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Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 21 Cores: Cor Área: 18,47 x 24,50 cm² Corte: 1 de 4 ID: 80273820 31-05-2019 Ricardo Valente "Vamos lutar até ao fim pelo Matadouro" f iff A revitalização de partes da cidade outrora esquecidas será uma ãncora do Forto de amanhã. A garantia é dada por Ricardo Valente, vereador da autarquia,-que não abre mão de projectos vitais para a Cidade nem da participação dos investidores. Texto: LUÍS LEITÃO Fotos: JÚLIO DENGUCHO 4

Vamos lutar até ao fim pelo Matadouro fiff · O que podemos garantir é que o projecto do Matadouro vai avançar. De uma for-ma ou de outra. Vamos lutar até ao fim pelo Matadouro,

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Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 21

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Área: 18,47 x 24,50 cm²

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Ricardo Valente

"Vamos lutar até ao fim pelo Matadouro"

fiff

A revitalização de partes da cidade outrora esquecidas será uma ãncora do Forto de amanhã. A garantia é dada por Ricardo Valente, vereador da autarquia,-que não abre mão de projectos vitais para a

Cidade nem da participação dos investidores.

Texto: LUÍS LEITÃO Fotos: JÚLIO DENGUCHO

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Porto está na moda. Os turistas não param de aterrar no aeroporto Fran-cisco Sá Carneiro. No ano passado, a Câmara Municipal do Porto (CMP) amealhou 10,4 milhões de euros com a taxa turística e o aeroporto recebeu 11,9 milhões de passageiros. No mesmo caminho tem seguido o investimento estrangeiro. Farfetch, BMW, Amazon e Vestas são apenas algumas das gran-des empresas que, nos últimos anos, tomaram a decisão de investirem na cidade. Ricardo Valente, vereador com o pelouro da Economia, refere que este interesse está muito associado à qualidade e quantidade de talento dos recursos humanos que o Porto e a região Norte do país oferecem. O custo desta popularidade é a subida de preços na cidade, particularmente dos imóveis, que, só em 2018, regista-ram um incremento superior a 30% do preço do metro quadrado.

Para Ricardo Valente, o Porto está a atravessar um bom momento. E isso, felizmente, traz desafios, nomeada-mente no campo imobiliário, onde o parque habitacional e de escritórios está ao rubro. Mais investimento e no-vas políticas são bem-vindos, e é sobre essa preocupação que o vereador, que concorreu em 2016 às eleições como independente nas listas do PSD, sendo posteriormente "repescado" por Rui Moreira para a sua equipa, trabalha diariamente. Entre as grandes apostas

Ricardo Valente

CARGO: Vereador da Câmara Municipal do Porto com o pelouro da Economia, Turismo e Comércio, e gestão de fundos comunitários

FORMAÇÃO: Mestre em Finanças e tem um MBA em Finanças pela Universidade Católica de Lisboa

da sua equipa está a concretização do projecto do Matadouro, que, apesar de ter sido chumbado pelo Tribunal de Contas, irá avançar. "De uma forma ou de outra", garante. Quanto tempo demora o processo de negociação com uma grande empresa até ela tomar a decisão de se instalar e investir no Porto? São processos muito longos. A BMW, que irá localizar o seu grande centro tecnológico no Porto, e tal significará empregar 1000 pessoas, foi um processo que demorou um ano e meio. Quais são os principais argumentos que utilizam para convencer as empresas a investirem no Porto? Os principais chamarizes são a nossa qualidade de recursos humanos e o facto de termos uma localização excelente do ponto de vista europeu. Juntando a isto, a cidade está envolta num ecossistema empresarial interessante. O Porto está localizado no meio de uma região altamente industrializada em vertentes como a metalurgia, o têxtil e o calçado, que permite criar a lógica da interacção do digital com o negócio tradicional.

