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Versão integral disponível em digitalis.uc · não se resume a um conflito político e militar, pelo contrário. Veremos que o ressurgimento doutrinário de pendor tradicionalista

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R E P Ú B L I C A

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COORDENAÇÃO CIENTÍFICA DA COLECÇÃO REPÚBLICA

Amadeu Carvalho Homem

COORDENAÇÃO EDITORIAL DA COLECÇÃO REPÚBLICA

Maria João Padez Ferreira de Castro

EDIÇÃO

Imprensa da Universidade de CoimbraEmail: [email protected]

URL: http//www.uc.pt/imprensa_ucVendas online: http://www.livrariadaimprensa.com

CONCEPÇÃO GRÁFICA

António Barros

INFOGRAFIA

Carlos CostaImprensa da Universidade de Coimbra

ILUSTRAÇÃO DA CAPAIlustração Portuguesa, II Serie - N.º 680

Bonet encontrado no quarto de Paiva Couceira.

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Tipografia Lousanense

ISBN978-989-26-0076-5

DEPÓSITO LEGAL319446/10

OBRA PUBLICADA COM O APOIO DE:

© NOVEMBRO 2010, IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

ISBN Digital978-989-26-0172-4

DOIhttp://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-0172-4

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A C o n t r a - R e v o l u ç ã o n a I R e p ú b l i c a

1 9 1 0 - 1 9 1 9

Miguel Dias Santos

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Ao Miguel eà Madalena

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Sumário

introdução....................................................................................................................... 9

Parte.i:.GéneSe.da.Contra-revolução.(1910-1913)..........................................................17

CaPítulo.i:.a.reaCção.monárquiCo-CleriCal.......................................................................19

1.A«RepúblicadosSapateiros».............................................................................19

2.Paraumasociologiadacontra-revolução..........................................................55

2.1.Nobrezaecaciquismo......................................................................................60

2.2.Ocleroeomovimentorestaurador................................................................64

2.3.Oexércitoearestauração...............................................................................76

CaPítulo.ii:.«o.PeriGo.monárquiCo»..................................................................................87

1.Acontra-revolução«Petisqueira».........................................................................87

2.Do29deSetembroàIIncursão..........................................................................110

2.1.Omovimentointerno.....................................................................................118

2.2.Aprimeiraincursãomonárquica...................................................................126

3.DoPactodeDoveràSegundaIncursão..............................................................134

3.1.Asegundaincursão........................................................................................150

4.A«PrimeiraOutubrada».....................................................................................162

Parte.ii:.natureza.da.Contra-revolução.(1914-1917)...................................................177

CaPítulo.i:.a.direita.monárquiCa..................................................................................179

1.Conservadoreseantimodernos..............................................................................179

2.Conservadorismoliberal.........................................................................................192

3.Tradicionalismooua«GeraçãodoRegresso»........................................................207

4.A«questãodoutrinária»:liberalismooutradição?..................................................218

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CaPítulo.ii:.oS.monárquiCoS.e.a.Grande.Guerra............................................................243

1.AGuerracomo«RevoluçãoConservadora»......................................................243

2.NaçãoeImperialismo............................................................................................256

CaPítulo.iii:.oS.monárquiCoS.Contra.a.Guerra...............................................................269

1.A«SegundaOutubrada».....................................................................................269

2.Da«ditadura»PimentadeCastroao14deMaio..............................................293

3.Contra-mobilizaçãoecontra-revolução............................................................320

Parte.iii:.a.Contra-revolução.entre.o.auGe.e.o.deClínio.(1918-1919)...........................367

CaPítulo.i:.do.SidoniSmo.àS.JuntaS.militareS..................................................................369

1.Osmonárquicoseosidonismo........................................................................369

2.AsJuntasMilitares.............................................................................................393

CaPítulo.ii:.a.monarquia.do.norte...............................................................................417

1.«Ouagora…oununcamais».............................................................................417

2.Deus,Pátria,Rei................................................................................................427

3.Monsanto...........................................................................................................447

4.A«guerradeboasvontades».................................................................................458

ConCluSão......................................................................................................................487

FonteS.e.BiBlioGraFia.....................................................................................................495

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nota.Prévia

Olivroqueagorasepublicacorrespondeaotexto,revistoealterado,daminha

dissertaçãodedoutoramentoemLetras(HistóriaContemporânea),cujasprovas

públicasserealizarama27deJaneirode2010,comotítuloAntiliberalismo

e contra-revolução na I República (1910-1919).Fizerampartedojúri,presidi-

dopeloprofessordoutorFernandoCatroga,osprofessoresdoutoresAmadeu

CarvalhoHomem,MariadaConceiçãoMeireles,ErnestoCastroLealeSérgio

CamposMatos,aquemtestemunhoaminhagratidãopelaqualidadedascrí-

ticasesugestões.

Dotextooriginal,paraalémdarevisãoformal,suprimiram-seaslongastrans-

criçõesdocumentaiscolocadasemnotaderodapéequeserviramdefundamen-

toaleituraseinterpretações.Eliminaram-setambémosanexosdocumentais.

Oleitormaisinteressadonasprovasdocumentais,nasuamaioriainéditas,deve

consultarotextooriginal.

QueroaquiconsignaramaisvivagratidãoaoprofessordoutorAmadeu

CarvalhoHomem,queorientouestainvestigaçãocomelevadointeresseecom-

petência,porestesanosdeaprendizagemedeconvíviointelectualecívico.

DevotambémumapalavradesinceroagradecimentoaoprofessordoutorJoão

GouveiaMonteiro,directordaImprensadaUniversidadedeCoimbra,poraceder

apublicarestetextonacolecçãoRepública, integradanoprogramaeditorial

associadoàscomemoraçõesdocentenáriodaIRepública.

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aBreviaturaS

ADG–ArquivoDistritaldaGuarda

AHD-ArquivoHistórico-Diplomático

AHM–ArquivoHistórico-Militar

BNP–BibliotecaNacionaldePortugal

CEP–CorpoExpedicionárioPortuguês

CTGL–CorpodeTropasdaGuarniçãodeLisboa

DGAPC–DirecçãoGeraldaAdministraçãoPolíticaeCivil

EAO–EspóliodeAiresdeOrnelas

ELM–EspóliodeLuísdeMagalhães

GNR–GuardaNacionalRepublicana

IAN/TT–InstitutodosArquivosNacionais/TorredoTombo

MI–MinistériodoInterior

MNE–MinistériodosNegóciosEstrangeiros

TMEL–TribunalMilitarEspecialdeLisboa

TMTL–TribunalMilitarTerritorialdeLisboa

UON–UniãoOperáriaNacional

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introdução

«A proclamação da República foi recebida, de braços abertos, por toda

a gente que em Portugal, directa ou indirectamente, intervinha na política.

Melhor do que isso: a proclamação da República foi recebida, de braços

abertos, por todos os indiferentes que, afinal, a essa data, constituíam a

grande maioria das classes conservadoras, verdadeiras forças vivas de uma

nação de iletrados. Por esse país fora o comércio, a lavoura ou a indústria

não eram monárquicos nem republicanos: em regra a única manifestação

da sua solidariedade com as instituições consistia em votar com os amigos.

Desobrigados desse compromisso voltavam ao seu negócio, às suas terras

ou aos seus algodões. Para eles a República era uma esperança, embora

imprecisa».

(CunhaeCosta,«BalançoPolítico»,inO Dia,n.º374,31-12-1912,p.1.)

Acontra-revoluçãoconstituiumapartesignificativadahistóriadaIrepú-

blicaportuguesa.Poderá,pensamosnós,trazeralgumasrespostasàquestão

centralcolocadapelahistoriografiadesteperíodo:porquefalhou(aceitandoque

falhou)aprimeirarepública?Nãosetrataaquideacusarosmonárquicosda

instabilidadeendémicadoregime,comofizeramalgumasleiturasideologica-

mentecomprometidas.Trata-sedecompreenderolugardacontra-revoluçãona

evoluçãohistóricadesteperíodoconturbado,quecomeçouefectivamenteem

1890eprosseguiu,pelomenos,até1926,apesardosprolongamentosideológicos

posteriores.

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Ahistóriadacontra-revoluçãonãopodeporissoreduzir-seaumsimples

conflitopelocontrolodoEstadoprotagonizadoporfacçõesantagónicas,defen-

dendoregimesdiferentes.Representaemprimeirolugararecusadamodernida-

depolíticapropostapelarepública,recusaveiculadapordiferentessegmentos

dasociedadequeaquienquadramossobadesignaçãodemundoconservador.

ComoacentuaCunhaeCosta,advogadorepublicano,natranscriçãoem

epígrafe,arepúblicafoirecebidaemgeralcomouma«esperança,emboraim-

precisa».Esteoptimismoinicial,estacrençanasvirtudesregeneradorasdonovo

regime,foiumlampejoquedepressaesmoreceu,dandoorigemaumfenóme-

nodereacçãoecontra-revolução.Aolongodestelivro,procuramosexplicar

aorigemenaturezadessacontra-revoluçãoeasuaevoluçãoatéaoclímax

darestauração,em1919.Maséimperiosoquesedigaqueacontra-revolução

nãoseresumeaumconflitopolíticoemilitar,pelocontrário.Veremosqueo

ressurgimentodoutrináriodependortradicionalistasefarátambémdentrode

algunspressupostosdaideologiacontra-revolucionária,visíveisnorenascimento

doPartidoLegitimistaedasualiteraturapró-miguelistaedasnovascorrentes

donacionalismomonárquico.

Asrazõesqueditaramacontra-revoluçãomonárquica,temáticanemsempre

devidamentevalorizadapelahistoriografia,correspondemàquiloqueasocio-

logiapolíticaidentificacomorupturaouinexistênciadeumconsenso,deque

resultouoconflitoideológicoearecusadalegitimidadepolítica1.AntónioCosta

Pintoidentificoutrêsclivagenssócio-políticasquecontribuíramparaofracasso

darepúblicaequepodemosassumircomorupturasouimpedimentosàformação

doconsenso:aquestãodoregime,aquestãoreligiosa,queesteautoridentificou

comasecularização,eaoposiçãoentreocampoeomundourbano2.Éforçoso

reconhecerqueemtodasestasdimensõesapresençadosmonárquicosécentral

erelevantecomoinstânciaexplicativa.Mas,comoprocuraremosdemonstrar,foi

sobretudoemtornodeclivagensideológicasqueseconcebeuarupturacomo

consensoinicial,foiapartirdelasqueseforjouacontra-revolução.

1Cf.SeymourMartinLipset,Consenso e Conflito,Lisboa,Gradiva,1992,p.15.Sobreaquestãodalegitimidade,leia-seMaxWeber,Três Tipos de Poder e outros Escritos,Lisboa,Tribuna,2005.

2AntónioCostaPinto«AQuedadaPrimeiraRepública»,inA Primeira República Portuguesa entre o Liberalismo e o Autoritarismo,Lisboa,EdiçõesColibri,2000,pp.33-34.Atesefoirepetidaem«Aquedada1.ªRepúblicaPortuguesa:umainterpretação»,inManuelBaiôa(ed.),ob. cit.,pp.165-183.

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EseaceitarmosahipótesedomesmoCostaPinto,segundoaqualoeixo

analíticoqueexplicaofracassodarepúblicaresidenaformaçãodeumsólido

eixocivil-militarquecontestouduramentealegitimidadedanovaautoridade3,

ocampomonárquicotempelomenosdireitoaumaposiçãodesignificativo

relevo.Duranteanos,aacçãosubversivadosmonárquicosmaisactivosminou

aautoridadeealegitimidadedarepública,conspirandoeaçodandoodescon-

tentamentodasociedadeciviledacaserna.Étodaessaactividadeconspirativa,

nemsemprefácildereconstruir,equeculminanarestauraçãodamonarquia

em1919,queseráobjectodeumapartedestelivro.Correspondeaoestudoda

contra-revoluçãonasuafacetadiacrónica,estabelecidaapartirdasconjunturas

maisconturbadasdonovoregime.Procurandoarticularumadimensãoanalíti-

ca,dependormaisnarrativo,comosnecessáriosenquadramentosexplicativos,

procurámostornarinteligíveisosfenómenospolíticos,estabelecendo,aomesmo

tempo,anaturezadosmeioseatipologiadasacçõessubversivasdesencadeadas

peloscontra-revolucionários.

