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Primeira estação: Jesus é condenado à morte
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Cristo padeceu por vós, deixando-vos um
exemplo, para que sigais as suas pisadas. Ele que não
cometeu pecado, nem se achou engano na sua boca!”
Da primeira carta de Pedro [2,21-22].
[Jesus]: Fui condenado à morte, porque antes de mim outros
muitos foram condenados. Continuo a ser condenado hoje nas
vítimas da sociedade que fez da lei do mercado o seu deus. Há
mais de dois milênios vos adverti: “não se pode servir a Deus
e ao dinheiro”. Como pode ser justa a sociedade que faz das
finanças seu valor supremo? Ainda não compreendeis?
[Comunidade]: Perdoai-nos, Senhor! Perdoai a nossa
sociedade. Como os primeiros discípulos, temos que
reconhecer a dureza de coração perante vossas palavras.
Todos nós somos responsáveis por uma sociedade que nos
envergonha e nos seduz! Será que nossas comunidades, nossas
igrejas, não se contaminaram com o estilo da sociedade que as
envolve? O papa Francisco nos adverte.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
3
Segunda estação: Jesus toma a sua cruz nos ombros
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Nossos pecados ele os carregou em
seu corpo no madeiro, a fim de que, mortos ao pecado,
vivamos para a justiça”. Da primeira carta de Pedro. [2,24].
Senhor Jesus, carregaste a cruz de todos nós. A cruz que a
insensatez e a ambição do poder põe nos ombros dos pequenos
em nossa sociedade injusta e discriminatória.
[Jesus]: Carreguei a cruz por amor ao Pai. Olhando para
os mais vulneráveis da sociedade compreendi o quanto sofre
Deus, nosso Pai, nos seus filhos mais queridos.
[Comunidade]: Obrigado, Senhor, por ensinar-nos a aliviar o
sofrimento de Deus em nossos irmãos sofredores. Obrigado
por tua compaixão desmedida.
Contigo, continuaremos teu gesto. Juntos, carregaremos a cruz
dos pequenos, teus preferidos. A cruz das mães desoladas pela
morte dos filhos, das crianças abandonadas, dos anciãos
indefesos, dos discriminados da sociedade…
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
4
Terceira estação: Jesus cai por terra.
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Ele foi esmagado por causa de nossos
crimes”, lemos no livro de Isaías [53,5].
Jesus cai com tantos que estão caindo nas ruas de nossas
cidades cada dia mais manchadas com sangue de vítimas
inocentes…
Caíste para sarar a covardia dos que pretendem dominar os
mais fracos com o poder e a força.
Caíste com as vítimas de tanta violência absurda e desumana!
[Jesus]: No chão, sinto-me mais perto dos doentes e dos
anciãos cansados de esperar nas filas dos hospitais... Sinto-me
também solidário com tantos de vós que estais ao serviço dos
doentes, dos anciãos, dos prisioneiros, das crianças
abandonadas…
[Comunidade]: Obrigado por tamanha ternura.
Tão sublime que nos custa compreender e até acreditar!
Solidários contigo, continuaremos o caminho que abriste…
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
5
Quarta estação: Jesus se encontra com sua Mãe
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Maria]: “Meu Filho, eu te procurava aflita!”, falou de
mim Lucas no evangelho da infância, pensando neste dia. [Lc 2,48]
[Comunidade]: Encontro da mãe e do filho. Encontro sem
palavras. A dor não deixa proferir palavras!
Apenas a ternura e as lágrimas de dois olhares se encontram e
se compreendem! Dois olhares que contêm os olhares
enternecidos e desolados de tantas mães perante o sofrimento
dos filhos.
Senhor, com tua mãe, te louvamos! Tuas lágrimas e as
lágrimas de tua mãe lavam o chão tão sujo de sangue de
nossas ruas e suscitam a esperança de uma sociedade solidária
e compassiva.
