30
O CASAMENTO CIVIL IIEPROVADO PELA CARTA CONSTITUCIONAC POR V. DA C. ALVEIS RIBEIRO, BACIIAREL PORMADO EM DIREITO E ADVOGADO, TYP. DO PANORAMA -Rua do Arco do Bandeira, 112. - 1866

V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

O CASAMENTO CIVIL IIEPROVADO PELA CARTA CONSTITUCIONAC

POR

V. DA C. ALVEIS RIBEIRO,

B A C I I A R E L P O R M A D O E M D I R E I T O E A D V O G A D O ,

TYP. DO PANORAMA -Rua do Arco do Bandeira, 112. -

1866

Page 2: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

Ilnrl~oulleiirs du papirr. tl'oii vicnnciit 1;iiit d' i i i l i ig~ics , l'nril ile 11elits ~iait i?; . tlc ciibales tlo I~rigi i i~s! S';ipit d'iiii Emlilui tle fer~iiicr-geiicinl, O u tlu I; irg~ie i . I i i~~wau t ~ u i coin'c iin ç ; i r~ l inn l? JCsler vou- ;iu cuiic.lic\c~. nspiiez i o i i s aii i i onu?

VOI.T.\IIIJI-LITS ÇAlrAEKS.

Tem-se agitado nn imprcnsa descle outubro prouirno passaclo uma qiiestáo em que tem eiitratlo o Sr. Duque de Saltlni~lrn, varios uscri1)to- res, o Jorn:~l do Con~inercio tle Lisboa e defferentes Jornaes da pro- vincia; csta cluest2o foi o:*igiiiatla pelo Sr. Duque de Saldarilia, escrcven- do a s!la carta ao Sr. Ministro (10 reino, em qiie refutara o casairicnio civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni aquella carta, o inimigo qiie anjea- cava inwtlir o templo de Deos e o palladio das nossas liberdades. Esta carta foi a trom1)cta qiie tocou a rebate, e acordou os portugueses fieis, (li? cluc se pertentlia faser-llie uma cilada para claqui a pouco se perse- guir a rcligiáo de nossos v ó s e a nossa consciencia I

Se a coróa cla victoria 1-50 ornasse a fronte clo iiobrc I)iir[iie, elle tcri;~ mais un~a coroa qiie 1120 seria menos valiosa aos ol!ios dos \~orcl;itlciros liberacs, e dos \~erdadeiros clirist3os; esta pois ficari juiito dos scris Iro- phcus. Eii saudo por isso o nohrc tluquc por estc novo serviço qiie fez ii sua patria.

Nao ciiiimCro ngorn os csci*il)lores que atacaram a tloutrina tl:i (*:il*I;i do nobre Durluc, e'snstenlaram o casamento civil. Tractarido eu dc i .(>i'ii-

lar o casamento civil c de siisientar a carta do Sr. Diique de Saltl;irili:~, 1)rtrccc-mc! ter feito iiii~a C oiilra co!isa. Aqui a doulriiia 6 tudo. O tio- iiierri coiifiintle-se com a cloiilriiia qric se sustenta ; a1:icada a doutriiia, ataca-se o lioineni ; dcinonstrado d'iriteinpesti~o, e illegal o casameiiío c i~ i l , teiitio ciirnpritlo a mirilia missso.

Mas 1150 1)osso deixar todacia dtt mencionar o Sr. Lilcsandrc Jlercu- Iano, pela animosidade com que entrori nesta cliscuss3o.

Nlío vcnlio da aldca campestre, ncm da solidão dos ~ialles, nem dos citios mais recoiidilos dos bosqiies ; n5o venho dos prados amenos, tle contemplar o in~irmurio das agoas cluc corrc, a t~risa qiie snpra do norte, as aves que roam e os passariiitios que cantam ; nada disto. Este tempo pode gosal-o o mancebo, a queni se proporcionarem os meios destirs conternpla~õcs e desles praseres do espirito e clo coração. Eii venlio pois d;i cidade para a cidade, por qiie ja liao sou n~ancebo ; a cdatltl jovenil j;i l i vai. Voiilio da cidade para a eidaclc, por ilii~: considero toclo o orbe

Page 3: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

pw'.tngmcz, uma povoação tlc homens com eguacs clircitos c eguacs de- rcrcs ; vcjo por isso a cidade em toda a parte. Solirláo jA mais pode cuistir no tcmpo agitado em qiie vivemos, no tempo cm que a fmureaii- cibacia qiicr dominar e opprimir tuílo, em t1iie.a cada canto se forma um grupo cle Iiomcits para se ele\lar, sem mira alguma tio hein publico ; e clni quc os clircitos mais sagrados dos cidndáos sao contestados c ncg:i- dos,' se cvnvein as faccóes.

Isto 6 o rluc tenho obsei'vndo na ininlia \ida dc atlrogatlo e dc cicln- ddo. 1;; tacs tem sido os factos, que me propiiz, ;i morte cle mcu pne, Jiirgar a inirilin l)rolisslao, c passar a c1ercc:r a indnslria agricola ; formar iirna casa rustica ~i 'um (10s preilios que elle ine dei~o11, e institiiir ao tiicsmo tempo os povos onde estai7am os I~ens, iio modo o rno (I(:\ ia111 ser f~it~ricatias c adubadas :is terras, c se deviam augiiientar, cci!tsci.rar, o trliclar os gaclos.

Parecia-ine esta lida iim pouco mais innnrente e pacifica. b thoga, este liabito negro, que iriilica qiie eslA em nos o deposiio das inisc- rias soci;ies, e dos erros da aclministra@ío, JA me enfadava. Todavia iiiei9 plano nzo poude realislir-se.

O meu pnroclio, coin qiiem eu vivia em mriiln paz, assim como \ivo coni lodos os qiie mr: não guerream, começou a questionar-rnc as rigoas que corriam u nasciam em propriedades minhas, na distancia d'urn h i lp mctro. Esta cliicstlao parecia um desparate do mou padre ; mas sendo certo que iião era thlo, era visto que a questão era planisadr com os meus inimigos para nic malqiiistxem com o padre, c ao mesmo tempo faserem-rne abaiidonar o meti plano, vit ta rem a mil contnc!o com OS povos, e desfeitearem-me, dando-me ilccisóes injustas. h tiiçtorin dcsta causa i: curiosa, por quo aprcsrnta factos de iiegacao de j!istica iii11311- ditos I Por agora basta diser qrie me foi ~rnl)argaclo i t rn C I I ~ F ~ ~ I I ~ I O 111- tlraiilico, que projctci f;izer ria minlia proprictlnilca, e qitrb iaeqrierctido lugo lima vestoria pari1 decidir os quesitos da Ici, n iim cle coiitiiiuar a oi~ra, tiseram-se os autos concliiws. c niinca se assigrtoii tli;i !

.4 liistoria da ininlia pei8segiii$io jiitlirinl sti sr thsci.r>\í' 13'11m \ol~inlp, jmr ser uma persegui(;ão de clozr: :irmos, ajiltlii(la e so1)i;rtl:i por iilciis i,i\acs, acl-iando Juizes tlc clireilo c del~bgados lii.omptos para comandar este aleivoso com1,nte.

Mas alhm desta perseguiçZo, o Iiomcrn peiisnntc conhec.~ qtin não pode viver scm lidar, sem cliicslion:~r, sem tlisciitir, sem Inhritar ; salvo se o homem tem iiina fortuila çoHo~snl. e scb iichslti.cridiilo das couus (Ia sociedade, ou tlii fcimili;i, ou mesmo da t.eligiZo, se entrega unica e e~clu$i\amentc aos seus apetites, c aos praWibes do innocerite cupido, c tla mimosa vcniis !

Káo sei realmente se o Sr. hlcaandre Ilerculsno quer diser que é muito rico, e que sb cuida dos prazeres, t111a11(10 diz que rem do carn p; se assiii~ h, dou-llie os garabens, pai que ijuasi nciilium homem #!e

Page 4: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

Ictras tem podido por estas nlcanyar fortima para v i ~ e r no faiisto, allieio complctarncntc as rl~iestijes politicas do (lia.

31as assim mesmo concliio que o Sr. Alexnndre Hcrciilano, se cst6 a%istado (10s negocios publicos c vive nestes prazeres, n50 tlekin iritc- rcssar-se por unia questão tão melindrosa, e que pndc ser diflicil tle re- holver a qualqtier Iiomem, qiie n'io seja jurisconsulto, e qric n20 antlp iiiiiito a pai. corti ;i ~)i>'ititn, e saiba I~ein dos costiimes do povo, viyenclo (+om c l l ~ . Pois o Si.. !I, \.aiicl;.o Iiciriilano deve saber que l'ortiigal náo i: si) F.isl)on, e qcih ..i') :is pi.o\incias 1120 s3o l'ortilga!. h vida 1)ublicii o a t it ln l~)liiicn, 4 tim:i \ 11:) tio sriciici;~ e d~ practica, exige lima grtiridc vastid5o dc roril:ci~iiiirnlt,s litterarios, scientilicos. practicos e Iiistoricos, a theoi-ia aqui si) iián I i c siifficicnte, mas esta e aquelies com a ol)scr~ac3o pncticii são tiido Por isso o Sr. Ale\andrr: licrrrilano se tleiia contentar coin osrii pnpcl do Iiistoriaclor, e nLio vir ri cstacada politica, porqiie a ;il)antlonou com ;i rrpeiç2o qlie fez dos cargos legislativos.

Vimos ta:nlwiil qiie i) Sr. ,\l(h\,nriilrc tIilri:iilano disin acliarem-se os rliinrtcts dos soltlniic~.; rrn :i!arni:i. ns tascas c os cafi;s ein discciss3o, 8 1 - !;\ritlo totlos lbor Loda a pnrtc no cas\;iniciito cii i l e na carta do nobre Du- tiuc (I:! Saldarilia. farto qiie nos parece iinin 1)liantasiri mal cabida c iiiiia ;\llusan innl applic-atln. Totio; s a k m que o iioi;so povo nao coriliccc a lei iiiii, serik cliiantlo clla se cxei*uta : a s!l;i i:iatri~-lo não llie dcisa 1cr as c-ouçns scri7u pc!os seus resiiltados. Nlo vi emLisboa alarma al- gum antes tln carta tlo Sr. IIerculano. A imprensa toca a trombeta, i! verdade, irias o niiirnlurio que vejo unicamente, (: feito com a carta t111 Sr. ,4le~.3ndi~p Herciilai~ù. Senão vejamos ; quem tcm representado pelo casamento 6i\il?

Todas as represi:nta.i?cs rjuc se nprcsrntam s;io contra o casainento cilil.

Na verdade a cnrln tlo Sr. Alexandre IIcrculnno lie um dociirnenlo qiie icio cobrir corri tini ncçro vcii 1o~la n s:in l~nssada gloria littcrniin

Neiiliiini Iioncm que se prcsci do amor pela libcrclnde da discussão, rla drlic:iilr~sn c (Ia rdiicncSo, qiie d ~ i e ter cri1 ar$iinie~itatlor lelrado, dei\n t l t ! repi'o\ar o rnoilo iridecente d d carti~ d'urii l~i.,toriritlor a iii i i marcclinl c a ;ini Diiqrie, a uni homem oclogeriarin t:11!07. Sc o SI'. IIi rcalil;irio 1110 lSc-;!~fhitit\a as furic~iics publicas do nohrcj !)i111111 t . , [ \ vbi l i a :, I![>\ 12 I-ct~pritnr n siin icl,idi;, c a 1ihenl;idc da SII:~ ,>oiii( !clncia. I<r,i cbsle :iin de- \ v i a iic 1ioi:tcm piiblico; tlc Iiomem justo. o tl iini :ayi*i ipt,,i'. Cimo cliicr o Sr.. ,91il.,aiidiae Ilerculano qiic os vir!tloiir.ns $ci.ctlitcin os factos qiie ~,c.l:~tn, nos seus escriptos, se ii'irnla qucst90 desta ordein. semostra do- iii:i~:itlo ~ c l o s~ntimc~iitn da paisdo e ao mesmo tempo pelo oc!io'.?

O ta1)clliJo i) iiin oflicial publiro quc devc ser discreto, e \ercladeiro, :).I: , i Lciv 1;' : \ 3 st: nl)roinr ijlie clcii uma fi: falsa oii cscreveo lima data l,ii\,i, toddb as SU: I~ eseriptilras anteriores ficam sem fi;. .i Ici n50 rl:i

Page 5: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

fii aos escrit)tos dos liistoriadores, ser190 qt~ando se mostram prol~as; ~crdadeiros c li\res de all'ciyúcs e odios.

Quc mal fez o nobrc Ilnque com n sua carta? Na nossa opiniGo e ila :de totln a geiite sensata, o inais que podia ter feito, como cid&o, era cxprsin~ir iim sentirne~ilo da libcrtlaile ila sua conscicn~ia, inas Cnrpo pi~lilii:o 1)ralicoii um dever. O Sr. Alexantirc IIerculano estci scmprk Ijlb~iido ]!o crd oii morre; q i i ~ r o ciisainento civil 1)ai-a ter a lil~crtladc tlo co~isçicncia, e n3o quer iliie os oiitros ttbnliam lii~crd:;rle de coriscic~i- cia para o iscgeitar? O Sr. iilcs;iritlre IIei~cirlano prega a liberdade e quer r, ciespntisino; 1il)rrcl:ide para ellc, daspotismo para us rilais! Estes são os liljcraes ultr:~: (li1 i,Zo qilero 3 siia libei*tlacle Sr. Alcs:lntl~.e IIerciillirio. QUG sjs!ema soci:ll i! o scii ; que govcrno qiier cstabclccer? v6 tudo s desabar. e rtSo (!i iim conseltio de portugiies.? !

O Sr. Durliic dtbf~ntleo u!n tlogma I-eligioso c, iim tlogma politico; r s l i tleritro da cspllcra legal; discute, mas náo faz ;iliusGes pcrfitlas; l i io iriji~ria ningucm; offerece comhate d'cspada, mas 1150 le\a para o cnmpu n lança cscoridida, para picar o seu ad\ei.sai.io irai(:oeiramerite comb arinn inais cnmpiaicla. A injuria C. a vilesa; C a ~xpressao d'um or- giillio Fi-aco. Ontlo qiicr o Sr. Alexaridre Herciilano ir 1)iiscar a forca ile sriis srpiinentosL? ao rigor (Ia logica oii as injurias; i cliscussáo pacifica ou :i pelri? marcial?

Esta ci.,fcnta~70, que o Sr. Alexandre mostra na sua carta, tambein i i ?o rluatlra ao objccto a que deve restriiigir-sc. O Iiomem eiilrando n'iiril j,i,tliiri collie a siia flor, p6de atC! tirar tlutis, isso i! tri~ial. Se Icva r,? 1ii.i:) iirn ;:I-ande ramo, uns o veem com desd(l!i~, outros sao provocatlos ;'I illai~icl:t~I(~! s

8 Sr. itlcxantlre Iierculano, veiu corn a sua canrtn, siistentar idkas I>eiS- # , , ,,., a iosas lii moral cla socicc1a:lc. Vir propor o cn~;~iric~iito ci\ i l n'urria so- r.:udadc, que ricni tcin um vigesimo de gont:: instriiiti:~, r i o iiieio íla Corriip~ío pcrsl, e qiiercr destruir o iinico frindamcnto tlc iiiortil, a religiáo.

NOS vemos que o Sr. Alexantlrt: 1Irrctiltino ri'esla sua carta, t: conr tratiitorio com o seu presente, e com o scii paqsado.

