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VANESSA APARECIDA CHAGAS MOUTINHO ANÁLISE DA MORFOLOGIA DA SUPERFÍCIE DE QUATRO ESPÉCIES DO GÊNERO Aspidodera (NEMATODA: ASPIDODERIDAE) RAILLIET & HENRY, 1912 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BIOFÍSICA) Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2009

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VANESSA APARECIDA CHAGAS MOUTINHO

ANÁLISE DA MORFOLOGIA DA SUPERFÍCIE DE QUATRO ESPÉC IES DO

GÊNERO Aspidodera (NEMATODA: ASPIDODERIDAE)

RAILLIET & HENRY, 1912

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BIOFÍSICA)

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

Chagas-Moutinho, Vanessa Aparecida

“ Analise da morfologia da superfície de quatro espécies do gênero Aspidodera

(Nematoda: Aspidoderidae) Railliet & Henry, 1912 ”/ Vanessa Aparecida das Chagas

Moutinho-Rio de Janeiro: UFRJ-IBCCF, 2009.

ix, 63f: il.; 27,94 cm

Orientador: Reinalda Marisa Lanfredi

Dissertação (Mestrado)- UFRJ/ IBCCF/ Programa de Pós-graduação em Ciências

Biológica (Biofísica)

Referências Bibliográficas: f. 59 – 62.

1. Nematoda 2. Edentata 3. Marsupialia 4. Aspidodera 5. Morfometria

6. Morfologia 7. MEV

I. Lanfredi, RM II. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Centro de Ciências da

Saúde – Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – Programa de Biologia Celular e

Parasitologia.

III. Título

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O presente trabalho foi realizado nos Laboratórios de Biologia de Helmintos

Otto Wucherer e de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer do Programa de Biologia

Celular e Parasitologia, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, sob orientação da Dra. Reinalda Marisa Lanfredi e com

auxílio financeiro das seguintes instituições:

- Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Ensino Superior (CAPES)

- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

- Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB)

- Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

(FAPERJ)

- Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD)

- Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz - IOC

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“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”

Antoine de Saint-Éxupery

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por todo o apoio que sempre me deram e por serem meus

maiores fãs.

Agradeço a minha mãe científica, Dra. Reinalda Marisa Lanfredi, por todo o

carinho e apoio durante a realização deste trabalho.

Agradeço a Dra. Débora Anjos pela amizade e pelo apoio.

Agradeço aos meus mais que colegas de laboratório, que em um momento de crise

e de tristeza demonstraram o verdadeiro sentido da amizade e companheirismo. Alek,

exemplo de dedicação e altruísmo. Méééél, e o seu jeitinho rosa de ser. Casal Adnet, que

me adotaram desde que o mestrado ainda era uma idéia. Vivi sempre companheira e amiga

(não vou usar o roteiro que você me deu!). Dêdê, companheira nas minhas caçadas ao

bendito gambá. Tanny tênia, a baixinha mais “arretada” do fundão. Julinha Mansoni, que

chegou e tomou seu lugar no laboratório e ganhou nossa amizade. Eduardo e seus

momentos “Che Guevara” onde só conseguimos ouvir “blá blá blá Whyskas sache”. Jairo,

Cláudia Maia e Paloma, que embora não sejam mais membros oficiais do laboratório estão

sempre presentes em nossas vidas. Sueli, recém-chegada a nossa convivência e já se

enquadrou direitinho no nosso perfil (rs). Muito mais que colegas de trabalho, amigos

dentro e fora do laboratório.

Agradeço a equipe do Laboratório de Vertebrados – UFRJ pela recepção e por todo

o auxilio na captura dos marsupiais.

Agradeço ao Dr. Wanderley de Souza e a equipe do Laboratório de Ultraestrutura

Celular Herta Meyer.

Agradeço a coordenação de pós-graduação do Instituto de Biofísica Carlos Chagas

Filho.

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RESUMO

Os nematóides da família Aspidoderidae Freitas, 1956 são encontrados parasitando

mamíferos, répteis e anfíbios. São amplamente distribuídos pelas Américas, ocorrendo no

Brasil, no México, no Panamá, no Paraguai, na Argentina, nos Estados Unidos e Ilha de

Trinidad. Através de análises morfológicas e morfométricas observamos Aspidodera

scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet & Henry, 1912 e Aspidodera fasciata (Schneider,

1866) Railliet & Henry, 1913 parasitando o intestino grosso de Myrmecophaga tridactyla

Linnaeus, 1758, Aspidodera raillieti Travassos, 1913 parasitando o intestino grosso de

Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 e Aspidodera sp. parasitando o intestino grosso de

Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826. A utilização da microscopia de luz associada à

microscopia eletrônica de varredura permitiu uma análise mais detalhada de caracteres

taxonômicos desses nematóides. Características como a extremidade cefálica, lábios,

estruturas sensoriais presentes nos lábios, topografia da cutícula, linha lateral, região

posterior de machos com espículos, ventosa e cloaca, e estruturas morfológicas das fêmeas

como a vulva e o ânus, foram observados. Algumas estruturas como o nódulo papiliforme

presente nos lábios látero-ventrais, estruturas em forma de poro no ápice das projeções

interlabiais, papilas duplas na região caudal dos machos e papilas na região caudal de

fêmeas, foram observadas pela primeira vez e acrescentam caracteres para a identificação

das espécies do gênero Aspidodera.

Palavras-chave: Nematoda, Aspidodera, Morfologia, Microscopia Eletrônica de Varredura.

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ABSTRACT

The nematodes from the family Aspidoderidae Freitas, 1956 were found parasitizing

mammals, reptiles and amphibians. They were widely distributed throughout America,

occurring in Brazil, Mexico, Panama, Paraguay, Argentina, United States and Trinidad

Island. The morphological and morphometrical analyses showed that Aspidodera

scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet & Henry, 1912 and Aspidodera fasciata (Schneider,

1866) Railliet & Henry, 1913 parasitizing the large intestine of Myrmecophaga tridactyla

Linnaeus, 1758, Aspidodera raillieti Travassos, 1913 parasitizing the large intestine of

Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 and Aspidodera sp. parasitizing the large intestine of

Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826. The association of light and scanning electron

microscopy allowed a detailed analysis of taxonomic characters of these nematodes. Some

taxonomic features, such as the cephalic extremity, the lips, sensorial structures on the lips,

the topography of the cuticle, lateral line, the posterior end of males with the spicules, the

sucker and the caudal papillae and morphological structures of females as the vulva and the

anus were observed. Some features such as a papilla-like nodule on the latero-ventral lips,

pore-like structures on the apex of interlabial projections, double papillae on caudal region

of males and papillae on the caudal region of females were observed by the first time

adding characters to identify the species of the genus Aspidodera.

Keywords: Nematoda, Aspidodera, Morphology, Scanning Electron Microscopy.

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SUMÁRIO

1. Introdução ...........................................................................................................……….. 1

1.1 Filo Nematoda ............................................................................................................. 1

1.2 Parede do corpo dos nematóides ................................................................................. 3

1.3 Classificação Taxonômica .......................................................................................... 5

1.3.1.1 Família Aspidoderidae Freitas, 1956: Histórico ................................................ 5

1.3.1.2 Família Aspidoderidae Freitas, 1956: Características Principais ...................... 7

1.3.2 Subfamília Aspidoderinae Skrjabin & Schikhobalova, 1947 ............................... 7

1.3.3.1 Gênero Aspidodera Railliet & Henry, 1912: Historico .................................... 8

1.3.3.2 Gênero Aspidodera Railliet & Henry, 1912: Caracteristicas Principais ............ 10

2. Objetivos ........................................................................................................................ 11

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 11

2.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 11

3. Material e Métodos .......................................................................................................... 13

3.1 Obtenção de parasitos ................................................................................................ 13

3.1.1 Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 ......................................................... 13

3.1.2 Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 ................................................................ 14

3.1.3 Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 ................................................................ 15

3.2 Microscopia de Luz .................................................................................................... 16

3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura ......................................................................... 16

4. Resultados ......................................................................................................................... 17

4.1 Nematóides do gênero Aspidodera Railliet & Henry, 1912 encontrados em

Tamanduá-Bandeira (Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758) .......................................

17

4.1.1 Aspidodera scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet & Henry, 1912 …................ 17

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4.1.2 Aspidodera faciata (Schneider, 1866) Railliet & Henry, 1913 ………………... 24

4.2 Nematóides do gênero Aspidodera Railliet & Henry, 1912 encontrados em

Didelphis marsupialis ...........................................................................................................

33

4.2.1 Aspidodera raillieti Travassos, 1913 ................................................................... 33

4.3 Nematóides do gênero Aspidodera Railliet & Henry, 1912 encontrados em

Didelphis aurita ...................................................................................................................

42

4.3.1 Aspidodera sp. ..................................................................................................... 42

5. Discussão .......................................................................................................................... 51

6. Conclusões ……………………………………………………………………………… 58

7. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 59

8. Anexo ............................................................................................................................... 63

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INTRODUÇÃO

1.1 Filo Nematoda

O Filo Nematoda compreende um grupo de helmintos que geralmente apresentam

forma corporal cilíndrica com as extremidades afiladas. Esse Filo possui um grande

número de espécies de vida livre que ocupam diversos tipos de habitat, como o terrestre, o

aquático e o marinho, além de possuir representantes parasitas. As espécies parasitas

podem ser encontradas parasitando plantas e animais e algumas espécies são responsáveis

por causar doenças (Rey, 2008). Nos animais, as espécies parasitas podem ser encontradas

em praticamente todos os tecidos e órgãos (Smith, 1992).

Os nematóides apresentam uma abertura oral geralmente circundada por lábios e

ao seu redor estruturas sensoriais como papilas (receptores táteis) e anfídeos

(quimioreceptores) (Fig. 1). Alguns grupos também possuem um par de receptores táteis

na altura do anel nervoso, chamados deirídios. Em alguns grupos os lábios estão

ausentes. A abertura oral é seguida pelo esôfago, que é uma estrutura muscular e que

possui lúmen tri-radiado, intestino e uma abertura anal (Fig. 1). O intestino consiste em

um tubo geralmente reto revestido por células epiteliais, e, a sua porção final, o reto,

possui sua abertura localizada na região posterior e ventral do nematóide (Fig. 1)

(Chitwood, 1974).

O sistema nervoso, relativamente simples, é composto por um anel nervoso (Fig. 1)

circum-esofagiano associado a vários gânglios e nervos longitudinais. As ramificações dos

nervos longitudinais enervam as estruturas sensoriais anteriores, como anfídeos e papilas, e

os nervos laterais são os responsáveis pela enervação de outras estruturas sensoriais, como

deirídios e papilas caudais (Chitwood, 1974).

