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Volume 3. Número 1 . Setembro de 2012 . ISSN 2176-2120 Revista Brasileira Psicologia de Aplicada Motricidade Humana esporte ao e à Altair Moioli (org) 6 , 7 e 8 de Setembro de 2012 São José do Rio Preto-SP RBPAEMH - Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana - Volume 3. Número 1. Setembro 2012 - ISSN 21762120

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Volume 3. Número 1 . Setembro de 2012 . ISSN 2176-2120

RevistaBrasileira Psicologiade

AplicadaMotricidade Humana

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Altair Moioli (org)

6 , 7 e 8 de Setembro de 2012

São José do Rio Preto-SP

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A RBPAEMH é orgão orficial de divulgação do Congresso Brasileiro de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana

São José do Rio Preto-SP

Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade HumanaVolume 2 . Número 1 . Outubro 2010

ISSN 2176-2120

Prof. M.Sc. Altair Moioli (Org)

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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade HumanaVolume 2 . Número 1 . Outubro 2010

ISSN 2176-2120

Comissão CientíficaProf. Dr. Afonso Antonio Machado - UNESP

Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine - FAMERPProf. Drª. Mara Rosana Pedrinho - UNIRP

Prof. M.Sc. Lucas Portilho Nicoletti - UNIFEVProf. M.Sc. Marcelo Calegari Zanetti - UNESP

Prof. M.Sc. Altair Moioli - UNIRPProf. Esp. Hugo Celso Fortti - UNIP

O conteúdo e a redação dos trabalhos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

II CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA

EditoraçãoGuilherme Firmino Marques

Consultoria Técnica Paulo Resende

Capa Renata Sbrogio

Periodicidade Anual

EndereçoAv. José Munia Nº 5650 - Chácara Municipal

CEP - 15.090.500 - São José do Rio Preto-SPTelefone (17) 3016.1101 Fax (17) 3201.8890

www.psicologiadoesporte.esp.br

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SUMÁRIO

EDITORIAL ................................................................................................................................................. 7

COMISSÃO ORGANIZADORA .................................................................................................................. 8

PROGRAMA ............................................................................................................................................... 9

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS .................................................................. 13

Ética e Moral no esporte de competição

Prof. Dr. Antonio Roberto dos Santos........................................................................................................ 15

Avaliação Psicológica no Esporte

Prof. Dr. José Maria Montiel ...................................................................................................................... 17

Prof. M.Sc. Daniel Bartholomeu

Mídia e esporte: qual o papel da educação neste nonsense?

Prof. Dr. Afonso Antonio Machado ............................................................................................................ 20

Práticas psicoterápicas no esporteProf. Dr. José Maria Montiel ........................................................................................................................ 24Prof. M.Sc. Daniel Bartholomeu

CURSOS ................................................................................................................................................... 27

A indisciplina e a prática de esportes

Prof. Drª. Jane Terezinha Domingues Cotrin............................................................................................. 29

Psicologia do Esporte em campo: a criança e a competição esportiva

Psicológa Alessandra Moreira de Lima...................................................................................................... 31

Medo e Vergonha e sua relação com o esporte

Prof.Dr. Afonso Antonio Machado ............................................................................................................. 34

Desenvolvendo o ambiente de aprendizagem para o deficiente visual

Prof. M.Sc. Cícero Campos ....................................................................................................................... 36

Psicologia do Esporte Aplicada à Educação Física Escolar

Prof.M.Sc. Marcelo Zanetti..........................................................................................................................38

A ciência dos pequenos jogos

Prof. Antonio Carlos Fedato Filho.............................................................................................................. 47

Movimento paraolímpico e o basquete em cadeira de rodas no brasil e no mundo

Prof. Ricardo José de Souza...................................................................................................................... 51

Vigorexia: é possível que a prática de exercício não seja saudável?

Profª M.Sc. Rosana M. Garcia................................................................................................................... 53

ARTIGO .................................................................................................................................................... 55

A influência da aprendizagem na escola: Agressividade e moral no ambiente esportivoClaudinei Chelles; Altair Moioli .................................................................................................................. 57

Avaliação de um protocolo do equilíbrio estático e dinâmico em idosos com osteoartrose de joelho.Milena Vergani Crepaldi, Gabriela Natália Ferracini, Claus Gonçalves ................................................... 62

Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde de indivíduos com amputação de membros inferioresRenata Renzetti Dias, Leiza Ribeiro Grisi, Claus Gonçalves ................................................................... 65

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A aprendizagem centrada no atleta de futebol: treinamento através da abordagem rogeriana Claudinei Chelles...................................................................................................................................... 70

O masculino na Educação Física infantil: discursos e imagensErik Giuseppe Barbosa Pereira................................................................................................................ 74

Estresse em atletas de futsal: proposta de intervençãoDiego Francisco de Siqueira, Denílson Roberto Campos Gomes, Marcelo Callegari Zanetti e Afonso Antonio Machado ............................................................................. 79

Alteração do nível de ansiedade em atletas de futsalMarcelo Callegari Zanetti e Afonso Antonio Machado.............................................................................. 83

Ansiedade em atletas de futsal: proposta de intervençãoDenílson Roberto Campos Gomes, Diego Francisco de Siqueira, Marcelo Callegari Zanetti e Afonso Antonio Machado ............................................................................. 88

A superstição e a competição esportiva escolar: um estudo de caso de jogadoras de handebolRafael Castro Kocian, Ligia Lopes Rueda Kocian, Rubens Venditti Junior.............................................. 93

Procurando um lugar social: “onde ponho minha mudança?”.(um estudo sobre a construção da identidade lésbica)Elaine Cristina dos Santos; Vera Lúcia Baraldo; Sandra Luzia de Souza Alencar; Altair Moioli.............. 98

A importância da premiação como fator motivador para corredores de fundo do sexo masculinoLucas Fontanari, Jordana dos Santos Custodio, Camila Aparecida Honório, Vanessa Batiston, Rafael Castro Kocian ............................................................................................... 102

Avaliação do desperdício de merenda em escolas públicas do município de Campo Grande-MSElisa Gomes Caleffi de Souza, Lidiane Theodorico Britts ..................................................................... 106

Efeitos do treinamento mental na eficiência tática e no padrão de movimento de levantadores de voleibolGiordano Marcio Gatinho Bonuzzi; Alaércio Perotti Júnior..................................................................... 109

Comparação da importância da premiação como fator motivador para corredores de fundo do sexo masculino e femininoVanessa B. Batiston, Camila Ap. Honório, Jordana dos Santos Custodio, Lucas Fontanari, Rafael Castro Kocian.............................................................................................................................. 115

Uma visão histórica da cultura popular através das práticas de lazer no município de Tucuruí-Pará, no período de 1948 a 1975.Maria da Conceição Pereira Bugarim; Everesth Batista Silva Cardoso; Igor Simões Martins ................119

RESUMOS DE TEMAS LIVRES ........................................................................................................... 125

RESUMOS DE PAINÉIS. ........................................................................................................................131

ÍNDICE DE AUTORES........................................................................................................................... 168

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Prof. M.Sc. Altair MoioliPresidente da Comissão Organizadora

CBPAEMH

Prof. Dr. Afonso Antonio MachadoCoordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas

em Psicologia do Esporte - LEPESPE - UNESP- Rio Claro- SP

EDITORIAL

Com a chegada do II Congresso de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana, não podemos deixar de registrar nossa satisfação e orgulho ao contribuir com a produção acadêmica em uma área que certamente tem muito a oferecer ao esporte em geral e ao desenvolvimento humano em particular.

Compreender o homem na sua totalidade e atender as suas expectativas não tem sido tarefa fácil nestes tempos em que a sociedade está sendo transformada pela revolução eletrônica, justamente porque o homem tem-se isolado, escondendo-se atrás de uma máquina. Essa postura camaleônica, na relação do homem com as novas tecnologias, contribui para provocar reações de dimensões binárias que permeiam entre a paixão e o ódio, a ternura e a violência, a razão e a emoção, o ceticismo e a esperança.

Trata-se de revolução que provoca uma contradição, um contrasenso, visto que, ao facilitar a aproximação das pessoas pelo acesso aos modernos meios de comunicação, provocando uma diminuição nas distâncias globais, também as afastam pelo isolamento e privacidade que essas tecnologias proporcionam.

Nesse ambiente de relações imaginárias, deparamo-nos com a construção de um mundo virtual, a second life, onde tudo é permitido. Nestes ambientes em rede não há limites para a condução humana. A geração mais velha que está sofrendo a transição deste processo tem seus valores confrontados com os valores que orientam esta nova geração wi-fi. A partir dos conflitos nas relações humanas gerados pela revolução tecnológica dá-se a construção de novos valores sociais, culturais, morais e éticos.

No bojo destas transformações, acreditamos ser oportuno abordar a formação do homem intermediada pelas novas tecnologias. Nesse sentido temas como ética, moral, violência, educação, inclusão, práticas corporais, treinamento, esporte, orientação psicológica serão tratados e analisados a partir da influência gerada pelas novas mídias.

O desafio atual é compreender como são construídas as relações entre professores e alunos, atletas e técnicos, profissionais de saúde e paciente, pais e escola, clubes e torcedores, mídia e consumidores, e o respectivo conhecimento mediado por essas relações. E ainda, de que forma as ações que desencadeiam esta relação contribuem para a formação e, como todos estes aspectos são conduzidos a partir da interferência dessas novas ferramentas de educação e desenvolvimento.

Embora, numa primeira análise, possa parecer que a proposta do Congresso esteja direcionada apenas para a discussão em torno de uma única área de investigação, qual seja a Psicologia, devemos ressaltar a importância que áreas como a Pedagogia, a Fisioterapia, a Nutrição, a Farmácia e a Educação Física podem exercer na formação, na prevenção e no desempenho do indivíduo. Nesse sentido, o propósito deste evento é fortalecer o conhecimento e a pesquisa multidisciplinar.

E, para que este encontro não se transforme apenas em abstrações filosóficas e utópicas, os participantes terão a possibilidade de frequentar cursos de extensão que têm como objetivo principal oferecer conteúdos possíveis de aplicação nas respectivas áreas de intervenção.

Nossos alunos, colegas de atuação, professores convidados, autoridades ligadas ao esporte e à educação, enfim, todos os envolvidos com o planejamento, a organização e a execução de mais este Congresso terão a oportunidade de, numa perspectiva dialética, apresentar propostas que contribuam para o desenvolvimento da ciência e, mais que isso, possibilitem a sua aplicação em ações práticas que possam beneficiar a sociedade.

Para tanto, todos os trabalhos, artigos e resumos das apresentações realizadas neste evento, serão registrados na REVISTA BRASILEIRA DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA, que, este ano, chega ao segundo volume.

Portanto, o primeiro passo é destituir a cegueira do corporativismo, que possa impedir esse intercâmbio e a integração de áreas tão diversificadas, mas que tem no movimento, na motricidade humana, enfim, no homem, um campo comum de investigação e intervenção. Esperamos que todos tenham uma excelente estada em nossa cidade para desfrutar do II CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E A MOTRICIDADE HUMANA. Sejam bem-vindos.

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Organização Hospedagem | AlojamentoProf. Silvio Renato Silveira

Presidente Alimentação | Transporte | Recursos MateriaisProf. M.Sc. Altair Moioli Prof. Esp. Manoel Brandão Filho

Prof. Paulo Estevão Alves da SilvaAssessoria Técnico-PedagógicaProf. Lucas Milani FrancoProf. Esp. Arlete Guisso Scaramuzza Portilho Prof. Renato Alex CiocaNicolettiProf. Rodnei Marcelino RodriguesProf. Esp. Guilherme Rocha BrittoProf. Ronaldo Adriano Mariano

Comissão CientíficaSaúde | Assistência MédicaProf. Dr. Afonso Antonio Machado - UNESPDrª Valéria Fava Homsi MoioliProf. Dr. Kazuo Kawano Nagamine - FAMERP

Prof. Drª. Mara Rosana Pedrinho - UNIRPProf. M.Sc. Lucas Portilho Nicoletti - UNIFEVProf. M.Sc. Ednei Previdente Sanches - UNILAGOProf. M.Sc. Ligia Adriana Rodrigues - FAFICAProf. M.Sc. Marcelo Calegari Zanetti - UNESPProf. Esp. Hugo Celso Fortti - UNIP

Secretaria GeralProf. Alexandre Sassaki Rosa - UNIPJaqueline Oliveira MarquesProf. Mônica Faitarone BrasilinoProf. Ana Paula Barrenha

TesourariaProf. Esp. Marcos Antonio FavarinProf. Esp. Robinson Simões Gavassi

Assessoria de ImprensaJornalista Paulo Rezende

Relações PúblicasProf. Marco Antonio de Mello Franco

Marketing | Publicidade | FotografiaRenata SbrogioProf. Luciana BarcelosGuilherme Firmino Marques

Divulgação | Informática | FilmagemProf. Renato Jorge ApturMarcus Fabiano Franco da GamaHélder Ricardo Olhas GouvêaWashington Carvalho dos Santoss

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PROGRAMA

13 .10.2010 | QUARTA FEIRAUNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II

19h

Área de convivência

Abertura da Secretaria Geral | Cadastramento e entrega de material

19h 30

TeatroCerimônia de abertura

20h

Teatro

Conferência de Abertura

Sexualidade e Violência na Educação

Prof. Dr. Cesar Nunes | UNICAMP - Campinas - SP

21h

Área de convivênciaCoquetel de boas vindas

14 .10.2010 | QUINTA FEIRAUNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II

08h30 às 12h - Cursos de Extensão e Aprofundamento

Curso 01 - A preparação técnica e psicológica para a prática do Basquetebol

Prof. Edson Ferreto Catanduva Basquete Clube - Catanduva - SP

Curso 02 - A indisciplina e a prática de esportes

Prof. Dª. Jane Terezinha Domingues Cotrin - Departamento de Educação - Mirassol - SP

Curso 03 - Psicologia do Esporte em campo: a criança e a competição esportivaPsicóloga Alessandra Moreira de Lima - Clínica Atma

Curso 04 - Medo e Vergonha e sua relação com o esporte

Prof. Dr. Afonso Antonio Machado | UNESP - Rio Claro - SP

12h - Intervalo para almoço

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PROGRAMA

14 .10.2010 | QUINTA FEIRAUNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II

14h às 17h 30 - Cursos de Extensão e Aprofundamento

Curso 05 - Desenvolvendo o ambiente de aprendizagem para o deficiente visual

Prof. M.Sc. Cícero Campos| UNIFEV Votuporanga - SP

Curso 06 - Aspectos da preparação técnica e psicológica para a prática do FutsalProf. Walmir Ap. Souza | S.E. Palmeiras

Curso 07 - Psicologia do Esporte Aplicada à Educação Física EscolarProf. M.Sc. Marcelo Zanetti | UNIP São José do Rio Pardo - SP

Curso 08- A Identificação do Corpo Humano através da análise da leitura biológica

Prof. Antonio José Docusse Filho | IDOT - Presidente Prudente - SP

18h Saguão Apresentação de Trabalhos Acadêmicos - Temas Livres

19h Teatro - Performances ArtísticasApresentação de danças

20h Teatro - Mesa Redonda

Ética e Moral no esporte de competição

Prof. Dr. Antonio Roberto dos Santos| UFPE Recife - PE

15 .10.2010 | SEXTA FEIRA

08h às 10h - Cursos de Extensão e Aprofundamento

Curso 09 - Como as novas tendências do mercado de wellness e fitness afetam a aderência dos clientes

Prof. Esp. Paulo Alexandre Freixo | Atma Studio SP

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PROGRAMA

15 .10.2010 | SEXTA FEIRAUNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II

Curso 10 - Futebol: noções práticas para a preparação das equipes de competiçãoProf. Antonio Carlos Fedato Filho | S. C. Corinthians São Paulo - SP

Curso 11 - Aspectos técnicos e pedagógicos das lutasProf. Cesar Antonio Parro | UNIP São José do Rio Preto - SP

Curso 12 - Atendimento psicológico para atletas cadeirantes.Prof. Ricardo José de Souza IWBF | SUDERJ

10h30 às 12h Mesa Redonda

TeatroAvaliação Psicológica no EsporteProf. Dr. José Maria Montiel | Anhanguera EducacionalProf. M.Sc. Daniel Bartholomeu | UNISAL-SP

14h às 17h30 Cursos de Extensão e Aprofundamento

Curso 13 - A prática do Voleibol: implicações técnicas e psicológicas

Prof. Cezar Douglas da Silva | Vôlei Futuro Araçatuba

Curso 14 - Aspectos teóricos e práticos do HandebolProf. Ivan Maziero (Macarrão) | Esporte Clube Pinheiros - São Paulo - SP

Curso 15 - Vigorexia: é possível que a prática de exercício não seja saudável?

Profª M.Sc. Rosana M. Garcia| UNIP São José do Rio Preto-SP

Curso 16 - Educação Física na InfânciaProfª. Drª Irene Conceição Andrade Rangel | Londrina - PR

18h Pátio Apresentação de Trabalhos Acadêmicos - Painéis

19h Teatro Performances Artísticas: Apresentação de danças

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PROGRAMA

15 .10.2010 | SEXTA FEIRAUNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II

20h Teatro - Mesa RedondaEsporte e Mídia: implicações para a educaçãoProf. Dr. Afonso Antonio Machado | UNESP, Rio Claro SPProf. Maurício Fragata Fragata | Marketing de Entretenimento - SP

16 .10.2010 | SÁBADOUNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II

08h Saguão Apresentação de trabalhos

09h Teatro - Conferências de encerramento

Terapia para atletas em período de competiçãoProf. Dr. José Maria Montiel | Anhanguera EducacionalProf. M.Sc. Daniel Bartholomeu | UNISAL-SP

11h - Secretaria - Entrega de Certificado

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CONFERÊNCIAS

MESAS REDONDAS

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O esporte é sem dúvida o grande rendimento. Todos, comportamentos contrários fenômeno sócio-cultural da chamada sociedade ao fair play ou espírito esportivo, preceitos de moderna e pós-moderna. É um fenômeno antigo, conduta moral que devem pautar todas as tem cerca de 2700 anos no mundo ocidental e prá t icas espor t ivas, independente da mais de 3000 anos no mundo oriental, Além de manifestação plural do esporte.fenômeno sócio-cultural o esporte atual é um Os conceitos de ética e moral apesar de fenômeno mul t inacional , presente em bastante antigos, contudo nem sempre são praticamente todos os continentes e nações do conhecidos e aplicados de forma adequada nas mundo cujas manifestações podem ter mais diversas manifestações humanas, entre elas significados diversos para seus praticantes, no contexto da prática esportiva. A ética é dirigentes e patrocinadores. O esporte pode ter concebida como os fundamentos teóricos que entre outros, os seguintes significados: cultural, orientam as manifestações humanas de forma a religioso, educacional, lazer, comercial e que sejam respeitadas as pessoas nos seus fenômeno da mídia. direitos e deveres sociais. Já a moral trata das

Na sua prática, podemos afirmar que o ações ou comportamentos humanos adequados, esporte é um fenômeno plural, uma vez que esta de forma a que sejam respeitados os princípios poderá ser realizada com objetivos educacionais éticos que orientam as ações dos homens na Esporte Escolar; com objetivos de alta sociedade. Portanto, podem ser chamadas de competição Esporte de Alto Rendimento, via de morais as pessoas que respeitam e agem regra profissional; com objetivos de ocupar o segundo os princípios éticos e morais tempo livre e a diversão Esporte de Lazer; e, estabelecidos e imorais, aquelas que não as finalmente com o objetivo de permitir acesso a respeitam, apesar de conhecerem estes pessoas com deficiências ou com dificuldades princípios. Há ainda as pessoas consideradas relacionadas à Esporte Para Portadores de amorais, são aquelas que agem, porém ignoram Deficiências e Grupos Especiais. Assim, no ou não conhecem os princípios éticos e morais.presente o esporte deixou de ser visto apenas No estudo do desenvolvimento humano a como fenômeno do alto rendimento, passando a psicologia dedica uma área para o estudo do considerar as manifestações plurais deste desenvolvimento moral das pessoas, a psicologia fenômeno, garantindo o acesso democrático ao do desenvolvimento moral. A questão central é o esporte a todas as pessoas que tiverem interesse seguinte questionamento: como a criança, que nesta prática. nasce amoral, portanto desconhece os

Como atividade humana o esporte na sua comportamentos éticos e morais, torna-se moral? prática revela aspectos positivos como a Os estudos nesta área tiveram início com Piaget manutenção do estilo de vida ativo, em uma (1994) com as investigações a respeito do sociedade com pessoas cada vez mais raciocínio moral e das razões para o respeito às sedentária; permite a prática a todas as pessoas regras nas brincadeiras das crianças. As teorias independente do sexo, idade, nível sócio- nesta temática tiveram grande desenvolvimento econômico e educacional; oferece amplas com Kohlberg (1984) com a realização de um possibilidades de práticas individuais ou grande número de pesquisas sobre o raciocínio coletivas, de alta ou baixa intensidade de esforço, moral, nas quais o princípio da justiça foi a de longa ou curta duração; pode ser praticado nos referência básica para as intenções dos mais diversos ambientes, na natureza, campo, comportamentos éticos e morais das pessoas. cidade, espaços livres ou específicos, com luz Kohlberg (1984) categorizou o processo de natural ou artificial, etc. Portanto, permite uma desenvolvimento do raciocínio moral em três prática ampla. estágios: o pré-moral, no qual as pessoas

Porém, ao longo do tempo, infelizmente obedecem as regras e leis em função do medo; o não se assistiu somente a fatores positivos na moral, cujos comportamentos morais são prática esportiva, os fatores negativos produto realizados com objetivos externos, isto é, para das transgressões e modificações do objetivo não fugir às regras sociais e ser julgado pelo central do esporte, que é elevar a condição comportamento do chamado “bom menino”; humana, o qual nem sempre tem sido verdadeiro. finalmente, o estágio pós-moral as pessoas agem O doping, violência entre atletas, violência dos moralmente em função de elevado grau de torcedores, especialização precoce, vitória a consciência da necessidade de auto-respeito e qualquer custo, pedofilia, comercialização respeito as outras pessoas, de forma a garantir o excessiva, entre outras, tem sido cada vez mais bem estar de todos.freqüentes, principalmente no esporte de alto O fair play ou espírito esportivo é o código

ÉTICA E MORAL NO ESPORTE DE COMPETIÇÃO

Antonio Roberto Rocha Santos

Psicólogo do Esporte e Clínico CRP 02/11.741. Doutor em Ciências do Esporte. Docente do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenador do Laboratório de Psicologia do Esporte

UFPE - Campus Recife

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de ética explícito e implícito nas ações ou práticas Universidade do Porto, Portugal, 1999esportivas em todos os níveis do esporte plural. SANTOS, Antonio R. R. e ROAZZI, Antonio. O No esporte de alto rendimento além do fair play Espírito Esportivo entre Portadores de deve haver um código de ética deontológico, isto deficiência e Universitários da Cidade do Recife, é, que oriente e regule as ações esportivas no Pernambuco, Brasil”. Revista Corporis, Ano II, campo profissional. Infelizmente ainda há poucas Nº. 2, p. 29-37, Jan./Dez., 1997 ações neste sentido, mas em função de SANTOS, Antonio R. R. e ROAZZI, Antonio. O transgressões e dificuldades dos atletas em Espírito Esportivo entre Universitários de cumprir as obrigações, como também garantir os Educação Física e de Psicologia. Revista seus direitos, algumas federações e clubes têm Corporis, Ano IV, v.1, n. 1, p.47-53, Jan/Dez, construído coletivamente orientações éticas e 2001morais no campo esportivo, o qual tem sido SANTOS, Antonio R. R. Espírito Esportivo Fair denominado código de conduta. Play e a Prática de Esportes. Revista Mackenzie

As questões éticas e morais relativas ao de Educação Física e Esporte. 4(4):13-28, 2005esporte moderno e pós-moderno são diferentes SANTOS, Antonio R. R. O processo de da organização das Olimpíadas da era moderna, desenvolvimento moral e o Espírito Esportivo realizadas em 1896 por proposta de Pierre de Fair Play. In: Carlos Gonçalves.ÉTICA e FAIR Coubertin. Já não há mais conflitos entre PLAY: novas perspectivas, novas exigências. amadorismo e profissionalismo dos atletas, no Lisboa: Confederação do Desporto de Portugal, esporte de alto rendimento praticamente todos 2006são profissionais do espetáculo esportivo. O patrocínio aos atletas hoje é permitido e muitos são atletas com vínculos mais fortes aos patrocinadores e empresas do que a seus países de origem. O esporte olímpico que a princípio era somente para homens, hoje é aberto às mulheres, inclusive em novas provas e modalidades esportivas. Os problemas do esporte de alto rendimento moderno e pós-moderno centram-se basicamente nas questões relativas ao doping, manipulação de resultados nas competições, pedofilia e especialização precoce. Por exemplo, as manipulações de resultados no automobilismo da Formula 1 é um claro exemplo de transgressões éticas e morais.

A resolução destes problemas éticos e morais do esporte devem ser buscadas em ações de sensibilização, educação e, em última instância, na aplicação de punições baseadas nos códigos ou regras esportivas. Assim, a manutenção e elevação do fair play e ações éticas e morais no esporte são de responsabilidade de todos: atletas, professores, treinadores, pais, dirigentes, juízes, médicos, mídia, entre outros (SANTOS e ROAZZ I , 1997 e 2001 ; SANTOS,1999, 2005, 2006), ações que irão colaborara para que o esporte não deixe de ser uma atividade humana, garantida pelo auto-respeito e respeito às outras pessoas, de forma que seja mantida em todos os momentos a dignidade humana.

Referências Bibliográficas

KOHLBERG, Lawrence. Essays on Moral Development. Psychology of Moral Development. Vol. I e II. New York: Harper & Row, 1984PIAGET, Jean . O Juízo Moral da Criança. São Paulo: Summus, 1994SANTOS, Antonio R. R. Esporte e Moralidade: Um Estudo com Adolescentes da população Brasileira. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,

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A prática cotidiana do psicólogo do capacidades específicas dos atletas para esporte dentro de equipes desportivas apresenta prognosticar resultados esportivos; e o a algumas etapas bem delineadas que constituem, investigação dos fenômenos psicológicos dos como um todo, o processo de preparação desportistas considerando o contexto social em psicológica. Essa envolve basicamente que está inserido.atividades de psicodiagnóstico, planificação e Ao mesmo tempo, nos últimos anos, os intervenção psicológica, assim como reavaliação. Conselhos Federal e Regionais de Psicologia tem N e s s e c o n t e x t o , a s a t i v i d a d e s d e enfatizado a necessidade do aprimoramento dos psicodiagnóstico esportivo ganham relevância, já instrumentos de avaliação psicológica no Brasil. que as características analisadas nesse primeiro O Conselho Federal de Psicologia nas resoluções momento envolverão rastreio de pontos fortes e 025/2001 e 002/2003 regulamentou o uso, de fracos do ponto de vista do desempenho esportivo testes psicológicos no Brasil, ressaltando, dentre e psicológico dos atletas que possibilitarão outras características, a necessidade da delinear os planos de intervenção tanto implementação dos instrumentos existentes e p s i c o l ó g i c a c o m o f í s i c a o u t á t i c a . importância de se ter condições metrológicas Especificamente do aspecto psicológico, o adequadas. psicólogo do esporte dispõe de inúmeros A literatura de psicologia do esporte instrumentos de avaliação de características assinala que a maior parte dos instrumentos psicossociais relevantes ao diagnóstico utilizados no Brasil na avaliação de atletas não psicológico dos atletas, como testes de apresenta estudos de validade com essa ansiedade, depressão, personalidade, entre população específica, ressaltando a necessidade outros. de tais aspectos. Com vistas a suprir essa

De fato, poucas áreas no âmbito da demanda, os membros do LEPESPE têm se Psicologia do esporte tem produzido mais empenhado no desenvolvimento e adaptação de debates do que a da avaliação psicológica e isso instrumentos de aval iação psicológica se deve ao fato de que muitos dos escores específicos para o contexto desportivo. Alguns produzidos por testes psicológicos, por vezes não exemplos desses trabalhos são estudos sobre a associam-se à performance esportiva. Algumas estrutura interna do Competitive State Axiety dessas limitações são evidenciadas em Inventory (CSAI) em que foram realizadas decorrência de problemas na construção e análises fatoriais para testar a adequação a validação dos instrumentos desenvolvidos para a estrutura fatorial em uma amostra de atletas á r e a . A m a i o r p a r t e d o s m é t o d o s brasileiros. Noutro estudo, escalonou-se os níveis psicodiagnósticos estavam condicionados às de dificuldade (endorsement level) dos itens particularidades e métodos da psicologia no geral. desse instrumento, examinando-se ainda a Assim, os primeiros instrumentos psicológicos adequação dos níveis de resposta (escala likert empregados em contextos esportivos visavam de 4 pontos) aos itens por meio de um modelo da u m a a v a l i a ç ã o c l í n i c a d o m e s m o , Teoria de Resposta ao Ítem (TRI), mais desconsiderando as peculiaridades que cada especificamente o modelo de Rasch de um prática apresenta. Argumentava-se que a maior parâmetro (dificuldade dos itens). A análise das parte desses instrumentos explicavam uma categorias de resposta dos itens revelaram a parcela limitada da realidade e não teriam um pertinência de quatro níveis para a avaliação. poder preditivo sobre o comportamento atlético, O funcionamento diferencial dos itens principalmente em competição. revelou quatro indicadores favorecendo as

Nesse contexto, há a necessidade do mulheres e sete os homens. Os resultados desenvolvimento de instrumentos específicos sugerem que uma reformulação de uma das para esse âmbito que avaliassem os fenômenos categorias de análise do CSAI deveria ser feita psicológicos examinando o estado psíquico dos para possibilitar um melhor entendimento dos atletas nos momentos pré-competit ivo, itens. Já a estrutura fatorial do teste foi mantida no competitivo e pós-competitivo e em particular a geral em comparação aos estudos internacionais. predisposição psíquica para competições e Apesar disso, alguns itens não foram bem treinamentos. Também no uso desses ajustados e devem ser excluídos da escala instrumentos no esporte pode-se distinguir dois (Bartholomeu, Montiel, Bartholomeu & Machado, momentos, a saber, uma ênfase nas 2010; Bartholomeu, Montiel & Machado, 2010).investigações de caráter diagnóstico, visando o Além de estudos com o CSAI, ainda sobre nível de desenvolvimento de funções e ansiedade, outro teste foi estudado, o STAI (State

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO ESPORTE

Daniel BartholomeuJosé Maria MontieL

Laboratório de Psicodiagnóstico e Neurociências Cognitivas | UnisalAnhanguera Educacional

LEPESPE

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Trait Anxiety Inventory) em que análises que pessoas com mais auto-estima tendem a se semelhantes foram feitas para se testar sua engajarem na prática de atividade física pela estrutura interna e novamente, estudos fatoriais e saúde, enquanto pessoas com níveis mais baixos pelo modelo de Rasch foram desenvolvidos. tendem a freqüentar a academia para se Esse tipo de estudo feito com ambos os testes socializarem. Também cinco fatores foram indica as possibilidades de uso desses extraídos do teste de motivação em academias, instrumentos, sugerindo se todos os itens estão quais sejam, o fator 1 com 11 itens foi funcionando bem para atletas brasileiros e denominado Motivação para Manutenção do enfatizando outras formas de interpretação dos Status, sendo considerada uma motivação resultados desses instrumentos, favorecendo um extrínseca. O fator 2, com 6 itens foi denominado melhor diagnóstico dos atletas. Os dois fatores Motivação para Alívio de Tensão e Indicação desse instrumento (ansiedade presente e Médica, sendo que a maior parte dos seus ausente) foram identificados e bem ajustados indicadores referem-se à motivação intrínseca. O fatorialmente e pelo modelo de Rasch. Também fator 3, com 5 itens, recebeu a denominação os índices de precisão forneceram bons Motivação pela Manutenção da Saúde, sendo resultados (Bartholomeu, Montiel & Machado, que a maior parte dos seus indicadores referem-2010). se à motivação intrínseca. O fator 4, com 6 itens,

Estudos de validade e precisão também foi denominado Motivação pela Socialização, foram levados a cabo para uma escala de sendo que a maior parte dos seus indicadores Agressividade em Competição. Os resultados da referem-se à motivação extrínseca e o fator 5, análise de funcionamento diferencial de itens por com 6 fatores, foi denominado Motivação pela sexo revelaram que somente seis desses Aparência Física/Estética indicando uma demonstraram favorecer um ou outro desses motivação intrínseca (Cecato & Bartholomeu, grupos. A análise de componentes principais e 2009; Bartholomeu, Machado, Cecato, rotação varimax sugeriu uma estrutura de três Bartholomeu & Piccoli 2009).fatores que explicaram 44,31% de variância. Os Ainda na perspectiva da prática de fatores foram Condutas Int imidat ivas, atividades físicas em academias, pesquisas têm Compor tamento agress ivo dec la rado, sido desenvolvidas com a vigorexia, sendo que Agressividade encoberta. Os coeficientes alfa de um instrumento para sua avaliação foi Cronbach variaram de 0,74 a 0,90. Não foram desenvolvido, aferindo sobre aspectos encontradas diferenças significativas em nenhum sintomatológicos do transtorno que podem dos fatores entre as modalidades esportivas auxiliar no seu diagnóstico. As relações dos estudadas (Bartholomeu & Machado, 2009). sintomas desse transtorno com distorções de

Analisando a personalidade e ansiedade auto-imagem e de auto-estima também têm sido e depressão em jogadores de futebol, investigadas (Bartholomeu, Carvalho, Machado Bar tho lomeu e co laboradores (2008) & Montiel, 2010).identificaram uma correlação negativa entre o À parte dos estudos com testes, um Neuroticismo e a ansiedade, que indica que o processo de avaliação não é composto somente aumento desse traço denota uma diminuição de testes psicológicos, mas de outros correspondente na ansiedade, o que se procedimentos de coleta de informações sobre a contrapõe a definição do mesmo. A comparação pessoa. Assim, uma das preocupações atuais das medidas de ansiedade e depressão nos reside no diagnóstico esportivo em que essas grupos extremos formados com base nos traços várias formas de avaliação devem ser sempre de personalidade corroborou esses dados arroladas. Nesse contexto, o educador (Bartholomeu & cols, 2008). físico adquire papel fundamental já que dispõe de

Também estudos de estrutura de uma informações específicas da modalidade e dos escala de motivação para a prática de atividades atletas em situação de jogo, o que favorece um físicas em academias têm sido desenvolvidos, melhor diagnóstico específico. Psicólogos e relacionados à auto-estima dos praticantes, além educadores físicos devem trabalhar em conjunto de sua estrutura interna, pelo modelo clássico e para estabelecer um bom diagnóstico esportivo, de teoria de resposta ao item. Essa outra principalmente em situações de transtornos perspectiva enfatiza também não só a avaliação mentais associados ao esporte em sua presença para fins de desempenho atlético, mas é uma e mesmo intervenção. Assim, o foco não mais ferramenta que pode ser empregada por recai sobre o desempenho atlético simplesmente, profissionais da educação física para mas sobre a saúde mental dentro do contexto compreender os fatores motivacionais de seus esportivo. alunos em academias de diversos tipos, de forma a planejar as atividades nesse contexto. Assim, Referências Bibliográficastambém no lazer ou em intervenções que auxiliem a melhora da auto-estima dos Bartholomeu, D. Machado, A .A.; Cecato, J.F.; praticantes, o diagnóstico esportivo amparado Bartholomeu, L .L.; & Piccoli, A.P.B. (2009). por testes facilita e direciona o trabalho de Estudo para construção de uma escala de profissionais que atuam nessas áreas. motivação para prática de atividade física. I

As pesquisas realizadas demonstraram Congresso de Psicologia aplicada ao esporte e

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motricidade humana. Unesp. Rio Claro.Bartholomeu, D.; & Machado, A. A. (2008). Estudos iniciais de uma Escala de Agressividade em Competição. Interação em Psicologia, 12(2), p. 189-201.Bartholomeu, D.; Carvalho, L.F.; Machado, A.A.; & Montiel, J.M. (2010). Inventário de Dismorfia Muscular (IDM). Laboratório de Estudo e Pesquisa em Psicologia do Esporte (LEPESPE). Unesp. Rio Claro.Bartholomeu, D.; Machado, A.A.; Spigato, F.; Bartholomeu, L.L.; Cozza, H.P.;& Montiel, J.M. (2009). Traços de personalidade, ansiedade e depressão em jogadores de futebol. Revista brasileira de psicologia do esporte, 4(4).Bartholomeu, D.; Montiel, J.M.; & Machado, A.A. (2010). Dimensionalidad de la STAI-T en atletas brasileños. Revista Mexicana de Psicología. Manuscrito encaminhado para publicação.Bartholomeu, D.; Montiel, J.M.; & Machado, A.A. (2010). Otimização da escala dos itens do CSAI em atletas. Paidéia. Manuscrito encaminhado para publicação.Bartholomeu, D.; Montiel, J.M.; Bartholomeu, L.L.; & Machado, A.A. (2010). Internal structure of the Competitive State Anxiety Inventory: Brazilian Validity Evidences. International Journal of Sport Psychology. Manuscrito encaminhado para publicação.Cecato, J.F.; & Bartholomeu, L.L. (2009). Motivação para a prática de atividades físicas em academias e auto-estima: um estudo correlacional. Anuário discente Anhanguera Educacional.

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MÍDIA E ESPORTE: QUAL O PAPEL DA EDUCAÇÃO NESTE NONSENSE?

Afonso Antonio Machado(*)

Atualmente, é preciso que se façam em praça pública para assistir os jogos, entre especulações sobre o futuro da indústria outros (MACHADO, 1998).midiática (editorial, cinematográfica e televisiva), Não podemos deixar de entender que é para que se possa examinar os problemas que inegável a presença dos meios de comunicação envolvem a implantação e a interferência destes de massa na vida das crianças, adolescentes e serviços de informação. A modernização e a adultos. Propagandas, desenhos infantis, filmes, expansão dos meios de comunicação exercem noticiários, esporte e outros são introduzidos nas um papel fundamental nas relações humanas, residências sem nenhum critério de escolha ou transformando seus hábitos, atitudes e de limite para permanência diante das cenas ou essencialmente seus relacionamentos pessoais, jogos. Muitas pesquisas foram realizadas para bem como suas formas de valorar o universo a determinar a influência que essas informações que pertence. produzem na sociedade. No início da década de

Nesse caso, a comunicação influencia na setenta ficou marcante a preocupação norte-avaliação que as pessoas efetuam uma das americana com o problema e, principalmente, outras, estabelecendo e construindo o com o impacto da violência televisionada desenvolvimento do autoconceito e da auto- (WITTER, 1991).imagem (SAVOIA e CORNICK, 1986), Pesquisadores do “National Institute of consolidando uma forma de viver, compatível Mental Heath” realizaram, na época, 23 projetos com as idéias pré-concebidas pelos canais de pesquisa, em 2 anos de trabalho, envolvendo interferentes. universidades e centros de pesquisa, resultando

Vemos que os computadores, a em mais de 60 relatórios estudados pela multimídia, os aparelhos de fax da ultima geração comissão consultora criada pelo congresso e as redes de videotextos estão se tornando a americano. Segundo Biaggio (1976, p.170) essas chave de um universo fascinante e complexo, pesquisas focalizavam três questões principais:cada vez mais presente em nosso cotidiano, que - as características dos conteúdos dos programas vem agilizando as relações e transformando de televisão;coisas normais em efêmeras. - as característica da audiência, quem assiste, ao

Dessa forma os elementos psicológicos que assiste e por quanto tempo;da comunicação residem no relacionamento - o impacto potencial da violência na televisão entre seus interlocutores. A pessoa que emite sobre as atitudes valores e comportamentos do uma mensagem é a maior responsável pelo efeito espectador.dessa ação, pois estará diretamente relacionada Lefkowitz, Eron, Walder e Huesmam com a influência que a mensagem vai exercer nas (1972) relatam em suas pesquisas o pessoas que a recebem e como essas pessoas desenvolvimento de comportamentos agressivos vão codificá-las e interpretá-la. A possibilidade de de meninos e meninas por um período de dez repetição ou de exaustão de uma notícia faz com anos, que vai da idade de 8 a 18 anos. Foi que ela seja mais ou menos debatida, no dia-a- verificado que nos meninos, os resultados dia. indicaram a preferência por programas violentos

Seguindo por esse caminho, a na idade de oito anos e que essa influência se comunicação interpessoal exerce influência no relacionava, signif icantemente, com o desenvolvimento de novos hábitos e condutas comportamento delinqüente aos dezoito anos. apropriadas, na qual a opinião das pessoas tem Com relação às meninas, os resultados foram peso significante na construção de um novo estilo menos marcantes.de vida. Isso é de tal modo forte que transforma Estudos experimentais, utilizando-se grupos sociais e interfere nos relacionamentos uma metodologia rigorosa, demonstram que a humanos. exposição a modelos agressivos diretamente

ligados à televisão, produz comportamento Tentáculos envolventes da Comunicação de agressivo nos telespectadores (BANDURA, Massa 1973; 1986). Todos esses estudos confirmam a

posição de Bandura e sua teoria a respeito do Fica evidente o poder de interferência da fator de modelagem social, tanto na aquisição,

mídia no meio esportivo que pode ser percebido quanto na manutenção de comportamento.quando as competições obedecem aos horários Notamos que a televisão brasileira tem estipulados pelas emissoras de TV, por exemplo. um espaço de qualidade para os esportes, Ou ainda, a capacidade dos meios de principalmente, esportes competitivos como o comunicação, por meio de um evento esportivo futebol, o basquetebol, o voleibol e outros. Vemos como a copa do mundo de futebol, mobilizar um que o esporte competitivo representa, hoje, um país inteiro em favor de uma causa específica, tipo de experiência na qual o confronto físico sugestionando as comemorações, as reuniões ocorre das mais variadas formas entre os

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indivíduos, grupos, associações e mesmo países, estão o local, a importância e resultado do jogo; o o que acalora as partidas e dá um gosto diferente

comportamento do árbitro, dos técnicos; a aos jogos.

quantidade e o comportamento dos torcedores e O aparecimento de comportamento as estruturas das regras esportivas.agressivo e violento está diretamente ligado à

importância emocional que a competição A quem serve esta máquina?representa para cada desportista e seu

envolvimento emocional com a atividade. Deve Alguns jogadores, por exemplo, ao também ser levada em conta a participação direta

aceitarem sua exposição em campanhas das expectativas que cada torcedor leva para a publicitárias, emprestando a sua imagem à marca c o m p e t i ç ã o , i n f l u e n c i a n d o a s s i m o de um determinado produto, contribuem com o comportamento agressivo de cada atleta na seu poder de influência e convencimento, competição. Quando há uma platéia e/ou uma procurando mudar os hábitos dos consumidores, torcida, esta também influencia o emergir e a uma vez que sua imagem deve ter credibilidade manutenção da agressão, tanto entre os que para isso. Na verdade, a mídia faz com que se estão diretamente envolvidos na atividade compre apenas porque foi apresentado por esportiva, como nos que a assistem.aquele determinado atleta; ele validou o produto e Segundo Samulski (1992), existe uma garantiu ser bom. interdependência funcional entre as condutas

A imagem positiva de atletas, também, se agressivas e as condições permanentes constrói por intermédio de alguma estratégia de específicas de cada modalidade esportiva. As marketing pessoal, como por exemplo, doações investigações realizadas, por este autor, revelam fenomenais aos asilos ou hospitais, visitas às que a conduta agressiva no esporte de pediatrias dos hospitais, campos de guerra, rendimento é aprendida e adquirida durante o contribuições financeiras as instituições de processo de socialização.assistência médico-social e creches, sempre O aprendizado dos esportistas mais acompanhados pela imprensa, que irá jovens passa pela observação e imitação dos desenvolver aquela cena e desdobrá-la em procedimentos que os esportistas profissionais inúmeras outras, de modo a garantir o registro apresentam no decorrer de cada competição. À daquele momento de solidariedade e altruísmo.medida que o comportamento agressivo passa a

A questão da moda, por sua vez, é ser a tônica da competição, influencia diretamente totalmente dirigida e reforçada pelos meios os esportistas mais jovens, levando-os a ter midiáticos esportivos, causando uma mudança de também um comportamento agressivo.atitude das pessoas em associação com a O aprendizado dos atletas mais jovens imagem projetada pelo atleta. Vale lembrar o caso sofre uma influência direta dos meios de da famosa camisa 10, ou do corte de cabelo do comunicação cujas reportagens contribuem para Ronaldinho Gaúcho ou mesmo do Ronaldo passar uma imagem violenta do esporte aos Fenômeno, a tatuagem do Beckham e muito mais. jovens. O processo de propagação da Tênis são mais vendidos se mostrados por atletas agressividade pela televisão e a adoção desse de projeção.tipo de comportamento não social, seguem

A vida íntima, as bravatas e a divulgação gerando alto custo para sociedade. Reiterando, das conquistas pessoais das celebridades Bandura (1986) lembra que os meios de esportivas fascinam e possibilitam sonhar a todos comunicação fornecem exemplos relevantes para aqueles que um dia gostariam de ter uma vida espalhar um estilo agressivo de conduta.semelhante: é uma fábrica de ilusão, se não A veiculação, pela televisão, de cuidarmos das notícias que recebemos. Parando declarações agressivas de jogadores de futebol para analisar esta questão, somos sabedores dos sobre a equipe adversária ou sobre outro jogador, contratos milionários dos grandes atletas. As cria no ambiente do jogo, estilos agressivos e cifras são repetidas à exaustão, porém não se faz violentos de conduta, gerando conseqüências a projeção dos atletas que atuam em troca de um imprevisíveis nas partidas.salário mínimo, que é uma gigantesca maioria, Outro exemplo é a capacidade do árbitro conforme constatou Gama (1998), em sua tese de na direção de um jogo de futebol, à medida que as doutorado.

suas decisões, tomadas no momento, criam Muito se comenta dos grandes poderes

dúvidas e geram desconfiança nos jogadores das de compra de uma parcela mínima de bons atletas equipes envolvidas. A partir de então, os e, nesse aspecto, vale ressaltar a importância jogadores dirigem toda a sua atenção para a atribuída ao papel do assessor de imprensa, que

cuida pessoalmente da imagem de astros desse arbitragem, tentando dessa forma justificar alguns porte, para estar de acordo com o que espera o comportamentos não sociais no jogo, mostrando público e os patrocinadores: mostrar o brilho,

até o receio da equipe ser lesada pela arbitragem.apenas o brilho, nada mais do que o brilho.

Além dessas considerações, vários Estudos revelam que a Argentina apenas muito

outros fatores levam os esportistas a praticarem pouco recentemente confirma a decadência atos de agressividade no esporte. Entre eles humana em que se encontra seu outrora ídolo, o

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jogador Maradona. que ela cobre um alto ônus pelo serviço: as regras E outro assunto a ser debatido, em esportivas são alteradas para tornar o esporte um

relação à mídia, é que existe uma linha de espetáculo televisivo, e submetido às regras de prioridades que vai desde os esportes até os venda. Por um lado ganha-se investimentos para gêneros e os campeonatos. Por exemplo, uma contribuir no desenvolvimento futuro e imediato equipe de atletismo terá muito menos destaque e do esporte e, por outro lado perde-se autonomia e chance de aparição do que uma equipe de liberdade para publicitários e donos de emissoras futebol, ainda que os primeiros atletas sejam de televisão e de grandes empresas.recordistas. E mais, se forem do sexo feminino, A indústria cultural, por meio dos meios recebem outro tratamento, com espaço mais de comunicação de massa, foi responsável pela reduzido. Finais de esportes na televisão, se criação de ídolos e mitos. Por intermédio de feminino, apenas quando se trata de um nossos grandes atletas, expostos ao extremo nos campeonato mundial ou olímpico, ainda se não meios de comunicação, as relações de poder e tivermos um jogo decisivo do Campeonato fortuna fáceis, aliados à boa vida, elevam estes Brasileiro de Futebol. atletas ao nível de ídolos, mitificando os mais

Nesse sentido, a comunicação de inacessíveis e intransponíveis. Suas vidas massa, integrada pela associação dos jornais passam a ter uma aura de nobreza, quando não diários, do rádio, da televisão e mais de santificação. recentemente pelos novos veículos eletrônicos, No esporte ocorreu o mesmo fato, transforma-se em um poderoso aparelho de assim a estratégia publicitária foi relacionar essas comunicação que é a mídia. Atualmente é personalidades com marcas de produtos como caracterizada como um dos mais influentes sapatos, perfumes, carros, bebidas, cigarros, instrumentos que interferem nas relações tênis etc. Eles deixam de ter suas próprias interpessoais. identidades para serem os atletas “do carro...”,

Sua interferência se dá em função de “aquele um da chuteira...” ou ainda “o que faz o grupar um grande número de pessoas que comercial do...”. E a estampa comercial é muito absorvem as mensagens e, despreparadas ou mais trabalhada do que o próprio sucesso desprevenidas, apostam naquela idéia ou esportivo. Talvez ai esteja um grande problema acreditam naquelas palavras, como se fosse uma criado pela mídia: a grande exposição e a força imbatível e inquestionável. Os mais jovens banalização da imagem.são mais sujeitos às manipulações, por sua Para MACHADO (1998), o esporte fragilidade em relacionar os dados e pelo alcance precisa ter sua prática associada à ética de tal de sua visão social, mas a alienação e a forma que se torne inviável a sua prática, sem que negligência com tais dados podem ser danosas não se observem os preceitos morais e éticos que se não bem trabalhadas, quando da exposição compõem a sociedade. O esporte é prazer para o midiática. homem, quando praticado de forma lúdica. Para o

Outro fator relevante é o papel que a adolescente dependerá, exclusivamente, da mídia desempenha na construção fugaz de ídolos maneira como o esporte é visto por ele e pelo esportivos. A velocidade com que se transforma profissional responsável pela sua prática um desconhecido em personalidade nacional é esportiva. À medida que o vínculo criado passa a tão rápida, que em certos casos não são ser o de brincar, de confraternizar-se e/ou de considerados alguns princípios básicos da ética comunicar-se com os seus semelhantes, em um profissional; no entanto, ela mesma se encarrega contexto livre de ânsias, agressividade e de levá-lo ao anonimato, sem sua divulgação violência, o esporte tem caráter lúdico e precisa posterior ao grande e único feito no esporte. ser apontado pela mídia como um recurso ideal

para o ócio criativo.Concluindo sobre a agressão esportiva no Nem sempre a participação e o bom meio de comunicação senso do indivíduo, no esporte, estão lado a lado,

em situação de alto rendimento. Muitas vezes, Os meios de comunicação de massa quando a competição cobra ajustes de seus

proporcionaram o enorme desenvolvimento do part icipantes, aspectos degradantes e esporte, assim como o esporte, por sua vez, prejudiciais ao atleta, podem surgir e levá-lo a favorece ao crescimento da mídia especializada, desvios de comportamento ou a desajustes. carregada de palavras específicas e observações Exemplos comuns são a ingestão de drogas e a focais sobre o momento esportivo. Essa é uma agressão aos outros. Embora os professores e relação simbiót ica que gerará frutos, treinadores de educação física definam seus eternamente. A mídia populariza “esportes” programas de treinamento defendendo, novos, como é o caso do acqua-ride e do rodeio, veementemente, que estão desenvolvendo levando o esporte, cada vez mais, a ser um integralmente o atleta e preparando o cidadão do grande foco de investimento de emissoras de futuro existem evidências de que no esporte - televisão, rádio e jornal, sem falar de empresas competição esta afirmação é, pelo menos, patrocinadoras e publicitárias. contraditória.

Porém, ao mesmo tempo em que a As questões ambientais, de caráter geral mídia facilita tal desenvolvimento, entendemos e específico, são variáveis importantes dentro

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(*) Afonso Antonio Machado coordena o mídia impressa e o “futebol de saias” do Brasil: Laboratório de Estudos e Pesquisas em uma análise dos Jogos Olímpicos de Atlanta Psicologia do Esporte e o Programa de Pós-1996. In: X Congresso de Ciências do graduação em Desenvolvimento Humano e Esporte. Vol.II, 1997, p. 529-536.Tecnologias, no IB- DEF- UNESP, em Rio Claro. É GAMA, W. Jogadores de futebol profissional pesquisador PQ, do CNPq.e ascensão social. São Paulo: USP (tese de

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por diversos motivos como os encontrados na A psicologia do esporte investiga como população geral e manifesto de acordo com disciplina científica, as causas e os efeitos dos questões etárias, distúrbios emocionais de processos psíquicos que acontecem com o ser quaisquer natureza, bem como, por patologias humano, antes, durante e depois de uma que ocasionam prejuízos significativos nas atividade esportiva. Este conceito remete a capacidades de adaptação. Entre os motivos questões como a personalidade do praticante, mais freqüentes para o encaminhamentos de sua ansiedade, sua motivação, suas atitudes, atletas a psicoterapia, estão aspectos gerais de num conjunto de atividades que abrangem desde prejuízos emocionais, como imagem corporal ou o lazer até o esporte de rendimento.auto-estima prejudicados, estresse em O trabalho do psicólogo do esporte decorrência do tipo de modalidade esportiva, orienta-se, pois, para o alcance de um melhor cobranças exteriores e interiores, alterações de desempenho no esporte, sendo em vários humor como depressão, uso e abuso de aspectos, semelhante às demais atividades da subs tânc ia ps i coa t i vas e /ou d rogas , psicologia que lidam com a questão do trabalho, manifestações de ansiedade patológica, entre não perdendo de vista, todavia, a característica outras .fundamental de qualquer disciplina da área de

Entre as alterações comumente saúde que tem o foco na qualidade de vida das observadas no âmbito esportivo as alterações de pessoas nos diversos aspectos de sua vida. Esse humor e de ansiedade são freqüentemente profissional busca valorizar ao máximo o observadas como as mais significativas de potencial do atleta, ao mesmo tempo em que limitações e incapacidades para o desempenho tenta minimizar ou neutralizar suas deficiências. do individuo. A ansiedade no ser humano tem Atua no sentido de melhorar o desempenho e a como função a advertência sobre a possibilidade relação entre atletas, técnicos e dirigentes. A de ocorrência de perigos iminentes, capacitando ação psicoterapêutica é indispensável na a pessoa a criar estratégias de enfrentamento preparação do atleta, pois, as reações diante de uma ameaça, sendo considerada um emocionais dos atletas e a persistência de certos estado emocional agregado a componentes compor tamentos inadequados a fe tam psicológicos e fisiológicos que fazem parte dos sobremaneira o rendimento dos atletas. Portanto sentimentos normais de uma pessoa. As trata-se de intervir no sentido de possibilitar o manifestações patológicas da ansiedade estão crescimento pessoal do atleta, o que por sua vez relacionadas quando esta manifestação torna-se refletirá em aumento de probabilidades de êxito desproporcional à situação que a desencadeia ou esportivo. Isso não quer dizer que o psicólogo do quando não existe um objeto específico ao qual esporte deva se converter em clínico e sim em um se direcione (Marks, 1987). Para Sharma, crítico dentro desse contexto esportivo. Em casos Andriukaitis e Davis (1995), a ansiedade é complexos os atletas deverão ser encaminhados caracterizada por sensações subjetivas de para tratamento psicoterápico.antecipação, medo ou apreensão associadas Utilizando os pressupostos descritos com graus de grande excitação e reatividade anteriormente a aplicação da psicologia no a u t ô n o m a , l e v a n d o a m u d a n ç a s n o âmbito esportivo ocorre de maneira seqüencial comportamento, no aprendizado e na adaptação seja pela avaliação de habilidades do individuo, do indivíduo. A ansiedade pode ser descrita como sua potencialidade bem como para verificar tendo dois componentes, o fator psicológico possíveis deficiências. Nos casos de intervenção influenciado pela personalidade do indivíduo e psicológica podem ocorrer tais como orientação seus mecanismos de enfrentamento, e o fator individual, treinamento das capacidades somático as manifestações descritas pelo psicológicas, o aconselhamento para possíveis próprio paciente. Comumente tendem a interveniências pessoais e a psicoterapia como ocas ionarem acentuado sof r imento e procedimento onde as outras formas de incapacitação em inúmeras atividades cotidianas atendimento possam não ter havido efeitos (Lépine, 2001), por exemplo, habilidades de esperados, ou seja, melhora de uma condição ao percepção, de aprendizado, memória, apetite, qual cotidianamente causa algum tipo de funcionamento sexual, e alterações do sono limitação, tais como ansiedade e outras (Kennerley, 1995).condições incapacitantes, sendo desta maneira o

As características em relação aos acompanhamento especializado como um aspectos depressivos estão relacionadas a psicólogo clinico (Sorensen, 1994).distorções freqüentes de interpretações de Neste sentido, o encaminhamento ocorre

PRÁTICAS PSICOTERÁPICAS NO ESPORTE

José Maria MontielDaniel Bartholomeu

Laboratório de Psicodiagnóstico e Neurociências Cognitivas UnisalAnhanguera Educacional

LEPESPE

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acontecimentos, estando sempre relacionados a situações sociais e até mesmo minimizando visões negativas de si mesmo, do ambiente e do questões as quais possibilitem incapacitações no futuro, representando desvios de processos seu desempenho, aumentando assim a lógicos de pensamento (e.g. ausência de probabilidade do indivíduo se desenvolver considerações sobre ausência ou evidencias que pessoal e socialmente de maneira mais adequada justifiquem comportamentos e situações o que acarretará numa melhor qualidade de vida, d i v e r s a s , p e n s a m e n t o e x t r e m i s t a s , pois, aprenderá a expressar seu desejos, generalizações freqüentes, sabotagem das sentimentos, opiniões e direitos, respeitando esse habilidades em lidar com diversas situações, comportamento nos demais e que geralmente catastrofizar ocorrências cotidianas (Young, resolve problemas não só imediatos, mas Beck. & Weinberger, 1999). Os aspectos também minimiza a probabilidade de futuros depressivos relacionam-se a esquemas problemas. Já num segundo momento o cognitivos estruturais gerados no decorrer do profissional se utilizará da análise das bases e desenvolvimento do individuo, são ativados efeitos das ações esportivas, considerando por pr inc ipa lmente durante in terpretações um lado a análise de processos psíquicos básicos sistemáticas e na evocação de experiências de (cognição, motivação, emoção) e, por outro lado, curto e longo prazo (i. e. pacientes depressivos a realização de tarefas práticas do diagnóstico e evocam facilmente experiências negativas que da intervenção esportiva.expliquem acontecimentos corriqueiros), estas A preparação psicológica é um processo cognições tornam-se processo central nas objetivo que deve ser feita por meio de alterações de humor. intervenções sistemáticas, na qual, deve fazer

No que se refere ao tratamento parte da preparação geral do atleta considerando psicoterápico para os transtornos tanto de a sucessão de acontecimentos esportivos. Que ansiedade como os transtorno de humor segundo tem como objetivo acelerar processos naturais de a Organização Mundial de Saúde (1998) os desenvolvimento dos conjuntos de qualidades e procedimentos da Psicoterapia Cognitivo propr iedades psíqu icas do espor t is ta especialmente quando respaldada por técnicas (Judanov,1974). Esta preparação psicológica c o m p o r t a m e n t a i s é a m o d a l i d a d e realiza-se por meio de uma série de medidas que psicoterapêutica que apresentam melhores envolvem atividades de psicodiagnóstico, de resultados para esta população, uma vez que tais planificação, de intervenção psicológica e de procedimento visam reformular as considerações reavaliação.sobre ausência ou evidencias de pensamentos que justifiquem comportamentos e situações 'mal Referências Bibliográficasadaptativas', ou seja, pensamento extremistas, generalizações freqüentes, sabotagem das Associação Psiquiátrica Americana. (2002). habilidades em lidar com diversas situações, DSM-IV-TR tm: Manual Diagnóstico e Estatístico catastrofizar ocorrências cotidianas. de Transtornos Mentais. (C. Dornelles trad.). (4ª

Segundo Beck e Alford (2000) os ed.). Porto Alegre: Artmed.pressupostos da Teoria Cognitiva baseiam-se no Bandelow, B. (1995). Assessing the Efficacy of estudo das funções e dos aspectos cognitivos, ou Treatments for Panic Dissoder and Agoraphobia seja, o processamento de informação subjacente II.:The Panic and Agoraphobia Scale. Int. Clinical a tais aspectos de modo a atribuir significado a Psychopharmacol, 10, 73-81.estímulos diversos. Nesse sentido, os resultados Beck, A. T, Brown, G., Epstein, N. & Steer, R. A. de tais processos são o foco de interesse, por (1988). An Inventory for Measuring Clinical exemplo, quando ativados em contextos Anxiety: Psychometric Properties. Journal específicos podendo ser caracterizados como Consulting and Clinical Psychology, 56, 893-897.mal adaptativos ou disfuncionais, fornecendo Beck, A. T., Ward, C. H., Mendelson, M., Mock, J. estratégias capazes de corrigir estes conceitos de & Erbaugh, J. (1961). An Inventory for Measuring modo a proporcionar funcionalidade aos Depression. Archives General of Psychiatry, 4, pensamentos e/ou comportamentos. Assim, 53-63.pode-se ressaltar que diante de intervenções Sorensen, M. (1994). Phyical activity in policlinical psicoterápicas o individuo tende a apresentar psychiatric treatment. International Symposisium melhoras significativas em relação as dificuldades on Adapted Physical Activeis , Brisbane.cotidianas as quais interferem ou incapacitam mesmo que temporariamente suas habilidades em lidar com seu dia-a-dia.

A partir das descrições anteriormente mencionadas é importante mencionar que o profissional da área de psicologia deve utilizar de métodos que busca num primeiro momento avaliar e treinar um conjunto de comportamentos emitidos pelos indivíduos num contexto interpessoal com a intenção de melhorar sua competência interpessoal e individual nas

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CURSOS

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O presente trabalho apresenta uma c o o p e r a ç ã o . P a r a P i a g e t ( 1 9 9 4 ) , o reflexão sobre a indisciplina, os jogos e a prática desenvolvimento intelectual e moral só ocorre por de esportes a partir de uma visão teórica meio da cooperação, por meio do qual derivam o piagetiana. Jean Piaget não discutiu a temática respeito mútuo e a autonomia, enquanto a “ indiscipl ina”, mas pesquisou sobre o coação, como um processo que supõe relação de desenvolvimento moral da criança, descrevendo- subordinação, impede que exista uma o na obra “O juízo moral na criança”, que foi reciprocidade de ações e sentimentos, publicada pela primeira vez em 1932. Para Taille impossibilitando à criança a construção das (2010), “Piaget descobriu que a gênese do juízo estruturas mentais operatórias necessárias à moral infantil passa por duas grandes fases. Na conquista da autonomia, imprescindível à primeira, o universo da moralidade confunde-se formação e à consolidação do mundo com o universo físico: as normas morais são democrático. entendidas como leis heterônimas, provenientes Ao utilizar o jogo como objeto de estudo da ordem das coisas, e por isso intocáveis, não- para o desenvolvimento moral, Piaget modificáveis, sagradas. A essa concepção das compreende-o como prática universal e normas corresponde um nível rudimentar de necessária à infância. Holanda (2010) considera o compreensão destas: os imperativos são jogo como um exercício ou divertimento sujeito a interpretados ao pé da letra, e não na sua certas regras. Essas regras podem ser universais intenção. Na fase posterior, as normas passam a ou não. Já no caso do esporte as regras são ser entendidas como normas sociais cujo objetivo universais e sempre levam a uma situação de é regular as relações entre os homens. Assim, em competição. Dessa maneira, os jogos podem ter torno de dez, onze anos, a criança passa a regras livremente consentidas enquanto na conceber a si mesma como possível agente no prática de esportes isso não é permitido. Os jogos universo moral, capaz de, mediante relações de auxiliam as crianças a compreender o mundo dos reciprocidade com outrem, estabelecer e adultos, bem como a resolver os pequenos defender novas regras”. Ou seja, à obediência problemas da vida da criança. Para Piaget (1994), passiva dos pequenos sobrevém uma obediência muitos jogos revelam uma verdadeira ativa que visa o respeito mútuo e a cooperação. jurisprudência do cotidiano.

Na conceituação piagetiana, a criança Sendo assim, Piaget (1994) compreende passa da heteronomia em que percebe a que, por meio dos jogos e dos esportes a criança existência das regras e a necessidade de vai tomando consciência das regras existentes na obedecê-las para a autonomia moral em que a sociedade. Primeiro por meio da coerção e regra reflete o bem comum. Mas essa passagem depois, dependendo das relações interpessoais da heteronomia para a autonomia não se dá de que estabelece na vida cotidiana, por meio da forma simples e não é tão somente uma questão autonomia, que é quando obedece não mais a de desenvolvimento. A passagem da heteronomia alguém, mas a um dispositivo interior que leva em para a autonomia, que é o alvo maior da consideração o grupo e a satisfação pessoal em democracia e das relações sociais requer obedecer às regras.interações sociais que vislumbrem a cooperação Faremos um paralelo aqui entre ante a coerção. Na heteronomia o que prevalece é autonomia e disciplina. Nos jogos, a obediência a coerção do adulto sobre a criança, que obedece às regras pode garantir seu êxito e a sem questionamentos, já na autonomia, a desobediência, seu fracasso. Nesse caso, a justificativa para a regra é imprescindível, assim indisciplina é tomada aqui como a desobediência como sua discussão. A coerção reforça a às regras de um jogo, seja ele qual for. Para seu heteronomia enquanto que a cooperação reforça sucesso temos que levar o grupo a vivenciar a autonomia e é graças a ela que a criança passa uniformemente tais regras e isso pode se dar pela experiência de participar de uma relação tanto por coerção quanto por cooperação. Se for social em que o ponto de vista de todos os seus por coerção, o professor ou instrutor é a figura integrantes é fundamental para a constituição das central do processo, pois dele depende as ações regras. O respeito mútuo assim como os acordos necessárias para o cumprimento das regras. Se são essenciais para o desenvolvimento da for por cooperação, o grupo e cada um dos seus autonomia. membros é que devem ser os alvos do processo,

Piaget também não faz referências à levando-os a compreender a importância do prática de esportes, mas em seus estudos (1994) respeito às regras para que um bom jogo possa se observou a evolução da prática e da consciência estabelecer.das regras em jogos infantis e afirmou que a Dessa maneira, não é o jogo ou prática da regra antecede sua consciência. A determinado esporte em si que promovem a consciência da regra evolui da coerção para a disciplina, mas a maneira como o professor ou

A INDISCIPLINA E A PRÁTICA DE ESPORTES

Jane Teresinha Domingues Cotrin

Departamento Municipal de Educação Mirassol - SP

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instrutor se coloca para que ela se estabeleça. Se for por coerção, a ausência de quem estabelece as regras pode colocar o jogo em risco, já num processo de cooperação, o que se espera é que o grupo se organize independente da presença do professor ou não.

Devido ao prazer que a prática de esportes e o jogo proporcionam, acreditamos que é o melhor caminho para se discutir com as crianças a necessidade das regras e de levá-las a tomar consciência da necessidade de cumpri-las para que os jogos assim como a vida cotidiana tenham êxito.

Referências Bibliográficas

PIAGET, J. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994.ARAÚJO, U. Respeito e autoridade na escola. In: AQUINO, J. G. Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. 2ª. Ed. São Paulo: Summus, 1999.TAILLE, Ives de La. A dimensão ética na obra de Jean Piaget. Disponível em <

> Acesso em 20 de agosto de 2010. HOLANDA, A. B. Dicionário do aurelio. Disponível em < > Acesso em 10 de agosto de 2010.

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p075-082_c.pdf

www.dicionariodoaurelio.com

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O esporte pode ser considerado um dos de o esporte atuar como meio de educação está maiores fenômenos sociais da modernidade. É estreitamente relacionada ás concepções que os plenamente reconhecido o valor educativo e adultos envolvidos em sua organização possuem cultural do esporte, sendo identificado por força, sobre a criança e a educação, das quais depende superação de limites, vitórias e derrotas, sua prática, sendo que o professor ou técnico/ motivação além dos valores próprios. educador assume papel de destaque por seu

A exigência pela “boa performance”, o contato direto e constante com os praticantes.elevado grau de competitividade e a tolerância à Ao se falar em iniciação esportiva é frustração e ao estresse são algumas necessário ter claro quais os objetivos dessa características que o ser humano encontra em prática, haja vista que essa área pode ter um seu dia-a-dia. O esporte, por sua vez, pode atuar enfoque bastante educacional ou com o objetivo como instrumento de canalização dessas de formar futuros atletas.características. O problema que encontramos é a Assim, a iniciação esportiva deve ter, por maneira como for encarado, ele pode ter tanto quem orienta, uma atenção cuidadosa no que se uma meta educativa quanto reproduzir essas refere a seus objetivos e métodos, pois da mesma mesmas características ( competitivas). maneira que pode ser um excelente instrumento

O esporte veiculado pela mídia como para a criança começar a aprender a lidar com esporte de rendimento, vem sendo reproduzido experiências que envolvem confiança, auto em diversas situações como se fosse o único controle, auto imagem, motivação, entre outras, modelo de prática esportiva a ser seguido, o que caracterizando seu processo de socialização parece ser a principal causa de conflito entre pode funcionar como instrumento alienante para educação e esporte. lidar com estas questões.

Ao assistirmos competições esportivas A associação do esporte com saúde encontramos várias incoerências com qualquer tornou-o uma das melhores maneiras de procurar proposta educativa: violência entre jogadores, o caminho para a qualidade de vida e educação, insultos e agressões a árbitros, doping e o grande propiciadas pela participação em atividades paradoxo evidencia-se quando o valor educativo esportivas. do esporte é atribuído a sua capacidade em Dessa forma, o esporte aparece com a promover respeito às regras a aos adversários, a finalidade e o objetivo de preparar a criança para disciplina e a saúde. ser um atleta ou esportista que possa ser capaz

Ao observarmos o esporte praticado por de lidar com inúmeras questões emocionais pelo crianças e jovens nos clubes, nas chamadas simples fato de praticar uma modalidade categorias de base, identificamos rapidamente esportiva. Através de suas ações no esporte o algumas características do esporte de rendimento esportista tem a vivência de si próprio e age com reproduzidas neste contexto: técnicos bastante intensidade. Ele experimenta e vivencia maltratando seus atletas por erros cometidos, vários aspectos importantes como: dedicação, pais xingando árbitros, pais reclamando com disciplina, regras, convivência em grupo, técnicos, frases agressivas entoadas pela torcida. tolerância aos erros, capacidade de superação Aprofundando um pouco nosso olhar para além das dificuldades, aceitação dos próprios limites, do momento da competição, encontramos expectativas, lidar com as vitórias e derrotas, crianças submetidas a “peneiras” para a seleção forças e fraquezas (Thomas, 1983).da equipe e as sessões de treinamento O esportista pode aprender a dominar exaustivas, muitas vezes incompatíveis com a seu corpo, a obter um relacionamento com seu continuação dos estudos. próprio corpo e aprende a se movimentar melhor

Uma das grandes críticas feitas ao em seu meio ambiente, conduzindo a uma vida esporte trata da homogeneização de sua prática saudável.pelo treinamento, na qual a exigência pela A prática e a ação do esportista estão perfeição do gesto técnico e o rigor tático imposto relacionadas com a atitude mental que ele parecem reprimir o poder criativo de seus apresenta. Os estados emocionais que tem participantes, ignorando as potencialidades e as relação direta com o desempenho do atleta limitações individuais, oferecendo uma única (Thomas, 1983).possibilidade de resposta correta (Dante, 2002). Uma das áreas das Ciências do Esporte

O desafio é trilhar o caminho de um preocupada com essas questões é a Psicologia esporte com embasamento científico e que leve do Esporte; que tem estudado a influência da em conta aspectos psicológicos, físicos, prática esportiva no desenvolvimento psicológico fisiológicos e pedagógicos relacionados à sua e no processo de socialização de crianças e de prática. adolescentes. Com base nestes estudos, vêm

Segundo Dante (2002), a possibilidade sendo elaboradas algumas propostas de

PSICOLOGIA DO ESPORTE EM CAMPO: A CRIANÇA E A COMPETIÇÃO ESPORTIVA

Alessandra Moreira de Lima

Clínica Atma

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intervenção a fim de proporcionar um ambiente Muitos treinadores dizem ao atleta que esportivo mais saudável. Muitas delas têm o ele precisa se concentrar mas, primeiramente, papel do educador como elemento central, a eles precisam aprender como se concentrar, exemplo do clima motivacional, que associa os quando ( em que momento), o que ( quais objetos, comportamentos e as estratégias utilizadas a bola, o adversário) e com que intensidade, durante as atividades á possíveis transformações assim também como ele pode manter esta no contexto esportivo (Dante, 2002). atenção por um período de tempo. Um professor/

A psicologia do esporte surgiu da própria treinador deve estar em condições de perceber prática esportiva. Professores e treinadores conscientemente as exigências situacionais da perceberam o comportamento e reações dos atenção e aplicar medidas psicológicas para atletas durante a prática esportiva e buscaram regular a atenção dos atletas.explicações para compreender e auxiliá-los na Já a motivação é fundamental para o orientação esportiva. Nesta busca surgiram interesse e desempenho dos atletas e questões como: Por que uns atletas eram mais apresenta-se como um determinante energético positivos e outros reclamavam mais; atletas que (nível de ativação) e de comportamento treinavam bem mas na hora do jogo não jogavam (intenções, interesses, motivos e metas).o que sabia ou erravam bola fácil, reações de As emoções exercem duas funções atletas mais nervosos que se cobravam mais. básicas: a função de organizar, orientar e Como a ansiedade afeta a precisão de um controlar as ações e a função energética e de jogador de basquetebol num arremesso livre? ativação.

As diferentes atitudes e comportamento A autoconfiança é um outro aspecto dentro da quadra despertam interesses pelos importante aos praticantes do esporte. Os atletas aspectos psicológicos do esporte. confiantes além de acreditarem em si mesmo,

Então a Psicologia do Esporte e do eles acreditam em sua capacidade de adquirir as Exercício é o estudo científico de pessoas e seus habilidades e as competências necessárias para comportamentos em contextos esportivos e de atingir seu potencial. Atletas menos confiantes exercício (Weinberg, 2001). É a disciplina que duvidam de sua capacidade de ser bem sucedido estuda as causa e efeitos das respostas ou espera que algo dê errado (Weinberg, 2001).psíquicas que apresenta o ser humano, antes, Conhecer as razões das crianças para durante e após o exercício ou esporte sejam participarem dos esportes, possibilita aumentar a estes de cunho educativo, recreativo, competitivo motivação dos praticantes estruturando os ou reabilitador ( Becker Jr, 1995). ambientes que melhor sat is façam as

A prática do exercício e do esporte inclui necessidades deles e permite o planejamento de questões relacionadas ao universo do atleta estratégias que facilitam a permanência e como noções de biomecânica, especificidades continuidade na modalidade esportiva.das várias modalidades, características do A iniciação na prática esportiva de esporte, condições particulares em que vivem e crianças pode estar baseada em inúmeros atuam os indivíduos e equipes. Já a psicologia motivos que vão desde a perspectiva de se tornar compreende o vasto conhecimento específico um herói, ou ídolo, até a vontade unicamente como modelo de intervenção, medidas de vinda dos pais, seja por razões educacionais, de avaliação para diagnóstico, dinâmica de grupo, saúde ou pela busca de ascensão social. personalidade, as emoções, autoconfiança, Segundo Weiss (1995), os outros motivos que acompanhamento psicológico. podem levar a criança á prática esportiva são a

Para o atleta é fundamental auto identificação grupal, diversão, aquisição de percepção e aprender a reconhecer e lidar com amigos, desenvolvimento de competências, suas próprias emoções buscando o equilíbrio e entre outros.controle. Pesquisas tem mostrado que a prática

A psicologia do esporte entra como mais de esportes é benéfica para a saúde e favorável uma parte integrante da preparação do atleta. O para o rendimento escolar e relacionam-se á esporte, na atualidade, inclui uma preparação aquisição de regras de conduta, de normas de global do atleta com a preparação física, comportamento e de valores sociais.técnica, tática e psicológica. Em seus estudos, Dante (2002)

A preparação psicológica considera o pressupõe que a atitudes de perseverança, de tipo de esporte, as particularidades individuais, os disciplina, de cooperação exigidas na prática objetivos a serem alcançados e as variáveis que esportiva contribuem para a formação as interferem no desempenho. Estas variáveis estão personalidade. Outro aspecto mencionado é o de presentes a todo momento na aula/ treino e que a competitividade adquirida no esporte pode durante a execução dos movimentos. Portanto, é ser transferida para a competitividade inerente à importante o professor ou treinador associar e vida social, sobretudo profissional, preparando a acompanhar estes componentes que fazem parte criança e o adolescente para enfrentar a vida do aperfeiçoamento e desempenho dos alunos/ mais adequadamente. atletas. Estas variáveis são: atenção, Entretanto, muitos pais, professores e concentração, auto confiança, emoções, pesquisadores tem questionado o envolvimento autocontrole e motivação (Samulski, 1995). de crianças e de adolescentes em práticas

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esportivas sem restrições, referente à precocidade com crianças são submetidas a competições esportivas e a processos de treinamento sistematizado, podendo provocar e f e i t o s p s i c o l ó g i c o s n e g a t i v o s a o desenvolvimento harmônico da personalidade. Contudo, em função da ênfase em determinados aspectos é possível distinguir perspectivas da prática esportiva da prática lúdica informal ( Dante, 2002).

De acordo com Rúbio (2000), o trabalho do professor de educação física e do técnico esportivo, vai além da simples orientação da prática esportiva. Ele busca orientar a criança para a vida, contribuindo por este meio, para questões mais amplas, auxiliando na construção da identidade do praticante de atividade física e esportiva.