IIe cnritratlitorio con o scii passntlo: ern tlriai~to que ~~ublicaritlo a 1larp:l tlo Crente, rende loiivores A 1Jiviiid:iclr do scr supremo, o r~uu I~oje , t l ~ i ~ ~ i * desfazer propaiantlo o cas;inicnto civil, que 6 . contrario li i e- ligi5n cnlliolica; Iic coritradi torio com o scii presente, porque tendo sicio nomeailo tlcpiitndo, e despois par do reiiio, regeitou estes dois caigrs sociaes, ao passo qiic agora aceita a nomear20 dc membros da coinmis- sao do cotiigo ci\.il, isto C, aceita a inveslidiira de juriaconstrlto, pela ch:,rta d'um tiiiriistro da coroa ; pois o Sr. Alosandrc Ilerculano cieve convencer-sv cle cluc náo pbcle ter este grau por esci8e\er a sua historia. A hisloria B urn elemerito de politica, mas s0, e como o cni.ro sem motor: a Iiistoriamostra-noso passado; o lionem politico devc! tirar della lições p a ~ o prcscnte, ile rnoclo que prepare iim l)om iuliiro. O Sr. .4lelíaiidri: iim-

Page 6: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

culano mostra tl'onde viemos, mas não nos mostra onde estamos, npin para onde \amos. Parcce-nos que para os primeiros cargos, podia o Sr. Alcxaridre Ilercul,~no servir. náo lhe contestamos, que saiba votar; para o segundo, para jiirisconsulto, nio o consiil~rarilos com Iiabilitaçóes.

Por outro lado, o Sr. .\l<\andre Hercuiano mostrando que dcscrd tlo futuro de sua patria. aggrztva o crime que conlmetteu para com ella rle riáo aceitar os i~portiiiiles cargos para que foi eleito, a fim de pro- 1)or no parlameriko as medirlas de saisacão.

Pois o Sr. Alexandre IIci.culano, qucr discutir uma questiio politica pela imprensa, quando clcsci.6 tia sua patria, e quando regeita funcções rle legislador? Quer fallar na l)rar,a, e não quer votar no Parlameiiio? SZo coiisas que realmente 1120 podern explicar-se, a não se attribuircrn :i iiin clesarranjo mental que auommettem certos homens orgulhosos, quo siipyõe as suas opiniões mais infallivcis, do que as decibues do Summo Pontifice; e a siia pessoa táo inviola~el, como a do rei.

Occiipamo-nos ati: aqui da pessoa do Sr. Alexandre Herculano, por- que elle faltou as regras de argumentaçilo, para discutir um homem; iiiostr:irnos assim a nossa reprova~20 a transgressão dos preceitos do t-omliato da discuss'io; n5o nos occiipamos (10s outros cscriptorcs, que icm defendido o casamento civil, com quanto algua tenha sido mais (lesa- !)rido na plirasc , pois nenhum memce tanta censura ; a ess'outros , ;:fora a mnteria do nosso artigo, respondemos com o pedido que Jesu Cliristo fez ao Patlre Eterno na sua agonia

a pa ter remini tc illis quia nesciun t c11 iicl facirinl. ))

(:on:-em-nzc toclnvia mostrar aijrii o d~iplicatlo cllrc3ito qiic tciilio ],:ira cii1r:ir ilcsta discuss30.

Tocl;i a ininlirt fiirnilia solfreri pelo cst;iI~eciiiiei~to da ciirla c 1))- ~:,i.;li:i (13 Rainha a Sr." 1). JBaria 11; c11 taiiil~ciii sc~lfri a deportacão c a lti,is3o, atrasando a rnirilia i.:\i,~tii.ii lill2raria.

Rlctis tios, tia c pi9inio, foia;io presos politicos, meu pae soffrcii ai- guinas prisões, sendo uma para actbrilnr o iltyosito dos rendimentos com- I~i~o~neltidos; solfrcu iima graridc c . i t l l ~ ~ ( ta no oiopreslimo forcaclo; e quando, narluclli! Icinpo, sc prccisn\a tlrii!iciro oii gerieros, ia-se a casa tlt. meti 11ne oii aos sciis cclleiros; aIgtii71ns \ ~ z t ~ s OS gencraes lhe cstor- quirão p!fiameiitos, que sc ~eiiciairi :i~iiitos giczos adiante, forçanclo-o coni a prisao. ~juariclo a tropa IIFW tiiili;~ forragens ou ra~ces, de piefc- i.e~icia, se ia buscar O gencro aos colleiros e adcgns de meu pae, jd se \C, si:m dirilieiro. ,Is visitas clorniciliarias erão isepetidas, c ria verdade niuitou compromcttidos se ;icoutai.arn rias prortriedaclrs tle meti pai.

Eu estava em 4832 no scmiiiario Episcopal de (:oiinbra, cstndari(1o preparatorios, quando li entratli do esercito liberlador tio I'orto fui in- timado para me alistar n'iiin I~alalliáo do realistas, que o Heitor havia

Page 7: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

c~flerccido ao Sr. D. Migiitll! Na i~latlc de quinze aniios, em que eiitao i r i th ach:iva, nial ~iotl i :~ oii a\laliiir a cscellencia tlo govcrrio liberal sobrc o rc:ilis!a: mas cii a:na\a a iiistic'a t > rclpiigii:iv;i-mc o systcrna tlt: perse- giii~Go, por isso rifio qucri:i ~)og;ir' ii ' i irri:~ ;iirn:i, [):ira dcfciidcr esle priri- cbil)io. Ti\($ 1)ois tle cliscr, (pie estav:i tloeritc, c i:orri este pi.ctcalo salli; 111,7> r120 par:^ riiiiilia casa, cin í:oinihr:i, porqritJ iiiiipiic'iii arjiii podia irii- ~)iiricmciilc passei;ir, sem Ciidn clt: gola ciic:irriatla, oir cncetc sziil e ver- llii'llio.

Mart*l~ci p:ii.n Caiitarilictlc, c ficliiei lilli, como c~iic \igi:iiiclo uma cas:i c~l,~rirnc!rt~ial tl!) nieii pai. Os rnciis Iiai~ilos \ir:ii-arii-se nlli p;ii.:i o objecto tic: corilriici-(-io. ;iTOi.:i algum;is licl,cs tlc picaaria tjtit ' Iiia (1:ir. lodos os dias.

O juiz dc: lura, cni riovern1)i-o cle iH33, iri;iiitloii-iiic iiitim:ir a rioriicha- (50 tle tt:iictrite cle cnvallari;~ da srin giiartl;~ a czatallo; tllle iI~:\ia :ilgiiiii tliiiliciro :I in~cii pai, e servicos 1)artitniil:ir(~s i~ci-~~l:~~iti:~sinios. pois isso ITIR : i i i i i i i i ~ i a Iiii,-llie fallar e recrisrir-rni. foi~niiilrnc~~i:t~, c.on1 o prrtcato do tlocnçn. O juiz trr7ti)tl dc nic le\ar pelos scritirritlntos c~avallieii~escos. cri- carecer-nic ii Iltrrtdu qiio c u Iiia cingir, t.oi!l unia patciilc crn cakallari:~ pouco ~ii lgt~i ' , ila niinlia edatl(1, o qiic riir: clai-ia i i r r i 1)orri ii:gar de juiz tlc fira, se rnc clicgassc a ti~rrn:tr ern tlircilo, ori rno Ii;i l~ili l ; i i ia 1)ai.a rio fim (13 giieiBr.ri, scr clc futiiro nomendo tciieritc cororicl (Ias inilicias, oii cti- 1bit3o-mcir tlc Coirribra; eu presi'sti sempre ria mesma, isto n3o me fa- aia o ni:iis peclueno abalo ; mas a 1in:il o Itoinr~ini iritligiiado, tlissc-mc: l ~ o i s sc riáo coriiparccrr de Iiqjc it oito tiias I)ronil)tn, rnand:)-o vir preso, o fic:i servirido coirio sulilaclo iio iricii Iiatalliáo (I'iiifiiiiti~ria ; o Iiomeni cs- t;i\n obstiriadissimo, l)oin isso nieu pai :il)cbsni- d;!s i,ai.Tirbs cl\postas, d(: ai:ii- iltdc, ja n5o serviu tlc ernperilri~ ; e assiiri se rccorrcu a o~ i t ro expeilien- te, C pude ser escuso.

Mas logo ern ni;iiyo si~giiiiitc, o juiz ( l i ) SOra, nie petlio os livros tl:is t~iilr;id:i~ (1:)s gcricr.os rios c~t~llriros (Ia cansa coiti!ncr*cinl, (pie tlii.igi:i, :]o IIII(: ~nc, i.ccusi>i, ol)pontlo vai.ius pretcstus ; fiii inliinado dcliaiuo tla pena t l~ : l ~ i s : \ r ~ , tlii!rci c~Ii~c:li\amentc na cadca c totlos os c:ii\oiros e giiarcl:i li\-ros da caso ; srritlo 1)lissadas lioras, iritiinados toclos para Iiir-mos parli Altrroidn. Tirilia 11 esta occasião sido fiisilado o c,apitáo-iiibi. da Cortic:a, o 117o dtfi se tlois filtios ou fillias em Vizcii, por ter siilo iiic*cndcacia uma coriducta de pol\loi.a, tpic passa\a ri'aquella aldcia, piira fornecer as ti opiis realistas.

l ieu pae fez c i l t k todos os sncrificios imagiriaveis para me salvar (12 ciidea e rios caiseiros, recorrendo para isso ii tlecidida protec~ão do gc- !irra1 G a s p r Tciscira, visconde do Peso tla Regon, qiie sc aclic\a cski- ciorindo ern Coinibra, na qii:ilidnde d c general da chiate, c aquartelado e:ii casa dc rncu pai. E scrn tli~\lida que talvez cii (leva não ter igual sorlc 2 do capiL~,i-ni0r da Cortita, ;i proteccão decidida d'este general e aos es- f o r ç o ~ ~ de I;iaricisco Rafael do Couto. O tal juiz de fbra, tirilia-me fcito um slémmario com. os jiiizcs vontaneiros, e s c r i ~ i í ~ s e oiitra gente, em

Page 8: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

qtie provara qiic eit esiavn em Canhnliecle, tramando uma conspiração a i isor tlti Si.." U. Jlaria r i , e da (:arta ; isto foi o que elle disse no general, qiie kc rio ~)i,iinoiro, e depois deu-lhe ordem posiliva para me dar a libur- rlncli:, sub l ~ i i i n cl'ellc me nlantlar soltar. O general por@ persiiadiii-sc! qiie i ~ i o ci;i iiinn irs;io qrie elle dava para justificar o auto dispotico; riias lido acrcclitoil tliic cllc tivesse feito processo de semelhante falsitladt:, por (1114? lnc conliccia ainda i i i~berbe e em edade de estar luogc di: p!aíicrs tGo ;ii.riscaclos.

Logo cjilc mc collii solto tralei tle andar com alg»ma caaiella ; en- ti.cgiics os livros ao Iiorriein, elle ioinou conta de perto tle trescntos iiioios de millio, c mais pciic~-os cereacs, c tlc oito çclriias 1)ii)as cle viriho. N;io fCz I)roccsso; \eritleu tutlo por siia cqiila, c cinl)olsoi~ o cliiilieiro.

Ccrlaniciitc qiic sc eii acclilnssc o I n l poslo cle :c8riciilr, oii çc ine qiii- z c w alidar cin Coimbi*a, c~riaiitlo s i l i i c10 Seniinai irao sotlreria coiisa

cruma. al, Qiiando pcln ciitratla tlo Sr. 1)iirliic tla l'clrccir:~. crn Coiindra em 8

I I ! ~ Maio tlc 1 H : l í ns :iiiclor.iil;itlrs tlo Sr. I ) . Rli::iiel s: ic\liilnram. fiii pil (:!i1 conipi~li ia (10 juiz de 1'1'1r;i. c ~ r ~ t ~ o I ) I I ~ I I O (li1 'r(~rm1i.a Iitmieori ynra (;aritarilicclc : ~~roccclcii-sc oiii 10 oii 1 1 i nprc~lirriç3n (i!: iiiis 1,alius do dito jiiiz tle fUra, onde se C I ~ C ~ I I ~ ~ O I I O iiiei sumrnario. .4 mirilia falta (I(: c:x,pcricncia, o meri clesiritcrt~sse ptll;is coiisas rl'csta \ida, scn9o cnl5o a niiiilia iriil,rt~\i~lciic'i ftbz coin qut: i120 me opposessi: n cjuc todo os pn- 11cis r p c sc crrz:)ntrarain coni o i*eli*nto tlo juiz de fúra, L'ossein cluciriia- 110s no ro:*ic, tl;i \illa. Ilojc, tl(1sc3j;icíi l(lr# arliielle doc~irncriio.

T->clo qiic fic;i tiito, v;-se ( I I I C > niili t ( l i I I ~ S fileiras libci-aes, dcsdc n in- S,incia; cliiilin f;iiiiilia tninl)e!ii Stbs snc.i.ilic!os, latlos soili~erilos: rii;iç ih i i niiriio. , l l , l i i pai l~"rc\clii; crn t1iiilioii.o (!os (.oiiipi.omellitlos qiii' as i;octoridnrlc.; (!o Sr. 11. \ ? I ~ I I O I le\ niitarani, e q11c :ilgki~~s Ii l~erat~s llw fizvr2n1 to i~r~ai~ :I tiar ; rio !.iI~,i t i ) , ge:ieros crril)ai-g;itlos c oiitros ccliiciilos, iii;i~s tlc iriilja tsmios ~ o ~ , , i i i ' , ~ : qii:inti;i c.jt;i, ijiic a cinco por cerilo, teriù cluy)lEcaclo, ;i :.LIJ I ~ I U I - ~ .

1311, alí'i~i (Id vesnme da pris5n, (11. saliir pnrn f6i.a tla iriiiilia terra, r & laiyai. o l i i * domestico. 1)crcli o. Ii:iI~itos rscl:l,lares por dois aririos 1 i irat. t1 n.") c.:ii(ltli as disciplinas qiii: ine falta\ nm ; ti\ c depois 11e 1x1s- h;ir dos C \ ~ I I ~ C ~ . ; , lia cncliiiri~;itl~ d e 48.74, 1120 sal~siitlo ci~itão bewi s(:iiáo 1:itir;itlailo. Isto para rnirri foi iini estorvo a ri50 poiler aspirar o proftbso- i.,~clo. T o d a ~ i a Iiliiieisva apresorita\a-se-me sempre presentcir:1, rospcitosa c nrnavel, mas exigia urri gr;ii ~1,: c.~i~i:i~rni ~inl, ],ara ciiilirli ir o tlii:~I, era prt:- viso recordar as \czcs rni~itos i*iIii;iO<. O prazer tlc \ t r %Iirier\a asgini era ;!i ;indc, mas o iricoinmotlo iriiiilo irinioi-. O borri ~n\iillt:ii.u tainbern ;incl:i thiii osso sol~rc o pêllo do ca\nllo ; mas como fica elle, quando o cavallo 6 bravo o 3 jorriacla t! loiign? lltli.ciii io apresentava-mo as bolsas i vista, ~r,etlearitlo lima aslratla ~)laii:i, s ~ r r i mais rodeios do que rnarchar; com o intento no thcsouro larguei a cleosa jlinerva, c marclici ; mas no ca-

Page 9: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

minllo fui seduzido por Venus, que me levou aos Campos elyzios, e de- sapaNceo ; farto de peregrinar voltei-riie para llinerva, pedi-llic perdao, njoellici, 1)rijri;lhe a mtio, clla me aceitou como empregado ii'iim tlns scus templos. E no templo tlc Tliemis onde me occupo agora. bfas Mer- curio para miin tem sitlo sempre avesso desde entáo.

