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Versão integral disponível em digitalis.uc · como à da poesia arcaica em geral e à da elegia em particular, pois esse é “o gênero simpótico mais típico”, ressalta S.R

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Versatildeo integral disponiacutevel em digitalisucpt

52

Entre imagens de prazer e de amizade Afrodite na elegia grega arcaica

GIULIAnA RAGUSA

Universidade de Satildeo Paulo Brasil

RESUMO Este artigo concentra-se na representaccedilatildeo de Afrodite na poesia elegiacuteaca grega arcaica O corpus aqui traduzido e estudado eacute lamentavelmente pequeno uma vez que a presenccedila da deusa se atesta seguramente apenas em quatro poemas e trecircs poetas ndash mais precisamente em quatro fragmentos elegiacuteacos Mimnermo Fr 1 W2 Soacutelon Frs 19 e 26 W2 Anacreonte Fr 2 W2 Conforme pretendem mostrar estas paacuteginas a imagem de Afrodite nesse corpus natildeo eacute uma e sempre a mesma mas de muacuteltiplas faces integrando contextos elaborados pelas ideias de amizade (φιλία) e prazer (ἡδονή) combinadas como eacute o caso dos fragmentos simposiaacutesticos de Soacutelon (26 W2) e Anacreonte ou natildeo ndash a ideia de prazer prevalecendo no fragmento gnocircmico de Mimnermo e a de amizade na elegia de despedida de Soacutelon (19 W2)PALAVRAS-CHAVE Elegia Afrodite amizade prazer Mimnermo Soacutelon Anacreonte

A incursatildeo pela elegia grega arcaica que aqui se inicia visa ao es-tudo dos uacutenicos quatro fragmentos em que contemplamos Afrodite ndash 1 W2 de Mimnermo 19 e 26 W2 de Soacutelon 2 W2 de Anacreonte1 ndash a fim de

Email gragusauolcombr

Departamento de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas ndash USP

Texto elaborado a partir de comunicaccedilatildeo apresentada no XVII Congresso Nacional de Estudos Claacutessicos ocorrido em Natal (RN) em 20091 Para a poesia elegiacuteaca adoto a ediccedilatildeo de ML WEST Iambi et elegi Graeci Oxford Uni-versity Press 1998 originalmente publicada em dois volumes em 1971 Nos gecircneros ditos modernamente ldquoliacutericosrdquo constata-se a prevalecircncia de Afrodite na meacutelica ou liacuterica propria-mente ndash a canccedilatildeo para a lira em performance solo ou coral Considerado esse gecircnero na era arcaica a deusa surge em 31 fragmentos ndash 14 deles de Safo (c 630-580 aC) e os demais de Aacutelcman (final de 600 aC) Alceu (c 630-580 aC) Estesiacutecoro (c 63229-55653 aC) iacutebico (c 550 aC) Anacreonte (c 550 aC) O corpus meacutelico em que vemos Afrodite foi traduzido e estudado em G RAGUSA Fragmentos de uma deusa a representaccedilatildeo de Afrodite na liacuterica de Safo Campinas Editora da Unicamp 2005 (Apoio Fapesp) G RAGUSA Lira mito e erotismo Afrodite na poesia meacutelica grega arcaica Campinas Editora da Unicamp 2010 (Apoio Fapesp) Bem mais restrita eacute sua presenccedila na elegia arcaica a cujo estudo se

Classica (Brasil) 211 52-70 2008

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AFRODITE NA ELEGIA GREGA ARCAICA 53

Classica (Brasil) 211 52-70 2008

analisar a representaccedilatildeo da deidade nesse corpus que revela sua leitura se assenta sobre os temas da amizade (φιλία) e do prazer (ἡδονή) e se co-loca no acircmbito prazeroso e amigaacutevel do simpoacutesio evocado mais ou menos explicitamente nos textos e especialmente propiacutecio agrave sua (re)performance como agrave da poesia arcaica em geral e agrave da elegia em particular pois esse eacute ldquoo gecircnero simpoacutetico mais tiacutepicordquo ressalta SR Slings2 Comeccedilo pelo mais antigo dos poetas nomeados Mimnermo ativo em c 650 aC cuja elegia3 ndash talvez completa4 ndash traduzo