Referências Bibliográficas

Becker, B. Psicologia Aplicada à Criança no Esporte. 1 ed. Nova Hamburg:Feevale, 2000Machado, A. A. Psicologia do Esporte. 1 ed. Jundiaí: Fountoura,1997Machado, A. A. Delineamento da Psicologia do Esporte. Campinas: Tecnograf, 2000Rose, D. Esporte e Atividade Física na Infância e na Adolescência. Porto Alegre: Artmed, 2002Rúbio, K. Psicologia do Esporte. Interfaces, pesquisa e intervenção. 1 ed. São Paulo: Casa do psicólogo, 2000Samulski, D. Psicologia do Esporte. Teoria e Aplicação e Prática. Belo Horizonte: Imprensa Universitária, 1995Thomas, A. Esporte. Educação à Psicologia. 1ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,1983

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Este trabalho objetiva trabalhar as mais medo do vexame social, uma vez que a prática evidentes causas da vergonha e do medo em esportiva se dá perante a observação de outras jovens atletas, buscando compreender as pessoas e o fracasso diante dos observadores maiores incidências destes estados emocionais pode significar para o atleta uma diminuição de em diferentes situações dentro do contexto valor da sua capacidade e, com isto, de sua esportivo, pois consideramos que a vergonha e o personalidade, entre outros fatores. medo sejam estados emocionais muito Desta forma, este estado muitas vezes importantes e, por isso, merecem uma maior conduz à insegurança do movimento, à inibição atenção pelos profissionais do universo de execução do movimento e à perda de pré-esportivo, em especial no âmbito da Psicologia do requisitos reguladores e diretores emocionais e Esporte. cognitivos da performance, provocando uma

Pensando em conceituação, o medo é perturbação no desenrolar da ação e com isto, de comumente conhecido e definido como um fato, o fracasso. No contexto esportivo, o sentimento de tensão, nervosismo ou opressão professor de educação física deve saber inerente a todos os seres humanos, servindo reconhecer os atletas ou alunos que apresentem como um sinal de alerta, ameaça ou perigo. Para ou tenham alguma tendência à manifestação de Machado (2006) o sentimento de medo pode ser medo. Para tanto, é imprescindível que ele caracterizado como uma sensação subjetiva do possua conhecimento e sensibilidade para próprio indivíduo na qual ele sente que corre diferenciar estas mais diversas manifestações, perigo, de que algo de muito ruim está para que podem ser, conforme Machado (2006) acontecer, em geral esta sensação vem reconhece, prejudiciais ao atleta (como alterar a acompanhado de sintomas físicos que performance) ou benéficas (aumento da resposta incomodam bastante, como aceleração dos adrenérgica resultando em ganho de força, batimentos cardíacos, suor excessivo, velocidade e nível de alerta; consciência racional tremedeira e tontura. dos riscos; cautela; controle do estresse etc.).

Com bases na neurociência, sabemos Por outro lado, o sentimento da vergonha que o sentimento de medo tem origem, nos seres é apresentado como uma insegurança provocada humanos, nas amígdalas, estruturas cerebrais pelo medo do ridículo ou de uma situação localizadas na região temporal da caixa craniana, embaraçosa, que compromete o relacionamento sendo estas responsáveis por identificar as social do indivíduo. Esse processo se instala a situações de risco e enviá-las para o hipotálamo, partir do momento que somos observados e que é incumbido de dar as respostas do julgados pelos nossos pares, ou então por nós organismo. Assim, quando se fala em Medo, está mesmos, e que o resultado de nossas ações será se falando daquele estado emocional a medida para que estejamos sofrendo desagradável que surge quando o indivíduo se vê comparações com nossos rendimentos diante de uma situação julgada por ele mesmo anteriores ou de outros.como ameaçadora, e pode suprimir esta ameaça Em pesquisas recentes sobre as fugindo ou agredindo, ou ainda, adotar relações da vergonha com a personalidade ética comportamentos que têm por finalidade dos indivíduos, La Taille (2006) defini a vergonha afugentar o medo (como, por exemplo, ignorar como um sentimento de desconforto afetivo, fatos e negar ameaças) (MACHADO, 2006). causado pela exposição do sujeito (pelo fato de

Pensando no contexto esportivo, o medo se sentir exposto ou observado), ou pela é uma desorganização psíquica que está sensação de perda real ou virtual de valor (auto-presente em quase todas as out ras juízo negativo, ferindo a “boa imagem” que se tem desarmonizações (ansiedade, apatia, alta de si). Em termos de classificação, La Taille intensidade emocional, etc.) antes, durante e (2004) categoriza tal sentimento como vergonha-após a competição. Machado (2006) afirma que pura, vergonha-ação, vergonha-humilhação, tal sensação chega a ser considerada uma das vergonha-meta, vergonha-padrão, vergonha-emoções mais negativas que o atleta pode norma e vergonha-contagio. experimentar podendo, em alguns casos, destruir O medo da lesão está presente em a harmonia psíquica do mesmo. grande número nas pessoas praticantes de

Algumas pesquisas realizadas voltadas atividades físicas e atletas de rendimento para possíveis relações entre medo e prática esportivo, logicamente porque uma lesão esportiva, como Machado (2006), Vilani e interrompe a prática da atividade por tempo Samulski (2002), Roffé (2006 e 1999), Santiago e indeterminado, e dependendo da lesão, o González (2002) e Thomas (1983), verificamos indivíduo pode ficar muito tempo afastado dos que sua origem pode ter inúmeras causas. O treinos (caso de atletas) ou das suas atividades atleta pode ter medo do fracasso, que ameaça físicas rotineiras (caso de praticantes sem visar o sua performance; medo de contusão, em rendimento máximo). Em pesquisas feitas, sobre conseqüência de movimentos mal executados; o medo em esportistas do futebol, Roffé (1999)

MEDO E VERGONHA NO CONTEXTO ESPORTIVO

Afonso Antonio Machado(*)

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também se propôs a verificar quais seriam as praticada e da sua importância para os situações de medo que os atletas (profissionais) praticantes, visto o desconforto e os inúmeros d e s t a m o d a l i d a d e s e d e p a r a v a m contratempos advindos desta matriz psicológica constantemente. O medo de se lesionar apareceu comprometida. nas primeiras situações com maiores índices de medo, dentre as trinta situações possíveis.

Referências BibliográficasMachado (2006) menciona que o próprio sentimento de medo pode causar lesões em atletas, devido às alterações no metabolismo CRATTY, B. J. Psicologia do Esporte. 2. ed. energé t i co (a l te rações f i s io lóg icas e Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1984.bioquímicas), o que causa aumento da tensão LA TAILLE, Y. de. Moral e Ética: dimensões muscular (contrações involuntárias e falta de intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, coordenação nos movimentos) e mudanças na 2006.composição corporal. Este sentimento de medo, LA TAILLE, Y. de. Vergonha, a ferida moral. 2ª além de poder contribuir para o acontecimento ed. Petrópolis: Vozes, 2004.e/ou agravamento da lesão, pode prejudicar a MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte: da recuperação do indivíduo e o seu retorno à prática educação física escolar ao treinamento da modalidade esportiva. Isto porque o mesmo esportivo. São Paulo: Guanabara Koogan, 2006.pode vir a sentir medo de fazer novamente o(s) ROFFÉ, M. Psicología del Jugador de Fútbol: movimento(s) que propiciou a lesão. con la cabeza hecha pelota. Buenos Aires:

O sentimento de vergonha pode ser Lugar Editorial S. A., 1999. instalado pelo simples fato de estar sendo SANTIAGO, A. G., GONZÁLEZ, M. Z. El Miedo observado praticando uma ação, no caso, a los Aprendizajes Motores: factores implicados. desempenhando suas respectivas funções dentro Lecturas: Educación Física y Deportes. da equipe. Podemos considerar este quadro de Revista Digital. http://www.efdeportes.com. vergonha, como vergonha-padrão, pois o medo Buenos Aires. Año 8, n. 48. Mayo, 2002.de arriscar e o medo de fazer ridículo podem THOMAS, A. Esporte: introdução à psicologia. “denunciar”, caso a ação não tenha o êxito v. 2. Rio de Janeiro: Coleção Educação Física: esperado, uma falta de habilidade por parte do(s) Série Fundamentação, 1983.atleta(s), e esse(s) se sentir(em) menos VILANI, L. H. P., SAMULSKI, D. Família e habilidoso(s) do que os demais companheiros, Esporte: uma revisão sobre a influência dos pais sentindo-se fora do padrão do grupo e instalando- na carreira esportiva de crianças e se assim, o sentimento de vergonha. adolescentes. In: GARCIA, E. S., LEMOS, K. L.

Por estas incidências decorrentes da M. Temas Atuais VII: Educação Física e ve rgonha , podemos enquadrá - las na Esportes. Belo Horizonte: Editora Health, 2002, classificação da vergonha como vergonha-pura p. 09 26.(simplesmente por estarem sendo observadas) WEINBERG, R. S., GOULD, D. Fundamentos ou mesmo vergonha-ação (vergonha de terem da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2ª que se comunicar com as companheiras de ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.equipe e técnico) (LA TAILLE, 2004).

Podemos perceber a grande proximidade entre os sentimentos de medo e vergonha que (*) Afonso Antonio Machado é professor do podem ser manifestados nos seres humanos e a Departamento de Educação Física, da UNESP-difícil tarefa que é estudar essas emoções nos Rio Claro, onde coordena o Programa de Pós-indivíduos, principalmente tratando-se de atletas, graduação em Desenvolvimento Humano e que se encontram em um ambiente onde as Tecnologias (DEHUTE) e o Laboratório de emoções afloram constante e fortemente. Isso Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte nos leva a considerar que o conhecimento sobre (LEPESPE). É pesquisador do CNPq e autor de tais estados emocionais (vergonha e medo), e a livros na área.compreensão dos seus mecanismos de ação e das situações em que eles se manifestam, podem representar para os profissionais da Educação Física e, também, psicólogos do esporte, uma possibilidade de equilíbrio diante das reações emocionais de seus atletas.

Somente assim eles poderão observá-las, compreendê-las e interpretá-las, intervindo da maneira correta para o manejo desse estado emocional. Reforçamos que os sentimentos de medo e vergonha mereçam ser estudados com maior atenção por parte dos pesquisadores da área, por se tratar de sentimentos presentes nos seres humanos independente do contexto esportivo, da modalidade que está sendo

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A de f i c iênc ia v i sua l pode se r possível e adquirir conceitos que as crianças que caracterizada pela perda parcial ou total da visão, enxergam adquirem pela visão (Adams, Daniel, que mesmo após correção ótica ou cirúrgica, Cubbin e Rullman, 1985). limite o desempenho normal do indivíduo (Van Em relação aos aspectos afetivos, muitas Munster e Almeida, 2005; Mauerberg-deCastro, c r ianças com def ic iênc ia v isua l são 2005). Entre os fatores limitantes que podem ser superprotegidas pelos pais, amigos e apresentados por pessoas portadoras de professores. Como conseqüência, elas não têm deficiência visual, temos como principais oportunidades de realizar movimentos ativos características as dificuldades de locomoção e de durante o início da infância (Adams, Daniel, o r i en tação no espaço , aspec tos do Cubbin e Rullman, 1985). Menescal (2002) comportamento humano que dependem em aponta defasagens sócio-afetivas nos seguintes grande instância das informações visuais aspectos: auto-confiança, auto-estima e recebidas desde os primeiros momentos de vida. tendência à dependência.As crianças que são cegas ou têm uma visão Com certeza, a prática de exercício físico muito baixa não têm controle postural, equilíbrio é um dos meios de se trabalhar com o estático, coordenação e agilidade normais desenvolvimento dos sistemas sensoriais, além (Adams, Daniel, Cubbin e Rullman, 1985). A de promover o bem-estar, a socialização, a maior dificuldade relacionada com a deficiência melhora da auto-estima, enfim, a melhora na diz respeito à independência na locomoção, que qualidade de vida. Entre as atividades se encontra comprometida devido à ausência da englobadas pela educação física, a recreação informação visual, que é fundamental para o pode ser considerada um dos instrumentos de desenvolvimento motor (Mosquera, 2000). grande importância, uma vez que trabalha com Segundo Menescal (2002), Craft e Lieberman dois excelentes aliados: a motivação e o prazer (2004), Van Munster e Almeida (2005) e em realizar a atividade. A recreação abrange um Mauerberg-deCastro (2005), são apresentadas número infinito de experiências, numa defasagens mais acentuadas na área motora, multiplicidade de situações. Na recreação, o não por um déficit anátomo-fisiológico do sistema indivíduo se entrega por livre escolha, sem visar motor, mas sim pela limitação de experiências outro fim que não a alegria. Qualquer atividade motoras em diversos níveis e por causas pode ser considerada recreativa desde que seja diversas. Entre essas defasagens, os autores praticada segundo os interesses de cada um. A citam problemas gerais no desenvolvimento prática da recreação busca levar o praticante a motor, equilíbrio, postura, mobilidade, marcha e estados psicológicos positivos. Mauerberg-direcionabilidade. A limitação na captação de deCastro (2005) afirma que, por causa de sua estímulos, assim como a falta de relação entre o natureza recreativa, as atividades físicas objeto visualmente percebido e a palavra, além proporcionam, em geral, conforto emocional aos da falta de experiências práticas, podem causar praticantes. É necessário tomar-se o cuidado uma defasagem no nível cognitivo que tem como com a prática de determinadas atividades que característica básica a dificuldade na formação e durante seu desenrolar poderão acarretar no utilização de conceitos (Menescal, 2002). praticante sensações indesejadas e negativas. A

O ser humano utiliza diversas fontes de recreação deve propiciar à pessoa o exercício da informação sensorial para se equilibrar, se criatividade. A importância da criatividade para a localizar, se orientar, entre outras tarefas. De pessoa é enorme, pois engrandece a todas essas fontes, as informações visuais são personalidade e prepara para uma condição aquelas que respondem pela maior parte de melhor de vida (Cavallari e Zacharias, 2001).nossas atividades, aproximadamente 80% Os jogos recreativos bem executados (Mosquera, 2000). As outras 20% são divididas ajudarão a pessoa com deficiência visual a se entre as informações auditivas, vestibular, sociabilizar, diminuir sua agressividade, melhorar proprioceptiva, entre outras. No caso de pessoas sua postura e sua coordenação motora. E estes que tenham problemas/dificuldades na utilização devem ser adaptados quanto à segurança, das informações visuais, os outros sistemas materiais, instrução, local de realização, regras e sensoriais acabam compensando essa outros, caso necessário (Labanca, 2000). Van dificuldade. Esse processo de compensação só Munster e Almeida (2005) afirmam que o ocorre se houver estimulação dos sistemas que processo ensino-aprendizagem de pessoas com se encontram íntegros. Quanto mais cedo ocorrer deficiência visual pode se diferenciar em relação essa estimulação, maiores serão os avanços na ao de pessoas que enxergam quanto à direção de um desenvolvimento próximo do adaptação do espaço físico e de recursos normal. As crianças com deficiência visual materiais, utilização de mecanismos de precisam explorar o meio ambiente tanto quanto informação e modificação de regras.

DESENVOLVENDO O AMBIENTE DE APRENDIZAGEM PARA O DEFICIENTE VISUAL

Prof. M.Sc. Cícero Campos

UNIFEV - Centro Universitário de Votuporanga

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O homem se torna verdadeiramente feliz quando brinca (Bruhns, 1997). As pessoas com deficiências visuais querem ser aceitas e respeitadas como indivíduos, sendo o comprometimento visual apenas uma de suas diversas características pessoais, e não o traço que os define (Craft e Lieberman, 2004).

Referências Bibliográficas

ADAMS, R.C.; DANIEL, A.N.; CUBBIN, J.A; RULLMAN, L. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente físico. 3ª Ed. São Paulo: Editora Manole, 1985.BRUHNS, H.T. (org.) Introdução aos estudos do lazer. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.CAVALLARI. V.R.; ZACHARIAS, V. Trabalhando com recreação. São Paulo: Editora Ícone, 2001.CRAFT, H.C.; LIEBERMAN, L. Deficiência visual e surdez. In: WINNICK, J.P. Educação física e esportes adaptados. 3ª Ed. Barueri: Editora Manole, 2004.LABANCA, M.S.G. Recreação e lazer para portadores de deficiência. Sprint Magazine, set/out, n. 110, 2000, p. 18-21.MAUERBERG-DECASTRO, E. Atividade física adaptada. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2005.MENESCAL. A. Atividades motoras adaptadas às pessoas portadoras de deficiência visual. In: Simpósio Sesc de Atividades Físicas Adaptadas SESC. São Calos, 2002.MOSQUERA, C. Educação física para deficientes visuais. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.VAN MUNSTER, M.A.; ALMEIDA, J.J.G. Atividade física e deficiência visual. In: GORGATTI, M.G.; COSTA, R.F. (org). Atividade física adaptada. Barueri: Editora Manole, 2005.

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I. Introdução deste preconceito em relação à dança, como uma atividade predominantemente feminina; a

Antes de iniciarmos a discussão descordenação motora dos alunos do gênero propriamente dita das temáticas propostas neste masculino neste tipo de atividade, bem como, o ensaio é importante que reflitamos um pouco contato direto com alunas do gênero feminino mais a fundo sobre a importância de se discutir a pode desencadear tal estado emocional. Psicologia do Esporte Aplicada à Educação S i t u a ç õ e s q u e t a m b é m Física Escolar. Neste sentido, talvez a primeira promovam humilhação, além de exposição pergunta que nos vem à cabeça seja. Por que corporal, principalmente para aqueles que estão abordar a Psicologia do Esporte neste contexto? fora do padrão também podem ser motivo de Ou! Qual a contribuição desta temática na vida de vergonha.meus a lunos/a t le tas? Par t indo deste La Taille (2002) também classificou a pressuposto, há que se considerar que é na vergonha em: Educação Física escolar que possivelmente -Vergonha-pura: ser observado;surgirão os grandes talentos esportivos, ou -Vergonha-padrão: ser diferente, fora do melhor, iniciaremos o trabalho de formação padrão do grupo;esportiva, ética e moral de nossas crianças. -Vergonha-meta: meta ou objetivo fracassado;Portanto, o olhar da Psicologia do Esporte sob -Vergonha-ação: observado na execução de essa temática não deve mais ser descartado ou tarefas;renegado a segundo plano por Professores e -Vergonha-norma: transgressão de regras;estudiosos da área, mas sim, encarado com -Vergonha-humilhação: ser humilhado, seriedade e dedicação que a mesma demanda. rebaixado;

Por tudo isso, buscaremos refletir sobre -Vergonha-contágio: comportamento de as possibilidades de atuação do Profissional da outras pessoas; Educação Física e da Psicologia do Esporte junto Ao tratar desta questão na Educação à área de Educação Física escolar, abordando e Física escolar é importante que o Professor lance relacionando temas como: vergonha e medo, mão de estratégias que permitam com que os ansiedade, relações humanas, motivação, alunos fortaleçam sua auto-estima, o que com emoções na atividade física, liderança, certeza contribuirá de maneira eficaz para a competição e cooperação e formação de grupos superação desta questão.na Educação Física escolar.

III. MedoII. Vergonha

Outro estado emocional que merece ser Quem ao menos uma vez na vida não se destacado e que tem tomado momentos de muita

recusou a realizar determinada atividade por reflexão dos estudiosos da área diz respeito ao vergonha? Este sentimento que nos acompanha medo, que pode ser considerado inerente a todos diariamente também parece bastante presente os seres humanos. Este estado que, para um no contexto esportivo e na Educação Física g rupo de pesqu i sado res é he rdado escolar. geneticamente, e que para outros é fruto de um

Para La Taille (2002) a vergonha pode aprendizado social parece mais presente no ser definida como sentimento de queda, contexto esportivo do que se imaginava.inferioridade, insegurança, desconforto afetivo. Para Machado (2006), o medo é Segundo este mesmo autor, ela pode ter origem considerado um sentimento de tensão, na exposição, quando o aluno/atleta é objeto de nervosismo ou opressão, e é responsável por observação, ou ainda quando este indivíduo provocar nos indivíduos um estado de alerta apresenta perda real ou virtual de valor (auto- frente algum perigo ou ameaça. Este mesmo juízo negativo, moralidade). autor acredita que é importante saber que este

O sentimento de vergonha parece ser estado de alerta pode ser provocado por um desencadeado primeiramente pela realização do estímulo real ou imaginário (através de indivíduo de algo que ele não domina ou sabe pensamentos ameaçadores), e ambos são muito pouco e ao mesmo tempo este está sendo acompanhados de respostas fisiológicas como exposto e observado por outros. No contexto da alterações nas frequências cardíacas e Educação Física escolar isto parece ocorrer respiratórias, aumento na pressão sanguínea, geralmente quando alunos, principalmente do sudorese e excessiva ou nenhuma salivação. Tal gênero masculino têm de apresentar ou participar estado também pode levar a alterações em nível de atividades consideradas do gênero feminino, mo to r, como con t rações muscu la res como dança e atividades rítmicas, já que, além desnecessárias e falta de coordenação motora.

PSICOLOGIA DO ESPORTE APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Prof. M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti

UNIP São José do Rio Pardo

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Por meio de pesquisas com base na Educação Física, quando o aluno tem dúvidas em neurociência, os diversos cientistas puderam relação a sua capacidade de executar perceber que o medo tem sua originalidade nas determinadas tarefas, principalmente aquelas amígdalas, pois estas são capazes de reconhecer que ele julga de difícil execução. Neste sentido, é uma ameaça por serem abastecidas pelo sistema importante que o Professor de Educação Física límbico, caracterizado como o nosso "banco de esteja sempre atento aos motivos que afastam memória". Detectado esta situação ameaçadora, seus alunos das aulas, já que se o aluno julgar que as amígdalas encaminham a mensagem para o ele é incapaz de realizar tal atividade hipotálamo, ficando este último responsável pelas possivelmente ele se afastará da mesma, por respostas ao organismo. A intensidade dessa medo de fracassar.resposta fará com que o indivíduo tome uma decisão: enfrentar a situação ou fugir dela. Quando pensamos no esporte e na Educação IV. AnsiedadeFísica escolar, o medo pode ser capaz de interferir negativamente no rendimento e aprendizado dos Outro tema que merece bastante indivíduos devido à desorganização psíquica que destaque no contexto esportivo na Educação é capaz de provocar. Machado (2006) nos Física escolar é a ansiedade, que comumente é apresenta seis distinções de medo que podem confundida com medo, já que suas reações ocorrer com frequência no âmbito do esporte: físicas e psicológicas apresentam grandes

Medo realístico: medo proveniente de similaridades. Porém, Machado (2006) aponta situações reais que podem causar risco ao atleta, que a ansiedade é a resposta emocional como algum tipo de lesão, dor física ou até mesmo determinada de um acontecimento, que pode ser a morte; agradável, frustrante, ameaçador, entristecedor e

Medo do desconhecido: tal sentimento cuja realização ou resultados depende não surge com frequência em situações tidas como apenas da própria pessoa, mas também de "novas" para o atleta, algo que ele nunca tenha outros. Moraes (1990) afirma ainda que existe vivenciado ou experimentado antes. É comum o uma relação entre ansiedade e desempenho, e aparecimento deste tipo de medo quando o atleta que esses parecem variar de acordo com vários está prestes a entrar numa competição, pois o outros fatores como tipo de esporte, dificuldade mesmo (e ninguém) sabe o que irá encontrar, e o da tarefa, traço de personalidade do atleta, desconhecido pode assumir um caráter do tipo a m b i e n t e , t o r c i d a . S a l i e n t a n d o , assustador; consequentemente, que técnicas de intervenção

Ansiedade: este sentimento é provocado podem ajudar os atletas a controlarem seus níveis pela antecipação do medo propriamente dito, de ansiedade, contribuindo para um melhor expressado por uma sensação de que algo de desempenho.ruim está por vir; Para Weinberg e Gould (2001) a

Medo ilógico: o medo neste caso é ansiedade é um estado negativo caracterizado manifestado por uma causa externa e por nervosismo, preocupação e apreensão, injustificável, não tendo nenhuma razão lógica, associado com agitação do corpo. Já para clara e específica para acontecer; Cozzani et al. (1997), a ansiedade é um

Medo divertido: geralmente o sentimento sentimento de insegurança causado por uma de medo vem acompanhado por excitação ou expectativa de algum perigo, ameaça ou desafio prazer. São sensações complexas provocadas existente. Porém, para Grünspun (1966), todos os em situações de risco, porém que despertam seres humanos sofrem, desde o nascimento, de outras emoções positivas nos indivíduos, como certo grau de ansiedade inevitável, que é capaz alegria e êxtase. Um bom exemplo destas de preparar o indivíduo para suportar a ansiedade situações são as vivências dos esportes radicais comum que a vida lhe causará nos anos ou de aventura; subsequentes. Para Viscott (1982) a ansiedade é

Medo do fracasso: este sentimento o medo de perder algo, seja este real ou (medo de fracassar) faz com que os atletas fujam imaginário, e seu grau dependerá da severidade de situações de desempenho ou avaliações da ameaça e da importância da perda para o (como uma competição) buscando-se evitar o indivíduo, ou seja, se o nível do valor atribuído à insucesso e decorrentes constrangimentos. v i tór ia for mui to a l to , poderá e levar Ainda para Machado (2006), o medo do fracasso demasiadamente o nível de ansiedade.é uma das situações mais terríveis que o atleta Segundo Spielberger (1966) há dois tipos pode ter que enfrentar, pois a derrota não pode ser de ansiedade: estado de ansiedade e traço de evitada a todos os momentos, e ao entrar em uma ansiedade, no qual, o estado de ansiedade é competição sem saber se irá ganhar ou perder, o caracterizado por sentimentos de apreensão e medo de fracassar pode se "instalar" no atleta tensão, acompanhados por ou associados à prejudicando seu rendimento, devido a todas as ativação do sistema nervoso autônomo enquanto consequências que essa sensação pode causar, que traço de ansiedade é a predisposição do já descritas anteriormente. indivíduo a manifestar ansiedade. Liebert e Morris

Podemos considerar ainda, que o medo (1967) também dividiram a ansiedade em do fracasso também pode se instalar nas aulas de cognitiva e somática, no qual a ansiedade

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cognitiva estaria relacionada a pensamentos (2006) indivíduos com índice altos de ansiedade duvidosos, expectativas e auto-avaliação, já a tendem a apresentar desempenho ruim ao ser ansiedade somática refere-se a autopercepção defrontarem com alguma situação estressante, dos elementos fisiológicos, diarréias, aumento da ao contrario daquelas que apresentam níveis pressão arterial e de batimentos cardíacos, baixos de ansiedade. Neste sentido, os tensão muscular, perda do controle motor, indivíduos que se deparam com situações tremedeira, suor na mão e palidez facial. Divisão difíceis, durante uma competição como: torcida, esta adotada tanto no instrumento desta familiares e mídia podem apresentar: dificuldade pesquisa, como na análise dos dados. de concentração e baixo desempenho atlético.

Guzmán, Amar e Ferreras (1995) Ré, De Rose Jr. e Böhme (2004) acreditam que certamente, nas competições acreditam ainda que, quanto mais importante for desportistas, um alto nível de ansiedade é fator o evento, mais gerador de estresse e ansiedade interveniente no desempenho esportivo, já que a ele será. Portanto, a disputa de uma final de sintomatologia da ansiedade produz efeitos campeonato é mais estressante do que um jogo negativos no rendimento e aprendizado do normal da temporada, mas não se sabe se o tipo desportista como a inibição de suas habilidades de competição é capaz de provocar situação motrizes finas, a diminuição da capacidade de semelhante em seus participantes.tomada de decisão, entre outros. Os sintomas Segundo Gouvêa (1997), a ansiedade que referem ser causados pela ansiedade podem está intimamente ligada ao comportamento motor ser tanto físicos como psicológicos: e ao desempenho esportivo, sendo que por meio - Físicos: aceleração da pulsação por minuto, dela é possível avaliar a cognição, isto é, o aumento da pressão sanguínea, aumento da pensamento e o desempenho motor do atleta. tensão muscular, dificuldades respiratórias, Relacionando o desempenho motor com a sudorese, enjôos náuseas e boca seca; ansiedade, Magill (1998) acredita que as tarefas - Psicológicos: desconfiança, pensamentos de a l ta comp lex idade são me lhores negat ivos, preocupação i r r i tab i l idade, desempenhadas com níveis baixos de dificuldades em estabelecer atenção, aumento ansiedade, ao passo que tarefas menos de conflitos pessoais, diminuição da capacidade complexas exigem níveis mais elevados para o de processar a informação, alterações de ótimo desempenho. C o m o a s pensamento, diminuição do comportamento de habilidades esportivas apresentam diferentes autocontrole, cansaço, insônia, dificuldades de níveis de complexidade, pode-se considerar que relaxar, distração, preocupação e irritação. diferentes modalidades exigem níveis de

A o a b o r d a r a s r e s p o s t a s ansiedade distintos para o ótimo desempenho. psicofisiológicas da ansiedade, Frischknecht Neste sentido Oxendine (1970), acredita que (1990) diz que quando se está ansioso, os níveis elevados de ansiedade prejudicam o batimentos cardíacos aumentam, se consome desempenho em comportamentos com alta mais oxigênio, a pressão arterial aumenta, a demanda de precisão, ao passo que, para respiração se torna mais rápida. Podem comportamentos que não demandam precisão, acontecer náuseas, delírio, secura da boca, mas sim velocidade e resistência muscular, níveis sensação de cansaço, fraqueza, bocejo de estado de ansiedade altos são mais efetivos.frequente, começa-se a tremer ou a entrar em atividade nervosa como roer unhas, agitar as V. Relações humanaspernas, dificuldades de respirar e de dormir.

Estas reações podem acompanhar Ao falarmos sobre relações humanas é também o aluno no aprendizado de novas necessário ponderarmos sobre sua importância tarefas, já que, o novo e desconhecido pode nos diversos segmentos sociais, seja ele: familiar, causar reações de dúvida e insegurança, religioso, cultural, étnico, etc. Tal consideração aumentando consequentemente o estado de deve ser clara, já que são as relações humanas ansiedade destes alunos, principalmente aqueles as responsáveis pela aproximação e que apresentam maior nível de ansiedade traço. relacionamento entre os diferentes povos e Neste sentido, é importante que o Professor de culturas. Se pensarmos em um mundo bastante Educação Física lance mão de estratégias que desgastado por conflitos étnicos e religiosos, no permitam com que estes indivíduos aprendam as qual, muitas nações se digladiam como tarefas sem elevar muito sem nível de ansiedade. verdadeiros animais em busca da destruição

Vale salientar também que Machado alheia; verificaríamos com certeza o fim da (2006) considera que o esporte e a Educação human idade , se ou t ras nações não Física escolar são práticas que as emoções estão apresentassem relações amigáveis.presentes com muita intensidade, podendo criar Este exemplo também serve para um ambiente acolhedor ou adverso, sendo que os discutirmos a importância das relações humanas processos emocionais podem acompanhar, na Educação Física escolar, já que, se estas regular e apoiar a ação desportiva, mas também relações forem permeadas pela intolerância, podem perturbá-la ou impedi-la, alterando o ódio, rancor, raiva, entre outros, teremos um estado de ansiedade. ambiente altamente hostil e insalubre para alunos

Segundo Junior, Vicentim e Crespilho e professores. Por outro lado, se as relações

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forem cordiais e pautadas pelo interesse em Vários fatores motivam o ser humano, em participar e ajudar, alegria e cordialidade, o seu dia-a-dia, tanto de forma interna como de processo de aprendizado será um tanto quanto forma externa. Cratty (1984), em seus trabalhos, mais sadio. explica que tais fatores internos e externos podem

Ao falarmos sobre as relações humanas ser compreendidos, de forma intrínseca, pelos não podemos deixar de citar a temática do motivos resultantes da própria vontade do Bullying que pode ser considerado segundo a indivíduo, enquanto os extrínsecos dependem de Abrapia (2002) como formas de atitudes fatores externos, tais como, diversas agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem recompensas sociais e sinais de sucesso. Outras sem motivação evidente, adotadas por um ou fontes podem ser resultado da estrutura mais estudantes contra outro(s), causando dor e psicológica do indivíduo e de suas necessidades angústia, e executadas dentro de uma relação pessoais de sucesso, sociabi l idade e desigual de poder. Portanto, os atos repetidos reconhecimento.entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de Conforme evidencia Cruz (1996), os poder são as características essenciais, que e s t u d o s a c e r c a d a m o t i v a ç ã o s ã o tornam possível a intimidação da vítima. Para esta complexamente direcionados para responder mesma associação, por não existir uma palavra inúmeras questões, as quais a ênfase é entender na língua portuguesa capaz de expressar todas o porquê desses ou daqueles comportamentos. as situações de Bullying possíveis, foram No âmbito da atividade física, este autor afirma elencados algumas ações que podem estar que os comportamentos dos indivíduos são presentes nesta prática, como: colocar apelidos, reflexos de três dimensões motivacionais, a ofender, zoar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer saber:sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimar, - Direção: porque é que certos indivíduos perseguir, assediar, aterrorizar, tiranizar, escolhem determinadas práticas de atividades amedrontar, dominar, agredir, bater, chutar, físicas?empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences. - Intensidade: porque que é que certos indivíduos

Esta prát ica também pode ser se esforçam mais que outros na prática de tais frequentemente verificada na Educação Física atividades?escolar no qual os alunos considerados mais - Persistência: porque é que determinados fortes e habilidosos utilizam de tais ações para sujeitos continuam a prática da atividade física e perpetuar e deixar claro aos demais membros seu outros abandonam?status de superioridade e liderança. Como afirma Singer (1984), as respostas

Para Butler (1997) e Smith e Smoll (1996) para tais perguntam podem ser encontradas nos apud Antonini-Philippe (2003), a relação estudos sobre motivação; sendo esta professor-aluno/treinador-atleta é de extrema compreendida e responsabilizada pela seleção e importância para o rendimento e aprendizado preferência, de determinados indivíduos, por esportivo, e mais especificamente para a alguma atividade, assim como pela persistência satisfação interpessoal do aluno/atleta. Visão nesta, pela intensidade e pelo esforço na mesma.esta que também é compartilhada por Weinberg e A motivação, para Samulski (2002), é Gould (2001), que acreditam que uma alta coesão definida como uma totalidade de fatores, que social, vivenciada pelo professor/técnico e seus determinam o comportamento dos indivíduos alunos/atletas pode proporcionar um clima mais dirigido a um determinado objetivo. O autor ainda saudável e amigo dentro da equipe. afirma que ela depende da interação de fatores

Antonini-Philippe (2003) considera ainda pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), que a relação técnico-atleta/professor-aluno sendo caracterizada como um processo ativo, acaba se operacionalizando como uma intencional e dirigido a uma meta.interdependência afetiva e/ou emocional, no qual, A teoria da motivação apresentada por muitas vezes, os alunos/atletas constroem Samulski (2002), visão também compartilhada sentimentos pelos seus professores/técnicos por Machado (2006) e Weinberg e Gould (2001), como: respeito, estima, admiração e apreço, que apresenta uma determinante energética (nível de podem facilitar em muito a relação entre ambos e ativação) e uma determinante de direção do consequentemente proporc ionar maior comportamento (intenções, interesses, motivos e aprendizado. metas).

Weinberg e Gould (2001) afirmam que a VI. Motivação motivação pode ser definida simplesmente como

a direção e a intensidade de nosso esforço. Esses Para Teixeira, Madeira e Motta (2005), mesmos autores acreditam, ainda, existir 3

etimologicamente, a palavra motivo vem do latim orientações gerais de motivação: a visão centrada "movere, motum", significando aquilo que faz no traço, ou visão centrada no participante, que mover, e, consequentemente, motivar significa sustenta a idéia de que o comportamento provocar movimento. Por isso, ao falarmos em motivado se dá, primeiramente, em função de motivação, entende-se que se quer compreender característ icas individuais, ou seja, a os fatores e processos que conduzem as pessoas personalidade, as necessidades e os objetivos de a uma ação ou à inércia em diversas situações. um aluno, atleta ou praticante de exercícios são

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os determinantes principais do comportamento mundo Romano, no século I da Era Cristã, motivado; a visão centrada na situação, apregoava essas necessidades por meio da entendendo que o nível de motivação é expressão “mens sana in corpore sano”. Por isso, determinado primariamente pela situação, ou atualmente, torna-se claro, que o maior motivo e seja, algumas atividades as pessoas podem se incentivo para a prática da atividade física reside sentir motivadas, enquanto em outras não; e a em sua relevância, cientificamente comprovados, visão interacional, visão esta a mais comum e como coadjuvante na aquisição e manutenção da aceita, que entende que a motivação é fruto da saúde.interação dos fatores relacionados com o Buscando compreender e melhorar o indivíduo e com a situação, numa espécie de processo motivacional, Weinberg e Gould (2001), fusão das duas visões relatadas anteriormente. citam o modelo interacional de motivação, que

A motivação, compreendida pelo têm importantes implicações para professores, processo de força e direção a um determinado técnicos, instrutores e administradores de comportamento, segundo Brandão e Valdés programas de atividade física. Para estes (2005), se traduz na capacidade de um indivíduo autores, este modelo conta com 5 diretrizes de manter seus esforços na presença dos mais básicas, que se bem empregadas, podem ser um variados estímulos pessoais e sociais, sejam eles grande facilitador no processo motivacional.negativos ou positivos, e influenciam a seleção, a Tanto as situações como os traços motivam as aderência, o esforço e a qualidade da atividade pessoas: para aumentar a motivação você deve executada. ana l isar e responder não apenas à

Para Machado (2006), a motivação se personalidade, mas também, à interação das torna um referencial importante para definir as características pessoais e situacionais;decisões tomadas pelo ser humano, por isso, As pessoas têm vários motivos para todas as decisões terão no componente envolverem-se: é necessário um esforço “motivação” uma aliada que comprometerá consistente para identificar e entender os motivos positivamente, ou não, o resultado da ação. A dos participantes para envolverem-se em importância que deve ser dada ao processo atividades de esporte, de exercício ou de motivacional também é enfatizada por Gouvêa educação. Outros aspectos relevantes são que: (2000), que acredita que a motivação é um dos às vezes, as pessoas participam das atividades temas centrais relacionados aos assuntos por mais de uma razão, e os motivos podem humanos. Exemplos disso são: a política, onde se mudar com o tempo;discute os desejos da sociedade, os pais Mude o ambiente para aumentar a preocupados com seus filhos, professores que se motivação: saber por que razão as pessoas se preocupam com os estudos de seus alunos, tornam envolvidas em esportes e exercícios é treinadores protestando sobre o compromisso importante, mas essa informação é insuficiente dos jogadores, todos tem a ver com o nível de para aumentar a motivação, já que muitas vezes, motivação. para aumentar a motivação é necessário que

Por isso, um dos principais fatores que sejam criados ambientes que satisfaçam as interferem no comportamento de uma pessoa é, necessidades de todos os participantes;indubitavelmente, a motivação, que influi com Os líderes influenciam a motivação: os muita propriedade em todos os tipos de instrutores, professores de educação física, ou comportamento, permi t indo um maior técnicos, devem desempenhar o papel envolvimento ou uma simples participação em fundamental de influenciar a motivação do at iv idades que se relacionem com a participante. Um professor ativo e entusiástico aprendizagem, o desempenho e a atenção sempre o ferecerá , por meio de sua (WEINBERG; GOULD, 2001; TEIXEIRA; personalidade, reforço positivo aos alunos.MADEIRA; MOTTA, 2005), o que também é Use mudanças de comportamento para discutido por Paim (2001) que relata que na alterar motivos indesejáveis do participante: as relação ensino-aprendizagem, em qualquer mudanças de comportamento são importantes, ambiente, conteúdo ou momento, a motivação quando os mot ivos dos part ic ipantes constitui-se como um dos elementos centrais prejudicarem de alguma forma o próprio para a execução bem-sucedida. participante, ou até mesmo, aqueles envolvidos

Para Geraldes e Dantas (1998), os direta ou indiretamente com o programa de motivos e a evolução dos métodos e objetivos atividade física. Neste caso, é importante que o que levam o homem à busca da atividade física, participante seja conscientizado dos riscos dos vêm de épocas remotas, no qual, o conceito de mesmos.totalidade orgânica tem ganhado adeptos desde Por outro lado, segundo Oliveira, Lopes e a antiga Grécia, já que tais povos reconheciam a Risso (2003) os principais motivos que levam as necessidade do equilíbrio mental, social e físico. crianças a praticar atividade física são: melhorar

Os mesmos ideais foram suas habilidades físicas, estar com os amigos, apregoados, diversos séculos mais tarde, por divertir-se, ter gosto pelo desafio, fazer novas filósofos europeus como Locke e Russeau. Essa amizades, conquistar o sucesso e desenvolver a perspectiva na Antiguidade clássica não era aptidão física, portanto, se a atividade física for exclusividade dos gregos já que Juvenal, no desenvolvida baseada nos princípios biológicos,

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ela pode proporcionar a estar crianças um liderança do Professor ou Técnico for realizada de aumento no desempenho motor, juntamente com maneira efetiva.benefícios psicológicos, já que, a prática das mais diversas modalidades esportivas também pode VIII. Competição e cooperaçãoser um ótimo instrumento de motivação para que crianças e adolescentes possuam um ambiente Segundo Huizinga (1980), a competição fisicamente ativo, aumentando seu gasto é inerente ao homem, negá-la ou excluí-la do energético e suas atividades metabólicas, processo de formação esportiva de jovens atletas diminuindo os problemas relacionados ao pode ser um erro gravíssimo, comprometendo o sedentarismo como: obesidade, hipertensão, desenvolvimento físico, psicológico e social entre outras. Perceber e entender tais processos destas crianças. Para Filin (1996), as e motivos pode facilitar o engajamento destas competições são de suma importância para todos crianças na prática regular de atividades físicas e os atletas, já que elas constituem o ápice do com certeza uma participação mais efetiva nas processo de treinamento, não só sintetizando os aulas de Educação Física escolar. resultados do treinamento desportivo, mas

também apresentando meios objetivos para VII. Liderança avaliar a sua efetividade, por isso, sem a

participação nelas, na há desporto, nem A importância de se discutir o processo de educação do atleta. Porém, para Galdino (2000) a

liderança no contexto esportivo e da Educação competição esportiva envolvendo crianças é um Física escolar pode ser pautado sobre a tema que ainda gera muita controvérsia, no qual, afirmativa que líderes simpáticos e experientes os treinadores de crianças bem sucedidos tendem a favorecer altas taxas de adesão e advogam a favor da competição precoce, já que motivação dos participantes em programas nas suas concepções este tipo de participação esportivos e/ou de atividade física, além de permite que as crianças superem suas próprias proporcionar um maior conforto psicológico dificuldades e obstáculos externos (adversários, (WEINBERG; GOULD, 2001). O que também é torcida, etc) mostrando suas potencialidades, e se sugerido por Chelladurai (1990) e Lenti (1996) preparando para a vida, mas muitas ocorrências que consideram que a motivação efetiva, esportivas contrariam esta posição, e ainda elemento crucial dentro de qualquer equipe, flui geram uma profunda discussão.da relação entre os profissionais e os Por outro lado, sabemos que a alunos/atletas, no qual, a interação pode levar a participação no esporte infanto-juvenil pode trazer maior motivação e ao equilíbrio da coesão do consigo aspectos positivos e negativos aos grupo, possibilitando maior aderência dos jovens envolvidos. Dentre os aspectos positivos membros pa ra o es tabe lec imen to e podemos destacar: solidariedade e espírito de cumprimentos de seus objetivos, sejam equipe; integração; aquisição do saber fazer e individuais ou sociais. saber estar; ações intergrupais; aumento da auto-

Neste sentido, Murcia, Gimeno e Coll estima; ações racionais; cooperação para atingir (2007) consideram o professor/técnico um dos um objetivo; reunião social; prazer; respeito a grandes responsáveis na condução deste atitudes e normas; independência e confiança e processo, já que o mesmo pode auxiliar os atletas responsabilidade. Aspectos negativos como: na orientação de suas metas, fazendo com que tensão; medo; diferenciação entre vencedores e estes sejam mais persistentes, despendam perdedores pelos próprios participantes e pela maiores esforços. Machado (2006) acredita ainda sociedade; cumprimento exagerado de normas e que o professor/técnico seja o principal padrões da competição podendo levar a responsável pela aprendizagem da criança, tendo comportamentos rígidos e alienados; competição por função orientá-las e corrigi-las, dar motivos exacerbada; concorrência; avaliação social; para que as crianças possam desempenhar o seu cobrança por vitórias podendo levar à papel da melhor maneira possível e como agente especialização precoce; rivalidade acentuada; facilitador, ajudar a criança nas relações busca por benefícios próprios podem estar interpessoais com os outros companheiros do presentes quando o objetivo maior é a vitória e grupo. não a formação esportiva e educacional destes

Os técnicos esportivos, como líderes de jovens (MACHADO, 2006; RÉ; DE ROSE JR.; suas equipes, são também, ou deveriam ser os BÖHME, 2004; MARTINS et al., 2000).grandes motivadores dos atletas, no que tange às Porém, Machado (2006) argumenta que ações no esporte e Educação Física escolar. ignorar ou simplesmente excluir a competição da Neste sentido, os Professores de Educação formação destes jovens, pode levar a um Fís ica e Técn icos Espor t i vos devem d i s t a n c i a m e n t o d a r e a l i d a d e s o c i a l ; cotidianamente motivar seus alunos e atletas em desajustamentos; e marginalização, já que sua situações de aula ou treino, para que as presença no mundo é indiscutível e inegável. execuções das tarefas tenham o dispêndio de Talvez uma das melhoras práticas na organização ativação equilibrado e necessário para o sucesso do esporte infanto-juvenil é investir na formação na realização das ações. Porém, este processo profissional de professores, técnicos e dirigentes, somente ocorrerá de maneira proveitosa se a bem como, uma maior adequação de regras e

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equipamentos, já que estes jovens atletas têm podemos citar Orlick (1989), que considera a capacidades físicas e psicológicas bastante cooperação uma força unificadora, que agrupa diferentes das de atletas profissionais. uma variedade de indivíduos com interesses

Pensamento este, que é compartilhado separados numa unidade coletiva.por Ré, De Rose Jr. e Böhme (2004), que Já, Brotto (1997), outro importante acreditam que as condutas adequadas parecem defensor dos jogos cooperativos, considera que ser a maior arma contra a especialização e o as atividades cooperativas têm inúmeras abandono precoce de atletas infanto-juvenis, já vantagens e vêm principalmente com a intenção que a competição em si, leva a um estresse de compartilhar, unir pessoas, despertar a psicológico, mas também aumenta a experiência coragem para correr riscos com pouca destes atletas em lidar com o estresse, por isso, preocupação com o fracasso, o que parece estar não adianta inserir a competição tardiamente, mais presente nas atividades competitivas. Para mas uma condição psicológica mínima deve ser esse mesmo autor, os jogos cooperativos verificada para que não haja prejuízos na reforçam a confiança em si mesmo e nos outros, e formação destas crianças. Em um estudo todos podem participar autenticamente, onde bastante interessante, estes mesmos autores ganhar e perder são apenas referências para o encontraram estresse semelhante em crianças contínuo aperfeiçoamento pessoal e coletivo.federadas e não-federadas, concluindo que a Para Amaral (2007) o jogo cooperativo importância social não é fundamental no aumento também traz uma alternativa ao jogo de do estresse dessas crianças, mas sim, a estrutura competição, no qual, o outro parece ser apenas a da competição. barreira, pronta para ser transposta, custe o que

Para Filin (1996), a competição é a parte custar. Este autor salienta ainda que a empatia principal da preparação desportiva das crianças e pode ser favorecida por meio dos jogos adolescentes, por isso, ela deve fazer parte do cooperativos, já que nestas atividades o plano de iniciação desportiva, contribuindo para o altruísmo parece mais presente, o que faz com alcance de objetivos como: melhoria da saúde; que o outro possa ser compreendido pelo seu aperfeiçoamento das funções do organismo em ponto de vista, suas preocupações, suas crescimento; desenvolvimento das qualidades expectativas, suas necessidades e sua realidade. físicas; adesão dos jovens em programas de Neste sentido, a construção de relações sociais atividade física regular; interesse pela prática do positivas parece favorecer a criação de um desporto; propaganda e popularização do ambiente agradável.desporto, entre outros. Põem, para Galdino Para Orlick (1987), tanto cooperar como (2000), há uma relação íntima entre competição compartilhar surgem naturalmente em crianças precoce e especialização precoce, já que, pequenas e a única razão para que essas competir significa ter as mínimas condições para qualidades desapareçam é a falta de estímulos, o realizar as tarefas necessárias do evento em que torna fundamental a inclusão de atividades questão, assim, simplesmente aprender desta natureza precocemente. Neste sentido, a superficialmente as habilidades esportivas e os escola e a Educação Física escolar parecem ter componentes gerais da modalidade, tais como muito a contribuir. Para este mesmo autor, a regras e princípios táticos, não oferecem as resolução de tarefas e problemas juntos é condições ideais para se competir. Surgem então necessária a cooperação, que deve ser baseada atitudes despreocupadas, e na maioria das vezes na reciprocidade e não no poder e controle, no irracionais, buscando uma maior especialização qual, as experiências cooperativas são a melhor e consequentemente prontidão para competir. forma de aprender a compartilhar, a socializar-se,

Como proposta de atenuar os malefícios a preocupar-se pelos demais e vivenciar um clima causados pelas competições esportivas, de confiança.diversos autores tem defendido veementemente Cook e Stingle (1974), acrescentam a i nc l usão dos j ogos coope ra t i vos , ainda que a competição e cooperação são formas principalmente na Educação Física escolar. de comportamentos aprendidas e uma sociedade

Para Barreto (2004), os jogos pode escolher realçar uma e não a outra. Esta cooperativos são dinâmicas de grupo, que tem constatação fica clara nas palavras de Orlick por objetivo, despertar a consciência de (1989) que cita o fato de existirem sociedades cooperação, postando-se como alternativa onde a competição e a agressão praticamente possível e saudável no campo das relações não existem, bem como outras em que a sociais, além de promover efetivamente a competição cruel e a destrutividade são as cooperação entre as pessoas, na exata medida normas, fornece relevantes indícios de que esses em que os jogos são, eles próprios, experiências comportamentos são aprendidos e não naturais cooperativas. Nesse sentido, os jogos ou instintivos. Este mesmo autor afirma existirem cooperativos constituem-se num importante evidências que os povos pré-históricos, que instrumento do processo de educação. viviam juntos, colhendo frutas e caçando,

São inúmeros os defensores das caracterizavam-se pelo mínimo de destrutividade atividades cooperativas, crentes principalmente e o máximo de cooperação e partilha dos seus no poder educativo que os jogos cooperativos bens.podem proporcionar. Dentre tais autores Este raciocínio também é compartilhado

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por Mead (1961) que acredita que a natureza segurança e acolhimento.humana seria caracterizada por componentes inatos e componentes aprendidos e transmitidos. X. Considerações finaisDe acordo com seus estudos, o componente competição poderia ser modificado, sendo Após anal isarmos as temát icas reprimido ou alterado, pois é um comportamento propostas pouco mais a fundo é importante culturalmente apreendido, daí sua afirmação de acrescentarmos que os temas discutidos não que o cooperativismo em uma sociedade não esgotam as discussões pertinentes à Psicologia depende do ambiente físico, do desenvolvimento do Esporte na Educação Física escolar, já que, tecnológico ou do suprimento real dos bens questões que analisem o estresse causado pelas desejados. É a estrutura social que determina se atividades físicas e esportivas, a influência da os membros dessa sociedade irão cooperar ou mídia na formação de conceitos esportivos destes competir entre si. jovens, a agressividade, a concentração, as

emoções (amor, alegria, rancor, ódio, tristeza, IX. Formação de grupos etc), paixão pelo esporte, resiliência, superstição,

religiosidade e tomada de decisão também são Segundo Weinberg e Gould (2001) existe temas que devem figurar como de grande

uma grande diferença entre grupo esportivo e importância neste contexto.equipe esportiva. Para estes autores, um grupo Porém, mais que estudar tais questões é não é necessariamente uma equipe, embora esta necessário que o Professor de Educação Física última seja sempre um grupo, em que os objetivos possa trabalhar de maneira a dar a oportunidade a são compartilhados e comuns, devendo seus seus alunos de conhecer, interagir e vivenciar as membros depender e apoiar uns aos outros, mais diferentes modalidades e atividades da interagindo entre si, incorporando elementos de cultura corporal do movimento de maneira interdependência. íntegra, consciente e agradável, já que não

Ainda para estes autores, os grupos podemos mais aceitar que a Educação Física esportivos são formados em instâncias coletivas, escolar se restrinja apenas à prática permanente que até compartilham os mesmos gostos, se de uma ou outra modalidade esportiva, e que seja identificando em certos aspectos, podendo, até, motivo de alegria para alguns e de sofrimento formar uma identidade coletiva, mas não para outros.necessariamente este grupo tenha os mesmos Entender os processos psicológicos, objetivos compartilhados e os esforços unidos, sociais e antropológicos envolvidos nesta prática para os seus cumprimentos. Para que um grupo pode contribuir muito mais que para o nascimento venha a se tornar uma equipe, efetivamente, são de grandes atletas, mas sim, para o despertar de necessárias características estruturais, as quais cidadãos conscientes e maduros de seu papel na se destacam os papéis sociais e as normas do sociedade. grupo.

Mesmo assim, a identificação do grupo, em algumas peculiaridades, principalmente quanto às dificuldades que os mesmos encontram para conciliar: treinos individuais, trabalhos, estudos, e outros compromissos, que, são citados, pelos participantes, como objetos de reconhecimento e superação, fazendo com que, quando os mesmos se encontram, os unam, positivamente, e partilhem dos mesmos interesses (WEINBERG; GOULD, 2001).

Para Weinberg e Gould (2001) para que um grupo se torne realmente uma equipe, o mesmo deverá passar por diferentes fases. A primeira é a fase de formação, no qual, ocorre a formação propriamente dita do grupo, com sua composição. A segunda fase é a fase de agitação, no qual, os indivíduos do grupo muitas vezes entram em conflito devido as suas idéias e valores culturais e sociais. Já, a terceira fase é a fase de normalização, no qual, tais diferenças são atenuadas e o grupo começa apresentar maior coesão, que é aumentada na quarta fase, que é a de normalização. Entender tal processo também é fundamental para que o Professor de Educação Física possa fazer de seus alunos mais que um grupo de alunos, mas uma equipe que trabalhe e vivencie em conjunto um clima de respeito,

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Monitorando e conhecendo melhor os saber informações importantes que servirão para trabalhos em campo reduzido entender quais as exigências físicas impostas

pelo jogo ao atleta para relacionarmos com as Dentro de uma programação de treinos variáveis necessárias para programarmos uma

durante uma temporada no futebol, podemos sessão de treino com trabalhos em “campo apontar muitos tipos de trabalhos, sendo que reduzido”.cada comissão técnica tem sua identidade e sua metodologia que entendem como a mais Entendendo as exigências do jogoadequada para aplicar sua filosofia, esse é o momento em que o fisiologista, tendo O futebol é uma forma de exercício muito conhecimento do trabalho da comissão atual no exigente e extenuante fisicamente, além de cobrir clube, pode implantar formas de monitorar e distâncias maiores que 10 km em velocidades controlar as variáveis apresentadas na variadas, outras atividades que consomem programação de treinos, ajudando a quantificar e energia incluem tomada de bola, pular e chutar.a qualificar os trabalhos, mas sempre respeitando Quando você joga futebol, grandes a filosofia e a metodologia da comissão técnica, quantidades de energia são produzidas de forma sem querer alterar os trabalhos ou modificar seus alternada, tanto pela via aeróbia tanto pela métodos, e sim adaptar dentro do próprio trabalho anaeróbia. “de um ponto de vista puramente programado formas para alcançar o objetivo final, quantitativo a produção de energia anaeróbia dando idéias e mostrando os benefícios que corresponde a apenas uma parte menor, mas pequenos ajustes irão trazer o trabalho. significativa, do total de produção de energia

“A monitoração dos trabalhos não é tão durante um jogo” (Dr.Paul.D. Balsom 2000).simples, pois o futebol é, entretanto um tipo de O nível de lactato sanguíneo no jogo é em exercício intermitente onde períodos curtos de média de 5 a 10 vezes maior do que em repouso, alta intensidade são entremeados com períodos mostrando que a energia foi produzida mais longos de recuperação ativa ou passiva. anaerobiamente.Neste tipo de exercício não é possível monitorar a Através de monitorações da freqüência intensidade da mesma forma como fazemos com cardíaca em jogos, mostrou que ela se mantém de exercícios contínuos sem bola, por exemplo: um 10 a 30 BPM abaixo da freqüência cardíaca treino de corrida intervalada onde o tempo para máxima, se aproximando dos 85% da FC máx. cobrir uma distância fixa pode ser facilmente ficando em uma faixa entre 140 BPM e 145 BPM registrado.” (Dr.Paul D. Balsom 2000). durante o jogo.

Nesses casos a fisiologia teve uma Podemos observar que o jogo impõe um grande contribuição para o futebol, trazendo para alto nível de intensidade com trabalhos o campo diversas formas para tentar fazer os intermitentes exigindo do atleta um bom controles dos treinos mensurando e obtendo condicionamento físico tanto central quanto informações de suma importância para o periférico para poder imprimir um alto ritmo de desenvolvimento dos trabalhos. jogo com qualidade.

Um dos trabalhos aplicado no campo que iremos analisar agora é o “campo reduzido” ou Trabalhos cíclicos e acíclicos“pequenos jogos”.

“Pequenos jogos” é a técnica aplicável ao Com o passar dos anos pudemos ver a treinamento no desporto coletivo, onde o uso de grande evolução em relação à preparação física quadras ou campos de formato reduzido, no futebol, sendo antes um trabalho mais de combinado com um número menor de jogadores e tradição e simplicidade com treinos físicos técnicas especiais, é empregado para obter normalmente de corrida e sem bola e passando maiores níveis de condicionamento físico e por algumas fases para chegar atualmente com capacidade técnica com bola. trabalhos mais complexos que envolvem os

A importância deste estudo, além de treinos tradicionais integrados com exercícios apontar os pontos positivos e negativos, é mostrar físicos com bola atingindo resultados mais que nem sempre o “campo reduzido” é sinônimo específicos. Essa linha segue com uma visão de de um trabalho intenso como muitos profissionais programação de treinos envolvendo trabalhos podem achar, depende muito da montagem, cíclicos e acíclicos de várias formas dentro de regras, dimensões número de at letas uma sessão de treino.programados para o desenvolvimento do No trabalho cíclico (movimento repetido trabalho. constantemente em forma de ciclos) podemos

Para iniciarmos este estudo precisamos exemplificar com os treinamentos físicos puros,

A CIÊNCIA DOS PEQUENOS JOGOS

Prof. Antonio Carlos Fedato FilhoProf. Guilherme Augusto de Melo Rodrigues

Fedato Esportes Consultoria em Ciências do Esporte

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nele trabalhamos os grandes grupos musculares - Minimizar o tempo necessário para um que é a base de sustentação da performance jogador se recuperar entre exercícios com física do atleta. m o v i m e n t o s d e a l t a i n t e n s i d a d e e ,

O trabalho acíclico (movimentos sem consequentemente, aumentar a capacidade de padrão de repetição, em que não há ciclos) é mais desempenho de tais movimentos mais específico para a modalidade, normalmente freqüentes ao longo do jogo.realizado com pequenos jogos com uma - Reduzir os efeitos negativos da fadiga intensidade pré-programada. no desempenho geral, especialmente próximo ao

Desta forma trabalhamos os pequenos final do jogo.grupos musculares e a musculatura de Os pequenos jogos, sendo bem propriocepção, dando ao atleta um ganho de programados, trabalham o componente central resistência muscular localizada específica de relacionado com o sistema de transporte de jogo. oxigênio e o componente periférico que envolve

Através de pesquisas e estudos, os grupos musculares específicos exigidos no constatamos que o ganho de performance física jogo.na forma cíclica é diferente do que o ganho na Em relação ao componente periférico, forma acíclica e que existem trabalhos e ganhos podemos observar que exercícios contínuos com diferentes para essas duas formas de intensidades moderadas trabalham mais fibras performance. de contração lenta e pequenos jogos ou treinos

Podemos ver que os programas de físicos específicos variando intensidades treinamentos físicos montados com treinos trabalham fibras de reação rápida (exercício de cíclicos e acíclicos, obtiveram uma maior e mais alta intensidade). Os trabalhos longos se forem prolongada manutenção da performance física uma constante na programação de treino e por durante a temporada, já programas com apenas terem uma predominância de fibras de reação t raba lhos c í c l i cos , obse rvamos bom lenta, afetarão o desempenho específico do condicionamento físico geral mas grande atleta como a “explosão muscular” e dificuldade de manter em atividades mais “aceleração”.específicas como treino reduzidos e intensos e Portanto o tipo de trabalho proposto é o nos jogos, em contrapartida, as programações que vai determinar o padrão e recrutamento de com apenas trabalhos acíclicos tiveram bom fibras de reação lenta e rápida nos músculos resultado nas capacidades físicas específicas de ativos e o padrão de condicionamento central e jogo mas curto período de sustentação. periférico.

Constatamos que os trabalhos acíclicos Em alguns estudos científicos foi são indispensáveis no programa de treinamento, constatado que os pequenos jogos podem ser mas por trabalhar com mais ênfase os pequenos usados de uma forma efetiva de treinamento de grupos musculares, devemos também resistência para jogadores de futebol, mas não é acrescentar os trabalhos cíclicos que são esses a única forma para trabalhar essa variável, esse que darão a sustentação e resistência muscular treinamento pode e deve ser complementado por geral dos grandes grupos musculares. diferentes tipos de exercícios intermitentes tanto

Os pequenos grupos musculares, que com bola quanto sem bola.são os mais específicos de jogo, têm seu limiar de Os estudos constatam que a intensidade stress bem menor do que os grandes grupos de trabalhos dos pequenos jogos é alta o musculares fadigando muito mais rápido e suficiente para manter ou até mesmo aperfeiçoar necessitando dos grandes grupos para a algumas variáveis mais específicas de jogo e que sustentação da performance até o final do os treinos físicos sem bola tem uma intensidade período. similar.

No início da temporada, os trabalhos O treino físico com bola em pequenos cíclicos são de extrema importância, sendo que jogos se torna mais efetivo para adaptações depois são realizados trabalhos apenas de musculares locais (periféricas) do que corrida manutenção para a parte cíclica dando espaço contínua sem bola e trabalha em conjunto com a para os trabalhos acíclicos estruturados com os parte técnica, coordenativa, criatividade, pequenos jogos, assim completando o inteligência e motivação.treinamento físico auxiliando o atleta a alcançar a O estudo constatou que em 30 minutos excelência da performance. de treinos físicos com bola (campo reduzido 3 x

3) o atleta toca aproximadamente 100 vezes na Treinamento físico específico pequenos bola em diferentes situações, 3 vezes mais do jogos que trabalhos de campo reduzido de 7 x 7.

Apesar dos grandes benefícios do “A habilidade de um jogador de futebol treinamento de resistência específica para

em manter uma alta taxa de trabalho durante um jogador de futebol com pequenos jogos, existem jogo de 90 minutos pode ser mantida e muitos fatores que podem inf luenciar aper fe i çoada com o t re inamento de atrapalhando na intensidade do exercício, desempenho” (Dr.Paul D.Balsom). exigindo uma grande organização do treinador,

O objetivo do treinamento específico é: preparador físico e fisiologista. Alguns fatores

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são: Os procedimentos foram seguindo um - número de atletas, quanto maior o padrão realizando cada sessão (jogo) em dias número menor a intensidade e menos contato diferentes e aquecimento padronizado. Foram com a bola passadas instruções para os atletas trabalharem

- duração dos intervalos no máximo de intensidade durante o período do - dimensão do campo jogo. Para atingir as intensidades máximas em um - as regras influenciam na intensidade campo reduzido 3x3 foram usadas um número de - disponibilidade de bolas (reposição bolas que seria possível a reposição imediata e

imediata) uma dimensão de aproximadamente de 33 A motivação pode influenciar na metros x 20 metros (distância observada como

intensidade, podemos controlar como: ideal também em estudos da Fedato Esporte - definir claramente para os atletas o Consultoria em Ciências do Esporte).

objetivo do treino Através da analise dos resultados, - mostrar a eles os benefícios observando o comportamento da freqüência - monitorar o treino com GPS, freqüência cardíaca durante os jogos reduzidos, foram

cardíaca, etc. encontradas as maiores intensidades nos jogos 1 - manter os pequenos jogos competitivos e 7, onde, por terem estipulado tempos de

(equipes equilibradas) estímulo que trabalhará a resistência anaeróbia - organizar as sessões de treino para não específica de jogo expondo a musculatura dos

perder tempo para iniciar atletas a acidose dando uma condição de ganho Outros fatores que podem influenciar a de resistência a ela, com uma recuperação ideal

intensidade do exercício: para os atletas conseguirem recuperar e manter - habilidade do jogador (pouca habilidade uma alta intensidade até o final do treino atingiu o

diminui a intensidade) objetivo de um treino de campo reduzido.- recuperação entre as sessões de Os gráficos abaixo representam o

treinamento resultado obtido no estudo, observando a alta - tempo para adaptação ao tipo de freqüência cardíaca atingida durante o estímulo e

treinamento a boa qualidade de recuperação entre os Alguns estudos comprovam a eficácia estímulos.

dos trabalhos bem programados de pequenos jogos.

Uma pesquisa executada por Balsom, P., Lindholm, T., Nilsson, J., e Ekblom, B.,com recursos do Centro Nacional Sueco para Pesquisa no Esporte, com o objetivo de investigar a intensidade do exercício nos “pequenos jogos”(3x3) em oito diferentes relações de trabalho/repouso, e comparar as intensidades de quatro desses jogos com a corrida contínua sem bola, descobriram que a intensidade do exercício observada em todos os oito “pequenos Jogos” (3x3) era alta o suficiente para manter ou aperfeiçoar a capacidade de desempenho de um jogador de futebol. Além disso, quando comparada com a corrida contínua sem bola a taxa estabelecida de trabalho/repouso, a intensidade geral estimada era de magnitude similar.Os protocolos de exercícios utilizados em relação a trabalho/repouso foram nos primeiros quatro jogos um total de 18 minutos e nos outros quatro um total de 30 minutos cada

Jogo 1

Jogo 2

Jogo 3

Jogo 4

Trabalho Repouso

3 min

70 seg

30 seg 30 seg

30 seg

2 min

20 seg

15 seg

Jogo 5

Jogo 6

Jogo 7

Jogo 8

30 min

8 min

2 min 30 seg

4 min

0 min

2 min

2 min

Período de trabalho de 3 min(2 min de recuperação)

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Os outros jogos também atingiram altas maior número de informações para a comissão intensidades, mas com queda mais acentuada no técnica dando tempo para realizar alguma final devido ao baixo tempo de recuperação e correção ou adaptação na programação de conseqüentemente não atingindo altas treinamento conseguindo chegar no melhor freqüências cardíaca como nos jogos 1 e 7. índice de aproveitamento auxiliando o atleta a

Com base nessa teoria dos “pequenos alcançar seu desempenho ideal para disputa de jogos” a empresa Fedato Esportes Consultoria uma partida de futebol..em Ciências do Esporte vem aplicando e coletando informações importantes que Referências Bibliográficascomprovam os efeitos desse trabalho se aplicado de uma forma organizada e bem programada. Os BALSON, P. D. Futebol de Precisão. 2001dados mostraram que seguindo as dimensões Fedato Esportes LTDA Consultoria em (20 m x 30m), número de atletas (3x3 a 4x4) e Ciências do Esporte Dados do banco de dados colocando regras simples e pequenos gols sem entre 2007 a 2010.goleiros em 4 pontos diferentes foi onde encontraram as maiores intensidades de estímulos conseguindo durante a temporada juntamente com trabalhos cíclicos manter e ter ganhos em relação as variáveis importantes para o desempenho nos jogos.

A figura abaixo mostra um treino de campo reduzido monitorado com GPS e frequencimetro observando as intensidades acima de 100% sendo considerados como estímulos anaeróbios láticos

Conclusão

A t r a v é s d e s t a s i n f o r m a ç õ e s conseguimos observar que o trabalho acíclico com pequenos jogos é de extrema importância juntamente com trabalhos cíclicos dentro de uma programação de treinamento.

A t r a v é s d o s p e q u e n o s j o g o s conseguimos uma manutenção e ganho de algumas variáveis específicas do jogo se montados levando em conta os fatores que ajudarão na aplicação de um trabalho com altas intensidades.

Em uma programação de treinos com trabalho de campo reduzido podemos treinar de forma física e técnica sendo de grande importância a monitoração e o controle de qualidade realizados pelo fisiologista tanto dos trabalhos físicos quanto dos trabalhos técnicos com o objetivo de observar se as sessões de treinos estão atingindo o objetivo, levando o

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A preocupação e atenção com a pessoa Mandeville, data exata da Cerimônia de Abertura deficiente têm sido mais evidentes nos últimos da Olimpíada de Londres. anos em função da grande exposição deste - 1952 - Quatro anos depois, atletas assunto nos meios de comunicação, nas escolas, holandeses também passaram a competir nas e ultimamente no ambiente esportivo, dando a disputas de Stoke Mandeville. Assim surgiu o impressão de um fenômeno recente. No entanto, movimento internacional, hoje chamado de estes fatores já eram percebidos desde o século Movimento Paraolímpico. passado. O movimento para a inclusão de - 1960 - A primeira Paraolimpíada em pessoas com deficiência ganha grande Roma, a décima quinta será no Brasil em 2016.repercussão e aceitação a partir do seu - 1958 - O basquete em cadeira de rodas envolvimento com o esporte, no qual projeta a foi à primeira modalidade paraolímpica a ser pessoa com deficiência da sua reclusão e praticada no Brasil. Os principais responsáveis anonimato par um mundo de possibilidades e pelos primeiros passos foram Sérgio Del Grande competências que se assemelham às das em São Paulo e Robson Sampaio no Rio de pessoas que não possuem deficiência. Para isso Janeiro.o esporte é o caminho mais adequado. -1968 - As mulheres disputaram a Evidentemente existem outros setores onde as primeira Paraolimpíada em Tel Aviv.pessoas com deficiência também são inseridas e - 1969 - Buenos Aires, o Brasil conquista podem mostrar suas competências e habilidades. suas p r ime i ras meda lhas em Jogos Porém, é por meio do esporte que elas ganham Panamericanos, medalha de prata nos 800 visibilidade e respeito. metros com o atleta, Walter Lemos Sales e

A seguir, de forma cronológica, podemos medalha de bronze em Basquete em cadeira de observar a evolução dos acontecimentos que rodas. Em segundo lugar ficou a Argentina e em contribuíram para o que representa o movimento primeiro lugar ficou os Estados Unidos. Toda paraolímpico atual. delegação era composta por atletas do Clube dos

- 1888 - Há notícia da existência de clubes paraplégicos do Rio de Janeiro, esportivos para pessoas surdas em Berlim - 1971 - Jogos Panamericanos da (Alemanha). Jamaica, Brasil novamente conquista a medalha

- 1922 - Fundada a Organização Mundial de bronze em Basquetebol em Cadeira de Rodas. de Esportes para Surdos (CISS). Assim, as Novamente Argentina em segundo e EUA em pessoas com este tipo de deficiência chegaram a primeiro.organizar sua própria competição internacional -1972 - Jogos Olímpicos de Heidelberg, os Jogos Silenciosos. Hoje, os atletas surdos que seriam realizados em Munique, apesar do usualmente praticam esportes juntamente com Brasil ter levado uma delegação que contemplava pessoas sem deficiência e não possuem também o basquete em cadeira de rodas, foi modalidades no programa paraolímpico. impedido de participar porque a equipe tinha

- 1945 - Com o término da 2ª Guerra atletas amputados e isso não era permitido.Mundial, um espólio perceptível principalmente - 1973 - XV Jogos Panamericanos em nos países europeus envolvidos no grande Lima repetiram os mesmos resultados dos conflito foi o considerável número de combatentes Panamericanos anteriores, EUA medalha de que sofreram lesões na coluna vertebral, ficando ouro, Argentina medalha de prata, Brasil medalha paraplégicos ou tetraplégicos. Este contexto de bronze em basquete em cadeira de rodas.influenciou o neurocirurgião alemão Ludwig - 1974 - Stock Mandeville Games, Brasil Guttmann, fugindo da perseguição dos nazistas conquista medalha de prata. O Brasil pertencia à por ser judeu se refugiou na Inglaterra onde segunda divisão nesse campeonato mundial de iniciou um trabalho de reabilitação médica e social basquete em cadeira de rodas.de veteranos de guerra, por meio de práticas - 1975 - Jogos Panamericanos México O esportivas.*( à relatos que o basquete foi a Brasil continuava na mesma colocação mesmo, primeira modalidade). Tudo começou no Centro em terceiro lugar nas Américas, pois Nacional de Lesionados Medulares de Stoke participavam, USA medalha de ouro, Argentina Mandeville - Aylesbury, Inglaterra. Nos Estados medalha de prata, Brasil medalha de bronze, Unidos com iniciativa de Timothy J. Nugent o além de Canadá 4º lugar e México 5º lugar.basquete em cadeira de rodas começou a ser - 1975 - Rio de Janeiro, Robson Sampaio praticado. Os jogadores eram ex-soldados do de Almeida criou a Associação Nacional de exército norte-americano feridos durante a 2ª Desportos para Excepcionais, após a morte de Guerra Mundial. A modalidade é uma das poucas seu fundador passou a chamar Associação que esteve presente em todas as edições dos Nacional de Desporto de Deficientes ( ), Jogos Paraolímpicos. sendo seu presidente professor Aldo Miccolis

- 1948 - 29 de julho - Primeira competição - 1989 - Com a fundação do Comitê para atletas com deficiência aconteceu em Stoke Paraolímpico Internacional ( ) surgiu uma

ANDE

IPC

.

MOVIMENTO PARAOLÍMPICO E O BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS NO BRASIL E NO MUNDO

Ricardo José de Souza (*)

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tendência mundial para a criação de Comitês maior plasticidade e segurança na interpretação Paraolímpicos Nacionais, os National Paralympic sobre a responsabilidade do contato.Committees (NPCs). Com a realização dos Jogos de Barcelona (1992), a formação dos NPCs já se Classificaçãotornava urgente, pois o IPC precisava ter como f i l i a d a s e n t i d a d e s q u e t i v e s s e m Cada atleta é classificado de acordo com representatividade em nível nacional e seu comprometimento físico-motor e a escala agregassem modalidades para pessoas com obedece aos números 1, 2, 3, 4 e 4,5. Para todos os tipos de deficiência. Com isso, a partir de facilitar a classificação e participação dos atletas 1993, a idéia de se criar um Comitê Paraolímpico que apresentam qualidades de uma e outra no Brasil começou a tomar corpo. classe distinta (os chamados casos limítrofes)

- 1995 - Fundado o Comitê Paraolímpico foram criadas classes intermediárias: 1,5; 2,5 e Brasileiro (CPB) com sede na cidade de 3,5. O número máximo de pontuação em quadra Niterói/RJ. Realização dos I Jogos Brasileiros não pode ultrapassar 14 e vale a regra de que Paradesportivos em Goiânia. quanto maior a deficiência, menor a classe.

- 1996 - A segunda edição da competição Não se pode negar nem esquecer a foi realizada no Rio de Janeiro, motivo para a importante contribuição de Bernard Courbariaux organização dos Jogos Paradesportivos tão cedo e Horst Strohkend para chegarmos a estas foi a proximidade da Paraolimpíada de Atlanta classificações.neste mesmo ano. A seleção feminina de basquetebol participou apenas dos Jogos de Superintendência de Desportos do Estado do Atlanta como convidada. Rio de Janeiro - SUDERJ

- 1997 - Criada a Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas - CBBC. Através da Diretoria de Esportes para

- 1997 - A Confederação Brasileira de Pessoa com Deficiência iniciamos uma Desporto para Surdos - representa o Brasil organização singela, mínima no sentido de abrir no Comitê Internacional de Esportes de Surdos. núcleos de atividades para PCD, com três Contudo, as modalidades para este tipo de princípios básicos: deficiência não estão inclusas no programa de 1. Oferecer atividade física, competições dos Jogos Paraolímpicos. 2. Detectar o talento

- 2003 - Nos II Jogos Parapan- 3. Treinamento dos valores descobertos ou americanos, em Mar Del Plata, a seleção encaminhá-los aos clubes ou instituições do brasileira masculina conquistou uma vaga para movimento.Atenas 2004 retornando a uma edição de Jogos Contamos hoje com 8 núcleos com as Paraolímpicos após 16 anos de ausência. seguintes modalidades: Atletismo, Basquete,

- 2004 - A CBBC começa a engatinhar Bocha, Futebol de sete, Judô, Tênis de mesa, com o projeto de montar um Quadro de Oficiais. Natação; atendendo a Deficientes Auditivos,

- 2007 - Parapan do Rio de Janeiro, o Físicos, Intelectuais, Visuais e Paralisados Brasil conquistou o 4º lugar no feminino e o 3º no cerebrais. Cada núcleo é composto por 1 masculino. integrador, 3 professores de educação física, 1

- 2009 - Brasil participa dos Jogos fisioterapeuta e 1 apoio = 6 profissionais. Com a Mundiais de basquete sub 23 na França e fica em parceria institucional de diversas entidades e sétimo. intelectual de seus profissionais que nos

assessoram e promovem a iniciação de outras Regras modalidades já foi possível perceber o interesse e

o crescimento da prática e do desenvolvimento A modalidade é praticada por atletas de técnico nos alunos/atletas.

ambos os sexos que tenham alguma deficiência Paraolimpíadas escolares participação físico-motora, sob as regras adaptadas da de atletas de nosso Estado.Federação Internacional de Basquete em 2008 1 atleta na natação,Cadeira de Rodas (IWBF). As cadeiras são 2009 56 atletas, Vice Campeão brasileiro;verdadeiras vestes em cada jogador, conforme 2010 95 atletas, Campeão brasileiroprevisto na regra. A cada dois toques na cadeira, o jogador deve quicar, passar ou arremessar a

Referências Bibliográficasbola. As dimensões da quadra e a altura da cesta Site do CPB, IWBF e CBBC,são as mesmas do basquete olímpico.

