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Materiais de Construo I
O VIDRO
srie MATERIAIS
Joo Guerra Martins
Emanuel Lopes Pinto 1. edio / 2004
Apresentao
Este texto resulta do trabalho de aplicao realizado pelos alunos da disciplina de Materiais de
Construo I do curso de Engenharia Civil, sendo baseado no esforo daqueles que frequentaram a
disciplina no ano lectivo de 1999/2000, vindo a ser anualmente melhorado e actualizado pelos
cursos seguintes.
A sua fonte assenta nas sebentas das cadeiras congneres da Academia Militar, Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto e Instituto Superior Tcnico de Lisboa, bem como de outros
documentos de entidades reconhecidas (caso do L.N.E.C.), bibliografia e pesquisas diversas.
Contributo decisivo teve, igualmente, o Eng. Antnio Emanuel Lopes Pinto, sendo parte
importante do texto apresentado contedo revisto da monografia de licenciatura por si elaborada.
Pretende o seu teor evoluir permanentemente no sentido de responder quer especificidade dos
cursos da UFP, como contrair-se ao que se julga pertinente e alargar-se ao que se pensa omitido.
Esta sebenta insere-se num conjunto que perfaz o total do programa da disciplina, existindo uma por
cada um dos temas base do mesmo, ou seja:
I. Metais
II. Pedras naturais III. Ligantes IV. Argamassas V. Betes
VI. Aglomerados VII. Produtos cermicos
VIII. Madeiras IX. Derivados de Madeira X. Vidros
XI. Plsticos XII. Tintas e vernizes
XIII. Colas e mastiques
Embora o texto tenha sido revisto, esta verso no considerada definitiva, sendo de supor a
existncia de erros e imprecises.
Conta-se no s com uma crtica atenta, como com todos os contributos tcnicos que possam ser
endereados. Ambos se aceitam e agradecem.
Joo Guerra Martins
Srie Materiais O Vidro
I
Sumrio
Este trabalho tem como objectivo o estudo do vidro como matria-prima na construo civil.
De uma forma global, pretende-se abordar a sua origem, passando pelas tcnicas de
fabricao, os tipos de vidro existentes no mercado e a sua aplicao prtica.
O texto est dividido em cinco captulos fundamentais:
O primeiro captulo dedicado, fundamentalmente, origem do vidro e aos processos de fabricao;
No segundo captulo so abordadas as caractersticas e propriedades do vidro;
No terceiro captulo faz-se referncia aos diferentes tipos de vidros existentes, suas caractersticas especiais e a sua aplicao na construo civil;
O quarto captulo aborda toda a metodologia intrnseca ao dimensionamento de vidros;
No quinto e ltimo captulo foca-se a temtica da colocao do vidro em obra e a sua armazenagem, passando pela escolha da caixilharia, tipo de calos e o seu
dimensionamento, tipo de juntas e tipo de vedantes a utilizar entre outros aspectos.
Srie Materiais O Vidro
II
ndice Geral
Sumrio ......................................................................................................................................I
ndice Geral ............................................................................................................................. II
ndice de Figuras .................................................................................................................. VII
ndice de Tabelas....................................................................................................................IX
1. O vidro e processos de fabricao....................................................................................... 1
1.1. O vidro e a sua origem ...................................................................................................... 1
1.1.1. A evoluo........................................................................................................................ 2
1.2. Histria da indstria vidreira em Portugal .................................................................... 3
1.3. Dificuldades da indstria vidreira nos seus primrdios ................................................ 4
1.4. Produo do vidro plano................................................................................................... 5
1.4.1. Processo Libbey-Owens................................................................................................... 7
1.4.2. Processo Pittsburgh .......................................................................................................... 7
1.5. Os fornos ............................................................................................................................ 9
2. Caractersticas gerais e propriedades do vidro ............................................................... 11
2.1. Composio ...................................................................................................................... 11
2.2. Propriedades fsicas......................................................................................................... 12
2.2.1. Densidade ....................................................................................................................... 12
2.2.2. Dureza ............................................................................................................................ 13
2.2.3. Resistncia abraso...................................................................................................... 13
2.3. Propriedades mecnicas ................................................................................................. 13
2.3.1. Elasticidade .................................................................................................................... 13
2.3.2. Resistncia traco ...................................................................................................... 14
2.3.3. Resistncia compresso ............................................................................................... 14
Srie Materiais O Vidro
III
2.3.4. Resistncia flexo........................................................................................................ 14
2.4. Propriedades trmicas .................................................................................................... 16
2.4.1. Calor especfico.............................................................................................................. 16
2.4.2. Condutividade trmica ................................................................................................... 16
2.4.3. Dilatao linear .............................................................................................................. 17
2.4.4. Transmisso trmica....................................................................................................... 17
2.4.4.1. Radiao solar global ............................................................................................. 18
2.5. Tenses Trmicas ............................................................................................................ 24
2.5.1. Resistncia ao choque trmico ....................................................................................... 25
2.5.2. Resistncia ao fogo......................................................................................................... 25
2.6. Propriedade acsticas ..................................................................................................... 27
2.6.1. Intensidade, presses e nveis acsticos......................................................................... 27
2.6.2. Frequncia ...................................................................................................................... 28
2.6.3. Transmisso de sons....................................................................................................... 28
2.6.4. Altura.............................................................................................................................. 29
2.7. Propriedades espectro fotomtricas (pticas)............................................................ 29
2.7.1. Transmisso da radiao atravs do vidro...................................................................... 29
2.7.2. Transmisso luminosa .................................................................................................... 31
2.7.3. Transmisso energtica .................................................................................................. 31
2.7.3.1. Factor Solar ............................................................................................................ 32
2.8. Cores................................................................................................................................. 32
2.8.1. O efeito do ferro na cor .................................................................................................. 33
2.8.2. O efeito do crmio na cor............................................................................................... 34
2.8.4. Cor mbar....................................................................................................................... 34
2.8.5. Cores verdes ................................................................................................................... 35
3. Tipos de vidros e derivados ............................................................................................... 37
3.1. Diferenas entre vidro estirado, float e cristal.............................................................. 37
3.5. Espelhos............................................................................................................................ 40
3.6. Vidro aramado................................................................................................................. 42
Srie Materiais O Vidro
IV
3.7. Vidro temperado ............................................................................................................. 43
3.7.1. Definio e processo de fabrico ..................................................................................... 43
3.7.2. Tipos de Tempera........................................................................................................... 44
3.8. Laminado ......................................................................................................................... 47
3.8.1. Definio e processo de fabrico ..................................................................................... 47
3.8.2. Propriedades ................................................................................................................... 48
3.9. Vidro curvo laminado .................................................................................................. 50
3.10. Vidro curvo .................................................................................................................... 50
3.11. L de Vidro .................................................................................................................... 50
3.12. L Mineral ..................................................................................................................... 53
3.13. Tijolos ou bloco de Vidro.............................................................................................. 53
3.13.1. Modo de aplicao ....................................................................................................... 54
3.14. Vidros duplos ................................................................................................................. 54
3.14.1. Bloqueio trmico .......................................................................................................... 54
3.14.2. Bloqueio acstico ......................................................................................................... 55
3.15. Vidros de segurana ...................................................................................................... 55
3.15.1. Tipos de acabamentos .................................................................................................. 56
4. Dimensionamento de vidros para a construo civil....................................................... 57
4.1. Determinao da espessura Frmula geral................................................................ 57
4.2. Determinao da Espessura Vidros para edifcios.................................................... 60
4.2.1. Determinao da presso do vento................................................................................. 60
4.2.1.1. Zonamento do territrio.......................................................................................... 60
4.2.1.2. Rugosidade aerodinmica do solo .......................................................................... 61
4.2.1.3. Quantificao da aco do vento ............................................................................ 61
4.2.1.4. Presso dinmica do vento ..................................................................................... 61
