Upload
hoangdien
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
VANESSA SANTANA LOPES
BRIQUETE DE COCO COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA
FORTALEZA
2014
VANESSA SANTANA LOPES
BRIQUETE DE COCO COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA
Monografia apresentada ao Curso de Ciências
Econômicas do Departamento de Economia da
Universidade Federal do Ceará, como parte
dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Economia. Departamento de
Teoria Econômica.
Orientador: Prof. José Jesus de Sousa Lemos
FORTALEZA
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
L856b Lopes, Vanessa Santana.
Briquete de coco como alternativa energética / Vanessa Santana Lopes - 2013. 32 f.: il.
Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,
Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2013.
Orientação: Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos.
1.Sustentabilidade 2.Desenvolvimento sustentável 3.Desenvolvimento rural I. Título
CDD 330
RESUMO
Este é um estudo sobre a viabilidade da produção de briquetes utilizando como matéria prima
a casca de coco verde. Foram analisados os custos pra implantação de uma fábrica, as
desvantagens no uso de madeira para produção de energia, a disponibilidade de material, o
custo para montagem de uma indústria, o período aproximado para retorno do investimento e
os benefícios ao meio ambiente. O briquete da casca de coco verde substitui madeira, carvão e
briquete de madeira na produção de energia. A instalação de uma fábrica de briquetes de coco
verde possui o mesmo custo que uma que produz briquetes de madeira. Devido à grande
disponibilidade de matéria prima, o briquete do coco verde leva grande vantagem em relação
à madeira. Como ele está disponível em toda a cidade, reduz-se os custos com mão de obra,
transporte e licenciamentos. Sua comercialização é uma alternativa economicamente viável e
sustentável que não só irá gerar renda e emprego como reduzirá os níveis de poluição no ar e
no solo.
Palavras-chave: Briquete, Energia, Meio ambiente, Indústria
ABSTRACT
This is a study about the availability of producing briquettes using the coconut
shell as raw material. The costs were analyzed to implement a factory, the disadvantages of
using wood for energy production, the availability of the material, the costs for installation in
an industry, and the necessary time required for its production to be profitable in relation to
the investment and benefits to the environment. The briquette from coconut shell replaces
wood, coal and wood briquette in energy production. The installation of coconut factory
briquettes has the same cost as one that produces wood briquettes. Due to the abundant
availability of raw materials, the green coconut briquette takes great advantage over wood. It
is easily found throughout the city, consequently it reduces the cost of labor, transportation
and licensing. Its marketing is economically viable and sustainable and this not only generate
income and employment as reduce pollution levels in the air and on the ground.
Keywords: Briquettes, Energy, Pollution, Industry, Coconut
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 8
3 MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 10
3.1 Tipo de estudo ............................................................................................................ 10
3.2 Amostra ...................................................................................................................... 10
3.3 Cenário da Pesquisa .................................................................................................. 11
4 VIABILIDADE DO USO DE BRIQUETE DE COCO ...............................................12
4.1 Vantagens do uso do briquete .................................................................................. 13
4.2 Extração de madeira ................................................................................................. 15
4.3 Efeitos negativos da exploração florestal para produção de briquete de lenha
...................................................................................................................................... 16
4.4 Maquinário necessário para uma Usina de fabricação de briquetes .................... 17
4.5 Composição da Industria de fabricação de Briquetes de resíduos de coco
verde............................................................................................................................ 18
4.6 Custo total de instalação ........................................................................................... 20
4.7 Matéria prima ............................................................................................................ 21
4.8 Destinação do resíduo de coco verde em Fortaleza ................................................ 22
4.9 Demanda por fontes caloríficas ................................................................................ 23
4.10 Capacidade produtiva de briquete de coco ..................................................25
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 30
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 31
5
1. INTRODUÇÃO
O acelerado crescimento populacional, que exige maiores quantidades de energia,
provoca o uso desordenado desta sem que tenha havido, até aqui, a preocupação séria de
buscar novas alternativas não convencionais e sustentáveis de um ponto de vista ambiental. A
falta de recursos naturais ou tecnológicos para produzir energia suficiente para suprir as
necessidades da população local aumenta a desigualdade social, seja pela falta de recursos
naturais ou pela falta de tecnologia para a exploração dos existentes. Os locais menos
desenvolvidos tornam-se dependentes de fontes de energia ou de tecnologia externas para
explorar recursos naturais existentes, como acontece, por exemplo, com a entrada das
multinacionais, que ganham enorme vantagem ao entrar em países pobres, não só pela falta de
conhecimento destes, mas também pelas flutuações da taxa de câmbio, que elevam o custo da
energia que se transmite como em vasos comunicantes a todos os segmentos das cadeias
produtivas, encarecendo os produtos finais, tornando-os inacessíveis à grande maioria da
população e aumentando a exclusão social. As localidades que possuem todos os recursos
energéticos submetem os locais menos desenvolvidos à sua política e a seus preços, que quase
sempre são definidos bem acima do valor real, devido à forma concentrada e pouco
concorrencial em que se praticam esses mercados.
A energia é considerada um bem de extrema importância para o desenvolvimento
humano e redução das desigualdades sociais. Quando uma quantidade mínima de energia é
disponibilizada a uma população, ela tem a possibilidade de melhorar sua qualidade de vida
através da educação, infraestrutura, saúde, saneamento básico, lazer, oportunidade de
emprego e renda. As observações desses fatos têm levado a discussões sobre a relação entre
nível de renda, consumo energético e desenvolvimento. Acreditam-se que um nível básico de
energia disponível a todos será capaz de diminuir as desigualdades sociais e facilitar a busca
pelo desenvolvimento sustentável.
Indicadores sociais têm sido utilizados para analisar a relação de consumo
energético per capita com índices de desenvolvimento. Segundo Reis (Reis e Cunha, 2006) as
disparidades dos níveis de consumo energético seguem praticamente o mesmo padrão da
distribuição de renda. Para o estudo a seguir, serão considerados O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), o Relatório de Brundtland (1987) e o Índice de Pobreza
Humana (IPH) e ainda os dados do Índice de Exclusão Social criado aplicado por Lemos,
2008. Tais indicadores sociais serão analisados posteriormente neste estudo para que possa ser
comprovada a relação entre desigualdade social e a falta de fontes energéticas.
