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VALIDAÇÃO DE UM CÓDIGO NUMÉRICO PARA O ESTUDO DO
ESCOAMENTO BIDIMENSIONAL AO REDOR DE CILINDROS CIRCULARES
Bruno Correa Ferreira
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia
Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e
Oceânico.
Orientador: Prof. Juan Bautista Villa Wanderley, Ph.D.
Rio de Janeiro
Março de 2015
VALIDAÇÃO DE UM CÓDIGO NUMÉRICO PARA O ESTUDO DO
ESCOAMENTO BIDIMENSIONAL AO REDOR DE CILINDROS CIRCULARES
Bruno Correa Ferreira
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.
Examinada por:
Prof. Juan Bautista Villa Wanderley, Ph.D.
Prof. Sérgio Hamilton Sphaier, Ph.D.
Prof. Richard David Schachter, Ph.D.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO de 2015
iii
Ferreira, Bruno Correa
Validação de um Código Numérico para o Estudo do
Escoamento Bidimensional ao Redor de Cilindros
Circulares/Bruno Correa Ferreira – Rio de Janeiro:
UFRJ/Escola Politécnica, 2015.
XI, 68 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Juan Bautista Villa Wanderley
Projeto de Graduação – UFRJ/POLI/Engenharia Naval e
Oceânica, 2015.
Referência Bibliográficas: p. 66-68.
1. Método dos Volumes Finitos 2. Vibração Induzidas
por Vórtices 3. Influência dos Limites Computacionais 4.
Euler Explícito 5. Runge-Kutta de 2ª Ordem Explícito
I. Wanderley, Juan Bautista Villa. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Naval e Oceânica.
III. Validação de um Código Numérico para o Estudo do
Escoamento Bidimensional ao Redor de Cilindros
Circulares.
iv
Dedicatória
Dedico este trabalho a Deus primeiramente. A minha esposa e filha, Fernanda e
Isabel. Aos meus pais, Rosimere Correa e Valtecir Ferreira Maciel. Aos meus avós,
Eliete e Ilton. E a todos os meus familiares e amigos que me apoiaram durante essa
empreitada.
v
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, pois tenho a certeza de que Ele me
acompanhou por todo este tempo.
Agradeço a minha esposa e filha, não apenas por serem o meu maior motivo de a
cada dia ser melhor do que ontem, mais também por compreenderem as minhas
inúmeras ausências ao longo de todo esse período da graduação.
Agradeço aos meus pais, pelos infindáveis conselhos e apoio incondicional
durante essa jornada.
Agradeço ao meu orientador e amigo, Professor Ph.D. Juan Wanderley, pela sua
amizade, confiança e muita paciência ao longo da minha graduação e elaboração do
presente trabalho.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.
VALIDAÇÃO DE UM CÓDIGO NUMÉRICO PARA O ESTUDO DO
ESCOAMENTO BIDIMENSIONAL AO REDOR DE CILINDROS CIRCULARES
Bruno Correa Ferreira
Março/2015
Orientador: Prof.. Juan Bautista Villa Wanderley, Ph.D
Curso: Engenharia Naval e Oceânica
No presente trabalho as equações de Navier-Stokes levemente compressíveis são
resolvidas numericamente pelo método dos volumes finitos para o escoamento
bidimensional ao redor de um cilindro. Para tanto, um esquema de segunda ordem no
espaço é utilizado para discretizar tanto os vetores de fluxos invíscidos quanto os
viscosos do escoamento, e quatro métodos explícitos de marcha no tempo são utilizados
para resolver as equações governantes escritas na forma conservativa e em coordenadas
cartesianas, para comparação.
A validação do código computacional para investigações de VIV foi realizada pela
comparação dos resultados numéricos com os dados encontrados na literatura. Eles
mediram o coeficiente de arrasto e de sustentação tanto para os números de Reynolds
40, 100 e 200 quanto a frequência de emissão de vórtices para os números de Reynolds
100 e 200. A comparação com estes resultados mostrou que o código computacional foi
capaz de reproduzir o coeficiente de arrasto, de sustentação e a frequência de emissão
de vórtices.
Palavras-chave: Método dos Volumes Finitos, Vibração Induzidas por Vórtices,
Influência dos Limites Computacionais, Método de Euler Explícito, Métodos de Runge-
Kutta Explícitos.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
VALIDATION OF A NUMERICAL CODE FOR TWO-DIMENSIONAL FLOW
STUDY THE CIRCULAR CYLINDER AROUND
Bruno Correa Ferreira
March/2015
Advisor: Juan Bautista Villa Wanderley
Course: Naval and Ocean Engineering
In this study, the slightly compressible Navier-Stokes equations are solved numerically
by the finite volume method for the two-dimensional flow around a circular cylinder.
Second-order space approximations are used to discretize both inviscid and viscous flux
vectors. The discretized governing equations written in the conservative form and in
Cartesian coordinates are integrated in time using four different explicit methods, for
comparison.
The validation of the computational code for VIV investigation was conducted by
comparing the numerical results with the data found in the literature. They measured the
drag and lift coefficients for Reynolds numbers 40, 100 and 200, and the vortex
shedding frequency for Reynolds numbers 100 and 200. The comparison showed that
such computer code was able to reproduce the drag and lift coefficients and the
frequency of vortex shedding.
Keywords: Finite Volumes Methods, Vortex-Induced Vibrations, Influence of
Computational Limits, Explicit Euler Scheme, Explicit Runge-Kutta Scheme.
viii
Sumário
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1
2 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA ................................................................... 2
2.1 Equações de Navier-Stokes ................................................................................................ 2
2.2 Coeficientes de Força .......................................................................................................... 8
2.3 Coeficientes de Pressão....................................................................................................... 8
3 FORMULAÇÃO NUMÉRICA ....................................................................... 8
3.1 Geração do Domínio e da Malha Computacional ............................................................ 9
3.2 Volume Finito .................................................................................................................... 11
3.3 Propriedades Geométricas dos Elementos da Malha Computacional ......................... 12
3.3.1 Cálculo do Volume ................................................................................................... 13
3.3.2 Cálculo do Vetor Área............................................................................................... 14
3.4 Métodos de Marcha no Tempo ou de Integração........................................................... 14
3.4.1 Método de Euler Explícito ........................................................................................ 15
3.4.2 Métodos de Runge-Kutta de 2ª Ordem Explícitos..................................................... 15
3.5 Discretização do Fluxo Invíscido ..................................................................................... 17
3.6 Discretização do Fluxo Viscoso ........................................................................................ 18
3.7 Dissipação Artificial Não Linear ..................................................................................... 20
3.8 Condições Iniciais e de Contorno .................................................................................... 21
3.8.1 Condições Iniciais ..................................................................................................... 21
3.8.2 Condições de Contorno ............................................................................................. 22
4 ESTUDO DO EFEITO DOS LIMITES DO DOMÍNIO COMPUTACIONAL NO
CAMPO DE ESCOAMENTO ........................................................................................ 25
4.1 Definição de um Domínio Computacional de Referência .............................................. 26
4.2 Definição das Características da Malha Computacional a ser Gerada........................ 34
ix
4.3 Estudo da Influência da Localização das Fronteiras Laterais (Condição de Contorno
de “Freestream”) no Campo de Escoamento .......................................................................................... 35
4.4 Estudo da Influência da Localização da Fronteira de Entrada (Condição de Contorno
de “Inflow”) no Campo de Escoamento .................................................................................................. 39
4.5 Estudo da Influência da Localização da Fronteira de Saída (Condição de Contorno
de “Outflow”) no Campo de Escoamento ............................................................................................... 44
4.6 Estudo do Efeito do Refinamento da Malha no Campo de Escoamento...................... 49
5 ESTUDO DO EFEITO DOS MÉTODOS DE MARCHA NO TEMPO NO CAMPO DE
ESCOAMENTO ......................................................................................................... 53
5.1 Resultados para o Número de Reynolds 40 .................................................................... 53
5.2 Resultados para o Número de Reynolds 100 .................................................................. 57
5.3 Resultados para o Número de Reynolds 200 .................................................................. 61
6 CONCLUSÃO ......................................................................................... 65
7 TRABALHOS FUTUROS ........................................................................... 66
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 66
x
Lista de Símbolos
𝑎 Velocidade do som
𝐶𝐿 Coeficiente de sustentação
𝐶𝐷 Coeficiente de arrasto
𝐶𝑃 Coeficiente de pressão
𝐷 Diâmetro do cilindro
𝐸𝑒 Vetor de fluxo invíscido na direção x
𝐸𝑣 Vetor de fluxo viscoso na direção x
𝐹𝑒 Vetor de fluxo invíscido na direção y
𝐹𝑣 Vetor de fluxo viscoso na direção y
𝐹𝑥 Força na direção x
𝐹𝑦 Força na direção y
𝑀 Número de Mach
�⃗� Vetor normal à superfície
𝑝 Pressão dinâmica do fluido
𝑃 Vetor definido pelos vetores de fluxo
𝑃𝑒 Vetor definido pelos vetores de fluxo invíscidos
𝑃𝑣 Vetor definido pelos vetores de fluxo viscosos
𝑄 Vetor de variáveis conservadas
𝑅𝑒 Número de Reynolds
𝑆 Superfície da malha computacional
𝑆𝑡 Número de Strouhal
𝑇 Temperatura
xi
𝑡 Tempo
𝑢 Velocidade do fluido na direção x
𝑣 Velocidade do fluido na direção y
𝑉 Volume do elemento da malha computacional
𝑥 Coordenada cartesiana horizontal
𝑦 Coordenada cartesiana vertical
∇ Operador divergente
𝜇 Viscosidade dinâmica
𝜌 Massa específica do fluido
𝜏 Coeficiente de compressibilidade isotérmica
∞ Condição de Free-stream (Escoamento não-perturbado)
1
1 Introdução
“Escoamentos ao redor de cilindros são encontrados em muitas aplicações na
engenharia, como por exemplo: risers, estruturas offshore, pilares de pontes, etc.
Dependendo do número de Reynolds, pode ocorrer a emissão de vórtices no bordo de
fuga do corpo. A emissão de vórtices causa uma distribuição de pressão não-simétrica
sobre o cilindro que força o movimento do corpo. Quando a frequência de emissão de
vórtices coincide com a frequência natural da estrutura, oscilações ressonantes podem
ocorrer com altas amplitudes e possivelmente com a falha da estrutura. Portanto, é
muito importante predizer, entender e possivelmente suprimir a vibração induzida por
vórtices.”, Wanderley et al. (2008b).
No presente trabalho, um estudo numérico do escoamento bidimensional ao
redor do cilindro fixo é investigado por meio da solução das equações de Navier-Stokes,
considerando-se a formulação para escoamentos levemente compressíveis propostas por
Wanderley (2001) e usando-se um algoritmo baseado no método dos volumes finitos.
Uma malha não-estruturada composta de elementos triangulares é gerada ao redor da
seção circular do cilindro. Este tipo de malha é extremamente eficiente para aproximar
geometrias complexas. Para otimizar a solução, foi modelado um domínio
computacional que se adapta a geometria do corpo e assim possui uma densidade de
elementos maior apenas nas regiões de interesse próximas da seção circular do cilindro
com o intuito de capturar tanto a camada limite da superfície do corpo quanto ao
fenômeno de desprendimento de vórtices. A forma integral das equações governantes
são discretizadas usando-se aproximações espaciais de segunda ordem e os métodos
explícitos de Euler de primeira ordem e Runge-Kutta de segunda ordem são usados para
a integração no tempo. É adicionado um termo de dissipação artificial não-linear
proposto por Mavriplis (1987) para garantir a estabilidade do método numérico
implementado.
Para verificar a precisão do método numérico, os resultados para números de
Reynolds 40, 100 e 200 foram comparados com diversos dados numéricos e
experimentais encontrados na literatura técnica, como por exemplo: os dados numéricos
obtidos por Wanderley et al. (2008a), Rengel (1999) e Herfjord (1995); e os dados
experimentais obtidos por Tritton (1959), Constanceau (1977) e Wieselsberger (1921).
