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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS VANESSA SANTANA LOPES BRIQUETE DE COCO COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA FORTALEZA 2014

VANESSA SANTANA LOPES - repositorio.ufc.br · falta de recursos naturais ou tecnológicos para produzir energia suficiente para suprir ... Quando uma quantidade mínima de energia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

VANESSA SANTANA LOPES

BRIQUETE DE COCO COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA

FORTALEZA

2014

VANESSA SANTANA LOPES

BRIQUETE DE COCO COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA

Monografia apresentada ao Curso de Ciências

Econômicas do Departamento de Economia da

Universidade Federal do Ceará, como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Bacharel em Economia. Departamento de

Teoria Econômica.

Orientador: Prof. José Jesus de Sousa Lemos

FORTALEZA

2014

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

L856b Lopes, Vanessa Santana.

Briquete de coco como alternativa energética / Vanessa Santana Lopes - 2013. 32 f.: il.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,

Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2013.

Orientação: Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos.

1.Sustentabilidade 2.Desenvolvimento sustentável 3.Desenvolvimento rural I. Título

CDD 330

RESUMO

Este é um estudo sobre a viabilidade da produção de briquetes utilizando como matéria prima

a casca de coco verde. Foram analisados os custos pra implantação de uma fábrica, as

desvantagens no uso de madeira para produção de energia, a disponibilidade de material, o

custo para montagem de uma indústria, o período aproximado para retorno do investimento e

os benefícios ao meio ambiente. O briquete da casca de coco verde substitui madeira, carvão e

briquete de madeira na produção de energia. A instalação de uma fábrica de briquetes de coco

verde possui o mesmo custo que uma que produz briquetes de madeira. Devido à grande

disponibilidade de matéria prima, o briquete do coco verde leva grande vantagem em relação

à madeira. Como ele está disponível em toda a cidade, reduz-se os custos com mão de obra,

transporte e licenciamentos. Sua comercialização é uma alternativa economicamente viável e

sustentável que não só irá gerar renda e emprego como reduzirá os níveis de poluição no ar e

no solo.

Palavras-chave: Briquete, Energia, Meio ambiente, Indústria

ABSTRACT

This is a study about the availability of producing briquettes using the coconut

shell as raw material. The costs were analyzed to implement a factory, the disadvantages of

using wood for energy production, the availability of the material, the costs for installation in

an industry, and the necessary time required for its production to be profitable in relation to

the investment and benefits to the environment. The briquette from coconut shell replaces

wood, coal and wood briquette in energy production. The installation of coconut factory

briquettes has the same cost as one that produces wood briquettes. Due to the abundant

availability of raw materials, the green coconut briquette takes great advantage over wood. It

is easily found throughout the city, consequently it reduces the cost of labor, transportation

and licensing. Its marketing is economically viable and sustainable and this not only generate

income and employment as reduce pollution levels in the air and on the ground.

Keywords: Briquettes, Energy, Pollution, Industry, Coconut

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 8

3 MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 10

3.1 Tipo de estudo ............................................................................................................ 10

3.2 Amostra ...................................................................................................................... 10

3.3 Cenário da Pesquisa .................................................................................................. 11

4 VIABILIDADE DO USO DE BRIQUETE DE COCO ...............................................12

4.1 Vantagens do uso do briquete .................................................................................. 13

4.2 Extração de madeira ................................................................................................. 15

4.3 Efeitos negativos da exploração florestal para produção de briquete de lenha

...................................................................................................................................... 16

4.4 Maquinário necessário para uma Usina de fabricação de briquetes .................... 17

4.5 Composição da Industria de fabricação de Briquetes de resíduos de coco

verde............................................................................................................................ 18

4.6 Custo total de instalação ........................................................................................... 20

4.7 Matéria prima ............................................................................................................ 21

4.8 Destinação do resíduo de coco verde em Fortaleza ................................................ 22

4.9 Demanda por fontes caloríficas ................................................................................ 23

4.10 Capacidade produtiva de briquete de coco ..................................................25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 30

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 31

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1. INTRODUÇÃO

O acelerado crescimento populacional, que exige maiores quantidades de energia,

provoca o uso desordenado desta sem que tenha havido, até aqui, a preocupação séria de

buscar novas alternativas não convencionais e sustentáveis de um ponto de vista ambiental. A

falta de recursos naturais ou tecnológicos para produzir energia suficiente para suprir as

necessidades da população local aumenta a desigualdade social, seja pela falta de recursos

naturais ou pela falta de tecnologia para a exploração dos existentes. Os locais menos

desenvolvidos tornam-se dependentes de fontes de energia ou de tecnologia externas para

explorar recursos naturais existentes, como acontece, por exemplo, com a entrada das

multinacionais, que ganham enorme vantagem ao entrar em países pobres, não só pela falta de

conhecimento destes, mas também pelas flutuações da taxa de câmbio, que elevam o custo da

energia que se transmite como em vasos comunicantes a todos os segmentos das cadeias

produtivas, encarecendo os produtos finais, tornando-os inacessíveis à grande maioria da

população e aumentando a exclusão social. As localidades que possuem todos os recursos

energéticos submetem os locais menos desenvolvidos à sua política e a seus preços, que quase

sempre são definidos bem acima do valor real, devido à forma concentrada e pouco

concorrencial em que se praticam esses mercados.

A energia é considerada um bem de extrema importância para o desenvolvimento

humano e redução das desigualdades sociais. Quando uma quantidade mínima de energia é

disponibilizada a uma população, ela tem a possibilidade de melhorar sua qualidade de vida

através da educação, infraestrutura, saúde, saneamento básico, lazer, oportunidade de

emprego e renda. As observações desses fatos têm levado a discussões sobre a relação entre

nível de renda, consumo energético e desenvolvimento. Acreditam-se que um nível básico de

energia disponível a todos será capaz de diminuir as desigualdades sociais e facilitar a busca

pelo desenvolvimento sustentável.

