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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO CURSO DE ARTES VISUAIS PECADOS CAPITAIS: SENTIMENTO E FORMA PATRÍCIA HORVATH VIEIRA Campo Grande – MS 2006

Vieira; patrícia horvath pecados capitais sentimento e forma

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO

CURSO DE ARTES VISUAIS

PECADOS CAPITAIS: SENTIMENTO E FORMA

PATRÍCIA HORVATH VIEIRA

Campo Grande – MS 2006

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PATRÍCIA HORVATH VIEIRA

PECADOS CAPITAIS: SENTIMENTO E FORMA

Relatório apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais à Banca examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação da Profª. Drª. Carla de Cápua.

Campo Grande – MS 2006

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RESUMO Pecados Capitais: Sentimento e Forma, foi influenciado por escultores como Brancusi, Arp, Niemeyer e principalmente Moore. Embora na maioria das vezes Moore tenha trabalhado entalhe e modelagem, eu optei em trabalhar com construção, associei sua obra a meus modelos, principalmente por se tratar de formas orgânicas e simplificadas, equilibrando o peso da forma com os vazios que interferem no ambiente. Essa influência permitiu a criação de sete mulheres que trazem a expressão e o sentimento dos sete pecados capitais. As curvas e ondas dessas mulheres, tal qual as dos galhos, folhas e pedras, fonte de inspiração de Moore, Arp, Brancusi e muitos outros escultores modernos, trazem à tona a delicadeza e a naturalidade desses pecados. Deixando claro, que a intenção não é a de julgar se as atitudes de cada uma delas estão certas ou erradas, é apenas a de valorizar a beleza da expressão feminina. Na primeira fase do trabalho, foram modeladas miniaturas em argila. Estes pequenos modelos foram desenhados nos seus melhores ângulos, e cada desenho foi simplificado e reduzido em linhas, passaram então do papel para o ferro em tamanho quase natural.

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SUMÁRIO

Resumo ................................................................................................................ 02Lista de imagens .................................................................................................. 04 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 05 1 ESCULTURA 1.1 A ARTE DA ESCULTURA .............................................................................

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1.2 ESCULTURA MODERNA, SÉC. XX .............................................................. 091.2.1. Construtivismo Russo ................................................................................ 091.3 ESCULTORES MODERNOS: INFLUÊNCIAS ............................................... 121.3.1 Oscar Niemeyer .......................................................................................... 13 2 TEMA 2.1 MULHER E FEMINILIDADE ........................................................................... 2.2 PECADO CAPITAL ........................................................................................ 152.3 PECADO CAPITAL COMO TEMA NA HISTÓRIA DA ARTE ....................... 16 3 CONSTRUÇÃO DO TRABALHO 3.1 DEFINIÇÃO DA FORMA ............................................................................... 183.2 CONSTRUÇÃO ............................................................................................ 183.3 ACABAMENTO ............................................................................................ 20 4 RESULTADOS ................................................................................................. 224.1 AVAREZA....................................................................................................... 234.2 GULA .............................................................................................................. 244.3 INVEJA ........................................................................................................... 254.4 IRA.................................................................................................................. 264.5 LUXÚRIA ........................................................................................................ 274.6 PREGUIÇA ..................................................................................................... 284.7 SOBERBA ...................................................................................................... 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 30 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 31 7 ANEXOS............................................................................................................ 33

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LISTA DE IMAGENS Imagem 01 – Vênus de Willendorf 08Imagem 02 – David 08Imagem 03 – Recém Nascido 10Imagem 04 – Figura Reclinada 11Imagem 05 – Escultura de Oscar Niemeyer 12Imagem 06 – O Nascimento de Vênus 13Imagem 07 – Madalena I 14Imagem 08 – Mesa dos Pecados Capitais 17Imagem 09 – O Jardim das Delícias Terrenas 17Imagem 10 – Desenho em tamanho real da escultura 18Imagem 11 – Dobrando o ferro 19Imagem 12 – Preparando a escultura para a solda 19Imagem 13 – Soldando a escultura 20Imagem 14 – Acabamento com lixadeira 21Imagem 15 – Pintura das esculturas 21Imagem 16 – Avareza 23Imagem 17 – Gula 24Imagem 18 – Inveja 25Imagem 19 – Ira 26Imagem 20 – Luxúria 27Imagem 21 – Preguiça 28Imagem 22 – Soberba 29Imagem 23 – Avareza (desenho) 33Imagem 24 – Gula (desenho) 33Imagem 25 – Inveja (desenho) 34Imagem 26 – Ira (desenho) 34Imagem 27 – Luxúria (desenho) 35Imagem 28 – Preguiça (desenho) 35Imagem 29 – Soberba (desenho) 35

