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- Movimento Brasil Digital 2018 VERSÃO 2018

versão · 2018-08-01 · Os caminhos da digitalização GoveRno Na Alemanha, o governo quer intensificar suas compras orientadas à inovação, adotando uma resolução com diretrizes

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 1

2ªversão

2018

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Carta do presidente ..............................................................04sumário exeCutivo ..................................................................06Governo ..........................................................................................08infraestrutura .............................................................................12eduCação ........................................................................................ 16empreendedorismo .................................................................20inClusão ..........................................................................................24ConClusões ..................................................................................26fontes de pesquisas ...............................................................28

Comitê ExECutivo

adelson sousa, presidente da it mídia

Gustavo Gennari, presidente da fiap

Jorge maluf, sócio da Korn ferry

luciano albertini, sócio da eY

luiz sergio vieira, presidente da eY

marco silva, gerente do instituto it mídia

miguel setas, presidente da edp energia

silvio Genesini, coordenador do grupo de trabalho

vitor Cavalcanti, diretor de conteúdo da it mídia

Estudos E pEsquisas(núCleo de inovação e empreendedorismo da fundação dom Cabral)

ana elisa Castro, pesquisadora e professora convidada

Carlos arruda, professor titular e coordenador

erika barcellos, pesquisadora e professora convidada

produção dE tExtos

renato Cruz, jornalista e editor da inova.jor

produção dE artE

YUCA - Estúdio Criativo • ycbrasil.com

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Ter utopias é necessário. Por meio delas conquista-mos coisas inimagináveis e que muitas vezes parece-riam impossíveis de lograr com ritmo e metas tradicio-nais. O Brasil vive um momento que pede uma utopia e é justamente isso que queremos propor a partir do Mo-vimento Brasil Digital: por um país inovador e inclusivo.

Sabemos que comparar o Brasil com países como Estados Unidos e China no uso e desenvolvimento de tecnologia parece injusto. Mas não é injusto querer que nosso país ocupe papel de destaque no mundo. Que não assista à uma onda transformadora gerar oportunida-des para diversas nações e sermos apenas usuários de tais tecnologias.

A partir do Movimento, objetivamos trilhar um ca-minho de sucesso escolhendo ações que transformem Educação, Infraestrutura, Empreendedorismo e Governo em seus mais amplos aspectos. Falar em transforma-ção digital deixou de ser moda há tempos. Essa realida-de aplaca a todos e precisamos agir com inteligência. Nossos jovens e crianças precisam, desde cedo, con-viver com esses conceitos. Trabalhadores de funções repetitivas e ocupações passíveis de automatização precisam ser apresentados a novas possibilidades. Leis precisam acompanhar esse novo mundo e abrir possi-bilidades para o amanhã e não nos restringir.

Por uma naçãoinovadora e inclusiva

Governo, iniciativa privada e sociedade civil precisam assumir suas responsabilidades, seus papéis, para juntos fazermos com que o Brasil participe dessa onda com alguma relevância e não apenas como espectador de algo que pode fazer com que nossa sociedade seja mais inovadora e inclusiva.

Nas páginas a seguir, você encontrará parte de uma ampla pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC) para enten-der como diversas nações têm se posicionado e criado políticas públicas e ações para transformarem suas sociedades. Documen-tos e iniciativas brasileiras também foram levadas em conside-ração nesta análise, mas mais que textos e decretos, o país pede ação. E é justamente neste ponto que esse grupo trabalhará mais fortemente: na elaboração de propostas para que indústria 4.0, di-gitalização e todos os demais termos adotados pelo mercado pos-sam se permear Brasil afora e gerar oportunidades ímpares para todos os cidadãos.

Sabemos que transformar um país tão desigual e com dimen-sões continentais não é fácil, mas entendemos que se nada for feito, nada acontecerá. Por isso, diversas empresas se uniram nesta cau-sa, entendendo que é possível mudar, e temos segurança de que muitas outras corporações e instituições se unirão pelo propósito da nossa causa: transformar o Brasil em um país inovador e inclusivo.

Adelson SousaPresidente-executivo do Instituto IT Mídia.

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SumáRio executivo

A digitalização é tema central de políticas públicas nas principais economias do mundo. Por um lado, ga-rante produtividade às empresas, competitividade in-ternacional e serviços de qualidade aos cidadãos. Por outro, impõe desafios em áreas como educação, tra-balho, sustentabilidade e políticas sociais.

O Movimento Brasil Digital tem por objetivo influen-ciar e promover o diálogo entre os setores público e pri-vado, para a construção de propostas que tragam tec-nologia e inovação para o centro da estratégia do país. E, com isso, preparar a sociedade para as profissões do futuro de forma humanizada, gerando ocupações qualificadas e garantindo sustentação do crescimento econômico no Brasil.

Criada em 2017, a partir de uma parceria entre o Instituto IT Mídia e a Fundação Dom Cabral (FDC), a ini-ciativa propõe-se a avaliar a situação digital brasileira a partir de quatro dimensões estruturais: governo, in-fraestrutura, educação e empreendedorismo.

Desde abril deste ano, o Pacto pela Digitalização Humanizada juntou-se ao Movimento Brasil Digital, somando esforços e abrindo um espaço para discus-sões sobre a humanização no processo de transfor-mação digital.

O pacto foi fundado em novembro de 2017 pela EDP Energias do Brasil, EY, FIAP Korn Ferry. Ele tem como pro-pósito mobilizar as lideranças empresariais do Brasil num movimento humanizador da digitalização do tra-balho, engajando toda sociedade e partes interessa-das por meio de um ecossistema colaborativo.

Vivemos a quarta revolução industrial. Tecnologias como big data, internet das coisas e inteligência artificial combinam-se à automação trazida pela terceira revolu-ção, o que possibilita alcançar novos patamares de per-

sonalização e produtividade. Na expres-são Indústria 4.0, o termo indústria deve ser encarado de maneira ampla, como no inglês industry, que se refere a um setor econômico, e não somente à manufatura. Agronegócio, serviços e governo também participam dessa revolução.

Como primeiro passo para enten-der o nível de preparo do Brasil, foram mapeadas políticas públicas e ações de desenvolvimento digitais em oito países – Alemanha, Austrália, Canadá, Espanha, Índia, México, Reino Unido e Suécia. Essa etapa compreendeu a pesquisa em mais de 50 fontes, incluindo relatórios e sites oficiais e de apoio.

Sobre o país, foram analisadas quatro iniciativas: 4.0: Estratégia Brasileira para Transformação Digital E-Digital (projeto multiministerial, 2018), Relatório Plano de Ação: iniciativas e projetos mobilizadores IOT (BNDES, 2017), Agenda Brasileira para Indústria 4.0 (MDIC/ABDI, 2018) e Projeto Indústria 2027 (CNI, 2017).

A partir das informações sobre os oito países e o Brasil, este documento apre-senta uma análise sobre os quatro pilares considerados essenciais para uma boa política pública de digitalização:

infraEstrutura – apesar de avanços recentes, o acesso à internet ainda apre-senta problemas em nosso país, tanto de cobertura quanto de qualidade. O incen-

Rumo aofuturo digital

tivo ao investimento em telecomunicações, aliado a políticas de universalização, são essências a um bom posicionamento do Brasil no ambiente digital. A conectividade é pré-requisito à di-gitalização da economia e à inovação.

EduCação – os brasileiros precisam estar preparados para preencher as vagas criadas pela quarta revolução industrial. Para isso, a inclusão digital é somente o primeiro passo. Profes-sores precisam ser capacitados para novos modelos de ensino e alunos precisam tornar-se aptos a utilizar novas ferramentas tecnológicas. O currículo escolar deve apresentar o mundo de tecnologia e inovação aos estudantes desde os primeiros anos.

EmprEEndEdorismo – o chamado custo Brasil dificulta a vida de todo tipo de empresa, e tem efeitos ainda mais nocivos em

negócios inovadores. Num ambien-te digital e extremamente compe-titivo, as companhias precisam ser ágeis. É necessário haver incentivo à criação de startups, ao investi-mento em empresas inovadoras e às atividades de pesquisa, desen-volvimento e inovação.

GovErno – políticas públicas de apoio à digitalização são essen-ciais. É preciso modernizar o am-biente legal e regulatório em áreas como dados, segurança da infor-mação e mercado de trabalho. Além disso, o governo precisa abra-çar as tecnologias da Indústria 4.0, para prover melhores serviços ao cidadão. O poder público também tem um papel importante a desem-penhar como comprador e indutor de novas tecnologias.

Esses quatro pilares serão sus-tentados pelas as ações do Pacto pela Digitalização Humanizada, que busca posicionar o ser humano no centro de tomada de decisão no processo de evolução da transfor-mação digital.

Por estarmos num ano eleitoral, o momento é propício à discussão dos temas propostos neste docu-mento. O Movimento Brasil Digi-tal, no entanto, quer promover um diálogo que não fique limitado a este momento, para que tenhamos acompanhamento e continuidade das políticas de digitalização.