4.3. Dimenses e superfcies do vidro ................................................................................... 63
4.3.1. Factor de reduo para os vidros em caixilhos fixos ..................................................... 63
4.3.2. Escolha da espessura do vidro........................................................................................ 63
Srie Materiais O Vidro
V
4.3.3. Dimenses mximas de utilizao............................................................................... 64
4.3.4. Vrias aplicaes e recomendaes ............................................................................... 64
5. Colocao do vidro em obra.............................................................................................. 65
5.1. Independncia em relao ao vo .................................................................................. 65
5.1.1. Generalidades ................................................................................................................. 65
5.2. Folgas a considerar em vos........................................................................................... 66
5.3. Calos................................................................................................................................ 69
5.3.1. Tipos de Calos .............................................................................................................. 70
5.3.2. Dimensionamento e colocao dos calos ..................................................................... 71
5.4. Juntas de neoprene.......................................................................................................... 73
5.5. Posicionamento ................................................................................................................ 73
5.5.1. Generalidades ................................................................................................................. 73
5.5.2. Vidro Exterior Agrafado (VEA) Vidro temperado ..................................................... 76
5.5.2.1. Disposies particulares ......................................................................................... 77
5.5.2.2. Domnio de aplicao e de emprego ...................................................................... 78
5.5.2.3. Condies gerais de concepo .............................................................................. 78
5.5.3. Vidro exterior colado (VEC).......................................................................................... 78
5.5.3.1.- Contraventamentos de envidraados..................................................................... 82
5.5.4. Estanquidade Vidro Caixilharia .................................................................................. 83
5.5.4.1. Descrio do problema ........................................................................................... 83
5.5.4.2. Natureza dos vedantes ............................................................................................ 84
5.5.4.2.1. Vedantes de endurecimento total por oxidao .............................................. 84
5.5.4.2.2 Vedantes plsticos endurecveis com o tempo ................................................ 84
5.5.4.2.3. Vedantes plsticos que conservam a sua plasticidade inicial ......................... 85
5.5.4.2.4. Vedantes plastoelsticos (ou elastoplsticos) ................................................. 86
5.5.4.2.5. Vedantes elsticos........................................................................................... 86
5.5.4.2.6. Outros vedantes............................................................................................... 87
5.5.4.3. Preparao dos rebaixos e dos bites ....................................................................... 88
5.5.4.4. Preparao dos vedantes......................................................................................... 89
5.5.4.5. Colocao dos vedantes.......................................................................................... 90
Srie Materiais O Vidro
VI
5.5.4.6. Escolha dos vedantes e dos sistemas de vedao ................................................... 90
5.6. Corroso do vidro............................................................................................................ 98
5.7. Armazenamento do Vidro ......................................................................................... 100
5.7.1. Cuidados especiais a ter com o armazenamento de vidros de segurana laminados ... 102
Concluso .............................................................................................................................. 103
Anexos ................................................................................................................................... 105
Anexo I - Variedades de tipos e acabamentos [1]. ............................................................. 106
Anexo II - Exemplos da gama de placas de l de vidro que a empresa Fibrosom tem no
mercado (fonte: Internet - www.fibrosom.pt, 25/11/03). .................................................. 107
Anexo III - Tipos de tijolo de vidro da marca Saint-Gobain ........................................... 110
Anexo IV - Factores solares de diferentes tipos de vidros em funo dos factores de
transmisso energtica:........................................................................................................ 111
Anexo V - Raios Solares atingindo uma vidraa e suas repercusses ............................. 113
Anexo VI - L de Vidro como isolante Acstico................................................................ 114
Anexo VII - L de Vidro como isolante Trmico .............................................................. 115
Anexo VIII - Estabilizadores............................................................................................... 116
Anexo IX - Nmero de chapas a Empilhar/Tipo de vidro................................................ 117
Anexo X Resumo dos tipos de Vidro Especiais na Arquitectura.................................. 118
Bibliografia ........................................................................................................................... 121
Srie Materiais O Vidro
VII
ndice de Figuras
Figura 1 Processo Fourcault de produo contnua do vidro estirado [1].___________ 5
Figura 2 Processo Libbey-Owens de produo contnua de vidro estirado [1]._______ 7
Figura 3 - Processo Pittsburgh Plate Glass Company (PPG) [1].____________________ 8
Figura 4 Processo de fabricao do vidro polido (processo antigo) [1]______________ 8
Figura 5 Processo Pittsburgh com a introduo do float [1].______________________ 9
Figura 6 Radiao solar global mxima Superfcies verticais [8]. _______________ 19
Figura 7 Temperaturas exteriores no Vero - mximas absolutas [8]._____________ 20
Figura 8 Temperaturas exteriores de Inverno - mnimas absolutas [8].____________ 20
Figura 9 Fabricao do vidro impresso [1].___________________________________ 38
Figura 10 Grfico espectro solar [1]. ________________________________________ 40
Figura 11 Tenses induzidas no vidro temperado [1]. __________________________ 44
Figura 12 Aparncia do vidro temperado em fornos verticais [1]. ________________ 45
Figura 13 Atenuao sonora [1].____________________________________________ 49
Figura 14 Fabrico de L de vidro Processo do filtro de ar [1].__________________ 51
Figura 15 Processo contnuo de produo de fibras txteis [1].___________________ 51
Figura 16 Processo contnuo com uso de tambor [1]. ___________________________ 52
Figura 17 Tijolos ou Blocos de Vidro. _______________________________________ 53
Figura 18 Bordas dos vidros temperados [1]. _________________________________ 56
Srie Materiais O Vidro
VIII
Figura 19 Golas de madeira ou de metal [1].__________________________________ 67
Figura 20 Tipos de golas [1]. _______________________________________________ 68
Figura 21 Calos [7]. _____________________________________________________ 69
Figura 22 Tipos de caixilhos [2]. ____________________________________________ 74
Figura 23 Esquema das dimenses das golas [2]. ______________________________ 75
Figura 24 Junta preenchida com mstique de silicone [2]. ______________________ 76
Figura 25 Esforos Vidro exterior agrafado [7]. _____________________________ 78
Figura 26 Fixao Vidro exterior agrafado [7]. ______________________________ 79
Figura 27 Esquema de aplicao Vidro exterior colado [7]. ____________________ 81
Figura 28 Portas com bandeira fixa fraccionada [2]. ___________________________ 82
Figura 29 Portas com bandeira fixa inteira [2]. _______________________________ 83
Figura 30 Gola aberta com moldura de vedao Sem contra-vedao [2]. ________ 91
Figura 31 Gola aberta com moldura de vedao Com contra-vedao [2]. _______ 92
Figura 32 Gola fechada com bites Sem vedao (gola seca) [2]._________________ 92
Figura 33 Gola fechada com bites Com vedao do lado do bite [2]._____________ 93
Figura 34 Gola fechada com bites Com contra-vedao [2]. ___________________ 93
Figura 35 Gola fechada com bites Com vedao e contra-vedao [2].___________ 94
Figura 36 Sistema composto de vedao [2]. __________________________________ 96
Figura 37 Sistema composto de vedao [2]. __________________________________ 96
Figura 38 Sistema composto de vedao [2]. __________________________________ 97
Srie Materiais O Vidro
IX
ndice de Tabelas
Tabela 1 Tenses de segurana flexo de vidros recozidos e temperados 12
Tabela 2 Propriedades mecnicas comparativas de alguns materiais 12
Tabela 3 Coeficientes de dilatao linear de diversos materiais 14
Tabela 4 Radiao solar mxima Superfcies verticais 15
Tabela 5 Radiao solar global mxima Superfcies inclinadas 16
Tabela 6 Temperaturas exteriores convencionais 17
Tabela 7 Temperaturas interiores 17
Tabela 8 Coeficientes de transferncia de calor 18
Tabela 9 Temperatura mdia nas superfcies interiores 18
Tabela 10 Temperatura mdia nas superfcies exteriores por conveco natural 18
Tabela 11 Temperatura mdia nas superfcies interiores por conveco natural 19
Tabela 12 Resistncia trmica / Posio do envidraado e do sentido do fluxo de calor 19
Tabela 13 Coeficiente de condutibilidade trmica / Espessura da camada 20
Tabela 14 Coeficiente de condutibilidade trmica / Tipo de vidro 20
Tabela 15 Graus atingidos por elementos de construo exposta a um incndio simulado 22
Tabela 16 Tipo de som / Local da emisso Grau de intensidade do som 24
Tabela 17 Nvel sonoro do ambiente exterior 25
Tabela 18 Espessura da pelcula de PVB de vidros laminados / % de radiao filtrada 43
Tabela 19 Empenamento admissvel em mm / dimenses dos vidros 44
Tabela 20 Coeficiente de Timoshenko 53
Tabela 21 Converso de unidades 54
Tabela 22 Tenses de trabalho admissveis 54
Tabela 23 Tabela de converso das velocidades do vento em presses dinmicas 57
Tabela 24 Tabela de obteno da presso dinmica do vento 57
Tabela 25 Limitao de largura e comprimento mximo 58
Tabela 26 Folga mnima / Semipermetro 63
Tabela 27 Comprimento dos calos em funo do tipo de material de que so feitos 66
Tabela 28 Comprimento dos calos em funo da dureza do neoprene 67
Tabela 29 Dimenses das golas em funo do tipo de golas 70
Tabela 30 Portas com bandeira fixa fraccionada / Necessidade de contraventamento 77
Tabela 31 Portas com bandeira fixa inteira / Necessidade de contraventamento 78
Srie Materiais O Vidro
1
1. O vidro e processos de fabricao
1.1. O vidro e a sua origem
A data exacta da descoberta do vidro ainda no foi encontrada e em relao a este assunto
existem diversas opinies. Mas um consenso foi estabelecido: a existncia deste material
bastante remota. Tambm no so conhecidos dados especficos sobre a sua origem. Alguns
historiadores afirmam que a sua descoberta remonta a 3000 anos a.C. (5000 a.C.) e os
primeiros objectos de vidro foram encontrados nas necrpoles egpcias.
Com a descoberta da impermeabilizao das vasilhas atravs de um verniz que se obtinha a
partir de uma mistura fundida de soda natural, substncia esta que se encontrava em grandes
propores no deserto Ocidental do Egipto, ou extrada das cinzas de certas plantas ricas em
alcalis, com pedra calcria ou cal e areia de quartzo. Deitava-se este lquido sobre os
recipientes depois de frios ou submergia-se em massa de fuso e ficava coberto de uma
pelcula solidificada de vidro.
Tambm se atribui a Tebas o bero da indstria vidreira egpcia. Desde 1550 a.C. at era
crist, o Egipto conservou o primeiro lugar na indstria do vidro. Foi dos mercadores fencios
que este material foi levado a todos os mercados do Mar Mediterrneo. A partir do momento
em que esta indstria se estabeleceu em Roma o seu desenvolvimento e aperfeioamento
foram dignos de registo. Os romanos aprenderam esta arte com os egpcios mas
desenvolveram processos de lapidagem, pintura, colorido, gravura e a moldagem do vidro
assoprado. Estvamos, ento, no tempo de Tibrio quando esta indstria se expande aos
outros pases conquistados pelos romanos.