Aanálisecronológicadacontra-revoluçãoperderiaemriquezaexplicativase

secundarizasseosdebatesdoutrinárioseasquestõesideológicas.Énaesferada

ideologia,naexistênciadeumamundividênciaalternativaaorepublicanismo,que

ahistóriadaoposiçãomonárquicapodeconquistarprotagonismonumaanálise

globaldaevoluçãodasociedadeportuguesaentre1890e1926.Emnossoenten-

der,arepúblicaprocurouharmonizar-se,afinal,comosecosprogressistasede-

mocratizantespropaladospordiferentescorrentesradicaisdesdeofinaldoséculo

XIX,paraquemoparlamentarismooligárquicodamonarquiaconstitucionalestava

longederesponderàsexigênciasdoliberalismopositivo.ParaquemoEstado

centraleburocrático,dominadopelaselitesburguesasdospartidosdinásticos,e

atoladonumestadovegetativodecorrupçãoendémica,estavalongederesponder

àscrescentesreclamaçõesdasclassesproletárias.Nãoéporacasoqueasreivindi-

caçõesdestessectoresmaisprogressistasseencontravamnascidades,associadas

aoparcodesenvolvimentoindustrialeaumacertaconsciênciadeclasse.

TalcomonaEuropa,opartidosocialistaeosgruposradicaisdoanarco-

-sindicalismopressionavamosgovernosnosentidodeumalargamentodemo-

crático,quepelomenostendesseaoestabelecimentodosufrágiouniversal.Em

3Ibidem,p.42.

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Asmovimentaçõesdareacçãoaumentaramdeintensidade,agravandooclima

detensãoeódio,atravésdacirculaçãodenovospanfletoscontra-revolucionários

queproclamavamoóbitopolíticodoregime:«Arepúblicaestámorta.Morreuno

diaemqueperseguiuamagistratura, a imprensa e a religião.Mortaarepública,

faltaapenasfazer-lheoenterro:éprecisoqueváemcaixãodechumbo,bem

calcadodoexorcismodacalpurificadora,eatirá-laparaacarretadosenterros

civis.Logoqueocaixãodechumboestejapronto,arepúblicadesceráaotúmu-

lo.AssimoqueroPovoPortuguês,assimoordenaaconsciênciacolectiva»375.O

panfletarismoreaccionárioexpeliaameaçasqueogovernoprovisórioeosre-

publicanosradicaislevaramasério,numaépocaemqueo«perigomonárquico»

eraalgomaisdoqueumaelaboradamaquinaçãodosradicais.Foiparaenfrentar

esse «perigomonárquico»quesedesencadeouumasériedemecanismosno

Verãode1911.

ApartirdeMaioerajávisívelorecrudescimentodediferentestramasconspi-

rativaseo«perigomonárquico»passouasermaisreal.Pareceexistirumarelação

directaentreestefenómenoeospreparativosparaaseleiçõesconstituintes,que

oministériodointeriorconvocoupara28deMaio.Éforçosoreconhecerquea

intensidadedacontra-revoluçãofoiproporcionalaosprogressospolítico-institu-

cionaisnosentidodeaprofundaralegalidadeealegitimidadedarepública.Se

atéentãooconflitoreligiosoestavanocentrodetodooprocessodecontestação,

oprocessoeleitoralcriouumnovofocodetensãoecontrovérsia,aprofundando

aclivagempolítico-socialjáentãoirreversível.Aretóricadareacçãoacusavao

governoprovisóriodeconfeccionarosdeputadosrepublicanoseatentarcontra

osprincípiosdademocracia.Comosesabe,aleide14deMarçodeterminara

aeleiçãode226deputadose,destes,91 foramefectivamentenomeados,na

medidaemquesedispensavaarealizaçãodeeleiçõesnoscírculosondenãose

apresentassemcandidaturasdaoposição.

DaGaliza,PaivaCouceiroexploravaascontradiçõesideológicasdocampo

republicano,afirmandoque«ospaladinosdoliberalismosãoessesquelegalizam

regimescomosvotosdafuzilaria,esujeitamosufrágiouniversalaosmanda-

375MI,DGAPC,1.ªRep.,caixa3,maço215,doc.n.º15,panfletointitulado«ODiadaRevolução».

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tosimperativosdaditadura»376.Ospanfletáriosexprobraramoactoeleitoralem

textosinflamados,emqueacusavamosrepublicanosdeoperarsobosignoda

repressãoeda«autocraciadoDirectórioRepublicano»,acabandoporproclamar

enfaticamenteaeleiçãocomoacto«írritoenulo»377.Poressaaltura,Couceiro

dirigiu-seaoexércitoemcorrespondênciasecretaquefezentregaramuitos

oficiais,apelandoparaasua«consciência»eoseu«patriotismo»paraintervire

determinarofuturodanação378.

Foinesteclimadetensãopolítico-eleitoralqueseagravouoconflitoentre

republicanoseossectoresmonárquico-clericais.Àmedidaqueaumentavamos

boatosdecontra-revoluçãomonárquica,intensificava-seavigilância,aviolência

earepressãoprotagonizadapeloscarbonárioseoutrosgruposdecivis.Oboato

tomoucontadasociedadeportuguesa,revelandogravesconsequênciassociais

eatéeconómicas379,queogovernofoiobrigadoareprimireapunircompena

deprisão.Muitoscidadãosincautosforamencarceradosporespalharemboatos

ouapenaspormotivosfúteis,vingançaseenganosabsurdos380,muitasvezespor

acçãodirectadegruposdecarbonários,quedenunciavameprendiamdeforma

arbitráriaeilegal381.

Duranteesteperíodoaumentoutambémaemigração,nãosónasclasses

abastadasmas tambémentreosmaispobresdomundorural.Amaioriada

emigraçãopopulartinhacomodestinoaAméricadoSul,paraondeembarcava

apartirdeportosespanhóis,devidoàscondiçõesdepobrezaemisériaque

seagravaramnesteperíodo.Aestasrazõespodeacrescentar-seareformado

exércitoqueobrigouaumalargamentodabasederecrutamento,provocando

umaumentoconsideráveldonúmerodedeserções,emespecialnasprovíncias

doNorte.Algunsdosqueemigraramoudesertaramacabaramporse juntar

376HenriquePaivaCouceiro,«AclaraçõesàpropostaapresentadaaoGovernoProvisório»,6-05-1911,inCarlosMalheiroDias,ob. cit.,pp.92-93.

377Ibidem,pp.94-95,manifestode31deMaiode1911.378Ibidem,pp.93-94,manifestodeJunhode1911.379Cf.Diário de Notícias,n.º16339,9-05-1911,p.1].380EmJulhode1911,sónoPortohavia48pessoaspresasporpropagarboatoscontraoregime.

Cf.IAN/TT,MI,DGAPC,maço34.381Cf.IAN/TT,MI,DGAPC,maço32,n.º228;Diário de Notícias,n.º16358,28-05-1911,p.1.

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aosconspiradoresmonárquicosdaGaliza382.AtéOutubrode1911,aemigração

paraEspanhanãocessoudecrescer,especialmentenosdistritosfronteiriçosdo

Norte,obrigandoasautoridadesamedidasespeciaisparaevitarestasangria

populacional.Entre1910e1913emigraramoficialmente265737portugueses.

Haviaumaatmosferadeperturbaçãoconstantenasociedadeportuguesa,fo-

mentandoactosderebeliãoqueaçulavamasperseguiçõeseaacçãorepressora

dosradicais.O«perigomonárquico»decorrentedastensõespolítico-ideológicas

esociaisdesteperíodotemsidoalgomenosprezado,vislumbrando-senascons-

piraçõesecomplotsanunciadospelaimprensameras«invenções»darepública

paralegitimaraviolênciarepressiva383.Estainterpretaçãoestálongedecorres-

ponderàrealidadedosfactos,porqueconsideraapenasafraquezaefectivada

Galizaeomiteoalcancerealdomovimentointerno,sobretudodepoisdapu-

blicaçãodaleideseparaçãoedaseleiçõesconstituintes.Comefeito,depoisdo

famosocomplotdeLamego384,eatéesseVerão,foramdetectadasconspirações

emViseu385,Aveiro386,Coimbra387,Guarda388,CasteloBranco,Porto389eLisboa.

Oespíritoanti-republicanodealgunsregimentosdaprovínciaerafavorável

aconjurasarmadas,comoacontecianoNorte,emBraga,ChaveseBragança,

ondeas«tradiçõesconservadorasereligiosas»explicamofermentododissí-

dio,deindisciplinamilitaredasmuitasdeserções390.EmChaves,osregimentos

decavalaria6einfantaria9«nãooferecemgarantiasdeabsolutaconfiança»às

autoridadesmilitares.Entre3e7deAgosto terãodesertadoparaaGaliza24

soldadose1cabo,instigadospelasmães,quelhesprometiammelhorsoldo,

382DouglasL.Wheeler,ob. cit.,p.83;IAN/TT,MI,DGAPC,maço33,RelatóriodaPolíciaEspecialdeRepressãodaEmigraçãoClandestina,fl.395.

383VascoPulidoValenteescreveumesmoqueogovernoprovisório«inventavaconstantementeconspirações».Cf.Um Herói Português. Henrique de Paiva Couceiro (1861-1944),Lisboa,Aletheia,2006,p.85.

384Cf.AHM,1.ªdivisão,33.ªsecção,caixa2,pastas5e6.385Cf.Ibidem,caixa2,pastas7e9.386Cf.IAN/TT,DGAPC,maço32,n.º310.387Cf.Diário de Notícias,n.º16349,19-05-1911,p.1.388Cf.AHM,1.ªdivisão,33.ªsecção,caixa2,pasta3.389Cf.IAN/TT,JuízodeInvestigaçãodeCrimesdeRebelião,maço215;AlbertoCardosoMartins

deMenesesMacedo(Margaride),[folhetosemtítulo],[s/l],[s/n],1928,pp.4-5.390HipólitodelaTorreGomezeA.H.deOliveiraMarques,ob. cit.,pp.84,443-446.Veja-sea

correspondênciamilitardos jovensturcosemFranciscoRibeirodaSilva [introd.enotas],ob. Cit.,pp.79-80.

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ranchomelhoradoequeexortavamosfilhosaqueas«ajudemasalvarareligião

queaRepública,segundodizem,querroubarepararestabeleceramonarquia»391.

Nafronteira,civisemilitares,ex-políciaseex-oficiais,aliciavamhomensparao

exércitodaGaliza,oferecendoquantiasemdinheiro392.EmBragançaregistou-se

aprisãodevárioscivisemilitares,numaregiãoemqueavultavamosoficiais

realistasAdrianoMadureiraBeçaeosobrinhoAugustoMadureiraBeça,eonde

opadreeocaciquecriavamumaatmosferaalarmantedeboatose intrigas.

Bragançaconstituíaoexemploparadigmáticodarealidadesociológicadepro-

víncia,permeávelaopoderdaseliteslocaisedasuacapacidadedemanobraros

espíritos.Eraoambientepropícioparadesenvolverqualquertramaconspirativa

eporissoasautoridadesmilitaresconsideravamaregião«umfocodeconspira-

doresmaisoumenoslatentes»393.

EmJunho,aimprensadavacontadadescobertadeumvastoplanocontra-

revolucionárionoAlgarve,comligaçõesàCapital,equeerachefiadopelote-

nenteAlbertoSoares,oficialquea«canalharepublicana»assassinouemJulho

de1912.AsreferênciasaoprocessodealiciamentodesoldadosparaaGalizae

osmeiosdepagamentoenvolvidos, identificadosporÁlvaroPinheiroChagas,

tesoureirodaemigração,mostramqueaconjuraeraverdadeiraeoperigopara

arepúblicaerabemreal394.

MasLisboaeraumacidadeondearepúblicaseencontravaconsolidava,supor-

tadapelossectoresmaisradicaisdorepublicanismoedacarbonária.Eraporisso

noPortoqueseconcentravamasmovimentaçõesconspiratórias,poisaguarni-

çãodacidadeerareconhecidapornãoter«umgrandecultopelaRepública»395.

OcondedePenela,antesdesairparaaGaliza,dirigiu-seaoPortocomuma

cartadePaivaCouceirodestinadaaAlbertoMargaride,futurogovernadorcivil

doPorto(1918),pedindo«auxílioparaummovimentomonárquicoiniciadono

391Ibidem,p.105.392NaregiãodasBeirasoaliciamentoerafeitoapartirdeCidadeRodrigo,ondeseoferecia10

milréisdiárioseseafirmavacontarjáoexércitorealistacom600homens.Cf.AHM,1.ªdivisão,33.ªsecção,caixa2,pasta3.

393Cf.AHM,1.ªdivisão,34.ªsecção,caixa5,pasta4.394Diário de Notícias,n.º16380,19-06-1911.395Cf.HipólitodeLaTorreGómez,ob. cit.,p.116,cartadotenenteManuelLuísdosSantosaSá

Cardoso.