Sofri Iatnbem o mcii bocado de martyrio, e tive de menos nn rilinlia legitima algiimas dczenas de contos, por ser amante da carta, e da hy- riastia ; tcnlio por isso duplicado direito a disciitir esta q~iestão do casa- ' mcnto civil, porcluc este \ai allerar o dogina do sacrainciilo religioso, e a religiSo da carta. Escusam clc me cli;irri:ir reacioriario, ile me dizer que ' me enfileiro com a gente da iuacáo : isso não nic abala nada. Qriariilo discuto, ritio v.jo senão argumcntatlorcs. Em I~ortrigal v ~ j o sU portrigiie- z ~ s ; iiebtiuin cleisa de concorrer para as despem publicas, totlos por' isso tem os mesmos direitos.

Quarid:, para dofcn(ler o casamento ci~i l , os scris dcffensorcs \em suçteiilar qiic elle i: bom, por ser irnpiigiiado por iim griipo de homeiis, qiie tieis aos seus jiiramentos, tiveram n tlesclilri de ficar*, outr'ora, vcn- ciclos; os deflensorcs mostram assim que n3o tem argiiincntos para siis- teritar tal casamento civil, qiie se vê morto por r:llta de rasão que o jiis- lifique. Demais c11 nso rcprito o systcmti de pers~gui(.ão (10 govcriio do Sr. I). Mig!icl in~l~utnvcl a todo o seu partitlo, basta sci- um governo abso- luto.

Mas aquclics Iiomens por serem ~cricidos, náo ficaram anatliematisados; n lei nao rcconliccc liqjc uencctloi.cs? npm \ericidos, senáo no final do cscriitii~io; e nein sempre o ~scrutiri~o ib o 1Ii~r1110~t?tro.

Ilojc os honicns sensatos promovem representafões contra o casa- rncrito c.i\il, e riso clizcni ao p o ~ o qiie a i.cligi2o vai ser alterada; sc o tlisscssem, entáo o ricgocio s ~ r i a niiiito scrio. O Sr. iIerculaiio ficaria exposto aos odios ~)opi~l:tres !

Por que ri5o.li2o tle os tii~fci:soi*cbs r10 casamento civil fazer tambem a siia represe~ilaqão :) I'ro~rOr uiti:i liicltli(la transcendente que ninguem rc- cl:irila, c (pie muitos coinliatcin, i: iiriia causa contr:~ri;i no fuiitlamcnto legislativo tlo @)vcr,iio rrprescritali\o, rjiiiJ deve ter por fim accctler a joiitade c10 maior riuiiicro : O \ortl;itlc qiic o Sr. .\lc~\;antlre IIerculaiio in!;,gina qunsi cjuc si> por si rom~~ri~lic~titlo iimn grsnclc arca de poros dc que elle i: or;iculo, c ptititt 316 SCI', (lu(! se persiiuda ser o ecco ilos portiiguezes ; ~ L d e muito bem ser : eii ja oiivi Bllar em sorilios mais estrat;igaiitibs : i! peria que o Sr. Alcsaittli-e 1Icrci1lario nlao terilia um amigo que o ;itlvirl:i, ou rloc o arorí!~.

Este trnballio, e o artigo (juc si: scgi:c, estti escripto 6 muitos dias, mas como se coniefoit a clisciitir a qiicsi;io da imprciisa. fui destraliido lnra cste objcclo ; c conclrxidos ambos os artigo?, qiio iritl não quizcr;im piil~licar n'iiin jornal, qilc discutia cnQo ambas ;i$ rliiest6cs, vi-me for-

Page 10: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

q:iiln a esperar atP; encontrar jornal que publicasse um nrligo em'seguida ao outro ; ou atí, nrrarijar a pliblical3o por outro modo.

.'rodos os nrptirneritos qiie sc tcm 1)ropaladu em favor do casamento c i ~ i l v20 rcsponilitlos e refutados nt) ;irligo qiie se segiie ; se deixei de i-iicncionar a!giinl, foi por que m e cscliicceo: inns nos que apl-esento, p0dc ciicoritrar-se n rcfritay& dc todos.

Estori prornpto n tliscritir com os clric qiiizercni tornar 5 questão, o screi urbano c eortez com os (pie o fbrem.

O casain~nto ciiil, i: o poder de j!intar em i~ni;io corijugnl, o Iiomem con1 a rnulljcr, datlo no oílivial civil, at)stral~idn< as formulas e cmpedi- icentos carioíiicos. l'ara cs?cl cnsaineiito civil, ;i rtbligiZo catholica, ii3o vale, ii~i:i i\ t i t l n ,:i11 cousa algurila. E isto o que se pi.opGe e~labeleccr por uma lei oi iiiiiaiit.

Ora :i lei politica na13 piiii,, ~ ( $ 1 . nlicratln por urna lei ordiriariti: n Carta conslitiit ional cçial)c!rcen:lo que a religiao d o Esta00 4 cntlrolica l'OR131ii1 : C uma lei politiça: logo a religilo tlo Estudo n;i,o pbile altcrar- sv por lima 1t.i 01-diriaria.

O l>i'~lt'('to de codigo civil. pertcntlei~clo estabelecer o cnsamen to ci\ i1 por ii1ri:i ltni oi~liiiaria. a1 tera a religi5o çatliolit~a ; a religiáo cntholica qiie a.; coiiliccc o ctisttrne!ilo c.a!liolico, 6 oii1cn:;tlli por iimii lei po!ilicn ; a Ici l~olitica, 1121, pbttc ser allcratln pc;r i11ii:i lei oi.diiiai~iii: logo o liioj,:cto tle coiligo ci\ il, 1,crtcr:dcndo cslabelccei. o c.risiimento ciiil por iitiia lci orcli- iiaria, 1130 pódc ser approi a&).

Demonstremos estes raciociriios nos segiiintes poiitos: A religiiião c:it!iolica 11111 putler tlo ISstado, oii urna gtirar!tia politicri

d o citiadão ? A carta esla!)elece arf. 1 4 k , qiio i' a0 ror~stitiicional o que diz r e s p ~ i t o

aos poderes politicos e ;\os dircitoq politrcos e iridi\titluaesldos cidadãos; e por isso os tirtigos cl'c31!n r[:ic ti'ataibciii (10s 1)otleres polilkas, e direitos politicos iiidividuaes, si, litidcm ser allerntlos, pela f0rn1a bst~belecicia na mesma carta, qiie C ~)t'ol)mritIo-se n'iimn 1cgihlatui.n a altera-o, e drr:ois tle approvada, sci* c1ccrrI:id;i llcln seguirite : ~ j d . catt. coiist. art. 140, (i 16'1.

A mesma taai,ia cst;ibeli ce, cluaes os poderes ~~oli t icos, que são, rno- ilerador, Icgislati~o, ~iidicial C ~ l sec i , t i \~ .

Yejani agora se, al tei.ar:ilo 116s a r*eligià;o do Eslado, alteramos alguns

Page 11: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

dos poderes poilticos coiislitoidos, ou se altcrninos ns direitos politic,ns ou ihdividnaes do citlndão : pirrrliitl tbm provantlo r~iialquer tlas Iiypntlrc- ses, temos (Iiic o pi-ojecto tlo codigo civil, n5o ptitle sclr npprovado crn relação ao casamento cilil, pelo qiie n mtlsni;i Carta Constitiicional or- dena ; e para isso esarniiienios i~erii o cluc 6 primeiro

A rcligi3o riniiii~alinciitc f;illaiitlo, n3o i, mais do que a reunião d e sentimcritos c devcres qiie o scr s[il)rcmo, Deos, impoz ao Iiomem e m i.clncZo 3 si, c crn relaqáo aos oiiti*os, ])ar3 fdzer a sua C nossa gloria, e ;I nossa felicidadv, na esper*nn[a tlc recoinpciisas, c coni o temor d e castigos futuros.

E na vcrtlndr o hon~em collocatlo rio muritlo, contemplando o ar que respira, a liiz qiie o r,liimia, s rnzão tliic o guia. a tcJrra que piza, o Ceo, esta abobetla celeste, c os asliaos riiir, n oriiam ; esta ortlem Iiarmoniosn da natureza, que se mariiresta dv dia c tlr noite, riáo póde rlcisar de crer na csislriicin tla um Deos, taomo cniisa origiiiaria de toda a naturtJza ; assim ellc ~ c n d o , qric cl'cstc primciro sfhr tem a siia origem, vida, esis- 1enni:i c as vantngoris, ou os I~cris quc cll;i Ilic ( l i , suhmettc, por este seii- timcrito iniiato, n $:ia \'ont;itle c as siias accócs no contesto h s regras, que aclin gravaclas 110 SCII ('01';1(30: r~lgrns ( 1 1 1 ~ nttril~ue ao soberano Ser. Ella tl: pois a raz5o natiiral, quc rcnuin o Iiumem ria practica de suas acçhs , e no ciin~priniento dc sciis tlotercs.

& como raz5a divina, que guia o I io in~ t i~ rio se11 pensamento para sc apcr- fiii(onr, para aprcritior, para csl!irlar, I1ni.n tral~nlliar e para se reprodu- zir ; para fazer bcni c evitar o mal ; assim cllt: se destingiic dos irracio- Iines que n:iltiraliiicntt3 n3o iiiveiitáo, não pcrisao c não limitam os seus :ipp?titcs por lei alguma.

.\ i~oligiao pois, estando gravada no scntimriitc) intimo do Iiomem, acoml);inl!a-o 1)iira totln a parte, c C) assiin iini;i scnlilic~!l;i qiie o nff:ista tln ~)rnlicit ilo inal ; a lerril,r:i!i~n (1,) prrwnte, :i csl)ci-nnq;i do I I P I ~ fuliiro, corli) pi'dinii~ tlc I~oas accõtls. c o tcriior dos males, roino castigo do cri- irli., letnm o 1ioin::iri n praticar o 1 ) ~ i n .

1)';irliii vcio n i-eligi;ii, rctclntl;~, cliii' 110s nccitanios por catliolica ro- maiin, n rcligi50 propn~;ldn 1)or J C ~ I I S (:l~i-i.;to r pelos iipostolos, (.ujos ~)receitos, coiisLarn tlos I i ~ r o ç saritos, (Ias iIctcrniirin'.õcs (Ia Igreja, pclas l)ecret;ies, Ijrtsves, Iliill:is, (:oiiiLordalas c Coiicilios, o que ftirrria o cha- matlo corpo dc 1)ireito Carioiiico. EsSa i,eligi3o riilre os seus preceitos rcvellatl~s, cu:nprclicn<le rnr ios tlogmas, :ilgiiris clos qiiaes estão cle- \ados a cltisse dc Sacramentos, c um d'cstes 6 o n~atrinionio.

S5n cstes os b~iieficioç cla roligiáo c,ntliolica, (lu;% t e m o germen (13 ii:liiral, m:is revellada por Deos, i: por isso tle origcm di\inn.

A rcligiáo por tarito n'iirn Estado, i 1 o prirneiro clcrncnto, que con- tribue para aplanar o exercicio da soberariia, n:\ r\rcilc3o das leis. Os

Page 12: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

Iioinens sujeitos As leis naturaes, estabklecendo-se em sociedade e civil, conliticendo a blta de saricçáo cl'aquellas leis, for;irn buscar este estarlo, ccclorido assim tle alguma liberdadi! natural, para por este meio çuml~cjii- i-cri1 os rliie faltassem ao cumprimento d'essas leis; :i rckligi2o foisina p ; ~ r tnl~to os cosluriies e n moral d'um povo. Sem moral, i i i n l ptitlc siistc~ritar-sc O

goverrio diq)olico, mas o liberal sem clla ri20 pti!lc c ~ i s t i r . 1)or outi,o lado, a rcligi30 filzcnilo crcr ao Iioiirerii a I)emavi~ii t : i i~ai~

113 outra vida, serve-ltic como dc consolacáo c liriilivo aos inril(bs cla prc- scritc, e snavisii-llic o espirito; elle muitas trczes :iceilci os males conio 1)i'cceitos diiinos, qiie lhe scrvem tlc ckitai. uiii pcibigo i';ituibo, oiitrns Iczes ellc os rteccbe conio castigos c I r e \ isócs (10 ~~ i ' c~he~ i lo . -\ cjiiern recorre o riiarinliciio no ;ilto mar, teiido a ~)oi~cclla ti~i~:iioiitla c o fuiacáo cles- ~ruit lor ameacando de submergir tiitlo < Se clle 1150 for religioso na oc- casi'io dos grande< perigos. elle pi.;\iic;~ra o suicitlio ; quem o corifoi-[:I iin Iiora do lIerigo :>

N'io sú dcstcs fun~l~incntos innal)alaveis, que vcm a iiccessidiiclc da religião nos cslados. Cr)!isi~lt;intlo a Iiistoria do iiiuritlo, riOs Temos quc ;i primeira epoclia politica foi a tlieoçratica, e cjuc esta mais ou merics ;ilterada, mais oii inciios tc1in~),3ratl;i, coiiliiiii~ii sernprd iiifliiencinntln o poder politico, forniai~do-se n fin:il iia irilluericia saccrilotal. Esta infl:icii- ('ia acha-se lio,jc na nossa 0rgarlisa(;5o jiidiçial; o lwiricipio tlieocratico tcm sido inotlificndo, (.orno todos os estabelecii~ieiitns, e cousas liiinin- lias, mas ii'io 1oi estiilcto.

1'01- isso O eçclesiastico eritrc nhs, forma um ramo ou parte d o poclcr judicial, e sei150 \ cjan~os :

O ecrlcsinstico tem os seu; paroclios; esamiiien~os as ft:ncyG?s iin- portantcs tliie estes eserccrri ; vejamos c, inisl!:r aiigiisto e auctoritlacll: liriterna1 clc qiic ollcs, o [i,iroclio.+, se reresterri, acoiiil)nnIi;~iitlo o frcguctz tlo l~e rço ati! i tuniba : vejniiios a moral, rliie elles pi>tl:liii iini)i-irnir. rio Iioinem, quando soiiberem crin~l)rir o seri sagrado mister, ;ip!ic;iiritlo-111'0 dcsde a irhncia ale i velliicx!

Examinemos t i e ~ ~ o i s 3 1l0ss;i :!!iirlinistra~io (Ia justicn, e comcfcmoa 1)elos processos judiciacs ; ~ ~ j ; i m : ~ s como nos fnzrni, qiiando sonius tln- dos por testemuntias, quatido iius iiomeiaiii tutores clt: cillriiiri piipilo, cjrinnclo vamos scr jiir;idos, qilc 1120 pr;i!iquernos riem c\ni-<t~ii io~ cliialquer tl'cls- tes mystercs, sem jurar erri iloriie (10s Snritos 13varigcllio~,, iiii-;irncnto cluc se exige, os ad~ogailos, cui.adores, t? ate, militas ~:~zc:,, 110s liligins as proprias partes, por estes juramento propiio, tlcciclcni siias differenqas; este juramento csige-sc tamhem aos peritos arbilins. ctc., aqui temos por tanto invocada a autoridade diviiia na at1ininistraq:o ciiil. rios actos os mais triviaes. Isto ainda se observa nos actos e fiinccótls l~oliticas, porque to- dos os fuccioiinrios puhlicos sBo ohrigatlos :i ~~i'cstiir o juramcnto de inanter a rclipiáo catliolica apostolica romaria.