O Brasil tem uma oportunidade única de ocupar posição de des-taque no novo mundo digital. Para isso, é preciso atacar problemas históricos e preparar pessoas, em-presas e governo para a Indústria 4.0. Com isso, podemos nos tornar, além de beneficiários, criadores de novas tecnologias.

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O apoio das políticas públicas à digitalização ocorre em várias fren-tes. Os outros três pilares definidos por este estudo – infraestrutura, edu-cação e empreendedorismo – de-pendem de leis e regulamentos ade-quados. A experiência internacional mostra que serviços de governo ele-trônico e política industrial são com-ponentes importantes. Além disso, o poder de compra do governo pode servir como indutor do desenvolvi-mento de novas tecnologias.

Um exemplo é o Reino Unido, que utiliza as compras governamentais para promover a inovação, princi-palmente em startups e scale-ups. A plataforma Digital Marketplace, para compra serviços digitais pelo governo, havia acumulado até 2017 £ 1,7 bilhão em negócios, sendo 56% com peque-nas e médias empresas (PME). O re-sultado excedeu a meta do governo, que era chegar a um terço dos gastos com PME em 2020. O Reino Unido quer promover o uso da plataforma por go-vernos locais e outras entidades do setor público.

A Suécia também tem usado com-pras governamentais para incentivar o desenvolvimento de empresas di-gitais. A promoção da inovação pela demanda do governo é uma estraté-gia sueca desde 1990. Essas atividades são centralizadas na Agência Nacional de Compras Públicas.

Os caminhosda digitalização

GoveRnoNa Alemanha, o governo quer intensificar suas compras orientadas à

inovação, adotando uma resolução com diretrizes de compra que apli-quem critérios de sustentabilidade e inovação. A administração pública planeja expandir seus Centros de Competência de Compras Inovadoras (Koinno, na sigla em alemão) e iniciar projetos-piloto para promover a competição entre desenvolvedores na criação de soluções inovadoras para demandas públicas.

GovErno ElEtrôniCoBoas práticas dos países analisados neste estudo apontam que, nas

atividades de governo eletrônico, não basta trocar atendimento pre-sencial ou telefônico por meios digitais. A transformação digital da ad-ministração pública vai além disso.

Inicialmente, o esforço do Reino Unido estava concentrado na ado-ção de canais online para serviços existentes. Desde as reformas da Nova Gestão Pública, na década de 1980, os serviços governamentais têm-se tornado mais descentralizados e voltados ao cliente. No final dos anos 1990, com tecnologias baseadas em internet mais maduras, o governo britânico passou a migrar seus serviços de back office para centros de dados, com o objetivo de ganhar eficiência.

Lançado em 2011, o Serviço Digital do Governo do Reino Unido (GDS, na sigla em inglês) tornou-se um modelo copiado por Estados Unidos, Austrália e outros países. Estimativas de 2012 apontavam que a adoção de serviços online poderia reduzir anualmente de US$ 1,7 bilhão a US$ 1,8 bilhão em gastos do governo.

Com 25 projetos iniciais, o GDS substituiu transações onerosas por equivalentes digitais mais baratas. Processos manuais e via call center foram substituídos por processos de autoatendimento online. Apesar dis-so, menos da metade dos projetos alcançaram os objetivos definidos.

O governo britânico resolveu, então, mudar não somente a maneira como entrega seus serviços, mas reconfigurá-los para aproveitar me-lhor tecnologias e modelos de negócios digitais. Recém-lançada, a Es-tratégia de Transformação do Governo (GTS, na sigla em inglês) tem por objetivo ir além de uma mudança de canal, promovendo a transforma-ção de serviços e processos.

A Índia decidiu usar o governo eletrônico para incentivar a inclusão financeira. O governo indiano lançou em 2015 o programa Digital India, com projetos em áreas como cidades inteligentes, identidade digital e pagamentos digitais. O programa inclui o projeto Aadhaar, que tem como objetivo fornecer identidade digital para todos os cidadãos do país, com número único de identificação e reconhecimento biométrico (impressão digital e íris). No fim de 2016, mais de 1 bilhão de números de identificação já tinham sido emitidos.

As iniciativas do programa são divididas em nove pilares, com pra-zos definidos para serem finalizados. A maioria está prevista para ter-minar em três anos, sendo que alguns deles, chamados “de colheita rá-pida”, têm prazos ainda mais curtos.

O projeto Aadhaar é base para expansão de pagamentos digitais e comércio eletrônico. Ele combina-se a outro dois – Jan Dhan, de inclu-são financeira, e Mobile, de uso do celular – para formar o que o governo indiano chamou de “Trindade JAM”, base de seu plano de digitalização.

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Para facilitar as iniciativas de go-verno eletrônico, o país criou a IndiaS-tack, uma interface de programação de aplicações (API, na sigla em in-glês), que permite a terceiros integrar suas plataformas aos serviços públi-cos. O sistema Aadhaar conta com quatro camadas de serviço de soft-ware: identidade digital, documentos, pagamentos e transações.

Na Alemanha, o programa Ad-ministração Digital 2020, de 2014, define a política de governo eletrô-nico, visando tornar a administra-ção pública acessível via eletrôni-ca a todos os cidadãos. Ela inclui medidas sobre armazenamento de dados, serviço central de identifica-ção eletrônica e de correio eletrô-nico, plataforma de pagamento e contratos públicos.

O governo alemão publicou no ano passado o Primeiro Plano Na-cional de Ação 2017-2019, que de-fine a participação do país na Par-ceria para Governo Aberto (OGP, na sigla em inglês), uma iniciativa in-ternacional. O plano inclui 15 com-promissos assumidos por vários ministérios, como cumprimento de padrões internacionais de trans-parência, compromisso de forneci-mento de dados abertos e apoio a projetos de integração local. Tam-bém em 2017, o parlamento apro-vou a Lei Federal de Dados Abertos.

O Canadá tem um plano de-talhado de estratégia digital, com base em quatro vertentes: serviços digitais oferecidos pelo governo; in-vestimentos alinhados com os inte-resses da indústria; segurança digi-tal; e formação de força de trabalho de alto desempenho.

Em 2014, o governo canadense lançou o programa Digital Canada 150, antes da comemoração dos

seus 150 anos, completados em 2017. O programa definiu 39 iniciativas, todas implementadas ou em andamento. Posteriormente, foi lançado o Digital Canada 150 versão 2.0, com 31 novas iniciativas. A administração pública posicio-na-se como um catalisador da mudança, ao oferecer ser-viços digitais que facilitam a vida de cidadãos e empresas.

A experiência do Canadá mostra a importância de ha-ver metas e prazos bem definidos, com acompanhamento e prestação de contas.

Já a Austrália criou em 2015 sua Agência de Transfor-mação Digital, para apoiar departamentos e agências go-vernamentais. A atuação da entidade envolve áreas como compras governamentais de tecnologia, serviços digitais, adoção de tecnologia pelo governo e desenvolvimento de capacidades específicas por servidores públicos. O gover-no australiano tem iniciativas de dados abertos, facilida-de transacional para empresas, com foco em pequenas e médias, e transparência de informações.

O México publicou em 2013 sua Estratégia Digital Na-cional. O objetivo é adotar e desenvolver as tecnologias de informação e comunicação para inserir o país na so-ciedade da informação e do conhecimento. O documento surgiu no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2018, formando parte da estratégia transversal do Programa para um Governo Próximo e Moderno.

A estratégia é composta por cinco objetivos, que pos-suem objetivos secundários, e cinco facilitadores/habilita-dores. Os cinco objetivos são transformação governamental; economia digital; educação de qualidade; saúde universal e efetiva; e segurança cidadã. Os cinco facilitadores/habi-litadores são conectividade; inclusão e habilidades digitais; interoperabilidade; quadro jurídico; e dados abertos.

O México encontra-se na última posição em digitali-zação entre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e em quinto lugar na América Latina. Apesar disso, o objetivo da iniciativa lan-çada em 2013 era que o país atingisse, neste ano, a média dos países da OCDE e assuma a liderança latino-ameri-cana, que atualmente pertence ao Chile.

Na Espanha, a agenda digital tem como base os princí-pios estabelecidos pela Comissão Europeia (CE), que quer aproveitar as oportunidades criadas pelas novas tecnolo-gias para formar um mercado digital único no continente.

A comissão define oito condições para isso: impulsio-nar a indústria digital; construir economia de dados eu-ropeia; melhorar a conectividade e o acesso; investir em tecnologia de rede; avançar em ciência digital e infraes-

trutura; apoiar a mídia e a cultura digital; criar sociedade digital e fortalecer a confiança e a segurança digital.

polítiCa industrialO conceito de Indústria 4.0 tem ganhado força nos

últimos cinco anos na Alemanha, país em que foi criado. Desenvolvido por um conselho consultivo do Ministério de Educação e Pesquisa, foi abraçado por associações industriais e pela Academia de Ciência e Engenharia. Em 2015, o projeto também recebeu apoio do Ministério de Relações Econômicas e Energia, transformando-se numa política de desenvolvimento da economia.