Notoriamente a prática tem comandado a (*) Ricardo José de Souzaevolução do jogo e vêm determinando as Licenciado em Educação Física pela Universidade

alterações das regras e tornado cada vez mais Federal de Santa Catarina 1979

emocionante o jogo. Diretor de Esportes para Pessoa com Deficiência Os constantes, abnegados e incansáveis SUDERJ / SETE

estudos de Ross Dewell supervisionados por Tip Supervisor Internacional de Arbitragem IWBFThiboutot e Greg Love sobre a trajetória das Vice Presidente para a América do Sul ZA IWBF

Diretor Técnico e de Arbitragem da FBARJcadeiras e possíveis contatos tem garantido

CBDS

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A dependência ao exercício, também sadias e a enfrentar a aversão de expor o corpo.conhecida com vigorexia ou Overtraining, é um transtorno no qual as pessoas realizam práticas Referências Bibliográficasesportivas de forma contínua com uma valorização intensa, que chega a exigir American Psychiatric Association (1994) constantemente do corpo sem se importar com Diagnostic and statistical manual of mental eventuais conseqüências ou contra-indicações. disorders. 4th edition.Uma patologia solidamente associada à vigorexia Assunção, S. S. M.; Cordás, T. A.; Araújo, L. A. e já presente nas classificações internacionais de S. B.(2002) Atividade física e transtornos doenças é o Trantorno dismófico corporal. A alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica: São vigorexia, mais comum entre os homens, se Paulo. V. 29, p.4-13. 2002.caracteriza por uma preocupação excessiva em Kanayama, G. , Barry, S., Hudson, J. I., Pope ficar forte a todo custo. Apesar do portador deste Jr., H. G. (2006) Body image and attitudes transtorno ser bastante musculoso (na maioria toward male roles in anabolic-androgenic das vezes), este passa horas na academia steroid users. American Journal of Psychiatry. treinando e ainda assim se considera fraco, V. 163, n. 4, p. 697-703.magro e até esquelético. Uma das observações Cordás, T. A. (2004) Transtornos Alimentares: psicológica deste paciente é que ele tem classificação e diagnóstico. Revista de vergonha do próprio corpo, recorrendo assim aos Psiquiatria Clínica: São Paulo. V. 31, n. 4, p. exercícios excessivos e a fórmulas mágicas para 154-157acelerar o fortalecimento, tais como esteróides e anabol izantes. O termo vigorexia, fo i primeiramente assim denominado pelo psiquiatra americano Harrison Pope, que observou que cerca de um milhão de norte-americanos entre os nove milhões adeptos à musculação estão acometidos por este transtorno. Embora exista um grande número de pessoas preocupadas com sua aparência, para que o diagnóstico de vigorexia seja feito, deve haver sofrimento significativa, uma reiterada obsessão com alguma parte do corpo que impeça uma vida normal e principalmente quando esse quadro se fixa na questão muscular, havendo uma busca obsessiva pela silhueta perfeita. Os vigoréxicos tem uma inclinação patológica do que se considera o protótipo da imagem corporal do homem moderno e que supostamente é desejável pelas mulheres.

A vigorexia representa bem a sociedade onde “uma imagem vale mais que mil palavras” tornando as pessoas obcecadas por corpos perfeitos. Estas pessoas possuem alguns traços característicos de personalidade, costumam ter baixa autoestima e muitas dificuldades para integrar-se socialmente. Costumam ser introvertidas e podem, com freqüência, rejeitar ou aceitar com sofrimento a própria imagem corporal. Não há descrição do tratamento para a vigorexia, em sua maior parte, práticas são emprestadas do tratamento de quadros correlatos, tais como Dismorfofobia e transtornos alimentares. O tratamento psicológico inclui a identificação de padrões distorcidos de percepção da imagem corporal, identificação de aspectos positivos da aparência física e deve-se abordar e encorajar o paciente a ter atitudes mais

VIGOREXIA: É POSSÍVEL QUE A PRÁTICA DE EXERCÍCIO NÃO SEJA SAUDÁVEL?

Profª M.Sc. Rosana M. Garcia (CRP 06/46485)

Psicóloga Clínica com treinamento em Psicoterapaia Cognitiva pelo Beck Institute for Cognitive Therapy and Research, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Campinas, Coordenadora Auxiliar e supervisora do curso de

Psicologia da UNIP em São José do Rio Preto.

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ARTIGOS

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A INFLUÊNCIA DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA: AGRESSIVIDADE E MORAL NO AMBIENTE ESPORTIVO

¹Claudinei Chelles²Altair Moioli

¹Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo²UNIRP | UNIP

Resumo A prática esportiva pode ser uma boa oportunidade para se aprender como lidar diante da agressividade do ser humano. Quando a prática esportiva faz parte do conteúdo das aulas de Educação Física cabe ao profissional da área fazer sua intervenção pedagógica, sobretudo apoiada nos conhecimentos das ciências humanas, dentre elas a Psicologia do Esporte, abordando os temas relacionados aos estados emocionais, além da moral e da ética. O texto tem por objetivo comprometer-se com o estímulo da reflexão sobre os costumes e hábitos presentes no âmbito esportivo e escolar para a compreensão humana diante desta prática de forma orientada no convívio social.

Palavras chave: agressividade, escola, esporte, comportamento

The influence of learning in the school:Aggressiveness and moral in the sporting environment

Abstract The sporting practice can be a good opportunity to learn as working due to the human being's aggressiveness. When the sporting practice is part of the content of the classes of Physical education is function of professional to do the pedagogic intervention, mainly supported in the knowledge of the humanities, among them the Psychology of the Sport, approaching the themes related to the emotional states, besides the morals and of the ethics. The text looks for to commit with the incentive of the reflection on the present habits in the sporting and school extent for the human understanding before this form practice guided in the social conviviality.

Introdução deste esportista como atitude para encarar a competição e alcançar os objetivos que se propõe

O comportamento agressivo é um dos pode ser comparada a agressividade a que todos fatores que mais tem provocado conflitos em nós necessitamos cada dia para despertarmos nossa sociedade, gerando uma ambivalência em pela manhã, para encarar a vida.relação à agressividade, pois muitos a admiram, Enquanto que, agressão tem como principalmente quando ela se apresenta como objetivo e intenção ferir ou prejudicar o iniciativa criadora, mas muitos também a adversário. Então, às vezes a agressividade se condenam e a repudiam quando ela se apresenta canaliza mal e se transforma em uma agressão, como uma das alterações de conduta que mais porém são duas coisas distintas (ROFFÉ, 1999). preocupam os estudiosos, educadores e pais. A WEINBERG e GOULD (1995) definem estas circunstâncias soma-se a diversidade e a agressão como qualquer comportamento que distância existente nas conceituações teóricas prejudica ou fere intencionalmente outro ser vivo. a c e r c a d e s u a o r i g e m , f u n ç õ e s e A agressão é um comportamento físico ou verbal “modificabilidade” da agressão criando, e é intencional. O seu controle inclui algumas consequentemente, confusão com respeito ao ações, como por exemplo: como reconhecer que deve ser feito ou não se deve fazer quando situações prováveis da agressão ocorrer, ensinar nos encontramos diante de um comportamento aos praticantes como proceder nessas situações, agressivo (HOKINO e CASAL, 2001). ensinar comportamentos apropriados e modificar

Assim, partimos na tentativa de os comportamentos deste tipo.aproximar uma discussão na interatividade dos Não é só na espécie humana que existe temas agressividade e aos temas pertinentes ao agressividade, esta instituição de contato físico âmbito escolar, acreditando que estes estão direto com o outro com a intenção de causar dano. presentes nas ocorrências cotidianas no evento Estudos etológicos ao longo da escala da esportivo. evolução, tanto com animais selvagens quanto

Um dos principais problemas, na com os de laboratório, focalizam muito esse tema. pesquisa sobre agressividade, é justamente a Os resultados dessas observações têm falta de consenso sobre sua definição. Também importantes conotações para o estudo da aumenta a confusão quando a investigação da agressividade no esporte. Por exemplo, entre os agressividade no esporte invariavelmente animais mais jovens a agressividade é, não raro, emprega o uso de termos como: agressão, uma forma de preparação para o futuro papel de violência, hostilidade e firmeza (virilidade) provedor de alimentos como adulto. Nos seres (DUDA, 1999). humanos, quando crianças, a forma agressiva de

A agressão é diferente da agressividade. seus jogos assemelha-se aos esportes Tomamos como exemplo um esportista qualquer, organizados e aos combates nos quais os mais de uma modalidade qualquer. O que se espera velhos tomam parte (CRATTY, 1984).

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sua retransmissão desse conhecimento.A agressividade e a intervenção pedagógica Acreditando que o âmbito apropriado

para iniciar o indivíduo a se preparar e lidar com Filósofos, biólogos, psicólogos e ocorrências agressivas e morais dentro do

psiquiatras têm estudado o delicado problema de esporte são: em primeiro lugar no meio familiar, determinar se a participação no esporte aumenta dando-se continuidade no espaço escolar e ou reduz a agressividade nos espectadores e mantendo-se no meio competitivo de alto-nível ou participantes. De modo geral, suas conclusões rendimento, se esse for o caso. Sendo que nos indicam que nem todas as guerras podem ser dois últimos (escola, rendimento) encontramos subst i tuídas pelo esporte e que, em nesses espaços a atuação do profissional da determinadas ocasiões, os esportes podem não Educação Física.ser um bom meio de reduzir a agressividade e A escola como uma instituição, pela qual tensão em grupos e indivíduos (CRATTY, 1984). se espera que passem todos os membros da

Para SINGER (1982) os efeitos que sociedade, coloca-se na posição de ser mais um podem ser sentidos na participação e observação meio social na vida desses indivíduos. Também do esporte são: (1) tendências agressivas ela veicula valores que podem convergir ou diminuídas, (2) tendências agressivas conflitar com os circulantes nos outros meios aumentadas, e (3) nenhuma mudança. sociais que os indivíduos freqüentam ou a que Normalmente, os argumentos e teorias a respeito são expostos. O ambiente escolar deve, portanto, consideram as duas primeiras alternativas. assumir explicitamente o compromisso de educar

A agressividade pode ser estabelecida os seus alunos dentro dos princípios da de várias formas, incluindo-se o trato no sociedade (BRASIL, 1998).relacionamento entre as classes sociais, uma na A instituição escola é um lugar tentativa de elevar-se, e outra na manutenção de privilegiado para a aquisição, reflexão e sua posição. Por exemplo, MEDINA (1990) transmissão do conhecimento produzido pela menciona que se pudéssemos “psicanalisar” toda sociedade. A Educação Física escolar não pode população brasileira dentro do contexto do estar alheia, pelo contrário, precisa assumir seu modelo da cultura ocidental contemporânea em papel no processo formal de ensino que ela se estabelece, provavelmente (VERENGUER, 1995). Espaço, principal e encontraríamos diversos quadros clínicos que oportuno para conceituar Moral, que é visto por comprovariam a multiplicidade patológica que BÓRIO (1995) como um conjunto de normas, caracteriza os nossos corpos. Somos a todo prescrições e valores que regulamentam o tempo requisitados a sermos filhos obedientes, comportamento dos indivíduos na sociedade. pais trabalhadores e responsáveis, professores Enquanto que a Ética é uma reflexão sistemática que ensinem o óbvio-padrão, mães dedicadas, sobre o comportamento Moral.amantes fiéis, cidadãos pacíficos e cumpridores Na proposta dos PCNs (BRASIL, 1998), de nossas obrigações, mulheres sensuais, por exemplo, encontramos que a Ética expressa dóceis ou submissas, militares respeitadores da na construção dos princípios de respeito mútuo, ordem estabelecida, alunos estudiosos (pouco justiça, diálogo e solidariedade seja uma reflexão importando se o conteúdo de ensino nos sobre as diversas atuações humanas e que a interessa ou não); enfim um grande número de escola considere o convívio escolar como base condicionamentos que, na luta pela superação para sua aprendizagem, não havendo dos nossos conf l i tos , são regu lados descompasso entre “o que diz” e “o que faz”. h o m e o s t á t i c a e d i a l e t i c a m e n t e p o r Considerando tal perspectiva, o tema transversal licenciosidades ou transgressões; estas últimas “Ética” traz a proposta de que a escola realize um variando desde a necessidade de uma “inocente” trabalho que possibilite o desenvolvimento da mentira, até a instituição de grupos organizados autonomia moral, o qual depende mais de de crime. experiência de vida favoráveis do que de

No esporte de rendimento devido às discursos e repressão. disputas ocorridas, apesar da atuação de No convívio escolar, o aluno pode profissionais de Educação Física (não que aprender a resolver conflitos em situações de apenas ele tenha condições de equacionar todo o diálogo, pode aprender a ser solidário ao ajudar e problema, já que existem influências variadas ao ser ajudado, pode aprender a ser democrático atuando na continuidade da formação dos quando tem oportunidade de expressar o que indivíduos, além da necessidade de intervenção pensa, submeter suas idéias ao juízo dos demais multi e transdisciplinar em como lidar com a e saber ouvir as opiniões contrárias.situação), mas focalizando outros interesses, M o r a l e É t i c a s ã o p a l a v r a s encontramos vindo à tona no comportamento e freqüentemente empregadas como sinônimos: atitudes que não condizem com o que se conjunto de princípios ou padrões de conduta. A transmite, ou o que deveria, por exemplo, no etimologia dos termos (mores, no latim, e ethos, ambiente escolar seguindo a elaboração de no grego) é o mesmo indicativo de um significado documentos como dos Parâmetros Curriculares comum: ambos remetem à idéia de costume (...). Nacionais (PCNs) ou outras propostas de Nos costumes, manifesta-se um aspecto intervenção pedagógica, ou crenças e atitudes da fundamental da existência humana: a criação de formação familiar, religiosa, social do professor e valores. Embora as palavras que os designam

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tenham a mesma origem etimológica, os entre treinamento e jogos. Tudo que lhes conceitos de ética e moral incorporam, em seu interessa são as funções específicas que eles percurso histórico, significados diferenciados. desempenham independentemente de

No âmbito da filosofia, hoje, faz-se uma sentimentos pessoais.distinção entre eles, definindo Moral como o Aí cabe a teoria de MARCELLINO (1983), conjunto de princípios, crenças, regras que mencionado por CHAO (1999), que “só é dada orientam o comportamento dos indivíduos nas importância ao que é produtivo, gerador de bens e diversas sociedades, ou seja, atua sobre o consumo, ou mercadorias, e não se questiona em domínio de valores relacionados ao bem e o mal, que medida essa profundidade valor supremo como aquilo que deve ser buscado ou que se anula a expressão do ser humano”. deve afastar, e Ética como a reflexão crítica sobre Isso é reflexo, daquilo que muitas vezes a moral. Sendo importante ressaltar que, ao se observamos, situações em que as “coisas” valem estabelecer a distinção, procura-se apontar de mais do que as pessoas, ou seus sentimentos e modo preciso a estreita articulação que mantêm e atitudes. Porém, a generalização seria muita que diz respeito exatamente ao terreno dos ingenuidade. Encontramos momentos de altos e valores presentes na prática e na reflexão teórica baixos nas relações humanas. Muitos desses de homens e mulheres nas sociedades (BRASIL, momentos com respostas influenciadas pelo 1998). meio em que se vive ou a formação que cada um

Após intervir sobre seus alunos, o tem. Podendo esse comportamento variar caso profissional da Educação Física, utilizando-se da haja aglomerações, formação de grupos por Ps ico log ia do Espor te , en t re ou t ros acaso ou propositalmente.conhecimentos das Ciências Humanas, pode e deve, abordar em seu campo de atuação os A influência da escola e do ambiente esportivotemas citados, com intuito de formar cidadãos, e quando est iverem em boa parte das FLORESTAN FERNANDES, citado por circunstâncias conscientes, terem capacidade e OLIVEIRA (1998) mostra como o universo lúdico condições (já que nem sempre isso é possível) de vivido pelas crianças comporta cenários onde há sobressaírem. manifestações explícitas e não-explícitas de

RANGEL (1997) acredita que o esporte violência, mas também situações em que os deve ser utilizado em escolas como meio grupos sociais testemunham, em cada gesto, a educativo, e como utilizá-lo é o fator determinante incorporação de verdadeiros hábitos de de sua condição de meio educativo. Muitas são as cooperação, de convivência amistosa, de gestos formas de encarar-se o esporte. Aos alunos não calorosos, que atestam simpatia e respeitos pelos pode ser negada a oportunidade desta discussão, outros, que conosco convivem. Esse clima de pois afinal serão eles que no futuro utilizarão o camaradagem é algo que as pessoas por vezes esporte da forma como o vivenciaram na escola: não sabem definir, mas percebem-no com promotor de lazer, prazer ou desprazer, intensidade e lutam por preservá-los no cultivo c o m p e t i ç ã o e x a g e r a d a , c o o p e r a ç ã o , renovado de práticas, pensamentos e discriminação, hierarquização ou lealdade. sentimentos.

A educação reflete os valores da O Espírito Esportivo está ligado a sociedade da qual faz parte, no caso do Brasil, conceitos como justiça, respeito por autoridades e reflete valores da sociedade capitalista. O termo adve rsá r ios , educação , hones t i dade , educação refere-se tanto a processo como autocontrole, integridade, sacrifício, lealdade, produto, mas é o tipo de relacionamento dos coragem, espírito magnânimo, entusiasmo. alunos entre si e destes com seus professores Estabelece ainda, a diferença entre ações éticas que determina a qualidade da educação que cada e antiéticas. Esta distinção é importante porque um recebe. Tanto no sentido de processo como no as pessoas tendem a pensar sobre os assuntos de produto, a educação se materializa na ligados a moral dentro no contexto da competição instituição escolar (COSTA, 1987). diferentemente do que o da razão sobre assuntos

SIMÕES et al. (1998) acreditam que, no semelhantes fora do encontro competitivo esporte de rendimento, a diversificação de (DUDA, 1999).valores e necessidades individuais, quando Em cada situação em que a consciência é submetidos a um esforço coletivo, constituem, às mutilada, isto se reflete sobre o corpo e a esfera vezes, num obstáculo a ponto de impedir que os corporal de uma forma não-livre e que é propícia à “indivíduos-membros” aproveitem todas as suas violência. Basta prestar atenção em num certo potencialidades, chegando a dificultar a atuação tipo de pessoa inculta como até mesmo a sua dos companheiros e dos técnicos. Tanto que boa linguagem principalmente quando algo é parte do intercâmbio de comportamento mantido criticado ou exigido se torna ameaçadora, como entre membros de equipes esportivas poderia ser se os gestos da fala fossem de uma violência descrito através de suas participações corporal quase incontrolada. Aqui seria preciso e s p o n t â n e a s d e c o o p e r a ç ã o m ú t u a estudar também a função do esporte, que ainda manifestadas até certo ponto, à autonomia dos não foi devidamente reconhecida por uma indivíduos. É de senso comum a noção de que psicologia social crítica. O esporte é ambíguo: por técnico e atletas passam boa parte do tempo um lado, ele pode ter um efeito contrário à

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barbárie e ao sadismo, por intermédio do fair- materiais e espirituais da cultura física, dirigir sua play, do cavalheirismo e do respeito pelo mais vontade e sua emoção para a prática e a fraco. Por outro, em algumas de suas apreciação do corpo em movimento (BETTI, modalidades e procedimentos, ele pode 1992).promover a agressão, a brutalidade e o sadismo, Esportes para crianças constroem o principalmente no caso de espectadores, que caráter quando os professores de educação pessoalmente não estão submetidos ao esforço e física e técnicos têm algum conhecimento dos à disciplina do esporte; são aqueles que princípios básicos do aprendizado social e os costumam gritar nos campos esportivos. É aplicam. Os professores não devem reprimir as preciso analisar de uma maneira sistemática necessidades de seus alunos para satisfazer essa ambigüidade. Os resultados teriam que ser seus próprios interesses. Um nível moderado de aplicados à vida esportiva na medida da estresse competitivo, que é o recomendado, é influência da educação sobre ela (ADORNO, criado quando vencer é premiado e perder não é 1995). sinal de menosprezo; o que ajudará no

A agressividade sempre foi e será objeto desenvolvimento moral da criança (BARBANTI, de estudo, por parte de pesquisadores de várias 1985).áreas. A psicologia do desenvolvimento trata o O esporte competitivo, longe de ser assunto como fundamental para a sobrevivência igualitário, tem sua expressão na diferença e na do indivíduo, passando pela compreensão dos vantagem de um sobre o outro participante, mecanismos de controle, manutenção e estando implícita em cada ato esportivo, a aquisição de comportamentos agressivos. O afirmação de uma supremacia. Porém, a forma avanço tecnológico, as grandes populações como o individuo irá reagir aos estímulos e à urbanas e as circunstâncias de vida das grandes pressão competitiva dependerá do contexto no cidades elevaram o potencial agressivo do qual uma determinada modalidade é praticada. homem, tornando-o mais perigoso na procura de Pois, da mesma forma que as pessoas, os seu espaço (MACHADO, 2001). ambientes também têm personalidades únicas,

De fato, os debates acadêmicos e a apresentando programas mais ou menos produção científica na área (Educação Física) explícitos para encorajar ou controlar o têm crescido significativamente na última comportamento dos indivíduos (MOSS, 1974) década, sem, no entanto, conseguir transformar citado por (STEFANELLO, 2000).a prática escolar (DAOLIO, 1996). Queremos Os professores de Educação Física partir da consideração da tradição cultural da necessitam reconhecer a grandeza do universo Educação Física Escolar, reconhecendo os jogo, e mais que reconheçam que o ato de jogar valores, muitas vezes inconscientes, que dão movimenta todos os elementos que fazem do suporte e sentido à sua prática, fazendo parte do Homem um Ser diferente dos animais. A foca imaginário social da área e de seus profissionais. equilibra a bola muito bem no focinho, cachorros Talvez o principal aspecto desta tradição seja a “jogam” futebol no circo, mas só o homem tem consideração do homem como uma entidade de consciência daquilo que está realizando; só o natureza exclusivamente biológica, e seu corpo homem faz de seu agir projeto; só o homem é constituído por um conjunto de músculos, ossos e capaz de fazer existir o jogo antes mesmo de articulações, passíveis de um treinamento e jogá-lo; só o homem concebe o jogo como uma possíveis de melhor rendimento. Sendo assim, realidade diferenciada, significativa, prazerosa, esse conceito deve ser revisto, buscando-se como espaço de aventura e consciente mais fundamentação para a intervenção do (RETONDAR, 2000).profissional numa abordagem integradora sobre o ser humano. Referências Bibliográficas

MACHADO (1994) acredita que as atividades esportivas desenvolvidas nas escolas ADORNO, T.W. Educação após Auschwitz. possam vir a se integrar no esforço educativo e Tradução de Wolfgang Leo Maar. In: ADORNO, social que visem preparar o aluno para a sua T.W. (org.) T.W. Educação e emancipação. integração plena na sociedade em que está Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1995. inserida. Desta forma teremos a prática p.119-138.esportiva, com suas competições escolares, BARBANTI, E.J. Psicologia do esporte: como uma estratégia formativa, adequada aos vencer é essencial nos programas infantis? objetivos sociais e culturais voltados à Revista Corpo & Movimento, n.4 , abril, 1985.valorização humana. BETTI, M. Ensino de primeiro e segundo

É preciso levar o aluno a descobrir os graus: educação física para quê? Revista motivos para praticar a atividade física, favorecer Brasileira de Ciências dos Esporte, vol.13, n.2, o desenvolvimento de atitudes positivas para p.282-287,1992.esses novos hábitos, levar à aprendizagem de BÓRIO, E. A. Para Filosofar. São Paulo: comportamentos adequados para as práticas Editora Scipione, 1995.corporais, levar ao conhecimento, compreensão BRASIL: PCN: terceiro e quarto ciclos do e análise de seu intelecto de todas as ensino fundamental-introdução. Brasília: informações relacionadas às conquistas MEC, 1998.

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CHAO, C.H.N. Desenvolvimento Humano no contato com a Natureza. Revista Conexões-Educação: esporte e lazer, n.3, p.42-48,1999.COSTA, V.L.M. Prática da educação física no 1ºgrau: modelo de reprodução ou perspectiva de transformação? São Paulo: IBRASA, 1987.CRATTY, B.J. Psicologia no Esporte. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1984.DAOLIO, J. Educação Física Escolar: em busca da pluralidade. Revista Paulista de Educação Física, suplemento2, p.40-42, 1996.DUDA, J. Advances in sport and exercise psychology measurement. Morgan Town: F.I.T. Inc, 1.999.HOKINO, M.H., CASAL, H.M.V. A aprendizagem do judô e os níveis de raiva e agressividade. Buenos Aires. Lecturas Educacion Fisica evista Digital, 6 (31), 2001. Disponível em http:// www.efdeportes.com. Acesso em 29 dez. 2001.MACHADO, A . A. Aspectos psicopedagógicos da competição esportiva escolar. Tese de doutorado, Unicamp: Campinas, 1994.MACHADO, A.A.; MARCHESE, D.; CALABRESI, C.A.M. A ação midiática na formação do esportista. In: MACHADO, A.A.; DOBRANSZKY, I.A. (orgs.) Delineamentos da Psicologia do Esporte: evolução e aplicação. Campinas: Istvan de Abreu Dobranszky e Afonso Antonio Machado, 2001. p.167-179.MEDINA, J.P.S. O brasileiro e seu corpo: educação e política do corpo. Campinas: Papirus, 1990.OLIVEIRA, P. S. Sociabilidade voluntária e formas de violência. Revista Conexões-educação: esporte e lazer, v.1, n.1, 7-12, 1998.RANGEL, I.C. Reflexões a respeito da utilização do esporte como educativo na Educação Física Escolar. Revista Kinesis, n.15, p.37-43, 1997.RETONDAR, J.J.M. Algumas reflexões sobre o jogo como prática pedagógica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 21(2/3), p.118-120, 2000.ROFFÉ, M. Psicologia del jugador de fútbol: con la cabez hecha pelota. Buenos Aires: Lugar Editorial, 1999.

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AVALIAÇÃO DE UM PROTOCOLO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM IDOSOS COM OSTEOARTROSE DE JOELHO.

Milena Vergani Crepaldi¹ Gabriela Natália Ferracini²

Claus Gonçalves³

¹Fisioterapeuta graduada pela UNIP. ² Fisioterapeuta, mestranda da USP/Ribeirão Preto. ³Fisioterapeuta docente da UNIP e do Hospital de Base de S.J. Rio Preto SP.

ResumoA osteoartrose do joelho é uma doença da cartilagem articular e do osso subcondral. O déficit proprioceptivo ocasiona também uma diminuição do equilíbrio estático. Os exercícios realizados na piscina causam redução da sensibilidade à dor, diminuição da compressão nas articulações doloridas, maior liberdade de movimento. Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de um protocolo de hidroterapia no equilíbrio estático em idosos portadores de osteoartrose de joelho. Para tal foram selecionados dez indivíduos de 50 a 80 anos de idade portadores de osteoartrose que preencheram os critérios e inclusão e exclusão propostos. Antes do início e no final do programa de hidroterapia proposto todos os participantes passaram por avaliações do déficit de equilíbrio através do teste de apoio unipodal (One-Leg Stance test). O estudo totalizou dez sessões em dias alternados, com duração de cinquenta minutos. Os resultados do teste de apoio unipodal mostraram melhora significante no equilíbrio estático apenas no apoio com o membro direito e com os olhos abertos, nas demais situações não houve diferenças estatisticamente significantes. Desta forma conclui-se que o programa mostrou apenas melhora clinica, em curto prazo, do equilíbrio estático em portadores de osteoartrose.

Palavras-chave: Osteoartrite. Joelho. Propriocepção. Hidroterapia.

AbstractOsteoarthritis of the knee is a disease of articular cartilage and subchondral bone . Proprioceptive deficit also causes a decrease in static balance. The exercises at the pool cause a reduction in pain sensitivity, decreased compression on painful joints, increased degree of movement. Thus the objective of this study is to evaluate the effects of a protocol of hydrotherapy in static balance in elderly patients porter of knee osteoarthritis. To this end, we selected ten individuals of 50 to 80 years old suffering from osteoarthritis who met the proposed criteria of inclusion and exclusion. Before the beginning and at the end of the proposed hydrotherapy program all participants were underwent an evaluation to assess the balance deficits by One-Leg Stance test. The study comprised ten sessions on alternate days, lasting fifty minutes. The test results of leg support showed a significant improvement in static equilibrium only in supporting of the right limb and with eyes open; in other situations, there are no statistically significant differences. This way it's concluded that the program showed in the short term only a clinical improvement static balance in patients with osteoarthritis.

Keywords: Osteoarthritis. Knee. Proprioception. Hydrotherapy

Casuística e Métodos do Teste de Apoio Unipodal (“One-leg stance test”), onde foi demarcado um ponto em um

O es tudo fo i desenvo lv ido na quadro a aproximadamente 2 metros de distância Universidade Paulista - UNIP, campus Juscelino do voluntário na altura de seus olhos. Foi Kubitcheck de São José do Rio Preto, São Paulo, solicitado ao voluntário manter o olhar neste após aprovação pelo comitê de ética e pesquisa ponto, colocando as mãos na cintura e elevar (CEP) da Faculdade de Medicina de São José do uma das pernas flexionando o joelho. O tempo foi Rio Preto - SP. Para tal participaram seis cronometrado até chegar a um máximo de trinta indivíduos de ambos os sexos, com idade entre segundos ou até que o indivíduo se 50 a 80 anos, que foram informados dos objetivos desequilibrasse. O teste foi repetido com a perna deste trabalho e ao concordarem assinaram um oposta e executado três vezes em cada perna, termo de consent imento l ivre e pós- alternadamente, obtendo-se a média dos tempos esclarecimento. obtidos. (REBELATTO et al., 2008)

Os critérios de inclusão foram: O programa de hidroterapia para independência nas atividades de vida diária, equilíbrio foi realizado em piscina terapêutica diagnóstico médico de osteoartrose de joelho, com dimensão de 6,0 por 4,0 metros e cognitivo preservado e ter boa adaptação ao meio profundidade de 1,50 metros, em temperatura líquido. E foram excluídos indivíduos com média de 32.5º C. O protocolo incluiu a adaptação incontinência urinária ou fecal, insuficiência renal, ao meio aquático, hidrocinesioterapia e feridas abertas, doenças cutâneas contagiosas, exercícios para equilíbrio estático e dinâmico. A doenças infecciosas, sondas, trombos intensidade foi de baixa a moderada, a frequência vasculares, insuficiência cardíaca, pressão e a velocidades foram constantes. O programa foi arterial não controlada. descrito por RESENDE et al. em 2008. O

Todos os participantes foram submetidos programa proposto totalizou 10 sessões, a uma avaliação inicial (AVI) e uma avaliação final realizadas duas vezes por semana, com (AVF) para análise do equilíbrio estático através cinquenta minutos de duração.

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Para a análise dos dados das variáveis mensuráveis foi utilizado o test t de Student para dados pareados. Os dados foram apresentados como diferença média e desvio padrão da diferença, tabulados e analisados com o auxílio do Microsoft Excel e do software BioEstat 5.0. O nível de significância adotado foi p<0,05.

Resultados

O programa contou com a participação de seis voluntários que preencheram os critérios de inclusão e exclusão adotados. Em relação ao sexo, participaram 4 homens (66,6%) e 2 mulheres (33,3%). Considerando a faixa etária destes, esta variou de 50 a 80 anos, com uma Os resultados do teste de apoio unipodal média de idade de 65 anos. apresentaram melhora significante no equilíbrio

Com relação à dominância todos os estático apenas no apoio com o membro direito e participantes são destros e a osteoartrose com os olhos abertos, nas demais situações não apresentou-se em ambos os joelhos de todos os houve diferenças estatisticamente significantes. voluntários. Todos os dados estão apresentados na tabela 1 e 2. Tabela 3 Média dos valores de equilíbrio, iniciais

e finais dos pacientes

Tabela 1 Avaliação de equilíbrio dos pacientes com artrose de joelho através do “One-Leg Stance Test” com olhos abertos.

Discussão

Com a melhora clínica do equilíbrio dos participantes pode-se inferir que o programa previne também os riscos de quedas, devido à correlação existente entre o déficit de equilíbrio e Tabela 2 Avaliação de equilíbrio dos pacientes a f requência de quedas. Resende e com artrose de joelho através do “One-Leg colaboradores em 2008 completam afirmando Stance Test” com olhos fechados.através de um programa de hidroterapia, que com a redução dos riscos de quedas podem-se prevenir restrições na mobilidade, limitação na atividade de vida diária, perda da independência funcional e escoriações.

Com o envelhecimento todas as habilidades do sistema nervoso central vão se comprometendo, e um dos principais déficits é o desequilíbrio que trás inúmeras conseqüências para o idoso, o equilíbrio é ainda mais comprometido quando se tem associado algum déficit proprioceptivo como é o caso dos portadores de osteoartrose.

Menezes e Bachion em 2008 afirmaram que os distúrbios músculos-esqueléticos estão ligados à instabilidade no caminhar e no equilíbrio e que a conseqüente perda da força muscular pode prejudicar a mobilidade, levando à Gráfico 1 Melhora do equilíbrio após aplicação dependência funcional.do protocolo.

5’’63

22’’41

4’’63

27’’74

1’1’85

6’’30

2’’63

15’’91

2’’74

4’’41

1’2’’52

F=feminino; M=masculino; PD=perna direita; PE= perna esquerda.

Nome Sexo IdadeAvaliaçãoinicial

Avaliaçãofinal

PD PEPDPE

VAS

LP

VA

PM

VML

LS

F

F

M

M

M

M

62

69

55

80

50

69

2’’41

3’’85

13’’7

1’’94

8’’74

3’’30

1’’63

2’’70

3’’40

2’’6

1’’29

5’’85

10’’63

F=feminino; M=masculino; PD=perna direita; PE= perna esquerda.

Nome Sexo IdadeAvaliaçãoinicial

Avaliaçãofinal

PD PEPDPE

VAS

LP

VA

PM

VML

LS

F

F

M

M

M

M

62

69

55

80

50

69

1’’52

2’’41

2’’7

1’’90

1’’10

3’’96

2’’30

1’’63

2’’45

2’’38

1’’10

7’’96

4’’52

2’’18

4’’63

1’’29

7’’30

3’’74

2’’41

3’’18

3’’52

1’’74

2’’74

6’’18

Inicial

Final

6

5

4

3

2

1

0AV/OA/D AV/OA/E AV/OF/D AV/OF/E

Olhos abertos e fechados

Desvio Padrão

Equilí

brio in

icia

l e fin

al

Média ± Desvio-padrão

Valor de p

AV/OA/D

AV/OA/ E

AV/OF/D

AV/OF/E

5.65 ±4.63

2.92±1.62

2.59±1.42

2.97±2.50

<0.04

<0.15

<0.14

<0.29

AV= Avaliação (inicial e final); AO= Olho aberto; OF= Olho fechado; D= Direito, E= esquerdo.

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Outro estudo realizado em 2008 por participantes desta intervenção fosse maior ou Rebelato e colaboradores verificou a deficiência houvesse maior tempo de observação. de equilíbrio através da média da velocidade Constatou-se ainda que todos os pacientes eram máxima do andar de pessoas com 30 anos e destros, por isso uma melhora mais acentuada pessoas com 60 a 70 anos. no lado direito.

Em relação ao tipo de exercício e o meio A alta prevalência de pessoas portadoras de onde é realizado, existem controvérsias sobre o osteoartrose de joelho e a alta incidência de mais adequado e qual apresenta melhores déficits proprioceptivos e distúrbios de equilíbrio resultados para idosos portadores de presente nas mesmas requerem novos estudos a osteoatrose. Segundo Doris et al 2003 tanto ce rca dos bene f íc ios do t ra tamento exercícios em solo como aquáticos promovem hidrocinesioterapêutico.melhora em relação ao equilíbrio.Rogers, Fernandez e Bohlken (2003) Referências Bibliográficasdemonstraram em um estudo que exercícios proprioceptivos realizados na bola suíça AVAKIAN, R., SEVERINO, N. R., CURY, R. P. melhoram as condições de ajuste corporal, e isto L., OLIVEIRA, V. M., AIHARA, T., CAMARGO, foi observado pela melhora do equilíbrio estático O. P. A. Osteotomia tibial alta em pacientes com e dinâmico dos participantes. artrose do joelho. Revista Acta Ortopédica

Trans e colaboradores em 2009 Brasileira, v. 16, n. 3, p. 152-156, 2008.mostraram que exercícios realizados em uma ALFIERI, F. M. Distribuição da pressão plantar plataforma instável melhoram a propriocepção de em idosos após intervenção proprioceptiva. portadores de osteoartrose, enquanto que Revista Brasileira de Cineantropometria e exercícios realizados em plataforma estável Desempenho Humano, v. 10, n. 2, p. 137-142, apresentam melhora apenas na força muscular 2008.destas. ARDEN, N.; NEVITT, M. C. Osteoarthritis:

LORD et al (1993) apud BRUNI (2008) epidemiology. Best.Pract.Res.Clin.Rheumatol., real izaram um estudo com um grupo v. 20, n. 1, p. 3-25, Feb. 2006.experimental e um grupo controle. O grupo BOHANNON, R. W. One-legged balance test experimental, composto por 6 idosos, participou times. Percept Mot Skills. n.78, p. 801, 1994.de um programa de exercícios na água por 12 BRUNI, B. M, GRANADO, F. B, PRADO, R. A. sessões (2 vezes por semana por 6 semanas) e Avaliação do equilíbrio postural em idosos apresentaram uma melhora significativa na força praticantes de hidroterapia em grupo. O Mundo e no equilíbrio em comparação ao grupo controle. da Saúde São Paulo, v. 32, n. 1, p. 56-60, Lund et al em 2008 mostraram que os exercícios 2008.realizados no meio aquático apresentam menos CANDELORO, JM; CAROMANO, FA. Efeito de efeitos adversos quando comparado com um programa de hidroterapia na flexibilidade e exercício realizado em solo em portadores de na força muscular de idosas. Revista Brasileira osteoartrose de joelho. de Fisioterapia, v. 11, n. 4, p.303-309, 2007.

Os exercícios realizados na piscina, com DELISA J. Á., GANS B. M. Tratado de a diminuição do impacto articular, causam medicina de reabilitação: princípios e redução da sensibilidade à dor, diminuição da prática. Ed. Manole, São Paulo, 3. ed. p. 766-compressão nas articulações doloridas, maior 767, 2002.liberdade de movimento e diminuição do DOURIS, P; SOUTHARD. V; VARGA, C; espasmo doloroso. Os exercíc ios de SCHAUSS, W; GENNARO, C; REISS, A. The fortalecimento com paciente submerso estão effect of land and aquatic exercise on balance fundamentados nos princípios físicos da scores in older adults. J Geriatr Phys Ther, v. hidrostática, que permitem gerar resistência 26, n. 1, p. 3-6, 2003.multidimensional constante aos movimentos, o GRIBBLE P. A; HERTEL, J. Effect of Hip and que uma sobrecarga mínima nas articulações Ankle Muscle Fatigue on Unipedal Postural (CANDELORO E CAROMANO, 2007). Control. Journal of Electromyogr Kinesiol, v.

14, n. 6, p. 641-646, 2004.Conclusão LUND, H; WEILE, U; CHRISTENSEN, R;

ROSTOCK, B; DOWNEY, A; BARTELS, E. M; O programa de hidroterapia utilizado DANNESKIOLD-SAMSO, E. B; BLIDDAL, H. A

neste estudo apresentou melhora clinica no randomized controlled trial of aquatic and land-equilíbrio estático de portadores de osteoartrose, based exercise in patients with knee podendo se pensar que esta poderia ser maior e osteoarthristis, v. 40, n. 2, p. 137-144, 2008.estatisticamente significante se a intensidade dos MARTIMBIANCO, A. L. C; PALACHINI, L. O; exercícios fosse aumentada progressivamente CHAMLIAN, T. R; MASIERO, D. Efeitos da ao longo do programa, o que não ocorreu, pois a prorpiocepção no processo de Reabilitação das intensidade foi mantida constante durante todo fraturas de quadril. Acta Ortopédica Brasileira, programa. v. 16, n. 2, p. 112-116, 2006.

Os resultados aqui encontrados MCDERMOTT, AY, MERNITZ, H. Exercise and poderiam ser alterados caso o número de older patients: prescribing guidelines. Am Fam

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE INDIVÍDUOS COM AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES

Renata Renzetti Dias¹ Leiza Ribeiro Grisi¹

Claus Gonçalves²

¹ Acadêmicas de Fisioterapia da UNIP Campus JK. ²Docente de Fisioterapia da UNIP Campus JK. e do Curso de aprimoramento em Fisioterapia

FUNFARME/FAMERP

ResumoAmputação é a retirada cirúrgica parcial ou total de um membro, devido à malformações, doenças vasculares, infecções ou traumas, e 71-88% são de membros inferiores. As incapacidades funcionais geradas podem interferir na capacidade laborativa e independência do indivíduo, com conseqüências na qualidade de vida relacionada à saúde. Desta forma, este estudo avaliou a qualidade de vida relacionada à saúde de adultos amputados de membros inferiores, em atendimento no Ambulatório de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Para tal, foram selecionados quatro indivíduos do sexo feminino e seis do sexo masculino com idade entre 20 a 70 anos, que responderam ao questionário Medical Outcome Study Short-Form 36 Health Survey, composto por oito domínios para avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde. O domínio “limitações aspectos físicos” foi o que apresentou menor escore e o melhor escore foi observado no domínio “dor”. Poucos são os estudos que utilizaram questionários direcionados a indivíduos amputados para verificação da qualidade de vida relacionada à saúde. A utilização de instrumentos não validados e não padronizados impossibilita a comparação dos resultados, põe em risco a fidedignidade da pesquisa e dificulta a reprodutibilidade do estudo. Mesmo assim, há um consenso de que a amputação de membros inferiores está associada a uma pior qualidade de vida relacionada à saúde.

Palavras-chave: Amputação, Amputados, Qualidade de vida, Reabilitação.

AbstractAmputation is the surgical removal of all or part of a member due to defects, vascular diseases, infections or injuries, and 71-88% are in lower limbs. The generated functional disabilities can interfere in working capacity and individual independence, with consequences on quality of life related to health. Thus, this study evaluated the quality of life related to health of adult lower limb amputees in attendance at the Clinic of Orthopedics and Traumatology Hospital de Base in São José do Rio Preto. To this end, we selected four females and six males aged 20-70 years who responded to the Medical Outcomes Study Short-Form 36 Health Survey, consisting of eight domains to assess health quality of life. The domain "the physical limitations" showed the lowest score and the best score was observed in the field "pain." There are few studies using questionnaires directed to amputees for checking the quality of life related to health. The use of instruments not validated and not standardized makes to compare results impossible and undermines the reliability of the research and complicates the reproducibility of the study. Even so, there is a consensus that lower limb amputation is associated with a worse quality of life in health aspects.

Key-words: amputation, amputees, quality of life, rehabilitation.

1 . Introdução precisa sobre o número de amputações anualmente, mas cerca de 90% são amputações

A amputação é a perda total ou parcial de de membro inferior (PAIVA e GOELLNER, 2008).um membro, geralmente é relacionada com O s n í v e i s d e a m p u t a ç õ e s d e mutilação, incapacidade e dependência. As extremidades inferiores podem ser designados amputações podem ter indicações eletivas, como como amputação “maior”, que é da parte proximal malformações, doenças, infecções ou traumas. A do pé, perna (abaixo do joelho), coxa (acima do etiologia que predomina são as doenças joelho) e desarticulação do quadril; e a “menor” vasculares, que acometem homens e mulheres são restritas aos dedos dos pés ou à parte anterior acima de 60 anos. A amputação de membro do pé (ASSUMPÇÃO et al, 2009).superior é menos freqüente do que a de membro As amputações são referidas como inferior, variando de 71 a 88% dos casos primárias ou secundárias e uni ou bilateral. A (BARAÚNA et al, 2006; CASSEFO et al, 2003; amputação primária é definida como amputação NUNES et al, 2006). de um segmento do membro inferior, sem que

Nos EUA, 160.000 indivíduos por ano existam antecedentes de procedimentos de sofrem amputações, sendo a maioria a remoção amputação ou de revascularização. A amputação de um membro inferior. A prevalência de secundária é definida pela presença de quaisquer amputação de membros superiores é de 1,7% em procedimentos prévios, como trombólise, relação à de membros inferiores nos países angioplastia, ou quando há outra amputação no industrializados. As causas para as amputações mesmo membro (SPICHLER et al, 2004).são diversas, como deformidades congênitas, A maior incidência de amputados na faixa insuficiência vascular, tumores ou devido a etária de 50 a 75 anos está relacionada à doença acidentes de trabalho, guerra, traumas vascular, com ou sem diabetes. Em jovens esportivos, rodoviários ou de lazer (MARSHALL adultos está com mais frequência relacionada a et al, 1992). No Brasil não há uma estatística traumas e suas seqüelas. Já, em crianças as

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amputações mais frequentes nos membros na vida familiar, amorosa, social, ambiental e a inferiores são as congênitas em 60% dos casos própria estética. O grupo de qualidade de vida da (SAMPOL, 1997). Organização Mundial da Saúde (OMS) define-a

Uma das causas de amputação de como a “percepção do indivíduo de sua posição membros inferiores são as úlceras crônicas em na vida, no contexto da cultura e sistemas de indivíduos diabéticos, estes apresentam um risco valores nos quais vive e em relação aos seus quinze vezes maior de amputação do que os que o b j e t i v o s , e x p e c t a t i v a s , p a d r õ e s e não diabéticos. Indivíduos diabéticos tabagistas preocupações" (WHOOQOL GROUP, 1994).apresentam um risco maior de amputação de A incapacidade adquirida, como uma extremidades inferiores, devido ao tabaco atuar doença, afeta o equilíbrio psicodinâmico do na etiologia das vasculopatias periféricas indivíduo em relação ao meio. O sujeito (NUNES et al, 2006; GAMBA et al, 2003). confronta-se com uma situação nova e diferente,

Amputações de extremidades inferiores capaz de limitar o desempenho das suas são 15 vezes mais frequentes na população obrigações sociais, profissionais e familiares; diabética com baixo nível socioeconômico, com resultando em conflitos psíquicos, envolvendo a condições inadequadas de higiene e pouco capacidade de lidar com as perdas físicas, acesso aos serviços de saúde básicos. E cerca funcionais e a percepção dos processos de 85% das amputações de extremidades relacionados (MARSHALL et al, 1992).inferiores são precedidas por ulcerações em A protetização do membro residual ou indivíduos diabéticos (ASSUMPÇÃO et al, 2009). coto, tem impacto positivo na QVRS destes

Em 2004 Leite e colaboradores pacientes por oferecer uma imagem corporal realizaram um estudo retrospectivo referente a normal. Embora grande parte desta população amputações maiores de membros inferiores utilize prótese, aproximadamente 57% desta realizadas pelo Serviço de Cirurgia do Hospital população não está satisfeita com seu conforto, Nossa Senhora da Conceição da Cidade de Rio pois seu uso causa surgimento de feridas, Grande do Sul, contaram com os dados de 312 erupções cutâneas, devido a falta de habilidade pacientes, sendo 78,1% com amputação para colocar a prótese e a persistência da dor unilateral e 21,9% com amputação bilateral. fantasma (HAGBERG e BRANEMARK, 2008; Destas 238 foram realizadas acima do joelho, 74 LIMA et al, 2006).abaixo do joelho, sendo 72,9% de amputações O instrumento genérico mais utilizado primárias. para avaliar a QVRS é o Item Short Form Health

O indivíduo que sofre amputação tem Survey (SF 36), de fácil administração e dificuldade em aceitar psicologicamente o coto, entendimento, que foi desenvolvido para ser devido à alteração de sua imagem corporal. A aplicado entre 10-12 minutos. É formado por 36 reintegração de sua imagem depende de aceitar itens, englobados em oito escalas, divididos em a deficiência física para integrar funções de um aspecto físico (capacidade funcional, aspectos membro mecânico (SCHOPPEN et al, 2003). físicos, dor e estado geral de saúde) e mental

A lgumas compl icações após a (saúde mental, aspectos emocionais, aspectos amputação podem ocorrer, tais como, sociais e vitalidade). Apresenta um escore final de deformidade em flexão, irregularidades ósseas, 0 a 100, no qual zero corresponde ao pior estado excesso de partes moles, cicatrização geral de saúde e 100 ao melhor estado de saúde inadequada, neuromas dolorosos, complicações (CHAMLIAN e MELO, 2008, CICONELI et al, cutâneas ou comprometimento vascular, o que 1999).leva à incapacidade e redução nos níveis de Justifica-se este trabalho a necessidade qualidade de vida relacionada à saúde - QVRS de conhecer a qualidade de vida relacionada à (PASTRE et al, 2005). saúde no indivíduo portador de amputação de

Os indivíduos que passam por uma membro inferior.amputação de membro devem se ajustar psicologicamente à deficiência física, que pode 2. Objetivoser potencialmente incapacitante e afetar as condições de saúde e bem-estar. As respostas Avaliar a qualidade de vida relacionada à psicológicas à amputação são complexas e saúde (QVRS) de adultos amputados de parecem estar associadas fortemente com membros inferiores, em atendimento no ajustamento psicológico em longo prazo Ambulatório de Fisioterapia Músculo-Esquelética (REZENDE et al, 2007). do Hospital de Base de São José do Rio Preto

As incapacidades funcionais geradas HB/FAMERP.pelas amputações de membros inferiores podem desestruturar o indivíduo, interferindo na 3. Casuística e Métodocapacidade laborativa, na independência e habilidade para realizar as tarefas essenciais à Após a aprovação do comitê de ética e pesquisa vida e sociabilização, com consequências na (CEP) da Faculdade de Medicina de São José do QVRS (REZENDE et al, 2007). Rio Preto, foram selecionados 10 indivíduos de

Qualidade de vida é entendida como a ambos os sexos, quatro (40%) do sexo feminino e noção humana aproximada ao grau de satisfação seis (60%) do sexo masculino com idade entre 20

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a 70 anos, submetidos à amputação de tratamento, funcionamento social, saúde mental, extremidades inferiores que estavam em desenvolvimento espiritual ou existencial, valores atendimento no Ambulatório de Fisioterapia culturais, segurança do ambiente, amor, Músculo-Esquelética do HB-FAMERP, no mês de liberdade, felicidade, satisfação, entre outros. Já, março de 2010. a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) Os critérios de exclusão incluíram os participantes avalia os efeitos que as doenças e os tratamentos que apresentaram déficit cognitivo, que não têm sobre a vida diária e a satisfação pessoal compreenderam ou se negaram a responder o (LOPES, CICONELLI e REIS, 2007).questionário, ou aqueles que apresentaram Nas últimas décadas, a qualidade de vida alguma moléstia crônica que causasse prejuízo à relacionada à saúde, capacidade funcional, qualidade de vida relacionada à saúde. escalas de dor e satisfação têm sido enfatizados,

Em um primeiro contato com a pois possibilitam avaliar a situação da saúde e as pesquisadora, os participantes que preencheram manifestações da doença na vida do indivíduo em os critérios de inclusão e exclusão, e que sua própria perspectiva, complementando os aceitaram participar foram informados sobre o dados clínicos, já que este é um indicador teor da pesquisa. Um termo de consentimento escasso para avaliação de aspectos funcionais, livre e pós-esclarecimento (APÊNDICE) foi sociais e emocionais (LOPES, CICONELLI e explanado sobre o interesse voluntário de sua REIS, 2007).participação no estudo, da liberdade de Nossa amostra consistiu de seis interrompê-la a qualquer momento, dos pacientes (60%) do sexo masculino, e quatro do procedimentos a serem realizados e do uso sexo feminino (40%), com média de idade de 45 confidencial das informações obtidas. Casos de anos. Destes, oito (80%) haviam sofrido não consentimentos em nada prejudicaram os amputação unilateral, 90% do tipo transfemural, pacientes. seguido da transtibial (10%).

Aqueles que concordaram em colaborar Neste estudo foi utilizado o questionário com a pesquisa responderam um questionário de genérico Short-Form 36 (SF-36), mais avaliação de qualidade da vida (ANEXO), para tal comumente utilizado na literatura ortopédica. A receberam as orientações acerca do mesmo, desvantagem deste tipo de questionário é o fato podendo tirar a qualquer momento suas dúvidas. de não poder detectar mudanças em aspectos

Foi utilizado o questionário Medical específicos. Em contrapartida, é suficientemente Outcome Study Short-Form 36 Health Survey - preciso para análises de grupos sobre o aspecto SF-36 (MCHORNEY et al, 1993), em sua versão geral de saúde, o que permite comparações de brasileira (CICONELI et al, 1999). Composto por um grupo com um modelo populacional ou entre 36 ítens que avaliam as seguintes dimensões: diferentes enfermidades (LOPES, CICONELLI e capacidade funcional (desempenho das REIS, 2007).atividades diárias, como capacidade de auto- Na avaliação do questionário SF-36 a cuidado, vestir-se, tomar banho e subir escadas); capacidade funcional (CF) avaliada em cada aspectos físicos (impacto da saúde física no indivíduo apresentou escore mínimo de zero em desempenho das atividades diárias e ou dois indivíduos (20%) e máximo de 75 (setenta e profissionais); dor (nível de dor e o impacto no cinco) em apenas um indivíduo (10%). O domínio desempenho das atividades diárias e ou limitação por aspectos físicos (LAF), apresentou profissionais); estado geral de saúde (percepção mínimo de zero com seis indivíduos (60%) e subjetiva do estado geral de saúde); vitalidade máximo de 50 (cinquenta) em dois indivíduos (percepção subjetiva do estado de saúde); (20%)e a avaliação da dor mostrou-se tolerante aspectos sociais (reflexo da condição de saúde pois apresentou o mínimo de 11 (onze) em física nas atividades sociais); aspectos apenas um indivíduo e máximo de 100 (cem) em emocionais (reflexo das condições emocionais no cinco indivíduos (50%).desempenho das atividades diárias e ou O estado geral de saúde apresentou profissionais) e saúde mental (escala de humor e mínimo de 22 (vinte e dois) em apenas um bem-estar). indivíduo e máximo de 100 (cem) em quatro

Após a coleta dos dados foi pontuado o indivíduos (40%) enquanto a vitalidade dos score de cada domínio de todos os indivíduos e indivíduos apresentou o mínimo de cinco e realizada a média dos valores dos mesmos. Os máximo de 100 (cem). Já o domínio aspectos resultados foram mostrados em escores de 0 a sociais (AS) apresentou mínimo de zero em um 100, no qual zero corresponde ao pior estado indivíduo (10%) e máximo de 100 (cem) em três geral de saúde e 100 ao melhor estado de saúde. indivíduos (30%).

Nas limitações por aspectos emocionais (LAE) o escore mínimo obtido foi de zero em cinco

4. Resultados e Discussão indivíduos (50%) e a máximo de 100 (cem) em quatro indivíduos (40%) e a avaliação da saúde

A qualidade de vida (QV) é um conceito mental o mínimo apresentado foi de 28 (vinte e multidimensional que abrange vários domínios, oito) em dois indivíduos (20%) e o máximo de 100 motivações ou indicadores sociais, como posição (cem) em apenas um (10%) indivíduo.funcional, doenças e sintomas relacionados ao Dos oito domínios do questionário SF-36,

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o domínio limitações por aspectos físicos (LAF) Poucos são os estudos que utilizaram foi o que apresentou menor média de escore, questionários direcionados a indivíduos seguido do domínio capacidade funcional (CF). O amputados para verificação da QVRS. A que apresentou melhor média de escore foi o utilização de instrumentos não validados e não domínio dor, seguido do domínio estado geral da padronizados impossibilita a comparação dos saúde (EGS), conforme figura 1. resultados, põe em risco a fidedignidade da

pesquisa e dificulta a reprodutibilidade do estudo. Mesmo assim, há um consenso de que a amputação de membros inferiores está associada a uma pior QVRS.

6. Conclusão

Há na literatura vários artigos que analisam a funcionalidade de pacientes amputados, independentemente do nível de amputação, porém há escassez de estudos que avaliam a qualidade de vida relacionada à saúde. A avaliação da QVRS deve ser incorporada à

Ao comparar o estado geral de saúde avaliação clínica uma vez que a amputação atual com há um ano, 40% dos pacientes repercute nas diversas dimensões da vida dos relataram-na como quase a mesma coisa do que mesmos.há um ano, 20% como muito melhor agora do que Não existe um consenso na literatura há um ano, 10% como um pouco melhor agora do sobre qual (is) instrumento (s) devem ser utilizado que há um ano e 30% como muito pior agora do para avaliar a QVRS destes indivíduos. Desta que há um ano. forma, estudos futuros devem ser direcionados

Em 2007, Correia e colaboradores para a padronização de instrumentos de QVRS a realizaram um estudo para avaliar a QVRS e a estes indivíduos.independência funcional de pacientes amputados de membro inferior protetizados e não Referências bibliográficasprotetizados, os achados nos domínios capacidade funcional e vitalidade do SF-36 foram ASSUMPÇÃO, E. C; PITTA, G. B; MACEDO, A.C. significantemente maiores no grupo de pacientes L; MENDONÇA, G. B; ALBUQUERQUE, L. C. A; protetizados, inferindo que a protetização tem LYRA, L. C. B;TIMBÓ, R. M; BUARQUE, T. L. L. impacto positivo na qualidade de vida relacionada Comparação dos fatores de risco para à saúde destes pacientes. amputações maiores e menores em pacientes

Em outro estudo real izado por diabéticos de um Programa de Saúde da Família. Hernández e colaboradores em 2000, mostrou Jornal Vascular Brasileiro, v. 8, n. 2, 2009.que a QVRS de pacientes com isquemia crítica BARAÚNA, M. A; DUARTE, F; SANCHEZ, H. M; das ex t remidades in fer io res melhora CANTO, R. S. T; MALUSÁ, S; SILVA, C; SILVA, V. independente do tratamento efetuado ser a R. A. Avaliação do equilíbrio estático em amputação, a revascularização ou o tratamento indivíduos amputados de membros inferiores conservador, mostrando não haver relação direta através da biofotogrametria computadorizada. entre a diminuição da QVRS com ao tratamento Revista Brasileira de Fisioterapia, v.10, n.1, de amputação. p.83-90, 2006.

Diogo em 2003 avaliou 40 idosos de CASSEFO, V; NACARATTO, D. C; CHAMLIAN, ambos os sexos que foram submetidos a T. R. Perfil epidemiológico dos pacientes amputação acima dos maléolos há pelo menos amputados do Lar Escola São Francisco estudo um ano, os achados mostraram que os comparativo de 3 períodos diferentes. Revista participantes têm elevado nível de satisfação Acta fisiátrica, v.10, n.2, p. 67-71, 2003.global com a vida, mas não houve relação CICONELLI, R. M; FERRAZ, M. B; SANTOS, W; significante com a capacidade funcional. MEINÃO, I; QUARESMA, M. R. Tradução para a

Em 2009, Zidarov e colaboradores, língua portuguesa e validação do questionário avaliaram a QVRS de amputados de membros genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 inferiores durante o processo de reabilitação e (Brasil SF-36). Revista Brasileira de durante três meses após a alta. Em seus Reumatologia, v. 39, n. 3, Mai/Jun 1999. resultados, a QVRS apresentou forte relação com GAMBA, M. A; GOTLIEBB, S. L. D; a satisfação ao uso da prótese, já a dor fantasma BERGAMASCHIB, D. P; VIANNA, L. A. C. e os fatores psicossociais (como a imagem Amputações de extremidades inferiores por corporal) foram inversamente proporcionais a diabetes mellitus: estudo caso-controle. Jornal uma QVRS satisfatória. Assim, concluíram que a Vascular Brasileiro, v. 03, n.03, 2004.QV destas pessoas tem índices elevados e HAGBERG, K; BRÅNEMARK, R. One hundred permaneceram relativamente estáveis durante a pat ients t reated wi th osseointegrated reabilitação e os três meses posteriores a alta. t r a n s f e m o r a l a m p u t a t i o n p r o s t h e s e s

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Introdução invés de apresentar uma fachada externa de uma atitude, ao mesmo tempo em que deve manter

A proposta da atitude profissional na outra atitude em um nível mais profundo. Ser intervenção pedagógica que vem a seguir, no genuíno também envolve a disposição para ser e processo de aprendizagem do treinamento e expressar, em suas palavras e em seu competição no futebol, é baseada na abordagem comportamento, os vários sentimentos e rogeriana referente ao relacionamento treinador- atitudes. atleta. Ou seja, por entender que nessa relação Apenas dessa mane i ra que o não apenas são emitidos e assimilados relacionamento pode ser real, e a realidade conhecimentos específicos aos aspectos técnico, parece ser profundamente importante como uma tático e físico do futebol, mas também na maneira primeira condição. É somente ao apresentar a de como lidar com situações pertinentes à vida do realidade em mim que está em mim, que a outra atleta, e do próprio treinador, tanto dentro quanto pessoa, nesse caso o atleta, pode procurar pela fora de campo, considerando também o realidade em si com êxito. Isto é verdade mesmo comportamento de outros envolvidos na quando as atitudes que o treinador sinta não são modalidade. Isso é mencionado, exatamente por atitudes com as quais está satisfeito, ou atitudes acreditar que essa relação requer a necessidade que parecem pertinentes a uma boa relação. de uma consideração pedagógica pertinente. Assim, parece ser extremamente importante ser

Conforme Rogers, nenhuma abordagem real. que se baseie no conhecimento, na aceitação de Outra condição, que quanto mais algo que é ensinado, se mostra útil. É possível aceitação e apreço o treinador sente com relação explicar uma pessoa a si mesma, prescrever ao atleta, mais estará criando uma relação que pessoas que devem conduzi-la para frente, poderá utilizar. Por aceitação, quer dizer uma treiná-la em conhecimentos sobre um modo de consideração afetuosa por ele enquanto uma vida mais satisfatório. Tais métodos mostram-se pessoa de valorização própria incondicional de através da experiência nas relações humanas valor, independente de sua condição, de seu como fúteis e inconseqüentes. O máximo que se comportamento ou de seus sentimentos, pois o pode alcançar é alguma mudança temporária, atleta tem seus próprios sentimentos à sua que logo desaparece, deixando o indivíduo mais própria maneira. Também, a relação é do que nunca convencido de sua inadequação. A significativa na medida em que o treinador sente mudança parece surgir por meio da experiência um desejo contínuo de compreender, aprender e em uma relação. treinar - uma empatia sensível com cada um dos

Assim, quanto mais o treinador conseguir sentimentos e comunicações dos atletas como ser genuíno na relação, mais útil esta será. Isso lhes parecem no momento. A aceitação não significa que o treinador deve estar consciente de significa muito até que envolva a compreensão.seus próprios sentimentos, o mais que puder, ao Se aceito a outra pessoa como alguma

APRENDIZAGEM CENTRADA NO ATLETA DE FUTEBOL:TREINAMENTO ATRAVÉS DA ABORDAGEM ROGERIANA

Claudinei Chelles

Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo

Resumo: A metodologia do treinamento do futebol consiste em apresentar meios para desenvolver o estado de aptidão para que ocorra a aprendizagem dos atletas, sendo que o treinador tem participação significativa nessa ação. Porém, na prática muitas vezes o treinador é desprovido de uma proposta pedagógica embasada na noção das relações interpessoais. Por isso, o objetivo desse artigo é apresentar uma proposta com baseamento na abordagem rogeriana, aqui adaptada ao futebol, para indicar formas de aprendizagem significativas, não apenas física, mas também que levam às mudanças positivas de comportamento para tornar o atleta mais autônomo e humano.

Palavras-Chave: Carl Rogers, Futebol, Relações Interpessoais.

THE LEARNING CENTERED IN THE ATHLETE OF SOCCER:TRAINING THROUGH THE ROGERS APPROACH

Abstract: The methodology of training in the soccer consists present means to develop the fitness state so that it happens the athletes' learning, and the trainer has significant participation in that action. However, in practice a lot of times the coach is without a pedagogic proposal based in the understanding of the interpersonal relationships. Therefore, the objective of that article is to present a proposal with base in the approach of Rogers, here adapted to the soccer, to indicate significant learning forms, not just physics, but also that become to the positive changes of behavior to turn the athlete most autonomous and humane.

Key-words: Carl Rogers, Soccer, Interpersonal relationships.

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coisa definida, já diagnosticada e classificada, já é livre para se tornar no cristalizada pelo seu passado, estou assim contribuindo para confirmar essa hipótese limitada. Se a aceito num processo de se tornar quem é, nesse caso estou fazendo o que posso confirmar ou tornar real às suas potencialidades.

Ao ouvir com maior atenção os uma coisa chamada liberdade.sentimentos interiores, com menos espírito de A natureza humana é fundamentalmente avaliação e mais de aceitação de si, encaminha- digna de confiança: torna-se evidente que outra se também para uma maior congruência. impl icação da perspect iva que estou Descobre que é possível abandonar a fachada apresentando é que a natureza profunda do ser atrás da qual se escondia uma maneira mais humano, quando funciona livremente, é aberta do que realmente é. À medida que essas construtiva e merecedora de confiança. Quando transformações vão se surgindo, torna-se mais conseguimos libertar o individuo da sua atitude de consciente de si, aceita-se melhor, adota uma defesa, de modo a que ele se abra ao vasto atitude menos defensiva e mais aberta, descobre campo das suas próprias necessidades bem que afinal é livre para se modificar e para crescer como ao campo igualmente vasto das exigências nas direções naturais do humano. do meio e da sociedade, podemos confiar que

Congruência: para que a aprendizagem suas reações serão positivas, progressivas e tenha êxito, é necessário que o treinador seja, na construtivas. relação, uma pessoa unificada, integrada ou Não precisamos perguntar quem o congruente. Ou seja, ele deve ser na relação socializará, pois uma das suas próprias exatamente aquilo que é não um papel ou uma necessidades mais profundas é a de associar e de ficção. Para Rogers o termo “congruência” é se comunicar com os outros. À medida que o usado para designar essa combinação precisa da individuo se torna mais plenamente ele mesmo, vivência com a consciência. Quando o treinador torna-se igualmente socializado de maneira mais está completa e precisamente consciente do que realista. Não precisamos perguntar quem está vivenciando num determinado momento da controlará seus impulsos agressivos; à medida relação, então ele é plenamente congruente. que se for tornando mais aberto a todos os seus

Quanto menos congruência existir, impulsos, sua necessidade de ser querido pelos menos probabilidades existem de ocorrer uma outros e sua tendência para oferecer serão tão aprend izagem s ign i f i ca t i va , o que é fortes como os impulsos de violência ou de imprescindível no treinamento. ataque. Quanto mais o atleta percebe o treinador como O individuo será agressivo em situações uma pessoa verdadeira ou autêntica, capaz de onde a agressão seja realmente adequada, e no empatia, tendo para com ele uma consideração futebol surgem oportunidades freqüentes, mas o incondicional, mais ele se afastará de um modo de atleta não sentirá uma necessidade desordenada funcionamento estático, fixo, insensível e de agressão. O seu comportamento total, nestes impessoal, e se encaminhará no sentido de um e noutros campos, como se dirige sempre para a funcionamento marcado por uma experiência abertura à experiência, será mais equilibrado e fluida, em mudança e plenamente receptiva dos realista, comportamento que é adequado à sentimentos pessoais diferenciados. A sobrevivência e ao desenvolvimento social.conseqüência desse movimento é uma alteração Rogers procura ainda dar uma outra na personalidade e no comportamento no sentido definição desse tipo de aprendizagem, da maturidade psicológica e de relações mais descrevendo dessa vez o que ela não é. É um tipo realistas para com o eu, os outros e o mundo de aprendizagem que não pode ser ensinada. A circundante. sua essência é este aspecto de autodescoberta.

O indivíduo é mais capaz de experimentar O “conhecimento”, tal como estamos habituados todos os seus sentimentos e tem menos receio a concebê-lo, pode ser ensinado de uma pessoa deles; ele é seu próprio crivo diante dos fatos e para outra desde que ambas tenham motivação e mostra-se mais aberto aos fatos que provêm de capacidade adequadas. O ensino destruiria a outras fontes; mergulha completamente no aprendizagem. O treinador poderia ensinar a um processo de ser e de se tornar o que é, atleta que, para ele, é seguro ser ele próprio, que descobrindo então que é um ser social de modo realizar livremente seus sentimentos não é profundo e realista; vive de um modo mais perigoso, etc. quanto mais lhe ensinasse isto, completo o momento, mas aprende que é sempre menos ele aprenderia de uma forma significativa, essa a maneira mais saudável de viver. O experiencial e auto-apropriável. O máximo que indivíduo torna-se um alguém que funciona mais uma pessoa pode fazer por outra é criar plenamente e, devido à consciência de si mesmo determinadas condições que tornam possível que corre livremente na e através da sua essa forma de aprendizagem. A pessoa não pode experiência, torna-se uma pessoa mais plena. ser obrigada.

Algumas das experiências subjetivas Outra condição é o treinador sentir uma mais intensas são aquelas em que o atleta sente calorosa preocupação pelo seu atleta uma dentro de si mesmo o poder nítido da escolha. Ele preocupação que não é possessiva, que

que é ou para se esconder atrás de uma fachada; para progredir ou para retroceder; para seguir por caminhos que o destroem ou que destroem os outros, ou caminhos que o enriquecem; ele é literalmente livre para viver. Caso contrário, não pode haver

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não exige qualquer gratificação pessoal. É que o treinador precisa confiar basicamente na simplesmente uma atmosfera que demonstra: tendência auto-realizadora de seus atletas. A “Eu me preocupo”; e não “Eu me preocupo com hipótese de que partiria é de que os atletas que você se comportar desta ou daquela maneira”. É estão em contato real com os problemas da vida empregado frequentemente o termo “aceitação” procuram aprender, desejam crescer e descobrir, para descrever esse aspecto do clima didático. esperam dominar e querem criar. A função do Ele implica que se deve aceitar tanto as treinador consistiria no desenvolvimento de uma expressões negativas do atleta, os sentimentos relação pessoal com seus atletas e de um clima “maus”, de desgosto, de medo ou de nos treinos que permitissem a realização natural anormalidade, como as suas expressões de dessas tendências. E, se dermos valor à sentimentos “bons”, positivos, maduros, independência, se nos sentirmos incomodados confiantes e sociais. A aceitação implica que se p e l a c r e s c e n t e c o n f o r m i d a d e d o s veja o atleta como uma pessoa independente, conhecimentos, dos valores e das atitudes a que permitindo-lhe experimentar os seus próprios o nosso sistema conduz, então talvez queiramos sentimentos e descobrir o que a sua experiência estabelecer condições de aprendizagem que significa. É na medida em que o treinador pode favoreçam a originalidade, a autonomia e o garantir esse clima de segurança e de espírito de auto-iniciativa na aquisição da consideração positiva incondicional que pode aprendizagem.surgir no atleta uma aprendizagem significativa Verifica-se que, num longo prazo, o para uma transformação positiva. indivíduo encontra satisfação em se expressar

Também é necessária à aprendizagem com a pessoa que se relaciona. Os atletas no treinamento é que o treinador experimente descobrem que, à medida que se exprimem de uma compreensão empática do mundo do atleta, modo mais livre, à medida que fazem como se fosse visto do interior. Captar o mundo corresponder mais intimamente o caráter particular do atleta como se fosse o seu próprio superficial das relações, podem renunciar a mundo, mas sem nunca esquecer esse caráter de certas atitudes defensivas em ouvir e ser ouvido “como se” é isso a empatia, que surge como na relação com outro, nesse caso o treinador. essencial no processo de aprendizagem no Começam muitas vezes a compreender a treinamento. Quando o mundo do atleta é claro reciprocidade na interação interpessoal.para o treinador, que nele se movimenta à Muitas vezes, uma situação problemática vontade, nesse caso ele pode comunicar sua apresenta-se como um caso único que compreensão do que é claramente conhecido transcende as categorias da teoria e da técnica pelo atleta e pode igualmente exprimir existentes, o profissional não pode tratá-lo como significados da experiência do atleta de que este um problema instrumental a ser resolvido pela dificilmente tem consciência. aplicação de uma das regras de seu estoque de

conhecimento profissional. O caso não está no O processo de aprendizagem no treinamento manual. Se ele quiser tratá-lo de forma

competente, deve fazê-lo através de um tipo de A experiência ensina que, quando essas improvisação, inventando e testando estratégias

condições existem, ocorre inevitavelmente um situacionais que ele próprio produz.processo de alteração. As percepções rígidas de Não é através de soluções técnicas para si mesmo e dos outros, por parte do atleta, os problemas que convertemos situações distendem-se e abrem-se à realidade. As formas problemáticas em problemas bem-definidos; ao rígidas com que ele construía o sentido da sua contrário, é através da designação e da experiência são analisadas, e ele se descobre concepção que a solução técnica de problemas questionando muitos dos “fatos” da sua vida, torna-se possível. Os profissionais competentes descobrindo que são “fatos” unicamente porque devem não apenas resolver problemas técnicos, ele assim o considerou. Descobre sentimentos de através da seleção dos meios apropriados para que não tinha consciência e experimentou-os, fins claros e consistentes em si, mas devem muitas vezes de uma maneira viva, durante a também conciliar, integrar e escolher apreciações relação didática. Aprende desse modo a estar conflitantes de uma situação, de modo a construir mais aberto à sua experiência tanto no que lhe é um problema coerente, que valha a pena interior como exterior. O atleta aprende a ser mais resolver. a sua experiência, a ser os seus sentimentos, O atleta deve ser estimulado a dar uma tanto os sentimentos que considerava temíveis chance para a sugestão do seu treinador, como mais aceitáveis. Torna-se uma pessoa mais experimentando sua proposta, acreditando que flexível, mais modificável, mais capaz de há uma intenção apropriada para tentativa de aprender. resolução de problemas ou desenvolvimento

Assim, fica evidente que a descrição do pessoal. Porém, o atleta tem que ter treinamento tem uma importante implicação para “desconfiança” que aquilo, não necessariamente a educação e é tarefa do treinador criar um clima seja uma verdade absoluta. Pois, o treinador, nos treinos que facilite a ocorrência de uma também é um ser em evolução e não é dono de aprendizagem significativa. verdades absolutas. Mesmo que ele tenha

O motivo fundamental fica bem evidente conhecimentos e experiências a mais. Assim, o

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próprio treinador deve mencionar isso antes de centered approach. Education, Winter, 1979.iniciar os primeiros passos de sua jornada na ____________. Um jeito de ser. Tradução: tarefa do processo ensino e aprendizagem dentro Maria Cristina Machado Kupfer, Heloisa Lebrão, da metodologia do treinamento no futebol. E, Yone Sousa Patto. Editora Pedagógica reforçar constantemente essa colocação. Já o Universitária Ltda, São Paulo, 1983.treinador deve ser aberto a renovações de _____________. Tornar-se pessoa. Tradução: conceitos, partindo de suas reflexões que surgem Manuel José do Carmo Ferreira e Alvamar na convivência. Esse processo é uma via de mão Lamparelli. Revisão Técnica: Claudia Berliner. dupla. 5ª. Edição. Editora Martins Fontes, São Paulo,

1997. Considerações finais

Schon, D.A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a Muitas vezes, uma situação problemática aprendizagem. Tradução: Roberto Cataldo apresenta-se como um caso único. E porque o Costa Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.caso único transcende as categorias da teoria e

da técnica existentes, o profissional não pode tratá-lo como um problema instrumental a ser resolvido pela aplicação de uma das regras de seu estoque de conhecimento profissional. O caso não está no manual. Se ele quiser tratá-lo de forma competente, deve fazê-lo através de um tipo de improvisação, inventando e testando estratégias situacionais que ele próprio produz. Por isso, para o treinador é importante analisar o treinamento como algo não tão linear, começando por entender a lidar com os atletas.

Os profissionais competentes devem não apenas resolver problemas técnicos, através da seleção dos meios apropriados para fins claros e consistentes em si, mas devem também conciliar, integrar e escolher apreciações conflitantes de uma situação, de modo a construir um problema coerente, que valha a pena resolver.

Portanto, não basta que o treinador esteja preparado para ter boa atuação dentro de campo. É preciso, no mesmo nível, a presença de treinadores que repudiem a indiferença e o preconceito, que questionem o individualismo, que expressem a sua afetividade e desenvolvam sua sensibilidade e se sintam responsáveis por uma metodologia com atuação mais justa e humana, que venha a contemplar os diferentes discursos, falas e atos, em direção a uma intervenção ativa. Sobretudo que venha a construir um projeto humanista para o futebol. Pois, o treino/competição necessita de transformações através de estratégias pedagógicas e epistemológicas no lidar do conhecimento.

Referências Bibliográficas

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____________. A research program in client-centered therapy. Science, psychology and communication. Columbia University, p.312-324, 1972.

____________. Foundations of the person-

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Introdução ROMERO, 2004, entre outros). Na tentativa de reconstruir experiências excluídas, várias áreas

O propósito principal do trabalho foi do saber têm socializado o conhecimento analisar as percepções e práticas das produzido tendo em conta o gênero como masculinidades na Educação Física Infantil. Com categoria de análise.base nas leituras e resultados obtidos, Na Educação Física e nos esportes, os pretendemos, com este estudo, apresentar um estudos de gênero ainda estão em fase de contributo no meio acadêmico e assim, iniciar construção, conforme revelaram os resultados de uma discussão ao alcance de propostas pesquisa com o propósito de mapear a produção centradas na construção social da masculinidade de gênero no âmbito da Motricidade Humana na esfera da Educação Física Infantil. (ROMERO e et. al., 2003 e ROMERO, 2007).