2
A concordância dos resultados se mostrou satisfatória, validando assim o código para o
estudo da vibração induzida por vórtices a baixo número de Reynolds.
2 Formulação Matemática
A presente seção tem como objetivo apresentar a formulação matemática para
escoamentos levemente compressíveis proposta por Wanderley (2001). Ao final deste
capítulo, são apresentadas as equações para a obtenção dos coeficientes de arrasto e
sustentação do cilindro e o coeficiente de pressão do escoamento.
2.1 Equações de Navier-Stokes
Na mecânica dos fluidos, um escoamento incompressível é definido como um
escoamento onde a densidade 𝜌 é considerada constante. Tendo esta definição em
mente, as equações de Navier-Stokes são utilizadas na engenharia para governar
escoamentos onde a compressibilidade do mesmo é considerada muito baixa (𝑀𝑎𝑐ℎ <
0.30). Mesmo sendo uma boa aproximação para escoamentos com baixa
compressibilidade, estas equações governantes são muito difíceis de serem resolvidas
numericamente, requerendo assim um esforça tanto matemático quanto computacional
muito grande.
A formulação matemática para escoamentos levemente compressíveis,
desenvolvida por Wanderley (2001) e apresentada aqui, propõe uma equação para o
campo de pressão apropriada para estes escoamentos considerando sua baixa
compressibilidade. A equação do campo de pressão junto com a equação da quantidade
de movimento linear para escoamentos incompressíveis, geram uma formulação
apropriada que não somente representa corretamente a física destes escoamentos, mas é
também aplicável para soluções numéricas, vide Wanderley et al. (2008a).
A equação do campo de pressão é obtida quando se combina a equação da
continuidade para escoamentos compressíveis, Eq. (3.1), com a definição de
compressibilidade isotérmica, Eq. (3.2), segundo Anderson (1990).
𝜕𝜌
𝜕𝑡+ ∇. (𝜌�⃗� ) = 0 (3.1)
3
𝜏 =1
𝜌
𝜕𝜌
𝜕𝑝|𝑇
(3.2)
onde
𝜏 = {10−5𝑚2 𝑁⁄ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑟 (𝑝 = 1𝑎𝑡𝑚);
5−10𝑚2 𝑁⁄ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 á𝑔𝑢𝑎 (𝑝 = 1𝑎𝑡𝑚). (3.3)
Restringindo o presente estudo para escoamentos isotérmicos com coeficiente de
compressibilidade isotérmica constante, 𝜏 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡., podemos integrar a Eq. (3.2) para
obter a Eq. (3.5).
∫ 𝜏 𝑑𝑝𝑝∞
𝑝
= 𝜏(𝑝∞ − 𝑝) = ∫1
𝜌𝑑𝜌
𝜌∞
𝜌
= ln(𝜌∞) − ln(𝜌) = 𝑙𝑛 (𝜌∞
𝜌) (3.4)
𝜌 = 𝜌∞𝑒𝜏(𝑝−𝑝∞) (3.5)
Fazendo uma expansão em série de Taylor da Eq. (3.5), obtemos a Eq. (3.6).
𝜌 = 𝜌∞ + 𝜌∞𝜏(𝑝 − 𝑝∞) +1
2𝜌∞𝜏
2(𝑝 − 𝑝∞)2+. .. (3.6)
Considerando que a compressibilidade isotérmica é muito pequena, vide Eq.
(3.3), serão considerados apenas os dois primeiros termos da série de Taylor da Eq.
(3.6). Com isso, substituindo estes dois termos na equação da continuidade para
escoamentos compressíveis, Eq. (3.1), obtém-se como resultado as Eqs. (3.8), (3.9) e
(3.10).
𝜕𝜌
𝜕𝑡=𝜕𝜌∞
𝜕𝑡+ 𝜌∞𝜏
𝜕𝑝
𝜕𝑡+ 𝜌∞𝜏
2(𝑝 − 𝑝∞)𝜕𝑝
𝜕𝑡+. .. (3.7)
𝜕𝜌
𝜕𝑡=𝜕𝜌∞
𝜕𝑡+ 𝜌∞𝜏
𝜕𝑝
𝜕𝑡 (3.8)
4
𝜕(𝜌𝑢)
𝜕𝑥= 𝜌∞𝜏 (𝑢
𝜕𝑝
𝜕𝑥+ 𝑝
𝜕𝑢
𝜕𝑥) + 𝜌∞(1 − 𝜏𝑝∞)
𝜕𝑢
𝜕𝑥 (3.9)
𝜕(𝜌𝑣)
𝜕𝑦= 𝜌∞𝜏 (𝑣
𝜕𝑝
𝜕𝑦+ 𝑝
𝜕𝑣
𝜕𝑦) + 𝜌∞(1 − 𝜏𝑝∞)
𝜕𝑣
𝜕𝑦 (3.10)
Somando e rearranjando os termos das Eqs. (3.9) e (3.10), obtém-se as Eqs.
(3.11) e (3.12).
𝜌∞𝜏 (𝑢𝜕𝑝
𝜕𝑥+ 𝑝
𝜕𝑢
𝜕𝑥) + 𝜌∞𝜏 (𝑣
𝜕𝑝
𝜕𝑦+ 𝑝
𝜕𝑣
𝜕𝑦) = 𝜌∞𝜏∇. (𝑝�⃗� ) (3.11)
𝜌∞(1 − 𝜏𝑝∞)𝜕𝑢
𝜕𝑥+ 𝜌∞(1 − 𝜏𝑝∞)
𝜕𝑣
𝜕𝑦= 𝜌∞(1 − 𝜏𝑝∞)∇. �⃗� (3.12)
Substituindo as Eqs. (3.8), (3.11) e (3.12) na Eq. (3.1) ou (3.13), resulta a Eq.
(3.14).
𝜕𝜌
𝜕𝑡+ ∇. (𝜌�⃗� ) =
𝜕𝜌
𝜕𝑡+∂(𝜌𝑢)
∂x+∂(𝜌𝑣)
∂y= 0 (3.13)
𝜌∞𝜏 (𝜕𝜌
𝜕𝑡+ ∇. (𝑝�⃗� )) + 𝜌∞(1 − 𝜏𝑝∞)∇. �⃗� = 0 (3.14)
Como na formulação incompressível assume-se que a compressibilidade
isotérmica é nula, a Eq. (3.14) se reduz à Eq. (3.15), que é a equação da continuidade no
caso de fluidos incompressíveis. Tornando assim, muito onerosa a solução numérica das
equações governantes, conforme dito anteriormente.
∇. �⃗� = 0 (3.15)
O que no caso da formulação matemática proposta por Wanderley (2001), uma
equação mais conveniente pode ser obtida se considerarmos a compressibilidade
isotérmica diferente de zero. Uma vez que o objetivo aqui é obter os coeficientes de
sustentação, arrasto e pressão, o valor adotado para a pressão do escoamento livre pode
5
ser arbitrado. Um valor conveniente para a pressão do escoamento livre é 𝑝∞ =1
𝜏, pois
simplifica a Eq. (3.14), conforme Eq. (3.16).
𝜕𝜌
𝜕𝑡+ ∇. (𝑝�⃗� ) = 0 (3.16)
Nas equações da quantidade de movimento linear, não se leva em consideração a
compressibilidade isotérmica do fluido.
Como mencionado acima, a Eq. (3.16) junto com as equações da quantidade de
movimento linear para escoamentos incompressíveis formam um sistema de equações
que representam convenientemente escoamentos levemente compressíveis. A derivada
no tempo da pressão e as componentes da velocidade facilitam substancialmente a
implementação de qualquer método de marcha no tempo, conforme pode ser visto nas
Eqs. (3.17), já adimensionalizadas.
𝜕𝑝∗
𝜕𝑡∗+∂(𝑝∗𝑢∗)
∂x∗+∂(𝑝∗𝑣∗)
∂y∗= 0
(3.17) 𝜕𝑢∗
𝜕𝑡∗+
𝜕
𝜕𝑥∗(𝑢∗2 + 𝑝∗ −
𝑀∞
𝑅𝑒
𝜕𝑢∗
𝜕𝑥∗) +
𝜕
𝜕𝑦∗(𝑢∗𝑣∗ −
𝑀∞
𝑅𝑒
𝜕𝑢∗
𝜕𝑦∗) = 0
𝜕𝑣∗
𝜕𝑡∗+𝜕
𝜕𝑥(𝑢∗𝑣∗ −
𝑀∞
𝑅𝑒
𝜕𝑣∗
𝜕𝑥∗) +
𝜕
𝜕𝑦∗(𝑣∗2 + 𝑝∗ −
𝑀∞
𝑅𝑒
𝜕𝑣∗
𝜕𝑦∗) = 0
A forma adimensional das equações é importante numericamente porque garante
que as variáveis terão valores da ordem da unidade e posteriormente facilitarão as
análises dos resultados. A Eq. (3.17) foi adimensionalizada de acordo com as seguintes
definições, onde o símbolo de * significa que a variável é adimensional:
𝑢∗ =𝑢
𝑎∞, 𝑣∗ =
𝑣
𝑎∞, 𝑥∗ =
𝑥
𝐷, 𝑦∗ =
𝑦
𝐷
(3.18)
𝑡∗ =𝑡
𝐷𝑎∞⁄
, 𝑝∗ = 𝑝
𝜌∞𝑎∞2
6
𝑀∞ =𝑈∞
𝑎∞, 𝑅𝑒 =
𝜌∞𝑈∞𝐿
𝜇∞
Com a intenção de simplificar a escrita das equações, será eliminado o símbolo
de asterisco utilizado para representar as variáveis adimensionais.
O mesmo sistema de equações mostrados na Eq. (3.17) é apresentado a seguir
em coordenadas cartesianas, na forma conservativa e vetorial.
𝑄𝑡 + (𝐸𝑒 − 𝐸𝑣)𝑥 + (𝐹𝑒 − 𝐹𝑣)𝑦 = 0 (3.19)
onde 𝑄 é o vetor de variáveis conservadas , 𝐸𝑒 e 𝐹𝑒 são os vetores de fluxo invíscidos e
𝐸𝑣 e 𝐹𝑣 são os vetores de fluxo viscosos, conforme Eq. (3.20).
𝑄𝑡 = {𝑝𝑢𝑣} , 𝐸𝑒 = {
𝑝𝑢
𝑢2 + 𝑝𝑢𝑣
} , 𝐹𝑒 = {
𝑝𝑣𝑢𝑣
𝑣2 + 𝑝},
(3.20)
𝐸𝑣 =𝑀∞
𝑅𝑒
{
0𝜕𝑢
𝜕𝑥𝜕𝑣
𝜕𝑥}
, 𝐹𝑣 =𝑀∞
𝑅𝑒
{
0𝜕𝑢
𝜕𝑦𝜕𝑣
𝜕𝑦}
Para aplicarmos o método dos volumes finitos, a Eq. (3.19) é transformada para
a sua forma integral. Utilizando a definição do vetor �⃗� dada na Eq. (3.21), a Eq. (3.19)
pode ser escrita na forma apresentada na Eq. (3.22).
�⃗� = (𝐸𝑒 − 𝐸𝑣)𝑖̂ + (𝐹𝑒 − 𝐹𝑣)𝑗 ̂ (3.21)
𝑄𝑡 =𝜕𝑄
𝜕𝑡= −∇. �⃗� = (𝐸𝑒 − 𝐸𝑣)𝑥 + (𝐹𝑒 − 𝐹𝑣)𝑦 (3.22)
Integrando a Eq. (3.22) num volume de controle 𝑉, conforme a Eq. (3.23), e
aplicando o teorema de Gauss ao lado direito da Eq. (3.23), resulta a Eq. (3.24).