É disso que empresas como a Farfetch e a Vestas, por exemplo, têm tirado proveito ao terem apostado no Porto. Um dos pontos que é tido em questão no processo de decisão de investimento das empresas é ocusto de vida da cidade, onde o preço da habitação tem um peso considerável. É barato ter uma casa no Porto? Os valores em termos de custo de arren-damento têm vindo a subir. É normal, porque o mercado imobiliário não é elástico, do ponto de vista da oferta. Não é como a água: se hoje a água do-brar de preço, amanhã encharco o mer-cado de água. De casas não. Mas nesse ponto sou optimista. Este movimento é normal em qualquer mercado que sofre um choque do lado da procura. E isso significa que o preço vai continuar a subir. De que forma a Câmara do Porto se está a posicionar para equilibrar o mercado? Estamos em processo de discussão do Piano Director Municipal, que tem como principais guidelines densificar a cidade,

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"Podemos garantir que o projecto do Matadouro vai avançar. De uma forma ou de outra."

PRESSÃO TURÍSTICA Em 40 anos, o Porto perdeu 30% da sua população. Mas, segundo Ricardo Valente, não perdeu um único residente por causa do aumento de preços do mercado imobiliário, que tem sido impulsionado pelo boom do turismo que se tem sentido com particular impacto no último ano. O vereador da Câmara Municipal do Porto com o pelouro da Economia defende esta ideia recorrendo a dados estatísticos que apontam para que grande parte dos projectos envolvidos directamente com a onda turística tenha tido como alvo habitações abandonadas. "Mais de metade dos alojamentos locais e tudo o que foi requalificado para turismo foi feito em prédios anteriores a 1951, prédios que estavam completamente devolutos", diz. E, por isso, defende que o turismo não expulsou pessoas do Porto. "O turismo expulsou ratos, droga e sujidade. O turismo, pelo contrário, qualificou a cidade", defende. Além disso, Ricardo Valente destaca também o efeito que o turismo tem no mercado de emprego. "Em 2005, 2006, a cidade tinha 20 mil desempregados e a área metropolitana do Porto tinha 100 mil desempregados que, em grande medida, eram não--qualificados. O turismo foi um enorme vector de ajuda para estas pessoas."

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ou seja, aumentar a oferta de casas. Há zonas na cidade, chamadas de zonas de expansão, sobretudo aquelas bem servidas de transportes públicos, onde vamos ter de permitir densificação. E isso pressupõe dar mais capacidade construtiva, e com isso libertar mais espaço público. Não há qualidade de vida numa cidade se toda ela for cons-truída numa lógica horizontal. Isso significa que vão aumentar o número de Áreas de Reabilitação Urbana (ARU), dado isso ter por base uma questão fiscal importante para quem constrói? Neste momento já terminámos toda a reclassificação das ARU. Temos perto de 40% a 50% de toda a cidade como ARU. Não me parece que que passemos daí. Não faremos como Lisboa, em que tudo é uma ARU. Consideramos que isso distorce o conceito das ARU, que são justificadas numa lógica definida para uma área espacial. A Foz é uma zona com muita procura e apontada pelos promotores imobiliários como tendo um enorme potencial de valorização. Contudo, não é uma ARU. Há intenção da Câmara mudar isso? A Foz não é ARU e assim deverá man-ter-se. O que nós vamos classificar como ARU é a Foz Velha. No entanto, é importante salientar que o que é relevante não são as ARU mas as ORU (Operações de Reabilitação Urbana), pois é através destas que se consegue delimitar o que pode e não pode ser construído numa determinada área. É através das ORU que o município define uma lógica de gestão territorial para um determinado espaço, com base numa estratégia. Por isso é que nós começámos pela Campanhã, pela zona Oriental da cidade, e pela zona esquecida da cidade. Começámos por focar muito na ORU da Campanhã/ Estação e agora Campanhã/Corujeira, também com o intuito de chamar os investidores para esta zona da cidade.

