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0 VIABILIDADE DE UM PROJETO AGROFLORESTAL BASEADO NO CAFÉ NA FAZENDA SÃO NICOLAU E INTEGRAÇÃO DOS AGRICULTORES LOCAIS Estudo metodológico e operacional 2016

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VIABILIDADE DE UM PROJETO AGROFLORESTAL BASEADO NO CAFÉ NA

FAZENDA SÃO NICOLAU E INTEGRAÇÃO DOS AGRICULTORES LOCAIS

Estudo metodológico e operacional

2016

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Resumo

Este estudo avalia as possibilidades de implantar plantações de café agroflorestal na Fazenda São Nicolau (“FSN” – Cotriguaçu - MT) no quadro de um projeto de desenvolvimento rural sustentável integrando os produtores da região. Tendo como objetivo usar a FSN como base do projeto, a análise abrange os diferentes elementos determinantes de sua viabilidade. Foram avaliados os parametros técnicos do projeto: condições agronômicas, consorcios e manejo da sombra, itinerários técnicos e aspectos operacionais. A análise demostrou a viabilidade do projeto e ao mesmo tempo a necessidade de se confirmar certos elementos dos itinerários técnicos a fim de otimizá-los. Foram avaliados em seguida os parametros econômicos do projeto : custos de implementação e manutenção dos cafezais, mercado, preços esperados e canais de comercialização. A análise confirma a existência de um mercado “mainstream” para o café robusta na região e a oportunidade de captar mais valor em mercados de qualidade mais remuneradores com um produto diferenciado. Finalmente, o estudo analisa a oportunidade de criação de um “cluster café agroforestal” com os agricultores locais, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento local com sistemas de produção sustentáveis. As pesquisas demonstraram o interesse de agricultores do Projeto de Assentamento Juruena, os quais já possuem cafezais ou expressaram a vontade de implementá-los. Em conclusão, o estudo aponta a necessidade de avançar na definição do projeto em especial com:

A implementação de pilotos para confirmar os itinerários técnicos e os custos associados pelos modelos “Fazenda” e “agricultura familiar”.

A definição, junto com os agricultores locais e os atores do fomento rural, das condições de desenvolvimento de um cluster café agroflorestal, tais como as ações necessárias para se potencializar os impactos positivos ambientais e sociais, as necessidades e prioridades dos agricultores locais, o papel da FSN no cluster e os arranjos institucionais e contratuais necessarios.

A partir desses elementos, revisar o modelo econômico de um projeto integrado de maior escala e pesquisar as opções de financiamento para investimento inicial.

Foto da capa: Sistema agroflorestal cafeeiro da Sra. Lucia Dias Maciel no PA Juruena

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Sumário

RESUMO........................................................................................................................................................... 1

SUMÁRIO ......................................................................................................................................................... 2

ACRÔNIMOS UTILIZADOS NO RELATÓRIO ........................................................................................................ 3

CONTEXTO ....................................................................................................................................................... 4

JUSTIFICATIVA DO PROJETO AGROFLORESTAL ................................................................................................. 5

OBJETIVOS DO ESTUDO .................................................................................................................................... 7

METODOLOGIA ................................................................................................................................................ 8

I | CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ESTUDO ............................................................................................ 10

I.1 COTRIGUAÇU E MUNICÍPIOS VIZINHOS ............................................................................................................ 10 I.2 CULTIVO DO CAFÉ NA REGIÃO ....................................................................................................................... 11 I.3 PROGRAMAS DE INCENTIVO CAFÉ/SAFS ........................................................................................................... 11 I.4 FAZENDA SÃO NICOLAU (FSN) ..................................................................................................................... 13

II | VIABILIDADE TÉCNICA DO PROJETO .................................................................................................... 16

II.1 ÁREA ÚTIL PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO .................................................................................................... 16 II.2 ESTUDO OPERACIONAL ................................................................................................................................ 22 II.3 ITINERÁRIOS TÉCNICOS ................................................................................................................................ 25 II.4 SELEÇÃO E AQUISIÇÃO/PRODUÇÃO DAS MUDAS ................................................................................................ 29

III | AVALIAÇÃO ECONÔMICA .................................................................................................................... 30

III.1 MERCADO ................................................................................................................................................ 30 III.2 CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO PARA O PROJETO ............................................................................................... 32 III.3 PREÇOS .................................................................................................................................................... 33 III.4 MODELO ECONÔMICO DO PROJETO AGROFLORESTAL ......................................................................................... 34

IV | PROJETO DE INTEGRAÇÃO LOCAL ....................................................................................................... 38

IV.1 LEVANTAMENTO DOS AGRICULTORES NO PA JURUENA ...................................................................................... 39 IV.2 POTENCIAL DAS UNIDADES DEMONSTRATIVAS (UD´S) DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAF´S) NO PA JURUENA PARA

IMPLANTAÇÃO DE CAFÉ AGROFLORESTAL .................................................................................................................... 41 IV.3 CONCLUSÕES ............................................................................................................................................. 42

V | PROPOSTA DE PILOTOS ....................................................................................................................... 43

V.1 PILOTO A – ÁREA POUCO SOMBREADA (TALHÃO 30) ........................................................................................ 43 V.2 PILOTO B - ÁREA COM SOMBRAMENTO MÉDIO ................................................................................................ 46 V.3 PILOTO C – ÁREA COM SOMBRAMENTO ADEQUADO .......................................................................................... 49 V.4 PILOTO D – PLENO SOL ................................................................................................................................ 51 V.5 ORÇAMENTO DOS PILOTOS ........................................................................................................................... 51 V.6 DISPOSIÇÕES OPERACIONAIS ......................................................................................................................... 52

VI | REFLEXÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO COMPONENTE SILVIPASTORIL ..................................... 53

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................ 55

ANEXOS .......................................................................................................................................................... 56

ANEXO 1 : ATORES ENCONTRADOS E CONTATOS ........................................................................................................... 56 ANEXO 2 : CRONOGRAMA DA MISSÃO ........................................................................................................................ 57 ANEXO 3 : NOME CIENTÍFICOS DAS PLANTAS CITADAS.................................................................................................... 58 ANEXO 4 : RESULTADOS AMOSTRAGEM DE SOLOS ........................................................................................................ 58

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Acrônimos utilizados no relatório

APP Area de Preservação Permanente CONAB Companhia Nacional de Abastecimento EMBRAPA Empresa brasileira de pesquisa agropecuária FSN Fazenda São Nicolau ICV Instituto Centro de Vida IDESAM Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IT Itinerário técnico MT Mato Grosso ONF Office National des Forêts (Agência Nacional das Florestas - França) ONFB ONF Brasil ONFI ONF International PA Projeto de Assentamento PPCFPO Projeto Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF PETRA Plataforma Experimental para gestão do Territórios Rurais da Amazônia legal PDD Project Design Document RL Reserva Legal RO Estado do Rondônia RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural SAF(s) Sistema(s) Agro-Florestal(ais)

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Contexto

A agrossilvicultura A agrossilvicultura combina sistemas de produção tidos como uma das soluções sustentáveis para enfrentar os desafios do desmatamento, da conservação dos solos, da água e da biodiversidade, ao mesmo tempo que responde às necesidades crescentes de produção de recursos alimentares e florestais. Ainda que vários trabalhos de pesquisa tenham permitido confirmar o potencial produtivo e a durabilidade dos sistemas agroflorestais, especialmente em áreas tropicais e subtropicais, sua complexidade e heterogeneidade representam um limite ao seu desenvolvimento. Tendo em vista o avanço da fronteira pioneira agrícola na região do noroeste do Mato Grosso, várias iniciativas foram desenvolvidas para pesquisar e desenvolver modelos de produção agroflorestais adaptados ao contexto fundiário, climático e sócio-econômico local. Podemos mencionar os trabalhos da ADERJUR, ICV e do IOV para o desenvolvimento da agrossilvicultura familiar e os da Embrapa e da CEPLAC para a pesquisa de modelos em escala variável. No âmbito nacional e internacional há fundos públicos e privados dedicados à agrossilvicultura que financiam projetos agroflorestais, seguindo critérios diferentes (sócio-ambientais, inovação, agricultura familiar, desempenho econômico). O Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF e o projeto PETRA

Desde 1998, Peugeot e ONF desenvolvem um projeto de reflorestamento, o Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF (PCFPO), localizado em uma propriedade de 10.000 ha na municipalidade de Cotriguaçu: a Fazenda São Nicolau (“FSN”). A fazenda possui 1.800 ha de pastos antigos que foram reflorestados e 7.200 ha de floresta natural protegidos. Desde sua criação, este projeto construiu parcerias com atores locais e instituições públicas do Estado, assim como com instituições de ensino superior e de pesquisa para contribuir a responder aos desafios do desenvolvimento sustentável dessa região da fronteira agrícola amazônica.

A ONF Brasil, junto com o Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e a ONF International, implementam o projeto PETRA, financiado pelo FFEM entre 2012 e 2016. O objetivo do projeto é o de contribuir para o desenvolvimento sustentável da região noroeste do Mato Grosso, considerada como uma região teste e piloto para que as políticas públicas permitam tornar compatível o crescimento das regiões de fronteira agrícola e a preservação das florestas. O projeto permitirá, em particular, desenvolver o potencial da Fazenda São Nicolau (sede do projeto, no município de Cotriguaçu) como plataforma de recursos para o benefício dos agentes locais, do Estado do Mato Grosso e da região amazonense brasileira. O componente 1 do projeto visa a promoção dos sistemas de produção econômica e ecologicamente eficientes inseridos nos setores de crescimento promissores e com base nas melhores práticas e itinerários técnicos adaptados a diversos agentes socioeconômicos locais. Os sistemas agroflorestais são logicamente um dos focos de ação nesse componente.

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Justificativa do projeto agroflorestal

Por que um projeto agroflorestal na Fazenda São Nicolau? No marco do componente 1 do projeto PETRA, a procura por modelos agroflorestais relevantes e o estudo de uma implementação na FSN se enquadram numa reflexão sobre o potencial que apresenta a FSN, enquanto plataforma experimental e de desenvolvimento dos territórios da região Noroeste do Mato Grosso :

Da pesquisa de modelos agroflorestais a uma plantação de maior escala Enquanto plataforma para a inovação e a pesquisa, o projeto PETRA e a FSN poderiam hospedar projetos pilotos de SAF com o objetivo de validação de modelos inovadores (por exemplo para a recuperação de APP) ou de confrontação de modelos já experimentados em outros lugares com as mesmas condições pedoclimáticas e contexto sócio-econômico da região. Mas a FSN poderia também ser uma operadora de plantações agroflorestais de maior escala e tornar-se a base dum “cluster agroflorestal”.

Centralização das produções e economias de escala Há áreas potencialmente disponíveis na FSN para a implantação de parcelas agroflorestais. Tomando em conta esse potencial de produção e as infraestruturas, a FSN poderia permitir atingir o tamanho crítico para criar um cluster café, assim como hospedar uma plataforma de centralização das safras/primeiras e transformações/embalagem/armazenamento/material agrícola com acesso para todos os agricultores da região.

Trabalhar com os agricultores ao redor Tem a oportunidade de integrar os agricultores da região em um esquema agroflorestal especializado para i) aumentar o volume de produção e chegar a um tamanho crítico permitindo atingir as exigências do mercado para os volumes; ii) diversificar e aumentar a renda dos agricultores com setores de crescimento promissores e preços mais altos para o produtor; e iii) promover sistemas de produção mais sustentáveis.

Responder às missões da FSN

Assim, o projeto fortaleceria o modelo da FSN como plataforma de desenvolvimento rural sustentavél e os recursos gerados pelas plantações poderiam contribuir com a perenidade da FSN e dos projetos.

Por qué o café ?

A primeira etapa desse projeto foi levar um estudo para a “identificação de modelos agroflorestais aplicáveis à Fazenda São Nicolau e replicáveis à escala local”, qual foi realizado no ano 2015 pela ONFI e ONFB.

A análise dos modelos adotados na região, das condições pedoclimáticas, de mercado e do contexto socioeconômico permitiram identificar duas comodidades que aparecem promissoras como carro-chefe: o cultivo de café e o de cacau, sendo necessário, no entanto, aprofundar a oportunidade com um estudo de viabilidade técnica e financeira.

Das duas comodidades consideradas, decidiu-se priorizar o café para a realização do estudo de viabilidade. As principais rações foram a presença de uma certa cadeia do café establecida na região (embora com muitas fraquezas e disfunções), a relativa maior facilidade no cultivo e procesamento do café comparando com o cacau.

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Revisão das principais conclusões do estudo 2015 para a identificação de modelos agroflorestais aplicáveis à Fazenda São Nicolau e replicáveis à escala local Sobre a presença de projetos agroflorestais na região a adoção de técnicas agroflorestais

Por sua localização em pleno arco do desmatamento, o Noroeste do Mato Grosso se beneficiou de importantes projetos de desenvolvimento da agrossilvicultura nas últimas décadas, que estabeleceram uma base sólida para o reconhecimento das vantagens para os agricultores e conhecimentos técnicos.

As ações de promoção das práticas agroflorestais se orientaram principalmente para a agricultura familiar.

Apesar das várias ações de divulgação, a adoção de práticas agroflorestais ainda está relativamente baixa e enfrenta limites de ordem tanto técnica como estrutural.

A revisão da literatura e o nosso conhecimento da área mostram que não existem projetos agroflorestais de grande escala na região.

Falta de retorno de experiência para a maioria dos projetos visitados (plantações de 2 ou 3 anos em média). Não tem projeto estabelecido há muito tempo com um itinerário técnico experiente e informações sobre o rendimento/preço para produtores.

Vários fracassos das plantações agroflorestais para os pequenos agricultores : dificuldades técnicas, falta de manutenção dos plantios, qualidade das plantas, irrigação. “2ª geração” de projetos a monitorar (melhoria dos itinerários técnicos, irrigação).

Interesse dos testes da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop) nas técnicas de mecanização e associação de culturas.

Na parte operacional

A disponibilidade de mão de obra talvez seja o critério principal a considerar para o estabelecimento de qualquer projeto agroflorestal na FSN. Isso foi mencionado pela maioria dos atores encontrados e citado com frequência na bibliografia.

As propostas de modelos pilotos deverão considerar este limite. Várias soluções são possíveis: a procura por SAF com pouca necessidade de mão de obra. O uso de práticas permitindo reduzir o trabalho humano, sobretudo para a manutenção (mecanização, culturas de cobertura) ou ainda o uso de formas inovadoras de trabalho na FSN (contratos de tipo “arrendamento” com os produtores ao redor).

A complexidade das técnicas, a necessidade de trabalhar caso a caso, ou a adaptação dos sistemas/áreas para uma mão de obra familiar são critérios a serem levados em conta para a pesquisa de um modelo replicável em escala local.