Indicadores sociais têm sido utilizados para analisar a relação de consumo

energético per capita com índices de desenvolvimento. Segundo Reis (Reis e Cunha, 2006) as

disparidades dos níveis de consumo energético seguem praticamente o mesmo padrão da

distribuição de renda. Para o estudo a seguir, serão considerados O Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), o Relatório de Brundtland (1987) e o Índice de Pobreza

Humana (IPH) e ainda os dados do Índice de Exclusão Social criado aplicado por Lemos,

2008. Tais indicadores sociais serão analisados posteriormente neste estudo para que possa ser

comprovada a relação entre desigualdade social e a falta de fontes energéticas.

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Dado o acelerado crescimento da população mundial, torna-se necessário criar

medidas que tornem possível a todas as pessoas um nível mínimo de qualidade de vida, tendo

acesso à saúde, educação, moradia, lazer, segurança, além de conscientização do que é viver

em sociedade. Pois, dar melhores condições de vida a um povo sem que ele saiba administrá-

la gera um problema ainda maior. Todos os recursos acima descritos devem ser cedidos

segundo normas legais. Do contrário, o crescimento desordenado e a desigualdade

permanecerão aumentando os índices de poluição, desmatamento, falta de alimento e energia.

A fim de minimizar o abismo social no estado do Ceará, mais precisamente em

Fortaleza, este estudo analisará a viabilidade de uma nova fonte de energia já utilizada em

outros estados e pouco difundida pelos cearenses. O uso do briquete, produzido a partir dos

resíduos da casa de coco, como fonte de energia a ser utilizada em churrascarias, olarias,

fábricas de cerâmica, frigoríficos, fábricas de ração, pizzarias, padarias, lavanderias, indústria

de ração e papel. Em todos os ramos que utilizem fornos ou caldeiras, em substituição à lenha

e ao carvão retirados das florestas nacionais.

Especificamente, será estudada a produção de briquetes de coco verde. O coco é

consumido durante todo o ano principalmente pela população litorânea que busca a água e o

fruto doce, porém, todo o resto é descartado por não ter utilidade até o momento. As grandes

quantidades consumidas semanalmente pelas barracas de praia de Fortaleza contribuem não

só para a poluição visual, mas também diminuem significativamente a capacidade do aterro

sanitário local e reduzindo sua vida útil, já que de acordo com a SEUMA – Secretaria de Meio

Ambiente, o aterro está com 70% de sua capacidade utilizada e, segundo informações obtidas

no site da Embrapa, este tipo de resíduo leva de 8 a 12 anos para se decompor.

A partir da seção 4 desta pesquisa encontram-se subseções que demonstram as

vantagens do uso de briquetes de coco, os danos causados pela extração de madeira, qual o

maquinário necessário para a instalação de um indústria briquetadeira e seus custos, e a

disponibilidade de coco verde na cidade de Fortaleza.

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OBJETIVO GERAL

O Objetivo geral da pesquisa é analisar a viabilidade econômica da produção do

briquete de coco utilizado como fonte de energia na cidade de Fortaleza e seus benefícios

sociais e ambientais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Analisar o potencial energético do briquete de coco verde em relação a outras

fontes calóricas de energia;

2. Contabilizar a disponibilidade do material para essa atividade e investigar a

viabilidade econômica para a produção no estado;

3. Identificar as vantagens de utilizar a casca de coco como material reciclável;

4. Identificar os benefícios econômicos, sociais e ambientais que podem ser

gerados pelo setor;

8

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O entendimento atual de desenvolvimento sustentável é baseado no ser humano,

em como se pode manter um ambiente agradável para as pessoas sem impedir o

desenvolvimento econômico e sem prejudicar a qualidade de vida daqueles que habitarão o

ambiente depois. O sucesso da sustentabilidade acontece quando todos os habitantes dispõem

dos mesmos privilégios.

O desenvolvimento sustentável é caracterizado por cinco dimensões, segundo

Sachs, ele são:

Geoambiental: Refere-se o desenvolvimento do ponto de vista geográfico, quais áreas

serão atingidas e quais serão os impactos, considerando também o período em que

essas mudanças serão visíveis;

Socioeconômica: Prevê que o progresso econômico esteja ao alcance de todos, de

maneira justa e igualitária;

Técnico-científica: Trata da busca continua do conhecimento tecnológico e científico

para o benefício da sociedade;

Político-institucional: Determina que a sociedade tenha acesso às decisões políticas

para que as dimensões anteriores, geoambiental, socioeconômica e técnico-científica

façam o seu papel para que haja desenvolvimento sustentável;

Cultural: Relata que os valores locais, como manifestações artísticas, a maneira de

vestir-se e comunicar-se dos povos, de demonstrarem suas raízes, devem também ser

preservados;

No trabalho de Lemos (2012) são expostos os princípios citados por Sachs que

dão orientação para que o desenvolvimento sustentável possa ser posto em prática. O que é

feito hoje deve ser pensado em como cada atitude afetará as gerações futuras, utilizando

recursos sem esquecer dos que viverão aqui futuramente, para que possam ter a mesma

qualidade de vida existente atualmente;

Fazer com que os cidadãos tenham suas necessidades básicas atendidas;

Ter a população como autora do processo de desenvolvimento;

Dar ênfase à preservação do meio ambiente e de todos os recursos naturais;

Garantir trabalho digno e segurança a todos, e preservando a cultura;

Estimular a população a participar de projetos educacionais para preservação de um

ambiente sustentável;

9

Em seu livro, Lemos (op. cit.) cita ainda o Relatório de Brundtland, elaborado em

1987 pela Comissão Mundial sobre Meio ambiente e Desenvolvimento para tentar frear o uso

descontrolado dos recursos naturais. Logo, foram apresentadas medidas que promovessem o

desenvolvimento, mas que prejudicassem o meio ambiente da menor maneira possível. Dentre

elas estão:

Determinar um limite para o crescimento da população

Garantia da não falta de alimento por um longo prazo

Preservação da biodiversidade e ecossistemas

Redução do consumo de energia por meio do desenvolvimento de tecnologias que

permitissem o uso de fontes renováveis

Permitir o acesso das pessoas á todas as necessidades básicas

Desenvolvimento industrial de países utilizando fontes limpas de energia

Diminuir o crescimento desordenado das cidades

Tentar aproximar a população do campo com a da cidade

Toda a teoria e todos os planos para a construção de um ambiente com

desenvolvimento sustentável encontram barreiras nas políticas de grandes empresas. Estas

buscam constantemente a maximização de lucros independente das fontes de energia ou da

mão-de-obra utilizada.

