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Vida Comunitária 1

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Page 1: Vida Comunitária 1

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estarmos atentos e controlar nosso jeito de ser e de falar, e sobretudo, de julgar. Três princípios importantes não podemos esquecer, na vida comunitária. A vida comunitária é baseada na fé.♣ “Congregavit nos in unum, Christi amor”, se cantava outrora in latim, mas a frase vale ainda. em português e em todas as línguas!! É o amor de Cristo que nos convocou, e estamos juntos por Ele, não por gostos humanos, amizades, simpatias. Não podemos nunca esquecer isto!.. A vida comunitária exige contínua conversão.♣ Para “burilar’ a imagem de Cristo em nós, o ES precisa de tempo, e precisa da nossa colaboração, para melhorar nosso caráter, para saber perder, para saber recomeçar, para perdoar, para sair de nosso bunker! A vida comunitária não vem já embalada, pronta, para uso e consumo, mas é sempre um querer, um ideal a ser perseguido, um processo contínuo ou que deve ser sempre recomeçado. O segredo é exatamente este da conversão: saber recomeçar todos os dias, “deletando” a cada manhã o que foi ruim no dia de ontem. Buscar a perfeição sim,♣ perfeccionismo não! É preciso ter bem presente algo muito importante, que uma sadia psicologia, nos ensina, e pode nos ajudar bastante no nosso dia-dia: a VR (como vimos acima) é caminho de santidade e perfeição, quando busca radicalmente o Absoluto.Mas em nenhuma hipótese é perfeccionismo. O perfeccionismo na VR e comunitária não pode e nem deve vingar, pois bloqueia, gera insegurança, mata a alegria de viver juntos. ENTENDER! “Entender”, é entrar na tenda. Na tenda não há nada escondido.Não há divisórias, quartos, salas especiais..É só olhar e, imediatamente, se tem idéia do que o dono possui ou não.Ali dentro não há segredos. Na tenda tudo está à vista. Tudo é simples! Posso dizer que entendo o outro, quando entro na sua tenda, e o deixo entrar na minha: no coração! Quando nos amamos como somos!” (Pe.Alir Sangiotto) 4) Aprofundando a) Qual a qualidade da vida comunitária em nossas casas? b) Como melhorar nossa estima mútua, o trato entre nós, o jeito de nos comunicar?

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. FRASES ASSASSINAS E CONSTRUTIVAS “Guardemo-nos da palavra má e contrária à caridade: quantas vezes uma palavra imprudente tem feito o próximo perder a paz e o sono” (S. José Marello) 1) Um pouco de teologia da VR A VR é vivência radical da Aliança Batismal, busca do Deus único Absoluto.Como religiosos, pertencemos a Deus, e vivemos um culto de liturgia e adoração a Deus, em tudo que fazemos. É a vida toda, e toda a vida celebrada em intimidade com Deus. O termo Oblação exprime no nosso caso peculiar, esta realidade de ofertório - entrega de vida, como S. José, que assumimos com a Consagração. Mas esta busca do Absoluto, é vivida de forma comunitária, que é apoio e meio para esta finalidade.A vida comunitária é uma “schola amoris” de serviço e doação ao irmão, na linha Trinitária.A vida comunitária é exigente e requer maturidade, acolhida de nossa humanidade, aceitar a outra pessoa como ela é, superando nossos complexos, (culturais, idade, estudos, temperamentos), medos, inseguranças. O que se busca na VR é a comunhão não só de bens, mas de corações, feita de autenticidade, empatia, respeito, e afeto, tendo sempre como pano de fundo a SS. Trindade. 2) Partindo de uma experiência Nos propomos aqui, após estas breves linhas de teologia da VR, mostrar como em nossa vida comunitária, podemos crescer, melhorar, se todos nós, prestarmos atenção, àquilo que dizemos, e como o dizemos. Na vida comunitária, existem os conflitos abertos ou latentes, que geram divisões, desuniões, e que muitas vezes desembocam em verdadeiras “frases assassinas”. De fato, certas frases matam a comunidade, portanto são assassinas. Matam o irmão, o ambiente, o grupo, o projeto que assumimos. Podem muito bem ser substituídas por outras, que com certeza vão ajudar a ver o positivo no irmão, a olhar o outro com o olhar de quem sabe que ninguém é perfeito. São construtivas, portanto, no sentido de que deixam sempre abertura, para o melhor, e, sobretudo para a caridade. Uma experiência, acontecida na Itália, em forma de oficina, por 250 religiosos (as), detectou esta realidade, que certamente não é exclusiva daquele país. Ela está presente em todas as latitudes e longitudes.O objetivo aqui é então, tomar consciência desta realidade, para melhorar a qualidade de nossa vida comunitária. 2.1) Frases assassinas e construtivas

