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VENHA CANTAR COM A GENTE! : PRODUÇÃO DE PARÓDIAS COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE BIOLOGIA

Renata Rafaela Alves Gomes1 (Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN) Adriana de Souza Santos1 (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Bruna Lorena Valentim da Hora1

Kaline Soares de Oliveira1

Hélida Zuza2 (Escola Estadual Berilo Wanderley) Ivaneide Alves Soares da Costa3 (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

RESUMO

O presente artigo teve por objetivo avaliar as contribuições do processo de elaboração de

paródias para a aprendizagem de conteúdos de Biologia, e como esta atividade lúdica foi

importante para integração entre os alunos. O projeto foi realizado em uma escola de ensino

publico do município de Natal, conveniada, na época, ao Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação à Docência – PIBID/UFRN Biologia, desenvolvido com dez alunos mesclados dos

1°, 2° e 3° anos do ensino médio. Durante a elaboração das paródias pode-se perceber que

estas se mostraram como recurso lúdico motivador e que ao mesmo tempo proporcionaram

uma maneira de os alunos expressarem seus conhecimentos, concepções e erros conceituais

sobre os conteúdos trabalhados, facilitando a aprendizagem.

Palavras chave: Lúdico, Paródias, Biologia, aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

Muitas são as dificuldades existentes no ensino e aprendizagem de Biologia, e estas se

tornam um desafio a ser superado pelos professores, de modo a criar e buscar estratégias

1 Licenciandos bolsistas Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência - PIBID. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. [email protected]

2 Professora Supervisora Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência - PIBID. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola Estadual Berilo Wanderley. [email protected]

3 Coordenadora de área de Biologia - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência - PIBID. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. [email protected]

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didáticas que as sanem ou as amenizem. DIAS (2008), mostra em seu trabalho algumas das

origens dessas dificuldades, reunidas em três grupos: “o primeiro reúne as dificuldades

relacionadas à questões didático pedagógicas implícitas no surgimento dessas dificuldades”;

“o segundo comtempla a influencia das concepções alternativas como barreiras para a

aprendizagem de conteúdos de Biologia”; “o terceiro aponta as dificuldades de aprendizagem

vinculadas à própria natureza dos conteúdos de Biologia, caracterizados por um universo

microscópico e abstratos que se tornam barreiras para a aprendizagem dos alunos.”

A relação que o professor estabelece em relação ao erro dos alunos, não o incluindo no

processo de ensino aprendizagem, e desta forma, não criando estratégias que permitam

trabalhar esses erros com os estudantes, também configura outra grande dificuldade, segundo

DIAS (2008). A importância de se trabalhar esses erros conceituais é citado por GONZALEZ

(2001), ao afirmar que “Os erros conceituais são importantes obstáculos para o

desenvolvimento do pensamento criativo e crítico, tão necessários. Sem o conhecimento

destas ideias dos estudantes, o professor estará, portanto, em grande desvantagem em relação

à eficácia de seu trabalho”.

Os erros conceituais podem ser expressos através de avaliações escritas, discussões orais e

até mesmo comportamentos, e podem ser percebidos pelo simples fato do professor levantar

os conhecimentos prévios dos alunos sobre os conteúdos que se pretende trabalhar. Nesta

perspectiva, o processo de elaboração de paródias pode se tornar uma estratégia didática por

meio da qual os alunos sintam-se à vontade para expressar seus conhecimentos prévios sobre

os conceitos trabalhados. Esta possibilidade de uso da paródia está relacionada a seu caráter

lúdico, que possibilita uma aprendizagem motivadora, espontânea e prazerosa, segundo

CHAGURI (2006). Portanto, este caráter espontâneo que as atividades lúdicas possibilitam,

permite que o aluno se sinta mais livre, de modo a expressar com maior liberdade seus

conhecimentos sem medo de errar, e consequentemente acabem por expressar esses erros de

forma despretensiosa.

A importância de se criar estratégias didáticas que possibilitem aos alunos expressarem

seus conhecimentos prévios é fundamental para que os novos conceitos sejam trabalhados,

pois segundo POZO (2000), sempre que os alunos apresentarem dificuldades para aprender

um conceito, é preciso ativar uma ideia prévia, para que se possa organizá-la, dando maior

sentido à aprendizagem. Considerando essas ideias prévias, o professor pode mediar os alunos

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a construir e reconstruir os conceitos aprendidos, e nesse processo a aprendizagem se torna

constante, segundo MIRAS (2006).