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O corpo é recoberto por uma cutícula, que pode apresentar estriações transversais,

longitudinais e algumas vezes oblíquas. A cutícula pode formar, lateralmente, expansões

longitudinais ao longo do corpo, sendo denominada asa lateral. Se essas expansões

ocorrerem na região anterior são denominadas asas cervicais e se ocorrem na região

posterior são chamadas asas caudais (Chitwood, 1974).

Apresentam dimorfismo sexual (Fig. 1). O sistema reprodutor masculino

consiste em um ou dois testículos tubulares e vasos deferentes os quais se unem

posteriormente com o reto formando a cloaca, onde se encontram estruturas acessórias

como espículos e gubernáculo (Fig. 1). Os vasos deferentes podem ou não possuir

vesícula seminal (Chitwood, 1974).

O sistema reprodutor feminino consiste em um ou dois, raramente em maior

número, ovários tubulares conectados com o útero e terminando na abertura vaginal, a

vulva, que se situa ventralmente (Fig. 1) (Chitwood, 1974).

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1.2 Parede do corpo dos nematóides

Uma das principais características dos nematóides é a parede do corpo, que limita

uma cavidade, o pseudoceloma, onde se encontram os órgãos do sistema digestivo, que é

completo, e o reprodutor, imersos no líquido pseudocelomático. Este conjunto, parede do

corpo e líquido pseudocelomático, formam o esqueleto hidrostático que permite a

locomoção destes animais (Ruppert, Fox e Barnes, 2005).

A parede do corpo dos nematóides é composta por três camadas principais:

cutícula, hipoderme e camada muscular (Fig. 2). Esta parede do corpo delimita a cavidade,

Figura 1: Morfologia geral de espécies do filo Nematoda.

Adaptada de Roberts e Janovy (1996).

Asa caudal

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citada anteriormente, chamada pseudoceloma por não apresentar revestimento endotelial

(Rey, 2008). A cutícula é a camada mais externa da parede do corpo, sendo a camada de

maior interesse, pois além de estar relacionada com a aquisição de nutrientes (Howeells e

Chen, 1981; Proudfoot e cols., 1991), é considerada uma estrutura multifuncional

desempenhando um papel de exoesqueleto e uma barreira entre o parasito e seu hospedeiro

(Johnstone e cols., 1996).

A cutícula é dividida, basicamente, em epicutícula, que é a camada mais externa,

camada cortical, camada média e camada fibrosa (Fig. 2). O número de camadas e a

morfologia podem variar de acordo com o sexo, a espécie e o estágio evolutivo do

nematóide (Bird e Bird, 1991).

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1.3 Classificação taxonômica

Filo Nematoda

Classe Sercenentea

Ordem Oxyurata

Família Aspidoderidae

Gênero Aspidodera

1.3.1.1 Família Aspidoderidae Freitas, 1956: Histórico

Freitas (1956) criou a família Aspidoderidae e nela agrupou as subfamílias

Aspidoderinae Skrjabin e Schikhobalova, 1947, e Spinicaudinae Travassos, 1920 (Freitas,

1956). Inglis (1957) se referiu à família Aspidoderidae como compreendendo as

Figura 2: Esquema de um corte transversal mostrando as diferentes camadas da

parede do corpo. Fonte: Adaptado de Marr e Miller (1995).

Epicutícula

Camada muscular

Hipoderme

Camada média Cutícula Camada cortical

Camada fibrosa

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subfamílias Aspidoderinae e Lauroiinae Skrjabin e Schikhobalova, 1951 (Vicente, 1966).

O critério de separação entre essas duas subfamílias é a presença de cordões cefálicos (Fig.

3), para Aspidoderinae, ou a presença de placas cefálicas (Fig. 4), para Lauroiinae. Essa

classificação foi reafirmada por Chabaud (1978), e atualmente a família Aspidoderidae é

composta pelas subfamílias Aspidoderinae, com o gênero Aspidodera, e Lauroiinae, com

os gêneros Lauroia Proença, 1938, Paraspidodera Travassos, 1914, e Nematomystes

Sutton, Durette-Desset e Chabaud, 1980 (Jiménez-Ruiz e cols., 2008).

Figura 3-4: Esquema de estruturas presentes na região cefálica de representantes da

família Aspidoderidae. 3 - Cordões cefálicos presentes nos nematóides da subfamília

Aspidoderinae (Barra 50 µm). 4 - Placas cefálicas presentes nos nematóides da

subfamília Lauroiinae (Barra 30 µm). Fonte: Adaptado de Jiménez-Ruiz e Gardner,

2003.

3 4

4 3

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1.3.1.2 Família Aspidoderidae Freitas, 1956: Características principais

Os nematóides da família Aspidoderidae Freitas, 1956 apresentam como

características morfológicas principais a extremidade anterior com ou sem coifa cefálica,

abertura oral trilabiada, esôfago com faringe e bulbo posterior, cauda com uma projeção

pontiaguda, e machos sem asas caudais, com ventosa pré-anal de rebordo espesso e com

um par de espículos de tamanhos iguais ou sub-iguais (Freitas, 1956). São encontrados

parasitando mamíferos, répteis e anfíbios, sendo amplamente distribuídos nas Américas,

ocorrendo no Brasil, no México, no Panamá, no Paraguai, na Argentina, nos Estados

Unidos e Ilha de Trinidad (Pinto e Gomes, 1980; Santos e cols., 1990).

1.3.2 Subfamília Aspidoderinae Skrjabin e Schikhobalova, 1947

Skrjabin e Schikhobalova (1947) criaram a subfamília Aspidoderinae e nela

agruparam os gêneros Pseudoaspidodera Baylis e Daubney, 1922, Spinaspidodera

Skrjabin e Schikhobalova, 1947, Aspidodera Railliet e Henry, 1912, Ansiruptodera

Skrjabin e Schikhobalova, 1947, e Sexansodera Skrjabin e Schikhobalova, 1947 (Inglis,

1967). O critério utilizado para agrupar estes gêneros em uma subfamília foi a presença de

cordões na região cefálica (Inglis, 1967). Neste mesmo ano, o gênero Paraspidodera

Travassos, 1914, foi incluído na subfamília Heterakinae Railliet e Henry, 1912 por não

apresentar cordões cefálicos contínuos (Inglis, 1967). Nessa ocasião, a subfamília

Aspidoderinae encontrava-se alocada na família Heterakidae. Freitas (1956) criou a família

Aspidoderidae e nela incluiu as subfamílias Aspidoderinae e Spinicaudinae Travassos,

1920. E, criou a subfamília Spinaspidoderinae e transferiu os gêneros Pseudoaspidodera e

Spinaspidodera para esta subfamília, ficando assim a subfamília Aspidoderinae com os

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gêneros Aspidodera, Ansiruptodera e Sexansodera. Na subfamília Spinicaudinae agrupou

os gêneros Spinicauda Travassos, 1920, Paraspidodera e Africana Travassos, 1920. Os

critérios utilizados para separar as subfamílias Aspidoderinae e Spinicaudinae foram a

presença ou ausência de asas caudais, a ornamentação da extremidade anterior,

hospedeiros e distribuição geográfica (Texeira de Freitas, 1956). Com isso, Inglis (1967),

em um trabalho de revisão sobre a superfamília Heterakoidea, propôs o gênero

Sexansodera como sinônimo do gênero Aspidodera e Santos e colaboradores (1990)

propuseram o gênero Ansiruptodera como sinônimo do gênero Aspidodera, pois ambos os

autores consideraram que a variação no número e forma das alças dos cordões cefálicos

não eram bons critérios para a separação de gêneros. Sendo assim, a subfamília

Aspidoderinae passou a ser representada apenas pelo gênero Aspidodera.

1.3.3.1 Gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912: Histórico

Diesing (1851) descreveu o gênero Aspidocephalus para agrupar a espécie

Aspidocephalus scoleciformes (Proença, 1937; Vicente, 1966). Molin (1860) descreveu um

nematóide coletado do estomago de Didelphis myosurus como Histiocephalus subulatus e,

Drasche (1883), revendo este material verificou que ele pertencia ao gênero

Aspidocephalus (Vicente, 1966). Railliet e Henry (1912) verificaram que o nome

Aspidocephalus era utilizado para designar um gênero de coleópteros (non Motschoulsky,

1839: Coleoptera), sendo assim, propuseram o nome Aspidodera em substituição a

Aspidocephalus com Aspidodera scoleciformes como espécie tipo (Proença, 1937; Santos e

cols., 1990). Schneider (1866) descreveu a espécie Heterakis fasciata, que em 1913 foi

transferida para o gênero Aspidodera por Railliet e Henry. Railliet e Henry (1913)

descreveram a espécie Aspidodera binansata e Travassos (1913) descreveu a espécie

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Aspidodera raillieti (Vicente, 1966; Santos e cols., 1990). Skrjabin e Schikhobalova (1947)

transferiram Aspidodera binansata para o gênero Sexansodera, que em 1967 foi

considerado, por Inglis, sinônimo para o gênero Aspidodera (Santos e cols., 1990).

Aspidodera raillieti foi transferido, por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008), para o

gênero Nematomystes, ficando assim a nova combinação Nematomystes raillieti . O critério

utilizado para transferir Aspidodera raillieti para o gênero Nematomystes foi a distribuição

das papilas presentes nos lábios látero-ventrais (Jimenez-Ruiz e cols., 2008). Proença

(1937) descreveu as espécies Aspidodera vazi e Aspidodera ansirupta, que em 1947 foi

transferida, por Skrjabin e Schikhobalova, para o recém-criado gênero Ansiruptodera

(Vicente, 1966). Esta transferência foi baseada apenas na forma dos cordões cefálicos

(Santos e cols., 1990). Santos e colaboradores (1990), em estudo de revisão do gênero

Aspidodera, consideraram o gênero Ansiruptodera como sinônimo de Aspidodera, pois

consideravam que a variação na forma dos cordões cefálicos não era caráter suficiente para

separar gênero. Chandler (1932) descreve a espécie Aspidodera harwoodi, que Santos e

colaboradores (1990) colocaram em sinonímia com Aspidodera raillieti. Vaz (1933)

descreveu a espécie Aspidodera reisi, que foi considerada sinônimo de Aspidodera

subulata por Proença (1937). Vicente (1964) descreveu a espécie Aspidodera lacombeae.

Jiménez-Ruiz e colaboradores (2006) descreveram a espécie Aspidodera soganderesei.