Conforme explorado por (ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO, 2000),

Pensando de maneira abrangente onde mais pessoas teriam acesso aos produtos

industrializados, a margem de lucro dessas empresas seriam maiores. Como não há

preocupação com as gerações futuras, os lucros permanecem sem grandes crescimentos e a

maioria da população permanece pobre, à margem de um mundo moderno e industrializado,

mas, com os dias contados, pois os recursos naturais que geral tanta riqueza hoje acabarão um

dia caso o pensamento no ambiente de amanhã não seja colocado em pauta e em prática.

Segundo o Encontro Mundial para o Desenvolvimento Social realizado em 1995

em Compenhague, o desenvolvimento está diretamente ligado ao bem estar do ser humano.

Fazendo com que todos tenham acesso à comida, saúde, conhecimento de qualidade e um

emprego para que ele possa ser sustentável para sua família e gerações futuras.

10

3. MATERIAL E MÉTODO

Este é um estudo de caráter descritivo e exploratório que utilizou como fonte a

pesquisa bibliográfica e o estudo de campo. Foi feita uma análise a respeito dos resíduos de

coco verde na cidade de Fortaleza, buscando sua destinação e possibilidade de

beneficiamento.

3.1 Tipo de estudo

O estudo descritivo se caracteriza pelos fatos observados e analisados. A técnica

da coleta de dados se realizou através de questionários não padronizados nos setores

envolvidos com o resíduo em questão, o coco verde, utilizadores de fontes de calor como

energia e coleta de informações junto aos órgãos municipais e estaduais.

A pesquisa exploratória tem como objetivo investigar uma situação ainda pouco

discutida. Determina maiores informações sobre determinado assunto, facilita a delimitação

do estudo e a definição de objetivos ou formulação de hipóteses.

A pesquisa de campo busca respostas ou informações sobre um problema por

meio da formulação de hipóteses que se queira comprovar. Este tipo de investigação foi

utilizado devido à falta de fontes bibliográficas.

3.2 Amostra

Definiu-se na pesquisa uma amostra de seleção intencional a fim de facilitar o

desenvolvimento da pesquisa. Intencionalmente foram escolhidos apenas os representantes

que poderiam responder pela questão em estudo. No caso, a representação é individual, ou

seja, apenas um integrante da empresa tem a responsabilidade de responder plenamente o que

é feito na sua empresa e que é de relevância para os objetivos desta pesquisa.

A amostra foi composta por 30 geradores de resíduos de coco verde, entre eles,

barracas de praia, restaurantes e lanchonetes; outros produtores de fontes de energia como a

lenha e o briquete de madeira; e os possíveis responsáveis pela coleta dos resíduos de coco

verde.

11

3.3 Cenário da pesquisa

A pesquisa foi realizada na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará. Segundo o

site da Prefeitura Municipal de Fortaleza, a cidade possui uma área de 314,930 km2, é

composta por 34 km de praia e possui 2 milhões e 400 mil habitantes. Utilizou-se ainda como

cenário o município de Caucaia, pertencente à Região Metropolitana de Fortaleza, que abriga

a ASMOC – Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia.

Imagens de uma indústria de briquetes de madeira foi utilizada para demonstrar a

forma e a facilidade de estocagem dos mesmos, devido à forma padronizada, ocupam menos

espaço, tem maior praticidade para serem medidos e transportados. A partir das informações

coletadas foram construídos quadros para demonstrar a quantidade de cascas de coco

disponíveis na cidade, quanto poderia ser aproveitado para a produção de energia através do

briquete, e qual a rentabilidade para o investidor.

Comparou-se o poder calorífico da lenha e do briquete de coco verde e os

benefícios ao meio ambiente, desde a diminuição da emissão de gases na atmosfera até a área

florestal que seria poupada com uma única indústria briquetadeira instalada na cidade.

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4. VIABILIDADE DO USO DE BRIQUETE DE COCO

Briquete é o produto obtido através da compactação mecânica de resíduos

diversos, tais como serragem, casca de arroz, casca de amendoim, bagaço de cana, casca de

algodão, casca de café e resíduos de madeira. Ele é utilizado para substituir a lenha oriunda

das florestas para produção de calor em indústrias e comércios utilizadores de fornos e

caldeiras. Podem ser definidos da seguinte forma:

Briquetes são produtos de alto poder calorífico, obtido pela compactação dos resíduos

demadeira como o pó de serragem e as cascas vegetais como a casca de coco. Apresenta

forma regular e constituição homogênea sendo muito utilizado para a geração de energia.

É considerado uma lenha ou carvão ecológico de alta qualidade, feito a partir da

compactaçãode resíduos ligno-celulosicos, sob pressão e temperaturas elevadas (BIOMAX,

2007;BIOMACHINE, 2007).

Na Figura 1 mostram-se briquetes produzidos a partir de resíduos de madeira.

Fonte: (STOLF Artefatos de Madeira, 2012)

Tais materiais são utilizados como alternativa à substituição da lenha por

possuírem baixa umidade em relação à madeira, quanto maior a umidade menor é o poder

calorífico. Eles estão disponíveis pela ruas das grandes cidades, em aterros sanitários e nos

descartes das grandes indústrias . Se todos esses resíduos forem coletados poderão ser

utilizados para minimizar os prejuízos causados ao meio ambiente, já que quase maioria dos

produtos citados iriam para o lixo.