Mas esta indstria correu srios riscos com a invaso dos brbaros. Outro nome a
salvaguardar o de Constantino Magno que, ao mudar a capital para Bizncio, levou consigo
excelentes trabalhadores do vidro. Foi nesta poca que o Oriente passou a ter o monoplio
deste comrcio. O fabrico de artigos de vidro foi incentivado por Teodsio II que isentou os
seus trabalhadores de diferentes tipos de impostos e dava-lhes outros benefcios, quer sociais
quer comerciais. O vidro nesta poca tinha um grande valor. Inclusivamente os romanos,
Srie Materiais O Vidro
2
quando invadiram o Egipto, estabeleceram como imposto de guerra o fornecimento de
artefactos de vidraria. Mais uma vez, os romanos desenvolveram a arte do vidro para a
decorao, desta feita fabricando objectos de luxo.
Ao longo dos anos a proteco aos vidreiros foi elevada, chegando-se ao ponto de proibir a
sada destes operrios para o estrangeiro.
Como exemplo, cite-se o monoplio das fbricas e oficinas de Murano, pequena ilha prxima
de Veneza, para onde em 1289 haviam sido transferidas todas as oficinas, para que os
trabalhadores pudessem ser mais controlados e para preservar a cidade do perigo dos
incndios. Apesar de todos os esforos, alguns trabalhadores conseguiram emigrar para a
Alemanha e a desenvolver esta indstria que, a pouco e pouco, se foi espalhando pelo
mundo.
Em relao a Veneza no podemos ignorar a participao de alguns artistas, como o caso de
Beroviero e Godi de Padua. As tentativas de retirar de Veneza todo este monoplio
comearam pela Alemanha, que a foi buscar alguns artistas e conseguiu desenvolver esta
indstria. Os artistas que aqui estavam transformaram e aperfeioaram os processos de fabrico
e o estilo das obras feitas anteriormente. Veneza fazia-se representar pelas filigranas e os
artistas alemes, por sua vez, apresentavam peas esmaltadas em relevo, nas quais
sobressaam brases e diversas figuras alegricas. Alguns dos artistas que assinaram estas
obras foram: Scaper, Benchat, Keyel e Kunkel.
De seguida de salientar Gaspas Lehman, checoslovaco, que iniciou o fabrico do vidro e
cristal gravado e lapidado. Ao longo do tempo a indstria vidreira espalhou-se por todo o
mundo.
1.1.1. A evoluo
At 1500 a.C., o vidro tinha pouca utilidade prtica e era utilizado principalmente como
adorno. A partir desta poca, no Egipto, comearam a ser produzidos recipientes da seguinte
maneira: a partir do vidro fundido, faziam-se finas tiras que eram enroladas em forma de
espiral em moldes de argila. Quando o vidro arrefecia, tirava-se a argila do interior, obtendo-
se um frasco que, pela dificuldade de obteno, era somente acessvel aos muito ricos.
Srie Materiais O Vidro
3
Por volta de 300 a.C., uma grande descoberta revolucionou o vidro: o sopro, que consiste em
colher uma pequena poro de vidro com a ponta de um tubo (o vidro fundido viscoso como
o mel) e soprar pela outra extremidade de maneira a que se produza uma bolha no interior da
massa, que passar a ser a parte interna da embalagem. A partir da, ficou mais fcil a
obteno de frascos e recipientes em geral. Para termos noo da importncia desta
descoberta, basta dizer que, ainda hoje, mais de 2000 anos depois, utiliza-se o princpio do
sopro para moldar embalagens, mesmo nas mais modernas mquinas.
Tambm a partir de gotas, colhidas na ponta de tubos e sopradas, passou-se a produzir vidro
plano. Depois que da bolha estar grande, cortava-se o fundo, deixando a parte que estava
presa no tubo e, com a rotao deste, produzia-se um disco de vidro plano, que era utilizado
para fazer vidraas e vitrais.
No sculo I a.C., os melhores vidros vinham de Alexandria e j eram obtidos por sopro.
Graas contribuio dos romanos, iniciou-se a produo de vidro por sopro dentro de
moldes, aumentando em muito a possibilidade de fabricao em srie das manufacturas.
Foram eles, tambm, os primeiros a inventar e usar o vidro para janelas. Com a queda de
Roma, o vidro praticamente desapareceu da Europa, mas desenvolveu-se em grande escala na
Sria e no Egipto, com a produo de vitrais, lmpadas e outros objectos de fino acabamento.
1.2. Histria da indstria vidreira em Portugal
Tal como a origem do vidro, o incio da histria vidreira no nosso pas no tem uma data
precisa. Os primeiros vidreiros estrangeiros, consta que se fixaram em Portugal no sculo
XVI. Com preciso pode-se abordar a Fbrica do Covo, que se fundou em 1484, talvez uma
das mais antigas e importantes.
Mais tarde, D. Joo V tambm mostrou interesse por esta indstria, fundando tambm uma
fbrica na regio sul de Lisboa com bastante importncia. Esta fbrica entrou em decadncia e
teve que ser transferida para a Marinha Grande. Por volta de 1748, passou a ser administrada
por John Beare. Esta unidade fabril ultrapassou diversas dificuldades, entre as quais, os
mercadores estrangeiros tentaram dificultar a sua laborao para poderem vender para
Portugal os seus produtos. Mas a indstria que aqui se fazia era de boa qualidade, pois
trabalhavam l bons mestres estrangeiros.
Srie Materiais O Vidro
4
Deve-se, no entanto, ao Marqus de Pombal o maior impulso na indstria vidreira nacional.
Este impulso tem origem no facto do restabelecer a Real Fbrica de Vidros da Marinha
Grande, passando o alvar a Guilherme Stephens. Passados cerca de 15 anos, a fbrica estava
apta a funcionar nas suas melhores condies, frente da qual Stephens colocou quatro dos
melhores mestres que havia na Inglaterra e cinco genoveses. Quando este administrador
morreu passou a gerir a fbrica o seu irmo e scio Joo Diogo. Tudo prosseguia bem at
morte do seu fundador, em que esta foi falncia, por falta de administradores capazes. No
entanto, o seu fim ainda no era definitivo, pois, em 1928, ela passou para a administrao
directa do Estado e teve a denominao de Fbrica-Escola Irmos Stephens.
Desde esse tempo para c, a indstria vidreira em Portugal tem proliferado pelos diversos
pontos do pas.
1.3. Dificuldades da indstria vidreira nos seus primrdios
Vrias foram as dificuldades com que se defrontaram as fbricas de vidros nacionais. Uma
das maiores foi a concorrncia estrangeira, principalmente o Brasil e a frica. Concorrncia
essa difcil de ultrapassar quando as nossas indstrias estavam atrasadas e tinham que
contratar operrios especializados e competentes que gerissem de forma til o nvel de
desenvolvimento tecnolgico. A dificuldade de obteno dos moldes de ferro a preos baixos
era outra barreira, isto , havia falta de moldagem. Existia tambm carncia de matrias-
primas, as quais tinham que ser importadas. Um problema que ainda se mantm e a falta de
capitais e de combustvel.
Com a queda do imprio Romano verificou-se o declnio da manufactura de vidro, embora se
tivessem preservado as tecnologias e formas estilisticas, como o mosaico. Tornou-se
frequente a aplicao de chapa de vidro em janelas, nomeadamente nos grandes templos
gticos, onde membranas translcidas e coloridas (vitrais) preenchiam os enormes vos dos
edifcios. Os melhores exemplares de vitrais datam dos sculos XII e XIV e foram realizados
em Frana e Inglaterra.
Srie Materiais O Vidro
5
De lamentar que as nossas indstrias tenham ainda processos de fabrico h muito
ultrapassados, no fomentando a concorrncia e provocando uma baixa produtividade.
1.4. Produo do vidro plano
No incio do sculo XX, a fabricao do vidro foi sujeita a um aperfeioamento do antigo
sistema do vidro soprado e as vidraas passam a ser feitas pelo processo do cilindro.
Este sistema era feito por meio de ar comprimido que formava um cilindro de mais ou menos
13 mm de comprimento e 1 mm de dimetro, tirado do banho do vidro fundido, que era
resfriado, cortado e esticado. Mas, o produto daqui resultante era de baixa qualidade e era
apenas utilizado em janelas. Mais tarde, no ano 1914, foi inventado o processo Fourcault, que
est representado na seguinte figura.
A debiteuse
B resfriadores da lmina de vidro
C mquina de estirar e recozimento vertical
Figura 1 Processo Fourcault de produo contnua do vidro estirado [1].
O sistema deste mtodo consistia na estirao vertical da lmina de vidro atravs de uma barra
de refractrio com uma ranhura, cujo nome era debiteuse, por onde o vidro sobe at 10/15m
de altura. A traco na parte superior produz estiramento e os roletes laterais de amianto
auxiliam a ascenso.
Existem quatro factores que podem afectar a espessura da lmina de vidro:
a temperatura do vidro na cmara: quanto maior a temperatura menor a espessura; o nvel de debiteuse: quanto mais submersa, mais espessa a lmina;
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6
resfriadores: quanto mais prximos do vidro, e menor a temperatura da gua de circulao, mais espessa a lmina;
velocidade do estiramento: quanto mais rpido o estiramento, mais fina a lmina de vidro.
O incio do estiramento feito atirando-se uma lana no vidro fundido e elevando-a
verticalmente. A tenso superficial e a viscosidade faro o vidro segui-la, formando uma
lmina de vidro.