Atualmente o gênero Aspidodera compreende as espécies Aspidodera scoleciformes

(=Aspidocephalus scoleciformes Diesing, 1851) Railliet e Henry, 1912; Aspidodera

subulata (=Histiocephalus subulatus Molin, 1860; Aspidocephalus subulatus Drasche,

1883; Aspidodera reisi Vaz, 1933) Railliet e Henry, 1912; Aspidodera fasciata (=Heterakis

fasciata Schneider, 1866) Railliet e Henry, 1913; Aspidodera binansata Railliet e Henry,

1913 (=Sexansodera binansata Skrjabin e Schikhobalova, 1947; Aspidodera agoutiae

Cameron e Reeseal, 1951; Sexansodera agoutiae Freitas, 1956); Aspidodera ansirupta

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19

(=Ansiruptodera ansirupta Skrjabin e Schikhobalova, 1947) Proença, 1937; Aspidodera

vazi Proença, 1937; Aspidodera lacombeae Vicente, 1964; e Aspidodera sogandaresei

Jimenéz-Ruiz e colaboradores, 2006.

1.3.3.2 Gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912: Características principais

As espécies do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912, são encontradas

parasitando mamíferos das ordens Edentata, Marsupialia e Rodentia (Santos et al, 1990).

As espécies deste gênero são caracterizadas por apresentar extremidade anterior com

dilatação cuticular em forma de coifa e com cordões cefálicos que descrevem seis a nove

alças, boca trilabiada, vestíbulo presente, esôfago com bulbo posterior, cauda com projeção

pontiaguda. Machos sem asas caudais, com ventosa de bordo espesso, espículos iguais,

gubernáculo e papilas caudais e fêmeas com vulva localizada no terço anterior do corpo

(Vicente, 1966).

O estudo de nematóides parasitos de mamíferos da América Latina é de grande

importância, uma vez que dados taxonômicos destas espécies contribuem para estudos

filogenéticos, além de ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade da helmintofauna

desta região.

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20

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Este trabalho teve por objetivo geral identificar e caracterizar morfologicamente

nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 parasitos do intestino grosso de

Myrmecophaga tridactyla (Mammalia: Myrmecophagidae), Didelphis marsupialis

(Mammalia:Didelphidae) e Didelphis aurita (Mammalia: Didelphidae).

2.2 Objetivos específicos

- Identificar os nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 parasito do

intestino grosso de Myrmecophaga tridactyla através de análise morfológica e

morfométrica por microscopia de luz (ML);

- Analisar a microtopografia dos nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry,

1912 parasito do intestino grosso de Myrmecophaga tridactyla por microscopia

eletrônica de varredura (MEV).

- Identificar os nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 parasito do

intestino grosso de Didelphis marsupialis através de análise morfológica e

morfométrica por ML;

- Analisar a microtopografia dos nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry,

1912 parasito do intestino grosso de Didelphis marsupialis por MEV.

- Identificar os nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 parasito do

intestino grosso de Didelphis aurita através de análise morfológica e morfométrica

por ML;

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- Analisar a microtopografia dos nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry,

1912 parasito do intestino grosso de Didelphis aurita por MEV.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Obtenção de parasitos

3.1.1 Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 (Tamanduá-Bandeira)

Os nematóides adultos foram coletados, por estudantes da Fundação Parque

Zoológico de São Paulo, do intestino grosso de Myrmecophaga tridactyla (Mammalia:

Myrmecophagidae) Linnaeus, 1758 (Fig. 5), lavados em solução de NaCl 0,9%, fixados e

armazenados em AFA (Ácido Acético Glacial, Formol 37% e Álcool Etílico 70%)

(AMATO, BOEGER e AMATO, 1991) e posteriormente foram doados ao Laboratório

de Biologia de Helmintos Otto Wucherer – Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho –

Universidade Federal do Rio de Janeiro para estudos morfológicos e morfométricos.

Figura 5: Myrmecophaga tridactyla (Tamanduá-Bandeira) em seu habitat. Fonte: http://www.brasilescola.com/upload/e/tamanduá-bandeira.jpg

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3.1.2 Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 (Gambá)

Os marsupiais da espécie Didelphis marsupialis (Mammalia: Didelphidae)

Linnaeus, 1758 (Fig. 6) foram capturados e necropsiados pelo pesquisador Dr. Vernon

Thatcher e equipe, no período entre 1964 a 1970 na região de Pichindé, Valle Del Cauca,

Colômbia (3º 25' 60” Norte e 76º 37' 0” Oeste). Os nematóides adultos foram coletados

do intestino grosso, lavados em solução de NaCl 0,9%, fixados em AFA (AMATO,

BOEGER e AMATO, 1991) e armazenados em Etanol 70% Glicerinado. Esses

helmintos foram doados ao Laboratório de Biologia de Helmintos Otto Wucherer –

Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – Universidade Federal do Rio de Janeiro para

estudos morfológicos e morfométricos.

Figura 6: Didelphis marsupialis (Gambá) em seu habitat. Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/materia/view/3603

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3.1.3 Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 (Gambá)

Os marsupiais da espécie Didelphis aurita (Mammalia: Didelphidae) Wied-

Neuwied, 1826 (Fig. 7) foram capturados pelo Dr. Marcus Vinicius Vieira e pela

doutoranda Ana Claudia Deciellos do Laboratório de Vertebrados do Instituto de Biologia

– Universidade Federal do Rio de Janeiro, chefiado pelo Dr. Rui Cerqueira Silva. A coleta

dos marsupiais foi realizada no mês de maio de 2007 em um fragmento de Mata Atlântica

no município de Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, Brasil (22º 17’ 52,8” Sul e 41º 41’

53,5” Oeste). Licença IBAMA: 099/06-RJ.

Estes marsupiais foram encaminhados ao Laboratório de Biologia de Helmintos

Otto Wucherer para a realização da necropsia e coleta de helmintos. A eutanásia dos

marsupiais foi realizada utilizando dose letal de quetamina intramuscular (100 mg/Kg). Os

nematóides adultos foram coletados do intestino grosso, lavados em solução NaCl 0,9% e

fixados em AFA (AMATO, BOEGER e AMATO, 1991) a 60 ºC.

Figura 7: Didelphis aurita (Gambá) em seu habitat. Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/materia/view/3603

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3.2 Microscopia de Luz

Para obtenção de dados morfológicos e morfométricos os nematóides foram

clarificados em fenol-álcool 50%, montados entre lamínula e lâmina, e observados ao

microscópio ótico Zeiss Standard 20, acoplado com câmara clara.

As medidas são apresentadas em milímetros, salvo onde estiver indicado.

3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura

Para microscopia eletrônica de varredura os nematóides fixados em AFA foram

submetidos a três etapas de lavagem, cada etapa com duração de 5 minutos, em tampão

cacodilato de sódio 0,1 M, pH 7,2, e pós-fixados em uma solução de tetróxido de ósmio

1% e ferrocianeto de potássio 0,8% durante 40 minutos. Em seguida, o material foi

novamente submetido a três etapas de lavagem, com duração de 5 minutos cada, em

tampão cacodilato de sódio 0,1 M, pH 7,2, e desidratados em séries de etanol de 30%,

40%, 50%, 60%, 70%, 80% e 90%, e três séries em etanol 100%, durando 1 hora cada

etapa (Mafra e Lanfredi, 1998). Depois de desidratado, o material foi seco pelo método de

ponto crítico utilizando CO2 líquido e montado em suporte metálico com auxílio de fita

adesiva de dupla face de carbono. Ao final, o material foi submetido ao processo de

metalização, ficando então recoberto por uma camada de ouro, de cerca de 20 nm de

espessura, e observado ao microscópio eletrônico de varredura Jeol JSM 5310 usando 15

Kv.

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4 RESULTADOS

4.1 Nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 encontrados em

Tamanduá-Bandeira (Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758)

Através de análises morfológicas e morfométricas dos nematóides do gênero

Aspidodera Railliet e Henry, 1912, parasitos do intestino grosso de Myrmecophaga

tridactyla (Mammalia: Mymecophagidae), foi possível observar a presença de duas

espécies deste gênero: Aspidodera scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet e Henry, 1912, e

Aspidodera fasciata (Schneider, 1866) Railliet e Henry, 1913.

4.1.1 Aspidodera scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet e Henry, 1912

Filo Nematoda

Classe Sercenentea

Ordem Oxyurata

Família Aspidoderidae

Gênero Aspidodera

Espécie Aspidodera scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet e Henry, 1912

As análises morfométricas e morfológicas de um dos nematóides parasitos do

intestino grosso do marsupial Myrmecophaga tridactyla permitiram classificá-lo como

Aspidodera scoleciformes (Diesing, 1851) Railliet e Henry, 1912. Os dados morfométricos,

obtidos por ML, de 2 machos e de 2 fêmeas são apresentados na tabela 1. A tabela 2

apresenta uma comparação entre os dados morfométricos obtidos neste trabalho e os

descritos na literatura para Aspidodera scoleciformes.

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Tabela 1: Dados morfométricos de machos e fêmeas de Aspidodera scoleciformes obtidos por microscopia de luz.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

♂ 1 ♂ 2 ♀ 1 ♀ 2

Comprimento 11,93 9,83 10,126 10,86

Largura 0,41 0,41 0,47 0,54

Esôfago 2,647 2,40 2,05 2,55

Bulbo (CxL) 0,33 0,31 0,392 0,45

Coifa Cefálica 0,15 0,16 0,145 0,15

Poro – Anterior 1,00 1,04 -------- --------

Vulva – Anterior -------- -------- 4,05 --------

Espículos 1,381 1,620 -------- --------

Gubernáculo 0,156 0,17 -------- --------

Ovos (CxL)

--------

--------

0,054 x

0,040

0,050 x

0,041

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Tabela 2: Comparação entre os dados morfométricos obtidos no presente trabalho com os descritos na literatura para Aspidodera

scoleciformes. (As medidas são apresentadas em milímetros)

Aspidodera scoleciformes

Vicente, 1966

Aspidodera scoleciformes

Santos e cols., 1990

Aspidodera scoleciformes

Presente estudo

♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀

Comprimento 8,25 – 9,12 8,00 – 9,45 6,93 – 9,62 6,77 – 9,11 9,83 – 11,93 10,12 – 10,86

Largura 0,45 – 0,51 0,40 – 0,64 0,33 – 0,58 0,43 – 0,69 0,41 – 0,41 0,47 – 0,54

Coifa cefálica 0,14 – 0,15 0,14 – 0,15 0,11 – 0,15 0,13 – 0,15 0,15 – 0,16 0,14– 0,15

Esôfago 2,30 – 2,36 2,02 – 2,40 1,70 – 2,38 1,80 – 2,24 2,40 – 2,60 2,05 – 2,55

Bulbo 0,33 – 0,37 x

0,26 – 0,30

0,35 – 0,37 x

0,29 -0,33

0,30 – 0,43 x

0,27 – 0,35

0,30 – 0,38 x

0,26 – 0,35

0,31 0,33 0,39 – 0,45

Espículos 1,17 – 1,27 ------- 0,86 – 1,57 ------- 1,38 -1,62 -------

Gubernáculo 0,16 – 0,17 ------- 0,13 – 0,19 ------- 0,15 – 0,17 -------

Ovos ------ 0,043 – 0,066 x

0,030 – 0,042

-------- 0,050 – 0,055 x

0,030 – 0,040

------- 0,050 – 0,54 x

0,40 – 0,41

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Machos e fêmeas possuem o corpo alongado e estriações cuticulares transversais

iniciadas logo abaixo da região da coifa cefálica (Figs. 14, 15 e 19).

