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337 ISSN 1679-1614 1 Recebido em: 16/09/09; Aceito em: 21/12/09. 2 Economista pela Unioeste/Campus– Toledo. Mestranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio – Unioeste/Campus – Toledo. E-mail: [email protected]. 3 Economista pela Unioeste/Campus – Toledo. Mestranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio – Unioeste/Campus – Toledo. E-mail: [email protected]. 4 Economista pela Unioeste/Campus – Toledo. Mestranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio – Unioeste/Campus – Toledo. E-mail: [email protected]. 5 Doutor em Economia Aplicada pela ESALQ/USP. Professor Associado da Unioeste/Campus – Toledo. E-mail: [email protected] ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DO SETOR EXTERNO SUCROALCOOLEIRO BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DE 1999 A 2007 1 Rubiane Daniele Cardoso 2 Kátia Fabiane Rodrigues 3 Vanessa de Souza Dahmer 4 Pery Francisco Assis Shikida 5 Resumo: Esta pesquisa objetivou verificar o desempenho do setor externo sucroalcooleiro brasileiro, de 1999 a 2007. Foram utilizados dois indicadores de comércio internacional, quais sejam, o Índice de Abertura de Comércio (O i ) e o Índice de Desenvolvimento do Setor Externo (SX i ). Como corolário, foi constatado que o grau de abertura do comércio, no período, obteve níveis intermediários. O setor sucroalcooleiro apresentou, em vários anos, alta vulnerabilidade, no entanto, a análise demonstrou que o setor está procurando maior inserção no comércio internacional, porquanto apresentou tendência crescente no volume de comércio. Palavras-chave: sucroalcooleiro, índices de desempenho, comércio internacional, Brasil. 1. Introdução No Brasil, a cana-de-açúcar ocupa cerca de 7 milhões de hectares ou cerca de 2% de toda a terra arável do país, que é o maior produtor mundial, seguido por Índia, Tailândia e Austrália. As regiões de cultivo são Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Nordeste, com duas safras por ano.

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Rubiane Daniele Cardoso, Kátia Fabiane Rodrigues,Vanessa de Souza Dahmer & Pery Francisco Assis Shikida

337

ISSN 1679-1614

1 Recebido em: 16/09/09; Aceito em: 21/12/09.2 Economista pela Unioeste/Campus– Toledo. Mestranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio –

Unioeste/Campus – Toledo.E-mail: [email protected].

3 Economista pela Unioeste/Campus – Toledo. Mestranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio –Unioeste/Campus – Toledo. E-mail: [email protected].

4 Economista pela Unioeste/Campus – Toledo. Mestranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio –Unioeste/Campus – Toledo. E-mail: [email protected].

5 Doutor em Economia Aplicada pela ESALQ/USP. Professor Associado da Unioeste/Campus – Toledo.E-mail: [email protected]

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DO SETOREXTERNO SUCROALCOOLEIRO

BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DE 1999 A 20071

Rubiane Daniele Cardoso2

Kátia Fabiane Rodrigues3

Vanessa de Souza Dahmer4

Pery Francisco Assis Shikida5

Resumo: Esta pesquisa objetivou verificar o desempenho do setor externosucroalcooleiro brasileiro, de 1999 a 2007. Foram utilizados dois indicadores de comérciointernacional, quais sejam, o Índice de Abertura de Comércio (O

i) e o Índice de

Desenvolvimento do Setor Externo (SXi). Como corolário, foi constatado que o grau de

abertura do comércio, no período, obteve níveis intermediários. O setor sucroalcooleiroapresentou, em vários anos, alta vulnerabilidade, no entanto, a análise demonstrou queo setor está procurando maior inserção no comércio internacional, porquanto apresentoutendência crescente no volume de comércio.

Palavras-chave: sucroalcooleiro, índices de desempenho, comércio internacional, Brasil.

1. Introdução

No Brasil, a cana-de-açúcar ocupa cerca de 7 milhões de hectares oucerca de 2% de toda a terra arável do país, que é o maior produtormundial, seguido por Índia, Tailândia e Austrália. As regiões de cultivosão Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Nordeste, com duas safras por ano.

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Portanto, durante todo o ano, o Brasil produz açúcar e etanol para osmercados interno e externo (UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR – UNICA, 2009).

Conforme Shikida (1998), com a implementação do Programa Nacionaldo Álcool (PROÁLCOOL), a agroindústria canavieira passou por trêsfases distintas de desempenho. A primeira (1975 a 1979) foi caracterizadapelo crescimento moderado, na qual prevalecia o modelo subvencionistacomo padrão de sobrevivência, destacando a produção de álcool anidro;a segunda (1980 a 1985), pela expansão acelerada, destacando a produçãode álcool hidratado; e a terceira (1986 a 1995), pela desaceleração epela crise do Programa, e o setor, como um todo, entrou num processode desregulamentação estatal (a partir de 1990, com a extinção do Institutodo Açúcar e do Álcool - IAA). Contudo, a redução da ação estatal deu-se em ritmo gradual, iniciando com a liberação das exportações de seusprodutos, passando por liberações dos preços do açúcar de vários tipos edo etanol anidro e foi concluída com a liberação dos últimos preços, queainda eram mantidos sob controle oficial (cana, açúcar standard e etanolhidratado) (ALVES, 2002). Nesse caso, um novo modelo degerenciamento que fosse mais adequado aos princípios do Estadomoderno, indutor da melhoria da qualidade, tornou-se necessário.