Com a mãe Maria, a primeira redimida, imagem e modelo da
Igreja, queremos anunciar ao mundo a boa nova da compaixão
infinita de nosso Deus que tuas lágrimas revelam.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
6
Quinta estação: Simão Cireneu é obrigado a carregar
a cruz.
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Jesus]: “Quem não carrega a sua cruz e não vem após mim
não pode ser meu discípulo”, disse eu aos discípulos a
caminho da última páscoa.
Busco agora cireneus para carregar as cruzes dos
desamparados da sociedade. O Cireneu foi obrigado a
carregar a minha porque ninguém queria ajudar.
[Comunidade]: Hoje também são tantos os que dizem: Nada
tenho a ver com a violência das nossas cidades, não sou
responsável da fome das multidões!
Mas nós, com tua graça, queremos ajudar, Senhor Jesus.
Carregando nossas cruzes, Tu nos ensinaste que, sem braços
humanos, Deus não pode ajudar ninguém na terra dos homens.
Senhor, tu que ajudaste a tantos, e foste de todos abandonado,
dá-nos a graça de estar ao lado dos que não encontram ajuda, e
estão desesperadamente a sós com suas angústias.
Dá-nos a graça de aprender a lição: Teu Pai precisou de Ti e
precisa hoje de voluntários para aliviar o peso da cruz dos
seus filhos e filhas.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
7
Sexta estação: Verônica enxuga o rosto de Jesus
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Não tinha presença nem beleza para atrair
nossos olhares, nem aparência que nos cativasse”, disse o
profeta Isaías, vislumbrando teu rosto nos rostos cobertos de
sangue dos justos outrora assassinados.
Com Verônica, queremos agora todos nós enxugar teu rosto no
rosto sangrento de tantos irmãos e irmãs que não encontram
uma mão compassiva que o faça.
[Jesus]: Eu e meu Pai vos agradecemos. Podeis estar
certos de que sinto em meu rosto o alívio de vossas mãos
compassivas quando enxugais o rosto desfigurado pelo
sofrimento dos vossos irmãos e irmãs.
Não lembrais minhas palavras? ‒ “Em verdade vos digo que
quanto fizestes a um desses meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes”.
Maravilhados como Verónica, vereis impressa no mais íntimo
do vosso coração a minha face.
[Comunidade]: Tua santa face, Senhor Jesus! Obrigado, por
tanto amor e tanta misericórdia!
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
8
Sétima estação: Jesus cai de novo.
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Ele suportou nossos sofrimentos e
carregou nossas dores”, profetizou Isaias [53,4].
[Jesus]: No chão, beijando o pó, senti-me solidário de
todos os caídos por terra. Quem os poderia contar?
“Só Vós, meu Pai conheceis o seu nome” ‒ murmurei, tendido
na terra.
Por amor a todos eles, suplico ao Pai que me dê e nos dê
coragem para nos levantar e continuar o caminho. Há ainda
tanto chão para juntos andarmos!
[Comunidade]: Senhor, porque caíste e te levantaste, porque
te fizeste fraco com os fracos, até a morte de cruz, Deus Pai te
levantou dentre os mortos e fez de ti nossa ressurreição e
nossa vida! Para que todos os caídos possam levantar-se.
Ressuscitar! Mesmo os que jazem nas sombras da morte!
[Jesus]: Deus Pai me ressuscitou para vos dar esperança
perante uma sociedade que vos assusta e vos parece sem
remédio.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
9
Oitava estação: As mulheres de Jerusalém lamentam
o sofrimento de Jesus
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: Como às mulheres de Jerusalém, nos traz
aqui a compaixão. Queremos consolar-te, e nos surpreendes
invertendo os papéis: és tu que te compadeces de nós e de
nossa triste sociedade sem amor e sem alma! A sociedade que
se droga, se embriaga e se aliena, para esconder a má
consciência!