Segundo KRASILCHIK (1986) apud MIYAZAWA & URSI (2010), existem muitas

dificuldades por parte dos alunos em compreenderem temas complexos que são muitas vezes

transmitidos em aulas expositivas e pouco participativas. Com isso percebe-se a necessidade

de o professor possibilitar aos alunos diferentes formas de aprender, que atendam às suas

características, de modo a motivar e despertar o interesse.

As atividades lúdicas mostram-se como estratégias didáticas motivadoras para a

aprendizagem, pois propiciam uma experiência de plenitude em que nos envolvemos por

inteiro, estando flexíveis e saudáveis. As atividades de caráter lúdico são ações vividas e

sentidas, não definíveis por palavras, mas compreendidas pela fruição, povoadas pela fantasia,

pela imaginação e pelos sonhos que se articulam como teias urdidas com materiais

simbólicos. Assim elas não são encontradas nos prazeres estereotipados, no que é dado

pronto, pois, estes não possuem a marca da singularidade do sujeito que as vivencia.

No trabalho com atividades lúdicas o mais importante não é o produto da atividade lúdica,

mas a própria ação vivida pelos envolvidos no processo, de modo que eles percebam

momentos de fantasias e realidade, de ressignificação e percepção, e que sejam afloradas a

criatividade, imaginação, socialização e interação. Quando bem trabalhada, a atividade lúdica

pode não apenas facilitar a aprendizagem, mas também o desenvolvimento pessoal, social e

cultural, e consequentemente facilitar a comunicação, expressão e construção do

conhecimento.

Alguns trabalhos apontam resultados satisfatórios sobre o uso de paródias no ensino de

Biologia, como o de CARVALHO (2008), em que se pode observar que a construção de

paródias musicais favorece a participação dos alunos em atividades que visam à

aprendizagem, sendo este recurso uma estratégia didática alternativa na aprendizagem de

conceitos biológicos e também na integração de habilidades dos alunos. Neste sentido, o uso

de paródias não apenas pode ser aliada à aprendizagem de conteúdos conceituais, mas

também pode trabalhar diversas habilidades e potencialidades dos alunos, de modo a valorizar

os aspectos individuais dos mesmos.

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Diante do exposto, o presente artigo teve por objetivo avaliar as contribuições do processo

de elaboração de paródias para a aprendizagem de conteúdos de Biologia, e como esta

atividade lúdica foi importante para integração entre os alunos.

2. PERCURSO METODOLÓGICO

O projeto foi realizado em uma escola de ensino público do município de Natal,

conveniada, na época, ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –

PIBID/UFRN Biologia, desenvolvido com dez alunos do 1°, 2° e 3° anos, que se dispuseram

voluntariamente. O projeto foi realizado sob a forma de concurso, composto pelas seguintes

etapas: divulgação, inscrição, oficina, elaboração das paródias e apresentação das mesmas

para a comunidade escolar, conforme descritas por GOMES et al (2014).

A idealização do projeto surgiu durante observações de vivencia escolar realizadas no

ano de 2011, onde foi observado que os alunos utilizavam muito da música como forma de

diversão, descontração e integração durante os intervalos escolares. Eles usavam de muitos

instrumentos e demonstravam habilidades ao manuseá-los, tais qual o violão, pandeiro,

guitarra e cavaquinho. Visto que essas práticas musicais faziam parte do cotidiano dos alunos

na escola, surgiu a ideia de atender a essa demanda e criar um projeto no qual os alunos

pudessem aflorar suas habilidades musicais e aliar essas potencialidades à aprendizagem de

conteúdos de Biologia, de forma prazerosa e criativa, como citado por GOMES et al (2014).

Neste presente artigo, pretende-se dar ênfase ao processo de elaboração e orientação das

paródias pelos alunos durante as oficinas.

As oficinas para elaboração das paródias ocorreram no laboratório de informática da

escola. A primeira delas teve por objetivo informar aos alunos o conceito de paródias, quais as

finalidades de uso da mesma, qual sua relação com a educação e exemplos de paródias

relacionadas à conteúdos de Biologia. A oficina também comtemplou dicas para elaboração

de paródias, em que foi a presentado aos alunos o software “Cante: paródia!”, um editor de

paródias o qual ajuda, a partir da letra da música original, ajustar as notas musicais e incluir a

melodia da música original junto à letra de sua criação. Cada aluno utilizou de um

computador e por meio de orientações eles foram conhecendo o programa. Contudo, os alunos

ficaram livres para usarem ou não, o auxílio do programa na elaboração de suas paródias.