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INTRODUÇÃO

A humanidade precisa acreditar em forças além do alcance da visão para

explicar sua existência; vive em conflitos entre o bem e o mal, o certo e o errado,

acredita que deve respeito e que tem obrigações com o sagrado. Essa religiosidade

faz a ética, determina ciclos e princípios de vida que mudam segundo cada religião.

Existem muitas delas, várias crenças, doutrinas e seitas, cada uma tem seus

princípios, às vezes muito parecidos uns com os outros. Os pecados estão

presentes em todas ou quase todas elas.

A escolha dos sete pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxúria,

preguiça e soberba como temática para uma série de sete esculturas, deu-se pelo

fascínio que tenho pela misticidade do certo e errado, das possíveis expressões

femininas e pelo desejo de unir o feminino, a escultura moderna e a expressão.

A escultura reserva um poder de transparecer sentimentos, revelar certos

estados ou qualidades subjetivas de que passam a ser formas visíveis; tal como a

expressão de cada sentimento já citado. Avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça

e soberba, foram usados como suporte na confecção de cada escultura, extraindo

deles a expressão e fazendo com que o espectador reconheça cada uma delas,

reconhecendo e identificando-se com aquele sentimento.

O ferro foi escolhido para a produção das obras devido as grandes

possibilidades de resultado e facilidade no manuseio. A maleabilidade, a resistência

e o baixo custo, permitiram inúmeros efeitos estéticos, assim, utilizando a técnica de

construção, realizei uma série de obras expressivas nas quais conquistei a

possibilidade de materialização dos sentimentos.

Apropriei-me das formas femininas e principalmente simplificadas, conquistei

o objetivo de agregar leveza, movimento, monumentalidade, linha, ar, expressão,

sensualidade, feminilidade e cor à carga emocional que carrega cada pecado.

Tratando disso, o relatório está dividido em quatro capítulos:

A primeira e a segunda partes do capítulo I, “Escultura”, tratam do contexto

histórico, sobre o que é, o que foi e o que representa a escultura, citando exemplos

e fazendo referências a uma gama de imagens; descrevendo a arte desde o período

paleolítico ao século XX.

A terceira parte do primeiro capítulo, “Escultores modernos: Influências”,

aborda as obras e as particularidades de artistas modernos que tenho como

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referências e que foram alvos de estudo, revelando detalhes coincidentes com

elementos encontrados na minha obra. Entre eles faço referências a Henry Moore

que com sua surpreendente obra monumental e orgânica, trata muitas vezes da

feminilidade e da expressão, através de formas sinuosas, leves e cheias de vazios.

Faço também, um estudo das esculturas do arquiteto Oscar Niemeyer, que segundo

ele: Fonte “de curvas é feito todo o universo”. Tanto na arquitetura, na escultura ou

em seus desenhos, Niemeyer trabalha com linhas simplificadas, leves, soltas e

monumentais. Segundo ele, um olhar atento à sua obra arquitetônica revela que

mesmo em seus prédios podem ser encontradas as formas “da mulher preferida”.

O segundo capítulo explica a relação entre a temática e o sentimentalismo

existente na elaboração e produção do trabalho realizado. Descrevendo

separadamente, contextos históricos e filosóficos sobre mulher e feminilidade e

pecado capital, tornando mais fácil uma síntese entre as peças produzidas e o que

elas transmitem. Neste, justifico também a escolha do feminino, que traz ao

espectador, minhas raízes, minha vivência e o meu presente. A forte presença da

mãe, irmãs e avó; e a ausência material do pai, transforma o meu universo num

olhar feminino.