A literatura aponta que os estudos de Nesse sentido, ao compreender o gênero gênero têm se mostrado como um campo como ca tegor ia cons t i tu ída soc ia l e multidisciplinar, com uma pluralidade de historicamente em meio às relações de poder, influências (SAFFIOTTI, 1987; SCOTT, 1995; estamos assumindo o caráter plural das LOURO, 1995; 1997; CONNELL, 1995; masculinidades e feminilidades. Além disso, esta ALMEIDA, 1996; ALMEIDA, 2000; ROMERO, concepção de gênero engendrada em relações 2003 e 2007; PEREIRA, 2002; PEREIRA e de poder permite que possamos ampliar os

O MASCULINO NA EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL: DISCURSOS E IMAGENS

Erik Giuseppe Barbosa PereiraEscola de Educação Física e Desportos UFRJ

Grupo de Pesquisa em Esporte, Corpo e sociedade (GECOS) da EEFD/UFRJ

LABCOESO - Laboratório em pesquisa do Corpo, Esporte e SociedadeResumoO Objetivo principal do estudo foi analisar as percepções e práticas das masculinidades nas aulas de Educação Física na Educação Infantil. O problema da pesquisa tem a seguinte indagação: Como se configuram as percepções e práticas das masculinidades nas aulas de Educação Física na Educação Infantil? A metodologia foi do tipo descritivo, de caráter etnográfico e natureza qualitativa. Toda amostra foi selecionada aleatoriamente e seus participantes foram: uma turma de 25 alunos de ambos os sexos, 4 responsáveis e 8 professores. Os instrumentos foram: entrevista semi-estruturada; observação participativa não estruturada na filmagem de uma dinâmica. Como técnica de análise de dados, utilizamos a análise de imagem (JOLY, 1996) e análise de discurso (LIMA, 1994). Os resultados encontrados foram quatro elementos nas falas e nas imagens fílmicas dos mesmos, a saber: a ousadia feminina versus a violência/poder masculina; os universos feminilizados versus universos masculinizados; os brinquedos feminilizados versus brinquedos masculinizados e; a família sexuada. De acordo com as inferências, podemos concluir que as relações de gênero no espaço escolar podem reproduzir estereótipos, preconceitos, resistências e até mesmo novos valores e atitudes que enaltecem visões dominantes entre homens e mulheres na sociedade atual. Essa problemática reflete também no universo das práticas corporais, mais especificamente na Educação Física escolar e para minimizar deve haver uma maior preocupação de estudiosos e professores com as relações de gênero nas atividades escolares, especialmente no espaço aberto da Educação Física, pois este propicia a liberdade de ação dos(as) alunos(as) e a conseqüente expressão de seu raciocínio lógico-crítico, pelo entendimento e exercício das regras e pela vivência plena de sua corporeidade e motricidade.

Palavras-chaves: Educação Física, Gênero, Masculinidades, Análise de Imagem e Análise de Discurso.

THE SOCIAL ARCHITECTURE OF MASCULINITIES: PERCEPTIONS AND PRATICE OF CHILDREN HYSICAL EDUCATION

AbstractThe main goal of this study was to analize the perceptions and pratice of the masculinities in physical education classes on children`s educations. The problem research´s has the next indagation: how to shape the perceptions and pratice of masculinities of physical education on childen´s education the methodology was a descriptive, ethnographic and qualitative. The entire sample was randomly selected and their participants was: a class with 25 students of both sexes, 4 responsables and 8 teachers. The instruments was: semi-structured interview; no strutured participatory observation of a dynamic. As a technique of data analysis, we used the image analysis (JOLY, 1996) and discourse analysis (LIMA, 1994). The results were four elements in speeches and film footage of them; namely: the daring female versus violence / male power; the feminized universes versus mascunized universes; feminized toys versus mascunized toys and; the sexual family. According to the inferences, we can conclude that gender relations at school can format stereotypes, prejudices, resistances and even new attitudes and values which underpin dominant views between men and women in today's society. This problem also reflects the universe of bodily practices, more specifically in school Physical Education and to minimize there should be greater concern of scholars and teachers with gender relations in school activities, especially in the open space of Education Physics, because it provides the freedom of action of the students and consequent expression of his logical-critical by understanding and pursuit of the rules and the complete realization of his corporeality and motor.

Keywords: Physical Education, Gender, Masculinities, Analysis Image and Discourse Analysis

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objetos de análise para problematizar como o turmas e os atores sociais; não deixando de a s p e c t o s o c i a l é g e n e r i f i c a d o . verificar se estes se adequavam à investigação. Conseqüentemente, faz-se um movimento de Aplicamos as entrevistas pessoalmente e, análise que foca também os processos que mediante a autorização, gravamos as respostas debatem sobre gênero, os saberes que que foram transcritas.constituem estes espaços sociais e educativos, tais como: a família, a escola e a infância e; como Procedimentos de análise de dadosestas concepções se articulam de forma a serem tomadas como 'verdades' (PEREIRA, 2002 e Como etapas de uma análise de imagem, PEREIRA e ROMERO, 2004). Joly (1996) nos propõe os seguintes passos:

O conceito de infância hoje decorre de 1) Observar os tipos de significantes plásticos, uma forma de organização da sociedade que icônicos e lingüísticos co-presentes na imagem;supõe proteção, manutenção física, suporte 2) Fazer com que a eles correspondam os afetivo por parte da família e ações socializadoras significados que lembram por convenção ou das demais instituições na inserção social dos Hábito; pequenos. 3) Observar o cruzamento destes diferentes tipos

Quem já deixou de ouvir frases como: de signos e os significados que emergem desse “homem não chora!”, “menino não brinca de roda!” cruzamento e; ou ainda “homem não dança!”! Nesses casos, é 4) Formular uma síntese desses diversos fundamental que se questione o modelo de significados, ou seja, uma versão plausível da eficiência que tem servido como parâmetro de mensagem implícita vinculada à imagem. referência às atividades ditas femininas ou Para analisar as falas dos responsáveis e masculinas. A partir do que foi exposto, a presente dos professores regentes, utilizaremos a proposta de investigação foi procurar resposta(s) estratégia metodológica da análise do discurso. para a seguinte indagação: Como se configuram Considerando que a estratégia deste estudo as percepções e práticas da masculinidade nas circunscreve-se sob a perspectiva de análise de aulas de Educação Física Infantil? discurso, pretendemos, na esteira de Lima

(1994), utilizar como mecanismos do processo de Metodologia análise de dados as seguintes etapas:

1) Descrição: “Retirada do discurso da fita cassete O estudo se caracterizou por ser de sem alterar uma única palavra [...]” (p.64);

caráter etnográfico e de natureza qualitativa. Os 2) Redução fenomenológica: atores sociais foram aqueles que representam

Na atribuição de significados às com efetividade a Educação Infantil, a saber: os unidades do discurso, o pesquisador alunos de ambos os sexos, os seus responsáveis, julga mais significativo determinadas seus professores regentes de classe e os unidades e as destaca do discurso para professores de Educação Física. análise. É a busca do essencial.

De acordo com o status do ator social, o Consiste na abstração das palavras e

instrumento empregado foi assim discriminado: 1- f r a s e s q u e f u n c i o n a m c o m o para os professores e os responsáveis pelas significadores existenciais. Isto é, frases crianças: entrevista semi-estruturada; 2- para as revelatórias. A este movimento que vai crianças, foi utilizado a observação participativa e das unidades de significado até a

estrutura existencial [...], é denominado o diário de campo (HAGUETTE, 1987). Foram redução fenomenológica (p. 64). também feitas filmagens com a decapturação e

transcrição das mesmas (JOLY, 1996).Reorganização das unidades: após a 2ª

etapa, “alguns discursos necessitam de uma Procedimentos de coletas de dadosreorganização das unidades, pois muitas delas convergem entre si, falam sobre o mesmo A princípio, oficializamos o estudo junto à assunto, ainda são convergências dentro do Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio próprio discurso” (p.64); de Janeiro a fim de a mesma autorizar o

Interpretação fenomenológica: passada desenvolvimento da pesquisa em uma de suas 10 a 3ª etapa, realizamos a “transformação das (dez) CRES Coordenadoria Regional de expressões cotidianas [...] numa linguagem Educação.adequada, com ênfase no fenômeno que está Após essa etapa, levamos o documento sendo investigado” (p. 64-5). para CRE e tão pronto autorizou o estudo. Assim

sorteamos a Escola onde seria feita a coleta de dados. Mesmo tendo a autorização da SME e da

APRESENTAÇÕES DE CENAS E FALAS DOS CRE, fizemos um contato preliminar com a PARTICIPANTESdireção da Escola para melhor deslocamento e

apoio nas imediações do universo escolar. Este CENÁRIO 1 A OUSADIA FEMININA VERSUS passo permitiu a análise das técnicas para a

A AGRESSÃO MASCULINArealização da investigação.No momento a seguir, sorteamos as

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pedido, mencionou que o menino gostava de brincar, entre outras coisas, com bonecos. Tivemos a curiosidade de saber que tipo de boneco, quando a mesma esclareceu que: Mãe Julia: “Boneco de luta. São os que ele mais gosta. Carrinho, agora caminhão, ele tem uma paixão muito grande por isso”.

CENÁRIO 2 - UNIVERSOS FEMINILIZADOS VERSUS UNIVERSOS MASCULINIZADOS

DESCRIÇÃO da cena 1: Uma menina, no espaço masculino, tudo indica que ousa pegar um brinquedo dos meninos, sob a vigilância permanente de meninos.

As Falas

À pergunta sobre quais as brincadeiras de menina uma das professoras respondentes falou: Professora Vera: “Ah brincadeira de menina é mais casinha, brincar de mãe, brincar de escola, telefonista, gostam de telefonar, conversar com amiga, brincam de mãe, a mãe

DESCRIÇÃO da cena 1: Quando a dinâmica começa, logo são conversando com a amiga, eles dramatizam isso construídos universos diferenciados: o feminino e o masculino.

direitinho”. Questionamos a uma das mães se o filho tinha As Falasamigos ou parentes do sexo feminino que brincasse com ele e a mãe prontamente Sobre os comportamentos de meninos e respondeu: meninas frente aos brinquedos considerados Mãe Julia : “Tem a Stefanny. Ela brinca de apropriados ao seu sexo, a opinião das carrinho, ele nunca gosta de brincar de boneca, professoras credita à cultura, como vemos na fala ela tem de brincar de carrinho, com a bola. Ela a seguir:acaba por ser a única menina, já sobressai o Mãe Maria Helena: “Brincadeira de menino é de machismo dele.” menino, brincadeira de menina é de menina,

senão acaba virando (...)”. No entanto seu ponto de vista não é compartilhado com outra mãe. Ela afirma não se importar com a escolha dos brinquedos de seu filho, conforme podemos observar seu depoimento:Mãe Julia: “(...) imagina menino brincar de carrinho vai ser homem, se tiver que ser gay vai ser! Então não tem esse negócio! Lógico que menino tem que brincar de carrinho, mas ele não tem isso, se ele brincar de boneca eu vou bater nele por isso? Não.”

DESCRIÇÃO da cena 2- No segundo momento, a mesma menina procura escamotear e, disfarçadamente, sai do espaço, sendo observada e, aparentemente ameaçada pelos atentos meninos

As Falas

Quando adentramos no assunto e indagamos se ao brincarem com as brincadeiras ou os jogos das meninas, se surgiam comentários em relação aos meninos por essa prática, a mesma professora completou: “Ás vezes, às vezes falam: 'Ah tia ! Vai virar mulher, ó. Tá brincando de boneca ... Ó tia! Fulano tá com a boneca, vai virar mulher, vai virar boiola.” Uma DESCRIÇÃO da cena 2: Na imagem percebemos, com exatidão, a

divisão de espaços sociais: meninos de um lado e meninas de outro das mães, falando sobre seu filho, a nosso lado.

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As Falas boneca não vai brincar de casinha; você é menina não vai jogar futebol. Os meninos não podem

Professora Vera: “Exatamente, é o que chorar tem que ser fortes.” Para nossa eu te falei também, já vem da família, a raiz; a curiosidade de saber o porquê dessa situação a família tem medo e já começa a direcionar o mãe assim se justifica: Mãe Julia: “[...] mas o pai menino para as atividades agressivas.” dele: 'que isso garoto, tá brincando de panelinha, Mãe Julia: “A avó dele fala: 'Ah, não pode brincar virou viado!' O pai dele é muito machista, eu não de boneca porque um vizinho também que ele tenho esse tipo de preconceito, eu acho que se brinca de boneca, viu Breno se brincar(sic) de você for sapatona vai ser sapatona, independente boneca vai virar gay.(...)” se você vai brincar de bola de gude ou de boneca

e se ele tiver que virar gay brincando de panelinha CENÁRIO 3- BRINQUEDOS FEMINILIZADOS ou de boneco (...)”. VERSUS BRINQUEDOS MASCULINIZADOS

Considerações finais

Este estudo destacou que os dados evidenciam a persistência determinante de normas, crenças, tabus, estereótipos e valores socioculturais que interferem na construção do corpo masculino. A pesquisa confirma que aspectos relacionados às “arquiteturas” das relações de gênero têm fundos socioculturais e históricas (SCOTT, 1995). Destarte, respondendo à questão norteadora da presente investigação somos levados a inferir que a Educação Física, ao que tudo indica, vem atuando como legitimadora e reprodutora de uma ideologia hegemônica, sexista, patriarcal e machista, sedimentando o

DESCRIÇÃO da cena 1: Em primeiro plano vemos meninos brincando “status quo”. Presenciamos, ainda, a influência do com máscara de super-herói. Enquanto, no fundo da imagem, as

paradigma biológico, do sexismo e de meninas se divertem com as “panelinhas” e bonecas.

estereótipos sexistas presentes nas imagens e nos discursos dos entrevistados, o que contribui As Falasno conjunto de mecanismos que auxiliam e reforçam a construção sociocultural e histórica Professora Vera: “Na maioria das vezes dos corpos; no caso presente o corpo masculino. eles diferenciam brincadeiras, brincadeiras de A discriminação e o preconceito sexual, portanto, menino e brincadeiras de menino. “Ah tia, eu to constituiu a ênfase maior em nossas análises. No brincando de super-herói e não é para brincar de que tange à percepção dos responsáveis e das super herói, é brincadeira de menino, ela quer professoras entrevistadas em relação à brigar, sai que você é menina, vai para lá com a discriminação de atividades físicas segundo o casinha, com a boneca. Sobre a possibilidade de sexo deduzimos que, para os entrevistados, seu filho brincar com as meninas de boneca uma existem alguns preconceitos concernentes à das mães revelou sua discordância: Mãe Maria prática de atividades físicas ditas femininas e que Helena: “Ah não! Não queria que ele brincasse sejam freqüentadas pelos homens. Isso nos leva disso não. Pode até brincar de comidinha, que é a crer que existe uma educação diferenciada que normal; (por)que mais tarde ele pode fazer os indivíduos do sexo masculino recebem e levam comida. Meu marido faz comida faz comida, aí à valorização de atitudes que condizem com o não tem problema algum. Agora...ele brincar de comportamento masculino esperado pela Barbie??? Nada a ver!” sociedade.

CENÁRIO 4 - A FAMÍLIA SEXUADAReferências Bibliográficas

Sobre a origem dos comportamentos e ALMEIDA, Maria Isabel. Masculino e feminino: atitude sexuados as docentes e os responsáveis tensão insolúvel, sociedade brasileira e pelas crianças da pesquisa responsabilizam a organização da subjetividade. Rio de Janeiro: família. No seu entendimento, e nesse espaço Rocco, 1996.que a hierarquia de gênero se estabelece.ALMEIDA, Marlíse. Dimensões da Professora Vera: “(...) eu to trabalhando masculinidade no Brasil. Cadernos do núcleo primavera, aí trabalho primavera, vou desenhar transdisciplinar de estudos de gênero- flores! Tem pai que reclama: 'Flor não é para você NUTEG. Niterói/RJ: EDUFF, v. 1, p.29-38, 2000.fazer não, ah vai ficar na escola fazendo CONNELL. Robert. Políticas da masculinidade. florzinha!', existe este tipo de atitude de pai com In: Educação e Realidade. Porto Alegre, vol. medo que isso desvirtue.” 20, n.º2, p. 184-206, jul./dez, 1995. Professora Simone: “. A família também reforça HAGUETTE, Teresa. Metodologia qualitativa isso, claro! Você é homem não vai brincar de

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na sociologia. Petropólis: Vozes, 1987. JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 1996. LIMA, Luiz Augusto. Capoeira angola: lição de vida na civilização brasileira. In: BICUDO, Maria Aparecida e ESPOSITO, Vitoria Helena (Orgs.): Pesquisa qualitativa em educação: um enfoque fenomenológico. Piracicaba: Ed. Unimep, 1994. p. 61-66. LOURO, Guacira. Produzindo sujeitos masculinos e cristãos. In: VEIGA-NETO (Org.): Crítica pós-estruturalista a educação. Porto Alegre: Sulina, 1995. p. 83-107. ______ Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1997. PEREIRA, E. G. B. A construção sociocultural do corpo masculino nos discursos de graduandos em educação física. Rio de Janeiro, 2002. 97 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Motricidade Humana). Universidade Castelo Branco. PEREIRA Erik G. B. e ROMERO, Elaine. “... para ser macho não pode negar fogo, tem que ser viril. Então não tem nada a ver com a dança”. Revista da Faced. Faculdade de Educação da UFBA. n. 8 - Salvador, 2004. p 139-155. ROMERO, Elaine; NEVES, Carlos G.; MARTINS, Simone C.; BRAZ, Irles M. A.; MOTTA, Alexandre F. A produção acadêmica e o estado da arte de gênero na educação física. In: II Conferência do Imaginário e das Representações Sociais em Educação Física, Esportes e Lazer. Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 2003. p. 88-94. ROMERO, Elaine. Inventory of Brazilian Physical Education Gender Studies. The FIEP Bulletin, Foz do Iguaçu, v. 77, n. 2, p. 658-661, 2007. SAFFIOTI, Heleieth. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, vol. 20, N.º2, p.71-99, jul./dez., 1995.

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ESTRESSE EM ATLETAS DE FUTSAL: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

¹Diego Francisco de Siqueira¹Denílson Roberto Campos Gomes

²Prof. M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti ³Prof. Dr. Afonso Antonio Machado

¹Discentes - UNIP - SÃO JOSÉ DO RIO PARDO-SPDocente - UNIP - SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SP

Coordenador do LEPESPE |IB | UNESP _ RIO CLARO- SP

ResumoO estresse pode ser encarado como uma das mais importantes fontes de crescimento humano, principalmente no contexto esportivo, já que é a partir dele que o atleta começa a solidificar sua carreira. Porém, quando o nível de estresse extravasa a capacidade de tolerância do indivíduo, ele pode gerar inúmeros distúrbios físicos e psicológicos. Neste sentido buscamos identificar o nível e os sintomas de estresse pré-competitivo de 73 atletas com idade entre 16 e 39 anos de 13 equipes diferentes, participantes da Copa DEC/Liga 2010 de Futsal, categoria adulto masculino e feminino, realizado na cidade de São José do Rio PardoSP. A coleta de dados aconteceu entre os dias 07 e 30 de janeiro de 2010. Como principais resultados, encontramos média de estresse de 2.27±0.73, e os seguintes sintomas: suar bastante (2.60), ficar agitado (2.91), beber muita água (2.58), ficar empolgado (3.06), não vê a hora de competir (2.93), ficar ansioso (2.75) e sentir-se mais responsável (3.04). O adequado manejo deste estresse parece fundamental na formação da carreira desportiva destes indivíduos, por isso o conhecimento em psicologia esportiva por parte do técnico ou do staff torna-se imprescindível. Palavras-chave: estresse, futsal, psicologia do esporte.

AbstractIt stress it can mainly be faced as one of the most important sources of human growth, in the sportive context, since it is from it that the athlete starts to make solid its career. However, when the level of stress extravase the capacity of tolerance of the individual, it can generate innumerable physical and psychological riots. In this direction we search to identify the level and the symptoms of stress daily pay-competitive of 73 athletes with age between 16 and 39 years of 13 different teams, participant of the Copa DEC/Liga 2010 of Futsal, masculine and feminine adult category, carried through in the city of São José do Rio Pardo. The collection of data happened between days 07 and 30 of January of 2010. As main results, we find average of stress of 2.27±0.73, and the following symptoms: to sweat sufficiently (2.60), to be agitated (2.91), to drink much water (2.58), to be livened up (3.06), does not see the hour to compete (2.93), to be anxious (2.75) and to feel itself more responsible (3.04). The adjusted handling of this stress seems basic in the formation of the porting career of these individuals; therefore the knowledge in sportive psychology on the part of the technician or the staff becomes essential. Key-words: stress, futsal, sport psychology.

Revisão de Literatura esta modalidade o status de uma das modalidades esportivas mais praticadas no país

O mundo desportivo tem sido marcado (HIROTA; TRAGUETTA; VERARDI, 2008).pela busca irrestrita de vitorias. Nesse contexto, a Atualmente, há inúmeros estudos sobre o psicologia do esporte e do exercício tem sido alvo esporte competitivo, porém, para que um atleta de discussão e debates, principalmente em alcance um desempenho satisfatório e com isso relação ao desempenho dos atletas nos faça parte de uma equipe competitiva é treinamentos e nas competições. E dentro desta necessário que ele tenha uma preparação abordagem podemos destacar o futsal, alvo de adequada e isso requer muito sacrifício. Em nosso estudo, como uma modalidade bastante qualquer que seja o esporte, uma boa atuação praticada em nosso país, que necessita de um pode garantir ao atleta o tão sonhado complexo sistema de treinamento, técnico, tático, reconhecimento de ser um dos melhores na sua físico e psicológico. modalidade. No futsal, não é diferente, pois há

O futsal brasileiro é um esporte que inúmeros atletas para um número de equipes conquistou seu espaço no meio esportivo bastante reduzido.mundial, se tornando o melhor futsal do mundo e Sabendo disso é de suma importância tendo o melhor atleta da modalidade. A idéia de que o atleta treine cada vez mais para melhorar o que nosso país é o pais do Futebol, possibilitou a seu desempenho e isso quer dizer que cada vez revelação de diversos talentos esportivos, e nos mais e le i rá conviver com si tuações atribuiu o quinto titulo mundial na modalidade. potencialmente geradoras de estresse (DE ROSE

Outra importante constatação é que em JR., 1998). grande parte das escolas brasileiras o futsal é a Estas situações podem levar o atleta a modalidade mais praticada e preferida, sendo aumentar ou diminuir o seu rendimento, isso quase uma unanimidade dentro das aulas de dependerá de como ele as absorve. Saber lidar Educação Física escolar. Tal situação confere a com tais situações é um dos atributos fundamen-

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tais para o atleta obter o desempenho desejado. concepção de que estresse que é primeiramente Para Nunomura, Teixera e Caruso (1999) um fenômeno negativo, que este sempre

a palavra estresse quer dizer pressão, insistência relacionado com perigos ou prejuízos. Entretanto e estar estressado, significa dizer que estar sob o estresse é necessário a vida para a pressão, ou estar sob ação de estímulos manutenção e aperfeiçoamento das capacidades insistentes. Para Coelho e Coelho (1999) mais func iona is , como a au to -p ro teção e importante que a preocupação com os efeitos do conhecimento dos seus próprios limites. Já para estresse em competição desportiva é a Brandão e Machado (2008), o desempenho desistência dos participantes e a rejeição de se esportivo depende da forma em que o atleta envolverem em qualquer atividade física futura.

interpreta os estressores, que por sua vez O ambiente competitivo também

influenciara o seu desempenho; a resposta ao apresenta inúmeros fatores estressantes para o

estressor pode ser tanto negativa quanta positiva, atleta, sendo que algumas estratégias podem

dependendo da percepção de ameaça, da auxiliar o atleta a lidar com o excesso de preocupação e do medo ou de uma reação ansiedade e tensão. Sendo assim, na pratica positiva e desafiadora, desejável ao processo de esportiva existem diversos fatores que competição.contribuem, e/ou dificultam o desempenho dos

Samulski (2002) pondera que a atletas. Dentre estes fatores, podemos destacar a concepção de estresse é compartilhada e motivação, a ansiedade, e o estresse pré-discutida entre diferentes autores, e refere-se à competitivo.desestabilização psicofísica ou perturbação do Para Weinberg e Gould (2001) o estresse

pode ser definido como um processo que ocorre equilíbrio entre pessoa e meio ambiente onde quando o individuo percebe um desequilíbrio vários aspectos podem fazer que determinados entre alguma demanda física ou psicológica e fatores gerem reações de estresse ou não. São seus recursos para encarar a demanda em uma eles: a estrutura de personalidade, a estrutura de atividade considerada importante. Para este motivação, a estrutura da atividade, a estrutura mesmo autor, o estresse não é apenas um da situação e a estrutura de grupo.estimulo ou uma resposta, mais sim o processo De Rose Jr. (2002) descreve ainda que pelo qual avaliamos e lidamos com as situações e como qualquer atividade do ser humano, o desafios do ambiente. Porém, muitas vezes o esporte também pode ser um potencial gerador estresse pode ser um importante aliado do atleta,

de estresse, se não for adequado as ajudando-o a prepará-lo para transpor barreiras

necessidades e potencialidades do praticante, mais difíceis de serem quebradas, dando a ele

principalmente se esse for despreparado e não recursos fisiológicos e psicológicos, pensando

estiver pronto para enfrentar situações assim podemos dizer que o estresse é um forte complicadas inerente ao processo competitivo. aliado no aumento do nível de ativação do atleta.Em conjunto com a descrição de diversos autores Para Cobra (2003) o estresse que podemos levar em consideração alguns aspectos costuma ser visto como grande vilão de nossa importantes onde podemos chamar de vida, nada mais é que a pressão imposta a cada extrínsecos, ou seja, a relação que o individuo vai um de nós no dia-a-dia. Em si, ele é altamente estabelecer com o meio ambiente, durante a positivo. É a mola que nos impele a fazer o que é prática esportiva. A torcida, os pais, o técnico, a necessário e nos coloca no melhor de nosso

desempenho nos momentos em que somos temperatura ambiente e a complexidade da tarefa exigidos. Esse estresse é natural ao organismo. É a ser realizada poderão aumentar ou diminuir o ele que nos faz agir diante de determinada nível de estresse, como o time adversário a ser situação, derramando estimulantes em nossa enfrentado. O desafio e um fator determinante corrente sanguínea. Esse processo de fabricação para o atleta. Portanto experiências anteriores de hormônios estimulantes, quem nos deixa de que o atleta tenha vivenciado poderão controlar o repente eufóricos ou capazes de não sentir dores nível de estresse que antecede a competição.em uma hora de risco, é altamente benéfico. Segundo este mesmo autor, no contexto

Para Myers (1999), o atleta ao ser esportivo, o estresse pode ser identificado a partir submetido a um quadro estressor, o corpo passa

de algumas causas: a complexidade da tarefa ser por reações adaptativas: na primeira se

maior que os recursos do atleta, a pressão experimenta uma reação de alarme pela ativação

exercida pelos adultos envolvidos no processo do sistema nervoso simpático; na segunda fase, a

competitivo, definição irreal de objetivos, resistência do corpo esta pronta para combater o comportamento dos adultos nas competições, desafio. Persistindo o estresse as reservas do um nível exagerado (pessoal e dos outros) em corpo se esgotam e causam a terceira fase: a relação ao desempenho e o treinamento e exaustão. especialização precoces.Machado (1997) relata ainda que o

Para McGrath (1970 apud Weinberg; estresse se manifesta como uma síndrome Gould, 2001), o estresse consiste de quatro especifica composta por todas as variações não estágios inter-relacionados: demanda ambiental, especificas provocada dentro de um sistema

biológico. Este autor afirma ainda que exista uma percepção da demanda, resposta ao estresse e

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conseqüências comportamentais. No primeiro situações de obrigação situações de conflito, estágio do processo de estresse algum tipo de situação de surpresa, situação de lesão (lesões demanda é imposto a um indivíduo. Esta no período competitivo), e situação de risco demanda pode ser física ou psicológica, tal como (presença de situações de alto risco no uma estudante de educação física ter que transcorrer da competição), e na fase pós-executar uma habilidade de voleibol recém- competitiva, cinco são as fontes de estresse: aprendida na frente de sua classe ou de seus pais situação de fracasso, situação de êxito, situação que a pressionam. O segundo estágio do de lesão (lesões ocorridas durante a competição processo de estresse é a percepção do indivíduo com reflexo nos desempenhos futuros), da demanda física ou psicológica. As pessoas não problemas na fase de recuperação e problemas percebem as demandas exatamente da mesma na fase de transição. forma. Por exemplo, duas alunas de oitava série Becker Jr. (2000) sugere ainda que o podem ver o fato de ter que demonstrar uma estresse age de forma diferenciada em cada habilidade de voleibol recém-aprendida na frente atleta, indicando que o estresse é apresentado da turma de forma bastante diferente. Tal em maior nível em atletas jovens, do sexo demanda também pode ser influenciada pelo feminino e com pouca experiência. Por isso, para nível de ansiedade-traço, já que as pessoas com este autor, propiciar aos atletas respaldo elevado traço de ansiedade tendem a perceber psicológico é tão importante quanto lhes fornecer mais situações como ameaçadoras, que pessoas uma alimentação balanceada e exercícios físicos. com baixo traço. Por essa razão, a ansiedade- Do mesmo modo que a técnica, a tática e o físico traço é uma influência importante no estágio 2 do são treinados, o fator psicológico pode influenciar processo de estresse. O terceiro estágio do no rendimento do atleta.processo de estresse são as respostas físicas e Contudo o que faz com que o atleta psicológicas do indivíduo frente à percepção da continue ou não no esporte é o seu grau de situação. Se a percepção da pessoa de um desempenho, ou seja, um atleta que tenha desequilíbrio entre demandas e sua capacidade passado por uma preparação física e psicológica de resposta a faz sentir-se ameaçada, o resultado bem estruturada possivelmente suportará todas será uma ansiedade-traço aumentada, trazendo as situações de um campeonato sejam elas de com ela preocupação (ansiedade-estado estresse ou não.cognitiva), ativação fisiológica aumentada Após esta breve revisão de literatura (ansiedade-estado somática) ou ambas. Outras passaremos a discutir os procedimentos reações, tais como alterações na concentração e metodológicos e os principais resultados tensão muscular aumentada, acompanham encontrados nesta pesquisa.elevada ansiedade-estado. O quarto estágio é o comportamento real do indivíduo sob estresse, no Procedimentos Metodológicos qual se um aluno se sentir excessivamente ameaçado e se sair mal na frente dos colegas, as Procurando atender nossos objetivos, outras crianças poderão rir; esta avaliação social investigamos por meio da aplicação da escala negativa se tornará uma demanda adicional sobre LSSPCI Lista de Sintomas de Estresse Pré-a criança. O processo de estresse, então, irá Competitivo (DE ROSE JR., 1998), 73 atletas (61 tornar-se um ciclo contínuo. homens e 12 mulheres) com idade entre 16 e 39

Para Ré, De Rose Jr. e Böhme (2004) e anos (20.7±4.1) e tempo médio de prática de 10,6 Stefanello (2004) independentemente do nível do (±5.2) de 13 equipes diferentes, participantes da atleta, o estresse é um dos fatores psicológicos Copa DEC/Liga 2010 de Futsal, categoria adulto mais frequentes no esporte competitivo, masculino e feminino, realizado na cidade de São colocando-o, inclusive, como um dos fatores José do Rio Pardo-SP. A coleta de dados determinantes para o desempenho. É importante aconteceu entre os dias 07 e 30 de janeiro de ressaltar que a compreensão da natureza e 2010. Posteriormente, os mesmos foram efeitos do estresse exige a consideração tabulados para que pudéssemos identificar o nível simultânea de outras variáveis psicológicas, e os sintomas de estresse pré-competitivo como autoconfiança e motivação, já que estas vivenciado por estes atletas. interferem diretamente no potencial que determinadas situações têm de provocar o Resultados e discussãoestresse e na maneira que os indivíduos lidam com o mesmo. Após tabularmos os dados pudemos

Samulski (2002) ao referir-se sobre as verificar que a média de estresse apresentado emoções na fase pré-competitiva descreve que, pelos atletas foi de 2.27±0.73. Dentro os nos momentos que antecedem a competição sintomas, aqueles que apresentaram maior nível podemos encontrar quatro fontes de estresse; de estresse foram: suar bastante (2.60), ficar situações de insegurança, situações de fracassar, agitado (2.91), beber muita água (2.58), ficar situações de competição e situações de risco empolgado (3.06), não vê a hora de competir (situações nas quais o atleta tem medo de se (2.93), ficar ansioso (2.75) e sentir-se mais lesionar). Já durante a competição são seis as responsável (3.04) (Figura 1). Estes dados são fontes de estresse; situações de perturbação, muito próximos aos encontrados por Zanetti,

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Kocian, Silva e Machado (2009) que ao investigarem 41 atletas, nesta mesma copa, mas no ano anterior, encontraram estresse médio de 2.35±0.66, e os seguintes sintomas: ficar agitado (2.95), ficar empolgado (2.90), beber muita água (2.83), sentir-se mais responsável (2.83), não vê a hora de competir (2.76) e suar bastante (2.73). Dentre os sintomas encontrados, o único que não foi destacado em 2009 e que apresentou em 2010 foi ficar ansioso.

Estes resultados também nos sugerem que apesar da população investigada neste trabalho ser maior que a de Zanetti, Kocian, Silva e Machado (2009), muitos atletas investigados por estes autores possivelmente também fizeram parte desta pequisa, o que pode apontar boa fidedignidade do instrumento e que os níveis e sintomas de estresse destes atletas, neste tipo de competição parecem manter-se os mesmos.

Hirota e Verardi (2006) ao analisarem atletas do sexo masculino, praticantes do futsal universitário, obtiveram media de 2.48, valor este, também muito próximo ao encontrado em nosso estudo. Já, De Rose Jr. (1998), ao investigar praticantes das modalidades voleibol e basquetebol, encontrou médias de 2.56 no sexo masculino e 2.86 no feminino no ambiente escolar. Já no clube, a média dos meninos ficou em 2.59 e das meninas 2.75.

Os sintomas de estresse encontrados parecem apontar ainda para a ansiedade pré-competitiva, tanto de cunho fisiológico (ansiedade somática), quanto cognitivo (ansiedade cognitiva).

Figura 1: Nível de estresse pré-competitivo

psicologia esportiva por parte do técnico ou do staff parece fundamental no adequado manejo do estresse vivenciado por estes atletas.

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É fundamental que saibamos que o Brasileira de Ciências e Movimento, v. 12, n. 4, estresse é inerente a qualquer atividade humana, p. 83-87, 2004.principalmente no momento esportivo, no qual, a SAMULSKI, D. M. Psicologia do esporte. São simples auto-avaliação ou avaliação de Paulo: Manole, 2002.desempenho por parte do espectador, bem como, STEFANELLO, J. Situações de estresse no a exigência da competição e do adversário vôlei de praia de alto rendimento: um estudo de podem desencadear processos estressantes. caso com uma dupla olímpica. Revista Porém, o estresse quando vivenciado em níveis Portuguesa Ciências do Desporte. v. 7, n. 2, p. adequados pode ajudar na transposição de 232-244, 2004.barreiras, tornando o atleta mais forte e mais WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos preparado para a prática esportiva. da psicologia do Esporte e do exercicio. 2. ed.

Neste sentido é necessário trabalharmos Porto Alegre: Artmed, 2001.os atletas para que os mesmos superem o ZANETTI, M. C.; KOCIAN, R. C.; SILVA, L. S.; estresse causado pelas compet ições, MACHADO, A. A. Nível e sintomas de estresse construindo um alto grau de resiliência, que será pré-competitivo em atletas de futsal. Coleção de extrema importância para o sucesso esportivo. Pesquisa em Educação Física. v. 8, n. 1, p. 149-Cabe lembrar que um bom conhecimento em 154, 2009.

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ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL

Marcelo Callegari Zanetti Afonso Antonio Machado

UNIP São José Do Rio Pardo

ResumoDúvida, incerteza, insegurança, são sentimentos que muitos atletas vivenciam no momento esportivo, principalmente antes da realização de uma partida. Todos estes sentimentos estão interrelacionados e podem ser classificados como estado de ansiedade. A ansiedade acompanha qualquer ser humano, mas, em atletas ela pode se tornar negativa ou positiva quando vivenciada adequadamente. Por isso investigamos o comportamento do nível de ansiedade estado durante três jogos de 13 atletas de futsal sub-21 masculino, da cidade de São José do Rio Pardo participante dos Jogos Regionais de 2009. Como principais resultados, encontramos níveis moderados de ansiedade cognitiva e somática, com pequenas variações de nível de partida para partida, no qual, a ansiedade cognitiva mais alta foi encontrada na estréia e a somática na partida de número três. Com estes resultados pudemos concluir que a ansiedade pode variar consideravelmente de partida para partida, mesmo dentro do mesmo campeonato, o que demonstra a necessidade de intervenções psicológicas diferentes em cada partida.

Palavras-chave: Ansiedade. Esporte. Desempenho.

AbstractDoubt, uncertainty, unreliability, are feelings that many athletes live deeply at the sportive moment, mainly before the accomplishment of a game. All these feelings are interrelations and can be classified as anxiety state. The anxiety are present any human being, but, in athlete it can become refusal or positive when lived deeply adequately. Therefore we investigate the behavior of the level of anxiety been during three games of 13 masculine's athletes of futsal, of the São José do Rio Pardo city participant of the Jogos Regionais of Atibaia. As main results, we find levels moderate of cognitive and somatic anxiety, with small variations of level of game for game, in which, the higher cognitive anxiety was found in the first game and the somatic at the last game. With these results we could conclude that the anxiety can vary considerably of game for game, exactly inside of the same championship, what it demonstrates the necessity of different psychological interventions in each game.

Key-words: Anxiety. Sport. Performance.

Revisão de Literatura destinados para a prática desta modalidade. Com a diminuição de locais para praticar futebol, a

Atualmente poderíamos arriscar que o utilização das quadras destinadas a jogos de Brasil é o país do futsal, impulsionado pela basquete e vôlei foi cada vez maior e ajudou no constatação que em grande parte das escolas surgimento do futebol de salão.brasileiras o futsal parece reinar absoluto, sendo Para este mesmo autor, a difusão do quase uma unanimidade dentro das aulas de futsal e de suas regras sempre teve o Brasil como Educação Física escolar. Tal situação confere a país norteador, o que nos faz muitas vezes esta modalidade o status de uma das confundir a evolução mundial do futsal com o modalidades esportivas mais praticadas no país, desenvolvimento deste esporte no Brasil. Desta o que ajudou a nos possibilitar a revelação de forma, pode-se fazer uma relação com o que diversos talentos nesta modalidade e o quinto ocorreu com o futebol mundial e o futebol inglês campeonato mundial da categoria. que caminharam juntos por algum tempo. No

Discorrendo um pouco sobre a história do entanto, no caso do futebol as amarras foram futsal, para Barbieri (2009) o futsal surgiu soltas mais rapidamente por causa da rápida vinculado ao futebol, sendo que os principais expansão. No futsal fica claro que o Brasil foi fundamentos desta prática desportiva advêm quem buscou legitimar e desenvolver este deste esporte, no qual este esporte sofreu uma esporte.adaptação do futebol para um espaço reduzido Por outro lado, ao falarmos de esporte é para que pudesse ser praticado em condições necessário que levemos em consideração as metereológicas desfavoráveis, já que o futebol consequências e implicações relativas a esta era praticado nas várzeas e dificilmente se prática, já que, para Hirota, Traguetta e Verardi conseguia jogar em períodos de chuva ou frio (2008) somente o desenvolvimento harmônico de intenso. A prática do futsal ganhou grande avanço todos os fatores determinantes do desempenho por estes motivos, sendo praticado em diferentes esportivo, possibilitará a obtenção do alto localidades. Com o advento escolar sua desempenho individual. Nesta perspectiva os popularização foi ainda maior. Convém destacar aspectos motores, sociais, afetivos, cognitivos, também que o amor e a tendência natural do físicos e psicológicos devem ser desenvolvidos brasileiro transferiram-se para o futsal. A em equilíbrio, possibilitando que a atleta possa urbanização é outro fator a ser considerado na desempenhar seu máximo rendimento.ascensão do futsal. Os avanços imobiliários Segundo Granell e Cervera (2003), a acabaram com alguns campos de futebol disposição do esportista para alcançar determi-

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nadas metas é conseqüência de um estado momentos que antecedem a competição, o atleta dinâmico caracterizado pelo nível alcançado por se encontra em estado de intensa carga psíquica. um atleta em relação à sua capacidade física e Este estado caracteriza-se, pela antecipação da psíquica, pelo grau de aperfeiçoamento e por competição, e consequentemente antecipa as suas capacidades de execução e domínio de oportunidades, riscos e consequências. Esta fase habilidades. Já, para Bompa (2002), durante o denominada de estado pré-competitivo, treinamento, o atleta reage a vários estímulos, frequentemente é acompanhada, de medo, alguns dos quais podem ser previstos com mais temor, insegurança e incerteza, sentimentos exatidão do que outros, com base na coleta de típicos de um grande nível de ansiedade.informações fisiológicas, biomecânicas, Ao estudarmos a questão da ansiedade, psicológicas, sociais e metodológicas, o que pudemos verificar que este é um tema ainda requer do treinador um instrumental científico bastante controverso. Para Weinberg e Gould para garantir que o processo de treinamento seja (2001) a ansiedade é um estado negativo ancorado em avaliações objetivas que meçam a caracterizado por nervosismo, preocupação e reação do atleta à qualidade e à carga dos apreensão, associado com agitação do corpo. Já exercícios, podendo-se, assim, planejar de modo para Cozzani, Machado Vieira e Nascimentoapropriado os futuros programas. Porém, o (1997), a ansiedade é um sentimento de treinamento esportivo não é um hábito da insegurança causado por uma expectativa de civil ização contemporânea, já que, na algum perigo, ameaça ou desafio existente. a n t i g u i d a d e c l á s s i c a t r e i n a v a - s e Porém, para Grünspun (1966), todos os seres sistematicamente para atividades militares ou humanos sofrem, desde o nascimento, de certo olímpicas. Já, atualmente, os atletas preparam- grau de ansiedade inevitável, que é capaz de se para atingir um objetivo específico, preparar o indivíduo para suportar a ansiedade melhorando as funções orgânicas e suas comum que a vida lhe causará nos anos habilidades e capacidades de trabalho, bem subsequentes. Para Viscott (1982) a ansiedade é como, desenvolver fortes traços psicológicos que o medo de perder algo, seja este real ou permitam com que os mesmos enfrentem tarefas imaginário, e seu grau dependerá da severidade árduas. da ameaça e da importância da perda para o

Já, em relação ao esporte competitivo indivíduo, ou seja, se o nível do valor atribuído à Gimeno, Buceta e Pérez-Llantada (2007) v i tór ia for mui to a l to , poderá e levar acreditam que seu principal objetivo é que os demasiadamente o nível de ansiedade.atletas rendam o máximo dentro de suas Segundo Gouvêa (1997), a ansiedade possibilidades, buscando conseguir uma está intimamente ligada ao comportamento motor medalha, bater um recorde, ganhar uma prova, e ao desempenho esportivo, sendo que por meio manter seu rendimento, ser conhecimento dela é possível avaliar a cognição, isto é, o internacionalmente, superar classificações de pensamento e o desempenho motor do atleta.anos anteriores, entre outros; geralmente Relacionando o desempenho motor com confrontando outros atletas e equipes esportivas. a ansiedade, Magill (1998) acredita que as tarefas

Ré, De Rose Jr. e Böhme (2004) de a l ta comp lex idade são me lhores acreditam ainda que desempenhadas com níveis baixos de

ansiedade, ao passo que tarefas menos complexas exigem níveis mais elevados para o ótimo desempenho. Como as habilidades esportivas apresentam diferentes níveis de complexidade, pode-se considerar que diferentes modalidades exigem níveis de ansiedade

desempenho físico, técnico e tático em situação distintos para o ótimo desempenho. Neste real de competição parece exercer forte influência sentido Oxendine (1970), acredita que níveis sob os aspectos psicológicos, que também elevados de ansiedade prejudicam o influem diretamente sob o desempenho físico, desempenho em comportamentos com alta técnico e tático. Portanto, o nível de desempenho demanda de precisão, ao passo que, para do atleta provavelmente será influenciado por comportamentos que não demandam precisão, experiências anteriores, motivação, ansiedade, mas sim velocidade e resistência muscular, níveis autoconfiança entre outros fatores, podendo de estado de ansiedade altos são mais efetivos.interferir decisivamente nas situações Para Ré (2008) o futsal se caracteriza causadoras de estresse e na maneira de lidar pela necessidade de execução de ações motoras com ele. em um contexto de elevada instabilidade e

imprevisibilidade, ou seja, são modalidades que exigem a execução de habilidades motoras abertas. As ações técnicas devem ocorrer em função das requisições momentâneas do jogo. Sendo assim, isoladamente, os diferentes fundamentos não são capazes de predizer a uma

Samulski (2002) considera ainda que nos interação entre as ações motoras coletivas e

, quanto mais importante for o evento, mais gerador de estresse e ansiedade ele será. Portanto, a disputa de uma final de campeonato é mais estressante do que um jogo normal da temporada, mas não se sabe se o tipo de competição é capaz de provocar situação semelhante em seus part ic ipantes. O

Parece que o estresse experimentado depende muito mais do valor dado pelo indivíduo à competição do que a competição propriamente d i t a , j á q u e o s m e l h o r e s a t l e t a s , comparativamente aos de menor sucesso, parecem vivenciar significativamente menos estresse.

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a capacidade de desempenho, pois existe uma Rio Pardo) de julho de 2009. Posteriormente, os interação entre as ações motoras coletivas e mesmos foram tabulados com o objetivo de individuais e o sistema de jogo. Ainda para este identificar os níveis médios de ansiedade pré-autor, os jogadores de futsal necessitam possuir competitiva cognitiva e somática apresentado elevada capacidade de velocidade e agilidade de pelos atletas durante os três jogos. Apesar do movimentos, além de excelente domínio espaço- instrumento também avaliar o nível de temporal, permitindo assim uma rápida

autoconfiança dos atletas, este quesito foi aceleração e mudança de direção, em espaços

descartado por não fazer parte do objetivo da reduzidos e compartilhados por adversários e pesquisa.companheiros de equipe. A proximidade dos

adversários faz com que as ações tenham que Resultados e discussãoocorrer de forma rápida e muitas vezes

inesperada, motivo pelo qual os movimentos automatizados e inflexíveis l imitam as Após tabularmos os dados verificamos possibilidades de desempenho. que o nível médio de ansiedade cognitiva e

Neste sentido podemos acreditar que o somática variou entre os jogos (Tabela e Figura rendimento ótimo no futsal possa ser obtido 1), apresentando considerável diminuição na quando os atletas apresentarem níveis ansiedade cognitiva do Jogo 1 para o 2 e do 2 para moderados de ansiedade, já que, este é um o 3. Já, o nível de ansiedade somática apresentou esporte com características de velocidade e

leve queda do Jogo 1 para o 2 e aumento grande resistência física e psicológica, mas

considerável do 2 para o 3. O maior nível de também de grande precisão e organização tática.ansiedade cognitiva encontrado foi no Jogo 1 Para Spielberger (1966) há dois tipos de (15,75), o que talvez possa ser explicado pelo fato ansiedade: estado de ansiedade e traço de do jogo de estréia causar sentimentos de ansiedade, no qual, o estado de ansiedade é insegurança e dúvida nos atletas, o que também caracterizado por sentimentos de apreensão e

tensão, acompanhados por ou associados à foi encontrado por Hernandez e Gomes (2002). ativação do sistema nervoso autônomo enquanto Tal situação remete a necessidade de se que traço de ansiedade é a predisposição do buscarem estratégias para diminuir ou atenuar os indivíduo a manifestar ansiedade. Liebert e Morris efeitos causados por este nível de ansiedade (1967) também dividiram a ansiedade em elevado na estréia. cognitiva e somática, no qual a ansiedade

Passada esta fase, a ansiedade cognitiva cognitiva estaria relacionada a pensamentos

apresentou menor nível, influenciado talvez pelas duvidosos, expectativas e auto-avaliação, já a

experiências positivas nos jogos subsequentes e ansiedade somática refere-se a auto-percepção também pelo fato dos atletas terem conhecido dos elementos fisiológicos, diarréias, aumento da previamente os adversários em ação com outras pressão arterial e de batimentos cardíacos, equipes. Já, o nível de ansiedade somática tensão muscular, perda do controle motor, apresentou leve diminuição do jogo 1 para o 2, tremedeira, suor na mão e palidez facial. Divisão

esta adotada tanto no instrumento desta talvez pelo fato da equipe estar classificada para a pesquisa, como na análise dos dados. próxima fase, cabendo apenas defender a

Sabedores das dúvidas e inquietações primeira posição do grupo. Já, o considerável causadas pela temática da ansiedade em atletas aumento no nível de ansiedade somática pode jovens procuramos investigar o comportamento ser explicado pelo fato do jogo 3 ser eliminatório e da mesma durante a realização de um

também ser contra uma grande equipe, que campeonato, bem como, propor alternativas que

apesar de não causar grandes dúvidas e permitam maior manejo desta emoção no cenário insegurança (ansiedade cognitiva), pode ter esportivo.causado alterações fisiológicas importantes (ansiedade somática).Procedimentos Metodológicos

Em trabalho de Freitas, Junior, Junior, Foram investigados por meio do CSAI-2 Kucera, Melo, Leão e Cunha (2009), os

(Competitive State Anxiety Inventory 2), 13 momentos que antecedem a competição foram atletas com idade entre 16 e 21 anos (18.3±1.5) identificados como importantes, no que concerne da equipe de futsal sub-21 masculino, da cidade à ansiedade. Para estes autores esse fato foi de São José do Rio Pardo participante dos Jogos percebido nas afirmações sinto ansiedade Regionais de 2009, segunda divisão, realizado na enquanto espero o início do jogo (60,8%) e antes cidade de Atibaia-SP. Os atletas responderam o

de competir meu coração bate mais rápido que o instrumento aproximadamente uma hora antes

normal (53,4%). Porém ainda para estes autores, dos três primeiros jogos, sendo dois jogos embora alguns estudos confirmem tais relativos à fase de classificação e um jogo válido evidências, esse fenômeno necessita ser pelas quartas-de-final. Os dados foram coletados analisado de forma cautelosa, já que para nos dias 02 (Mogi Guaçu 0 x 4 São José do Rio Schmidt (1993), o desempenho depende de um Pardo), 03 (São José do Rio Pardo 4 x 4 São João

da Boa Vista) e 05 (Hortolândia 0 x 2 São José do nível ótimo de ansiedade.

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indivíduos do que a pressão para competir.É necessário também incutir nestes

jovens atletas e até mesmo em atletas adultos que a prática esportiva não deve ser encarada apenas como sofrimento, ódio ou frustração, mas s i m , c o m o u m m o m e n t o a l e g r i a e congraçamento. Quando ocorre esta mudança de visão, o esporte deixa de ser obrigação e torna-se uma verdadeira paixão. Ai...

Referências Bibliográficas

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conf iança, sa t is fação e aco lh imento . distinction and some initial data. Psychological Sentimentos estes presentes muitas vezes no Reports, v. 20, p. 975-978, 1967.início da prática esportiva, no qual, a paixão por MAGILL, R. Motor learning: concepts and jogar é maior e mais importante para estes applications. New York: McGraw-Hill, 1998.

Ansiedade Cognitiva

AnsiedadeSomática

Jogo 1 Jogo 2 Jogo 3

15,75

13,83

14,23

13,77

13,92

15,23

Tabela 1: Comportamento do nível de ansiedade cognitiva e somática.

Figura 1: Comportamento do nível de ansiedade cognitiva e somática.

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OXENDINE, J. B. Emotional arousal and motor performance. Quest. v. 13, p. 13-32, 1970.RÉ, A. H. N.; DE ROSE JR.; D.; BÖHME, M. T. S. Stress e nível competitivo: considerações sobre jovens praticantes de futsal. Revista Brasileira de Ciências e Movimento, v. 12, n. 4, p. 83-87, 2004.RÉ, A. N. Características do futebol e do futsal: implicações para o treinamento de adolescentes e adultos jovens. Lectures Educación Física y Deportes. n. 127, 2008. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd127/caracteristicas-do-futebol-e-do-futsal.htm> Acesso em 10 jan. 2010.SAMULSKI, D. M. Psicologia do esporte. São Paulo: Manole, 2002.Schmidt, R. A. Aprendizagem & performance motora: dos princípios à prática. São Paulo: Movimento, 1993.SPIELBERG, C. D. Anxiety and behavior. New York: Academic Press, 1966.VISCOTT. D. S. A Linguagem dos Sentimentos. São Paulo: Summus, 1982.WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Autores:

Prof. M.S. Marcelo Callegari ZanettiDocente da UNIP Campus de São José do Rio Pardo. Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psico logia do Espor te LEPESPE/I.B./UNESP Rio Claro. Coordenador das equipes de futsal do Departamento de Esportes e Cultura São José do Rio Pardo. Professor Efetivo da Rede Estadual de Ensino. Coordenador Geral da Academia Conexão Saúde.

Prof. Dr. Afonso Antonio MachadoDocente da UNESP Campus de Rio Claro. Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psico logia do Espor te LEPESPE/I.B./UNESP Rio Claro.

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Revisão de Literatura principalmente no que diz respeito aos aspectos técnicos, táticos (basicamente, a utilização

Para Klemt e Voser (2008), como esporte adequada dos espaços do campo) e físicos número 1 do mundo, as questões do futebol de (adaptação fisiológica dos deslocamentos curtos, campo sempre chamaram a atenção e interesse com pouco tempo de recuperação para de grande parte da população de inúmeros deslocamentos de maior distância e, com mais países. Desde a primeira conquista de um tempo de recuperação durante o jogo).campeonato mundial em 1958, o Brasil tornou-se Também não há como negar que o alvo da atenção especial dos meios futebolísticos futebol brasileiro pode ser considerado uns dos mundiais. Na sombra do Futebol de campo, o melhores do mundo, devido a seus cinco títulos futsal é hoje considerado um dos três esportes mundiais conquistados e pelo diversos talentos mais populares de nosso país. Nos últimos anos, revelados. No futsal a historia não é diferente, tem conquistado lugar de destaque entre os com seis títulos mundiais e jogadores esportes de quadra, sendo praticado por milhões mundialmente conhecidos como Ortiz, Manuel de pessoas em todos continentes; tanto como Tobias e Falcão, esse esporte parece crescer forma de lazer, quanto sob a forma de esporte m u i t o , t a n t o n a c i o n a l m e n t e q u a n t o competitivo. internacionalmente (KLEMT e VOSER, 2008).

Ainda para estes autores, a similaridade Outra questão que nos chama atenção é o entre o Futebol e o Futsal, aliado ao fato de não fato do futsal ser uma modalidade praticada por existir muitas opções de campos de várzea, têm grande parte da população brasileira, talvez direcionado as crianças e jovens a primeiramente devido à facilidade que oferece em relação a praticar o futsal em escolas e escolinhas condições estruturais para que seja praticado e esportivas para, que mais tarde, sejam com o conhecimento e negociações de vários encaminhadas ou convidadas a jogarem o futebol jogadores brasileiros para outros países também em clubes profissionais. Neste contexto, tem-se de destaque, demonstra como o esporte esta observado que muitos destes jovens, no difundindo mundialmente.momento desta mudança, geralmente do Futsal Trabalhada a questão do futsal, nosso para o Futebol, não conseguem se adaptar às olhar converge agora para as questões relativas à exigências que o novo ambiente exige; ansiedade. Neste sentido, para Grünspun(1966)

ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Denílson Roberto Campos Gomes, Diego Francisco de Siqueira,

Marcelo Callegari Zanetti Afonso Antonio Machado

UNIP | São José Do Rio PardoResumoUm dos temas mais estudados na Psicologia do Esporte é sem dúvida a ansiedade. Talvez pela influência desta emoção no rendimento esportivo, ou até pelas dúvidas que o mesmo ainda gera em relação aos seus malefícios e benefícios. Pensando nisso procuramos investigar o nível de ansiedade pré-competitiva de 73 atletas com idade entre 16 e 39 anos de 13 equipes diferentes, participantes da Copa DEC/Liga 2010 de Futsal, categoria adulto masculino e feminino, realizada na cidade de São José do Rio PardoSP. A coleta de dados aconteceu entre os dias 07 e 30 de janeiro de 2010. Posteriormente os dados foram tabulados para que pudéssemos identificar o nível médio de ansiedade cognitiva e somática apresentado por estes atletas. Como resultado os atletas apresentaram níveis médios de ansiedade, com a ansiedade cognitiva (17.5±5.8) apresentando-se pouco mais elevada que a somática (16.0±4.3). Estes resultados sugerem a necessidade de controle da ansiedade a fim de contribuir para a melhora do rendimento esportivo e saúde psicológica destes indivíduos.

Palavras-chave: ansiedade, futsal, psicologia do esporte.

AbstractOne of the studied subjects more in the Sport Psychology is without a doubt the anxiety. Perhaps for the influence of this emotion in the sportive income, or even for the doubts that the same still generate in relation to its curses and benefits. Thinking about this we look for to investigate the level of daily pay-competitive anxiety of 73 athletes with age between 16 and 39 years of 13 different teams, participant Copa DEC/Liga 2010 of Futsal, masculine and feminine adult category, carried through in the city of São José do Rio Pardo. The collection of data happened between days 07 and 30 of January of 2010. Later the data had been tabulated so that we could identify the average level of cognitive and somatic anxiety presented by these athletes. As result the athletes had presented average levels of anxiety, with the cognitive anxiety (17.5±5.8) presenting itself little more raised than the somatic one (16.0±4.3). These results suggest the necessity of control of the anxiety in order to contribute for the improvement of the sportive income and psychological health of these individuals

Key-words: anxiety, futsal, sport psychology.

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todo homem sofre, desde o nascimento de certo Porém, o estresse representa uma resposta do grau de ansiedade inevitável, que serve para organismo a uma série de estímulos, e quando o preparar o individuo para suportar a ansiedade mesmo atinge um grande nível ele dificulta a comum que a vida lhe causará no decorrer dos capacidade do atleta de lidar com as diversas anos. Já, para Viscott (1982) a ansiedade é o situações e problemas a ele impostos.medo de perder alguma coisa, e que esse medo Machado (1997) considera que o pode ser real ou imaginário. estresse se manifesta como uma síndrome

Machado (2006) aponta que a ansiedade é especifica composta por todas as variações não a resposta emocional determinada de um especificas, provocadas dentro de um sistema acontecimento, que pode ser agradável, biológico. Ainda para este autor, existe uma frustrante, ameaçador, entristecedor e cuja concepção de que o estresse é um fenômeno realização ou resultados depende não apenas da extremamente negativo, estando sempre própria pessoa, mas também de outros. Moraes relacionado com perigos ou prejuízos. Porém, (1990) afirma ainda que existe evidentemente muitas vezes o estresse pode ser um importante uma relação entre ansiedade e desempenho, e aliado do atleta, ajudando-o a prepará-lo para que esses parecem variar de acordo com vários transpor barreiras mais difíceis de serem outros fatores como tipo de esporte, dificuldade quebradas. De encontro com esta linha, para, da tarefa, traço de personalidade do atleta, Delignières (1991), há que se considerar que o a m b i e n t e , t o r c i d a . S a l i e n t a n d o , estresse é um forte aliado no aumento do nível de consequentemente, que técnicas de intervenção ativação do atleta. Para Hirota, Traguetta e podem ajudar os atletas a controlarem seus níveis Verardi (2008) o estresse é importante para a de ansiedade, contribuindo para um melhor manutenção e aperfeiçoamento das capacidades desempenho. funcionais, como a autoproteção e conhecimento

Para Weinberg e Gould (2001), pode dos seus próprios limites. haver inúmeras fontes específicas de estresse. De Rose Jr. (2002) acredita que como Acontecimentos importantes, tais como mudança qualquer atividade do ser humano, o esporte de emprego ou morte na família, bem como também pode ser um potencial gerador de aborrecimentos cotidianos, tais como uma pane estresse, se não for adequado às necessidades e no carro ou um problema com um colega de potencialidades do praticante, principalmente se trabalho podem causar estresse e afetar a saúde esse for despreparado e não estiver pronto para física e psicológica. Em atletas, os estressores enfrentar situações complicadas inerente ao incluem preocupação com o desempenho das processo competitivo.capacidades, custos financeiros e tempo Guzmán, Amar e Ferreras (1995) necessário para treinamento, inseguranças em acreditam que certamente, nas competições relação ao talento e aos relacionamentos ou desportistas, um alto nível de ansiedade é fator experiências traumáticas fora do esporte. Atletas interveniente no desempenho esportivo, já que a de elite lesionados também podem experimentar sintomatologia da ansiedade produz efeitos outras fontes de estresse psicológicas como negativos no rendimento do desportista como a medo e sonhos destruídos, físico, médico ou inibição de suas habilidades motrizes finas, a relacionados à reabilitação, financeiras e diminuição da capacidade de tomada de decisão. profissionais, juntamente com oportunidades Os sintomas que referem ser causados pela perdidas fora do esporte. Ainda para estes ansiedade podem ser tanto físicos como autores, o nível de estresse poderá ser psicológicos:influenciado pela importância dada ao evento, no Físicos: aceleração da pulsação por qual, quanto mais importante ele for, mais gerador minuto, aumento da pressão sangüínea, aumento de estresse e ansiedade ele será. A incerteza da tensão muscular, dificuldades respiratórias, também é uma importante fonte situacional de sudorese, enjôos náuseas e boca seca.estresse, já que quanto maior a incerteza ao qual P s i c o l ó g i c o s : d e s c o n f i a n ç a , o atleta for submetido, maior nível de estresse ele pensamentos negat ivos , p reocupação poderá experimentar. Alguns atletas também irritabilidade, dificuldades em estabelecer experimentam maior nível de estresse devido ao atenção, aumento de conflitos pessoais, seu nível de ansiedade, que poderá levar estes diminuição da capacidade de processar a indivíduos a creditar a um determinado evento informação, alterações de pensamento, incerteza e um alto grau de importância. diminuição do comportamento de autocontrole,

Segundo Lipoma, Corrado e Nuovo (2005) cansaço, insônia, dificuldades de relaxar, há um consenso de que os estados emocionais distração, preocupação e irritação.são de suma importância na busca pela Ao abordar as respostas psicofisiológicas excelência atlética, e para melhorar o rendimento da ansiedade, Frischknecht (1990) diz que atlético do ponto de vista emotivo-cognitivo é quando se está ansioso, os batimentos cardíacos necessária a aplicação de um programa de aumentam, se consome mais oxigênio, a pressão estratégia psicológica personalizada, que possa arterial aumenta, a respiração se torna mais ajudar o atleta na busca pela excelência esportiva rápida. Podem acontecer náuseas, delírio, secura e na redução do nível de estresse físico e da boca, sensação de cansaço, fraqueza, bocejo psicológico durante os treinamentos e jogos. frequente, começa-se a tremer ou a entrar em

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atividade nervosa como roer unhas, agitar as surge como uma reação defensiva.pernas, dificuldades de respirar e de dormir. Ainda segundo este autor, o esporte é uma

Para este mesmo autor, somente no pratica que as emoções estão presentes com mundo do desporto podemos encontrar uma muita intensidade, não só nos atletas, mas performance individual que é examinada por também em torcedores, podendo criar um inúmeras pessoas. O resultado dos atletas são ambiente acolhedor ou adverso para ambos, sempre julgados e avaliados por milhares de sendo que os processos emocionais podem pessoas nos locais de competição, por mais acompanhar, regular e apoiar a ação desportiva, milhares que assistem na televisão ou ouvem mas também podem perturbá-la ou impedi-la, pelo rádio. Com tantos recursos disponíveis alterando o estado de ansiedade. atualmente, as performances podem ser Segundo Junior, Vicentim e Crespilho repetidas, descritas, analisadas e criticadas pelos (2006) indivíduos com índice altos de ansiedade órgãos de imprensa, estabelecendo pressão tendem a apresentar desempenho ruim ao ser ainda maior sobre estes atletas, gerando mais e defrontarem com alguma situação estressante, mais ansiedade. ao contrario daquelas que apresentam níveis

Para Cratty (1973), a relação entre baixos de ansiedade. Neste sentido, os treinador e atleta é determinante no envolvimento indivíduos que se deparam com situações desportivo, pois ambos vivem situações de difíceis, durante uma competição como: torcida, estresse em situações óbvias. Contudo, o modo familiares e mídia podem apresentar: dificuldade pelo qual eles enfrentam este nível de estresse de concentração e baixo desempenho atlético.reflete o modo pelo qual cada um vai conseguir Para Viana (1989) e Damázio (1997) no lidar com as emoções e características controle da ansiedade no esporte, a literatura tem individuais do outro (treinador/atleta). Segundo apontado diversas estratégias, como por este mesmo autor, os atletas passam a maior exemplo, relaxamento, visualização no caso do parte do tempo pensando nos seus treinadores e excesso e exercícios de ativação de metas, no relembrando as frases ditas por eles, etc. Dentre caso de baixa ansiedade. Porém, não basta um muitas as qualidades que os atletas apreciam em treinador saber as estratégias de preparo físico e seus treinadores podemos destacar a técnico de seus atletas. Ele deve possuir também capacidade que eles têm de se organizar, motivar capacidades de ensinar-lhes a lidar com seus e manter uma postura calma. estímulos de estresse. Existem competências

Segundo Bertoldi (2007) em todos os psicológicas que o atleta deve aprender a esportes há muitas variáveis psicológicas como: dominar, para responder efetivamente às concentração, motivação, ansiedade e coesão de exigências da competição. Outra forma de grupo, que podem afetar no desempenho controle da ansiedade se dá através de jogos, individual e também grupal, sendo que o esporte pois, se o "Ego" é a expressão do princípio da é uma atividade pela qual se vivenciam as realidade que se desenvolve a partir do "real", o emoções com intensidade, levando a processos jogo seria um meio de descarregar impulsos emocionais que podem afetar a ação esportiva, agressivos, pouco aceitáveis pela sociedade. A implicando não só nas preparações físicas e visão psicanalítica freudiana enfoca o jogo como psicológicas dos atletas, mas também em suas uma forma de mecanismo de defesa do Ego relações humanas. contra a ansiedade frente às situações da vida

Já, para Machado (2006), um dos fatores cotidiana. Tal mecanismo de defesa pode vir que interferem, minutos antes da competição são através de fantasias, cujo aspecto simbólico as torcidas e a mídia podendo elevar muito o grau carrega a tentativa de lidar com a angústia de ansiedade e estresse do atleta, que acaba associada aos aspectos racionais.refletindo muito no desempenho. Ainda para este Após tecermos algumas considerações autor, a atuação do jogador está na dependência relativas ao futsal, a ansiedade e ao desempenho da avaliação dada pelo torcedor, pois o espor t i vo , passaremos a d iscu t i r os espectador apontará os defeitos e os acertos. A procedimentos metodológicos, resultados e suas torcida interfere no rendimento do atleta com respectivas discussões, bem como os críticas verbais ou insinuações sobre seu apontamentos finais do trabalho.rendimento de outras partidas e isso acaba confrontando com a sensibilidade do atleta em Procedimentos Metodológicos momento de concentração total, refletindo em um desempenho negativo. Foram investigados por meio do CSAI-2

No esporte a ansiedade précompetitiva (Competitive State Anxiety Inventory 2), 73 para estar sempre presente, algumas vezes atletas (61 homens e 12 mulheres) com idade agindo de forma positiva e outras negativa, na entre 16 e 39 anos (20.7±4.1) e tempo médio de maioria dos exemplos o negativo esta mais prática de 10,6 (±5.2) de 13 equipes diferentes, presente nos esportes pela pressão e cobrança participantes da Copa DEC/Liga 2010 de Futsal, dos atletas. Para Machado (2006) os fatores e categoria adulto masculino e feminino, realizado emoções negativas são influenciados pelo medo na cidade de São José do Rio PardoSP. A coleta de competir, no qual, na maioria das vezes esse de dados aconteceu entre os dias 07 e 30 de medo se torna crônico e o indivíduo entra numa janeiro de 2010. Posteriormente os dados foram situação de ansiedade generalizada e a raiva tabulados para que pudéssemos identificar o

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nível médio de ansiedade cognitiva e somática que permita auxiliar estes atletas a lidar com tais apresentado por estes atletas. Apesar do sentimentos.instrumento também avaliar o nível de Outra questão bastante importante é a autoconfiança dos atletas, este quesito foi necessidade de serem utilizadas estratégias descartado por não fazer parte do objetivo da antes dos jogos que permitam diminuir e adequar pesquisa. os níveis de ansiedade à prática esportiva em

questão, bem como, para um bom conforto Resultados e discussão psicológico, já que em competições amadoras a

alegria de competir deve superar qualquer medo Após tabularmos os dados verificamos ou frustração.

que os atletas apresentaram níveis médios de ansiedade, com a ansiedade cognitiva (17.5±5.8) Referências Bibliográficasapresentando-se pouco mais elevada que a somática (16.0±4.3). Zanetti, Kocian, Gouvea, BERTOLDI. R. Variáveis psicológicas que Gomes e Machado (2009) também encontraram interferem no desempenho esportivo. Ferretti níveis mais elevados de ansiedade cognitiva em Futsal. v. 1, 2007. Disponível em: atletas de futsal amadores, o que talvez possa ser <http://www.ferrettifutsal.com/Publica/Artigos/62explicado pelo fato destes indivíduos não terem 287620.html> Acesso em 15 jan. 2010.muito controle e manejo sobre pensamentos CRATTY, B. J. Psycology in Contemporary duvidosos, expectativas da competição e auto- Sport, Englewwod Cliffs: Prentice-Hall, 1973.avaliação de desempenho. Em trabalho de DAMÁZIO, W. A ansiedade no voleibol. 1997. Ferraz, Fernandes e Vieira (2004) sobre os níveis Trabalho de Conclusão de Curso - Instituto de de ansiedade no futsal competitivo, estes autores Biociências - Universidade Estadual Paulista, identificaram que a ansiedade cognitiva também Rio Claro, 1997.apresentou maiores valores, quando comparada DE ROSE JR., D. Esporte e atividade física na com a ansiedade somática, e que os atletas infância e adolescência: uma abordagem titulares apresentaram maiores preocupações multidisciplinar. São Paulo: Artmed, 2002.com o desempenho e resultado do jogo quando DELIGNIERES, D. Risque perçu et comparados com os jogadores reservas. apprentissage moteur. In: FAMOSE, J. P.;

Também cabe lembrar que a ansiedade Fleurance, P.; TOUCHARD, Y. (Eds.). não deve ser encarada apenas como um Apprentissage moteur: rôle des représentations. sentimento ruim, já que em níveis adequados ela Paris: EPS, p. 157-171, 1991.nos deixa em um estado ótimo de ativação e FERRAZ, C. C.; FERNANDES, S. L.; VIEIRA, L. contribui positivamente no desempenho F. Estudo da ansiedade estado em uma equipe esportivo. Porém, segundo Machado (2006), de futsal de alto - rendimento na cidade de quando ela extravasa os níveis ótimos para a Maringá-PR. Anais do VI Semana de Psicologia prática, ela pode se tornar bastante nociva, da UEM: Subjetividade e Arte, Maringá: 2004.levando algumas vezes à necessidade de fugir FRISCHKNECHT, P. J. A influência da daquele ambiente ou até mesmo contribuir para ansiedade no desempenho do atleta e do com a agressão do adversário, fato este treinador. Revista Treino Desportivo. v. 15. p. comumente visto em torneios e eventos 21-28, 1990.amadores. GRÜNSPUN, H.. Distúrbios Neuróticos da

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esportivo é necessário considerarmos que estes Psicología del Deporte, v. 7, n.8, p.7-17, 1995.indivíduos muitas vezes necessitam trabalhar HIROTA, V. B.; TRAGUETA, V. A.; VERARDI, C. com diversos sentimentos e emoções inerentes a E. L. Nível de estresse competitivo em atletas atividade física e esportiva, sentimentos como: universitárias do sexo feminino praticantes do estresse, medo, vergonha, raiva, alegria, amor, futsal. Revista Conexões, v. 6, n. e., p. 493-paixão e também a ansiedade, que pode refletir 503, 2008.na ânsia para entrar em quadra e competir ou até JUNIOR, A. C. Q.; VICENTIM, J.; CRESPILHO, no desejo de fugir daquele jogo, quando o nível de D. Relações entre ansiedade e psicologia do ansiedade extrapola o tolerável e passa a ser esporte. Lectures Educación Física y desproporcional ao necessário para um Deportes, n. 98, 2006. Disponível em: adequado desempenho atlético. <http://www.efdeportes.com/efd98/ansied.htm>

É importante salientar que estes Acesso em 15 jan. 2010.sent imentos podem acometer a t le tas KLEMT, U. G.; VOSER, R. C. Futsal e Futebol profissionais e amadores. A diferença é que de campo parceiros ou adversários? muitas vezes, os atletas amadores não têm Inserido na Linha de Pesquisa Atividade suporte adequado para lidar com essas emoções, Física e Rendimento. Futsal Brasil, v. 1, 2008. daí a necessidade de ao menos o técnico possuir Disponível em: conhecimentos na área de Psicologia do Esporte <http://www.futsalbrasil.com.br/2008/artigos/artig

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Autores:

Prof. Denílson Roberto Campos Gomes

Discente da UNIP Campus de São José do Rio

Pardo. Professor de futsal no Departamento de

Esportes e Cultura São José do Rio Pardo.

Prof. Diego Francisco de Siqueira

Discente da UNIP Campus de São José do Rio

Pardo. Professor da Academia Conexão Saúde.

Prof. M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti

Docente da UNIP Campus de São José do Rio

Pardo. Membro do Laboratório de Estudos e

Pesquisas em Psicologia do Esporte

LEPESPE/I.B./UNESP Rio Claro. Coordenador

das equipes de futsal do Departamento de

Esportes e Cultura São José do Rio Pardo.

Professor Efetivo da Rede Estadual de Ensino.

Coordenador Geral da Academia Conexão

Saúde.

Prof. Dr. Afonso Antonio Machado

Docente da UNESP Campus de Rio Claro.

Coordenador do Laboratório de Estudos e

Pesquisas em Psicologia do Esporte

LEPESPE/I.B./UNESP Rio Claro.

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A SUPERSTIÇÃO E A COMPETIÇÃO ESPORTIVA ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO DE JOGADORAS DE HANDEBOL

Rafael Castro Kocian¹Ligia Lopes Rueda Kocian²

Rubens Venditti Junior¹

¹GEPPEM/CeCAES/IFSULDEMINAS (campus Muzambinho)²UNIP (campus São José do Rio Pardo)

ResumoO esporte nos dias atuais passou por muitas transformações e traz consigo uma forte luta pela vitória e consequentemente, para se chegar a esse objetivo, o aprimoramento das metodologias de treinamento, tático, técnico, físico e psicológico. Junto com esse movimento, que é baseado em pesquisas e produção de conhecimento, temos o fator superstição, que faz parte não somente da cultura brasileira, mas da cultura esportiva, fazendo com que muitas pessoas acreditem que somente a devoção e o apego a certas crenças resolvam os problemas de uma modalidade esportiva. O objetivo do presente trabalho foi verificar se as atletas escolares femininas, participantes das Olimpíadas Colegiais do Estado de São Paulo, possuem algum tipo de superstição para a prática esportiva e se acreditam que a superstição interfere no resultado final da partida. Trabalhamos com uma pesquisa do tipo qualitativa balizada pelas Ciências Humanas, como instrumento de coleta de dados utilizou-se um questionário aberto que continha um cabeçalho de identificação e três questões mistas, sendo possível assinalar as opções sim, não e às vezes. Nossos sujeitos eram atletas da categoria infantil, participantes da Final Estadual das OCESP (Olimpíadas Colegiais do Estado de São Paulo), que ocorreu no ano de 2009 na cidade de Jaboticabal-SP. Nossos sujeitos eram 14 meninas entre 14 e 17 anos praticantes de handebol. Encontramos que 64% acreditam em alguma superstição (sim ou as vezes), e 36% não acreditam nisso. Cerca de 50% acreditam que a superstição interfere no resultado final da partida (somando sim e as vezes), e que 100% dos treinadores dos sujeitos desenvolvem trabalhos com a psicologia do esporte, mas nenhum voltado diretamente para a parte de superstição. Podemos concluir que, dentro do universo pesquisado, uma parcela significativa das atletas acredita em superstição e que esta crença interfere no resultado final, sendo assim é de extrema importância o desenvolvimento de um trabalho voltado à psicologia do esporte.

Palavras chave: estados emocionais e movimento, esporte escolar, superstição.

THE SUPERSTITION AND SCHOOL SPORTS COMPETITION: A CASE STUDY OF HANDBALL PLAYERS

AbstractThe sport today has undergone many changes and brings a strong fight for victory and thus to achieve that goal, improvement of training methodologies, tactical, technical, physical and psychological. Along with this movement, which is based on research and knowledge production, we have the superstition factor, which is not only part of Brazilian culture, but culture of sport, causing many people to believe that only the devotion and attachment to certain beliefs resolve the problems of a sport. The aim of this study was to determine whether the female school athletes, participants in the Olympics Colleges of the State of São Paulo, have some kind of superstition for sports and believe that superstition interfere in the final outcome of the match. We work with a qualitative study mapped out by the Human Sciences, as an instrument of data collection used a questionnaire which contained an identification header and three mixed questions, and you can check the boxes yes, no and sometimes. Our subjects were athletes from the child category, participants of the final state of OCESP (Olympics Colleges of the State of São Paulo), which occurred in 2009 in the town of Jaboticabal. Our subjects were 14 girls between 14 and 17 years practicing handball. We found that 64% believe in any superstition (yes or sometimes), and 36% did not believe it. About 50% believe that superstition interfere in the final outcome of the game (and sometimes amounting yes), and that 100% of the subjects develop coaches work with the psychology of sport, but none directly back to the party of superstition. We can conclude that within the group studied, a significant proportion of athletes believe in superstition and belief that this interferes with the end result, so it is extremely important to develop a work focused on the psychology of sport.

Key words: emotional states and movement, school sport, superstition.

