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  • NOTA DE AULA VIICURSO DE EXTENSO EM DIREITO AMBIENTALPROFA. SARAH CARNEIRO

    DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO

    CONJUNTO DE NORMAS PRINCIPIOLGICAS E COERCITIVAS QUE REGULAM A RELAO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE, NA BUSCA PELA EFETIVAO DO DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO, ESSENCIAL SADIA QUALIDADE DE VIDA, PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAES, SUJEITANDO O POLUIDOR, PESSOA FSICA OU JURDICA, DE DIREITO PBLICO OU PRIVADO, S SANES PENAIS E ADMINISTRATIVAS PELOS DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE, INDEPEDENTEMENTE DA OBRIGAO OBJETIVA DE REPAR-LOS E INDENIZ-LOS PATRIMONIAL E EXTRAPATRIMONIALMENTE COLETIVIDADE.

    PRINCPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

    "O Direito, como cincia humana e social, pauta-se tambm pelos postulados da Filosofia as Cincias, entre os quais est a necessidade de princpios constitutivos para que a cincia possa ser considerada autnoma, ou seja, suficientemente desenvolvida e adulta para existir por si e situando-se num contexto cientfico dado. (...)Por isso, no natural empenho de legitimar o Direito do Ambiente como ramo autnomo da rvore da cincia jurdica, tm os estudiosos se debruado na identificao dos princpios ou mandamentos bsicos que fundamentem o desenvolvimento da doutrina e dem consistncia s suas concepes.A palavra princpio, em sua raiz latina ltima, significa aquilo que se toma primeiro (primum capere), designando incio, comeo, ponto-de-partida. Princpios de uma cincia, segundo Jos Cretella Jnior, so as proposies bsicas, fundamentais, tpicas, que condicionam todas as estruturas subseqentes." dis Milar (vide artigo em anexo)

    1) PRINCPIO DA PREVENO

    A busca pelas medidas preventivas da ocorrncia do dano ambiental devem ser prioritrias na gesto do meio ambiente equilibrado, haja vista que a recuperao do ambiente degradado muitas vezes se torna impossvel ou difcil. Evitar o dano muito mais interessante do que riprim-lo na esfera da responsabilidade ambiental, tanto para a coletividade, que ter garantido seu direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, inclusive para as futuras geraes, como tambm para os potenciais poluidores, que tero um custo bem maior ao tentarem recuperar o status quo do ambiente lesado, ademais da possibilidade de ser condenado a indenizar patrimonial e extrapatrimonialmente pelo dano causado, independentemente das sanes administrativas e penais cabveis ao caso.

    So aes preventivas a definio, pelo Poder Pblico, em todas as unidades da Federao, de espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, e a promoo da educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente, os estudos ambientais e as audincias pblicas, o procedimento de licenciamento ambiental, eis que prvio, firmando medidas mitigadoras e de controle ambiental, as liminares e tutelas antecipadas pelo Poder Judicirio, as certificaes ambientais, os benefcios fiscais (princpio da defesa do meio ambiente, que rege nossa ordem econmica - art. 170, VI, CF/88 -, inclusive mediante

  • tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao), dentre outras.

    Na jurisprudncia:

    CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. AO CIVIL PBLICA. DEGRADAO AMBIENTAL. REA DE PRESERVAO PERMANENTE. MEDIDAS PREVENTIVAS DEFERIDAS PELO JUZO A QUO. POSSIBILIDADE. PRINCPIO DA PREVENO. I - Na tica vigilante da Suprema Corte, "a incolumidade do meio ambiente no pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivaes de ndole meramente econmica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econmica, considerada a disciplina constitucional que a rege, est subordinada, dentre outros princpios gerais, quele que privilegia a"defesa do meio ambiente"(CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noes de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espao urbano) e de meio ambiente laboral (...) O princpio do desenvolvimento sustentvel, alm de impregnado de carter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obteno do justo equilbrio entre as exigncias da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocao desse postulado, quando ocorrente situao de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condio inafastvel, cuja observncia no comprometa nem esvazie o contedo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito preservao do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras geraes" (ADI-MC n 3540/DF - Rel. Min. Celso de Mello - DJU de 03/02/2006). II - Nessa perspectiva, a tutela constitucional, que impe ao Poder Pblico e a toda coletividade o dever de defender e preservar, para as presentes e futuras geraes, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial sadia qualidade de vida, como direito difuso e fundamental, feito bem de uso comum do povo (CF, art. 225, caput), j instrumentaliza, em seus comandos normativos, o princpio da precauo (quando houver dvida sobre o potencial deletrio de uma determinada ao sobre o ambiente, toma-se a deciso mais conservadora, evitando-se a ao) e a conseqente preveno (pois uma vez que se possa prever que uma certa atividade possa ser danosa, ela deve ser evitada), exigindo-se, na espcie, a manuteno das medidas de preventivas determinadas pela deciso monocrtica, a fim de evitar danos maiores e irrecuperveis rea de

  • preservao permanente objeto desta ao civil pblica. V - Nesta linha de entendimento deve ser confirmada a deciso recorrida, que concedeu antecipao de tutela precautiva, determinando empresa promovida que se abstenha de lanar no Rio Grande/MG o lixo, os entulhos de construo e o esgoto provenientes da ocupao do terreno, de edificar no local ou ampliar o que j foi edificado, de derrubar, cortar ou suprimir qualquer tipo de vegetao nativa, sendo-lhes vedada a adoo de qualquer conduta ou atividade danosa ao meio ambiente, sob pena de multa diria de R$ 1.000,00 (hum mil reais) em caso de descumprimento desta deciso. VI - Agravo de Instrumento desprovido. deciso confirmada.(TRF-1 - AG: 422373520104010000 MG 0042237-35.2010.4.01.0000, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, Data de Julgamento: 26/08/2013, QUINTA TURMA, Data de Publicao: e-DJF1 p.168 de 02/09/2013)

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIMINAR QUE DETERMINOU A SUSPENSO DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL. VCIOS NO PROCEDIMENTO. PROTEO AMBIENTAL. PRINCPIO DA PREVENO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Vislumbro a ocorrncia de diversas falhas nos estudos de impacto ambiental que fundamentam a concesso de licenciamento ambiental. 2. Os objetivos do Direito Ambiental so fundamentalmente preventivos. Sua ateno est voltada para o momento anterior consumao do dano. 3. Ante as falhas do EIA/RIMA, reputo correto o posicionamento da Juzo agravado quanto defesa do meio ambiente em ateno do princpio da preveno. 4. Agravo de instrumento desprovido.(TRF-3 - AI: 44650 MS 2006.03.00.044650-6, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NERY JUNIOR, Data de Julgamento: 28/10/2010, TERCEIRA TURMA)

    2) PRINCPIO DA PRECAUO E A TEORIA DO IN DUBIO PRO-AMBIENTE

    Princpio 15 da Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: Com o fim de proteger o meio ambiente, O PRINCPIO DA PRECAUO dever ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaa de danos graves ou irreversveis, a ausncia de certeza cientfica absoluta no ser utilizada como razo para o adiamento de medidas economicamente viveis para prevenir a degradao ambiental.

    Em 1998 a Declarao de Wingspread, define com clareza o Princpio da Precauo, como sendo: Portanto, faz-se necessrio implantar o PRINCPIO DE PRECAUO quando uma atividade representa ameaas de danos sade humana ou ao meio-ambiente, medidas de precauo devem ser tomadas, mesmo se as relaes de causa e efeito no forem plenamente estabelecidas cientificamente.

  • Neste contexto, ao proponente de uma atividade, e no ao pblico, deve caber o nus da prova.O processo de aplicao do PRINCPIO DE PRECAUO deve ser aberto, informado e democrtico, com a participao das partes potencialmente afetadas. Deve tambm promover um exame de todo o espectro de alternativas, inclusive a da no-ao".

