):787-92.

22. Foss ML, Keteyian SJ, Taranto G. Fox: bases fisiológicas do exercício e do

esporte: Guanabara Koogan; 2000.

23. Paschoal MA. Variabilidade da freqüência cardíaca em diferentes faixas etárias.

Revista Brasileira de Fisioterapia2006;10(4).

Page 187: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

24. Carvalho JLA, Rocha AF, Oliveira FA, Nascimento JSN, Junqueira Jr LF.

Desenvolvimento de um sistema para análise da variabilidade da frequência cardíaca.

2002.

25. Force T. Heart rate variability: standards of measurement, physiological

interpretation and clinical use. Task Force of the European Society of Cardiology and

the North American Society of Pacing and Electrophysiology.

Circulation1996;93(5):1043-65.

26. Reis AF, Bastos BG, Mesquita E, Martins LJ, Nóbrega ACL. Disfunção

parassimpática, variabilidade da frequência cardíaca e estimulação colinérgica após

infarto agudo do miocárdico. Arquivos brasileiros de cardiologia1998;70(3):193-9.

27. Acharya UR, Kannathal N, Sing OW, Ping LY, Chua T. Heart rate analysis in

normal subjects of various age groups. Biomed Eng Online2004;3(1):24-30.

28. Malliani A, Pagani M, Lombardi F, Cerutti S. Cardiovascular neural regulation

explored in the frequency domain. Circulation1991;84(2):482-92.

29. Esler M, Rumantir M, Kaye D, Lambert G. The sympathetic neurobiology of

essential hypertension: disparate influences of obesity. American journal of

hypertension2001;14:139S-46S.

30. Snitker S, Macdonald I, Ravussin E, Astrup A. The sympathetic nervous system

and obesity: role in aetiology and treatment. obesity reviews2001;1(1):5-15.

31. Pollare T, Lithell H, Selinus I, Berne C. Application of prazosin is associated with

an increase of insulin sensitivity in obese patients with hypertension.

Diabetologia1988;31(7):415-20.

Page 188: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

32. Rocchini AP, Mao HZ, Babu K, Marker P, Rocchini AJ. Clonidine prevents insulin

resistance and hypertension in obese dogs. Hypertension1999;33(1):548-53.

33. Sowers JR, Nyby M, Stern N, Beck F, Baron S, Catania R, et al. Blood pressure

and hormone changes associated with weight reduction in the obese.

Hypertension1982;4(5):686-91.

34. Quilliot D, Fluckiger L, Zannad F, Drouin P, Ziegler O. Impaired autonomic

control of heart rate and blood pressure in obesity: role of age and of insulin-

resistance. Clinical Autonomic Research2001;11(2):79-86.

35. Mancini MC. Obstáculos diagnósticos e desafios terapêuticos no paciente

obeso. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia2001;45(6):584-608.

36. Barroso SG, Abreu VG, Francischetti EA. A participação do tecido adiposo

visceral na gênese da hipertensão e doença cardiovascular aterogênica: um conceito

emergente. Arquivos brasileiros de cardiologia2002;78(6):618-30.

37. Hermsdorff HHM, Vieira MAQM, Monteiro JBR. Leptina e sua influência na

patofisiologia de distúrbios alimentares. Rev nutr2006;19(3):369-79.

38. Jones PP, Snitker S, Skinner JS, Ravussin E. Gender differences in muscle

sympathetic nerve activity: effect of body fat distribution. American Journal of

Physiology-Endocrinology And Metabolism1996;270(2):E363-E6.

39. Emdin M, Gastaldelli A, Muscelli E, Macerata A, Natali A, Camastra S, et al.

Hyperinsulinemia and autonomic nervous system dysfunction in obesity: effects of

weight loss. Circulation2001;103(4):513-9.

40. Rezende FAC, LEFPL R, Ribeiro RCL, Vidigal FC, Vasques ACJ, Bonard IS, et al.

Índice de massa corporal e circunferência abdominal: associação com fatores de risco

cardiovascular. Arq Bras Cardiol2006;87(6):728-34.

Page 189: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

41. Anjos LA, Veiga GV, Castro IRR. Distribuiçãoo dos valores do índice de massa

corporal da população brasileira. Revista Salud Publica1998;3:3.

42. Björntorp P. Body fat distribution, insulin resistance, and metabolic diseases.

Nutrition (Burbank, Los Angeles County, Calif)1997;13(9):795.

43. Jamerson KA, Julius S, Gudbrandsson T, Andersson O, Brant DO. Reflex

sympathetic activation induces acute insulin resistance in the human forearm.

Hypertension1993;21(5):618-23.

44. LERARIO DDG, GIMENO SG, FRANCO LJ, IUNES M, FERREIRA SRG. Excesso de

peso e gordura abdominal para a síndrome metabólica em nipo-brasileiros. Revista de

Saúde Pública2002;36(1):4-11.

45. Pitanga FJG. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes.:

Phorte; 2008.

46. Carroll JF, Huang M, Hester RL, Cockrell K, Mizelle L. Hemodynamic alterations

in hypertensive obese rabbits. Hypertension1995;26(3):465-70.

47. Cole CR, Blackstone EH, Pashkow FJ, Snader CE, Lauer MS. Heart-rate recovery

immediately after exercise as a predictor of mortality. New England Journal of

Medicine1999;341(18):1351-7.

48. Reis AF, Bastos BG, Mesquita ET, Martins LJ, Nobrega ACL. Disfunção

Parassimpática, Variabilidade da Freqüência Cardíaca e Estimulação Colinérgica após

Infarto Agudo do Miocárdico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia1998;70(3):193-9.

Page 190: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

MODULAÇÃO AUTONÔMICA, DOR, E ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO NAS

CERVICALGIAS CRÔNICAS

Orientador: Marcelo Custódio Rubira Bolsista: Vanderlei Paula Nascimento

RESUMO

A cervicalgia crônica é uma síndrome caracterizada por dor e rigidez transitória na

região cervical, que pode alterar a tividade eletromiográfica da musculatura do

trapézio. O conhecimento de que as flutuações da freqüência cardíaca refletem a

interação do sistema nervoso simpático e parassimpático possibilita o estudo do

sistema nervoso autônomo a partir do estudo da variabilidade da freqüência cardíaca

(VFC). Objetivo: avaliar a modulação autonômica através da variabilidade da

freqüência cardíaca, dor, e atividade eletromiográfica em portadoras de cervicalgia

crônica. Metodologia: Foram incluídos nesse estudo 15 voluntárias entre 18 e 40 anos

com cervicalgia crônica, e grupo controle com voluntárias sem qualquer tipo de dor

para análise comparativa do sinal eletromiográfico. O examinador aplicou questionário

e mapa de dor para triagem das voluntárias, bem como todas foram submetidas ao

exame físico (Simons e Travell, 1999) para diagnóstico fisioterapêutico, em seguida foi

realizado o exame eletromiográfico para detectar alteração da função muscular,

eletrocardiograma para verificar VFC. A dor espontânea foi registrada na escala

analógica visual. Resultados: O grupo apresentou-se com dor moderada. A atividade

eletromiográfica foi estatisticamente significante quando comparou-se os músculos do

lado direito com o esquerdo. Quanto a modulação autonômica, não podemos inferir se

há alteração na variabilidade da frequência cardíaca. Conclusão: Portadoras de

cervicalgia crônica apresentaram atividade eletromiográfica alterada na dor, mas não

apresentaram alteração na modulação autonômica cardíaca.