O terceiro capítulo, “Construção do Trabalho”, descreve detalhadamente as

várias fases do procedimento metodológico, justificando o processo criativo e a

escolha da técnica escultórica.

O quarto capítulo, “Resultados”, faz a análise das obras. Primeiro justificando

e fazendo referências às características comuns a todas as peças: curvas, formas,

estruturas e significados e depois falando separadamente de cada uma delas, dando

significados, analisando a forma, detalhando e acrescentando poética à

compreensão.

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1 ESCULTURA

1.1 A ARTE DA ESCULTURA

Escultura é a arte e a técnica de representar seres e objetos,

reproduzindo-lhes as formas em materiais sólidos e em três dimensões. Baseada, ainda mais que a pintura, na imitação da natureza (mimese), a escultura pretende criar formas artísticas encontráveis na realidade: (Coberta,2003:10)

Desde as primeiras civilizações, o homem já fazia escultura, fossem elas para

cultuar o mágico e o sagrado, ou mais tarde, por interesse puramente estético.

Acredita-se que a primeira escultura surgiu no período paleolítico, como a

famosa “Vênus de Willendorf”. Egípcios, Assírios e Babilônicos foram pioneiros no

emprego das esculturas em suas artes. Já na Grécia, as esculturas eram melhores

elaboradas, passando por três períodos: Arcaico, Clássico e Helenístico. No período

arcaico os gregos começaram a esculpir em mármore, grandes esculturas em forma

de homem e mulher. Esse tipo de estátua é chamada Kouros, e Kore,

respectivamente. No período Clássico, procuraram movimento nas estátuas, para

isso passaram a trabalhar o bronze que era mais resistente que o mármore. No

período Helenístico, nasce o naturalismo, onde os gregos passam a representar as

expressões dos sentimentos.

Segundo Tucker (1999), Nos períodos Primitivo Cristão e Bizantino, com o

cristianismo, a escultura decaiu, passou a ser considerada paganismo, e deu lugar a

esculturas sacras feitas em marfim. E foi praticamente reinventada na Idade Média,

com o Romântico e o Gótico. Mas o clássico voltou no Renascimento, onde as idéias

iluministas inspiraram artistas como Donatello, Verrocchio e Michelangelo, cujo

“Davi” trouxe novo sentido às formas esculturais da época.

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Imagem 01 Vênus de Willendorf, período paleolítico Calcário oolítico, 11,1 cm Coleção do Museu de História Natural de Viena Fonte: www. wikipedia.org

Imagem 02 David, Michelangelo, 1504 Mármote, 5,17 m Fonte: www. wikipedia.org

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1.2 ESCULTURA MODERNA, SÉC. XX

No século XX, os ideais da escultura mudam completamente o rumo.

Modernistas como Victor Brecheret, Henry Matisse, Giacometti, Brancusi, Jean Arp,

tratam agora a forma como o detalhe mais ou muito importante da obra, não

buscavam mais o realismo; as formas esculturais foram ganhando simplicidade,

abstração, deformação e ousadia. Destacam-se duas tendências, claramente

expostas nas obras da maioria dos escultores: O Abstracionismo Orgânico e o

Construtivismo Cinético, sendo um inspirado na natureza e o outro em máquinas e

tecnologias elétricas.

Segundo Krauss (2001), frentes como o Cubismo, Dadaísmo, Construtivismo,

foram influências marcantes para os escultores deste período.

Embora entendamos que Rodin (Impressionismo), esteja bem distanciado

destes escultores, não se deve esquecer que ele os inspirou em matéria de

expressar os sentimentos, embora muito realista na forma, foi o pioneiro em

representar o subjetivismo na escultura.

“A missão de Brancusi constituiu em desembaraçá-la de tudo isso e

desenvolver-nos a consciência da forma” (Wittkower, 2001:265).

Segundo Argan (2002), com a industrialização e com a máquina, o

trabalhador perdeu qualquer oportunidade de expressar a criatividade, ficando

apenas nas mãos do artista o papel de expressar o valor funcional do corpo social,

do universo e da atividade. A arte contribui para modificar as condições objetivas

pelas quais a operação industrial é alienante. A arte compensa a alienação

favorecendo uma recuperação de energias criativas fora da função industrial. (ideais

construtivistas).