Destarte, considerando a evolução da agroindústria canavieira no Brasil6,pode-se dizer que, depois da desregulamentação setorial, este é o momentode expansão para o setor, posto que contribui para ampliar acompetitividade setorial. Isso porque, com o fim do controle estatal, asusinas e destilarias tiveram que se adaptar ao livre mercado e caminharsem os incentivos, os subsídios e a coordenação do Estado. Nesse contexto,os atores passaram a procurar desenvolver competências, visando àgeração de vantagens técnicas que lhes permitissem se manter naatividade, de maneira sustentável (PAULILLO et al., 2007).

6 Para uma revisão de literatura sobre a evolução da agroindústria canavieira brasileira ver, dentre outros:Szmrecsányi (1979); Moraes e Shikida (2002); Buainain e Batalha (2006); Unica (2007); Neves e Conejero(2007); e Goes et al. (2008).

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Cumpre dizer que “um regime de maior liberdade de atuação deveráaumentar a participação no mercado das empresas mais eficientes que amédia e, com isso, tornar o setor mais rentável” (FERNANDES eCOELHO, 1996, p.154). Embora a agroindústria canavieira nacional sejatecnicamente qualificada e tenha menores custos de produção do mundo,além de contar com bom potencial para aumento da produção, faz-semister verificar o desempenho do setor externo sucroalcooleiro brasileiro.Assim, o foco deste estudo está em analisar, por meio dos indicadores decomércio internacional [Índice de Abertura de Comércio (O

i) e Índice

de Desenvolvimento do Setor Externo (SXi)], o desempenho do setor

externo sucroalcooleiro, no período de 1999 a 2007. Não obstante, aoestudar o setor em epígrafe, procurar-se-á constatar elementos que ocaracterize, obtendo informações adicionais que poderão servir desubsídios para futuras tomadas de decisões.

Isto posto, este artigo encontra-se dividido em quatro seções, incluídaesta introdução. Na seção seguinte, é exposta a metodologia que norteiaa presente pesquisa, bem como os principais fatos ocorridos no cenáriode análise. Na terceira, são apresentados os resultados e as discussões.As considerações finais, na quarta seção, sintetizam esta pesquisa.

2. Metodologia

Para contemplar o escopo deste estudo, utilizaram-se os índices quemedem a abertura comercial (subseção 2.1.) e o desempenho do setorexterno (subseção 2.2.), na tentativa de avaliar o contexto internacionaldeste e os avanços na inserção no mercado global. Primeiramente,abordou-se o Índice de Abertura de Comércio (O

i), proposto por Edwards

(1998), que analisa a relação do Volume de Comércio (VC) (exportaçãosomada à importação) de um setor (podendo ser de um país) com oProduto Interno Bruto (PIB) – nesse caso, considera-se o PIB do setorsucroalcooleiro (mas pode ser de um país), mensurando o nível deliberalização do comércio. Posteriormente, abordou-se o índice para oestudo do comércio internacional, de Ruiz (2004) – denominado Índice

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de Desenvolvimento do Setor Externo (SXi), que complementa a análise

do primeiro, pois mede a liberalização do comércio e a mobilidade deinvestimentos estrangeiros, simultaneamente. É importante destacar queos índices, citados anteriormente, ainda não foram aplicados a nenhumsetor produtivo da economia brasileira, o que ressalta o ineditismo destapesquisa.

Outrossim, foram explorados os dados secundários extraídos dasreferências que tratam da questão internacional do setor sucroalcooleirobrasileiro. Procurou-se avaliar o seu desempenho a partir da análise deuma série de dados (subseção 2.3.), obtidos em fontes como a União daIndústria de Cana-de-açúcar – UNICA (2009), a Companhia Nacionalde Abastecimento – CONAB (2009) e o Banco Central do Brasil –BACEN (2008).

2.1. O Índice de Abertura de Comércio (Oi)

O Oi estuda a relação entre o VC - que seria a soma das exportações e

importações (X+M) - e o PIB (EDWARDS, 1998). Nesse sentido, o Oi

mede o nível de liberalização do comércio, bem como a orientação dapolítica comercial. Seu objetivo é apontar qual a real participação dosetor externo no produto doméstico, ou seja, quão aberta ao mercadomundial está uma economia. Seu valor varia de 0 a 100%, ou seja, quantomais perto de 100%, maior o grau de abertura da economia analisada.Este índice é definido por:

%100)( ×+=

PIB

MXOi . (1)

2.2. O Índice de Desenvolvimento do Setor Externo (SXi)

O SXi está também ligado ao Índice de Abertura Comercial, O

i. A

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diferença entre esses dois indicadores é o fato de ao SXi acrescentar a

taxa de crescimento do comércio, representada pela Taxa de Variaçãodo VC (∆VC = Taxa de Variação da Exportação mais Taxa de Variaçãoda Importação) e a Taxa de Variação do Investimento Estrangeiro Direto(∆IED). Elucidando melhor, o VC é igual à soma do fluxo de exportação(Free On Board - FOB) mais o fluxo de importação (Cost Insuranceand Freight - CIF). O investimento é representado pela variação domontante entre os anos a serem analisados. O cálculo do SX

i, segundo

Ruiz (2004), requer quatro passos, quais sejam:

1º passo - Taxa de Variação do Volume de Comércio (∆VC):

n

nn

MX

MXMXVC

)(

)()( 1

++−+=∆ +

. (2)

