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LITERATURA BRASILEIRA 01 Leia o poema “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos. A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me. A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme. (MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 300.) Assinale a alternativa correta em relação ao poema. a) Apresenta uma forma regular, o soneto, característica exclusiva da poesia barroca. b) A imagem dos braços “abertos” e “cravados” reforça o temor a Deus, manifestado pelo sujeito poético. c) O uso de imagens opostas ilustra uma das características típicas do estilo árcade. d) O eu lírico expressa um sentimento de repulsa em relação à divindade. e) Pelo uso de metonímias, o poema remete à imagem do Cristo crucificado. 02 Leia o poema de Cláudio Manuel da Costa. Quando cheios de gosto, e de alegria Estes campos diviso florescentes, Então me vêm as lágrimas ardentes Com mais ânsia, mais dor, mais agonia. Aquele mesmo objeto, que desvia Do humano peito as mágoas inclementes, Esse mesmo em imagens diferentes Toda a minha tristeza desafia. Se das flores a bela contextura Esmalta o campo na melhor fragrância, Para dar uma idéia de ventura; Como, ó Céus, para os ver terei constância, Se cada flor me lembra a formosura Da bela causadora de minha ânsia? (In: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Analia Cochar. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 2000. p. 134.) Sobre o poema, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições. ( ) É construído a partir da relação de oposição entre a paisagem bucólica e o estado de espírito do sujeito poético. ( ) Problematiza a valorização do espaço rural em detrimento do espaço urbano. ( ) O esplendor da natureza desperta a saudade do amor ausente, provocando sofrimento em vez de felicidade. ( ) A natureza é caracterizada como um espaço de harmonia e beleza, no qual o eu lírico se realiza plenamente. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) V – V – F – F b) V – F – V – F c) F – V – V – V d) F – F – F – V e) V – V – V – V

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LITERATURA BRASILEIRA01

Leia o poema “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos.

A vós correndo vou, braços sagrados,Nessa cruz sacrossanta descobertos,Que, para receber-me, estais abertos,E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsadosDe tanto sangue e lágrimas abertos,Pois, para perdoar-me, estais despertos,E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,A vós, sangue vertido, para ungir-me,A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,A vós, cravos preciosos, quero atar-me,Para ficar unido, atado e firme.

(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 300.)

Assinale a alternativa correta em relação ao poema.

a) Apresenta uma forma regular, o soneto, característica exclusiva da poesia barroca.b) A imagem dos braços “abertos” e “cravados” reforça o temor a Deus, manifestado pelo sujeito

poético. c) O uso de imagens opostas ilustra uma das características típicas do estilo árcade.d) O eu lírico expressa um sentimento de repulsa em relação à divindade.e) Pelo uso de metonímias, o poema remete à imagem do Cristo crucificado.

02Leia o poema de Cláudio Manuel da Costa.

Quando cheios de gosto, e de alegriaEstes campos diviso florescentes,Então me vêm as lágrimas ardentesCom mais ânsia, mais dor, mais agonia.

Aquele mesmo objeto, que desviaDo humano peito as mágoas inclementes,Esse mesmo em imagens diferentesToda a minha tristeza desafia.

Se das flores a bela contexturaEsmalta o campo na melhor fragrância,Para dar uma idéia de ventura;

Como, ó Céus, para os ver terei constância,Se cada flor me lembra a formosuraDa bela causadora de minha ânsia?

(In: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Analia Cochar. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 2000. p. 134.)

Sobre o poema, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições.

( ) É construído a partir da relação de oposição entre a paisagem bucólica e o estado de espírito do sujeito poético.

( ) Problematiza a valorização do espaço rural em detrimento do espaço urbano.( ) O esplendor da natureza desperta a saudade do amor ausente, provocando sofrimento

em vez de felicidade.( ) A natureza é caracterizada como um espaço de harmonia e beleza, no qual o eu lírico

se realiza plenamente.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.

a) V – V – F – Fb) V – F – V – Fc) F – V – V – Vd) F – F – F – Ve) V – V – V – V

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03Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, reúne histórias fantásticas que envolvem

acontecimentos trágicos, amor, mortes, vícios e crimes, narradas por homens que conversam e

bebem em uma taverna. Do conto Solfieri, transcreve-se o seguinte trecho:

Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios

brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão

entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte

na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal-apertados... Era

uma defunta!... E aqueles traços todos me lembraram uma idéia perdida... – Era o anjo do

cemitério? Cerrei as portas da igreja, que, ignoro por quê, eu achara abertas. Tomei o

cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo. [...] Preguei-lhe mil

beijos nos lábios. Ela era bela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a capela

como o noivo as despe à noiva. Era uma forma puríssima. Meus sonhos nunca me tinham

evocado uma estátua tão perfeita. Era mesmo uma estátua: tão branca era ela.(AZEVEDO, Manuel Antônio Álvares de. Noite na taverna. Porto Alegre: L&PM, 1998. p. 20.)