τίς δὲ βίος τί δὲ τερπνὸν ἄτερ χρυσῆς Αφροδίτης τεθναίην ὅτε μοι μηκέτι ταῦτα μέλοικρυπταδίη φιλότης καὶ μείλιχα δῶρα καί εὐνή οἷ᾿ ἥβης ἄνθεα γίνεται ἁρπαλέαἀνδράσιν ἠδὲ γυναιξίν ἐπεὶ δ᾽ ὀδυνηρὸν ἐπέλθηι 5 γῆρας ὅ τ᾽ αἰσχρὸν ὁμῶς καὶ κακὸν ἄνδρα τιθεῖαἰεί μιν φρένας ἀμφὶ κακαὶ τείροῦσι μέριμναι

voltam este artigo ndash ampliando a comunicaccedilatildeo que apresentei no XVII Congresso Nacional de Estudos Claacutessicos (Natal RN 2009) ndash e outro ndash G RAGUSA lsquoSoacutelon e um fragmento de viagem (19 W2) um hoacutespede um anfitriatildeo e uma deusa em tempo de despedidarsquo Phaos 8 9-32 2010 ndash no qual aprofundo o comentaacuterio aqui feito ao fragmento soloniano Estaacute excluiacutedo do corpus elegiacuteaco ora pensado o problemaacutetico conjunto da Teognideia Por fim quanto agrave poesia jacircmbica arcaica Afrodite consta soacute de um fragmento de Arquiacuteloco (c 680-640 aC) o precaacuterio 112 W2 estudado e traduzido em P da C CORRecircA Armas e varotildees a guerra na liacuterica de Arquiacuteloco Satildeo Paulo Editora da Unesp 2009 p 324-3282 Symposion and interpretation elegy as group-song and the so-called awakening indi-vidual AAntHung 40 423-34 2000 p 4233 A atribuiccedilatildeo de autoria a Mimnermo eacute feita na fonte principal da elegia dada na ediccedilatildeo de WEST Iambi et a Antologia (IV 20 16) de Estobeu (seacuteculo V dC) que preservou numerosos textos gregos antigos pois que foi concebida pelo compilador como ldquoaide-memoire a seu filho que tinha dificuldades de memorizar o que liardquo segundo D CAM-PBELL lsquoStobaeus and early Greek lyric poetryrsquo in DE GERBER (ed) Greek poetry and philosophy Chicago Scholars Press 51-7 1984 p 544 Os que natildeo creem na completude do texto argumentam que o uso da partiacutecula deacute (v 1) indica que a frase seria sequecircncia de algo dito antes veja-se C M DAwSOn Σπουδαιογέ-λοιον random thoughts on occasional poems yCS 19 39-76 1966 p 61 A partiacutecula poreacutem pode ter a funccedilatildeo apenas de vivificar a frase sem necessariamente marcar sempre um contraste no discurso que abre observa em comentaacuterio originalmente publicado em 1967 DA CAMPBELL Greek lyric poetry London Bristol 1998 p 224 Esse helenista entende portanto que o texto eacute um poema completo igualmente DE GERBER Euterpe Amsterdam Adolf M Hakkert 1970 p 106 AWH ADKInS Poetic craft in the early Greek elegists Chicago University Press 1985 p 96 Uma outra leitura da partiacutecula deacute eacute ainda aventada por A ALLEn The fragments of Mimnermus Stuttgart Franz Verlag 1993 p 33 segundo a qual ela refletiria a praacutetica simposiaacutestica de cada conviva tomar do outro a canccedilatildeo que entoava criando-se assim ldquouma espeacutecie de continuum temaacutetico nas contribuiccedilotildees individuais dos simposiastasrdquo

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Entre imagens de prazer e de amizade Afrodite na elegia grega arcaica