13

4.1 Vantagens do uso do briquete de coco

De acordo com informações da indústria Mastruz com Leite, produtora de

briquetes de madeira, dentre as vantagens da utilização do briquete de coco pode-se destacar:

Maior poder calorífico – Enquanto a lenha possui energia média de

2200kcal/kg, o briquete tem 4600kcal/kg;

Contribui com o meio ambiente – Evitando o desmatamento para produção de

lenha; gera menos cinza, fumaça e fuligem; é menos poluente;

Possui regularidade térmica;

Por ter tamanho padronizado ocupa menos espaço para armazenagem, é de

fácil manuseio, o controle de estoque torna-se mais preciso;

Por ser mais higiênico reduz a importação de pragas;

Devido à baixa umidade a temperatura se eleva rapidamente;

Não danifica a fornalha no manuseio para abastecimento;

Está disponível o ano inteiro;

Pode ser utilizado em conjunto com a lenha;

As chaminés fornalhas que utilizam briquetes são dispensadas da

obrigatoriedade do filtro lavador de gases por parte dos órgãos ambientais;

Dispensa cadastro estadual de consumidores de matéria de origem vegetal nos

órgãos responsáveis: SEMACE e IBAMA;

Diminui o uso de combustíveis fósseis e busca por fontes renováveis de

energia;

Aumento da eficiência do setor energético;

Desenvolvimento do setor energético na busca de eficiência produtiva e

alternativas ambientalmente benéficas;

Mudanças nos setores produtivos como um todo;

Implantação de políticas energéticas que incentivem a formação de mercados

para tecnologias ambientalmente benéficas substituindo as alternativas não sustentáveis. Além

de políticas educacionais para conscientizar a população dos benefícios e aplicações do uso da

energia para o desenvolvimento de um ambiente sustentável. Na Figura 2 apresenta-se um

estoque de briquetes de uma indústria localizada em Fortaleza.

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Fonte: Usina de briquetagem Mastruz com Leite – Foto: Vanessa Santana Lopes

Por serem uniformes e em formato cilíndrico, os briquetes são fáceis de serem

embalados e armazenados. Geralmente eles são acomodados em sacos de ráfia, que após

fechados são pesados e estocados. Dessa forma, tanto nas indústrias de briquetagem quanto

nos depósitos de seus consumidores os briquetes são facilmente armazenados e tem seu

controle feito de maneira mais precisa, já que após o fechamento de cada saco o mesmo é

pesado e tem esse valor escrito em cada embalagem.

Assim, torna-se mais prático para os produtores venderem e ainda ganham maior

credibilidade com os clientes, que tem certeza do quanto estão pagando pelo que efetivamente

estão levando. Já os estoques de cada cliente ficam mais seguros por ser mais fácil de

identificar o consumo, controlar as quantidades e evitar possíveis desvios de sua matéria

energética.

15

4.2 Extração de madeira

Segundo a resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente – CONAMA, a exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos

florestais são atividades que estão sujeitas ao licenciamento ambiental.

Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental

competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva

ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar

degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas

técnicas aplicáveis ao caso. CONAMA, 1981

Segundo a resolução CONAMA 237, estas são as etapas necessárias para obter-se

o licenciamento ambiental:

Licença prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade

ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas

próximas fases de sua implementação;

Licença de instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou

atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos

aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual

constituem motivo determinante;

Licença de operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou

empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças

anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a

operação.

Utilizando como exemplo uma área de exploração em Pentecostes, apoiando-se em

informações fornecidas pela empresa têm-se os seguintes dados: Área total de 1.683,09

hectares, apresentando uma reserva legal de 336,2 hectares e com uma área manejada de

1.025,07 hectares. No plano de manejo, as áreas a serem exploradas são dividas em pequenas

partes, sendo cada uma delas utilizadas por determinado espaço de tempo para que no final do

ciclo outros talhões já estejam recuperados. Tendo sua data de exploração já definida no início

do plano. A estimativa de produção de 79.597,24 esteres, ou metros cúbicos de lenha para

produção de briquete e 4.264,31 esteres de estaca. Um prejuízo desnecessário ao meio

ambiente.

16

4.3 Efeitos negativos da exploração florestal para produção de briquete de lenha

Alguns dos problemas causados pelo uso de material retirado das florestas para a

produção de briquete estão relacionados à devastação das matas, degradação do solo,

dispersão da fauna vivente no local, escassez de água devido à falta de vegetação para

provocar a precipitação das chuvas.

Por outro lado, a exploração agrossivipastoril planejada produz os seguintes

impactos ambientais: Redução da regeneração nos primeiros anos devido às capinas e

retiradas de alguns brotos da vegetação arbórea e arbustiva; redução do teor de matéria

orgânica e aumento da oxidação devido à exposição do solo ao sol e à chuva; redução da

biodiversidade. Este impacto, ainda não mensurado em áreas de Manejo para o nordeste

precisa de estudos e pesquisas; e risco de presença de árvores em extinção na área do manejo.

Sendo a madeira uma fonte de energia de baixo custo financeiro, e devido á

grande necessidade energética provocada pelo crescimento acelerado da população, as

autoridades permitem que sejam feitos planos de manejo para exploração de áreas ambientais.

Plano de manejo é um projeto dinâmico que determina o zoneamento de uma área

de conservação, caracterizando cada uma de suas zonas e propondo seu desenvolvimento

físico, de acordo com suas finalidades. Estabelece desta forma diretrizes básicas para o

manejo da Unidade.

Principalmente na época de estiagem, plano de manejo se torna uma alternativa

viável para o proprietário rural, oferecendo trabalho e renda para os trabalhadores da região.

Ele tem como objetivo principal atenuar os prejuízos causados ao meio ambiente, objetivando

a manutenção da capacidade de regeneração da vegetação, preservando a biodiversidade e

conservação do solo e recursos hídricos. Para tal, o corte da vegetação é feito de maneira que

favoreça a regeneração por rebrota; a exploração é feita por talhões, áreas definidas que

favorecem a fuga de animais silvestres para áreas vizinhas e a dispersão de sementes para

áreas adjacentes; preserva-se toda a vegetação de mata ás margens de córregos, açudes e rios,

e toda espécie ameaçada de extinção, como é o caso da aroeira; é proibida a caça de animais

silvestres na área; é feito um trabalho de conscientização da população e dos trabalhadores

para evitar a degradação ambiental na área de manejo.