6
Dado o acelerado crescimento da população mundial, torna-se necessário criar
medidas que tornem possível a todas as pessoas um nível mínimo de qualidade de vida, tendo
acesso à saúde, educação, moradia, lazer, segurança, além de conscientização do que é viver
em sociedade. Pois, dar melhores condições de vida a um povo sem que ele saiba administrá-
la gera um problema ainda maior. Todos os recursos acima descritos devem ser cedidos
segundo normas legais. Do contrário, o crescimento desordenado e a desigualdade
permanecerão aumentando os índices de poluição, desmatamento, falta de alimento e energia.
A fim de minimizar o abismo social no estado do Ceará, mais precisamente em
Fortaleza, este estudo analisará a viabilidade de uma nova fonte de energia já utilizada em
outros estados e pouco difundida pelos cearenses. O uso do briquete, produzido a partir dos
resíduos da casa de coco, como fonte de energia a ser utilizada em churrascarias, olarias,
fábricas de cerâmica, frigoríficos, fábricas de ração, pizzarias, padarias, lavanderias, indústria
de ração e papel. Em todos os ramos que utilizem fornos ou caldeiras, em substituição à lenha
e ao carvão retirados das florestas nacionais.
Especificamente, será estudada a produção de briquetes de coco verde. O coco é
consumido durante todo o ano principalmente pela população litorânea que busca a água e o
fruto doce, porém, todo o resto é descartado por não ter utilidade até o momento. As grandes
quantidades consumidas semanalmente pelas barracas de praia de Fortaleza contribuem não
só para a poluição visual, mas também diminuem significativamente a capacidade do aterro
sanitário local e reduzindo sua vida útil, já que de acordo com a SEUMA – Secretaria de Meio
Ambiente, o aterro está com 70% de sua capacidade utilizada e, segundo informações obtidas
no site da Embrapa, este tipo de resíduo leva de 8 a 12 anos para se decompor.
A partir da seção 4 desta pesquisa encontram-se subseções que demonstram as
vantagens do uso de briquetes de coco, os danos causados pela extração de madeira, qual o
maquinário necessário para a instalação de um indústria briquetadeira e seus custos, e a
disponibilidade de coco verde na cidade de Fortaleza.
7
OBJETIVO GERAL
O Objetivo geral da pesquisa é analisar a viabilidade econômica da produção do
briquete de coco utilizado como fonte de energia na cidade de Fortaleza e seus benefícios
sociais e ambientais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Analisar o potencial energético do briquete de coco verde em relação a outras
fontes calóricas de energia;
2. Contabilizar a disponibilidade do material para essa atividade e investigar a
viabilidade econômica para a produção no estado;
3. Identificar as vantagens de utilizar a casca de coco como material reciclável;
4. Identificar os benefícios econômicos, sociais e ambientais que podem ser
gerados pelo setor;
8
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O entendimento atual de desenvolvimento sustentável é baseado no ser humano,
em como se pode manter um ambiente agradável para as pessoas sem impedir o
desenvolvimento econômico e sem prejudicar a qualidade de vida daqueles que habitarão o
ambiente depois. O sucesso da sustentabilidade acontece quando todos os habitantes dispõem
dos mesmos privilégios.
O desenvolvimento sustentável é caracterizado por cinco dimensões, segundo
Sachs, ele são:
Geoambiental: Refere-se o desenvolvimento do ponto de vista geográfico, quais áreas
serão atingidas e quais serão os impactos, considerando também o período em que
essas mudanças serão visíveis;
Socioeconômica: Prevê que o progresso econômico esteja ao alcance de todos, de
maneira justa e igualitária;
Técnico-científica: Trata da busca continua do conhecimento tecnológico e científico
para o benefício da sociedade;
Político-institucional: Determina que a sociedade tenha acesso às decisões políticas
para que as dimensões anteriores, geoambiental, socioeconômica e técnico-científica
façam o seu papel para que haja desenvolvimento sustentável;
Cultural: Relata que os valores locais, como manifestações artísticas, a maneira de
vestir-se e comunicar-se dos povos, de demonstrarem suas raízes, devem também ser
preservados;
No trabalho de Lemos (2012) são expostos os princípios citados por Sachs que
dão orientação para que o desenvolvimento sustentável possa ser posto em prática. O que é
feito hoje deve ser pensado em como cada atitude afetará as gerações futuras, utilizando
recursos sem esquecer dos que viverão aqui futuramente, para que possam ter a mesma
qualidade de vida existente atualmente;
Fazer com que os cidadãos tenham suas necessidades básicas atendidas;
Ter a população como autora do processo de desenvolvimento;
Dar ênfase à preservação do meio ambiente e de todos os recursos naturais;
Garantir trabalho digno e segurança a todos, e preservando a cultura;
Estimular a população a participar de projetos educacionais para preservação de um
ambiente sustentável;
9
Em seu livro, Lemos (op. cit.) cita ainda o Relatório de Brundtland, elaborado em
1987 pela Comissão Mundial sobre Meio ambiente e Desenvolvimento para tentar frear o uso
descontrolado dos recursos naturais. Logo, foram apresentadas medidas que promovessem o
desenvolvimento, mas que prejudicassem o meio ambiente da menor maneira possível. Dentre
elas estão:
Determinar um limite para o crescimento da população
Garantia da não falta de alimento por um longo prazo
Preservação da biodiversidade e ecossistemas
Redução do consumo de energia por meio do desenvolvimento de tecnologias que
permitissem o uso de fontes renováveis
Permitir o acesso das pessoas á todas as necessidades básicas
Desenvolvimento industrial de países utilizando fontes limpas de energia
Diminuir o crescimento desordenado das cidades
Tentar aproximar a população do campo com a da cidade
Toda a teoria e todos os planos para a construção de um ambiente com
desenvolvimento sustentável encontram barreiras nas políticas de grandes empresas. Estas
buscam constantemente a maximização de lucros independente das fontes de energia ou da
mão-de-obra utilizada.
Conforme explorado por (ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO, 2000),
Pensando de maneira abrangente onde mais pessoas teriam acesso aos produtos
industrializados, a margem de lucro dessas empresas seriam maiores. Como não há
preocupação com as gerações futuras, os lucros permanecem sem grandes crescimentos e a
maioria da população permanece pobre, à margem de um mundo moderno e industrializado,
mas, com os dias contados, pois os recursos naturais que geral tanta riqueza hoje acabarão um
dia caso o pensamento no ambiente de amanhã não seja colocado em pauta e em prática.