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No segundo encontro da oficina os alunos foram orientados a escolher um conteúdo de

Biologia que julgassem interessante e ao mesmo tempo difícil de ser aprendido em sala de

aula. Para auxiliá-los na escolha dos conteúdos eles tiveram acesso ao livro didático de

Biologia e também ficaram livres para consultar sites com textos de divulgação científica no

computador. Após a escolha do conteúdo a ser trabalhado, os alunos então iniciaram o

processo de elaboração de suas paródias. Houve ao todo quatro encontros presenciais nas

oficinas com os alunos, antes de entregarem a versão final de suas produções.

É válido enfatizar que algumas paródias não precisaram ser corrigidas e revistas mais

de três vezes, pois já estavam muito boas. Porém, a maioria passou por três correções, onde os

alunos foram orientados a rever e perceber os erros conceituais e também ortográficos, e dessa

forma perceberem que poderiam melhorar esse gênero textual. Os erros conceituais

identificados nas paródias foram discutidos com os alunos, e os mesmos, por meio de

pesquisa na internet e consulta aos livros didáticos, estudavam mais sobre o conteúdo de

modo a perceberem o porquê do erro, e assim encontrar o melhor conceito, expressão ou

palavra para introduzir na paródia. Assim, considerou-se como mais importante neste

trabalho, o processo de construção e não somente a paródia como produto final.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As letras das dez paródias produzidas pelos alunos, listadas na tabela 1, estão

publicadas no site PIBID/UFRN (www.pibidufrn.br) e também por GOMES et al (2014). O

resultado deste trabalho também foi apresentado no VI Encontro Integrativo do

PIBID/UFRN/2012 pelos alunos autores das paródias na Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, fato que, muito orgulhou a comunidade escolar e elevou a autoestima dos alunos

participantes.

Tabela 1 – Paródias apresentadas no concurso “Venha cantar com a gente!”, realizado na E. Estadual Berilo Wanderley/2012.

Paródia Música original Conteúdo abordado

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Bactéria reggae Power Natiruts reggae Power Reprodução assexuada

Aluna: Rafaela-3º ano B Cantor: Banda Natiruts

Combater a dengue eu vou De ladinho Dengue (prevenção) Aluno: Sandro-3º ano A Cantor: Ivete Sangalo Ervilha amarela* (1ª colocada) Pelados em Santos 1ª lei de Mendel

Aluna: Hannah- 3º ano B Cantor: Banda mamonas assassinas

Eu tô contaminado Amar não é pecado Vírus (gripe)

Aluno: Elton- 3º ano A Cantor: Luan Santana Hemoglobina Burguesinha Via sanguínea

Aluno: Lucas- 3º ano B Cantor: Seu Jorge

Me intoxiquei de novo Foi bolo doido Intoxicação alimentar

Aluno: Paulo- 3º ano B Cantor: Guilherme e Santiago Não quero açúcar* (2ª colocada) Eu quero tchu Diabetes

Aluno: Pedro-1º ano A Cantor: João Lucas e Marcelo

O preservativo usar Como uma onda AIDS (prevenção)

Aluna: Larissa- 3º ano B Cantor: Lulu Santos Os vírus Meteoro Vírus

Aluna: Natália- 2º ano C Cantor: Luan Santana

Zigoto primeiro* (3ª colocada) Primeiros erros Fecundação

Aluno: Kaio- 3º ano B Cantor: Dinho Ouro Preto

*vencedoras dos 3 primeiros lugares. Fonte: Autoria própria.

O principal resultado deste trabalho não está refletido nos produtos finais que foram

produzidos (as paródias), mas sim no processo de elaboração dos mesmos, pois foi por meio

dos encontros presenciais com os alunos durante as oficinas que emergiram as dúvidas, os

erros, as concepções e posteriormente as reelaborações e ressignificações dos conceitos de

Biologia persentes nas produções. Nos encontros presenciais com os alunos as paródias foram

sendo melhoradas por meio de orientações aos alunos, onde os mesmos por meio de pesquisas

em livros e internet (por sites recomendados), em um processo de construção e reconstrução

das paródias, foram aprendendo mais sobre o conteúdo trabalhado, e consequentemente

aperfeiçoando suas paródias. Os erros, concepções, dúvidas e até mesmo incoerências nas

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letras das paródias foram trabalhadas durante estes encontros, o que proporcionou

aprendizagem e motivação dos alunos.