2º passo - Taxa de Variação do Investimento Estrangeiro Direto (∆IED):

n

nn

IED

IEDIEDIED

)(

)()( 1−=∆ +. (3)

3º passo - Taxa de Variação do Produto Interno Bruto (∆PIB):

n

nn

PIB

PIBPIBPIB

)(

)()( 1−=∆ +. (4)

4º passo - SXi é igual à soma da ∆VC e da ∆IED dividido pela ∆PIB, ou

seja,

%100)( ×

∆∆+∆=

PIB

IEDVCSXi . (5)

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2.2.1. Aspectos da análise do Índice de Desenvolvimento do SetorExterno (SX

i)

Ao explicitar alguns pontos pertinentes a esta discussão, são separadasas três categorias de vulnerabilidade da análise do SX

i:

1º) A alta vulnerabilidade ocorrerá sempre que a Variável Principal doComércio (ES

i)7 e a ∆PIB estiverem localizadas nos seguintes parâmetros

(+ESi / +∆PIB) ou (-ES

i / -∆PIB) ou (ES

i = 0 / ∆PIB = 0), então, o SX

i

poderá ser classificado dentro da categoria de alta vulnerabilidade . Aalta vulnerabilidade indica que a ES

i e o PIB possuem mudanças na

mesma direção e que podem estar fortemente ligados.

2º) A vulnerabilidade normal acontecerá sempre que a ESi e a ∆PIB

estiverem localizadas dentro dos parâmetros (+ESi / -∆PIB) ou (+ES

i /

∆PIB = 0), então, o SXi poderá ser classificado dentro da categoria de

vulnerabilidade normal. A categoria de vulnerabilidade normal pode indicarque a ES

i cresce mais rapidamente que o PIB, o que demonstra que,

apesar de o setor externo depender da tendência do comércio mundial,este não afeta, de maneira significativa, o PIB.

3º) Haverá baixa vulnerabilidade sempre que a ESi e a ∆PIB estiverem

localizadas dentro dos parâmetros (-ESi / +∆PIB) ou (-ES

i / ∆PIB = 0)

ou (ESi = 0 / +∆PIB) ou (ES

i = 0 / -∆PIB); então, o SX

i poderá ser

classificado dentro da categoria de baixa vulnerabilidade. A categoria debaixa vulnerabilidade pode mostrar como a ES

i cresce lentamente em

relação ao crescimento do PIB, o que mostrará que o setor externo nãoé o fator principal que afeta o crescimento do PIB de qualquer setor.

7 Sendo a ESi = ∆VC (variação do Volume de Comércio) + ∆IED (variação do Investimento Estrangeiro Direto).

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2.3. Principais fatos ocorridos no cenário de análise

Antes de pormenorizar os resultados dos indicadores do desempenho docomércio internacional do setor sucroalcooleiro, é necessário destacaralguns dos fatos importantes que ocorreram neste cenário. A agroindústriacanavieira vivenciou dois momentos importantes, de 1999 a 2007. Oprimeiro, na década de 90, com a extinção do IAA, portanto, o início dadesregulamentação do setor. No ano de 1999, recrudesce o regimecambial flexível no Brasil.

Segundo Barros e Moraes (2002), a desregulamentação da agroindústriacanavieira alterou o ambiente institucional, o que trouxe a necessidadede articulação e coordenação entre os agentes da cadeia produtiva,ocasionando mudanças significativas nos papeis que, anteriormente, oEstado assumia. Citam-se aqui, por exemplo, as funções de planejamentoe comercialização. Já a política de liberalização do câmbio acarretou adesvalorização da moeda brasileira, elevando a competitividade domercado interno e favorecendo, entre outros, o setor exportador de açúcar(AGÊNCIA DE INFORMAÇÃO EMBRAPA – CANA-DE-AÇÚCAR, 2009).

O Brasil, no tocante ao mercado, tem a característica de tomador depreços, pois suas exportações não determinam os preços do açúcar nomercado internacional. Alguns fatores que colocam o país nessa posiçãosão a força de outros grandes exportadores, as políticas protecionistas ea substituição do açúcar por outros produtos similares.

Nesse contexto setorial sucroalcooleiro, as unidades produtoras de álcoolapostaram nas montadoras de veículos bicombustíveis e na tendência docrescimento do preço mundial do petróleo. Já no médio prazo, asexpectativas dos produtores de etanol estão na consolidação do mercadoexterno. No período de 2004/2005, o Brasil exportou 2,4 bilhões de litrosde álcool (AGÊNCIA DE INFORMAÇÃO EMBRAPA – CANA-DE-AÇÚCAR, 2009).

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No ambiente político, como oportunidades para o setor sucroalcooleirotêm-se uma possível reaproximação com os Estados Unidos, medianteredução tarifária; o uso de etanol em outros países; e a redução do ICMSdos estados do Brasil, o que influencia o preço do álcool. Ao revés, asameaças podem ocorrer com o levantamento de barreiras tarifárias eambientais, com a padronização visando à exportação e com as legislaçõestrabalhistas e ambientais. No ambiente econômico, algumas dasoportunidades são o crescimento da frota dos veículos flex, especialmenteno Brasil; a exportação da tecnologia e a expertise na área agroindustrialcanavieira; o aumento do consumo de açúcar; a queda do risco Brasil;as futuras quebras de produção em outros países produtores; e a geraçãode tributos pelo setor. Nesse cenário, as ameaças são decorrentes dosurgimento de novos concorrentes, como o Caribe e a África, dacapacidade produtiva insuficiente, dos custos dos insumos e daconcentração de venda de etanol a poucos e a grandes mercados, comoos Estados Unidos (NEVES e CONEJERO, 2007).