Depois cl'isto ribs \-emos que csistem -li '~~lii 'csti.ci, que tomam conta

Page 13: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

d,i orgariisa(3u tle certos processbs canonicos, inr~uirindu testemiinlias c rcmettendo-os 30 siiptrior para decidir: cltit: iio caso d'erro wnonico tl'urii pwodlio, o !:iq)o o julga e siispciitle, ;ipplicantlo-llie :i Irgislaqáo c:ciio- nica, e anallienras (1:i 1grej;i; teriios atil os cliatnatlos reciii xits ,i coivn, i[!- tcrpostos do e\cesso da aiictoridatle ec~l~çi:~slica 1)nssantio i1i:ii.s iicaiilc.. \ ( > -

mos as relnci>cs ccclcsiasticas tlo reino, j~lj:ari(lo C j)roft:riiitli~ tli'(.isi~i's ~:!rio- ~ l i ~ a s , de clricj so inlciyóc al)liclayóes e rectírsos a!& para Ro!rin: \ itriitis tliic as 11,~cisóes i.,:lio~,i ,as tem forca obl.i,oatoria, e se eseciitain, c cjuc si i os IIrc~es dc: Iioiri;~ ; , i c, i n!ri o Bcneplacito Ilegio; nias raros s5n os c\cbrnplos cl'tlx!c sc iicgar; t b Ii:íla!:i i iiio phiic deixar tlc scr ~:otler, porqiicb as canmar;is, alln e baixa, tarii!,erii hrrna~il o pottzr lcgislativo, c o rcli ~ ) o ~ l o ncl$;ar n a s:i:i@o r6pi;i 3 lei.

Venios depois os I)ispns c10 rcirio serem parcs nato:; i i n (:amara Iicrc- ditaria, c t1';iqui c\incliiírno~, i l ~ i ( ~ a wligi;io do Estado, !t~rtnn i1rii:i pai4c i[ill;ortaritc do potlcr l~itlici;il, qiic c riin ~)o<lci. l)c!litieo tl:i carta.

A religiso 1i)o phle ser f:iciillati~a ao Iioiiicn~. Se cll:~ prevcrn tios sentimentos iiii::!tos iio 1nes;iio Iioinem, e clija origcm se nltribue ii di- \iiicladc, ellc t(>rri ricccssar'iamentt: de ser religioso, i! iim rigoroso de- 1t.r 113 sua cr,l:i~So. O hoiiicrn qric não for religioso, não tem freio al- grini qiic o ~)r::~ida, seja qualquer que fcti :I acoo qiic iii!e~te practicnr. Os irraciorises tambcm não reconliecern freio, ou coiisa qiie lnnitc os seus desejos, por isso o Iiomeni, qiie náo liver 011 não quizer ter reli- gi;io, ficnr:i igualado as li+as, sci.;i um ntlien; mas como o liornem Q do- tiido tle razk, clle teni i ) ! ~ isso uma rcligiãi), que forma um co~nplcxo di: ~)rc:citos iii!i;ito<, c ;i.;siin :i seligiGo, riáo 6 fitcullutiva, e preccpfiv;~.

Admittida ii'iiri? est,itlo tirna rtlligião, o Iiomeiii tem ttmn ol~riga~do ri- gorosa de scguil-a, ( I ol)~clcc.er-llie. O pacto fiindnniental estabetecentlo a rc- Iigiau c;tlhí)lica, olri-igoii lotlos os ci:lntl5os ;is tloi~tr.inas religiosas estabe- lecidas; siipl)G~~-sc, 11,) caso t l ;~ carla, tini pacto formado pela promessa ticcitc; estando l~ois pcrfííito o contrato, não phle alterar-se. Se o cida- (190 portugucz não pbdi! salvar a siia corisciciicia, e não quer seguir ~ s - tcrriamenie o culto calliolieo, tem um remodio que a 1i.i Itie não veda, i! na- turalisar-se eiii paiz estr;ingciro qiie adopte a liberdade de cultos.

1,anqando iima \ ista rapitln sobre todos os govcrnos ilo mundo, ntis ~ c - mos cjiic n2o 1i;i governo alguiii policinilo (Ia Ei~rop;~, qii:: 1120 tcnlia adoptaclo iio sou pacio fiiiidamc~ital, iiiiia religião qrialili:cbi>. ( I o mais que veinos a este respeitt) i: est;il)clecida cni Franca a lil~\i~cla~lt! CIO 1'111tos; irias ost;~ liberdaile ii3o likra o cidadão de ier lima rcligiao. Nos outros p:iizcs coiifedt:- rados quc temiiiuitas religiócs e seitas, náo se estal)cleceo a njligiso, porque esses eslatlos formados de diíi'erentes povos, não podiam admittir s,l;lão a religi3o que cada iini professava, o que excluia 11 tinida& i*eligiosa. Nas a falta d'unidade religiosa ri'iim es1:icli) tliialquer C: perniciosa A furqn do poder. Qiilindo succedern os abalos soviacs que dissolvem os potlcres publicas, a ala~aricn &li religizo, coiii que o poricr Icrantava o maior peso,

Page 14: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

desf~z-se, c o podcr fica sem este auxilio, conio a nau scín lemc n;1 procella. O elementq da forca produzicdo pela consciencia dos cidadiíos tlcsapparcce, e com ellc aqiirlla coristancia que o lioirtem aclquire para Iêncer a ad\rersidacle. Mas certo que a rcligi3o r120 i: sG uma obrigaqão: i: uin direito do liomem.

Em Portugal ningiiem phcle ser bacharel, scni ser catholico ro- romano, aqrii tcinos n ~iriinc~ira garantia politicn, concedida sbntente aos catliolicos romanos; niiiçucni 11c')cle ser regedor, atlministrtiilor de conte- lho, tutor, curatloi,, membro cle camarn, conselheiro de distrito, juiz de tlclegado, depiifi!clo, n~iriistro. ctc., scm ser cntliolicn romano; isto cstd ahi deteriniriado por todas as leis politicas e ccoiiomic:is.

Por isso a qualiclade de c;atliolico i,omario, i: iim dircilo politico c lima garantia iiidi\ idual.

Ora o cat!lolico romano lcm o1)rigação de se sujeitar ds leis da Igreja; o cxqraonto c.ivil abaridona o casariiei-ito canonico, qiic 6 sacramento, logo o casamento civil náo póde admiltir-se, porqiip ;i!tcra a i'e!igiio ca- tltolica, que o cid;t(l;io poi.iugucz 6 obrigado a obseinvar, tlo que Ilic pro- \em direi tos politicos.

Do que tciilos (lito atii aqui, co~içluc-sc; i)rimciro, qilc o governo p,~rtuguez, he mvnarcliico aristocratico, theocratico, e represei~tativo; sc- cundo, qiie a religiáo forma 1):irtc tlo pc~tler judicial; tcrcciro, qiie ser catho- fico 6 uma garantia, pcililica P ir i i l i \ ii1i:'ll tlo cidadáo, scrii a qual n;io pOtle ih\ercer toi13s ~ L I I I C ~ U C S politic;is, 1)(?1o IYICIIOS 3s 11-iai~: importantes.

Ora os i,c,dores polilicos. e os direitos int'livicluaes e garantias politicas :lo cirlatlZo, ii.io pode111 scr alterados por leis ordiii:irias, conforme a carta c*c~;isti!ucional, art. 1110, a 144 logo o l~rojccto (10 codigo civil, estabcle- c.cbl,do o ca.;ailicntci citil. nlio pGde ser ngpmrn(lo, por atacar um arti- - : polilico da caiSt;r, qus náo 1u;rle ser ;~lter;ida por iiirin Ici ordinaria. Isto mesmo se obser\uu em Franca em rclaçiío ii malcria que sc discu- ! . Os Iionicns politicos da França \lendo os inconvenicliites rluc resulln-

).n das 11ifTerciitcs i*eligiões, produzidos nso sti pelo aggregado de dif- rentes territorios, que se uniram i Fraii~a, mas cle muitos indiriduos quc

,iiiliam huscndo o t,erritorio francez, e que, por esta causa náo podia lia- 1 (>r iinifori:iitlade ùe rcligiio, porque com ella se Iiia atacar a consc.icii- cin de muitos povos alli residentes, estabalecerain o cullo da reli,'- <riao W- iholica; mas declararam quc ella cra facdtati~~a, porqrie decretaram em segoida a liberdade de cultos em territorio toar) francez ('I.

Não traclanios da questáo da liberdade de cultos, porqus essa não se propõe agora.

Passemos em segundo logar a examinar o que 13

i*) I'oitalny conaellieiro d'eslado, Sesa. do corpo lagislalivo de 16 ventose do anno 11.

Semixo trihurio-discurso sobre o estado civil-Sess. de 17 du ventoso do anno Il- ibi- a o sendo a religiiio c~t l io l ic i roinana a dominante.. . .

Page 15: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

O CASAIIESTO EY GERAL.

O casatil rito k 3 u;iiio (10 h:)m >i11 t-1)111 :1 inullic~r, tlctermiiiado pela liaturezn, e pclo scu arictor; c'oni o riiii rccil)i.oc'o tlc satisfazer aos iinpulsos do ainor: gerantlo ;i L ~ \ ~ ) I ! I ' I ~ Iiiiiii;iiia, (I tlc iiindar assim iimii filmilia. A sociedadi: ecrl,i<iailica, i1 r1bligi5o t*allic)lica apostolicn romana o rd~ i i a esta lignfão ]?os l i \ 1.0s santos. ii:is p;il;i\r;i.; cccfctci lc ct ~ n r t l l i p l i c l t 9,tinin e f:iz dcllas ilrn s::~.t.nnicnto ; ;i sociecliitl~~ (.t\iI i)ortiigueza marca lias siias leis os dirtbiio.; civis dos conjriges, clitltois tle celebrado o ca- samento, c~r;io n 1grcj;i (!!ler.

O ainoi8 (10s coiijligcls i: o qiit: iinlwlc os iii(li\itliins no iicto (11, cn- snrnentn, e o cpie foiiieiita c tli origeiii ;i prole ; cllc aiiginciita iiiscii- a;rc[irieiite entre os csp0sos au 1)oiito (jut: n ii!ilri(5o c iltluca('3o (10s li- ltio.;, serido o onlis mais pt1s;itlo tla iiiii5o coiijiigal, f i i ~ na (Iolicias dos t~spOçoç. h c1l)riqaqáo nnt i i~ i l il;i iiUc riiitrir sll[i fillio, o11 f'izcl-o iiiitrir, ;iralcrital-o no i ~ ~ i i ]'iki:o, ,!!\ignI-o, animal-o, 6 para ciia ilin Iirazei,; no isso que a ediic::ii.;io ([ ' i" o (1:11: l)ros!a a sori lillio, co;n qiittnto oiii'i'o- sa, 1130 C ~ ~ i i > i i l ) ~ tl(~loiln~ci: t l 2 i t s I l i , > l ~ i ~ d i i ~ (!:na vcrdadeir.;~ Iiinih~arirn (11) amal' (l'(:rltS'~! ar?hi)O$, 0 O [Jl'ilLl'r cII2 h(' \ c r ~ ' ~ p ~ ~ d l l ~ i t ~ ~ , (12 C I U O C i l l ~c~sclarle sc riio pOde esplicar :I c;~c~s:i, s11!i50 l)or um sentimento iniiino. Os fillios sai) i'i1alili jnte o r~iiadi-o I ~ V I J tlos csl)t'~sos; se o espdho repro- ~ I I J L ir iinngcrn qiie se Ilie :il)rascnta. o lillio iião recorila mciios aos paes o i ' c c i p i ~ ~ ~ ninor, e to(13s ;IS passagens as mais doces do tempo conjii- gii; so ii~iiitas \(:~i:s n5o tlescrilpn algiirna Ql t ;~ tl'entre ainl)c,s.

1)'nrlui i! f,ic:il \ ? r rlisc n juiit-~:?o tlo liorneiri com a ~i i i l l ic i~ , com o íirn cui i~~ig;~l , I )i,~)dii/.idn ])elo ;i:ii!~r t l ' t ~ i i t rtl amhos, traz scin tluvitl;i n f i~r- inn"~) tle isin p:)tlcr, qite ó o po(lcr. patchrrinl euistt?ntc? no chefe tlc fiiniilia. O liomri~i, ~)\:la sii[ierioridtide (li' siicis l i~i~.; is c dc siia intclligeric.in, tosii:i-sc clicfc : a mullic i. pela siia fi-aqiicza, prla sua tlot~iira, pclo si9u nnior tio marido, suhmcttc-se voli~ril;:ri:init~i~t~~. .I ol)rig;iy5o do maisitlo, corno clieíii tle occosrer (1s necessitlatles t!oiiicstic.as (10 f~sl3ilo conjrigal, ii tlo piveve- iiir as cventualiclatles, c tlc ai)ffi~cr o.; maiorcs encommoclos, a quiilidntle tle proIcc1~1' lcgislatlni- c th\ct~iitor, rlir'igintlo, preniiaridn e ~ist iganilo beus fillios. cli-lkr, o t81inmado podrr paterno.

Os lillios, i-c:.cbcr~do dcstle o 1)cr-o as inspiracfirs tlc ~ ( ~ 1 1 s pais, ti8;f- t;irido-o tlc coritiniio, recebendo os seus soccorros, airitla qiie iiisignili- ca:i:itcs, t1 as cleiiionstrn~õt.~ clc ainor, sul)mcttcin-sc tlc 1)c)n incnte 30 110- (lei. palcriio.

Quciii vcrn fisn~ar no centro tlas faniilias cste podrr sot~crnno do paiu! Aqui, 1150 se v6 ritliii juiz, riem rcgcdor, nem administraclor ! Uo ordina- rio rinnca aqui vciri aiictoridatlc algiimn. A nl)ediencia apihra-se 1)clo te- mor, e pelo ;inior, ou por qiie arictorid:itlc? Ile 1)el:i auctoridatl(1 tli\ina. IIe cste o cfit:ito da ci-iafáo, «crcscitc c1 iiiiiltil)licamirii.»

O c.asn:ii:!iilii cntliolico r~lcl)rnilo no tciriplo, peraritc o altar, fazcrido

Page 16: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

aqrii iinl saci;imt~iilo, I ai dar iriais forca ao acto em si: vai tornar 1ri:ii.; soIcr11r1(11 esfíb ;icto, o mais aiigusto da hurilanidaíle; ai recordtir no lia- rntli:i que 1,í:os iristituiu o mntriiiionio, para propagação da csl~eric, ,$

(1m: fiizcrido-o sacramento, ellc iinc o homcrn com a miilhcr pcr~~t~tuaiiii~ri- tc; c assim, i120 SI? Ilic traz a memoria, os ;ittribiitos da di~iiitlatle, in:is tli ao 1io:nem m:iis resigii:~r:TÍo para soporlar as ;iinargiiras c os ti'a1):rllios (11) inatrinionio, que iriuiitis 1 czes se toriiam iiisoporla\ eis.