17

Figura 3 - Usina de briquetagem de resíduos de madeira com briquetadeira e secador

Fonte: (BIOMAX, 2012)

Segundo informações obtidas junto a técnicos da Biomax (2012), indústria

produtora de briquetadeiras, para a construção de uma usina com capacidade de produzir uma

tonelada por hora (1ton/h) de briquetes de coco verde necessita dos seguintes componentes:

uma Briquetadeira B 105/240 com acessórios; um Secador B 18000 com acessórios; um

picador com acessórios; um repicador com acessórios;

Utilizando como referência uma carga horária de 22 dias mensais, 8 horas diárias

com uma capacidade produtiva de uma tonelada por hora tem-se uma produção de 165

toneladas de briquetes de coco verde por mês ou 1980 toneladas por ano.

4.4 Maquinário necessário para uma Usina de fabricação de briquetes de coco verde

Os equipamentos necessários para a montagem de uma indústria de briquetes de

coco verde são basicamente briquetadeira, secador, picador e repicador. Mas para qualquer

processo de briquetagem, independente do material utilizado, a umidade do mesmo não pode

ser superior a 16%, pois com maior quantidade de água torna-se impossível a formação do

briquete já que esta não consegue ser absorvida.

18

Segundo informações cedidas per um funcionário da empresa Biomax (2013),

existem três tipos de máquinas para briquetagem, que variam de acordo com sua capacidade

de produção: a menor com capacidade de 800 a 1500 quilos de resíduo; a de médio porte,

utilizada como exemplo nesse estudo capaz de suportar de 1000 a 2000 quilos; e uma última

com capacidade de processar de 1500 a 2800 quilos de resíduos.

A variação de preço entre as três máquinas gira em torno de R$110.000.00, mas

como o espaço e a mão de obra exigida para cada uma delas são diferentes, o custo final para

instalação de cada uma delas varia.

A máquina escolhida como exemplo para esse estudo foi o modelo B105/240, um

equipamento de tamanho médio, capaz de processar, em média, 25% a mais de resíduos do

que o do modelo anterior, mas que trará retorno em menor período de tempo, tornando-se

possível que todo o investimento seja recuperado numa média de cinco anos,

aproximadamente a metade do tempo necessário para obter-se retorno utilizando o modelo de

menos capacidade produtiva.

4.5 Composição da Indústria de fabricação de Briquetes de resíduos de coco verde

Segundo pesquisa de mercado feita com a empresa BIOMAX, produtora de

briquetadeiras, obteve-se dados para implantação de uma indústria de briquetes de coco no

Ceará. Os números estão relacionados à viabilidade econômica desde os custos com a

instalação até o custo final por tonelada de briquete produzido. Os cálculos foram feitos

utilizando como base uma usina de briquetagem com capacidade produtiva de uma tonelada

de briquete por hora utilizando resíduos de coco verde.

Segundo Lora (2002), o aproveitamento de resíduo de coco verde para geração de energia

por meio da produção de briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como

combustível não incrementando o teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido na

combustão equilibrando-se com o CO2 consumido durante a fotossíntese.

Uma indústria produtora de briquetes que utiliza como matéria prima a casca de coco

verde é composta de briquetadeira, motor principal, quadro de comando, dosador, secador,

chupim, picador e repicador. O custo de aquisição e a capacidade produtiva de cada elemento

necessário para instalação da indústria será informado no Quadro 1.

19

Quadro 1: Custo do maquinário para produzir briquetes de resíduos de coco verde

Equipamento Capacidade Preço (R$)

BRIQUETADEIRA com pinça de aperto

automatizada modelo B105/240

1000kg/h a

2000kg/h 181.600

MOTOR PRINCIPAL da briquetadeira 75cv 15.900

QUADRO DE COMANDO da briquetadeira 14.500

SILO/DOSADOR para briquetadeira 26.000

SECADOR – TAMBOR COMPLETO B18000:

Fornalha, ciclone, ventilador de exaustão, válvula

rotativa, tubulações, motores e quadro de comando

1000kg/h a

2000kg/h 297.000

REDLER E CHUPIM para secador 39.000

PICADOR 1000kg/h 187.000

REPICADOR 1000kg/h 148.000

TOTAL DA USINA 1000kg/h a

2000kg/h 909.000

Fonte: (BIOMAX, 2012)

A máquina briquetadeira utilizada como exemplo, modelo Biomax B105/240,

também poderá ser usada na produção de briquetes de casca de arroz, resíduos de algodão,

resíduos de pinus, bagaço de cana de açúcar e resíduos de madeira, sendo que neste último a

produtividade da máquina é maior, passando de 1 tonelada por hora para 2 toneladas no

mesmo período. No caso dos outros equipamentos a produtividade para resíduos de madeira é

aproximadamente o dobro da capacidade para processar outros resíduos. Algumas partes de

uma máquina de fabricar briquetes de resíduos de coco verde podem ser destacados. São os

casos do:

Picador e/ou repicador: Os resíduos com granulometria muito elevada,

partículas maiores, para a secagem ou briquetagem precisam passar por um processo de

picagem. Em alguns casos, como o de retalhos de madeira de grandes dimensões, é necessário

fazer uma segunda diminuição no tamanho dos cavacos picados. Para isso, utiliza-se um

repicador. Os materiais secos e triturados podem ser conduzidos diretamente até o silo da

briquetadeira. .No entanto, se os materiais triturados possuírem umidade superior a 16%, uma

segunda etapa na preparação dos resíduos será necessária: a secagem.

20

Secador: O secador é constituído por um tambor rotativo que realiza a mistura do

gás quente da fornalha com os resíduos úmidos fazendo a extração da água em forma de

vapor. O resíduo seco é descarregado na saída do tambor em um ciclone que realiza a

separação dos gases quentes misturados com o vapor d’água. .O sistema de aspiração dos

gases quentes misturados com resíduos úmidos é realizado por um ventilador localizado na

saída do tambor, logo após o ciclone.