Segundo o Encontro Mundial para o Desenvolvimento Social realizado em 1995
em Compenhague, o desenvolvimento está diretamente ligado ao bem estar do ser humano.
Fazendo com que todos tenham acesso à comida, saúde, conhecimento de qualidade e um
emprego para que ele possa ser sustentável para sua família e gerações futuras.
10
3. MATERIAL E MÉTODO
Este é um estudo de caráter descritivo e exploratório que utilizou como fonte a
pesquisa bibliográfica e o estudo de campo. Foi feita uma análise a respeito dos resíduos de
coco verde na cidade de Fortaleza, buscando sua destinação e possibilidade de
beneficiamento.
3.1 Tipo de estudo
O estudo descritivo se caracteriza pelos fatos observados e analisados. A técnica
da coleta de dados se realizou através de questionários não padronizados nos setores
envolvidos com o resíduo em questão, o coco verde, utilizadores de fontes de calor como
energia e coleta de informações junto aos órgãos municipais e estaduais.
A pesquisa exploratória tem como objetivo investigar uma situação ainda pouco
discutida. Determina maiores informações sobre determinado assunto, facilita a delimitação
do estudo e a definição de objetivos ou formulação de hipóteses.
A pesquisa de campo busca respostas ou informações sobre um problema por
meio da formulação de hipóteses que se queira comprovar. Este tipo de investigação foi
utilizado devido à falta de fontes bibliográficas.
3.2 Amostra
Definiu-se na pesquisa uma amostra de seleção intencional a fim de facilitar o
desenvolvimento da pesquisa. Intencionalmente foram escolhidos apenas os representantes
que poderiam responder pela questão em estudo. No caso, a representação é individual, ou
seja, apenas um integrante da empresa tem a responsabilidade de responder plenamente o que
é feito na sua empresa e que é de relevância para os objetivos desta pesquisa.
A amostra foi composta por 30 geradores de resíduos de coco verde, entre eles,
barracas de praia, restaurantes e lanchonetes; outros produtores de fontes de energia como a
lenha e o briquete de madeira; e os possíveis responsáveis pela coleta dos resíduos de coco
verde.
11
3.3 Cenário da pesquisa
A pesquisa foi realizada na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará. Segundo o
site da Prefeitura Municipal de Fortaleza, a cidade possui uma área de 314,930 km2, é
composta por 34 km de praia e possui 2 milhões e 400 mil habitantes. Utilizou-se ainda como
cenário o município de Caucaia, pertencente à Região Metropolitana de Fortaleza, que abriga
a ASMOC – Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia.
Imagens de uma indústria de briquetes de madeira foi utilizada para demonstrar a
forma e a facilidade de estocagem dos mesmos, devido à forma padronizada, ocupam menos
espaço, tem maior praticidade para serem medidos e transportados. A partir das informações
coletadas foram construídos quadros para demonstrar a quantidade de cascas de coco
disponíveis na cidade, quanto poderia ser aproveitado para a produção de energia através do
briquete, e qual a rentabilidade para o investidor.
Comparou-se o poder calorífico da lenha e do briquete de coco verde e os
benefícios ao meio ambiente, desde a diminuição da emissão de gases na atmosfera até a área
florestal que seria poupada com uma única indústria briquetadeira instalada na cidade.
12
4. VIABILIDADE DO USO DE BRIQUETE DE COCO
Briquete é o produto obtido através da compactação mecânica de resíduos
diversos, tais como serragem, casca de arroz, casca de amendoim, bagaço de cana, casca de
algodão, casca de café e resíduos de madeira. Ele é utilizado para substituir a lenha oriunda
das florestas para produção de calor em indústrias e comércios utilizadores de fornos e
caldeiras. Podem ser definidos da seguinte forma:
Briquetes são produtos de alto poder calorífico, obtido pela compactação dos resíduos
demadeira como o pó de serragem e as cascas vegetais como a casca de coco. Apresenta
forma regular e constituição homogênea sendo muito utilizado para a geração de energia.
É considerado uma lenha ou carvão ecológico de alta qualidade, feito a partir da
compactaçãode resíduos ligno-celulosicos, sob pressão e temperaturas elevadas (BIOMAX,
2007;BIOMACHINE, 2007).
Na Figura 1 mostram-se briquetes produzidos a partir de resíduos de madeira.
Fonte: (STOLF Artefatos de Madeira, 2012)
Tais materiais são utilizados como alternativa à substituição da lenha por
possuírem baixa umidade em relação à madeira, quanto maior a umidade menor é o poder
calorífico. Eles estão disponíveis pela ruas das grandes cidades, em aterros sanitários e nos
descartes das grandes indústrias . Se todos esses resíduos forem coletados poderão ser
utilizados para minimizar os prejuízos causados ao meio ambiente, já que quase maioria dos
produtos citados iriam para o lixo.
13
4.1 Vantagens do uso do briquete de coco
De acordo com informações da indústria Mastruz com Leite, produtora de
briquetes de madeira, dentre as vantagens da utilização do briquete de coco pode-se destacar:
Maior poder calorífico – Enquanto a lenha possui energia média de
2200kcal/kg, o briquete tem 4600kcal/kg;
Contribui com o meio ambiente – Evitando o desmatamento para produção de
lenha; gera menos cinza, fumaça e fuligem; é menos poluente;
Possui regularidade térmica;
Por ter tamanho padronizado ocupa menos espaço para armazenagem, é de
fácil manuseio, o controle de estoque torna-se mais preciso;
Por ser mais higiênico reduz a importação de pragas;
Devido à baixa umidade a temperatura se eleva rapidamente;
Não danifica a fornalha no manuseio para abastecimento;
Está disponível o ano inteiro;
Pode ser utilizado em conjunto com a lenha;
As chaminés fornalhas que utilizam briquetes são dispensadas da
obrigatoriedade do filtro lavador de gases por parte dos órgãos ambientais;
Dispensa cadastro estadual de consumidores de matéria de origem vegetal nos
órgãos responsáveis: SEMACE e IBAMA;
Diminui o uso de combustíveis fósseis e busca por fontes renováveis de
energia;
Aumento da eficiência do setor energético;
Desenvolvimento do setor energético na busca de eficiência produtiva e
alternativas ambientalmente benéficas;
Mudanças nos setores produtivos como um todo;
Implantação de políticas energéticas que incentivem a formação de mercados
para tecnologias ambientalmente benéficas substituindo as alternativas não sustentáveis. Além
de políticas educacionais para conscientizar a população dos benefícios e aplicações do uso da
energia para o desenvolvimento de um ambiente sustentável. Na Figura 2 apresenta-se um
estoque de briquetes de uma indústria localizada em Fortaleza.