Sobre os mercados

A distância dos mercados é um fator limitante hoje para o desenvolvimento de projetos agroflorestais para comodidades de mercado nacional e/ou de exportação.

Apesar da abertura próxima esperada com a melhoria das vias de acesso, espera-se uma concorrência importante da soja e do milho, que seja pela adesão dos agricultores familiares para essas grandes monoculturas mais rentáveis ou pelo risco de venda das propiedades familiares à agricultores capitalizados para plantio de monoculturas.

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Sobre as áreas da FSN para implementação de cultivos agroflorestais

A análise das áreas destaca duas parcelas abertas adaptadas para uma plantação agroflorestal, com uma área total de 40 ha e 22 ha adicionais são potencialmente úteis.

150 ha de plantação poderiam ser convertidos em SAF mas requerem o estabelecimento prévio de pilotos para verificar a possibilidade de adaptar o sombreamento já estabelecido.

Dependendo dos casos, análises complementares deverão ser conduzidas sobre as causas de mortalidade das plantações anteriores nessas parcelas, o interesse ecológico da vegetação existente (espécies nativas plantadas, regeneração natural, conflito de interesse com o objetivo comercial das árvores presentes).

Outros setores poderão ser identificados em função das necessidades (especialmente nas plantações a converter).

Objetivos do estudo

Objetivo geral Analisar a viabilidade de um projeto agroflorestal na Fazenda São Nicolau baseado no café, integrando os agricultores locais e seguindo critérios sociais, ambientais e de governança. Objetivos específicos

Avaliar a viabilidade técnica do projeto e pesquisar as melhores opções técnicas e operacionais (variedades de café, espécies consorciadas, desenho do sistema, mão de obra, mecanização...)

Analisar economicamente o projeto (CAPEX, OPEX, acesso ao mercado e valor da produção) e elaborar um plano de negócio

Identificar potenciais parceiros técnicos e financeiros para o projeto

Avaliar os aspectos sociais, ambientais e de governança do projeto

Desenvolver uma proposta técnica/financeira de um piloto na FSN

Avaliar as opções de optimização do modelo de uso de solos da FSN com sistemas silvipastoris

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Metodologia O estudo foi realizado entre abril e julho de 2016, incluindo uma missão na região Noroeste do Mato Grosso. Equipe responsável da realização do estudo:

- Anthony DUBOIS (ONFI): Especialista em desenvolvimento rural e sistemas agroflorestais, responsável pela preparação, coordenação e redação do estudo ([email protected])

- Vinícius G. FIGUEIREDO (IDESAM) Eng. agrônomo especializado em lavouras de cafeeiro Robusta/Conilion consorciadas no Amazonas ([email protected])

- Benjamin GARNIER (ONFI) Eng. Agrônomo especializado em desenho técnico e econômico de projetos agroflorestais e silvipastoris ([email protected])

- Saulo MAGNANI (ONFB) Eng. Florestal especializado em sistemas agroflorestais e responsavél do programa de integração local na FSN ([email protected])

Apoio interno:

- Gilberto ALVES DE ARAUJO (ONFB) - Cleide ARRUDA (ONFB) - Alan BERNADES (ONFB) - Gabriel CARRERO (IDESAM) - Florence Karine LALOË (ONFI) - Christelle NDAGIJIMANA (ONFI) - Luciana REBELLATO (CPP/PETRA)

Apoio externo:

- Eloir BERNARDON (Grupo Semente) - Amilton CASTANHA (SMMA Cotriguaçu) - Marinete DA SILVA (EMPAER Cotriguaçu) - Paulo NUNES (ADERJUR) - Leonardo VIVALDINI (SEAF Mato Grosso) - Equipe ICV Cotriguaçu (Suzanne SCAGLIA, Solène TRICAUD, Elisangela SODRE)

O estudo foi realizado seguindo três fases :

Uma primeira etapa de compilação e análise da informação, montagem da equipe, preparação e organização da missão.

Uma missão de 10 dias no mês de maio de 2016 na Fazenda São Nicolau e na região noroeste do Mato Grosso (16 – 26 de maio de 2016)

Análise das informações e redação do relatório (junho – outobro de 2016) A lista dos atores encontrados e o cronograma da missão estão detalhados nos Anexos 1 e 2.

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Principais elementos procurados para o desenvolvimento do estudo:

(i) Estudo de viabilidade técnica do projeto: - Variedades de cafeeiro adaptadas e opções de genética melhorada - Seleção das espécies associadas e genética - Desenho do sistema agroflorestal - Itinerários técnicos (cafeeiro/espécies consorciadas) e opções de mecanização do

sistema - Estimativa da demanda em mão de obra - Produtividade esperada das lavouras de café/ crescimento das árvores associadas - Opções de benefício do café e infraestruturas necessárias - Identificação de parceiros técnicos para o projeto

(ii) Aspectos ambientais, sociais e governança do projeto

- Avaliação dos impactos ambientais positivos/negativos - Oportunidade de incluir os agricultores da área: presença de produtores, tipologia,

interesse no projeto - Requisitos em capacidades de gestão para a Fazenda - Mão de obra local disponível e opções contratuais - Identificação de parceiros institucionais para o projeto

(iii) Avaliação econômica do projeto

- Custos de produção do cafeeiro/ espécies consorciadas - Investimentos necessários - Aspectos qualitativos do café e valorização no mercado - Acesso ao mercado e valor do café/madeira no mercado - Elaboração de um plano de negócios - Identificação de parceiros financeiros

(iv) Desenvolvimento de uma proposta de piloto para a Fazenda

- Superfície e escolha da zona de implementação - Desenho do(s) modelo(s) SAF(s) - Custo de implementação/ operação - Identificação de fontes de financiamento - Calendário de implementação - Identificação e recomendações de temas de pesquisa necessários para melhoria

técnica e econômica do modelo proposto

(v) Componente silvipastoril - Coleita de informações / troca de experiências com os funcionarios da FSN - Identificação de sistemas silvipastoris pertinentes para a consolidação do modelo

econômico da FSN - Talhões de plantios disponíveis e condições de implementação

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I | Caracterização da área do estudo

I.1 Cotriguaçu e municípios vizinhos O principal foco desse estudo é o município de Cotriguaçu situado na parte noroeste do Mato Grosso. Os municípios vizinhos são Aripuanã, Colniza (oeste), Juruena (sul), Nova Bandeirantes e Apiacás (este, separado pelo río Juruena) e ao Norte, o município de Apuí no estado de Amazonas (município onde o IDESAM apoia um projeto de café agroflorestal).

Localização da área de estudo (fonte : Google Earth)

Com 15.000 habitantes numa superfície de 9.124 km², a municipalidade de Cotriguaçu tem uma densidade de 1,6 hab/km². Se algumas municipalidades vizinhas como Juruena ou Castanheira mostram uma densidade ligeiramente mais alta, a escala da microregião (Aripuanã), a densidade é pouca (2,2 hab/km²). Dados : IBGE, 2010

Cotriguaçu

CUIABA

Sinop Juina

Alta Floresta Colniza

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A superfície do município se reparte em :

Áreas particulares e não-cadastradas (54%)

Terra Indigena Escondido (18%) Unidade de conservação (Parque Estadual Igarapés do Juruena no norte) 14% Projetos de Assentamentos (PA Nova Cotriguaçu, PA Juruena): 14%

(Fonte: ICV 2009)

Segundo Tricaud (2014), se a economia de Cotriguaçu tem base na exploração florestal e pecuária (bovinos) dos grandes proprietários, 93% das propriedades rurais são inferiores a 200 ha, detidas por agricultores familiares praticando a pecuária de leite, produção de café, cacau, pupunha, mandioca, frutíferas, horticultura e pecuária de pequeno porte (além da criação de peixes, aves, porcos,...).

I.2 Cultivo do café na região O desenvolvimento do café na área é ligado às migrações internas e a chegada na zona de pionerios originários de zonas cafeeiras e com experiência nesse cultivo. É, por exemplo, o caso do município de Colniza, próximo do Rondônia (RO), estado produtor de café conilon. Se o café foi no passado uma cultura de primeira importância em Cotriguaçu para os primeiros ocupantes nos anos 1990, muitos cafezais foram abandonados com a queda dos preços (Eiró, Tricaud, 2009), a competiçao com a pécuaria de carne/leite e outras dificultades como envelhecimento das plantações, falta de mão de obra e infraestruturas, baixo potencial genético e baixa qualidade do café produzido. Os entrevistados também apontam a falta de incentivos e o fracasso de projetos de reavivamento da cafeicultura como factor de desmotivação dos produtores. Hoje no município, a maioria dos produtores de café estão localizados no PA Nova Cotriguaçu (aproximadamente 2 a 3 horas de viagem da FSN). O PA Juruena, mais próximo da FSN, tem poucos produtores (ver parte IV). Os principais polos de produção de café na região são Colniza e em menor escala Aripuanã e Juína. O café é beneficiado localmente com a presença de várias cerealistas compradoras de café. O café pode ser vendido a compradores baseados em Cuiabá, mas as informações obtidas também indicam que uma parte da produção sai do estado até o RO, sem registro de exportação e pagamento do ICMS. O estado hoje só produz 1% da produção nacional e a produtividade é muito baixa (9 sacas/ha) comparada com a média nacional (20 sc/ha). 99% do café produzido no MT é da variedade robusta.

I.3 Programas de incentivo café/safs Incentivo para a cafeicultura

Através dos encontros com a Secretaria de Agricultura Familiar (SEAF) em Cuiabá e no município de Cotriguaçu foi possível entender sobre o projeto estadual “PROCAFE” para apoiar a cafeicultura. Este projeto pretende atender produtores em 10 municípios do Mato Grosso (objetivo de 40 a 50 produtores por município). O programa tem apoio do Empraba RO para desenvolvimento de variedades de café clonal e assistência técnica. A SEAF já tem viveiros de café clonal em produção, em Aripuanã e Nova Bandeirantes.

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Em Cotriguaçu, um cadastramento de 50 productores de café foi feito no marco desse programa. Na lista de produtores em Cotriguaçu apenas 2 são do PA Juruena, público potencial para envolvimento com as atividades na FSN numa primeira etapa. A maioria é do PA Nova Cotriguaçu, principalmente da comunidade Nova União. Apesar da concentração de cafeicultores, o PA está com embargo pelo IBAMA. Incentivo para o desenvolvimento agroflorestal

A SEAF também está apoiando o desenvolvimento das técnicas agroflorestais no estado através de capacitações técnicas desde 2011.

Outro ator, não governamental, é o ICV, que tem atuação mais forte no PA Nova Cotriguaçu e já realizou oficinas de café agroflorestal no assentamento em 2013.

Em geral, os parceiros encontrados foram abertos em tentar convergir as linhas de ações para o desenvolvimento agroflorestal e da cafeicultura na região. Se hoje a produção de café no Município é baixa, é um cultivo “tradicional”, a maioria dos

agricultores tem experiência nesse, e muitos têm pequenhos cafezais.

A cafeicultura enfrenta a competição da pécuaria de leite/carne, e deficiências no manejo dos cafezais (pragas, produtividade baixa).

Há programas de incentivo em andamento no estado para o reavivamento da cafeicultura e a difusão das técnicas agroflorestais.

Os atores institucionais têm interesse em colaborar com o projeto PETRA.

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I.4 Fazenda São Nicolau (FSN) A FSN cobre uma área de 10.134 ha com o seguinte uso do solo:

7800 ha de Reserva Legal, principalmente ocupados por floresta natural, dos quais : o 1800 ha foram reconhecidos em 2008 como RPPN (Reserva Particular de Patrimônio

Natural) o 1200 ha são APP (Áreas de Preservação Permanentes) o 5400 ha são floresta nativa com plano do manejo sustentável em processo de

aprovação Aproximadamente, 2000 ha de plantações estabelecidas em antigos pastos e parcelas de

regeneração natural ; Infraestruturas (estradas de acesso, trilhas florestais, sede da FSN, pista de pouso).

Vista geral da FSN (traço vermelho). Os antigos pastos reflorestados (ao centro) são cercados por floresta natural da qual parte é uma RPPN (em amarelo)

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Mapa da FSN (área de reflorestamento)

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Contexto geológico e pedoclimático Clima

Localizada ao sul da bacia amazônica, o clima da FSN caracteriza-se por um clima tropical úmido acompanhado de um período seco marcado por 5 meses (maio a setembro). As precipitações médias anuais chegam a 2008 mm.

Média das temperaturas e precipitações em Cotriguaçu nos útilmos 30 anos.

Fonte : INMET/CFS/Interpolação Topografia e Geologia (fonte : PDD poço de carbono Peugeot/ONF)

A FSN se estabelece sobre material granítico da era Precambriana da unidade geomorfológica do platô seco da Amazônia meridional. O relevo é plano com poucas formações colinares e uma altitude variando entre 200 e 250m. Solos (fonte : PDD poço de carbono /ONF ; fichario dos plantíos da FSN – 2nda Edição)

Os solos da FSN são principalmente podzólicos (vermelho-amarelo) e Latossolos vermelho/amarelo nas áreas elevadas, com mais de 1m de profundidade. Algumas áreas de depressão apresentam um regime úmido.

Os Podzois cobrem 35% da bacia amazônica no Brasil e apresentam boas características físicas. Porém, sua fertilidade é fraca devido a quantidade muito baixa de nutrientes minerais.

Devido a pecuária praticada no passado, todos os solos da FSN apresentam marcas de erosão (parte desmatada). Após alguns anos desse tipo de atividade e tomando em conta as chuvas fortes do clima tropical úmido, a vegetação vem desaparecendo e deixa aparecer solos áridos degradados. Apesar disso, os solos apresentam uma textura equilibrada, bem arejada, com uma proporção de argila entre 15% e 40% e de areia entre 50% e 75%.

O pH varia nas áreas da FNS entre 4,9 e 7,08 (a maioria das parcelas entre 5 e 6).

Mês Prec. (mm)

jan 310

feb 306

mar 295

abr 192

maio 59

jun 18

jul 9

ago 28

set 75

oct 152

nov 246

dez 318

Total 2.008

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II | Viabilidade técnica do projeto

II.1 Área útil para implantação do projeto Critérios de seleção das zonas adaptadas para cultivo do Coffea canephora consorciado: 1. Solos (acidez, textura) e relevo 2. Uso do solo e padrão do talhão de implantação

1. Solos

Orientações técnicas da Embrapa para escolha da área de implantação de (mono)cultivos de C.

canephora

Fazenda São Nicolau (area de reflorestamento)

Declividade inferior a 12% Relevo plano

Solos com bom drenagem Drenagem boa na maior parte da área, mas algumas áreas de depressão apresentam um regime úmido e não são aptas para a implementação do projeto

Ausência de camadas adensadas Sem informação

Sem afloramento de rocha e presença de pedras e/ou cascalhos

Sem afloramento/pedras

Profundidade do solo acima de 1,0 m Solos com mais de 1m de profundidade

Solos de textura média a argilosa (15 a 60% de argila)

Solos apresentam uma textura equilibrada, bem arejada, com uma proporção de argila entre 15% e 40% (ver mapa a seguir) e de areia entre 50% e 75%.