Em relação ao fragmento, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições.

( ) O ambiente descrito reforça a atmosfera de suspense e terror presente na narrativa.( ) A relação com uma mulher morta sugere a impossibilidade da realização amorosa,

característica marcante do Romantismo.( ) A expressão “Era uma forma puríssima” revela uma forte idealização da figura feminina.( ) A intimidade com um cadáver dá um tom irônico ao conto.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.

a) V – V – V – F

b) V – F – V – F

c) V – V – F – F

d) F – F – F – V

e) F – F – V – V

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04O conto Trio em lá menor, de Machado de Assis, narra a história de Maria Regina, uma moça

indecisa entre dois pretendentes, que se mostram complementares em suas características físicas, intelectuais e emocionais. O conto é finalizado da seguinte forma:

Então uma voz surgiu do abismo, com palavras que ela não entendeu:- É a tua pena, alma curiosa de perfeição; a tua pena é oscilar por toda a eternidade entre dois astros incompletos, ao som desta velha sonata do absoluto: lá, lá, lá...

(ASSIS, Machado de. Os melhores contos de Machado de Assis. 15. ed. São Paulo: Global, 2004. p. 267-273.)

Em relação ao conto, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições.

( ) Como o fragmento transcrito sugere, a música faz parte da temática do conto.( ) O conto é dividido em quatro momentos, que apresentam títulos similares aos das

partes de uma forma musical denominada sonata.( ) A indecisão entre dois pretendentes no conto simboliza a ânsia do ser humano pela

perfeição.( ) O título “Trio em lá menor” alude à idéia de triângulo amoroso presente no enredo.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.

a) F – F – F – V

b) V – F – V – F

c) V – V – F – F

d) V – V – V – V

e) F – F – V – V

05Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam

retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos. Era preciso mostrar o cotidiano massacrante, o amor adúltero, a falsidade e o egoísmo humano, a impotência do homem comum diante dos poderosos.

(CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Analia Cochar. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 2000. p. 244 – Texto adaptado.)

A respeito da literatura realista, assinale a alternativa correta.

a) Apresenta descrições e adjetivações subjetivas, no intuito de representar a realidade como

ela é.

b) A mulher é idealizada, sendo representada como um anjo de pureza e perfeição.

c) Utiliza uma linguagem culta e direta, semelhante ao estilo metafórico do Romantismo.

d) O herói é problemático, revelando-se portador de fraquezas e incertezas.

e) O casamento é apresentado como uma instituição falida, em que prevalecem os sentimentos.

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06Leia o poema Erro de português, de Oswald de Andrade.

Quando o português chegouDebaixo duma bruta chuvaVestiu o índioQue pena!Fosse uma manhã de solO índio tinha despidoO português

(ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, s.d. p. 177.)

Em relação ao poema, assinale a alternativa correta.

a) Apresenta-se em verso livre e em linguagem rebuscada, características inovadoras da literatura modernista.

b) Tematiza a inadaptação e rebeldia do índio em relação à exploração portuguesa nos tempos do descobrimento do Brasil.

c) A expressão “Vestiu o índio” remete ao processo de aculturação observado no período da colonização portuguesa.

d) O título faz uma crítica à forma de linguagem utilizada pelos índios, após contato com a língua portuguesa.

e) O clima determinou os acontecimentos históricos referidos no poema.

07Leia os fragmentos de O quinze, de Rachel de Queiroz, e de Asa branca, clássico do

cancioneiro popular.

Depois de se benzer e de beijar duas vezes a medalhinha de São José, Dona Inácia concluiu:

“Dignai-vos ouvir nossas súplicas, ó castíssimo esposo da Virgem Maria, e alcançai o que rogamos. Amém.”

Vendo a avó sair do quarto do santuário, Conceição, que fazia as tranças sentada numa rede ao canto da sala, interpelou-a:

- E nem chove, hein, Mãe Nácia? Já chegou o fim do mês... Nem por você fazer tanta novena...

(QUEIROZ, Rachel de. O quinze. 67. ed. São Paulo: Siciliano, 1993. p. 7.)