Briquetadeira: Quando os resíduos chegam à umidade máxima permitida, 16%,

eles são enviados à maquina briquetadeira que prensará todos os resíduos formando o

briquete.

4.6 Custo total de instalação

Na etapa a seguir analisam-se todos os custos envolvidos na instalação da indústria de

briquetes, desde a aquisição do equipamento aos gastos com energia. No Quadro 2 estão

apresentadas as definições dos custos associados à instalação de um indústria de fabricação

de briquetes

21

Quadro 2: Custo total de instalação da indústria de fabricação de briquetes de coco verde

DEPRECIAÇÃO

Custo do equipamento

Custo do prédio e infraestrutura (500m2)

Custo aproximado de frete e instalação

Valor total com depreciação acumulada em 10 anos

Depreciação por tonelada produzida

(R$1.254.000,00 / 19.800 ton) 10 anos

R$ 909.000,00

R$ 300.000,00

R$ 45.000,00

R$ 1.254.000,00

R$ 63,33

MÃO DE OBRA

3 funcionários / 1 turno (Leis locais)

(R$2.500,00 / funcionário)

Mão de obra por tonelada produzida

(R$7.500 / 165 toneladas por mês)

R$ 7.500,00

R$ 45,45

OUTROS CUSTOS

Manutenção por tonelada produzida R$18,00

Energia elétrica por tonelada produzida (232KW instalados,

considerando-se que seja utilizada 70% da capacidade

energética instalada)

232KW x R$0,30= R$69,90 x 0,7

R$48,72

CUSTO TOTAL R$ 175,50 / tonelada

O valor de venda do briquete varia de acordo com a região do país, assim como o

preço da lenha. Em média, o valor de venda do briquete em Fortaleza varia entre R$

320,00 e R$ 370,00 por tonelada.

Fonte: (BIOMAX, 2012)

4.7 Matéria prima

O Ceará é o terceiro maior produtor de coco verde do Brasil, ficando atrás,

apenas, dos estados da Bahia e do Sergipe.

Uma unidade de coco verde pesa em média 1500g. Para que ele possa ser

utilizado na produção de briquetes é necessário que seja extraído todo o excesso de água. A

22

casca de coco verde possui aproximadamente 85% de umidade, para que possa ser utilizado

na produção de briquetes, a fibra de coco deve ter em torno de 16% de água para que ao final

do processo haja somente 14% de umidade no briquete.

Segundo o site da Embrapa, acessado em 29 de março de 2013, em julho de 2012

o Nordeste recebeu a primeira unidade de beneficiamento de casca de coco verde na unidade

de triagem de resíduos sólidos do bairro Jangurussu, em Fortaleza. Foi destinada à unidade de

beneficiamento uma área de 3000m2 para a fabricação de produtos a partir do pó e das fibras

retiradas da casca, como substrato agrícola, composto orgânico, placas, vasos, bastões e peças

de artesanato diversos. Além disso, criou-se um espaço para a confecção de produtos

derivados da casca de coco verde. Os resíduos utilizados seriam os oriundos das coletas de

lixo da cidade que passam todo os dias pelo centro de triagem. Nos meses de alta estação, são

gerados somente na Av. Beira e Praia do Futuro, 40 toneladas de resíduo de coco todos os

dias. Na baixa estação esse número cai para aproximadamente a metade.

Somente a fábrica DuCoco, com seus quatro mil hectares de terra produtiva no

Ceará, produzem anualmente 28 milhões de frutos. Toda a produção é destinada para a

indústria de água, leite, óleo de coco, coco ralado e sobremesas, que utilizam somente a água

e a parte carnosa, sendo todo o resto descartado.

4.8 Destinação do resíduo de coco verde em Fortaleza

Ao procurar a destinação das cascas de coco verde na cidade de Fortaleza

descobriu-se que nenhum órgão assumiu a responsabilidade pela sua coleta ou

armazenamento. Segundo informações obtidas na Seuma – Secretaria de Urbanismo e Meio

Ambiente, os resíduos de coco verde eram enviados ao aterro sanitário de Caucaia.

Em contato com a Asmoc – Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia, foi

obtida a informação que os resíduos de coco não eram destinados àquele aterro e que

informações corretas sobre a coleta seriam dadas pela Ecofor Ambiental, responsável pela

coleta de resíduos em Fortaleza.

Por telefone, a Ecofor informou que não era responsável pela coleta de resíduos

de coco verde. Esse serviço seria efetuado pela Sercefor - Secretaria Executiva Regional do

Centro de Fortaleza.

Mais uma vez, em contato com a Sercefor, obteve-se a informação que esta

Secretaria também não seria responsável pelo recolhimento de resíduos de coco verde.

23

Por ser gerado em grandes quantidades, necessitar de muito espaço nos aterros e

proporcionar a proliferação de vetores, nenhum órgão assume a responsabilidade desse tipo de

resíduo. Dessa forma, as cascas de coco verde continuarão diminuindo a vida útil dos aterros

sanitários, poluindo a cidade visualmente e facilitando a propagação de doenças.

Não foi possível obter informação por parte dos órgãos públicos competentes

sobre o destino do coco verde, levando a supor que são destinados para locais impróprios ou

até mesmo para o aterro junto com os demais resíduos comuns coletados pela prefeitura.

Essa destinação inadequada implica em prejuízo ambiental e econômico. Segundo

informações da Associação dos Empresários da praia do futuro, existem 80 (oitenta)

associados, sendo estes grandes geradores de resíduos de coco verde, sem contar com bares e

comércios que vendem o produto. A utilização destes resíduos na fabricação de briquetes para

fornecimento de energia em fornos de padarias, lavanderias, pizzarias, restaurantes e demais

atividades, implicaria na geração de renda e emprego diretos e indiretos, sem contar nos

benefícios ambientais.

