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Versão integral disponível em digitalis.uc · nos desafios proporcionados pela expansão marítima portuguesa do século XV. Assim, para além de ser importante reter o seu envolvimento

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D. Álvaro de Castro (1.º conde de Monsanto) perante os desafios da Expansão Portuguesa

do século XV

Marco Oliveira BorgesCentro de História, Universidade de Lisboa

Bolseiro de Doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia [email protected]

Texto recebido em/Text submitted on: 15.06.2014Texto aprovado em/Text approved on: 24.09.2014

Resumo/Abstract:Neste estudo procuramos compreender de que modo D. Álvaro de Castro se envolveu

nos desafios proporcionados pela expansão marítima portuguesa do século XV. Assim, para além de ser importante reter o seu envolvimento nas campanhas militares a Marrocos, não esquecendo também a sua actividade militar interna, há que tentar explorar a associação de D. Álvaro de Castro ao frete de navios com destino à Flandres e ao abastecimento de Ceuta.

On this study we try to understand in which way was D. Álvaro de Castro involved in the challenges brought up by the Portuguese maritime expansion of the 15th century. Thus, although it is important to understand his involvement in the military campaigns in Morocco, as well as his internal military activity, it is also significant to try and explore his association with the vessel charter headed to Flanders and destined to the supply of Ceuta.

Palavras chave/Keywords:D. Álvaro de Castro; Expedições militares; Marrocos; Frete de navios.

D. Álvaro de Castro; Military expeditions; Morocco; Vessel chartering.

Revista de História da Sociedade e da Cultura, 14 (2014) 31­118. ISSN: 1645­2259

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86 Marco Oliveira BORGES

Introdução

O interesse por querer desenvolver um estudo alargado sobre D. Álvaro de Castro, camareiro­mor de D. Afonso V, conselheiro régio, senhor de Cascais, 1.º conde de Monsanto, fronteiro­mor e alcaide­mor da cidade de Lisboa (entre outros ofícios e títulos que foi acumulando), surgiu do próprio relevo que este fidalgo foi adquirindo no âmbito do desenvolvimento da nossa dissertação de mestrado1 e que já nos havia permitido elaborar um pequeno estudo de síntese envolvendo os seus feitos militares e actividade marítima2. Para além disso, o facto de não existirem estudos específicos sobre D. Álvaro de Castro, embora havendo importantes dados biográficos coligidos por alguns investigadores3, foi outro factor determinante para querermos apro fundar conhecimento sobre esta interessante figura da nobreza portuguesa quatrocentista que andou ligada a grandes acontecimentos da história nacional.

D. Álvaro de Castro (14??­1471) era filho primogénito de D. Fernando de Castro, governador da Casa do infante D. Henrique, alcaide­mor da Covilhã, 1.º senhor do Paul de Boquílobo, senhor de Ançã e de S. Lourenço do Bairro, e de D. Isabel de Ataíde, filha de Martim Gonçalves de Ataíde, senhor de Monforte e alcaide­mor de Chaves4. Pelo primeiro casamento do pai tinha

1 BORGES, Marco Oliveira – O Porto de Cascais durante a Expansão Quatro centista. Apoio à Navegação e Defesa Costeira. Dissertação de Mestrado em História Marítima (FLUL): 2012, passim.

2 BORGES, Marco Oliveira – “D. Álvaro de Castro”, in DOMINGUES, Francisco Contente, SILVA, Jorge Moreira da e CASTRO, Tiago Machado (dir.) – Dicionário de História Marítima (2011), (http://ww3.fl.ul.pt/DHM/DHM/page3/page29/page29.html, consultado em 2012.06.22).

3 Cf. FREIRE, Anselmo Braamcamp – Brasões da Sala de Sintra, 2.ª ed., liv. terc., Coimbra, Imprensa da Universidade, 1930, p. 280­281; LOURENÇO, Manuel A. P. – “História de Cascais e do seu Concelho”, A Nossa Terra, 71 (1954) 2, embora sem indicar fontes e com algumas afirmações bastante discutíveis; ANDRADE, Ferreira de – Cascais – Vila da Corte. Oito Séculos de História. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 1964, p. 47­51 e 74; MORENO, Humberto Baquero – A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e Significado Histórico, vol. II. Coimbra: Biblioteca Geral da Universidade, 1980, p. 758­­763; SILVA, Joaquim Candeias e BRANCO, Manuel da Silva Castelo – A Beira Baixa na Expansão Ultramarina (Séculos XV-XVII). Subsídios históricos. Lisboa: Câmara Municipal de Belmonte, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1999, p. 167.

