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Número 2140 - Julho 2017 - Ano 89 Versão digital: www.idefran.com.br Vingança privada: é preciso resistir à barbárie “Eu sou ladrão e vacilão”. Essa foi a frase tatuada na testa de um garoto de 17 anos, em São Bernar- do do Campo (09/06), após supos- ta tentativa de furto de uma bici- cleta. Desorientado e sob efeito de drogas, o adolescente foi amarra- do, teve os cabelos cortados, e re- cebeu a inscrição referida. Além de ser execrado em via pública, um dos responsáveis pelo ato compartilhou o suplício em vídeo, espalhando a tortura pelas Interferência do fenômeno mediúnico no tempo de ação de um medicamento A Mocidade Espírita “Nina” redes sociais, palco dos pelouri- nhos virtuais, em precisa expres- são, usada por Miguel Martins e Rodrigo Martins (Carta Capital, nº 957, O elogio à chibata). O episódio nos remete aos tem- pos do Brasil Colônia, em que marcas a ferro e fogo e mutilações de membros eram práticas habitu- ais e legais aos escravos desobe- dientes. Veja na página 8 as obras que serão distribuídas no próximo mês. Obras que circulam neste mês Clube do Livro Espírita do Idefran Quando há a aproximação de uma entidade espiritual, o mé- dium sente ou capta as emanações energéticas desse Espírito e isto determina um impacto das vibra- ções do campo mental do Espíri- Suplemento, pág. 2 Pág. 5 Suplemento, Pág. 1 to sobre o médium. Este impacto atua nos corpos energéticos com repercussão no organismo.

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Número 2140 - Julho 2017 - Ano 89Versão digital: www.idefran.com.br

Vingança privada: é preciso resistir à barbárie

“Eu sou ladrão e vacilão”. Essa foi a frase tatuada na testa de um garoto de 17 anos, em São Bernar-do do Campo (09/06), após supos-ta tentativa de furto de uma bici-cleta. Desorientado e sob efeito de drogas, o adolescente foi amarra-do, teve os cabelos cortados, e re-cebeu a inscrição referida.

Além de ser execrado em via pública, um dos responsáveis pelo ato compartilhou o suplício em vídeo, espalhando a tortura pelas

Interferência do fenômeno mediúnico no tempo de ação de um medicamento

A Mocidade Espírita “Nina”

redes sociais, palco dos pelouri-nhos virtuais, em precisa expres-são, usada por Miguel Martins e Rodrigo Martins (Carta Capital, nº 957, O elogio à chibata).

O episódio nos remete aos tem-pos do Brasil Colônia, em que marcas a ferro e fogo e mutilações de membros eram práticas habitu-ais e legais aos escravos desobe-dientes.

Veja na página 8 as obras que serão distribuídas no próximo mês.

Obras que circulam neste mêsClube do Livro Espírita do Idefran

Quando há a aproximação de uma entidade espiritual, o mé-dium sente ou capta as emanações energéticas desse Espírito e isto determina um impacto das vibra-ções do campo mental do Espíri- Suplemento, pág. 2

Pág. 5

Suplemento, Pág. 1

to sobre o médium. Este impacto atua nos corpos energéticos com repercussão no organismo.

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Editorial

AÓrgão mensal de divulgação espírita

Intermunicipalde Franca- Adolfo Mendonça Jr.Responsabilidade editorial:USE

Conselho Editorial: Mario Arias Martinez, Felipe Salomão, Euripedes B. Carvalho, Fernando A. P.Falleiros, Ademir G. Pinheiro, Marcos A. Faleiros, Maria Consuelo Aylon, Jaime B. Silva e João B. Vaz

Propriedade: Fundação Espírita Allan Kardec

Realização e responsabilidade editorial: Idefran - Instituto de Divulgação Espírita de Franca

Rua Major Claudiano, 2185, Centro, CEP: 14.400-690 - Franca ( ) - Tel.: 16 3721.8282SPwww.idefran.com.br - [email protected]

Fundado por José Marques Garcia e Martiniano Francisco de Andrade, em 15 de novembro de 1927

Controle de natalidade É certo que o homem, racio-

nal, não pode infringir as leis natu-rais. Procriar de maneira a atender à Natureza seria, portanto, a lógica de observância de tais princípios. Todavia, se Deus nos dotou de in-teligência, somos livres para agir, desde que guiados pelo bom senso, por princípios ético-morais, livres de ônus consciencial.