Como tem corrido a captação de investimento privado para estas zonas? É um projecto a 10 anos. Sentimos que a Campanhã renasceu. Temos um hospital a nascer em Campanhã [pertencente ao grupo Trofa Saúde], que seria impen-sável há uns anos. Temos também o projecto do Matadouro em Campanhã, que terá um forte impacto nesta zona. A reconversão do antigo Matadouro Industrial em Campanhã foi lançada em 2017, mas acabou por ser chumbada, já este ano, pelo Tribunal de Contas. Qual é a intenção da Câmara em relação a este projecto? O Matadouro é um projecto âncora para Campanhã, porque não só reabilita, como também é estruturante do ponto de vista de regeneração. É um projecto que transforma um equipamento morto numa zona da cidade que tinha um tampão para comunicar com a parte Ocidental da cidade. E o problema é que as pessoas desta zona se sentem ostracizadas porque têm um "muro de Berlim", que se chama VCI, a bloqueá--los. O nosso projecto passa por usar o Matadouro como espaço âncora do ponto de vista empresarial, num espaço com 12 mil metros quadrados de escri-tórios. Queremos ter lá empresas para encher aquilo de pessoas e depois criar uma ponte pedonal com uma ciclovia por cima da VCI, que, acima de tudo, tem de ser simbólica como forma de servir de ligação e de união entre as duas zonas. Desta forma, finalmente Campanhã terá uma porta de entrada directa com a parte Ocidental da cidade. Mas todo este projecto foi vetado pelo Tribunal de Contas. Significa que é o fim desta ideia? Entendemos que o Tribunal de Con-tas não tem razões, do ponto de vista jurídico, para chumbar o projecto, e por isso fizemos uma contestação a essa decisão, que está actualmente a decorrer. Além disso, temos em cima da mesa um plano B.

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Em que consiste esse "plano B"? O que podemos garantir é que o projecto do Matadouro vai avançar. De uma for-ma ou de outra. Vamos lutar até ao fim pelo Matadouro, porque consideramos que o chumbo do Tribunal de Contas foi totalmente injustificado. Dito isto, Campanhã merece que nós tenhamos um plano B. E a cidade precisa que te-nhamos um plano B. E por isso vamos executá-lo. Mas estaremos perante um projecto totalmente diferente do inicialmente previsto? Não vai colocar em causa nenhum dos princípios inicialmente desenhados para o projecto inicial. Isto é uma questão estratégica e, por isso, nunca iríamos adulterar o projecto. No ano passado, o aeroporto Francisco Sá Carneiro recebeu 11,9 milhões de passageiros, mais 11% do que em 2017. A expansão do aeroporto é também um projecto estratégico? É um projecto que está a ser pensado. O aeroporto tem capacidade para ir até aos 20 milhões de passageiros. Significa que, face aos números do ano passado, quase 12 milhões, o aeroporto do Porto tem capacidade para crescer mais 60%. E temos capacidade para o fazer, sem qualquer constrangimento. Há uma série de companhias aéreas bandeira, como a Emirates, a United e a Turkish Airlines que, nos últimos tempos, colocaram o Porto como destino das suas rotas. Que importância teve esta medida na captação de investimento estrangeiro para a cidade? Mudou completamente. Isto significa que o Porto passou a estar no campeo-nato das rotas competitivas e, do ponto de vista dos voos intercontinentais, oPorto passa também a ser visto como um hub de entrada. E isso é muito re-levante, porque oferece à cidade uma capacidade de captar investidores fora da Europa. Se até agora o Porto foi bus-car muito investimento à Alemanha, França e Inglaterra, que são os nos-sos grandes investidores estrangeiros, a linha da Turkish, por exemplo, trou-xe-nos investimento turco e israelita, pois é muito fácil e muito rápido fazer a ligação Porto-Jerusalém. E isto torna tudo muito mais fácil.

NOVO PORTO O futuro da cidade do Porto irá estar for-temente ligado a quatro mega-projectos que estão a ser planeados para a zona da Campanhã e para a zona Oriental da cidade, junto ao rio, e que prometem oferecer uma nova imagem à Invicta.