14
Fonte: Usina de briquetagem Mastruz com Leite – Foto: Vanessa Santana Lopes
Por serem uniformes e em formato cilíndrico, os briquetes são fáceis de serem
embalados e armazenados. Geralmente eles são acomodados em sacos de ráfia, que após
fechados são pesados e estocados. Dessa forma, tanto nas indústrias de briquetagem quanto
nos depósitos de seus consumidores os briquetes são facilmente armazenados e tem seu
controle feito de maneira mais precisa, já que após o fechamento de cada saco o mesmo é
pesado e tem esse valor escrito em cada embalagem.
Assim, torna-se mais prático para os produtores venderem e ainda ganham maior
credibilidade com os clientes, que tem certeza do quanto estão pagando pelo que efetivamente
estão levando. Já os estoques de cada cliente ficam mais seguros por ser mais fácil de
identificar o consumo, controlar as quantidades e evitar possíveis desvios de sua matéria
energética.
15
4.2 Extração de madeira
Segundo a resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA, a exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos
florestais são atividades que estão sujeitas ao licenciamento ambiental.
Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas
técnicas aplicáveis ao caso. CONAMA, 1981
Segundo a resolução CONAMA 237, estas são as etapas necessárias para obter-se
o licenciamento ambiental:
Licença prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas
próximas fases de sua implementação;
Licença de instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual
constituem motivo determinante;
Licença de operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças
anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a
operação.
Utilizando como exemplo uma área de exploração em Pentecostes, apoiando-se em
informações fornecidas pela empresa têm-se os seguintes dados: Área total de 1.683,09
hectares, apresentando uma reserva legal de 336,2 hectares e com uma área manejada de
1.025,07 hectares. No plano de manejo, as áreas a serem exploradas são dividas em pequenas
partes, sendo cada uma delas utilizadas por determinado espaço de tempo para que no final do
ciclo outros talhões já estejam recuperados. Tendo sua data de exploração já definida no início
do plano. A estimativa de produção de 79.597,24 esteres, ou metros cúbicos de lenha para
produção de briquete e 4.264,31 esteres de estaca. Um prejuízo desnecessário ao meio
ambiente.
16
4.3 Efeitos negativos da exploração florestal para produção de briquete de lenha
Alguns dos problemas causados pelo uso de material retirado das florestas para a
produção de briquete estão relacionados à devastação das matas, degradação do solo,
dispersão da fauna vivente no local, escassez de água devido à falta de vegetação para
provocar a precipitação das chuvas.
Por outro lado, a exploração agrossivipastoril planejada produz os seguintes
impactos ambientais: Redução da regeneração nos primeiros anos devido às capinas e
retiradas de alguns brotos da vegetação arbórea e arbustiva; redução do teor de matéria
orgânica e aumento da oxidação devido à exposição do solo ao sol e à chuva; redução da
biodiversidade. Este impacto, ainda não mensurado em áreas de Manejo para o nordeste
precisa de estudos e pesquisas; e risco de presença de árvores em extinção na área do manejo.
Sendo a madeira uma fonte de energia de baixo custo financeiro, e devido á
grande necessidade energética provocada pelo crescimento acelerado da população, as
autoridades permitem que sejam feitos planos de manejo para exploração de áreas ambientais.
Plano de manejo é um projeto dinâmico que determina o zoneamento de uma área
de conservação, caracterizando cada uma de suas zonas e propondo seu desenvolvimento
físico, de acordo com suas finalidades. Estabelece desta forma diretrizes básicas para o
manejo da Unidade.
Principalmente na época de estiagem, plano de manejo se torna uma alternativa
viável para o proprietário rural, oferecendo trabalho e renda para os trabalhadores da região.
Ele tem como objetivo principal atenuar os prejuízos causados ao meio ambiente, objetivando
a manutenção da capacidade de regeneração da vegetação, preservando a biodiversidade e
conservação do solo e recursos hídricos. Para tal, o corte da vegetação é feito de maneira que
favoreça a regeneração por rebrota; a exploração é feita por talhões, áreas definidas que
favorecem a fuga de animais silvestres para áreas vizinhas e a dispersão de sementes para
áreas adjacentes; preserva-se toda a vegetação de mata ás margens de córregos, açudes e rios,
e toda espécie ameaçada de extinção, como é o caso da aroeira; é proibida a caça de animais
silvestres na área; é feito um trabalho de conscientização da população e dos trabalhadores
para evitar a degradação ambiental na área de manejo.
17
Figura 3 - Usina de briquetagem de resíduos de madeira com briquetadeira e secador
Fonte: (BIOMAX, 2012)
Segundo informações obtidas junto a técnicos da Biomax (2012), indústria
produtora de briquetadeiras, para a construção de uma usina com capacidade de produzir uma
tonelada por hora (1ton/h) de briquetes de coco verde necessita dos seguintes componentes:
uma Briquetadeira B 105/240 com acessórios; um Secador B 18000 com acessórios; um
picador com acessórios; um repicador com acessórios;
Utilizando como referência uma carga horária de 22 dias mensais, 8 horas diárias
com uma capacidade produtiva de uma tonelada por hora tem-se uma produção de 165
toneladas de briquetes de coco verde por mês ou 1980 toneladas por ano.
4.4 Maquinário necessário para uma Usina de fabricação de briquetes de coco verde
Os equipamentos necessários para a montagem de uma indústria de briquetes de
coco verde são basicamente briquetadeira, secador, picador e repicador. Mas para qualquer
processo de briquetagem, independente do material utilizado, a umidade do mesmo não pode
ser superior a 16%, pois com maior quantidade de água torna-se impossível a formação do
briquete já que esta não consegue ser absorvida.