Neste panorama, a UNICA (2009) aponta que a safra 2008/2009 foirecorde, atingindo um montante de 570 milhões de toneladas de cana,com uma área plantada de 8,5 milhões de hectares. O setor sucroalcooleiroaferiu, em 2008, um PIB de US$ 28,15 bilhões, o que equivale a cerca de2% do PIB nacional. Além disso, estima-se que o setor pagou, em 2008,o montante de US$ 9,86 bilhões de impostos sobre o faturamento. Osetor empregou 1,2 milhão de trabalhadores formais em 2008 – 2,15%dos postos de trabalho no Brasil com carteira assinada.

Ao longo de 2008, o preço da cana-de-açúcar sofreu pequenas oscilações.Em maio de 2008, o valor do ATR8 era de R$ 0,2538; em junho diminuiupara R$ 0,2466; e em meados de julho até dezembro do corrente ano, opreço teve melhoras, passando de R$ 0,2470 para R$ 0,2653(COOPERATIVA DOS PLANTADORES DE CANA DA ZONA DEGUARIBA – COPLANA, 2009).

8 Açúcar Total Recuperável consiste na quantidade de açúcar presente na matéria-prima, extraída das perdas noprocesso de transformação industrial, e nos preços do açúcar e do etanol vendidos pelas usinas nos mercadosinterno e externo. Sobre isto, ver UNICA (2007 e 2009).

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De acordo com a COPLANA (2009), o Brasil teve expansão nasexportações de etanol em 2008 – passaram de 3,5 bilhões de litros, em2007, para 5,1 bilhões, em 2008. Dentre os fatores que contribuíram paraesse crescimento nas exportações, destacam-se as altas do preço dobarril do petróleo, por seguidos meses, com valores superiores a US$100, além da quebra da safra de milho nos Estados Unidos. Mesmo comrestrições tarifárias, os Estados Unidos continuam sendo os maioresimportadores de etanol do Brasil (importou 1,52 bilhões de litros). A UniãoEuropéia importou, em 2008, o equivalente a 1,47 bilhão de litros.

O prognóstico para safra 2009, levantado pela CONAB (2009) emsetembro de 2009, indica que o volume total de cana a ser processadopelo setor deverá atingir um montante de 629 milhões de toneladas,representando um adicional de 10,35% do obtido na última safra.

Para os produtos derivados da cana-de-açúcar, essa safra apresentatendência de expansão mais acentuada para o açúcar. Dessa forma, aprodução estimada de açúcar para o país deverá ser de 36,7 milhões detoneladas, um crescimento de 18,23%. Já para o álcool, o estudo apontaum crescimento de 1,64%, devendo alcançar 27,96 milhões de litros em2009 (CONAB, 2009).

O diferencial de 2008, em relação a 2007, foi o mix da produção deaçúcar e de álcool, já que a preferência das usinas era pela produção deaçúcar, haja vista que, no momento, esta remunerava melhor. Nessesentido, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada – CEPEA (2009), no primeiro semestre de 2009, o açúcarrepresentou o produto de maior atratividade nas exportações doagronegócio, com 24,28%. O álcool representou baixo desempenho emníveis de preços (em Reais), com recuo acima de 15% no primeirosemestre de 2009. Assim, pode-se considerar, nesse período, que o açúcarteve grande representatividade nas exportações do agronegócio, mesmocom a crise que se instalou no segundo semestre de 2008, dada a retraçãoda demanda internacional e dados os reflexos no desempenhoinsatisfatório de alguns produtos exportados (como óleo de soja, papel ecelulose e carne suína).

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Tabela 1 – Exportações do setor sucroalcooleiro brasileiro – 1999 a 2007(em bilhões de US$ FOB)

Fonte: UNICA (2009).

Ressaltam-se, na Tabela 1, as exportações do setor sucroalcooleirobrasileiro, de 1999 a 2007 (em valores). Nota-se, ao ser calculada aTaxa Geométrica de Crescimento (TGC), que as exportações de açúcarcresceram 18,44%, no período considerado, e que as exportações deálcool total (anidro e hidratado) cresceram 62,83%; no total, houve umcrescimento de 22,18% no VC.

Quanto à questão do IED, observa-se que não há restrição, no Brasil, àsindústrias de açúcar e etanol. A Constituição de 1988 acabou com adistinção entre investimentos de capital nacional e estrangeiro (emboraexistam algumas poucas exceções). Dessa forma, se a indústria forconstituída de acordo com as leis brasileiras, a ela será garantido umtratamento isonômico, independentemente de qual for a origem de seucapital. Já em relação à produção da cana-de-açúcar, matéria-prima da9 O coeficiente de determinação R2 demonstra o poder explicativo de uma equação. Quanto mais o R2 se aproximar

de 1, maior será o seu poder explicativo. Para maiores considerações sobre isto, ver, Hoffmann e Vieira (1987).10 A estimativa da Taxa Geométrica de Crescimento, calculada para todo o período, está de acordo com o método

dos Mínimos Quadrados Ordinários. Sobre isto, ver Hoffmann e Vieira (1987).