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País»396.EstepôsoemissáriodeCouceiroemcontactocomogeneralPimenta

deCastro,queeranessaalturacomandanteda3.ªdivisãomilitar,ejáentão

vistocomo «perigosoparaa república»397.Ogeneral,queveioaseracusado

deconivênciacomosemigrados,quandoeraministrodaguerradoprimeiro

governoconstitucionalrepublicano,chefiadoporJoãoChagas,teriaconcordado

comumcerto«desnorteamento»darepública.SegundoMargaride,Pimentade

Castroteráafirmadoqueseoregimenãomodificasseocaminhotrilhado,que

elejustificavacomoprolongamentodoperíodorevolucionário,«entãoteriade

pensarnamelhorformadesalvaroPaís»398.

OdepoimentodeAlbertoMargarideéilustrativodadesconfiançaprecoce

dePimentadeCastrosobreamarchadarepública,atitudequereflectiatalveza

animosidadequeaospoucossefoiapoderandodamaioriadaoficialidade.Por

outrolado,oseutestemunhodenunciaaexistência,naregiãodoPorto,deum

acentuadodescontentamentomilitar,envolvendooficiaisquealiciavamsargen-

tosparaummovimentocontra-revolucionário399.Muitadestaactividadeconspi-

rativaeraconsequente,comoprovaoaumentodecontrabandodematerialde

guerra.EmPontedaBarca,ogovernadorcivildeVianadoCasteloapreendeu

55pistolasautomáticas,4carabinas,38cartuchosparacarabinase400cartu-

chosparapistola400.Nomarcantábricofoiporessaalturaapreendidoumbarco

alemãodenome«Gemma»,carregadodearmamentoparaosconspiradoresda

Galiza401.Todasestasmovimentaçõesdavamaimpressãodequeomovimento

contra-revolucionáriodeviaeclodirentreJunhoeJulho,factocorroboradopor

algunsaliciadosnafronteira402.

OambienteerapoisdeGuerraCivileasautoridadesreagiramaumaameaça

que,nãosendosufocada,poderiacolocaremperigooregime.Mandaram-sepor

396AlbertoCardosoMartinsdeMenesesMacedo(Margaride),[Folhetosemtítulo],1928,p.4.397Cf.HipólitodeLaTorreGómez,ob. cit.,p.120,cartadotenenteManuelLuísdosSantosaSá

Cardoso,datadadeAbrilde1911.398AlbertoCardosoMartinsdeMenesesMacedo(Margaride),[Folhetosemtítulo],1928,p.4.399Ibidem,pp.4-5.400Diário de Notícias,n.º16382,21-06-1911,p.1.401Obarcoalemãofoiapreendidodevidoàespionagemrepublicanaportuguesaeespanholae

continha144caixascom4milarmas,8peçasdeartilhariaKruppe1milhãodecartuchos.Cf.AbílioMaia,ob. cit.,110ess.

402Cf.AHM,1.ªdivisão,33.ªsecção,caixa2,pasta3;veja-se,ainda,HipólitodeLaTorreGomez,ob. cit.,p.97.

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108

issovigiarasfronteirasparaevitaraincursãode«bandosarmados»,orecruta-

mentodehomensparaaGalizaea«introduçãodearmasnopaís»403.O«perigo

monárquico»obrigavaasautoridadesaadoptarmedidasextraordinárias,comoa

mobilizaçãomilitardeJunhoeJulhode1911,decididaporCorreiaBarreto.Em

doismesesforamconvocadaspeloMinistériodaGuerradezmilreservistasdas

setedivisõesdoexército.Nãosetratavaapenasdeprepararasforçasarmadas

paraumperigoiminente,masigualmentedeverificarasuadedicaçãoaoregime

republicano404.Talobjectivoestavaporissoemcontradiçãocomasafirmaçõesdo

GovernoProvisório,segundoasquaisoexércitoseencontravainequivocamente

aoladodanovaordempolítica405.Asmedidasmilitaresincluíramoreforçodas

divisõesmilitaresdeBraga,VilaRealeLamego,acrescidasdamobilizaçãode

algumasforçasnavaisparavigiaracostaeevitarumqualquerataquemarítimo406.

AmobilizaçãodasforçasgovernamentaisteveecosimediatosnaGaliza.Sem

outrosmeiosparaalémdapropaganda,aemigraçãodistribuipelaspopulações

novaremessadepanfletos,comosquaisalmejavaindisporasfamíliascontra

estaoperaçãomilitarqueretirava«milharesdebraçosprodutores»aoscampos.

Opanfletoserviaigualmentepararefutarasacusaçõesqueentãoinundaram

aimprensa,comoaquelaqueafirmavaqueemEspanhasepreparavaumainva-

sãoestrangeira:«ArepúblicaFALTAÀVERDADEdizendoqueessesPortugueses

sefazemacompanhardeEspanhóisassalariados»407.

Entretanto,aassembleianacionalconstituinte,quereuniupelaprimeiravez

a19deJunho,dedicoupartedostrabalhosparlamentaresaanalisaro«perigomo-

nárquico».Aacçãocontra-revolucionáriaseriaabordadapelodeputadoAlfredode

Magalhães,emsessãode23deJunho.Otribunorepublicanoreferiuaexistência

deummovimentosubversivoqueseencontravamunidodearmasdeguerra

emuniçõesdevidoaacçõesdecontrabando.Relatouaindaaexistênciadeco-

mandosmonárquicosnazonadefronteiraparaterminaremtomdeverdadeira

indignação:«Nãopodeserassim.Énecessárioquetenhamosumaconfiança

403Cf.AHM,1.ªdivisão,33.ªsecção,caixa2,pasta3.404Cf.Diário da Assembleia Nacional Constituinte,14-07-1911.405Ibidem,03-07-1911,p.23.406HipólitodeLaTorreGomez,Conspiração contra Portugal 1910-1912,Lisboa,LivrosHorizon-

te,1978,p.63.407IAN/TT,MI,DGAPC,1.ªrepartição,caixa3,maço215,doc.n.º15.

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ceganastropasqueguarnecemafronteira,porqueoinimigotemasuficiente

forçaparadeterminar,nonortedopaís,umaagitaçãoque,explorandoaigno-

rânciadopovoedaregião,poderácriarosmaissériosembaraçosaogoverno

daRepública»408.

Naresposta,TeófiloBragareconheceuquea«reacçãonatural»vinhado«capi-

talismo»,do«militarismo»edo«clericalismo».Masdetodas,o«clericalismojesuí-

tico»eraaquelequemaiorpreocupaçãolevantavaearepúblicadeviapreparar-se

paraele409.JáCorreiaBarreto,titulardapastadaguerra,analisouasprovidências

tomadasparavigiarafronteira,comforçasdoexércitoedamarinha.Abordou

tambémaquestãodosoficiaismonárquicosparareferirqueera«muitoperigoso

dar-seumoficialcomosuspeitosemparaissoterprovasirrecusáveis».Emface

dadificuldade,CorreiaBarreto transferiaosoficiaisduvidososparaoEstado-

Maior410.

Naassembleiaconstituinte,oGovernoProvisório,pelavozdeAntónioJosé

deAlmeida,ministrodointerior,desvalorizouoperigodaGaliza,mostrando

queasinstituiçõesestavampreparadaspararecebero«traidor»PaivaCouceiro

eassuasforças,«querseapresentemparaumaguerraregular,querdeguerrilha

oudemontanhas».InformouaindaacâmaraqueemChavesseencontrava

LuzdeAlmeida,ochefedaCarbonária,àfrenteduma«comissãodevigilância

efiscalização»411.Eraumnomepomposoparaoscercadedoismilcarboná-

riosqueseguiramparaafronteiradoNorte,investidosdamissãodevigilância

erepressãodosagentescontra-revolucionários,dentroeforadePortugal412.

Ogoverno,atravésdacâmara,enviavaaopaíseaoestrangeirosinaisde

estabilidadeeconfiança,nomomentoemqueaconstituintesepreparavapara

elegeropresidentedarepúblicaeentrarnumanovaeradelegalidadeconstitu-

cional.Esteera,porém,umsossegoilusório,comoprovaadiscussão,naprópria

assembleiaconstituinte,deumprojectodeleiquepermitiajulgarecondenaros

conspiradores,sobpropostadeÁlvarodeCastro413.Aexistênciadeumtribunalde

408Diário da Assembleia Nacional Constituinte,28-06-1911,p.4.409Ibidem,p.5.410Ibidem,p.6.411Ibidem,30-06-1911,p.8.412Cf.HipólitodeLaTorreGomez,ob. cit.,p.63.413Diário da Assembleia Nacional Constituinte,sessãode21-06-1911,p.7.

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110

excepçãorepugnouaosespíritosmaisconservadores,comoAntónioGranjo,mas

eradefendidopelosmaisradicaiscomoindispensávelàdefesadarepública414.

2.Do29deSetembroàIIncursão

Aevoluçãopolíticaeinstitucionaldarepública,acaminhodasualegitimi-

dadeconstitucional,acabariaporaçodaromovimentocontra-revolucionário.

Aaprovaçãodaconstituiçãorepublicana,em21deAgosto,eaeleiçãodopresi-

dentedarepública,ManueldeArriaga,a24,contribuíramparaaconsolidação

darepúblicaeexasperavamosmonárquicos.Ofimdoperíododitatorial,nãosó

conferialegitimidadeàrepúblicacomoabriaasportasaoseureconhecimento

internacional.Arepúblicatinhasidooficialmentereconhecidaporrepúblicasda

AméricadoSul,comoaArgentinaeoBrasil,em22deOutubrode1910.Jáos

EUAedepoisaInglaterrafaziamdependeroreconhecimentooficialdepoisde

eleitaumaassembleiaconstituinte.MasseosEUAreconheceramoregimeem11

deMaiode1911,aspotênciaseuropeias,lideradaspelaInglaterra,sóoficializa-

ramessereconhecimentodepoisdeaprovadaaconstituição:aFrançaem25de

Agosto,aEspanha,aGrã-Bretanha,aAlemanhaeÁustriaem11deSetembro415.

ApresençadeD.ManuelemInglaterra,ondeeramuitoconsideradojunto

dacorteinglesaedealgunspolíticos,comoopróprioChurchill,teráinfluído

naresistênciadestepaísparaumreconhecimentodoregimerepublicano416.Em

LondreshaviaquempensassequeaentradadeCouceiropoderiaatrasaro

reconhecimentodoregime417.Exasperado,D.Manuel lamentavaqueoreco-

nhecimentooficialda InglaterraedaEspanhacoincidissemcomosavanços

contra-revolucionários.Paraoreiexilado,adiplomaciaera«maisumacomplica-

414Ibidem,14-07-1911;21-07-1911.415Cf.DouglasL.Wheeler,História Política de Portugal 1910-1926,Lisboa,PublicaçõesEuropa-

América,p.80.416Cf.JohnVicent-Smith,As Relações Políticas Luso-Britânicas 1910-1916,Lisboa,LivrosHorizon-

te,1975,p.47;D.JoséLuísdeAlmeida(Lavradio),ob. cit.,p.203.417ManuelTeixeiraGomes,Correspondência I - Cartas para Políticos e Diplomatas(colectânea,

introduçãoenotasdeCasteloBrancoChaves),Lisboa,PortugáliaEditora,1960,cartaaJoãoChagas,de07-09-1911,p.61.

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111

ção,sobretudoporcausadaEspanha.Reconhecerumarepúblicaanárquicano

momentoemqueestátalvezarebentarumarevolução!!»418.

Apesardoreconhecimentointernacional,emalgunspaíseshaviaquemcoad-

juvasseosesforçosrealistasparareporotronoemPortugal.JoãoChagas,então

emParis,soubepeloministrodointeriorfrancêsquese«projectavaumgrande

empréstimo,garantidopor‘trêstestascoroadas’,paraderrubaraRepúblicapor-

tuguesa».Chagasprocurouaprofundara informação,massoubeapenasque

asreuniõestinhamdecorridoemMunique,nopaláciodoprínciperegenteda

Baviera.As«trêstestascoroadas»seriamaAlemanha,aÁustriaeaEspanha419.Em

Londres,ManuelTeixeiraGomesdavacontadegrandesmovimentaçõesedas

relaçõesdeproximidadeentreSoveraleafamíliareal420.

ArelaçãodiplomáticaentreEspanhaearepúblicaportuguesaficarámarca-

dapelasdesconfiançasdeambasaspartes.Aparentemente,Espanhaviacom

mausolhosaexistência,juntodasuafronteira,deumregimeradicalquedava

alentoaosrepublicanosinternos.Issoexplicaaprotecçãoqueogovernode

MadridconcedeuaosemigradosdaGaliza421.OseuministroemLisboa,marquês

deVillalobar,desempenhouumpapelcrucialnacontra-revoluçãomonárquica.