Na paródia “ervilha amarela”, a aluna havia iniciado a letra da seguinte forma:

“Mendel, o criador da Genética...”. Uma vez observado esta primeira frase da paródia,

observou-se que havia uma concepção da aluna em achar que Mendel foi quem criou a

Genética. A aluna então foi orientada a pesquisar um pouco mais sobre quem foi Mendel e

quais suas contribuições para a genética moderna, de modo a perceber outro adjetivo

adequado para introduzir na letra. Desta forma, ela reelaborou a paródia trocando “o criador”

por “pesquisador”, o que indicou que a mesma conseguiu entender um pouco mais sobre

quem foi Mendel e reelaborar o seu conceito quanto ao mesmo.

Na paródia “Não quero açúcar”, que fala sobre a questão do diabetes, o aluno ao

entregar sua primeira versão da paródia inseriu na mesma a seguinte frase: “é uma doença

popular que você já pegou”. Foi observado pelos orientadores do projeto, que este termo “já

pegou”, poderia passar a concepção de que o diabetes é uma doença contagiosa. Desta forma,

o aluno foi orientado a pesquisar mais sobre as características desta doença e a diferença que

ela tem em relação às infecto contagiosas. Assim, ele iria pensar em um melhor termo para

que pudesse inserir na paródia, sem perder o sentido proposto. Assim, ele trocou a expressão”

já pegou” por “apresentou”, que melhor se encaixou na letra proposta.

Outra paródia que mostrou uma concepção alternativa por parte do aluno, e que é

compartilhada por muitas pessoas, foi a intitulada: “Eu tô contaminado”, a qual aborda sobre

o vírus da gripe, com enfoque para os sintomas e prevenção. Nesta paródia, ao falar sobre os

sintomas, o aluno inicialmente usou a seguinte frase: “O médico me disse, esse é o vírus da

gripe, e o que recomendo é vitamina C”. Hoje se sabe que a vitamina C é eficaz para

prevenção, e não para a cura da gripe. Assim, o aluno foi orientado à pesquisar mais sobre os

modos de prevenção da gripe e o uso da vitamina C em relação à essa doença. Após pesquisas

em sites recomendados, o aluno conseguiu perceber esta concepção errônea e substituiu a

expressão “o que recomendo é vitamina C”, por “ E alimento saudável tenho que comer”, o

qual julgou mais adequado diante dos estudos realizados.

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Na paródia intitulada “o preservativo usar”, a qual aborda sobre a AIDS com enfoque

na prevenção, a aluna inicialmente colocou a seguinte frase: “ Nada do que foi será de novo

do jeito que já foi um dia, se com a AIDS o indivíduo se infestar”. Pode-se então observar a

falta de esclarecimento e distinção entre os termos infestar e infectar, o que por muitos são

vistos como sinônimos. Assim, a aluna foi orientada a realizar uma pesquisa sobre o conceito

desses termos e relacioná-los a AIDS, para que pudesse perceber qual o adequado. Assim, ela

conseguiu perceber a diferença entre os dois termos e substituir “infestar” por “infectar”.

Outras dúvidas e erros surgiram e foram tratados da mesma forma, por meio de

orientações aos alunos, os quais foram orientados a pesquisar mais sobre aquele assunto, as

vezes de forma mais específica sobre certa concepção, como as diferenças nos termos infestar

e infectar. Algumas paródias não apresentaram erros, mas os alunos tinham dúvidas quanto

aos conceitos que poderiam utilizar. Da mesma forma, eles eram orientados a pesquisar mais

sobre o assunto. Três das dez paródias não precisaram de reajustes em relação à erros

conceituais, mas precisaram ser melhor trabalhadas em relação à ortografia, e coesão dos

termos utilizados no contexto da paródia.