A falta de homogeneidade qumica e trmica que provocam diferenas de viscosidade, as
irregularidades e rachaduras na ranhura da debiteuse, as variaes de temperatura na cmara e
nos resfriadores, as flutuaes na velocidade de estiramento so combinadas para provocar as
ondulaes caractersticas dos vidros estirados. Por ltimo, o vidro passa pela fase de
recozimento, cuja principal funo eliminar as tenses internas que poderiam impedir o seu
corte.
A produo do vidro faz-se atravs da moagem da matria-prima: a slica (proveniente da
areia siliciosa), o xido de clcio (fornecido pelo carbonato de clcio) e xido de sdio
(fornecido pelo sulfato de sdio ou pelo carbonato de sdio). Em seguida, a mistura moda
homogeneizada e cozida num forno. Aps ter perdido toda a gua, junta-se a esta massa o
fundente, que , em geral, constitudo por bocados de vidro finamente modos. A temperatura
elevada at 1200 a 1400 C de acordo com a composio de matria prima. Nesta fase
juntam-se-lhe os aditivos (dixido de mangans, borato de sdio e xido de arsnio) e os
corantes (xidos metlicos), se for o caso de se querer obter vidro colorido. A partir da a
temperatura do forno desce at aos 800 a 400 C, sobre a qual fica pastoso, pronto a ser
moldado.
Muitas vezes necessrio proceder ao recozimento do vidro para melhorar as suas
caractersticas, com vista eliminao das tenses residuais que condicionam a sua resistncia
ao choque.
No recozimento existem duas excepes: as fibras, pois so muito finas e por isso no
requerem recozimento, e alguns produtos domsticos, que j so temperados directamente no
final do processo (o Duralex, por exemplo). O recozimento realizado em fornos tipo tnel,
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7
cuja entrada fica perto de onde se faz a conformao, e a sada, no local onde o produto passa
por inspeco e controle da qualidade. A partir da, o vidro est pronto para ser
inspeccionado, embalado ou transformado.
1.4.1. Processo Libbey-Owens
Este processo foi introduzido em 1920. Neste processo o vidro estirado na forma vertical
mas, a dada altura, a lmina curva-se sobre um rolo dobrador, e prossegue na forma
horizontal. Existem dois pares de roldanas refrigeradas para evitar a contraco da lmina.
Como quase tudo este processo apresenta vantagens e desvantagens sobre o processo anterior:
Fourcault.
Como desvantagem podemos referir o facto da superfcie no ser to brilhante devido ao rolo
dobrador. Por outro lado, as vantagens so as seguintes:
no precisa de debiteuse; no apresenta tantas incluses e defeitos e melhor recozido porque essa
regio pode ser maior.
A tanque de estiragem
B resfriadores do vidro
C rolo dobrador
D recozimento horizontal
Figura 2 Processo Libbey-Owens de produo contnua de vidro estirado [1].
1.4.2. Processo Pittsburgh
Processo introduzido por volta de 1925, pela Pittsburgh Plate Glass Company. Este processo
similar ao Fourcault mas a qualidade do produto superior.
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8
A diferena est na debiteuse que substituda por um bloco refractrio submerso, o chamado
draw-bar, algumas polegadas abaixo da superfcie da massa fundente. Determinar a linha de
origem da lmina e controlar as correntes de conveco na cmara so as suas funes.
A draw-bar submerse
B resfriador do vidro
C mquina vertical de estiramento e recozimento
Figura 3 - Processo Pittsburgh Plate Glass Company (PPG) [1].
Antigamente o processo utilizado era idntico ao do vidro estirado apenas com mais fases de
rectificao e de polimento.
Figura 4 Processo de fabricao do vidro polido (processo antigo) [1]
A partir da dcada de 50, o processo que passou a ser utilizado na produo do vidro polido
foi o Float. Este fabrico mantinha as mesmas propriedades do Pittsburgh, mas tinha uma
grande vantagem que era a reduo dos custos de produo.
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9
Figura 5 Processo Pittsburgh com a introduo do float [1].
O Float processa-se da seguinte forma: o vidro fundido corre para o banho de flutuao e sob
uma atmosfera devidamente controlada a faixa de vidro flutua (float) num banho de estanho
fundido, produzindo uma perfeita planimetria das faces.
Os custos so reduzidos quando os cerca de 20% da espessura do vidro no se perdem durante
o processo de polimento.
1.5. Os fornos
Os fornos tm por funo promover a reaco de fuso dos componentes, clareamento, e
homogeneizao da massa fundida (refino), resultando vidro fundido a uma temperatura
prpria para a moldagem.
Nos fornos contnuos estas fases sucedem-se no tempo, ao longo da extenso do forno.
O forno de crisol o forno utilizado na indstria vidreira para todas as operaes do seu
fabrico. O vidro fundido em crisis de argila refractria que se introduzem no interior do
forno. Actualmente o vidro industrial j no sofre este tipo de tratamento e fundido em
fornos de cuba - so aqueles em que o combustvel est misturado com a matria a fundir. Um
dos exemplos mais importantes deste tipo de fornos so os altos-fornos.
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10
Defeitos do vidro:
pedras, ns, intundidos e estrias (m granulao e m mistura); bolhas (falta de afinantes e de temperatura); defeitos de moldagem (temperatura incorrecta); excesso de quebras (resfriamento muito rpido na moldagem); decomposio superficial; diferenas de colorao (variaes nas matrias-primas e temperatura do forno); desvitrificaes.
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11
2. Caractersticas gerais e propriedades do vidro
O vidro um material to comum nas nossas vidas que, muitas vezes, nem nos apercebemos o
quanto ele est presente. Porm, basta olharmos nossa volta com um pouco de ateno e
vamos encontr-lo nas janelas, nas lmpadas, na mesa de refeies, em garrafas, copos,
pratos, travessas. Alm disso, muitos estaro a ver tudo isso atravs de culos com lentes de
vidro.
Mas, o que o vidro? E o que faz este material ter tantas aplicaes e continuar a ser usado
em to larga escala ao longo de todos este milhares de anos? Segundo a definio aceite
internacionalmente, "o vidro um produto inorgnico, de fuso, que foi resfriado at atingir a
rigidez, sem formar cristais".
O vidro uma substncia inorgnica, amorfa e fisicamente homognea, obtida por
resfriamento de uma massa em fuso que endurece pelo aumento contnuo de viscosidade at
atingir a condio de rigidez, mas sem sofrer cristalizao (Barsa).
2.1. Composio
Na construo so utilizados os vidros silco-sodo-clcicos so compostos por:
um vitrificante, a slica, introduzida sob a forma de areia ( 70 a 72 %); um fundente, a soda, sob a forma de carbonato e sulfato ( cerca de 14%); um estabilizante, o xido de clcio, sob a forma de calcrio (cerca de 10%); vrios outros xidos, tais como o alumnio e o magnsio, melhoram as propriedades
fsicas do vidro, especialmente a resistncia aco dos agentes atmosfricos;
para determinados tipos de vidro, a incorporao de diversos xidos metlicos permitem a colorao na massa.
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12
Uma das razes de o vidro ser to popular e duradouro, talvez esteja na sua anlise, pois os
vidros mais comuns, aqueles usados para fazer os vidros planos e embalagens e que,
tecnicamente, so denominados "silco-sodo-clcicos", tm uma composio qumica muito
parecida com a da crosta terrestre:
xido % na crosta terrestre % nos vidros
comuns SiO2 (slica)
60 74
Al2O3 (alumina) 15 2
Fe2O3 (xido de Ferro) 7 0,1
CaO (clcio) 5 9
MgO (magnsio) 3 2
Na2O (sdio) 4 12
K2O (potssio) 3 1
2.2. Propriedades fsicas
2.2.1. Densidade
As densidades so muito variveis, assim temos:
Cristal ordinrio ..3.33
Vidro para culos 2.46
Vidro ordinrio . ..2.56
Vidro para garrafas ..2.64
Normalmente aceita-se o valor 2.5, o que d uma massa de 2,5 kg por m2 e por mm de
espessura para os vidros planos.
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13
2.2.2. Dureza
Para determinar a dureza superficial, isto , a resistncia a ser riscado por outro material,
utiliza-se a escala de MOHS. O vidro tem a dureza 6.5 entre a ORTOSE (6) e o quartzo (7).
2.2.3. Resistncia abraso
16 vezes mais resistente que o granito.
2.3. Propriedades mecnicas
2.3.1. Elasticidade
O vidro um material perfeitamente elstico: nunca apresenta deformao permanente.
No entanto frgil, ou seja, submetido a uma flexo crescente, parte sem apresentar sinais
precursores.
A) Mdulo de YOUNG
o coeficiente E que relaciona o alongamento L sofrido por uma barra de vidro de comprimento L e de seco S, submetida a um esforo de traco F:
SF = L
E * L
E tanto maior quanto mais rgido for o material.
Para o vidro: E = 72 x 10 10 Pa
B) Coeficiente de Poisson (ou coeficiente de contraco lateral)
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14
a relao, por unidade de comprimento, entre a contraco transversal e o alongamento de
uma barra de vidro submetida a esforos de traco.
Para o vidro, este coeficiente = 0,22.
2.3.2. Resistncia traco
A resistncia traco varia de 300 a 700 daN/cm2 e depende de:
Durao da carga para cargas permanentes, a resistncia traco diminui em cerca de 40%;
Humidade; diminui em cerca de 20%; Temperatura: a resistncia diminui com o aumento de temperatura; Estado da sua superfcie, funo de polimento; Corte e estado dos bordos; Os componentes e suas propores.