[Jesus]: “Não choreis por mim; chorai, antes, por vós e
por vossos filhos e filhas. Se ao madeiro verde fazem isto, que
se fará ao seco”? [Lucas 23,28].
[Comunidade]: Senhor, com todos os que silenciosamente
lamentam as tragédias dos seres queridos, com os que
arriscam suas vidas para estender uma mão aos que estão
sendo engolidos pelas águas turvas e traiçoeiras de nossa
sociedade, nós te agradecemos. Por tua compaixão! Por tua
advertência!
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
10
Nona estação: Jesus cai pela terceira vez
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Jesus]: “Asseguro-vos que se o grão de trigo caído na terra
não morrer ficará só; se morrer dará muito fruto” [Jo 12, 24].
[Comunidade]: Deus não deixará o justo por mais de três
dias nas mãos dos inimigos, diziam os profetas. Por terceira
vez o Filho cai por terra. Mas o Pai lhe dá forças para se
levantar!
E Jesus se levanta, para que com ele todos se levantem. Por
mais fundo que seja o abismo em que caíram.
Obrigado, Senhor. Por tua morte e por tua ressurreição!
Obrigado, porque a todos dás a graça de se levantar e retomar
o caminho. Mesmo quando for o caminho da cruz.
Via sacra. Estrada sagrada. Consagrada por teu amor!
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
11
Nona estação: Jesus é despojado de suas vestes
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Jesus Cristo, apesar de sua condição
divina não fez alarde de ser igual a Deus, mas esvaziou-se de
si e tomou a condição de escravo fazendo-se semelhante aos
homens, humilhou-se, fez-se obediente até a morte, morte de
cruz!”, lembra Paulo aos cristãos de Filipos e a nós [2,7-8].
[Jesus]: “Nu saí do ventre de minha mãe, nu para lá hei
de voltar” ‒ clamo com Jó do fundo do meu sofrimento.
Arrancam-me as vestes! Arrancam dos meus irmãos a glória
com que Deus os revestiu, a glória de serem filhos de Deus, e
os tornam escravos de uma sociedade desalmada!
[Comunidade]: Despojado da glória morreste, Senhor, para
que todos nós sejamos revestidos da glória de filhos de Deus e
nos tornemos teus irmãos, tuas irmãs!
Teu desprendimento nos salva e nos liberta de toda cobiça e de
toda soberba. Convida-nos a despojar-nos de quaisquer
regalias para que os pobres da terra possam vestir as vestes da
dignidade e da alegria.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
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Décima primeira estação: Jesus é pregado na cruz
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Jesus]: “Quando for levantado sobre a terra atrairei
todos a mim… A luz ainda está convosco por um pouco de
tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos
surpreendam. Quem caminha às escuras não sabe para onde
vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para ficardes
iluminados”. [João 12, 32.35.36].
[Comunidade]: Cremos, Senhor, que do alto da cruz és a luz
do mundo.
Cremos que é chegada a hora da glorificação do Filho do
homem. A hora da “exaltação” do amor que dá a própria vida
para que nenhuma vida seja perdida.
Exaltação do amor crucificado!
Por tuas chagas, nossas feridas serão curadas.
E são tantas as feridas! Vítimas da guerra, da violência de
nossas ruas, da injustiça de nossa sociedade, do abandono e da
discriminação injusta e insensata!
Obrigado, Senhor, por tanta compaixão e tanta misericórdia!
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
13
Décima segunda estação: Jesus morre na cruz
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “O Cristo, nosso cordeiro pascal, foi
imolado”, exclamamos com o apóstolo Paulo [1Cor 5,7].
O Cristo morto por nossos pecados!
Morto pela violência de uma sociedade surda à Palavra divina:
a Palavra enviada ao mundo em todos os tempos e em toda a
extensão da terra para ser a vida e a luz dos homens!
Morto por nossos pecados!
[Jesus]: Sim, morto por mãos desumanas, como tantos outros
que a crueldade ainda vai matar!
Ressuscitado pelas mãos do Pai para vossa salvação!