Ano Exportação de

açúcar Exportação de álcool total

Total = VC

1999 1.910,70 65,85 1.976,5 2000 1.199,11 34,79 1.233,9

2001 2.277,51 92,15 2.369,7

2002 2.093,64 169,15 2.262,8

2003 2.140,00 157,96 2.298,0

2004 2.640,23 497,74 3.138,0 2005 3.918,83 765,53 4.684,4

2006 6.166,96 1.604,73 7.771,7

2007 5.100,44 1.477,65 6.578,1

(R²)1 0,80 0,93 0,83 Taxa Geométrica

de Crescimento (%)2 18,44% 62,83% 22,18% 10

9

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indústria, nota-se que a Lei estabelece certas limitações à participaçãodo capital estrangeiro na aquisição e no arrendamento de propriedadesrurais.

A competitividade do açúcar e do etanol no Brasil nãoresulta da ação do Poder Público, mas das condiçõesde produção, organização e tecnologiaexcepcionalmente favoráveis em que se desenvolve.Trata-se de competitividade estrutural de uma produçãoexposta diretamente à concorrência internacional, sejacompetindo nos mercados mundiais, seja num mercadonacional cujo único instrumento de proteção é a tarifasobre as importações, que para o açúcar correspondeà Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul (16%) eque para o etanol até inexiste, já que, desde março de2006, está fixada em 0%. Tais “proteções” nem de longealcançam a que foi consolidada pelo país para os doisprodutos na Organização Mundial do Comércio, de 35%(UNICA, 2007, p. 26).

3. Resultados e discussões

Na Tabela 2 são apresentados os dados de Exportação, de Comércio, deIED e PIB do setor sucroalcooleiro brasileiro, juntamente com suasrespectivas variações nos anos de 1999 a 2007. Estes são os dadosfundamentais que foram utilizados no cálculo dos índices que medem odesenvolvimento do setor no âmbito internacional.

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Tabela 2 – Dados de exportação, comércio, IED e PIB do setorsucroalcooleiro brasileiro – 1999 a 2007 (em US$)

Fonte: BACEN (2008) e UNICA (2009).Nota: *O setor sucroalcooleiro não apresenta valores relevantes para o itemimportação.**Devido à inexistência do dado, o PIB do setor foi estimado, pelos autores,com base na porcentagem que ele representa no PIB nacional (dados compiladosda UNICA, 2009).

Os Índices calculados estão expostos na Tabela 3, os quais serãodiscutidos ao longo desta seção. Foram calculados os seguintes índicespara o período de 1999 a 2007: o Índice de Abertura da Economia (O

i) e

o Índice de Desenvolvimento do Setor Externo (SXi) – descritos, de

forma pormenorizada, no referencial metodológico deste artigo.

Conforme relatado, quanto ao Oi, este estuda a relação entre o Volume

de Comércio (X+M) e o PIB, medindo o nível da liberalização docomércio, bem como a orientação da política comercial de um país, nessecaso, de um setor. Seu objetivo seria mostrar qual a participação do setorexterno no PIB, ou seja, quão aberto está o setor sucroalcooleiro brasileiroao mercado internacional. Dessa forma, um valor maior para o índicesignificaria melhoria nas relações internacionais.

Ano Exportação Cresc. Exp. Comércio* �����ércio IED ��IED PIB** ��PIB

1999 1.976.549.000 0,00 1.976.549.000 0,00 525.000.000 0,00 5.575.246.384 0,00

2000 1.233.896.000 -0,38 1.233.896.000 -0,38 3.647.485.000 5,95 5.118.850.175 -0,08

2001 2.369.655.000 0,92 2.369.655.000 0,92 85.550.520 -0,98 5.021.965.672 -0,02

2002 2.262.789.000 -0,05 2.262.789.000 -0,05 4.000.000 -0,95 4.954.383.168 -0,01

2003 2.297.964.000 0,02 2.297.964.000 0,02 4.427.972 0,11 6.150.046.590 0,24

2004 3.137.967.000 0,37 3.137.967.000 0,37 0 -1,00 7.929.575.667 0,29

2005 4.684.357.000 0,49 4.684.357.000 0,49 64.185.491 0,00 10.514.913.351 0,33

2006 7.771.689.000 0,66 7.771.689.000 0,66 530.264.144 7,26 13.652.017.830 0,30

2007 6.578.083.000 -0,15 6.578.083.000 -0,15 2.329.588.430 3,39 19.868.766.110 0,46

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349

Com vistas na maior clareza ao estudo, definiu-se, como parâmetro deanálise, um intervalo de eficiência do grau de abertura. Assim, se o valorde O

i estiver no intervalo de (0 < O

i<30), será considerado como “baixo

grau de abertura”, se estiver no intervalo de (30<Oi<60), “grau de abertura

intermediário”, e se estiver no intervalo de (60 <Oi<100), “alto grau de

abertura” [os parâmetros foram definidos, pelos autores, com base emShikida e Bacha (1999)].

Tabela 3 - Aplicação dos Índices de Abertura de Comércio e deDesenvolvimento do Setor Externo no setor sucroalcooleirono Brasil – 1999 a 2007 (em %)

Fonte: Dados da pesquisa, adaptado de Ruiz (2004).