2.3.3. Resistncia compresso
A resistncia do vidro compresso muito elevada, cerca de 1000 N/mm2 (1000 MPa) e no
limita praticamente o campo das suas aplicaes. Em termos prticos significa que para
quebrar um cubo de 1cm de lado, a carga necessria ser na ordem das 10 toneladas.
2.3.4. Resistncia flexo
Um vidro submetido flexo tem uma face a trabalhar compresso e a outra traco. A
resistncia rotura por flexo da ordem de:
40 MPa (N/mm2) para um vidro recozido polido; 120 a 200 MPa (N/mm2) para um vidro temperado (segundo a espessura,
manufactura dos bordos e tipo de fabrico).
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15
O elevado valor da resistncia do vidro temperado deve-se operao de tmpera que coloca
as superfcies do vidro em forte compresso.
Tendo em conta os coeficientes de segurana, as tenses de segurana, , habitualmente utilizadas so as indicadas na tabela 1 (em daN/cm2).
Tabela 1 Tenses de segurana flexo de vidros recozidos e temperados [2].
Tipo de vidro Recozido Temperado
Vidros verticais de edifcios 200 500
Cargas
acidentais 170 250
Vid
ros
horiz
onta
is
Cargas
permanentes 60 250
Tabela 2 Propriedades mecnicas comparativas de alguns materiais [2]
Tenso de Rotura
Materiais
Mdulo de
elasticidade
(daN/cm2)
Traco
(daN/cm2)
Compresso
(daN/cm2)
Ao para construo
Cobre laminado
Ferro fundido
Madeira (pinho)
Beto
Vidro recozido
Tijolo
20.6x105
11.3x105
9.8x105
0.98x105
3.5x105
7.2x105
1.05x105
3600 a 5100
1960 a 2260
1180 a 3130
880
30
300
-
-
-
6850 a 8330
490
350
10000
140
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16
2.4. Propriedades trmicas
2.4.1. Calor especfico
O calor especfico C de um corpo a quantidade de calor necessria para elevar de um grau,
um kilograma desse material a 20C. Para o vidro, o calor especfico :
C=795 J/Kg.C = 0.22W.h/Kg.C = 0.19 Kcal/.Kg.C
2.4.2. Condutividade trmica
Fluxo de calor a quantidade de calor emitida por unidade de tempo. Exprime-se em watt (w)
ou em kilocaloria por hora (Kcal/h).
A condutividade trmica o fluxo de calor que passa, por hora, atravs de um metro quadrado
de uma parede, com um metro de espessura, para a diferena de 1C de temperatura, entre as
suas duas faces.
Para o vidro: ------------------------------- = 1.16w/m.C ou 1Kcal/h.mC
Material Condutividade trmica (W.m-1.K-1)
Cobre 401
Ferro 53
gua 0,57
Ar (seco) 0,026
Cimento 1,4
Beto 1,28
Vidro 0,72 0,86
Tijolo 0,4 0,8
Madeira 0,11 0,14
Esferovite 0,033
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17
2.4.3. Dilatao linear
O coeficiente de dilatao linear de um slido a variao sofrida por uma unidade de
comprimento, ao alterar de 1C a sua temperatura. No intervalo de 20C a 220C, o
coeficiente de dilatao linear do vidro de 9x10 6.
Exemplo: Um vidro com 2m de comprimento, ao ser aquecido 30C, sofrer um aumento de
comprimento de l x l x t =2000 x 9 x 10-6 x 30 = 0,54 mm.
Numa aproximao grosseira pode-se dizer que para um aumento de 100C um vidro com 1
metro de comprimento dilata 1 mm.
Tabela 3 Coeficientes de dilatao linear de diversos materiais [8]
Coeficientes de dilatao linear comparativos Relao aproximada
Madeira (pinho) 4 x 10-6 0.5
Tijolo 5 x 10-6 0.5
Calcrio 5 x 10-6 0.5
Vidro 9 x 10-6 1
Ao 12 x 10-6 1.4
Cimento(argamassa) 14 x 10-6 1.5
Alumnio 23 x 10-6 2.5
Cloreto de
polivinil(PVC) 70 x 10-6 8
2.4.4. Transmisso trmica
As transferncias de calor entre a superfcie de uma parede e o meio envolvente so feitas por
conveco e por radiao. Pelo contrrio, o fluxo de calor no interior da parede ser feito por
conduo. As trocas de calor entre o meio circundante e as superfcies da parede so definidas
atravs dos coeficientes he e hj, de troca superficial das faces exterior e interior,
respectivamente (em Kcal/hmC).
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18
2.4.4.1. Radiao solar global
Valores mximos
A intensidade da radiao solar global incidente sobre a superfcie de um vidro depende:
Da latitude geogrfica do local; Da altitude do solo no local; Da estao do ano; Da hora do dia; Da orientao do vidro; Da inclinao do vidro; Da poluio atmosfrica; Do ambiente circundante (sombra projectada sobre o vidro, albedo).
Em Portugal Continental, os valores mximos da radiao solar global so, de uma maneira
geral, os das tabelas 4 e 5.
Superfcies Verticais
Tabela 4 Radiao solar mxima Superfcies verticais [8].
Radiao solar mxima (W/m2)
Superfcies Verticais
Estaes do Ano N E S-E S S-O O
Inverno 90 680 940 1050 920 670
Prim./Out. 150 720 980 790 940 700
Vero 180 900 880 460 800 780
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19
Figura 6 Radiao solar global mxima Superfcies verticais [8].
Superfcies inclinadas
Tabela 5 Radiao solar mxima Superfcies inclinadas [8].
Radiao solar global mxima (W/m2)
Superfcies Inclinadas (todas as Estaes e Orientaes excepto o Norte)
90 75 60 45 30 15 0
1050 1100 1150 1150 1150 1100 1100
Radiao solar global mxima (W/m2)
Superfcies Inclinadas (todas as Estaes e Orientaes excepto o Norte)
Estaes do
Ano (90-75) (75-60) (60-45) (45-30) (30-15) (15-0)
Vero 900 1000 1100 1100 1100 1100
Inverno 1050 1100 1100 1050 900 750
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20
Figura 7 Temperaturas exteriores no Vero - mximas absolutas [8].
Figura 8 Temperaturas exteriores de Inverno - mnimas absolutas [8].
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21
Quando no existe informao sobre a localizao do edifcio, adoptar-se-o os valores das
tabelas 6 e 7.
Tabela 6 Temperaturas exteriores convencionais [8].
Temperaturas exteriores convencionais (C)
Vero 36.5C
Inverno -6.0C
Tabela 7 Temperaturas interiores [8].
Temperaturas interiores convencionais (C)
Vero 25C
Inverno 20C
Tabela 8 Coeficientes de transferncia de calor nas superfcies exterior e interior, he
e hi, convencionais [8].
he e hi
[W/(m2.K)] convencionais
he hi
Vero Inverno Sup. Vert
23 34 8
Valores prticos de he e hi (determinao das temperaturas extremas).
O movimento forado do ar em contacto com o vidro influencia significativamente o valor de
he:
he = 8,23 + 3,33 v 0,036 v2
v = velocidade do vento [m/s]
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22
Tabela 9 Temperatura mdia nas superfcies interiores [8].
Os efeitos trmicos sobre os vidros so mais importantes na ausncia de vento (conveco
natural). Neste caso, o valor de he depende da posio do vidro e do sentido do fluxo de calor,
conforme tabela 10.
Tabela 10 Temperatura mdia nas superfcies exteriores por conveco natural [8].
he [W/(m2.K)]
Posio do Vidro Fluxo Calor Vero Inverno
Horizontal Ascendente 7 7.5
Vertical Horizontal 7 7
horizontal Descendente 7 6
Em conveco natural, reter-se-o os valores de hi da tabela 11.
Tabela 11 Temperatura mdia nas superfcies interiores por conveco natural [8].
he [W/(m2.K)]
Posio do Vidro Fluxo Calor Vero Inverno
Horizontal Ascendente 8.5 8
Vertical Horizontal 8 7.5
horizontal Descendente 6.5
hi [W/(m2.K)]
Vero 19
Inverno 29
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23
Tabela 12 Resistncia trmica/ Posio do envidraado e do sentido do fluxo de calor
[8].
Resistncia trmica (m2hc/Kcal) Posio do envidraado e sentido do
fluxo de calor 1/hi 1/he 1/hi+1/he
Vertical ou pendente sobre a horizontal 60
e fluxo horizontal 0.13 0.07 0.20
Horizontal ou com pendente sobre a
horizontal 60 e fluxo ascendente 0.11 0.06 0.17
Horizontal e fluxo descendente
0.20 0.06 0.26
Os valores de he da tabela so vlidos para uma velocidade do vento de 10.88 Km/h. Quando a
velocidade aumentar de 10 Km/h, o coeficiente he aumentar 7.5 Kcal/h. m2C..
Quando uma das camadas atravessada pelo fluxo de calor fr constituda por ar, o coeficiente
de condutibilidade trmica variar com a espessura da camada. A tabela 13 fornece esses valores.
Tabela 13 Coeficiente de condutibilidade trmica / Espessura da camada [1].
Espessura
(mm) 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
(Kcal/h.m2.C)
.034 .038 .042 .046 .051 .055 .059 .064 .068 .073 .078 .082 .087
e/ .088 .105 .119 .130 .137 .145 .152 .156 .162 .164 .167 .171 .172
Para a velocidade do vento de 40 Km/h os valores de K aumentam de 26% no vidro simples, e
12.6% no vidro duplo. Quer dizer que as perdas calorficas so mais sensveis no vidro
simples do que no vidro duplo. Na prtica, os valores mdios adoptados nos coeficientes para
os principais tipos de vidro em paredes verticais, so os da tabela 14.