Solos férteis e quimicamente equilibrados (naturalmente o por correção de acidez/adubação)

Podzois com fertilidade fraca devido a quantidade muito baixa de nutrientes minerais. Devido a pecuária praticada no passado, todos os solos da FSN apresentam marcas de erosão (parte desmatada). O pH varia nas áreas da FNS entre 4,9 e 7,08 (a maioria das parcelas entre 5 e 6).

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Teor em argila nos solos da FSN (Verneyre, 2007) O mapa de Verneyre (2007) é uma extrapolação do teor de argila a partir de amostras de solos que parece superestimado em comparação com os resultados da análise do solo realizada. Porém, permite ter uma ideia das áreas com solos mais argilosos e mais aptos para o cultivo do cafeeiro. Este zoneamento foi confirmado pelos gestores da FSN e pelas análises de solos feitos. Profundidade dos solos e relevo da FSN correspondem aos requisitos do canephora. Presença de uma área com solos argilosos na parte centro-oeste da FSN (talhões 10x, 11x, 13

principalmente) mais adaptada para o cafeeiro.

A fraca fertilidade dos solos da FSN deverá ser compensada com aportes minerais e orgânicos nos plantios.

Nas outras áreas, uma atenção específica deve ser dada ao teor de areia no solo.

A identificação das áreas de implantação requerem uma análise de solos para confirmar a textura e química dos solos.

Clay amount (g/kg)

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2. Talhões procurados Nessa etapa, avaliam-se os talhões adequados para a implantação do cafeeiro. A análise foi baseada na identificação de sítios potenciais do estudo prévio e complementada com critérios de pesquisa específicos ao cultivo do cafeeiro em consórcio.

Critérios de pesquisa Aplicação à Fazenda São Nicolau

Espécies plantadas: descartam-se as espécies não adaptadas para o sombreamento do cafeiro.

Se descartaram talhões com monocultivo de teca ou talhões mistos com alta proporção de teca (19 talhões com mais de 50% de teca) pelo sombramento não adequado (muito adensado e perda total das folhas no período de estiagem). De acordo com o inventário de 2014, a teca representa 27% das árvores vivas nos talhões da área reflorestada da FSN (fora dos plantios nos APP).

Padrão: procura-se padrões de plantios permitindo a introdução de uma ou mais alinhamentos de cafeeiro. A possibilidade de passar com o trator pode ser um critério de seleção para facilitar a preparação do solo e o controle do capim nas áreas pouco sombreadas com roçagem mecanizada.

Os talhões da FSN têm espaçamentos muitos variáveis. A análise se focou no começo em padrões com espaçamento entre alinhamentos de 4 metros, para priorizar talhões com possibilidade de mecanização. Porém, padrões mais adensados também foram identificados para potenciais plantações não mecanizadas. O espaçamento entre as árvores nos alinhamentos não tem muita importância, já que desbastes podem ser feito para efeito de manejo da sombra.

Sombreamento: procuram-se talhões com sombreamento já establecido para introdução do cafeeiro. Um sombreamento mais denso permite limitar a competição do capim e ganhar tempo no estabelecimento do sombreamento.

Os talhões da FSN apresentam uma grande heterogeneidade em termos de intensidade da sombra: - entre os diferentes talhões : os talhões de teca são de forma geral os mais sombreados. Inversamente, alguns talhões são muito abertos. - nos mesmos talhões, o sombreamento é muito variavél de acordo com as áreas, o que representa a maior dificultade para a identificação dos talhões adequados.

Áreas abertas: Com o objetivo de plantações a escala maior, os talhões abertos podem ser integrados no projeto.

As zonas abertas foram identificadas no estudo anterior (T16, T17b, T18). Porém, não se consideram mais para a implementação do café, senão para desenvolver modelos pilotos de sistemas silvipastoris (ver parte VI)

Outros elementos dificultando a implantação dos cultivos

Presença de formigas Presença de raizes superficiais

3. Área útil A aplicação dos requisitos em termos de solos e de configuração do talhão permitiu identificar as áreas mais adequadas para a implantação do cafeeiro, as quais foram visitadas para avaliação in loco com tomadas de amostras de solos para corroborar os dados de solos (textura principalmente). A heterogeneidade dos plantios nos talhões (espaçamentos, mortalidade e taxa de crecimento das árvores, presença de raizes superficiais, zonas inundadas...) implicou avaliar, nos talhões identificados, qual é a superficie útil para o plantio de cafeeiro consorciado.

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ÁREA APTA Áreas identificadas com base na documentação, nas conversas com os gerentes da FSN e avaliadas in loco, e validadas após amostragem de solos.

Talhão

Superfície (ha)

Solos (2) Espaçamento

Espécies

Observações de campo Sup. total

Sup. util (1)

pH %

Argila Sp

iniciais Sp atuais

T10a 28,5 13,7 5,6 40% 3x2 7 sp nativas + teca

6 sp nativas (30% paineira) + teca. Parica não resultou

Talhão não avaliado in loco mas recomendado pelo responsavél técnico da FSN. Solos com boa textura. Talhão muito heterogéneo, metade Oeste mais propícia. Alinhamentos N-S a E-O

T11b 10,1 5,1 5,2 48% 6x3 8 sp nativas +teca

10 sp nativas + teca 50% Ficus sp.

Presença de formigas e malícias (erva). Muitas raizes superficiais numa parte do talhão estima-se 50% da área apta. Solos com horizonte superficial pouco elaborado. Possible presença de uma camada adensada (a figueira branca apresenta uma queda de crescimento). Alinhamentos SE - NO mas não regulares.

T11c 36,8 31,3 5,3 41% 6x3 8 sp nativas

3 sp nativas 67% Figueira branca (Ficus sp.)

Presença de regeneração natural e menor dominância do capim. Alinhamentos N-S a NO-SE. Textura argilosa com elevado grau de matéria orgânica sobre o solo. Parte Noreste com regime úmido.

T30 7,5 1,0 5,2 19% vários Ipê rosa e caixeta

Replantio de Mutamba + Gonzaleiro em 4x2.

Na área de replantio, só resultou a mutamba --> padrão 8x2 m. Zona interessante para piloto de aprox. 1ha. Perto da sede.

T64 13,7 10,3 5,4 17% 6x3

Figueira branca (Ficus sp.

Ficus sp + regeneração natural (babaçu principalmente)

Solo de textura média com espaçamento adequado para introdução do café; área com alta dominância de capim.

total 61,4

(1) Superfície útil estimada a partir das observações de campo e da literatura (solos, imagens satélites) (2) Resultados da amostragem de solos feita durante a visita in loco (com excepção do talhão T10a: dados

do fichário dos plantios da FSN). Ver anexo 4

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ÁREA POTENCIALMENTE APTA Talhões avaliados com a literatura (fichário, inventário 2014) e imagens satelites. Precisa de uma avaliação in loco.

Talhao

Superfície (ha)

Solos (2)

Espaça mento

Espécies

Comentários Sup. total

Sup. util (1)

pH %

Argile Sp

iniciais Sp atuais

T10a 28,5 15,3 5,6 40% 3x2 7 sp nativas + teca

6 sp nativas (30% paineira) + teca. Parica não resultou

Metade leste do talhão. Alinhamentos variáveis. Boa textura dos solos. Avaliar as possibilidades de implantação no padrão 3x2.

T10b 5,6 5,6 6,6 50% 3x2 caja + ipe branco

idem

Talhão com bom potencial (boa textura do solo, alinhamentos regulares). Avaliar as possibilidades de implantação no padrão 3x2.

T10c 7,0 7,0 5,6 40% 5x4

5 nativas (50% caja)

6 nativas + teca Talhão com bom potencial (boa textura do solo, espaçamento interesante), mas heterogêneo.

T10d 53,5 53,5 6,3 10% 3x2

4 nativas (50% ipe rosa)

idem (75% ipe rosa)

Avaliar textura do solo e as possibilidades de implantação no padrão 3x2.

T11a 40,5 26,4 5 - 5,6

13% 6x3

5 sp nativas (50% FB)

idem (60% FB)

Muito heterogêneo. Parte leste não adequada (regime úmido). Espaçamento interessante. Avaliar textura do solo.

T13 45,9 45,9 5,9 40% 5x3 11 sp nativas + teca

2 sp nativas (65% Mutamba, 35% ipe rosa)

Talhão com bom potencial (solos, espaçamentos, homogéneo) Avaliar textura do solo em todo o talhão

T14a 20,5 20,5 6,7 25% 5x3 9 sp nativas + teca

4 sp nativas (77% mutamba) + teca

Talhão com bom potencial (solos, espaçamentos, homogeneo) Avaliar textura do solo em todo o talhão

T14b 44,4 44,4 5,9 40% 3x2 5 sp nativas

5 sp nativas (60% ipê rosa)

Avaliar as possibilidades de implantação no padrão 3x2. Avaliar textura do solo em todo o talhão

total 218,6 ha

(1) Superfície útil estimada a partir das imagens satélites (2) Dados do fichário dos plantios da FSN

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61 hectáreas da área de reflorestamento da FSN são considerados aptos para o projeto

219 ha são potencialmente aptos e precisam de uma avaliação in loco sobre as possibiliadades de

implantação do cafeeiro (solos, estrutura do talhão)

A maior parte dos talhões identificados fica na parte sul-oeste da área reflorestada da FSN, onde os solos são mais adaptados para o cafeeiro e de fácil acesso (entre a entrada e a sede da FSN)

Áreas avaliadas para a implantação do cafeeiro (sul-oeste da área de reflorestamento)

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II.2 Estudo operacional Equipe projeto A implementação de um projeto agroflorestal na FSN implica constituir uma equipe dedicada, incluindo:

Um Chefe de projeto: de formação agronômica, com experiência no manejo do cafeeiro e idealmente em sistemas agroflorestais. Baseado na FSN, será responsável pela supervisão geral do projeto desde a implementação dos cultivos, manutenção, colheita e pós-colheita do café. Deverá contratar e dirigir os trabalhadores, respeitar os itinerários técnicos, garantir o monitoramento dos cultivos (estado fitossanitário, dados de produção, qualidade) e do projeto (desempenho técnico e econômico). Na sua missão, será apoiado por uma rede de especialistas técnicos. De acordo com a escala do projeto/necessidades de mão de obra, o projeto poderá contratar um técnico em tempo integral para apoiar o Chefe de projeto. Na parte operacional, as atividades do projeto agroflorestal serão terceirizadas com trabalhadores diários/semanais/mensais conforme as necessidades de mão de obra (implementação/manutenção dos talhões). Com o objetivo de capacitação/troca de experiências, verifica-se adequado trabalhar com produtores associados ao projeto de integração local (ver parte IV), que estejam interessados em trabalhar periodicamente fora das suas propiedades.

No caso de realizar o benefício do café na FSN, o projeto precisará de um técnico responsável pela manutenção e operação das máquinas. Esta etapa de transformação do café (benefício, secagem, ensacamento) é estratégica para a qualidade e a rastreabilidade do café produzido na FSN (e na região no caso da centralização das colheitas dos produtores associados). A supervisão dessa etapa deverá ser assumida pelo Chefe de Projeto (se necessário, com assistencia técnica de um experto em manejo pós-colheita para as primeiras colheitas). Um Coordenador do programa de integração local responsável pela integração dos agricultores locais no projeto de “cluster café”: apoio no desenho dos projetos individuais de implementação/renovação de café agroflorestal e no manejo dos cultivos, programação e coordenação das atividades de capacitação técnica, aspectos contratuais e operacionais do projeto de centralização do benefício e da comercialização na FSN. Estima-se oportuno que o coordenador e as atividades do programa de integração local sejam no quadro de um programa de desenvolvimento agrícola/rural dos parceiros institucionais. A direção financeira e assistência administrativa, assumida pela ONFB, implica ter contas separadas nos gastos/receitas da FSN para a gestão do projeto agroflorestal.

É necessário constituir uma Rede de especialistas para o projeto agroflorestal, que irão aportar as suas competências no desenho/implementação do projeto, no seu desenvolvimento com missões técnicas na FSN para melhorar os métodos, com o desenvolvimento de atividades de pesquisa (monitoramento ambiental, carbono, econômico, social (...) do projeto). Também irão aportar um apoio a distância para resolver potenciais dificuldades pontuais. Poderão ser parte dessa rede pesquisadores, especialistas no cultivo/benefício/mercado do café, especialistas em Safs/ silvicultura/ pécuaria/ desenvolvimento rural.

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O projeto agroflorestal precisa de uma equipe própria para levar certas atividades específicas (como a poda dos cafeeiros, a colhieta...), mas as outras atividades deverão ser integradas na rotina dos funcionários já presentes na FSN (Projeto PCFPO), como a condução das máquinas, o manejo do capim... As operações nos talhões agroflorestais terão que ser coordenadas com as outras atividades da FSN (manejo florestal, poço de carbono florestal, manejo do gado, pesquisas, educação ambiental...) para o uso da maquinário, os trabalhos nos talhões, o recrutamento e hospedagem dos trabalhadores, o que implicará uma boa coordenação entre os funcionários da FSN e as outras pessoas presentes (pesquisadores, contratados...). Maquinário necessário para o projeto

- Trator com potência suficiente para limpeza das áreas e gradagem - Trator para roçagem e outras operações de mantenção nos talhões: recomenda-se um trator

de potência média e tamanho reduzido (altura e largura) para facilitar trabalho nos talhões - Grade aradora de discos - Trituradora para derrubada de pastagens e trituração das leguminosas de cobertura - Carreta para transporte (adubo, calcário, madeira, café...) - Roçadeiras costais, motoserras - Camioneta para transporte do pessoal e implementos leves - Sulcador e/o broca (conforme resultados dos piloto)

Maquinário disponível na FSN Maquinário pesada (ver fotos página seguinte) - Trator Valtra Modelo BM125i Pampa. 130 Cv. Largura 2,20m ; altura 2,70m. Com lamina dianteira (foto canto superior esquerda) - Segundo trator de menor tamanho: Largura 2m ; altura 2,30 (condutor incluida). (foto canto superior direita) - Grade aradora com discos (foto canto inferior esquerda) - Roçadeira horizontal. Largura 1,8m (foto canto inferior esquerda) Outros maquinários disponíveis:

- carretas - motoserras - roçadeiras costais - camionetas

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O projeto em maior escala implicaria a aquisição de:

um trator leve adaptado às operações nos talhões (roçagens, colheita e adubação, principalmente)

Carreta de dimensão adaptada ao trator Uma trituradora, mais adaptada que a roçadeira horizontal Outros elementos leves em complemento dos presentes na FSN

Há elementos já disponíveis na FSN que permitirão reduzir os investimentos:

O trator Valtra pode ser mobilizado para operações pesadas de implantaçao (limpeza das áreas, gradagens)

Grade aradora Camionetas

Para a implementação de um projeto piloto em uma área reduzida, o maquinário atualmente presente na FSN é suficiente, sem necessidade de maiores investimentos.