Sabemosjá,deacordocomotestemunhodeGonçaloPimentadeCastro,que

foinasuaembaixadaqueseforjoua«primeiraconspirata»monárquica.Asin-

formaçõesqueenviavaparaMadridfaziamacreditaraogovernodeCanalejas

queodescontentamentonacionaleragrande,tantonosmeiosmilitarescomo

entreapopulaçãodonortedopaís.EmAbrilde1911,oficiavaparaMadrid

quea«restauraçãoestavaparabreve»eporissoconvirianão«comprometer

amonarquiaespanhola».Advogouporissoumapolíticaquefossedistraindo

oGovernoProvisório422.

418D.JoséLuísdeAlmeida(Lavradio),ob. cit.,p.203.419Cf.NoémiaMalvaNovais,João Chagas. A Diplomacia e a Guerra (1914-1918),Coimbra,

EdiçõesMinerva,2006,p.38.420Cf.ManuelTeixeiraGomes,ob. cit.,p.62.421SobrearelaçãodePortugalcomaEspanhaduranteesteperíodo,veja-se,HipólitodeLaTorre

Gómez,Conspiração contra Portugal (1910-1912),Lisboa,LivrosHorizonte,1912;SílviaEnrichMar-cet,Las Tentativas de Restauración Monárquica Portuguesa en Relación com España (1911-1912),Salamanca,CajaDuero,2004;SoaresMartínez,A República Portuguesa e as Relações Internacionais [1910-1926],Lisboa,Verbo,2001.

422HipólitodeLaTorreGómez,ob. cit.,pp.53-54.

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112

Naverdade,haviaemEspanhaduasposiçõesdistintasfaceaoregimerecém

instaladoemPortugal.AfonsoXIIImantinhacontactosestreitoscomafamília

realportuguesa,tantoqueD.Manuelintercedeujuntodomonarcaespanholpara

queinterviessenarecuperaçãodaspropriedadesfamiliaresdosBraganças423.Na

cortehaviaquemsesolidarizassecomacausarealdeD.Manuel,enoVerãode

1911corriaemMadridqueGarciaPrieto,ministrodeEstado,tinhafavorecido

aintroduçãodearmasemPortugalpor«expressodesejodomonarca»424.Jáoche-

fedegoverno,JoséCanalejas,eracontrárioaumaintervençãorestauracionista

deEspanhaeatéaosimplesapoioaosemigrados.

Écertoque,emJaneiro,Canalejas informouoembaixadoringlêsquea

anarquiareinanteemPortugalpoderiadarazoaumaintervençãoespanhola,

masnuncasemoconhecimentodosbritânicos.Estes,comoseriadeesperar,

desaconselharamogesto425.IstoapesardehaveremLondresumadesconfiança

muitograndeparacomarepúblicaportuguesa,especialmentesensívelaora-

dicalismoanticlericaldeLisboa426.MasaGalizaconservadorapareciasensívelà

causadamonarquialusa,paraalémdoslucrosobtidoscomaalimentaçãoealo-

jamentodosconspiradores427.Asautoridadesprovinciais,apesardasorientações

deMadrid,tudofizeramparaauxiliarosemigradosportugueses428.

Asautoridadesrepublicanasprotestaramdesdeoiníciocontraaconcentra-

çãodeemigradosnaGaliza,porintervençãodeBernardinoMachado,ministro

dosnegóciosestrangeiros,eatravésdoseuministroemMadrid,Augustode

Vasconcelos.Pretendiamointernamentodosprincipaisdirigentesdaemigra-

ção,comoPaivaCouceiroeoseuséquitodirecto,emprovínciasdistantesda

fronteira429.MassóemJunho,depoisdaagressãodochefemiguelistaD.João

deAlmeidaaocônsuldePortugalemVerin,ArnaldoFonseca,asautoridades

espanholasderamordemdeexpulsãodospovoadosfronteiriços.EmAgosto,

423JavierTuselleGenovevaG.QueipodeLliano,Alfonso XIII El rey polémico,2.ªed.,Madrid,Taurus,2002,p.217.

424Ibidem,p.221.425Ibidem,p.219.426Cf.JonhVicent-Smith,ob. cit.,pp.46-47;HipólitodeLaTorreGómez,ob. cit.,p.58.427Cf.IAN/TT,MI,DGAPC,maço35,doc.n.º806.428Cf.ManuelValente,ob. cit,p.128;MariaTerezadeSouzaBotelhoeMello,ob. cit.,p.43;IAN/

TT,MI,DGAPC,maço33,fl.366.429Cf.HipólitodeLaTorreGómez,ob. cit.,pp.50-51.

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205

outro,manifestavamumirreprimívelconservadorismosocialeatéfilosófico.

Nalgunscasos,porém,esteeclectismorevela-seaindamaiscontraditórioetalvez

original,conciliandopartedo liberalismocomo tradicionalismo.Foiocaso

deAiresdeOrnelas,futurolugar-tenentedeD.Manuel.Formadonaescolada

contra-revolução,profundamentecatólico,recusavaosdogmasdaRevolução,o

liberalismopolíticoeademocracia852.Mas,paradoxalmente,defendiaamonar-

quiacomaCartaConstitucional,aceitandoasoberanianacionaleaseparação

depoderes853.Oseusistemapolíticoconsubstanciavaumamodalidadepolítica

queoaproximavadoaristocratismo,masondeasociedadesurgiamodeladapor

valoresirrefragavelmentecristãos.

Esseeclectismoevidenciava-seigualmentenacoabitaçãodemodulações

ideológicasantagónicas.Seamaioriaaprovavaumconservadorismoideolo-

gicamentemaisextremado,irromperamtambémfórmulasmaisprogressistas,

quecoadunavamainstituiçãomonárquicacomoreformismodebasesociale

operária,comoaconteciacomMoreiradeAlmeidaeRochaMartins.Écertoque

MoreiradeMoreiraabjuraraosvaloresabertamenteprogressistasqueadvogou

nofinaldamonarquiaparaseaproximardeumapolíticamaisconservadora.

Masovelhojornalistarecusavaquesobomantoconservadorseentrevisse

qualquer «reacção»,qualquer «retrocesso»histórico.Oseuconservadorismofoi

talvezoresultadodosexcessosdavagarevolucionária.Talcomooexaltadopro-

gressistaAntónioCabral,queviriaasingrarnocampotradicionalistadaAcção

Realista,MoreiradeAlmeidapassouavalorizarahistóriaeatradição,nofundo,

adaptava-seaumanovaera,marcadapelacrisedosistemaliberalepelaemer-

gênciadaautoridade.Nassuaspalavras,oconservadorismoerauma«fórmula

deprogressodentrodaordem,umdesenvolvimentoevolutivodasociedadeem

queofuturoseligaaopassadoemvezdeonegar,emqueasraízesdatradição

nãosãoinconscientementecortadas»854.

Nestereformismoevolucionista,querespeitavaas«instituiçõesseculares»,

porqueerama«espontâneacriaçãohistóricadogéniodaraça»,nãocabiamos

velhospreceitosdoliberalismoclássico.Naverdade,amonarquiadeMoreira

852Veja-seAs Doutrinas Políticas de Charles Maurras,Lisboa,LivrariaPortugalEditora,1914;Um Ano de Guerra (Agosto de 1914 a Agosto de 1915),Porto,Magalhães&Moniz,1916.

853JoaquimLeitão,A Entrevista. Sem Santo nem Senha,n.º17,12-03-1914,p.269.854O Dia,ano17,n.º842,02-01-1916,p.1.

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deAlmeidaeratendencialmenteantiliberalporquerepudiavaoseuexcessivo

individualismoepreconizavaumasoluçãonacionalparaograndeproblemamo-

derno:aquestãosocial.Nãosereportavaaumamonarquiasocialista,tratava-se

antesdemaisdecriarinstrumentosdejustiçasocial,deredistribuiçãoequitativa

dariquezadentrodecritériosconservadores,istoé,queevitassemoconflito

social,alutadeclasses,eatendessememprimeirolugaraointeressenacional:

«Oqueéprecisoéqueapolíticasocialnãorepresenteumenfraquecimentoda

políticanacional.Oqueéprecisoéqueodesenvolvimentoeasaúdedecertos

órgãosnãosefaçamàcustadarobustezdocorpodequeelesnãosãoparte.

Oqueéprecisoéqueclasseepátrianãorepresentemumaantinomia,uma

insaciáveleirredutíveloposição».

RuiUlrichéoutroexemplodeumconservadorismotravestido855.Esteantigo

lentedaUniversidadedeCoimbra,mestreesimpatizantedoideáriointegralista,

equepertenciaaumgrémioelitistaquepoderíamosapelidarde«monárquicos

decompetências»856,defendiaumarestauraçãocujareformadeviaobedecera

«umsentidoabertamenteconservador,dando-sedepreferênciaarepresentação

àsclassesorganizadaseàscorporaçõestécnicasparaassimsecorrigiremos

errosdoparlamentarismoexcessivo»857.

Estepressupostoconfirmatodaviaaconcatenaçãodeprincípiosconservado-

rescompressupostosliberais,poisRuiUlrichafirmavaentãoqueestesistema

«nãoexcluiamanutençãodoregimeconstitucional,queapesardosseusdefeitos

aindaéosistemadegovernomenosimperfeito»858.Numacélebrepolémicaentre

liberaisetradicionalistas,ocorridaemMarçode1915,quandoooptimismoexa-

855RuiEnnesUlrich(1883-1966)foipolítico,professorediplomata.DoutoradonaUniversidadedeCoimbra,ondefoiprofessoraté1910,afastou-sealegandorazõespolíticas.Entre1914e1927es-teveàfrentedoBancodePortugal.Em1933dirigiuaembaixadadePortugalemLondreseem1937regressouàuniversidade,emLisboa,dirigindoaFaculdadedeDireitoaté1950.NesteanovoltouachefiaraembaixadadePortugalemLondres.

856Aexpressãoreflecteumatendênciaconservadora,duranteaRepúblicaeoEstadoNovo,queestavaligadaaosgrandesquadrostécnicosdocapitalismoindustrial,comercialefinanceiroequemuitasvezeseracolocadacomoreservapolíticadanação.TalcomoRuiUlrich,seuirmãoJoãoHenriqueUlrich(n.1880)integravaestegrupo.DeputadodoPartidoRegenerador(1907-1910),foiadvogadoeexerceuvárioscargosfinanceiros:vice-governadoregovernadordoBancoNacionalUltramarino;presidentedoconselhodeadministraçãodaCompanhiadaZambésia;administradorepresidentedoconselhodeadministraçãodaCompanhiaNacionaldeNavegação;administradordoCompanhiadasÁguasdeLisboa(1914-1928).

857O Nacional,ano1,n.º50,21-04-1915,p.1.858Ibidem.

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cerbadofaziacrerarestauraçãoparabreve,amaioriadospolíticosdenomeada

defendeuarestauraçãoimediatadamonarquiaconstitucional.Masquasetodos

proclamavamemuníssonoanecessidadedeumareformadasuabaseideológica

epolítica859.OpróprioRuiUlrich,apesardoapoioaD.Manuel,afirmava«haver

nessestrabalhos[dosintegralistas]muitodeaproveitávelparaasalteraçõesa

fazernamonarquianova,sempoder,porém,partilharemabsolutotodoorigor

dassuasconclusões.EstoucertoderestoqueoespíritoilustradodeS.M.El-Rei

seráoprimeiroaapreciareaaprovargostosamenteasreformasprojectadas»860.

Estaera,afinal,aesperançadosintelectuaisdoIntegralismoLusitano.

3.Tradicionalismooua«GeraçãodoRegresso»

Osegundocampodadireitamonárquicaeraconstituídopelosectorantilibe-

ral,tradicionalistaecontra-revolucionário.Areferênciaà«tradição»comodeno-

minadorcomumdeumvastosectorpolíticoheterogéneotememvistaalcançar

umaunidadeideológicaquesóestevocábulopodiaemprestar.Comefeito,tanto

ointegralismocomoolegitimismoeoneo-tradicionalismomonárquicoecatólico

partemdumaconcepçãosegundoaqualatradiçãoéum«depósito»constituído

pelasgeraçõespassadasquedeveimpor-seaossistemasdegovernoeàopinião

pública.Aocontráriodamodernidade,quegarantiaaoindivíduoaliberdadede

escolha,otradicionalismoaceitavaquealiberdadeindividualseesgotavano

pesodastradições,daherançahistórica861.Oressurgimentomonárquicoassumiu

comovectorestruturantedoespíritocolectivoarevalorizaçãodas«dependências

ancestrais»edeumasolidariedadeentregeraçõesqueestavacontidanahistória.

859Apolémicadirimiu-seentreosjornaisO Nacional,dirigidoporAníbalSoares,eaNação,órgãodomiguelismo,entreMarçoeAbrilde1915.Aesteassuntovoltaremosmaisàfrente.