7
∫𝜕𝑄
𝜕𝑡𝑑𝑉
𝑉
= −∫ (∇. �⃗� )𝑑𝑉𝑉
(3.23)
∫ (∇. �⃗� )𝑑𝑉𝑉
= ∫ (�⃗� . �⃗� )𝑑𝑆𝑉
(3.24)
Substituindo a Eq. (3.24) na Eq. (3.23), a forma integral da equação de Navier-
Stokes para escoamentos levemente compressíveis é obtida, conforme mostra a Eq.
(3.25).
∫𝜕𝑄
𝜕𝑡𝑑𝑉
𝑉
= −∫ (�⃗� . �⃗� )𝑑𝑆𝑆
(3.25)
Para o caso de volumes finitos rígidos e não deformáveis, que é o presente caso,
podemos passar o símbolo de derivada temporal para fora do sinal de integração. O
resultado é mostrado na Eq. (3.26).
𝜕
𝜕𝑡∫ 𝑄𝑑𝑉𝑉
= −∫ (�⃗� . �⃗� )𝑑𝑆𝑉
(3.26)
O vetor médio das variáveis conservadas em cada volume finito é definido
conforme a Eq. (3.27).
�̅�𝑉 = ∫ 𝑄𝑑𝑉𝑉
(3.27)
Substituindo a Eq.(3.27) na Eq.(3.26), obtemos a formulação integral em termos
do vetor médio das variáveis conservadas, como mostra a Eq. (3.28).
𝜕�̅�
𝜕𝑡= −
1
𝑉∫ (�⃗� . �⃗� )𝑑𝑆𝑉
(3.28)
A Eq. (3.28) é a forma mais conveniente da equação de Navier-Stokes para a
utilização do método dos volumes finitos. Sendo assim, esta equação será avaliada em
cada volume finito presente no domínio computacional discretizado.
8
2.2 Coeficientes de Força
Os coeficientes de força são calculados pela soma da integral de superfície tanto
da pressão quanto da tensão cisalhante. O campo de pressão é conhecido, porém faz-se
necessário o cálculo da tensão cisalhante a partir das variáveis conhecidas 𝑢 e 𝑣. Estes
cálculos serão explicados nas seções 3.5 e 3.6. Com estes valores determinados, os
coeficientes são avaliados nas direções 𝑥 e 𝑦 do escoamento, fornecendo as forças 𝐹𝑥 e
𝐹𝑦 , adimensionalizadas da seguinte forma:
𝐶𝐷 =𝐹𝑥
12⁄ 𝜌∞𝑈∞
2𝐷 (3.29)
𝐶𝐿 =𝐹𝑦
12⁄ 𝜌∞𝑈∞
2𝐷 (3.30)
2.3 Coeficientes de Pressão
O coeficiente de pressão é calculado através da equação abaixo:
𝐶𝑃 =𝑝 − 1
12⁄ 𝜌∞𝑈∞
2𝐷 (3.31)
3 Formulação Numérica
Para capturar o campo de escoamento ao redor da seção circular do cilindro e
reproduzir o fenômeno de desprendimento de vórtices, faz-se necessário um domínio e
uma malha computacional adequados. A geração do domínio e da malha computacional
serão descritos no presente capítulo de uma forma simplificada, deixando os maiores
detalhes para as seções 4.1 e 4.2, respectivamente. Aqui também serão apresentados:
como cada volume finito pode ser obtido através da discretização do domínio
computacional em elementos triangulares (malha não-estruturada); e uma descrição
detalhada da implementação numérica do método de volumes finitos usando um
esquema espacial centrado de segundo ordem para discretizar tanto o fluxo invíscido
quanto o viscoso das propriedades do escoamento.
9
3.1 Geração do Domínio e da Malha Computacional
A ferramenta escolhida tanto para a modelagem da geometria quanto para a
geração da malha, foi o software Gmsh. Este é um gerador de malhas com um sistema
CAD embutido. A escolha de tal ferramenta se deu por este ser um software livre,
portável tanto para as plataformas Linux e Windows, intuitivo e de fácil aprendizado. E
como a documentação de tal software é vasta na internet, no presente trabalho não se
fará menção de como os domínios ou as malhas foram geradas, apenas os pontos mais
importantes serão mencionados, como por exemplo: as características geométricas do
domínio e das malhas computacionais geradas.
Tendo como referência Behr et al. (1991) e Behr et al. (1995), foi definido
inicialmente um domínio computacional de partida, conforme Figura 3.1. Domínio este,
que será utilizado como referência para a construção de todos os domínios
computacionais utilizados nos estudos subsequentes. Este domínio computacional pode
ser visualizado na Figura 3.2, logo abaixo.
Figura 3.1 – Domínio computacional de referência.
Figura 3.2 – Domínio computacional de referência gerado no software Gmsh.
10
A malha computacional foi gerada através do método de avanço de fronteira,
conforme mostrado na Figura 3.3. Malha esta composta por elementos triangulares.
Como se pode observar, foram criadas regiões no entorno da seção circular do
cilindro com o intuito de capturar tanto a camada limite nesta superfície quanto o
fenômeno de desprendimento de vórtices ou a esteira de vórtices de von Kárman no
bordo de fuga do mesmo.
Figura 3.3 – Malha gerada no domínio computacional de referência através do software Gmsh.
Esta malha contém elementos ao redor do domínio físico e no interior do corpo
chamados elementos imagens ou “fantasmas”. O objetivo deles é simplificar a
implementação das condições de contorno. Estes elementos podem ser visualizados nas
Figuras abaixo.
Figura 3.4 – Elementos imagem ou “fantasmas” ao redor do domínio computacional.
11
Figura 3.5 – Detalhe dos elementos imagem ou “fantasmas” ao redor da seção circular do cilindro.
Vale ressaltar, que tais elementos imagem ou “fantasmas” não foram gerados
através do software Gmsh, ou seja, não é uma funcionalidade do mesmo. Para tal, foi
desenvolvido um programa também em linguagem Fortran que gera estes elementos.
3.2 Volume Finito
Uma vez discretizado o domínio computacional com uma malha não-
estruturada, tratando-se de elementos triangulares no presente trabalho, o próximo passo
é obter os volumes finitos através destes elementos. Existem diversas formas que podem
ser utilizadas para criar os volumes finitos a partir de uma malha não-estruturada. Uma
delas é a criação destes através do método das medianas, que simplesmente consiste em
unir os centroides dos elementos com os pontos médios de seus lados, conforme Figura
3.6. Esta é uma forma bem genérica, podendo ser aplicado a uma discretização mista,
envolvendo triângulos e quadriláteros.
(a)
(b)
Figura 3.6 – Volumes de controle obtidos através do método das medianas. (a) Elemento triangular 1; e (b) Volumes
de controle associados aos nós 1, 0 e 3.
Uma outra forma seria quando uma discretização apenas com triângulos fosse
utilizada, e formando uma triangulação de Delanay, os volumes de controle já estariam
12
diretamente determinados e se constituem no dual da triangulação, os chamados
diagramas de Voronoi, conforme Figura 3.7.
Figura 3.7 – Volumes de controle obtidos através do dual da triangulação de Delanay.
Mas para o presente trabalho, os volumes finitos serão definidos como os
próprios elementos triangulares resultantes da geração da malha pelo método de avanço
de fronteira. É neste volume de controle ou elemento que a Eq. (3.28) será avaliada.
Todas as propriedades do escoamento serão armazenadas no centroide destes elementos.
Aqui cada volume de controle possui uma profundidade unitária e seu volume é dado
pela área do triângulo ou elemento.
Figura 3.8 – Discretização do espaço bidimensional em elementos triangulares (volumes de controle).
3.3 Propriedades Geométricas dos Elementos da Malha Computacional
A presente seção tem como objetivo mostrar as propriedades geométricas dos
elementos da malha computacional ou de cada volume finito que serão utilizadas
quando a Eq. (3.28) for avaliada em cada um destes.
13
3.3.1 Cálculo do Volume
Para calcular o volume 𝑉𝑖 de cada elemento pertencente à malha computacional,
definem-se os vetores 𝐴 𝑖,2 e 𝐴 𝑖,3 e os nós 1, 2 e 3 conforme regra da mão direita e
Figura 3.9. O volume de cada elemento triangular é dado pela Eq. (3.32).
Figura 3.9 – Definição dos vetores 𝐴 𝑖,2 e 𝐴 𝑖,3 para o cálculo do volume de cada elemento ou volume de controle
presente na malha computacional.
𝑉𝑖 =1
2|𝐴 𝑖,3 × 𝐴 𝑖,2| (3.32)
𝐴 𝑖,3 = (𝑥𝑖,2 − 𝑥𝑖,1)𝑖̂ + (𝑦𝑖,2 − 𝑦𝑖,1)𝑗 ̂ (3.33)
𝐴 𝑖,2 = (𝑥𝑖,3 − 𝑥𝑖,1)𝑖̂ + (𝑦𝑖,3 − 𝑦𝑖,1)𝑗 ̂ (3.34)
Substituindo as Eqs. (3.33) e (3.34) na Eq. (3.32), obtém-se a Eq. (3.36) que
representa o volume 𝑉𝑖 de cada elemento 𝑖.
𝑉𝑖 =1
2|𝐴 𝑖,3 × 𝐴 𝑖,2| = |
𝑖̂ 𝑗̂ �̂�
(𝑥𝑖,2 − 𝑥𝑖,1) (𝑦𝑖,2 − 𝑦𝑖,1) (0)
(𝑥𝑖,3 − 𝑥𝑖,1) (𝑦𝑖,3 − 𝑦𝑖,1) (0)
| (3.35)
14
𝑉𝑖 = |(𝑥𝑖,2 − 𝑥𝑖,1). (𝑦𝑖,3 − 𝑦𝑖,1)�̂� − (𝑦𝑖,2 − 𝑦𝑖,1). (𝑥𝑖,3 − 𝑥𝑖,1)�̂�| (3.36)
3.3.2 Cálculo do Vetor Área
Para aplicar o método dos volumes finitos faz-se necessário calcular o vetor área
perpendicular a cada face dos volumes de controle. As Eqs. de (3.37) a (3.39), mostram
o vetor área e suas componentes nas direções 𝑥 e 𝑦 do volume de controle 𝑖 em todas as
suas faces, conforme Figura 3.10.
𝑆 𝑖,1 = 𝑆𝑥𝑖,1𝑖̂ + 𝑆𝑦𝑖,1𝑗̂ = (𝑦𝑖,3 − 𝑦𝑖,2)𝑖̂ + (𝑥𝑖,2 − 𝑥𝑖,3)𝑗̂ (3.37)
𝑆 𝑖,2 = 𝑆𝑥𝑖,2𝑖̂ + 𝑆𝑦𝑖,2𝑗̂ = (𝑦𝑖,1 − 𝑦𝑖,3)𝑖̂ + (𝑥𝑖,3 − 𝑥𝑖,1)𝑗̂ (3.38)
𝑆 𝑖,3 = 𝑆𝑥𝑖,3𝑖̂ + 𝑆𝑦𝑖,3𝑗̂ = (𝑦𝑖,2 − 𝑦𝑖,1)𝑖̂ + (𝑥𝑖,1 − 𝑥𝑖,2)𝑗̂ (3.39)
Figura 3.10 – Vetor área perpendicular de cada face do elemento ou volume de controle 𝑖.
3.4 Métodos de Marcha no Tempo ou de Integração
A presente seção tem como objetivo apresentar os métodos de marcha no tempo
que serão alvos de estudo no presente trabalho para a análise do efeito destes no campo
de escoamento. Todos estes métodos serão aplicados à Eq. (3.28).
15
3.4.1 Método de Euler Explícito
Dada uma condição inicial e condições de contorno, que serão apresentadas na
seção 3.8, a Eq. (3.28) será resolvida pelo método explícito de Euler de primeira ordem,
conforme mostrado nas equações abaixo.