1. Introdução cotidiano, dentro e fora do esporte. A escolha da cor da roupa, o trajeto a ser feito, passar ou não

Ao recordarmos vários fatos de nossas passar embaixo de escadas, ter cuidado para não vidas, especialmente em eventos especiais, quebrar um espelho, etc., tudo isso são crendices verificamos que o fator superstição geralmente que fazem parte do senso comum. Vale realizar esta presente, por exemplo, durante a Copa do uma reflexão e um questionamento: será que isso Mundo de futebol muitas pessoas assistem aos não ocorre no esporte? Considerando que o jogos com a mesma roupa para “dar sorte”, na esporte possa ser uma representação da vida virada do ano optam por uma determinada cor de cotidiana é plausível que sim.roupa pois acreditam que algo relacionado ao uso O objetivo do presente trabalho foi da cor poderá acontecer. Essas situações podem verificar se as atletas femininas da modalidade ilustrar muito bem o intuito desse estudo e ajudar handebol, participantes das Olimpíadas Colegiais a refletir o que acontece em diversas situações do do Estado de São Paulo, possuem algum tipo de

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superstição para a prática esportiva e se Curiosamente esse momento que deveria ser de acreditam que a superstição interfere no reflexão a respeito da partida que esta por vir, resultado final da partida. O trabalho justifica-se acaba sendo um espaço de cerceamento da na premissa de que a superstição por parte das liberdade dos atletas e de práticas supersticiosas pessoas quer sejam participantes do esporte ou individuais e em grupo.não, é algo marcante na atual sociedade e que Daolio (2005) traz que para compreender merece uma atenção maior da comunidade esse fenômeno devemos estar centrados nas científica, uma vez que pouco se estudou sobre o c iênc ias humanas, espec ia lmente na fato e, de certa forma, é necessário produção de antropologia social, pois estudar o futebol e todas conceitos que ajude aos envolvidos diretamente as crenças a ele relacionadas é estudar o povo com o esporte, atletas, treinadores, etc., a ter uma brasileiro, uma vez que as histórias de ambos se proposta de trabalho em psicologia do esporte, confundem e se entrelaçam. Para o autor, as pensando no desenvolvimento desse tema expressões supersticiosas e religiosas estão atrelado ao rendimento esportivo. compreendidas da mesma maneira, uma vez que

muitas vezes buscam o mesmo sentido, trazer A superstição e o esporte sorte, proteção, bons fluídos, etc.

Em uma pesquisa realizada em 1993, Diversas histórias são contadas Jocimar Daolio constatou que muitos atletas

diariamente pelos noticiários de jornais, revistas, negavam ca tegor i camente que e ram rádio e televisão, mostrando que muitos atletas, supersticiosos, porém, no decorrer das treinadores, torcedores e outros participantes dos entrevistas realizadas e da observação do eventos esportivos têm algum tipo de superstição t raba lho , no tou que mu i tas p rá t i cas e acreditam que isso pode auxiliar com que a supersticiosas cercavam desde o treinamento até equipe ou o atleta que esteja em questão tenha os grandes jogos que esses atletas participavam. um resultado mais favorável. Dessa maneira o presente estudo buscou

Para Toledo (2002), a superstição é uma compreender a superstição focada nos atletas crença em algo que não se adequada a uma escolares, aqueles que em tese compõem a base lógica formal, racional ou científica e que esportiva nacional e que muitas vezes não normalmente se baseia em tradições populares conseguem ter a mesma metodologia de ou criações simbólicas individuais estabelecidas treinamentos como atletas profissionais, mas que e relacionadas com um acontecimento de buscam resultados expressivos, guardadas as sucesso ou fracasso, como por exemplo, o fato de proporções, assim como os atletas profissionais, um esportista utilizar sempre a mesma cor de ou seja, enquanto um profissional busca ser uma peça de roupa, ou então realizar sempre a campeão nacional da modalidade e não mede mesma oração antes da partida. Um bom esforços para isso, muitos escolares não medem exemplo prático é do ex-jogador e técnico de esforços para ganhar o campeonato municipal futebol, Mário Jorge Lobo Zagallo, o maior inter-escolas.campeão de futebol em Copas do Mundo, que sempre atrela o sucesso do seu trabalho ao 2. Métodosnúmero 13 e sempre tenta utilizar esse número nos jogos em que participa, seja na camiseta, seja Trabalhamos com uma pesquisa do tipo contando o número de letras dos nomes das qualitativa balizada pelas Ciências Humanas, equipes envolvidas, seja na data da partida, principalmente a Psicologia, Sociologia e número de entradas do estádio, etc. Filosofia. Como instrumento de coleta de dados,

Assim como Zagallo, diversos outros utilizamos um questionário aberto que continha atletas e treinadores possuem superstições e um cabeçalho de identificação e três questões crenças em forças sobrenaturais, alimentando mistas, sendo possível assinalar as opções sim, esperanças de que essas forças auxiliam no não e às vezes. desenvolvimento do trabalho esportivo. Nossos sujeitos eram atletas da Conforme a crença das pessoas a superstição categoria infantil, participantes da Final Estadual pode ser mais forte ou mais branda, o fato é que das OCESP (Olimpíadas Colegiais do Estado de de certa maneira para alguns atores do esporte São Paulo), que ocorreu no ano de 2009 na isso pode ser tão marcante e importante, quanto cidade de Jaboticabal-SP. Foi utilizado o Termo os treinos físicos, técnicos, táticos ou de Consentimento Livre e Esclarecido e garantido psicológicos. Segundo Daolio (1998), muitos sigilo absoluto aos dados pessoais das atletas, treinadores brasileiros são contraditórios, pois que ficaram no anonimato. Após coletadas as atribuem mais sucesso a superstição do que ao informações, os dados foram analisados, trabalho por ele desenvolvido, tecnicamente, tabulados, distribuídos graficamente e discutidos.fisicamente e taticamente. O cabeçalho era composto pela idade do

Para Kocian (2009), dentro do ambiente participante,e tempo de atuação na modalidade de concentração esportiva encontramos muitas handebol. As questões trabalhadas no vezes um momento exclusivo para o questionário eram as seguintes:desenvolvimento das crenças e rituais que visam 1) Você possui alguma superstição antes da trazer bons fluídos durante a partida. partida? Existiam as opções, sim, não ou tavelz e

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Após isso existia uma sub pergunta: Qual? que têm alguma superstição com os atletas que 2) Você acredita que ter alguma superstição citam somente as vezes, chegamos ao número de interfere no resultado final da partida? Existiam as 64%, ou seja, a maior parte das atletas escolares opções, sim, não ou talvez e após isso existia uma acreditam em alguma superstição no esporte, um sub pergunta: Por quê? número muito representativo e que nos mostra 3 ) S e u t r e i n a d o r p r e p a r a a e q u i p e claramente que é necessário desenvolver algum psicologicamente para a partida? Existiam as trabalho para que não fiquem presos somente a opções, sim, não ou talvez e após isso existia uma superstição.sub pergunta: O que ele faz? Podemos destacar alguns dados

retirados do texto, como por exemplo “tenho que 3. Resultados e Discussão usar duas meias se não não jogo direito” (sujeito

3), ou então, “uso uma munhequeira preta para Após a coleta de dados é necessário dar sorte” (sujeito 10), “tenho que jogar com um

configurar quais são os sujeitos da nossa determinado top” (sujeito 6), que representa pesquisa, sendo que para isso foi utilizado um crendices populares a respeito de sorte, cabeçalho de identificação (idade e tempo de relacionados aos trajes utilizados. É importante atuação). Analisando os dados obtivemos 14 destacar outra fala, “entro com o pé direito e faço o participantes, que variavam a idade entre 14 sinal da cruz três vezes ao entrar em quadra.” anos, a mais nova, e 17 anos, a mais velha. Com (sujeito 6), mostrando para nós uma evidência ao relação a modalidade praticada, obtivemos três encontro com a fala de Daolio (2005), onde modalidades coletivas: basquetebol, handebol e superstição e religião se misturam. Outros atletas voleibol, já com relação ao tempo de prática o trazem superstições ligadas a um lado do corpo, menor tempo encontrado foi de um ano e o maior “tenho que começar tudo com o lado direito do tempo de prática era de oito anos, para facilitar a corpo”. Esses dados nos mostram que algumas leitura dos dados agrupamos as faixas etária em atletas se apegam a certas crendices que de até dois anos de prática, de dois a cinco anos, de alguma forma os auxiliam no decorrer da partida.cinco à seis anos de prática e por fim, mais de seis Na segunda questão foi perguntado as de prática. A tabela a seguir mostra alguns dados atletas se elas acreditam que ter alguma que configuram o perfil de nossos participantes. superstição interfere no resultado final da partida?

Por quê? Como trabalhamos com opções de respostas em sim, não e as vezes, obtivemos os seguintes resultados, conforme a tabela abaixo:

Tabela 1 Perfil dos participantes da pesquisa

Tabela 3 Interferência da superstição no resultado final da partida, na visão dos participantes.Vale ressaltar que a média de idade dos

participantes foi de 15,8 anos e a média do tempo Anal isando os dados coletados de prática dos participantes é de 2,42 anos. Após

verificamos um dado surpreendente, que se realizar a identificação das participantes, somarmos as respostas sim e as vezes, entramos especificamente nas questões que chegamos a o percentual de 50% de meninas que foram trabalhadas para atingir o objetivo desta acreditam que a superstição pode alterar o pesquisa.resultado final de uma partida. Dois dados desta A primeira questão trabalhada com as análise nos chamam muita atenção, o primeiro é atletas escolares foi: Você possui alguma quantas atletas escolares acreditam que superstição antes da partida? Qual? Como realmente a superstição altera o resultado final da trabalhamos com opções de respostas em sim, partida, sendo de extrema importância para a não e as vezes, obtivemos os seguintes comissão técnica trabalhar com esses dados para resultados, conforme a tabela abaixo:que não fiquem simplesmente a mercê do fator sorte, deixando de lado os trabalhos físicos, técnicos, táticos e psicológicos. Um segundo dado interessante é verificar que, comparado com a pergunta anterior 14% das atletas que responderam ter alguma superstição acreditam que ela não interfere no resultado final, uma parcela expressiva que acredita que a superstição apenas é um ritual do jogo, sem interferência.

Uma das atletas que acredita que as Tabela 2 Superstição das atletas antes da partida

Conforme os dados apresentados, vezes pode alterar o resultado nos traz a seguinte verificamos que somados os atletas que afirmam fala “talvez a pessoa fique com aquilo na cabeça e

Participantes Tempo de Atuação

Idade nº % Tempo nº %

14 anos 2 14% Até 1 ano 3 21%

15 anos 3 21% De 1 a 2 anos 5 36%

16 anos 5 36% De 2 a 3 anos 3 21%

17 anos 4 29% Mais de 3 anos 3 21%

Total 14 100% Total 14 100%

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Superstição Antes da Partida

Sim

Não

As vezes

07

05

02

50%

36%

14%

Interferência no resultado final

Sim

Não

As vezes

04

07

03

28%

50%

22%

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esquece do que é capaz de fazer” (sujeito 8), utilizar a fala do sujeito 02 “ele nos cobra muita outra fala interessante é do sujeito 7, que traz força de vontade em quadra, se quisermos ser “pode ser uma coisa sem sentido, que fica na atletas de handebol temos que ser muito nossa cabeça e acaba até atrapalhando”,já a motivadas”, o que não necessariamente seja uma participante 13 nos traz “as vezes acredito mais intervenção balizada pela psicologia do esporte, na superstição do que em mim mesma”, essas mas talvez uma ação tática, técnica ou física.falas refletem no fato de que alertamos no Outro dado interessante é que apenas parágra fo an ter io r, é impor tan te um uma atleta cita em sua fala que o treinador acompanhamento de perto do treinador, uma vez trabalha questões supersticiosas, apenas o que essa postura pode interferir diretamente no sujeito 12 cita “conversa com todas para passar rendimento da atleta. Uma atleta que acredita que mais confiança, que não chegamos aqui por não há interferência no resultado final é a sorte, para não desmerecer nenhuma equipe e participante 14, “o jogo depende do trabalho que transmite tranquilidade”, o que mostra uma fazemos dentro de quadra, a superstição é sorte, intervenção interessante se pensarmos do ponto é lucro”. de vista da superstição.

Um outro destaque podemos passar é Merece destaque a fala da participante 1 ligado a questão religiosa, que é passado pela “fazemos uma reflexão em grupo, nos faz fechar participante 02 “não devemos acreditar em coisas os olhos pensar em algumas situações que materiais, devemos acreditar na única pessoa ocorrem com a equipe e depois conversamos em que nos dá força, o único que guia nosso caminho grupo sobre o tema”, essa fala nos mostra um que é Jesus, ele nos dá sorte”, conforme Daolio t rabalho d i ferenc iado em re lação ao (2005), novamente a superstição aparece levantamento com outros colegas, que citavam indissociável ao credo religioso das atletas. somente motivação e gritos do banco, mostrando

Algumas atletas acreditam piamente na um tipo de intervenção individual e em grupo para superstição e outras nem tanto, são os casos repensar algumas at i tudes do grupo, respectivamente do sujeito 10 e 04, “sempre que transformando assim as possibilidades de não uso minha munhequeira eu jogo mal e as tomada de decisão.vezes minha equipe também”, “tem vezes que eu Para finalizar fechamos com as palavras faço meus rituais e não dá certo!”. da participante 08 “nosso time é movido a

Para finalizar nossa pesquisa, fizemos emoções”, o que mostra como a questão uma última pergunta que visou levantar se o emocional e da psicologia do esporte é treinador da equipe prepara as atletas importante no esporte cotidiano.psicologicamente para a partida? O que ele faz? Da mesma maneira que nas questões anteriores havia possibilidade da resposta, sim, não e as 4. Conclusãovezes. Conforme a tabela abaixo, coletamos os seguintes resultados: Após a análise e discussão dos dados

coletados, podemos concluir que, dentro do universo pesquisado, o fator superstição é muito forte nas atletas escolares, tanto na execução dessa prática e mais ainda na crença de que efetivamente a superstição pode alterar o resultado final de uma partida. Assim como exposto na revisão de literatura é impossível dissociar aspectos de crendice popular e sorte do fator religioso, conforme apresentado nos dados coletados. A crença em um ente divino, um ser

Conforme os dados levantados, superior, que guia e auxilia também é forte entre verificamos que uma grande parcela das atletas as atletas escolares. Por fim, é importante afirma que o treinador desenvolve algum trabalho ressaltar que a maioria das atletas diz que o psicológico com a equipe em questão. Se treinador desenvolve trabalho com a psicologia somarmos as respostas sim e as vezes, do esporte, mesmo que não saibam conceituar chegamos a totalidade dos sujeitos da pesquisa exatamente a maneira como o professor trabalha.ou seja, 100% das entrevistadas, um número Sugerimos, ao término deste trabalho, importante considerando a evolução da que os profissionais das ciências do esporte psicologia do esporte e a necessidade do olhar iniciem um trabalho voltado para a psicologia do mais humanizado ao esporte, porém, quando esporte, especificamente a questão da verificamos as respostas para pergunta do que o superstição e o esporte, uma vez que muitos técnico realiza com as atletas verificamos o outro atletas acreditam nessa premissa e que de lado da moeda, pois muitas ações são ligadas repente, podem ficar “cegos” acreditando que a somente ao incentivo e até a parte motivacional, preparação esportiva se resuma a oração, galho que nem sempre caracteriza uma intervenção em de arruda, dentes de alho, números da sorte, etc.psicologia do esporte. Sugerimos também, um aprofundamento

Para ilustrar a idéia transcrita podemos desta pesquisa em nível de esporte e alto

Tabela 4 Relato dos participantes sobre a psicologia do esporte.

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Trabalho psicológico da equipe

Sim

Não

As vezes

12

0

11

78%

0%

22%

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rendimento, em modalidades femininas, em modalidades individuais e outras instâncias do esporte competitivo.

Referências Bibliográficas

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. Acesso em 12 de mar. 2010.____________. A superstição no futebol brasileiro. In: DAOLIO, J. (org.) Futebol, cultura e sociedade. 1º edição. Campinas: Autores Associados, 2005.KOCIAN, R. C. Concentração nas Olimpíadas Colegiais do Estado de São Paulo: estudo de caso sobre a reclusão esportiva à luz da Psicologia do Esporte. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista UNESP, 2009.TOLEDO, L. H. Lógicas no Futebol. 1° edição. São Paulo: Editora Hucitec,Fapesp, 2002.

Informações do Autor

Prof. M.Sc. Rafael Castro KocianRua José Fernandes Lopes, 300. Jardim Margarida. São José do Rio Pardo-SP CEP:13720-000Email: Tel: (19) 9147-1235 / 8815-8315

GEPPEM (Grupo de Estudos e Pesquisas em Pedagogia do Esporte e do Movimento)Instituto Federal de Educação Ciência e Tecno log ia do Su l de M inas Gera is IFSULDEMINAS (campus Muzambinho)

http://www.efdeportes.com/efd10/daolio1.htm

[email protected]

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PROCURANDO UM LUGAR SOCIAL: “ONDE PONHO MINHA MUDANÇA?”.(UM ESTUDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE LÉSBICA)

¹Elaine Cristina dos Santos ²Vera Lúcia Beraldo

²Sandra Luzia de Souza Alencar ¹Altair Moioli

¹Curso de Pedagogia - Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP²Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos

ResumoA temática abordada visa compreender qual a denominação dada pelas mulheres, diante de uma relação homo afetiva com outra mulher. Com este objetivo inicial a pesquisa não se desenvolveu sem que abordássemos a questão da identidade. Assim, procurou-se compreender como se dá o processo de construção da identidade lésbica. Para o desenvolvimento da pesquisa foi necessário ouvir uma mulher lésbica pois, assim, teríamos condições de analisar sua história de vida. Assim, a pesquisa apresentou a seguinte reflexão: se há um processo, há uma transformação. Uma vez que há uma transformação, há um histórico de vida. Se há uma história de vida, possivelmente há uma identidade em construção, a qual se quer demonstrar.

AbstractThe selected theme which aims to understand the name given by women to a woman in front of a homo affective relationship with another woman. With this initial objective, the research did not develop without us to approach the question of identity. So, we try to understand how the process of construction of lesbian identity begin. For the development of the research was necessary to listen a lesbian, because then we be able to analyze their life history. Thus the study presents the following thought: if there is a process, there is a transformation. And since there is a transformation, there is a history of life. If there is a story of life, possibly for an identity under construction, which intends to show.

Introdução constitui, antes de tudo, em uma afirmação identitária. Mas, em contraste com isso, é

A busca por um lugar na sociedade atual, possível observar, de modo não sistemático, que que possa ser constituído de respeito, e este modo de identificar-se não necessariamente reconhecimento, tem pautado a luta das está apropriado no cotidiano das mulheres que mulheres homossexuais. Nesse processo, surge mantêm relações homo afetivas com outras como elemento convergente a disseminação de mulheres. Questionou-se então sobre a forma campanhas homofóbicas e preconceituosas que que se nomeiam e qual a relação entre o modo de inibem essa luta. se nomear e a identidade assumida por estas

Inicialmente as perguntas levaram as mulheres.pesquisadoras a conversar de modo não A linguagem, para além de cumprir um sistemático com mulheres lésbicas e questionar papel de comunicação, produz e reproduz qual o efeito que suas designações, a partir de ideologias. Como simbolização, a linguagem é suas escolhas amorosas, tinham sobre elas. abstraída do objeto. Neste processo de

No processo de aproximação do objeto abstração, objeto e substantivo passam por um de pesquisa deste trabalho, identificamos que distanciamento e independência, colocando a havia uma defesa do movimento organizado de arbitrariedade do signo. Com isso, apontamos à lésbica, pela designação lésbica. Esta historicidade do “conceito” lesbianidade que, pelo observação nos conduziu a indagar sobre outras próprio processo de abstração, nem sempre é mulheres, não militantes de movimentos políticos revelado.organizados, de como se nomeavam e o que Ao tomar o modo como as mulheres se pensavam a respeito da denominação lésbica. falam, indaga-se: em que medida essa fala é por

A partir das primeiras entrevistas nos elas refletido? Ou esse falar tem se constituído deparamos com algumas dificuldades e em mero suporte ideológico?observamos que a questão que estávamos A palavra lésbica, em oposição ao que abordando apontava para a problemática da tem se constituído pelo movimento organizado de identidade. lésbicas, comumente associa-se a significações

Em sentido mais amplo é possível com cunhos depreciativos e preconceituosos. compreender que a sexualidade é constituída, é Neste sentido o vocabulário é vasto: sapatão, um processo, isso coloca muitas possibilidades entendida, sapa, saponga, ladie, sapatilha, para o ser humano, pois não há uma identidade mulher - macho e, lésbica. entre o sexo biológico, escolha do objeto sexual, Outro fator que chamou atenção é que a comportamento e identidade enquanto noção de partir de um levantamento bibliográfico inicial, foi si. possível observar a restrição de obras que

Tomamos como ponto de partida o abordam a temática lésbica, revelando um déficit acúmulo feito pelo movimento organizado de na produção de conhecimento sobre a lésbicas, pois, neste âmbito, ser lésbica se lesbianidade, conhecimento importante para uma

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maior inteligibilidade sobre os conteúdos do tema. como algo parado e sem transformação, logo, aparece o nome próprio de cada indivíduo. O

Identidade de Gênero nome pelo qual se atende, é aquele que alguém escolheu e por preferência nomeou o recém

Ao tentarmos apresentar um trabalho nascido, que no decorrer dos períodos de sobre identidade de mulheres que mantêm desenvolvimento é naturalmente aceito. Porém, relação afetivo-sexual com outras mulheres, não no processo de construção da identidade surge a poderíamos deixar de abordar a questão de questão da identificação, na qual o sujeito que gênero. Com isso nossa intenção será de uma recebeu o nome pode ou não aceitar aquele breve apresentação sobre o assunto. (nome) que lhe foi dado (CIAMPA, 1996).

Conforme o psicólogo Silva (1999, p.71) E s s a q u e s t ã o p o d e s e r gênero só existe dois: masculino e feminino, observada a partir do relato da entrevistada, na porém identidade de gênero, segundo ele, refere- qual a teoria e o relato da história de vida se se ao: (...) “conjunto de traços construídos na complementam:esfera social e cultural por dada sociedade, que (...) depois, aos 18 anos na minha primeira definem conseqüentemente, quais os gestos, os relação amorosa com mulher, surge o nome

de entendida, eu pensava: entendida no quê? comportamentos de forma semelhante para Eu até que utilizava esse nome, mas não homens e mulheres”.sabia porque, até que uma amiga me

A part i r desta informação vale respondeu que era entendida na vida, mesmo acrescentar que identidade de gênero se dá como ass im essa denominação não me

satisfazia(Felipa)..uma construção histórica, social e cultural, pois ao nascer, homens e mulheres sofrem o impacto dos Para cont inuar apresentando a costumes e hábitos aprendidos com a família, construção da identidade, este mesmo autor amigos, parentes e os grupos sociais que o acrescenta que, o que anteriormente era visto indivíduo pertence. Adquirimos o comportamento, apenas como um nome, agora passa a adquirir hábitos, modo de falar e agir conforme o padrão outras formas e representações como, por social, ou seja, masculino ou feminino, e é por exemplo, papéis e personagens. Assim o meio dessa educação informal que vamos indivíduo desenvolve papéis tornando-se construindo nossa identidade de gênero. personagem da sua própr ia h is tó r ia

(CIAMPA,1996). Sobre a noção de identidade Essa referência do autor sobre

personagens nos faz refletir em como as pessoas C o m b a s e n a s c o n c e p ç õ e s agem e se expressam verbalmente em

desenvolvidas por Ciampa (1996, p.127), acerca determinadas situações. O que nos leva a da noção de identidade, é que apontaremos compreender que a partir daí se constrói uma trechos do relato de Felipa (nosso sujeito de personagem. “Identidade é história. Isto nos pesquisa com nome fictício), pois identificamos permite afirmar que não há personagens fora de pontos de conexão entre o referencial teórico e a uma história, assim como não há história (ao história de vida de nosso sujeito de estudo. Para menos história humana) sem personagens”. ele “cada indivíduo encarna as relações sociais (Ibid, 1996. p.157). Em outras palavras percebe-configurando uma identidade pessoal. Uma se que somos personagens da nossa própria história de vida. Um projeto de vida. Uma vida que história, construindo uma identidade própria.nem sempre é vivida, no emaranhado das Este autor ainda apresenta o conceito de relações sociais (CIAMPA, 1996, p. 127)”. mesmidade, que segundo ele: “Identidade é

De acordo com a colocação deste autor, mesmidade de pensar e ser”. Nesta colocação, entende-se que identidade está diretamente notamos que para um processo de construção da ligada à questão social, ou seja, sem identidade identidade é necessário “ser si mesmo”, pensar e não existe sociedade, sem sociedade não existe conscientizar-se. Isso significa que para este identidade, como pode ser observado quando autor “identidade, consciência e atividade, como afirma que “identidade é metamorfose e três categorias fundamentais para psicologia metamorfose é vida...” (op.cit, p.128). social estudar o homem” (Ibid, 1996. p.144).

Pensando na questão da metamorfose automaticamente associa-se à transformação, Metodologialogo pensamos em movimento, pois onde há movimento há vida, considera-se então que, se A construção desta pesquisa teve como há vida constrói-se uma identidade. método a análise comparativa, a partir de

Para melhor compreendermos a reflexão entrevistas com mulheres não militantes e acima, citaremos um relato de Felipa: “se daqui a militantes das causas homo afetivas. Após as cinco anos vocês estiverem fazendo o mestrado e primeiras entrevistas nos deparamos com disser vamos retomar a questão da identidade? algumas dificuldades e observamos que a Se vocês me fizerem essa mesma pergunta eu questão que estávamos abordando apontava a posso dizer outra coisa porque nos problemática da identidade.transformamos a cada dia” Além da referência teórica, o caminho

A identidade a princípio é constituída metodológico utilizado, toma uma história de vida

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para desenvolver suas noções sobre identidade de cada casal e suas possibilidades, o que Felipa (CIEAMPA, 1996). Assim, procurou-se com base nomeia de conflito.nas questões apresentadas pelo autor Em uma observação mais atenta desse desenvolver algumas reflexões sobre identidade relato, é possível perceber que Felipa utiliza a lésbica, tendo como base o método denominado palavra conflito em vários momentos, o que nos história de vida. faz indagar: será que essa colocação “conflito”

Demartini (1994) afirma que este método faz parte do processo da construção da é “estudar um determinado acontecimento, identidade lésbica de Felipa?instituição ou personalidade a partir do relato de Cabe também outra reflexão, segundo vida de pessoas que tiveram algum tipo de Ciampa, “não podemos nos enganar achando envolvimento com o objeto estudado. O objetivo que sua identidade (que é metamorfose) tenha é investigar como o informante vivencia ou começado então. Na verdade, a realidade vivenciou determinada situação” (op.cit p. 69). sempre é movimento é transformação” (p.141) Baseado nesta informação é possível, por meio Talvez seria esse “conflito” que Felipa cita da história de vida, abordar e desenvolver uma expressão de uma metamorfose.discussão sobre determinada temática. Em outro momento da entrevista Felipa

Ao procurar refletir sobre o processo de diz: construção da identidade lésbica, trabalhamos

(...) eu tinha uma barreira, da culpa e do com entrevista aberta (não dirigida) em que “ [...] pecado, então não conseguia conviver com conforme o entrevistado vai falando de sua vida o isso mas depois da primeira experiência a

pesquisador procura aprofundar os aspectos certeza de que era uma caminho sem volta, mais importantes, pertinentes aos problemas de não tinha mais nada que me fizesse voltar

atrás, tanto é que quando meu irmão dá o investigação (op.cit, )”. Este trabalho foi apoiado flagra, nossa!(diz ele) eu vi tudo! “Uma irmã em um estudo da história de vida de uma pessoa puta, mãe solteira, menos uma irmã sapatão,

e sobre sua história, que para garantir seu não! Eu vou contar pra mãe”, daí eu falei: opa! anonimato foi chamada de Felipa. Se alguém vai contar, sou eu! A sensação que

eu tinha eu lembro perfeitamente, eu não Contudo, apesar de nos atentarmos a cheguei até aqui pra deixar um babaca vim cada fala da entrevistada, não deixamos de pra cima, eu lembro que quando ele falou

utilizar outros recursos como o gravador, pois “uma irmã sapatão”, aquilo era uma um peso, seu uso foi indispensável para registrarmos parecia uma botina nas minhas costas,

porque era pesado né? A palavra era muito fielmente cada momento. Assim, o processo das pesada, cheia de termos pejorativos. Na entrevistas teve duração de três horas, sendo minha época tinha o programa do Chacrinha

divididos em dois momentos: o primeiro em que que cantava aquela música “Maria sapatão, acompanhamos Felipa em um debate. E em de dia é Maria de noite é João”, vem aí um

desconforto muito grande com essa palavra outro momento em uma entrevista individual.(...).

Construindo uma identidade lésbica: Onde ponho minha mudança?

A partir da noção de identidade, aqui apresentada, abordaremos o objeto de investigação, o processo de construção da identidade lésbica.

Após análise de todo material colhido durante as entrevistas, trabalhamos com a hipótese de que a mulher lésbica procura um lugar social para encontrar sua identidade.

“Onde ponho minha mudança?” faz parte de uma fala do nosso sujeito de pesquisa, quando no decorrer do relato da sua história de vida, ouvimos uma questão feita por Felipa, que se coloca na forma de uma piada: “já ouviram a piada das lésbicas? O que uma lésbica fala no segundo encontro? Onde ponho minha mudança? Já o gay pergunta: que segundo encontro?”.

A questão desta fala, que aparece em forma de piada, sinaliza conflitos, dúvidas que Felipa vivencia na relação com ela mesma e com o mundo. Mais a frente Felipa cita o filme “Desejo Proibido” como referencial para sua explicação ou localização. Esse filme retrata a história de mulheres que se relacionam com mulheres em diferentes épocas e aponta o comportamento social vivido em cada fase, bem como, a relação

Felipa busca em sua memória contar-nos em detalhes os momentos marcantes da sua vida para que possamos compreender quem ela foi, quem ela é, e possivelmente quem será.

No momento em que relata sua história surge um nome, não por escolha própria, mas sim que lhe foi atribuído: “Surgiu o nome de entendida. Eu pensava: entendida no que? Eu até utilizava esse nome, mas não sabia por que, até que uma amiga me respondeu que era entendida na vida, mesmo assim essa denominação não me satisfazia (Felipa)”.

“É a sensação não de que os outros estejam errados ou tenham se enganado, mas sim de que a própria pessoa está errada ou enganada sobre si mesma. O próprio indivíduo vê abalado ou perdido o auto-reconhecimento de que ele é o próprio de quem se trata” (CIAMPA, 1996. p.132).

Ao atentarmos a essa colocação do autor, surge outra dúvida: uma vez que as palavras sapatão e entendida são questionadas por Felipa, estaria ela conscientizando-se sobre quem ela não é?

Isto reforça a idéia do autor a respeito da construção da identidade quando afirma que esse processo está diretamente ligado a história o ser humano e aos personagens que vamos construindo ao longo da nossa vida (ibid, 1996,

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p.157), como pode ser percebido nos depoimentos de Felipa quando ela fala:

“Quando olho no espelho vejo várias histórias que formam uma pessoa, me sinto num condensado de várias histórias em momentos da vida. [...] “eu atuo em outros movimentos e faço o tempo todo uma relação entre eles, eu não conseguiria me ver, não consigo me enxergar fora de algum tipo de atuação do segmento de gays e lésbicas [...].”

Posteriormente surge a primeira menção da palavra lésbica, porém sem identificação.

Mas a palavra lésbica para mim soava muito ruim, uma palavra muito forte, muito feia, um total desconforto, conviver com uma denominação “dessa”. Nesse período já começava há conviver um pouco mais com a palavra entendida, embora entendida soa melhor, mais palatável, do que lésbica. Foi difícil ouvir a primeira vez, depois você consegue conhecer o contexto, o sentido (Felipa).

Notamos que para Felipa aceitar a palavra lésbica, é necessário, segundo ela, conhecer o contexto, é necessário um entender/compreender para que possa se conscientizar. E a partir daí surge uma identificação:

Mas pra gente quando você diz: lésbica, é uma identidade, olha! Nós não somos gays, não somos homossexuais, somos lésbicas. E aí a gente resgata a história, olha! 400 anos antes de Cristo, tinha uma ilha, tinha Lesbos tal..., é importante. E a gente queria resgatar a questão da identidade, então é assim: mais do que resgatar é afirmar uma identidade lésbica (...) identidade tem muito a ver com o Referências Bibliográficascontexto, com a origem e o meio que você circula (Felipa).

ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência Normal, um enfoque psicanalítico. Tradução Considera-se, com base nestas reflexões Suzana Maria G. Ballve. 5. ed. Porto Alegre: que Felipa, parte a parte, constrói sua identidade, Artes Médicas, 1986. 92p.porém se faz necessário, para que essa BADINTER, E. XY: sobre a identidade construção aconteça conhecer, reconhecer e masculina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, identificar-se com a denominação que assume 1993. 266p.para si (lésbica) e para a sociedade. Ciampa, A. C. A estória do Severino e a História da Severina: um ensaio de Considerações FinaisPsicologia Social. 5º edição. São Paulo: Brasiliense, 1996.FONSECA, T. M. G.. Gênero, Subjetividade e Trabalho. Petrópolis: Vozes, 2000. p.195-207.FRY, P.; MACRAE, E.. O que é homossexualidade. 4º edição. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1985.HANNA, J. L. Dança, sexo e gênero: signos de identidade, dominação, desafios e desejos. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 417p.Mulheres em luta pela transformação, Partido dos Trabalhadores, São Paulo 27 de fevereiro a 13 de Março, 2002, ano V, nº11.Silva, S.G.O.. Conflito identitário: sexo e gênero na construção das identidades. Centro de Educação I na Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,1999, p.71-84.

possível notar que ainda existem mulheres que, por diversos motivos, não assumem sua orientação sexual por preocupação, indecisão e insegurança com as relações estabelecidas na sociedade, mas, sobretudo, pelo medo de enfrentar as conseqüências da avaliação social. Essa postura ocasiona a primeira omissão para o crescimento pessoal e profissional.

Percebemos também a necessidade de aprofundamento do tema, pois este assunto carece de outras pesquisas que permitam um aprofundamento mais bem delineado e assim, contribuir para as mudanças sociais desejadas. Mudanças que apontem para uma sociedade na qual homens e mulheres, independentes de suas orientações sexuais, sejam respeitados como seres humanos.

Portanto, a perspectiva adotada é de critica social, na qual a expectativa é de que este estudo possa contribuir para que o ser humano seja respeitado independente de sua orientação sexual. Percebeu-se ainda que, embora essa temática faça parte das discussões acadêmicas, midiáticas e em campanhas de conscientização social, muitos profissionais ainda têm um olhar carregado de preconceito sobre o assunto. Neste sentido, é preciso lembrar que antes de olhar para o outro é preciso olhar para si mesmo, num processo de auto-avaliação, pois só assim teremos condições de enxergar, entender e respeitar o próximo e, diante de tal postura, possibilitar-se-á que as novas gerações cresçam livres do preconceito e com mais tolerância.

Durante o desenvolvimento deste trabalho, notou-se que algumas questões foram levantadas, porém nem todas possíveis de serem abordadas no limite de uma única pesquisa.

Nossa intenção foi compreender como ocorre o processo de construção de uma identidade lésbica, tendo como suporte o próprio campo da Psicologia Social que tem como objeto de estudo a relação entre o sujeito e a sociedade.

A noção de identidade foi tomada como elemento central para se pensar quais possibilidades identitárias a sociedade oferece para mulheres que se relacionam homo afetivamente com outras mulheres e como se processa essa construção.

Observou-se em Felipa que como ser social, precisou perceber quem ela era para sentir-se realizada diante da sociedade. Logo, é

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1. Introdução premiação em dinheiro, como fator motivador para participação da corrida.

Com a evolução e a popularização do É sabido, dentro da psicologia que trata esporte cada vez mais evidente, verificamos que do esporte, que a premiação nas corridas de a presença da mídia nos diferentes tipos de fundo, é um estimulo (extrínseco) para muitos competições faz-se cada vez mais presente e atletas que se usam do esporte como meio de marcante. Em conseqüência, os eventos sustentabilidade. O presente estudo justifica-se esport ivos que pretendem obter mais para verificar se o universo pesquisado prioriza a popularidade e maior cobertura midiática premiação dentro da competição como um todo. oferecem prêmios pela participação e, principalmente, pela conquista da competição. 2. Revisão de LiteraturaDentro desse ambiente surgem, naturalmente, atletas interessados e em busca da vitória Quando pensamos em estados somente pela conquista do prêmio, deixando emocionais e movimento, comumente relegado a outro plano a participação em prol da encontramos uma divisão entre emoções saúde e qualidade de vida. positivas e emoções negativas. Para facilitar

Analisar os estados emocionais nossa abordagem, trabalharemos com tópicos decorrentes da participação esportiva, sobretudo relativos a estas emoções. Ao final destas a motivação, como combustível para conquistas considerações especificaremos, a prova em e superação é de suma importância para a questão.ciência do esporte e da atividade física, uma vez que a partir desses estudos poderemos Emoções Positivasdesenvolver novas metodologia e intervenções pensando em um atleta mais equilibrado, A investigação das emoções tem se podendo assim, participar das competições de concentrado, a princípio, na análise de emoções maneira íntegra. negativas como medo, agressão etc, e tem

O presente trabalho teve como objetivo relegado a segundo plano os fenômenos verificar o grau de importância que os atletas positivos como sorte, alegria, ânimo e satisfação. masculinos participantes de corrida de fundo, Na área do esporte tem sido investigados especificamente de prova de rua, atribui à estados emocionais positivos que podem se

A IMPORTÂNCIA DA PREMIAÇÃO COMO FATOR MOTIVADOR PARA CORREDORES DE FUNDO DO SEXO MASCULINO

Lucas Fontanari,Jordana dos Santos Custodio,

Camila Aparecida Honório,Vanessa Batiston,

Rafael Castro Kocian.

ResumoEventos esportivos que pretendem obter mais popularidade e maior cobertura midiática oferecem prêmios pela participação, analisar os estados emocionais decorrentes da participação esportiva, sobretudo a motivação, como combustível para conquistas e superação é de suma importância para a ciência do esporte e da atividade física. A motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais intrínsecos e extrínsecos. Trabalhamos com um pesquisa de campo do tipo qualitativa, balizada pelas ciências humanas, buscando coletar dados através de um questionário aberto e estruturado, junto a praticantes do sexo masculino de uma corrida de fundo (6km), ocorrida em São José do Rio Pardo-SP, no dia 30 de agosto de 2009. Concluindo que dentro do universo pesquisado, que há uma predominância dos indivíduos em sentir interferência do fator premiação na presente corrida, isto deixa evidente a importância do fator extrínseco da premiação.

Palavras Chave: motivação, corridas de fundo, estados emocionais e movimento.

IMPORTANCE OF REWARDS AS A MOTIVATING FACTOR IN DISTANCE RUNNERS FOR MEN.

AbstractSporting events seeking more popularity and more media coverage offering prizes for participation, analyzing the emotional states arising from participation in sport, especially the motivation, as fuel for achievements and resilience is of paramount importance to the science of sport and physical activity. The motivation is characterized as an active process, intentional and aimed at a target, which depends on the interaction of personal factors intrinsic and extrinsic. We work with a field survey of qualitative type, limited by the human sciences, aiming to collect data through an open and structured questionnaire, along with male practitioners of a long-distance race (6km), held in Sao Jose do Rio Pardo-SP , on 30 August 2009. Conclusion that within the group studied, there is a predominance of individuals with experience interference factor in awarding this race, this shows the importance of extrinsic factor of the awards.

Key Words: motivation, Racing background, emotional states and moviment.

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apresentar durante a atividade competitiva caracterizar a motivação como um processo ativo, (emoções que acompanham as ações intencional e dirigido a uma meta específica.esportivas). Diante desse contexto aparecem dois conceitos particularmente interessantes: o Medoconceito de flow-feeling (sensação de fluidez) de Csikszentmihalyi (1985) e a análise do winning- O medo é concebido como uma emoção-feeling (sensação de ganhar). O termo “flow” é choque devido à percepção de perigo presente e classificado como uma sensação de alegria urgente que ameaça a preservação daquele durante a atividade, a total e absoluta indivíduo. Provoca, então, uma série de efeitos no identificação e concentração na atividade que se organismo que o tornam apto a uma reação de realiza, esquecendo de si mesmo. O winning- defesa como a fuga, por exemplo. Para Miranda e feeling (sensação de ganhar), apresenta as Bara Filho (2008), o medo pode provocar efeitos s e g u i n t e s c a r a c t e r í s t i c a s : a m n é s i a , contrastados segundo os indivíduos e as concentração, aumento de tolerância à dor e circunstâncias, ou até reações alternadas em mudanças na percepção. uma mesma pessoa: a aceleração dos

movimentos do coração ou sua diminuição, uma Emoções Negativas respiração demasiadamente rápida ou lenta, uma

contração ou uma dilatação dos vasos Durante a competição, pode-se observar sangüíneos, uma hiper ou uma hipossecreção

uma variedade de situação nas quais o atleta se das glândulas, constipação ou diarréia, poliúria ou irrita mais ou menos intensamente. A hipótese de anúria, um comportamento de imobilização ou que a situação especifica podem provocar uma exteriorização violenta.emoções como alegria, raiva, medo, etc. será O medo se apresenta quando a sustentada por investigações que avaliam, por um expectativa permanece insegura também durante lado, emoções esperadas em uma situação o transcurso da superação de exigências. O medo específica, e por outro lado, emoções sentidas em será tão mais forte quanto mais inseguro é o uma situação aleatória. (SCHERER et al. 1983). desenvolvimento da ação (SAMULSKI 2002).

Ainda segundo Samulski é tomado o conceito de Motivação que quanto mais negativo for o valor subjetivo que

se atribui às conseqüências, mais medo resulta Segundo Samulski (2002) “a motivação é da antecipação.

caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende Ansiedadeda interação de fatores pessoais (intrínsecos- onde o indivíduo se compromete em uma A ansiedade é um estado emocional atividade pelo prazer e pela satisfação que negativo caracterizado por nervosismo, aprende, explora, realiza ou quando participa de preocupação e apreensão e associado com alguma coisa nova) e ambientais (extrínsecos - ativação ou excitação do corpo. No esporte, é valorizando mais o resultado do que tendo diferenciado em dois tipos (MARTENS 1990): interesse na atividade por si própria)”. Segundo ansiedade somática e cognitivo. A ansiedade esse modelo, a motivação apresenta uma somática surge no momento da competição e determinante direção do comportamento envolve a participação do organismo como um (intenções, interesses, motivos e metas). todo, colocando-o em estado de alerta e

De acordo com Samulski in Weinberg; resultando no aumento dos níveis de adrenalina e Gould (2008:57), a motivação para a prática cortisol. Já a ansiedade cognitiva surge mais esportiva depende da interação entre a precocemente ao aproximar-se de uma personal idade (expectat ivas, mot ivos, competição e permanecer em alto nível, é necessidades, interesses) e fatores do meio determinada pela sensação emocional de ambiente como facilidades, tarefas atraentes, apreensão e tenacidade psíquica.desafios e influencias sociais. No decorrer da vida Além da diferenciação entre ansiedade de uma pessoa, a importância dos fatores cognitiva e somática, outra diferença importante é pessoais (personalidade, necessidades,

entre ansiedade-estado e ansiedade-traço. interesses, motivos, metas e expectativas) e

Sendo que a ansiedade-estado é um estado situacionais (estilo de liderança, facilidades,

emocional temporário, em constante variação tarefas atrativas, desafios e influências sociais),

com sentimentos de apreensão e tensão podem mudar, dependendo das necessidades e

conscientemente percebidos, associados com a oportunidades atuais.

ativação do sistema nervoso autônomo. A Para Miranda & Bara Filho (2008), a a n s i e d a d e - t r a ç o é u m a t e n d ê n c i a motivação é o combustível e a energia do comportamental de perceber e responder com treinamento e competições esportivas, ans iedade-es tado desproporc iona l às caracterizada pelo processo capaz de mobilizar o circunstâncias comuns. comportamento de um indivíduo. Além disso, os

autores complementam que existe a interação de fatores ambientais e pessoais, que acabam por

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Corrida de 6000 metros Corridas de Fundo

Segundo Fernandes (2003) a corrida de 6.000 metros é caracterizada como, não-balizada, ou seja não existe uma baliza que os atletas precisam seguir, uma corrida rasa, ou seja, não possui obstáculos a serem saltados ou transpostos, para utilizar a melhor nomenclatura do atletismo. Ainda para Fernandes (2003), a corrida de 6000 metros é considerado como uma prova de fundo, sendo corridas a partir de 5.000 metros e de resistência aeróbia ou endurance devido às exigências funcionais ou capacidades que requerem do atleta.

Este primeiro gráfico nos mostra a divisão por faixa-etária dos atletas masculinos

3. Metodologia que participaram do questionário aplicado no estudo, que foi no total de 26 indivíduos.

Trabalhamos com um pesquisa de campo do tipo qualitativa, balizada pelas ciências humanas, buscando coletar dados através de um questionário aberto e estruturado, junto a praticantes do sexo masculino de uma corrida de fundo (6km), ocorrida em São José do Rio Pardo-SP, no dia 30 de agosto de 2009.

Foi garantido sigilo absoluto aos participantes da pesquisa, além de aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O questionário era composto por um cabeçalho de identificação (sexo, idade e tempo de prática da corrida), e, após o cabeçalho, nosso questionário continha 4 questões abertas, que visavam atender nossos objetivos. Nossos sujeitos foram Podemos analisar neste presente gráfico selecionados de forma aleatória sem distinção de que do total de 26 atletas entrevistados, quantos faixa etária, classe social, nível de treinamento, são praticantes de corrida isto divididos por faixa-etc. Foram entrevistados 26 sujeitos do sexo etária que são ao todo 12 indivíduos. Verificamos masculino. Após a coleta, os dados foram ainda, que apesar da predominância de atletas analisados sob o ponto de vista das ciências participantes com faixa-etária entre 16 a 21 anos, humanas, tabulados, distribuídos graficamente e há uma igualdade quando se refere a indivíduos discutidos. praticantes de corrida acima de 25 anos. Com

A pesquisa se utilizou da sétima corrida relação à freqüência da prática, pode-se verificar pedestre “Duque de Caxias” que ocorreu no dia no gráfico abaixo uma maior quantidade de 30 de agosto de 2009, na cidade de São José do atletas que treinam de 3 a 4 vezes por semana e Rio Pardo- SP, onde os participantes deveriam de 7 vezes por semana, ou seja, todos os diascumprir o percurso de 6.000 metros, competindo pelas categorias: livre masculino, livre feminino, sub-16 masculino e atiradores. A premiação para a categoria livre masculino foi de: 1º lugar R$600,00, 2º lugar R$400,00 e 3º lugar R$200,00. Já na categoria livre feminino a premiação foi de: 1º lugar R$400,00, 2º lugar R$300,00 e 3º lugar R$200,00. Na categoria sub-16 masculino a premiação foi de: 1º lugar R$300,00, 2º lugar R$200,00 e 3º lugar R$100,00. Na categoria atiradores não obteve premiação. .

4. Resultados e Discussão

Conforme apresentado em nossa A seguinte amostragem abaixo nos traz o metodologia, nosso questionário era iniciado por tempo da pratica da modalidade esportiva que é a um cabeçalho de identificação dos participantes. corrida dos indivíduos participantes do A partir desse cabeçalho podemos apresentar o questionário, podendo perceber uma maioria de seguinte gráfico. atletas adeptos a prática ocorre entre 2 a 5 anos

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0 Até 15 anos 16-21 anos 22-25 anos Acima de 25 anos

Faixa Etária

Indivíduos Entrevistados

de Indiv

íduos

Homens

0 Até 15 anos 16-21 anos 22-25 anos Acima de 25 anos

Faixa Etária

de Indiv

íduos

HomensPraticantes

Praticantes de Corrida

4,5

4

3,5

3

2,5

2

1,5

1

0,5

0

de Indiv

íduos

Homens

4,5

4

3,5

3

2,5

2

1,5

1

0,5

Frequência de Treino

Por semana

1-2vezes 3-4 vezes 5-6 vezes 7 vezes

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5. Conclusão

Pode-se concluir, dentro do universo pesquisado, que há uma predominância dos indivíduos em sentir interferência do fator premiação na presente corrida, isto deixa evidente a importância do fator extrínseco premiação para atrair uma maior quantidade de atletas para a participação do evento deixando-a quanto mais valiosa for, um nível mais alto terá de atletas, pois existem muitos que competem só pelo fator de premiação, havendo uma disputa mais acirrada. Contudo uma maior manifestação de popularidade e melhor cobertura midiática. Portanto, faz-se necessário a presença de um profissional da psicologia do esporte para assessorar os treinamentos, afim de garantir um monitoramento dos estados emocionais, para que estes não interfiram negativamente nos resultados desportivos.

Referências Bibliográficas

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Neste gráfico podemos visualizar os MARTENS, R. Competitive anxiety in Sport. indivíduos entrevistados que de alguma forma se Champaign: Human Kinetics, 1990.prepararam para a prova, onde obtivemos um MIRANDA, R.; BARA FILHO, M. Construindo resultado de 15 indivíduos que se prepararam, um atleta vencedor: uma abordagem sendo eles 11 praticantes de corrida e quatro não psicofísica do esporte. 1° Ed. Porto Alegre: praticantes, em segundo momento nos mostra os Artmed, 2008. que não se prepararam, sendo eles 10 indivíduos SAMULSKI, D., Psicologia do Esporte. todos não praticantes e por final tivemos um atleta Barueri: Editora Manole, 2002.que se preparou de forma razoável. SCHERER, K. R.; SUMMERFIELD, A. B.;

Podemos analisar neste gráfico abaixo a WALLBOUT, H.G. Cross-national research on interferência da premiação como fator de antecedents and components of emotion. motivação para os atletas, que nos mostra em Social Science Information, 1983. primeiro momento que do total de 26 indivíduos WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos entrevistados 17 (cor azul) sentem alguma da Psicologia do Esporte e do Exercício. interferência quando se diz respeito à premiação, Porto Alegre: Editora Artmed, 4º edição, 2008sendo oito (cor amarela) praticantes de corrida e nove (cor verde) não praticantes da mesma.Em Autores e Suas Instituições:um segundo momento, o gráfico nos mostra que do total de 26 atletas entrevistados 9 (cor azul) Lucas Fontanari Discente da Universidade não sentem interferência pelo fator premiação, Paulista UNIP, campi São José do Rio Pardo.sendo quatro sujeitos (cor amarela) praticantes de Jordana dos Santos Custodio Discente da corrida e cinco (cor verde) não praticante Universidade Paulista UNIP, campi São José do

Rio Pardo.Camila Aparecida Honório Discente da Universidade Paulista UNIP, campi São José do Rio Pardo.Vanessa Batiston Discente da Universidade Paulista UNIP, campi São José do Rio Pardo.Rafael Castro Kocian Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, campus Muzambinho

s.

0

de Indiv

íduos

HomensTempo de Prática de Corrida

Tempo

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Até 1 mês 2meses - 1 ano 2-5 anos Mais de 5 anos

SIM NÃO +OU-

Praticam Não praticam

0

de Indiv

íduos

Homens

Indivíduos que se preparam para prova

16

14

12

10

8

6

4

2

18

SIM NÃO +OU-

Praticam Não praticam

0

de Indiv

íduos

Homens

16

14

12

10

8

6

4

2

18

Interferência da premiação como fator de motivação

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Introdução passaram a gerenciar o programa. Atualmente, os municípios podem escolher dois tipos de

Reduzir o consumo dos recursos físicos serviços de alimentação, o de autogestão, d o p l a n e t a e i m p l a n t a r a ç õ e s d e realizado pelo próprio município, ou terceirizado, reaproveitamento do lixo urbano, uso racional da no qual empresas especial izadas são água, redução do consumo de eletricidade, e contratadas (DANELON, 2007). O profissional outras, têm tomado grande espaço e sido cada nutricionista atua no PNAE como responsável vez mais abordadas nos meios de comunicação técnico junto ao governo federal, sendo esta (SOUZA, 2010). Na produção de alimentos, atribuição garantida pela legislação atual e pelo conforme Vaz (2006), o desperdício tem se Conselho Federal dos Nutricionistas - CFN. mostrado bastante significativo, denotando falta Assim, é de responsabilidade deste o de cidadania e acarretando diminuição de lucro, gerenciamento das unidades de alimentação das sendo inclusive considerado como ineficiência escolas atendidas, desenvolvendo uma série de dos recursos humanos e estrutura da empresa. atividades como: planejamento de cardápios;

Abreu (2003) confirma o citado acima ao programação de quantidades de produtos a dizer que o desperdício é sinônimo de falta de serem adquiridos; supervisão; treinamento para qualidade. O desperdício significa a perda do que manipuladores (merendeiras); testes de poderia ser aproveitado em benefício de um aceitabilidade entre outras (NUTRIÇÃO EM indivíduo, uma empresa ou também da própria PAUTA, 2010). É de suma importância na natureza (VAZ, 2006). No Brasil, a alimentação administração de uma Unidade de Alimentação e escolar dos alunos da educação infantil e do Nutrição UAN, o controle do desperdício, visto ensino fundamental das redes públicas e que este não é um fator meramente econômico, filantrópicas é subsidiada pelo Programa mas também ético e com reflexos políticos e Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, sociais para o nutricionista. Sabendo que no conhecido como Programa de Merenda Escolar, Brasil, fome e miséria ainda fazem parte da implantado no país em 1995. Este tem como realidade de muitos brasileiros e se constitui um finalidade atender as necessidades nutricionais problema de saúde pública, a questão do dos indivíduos, por meio da merenda escolar desperdício dos alimentos nas escolas deve ser (MEC, 2010). Desde a sua criação até meados da priorizado e controlado (NONINO-BORGES et década de 90 o programa PNAE foi administrado al., 2006).de forma centralizada. Com a descentralização dos recursos em 1993, os estados e municípios

AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE MERENDA EM ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE-MS

Elisa Gomes Caleffi de SouzaLidiane Theodorico Britts

Universidade Anhanguera-Uniderp

ResumoO desperdício de alimentos tem se mostrado bastante significativo e sido considerado como ineficiência de administração. Avaliou-se os valores de desperdício de uma refeição do período vespertino em sete escolas públicas com serviço de autogestão em Campo Grande- MS. Foram pesados os alimentos provenientes da sobra limpa e restos. Para classificação dos índices de desperdício foi considerado: ótimo: <5%; regular: 10 a 15% e ruim: >10%. As escolas apresentaram altos índices de desperdício, com média de 39,73% na refeição avaliada e apenas uma escola obteve média ótima (2,45%). A sobra limpa (11,16 kg) obteve média bem superior aos restos (3,54kg). Devido aos altos valores de desperdício encontrados, o presente trabalho serve de alerta para que o monitoramento dentro das UANs escolares seja acompanhado por nutricionista e a situação seja solucionada.

Palavras-chave: Aceitabilidade, Consumo alimentar, Sobra limpa.

Abstract

Food waste has been seen to be very significant and such results are often seen to be the fault of administration inefficiency within the institutions themselves. Seven schools with self-management cafeterias in Campo Grande MS were analised, and the amount of waste of one meal was evaluated. Both the untouched leftovers and waste from the said meals were weighed respectively. For classification of the indices of waste the following was considered: excellent: <5%; regular: 10 15% and bad: >10%. The schools presented high rates of waste with the average waste within a meal evaluated to be 39,73%. Only one school obtained an excellent average (2,45%). The untouched leftovers (11,16kg) obtained a much larger average than the waste (3,54kg). Due to the high results of waste found, the following essay suggests that monitoring inside the UAN schools should be supervised by nutritionists - so that this situation is controlled and the high levels of waste prevented.

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Metodologia Fazendo análise dos índices de porcentagem de todas as escolas, nota-se que a

A pesquisa de campo quantitativa foi única a apresentar porcentagem adequada realizada na cidade de Campo Grande-MS, no dia (inferior a 5%), foi a da região sul, com 2,45%. As 01/07/2010. A coleta de dados deste estudo demais podem ser classificadas como irregulares envolveu sete escolas públicas municipais, todas pois apresentam índices bem superiores a 10%. em área urbana. Como forma de identificar as Os valores encontrados mostram desperdício escolas preservando seu anonimato, estas foram exacerbado, o que pode ser considerado nominadas de acordo com sua área de segundo Welfer; Pereira (2006), como má gestão localização no município - duas na região norte, da UAN, sendo o controle do desperdício um uma na região sul, três na região centro-oeste e avaliador de planejamento e administração. Os uma na região oeste. Todas as escolas eram Conselhos de Alimentação Escolar CAES, foram municipalizadas, ou seja, apresentavam um instituídos como exigência do governo federal serviço de alimentação de autogestão. A refeição para a transferência de recursos financeiros para em questão no estudo foi a oferecida no período o PNAE. Estes têm a responsabilidade de vespertino no horário das 14:30 horas. Para fiscalizar gastos e monitorar a aquisição dos obtenção do desperdício da merenda escolar foi produtos adquiridos para o PNAE dentre outras realizada a pesagem da sobra limpa (alimentos atividades (DANELON, 2007). No entanto, em não servidos) e restos (alimentos servidos e não pesquisa realizada por Pipitone et al. (2003), a consumidos) após o término das refeições). A atuação dos CAES está deficiente e precisa ser sobra limpa foi pesada nas próprias panelas e os mais efetiva, estes priorizam a aplicação dos restos, colocados em recipiente para posterior recursos porém a assessoria na programação e a pesagem. O valor das panelas e recipientes execução e avaliação do programa não é utilizados foi descontado, garantindo o peso real enfatizada. Analisando a tabela 1 é possível dos alimentos desperdiçados. Para o cálculo total identificar que há excesso de produção de de desperdício de alimentos, foi realizada a soma alimentos e consequente desperdício dos dos valores de sobra limpa e restos encontrados. mesmos. Segundo a média realizada somente Para análise e classificação do desperdício foi nesta refeição 14,7 quilos são inutilizados, o que considerado como perda alimentar ruim e em 200 dias do ano letivo totalizam 2.940 quilos. péssimo desempenho de serviço, índices Segundo Nonino-Borges (2006), a sobra limpa superiores a 10% da produção, índices entre 5% e são os alimentos produzidos e não distribuídos e 10% como regulares e valores até 5% como o resto, alimentos distribuídos e não consumidos, ótimos (CASTRO; QUEIROZ, 1998 apud sendo ambos parte dos custos mensais de uma REZENDE et al., 2006). UAN. O gráfico1 revela que o maior desperdício

de merenda vem da sobra limpa e não dos restos. Resultados e discussões A média de desperdício da sobra limpa das

escolas foi de 11,16 kg, aproximadamente três De acordo com a Secretaria de vezes superior ao resto que foi de 3,54 kg por dia

Educação, o município de Campo Grande-MS na refeição analisada.conta com a atuação de 88 escolas públicas municipais, localizadas em áreas urbanas e Gráfico I- Média dos valores de sobra limpa e rurais. Destas, 66 apresentam serviço de restos das escolasalimentação de autogestão. A amostra de escolas do presente estudo representa 10,6% do total de escolas com serviço de autogestão. A tabela abaixo revela que as escolas tiveram altos índices de desperdício, com média de 39,73% na refeição avaliada. Levando em consideração que as cozinhas das escolas são unidades de alimentação e nutrição, os parâmetros utilizados para o desperdício indicam que a porcentagem está bem acima do aceitável, sendo considerada com índice de péssimo desempenho.

Em pesquisa realizada por Augustini et al., (2008) uma unidade de alimentação e nutrição responsável pelas refeições de uma empresa metalúrgica obteve porcentagens de sobra no almoço variando entre 7,48% e 13,39%. Nas escolas analisadas este valor é de 75,92%, quase seis vezes superior. A sobra de alimentos em uma UAN pode ser conseqüência de diversos fatores: planejamento inadequado do número de

Desperdício

Escolas Produção (kg) (kg) (ID*) %

norte 01 26,00 13,86 53,31

norte 02 65,10 28,50 43,78

Sul 52,20 1,28 2,45

Centro-oeste 01 20,14 12,73 63,21

Centro-oeste 02 34,60 17,80 51,44

Centro-oeste 03 34,79 15,17 43,60

Oeste 67,00 13,60 20,30

Total 299,83 102,94 278,09

Média 42,83 14,70 39,73

* ID = índice de desperdício

11,16

3,54

Kg

12

10

8

6

4

2

0

Sobra limpa

Restos

Pesquisa de campo, 2010

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refeições a ser produzidas, freqüência diária dos usuários, preferências alimentares, treinamento dos func ionár ios na p rodução e no porcionamento (HIRSCHBRUCH, 1998). A presença de um nutricionista dentro do local de produção de alimentos é imprescindível para o seu bom funcionamento. Este profissional, a partir da observação dos gostos alimentares dos alunos e constante avaliação do desperdício em conjunto com a frequente conscientização das merendeiras pode contribuir para que o desperdício seja minimizado. É possível identificar que o espaço dado ao profissional de nutrição dentro do PNAE, tem suas limitações. Apesar de existir conceitos teóricos para o cálculo de produção de alimentos, estes não podem ser executados, visto que o PNAE baseia-se no número de alunos matriculados nas escolas da Rede Pública. Esta situação tem trazido exagerada produção de alimentos, contribuindo para o desperdício apresentado nesta pesquisa.

Conclusões

Os valores de desperdício da merenda escolar das escolas avaliadas se encontraram fora dos limites aceitáveis citados na literatura. A produção de alimentos em desconformidade com a realidade mostrou-se como a principal causa do problema, considerando que os maiores valores foram provenientes da sobra limpa. O presente trabalho serve de alerta para que o monitoramento dentro das UANs escolares seja acompanhado por nutricionista e a situação seja solucionada.

13/08/2010.NONINO-BORGES, C. B.; RABITO, E. I.; SILVA, K. da; FERRAZ, C. A.; CHIARELLO, P. G.; SANTOS, J. S. dos; MARCHINI, J. S. Desperdício de alimentos intra-hospitalar. Revista de Nutrição. Campinas, p.349- 356, maio/jun., 2006. NUTRIÇÃO EM PAUTA: O papel do nutricionista nos programas de alimentação escolar. Disponível em: <http://www.nutricaoempauta.com.br/lista_artigo.php?cod=775> Acesso em: 14/08/2010.PIPITONE, M.A.P.; OMETTO, A.M.H.; SILVA, M.V. da; STURION, G.L.; FURTUOSO, M.C.O.; OETTERER, M. Atuação dos conselhos municipais de alimentação escolar na gestão do programa nacional de alimentação escolar. Revista de Nutrição, Campinas, v. 16, n. 2, p. 143-54, abr./jun. 2003.REZENDE, F. A. C.; ROSADO, L. E. F. P. L.; PRIORE, S. E.; FRANCESCHINI, S. C. C. do. Aplicabilidade de equações na avaliação da composição corporal da população brasileira. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n. 3, p. 357-367, maio/jun., 2006.SED- Secretaria de Estado de Educação. Disponível em: <http://www.sed.ms.gov.br/index.php?inside=1&tp=3&show=2121> Acesso em: 16/08/2010.SOUZA, U. E. L. de. Redução do Desperdício de Materiais Através do Controle do Consumo em Obra. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T3115.PDF> Acesso em: 02/03/2010.VAZ, C. S. Restaurantes: controlando custos e aumentando lucros. Brasília, 2006. 193 p.

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Introdução 1992).No cenário esportivo mundial atual há a Partindo deste princípio Samulski (2002)

preocupação de como atingir um alto nível classifica que o treinamento mental é realizado de técnico e tático dos atletas, sejam eles amadores três modos:ou profissionais, os poupando de problemas 1) O treinamento de autoverbalização, que relacionados ao excesso de treinamento consiste em repetir mentalmente a prática do convencional. Partindo deste princípio surge a movimento de forma consciente. O movimento a preocupação de maximizar o desempenho ser treinado é divido em partes consideradas as desses indivíduos por meio de outros métodos mais importantes, daí então, junto à mentalização “não convencionais”, como o treinamento mental. o individuo vai enunciando em que parte se

Treinamento mental é definido como a encontra o movimento mentalizado. aprendizagem ou aperfeiçoamento de uma 2) O treinamento de auto-observação, que é uma sequência de movimentos, mediante a perspectiva externa, o individuo é o espectador de representação mental intensiva da mesma, sem seu próprio movimento. uma simultânea realização prática, com o intuito 3) O treinamento ideomotor, o qual tem como de preparação para certa atividade, ou de finalidade a perspectiva interna do movimento, a acréscimo na capacidade de concentração pessoa deve se autotransferir no movimento para (VOLKAMER & THOMAS, 1969; WEINBERG & poder captar profundamente a impressão dos GOULD, 2001). processos internos que ocorrem na execução do

O termo mais utilizado na denominação mesmo.de tal técnica é prática mental, todavia a mesma Muitos estudos sobre a prática mental ainda é intitulada como: treinamento mental, vêm sendo realizados desde a década de 60. prática imaginária, recapitulação interna, Neste percurso, o conceito de prática mental recapitulação simbólica, prática implícita e evoluiu paralelamente com o que ocorreu com as prática conceptual (MARQUES & LOMÔNACO, teorias de aprendizagem e com o papel das

EFEITOS DO TREINAMENTO MENTAL NA EFICIÊNCIA TÁTICA E NO PADRÃO DE MOVIMENTO DE LEVANTADORES DE VOLEIBOL

1,4Giordano Marcio Gatinho Bonuzzi

1,2,3Alaércio Perotti Júnior

1 2 3Centro Universitário Hermínio Ometto Uniararas; UNIP Universidade Paulista; FIEL Faculdade 4Integrada Einstein de Limeira; Lacom/ Escola de Educação Física e Esporte USP.

ResumoO presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento mental no aperfeiçoamento de uma habilidade motora aberta em uma situação de envolvimento cognitivo. Os objetivos específicos foram: a) analisar a estratégia cognitiva (Eficiência Tática) utilizada pelos levantadores de voleibol e b) o padrão motor utilizado no levantamento (Eficiência Técnica). Participaram desse estudo dois levantadores de voleibol, ambos com 18 anos de idade. Foram realizadas 11 intervenções de treinamento mental, na qual eram dadas diretrizes que deveriam ser seguidas nas mentalizações. No que se refere a estratégia cognitiva (Eficiência Tática) não se identificou diferença significativa para o Lev A (p=0,25), porém para o Lev B se observou diferença significativa (p=0,01). Quanto ao padrão motor utilizado na execução do levantamento notou-se melhoras para os dois levantadores, o Lev A no pré-teste não apresentava na maioria das vezes os levantamentos em suspensão (padrões de movimentos aperfeiçoados) durante a execução de seus levantamentos, porém em seu pós-teste verificou-se que esse levantador passou a utilizar-se mais de levantamentos em suspensão; já o Lev B em seu pré-teste já apresentava padrões de movimento aperfeiçoado e no seu pós-teste apresentou um melhor desempenho neste quesito da tarefa.

Palavras-Chave: Treinamento Mental, Eficiência Técnica, Eficiência Tática.

AbstracThe present study had the objective to investigate the effects of mental training in the improvement of an open motor ability in a situation of cognitive involvement. The specific objectives were: the) to analyze the cognitive (Tactical Efficiency) strategy used by the volleyball setter and b) the motor pattern used in the lifting (Technical Efficiency). Two volleyball setter, both at 18 years old, participated in that study. 11 interventions of mental training, in which they were given guidelines that should be followed in the mentalization, were performed. In relation to the cognitive strategy (Tactical Efficiency) there was no significant to the Lev A (p=0,25). However it was observed a significant difference of (p=0,01) for Lev B. It was observed improvement for both setters in relation to the motor pattern used to perform the lifting. Most of the times Lev A did not show the in suspension (improved movement patters) while performing the lifting. However, in the pos-test, it was observed that he used more lifting in suspension. On the other hand, Lev B had already showed improved movement patterns in his pre-test phase and better performance in the pos-test phase.

Key Words: Mental training, Technical Efficiency, Tactical Efficiency.

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a t i v i dades cogn i t i vas e mo to ras no controle. Evidenciou-se que todos os grupos, comportamento humano. Hoje a neurociência exceto o grupo de controle, apresentaram investiga a articulação cognitiva-psicomotora melhoras de desempenho, concluindo-se que dessa técnica. Como resultado observamos um neste estudo a prática mental e a prática maior envolvimento dos estudiosos do combinada foram efetivas na aquisição de uma movimento humano, em toda gama de habilidade motora aberta.interdisciplinaridade. A literatura aponta certa tendência de

Na tentativa de evidenciar a propriedade maior potencialidade da prática mental sobre as de eficiência dessa técnica de treinamento, Leite tarefas caracterizadas como cognitivas se (1981) tentou investigar os efeitos do treinamento comparadas às que são caracterizadas como mental sobre a aquisição do lance livre do motoras. Dentro deste paradigma Melo (1993) basquetebol na perspectiva de três métodos de investigou os efeitos da prática mental na aprendizagem: Prática Mental (PM), Prática aquisição de uma habilidade motora fina com Física (PF) e Combinação de Prática Mental e diferentes níveis de demandas cognitivas. A Física (PMF). Concluiu-se no estudo que todas as amostra foi constituída por 60 universitárias, que m e t o d o l o g i a s p r o p i c i a r a m m e l h o r a s se dividiram em 6 grupos: dois de prática física, significativas, mas os grupos (PF) e (PMF) dois de prática mental e dois de controle. Na tiveram resultados mais efetivo que o grupo (PM); coleta de dados foi utilizado um aparelho de além disso, o grupo (PMF) obteve um rendimento coordenação bimanual no qual eram designadas super ior, a inda que não s igni f icat ivo duas tarefas aos participantes, uma com alta estatisticamente sobre o grupo (PF). demanda cognitiva e outra com baixa demanda

Outro estudo envolvendo arremessos de cognitiva. Concluiu-se que a tarefa com alta lance livre foi feito por Albertini (1985), porém este demanda cognitiva teve maior influência das apresentava linhas de investigação mais práticas mentais se comparada à tarefa com desenvolvidas. Foram avaliados 31 indivíduos, baixa demanda cognitiva, e o grupo de prática de ambos os sexos, com faixa etária de 17 a 24 física teve desempenhos melhores do que o anos; que foram divididos em dois grupos: Grupo grupo prática mental em todos os blocos de Prática Física (GPF) e Grupo Prática Combinada tentativa.“mental e física” (GPC). Três juízas avaliaram o A mesma consideração é observada no padrão de movimento do arremesso no pré-teste, clássico e pioneiro estudo de Morrisset (1956), pós-teste e no teste de retenção utilizando 5 porém com afirmativas mais específicas. Para o pontuações. Para a análise de dados utilizou-se a autor tarefas perceptuais (tarefas que devem comparação entre os escores do pré-teste, pós- distinguir estímulos) e simbólicas (tarefas que teste e teste de retenção. Resultados similares à envolvem respostas efetoras em função da pesquisa de Leite (1981) foram encontrados. percepção do estímulo) tendem a ter maior Verificou-se que o GPC teve um desempenho eficácia se comparadas as de natureza motora maior nos dois critérios de avaliação, porém essa pura.melhora não se expressou estatisticamente. As hipóteses que buscam justificar a

No intuito de investigar os efeitos da eficácia da prática mental na aprendizagem prática mental na aquisição de habilidades motora podem ser classificadas em dois grandes motoras em sujeitos novatos, Gomes (2009) grupos: as hipóteses fisiológicas e as hipóteses u t i l i z o u u m a h a b i l i d a d e s e r i a d a d e psicológicas. Compreendam-se as de origem posicionamento com restrição temporal em uma fisiológica aquelas que imputam os efeitos do tarefa de timing coincidente. A amostra foi treinamento mental a fatores orgânicos, como a constituída por 60 participantes sem experiência estimulação subliminar da musculatura envolvida prévia na tarefa. Os participantes foram divididos no movimento ou o despertar sensorial do em 5 grupos, Grupo Prática Mental (GPM), Grupo organismo. Já as hipóteses psicológicas dão Prática Física (GPF), Grupo Prática Física antes respaldo a fatores como a atenção seletiva, da Mental (GPFM), Grupo Prática Mental antes motivação dos praticantes ou capacidade de da Física (GPMF) e Grupo Controle (GC). Os imaginação, não dando valor às perspectivas resultados apresentaram a ineficácia da prática fisiológicas (MARQUES & LÔMACO, 1992).mental isolada em sujeitos novatos, o melhor Na literatura encontramos notórias desempenho foi obtido pelos GPF e GPMF. Assim pesquisas que comprovam certa eficácia do sendo, a prática mental foi considerada treinamento mental combinado à prática física, insuficiente porque ela sozinha não proporcionou perante a aquisição ou aperfeiçoamento de aprendizagem, mas foi eficiente na prática habilidades motoras. Porém são escassas combinada quando posicionada antes da prática aquelas que o associam ao ambiente aberto, ou física. seja, ao ambiente imprevisível que requer que as

Em uma pesquisa realizada com uma pessoas adequem seus movimentos em resposta habilidade motora aberta, Millard et al. (2001), às suas propriedades dinâmicas (SHIMIDT & analisaram a aprendizagem de 60 nadadores, WRISBERG, 2000). E especificamente ao sem experiência na tarefa, na prática do caiaque. esporte, onde esta abordagem parece oferecer A amostra foi distribuída entre 4 grupos: prática um campo potencial de pesquisa.física, prática mental, prática combinada e

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Objetivo do estudo

O presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento mental no aperfeiçoamento de uma habilidade motora aberta em uma situação de envolvimento cognitivo. Os objetivos específicos foram verificar os efeitos da prática mental: a) na estratégia cognitiva (Eficiência Tática) utilizada pelos O levantador então executava o levantadores de voleibol e b) no padrão motor levantamento tendo a sua disposição quatro utilizado no levantamento (Eficiência Técnica). atacantes como se confere na FIGURA 2, um na

entrada de rede sendo na imagem o atacante 1, Participantes outro no meio da rede sendo na imagem o

atacante 2, outro na saída de rede sendo o F izeram par te desse estudo 2 atacante 3, e por fim outro no meio fundo levantadores (Lev A e Lev B) de 18 anos de idade, representado como atacante 4.do sexo masculino, da equipe de voleibol da O levantador tinha total autonomia na c idade de Amer icana, que t re inavam escolha e na forma com que sua jogada era feita, regularmente. Os treinos eram compostos de desde que seus dois objetivos sejam concluídos, treinos técnicos, táticos e físicos de segunda a o primeiro de fazer com que a trajetória da bola sexta-feira. A amostra se limitou a dois esteja em boas condições para o atacante participantes porque as intervenções tinham executar o ataque, e o segundo de tentar fintar o caráter específico para as necessidades do time, bloqueio adversário, não deixando com que este e na maioria das equipes de rendimento de execute o bloqueio duplo ou triplo. Os voleibol encontra-se apenas esse número de bloqueadores do t ime adversár io são jogadores para esta posição. representados na FIGURA 2, como bloqueador 1,

bloqueador 2 e bloqueador 3.Procedimentos Para cada levantador em cada teste eram

dispostos 15 levantamentos, dos quais foram Os participantes foram informados avaliados de maneira subjetiva pelos atacantes

acerca dos procedimentos experimentais aos sobre a qualidade da trajetória da bola. Sendo quais seriam submetidos e assinaram o termo de esta nota subjetiva de 5 à 1; 5 a que estiver em consentimento para participação na pesquisa, perfeita condição de ataque, 4 a qual se encontrar aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da em boa condição de ataque, 3 a que estiver em UNIARARAS (parecer n° 655/2009). Em seguida normal condição de ataque, 2 a que estiver em foi realizado um pré-teste para verificar a condição de ataque ruim, e 1 que estiver em estratégia cognitiva e o tipo de levantamento péssima condição de ataque.utilizado pelo levantador. Mais especificamente Junto a esta avaliação foi feita para cada foi avaliado quanto a sua tomada de decisão no bola levantada a contagem do número de levantamento, ou seja, a eficiência tática que se bloqueadores que constituíam o bloqueio perante origina da percepção do ambiente, propiciando a o atacante. Podendo ele ser triplo, duplo, um, dos vários atacantes que têm a sua individual e sem bloqueio. Quanto maior foi o disposição, o recebimento da bola em bons número de constituintes do bloqueio, pior foi à estados de trajetória possibilitando uma execução do levantamento.vantagem em relação ao bloqueio adversário. E a O padrão de movimento usado durante o frequência de execução de levantamentos em ato do levantamento também foi analisado e suspensão. classificado da seguinte forma, com o apoio dos

pés no solo (padrão básico) e em suspensão Tarefa e Delineamento (padrão aperfeiçoado).

Tanto o pré-teste um quanto o pós-teste O pré-teste e o pós-teste foi aplicado em que foi realizado após uma semana da última

uma simulação de jogo. intervenção de treinamento mental, tiveram Da quadra oposta ao levantador era executado condições homogêneas.um saque direcionado ao líbero do suposto time Os dois testes foram gravados por uma do levantador, saque este considerado fácil câmera que foi colocada em um ponto estratégico perante a habilidade do líbero. O líbero então para o maior foco das ações do jogo, esta que executava a recepção para o levantador, que estava do lado oposto em que o levantador se estava na posição que sempre se encontra no encontrava na quadra. Como podemos ver na jogo ao executar o levantamento, posição esta figura 2.que se encontrava de frente para 1 e de costas para 2. Disposição que pode ser conferida na figura 1.

LevantadorLíbero

Saque

1

2

FIGURA 1: Circunstância do passe do líbero para o levantador

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SaqueBloqueador 1

Bloqueador 2

Bloqueador 3

Atacante 1Atacante 2

Atacante 3

Atacante 4Câmera

FIGURA 2: Disposição de atacantes, bloqueadores e câmera.