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II.3 Itinerários técnicos Detalhamos na continuação os itinerários técnicos definidos para o cultivo de café agroflorestal, seguindo dois modelos:

o « Modelo café agroflorestal FSN » para o projeto de cultivo de maior escala na FSN o « Modelo café agroflorestal para agricultura familiar » relacionado ao projeto de integração

de produtores locais (ver parte IV) para implentação/renovação de cafezal, e desenvolvimento de SAFs pilotos na FSN para capacitação técnica.

MODELO 1: CAFÉ AGROFLORESTAL PARA GANHO DE ESCALA NA FAZENDA Dada a grande heterogeneidade de padrão, estrutura vertical e estado dos plantios entre os talhões da FSN (assim como dentro dos mesmos talhões), não é viável propor um modelo único de SAF com itinerário técnico associado que seja aplicavél a todas as áreas identificadas pelo projeto agroflorestal. Detalhamos aqui as principais operações dos itinerários técnicos para implementação dos cultivos na FSN que teriam que ser adaptadas a cada realidade dos talhões. Iremos nos basear nos casos dos talhões avaliados durante a visita técnica, distinguindo as realidades que podem ser encontradas nos talhões (áreas com muito sombramento, áres abertas, espaçamentos...). Os itinerários técnicos teriam que ser aperfeirçoados conforme os resultados dos sistemas pilotos desenvolvidos (ver parte V). Entre outros retornos de expêriencia, os pilotos permitiriam validar os padrões (espaçamentos, densidades, asociaciações), técnicas de plantio (covas/sulcos) e de manejo das herbáceas em distintos contextos da FSN (muito/pouco sombramento, alinhamentos). Preparo da área

Talhões com alta dominância de capim e pouca regeneração natural (tal como 11b, 30 e 64) o Sobrepastejo para rebaixamento do capim. No caso de não ter possibilidade de uso do

gado, será feito uma roçagem do capim no nível mais baixo possível (com trator/roçadeira costal);

o Duas gradagens ou escarificação do solo a 10 cm (eficiência das operações serão testadas nos pilotos) no período seco com intervalo de 25 a 30 dias e uma gradagem ou escarificação no início das chuvas (antes da formação de sementes do capim);

o Abertura de sulcos ou covas para os cafeeiros, conforme o padrão do talhão (intervalo entre as linhas das árvores já existentes);

o Calagem e adubação nas covas (conforme resultado de análise de solos). Calagem cerca de 30 dias antes do plantio para elevar o pH, Ca, Mg e V% do solo.

Talhões com maior sombramento, regeneração natural presente e menor dominância do capim (tal como 11c)

o Controle do capim com herbicida e sem gradagem ; o Fazer o corte (roçagem) baixo da vegetação (arbustos e árvores de regeneração) nas

entrelinhas do plantio de árvores onde serão alocados os cafeeiros; o Fazer a demarcação das linhas de café (adaptando os intervalos ao padrão do talhão); o Selecionar e eliminar árvores com características de copa baixa, muito ramificada ou que

estejam próximas demais (dependendo da localização, do tamanho e formação da copa); o Realizar poda nas árvores quando necessário;

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o Realizar o enleiramento nos espaços de entrelinhas do café; colocar os arbustos, galhos e troncos mais finos ao centro da leira e o restante do material (troncos maiores e de maior diâmetro) nas laterais das leiras;

o Abertura das covas para plantio do café (40 x 40 x 40 cm); o Calagem e adubação nas covas (conforme resultado de análise de solos). Calagem cerca

de 30 dias antes do plantio para elevar o pH, Ca, Mg e V% do solo.

Plantio do café o O plantio deve ser feito no início do período mais chuvoso; o Após o plantio do café é recomendado a semeadura da adubação verde e o

enriquecimento com matéria orgânica no diâmetro de aproximadamente 1,5 m ao redor da muda. Este procedimento protege o solo, evita a competição com as gramíneas e aumenta a fertilidade no solo;

o Utilizar como material orgânico ao redor da muda: folhas e caules de bananeiras, galhos finos a médios, folhagens em geral, composto orgânico, esterco “curtido”, palha de café, entre outros materiais orgânicos disponíveis;

o Utilizar como adubação verde : Feijão-de-porco, guandú e crotalárias (ver Anexo 3) o Cerca de 60 dias após o plantio realizar a poda de formação do café seguido da aplicação

de biofertilizante via foliar; o Cerca de 90 dias após o plantio realizar o manejo da adubação verde através do

raleamento. O feijão-guandú pode ser podado a uma altura de 1,5m e as outras espécies podem ser roçadas parcialmente para que algumas plantas permaneçam e produzam sementes;

o No caso de baixa densidade de adubação verde deve ser feito novas semeaduras cerca de 30 dias antes do inicio do período seco para evitar perdas excessivas de umidade no solo.

Componente arbóreo

o As espécies arbóreas podem ser introduzidas na forma de muvuca (mistura de sementes), principalmente para as leguminosas e pioneiras, ou pelo plantio de mudas para as espécies secundárias de interesse;

o Em áreas com sombreamento é importante ocupar apenas os espaços com pouca sombra. Nestas áreas utilizar de preferência espécies leguminosas para enriquecimento do solo junto com outras especies de interesse econômico;

o No caso do plantio por sementes é necessário um cuidado, sobretudo nos primeiros anos, para selecionar as plantas que ficarão no sistema visto que algumas espécies podem apresentar alta densidade devido a elevada taxa de germinação;

o A seleção de espécies deve ser de acordo com a função e com o espaço que ocupam no SAF ao longo do tempo.

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MODELO 2: CAFÉ AGROFLORESTAL PARA A AGRICULTURA FAMILIAR Orientações para implementação/renovação de cultivos de café agroflorestal em propiedades familiares da região Escolha da área

o Áreas planas ou com pouca declividade (inferior a 12%); o Solos com no mínimo 15% de argila e profundidade de no mínimo 1 metro; o Não escolher áreas com solos compactados e presença de erosão; o Dar preferência a áreas com sombreamento parcial resultante do plantio de mudas ou da

regeneração natural, desde que não seja área de preservação (RL ou APP); o Evitar áreas com longo período de uso para pastagens; o Evitar áreas com histórico de uso de fogo.

Preparo da área

a. Com sombreamento: o Sem gradagem o Fazer o corte (roçagem) baixo da vegetação nas entrelinhas do plantio de árvores; o Fazer a demarcação das linhas de café (adaptando os intervalos ao padrão do

talhão); o Selecionar e eliminar árvores com características de copa baixa, muito ramificada

ou que estejam próximas demais (dependendo da localização, do tamanho e formação da copa);

o Realizar poda nas árvores quando necessário; o Realizar o enleiramento nos espaços de entrelinhas do café; colocar os arbustos,

galhos e troncos mais finos ao centro da leira e o restante do material (troncos maiores e de maior diâmetro) nas laterais das leiras;

o Abertura das covas para plantio do café no espaçamento de 1,5 a 2 metros entre plantas e 3 metros entre linhas;

o Calagem e adubação nas covas (conforme resultado de análise de solos). Calagem cerca de 30 dias antes do plantio para elevar o pH, Ca, Mg e V% do solo.

b. Pastagem – mecanização na fase inicial

o Sobrepastejo para rebaixamento do capim; o Duas gradagens ou escarificação do solo a 10 cm no período seco com intervalo

de 25 a 30 dias e uma gradagem ou escarificação do solo no início das chuvas (antes da formação de sementes do capim)

o No caso da existência de árvores isoladas de diâmetro espesso na pastagem, estas devem ser mantidas;

o Semeadura a lanço de adubação verde; o O ideal é que essa cobertura fique na área durante 1 ano antecedente ao plantio; o Abertura de sulcos no espaçamento de 3 metros ou covas no espaçamento de 3 x

1,5 a 2 metros; o Calagem e adubação (química ou orgânica) nos sulcos ou covas conforme

resultado de análise de solos.

c. Pastagem – sem mecanização o Sobrepastejo para rebaixamento do capim; o Roçagem da vegetação ou 2 aplicações de herbicida não seletivo com intervalo de

15 a 20 dias (antes da formação de sementes do capim);

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o Semeadura de adubação verde em área total; pode ser feita em covas rasas com enxada e próximas umas das outras (cerca de 0,5 m de distância). Também pode ser feita com uma plantadeira do tipo matraca para sementes pequenas (guandú e crotalárias);

o O ideal é que essa cobertura fique na área durante 1 ano antecedente ao plantio; o Abertura de covas no espaçamento 3 x 1,5 a 2 metros; o Calagem e adubação nas covas conforme resultado de analise de solos.

Plantio do café

o Idem Modelo 1.

Uso do espaço entre as linhas de café o Os espaçamentos nas entrelinhas de café podem ser aproveitados para produção

de culturas anuais; o Este tipo de cultivo além de ser importante para ocupar os espaços onde

normalmente ocorre alta dominância de gramíneas, serve para a alimentação e fonte de renda familiar;

o Como sugestão, cada entrelinha pode ser ocupada pelos consórcios: A: Banana + Abacaxi + Mamão B: Macaxeira + Milho C: Abóbora + Maracujá

o A adubação verde deve ser introduzida em área total sem ocupar o espaço das culturas agrícolas e do café;

o Mudas florestais de interesse devem ser plantadas de forma bem distribuida na área total. A quantidade pode variar de 150 a 300 mudas por hectare dependendo do manejo e das características das espécies plantadas.

a. Áreas com sombreamento inicial

o Neste caso é necessário abrir um espaço no interior (centro) das leiras onde serão feitos os cultivos agrícolas;

o Áreas com muito sombreamento podem limitar o cultivo de algumas espécies nas entrelinhas. Porém, significam maior fertilidade do solo e menos trabalho para controle do capim.

b. Pastagem

o Nestas áreas é recomendável ocupar todos os espaços entre as linhas de café com os cultivos iniciais sugeridos acima.

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II.4 Seleção e aquisição/produção das mudas Café

Recomenda-se usar variedades clonais de coffee canephora melhorados. Apesar do custo superior da muda, apresentam várias vantagens (dependendo da variedade escolhida):

Precocidade de entrada em produção da planta Escalonamento da colheita: serão procuradas várias variedades com diferente tempo de

maturação (precoce / média / tardia), cada variedade sendo plantada em parcelas distinctas Produtividade e tamanho do grão maior Qualidade superior da bebida Maturação mais homogenea do grão na planta Tratamentos das culturas facilitadas Sensibilidade menor ao déficit hídrico e às pragas/doenças

Para escolher a genética adaptada ao projeto (condições pedoclimáticas, contexto agroflorestal, objetivo de qualidade superior...) recomenda-se recorrer à perícia da EMBRAPA, que tem desenvolvido variedades melhoradas e os trabalhos de experimentação desses clones. Para a adquisição das mudas, precisará de ter as variedades escolhidas disponíveis num viveiro perto da FSN. Será importante ter uma boa coordenação com o viveiro provedor, comunicando o calendário de plantação, para não faltar de mudas.

Árvores associados

Para o plantio de árvores florestais/de serviços, as mudas podem ser produzidas no viveiro da FSN ou adquiridas nos viveiros privados, conforme as necessidades do projeto e a dificuldade de produção das mudas.

Parece oportuno adquirir no exterior mudas de genética melhorada para espécies florestais com fins de comercialização da madeira (Khaya ivorensis, por exemplo). Também para adquirir espécies difíceis de se produzir no viveiro. Os viveiros privados mais pertos estão localizados em Alta Floresta (260 km da FSN) e Sinop (600 km).

As outras mudas podem ser produzidas no viveiro da FSN (nativas, leguminosas). A FSN tem a tecnicidade e a capacidade para produzir a quantidade de mudas necessárias ao projeto (se não tiver outra necessidade de produção no mesmo momento). O viveiro tem uma capacidade de 15 mil mudas em sistema de tubetes.

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III | Avaliação econômica

III.1 Mercado A produção brasileira no mercado mundial

A produção anual do Brasil atinge cerca de 3 milhões de toneladas (50 milhões de sacas), o que representa cerca de um terço da produção mundial (8,9 milhões de toneladas em 2013), tornando o Brasil o maior produtor do mundo (de longe). Esta produção abastece ambos mercados, os estrangeiros muito demandantes, como também um enorme mercado interno.

O café representa 10,2% das comodidades exportadas pelo Brasil em 2011. A campanha de 2011/2012 gerou uma renda de, aproximadamente, US $ 7,8 bilhões (+ 5,6% em relação ao ano anterior). Os maiores importadores de café brasileiro são Alemanha, EUA, Itália, Japão e Bélgica. (Em ordem decrescente). A indústria do café está espalhada por 13 estados brasileiros, sendo os mais importante os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Goiás e Paraná (em ordem de importância). Estima-se que existam cerca de 300.000 plantações de café no país, distribuídos por 1.950 municípios. Uma instituição importante que regula a exportação de café é o Cecafé (Conselho da exportação de café).

A vantagem competitiva tradicional do Brasil encontra-se principalmente no baixo custo de produção de café. Podemos citar também as condições climáticas ideais para o cafeeiro. A produção brasileira é baseada principalmente em parâmetros quantitativos, dando ao país a imagem de uma produção de café de baixa qualidade. Na realidade, no Brasil está emergindo (como no resto do mundo) uma produção de cafés de qualidade e de especialidade (mesmo que não seja cafés de altura). Mercado nacional

O consumo de café per capita é de 5 kg/ano no Brasil. É um valor muito elevado para um país exportador. O Brasil não é só o maior exportador do mundo, mas também um dos primeiros consumidores, e o mercado interno está crescendo de forma constante (8,2 milhões de sacas em 1990 e 20 milhões de sacas em 2012). O consumo brasileiro de café cresceu quase 50% entre 2000 e 2010. Representa hoje quase 16% do consumo no mundo e 50% do consumo total dos países exportadores. O Brasil pode se tornar o maior consumidor de café do mundo, ultrapassando os Estados Unidos, em poucos anos.