1.2.1 CONTRUTIVISMO RUSSO

Ainda segundo Argan (2002), A partir de 1915 a essência da arte na Rússia

mudou, não devendo ser produzida para o luxo dos ricos e sim para o povo. A arte

está a serviço da revolução Russa (Ideais socialistas).

As artes devem ser “equalizadas”, não deve haver nenhuma distinção entre

as ”classes”. Esculturas e pinturas, também são “construções”, e não

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representações, logo devem utilizar os mesmos meios e materiais que a arquitetura.

Pensamento este que inspirou a didática da Bauhaus1: Uma cadeira agrega o

mesmo valor que uma escultura, e uma escultura deve ser funcional como uma

cadeira e ainda, demonstrar no primeiro olhar sua função.

Com os ideais revolucionários russos, a arte ganha uma função: a de dar ao

povo a sensação visual da revolução em andamento. A transformação torna-se um

espetáculo.

Em 1919, Tatlin (1885-1953), “Elabora o Projeta para um Monumento à III

Internacional.” Uma gigantesca espiral inclinada, que gira sobre si mesma e funciona

como uma antena emissora de notícias e sinais luminosos. Os ideais construtivistas

não limitaram a arte, e sim abriram possibilidades ilimitadas com a junção entre as

técnicas industriais e a criação. “Assim a arte industrial será a nova e verdadeira arte

popular, não mais uma tímida expressão de poucos.” (Argan, 2002:325).

Imagem 03 Recém Nascido, Brancusi, 1915. Mármore, 21,5 x 15 cm Acervo Philadelphia Museum of Art Fonte: Caminhos da Escultura Moderna

1.No dia 21 de março de 1919, o arquiteto Walter Gropius inaugurou a Escola Bauhaus em

Weimar, Alemanha. Para Gropius, a unidade arquitetônica só podia ser obtida pela tarefa coletiva, que incluía os mais diferentes tipos de criação, como a pintura, a música, a dança, a fotografia e o teatro. Ao fundar o movimento Bauhaus – que significa "casa de construção" –, o arquiteto Walter Gropius criou uma instituição de ensino com idéias vanguardistas, numa época em que o mundo enfrentava séria crise econômica. Engenheiros e arquitetos buscavam uma maneira simples de produzir em série objetos de consumo baratos.

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Acredito que minha maior inspiração esteja além de nomes como Brancusi,

Brecheret e Niemeyer, também na obra de Henry Moore, adepto da talha, trabalhou

principalmente com materiais como pedra e madeira, desenvolvendo suas formas

pesadas, maciças, equilibradas com a leveza dos vazios.

Suas esculturas apresentam o volume num jogo dialético de cheios e vazios,

articulações, unidade de concepção e monumentalidade. Alcançava as formas

partindo de uma visão humanista e critérios orgânicos. A observação e o estudo da

forma da natureza nutriam a produção escultórica do artista.

A Cavidade pode dar vida aos espaços interiores na escultura, e ressaltar o papel do espaço vazio na valorização da forma; algumas vezes ele é usado para desdobrar a figura humana e quebrar sua simetria, acrescentando um elemento surpresa à fruição do observador. (Reid,2005: 26).

Ao ousar nas formas, Moore sentiu necessidade de usar materiais mais

resistentes, como o bronze, tendo assim que aprender a modelar. Ao modelar,

Moore ousou ainda mais na forma, chegando a volumes mais arredondados, suaves

e até sensuais.

Imagem 04 Figura Reclinada, Henri Moore, 1939. Tiragem em bronze de 3, comprimento: 27,9 cm The Henry Moore Foundation Fonte: Henry Moore: Uma retrospectiva - Brasil 2005

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1.3.1 Oscar Niemeyer Oscar Niemeyer (1907) é arquiteto brasileiro, renomado internacionalmente,

com obras arquitetônicas no Brasil, Argélia, França, Inglaterra, Espanha, Alemanha,

Emirados Árabes, Venezuela, Cuba entre outros. No Brasil suas mais marcantes

obras são: o conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte; a Esplanada

dos ministérios em Brasília, o Parque do Ibirapuera, o Copan e o Memorial da

América Latina em São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói-RJ.