Por ML, observamos que a extremidade possui uma dilatação em forma de coifa

adornada com cordões cefálicos (Figs. 8 e 9). Também foi possível observar que as alças

dos cordões cefálicos apresentam um padrão arredondado e trapezoidal em sua

extremidade (Figs. 8 e 9). A abertura oral é circundada por três lábios (Figs. 8, 9, 16 e 17).

O esôfago é longo e apresenta um bulbo posterior (Fig. 8).

Utilizando MEV observamos que a região anterior apresenta três lábios, sendo um

dorsal e dois látero-ventrais (Fig. 16). Cada lábio é formado por duas projeções delgadas

arredondadas, voltadas para a região posterior, e uma projeção retangular (Fig. 16). Os

lábios látero-ventrais apresentam uma papila e um anfídeo localizado em seu ápice e

voltado para o lábio dorsal (Fig. 17). O lábio dorsal não apresenta papilas nem anfídeo

(Fig. 16) e apresenta duas projeções digitiformes laterais com um padrão de encaixe

serrilhado (Fig. 16). O lábio latero-ventral esquerdo apresenta uma projeção digitiforme

lateral que se encaixa no lábio latero-ventral direito (Fig. 17) com um padrão de encaixe

serrilhado. As projeções interlabiais possuem forma triangular apresentando a base mais

larga que a extremidade (Fig. 16), e se conectam com as projeções retangulares dos lábios

(Fig. 16). No ápice das projeções interlabiais observamos uma estrutura em forma de poro

(Fig. 16). Logo abaixo da extremidade cefálica observamos pequenas papilas (Fig. 15)

distribuídas aleatoriamente.

O poro excretor localiza-se no terço anterior do corpo (Figs. 13 e 14).

As fêmeas apresentam cauda afilada terminando em uma projeção digitiforme (Fig.

11). A vulva localiza-se no terço posterior do corpo com ovos elípticos (Fig. 10) no interior

do útero. O ânus localiza-se na extremidade caudal e forma uma fenda transversal (Fig.

11).

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xxx

Os machos apresentam a cauda curvada ventralmente (Figs. 12 e 18). Apresentam

uma ventosa ventral com uma borda espessa (Figs. 12 e 18), um par de espículos iguais

(Fig. 12) e um gubernáculo (Fig. 12). A cloaca apresenta estruturas em forma de lábios

(Figs. 18 e 19). Possuem papilas caudais sésseis e pedunculadas (Figs. 18 e 19). Por MEV

observamos 30 pares de papilas caudais apenas na região lateral da cauda dos machos. A

extremidade caudal afila-se gradativamente terminando em uma projeção digitiforme (Fig.

18).

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Figs. 8 – 12: Microscopia de Luz de Aspidodera scoleciformes. 8 – Visão geral da

região anterior mostrando a extremidade cefálica com dilatação em forma de coifa, os

cordões cefálicos e o esôfago com bulbo terminal (Barra 0,5 mm). 9 – Visão geral da

coifa e dos cordões cefálicos (Barra 0,1 mm). 10 – Detalhe dos ovos (Barra 0,1 mm).

11 – Detalhe da região posterior da fêmea mostrando o ânus (Barra 0,5 mm). 12 –

Vista lateral da região posterior do macho mostrando a ventosa, os espículos, o

gubernáculo e a projeção digitiforme caudal (Barra 0,5 mm).

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Figs. 13 – 19: Microscopia eletrônica de varredura de Aspidodera scoleciformes. 13 –

Visão geral da região anterior mostrando o poro excretor (EP) (Barra 100 µm). 14 –

Detalhe do poro excretor e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 5 µm).

15 – Detalhe das papilas presentes abaixo da extremidade cefálica (seta fina) e

estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10 µm). 16 – Visão geral da da coifa

cefálica mostrando o lábio dorsal (DL) com as projeções digitiformes laterais (dP), as

projeções interlabiais (i) que se conectam com as projeções retangulares (Q) que

formam os lábios, e as projeções delgadas (p) (Barra 50 µm). 17 – Detalhe do lábio

latero-ventral direito mostrando a papila (seta fina), o anfídeo (cabeça de seta vazada)

e as projeções digitiformes do lábio latero-ventral esquerdo e do lábio dorsal (Barra 10

µm). 18 – Visão geral da região posterior do macho mostrando a ventosa (V), a cloaca

(C) e algumas papilas caudais (Barra 100 µm). 19 – Detalhe da cloaca mostrando

algumas papilas (seta fina) e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10

µm).

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4.1.2 Aspidodera fasciata (Schneider, 1866) Railliet e Henry, 1913

Filo Nematoda

Classe Sercenentea

Ordem Oxyurata

Família Aspidoderidae

Gênero Aspidodera

Espécie Aspidodera fasciata (Schneider, 1866) Railliet e Henry, 1913

As análises morfométricas e morfológicas de um dos nematóides parasitos do

intestino grosso do marsupial Myrmecophaga tridactyla permitiram classificá-lo como

Aspidodera fasciata (Schneider, 1866) Railliet e Henry, 1913. Os dados morfométricos,

obtidos por ML de 5 machos são apresentados na tabela 3 e os de 5 fêmeas são

apresentados na tabela 4. A tabela 5 apresenta uma comparação entre os dados

morfométricos obtidos neste trabalho e os descritos na literatura para A. fasciata.

Machos e fêmeas possuem o corpo alongado. Por ML, observamos que a

extremidade cefálica é longa, com três lábios, que se reúnem para formar o vestíbulo bucal,

e possui uma dilatação em forma de coifa adornada com cordões cefálicos (Figs. 20 e 21).

O poro excretor localiza-se no terço anterior do corpo (Fig. 20). O esôfago apresenta um

bulbo posterior (Fig. 20).

Analisando a extremidade cefálica por MEV observamos que esta região apresenta

três lábios, sendo um dorsal e dois látero-ventrais (Figs. 27, 28 e 29). Os lábios látero-

ventrais apresentam uma papila e um anfídeo localizado em seu ápice e voltado para o

lábio dorsal (Figs. 28 e 29).

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Tabela 3: Dados morfométricos de machos de Aspidodera fasciata obtidos por microscopia de luz.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

♂ 1 ♂ 2 ♂ 3 ♂ 4 ♂ 5

Comprimento 9,17 11,27 12,01 11,3 10,29

Largura 0,39 0,44 0,41 0,40 0,42

Esôfago 2,13 1,93 2,27 2,0 2,01

Bulbo 0,32 0,281 0,278 0,30 0,28

Coifa cefálica 0,30 0,28 0,30 0,27 0,303

Gubernáculo 0,14 0,16 0,165 0,163 0,1539

Espículos 0,46 0,43 0,44 0,046 0,043

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Tabela 4: Dados morfométricos de fêmeas de Aspidodera fasciata obtidos por microscopia de luz.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

♀ 1 ♀ 2 ♀ 3 ♀ 4 ♀ 5

Comprimento 13,15 11,7 8,66 12,58 11,052

Largura 0,53 0,51 0,48 0,59 0,55

Coifa cefálica 0,37 0,36 0,36 0,315 0,319

Bulbo 0,26 0,29 0,293 0,32 2,289

Esôfago 2,27 2,31 2,09 2,32 2,16

Ovos

-----

0,039 x

0,040

----

0,059 x

0,041

0,051 x

0,056

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Tabela 5: Comparação entre os dados morfométricos obtidos no presente trabalho com os descritos na literatura para Aspidodera

fasciata. (As medidas são apresentadas em milímetros)

Aspidodera fasciata

Presente em estudo

Aspidodera

fasciata

Travassos, 1913

Aspidodera fasciata

Vicente, 1966

Aspidodera fasciata

Santos e cols.., 1990

♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀

Comprimento 9,17 – 12,01 8,66 – 13,15 7 - 8 9 - 10 5,17 – 7,05 5,40 – 7,29 4,62 – 7,88 5,46 – 9,37

Largura 0,42 – 0,46 0,40 – 0,51 ------- ------- 0,22 – 0,34 0,30 – 0,40 0,15 – 0,61 0,27 – 0,66

Coifa cefálica 0,28 – 0,30 0,36 – 0,37 ------- -------- 0,21 – 0,22 0,22 – 0,30 0,18 – 0,31 0,20 – 0,30

Esôfago 1,93 – 2,27 2,09 – 2,31 1,44 1,44 1,42 – 1,77 1,50 – 1,62 1,27 -1,82 1,20 -1,85

Bulbo (CxL)

0,27 – 0,32 x

0,22 -0,26

0,26 – 0,29 x

0,23 -0,27

0,20 0,20 0,19 – 0,27 x

0,15 – 0,27

0,21 – 0,24 x

0,16 – 0,22

0,20 – 0,36 x

0,22 – 0,26

0,19 – 0,33 x

0,22 – 0,25

Espículos 0,435 – 0,46 ------- 0,36 ------- 0,34 – 0,36 ------- 0,21 – 0,40 -------

Gubernáculo 0,14 – 0,16 ------- 0,15 ------- 0,13 – 0,15 ------- 0,10 – 0,17 -------

Ovos (CxL)

--------- 0,045 – 0,060

x 0,037 – 0,045

------- 0,052 x

0,043

------- 0,055 – 0,060

------- 0,050 – 0,060 x

0,040 – 0,057

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O lábio dorsal não apresenta papilas nem anfídeo (Fig. 28) e apresenta duas projeções

digitiformes laterais com um padrão de encaixe serrilhado (Figs. 27 e 28). O lábio latero-

ventral esquerdo apresenta uma projeção digitiforme lateral que se encaixa no lábio latero-

ventral direito (Figs. 27, 28 e 29) e apresenta um nódulo papiliforme (Fig. 29). Cada lábio

é formado por duas projeções delgadas arredondadas, voltadas para a região posterior, e

uma projeção trapezoidal (Fig. 27). As projeções interlabiais são longas e delgadas, e se

conectam com as projeções trapezoidais dos lábios (Fig. 27). No ápice das projeções

interlabiais, não observamos estruturas em forma de poro (Figs. 27 e 29). Logo abaixo da

extremidade cefálica observamos pequenas papilas (Fig. 30) distribuídas aleatoriamente.