Campanhã A freguesia da Campanhã tem sido uma das zonas que mais tem recebido a atenção da Câmara do Porto, com vista à sua reabilitação. Além do projecto do Matadouro, que apesar de ter sido chumbado pelo Tribunal de Contas vai avançar, segundo Ricardo Valente, a equipa camarária de Rui Moreira tem em carteira um investimento de 12 milhões de euros para reformular a estação da Campanhã, por forma a construir um terminal intermodal, que passa por criar um hub entre metro, caminhos-de-ferro e autocarros. O objectivo deste projecto, além de fomentar uma maior mobilidade para quem chega à cidade, irá fomentar o crescimento empresarial nesta área que, até ao momento, conta apenas com o centro empresarial da NOS.

Escarpa Com inauguração programada para 2022, a nova ponte, que ligará as partes orientais de Porto e Gaia, promete revitalizar uma zona há muito tempo esquecida. Ricardo Valente garante que a Câmara do Porto vai apostar forte na revitalização desta zona, tendo para o efeito realizado alguns investimentos na escarpa. "Exercemos uma série de direitos de preferência sobre vários imóveis que lá estavam, de pessoas que queriam fazer apartamentos e hotéis. Comprámos uma série de bairros que havia ali para a cidade", diz salientando que "não queremos alterara morfologia daquela zona, pois trata-se de património da cida-de." Entre os investimentos programados está previsto a plantação de uma vinha.

Freixo O núcleo do Freixo, à cota baixa, dispõe-se ao longo da frente do rio Douro. Esta zona espelha todo o processo de "desindustrialização" que ocorreu a partir da década de 1970. São vários os edifícios da extinta Central Termoeléctrica do Freixo da União Eléctrica Portuguesa (UEP), actualmente propriedade da EdP - Ener-gias de Portugal. Ao longo de vários anos estes terrenos estiveram abandonados. Ricardo Valente revela que já foram prati-camente todos comprados por privados para a construção de empreendimentos habitacionais, e garante que a Câmara do Porto tem "mega planos para essa zona da cidade". Segundo o vereador, "dentro de 10 anos, essa parte da cidade estará completamente transformada."

Esta dinâmica cria também novos desafios à cidade, nomeadamente na criação de espaços empresariais. Qual é o pipeline de escritórios para os próximos anos? O Porto deve ter terminado 2018 com cerca de 70 mil a 80 mil metros qua-drados de novos escritórios instalados. Contudo, em termos líquidos, deverá ser próximo de zero, porque grande parte dos escritórios já está tomada. Numa conta simples, se considerar-mos que cada pessoa ocupa 10 metros quadrados e que nós temos o objectivo de criação entre 8 mil e 10 mil postos de trabalho qualificado por ano, pre-cisamos de 80 mil a 100 mil metros quadrados de escritórios por ano. O que está a Câmara a fazer para garantir que todos os anos cheguem ao mercado esta área de escritórios? A venda de património é uma solução? A Câmara tem muito pouco património. Não temos a sorte de ser a capital e, portanto, não herdámos património do Estado. Não é nada contra Lisboa, mas a centralidade traz centralidade. E em relação ao que o Porto tem, o Estado tem uma postura que não compreendo. Por exemplo, enquanto em Lisboa a Segurança Social faz parcerias com a Câmara de Lisboa para colocar os seus imóveis em arrendamento acessível, no Porto a Segurança Social vende aos privados para fazerem hotéis. Dois pesos e duas medidas? O que nós questionamos o Estado é que oPorto é o território do país com maior parque habitacional social: o Porto tem 12% da cidade em habitação social, a média do país anda nos 2%, o objectivo do Governo é 6%. Esses números revelam também um problema habitacional na cidade. Como pretendem resolvê-lo? Reconheço esse desafio e é por isso que o município do Porto resgatou o quartel do Monte Pedral, que estava cedido ao Exército português, onde vamos fazer residências universitárias e habitação de rendas acessíveis, por-que consideramos que o Porto já tem muita habitação social e agora cabe ao Estado resolver esse problema. O que nós temos de solucionar é a questão da classe média. F.