860O Nacional,ano1,n.º50,21-04-1915,p.1Ibidem.861Cf.LucFerry,«Acríticanietzscheanadademocracia»,inAlainRenault(dir.),História da Filoso-

fia Política 4. As Críticas da Modernidade Política,Lisboa,InstitutoPiaget,2002,p.301;CristiánGa-rayVera,«Nacionalismo,Tradicionalismo,ConservadurismoyLiberalismoCensitario.Aproximacionesparaeldebate»,Revista de Historia,año9-10,vol.9-10,InstitutodeEstudiosAvanzados,UniversidaddeSantiagodeChile,1999-2000.

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208

Otradicionalismo,talcomoonacionalismodeBarrès,deSardinhaouCouceiro,

enraizava-sena«fénaterraenosmortos»862.

Podeargumentar-sequeonacionalismo,enquantoideologia,corporizao

essencialdopensamentomonárquicodesteperíodo.Masonacionalismoera

umacomponenteideológicacomplexaqueosideólogosdoconservadorismo

liberal,comoalgunssectoresrepublicanos,cultivavamcomamesmaexaltação863.

Nãoerraremosmuitoafirmandoqueaessênciadonacionalismomonárquico

residenoaproveitamentoideológicodatradição,repensandoanaçãoàluzda

históriaedeumavastamitografiaproduzidapelasinterpretaçõeshistoriográfi-

casquebuscavam,in illo tempore,ogéniodaraçaeofermentoespiritualda

existênciacolectiva864.Aimportânciadotempoedahistórianãosignificaqueo

nacionalismomonárquicodefendesseosimplesregressoaopassado,poisocon-

ceitodetradiçãoeradinâmico: «Somostradicionalistas.Masser tradicionalista

nãoéencerrar-nosnacontemplaçãosaudosadoPassado.Éantesreconhecera

contínuasucessãodinâmicaemqueahistóriasecoordenaentresi,efectuando

asolidariedadedosMortoscomosVivos»865.

Paraalémdatradição,estegrémionacionalistapregavaoódioao«fatalsé-

culoXIX», séculoemquese «esqueceraoprimadodoEspírito»,asoberania

divina,e «proclamara-se,comsolenidadealucinada,osDireitosdoHomem».

Paraanova«Ordem»intelectual,empenhadanarecristianizaçãodoocidentesob

aégideespiritualdeRoma,os«verdadeirosdireitosdohomemnascemdeque

eletemdeveresparacomDeus»866.Colocandodeparteasdissensõesdinásticas

eadimensãodoutrináriadosgrupos,parecehaverunidadeideológicaneste

blocoantimodernonaaceitaçãodestapremissa:naçãoreorganizadaemtornoda

862MiguelDiasSantos,«OMitodaAtlântidanasleiturashistoriográficasdonacionalismomonár-quico»,inEstudos do Século XX,n.º8,Coimbra,CentrodeEstudosInterdisciplinaresdoSéculoXX,2008,p.280.

863Sobreonacionalismo,leia-seErnestoCastroLeal,Nação e Nacionalismos. A Cruzada Nacio-nal D. Nuno Álvares Pereira e as Origens do Estado Novo (1918-1938),Lisboa,EdiçõesCosmos,1999.

864MiguelDiasSantos,art.cit.;PauloArcherdeCarvalho,«Aoprincípioeraoverbo:oeternoretornoeosmitosdahistoriografiaintegralista»,inRevista de História das Ideias,vol.18,Coimbra,InstitutodeHistóriadasIdeias,1996.

865AntónioSardinha,O Valor da Raça. Introdução a uma Campanha Nacional,Lisboa,AlmeidaMirandaSousa,1915,p.152.

866LeãoXIII,naencíclicaSollicitudo,citadoporJoãoAmeal,ob. cit.,pp.7-8.

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realeza,tendoocatolicismocomohorizontemoraleespiritualeatradiçãocomo

referênciahistóricaepolítica.

Ostítulosestampadosemobrasdedoutrinaçãoedivulgaçãopelosprinci-

paisideólogosmonárquicosavocavamatradiçãocomoreferencial.Obrascomo

O Valor da Raça,deAntónioSardinha(1915),O Culto da Tradição(1916),de

LuísdeAlmeidaBraga,Uma Campanha Tradicionalista(1919)eA Lição da

Democracia(1922),deCaetanoBeirão,entretantasoutras,epublicaçõesperió-

dicascomoA Nação,aNação PortuguesaeaMonarquia,inscrevem-senaacção

destevastoaparelhoideológicoquesalpicatodooespectropolíticodedireita,

visandoatestarasuperioridadedatradiçãonacionalsobreademocraciaeo

liberalismo.PaivaCouceiroresumiuaforçadatradiçãoaessa«herança»de«um

grandepatrimóniodesacrifícios,experiênciaseconhecimentos»,queconstituía,

afinal,o«governodosmortos»867.

Compunhamestesectorideológicoa nova geração,naexpressãoquedeutí-

tuloaolivrodeDiogoPachecodeAmorim868,católicotradicionalista,aoladodas

geraçõesmaisvetustasdomiguelismoedatradiçãomilitarmonárquica.Anova

geraçãoou«geraçãodoregresso»eraconstituídapelagrémiodeuniversitários

queacompanhouaquedadamonarquiaeainstauraçãodarepúblicaequeinte-

grouacorrentenacionalistaqueemPortugalprocuroureataratradiçãoquefora

supostamentequebradapeloliberalismoepelaherançadaRevoluçãode1789869.

Ointegralismolusitanoétalvezomaissonantedosagrupamentosmonárquicos

da«novageração»,eporissoalvodoolharatentodahistoriografiaedosestu-

diosos.Movimentopolíticoeintelectual,ointegralismoteveasuaorigemremota

nodecadentismodageraçãode70enomovimentoderegeneraçãonacionalista

ereligiosaqueseseguiuapósoultimatoinglês870.Jádentrodarepública,foi

geradonoseiodaacademiacoimbrã,ondeoespíritoconservadordoCentro

Académico de Democracia CristãoedoCentro Monárquico Académicoseopu-

nhaaoradicalismorepublicanodoCentro Académico republicano.Foinuma

867A Democracia Nacional,Coimbra,Ediçãodeautor,1917,p.115. «Os laçosquemaissegu-ramentepodemapertaraUnidadeNacional,vãocolher-senoterrenohistóricodosMortos.Essadependênciaeligaçãoindissociávelcomos“VivosdoPassado”éleinaturaldos“VivosdoPresente”».

868Veja-seDiogoPachecoAmorim,A Nova Geração,Coimbra,FrançaeArménioLivreiros,1918.869JoãoAmeal,Panorâmica do Nacionalismo Português,Lisboa,1932,p.79.870Sobreestafiliaçãonosmovimentosdeideiasdamonarquiafinissecular,veja-seJoséManuel

Quintas,ob. cit.,pp.51ess.

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210

viagemdoOrfeãoAcadémicodeCoimbra,aParis,emAbrilde1911,queAlberto

deMonsarazcontactoupessoalmentecomos«mestresdaActionfrançaise»871.

Maistarde,oexílionaBélgica,queseseguiuàsincursõesmonárquicas,trouxe

umaproximidademaisprofundacomasideiasdeCharlesMaurras.

Nãoéaquiolugarparaumahistóriadomovimentodesteagrupamentodou-

trinário,campofértilemestudos.Importatalvezreafirmarqueointegralismo

sepropunha,comoCharlesMaurrasemFrança,empreenderemPortugaluma

«reformaintelectual»quelhepermitisse«restauraraconsciênciaportuguesa»872

ou,naexpressãodeSardinha,«restaurarPortugalpelamonarquia»873.Assumindo

asuanaturezademovimentodeideias,ogrupotinhatambémambiçõeslegí-

timasnocampopolítico,poisaspiravachegaraoPoderatravésdamonarquia

restaurada.MasaconquistadoPoderpolíticosóseriarealidadesefossepre-

cedidadaconquistadoPoderintelectual,ganhandoa«batalhapelasideiasea

lutapelarazãohistórica»874.NaperspectivadosintelectuaisdoPelicano,muito

marcadospelopositivismofrancês,amonarquianãoseriarestauradaporum

actodefé,masresultavadeumademonstraçãodasleisdafísicasocial,«comme

untheorème»875,queaduziamarealezacomooregimecomprovadopelaexpe-

riênciahistórica.

Quantoaoseuprojectopolítico,ogruposustentavaamonarquiaorgânica,

tradicionalista,antiparlamentar,articulandoumatendênciacentralizadora–o

poderpessoaldorei–comumatendênciadescentralizadora,queincidiasobre

aeconomia,afamíliaeajustiça,concebidascomoumtodoorgânicoenquanto

«naçãoorganizada»876.Profundomovimentodeideias,ointegralismoopunha

tambémahistória,enquanto«métodopositivo»,aoracionalismodoséculoXIX,

naconcretizaçãodeumvastomovimentodereacçãonacionalistaeuniversalista,

namedidaemqueavitalidadedos«agrupamentosnacionais»exigiaaobediên-

ciaaos«mandamentos»cristãoseadefiniçãodeumacristandadeocidental.Para

871Ibidem,p.79.872Cf.JoséManuelQuintas,ob. cit.,p.93.873AntónioSardinha,Processo dum Rei,Porto,LivrariaCivilização,1937,p.144.874PauloArcher,«Trêstesessobreaucroniaeaflorestautópica.ApropósitodoIntegralismo

Lusitano»,inRevista de História das Ideias,vol.24,Coimbra,2003,p.284.875Nação Portuguesa,Isérie,n.º1,08-04-1914.876Ibidem.

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211

Sardinha, «tomarpartidodosnossosMaioreséreconciliar-noscomaessência

eternadaPátria–éintegrar-nosnasequênciatradicionaldonossopassadode

ocidentaisedeportugueses»877.

Aosnovosdointegralismoimportaagregarovelhopartidolegitimistare-

nascido,quejuntavaàlegitimidadedeD.Migueladefesadamonarquiacristã,

tradicionalehereditária878.Aproximidadeideológicacomointegralismocomeça

comapartilhadosteóricosdacontra-revoluçãoportuguesa,comooMarquês

dePenalva,JoséAgostinhodeMacedo,JoséAcúrsiodasNeves,FortunatodeS.

Boaventura,ViscondedeSantarém,JosédaGamaeCastroeAntónioRibeiro

Saraiva,entreoutros,cujos textoseramobjectoderevisitaçãoà luzdenovos

pressupostos879.AntónioSardinha,escrevendosobreomarquêsdePenalva,

nãotinhadúvidasemconsiderá-locomo«umdosmestresveneradosdanossa

Contra-Revolução»880.Divididos,até1919,pelaquestãodinástica,integralismoe

miguelismoparticipavamdamesmacorrenteantimodernaeantidemocrática,

achavam-se ligadosporumcerto «vínculohereditário»881epela «mesmaideia»:

«EmPortugal,presentemente,essesprincípiossobreosquaiséprecisoqueas-

senteanacionalidadeportuguesasãorepresentadosporduasfacçõesque,seà

primeiravistapodemparecerdivorciados,nãosãoafinalsenãoosdoisaspectos

sobqueessesprincípiossepodemapresentar.Éovelhopartidolegitimistaeo

novopartidointegralista.Osprimeirosrepresentamaideiaintuitiva,hereditária,

contínua;ossegundosrepresentamaideiahistórica,científica,dedutiva.Masa

ideiaéamesma»882.

Aexistênciadeumaestruturaideológicaantimodernanomiguelismo,ao

longodoséculoXIX,foijáobjectodeanálisehistoriográfica,queevidenciou

igualmenteapresençadeumafortecomponentemíticaemessiânica,emque

D.Miguel«surgiucontraofuturo,contraaimagemdeumnovohomemede

877AntónioSardinha,Ao Princípio era o Verbo,Lisboa,EditorialRestauração,2ªed.,1959,pp.10-11.

878Cf.A Nação,n.º16239,16-04-1915,p.1].Sobreoseuprograma,leia-sePartido Legitimista. Programma elaborado pelo Conselho Superior do mesmo Partido(1884?).

879FernandoCampospublicouumaantologiaemO Pensamento contra-revolucionário em Por-tugal (século XIX),2vol.,Lisboa,EdiçãodeJoséFernandesJúnior,1931-1932.

880António Sardinha, Ao Princípio era o Verbo,cit.,1959,p.273.881JordiCanal,ob cit.,p.13.882CaetanoBeirão,Uma Campanha Tradicionalista (Com um estudo de António Sardinha),Lis-

boa,LivrariaLisbonense,1919,p.70.