O ltrc~jecto cie cotligo ci\il, ordenando que iilri oflici:il 1)rof;irio soja o iiiiz dos casamentos, coml~::toiilc para unir eni mntriinoriio liorilcin e:Pti- ilier, precedcnilo ag,lrins um cdital noticiariilo o hcto, seni qiir: os espo- sos primeiro solcmriiscni o casamento calliolico, coiilorme a religiq * O ci1- tliolii:n, qiic os 1)ortuguczes cstiío obrigados a guardar, ataca a rcligiiío c a nioral.

O casamciito cleclaraclo asbim pelo projecto de codigo, um coiili*acto crpotuo sem esta iinccio divina dn sacramento, crearii a vontade e a icilidadc clt, o anriullar. h cinpliilcii-se taml~rm i& iiin conlr;it;lr, j):Ji.i)t3- E

tiio, o rUo i: ti) para os contraçtantes, i: taml)ciii piir:i os sciis Iit:i~tli~ii~i~~. 1135 a cilipIi;liiist: tarnl~em sc pbde aiiniillar ;i ~oiitadc ilas tcs.

Aqui tciiios por txito, qiie miiitos cspeculari;irii corii os c;lsail.icnlos; se n niallier se iião eiibdassc do marido, obrig;il-a-1ii;irri :i cr,fiitliir-se; c a- (30 teria-mos descasaineiitos toclos os dias ; o i~esii1t;iclo cr;i, iliic a inu- Ilicr, qiie de per si podia ser uma boa n15e do hinilin, pt>rtlcria esta (liia- lidade, venrlo-se repuiliada pelo divorcio : pertleria a coriliaiiça para tor- ii;ir a casar, e sem o querer, por urna ici irresistivel, alii a tirilia-inos íiuctiiarido, propintpia a prostiltiir-se. Scsism estes os effcitos do casameiiio ci\il tlo prqjoçto tle corligo civil.

'

liazer por iniito urn ])i70.jrkcto dc lei, qiic tende a proslitiiir a mulfic~i~. c assim a innutilisi~l-a p;ii :i 3s grandes fiincfles, qiic ella com tanto pi-o- vcito exercs na f,lmilin, rWo esperavamos 116s das idbas d'este scculo.

E iiiesriio ri'isto i> o Si.. ihiex:iritlrc 1Iiii~ciilano coritradi torio, com o qiic escrcveo ;i çci-ca da iniillier. (Jiic 1)i.oiiiio qiicreis (lar á multier casta, 3

mrillicr virgem, fraca, para viler si), si1 ;i cluisaes eritseguc 3 boa ou mi sol-te tla iridole ilc scu maritlo, lm-a ser ori ri80 repudiada e abandonada :'

O casaineiilo tentlo por lwiricipio o niiior, e por fim a procreaç3o, tc,n uma origeni natiiral c (li\ iii:i; sú essa, o sacranieiito, lbe pode (lar a ~)crpetuidade, assim o \c!irios decidido na seguirito seritenqa:

Por i s s ~ Rcix:~ra o Iinincm seu pai c sua W ~ C , I; sc ui~ii.i a siin mullicr : serão tlous n'uma mesma carnc.

cen. v. 2h.

Afastemos pois lotln a origem profana do casamento, para que este iiio soja profatintlo. Qticimenios-lhc totio o incenso e offereçamos-llie ohla- tas pai'u o csnltar, afim de O perpetualu c de o Iionrilr. Esle i! o c~.lal)c~-

c> -

Page 17: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

Ict.irnento 1iuii~;ino o inais augusto, e d'elle grovbin os melhores I~cns so- ci:ieu.

-'I Ellc nos d;i urna prolo Icgilima. qiie depois cnrirliicce a terr:i srcl,l, c.om pi'a(]iictos tia indiistria, da intelligcncin e rlLt forca.

Estes 1,cris i!ão pUde o iasamerilo civii ti-nzer-ricq, por que llie f:ilta ;I iiiic~5o i.l'l,:rios:i, falta que lia de facilitar os di\orcios, o que sci.4 iim nl:ii igual á prostituifão.

Ha fiictus naturctcs na vida do boincm, que As Icis ci~i.;. 1150 1)~',(1oin 0rr)cnar; o seu myster retluz-se a marcar os tlirritos n o.;çc3v filr'tos.

O nascimento, o casa me ri!^ c a rriorlc, ri30 ptidcin ciit rnco tln 1 1 b i na- tural ser ordenados, pelo poder 1iurn:tno. Ici civil, não pbdc ort1cii:ir c!uc alguem nasca, inas reinovitlos os cstorros q i i e podem oppor-stx, cipc- lias $e deic limitar a registrar o ricisciiiieiito por xci. iiin facto tla creaçãoy tambem não pUde ordenar que algiiem case, nein o inndo como lia de casar; este facto i: r-iaturai, e a lci ilivina e a rcligi5o Ci!c?a!'i*Í'(;oU-Se tle :narcar :is soleninidades cl'este acto niignsto : o nlcsino siiccrde ent qiiarito ;i inor- {c, a lei cltl\.o rcgistrnr cstc faclo, pnrn Llic'aplicar u (lireito.

Estas solclmnidades do casamento s3o iim accortlo c.o:n a sua sctn!iJ (!aclc, sao uinn lioinenagem ;i religila:); r190 1i:i t-c~ligi2o sein ciilto; o ci:l~o sFo os actos c\;tei'iios que nos recordani a csistencin da divinclnrlc.

O cnsaniento civil, quando por uma lei comltctentí:, possa sei. adota- do, trari comsigo (Iasordens e males sociaes cie grande riionla.

O cjuc for catliolico c tamhem o atlieo, ii3;i casar-se civilmente; cyta espccie clclibrrtinagcin, ter6 seris ~)rosclytos, ~)orquc os impios que- rfqn tles~ruir todas as I ~ a ~ ~ r ~ i r a s CIIIR pí)$sa~n oppni3-S: and SOIIS desordc- 113110s c riat~r;ics praze1'es: ~ : I C al~j~lrii(:Gcs aqui 1120 irizo?

Por esta qiiostrio que Iioje sc suscila, c por sc~iirlliai.itc~ proposta tle casainento civil qiic se disciitc; lancando lima vista rapiOa so1)i.t: a ma;.- clla dos negocios, c sohre outras leis, \elo apen:ts um csl)irilo :ii\e]ador para lios encnrniiiliarmos ;i 1il)erdadc ilati~ral, acnhar corii todos os II!\- eleos dc poclcr, e de moral; piwa fiintlar o qiie?

Deviza-se ciii verdade uril certo iievoeiro, o enihcrga-sc! iim:t certa poeira que incomrrioda a vista do cldro oiisontc, e enibaraqa a respira- <ao no çoso cla \ida pavitica. Jii um moderrio poliliro r~ertcndeo erisaiar a extincçáo do pi*iriçil)io dynastiço na I'cninsula. sul~~tiii:iiitlo-o pelo 1)i.i~- cipio monarc1ric;o eicctivo. l'ensou rluc os Iionieris ~ 4 3 \ 2 1 1 i pi-eparados l)aiBa isto, qiic a sua iiistrucção e siiii 1r:oral estava cl arec,rdo, ! n ~ s en- ganou-se. hpparccco-llie iiiit gouertio cLoin o rronic tle repiibticari~, mas ol~g;irc.liico iios go\ernantes, e demagogo iros go~ernarios. O erigar,o blli . t ic~ uni :,rovcri!u a1)soluto iiliistrado. Pl;tlao Ia!nl)tw s:> ciigaiioti, c t+ tln\ia a siin oh!'a aii:cla se :!!linii*a. Depois ti imprfiiisa f r i i .o i i ria I'berio, soitd» Lisllcia o centro tl'esle iml~crio, justificando a idea cnrn o al)atiim'nto, e coni o pi.i!:cipi:) domiitaiitc (?a fi)rn::,!.au tle gianclílç I ;- yficis. .\ l):~i'cccm iiu riicio clc !til!~ syiiiplo~iias dc~ritici ;!ticoa cnci\i!:in!,?r.-

Page 18: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

~111-se iil> c.oin!iiiinisino, c por totln a ~>;ii.te os eiicilos de grande corrup- cão e f:ilt:i ti(> jiistica ! 1)evcrnos cspcrar iiin gi-aritle a1)21o soc.ial. m;is (li!;:\ sci.;i, I> o seu rksriltado; iião pbde p~-e\~cr-se. Seria o c;i~ariieiilo ci- vil a nvanfncl:~ que tlevia corncfar o tiroteio?

@C a socictlndc se aperfeiqoe, que I>iis(~iie tia discussa~~, no i.!lin;iii<o ,!a J ) ; ~ Z , o c\rni!ic3 das ineditln.; d'um go\erno jnslo. I~i,rn, (3 l ~ i ~ c . 6 I ~ I O

(1,i itatiircza tl:!; clilisis: to:los os eritcs fisicos e riinraes teri(1ctii ;I sria 1)cr- li~ic;áo. M:is collit3i* iii;i!IL\ii.a cni m;íu cc')inte paisri f ~ z c r rrio\cib por riiriito lions operai.ios, 6 iiiiitilis.ir. o tl.abalIio, a matleira c os oltorarios. Uiii cliigsnc) rin polilica, e um rnnl para a Iiuinanitlade: i. como um rernedio c~)iilrai.io ;i riio!es!ia clue se cura.

111çtr~ioin:~s e nioraliscmns o pnho. Exaltemos a moral e a jiistiqa, l'orc~uf: as reforinas \ir40 coi!i o aperfeiçoamento d o c3spirito, corno a luz c;ne nos I!-:is 3 :~urora. 1<:s/a h(! ser a missao tl'iini gcncrno illus- trado.

Lan1lii1i.i~ s18i:~:iiha os iioi11eri.i iin.; :iiijos, irislriiido~ e inoraes; fez o go\,:i'i!o 311tcs ( 1 ~ govcriiar ! . . infii. rlrinilto o enganou a sua tlieoria?

!,arriarti!lv i: l)oli:ico, littci.alo, l)ut:td, u o inaior orador da Franca, c i;ur,ca rc.geitoii l o g x algiirn ; prnr'ticou seriipre a scieiicia politica, e e:i- ~anou-sc. Isto de go\cr.ii:ir. 1130 6 para toclos ; em todo o caso, i! precis:,

- s e m y e praticar. çoiilircc.!itlo bom os go\l~rriados; porque sem ;imbos os prediaados rião pbde critrar-se enz questões, como a que se \ie,ntila.

O casan~cnto civil par tanto deve trazer ;i sociedatle muitos n~alcs, s ~ n ã o o seu ani~~iiillamttiito: porque iiiutilisarti a mullier, prostituirido-a; tornarA assim n f;~rnili;i tlissolritn, a prole pouco doui'adora, e a rnoral fi- çnri :innullatla.

Qiiarido a Grecia C Tloma chegaram ao cume da prostitiiic;~, c \c ent:linrcararn 117s stlas I~:iclitiri:ics, perdcrarn a sua nritlionnnii;~.

Por tanto o çnsun~ciilo ci\il do projecto do codigo ci\iil, 1120 1):"ltt schr :,ilmittido ; porrluci c contrario ;i urri principio politi~o coiii;igri:iilo ria (;;Irta Corislituciorial; 6 ii!n riimo tlo 1)oilcr politico; o iimn gdraritia ~,olilic.:i iiiclividual do (.itl:id5o, q n e riao 1)O:lo sclr altei.atla l)ois uriia lei ortlinaria, como se ~)rctciic!c~ i ' i ' I i ) i)r:).jí'clo (10 c.oiligo cijil.

Bastam csics i'uric!aiiirnt~s : porei11 :~l;iins pui~licisl,is c politicos, como Lamartine, leni qiiciriclo c oi~iriado ll:bla .;el):ii.a$ío da I g i ~ ja clo Estado. ')uo S O I I I C S ~ O ~ I I I : igreja l i ~ r v rio estado livre.

Mas clli, comcya nssirn, ((feliz e incontestacel necessiclnde d'uma epo- clin cm q ~ i c o potlvr pcrierico n todos, e i130 a algiiein indiviilurilmente.))

Mas est:i:*~!n~)s iics:t: caso? I'ertence cin \crclade entrc n i ~ s o potler a todos e ri50 a nlgceiiz iriclividiialmente? Larir.;ii uma vista sobre tocliis cssas revolu<õah c*iiaiilni!lis populares e vede como os chclrs, zomhaiitlo da ignoraiir:i:i do povos e do azedumc dos males da legi.;l,ir 20 e rla r~ii- seria popu!ir, \icrarn pedir miidltnc?~ politicas c~:ie, nem o tu~np~) , iieiri 2s irls!ilui(õu>, ilem a ii:s!nic~So rccldrntitrarn !

Page 19: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

3fasLamarline nixI)n, apesar de suppor propicia a cpoclin: amas acdatl6 q~icr iiinii l,:ila\rsa (fura ; não se plarita a arvore que dcve assolri- ,hrar OS SCUIOS, 6(:111 separar o SOIO com o fcrro! rr3o so enciierta o i.2-

«Ino sein despa(:nr :i casca.)) 1)'aqui manifesta-% que, mesmo iicstc ponto de separar a igmja do

Estatio, apesar cl'eltc sirppor o es~iirilo pii1)lico e a ci\iiisaç30 do pa;qm estado d'nl)ra(;ar c31;i inridanya, jiilga\a com tudo licrciso destruir mu> tos intercçsrç c \ cnver niiii t:iS (lifi~il~tliit1e~.

pm quanto ao baptismo dos filltos da tal inatrininnio civil 6 ílriz 11áo lembra o qoe os taes ino\adores proposernrn. a irão ser o regi+

tro civil! 113s O registro diflert: do baptismo, e eiri qiie vem e11150 a coii- sistir o baptismo!? portiiguezes náo sendo baptisados, não tem nioiiiv i. ~iã,, sáio catlrolicoç ; talvez que neste caso os llomens ou miill!c~i*i~~, SI

clistinguisçcm com os norncs da religiao mptlrologira ! Teria-rrio,; Ií , L I , I I -

nos, Jupitcr, 3Iirier\-ao, Vcniis, c Di;iiioac, ctc.. scriam norncs (10s !lo\o, filllos c?o matrimorrio civil! Mas tliiem puri!ra estes iionies? T a l \ c ~ q ~ p

eiltAo o pnt: scr\isse dc sacwdotc. Procurei pqra isto Ycr o que o pi-ojccto tln cotligo tlispiirilin, rnns

não me veio ii ináo a uttiina edição qrie petli n:] Eil~liut1)crs pliI,iic.a; disse-me o emprega110 que 1150 a há~~iit. S ~ l > i ) i i ~ tltic rilgiicrn o cslar.in ler; enganei-me.

coscr.r $.\o

O casamento produz a farnilia qiie L; a imagem (10 cstatlo; tuin mo- narclia, qirc 6 o clicfe il'ella, oin o nome cle p*: tcni sii!~tlitos qiie siii a miiltier, os filhos e os tlomesticos. O clrefe relii:c liesta socicclacle os po(1r:r.e~ tl'iirn monarcha a!isolnto, sem aiisilio rle cx::xitu o11 d'ítiictori- clarlc: algi:ma. O amor a seus siibditos, e 3 fclicitlade q!ita procura para si e para ellcs h ~ c i n rio usar scnipre desta :kocta.it~ade com dc.scerninier:tu

pieda(lc e coiri zillo. i1 rc:ligi50 6 o çorril)lesù cic leis (~iit? rcgiil,io a liumanidade no scniimcnio iiitinio clei suas acfó~s , tem por isso tl'jc- terrir na constituic;áo da farnilia paiaa, pclo meio do culto, iccord;ir o 1)c- der divirio. 0s portuguezes escoltierain a rclligiio cnll!olicn como lxise da inornl da sna sociedade, c clla se cncarrcgou dc santificar o casamc~iio, dec1;irand.i o sacramento: por isso o casnineiito citil iiáo 1Hjilc adol)&ai'- se, 11nr rpie os portuguczcs stj pljdeni :iilmittir o casamento eatliolicu.