Palavras-chave: Dor; Sistema Nervoso Autônomo; Eletromiografia; Cervicalgia.

Page 191: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

1 INTRODUÇÃO

O sintoma de cervicalgia tensional foi escolhido por fazer parte do perfil da

população, uma vez que acomete um grande número de indivíduos. As dores cervicais

afetam 30% de homens e 43% de mulheres em algum momento de suas vidas, sendo

também uma queixa que afasta um grande número de trabalhadores de suas

atividades profissionais. Em geral, as mulheres relatam mais dor do que os homens e

exibem maior risco de desenvolver dor crônica (Mensah-Nyagan et al., 2009) e ter

atividade muscular alterada durante episódios de dor.

A Eletromiografia (EMG) é uma técnica que permite o registro dos sinais

elétricos gerados pela despolarização das membranas das células musculares. Esta

técnica possibilita o registro da atividade muscular durante o movimento, não

fornecendo informações sobre o torque produzido pelos músculos analisados. Desde

1940, a EMG tem sido amplamente utilizada para se compreender as funções e as

disfunções do sistema muscular durante o movimento humano (Ocariano et al., 2005).

Ainda, a dor tem um papel importante na manutenção da homeostasia e a

estabilidade fisiológica é mantida por uma variedade de mecanismos coordenados.

Embora o corpo possa se adaptar a muitas alterações externas e internas através de

mecanismos autonômicos (por exemplo, vasoconstrição para manter a temperatura

corporal), certamente as alterações da homeostasia devem ser influenciadas por

parâmetros fisiológicos (Appelhans e Lueken, 2008; Faith e Thayer, 2001; Posner et al,

2005)

O estudo teve como objetivo avaliar a modulação autonômica através da

variabilidade da freqüência cardíaca, dor, e atividade eletromiográfica em portadoras

de cervicalgia crônica.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CERVICALGIA CRÔNICA

Cervicalgia é uma síndrome caracterizada por dor e rigidez transitória na região

da coluna cervical, na maioria das vezes auto limitada. As cervicalgias acometem

Page 192: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

grande parte da população, visto que se trata de um grupo de doenças com aspectos

clínicos multifatoriais, envolvendo desde fatores de risco individuais, como

características físicas e psicossociais, até fatores relacionados com a ergonomia e

atividades laborativas. (Morais e Monteiro, 2007).

2.2 CERVICALGIA TENSIONAL

Dentre as cervicalgias encontradas, a cervicalgia tensional foi escolhida por

fazer parte do perfil da população, uma vez que acomete um grande número de

indivíduos, sendo também uma queixa que afasta um grande número de trabalhadores

de suas atividades profissionais. A cervicalgia pode ter várias origens, desde alterações

posturais, traumas mecânicos, retificações, compressões articulares, entre outras.

Entende-se que a cervicalgia conhecida como tensional não se trata de uma patologia

em si, senão um sintoma ou uma forma de manifestação do tipo síndromes

musculares dolorosas (Nohama e Silvério-Lopes, 2009).

As síndromes dolorosas são diversas, entre elas encontramos a síndrome

dolorosa miofacial (SDM) que pode ser definida como uma disfunção neuromuscular

local que apresenta regiões sensíveis em bandas musculares tensas, que geram dor

referida em áreas distantes ou adjacentes á região sensível que consiste na presença

de pontos de gatilho miofacial (Pgs) (Bigongiari, 2008). Simons e Travell (1999) definem

os Pgs sendo um ponto hiper-irritável palpável na musculatura associado a um nódulo

palpável hiper-sensível em uma banda tensa, sendo extremamente comuns e , em um

momento ou outro, tornam-se uma parte dolorosa da vida de quase todas as

pessoas.Os Pgs são classificados de acordo com seu grau de irritabilidade como

latentes e ativos. Os Pgs latentes freqüentemente causam disfunção motora (rigidez e

amplitude de movimento restrita) sem ocasionar dor, são bem mais comuns que os

Pgs ativos que, além de tudo, provocam dor.

A maioria dos estudos indica a necessidade urgente de orientação e de

programas de reeducação postural, com finalidade de diminuição dos custos gerados

pelas síndromes dolorosas cervicais. São inúmeros os sinais que têm como origem a

patologia cervical, podendo estes, muitas vezes, apresentarem–se de maneira

inespecífica, dificultando o diagnóstico preciso e ampliando o espectro do diagnóstico

diferencial (Morais e Monteiro, 2007).

Page 193: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

2.3 FREQUÊNCIA CARDÍACA E SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

Um dos sinais vitais do organismo é a Frequência Cardíaca (FC), o número de

sístoles por minuto de um coração normal. Este é um dos sinais mais eficazes e óbvios

da presença de vida num organismo e de importância fundamental na área médica,

sendo obrigatória a sua medida em qualquer exame físico. A FC é modulada segundo a

influência direta dos ramos simpático e parassimpático do sistema nervoso autônomo

(SNA), despolarizando o nodo sino-atrial (Imai, Sato et al., 1994). Essas oscilações

constantes da FC têm implicações importantes na orientação diagnóstica e terapêutica

do paciente (Cole, Blackstone et al., 1999).

O conhecimento de que as flutuações da FC, batimento a batimento, refletem a

interação do sistema nervoso simpático (SNS) e sistema nervoso parassimpático (SNP)

veio oferecer uma nova linha de estudo do SNA a partir do estudo da variabilidade da

freqüência cardíaca (VFC). A permanente influência exercida pelo SNA sobre o

funcionamento dos diversos órgãos, aparelhos e sistemas que compõem o organismo

humano é essencial para a preservação das condições do equilíbrio fisiológico interno,

permitindo que o mesmo exerça, adequadamente, sua interação com o meio

ambiente circundante. Qualquer fator que provoque tendência ao desequilíbrio

promove de pronto, respostas orgânicas automáticas e involuntárias que têm por

finalidade reverter o processo em andamento e restabelecer o equilíbrio funcional.

Essas respostas reguladoras recebem o nome de respostas autonômicas, pois são

efetuadas pelo SNA por meio de suas subdivisões anatomofuncionais – o SNS e o SNP,

e, praticamente, todos os órgãos são dotados desses dois ramos do SNA e são, dessa

forma, controlados em rede, para que todo o organismo trabalhe harmoniosamente e

para que os órgãos funcionem em sintonia (Carvalho, 2002).