Liderada pelo governo alemão, com participação da indústria e da comunidade de pesquisa, a Plataforma Indústria 4.0 promove alianças e redes em estágio pré-competitivo, com apoio a atividades de mercado como centros de demonstração, projetos de pesquisa e ações de programação. Ela trabalha com cinco grupos temáti-cos: arquiteturas de referência; pesquisa e inovação; se-gurança; framework legal; e educação e treinamento.

A indústria inteligente também é prioridade do gover-no da Suécia, que lançou em 2016 uma estratégia com foco em quatro áreas: Indústria 4.0 (digitalização), pro-dução sustentável (eficiência de recursos), competências industriais (desenvolvimento de longo prazo) e Test Bed Suecia (liderança em áreas de pesquisa que contribuam para a produção industrial).

O governo sueco definiu programas de parcerias para inovação em cinco áreas: viagem e transporte de próxima geração; cidades inteligentes; economia circular de base biológica; ciências da vida; e indústria conectada e novos materiais. Também foram definidos três desafios horizon-tais: digitalização; ciências da vida; e tecnologia ambien-tal e climática.

Na Índia, a Política Nacional de Eletrônicos, definida em 2012, tem como foco a fabricação de produtos de alto valor agregado, com meta de importação zero em 2020. Eles incluem microprocessadores, decodificadores, equi-pamentos de comunicação via satélite, eletrônica médica e de consumo, medidores inteligentes de energia, cartões inteligentes e leitores de cartões.

Entre as medidas tomadas pelo país estão incenti-vos e redução de tributos, busca por economias de es-cala, desenvolvimento de incubadoras e arranjos pro-dutivos locais, compras governamentais, premiações nacionais, marketing e construção de marca e investi-mento em pesquisa e desenvolvimento.

GoveRno

mEnos buroCraCiaConforme mostrou a experiência

de outros países, a ação do gover-no ocorre em várias frentes, como a oferta de serviços digitais à popula-ção e o estabelecimento de parâme-tros que orientem a transformação digital de forma mais abrangente.

No que diz respeito ao governo eletrônico, especialistas ouvidos pela FDC apontam a necessidade de inte-gração de sistemas nas esferas fede-ral, estadual e municipal. A ampliação de serviços básicos, como saúde, se-gurança e mobilidade urbana, depen-de da criação de regras comuns e do compartilhamento de informações.

Essa necessidade de alinhamen-to não é questionada pelos governos, mas enfrenta barreiras na sua exe-cução. Administrações locais temem o esvaziamento de suas funções com a centralização de sistemas na esfera federal.

Para ser eficiente, a centralização federal deve acontecer até o ponto em que assegure o cumprimento da visão estratégica do poder público para o serviço, segundo os especialistas. Isso garantiria espaço para estados e mu-nicípios promoverem adaptações de acordo com as necessidades locais, preservando sua autonomia.

Além disso, o estudo identificou a necessidade de se estabelecer um marco legal que defina mudanças necessárias para reduzir a dificuldade de se fazer negócios no Brasil. O Fó-rum Econômico Mundial aponta essa questão como uma das principais barreiras à competitividade no país.

Os especialistas também desta-cam a necessidade de definição de áreas estratégicas de investimento. A clareza na criação de linhas de fo-mento é importante para evitar dis-persão de recursos.

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cluir cidadãos que atualmente não estão bancarizados.

para alcançar seus objetivos, a Ín-dia lançou várias iniciativas para for-talecer sua infraestrutura. Uma delas é o Programa Nacional de Rede de Fibra Óptica, renomeado como BharatNet em 2015, que prevê a implantação de quase 170 mil quilômetros de fibras ópticas, levando banda larga a 250 mil vilas e pequenas cidades.

Outra iniciativa é a adaptação da regulação para o novo cenário de ecossistemas digitais. No lugar de tecnologias específicas, as novas regras devem tratar dos serviços fornecidos, para permitir compe-tição mais igualitária entre opera-doras e outras empresas do mundo digital. A Índia também revê sua es-

trutura de impostos e taxas, com o objetivo de acelerar investimentos em redes móveis.

O planejamento do uso do espectro de radiofre-quência é um ponto importante do plano indiano. O país reformulou sua legislação de telecomunicações, criando regras para compartilhamento e comercializa-ção de espectro, e traçou um roadmap de longo prazo para gestão do espectro, com planejamento para li-cenciar novas bandas no futuro.

Na Austrália, a infraestrutura de telecomunicações é considerada um ponto fraco no caminho do país para a digitalização. o governo do país criou a national broa-dband network (nbn), responsável por projetar, cons-truir e operar uma rede nacional de banda larga, mas os resultados ficaram abaixo do esperado.

A NBN tem recebido críticas de imprensa e acade-mia. Dados oficiais apontam investimentos de US$ 29,5 bilhões, com mais de 6 milhões de domicílios e empre-sas cobertos com banda larga de alta velocidade.

pesquisadores da universidade de sidney questio-nam o montante, apontando que o custo deve ultra-passar US$ 50 bilhões, a baixa qualidade do serviço e a motivação do projeto, já que a criação da empresa estatal desempenhou papel eleitoral importante para o partido trabalhista australiano. depois de oito anos do programa, o país ficou em 50º lugar no ranking de velo-cidade de internet da Akamai.

No que diz respeito às comunicações sem fio, o go-verno australiano informou que, em junho de 2016, as redes móveis de quarta geração (4G) cobriam 98% da população, como resultado do programa Mobile Black Spot, destinado a melhorar a cobertura ao longo das rotas de transporte regionais, pequenas comunidades e outros locais identificados como prioritários. Foram investidos US$ 600 milhões na entrega de 765 estações radiobase. A Austrália também trabalha para melhorar o acesso ao espectro de radiofrequência.

No México, o governo promoveu uma reforma na le-gislação das telecomunicações em junho de 2013, re-conhecendo ao Estado o dever de garantir competição, qualidade, pluralidade, cobertura universal, intercone-xão, convergência, acesso gratuito e continuidade.

O Programa Institucional 2014-2018 – Telecomunica-ções de México definiu uma série de projetos e servi-ços governamentais. Um deles é a Red 23 e-México, que oferece internet via satélite a 5.642 Centros de Comuni-dade Digital (CCDs), com 15 computadores em média por localidade. Outro, baseado também em serviços via satélite, é a Rede 11K, que fornece internet e voz sobre protocolo de internet (VoIP, na sigla em inglês) para 11 mil localidades.

Conectividadepara todos

A infraestrutura de telecomunicações é insumo bá-sico da digitalização. O Brasil conta hoje com uma po-lítica setorial desatualizada, definida há mais de duas décadas. Apesar de avanços verificados nesse perío-do, ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos para ampliar a conectividade no país.

A Índia é um país com desafios ainda maiores, que escolheu a telefonia móvel como peça central de sua estratégia de digitalização. O plano indiano prevê tornar o smartphone ferramenta de inclusão financeira, aces-so a informações e aumento da produtividade.

A operadora indiana Airtel já lançou o primeiro ban-co de pagamentos do país. Esse tipo de instituição pode oferecer serviços de pagamentos e de remessas do-mésticas, mas não pode emprestar dinheiro. A comu-nicação móvel é vista como meio importante para in-

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entre as principais iniciativas de conectividade do pro-grama México Digital estão a ampliação da rede tronco de fibra ótica; a implantação de uma rede compartilhada de serviços de telefonia móvel; acesso à internet banda larga por meio do Programa México Conectado; mecanismos de coordenação entre as três ordens do governo para o apro-veitamento conjunto das redes; e instalação de pontos de troca de tráfego de internet (Internet Exchange Points – IXP).

No Canadá, o plano DC 150 trouxe várias iniciativas de conectividade, em áreas como investimento em ban-da larga rural, leilões de espectro, redução de preços de roaming de celular, medidas de proteção ao consumidor e desagregação dos pacotes de tv paga.

intErnEt supErrápida E 5GO Reino Unido apresentou, em

2016, o ambiente mais atrativo para investimentos em infraestrutura, comparado a 25 concorrentes in-ternacionais, segundo índice da empresa internacional de advoca-cia CMS. Mesmo assim, o governo planeja um novo salto nessa área, baseado em banda larga super-rá-pida, novas redes de quinta gera-ção (5G) e tecnologias inteligentes.

Os pilares do investimento em infraestrutura no reino unido são o regime regulatório forte e estável assegurado pela Ofcom (agência reguladora das comunicações) e a competição entre empresas pri-vadas. Por meio de atualizações na legislação, o governo tem procura-do acelerar e reduzir os custos de construção e desenvolvimento da infraestrutura digital.

Um exemplo disso são reformas em leis de planejamento de comu-nicações móveis na Inglaterra, que reduziram exigências para permitir o desenvolvimento mais rápido de novos sites e a implantação de um maior número de pequenas célu-las. Ao mesmo tempo, mudanças no mudanças trazidas pelo Digital Economy Act 2017 incentivam a utili-zação eficiente da infraestrutura por meio do compartilhamento de sites.

aprovado no ano passado pelo parlamento britânico, o Digital Eco-nomy Act definiu um conjunto de normas e regulamentos que abran-gem vários aspectos da infraestru-tura digital, conectividade, priva-cidade e comportamentos online. O tema principal unificador é que a economia digital do Reino Unido deve se basear em formas de tra-balho que facilitem a conectividade e a transparência, sem destruir os direitos dos indivíduos.