18
Segundo informações cedidas per um funcionário da empresa Biomax (2013),
existem três tipos de máquinas para briquetagem, que variam de acordo com sua capacidade
de produção: a menor com capacidade de 800 a 1500 quilos de resíduo; a de médio porte,
utilizada como exemplo nesse estudo capaz de suportar de 1000 a 2000 quilos; e uma última
com capacidade de processar de 1500 a 2800 quilos de resíduos.
A variação de preço entre as três máquinas gira em torno de R$110.000.00, mas
como o espaço e a mão de obra exigida para cada uma delas são diferentes, o custo final para
instalação de cada uma delas varia.
A máquina escolhida como exemplo para esse estudo foi o modelo B105/240, um
equipamento de tamanho médio, capaz de processar, em média, 25% a mais de resíduos do
que o do modelo anterior, mas que trará retorno em menor período de tempo, tornando-se
possível que todo o investimento seja recuperado numa média de cinco anos,
aproximadamente a metade do tempo necessário para obter-se retorno utilizando o modelo de
menos capacidade produtiva.
4.5 Composição da Indústria de fabricação de Briquetes de resíduos de coco verde
Segundo pesquisa de mercado feita com a empresa BIOMAX, produtora de
briquetadeiras, obteve-se dados para implantação de uma indústria de briquetes de coco no
Ceará. Os números estão relacionados à viabilidade econômica desde os custos com a
instalação até o custo final por tonelada de briquete produzido. Os cálculos foram feitos
utilizando como base uma usina de briquetagem com capacidade produtiva de uma tonelada
de briquete por hora utilizando resíduos de coco verde.
Segundo Lora (2002), o aproveitamento de resíduo de coco verde para geração de energia
por meio da produção de briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como
combustível não incrementando o teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido na
combustão equilibrando-se com o CO2 consumido durante a fotossíntese.
Uma indústria produtora de briquetes que utiliza como matéria prima a casca de coco
verde é composta de briquetadeira, motor principal, quadro de comando, dosador, secador,
chupim, picador e repicador. O custo de aquisição e a capacidade produtiva de cada elemento
necessário para instalação da indústria será informado no Quadro 1.
19
Quadro 1: Custo do maquinário para produzir briquetes de resíduos de coco verde
Equipamento Capacidade Preço (R$)
BRIQUETADEIRA com pinça de aperto
automatizada modelo B105/240
1000kg/h a
2000kg/h 181.600
MOTOR PRINCIPAL da briquetadeira 75cv 15.900
QUADRO DE COMANDO da briquetadeira 14.500
SILO/DOSADOR para briquetadeira 26.000
SECADOR – TAMBOR COMPLETO B18000:
Fornalha, ciclone, ventilador de exaustão, válvula
rotativa, tubulações, motores e quadro de comando
1000kg/h a
2000kg/h 297.000
REDLER E CHUPIM para secador 39.000
PICADOR 1000kg/h 187.000
REPICADOR 1000kg/h 148.000
TOTAL DA USINA 1000kg/h a
2000kg/h 909.000
Fonte: (BIOMAX, 2012)
A máquina briquetadeira utilizada como exemplo, modelo Biomax B105/240,
também poderá ser usada na produção de briquetes de casca de arroz, resíduos de algodão,
resíduos de pinus, bagaço de cana de açúcar e resíduos de madeira, sendo que neste último a
produtividade da máquina é maior, passando de 1 tonelada por hora para 2 toneladas no
mesmo período. No caso dos outros equipamentos a produtividade para resíduos de madeira é
aproximadamente o dobro da capacidade para processar outros resíduos. Algumas partes de
uma máquina de fabricar briquetes de resíduos de coco verde podem ser destacados. São os
casos do:
Picador e/ou repicador: Os resíduos com granulometria muito elevada,
partículas maiores, para a secagem ou briquetagem precisam passar por um processo de
picagem. Em alguns casos, como o de retalhos de madeira de grandes dimensões, é necessário
fazer uma segunda diminuição no tamanho dos cavacos picados. Para isso, utiliza-se um
repicador. Os materiais secos e triturados podem ser conduzidos diretamente até o silo da
briquetadeira. .No entanto, se os materiais triturados possuírem umidade superior a 16%, uma
segunda etapa na preparação dos resíduos será necessária: a secagem.
20
Secador: O secador é constituído por um tambor rotativo que realiza a mistura do
gás quente da fornalha com os resíduos úmidos fazendo a extração da água em forma de
vapor. O resíduo seco é descarregado na saída do tambor em um ciclone que realiza a
separação dos gases quentes misturados com o vapor d’água. .O sistema de aspiração dos
gases quentes misturados com resíduos úmidos é realizado por um ventilador localizado na
saída do tambor, logo após o ciclone.
Briquetadeira: Quando os resíduos chegam à umidade máxima permitida, 16%,
eles são enviados à maquina briquetadeira que prensará todos os resíduos formando o
briquete.
4.6 Custo total de instalação
Na etapa a seguir analisam-se todos os custos envolvidos na instalação da indústria de
briquetes, desde a aquisição do equipamento aos gastos com energia. No Quadro 2 estão
apresentadas as definições dos custos associados à instalação de um indústria de fabricação
de briquetes
21
Quadro 2: Custo total de instalação da indústria de fabricação de briquetes de coco verde
DEPRECIAÇÃO
Custo do equipamento
Custo do prédio e infraestrutura (500m2)
Custo aproximado de frete e instalação
Valor total com depreciação acumulada em 10 anos
Depreciação por tonelada produzida
(R$1.254.000,00 / 19.800 ton) 10 anos
R$ 909.000,00
R$ 300.000,00
R$ 45.000,00
R$ 1.254.000,00
R$ 63,33
MÃO DE OBRA
3 funcionários / 1 turno (Leis locais)
(R$2.500,00 / funcionário)
Mão de obra por tonelada produzida
(R$7.500 / 165 toneladas por mês)
R$ 7.500,00
R$ 45,45
OUTROS CUSTOS
Manutenção por tonelada produzida R$18,00
Energia elétrica por tonelada produzida (232KW instalados,
considerando-se que seja utilizada 70% da capacidade
energética instalada)
232KW x R$0,30= R$69,90 x 0,7
R$48,72
CUSTO TOTAL R$ 175,50 / tonelada
O valor de venda do briquete varia de acordo com a região do país, assim como o
preço da lenha. Em média, o valor de venda do briquete em Fortaleza varia entre R$
320,00 e R$ 370,00 por tonelada.