I J ~ : pela moral que a sociedade se prepara para procurar os nicios tla sua \entura; e n retigiJo t; a unica qiic p0de tst!zcibe coriservnr a 1110- ral I sociedade.

%tis parece-nos mesmo qite, em rdnr;?o n cstc ponto politico, nlid per cisa a crista constitucionnl tle ser allt~rililn.

Vanios agora rcba ter algii:is dos nrgrinien tos (10s tlilft:nsores do cnsl- mento civil, quc rilr;is iiáo ficam exprcls:,inlente i.efiiintlos : estes ar.?,:- mentes calijrdo, e sáo absori idos pela iiossn aritcrior coiicl:isGo : . logo íllie o cas~m~ii10 civil 6 coriti'lirio ;i rc'li:i3o i1\t;il1c~lc~i.ir]ii, r b 1 - I

Page 20: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

ordaintla pela lei politica qric nZo pcidc alterar-sc, luilo o qiic possa (li- ser-se cm fiiror do cas3mcnto civil 1130 tem ecco, por que outro maior o ~1)sorre.

r11

Suppondo porCm qiie os dcffi-nqort\s do c~san~enlo civil sc qiicrcr3n I i31~valecei* .. , t h s seus arprin1c:itos pniyi j~rol)oi.cnl a alteracão do artigo da carta, afim de scr !e~i.;lacln a lilhli.tl i i lc (10s ciiltos ; parece-me opportuno com tsse fim reB:llei% taes tloii tsinas: ])em critcriditlo rliic a lil)t~i*(l;i(li~ t ln ciiltos c i imn rnatcrid çonstitucioiial, c SU pUdc ser orderiada 1)elns tlri:!.; Icgis1ntui;is distinctas.

PEIIIETRO Ait(;17Jli<1T0

nO ~ s a m c n t o civil do codigo i: facultativo u nZo obriga os cat1iolic.o~ ua cfi~lrail-o; assim o pro,jerto da codigo civil respeita a doiitrirra (12 dlgiQeja c estabclccr o priiicil~io tla lihe~dadc da coiiscieiicir.»

O casamento catliclico iião C! ohrigalorio pelas leis tla Igreja, qiie i120 inipõe anntlicnx!! ao celi1)atario. Então o tiiifitor clcstc argiimcrito rlii~li'ia tanibcm qur os çlirisl~os fossc~m cornpellidos a casar-se civilmente? Ora a imo iifio são ciiinpcliitlos, já se vê, pclo favor do atictor do pro. jccto, segiie-sc quc tlc\c ser ntl~nitticl:~ a Bciildade, isto C, o casametito civil. Quc tal esti o nririimcntritlor? I'ois se o christáo it. obrigado a ca- s~ r - s e , como rnanrid a i g r ~ j : ~ , Coino i' clu~? se lia de consantir o casamento civil, , pclo fuild:~mciito d'iirri cliristáo i J o sclr ohrigaclo a casar-se civil- iiientc-l Conin hatle o diristao ser ol)r.ig:!tlo a casar-sc ci\ilrncnte, oi l coiito se lia do cortselrtir iliic case c~i\ii~nerib, sc rllc i: oLi.igado pela i c- Iij13u a casar, m ; ~ o innnda a S:i!,t:i JJnrlrr Igrojn?

O argumento realn~ritt~? 1i5o f ( I I ara cjut. sili VI?, a não SCI' 11;ira cs- ~.i-i~\-r~r pnla\ns, Svrii F,;.<i\ ncin .i? i ~ i í ~ . ~ '. c t~i:cirrr de hernartliccs iint j ; I . S i o ~ ~ l r : ~ ? q!ie o codigo 1. i t i1 . tlin!)iiriiia o seguinte - todos os

,.latl:os 1)ortiiguczes iio gozo 30s scii.; clii-cilos, tPm obrigação tlc ser i~~~teniiiriliaç dos hctos que presenceaiaem o!i soiibcrcm; este tcstemu- ;ilio pbdc s r r dtrflo coiii juiaiiiciitn c?os sanlos evnnpelhos, ou sein cllc.

NGs ec~tuinsn?íis, c totlos os pitvox, aiigmeiit~r :i fil das nossas asscr- -3es com ;i ai!c:toritl:itlc da tfi\intlact:~ ; ora cor110 o co(lipo permittc que tlssn f~ ficli;e stirneiitc rediizi(I;i no cretlito ilc llic 6 dotada ,i tcsternunha, uma vez qut: elln não cliicira pi.rstar jilramc:ilo, de? o projecto approrar-se, por- qiic 6 facultativo e deixa, a qi;cm trstemiiillia, a 1il)errl;lflede n3o compromet- Icra sua z~iisciencia. Isto :rsbiin i: rnellior; porqiie sr, houver uma asserçao fiilsa, esciiza-sc clri c~ucrella (1:: perjiiro ; 6 prcviriir uni clelicto, não i: verdade? i 1 jurnmciiito scm jiiramcnto; mas B facultativo! Esta i: a foi'ya O:, argiimerilo; de que se de\e acliilitiir o c;isamcnto c i~ i l por ser faciiltativo!

lias o auctor do arg-umpnto n:o sc lemhroti qtie tendo os pnrtiigile-

Page 21: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

ZCL; olrignc5o tle ser cati~ollcos, indo celcl)rar o cnsnn~cnto civil ;iltiiir;i- \;ini a SKI religião, o qric c1.a iini grande crirnr; o kiorncni (pie a11jur.a n sua ribl;piao C um lioinem dctcstavel i;a sociecln(1c.

Xrn cltianto í i lil)er,tl3de t1;t conscicncia; n3:) phile com esta arpumeii- tar-se coiilra o p:!i.to s!,ci;il. A liberdtitlc da coriscicilcia no foro interno n;io B atacada, mas rio foro externo te111 rpgrns c leiriitcs inipos!os pelas leis, e nciiliuma é mais forte de ciiic atiii~lla que consta do pacto luriii;i- merit:tl.

11; senzo exan-iincmos todas essas leis de libertladc d'ircprensa, qiie G o as regulntlorns da libertlnde da coi~sciericia, c \cremos cm totlas tlc- c>l;ii-atlos, corno crimes. alac;;ir os ùogrrias tl:~ rcligiso do estado e os 110- 11i~i.o~ poli ticos co!istitiiidns.

Esto priintirc, argiimerito fiintlatlo, no pi'ccêito facultativo c na libcr- tl;idq tla c.ori.;cic>riciti. ri30 tcni forca ricbm c;iI~iiiiciito ria rliicstão.

1; tini wrtliicleiro sopliismn c totlos os ar,"iimentos o são.

@Que lia contrtidiçZo, atacando o c;~sainerito civil com a auctoridadc tlo coiicili<) tle Thercntlio, porque estc arin~iicmntisava qiinni atacasse os tliçimos c bens da Igreja; mas r~uo os tlizimos foram al~olirlos e as ccr- l!orii@cs religiosas extinctas, c seiis Iiisris ~rritlictos pelo Eslaclo; c 2s- siin que, se se queria a aucioridacle clo consi110 para atacar o casaiilcrilo civil, teria-irios que laml)cm os conilii.ailc;iat:s clos bens das ordeiis rcli- g i * ) ~ a s pei.1 li'i.i;~m wtcs bens, oii tci.iiirri de os restituir. u

O concilio de Thcrentho foi acloplario, inas sem offensa dos dirci!(is (to summo imperante, tacs eram a siistentação do clero, objecto pura- iiiciite teniporal.

1)'aclui I! facil ver qiie as determinações do concilio, em relac7io no c;n:.:iirienio, s>o do$malicns e rião sc coní'uncltzn com as relativas d dn- l;iq;lo tlo clcro, intciranicritc temporacs. Apcsnr tlc qi ic a nova Icpislay~o apvrias s~ihs i~t i lu io a dotaç5o do clcro p ~ l a congrua tio t l i r so~ro , c assirn poiiuo irnporta~a qiie cxliriguisse os diziriios e ::s ordeiis reIigios:ts, se os monges dessas oi*dt:ris ficaram com sufficierite rnngri::t, inl 6 a pr'c~:- tacão mensal que cada um tern; e se as rrntlas dos tliziicu:: lii~nrarii srillsti- tiiidas pelos orilciiactos do tli~soiiro, iiáo sc of'fentlco ;i si i~l(~ntacáo do t i I-

ro. Aleiri tlisto as oi8rlcns religiosas ernrii apenas sclcicclatles rrlligiosas, qite com qii;i~~iO t i~cssem~ur r i fiill pio, nZo tiriham ns ~ercladeiras garai,- t ias concedidas d Igreji. E o qiie se dcrrelientle da nossa Orde~iayaù cia liv. 2 , O do t i t . 4.' até ao til. 2;. e outra.. !eis.

Os jesiii!ris erain uma socicdsdc clrisi.nl q ix se disbingnio em tal;

Page 22: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

a Europa nas lcttrns c fios servitos li iareja. Elles tivcra:n a 11nl)ilitlati~~ tfe reunir eni si os hon1~1is ninis emmiirentrls, e de assenhcrear-se de grn:illts ljio!~riedndr? eni toda a Europa ; sua iriflueacia tornou-se tão audaz clii(: sc Itie attribuc com i.rrs2o o alteii!ado contra El-Rci o Sia. D. Josi: yrir: !to eni rcsirltxlo a cstrnngulai.Zo rios Tavoras, c ~ ~ o u c o depois :i sua

citii~:ão. O potlcr tcm:)ornl tani1,t1i?i :i!) tempo do 3Iarc1iicz de Pomlir,l ti>-,i: tl:icin CC~ f i ~ c s \ , ~ i il\peiiar. Os Jesuitas tiriliam os ;!:,1lhores predins eiri Portiigal ; preili:is qiro voltar30 9 coroa qiie vcndco rins, c d'outros Giz doncao aos scus i!iillistros. I\j;~ili~~lIe lt?mpo a coi,i,a podia recompt:n- s31' 1)cm um SPII sci'vidor c niiicln iiin scu valido. .io iniitistro d'oslntlo .í(,se cie Scabrn foi dada a jirand,: qiiirita do (.crii;il janto da mnrgc3!ri cs- rllrercla do inondcgo, 11:) coriccllio da Figiieirn. Irstc I'tiiiccionario tcçc iini ! ) -~ in p ~ ' ~ n ~ i o do sei1 tral~altio pela siin Uctliic(:3o Clii.orrolo;;icn! -1 qiiiii!n ~ ã ! c h r n 290 o u :I00 co~ilos! ... E iiirigucm aiiicia to\c n 11niacsa íle Isn- cai. cni rosto aos Iic>rtlciros, este prrinio corno pagniiiciito al~iindante t l ~ l : seiis ser~i~;os. O proinjo 6 honra, c nrinea cqiiivallc ao pagamento. Amc- dita e h lembrança d'riin Iiomi3in d'cstatlo, (luando 6 acertada, tem urn valor inextirnsvel. As victori:is d'iini gc~ieral eslzo no mesmo caso. As na@es tcrn pcrcis50 ol'avivar os fiictm iliais iiolaveis ila sua Iiistoria, o primeiro o : l i ~ ~ s seguro tiicio i' eiigi.a!idcicenclo as p~ssoas , que s50 como qbe o pri- iiii6~:-u Iii!itlainoiito tlcsscs factos notavcis. Scm ineios de viver nirigiicrn sc iiiigrnndece.

FERCEIllO AIKI'JIEATO

aQii(> 0.; prclndos portnguczcs approvam tncitninentc o casameiitn ci- \i!, l)o!, qlir tlclles I I ~ I I psrie at1v~rtr:ncia nlgiima, de qiie se conterilia 110- t'~-.i!i 1 1 0 n1'1igo do 63digo projecto, cin relal'io ao casamento civil : n;io i!~~!,cl: idllll~ IllcbinL) (lu:! ~ 1 1 ~ s \0ie111 contra ellc na cnrnara d& l)ni*es, pur qric, su 1130 iiSi1i';iiil :.dveritncia para com os fiuis, o seii çoto 5s+amo pnrcs, i-iilo c litlo çulno oraculo da I-crtltitlc, c n3o vale mais dn ( I I I ~ : o voto de (~aalqiier oiitro par; a sila negnyão riestcs tt.rinos é a c~ilil@ii:tc3o d:, I ) i s ; ~ , e 1150 a scnsiira do n1;nistro.u

O :i:icioi3 (leste Iiri;i;mcitio quei.in que os bispos lizcssem p:islor,;c.; ao povo; iiii:: n exçitisseni: cjii:l Iti:: i?ii,stinsscni que a religiáo liia ser ;.!t(:racla; isto e, qiieria tj~ic os !~i.;i)iis. c!ii lo9;ii. clc niinistros dc Jcsiis Cl~i'i~t(r, se crigisstbin eni airctores tl'i~ma sediçào popii!ar, que fos.;cllri c5 instigailo:.cs do criin,,! (Jtii? scri;~ clo auctor tlo arguriit~nto, $!: o I , ( , , - !JJS 11sas~t~111 (13s sciis aiiatiicriias co:itrri o proj,:ctc) tlo r:otligo '? !

cNa cnm:ira o vaio tlo bispo lifio O oi~içiilo, é Lirn ioto como o ilc cliinl- «quer outro par ; acrescendo que, não tendo j;i represeritailo atrasada- urneiite, votando contra na canlara, se condena. D

Page 23: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

1C~tri iiltiinri parte do arguiiicrilo iiZo si:[ \ l , t l , ~ dcinonstr;ir cot~s:c :\I- piiin;], rm rrl:ic;71) :i primthii n pnrtc.

Ipois por (JI IP os bispos 1120 tliscrilirarii ( > : [ i I'asttrrncs o c::is;;iiicliiio ci\ i l . n8o podem votar coiili,a clle ri:i caiiiarii? Onclc csl;i a lei qiie (!c- lili mina semclliaiite cousa .!

Quercr coin isto siistentnr a iloiitr*ina d o c:,sn:ncnto cif7i!, 6 o mes- ino qtie asseverar qrie iirn c a ~ ;i110 riáo nrit ln pelo csii30, iiias 162 pclw aiB; c pro- lar isto, rnoritarido a cavallo, o f;izcntlo g:ilopaib o ca\;illo n'iim bom terreno !

rQiic ;I scparaqilo do casamcrito ci\il do religioso ern lima Iiomenagem :i retigiZo, c o accortlo n'este 1,orito tlo sacerdocio corri o impcrio, assi- yn:intlo os ~)i.ccisos limites aos dois poilcres, Iiinitcs rpic o ai~solutisrno iiiiiitnii soriiie acliar, ou jii m:iis rcspcitou; pois que t'ntrc o direito (livi- r i o tios Iinpas, c o direito cli~ino dos reis, a clclimiiia$io 6 impossivei.~

So a 1~elifi3o se encarrega do casamento, fazenrlo-o sncrnmcnto cntrc os c:tlliolicos; sc osportiigriczess5o catholicos, n3o P possi i~l coiiceder que o t.:i.amrbrito cib I I , tleisc ilc ser um :tta(iiie ;i r ( b l i j i i 5o . O sncci.tlocio ii'csta p;irte 1120 l ica~a tlc accordo com o in~pcrio, xlt;ic.;ir!tlo c>?(& iiiri tiogili;i cla religiao.