Uma pesquisa do IBGE mostrou que o café é o produto diário mais consumido no Brasil. Esse consumo corresponde em grande parte a um café de qualidade baixa (preto e forte). No entanto, o mercado de cafés de alta qualidade (gourmet/ especialidade) está crescendo muito rápido. Esta tendência clara permitiu o sucesso de empresas que investiram nesse mercado que não existia há alguns anos atrás. O mercado do café "gourmet" está concentrado principalmente nas grandes cidades brasileiras, onde se cria uma nova cultura do café (por exemplo, o desenvolvimento de lojas de café o coffee shops de alta qualidade, ou concursos de baristas ou de café de excelência). Observamos também essa tendência com a diversificação nos produtos das principais marcas de café brasileiro, quais diversificam suas linhas de produtos com cafés de qualidade.

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O desenvolvimento de um mercado de café baseado na qualidade está fortemente impulsionado pelos coffee shops das principais cidades brasileiras. Estes compram os melhores cafés brasileiros directamente dos produtores ou através de traders. Note-se que algumas torreifadoras, quando compram café de boa qualidade, podem vender diretamente para os coffee shops, em vez de incorporá-los em seu produto, visto que assim podem conseguir melhores margens.

Em paralelo ao desenvolvimento de um mercado de qualidade no Brasil está crescendo um nicho de mercado de café "sustentável”, “verde” ou também “produtor". Portanto, parecem mais e mais produtos de cooperativas de produtores, produtos estampados da Amazônia ou da agricultura sustentável. Estes produtos estão sujeitas a vários selos, certificações, ou também as vezes são simples campanhas de comunicação sem controle da produção/qualidades. De qualquer forma isso mostra um interesse dos consumidores brasileiros para esses produtos. Nota-se que o IDESAM, através de um dos seus projectos em Amazonas, apoiou o lançamento de uma marca de café Agroflorestal da Amazônia. Mercado do Robusta (ou Conilon)

Os cafés produzidos nos estados amazônicos são principalmente da especie Coffea canephora (variedades Robusta ou Conilon). No Brasil se utilizam as duas denominações Conilon ou Robusta para definir a espécie ou a variedade específica. Em comparação ao Arábica, essa espécie representa 17% da produção do Brasil (safra 2016, CONAB) e o maior produtor nacional é o Espírito Santo, com três quartos da produção. No mundo, o Vietnã é o principal produtor de café Robusta.

No MT, 99,5% dos cafezais são da especie Coffea canephora. De acordo com a CONAB, a área em produção no MT totaliza 14.000 ha em 2016 (menos de 1% da área nacional). Durante a safra 2016, a produtividade média foi de 9 sacas/ha (média nacional é de 20 sc/ha). A nível de produção, o MT participa com 1,1 % da produção total de Robusta no Brasil.

Os Robustas tem geralmente preços inferiores aos Arábicas, sendo considerado de qualidade inferior. Contudo, as suas características são apreciadas nos blends. O Cecafé estima que o Robusta participa hoje com 50% nos blends do mercado nacional. Há no mundo uma tendência de aumento da proporção do Robusta nos blends. Dois terços da produção nacional de Robusta são torrados e moídos (industría nacional), e o restante se reparte entre a indústria de café soluvél e a exportação.

Nos mercados diferenciados, os Robustas de qualidade estão em progressão. A melhora na qualidade a nível do país e a abertura do mercado para o consumo de Robusta são fatores que permitiram essa tendência. Outro fator foi a suspensão, há alguns anos, da restrição para o uso de Robusta para a produção de Café Gourmet certificado no país. Uma evidência dessa evolução são os preços de alguns Robustas de qualidade superiores aos Arábicas médios. No mercado internacional, os Robustas diferenciados representavam 8% das exportações brasileiras de café Robusta em 2013 (Cecafé).

O mercado interno brasileiro é amplo e crescente. A fatia do Robusta no mercado evoluiu muito nos últimos anos. Há uma abertura do mercado ao café Robusta de forma geral e existe um nicho de mercado para os cafés Robustas diferenciados (qualidade, certificações).

Em termos de mercado, um projeto de produção de café agroflorestal de qualidade parece viável. Os mercados de nichos e a qualidade do café irão permitir captar mais valor. Inicialmente, o mercado alvo é nacional, mas o estudo demonstrou a existência de um mercado internacional dos Robustas diferenciados.

Tem que avaliar as condições de acesso ao mercado (parte seguinte)

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III.2 Canais de comercialização para o projeto A produção de café na região NO do Mato Grosso ainda é marginal. No entanto, é o objeto de políticas de incentivos por parte do estado, que pretende desenvolver esta produção, no modelo do Estado de Rondônia. As zonas de cultivo do café estão localizadas principalmente nas áreas de pecuária extensiva na frente de desmatamento da Amazônia. Os canais de distribuição são fracos e os produtores de café sofrem de isolamento em relação ao mercado. Existem vários compradores na região, mas eles não chegam a satisfazer os volumens procurados e têm de implementar logísticas complexas. Estes intermediários têm como mercado alvo Cuiabá, onde vários torrefadores estão instalados, assim como o estado de Rondônia. Em comparação com a área do projeto, Cuiabá está a uma distância de mais de 1.000 km, apenas o transporte rodoviário. A estrada é feita de dois terços de rodovias pavimentadas e um terço de pistas de baixa qualidade. Estima-se que o custo de transporte para alcançar os compradores em Cuiabá seria de cerca de R$ 175-200 / t (ou seja, R$ 10-12 / saco). A maior torrefadora na região é a Mitsui (uma das maiores marcas de café no Brasil), que tem uma planta de processamento em Cuiabá. Sua principal dificultade é a segurança dos volumes de fornecimento. Eles estão a procurar desenvolver o cultivo do café na área e muito receptivos à ideia de desenvolvimento do projeto agroflorestal apresentado. O segundo problema importante é a qualidade do café comprado. A aquisição de café de qualidade é difícil na região (os tratamentos pós-colheita são ruins), sendo oferecido um prêmio de 5 a 10% para um café de melhor qualidade. E uma questão fundamental para ser capaz de produzir todas as linhas de produtos da marca. Os cafés da mais alta qualidade às vezes são vendidos diretamente na forma de grãos para coffee shops e restaurantes nas grandes cidades (melhor margem do que com café moído).

Os circuitos de comercialização na região para o café são fracos devido a baixa produção da região. Porém, os compradores chegam a implementar logísticas complexas para se abaster com café (beneficiado ou não beneficiado) e satisfacer os volumens procurados, aplicando desconto nos preços de compra.

O volume comercializado pelo projeto será um ponto crítico, tanto para garantir o acesso ao mercado, como para obter preços remuneradores.

Foi identificada uma alternativa de comercializar o café direitamente a uma torrefadora, controlando a logística, e com possibilidade de prêmio qualidade.

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III.3 Preços

O preço do café é muito volátil. Se a oferta/demanda ao nível global influencia os preços pagos no país, o maior fator de variação é a produtividade nacional. Sendo o maior produtor no mundo, os resultados das safras do Brasil influenciam não só os preços nacionais, mas também os preços globais. Mais particularmente as safras dos pólos cafeeiros do país são relevantes para avaliar o impacto nos preços nacionais do café arábica o conilon.

Nesse sentido, a última safra (2016) é um bom exemplo. As boas condições climáticas em regiões produtivas de arábica resultaram com uma relativa queda nos preços do arábica (abundância da oferta). Pelo contrário, as condições adversas no Espírito Santo (maior produtor de conilon) levaram a um alcance inédito dos preços pagos aos produtores de conilon no país. Contudo, variáveis externas também influenciam os preços (demanda mundial, produção do Vietnã no caso do conilon, taxa de câmbio, venda dos estoques governamentais...).

Estudos demostram a vulnerabilidade do setor cafeeiro brasileiro aos riscos climáticos e os impactos gerados no mercado. As secas, cada vez mais frequentes e intensas, deixam o mercado exposto as más safras, com repercussão a volabilidade nos preços. Cabe ressaltar que as regiões mais expostas são as da costa Atlântica. Também tem que mencionar que trabalhos científicos demonstram a melhor adaptação do cafeeiro em agrofloresta em relação à eventos climáticos (secas, geadas), o que resulta em menor perda de produtividade comparado com o pleno sol. Levantamento de preços no mercado regional

A CONAB informa sobre os preços do café beneficiado nos principais estados produtores do país. Para a safra 2016, os preços do conilon em Rondônia variaram entre 300 R$/sc (começo da safra) para atingir 360 R$/sc no mês de agosto. (não informa dos preços do MT para 2016).

Preço café beneficiado (2015-2016) no Rondônia (CONAB - Acompanhamento da safra brasileira - café - SETEMBRO 2016)

Em comparação, os preços do café conilon no ano 2015 (CONAB) :

MT: médio R$ 274 (mínimo: R$ 270 / máximo: R$ 285) RO: médio R$ 248 (mínimo: R$ 218 / máximo: R$ 307)

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Os preços levantados durante as entrevistas com os atores locais do setor (produtores, cerealistas, torrefadores) são coerentes com os preços da CONAB. Informaram de preços entre 280 e 320 R$/sc de café beneficiado (começo da safra 2016), e ao redor de 240 R$/sc no ano anterior. Definição do preço de venda no modelo econômico Para a definição do preço foram retidas as premissas a seguir:

produzir de café de qualidade, com objetivo obter um prêmio de qualidade na venda eliminar os intermediários com venda direta ao torrefador, integrando o benefício e

garantindo a qualidade, a rastreabilidade e a constância da produção comercializar volumes maiores, com a integração de produtores locais e tornar-se um ator

importante do setor cafeeiro no MT como “cluster agroflorestal”, permitindo ter mais peso na negociação dos preços

O preço de 320 R$ por saca de café beneficiado entregue ao torrefador (custo de transporte incluído) foi escolhido para a simulação econômica.

III.4 Modelo econômico do projeto agroflorestal Foi levada uma simulação econômica do projeto agroflorestal na FSN com a elaboração do fluxo de caixa. Os parâmetros do cenário escolhido estão baseados na avaliação técnica do projeto (área apta/potencialmente apta, espécies/variedades adaptadas, modelos aplicáveis aos talhões da FSN...). Os custos e as premissas da simulação econômica foram definidos a partir da bibliografía, das entrevistas e da experiência propria. É importante ressaltar que a avalição econômica do projeto deverá ser fortalecida com os resultados dos pilotos.

Parâmetros do cenário escolhido

Área do projeto: 100 ha na FSN

Modelo agroflorestal para produção de madeira e café: o Coffea canephora da variedade Conilon (mudas clonais ; 2222 indivíduos/ha) o Árvores maderáveis (base: Khaya ivorensis ; média de 150 mudas/ha introduzidas)

para comercialisação da madeira o Árvóres de serviços (base: Inga sp. ; média de 150 mudas/ha introduzidas) sem

comercialisação da madeira o O modelo não toma em conta a valorização das árvores já presentes nos talhões o Sem cultivos anuais

Calendário de plantação:

pilotos (não contabilizados no cenário) Ano 0: 20 ha Ano 1: 40 ha Ano 2: 40 ha

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Custos

Item Gasto Unidade

Implantação SAF 9 100 R$/ha

Manutenção anual SAF 2 800 R$/ha

Colheita café 1 900 R$/ha

Secado 5 R$/saca

Benefício 35 R$/saca

Transporte (Cuiabá) 11 R$/saca

Extração madeira 15 R$/m3

Direção projeto 120 000 R$/ano

Gastos admin 5% do total gastos

Premissas Café

Produtividade (por razões de simplificação foi tomada um rendimento médio linear após o quinto ano)

Ano 0 (plantação)

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 e +

Rendimento (sacos 60kg /ha) 0 0 5 15 35 40

Desconto riscos (climáticos, pragas): 10% Preço de venda do café beneficiado, entregue ao cliente: 320 R$/saca

Madeira:

Volume de madeira (espécies madeireiras introduzidas) comerciável a 20 anos: 100 m3/ha Colheita e comercialização da madeira a 20 anos:

o 2000 m3 no ano 20 o 4000 m3 no ano 21 o 4000 m3 no ano 22

Preço médio : 500 R$/m3 (preço em tora na FSN)

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Investimentos

Trator leve R$ 200 000

Triturador R$ 20 000

Escarificador R$ 10 000

Semeador R$ 12 000

Benefício/secado R$ 200 000

Barracão benefício R$ 100 000

Barracão equipamentos R$ 70 000

Carreta R$ 20 000

Pequenhos equipamentos R$ 50 000

Camioneta R$ 120 000

Outros R$ 50 000

Total R$ 852 000

Obs: Na simulação, o total dos investimentos (CAPEX) ocorre no ano 0

Fluxo de caixa do cenário

-4 000 000

-2 000 000

0

2 000 000

4 000 000

6 000 000

8 000 000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Flu

xo d

e ca

ixa

(R$

)

Anos

Fluxo decaixa

Fluxo decaixaacumulado

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Detalhe do fluxo de caixa e fluxo de caixa acumulado (R$):

Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7

Fluxo de caixa (1 169 100) (567 000) (700 477) (419 584) (259 151) 53 151 293 383 341 430

Fluxo de caixa acumulado

(1 169 100) (1 736 100) (2 436 577) (2 856 161) (3 115 312) (3 062 161) (2 768 778) (2 427 348)

Ano 8 Ano 9 Ano 10 Ano 11 Ano 12 Ano 13 Ano 14 Ano 15

Fluxo de caixa 341 430 341 430 341 430 341 430 341 430 341 430 341 430 341 430

Fluxo de caixa acumulado

(2 085 918) (1 744 488) (1 403 058) (1 061 628) (720 199) (378 769) (37 339) 304 091

Ano 16 Ano 17 Ano 18 Ano 19 Ano 20 Ano 21 Ano 22

Fluxo de caixa 341 430 341 430 341 430 341 430 1 116 230 1 891 030 1 891 030

Fluxo de caixa acumulado

645 521 986 950 1 328 380 1 669 810 2 786 040 4 677 070 6 568 100

Indicadores de viabilidade econômica

O fluxo de caixa torna-se positivo a partir do ano 5 O payback ocorre no ano 15 Com a venda da madeira (anos 20, 21, 22) o fluxo de caixa acumulado do projeto no ano 22 é

de R$ 6.568.100 A Taxa Interna de Retorno (TIR) é de 8% (considerando o periodo total com venda da

madeira) O investimento em bens de capital é de R$ 852.000 A necessidade em capital de giro é estimada a R$ 3.000.000 (capital necessário até o ano

5 quando o fluxo de caixa torna-se positivo) O investimento total é da ordem de $R 3.850.000, podendo ser distribuido nos 5 primeiros

anos (Ano 0 a 4)

A simulação econômica foi levada com premissas conservadoras. Os resultados financeiros são modestos (Payback no ano 15; TIR de 8%).

O projeto implica um investimento total em torno de $R 3.850.000

As pistas de melhoria dos resultados são várias: aumento da produtividade, redução dos custos de implantação/manutenção, preço de venda do café/madeira (...). Os pilotos permitirão afinar os parametros/premissas.