As comunicações móveis são parte central do progra-ma britânico. Cada uma das quatro operadoras celulares do Reino Unido tinha obrigação legal de alcançar pelo me-nos 90% de cobertura territorial até o fim do ano passado. O governo esperava que, no fim de 2017, 98% do território estivesse coberto por 4G e que pelo menos 98% das insta-lações do país tivessem cobertura indoor 4G de pelo me-nos uma operadora.

A política do Reino Unido também inclui melhora do serviço de wi-fi em trens, ampliação da cobertura celular em estradas, incentivos para ampliação da rede óptica e liberação de espectro para o 5G.

Na Alemanha, o governo criou uma Aliança de Rede para a Alemanha Digital, que investirá € 8 bilhões no desenvolvi-mento da rede de banda larga do país. Além disso, a Estraté-gia Digital 2015 prevê a criação de um fundo de € 10 bilhões para investimento em redes gigabits em áreas rurais.

Na Suécia, o governo também tem se empenhado no desenvolvimento da banda larga e das comunicações móveis de alta qualidade. De 2017 a 2010, o governo planeja aumentar em 850 milhões de coroas suecas (US$ 100 mi-lhões) o financiamento da banda larga para localidades em que não há retorno comercial.

Já a Espanha traçou em 2013 um Plano de Telecomu-nicações e Redes Ultrarrápidas. Com iniciativas traçadas até 2020, o plano tem como objetivos reduzir custos de implantação de redes fixas e simplificar procedimentos administrativos; oferecer subsídios para banda larga em localidades em que ainda não há oferta; estabelecer me-canismos de coordenação entre entidades da adminis-tração pública federal e da local; acelerar a cobertura de redes ultrarrápidas.

O plano espanhol também prevê ações de geração de demanda, com estímulo para uso de redes ultrarrápidas por pequenas e médias empresas, residências e adminis-tração pública.

nECEssidadE dE atualizaçãoO Brasil precisa atualizar urgentemente sua política de

telecomunicações. As concessionárias são obrigadas a cumprir regras ainda relacionadas à telefonia fixa, como a instalação e manutenção de orelhões. Além disso, o Fun-do de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) nunca foi aplicado para o fim que foi criado. E a atual

estrutura do fundo de fiscalização das Telecomunicações (Fistel) dificul-ta o desenvolvimento de novos mer-cados, como a internet das coisas.

Além da atualização do mar-co regulatório, é urgente destravar o licenciamento da instalação de infraestrutura para destravar os in-vestimentos em telecomunicações. municípios são responsáveis por re-gulamentar o uso do solo, e as dife-renças entre legislações locais torna difícil a expansão das redes. Existem projetos prontos, com orçamentos aprovados pelas empresas, à espera de permissões para sua execução.

especialistas ouvidos pela fdC sugerem unificar os pré-requisitos de licenciamento, para que as empre-sas possam dar entrada nos pedidos e acompanhar os processos num só site, que seja interface para as auto-ridades federais, estaduais e munici-pais, numa espécie de “Poupatempo da infraestrutura”.

outro ponto destacado pelos es-pecialistas é a necessidade de defini-ção de políticas para questões sociais específicas, como cidades inteligentes ou mobilidade urbana, que contem-plem simultaneamente vários setores de infraestrutura, como telecomunica-ções, energia, água e esgoto.

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educação

Preparar as pessoas para o fu-turo digital é um passo essencial na estratégia de transformação do país. A automação libera o ser hu-mano de tarefas repetitivas, e traz mudanças profundas no mercado de trabalho. Empresas, governo e terceiro setor precisam voltar sua atenção ao desenvolvimento de pessoas e à formação de talentos para essa nova realidade.

A experiência internacional mos-tra que a preparação de pessoas para o mercado digital pode ser di-vidida em dois momentos. O primei-ro, mais básico, é de inclusão e alfa-betização digital, para ensinar o uso cotidiano de ferramentas digitais. O segundo é de desenvolvimento de habilidades digitais profissionais, para que os trabalhadores estejam preparados para as oportunidades oferecidas pelas empresas.

Na Espanha, o primeiro esforço é voltado principalmente a pes-soas menos favorecidas e a grupos em que o uso da internet é menor. A estratégia de inclusão é cons-truída por meio de colaboração público-privada, e inclui o aumen-to da acessibilidade dos serviços públicos digitais; ampliação dos programas de alfabetização digi-tal; promoção de igualdade entre mulheres e homens na sociedade da informação; e incentivo à parti-cipação da sociedade civil nas ati-vidades de inclusão digital.

Preparaçãopara o futuro

Na capacitação de profissionais, a política espanhola busca aproximar currículos universitários das necessida-des do mercado e conta com iniciativas para promover treinamento na empresa e educação continuada.

Apesar de sua agenda digital, a Espanha está abaixo da média União Europeia em habilidades avançadas de espe-cialistas de tecnologia da informação e da comunicação (TIC), segundo documento da Comissão Europeia.

Já o Reino Unido identificou uma situação de divisão di-gital, com pessoas altamente qualificadas em tecnologia e cerca de 12,6 milhões de adultos sem habilidades digitais básicas. Segundo o governo britânico, essa lacuna de com-petências se apresenta em todos os estágios de educação e treinamento, das escolas ao ambiente de trabalho.

Mesmo com uma demanda crescente de profissionais de alto nível de habilidades digitais, em áreas como segu-

rança cibernética, mobilidade e análise de dados, há no Reino Unido uma porcenta-gem baixa de professores de TIC com qua-lificação relevante e uma porcentagem significativa de equipamentos de TIC não efetivos nas escolas.

Para preencher essa lacuna, o gover-no britânico traçou iniciativas para pro-mover a inclusão digital, atrair os grandes talentos do mundo para o país, melhorar o sistema educacional técnico, incluir ha-bilidades digitais no ensino básico e mé-dio, desenvolver talentos para profissões digitais, preparar jovens para o mercado de trabalho, criar uma oferta de talentos de alto nível, promover maior diversidade na força de trabalho digital e adotar uma colaboração mais intensa entre governo e indústria nas iniciativas de desenvolvi-mento de competências digitais.

Na Alemanha, a Campanha Educacio-nal para a Sociedade do Conhecimento Digital traçou um quadro abrangente de ação. O governo criou o programa Futuro da Mittelstand Alemã, voltado a peque-nas e médias empresas, com consultoria e atividades para atualização das habi-lidades dos trabalhadores. Outro progra-ma, chamado Berufsbildung 4.0 (Treina-mento 4.0) é voltado para a preparação de mão de obra. Em 2017, o programa de Treinamento Profissional em Mídia Digital recebeu € 14 milhões.

Já na Suécia, destaca-se um projeto-piloto de três anos para promover a coope-ração entre escolas e empresas manufatu-reiras e de serviços industriais. O objetivo é fazer a ponte entre estudantes e emprega-dores em categorias com escassez de mão de obra. A iniciativa é liderada pela Agência Sueca para o Crescimento, com consultoria da Agência Nacional de Educação.

O governo sueco também criou um programa chamado Competências In-dustriais, para preparar pessoas para a Indústria 4.0. Entre seus objetivos estão aumentar o interesse em ciência e tec-nologia; elevar a sintonia entre a deman-da da indústria e o sistema educacional; adequar os currículos escolares para que os estudantes tenham conhecimentos

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 1918

educação

e competências adequados; melhorar as condições para a aprendizagem por toda a vida; e promover mo-bilidade e mudanças de carreira entre universidades, escolas e empresas.

Habilitação E qualifiCaçãoAssim como acontece em outros países, a políti-

ca canadense enfoca duas competências: uma ha-bilitadora e outra qualificadora. A primeira é focada na inclusão e alfabetização digital. A segunda é de-senvolvida por meio de parceria entre Conselho de Tecnologia da Informação e Comunicações (ICTC, na sigla em inglês), indústria, setores educacionais e en-tidades sem fins lucrativos.

A principal iniciativa para conectar escola e em-presa é o Foco em Tecnologia da Informação (FIT, na sigla em inglês), programa de certificação destinado a ensinar TIC a estudantes de ensino médio. As habi-lidades ensinadas vão de puramente técnicas, como programação e redes, até de negócios, como geren-ciamento do tempo e trabalho em equipe.

O programa faz parte do currículo do ensino médio e é ministrado a partir dos interesses de cada estu-dante. Dessa forma, o aluno pode personalizar as ha-bilidades em que tem interesse e receber, ao final, um certificado com a habilitação nas áreas cursadas, nas seguintes áreas de concentração: análise de negócios e informação; design e desenvolvimento de software; suporte de rede e operações; e mídia interativa.