�̅�𝑖𝑛+1 = �̅�𝑖
𝑛 +1
2∆𝑡 (
𝜕�̅�𝑖𝑛
𝜕𝑡) (3.40)
Figura 3.11 – Exemplo de elemento ou volume de controle pertencente a malha computacional onde a Eq. (3.28) será
avaliada.
Aplicando a Eq. (3.40) ao volume finito ou elemento mostrado na Figura 3.11,
obtemos as Eqs. (3.41) e (3.42).
�̅�𝑖𝑛+1 = �̅�𝑖
𝑛 −1
2
∆𝑡
𝑉𝑖∑(�⃗� 𝑖,𝑗
𝑛 . 𝑆 𝑖,𝑗)
3
𝑗=1
(3.41)
�̅�𝑖𝑛+1 = �̅�𝑖
𝑛 −1
2
∆𝑡
𝑉𝑖(�⃗� 𝑖,1
𝑛 . 𝑆 𝑖,1 + �⃗� 𝑖,2𝑛 . 𝑆 𝑖,2 + �⃗� 𝑖,3
𝑛 . 𝑆 𝑖,3) (3.42)
A Eq. (3.42) será avaliada em cada volume finito 𝑖 pertencente ao domínio
computacional.
3.4.2 Métodos de Runge-Kutta de 2ª Ordem Explícitos
Existem diversos métodos de Runge-Kutta de 2ª ordem, logo abaixo são
apresentados os três métodos também utilizados no presente trabalho.
16
“Heun Method with a Single Corrector”:
𝑄𝑖𝑛+1
= 𝑄𝑖𝑛+ ∆𝑡
𝜕𝑄𝑖𝑛
𝜕𝑡 (3.43)
𝑄𝑖𝑛+1
= 𝑄𝑖𝑛+ (
1
2
𝜕𝑄𝑖𝑛
𝜕𝑡+1
2
𝜕𝑄𝑖𝑛+1
𝜕𝑡) (3.44)
Este é o método de “Heun Method with a Single Corrector”.
“The Midpoint Method”:
𝑄𝑖𝑛+1 2⁄ = 𝑄𝑖
𝑛+1
2∆𝑡𝜕𝑄𝑖
𝑛
𝜕𝑡 (3.45)
𝑄𝑖𝑛+1
= 𝑄𝑖𝑛+ ∆𝑡
𝜕𝑄𝑖𝑛+1 2⁄
𝜕𝑡 (3.46)
Este é o método “The Midpoint Method”.
“Ralston’s Method”:
𝑄𝑖𝑛+3 4⁄ = 𝑄𝑖
𝑛+3
4∆𝑡𝜕𝑄𝑖
𝑛
𝜕𝑡 (3.47)
𝑄𝑖𝑛+1
= 𝑄𝑖𝑛+ (
1
3
𝜕𝑄𝑖𝑛
𝜕𝑡+2
3
𝜕𝑄𝑖𝑛+3 4⁄
𝜕𝑡) (3.48)
Este é o método “Ralston’s Method”.
Então, estes métodos de marcha no tempo também serão aplicados à Eq. (3.28)
de forma semelhante a demonstrada para o método de Euler explícito.
O passo de tempo que aparece na Eq. (3.28) em sua forma dimensional, ∆𝑡∗, é
definido pela Eq. (3.49).
17
∆𝑡∗ = 𝐶𝐹𝐿.𝑙∗
𝑈∗, (3..49)
onde o 𝐶𝐹𝐿 é o número de Courant-Friedrichs-Lewy, 𝑈∗ e 𝑙∗ são respectivamente a
velocidade e o comprimento característicos do escoamento. O passo de tempo na forma
adimensional é dado pela Eq. (3.50).
∆𝑡 = 𝐶𝐹𝐿. 𝑙, (3.50)
onde
𝑙 = √𝑉𝑚𝑖𝑛 (3.51)
𝑉𝑚𝑖𝑛 representa o volume do menor elemento presente na malha, calculado pela
Eq. (3.52).
𝑉𝑚𝑖𝑛 = 𝐴𝑚𝑖𝑛, (3.52)
onde 𝐴𝑚𝑖𝑛 representa a menor área encontrada na malha computacional.
3.5 Discretização do Fluxo Invíscido
Os vetores de fluxo invíscidos nas faces dos volumes de controle são obtidos a
partir dos valores das propriedades médias definidas em seus centroides. Uma forma
utilizada para obter esses valores é por interpolação das propriedades de dois volumes
de controle adjacentes. Conhecendo-se as propriedades nas interfaces, pode-se
determinar os termos invíscidos da Eq. (3.42), conforme a Eq. (3.53).
�⃗� 𝑖,𝑗𝑛 . 𝑆 𝑖,𝑗 = {
(𝑝𝑢)𝑖,𝑗𝑛 (𝑆𝑥)𝑖,𝑗
(𝑢2 + 𝑝)𝑖,𝑗𝑛 (𝑆𝑥)𝑖,𝑗
(𝑢𝑣)𝑖,𝑗𝑛 (𝑆𝑥)𝑖,𝑗
} +
{
(𝑝𝑣)𝑖,𝑗
𝑛 (𝑆𝑦)𝑖,𝑗
(𝑢𝑣)𝑖,𝑗𝑛 (𝑆𝑦)𝑖,𝑗
(𝑣2 + 𝑝)𝑖,𝑗𝑛 (𝑆𝑦)𝑖,𝑗}
(3.53)
18
�⃗� 𝑖,𝑗𝑛 . 𝑆 𝑖,𝑗 = {
(𝑝)𝑖,𝑗𝑛 (𝑞𝑠)𝑖,𝑗
𝑛
(𝑢𝑞𝑠)𝑖,𝑗𝑛 + (𝑝)𝑖,𝑗
𝑛 (𝑆𝑥)𝑖,𝑗
(𝑣𝑞𝑠)𝑖,𝑗𝑛 + (𝑝)𝑖,𝑗
𝑛 (𝑆𝑦)𝑖,𝑗
} (3.54)
onde
𝑞𝑠𝑖,𝑗𝑛 = (𝑢)𝑖,𝑗
𝑛 (𝑆𝑥)𝑖,𝑗 + (𝑣)𝑖,𝑗𝑛 (𝑆𝑦)𝑖,𝑗
(3.55)
Uma forma bastante utilizada, e aqui praticada, para a obtenção dos vetores de
fluxo não-viscosos 𝐸𝑒 e 𝐹𝑒 nas faces dos volumes de controle é pela média aritmética
dos vetores de fluxo definidos nos centroides dos volumes adjacentes. As Eq. (3.56) e
(3.57) mostram o cálculo dos vetores de fluxo na face 1 do elemento 4497 pela média
aritmética dos vetores de fluxo definidos nos centroides dos elementos 4497 e 4142,
mostrados na Figura 3.12.
(𝐸𝑒)4497,1𝑛 =
1
2[(𝐸𝑒)4497
𝑛 + (𝐸𝑒)4142𝑛 ] (3.56)
(𝐹𝑒)4497,1𝑛 =
1
2[(𝐹𝑒)4497
𝑛 + (𝐹𝑒)4142𝑛 ] (3.57)
Este procedimento de interpolação equivale a uma aproximação centrada de
segunda ordem de precisão em diferenças finitas quando a malha é suave.
3.6 Discretização do Fluxo Viscoso
Os termos viscosos nas faces dos volumes de controle são obtidos calculando-se
a média aritmética dos vetores de fluxo viscosos dos volumes de controle adjacentes
àquela face, conforme a Eq. (3.58).
(�⃗� 𝑣𝑛. 𝑆 )
4497,1=1
2(𝐸𝑣4497
𝑛 + 𝐸𝑣4142𝑛 )𝑆𝑥4497,1
+1
2(𝐹𝑣4497
𝑛 + 𝐹𝑣4142𝑛 )𝑆𝑦4497,1
(3.58)
19
Mas, para este fim, faz-se necessário a obtenção das velocidades médias nos
centros das faces dos volumes de controle. Que também são obtidas através da média
das velocidades dos volumes de controle adjacentes a esta face. Com isso, pode-se
calcular as derivadas das componentes de velocidade 𝑢 e 𝑣 em relação à 𝑥 e 𝑦 para um
volume de controle qualquer. Considerando o volume de controle 4497 da Figura 3.12.
Pelo teorema de Gauss, a derivada de 𝑢 em relação à 𝑥 é mostrada na Eq. (3.59).
Figura 3.12 – Malha computacional não estruturada.
𝜕𝑢
𝜕𝑥)4497
𝑛
=1
𝑉4497∑𝑢4497,𝑗
𝑛 (𝑆𝑥4497,𝑗)
3
𝑗=1
(3.59)
onde
𝑢4497,1𝑛 =
1
2[𝑢4497𝑛 + 𝑢4142
𝑛 ] (3.60)
𝑢4497,2𝑛 =
1
2[𝑢4497𝑛 + 𝑢5064
𝑛 ] (3.61)
𝑢4497,3𝑛 =
1
2[𝑢4497𝑛 + 𝑢4416
𝑛 ] (3.62)
De forma análoga, podemos obter também a derivada de 𝑢 em relação à 𝑦,
conforme mostra a Eq. (3.63).
20
𝜕𝑢
𝜕𝑦)4497
𝑛
=1
𝑉4497∑𝑢4497,𝑗
𝑛 (𝑆𝑦4497,𝑗)
3
𝑗=1
(3.63)
De forma completamente análoga, podemos calcular as derivadas da
componente de velocidade 𝑢 em relação à 𝑥 e 𝑦 no centróide do volume de controle
5064, conforme mostram as Eqs. (3.64) e (3.65).
𝜕𝑢
𝜕𝑥)5064
𝑛
=1
𝑉5064∑𝑢5064,𝑗
𝑛 (𝑆𝑥5064,𝑗)
3
𝑗=1
(3.64)
𝜕𝑢
𝜕𝑦)5064
𝑛
=1
𝑉5064∑𝑢5064,𝑗
𝑛 (𝑆𝑦5064,𝑗)
3
𝑗=1
(3.65)
Finalmente, as derivadas na face entre os volumes de controle 4497 e 5064 são
dadas pela média aritmética dos valores obtidos para os volumes de controle 4497 e
5064, conforme mostra as Eqs. (3.66) e (3.67).
𝜕𝑢
𝜕𝑥)4497,2
𝑛
=1
2[𝜕𝑢
𝜕𝑥)4497
𝑛
+𝜕𝑢
𝜕𝑥)5064
𝑛
] (3.66)
𝜕𝑢
𝜕𝑦)4497,2
𝑛
=1
2[𝜕𝑢
𝜕𝑦)4497
𝑛
+𝜕𝑢
𝜕𝑦)5064
𝑛
] (3.67)
3.7 Dissipação Artificial Não Linear
O processo de interpolação utilizado aqui equivale em diferenças finitas a um
esquema centrado. E esquemas centrados não possuem termos de dissipação artificial
implícitos. Portanto, faz-se necessário adicionar explicitamente termos de dissipação
artificial ao presente esquema para filtrar ondas de instabilidade numéricas de alta
frequência para garantir a estabilidade do método. A Eq. (3.68) mostra a formulação
numérica discretizada espacialmente para elementos triangulares e utilizando o método
de Euler explícito para a integração no tempo com a adição explícita de um termo de
dissipação artificial não-linear típico. Esta equação foi aplicada ao volume de controle
4497, mostrado na Figura 3.12.