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Durante quatro semanas foram mesmos vivenciando a ação “vendo com seus marcadas 11 intervenções com os dois próprios olhos”. Como no caso em que um deles levantadores que aconteciam três vezes na não executava a extensão total dos braços semana. Nelas direcionávamos os atletas a uma durante o toque, em sua mentalização neste maneira adequada de mental ização e momento ele dizia alongar, para que isto se traçávamos algumas diretrizes que deveriam ser tornasse palavra chave de seu acerto. Tal seguidas nas mentalizações entre uma mentalização foi mantida até a próxima intervenção e outra, que segundo os atletas eram intervenção.feitas todo dia antes que dormissem, durante Sexta intervenção: De maneira “interna” aproximadamente 20 minutos. pediu-se para que mentalizassem as jogadas

Primeira intervenção: Houve certa anotadas na terceira intervenção, porém que discussão sobre qual é a função do levantador em estas mentalizações se encaixassem em uma jogo. Detectou-se que os atletas confundiam situação mental de jogo, não de apenas jogadas suas responsabilidades com as exigências que sem nenhum contexto. Nestas mentalizações seus colegas de time os impunham; ou seja; o certos momentos cruciais dos jogos eram levantador que têm como obrigação decidir qual é englobados, como qual jogada farei durante o a melhor opção de ataque em relação ao bloqueio último ponto do set. Estas mentalizações adversário, estava sendo compreendido como prosseguiram até a próxima intervenção.um distribuidor de quantidades homogêneas de Sétima intervenção: Como sendo a bolas a fim de que os outros atletas ficassem continuação do encontro anterior, propusemos a motivados, com isto o desempenho dos mesma perspectiva, porém que as mentalizações levantadores era prejudicado. Foram instruídos se enquadrassem em contextos especiais de para que mentalizassem todas as obrigações do bloqueios adversários, analisávamos como o levantador detectadas até a próxima intervenção. bloqueio adversário se comportava perante cada

Segunda intervenção: Foi apresentado jogada pré-montada, e a partir disto havia a aos levantadores o primeiro teste de escolha da jogada que mais seria eficaz na desempenho que foi gravado em vídeo. Nele situação que a intervenção propunha. De enfocávamos as deficiências técnicas dos atletas maneira ainda “interna” os atletas mentalizavam e as anotávamos. Posteriormente foram estas situações e suas respectivas jogadas até a apresentados vídeos de levantadores da seleção próxima intervenção.brasileira adulta e de alguns clubes profissionais, Oitava intervenção: Neste encontro para cada deficiência anotada havia a houve-se certo resumo de tudo o que já havíamos comparação com a excelente atuação dos visto junto ao controle de alguns aspectos profissionais. Pediu-se então que imaginassem emocionais, tais como motivação, ansiedade e os levantadores profissionais enfatizando as concentração. Estas emoções se enquadravam deficiências encontradas. no “contexto mental de jogo” e também aos

Terceira intervenção: Realizou-se momentos que precedem e procedem o jogo. Tal novamente a execução do v ídeo de diretriz foi executada até o próximo encontro.desempenho, nele enfocávamos a monotonia de N o n a i n t e r v e n ç ã o : C o m o o s jogadas de ataque presente nas armações dos levantadores iriam jogar contra o time do Centro levantadores. Pediu-se a eles que em uma folha Olímpico de Treinamento e Pesquisa, anotassem todas as formas de armações de de l ineamos a lgumas es t ra tég ias que jogadas que eles conseguiriam executar com possibilitariam bons rendimentos aos atletas e as seus parceiros de time. E durante o tempo entre executamos mentalmente. Tal treinamento esta intervenção e a outra mentalizassem estas mental foi feito até um dia antes do jogo.jogadas de maneira “externa” ( como sendo Décima intervenção: Neste encontro a espectadores destas jogadas). intervenção foi parecida com a nona intervenção,

Quarta intervenção: Sucedeu-se a porém analisamos o time de São José dos pesquisa com a instrução de todas as exigências Campos.técnicas que o levantador precisa ter ao se Décima primeira intervenção: Como a executar um levantamento, posicionamento de data dos Jogos Abertos do Estado de São Paulo pernas e tronco, e a maneira correta de estava se aproximando, analisamos os três movimentação de braços e mãos. Foi pedido para últimos campeões das séries anteriores. Nestes que praticassem mentalmente tais exigências de times tentamos encontrar as características que maneira “externa”, porém, que o levantador em os levantadores destas equipes tinham, para questão na mentalização fossem eles mesmos tentar identificar a maneira ideal de se jogar deste durante jogadas em seu próprio time. campeonato em específico. Os atletas treinaram

Quinta intervenção: Com a apresentação mentalmente até a ida para os jogos.das deficiências técnicas anotadas na segunda intervenção, pediu-se para que os levantadores Tratamento dos Dadosas corrigissem através de suas mentalizações, e durante o momento da correção dissessem qual o Na análise de dados se utilizou como procedimento que os faria acertar o movimento, medidas comportamentais a contagem dos tudo isto de forma “interna”, como se fossem eles bloqueadores a cada bola levantada, as notas

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atribuídas pelos atacantes a cada bola levantada e o padrão de movimento utilizado pelo levantador durante a execução dos levantamentos.

As notas atribuídas pelos atacantes e o número de bloqueadores tiveram que ser relacionados; pois no jogo de voleibol, um levantamento que tenha boa trajetória perante a subjetividade do atacante, mas que também ofereça um bloqueio triplo marcando o seu ataque não pode ser classificado como efetivo;

Quanto ao padrão motor (Eficiência Técnica) igualmente a um levantamento que consiga fintar

utilizado na execução do levantamento notam-se todos os bloqueadores, mas que não favoreça em

melhoras para os dois levantadores, o Lev A no sua trajetória um bom ataque. O levantamento só

pré-teste não apresentava na maioria das vezes pode ser considerado eficaz quando consegue

padrões aperfeiçoados (levantamentos em fintar os bloqueadores e proporcionar condições

suspensão) durante a execução de seus ideais para o atacante executar um bom ataque.

levantamentos, porém em seu pós-teste Na relação de tais medidas (notas e

averiguam-se utilizações mais corriqueiras de tais bloqueio) adotou-se a eficácia em porcentagem

padrões de movimento; já o Lev B em seu pré-em cada uma delas. Nas notas subjetivas dos

teste já apresentava padrões de movimento atacantes seguiu-se a seguinte ordem de eficácia

aperfeiçoado (levantamentos em suspensão), e em porcentagem, como demonstra a Tabela 1.

no pós-teste apresentou um melhor desempenho nesse quesito da tarefa, como podemos observar na Figura 8.

Na contagem de bloqueadores presentes a cada levantamento, utilizou-se o seguinte critério de porcentagem de eficácia, como demonstra a Tabela 2.

Posteriormente calculou-se a média das porcentagens de eficiência das notas subjetivas dos atacantes junto à porcentagem de eficiência do número de bloqueadores para identificar o FIGURA 8: Frequência de utilizações de levantamentos em suspensão

(Eficiência Técnica).que denominamos de Eficiência Tática. Os dados não possibilitaram análise paramétrica,

Discussão e Conclusãoassim sendo utilizou-se o teste de Wilcoxon com nível de significância de 0,05 para análises

Dentre as hipóteses psicológicas que intergrupos.buscam justificar a eficácia da prática mental na aquisição e desempenho de habilidades motoras, Resultadoshá algumas que podem auxiliar-nos no compreendimento dos fenômenos ocorridos No que concerne a Eficiência Tática o teste de neste estudo, a hipótese da atenção seletiva e a Wilcoxon não identificou diferença significativa hipótese de elementos simbólicos.para o Lev A (Z=1,13, p=0,25), porém para o

A hipótese da atenção seletiva se baseia Lev B se observou diferença significativa na proposta de que a prática mental auxilia o (Z=2,44, p=0,01). As Figuras 6 e 7 ilustram o aprendiz a eliminar os estímulos irrelevantes da desempenho dos atletas.tarefa e selecionar os relevantes (MARQUES & LOMÔNACO, 1992). Vár ios fatores e mecanismos podem facilitar o processo de aprendizagem, dentre eles estratégias cognitivas que auxiliam as exigências dos processos de atenção são indispensáveis (LADEWIG, 2000).

Considerando-se que todas as pessoas têm capacidade limitada de seleção e retenção de informações relevantes à atividade a ser realizada, e que ao longo da prática tal capacidade se aperfeiçoa (LADEWIG, 2000). Justifica-se o comportamento dos levantadores.

O Lev B como consta no pré-teste já

NotasPorcentagem

1 2 3 4 520% 40% 60% 80% 100%

TABELA 1: Porcentagem de Eficiência para cada nota.

BloqueadoresPorcentagem

2 1 2 3100% 75% 50% 25%

TABELA 2: Porcentagem de Eficiência para cada número de bloqueadores.

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FIGURA 6: Eficiência Tática do levantador A.

FIGURA 7: Eficiência Tática do levantador B.

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a efeitos que a prática mental produz ocorrem execução do levantamento em suspensão devido diferentemente para cada individuo. Nota-se que à prática física/técnica anterior, demonstrando a evolução do pré-teste para o pós-teste se dá a que habilidade se encontrava em um estágio partir da necessidade de cada levantador, mesmo “automatizado”. Este jogador não precisava estes tendo sessões de treinamento mental direcionar seus esforços cognitivos a constante idênticas.reorganização do plano motor, assim sendo Se os efeitos da prática mental tivessem poderia prestar atenção às propriedades prevalência no aspecto simbólico da habilidade dinâmicas do seu ambiente e ter a tomada de se comparado ao aspecto motor, o Lev A demonstrar evolução em sua Eficiência apresentaria em seu pós-teste o mesmo padrão Tática.decisão mais coerente a cada situação de movimento utilizado no pré-teste com um nível inesperada, com isto conseguiu demonstrar de eficiência tática mais elevada. Contudo o evolução em sua Eficiência Tática. mesmo teve melhorias motoras em seu

Contudo o Lev A não manifestava desempenho, e estabilizou sua performance normalmente, em suas ações de jogo, os perceptomotora. levantamentos em suspensão. O treinamento Portanto conclui-se que em tarefas que envolvem mental fez com que o mesmo utiliza-se tal técnica um nível acentuado de destrezas motoras e mais frequentemente em suas ações em quadra. também uma grande demanda cognitiva derivada A prática mental beneficiou o Lev A chamando da tomada de decisão, o treinamento mental sua atenção para aspectos importantes do proporciona benefícios que são peculiares às movimento, por conseguinte o atleta tinha que deficiências do aprendiz em relação à tarefa; no direcionar seus esforços cognitivos à progressiva caso do esporte, sejam estas dificuldades de reorganização espaço-temporal de seu plano origem técnica ou tática. Tendo-se prevalência motor, o impossibilitando ter certa interação hierárquica dos efeitos da prática mental na favoráve l às propr iedades d inâmicas técnica sobre os possíveis efeitos de origem correspondentes à Eficiência Tática. tática; isto porque há sobrecarga de informação

Tais achados corroboram com as fases quando um indivíduo executa técnicas não da aprendizagem de Fitts e Posner (1967), onde automatizadas em um contexto aberto, os ao longo da prática a demanda cognitiva para a mesmos não conseguem dirigir sua atenção aos execução da tarefa se torna cada vez menor dois itens ao mesmo tempo, a reeorganização devido ao constante refinamento do plano motor, espaço-temporal do movimento e a interação de com isto o aprendiz pode direcionar sua atenção tomada de decisões em função do ambiente.a outros aspectos pertinentes de sua prática, como a tomada de decisão em função do Referências Bibliográficasambiente.

No que se refere à hipótese de elementos ALBERTINI, P. Influência da prática mental na simbólicos, há a relação de eficácia do aprendizagem de uma habilidade motora. treinamento mental junto apenas às atividades Dissertação de Mestrado. Escola de que tenham prevalência em aspectos cognitivos Educação Física e Esporte da Universidade de e perceptomotores (simbólicos); tal perspectiva São Paulo, Universidade de São Paulo, São então não se aplicaria as que são exclusivamente Paulo, 1985.motoras (MORRISETT, 1956 FELTZ & CORBIN, C, B. Mental practice. In: W. P. LANDERS, 1983). Os achados do estudo de Melo MORGAN. Ergogenic aids and muscular (1993) também evidenciam esta mesma performance. New York, Academic Press, expectativa, onde tarefas com altas demandas 1972.cognitivas atingem melhorias maiores se FELTZ, D; LANDERS, D. The effects of mental comparadas às de prevalência motora. Contudo practice on motor skill learning and este estudo propicia algumas reflexões performance: a meta-analysis. Journal of Sport adicionais a esta hipótese. Psychology. v.5, p.25-57, 1983.

Nota-se que a evolução do pré-teste para FITTS, P, M; POSNER, M, I. Human o pós-teste se dá a partir da necessidade de cada Performance. Belmont, Brooks-Cole, 1967.levantador, mesmo estes tendo sessões de GOMES, T, V, B. Efeitos da prática mental na treinamento mental idênticas. Parece haver certa aquisição de habilidades motoras em sujeitos hierarquia dos efeitos da prática mental na novatos: Eficaz, insuficiente ou inexistente? aquisição de novos padrões técnicos Dissertação de Mestrado. Escola de (perspectiva motora) sobre a influência que tal Educação Física, Fisioterapia e Terapia prática poderia impor sobre a perspectiva tática Ocupacional EEFFTO, Universidade Federal (perspectiva simbólica); ou seja, para de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009. intervenções de origem tática corresponderem as LADEWIG, I. A importância da atenção na perspectivas o praticante deve-se encontrar em aprendizagem de habilidades motoras. Revista níveis técnicos aprimorados. Paulista de Educação Física. supl.3, p. 62-71,

Como se pode constatar nos resultados 2000.anteriormente apresentados e levando-se em MACHADO, A, A. Psicologia do Esporte: da conta o número restrito de participantes deste aprendizagem ao treinamento. Rio de Janeiro: estudo, verificamos que modificações a cerca dos Guanabara Koogan, 2007.

presentava uma boa eficiência técnica na

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1. Introdução Emoções Positivas A investigação das emoções tem se concentrado,

Com a evolução e a popularização do a princípio, na análise de emoções negativas esporte cada vez mais evidente, verificamos que como medo, agressão, etc, e tem relegado a a presença da mídia nos diferentes tipos de segundo plano os fenômenos positivos como competições faz-se cada vez mais evidente. Em sorte, alegria, ânimo e satisfação. Na área do conseqüência, os eventos esportivos que esporte têm sido investigados estados pretendem obter mais popularidade e maior emocionais positivos que podem se apresentar cobertura midiática oferecem prêmios pela durante a atividade competitiva (emoções que participação e, principalmente, pela conquista da acompanham as ações esportivas). Diante desse competição. Dentro desse ambiente surgem, c o n t e x t o a p a r e c e m d o i s c o n c e i t o s naturalmente, atletas interessados e em busca da particularmente interessantes: o conceito de flow-vitória somente pela conquista do prêmio, feeling (sensação de fluidez) de Csikszentmihalyi deixando relegado a segundo plano a (1985) e a análise do winning-feeling (sensação participação em prol da saúde e qualidade de de ganhar) de Unestahl (1983,1985). O termo vida. “flow” é classificado como uma sensação de

Analisar os estados emocionais alegria durante a atividade, a total e absoluta decorrentes da participação esportiva, sobretudo identificação e concentração na atividade que se a motivação, como combustível para conquistas e realiza, esquecendo de si mesmo. O winning-superação é de suma importância para a ciência feeling (sensação de ganhar), segundo Unestahl do esporte e da atividade física, uma vez que a (1983,1986) , apresenta as segu in tes partir desses estudos poderemos desenvolver características: amnésia, concentração, aumento novas metodologia e intervenções pensando em de tolerância à dor e mudanças na percepção.um atleta mais equilibrado, podendo assim, participar das competições de maneira íntegra. Emoções Negativas

O presente trabalho teve como objetivo Durante a competição, pode-se observar uma comparar o grau de importância que os atletas variedade de situação nas quais o atleta se irrita masculinos e femininos, participantes de corrida mais ou menos intensamente. A hipótese de que a de fundo, especificamente de prova de rua, atribui situação especifica podem provocar emoções à premiação em dinheiro, como fator motivador como alegria, raiva, medo, etc. será sustentada para participação da corrida. por investigações que avaliam, por um lado,

É sabido, dentro da psicologia que trata emoções esperadas em uma situação específica, do esporte, que a premiação nas corridas de e por outro lado, emoções sentidas em uma fundo, é um estimulo (extrínseco) para muitos situação aleatória. (Scherer; Summerfield; atletas que se usam do esporte como meio de Wallbout, 1983).sustentabilidade. O presente estudo justifica-se para verificar se o universo pesquisado prioriza a Motivaçãopremiação dentro da competição como um todo. Segundo Samulski (1995) “a motivação é

caracterizada como um processo ativo, 2. Revisão de Literatura intencional e dirigido a uma meta, o qual depende

da interação de fatores pessoais (intrínsecos- Quando pensamos em estados onde o indivíduo se compromete em uma

emocionais e movimento, comumente atividade pelo prazer e pela satisfação que encontramos uma divisão entre emoções aprende, explora, realiza ou quando participa de positivas e emoções negativas. Para facilitar alguma coisa nova) e ambientais (extrínsecos - nossa abordagem, trabalharemos com tópicos valorizando mais o resultado do que tendo relativos a estas emoções. Ao final destas interesse na atividade por si própria)”. Segundo considerações tipificaremos, de forma breve, a esse modelo, a motivação apresenta uma prova em questão. determinante direção do comportamento

(intenções, interesses, motivos e metas).

COMPARAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA PREMIAÇÃO COMO FATOR MOTIVADOR PARA CORREDORES DE FUNDO DO SEXO MASCULINO E FEMININO

Vanessa B. Batiston¹Camila Ap. Honório¹

Jordana dos Santos Custodio¹Lucas Fontanari¹

Rafael Castro Kocian²

¹UNIP | São José do Rio Pardo;² Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, campus Muzambinho

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esportiva depende da interação entre a apreensão e associado com ativação ou personal idade (expectat ivas, mot ivos, excitação do corpo. No esporte, é diferenciado necessidades, interesses) e fatores do meio em dois tipos (Martens-1990): ansiedade ambiente, como facilidades, tarefas atraentes, somática e cognitivo. A ansiedade somática surge desafios e influências sociais. No decorrer da vida no momento da competição e envolve a de uma pessoa, a importância dos fatores participação do organismo como um todo, pessoais e situacionais acima mencionadas, colocando-o em estado de alerta e resultando no pode mudar, dependendo das necessidades e aumento dos níveis de adrenalina e cortisol. Já a oportunidades atuais. ansiedade cognitiva surge mais precocemente ao De acordo com Samulski in Weinberg & Gould aproximar-se de uma competição e permanecer (1999:57), a motivação para a prática esportiva em alto nível, é determinada pela sensação depende da interação entre a personalidade emocional de apreensão e tenacidade psíquica.(expectat ivas, mot ivos, necessidades, Além da diferenciação entre ansiedade cognitiva interesses) e fatores do meio ambiente como e somática, outra diferença importante é entre facilidades, tarefas atraentes, desafios e ansiedade-estado e ansiedade-traço. Sendo que influências sociais. No decorrer da vida de uma a ansiedade-estado é um estado emocional pessoa, a importância dos fatores pessoais temporário, em constante variação com (personalidade, necessidades, interesses, sen t imentos de apreensão e tensão motivos, metas e expectativas) e situacionais conscientemente percebidos, associados com a (estilo de liderança, facilidades, tarefas atrativas, ativação do sistema nervoso autônomo. A desafios e influências sociais), podem mudar, a n s i e d a d e - t r a ç o é u m a t e n d ê n c i a dependendo das necessidades e oportunidades comportamental de perceber e responder com atuais. ans iedade-es tado desproporc iona l às

circunstâncias comuns. MedoO medo é concebido como uma emoção- Corrida de 6000 metroschoque devido à percepção de perigo presente e Segundo Fernandes (2003) a corrida de 6.000 urgente que ameaça a preservação daquele metros é caracterizada como: indivíduo. Provoca, então, uma série de efeitos no - Não-balizada- não existe uma baliza organismo que o tornam apto a uma reação de que os atletas precisam seguir;defesa como a fuga, por exemplo. Para Santos in - Rasa: sem obstáculos;Delpierre (1794), o medo pode provocar efeitos - De fundo: corridas a partir de 5.000 contrastados segundo os indivíduos e as metros;circunstâncias, ou até reações alternadas em - E de resistência aeróbia ou endurance: uma mesma pessoa: a aceleração dos devido às exigências funcionais ou capacidades movimentos do coração ou sua diminuição, uma que requerem do atleta.respiração demasiadamente rápida ou lenta, uma contração ou uma dilatação dos vasos 3. Metodologiasangüíneos, uma hiper ou uma hipossecreção das glândulas, constipação ou diarréia, poliúria Trabalhamos com um pesquisa de ou anúria, um comportamento de imobilização ou campo do tipo qualitativa, balizada pelas ciências uma exteriorização violenta. humanas, buscando coletar dados através de um Nos casos-limite, a inibição irá até uma questionário aberto e estruturado, junto a pseudoparalisia diante do perigo (estados praticantes do sexo masculino e feminino de uma catalépticos) e a exteriorização resultará numa corrida de fundo (6km), ocorrida em São José do tempestade de movimentos desatinados e Rio Pardo-SP, no dia 30 de agosto de 2009. inadaptados, característicos do pânico. Podemos Foi garantido sigilo absoluto aos analisar que o medo é uma emoção básica, que participantes da pesquisa, além de aplicado o existe em todos os seres humanos, sendo assim Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O uma reação biológica comum. questionário era composto por um cabeçalho de O medo se apresenta quando a expectativa identificação (sexo, idade e tempo de prática da permanece insegura também durante o corrida), e, após o cabeçalho, nosso questionário transcurso da superação de exigências. O medo continha 4 questões abertas, que visavam será tão mais forte quanto mais inseguro é o atender nossos objetivos. Nossos sujeitos foram desenvolvimento da ação (Lazarus e Averill,1972 selecionados de forma aleatória sem distinção de in Samulski). Segundo Samulski in Pekrun (1983) faixa etária, classe social, nível de treinamento, é tomado o conceito de que quanto mais negativo etc. Foram entrevistados 26 sujeitos do sexo for o valor subjetivo que se atribui às masculino e 11 sujeitos do sexo feminino. Após a conseqüências, mais medo resulta da coleta, os dados foram analisados sob o ponto de antecipação. vista das ciências humanas, tabulados,

distribuídos graficamente e discutidos.Ansiedade A pesquisa se utilizou da sétima corrida A ansiedade é um estado emocional negativo pedestre “Duque de Caxias” que ocorreu no dia caracterizado por nervosismo, preocupação e 30 de agosto de 2009, na cidade de São José do

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Rio Pardo- SP, onde os participantes deveriam homens e uma mulher de 2 meses à 1 ano; de 2 à cumprir o percurso de 6.000 metros, competindo 5 anos verificamos seis homens e uma mulher e pelas categorias: livre masculino, livre feminino, há mais de 5 anos, dois indivíduos de cada sexo.sub-16 masculino e atiradores. Após o cabeçalho, in ic iamos o

A premiação para a categoria livre questionário com a seguinte pergunta: a masculino foi de: 1º lugar R$600,00, 2º lugar premiação te motiva a participar dessa corrida? R$400,00 e 3º lugar R$200,00. Já na categoria Como resposta encontramos:livre feminino a premiação foi de: 1º lugar R$400,00, 2º lugar R$300,00 e 3º lugar R$200,00. Na categoria sub-16 masculino a premiação foi de: 1º lugar R$300,00, 2º lugar R$200,00 e 3º lugar R$100,00. Na categoria atiradores não obteve premiação.

4. Resultados e Discussão

Conforme apresentado em nossa metodologia, nosso questionário era iniciado por um cabeçalho de identificação dos participantes. A partir desse cabeçalho podemos apresentar o seguinte gráfico. No total de 17 indivíduos do sexo

masculino, oito praticantes e nove não praticantes relataram considerar a premiação como fator motivacional, sendo que de 6 indivíduos do sexo feminino, três praticantes e também três não-praticantes se motivam com a premiação. Dos que não consideram a premiação como fator motivacional, nove homens, quatro praticantes e cinco não-praticantes e de duas mulheres apenas duas praticantes. Alguns indivíduos do sexo feminino não tiveram uma resposta exata, destes são três, um é praticante e dois não praticantes.

Após essa questão, perguntamos se os Foram entrevistados 37 sujeitos sendo destes 26 homens indivíduos se prepararam para a prova, (representados nos gráficos pela cor azul) e 11 mulheres

encontrando os seguintes resultados:(representadas pela cor rosa). Considerando as faixas etárias, participaram da entrevistas três homens e duas mulheres com até 15 anos; com 16 à 21 anos de idade, 16 homens e seis mulheres; com 22 à 25 anos, três homens e uma mulher e acima de 25 anos, quatro do sexo masculino e dois do feminino.

Dos indivíduos que se prepararam para a prova: 15 homens ( 11 praticantes e quatro não-praticantes) e cinco mulheres (três praticantes e duas não-praticantes assíduas). Não se prepararam 10 homens, todos não-praticantes da

corrida e cinco mulheres, também todas não praticantes. Dos que se prepararam, mas não em treinamento específico para a corrida em questão foi um homem praticante e uma mulher também praticante.

5. Conclusão

Conclui-se através do trabalho que, dentro do universo pesquisado, a premiação interferiu em 65% para atletas do sexo masculino, destes 47% De acordo com o tempo de prática dois praticantes e 53% para não-praticantes, sendo homens praticam a corrida há até um mês; dois

Indivíduos Entrevistados

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Até 15 anos 16 - 21 anos 22 - 25 anos A cima de 25 anos

Faixa Etária

Nºd

eIn

div

íduos

Homens

Mulheres

Não Praticantes de Corrida

0

2

4

6

8

10

12

14

Até 15 anos 16 - 21 anos 22 - 25 naos A cima de 25 anos

Faixa Etária

Nºde

Indiv

íduos

Homens Não Praticantes

Mulheres Não Praticantes

Tempo de Prática da Corrida

0

1

2

3

4

5

6

7

Até 1 mês 2 meses - 1 ano 2 - 5 anos Mais de 5 anos

Tempo

Nºde

Indiv

íduos

Homens

Mulheres

A Interferência da Premiação como fator da Motivação

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

SIM NÃO + ou -

Nºde

Indiv

íduos

Homens (Total)

Praticam

Não Praticam

Mulheres (Total)

Praticam

Não Praticam

Indivíduos que se prepararam para a prova

0

2

4

6

8

10

12

14

16

SIM NÃO + ou -

Nºde

Indiv

íduos

Homens (total)

Praticam

Não Praticam

Mulheres (Total)

Praticam

Não Praticam

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57% se prepararam para aprova (73% praticantes e 26% não-praticantes). No sexo feminino, para 54% do universo pesquisado, a premiação foi o fator de motivação relevante, destes, 50% são praticantes da corrida e consequentemente 50% não-praticantes, 45% se prepararam para a prova, sendo 60% praticantes e 40% não-praticantes. e 26% não-praticantes). No sexo feminino, para 54% do universo pesquisado, a premiação foi o fator de motivação relevante, destes, 50% são praticantes da corrida e consequentemente 50% não-praticantes, 45% se prepararam para a prova, sendo 60% praticantes e 40% não-praticantes.

Através desta análise é possível perceber que apesar de 65% dos homens entrevistados terem a premiação como motivação, apenas 57% se prepararam para a prova, e no sexo feminino 54% se motivam pela premiação e somente 45% se prepararam para a corrida em questão. Por todos esses motivos, sugerimos que exista um profissional da Educação Física para monitorar e intervir nos treinamentos, além de um profissional capacitado para trabalhar com a psicologia do esporte, uma vez que os estados emocionais, sobretudo a motivação (no caso a extrínseca, conforme a revisão de literatura), podem sofrer alterações que promoverão interferências nos resultados.

Referências Bibliográficas

FERNANDES, José Luís. Atletismo: corridas. 3. Ed. Ver. São Paulo: EPU, 2003WEINBERG, Robert S. & GOULD, Daniel. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.BALLONE, G. J. Ansiedade e Esporte, in. PsiqWeb, Internet, disponível em

acesso em: 05/09/2009Samulski, Dietmar (2002), ”Psicologia do Esporte”. Editora: Manole, Barueri,SP, 2002.Weinberg, Robert S. & Gould, Daniel. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício . Editora Artmed, 4º edição, 2008

WWW.virtualpsy.org/temas/esporte.html

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Introdução contraditórios.Dumazedier em seus estudos salienta, a

Há diversas pesquisas na área de lazer importância do lazer do ser humano, no que diz num esforço de estabelecer definições de lazer, respeito ao seu desenvolvimento quando faz a como espaço de construção de valores.Este seguinte afirmação: É um homem incompleto, estudo vem discutir as formas de lazer como atrasado e de certo modo alienado, aquele que cultura popular no município de Tucuruí no não aproveita ou não sabe aproveitar seu tempo período de 1948 à 1975, analisando as livre. Dumazedier (p. 25, 2004).características principais da cultura local. No contexto em discussão, o lazer

O objetivo principal é conhecer as compensaria uma eventual sobrecarga, tornando diferentes formas de lazer implementadas nas as tarefas do cotidiano mais humanas e fazendo a décadas de 1948 à 1975 e analisar o perfil da pessoa sentir-se mais feliz e consciente do que cultura popular, através das praticas de lazer no ocorre ao seu redor, não deixando alienar-se município de Tucuruí;fazendo as relações Marcelino (2006). Outra conotação que o lazer histórico, sociais necessárias para melhor pode tomar é a visão utilitarista, ou seja, com um compreensão do alicerce cultural no qual se propósito, que vise o benefício de interesses, manifesta o lazer. É um estudo que se justifica como por exemplo, o de uma empresa, que utiliza pela diversidade cultural presente no município, o lazer com o intuito de melhorar sua haja vista a presença de um dos maiores projetos produtividade e, conseqüentemente, o aumento de desenvolvimento econômico do país onde a de seus lucros.cultura local é influenciada pela construção de

Não é possível se entender o lazer relações que se entrecruzam no contexto sócio-isoladamerte, sem relação com outras histórico e econômico-cultural.Conhecer o lazer esferas da vida social. Ele influencia e é como cultura popular é uma premissa básica para influenciado por outras áreas de compreender os movimentos pelos quais passam atuação, numa relação dinâmica. Não

a diversidade humana de um povo..entender esse processo pode levar a

Para muitos o lazer pode ser entendido de e q u í v o c o s , q u e s ã o m u i t o várias formas, como Marcelino (2006) ao afirmar comuns.(MARCELINO, p.14, 2006).que quando se trata especificamente a temática do lazer, faz-se necessário destacar os diversos O lazer enquanto instrumento de fomento entendimentos que a palavra comporta na nossa do desenvolvimento social, amplia as sociedade, haja vista, que é um termo possibilidades de criação, de interação com o relativamente novo, incorporado recentemente mundo ao seu redor, adquirindo conhecimentos ao vocabulário comum. Vale ressaltar também, em um tempo reservado para tal (Dumazedier que devemos tomar cuidado ao definir o lazer, 2004). Isto só é possível, se este tiver sua pois de acordo com Dumazedier (p. 21, 2004): O importância reconhecida, pela sociedade como lazer é uma realidade fundamentalmente um todo, por isto entendemos que o lazer pode ambígua e apresenta aspectos múltiplos e ser um fator de muita contribuição ao ser humano

UMA VISÃO HISTÓRICA DA CULTURA POPULAR ATRAVÉS DAS PRÁTICAS DE LAZER NO MUNICÍPIO DE TUCURUÍ-PARÁ, NO PERÍODO DE 1948 A 1975.

Maria da Conceição Pereira Bugarim¹Everesth Batista Silva Cardoso²

Igor Simões Martins³

¹Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Motricidade Humana (PROCIMH) ; ²PMM; ²CESUPA

ResumoEste trabalho trata-se de uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, que objetiva conhecer as diferentes formas de lazer e analisar o perfil da cultura popular através das práticas de lazer no município de Tucuruí no período de 1948 a 1975. Verificamos conceitos de cultura e suas vertentes, para poder estabelecer parâmetros de estudos consideráveis, onde investigamos algumas manifestações culturais do município de Tucuruí, através da sua história no período correspondente. Relacionamos lazer e cultura popular através dos estudos sobre as manifestações culturais da localidade, para estabelecer o perfil da identidade cultural, observando as principais características da cultura tucuruiense.

Palavras chave: cultura, lazer, identidade cultural.

AbstractThis work is a field research of quality seal, which aims to analyze the profile of popular culture through the practice of leisure in the city of Tucuruí in the period from 1948 to 1975. See concepts of culture and its aspects, to establish parameters of considerable study, which investigated some of the cultural city of Tucuruí, through its history in the corresponding period. Relate leisure and popular culture through the studies on the cultural events of the town, to establish the profile of cultural identity, noting the key features of culture tucuruiense.

Keyword: culture, recreation, cultural Identity.

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inclusive em sua educação, mais precisa ser tempo você mora em Tucuruí? 2) Quais as estabelecido com cautela, pois sua utilidade tem formas de lazer que você já praticou enquanto várias condições a serem determinadas como o morador do município de Tucuruí? 3) Para você, porque, e o para que está sendo empregado, e estes momentos de lazer lhe proporcionaram quais os seus devidos fins. Por tanto é preciso algum benefício? 4) Em sua opinião, quais são estuda-lo para melhor compreendê-lo e aplicá-lo. as práticas de lazer, no período de 1948 a 1975,

com maior participação popular em Tucuruí e [...]uma sólida interação entre cultura e a quais são seus reflexos na sociedade? 5) O que

educação era fundamental na formação você entende por cultura popular? almejada pelos gregos, importante Análise dos resultados - Para análise dos aproximação para a construção dos dados os procedimentos técnicos adotados no primeiros sentidos de lazer em nosso

curso do trabalho incluíram a tabulação contexto histórico.(WERNECK, 2001,

qualitativa das informações citadas nas p.22).entrevistas e associações com dados da literatura científica, para que pudéssemos ter Como podemos perceber, o lazer pode uma base e discutir os pontos de convergência e assumir diferentes conotações. Neste trabalho divergência nas idéias dos autores que tratam do adotaremos a definição do lazer enquanto um respectivo assunto Carvalho (1989), isto nos agente propiciador de bem-estar. Neste sentido o permit iu estabelecer parâmetros para lazer tem uma finalidade com valoração positiva elucidarmos de uma forma bem clara e objetiva, o das ações humanas, praticado no espaço de delineamento do perfil do lazer enquanto tempo destinado para sua vivência, seja ela expressão da identidade cultural de Tucuruí e prática ou contemplativa, de forma a abranger o quantitativa por meio da observação percentual ser humano em sua totalidade, Oliveira (2004).dos conceitos inseridos nas respostas expostas pelos antigos moradores, e para fins de análise Metodologiafoi apresentado um gráfico elaborado na planilha do Microsoft Office Excel 2003 e tabelas Caracterização do estudo - O presente qualitativas agrupadas, e categorizadas para estudo, apresenta uma pesquisa de campo, este melhor discussão. tipo de pesquisa leva um período de observação

com coleta de dados, fazendo relação com o Resultados e Discussãoreferencial teórico Ruiz (1996); pesquisa esta

com abordagem qualitativa devido à escolha da Os resultados aqui apresentados foram representatividade social do entrevistado, que

categorizados a partir das respostas das condiz com o interesse da pesquisa Thiollent entrevistas aplicadas aos antigos moradores do (1998). Com tentativa de “uma compreensão município de Tucurui. A amostra foi composta por detalhada dos significados e características vinte indivíduos. Com base na revisão da situacionais apresentadas pelos participantes do literatura, elaboramos 7 (sete) perguntas, sendo estudo. Pretendemos investigar compreensão que para critério de análise apresentamos a dos antigos moradores de Tucuruí, que moram a primeira pergunta na figura 1 retratando o tempo mais de quarenta anos no município, no período de residência dos indivíduos investigados e as de 1948 a 1975 sobre lazer como cultura popular. respostas das outras seis perguntas receberam População/amostra O estudo foi conduzido no uma freqüência na categorização de itens igual município de Tucuruí nos bairros tradicionais da ao número da amostra, como poderá ser cidade como Jaqueira, Matinha e Colinas onde observado na tabulação qualitativa :tabelas há moradores mais antigos, residentes a mais de 1,2,3,4,5 e 6 .quarenta anos, devido o período de interesse da

A análise dos conteúdos foi norteada pesquisa que é de 1948 a 1975, alguns com as idéias dos autores que abordam o funcionários da extinta Estrada de Ferro assunto em questão, sendo de importância para Tocantins. Um total de vinte moradores o esclarecimento dos resultados da pesquisa. residentes em Tucurui que gentilmente se No tocante o tempo de residência no município de disponibilizaram a participar da pesquisa.Tucuruí podemos observar:Procedimentos e instrumentos para Gráfico 1 - Há quanto tempo você mora em realização do estudo - Os procedimentos Tucuruí?utilizados foram: inicialmente foi feito contato com

os moradores, onde foi explicado o objetivo da Percentual do tempo de residência dos pesquisa e que se disponibilizaram em participar entrevistados no município de Tucuruí.da pesquisa de acordo os objetivos da mesma e

foi entregue o Consentimento Livre e Esclarecido, conforme as normas para realização da pesquisa com Seres Humanos,Resolução nº.196 do Conselho Nacional de Saúde (2002).

Em um segundo momento foram realizadas as entrevistas padronizadas contendo sete perguntas, aqui descritas: 1) há quanto

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A questão esportiva no município vem mostrar como era a grande utilização deste meio pra se chegar ao lazer. O futebol, voleibol e um esporte pouco conhecido no Brasil chamado espiribol, vieram a ser o fator principal de disputas entre time tradicionais organizados pelos integrantes de clubes sociais, bem como o Paraíso atlético clube, Ferroviário Atlético Clube, Matina Esporte Clube e Tucuruí Esporte Clube, neste contexto esportivo, tem como a principal finalidade a promoção de lazer, pois, o esporte também é um meio de descontração e diversão.

O esporte como lazer, na forma re-significada, transmite valores como autovalorização e reconhecimento de capacidades individuais próprias. Provoca uma influência positiva sobre a O período de interesse da pesquisa auto-imagem e concepção de vida, foi de 1948 a 1975, onde quatro destes disponibil iza vivências coletivas, entrevistados moram no município a mais de atuação social, prazer na vivência setenta anos, seis a mais de sessenta, oito a mais esportiva desvinculado do desprazer de

de cinqüenta e dois a mais de quarenta anos, outros participantes, resistência ao

portanto estes entrevistados moram a tempo sobrepujar e intenção de colaborar, suficiente em Tucuruí, tendo assim respaldo para valorização da ludicidade, cooperação, fornecer informações confiáveis, para a pesquisa. competição sem rivalidade, valorização

do processo competitivo e não somente do resultado da competição, crítica à violência em competições e incentivo à Tabela 1 Quais as formas de lazer que você já não-discriminação de sexo,raça ou praticou enquanto morador do município de carac te r ís t i cas f í s i cas . raça ou Tucuruí? características físicas. (KUNZ, 1994; OLIVEIRA, 2002, citado por MARQUEZ et. al, 2007, p.237).

No entanto, se o esporte for levado muito a serio, com respeito as técnicas e regras, perde o caráter lúdico, por tanto não será considerado como uma meio de lazer. Santos(2006) afirma Fonte :Dados da Peque o excesso de seriedade e técnica na prática esportiva não contribui para promover o esporte

De acordo com a tabela 2, as formas de ao nível de uma atividade culturalmente criadora. lazer mais praticadas no período de 1948 à 1975, eram em torno das manifestações culturais como; Tabela 2 Para você, estes momentos de lazer lhe boi-bumbá, samba de cacete, quadrilha proporcionaram algum benefício? Qual (is)?tradicional, novena de Nossa Senhora da Conceição; queima de fogos no final da safra da castanha-do-pará em comemoração aos lucroscomo também o futebol com influência dos padres que após o catecismo levavam as crianças para o futebol, jogos de futebol adulto, corrida do cavalo onde o objetivo era colocar o anel numa vara, brincar de bola no meio da rua.

Através dos relatos emitidos pelos entrevistados, detectamos a forte influência De acordo com as respostas obtidas, a exercida pela igreja católica nas camadas sociais, maioria dos entrevistados apontam como influenciando inclusive nas práticas culturais de benefícios do lazer, a amizade, a diversão, o bem-lazer. Podemos citar como exemplo aqui em estar físico e desenvolvimento intelectual, Tucuruí o futebol incentivado pelos padres, que proporcionando momentos de felicidade. A após as aulas de catecismo levavam os questão do divertimento se encaixa perfeitamente catequistas para jogar futebol pelos times São em uma das funções do lazer, que diz respeito à José e Santa Cruz, podemos citar a criação do diversão, a recreação e o entretenimento Paraíso Atlético Clube fundado pelo Padre Pedro Dumazedier (2004). Alguns dos outros benefícios Hermans com a finalidade de reunir os jovens já foram citados anteriormente nesta pesquisa, como forma de atraí-los para a igreja e através porém a uma necessidade de explorar este disto havia a fiscalização entre os próprios jovens. conceito de lazer.

quisa (2009)

20%

Moram a mais de 70

anos.

30% Moram a

mais de 60

anos.10%

Moram a mais de 40

anos.

40%

Moram a mais de 50

anos.

1

2

3

4

Respostas categorizadas Freqüência % das respostas Festas populares, folclóricas e religiosas: 9 45 Esporte: futebol com influencia dos padres; que após o catecismo levavam as crianças para o futebol;

6 30

Brincadeiras ligadas à natureza: tomar, banho de igarapé, nas águas da enchente, atravessar o rio tocantes a nado até a ilha dos santos, fazer piquenique;

2 10

Outra forma de diversão era colocar o ouvido sobre os trilhos;

1 5

Cinema. 2 10 Total 20 100

Reposta Categorizada Freqüência % das respostas

Sentiam-se bem e estavam felizes; 2 10 Sim muitos benefícios, pois através do lazer arrumaram amizades, uma forma da população interagir inclusive com os pais e os padres, pois os padres davam muita força;

7 35

Ganhava dinheiro pois costurava muito; 1 5 Sim, desenvolviam o intelecto; 3 15 Sim, pois desde criança desenvolvi habilidades que me são úteis até hoje;

2 10

Diversão; 2 10 Benefícios para a saúde. 3 15 Total 20 100

Fonte :Dados da Pesquisa (2009)

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Para Marx, o lazer constitui “o espaço que possibilita o desenvolvimento humano”; Para Proudhon é o tempo que permite as “composições livre”; Para Augusto Comte é a possibilidade de desenvolver a “astronomia popular”, etc (DUMAZEDIER, 2004, p.29).

Quando abordamos o que eles O individuo pode ser volúvel as variações entenderiam por cultura popular, percebemos do meio que ele está inserido, ou seja, suas ações que os mesmos encontravam dificuldades para estão ligadas as suas relações intrínsecas ao responder, e responderam exemplificando convívio social, sendo suas ações reflexos de sua algumas manifestações que podem ser sociedade. Seu desenvolvimento depende de compreendidas como cultura popular. Destaque suas experiências oportunizadas pela sua para o futebol e as festividades religiosas como vivencia em grupos Mascarenhas (2004).o Círio de Nazaré, outras respostas dadas Os benefícios pessoais e sociais como exemplo foram: o carnaval, cultivo de também são citados pelos entrevistados, sendo costumes, festas juninas e todo evento que que quando se trata a questão do lazer, envolva a população. Marcellino(2006, p.50) diz: “[...] é necessário

considerar suas potencial idades para [...] cultura popular, é a expressão de desenvolvimento pessoal e social dos uma camada da população que quase indivíduos”.não tem acesso aos bens culturais da tradição erudita e exprime mais uma

Tabela 3 Em sua opinião, quais são as práticas de r e l a ç ã o d i r e t a c o m a v i d a , lazer, no período de 1948 a 1975, com maior fundamentando-se no que essas participação popular em Tucuruí e quais são seus pessoas vêm, sentem e ouvem acerca reflexos na sociedade? das coisas que estão à sua volta, através

do pragmatismo do cotidiano. Por essa perspectiva classificada pelo autor, é necessário salientar que a sociedade é a própria produtora da cultura através de seus membros, sendo assim, a cultura não é algo elitista ou abstrato como se costuma pensar. (MOYSÉS et. al. 2003, p. 3).

Corroborando com as idéias e Moysés, Bosi As manifestações populares que mais (1992) compreende cultura popular como cultura

envolviam a população da cidade de Tucuruí iletrada, sendo uma cultura rústica do homem eram os jogos de futebol entre o Paraíso e interiorano, não inserida no sistema de ensino Ferroviário, a matança do boi-bumbá, os festejos escolar. da igreja da igreja católica, o carnaval e o cinema. As atividades coletivas praticadas como forma de Conclusãolazer, podem ser entendidas como forma de cultura popular. Após os resultados e discussões dos

dados coletados, verificou-se que lazer é um Assim as práticas de lazer populares elemento imprescindível, pois como já foi

como os jogos que pulsam nos guetos, discutido uma das características do lazer é o seu ou as brincadeiras de rua urbana, ou as caráter desenvolvedor do ser humano enquanto festas rurais populares, são formas de

agente social. Tendo em vista tudo que foi lazer que representam as práticas

exposto nesta pesquisa, o lazer em Tucuruí tem ai coletivas de convivência e símbolos de o seu espaço, pois toda pesquisa que venha a uma comunidade[...](ALMEIDA, 2004, P. estudar o histórico do lazer enquanto expressão 56).da cultura popular em nosso município, será instrumento de elucidação da identidade cultural Praticas coletivas de lazer populares e construção de novos instrumentos para o constituem e fortalecem as culturas locais, e é desenvolvimento de uma intervenção sócio-neste sentido que devemos valorizar tais cultural. vivencias que potencializarão diversos

Constatamos através das entrevistas, à conhecimentos advindos da experiência de ida afirmação das idéias dos autores pelos quais nos de cada sujeito envolvido no processo. norteamos no que tange o desenvolvimento biopsicossocial através das manifestações Tabela 4 O que você entende por cultura populares de lazer.popular?

Com base nas discussões e nos resultados, verificamos que os objetivos da

Reposta Freqüência % das respostas em comum

O futebol é um exemplo de cultura popular. 6 30 Quadrilha, boi-bumbá, e carnaval; 3 15 Uma coisa maravilhosa, e muito importante; 2 10

Cultivar os costumes, criados pelo povo: no campo da crença, da música e o carnaval;

3 15

Festas religiosas; 4 20 Todo evento que envolva a população local e eventos folclóricos.

2 10

Total 20 100

Fonte :Dados da Pesquisa (2009)

Resposta Freqüência % das respostas Mais tradição era a matança do boi-bumbá e envolvendo a cidade e todos procuravam o boi e quando dava cinco da tarde o boi aparecia cheio de galho.

3 15

O futebol os jogos do paraíso contra ferroviário mobilizavam a cidade,.

8 40

Arraiais das festividades da igreja católica; 2 10 Brincar carnaval nas sedes sociais dos clubes Tucuruí Esporte Clube, Paraíso Atlético Clube e Ferroviário Atlético Clube e São João na roça;

3 15

Fica difícil dizer, pois na época a cidade era pequena e se envolvia em todas as promoções que existiam;

2 10

Cinema. 2 10 Total 20 100

Fonte :Dados da Pesquisa (2009)

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pesquisa foram atingidos com sucesso, pois, foi EDUEPA, 2004.possível perceber as práticas populares de lazer DUMAZEDIER, J Extraído do Livro de. Lazer e no período pesquisado, como manifestações Cultura Popular. 3ª ed. São Paulo: Ed. culturais, que nos possibilita esclarecer os traços Perspectiva, 2000;marcantes da identidade cultural da sociedade DURHAM, E. R. “Cultura e ideologia”. Dados tucuruiense no período de 1948 a 1975. Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, nº

Por meio dos resultados obtidos 1, vol. 27, 1984, pp. 71-89;concluímos que o lazer se manifesta em FARIAS, S. R. R; ROCHA, A. O. da. Lazer, diferentes relações no nosso município, além de Esporte, Jogo e Trabalho: uma relação com a ter um papel fundamental no equilíbrio da deficiência. Revista diálogos possíveis. Ano 5, estrutura social; ressaltamos que isto não é um n.1 (jan./jun. 2006). Disponível em fenômeno recente, pois se manifesta em todo o processo histórico observado no estudo acessado dia 07/11/2008;realizado. LAKATOS, E. M. Sociologia Geral/Eva ,

Considerando os aspectos do lazer e da Marconi, M. A.. 7ª Ed rev. E ampl. São Paulo: cultura popular de Tucuruí no período Atlas, 1999.pesquisado que acima foi citado, a investigação MACIEL, M. E. Patrimônio, tradição e realizada tem uma relevância social e cientifica tradicionalismo: o caso do gauchismo, no Rio para formação de um alicerce para futuros Grande do Sul. Mneme Revista de estudos sobre os conhecimentos produzidos. No Humanidades [Dossiê Cultura, Tradição e que diz respeito a área de Educação Física, Patrimônio Imaterial, org. Helder Alexandre fornecerá subsídios elementares para as Medeiros de Macedo]. Caicó (RN), v. 7. n. 18, disciplinas especificas que fazem parte da out./nov. 2005. p. 447-67. Bimestral. ISSN 1518-estrutura curricular do curso de Licenciatura em 339. Disponível em Educação Física. Haja vista que uma das acessado dia disciplinas relacionadas com o curso de 12/06/2008 8:05 h; Educação Física porta-se a temática do Lazer e MARCELINO, N. C. 1950. Estudos do Lazer: suas características e inter-relações com outras Uma introdução. 4ª Edição Campinas, SP. áreas científicas, como as que tratam a cultura e Autores Associados, 2006.suas vertentes como a cultura popular. MASCARENHAS, F. Lazer Como Pratica da

Liberdade: Uma Proposta Educativa Para a Referências Bibliográficas Juventude. 2ª ed. Goiânia, GO. Ed. UFG, 2004.

MOYSÉS, M. F.; OLIVEIRA, M. O. E.; ALMEIDA, M. A. B. de; GUTIERREZ, G. L.; RODRIGUES, A. L. C. CLASSIFICAÇÃO DOS MARQUES, R. F. R.. Esporte: um fenômeno TERMOS CULTURAIS DAS NARRATIVAS heterogêneo: estudo sobre o esporte e suas MARAJOARAS: UMA COLABORAÇÃO PARA A manifestações na sociedade contemporânea. ELABORAÇÃO DE UM FUTURO TESAURO Disponível em CULTURAL AMAZÔNICO. Disponível em

acessado dia acessado dia 10/11/2008 às 11:57 h. 07/11/2008 às 19:01 h. Revista movimento. Florianópolis - SC, 2003. Porto Alegre, v. 13, n. 03, p. 225-242, NOGUEIRA, J. V. M. Inventário Turístico do setembro/dezembro de 2007; município de Tucuruí. Tucuruí: Prefeitura ALMEIDA, M. A. B. de; GUTIERREZ, G. L. . Municipal de Tucuruí, 2001;Subsídios Teóricos do conceito Cultura RUIZ, J. Á.. Metodologia Cientifica: Guia para Para Entender o Lazer e Suas Políticas Eficiência no Estudos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, Públicas. Faculdade de Educação 1996.Física/UNICAMP. Disponível em THIOLLENT, M.. Metodologia da Pesquisa-

Ação. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 1998. acessado dia 11/11/2008 TÖNNIES, F. Comunidade e Sociedade. Trad.

às 14:00h. Conexões v. 2, n.1, 2004. Orlando de Miranda. São Paulo: Edusp, 1991;ALMEIDA, M. A. Subsídios teóricos do UESC, Universidade Estadual de Santa Cruz. conceito cultura para entender o lazer. 2004; Termo de Consentimento Livre e Esclarecido BOSI, A. Dialética da colonização. Cultura (TCLE). Disponível em brasileira e culturas brasileiras. Companhia das Letras, 1992. SP. acessado dia 13/11/2008 BOURDIEU, P. Poder simbólico. Rio de às12:15h; Ilhéus, BA. Janeiro: Brasil, 1989; WERNECK, C. Lazer, Trabalho e Educação: CARVALHO, M. C. M. de. Construindo o Saber Relação Histórica e Questões Metodologia Cientifica: Fundamentos e Contemporâneas. Belo Horizonte, MG. Ed. Técnicas. 2ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1989; UFMG; Celar. DEF/UFMG, 2000.CONDURÚ, M. T. Produção Científica na Universidade: Normas para Apresentação/ Maria da Conceição Ruffeil Moreira. Belém:

http://www.fsba.edu.br/dialogospossiveis/artigos/8/12.pdf

http://www.seol.com.br/mneme

http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/ar http://www.ciberetica.org.br/trabalhos/anais/61-ticle/viewFile/3580/1975 86-c3-1.pdf

http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v2n1/ArtigoMarcos.pdf

http://www.uesc.br/cep/protocolopesquisa/dicastcle.pdf

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RESUMOSTEMAS LIVRES

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PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA DA INFLUENCIA DO CONHECIMENTO OU NÃO N A T A Ç Ã O N A P E R S P E C T I V A D A CONHECIMENTO DA CARGA NO TESTE DE CORPOREIDADE 1RM E EM ESTADO PSICOLÓGICO DE MEDO

Maria Cecília L.M. Bonacelli Júlio César Camargo Alves,Rodrigo Ferro Magosso

Faculdade Einsten de LimeiraFaculdade Integração Tietê UNIRP Centro Universitário de Rio Preto

Acreditamos que a natação pode colaborar Introdução: Estudos têm demonstrado que o desde a melhora das capacidades físicas como conhecimento ou não da carga no teste de uma também nas relações sociais entre as pessoas, repetição máxima (1RM) não influencia seu quando se trabalha a percepção corporal. Tal resultado final. Apesar disso, não há estudos proposta se organiza dentro da perspectiva da relacionados com testes de 1RM com ou sem corporeidade, tendo como embasamento teórico conhecimento em condições psicológicas de para o conceito de esquema corporal, os medo. Objetivo: verificar se há diferença no teste pensamentos do filósofo Maurice Merleau-Ponty. de 1RM com ou sem conhecimento na rosca Introdução: A escolha do tema para este artigo, direta e no agachamento paralelo na barra guiada está relacionada com necessidade de produzir e (condição psicológica de medo). Métodos compartilhar conhecimentos a respeito da utilizados: 13 homens com idade 19-38 anos, importância da natação para o desenvolvimento saudáveis e fisicamente ativos. Os voluntários da percepção corporal. A aprendizagem da foram submetidos a dois dias de testes com natação, na perspectiva da corporeidade diz intervalo de uma semana entre as sessões, de respeito à humanização do sujeito, para que este forma randomizada realizaram o teste de 1RM venha a ser um sujeito-ativo e não um objeto- com e sem conhecimento na rosca direta e passivo da história e da cultura. Este artigo tem agachamento paralelo na barra guiada. As como objetivo verificar a seguinte questão: De sessões sem conhecimento foram feitas com que forma a natação pode colaborar para o vendas do inicio ao termino do teste, foi desenvolvimento da percepção corporal? Esta considerado situação psicológica de medo o pesquisa bibliográfica tem como ponto básico da agachamento paralelo na barra guiada com proposta teórico-metodológica para se trabalhar venda. Antes de iniciar o teste de 1RM foi a natação na perspectiva da corporeidade, realizado um aquecimento de 10 repetições promover o desenvolvimento da sensibilidade e somente com o peso da barra (10 kg) na primeira da percepção corporal, permitindo à pessoa se série e após 2 minutos de intervalo 3 repetições conhecer primeiro, tendo noção do seu próprio com aproximadamente 80% de 1RM estimada. corpo, seus limites, suas possibilidades. A No teste de 1RM foram realizadas no máximo 5 aprendizagem da natação, baseada na tentativas para determinar a carga máxima com corporeidade, tem a seguinte concepção: intervalos de 3 minutos entre as mesmas. Para a primeiramente desenvolver o esquema corporal análise dos dados foi utilizada estatística pois, para Merleau-Ponty (2000), o esquema descritiva e teste t-Student para amostras corporal é a consciência do corpo e a consciência pareadas. O nível de significância adotado foi de p do mundo, ou seja, uma unidade trans-espacial e < 0,05. Resultados: sem o conhecimento da trans-temporal. É a representação que a pessoa carga no teste de 1RM na rosca direta foi de 43,3 ± tem do próprio corpo, num certo espaço, num 6,6 e com conhecimento 42,8 ± 5,8 com p =0,38, certo tempo. No esquema corporal estão no agachamento paralelo na barra guiada sem envolvidos os seguintes elementos: a) sensação: conhecimento foi de 106,4 ± 22,1 e com b) estrutura corporal c) esquema corporal, d) conhecimento 103,6 ± 23,9 com p=0,5. Mostrando respiração e) relaxamento. A proposta desta que a aplicação do teste de 1RM com prática é despertar nos alunos a atenção para o conhecimento ou não da carga e estando em conhecimento do próprio corpo, como fator estado psicológico de medo é estatisticamente principal para tal prática, e não a técnica dos não significante. Conclusão: o conhecimento movimentos como condição primária para o prévio ou não da carga e um estado psicológico de aprendizado. A conclusão que chegamos nesta medo no teste de 1RM não altera o valor da carga pesquisa é que a natação, aliada ao contexto da máxima ao final da aplicação de cada teste.complexidade e contrária a teoria mecanicista, pode proporcionar condições de um aprendizado completo, educativo, quando se trabalha o movimento como um todo: o sensorial, o motor, a percepção corporal e o auto-conhecimento, numa inter-relação dinâmica com o ambiente.

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PERCEPÇÃO DO TAMANHO CORPORAL DE neutro. MENINAS ADOLESCENTES COM E SEM DISTÚRBIO DE IMAGEM CORPORAL: UMA Apoio financeiro: CapesANÁLISE PSICOFÍSICA.

1Adriana Inês de Paula2 MULHERES QUE CORREM ATRÁS DA BOLA Eliane Mauerberg-deCastro

NO PAÍS DO FUTEBOL MASCULINO1 Universidade Federal do Ceará Fortaleza/CE ,

12 Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Alexandre Sassaki Rosa2Filho” Rio Claro/SP Osmar Moreira de Souza Júnior

³ 3 Fernanda Bueno Mendes ³Imagem corporal refere-se a experiências Flávia Casellato

incorporadas ao longo da vida, e é um construto 4multifacetado que une percepção e atitudes das Marina Belizário de Paiva Vidual 5pessoas sobre seu próprio corpo Quando Mariana de Sousa

distorcida a representação da imagem corporal pode levar o indivíduo, principalmente as ¹Educador em Práticas Desportivas da USP Bauru; mulheres, a transtornos alimentares e depressão. Professor Assistente I da UNIP

2O objetivo desse estudo foi avaliar o componente Professor do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana da UFSCarperceptivo da imagem corporal através do

3,4,5 Alunas dos cursos de: Licenciatura em Educação método psicofísico de estimação de magnitudes Física; Psicologia; Pedagogia da UFSCarem meninas adolescentes com e sem distúrbios

de imagem corporal. Para tanto, 53 adolescentes com idade média de 15,5 anos foram divididas em Este estudo foi desenvolvido na ACIEPE dois grupos: grupo com distúrbio (GCD) (Atividade Curricular de Integração Ensino, composto por 10 participantes com distúrbio Pesquisa e Extensão) “Futebol e gênero” da moderado e grave de imagem corporal e grupo UFSCar em 2009, que realizou uma investigação sem distúrbio (GSD) composto por 43 de campo compreendendo observações e participantes com ausência ou leve distúrbio de entrevistas semi-estruturadas com 15 garotas imagem corporal detectado pelo Body Shape praticantes de futebol, em 5 diferentes locais na Questionnaire. Cada participante respondeu aos cidade de São Carlos-SP. O objetivo do estudo questionários, se submeteu a medidas consistiu em verificar os interesses e antropométricas e posou para uma fotografia expectativas de garotas praticantes de futebol em frontal com roupa de ginástica, que foi utilizada na relação às possibilidades da modalidade se construção de estímulos distorcidos (mais configurar em uma alternativa de lazer e/ou magros e mais gordos). A escala destes treinamento/profissão em suas vidas. O trabalho estímulos foi obtida seguindo uma progressão está dividido em três momentos distintos, sendo geométrica com base nos valores obtidos de IMC dois de revisão de literatura e um com os e considerando seus extremos (limítrofe da resultados. No primeiro capítulo da revisão, magreza extrema e da obesidade mórbida). Cada intitulado “A bola corre mais que os homens”, é participante, sentada em frente ao monitor, foi realizada uma contextualização do fenômeno instruída a julgar, a partir de um estímulo padrão futebol na sociedade, para em seguida discutir a valendo 100, o valor dos outros sete estímulos construção da identidade do futebol brasileiro. O distorcidos. A mesma tarefa foi realizada com a segundo capítulo da revisão, “A bola corre mais imagem de uma pessoa desconhecida e de um que as mulheres”, procura analisar os obstáculos objeto neutro, um cubo, usado como controle. A enfrentados pela mulher para se inserir no ANOVA two-way (2 grupos x 3 tarefas) com universo do esporte e, mais precisamente, do medidas repetidas no último fator para a variável futebol. Por fim, no terceiro capítulo chamado “As dependente expoente não revelou efeito principal mulheres que correm atrás da bola”, são entre grupos, mas revelou efeito principal para apresentados os resultados das entrevistas, que tarefa (F =29,610; p≤0,001). Os testes a apontam para um quadro contraditório em 2,52

relação ao apoio das famílias às meninas que posteriori de Bonferroni identificaram diferenças jogam futebol, indicando que ainda existe muita significativas entre os expoentes de corpo resistência a esta prática, apesar da expectativa humano (1,88 próprio corpo e 1,60 pessoa de algumas das garotas de um dia jogar futebol desconhecida) e cubo (1,17). A análise do profissionalmente. Assim, podemos concluir que coeficiente de determinação revelou valor médio

2 apesar dos avanços em relação à participação da bastante robusto (r =0,90). As participantes foram mulher no futebol, este esporte continua sendo superconstantes em seus julgamentos uma reserva masculina com obstáculos para a perceptivos, superestimaram sobretudo a própria participação da mulher, tanto enquanto imagem, porém a presença de distúrbio de possibilidade de lazer como para treinamento.imagem corporal não foi suficientemente

poderosa a ponto de alterar a forma de estimar a Palavras chave: futebol feminino; gênero; magnitude de tamanho corporal e do objeto profissão; lazer

.

Daniela dos Santos³

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PROMOÇÃO DA SAÚDE HOLÍSTICA E A ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO INSERÇÃO DO ESPORTE EM PROGRAMAS BRASILEIRO DE BASQUETEDE QUALIDADE DE VIDA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL Paulo Vitor Suto Aizava*

Leonardo Pestillo de Oliveira**Luiz Augusto Araújo Lenamar Fiorese Vieira*

Tatiana Carla Alves Pereira*Universidade Estadual de Maringá PR (UEM)Rosenilda Rosa Moreira

**Centro de Ensino Superior de Maringá PR Graciane Severo da Silva(CESUMAR)Simone Meyer Sanches (Orientadora)

Introdução: A motivação é caracterizada como Universidade Paulista UNIP (Campinas SP)um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores Atualmente o esporte tem se destacado como pessoais (intrínsecos), dirigido pela vontade do ferramenta de promoção de saúde física e indivíduo a fim de alcançar sua autorrealização e psicológica, além de se destacar por seus fatores ambientais (extrínsecos), como prêmios, benefícios no âmbito social. O presente trabalho recompensas e troféus. Nesta temática, existem buscou investigar a influência da prática esportiva resultados controversos na literatura quando a no ambiente de trabalho no contexto idade, posição dos jogadores e nível de organizacional, os impactos na qualidade de vida motivação. Neste sentido este estudo teve como dos colaboradores e seus benefícios como objetivo analisar a prevalência dos níveis de atividade motivacional. Foram realizadas motivação no contexto Brasileiro do Basquete, entrevistas semi-estruturadas com gestores, correlacionando os níveis de motivação com as profissionais responsáveis pela realização das idades dos atletas, comparando a motivação em a t i v idades espor t i vas , co labo radores relação à posição (titular ou reserva) dos atletas e participantes e não-participantes dos programas identificando o índice de autodeterminação com a esportivos, todos provenientes de empresas de classificação geral das equipes. Métodos: Foram grande porte da capital e interior de São Paulo, sujeitos 85 atletas integrantes de oito equipes da que tem em sua gestão a inserção de práticas modalidade de basquete masculino das regiões esportivas como atividade motivacional. A partir sul, sudeste e centro-oeste, participantes dos dos dados coletados percebemos que os Jogos Abertos Brasileiro 2009 (JAB's). Como colaboradores não participantes reconheciam os instrumento utilizou-se ficha de identificação dos benefícios da prática esportiva, e seus reflexos no atletas e a Escala de Motivação para o Esporte ambiente de trabalho, mas esta percepção em (SMS). Os dados foram coletados de forma pouco, ou nada influenciaram para a adesão ou individual. Para análise dos dados utilizou-se aderência ao esporte promovido pela empresa. estatística descritiva (mediana e quartis) de Foi observado que os co laboradores acordo com parâmetros estatísticos específicos participantes apresentaram redução do após a verificação do teste de normalidade absenteísmo e afastamentos por doenças, Shapiro-Wilk. Utilizou-se a Correlação de representando benefícios para as empresas e Spearman para correlacionar a motivação com as contribuindo para a manutenção dessas idades, o teste de Mann-Whitney para comparar a iniciativas. Os resultados foram confrontados com motivação com as posições (titular/reserva) e o referencial teórico de Psicologia do Trabalho, teste Kruskal-Wallis para comparar a motivação Psicologia do Esporte e Psicologia Social e com a classificação geral das equipes. observamos que ainda não é claro para as Resultados: Houve prevalência do nível de organizações as especificidades na distinção motivação intrínseca para experiências entre atividades físicas e atividades esportivas. A estimulantes (80%); não houve correlação entre coleta de dados revelou que este campo é uma as idades e nível de motivação dos atletas; na área a ser explorado na busca de maiores comparação entre a posição dos atletas e informações sobre os benefícios que as motivação não foram encontradas diferenças empresas e colaboradores podem obter a partir significativas; as equipes apresentaram baixos dos esportes, e desta forma haja maior abertura índices de autodeterminação independente da por parte das organizações e uma maior adesão classificação geral. Considerações finais: A dos colaboradores. motivação intrínseca prevaleceu no contexto brasileiro de basquete, demonstrando que os Palavras Chave: Organizações, Esportes, atletas buscam atingir metas, conhecer o esporte Qualidade de vida. e sentem prazer pela prática da modalidade independente da idade e da classificação geral das equipes.

Palavras chave: Basquete, Esporte, Motivação.

Apoio:(CAPES).

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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A EDUCAÇÃO PARA O LAZER ATRAVÉS DO promove o bem-estar dos pacientes e ESTUDO DA ABORDAGEM CRÍTICO- acompanhantes por meio de of ic inas SUPERADORA pedagógicas que envolvem atividades como

jogos, trabalhos manuais e diálogo solidário, pois José Augusto Honorato Vieira Júnior estas podem proporcionar grande satisfação,

Denise Ferraz Lima Veronezi aprendizado e desenvolver a solidariedade, tanto para os acadêmicos como para os participantes.

UNIFEV Centro Universitário de Votuporangaranga Com a finalidade de propiciar a difusão da integração solidária produzida na e pela ação

Historicamente, muito tem se lutado contra uma docente com a comunidade, foram atendidas 348 Educação Física escolar pautada em pessoas no período envolvido pelo programa. concepções tradicionalistas, que busca somente a formação para o mercado de trabalho ou a Palavra chave: Educação. Sala de Espera. formação de atletas. A busca pelo lucro em uma Vivência. Solidariedade. sociedade capitalista, faz-se com que os indivíduos esqueçam de seu prazer, não sendo educados a aproveitarem seu tempo livre de forma produtiva. Através de um levantamento bibliográfico, objetivou-se neste trabalho, construir a percepção das contribuições da abordagem crítico-superadora na Educação para o Lazer, elucidando enfoques e perspectivas teóricas do lazer, investigando as implicações dessa abordagem em suas concepções e tendências, após a compreensão dos conceitos de lazer na produção científica da área. Assim, definiu-se o surgimento da abordagem crítico-superadora, o que é lazer e os elementos que o cerca na Educação Física. Na relação da Educação Física escolar com a Educação para o Lazer, deve-se transmitir ao aluno que o mais importante não é a atividade física em si, mas a busca da saúde e de seu bem-estar. Dessa forma, a abordagem crítico-superadora favorece a esta construção, por ter concepções de contexto amplo na historicidade do aluno, no trabalho da cultura corporal e suas diversas manifestações, auxiliando nessa efetivação através da “especificidade concreta” do lazer.

Palavras-Chave: Educação Física Escolar. Educação para o Lazer. Abordagem Crítico-Superadora.

PROGRAMA MESTRES DA ESPERA

Sandra Regina Domingos BritoGuilherme Rocha Britto

Margaretti dos Santos Rodrigues

Centro Universitário de Rio Preto UNIRP

Este programa permite aos alunos do Curso de Pedagogia e Educação Física, vivenciar no fazer, at ividades lúdicas e de coordenação, comunicação e espiritualização, preparando-os para o exercício funcional e profissional, bem como a integração à comunidade através de oficinas desenvolvidas com os usuários das Clínicas Integradas do Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP, que ficam na espera de atendimento. O programa com suas ações, pode

[email protected]

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RESUMOSPAINÉIS

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INFLUÊNCIA DA EXPERIÊNCIA DESPORTIVA confirmando-se, assim, os estudos mais recentes NA LIDERANÇA, COMPATIBILIDADE E nesta área (Gomes & Cruz, 2006; Paiva & Gomes, SATISFAÇÃO: UM ESTUDO NO VOLEIBOL 2010).PORTUGUÊS DE ALTA COMPETIÇÃO

Rui Trocado Mata*Sara Silva*, António Rui Gomes* BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DA PRÁTICA

Afonso António Machado** DE EXERCÍCIO FÍSICO: AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA FREQUÊNCIA DE TREINOS

(*) Escola de Psicologia. Universidade do Minho, SEMANAIS E DOS OBJECTIVOS PESSOAIS Portugal. DE TREINO

(**) Universidade Estadual Paulista (UNESP). Rio Claro. Brasil

Tatiana Capelão*A. Rui Gomes*

Introdução: O exercício da liderança pode ser Afonso António Machado**

entendido como um processo comportamental que visa influenciar indivíduos e grupos, tendo em

(*) Escola de Psicologia. Universidade do Minho, vista objectivos estabelecidos (Barrow, 1977). Portugal.Assim, em nenhum outro contexto encontramos (**) Universidade Estadual Paulista (UNESP). Rio tantos indivíduos que se sujeitam à autoridade Claro. Brasildos seus treinadores, como acontece no domínio desportivo (Chelladurai, 1984; Cruz & Gomes, Introdução: A prática de exercício físico está 1996). Desta forma, o estudo deste tema tem associada a benefícios psicológicos (e.g., vindo a ser desenvolvido no sentido de observar redução dos estados de ansiedade e depressão, quais as acções dos treinadores e os estilos de melhoria da capacidade de gestão do “stress”, liderança que mais se relacionam com o etc.) e físicos (e.g., controle da pressão arterial, desempenho desportivo, bem como com os melhoraria do perfil lipídico, prevenção de sentimentos de bem-estar psicológico e doenças coronárias e da obesidade, etc.), sendo emocional dos atletas (Horn, 2008). Neste indicada em qualquer etapa do desenvolvimento sentido, este trabalho analisa as diferenças entre humano (Morgan, 1997; Silva, 2002). No entanto, atletas, em função dos seus anos de prática da como referem Weinberg e Gould (1995) é ainda modalidade, ao nível da compatibilidade com o necessário conhecermos melhor quais os treinador, da avaliação dos estilos de liderança e factores pessoais que contribuem para o aumento da satisfação com a liderança. Paralelamente, da adesão à prática do exercício. Neste sentido, inclui as abordagens contemporâneas da este trabalho analisa as diferenças na experiência psicologia social e das organizações na psicológica resultante da prática de exercício compreensão da liderança (Bass, 1985; Conger & físico entre praticantes com diferentes Kanungo, 1987). frequências de treinos semanais e praticantes Método: Participaram neste estudo 66 atletas do com objectivos de treino distintos. Método: sexo masculino, com idades compreendidas Participaram neste estudo 153 praticantes de entre os 17 e os 38 anos (M= 25.75; DP= 4.55), da exercício físico (111 mulheres, 72.5% e 42 1ª divisão nacional de voleibol, num total de 6 homens, 27.5%), com idades compreendidas equipas. Foi utilizada uma metodologia de entre os 15 e os 67 (M=36.06; DP=12.96). Foi avaliação transversal com um protocolo de adoptada uma metodologia de avaliação avaliação que incluiu os seguintes instrumentos: transversal com um protocolo de avaliação que Medida de Compatibilidade Treinador-Atleta incluiu os seguintes instrumentos: Questionário (Kenow & Williams,1999; Williams et al., 2003; de Avaliação do Estado Físico e Desportivo (Bruin Adaptação de Gomes, 2008) ; Escala et al., 2007; Hall et al., 2007); Escala de Multidimensional de Liderança no Desporto-2 Satisfação com a Vida (Diener et al., 1985) e o (Gomes, 2008) e o Questionário de Satisfação em Questionário de Orientação Motivacional para o Atletas (Riemer & Chelladurai, 1998; Adaptação Exercício Físico (Petherick & Markland, 2008). de Gomes, 2008). Resultados: O tratamento dos dados foi Resultados: O tratamento dos dados foi efectuado com análises univariadas e efectuado com análises univariadas e multivariadas. De um modo geral, verificou-se multivariadas. De um modo geral, verificou-se que que: 1-) praticantes que fazem exercício físico 3 atletas com mais anos de prática da modalidade ou mais vezes por semana apresentam mais apresentaram valores mais elevados ao nível da satisfação corporal e pressão sentida pelos compatibilidade, respeito e tratamento justo, instrutores do que indivíduos que treinam 1 a 2 feedback positivo, gestão passiva do poder e vezes por semana; 2-) indivíduos que pretendem satisfação com o tratamento pessoal. pesar menos apresentam níveis mais baixos de Conclusão: Os resultados deste estudo satisfação corporal em relação a indivíduos que permitiram concluir que os atletas mais pretendem ter o mesmo peso e pesar mais; 3-) experientes têm uma percepção mais positiva dos indivíduos que pretendem pesar menos e manter seus treinadores, relativamente às dimensões da o mesmo peso apresentam uma menor compatibilidade, liderança e satisfação, orientação para o ego em relação a indivíduos que

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pretendem pesar mais. Conclusão: Praticantes Palavras-chave : afeto, aprendizagem, com maior frequência de exercício encontram-se educação, psicologia, Vygotsky, Wallonmais satisfeitos com o seu corpo e forma física, enquanto que praticantes com vontade em pesar menos assumem menor satisfação corporal. Finalmente, praticantes com vontade em PIAGET E VYGOTSKY: CONTRIBUIÇÕES aumentar o peso corporal parecem mais PARA A PRÁTICA EDUCATIVAorientados para a comparação com os outros.