O FIT assume que conhecimento de TIC é uma necessidade generalizada de todas as indústrias. O programa inclui apoio curricular a educadores, para ajudá-los a desenvolver habilidades digitais em mais de 200 escolas em todo o país. Os materiais são ali-nhados aos currículos de cada província.

Outro destaque da política canadense é a Inicia-tiva de Digitalização de Pequenas Empresas (SBDI, na sigla em inglês), programa de treinamento que liga jovens a empresas de pequeno porte para resolução de desafios reais de adoção digital. Parceria entre o governo de Ontário (agente cofinanciador), Savoir-faire Linux e Prepr Foundation, o programa é voltado a jovens desempregados e subempregados.

Com duração de 24 semanas, o SBDI é oferecido em tempo integral, incluindo um estágio experiencial em que cada participante busca aplicar numa pe-

quena empresa a teoria apresentada em sala de aula. Ele oferece ao estudante uma experiência real de tra-balho (por meio de resolução de desafios empresariais reais) e procura diminuir custos operacionais da empre-sa, melhorando sua operação ou oferecendo melhor ex-periência a seus clientes.

A iniciativa desenvolve habilidades como geren-ciamento de projetos; análise de dados e inteligência; empreendedorismo; e gestão de recursos empresariais (ERP, na sigla em inglês), incluindo princípios de vendas, marketing e contabilidade.

Na Austrália, a política também é dividida em duas frentes. O plano Austrália 2030 quer fortalecer o ensino de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Stem, na sigla em inglês) no ensino de base e desenvolver ha-bilidades específicas, com foco no ensino profissional e no mercado de trabalho.

O governo australiano busca investir tanto no de-senvolvimento de professores e líderes escolares capa-zes de reduzir a desigualdade educacional quanto na adaptação do sistema de ensino e da formação profis-sional direcionada às prioridades de inovação.

No ensino profissional, a Austrália conta com o pro-grama Educação Vocacional e Treinamento (VET, na sigla em inglês), criado para desenvolver habilidades práticas voltadas ao mercado de trabalho. O ensino é certificado e dividido em pacotes que permitem ao can-didato construir seu treinamento da forma que desejar.

Apesar de o VET ser financiado principalmente pe-los governos locais, empresas e indivíduos também contribuem para cobrir os custos da formação. As em-presas compram treinamento para seus funcionários e os estudantes pagam taxas de curso e administrativas.

Além de serem objeto de estudo e treinamento, as TICs podem ser usadas para transformar o próprio pro-cesso de ensino. A Estratégia Digital Nacional mexicana inclui um item de Transformação Educacional, que bus-ca integrar as TICs no processo educacional para inserir o país na sociedade da informação e do conhecimento.

O México quer usar as TICs para ampliar a oferta de educação, promover habilidades digitais em alunos e professores e fortalecer a cultura. A educação é con-siderada fator determinante no desenvolvimento inte-gral das pessoas e da população.

acompanhamento Sócio emocional do aluno

EndErEçamEnto voCaCional

novos skills

GEstão E transformação dE profEssorEs

foCo Em matEmátiCa (raCioCínio lóGiCo) E portuGuês (intErprEtação dE tExto)

Ensino Em tEmpo intEGral

A política mexicana define que a formação e o fortalecimento do capital humano de alto nível estão ligados ao avanço da digitalização e à ado-ção e uso das TICs. Dessa forma, é necessário de-senvolver um ecossistema científico-tecnológi-co ligado a instituições educacionais, centros de pesquisa e setores públicos e privados em torno do desenvolvimento de uma infraestrutura cien-tífica e tecnológica.

portuGuês E matEmátiCaO Brasil enfrenta um grande desafio em

educação. No Programa de Avaliação Interna-cional de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), que avaliou 72 países e territórios, o Brasil ficou na 66ª posição em matemática, 63ª em ciências e 59ª em leitura. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-xeira (Inep), o país tem mais de 30 milhões de analfabetos funcionais.

Especialistas ouvidos pela FDC destacam que, assim como foi verificado na política educacional de outros países, o Brasil precisa combinar ações em duas frentes: desenvolvimento de competên-cias imediatas e formação para o futuro, com base nas habilidades Steam (sigla em inglês de ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática).

Nesse sentido, o Brasil precisa aproximar a academia das demandas do mercado, intensifi-car o envolvimento de empresas na capacitação profissional e implantar políticas de Estado volta-das à educação de base. Também seria necessá-rio o país oferecer preparação para o empreen-dedorismo, já que as empresas atuais teriam dificuldade de absorver toda a mão de obra exis-tente, por mais qualificada que seja.

Os especialistas ressaltam que a educação precisa ser abordada de maneira estrutura, o que inclui ensino de base em tempo integral; refor-mulação da grade curricular, com reforços em português e matemática; capacitação de profes-sores; e desenvolvimento de novas habilidades, como programação e o já citado empreende-dorismo. Essas iniciativas deveriam ser acom-panhadas por um conselho consultivo, capaz de avaliar sua implantação e resultados.

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empReendedoRiSmo

Incentivoà inovação

Um bom ambiente de negócios é essen-cial para garantir competitividade e produti-vidade. Este momento de transição tecnoló-gica torna ainda mais importante libertar as empresas de amarras burocráticas. A expe-riência internacional mostra que, nas estraté-gias digitais, o apoio ao empreendedorismo cumpre papel importante.

O incentivo à inovação na pequena em-presa é uma das características da política adotada pela Alemanha. Em 2015, o governo lançou a Mittelstand 4.0, iniciativa voltada a pequenas e médias empresas (PMEs), com foco em processos de trabalho e produção digital. Os Mittelstand 4.0-Kompetenzzentren,

centros de competência de PME 4.0, fazem parte da iniciativa.

O programa busca agrupar conhecimen-to relevante sobre digitalização e redes de processos de negócios nas fábricas de de-monstração e aprendizagem dos centros de competência, para repassá-lo às PMEs da região. Em 2016, foram instalados 11 centros e, em 2017, mais 13. Também foram estabele-cidas quatro agências para informar e acon-selhar PMEs e empresas de artesanato sobre digitalização e Indústria 4.0.

O governo alemão tem investido em pes-quisas nas seguintes áreas, consideradas prioritárias: aplicações de Indústria 4.0 em

PMEs; padrões e arquiteturas de TI; se-gurança da informação; e qualifica-ção de pessoas. A Alemanha também participa de um programa da União Europeia chamado Productive 4.0 e de projetos de cooperação para pesqui-sa sobre manufatura inteligente com a República Tcheca e com a China. O financiamento alemão a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e aplicações de Indústria 4.0 somam € 500 milhões.

A Alemanha planeja oferecer fi-nanciamento para pesquisa e de-senvolvimento (P&D) com incentivos fiscais para empresas com até mil funcionários. As PMEs têm direitos a vouchers de inovação, num programa chamado Go Digital. Outro programa, chamado InnoKom, busca compensar a falta de pesquisa industrial em re-giões com estruturas deficientes.

A estratégia digital alemã para 2025 tem entre suas medidas priori-tárias fortalecer o mercado de ventu-re capital para inovações disruptivas; estabelecer uma competição de ino-vação digital para startups (Gründer-wettbewerb Digitale Innovationen); promover a internacionalização das startups alemãs e criar um portal para startups (Gründerportal 4.0). O gover-no destinou € 2 bilhões para fortalecer o mercado de venture capital.

A Alemanha também tem apoiado o fortalecimento de arranjos produti-vos locais (clusters). Em 2007, foi lan-çada a primeira competição de clus-ters com parte da estratégia de alta tecnologia do governo. Cinco clusters foram selecionados em três compe-tições. Cada um recebeu patrocínio de até € 40 milhões, por um período máximo de cinco anos. Alguns clusters apoiados são o de software, em Karls-ruhe; o de logística, em Dortmund; e o Silicon Saxony, em Dresden.

Na Suécia, o governo apresentou um documento de política digital em 2017, com foco em cinco áreas: compe-tências; segurança digital; inovação; liderança e melhora-mentos por meio da transformação digital; e infraestrutura.

No que diz respeito ao fortalecimento do ambiente de negócios, destacam-se iniciativas de financiamento à inovação conduzidas pela agência governamental Vin-nova. A agência conduz diversas iniciativas em 16 áreas. Uma delas, chamada Produktion 2030, financia projetos de inovação na indústria. A empresa beneficiada deve ar-car com pelo menos 30% do custo do projeto. O governo alocou € 2,3 milhões ao programa, por meio da Vinnova.

Outro programa, chamado Processing IT and Automa-tion (P!IA), tem entre seus objetivos conectar grandes em-presas e PMEs. O Vinnväxt é instrumento específico para apoiar regiões da Suécia, para que se tornem competiti-vas internacionalmente em seus campos de atuação. O Test Bed Suécia oferece investimento governamental para fábricas-piloto e plataformas de teste. Em 2017, foi lança-da uma chamada para projetos para a digitalização na indústria manufatureira.