Perscrutando os dados da Tabela 3, o setor obteve o maior índice deabertura em 2006, atingindo 56%, ficando próximo de ser enquadrado nointervalo de alto grau de abertura. O menor índice ocorreu em 2000 e foide 24%, enquadrado no intervalo de baixo grau de abertura. Na maioriados anos analisados (exceto o ano de 2000), o O

i manteve-se praticamente

no intervalo de grau de abertura intermediário – com uma média de 40%(Gráfico 1).

Itens 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

ESi 0,00 5,57 -0,06 -1,00 0,12 -0,63 0,49 7,92 3,23

Performace (ESi ) - Aceitável Fraca Fraca Aceitável Fraca Aceitável Aceitável Aceitável

SXi - -6806,47 296,29 7418,54 50,78 -219,27 151,15 2654,79 711,43

Oi 35,45 24,10 47,19 45,67 37,36 39,57 44,55 56,93 33,11

Vuln. (SXi) - Normal Alta Alta Alta Baixa Alta Alta Alta

Nível vuln. - 1.2 2.2 2.2 1.1 2.1 1.1 1.1 1.1

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0,000

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Anos

Oi (

%)

Gráfico 1 – Índice de Abertura de Comércio aplicado ao setorsucroalcooleiro brasileiro (1999-2007)

Fonte: Dados da pesquisa.

No ano de 2000, registraram-se queda considerável nas exportações deaçúcar e de álcool, pequeno decréscimo no PIB e, consequentemente,baixo grau de abertura, que pode ser atribuído ao conturbado momentoeconômico pelo qual o mundo passava a partir do ano de 1997. A criseasiática em 1997, seguida da moratória russa em meados de 1998, trouxeconsequências relevantes à economia brasileira, resultando nadesvalorização do real (GIAMBIAGI e BARENBOIM, 2005).

Destarte, é importante destacar os principais destinos das exportaçõesde açúcar do Brasil no período analisado, que foram Rússia, Nigéria,Arábia Saudita e Egito. Já as exportações de álcool se destinaram,principalmente, aos Estados Unidos, aos Países Baixos, à Jamaica e aEl Salvador (UNICA, 2009). A maioria deles foi fortemente afetadapelas crises de 1997 e 1998, o que justifica a queda nas exportaçõesbrasileiras de açúcar.

É importante observar que, enquanto Oi possui oscilações menos

acentuadas (Gráfico 1), SXi tem um comportamento mais variado (Gráfico

2), devido à maior sensibilidade aos acontecimentos mundiais.

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-8000

-6000

-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Anos

SX

i (%

)

Fonte: Dados da pesquisa.Gráfico 2 – Índice de Desenvolvimento do Setor Externo sucroalcooleiro

brasileiro – 1999 a 2007

O SXi,inserido na análise do comércio internacional por Ruiz (2004),

procura mostrar, simultaneamente, o nível de liberalização do comércio ea mobilidade de investimentos (Gráfico 2). O que se percebe é que, peloseu potencial, o setor sucroalcooleiro vem atraindo fluxos significativosde IED (cerca de US$ 2 bilhões em 2007). Vale destacar também que,nos últimos anos, o Brasil tem sido, entre os países em desenvolvimento,o segundo maior receptor de IED, depois da China (BACEN, 2008).

Na maioria dos anos analisados, o setor sucroalcooleiro enquadra-se nonível de alta vulnerabilidade, ou seja, o IED, o VC e o PIB se movem namesma direção, podendo estar fortemente ligados. Porém, os anos sãoclassificados segundo o nível de vulnerabilidade. A alta vulnerabilidade éum bom sinal, desde que acompanhada de boa performance da ES

i –

Nível 1.1. Essa situação vai indicar que o setor tem forte ligação com omercado internacional – tendo bom fluxo de IED e bom desempenho desuas exportações. No entanto, se a alta vulnerabilidade estiver atreladaao Nível 2.2, é sinal de que, embora o setor tivesse forte ligação com omercado internacional, os desempenhos serão negativos, inclusive doPIB e da ES

i.

Observa-se, no Gráfico 2, que o ano de 2002 apresentou grande oscilaçãopositiva, devido a variações negativas no VC, no IED e no PIB, o que

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352

resultou em fraca performance da ESi e em alta vulnerabilidade para o

setor. Esse caso indica uma situação negativa, já que se enquadra noNível 2.2.

Em 2003, o IED teve pequena variação positiva. As exportações tambémcresceram, juntamente com o PIB. Neste ano, o setor teve altavulnerabilidade, Nível 1.1, e performance aceitável para ES

i. O fluxo de

IED no setor foi direcionado, exclusivamente, para a produção de álcool.

Outro que merece destaque é o ano de 2004, no qual o setor apresentouNível 2.1, ou seja, de baixa vulnerabilidade, o que mostra que o IED e oVC cresceram mais lentamente em relação ao PIB e, consequentemente,o setor externo não foi, nesse período, fator relevante para afetar o PIB.Isso encontra explicação no fato de que, nesse ano, não foi registradonenhum novo ingresso de IED. Uma possível explicação para a nãoentrada de IED no setor sucroalcooleiro, em 2004, foi o direcionamentode ingressos de IED a outros subsetores da indústria, principalmente nafabricação de produtos alimentícios e bebidas, que aumentou de 409milhões de dólares, em 2003, para mais de 5,3 bilhões de dólares, em2004 (BACEN, 2008).