O coração, apesar de ter sua inervação intrínseca e, portanto, ser capaz de

regular seu rítmo, promover a condução dos estímulos intracardíacos e ter

contratilidade, tem também todas essas funções amplamente moduladas pelo SNA

(Guyton e Hall, 2006). Assim, devido a sua importância, o coração deve participar, e

participa, sob a tutela do SNA, ativamente do processo homeostático orgânico, sendo

o SNA o responsável pela regulação do ritmo e da função de bombeamento cardíaco,

Page 194: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

adequando essas funções às necessidades metabólicas e teciduais, às quais estão

expostos os seres humanos em suas atividades da vida diária (Paschoal, 2006).

O conceito de que a variação da FC é modulada pelo SNA não é novo. As

variações encontradas nos parâmetros hemodinâmicos batimento a batimento

expressam a resposta fisiológica de uma série de comandos neuro-humorais na

tentativa de sustentar a função cardiovascular. Por exemplo, uma diminuição da

pressão arterial (PA), causada por vasodilatação periférica ou diminuição do volume

circulante, altera o disparo de fibras dos barorreceptores carotídeos, os quais

desinibem a ação simpática sobre o coração aumentando a FC. O estiramento de fibras

nervosas aferentes cardíacas e pulmonares, durante o ciclo cardíaco e respiratório,

respectivamente, alteram o intervalo entre as batidas do coração. Mecanismos

centrais corticais envolvendo emoções também participam do controle da FC. Esses

mecanismos de controle da FC estão presentes nas variações cíclicas da PA (reflexo

barorreceptor). Através de vias aferentes medulares e vagais, a informação atinge o

sistema nervoso central (núcleo trato solitário), é modulada e volta ao coração através

de fibras eferentes vagais rápidas e eferentes simpáticas lentas: o processo de

dissipação da norepinefrina liberada nas terminações simpáticas é mais lento que o da

dissipação da acetilcolina nas terminações vagais. A influência da respiração na

variabilidade da FC instantânea é complexa, porém, de uma maneira geral, pode-se

dizer que a FC aumenta durante a inspiração e diminui na expiração. Isso ocorre

principalmente por alteração da atividade vagal na freqüência de despolarização do nó

sinoatrial (arritmia respiratória sinusal), sendo tal fato observado mais

acentuadamente em crianças e animais jovens. Variações da FC também podem ser

ocasionadas por flutuações na resistência vascular periférica devidas a regulação do

fluxo sangüíneo regional, ou ainda causadas por hormônios como as catecolaminas

(Ribeiro, Brum et al., 1992).

Outro fator que influencia a variabilidade da freqüência cardíaca é a mudança

postural. Na condição de repouso, ambos os sistemas, simpático e parassimpático,

estão tonicamente ativos, com predominância dos efeitos da estimulação vagal.

Portanto, o estudo da VFC em repouso nas posições supina e sentada permite

identificar possíveis alterações do balanço simpato-vagal sobre o nodo sinusal

Page 195: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

(Malliani, Pagani, Lombardi, Furlan et al., 1991; Longo, Ferreira et al., 1995); Longo et

al., 1995 ;(Task, 1996).

A mudança postural, da posição supina para sentada, ativa ou passiva,

desencadeia ajustes rápidos no sistema cardiovascular em resposta ao desvio

hidrostático causado pelo deslocamento do sangue das extremidades superiores para

as inferiores, diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial, ativação dos

receptores arteriais e cardiopulmonares e integração das informações periféricas e

centrais (Acharya, Kannathal et al., 2004).

A modulação autonômica da FC é, em parte, responsável pela sua variabilidade.

Em indivíduos saudáveis, a estimulação dos nervos parassimpáticos está associada

com a redução da FC e maior variabilidade da freqüência cardíaca, enquanto que a do

simpático contribui para o seu aumento associado à diminuição de sua variabilidade

(Longo, Ferreira et al., 1995; Task, 1996).

Muitos debates foram traçados ao longo dos anos sobre a origem dos rítmos

apresentados pelos nervos autonômicos. Hipóteses de que estes rítmos seriam

causados por modulações aferentes de reflexos cardiovasculares, ou por oscilações

intrínsecas de neurônicos do sistema nervoso central, foram propostas por diversos

autores (Gebber, 1980). De modo semelhante, as oscilações encontradas em variáveis

cardiovasculares, como PA e FC poderiam ser causadas por oscilações da atividade

autonômica (Preiss e Polosa, 1974), poderiam ser a causa das oscilações em nervos

autonômicos (Appel, Berger et al., 1989), ou ambas influências poderiam estar

interagindo (Malliani, Pagani, Lombardi e Cerutti, 1991).

Nos dias atuais, está bem estabelecido que em indivíduos normais, em

repouso, a análise espectral mostra, claramente, três ritmos básicos de oscilações da

PA e do intervalo cardíaco. Mais especificamente: um ritmo de muito baixa freqüência

(< 0,03 Hz), um rítmo identificado como de baixa freqüência (0,03 a 0,15 Hz) e um

rítmo de alta freqüência (0,15 a 0,35 Hz) (Malliani, Pagani, Lombardi e Cerutti, 1991;

Task, 1996).

2.4 ATIVIDADE DO FUSO MUSCULAR E VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA

Estudos em animais de laboratório evidenciaram que a contração do músculo

esquelético ativa pequenas fibras nervosas aferentes segundo (Kniffki, Mense et al.,

Page 196: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

1978); (Kaufman, Longhurst et al., 1983), (Kaufman e Rybicki, 1987) e que,

reflexamente, aumentam a freqüência cardíaca (FC) e a pressão sangüínea (PS) (Coote,

Hilton et al., 1971), (Mccloskey e Mitchell, 1972). Mecanismos similares mostram-se

também presentes em humanos, uma vez que a contração isométrica eletricamente

induzida do tríceps sural ((Bull, Davies et al., 1989) ou de flexores de braços ((Al-Ani,

Robins et al., 1997) produz o aumento da FC e da PS semelhantes àqueles induzidos

por contrações similares voluntariamente provocadas. Entretanto, há características

da taquicardia bem diferentes da resposta pressórica que foram claramente

demonstradas no estudo de (Bull, Davies et al., 1989). Neste estudo demonstrou-se

que, no fim de uma contração isométrica involuntária com circulação fechada (do

inglês PECO, pos-exercise circulatory occlusion, oclusão circulatória pós-exercícios), a

FC rapidamente retornou à linha de base enquanto a PS permaneceu elevada. Isso

alimenta a idéia de que diferentes fibras nervosas aferentes são responsáveis pelas

mudanças da FC ou da PS.

Dois tipos de fibras nervosas musculares aferentes mostraram influenciar nas

mudanças cardiovasculares: Grupo III fibras aferentes mecanicamente sensíveis e o

Grupo IV fibras nervosas metabolicamente sensíveis (Coote e Bothams, 2001). Os

metaboreceptores são os que mais contribuem com o restante da resposta pressórica

durante o PECO quando já não há mais nenhum estímulo mecânico (Carrington e

White, 2001; Carrington, Ubolsakka et al., 2003); (Fisher e White, 2004). Durante

contrações involuntárias dos músculos, quando não há um comando central, a

taquicardia, que cai rapidamente no fim das contrações, é a principal conseqüência da

estimulação das fibras nervosas mecanicamente sensíveis.