Na Espanha, os motores da indústria são alimentos e bebidas; metais; veículos automotivos; componentes e têxteis, sendo este último setor caracterizado por forte pre-sença das PMEs. Apesar de a proporção entre PMEs e indús-trias de grande porte ser parecida com o restante da União Europeia, o valor agregado bruto (VAG) trazido pela grande indústria é menor do que o gerado por empresas similares na Europa. Dessa forma, a PME desempenha um papel mais importante no desenvolvimento da economia espanhola.

Por causa disso, a estratégia industrial do país está fortemente baseada na renovação de maquinário, no desenvolvimento de novos processos digitais para fa-bricação e no apoio a PMEs. Em seu Plano Indústria Co-nectada 4.0, a Espanha definiu quatro linhas de ação: garantir conhecimento generalizado das tecnologias da Indústria 4.0 e desenvolvimento adequado de habilida-des da Indústria 4.0; encorajar ambientes e plataformas colaborativas digitalizadas, como centros de inovação digital, plataformas industriais ou clusters; melhorar o desenvolvimento de facilitadores digitais; e promover soluções da indústria 4.0 adaptadas às necessidades in-dustriais, incluindo as das PMEs.

GrandEs dEsafiosNo Reino Unido, os gastos empresariais em pesquisa e

desenvolvimento digitais chegaram a £ 3,2 bilhões em 2015,

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 2322

empReendedoRiSmo

o que corresponde a 15% dos gastos totais das empresas em P&D. A estra-tégia industrial britânica elencou qua-tro grandes desafios como prioritários: crescimento da economia de inteligên-cia artificial (IA) e economia baseada em dados; crescimento limpo; futuro da mobilidade; e envelhecimento da sociedade. O Reino Unido quer estar na vanguarda da inovação nessas áreas e trabalhar com parceiros governamen-tais e privados de todo o mundo para endereçar esses desafios.

O Reino Unido é reconhecido mun-dialmente por suas instituições de pesquisa em inteligência artificial e suas competências em disciplinas relacionadas a esse tema, como ma-temática, ciência da computação e processamento de linguagem natural. O governo britânico decidiu investir £ 9 milhões num novo Centro para Inova-ção e Ética de dados. Esse centro será vai aconselhar o governo sobre como assegurar o uso de dados, incluindo a IA, de forma ética, segura e inovadora.

A estratégica britânica também prevê apoiar, atrair e reter os melhores talentos de pesquisa em IA. O Instituto Alan Turing vai receber £ 45 milhões para bolsas de estudo de doutorado em IA e disciplinas relacionadas, o que vai gerar pelo menos mais 200 vagas extras por ano em 2020-21. Criado em 2017, o instituto é uma joint venture das principais universidades do Reino Unido, para realizar pesquisas usan-do matemática avançada, ciência da computação, algoritmos e big data. Além dos fundos do governo, o institu-to já captou £ 35 milhões de organiza-ções privadas e parceiras.

No que diz respeito ao crescimen-to limpo, o Reino Unido quer se tornar líder mundial no desenvolvimento de manufatura e no uso de tecnologias, sistemas e serviços de baixo carbono.

As oportunidades identificadas nessa área não se restrin-gem à tecnologia. O volume de investimentos em títulos verdes subiu de US$ 1 bilhão para US$ 100 bilhões numa década. O governo já estabeleceu uma força tarefa de finanças verdes (Green Finance Taskforce) para acelerar investimentos em economia limpa no Reino Unido e con-solidar sua liderança global no estabelecimento de pa-drões nessa área.

O governo britânico está investimento mais de £ 2,5 bilhões em inovação de baixo carbono, para desenvolver competências de ponta em sistemas inteligentes de ener-gia, construção e agricultura. Estão sendo feito investi-mentos em áreas como substituição de combustíveis, efi-ciência energética e captura, utilização e armazenamento de carbono.

Sobre o futuro da mobilidade, o Reino Unido quer apro-veitar seus pontos fortes em áreas de P&D relacionadas, como IA e engenharia de veículos complexos. O governo espera ter automóveis totalmente autônomos nas estra-das do Reino Unido até 2021. Para isso, planeja mudanças no modelo regulatório, para que os desenvolvedores pos-sam submeter pedidos para realização de testes com veí-culos sem operador de segurança humano.

O Reino Unido é um dos líderes globais em veículos elétricos. As vendas subiram 40% em 2016, ultrapassando 750 mil unidades. Em 2010, eram menos de 7 mil veículos. O governo anunciou um pacote de mais de £ 500 milhões

para apoiar a transição para veícu-los de transição zero, com base no trabalho do Instituto de Baterias Fa-raday e do Escritório para Veículos de Baixa Emissão. Também foi lan-çada uma competição de P&D para explorar com ambientes digitais si-mulados podem apoiar e acelera o desenvolvimento de tecnologia de condução autônoma.

O governo britânico quer apro-veitar os dados do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), seus institutos de design, comuni-dade de pesquisa em IA, seu setor de ciências da vida e seu setor de ser-viços financeiros para responder ao grande desafio do envelhecimento da sociedade. O Reino Unido investe em produtos e serviços inovadores para ajudar pessoas mais velhas a manter o estilo de vida que escolhe-ram e ficar independentes por mais tempo. Também estão sendo feitos investimentos para analisar como os dados do NHS podem ser usados de forma segura para desenvolver novas ferramentas de diagnóstico e tratamento antecipado de doenças.

Quanto ao apoio à digitalização para o bem da sociedade, desta-ca-se o suporte a inovações digi-tais que visam ajudar as pessoas a gerenciar seus dinheiros e estudos sobre oportunidades para a so-ciedade derivadas de tecnologias emergentes, incluindo como a tec-nologia pode ajudar a estender a saúde e vida independente de po-pulações idosas.

manufatura avançadaNa Austrália, a política industrial

escolheu alguns setores prioritários de investimento, como produção avançada, automotiva, construção, química e plásticos, indústria agrí-

cola e de alimentos, marinha, farmacêutica e tecnologias de saúde, espacial, têxtil, vestuário e calçados e produtos de madeira associados à fabricação.

No caso da produção avançada, o governo criou um fundo de US$ 100 milhões para incentivar a inovação, criar empregos e melhorar a produtividade. Desse total, US$ 47,5 milhões são destinados a projetos de PMEs. A Austrália também investiu US$ 20 milhões num centro de pesquisa cooperada de produ-ção avançada; US$ 250 milhões num centro de crescimento da indústria avançada; e US$ 40 milhões num centro de ino-vação em manufatura, voltado ao desenvolvimento de novos materiais, sistemas e tecnologias.

No Canadá, a principal ferramenta de apoio ao desen-volvimento de negócios é um conjunto de serviços gratui-tos oferecidos pelo governo, seja federal ou local, ou por entidades apoiadas pelo poder público. Um exemplo é o BizPal, que ajuda as empresas a identificar as permissões e licenças necessárias para desenvolver uma nova ativi-dade e aponta o caminho para obtê-las. Outro é a Canarie, que facilita o acesso a conhecimentos tecnológicos rele-vantes produzidos por sua rede de pesquisadores digitais (universidades, institutos de pesquisa, hospitais e labora-tórios governamentais).

alto impaCtoA capacidade de incorporar, adaptar e produzir novas

tecnologias é fundamental para alavancar a eficiência da atividade econômica no Brasil. Desde o fim dos anos 1970, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a produtividade brasileira tem crescido muito pou-co. A baixa produtividade é um dos grandes entraves ao crescimento do país.

Nos últimos anos, o governo federal tem implantado políticas para incentivar a inovação e aumentar os inves-timentos em pesquisa e desenvolvimento e em ciência e tecnologia. Apesar disso, os resultados em inovação ainda são modestos.

Além da dificuldade que as empresas brasileiras en-frentam para transformar conhecimento em negócios, o empreendedorismo é prejudicado pela burocracia. O Brasil está na 125ª posição, entre 190 países, no ranking de facili-dade em se fazer negócios do Banco Mundial.

Para vencer esses obstáculos, o Brasil precisa combinar melhora no ambiente de negócios a políticas que promovam produtividade e crescimento inclusivo. Nesse cenário, um dos pontos importantes é incentivar a atividade empreendedora de alto impacto, como a realizada pelas startups.

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 2524

incluSão

Melhorespráticas

A digitalização tem mudado rapidamente o mercado de trabalho. Profissionais e em-presas precisam preparar-se para esse novo cenário, em que pessoas trabalham ao lado de robôs. Um estudo recente da McKinsey mostrou que menos de 5% das ocupações profissionais têm condições de ser totalmen-te automatizadas com tecnologias que exis-tem hoje. Cerca de metade das atividades exercidas nessas ocupações, no entanto, po-dem ser desempenhadas por robôs.

No ano passado, EDP, EY, Fiap e Korn Fer-ry anunciaram o Pacto Empresarial Brasileiro pela Digitalização Humanizada do Trabalho. Neste ano, o pacto uniu-se ao Movimento Brasil Digital. E a humanização do trabalho digitalizado passou a integrar transversal-mente as propostas do movimento, presen-te nos quatro pilares: governo, infraestrutura, educação e empreendedorismo.