Quando oiei a terra ardendoQuá fogueira de São JoãoEu perguntei, ai, pra Deus do céu, aiPruque tamanha judiação

Qui braseiro, qui fornaiaNem um pé de plantaçãoPru falta d’água perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão[...]

(In: ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira: tempo, leitores e leituras. São

Paulo: Moderna, 2005. p. 572.)

Assinale a alternativa correta em relação aos fragmentos.

a) Enquanto, no primeiro fragmento, as duas personagens suplicam a interferência divina na solução da seca, no segundo, o eu poético responsabiliza a Deus por “tamanha judiação”.

b) As variedades lingüísticas que marcam a fala do homem do sertão nordestino estão presentes nos dois textos, afastando-os da norma culta.

c) O apelo à religiosidade evidencia a falta de alternativas concretas para problemas sociais como os causados pela seca no Nordeste.

d) Embora tematizem a seca, os textos omitem o impacto causado pelo meio sobre o indivíduo.e) No segundo fragmento, a seca é abordada como um problema sem repercussões econômicas.

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08Leia o poema O tempo, de Mario Quintana.

O despertador é um objeto abjeto.Nele mora o Tempo. O Tempo não pode viver sem nós, para não parar.E todas as manhãs nos chama freneticamente[como um velho paralítico a tocar a campainha atroz.Nósé que vamos empurrando, dia a dia, sua cadeira de rodas.Nós, os seus escravos.Só os poetasos amantesos bêbadospodem fugirpor instantesao Velho... Mas que raiva impotente dá no Velhoquando encontra crianças a brincar de rodae não há outro jeito senão desviar delas a sua cadeira de rodas!Porque elas, simplesmente, o ignoram...

(QUINTANA, Mario. Nova antologia poética. 12. ed. São Paulo: Globo, 2007. p. 137.)

Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao poema.

a) A imagem do “velho paralítico” remete às limitações que o tempo impõe ao indivíduo.b) O ser humano em geral é escravo do tempo, porque a ele se submete.c) As crianças não são atingidas pela tirania do tempo, porque não se preocupam com a sua

passagem.d) A atitude dos poetas, dos amantes e dos bêbados contrapõe-se à postura das crianças em

relação à temporalidade.e) O despertador é um “objeto abjeto” para o eu poético, porque simboliza a inexorável ação do

tempo.

09Associado ao fim da Segunda Guerra Mundial, o surgimento do Pós-Modernismo parece ter

sido desencadeado pela crise de valores que vigoraram a partir do início do século XX. Os conceitos de classe social, de ideologia, de arte e de Estado começam a ruir, afetados pelas duas guerras mundiais. O Pós-Modernismo nasce da ruptura com algumas certezas e definições que sustentavam conceitos do campo social, político, econômico e estético.

(ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira: tempo, leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005. p. 595 – Texto adaptado.)

Quanto ao Pós-modernismo, assinale a alternativa INCORRETA.

a) A exploração da linguagem favorece novas experiências, que rompem com a estrutura tradicional da narrativa, ao mesmo tempo em que permitem um mergulho na mais funda intimidade do ser humano.

b) As fronteiras entre ideologias de direita e de esquerda, bem e mal, certo e errado, beleza e feiúra tornaram-se pouco nítidas; entretanto, insensíveis a esse tipo de contexto, os artistas permaneceram presos aos modelos modernos.

c) Produziu-se uma arte marcada pela diversidade, multiplicando-se os modos de expressão da realidade, ao se explorar diferentes temas e linhas de experimentação.

d) Os temas desenvolvidos pela ficção em prosa incorporaram elementos do cotidiano urbano contemporâneo, como a violência, objeto de muitos textos de Rubem Fonseca.

e) A consciência crítica da realidade política e social do país pode ser identificada nas obras de poetas como João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar.

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10Em relação à obra Netto perde sua alma, de Tabajara Ruas, é INCORRETO afirmar que

a) o romance prima pela objetividade e enfoca assuntos em voga no momento em que foi escrito, o que o aproxima da crônica jornalística.

b) inicia pelo desfecho, subvertendo a ordem convencional da narrativa e dos acontecimentos históricos aos quais se refere.

c) o texto é constituído de seis partes, que narram diferentes momentos vividos pelo General Netto, sem obediência à ordem cronológica.

d) o romance faz referência a acontecimentos históricos, como a Revolução Farroupilha e a Guerra do Paraguai.

e) ao contrário do discurso historiográfico, o romance revela os fatos históricos a partir da subjetividade das personagens.

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