21
𝑄𝑖𝑛+1
= 𝑄𝑖𝑛−1
2
∆𝑡
𝑉𝑖(�⃗� 𝑖,1
𝑛 . 𝑆 𝑖,1 + �⃗� 𝑖,2𝑛 . 𝑆 𝑖,2 + �⃗� 𝑖,3
𝑛 . 𝑆 𝑖,3 + 𝐷 (𝑄𝑖𝑛)) (3.68)
onde
𝐷 (𝑄𝑖𝑛) = ∑(𝑑(2))
𝑖,𝑗
𝑛3
𝑗=1
−∑(𝑑(4))𝑖,𝑗
𝑛3
𝑗=1
(3.69)
(𝑑(2))𝑖,𝑗
𝑛=𝜀𝑖,𝑗(2)
2(𝑉𝑖 + 𝑉𝑘
∆𝑡) (𝑄𝑘
𝑛− 𝑄𝑖
𝑛) (3.70)
(𝑑(4))𝑖,𝑗
𝑛=𝜀𝑖,𝑗(4)
2(𝑉𝑖 + 𝑉𝑘
∆𝑡) (∇2𝑄𝑘
𝑛− ∇2𝑄𝑖
𝑛) (3.71)
∇2𝑄𝑖𝑛= ∑𝑄𝑘
𝑛− 3𝑄𝑖
𝑛3
𝑘=1
(3.72)
∇2𝑄𝑘𝑛= ∑𝑄𝑖
𝑛− 3𝑄𝑘
𝑛3
𝑖=1
(3.73)
𝜀𝑖,𝑘(2)= 𝐾(2)𝑚𝑎𝑥(𝜐𝑖, 𝜐𝑘) (3.74)
𝜀𝑖,𝑘(4)= 𝑚𝑎𝑥 [0, (𝐾(4) − 𝜀𝑖,𝑘
(2))] (3.75)
𝜐𝑖𝑛 =
|∑ 𝑝𝑘𝑛3
𝑘=1 − 3𝑝𝑖𝑛|
∑ |𝑝𝑘𝑛|3
𝑘=1 + 3|𝑝𝑖𝑛|
(3.76)
𝐾2 =1
2 𝑒 𝐾4 =
1
256 (3.77)
3.8 Condições Iniciais e de Contorno
3.8.1 Condições Iniciais
Para a simulação do escoamento ao redor da seção circular do cilindro, as
condições iniciais para o escoamento são mostradas abaixo.
22
𝑢 = 𝑈∞ = 0.20, 𝑣 = 0.00 𝑒 𝑝 = 𝑝∞ = 1.00 (3.78)
3.8.2 Condições de Contorno
No domínio computacional, as condições de contorno impostas são as seguintes:
Condição de contorno imposta na fronteira de inflow
A condição de contorno imposta na fronteira de inflow permite a entrada de
fluido com velocidade somente em x (𝑈∞ = 0.20 e 𝑉∞ = 0.00) e a pressão de referência
é igual à 𝑃∞ = 1.00. Estas condições de contorno podem ser escritas matematicamente
da seguinte forma:
𝜕𝑢
𝜕𝑥= 0,
𝜕𝑣
𝜕𝑥= 0 𝑒
𝜕𝑝
𝜕𝑥= 0 (3.79)
Figura 3.13 – Condição de contorno imposta na fronteira de entrada do domínio computacional.
Condição de contorno imposta na fronteira de freestream
As fronteiras superior e inferior (freestream), impõem a condição de escoamento
no infinito (escoamento não-perturbado “freestream” = “𝑈∞ = 0.20, 𝑉∞ = 0.00 e 𝑃∞ =
23
1.00“). Estas condições de contorno podem ser escritas matematicamente da seguinte
forma:
𝜕𝑢
𝜕𝑦= 0, 𝑣 = 0 𝑒
𝜕𝑝
𝜕𝑦= 0 (3.80)
Figura 3.14 – Condição de contorno imposta nas fronteiras de freestream.
Condição de contorno imposta na fronteira de outflow
A fronteira de outflow permite a saída de massa (derivada nula). Esta condição
de contorno pode ser escrita matematicamente da seguinte forma:
𝜕𝑢
𝜕𝑥= 0,
𝜕𝑣
𝜕𝑥= 0 𝑒
𝜕𝑝
𝜕𝑥= 0 (3.81)
24
Figura 3.15 – Condição de contorno imposta na fronteira de saída do domínio computacional.
Condição de contorno imposta na superfície do corpo
Na parede do cilindro, aplicam-se as condições de contorno de não-
escorregamento e impenetrabilidade com velocidade nula. Esta condição de contorno
pode ser escrita matematicamente da seguinte forma:
𝑢 = 0, 𝑣 = 0 𝑒 𝜕𝑝
𝜕𝑛= 0 (3.82)
Figura 3.16 – Condição de contorno imposta no corpo de interesse (seção circular do cilindro).
25
4 Estudo do Efeito dos Limites do Domínio Computacional no
Campo de Escoamento
“Uma das fases mais importantes na simulação numérica, é a definição do
domínio computacional, que nada mais é do que uma aproximação do domínio real
onde o problema físico estudado é observado. Muitos tipos de condições de contorno
utilizadas em aplicações práticas são apenas aplicáveis se for garantido que estas estão
suficientemente removidas da região em que a precisão da solução é importante. O
desejo de limitar o custo computacional muitas das vezes proporcionam uma motivação
de reduzir o domínio computacional. E o que muitas das vezes não é observado, é que
os melhores resultados só podem ser alcançados se estas tendências totalmente
contraditórias forem perfeitamente equilibradas.”, tradução livre de Behr et al. (1995).
É neste contexto, que o presente estudo tem como objetivo encontrar um
domínio computacional dito ótimo, onde as influências das fronteiras destes, ou das
condições de contorno impostas nestas, estão suficientemente removidas da região em
que a precisão da solução é importante. E posteriormente utilizar este domínio
computacional para estudar os efeitos de diferentes métodos de marcha no tempo no
campo de escoamento. Para isso, será utilizado como benchmark os resultados da
literatura obtidos para o escoamento entorno de uma seção circular de um cilindro fixo
com número de Reynolds igual à 40. Para o presente estudo, será utilizado o método
explícito de Runge-Kutta de 2ª ordem “The Midpoint Method”, como método de marcha
no tempo.
Para o estudo em questão, foram seguidas as etapas:
1. Definição de um domínio computacional de referência:
1.1. Aqui será definido um domínio computacional que servirá de referência ou
ponto de partida para o estudo da influência dos limites deste sob o campo de
escoamento.
2. Definição das características da malha computacional a ser gerada:
2.1. Aqui serão definidas as características das malhas a serem geradas.
3. Estudo da influência da localização das fronteiras laterais (condição de contorno de
“freestream”) no campo de escoamento:
26
3.1. O estudo em questão resume-se na análise da influência da localização das
fronteiras laterais (condição de contorno de “freestream”) no campo de
escoamento.
4. Estudo da influência da localização da fronteira de entrada (condição de contorno de
“inflow”) no campo de escoamento:
4.1. O estudo em questão resume-se na análise da influência da localização da
fronteira de entrada (condição de contorno de “inflow”) no campo de
escoamento.
5. Estudo da influência da localização da fronteira de saída (condição de contorno de
“outflow”) no campo de escoamento:
5.1. O estudo em questão resume-se na análise da influência da localização da
fronteira de saída (condição de contorno de “outflow”) no campo de
escoamento.
6. Estudo do efeito do refinamento da malha no campo de escoamento:
6.1. O estudo em questão resume-se na análise da influência do refinamento da
malha, na região próxima à superfície da seção circular do cilindro, no campo
de escoamento.
4.1 Definição de um Domínio Computacional de Referência
Tendo como referência Behr et al. (1995) e Behr et al. (1991), foi definido aqui
um domínio computacional de partida, conforme Figura 4.1. Domínio este, que será
utilizado como referência para a construção de todos os domínios computacionais
utilizados nos estudos subsequentes. Este domínio computacional pode ser visualizado
na Figura 4.2, logo abaixo.
Figura 4.1 – Domínio computacional de referência.
27
As características geométricas deste domínio computacional podem ser vistas na
Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – Características geométricas do domínio computacional de referência.
Características Geométricas do Domínio Computacional de Referência
A [ ] B [ ] C [ ] D [ ] E [ ] F [ ] G [ ]
𝟒 ∗ 𝑫 𝟑 ∗ 𝑫 𝟏𝟎 ∗𝝅 ∗ 𝑫
𝟏𝟎𝟎 1.00 𝟗 ∗ 𝑫 𝟖. 𝟓 ∗ 𝑫 𝟐𝟑. 𝟎 ∗ 𝑫
onde:
A (A+B):
o É o comprimento da Região 2;
B:
o É a largura da Região 2;
C:
o É a largura da Região 1;
D:
o É o diâmetro da seção circular do cilindro. Que para o presente
estudo sempre será 1.0;
E:
o É a largura do domínio computacional ou duas vezes a distância
entre o centro da seção circular do cilindro e as fronteiras laterais
(condição de contorno de “freestream”) do domínio
computacional;
F:
o É a distância entre o centro da seção circular do cilindro e a
fronteira de entrada (condição de contorno de “inflow”) do
domínio computacional;
G:
o É a distância entre o centro da seção circular do cilindro e a
fronteira de saída (condição de contorno de “outflow”) do
domínio computacional;
Região 1:
28
o É a região adjacente à parede da seção circular do cilindro, gerada
com o intuito de capturar a camada limite no entorno desta
superfície.
Região 2:
o É a região no entorno da seção circular do cilindro e da região 1,
gerada com o intuito de capturar a esteira de vórtices de von
Kárman gerada por esta seção.
Região 3:
o É a região restante do domínio computacional.
29
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.2 – Domínio computacional de referência gerado no software Gmsh.
Ao se construir os diversos domínios computacionais, o mesmo domínio de
referência é utilizado como ponto de partida, adicionando apenas regiões a este,
conforme o caso ilustrado na Figura abaixo.
30
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.3 – Construção dos diversos domínios computacionais utilizados no estudo do efeito da localização das
fronteiras laterais no campo de escoamento. (a) Domínio de referência (Domínio 1); (b) Domínio 2; (c) Domínio 3;
(d) Domínio 4; (e) Domínio 5 e (f) Domínio 6.
Todos os domínios computacionais foram gerados com esta sistemática com o
intuito de remover qualquer influência de refinamento da malha devido à presença da
seção circular do cilindro, da região 1 ou 2. Ou seja, cada domínio computacional
imediatamente maior, é construído a partir do domínio computacional imediatamente
31
menor, no limite em que cada domínio computacional menor poderia ser visto como um
truncamento do domínio computacional imediatamente maior. Assim, tenta-se garantir
que a malha na região de interesse, malha computacional 1 (Malha 1), não sofra grandes
modificações de uma malha para outra. Com isso, tenta-se eliminar neste estágio a
influência do refinamento da malha nos resultados, deixando este estudo para a última
análise a ser realizada antes do estudo dos métodos de marcha no tempo.
Um exemplo pode ser visto na Figura 4.4, onde temos as imagens dos domínios
computacionais e malhas 1 e 6. Como se pode observar, a malha 6 não foi gerada
através da sistemática explicada anteriormente, e com isso salta aos olhos a diferença
entre elas. Podendo se observar a “olho nu”, que nas regiões de interesse, regiões 1 e 2,
não se consegui diferir entre uma malha e outra. No entanto, na malha no entorno da
região 2, fica evidente a diferença entre estas. O que não se consegue afirmar, quando a
sistemática anteriormente explicada é aplicada. O que é o caso demonstrado pela Figura
4.5, onde poderia se afirmar, que quando se reduz a malha 6 a malha 1, a “olho nu” não
se conseguiria diferir entre uma malha e outra. Justificando assim, a sistemática
utilizada e apresentada anteriormente para a geração dos domínios, e consequentemente
das malhas computacionais utilizadas nos estudos subsequentes.
32
(a)
(d)
(B)
(e)
(c)
(f)
Figura 4.4 – Comparação entre as malhas computacionais 1 e 6. Onde fica evidente a diferença entra as malhas
computacionais quando não se aplica a sistemática de geração dos domínios computacionais e consequentemente das
malhas anteriormente explicada.
33
(a)
(e)
(c)
(f)
(d)
(g)
Figura 4.5 – Comparação entre as malhas computacionais 1 e 6. Agora, ficando difícil de a “olho nu” diferir entre
uma malha e outra quando se aplica a sistemática de geração dos domínios computacionais e consequentemente das
malhas anteriormente explicada.