Por meio deste processo de elaboração das paródias pode-se perceber que estas se

mostraram como recurso lúdico motivador e que ao mesmo tempo proporcionou uma maneira

de os alunos expressarem seus conhecimentos, concepções e erros conceituais sobre o

conteúdo trabalhado, de modo que a orientação junto aos autores do projeto possibilitou a

evolução dos alunos em relação a aprendizagem dos conceitos trabalhados, e

consequentemente possibilitou que algumas concepções alternativas fossem substituídas pelos

conceitos cientificamente corretos, o que mostra que o uso de paródias pode ser uma ótima

estratégia didática aliada ao ensino e aprendizagem, não se delimitando apenas ao seu caráter

divertido e prazeroso.

Portanto, a produção das paródias foi muito importante para os alunos, pois

abordaram, de uma forma diferente, conteúdos de Biologia que muitos não conseguiam

aprender apenas nos livros e na sala de aula, evidenciando uma forma divertida e dinâmica de

aprender Biologia. A aluna vencedora do concurso, disse em meio a sorrisos: “Compreendi a

lei de Mendel em poucos dias fazendo esta paródia, agora vou tentar criar música em todos

os conteúdos para aprender mais fácil”.

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Além das potencialidades relacionadas à aprendizagem, esse projeto também

proporcionou integração de da comunidade escolar, pois não mobilizou e atingiu apenas os

alunos que dele participaram diretamente, como “candidatos”, mas envolveu também toda a

comunidade escolar, desde os ASGs (Auxiliar de Serviços Gerais) e vigias, até a direção, que

esteve presente no dia da apresentação e se sentiu extremamente satisfeita. Esta satisfação dos

professores com a apresentação dos alunos pode ser sentida pelas declarações positivas e de

autoestima prestadas pela comunidade escolar, como descrito por GOMES et al (2014).

“Fiquei toda arrepiada e me deu vontade de chorar quando vi eles tocando.”

Professora supervisora de área do PIBID/UFRN/Biologia.

“É por isso que o Berilo Wanderley é reconhecido entre as escolas públicas de Natal”. Diretora da escola.

“Fantástico esse projeto de vocês”.

Professor de artes.

Além da elaboração das paródias terem sido uma ótima estratégia didática para os

alunos expressarem seus conhecimentos prévios sobre os conteúdos de Biologia e reaverem

sobre os erros conceituais, aprendendo a ressignificar esses conceitos, a elaboração delas

também proporcionou aos alunos expressarem e moldarem suas habilidades musicais,

cognitivas e afetivas, uma vez que essa atividade integrou os alunos de forma a se ajudarem e

perceberem o quanto a paródia poderia ser melhorada em nível de conhecimento, coerência e

coesão.

4. CONCLUSÃO

Com a realização deste projeto pode-se observar que, além da produção de paródias e

aprendizagem dos conteúdos de biologia pelos alunos, este projeto promoveu o envolvimento

de todos da escola e estreitou as relações entre alunos, professores, direção e demais

funcionários, pensando o quanto de experiência ele iria agregar à escola. O sucesso do

concurso e a satisfação de todos se deram justamente por esse motivo: iniciativa e vontade de

todos em contribuir, além do fato de os autores do projeto sempre envolverem, pedirem

opiniões, sugestões e ajuda aos funcionários de uma forma geral, sempre com o intuito de

envolver todos.

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Logo, conclui-se que o projeto foi um sucesso e abrangeu muito além do que os

objetivos iniciais propunham, expandindo saberes e estreitando as relações de escolares, em

prol de inovação e conhecimento na disciplina de Biologia.

5. REFERÊNCIAS

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CHAGURI, J. P. O uso de atividades lúdicas no processo de ensino/aprendizagem de espanhol como língua estrangeira para aprendizes brasileiros. 2006. Disponível em:<http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/u00004.htm

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MIRAS, M. Um ponto de partida para a aprendizagem de novos conteúdos: os conhecimentos prévios. In COLL, C. (org.) O construtivismo em sala de aula. São Paulo, SP: Editora Ática. 2006. p.57-77.

MIYAZAWA, Fernando Mori; URSI, Suzana. Avaliação da aprendizagem de conceitos ecológicos a partir da sequencia didática “Biomas Brasileiros”. São Paulo. 2010. Fonte: http://www.botanicaonline.com.br/geral/arquivos/MiyazawaUrsi2010%20%20Biomas%20Brasileiros.pdf

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SARABIA, B; VALLS, E. Trad Beatriz Afonso Neves. Porto Alegre: Artmed.1998. 6565