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24
Tabela 14 Coeficiente de condutibilidade trmica / Tipo de vidro [1]
Tipos de vidro W/m2.C Kcal/hm2
1. Vidros simples
lisos incolores, impressos, armados, atrmicos,
reflectantes e laminados
5,7 4,9
2. Vidros isolantes duplos com caixa de ar de:
6 mm
8 mm
10 mm
12 mm
3,4
3,2
3,1
3,0
2,9
2,8
2,7
2,6
3. Perfilados de vidro impresso em U
painis simples
painis duplos
6,4
3,5
5,5
3,0
2.5. Tenses Trmicas
A fraca condutibilidade trmica do vidro, o reaquecimento ou o arrefecimento parcial do
vidro, conduzem a tenses que podem provocar quebras designadas por trmicas.
O exemplo mais frequente de risco de quebra trmica relativamente aos bordos de um vidro
absorvente montado num caixilho, submetido a uma forte exposio solar e que reaquece
mais lentamente que a superfcie do vidro. No vidro recozido no se devem verificar
diferencias de temperatura superiores a 30 C. Quando se preveja passar este diferencial, ser
necessrio temperar o vidro.
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25
2.5.1. Resistncia ao choque trmico
Depende do mdulo de elasticidade, da resistncia traco e do coeficiente de dilatao.
Para o vidro recozido considera-se para o seu valor 60, para o vidro temperado este valor
da ordem de 240 C. a 300 C.
2.5.2. Resistncia ao fogo
O grau de resistncia ao fogo dos elementos de construo determinado de acordo com os
resultados obtidos em ensaios normalizados; as amostras ensaiam-se em fornos que simulam
um incndio. O aquecimento em funo do tempo definido atravs da relao:
T T0 = 345 log. (8t + 1)
em que:
T temperatura do meio envolvente da amostra
T0 temperatura inicial da amostra
t tempo de exposio ao fogo da amostra (em minutos)
A escala de graus atingidos pela amostra exposta a um incndio simulado consta da tabela 15.
Tabela 15 Graus atingidos por elementos de construo exposta a um incndio
simulado [1]
15 min. 30 min. 60 min. 90 min. 120 min. 180 min.
718 C 827 C 925 C 986 C 1.030 C 1.090 C
H quatro critrios para determinar a resistncia ao fogo, baseados em resultados
experimentais:
1. Resistncia mecnica;
2. Isolamento trmico;
3. Estanquidade s chamas;
4. Ausncia de emisso de gases inflamveis.
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26
Segundo os critrios assinalados, os elementos de construo classificam-se em trs
categorias:
Elementos estveis ao fogo (s satisfazem o critrio 1) EF Elementos pra-chamas (satisfazem os critrios 1, 3 e 4) PC Elementos corta-fogo (satisfazem os quatro critrios) CF
Os elementos enquadrados nas trs categorias descritas, distinguem-se por graus expressos em
funo do tempo de exposio do ensaio, desde que o material satisfaa nos ensaios durante
tempos pelo menos iguais a: 15 min, 30 min, 60 min, 90 min, 120 min, 180 min, 240 min, 360
min.
Exemplo: um material que satisfaa aos quatro critrios durante 35 minutos ser classificada
em CF 30 min. Se satisfazer aos critrios 1, 3 e 4 durante 68min, ser classificado em PC: 60
min.
Todos os materiais em vidro tm a classificao de materiais incombustveis. Quanto sua
resistncia ao fogo, apresentam a categoria de pra-chamas (PC) e alguns a de corta-fogo
(CF).
Atravs dos ensaios realizados possvel tirar as seguintes concluses:
O vidro recozido parte rapidamente por choque trmico; O vidro temperado resiste melhor, mas a resistncia diminui muito quando se est a
fragmentar, excepto se for de pequenas dimenses;
Nos vidros aramados, a armadura metlica mantm uma certa coeso no vidro, suficiente para assegurar a estanquidade s chamas e retardar o aparecimento de
fractura logo que o vidro entre em fluncia (650/700C.).
Estudos recentes conduziram ao aparecimento de um gel especial perfeitamente transparente
que, colocado entre dois vidros aramados ou temperados, permite constituir um novo conjunto
de qualidades excepcionais, obtendo-se Vidro Corta-fogo. Este gel, posto rapidamente em
contacto com o fogo pelo desaparecimento do vidro exposto, comporta-se como uma barreira
trmica. A temperatura da face protegida eleva-se s lentamente e o conjunto responde ao
clssico corta-fogo.
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27
2.6. Propriedade acsticas
2.6.1. Intensidade, presses e nveis acsticos
A fora de um rudo, som fraco ou forte, pode ser caracterizada pela sua intensidade I ou a
sua presso P, medidas respectivamente em W/m2 e em Pascal. Na prtica utiliza-se o nvel de
presso, ou de intensidade, representando numa escala logartmica cuja ordem o patamar de
audio que apresenta os seguintes valores:
Nvel de Intensidade: Li = 10 log IDI I0 =10-12w/m2
Nvel de presso: Lp = 10 log (P2/ P02) = 20 log (P/ P0) P0 =2 x 10-5 pa
A unidade de intensidade, o decibel (dB), o logaritmo de uma relao.
Nota: Se as intensidades acsticas se podem adicionar, o mesmo no acontece aos nveis
acsticos.
Exemplo: duas fontes produzindo cada uma um nvel de 40 db do em conjunto 43 dB (e no
80), isto , um aumento de apenas 3 dB.
Tabela 16 Tipo de som / Local da emisso Grau de intensidade do som [1].
Grau Tipo de som / Local da emisso
0
20-30
30-50
60-80
80-90
90-100
100-110
110-120
130
Menor intensidade sonora perceptvel pelo ouvido humano
Quase silncio jardim tranquilo
Sons de fraca intensidade rua local (zona residencial)
Rudos de conversao restaurantes, edifcios comerciais
Carro elctrico, autocarro, fbricas
Rua de grande trfego, oficina metalrgica
Martelo pneumtico a 3m
Motor de avio a 6m
Incio de sensao dolorosa
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2.6.2. Frequncia
A frequncia o nmero de vezes que o fenmeno peridico (acstico ou outro) se repete em
cada segundo. Exprime-se em ciclos por segundo (C/S), sendo esta unidade denominada
Hertz (Hz).
O ouvido humano sensvel a sons cujas frequncias esto compreendidas entre 16 e 20.000
Hz.
Na acstica de edifcios s considerado o intervalo de 100 a 5000 Hz dividido em bandas de
oitava (cada frequncia dupla da anterior), ou de 1/3 de oitava.
2.6.3. Transmisso de sons
A transmisso de sons areos atravs das paredes efectua-se simultaneamente de diferentes
maneiras.
Tabela 17 Espessura mnima dos vidros aconselhvel em funo do nvel sonoro [1]
Estas so classificadas, grosso modo::
Transmisso e difraco se a estanquidade no for perfeita; Entrada em vibrao da parede que, deslocando-se e deformando-se, se comporta
como um verdadeiro emissor. Atravs de uma parede no porosa, como o vidro, a
transmisso de um som areo depende essencialmente:
Da sua massa e da sua rigidez; Do seu modo de fixao: rgido ou flexvel.
Pode-se concluir que quanto maiores forem as espessuras e a massa do vidro, por um lado, e
sua descontinuidade caixilharia, por outro, menores sero as vibraes e maior o
isolamento. Os vidros de alta gama devem ser montados em caixilhos de alta performance
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.
2.6.4. Altura
Permite distinguir um som agudo de um grave, consoante a respectiva frequncia:
entre 16 e 315 Hz: sons graves; entre 400 e 1250 Hz: sons mdios; a partir de 1250 Hz: sons agudos.
2.7. Propriedades espectro fotomtricas (pticas)
2.7.1. Transmisso da radiao atravs do vidro
A radiao solar que atinge a superfcie da terra composta por:
Nvel sonoro do ambiente exterior
Zona calma
(42 dB) Zona pouco ruidosa
(42-62 dB)
Zona muito ruidosa
(62-80 dB)
Tipo
de
Edifcio
Vid
ro
Rec
ozid
o
Vid
ro
Tem
pera
do
Vid
ro
Isol
ante
Vid
ro
Rec
ozid
o
Vid
ro
Tem
pera
do
Vid
ro
Isol
ante
Vid
ro
Rec
ozid
o
Vid
ro
Tem
pera
do
Vid
ro
Isol
ante
Hospitais 5 5 4+4 8 8 4+4 10 10 12+8
Escritrios /
bibliotecas 4 4 4+4 5 5 5+4 6 6 8+6
Escolas 4 6 4+4 5 6 5+4 6 6 8+6
Hotis /
Moradias 3 4 4+4 4 4 4+4 5 5 6+4
Edifcios
Comerciais - 8 - - 8 - - 8 -
Edifcios
Industriais 3 4 - 3 4 - 3 4 -
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Radiaes visveis, cujos comprimentos de onda esto compreendidos entre 0,38 e 0,75m (1m =10-6m), do violeta ao vermelho;
Radiaes ultravioletas invisveis, com comprimentos de onda que vo de 0,3 a 0,38m;
Radiaes infravermelhas curtas, igualmente invisveis, de comprimentos de onda entre 0,75 a 2,5 m.
As percentagens respectivas de cada tipo de radiao relativamente radiao total so,
aproximadamente:
Radiaes visveis: 50%; Radiaes ultravioletas: 3%; Radiaes infravermelhas: 47%.