34
4.2 Definição das Características da Malha Computacional a ser Gerada
Todas as malhas computacionais foram geradas através do software Gmsh. No
Gmsh, as características dimensionais da malha foram aplicadas nas fronteiras das
regiões modeladas, conforme Figura 4.6.
Figura 4.6 – Características da malha computacional.
Desta forma as características da malha computacional são as seguintes, segundo
as regiões modeladas (Figura 4.2):
Tabela 2 – Características da malha computacional segundo as regiões modeladas (1, 2 ou 3).
Regiões Modeladas Tamanho Característico da Malha
Computacional Presente na Região
Tamanho Característico da Malha
Computacional
Região 1 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 0.031
Região 2 𝟖 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 0.251
Região 3 𝟑 ∗ 𝑫𝟓⁄ 0.600
A superfície da seção circular do cilindro é composta por 100 elementos cujos
comprimentos de suas faces são iguais (𝜋 ∗ 𝐷 100⁄ ). A região 1 é caracterizada por
elementos que possuem as mesmas características dos elementos presentes na superfície
da seção circular do cilindro, ou seja, possuem um tamanho característico de suas faces
de 0.031, em média. Enquanto que a região 2, é composta por elementos cujo
comprimento de suas faces são 8 (oito) vezes maior que o comprimento das faces dos
elementos presentes na região 1. Já a região 3, é composta por elementos cujo
comprimento de suas faces é 0.600, em média. Ressaltando, que estas características são
replicadas para todas as malhas aqui utilizadas. E deixando claro que em todas as
35
malhas geradas existem apenas 3 (três) regiões, conforme explicado no subcapítulo
anterior, cujas as características da malha estão presentes na Tabela acima.
4.3 Estudo da Influência da Localização das Fronteiras Laterais (Condição de
Contorno de “Freestream”) no Campo de Escoamento
Para o estudo do efeito da localização das fronteiras laterais no campo de
escoamento, foram utilizadas seis malhas computacionais não estruturadas, conforme
dados fornecidos na Tabela abaixo. As distâncias das regiões de entrada e saída,
também chamadas de inflow e outflow, respectivamente, da seção circular do cilindro,
foram mantidas fixas. O centro desta está localizado a uma distância E/2 das fronteiras
laterais do domínio computacional, e será esta variável o objeto de estudo da presente
seção. Com este propósito, foi explorado um intervalo de E que vai de 9.00 ∗ 𝐷 à
31.50 ∗ 𝐷. Estas malhas serão referenciadas pelos símbolos dados na Tabela 3 logo
abaixo.
Tabela 3 – Características das malhas utilizadas no estudo do efeito da localização das fronteiras laterais no campo de
escoamento.
Malha Computacional
Dimensões do Domínio Computacional
Número de Elementos Número de Nós
E F G
Malha 1 9.00 8.50 23.00 8254 4247
Malha 2 13.50 8.50 23.00 9162 4709
Malha 3 18.00 8.50 23.00 10068 5170
Malha 4 22.50 8.50 23.00 11000 5644
Malha 5 27.00 8.50 23.00 11858 6081
Malha 6 31.50 8.50 23.00 12786 6553
Os domínios e as malhas computacionais utilizadas no presente estudo podem
ser visualizadas nas Figuras abaixo.
36
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.7 – Domínios computacionais utilizados no estudo do efeito da localização das fronteiras laterais no campo
de escoamento. (a) Domínio de referência (Domínio 1); (b) Domínio 2; (c) Domínio 3; (d) Domínio 4; (e) Domínio 5
e (f) Domínio 6.
37
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.8 – Malhas computacionais utilizadas no estudo do efeito da localização das fronteiras laterais no campo de
escoamento. (a) Malha 1; (b) Malha 2; (c) Malha 3; (d) Malha 4; (e) Malha 5 e (f) Malha 6.
Os resultados do coeficiente de arrasto médio podem ser vistos na Tabela 4 e na
Figura 4.9.
38
Tabela 4 – Variação dos valores do coeficiente de arrasto médio (CD) com a distância E.
Malha 𝑬 𝑪𝑫 [ ]
Malha 1 9.00 1.760
Malha 2 13.50 1.707
Malha 3 18.00 1.679
Malha 4 22.50 1.666
Malha 5 27.00 1.658
Malha 6 31.50 1.656
Figura 4.9 – Variação dos valores do coeficiente de arrasto médio com a distância E.
Pode ser claramente observado na Figura 4.9, que a localização dos limites
laterais do domínio computacional afetam os valores do coeficiente de arrasto médio, e
por consequência também as propriedades do campo de escoamento. Quando a distância
E é tão pequena quanto 9.00 ∗ 𝐷, podemos observar um aumento de 6.28% no valor do
coeficiente de arrasto médio. É evidente também a partir da mesma Figura, que estes
1,65
1,66
1,67
1,68
1,69
1,70
1,71
1,72
1,73
1,74
1,75
1,76
1,77
9,00 13,50 18,00 22,50 27,00 31,50 36,00
Co
efi
cie
nte
de
Arr
asto
(C D
)
Distância E
39
valores estabilizam dentro dos limites de 0.60% apenas quando a distância E excede
22.50 ∗ 𝐷.
Com isso, chega-se à conclusão que as fronteiras laterais devem estar a uma
distância mínima da seção circular do cilindro de 11.25 ∗ 𝐷. Caso isso não seja
respeitado, não apenas o valor do coeficiente de arrasto médio será artificialmente
aumentado, mais também serão modificadas as características do escoamento no
entorno da seção circular do cilindro. Então, o domínio computacional escolhido como
referência para dar prosseguimento aos estudos de influência da localização das
fronteiras no campo de escoamento, foi o 6 (Domínio 6).
4.4 Estudo da Influência da Localização da Fronteira de Entrada (Condição de
Contorno de “Inflow”) no Campo de Escoamento
Seguindo a mesma sistemática apresentada no capítulo anterior, para o estudo do
efeito da localização da fronteira de entrada no campo de escoamento, foram utilizadas
seis malhas computacionais não estruturadas, conforme dados fornecidos na Tabela
abaixo. Sendo que o domínio computacional 6, é o domínio de referência, ou seja, todos
os outros cinco domínios computacionais serão construídos tendo como referência o
domínio 6 (Domínio 6). As distâncias das fronteiras laterais e da fronteira de saída da
seção circular do cilindro, foram mantidas fixas. O centro desta seção circular está
localizado a uma distância F da fronteira de entrada do domínio computacional, e agora
será esta variável o objeto de estudo do presente subcapítulo. Com este propósito, foi
explorado um intervalo de F que vai de 8.00 ∗ 𝐷 à 23.00 ∗ 𝐷. As malhas serão
referenciadas pelos símbolos dados na Tabela 5 logo abaixo.
40
Tabela 5 – Características das malhas utilizadas no estudo do efeito da localização da fronteira de entrada no campo
de escoamento.
Malha Computacional
Dimensões do Domínio Computacional
Número de Elementos Número de Nós
E F G
Malha 6 31.50 8.50 23.00 12786 6553
Malha 6_1 31.50 11.40 23.00 13454 6891
Malha 6_2 31.50 14.30 23.00 14060 7199
Malha 6_3 31.50 17.20 23.00 14716 7532
Malha 6_4 31.50 20.10 23.00 15378 7868
Malha 6_5 31.50 23.00 23.00 16006 8187
As condições de contorno impostas nas fronteiras do domínio computacional e o
tempo adimensional, são os mesmos que os utilizados no capítulo anterior.
Os domínios e as malhas computacionais utilizadas no presente estudo, podem
ser visualizadas nas Figuras abaixo.
41
(a)
(d)
(b)
(e)
(c)
(f)
Figura 4.10 – Domínios computacionais utilizados no estudo do efeito da localização da fronteira de entrada no
campo de escoamento. (a) Domínio de referência (Domínio 6); (b) Domínio 6_1; (c) Domínio 6_2; (d) Domínio 6_3;
(e) Domínio 6_4 e (f) Domínio 6_5.
42
(a)
(d)
(b)
(e)
(c)
(f)
Figura 4.11 – Malhas computacionais utilizadas no estudo do efeito da localização da fronteira de entrada no campo
de escoamento. (a) Malha 6; (b) Malha 6_1; (c) Malha 6_2; (d) Malha 6_3; (e) Malha 6_4 e (f) Malha 6_5.
Os resultados do coeficiente de arrasto médio podem ser vistos na Tabela 6 e na
Figura 4.12.
43
Tabela 6 – Variação dos valores do coeficiente de arrasto médio (CD) com a distância F.
Malha 𝑭 𝑪𝑫 [ ]
Malha 6 8.50 1.656
Malha 6_1 11.40 1.633
Malha 6_2 14.30 1.621
Malha 6_3 17.20 1.614
Malha 6_4 20.10 1.612
Malha 6_5 23.00 1.609
Figura 4.12 – Variação do valor médio do coeficiente de arrasto com a distância F.
Analisando-se os resultados do coeficiente de arrasto médio apresentados na
Figura 4.12, conclui-se que a localização da fronteira de entrada do domínio
computacional também afeta os valores do coeficiente de arrasto médio, e por
consequência também as propriedades do campo de escoamento. Quando a distância F é
tão pequena quanto 8.50 ∗ 𝐷, observar-se um aumento de 2.92% no valor do coeficiente
1,60
1,61
1,62
1,63
1,64
1,65
1,66
1,67
1,68
1,69
1,70
1,71
1,72
8,50 13,00 17,50 22,00 26,50 31,00 35,50
Co
efi
cie
nte
de
Arr
asto
(C D
)
Distância F
44
de arrasto médio. Sendo evidente também a partir da mesma Figura, que estes valores
estabilizam dentro dos limites de 0.31%, apenas quando a distância F excede 17.20 ∗ 𝐷.
Com isso, chega-se à conclusão que mais uma vez, a região de entrada deve
estar a uma distância mínima da seção circular do cilindro de 17.20 ∗ 𝐷. Caso isso não
seja respeitado, não apenas o valor do coeficiente de arrasto médio será artificialmente
aumentado, mais também as características do escoamento no entorno da seção circular
do cilindro serão modificadas. Então, o domínio computacional escolhido como
referência para dar prosseguimento aos estudos de influência da localização das
fronteiras no campo de escoamento, foi o 6_5 (Domínio 6_5).
4.5 Estudo da Influência da Localização da Fronteira de Saída (Condição de
Contorno de “Outflow”) no Campo de Escoamento
Seguindo a mesma sistemática apresentada nas seções anteriores, para o estudo
do efeito da localização da fronteira de saída no campo de escoamento, foram também
utilizadas seis malhas computacionais não estruturadas, conforme dados fornecidos na
Tabela abaixo. Sendo que o domínio computacional 6_5, é o domínio de referência, ou
seja, todos os outros cinco domínios computacionais serão construídos tendo este como
referência. As distâncias das fronteiras laterais e de entrada da seção circular do
cilindro, foram mantidas fixas. O centro desta seção está localizado a uma distância G
da fronteira de saída do domínio computacional, e agora será esta variável o objeto de
estudo da presente seção. Com este propósito, nós exploramos um intervalo de G que
vai de 23.00 ∗ 𝐷 à 37.50 ∗ 𝐷. Estas malhas serão referenciadas pelos símbolos dados na
Tabela 7 logo abaixo.
45
Tabela 7 – Características das malhas utilizadas no estudo do efeito da localização da fronteira de saída no campo de
escoamento.
Malha Computacional
Dimensões do Domínio Computacional
Número de Elementos Número de Nós
E F G
Malha 6_5 31.50 23.00 23.00 16006 8187
Malha 6_5_1 31.50 23.00 25.90 16650 8513
Malha 6_5_2 31.50 23.00 28.80 17292 8839
Malha 6_5_3 31.50 23.00 31.70 17936 9166
Malha 6_5_4 31.50 23.00 34.60 18588 9497
Malha 6_5_5 31.50 23.00 37.50 19210 9813
As condições de contorno impostas nas fronteiras do domínio computacional e o
tempo adimensional, também são os mesmos que os utilizados nos capítulos anteriores.