A ideia do pacto surgiu com um projeto de robotização desenvolvido pela EY para a EDP. Em 2017, a EDP foi pioneira no setor elétrico ao lançar seu Centro de Excelência em Robotização. A partir da jornada de digi-talização de processos, a empresa identifi-cou a necessidade de desenhar um quadro de melhores práticas nas relações entre ser humano e tecnologia, e de compartilhá-lo com o mercado.

Com a robotização, os seres humanos podem dedicar-se a atividades mais cria-

tivas. E as empresas precisam desenvolver pessoas e formar talentos para esse novo cenário em que atividades operacionais são reestruturadas pela automatização. Prin-cipalmente com a adoção de sistemas de inteligência artificial e aprendizado de má-quina, os profissionais humanos devem es-tar preparados para treinar robôs, além de aprender a trabalhar ao lado deles.

As companhias também devem certifi-car-se de que, ao serem treinados, os robôs sejam capazes de trabalhar em harmonia com pessoas, que não acabem por reproduzir algum viés e que sua atuação esteja de acor-do com as regras de governança.

A transformação digital é um processo que abarca os mais diversos setores, incluin-do a administração pública. Um dos objetivos

do Movimento Brasil Digital, a partir da sua união com o pacto, é identificar melhores práticas e promover a troca de experiências entre empresas, ter-ceiro setor, academia e governo.

Um exemplo desse intercâmbio é o projeto de pesquisa e desenvolvimen-to que EDP, EY e Universidade de São Paulo anunciaram no ano passado, para estudar os impactos da inteligên-cia artificial aplicada à distribuição de

energia. Com investimento de R$ 8,3 milhões, a iniciativa tem duração de 18 meses.

O objetivo é estruturar um observatório para analisar, entre outros temas, como tecnologias disruptivas afetam a formação e a gestão da força de trabalho, além de identificar, medir e mitigar impactos socioeconômicos e culturais.

O Pacto Empresarial Brasileiro pela Digita-lização Humanizada definiu 10 princípios fun-damentais, que foram incorporados pelo Movi-mento Brasil Digital:

pRincípioS fundamentaiS da diGitalização humanizada

HumanizaçãoConsiderar

sempre o fator humano na tomada de

decisão sobre tecnologia,

criando condições para que se fortaleça a

capacidade de adaptação ao

novo paradigma organizacional.

EquilíbrioReger os vetores

de equilíbrio da mudança considerando a capacidade adaptativa do

indivíduo, a velocidade de absorção da organização, mudanças no

contexto social e o envolvimento de demais agentes.

lidErançaLiderar a busca de soluções e

o engajamento das partes

interessadas na promoção da digitalização

humanizada do trabalho.

ConHECimEntoColaborar

ativamente na realização de estudos e

pesquisas que estimulem

constantemente a produção de novo

conhecimento, promovendo seu

compartilhamento entre todas

as partes interessadas.

CapaCitaçãoIncentivar

parcerias com entidades

educacionais para assegurar

a inclusão digital na grade de

desenvolvimento e treinamento das pessoas

envolvidas no processo de

transformação do novo ambiente de

trabalho.

transparênCiaPropiciar o acesso

à informação, visando

uma melhor compreensão da dinâmica e impacto da

transformação dentro da esfera

do indivíduo, organização e

sociedade.

inClusãoAssegurar

condições de igualdade no

acesso às plataformas de formação profissional

independentemente da idade,

raça, gênero,religião, situação

econômicaou social.

sEGurançaMitigar os riscos e potencializar os benefícios dos avanços tecnológicos,

aplicando boas práticas de

segurança da informação e governança.

intEGraçãoPromover a

integração entre o setor público,

as organizações empresariais, entidades do

terceiro setor e outras partes interessadas na busca da

aplicabilidade dos conceitos

da digitalização em benefício da sociedade em

geral.

ComplianCEEstar

comprometido com uma atuação

ética e alinhada aos princípios da

conformidade.

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 2726

EduCação• A educação deve ser encarada a partir de dois pontos de vista: formação (ensino base) e capacitação (preparação para o mercado de trabalho).• Currículos universitários precisam se aproximar das ne-cessidades do mercado, para garantir que vagas criadas pelas empresas sejam preenchidas.• É necessário preparar os professores para o novo mun-do digital, bem como equipar as escolas com tecnologias que vão ser demandas pelo mercado.• O Brasil precisa reforçar a educação de base nas habi-lidades Steam (sigla em inglês de ciência, tecnologia, en-genharia, arte e matemática).• Empresas e governo devem promover o treinamento de profissionais e a educação continuada, para fazer frente às mudanças tecnológicas.• Os profissionais precisam estar preparados para traba-lhar com robôs, e para treiná-los de acordo com as regras de governança da empresa.• É necessário oferecer capacitação para o empreende-dorismo. As empresas atuais terão dificuldade de absorver a mão de obra disponível, por mais qualificada que seja.• Talvez parte da população não consiga ser treinada para o mercado digital, por falta de fundamentos básicos, ten-do necessidade de políticas assistenciais.

Digitalização para o crescimento

A análise das políticas internacionais mostra que casos bem sucedidos possuem algumas caracterís-ticas comuns. Em governo, é importante usar as TICs não somente como meio de entrega de serviços aos cidadãos, mas como ferramenta de transformação da própria administração pública. A digitalização precisa ser colocada como prioridade da política pública, para tornar-se alavanca de competitividade, crescimento econômico e inclusão social.

A infraestrutura de telecomunicações é insumo para a digitalização de toda a economia. Levar conectivida-de para locais em que o retorno financeiro é incerto, incentivar a ampliação de redes ópticas e melhorar os serviços de comunicação móvel são iniciativas encon-tradas nos melhores casos internacionais. Ao mesmo tempo, é preciso garantir a segurança e a privacidade dos dados.

Na educação, existem duas frentes importantes: garantir inclusão e alfabetização digital, principalmente entre grupos de baixo poder aquisitivo ou com acesso à tecnologia abaixo da média, e preparar as pessoas para desempenharem as tarefas exigidas pelo novo cenário da indústria 4.0.

Em empreendedorismo, fica evidente a necessidade de apoiar o desenvolvimento de startups e incentivar a digitalização de pequenas e médias empresas. Inves-tir em atividades de pesquisa e desenvolvimento, em projetos que envolvam governo e iniciativa privada, é essencial para garantir que os países desenvolvam o conhecimento necessário para a transformação digital.

O Brasil ainda está longe de ter uma política bem estruturada como os melhores casos analisados na pesquisa feita pela FDC. Os quatro documentos brasilei-ros estudados - 4.0: Estratégia Brasileira para Transfor-

mação Digital E-Digital (2018); Relató-rio plano de ação: iniciativas e projetos mobilizadores IOT (2017); Agenda Bra-sileira para indústria 4.0 (2018); projeto Indústria 2027 (2017) – fazem diagnós-tico da situação brasileira em algumas áreas e traçam objetivos, mas faltam ações e prazos bem definidos.

O Instituto IT Mídia e a FDC promo-veram dois workshops para discutir quais seriam as melhores iniciativas para promover um processo de digita-lização que leve em conta o ser huma-no, em março e abril de 2018. Os even-tos contaram com executivos seniores, representantes da academia, governo e entidades de classe.

os pontos destacados a seguir combinam a análise de melhores prá-ticas internacionais e das conclusões dos workshops.

EmprEEndEdorismo

• As empresas brasileiras precisam integrar-se à cadeia produtiva global, participando do ecossistema digital.• Também é necessário fortalecer os ecossistemas locais, com interação entre grandes empresas e startups e pro-moção de interoperabilidade e melhores práticas.• Linhas de financiamento à pesquisa, desenvolvimento e inovação e compras governamentais podem alavancar o empreendedorismo.• As pequenas empresas merecem atenção especial. Elas precisam de apoio para adoção de novas tecnologias e contratação de profissionais qualificados.• A inovação depende de fortalecer centros de pesquisa e aproximar setor produtivo e academia.• É preciso facilitar a abertura de empresas, reduzir a car-ga tributária e simplificar a prestação de contas do fisco para melhorar o ambiente de negócios.• Ampliar o acesso ao capital é essencial ao empreen-dedorismo. Medidas nesse sentido incluem o incentivo à organização de grupos de investidores-anjo. • O processo de digitalização de setores-chave, como saúde e mercado financeiro, pode ser utilizado para im-pulsionar o empreendedorismo.

infraEstrutura• A legislação do setor de telecomunicações precisa pas-sar por uma atualização, pois ainda tem como foco a te-lefonia fixa.• É necessário criar iniciativas para fortalecer a infraestru-tura do país, com construção de redes ópticas e disponi-bilização de espectro para novos serviços móveis.• A reformulação do Fundo de Universalização do Serviço de Telecomunicações (Fust) pode incentivar a expansão da banda larga.• O Brasil precisa facilitar o licenciamento para instalação de infraestrutura. Regras impostas pelas administrações municipais atrasam investimentos.• A revisão das regras para parcerias público-privadas (PPPs) é medida necessária para destravar investimentos.• Políticas para áreas específicas, como cidades inteli-gentes ou mobilidade urbana, servem para nortear inves-timentos em infraestrutura.• Novos mercados, como a internet das coisas, necessi-tam de um tratamento tributário diferenciado, para que possam se desenvolver.• Uma política voltada a uma matriz energética de fontes limpas e renováveis tem condições de se tornar uma van-tagem competitiva para o Brasil.