Recentemente, desenvolveu-se um experimento em humanos que foi

seletivamente testado no que tange à influência dos mecanorreceptores das pequenas

fibras musculares e tal experimento consistia em um alongamento passivo do tríceps

sural. O resultado mostrou que o alongamento deste músculo induz a rápido aumento

na FC sem alterar significantemente a PS (Gladwell e Coote, 2002). Devido à

diminuição da variação da FC durante o alongamento do músculo, postula-se que a

ativação do mecanorreceptor do músculo do Grupo III produz os aumentos da FC

devido à inibição do tônus vagal cardíaco. No presente estudo, adiante, foi testado isso

examinando o efeito do alongamento de músculos durante os períodos em que o

Page 197: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

tônus vagal cardíaco estava reduzido ou por exercícios voluntários suaves, ou por

efeito farmacológico, ou ainda pela alteração da entrada do barorreceptor carotídeo

(Gladwell, Fletcher et al., 2005).

2.5 ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE

A Eletromiografia (EMG) é uma técnica que permite o registro dos sinais

elétricos gerados pela despolarização das membranas das células musculares. Esta

técnica possibilita o registro da atividade muscular durante o movimento, não

fornecendo informações sobre o torque produzido pelos músculos analisados. Desde

1940, a EMG tem sido amplamente utilizada para se compreender as funções e as

disfunções do sistema muscular durante o movimento humano (Ocariano et al., 2005).

A técnica da EMG está baseada no fenômeno do acoplamento eletromecânico

do músculo. Sinais elétricos gerados no músculo eventualmente conduzem ao

fenômeno da contração muscular, potenciais de ação simples ou em salva atravessam

a membrana muscular (sarcolema), e essas diferenças de potencial viajam

profundamente dentro das células musculares através dos túbulos t. Os túbulos t são

invaginações da membrana muscular dentro das células musculares. Tais invaginações

são numerosas e ocorrem na junção das bandas claras e escuras das miofibrilas e as

circundam como um anel no dedo. Estes anéis estão interconectados com os anéis das

miofibrilas vizinhas formando um extensivo sistema de túbulos. Tal organização

permite que o potencial elétrico viaje até as mais profundas partes do músculo quase

que instantaneamente. Estes potenciais de ação são o gatilho que libera íons de cálcio

do retículo sarcoplasmático para dentro do citoplasma muscular. Íons de cálcio são os

responsáveis pela facilitação da contração muscular que se manifesta pela

movimentação dos membros do corpo e a geração de força. (Rodriguez-Añez, 2000).

A EMG é um método eficaz para identificar os PGs e no auxílio do diagnóstico

das síndromes dolorosas (Bigongiari et al., 2008). De acordo com Simons e Travell

(1999), os Pgs causam distorção ou rompimento da função muscular normal.

Funcinalmente, o músculo com Pg evidencia um problema triplo: ele apresenta

resposta aumentada, relaxamento retardado e fadiga aumentada, que juntos

Page 198: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

aumentam a sobrecarga de e reduzem a tolerância ao trabalho. Além disso, o Pg pode

produzir espasmo referido e inibição referida em outros músculos.

Com o surgimento recente da análise computadorizada da amplitude da EMG,

alguns investigadores pioneiros relataram os efeitos dos Pgs sobre a atividade

muscular. A compreensão de conceitos relevantes da EMG é essencial para se obter o

máximo de confiabilidade na sua utilização em pesquisa e para se alcançar o máximo

de vantagens deste instrumento na prática clínica. (Ocariano et al, 2005).

3. PROPOSIÇÃO

3.1 OBJETIVOS GERAIS

O estudo teve como objetivo avaliar a modulação autonômica através da

variabilidade da freqüência cardíaca, dor, e atividade eletromiográfica em portadoras

de cervicalgia crônica.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a dor em portadores de cervicalgia crônica;

Avaliar a variabilidade da frequência cardíaca;

Avaliar a atividade eletromiográfica do músculo trapézio com o grupo controle.

4 CASUÍSTICA E MÉTODO

4.1 CASUÍSTICA

Este estudo foi submetido a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade São Lucas (FSL)- Porto Velho- RO.

As voluntárias foram selecionadas nas dependências da FSL e na população em

geral; foram informadas sobre o objetivo deste estudo, e aquelas que concordaram

em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo

com a resolução 196/96.

Page 199: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.1.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídas neste estudo 15 voluntárias, faixa etária entre 18 e 40 anos,

com IMC dentro do padrão de normalidade, que apresentavam cervicalgia crônica

tensional e em voluntárias que não apresentassem qualquer tipo de dor para

comparação do sinal eletromiográfico.

4.1.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídas as voluntárias portadoras de doenças sistêmicas (Doenças

reumáticas, artralgia sem sintomas musculares e/ou poliartrite e, adicionalmente,

pacientes que apresentaramm qualquer tipo de tratamento irreversível prévio para

cervicalgia na clínica), pacientes com emergências médicas, doenças metabólicas (ex.,

diabete ou hipertireoidismo), desordens neurológicas (ex., disquinesia e/ou neuralgia

do nervo trigêmio, etc.), doença vascular (ex., hipertensão), neoplasias, gravidez,

menopausa precoce, bem como história pregressa de fraturas na coluna vertebral,

desordens psiquiátricas, abuso de drogas, acidentes com veículo automotor,

atualmente sendo tratados com medicamentos para desordens neurológicas ou

psicológicas, ou com alergias, ou fazendo uso de analgésicos, antiinflamatórios e

relaxantes musculares, também foram excluídos.

4.2 MÉTODO

4.2.1 AVALIAÇÃO DA DOR

Para avaliação da dor espontânea utilizou-se a escala visual analógica. Esta

escala consiste de uma linha de 10 mm onde os voluntários registrarão a intensidade

da dor lombar marcando com uma caneta na linha entre dois extremos. No extremo

esquerdo da escala está marcado “sem dor” e no lado direito da escala está marcado

“pior dor”. A intensidade da dor está descrita na literatura como sendo a distância

entre o final da escala do lado esquerdo e a marcação do paciente (Conti, de Azevedo

et al. 2001). Segue em anexo A a Escala Analógica Visual (EVA).

Page 200: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

4.2.2 ELETROCARDIOGRAMA

O ECG é um exame médico na área de cardiologia onde é feito o registro da

variação dos potenciais elétricos gerados pela atividade elétrica do coração pelo

equipamento NeXus-10 de alta resolução em 24 bits assim como até 2048 amostras

por segundo.

O ambiente da sala deve estar com temperatura agradável. O paciente deve

estar descansado há pelo menos 10 minutos, sem ter fumado há pelo menos 40

minutos, sem ingesta de café e estar calmo. Com o paciente em decúbito dorsal, palma

das mãos viradas para cima, o técnico determina a posição das derivações precordiais

(V1 a V6) corretas; em seguida é colocado o gel de condução nos locais pré-

determinados, como sendo a zona precordial e membros superiores e inferiores, são

conectados os eletrodos do eletrocardiógrafo. É então, os sinais elétricos podem ser

vistos num osciloscópio, mas geralmente são registrados em papel quadriculado.