A MEV evidenciou que o vestíbulo bucal é recoberto por cutícula com aspecto

membranoso e que possui a margem externa serrilhada (Fig. 28). As estriações cuticulares

transversais iniciam-se abaixo da região da coifa cefálica (Figs. 30, 31, 32 e 35).

As fêmeas apresentam cauda afilada terminando em uma projeção digitiforme (Fig.

22). A vulva (Fig. 31) localiza-se no terço posterior do corpo e apresentam ovos elípticos

(Fig. 23) no interior do útero. A abertura da vulva localiza-se ventralmente e possui uma

estrutura em forma de “flap” (Fig. 31). O ânus localiza-se na extremidade caudal e forma

uma fenda transversal (Figs. 22 e 32). As imagens obtidas por MEV evidenciaram papilas

presentes próximas a abertura da vulva (Fig. 31) e do ânus (Fig.32).

Os machos apresentam a cauda curvada ventralmente (Figs. 24 e 33). Apresentam

uma ventosa ventral com uma borda espessa (Figs. 24, 33 e 34), um par de espículos iguais

(Figs. 24 e 25) e um gubernáculo (Figs. 24, 26, 33 e 35). Por MEV observamos uma papila

pedunculada acompanhada na região distal da borda da ventosa (Figs. 33 e 34). A cloaca

apresenta estruturas em forma de lábio (Fig. 35). Possuem inúmeras papilas caudais sésseis

e pedunculadas (Figs. 24, 33, 34 e 35). A extremidade caudal afila-se gradativamente

terminando em uma projeção digitiforme (Figs. 24 e 33). Utilizando MEV foi possível

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observar 52 pares de papilas caudais, sendo 14 pares pré-cloacais, 6 pares ad-cloacais e 32

pares pós-cloacais.

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xlii

Figs. 20 – 26: Microscopia de Luz de Aspidodera fasciata. 20 – Visão geral da região

anterior mostrando a extremidade cefálica, os esôfago com um bulbo terminal, o poro

excretor e a porção anterior do intestino (Barra 0,5 mm). 21 – Visão geral da coifa e

dos cordões cefálicos (Barra 0,1 mm). 22 – Região posterior da fêmea mostrando o

ânus (Barra 0,5 mm). 23 – Detalhe dos ovos (Barra 0,1 mm). 24 – Região posterior do

macho mostrando espículo, a ventosa, a cloaca, o gubernáculo e numerosas papilas

caudais (Barra 0,1 mm). 25 – Detalhe dos espículos (Barra 0,1 mm). 26 – Detalhe do

gubernáculo (Barra 0,1 mm).

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xliv

Figs. 27 – 30: Microscopia eletrônica de varredura de Aspidodera fasciata. 27 – Visão

geral da coifa cefálica mostrando a projeção digitiforme lateral (dP) no lábio latero-

ventral esquerdo, as projeções interlabiais (i) que se conectam com as projeções

delgadas (p) e a projeção trapezoidal (t) que compõem a estrutura dos lábios (Barra 50

µm). 28 – Detalhe da região apical dos lábios mostrando o vestíbulo recoberto por

uma membrana cuticular que apresenta a margem externa serrilhada (asterisco), as

projeções digitiformes laterais (dP) do lábio dorsal e do lábio latero-ventral esquerdo,

o anfídeo (cabeça de seta vazada) e a papila (seta fina) presentes nos lábios latero-

ventrais (Barra 10 µm). 29 – Detalhe do lábio latero-ventral esquerdo evidenciando a

papila (seta fina), o anfídeo (cabeça de seta vazada), o nódulo papiliforme (cabeça de

seta cheia) e a projeção digitiforme (dP) (Barra 10µm). 30 – Detalhe das papilas (seta

fina) presentes logo abaixo da coifa cefálica e estriações cuticulares transversais

(estrela) (Barra 10 µm).

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Figs. 31 – 35: Microscopia eletrônica de varredura de Aspidodera fasciata. 31 – Detalhe

da vulva mostrando algumas papilas (seta fina) e estriações cuticulares transversais

(estrela) (Barra 50 µm). 32 – Detalhe do ânus mostrando papilas (seta fina) ao redor e

estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10 µm). 33 – Visão geral da região

posterior do macho mostrando a ventosa (V), a cloaca, o gubernáculo (g) e inúmeras

papilas caudais (Barra 100 µm). 34 – Detalhe da ventosa mostrando a papila pedunculada

(seta fina) em sua borda (Barra 10 µm). 35 – Detalhe da cloaca mostrando o gubernáculo

(g) e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10µm).

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4.2 Nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 encontrados em Didelphis

marsupialis

Através de análises morfológicas e morfométricas dos nematóides do gênero

Aspidodera, parasitos do intestino grosso de Didelphis marsupialis, foi possível observar a

presença de Aspidodera raillieti Travassos, 1913.

4.2.1 Aspidodera raillieti Travassos, 1913

Filo Nematoda

Classe Sercenentea

Ordem Oxyurata

Família Aspidoderidae

Gênero Aspidodera

Espécie Aspidodera raillieti Tavassos, 1913

As análises morfométricas e morfológicas de um dos nematóides parasitos do

intestino grosso do marsupial Didelphis marsupialis permitiram classificá-lo como

Aspidodera raillieti Travassos, 1913. Os dados morfométricos, obtidos por ML, de 7

machos são apresentados na tabela 6 e os de 5 fêmeas são apresentados na tabela 7. A

tabela 8 apresenta uma comparação entre os dados morfométricos obtidos neste trabalho e

os descritos na literatura.

Machos e fêmeas apresentam o corpo afilado em ambas as extremidades (Figs. 36,

39, 40 e 42). A cutícula apresenta estriações transversais ao longo de todo o corpo (Figs.

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47, 49, 50, 51, 52, 53, 55, 56, 57 e 58), exceto na extremidade cefálica, onde a cutícula

apresenta-se lisa (Figs. 43, 45 e 48).

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Tabela 6: Dados morfométricos dos machos de Aspidodera raillieti obtidos por microscopia de luz.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

♂ 1 ♂ 2 ♂ 3 ♂ 4 ♂ 5 ♂ 6 ♂ 7

Comprimento 6,76 8,51 5,83 6,9 8,05 6,85 5,5

Largura 0,32 0,38 0,30 0,32 0,35 0,30 0,35

Esôfago 1,2 1,00 0,97 0,93 0,92 0,94 1,76

Bulbo 0,27 0,23 0,24 0,22 0,27 0,24 0,24

Coifa cefálica 0,15 0,12 0,12 0,10 0,11 0,12 0,11

Gubernáculo 0,16 -------- 0,09 0,08 0,13 0,16 0,19

Espículos -------- 0,92–0,92 -------- 0,85–0,89 0,84–0,87 0,88–0,88 0,80–0,88

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l

Tabela 7: Dados morfométricos das fêmeas de Aspidodera raillieti obtidos por microscopia de luz.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

♀ 1 ♀ 2 ♀ 3 ♀ 4 ♀ 5

Comprimento 7,78 7,68 5,97 7,13 6,75

Largura 0,46 0,57 0,49 0,54 0,50

Coifa cefálica 0,14 0,15 0,16 0,17 0,14

Bulbo 0,27 0,29 0,25 0,31 0,26

Esôfago 1,29 1,30 1,02 1,12 0,82

Ovos (CxL) 0,042

x

0,065

0,044

x

0,070

0,044

x

0,065

0,044

x

0,063

0,040

X

0,067

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li

Tabela 8: Comparação dos dados morfométricos obtidos no presente trabalho com os descritos na literatura para Aspidodera raillieti.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

Aspidodera raillieti

Travassos, 1913

Aspidodera raillieti

Vicente, 1966

Aspidodera raillieti

Santos e cols.., 1990

Aspidodera raillieti

Presente estudo

♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀

Comprimento 4 – 5 5 – 6 6,34 – 6,82 5,72 – 6,52 2,99 – 10,31 5,01 – 12,32 5,5 – 8,51 5,97 – 7,78

Largura -------- -------- 0,31 – 0,39 0,34 – 0,42 0,15 – 0,61 0,28 – 0,81 0,30 – 0,38 0,46 – 0,57

Coifa cefálica -------- -------- 0,10 – 0,11 0,10 – 0,12 0,09 – 0,19 0,09 – 0,19 0,10 – 0,15 0,14 – 0,17

Esôfago 0,9 0,9 0,89 – 0,98 0,81 – 1,10 0,59 – 1,24 0,70 – 1,43 0,92 – 1,76 0,82 – 1,30

Bulbo 0,1 0,1 0,21 – 0,25 x

0,16 – 0,21

0,21 – 0,24 x

0,16 – 0,22

0,15 – 0,28 x

0,11 – 0,23

0,18 – 0,29 x

0,14 – 0,27

0,22 – 0,27 0,25 – 0,31

Espículos 0,76 -------- 0,80 – 0,84 -------- 0,55 – 1,04 -------- 0,80 – 0,92 --------

Gubernáculo 0,144 -------- 0,16 – 0,18 -------- 0,11 – 0,19 -------- 0,08 – 0,19 --------

Ovos -------- 0,050 x 0,037 -------- 0,052 – 0,070 x

0,030 – 0,040

-------- 0,059 – 0,072 x

0,030 – 0,046

-------- 0,040 – 0,070

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Na região anterior, a abertura oral é circundada por três lábios (Figs. 36, 37, 43, 45

48), sendo um dorsal e dois látero-ventrais, que se reúnem formando o vestíbulo bucal

(Figs. 43 e 45). Os lábios látero-ventrais apresentam um anfídeo e um par de papilas

dispostas paralelamente a este (Figs. 44 e 45). O lábio dorsal não apresenta papilas nem

anfídeo (Fig. 45) e possui duas projeções arredondadas laterais (Fig. 45). O lábio latero-

ventral esquerdo apresenta uma projeção digitiforme lateral e do outro lado sua face

interna apresenta um sulco (Fig. 45) para encaixe das projeções arredondadas do lábio

dorsal. O lábio látero-ventral direito apresenta de um lado um recorte arredondado onde,

aparentemente, a projeção digitiforme lateral do lábio látero-ventral esquerdo se encaixa

(Fig. 45). E do outro lado, este lábio apresenta um sulco para o encaixe das projeções

laterais arredondadas observadas no lábio dorsal (Fig. 45).

A face interna do vestíbulo bucal é envolvida por uma membrana cuticular que

apresenta a margem externa serrilhada (Figs. 43 e 45).