Niemeyer desde a década de 60 vem trabalhando em outros ramos da arte e

não só a arquitetura, como peças de mobiliário e mais recentemente, sobretudo a

partir da década de 80, o arquiteto passou a produzir desenhos, serigrafias e

esculturas. Sobre sua esculturas disse:

Sempre pensei em fazer escultura, mas sem nenhuma preferência ou caminho a seguir. Para min, em matéria de arte - e mesmo de arquitetura -, não importa haver estilos diferentes, nem obra antiga ou moderna. O que existe é apenas arte boa ou ruim. Gosto dos velhos mestres, mas também dos trabalhos de Moore, da pureza de Brancusi, das belas mulheres de Despiau e Maillol, das esculturas gregas e egípcias, da Vitória de Samotrácia, toda feita de beleza e movimento. Até as esguias figuras de Giacometti, que, confesso, não me atraíam, passei a admirar, quando vi uma delas, sozinha, monumental, num grande salão de Bruxelas. (Niemeyer, 2006)

A escultura de Niemeyer, assim como a arquitetura modernista apresenta

formas livres e sensuais que invadem e interagem com o espaço. São gigantescos

desenhos feitos de ferro com a temática mulher, política ou sua própria arquitetura.

Imagem 05 Escultura de Oscar Niemeyer Fonte: www.annamarianiemeyer.com.br

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2 TEMA

2.1 MULHER E FEMINILIDADE

As formas femininas sempre influenciaram a criação de artistas ao longo dos

séculos. A história da humanidade vestiu e despiu suas musas inúmeras vezes.

Gregos, persas, babilônicos, medievais, renascentistas e modernos, todos

representaram a forma feminina em vários aspectos, fosse para representar a

admiração, a devoção ou até mesmo a cobiça. Sensações que levaram para arte o

que considero a mais bela das expressões, o feminino, curvas, ondas, volume e

vazios, um conjunto equilibrado de formas que se contrastam e completam-se ao

mesmo tempo. A obra pictórica O Nascimento de Vênus (imagem 06), de Boticcelli

(1444-1510). ao mesmo tempo puritana e atraente, é um exemplo das mais variadas

maneiras de se apropriar da mulher na arte.

Imagem 06 O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli, 1484. Têmpera sobre tela, 172,5 x 278,5 cm Acervo: Galleria degli Uffizi, Florença

Na história da escultura, as formas mais encontradas representam mulheres

de inúmeras maneiras e linguagens. Nomes como Picasso, Matisse, Archipenko

tiveram musas inspiradoras. Refiro-me principalmente a Matisse que sempre ou

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quase sempre esculpiu mulheres, como “Madalena I“, e ao mais contemporâneo

deles, Niemeyer.

Não é o ângulo reto que me atrai nem a linha reta, dura, inflexével, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein (Niemeyer, 2004)

Imagem 07 Madalena I, Henri Matisse, 1901. Bronze, 60 cm Fonte: Tendências da Escultura Moderna, 1980

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O desejo de representar mulheres justifica-se pela maneira que tenho de

enxergar o mundo. A criação familiar feminina, circulada por irmãs e laços estreitos

com a mãe, deu-me conceitos feministas; além de acreditar que para o desenho de

esculturas não se encaixaram melhores ou mais belas formas que as femininas. A

representação da “Ira” se fosse figura masculina, por exemplo, seria muito mais

quadrada e agressiva perdendo assim qualquer possibilidade de alcançar a

sensualidade.

2.2 PECADO CAPITAL

“É pecado toda aquela atitude livre consciente, irresponsável no uso

de algum bem ou dom a nós concedidos por Deus”.

Padre Zezinho

Os sete pecados capitais são uma classificação de vícios usada nos primeiros

ensinamentos cristãos, para educar e proteger os seguidores dos instintos humanos

básicos. A Igreja dividiu os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis

sem a necessidade da confissão, e os pecados capitais merecedores de

condenação.