É importante ressaltar que nos últimos anos da análise, 2005 a 2007, avulnerabilidade se manteve no Nível 1.1, o que indica que o IED, o VC eo PIB se moveram na mesma direção, podendo estar fortemente ligados.Além disso, a ES

i teve performance aceitável, ou seja, o setor teve forte

ligação com o mercado internacional – tendo bom fluxo de IED e bomdesempenho nas suas exportações.

Para melhor compreensão do nível de vulnerabilidade, são apresentadosos gráficos de variações do PIB e da ES

i. O Gráfico 3 apresenta as

variações do PIB, para o período de análise, e o Gráfico 4 mostra osvalores da ES

i.

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-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

A no s

Fonte: Dados da pesquisa.Gráfico 3 – Variações do PIB do setor externo sucroalcooleiro brasileiro

– 1999 a 2007

No ano 2000, o setor apresentou um nível de vulnerabilidade normal –Nível 1.2, o que mostra que o IED e o VC cresceram mais rápido que oPIB, devido ao grande aumento no IED, principalmente nas usinas deaçúcar (MORAES e SHIKIDA, 2002). Então, a performance da ES

i foi

aceitável.

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

A nos

Fonte: Dados da pesquisa.Gráfico 4 – Variações da ES

i do setor externo sucroalcooleiro brasileiro

– 1999 a 2007

ES

i (%

)P

IB (U

S$)

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É importante mencionar a performance da ESi no ano de 2001, que se

apresentou fraca devido à grande variação negativa no IED, que passoude cerca de mais de 3,6 bilhões de dólares, em 2000, para pouco mais de85 milhões de dólares, em 2001, uma queda de 4151%. A partir de 2001,o ingresso de IED declinou ainda mais, chegando a 4 milhões de dólaresem 2002 e pouco mais deste valor em 2003 (4,4 milhões de dólares).

O capital estrangeiro sempre teve presença marcante na história do setorsucroalcooleiro brasileiro. Em seu auge, ele foi essencial à tentativa doImpério de reestruturar a produção na segunda metade do século XIX,que culminou na criação dos engenhos centrais. A chegada das usinasmodificou o panorama do IED no setor, que se estendeu, com discrição,até a segunda metade do século XX. Depois de quase meio século, ocapital estrangeiro voltou revigorado, aproveitando-se das oportunidadesabertas pela desregulamentação setorial, iniciada na década de 90, epela crescente demanda mundial de bicombustíveis eficientes(SZMRECSÁNYI e RAMOS, 2002).

No geral, verificou-se aumento significativo do IED no setorsucroalcooleiro, entre 1999 e 2007. O valor total de IED, no período, foide cerca de US$ 7.190 bilhões, resultando numa média anual de US$899 milhões, com destaque para o ingresso, em 2000, de mais de 3,6bilhões de dólares no setor de usinas de açúcar e de álcool. Embora oprimeiro registro de capital estrangeiro no setor tenha sido em 1999, novalor de 500 milhões de dólares, o valor do ano 2000 é bem expressivo(GUEDES e GIANOTTI, 2009).

Corroborando a discussão, apresenta-se a descrição do IED, de 1999 a2007, na Tabela 4. Verificou-se que, até 2001, os investimentos eraminteiramente voltados para a produção de açúcar; nos anos de 2002 e2003, observam-se investimentos somente na produção de álcool; e apartir de 2005, os investimentos ocorrem em ambos os segmentos. Oque deve ser destacado é que, a partir de 2002, houve rápido crescimentodos investimentos estrangeiros na produção de álcool, que passaram deUS$ 4 milhões, em 2002, para mais de US$ 1 bilhão, em 2007. Esse

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aumento de mais de 37.096% evidencia a importância deste setor e doBrasil no nicho de mercado de energia renovável e o interesse despertadopor ele no investidor estrangeiro.

[...] O interesse de grupos internacionais pela produçãode etanol no Brasil é crescente. [...] O ano de 2007 foiquente e materializou as perspectivas do mercado deetanol. [...] O Brasil espelha o que acontece no mundo.Há um grande interesse por empresas de energiarenovável. No exterior existe subsídio do governo parafinanciar as operações. Aqui no Brasil o mercado é livree o negócio é mais rentável (ALMEIDA, 2008, p. 30).

Tabela 4 - Fluxo de IED no setor sucroalcooleiro brasileiro - 1999 a2007 (em US$)

Fonte: BACEN (2008).Nota: No ano de 2004, não foi registrado nenhum fluxo de IED no setorsucroalcooleiro do país.

Ano Investimento (IED) Descrição 1999 25.000.000,00 Refino e moagem de açúcar 1999 500.000.000,00 Usinas de açúcar 2000 10.000.000,00 Refino e moagem de açúcar 2000 3.637.485.000,00 Usinas de açúcar 2001 85.550.520,00 Usinas de açúcar 2002 4.000.000,00 Produção de álcool 2003 4.427.972,00 Produção de álcool 2005 7.063.779,37 Produção de álcool 2005 57.121.712,52 Usinas de açúcar 2006 38.500.000,00 Refino e moagem de açúcar 2006 257.883.203,40 Produção de álcool 2006 233.880.941,23 Usinas de açúcar 2007 1.487.847.294,50 Produção de álcool 2007 841.741.135,62 Fabricação de açúcar bruto

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De modo geral, observa-se presença de capitais estrangeiros tanto naprodução de açúcar quanto na de álcool, o que indica tendência de o IEDconfirmar a lógica da indústria nacional sucroalcooleira, ou seja, de orientarsua produção de açúcar preferencialmente para o mercado externo e delevar a produção de álcool para este mercado, embora sua orientaçãoseja, no momento, de atendimento da demanda doméstica (no tocante aocomércio exterior, o Brasil exportou, em 2008, aproximadamente 20milhões de toneladas de açúcar e 5 milhões de m3 de álcool etílico,representando, respectivamente, 62,8% e 22,8% da oferta doméstica deaçúcar e álcool).