Os domínios e as malhas computacionais utilizadas no presente estudo, podem
ser visualizadas nas Figuras abaixo.
46
(a)
(d)
(b)
(e)
(c)
(f)
Figura 4.13 – Domínios computacionais utilizados no estudo do efeito da localização da fronteira de saída no campo
de escoamento. (a) Domínio de referência (Domínio 6_5); (b) Domínio 6_5_1; (c) Domínio 6_5_2; (d) Domínio
6_5_3; (e) Domínio 6_5_4 e (f) Domínio 6_5_5.
47
(a)
(d)
(b)
(e)
(c)
(f)
Figura 4.14 – Malhas computacionais utilizadas no estudo do efeito da localização da fronteira de saída no campo de
escoamento. (a) Malha 6_5; (b) Malha 6_5_1; (c) Malha 6_5_2; (d) Malha 6_5_3; (e) Malha 6_5_4 e (f) Malha
6_5_5.
Os resultados do coeficiente de arrasto médio podem ser vistos na Tabela 8 e na
Figura 4.15.
48
Tabela 8 – Variação dos valores do coeficiente de arrasto médio (CD) com a distância G.
Malha 𝑮 𝑪𝑫 [ ]
Malha 6_5 23.00 1.609
Malha 6_5_1 25.90 1.607
Malha 6_5_2 28.80 1.606
Malha 6_5_3 31.70 1.605
Malha 6_5_4 34.60 1.603
Malha 6_5_5 37.50 1.604
Figura 4.15 – Variação do valor do coeficiente de arrasto médio com a distância G.
Pode ser claramente observado na Figura 4.15, que a localização da fronteira de
saída do domínio computacional afeta muito pouco os valores do coeficiente de arrasto
médio, e por consequência também as propriedades do campo de escoamento. Quando a
distância G é tão maior quanto 23.00 ∗ 𝐷, podemos observar uma queda apenas de
0.31% no valor do coeficiente de arrasto médio.
1,60
1,61
1,62
1,63
1,64
1,65
1,66
1,67
1,68
1,69
1,70
1,71
1,72
23,00 27,50 32,00 36,50 41,00 45,50 50,00
Co
efi
cie
nte
de
Arr
asto
(C D
)
Distância G
49
Com isso, chega-se à conclusão que sob as condições impostas aqui, a região de
saída pode permanecer na posição inicialmente estimada, ou seja, a uma distância de
23.00 ∗ 𝐷 da seção circular do cilindro. A escolha de uma localização mais afastada não
traria maiores benefícios, pois além da diferença de um resultado para o outro não ser
tão significativa assim, vide resultados acima, o tempo computacional consumido seria
maior. Então, o domínio computacional escolhido como referência para o estudo da
influência do refinamento da malha no campo de escoamento foi o 6_5 (Domínio 6_5).
4.6 Estudo do Efeito do Refinamento da Malha no Campo de Escoamento
Uma vez realizado os estudos de influência da localização dos limites do
domínio computacional no campo de escoamento e escolhido o domínio dito ótimo, na
presente seção será analisada o efeito do refinamento da malha no campo de
escoamento. Todavia, este estudo será localizado, ou seja, será realizado um
refinamento da malha apenas na região 2. E este refinamento é ditado pelo
comprimento característico da malha definido na fronteira que delimita esta região,
conforme explicado no subcapítulo 4.2. Sendo assim, agora a variável objeto de estudo
do presente subcapítulo será este tamanho característico. Com este propósito, nós
exploramos um intervalo deste tamanho característico que vai de 8.0 ∗ 𝐷 𝜋⁄ à
1.0 ∗ 𝐷 𝜋⁄ . As malhas obtidas através deste refinamento serão referenciadas pelos
símbolos dados na Tabela 9 logo abaixo.
Tabela 9 – Características das malhas utilizadas no estudo do efeito do refinamento destas no campo de escoamento.
Malha
Computacional
Dimensões do Domínio
Computacional
Tamanho
Característico da
Malha
Computacional na
Região 2
Número de
Elementos
Número de
Nós
E F G
Malha 6_5 31.50 23.00 23.00 𝟖. 𝟎 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 16006 8187
Malha 6_5_A 31.50 23.00 23.00 𝟔. 𝟔 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 16796 8582
Malha 6_5_B 31.50 23.00 23.00 𝟓. 𝟐 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 17980 9174
Malha 6_5_C 31.50 23.00 23.00 𝟑. 𝟖 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 20492 10430
Malha 6_5_D 31.50 23.00 23.00 𝟐. 𝟒 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 26986 13677
Malha 6_5_E 31.50 23.00 23.00 𝟏. 𝟎 ∗ 𝝅 ∗ 𝑫𝟏𝟎𝟎⁄ 60960 30664
50
As condições de contorno impostas nas fronteiras do domínio computacional e o
tempo adimensional são os mesmos que os utilizados nos estudos anteriores.
As malhas computacionais utilizadas no presente estudo podem ser visualizadas
nas Figuras abaixo.
Figura 4.16 – Malha computacional 6_5.
Figura 4.17 – Malha computacional 6_5_A.
Figura 4.18 – Malha computacional 6_5_B.
51
Figura 4.19 – Malha computacional 6_5_C.
Figura 4.20 – Malha computacional 6_5_D.
Figura 4.21 – Malha computacional 6_5_E.
52
Os resultados do coeficiente de arrasto médio podem ser vistos na Tabela 10 e
na Figura 4.22 abaixo.
Tabela 10 – Variação dos valores do coeficiente de arrasto médio (CD) com o refinamento da malha.
Malha 𝑪𝑫 [ ]
Malha 6_5 1.609
Malha 6_5_A 1.597
Malha 6_5_B 1.587
Malha 6_5_C 1.580
Malha 6_5_D 1.576
Malha 6_5_E 1.574
Figura 4.22 – Variação do coeficiente de arrasto médio com o refinamento da malha computacional na região 2.
Pode ser claramente observado na Figura 4.22, que o refinamento da malha afeta
os valores do coeficiente de arrasto médio, e por consequência também as propriedades
do campo de escoamento. Quando o tamanho do elemento característico na região 2 é
tão maior quanto 0.251, observar-se um aumento de 2.22% no valor do coeficiente de
1,510
1,520
1,530
1,540
1,550
1,560
1,570
1,580
1,590
1,600
1,610
1,620
15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 55000 60000 65000
Co
efi
cie
nte
de
Arr
asto
(C
D)
Número de Elementos
53
arrasto médio. Sendo evidente também a partir da mesma Figura, que estes valores
estabilizam dentro dos limites de 0.13%, apenas quando o tamanho característico do
elemento é tão menor quanto 0.075.
Com isso, chega-se à conclusão que o resultado obtido pela Malha
Computacional 6_5_D é o ótimo após o presente estudo. Pois, como pode-se observar,
da Malha 6_5_D para a 6_5_E a quantidade de elementos mais que duplicou, porém não
houve um ganho significativo no coeficiente de arrasto médio que justificasse a
utilização de uma malha com 60960 elementos. Assim, chegamos tanto ao Domínio
quanto a Malha computacional ditos ótimos (6_5_D) para iniciarmos os estudos do
efeito dos métodos de marcha no tempo no campo de escoamento.
5 Estudo do Efeito dos Métodos de Marcha no Tempo no Campo
de Escoamento
Uma vez obtido tanto o domínio quanto a malha computacional ditos ótimos, o
próximo passo será a análise do efeito dos métodos de marcha no tempo no campo de
escoamento. Então, aqui serão apresentados, comparados e analisados os diversos
resultados obtidos através dos métodos de marcha no tempo para os números de
Reynolds 40, 100 e 200.
5.1 Resultados para o Número de Reynolds 40
Inicialmente são apresentados e comparados os valores do coeficiente de arrasto
(𝐶𝐷) e sustentação (𝐶𝐿) obtidos numericamente com os valores numéricos e
experimentais encontrados na literatura técnica para estudar tanto a influência quanto a
precisão da solução de cada método de marcha no tempo para este regime de
escoamento, Reynolds 40. Estes resultados podem ser visualizados na Tabela 11, logo
abaixo.
54
Tabela 11 – Comparação dos coeficientes de arrasto (𝐶𝐷), sustentação (𝐶𝐿) e das características geométricas do par de
vórtices obtidos através dos diversos métodos de marcha no tempo para o número de Reynolds 40.
Referência CD 𝑳𝑫⁄ 𝒂
𝑫⁄ 𝒃𝑫⁄ 𝜽𝒔 Δt Tipo de Estudo
Tritton (1959) 1.57 - - - - - Experimental
Constanceau (1977) - 2.13 0.76 0.59 53.50 - Experimental
Rengel (1999) 1.61 2.23 0.72 0.58 54.06 - Numérico (FVM)
Wanderley (2008a) 1.56 2.29 0.73 0.60 53.8 - Numérico (FDM)
Método de Euler
(Presente Estudo)
1.554 2.27 0.73 0.60 52.34 0.002 Numérico (FVM)
“Heun Method with a Single Corrector”
(Presente Estudo)
1.732 2.25 0.72 0.59 51.51 0.005 Numérico (FVM)
“The Midpoint Method”
(Presente Estudo)
1.576 2.28 0.73 0.60 52.23 0.005 Numérico (FVM)
“Ralston’s Method”
(Presente Estudo)
1.805 2.23 0.71 0.59 51.21 0.005 Numérico (FVM)
Figura 5.1 – Dimensões características do par de vórtices presentes na esteira de um cilindro para um escoamento
incidente com número de Reynolds 40.
Pode-se observar uma diferença significativa entre os métodos de marcha no
tempo de Ralston e de Heun quando comparados com os valores do coeficiente de
arrasto (𝐶𝐷) presentes na Tabela 11. Apesar destes métodos representaram a física deste
escoamento com certa fidelidade, conforme Figura 5.2, estes se distanciaram e muito
dos resultados numéricos e experimentais encontrados na literatura técnica. Com isso,
55
estes métodos mostram-se incapazes de serem utilizados como métodos de marcha no
tempo para o estudo numérico do escoamento ao redor de um cilindro para número de
Reynolds 40. Todavia, os métodos de Euler e “The Midpoint”, mostraram-se muito
eficientes quando comparados com os demais resultados encontrados na literatura.
Na Tabela 11, também são apresentadas algumas dimensões características dos
dois vórtices gerados na esteira do cilindro para o número de Reynolds 40. A Figura 5.1
apresenta a definição destas dimensões características contidas na Tabela 11. A
concordância, mais uma vez, entre o coeficiente de arrasto obtido através dos métodos
de Euler e “The Midpoint” com os resultados numéricos de Rengel (1999) e Wanderley
(2008a), e com o resultado experimental obtido por Tritton (1957) são satisfatórios. As
dimensões características dos dois vórtices obtidos por estes métodos também
concordam bem com os obtidos experimentalmente por Constanceau (1977), e
numericamente com Rengel (1999) e Wanderley (2008a), conforme Tabela 11 e Figura
5.2.
As Figuras Figura 5.3 e Figura 5.4 mostram a variação dos coeficientes de
arrasto (𝐶𝐷) e de sustentação (𝐶𝐿) em função do tempo para todos os métodos de marcha
no tempo, respectivamente. Como esperado, o coeficiente de sustentação (𝐶𝐿) para
Reynolds 40 é zero, enquanto que o coeficiente de arrasto obtido através dos métodos
de Euler e “The Midpoint” possuem uma grande concordância com os resultados
numéricos e experimentais apresentados na Tabela 11.
56
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 5.2 – Campo de pressão e streamlines para o número de Reynolds 40. (a) Método de Euler; (b) Método de
Heun; (c) Método “The Midpoint”; e (d) Método de Ralston.