    Na jurisprudncia:

    AO CIVIL PBLICA AMBIENTAL -PROJETO DE CONSTRUO DE COMPLEXO HOTELEIRO EM REA DE PRESERVAO PERMANENTE IMPLANTAO DA OBRA NA PENNSULA TUCURUUTUBA, NO MORRO SOROCOTUBA, MUNICPIO DE GUARUJ -NECESSIDADE DE REALIZAO E APROVAO DE ESTUDO PRVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA) -CABIMENTO DIANTE DO PRINCPIO DA PRECAUO EM ATENDIMENTO DA MXIMA "IN DBIO PRO AMBIENTE" -SEMPRE QUE HOUVER UMA PROBABILIDADE MNIMA DE QUE OCORRA DANO COMO CONSEQNCIA DA ATIVIDADE POTENCIALMENTE LESIVA, NECESSRIA SE FAZ PROVIDNCIA DE ORDEM CAUTELAR -TAL PRINCPIO COROLRIO DA DIRETIVA CONSTITUCIONAL QUE ASSEGURA O DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO E SADIA QUALIDADE DE VIDA - NA ESPCIE, NECESSRIA A ELABORAO DE EIA/RIMA DIANTE DA POSSIBILIDADE DE OCORRNCIA DE SIGNIFATIVO IMPACTO AMBIENTAL -APELOS DOS RUS DESPROVIDOS Ao adotar o modelo de Constituio Dirigente e Principiolgica, o constituinte de 1988 revolucionou a ordem fundante brasileira. Os princpios no se submetem estratgia da antinomia, mas obedecem s diretivas da otimizao e da ponderao. Por isso que existe verdadeira hierarquia principiolgica na Carta de 1988. A primazia conferida ao nico direito intergeracional nela explicitado: o direito ao meio ambiente. O direito ao meio ambiente equilibrado, essencial sadia qualidade de vida, assegurado no apenas aos viventes, mas tambm aos herdeiros do porvir, ou seja, s futuras geraes. Por isso mesmo que no se pode cotej-los para prestigiar outros direitos, igualmente legtimos, mas que no tenham essa dimenso intergeracional.(TJ-SP - Apel. Civ. 71109520028260223 SP , Relator: Renato Nalini, Data de Julgamento: 16/12/2010, Cmara Reservada ao Meio Ambiente, Data de Publicao: 29/12/2010)

    ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAO DO ART. 535 DO CPC. OMISSO INEXISTENTE. AO CIVIL PBLICA. DANO AMBIENTAL. CONDENAO A DANO

  • EXTRAPATRIMONIAL OU DANO MORAL COLETIVO. POSSIBILIDADE. PRINCPIO IN DUBIO PRO NATURA. 1. No h violao do art. 535 do CPC quando a prestao jurisdicional dada na medida da pretenso deduzida, com enfrentamento e resoluo das questes abordadas no recurso. 2. A Segunda Turma recentemente pronunciou-se no sentido de que, ainda que de forma reflexa, a degradao ao meio ambiente d ensejo ao dano moral coletivo. 3. Haveria contra sensu jurdico na admisso de ressarcimento por leso a dano moral individual sem que se pudesse dar coletividade o mesmo tratamento, afinal, se a honra de cada um dos indivduos deste mesmo grupo afetada, os danos so passveis de indenizao. 4. As normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja, necessria a interpretao e a integrao de acordo com o princpio hermenutico in dubio pro natura, como bem delimitado pelo Ministro Herman Benjamin"(...) toda a legislao de amparo dos sujeitos vulnerveis e dos interesses difusos e coletivos h sempre de ser compreendida da maneira que lhes seja mais proveitosa e melhor possa viabilizar, na perspectiva dos resultados prticos, a prestao jurisdicional e a ratio essendi da norma de fundo e processual"(REsp 1.145.083MG, julgado em 27.9.2011, DJe de 4.9.2012.) Recurso especial improvido.(STJ - REsp: 1367923 RJ 2011/0086453-6, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 27/08/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicao: DJe 06/09/2013)

    3) PRINCPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

    A Lei 6.938/81, prev em seu art. 4, VII, que a Poltica Nacional do Meio Ambiente, entre outros objetivos, visar " imposio, ao poluidor e ao predador, da obrigao de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usurio, da contribuio pela utilizao de recursos ambientais com fins econmicos".