A realidade, entretanto, nos mos-tra que casais desprovidos de recur-sos prodigalizam na quantidade de filhos, mesmo diante do óbvio da impossibilidade de assisti-los.

Conquanto saibamos que todos ressurgimos no palco da vida em si-tuações que correspondam aos com-promissos individuais e intransferí-veis, ao casal cabe planejar a prole à qual julgue capaz de prestar a as-sistência que constrói. Se, por ou-tro lado, não exercitar a sua natural faculdade de planejar, e decidir que a Natureza estabeleça o número de filhos que venha a ter, certamente é porque está disposto a enfrentar as lutas materiais e morais para lhes garantir os meios indispensáveis a educação, saúde, segurança, traba-lho e bem-estar.

Jamais, contudo, falar-se em aborto, senão nos casos em que a gestante corre risco de morte em ra-zão da gravidez, quando é preferível proteger a vida de quem já existe à de quem ainda não nasceu, que, nes-se clima psíquico, saberá aguardar uma nova e favorável oportunidade.

Concebido, aguarde o filho com amor. Que se evite a concepção, quando, material e moralmente, conveniente. Muitas mães, às vezes, carregando filho no colo e acompa-nhadas por outros ainda pequenos, corrompendo a própria dignidade,

saem às ruas mendigando para aten-der o mínimo de necessidades de si e das crianças.

Quando indagadas porque não controlam a natalidade, respondem, frequentemente, tratar-se de proibi-ção religiosa. Mas, é preciso que se conscientizem de que, se é “pecado” praticar aborto, não é “pecado” con-trolar a natalidade por meios anti-concepcionais moralmente admissí-veis e segundo suas possibilidades.

Assim, é preciso que os atenden-tes das casas espíritas se instrumen-talizem no sentido de bem acudir a mães e pais que lhes buscam aten-dimento assistencial, conscientizan-do-os de que a verdadeira noção de caridade inclui a consistência da estrutura familiar, aqui, incluindo orientação para o exercício do sexo responsável.

Convenhamos, estará mais de acordo com a Lei Divina aquele que limitou o número de seus filhos às condições de que dispõe para assisti--los como convém, do que aquele outro que, em nome da crença, co-loca no mundo quantidade de filhos sem que os possa assistir, causando--lhes, no mínimo, desestabilização emocional, desequilíbrio psíquico, de cujos exemplos o mundo está re-pleto, a mostrar que faltou o impor-tante elemento denominado família estável, a base das sublimes realiza-ções do espírito.

E, por oportuno, aqui nos cabe parabenizar aqueles irmãos nossos que, sem que tenham tido uma famí-lia estável, não se deixaram abater e se realizam como heróis, assimi-lando as experiências da vida, tendo como seus irmãos a humanidade in-teira, na certeza de que todos somos filhos do mesmo Pai.

Biblioteca do IdefranHabitue-se a frequentá-la

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Pai Nosso - IIO Evangelho segundo o Espiritismo

Eurípedes B. Carvalho

Retomamos o estudo sobre a ora-ção Pai Nosso, onde, frase a frase, Kardec vai ampliando o seu sentido, apresentando-a em sua forma mais desenvolvida. Aconselhado pelos Espíritos e com a assistência deles, o Codificador vai-nos revelando, gra-dativamente, as sábias ilações que se podem tirar de cada item dessa prece. É o que veremos a seguir:

Prece – I. Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome!

“Cremos em ti, Senhor, porque tudo revela o teu poder e a tua bon-dade. A harmonia do Universo dá tes-

temunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades hu-manas. Em todas as obras da Criação, desde o raminho de erva minúscula e o pequenino inseto, até os astros que se movem no Espaço, o nome se acha inscrito de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda parte, se nos depara a prova de paternal solicitude. Cego, portanto, é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que te não glorifica e ingrato aquele que te não rende graças.”