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umnovomundo,contraaidealizaçãodeumafelicidadesocialepolíticaliberta

davontadedeDeusegeradaapenaspelarazãohumana»883.Orecrudescimento

domiguelismo,nodecorrerdasprimeirasdécadasdoséculoXX,nãopode

dissociar-sedaemergênciaemPortugalenaEuropadestevastocomplexoide-

áriodedireita,dacríticaantimodernaeanti-racionalelaboradapelatradição.

DespojadodoscomplexosmecanismosdepropagandadoséculoXIX,im-

postospeloexílioepelamortedeD.Miguel,em1866,omiguelismopassou

aidentificar-secomointegralismoecomaescoladaActionFrançaise,apesar

dereivindicarumacertaindependência:«Somos,comodele[programa]sevê

monárquicosintegristas,daescoladeMaurras.Inscrevemo-nos,pois,contrao

parlamentarismodaCarta.Repelindooabsolutismo […]somospelarepresen-

taçãonacionalorganizadaenãopulverizadanumsufrágiouniversal.Comeste

nossoantigoprograma,tãonítidoefranco,temosaimensasatisfaçãodever

queconcordaessaadmirávelplêiadedemonárquicosdeCoimbra,esperançada

monarquiadeamanhã»884.

Outrogrupoimportante,dentrodoideáriotradicionalista,erarepresentado

pelacorrenteneomonárquica,constituídoporantigosrepublicanosdescontentes.

AntónioSardinha,AlfredoPimenta,HomemCristoFilhoeCunhaeCosta,entre

outros,representavamossectoresquesedesencantaramcomoregimedobarre-

tefrígio.Quasetodosmilitaramnaextrema-esquerda,antesdetransitarempara

arepública,queagorarepudiavam.Naverdade,adefiniçãoqueChateaubriand

atribuíraàRevolução,de«destruição»,eraaplicadoàrevoluçãorepublicanapor-

tuguesa.Porumlado,arepúblicasignificavaadestruiçãodas«basesfundamen-

taisdasociedadeportuguesa:afamília,areligiãoeapropriedade»885;poroutro,

ocolapsodamonarquiaamplificavaacrisedaautoridadedoEstado886.

Acontinuidadedessacrisedeautoridade,aqueassociavamarepública,que,

comoarepúblicadeWeimar,transformaraCarlSchmittnumneófitoentusiasta

883ArmandoMalheirodaSilva,Miguelismo Ideologia e Mito,Coimbra,MinervaHistória,1993,p.218.884A Nação,n.º16215,18-03-1915,p.1.Eainda: «[…]tudoquantohánaescoladeMaurras,

limitaçãodaomnipotênciaparlamentar,poderRealforteeefectivo(alémdehereditário,claroestá),representaçãodeclassesenãodeindivíduos,descentralizaçãoadministrativa, tudoissoestánonossoprograma»[A Nação,n.º16220,24-03-1915,p.1].

885MiguelCastelo-Branco,ob. cit.,p.74.886Vejam-seosartigosdeAlfredoPimentanarevistaA Ideia Nacional (1915),onde,sobopseudó-

nimodeLordHenry,eaindarepublicano,desenvolveoseupensamentodebaseautoritaristaeracista.

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doantiliberalismo887,estavaintegradanumacrisemaisvastadosistemaliberal.

Adoutrinaçãosegundoosprincípiosconservadores,dastradiçõesedasinstitui-

çõesintermédias,comoaIgrejaCatólica,haviamjuntadoafinalosneomonárqui-

coscomosintegralistas,católicosealgunsliberaisnumacolaboraçãopolíticae

doutrinária,sobadirecçãodeHomemCristoFilho,narevistaA Ideia Nacional.

Apesardealgumasnuances,quesetornamclarascomaevoluçãodopensa-

mentopolíticodestesintelectuaisreaccionários,assuasideiasestendiam-sedo

nacionalismointegral,deAntónioSardinha888,atéàssoluçõesultraconservadoras

eautoritaristasdeCunhaeCostaeAlfredoPimentaeàsconcepçõesprotofascis-

tasexplanadasporHomemCristoFilho889.

Destaspersonalidades, sóAntónioSardinhaeAlfredoPimentapermane-

ceramfiéisàcoroa,evidenciando-secomodoutrináriosdereferênciadoseu

campoideológico.CunhaeCostadefendiaentãoo«fortalecimentodoprestígio

real».Assuasideiassobreamonarquiarestauradapressupunhamoregresso

da«tradiçãonacional,simultaneamenteapoiadanaCruz,naEspadaenaToga».

Convictodasvirtudesda«obediência»naorganizaçãodassociedadespolíticas,

CunhaeCostaafirmavaque«aobediênciaterádeseracondiçãodamonarquia

nova»,organizandoasociedadeenfermanumaestruturafortementehierarquiza-

da890.Estepensamentoautoritarista,quepartilhoucomAlfredoPimenta891,expli-

caaevoluçãoideológicadeCunhaeCosta,querompeuem1918comaCausa

Monárquicaparaabraçarosidonismoeoseuchefe,queelevislumbravacomo

«criaturaprovidencial»parainiciarumprocessoderegeneraçãonacionalsobo

signodaOrdem892.

AmesmaseduçãopelosidonismorevelouHomemCristoFilho,intelectual

muitomarcadopelasteoriasdomovimentoedarevoluçãodeSorel.Oseu

apoioentusiastaaopoderpessoaldeSidónioeaoseuautoritarismodecariz

887Cf.StephenHolmes,The Anatomy of Antiliberalism,London,HarvardUniversityPress,1996,p.37.

888SobreAntónioSardinha,veja-seAnaIsabelSardinhaDesvignes,António Sardinha (1887--1925) Um Intelectual do Século,Lisboa,InstitutodeCiênciasSociais,2006.

889Veja-seCecíliaBarreira,Nacionalismo e Modernismo. De Homem Cristo Filho a Almada Negrei-ros,Lisboa,AssírioeAlvim,1981.

890O Dia,15º.ano,n.º464,19-05-1914,p.1.891Cf.A Ideia Nacional,27-03-1915.892Sobreasuarupturacomamonarquiaeasuaadesãoaosidonismo,veja-seMiguelDiasSantos,

Os Monárquicos e a República Nova,Coimbra,Quarteto,2003,pp.66ess.

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214

bonapartista,juntamentecomopapelassumidopelasteoriasdomovimentode

Sorel,anteciparamaevoluçãodopensamentodeCristoFilhoparaumadireita

moderna,concretizadanaapologiadoideáriofascista893.

QuantoaAlfredoPimenta,evoluiudosocialismoanarquistaparaorepu-

blicanismoedaquiparaomonarquismoorgânicoetradicionalista894,criando

em1915,comAlbertoReis,CaetanoBeirão,LuísChaveseOliveiraMonteiro

o «GrupodosCinco».Arupturaestava já iminentequandoemprestouasua

colaboraçãoaHomemCristoFilho,narevistaA Ideia Nacional.Sobopseudó-

nimodeLordHenry,desenvolveuaíalgumasdaspremissasdoseupensamento

ultraconservador,emmatizesfascizantes,autoritárias,pró-belicistaseracistas,

epregandoaordemeatradiçãocomoelementosbasedacolectividade:«As

naçõesdevemcaminharparaofuturo,cadavezmaisseservindodopassado»895.

Estesector,degrandeimportâncianoquadrodadireitamonárquica,tinha

muitasafinidadesideológicascomointegralismo,masmantevesemprealgu-

maautonomiainstitucional,colaborandocomosdiferentesórgãosdaimprensa

monárquica,comoaNação,aNação Portuguesa,A Ideia Nacional,oDiário

NacionaleoDia.Divergindodointegralismonaquestãodinástica,depoisde

1919,oneo-tradicionalismodeAlfredoPimentafundouaAcção Tradicionalista

Portuguesaem1921e,em1923,aAcção Realista Portuguesa.Estegrupoincluiu

algunsdosmonárquicosdenovageração,comoCaetanoBeirão,AlbertoReis,

ErnestoGonçalves,LaertesdeFigueiredo,LuísChaveseJoãoAmeal,queem

1926haveriadedirigirodiáriodogrupo,Acção Realista.Paraalémdesteperió-

dico,asuaacçãodoutrinária,degranderelevâncianadécadadevinte,contava

aindacomasrevistasAcção RealistaeosemanárioA Voz Nacional.

Oseupensamentopolítico,vincadamentetradicionalista,católicoenaciona-

lista,teveainfluênciadopositivismodeComteedeTaine,fazendoaapologia

daautoridadeedaacçãodaselites896numamonarquiaantiparlamentarfundada

em«princípiosformuladoscientificamente»897.Taisprincípioscientíficosexigiam

893Cf.MiguelCastelo-Branco,ob. cit.,p.116-118.894Cf.ManuelBragadaCruz,PrefácioaSalazar e Pimenta. Correspondência 1931-1950,Lisboa,

Verbo,2008,pp.5-6.895A Ideia Nacional,27-03-1915,p.16.896Cf.JoãoAmeal,ob. cit.,p.22;AlfredoPimenta,Politica Monarchica,Lisboa,EmpresaLusitana

Editora,s/d,[1917],pp.8-9.897Cf.AlfredoPimenta,ob. cit.,p.8;CaetanoBeirão,inAcção Realista,n.º1,1924,pp.10-11.

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307

«falênciadarepública»1337,oscrimesda«carbonária»1338efulminandoosprincipais

vultosrepublicanos,queatacouemlinguagemdesbragadaeverrinosa1339.Desse

optimismoexacerbadoresultouacélebrepolémicasobreoreiacolocarno

trono:aNaçãoafirmavaqueoreilegítimoeraD.Migueleosconstitucionalistas,

acompanhadospelogrémioneo-tradicionalista,advogavamamonarquiadeD.

Manuel.

AsrecomendaçõeseashesitaçõesdeRichmondnãoforamsuficientemente

pujantesparaimpedirasmanobrasorganizativasdasuagrei.Mesmosemco-

missãopolíticaoficial,arquitectaramestruturasefundaramcentrospolíticosnas

cidadesevilasquerepresentavammaiorafinidade,estabelecendoumadinâmica

quelançouopâniconoscovisdorepublicanismoradical.Presume-sequeentre

MarçoeMaiotenhaminauguradocinquentaecincocentrospolíticosemLisboa

enasprovíncias1340.

Paraaconsolidaçãodessadinâmicacontribuiutodaafamíliapolítica,incluin-

domanuelistas,integralistasecatólicos,quenosjornaisA Palavra,Liberdade,

A OrdemeRestauração(Lamego)faziamaapologiadotradicionalismomonár-

quico.Masfoiporacçãodoscaciques,os«ominososcaciques»damonarquia

defunta,incluindo-senestacategoriaosdeputados,governadorescivis,admi-

nistradoreseregedores,quetamanhamáquinapolíticaacabouempreendida.

Ooptimismotransbordavanaimprensarealista,convencidadasuaforçapolítica

edoseucontributoparareacendera«fémonárquica»1341.

Oscentrosmonárquicospodemserumindicadorsociológicoimportante

paracompreenderaorigemsocialdosadeptosdotrono.Comefeito,nassuas

direcçõespredominavaaantigafidalguia,aoladodevelhosconselheirosecaci-

quesdoliberalismo:osgrandesproprietários,empresários,agricultoreseprofis-

sionaisliberais.OCentroMonárquicoD.Carlos,deLisboa,inauguradoa17de

Abril,emprestaumaimagemfidedignadestarealidadesociológica.Concebido

1337O Nacional,n.º6,06-03-1915,p.1.1338Cf.Jornal da Noite,n.º73,02-04-1915,pp.1e2;n.º74,03-04-1915,p.1.1339Cf.JornaisO Nacional,O Dia,Jornal da Noite,Restauração(Lamego)eaRevistaIdeia

Nacional.1340Cf.DavidFerreira,ob. cit.,p.96.Agrandemaioriasituava-senoCentroeNortedopaís.Os

maisimportantes,depoisdeLisboa,eramPorto,Braga,Coimbra,GuimarãeseFelgueiras.1341O Nacional,n.º39,10-04-1915,p.2.

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308

paraorientartodaaactividadepolíticadaCausaemPortugal1342,ofereciaoexem-

plodoempenhoredobradodafidalguiaportuguesanacausadoseurei,mas

constituíatambémosímboloimutáveldeumPortugalarcaicoquesepretendia

restaurar,comoseufausto,assuashierarquiaseotradicionalrespeitopela

ordemepelaautoridade.PresididopelocondedeBertiandos,tinhacomosecre-

táriososcondesdeArrochelaedoSisal.OConselhoAdministrativoeradirigido

pelocondedeVerrideeaComissãoPolíticaporAiresdeOrnelas,tambémele

descendentedecepanobilitada1343.