GIULIAnA RAGUSA

Universidade de Satildeo Paulo Brasil

RESUMO Este artigo concentra-se na representaccedilatildeo de Afrodite na poesia elegiacuteaca grega arcaica O corpus aqui traduzido e estudado eacute lamentavelmente pequeno uma vez que a presenccedila da deusa se atesta seguramente apenas em quatro poemas e trecircs poetas ndash mais precisamente em quatro fragmentos elegiacuteacos Mimnermo Fr 1 W2 Soacutelon Frs 19 e 26 W2 Anacreonte Fr 2 W2 Conforme pretendem mostrar estas paacuteginas a imagem de Afrodite nesse corpus natildeo eacute uma e sempre a mesma mas de muacuteltiplas faces integrando contextos elaborados pelas ideias de amizade (φιλία) e prazer (ἡδονή) combinadas como eacute o caso dos fragmentos simposiaacutesticos de Soacutelon (26 W2) e Anacreonte ou natildeo ndash a ideia de prazer prevalecendo no fragmento gnocircmico de Mimnermo e a de amizade na elegia de despedida de Soacutelon (19 W2)PALAVRAS-CHAVE Elegia Afrodite amizade prazer Mimnermo Soacutelon Anacreonte

A incursatildeo pela elegia grega arcaica que aqui se inicia visa ao es-tudo dos uacutenicos quatro fragmentos em que contemplamos Afrodite ndash 1 W2 de Mimnermo 19 e 26 W2 de Soacutelon 2 W2 de Anacreonte1 ndash a fim de

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Departamento de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas ndash USP

Texto elaborado a partir de comunicaccedilatildeo apresentada no XVII Congresso Nacional de Estudos Claacutessicos ocorrido em Natal (RN) em 20091 Para a poesia elegiacuteaca adoto a ediccedilatildeo de ML WEST Iambi et elegi Graeci Oxford Uni-versity Press 1998 originalmente publicada em dois volumes em 1971 Nos gecircneros ditos modernamente ldquoliacutericosrdquo constata-se a prevalecircncia de Afrodite na meacutelica ou liacuterica propria-mente ndash a canccedilatildeo para a lira em performance solo ou coral Considerado esse gecircnero na era arcaica a deusa surge em 31 fragmentos ndash 14 deles de Safo (c 630-580 aC) e os demais de Aacutelcman (final de 600 aC) Alceu (c 630-580 aC) Estesiacutecoro (c 63229-55653 aC) iacutebico (c 550 aC) Anacreonte (c 550 aC) O corpus meacutelico em que vemos Afrodite foi traduzido e estudado em G RAGUSA Fragmentos de uma deusa a representaccedilatildeo de Afrodite na liacuterica de Safo Campinas Editora da Unicamp 2005 (Apoio Fapesp) G RAGUSA Lira mito e erotismo Afrodite na poesia meacutelica grega arcaica Campinas Editora da Unicamp 2010 (Apoio Fapesp) Bem mais restrita eacute sua presenccedila na elegia arcaica a cujo estudo se

Classica (Brasil) 211 52-70 2008

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Classica (Brasil) 211 52-70 2008

analisar a representaccedilatildeo da deidade nesse corpus que revela sua leitura se assenta sobre os temas da amizade (φιλία) e do prazer (ἡδονή) e se co-loca no acircmbito prazeroso e amigaacutevel do simpoacutesio evocado mais ou menos explicitamente nos textos e especialmente propiacutecio agrave sua (re)performance como agrave da poesia arcaica em geral e agrave da elegia em particular pois esse eacute ldquoo gecircnero simpoacutetico mais tiacutepicordquo ressalta SR Slings2 Comeccedilo pelo mais antigo dos poetas nomeados Mimnermo ativo em c 650 aC cuja elegia3 ndash talvez completa4 ndash traduzo