Acima de 2,5 m existem as radiaes infravermelhas longas que, no sendo emitidas pelo sol, correspondem emisso de todos os corpos previamente aquecidos por ele, em particular
o solo, as paredes das casas, etc..
Cada uma destas trs categorias de radiao so em parte transmitidas, reflectidas e
absorvidas pelos vidros em propores diferentes e muito variveis conforme o tipo de vidro.
O vidro incolor transparente na proximidade da radiao ultravioleta, aproximadamente
90% da radiao visvel e 80% da radiao infravermelha curta. , pelo contrrio,
praticamente opaco radiao infravermelha longa. Esta propriedade confere ao vidro a sua
utilizao em estufas, pois permite a entrada da radiao calorfica conservando-a depois no
interior.
Do mesmo modo que numa estufa, a temperatura de uma pea aquecida pelo sol subir
rapidamente se as janelas estiverem fechadas, o ambiente tornar-se- assim, desconfortvel.
Daqui surge a necessidade de controlar o aquecimento solar.
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2.7.2. Transmisso luminosa
Uma primeira caracterstica dos vidros o factor de transmisso luminosa, relao entre o
fluxo luminoso que atravessa o vidro e o fluxo incidente. Este factor intervm somente na luz
visvel, no sendo, por isso, suficiente para apreciar o comportamento dum vidro radiao
global. Com efeito, falta a aco dos raios infravermelhos que so portadores duma energia
calorfica importante, como se viu anteriormente, sendo absorvidos em propores muito
variveis segundo os diferentes tipos de vidro.
O factor de reflexo luminosa a relao entre o fluxo luminoso reflectido e o fluxo
incidente. As tabelas indicadas no anexo IV do, para cada tipo de vidro e para a luz natural,
estes dois factores sob uma incidncia normal. De notar que estes factores so dados a ttulo
indicativo como ordem de grandeza, pois podem surgir ligeiras alteraes em funo do
fabrico.
2.7.3. Transmisso energtica
Uma segunda caracterstica dos vidros, que tem em conta com maior preciso o seu
comportamento sob a radiao solar, o factor de transmisso energtica, isto , a relao
entre o fluxo energtico que atravessa o vidro e o fluxo incidente (visvel ou invisvel). Os
factores de reflexo e absoro energtica so as relaes entre os fluxos energticos
reflectidos ou absorvidos e o fluxo da energia incidente.
Conforme as percentagens de raios infravermelhos absorvidos forem iguais, superiores ou
inferiores s percentagens de luz visvel absorvida, assim os factores de transmisso
energtica sero respectivamente iguais, superiores ou inferiores aos factores de transmisso
luminosa.
O factor de transmisso energtica, com maior interesse que o factor de transmisso luminosa,
no ainda suficiente na prtica. Isto porque a parte da radiao solar absorvida pelos vidros
aquece estes ltimos e a energia calorfica, assim produzida, distribuda pelos dois meios
ambientes de um e do outro lado do vidro. Para o exterior, a energia rapidamente dissipada
mas, para o interior ela ir adicionar-se energia que penetrou por transmisso directa.
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2.7.3.1. Factor Solar
a razo entre a energia total que atravessa determinado material e a energia solar incidente.
Esta energia total a soma da energia cedida pelo vidro ao ambiente interior, como
consequncia do seu aquecimento por absoro energtica. As tabelas que se podem consultar
no anexo IV, mostram os factores solares de diferentes tipos de vidros em funo dos factores
de transmisso energtica. O factor solar depende da posio do sol e das condies
exteriores, tal como a intensidade de conveco natural favorecida pelo vento. Para o clculo
do factor solar considera-se:
O sol 30 acima do horizonte num plano perpendicular fachada; As temperaturas ambientes, interior e exterior, so iguais entre si; Os coeficientes de troca de energia do vidro para o exterior de 23W/mC e para o
interior de 8W/m2C. O conceito de factor solar aplicado igualmente aos vidros
associados a outras proteces solares. Deste modo, para vidros com estores temos as
seguintes caractersticas energticas (estores interiores e estores exteriores):
reflexo:0,40; absoro:0,50; transmisso:0,10.
2.8. Cores
Uma das caractersticas mais interessantes do vidro a sua cor. Os vidros podem-se
apresentar desde o mais puro incolor at infinitas cores, que tambm podem variar desde uma
leve tonalidade at a total opacidade. A cor do vidro pode ter uma funo apenas esttica, e
no por isso menos importante. Basta lembrarmo-nos dos vitrais e de todas as peas artsticas
e decorativas que nos causam prazer em admirar. Em questes de marketing a cor tambm
muito importante pois ajuda muito na escolha do produto.
Um exemplo so os frascos de perfumes que existem nas mais diferentes formas e cores para
chamar a ateno dos clientes. Alm da funo esttica, a cor do vidro tem tambm uma
funo utilitria. Quando um vidro apresenta uma determinada cor porque ele contm na sua
composio qumica alguns elementos que interferem ou filtram a luz que sobre ele est a
incidir. Por exemplo, uma garrafa verde porque a luz do sol ou a luz artificial que incide
nela, que contm todas as cores, ao atravessar o vidro, que no caso contm cromo, filtrada,
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passando somente a poro verde da cor sendo as demais retidas. por esta razo que vemos
a garrafa verde.
Dependendo dos elementos que introduzimos na composio do vidro, este filtra a luz,
deixando passar alguns raios e retendo outros. Por isso se utilizam garrafas mbar para
cerveja ou verde para o vinho, pois estes vidros impedem a passagem de certas radiaes
(ultravioleta), que estragariam os produtos. O vidro o nico material que possibilita a
visualizao do produto que ele contm, ao mesmo tempo que o protege contra radiaes que
o deteriorariam.
No caso dos vidros planos das janelas, dos prdios ou veculos, utiliza-se o mesmo princpio.
Colora-se o vidro de maneira a que ele impea a passagem da radiao responsvel pelo
aquecimento (infravermelha) mas permita a passagem da luz visvel, possibilitando a viso
atravs das janelas.
Desta maneira, o ambiente aquece menos e ao mesmo tempo no se torna necessrio utilizar
iluminao artificial durante o dia, economizando energia na iluminao e no ar
condicionado. Este tambm o princpio dos vidros reflexivos, que so utilizados nos prdios
modernos, atravs dos quais durante o dia parecem um enorme espelho. Na verdade, alm de
bonitos, estes vidros reflectem boa parte da radiao solar que de outra forma estaria a entrar e
a aquecer o ambiente.
2.8.1. O efeito do ferro na cor
O ferro encontra-se no vidro no estado tri-valente (Fe2O3), que o mais oxidado (+) e no
estado bi-valente (FeO) que o mais reduzido (-).
O efeito corante do FeO de cinco ou seis vezes mais que o Fe2O3. Portanto, mais desejvel
manter o mximo de ferro no estado de Fe2O3. Este Fe2O3 impacta ao vidro uma tonalidade
ligeiramente amarela esverdeada e o FeO d uma tonalidade mais azulada, somente mais
intensa para a mesma quantidade.
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2.8.2. O efeito do crmio na cor
O xido crmio (Cr2O3) agente corante primrio para todos os vidros verdes, uma vez que o
crmio d uma grande colorao de verde ao vidro branco. O crmio no estado reduzido
(Cr2O3) d uma tonalidade fortemente esverdeada ao vidro, enquanto que o crmio no estado
oxidado (Cr2O3) d uma cor mais amarela esverdeada. O mesmo acontece com o ferro em que
o crmio se incorpora no vidro pelas matrias primas, caco e outras contaminaes.
2.8.3. Descolorao do vidro branco
A descolorao do vidro branco, na realidade, uma mistura das tonalidades verdes
impregnadas pelo ferro e cromo com materiais. Actualmente esto disponveis agentes
corantes que neutralizam o verde, dando ao vidro uma tonalidade menos questionvel. Os
agentes oxidantes tambm so utilizados para manter o estado de oxidao sob controlo. Os
materiais descolorantes mais comuns utilizados so o selnio, o qual por ele prprio d um
aspecto rosado ao vidro, e o cobalto que d ao vidro uma tonalidade azulada. Estes materiais
utilizam-se juntos em diferentes propores para obter a tonalidade de cor aceitavelmente
pretendida.
2.8.4. Cor mbar
A cor mbar formada pela combinao dos ies Fe3+ e S- junto com os ies Na+. Apesar da
cor envolver ies oxidantes e redutores, o vidro mbar fortemente reduzido. Isto devido ao
estado de valncia do enxofre que muda mais facilmente que os ies de ferro ou sdio.
Portanto, enquanto praticamente todo o enxofre se reduz, apenas cerca de 85% do ferro
reduzido e todo o sdio permanece oxidado.
A cor mbar controla-se observando o nvel de redox, geralmente com uma fonte de carvo.
Adicionando mais carvo reduz-se mais o enxofre de sulfeto (S-) e escurece a cor. No entanto,
deve existir suficiente Fe2O3 (presente) para se poder combinar com o S- e formar a cor
central. De facto, com mais Fe2O3 presente, requer-se menos S- para chegar ao ponto.
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Isto importante porque um nvel baixo de enxofre dissolvido significa que estar menos
propenso a produzir bolhas. As experincias mostram que o ferro total, expressado como
Fe2O3, deve estar entre 0,28 a 0,30% em peso. Como a cor mbar depende do redox do vidro,
qualquer coisa que mude o nvel do redox afectar a cor. Os agentes oxidantes, tais como
sulfato de sdio, gesso, etc., clareiam a cor, enquanto os agentes redutores como carvo e
alumnio metlico o escurecem. Como o Fe2O3 est envolvido, o ferro metlico geralmente
provoca manchas escuras no vidro mbar.