Fonte: (BIOMAX, 2012)
4.7 Matéria prima
O Ceará é o terceiro maior produtor de coco verde do Brasil, ficando atrás,
apenas, dos estados da Bahia e do Sergipe.
Uma unidade de coco verde pesa em média 1500g. Para que ele possa ser
utilizado na produção de briquetes é necessário que seja extraído todo o excesso de água. A
22
casca de coco verde possui aproximadamente 85% de umidade, para que possa ser utilizado
na produção de briquetes, a fibra de coco deve ter em torno de 16% de água para que ao final
do processo haja somente 14% de umidade no briquete.
Segundo o site da Embrapa, acessado em 29 de março de 2013, em julho de 2012
o Nordeste recebeu a primeira unidade de beneficiamento de casca de coco verde na unidade
de triagem de resíduos sólidos do bairro Jangurussu, em Fortaleza. Foi destinada à unidade de
beneficiamento uma área de 3000m2 para a fabricação de produtos a partir do pó e das fibras
retiradas da casca, como substrato agrícola, composto orgânico, placas, vasos, bastões e peças
de artesanato diversos. Além disso, criou-se um espaço para a confecção de produtos
derivados da casca de coco verde. Os resíduos utilizados seriam os oriundos das coletas de
lixo da cidade que passam todo os dias pelo centro de triagem. Nos meses de alta estação, são
gerados somente na Av. Beira e Praia do Futuro, 40 toneladas de resíduo de coco todos os
dias. Na baixa estação esse número cai para aproximadamente a metade.
Somente a fábrica DuCoco, com seus quatro mil hectares de terra produtiva no
Ceará, produzem anualmente 28 milhões de frutos. Toda a produção é destinada para a
indústria de água, leite, óleo de coco, coco ralado e sobremesas, que utilizam somente a água
e a parte carnosa, sendo todo o resto descartado.
4.8 Destinação do resíduo de coco verde em Fortaleza
Ao procurar a destinação das cascas de coco verde na cidade de Fortaleza
descobriu-se que nenhum órgão assumiu a responsabilidade pela sua coleta ou
armazenamento. Segundo informações obtidas na Seuma – Secretaria de Urbanismo e Meio
Ambiente, os resíduos de coco verde eram enviados ao aterro sanitário de Caucaia.
Em contato com a Asmoc – Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia, foi
obtida a informação que os resíduos de coco não eram destinados àquele aterro e que
informações corretas sobre a coleta seriam dadas pela Ecofor Ambiental, responsável pela
coleta de resíduos em Fortaleza.
Por telefone, a Ecofor informou que não era responsável pela coleta de resíduos
de coco verde. Esse serviço seria efetuado pela Sercefor - Secretaria Executiva Regional do
Centro de Fortaleza.
Mais uma vez, em contato com a Sercefor, obteve-se a informação que esta
Secretaria também não seria responsável pelo recolhimento de resíduos de coco verde.
23
Por ser gerado em grandes quantidades, necessitar de muito espaço nos aterros e
proporcionar a proliferação de vetores, nenhum órgão assume a responsabilidade desse tipo de
resíduo. Dessa forma, as cascas de coco verde continuarão diminuindo a vida útil dos aterros
sanitários, poluindo a cidade visualmente e facilitando a propagação de doenças.
Não foi possível obter informação por parte dos órgãos públicos competentes
sobre o destino do coco verde, levando a supor que são destinados para locais impróprios ou
até mesmo para o aterro junto com os demais resíduos comuns coletados pela prefeitura.
Essa destinação inadequada implica em prejuízo ambiental e econômico. Segundo
informações da Associação dos Empresários da praia do futuro, existem 80 (oitenta)
associados, sendo estes grandes geradores de resíduos de coco verde, sem contar com bares e
comércios que vendem o produto. A utilização destes resíduos na fabricação de briquetes para
fornecimento de energia em fornos de padarias, lavanderias, pizzarias, restaurantes e demais
atividades, implicaria na geração de renda e emprego diretos e indiretos, sem contar nos
benefícios ambientais.
Segundo informações coletadas no dia no dia 4 de abril de 2013 na Secretaria de
Urbanismo e Meio Ambiente – SEUMA, as padarias e pizzarias que utilizam lenha em seus
fornos necessitam apresentar cadastro de consumidor de lenha expedido pelo IBAMA ou
SEMACE (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), além da necessidade da instalação
de filtros na chaminé, pois a lenha emite muito material poluente durante a queima, causando
incômodo à população do entorno e prejudicando a saúde, pois a queima precária da lenha
contém fuligem, monóxido de carbono (CO) e outros compostos orgânicos.
O cadastro de consumidor de lenha ou material de origem vegetal é fornecido para
empresas que vendem lenhas procedentes de replantio. No caso de empresas que utilizam
briquetes não é necessário a apresentação deste cadastro e nem a instalação de filtros,
implicando na diminuição dos custos para o empresário porque não necessita da compra de
filtro e pagamento de taxas para liberação dos cadastros, diminuindo também o tempo na
tramitação da licença ambiental.
4.9 Demanda por fontes caloríficas
Somente em Fortaleza e na região Metropolitana existem aproximadamente 225
padarias filiadas ao SINDPAN – Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no
24
Estado do Ceará, fora aquelas não sindicalizadas e as padarias e confeitarias existentes em
supermercado e mercados de pequeno porte.
Quanto ao número de pizzarias existentes em Fortaleza não foi possível precisar
um número correto já que não existe um sindicato ou associação que determine um número
médio de associados. Mas, segundo fontes de busca foi possível localizar mais de 300
pizzarias na cidade, com exceção daquelas que não possuem acesso à internet. Existe ainda,
na cidade, aproximadamente 150 lavanderias que utilizam caldeiras, também consumidoras de
fontes naturais de energia.
Além de lavanderias, pizzarias e padarias existem indústrias têxteis fábricas de
ração que utilizam lenha, briquete ou outras fontes de energia.
Porém, em contato com a SEMACE e a SEUMA foi impossível quantificar o
número exato de estabelecimentos que utilizam madeira ou outras fontes naturais de calor já
que os dados não são divididos por atividade.