A avaliação econômica demostra a viabilidade do projeto a pesar de resultados modestos de um ponto de vista financeiro. Mas a avaliação não considera outros parametros não financeiros das potenciais externalidades positivas geradas pelo projeto (impacto na econômia local do “cluster café” com os produtores locais, impactos positivos na conservação dos recursos naturais...)

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IV | Projeto de integração local Com a realização do estudo de avaliação técnica-econômica da implantação de um projeto de café agroflorestal na Fazenda São Nicolau, este relatório visa levantar as possibilidades do trabalho integrando agricultores locais que pretendem implantar ou reformar o cultivo do café. O objetivo é de um lado desenvolver o cultivo de café agroflorestal como fonte de ingressos para os agricultores locais, como sistema de produção sustentável e finalmente como cultivo de longo prazo, fator de estabilização dos produtores no munícipio. De outro lado, a criação de um cluster café que poderá permitir gerar volumes maiores para alcance de melhores mercados e preços. Nessa primera etapa do projeto, o foco é a integração de produtores locais e o levantamento de dados feitos no PA Juruena, próximo da FSN e com um largo histórico de colaboração. Atualmente, a cafeicultura no assentamento está em declínio, principalmente pela baixa produtividade e pressão da pecuária, contudo, alguns agricultores tem interesse em investir na cultura, principalmente pela valorização atual do mercado, aptidão e opção de diversificar da produção. Com isso, é possível viabilizar o acompanhamento e a integração com os trabalhos na Fazenda, realizando inicialmente as atividades com um grupo pequeno. Por enquanto, há trabalhos em andamento do Pro Café pela Seaf, que contemplam apenas dois agricultores do PA Juruena, sendo assim, a proposta do café agroflorestal na Fazenda complementar ao programa, principalmente pelo trabalho de assistência técnica em conjunto com a EMPAER do município. Outra parceria importante é o ICV, que tem atuação mais forte no PA Nova Cotriguaçu e já realizou oficinas de café agroflorestal no assentamento em 2013.

O CAR no PA Juruena é coletivo e a maioria dos agricultores receberam o Contrato de Concessão da Terra, sendo que muitos acessam programas de crédito para pecuária, sendo possível também, a captação de recursos para o projeto de SAF café.

As informações foram obtidas a partir de visitas a campo realizadas entre os dias 16 a 25 de maio de 2016, entrevistas realizadas na Fazenda São Nicolau e do banco de dados do relatório técnico do Pro Café disponibilizado pela representante da EMPAER no município.

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IV.1 Levantamento dos agricultores no PA Juruena

Nome Propriedade Objetivo (área)

Informações Km/T da FSN

Jucimar Malaquias de Souza (Grilo) Visitado

Sitio Beija Flor; Linha Gaúcha; Lote 311.

1. Reforma (0,5 ha) 2. Implantação (1 ha)

1. Cafezal para reforma: -Conilon seminal da região (2,5x3,5); -Produção 25 sacos (0,5 ha); -Regeneração natural média; -Não realiza adubação; -Mão-de-obra por produção (colheita); -Beneficiamento em terreiro de chão; -Utiliza herbicida para controle; -Tem problema com a broca do café; 2. Cafezal para implantação: -Pretende utilizar BRS Ouro Preto; -Pretende utilizar irrigação; 3. Tem interesse em trabalho no piloto de café agroflorestal na FSN.

45 km 1 hora

Lucia Dias Maciel Visitada

Sitio Céu Azul; Linha Gaúcha; Lote 312.

1. Reforma (2 ha).

1. Cafezal para reforma: -Conilon seminal da região; -Produção 20 sacos/ha; -Regeneração natural alta; -Não realiza adubação; -Mão-de-obra por produção (colheita, R$ 4,00 a lata); -Beneficiamento em terreiro de chão; -Não utiliza herbicida para controle; -Tem problema com a broca do café.

45 km 1 hora

Valmir Marinho de Cena Indicado pela EMPAER

Sitio União; Linha CDR9; Lote 52.

1. Reforma (1 ha); 2. Implantação (1 ha).

1. Cafezal para reforma: -Conilon seminal da região (2x3); -Produção 50 sacos (1 ha); -Sem irrigação; -Não realiza adubação; -Utiliza herbicida para controle; -Beneficiamento em terreiro de chão; -Tem problema com a broca do café. 2. Cafezal para implantação: Pretende utilizar BRS Ouro Preto;

63 km 1:35 horas

Mauro Brumado Entrevistado na FSN

Sitio Brumado; Linha Gaúcha; Lote 258.

1. Implantação (1 ha).

1. Cafezal para implantação: -Pretende utilizar BRS Ouro Preto; -Pretende utilizar irrigação;

51 km 1:10 horas

Silvano (filho do Bispo) Indicado pela EMPAER

Linha CDR 9;

1. Reforma (1,2 ha)

1. Cafezal para reforma: -Conilon seminal da região; -Beneficiamento em terreiro de chão;

58 km 1:20 horas

Edilson Lacerda Entrevistado na FSN

Vale Verde

1. Implantação (1 ha).

1. Cafezal para implantação: -Pretende utilizar BRS Ouro Preto; -Pretende utilizar irrigação; 2. Já trabalha na fazenda.

25 km 0:35 minutos

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José Dutra Entrevistado na FSN

Sitio Amor e Esperança; Linha CDR 9; lote 48.

1. Implantação (1 ha).

1. Cafezal para implantação: -Pretende utilizar BRS Ouro Preto; 2. Já trabalha na fazenda

65 km 1:40 horas

João Lacerda Santos. Indicado pela SMMA

Sitio Lacerda; Linha Gaúcha; Lote 257.

1. Reforma (0,7 ha)

1. Cafezal para reforma: -Conilon seminal da região; -Sem irrigação; -Não realiza adubação; -Utiliza herbicida para controle; -Tem problema com a broca do café; -Beneficiamento em terreiro de chão;

50 km 1:10 horas

NB: as quantidades de sacas são declarativas e parecem superestimadas em alguns casos vendo as falhas nos itinerarios técnicos aplicados.

Vista do cafezal de Jucimar Malaquias de Souza (PA Juruena)

Os cafeeiros apresentam cârencia de poda, o que implica maior impacto da broca e menor produtividade

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Vista do cafezal agroflorestal de Lucia Dias Maciel A paricá, muita usada nesse sistema, apresenta um bom crecimento e fornece um sombramento ideal para o cafeeiro.

IV.2 Potencial das Unidades Demonstrativas (UD´s) de Sistemas Agroflorestais (SAF´s) no PA Juruena para Implantação de Café Agroflorestal

A ONF Brasil em pareceria com a WWF Brasil, em 2012, iniciou o diálogo com 9 agricultores do PA Juruena buscando incentivar o desenvolvimento de atividades agroflorestais e agrossilvipastoris. A produtividade da maioria dos sistemas implementados foram satisfatórias no primeiro ano, contudo, apresentaram um vácuo de produção nos anos seguintes e não tiveram acompanhamento para o manejo, e atualmente se destacam pelas espécies arbóreas consolidadas. A partir de um diagnóstico realizado em 2015 para acompanhar o desenvolvimento dos plantios e as expectativas dos proprietários, podemos indicar 7 destas experiências que apresentam características, pelo espaçamento e sombreamento, de um cenário ideal para a produção de café agroflorestal, totalizando aproximadamente 9 ha. Destes, 4 proprietários apresentaram interesse desde que sejam fornecidos todos os insumos necessários, 1 gostou da proposta, mas alega não ter tempo de realizar as manutenções necessárias, 1 já introduziu alguns indivíduos de café no sistema e 1 mudou-se e não conseguimos contato com o novo proprietário. Estas informações estão apresentadas também na tabela a seguir.

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PROPRIETÁRIO ÁREA INTERESSE

1. Jair Justino 0,77 ha Desde que sejam fornecidos os insumos, apoio técnico e na comercialização.

2. Veridiana Vieira 1 ha Não tem tempo e mão de obra para o manejo.

3. Eloides 1,15 ha Mudou-se

4. Antônio Ribeiro 3,58 ha Desde que sejam fornecidos os insumos, apoio técnico e na comercialização.

5. Lia 0,77 ha Desde que sejam fornecidos os insumos, apoio técnico e na comercialização.

6. Jorge de La Costa 1 ha Desde que sejam fornecidos os insumos, apoio técnico e na comercialização.

7. Roberto Stofel 0,88 ha Já implantou alguns pés de café. Tem interesse em iniciar um novo plantio de café agroflorestal.

IV.3 Conclusões Temos inicialmente 8 agricultores (as) do PA Juruena que estão interessados em receber apoio para o

cultivo de café agroflorestal, totalizando aproximadamente 10,4 ha.

Área de café já implantado: 5,4 ha.

Área de café a ser implantado: 5 ha.

Em termos de produção, são aproximadamente 150 a 200 sacas de café que podem ser

comercializadas em conjunto quanto os cafezais novos entrarem em plena produção.

Além do acompanhamento geral no projeto de cluster agroflorestal, podem ser realizadas

capacitações temáticas: implantação/manejo da sombra, poda do cafeeiro, adubação orgânica,

controle da broca, pós colheita e secagem. Podem ser realizadas visitas técnicas entre as capacitações.

As áreas de reforma já podem receber orientação e acompanhamento. O início de experimentos de

compostagem na fazenda pode auxiliar a utilização de adubos orgânicos para o modelo pensado para

a agricultura familiar.

A quantidade de agricultores interessados está satisfatória pela viabilidade da assistência técnica para 8 propriedades.

A partir do desenvolvimento do projeto para esse grupo de agricultores pode-se facilmente integrar mais interessados, tal como os agricultores das UD’s de SAFs interesados na introdução do cafeeiro nos sistemas.

Será importante definir, junto com os agricultores locais e os atores do fomento rural, as condições de desenvolvimento de tal projeto agroflorestal, como as necessidades em termos de financiamento, as predisposição à ação coletiva, o papel da FSN no cluster e os arranjos institucionais e contratuais necessários.

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V | Proposta de pilotos No caso da validação do projeto SAF café detalhado nesse estudo, e em paralelo do processo de concretização e montagem técnico e financeiro do projeto, propõe-se desenvolver áreas pilotos no próximo ano (2017) para avaliar a operacionalidade dos sistemas e itinerários técnicos estudados, ganhar experiência na implementação/manutenção dos cultivos e corroborar as premissas técnicas e financeiras dos modelos.

Portanto, foram selecionados 3 talhões com diferentes características de sombreamento (pouco, médio e adequado), 2 tipos de preparo da área (gradagem + sulcos ou covas) e 2 tipos de manejo nas entrelinhas de café (mecanizado e não mecanizado). Também, recomenda-se implementar um cultivo de café convencional (pleno sol) para efeito de controle.

Os detalhes desta proposta estão descritos a seguir conforme as características de cada talhão.

V.1 Piloto A – Área pouco sombreada (Talhão 30) Será utilizado 1 ha na parte sudoeste do Talhão 30, onde existem árvores da espécie nativa Mutamba (Guazuma ulmifolia) plantadas no espaçamento de 8x2 metros. Esse talhão foi selecionado porque apresenta características semelhantes a outras áreas potenciais na fazenda para futuras plantações de café. A área apresenta dominância pelo capim e solo com teor de argila de 19%. Na parte do talhão onde será implantado o cafezal houve uma elevada mortalidade da Caixeta (Simarouba amara), o que resultou na introdução de mudas de Mutamba (Guazuma ulmifolia).

Vista do talhão 30 (parte sudoeste) no estado atual

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Padrão atual do talhão 30

Na parcela de 1 ha dentro do talhão serão avaliadas 4 estratégias para o plantio de café sombreado. Sendo 2 subparcelas (0,5 ha) com o preparo da área realizado através de gradagem entre as linhas de árvores (8 metros) e outras 2 subparcelas (0,5 ha) com preparo inicial através de escarificação do solo a 10 cm de profundidade. Para cada tipo de preparo de solo serão variados os plantios em covas ou em sulcos. Portanto, as 4 estratégias serão: gradagem + sulcos; gradagem + covas; escarificação + sulcos; e escarificação + covas. Os sulcos de plantio serão a profundidade de 40 cm e distantes 2 metros das linhas de árvores e 4 metros entre os sulcos para plantio de café. A abertura de covas seguirá o mesmo padrão de espaçamentos. Desta maneira, serão introduzidas 2 linhas de café no espaçamento de 4x1,5 metros entre as linhas de árvores já existentes.

c C. canephora

c

Plantas de cobertura

c

c

c

c

Especies madeireras

2 m2 m

Cultivos de ciclo curto 1,5 m

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

4 m

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

1,5 m

4 m

2,4 m

4 m

Manejo com mecanização da

entrelinha (0,5 ha)

Manejo manual da entrelinha

com culturas agricolas (0,5 ha)

Faixa mecanizada

com trator

Guazuma ulmifolia

N

Padrãos procurados para o piloto A (manejo mecanizado/manejo manual)

Guazuma ulmifolia2 m

8 m 8 m

Regeneração natural

capim

N

Arvores mortas o fracas

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Os 2 tipos de preparo de solo (gradagem e escarificação) serão diferenciados também pelo tipo de manejo. Sendo que em 0,25 ha onde houve preparo com gradagem e em 0,25 ha com escarificação as entrelinhas de café serão compostas por apenas adubação verde. Este tipo de manejo tem o objetivo de avaliar a mecanização da lavoura e a possibilidade de ganho de escala na Fazenda. As espécies sugeridas para esta finalidade são: feijão-de-porco, guandú e fedegoso. Nas outras 2 subparcelas (0,5 ha) as entrelinhas serão compostas por culturas agrícolas de ciclo curto, além da adubação verde. A opção por culturas agrícolas visa a produção de alimentos, a avaliação de um manejo manual e possibilidade de ganho de escala com produtores familiares na região.

Em toda a parcela de 1 ha as linhas de árvores já existentes serão enriquecidas com sementes e mudas de espécies florestais de interesse em toda a extensão. Para este enriquecimento serão priorizadas espécies secundárias no processo de sucessão ecológica, com finalidade madeireira, frutos e extrativismo.

Propõe-se então integrar o cafeeiro entre os alinhamentos de Mutamba utilizando um espaçamento de 4x1,5 m em uma densidade total de 1666 plantas por hectare. No sistema mecanizado, tanto em sulcos quanto em covas, serão feitas 3-4 roçagens no ano. Sendo elas normalmente a cada 3-4 meses durante o período chuvoso. No manejo manual a demanda de mão-de-obra será maior, mas por outro lado resultará um retorno econômico em curto prazo. O controle do capim será com roçadeira costal e a manutenção dos cultivos agrícolas com outras ferramentas de trabalho.