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a) Um primeiro grupo destas frases são faladas em ocasião de encontros, assembléias, reuniões: “tudo papo furado”; “um monte de reuniões inúteis”; “perdi o meu tempo”.. Estas frases podem apresentar o descontentamento, sobre o andamento da reunião, sobre o seu conteúdo, ou a fragilidade de um tema, palestra etc, mas, por outro lado, ou podem esconder também, uma certa má vontade de se encontrar, ou não querer ouvir determinados assuntos, ou uma forma egoística e orgulhosa de viver e administrar a “minha” VR tipo; “quero que me deixem em paz!”, “não me amolem!”, “eu sei fazer melhor”, “se estivesse eu lá..”. Todos nós, um dia ou outro, falamos ou pensamos (pelo menos.) estas frases, e não paramos para refletir que de verdade “matam” os organizadores do encontro, que, quase sempre, se esforçaram para “caprichar”.Todos nós, ao assumir um compromisso, fazemos de tudo para executá-lo da melhor forma possível, mas muitas vezes, imprevistos, dificuldades de última hora, situações especiais não conhecidas por todos, podem atrapalhar o andamento e o sucesso. Talvez devamos corrigir esta atitude valorizando o encontro comunitário, aproveitando ao máximo, e participando mais. Sempre é bom lembrar que vez ou outra eu poderei estar no papel de coordenador, e passar por estes problemas.E há sempre espaço para dar uma força ao confrade, ou encorajamento, ou então ficar calado..Mas o mais importante será ajudar, dar uma mão, e neste caso, fica mais bonito, por exemplo, dizer: “conte comigo a próxima vez!”; “a próxima vez posso ajudar nisso quer?” E quando o encontro foi bom, não custa cumprimentar o confrade e se alegrar com ele até com um simples “valeu! parabéns gostei!” Isto faz crescer o irmão em Deus e na auto-estima dele. b) Outro grupo de frases, diz respeito ao trabalho pastoral, ao serviço que cada um desenvolve no dia-dia. Não é fácil aceitar sugestões, acolher o ponto de vista do outro.Aí saem frases como estas: “quem te chamou?” “se é tão bom, faça você!” Por trás de frases assim nota-se uma gestão de trabalho pastoral muito pessoal, como fosse propriedade particular.Em muitas fazendas do Brasil, na entrada têm placas bem grandes, com a escrita: “Propriedade do fulano de tal.Proibida a entrada!” O trabalho a nós confiado, não é fazenda particular.Com isso não se quer dizer que todos podem entrar e sair a qualquer momento, pois é evidente que existem as responsabilidades de cada um, bem como sabemos que certas situações demandam além de privacidade, competência especial para o cargo.. Mas talvez, respeitando a missão de cada um, será sempre possível, nos ajudar mais, trabalhar mais em conjunto, partilhar e confiar nos confrades, ou até deixar que outros nos ajudem e dêem sugestões.Há sempre espaços, que possibilitam esta opção. Por exemplo, como seria bom aprendermos a elogiar os confrades, falar bem dele também para pessoas fora da comunidade; “sim ele é mesmo competente!”; “é muito bom nisso”. (Isto se chama: fococas-ao-avesso!). Se interessar pelo trabalho do outro, é uma forma de valorizar a pessoa, sem tomar o lugar dele; o saber se aproximar na hora do fracasso, ou numa atitude de silêncio 3

respeitoso se for preciso, ou sabendo dizer de coração; “sinto muito mesmo..Haverá outra chance e vai dar certo...” nos aproxima como comunidade, e nos distancia do egoísmo pastoral. É sempre bom lembrar que ninguém é perfeito, e amanhã eu posso precisar desta força de algum irmão. c) Há outro tipo de frases, que parecem com àquelas logo acima, mas, na realidade, tem nuances diferentes, pelo contexto e o jeito em que são proferidas. “Isto não é da minha conta”, “isto é do fulano, que se vire!”. Aparentam respeito pelo outro, mas podem esconder uma atitude egoísta, de lavar as mãos, quando não de se alegrar com as dificuldades e fracassos do irmão.Tudo o que acontece na comunidade ou província, é nosso, da nossa conta, mesmo que não seja responsável direto. O sucesso ou menos de uma pastoral, de um trabalho, deve fazer-nos vibrar ou entristecer interiormente, conforme os casos.. Precisamos torcer para que dê certo, não torcer contra! Aqui também há outra forma de falar, (ou pensar) que pode ajudar: “vou conversar com aquele confrade e partilhar seus problemas”. “precisando estou á sua disposição!”. Pode não ser muito, mas mostrar interesse pelo outro, estar do lado dele, é também mostrar que a comunidade ou a Província-Congregação é “coisa nossa”. d) Existem ainda outras situações bem simples na vida comunitária.Por exemplo: muitas vezes, quase inconscientemente, observamos mais as coisas ruins do que as boas e acabamos para criar um clima pesado no ar: “Sim, fulano é pessoa boa, mas tem este defeito..” “Minha comunidade é boa, mas não vou com a cara daquele fulano..” “perdôo, mas depois dessa não é mais como antes!” Nestes casos, bom mesmo, é sempre mostrar o lado positivo, cuidando para evitar bate-bocas! Isto é ir à contramão. Isto é um desafio que muda lentamente uma comunidade.Deus tem misericórdia de nós, nos vê com olhar de misericórdia, e como é bom ver a vida, o dia - dia, os irmãos assim.Por quanto um lugar seja difícil, um irmão seja complicado, há sempre possibilidade para ver aspectos positivos e dizer: “fulano é bom nisso,vamos valorizá-lo”, “vamos ver se podemos melhorar alguma coisa nesta casa?”, “ é o fulano que não vai com a minha cara ou sou eu que não vou com a cara dele?”. Aqui vale lembrar também, que o perdão é essencial na vida comunitária.Pedir o perdão ou oferecê-lo é atitude cristã antes de ser VR e requer de ambos os lados humildade. Julgar intenções ou atitudes requer um conhecimento profundo do interior da pessoa, que não é mesmo possível.A sociedade do capital e comércio, não vive com certeza o princípio da confiança na pessoa, mas na VR, a confiança no outro, é “conditio sine qua non” para sermos irmãos. Além disso, só aceitando a fragilidade da pessoa que erra, é caminho para que os outros aceite a minha! 3) Três princípios fundamentais Poderíamos continuar nesta lista! Creio que deu para entender, como nossa vida comunitária, pode alcançar uma qualidade maior; basta