Foi a confiança no Pai, Deus dos vivos, que me amparou no
meio dos sofrimentos. Ele me deu forças para levar até o fim a
missão de revelar ao mundo o amor, a compaixão e a
fidelidade de Deus.
[Comunidade]: Obrigado, Senhor Jesus, por tua vida
consagrada ao Reino de Deus! Obrigado por tua fidelidade.
Por ter ido até o fim. Não deixaremos morrer a memória de
tua morte e de tua ressurreição e a celebraremos uma e outra
vez na eucaristia.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
14
Décima terceira estação: Jesus é descido da cruz
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Lamentarão sua morte, como se chora por
um filho primogênito”, profetizou Zacarias.
Lamentamos a morte do primogênito e de tantos outros irmãos
e irmãs que tiveram igual morte!
O Corpo sangrento de Jesus é entregue ao colo materno que o
acolhera tantas vezes nos alvores da vida.
O corpo ensanguentado dos seus irmãos e irmãs é entregue aos
cuidados da Igreja mãe,
[Jesus]: Aos vossos cuidados, meus irmãos, minhas
irmãs!
[Comunidade]: Senhor, que Maria, tua mãe nos ensine a
cuidar com carinho o teu corpo no corpo dolorido dos irmãos
e irmãs vítimas de uma sociedade sem entranhas de
misericórdia, a contemplá-lo com piedade, a banhá-lo com as
nossas lágrimas, a ungi-lo com o bálsamo do amor e da
gratidão.
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
15
Décima quarta estação: Jesus é colocado no sepulcro
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: “Para a mansão triste dos mortos
desceste” [Isaías 38, 10], como todos os mortais.
Sem tempo para os unguentos fúnebres, providenciaram teus
amigos, às pressas, uma sepultura de favor.
Para o olhar da fé, guiado pelo evangelista João, “um túmulo
novo onde ninguém, até então, tinha ainda sido sepultado”.
Túmulo novo porque inaugura novo tipo de sepultura: a que
esconde no morto, o embrião da vida eterna.
Um sepulcro, no meio de um jardim ‒ o jardim-horto do
Cântico dos cânticos. O leito nupcial do Esposo, preparado,
com profusão de aromas e perfumes, pela esposa, a Igreja,
Obrigado, Senhor, do teu sepulcro jorra a esperança, para
tantos e tantas que choram a perda irreparável de vidas
queridas.
[Jesus]: Lembrai a promessa do Apocalipse: “Vi um novo
céu e uma nova terra… A cidade santa descendo do céu… A
morada de Deus entre vós. Ele habitará convosco. Sereis o seu
povo. O próprio Deus estará convosco e enxugará as lágrimas
de vossos olhos. Já não haverá morte, nem luto, nem pranto,
nem dor” [21, 3 s].
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!
16
Décima quinta estação: Jesus ressuscita para a Vida
de todos
Refrão: Ó Cristo, Senhor Jesus, ó Cristo, Senhor Jesus!
[Comunidade]: Senhor Jesus, terminamos a memória do
teu caminho da Cruz em vigília de oração, no recolhimento do
sábado santo que está começando com o pôr do sol.
O sábado mais solene, para os judeus. Esperado por eles,
como se espera uma noiva…
Assim tua Igreja, na vigília pascal, espera o Domingo mais
solene. Como se espera o Esposo. Para celebrar, solenemente,
a tua e a nossa passagem da morte para a vida.
Vigília Pascal. Novo nascimento dos nossos irmãos e irmãs
que escolheste para os sacramentos da iniciação cristã, os
sacramentos pascais!
Memória e renovação do novo nascimento de todos nós, que
sonhamos e imploramos ser uma Igreja solidária e
compassiva.
[Jesus]: Estarei convosco todos os dias até a consumação
dos tempos! [Mateus 28, 20]
Refrão: A misericórdia do Senhor, sempre, sempre cantarei!