De acordo com Pires (1960), Pecado é a transgressão voluntária de norma

religiosa ou moral. O sentimento de culpa provocado por esse tipo de transgressão é

comum a muitas culturas e religiões. Os povos primitivos consideravam pecado

qualquer ação capaz de provocar ruptura da ordem natural e social. Os gregos

associavam à ignorância. O cristianismo atribuiu o pecado à aquilo que viola a

vontade de Deus

Segundo o dicionário Michaelis os significados destes pecados são:

- Avareza: Mesquinhez, egoísmo, apego ao dinheiro;

- Gula: Excesso de comida e bebida, grande amor por iguarias;

- Inveja: pesar pelo bem alheio, cobiça;

- Ira: Cólera, raiva;

- Luxúria: Libertinagem, lascívia, exuberância, sensualidade;

- Preguiça: Morosidade, negligência, moleza, vadiagem.

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- Soberba: Arrogância, orgulho;

A escolha destes pecados como temática para sete esculturas se dá pelo

fascínio que tenho pela misticidade da expressão do “certo e errado” e o poder da

escultura de por em relevo certos estados ou qualidades subjetivas.

Como tema, apropriei-me dos pecados, por terem um grande valor

expressivo, rico em simbologias culturais, que permite a expressão sentimental na

forma escultural, buscando apenas alcançar esta expressão. Não pretendo neste,

analisar cada atitude representada.

2.3 PECADO CAPITAL COMO TEMA NA HISTÓRIA DA ARTE

A concepção de um mundo dominado pela Igreja, inspirou inúmeros artistas a

trabalharem com temas cristãos, fosse a favor e a pedido da igreja ou fosse em

forma de crítica aos exageros do cristianismo. Principalmente pintores encontraram

nos pecados a expressão plástica. Hieronymus Bosch (1450 a 1516), pintor

holandês, apropriou-se por muito ou por quase todo tempo desta temática, por ter

sido membro da confraria de Nossa Senhora.

Bosh começou com o tema pecado, pintando “A Mesa dos Pecados Capitais”

(imagem 08) depois os trípticos, “O Carro de Feno”, “O Jardim das Delícias”

(imagem 09) e “As Tentações de Santo Antão”.

Mais tarde, outros pintores como Botticcelli, e escultores como Rodin, e hoje

escultores da atualidade, também apropriaram-se desta temática.

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Imagem 08 Mesa dos Pecados Capitais, Bosch, 1480. Óleo sobre tela, 120 x 150 cm. Acervo: Museu do Prado Fonte: www.artehistoria.com

Imagem 09 O Jardim das Delícias Terrenas (painel central), Hieronymus Bosch, 1500. Óleo sobre madeira, painel central 220 x 196 cm. Acervo: Museu do Prado Fonte: www.artehistoria.com

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3 CONSTRUÇÃO DO TRABALHO 3.1 DEFINIÇÃO DA FORMA

Para chegar à forma de cada uma das obras, eu precisei modelá-las,

produzindo pequenos modelos em argila, escolher o melhor ângulo, desenhá-lo,

simplificar o desenho, transformando a forma apenas em linhas e preocupando-me

com junções, estabilidade e equilíbrio, tanto estrutural quanto estético.

Imagem 10 Desenho em tamanho real da escultura

3.2 CONSTRUÇÃO

Ao definir cada uma das sete esculturas, desenhei em tamanho real, medindo

e numerando as linhas, cortando as barras de ferro, entortando e torcendo com

auxilio de fendas e morça. As linhas do desenho, agora transformadas em

esculturas, sofrem o processo de solda, unindo as linhas.

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Imagem 11 Dobrando o ferro

Imagem 12 Preparando a escultura para a solda

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Imagem 13 Soldando a escultura

3.3 ACABAMENTO

Após concluir o trabalho de solda, começa-se o trabalho de acabamento, com

a utilização de lixadeiras e lixas mais finas, alternados com o trabalho de passar nos

pequenos defeitos da solda, uma massa plástica.

Quando finalmente as juntas dos ferros estão uniformes, inicia-se o processo

de pintura. Com a utilização de compressor, aplicam-se duas ou três camadas de

esmalte sintético diluído em solvente próprio. Esta aplicação é feita em estufa

automobilística ou lugar completamente fechado.