τίς δὲ βίος τί δὲ τερπνὸν ἄτερ χρυσῆς Αφροδίτης τεθναίην ὅτε μοι μηκέτι ταῦτα μέλοικρυπταδίη φιλότης καὶ μείλιχα δῶρα καί εὐνή οἷ᾿ ἥβης ἄνθεα γίνεται ἁρπαλέαἀνδράσιν ἠδὲ γυναιξίν ἐπεὶ δ᾽ ὀδυνηρὸν ἐπέλθηι 5 γῆρας ὅ τ᾽ αἰσχρὸν ὁμῶς καὶ κακὸν ἄνδρα τιθεῖαἰεί μιν φρένας ἀμφὶ κακαὶ τείροῦσι μέριμναι

voltam este artigo ndash ampliando a comunicaccedilatildeo que apresentei no XVII Congresso Nacional de Estudos Claacutessicos (Natal RN 2009) ndash e outro ndash G RAGUSA lsquoSoacutelon e um fragmento de viagem (19 W2) um hoacutespede um anfitriatildeo e uma deusa em tempo de despedidarsquo Phaos 8 9-32 2010 ndash no qual aprofundo o comentaacuterio aqui feito ao fragmento soloniano Estaacute excluiacutedo do corpus elegiacuteaco ora pensado o problemaacutetico conjunto da Teognideia Por fim quanto agrave poesia jacircmbica arcaica Afrodite consta soacute de um fragmento de Arquiacuteloco (c 680-640 aC) o precaacuterio 112 W2 estudado e traduzido em P da C CORRecircA Armas e varotildees a guerra na liacuterica de Arquiacuteloco Satildeo Paulo Editora da Unesp 2009 p 324-3282 Symposion and interpretation elegy as group-song and the so-called awakening indi-vidual AAntHung 40 423-34 2000 p 4233 A atribuiccedilatildeo de autoria a Mimnermo eacute feita na fonte principal da elegia dada na ediccedilatildeo de WEST Iambi et a Antologia (IV 20 16) de Estobeu (seacuteculo V dC) que preservou numerosos textos gregos antigos pois que foi concebida pelo compilador como ldquoaide-memoire a seu filho que tinha dificuldades de memorizar o que liardquo segundo D CAM-PBELL lsquoStobaeus and early Greek lyric poetryrsquo in DE GERBER (ed) Greek poetry and philosophy Chicago Scholars Press 51-7 1984 p 544 Os que natildeo creem na completude do texto argumentam que o uso da partiacutecula deacute (v 1) indica que a frase seria sequecircncia de algo dito antes veja-se C M DAwSOn Σπουδαιογέ-λοιον random thoughts on occasional poems yCS 19 39-76 1966 p 61 A partiacutecula poreacutem pode ter a funccedilatildeo apenas de vivificar a frase sem necessariamente marcar sempre um contraste no discurso que abre observa em comentaacuterio originalmente publicado em 1967 DA CAMPBELL Greek lyric poetry London Bristol 1998 p 224 Esse helenista entende portanto que o texto eacute um poema completo igualmente DE GERBER Euterpe Amsterdam Adolf M Hakkert 1970 p 106 AWH ADKInS Poetic craft in the early Greek elegists Chicago University Press 1985 p 96 Uma outra leitura da partiacutecula deacute eacute ainda aventada por A ALLEn The fragments of Mimnermus Stuttgart Franz Verlag 1993 p 33 segundo a qual ela refletiria a praacutetica simposiaacutestica de cada conviva tomar do outro a canccedilatildeo que entoava criando-se assim ldquouma espeacutecie de continuum temaacutetico nas contribuiccedilotildees individuais dos simposiastasrdquo

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Page 3: Versão integral disponível em digitalis.uc · como à da poesia arcaica em geral e à da elegia em particular, pois esse é “o gênero simpótico mais típico”, ressalta S.R

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Classica (Brasil) 211 52-70 2008

analisar a representaccedilatildeo da deidade nesse corpus que revela sua leitura se assenta sobre os temas da amizade (φιλία) e do prazer (ἡδονή) e se co-loca no acircmbito prazeroso e amigaacutevel do simpoacutesio evocado mais ou menos explicitamente nos textos e especialmente propiacutecio agrave sua (re)performance como agrave da poesia arcaica em geral e agrave da elegia em particular pois esse eacute ldquoo gecircnero simpoacutetico mais tiacutepicordquo ressalta SR Slings2 Comeccedilo pelo mais antigo dos poetas nomeados Mimnermo ativo em c 650 aC cuja elegia3 ndash talvez completa4 ndash traduzo