O a1)solulisino era n unidade ,novc~riia?i\n, c ti~c~inos niciitos rcinados tihlii.í>q, npezar de que n :iuctoritl;itlc tlns reis potli~i tlcgciicrnr c111 tyrnii- ni:i : mas rio reinado (lu Sr. I ) . J o ~ i i , sendo riiiriistiv o snliio marcjuez (li: I)orriliiil, Iioii\r: muitas leis sabias. ti'oritle se \ i : ],em discrcrnirindo o po- tltlr tclxpoi.nl tlo espiritiial.

OS reis ~.c~t~i i i i i ( l~ ent3o o pntler, ou a auctoritlatlc sol~c~rann, em to- (10s OS ramo< i)olitiços e enconomicos, fiiziain leis cin pcral m~ii to sahiris, em favor do coirim8rci0, da agricul!iii~a o da iritlusli*i;i. .\gora rccortlarci cfc, passagem as Icis tle O de setembro tlc 4769 sobre a iicquisiç3o dos Iiciis, pcl;is corporaqGcs tlc mllo morta, e sol~rr! a limitacio cle legatio:; pios, n da rcfi)r~ii:i (Ia iii~iversiílade cle 4'772, cc a lei cle :I tle Agosto, (Ic 1170, cluc i~~g~r lo i i a nova formaqáo dos ~inculus, c abulio assim a 211-

tiga, e rnuitas outras leis, Sos .tempos antigos, seIripre cliie Iioiivr moiinrdias tliscretos, qiie cs-

colt~eram bons iriir~isiros, se fizeram milito boas leis : porque se cl~airiii- va para as fazerem liorneris t l , ~ profiiiido sabcr, r~sperieiicia e muita 1110- r;[. A nao ser isso, n8o tciaiarnos lido; a cstiricc3o (10s jrsuitas, que tailtos ser\ic.os fizeram ií coroa de portoga1 lia Iiidia, e qilc se tornarani t l~ i~o i s noci\oc: pel:~ srin arnbi$uo, e p:lo seu poclt~i.: c r~uii.as inuilas leis, 1 1 ~ ~ 1 t~-;t~rnpia as ordenaçóes: que codigo mais ~~crfcito pai n n civilisa~ãu d iiqiicllz tempo ! ?

Page 24: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

N5o qiicro coin islo diser que desejo o absoluitismo; tonge de mim 131 i~li'a: ~ l i i : 1io.j~ 1150 tern vidii; para a ter, qiiasi que sai.in prec~iso i8ds- siiscitnr os ~iiortos t a cnjerrar os vivos; i euccp~5o cl'nlglim acciticilte iiril,ro\isto qiic rios fn(;:i retrogratlnr, a siia d:ii3ac:20 serii ~!iiiito ciii'ta.

RIils cliici~~ i1111 go\cisno livrc, crn qiic a jiis!i~:i stlj;i nc;:itii(l;i o \crie- i.;~tia; qiii: seja como o sol qiic alurriie a societlatle: qiicro iiiri goieriici (lc: tii~(~t~$siío fraiica c 1 ~ 1 : ( ~ i i ~ r ~ :i ~ t ~ i ~ ~ I : ~ t l c i r ~ r ~ b ~ ~ ~ s c s c i i t ? ~ ~ u ) , ~ I I P \oLc ~ L I ( P I I I tltb\o \olnr c qiicin ~ 3 1 ) ~ votiii'; ( 1 1 1 ~ legisle qiiern s;il)c c p0tle lcgi$lar.

A imprcnçti litrc, r o s~ )o~~s ;~ \ e l , jiilgada pelo j1ii.y iiiliiZtinienlc; r i m jiiry I~cni escolliitlo, jiiry tliic a.;soni;i o potler ji!tlic.ial, c]oi.;lo dele;;nclo do ],o- tlcbi* legislntivo: jiii'y cleilo, lribiinacs livres (10 jiidic-ial geral.

Tril)iin:ieç cl'rsccl)ção, leis tlc cscclp(.Fto: porqiio n im1'rriisn i! uiiin iiistitiiiqáo poli ticri ; acliii quadra o 1)i'ivilcgio tln ~ililidatle publica.

QUISTO AI~CL'h~ESTO

~Qiie a qriestão do casaniento civil se rediiz tio iiwo (10s nsscritos ou rlucrn (leve fazer estes. »

nES1'08Th

1Sslo argumento em preseBca (10s artigos i10 projecto não 6 verclii- tlciro. O projecto estabelece que a Ici ç i k i l taiito rrcorilicce o cnsanir:iio ft~ilo 1,elns leis da Igreja, corno o qric o ~)rojccio (I!: cno(ligo civil c>st;i!io- 1ct.c. Por isso a qucstao dos asst:iitos, o:i i1ii.iiii os tic\e flizí r 1120 ? O

\c.riti!n, ncrn importa cousa alguma. 11ai'a n (~iií~~tílo. A aiictoridntle ccclesia~ticii tcni tlv hzer o scii r.c~gi>li.o, l)tii3n sal,tbio

ns f<i!nilias qrie teni clc pastoiear com n h[!:\ :iiii7tciiiciai!t~ esl~ii-iliial. Se no ii~i~)criv!tccorivein 1)3i;1 n boa atlrniriist!'ay'i» econoinica fazer o seii regi,tro, riingticn-i a isso ~Httls opl)or-scl.

iI: boin i: (lu:: I,nj;i 1,astantes rtbgislros, porqiic tem sido bastantes os ~~rc:jtiizos c.;iii~atlos As fiimilins, por cstes ii:o apparccerem em forina a 11i'o\:ii- o tlircito 11c succesu5o.

a@uc n religiáo rcspcitn cio iiitlividiro, c n5o n socieclâde; pois o cs- tntlo rGo se l~aptisn, riso sc corikssri, rido vai <I missa, cic.»

O estado k uma pessoa moral qiic represent;~ a somma tlos iiiclivi- doos *da sociedade. Ora se catla iiidi~iiliio tcni obrig2~áo dr, ir 1 rnissn, e esti sujeito ás 14s da Igreja, seguc-se que a rcligiao, clizentlo respeito aos individuos, diz respeito i sociedaile.

Page 25: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

Ncnlium cst;itlo sc fiiriilou ali> Iinjr., qiic n;ío tcnli:i prociirnrlit csln- I~elccer riina religiso. 'Tntlns cnt~~idci.nili tluc a rc'ligiZo cra lwecisa, para forrnap ;i irioral dos l ) o i i , s : INI~.I~U(: r 0 ~ 1 ~ s t n w costiimcq sc adocavnm, e o iml,ci.io í'~iricci~~iin;;i corri iiit~rioi; t~iiit);ii.;i~o, e riiais f o ~ a .

O argumoiito (I:, estado se riio batisai., c\;\ cm resultatlo que, ou quem o enipr(3gl,ii riáo sabe o que i: estado, OLI ciitáo (IUC LISOU d'um sopliism;i.

SÇ'í'I\IO ARCLYE?rTO

«h religiao ndo 6 uma instituiç50 politicn, l~orilumerin o mesmo qiie acrer ou morrer, isto e, seria o mesno que 0 t.i.c ou morre da intliiisi- a r h Se a religi5o f6r aiteratla, como consistc iio dogma, a instituiçao ((politita acabaria. D

RES1'OST.A

Não lia estado algiiin politico, qiie, tratando ila fiindrir-se, r130 esta- brlcccsse irma religifio, ou ellc scjri fcclcrayão inil)ei io, ou reino. Isto sc vê desde a mais remota antiguitlacle. Ai6 ilo tc:ilpo tli: Boilia pagã isto .,c observou. A religiáo 6 um dos elemeiit~s consLiti~ti\~os (Ia csisterici:~ Ia societlade, assim como a moral e as scicricins o szo. Sc como JA djs- ,emos, a priineji-n cclnilc foi theocratica, temos qiic a religizo foi o primeiro

poder, e airidq Iiojc urii raino d'ello, scrvintlo assim, como tlc elcmeilto linra ;I enis!e1itia da s»ciedacic. E rião q u e r isto dizpia cliic, l~or-quc a rcligiao k uni c l ~ n e n t o Oc enistcncia (10s estados, se jiistiíica c\ist!:ncia cio crê ou morrc, porque riiilguein pide ser perseguido p~ji' motivo> tlc religião. Este elemciito, corno todos os outros desen~lolve-se ri proporqão que a sociedade se dcsenvolvc, e n iiitelligencin do Iiomern sc 1.eI)ristece para 1)1*ociirnr iim estado mais livre ; !rias no estaclo clc çiviliea~ão em que se aclia iJortug?l, o descnvolviineiito da intelligencia dits iiinssas i! táo in- f~>i-ios, q:ie independcnic rl:i c.:iisia protii1)ir o casnmclnto civil por ser contra a religia,~, ningi!em diri que tal iuetlitla seja reclamada pclo in- te.., i i , a b ~ . . , da instihi!cc50 dos cidndzos.

Tainl)crri ri30 c;ie a socicdatlc: por se altcrltr o tloyr6a, por que con- til,r!:i Iiavriido seinpre o el~merito religioso ; foi o qiic virrios em Ingln- tei,r.~i cais a sua religido. rP fdlur a verc!:\tl!), faz ti.clio ver estn crt? o11 morre tantas Iezes repeticlo, c para qiio? corno quereis sostentar o ('a- saiceiito civil, recordando os m:iirs da irir~iiisiqao ? para que vindes coni as l'c;griciiSas?

I<sairii~iai a oi.;nrii.>:ic.Zo da actual socictfade, percorrei todos esses tribiicacs ontlv se administra justiça, d'alto para b:iiso c de Iiaiso para cima. Ide a qi~alqrier d'cssas secretarias d'cstado, oridc: se niio t i~erde> algiirn arnigo cluc \os iiitrotlrisa no irilerioi., ficareis na primeira casa, onde i0 teiides para \cr olivi-o da porta, o qiial abrireis, se fores pcrtericlci t

liareis ri'urna folha na primeira columna o nonie e pouco niais-; it'oi, .

Page 26: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

coluniiin, indcfirido; v6s nao potlcreis \-cr os pnpeis. nem o processo, on- tlí, tle:'r:~i~ constar as razões tlc injiislicti: fora tlistù clii': vedes mais'? sa- lei:; o tluc I i i sù faz clerilro'? stibeis o quc qiicbr (l queni 0 um indiridco rliic sae, oiilro qiic entra? Nada. \'Os Iindcs c~rtlinariam~ntr, ignorando t~itlo o qtic se fez 113 secretai-ia, oiiclt* tciitlcs o ~crsso ric3gocio. Isto segiic c~ i i qunsi tiltlas as ~çtnt:Õcs tlc secretaria. E 11%) S islo iinp~itavel ans cinprcgados. i' i Iêi feita pelos Es1:idistas qiie ri30 qirerem ser iricjuisi- clorcs.

Qnc rrfijrina fiizeis aqui ?Pr.ecis;ics um organismo do j)liisico e (10 noral; pri:neiri,. modo dc prOl'CSSili', c seg~intla, mntlo tli: julgar; tcic'ci- ro, cslruçtara tlc casa.

Vclvei clcpois a \isln pnrn os prorcssos jiiclicirtis, c devcreis sal~cr q!ie teolio \isto prei;os ~stnrcin iiti catlcia scis ailnos v!11 $c lhe fazer n accusaq5o peraiitc o jurj. I':inlii~i revolvci bem toda a estructn~.a da nossa administrafáo, e encoiitrarcis ainda cousas peirlres qiic I'ogiieirtis! Piá0 srgiirnentcis pois coin as fogueiras d'atliiellns eras, porcjue hoje 1t:;idcs fogncir:is tl'outi-a espccic.

Discuti as r~forriias sociiies, mas náo esta que seria o mesmo qiie matar a socic\drtile.

OITAVO ARGCUEN'PO

((Pt.10 ~~ro.jvt:to tlo cntligo, o casamciito coiitincia a scr para os catiio- «lic.os, o (1i1c eil;\ a16 atjiii, ;i iiriica difireiiy 6 que o paroclro celel~rai:lc «!ciii obrig:,i.;io tle (lar piirtc ilo casnnierilo qiic clrectuar. Cor110 l?orClni n asociedado porLt,gi:eza. >c ii?o coinpõe sb do catliolicos, e ainda teinps

.\í'rica 11iilIia1*~1~ tlc cidn(15,:s ÇCCI~I .~OS (11: Malioinvt, Zeroastro, Brnhma ~iljiiiltlli~ e s~rtni-ios tlr: inui1;is in;\is religi6cs tln .\fi.ic;i c Asi:i; ern Por- i:li!;;;il r~iosiiio I , , iius iiiiiilo~ I~i~aelilas: ha estrangeiios ritituralisatlos, e lia rii~~iividuos q i ! ~ sc tci11 nf;ist:i~lo tlo grcinio dos lieis, iiins que náo tleçn- acatam a rel;giSo, iicin os c8ri~tii:iics; c nerilriini tl'csles ~'titl': apresentar (10 seli estado civil l)er:~ntc os ti8:l)urines. Para estes 0 (lu:: o 1)rojecto d : <ri.odig~ ciril CS~~I!C'II:CCII O casamenlo t . i \ i l . Se o não fizessc, obrigaria os cgcntros e esses oiilros scclarius, :i celel~rar o casameii!o catliolico, o (pie ascria .um sacrilegio. »

Este argiirnenlo 1'1 do Si,. Al~santli;~ II~~rbuliino!

I\ prirneira parte tl'cstc argumento, de coritinuar a ser o casnl~iento p:\ra oscallioliços, o inesnio qiie at0 aqui ; 1130 6 exacto. Logo que se ntlniitam diias for-nus da casamento em Portugal, todo cle catholicos, :itliiiite-se iirna scisão na religiáo, um sticrilegiu.

O ouli o, (10s taes Bramas, ou Bramines, chamados peh~s antigos Brach- in:-incs, qirc aùcram a Ueos lia pessoa cla seu Bráma, qut: todos reputam iirimagiiiario ; religizo, de quc se formaram diflcrcntes seitas c conforri~c-

Page 27: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

os commcnlailorcs assim se denominaram, e que tein lodos rima religi3n geri tilicn, pouca forca tcm.

Para I;i/;cli*ein ;ic.rtstliiar a tiiiiigiiitlntlc da siia rucligi5o, tem os sciis livrou ci;ci,i!ns rir? 1;iigii;i tl~~scoiilirc~iil:~, (I morln clntrc chlles, por isso si) a respecii\:i xcit;i os oslucl;~, t b int~snio cllrs ocçultnm aos oiitros o co- 11lic6niciiio cl(~ s(liis li\ros i-rligiosos; riii gcral n stia religiiío oii P a ~;eritilic:i, ou sc: retiiiz ;i at1ornt::o 110s adros , mas lorlns as seitas adoptain a p ~ l y g ~ i i n i ; ~ . c algiirn:is ai1:iiiticni :I trarisinigraq;io, roino Dognia.

1)i)rbm. tc:clus esses povos tt:m uma religião, pagá; uns proft~ssanclo a d e Malioiitel, qiie 6 a do nliSorSo, admittem ern excesso os prazcres scrisiiaes c tcitlo o q u c i: ::)])posto ti castidade, por isso se vê perrnittitln n l~ol~gaii i ia, o cotiimercio tlos amos coin as ci.iadlis, a impiiclicicia dos !;rai.idos corn as i~i~illieres, a lilicrd;iclc tlo tli\orc;io, a n1iicl:in.a de niu- I l~er qii:iiido sc qiirira ; oiili'os pioli~ssnrn ainda a rrij tliologia.