Isto posto, é interessante resumir os principais resultados encontradosna pesquisa, conforme a síntese no Quadro 1.

Quadro 1 – Síntese dos principais resultados da pesquisaAno Principais conclusões

1999 Grau de abertura intermediário.

2000 Baixo grau de abertura. Queda nas exportações. Aumento de IED nas usinas de

açúcar. Vulnerabilidade normal - Nível 1.2.

2001

Grau de abertura intermediário. O IED passou de cerca de mais de 3,6 bilhões

de dólares do ano anterior, para pouco mais de 85 milhões de dólares.

Performance fraca de ESi.

2002

Grau de abertura intermediário. Ocorreram variações negativas no VC, no IED

e no PIB. Fraca performance de Esi. Alta vulnerabilidade – Nível 2.2. O IED

começa ser direcionado para a produção de álcool.

2003

Grau de abertura intermediário. Performance Aceitável de Esi. Vulnerabilidade

alta – Nível 1.1. O IED foi direcionado exclusivamente para produção de

álcool.

2004

Grau de abertura intermediário. Não foi registrado nenhum novo ingresso de

IED. Grande aumento de ingressos de IED em outros subsetores da indústria.

Baixa vulnerabilidade – Nível 2.1.

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Fonte: Resultados da pesquisa.

4. Considerações finais

Esta pesquisa objetivou verificar o desempenho do setor externosucroalcooleiro brasileiro, no período de 1999 a 2007. Para isso, foramutilizados dois indicadores de comércio internacional - o Índice de Aberturada Economia (O

i) e o Índice de Desenvolvimento do Setor Externo (SX

i).

O primeiro é relevante para mensurar o nível de liberalização comerciale a tendência da política comercial, enquanto o segundo tem como funçãomensurar a liberalização do comércio e a mobilidade de investimentos,simultaneamente.

No que se refere à análise do Oi, constatou-se que o setor permaneceu

no intervalo de grau de abertura intermediário, ou seja, entre 30% e60%, na maioria dos anos estudados. Apenas no ano 2000, o setor tevebaixo grau de abertura, o que pode ser atribuído aos reflexos do conturbadomomento econômico mundial da década anterior.

Quanto ao SXi, este trouxe uma nova visão ao estudo do comércio mundial,

que é de grande relevância para entender o comportamento do setorexterno sucroalcooleiro do país, diante dos acontecimentos mundiais. Osetor sucroalcooleiro teve alta vulnerabilidade, na maioria dos anosanalisados, o que indica forte ligação do setor ao comércio mundial. Noentanto, essa ligação é positiva quando acompanhada pelo bom

2005 Grau de abertura intermediário. Vulnerabilidade alta – Nível 1.1. Aumento do

IED na produção de álcool.

2006

Grau de abertura intermediário. Vulnerabilidade alta – Nível 1.1. O IED

direcionado a produção de álcool chega perto do valor do IED direcionado a

produção de açúcar.

2007

Grau de abertura intermediário. Vulnerabilidade alta – Nível 1.1. O IED

direcionado a produção de álcool surpreende chegando a mais de 1,4 bilhões

de dólares.

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desempenho da ESi, o que ocorreu nos anos de 2003, 2005, 2006 e 2007.

Diante desse fato, pode-se afirmar que o setor está procurando umainserção maior no comércio internacional.

Em geral, no período analisado, o VC teve tendência crescente. Nodecorrer dos anos, houve aumento na participação de álcool nasexportações do setor, em virtude da preocupação mundial com a energiarenovável. Quanto ao IED, este teve forte participação no setorsucroalcooleiro, com destaque para o ano 2000 (foi de, aproximadamente,3,7 bilhões de dólares). Vale ressaltar que, só a partir de 2002, a produçãode álcool recebeu IED, no entanto, de forma crescente e expressiva (em2007, o ingresso de IED na produção de álcool foi 76,7%, maior do quena produção de açúcar).

Por último, mas não menos importante, sugere-se que mais pesquisassejam implementadas para pormenorizar os aspectos caracterizadoresdo desenvolvimento do setor externo sucroalcooleiro brasileiro,contribuindo, desse modo, para o enriquecimento do debate do setor emepígrafe.

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Rubiane Daniele Cardoso, Kátia Fabiane Rodrigues,Vanessa de Souza Dahmer & Pery Francisco Assis Shikida

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Abstract: This research aimed to evaluate the performance of the external sector in theBrazilian sugar and ethanol industry from 1999 to 2007. Were used two indicators ofinternational trade, the Openness Index (O

i) and External Sector Development Index

(SXi). As a corollary, it was found that the degree of openness of trade, in the period, had

intermediate levels. The sugar and ethanol industry had several years in high vulnerability,instead, the analysis showed that the industry is looking for a greater presence ininternational trade, considering that showed an increasing trend in trade volume.

Key-words: brazilian sugar and ethanol, performance indices, international trade, Brazil.

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REVISTA DE ECONOMIA E AGRONEGÓCIO, VOL.7, Nº 3

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