Correntemente existem eletrocardiógrafos digitais, com relatório automático.

Após 15 minutos de registro do ECG em repouso foi realizada a inclinação da

maca (elétrica) para a posição de 60 graus de maneira lenta objetivando ativação do

sistema simpático e registro da FC e sua análise.

4.2.3 ELETROMIOGRAFIA

Para o estudo do sinal eletromiográfico foi utilizado o eletromiógrafo com dois

canais e placa conversora analógica-digital (A/D) da EMG System do Brasil (Figura 1),

com 12 bites de resolução, na qual utiliza um programa de aquisição dos dados

WinDaq Lite Data Acq DI-194, em conjunto com um computador onde os sinais foram

armazenados. A freqüência da amostragem utilizada para as coletas foram de 1000 Hz,

com a utilização de filtro (passa-baixa de 500Hz e passa-alta 20Hz) para eliminar

possíveis artefatos.

Page 201: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Figura 1 – Eletromiógrafo (EMG System do Brasil)

Os sinais foram captados por meio de eletrodos superficiais duplo de Cloreto

de Prata, descartável, com diâmetro de 10 mm e distância inter-eletrodo de 21,0

mm (Duo-trodes, Myotronics Co. Seattle, WA), contendo um gel condutor, onde o

mesmo apresentou um amplificador constituindo em um ganho de vinte vezes por

eletrodo e um ganho total de 1000 vezes.

Para o registro da EMG, as voluntárias ficaram sentadas em uma cadeira

plástica, em posição postural neutra de repouso, com olhar para o horizonte, não

realizando movimentos com a cabeça e nem com o tronco durante a captação. O

eletrodo de referência (terra) foi untado com gel hidrossolúvel, e os eletrodos de

captação foram colocados sobre o músculo avaliado no ventre muscular de acordo

com (De Luca, 1997) .

O equipamento foi calibrado com a orientação do próprio fabricante e salvo

no computador, utilizado durante todo o experimento, para padronização da

captação do sinal eletromiográfico.

4.3 Análise Estatística

Os dados foram armazenados num banco de dados e posteriormente

submetidos a procedimentos de análise estatística através do Software Sigma Stat.

Page 202: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

Para a comparação das variáveis utilizará o teste t Student.

Todas as discussões no presente trabalho serão realizadas no nível de 0,05% de

significância (intervalo de confiança 95%).

5.0 RESULTADOS

5.1 Características demográficas das voluntárias com cervicalgia crônica

Participaram do estudo 15 jovens universitárias, com média de idade de 23,46 ±

5,56 anos e que apresentaram valores médios de Índice de Massa Corpórea (IMC)

dentro da faixa considerada ideal. A média e desvio padrão dos valores obtidos de

peso, altura, Índice de Massa Corpórea (IMC), estão expressos na Tabela 1.

Tabela 1 - Características demográficas das voluntárias com cervicalgia crônica

Características

CERVICALGIA CRÔNICA

(n 15)

Idade (anos)

23,79 5,63

Peso (Kg)

58,16 10,42

Altura (m)

1,59 0,06

IMC (Kg/m²)

23,79 5,63

IMC – Índice de Massa Corpórea

Com relação à distribuição de frequência para o índice de massa corpórea

observamos que 15 voluntárias apresentaram medidas dentro de parâmetros

desejáveis, ou seja, ideais e três apresentaram valores dentro de parâmetros de

sobrepeso, de acordo com Organização Mundial de Saúde.

Page 203: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

5.2 Avaliação da dor

As respostas da dor foram mensuradas utilizando-se a escala analógica visual

(EVA) expressa em milímetros (mm) como referência na quantificação da dor.

Tabela 2 - Resposta da dor por EVA das voluntárias com cervicalgia crônica.

Dor Cervicalgia Crônica

EVA (mm) 5,65 ± 1,06

EVA D 5,88 ± 2,60

EVA E 4,87 ± 3,10

EVA –Escala visual analógica

D – Direito , E – esquerdo

Para análise e comparação dos resultados da eletromiografia, optou-se pelas

médias dos RMS (μV) dos músculos trapézio direito–TD e músculo trapézio esquerdo-

TE.

A Tabela 3 mostra os resultados das analises estatísticas entre os músculos

trapézio direito e esquerdo, comparando entre si, e entre o grupo controle, realizados

a captação do sinal eletromiográfico em repouso (sedestação), onde podemos

observar que entre os lados direito e esquerdo do trapézio existe diferença estatística

significante (P> 0,05).

Tabela 3 - Analise estatística dos resultados eletromiográficos da comparação ente os

músculos avaliados pré - tratamento.

Músculos Analisados Significância (P<0,05)

TDMu x TDMu Significante

TEMu x TEMu Significante

TDMu = trapézio direito mulher; TEMu = trapézio esquerdo mulher.

5.3 Respostas da variabilidade de frequência cardíaca no domínio da frequência

Nesta análise procuramos quantificar os diferentes componentes de frequência

cardíaca. Analisamos no estudo da variabilidade da frequência cardíaca três bandas de

Page 204: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

frequência classificadas como espectro de muito baixa frequência entre 0,0033 e 0,04

Hz (very low frequency-VLF), espectro de baixa frequência entre 0,04 a 0,15 Hz (low

frequency-LF), espectro de alta frequência entre 0,15 e 0,40 Hz (high frequency-HF) e a

relação LF/HF das voluntárias avaliadas para classificação da variabilidade da

frequência cardíaca que estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 4 - Descrição dos índices de variabilidade de frequência cardíaca (VFC) das voluntárias

com cervicalgia crônica

Domínio da

frequência

CERVICALGIA CRÔNICA

VLF % 19,53 ± 11,87

LF % 32,15 ± 11,26

HF % 48,31 ± 19,60

LF/HF 0,88 ± 0,63

Espectro de muito baixa frequência (VLF);Espectro de baixa frequência (LF);

Espectro de alta frequência (HF)

6.0 DISCUSSÃO

Segundo o Comitê de Taxonomia da Associação Internacional para estudo da

dor (IASP), a dor pode ser entendida “como uma experiência sensorial e emocional

desagradável, que é associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em

termos dessa lesão” (Merskey e Bogduk, 1994).

A dor é sempre subjetiva e sua percepção é um resultado da complexa

combinação de diferentes fatores, e seu limiar é variável dependendo do sexo,

ocupação, atitudes cultuais, grupo étnico e disposição (Merskey, 1973). Pelo fato de

possuir este caráter subjetivo, vários instrumentos têm sido propostos para sua

avaliação (Jensen, Chen et al., 2002).

A dor pode ser multidimensional, apresentando-se nos componentes sensorial-

discriminativo, afetivo-emocional e cognitivo-avaliativo (Melzack, 1975).

Um instrumento para quantificação da dor amplamente utilizado é a Escala

Analógica Visual (EAV), e de maior confiabilidade devido não estar baseado por

Page 205: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

números geralmente presentes em escalas numéricas padrão (Merskey, 1973).