Por ML a extremidade cefálica apresenta uma dilatação cuticular adornada com

cordões descrevendo seis alças longitudinais (Figs. 36 e 37). Por MEV é possível observar

que essa região é formada pelos três lábios, cada um emitindo duas projeções delgadas

para a região posterior, que em conjunto com as três projeções da região do interlábio

formam um sulco profundo que circunda estas estruturas (Figs. 43 e 45).

A MEV evidenciou estriações cuticulares transversais ao longo do corpo que

começam posteriormente à dilatação cefálica, e nestas ocorrem diversas papilas de

tamanho bastante reduzido, distribuídas aleatoriamente (Fig. 47).

O esôfago apresenta um bulbo posterior (Fig. 36).

O poro excretor está localizado ventralmente no terço anterior do corpo onde foram

observadas papilas adjacentes (Figs. 48 e 49).

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liii

As fêmeas apresentam corpo alongado e robusto. No útero há a presença de

diversos ovos, de formato elíptico (Fig. 38), e a abertura da vulva (Figs. 38 e 51) situa-se

ventralmente, no terço final do corpo. O ânus (Figs. 39 e 52) encontra-se na extremidade

posterior e forma uma fissura transversal. A cauda afila-se gradualmente formando uma

projeção digitiforme (Figs. 39 e 53).

Os machos não apresentam asas caudais. Possuem a região posterior curvada

ventralmente (Figs. 41 e 54), com uma ventosa pré-cloacal de borda espessa e com uma

papila pedunculada posterior (Figs. 40, 41, 42 e 55). Apresentam um par de espículos

semelhantes na forma e de tamanhos sub-iguais (Figs. 40, 41, 42 e 54) e um

gubernáculo (Fig. 41). Utilizando MEV, foi possível observar que os espículos

apresentam a bainha com aspecto enrugado e uma fenda apical (Fig. 59). Também

observamos um par de papilas duplas (Fig. 58) e fasmídeo (Fig. 57) na extremidade

caudal.

A região caudal do macho apresenta numerosas papilas (Figs. 42, 54, 55, 56, 57 e 58),

estando a maior parte das papilas situadas ventro-lateralmente. No entanto, por MEV

observamos algumas papilas situadas dorsalmente. Por ML foram observadas 14 (sendo

9 pós-cloacais, 1 ad-cloacais e 4 pré-cloacais), 15 ( sendo 11 pós-cloacais, 2 ad-cloacais

e 2 pré-cloacais) e 19 ( sendo 10 pós-cloacais, 1 ad-cloacal e 8 pré-cloacais) pares de

papilas caudais, enquanto que por MEV, foram visualizadas 31 (sendo 14 pós-cloacais,

8 ad-cloacais e 9 pré-cloacais) e 41 (sendo 16 pós-cloacais, 10 ad-cloacais e 15 pré-

cloacais) pares de papilas caudais. A região distal da cauda do macho afila-se

abruptamente formando uma projeção digitiforme (Figs. 40, 41, 42, 54 e 57).

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Figs. 36 – 42: Microscopia de luz de Aspidodera raillieti. 36 – Região anterior

mostrando a extremidade cefálica com uma dilatação cuticular e o esôfago com bulbo

terminal (Barra 0,1mm). 37 – Visão geral da extremidade cefálica mostrando os

cordões cefálicos e os lábios (Barra 0,1 mm). 38 – Meio do corpo da fêmea (Barra 0,5

mm). 39 – Região posterior da fêmea mostrando o ânus e a projeção digitiforme da

extremidade caudal (Barra 0,5 mm). 40 – Região posterior do macho mostrando os

espículos, a ventosa, o ânus e a projeção digitiforme (Barra 0,5 mm). 41 – Vista lateral

da região posterior do macho mostrando o espículo, o gubernáculo, a ventosa e

projeção digitiforme (Barra 0,1 mm). 42 – Vista ventral da região posterior do macho

mostrando os espículos, a ventosa, a cloaca, a projeção digitiforme e as papilas

caudais (Barra 0,1 mm).

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Figs. 43 – 53 Microscopia eletrônica de varredura de Aspidodera raillieti. 43 – Visão

geral da coifa cefálica com dilatação cuticular apresentando lábios com duas projeções

delgadas para a região posterior (p) e a região do interlábio emitindo uma projeção em

direção a extremidade cefálica (i) (Barra 50µm). 44 – Detalhe do par de papilas (seta

fina) e do anfídeo (cabeça de seta vazada) dos lábios latero-ventrais (Barra 10 µm). 45

– Região anterior mostrando o vestíbulo com sua face interna revestida por uma

membrana cuticular com margem externa serrilhada (asterisco), os lábios emitindo

duas projeções delgadas (p), a região do interlábio emitindo uma projeção em direção

a extremidade cefálica (i), a região da dilatação cefálica com a cutícula lisa, as

projeções arredondadas do lábio dorsal (a), a projeção digitiforme do lábio latero-

ventral esquerdo (dP), lábio latero-ventral direito com um recorte arredondado lateral

(r), lábio latero-ventral esquerdo com um par de papilas (seta fina) e um anfídeo

(cabeça de seta vazada) (Barra 10µm). 46 – Detalhe da estrutura em forma de poro

(PL) no ápice do interlábio (Barra 5 µm). 47 – Detalhe das papilas (seta fina) presentes

abaixo da região da coifa cefálica e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra

10 µm). 48 – Visão geral da região anterior mostrando o poro excretor (EP) (Barra

50µm). 49 – Detalhe do poro excretor mostrando uma papila (seta fina) e estriações

cuticulares transversais (estrela) (Barra 10 50µm). 50 – Detalhe da linha lateral

mostando as estriações cuticulares transversais (estrela) desencontradas (Barra 5 µm).

51 – Detalhe da vulva mostrando estriações cuticulares transversais (estrela) (50 µm).

52 – Detalhe do ânus mostrando estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10

µm). 53 – Detalhe da projeção digitiforme (d) presente na ponta da cauda da fêmea e

mostrando estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10µm).

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lix

Figs. 54 – 59: Microscopia Eletrônica de Varredura do macho de Aspidodera raillieti .

54 – Região posterior do macho mostrando a projeção digitiforme (d), espículo (seta

larga cheia) e as papilas caudais (seta fina) (Barra 10µm). 55 – Detalhe da ventosa

(seta larga cheia) mostrando as papilas anteriores e posteriores (seta fina), a papila

(seta) presente na margem da ventosa e estriações cuticulares transversais (estrela)

(Barra 10µm). 56 – Detalhe da cloaca mostrando papilas ad-cloacais (seta fina) e

estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10µm). 57 – Região posterior do

macho mostrando a projeção digitiforme (d) na extremidade caudal, o fasmídeo (F),

numerosas papilas (seta fina) e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra

10µm). 58 – Detalhe da papila dupla (seta larga vazada) presente na extremidade

posterior do macho e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 5µm). 59 –

Detalhe do espículo mostrando a fenda apical (B) e a bainha de aspecto rugoso (Barra

5 µm).

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lx

4.3 Nematóides do gênero Aspidodera Railliet e Henry, 1912 encontrados em Didelphis

aurita

Através de análises morfológicas e morfométricas dos nematóides do gênero

Aspidodera parasitos do intestino grosso de Didelphis aurita foi possível observar a

presença de Aspidodera sp.

4.3.1 Aspidodera sp

Filo Nematoda

Classe Sercenentea

Ordem Oxyurata

Família Aspidoderidae

Gênero Aspidodera

Espécie Aspidodera sp.

Os dados morfométricos obtidos através de ML de 5 machos são apresentados na

tabela 9 e os de 10 fêmeas na tabela 10. A tabela 11 apresenta uma comparação entre os

dados obtidos no presente trabalho e dados descritos na literatura para uma das espécies

cuja morfometria mais se assemelhava.

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Tabela 9: Dados morfométricos dos machos de Aspidodera sp obtidos por microscopia de luz.

(As medidas são apresentadas em milímetros)

♂ 1 ♂ 2 ♂ 3 ♂ 4 ♂ 5

Comprimento 5,85 4,9 6,32 5,17 5,56

Largura 0,29 0,26 0,33 0,28 0,28

Esôfago 0,85 0,94 1,07 0,89 0,84

Bulbo (CxL)

0,21 x

0,16

0,21 x

0,21

0,20 x

0,23

0,21 x

0,17

0,21 x

0,17

Coifa Cefálica 0,10 0,11 0,13 0,11 0,12

Poro – Anterior ----- ----- ----- 0,54 0,48

Espículos 0,78 – 0,76 0,87 – 0,86 0,80 – 0,78 0,795 – 0,79 0,76 – 0,74

Gubernáculo 0,11 0,14 0,15 0,132 0,10

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lxii

Tabela 10: Dados morfométricos das fêmeas de Aspidodera sp obtidos por microscopia de luz. (As medidas são apresentadas em milímetros)

♀ 1 ♀ 2 ♀ 3 ♀ 4 ♀ 5 ♀ 6 ♀ 7 ♀ 8 ♀ 9 ♀ 10

Comprimento 4,91 5,6 6,5 6,66 6,00 5,95 6,55 5,72 6,07 6,32

Largura 0,32 0,48 0,45 0,37 0,38 0,36 0,38 0,38 0,38 0,42

Esôfago 0,93 0,95 1,15 1,08 1,00 0,99 1,05 0,96 1,00 0,94

Bulbo (CxL)

0,31 x

0,30

0,23 x

0,21

0,26 x

0,23

0,30 x

0,19

0,24 x

0,20

0,24 x

0,20

0,22 x

0,18

0,25 x

0,21

0,23 x

0,23

0,24 x

0,20

Coifa Cefálica 0,14 0,13 0,14 0,12 0,13 0,12 0,12 0,14 0,15 0,16

Vulva – Anterior 2,64 ----- ----- ----- ----- ----- ----- 3,22 3,57 3,74

Poro - Anterior ----- ----- ----- ----- ----- ----- ----- 0,59 ----- 0,50

Ovos (CxL)

----- ----- ----- 0,067 x

0,042

0,063 x

0,047

0,069 x

0,041

0,060 x

0,045

0,058 x

0,042

0,066 x

0,043

0,067 x

0,041

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lxiii

Tabela 11: Comparação dos dados morfométricos de Aspidodera sp obtidos no presente trabalho com os descritos na literatura para Aspidodera

raillieti. (As medidas são apresentadas em milímetros)

Aspidodera raillieti

Travassos, 1913

Aspidodera raillieti

Vicente, 1966

Aspidodera raillieti

Santos e cols., 1990

Aspidodera sp

Presente estudo

♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀

Comprimento 4 – 5 5 – 6 6,34 – 6,82 5,72 – 6,52 2,99 – 10,31 5,01 – 12,32 4,9 – 6,32 4,91 – 6,66