Segundo informações coletadas no dia no dia 4 de abril de 2013 na Secretaria de

Urbanismo e Meio Ambiente – SEUMA, as padarias e pizzarias que utilizam lenha em seus

fornos necessitam apresentar cadastro de consumidor de lenha expedido pelo IBAMA ou

SEMACE (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), além da necessidade da instalação

de filtros na chaminé, pois a lenha emite muito material poluente durante a queima, causando

incômodo à população do entorno e prejudicando a saúde, pois a queima precária da lenha

contém fuligem, monóxido de carbono (CO) e outros compostos orgânicos.

O cadastro de consumidor de lenha ou material de origem vegetal é fornecido para

empresas que vendem lenhas procedentes de replantio. No caso de empresas que utilizam

briquetes não é necessário a apresentação deste cadastro e nem a instalação de filtros,

implicando na diminuição dos custos para o empresário porque não necessita da compra de

filtro e pagamento de taxas para liberação dos cadastros, diminuindo também o tempo na

tramitação da licença ambiental.

4.9 Demanda por fontes caloríficas

Somente em Fortaleza e na região Metropolitana existem aproximadamente 225

padarias filiadas ao SINDPAN – Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no

24

Estado do Ceará, fora aquelas não sindicalizadas e as padarias e confeitarias existentes em

supermercado e mercados de pequeno porte.

Quanto ao número de pizzarias existentes em Fortaleza não foi possível precisar

um número correto já que não existe um sindicato ou associação que determine um número

médio de associados. Mas, segundo fontes de busca foi possível localizar mais de 300

pizzarias na cidade, com exceção daquelas que não possuem acesso à internet. Existe ainda,

na cidade, aproximadamente 150 lavanderias que utilizam caldeiras, também consumidoras de

fontes naturais de energia.

Além de lavanderias, pizzarias e padarias existem indústrias têxteis fábricas de

ração que utilizam lenha, briquete ou outras fontes de energia.

Porém, em contato com a SEMACE e a SEUMA foi impossível quantificar o

número exato de estabelecimentos que utilizam madeira ou outras fontes naturais de calor já

que os dados não são divididos por atividade.

Analisando somente o número de padarias como referência obtém-se os seguintes

resultados:

Um forno de tamanho médio de uma pizzaria consome aproximadamente 6m3

de lenha por mês

Supondo que metade das pizzarias de Fortaleza utilizem forno á lenha

Cada tonelada de briquete equivale à 5m3

de lenha

Um forno consumiria aproximadamente 1,2 toneladas de briquete por mês

Como a máquina, utilizada como exemplo, é capaz de produzir 165 toneladas de

briquete por mês e a pesquisa está lidando com o número de 150 pizzarias que utilizam fontes

naturais de calor. Com base nestas informações pode-se inferir que para abastecer todas elas,

seria necessário uma produção mensal de 180 toneladas de briquetes.

Das evidencias apresentadas depreende-se que somente o consumo de briquetes

das padarias seria suficiente para comprar toda a produção da fábrica. Mesmo levando em

consideração a forte concorrência e a falta de informação dos empresários é

comprovadamente possível entrar no mercado dos consumidores de fontes calor. Pois, além

das pizzarias existem as lavanderias, indústrias de ração, padarias, entre muito outros

mercados consumidores.

25

4.10 Capacidade produtiva de briquete de coco

Uma das fábricas da DuCoco, localizada no município de Itapipoca, gera em

média 42 mil toneladas anualmente. Todo o resíduo gerado pela empresa é destinado à uma

fábrica produtora de cerâmica. A casca de coco verde, após seca ao sol, é utilizada como fonte

de energia calorífica. Livrando o meio ambiente de mais um acumulador de resíduos.

Utilizando-se somente os dados da Embrapa do ano de 2012 as barracas de praia

de Fortaleza geram aproximadamente 10.200 mil toneladas de coco verde por ano. No Quadro

3 apresenta-se uma síntese da capacidade de produção de matéria prima para a fabricação de

briquetes em Fortaleza.

Quadro 3: Produção de matéria prima para fabricação de briquetes de coco em Fortaleza de

acordo com as estações turísticas

Estação Turística Duração

(meses)

Produção estimada

de casca de coco

(toneladas)

Produção total

Estimada

(toneladas)

Alta Estação 5 40 6.000

Baixa Estação 7 20 4.200

TOTAL 12 60 10.200

Fonte: (EMBRAPA, 2005)

Se for considerado que não são somente as barracas de praia que consomem o

coco verde, tem-se um número muito maior de resíduos despejados em aterros. Bares,

restaurantes, supermercados, lanchonetes, vendedores ambulantes e praias próximas à

Fortaleza podem aumentar em até 50% a quantidade de casca de coco verde descartadas no

meio ambiente. Ao invés de 10.200 toneladas pode-se chegar a aproximadamente 15.000

toneladas todos os anos.

O coco verde tem em sua composição 85% de água, restando para a produção de

briquetes somente 15% do total, mas após o processamento somente 14% será aproveitado na

produção. Os equipamentos utilizados como exemplo são capazes de produzir 165 toneladas

26

por mês funcionando em um único turno com apenas três (3) funcionários durantes 22 dias do

mês, Segundo a Biomax, 2012. Logo, seria possível obter os seguintes resultados em termos

de produção de briquetes utilizando os resíduos de coco como matéria prima:

Quadro 4: Produção estimada anual de briquetes utilizando resíduo de coco verde em

Fortaleza.

Matéria-

Prima

(toneladas)

Aproveitamento

(%)

Duração

(dias úteis)

Produção

diária

(toneladas)

Produção

total

Estimada

(toneladas)

15.000 14 264 7,5 1988

Fonte: (BIOMAX, 2012)

Se todo o resíduo de coco verde fosse coletado e utilizado na produção de briquete

de coco verde haveria material suficiente para a indústria funcionar durante 22 dias de cada

mês todos os anos.

O custo para a produção de uma tonelada de briquete é de aproximadamente

R$175,50 e o preço de venda é de aproximadamente R$330,00 por tonelada. (BIOMAX,

2012).