(Chapman, Casey et al., 1985) acrescenta que esse tipo de escala apresenta apenas

experiência unidimensional na qual varia somente a intensidade da dor, contudo são

comumente empregadas por serem simples, econômicas e de fácil compreensão.

Geralmente este tipo de escala apresenta-se como uma linha horizontal de 100

mm (10 cm) na qual a intensidade da dor é representada por um ponto entre as

extremidades descritas como “sem dor” e “pior dor possível” (Bodian, Freedman et al.,

2001). É simples, confiável, e validado, sendo um ótimo instrumento para descrever

severidade ou intensidade da dor (Katz e Melzack, 1999).

Como todas as escalas para avaliação da dor dependem da subjetividade da

resposta do paciente, e como a dor é uma pura experiência subjetiva, não existem

formas para mensurar quantitativamente de forma objetiva (Magnusson, List et al.,

1995). Este aspecto subjetivo de mensuração da dor, a ausência de um “padrão ouro”

para comparação e flutuação natural dos sintomas de DTM pode contar para ampla

variação nos resultados (Conti, De Azevedo et al., 2001).

Inúmeros instrumentos vêm sendo utilizado para quantificar de forma objetiva,

as características da cervicalgia, como o estudo do sinal eletromiográfico

(eletromiografia - EMG) dos músculos posteriores do pescoço, como o trapézio. No

entanto, existe uma ampla, variação biológica, capacidade de adaptação e flutuação a

respeito do curso e características multidimensionais da DTM, colocando em duvida o

seu uso para diagnóstico (Suvinen e Kemppainen, 2007).

A patofisiologia da dor muscular na cervical não é ainda compreendida. Muitas

hipóteses, na qual tem sido proposta, são baseadas na discutível presença da

hiperatividade dos músculos (Bodere, Tea et al., 2005).

Uma das principais teorias utilizadas para explicar os efeitos da dor sobre a

atividade muscular é a Teoria do Ciclo Vicioso, onde abrangentes revisões

demonstraram conflito ou evidencia limitada que suportam os aspectos da Teoria do

Ciclo Vicioso, em outras palavras, que a dor leva a um aumento da atividade muscular.

Isso pode ser devido a complexidade do sistema sensório-motor e da natureza

multidimensional da dor (Murray e Peck, 2007).

Apesar de reportar outro tipo de disfunção, outra teoria que explicaria os

efeitos da dor sobre atividade muscular, chamado de Modelo de Adaptação da Dor,

Page 206: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

relatando que a dor não surge com a hiperatividade muscular, mas de outras causas e

que a dor conduz para alterações na atividade muscular mastigatório que irão limitar

os movimentos e através disso protegem o sistema mandibular de dano adicional

(Lund, Donga et al., 1991).

Apesar destas colocações os resultados obtidos neste estudo evidenciaram

aumento do sinal eletromiográfico dos músculos do Grupo Controle quando

comparado com Grupo Dor.

Uma das explicações possíveis é que o estresse emocional pode aumentar a

atividade muscular em sujeitos sintomáticos, influenciando desta maneira no

comportamento do recrutamento e na velocidade de condução das unidades motoras

(Dahlstrom, 1989). E provocando acúmulo de metabólitos, sensibilização e compressão

das terminações nervosas livres (Christensen e Mckay, 1996).

A dor tem um papel importante na manutenção da homeostasia e a

estabilidade fisiológica é mantida por uma variedade de mecanismos coordenados.

Embora o corpo possa se adaptar a muitas alterações externas e internas através de

mecanismos autonômicos (por exemplo, vasoconstrição para manter a temperatura

corporal), certamente as alterações da homeostasia devem ser influenciadas por

parâmetros fisiológicos(Faith e Thayer, 2001; Posner, Russell et al., 2005; Appelhans e

Luecken, 2008).

Fisiologicamente, a VFC é mensurada por influências autonômicas extrínsecas e

intrínsecas da frequência cardíaca. Evidências mostram que VFC pode servir com um

indexador objetivo da emocionalidade. Como uma medida da regulação autonômica,

VFC sustenta a informação sobre a capacidade do sistema nervoso de organizar uma

resposta homeostática de acordo com as demandas situacionais(Appelhans e Luecken,

2008) além de ser um método confiável para obter informação da contribuição

simpática e parassimpática para a frequência cardíaca, e segundo Aslaksen et

al.(Aslaksen, Myrbakk et al., 2007) a dor aguda aumenta a ativação simpática.

Autores afirmam que a variabilidade da frequência cardíaca pode ser uma

medida de intensidade da dor, como a resposta ao estresse, e é susceptível de estar

relacionada com a experiência subjetiva de dor(Appelhans e Luecken, 2008; Loggia,

Juneau et al.). O equilíbrio do SNA depende de fatores como minimizar estímulos

dolorosos(Gosling), pois pacientes com dores associadas aos mecanismos de ativação

Page 207: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

do SNS também mantém liberação constante de noradrenalina e prostaglandinas, o

que potencializa a ação de diversos órgãos, incluindo os músculos, mantendo uma

hiperatividade muscular constante(Moseley, 2003). A ativação simpática crônica

sensibiliza indiretamente nociceptores periféricos e configura um ciclo vicioso(Vierck,

2006).

Enfim, estudos são desenvolvidos em humanos para avaliar a relação entre o

eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrena, dor crônica,mas os resultados continuam

contraditórios(Weis, Bartsch et al., 1998; Adler, Kinsley et al., 1999; Aloisi, Pari et al.,

2005) e, mediante aos valores encontrados neste grupo, ainda não podemos inferir se

há alteração da variabilidade da frequência cardíaca na cervicalgia crônica.

CONCLUSÃO

Portadoras de cervicalgia crônica apresentaram atividade eletromiográfica

alterada na dor, mas não apresentaram alteração na modulação autonômica cardíaca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Mensah-Nyagan AG, Meyer L, Schaeffer V, Kibaly C, Patte-Mensah C: Evidence for

a key role of steroids in the modulation of pain. Psychoneuroendocrinology.

(2009) 34S, S169—S177.

2. Nohama P, Silvério-Lopes SM. Influência da frequência estimulatória envolvida nos

efeitos analgésicos induzidos por eletroacupuntura em cervicalgia tensional. Rev.

bras. fisioter., Abr 2009, vol.13, no.2, p.152-158. ISSN 1413-3555

3. Bigongiari A, Franciulli MP, Souza AF, Mochizuki L, Araujo CR. Análise da atividade

eletromiográfica de superfície de pontos gatilhos miofasciais. Rev. Bras.

Reumatol., Dez 2008, vol.48, no.6, p.319-324. ISSN 0482-5004

4. Simons DG, Travell JG. Myofascial Pain and Disfunction: The Trigger Point Manual.

2º ed. Philadelphia: Willian e Wilkins, Vol. 1, 1999.

5. Guyton A, Hall J. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan; 2006.

Page 208: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

6. Imai K, Sato H, Hori M, Kusuoka H, Ozaki H, Yokoyama H, et al. Vagally mediated

heart rate recovery after exercise is accelerated in athletes but blunted in patients

with chronic heart failure. J Am Coll Cardiol 1994;24(6):1529-35.