II – Venha o teu reino!

“Senhor, deste aos homens leis plenas de sabedoria e que lhes dariam a felicidade, se eles as cumprissem. Com essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça e mutuamente se au-xiliariam, em vez de se maltratarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, em vez de o esmagar. Evita-dos seriam os males, que se geram dos excessos e dos abusos. Todas as misérias deste mundo provêm da vio-lação de tuas leis, porquanto nenhu-ma infração delas deixa de ocasionar

fatais consequências. Deste ao bruto o instinto, que lhe traça o limite do necessário, e ele, maquinalmente, se conforma; ao homem, no entanto, além desse instinto, deste a inteli-gência e a razão; também lhe deste a liberdade de cumprir ou infringir aquelas das tuas leis que pessoalmen-te lhe concernem, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabi-lidade das suas ações. Ninguém pode pretextar ignorância das tuas leis,

pois, com paternal previdência, qui-seste que elas se gravassem na cons-ciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Se as violam, é porque as desprezam. Dia virá em que, seguindo tua promessa, todos as praticarão. Desaparecido terá, então, a incredulidade. Todos te reconhece-rão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado das tuas leis será o teu reino na Terra. Digna-te, Senhor, de apressar-lhe o advento, outorgan-do aos homens a luz necessária, que os conduza ao caminho da verdade”.

III – Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu.

“Se a submissão é um dever do fi-lho para com o pai, do inferior para com o seu superior, quão maior não deve ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer a tua vontade, Senhor, é observar as tuas leis e submeter-se sem queixumes, aos teus decretos. O homem a ela se submeterá, quando compreender que és a fonte de toda a sabedoria e que sem ti ele nada pode. Fará, então, a tua vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu”.

Intencionalmente, transcrevemos, ipsis litteris, os pensamentos do mes-tre lionês, com o intuito de não di-minuir a grandeza e a sabedoria dos conceitos por ele elaborados sob a as-sistência de seus mentores espirituais, a respeito dos tópicos que compõem a oração Pai Nosso. O objetivo que nos move, pois, é a divulgação dessas páginas que finalizam o Evangelho Segundo o Espiritismo, pouco conhe-cidas e comentadas entre nós, espíri-tas. Continuaremos.

O Codificador vai-nos revelando,

gradativamente, as sábias ilações que se podem tirar de cada item dessa prece (Pai

Nosso)

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Existem duas formas de discutir--se um assunto com nosso próximo: de forma saudável, buscando enten-dimento comum, na base da harmo-nia e da paz, sem imposições e onde todos saem ganhando; e de forma doentia, com prevalência de interes-ses pessoais, vaidade, cólera e im-posição de ideias, com derrota para todos.

A primeira forma, evidentemen-te bem-sucedida, dá bons frutos e vai ao encontro do que preconiza o evangelho. A segunda, no entanto, traz dor e sofrimento desnecessários e é o motivo que nos traz aqui para

as posteriores reflexões deste texto.Todos os dias, nos deparamos

com situações que nos chamam à discussão com o nosso próximo. Questões de trabalho, esporte, mo-ral, e etc. Todo e qualquer ponto de vista diferente, opinião colocada, já nos é motivo para argumentar, retru-car, tentar convencer.

Vamos refletir um pouco.Antes de entrarmos em qualquer

discussão, cumpre analisarmos os seus reais motivos. Muitos discutem por estarem, segundo afirmam, de-fendendo a verdade e a justiça. No entanto, se bem analisado, muitos defendem, de fato, apenas interesses pessoais, mesmo que sejam eles a vaidade e a soberba.

Isso sem falar do fato de que muitas discussões, ouso dizer que a maioria delas, realmente não re-sultam em absolutamente nada de ganho, para nenhuma das partes. Termina-se a contenda, os envolvi-dos têm suas energias desgastadas e a situação original em nada mudou.

Outras vezes, as discussões são utilizadas como meio de punição, onde um, talvez melhor preparado intelectualmente, mas desprovido de sentimento, usa de sua inteligência para oprimir o outro, vencido e hu-milhado.