Figura 5.3 – Variação no tempo do coeficiente de arrasto (𝐶𝐷) para os diversos métodos de marcha no tempo
(Reynolds 40).
57
Figura 5.4 – Variação no tempo do coeficiente de sustentação (𝐶𝐿) para os diversos métodos de marcha no tempo
(Reynolds 40).
5.2 Resultados para o Número de Reynolds 100
Aqui também são apresentados e comparados os valores do coeficiente de
arrasto (𝐶𝐷), sustentação (𝐶𝐿) e agora também o número de Strouhal (𝑆𝑡) obtidos
numericamente com os valores numéricos e experimentais encontrados na literatura
técnica para estudar tanto a influência quanto a precisão da solução de cada método de
marcha no tempo para este regime de escoamento, Reynolds 100. Estes resultados
podem ser visualizados na Tabela 12, logo abaixo.
58
Tabela 12 – Comparação dos coeficientes de arrasto (𝐶𝐷), sustentação (𝐶𝐿) e número de Strouhal (𝑆𝑡) obtidos através
dos diversos métodos de marcha no tempo para número de Reynolds 100.
Referência CD CL St Δt Tipo de Estudo
Herfjord (1995) 1.36 0.34 0.168 - Numérico (FEM)
Rengel (1999) 1.36 0.32 0.173 - Numérico (FVM)
Norberg (2003) - 0.32 0.164 - Experimental
Wieselsberger (1921) 1.41 - - - Experimental
Wanderley (2008a) 1.30 0.25 0.158 - Numérico (FDM)
Método de Euler
(Presente Estudo)
1.311 0.334 0.16 0.001 Numérico (FVM)
“Heun Method with a Single Corrector”
(Presente Estudo)
1.404 0.336 0.16 0.002 Numérico (FVM)
“The Midpoint Method”
(Presente Estudo)
1.345 0.333 0.16 0.002 Numérico (FVM)
“Ralston’s Method”
(Presente Estudo)
1.428 0.336 0.16 0.002 Numérico (FVM)
Pode-se observar que agora não existe uma diferença tão grande entre os
métodos de marcha no tempo de Ralston e de Heun quando comparados com os valores
do coeficiente de arrasto (𝐶𝐷) presentes na Tabela 12. Porém, estes valores ainda são
altos, mesmo apesar destes métodos representaram a física deste escoamento com
fidelidade, conforme Figura 5.5. Estes valores se distanciaram um pouco da média dos
resultados numéricos encontrados na literatura técnica. Mostrando-se desta vez, capazes
de serem utilizados como métodos de marcha no tempo para o estudo numérico do
escoamento ao redor de um cilindro para número de Reynolds 100. Todavia, os métodos
de Euler e “The Midpoint”, continuam mostrando-se mais eficientes do que estes
quando comparados com os demais resultados numéricos encontrados na literatura.
O campo de pressões com as linhas de corrente podem ser visualizadas na Figura
5.5 para os diferentes métodos de marcha no tempo. Estes indicam o comportamento do
fluido para o presente regime de escoamento. Como esperado, existe um padrão
oscilante das linhas de corrente causado pelo descolamento dos vórtices.
59
As Figuras Figura 5.6 e Figura 5.7 mostram a variação dos coeficientes de
arrasto (𝐶𝐷) e de sustentação (𝐶𝐿) em função do tempo para todos os métodos de marcha
no tempo, respectivamente. Como observado, o coeficiente de sustentação (𝐶𝐿) para
Reynolds 100 não encontrou maiores diferenças entre um método e outro, possuindo
uma satisfatória concordância com todos os resultados numéricos e experimentais
apresentados na Tabela 12. Enquanto que o coeficiente de arrasto obtido através dos
métodos de Euler e “The Midpoint” possuem uma grande concordância com os
resultados numéricos de Herfjord (1995), Rengel (1999) e Wanderley (2008a).
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 5.5 – Coeficiente de pressão e streamlines para o número de Reynolds 100. (a) Método de Euler; (b) Método
de Heun; (c) Método “The Midpoint”; e (d) Método de Ralston.
60
Figura 5.6 – Comparação do coeficiente de arrasto (𝐶𝐷) para os diversos métodos de marcha no tempo (Reynolds
100).
Figura 5.7 – Comparação do coeficiente de sustentação (𝐶𝐿) para os diversos métodos de marcha no tempo (Reynolds
100).
A Figura 5.8 é o resultado de uma análise espectral dos coeficientes de
sustentação (𝐶𝐿), Figura 5.7. O número de Strouhal é função da frequência de liberação
de vórtices (𝑓), do diâmetro da seção circular do cilindro (𝐷) e da velocidade do
escoamento (𝑈∞), 𝑆𝑡 =𝑓𝐷
𝑈∞. Na Figura 5.8, estão mostradas as oscilações
adimensionalizadas do coeficiente de sustentação no domínio da frequência. Onde
61
podemos observar, que todos os métodos de marcha no tempo capturam a mesma
frequência de desprendimento de vórtices. Estes também concordaram de forma
satisfatória com os resultados numéricos e experimentais presentes na Tabela 12.
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 5.8 – Número de Strouhal (𝑆𝑡) para o número de Reynolds 100. (a) Método de Euler; (b) Método de Heun; (c)
Método “The Midpoint”; e (d) Método de Ralston.
5.3 Resultados para o Número de Reynolds 200
De forma exatamente análoga à seção anterior, aqui também são apresentados e
comparados os valores do coeficiente de arrasto (𝐶𝐷), sustentação (𝐶𝐿) e o número de
Strouhal (𝑆𝑡) obtidos numericamente com os valores numéricos e experimentais obtidos
na literatura técnica. Esta comparação tem como objetivo, mais uma vez, estudar tanto a
influência quanto a precisão da solução de cada método de marcha no tempo para este
regime de escoamento, Reynolds 200. Estes resultados podem ser visualizados na
Tabela 13, logo abaixo.
62
Tabela 13 – Comparação dos coeficientes de arrasto (𝐶𝐷), sustentação (𝐶𝐿) e número de Strouhal (𝑆𝑡) obtidos através
dos diversos métodos de marcha no tempo para o número de Reynolds 200.
Referência CD CL St Δt Tipo de Estudo
Herfjord (1995) 1.35 0.70 0.196 0.002
Numérico
(FEM)
Rengel (1999) 1.35 0.67 0.203 - Numérico (FVM)
Norberg (2003) - 0.53 0.182 - Experimental
Wieselsberger (1921) 1.29 - - - Experimental
Wanderley (2008) 1.27 0.51 0.187 - Numérico (FDM)
Método de Euler
(Presente Estudo)
1.301 0.673 0.185 0.0005 Numérico (FVM)
“Heun Method with a Single Corrector”
(Presente Estudo)
1.340 0.681 0.185 0.0010 Numérico (FVM)
“The Midpoint Method”
(Presente Estudo)
1.325 0.680 0.185 0.0010 Numérico (FVM)
“Ralston’s Method”
(Presente Estudo)
1.345 0.681 0.185 0.0010 Numérico (FVM)
Pode-se observar que a diferença diminui ainda mais com o aumento do número
de Reynolds entre os métodos de marcha no tempo de Ralston e de Heun quando
comparados com os valores do coeficiente de arrasto (𝐶𝐷) presentes na literatura
técnica. Mostrando-se aqui também, capazes de serem utilizados como métodos de
marcha no tempo para o estudo numérico do escoamento ao redor de um cilindro para
número de Reynolds 200. E mais uma vez, os métodos de Euler e “The Midpoint”,
mostraram-se eficientes quando comparados com os demais resultados encontrados na
literatura.
O campo de pressões com as linhas de corrente podem ser visualizadas na Figura
5.9 para os diferentes métodos de marcha no tempo. Estes agora indicam não apenas o
comportamento do fluido para o presente regime de escoamento, mas também
evidenciam que quanto maior o número de Reynolds mais intenso ficam os núcleos de
baixa pressão e que estes são transportados pelo escoamento formando assim uma
63
esteira de vórtices de von Kárman. Também como esperado, existe um padrão oscilante
das linhas de corrente causado pelo descolamento destes vórtices.
As Figuras Figura 5.10 e Figura 5.11 mostram a variação dos coeficientes de
arrasto (𝐶𝐷) e de sustentação (𝐶𝐿) em função do tempo para todos os métodos de marcha
no tempo, respectivamente. Assim como o observado para o número de Reynolds 100, o
coeficiente de sustentação (𝐶𝐿) para Reynolds 200 não encontrou maiores diferenças
entre um método e outro, possuindo uma concordância com todos os resultados
numéricos e experimentais apresentados na Tabela 13. Tendo o coeficiente de arrasto o
mesmo comportamento, possuindo também uma grande concordância com os resultados
numéricos e experimentais também apresentados na Tabela 13.
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 5.9 – Coeficiente de pressão e streamlines para o número de Reynolds 200. (a) Método de Euler; (b) Método
de Heun; (c) Método “The Midpoint”; e (d) Método de Ralston.
64
Figura 5.10 – Comparação do coeficiente de arrasto para os diversos métodos de marcha no tempo (Reynolds 200).
Figura 5.11 – Comparação do coeficiente de sustentação para os diversos métodos de marcha no tempo (Reynolds
200).
Na Figura 5.12, estão mostradas as oscilações adimensionalizadas do coeficiente
de sustentação no domínio da frequência. Onde podemos observar, que todos os
métodos de marcha no tempo capturam a mesma frequência de desprendimento de
vórtices. Estes também concordaram de forma satisfatória com os resultados numéricos
e experimentais presentes na Tabela 13.
65
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 5.12 – Número de Strouhal (𝑆𝑡) para o número de Reynolds 200. (a) Método de Euler; (b) Método de Heun;
(c) Método “The Midpoint”; e (d) Método de Ralston.
6 Conclusão
Todos os resultados numéricos apresentados aqui concordaram satisfatoriamente
tanto com os resultados numéricos quanto com os resultados experimentais encontrados
na literatura técnica para os regimes de escoamento de Reynolds 100 e 200. Entretanto,
para o regime de escoamento de Reynolds 40 os métodos de marcha no tempo de
Ralston e Heun não foram satisfatórios. Estes obteram resultados para o coeficiente de
arrasto muito acima do esperado, mesmo representando o escoamento com certa
fidelidade. Porém os resultados obtidos pelos métodos explícitos de Euler de primeira
ordem e o “The Midpoint” (Runge-Kutta de 2ª ordem), mostraram-se capazes de obter
resultados satisfatórios para todos os regimes de escoamentos aqui estudados (Reynolds
40, 100 e 200).
66
Ressaltando, que estes resultados só foram possíveis porque foi desenvolvido um
estudo da influência da localização das fronteiras do domínio computacional, do
refinamento da malha e dos métodos de marcha no tempo no campo de escoamento.
Mostrando com isso, que estes afetam de forma considerável o campo de escoamento.
Tendo como resultado direto, um domínio computacional, uma malha e métodos de
marcha no tempo ditos ótimos para os regimes de escoamentos aqui estudados.
Com isso, os resultados apresentados pelos métodos explícitos de Euler e de
Runge-Kutta (“The Midpoint”) neste trabalho, demonstram que estes foram validados e
são possíveis obter resultados satisfatórios na investigação da vibração induzida por
vórtices em estruturas cilíndricas, como por exemplo risers. Ratificando assim, tanto a
qualidade quanto a eficiência destes códigos aqui implementados em volumes finitos
através destes métodos de marcha no tempo.
7 Trabalhos Futuros
Como trabalhos futuros fica aqui o desejo de transpor o código para a linguagem
C++, revisar o código com o intuito de otimizá-lo e paralelizá-lo de forma a torná-lo
mais rápido. Pois os métodos aqui implementados são explícitos e por isso estes são
bastante restritivos quanto ao número de CFL máximo possível de ser utilizado.
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