    E o art. 14, 1, da mesma lei firmou a responsabilidade civil objetiva pelos danos causados ao meio ambiente, observe-se: "Sem obstar a aplicao das penalidades previstas neste artigo, o poluidor obrigado, independentemente da existncia de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministrio Pblico da Unio e dos Estados ter legitimidade para propor ao de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

    Dispe o art. 225, 2., da Constituio Federal que "Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com soluo tcnica exigida pelo rgo pblico competente, na forma da lei".

    Mais adiante, o 3., do mesmo artigo, estabelece que "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados." Decorre, pois, da prpria Constituio Federal o dever a

  • cargo do poluidor de reparar o dano ambiental causado.

    O princpio poluidor-pagador aquele que impe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de preveno, reparao e represso da poluio. Note-se que no se cuida apenas de "reparao" de danos causados, mas igualmente de cobrir despesas com preveno e, em certa medida, com a represso tambm (sanes administrativas e penais). Ou seja, estabelece que o causador da poluio e da degradao dos recursos naturais deve ser o responsvel principal pelas conseqncias de sua ao (ou omisso).

    Em sntese, numa acepo larga, o princpio que visa imputar ao poluidor os custos sociais da poluio por ele causada, prevenindo, ressarcindo e reprimindo os danos ocorridos, no apenas a bens e pessoas, mas tambm prpria natureza.

    O princpio poluidor-pagador no se resume na frmula "poluiu, pagou". O princpio poluidor-pagador no um princpio de compensao dos danos causados pela poluio. Seu alcance mais amplo, includos todos os custos da proteo ambiental, quaisquer que eles sejam. Numa sociedade como a nossa, em que, por um lado, o descaso com o meio-ambiente ainda a regra, e, por outro, a Constituio Federal prev o meio ambiente como "bem de uso comum do povo", s podemos entender o princpio poluidor-pagador como significando internalizao total dos custos da poluio.

    Na jurisprudncia:

    AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VAZAMENTO DE OLEODUTO. INDENIZAO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTNCIA. ELEMENTOS DOCUMENTAIS SUFICIENTES. LEGITIMIDADE ATIVA DO PESCADOR ARTESANAL. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PRINCPIO DO POLUIDOR-PAGADOR. MATRIAS DECIDIDAS PELA SEGUNDA SEO. SUCUMBNCIA RECPROCA. REVISO. SMULA N 7/STJ. 1. "No configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide (CPC, art. 330, I e II) de processo de ao de indenizao por danos materiais e morais, movida por pescador profissional artesanal contra a Petrobrs, decorrente de impossibilidade de exerccio da profisso, em virtude de poluio ambiental causada por derramamento de nafta devido a avaria do Navio 'N-T Norma', a 18.10.2001, no Porto de Paranagu, pelo perodo em que suspensa a pesca pelo IBAMA" (REsp 1.114.398/PR, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Segunda Seo, julgado em 8/2/2012, DJe 16/2/2012). 2. Extrai-se, ainda, do mesmo voto que "O dano ambiental, cujas consequncias se propagam ao lesado, , por expressa previso legal, de responsabilidade objetiva, impondo-se ao poluidor o dever de indenizar". 3. Invivel, em sede especial, a reviso dos critrios adotados na origem para a distribuio dos nus sucumbenciais, dadas as peculiaridades de cada caso concreto, nos termos da Smula n 7/STJ. 4. Agravo regimental no provido.(STJ - AgRg no AREsp: 238427 PR 2012/0207927-2, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BAS CUEVA,

  • Data de Julgamento: 06/08/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicao: DJe 09/08/2013)

    PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL VIOLAO DO ART. 535 DO CPC NO CARACTERIZADA DISSDIO JURISPRUDENCIAL INOBSERVNCIA DAS EXIGNCIAS LEGAIS E REGIMENTAIS APLICAO DO PRINCPIO DO POLUIDOR PAGADOR. 1. No ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questes essenciais ao julgamento da lide. 2. A ausncia de cotejo analtico, bem como de similitude das circunstncias fticas e do direito aplicado nos acrdos recorrido e paradigmas, impede o conhecimento do recurso especial pela hiptese da alnea c do permissivo constitucional. 3. O STJ alberga o entendimento de que o pedido no deve ser extrado apenas do captulo da petio especificamente reservado aos requerimentos, mas da interpretao lgico-sistemtica das questes apresentadas pela parte ao longo da petio. 4. De acordo com o princpio do poluidor pagador, fazendo-se necessria determinada medida recuperao do meio ambiente, lcito ao julgador determin-la mesmo sem que tenha sido instado a tanto. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e no provido.(STJ - REsp: 967375 RJ 2007/0155607-3, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 02/09/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicao: DJe 20/09/2010)

    4) PRINCPIO DA EDUCAO AMBIENTAL

    Entendem-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    A Politica Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938) tem por objetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento scioeconmico, aos interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana, e rege-se pelo princpio da educao ambiental a todos os nveis do ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para participao ativa na defesa do meio ambiente (art. 2, X)

    Segundo a CF/88, em seu art. 225, 1, VI, incumbe ao Poder Publico promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.

    A Lei n. 9.795, de 1999, dispe sobre a educao ambiental, institui a Poltica Nacional de Educao Ambiental e define Educao Ambiental no Ensino Formal e Educao Ambiental No-Formal.

    Educao Ambiental no Ensino Formal entende-se por educao ambiental na educao escolar a desenvolvida no mbito dos currculos das instituies de ensino pblicas e privadas, englobando: I - educao bsica (educao infantil; ensino fundamental e ensino mdio; II - educao superior; III - educao especial; IV - educao profissional;

  • V - educao de jovens e adultos. Deve ser desenvolvida como uma prtica educativa integrada, contnua e permanente em todos os nveis e modalidades do ensino formal (obs: no deve ser implantada como disciplina especfica no currculo de ensino - exceto nos cursos de ps-graduao, extenso e nas reas voltadas ao aspecto metodolgico da educao ambiental, posto que, quando se fizer necessrio, facultada a criao de disciplina especfica).

    Educao Ambiental No-Formal entende-se por aes e prticas educativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais e sua organizao e participao na defesa da qualidade do meio ambiente.

    Ao Poder Pblico, em nveis federal, estadual e municipal, incumbe incentivar:I - a difuso, por intermdio dos meios de comunicao de massa, em espaos nobres, de programas e campanhas educativas, e de informaes acerca de temas relacionados ao meio ambiente;II - a ampla participao da escola, da universidade e de organizaes no-governamentais na formulao e execuo de programas e atividades vinculadas educao ambiental no-formal;III - a participao de empresas pblicas e privadas no desenvolvimento de programas de educao ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizaes no-governamentais;IV - a sensibilizao da sociedade para a importncia das unidades de conservao;V - a sensibilizao ambiental das populaes tradicionais ligadas s unidades de conservao;VI - a sensibilizao ambiental dos agricultores;VII - o ecoturismo.

    5) PRINCPIO DA PARTICIPAO COMUNITRIA

    O caput do art. 225, CF/88 estabelece que "Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes"

    Isto , devem o Poder Pblico e a sociedade buscar efetivar de forma direta a garantia deste direito fundamental constitucional, defendendo e preservando o equilbrio ambiental, essencial sadia qualidade de vida das presentes e das futuras geraes, atuando em cooperao mtua e contnua.