Se olharmos para trás, seja na úl-tima semana ou em nossas vidas, e observarmos em quantas discussões entramos e saímos, com maior ou menor dispêndio de energia, vamos perceber que a esmagadora maioria delas foi, de fato, inútil.

Quanto mais uma pessoa tem que discutir, argumentar, falar alto, ten-

Discussões desnecessárias

tar se impor, menos razão ela pode ter. A verdade, como sabemos, se impõe por força dos fatos e do tem-

po, cabendo ao seu detentor apenas a humildade da espera e a força do trabalho.

Acredito que tais raciocínios se apliquem a todos nós, independente-mente de cargo, posição social, cor da pele, culto religioso ou qualquer outra suposta “diferença”. Todos es-tamos no exato lugar onde Deus nos colocou e detemos exatamente aqui-lo que precisamos para nossa evolu-ção espiritual.

Portanto, cada um, em sua posi-ção, deve guardar consigo sua cota de verdade e de humildade e, com isso, trabalhar silenciosamente no bem comum, sem necessidade de querelas ou discussões.

A verdade tem voz e fala por si.Guardemos nossa energia para o

bem. Certos ou errados, o tempo, a

consciência e Deus vão nos dizer. Se nos mantivermos trabalhando e em silencio, poderemos ouvir.

Dr. Rodolfo de Moraes Silva é médico, palestrante espírita e presidente da AME--Franca (Associação Médico-Espírita de Franca).

Antes de entrarmos em qualquer

discussão, cumpre analisarmos os seus

reais motivos

AME-Franca - Associação Médico-Espírita de Franca

Rodolfo de Moraes Silva

Contempla mais longeAprendendo com Emmanuel

Para o esquimó, o céu é um conti-nente de gelo, sustentado a focas.

Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso, além da caça abun-

“Porque com a mesma medida com que medirdes

também vos medirão.” – Jesus. (Lucas, 6:38.)

olvides que as situações externas se-rão retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência.

Se perseverares na cólera, todas as forças em torno te parecerão iradas.

Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada trecho do cami-nho.

Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço.

Se te habituaste às perturbações e aos atritos, dificilmente saberás viver em paz contigo mesmo.

Respirarás na zona superior ou in-ferior, torturada ou tranquila, em que colocas a própria mente. E, dentro da organização na qual te comprazes, vi-verás com os gênios que invocas. Se te deténs no repouso, poderás adqui-ri-lo em todos os tons e matizes, e, se te fixares no trabalho, encontrarás mil recursos diferentes de servir.

Em torno de teus passos, a paisa-gem que te abriga será sempre em tua apreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que aplicares à Natureza, obra viva de Deus, a Natureza igualmente te me-dirá.

Livro: Pão Nosso – Psicografia de Fran-cisco Cândido Xavier.

dante.Para o homem de religião sectária,

a glória de além-túmulo pertence ex-clusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.

Para o sábio, este mundo e os cír-culos celestiais que o rodeiam são pe-queninos departamentos do Universo.

Transfere a observação para o teu campo de experiência diária e não

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Associação Jurídico-Espírita do Brasil

bre a crueldade ensina que ela revela o que há de pior no instinto de des-truição. Enquanto a destruição pode ser uma necessidade, a crueldade resulta de uma natureza má (O livro

Vingança privada: é preciso resistir à barbárieMaria A. Santos Essado e Tiago Cintra Essado

“Eu sou ladrão e vacilão”. Essa foi a frase tatuada na testa de um garoto de 17 anos, em São Bernar-do do Campo (09/06), após suposta tentativa de furto de uma bicicleta. Desorientado e sob efeito de drogas, o adolescente foi amarrado, teve os cabelos cortados, e recebeu a inscri-ção referida.

Além de ser execrado em via pú-blica, um dos responsáveis pelo ato

compartilhou o suplício em vídeo, espalhando a tortura pelas redes so-ciais, palco dos pelourinhos virtu-ais, em precisa expressão, usada por Miguel Martins e Rodrigo Martins (Carta Capital, nº 957, O elogio à chibata).