7. Cole CR, Blackstone EH, Pashkow FJ, Snader CE, Lauer MS. Heart-rate recovery

immediately after exercise as a predictor of mortality. N Engl J Med

1999;341(18):1351-7.

8. Carvalho J, Rocha AF, Nascimento FAO, Souza Neto J, Junqueira Jr L. F.

Desenvolvimento de um Sistema para a Análise da Variabilidade da Freqüência

Cardíaca In: Desenvolvimento de um Sistema para a Análise da Variabilidade da

Freqüência Cardíaca. São José dos Campos.; 2002.

9. Paschoal MA, Volanti VM, Pires CS, Fernandes FC. Variabilidade da freqüência

cardíaca em diferentes faixas etárias. Revista Brasileira de Fisioterapia

2006;10(4):413-419.

10. Ribeiro MP, Brum JM, Ferrario CM. A spectral analysis of the heart rate. The basic

concepts and their clinical application. Arq Bras Cardiol 1992;59(2):141-9.

11. Malliani A, Pagani M, Lombardi F, Furlan R, Guzzetti S, Cerutti S. Spectral analysis

to assess increased sympathetic tone in arterial hypertension. Hypertension

1991;17(4 Suppl):III36-42.

12. Longo A, Ferreira D, Correia MJ. Variability of heart rate. Rev Port Cardiol

1995;14(3):241-62, 190.

13. Task Force. Heart rate variability: standards of measurement, physiological

interpretation and clinical use. Circulation 1996;93(5):1043-65.

14. Acharya UR, Kannathal N, Sing OW, Ping LY, Chua T. Heart rate analysis in normal

subjects of various age groups. Biomed Eng Online 2004;3(1):24.

15. Gebber GL. Central oscillators responsible for sympathetic nerve discharge. Am J

Physiol 1980;239(2):H143-55.

16. Preiss G, Polosa C. Patterns of sympathetic neuron activity associated with Mayer

waves. Am J Physiol 1974;226(3):724-30.

17. Appel ML, Berger RD, Saul JP, Smith JM, Cohen RJ. Beat to beat variability in

cardiovascular variables: noise or music? J Am Coll Cardiol 1989;14(5):1139-48.

18. Malliani A, Pagani M, Lombardi F, Cerutti S. Cardiovascular neural regulation

explored in the frequency domain. Circulation 1991;84(2):482-92.

Page 209: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

19. Kniffki KD, Mense S, Schmidt RF. Responses of group IV afferent units from skeletal

muscle to stretch, contraction and chemical stimulation. Exp Brain Res

1978;31(4):511-22.

20. Kaufman MP, Longhurst JC, Rybicki KJ, Wallach JH, Mitchell JH. Effects of static

muscular contraction on impulse activity of groups III and IV afferents in cats. J

Appl Physiol 1983;55(1 Pt 1):105-12.

21. Kaufman MP, Rybicki KJ. Discharge properties of group III and IV muscle afferents:

their responses to mechanical and metabolic stimuli. Circ Res 1987;61(4 Pt 2):I60-

5.

22. Coote JH, Hilton SM, Perez-Gonzalez JF. The reflex nature of the pressor response

to muscular exercise. J Physiol 1971;215(3):789-804.

23. McCloskey DI, Mitchell JH. Reflex cardiovascular and respiratory responses

originating in exercising muscle. J Physiol 1972;224(1):173-86.

24. Bull RK, Davies CT, Lind AR, White MJ. The human pressor response during and

following voluntary and evoked isometric contraction with occluded local blood

supply. J Physiol 1989;411:63-70.

25. al-Ani M, Robins K, al-Khalidi AH, Vaile J, Townend J, Coote JH. Isometric

contraction of arm flexor muscles as a method of evaluating cardiac vagal tone in

man. Clin Sci (Lond) 1997;92(2):175-80.

26. Coote JH, Bothams VF. Cardiac vagal control before, during and after exercise. Exp

Physiol 2001;86(6):811-5.

27. Carrington CA, White MJ. Exercise-induced muscle chemoreflex modulation of

spontaneous baroreflex sensitivity in man. J Physiol 2001;536(Pt 3):957-62.

28. Carrington CA, Ubolsakka C, White MJ. Interaction between muscle metaboreflex

and mechanoreflex modulation of arterial baroreflex sensitivity in exercise. J Appl

Physiol 2003;95(1):43-8.

29. Fisher JP, White MJ. Muscle afferent contributions to the cardiovascular response

to isometric exercise. Exp Physiol 2004;89(6):639-46.

30. Gladwell VF, Coote JH. Heart rate at the onset of muscle contraction and during

passive muscle stretch in humans: a role for mechanoreceptors. J Physiol

2002;540(Pt 3):1095-102.

Page 210: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

31. Gladwell VF, Fletcher J, Patel N, Elvidge LJ, Lloyd D, Chowdhary S, et al. The

influence of small fibre muscle mechanoreceptors on the cardiac vagus in humans.

J Physiol 2005;567(Pt 2):713-21.

32. Ocariano MJ, Silva PLP, Vaz VD, Aquino FC, Brício SR, Fonseca TS.

Eletromiografia: interppretação e aplicações ns ciências da reabilitação. Rev.

Fisioterapia Brasil-volume 6, número-8 Júlho/Agosto 2005.

33. Rodriguez-Añez RC. A eletromiografia na análise da postura. Kinein, Universidade

Federal de Santa Catarina (PUCPR). 2000; 1 (1).

34. Bigongiari A, Franciulli MP Sousa A F, Mochizuki ACR. Análise da atividade

Eletromiográfica de superfície de Pontos de Gatilhos Miofasciais. Rev. Bras

Relmatol, v. 48, n6, p. 319-324, Novembro/Desembro 2008

35. Conti PCR, Azevedo LR, Souza NVW, Ferreira FV. Pain assessment in TMD patients:

evaluation of precision and sensitivity of different scales. Journal of Oral

Rehabilitation. V.28, p.534-539,2001

36. Bodere, C. et al. Activity of masticatory muscles in subjects with different orofacial

pain conditions. Pain, Amsterdam, v. 116, n. 1-2, p. 33-41, July 2005.

37. Bodian, C. A. et al. The visual analog scale for pain: clinical significance in

postoperative patients. Anesthesiology, Philadelphia, v. 95, n. 6, p. 1356-1361, Dec.

2001.

38. Chapman, C. R. et al. Pain measurement: an overview. Pain, Amsterdam, v. 22, n. 1,

p. 1-31, May 1985.

39. Christensen, L. V.; MCKAY, D. C. TMD diagnostic decision-making and probability

theory. Part I. Cranio, Chattanooga, v. 14, n. 3, p. 240-248, July 1996.

40. Dahlstrom, L. Electromyographic studies of craniomandibular disorders: a review of

the literature. J. Oral Rehabil., Oxford, v. 16, n. 1, p. 1-20, Jan. 1989.

41. De Luca, C. J. The use of surface elecromyography in biomecanics. J. Appl.

Biomech., Newark , v. 13, n. 2, p. 135-163, May 1997.