Ora n fallar a \crdndc, que csta geiitc scrcisse dc exeinplo par;^ nos o1)rigar n fazer uma c\cc~priorial ii:i constiikii(50 do matrimonio, i~:i i~i~~r;:!iiis::ca?n (11 familin, ri'lini iicgucio i.clipiosn: cliiailtln csws {)mos cjiiasi

1:3o iiliii iiinlriinoriio, e para assirn discr sti sdrriittem a l)rostitiii.áo, i! c> (liir: ail:riir:i! O Sr .llo\;iiitli~c 1Icrculario ii;\o eiriprcgou scmellianlc ; i i <riiiicr~lo, de Iicricflc~inr cqtcbs povos gentilicos coiri o c;iiamcnto civil, lias as itlkns q u o elle li\~:.ssi: SotSt n alguma.

(:onvirilin no Sr. Alcuantli~c Ilcrculano, qiie se estabelecesse a polygn- niia cl'clstcs p o ~ o s , oii n sua l~rostili!ifio entre nbs? osta i: qtie i: a lil~er- 11::clc da coiiscicnci;i cios t:ies povos, porque assim o manda a sua religido.

13rnqiiaiito aos Isi3aelilns; esses pela >lia religiio s2o obrigados a casar, c n3o tem, iicrn rccoiiliecern o cahaiiicri!~ cilil. Para cstes a leml)r:ii~í:n P e\travagaril~~ : pi*iiriciii), ptircliii: ri5o rliicrcrri t;il c:isariiriito civil ; si:- giiiiilo, l)i)i*q~ic 81: o l l ~ s , vi\cl:iil~) tili ' acliii eni I)orl~ignl, sc tem snjcila~lo ti fiii8iiiiil:i tl\Ioi ii:i (10 casairieiito c~:illiolic.o; tlc qiic scr \c agora ort1eii:ir- 1 1 1 ~ uma forii~a c.onlr;ii8ia ;i \ii;i i-cligiAo-? Sc criinl)ri:~m a pi*imeira furnin Ii'irn ireiri ilc :iccordo corn a sociotlatlo, e s:itishsi;iiri ti sii;i rcligiáo, como IJ I I , I i~iniitln~ a. 1);ii8;i cllcs o cas;iiiicbn to civil i15o rr;i lireciso.

A oiitra partl: clo aigiiiiieiilo cle clut' tcirios tias iiossus possessões totln essa magna c:itei:a dc sc~lar ios 00 ta(&s ie!igiõcs, 6 r ~ i i q ~ o d r r i a ser tida em li~ilia tlc coiitii, jura o f i r i l de a1tcr;ir :i cnrta constilucional; se na \-er- d : i d ~ elle f i ~ c c; dnt1cii.0, e iLsscLs po\ os i cclarii~aicri~ cssn medida, c n iiictlitl:~ nlci~cJccsse :cai* ;lttt>iiditln: iii;is o c-;is;inionto civil toi4nar-se-ia cri- 130 ])reciso sOnienlt3 n'essas regiõcl.s. Mas teiilio pci.guritado nos riaturaes tlo Ultrain;ir dtis iio...;as 1)osscssíjc.s nfi-icaons c intli;inas, e dizem-me qiie n2o couliecr~ili Iti go~ite c0111 dilT(lr~ii t~ rtlligião.

Ilnl (11ia11to nos gr~iiiiii~, iiiiicos cluc se conhecem professando a atlo- ray2o dos astros, oiltros as aguas, esscs tem os seus regiilos, que Sor- main uma espccie de fcdcraçõcs; tocI;i\in, nOs temos cin1)regaclo 1~31'3

Page 28: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

csles os missionarios. Por outro latlo, osta gerite 1150 conliecc o casa- mcnto, c só depois cle certos tempos e que se reputam livres.

Se elles 1150 co~ilieccrn o casamento sei150 como um açto iicccssario do corpo, e não conservam a femea eni scii podcr, i, claro cliie o casa- rnento ,civil para estes não é preciso.

I'roponlia o Sr. Alexandre IIcrcaltirii), ii~cio,< ]):ira civilisar estes gc:i- tios, e depois tlc civilisados e convei-litlos, tbIIfls at)rn(ar5o a rioss:i i ~ 1 l : - gizo, e gosarão OS elfeitos tjella c da noss;i legisl:ic.fio.

((Que o casamenio civil jii era ordrnaclo pela nossa ;tilina orclcna~so (1,) r(hi1io. ))

Os leitorchs cle\ein sal)er que o casamento civil consisto em ter a ai!- ci;:i.iclade ci\il o tliibcito tlc tinir eni casamento o liomcm e a multicib, ala.;ti.atiitias as f6rmas c iinpetliiiiciitos carionicos: por isso poileni cori- irunlar com esta ùiffiniy2o a clitii orclenacão, cujo texto k o scguiritc :

Ord. L. 4 . tit. iíi. «Como o rnaiSitlo c multier são t~weiros em seus bens. Todos os cas:iinci:tos foitos em nosso.; ;.iliiios e scnliorios :;c (>:I~cII-

tlcrn fèiios por carla de amctade, salvo c]uan:!o entre as 1~;ii'ics outra cuusa fl,r accordnda, c coritraclatln, por qiie tiiitáo se guardarli o qiic cntre elles f6r conlractado.

E quaiitlo o marido e miillier forcin casados por palavra dí: pi.escii!~ i porta d:t Igreja, ou por liccniy do prclriilo fór:i d'(3113, I ~ a ~ ~ ~ r ; ~ l o copula c.arnal, ser30 meeiros em seus bens e rti~cncla. E posto qcic cll;:s qusi- r:im provar e provem qiie foram recebidos por palzrras de presente, e (["e liverain copula, ssnão provarem ciuc, fortini recel)irlos ;i porta da Ipi*chjii, ou fora dcll,i coni licciiça do prelado, náo serjo meciros.

Outro siin seráo incciros provando que estiveram cm casa tlicucl~ c iiiaritcuda. oii ern casa de :;c11 pai, o11 ern outra, em piiblica voz, u fania de niiarido 1: mulher, por tarito tempo que, seguntlo direito baste p;ira sr presuiliir malrinionio entre clles, posto que senão provem as palavra-; tlc presente. I

VC-sc desta lei que clla sc propõe unicarnerite marcar os tlircibos dos casados; I.", eslahrlecendo iliic. havcndo coiilrazto, hi3 observe este ; c) ,. 0 , que rifio Ii:i~entlu, ficliiqri os conjiiges i i~t~t~iros; :L", que serli10 casalios. lboi' l),ilavra de pr6selitc h poria tl;i 1:;i'i~j;i o11 com 1icenc;i c10 prelado fórs dclla, ou 4." provando rluc esLi\tli.an~ cin casa tlici!tla c inantcudli, o u cnn casa de scii p:ii, ou cm outra, em piii~lica loz, t! fa- nia, cle ruiriritlo o nlulher, por tarito teiilpo q i e segundo dircito se deva pi~csumir rnatriirioriio entre elles, ainda que sc náo prtncrii as palavras cle proscntt. :->cbj,cm ineeiros.

Antes (li, coiic;ilio cle Terento os casamentos Casiitnl-se 11clos paroclios,

Page 29: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

ri~grilnriiictitc, mas o tal)elli5o i: que lavrava o aqsento no livro, isto ti- ~ i ' i ~ i logai* or:li!insiamerit~, c[iiarii!o tiicln n~nrc.li:i\~a i-cg~iI:irinentc, c os ir:i!)eiites ti:iliam iricios (li1 pnl;:ir :io t:;l)clli;io, e ao ~)a~-oc.lio. Era csle i i r i i i ' ~~g 's lo iniperfcilo iiar~iicllc tempn ; porqiic nao s r inip;iiilia ii~ltiii,!- (1,: tio irct;), iif3i?i pena aos intpctrcintes, iin c240 rlc I;% se f;izcr o rcgisto ])c10 tal)c!liíio.

IIit~ia tanihcm os casa:ncnlns fei i :)~ por p a l a ~ r a c l , ~ prc;!cnte i poria da Ilgrcja, cliic ta~ilbcrn se cliarnavarii c*asaniciitns c I a ~ ~ ~ l ( ~ s i i i i i ~ , ~ , p ~ r abu- so; l ~ o r ( 4 ~ 1 0 cnl gcrtil os cas:imciitos por ~)al;i\li-;\ clc ])sc..;cii!e crani f c i l ~ ~ s ;i porta clil igreja na occasi3o (13 inissa C l)il~.;~tllt: ;I\ ti~\li~i~runlinri (!:!i:

nl l i $c ::clrn\:itii; os iiuhcntcs pul)lic;:\:i:ii nlii ([ue, t l , i~ i l :~" l~~ 11l.i por 111:1:ito, l i i ~ m ~ i v c r , como casulos, cnl t i c ~ t l : ~ Igrclja ; : I ~ I ~ I > ~ I V ~ - S C d e d n for.,,r~iltr

l~or' qiie mriitos casa\am ;issiiri, 1iiii:lo ( 1 ~ iin~itc ;i porla (Ia Igi-tja co;ri testemlinliaa: era isto o cliie mais t:irtli: se c1iiiin:)ii casanipnto elandi~s- tino; a outra forma i porl;i tla 1grej:i crn corri Iict.ri[a tlo l-'i.ciaclo.

13cstes ul!imos tnsaiiicii:oç cra \ i ~ t o qiic se i120 1:lvrava asscritos algiins: quem se cxpil:ilin a Iiir 5 poria tln Jfirc'jn tomar. ;i Iiorn (Ia missa, o p o ~ o por i,~strmiin!i;i, ia pai-cliie nau I i i ; i in tnrioi p;irn ],a:;~ir5 os 1)encsscs e os enio- luinriilos, rlirc o t;rl)cllido Ic\a\:i : cr;i poi.taiito a classe pobre que assitn 4c casala.

E ~iZo t l c ~ e isto admirar, porcliie conlieco miiitos opernrios que kivem com n~iillicr tlit?uda C manteuda, tt:ritlo lillios, c aquelles teriam casacio, se llics des?c:n este sacramento gratuilo on sc Ilizs fosse 1)wrnittido o casa- ii?eri to 1)1w l'dl;wra tle 1)reserilc.

Niis o iriconreriiente da fdta d'asscntos (1:)s casamentos, por palavrli tlc prcsentc, foitos sem licerica tlo l'i~r~latlo era j;rande, [)orqiic, pelo 311- tl;iia tlos tc3in!)os, niorrentlo as tt~stcniiirili:is. n5o rra possivcl pi*ovar os c;isnrrientos. i\ isto o!j\iou n or(l~n;iç;(o cilada no '$ 9 (li~pOnd0, quc, \i- ~eiiclo (,:li casa tl!critla c ri~nrillicut1:i em piihtica \ o z c Cima (!e caslidos ])or tanto tempo, qut: 1isci;se presrimir matrinionio, aiiilla qric sii i:%)

1)i'ovesseni as pa1:ivr:is de prcsciite, fossrm nieeiros. Este til1110 d;i ordciiac;l.o j,i se achava lias anlcccdrntcs ortlenny2n.i.

.\ffonsina c Ilanoelina, (:in lcis c8slrn~agantcs c algumas consliliiiyíjes t l ~ I!i:31)ndos. scivlo dellni; iiitlciitlniric3iitc compilnclo Ilarn a rioss:) o ~ d ( > ! ~ l t l a ~ I)iiiii[)piilti : l)or que o cbiicilio tlc Terento foi rc.crbido c iria~itl:?(!, 01)- scr \ar em Poi*tu:,r;il, in:iito antes díi cun~pilaçáo (Ia ortlennrZo l'liilipiria, I > :ielic: se acharn abolidos os casamcntos clandcsliiios, e os feitos por p:1- 1d\inns tle prcsente da riossa ordcri;içáo.

11,) que ate aqui se esc, cvcn, iiini~ifi?stn-sc qiie o casaiilerito ci\jl nunca taiisliu l)dla nossa Icgislaçio antiga, corno engariosatiiib:!;( s;. i1,ssc por ~); ir ie tl'algiiris delfensores tlo casainento cikil. O rluo cxislin niitigaincntc. :ra i:iri rcgistro civil impcifcito, e foi uma pro~itlencia hi8:;i :idol)!atla ,i

Icsciplinnr tlas solciiiriiclades canonictis e assentos tlos casamentos q~!,' iianiluii f u c r ~ ~ o l v s ~)ai'ochos o concilio de T c r ~ n l o .

Page 30: V. da C. Alves Ribeiro - O casa - Universidade NOVA de Lisboa · civil consignaclo no projecto (10 codigo civil. Ao Sr. 1)uqiie pertence a gloria de ter mostrar10 ao pul~lico. coni

A aucloi.itlacle ecclcsiasfit-a, naqciellc tempo scnliora qunsi CSC~IIS~Y;I- mente da inslruccáio, ajutlori iniritas vrzcs o exrrcicio tlo si1irii;lo impc>rio.

Damos aqui por concluid:i n iioss:~ tarefa. lictliri(10 tlcsçulpa aos lci- torcs por riao Irntarrnos com iriais proii(-ienciíi e clai.esa o ol)jccto. h- taiiios fbra de nossa casa o (10 nosso esc1 iptorio, sein uni unico livro q~!c Iios aiixilinssc, \lerido-nos miiitns V C ~ P S na percis2o de parar ati, Ii;r 13;-

ctificar urna citac5o i 1,ibliotlieca lii!blica. 'ãanlhein pcdimos tlcsculpa d,:s tligressões c aggrcssões pesPoarJs qiie Iiscmos. Este cgcrilYo foi clnho- racio debaixo das iiispiracões clesfin ui avcis que nos irripririiio a carla (!;I sr. A. Ncrciilario. Como coinbatcnlc riiiiica i[uizcinos dcsimhainhar a t3s- liada sem primeiro accorilai,inos o nosso ininiigc?, nem acceitamos dc- safio sei130 com a m a s igiiaes ; punimos sempre a 1 r a n s g r ~ ~ r 3 o cleslas leis. O crimc i! tanto inaior quanla a iritcllig,cncia do criminoso. Foi for- coso contra o nosso costume, cntiuar em recriininag.õcs : Dcos qiieira qiic rGo sejamos forcadqs a voltar mais a scinc1li;inte campo, c que no; in- ccrreinus si>n~ciilo iio tia doiitrina.

Publicariclo estc opii%culo iiio tivciiius ein visla, de lnOd0 algtiin, at- ti'il~uir 1113s iiitcncloes aos clclieiiaores tlo casaniubii30 civil. Clramadcis por i i i i~ devcr da iiossa poLiisáo :i cniilir o nosso \ato soljre unia ~iiolestia social, apresentamos o rliagi!o>lico li! l~ntlietico cín ri~litc.50 ao rcrneclio c:iic se queria empregar. Tirar unia l)i3tlra do fiiiiclo clo alicerce do ciliii- i io social, scm fazer iiiuiias l)rcven?.5es, r' procurrir-li!e um a!,alo que, ou o 11%-tle fazer caliir, ou obrigar ci recoiislriieg.Tio. I< i1111 l~t'rigo que se procura, ern logar il'um hern: pdde ser a morte dn sociedade, em logar do seu sperfciqoainento.

FIM.