O episódio nos remete aos tempos do Brasil Colônia, em que marcas a ferro e fogo e mutilações de mem-bros eram práticas habituais e legais aos escravos desobedientes.

Ainda, “na falta de registros es-critos e para identificar o ladrão que mudava de nome ou de lugar, cos-tumava-se marcar o seu rosto com a letra “F”, símbolo da forca. Em 1612, a Lei da Reformação da Justiça determinou que, em Portugal, a mar-ca se deslocasse para os ombros do

condenado: assim o sinal da infâmia era oculto pelas vestes. Se quisesse, a pessoa poderia se ‘emendar’”, diz Luís Francisco Carvalho Filho (Fo-lha de S. Paulo, 17/06, O poder das aparências).

A Constituição Federal de 1988 garante a dignidade humana, veda a tortura e o tratamento desumano e degradante. Contudo, a previsão constitucional de quase 30 anos não foi suficiente para incutir em par-te da sociedade brasileira o respeito ao próximo, inclusive o acusado e o condenado por práticas criminosas.

A Doutrina Espírita ao refletir so-

A Constituição Federal de 1988 garante a

dignidade humana, veda a tortura e o tratamento desumano e degradante

dos Espíritos, questão 752).A práticas cruéis falta o desenvol-

vimento do senso moral. O aplauso a tais práticas também nos parece reve-lar a ausência dele.

Se o sujeito praticou um crime, cabe à sociedade, agentes públicos e privados, o remeter às vias legais, para que haja um processo justo. Contudo, o linchamento e a tortura, apesar de vedados, ainda são fre-quentes.

O Espiritismo desde seu início sinalizou que “a pena de morte de-saparecerá incontestavelmente e sua supressão assinalará um progresso da Humanidade” (O livro dos Espíritos, questão 760). O mesmo se pode di-zer da tortura e de toda prática cruel e desumana.

Em resumo: para progredir, é pre-ciso resistir a toda tentativa de vin-gança privada.

Maria Auxiliadora Santos Essado é defen-sora pública/SP, membro da AJE-SP (Asso-ciação Jurídico-Espírita de São Paulo)

Tiago Cintra Essado é promotor de justiça/SP e presidente da AJE-BRASIL (Associa-ção Jurídico-Espírita do Brasil)

Em Matão, 7º Encontro Anual Cairbar Schutel - EAC

Local: SOREMA.Data: 2 e 3 de setembro – sábado e domingo. Um encontro para a família toda, com atividades inclusive para crianças.Inscrições e informações gerais no site www.institutocairbarschutel.org Presenças: Marcus de Mário (RJ), Sandra Borba, (RN) e Alzira Bes-sa (MG).Tema: Educação com Jesus.Valor mínimo de inscrição até 31 de julho.

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“Antes sede uns para com os outros benignos”. - Paulo ¹

No dia a dia, somos impelidos a diferentes ações para avançar-mos no caminho: sentimos, estu-damos, ensinamos, trabalhamos, falamos, conhecemos etc. Toda-via, é importante que cada uma

dessas ações seja realizada com clareza a fim de ser aproveitada ao máximo, para que não se perca a oportunidade.

Emmanuel lembra, por exem-plo, “que é preciso estudar com clareza para aprender com enten-dimento”; “conhecer discernindo para ensinar com bondade.” ² Não é difícil entender essas colocações porque, diariamente, todos nós so-mos constrangidos à ação, e é pelo que fazemos que cada um estará decidindo sobre seu destino. As-cender à luz ou descer à treva é es-colha individual e intransferível.

A vida é constituída de pontos de vista, sabemos nós, como tam-bém não ignoramos que ponto de vista não representa a verdade to-tal, real. Por isso mesmo, a vida constitui-se de trincheira de lutas, uma vez que muitos buscam de-fendê-lo de forma desesperadora.