Analisando somente o número de padarias como referência obtém-se os seguintes
resultados:
Um forno de tamanho médio de uma pizzaria consome aproximadamente 6m3
de lenha por mês
Supondo que metade das pizzarias de Fortaleza utilizem forno á lenha
Cada tonelada de briquete equivale à 5m3
de lenha
Um forno consumiria aproximadamente 1,2 toneladas de briquete por mês
Como a máquina, utilizada como exemplo, é capaz de produzir 165 toneladas de
briquete por mês e a pesquisa está lidando com o número de 150 pizzarias que utilizam fontes
naturais de calor. Com base nestas informações pode-se inferir que para abastecer todas elas,
seria necessário uma produção mensal de 180 toneladas de briquetes.
Das evidencias apresentadas depreende-se que somente o consumo de briquetes
das padarias seria suficiente para comprar toda a produção da fábrica. Mesmo levando em
consideração a forte concorrência e a falta de informação dos empresários é
comprovadamente possível entrar no mercado dos consumidores de fontes calor. Pois, além
das pizzarias existem as lavanderias, indústrias de ração, padarias, entre muito outros
mercados consumidores.
25
4.10 Capacidade produtiva de briquete de coco
Uma das fábricas da DuCoco, localizada no município de Itapipoca, gera em
média 42 mil toneladas anualmente. Todo o resíduo gerado pela empresa é destinado à uma
fábrica produtora de cerâmica. A casca de coco verde, após seca ao sol, é utilizada como fonte
de energia calorífica. Livrando o meio ambiente de mais um acumulador de resíduos.
Utilizando-se somente os dados da Embrapa do ano de 2012 as barracas de praia
de Fortaleza geram aproximadamente 10.200 mil toneladas de coco verde por ano. No Quadro
3 apresenta-se uma síntese da capacidade de produção de matéria prima para a fabricação de
briquetes em Fortaleza.
Quadro 3: Produção de matéria prima para fabricação de briquetes de coco em Fortaleza de
acordo com as estações turísticas
Estação Turística Duração
(meses)
Produção estimada
de casca de coco
(toneladas)
Produção total
Estimada
(toneladas)
Alta Estação 5 40 6.000
Baixa Estação 7 20 4.200
TOTAL 12 60 10.200
Fonte: (EMBRAPA, 2005)
Se for considerado que não são somente as barracas de praia que consomem o
coco verde, tem-se um número muito maior de resíduos despejados em aterros. Bares,
restaurantes, supermercados, lanchonetes, vendedores ambulantes e praias próximas à
Fortaleza podem aumentar em até 50% a quantidade de casca de coco verde descartadas no
meio ambiente. Ao invés de 10.200 toneladas pode-se chegar a aproximadamente 15.000
toneladas todos os anos.
O coco verde tem em sua composição 85% de água, restando para a produção de
briquetes somente 15% do total, mas após o processamento somente 14% será aproveitado na
produção. Os equipamentos utilizados como exemplo são capazes de produzir 165 toneladas
26
por mês funcionando em um único turno com apenas três (3) funcionários durantes 22 dias do
mês, Segundo a Biomax, 2012. Logo, seria possível obter os seguintes resultados em termos
de produção de briquetes utilizando os resíduos de coco como matéria prima:
Quadro 4: Produção estimada anual de briquetes utilizando resíduo de coco verde em
Fortaleza.
Matéria-
Prima
(toneladas)
Aproveitamento
(%)
Duração
(dias úteis)
Produção
diária
(toneladas)
Produção
total
Estimada
(toneladas)
15.000 14 264 7,5 1988
Fonte: (BIOMAX, 2012)
Se todo o resíduo de coco verde fosse coletado e utilizado na produção de briquete
de coco verde haveria material suficiente para a indústria funcionar durante 22 dias de cada
mês todos os anos.
O custo para a produção de uma tonelada de briquete é de aproximadamente
R$175,50 e o preço de venda é de aproximadamente R$330,00 por tonelada. (BIOMAX,
2012).
Quadro 5: Resultados financeiros da produção mensal de 165 toneladas de briquete
Custos Preço / Tonelada
(R$)
Valores totais
(R$)
Produção 175,50 28.957,50
Venda 330 54.450
Lucro 154,50 25.492,50
Fonte: (BIOMAX, 2012)
O lucro líquido mensal seria de aproximadamente R$25.500,00
27
Se a capacidade máxima de produção da indústria for utilizada por meio do
aumento de matéria prima, o lucro líquido mensal será facilmente triplicado, chegando ao
valor de quase R$ 100.000,00 todos os meses.
Das evidencias apresentadas até aqui, depreende-se que a produção de briquetes
utilizando os resíduos do coco como matéria prima traz benefícios sociais e ambientais. Ao
mesmo tempo em que toneladas de resíduos são retiradas das ruas para que seja gerada uma
fonte de energia sustentável, são criados empregos diretos e indiretos. Assim como acontece
com o papel, plástico e alumínio, por exemplo, o coco verde pode ser uma fonte de renda para
várias famílias que vivem como catadoras de lixo. Estas geram renda para depósitos
receptores desses resíduos e que consequentemente irão fazer com a casca de coco verde seja
beneficiada em uma indústria de briquetes.
Os benefícios ao meio ambiente são visíveis com a redução da emissão de gases
na atmosfera, já que o briquete é menos poluente; a diminuição do desmatamento de florestas
e a extinção de animais em decorrência. O aproveitamento da casca de coco verde será
vantajoso para o visual da cidade, já que este tipo de resíduo não será mais visto acumulado
pelas esquinas, atraindo ratos, baratas e mosquitos transmissores de doenças.
Constata-se ainda que o briquete de resíduo de coco possui o dobro do poder
calorífico da lenha, fonte de energia mais utilizada pelas padarias, pizzarias e lavanderias da
cidade. Sendo, portanto, interessante usá-lo como substituto da lenha.
O poder calorífico de cada tonelada de briquete equivale àquele gerado por cinco
(5) metros cúbicos de lenha. No exemplo utilizado em Pentecoste, uma área de 1683,09
hectares produziria o equivalente a 79.597,24 esteres ou metros cúbicos de lenha para
produção de briquete e 4.264,31 esteres de lenha, ou seja, 49,82 m3
de lenha por hectare.