τίς δὲ βίος τί δὲ τερπνὸν ἄτερ χρυσῆς Αφροδίτης τεθναίην ὅτε μοι μηκέτι ταῦτα μέλοικρυπταδίη φιλότης καὶ μείλιχα δῶρα καί εὐνή οἷ᾿ ἥβης ἄνθεα γίνεται ἁρπαλέαἀνδράσιν ἠδὲ γυναιξίν ἐπεὶ δ᾽ ὀδυνηρὸν ἐπέλθηι 5 γῆρας ὅ τ᾽ αἰσχρὸν ὁμῶς καὶ κακὸν ἄνδρα τιθεῖαἰεί μιν φρένας ἀμφὶ κακαὶ τείροῦσι μέριμναι

voltam este artigo ndash ampliando a comunicaccedilatildeo que apresentei no XVII Congresso Nacional de Estudos Claacutessicos (Natal RN 2009) ndash e outro ndash G RAGUSA lsquoSoacutelon e um fragmento de viagem (19 W2) um hoacutespede um anfitriatildeo e uma deusa em tempo de despedidarsquo Phaos 8 9-32 2010 ndash no qual aprofundo o comentaacuterio aqui feito ao fragmento soloniano Estaacute excluiacutedo do corpus elegiacuteaco ora pensado o problemaacutetico conjunto da Teognideia Por fim quanto agrave poesia jacircmbica arcaica Afrodite consta soacute de um fragmento de Arquiacuteloco (c 680-640 aC) o precaacuterio 112 W2 estudado e traduzido em P da C CORRecircA Armas e varotildees a guerra na liacuterica de Arquiacuteloco Satildeo Paulo Editora da Unesp 2009 p 324-3282 Symposion and interpretation elegy as group-song and the so-called awakening indi-vidual AAntHung 40 423-34 2000 p 4233 A atribuiccedilatildeo de autoria a Mimnermo eacute feita na fonte principal da elegia dada na ediccedilatildeo de WEST Iambi et a Antologia (IV 20 16) de Estobeu (seacuteculo V dC) que preservou numerosos textos gregos antigos pois que foi concebida pelo compilador como ldquoaide-memoire a seu filho que tinha dificuldades de memorizar o que liardquo segundo D CAM-PBELL lsquoStobaeus and early Greek lyric poetryrsquo in DE GERBER (ed) Greek poetry and philosophy Chicago Scholars Press 51-7 1984 p 544 Os que natildeo creem na completude do texto argumentam que o uso da partiacutecula deacute (v 1) indica que a frase seria sequecircncia de algo dito antes veja-se C M DAwSOn Σπουδαιογέ-λοιον random thoughts on occasional poems yCS 19 39-76 1966 p 61 A partiacutecula poreacutem pode ter a funccedilatildeo apenas de vivificar a frase sem necessariamente marcar sempre um contraste no discurso que abre observa em comentaacuterio originalmente publicado em 1967 DA CAMPBELL Greek lyric poetry London Bristol 1998 p 224 Esse helenista entende portanto que o texto eacute um poema completo igualmente DE GERBER Euterpe Amsterdam Adolf M Hakkert 1970 p 106 AWH ADKInS Poetic craft in the early Greek elegists Chicago University Press 1985 p 96 Uma outra leitura da partiacutecula deacute eacute ainda aventada por A ALLEn The fragments of Mimnermus Stuttgart Franz Verlag 1993 p 33 segundo a qual ela refletiria a praacutetica simposiaacutestica de cada conviva tomar do outro a canccedilatildeo que entoava criando-se assim ldquouma espeacutecie de continuum temaacutetico nas contribuiccedilotildees individuais dos simposiastasrdquo

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