Quadro 5: Resultados financeiros da produção mensal de 165 toneladas de briquete

Custos Preço / Tonelada

(R$)

Valores totais

(R$)

Produção 175,50 28.957,50

Venda 330 54.450

Lucro 154,50 25.492,50

Fonte: (BIOMAX, 2012)

O lucro líquido mensal seria de aproximadamente R$25.500,00

27

Se a capacidade máxima de produção da indústria for utilizada por meio do

aumento de matéria prima, o lucro líquido mensal será facilmente triplicado, chegando ao

valor de quase R$ 100.000,00 todos os meses.

Das evidencias apresentadas até aqui, depreende-se que a produção de briquetes

utilizando os resíduos do coco como matéria prima traz benefícios sociais e ambientais. Ao

mesmo tempo em que toneladas de resíduos são retiradas das ruas para que seja gerada uma

fonte de energia sustentável, são criados empregos diretos e indiretos. Assim como acontece

com o papel, plástico e alumínio, por exemplo, o coco verde pode ser uma fonte de renda para

várias famílias que vivem como catadoras de lixo. Estas geram renda para depósitos

receptores desses resíduos e que consequentemente irão fazer com a casca de coco verde seja

beneficiada em uma indústria de briquetes.

Os benefícios ao meio ambiente são visíveis com a redução da emissão de gases

na atmosfera, já que o briquete é menos poluente; a diminuição do desmatamento de florestas

e a extinção de animais em decorrência. O aproveitamento da casca de coco verde será

vantajoso para o visual da cidade, já que este tipo de resíduo não será mais visto acumulado

pelas esquinas, atraindo ratos, baratas e mosquitos transmissores de doenças.

Constata-se ainda que o briquete de resíduo de coco possui o dobro do poder

calorífico da lenha, fonte de energia mais utilizada pelas padarias, pizzarias e lavanderias da

cidade. Sendo, portanto, interessante usá-lo como substituto da lenha.

O poder calorífico de cada tonelada de briquete equivale àquele gerado por cinco

(5) metros cúbicos de lenha. No exemplo utilizado em Pentecoste, uma área de 1683,09

hectares produziria o equivalente a 79.597,24 esteres ou metros cúbicos de lenha para

produção de briquete e 4.264,31 esteres de lenha, ou seja, 49,82 m3

de lenha por hectare.

Uma indústria briquetaderia tem capacidade para produzir 1988 toneladas de

briquete de coco verde por ano, o equivalente a 9940 m3 de lenha. Logo, utilizando o briquete

de coco verde como fonte calorífica, seriam poupados, anualmente, o equivalente a 200

hectares de floresta, enquanto aproximadamente 15 mil toneladas de coco verde seriam

retirados das ruas e dos aterros sanitários da cidade de Fortaleza.

Quanto à disponibilidade de matéria prima é possível provar que Fortaleza e

Região Metropolitana produzem resíduos suficientes para usar a capacidade total da usina

28

utilizada como exemplo. Segundo pesquisa da Embrapa disponibilizada em seu site, a Praia

do Futuro, em Fortaleza, produz todos os dias da alta estação, em média, 40 toneladas de

resíduos de coco verde. Somando-se essa quantidade aos resíduos que podem ser coletados

em restaurantes e lanchonetes tem-se um total aproximado de 15 mil toneladas por ano,

quantidade suficiente para produzir 1988mil toneladas de briquete de coco e gerando um valor

bruto de aproximadamente R$54.450,00 por mês, ou R$ 653.400,00 por ano e um lucro

líquido de R$ 306.00,00 anuais.

29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da pesquisa, depreende-se que a instalação de uma fábrica produtora de

briquetes tornaria a cidade de Fortaleza um lugar mais limpo e economicamente sustentável.

A possuir um destino e um fim específico, as cascas de coco verde encontradas

facilmente pelas ruas da cidade, deixariam de ser um problema ambiental, estético e

econômico e passaria a ser uma fonte de renda para famílias mais pobres, uma fonte de

energia sustentável e menos poluente.

Embora o custo para instalação de uma indústria produtora de briquetes seja

elevado, é viável a existência de pelo menos uma na cidade. Existem investidores com capital

mais que suficiente para a implantação, o que pode ser um empecilho é a falta de informação

e de incentivo por parte da prefeitura e dos órgãos ambientais. A produção de briquetes de

coco verde é rentável, com matéria-prima disponível o ano inteiro a um custo muito baixo. Já

que ela está à disposição em toda a cidade, o único custo seria o de coleta e transporte da

mesma. O custo de instalação seria reintegrado à empresa em um curto prazo, levando em

consideração que a margem de lucro é elevada.

Com estímulo de órgãos municipais e estaduais seria possível ter uma cidade mais

limpa, poluindo menos o meio ambiente por meio da utilização de nova fonte de energia

menos agressiva, e evitando a devastação das florestas para produção de lenha de madeira;

além de criar a oportunidade de emprego e renda para as famílias. Já que atualmente só existe

uma única indústria briquetadeira na cidade, e esta utiliza somente madeira em sua produção,

a divulgação do uso da casca de coco verde proporcionaria a abertura de um novo mercado.

Conclui-se, portanto, que a instalação de uma usina de briquete de coco verde é

perfeitamente viável, seja do ponto de vista financeiro ou ambiental. Existe matéria prima

suficiente para abastecer o mercado e existe mercado consumidor. Este tipo de briquete é mais

vantajoso para o empresário consumidor do que a lenha, seja por ser mais barato, poluir

menos ou necessitar de menos espaço para armazenamento. Quando comparado ao briquete

de madeira, este ainda leva vantagem por possuir maior poder calorífico, não desmatar

florestas e poluir menos o meio ambiente. Outro incentivo à instalação de uma briquetadeira é

que a mesma máquina que utiliza o coco verde pode beneficiar também a madeira, a casca de

arroz, resíduos de algodão, além da cana-de-açúcar. O briquete de coco verde, portanto, é

ambientalmente sustentável e benéfico à sociedade e à economia local.

30

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Ambiental:Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron

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