Largura -------- -------- 0,31 – 0,39 0,34 – 0,42 0,15 – 0,61 0,28 – 0,81 0,26 – 0,33 0,32 – 0,48

Coifa cefálica -------- -------- 0,10 – 0,11 0,10 – 0,12 0,09 – 0,19 0,09 – 0,19 0,10 – 0,13 0,12 – 0,16

Esôfago 0,9 0,9 0,89 – 0,98 0,81 – 1,10 0,59 – 1,24 0,70 – 1,43 0,84 – 1,07 0,93 – 1,15

Bulbo 0,1 0,1 0,21 – 0,25 x

0,16 – 0,21

0,21 – 0,24 x

0,16 – 0,22

0,15 – 0,28 x

0,11 – 0,23

0,18 – 0,29 x

0,14 – 0,27

0,20 – 0,21 x

0,16 – 0,23

0,22 – 0,31 x

0,18 – 0,30 Espículos 0,76 -------- 0,80 – 0,84 -------- 0,55 – 1,04 -------- 0,74 – 0,87 --------

Gubernáculo 0,144 -------- 0,16 – 0,18 -------- 0,11 – 0,19 -------- 0,10 – 0,15 --------

Ovos

-------- 0,050 x 0,037 -------- 0,052 – 0,070 x

0,030 – 0,040

-------- 0,059 – 0,072 x

0,030 – 0,046

-------- 0,058 – 0,069 x

0,041 – 0,047

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Utilizando ML, observamos que a região anterior, de machos e fêmeas, é formada por

três lábios e com uma dilatação cuticular em forma de coifa adornada com cordões

cefálicos (Figs. 60, 61, 65 e 67). Ao observar esta mesma região utilizando MEVfoi

possível observar que a extremidade cefálica era formada por três lábios, um dorsal e dois

látero-ventrais, cada qual emitindo duas projeções delgadas em direção a região posterior

(Figs. 65 e 67). Nos lábios látero-ventrais foram observados um par de papilas e um

anfídeo (Figs. 65 e 67). Observamos um nódulo papiliforme localizado acima do anfídeo

nos lábios látero-ventrais (Fig. 67). No lábio látero-ventral esquerdo, observamos uma

projeção cuticular membranosa lateral que se encaixa no lábio látero-ventral direito (Figs.

65 e 67). O lábio látero-ventral direito apresenta duas projeções agudas laterais que se

encaixam nos lábios látero-ventral esquerdo e dorsal, respectivamente (Fig. 65). O lábio

dorsal apresenta duas projeções laterais (Fig. 65). As projeções interlabiais são robustas e

possuem uma base larga que vai se estreitando em direção ao ápice (Figs. 65 e 66). No

ápice das projeções interlabiais observamos estruturas em forma de poro (Figs. 65 e 66).

Possuem abertura oral triangular (Figs. 65 e 67).

Na margem interna de cada lábio foram observadas projeções cuticulares com aspecto

membranoso que recobrem o vestíbulo bucal e que parecem poder fechar a abertura oral

(Figs. 65 e 67).

Por MEV, observamos que machos e fêmeas possuem a superfície cuticular apresentando

aspecto liso na região cefálica (Figs. 65 e 67) e esta se torna estriada transversalmente após

esta região (Figs. 68, 69, 71, 73 e 73).

O poro excretor está localizado ventralmente no terço anterior do corpo (Fig. 60). O

esôfago apresenta um bulbo posterior (Fig. 60). O intestino apresenta uma projeção

piriforme na sua porção anterior (Fig. 60).

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lxv

Nas fêmeas a cauda torna-se afilada gradativamente terminando em uma projeção

digitiforme (Fig. 62). A vulva apresenta uma estrutura em forma de “flap” e três pares

de papilas em sua região lateral (Fig. 68). Há presença de ovos, de formato elíptico, no

útero. O ânus situa-se ventralmente e localiza-se na extremidade caudal, formando uma

fenda transversal (Figs. 62 e 69).

Os machos apresentam a cauda curvada ventralmente (Figs. 64 e 70), uma ventosa pré-

cloacal de borda espessa (Figs. 63, 64, 70 e 72), um par de espículos de forma e

tamanho semelhantes (Figs. 63, 64 e 70) e um gubernáculo (Figs. 63, 64 e 71). Possuem

papilas caudais sésseis e pedunculadas (Figs. 63, 64, 70, 71, 72 e 73). Por MEV

observamos 25 pares de papilas caudais apenas na região lateral da cauda dos machos. e

uma projeção digitiforme na extremidade caudal (Figs. 63, 64 e 70). Foi observada uma

papila única na borda inferior da ventosa (Fig. 72). A cloaca também apresenta uma

borda, com um par de papilas e apresenta projeções cuticulares de aspecto membranoso

(Figs. 71 e 73). Observamos que a ponta dos espículos apresenta-se lanceolada (Fig.

70). O gubernáculo apresenta a forma de calha (Figs. 63, 64 e 71).

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lxvii

Figs. 60 – 64: Microscopia de luz de Aspidodera sp. 60 – Visão geral da região

anterior mostrando a coifa cefálica, o poro excretor, o esôfago com um bulbo

posterior e o intestino com uma projeção piriforme em sua porção anterior (Barra 0,1

mm). 61 – Detalhe da coifa cefálica mostrando os três lábios (Barra 0,1). 62 –

Detalhe da região posterior da fêmea mostrando o ânus (Barra 0,5 mm). 63 – Vista

ventral da região posterior do macho mostrando a ventosa, a cloaca, os espículos, o

gubernáculo, a projeção digitiforme e as papilas caudais (Barra 0,1 mm). 64 – Vista

lateral da região posterior do macho mostrando a ventosa, os espículos, o

gubernáculo, a projeção digitiforme e papilas caudais (Barra 0,1 mm).

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lxix

Figs. 65 – 69: Microscopia Eletrônica de Varredura de Aspidodera sp. 65 – Visão

geral da coifa cefálica mostrando lábios com duas projeções delgadas para a região

posterior (p) e a região do interlábio emitindo uma projeção em direção a extremidade

cefálica (i), um par de papilas (seta fina) e um anfídeo (cabeça de seta vazada) nos

lábios latero-ventrais, lábio dorsal com duas projeções arredondadas laterais (a), lábio

latero-ventral direito com duas projeções agudas (Pa), lábio latero-ventral esquerdo

com uma projeção cuticular membranosa (seta larga) e vestíbulo bucal revestido por

uma mambrana cuticular (asterisco) (Barra 10 µm). 66 – Detalhe da estrutura em

forma de poro (Pl) presente no ápice do interlábio (Barra 5 µm). 67 – Detalhe da

região apical dos lábios mostrando o par de papilas (seta fina), o anfídeo (cabeça de

seta vazada) e o nódulo papiliforme (cabeça de seta cheia) presente nos lábios latero-

ventrais, a projeção membranosa do lábio latero-ventral esquerdo e o vestíbulo bucal

revestido por uma membrana cuticular (asterisco) (Barra 10 µm). 68 – Detalhe da

vulva com uma estrutura em forma de flap e com papilas (seta fina) ao redor e

estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10 µm). 69 – detalhe do ânus e das

estriações cuticulares transversais (estrela)(Barra 10 µm).

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Figs. 70 – 73: Microscopia Eletrônica de Varredura do macho de Aspidodera sp. 70 –

Visão geral da cauda do macho mostrando a ventosa, o par de espículos (S) com a

ponta lanceolada, a projeção digitiforme (d) e papilas caudais (seta fina) (Barra 50

µm). 71 – Vista lateral da cloaca mostrando o gubernáculo (g), papilas ad-cloacais

(seta fina) e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10 µm). 72 – Detalhe da

ventosa mostrando a papilas caudais (seta fina), a papila pedunculada presente na

borda da ventosa (seta fina) e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10

µm). 73 – Detalhe da cloaca mostrando as membranas que a compõe, papilas ad-

cloacais (seta fina) e estriações cuticulares transversais (estrela) (Barra 10 µm).

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lxxiii

5 DISCUSSÃO

Os nematóides da família Aspidoderidae são classificados principalmente pelas

características morfológicas presentes na região anterior. A presença de cordões cefálicos

na extremidade anterior e a continuidade destes cordões é critério de separação das

subfamílias presentes na família Aspidoderidae. Os nematóides da subfamília

Aspidoderinae, representada pelo gênero Aspidodera, apresentam cordões cefálicos

contínuos na região anterior. Os nematóides da subfamília Lauroiinae, representada pelos

gêneros Lauroia, Nematomystes e Proencaia (Jiménez-Ruiz e cols., 2008), apresentam

como principais características placas cefálicas na região anterior e cordões cefálicos que

não são contínuos. Estas características são facilmente observadas ao microscópio de luz e

constituem a base principal de classificação desta família.

Um dos principais critérios de classificação dos nematóides do gênero Aspidodera é

a região anterior apresentar uma dilatação cuticular em forma de coifa adornada com

cordões cefálicos que descrevem de seis a nove alças de convexidade anterior (Santos e

cols., 1990; Proença, 1937; Vicente, 1966). A morfologia da coifa cefálica, a forma e o

número de cordões cefálicos são características utilizadas para classificar as espécies do

gênero Aspidodera.

Ao analisar a região cefálica dos nematóides do gênero Aspidodera, por MEV,

observamos que a coifa cefálica apresenta um aspecto diferente do observado ao

microscópio de luz. Por MEV é possível realizar uma análise detalhada desta região e

observar que os lábios são formados por diversas projeções cuticulares e algumas destas

projeções parecem estar sobrepostas ao corpo e separadas por um sulco, o que confere o

aspecto de cordões cefálicos contínuos quando observados por ML.

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lxxiv

Dentre as espécies presentes no gênero Aspidodera, apenas A. scoleciformes e A.

fasciata foram encontradas parasitando Myrmecophaga trydactila (Santos e cols., 1990;

Vicente, 1966). Os dados morfométricos dos nematóides parasitos de M. trydactila obtidos

no presente estudo não permitiriam a classificação destas espécies como sendo A.

scoleciformes e A. fasciata. Nos dados obtidos no presente estudo para estes nematóides

foram observadas diferenças marcantes no comprimento do corpo, comprimento do

esôfago e tamanho dos espículos e a comparação com os dados presentes na literatura por

ML não permitiram a classificação destes nematóides em nenhuma espécie já descrita do

gênero. No entanto, após a análise da morfologia da coifa cefálica por MEV foi possível

obter a classificação correta e precisa destes nematóides como sendo A. scoleciformes e A.

fasciata. Aspidodera scoleciformes difere das outras espécies do gênero por possuir

cordões cefálicos com alças apresentando um padrão arredondado e trapezoidal em suas

extremidades. Esse padrão de alças dos cordões cefálicos ocorre devido aos lábios serem

formados por duas projeções arredondadas e uma projeção retangular. Aspidodera fasciata

caracteriza-se por apresentar uma coifa cefálica longa, assim como A binansata,

diferenciando-se desta pelo tamanho da projeção digitiforme caudal e pela ausência de

cristas laterais (Santos e cols., 1990).