Os convites de Jesus tornam--se, assim, um mergulho real den-tro de nós para mostrarmos, a nós mesmos, a nossa posição diante da luz, diante da verdade – pon-to de vista ou realidade total? – e esse mergulho só terá sentido se pretendermos, efetivamente, en-tender o porquê da vida, com o objetivo claro de crescer em ser-viço e burilamento constantes. ³

O direito inalienável de esco-lhermos o bem e o mal, o certo e o errado, a luz e a treva nos é dado por misericórdia divina e,

também, com ele nos é concedida a oportunidade de conhecer a so-lidariedade, a fraternidade e a har-monia. Nossa busca nesse terreno de batalhas, de posse desses recur-sos, é o conhecimento dessa ver-dade total, real, com a harmonia e com as esferas superiores. No dia em que conquistarmos isso, tere-mos aprendido a executar, com fi-delidade, o pensamento de Jesus. Estaremos integrados, através do coração e da razão, aos preceitos morais do Evangelho.

Penetrar nessa verdade é com-preender as obrigações que nos competem, renovando o próprio entendimento, transformando esse campo de batalha, em que mergu-lhamos para defender pontos de vista individuais ou grupais, em campo de responsabilidade com a melhor ação, pequena ou grande, do copo de água pura ao silêncio contra o mal, do favor gratuito de algumas moedas ao livro nobre dado com amor. Tudo é trabalho. Tudo é ação no bem.4

Hoje, vivendo cada um no seu campo de lutas acerbas, mostra que o Evangelho está deturpado em nossas mentes: forte é quem esmaga o fraco; humilde é quem

Autoevangelização e empatia

se deixa humilhar; inteligente é quem age com esperteza e en-ganação; o não matarás está lon-ge do entendimento verdadeiro, porque permanecemos matando

sonhos, esperanças, os bens da Natureza... Todavia, ele é claro e seguro em suas afirmações. É o código de conduta, por excelên-cia, que nos garante um caminhar sem tropeços.

Judiciosamente, o apóstolo Paulo, nos deixa a lição: “Por-tanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é em vão.” (I Corín-tios, 15: 58.)

Bibliografia

1 – PAULO (Efésios, 4:32.)2 –Xavier, F.C. Palavras de

Vida Eterna, pelo Espírito Em-manuel – 20. ed., Edição CEC – UBERABA/MG – 1995 – lição 44.

3 - _____________ . Fonte Viva – 31. ed., FEB - RIO DE JANEIRO/RJ – lição 173.

4 - _____________ . Vinha de Luz – 14. ed., FEB – RIO DE JA-NEIRO/RJ – lição 39.

Leda Maria Flaborea

Todos nós somos constrangidos à ação, e é pelo que fazemos que cada um estará decidindo sobre seu

destino

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Esta é uma história real, que aconteceu no século II, por volta do ano 131 depois de Cristo, e faz parte do livro 50 anos depois, de Emmanuel, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier. Selecionamos um diálogo do capítulo 6 (2ª parte)

e o adaptamos para o Cantinho Scheilla. Querida criança, se as lições de Jesus abrandam, modificam até os animais, vale a pena pensar sobre os efeitos positivos

dos ensinos do Evangelho em nosso comportamento. Esteja sempre presente nas aulas de Evangelização, participe do Culto do Evangelho no Lar, frequente as reuniões doutrinárias e você estará em constante contato com nosso Amado Mestre Jesus.

Boa leitura!

Cantinho Infantil “Scheilla”Vera Márcia Silva

As lições de Jesus sensibilizam até os animais

No horto do Irmão Marinho

Scheilla

das ovelhas, construindo para isso um só redil4. Ainda pequenos, os animaizinhos eram levados às preces de Irmão

Marinho ao ar livre. As crianças sempre acreditaram que as lições de Jesus deviam sensibilizar até os animais.

Com o tempo, os cabritos brigões desapareceram. Crescendo jun-tos, comendo a mesma relva5 e sentindo sempre a mesma companhia, uns dos outros, acabaram-se as brigas e a inimizade6. Desde então, o redil voltou a ser um ninho de harmonia e de paz no horto de Irmão Marinho.

Até a próxima edição,

amiguinhos!

Irmão Marinho era jardineiro em um mosteiro¹, localizado em Alexandria (Egito), onde havia um horto² com árvores frutíferas que nunca eram cortadas. Debaixo de suas sombras descansavam ovelhas que davam lãs claras e macias.