Mara Rosana PedrinhoRaquel Cristina da Silva

UNIRP Centro Universitário de Rio PretoR E F L E X Õ E S S O B R E A R E L A Ç Ã O AFETOAPRENDIZAGEM NAS TEORIAS

O processo educativo se constitui em WALLONIANA E VIGOTSKIANA

fenômeno complexo que, para ocorrer de maneira satisfatória, necessita da utilização de Mara Rosana Pedrinhodiversas leituras para sua compreensão. A Mônica Floriano Lucianellipresente pesquisa buscou refletir sobre as

Curso de Pedagogia - UNIRP Centro Universitário de contribuições de Piaget e Vygotsky para melhor Rio Preto atuação do profissional da educação. As

diferenças entre Piaget e Vygotsky são muitas, Na vivência cotidiana escolar é possível perceber porém, ambos, cada um sob sua respectiva que existe, atualmente, um descompasso nas base teórica, reconhece a importância da salas de aula entre professores e alunos, linguagem no desenvolvimento cognitivo, p r i n c i p a l m e n t e n o q u e s e r e f e r e a entendem o conhecimento como construção e comportamentos afetivos, e que tal descompasso que a aprendizagem e o desenvolvimento são pode comprometer o processo de aprendizagem. auto-regulados. Embora discordassem quanto A partir desta percepção existente dentro das a forma do processo de construção, ambos práticas pedagógicas, a pesquisa teve como viram o desenvolvimento e aprendizagem da objetivo fazer uma reflexão sobre o afeto e sua criança como participativa, não ocorrendo de influência na aprendizagem (positivas e maneira automática. Piaget, interessado em negativas) a partir da contribuição das teorias como o conhecimento é construído, entende-o walloniana e vigotskiana. O procedimento como um acontecimento da invenção ou metodológico ut i l izado foi a pesquisa construção que ocorre na mente do indivíduo. bibliográfica. Os autores pesquisados enfatizam Vygotsky, por sua vez, se interessa na questão os determinantes culturais, históricos e sociais da de como os fatores sociais e culturais condição humana e consideram que, no homem, influenciam o desenvolvimento intelectual. A as dimensões afetiva e cognitiva são pesquisa, dentro das suas possibilidades e inseparáveis. Para Wallon, a pessoa se constitui limites, nos leva a entender que as duas em conjunto: suas dimensões afetivas, cognitivas concepções sobre aprendizagem são e motoras evoluem juntas. Vygotsky propõe que o relevantes: uma (Piaget) enfatizando as desenvolvimento individual se dá num relações e a contribuição própria do sujeito determinado ambiente social, a relação com o (intrínseco) e outra (Vygotsky) enfatizando as outro é essencial para a construção do ser relações com o meio externo (extrínseco).psicológico individual, e a escola funciona como um motor de novas conquistas, priorizando as Palavras-chave: educação; desenvolvimento; capacidades a serem alcançadas. Além do psicologia; conhecimento.professor, outros alunos de níveis diferentes de desenvolvimento auxiliam no desenvolvimento das capacidades individuais de forma bastante significativa. Por meio de pesquisas recentes, APROVEITAMENTO INTEGRAL DOS foram identificados diversos estudos na direção ALIMENTOS: UMA OPÇÃO INTELIGENTEde aprofundar a compreensão dessas relações e a importância da reflexão sobre o afeto na sala de Priscilla Feitosa,aula. Foi possível concluir, dentro das Fabiane Borges de Souza,possibilidades da pesquisa, que o afeto está Lidiane Theodorico Brittspresente na sala de aula influenciando as relações entre as pessoas, nas decisões sobre as UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERPcondições de ensino feitas pelo professor em seu trabalho pedagógico e a importância de Muitas vezes o desconhecimento pode ser um sensibilizar os profissionais da educação sobre fator influente no desperdício de alimentos, isso uma leitura adequada das emoções, auxiliando o ocorre em várias instituições, inclusive as desenvolvimento do educando de forma global e públicas. Aproveitar de maneira eficiente, as significativa. partes de produtos alimentícios descartados, é

objetivo principal deste trabalho, por meio de

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instrução sobre aproveitamento alimentar com Síndrome de Down, onde foi utilizado o merendeiras e 32 alunos de 8 a 12 anos de uma questionário sobre Qualidade de Vida SF-36 escola pública municipal de Campo Grande- MS, (Medical Outcomes Study 36 Item Short-Form demonstrando na prática o potencial presente na Health Survey). Este questionário é composto por utilização integral dos alimentos (cascas e talos). 11 questões e 36 itens, com oito componentes ou O trabalho foi realizado em duas etapas, uma domínios: capacidade funcional (10 itens), teórica, com pesquisa bibliográfica, e uma prática aspectos físicos (4 itens), dor (2 itens), estado com a elaboração de receitas salgadas e doces geral de saúde (5 itens), vitalidade (4 itens), pelas merendeiras com a participação dos aspectos sociais (2 itens), aspectos emocionais alunos; após o preparo dos alimentos realizou-se (3 itens), saúde mental (5 itens). Cada a degustação dos pratos prontos, e o teste de componente do SF-36 correspondeu a um valor aceitabilidade em Escala Hedônica Híbrida. O que variou de zero a 100, onde zero corresponde estudo foi conduzido na escola Municipal Irma ao pior e 100 ao melhor estado de saúde. Os Edith Coelho Neto, localizada no município de dados foram analisados estatisticamente, Campo Grande MS, o trabalho consistiu em utilizando Software BioEstat 3.0, aplicando-se o desenvolver uma torta nutritiva e suco verde, teste de correlação linear de Pearson, com nível ambos utilizando cascas e talos, proporcionando de significância determinado em p<0,05. às merendeiras a sensibilização quanto a Resultados: Observou-se correlação positiva importância do aproveitamento integral e às estatisticamente significativa entre idade das crianças a experimentação de novos sabores, crianças portadoras de SD, idade das mães e durante 2 dias consecutivos. Os dados foram qualidade de vida das mães, sendo que para a anotados em formulário próprio para analise. O variável capacidade funcional o valor de p foi trabalho permitiu contribuir de maneira positiva e <0,0001, em relação ao nível de Dor o valor de p decisiva na percepção de merendeiras que foi de 0,0139 e Saúde mental das mães o valor de compreenderam a importância em reduzir o p foi de 0,0345. Em relação ao tempo de desperdício de alimentos e dos alunos, que instituição das crianças e qualidade de vida das aceitaram as preparações obtendo-se valores mães, o resultado da análise mostrou correlação superiores a 85%. Contribuindo para a melhoria positiva significativa entre tempo de instituição e na qualidade nutricional dos alimentos ofertados saúde mental p<0,0307. Conclusão: Assim, aos alunos. Conclui-se que foram atingidos os conclui-se que a instituição é um fator que objetivos, despertando a conscientização junto às contribui para a qualidade de vida das mães de merendeiras e alunos, no tocante ao crianças com SD.aproveitamento integral de alimentos e propiciando uma al imentação r ica em micronutrientes, alternativa e saudável, tendo como base alimentos vegetais que seriam S I N T O M A S D E E S T R E S S S P R É -destinados ao lixo. COMPETITIVO DE JOVENS ATLETAS DE

JUDÔ DE CAMPO GRANDE/MS

Henrique Rodrigues Felix,AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM Welber Francisco Correia,MÃES DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE Laís Cristina Barbosa Silva,DOWN Paulo Ricardo Martins Nunez

Henrique Rodrigues Felix, UFMT/Centro Universitário do AraguaiaLaís Cristina Barbosa Silva,

Welber Francisco Correia, Introdução: Existem vários estudos da Paulo Ricardo Martins Nunez psicologia do esporte que analisam o estado

emocional dos atletas em diversas modalidades, UFMT/Centro Universitário do Araguaia mas no Judô pouco se tem estudado sobre esses

aspectos, principalmente ao que se refere ao Introdução: A Síndrome de Down é uma estresse desportivo. Objetivo: Verificar o nível do condição genética e constitui uma das causas estado de estresse em lutadores de judô em mais freqüentes de deficiência mental, competição. Metodologia: A amostra foi compreendendo cerca de 18% do total de composta por 33 judocas, 23 do sexo masculino e deficientes mentais. Têm sido desenvolvidos 10 do sexo feminino, com média de idade de vários trabalhos em grupo ou mesmo individuais, 12,82 ± 2,52 anos, avaliados através de uma cujo objetivo e conceder um bom prognóstico de entrevista de formato semi-estruturado com vida para essas crianças, bem como é embasamento na Lista de Sintomas Pré-preconizado também, avaliações em relação aos compet i t ivo In fanto-Juveni l (LSSPCI) , cuidadores destas crianças. Objetivo: Avaliar a desenvolvido por De Rose Junior (1998). O qualidade de vida em mães de crianças escore original da avaliação varia de um nível portadoras de síndrome de Down. Metodologia: extremo baixo de 1 (muito calmo em competição) Participaram do estudo 30 mães de crianças com ao extremo alto de 5 (extremamente ansioso em

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competição) e um escore 3 considerado oportunidades de mediação entre o prazer e o moderado. Resultados: No masculino o nível de conhecimento historicamente constituído. Esta estresse pré-competitivo foi de 2,84 ± 0,56 e no pesquisa bibliográfica mostrou alguns dados feminino foi de 3,12 ± 0, 47, analisando a relação significativos: através do jogo e por meio dele o do stress com o tempo de pratica do esporte, os adulto se torna um agente do seu processo de atletas com até dois anos de prática foi de 2,93 ± transformação, sendo o jogo um aspecto 0, 60, de 2 a 4 anos de prática 3,03 ± 0,49, de 4 a 6 f u n d a m e n t a l p a r a e l e a t i n g i r m a i o r anos a média de estresse foi de 3,23 ± 0,39, e aprendizagem. A aprendizagem ocorre quando com mais de 6 anos de prática de judô 2,59 ± há mudança de comportamento da pessoa, 0,27. Conclusões: Pode-se constatar que o produzindo uma nova resposta a uma padrão geral do nível de stress dos grupos foi experiência anterior. Nesse sentido, o jogo é uma moderado, e identificando uma pequena importante atividade na educação de empresas, diferença entre os atletas masculinos e uma vez que lhes permite o desenvolvimento femininos. Já em relação ao tempo de prática, o afetivo, motor, cognitivo, social, moral e a grupo de atletas com mais de 6 anos apresentou aprendizagem de conceitos. Com a utilização dos um grau baixo de estresse em relação aos jogos percebe-se a capacidade de identificar e demais, podendo ser atribuindo a sua maior de escolher o estado emocional adequado a cada experiência, outro grupo que obteve um nível momento ou contexto. Esta mudança pode afetar abaixo de estresse foi o grupo com até dois anos a maneira como a pessoa sente, pensa, age, de prática, podendo ser explicado pelo fato de suas crenças, valores e objetivos pessoais e serem iniciantes e não terem tanta cobrança com profissionais, favorecendo seu desenvolvimento resultados, já os outros grupos intermediários integral. apresentam um estresse maior que os demais judocas.

AS ATIVIDADES FÍSICAS E A ESTÉTICA DO SENSÍVEL NO CONCEITO DE GASTON

O JOGO E O DESENVOLVIMENTO DA BACHELARDI N T E L I G Ê N C I A E M O C I O N A L E D A APRENDIZAGEM HUMANA EM ADULTOS Maria Cecília Lieth Machado Bonacelli

Maria Christina Justo Faculdade Einstein de LimeiraSandra Regina Domingos de Brito Faculdade Integração Tietê

Centro Universitário de Rio Preto UNIRP Resumo: Quando nos referimos ao discurso estético do corpo, como a ciência que trata do

Durante muito tempo nossa cultura, fortemente belo, refletimos sobre o que a beleza desperta no centrada na racionalidade, reservou lugar ser humano, a “mania de corpo” que faz com que secundário para a emoção. Em muitos as pessoas cultuem a beleza física, invadindo ambientes, especialmente os ligados a atividades academias, lançando mão de dietas, cirurgias profissionais, a tendência a se emocionar era plásticas e outras técnicas, em busca do “corpo considerada uma fraqueza. Contudo, pesquisas perfeito”. Este artigo tem como objetivo, atuais mostram que a emoção está relacionada à compreender a dicotomia existente entre sujeito e motivação, fator considerado indispensável ao objeto, quando, por exemplo, nos deparamos comprometimento da pessoa com a organização com o conceito de sujeito como o indivíduo que e a produtividade no trabalho. A teoria da cria, pensa e transcende; e objeto a idéia que se Inteligência Emocional busca uma nova tem do corpo como matéria, estrutura, abordagem de comportamento humano e a teoria quantidade e forma. Assim, refletimos sobre o da Aprendizagem Emocional trata da capacidade que a beleza pode despertar em nós, segundo os de identificar, selecionar, transformar e utilizar as pensamentos de Gaston Bachelard (1978). Este emoções. Através de suas técnicas, o praticante pesquisa exclusivamente bibliográfica baseou-se torna-se gradativamente capaz de escolher o nos pensamentos filosóficos de Bachelard estado emocional adequado, usando as (1978), pois ult imamente, discursos e emoções como recu rsos e f i cazes e propagandas induzem as pessoas a uma visão organizadores do seu comportamento. O objetivo de corpo saudável e belo, mas na verdade esse deste estudo é ampliar a compreensão do “culto ao corpo” tem deixado-as cada vez mais conceito de jogos e sua relação, importância para feias e doentes, pois os corpos são colocados o desenvolvimento da inteligência emocional e a como objetos de exploração da “cultura material”, aprendizagem em instituições. O jogo tem manipulados pelos interesses econômicos, sentido em todos os ambientes do fazer humano; políticos e ideológicos da sociedade. O modo de jogar é estabelecer relações com pessoas e produção capitalista, por exemplo, ao valorizar a objetos, é uma atividade inerente ao ser humano, razão, t rouxe como conseqüênc ia o universal e natural. Estudos mostram que aperfeiçoamento das técnicas acerca da atividades lúdicas como jogos são excelentes formação do ser humano, impulsionando a

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sistematização das atividades físicas, que tinham concepções acerca da autonomia da escola, como objetivos primordiais, a melhoria da assim como a proposta de elaboração do Plano condição de saúde das pessoas, a preparação de Desenvolvimento da Escola como instrumento para os soldados combatentes que enfrentavam de efetiva participação da comunidade escolar e as guerras em função das disputas territoriais e m o d e l o d e p r o p o s t a d o P l a n o d e políticas e a preparação de um corpo forte e ágil Desenvolvimento da Educação para a equidade e capaz de corresponder às necessidades do qualidade da Educação básica no Brasil e da trabalho industrial. Por meio dessa reflexão, sustentabilidade da educação física escolar passamos a ver o corpo como uma relação ministrada por especialistas desde os primeiros sujeito/mundo, buscando ultrapassar a dicotomia anos de educação obrigatória.sujeito/objeto da tradição cartesiana, quando considera apenas dois modos de existência: como objeto e como consciência. Sendo assim, a partir dessa pesquisa, concluímos a necessidade PEDAGOGIA SOCIAL: FUNDAMENTOS de mudarmos nossa visão em relação ao corpo TEÓRICO-METODOLÓGICOShumano como objeto e também refletirmos sobre a nossa formação enquanto profissionais ligados Renata Corrêa Leite de Oliveiraà área das atividades físicas e dos esportes, pois

Curso de Pós Graduação Pedagogia Centro senão, continuaremos a viver na era da Universitário de Rio Preto - UNIRPinstrumentalização do corpo, sua mercantilização

e valorização.As transformações sociais ocorridas nas últimas décadas, as mudanças na legislação educacional e a construção de políticas sociais que privilegiam equipe multidisciplinar fez com que se abrissem PLANO DE DESENVOLVIMENTO ESCOLARnovos espaços para atuação da Pedagogia, além do espaço escolar. A Pedagogia Social é Jéssica Maria dos Santos,assumida a partir do princípio de Educação como Silene Fontanadireito, na sua totalidade, cujas necessidades e demandas se expressam no ambiente escolar e Prefeitura Municipal de Barretos, Fundação Padre fora dele, o que representa avanços na Albino - Catanduvacompreensão da área, situada inicialmente como restrita à Educação não-formal. Tem na Educação As discussões acerca da administração escolar Libertadora de Paulo Freire a grande referência . no Brasil, assim como processos e programas Ao profissional que atua nesta área apresenta-se que visam tornar as unidades de ensino mais o desafio de atuar em intervenções de matiz autônomas, democráticas e participativas pedagógico, em equipes multidisciplinares, acabam por elucidar os mais recentes debates na prestando sua colaboração como alguém com área educacional e, consequentemente, a conhecimento especializado na área de construção de políticas públicas. Tendo isso em Educação, sem perder sua essência. Assim, a vista, o presente estudo, que utiliza como ideia básica da Pedagogia Social é promover o metodologia a pesquisa bibliográfica, documental funcionamento social da pessoa através de e de estudo de caso, tem como objetivo estratégias e programas pedagógicos baseados compreender o instrumento gerencial da escola em uma abordagem educacional. É considerada intitulado PDE- Escola, seu funcionamento e os uma ciência pedagógica de caráter teórico-possíveis resultados que a elaboração e adoção prático que atua com pessoas e grupos que dessa prática administrativa podem trazer para os segundo Ryynänen visa provocar e fortalecer os ambientes escolares e a oferta de um currículo p rocessos de au toconhec imen to , de mais apropriado para cada nível e modalidade de autoeducação, de conscientização e de ensino. Para tanto se fez necessário um estudo transformação, tanto na vida dos indivíduos d o s p r o c e s s o s d e c e n t r a l i z a ç ã o e quanto nos grupos e comunidades: ela é descentralização política, não apenas do ensino, E d u c a ç ã o p a r a a p a r t i c i p a ç ã o como também dos processos de gestão e social.Considerando tudo isto, buscamos financiamento da educação. Uma preocupação apresentar os aspectos essenciais e definitórios do estudo é a análise do currículo comum e da da Pedagogia Social e mostrá-la como uma parte diversifica adotada pelos sistemas de ciência que, como tal propicia criação de ensino municipais e, principalmente, a inclusão conhecimento e como profissão apresenta da disciplina educação física para crianças de 06 dimensões práticas com ações orientadas e a 10 anos, ou seja, nos primeiros anos do ensino intencionais, constituindo-se atualmente como fundamental. Na cidade de Barretos, desde o ano ação fundamental na busca da transformação de 2008, com base no PDE-Escola, as unidades social.Como metodologia de trabalho, utilizamos de ensino têm incluído em sua matriz curricular a levantamento bibliográfico, tomando por disciplina ministrada por professores habilitados referência os autores Paulo Freire e Roberto da na área de educação física/ licenciatura. Silva.. A Pedagogia Social com a marcada ênfase Encontra-se ainda nesse trabalho diferentes

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assistencialista do início das intervenções cede REPRESENTATIVIDADE DO INGRESSO NA espaço a reivindicações por delineamento de VIDA ACADEMICA NA HISTORIA DE UM políticas sociais públicas. Enquanto ciência JOVEM COM SEQUELAS DE PARALISIA busca estratégias de mediação humana que CEREBRALajudem a fazer a sociedade e aponta para a

#diversidade de espaços de atuação para esta Viviane Kawano Dias*área e possui o desafio de crescer junto com as Sandra de Souza Nery*

#demais mudanças na sociedade e na vida dos Ana Paula Evaristo Guizarde TeodoroGhiséle Alves Ferreira*indivíduos.

*Centro Universitário de Jales UNIJALES#Laboratório de Estudos do Lazer LEL/UNESP Rio

Claro/SP

A PRÁTICA DE LEITURA NO PROCESSO DE Este estudo de natureza qualitativa e de historia

FORMAÇÃO DOS PROFESSORES de vida, realizado por meio de uma entrevista semiestruturada, teve como objetivo analisar a

Elaine Cristina dos Santos; representatividade do ingresso no curso superior Andréa Carla Machado de educação física, na vida de um jovem que teve

paralisia cerebral leve ao nascer, e hoje, UNIRP Centro Universitário ee Rio Preto

apresenta sequelas motoras leve, bem como, de sua mãe, que se matriculou junto na intenção de

Introdução: Há alguns anos atrás os professores ajudá-lo. De acordo com o jovem, a escolha

assumiam uma postura de imponência, assim desse curso se deu por gostar de esportes e por

eram as vozes dos saberes dentro e fora da querer cuidar de si mesmo. No inicio, a mãe se

escola, não que ainda não fossem, mas a preocupou com a opção, mas agora, entende que

maneira com que era visto, sequer poderia o o filho buscava sua própria melhora. O que estou

aluno opinar, discutir ou até mesmo debater sobre fazendo aqui foi o pensamento do jovem no

a aula ministrada pelo docente. Observa-se o primeiro dia de aula, mas com o decurso das

autoritarismo como fator primordial para a base atividades acadêmicas, notou ser capaz e sente

educacional. Assim frente a tal imposição de melhoras na capacidade de aprendizado. Já sua

ideias, como a leitura era desenvolvida?Quais mãe, percebe maior autonomia, confiança e

estratégias eram utilizadas para facilitar a felicidade, além de melhora na autoestima,

compreensão do ato de ler? Em tempos atuais locomoção, equilíbrio e sociabilização do mesmo.

nota-se que esta posição de impor aos O jovem vê a presença da mãe enquanto colega

educandos a concordância ou não sobre tal de curso, como um apoio para sua realização e,

assunto não é mais aceitável, pois em época de ao mesmo tempo, uma troca de experiências.

globalização e avanços tecnológicos o que o Para a mãe, que pensava ver o filho fazer uma

estudante busca no ambiente de aprendizagem, faculdade, mas nunca o acompanhando, sente

como por exemplo, escolas e universidades são que este a vê como um incentivo nessa

profissionais com disposição para ensinar e realização e isso é motivo de orgulho, apesar do

aprender com os alunos. Sabe-se que os cansaço de frequentar uma faculdade na sua

indivíduos através de sua percepção captam idade. Em relação às dificuldades, a mãe narra a

quando existe uma troca mútua e respeito entre limitação dele na escrita e ele relata fragilidade

as partes, naturalmente ocorrerá que o diálogo nas atividades práticas, devido aos problemas de

sobre aquele determinado tema obtenha maior locomoção, mas prefere realizá-las sozinho, da

sucesso. Assim, escolheu-se a leitura, por maneira como consegue. A vontade de superar

observar que estudantes demonstram esses obstáculos e o conhecimento adquirido no

desinteresse pelo ato de ler. Objetivo: Refletir curso fez com que este se matriculasse numa

por meio da literatura a prática da leitura na academia de musculação, já mostrando a

formação dos professores. Método: Foram influencia dessa escolha na sua vida. Ambos não

analisados artigos com método quali-quantitativo percebem preconceito por parte dos alunos,

em periódicos impressos pertencentes à professores e instituição, pelo contrario, a ajuda

biblioteca de uma Faculdade privada de uma desses é responsável pela continuidade no curso

cidade de grande porte do interior paulista, quais e nas melhoras observadas na vida dos mesmos.

recursos eram utilizados pelos professores para Desta maneira, é evidente a importância do

facilitar a compreensão do processo da leitura. preparo das instituições e profissionais para

Resultados: Observou-se que para o ensino do atender alunos especiais nos cursos superiores,

processo da leitura, os professores deixavam de visto a gama de benefícios para a vida dos

utilizar estratégias favoráveis quando ensinavam mesmos e dos que estão à volta deles.

à leitura Conclusão: Notou-se que a pesquisa no campo da leitura ainda tem muito a ser explorada podendo contribuir positivamente na formação do educando e educador.

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AVA L I A Ç Ã O E C O M PA R A Ç Ã O P O R Palavras-chave: Vida Ativa, Saúde, Exercício, QUESTIONÁRIO ENTRE PRATICANTES DA Sedentarismo, Longevidade. ATI E SEDENTÁRIOS

Leonardo Brito da SilvaOrientador: Marcelo Porto ATLETAS LESIONADOS E RECUPERAÇÃO

PSICOLÓGICA: ESTUDO INICIALFIPA Faculdades Integradas Padre Albino

Catanduva-SP Maycon Junior Ferreira;Eric Matheus Rocha Lima;

Introdução: Existem cada vez mais evidências Fernando Cesar Gouvea;científicas apontando o efeito benéfico de um Orientador: Afonso Antonio Machado estilo de vida ativo na manutenção da capacidade

LEPESPE - D.E.F. / UNESP -RCfuncional e na autonomia física durante o processo de envelhecimento. Em busca de um

O retorno dos atletas olímpicos, em 1986, fez com padrão de vida mais saudável foram instaladas as que aumentasse o número dos participantes Academias Populares ao ar livre em São José do esportivos. Muitas modalidades começaram a Rio Preto-SP, com o nome de ATI Academia para surgir, emergentemente, como o Voleibol, Todas as Idades, compostas por 10 aparelhos Basquetebol , Futebol e Handebol. Através das metálicos que podem realizar em média 15 emissoras de televisão, a prática esportiva exercícios, desenvolvidos, especialmente, para a passou a ser cada vez mais conhecida, como Terceira Idade, localizados em praças públicas promotora de bem estar e diminuição do risco de com grande fluxo de pessoas que fazem doenças. Com o aumento do número de caminhadas. Objetivos: Demonstrar os praticantes esportivos, os acidentes destas benefícios dos exercícios físicos das ATI's práticas também aumentaram, sendo estes avaliados por questionários para fazer a acidentes denominados Lesões Desportivas ( comparação das alterações. Metodologia: Gonçalves et al, 1993 ). O presente trabalho Foram avaliadas por questionário individual 22 buscará colher informações e procedimentos que pessoas de ambos os sexos, com idade média de levam os atletas que sofreram lesões desportivas, 61 anos, divididos em dois grupos com três especificamente, e tiveram uma recuperação avaliações, e cada grupo com 11 pessoas, tendo o psicológica adequada. Por meio de questionário, grupo 1 duas avaliações: Antes e Depois de dez de perguntas diretas e semi-estruturadas, semanas da prática regular dos exercícios físicos buscamos mapear e localizar os tipos de lesões da ATI, sendo dividido, respectivamente, em 1A e que interferem na recuperação psicológica dos 1D. O grupo dois, também com 11 pessoas teve a atletas, de modo a compreender o fenômeno em mesma avaliação aplicada em pessoas não toda sua extensão. Nossas análises nos praticantes da ATI. Todas as pessoas tiveram conduzem para algumas conclusões preliminares avaliação individual pelo mesmo questionário e que, à luz de novos elementos, poderão sofrer relatos do dia-a-dia. Os freqüentadores da ATI alterações ou maiores constatações. Assim, de tiveram uma freqüência mínima de três vezes por forma antecipada, podemos garantir que traumas semana, iniciando as atividades com uma e lesões psicológicas são freqüentes e caminhada livre e logo após realizando todos os recorrentes em atletas, de modo a aumentar o exercícios da ATI em forma de circuito. tempo de afastamento das quadras, pelo atleta Resultado: Foram verificados vários benefícios lesionado físico. Outra situação que nos ficou com mudança positiva do dia a dia dos evidente, em nossos questionamentos, foi que o participantes da ATI, tanto nos relatos, quanto nas técnico, quando profissional da Educação Física comparações das questões aplicadas e, ou Fisioterapia, importa- se mais com a principalmente, quando comparados com o grupo recuperação física para o rendimento do que com dos sedentários. O grupo 1 após a reavaliação as desordens psicológicas que uma situação demonstrou grandes avanços na qualidade de traumática possa vir a causar. vida, saúde, bem estar e outros fatos relatados.

Quando comparados os grupos 1 e 2, deixa bem claro que a pratica regular dos exercícios da ATI promove grandes benefícios para obtenção de uma vida saudável. Conclusão: A prática dos exercícios físicos oferecidos pela ATI tem fundamental importância na mudança de vida das pessoas, a melhora na execução das atividades básicas do dia-a-dia. Esta prática melhora o estilo de vida, a redução na utilização de medicamentos e a melhoria nos resultados de exames clínicos. Promove a saúde e melhora a qualidade de vida, tornando-as fisicamente ativas.

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N ATA C Ã O PA R A O L I M P I C A C O M O INSTRUMENTO DE INCLUSÃO SOCIAL E PERCEPÇÕES CORPORAIS EM SALAS DE QUALIDADE DE VIDA. GINÁSTICA E MUSCULAÇÃO: O ESPELHO

COMO FOCO DE ATENÇÃOFabiano Quirino da Silva Pereira

Flavio Francisco Dezan;UGF UNIVERSIDADE GAMA FILHO Afonso Antonio Machado

Introdução: O presente artigo descreve e LEPESP UNESP Rio Claro SPproporciona uma reflexão dos resultados do Projeto Natação Adaptada que é realizado no O presente estudo tem como objetivo observar o Clube Recreativo e Esportivo Santa Isabel de comportamento dos alunos de academias, tanto Novo Horizonte-SP. Apresentam ainda, reflexões da área de musculação quanto da área de sobre a modalidade da Natação Paraolímpica e a ginástica, quando em uma sala com espelhos ou inclusão de pessoas com deficiências (PCD) por não e a importância dada a este fato, bem como intermédio do desporto. Como já há muito tempo seu foco de atenção, preferência pelo tipo de está provado que o esporte é um veículo para a sala, entre outros aspectos relevantes. Tal estudo inclusão da pessoa com deficiência na torna-se importante pelo fato de não evolver sociedade, proporcionando significativos ganhos somente aspectos como o bom desempenho na nos aspectos físicos, motor, afetivo e social, execução dos exercícios, como constatado em sabe-se também que o esporte melhora a boa parte das respostas, envolvem também condição cardiovascular, aprimora a força, a aspectos comportamentais singulares quando agilidade, a coordenação motora e o equilíbrio. estes praticantes de atividades físicas admitem No entanto, deve-se levar em consideração que sentirem necessidade de se exercitar defronte ao as limitações dos deficientes podem interferir espelho com o intuito de poderem se admirar e/ou diretamente na aderência e no estado de serem admirados, ou até mesmo evitar tal motivação para a inclusão. Objetivo: Este exposição por não estarem dentro de um padrão trabalho tem como objetivo, demonstrar os corporal idealizado, tanto pelas mais variadas benefícios do esporte e o impacto em suas mídias quanto pelos freqüentadores de atividades diárias, ganhos na valorização academias, gerando assim, insatisfações e pessoal, autonomia e qualidade de vida. conflitos entre o corpo midiático e seus próprios Metodologia: O Projeto Natação Adaptada corpos. Para tal estudo foi utilizado um atende PCDs da comunidade de Novo Horizonte- questionário com perguntas abertas e SP com vários tipos de deficiências. O trabalho é es t imu ladoras de assun tos a se rem desenvolvido desde a adaptação ao meio liquido categorizados e relevantes ao tema proposto, até o treinamento com atividades recreativas, oferecendo indicativos de análises. O estudo de iniciação esportiva, aperfeiçoamento e treinos auto-imagem oferece, desta forma, um novo específicos preparando os alunos para comparativo para o profissional da Educação competições. Considerações preliminares: Física e da Psicologia do Esporte, bem como Notamos em nossos atletas vários resultados colabora com os participantes da pesquisa, no positivos sociais como desenvolvimento de tocante a melhor entender seu corpo, seus autoestima, autovalorização e estímulo à sentimentos e reflexões sobre ele e a melhor independência e autonomia, socialização com maneira de propiciar uma interação sadia entre o outros grupos, vivência de situações de sucesso corpo e a imagem dele.e superação de situações de frustração e redução da agressividade. Já no aspecto qualidade de Palavras chave: espelho, auto-imagem, padrões vida apresentam melhora das condições organo- corporais.funcionais, melhora na força e resistência muscular, aprimoramento da coordenação motora e ritmo, possibilidade de acesso ao esporte como lazer, reabilitação e competição, prevenção de deficiências secundárias. No esporte tivemos muitas conquistas em campeonatos regionais, estaduais e nacionais onde nossos atletas conquistaram ótimas posições no ranking do Comitê Paraolímpico Brasileiro. Constatamos que o tema da inclusão leva a uma nova discussão que pode até ser considerada primordial, mas que é pouco percebida por àqueles que não possuem deficiências física, visual ou intelectual.

Palavras Chave: Natação Paraolímpica, Inclusão Social e Qualidade de Vida.

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A CONTRIBUIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA ANÁLISE COMPARATÓRIA DAS APTIDÕES PARA O CONTROLE DE DOENÇAS NA F ÍS ICAS EM PRATICANTES E NÃO TERCEIRA IDADE. PRATICANTES DE GINÁSTICA ARTÍSTICA

FEMININA NA FAIXA ETARIA DE 08 A 10 ANOS.Eliandra Amancio de Barros

Pollyana Carla Silva¹UNIFEV - Centro Universitário de Votuporanga. Ana Carolina Simonato¹

Secretaria de Esportes e Lazer de São José do Rio Jéssica Sbrissa¹Preto-SP Beatriz Dinis Silva¹

Ariele Negrisoli de Oliveira¹A prática de atividades físicas na terceira idade Cleide Castro Monteiro²tem uma contribuição importante para a saúde do idoso. De acordo com vários autores a atividade ¹ Discentes do Curso de Educação Física de física contribui para prevenir e controlar doenças Universidade Paulista - UNIP, Campus JKcomo hipertensão arterial, colesterol, diabetes e ² Docente da Universidade Paulista - UNIP, Campus

JKentre outras mais, conseqüentemente tendo assim uma vida mais ativa e saudável. No mês de

A Ginástica Artística busca o domínio corporal Março de 2010, foi feita uma avaliação através da interação de corpo e mente, nesse especificamente com pessoas da terceira idade sentido faz desenvolver diversas aptidões que freqüentam a ATI (Academia para Todas as motoras. Dentre elas força, flexibilidade e Idades) do bairro Castelinho da cidade de São agilidade que são imprescindíveis para a prática José do Rio Preto SP. Nesta pesquisa constatou-da GA. O objetivo deste trabalho foi analisar e se um fator preocupante, pois 35,6% dos comparar variáveis das aptidões motoras entre entrevistados apresentavam IMC (Índice de meninas praticantes e não praticantes de GA, Massa Corporal) com Risco Moderado, e 21,9% exceto a prática na educação física escolar. com Risco Elevado e somente 37% estavam na Foram analisadas 32 meninas de 8 a 10 anos, Zona Aceitável. Foi aplicado um questionário para sendo 16 praticantes e 16 não praticantes onde alunos que apresentaram Risco Moderado e foram aplicados os testes de abdominal Elevado, contendo neste questionário duas (resistência muscular localizada), teste de sentar perguntas: se eles tinham algum tipo de doença e e alcançar (flexibilidade) e o teste de shuttle run se tinham dificuldades para fazer atividades (agilidade). Com os resultados obtidos na rotineiras do dia, contudo 45% dos entrevistados administração dos testes de sentar e alcançar responderam que são hipertensos e 12% (flexibilidade), teste abdominal ( resistência diabéticos, sendo que muitos apresentavam as muscular localizada) pode-se verificar que as duas patologias, a hipertensão arterial e diabetes meninas praticantes da modalidade ginástica destacando que, a associação dessas duas artística feminina com valores médios(39,5), doenças aumenta consideravelmente o risco de (44,5) respectivamente estão acima da media morbidade e mortalidade cardiovasculares. (35,56) e (26) de meninas normais da mesma Começaram então um treinamento nos aparelhos faixa etária media de acordo com J.G. Ross e da ATI (Academia para Todas as Idades), convidados, “ The National Children and Fitness associado com uma caminhada de 30 minutos e Study II: New Health-Related Norms” in Jornal of um alongamento inicial de 10 minutos, sendo Physical Education, Recreation and Dance 58:66-então 60 minutos de atividade física por dia 70 (1978). Diante dos resultados obtidos através durante seis vezes na semana. Ressaltando que, da analise das variáveis da aptidão motora os alunos também fazem acompanhamento concluímos valores superiores em meninas médico na rede pública de saúde. A avaliação dos praticantes de GA em relação a meninas não alunos esta sendo feita a cada dois meses e o que praticantes GA(praticantes somente de educação podemos constatar até o momento que seis física escolar).meses de avaliação, os alunos que freqüentam

regularmente a ATI (Academia Para Todas as Palavras chaves: ginástica artística. aptidão Idades), ou seja, possuem 70% de freqüência, motora. capacidades físicas.obtiveram grandes benefícios tanto sociais

quanto de saúde, relatando que conseguiram manter um controle maior na pressão arterial e também um maior controle no diabetes, ressaltando também, a melhora na disposição para atividades rotineiras no decorrer do dia como ira ao banco, limpar a casa, fazer compras.

Palavras Chave: Terceira Idade, Hipertensão, Diabetes.

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PERFIL PSICOLÓGICO DE NADADORES para vencer como o principal fator estressante. PORTADORES DE DEFICIENCIA FÍSICA EM Baseados nesses resultados poderão ser TREINAMENTO PRÉ JOGOS ABERTOS DO desenvolvidos programas de orientação INTERIOR individual para aperfeiçoar o período de

preparação para os Jogos Abertos do Interior. Pollyana Carla Silva¹; Ana Carolina Simonato¹

Jéssica Sbrissa¹; Beatriz Dinis Silva¹ Palavras-Chave: Avaliação psicológica. Testes Ariele Negrisoli de Oliveira¹ de personalidade. Testes psicométricos.

Prof. M.Sc. Gilberto Pivetta Pires²

¹ Discentes do Curso de Educação Física de Universidade Paulista - UNIP, Campus JK

A S P E C T O S P S I C O L Ó G I C O S ² Docente da Universidade Paulista - UNIP, Campus

RELACIONADOS AO FUTEBOLJK

Thalita Carvalho de MouraA busca da melhoria da qualidade de vida levou Renato Verzanium número crescente de pessoas com

deficiência física a procurar a prática de diferentes desportos visando uma melhoria do Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho- seu bem-estar físico psicológico e social. Instituto de Biociências -Campus de Rio ClaroC o n s e q ü e n t e m e n t e t ê m a u m e n t a d o consideravelmente os estudos e investigações

Estamos diante de uma contradição, ao mesmo no âmbito da atividade física adaptada. Apesar tempo em que o treinamento psicológico é desta crescente evolução e devido à falta de

apoio social e político, a investigação e o treino negligenciado na maioria das modalidades com a população com deficiência tornam-se esportivas, inclusive o futebol, vemos ainda muitas vezes difícil e complicado. O diariamente o quanto alterações psicológicas tem objetivo do desporto adaptado sofreu algumas

sido evidenciadas diante dos resultados obtidos alterações nos últimos anos. Inicialmente, a sua

pelas equipes. Por isso, buscamos verificar função era de reabilitação, atualmente é também alguns dos muitos aspectos psicológicos ligados praticado como desporto de competição. Por ser ao futebol, modalidade mais popular do país. O um fator primordial no processo de reabilitação,

as atividades desportivas, competitivas ou não, atleta, em sua carreia esportiva, está diante de devem ser or ientadas e est imuladas, situações que constantemente tende a afetar seu possibilitando às pessoas com deficiência, psicológico, como por exemplo, o início precoce mesmo durante o seu programa de reabilitação,

na modalidade e a transição para sua alcançar os benefícios da atividade física visando

aposentadoria. Além disso, pessoas ligadas a uma melhor qualidade de vida. O projeto de eles e a modalidade podem também trazer estudo em andamento tem como objetivo contribuições importantes, como os pais, o identificar o perfil psicológico de nadadores

portadores de deficiência física. Segundo Gomes técnico, os companheiros de equipe e a torcida. e Cruz (2001) com o controle e avaliação do perfil Todos esses fatores podem ajudar a psicológico podem ser detectados aspectos que desencadear reações psicológicas importante no podem ter influência direta ou indireta no

atleta, como alterações em sua motivação, em desempenho dos atletas durante o período pré-

sua ansiedade e sua agressividade, por exemplo. competitivo. Serão aplicados testes de Existem ainda outros fatores influentes, tais como personalidade, testes de motivação e os vários tipos de mídia, a concentração a que os questionário de estresse em nadadores

deficientes físicos das cidades de São José do atletas são submetidos antes de partidas Rio Preto e Catanduva em período de preparação importantes e aspectos relacionados às lesões e para a disputa do 74º Jogos Abertos do Interior a reabilitações dos atletas dentro da modalidade. ser realizado entre os dias 02 e 15 de novembro

Diante de todos esses fatores pudemos concluir de 2010 na cidade de Santos-SP. Avaliações

que há uma grande necessidade da contratação prévias realizadas em três (3) atletas de cidade de psicólogos do esporte para acompanhar as de São José do Rio Preto mostram resultados equipes de futebol, desde as categorias de base parciais que apontam a participação nos Jogos

Abertos do Interior como uma possibilidade de até as principais, intervindo de maneira individual, integrar a seleção brasileira paraolímpica junto ao atleta e ao técnico, e também de maneira podendo ter assim um retorno financeiro. Na coletiva, junto à equipe. Além disso, vemos motivação para a manutenção de sua prática

também como possibilidade a formação estão na melhoria do desempenho, ser

continuada dos profissionais de Educação Física, reconhecido e o incentivo da família e amigos. O na área da Psicologia do Esporte, visando poder abandono estaria relacionado principalmente à contribuir com os treinamentos dos seus atletas falta de prazer e problemas com a saúde e lesões.

Os atletas mencionaram a cobrança de si mesmo também nessa área.

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se não houver uma preparação psicológica INTERFERÊNCIA FAMILIAR NA PRÁTICA adequada, o atleta não conseguirá atingir os

ESPORTIVA DOS FILHOS: ANÁLISE DE níveis esperados através da preparação físico-

HISTÓRIAS DE VIDA técnica a que foi submetido previamente. O objetivo principal da pesquisa foi avaliar as

Thalita Carvalho de Moura cond i ções ps i co lóg i cas re l ac ionadas principalmente à ansiedade dos atletas

Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho - momentos antes da participação em uma Instituto de Biociências - Campus de Rio Claro competição importante, com grande destaque

midiático. Esta avaliação parte também da As relações interpessoais são imprevisíveis e comparação entre equipes mais bem preparadas intrigantes devido ao grande número de variáveis e estruturadas com equipes modestas e sem a que as envolvem. Especificamente, a relação possibilidade de uma preparação semelhante a família-atleta apresenta diferentes fatores, que dos atletas citados anteriormente, principalmente interagem, e provocam reações sobre o físico, o levando em consideração a ausência de um cultural e o psicológico dos envolvidos; reações psicólogo do esporte. A pesquisa foi realizada estas que envolveram também o pesquisador e através de questionários, sendo que foram motivaram este estudo. Adotou-se, assim, a entrevistados 150 atletas de 8 equipes técnica de entrevista semi-estruturada, o qual participantes da Copa São Paulo de Futebol permitiu a reunião dos fatores pessoais e Júnior, realizada no ano de 2010, que estavam contextuais que envolveram os participantes, hospedadas nas cidades de Rio Claro e Limeira. através de suas relações familiares, esportivas e As idades dos atletas variaram entre 16 e 18 anos. em suas possíveis inter-relações. Ao combinar Como resultados, pudemos observar que houve estes fatores, buscamos verificar a influência os uma grande diferença do nível de preparação pais pode apresentar sobre a motivação dos filhos psicológica dos atletas, sendo que os mais para a prática esportiva. Essa análise nos ansiosos e pressionados pela importância do permitiu confirmar nossas expectativas, os momento em que estavam vivenciando faziam sujeitos descreveram em suas respostas que parte das equipes que não tinham uma estrutura percebem de maneira bem clara como seus pais semelhante as das grandes equipes e, também se comportam diante sua prática esportiva e não contavam com psicólogos do esporte. como reagem a esse comportamento. Assim, Conseqüentemente, estas equipes menos podemos concluir que os pais podem influenciar preparadas foram eliminadas no início da tanto de forma positiva, como de forma negativa competição, pois seus atletas não conseguiram na prática esportiva de seus filhos, e que essa atingir o nível de atuação esperado pelas influência pode ir desde a escolha da modalidade comissões técnicas. Já as equipes mais bem até o quanto se dedicar a ela. Isso tudo dependerá estruturadas conseguiram manter-se mais tempo da relação que já possuem com os mesmos fora na competição. Portanto, podemos concluir que do ambiente esportiva sendo, na opinião da as equipes com preparação psicológica tem mais maioria dos atletas, uma espécie de força chances de conquistarem seus objetivos, pois fundamental para que possam praticar sua seus atletas atingirão o limiar máximo esperado, modalidade com mais segurança, prazer e mostrando que não basta apenas a preparação liberdade. psicológica para vencer, mas que a soma dos

fatores pode ser o caminho para as conquistas.

ANSIEDADE E RENDIMENTO ESPORTIVO: UMA ANÁLISE À LUZ DA PSICOLOGIA DO ESTUDO DA ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA ESPORTE NO FUTSAL

1Renato Henrique Verzani; Kauan Galvão Morão Renan Mendes Garcia1Afonso Antonio Machado Francisco Galvão do Amaral Pinto Barciela

1,2Fernando César GouvêaLEPESPE UNESP - Rio Claro 1Afonso Antonio Machado

Contratos financeiros de alto valor, influência ¹LEPESPE / I. B. / UNESP Rio Claro; ² Prefeitura midiática constante, cobranças vindas de Municipal de Jundiaídiversos modos, seja de dirigentes, familiares, empresários, dentre outros. É exatamente nesse Assistir um jogo é pouco diante dos fenômenos contexto em que estão inseridos os atletas na que acontecem na mente humana; é difícil atualidade, principalmente quando o esporte imaginar o que se possa estar vivendo e sentindo. praticado é o futebol, considerado a grande Felicidade, amor e alegria em frações de paixão de milhões de pessoas. Devido a este segundos podem ser substituídos por tristeza, fator, os atletas estão sofrendo uma pressão desilusão e sofrimento o que faz do esporte um exacerbada que pode prejudicar seu rendimento momento mágico e único. Esta incerteza ou na modalidade, pois no momento da competição, ansiedade que o at le ta é submet ido

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freqüentemente em treinamentos e jogos, em dinâmica e testes específicos (teste de níveis moderados pode auxiliar o mesmo a caminhada, peak flow, manovacuômetro, melhorar seu desempenho, porém, quando os cirtometria). A avaliação clinica ortopédica níveis extravasam a tolerância deste indivíduo, complementou a avaliação respiratória com poderá ocorrer queda no desempenho e graves testes específicos como: ADM de MmIi e tronco, distúrbios físicos e psicológicos. Por isso, trocas posturais, equilíbrio, marcha e testes procuramos investigar o nível de ansiedade de neurológicos. O questionário de qualidade de atletas da modalidade futsal adulto masculino. vida SF-36, assim como os testes específicos, Foram investigados por meio do CSAI-2 foram aplicados no inicio do tratamento e ao final (Competitive State Anxiety Inventory 2), 80 do décimo mês. Resultados: As medidas de atletas (6 diferentes equipes) com idade entre 15 volume inicial e final durante a avaliação de e 36 anos (22.3±6.2) participantes da Copa manovacuômetro e Peak Flow indicou um DEC/Liga 2010 de Futsal, categoria adulto aumento dos volumes inspiratórios e expiratórios masculino, realizada em Rio Claro SP. Os dados da manovacuômetria e uma manutenção do pico foram coletados em março de 2010; de fluxo expiratório no peak flow. O teste de posteriormente, os mesmos foram tabulados com caminhada de 6 minutos foi realizado na o objetivo de identificar os níveis de ansiedade avaliação inicial e final onde a distância esperada pré-compet i t iva cogni t iva e somát ica para o paciente foi de 498,1 metros (+- 8 voltas). A apresentado pelos atletas. Apesar do instrumento distancia inicial atingida pelo paciente foi de 182 também avaliar o nível de autoconfiança dos metros (3 voltas e 14m)e final foi de 236 metros (4 atletas, este quesito foi descartado por não fazer voltas e 28m). Através da escala visual analógica parte do objetivo da pesquisa. Analisando os da dor, houve uma melhora do quadro álgico de 6 resultados pudemos concluir que os atletas para 1. No questionário de Qualidade de Vida SF-apresentaram maiores níveis de ansiedade 36, ao compararmos o resultado inicial e final, é cognitiva do que somática; isso significa que os evidente a melhora no domínio de capacidade componentes relacionados ao pensamento funcional, dor, estado geral da saúde e limites (ansiedade cognitiva) como: preocupação, emocionais. Conclusão: A reabilitação pulmonar apreensão, dúvidas e pensamentos negativos foi eficaz na melhora da qualidade de vida e parecem estar mais alto do que os relacionados à execução de atividades diárias deste indivíduo, o ativação física percebida (ansiedade somática), questionário de qualidade de vida e o teste de confirmando pesquisa de Zanetti (2009). Este caminhada de 6 minutos demonstraram que entendimento nos leva a pensar em uma através do exercício aeróbico, o condicionamento intervenção antes das competições a fim de físico e a tolerância do paciente ao exercício controlar os níveis de ansiedade e contribuir aumentaram com a reabilitação pulmonar.efetivamente para que o atleta atinja maior desempenho atlético.

DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NA E D U C A Ç Ã O F Í S I C A E S C O L A R :

EFEITOS DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO PERCEPÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DA PULMONAR NA QUALIDADE DE VIDA DE PSICOLOGIA DO ESPORTE.PACIENTE COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA: RELATO DE CASO Franz Fischer

Afonso Antonio Machado1Natalia Targas Lima1 LEPESPE UNESP - Rio ClaroSueli Aparecida Alves

1 A Educação Física Escolar, entre outros Centro Universitário de Rio Preto UNIRPobjetivos, deve propiciar o desenvolvimento afetivo-social de seus alunos, e dentro desse Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva domínio encontramos os estados emocionais, Crônica (DPOC) se caracteriza pela presença de freqüentemente pouco explorados nessas aulas. obstrução ou limitação crônica ao fluxo aéreo. A Sabemos que a atividade física, em qualquer diminuição da tolerância ao exercício físico âmbito, atua sobre o indivíduo, modificando seus nestes indivíduos age como resultado da componentes físicos, motores, sociais, limitação ventilatória e descondicionamento psicológicos e afetivos. Sendo assim, através físico chegando a limitar as atividades da vida desse estudo buscamos analisar qual diária. Objetivo: Verificar o efeito da reabilitação i m p o r t â n c i a t e m s i d o a t r i b u í d o a o pulmonar na qualidade de vida de um indivíduo desenvolvimento afetivo-emocional nas aulas de com DPOC grave. Métodos: Paciente, sexo Educação Física, em que contexto se manifestam masculino, 74 anos, portador DPOC grave, as emoções (em particular o medo, ansiedade, osteoporose grave, fratura de corpos vertebrais autoconfiança, vergonha, motivação, e T6, T11, T12, L3 e compressão medular entre T12 agressividade) durante as aulas, e como esse e L3. A avaliação clinica respiratória consistiu em trabalho tem sido desenvolvido pelos exame físico, inspeção estática, inspeção professores, sugerindo também algumas formas

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de atuação para os mesmos. Para isso, foram TORCIDA E DESEMPENHO ESPORTIVO:entrevistados alunos e professores de Educação C O N S I D E R A Ç Õ E S A L U Z D E U M A Física de duas escolas públicas de Rio Claro. PSICOLOGIA BIOECOLÓGICAApós a análise e discussão dos dados, somados à revisão de literatura, ficou evidente que o trabalho Franz Fischerdas emoções dentro do ambiente escolar tem Afonso Antonio Machadosido pouco explorado e que há uma grande

LEPESPE UNESP Rio Claro dificuldade dos professores em incluir o desenvolvimento emocional em seus conteúdos,

A pressão exercida pelo torcedor provoca objetivos e metodologias. Constatou-se também, diversos tipos de emoções no atleta, sendo elas que essa dificuldade por parte dos professores, positivas ou negativas. A ansiedade, o medo, a se deve ao distanciamento destes da realidade agressão e a motivação serão apontados neste dos alunos, dificultando assim um bom estudo. O objetivo deste trabalho foi, apoiado em relacionamento entre eles e com isso uma melhor uma pesquisa bibliográfica, entender a intervenção dos professores. Ficou evidente problemática que envolve a torcida e o também a falta de preparo dos professores para rendimento dos atletas, e mostrar as vias lidar com situações problemas nas aulas de utilizadas pela torcida para interferir nos gestos Educação Física.técnicos do atleta que necessita estar atuando sempre em bom nível e no limite físico, técnico e psicológico, para manter seu rendimento. Para isso foram entrevistados 16 atletas das FUTEBOL DE CAMPO E MOTIVAÇÃO: UM modalidades de futsal e basquetebol, da cidade ESTUDO DE CASOde Rio Claro, de ambos os sexos, com média de idade de 22 anos e média de 4 anos de prática em Franz Fischersua modalidade. A atuação do atleta não deixa de Mauro Klebis Schiavonsofrer influência de alguma assistência: em toda Afonso Antonio Machadocircunstância ele terá a vigilância de colegas de equipe, técnico, amigos, família e torcedores LEPESPE UNESP Rio Claroocultos. O torcedor tem um poder tão forte que pode alterar situações políticas de clubes, A motivação reflete um dos mais importantes equipes e atletas, conforme vemos na mídia. atributos relacionados à vida e ao esporte. Sem Existe uma força externa mobilizadora. Diferentes este aspecto não conseguiríamos definir, dirigir e situações ocorrem dentro e fora da partida, persistir em nossas ações, o que nos tornaria originando estímulos que serão lançados a todo o seres letárgicos. No esporte, a motivação é uma momento, no ambiente; técnicos, a mídia, os pais d a s p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s p e l o e amigos e o público, entendidos aqui como empreendimento de ações que podem refletir na torcida, e reagem de forma instável aos aprendizagem e no aperfeiçoamento de acontecimentos do espetáculo e apresentam habilidades, bem como, melhora na saúde, comportamentos variáveis devido aos aspectos estética, entre outras. Buscando atender nossos pessoais e se seus contextos, gerando um objetivos, investigamos por meio de um “equilíbrio-desequilíbrio” conhecido pelos questionário estruturado, composto por 19 estudiosos das teorias bioecológicas.questões fechadas, 59 atletas (28 do sexo

masculino e 31 do feminino), entre os dias 30 de junho e 09 de agosto de 2009, das equipes de futebol de campo de Rio Claro, participantes dos

RELAÇÃO TORCIDA-ATLETA: QUESTÕES DA Jogos Regionais de Atibaia. Como resultado, PSICOLOGIA DO ESPORTEverificamos que os atletas eram mais motivados

para: vencer, manter a saúde, por gostar, manter Eric Matheus Rocha Limao corpo em forma, ter bom aspecto, divertir-se,

Maycon Junior Ferreiradesenvolver habilidades e fazer novos amigos. Guilherme Bagni Tal constatação nos mostra o valor dado por estes

Orientador: Afonso Antonio Machado indivíduos à competência esportiva, que se apóiam no sonho de fazer fama e dinheiro como

UNESP- LEPESPE- D.E.F-I.B.atletas profissionais. É importante que reconheçamos as múltiplas potencialidades de

Sabe-se que o público apresenta determinados desenvolv imento que o esporte pode comportamentos e determinadas emoções que proporcionar e tenhamos ferramentas de trabalho poderíamos relacionar com sua vida cotidiana. e ação que desenvolvam tais potencialidades. Segundo SEGRÉ (1993) os esportes se Sem estas ações continuaremos apenas com o diferenciam e uma das diferenças está na reação discurso rasteiro de que o esporte é bom para qualitativa do público (no tênis, o público nossas crianças.influencia sem gritos e algazarras, o que não ocorre em outras modalidades, onde o grito, a vaia, o batuque são predominantes) .

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Influências externas tendem a ser positivas ao forma, é senso comum apontar dentre as atleta, mas é importante ressaltarmos que diante diversas alternativas de tratamento da asma, a de um confronto de duas equipes, teremos dois natação para a sua cura, mas estas ainda se atletas, com torcidas específicas, treinadores contrapõem as dúvidas da população em geral, com comportamentos diferentes, tentando as quais ocorrem desde os portadores de asma reforçar a atuação do espectador, fortalecendo o até os profissionais de educação física, médicos desempenho de seus atletas. A opção pela e principalmente as pessoas que tem pouco pesquisa participante, além da necessidade de conhecimento sobre estudos relacionados ás adoção da pesquisa ex- post- facto, em alguns alternativas de tratamento e seus benefícios. A momen tos , f ac i l i t ou sob remane i ra o natação é considerada um dos esportes mais desenvolvimento do trabalho, obrigando- nos a saudáveis, pois trabalha com diversos grupos exercer a neutralidade em situações em que musculares e articulações do corpo, beneficiando tínhamos clareza do resultado final da assim o sistema cardíaco e respiratório. A intervenção a que assistíamos. Observações, pesquisa de natureza qualitativa descritiva, entrevistas abertas e semi- estruturadas e coletas apoiada em bibliografias específicas da área da de depoimentos foram as técnicas adotadas para saúde, esporte e educação física, objetivou a abordagens aos 52 atletas de equipes juvenis, verificar como a natação contribui para melhorar de modalidades esportivas individuais e a qualidade de vida de pessoas asmáticas, coletivas. Este material recebeu o tratamento da analisando a eficiência desta atividade física categorização, para que pudesse sofrer posterior esportiva no controle das crises de asma. As análise. De uma maneira conclusiva podemos pesquisas relatam que a asma é uma patologia afirmar que comportamentos hostis por parte do que não pode ser curada, mas com a orientação e público, em geral, são elementos de forte ligação cuidados adequados, pode ser controlada, com a agressividade manifestada em momentos diminuindo seus efeitos. Como os portadores de esportivos, de maneira tal que, numa escala asma não se constituem um grupo homogêneo, menor - ou maior, depende da oportunidade - onde a seriedade e grau da doença variam em consiga- se mostrar que se entendeu a cada indivíduo, a natação torna-se uma excelente mensagem passada e que se concorda com a alternativa terapêutica, pois, além de ser ordem expressa. Uma equipe que recebe ordem, trabalhada individualmente, é considerada a que não consegue digerir informações que não menos asmagênica, pois mantém úmidas as vias sejam gritadas e esbravejadas tenderá a ser aérea; propiciando melhora da capacidade agressiva e barulhenta, tendo este quadro de ventilatória, relaxamento, postura e auto estima modelo. Não haverá comedimentos. de asmático.

Palavras-Chave: natação, asma, efeitos da asma, benefícios da natação

N ATA Ç Ã O C O M O T E R A P I A PA R A PORTADORES DE ASMA BRÔNQUICA

Guilherme Rodrigues Torquato¹ EMOÇÕES NO ESPORTE FEMININO: Rafael Assad Branco¹ aplicação dos conhecimentos da Psicologia Gilberto Pivetta Pires² do Esporte

¹ Licenciado Pleno em Educação Física pela Luana Pilon JürgensenUniversidade Paulista - UNIP, Campus JK Afonso Antonio Machado² Mestre em Educação Física. Docente da Lucas CecarelliUniversidade Paulista - UNIP, Campus JK

Mauro Schiavon

Este estudo é resultado de um trabalho de LEPESPE / D.E.F / I.B. / UNESP

conclusão de curso que buscou realizar uma revisão da literatura descrevendo o pensamento

Esta pesquisa é uma continuidade de estudo em de vários estudiosos cujos textos enfatizam o

que a revisão de literatura e a pesquisa de campo tema “asma e natação”. A asma é uma patologia

permitiram, por seus viéses metodológicos, que compreende uma inflamação crônica das

categorizar comportamentos, tidos como de risco vias aéreas, que acomete várias pessoas em

emocional, em 469 atletas de Voleibol feminino, todo o mundo, sem distinção de faixa etária, sexo

de equipes de diferentes campeonatos (da Liga ou classe social. Segundo dados da Organização

Interiorana de Voleibol, da F.P.V. e dos Mundial da Saúde (OMS), 4 a 12% da população

campeonatos oficiais da Secretária de Esportes mundial tem asma, ou seja, 100 a 150 milhões de

do Estado de SP). Utilizando-se de questionários pessoas, sendo a 5ª causa de internações no

e entrevistas, foram verificados sintomas de Sistema Único de Saúde (SUS) público brasileiro.

violência e ansiedade, alteração do apetite e do Devido a esta doença, crianças, jovens, adultos e

sono, dificuldade de atenção seletiva, idosos acabam não usufruindo de uma vida ativa

irritabilidade, angústia e apatia, entre outros e saudável, procurando assim alternativas para

distúrbios afetivo-emocionais menos freqüentes que possam melhorar seu estilo de vida. De certa

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entre atletas de esporte competitivo. Tais dados para colorir. No encontro seguinte as sofreram a técnica da categorização., para que intervenções possibilitaram aos alunos a pudessem ser melhor dimensionados e manipulação e exploração de movimentos com a analisados; por meio de respostas duplas ( 100- fita. Posteriormente, ao som de vários ritmos 100), 46% das atletas estudadas informam sentir musicais as crianças se deslocavam utilizando os medo do insucesso e não atingirem suas próprias movimentos criados na etapa anterior. A partir das expectativas; 43% informam seu medo em possibilidades de movimentos e manuseio da fita atrapalhar suas equipes ou colegas; 54% demonstrada pelos alunos os pesquisadores apontam para sensações de Angústia e apatia; propuseram os movimentos da serpentina, 67% relatam seu estresse pelo treinamento espiral e oito. Durante esse processo percebeu-esportivo exagerado e 61% indicam distúrbios se uma evolução gradativa do grupo de alunos. relativos ao sono e ao apetite em situações de No oitavo encontro os educandos demonstraram competição. Tais dados levam-nos a concluir que muita desenvoltura no manuseio da fita, bem a preparação psicológica não é empregada, nas como nos movimentos realizados a partir de atletas pesquisadas, o que possibilita uma maior determinado ritmo. As vivências dos encontros desagregação psico e social do grupo, bem como possibilitaram aos discentes ampliarem seu uma maior exposição do mesmo à transtornos repertório motor. Embora o contexto escolar seja emocionais moderados ou graves. Apontam para repleto de adversidades, as quais os docentes a emergente necessidade da atuação do necessitam ultrapassar em seu cotidiano, esse profissional da área e um melhor uso dos estudos estudo demonstrou que a prática da (GR) pode relativos a Psicologia do Esporte, no treinamento ser ministrada nas aulas de Educação Física esportivo. escolar, mesmo nas escolas que não possuem

materiais específicos.

Palavras chave: Ginástica Rítmica, Intervenção GINÁSTICA RÍTMICA NO CONTEXTO Pedagógica, Educação Física EscolarESCOLAR

Bruno Allan Teixeira da Silva DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO Leilane Franca Ferreira CONTEXTO ESCOLAR

Vera Lúcia Teixeira da Silva

Bruno Allan Teixeira da SilvaUniversidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Vera Lúcia Teixeira da SilvaUniversidade de Taubaté (UNITAU)

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)A Ginástica Rítmica (GR) vem sendo valorizada Universidade de Taubaté (UNITAU)

significativamente no Brasil, pois utiliza a arte do movimento, do ritmo, da música, da criatividade e

A tentativa de definir o que são as dificuldades de a capacidade física do praticante. Por seu valor

aprendizagem (DA) gerou entre os estudiosos pedagógico, a (GR) é conteúdo pertinente na

muita discussão, desde os anos 60. Após esta Educação Física Escolar. No entanto, muitos

década, muito se tem abordado sobre o assunto, professores de Educação Física argumentam que

visto a importância do tema no contexto da a formação profissional, a estrutura da unidade

aprendizagem, surgindo diversos trabalhos e escolar, bem como a falta de matériais adequados

várias definições. No entanto, estudos revelam são algumas das questões que desfavorecem a

que o campo de DA apresenta uma variedade sua prática. Esse estudo investigou a (GR) nas

ampla e desorganizada de critérios, designando, fases iniciais de ensino, selecionando três

assim, um fenômeno, extremamente complexo. movimentos bases com a fita, denominados

Além disso, apesar do tema ser abordado em serpentinas, espirais e movimentos em oito. A

diversas áreas, no sistema educacional o número amostra se constituiu em um grupo de trinta

de crianças com DA tem se revelado bastante crianças matriculadas e freqüentes no segundo

significativo. Embora estudiosos proponham ano do ensino fundamental de uma escola pública

soluções discutindo as características típicas do da rede estadual da cidade de São Paulo. Foram

comportamento da criança com DA, ainda não realizados oito encontros, nos quais os

chegaram a um consenso sobre sua definição, pesquisadores ministraram intervenções

manifestação, prevenção, ou quais intervenções pedagógicas duas vezes por semana com

pedagógicas ut i l izar.Contrapondo-se a duração de noventa minutos cada, abordando

suposições que limitam a inteligência humana a como temática a (GR). No primeiro encontro

situações de fracasso ou êxito nas atividades ocorreu a confecção das fitas utilizando materiais

escolares, a Teoria das Inteligências Múltiplas, alternativos, os quais se constituíram em uma

reconhece a pluralidade do intelecto das crianças, madeira de cinqüenta centímetros de largura e

principalmente daquelas que apresentam (DA) no três de espessura, TNT com três metros e meio de

contexto escolar. O presente estudo teve como cumprimento e cinco centímetros de largura,

objetivo investigar a possibilidade de ampliar a barbante para fixar a fita na madeira e guache

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aquisição e construção do conhecimento por rotina de afazeres, verificamos esta constatação parte das crianças classificadas como portadoras como item fundamental para o aumento no de DA no contexto escolar, utilizando a desenvolvimento de doenças degenerativas e Inteligência Corporal Cinestésica como rota de nos mostra a necessidade de promover acesso no processo de aprendizagem. A amostra mudanças no estilo de vida das pessoas. O foi delimitada por um grupo de treze alunos cenário fica mais complexo quando incluímos a matriculados e frequentes na quarta série do questão da responsabilidade social empresarial. ensino fundamental de uma Escola Estadual da De acordo com alguns autores, este conceito foi rede pública de ensino do Estado de São Paulo, inicialmente utilizado no Conselho Empresarial os quais foram declarados pela equipe docente e Mundial para o Desenvolvimento Sustentável em administrativa da escola, como portadores de DA. 1998, estabelecendo que "se trata de Foram realizadas propostas pedagógicas, por comprometimento permanente dos empresários meio de situações problemas, com ênfase no de adotar um comportamento ético e contribuir trabalho motor, visando estimular as Múltiplas para o desenvolvimento econômico, melhorando Inteligências das crianças. As atividades foram simultaneamente, a qualidade de vida de seus desenvolvidas pela pesquisadora, constando de empregados e de suas famílias. Constatamos três aulas semanais, de aproximadamente que, na Cidade de São José do Rio Preto, sessenta minutos, totalizando quarenta e uma algumas Empresas já estão investindo em aulas. Por meio dos dados levantados buscou-se Programas de Qualidade de Vida de seus indícios de possíveis facilitações na construção colaboradores; mas, se observarmos o número do conhecimento. Ao revelar os indícios a de Empresas que possuem o Programa com o indisciplina, a motivação, o medo de errar, a falta número de Empresas da Cidade, chegamos à de expressividade, o conformismo dos pais, a conclusão que o número esta bem abaixo das hiperatividade, a carência afetiva, a falta de expectativas. Este Trabalho vem comprovar a envolvimento da família e a falta de interação importância da implantação de um Programa de entre professor-aluno surgiram como sinais que Qualidade de Vida dentro das Empresas, focado favorecem a DA. em atividades físicas e de lazer, como forma de

melhorar o nível de Saúde e Bem - Estar dos colaboradores, fazendo com que eles adotem

Palavras chave: Dificuldade de aprendizagem, hábitos mais saudáveis inclusive em sua vida Inteligências Múltiplas, Intervenção Pedagógica cotidiana, fora do ambiente de trabalho.

A IMPORTÂNCIA DE UM PROGRAMA DE RELAÇÃO DA MÍDIA ESPORTIVA COM OS LAZER E ATIVIDADES FÍSICAS NAS ATLETAS E TORCEDORES: ANÁLISE DA EMPRESAS, COMO FORMA DE PROMOÇÃO PSICOLOGIA DO ESPORTED A S A Ú D E E B E M - E S TA R D O S COLABORADORES Lucas Ribeiro Cecarelli

José Elzo Franco Junior Adenilson Ambrózio Matheus Ribeiro Cecarelli

Guilherme Bagni UNIRP Centro Universitário de Rio Preto

(UNESP/IB/Rio Claro _ LEPESPE)Este estudo teve por objetivo identificar benefícios e efeitos de como um Programa de Verificar a interferência exercida pelo locutor ou Qualidade de Vida, alicerçado por atividades comentarista sobre o espectador do espetáculo físicas e lazer, podem contribuir para qualificar, esportivo, foi objetivo desta pesquisa. Apoiado nas Empresas, a saúde do colaborador. A em literatura da área, soubemos que o pesquisa descritiva de campo foi realizada em comportamento do torcedor decorre de vários duas Empresas da Cidade de São José do Rio aspectos que compõem a vida deste ator, tais Preto, com uma população de 55 colaboradores c o m o o s e c o n ô m i c o s , p o l í t i c o s o u de cada Empresa. A pesquisa mostra, com base socioculturais.(MACHADO e cols, 1997). Outro nos dados obtidos, que a Empresa que possui fator decorre da mídia que trabalha com o Programa de Qualidade de Vida tem resultados sensacionalismo: o jogo de cena e as palavras expressivos de envolvimento do colaborador na enviezadas alteram nosso imaginário, diante de escolha de hábitos mais saudáveis e uma vida situações que não condizem com o real.. Adotou- mais ativa, visando à promoção do bem estar, se a metodologia qualitativa, pesquisa de campo minimizando problemas de relacionamento e do tipo participante, com um conjunto de 15 estresse, contribuindo com a melhoria do clima torcedores denominados ocultos (TUTKO, 1989), organizacional da Empresa. Observando que que ouviram ou assistiram uma partida de futebol, cada vez mais o ser humano contemporâneo sondando através de questionário de perguntas deixa de utilizar suas capacidades corporais e abertas, semi-estruturadas. Para analisar a que a atividade física ainda não faz parte de sua alteração condutal, no decorrer da partida, optou-

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se pela observação direta e auto-relato, observar que a pratica do exercício aumentaram ampliando o entendimento do fenômeno os benefícios biopsicossociais, a resistência estudado. As respostas foram analisadas através física, a auto-estima, autoconfiança, a de categorização. Constatamos a indução por independência e a interação social, diminui a parte dos locutores/comentaristas nos estados depressão. O estresse e preocupações comuns emocionais dos torcedores-ocultos, acarretando na terceira idade ficam esquecidos com a situações de descontrole emocional e alterações socialização que a atividade física promove. As fisiológicas severas e uma preocupação dos pessoas se sentem úteis e felizes, reforçam laços atletas em não saber o que era dito sobre seus de amizades e criam novas relações, desempenhos. proporcionando melhor qualidade de vida para os

idosos.

TERCEIRA IDADE: EFEITOS DO EXERCÍCIO FISICO NO FATOR BIOPSICOSSOCIAL A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO DO

ESPORTE EM EQUIPES DE FUTEBOLBianca Vessecchi Talhaferro

Sandra Regina Chalela Ayub Kauan Galvão Morão; Renato Henrique VerzaniAfonso Antonio Machado

União das Faculdades dos Grandes LagosLEPESPE UNESP - Rio Claro

Com o aumento da perspectiva de vida, O futebol é marcado por suas evoluções repensamos a qualidade de vida da terceira históricas e, atualmente, surgiu uma nova área de idade. A possível relação entre saúde, atuação neste desporto. É a psicologia do envelhecimento, exercícios físicos e qualidade de esporte, que vem emergindo com o passar dos vida tem sido objeto de estudo de inúmeros anos, sendo o psicólogo do esporte o profissional trabalhos científicos, verificando os efeitos em destaque. Muitos não acreditam que o biopsicossociais. Estudos internacionais trabalho realizado por ele possa ajudar no apontam que 2% das pessoas com mais de 65 desempenho da equ ipe, por isso, a anos apresentam um quadro depressivo, proposta/objetivo do presente estudo é de aumentando quando o sujeito tem em si traços de verificar a importância de se ter este profissional personalidade que o inclinam a desenvolver a atuando junto à equipe. O estudo foi realizado doença ou já sofreu de depressão antes de entrar com jovens que disputaram a Copa São Paulo de na terceira idade. Nos relatos, declaram sentirem-Futebol Junior no ano de 2010, onde os atletas se inúteis, não atraentes e indesejados, possuíam idade entre 16 e 18 anos. Foi aplicado depressivos e ansiosos. Outra preocupação é a um questionário de múltipla escolha em duas perda de memória, principalmente quando equipes distintas, sendo que uma delas possuía existem complicações na linguagem, perda do um psicólogo do esporte e a outra não. No juízo crítico ou dificuldade cognitiva. Os questionário haviam perguntas que indicavam o problemas podem ser mais sérios, mas a grande nível de ansiedade, motivação e outros fatores maioria das reclamações de perda de memória psicológicos de cada atleta, que poderiam em idosos pode ser diagnosticada como atrapalhar ou ajudar em sua performance desatenção desinteresse ou mesmo depressão individual e analisando-se os dados, era possível causada pela ociosidade nesta fase da vida. observar se o trabalho do psicólogo do esporte Alguns hábitos importantes para manter a havia trazido melhoras a equipe e aos jogadores qualidade de vida: boa alimentação; visitas ou não. Através dos resultados obtidos, fica regulares ao médico para prevenir, diagnosticar e evidente que os times que eram acompanhados tratar possíveis doenças, que possam diminuir a pelo profissional já citado, obtinham certo qualidade de vida; atividade sexual; prática de controle sobre os fatores psicológicos dos atletas atividades aeróbicas e exercícios (verificando as e a e q u i p e q u e n ã o p o s s u í a e s t e limitações físicas e orientações especializadas) acompanhamento, apontava para atletas mais contribuem para conservação da saúde. O ansiosos e com medo das situações que exercício e a atividade podem ajudar a manter poderiam ocorrer. Também, foram observados os capacidade motora em pessoas que ultrapassam resultados das equipes durante a competição e os 90 anos. Assim, o objetivo do presente artigo aquelas que possuíam apoio do psicólogo do foi: Analisar os efeitos do exercício físico na esporte, mostravam melhor desempenho do que terceira idade sob o aspecto biopsicossocial. A as outras. Como conclusão, pode-se afirmar que metodologia utilizada foi exploratória através de nos dias de hoje o futebol não é apenas um levantamentos bibliográficos, entrevistas com esporte de preparo físico, técnico e tático, mas profissionais da área da saúde e estudos de sim de controle psicológico, gerando melhores casos. Verificou-se que os benefícios das resultados às equipes. Também, pode-se dizer atividades físicas são vários e podem ser que a presença de um psicólogo do esporte é classificados em três classes: física, psicológica e essencial para que um time consiga fazer com social. Diante dos estudos de casos pode-se que seus atletas rendam ao máximo.

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E D U C A Ç Ã O F Í S I C A E S C O L A R E OS MOTIVOS DE ABANDONO NA PRÁTICA TREINAMENTO MENTAL DE GINÁSTICA ARTÍSTICA FORMATIVA

Guilherme Bagni Priscila LopesAfonso A. Machado, Myrian Nunomura

Renan GarciaEscola de Educação Física e Esporte USPDaniel Presoto

UNESP - LEPESPE -I.B.- D.E.F.-Rio Claro Quando o esporte não faz parte da cultura do país, muitas vezes, é necessário criar estratégias

Trabalhar com a Prática Mental, em atividades para incentivar o envolvimento dos jovens. didáticas ou turmas de treinamento esportivo, Alguns profissionais negligenciam o fator para profissionais da Educação Física, é assunto motivacional e reclamam o nível de abandono na polêmico, para profissionais de Educação Física, prática esportiva sem examinar e refletir sobre a por defrontar estudiosos de áreas diferentes, causa. O conhecimento dos motivos de postulando opiniões diferentes, algumas pouco abandono pode auxiliar os profissionais a balisadas. Alguns entendem que sua aplicação atuarem, eficientemente, de modo que se não oferece colaboração nem na aprendizagem, aproxime, cada vez às necessidades dos tão pouco no treinamento e outros se embasam praticantes, tornando a experiência mais em referenciais que indicam seu efeito benéfico. significativa. Segundo García (2000), conhecer Que dizem nossos profissionais? Este projeto de os motivos que levam os jovens à prática pesquisa abordou o que há de especial na esportiva pode ser fundamental no momento do apresentação e aplicação da prática mental, em abandono, pois seria possível intervir sobre os aulas de Educação Física. O objetivo do estudo fatores negativos que incidem nessa retirada. foi investigar a incidência de uso desta estratégia Objetivo: Verificar o motivo de abandono da de ensino; buscou-se analisar causas e direções prática de GA formativa no contexto das teóricas de estratégias adotadas. Notamos que o atividades extracurriculares. Método: Foram relaxamento e o treinamento autógeno é entrevistadas 25 alunas de GA formativa aplicado, evidenciando sua contribuição junto à (extracurricular) entre 11 e 17 anos de idade de prática mental, na preparação de aprendizes de seis colégios particulares da Grande São Paulo, modalidades esportivas, já que a literatura que haviam se afastado da prática de GA por consultada admite estreito relacionamento entre determinado período. A técnica de Análise de as funções motoras e intelectuais. A pesquisa de Conteúdo foi utilizada para o tratamento dos campo, do tipo estudo de caso, com docentes de dados (BARDIN, 2006). Resultados: Pudemos Educação Física, forneceu dados, coletados identificar que há motivos intrínsecos e através de procedimentos metodológicos tais extrínsecos relacionados com o afastamento como questionários, observações e entrevistas temporário da prática de GA. O único motivo semi- estruturadas, que buscaram, por meio da intrínseco citado foi a mudança de interesses no categorização, manifestar as questões período da adolescência. Entre os motivos detectadas. Constatamos profissionais pouco extrínsecos, foram citados problemas de preparados para adotar novas estratégias e saúde/lesões, excesso de atividades escolares, intervir nos casos de aprendizagem; verificamos falta de amizades na turma, antipatia com que os estudos sobre Aprendizagem Motora ou professor e dependência dos pais. Conclusão: Psicologia do Esporte ainda oferecem caráter de Podemos concluir que há mais motivos teorização predominante sobre a aplicação, extrínsecos que intrínsecos relacionados com o podendo vir a sugerir tais transtornos e afastamento da prática de GA. Alguns dos dificuldades. motivos extrínsecos deveriam ser monitorados e

controlados pelos professores. O afastamento Palavras Chave: Psicologia do Esporte- por lesões deve ser tema de reflexão sobre a Educação Física Escolar- Prática Mental maneira como a modalidade vem sendo

trabalhada no ambiente escolar. Como o professor é o mediador entre a atividade proposta e o aluno, ele tem grande responsabilidade caso essa atividade não seja motivante o suficiente para evitar o abandono pela criança. O conhecimento técnico não é suficiente para garantir uma boa aprendizagem na GA. Assim, é importante compreender, também, as características psicológicas e emocionais do aluno para que se possa aplicar métodos e estratégias mais adequadas às necessidades e interesses dos praticantes.

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RENDIMENTO PSICOLÓGICO E ESPORTE DE quadril que além de identificar a obesidade na ALTO NÍVEL região central do corpo também verifica o grau de

risco de doenças cardiovasculares, O objetivo do José Elzo Franco Junior presente estudo é identificar a incidência de

Lucas Cecarelli riscos de doenças cardiovasculares através do Thalita Carvalho Moura RCQ e comparar se indivíduos com alto risco, Luana Pilon Jürgensen apresentam níveis elevados de IMC. O presente

estudo foi realizado através da pesquisa aplicada (UNESP/IB/Rio Claro - LEPESPE) quantitativa descritiva experimental, onde a

amostra foi composta aleatoriamente por As tensões próprias da competição esportiva, que indivíduos da cidade de São Jose do Rio Pardo tanto interferem no rendimento atlético, podem interior de São Paulo. A amostra foi composta por ser prevenidas com eficácia através de uma 142 indivíduos, sendo 70 do sexo masculino com preparação psicológica adequada. Desde a idade média de 59,42 +/- 12,35 , máximo 77 e aparição do conceito de preparação psicológica, mínimo 38 e 72 do sexo feminino com idade com suas técnicas especializadas, sustentadas média de 44,72 +/- 13,54 , máximo 62 e mínimo em bases c ient í f icas inquest ionáveis, 22. O material utilizado para a mensuração da observamos o rendimento atlético crescer e cintura e quadril foi uma trena da marca Lange, superar patamares desconhecidos. Uma revisão para mensuração do IMC foi utilizado uma de literatura embasou a pesquisa de campo que balança da marca Welmy e um estadiometro da possibilitou categorizar alguns comportamentos marca Alturaxata ambos aferidos pelo Imetro. Os de 516 atletas de Voleibol masculino. Análise dos protocolos utilizados foram: para (IMC) peso em estudos de De Rose Junior (1997), Machado quilogramas dividido pela altura em metros (1998) e Hanin (2000) favoreceram os quadrado (kg/m²) e categorizado pela levantamentos de dados, possibilitando a classificação da Organização Mundial de Saúde: realização de comparações e correlações de baixo peso (IMC < 18,5kg/m²), peso normal (IMC dados, conforme resultados encontrados. Em ≥ 25kg/m²e < 30kg/m²) e obesidade (IMC ≥ nossas coletas verificou-se a situação 30kg/m²), para RCQ foi divido os valores constrangedora de não se poupar o adversário, encontrados na circunferência da cintura pelos para atingir a vitória e a luta corporal foi valores encontrados na circunferência do quadril. considerada justa para defender o time, sem Foi montado um standart na Praça XV de respeitar os limites sociais e a possibilidade de Novembro, no dia 16 de outubro de 2009, onde a dirigir olhares e insinuações, como forma de amostra se dirigia ao local onde foram explicados ataque. Entendemos que, da maneira como se os objetivos da pesquisa e realizada as devidas tem apresentado, a atividade física competitiva aferições. De acordo com os dados pode-se apenas retrata as questões envolvidas com o verificar que a média de idade da população é de desenvolvimento físico, isolando e ignorando as 52,27 +/- 14,65, com máxima de 77 e mínima de possibilidades de um entrosamento da saúde 22, que apresentaram RCQ de 0,88 +/- 0,11, mental e desenvolvimento afetivo-social e saúde máximo de 1,05 e mínimo de 0,63 e IMC de 25 +/- mental, sempre em baixa, em atletas de alto nível, 4,1, sendo seu máximo 35 e mínimo de 18. não concorrendo para um desenvolvimento pleno Considerando esses resultados não existe uma do atleta e negligenciando aspectos importantes correlação de IMC e RCQ, pois os índices de IMC para sua Vida em grupo. encontrados estão dentro dos padrões de

normalidade para níveis de risco de doença cardiovasculares identificados através do IMC, identifica-se pela idade média um RCQ de até

CORRELAÇÃO DO IMC E RCQ DA 0,99, caracterizado como muito alto para POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO JOSE DO mulheres e de moderado à alto para homens. Já o RIO PARDO ESTADO DE SÃO PAULO COMO IMC podendo se encontrar em uma media de 25, INDICADORES DO RISCO DE DOENÇAS que é considerado acima dentro da média por CARDIOVASCULARES. ambos os sexos. Faz-se necessário uma

intervenção através de atividade física e Lucas Fontanari educação alimentar, para- se diminuir a

Jordana dos Santos Custódio incidência do risco de doenças cardiovasculares Camila Aparecida Honório e a obesidade presentes dentro da população.Vanessa Barbosa Batiston

Sérgio Henrique Braz Palavras- chave: IMC, RCQ, doenças cardiovasculares.