Ao estudarmos os nematóides encontrados em D. marsupialis e D. aurita utilizando

ML, acreditávamos tratar-se da mesma espécie. Mas ao observarmos por MEV vimos que

na verdade tratava-se de duas espécies distintas e com grandes variações morfológicas. A

tabela 12 apresenta os dados morfométricos obtidos por ML para A. raillieti, para

Aspidodera sp. e os dados descritos na literatura para A. raillieti. Apesar de apresentarem

uma morfometria semelhante, vistos por MEV apresentam diferenças como o formato da

coifa cefálica, o formato das projeções interlabiais, a presença de inúmeras papilas

pedunculadas na região posterior, e a variação no número de papilas caudais nos machos.

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Tabela 12: Comparação dos dados morfométricos obtidos no presente trabalho com os descritos na literatura para Aspidodera raillieti. (As medidas são apresentadas em milímetros)

A. raillieti

Travassos, 1913

A. raillieti

Santos et al., 1990

A. raillieti

Chagas-Moutinho et al., 2007

Aspidodera sp parasita

Presente estudo

♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀

Comprimento 4 – 5 5 – 6 2,99 – 10,31 5,01 – 12,32 5,5 – 8,51 5,97 – 7,78 4,9 – 6,32 4,91 – 6,66

Largura -------- -------- 0,15 – 0,61 0,28 – 0,81 0,30 – 0,38 0,46 – 0,57 0,26 – 0,33 0,32 – 0,48

Coifa cefálica -------- -------- 0,09 – 0,19 0,09 – 0,19 0,10 – 0,15 0,14 – 0,17 0,10 – 0,13 0,12 – 0,16

Esôfago 0,9 0,9 0,59 – 1,24 0,70 – 1,43 0,92 – 1,76 0,82 – 1,30 0,84 – 1,07 0,93 – 1,15

Bulbo (CxL)

0,1 0,1 0,15 – 0,28 x

0,11 – 0,23

0,18 – 0,29 x

0,14 – 0,27

0,22 – 0,27 0,25 – 0,31 0,20 – 0,21 x

0,16 – 0,23

0,22 – 0,31 x

0,18 – 0,30 Espículos 0,76 -------- 0,55 – 1,04 -------- 0,80 – 0,92 -------- 0,74 – 0,87 --------

Gubernáculo 0,144 -------- 0,11 – 0,19 -------- 0,13 – 0,19 -------- 0,10 – 0,15 --------

Ovos (CxL)

-------- 0,050 x

0,037

-------- 0,059 – 0,072 x

0,030 – 0,046

-------- 0,040 x

0,070

-------- 0,058 – 0,069 x

0,041 – 0,047

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De acordo com o trabalho de re-descrição de A. raillieti (Chagas-Moutinho e cols.,

2007), discordamos que a espécie considerada por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008)

seja A. raillieti. A espécie descrita por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008) como sendo

A. raillieti se assemelha a nossa descrição de Aspidodera sp. E, neste mesmo trabalho,

Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008) transfere A. raillieti para o gênero Nematomystes

ficando assim Nematomystes raillieti (Travassos, 1913). O critério utilizado para a

transferência de gênero foi a presença de uma papila no ápice das projeções interlabias e o

fato de as papilas presentes nos lábios látero-ventrais serem voltadas para o lábio dorsal.

Discordamos da transferência de A. raillieti para o gênero Nematomystes, pois, as

estruturas utilizadas por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008) para a transferência de

gênero foram observadas, no presente estudo, em outras espécies do gênero Aspidodera.

As papilas presentes nos lábios látero-ventrais de A. scoleciformes, A. fasciata e

Aspidodera sp. estão dispostas na margem dorsal dos lábios, assim como ocorre na espécie

estudada por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008). Também observamos a presença de

uma estrutura em forma de poro no ápice das projeções interlabiais de A. scoleciformes e

Aspidodera sp. Estas estruturas foram descritas por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2008)

como sendo papilas.

Utilizando MEV foi possível realizar uma análise mais detalhada da

microtopografia destas espécies permitindo adicionar novos dados para a classificação

taxonômica do gênero Aspidodera.

Vicente (1966) descreveu a presença de um par de pequenas papilas presentes nos

lábios como característica da subfamília Aspidoderinae. Chagas-Moutinho e colaboradores

(2007) descreveram a presença de um par de papilas e um anfídeo nos lábios látero-

ventrais de A. raillieti. Jiménez-Ruiz e colaboradores (2006) descreveram a presença de

um anfídeo, uma papila na margem dorsal e uma papila circular mediana nos lábios látero-

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lxxvii

ventrais além de uma papila em cada margem do lábio dorsal de A. soganderesi. No

presente estudo, encontramos em A. scoleciformes e em A. fasciata um anfídeo e uma

papila nos lábios látero-ventrais. Em A. raillieti e Aspidodera sp. encontramos um par de

papilas e um anfideo nos lábios látero-ventrais. Em nenhuma das espécies estudadas

encontramos papilas no lábio dorsal. Em A. fasciata e Aspidodera sp. encontramos um

nódulo papiliforme nos lábios látero-ventrais. Este nódulo é bem evidente em A. fasciata e

se assemelha à papila circular mediana descrita por Jiménez-Ruiz e colaboradores (2006)

em A. soganderesi. Estas estruturas foram observadas apenas ao microscópio eletrônico de

varredura.

Cada espécie apresenta variações nas estruturas que formam a coifa. Jiménez-Ruiz

e colaboradores (2006) relataram a presença de uma projeção digitiforme no lábio látero-

ventral esquerdo de A. soganderesi. Em nossas análises observamos que esta projeção

estava presente em todas as quatro espécies estudadas. No entanto, observamos uma

variação na morfologia desta projeção. Em A. scoleciformes e em A. fasciata, esta projeção

apresenta um padrão serrilhado. Já em A. raillieti e Aspidodera sp. esta projeção apresenta-

se mais arredondada.

Utilizando MEV, machos e fêmeas apresentaram pequenas papilas presentes na

região abaixo da coifa cefálica e outras próximas ao poro excretor. Estas papilas foram

primeiramente descritas por Chagas-Moutinho e colaboradores (2007) em A. raillieti e, no

presente estudo, observamos estas papilas em todas as espécies estudadas. Observamos

também, em A. fasciata e em Aspidodera sp., papilas presentes próximas à vulva e ao ânus.

As estriações cuticulares transversais são uma característica marcante dos

nematóides. No presente estudo observamos que as estriações cuticulares transversais em

A. raillieti são desencontradas e iniciam-se logo abaixo da coifa cefálica, que apresenta a

cutícula lisa.

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lxxviii

Utilizando MEV, observamos, em A. raillieti e em Aspidodera sp., a presença de

um par de papilas duplas na extremidade posterior dos machos. Em A. raillieti também foi

possível observar que os espículos apresentam uma fenda apical e sua bainha apresenta-se

enrugada.

Outra característica muito utilizada na classificação das espécies do gênero

Aspidodera é o número e distribuição das papilas caudais presentes nos machos.

Na descrição original de A. raillieti, Travassos (1913) observou 10 pares de papilas

caudais. Em estudos posteriores Proença (1937), Caballero e Cerecero (1944), Vicente

(1966) e Santos e colaboradores (1990) observaram 18, 17, 13 e 18 pares de papilas

caudais, respectivamente. Em nossos estudos foram observados 14, 15 e 19 pares de

papilas caudais em A. raillieti, utilizando ML. Esses resultados corroboram os dados

anteriormente descritos na literatura. Porém, ao analisarmos os espécimes de A. raillieti

por MEV foi possível observar 31 e 41 pares de papilas caudais, adicionando novos dados

à literatura. Vicente (1966) observou 30 pares de papilas caudais em A. fasciata. O mesmo

foi observado por Santos e colaboradores (1990). Fujita e colaboradores (1995)

observaram 36 pares de papilas caudais em A. fasciata. No presente trabalho, foram

observados, utilizando MEV, 52 pares de papilas caudais em A. fasciata. Proença (1937),

Santos e colaboradores (1990) e Fujita e colaboradores (1995) observaram 32, 21 e 42

pares de papilas caudais, respectivamente. No presente estudo observamos 30 pares de

papilas caudais em A. scoleciformes. Observamos, em Aspidodera sp. 25 pares de papilas

caudais. A variação no numero de papilas caudais deve-se ao seu posicionamento e

tamanho, sendo algumas papilas com tamanhos muito reduzidos e de difícil visualização

ao microscópio de luz, sendo observadas apenas por MEV. Sendo assim, o número e

distribuição das papilas caudais dos machos não devem ser utilizados como critério

principal para classificação das espécies do gênero Aspidodera.

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O uso da MEV nos permitiu uma análise mais precisa das estruturas que compõem

a extremidade cefálica dos nematóides do gênero Aspidodera possibilitando a adição de

novos caracteres taxonômicos para a classificação dos nematóides deste gênero. Deste

modo, o uso da MEV associado à ML é uma ferramenta que nos permite conhecer melhor

a morfologia dos nematóides, elucidando diversos caracteres, como foi ressaltado no

presente trabalho.

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6 CONCLUSÕES

- O estudo de Aspidodera scoleciformes e de Aspidodera fasciata por MEV

demonstrou a presença de uma papila e de um anfídeo nos lábios látero-ventrais.

- O estudo de Aspidodera raillieti e de Aspidodera sp. por MEV demonstrou a

presença de um par de papilas e de um anfídeo nos lábios látero-ventrais.

- Foi observada uma estrutura em forma de poro ápice das projeções interlabiais em

Aspidodera scoleciformes, em Aspidodera raillieti e em Aspidodera sp.

- Aspidodera scoleciformes, Aspidodera fasciata, Aspidodera raillieti e Aspidodera

sp. apresentam pequenas papilas distribuídas aleatoriamente ao longo do corpo.

- A microscopia eletrônica de varredura evidenciou a presença de pequenas papilas

localizadas próximas à vulva e ao ânus em Aspidodera fasciata e em Aspidodera

sp.

- O uso de MEV permitiu uma descrição detalhada dos espículos de Aspidodera

raillieti .

- O uso de microscopia de luz associada à microscopia eletrônica de varredura

permitiu uma análise mais detalhada de caracteres taxonômicos do gênero

Aspidodera possibilitando a adição de novos caracteres para a classificação mais

precisa dos nematóides deste gênero.

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8 ANEXO

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