Ao se agregar ao vidro mbar um agente redutor potente, ou ainda uma grande quantidade de
um agente redutor normal, pode-se clarear a cor em vez de escurec-la. Isto acontece porque,
aps reduzir todo o enxofre, o agente redutor comea a afectar o Fe2O3, reduzindo-o para
FeO. Isto deixa Fe2O3 insuficiente para formar os centros de cor e a cor clareia. O vidro est
agora super reduzido. As tentativas para escurecer a cor com adies de carvo resultam em
clareamentos da mesma. O passo apropriado retirar carvo ou adicionar um agente oxidante,
como sulfato de sdio.
Aumentar a utilizao de caco no mbar, s vezes, reduz o vidro mbar. O caco mbar contm
to baixos teores de enxofre, grande parte dele j reduzido, que no existe suficiente sulfeto
presente para refinar o vidro e permanecer reduzido pelos contaminantes do prprio caco.
Frequentemente tem-se observado que necessrio aumentar o sulfato de sdio quando o
nvel de caco atinge 50% ou mais.
2.8.5. Cores verdes
Todas as cores verdes contm Cr2O3 em algum nvel. A cor actual depende da quantidade de
Cr2O3 e outros corantes especficos para uma determinada cor verde particular que se deseje
fabricar. Por exemplo, o verde esmeralda contm perto de 0,125% de Cr2O3, enquanto o verde
georgia contm perto de 0,018% de Cr2O3 e 0,002% de CoO. O verde gergia uma cor
muito menos intensa que o verde esmeralda e tem uma tonalidade azulada.
O verde champanhe contm perto de 0,20% de Cr2O3, 0,01% de CoO, e perto de 0,025% de
NiO. O xido de nquel absorve quase uniformemente no espectro visvel pelo que confere
uma tonalidade cinza ao vidro. Todos os vidros verdes mencionados tm praticamente o
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mesmo redox que o vidro branco, ou seja, perto de +10. Tambm existem vidros verdes que
absorvem a luz na parte ultravioleta do espectro, isto , menos que 400nm de comprimento de
onda. No passado, isto obtinha-se utilizando CrO3 como corante e mantendo o vidro
fortemente oxidado.
Devido toxicidade de Cr6+ e a dificuldade em refinar um vidro fortemente oxidado
desenvolveu-se um mtodo diferente. O vidro verde champanhe, absorvente do ultravioleta,
tem um redox de aproximadamente 5.
A absoro ultravioleta se deve a uma cor levemente mbar que se mascara com 0,20%
Cr2O3. No se utiliza xido de nquel. A leve cor mbar e o redox negativo se obtm
utilizando caco mbar.
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3. Tipos de vidros e derivados
3.1. Diferenas entre vidro estirado, float e cristal
Poucas so as diferenas entre o vidro estirado, o cristal e o vidro float, tanto no que diz
respeito sua composio qumica quer sua resistncia mecnica. Grandes diferenas
residem na aparncia e nas propriedades pticas. O vidro estirado e o vidro float,
principalmente em espessuras maiores, apresentam ondulaes que so visveis e que
produzem distores de imagens.
No cristal no so visveis ondulaes superficiais, porque tm menor percentagem de
defeitos e, por sua vez, tambm no produzem distoro de imagens devido ao paralelismo
das suas faces.
O verdadeiro cristal empregue no fabrico de artigos de decorao e no na indstria da
construo civil devido s suas caractersticas. um vidro com excelentes caractersticas de
brilho e transparncia. Este brilho consequncia do chumbo que aumenta grandemente o
ndice de refraco do vidro.
Contudo, a tecnologia actual de fabrico limita a nveis quase imperceptveis os inconvenientes
dos vidros estirados e float.
3.2. Vidro Impresso
Este tipo de vidro surgiu quando se desenvolveu o processo pelo o qual o vidro emerge do
forno e passa atravs de dois rolos, um dos quais possui um desenho gravado na superfcie.
Esse desenho transmite-se ao vidro e d-se o recozimento, o arrefecimento e, de seguida,
cortado.
Este tipo de vidro tem uma similar composio qumica, translcido, com figuras ou
desenhos, numa s ou em ambas as faces. A resistncia mecnica deste vidro aumentada se
tambm for temperado.
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Figura 9 Fabricao do vidro impresso [1].
A utilizao deste tipo de vidro destinado a locais ou situaes que necessitem de
privacidade sem comprometer a quantidade de luz no local que o vidro deixa passar. A
facilidade de manuteno e limpeza so pontos a ter em conta, aquando da escolha do vidro.
Este vidro muitas vezes utilizado em portas, janelas, divisrias, fachadas, casas de banho,
entre outros.
As duas tabelas que se podem consultar no anexo I mostram a variedade de tipos e
acabamentos existentes no mercado.
3.3. Vidro plano polido
um vidro transparente cujas faces so polidas e sem distoro de viso, isto , possvel ver
os objectos atravs dele, ou reflectidos pela sua superfcie em qualquer ngulo.
Diferencia-se do vidro plano liso pela perfeio das suas superfcies polidas isentas de
ondulaes, permitindo uma viso indeformada dos objectos atravs dele.
Classificam-se, segundo a qualidade, em trs grupos:
Vidraa: envidraamento fino, vitrinas, mostrurios;
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Seleccionado: espelhos, pra-brisas, vidraas especiais; Espelhamento: espelhos de luxo e decorao.
O polimento aplicado aps a laminao e aps ainda a eliminao de ondulaes e defeitos
superficiais atravs de um processo rotatrio com aplicao de discos de desbaste. O
polimento propriamente dito feito com discos de madeira coberto com feltro e impregnados
com uma suspenso de xido de ferro. A aplicao destes discos de desgaste e de polimento
pode tambm ser feito sobre ponto contnuo sobre mesas rectangulares.
3.4. Vidros coloridos ou termo-absorventes
Alm do aspecto esttico, podem reduzir o consumo energtico de uma construo. Estes
vidros reduzem a energia radiante transmitida pelo sol, quer reflectindo a radiao solar antes
de entrar na habitao, quer absorvendo-a no corpo do vidro.
Os vidros termo absorventes so produzidos pela introduo de xidos metlicos na massa do
vidro, que produzem cores variadas e reduzem a transmisso solar, aumentando a absoro do
vidro.
O espectro solar composto de trs partes distintas: ultravioleta, luz ou espectro visvel e
infravermelho. A energia ultravioleta representa apenas 2 % da energia solar e causa
descolorao de tapetes, cortinas, mveis, queimaduras solares, entre outros, sendo invisvel.
Por outro lado, a luz que representa 45 % da energia solar a poro de energia qual a retina
sensvel. Em ltimo, a energia infravermelha que compreende comprimentos de onda
elevados em relao s outras energias, corresponde a 53 % da energia solar e tambm
invisvel. Todas elas so convertidas em calor.
Conclui-se que a escolha do vidro importante para minimizar o consumo de energia
elctrica para iluminao e refrigerao, ou aquecimento. No anexo V, poder-se- ver uma
figura que mostra como os raios solares atingem uma vidraa e as suas repercusses.
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Em comparao, permite-nos concluir que o vidro polido (6mm), com colorao bronze e
superfcie reflectante, permite a passagem de apenas 52 % da energia solar, enquanto que o
vidro verde (6 mm) deixa passar 61% e o vidro incolor 83 %.
Figura 10 Grfico espectro solar [1].
Estudos mostram os benefcios da luz natural nos humanos, da a importncia da utilizao do
vidro como separao do exterior. As construes com muita luz natural podem reduzir o
consumo de energia, melhorando a qualidade da iluminao. A iluminao artificial pode
representar 50 % do consumo total de energia.
Nos locais mais quentes devem ser utilizados vidros termo absorventes, enquanto que em
locais frios o melhor ser utilizar vidros incolores que deixam passar o mximo de
iluminao.
3.5. Espelhos
Em tempos antigos, os espelhos consistiam em metais polidos, geralmente o bronze. Alguns
espelhos de vidro revestidos de estanho e prata tambm foram encontrados. Na Idade Mdia,
embora o processo de revestimento do vidro com finas camadas metlicas fosse conhecido,
predominavam, quase que exclusivamente, os espelhos de metais polidos como o ao, a prata
ou ouro. Alguns espelhos de vidro foram fabricados em Nurenberg em 1373, e pequenos
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espelhos foram produzidos antes de 1500.A fabricao de espelhos como conhecemos hoje
teve incio em Veneza. Em 1507, dois cidados de Murano obtiveram o privilgio exclusivo
de produzir espelhos por um perodo de 20 anos. Em 1564, os fabricantes de espelhos de
Veneza uniram-se formando uma associao e, pouco tempo depois, os espelhos de vidro
passaram a substituir os espelhos metlicos.
No inicio, os espelhos eram fabricados soprando-se um cilindro de vidro, cortando-o
longitudinalmente ao meio e alisando-o sobre uma superfcie de pedra. O vidro era, em
seguida, polido cuidadosamente. Ao lado, numa superfcie plana, uma lmina de estanho
polido era colocada sobre uma manta e despejava-se mercrio sobre ela, aplicando-se,
posteriormente, uma folha de papel sobre o mercrio. Em seguida, o vidro polido era
cuidadosamente assentado sobre o conjunto, retirando-se antes a folha de papel, a fim que
uma superfcie limpa de mercrio entrasse em