GovErno

• Iniciativas de governo eletrônico reduzem a burocracia e trazem competitividade para a economia como um todo.• A transformação digital do governo vai além da criação de canais eletrônicos de atendimento. A digitalização de processos traz eficiência à administração pública.• É necessário integrar sistemas nas esferas federal, esta-dual e municipal. A ampliação de serviços básicos depen-de de regras comuns e compartilhamento de informações.• A desburocratização deve ser uma meta. A dificuldade de se fazer negócios está entre as principais barreiras à competitividade no Brasil.• Políticas públicas necessitam de metas e prazos bem de-finidos, para que a sociedade possa avaliar seus resultados. • Compras públicas promovem a inovação, e podem apoiar o desenvolvimento de mercado para startups e demais empresas de base tecnológica. • Políticas públicas precisam de continuidade. É preciso criar mecanismos para evitar que planos elaborados num governo sejam abandonados na gestão seguinte.• A definição de políticas setoriais deve levar em conta a vocação do país e objetivos de longo prazo. Como os re-cursos são escassos, não há como beneficiar a todos.

A transformação digital é tema importante em qual-quer lugar do mundo. Se conseguirmos elaborar e colocar em prática uma boa política de digitalização, o Brasil tem a oportunidade de assumir posição de protagonismo nes-sa área, com crescimento econômico e inclusão social.

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 2928

Drivers of Production

SOBRE A Prontidão DE CADA PAÍS

Contexto Internacional:Mais de 50 fontes pesquisadas

Contexto Brasileiro: documentos avaliados

Fonte: WEF, 2017

Figure 1: Readiness Diagnostic Model Framework

Structure of Production

Complexity Scale Technology & Innovation

HumanCapital

Global Trade& Investment

InstitutionalFramework

SustainableResources

DemandEnvironment

Future of Production Capabilities

BRASIL

Estratégia Brasileira para Transformação Digital E-Digital

(Multiministerial 2018)

Relatório Plano de Ação: iniciativas e projetos

mobilizadores IOT (BNDES, 2017)

Agenda Brasileirapara Indústria 4.0(MDIC/ABDI, 2018)

Benchmarking internacional

Projeto Indústria 2027(CNI, 2017)

• Akamai’s state of internet• Readiness for the Future (WEF)• Digital Agenda for Europe (CE)• The Future of the Jobs (CE)• Industry 4.0: are you ready (Deloitte)

• UK Digital Transformation Strategy. The end of the beginning? • UK Digital Strategy• UK Digital Transformation Strategy • National Audit Office. Digital transformation in government• UK Industrial Strategy. A leading destination to invest and grow

• Digitising European Industries - Member States Profile: Sweden• Ministry of Enterprise and Innovation. 2016. Smart industry – a strategy for new industrialization for Sweden

• India is building the infrastructure for a truly digital economy• How India Is Moving Toward a Digital-First Economy• GSMA. India’s Digital Promise• Digital India

• Mexico Digital• Plan Nacional de Desarrollo• Telecomm Mexico• Portal Conacyt - Consejo Nacional de Ciencia y Tecnologia• Portal Ciateq- Centro de Tecnología Avanzada• Compras de Gobierno

• Government of Canada Strategic Plan for Information Management and Information Technology 2017 to 2021• Digital Canada 150• Innovation, Science and Economic Development Canada• Education and Skills: Tools and resources to enhance learning, and connect youth to jobs• Education Resources: Focus on Information Technology – Handout Materials.• Economic Strategic Tables

GEral rEino unido • Agenda Digital• Escuela de Organización Digital• Instituto Nacional De Tecnologías Educativas de Formación de Professores• Inclusión Empreabilidad • Analisys of National Iniciatives for Digitising industry. Spai Industria Conectada 4.0• Industria Conectada 4.0

EspanHa

• The new High-Tech Strategy Innovations for Germany• Member States Profile: Germany• Digital Strategy 2025

alEmanHa

suéCia• Digital Transformation Agency• Transformation Agenda• Digital Economy Strategy Consulation• Australia 2030, Prosperity Through Innovaion: a plan for Austrália• Australi’s chief scientist• Mobile Black Spot Program• Department of Education Training

austrália

índia

méxiCo

Canadá

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 3130

Acompanhe o nível de prontidão para o futuro dos países pesquisas pelo Movimento Brasil

Digital de acordo com o World Economic Forum.

Index Component

0-10 (best) 3 8.7Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

ALEMANHA

0-10 (best) 3 9.4Structure: Complexity

0-10 (best) 4 7.6Structure: Scale

0-10 (best) 6 7.6Drivers os Production

0-10 (best) 8 7.2Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 7 7.5Driver: Human Capital

0-10 (best) 8 7.3Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 14 8.2Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 13 7.8Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 4 7.5Driver: Demand Environment

Index Component

0-10 (best) 41 5.2Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

BRASIL

0-10 (best) 54 5.3Structure: Complexity

0-10 (best) 31 5.0Structure: Scale

0-10 (best) 47 5.0Drivers os Production

0-10 (best) 45 4.5Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 74 4.4Driver: Human Capital

0-10 (best) 54 5.3Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 72 4.5Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 19 7.6Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 21 6.1Driver: Demand Environment

Index Component

0-10 (best) 61 4.3Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

AUSTRÁLIA

0-10 (best) 68 4.5Structure: Complexity

0-10 (best) 54 4.0Structure: Scale

0-10 (best) 12 7.1Drivers os Production

0-10 (best) 11 6.9Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 9 7.4Driver: Human Capital

0-10 (best) 12 7.1Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 12 8.3Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 47 6.5Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 27 5.8Driver: Demand Environment

Index Component

0-10 (best) 33 5.8Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

CANADÁ

0-10 (best) 34 6.5Structure: Complexity

0-10 (best) 34 4.8Structure: Scale

0-10 (best) 7 7.5Drivers os Production

0-10 (best) 10 7.1Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 4 7.9Driver: Human Capital

0-10 (best) 6 7.5Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 10 8.5Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 16 7.7Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 12 6.4Driver: Demand Environment

fonte: World Ecomic Forum, Readiness for the Future of Production Assessment 2018 edition

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 3332

Index Component

0-10 (best) 29 6.0Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

ESPANHA

0-10 (best) 32 6.7Structure: Complexity

0-10 (best) 30 5.1Structure: Scale

0-10 (best) 24 6.2Drivers os Production

0-10 (best) 26 5.7Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 31 5.9Driver: Human Capital

0-10 (best) 15 6.8Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 31 6.5Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 29 6.9Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 22 5.9Driver: Demand Environment

Index Component

0-10 (best) 22 6.7Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

MÉXICO

0-10 (best) 25 7.2Structure: Complexity

0-10 (best) 13 6.1Structure: Scale

0-10 (best) 46 5.0Drivers os Production

0-10 (best) 43 4.5Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 73 4.5Driver: Human Capital

0-10 (best) 25 6.3Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 84 4.2Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 61 5.9Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 25 5.8Driver: Demand Environment

Index Component

0-10 (best) 30 6.0Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

ÍNDIA

0-10 (best) 48 5.6Structure: Complexity

0-10 (best) 9 6.6Structure: Scale

0-10 (best) 44 5.2Drivers os Production

0-10 (best) 34 4.8Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 63 4.7Driver: Human Capital

0-10 (best) 55 5.2Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 54 5.0Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 96 4.0Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 5 7.4Driver: Demand Environment

Index Component

0-10 (best) 13 7.0Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

REINO UNIDO

0-10 (best) 8 8.6Structure: Complexity

0-10 (best) 37 4.7Structure: Scale

0-10 (best) 4 7.8Drivers os Production

0-10 (best) 2 8.0Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 8 7.5Driver: Human Capital

0-10 (best) 4 8.3Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 13 8.2Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 22 7.4Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 6 7.1Driver: Demand Environment

fonte: World Ecomic Forum, Readiness for the Future of Production Assessment 2018 edition

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RepoRt - Movimento Brasil Digital 2018 3534

Index Component

0-10 (best) 8 7.5Structure os Production

Rank/100 Value Dist. from best

SUÉCIA

0-10 (best) 5 8.7Structure: Complexity

0-10 (best) 23 5.6Structure: Scale

0-10 (best) 9 7.4Drivers os Production

0-10 (best) 7 7.3Driver: Technology & Innovation

0-10 (best) 6 7.5Driver: Human Capital

0-10 (best) 19 6.8Driver: Global Trade & Investment

0-10 (best) 6 8.8Driver: Institutional Framework

0-10 (best) 2 8.8Driver: Sustainable Resources

0-10 (best) 24 5.9Driver: Demand Environment

fonte: World Ecomic Forum, Readiness for the Future of Production Assessment 2018 edition

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