Nas parcelas com manejo manual as entrelinhas de café serão compostas por 3 consórcios: A – Banana, abacaxi e mamão; B – Macaxeira e milho; C – Abóbora e maracujá. Tanto nas áreas com sulcos quanto com covas, as entrelinhas de café seguirão o seguinte padrão no terreno: A B C A B C, de acordo com a composição dos consórcios descrita acima. Com o crescimento dos cafeeiros e das espécies florestais que serão introduzidas, os cultivos de ciclo curto (maracujá, banana, abacaxi, mamão, macaxeira e abobora) serão substituídos apenas pela adubação verde.

Itinerário técnico de implantação (piloto A)

Recomenda-se as seguintes operações para implantação do piloto em uma área de aproximadamente 1 ha (80 x 140 metros) dentro do talhão 30. Caso o talhão continue a ser utilizado para pastejo será necessário o cercamento desta área.

Trabalhos preparatórios (2016-2017) - Roçagem ou sobrepastejo do capim - Gradagem e escarificação do solo no início das chuvas - Semeadura a lanço de feijão de porco e guandú - Deixar a adubação verde na área até o próximo ano - Colher sementes e fazer nova semeadura durante período chuvoso, caso seja necessário

2017 - Roçagem da adubação verde no início do período seco - Duas gradagens e escarificação do solo no período seco com intervalo de 25 a 30 dias e uma

gradagem e escarificação do solo no início das chuvas - Sulcos a 2 metros de distância das linhas de árvores e 4 metros entre sulcos; o sulcamento

deve ocorrer em metade da área do piloto, ou seja, 40 x 140 m (aprox. 0,5 ha); caso necessário, fazer carreadores para entrada e manobra com o trator.

- Abertura de covas a 2 metros de distância das linhas de árvores, 4 metros entre linhas para plantio de café e 1,5 metros entre covas na linha; o coveamento deve ocorrer em metade da área do piloto, ou seja, 40 x 140 m (aprox. 0,5 ha)

- Calagem e adubação fosfatada nos sulcos e covas - Plantio de café e semeadura de adubação verde no coroamento para proteção das mudas

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Enriquecimento das linhas de árvores já existentes - Abertura de covas nas linhas de Mutamba - Calagem e adubação conforme tem sido utilizado na FSN para os plantios de espécies nativas - Semeadura de adubação verde no coroamento e nos espaços entre as mudas Manejo mecanizado da entrelinha de café - Em aproximadamente 0,5 ha semear adubação verde na entrelinha de café, sendo 0,25 ha

com preparo de solo tipo sulcos e 0,25 ha com preparo de solo tipo covas.

Produção de alimentos na entrelinha de café - Em aproximadamente 0,5 ha, sendo 0,25 ha com preparo de solo tipo sulcos e 0,25 ha com

preparo de solo tipo covas - Consórcio A: abertura de covas para plantio no espaçamento e sequência:

Banana – 1 metro – Abacaxi – 1 metro – Mamão – 1 metro – Abacaxi – 1 metro – Banana - Consórcio B: plantio de manivas de macaxeira no centro da entrelinha de café em 2 linhas com

espaçamento de 0,60 metros entre elas; plantio de milho com plantadeira manual do tipo matraca, sendo 2 linhas de cada lado das macaxeiras com espaçamento de 0,50 x 0,50 metros

- Consórcio C: abertura de covas a cada 5 metros para plantio do maracujá no centro da entrelinha; será necessário construir espaldeiras para condução do maracujazeiro; Plantar abóbora em covas a cada 2 x 2 metros

V.2 Piloto B - Área com sombramento médio Neste caso será utilizado 1 hectare do Talhão 11b, onde houve o plantio de espécies nativas e Teca no espaçamento de 6x3 metros no ano de 1999. A área também apresenta dominância pelo capim, porém é diferente do Talhão 30 quanto a textura do solo, com 48% de argila. Os mesmos procedimentos utilizados no Piloto A serão replicados no Piloto B, com a diferença de que o espaçamento será mais adensado, além da existência de maior densidade de árvores com copas.

Vista do talhão 11b no estado

atual

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O espaçamento adotado para as linhas de café será de 3x1,5 metros, sendo que a cada 2 linhas de árvores já existentes serão introduzidas 2 linhas de café. Na composição final do sistema, a densidade de cafeeiros será de aproximadamente 2222 plantas por hectare. O espaçamento entre a linha de árvores já existentes e a linha de café será de 1,5 metros.

Diferentemente do enriquecimento com espécies florestais proposto no Piloto A, no Talhão 11b, algumas árvores serão manejadas com podas e raleamento. Esta prática visa a retirada de copas baixas e de árvores que estejam ocupando os espaços onde será introduzido o café. Nas falhas ou espaços com pouca sombra serão introduzidas mudas de Ingá e outras espécies de interesse.

As características deste talhão serão importantes para avaliar o efeito da textura do solo (teor de argila) em comparação ao talhão 30, bem como a diferença pelo sombreamento já existente. Outro fator a ser observado é o espaçamento entre linhas. Sendo que no Piloto B esses espaços serão reduzidos de 4 para 3 metros entre linhas de café, e de 2 para 1,5 metros entre linha de café e de árvores já existentes.

Padrão atual (acima) e procurado (abaixo) no piloto B:

N

Ficus sp e outras sp nativas

3 m

Regeneração natural

capim

Arvores mortas o fracas

6 m

6 m

3 mi

i

c c c c c c c c

m

i i

c cc1,5

m

c c c c c c c c c cc

c c c c c c c c c cc

c c c c c c c c c cc

6 m 3 m

Especies madeireiras

Inga spi

m

Manejo

mecanizado da

adubação verde

na entrelinha

(0,5 ha)

Manejo manual

da entrelinha

com culturas

agricolas (0,5 ha)

Cultivos de

ciclo curto

Faixa

mecanizada

com trator

Plantas de

cobertura

1,5 m

1,8 m

m

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Itinerário técnico de implantação (piloto B) Recomenda-se as seguintes operações para implantação do piloto em uma área de, aproximadamente, 1 hectare e com dimensão de 60 x 170 metros dentro do talhão 11b. Caso o talhão continue a ser utilizado para pastejo, será necessário o cercamento desta área. Trabalhos preparatórios (2016-2017)

- Roçagem ou sobrepastejo do capim - Controle químico de formigas a cada 40 dias ou até reduzir a presença na área - Gradagem e escarificação do solo no início das chuvas - Semeadura a lanço de feijão de porco, abóbora e guandú - Deixar a adubação verde na área até o próximo ano - Colher sementes e fazer nova semeadura durante período chuvoso, caso seja necessário

2017

- Roçagem da adubação verde no início do período seco - Duas gradagens e escarificação do solo no período seco com intervalo de 25 a 30 dias e uma

gradagem e escarificação do solo no início das chuvas - Sulcos a 1,5 metros de distância das linhas de árvores e 3 metros entre sulcos; o sulcamento

deve ocorrer em metade da área do piloto, ou seja, 30 x 170 m (aprox. 0,5 ha); caso necessário, fazer carreadores para entrada e manobra com o trator.

- Abertura de covas a 1,5 metros de distância das linhas de árvores, 3 metros entre linhas para plantio de café e 1,5 metros entre covas na linha; o coveamento deve ocorrer na outra metade da área do piloto, ou seja, 30 x 170 m (aprox. 0,5 ha)

- Calagem e adubação fosfatada nos sulcos e covas - Plantio de café e semeadura de adubação verde no coroamento para proteção das mudas

Manejo das linhas de árvores já existentes

- Eliminar árvores fracas, com sintomas de doenças ou que estiverem no alinhamento do café - Realizar podas de copas, galhos e desbaste quando necessário - Abertura de covas em espaços com falhas ou pouco sombreados - Calagem e adubação conforme tem sido utilizado na FSN para os plantios de espécies nativas - Semeadura de adubação verde no coroamento e nos espaços entre as mudas

Manejo mecanizado da entrelinha de café

- Em aproximadamente 0,5 ha (30 x 170 m), semear adubação verde na entrelinha de café, sendo 0,25 ha com preparo de solo tipo sulcos e 0,25 ha com preparo de solo tipo covas.

Produção de alimentos na entrelinha de café

- Em aproximadamente 0,5 ha (30 x 170 m), sendo 0,25 ha com preparo de solo tipo sulcos e 0,25 ha com preparo de solo tipo covas

- Consórcio A: abertura de covas para plantio no espaçamento e sequência: Banana – 1 metro – Abacaxi – 1 metro – Mamão – 1 metro – Abacaxi – 1 metro – Banana

- Consórcio B: plantio de manivas de macaxeira no centro da entrelinha de café em 2 linhas com espaçamento de 0,60 metros entre elas; plantio de milho com plantadeira manual do tipo matraca, sendo uma linha de plantio em cada lado das macaxeiras

- Consórcio C: abertura de covas a cada 5 metros para plantio do maracujá no centro da entrelinha; será necessário construir espaldeiras para condução do maracujazeiro; Plantar abóbora em covas a cada 2 x 2 metros.

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V.3 Piloto C – área com sombramento adequado O Piloto C será implementado no Talhão 11c, onde foi realizado o plantio de espécies nativas em 1999 no espaçamento de 6x3 metros. A parcela de 1 hectare será localizada na parte sudoeste do talhão, onde a densidade de árvores é maior e mais homogênea, além de apresentar muitos indivíduos da regeneração natural. As características de solo são semelhantes ao Piloto B, porém com menor dominância pelo capim e baixa necessidade de enriquecimento com espécies florestais.

Vista do talhão 11c (sudoeste) no estado atual Devido a alta quantidade de árvores neste talhão não será realizado gradagem nem sulcos, apenas o coveamento para o plantio do café. O plantio será feito em covas a uma distância aproximada de 1,5 m das árvores que foram plantadas no talhão, semelhante ao talhão 11b. Portanto, entres duas linhas de árvores haverá 2 linhas de café com 3 metros de distância entre elas. O controle do capim será feito com herbicida antes da abertura de covas. A aplicação será feita em faixas de aproximadamente 1,5 m de largura. Quando necessário, será feito o raleamento da regeneração natural visando melhores condições (luz e espaço) para o café. Após o plantio do café, será semeado feijão-de-porco e guandú em toda a extensão das faixas. É recomendado também o plantio de amendoim forrageiro (Arachis pintoi) no coroamento das mudas. A manutenção neste modelo consiste na roçagem da adubação verde e do capim 2-3 vezes no ano para possibilitar nova semeadura no início do período chuvoso. A mecanização não foi priorizada neste caso, visto que a dominância do capim é fraca e não justifica à princípio o preparo em área total.

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Padrão atual (esquerda) e procurado (direita) no piloto C Itinerário técnico de implantação (piloto C) Recomenda-se as seguintes operações para implantação do piloto em uma área de aproximadamente 1 hectare com dimensão de 80 x 130 metros dentro do talhão 11c. 2017

- 2 aplicações de herbicida não seletivo com intervalo de 15 a 20 dias no início do período chuvoso

- Selecionar e eliminar árvores com características de copa baixa, muito ramificada ou que estejam próximas demais (dependendo da localização, do tamanho e formação da copa);

- Realizar poda e desbaste nas árvores quando necessário; - Realizar o enleiramento nos espaços entrelinhas do café - Abertura de covas para plantio de espécies madeireras em espaços com falhas ou pouco

sombreados localizados no alinhamento de árvores já existentes - Abertura de covas para enriquecimento com espécies arbóreas de serviço (Ingá e/ou outras)

na entrelinha de café - Calagem e adubação conforme tem sido utilizado na FSN para os plantios de espécies nativas - Abertura de covas para plantio de café a 1,5 metros de distância das linhas de árvores, 3

metros entre linhas para plantio de café e 1,5 metros entre covas na linha; - Semeadura de adubação verde no coroamento e nos espaços entre as mudas - Calagem e adubação fosfatada nas covas - Plantio de café e semeadura de adubação verde no coroamento para proteção das mudas

N

Ficus sp e outras sp nativas

3 m

6 m

Regeneração natural

Capim

Arvores mortas o fracas

6 m

m

Faixa de adubação verde

c C. canephora

m Especies madeireiras

6 m

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

c

m

m

1,5m

3 m

1,5 m 1,5m

1,5m

i Inga sp

i

i

i

i

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V.4 Piloto D – pleno sol Com a finalidade de comparar o desempenho do café agroflorestal (pilotos A - B - C) com o sistema de produção convencional, recomenda-se implementar um talhão de cafeeiro a pleno sol. O monitoramento separado das plantações e safras deverá proporcionar dados comparativos sobre o desenvolvimento do cafeeiro e produtividade, custos, dificultades de implementação/mantenção/colheita, qualidade do café...). Para a implementação do piloto D, recomenda-se uma superfície de 0,5 ha numa área (ainda não identificada) com solos de textura não muito arenosa (parecida aos talhões 11b, 11c). O cafeerio será da mesma variedade clonal e implementado conforme ao itinerário técnico dos pilotos A e B (pastoreio, roçagem, gradagem/escarificação, adubação verde), com padrão de plantio 3x1,5 m (densidade de 2.222 indivíduos/ha) mais sem cultivo anuais/ árvores de sombramento. Também será avaliado nesse piloto o plantio por sulcos (0,25 ha) ou por covas (0,25).

V.5 Orçamento dos pilotos

Ano Item Piloto A

1 ha - ($R) Piloto B

1 ha - ($R) Piloto C

1 ha - ($R) Piloto D

0,5 ha - ($R) Total ($R)

2016/17 Preparação da área 2 570 2 710 2 550 1 860 9 690

2016/17 Insumos 560 560 650 320 2 090

2016/17 subtotal 3 130 3 270 3 200 2 180 11 780

2017 Implementação SAF 3 250 3 390 2 590 1 740 10 970

2017 Insumos 8 085 10 014 7 187 4 000 29 286

2017 subtotal 11 335 13 404 9 777 5 740 40 256

2018 Manutenção 2 510 2 510 1 680 1 100 7 800

2018 Insumos 2 194 2 194 1 340 1 354 7 082

2018 subtotal 4 704 4 704 3 020 2 454 14 882

2019 Manutenção e coleita 3 500 3 710 2 450 1 740 11 400

2019 Insumos 2 194 2 194 1 340 1 354 7 082

2019 subtotal 5 694 5 904 3 790 3 094 18 482

2020 e + Manutenção e coleita 3 290 3 060 2 590 2 120 11 060

2020 e + Insumos 1 694 1 694 1 340 1 354 6 082

2021 e + subtotal 4 984 4 754 3 930 3 474 17 142

Total ($R) 29 847 32 036 23 717 16 942 102 542

N.B. O orçamento das atividades (preparação da área, implementação/manutenção SAF, colheita) inclui o custo total da atividade pela FSN, seja realizado pelo pessoal da FSN (condução trator) ou pelos trabalhadores diaristas.