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Imagem 14 Acabamento com lixadeira

Imagem 15 Pintura das esculturas

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4 RESULTADOS

Num apanhado geral, as esculturas unem as duas tendências escultóricas da

arte do século XX: o Abstracionismo Orgânico, tempo de representar sentimentos e

inspirar-se na natureza e o Construtivismo Cinético, tempo de funcionalisar a arte,

desenvolvendo-se com a indústria e simbolizando sentimentos através da

construção. A utilização do ferro como material expressivo nos lembra da indústria, a

cor vermelha torna as esculturas de certa forma, um pouco mais sintéticas e a forma

feminina e orgânica, nos remete à mimese com a natureza.

As formas são compostas por linhas que nem sempre se encontram,

formando curvas e ondas muito orgânicas que remetem à sensualidade e

feminilidade. Estas linhas misturam-se com o ar e fazem do ambiente uma

composição.

Os desenhos formados por linhas interrompidas, completam-se dentro da

mente de cada espectador, a carga emocional também está no espectador, a

afinidade e o reconhecimento dos pecados estão relacionados com a vivência de

cada um, tendo mais importância e realidade para uns e causando incômodo para

outros, mas todas elas trazem junto ao pecado, naturalidade, clareza, do que estão

fazendo ou sentindo e a certeza de que elas não estão erradas e de que fazem sem

culpa e, de certa forma, convidam-nos a fazê-lo.

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4.1 AVAREZA

Imagem 16 Avareza 113 x 106 x 3 cm

A forma é composta por muito mais linhas que as outras, pois ela tem todos

os membros. O contorno completo do corpo mostra que ela não está aberta; a

posição é fechada, encolhida e egoísta. Está ao mesmo tempo abraçando e

protegendo o corpo. Olha para o lado com a cabeça baixa, como quem cuida e

desconfia de algo.

A inclinação dos ombros para a esquerda, dá à sensação de movimento e

deixa a impressão de que ela volta-se para trás, como se puxasse o corpo

recolhendo-se.

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4.2 GULA

Imagem 17 Gula 110 x 108 x 3 cm

A sua ânsia é representada pela mão na boca e pela forma gorda, o que não

faz dela menos sensual que as outras. A ausência do braço esquerdo torna a forma

mais delicada. É de todas a mais graciosa, com sua perna grossa cruzada na frente

do corpo, dá a impressão de estar cobrindo apenas por acidente, ela não tem a

intenção de esconder seu corpo.

As ondas e curvas de sua forma são muito harmoniosas, a barriga grande e o

seio levemente caído, fazem também a imagem de maternidade, fertilidade ou

gravidez, remetendo sensualidade.

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4.3 INVEJA

Imagem 18 Inveja 112 x 105 x 3 cm

Muito delicada, a inveja está em posição de conforto, sentada com as pernas

entrelaçadas, cobiça disfarçadamente, apenas olhando por cima do ombro. Tem os

ombros arredondados e pernas grossas. A linha que compõe o lado é bastante

sinuosa deixando a cintura mais fina. Embora não tenha seio, o que torna o desenho

mais limpo compõe uma forma de muita sensualidade.

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4.4 IRA

Imagem 19 Ira 102 x 91 x 3 cm

A mais quadrada delas, nem por isso menos sensual, de joelhos no chão, os

braços escoram o corpo e ao mesmo tempo força-o para cima, os ombros são bem

pontudos e a cabeça está na frente da linha do ombro, lançada à frente; o que nos

dá a sensação de uma ação de raiva, de movimento.

Com os ângulos retos, os braços quebram a delicadeza das curvas

arredondadas das pernas, mas a feminilidade está no seio e numa pequena cintura.

Há uma falta de linhas, o corpo é todo interrompido, a cabeça não completa

um círculo, o lado esquerdo não existe, é formado apenas por braço e ombro. O

ombro direito não existe, mas este lado forma-se por tronco e seio. Esta simplicidade

traz leveza visual à forma.

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4.5 LUXÚRIA

Imagem 20 Luxúria 93 x 172 x 3 cm

O corpo é todo insinuante, com a forma composta por muitas linhas

interrompidas, os ombro esquerdo não existe, negando a junção com o seio que dá

a sensação de estar jogado à frente, a cabeça levemente jogada para trás, também

lança o tronco à frente reforçando a sensação de que ela lança-se ao espectador. As

linhas inferiores das pernas não se encontram, o que as mostra mais abertas. A

cintura muito fina reforça a impressão da abertura das pernas, além de aumentar o

quadril e jogá-lo mais à frente.