Anarrativajornalísticaquecobriuoeventoanunciouapresença,noseioda

CausaMonárquicaalirepresentada,deumacastasuperiorcom«direitoagover-

nar»:«Era,porumladoquasetudooque[…]pelasuacapacidade,pelasuafor-

tuna,pelasuaeducação,pelosseustítulosliteráriosecientíficos–tudoquantoé

alguémetemnestepaís,queéoseu,odireitodegovernar,enãoaobrigaçãode

sesubmeter,comobandodeincapazesoulevadeescravos,àtiraniarancorosa

epelintradumrelativamenteinsignificantenúmerodeineptosedeperversos,

semimputaçãosocialdeespéciealguma»1344.Paraalémdaaristocracia,oevento

políticocontavacomaplebe,comopovo.

Masaimprensarealistaestabeleciabemadiferençaentreopovomonár-

quico,o«verdadeiropovo,queéaquelequelabuta,produz,pagaeconstituio

manancialinexorávelondeaPátriavaibuscarasuaseiva»,ea«canalharepu-

blicana»,constituídapor«aquelaturba-multadegentalhaquasetodasemofício,

vivendodoódio,envenenadapelasmaisperniciosaslições,queformaonúcleo

centraldasimponentes manifestaçõesjacobinas!».Estadicotomiapolítico-social

ofereciaaoespectadorcoevoaimagemdomundoconservador,supostamente

trabalhador,amigodaordem,daautoridadeedaestabilidade.Essamarcade

conservadorismoseriabemvincadapelasessãopolítica,realizadacomapresen-

çade«milharesdepessoas»queprimarampelacorrecçãodecomportamento,

pela«unidade,adisciplinavoluntária,aharmonia,aconcordânciadevistas».

Muitodistante,afinal,dapropagandadoscomicieirosrepublicanos:«nãohouve

1342Cf.O Nacional,n.º50,21-04-1915,p.2.1343Cf.O Nacional,n.º47,18-04-1915,p.2.1344Ibidem,p.1.

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309

discursos,nãohouveoespalhafatodomingueiroquesevianapropagandados

adversários»1345.

ACausaMonárquicaprocuravamostraraopaísqueexistiaumaelitede

Poderquenãoseconformavacomaausênciadomando,assumindoprincípios

hauridosdaideologiaconservadorasegundoosquaiscompetiaàselitesgover-

nareaopovoobedeceretrabalharordeiramente.Equeexistiaunidadepolítica

emtornodarestauraçãodamonarquiadeD.Manuel.Mesmosabendoqueessa

unidadeeramaisidealquereal.

Aparticipaçãoinusitadadafidalguianumaassembleiapolíticanãopassou

despercebidaaoolharargutodeAntónioJosédeAlmeida,queironizoucomo

factodeumarealezasupostamenteliberalestaraserdefendidapelanobreza.

RochaMartins,patronodeumamonarquiasocial,veiologoaterreirolembrara

costelaliberaldosrespectivostitulares,portadoresdosangueedaespadacom

queseinaugurouoliberalismoeosistemaconstitucionalemPortugal,equeele

entreviacomoosverdadeirosarautosdaliberdade1346.

Aproliferaçãodecentrospolíticos,ascampanhasna imprensaeadiscus-

sãopúblicadoreiarestaurar já traziamashostesrepublicanasnumfrenesim

revolucionário,quandoPimentadeCastroaprovouanovaleideamnistia.Esta

leiabriaasfronteirasaosmaiscategorizadosdirigentesmonárquicosaindano

exílio,comoPaivaCouceiro,JoãodeAlmeida,JoãodeAzevedoCoutinho,Jorge

Camacho,VítorSepúlvedaeopadreDomingos.Publicadaa20deAbril,foi

logoreprovadacomoleiofensivaeprovocadora,porcoincidircomoquarto

aniversáriodaleideseparação1347.Enquantoaimprensamonárquicaexultavade

regozijoesatisfação,aruarepublicana,oscélebres«carbonários»e«voluntários

darepública»,ressumbravaemgestosdeameaça,comofitoclarodedefender

oregimepelaforça.

Aconflitualidadepolíticaesocialaumentaradeintensidade.Ainauguração

decentrospolíticosmonárquicosmobilizoua«canalharepublicana»paraasime-

diaçõesdassedes,provocandoosadversáriospolíticoseasautoridadespoliciais

destacadasparaasegurançadasmanifestações.Asimplesimagemdapolícia

1345Ibidem.1346Jornal da Noite,n.º89,21-04-1915,p.1.1347Cf.DavidFerreira,ob. cit.,p.83.

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republicanaaprotegeros«inimigos»doregimeeraumaironiaqueosradicais

nãoaceitavam.Poroutrolado,paraalémdeanulartodasasmedidasdosgover-

nosanteriorescontraoficiaismonárquicosouantidemocráticos,opimentismo

entregouachefiadaspolíciasedoexércitoaoficiaisconservadores,comofará

maistardeosidonismo;muitosdospolíciasdemitidosdesdeaimplantaçãoda

repúblicaregressaramaosseuspostos,aumentandoacrispaçãodosrepublica-

nosradicais.

AinauguraçãodoCentroMonárquicoAcadémico,emCoimbra,éoexemplo

paradigmáticodacrescenteconflitualidadeentremonárquicoserepublicanos.

AcidadejuntouaíumaplêiadedenotáveisdirigentesdaCausaMonárquica,

comoocondedeBertiandos,AiresdeOrnelas,AntónioCabral,JosédeAzevedo

CasteloBranco,HomemCristoFilhoeoséquitointegralista,comAntónio

Sardinha,LuísdeAlmeidaBraga,AlbertoMonsaraze JoãodoAmaral1348.

Ospolíticosmonárquicosforamatacadoscompedrasquandosedirigiampara

oteatroSousaBastos,ondeserealizavaoactopolítico.NabaixadeCoimbra,os

agitadoresrepublicanosdeixaramacidadeemestadodesítio,investiramruido-

samentecontraosautomóveisegritaramimpropériosepalavrasdeguerracomo

«mata,mata».Aacçãodapolíciafoientãoconsideradainsuficientepelaimprensa

realistaparajugularostumultos1349.Receosatalvezdaforçapopular,limitava-se

aevitarquea«canalha»,vindadetodosospartidosdarepública,seaproximasse

demasiadodosrealistas,masnãoevitouasagressõesenãoprocedeuamuitas

prisões.Paraosmonárquicos,estaeraaprovairrefutáveldaforçadaruarepu-

blicana,emLisboacomoemCoimbraenoutrascidades,edaincapacidadedo

governodePimentadeCastroparautilizaraforçacontraoradicalismo1350.

Aproximava-se jáarevoluçãode14deMaio,paraaqualmuitocontribuiu

a«rua»,acendradapelosexcessosoptimistasdosrealistas,queafirmavamsem

rebuçosqueaditadurasópodiadesaguarnamonarquia.PaivaCouceiro,que

regressaraaPortugala5deMaio,eraameaçadoporunseadmiradoporoutros,

enquantoaimprensarealistaexultavadeentusiasmo.Asuapresençanasruas

deLisboaera,contudo,umaprovocaçãoqueosradicaisnãotoleravam.Achega-

1348Cf.Jornal da Noite,n.º105,10-05-1915,p.1.1349Ibidem.1350BNP,ELM,doc.n.º3830,cartadocondedeBertiandosaLuísdeMagalhães,de12-05-1915.

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daaPortugaldo«Paladino»foiacompanhadadesdeafronteirapelapolíciaepor

informadoresrepublicanos,quelheconheciamtodosospassos1351.Nopanfleto

EH Real,publicadojádepoisdarevolução,tripudiava-secomaimagemtraçada

pelaimprensa,deum«Nun’Álvares,osantoeheróicocondestável»comqueera

apresentadaaoPovoa «figuradesmanchadaerelesdePaivaCouceiro»1352.Na

verdade,o textodeSérgioSílviocontestava,emtomcoléricoeatrabiliário,a

amnistiadadapeladitaduraaomais«odientoeceleradodoscriminosos»,culmi-

nandoasuacatilináriacomumgritosubversivo:«Evistoquetalsetornaneces-

sário[...]peguemosemarmasevamosparaalutarevolucionária,implantando,

definitivamente,aRepúblicaemPortugal»1353.Couceirofoiobrigadoaesconder-se

atéconseguirsairnovamentedopaís,enquantoumgrupoderevolucionários

atacavaesaqueavaacasadairmã,emSantaCatarina1354.

Nodia6deMaio,AfonsoCostadeuumaconferêncianoTeatroNacional,

noPorto,ondeapelouàviolênciacontraa«ditadura»dePimentadeCastro,que

apodoude«reaccionária»edesera«contra-revoluçãodo5deOutubro».Quanto

àrestauraçãodamonarquia,considerava-aumaimpossibilidadeequetalten-

tativahaviadedegenerarnumalutasemtréguascontraosadeptosdacoroa1355.

Osentimentoderevoltaaumentava.DuranteesteperíodoPortugalfervilhoude

conspiradoreserevolucionários.Osmonárquicosconspiravampararestaurar

amonarquia.AdinâmicaorganizativaqueaditaduradePimentadeCastro

facilitou,marcadaporinúmerasreuniõesemLisboa,Portoenasrestantescida-

desdoNorte,serviaigualmenteospropósitoscontra-revolucionários1356.Muitos

acreditavamqueamáquinapolíticadeviaestarpreparadaparaummovimento

revoltoso,eofuturoprovariaaverdadedestaafirmação1357.

Continuaram,pois,ospreparativoseasmaquinações,recorrendo-senova-

menteaumacomplexamáquinaorganizativa,queexigiafocosdeconspiração

1351AHM,1.ªdivisão,36.ªsecção,caixa13,pasta2.1352Eh Real, Panfleto Semanal de Crítica e Doutrinação Política,n.º1,13-05-1915,p.4.1353Ibidem,pp.11-12.1354Cf.MariaTeresadeSousaBotelhoeMello,ob. cit.,p.130.1355AconferênciadeAfonsoCostafoimaisumaanálisedaconjunturapolítica.Podeler-seuma

sínteseemDavidFerreira,ob. cit.,pp.131-149.1356AHM,1.ªdivisão,36.ªsecção,caixa13,pasta2.1357AtentativarevolucionáriadeAgostode1915foiliderada,emGuimarães,porAntónioMa-

chado,queerasecretáriodoCentroMonárquicodeGuimarães.Cf.IAN/TT,MI,DGAPC,maço61.

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312

internamuitobemarticuladosentresiecomaemigração1358.Comesseobjec-

tivoemmira,acentuaram-seoscontactoseasmovimentaçõesemEspanhae

nasregiõesdefronteira.Otrânsitodearmamento,trazidoporcontrabandistas,

continuouafazer-secomdestinoaPortugal1359.OscomitésdeLisboaedoPorto

estavamempermanentecontactocomEspanhaecomoscomitésmilitarespara

prepararumarevoltaoupronunciamentoquedeviaacontecerantesdaseleições,

marcadasparaJunho1360.

Nocampoadversário,oscarbonáriosvoltavamàsuaactividaderevolucioná-

ria,enquantonoexércitosepreparavaaquedadaditadura1361.Ocomitérevo-

lucionárioeraconstituídoporSáCardoso,ÁlvarodeCastro,AntónioMariada

Silva,NortondeMatoseLeotedoRego,todospróximosdoPartidoDemocrático.

Arevoluçãorepetiuomodelodo5deOutubro,comaacçãocombinadado

exército,damarinhaedosgruposcarbonários,contandotambémcomapassivi-

dadedamaioriadasunidadesdoexército.Portudoisso,seriaconsideradapela

retóricarepublicanacomoumasegundaproclamaçãodarepública.

Arevoluçãosaldou-seemcercade150mortosemaisdemilferidos,nos

confrontosquetiveramlugaremLisboa,PortoeSantarém,vítimasemnúmero

superioràsquesehaviamregistadono5deOutubro1362.Nossectoresmilitares,

asdiferentesguarnições,comandadasporoficiaispassivos,foramabdicandoda

luta,excepçãofeitaainfantaria16,chefiadaporGomesdaCostaeporGonçalo

PimentadeCastro.Oauxílioesperadodasforçasda7.ªdivisão,chefiadaspor

JaimeLeitãodeCastro,nãochegoueoexércitorendeu-seaosrevoltosos1363.

