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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EXISTE?

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EXISTE?. C ONCEITUANDO A língua não é falada da mesma forma por todas as pessoas. Nem mesmo um só indivíduo utiliza a língua de uma

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EXISTE?

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CONCEITUANDO

A língua não é falada da mesma forma por todas as pessoas. Nem mesmo um só indivíduo utiliza a língua de uma mesma maneira o tempo todo. Assim, a língua é um organismo vivo, em constante mutação. Dessa forma, temos configuradas as variações linguísticas, que podem ser dialetais, histórica ou de registro. As dialetais levam em consideração o próprio falante, de acordo com a região em que vive, sua classe social, sua faixa etária, seu sexo, sua função. A variação também pode ocorrer de acordo com os estágios de desenvolvimento histórico da língua (variação histórica). A variação de registro ocorre em função do uso da língua, formal ou informal, e de acordo com quem é o receptor da mensagem. É importante ressaltar também que a variação pode ocorrer nos diversos planos linguísticos, a saber: lexical, fonológico, morfológico e sintático.

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OS CONCEITOS DE SISTEMA E NORMA Há muita confusão na conceituação do termo “norma”.

Antes de entendermos a norma, precisamos pensar na Língua enquanto um sistema. Sendo assim, a língua é estruturada e dentro desse sistema, existem as variantes. Observe:

  Na língua Portuguesa, os fonemas /s/ e // se opõem

quando em posição explosiva (início da sílaba) e essa regra precisa ser respeitada para que o sistema funcione. Ex.: asa e acha

  Já em final de sílaba, a oposição se perde e qualquer um

dos quatro fonemas pode ser usado sem que haja mudança de significado. Ex.: risco, gás, vez.

Pronúncia: gá/s/, gá// Sendo assim, a norma reúne as realizações mais comuns

em cada região ou comunidade. A norma é o conjunto de variantes, de hábitos linguísticos de uma comunidade de fala.

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DÚVIDAS

Nós ou A gente??? – Nós fomos ao cinema / A gente foi ao cinema

Salchicha ou salsicha???

Aipim ou mandioca???

Semáforo ou farol ou sinal de trânsito???

Ca/s/ca ou ca//ca???

Eu vou comer churrasco amanhã ou Eu comerei churrasco amanhã / Amanhã eu como o churrasco

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NORMA PADRÃO E NORMA CULTA Norma padrão: caráter abstrato. Está vinculada

a uma língua modelo, ou seja, constitui-se como um conjunto de preceitos estabelecidos na seleção do que deve ou não ser utilizado numa certa língua, levando em conta fatores linguísticos e não lingüísticos, como tradição e valores socioculturais (prestígio, elegância, estética)

  Norma culta: a norma culta é a que resulta da

prática da língua em um meio social considerado culto (geralmente, a esse grupo pertencem os falantes com ensino superior completo).

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OS PRINCIPAIS TIPOS DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 1. Variação diatópica ou regional: ocorre

entre pessoas que falam a mesma língua, mas vivem em lugares diferentes.

Ex.1: O “r” falado em São Paulo, o “s” aspirado do carioca (plano fonológico)

Ex.2: Em São Paulo diz-se “bolacha”, já no Rio “biscoito” (plano lexical)

Ex.3: Tu vais ao cinema? (sul do Brasil) Você vai ao cinema / Tu vai ao cinema ? (Rio de Janeiro)

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VARIAÇÃO DE IDADErepresenta as variações decorrentes da diferença do modo

de usar a língua de pessoas de idades diferentes.

Ex. 4: Outro dia um senhor de cinquenta anos me falava da mãe dele mais ou menos assim: - Se há alguém que eu adoro neste mundo é a minha mãezinha. Ela vai fazer 73 anos no dia 19 de maio. Está forte, uma uva, graças a Deus, e muito lúcida. Há 41 anos que está viúva, papai coitado, faleceu muito moço, com uma espinha de peixe atravessada no esôfago: pois não há um dia que mamãe não se lembre dele com um amor tão bonito, com um respeito...

Deu-se que no mesmo dia um rapaz de 18 anos, que me disse mais ou menos assim: - Velha bacaninha é a minha. Quando ela está meio adernada, mais pra lá do que pra cá, ela ainda me dá uma broncazinha. Bronca de mãe não pega, meu chapa. Eu manjo ela todinha: lá em casa só tem bronca quando enche a cara demais. A velha toma pra valer. (Adaptação, Fragmento “Dois bons filhos, Paulo Mendes Campos”) (nível lexical)

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VARIAÇÃO SOCIAL (DIASTRÁTICA) Ocorre em virtude da classe social a que

pertence o falante da língua. 

Ex. 5: Dois homens tramando um assalto.

- Valeu mermão? Tu traz o berro que a gente vamos rendê o caixa bonitinho (nível morfossintático)

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CUIDADO COM O QUE SE DIZ SOBRE VARIAÇÃO POR AÍ:

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VARIAÇÃO DE REGISTRO (DIAFÁSICA) De acordo com a situação em que o falante

estiver, ele poderá utilizar a língua de forma mais formal ou informal. Vale lembrar que é mito considerar a escrita formal e a fala informal, pois em ambas as modalidades, a língua pode ser utilizada formalmente ou informalmente.

Ex(6): Em um estádio de futebol, após o fim da partida, Marcos comenta com um amigo: Cara, tu tá de sacanagem, o jogo foi ridículo, esses cara deram mole e perderam. No dia seguinte, com o chefe, Marcos faz o seguinte comentário sobre o mesmo jogo: Nossa, o jogo ontem foi muito ruim, os jogadores não jogaram bem e perderam.

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VARIAÇÃO HISTÓRICA Esse tipo de variação é mais percebida na língua escrita por

causa do registro, que a faz permanecer no tempo. Nela, percebemos as modificações que uma língua sofre com o passar do tempo.

Ex. (7): E neste dia, a hora da véspera, houvemos vista de terra, isto é, primeiramente d’um grande monte, mui alto e redondo, e d ‘outras serras mais baixas a sul e de terá chã com grandes arvoredos, ao qual monte o capitão pôs o nome de Monte pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz.

E dali houvemos vista d’homens , que andavam pela praia de 7 ou 8, segundo os navios pequenos disseram, por chegarem primeiro. (...) E o capitão mandou no batel em terra, Nicolau Coelho, para ver aquele rio.

E, tento que ele começou pra lá l d’ir, acudiram pela praia homens, quando dous, quando três, de maneira que, quando o batel chegou, à boca do rio, eram, ali 18 ou 20 homens, pardos, todos nus, sem nenhuma cousa que lhes cobrisse a vergonha.(Trecho da Carta a el-rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha) (níveis lexical e estrutural) 

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REFERÊNCIASwww.ileel.ufu.br/travaglia/, acesso em

07/06/2014.

Travaglia, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1997.