4 MORAIS, Cristóvão Alão de – Pedatura Lusitana (Nobiliário de Famílias de Portugal), t. II, vol. II. Porto: Livraria Fernando Machado, [s.d.], p. 110; SOUSA, António Caetano

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como irmãos D. Henrique de Castro, o qual fora eleito Prior do Crato mas morrera antes de tomar posse, D. Garcia de Castro, que combateu na batalha de Alfarrobeira integrando as hostes reais, D. Maria de Castro, 1.ª mulher de D. Álvaro de Sousa (mordomo­mor), D. Isabel de Castro, condessa de Viana do Alentejo, por casamento com D. Duarte de Meneses5 (1.º capitão de Alcácer Ceguer), e D. Catarina de Castro, condessa de Avranches, por casamento com D. Álvaro Vaz de Almada6. Do segundo casamento do pai, o nosso biografado tinha como irmãs D. Violante de Castro, senhora de Mafra, e D. Margarida de Castro.

D. Álvaro de Castro casou com D. Isabel da Cunha, filha de D. Afonso de Cascais e de D. Branca da Cunha, sendo D. Isabel neta do doutor João das Regras e legítima titular do senhorio de Cascais, apesar de D. Afonso continuar a usar o título de senhor de Cascais7. Do seu casamento com D. Isabel, D. Álvaro de Castro teve como filhos D. João de Castro, 2.º conde de Monsanto, D. Jorge de Castro, D. Joana de Castro e D. Leonor de Castro. Teve ainda, como filhos bastardos, D. Rodrigo de Castro8, D. Guiomar de Castro9 (duquesa de Nájera) e D. Margarida de Castro10.

de – Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, t. XI, pt. II. Lisboa: Na Regia Officina Sylviana e da Academia Real, 1745, cap. II, p. 802­803.

5 MORAIS, Cristóvão Alão de – Pedatura Lusitana…, cit., p. 111.6 MORAIS, Cristóvão Alão de – Pedatura Lusitana…, cit., p. 110­111; MORENO,

Humberto Baquero – A Batalha…, cit., vol. II, p. 758.7 D. Isabel recebeu o senhorio de Cascais a 31 de Maio de 1436, já depois da morte

de D. Pedro da Cunha (seu irmão), ainda que sob tutela de seu pai, D. Afonso de Cascais, que continuava a assumir o título de senhor de Cascais (cf. Chancelarias Portuguesas. D. Duarte, vol. I, t. II. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1998, p. 286­289, doc. 1024, p. 296­301, doc. 1032; MARQUES, A. H. de Oliveira – “Para a História do Concelho de Cascais na Idade Média – I”, Novos Ensaios de História Medieval Portuguesa. Lisboa: Editorial Presença, 1988, p. 114­115).

8 Combateu e foi ferido na batalha de Toro (PINA, Rui de – “Chronica do Senhor Rey D. Affonso V”, in Crónicas de Rui de Pina. Porto: Lello & Irmão – Editores, 1977, cap. CLXXXVI, p. 840). Sobre esta batalha, vide ENCARNAÇÃO, Marcelo Reis da, A Batalha de Toro. Dissertação de Doutoramento em História (FLUP), 2 vols: 2011.

9 A mesma por quem Henrique IV, rei de Castela, veio a ter “amores” (GÓIS, Damião de – Crónica do Príncipe D. João. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1977, cap. XXXV, p. 87).

10 MORAIS, Cristóvão Alão de – Pedatura Lusitana…, cit., p. 112. Estas infor mações divergem de SOUSA, António Caetano de – Historia Genealogica…, cit., t. XI, pt. II, cap. II, p. 806­807, que não refere D. Jorge de Castro e apresenta D. João de Castro, D. Joana de Castro, D. Leonor de Castro, D. Guiomar de Castro, D. Rodrigo de Castro e D. Madalena

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