Arevoluçãoficouinexoravelmenteassociadaaorecrudescimentodaviolência

revolucionária,marcadaporconfrontosterrivelmentesangrentos.Houveataques

aigrejas,centrosmonárquicos,sabotagensdeposteseléctricosetelegráficose

váriosassassinatos,incluindo,noPorto,aeliminaçãodeHomerodeLencastre

1358BNP,ELM,caixa58,cartacifradade24deAbril[1915?].1359Cf.dezenasderelatóriosemAHM,1.ªdivisão,36.ªsecção,caixa13,maço2.1360Ibidem.Entreosmaisdinâmicosencontravam-seLuísdeMagalhães,considerado«tesoureiro

docomitédoNorte»,JosédeAzevedoCasteloBranco,PinheiroTorres,JaimeDuarteSilva,GaspardeAbreu,condedeAzevedo,JúliodeAraújo,AbelFerreira,abadedeCaminha,coronelAdrianoBeçaemuitosoutros,civis,clérigosemilitares.

1361IAN/TT,MI,DGAPC,maço60,cartadoGovernadorCivildeBragançaaoMinistrodoInterior,de24-04-1915.

1362Cf.DouglasL.Wheeler,ob. cit.,p.139.Outroshistoriadoresreferemapenas102mortos.1363Cf.GonçaloPereiraPimentadeCastro,ob. cit.,pp.410-420.

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porradicais1364.OódioparacomapolíciadePimentadeCastro,acicatadopela

imprensarepublicana, levouaqueossectores radicaisassaltassemasreparti-

çõespoliciaisnogovernocivildeLisboa,destruindoomobiliárioeassaltando

oscofres,deondelevaramosfundosdepensõesetodoodinheiroexistente,

paraalémdearmamento.Váriospolíciasforamentretantoassassinados,muitos

seriamrepublicanosdedicados,enquantooutrosfugiamouseescondiamdas

turbasenfurecidas1365.

Portugaldavaentãoumaimagemdeguerracivilqueasautoridadespro-

curaramconteratravésdeumacirculardistribuídaaosgovernadorescivis1366.

Aviolênciadarevolução,osbombardeamentosdeLisboa,osataquesaca-

sasdeapoiantesdePimentadeCastro,emuitoespecialmentemonárquicos

conhecidos,marcariaoimaginárioconservadorduranteanos,aprofundandoa

imagemde«balbúrdiasanguinolenta»quesecolaraàrepública.Acondessade

Mangualde,quedescreveuosacontecimentosrevolucionárioscompormenor,

escreveuaessepropósito:«PareceimpossívelqueestePortugalsejaomesmo

queaindahádezanoseraaterramaispacataemaissossegadadomundo.Que

responsabilidademedonhatêmosquetransformaramobompovoportuguês

nasferasqueagoraandamporaí»1367.

Osmonárquicosexploravamestaviolênciapolítica,dequetambémpar-

ticipavamcomoconspiradoresimpenitentes,apresentando-secomovítimasda

ferocidaderepublicana.D.Manuel,emLondres,vituperavaarevoluçãonumato-

adamuitopessimista,afirmandoquePortugalteriaestadoàbeiradeuma«inter-

vençãoestrangeira»,istoé,intervençãodeEspanha,queaInglaterra«evitou»1368.

Paraomonarcaexilado,opaís,indiferente,nadapodiacontraoscriminosos

republicanoseasuaviolência ferina: «Temosemfrentedenós,deum lado

1364IAN/TT,DGAPC,maço60.1365Ibidem,RelatóriodoComandantedaPolícia,TristãodaCâmaraPestana,de19-05-1915.1366Ibidem,circularde18-05-1915.1367Ob. cit.,p.128.1368IAN/TT,FundodeJoãoAzevedoCoutinho,caixa8,cartadeD.ManuelaJoãodeAzevedo

Coutinho,de02-06-1915.CartadeteormuitosemelhantefoidirigidaaomarquêsdoLavradio,em10-06-1915,aíexpressandooreceiodeumentendimentoentreaInglaterraeaEspanha.Cf.D.JoséLuísdeAlmeida(Lavradio),ob. cit.,pp.249-250.

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assassinos,bandidos,araléquematam,assassinam[...];dooutro,infelizmente,

umpaísinteiroapáticoeindiferente»1369.

OfimdaditaduradePimentadeCastrotrouxeosdemocráticosnovamente

aoPoder,comumgovernolideradoporJosédeCastro,aqueseseguiuademis-

sãodeManueldeArriaga,substituídoporTeófiloBraga1370.Oambientepolítico,

jámuitodegradado,agravar-se-ianosanosseguintes,comaformaçãodeum

fortesentimentoantidemocráticoemalgunssectoresrepublicanos,enquantono

exércitosurgiaumanovafamíliapolítica,aindavaga,conhecidapor«pimentis-

mo».O«pimentismo»,comodepoiso «sidonismo»,eraconstituídoporoficiais,

unssemcorpolítica,outrosrepublicanosconservadoresemonárquicos,que

nutriamumódiovisceralaosdemocráticosequedefendiamosvaloresdaordem

edaautoridadecomoamaisimperiosafunçãopolíticadoEstado1371.Começava

entãoaformar-seumapoderosaaliançacontraoPartidoDemocráticoqueviria

aserresponsávelpelarecusadasuapolíticaintervencionista.

Algunsmonárquicoscaíramentãonumprofundopessimismodepoisdo14

deMaio,queviriaaderruirpartedoesforçoorganizativo,políticoecontra-revo-

lucionárioquehaviamarquitectadoduranteaditaduradePimentadeCastro1372.

Asuacapacidadedepropagandaficouseriamentedebilitadacomodesapare-

cimentodealgunsdosseusmaisrelevantesórgãosdeimprensa,comooDia,

oNacional,o Jornal da Noite(esteemAgosto).Deixaradehavercondições

políticasparaconcorreraeleições,queserealizarama13deJunho,econdições

demobilizaçãoparalevaracaboummovimentorestauracionista.

Masnemtodosanalisavamnegativamenteo14deMaio.LuísdeMagalhães

descobriaalgodepositivonarevolução,queviacomoumaradicalizaçãoainda

maiordoregime,nosentidodeaumentarosconfrontosentreasfacçõesrepu-

blicanas,«oqueéumamaiorchancedetriunfofinal».O14deMaiomostravaao

exércitoqueaestabilidadeseriasempreumaempreitadairrealizávelcomare-

públicae,finalmente,porque«liquidavacompletamenteaideiadeumarepública

1369IAN/TT,FundodeJoãoAzevedoCoutinho,caixa8,cartadeD.ManuelaJoãodeAzevedoCoutinho,de02-06-1915.

1370ManueldeArriagaabdicoudafunçãoa29deMaio,enquantoTeófiloBragasemantevenocargoatéàeleiçãodeBernardinoMachado,a6deSetembro.

1371Cf.AHM,1.ªdivisão,36.ªsecção,caixa13,pasta3,relatóriodoGovernoCivildeVianadoCasteloaoMinistrodoInterior,de29-07-1915ecartasparticulares.

1372Cf.BNP,ELM,cartadeLuísdeMagalhãesaMoreiradeAlmeida,de06-06-1915.

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conservadora»1373.Aargumentaçãodoantigoconselheiromonárquicoradicava

numaobservaçãoracionaldosacontecimentos,segundoaqualnenhumasocie-

dadepodiaviverem«instabilidadepermanente»,comoviviaarepública.Como

políticohábilepensadorpenetrante,sabiaqueasquestõesda«ordem»pública

obrigariamoexército,quandoasituaçãosetornasseinsuportável,aintervirpara

reporessa«necessidadeorgânica»dassociedades1374.Porisso,defenderiasempre

aviadaorganizaçãopolíticadaCausaMonárquicaeocombatefirmeecerrado

aoregimerepublicano,mesmoqueissoimplicasseignorarasorientaçõesexpe-

didasdeLondres.Naverdade,arevoluçãotinhaaindaoutromérito:oderevelar

aovastocampodoconservadorismonacionalqueumarepúblicaconservadora

eraumaimpossibilidadepolítica,um«absurdo».Osmonárquicosconvenciam-

seagoradequeapenasarepúblicaradicale«jacobina»,istoé,a«demagogia»,

enquanto«degenerescênciaviciosadademocracia»,podiavingaremPortugal.

Amonarquiaeraassimapresentadacomooúnicoregimecompatívelcoma«or-

dem»ea«autoridade»,dentrodeumquadroevolucionistaqueacivilizaçãocoeva

exigiaparaextirparovírusrevolucionárioqueatacaraPortugaleolançarana

maisdeprimenteanarquia1375.

D.Manuel,nasuacartaaJoãodeAzevedoCoutinho,datadade2deJunho,

tinhavoltadoainsistirnaimobilidadepolíticadosseuscorreligionários,cujaac-

tividadecausticavacomo«crimedelesa-pátria»,enquantoprometiaarestauração

dotronono«fimdestaguerrapavorosa»1376.Masosmonárquicosnãoaceitaram

taisrecomendações,insistindosemprenanecessidadede«organização»política,

econtinuaramapropagandasubversiva,especialmentenoNortedopaís1377.

Paraalémdapropagandadaideiamonárquica,procuraramcapitalizarodes-

contentamentoeconómico-socialdosportugueses.Comefeito,aosproblemasde

umasociedadeemconflitoseguiram-seascomplicaçõeseconómicasesociais,

comoagravamentodoabastecimentopúblicodegénerosalimentares.Omêsde

1373BNP,ELM,cartadeLuísdeMagalhãesaMoreiradeAlmeida,de06-06-1915.1374Ibidem,cartade25-06-1915.1375Estaerapelomenosaposiçãodosmonárquicosconstitucionalistas.Cf.LuísdeMagalhães,

Portugal e a Guerra,Lisboa,1915,pp.48-53.1376IAN/TT,FundoParticulardeJoãoAzevedoCoutinho,caixa8,cartadeD.ManuelaJoãode

AzevedoCoutinho,de02-06-1915.1377Cf.BNP,ELM,doc.n.º8022,cartadeD.LuísdeCastro(condedeNovaGoa)aLuísde

Magalhães,de16-07-1915.

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316

JulhoficoumarcadoporumconflitoentreosagricultoresdoDouroeosagricul-

toresdoSul,porcausadaexportaçãodevinhosgenerososparaInglaterra.Otra-

tadodecomérciocomestepaís,assinadoa23deJaneirode1915,aceitavacomo

vinhodoPortotodososvinhosexportadosdePortugal1378.Osagricultoresdo

Douroreclamavamarevisãodotratadonosentidoderestringirasexportações

devinhosgenerososaosvinhosproduzidosnaregiãoduriense,eameaçavam

aexportaçãoenquantoInglaterranãoadoptasseadesignaçãoportuguesade

«VinhodoPorto»1379.

NaregiãodoDouro,a19deJulho,osprodutoresdevinhomostraramoseu

descontentamentonumamanifestaçãoquetevelugaremLamego,congregando

cercadequatromilmanifestantes.Essa«multidão»,queinvadiraacidadearmada

«compaus,varapaus,machados,baionetas,antigas,facasatadasnapontade

paus,choupas,espingardasdecaçaebombas»protestavacontraa«questãodu-

riense»,levantavaimpropérioscontraarepúblicaecontraoSulqueos«matavaà

fome».Quando,nodiaseguinte,opovoamotinadosepreparavaparainvadiro

edifíciodosPaçosdoConcelho,«aforçamilitarabriufogocontraospopulares,

eaomesmotempoalgumasbombasrebentaramemfrentedoedifício»1380.Mas

orelatóriooficialdasautoridadesdácontadeumaexplosãodeviolênciaentre

osmanifestanteseoscivisrepublicanosqueseencontravamnoedifíciopúblico,

aquemaqueles«chamavamcarbonários».Afúriadosconfrontosficoumarcada

peloarremessodebombaseousode «pistolasautomáticas»contraosditos

«carbonários»,eaqueestesresponderamlançando«paraaruatrêsouquatro

bombas»sobreopovoamotinado.Dosconfrontosresultaramdozemortose

dezanoveferidos1381.Aexistênciadeumabandeiraazulebranca,osvivasaD.

Manueleàmonarquia,easconhecidassimpatiasmonárquicasdosdirigentes

doprotestorevelamqueportrásdamanifestaçãopoderiamestarosinteresses

1378Cf.MiguelNunesRamalho,A Opressão Salazarista e a Força da Liberdade. Alfredo de Sousa, um resistente,p.80.

1379Cf.A Capital,ano6,n.º1783,20-07-1915,p.2.OsagricultoresdoNorteeosdoSulenviaramcomissõesaLisboa,parafazeremchegaraogovernoassuasreivindicações.OgovernoapresentouentãonoparlamentoumapropostaqueatendiaaosinteressesdosagricultoresdoDouroecompen-savaosagricultoresdoSulcomaumentossignificativosdospreçosdasaguardentes,indispensáveisparaaproduçãodosvinhosdoDouro.

1380IAN/TT,MI,DGAPC,maço61.1381Ibidem.

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