42. Jensen, M. P.; CHEN, C.; BRUGGER, A. M. Postsurgical pain outcome assessment.

Pain, Amsterdam, v. 99, n. 1-2, p. 101-109, Sept. 2002.

43. Melzack, R. The McGill Pain Questionnaire: major properties and scoring methods.

Pain, Amsterdam, v. 1, n. 3, p. 277-299, Sept. 1975.

Page 211: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

44. Merskey, H. The perception and measurement of pain. J. Psychosom. Res.,

Orlando, v. 17, n. 4, p. 251-255, Nov. 1973.

45. Merskey, H.; Bogduk, N. Classificação de dor crônica. Comitê de Taxonomia. Seatle:

IASP Press. 1994.

46. Murray, G. M.; Peck, C. C. Orofacial pain and jaw muscle activity: a new model. J.

Orofac. Pain, Carol Stream, v. 21, n. 4, p. 263-278; discussion 279-288, Fall 2007.

47. Moseley G. A pain neuromatrix approach to patients with chronic pain. Manual

therapy2003;8(3):130-40.

48. Appelhans BM, Luecken LJ. Heart rate variability and pain: associations of two

interrelated homeostatic processes. Biological psychology2008;77(2):174-82.

49. Faith M, Thayer JF. A dynamical systems interpretation of a dimensional model

of emotion. Scandinavian Journal of Psychology2001;42(2):121-33.

50. Posner J, Russell JA, Peterson BS. The circumplex model of affect: An integrative

approach to affective neuroscience, cognitive development, and psychopathology.

Development and psychopathology2005;17(03):715-34.

51. Aslaksen PM, Myrbakk IN, Ragnhild SH, Flaten MA. The effect of experimenter

gender on autonomic and subjective responses to pain stimuli. Pain2007;129(3):260-8.

52. Loggia ML, Juneau Mn, Bushnell MC. Autonomic responses to heat pain: Heart

rate, skin conductance, and their relation to verbal ratings and stimulus intensity.

Pain2011;152(3):592-8.

53. Gosling APo. Physical therapy action mechanisms and effects on pain

management. Revista Dor;13(1):65-70.

54. Vierck CJ, Jr. Mechanisms underlying development of spatially distributed

chronic pain (fibromyalgia). Pain2006 Oct;124(3):242-63.

Page 212: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

55. Weis J, Bartsch H, Hennies F, Rietschel M, Heim M, Adam G, et al.

Complementary Medicine in Cancer Patients: Demand, Patient’Attitudes and

Psychological Beliefs. Onkologie1998;21(2):144-9.

56. Adler GK, Kinsley BT, Hurwitz S, Mossey CJ, Goldenberg DL. Reduced

hypothalamic-pituitary and sympathoadrenal responses to hypoglycemia in women

with fibromyalgia syndrome. The American journal of medicine1999;106(5):534-43.

Page 213: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ANEXO A- Consentimento Pós-Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo "Modulação autonômica, dor,

hormônios, estresse, e estudo eletromiográfico nas cervicalgias crônicas”, discuti com

o Dr. Marcelo Custódio Rubira (residente à rua Brasília, 3062, telefone 9207-0778)

sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficou claro para mim, a intenção do

estudo, os modos para avaliar a dor no pescoço através da dor à palpação, onde o

terapeuta irá pressionar contra minha pele um aparelho chamado dolorímetro até eu

relatar dor; a escala da dor onde terei que marcar em uma linha reta minha

intensidade de dor entre os extremos: sem dor e pior dor; avaliação hormonal através

da coleta sanguínea que deverei fazer em jejum; exame de eletrocardiograma que

capta sinal através dos eletrodos que são colocados na minha pele perto do coração;

exame de eletromiografia que capta sinais através dos eletrodos posicionados na

região lateral do pescoço; aplicação dos questionários sobre estresse para

complementar todas essas avaliações. Ficou claro que minha participação é gratuita e

que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo

voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda

de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste

serviço.

Porto Velho, ______ de _____________ de 2012.

___________________________________________________________

Assinatura por extenso do sujeito da pesquisa ou responsável legal

__________________________________________________

Assinatura do pesquisador e carimbo

Page 214: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ANEXO B- Questionário de Cervicalgia

Nome:

Idade: Sexo:

Fone: Peso: Altura:

Profissão: Estado Civil:

Curso: Período:

Data:

1- Sente dor no pescoço?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

2- Sente dor todos os dias?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

3- Quando sente dor, por quanto tempo ela permanece?

( ) 30 minutos ( ) 1hora ( ) 2 horas ( ) 5 horas ( ) O dia inteiro

4- Há quanto tempo tem essa dor?

( ) 1 dia ( ) 1 semana ( ) 1 mês ( ) 6 meses ( ) mais de 1 ano

5- Sua dor é do tipo:

( ) Localizada ( )Difusa

6- Sente dor ao acordar?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

7- Acorda a noite devido à dor?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

Page 215: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

8- Quando sente dor?

( ) No início do dia ( ) No final do dia

9- A dor vem acompanhada por cefaléia (dor de cabeça) do mesmo lado?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

10- Fica muito tempo na frente do computador?

( ) Sim ( )Não

11- Quanto tempo por dia ?

( ) Menos de 1 hora ( ) 1 a 3 horas ( ) 3 a 6 horas ( )mais de 6 horas

11- Você costuma a carregar bolsas ou mochilas muito pesadas?

( )Sim ( )Não

12- Tem crises repentinas de dor no pescoço ?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

13- A sua dor espalha-se a outras regiões do corpo?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

14- Faz algum tipo de atividade física?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

15- Que tipo de atividade física? ____________________________________

16- Quantas vezes por semana? ____________________________________

17- Como a dor se comporta durante a atividade física?

( ) Melhora ( ) Piora ( ) Sem efeitos

18- Levanta peso de algum tipo no seu dia-a-dia?

Page 216: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

19- Classifique a intensidade da dor mais forte que sentiu nas últimas 4 semanas?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

20- Classifique qual a intensidade média da dor que sentiu nas últimas 4 semanas?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

21- Sente uma sensação de formigamento na zona da dor (como formigas a

caminhar ou uma vibração elétrica)?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes.

22- Você fuma?

( ) Sim ( ) Não

23- Tem muito estresse no seu dia-a-dia?

( )Sim ( )Não

24- Você se considera uma pessoa ansiosa?

( )Sim ( )Não

25- Faz Fisioterapia por causa da dor?

( ) Sim ( ) Não

26- Já realizou Fisioterapia por causa da dor?

( ) Sim ( ) Não

27- Há quanto tempo? ________________

28- Sentiu melhora?

( ) Sim ( ) Não

Page 217: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

29- Outras considerações que você queira relatar.

_________________________________________________________________

_____________________________________________________________

30- Preencha a área dolorida e se houver sua irradiação:

Page 218: V COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE … · extração do óleo pode contribuir negativamente para a viabilidade do processo (COSTA, 2006). ... O objetivo deste trabalho

ANEXO C- Escala Analógica Visual de Dor

| |

sem dor dor insuportável

Dor