Uma indústria briquetaderia tem capacidade para produzir 1988 toneladas de
briquete de coco verde por ano, o equivalente a 9940 m3 de lenha. Logo, utilizando o briquete
de coco verde como fonte calorífica, seriam poupados, anualmente, o equivalente a 200
hectares de floresta, enquanto aproximadamente 15 mil toneladas de coco verde seriam
retirados das ruas e dos aterros sanitários da cidade de Fortaleza.
Quanto à disponibilidade de matéria prima é possível provar que Fortaleza e
Região Metropolitana produzem resíduos suficientes para usar a capacidade total da usina
28
utilizada como exemplo. Segundo pesquisa da Embrapa disponibilizada em seu site, a Praia
do Futuro, em Fortaleza, produz todos os dias da alta estação, em média, 40 toneladas de
resíduos de coco verde. Somando-se essa quantidade aos resíduos que podem ser coletados
em restaurantes e lanchonetes tem-se um total aproximado de 15 mil toneladas por ano,
quantidade suficiente para produzir 1988mil toneladas de briquete de coco e gerando um valor
bruto de aproximadamente R$54.450,00 por mês, ou R$ 653.400,00 por ano e um lucro
líquido de R$ 306.00,00 anuais.
29
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da pesquisa, depreende-se que a instalação de uma fábrica produtora de
briquetes tornaria a cidade de Fortaleza um lugar mais limpo e economicamente sustentável.
A possuir um destino e um fim específico, as cascas de coco verde encontradas
facilmente pelas ruas da cidade, deixariam de ser um problema ambiental, estético e
econômico e passaria a ser uma fonte de renda para famílias mais pobres, uma fonte de
energia sustentável e menos poluente.
Embora o custo para instalação de uma indústria produtora de briquetes seja
elevado, é viável a existência de pelo menos uma na cidade. Existem investidores com capital
mais que suficiente para a implantação, o que pode ser um empecilho é a falta de informação
e de incentivo por parte da prefeitura e dos órgãos ambientais. A produção de briquetes de
coco verde é rentável, com matéria-prima disponível o ano inteiro a um custo muito baixo. Já
que ela está à disposição em toda a cidade, o único custo seria o de coleta e transporte da
mesma. O custo de instalação seria reintegrado à empresa em um curto prazo, levando em
consideração que a margem de lucro é elevada.
Com estímulo de órgãos municipais e estaduais seria possível ter uma cidade mais
limpa, poluindo menos o meio ambiente por meio da utilização de nova fonte de energia
menos agressiva, e evitando a devastação das florestas para produção de lenha de madeira;
além de criar a oportunidade de emprego e renda para as famílias. Já que atualmente só existe
uma única indústria briquetadeira na cidade, e esta utiliza somente madeira em sua produção,
a divulgação do uso da casca de coco verde proporcionaria a abertura de um novo mercado.
Conclui-se, portanto, que a instalação de uma usina de briquete de coco verde é
perfeitamente viável, seja do ponto de vista financeiro ou ambiental. Existe matéria prima
suficiente para abastecer o mercado e existe mercado consumidor. Este tipo de briquete é mais
vantajoso para o empresário consumidor do que a lenha, seja por ser mais barato, poluir
menos ou necessitar de menos espaço para armazenamento. Quando comparado ao briquete
de madeira, este ainda leva vantagem por possuir maior poder calorífico, não desmatar
florestas e poluir menos o meio ambiente. Outro incentivo à instalação de uma briquetadeira é
que a mesma máquina que utiliza o coco verde pode beneficiar também a madeira, a casca de
arroz, resíduos de algodão, além da cana-de-açúcar. O briquete de coco verde, portanto, é
ambientalmente sustentável e benéfico à sociedade e à economia local.
30
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Rui O. B.; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiro de. Gestão
Ambiental:Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron
Books, 2000.
BACKER, Paul de. Gestão ambiental:A administração verde. Rio de Janeiro. Qualitymark,
2001.
Prefeitura Municipal de Fortaleza. Disponível em: <http://www.fortaleza.ce.gov.br/cidade>
Acesso em 28 jul 2013
BIOMAX, O briquete – Alternativa enegética. Disponível em:
<http://www.biomaxind.com.br/site/br/briquete.html> Acesso em 18 abr 2013
EMBRAPA, Tópicos em manejo florestal sustentável, Curitiba, PR. 1997, 249p
HINRICHS, A. R.; KLEINBACH, M.; REIS, L. B. Energia e meio ambiente, Tradução da
edição norte americana, Cengage Learning Edições Ltda, 2011.
IBGE. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=230440>
Acesso em 12 nov 2013
KRONEMBERGER, D. Desenvolvimento local sustentável – uma abordagem prática,
Editora Senac, São Paulo, 2011.
LEMOS, J. J. S. Mapa de exclusão social no Brasil: radiografia de um país
assimetricamente pobre. 2 ed. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2008.
LEMOS, J. J. S. Mapa de exclusão social no Brasil: radiografia de um país
assimetricamente pobre. 3 ed. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2012.
LORA, E. E. S. Prevenção e controle da poluição nos setores energético industrial e de
transporte. Editora Interciência. 2 ed. Rio de Janeiro, 2002. Cap5, 63-94p.
MORAIS, B.E.C., et al, Proposta do programa de desenvolvimento florestal do Estado do
Ceará, PNUD/FAO/IBAMA, 1993
31
REIS, L. B.; CUNHA, E. C. N. : Aspectos tecnológicos, socioambientais e legais, Ed Manole
LTDA, 1ed, 2006, 25p.
SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental – Instrumentos, esferas de ação e educação
ambiental, Ed. Atlas, São Paulo, 2011.
SOUECO. Reuso da casca de coco verde para fabricação de briquetes Disponível em:
<http://soueco.blogspot.com.br/2011/08/mini-artigo-reuso-da-casca-do-coco.html> Acesso
em 18 abr 2013.
STOLF. Briquete misto de resíduos de madeira de reflorestamento. Disponível em: <
http://www.stolf.ind.br/briquetes.php> Acesso em 24 abr 2013.
VAZ, V. H. S.; CARVALHO, J. B. R.; SANT’ANNA, M. C.; SILVA, M. S.; SILVA, G. F.
Viabilidade de usina de briquete de casca de coco e glicerina em Sergipe. Disponível em
<http://www.institutoventuri.com.br/energia/trabalhos/05.pdf>Acesso em 18 abr 2013