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4.6 PREGUIÇA

Imagem 21 Preguiça 68 x 170 x 3 cm

Com muita tranqüilidade está deitada preocupando-se apenas com a luz,

cobre os olhos com o braço. Tem um seio e o quadril bem volumosos e

arredondados, a cintura bem fina e as pernas alongadas, representando muita

sensualidade.

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4.7 SOBERBA

Imagem 22 Soberba 120 x 176 x 3 cm

Mostra-se em posição de repouso sereno. Delicada, apenas os ombros

levantados e a cabeça empinada revelam sua soberania.

Para não perder a sensualidade, os seios são enormes, a cintura é

exageradamente fina e as pernas bem alongadas. Está de lado, mostra todo o corpo

e não nos olha, para mostrar sua indiferença.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de criação deste trabalho teve início nos exercícios realizados

durante as aulas de escultura no decorrer do curso, uma vez que estes, na maioria

das vezes, já tinham como temática as formas femininas e estudos de abstração.

Servindo então como estudo. A fundamentação está ligada à descoberta da

escultura moderna e sua história, influenciada por vários artistas deste período.

A composição das obras, formada por linhas, curvas, ondas e uma grande

carga emocional, faz referência direta ao tema escolhido. A partir de um estudo mais

aprofundado da escultura orgânica, as miniaturas criadas passam a ser apenas uma

referência e a abstração e simplificação das linhas da figura, fez com que os

trabalhos surgissem plenamente.

A escolha do ferro como material expressivo facilitou a produção das formas,

variando muito pouco a escultura do desenho original. O acabamento das esculturas

apresentou mais dificuldades que esperado, pois o ferro, a solda e os resultados da

pintura com tinta sintética, não haviam sido trabalhados no decorrer das aulas;

surpreendendo e exigindo nova pesquisa a cada descoberta.

As sete peças produzidas são, além de obras, uma realização pessoal. A de

alcançar a capacidade de concretizar e eternizar sentimentos, emoções e

expressões.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGAN, Giuliano Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 8ª. Reimpressão, 2002. ARNHEIN, Rudolf. Arte e Percepção Visual Uma Psicologia da Visão Criadora. 13ª ed. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 2000. BASTIDE,Roger,(1898-1974). Arte e Sociedade. São Paulo:Editora Nacional 1979 CAVALCANTI, Carlos. História das Artes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. COBERTTA, Glória. Manual do Escultor. Porto Alegre: Editora AGE, 2003. GROPIUS, Walter. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo: Editora perspectiva, 1977. GUINSBURG, J. Organização. O Expressionismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002. KLINTOWITZ,Jacob. O Construtivismo Afetivo de Emanuel Araújo. São Paulo: Raízes Artes Gráficas,1983. KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2001. LANGER, Susanne K. Sentimento e Forma. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1980. MICHAELIS. Minidicionário escolar da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 2000. NAVES, Rodrigo. A Forma Difícil, ensaio sobre arte brasileira. São Paulo: Editora Ática, 2001. NIEMEYER, Anna Maria. Galeria Anna Maria Niemeyer. http://www.annamarianiemeyer.com.br – acessado em 25/08/2006. NIEMEYER, Oscar. Oscar Niemeyer Minha Arquitetura 1937-2004. Editora Revan, 2º Edição. Rio de Janeiro, 2004. PIRES, Celestino S. I. Inteligência e pecado em S. Tomás d’Aquino. Braga,1960 READ, Herbert. Escultura Moderna. Uma História Concisa. Trad. Ana Aguiar Cotrim, São Paulo: Martins Fontes, 1ª edição, julho de 2003. REID, Margaret, et al. Henry Moore: Uma retrospectiva – Brasil 2005. São Paulo, 2005.

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7 ANEXOS Desenhos dos trabalhos

Imagem 23 Avareza (desenho)

Imagem 24 Gula (desenho)

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Imagem 25 Inveja (desenho)

Imagem 26 Ira (desenho)

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Imagem 27 Luxúria (desenho)

Imagem 28 Preguiça (desenho)

Imagem 29 Soberba (desenho)