Universidade Paulista , Campus de São Jose do Rio Pardo, São Paulo, Brasil.

Existem muitos estudos para se identificar a obesidade e grande parte das vezes é feito através do (IMC) índice de massa corporal, outro indicador conhecido é o (RCQ) relação cintura

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OBSERVAÇÕES DA PSICOLOGIA DO A DIFERENÇA RACIAL COMO FATOR E S P O R T E S O B R E A C O M P E T I Ç Ã O POSITIVO NO ESPORTEESPORTIVA ESCOLAR

Rogério Simões SinghFrancisco Galvão do Amaral Pinto Barciela

UNIP Universidade Paulista | Campus JK Renan Mendes GarciaSão José Rio Preto-SP.Marta Aurélia Campos Silveira

Fernando César GouveSabe-se que o preconceito racial não só Afonso Antonio Machado

existe, como causa constrangimento em todas as (UNESP/IB/Rio Claro - LEPESPE) classes, na sociedade, na escola, no esporte, e

em qualquer lugar do mundo. É importante A opção deste trabalho foi investigar as considerar os contextos histórico-sócio cultural, interações sociais, no decorrer dos Jogos ambiental, mas principalmente biológico, pois Escolares; muito em especial, analisar o efeito da essa vem sendo a abordagem mais discutida e torcida nos alunos que disputavam tal difundida em questões raciais no esporte. campeonato, versão 2002, cidade de Rio Claro, Especula-se que 80% do rendimento do atleta é partindo para uma análise de discurso colhido resultado de sua bagagem genética, sendo os através de entrevistas e depoimentos, em outros 20% derivados dos processos de pesquisa do tipo etnográfica. Esta justificativa se treinamento. Na atualidade, ao analisar os deve ao fato de estarmos sempre reproduzindo históricos dos resultados olímpicos, observa-se os moldes sociais esportivos em todos os no atletismo, especificamente nos 100 metros segmentos escolares e, em cima desta situação, rasos uma superioridade de atletas negros. O ampliar um discurso humanizador e político deste inverso acontece nas provas de natação, aqui momento de competição esportiva. Apoiada na analisado os 100 metros livres, onde o domínio de literatura atual da área (Machado, 1995 e 1997; medalhas e recordes é de atletas brancos. Nota-Buriti, 1997; Bandura, 1989 e 1998; Samulski, se a ausência nos registros para atletas asiáticos, 2002) tratou-se de coletar os dados reveladores que teoricamente teriam vantagem na natação, dos elementos a serem estudados. Dados mas um fator físico os desfavorecem, a altura. A reveladores de maior necessidade de atenção tendência atual da natação é para troncos com a prática esportiva escolar, na feição de aula- maiores na busca de mais velocidade, daí o treino ou campeonato, bem como uma melhor favorecimento aos atletas de origem européia, interação pais-professores-alunos são respostas onde possuem maior estatura. Este trabalho tem aos questionamentos aqui iniciados. Revelou-se o objetivo de identificar possíveis motivos que deformadora a relação pai-professor, uma vez levam a mostrar que a origem do atleta pode ser que ambos lutam pelo gerenciamento da criança, um fator diferencial a ser considerado no que depende dos pais e dos docentes, em momento de se especializar em determinada situações específicas, mas que ficam numa modalidade e também a selecionar melhor o mesma condição, no momento esportivo: ambos método de treinamento. A metodologia baseou-são torcida. Constatou- se, ainda, que a excitação se em uma revisão de literatura e na pesquisa dos da torcida é fator de incômodo e crescente últimos resultados olímpicos para as provas dos ansiedade, gerando uma agressividade, em 100 metros rasos no atletismo, e nos 100 metros especial quando os pais compõem o grupo de livres na natação. O que favorece os dois grupos, torcedores. Esta situação é constrangedora, cada um no seu esporte, é a posição do centro de conforme analisa a literatura, pela deformidade massa nos corpos dos brancos e negros. A social imposta através de insultos e gritos de mesma grandeza que proporciona aos negros guerra, advertência ou insultos. Em relação à pernas maiores, conseqüentemente passadas ansiedade, é unânime a alteração do estado, em maiores, favorece aos brancos quanto ao tronco, jogos decisivos, quando a cobrança do professor dando-lhes maior velocidade nas águas. Na é mais incisiva. Conclusivamente, esta pesquisa genética, se submetermos dois indivíduos ao remete a uma maior reflexão sobre a mesmo programa de treinamento, o que possuir necessidade de se tratar a Psicologia do Esporte, um genótipo mais favorável para a modalidade, inclusive do Escolar, como uma das Ciências do poderá mostrar um potencial de melhora superior Esporte de primeira importância, até mesmo do ao outro. Portanto antes de selecionar qualquer esporte escolar, tendo em vista o suporte e a método de treinamento, é importante conhecer a complex idade de in te rações por e la individualidade biológica do atleta.possibilitados

Palavras chave: Individualidade biológica,

diferença racial, preconceito no esporte

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FENOMENOLOGIA E PSICOLOGIA DO ATIVIDADE FÍSICA NA MELHOR IDADE ESPORTE: INTERVENÇÃO E PESQUISA

FATOR QUE MELHORA A QUALIDADE DE

VIDA. Dra. Erika Hofling EpiphanioThais Petroni Rocha

Wander M PereiraCesar Antonio Parro UNIARARAS

UNIP - Universidade Paulista- Campus- JK O presente trabalho visa apresentar os principais aspectos relevantes da preparação psicológica

Introdução: A melhor idade (terceira idade) é em uma equipe de natação. Este trabalho foi uma etapa na vida, com a chegada dela, podem baseado em intervenções psicológicas realizadas surgir vários problemas de saúde, como por com 4 atletas, do sexo feminino, que participavam exemplo: função cardiovascular reduzida, a de competições nacionais de natação. As atletas diminuição da força muscular, amplitudes de eram atendidas semanalmente por um psicólogo movimentos precárias, (Art. Cesar A. Silva), e após a sessão eram estimuladas a escrever o também são comuns as quedas que geralmente sentido que a sessão teve a elas (versão de acontecem por anormalidades do equilíbrio, sentido) e após a saída o terapeuta também fraqueza muscular, desordens visuais, escrevia sua versão. A versão de sentido é um anormalidades do passo, alteração cognitiva e recurso utilizado em pesquisas fenomenológicas, consumo de alguns medicamentos. Segundo e como diz AMATUZZI (2010) “é a fala, o mais Clarck e Siebens, o envelhecimento, uma parte autêntica possível, que toma como referência integrante da vida, é tipicamente acompanhado intencional, um encontro vivido, pronunciado logo por alterações fisiológicas graduais, porém, após sua ocorrência”. A versão de sentido é um progressivas, e por um aumento na prevalência relato livre realizado após o encontro que visa de enfermidades agudas e crônicas. destacar a essência do ocorrido. Este método Objetivo: Demonstrar através de revisão mostrou-se bastante eficiente, nesta pesquisa, bibliográfica algumas possibilidades de promover podendo a partir dos relatos das sessões, bem mudanças significativas na qualidade de vida das como na análise das versões de sentido chegar a pessoas na melhor idade através da atividade uma reflexão importante sobre a vivência das física e mudança no estilo de vida. atletas com a preparação psicológica. As análises Desenvolvimento: De acordo com a Sociedade foram montadas em blocos de atendimento. O Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) e primeiro bloco teve o sentido de reconhecimento Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia por parte das atletas do trabalho a ser realizado, (SBGG) o exercício físico regular melhora a assim como de criar uma vinculação com o qualidade de vida do idoso beneficiando-o em terapeuta, já destacando neste momento alguns vários aspectos como: melhora na velocidade do conflitos, como competitividade interna na equipe andar, contribuição na manutenção e/ou aumento e acúmulo de funções desempenhadas por elas. da densidade óssea, ajuda no controle do Em outro período fica evidente um maior diabetes, artrite, doença cardíaca entre outros. A aprofundamento das atletas através de grandes escolha do exercício físico para pessoas idosas revelações das pessoas atletas. Posteriormente, também é complexa, pois muitas atividades que os aspectos motivacionais são enfatizados, poderiam ser prazerosas para alguns são apresentando potencialidades e fraquezas das inviáveis para a terceira idade devido à perda de atletas. E por fim as atletas encontraram-se num aptidão decorrente da idade avançada e do momento de transição com mudanças na equipe,

sedentarismo (SANTARÉM). O baixo risco de sendo evidentes diversos conflitos em prol desta lesões, controle de freqüência cardíaca e pressão adaptação. Houve momentos de sofrimento arterial são fatores que tornam certos exercícios mobilizados por crises de desestabilidade seguros, portanto, preferíveis nesta faixa etária. emocional, em que destaca-se as estruturas No final o individuo deve sentir a sensação de psíquicas mais eficientes. Após os pesquisadores prazer e bem estar, para que este de continuidade realizarem a análise das vivências de cada atleta, no programa de exercícios. estas eram mostradas a elas para que fizessem Considerações Finais: concluímos que é uma avaliação da veracidade do conteúdo destas. possível a melhorar a qualidade de vida da Esta pesquisa demonstrou o quanto intervenções terceira idade, através de uma pratica saudável psicológicas são de grande valia na preparação de exercícios físicos. de atletas de alto nível, pois estas atendem a

demanda emocional que pode influenciar no Palavra chaves: Bem estar, alegria e rendimento esportivo. compromisso

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A INFLUÊNCIA DA GINÁSTICA LABORAL NO sensibilidade e as conseqüências de atitudes que AMBIENTE DE TRABALHO reforçadas sinalizam inteligência e não um

processo subumano; ao analisarmos o esporte, Luís Antônio de Souza Júnior teremos que abrir nosso horizonte para

compreender todas as faces do comportamento UNIP São José do Rio Pardo humano frente a situações vividas neste

contexto. Observações, entrevistas abertas e Introdução A Ginástica Laboral pode ser semi- estruturadas e coletas de depoimentos considerada uma atividade física realizada no foram as técnicas adotadas para a abordagens local de trabalho com exercícios e sessões de aos 236 atletas juvenis, de modalidades preparação, compensação e relaxamento do esportivas individuais e coletivas. Este material corpo, dessa forma, valendo de incentivo para a recebeu o tratamento da categorização melhoria da qualidade de vida. Essas práticas multidirecional, em sua análise. De uma maneira podem ser complementadas com ações c o n c l u s i v a p o d e m o s a f i r m a r q u e educativas que possibilitem maior acesso a comportamentos hostis por parte do público, em informações sobre promoção de saúde, geral, são elementos de forte ligação com a dinâmicas lúdicas e de integração, visando agressividade manifestada em momentos promover maior descontração e resgate do esportivos, de maneira tal que, numa escala equilíbrio e bem-estar do trabalhador. Objetivos: menor_ou maior, depende da oportunidade -O objetivo do presente estudo foi verificar a consiga-se mostrar que se entendeu a influência da Ginástica Laboral no ambiente de mensagem passada e que se concorda com a trabalho, com atividades que visem o contato ordem expressa. Uma equipe que recebe ordem, corporal, por meio de exercícios e atividades que não consegue digerir informações que não lúdicas de socialização. Metodologia: Após a sejam gritadas e esbravejadas tenderá a ser aplicação das sessões de Ginástica Laboral, agressiva e barulhenta, tendo este quadro de foram investigados por meio de um questionário modelo. Não haverá comedimentos, também de formato descritivo, 14 colaboradores de uma agredirá e violentará seus membros e empresa de recauchutagem de pneus, na cidade adversários.de São José do Rio Pardo-SP, com o intuito de ve r i f i ca r qua i s f o ram as a l t e rações proporcionadas por tal prática. Resultados: Após a análise dos resultados, percebemos que a Ginástica Laboral apresentou influencia positiva OBSERVAÇÕES DA PSICOLOGIA DO na vida diária dos trabalhadores em questão, já E S P O R T E S O B R E A C O M P E T I Ç Ã O que, os mesmos relataram apresentar: maior ESPORTIVA ESCOLARdisposição, diminuição de dores, melhora na postura, e considerável melhoria do ambiente de Francisco Galvão do Amaral Pinto Barcielatrabalho, gerando um bem estar geral entre todos Renan Mendes Garciaos colaboradores que participaram das sessões Marta Aurélia Campos Silveirade Ginástica Laboral. Conclusão: Tal resultado Fernando César Gouvêa; demonstrou claramente a eficácia deste tipo de Afonso Antonio Machado prática sob a saúde física e psicológica destes trabalhadores, o que sugere a necessidade de (UNESP/IB/Rio Claro _ LEPESPE)continuidade deste programa.

A opção deste trabalho foi investigar as interações sociais, no decorrer dos Jogos Escolares; muito em especial, analisar o efeito da torcida nos alunos que disputavam tal

R E L A Ç Ã O D A S E M O Ç Õ E S C O M O campeonato, versão 2002, cidade de Rio Claro, DESEMPENHO ATLÉTICO: OLHARES DA partindo para uma análise de discurso colhido PSICOLOGIA DO ESPORTE através de entrevistas e depoimentos, em

pesquisa do tipo etnográfica. Esta justificativa se Fernando César Gouvea; Afonso Antonio deve ao fato de estarmos sempre reproduzindo Machado; Marta Aurélia Campos Silveira os moldes sociais esportivos em todos os

Renato Henrique Verzani; Kauan G.Morão segmentos escolares e, em cima desta situação, ampliar um discurso humanizador e político deste

UNESP ( LEPESPE/ I.B.- D.E.F-Rio Claro ) momento de competição esportiva. Apoiada na literatura atual da área (Machado, 1995 e 1997;

Ao se valoriza o indivíduo, o ambiente e seus Buriti, 1997; Bandura, 1989 e 1998; Samulski, pertences sofrem influências das experiências 2002) tratou-se de coletar os dados reveladores emocionais desta pessoa; emoções tais como: o dos elementos a serem estudados. Dados medo, a humilhação, o desgosto, não reveladores de maior necessidade de atenção r e p r e s e n t a m n e c e s s a r i a m e n t e u m a com a prática esportiva escolar, na feição de aula-aprendizagem considerada menos ou mais treino ou campeonato, bem como uma melhor humana, esses sinais representam a interação pais-professores-alunos são respostas

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aos questionamentos aqui iniciados. Revelou-se o rendimento atlético do que com as possíveis deformadora a relação pai-professor, uma vez desordens psicológicas que uma situação que ambos lutam pelo gerenciamento da criança, traumática possa vir a causar, mantendo o que depende dos pais e dos docentes, em tradicional pre- conceito da saúde física, sem a situações específicas, mas que ficam numa devida importância com o conceito de Saúde, mesma condição, no momento esportivo: ambos numa visão atualizada e global. Tal postura são torcida. Constatou- se, ainda, que a excitação evidencia o distanciamento da Psicologia do da torcida é fator de incômodo e crescente Esporte no treinamento global esportivo, até ansiedade, gerando uma agressividade, em mesmo em equipes de destaque estadual e/ou especial quando os pais compõem o grupo de nacional, como estas, denotando a necessidade torcedores. Esta situação é constrangedora, de uma melhor formação dos profissionais do conforme analisa a literatura, pela deformidade esporte. social imposta através de insultos e gritos de Mídia Esportiva- Estados emocionais- Psicologia guerra, advertência ou insultos. Em relação à do Esporte- Qualidade de Vidaansiedade, é unânime a alteração do estado, em jogos decisivos, quando a cobrança do professor é mais incisiva. Conclusivamente, esta pesquisa remete a uma maior reflexão sobre a necessidade MULHERES ESPORTISTAS E RISCOS de se tratar a Psicologia do Esporte, inclusive do EMOCIONAIS: OUTROS OLHARESEscolar, como uma das Ciências do Esporte de primeira importância, até mesmo do esporte Afonso Antonio Machadoescolar, tendo em vista o suporte e a António Rui Gomescomplexidade de interações por ela possibilitados Cleber Leite; Daniel Presoto

(LEPESPE / UNESP -SP-Brasil& Uni. Minho-Portugal)

LESÕES ESPORTIVAS E PSICOLOGIA DO Por meio de revisão de literatura, e pesquisa de ESPORTE: QUESTÕES DA QUALIDADE DE campo categorizou comportamentos, tidos como VIDAde risco emocional, de 572 atletas de Voleibol feminino, de equipes de diferentes campeonatos, José Adolfo Megasi; Afonso Antonio Machadoda L.I..P.V. (Liga Interiorana de Voleibol) e da Bruno Dorado; Alexandre Monte CampeloF.P.V. (Federação Paulista de Voleibol). Através Henrique Scudeler; Eduardo Presotode coleta de questionários e entrevistas, foram localizados sintomas de violência e ansiedade, (LEPESPE / UNESP / I.B.)alteração do sono, dificuldade de atenção seletiva, irritabilidade, angústia e apatia, entre Por meio das emissoras de televisão, a prática outros distúrbios afetivo- emocionais menos esportiva passou a ser ainda mais conhecida freqüentes entre atletas de esporte competitivo, como promotora de bem estar e saúde. Com o que sofreram a técnica da categorização. Com aumento do número de praticantes esportivos, os respostas duplas (100-100), 58% das atletas acidentes destas práticas também aumentaram, estudadas informam sentir medo do insucesso e sendo denominados Lesões esportivas. O não atingirem suas próprias expectativas, ou de presente trabalho buscou colher informações e atrapalhar suas equipes ou colegas (43%). procedimentos de atletas que sofreram lesões Angústia, medo e apatia (42%) e estresse pelo desportivas e tiveram uma recuperação treinamento esportivo exagerado (57%) foram psicológica entendida como adequada. Com apontados na fase competitiva e pós-competitiva, questionário, de perguntas diretas e semi- sem tratarmos das indisposições psicofísicas estruturadas, buscamos mapear e localizar os (náusea, insônia, pesadelos, fome exagerada, tipos de lesões que interferem na recuperação desarranjos intestinais entre outras) que ocorrem psicológica dos atletas, de modo a compreender o antes, durante e após as partidas. Estas fenômeno em toda sua extensão. Foram evidências permitiram-nos concluir que a contados 896 atletas de modalidades coletivas, preparação psicológica não é empregada, dos Jogos Regionais de 2010, da região de Rio possibilitando uma maior desagregação psico e Claro, de ambos os sexos, com idades entre 14-social do grupo, bem como uma maior exposição 25 anos. Uma categorização dos dados coletados do mesmo à transtornos emocionais moderados permitiu-nos o entendimento da situação e, de ou graves. Denotam ainda a emergente forma antecipada, podemos garantir que traumas necessidade da atuação do profissional da área e e lesões psicológicas são freqüentes e um melhor uso dos estudos relativos a Psicologia recorrentes em atletas, aumentando seu tempo do Esporte, no treinamento esportivo.de afastamento das quadras, inclusive por toda a

temporada. Outra situação evidente: em nossos Palavras Chave: Gênero no esporte. Psicologia questionamentos, o técnico, quando era do Esporte. Esporte de alto nível. Emoções no profissional da Educação Física ou Fisioterapia, esporteimportava-se mais com a recuperação física para

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ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA INICIAÇÃO PERFIL SINTOMATOLÓGICO ASSOCIADO A ESPORTIVA PRECOCE VIGOREXIA: PRESSÕES

CONTEMPORÂNEASManoel Brandão Filho

Altair Moioli Rafael Cruz Lima RamosPaulo Sergio Rodrigues Araújo

Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar - Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC

Introdução: A especialização precoce despertou INTRODUÇÃO: A vigorexia ou transtorno apaixonados debates, em especial a respeito das dismórfico muscular se caracteriza pela distorção conseqüências de valorização da prática de uma e/ou obsessão da autoimagen corporal, onde os única modalidade, de forma que a criança fique individuos musculosos se autopercebem abaixo privada de aproveitar e vivenciar outras do que consideram ideal. Possuem hábito experiências durante a infância. Além disso, deletéreo de uso de anabolizantes, exacerbação outros fatores estão envolvidos diante das de suplementos alimentares e exagerado exigências que este modelo acarreta para a consumo alimentar. Frequentemente se formação humana, como a agressividade, o observam no espelho e usam a musculatura de estresse, a violência física e psicológica e a outros como parâmetros de comparação. Todos motivação (DE ROSE, 2002). Porém, a iniciação esses comportamentos compulsivos promovem esportiva, como forma de garantir o acesso da um prejuízo sociocupacional. OBJETIVO: criança às diferentes manifestações culturais, Buscou-se identificar características associadas deve ser considerada importante e inerente ao à vigorexia em homens praticantes de processo de desenvolvimento. Objetivo: Assim, musculação nas academias de ginástica da este trabalho tem como objetivo aprofundar os cidade de Salvador-BA. METODOLOGIA: estudos a respeito da iniciação da especialização Adotou-se a pesquisa descritiva, sendo usado esportiva, e sua importância para a formação de como campo observacional academias de crianças e jovens atendidos por programas Salvador-BA. A amostra constou de 10 homens sociais em que a educação esportiva é utilizada com idade compreendida entre 18 e 35 anos, em como base para o atendimento destes nove academias classificadas em três diferentes participantes. Metodologia: O desenvolvimento faixas econômicas: até R$ 49,00 (Renda Baixa deste trabalho está apoiado na pesquisa-ação, “Rb”); entre R$ de 50,00 a 99,00 (Renda Media método que permite aos participantes do “Rm”) reais e acima de R$ 100,00 (Renda Alta ambiente educativo encontrar as respostas para “Ra”), perfazendo 27 academias e 270 homens. os problemas decorrentes do fenômeno Utilizou-se como instrumento de coleta um estudado, de modo que, as informações e questionário autoexplicativo, semiestruturado e conhecimentos produzidos a partir da não identificado, constando 15 questões, sendo observação e intervenção pedagógica, tornam- aplicado das 17h00 às 19h00. Os dados se subsídios para encaminhar os problemas encontrados foram tabulados no Programa Excel apresentados. Esta pesquisa parte da para Windows e os resultados expressos na observação realizada pelo professor sobre as forma de percentual, sendo procedida a análise. expectativas e a conduta dos alunos durante as RESULTADOS Observou-se que a maioria dos aulas de Educação Física, desenvolvidas nos entrevistados deseconhece e erraram o conceito projetos sociais mantidos pela Prefeitura sobre o termo vigorexia, independente da faixa de Municipal de São José do Rio Preto-SP. renda, respectivamnete descritas na sequencia: Considerações finais: Percebeu-se que a Baixa renda (72,2%) desconhece e (18,9%) efetiva participação da criança e do adolescente erraram; Renda media (63,3%) desconhece e nas atividades esportivas, tem como interesse (15,6%) erraram e a renda alta onde 56,7% principal a projeção e a ascensão social, (desconhece) e 25,6% erraram. Observou-se a invariavelmente semelhante aquela projetada a substituição de atividades sociais por atividade partir do modelo divulgado pelas grandes mídias, física, onde independente de faixa social há nas quais os atletas são exibidos como heróis preferência pela atividade física: 87,7% (renda imaculados. Parece ainda que, a falta de uma baixa), 88,4 % (renda media) e 95,6% (renda formação crítica, tanto da criança quanto do alta). Foi detectado a frequência (dias) às professor, pode favorecer o encaminhamento à academias, sendo observada uma média 94,46 especialização sem antes passar pela iniciação %, sendo mantida a recomendação de 72 horas de um repertório de motor variado. A de descanso, alternando-se a atividade por especialização garante ao professor e ao “atleta” categoria muscular. Constatou-se aindao fator de atender os instrumentos de avaliação da comparação constante com a musculatura de sociedade atual, quais sejam, quantificação, outros praticantes de atividade física, classificação e resultados em curto prazo. independente da faixa econômica: 43,3% (renda

baixa), 38,9% (renda media); 46, 7% (renda alta). Palavras chave: Iniciação Esportiva Precoce. A respei to das in formações sobre a Treinamento. Motivação. autopercepção da imagem corporal, percebeu-se

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que em algum momento não consideram como professor sofre interferência do processo cultural, ideal a musculatura desenvolvida [as vezes = sobretudo pela influência dos meios de 46,7% (baixa renda); 26,15 (renda média); 35,6% comunicação, dos desejos e expectativas da (renda alta); e quando necessário = 20% (renda família e principalmente das experiências vividas baixa); 34,4% (renda média) e 31,1% (renda na juventude como praticante ou não da alta)]. CONCLUSÕES: Observou-se que a modalidade. Outro fator relevante, observado in maioria dos entrevistados desconhece o loco, está no fato de que, especificamente se o significado do termo vigorexia, considera a Professor em questão tratar-se de uma mulher. imagem corporal abaixo do ideal e sempre usa de Analisando a atuação do Professor na sua comparação da massa muscular com outros docência, verifica-se que a prática do Futebol sujeitos, independente da faixa econômica, domina o conteúdo das aulas. Essa tendência foi ressaltando um potencial de sintomas observada em quatro das cinco Escolas característicos da vigorexia como uma patologia investigadas. Apenas uma apresentou um desconhecida, embora presente, entre usuários planejamento pedagógico estruturado com base de academias em Salvador. Há demanda para um nas abordagens da Educação Física, pois se aprofundamento da pesquisa, desenvolvimento tratava de uma Cooperativa de Ensino, de um protocolo para definição como classificada como escola particular. As outras psicopatologia e alternativas de processos Escolas eram públicas do Estado ou do Município, psicoterapêuticos. e se localizavam na periferia da cidade, portanto,

atendiam crianças e jovens de baixa renda. Verificou-ser também que as aulas práticas de Futebol funcionam como moeda de troca para o desenvolvimento de outras at ividades. Perguntado aos professores qual a importância O FUTEBOL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO da prática do futebol nas aulas de Educação FÍSICA ESCOLAR: A ATUAÇÃO DO Física, estes relataram que em primeiro lugar é PROFESSOR E O DESENVOLVIMENTO DA para formar a equipe para representar a escola MORALIDADEnos jogos escolares do Estado, além de servir também para barganhar a participação em outras Altair Moioliatividades. Partindo do pressuposto que nas Afonso Antonio Machadoaulas de Educação Física também é possível Lucas Portilho Nicolettitrabalhar os conceitos de ética e moral (BRASIL, Flávio Rebustini1998), bem como seus valores, entende-se que este “jogo” praticado pelos Professores para

UNIRP | LEPESPE-UNESP | UNIP manipular seus alunos com o objetivo de permutar a prática do Futebol por outras atividades, pode

A manifestação cultural do brasileiro, vinculada ao ocorrer um resultado perigoso, na medida em que esporte e a dança, ganha sentido e significado por as regras são construídas de acordo com as meio do futebol e do carnaval. Na perspectiva da necessidades do momento, podendo sofrer antropologia social, este determinismo que marca mudanças se assim o professor desejar. Os o desenvolvimento e a formação de um povo, está conceitos de moral e ética não são cambiáveis, estreitamente ligado aos hábitos e costumes não se alteram como as regras das modalidades. transmitidos através das gerações e são Desta forma a conduta do Professor estará em ressignificados a partir das práticas corporais e constante avaliação. Como o Futebol atravessa dos contatos efetuados entre os indivíduos de todas as diferenças culturais para se alojar na diferentes grupos. Nesse sentido, a prática do preferência de todas as classes sociais, futebol nas aulas de Educação Física, ganha transforma-se em um aparelho de mobilização relevância a partir do momento que passa popular e de educação moral.representar status, poder e alguns atributos próprios do mundo masculino. Este estudo teve Palavras chave: Ética. Moral. Educação Física. como objetivo principal observar a relação da Futebol. prática do futebol nas aulas de Educação Física do ensino fundamental e a formação atitudinal dos alunos. Metodologicamente, este trabalho teve como suporte a pesquisa qualitativa, descritiva, com base em entrevistas realizadas com 5 (cinco) professores e 26 (vinte e seis) alunos com idade de 12 a 17 anos do sexo masculino e feminino de 5 (cinco) escolas da cidade de São José do Rio Preto-SP. Neste processo, observou-se que, considerado como uma das manifestações culturais mais significativas, a prática do futebol ultrapassa os propósitos pedagógicos tornando-se uma prática essencial e quase obrigatória, ultrapassando os limites da razão. A atuação do

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ESPORTES DE AVENTURA: LAZER E A PRÁTICA DA GINÁSTICA GERAL COMO ESPORTIVIZAÇÃO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL NA

ESCOLA

Guilherme Augusto Abdalla dos Santos,Fernanda Medes de OliveiraAltair Moioli

EMEB “Santo Seno” Olímpia-SPCentro Universitário de Rio Preto UNIRP, 2010.

A prática da ginástica é essencial para o Os esportes de aventura constituem um conjunto indivíduo, pois contribui para o desenvolvimento de práticas corporais, com características integral dos alunos considerando os aspectos recreat ivas que surgi ram nos países físico, cognitivo, social e psicológico à medida d e s e n v o l v i d o s n a d é c a d a d e 1 9 7 0 , que engloba em seus conteúdos elementos desenvolvendo-se e consolidando-se na década ginásticos, modalidades gímnicas, danças, artes de 1990. Em razão da transformação da e conteúdos da cultura corporal. Este trabalho, sociedade moderna, que incorporou novos como relato de experiência aplicado na Escola hábitos, costumes e, especialmente, o consumo Municipal de Educação Básica “Santo Seno”, na de novas atividades em seu tempo livre, as cidade de Olímpia-SP, teve como objetivo modalidades de aventura passaram a fazer parte oportunizar a participação do maior número de deste patrimônio cultural e corporal. Segundo crianças nas atividades, além da auto-superação Bruhns (2003), esses novos esportes são individual e coletiva, sem parâmetros praticados por pessoas comuns, homens e comparativos com padrões de rendimento, mulheres que muitas vezes são considerados índices ou recordes. Como procedimento, sedentários, são procurados também por primeiramente foi estimulado entre os alunos pessoas de vida rotineira, com poucas uma pesquisa, tendo como pressuposto o papel oportunidades para atividades que requerem da ginástica nos diferentes momentos históricos, certo grau de destreza física. A classificação suas características e diversidade. Para tanto, destes esportes deu-se através dos três grandes utilizou-se de vídeos, imagens, fotos e meios físicos: a terra, o ar e a água. Além de experimentação prática, resgatando as mais promover a sensação de prazer e liberdade, o variadas formas de exercícios, técnicas esporte é uma ferramenta para educação e, o recreativas de ginástica, elementos ginásticos esporte de aventura, tem contribuído com o [parada de mão, balanceio, saltos, estrela, etc.], desenvolvimento humano, por meio de seqüências coreografadas com e sem materiais campanhas educativas e de preservação do meio e, finalizando, algumas danças que requer ambiente, como propõe um dos temas esforço físico e elementos próprios da ginástica. transversais dos PCNs. O Objetivo deste trabalho Este trabalho contribuiu para que os alunos foi analisar o esporte de aventura e sua valorizassem o trabalho coletivo, sem deixar de transformação em prática de competição através dar valor a individualidade neste contexto, da espetacularização. Por meio de uma revisão promovendo a integração entre eles. Dentre os da literatura percebeu-se que através destas principais resultados alcançados com a práticas pode-se trabalhar também a educação realização deste trabalho, é possível destacar a ambiental, preservando o meio ambiente, já que a melhora de alguns aspectos biológicos como a natureza é necessária para essas práticas, além coordenação motora e equilíbrio, mas acima de de outros aspectos formadores do indivíduo. tudo, a proposta da não competição favorece a Através deste estudo observou-se ainda que o realização pessoal e a sensação da auto-esporte de aventura tem ganhado cada vez mais superação pela maioria dos alunos.espaço no âmbito do esporte de alto rendimento, o que tem contribuído para mudar a relação inicial Palavras chave. Ginástica. Educação Física. do homem com a natureza. Assim, é clara a Dança.necessidade de que haja cada vez mais pesquisas abordando o tema esporte de aventura, enfatizando suas possíveis utilizações tanto na área do lazer quanto no âmbito escolar, seus benefícios a saúde física e metal de crianças e adul tos, fug indo do paradigma da “esportivização”.

Palavras-chave: Esportes de aventura. Lazer. Alto rendimento

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BRINCADEIRAS INFANTIS E JOGOS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO E A POPULARES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO VIGOREXIAFÍSICA

Fernanda Carneiro PigaianiBruna Silvestre Bonito;

Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, Lucas Portilho NicolettiJundiaí/SP

Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar | UNIRP Centro Universitário de Rio Introdução: O exercício físico é um hábito de vida

Preto-SP que todos devem ou pelo menos deveriam adotar, de fato, os benefícios são muitos, mas quando se

O presente trabalho pressupõe vários torna obsessão os problemas começam a questionamentos, no entanto, o objetivo principal aparecer. Objetivo: o presente trabalho tem está em demonstrar a importância de descobrir o como objetivo enfatizar os benefícios do exercício prazer de vivenciar as brincadeiras populares, físico para a promoção da saúde, e em construindo de forma lúdica caminhos para a contraposição, informar o educador físico sobre a preservação e valorização do brinquedo vigorexia, também conhecido como transtorno artesanal, como instrumento de manutenção da dismórfico muscular e suas causas e efeitos. tradição e da cultura dos povos, traduzidas nos Método: a pesquisa utilizou a revisão de literatura brinquedos, brincadeiras e jogos populares. No para se alcançar um objetivo mais eficiente por se jogo, se pode brincar, jogar e estabelecer um tratar de um assunto pouco citado na sociedade. espaço e tempo mágico, um espaço confiável, a Resultado: o resultado aponta como principais imaginação está no lugar e tempo propício para fatores para o surgimento desta patologia a crescer e produzir cultura. Brincar é uma ação que influência da mídia, a pressão da sociedade que ocorre no campo da imaginação, assim, ao valoriza o “corpo perfeito”, e o meio esportivo brincar a criança esta fazendo uso da linguagem como o alto rendimento. Através deste resultado simbólica. Na brincadeira o sujeito exercita-se conclui-se que o educador físico tem como cognitivamente, socialmente e afetivamente. Os obrigação tomar ciência deste problema e jogos simbólicos ou brincadeiras de faz-de-conta informar seu aluno sobre a existência desta são oportunidades valiosas para a criança patologia, conscientizá-lo sobre os riscos do da aprender a conviver com pessoas diferentes entre utilização de anabolizantes e, assim, incentivá-lo si, compartilhar idéias, dividir brinquedos, ao exercício físico em busca de qualidade de vida. assimilar regras, e solucionar conflitos. No campo metodológico, este trabalho teve como base uma larga revisão de literatura acompanhada da técnica de pesquisa-ação. Os dados coletados foram analisados a partir da observação realizada na escola a partir da intervenção do docente-pesquisador. As situações lúdicas são favoráveis ao processo de aprendizagem, pois consegue a atenção da criança na execução do exercício de forma satisfatória e agradável, sem deixar de destacar que além da brincadeira popular constituir-se como um momento de interação social bastante significativo, a sociabilização constitui motivação para que seja mantido o interesse pela at ividade. As múlt iplas possibilidades de autoconhecimento oferecidas pelas brincadeiras contribuem para tornar a criança mais segura, autoconfiante, consciente de seu potencial e de suas limitações. As experiências lúdicas da meninice serão lembradas por toda a vida, pelo prazer e pela alegria que proporcionaram ao corpo a mente.

Palavras Chaves: Brincar. Cultura. Brincadeiras Populares.

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CENTRO DE TREINAMENTO E PESQUISA DO praticantes de corrida de rua sem o intuito de COLÉGIO EDUARDO GOMES diagnosticá-las nem prescrever qualquer tipo de

tratamento e sim orientar seus praticantes Sandra Regina Quinzani procurarem um profissional de educação física

para prescrição correta do treinamento e demais EG Colégio Eduardo Gomes São Caetano do Sul orientações. Método: Para realização deste

SP trabalho foram realizadas buscas de literatura especializada nas bases de dados LILACS,

O Centro de Treinamento do Colégio Eduardo SCIELO e PUBMED com as palavras chaves Gomes é um Centro de Formação e Pesquisa, de lesões esportivas e corrida de rua. Resultados: âmbito social, que visa a valorizar a prática Foram analisadas várias lesões e maior parte esportiva, bem como os efeitos por ela delas são causadas pela escolha inadequada do produzidos para o desenvolvimento da cidadania tênis para a modalidade esportiva específica, e o aprimoramento das qualidades físicas e desrespeito a individualidade biomecânica de morais, além de proporcionar segurança e cada um e falta de orientação específica de um preservação da integridade física e mental do profissional qualificado. Pessoas com pronação aluno/atleta. Nosso trabalho é unir a educação e o ou hiperpronação estão sujeitas o maior número esporte, priorizando a formação do cidadão e de lesões do que supinadores e neutros por o b j e t i v a n d o o d e s e n v o l v i m e n t o d a s exemplo. O uso de palmilhas específicas competências, habilidades, inteligências, recomendadas por ortopedistas, amenizam atitudes e valores; o estímulo à prática de bastante lesões. O tênis adequado é muito atividades esportivas olímpicas, caracterizada importante para à prática de exercícios e a pela competitividade e pela busca de talentos predisposição genética do tipo da pisada previne esportivos, visando a resultados tanto na área ou eleva as lesões. O excesso de treino está pedagógica como na esportiva. Além da equipe bastante associado ao aumento das lesões. administrativa, contamos com profissionais Considerações Finais : É de extrema qualificados e especializados nas áreas importância a identificação do tipo de pisada de pedagógica, esportiva, médica, fisioterápica, de cada pessoa para aquisição de calçado esportivo nutrição (avaliação, acompanhamento e adequado e a orientação qualificada de um orientação nutricional para a saúde do profissional de Educação Física possivelmente aluno/atleta) e psicológica (diagnóstico e trará benefícios aos praticantes de corrida de rua aprimoramento das habilidades e competências evitando as lesões inerentes ao esporte.esportivas do aluno/atleta, trabalho com fatores emocionais que interferem de forma negativa na performance, harmonizando as relações entre os envolvidos na modalidade esportiva e PSIEDUCA: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO t raba lhando, ind iv idualmente, quando EM PSICOLOGIA DO ESPORTE NA EQUIPE necessário, o aluno/atleta encaminhado por DE FUTSAL FEMININO DO UNISALESIANO - algum membro integrante da equipe). LINS

Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho Thaísa Êmile Santos Cunha

LESÕES COMUNS EM CORREDORES DE Viviane Aparecida Dias PereiraRUA: REVISÃO DE LITERATURA

Unisalesiano1Mateus Geraldo Pereira da Costa 2Claus Gonçalves O presente trabalho procura traçar os objetivos, a

justificativa para a implementação de um Projeto ¹Discente de Educação Física da UNIP (campus JK), de Psicologia do Esporte, bem como os

Estagiário Serviço Social do Comércio SESC - Rio processos para a estruturação do mesmo, e as Preto. ²Fisioterapeuta docente da UNIP

atividades a serem realizadas para o time de Universidade Paulista (campus JK)

futsal feminino do Unisalesiano de Lins/SP.A pesquisa se propõe a verificar em que aspecto a Introdução: A corrida de rua (CR) recreacional ou intervenção psicológica promove melhores de alto nível de performance é um dos esportes resultados no rendimento da comissão técnica e mais praticados atualmente no mundo, devido a das atletas do time de Futsal Feminino do sua acessibilidade financeira, fácil acesso a Unisalesiano bem como auxiliar nas variáveis locais de prática e todos os seus benefícios psicológicas que interferem no desempenho das fisiológicos, cardiovasculares, psicológicos e atletas e da comissão técnica;-auxiliar técnicos e sociais. Com aumento demasiado do esporte atletas frente às dificuldades psicológicas e sobe também o número de corredores com sociais; ajudar emocionalmente as atletas nas lesões causadas por sobrecarga, estresse ou uso fases de insegurança ou desequilíbrios inadequado do calçado esportivo. Objetivo: emocionais que possam enfrentar influenciando Revisar a literatura científica recente de modo a o baixo rendimento. Método: observação reconhecer as lesões mais frequentes nos

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sistemática e coleta de dados. Etapas: postural, os indivíduos devem se submeter Informação: etapa em que as estagiárias de previamente a demarcações nos pontos psicologia informarão a todos os componentes do anatômicos referencia is, que deverão grupo esportivo como funcionará o programa de corresponder aos ângulos e, as imagens Psicologia Esportiva; Pré-programa: parte que captadas, de acordo com a mensuração será estruturada de acordo com as informações desejada. O posicionamento da máquina obtidas pelas estagiárias de psicologia sobre o fotográfica é de extrema importância de funcionamento da instituição e do grupo preferência na posição horizontal e direcionada esportivo; Programa: visa realizar uma avaliação em frente ao centro do corpo do sujeito. Além prévia focando cada membro da comissão disso, deve-se estar fixada por um tripé móvel que técnica, bem como cada atleta e o grupo em si, acompanhe a metade da altura do sujeito verificando sua dinâmica, a coesão do grupo, os avaliado. O ambiente deve ser claro e sem níveis de ansiedade, da depressão, da motivação interferências e o sujeito deve estar trajando e outros fatores durante os treinamentos e roupas de banho para uma melhor visualização competição. O projeto encontra-se em fase de das áreas anatômicas demarcadas. A análise dos desenvolvimento. Até o presente momento, foi resultados é feita através de programas de realizado diagnóstico da comissão técnica, no imagens como o Corel Draw, ou próprios para qual foram aplicadas entrevistas semi-dirigidas e avaliação postural como o caso do Software para foram identificados os seguintes aspectos: Avaliação Postura (S.A.P.O.), que traçam e dificuldade de comunicação,falta de definição de mensuram as medidas angulares. O presente papéis, falta de liderança e coesão grupal. estudo tem por finalidade evidenciar a utilização Posteriormente, foi realizada a entrevista da fotogrametria como meio para uma avaliação devolutiva na qual foram discutidos os temas postural. Alguns autores defendem a eficiência e descritos acima. A partir daí foi sugerido um simplicidade da fotogrametria como técnica projeto interventivo baseado nas necessidades quantitativa, quando comparada a outros anteriormente diagnosticadas. A intervenção recursos de avaliação, como a goniometria, por consiste em promover atividades práticas com a exemplo. Conclui-se que a fotogrametria mostra-comissão e as atletas, utilizando palestras com se confiável para realizar medidas angulares nos profissionais especializados e dinâmicas que segmentos corporais desde que seguidas as suas abordam a problemática diagnosticada. exigências técnicas e na clínica fisioterapêutica

deve-se ter cautela no uso das medidas de ângulo Q de diferentes métodos de avaliação postural. São sugeridos novos estudos, que envolvam

C O N F I A B I L I D A D E D A AVA L I A Ç Ã O maior número de avaliadores e de medidas POSTURAL POR FOTOGRAMETRIA angulares a serem avaliadas.

Driele Cristina Leite Mansera¹; P a l a v r a s - C h a v e : a v a l i a ç ã o p o s t u r a l Claus Gonçalves². fotogrametria

¹ Fisioterapeuta Aprimoranda em Fisioterapia Hospitalar pela Faculdade de

MedicinadeSãoJosé do Rio Preto FAMERP/ A IMPORTANCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA FUNFARME. EJA

² Fisioterapeuta Supervisor do serviço de fisioterapia da FUNFARME e docente da Ana Lúcia Marques Régio da SilvaUniversidade Paulista UNIP, campus JK. Jaqueline Oliveira Marques

Resumo: Curso de Educação Física Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP

A avaliação postural é um instrumento de fundamental importância para o diagnóstico e A EJA (Educação Jovens e Adultos) é um acompanhamento da evolução e dos resultados programa oferecido à população, que em sua de um tratamento fisioterapêutico. Existem dois época não teve acesso a Escola, oportunizando a tipos de avaliação postural: a baseada na análise aquisição dos conhecimentos básicos. A visual por meio da observação qualitativa das Educação Física é um componente curricular curvaturas da coluna vertebral e assimetrias necessário e obrigatório previsto na LDB (Lei de corporais no plano sagital e frontal anterior e Diretrizes e Base da Educação Nacional) desde posterior; e a avaliação por intermédio da imagem 2001, e facultativa para estudantes que fotográfica. A fotogrametria é definida como a trabalham, tenham filhos ou são maiores de 30 ciência, arte e tecnologia na obtenção de anos. Em algumas escolas as aulas são informação confiável sobre objetos físicos e o oferecidas fora do horário regular, fator este que ambiente por meio de processos de gravação, contribui para impedir o estudo das práticas medição e interpretação de imagens fotográficas corporais. Neste contexto, essa prática deve ser e padrões de energia eletromagnética, energia simplificada, porém eficaz, proporcionando aos radiante e outras fontes. Para a avaliação alunos a ressignificação dos conhecimentos

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prévios (adquiridos) desenvolvendo novos Família, todos esses acontecidos na escola. Um entendimentos sobre o corpo humano. Para fato muito marcante aconteceu no mês de minimizar esse problema, durante o estágio novembro de 2009, quando fomos dançar na curricular obrigatório, foram desenvolvidos os abertura da 4º Jornada de Educação Física do temas contidos na “Proposta Curricular da Curso de Educação Física da Universidade Escola”, tais como esportes, lutas, jogos, Paulista UNIP. Já a apresentação de final de ano, ginásticas e atividade rítmica. Este trabalho teve chamamos de 1º Festival de Dança da Profª como objetivo dentre outros, a ampliação do Denise da Costa Oliveira, que se realizou no conhecimento e autonomia proposta como teatro “Nelson Castro”, no dia 23 de dezembro de atividades prática. Portanto, este programa 2009. O tema “As Princesas da Disney” foi trouxe uma nova perspectiva na qual os alunos escolha das alunas, a parti dos filmes sobre entraram em contato com novas práticas diversos contos de fadas. A criação de corporais ou reviveram aquelas que já movimentos desenvolveu-se junto com a conheciam, de modo consciente afim de, refletir aprendizagem artística. Pudemos vivenciar as sobre as condições do corpo ao realizá-las. coxias do palco, camarim, platéia e agilidade

entre as trocas de roupas / presenças no palco. Palavras Chave: EJA; Escola; Educação Física. Conhecimentos sobre história, passos de ballet,

músicas, cooperação, posturas e atitudes, surgiram durante o trabalho. Foi um ano de muita dedicação.

FESTIVAL DE DANÇA

Denise da Costa OliveiraA OBESIDADE INFANTIL E O PRECONCEITO

Universidade Paulista - UNIP VIVIDO PELO GORDO: O FENÔMENO BULLYNG

O trabalho foi realizado na escola municipal Cachinhos de Ouro, no período de março a Carolina Bueno Guerradezembro de 2009. Consistiu em uma ação Daiana Teodoro da Silvaeducativa afinada com prática corporal de Mariana Boracini Salmazzomovimentos artísticos do ballet. Atende alunos da

Curso de Educação Física - Centro Universitário de Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, Rio Preto - UNIRPsendo classificadas como atividades extra-

curriculares. Os discentes foram divididos em Introdução: A Obesidade Infantil é uma duas turmas, classificadas em Baby Class e característica da sociedade contemporânea, fato Ballet Infantil. Nessas aulas aconteceram duas que tem despertado significativa preocupação vezes por semana, com duração de uma hora tanto entre as autoridades de saúde como entre cada. As dificuldades encontradas no início do os responsáveis pelas políticas educacionais. Em trabalho foram poucas. Apenas crianças do sexo relação à escola, o que tem chamado a atenção feminino freqüentavam as aulas e suas são os problemas gerados pela violência, referências musicais ainda não estavam preconceito contra o gordo, fatos que estão estabelecidas, podendo assim apreciar Mozart, relacionados ao fenômeno bullyng. A obesidade Beethoven, Bach, Tchaikovsky, Strauss, entre infantil é uma preocupação global, junto à ela outros. Havia uma sala adaptada com espelhos e surgem inúmeras doenças, como: diabetes, um aparelho de som. Este espaço facilitou muito cardiopatias, doenças hepáticas, entre outras. No o trabalho. A partir dele surgiram inúmeras entanto, a questão mais alarmante são os in i c ia t i vas vo l tadas ao p rocesso de comportamentos agressivos e preconceituosos aprendizagem. As aulas foram elaboradas com contra as crianças obesas, fato que tem se base nos conteúdos pré-existentes de transformado em preconceito social, no qual movimento que as alunas já tinham em relação à crianças e jovens obesos sentem desprezo pelo dança. Surgiam giros, que depois viraram corpo, sofrem descriminação e humilhação. Isto piruetas, equilibrar-se sobre um pé, que compromete seu convívio social da criança nomeamos de passe, até chegarmos ao um lindo gerando até depressão. Esses fatores têm arabesque. Os movimentos foram construídos de causado sérias conseqüências sociais, diversas formas. Trabalhamos nomenclaturas educacionais e psicológicas às vezes apropriadas para que as alunas entendessem os irreversíveis para os envolvidos com a prática de movimentos e se divertissem. Essa experiência atitudes preconceituosas. Objetivo: Este foi realizada com base nos seguintes critérios: trabalho tem como objetivo descrever os música, desenvolvimento do interesse sobre a problemas gerados no ambiente educacional, e arte como um todo, integração socio-afetiva, sua relação com a obesidade infantil ligados ao posturas e lazer. A escola proporcionou vários fenômeno bul l ing ; levantar possíve is momentos para a apresentação das coreografias questionamentos quanto a soluções para este aprendidas, como por exemplo: apresentação na processo.Metodologia: Este relato de Homenagem as Mães, Festa Julina e Festa da experiência teve como base uma revisão de

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de literatura em periódicos que apresentaram pessoas. Contudo, pode ser referido que o pesquisa sobre o tema. Levou-se em estresse é um estágio pelo qual diversos consideração também as observações realizadas indivíduos passam, sejam eles esportistas ou no período do estágio curricular obrigatório. não, assim como indivíduos de todas as idades; Conclusão:Nos tempos de hoje, as crianças idosos, adultos, jovens e crianças, pois não existe passam o tempo que não estão na escola, uma fase específica para o seu aparecimento, assistindo TV, jogando videogame e acessando a porém o melhor de tudo é que esse estágio é internet. O impacto desse comportamento tem reversível. Conclui-se que, para inibir o estresse, contribuído para o aumento da obesidade. O é necessário seguir alguns hábitos alimentares, preconceito contra o gordo é um tema grave, que um estilo de vida moderado, entre outros deve ser abordado sob diferentes visões, estipulados neste estudo, além de contar com a incluindo a familiar, comunitária e social. Para a colaboração de familiares e profissionais alteração de seu quadro é necessário esforços especializados no assunto. Recomenda-se a conjuntos da comunidade, escolas e meios de aplicação de estudos empíricos para verificar o comunicação, criando condições para que a escopo em diversas atletas e diversas população não só emagreça, mas principalmente modalidades.torne-se sadia por meio de hábitos alimentares regrados, conduta social equilibrada e a prática Palavras-chave: stress, esporte, pedagogia do regular de exercícios físicos. esporte.

Palavras Chaves: Bulling, Obesidade Infantil, Preconceito

A C A P O E I R A E A T E O R I A D A AUTODETERMINAÇÃO

O ESTRESS ESPORTIVO: UMA REVISÃO Ricardo Hugo Gonzalez;BIBLIOGRAFICA Luciana Maria Fernandes Silva

NEPEC/ IEFES- Universidade Federal do Ceará-UFCRicardo Hugo Gonzalez;Francineide de Oliveira Vieira

A Capoeira, uma significativa expressão da cultura afro-brasileira, tanto no Brasil como no NEPEC/ IEFES- Universidade Federal do Ceará-UFCexterior, abrange múltiplas possibilidades conceituais, podendo ser definida como jogo, luta, O presente estudo trata do estresse, mais dança, brincadeira, esporte, filosofia de vida, especificamente, no âmbito esportivo. Partindo do dentre outros, uma vez deter, em seu universo, pressuposto de que o estresse, em certa medida, uma diversidade musical, instrumental, cultural, faz parte da vida tendo em vista a manutenção e que permite a criação e a realização de aperfeiçoamento da capacidade funcional, auto movimentos, que constituem, na sua totalidade, a proteção e conhecimento dos próprios limites, sua historicidade. Atualmente, é praticada por pode-se afirmar que, ao sair desse estágio de milhões de pessoas, em todo o mundo, porém limite, há um desencadeamento físico e após as primeiras graduações, se percebe o início psicológico no indivíduo. Atualmente, esse de um processo de abandono do esporte, assim assunto tornou-se um dos aspectos psicológicos como ocorre em outras práticas esportivas. A mais abordados, não só no senso comum como Teoria da Autodeterminação traz como uma de também em estudos científicos, devido ao suas áreas de estudo a motivação humana, que aumento considerável de pessoas que por sua vez, analisa o desenvolvimento e o apresentam os sintomas do estresse no decorrer funcionamento da personalidade nos contextos de seu dia-a-dia. Sendo o estresse um fator sociais. É objetivo deste estudo, propor preponderante e determinante na consecução de possibilidades de aplicação de métodos que qualquer objetivo ao qual o indivíduo se propõe a fomentem a motivação, pressuposto básico da atingir, o conhecimento acerca de suas causas, Teoria da Autodeterminação, no processo de efeitos e conseqüências é essencial para que se ensino/aprendizagem da capoeira, mantendo a possa alcançar êxito em qualquer atividade, permanência dos praticantes e aumentando o principalmente física esportiva. Tendo por base nível de interesse pela sua prática. O método esses e outros aspectos é que se faz um estudo utilizado foi uma revisão de literatura. A Teoria da sistemático a esse respeito, procurando propor Autodeterminação, explica a motivação e suas uma solução para amenizar a disseminação da variáveis (intrínseca, extrínseca e amotivação), estricção. Observa-se neste estudo que o que são determinantes do comportamento estresse pode ser expresso de várias maneiras, humano, no que diz respeito à direção, devido à vulnerabilidade psicológica que varia de intensidade e persistência, responsáveis pela acordo com a estrutura psíquica de cada decisão do indivíduo de iniciar e de permanecer indivíduo. Com isso, torna-se instigante saber na realização sistemática de uma atividade física. sobre a origem desse conjunto de reações que Demonstra que para que seja alcançada a desencadeia diversos problemas na vida das

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permanência e o compromisso com a atividade é não teve conhecimento e domínio dos jogos e das necessár io desenvo lver a mot ivação brincadeiras de maneira ideal a cada faixa etária. autodeterminada, através da satisfação das As atividades não foram apropriadas para o necessidades psicológicas básicas de ensino-apredizagem das crianças e não capacidade (competência), autonomia (reger a si percebemos motivação durante o processo de próprio) e de relacionar-se (estabelecer ensino. As atividades fazem com que esse vínculos). Partindo desse pressuposto sugere-se desenvolvimento ocorre de forma lúdica e prover um feedback positivo; promover metas prazerosa para criança por parte dos orientadas ao processo, estabelecer objetivos de participantes, revela uma maneira própria de ver dificuldade moderada; possibilitar a eleição de a pensar o mundo. O papel do professor é atividades, explicar o propósito da atividade, importante durante a educação infantil, pois promover o desenvolvimento de relações sociais proporciona pontos fundamentais como: e utilizar as recompensas de forma cuidadosa. desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motor Estas estratégias poderiam possibilitar a e psicológico, no qual a criança aprende a permanência dos praticantes. Os professores interagir com o mundo a sua volta e suas regras. devem estar atentos em desenvolver alavancas Desenvolvendo com o ambiente de liberdade, do comportamento humano, contribuindo para alegria e descontração, beneficiando atividades que os capoeiristas cheguem ao grau de mestre, espontâneas e criativas e acreditando que a e possam usufruir dos benefícios proporcionados criança pode aprender a conhecer, a fazer, a àqueles que vivenciam, através de sua conviver e a ser.corporeidade, o universo diversificado da capoeiragem (universo da capoeira). Palavra Chave: Jogo; Educação Infantil

Palavras-chave: Capoeira. Motivação. Corporeidade. O MINIVOLEIBOL COMO ALTERNATIVA NO

ENSINO FUNDAMENTAL

Chafic Chaves dos Santos;A IMPORTÂNCIA DO JOGO NA EDUCAÇÃO Felipe Henrique NegriniINFANTIL

Curso de Educação Física - UNIRP

Cleuma MaranhãoIntrodução: Esse trabalho tem como finalidade Queila Chavesdemonstrar os benefícios da implantação do Tiago Rodrigo Alves Nunesminivoleibol como um dos conteúdos das aulas de Educação Física do Ensino Fundamental, Curso de Educação Física - Centro Universitário de como modalidade alternativa para atender as Rio Preto - UNIRPnecessidades de espaço e de interesse dos alunos. O baixo interesse demonstrado pelos Introdução: A Educação Infantil é um período alunos por determinadas modal idades precioso do ser humano nessa faixa etária deve-esportivas, não pode ser uma barreira para o se trabalhar através da ludicidade, da professor. A falta de equipamento ou material não imaginação, próprias da cultura Infantil usando a deve ser utilizado como desculpa para não aplicar motivação.O jogo tem um papel muito importante outras atividades, como por exemplo, basquete, nas áreas de estimulação da fase pré-escolar, é vôlei ou mesmo atletismo. Existem inúmeras uma das formas mais naturais onde à criança possibilidades de promover diferentes prática, no entra em contato com a realidade. Na maioria das entanto, cabe ao professor utilizar ferramentas e vezes, as escolas de Educação Infantil não meios que possibilitem o acesso ao jogo, e que desenvolvem as atividades físicas e motoras despertem o interesse dos alunos. Objetivos: adequadas, por não terem profissionais de Estimular a implantação e a prática de atividades Educação Física atuando juntamente com o tradicionais em espaços adaptados em escolas Projeto Político Pedagógico da Instituição. públicas, centros esportivos ou áreas de lazer. Objetivos: Discutir a atuação do professor Método utilizado: Partindo do princípio do jogo generalista (pedagogo) no desenvolvimento das pela compreensão, no qual os alunos são atividades que envolvem a cultura dos inseridos no esporte por meio do jogo movimentos e a função pedagógica destes propriamente dito, a prática do minivoleibol é conteúdos. Favorecer a adaptação ao ambiente jogado com 3 jogadores para cada lado em escolar e o estabelecimento de vínculos com o espaço reduzido. As regras são adaptadas e professor. Metodologia: Como procedimento semelhantes ao voleibol. Este relato de metodológico utilizou-se uma revisão de experiência é o resultado do trabalho bibliografia, que apresentam discussões a desenvolvido na Escola Municipal Lidia Sanfelice respeito do problema associado à observação in da cidade de São José do Rio Preto-SP, como um loco proporcionado pelas atividades do Estágio dos núcleos do Programa Segundo Tempo. Supervisionado. Considerações Finais: Considerações finais: Geralmente, as crianças Durante o estágio percebemos que o professor não participam dos esportes tradicionais por não

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ter acesso a tais atividades, ou ainda, é impedido psicológica e social fazendo prejudica seu estado pelo grau de dificuldade que o esporte apresenta. emocional. Metodologia: Trata-se de um estudo, Como prática corporal, o resultado obtido com o relato de experiência, baseado em uma ampla minivoleibol representou grande adesão por parte revisão de literatura em artigos, revistas dos alunos, tornando-se um esporte agradável e indexadas, livros e pesquisas que abordam a de fácil entendimento para as crianças. Assim, é temática. Considerações finais: Pesquisas fundamental o processo de criação do professor e direcionadas à qualidade de vida têm evidenciado a utilização de recursos que favoreçam o acesso cada vez mais a importância da atividade física e dos alunos aos maios variados tipos de do exerc íc io f ís ico à saúde menta l . modalidades, gerando assim um leque de Levantamentos realizados nos EUA e na conhecimentos esportivos que serão utilizados Inglaterra demonstram que a prática de exercício em todas as fases da vida dos alunos. físico regular apresenta valor terapêutico na

redução de sentimentos de ansiedade e depressão (WEINBERG, 2001). A prática da atividade física regular, o esporte e, em especial,

ATIVIDADE FÍSICA COLABORANDO COM A os momentos dedicados ao lazer são de extrema SAÚDE MENTAL importância para melhorar a qualidade de vida,

tanto nos aspectos físicos quanto nos aspectos Andre Basílio Batista Ferreira emocionais.

Altair MoioliPalavras chave: Atividade física. Saúde mental.

Curso de Educação Física - UNIRP Qualidade de vida.

Introdução: No mundo contemporâneo os seres humanos estão sujeitos a vários tipos de transtornos psicológicos, por conta do excesso de MEETING RECREATIVO DO RIO PRETO atividades diárias ou pelas responsabilidades e AUTOMÓVEL CLUBEcobranças advindas destas ocupações. Nesse sentido, a relação entre atividade física e saúde Dirce dos Santos Oliveiramental é um fenômeno atual que pode contribuir Alexandre Fusco Marquespara minimizar os estragos provocados pelas Edelberto Buenodoenças psíquicas, consideradas pragas da Guilherme Rocha Brittosociedade moderna. Objetivo: Abordar e Thaísa Silva de Oliveiraaprofundar os aspectos psicológicos para entender quais os benefícios da atividade física Rio Preto Automóvel Clubeou esportiva para a saúde mental, e ainda, de que maneira essa prática pode melhorar a qualidade O Meeting Recreativo do Rio Preto Automóvel de vida das pessoas com transtornos Clube é um projeto instituído há 23 anos, que psicológicos. Consulta bibliográfica: A reúne atividades recreativas, culturais e ansiedade costuma ser gerada por meio da esportivas nos períodos de férias em Janeiro e pressão e avaliação social e todas as demandas Julho. Este Projeto foi criado pela Professora de dela decorrentes, ou seja, a necessidade dos educação física Isa Ravena, apresentado ao indivíduos se ajustarem aos padrões da coordenador do departamento de esportes do sociedade atual. As pessoas que não se adéquam clube Edelberto Bueno e aprovado pelo Diretor de aos padrões ofertados são tomadas por intensa Esportes da época Luis Fernando Colturato. O sensação de medo, angústia, ansiedade, objetivo deste projeto, além de proporcionar uma podendo chegar a um estado depressivo grave. O interação dos filhos de associados e convidados alto consumo de medicamentos destinados ao destes, é estimular a socialização, o contato com controle destes sintomas comprova a situação a natureza; despertar a criatividade e o interesse atual de grande parte da população. Nas escolas, no conhecimento através da recreação, do jogo e a criança que apresentar algum nível de da brincadeira na criança e no adolescente, visa hiperatividade, agressividade ou outro também desenvolver as capacidades físicas de comportamento que foge ao controle da coordenação motora, agilidade e lateralidade na normalidade, imediatamente são tratados com atividade. Controle do estresse, ações anti-altas doses de drogas controladas. Como drogas, disciplina, valores éticos e morais propósito de diminuir o consumo exagerado de também são questões trabalhadas com os antidepressivos a atividade física regular pode participantes. Desenvolvido pelo Departamento produzir efeito relaxante e proteger o organismo de Esportes do Rio Preto Automóvel Clube, este do estresse exagerado e preocupações projeto atende de 200 à 400 crianças e excessivas. A depressão e uma das doenças que adolescentes de ambos os sexos, com idade perturbam a sociedade pelo vários fatores do entre 5 e 14 anos. O atendimento a essas crianças próprio individuo ou no ambiente que ele esta é realizado nas instalações do Clube de Campo, inserido porem a depressão e uma doença funcionando durante cinco dias, na segunda psíquica que gera sentimento de incapacitação semana dos meses de Janeiro e Julho. Hoje

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participam do projeto o Diretor de Esportes método, do que, fazer com que os alunos reflitam Alexandre Fusco Marques, o Coordenador de sobre situações problemas do seu cotidiano Esportes - Edelberto Bueno (Dedé), a professora escolar e social. coordenadora pedagógica Dirce dos Santos Palavras chaves: exclusão, gêneros e Oliveira, seis professores Guilherme Rocha metodologias de ensino;Britto, Sirlene Bueno H. Franco, Paulo Ricardo Silva de Carvalho, Fernanda Medes de Oliveira, e Rafael Nully Pasqueto e seis monitores recreativos Thaísa Silva de Oliveira, Camila Lodi, BASQUETE SOBRE RODAS: NOVAS Felipe Scarpelli, Igor Massali, Paula e Ademir PERSPECTIVAS DO ESPORTERodrigues além da secretária do departamento - Thalycia Barbosa Gouveia e a enfermeira Ana Paula de CarvalhoLúcia da Silva. O Meeting do Rio Preto Automóvel Robson TrindadeClube se firmou como uma alternativa positiva Thiago Queis Sertoripara acolher os filhos de associados e Dirce dos Santos Oliveiraconvidados, que eventualmente ficavam sem

Curso de Educação Física Centro Universitário de uma boa opção de lazer nas férias escolares. Rio Preto-SPEssa iniciativa complementa a proposta do

esporte-educação que tem como meta o desenvolvimento humano. O Basquetebol sobre rodas é um dos esportes

mais atrativos e emocionantes, entre aqueles praticados por pessoas com deficiência. Os profissionais de Educação Física inseridos neste contexto sabem que a inclusão passou a ser um

POR QUE OS ALUNOS SE EXCLUEM NAS desafio para todos os segmentos da sociedade, AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA? logo, as práticas de atividades esportivas

favorecem a melhoria dos aspectos físicos, Almir Rogério de Oliveira; Gilson C. Anjos; motor, cognitivo e afetivo. Com destaque para o

Isaac F. Souza; Roni A. Castro; Tiago Urbano aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade de socialização entre praticantes,

ESTÁCIO FAAC independente da presença ou não de deficiências, tornando as pessoas mais

Introdução: O preconceito constitui-se em um independentes para a realização de suas grave problema da atualidade, fenômeno que atividades diárias. Em relação ao aspecto existe em toda a sociedade, de uma maneira psicológico, o esporte melhora a autoconfiança e geral, e na escola de forma particular e sendo a auto-estima, tornando as pessoas otimistas e constantemente observado nas aulas de seguras para alcançarem seus objetivos. A Educação Física. As principais formas de pessoa com deficiência física, a despeito de preconceito encontradas hoje na escola, que se alguma l imi tação, possui as mesmas tornaram visíveis e cada vez mais freqüentes, necessidades básicas de outra pessoa qualquer, repercutindo e inferindo de forma velada nas diferenciando, apenas quanto ao aspecto motor. aulas de Educação Física Escolar são: racismo, Apesar de sua aparência física, também quer ter questões ligadas ao gênero, diferenças corporais sucesso, reconhecimento, aprovação e ser e a intolerância aos portadores de necessidades desejado. (MATTOS, 1994). Para contribuir com especiais. Entre estas formas de preconceitos, o sucesso dessas pessoas, a prática de atividade alguns não eram notados nitidamente, mas nos física e/ou esportiva pode proporcionar a últimos anos, se tornou um problema a ser oportunidade de testar seus limites e discutido e solucionado, em todo âmbito escolar, potencialidades, prevenir enfermidades seja na escola ou nas práticas corporais. secundárias à deficiência e promover a Objetivos: O objetivo dessa pesquisa é verificar integração e inclusão social. (LOPES, 2005). que aspectos fazem o aluno se excluir das aulas de Educação Física, sob a ótica do aluno e do professor. Metodologia: Através de uma pesquisa de campo, com questionários contendo 5 (cinco) questões que foram respondidas pelos alunos. Entrevistas com 5 (cinco) professores de Educação Física para tratar de um assunto tão presente no dia-a-dia e também com 10 alunos entre 12 à 18 anos de idade. Resultados: Identificamos que os problemas são, em sua grande maioria, provocados por aulas que não foram planejadas adequadamente pelos próprios professores. Utilizando o método tradicional chamado rola a bola. É bem mais simples esse

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TREINAMENTO PERSONALIZADO PARA ATLETAS DE BASQUETE SOBRE RODAS

Marcelo Jamil Humsi

Unirp-Centro Universitário de Rio PretoClínica Corpore

Introdução - A modalidade é praticada por atletas de ambos os sexos que tenham alguma deficiência físico-motora. Na cidade de São José do Rio Preto-SP há um trabalho realizado pelo Clube Amigos dos Deficientes (CAD) desde 2004. Este trabalho consiste em modalidades paraolímpicas, tais como o basquete sobre rodas. E aproximadamente há 3 anos, a clínica Corpore desenvolve voluntariamente treinamentos personalizados para uma preparação física mais eficiente dos atletas desta equipe. Objetivo - aumento de massa magra, potência muscular, fortalecimento dos músculos estabilizadores do abdômen e propriocepção dos membros superiores. Método utilizado - Os atletas são submetidos à avaliação física inicial, como a verificação das dobras cutâneas, circunferência, peso e aferição da pressão arterial. Durante a prescrição dos exercícios, são analisadas individualmente as deficiências físicas, como poliomielite, amputação da parte dos membros inferiores, paraplegia, patologias degenerativas; sendo assim elaborar exercícios com coerência e eficiência de acordo com as limitações individuais de cada atleta. Semanalmente são realizadas 2 horas de treinamento resistido que consiste em aparelhos convencionais e acessórios funcionais. Descrição dos resultados - Segundo a treinadora Neiah Gama, que relata: “Pelo fato de atletas praticantes de basquete sobre rodas utilizarem demasiadamente a musculatura dos membros superiores, fatalmente acabam apresentando fadiga muscular e até mesmo vários tipos de lesões. Após iniciarmos o treinamento físico supervisionado pela clínica Corpore nossos atletas apresentaram ganho significativo em performance, haja visto que a equipe continuou apresentando qualidade técnica e física mesmo após um ano desgastante de treinamentos e competições como foi em 2009.O treinamento proporcionou desenvolvimento muscular preparando-os para suportar a carga de trabalho correspondendo de forma positiva dentro e fora da quadra.” Considerações finais - Podemos concluir que houve uma mudança satisfatória com os treinos resistidos semanais. Com convicção, analisamos o depoimento da treinadora e os resultados almejados pela equipe do CAD, desde quando foi iniciada a parceria com a clínica Corpore

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Adenilson Ambrózio; 148 Francisco Galvão do Amaral Pinto Barciela; 143; 152; Adriana Inês de Paula; 128 154Afonso Antonio Machado; 20; 34; 79; 83; 88; 133; Franz Fischer; 144; 145139; 140; 143; 144; 145; 146; 149; 150; 152; 154; Gabriela Natália Ferracini; 62155; 157 Ghiséle Alves Ferreira; 138Alaércio Perotti Júnior; 109 Gilberto Pivetta Pires; 142; 146Alessandra Moreira de Lim; 31a Gilson C. Anjos; 166Alexandre Fusco Marques; 165 Giordano Marcio Gatinho Bonuzzi; 109Alexandre Monte Campelo; 155 Graciane Severo da Silva; 129Alexandre Sassaki Rosa; 128 Guilherme Augusto Abdalla dos Santos; 158Almir Rogério de Oliveira; 166 Guilherme Augusto de Melo Rodrigues; 47Altair Moioli; 57; 98; 156; 157; 158; 165 Guilherme Bagni; 145; 148; 150Ana Carolina Simonato; 141; 142 Guilherme Rocha Britto ; 130; 145Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho; 160 Guilherme Rodrigues Torquato; 146Ana Lúcia Marques Régio da Silva; 161 Henrique Rodrigues Felix; 135Ana Paula Evaristo Guizarde Teodoro; 138 Henrique Scudeler; 155Andre Basílio Batista Ferreira; 165 Igor Simões Martins; 119Andréa Carla Machado; 138 Isaac F. Souza; 166Antonio Carlos Fedato Filho; 47 Jane Teresinha Domingues Cotrin; 29Antonio Roberto Rocha Santos; 15 Jaqueline Oliveira Marques; 161António Rui Gomes; 133; 155 Jéssica Maria dos Santos; 137Ariele Negrisoli de Oliveira; 141; 142 Jéssica Sbrissa; 141; 142Beatriz Dinis Silva; 141; 142 Jordana dos Santos Custódio; 102; 115; 151Bianca Vessecchi Talhaferro; 149 José Adolfo Megasi; 155Bruna Silvestre Bonito; 159 José Augusto Honorato Vieira Júnior; 130Bruno Allan Teixeira da Silva; 147 José Elzo Franco Junior; 148; 151Bruno Dorado; 155 José Maria Montiel; 17; 25Camila Aparecida Honório; 102; 115; 151 Júlio César Camargo Alves; 127Carolina Bueno Guerra; 162 Kauan Galvão Morão; 143; 149; 154Cesar Antonio Parro; 153 Laís Cristina Barbosa Silva; 135Chafic Chaves dos Santos; 164 Leilane Franca Ferreira; 147Cícero Campos; 35 Leiza Ribeiro Grisi; 65Claudinei Chelles; 57; 70 Lenamar Fiorese Vieira; 129Claus Gonçalves; 62; 65; 160; 161 Leonardo Brito da Silva; 139Cleber Leite; 155 Leonardo Pestillo de Oliveira; 129Cleide Castro Monteiro; 141 Lidiane Theodorico Britts; 106; 134Cleuma Maranhão; 164 Ligia Lopes Rueda Kocian; 93Daiana Teodoro da Silva; 162 Luana Pilon Jürgensen; 146; 151Daniel Bartholomeu; 17; 24 Lucas Fontanari; 102; 115; 151Daniel Presoto; 150; 155 Lucas Portilho Nicoletti; 157; 159Daniela dos Santos; 128 Lucas Ribeiro Cecarelli; 146; 148; 151Denílson Roberto Campos Gomes; 79; 88 Luciana Maria Fernandes Silva; 163Denise da Costa Oliveira; 162 Luís Antônio de Souza Júnior; 154Denise Ferraz Lima Veronezi; 130 Luiz Augusto Araújo; 129Diego Francisco de Siqueira; 79; 88 Manoel Brandão Filho; 156Dirce dos Santos Oliveira; 165; 166 Mara Rosana Pedrinho; 134Driele Cristina Leite Mansera; 161 Marcelo Callegari Zanetti; 38; 79; 83; 88Edelberto Bueno; 165 Marcelo Jamil Humsi; 167Eduardo Presoto; 155 Marcelo Porto; 139Elaine Cristina dos Santos; 98; 138 Margaretti dos Santos Rodrigues; 130Eliandra Amancio de Barros; 141 Maria Cecília Lieth Machado Bonacelli; 127; 136Eliane Mauerberg-deCastro; 128 Maria Christina Justo; 136Elisa Gomes Caleffi de Souza; 106 Maria da Conceição Pereira Bugarim; 119Eric Matheus Rocha Lima; 139; 145 Mariana Boracini Salmazzo; 162Erik Giuseppe Barbosa Pereira; 74 Mariana de Sousa; 128Erika Hofling Epiphanio; 153 Marina Belizário de Paiva Vidual; 128Everesth Batista Silva Cardoso; 119 Marta Aurélia Campos Silveira; 152; 154Fabiane Borges de Souza; 134 Mateus Geraldo Pereira da Costa; 160Fabiano Quirino da Silva Pereira; 140 Matheus Ribeiro Cecarelli; 148Felipe Henrique Negrini; 164 Mauro Klebis Schiavon; 145; 146Fernanda Bueno Mendes; 128 Maycon Junior Ferreira; 139; 145Fernanda Carneiro Pigaiani; 159 Milena Vergani Crepaldi; 62Fernanda Medes de Oliveira; 158 Mônica Floriano Lucianelli; 134Fernando César Gouvêa; 139; 143; 152; 154 Myrian Nunomura; 150Flávia Casellato; 128 Natalia Targas Lima; 144Flavio Francisco Dezan; 140 Osmar Moreira de Souza Júnior; 128Flávio Rebustini; 157 Paula de Carvalho; 166Francineide de Oliveira Vieira; 163 Paulo Ricardo Martins Nunez; 135

ÍNDICE POR AUTOR

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Paulo Sergio Rodrigues Araújo; 156Paulo Vitor Suto Aizava; 129Pollyana Carla Silva; 141; 142Priscila Feitosa; 134Priscila Lopes; 150Queila Chaves; 164Rafael Assad Branco; 146Rafael Castro Kocian; 93; 102; 115Rafael Cruz Lima Ramos; 156Raquel Cristina da Silva; 134Renan Mendes Garcia; 143; 150; 152; 154Renata Corrêa Leite de Oliveira; 137Renata Renzetti Dias; 65Renato Henrique Verzani; 142; 143; 149; 154Ricardo Hugo Gonzalez; 163Ricardo José de Souza; 51Robson Trindade; 166Rodrigo Ferro Magosso; 127Rogério Simões Singh; 152Roni A. Castro; 166Rosana M. Garcia;53Rosenilda Rosa Moreira; 129Rubens Venditti Junior; 93Rui Trocado Mata; 133Sandra de Souza Nery; 138Sandra Luzia de Souza Alencar; 98Sandra Regina Chalela Ayub; 149Sandra Regina Domingos de Brito; 130; 136Sandra Regina Quinzani; 160Sara Silva; 133Sérgio Henrique Braz; 151Silene Fontana; 137Simone Meyer Sanches; 129Sueli Aparecida Alves; 144Tatiana Capelão; 133Tatiana Carla Alves Pereira; 129Thais Petroni Rocha; 153Thaísa Êmile Santos Cunha; 160Thaísa Silva de Oliveira; 165Thalita Carvalho de Moura; 142; 143; 151Thiago Queis Sertori; 166Tiago Rodrigo Alves Nunes; 164Tiago Urbano; 166Vanessa Barbosa Batiston; 102; 115; 151Vera Lúcia Beraldo; 98Vera Lúcia Teixeira da Silva; 147Viviane Aparecida Dias Pereira; 160Viviane Kawano Dias; 138Wander Marques Pereira; 153Welber Francisco Correia; 135

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