Jumentas e cabras mansinhas forneciam o leite nutritivo e, de vez em quando, pombos voavam alto em alegre revoada³.

Entre as verduras corriam as águas de um riacho. E os legumes eram cultivados com carinho.

Além de cuidar do horto, Irmão Marinho dava aulas às crian-ças de sua modesta escola e, ao entardecer, laranjeiras e oliveiras serviam-lhe de cenário para as preces e as belíssimas narrações do Evangelho de Jesus.

Todos que visitavam o mosteiro ficavam encantados com a be-leza do horto e a generosidade da terra.

No entanto, houve uma época em que os cabritos mais velhos começaram a perseguir os cordeirinhos mansos e pequeninos.

Então, as crianças da escola, recordando que Jesus tudo conse-guia pela brandura do ensinamento, resolveram ajudar na criação

Querida criança, se as lições de Jesus sensibilizam até os animais, o que não farão em seu favor? Você já consegue ser amável com a mamãe, papai, irmãos e amigos? Já é capaz de ser mansa como os cordeirinhos? Que tal tentar? Vai valer a pena!

Vamos fazer ovelhinhas de Dobradura

Se eu sou filhote, sou cordeiro. Depois que cresço, eu dou a lã, a carne e o leite (para beber e fazer queijo). Sou mansa e sensível. Quem sou eu? Ligue as letras de A a Z para descobrir qual o meu nome.

Sugestão: Os evangelizadores podem propor a ilustração desta narrativa repleta de ternura e aprendizado.

Vocabulário1mosteiro - casa de religiosos, monges e/ou monjas2horto - pequeno terreno onde são cultivados pomar, horta e jardim3revoada - bando de aves em voo 4redil- lugar cercado onde se prendem animais5relva - grama 6inimizade - sentimento que faz enfrentar o outro com raiva ou ódio

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1 - UM FANTASMA EM LON-DRES – A médium Sarah Kilimanjaro re-pete a parceria com o espírito Vinícius e traz a lume este envolvente romance. Narra a história do fidalgo Richard Stuart que, vi-venciando uma trajetória de conflitos, acaba assassinado. Passa então a perseguir aque-les que o vitimaram e, até que é resgatado, torna-se um fantasma em Londres.

3 - FLORESÇA NA INTIMIDADE DAS DORES – O escritor e conferencista espírita Dr. Izaias Claro mostra, nesta obra, a necessidade do Evangelho para bem vi-venciarmos as dores próprias de nossa exis-tência. Apoiado na ideia de que devemos florescer onde Deus nos coloca, este livro orienta, de maneira segura, quanto a postu-ras e comportamentos que nos oferecem a possibilidade da renovação.

O GIRASSOL QUE NÃO ACOMPANHAVA O SOL e LUANA: A AMIGA DAS ESTRELAS – Neste mês, temos dois livros infantis que trazem preciosos ensinamentos para os pequenos. Nicolau era um girassol que aprendeu que todos temos uma tarefa neste mundo e que devemos entender a nossa. Luana era apaixonada pelas estrelas e... não é que, um dia, ela recebe a visita de uma estrela em forma de fada que muito a ensina?

2 - ENERGIA MENTAL E AUTO-CURA – O professor Alírio de Cerqueira Filho, nesta primorosa obra, aborda a ques-tão de nossa vida subconsciente e de nossas opções pela vivência do prazer a qualquer custo, o que gera doenças mentais e físicas, tais como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e doenças degenerativas. Aponta caminhos para a vivência saudável.

Opções para o próximo mêsClube do Livro Espírita do Idefran

Caso prefira, no lugar das opções aqui indicadas, ou cumulativamente, o associado poderá optar por dois exemplares das obras básicas do Espiritismo, editadas pelo IDE.

Atendemos solicitações para sobras de meses anteriores

As ótimas espitirinhas aqui publicadas estão em www.espitirinhas.blogspot.com.br e são de autoria de Wilton Pontes a quem apresentamos nosso reconhe-cimento tanto por seu trabalho como pelo desprendimento em liberar sua publicação gratuita.

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