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V.6 Disposições operacionais Investimentos

Os investimentos necessários para os pilotos são reduzidos tomando em conta que será priorizado o uso dos equipamentos já presentes na FSN (maquinários, equipes...).

Investimentos

Item custo ($R)

Materiais para preparação biofertilizante 500

Materiais para manejo pragas 300

Construção de terreiro suspenso 2500

Implementos diversos 4000

total (R$) 7300

Secagem e beneficiamento do café

O beneficiamento do café será terceirizado nessa etapa. O volume reduzido da produção não pode viabilizar o investimento de um equipamento de benefício. Será realizado a través de um cerealista, sob controle da rastreabilidade de pessoal do projeto. O custo desse serviço não esta incluido no orçamento, pois terá que ser negociado com o cerealista.

Para a secagem do café será construído um terreiro suspenso na FSN para estabilizar o café. Para optimizar a qualidade, o benefício deverá ocorrer o mais rápido depois da secagem solar. Comercialização

A comercialização poderá ser feita através do mesmo cerealista, porém parece mais oportuno desenvolver uma parceria direta com um torrefador para avaliar com ele a qualidade do café e recuperar uma parte do café torrado para efeito de promoção/demostração do café produzido na FSN através da ONFI e parceiros, e também para o consumo na FSN. Coordenação

Em adição às necessidades de fundos para a implementação e mantenção dos pilotos, o projeto precisará de um orçamento alocado à coordenação das atividades afins. A equipe do projeto deverá contar no mínimo com uma pessoa de tempo parcial na FSN. Será um cargo para acompanhar e respeitar os itinerários técnicos, fazer a supervisão de trabalhadores e do monitoramento dos talhões e das despesas, e de informar sobre dificuldades encontradas.

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VI | Reflexões sobre o desenvolvimento do componente silvipastoril

Apesar de não ser uma atividade produtiva, a FSN tem utilizado o pastejo pelo gado para o controle de gramíneas nos talhões. Esta prática pode reduzir significativamente os custos com controle do capim e evitar o uso excessivo de herbicidas.

Gado pastejando dentro de talhão com plantio de árvores.

Por outro lado, a atividade pecuária apresenta potencial para ser desenvolvida de forma sustentável na FSN. Foi constado o interesse dos agricultores da região pela pecuária de corte e ao mesmo tempo verificado a necessidade de conhecimentos técnicos com a atividade produtiva. Sendo assim, desenvolver um modelo de produção silvipastoril pode aumentar o envolvimento dos agricultores na fazenda e gerar ganhos econômicos com a atividade. Os sistemas silvipastoris para pecuária de corte desenvolvidos pelo Idesam com produtores de Apuí, consiste de maneira geral no pastejo rotacionado em piquetes com linhas para sombreamento de árvores e com plantas forrageiras, além de bebedouros e cochos de sal mineral. O talhão 17b, com área total de 29,2 hectares, foi identificado como potencial para este tipo de sistema de produção.

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Vistas do Talhão 17b. Um projeto poderia ser feito para iniciar com a divisão de 25 hectares em 10 piquetes. Neste caso, cada piquete seria pastejado durante 4 dias com período de descanso de 36 dias. A capacidade de suporte deste sistema pode chegar a até 75 animais. Linhas de árvores com 2 metros de largura e espaçamento de 2 a 3 metros entre plantas, podem ser implantadas nos perímetros dos piquetes e protegidas com cerca elétrica. Outras linhas podem ser introduzidas no interior dos piquetes, reduzindo assim pela metade a área e o tempo de ocupação dos mesmos. A escolha das espécies para plantio deve levar em consideração o interesse econômico e os serviços fornecidos aos sistemas, como a fixação de nitrogênio e forragem para alimentação animal. Espécies como o Inga, Gliricidia e Leucena são ótimas fixadoras de nitrogênio e apresentam alto conteúdo de proteínas. Além destas, a Cratilia e o Margaridão são forragens arbustivas de alto valor nutricional e podem aumentar o ganho de peso animal. A existência de solos com baixa concentração de alumínio na fazenda é um fator favorável para testar a utilização da Leucena (variedade cunningham) para o pastejo intensivo, com cerca de 10 mil plantas por hectare em meio ao capim. A semeadura é feita juntamente com o capim dentro dos piquetes. Este tipo de sistema tem sido desenvolvido na Colômbia por mais de 30 anos, é chamado de sistema silvipastoril intensivo.

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Bibliografia

Principais artigos e obras consultadas: CONAB Monitoramento agrícola – Café – Safra 2016 - n. 3 - terceiro levantamento. Setembro 2016 CORRÊA DA COSTA R. S. et al Práticas agrícolas para o aumento da produtividade do cafeeiro em Rondônia. Porto Velho, RO: Embrapa Rondônia, 2012. CURITIBA ESPINDULA M. et al Vantagens do uso de clones no cultivo de cafeeiros canéfora (Conilon e Robusta) - Porto Velho, RO: Embrapa Rondônia, 2011.

EIRÓ F., TRICAUD S. Impacto social do Projeto Poço de Carbono Peugeot / ONF Brasil e diagnóstico socioeconômico do PA Juruena. ONF Brasil, 2009. 63 p.

IMAFLORA, IDESAM Guia para produção de café sustentável na Amazônia: experiência de Apuí (AM). 2015. 33p

MARCOLAN, A.L. et al Cultivo dos Cafeeiros Conilon e Robusta para Rondônia. 3. ed. rev. atual. – Porto Velho: Embrapa Rondônia: EMATER-RO, 2009.

NUNES, P. C. Et al. Semeando Esperança, Colhendo Bens e Serviços Ambientais. Resultados do Projeto Poço de Carbono Juruena. -- 1. ed. -- Juruena, Brasil. Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR). Projeto Poço de Carbono. 2011. 136 p.

SOUZA R. V. G. Avaliação do desenvolvimento vegetativo de cafeeiros arborizados e a pleno solo. Circular técnica 112. Porto Velho, RO: Embrapa Rondônia, 2009.

TRICAUD, S. Estado do conhecimento sobre a situação socioeconômica e ecológica dos atores produtivos de Cotriguaçu. ONFB – PETRA, 2014. 55p.

Sítios web consultados :

- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística http://www.ibge.gov.br/ - ICRAF http://www.worldagroforestry.org/ - Embrapa www.embrapa.br

Notamment “Cultivo do Café Robusta em Rondônia” article en ligne : http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Cafe/CultivodoCafeRobustaRO/index.htm

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Anexos

Anexo 1 : Atores encontrados e contatos Equipe ONF Brasil e PETRA Cleide Arruda, Diretora ONF Brasil ([email protected]) Alan Bernardes, Eng. Florestal ([email protected]) Christelle Ndagijimana, Coordenardora Petra ([email protected]) Gilberto Alves de Araujo Solange Ribeiro ([email protected]) Bruno Fraga ([email protected]) Agricultores de Cotriguaçu Luisão – PA Nova Cotriguaçu (comunidade Nova Esperança) Associação de Productores Rurais de Nova União Jucimar Malaquias de Souza – PA Juruena Lucia Dias Maciel – PA Juruena Cafeeiras (beneficiadoras/torrefadoras) Cafeeira União – Nova União – Cotriguaçu Cafeeira Colniza II – Nova União – Cotriguaçu Mitsui Alimentos Ltda. - Cuiabá Secretaria de Estado de Agricultura Familiar de Mato Grosso Leonardo Vivaldini Dos Santos ([email protected]) Grupo Semente Eloir BERNARDON ([email protected]) Municipio de Cotriguaçu Amilton CASTANHA, SEMA Cotriguaçu ([email protected]) EMPAER Marinete DA SILVA ([email protected] ) Instituto Centro de Vida Suzanne SCAGLIA, Solène TRICAUD, Elisangela SODRE Projeto Poço de Carbono Juruena - ADERJUR Paulo NUNES Eng. Agronômo Dino Antonio Pauli Consultor em planejamento agrícola e assistencia técnica - Cotriguaçu

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Anexo 2 : Cronograma da missão 16/05 Escritório ONF Brasil em Cuiabá:

- Reunião do equipe para a preparação da missão - Reunião com a SEAF (Secretaria de Estado de Agricultura Familiar)

17/05 Viagem até Juína 18/05 Juruena: Reunião com Paulo Nunes (ADERJUR) Cotriguaçu:

- Reunião com ICV (apresentação do projeto, identificação de produtores) - Reunião com EMPAER e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (apresentação do

projeto, programas em curso do Estado, identificação de produtores) - Encontro com Dino Antonio Pauli (consultor agronômo) para conversar sobre o cultivo e a

cadeia do café na região 19/05 FSN : Análise dos talhões identificados no estudo do ano passado para a implementação dos

SAFs café. Apresentação do projeto café consorciado em Apuí pelo IDESAM à equipe ONFB e aos

trabalhadores da FSN. 20/05 Visitas produtores e cafeeiras no PA Nova Cotriguaçu com a Técnica Empaer 21/05 Visitas produtores PA Juruena Trabalho interno equipe

22/05 Livre

23/05 Visitas dos sítios potenciais para piloto e amostragem de solos Reunião com Gilberto Alves de Araujo (ONFB) sobre componente silvipastoril

24/05 Viagem até Diamantino

25/05 Viagem até Cuiabá Reunião com Gerente de compras da torrefadora Mitsui em Cuiabá

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Anexo 3 : Nome científicos das plantas citadas

Leguminosas de cobertura/adubação verde

Crotalaria Crotalaria juncea

Fedegoso Senna reticulata

Feijão de porco Canavalia ensiformis

Feijão guandú Cajanus cajan

Flemíngea Flemingia macrophyla

Mucuna Mucuna pruriens

Especies arbóreas nativas

Angicos Senna alata (sp mais comum da região)

Figueira branca Ficus guaranitica / Ficus sp.

Ingazeiro Inga sp / Inga edulis

Mutamba Guazuma ulmifolia

Parica (MT) Bandarra (RO) Schizolobium amazonicum

Anexo 4 : Resultados amostragem de solos Página seguinte

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Solicitante:

Data Protocolo:

Municipio:

RESULTADOS ANALÍTICOS DE AMOSTRAS DE SOLO - (Químic a/Física)

Propriedade:

NºLab.pH

Água CaCI

P K

mg/dm³

Ca+Mg Ca

cmol

Mg AI H

/dm³c g/dm³

Areia Silte

g/Kg

Argila CTC

cmol /dm³c

Soma deBase (S)

%

Sat porBases (V)

RELAÇÕES

Ca/K Mg/K

SATURAÇÃO (%) POR:

Ca Mg K HSAT. AI

ONF BRASIL - GESTÃO FLORESTAL LTDA CUIABÁ

25/05/2016 16:31:41

Agua Ca/Mg

FAZENDA SÃO NICOLAUProtocolo: 18912

Prof.MatOrgAmostra

SOUZA NETO & SOUZA LTDAAv. Fernando Correa da Costa, 7.421 - Bairro São José - Cep:78080-535 - Cuiabá - MTCNPJ: 37.443.074/0001-02 Inscrição Estadual: Isento Inscrição Municipal: 45184Fone/Fax: (65) 3634-3893 / 3634-3774E-mail de contato: [email protected]

²

TH 11B 5.2 4.4 1,9 45,2 1,46 1,05 0,41 0,38 3,87 21,3 390 133 477 1,58 5,83 27,10 2,56 8,94 3,49 18,01 7,03 2,02 66,3819,390*20107044

TH 11C 5.3 4.5 2,5 31,7 2,03 1,45 0,58 0,35 4,83 30,4 456 134 410 2,11 7,29 28,94 2,50 17,60 7,04 19,89 7,96 1,13 66,1914,230*20107045

TH 30 5.2 4.5 2,8 27,7 1,22 0,85 0,37 0,38 2,92 14,5 756 056 188 1,29 4,59 28,10 2,30 11,81 5,14 18,52 8,06 1,57 63,6222,750*20107046

TH 64 5.4 4.6 2,2 23,8 1,16 0,80 0,36 0,28 2,02 9,7 790 041 169 1,22 3,52 34,66 2,22 12,92 5,82 22,7310,231,76 57,3918,670*20107047

mg/dm³=ppmcmol /dm³=me/100cm³g/dm³=%x10g/Kg=%x10SAT. AI = m%=Al÷(Al+S)x100

Métodos de Análises* pH(H²O) - em água na proporção de 1:2,5 (solo: água).* pH(CaCl ) - em solução de cloreto 0,01M, na proporção1:2,5(solo: Ca CI )

* Pek - extraídos com solução de HCI 0,05 N e H²SO 0,025N (Mehlich).* Ca, Mg e Al - extraídos com solução de cloreto de potássio 1 N* H - extraído com acetato de cálcio a pH=7

* M.O. - (matéria Organica) - Oxidação com bicromato de potássioe determinação colorimétrica.* AREIA, SILTE E ARGILA - dispersante Na OH, e determinaçãopor densímetro.

4

cResp. Técnico

Data Assinatura: 02/06/2016 06:48:09

Obs.:

²²

JOSÉ JOAQUIM DE SOUZA NETOQuimico - CRQ - XVI - 16100078-MT

Amostras coletadas no dia 22/05/2016.

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RESULTADOS ANALITICOS DE SOLO

Solicitante:Propriedade:Municipio:Data Protocolo:

ONF BRASIL - GESTÃO FLORESTAL LTDAFAZENDA SÃO NICOLAU

CUIABÁ25/05/2016 16:31:41 Protocolo: 18912

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Numer.Labor.

No. DaAmostra

Znmg/dm3

Cumg/dm3

Femg/dm3

Mnmg/dm3

Bmg/dm3

Smg/dm3

Profundidade

SOUZA NETO & SOUZA LTDAAv. Fernando Correa da Costa, 7.421 - Bairro São José - Cep:78080-535 - Cuiabá - MTCNPJ: 37.443.074/0001-02 Inscrição Estadual: Isento Inscrição Municipal: 45184Fone/Fax: (65) 3634-3893 / 3634-3774E-mail de contato: [email protected]

107044 TH 11B 0,9 0,8 198 44,5 0,44 11,10*20

107045 TH 11C 1,1 0,7 208 65,6 0,37 12,00*20

107046 TH 30 3,4 0,6 168 88,3 0,49 11,00*20

107047 TH 64 1,3 0,7 82 67,5 0,36 11,10*20

OBS.: Extratores: Zn, Cu, Fe, Mn - Mehlich - 1 (H2SO4 0.025N + HCL 0.05N)S => Fosfato de CalcioB => Agua Quente

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Data Assinatura: 02/06/2016 06:48:09Quimico - CRQ - XVI - 16100078-MTJOSÉ JOAQUIM DE SOUZA NETO

Amostras coletadas no dia 22/05/2016.