    Para possibilitar o cumprimento deste poder-dever imposto pela Carta Magna de 1988, o constituinte preocupou-se em criar instrumentos de tutela ambiental, a fim de propiciar a defesa e preservao do meio ambiente sadio. No que concerne aos deveres o Poder Pblico, listou-os expressamente no art. 225, pargrafo primeiro da CF/88, dentre eles a necessidade de definio de espaos territoriais a ser especialmente protegidos, o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas, o controle da produo, da comercializao e do emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, dentre outros que compem uma gesto pblica voltada preservao do equilbrio ambiental, por meio de polticas sustentveis. Ressalte-se, ainda, que a Lei Maior imps ao Poder Pblico a necessidade de exigir o Estudo Prvio de Impacto ao Meio Ambiente para a instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao ambiental, o que dever ocorrer no primeiro momento do processo de licenciamento ambiental.

  • Para possibilitar a efetividade da participao da sociedade na defesa e proteo da qualidade ambiental, a Constituio Federal vigente estabelece, no mesmo pargrafo primeiro do art. 225, a incumbncia ao Poder Pblico de promover a expanso da educao e da conscincia ambiental, o que levou, posteriormente, criao da Poltica Nacional de Educao Ambiental (Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999), a qual define educao ambiental como os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade, e firmando esta como um componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no-formal, propiciando os princpios da Participao Popular, da Educao Ambiental, da Informao Ambiental, todos constitucionalmente previstos.

    Portanto, somente atravs da ao integrada entre o Poder Pblico e a coletividade possvel alcanar uma efetiva proteo e defesa ao meio ambiente, haja vista que nem sempre as normas ou a atuao estatal so suficientes para garantir os direitos fundamentais, principalmente quando falamos de tutela ambiental, campo onde impende que haja uma mudana no modo de agir, consumir, produzir e pensar da sociedade.

    6) PRINCPIO DA COOPERAO INTERNACIONAL

    Os arts. 77 e 78 da Lei 9.605/98, prev expressamente A COOPERAO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAO DO MEIO AMBIENTE. Diz que, resguardados a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes, o Governo brasileiro prestar, no que concerne ao meio ambiente, a necessria cooperao a outro pas, sem qualquer nus, quando solicitado para:

    I - produo de prova; II - exame de objetos e lugares; III - informaes sobre pessoas e coisas; IV - presena temporria da pessoa presa, cujas declaraes tenham relevncia para a deciso de uma causa; V - outras formas de assistncia permitidas pela legislao em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

    A solicitao dever conter: I - o nome e a qualificao da autoridade solicitante; II - o objeto e o motivo de sua formulao; III - a descrio sumria do procedimento em curso no pas solicitante; IV - a especificao da assistncia solicitada; V - a documentao indispensvel ao seu esclarecimento, quando for o caso.

    Deve esta ser dirigida ao Ministrio da Justia, que a remeter, quando necessrio, ao rgo judicirio competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhar autoridade capaz de atend-la.

    Para a reciprocidade da cooperao internacional, deve ser mantido sistema de comunicaes apto a facilitar o intercmbio rpido e seguro de informaes com rgos de outros pases.

    7) PRINCPIO DA FUNO AMBIENTAL DA PROPRIEDADE

    Em virtude da preocupao com o meio ambiente ser uma questo presente em todo o sistema jurdico ptrio, a doutrina vem elaborando uma concepo de funo ambiental

  • da propriedade, que versa sobre o meio ambiente na sua acepo de bem difuso que depende, para efetivao de seu equilbrio, de atitudes positivas do Estado e da sociedade a fim de promover a preveno, reparao e represso do dano causado a este bem de uso comum do povo.

    Antnio Herman Benjamin conceitua a funo ambiental da propriedade como atividade finalisticamente dirigida tutela do meio ambiente, caracterizando-se pela relevncia global, homogeneidade de regime e manifestao atravs de um dever-poder, destacando, ainda, que o interesse ambiental, objeto da funo ambiental, consiste na expectativa do cidado e da sociedade na manuteno de um meio ambiente ecologicamente equilibrado atravs da preveno, reparao e represso do dano ecolgico. (Apud STEIGLEDER, Annelise Monteiro. A Funo Scio-Ambiental da Propriedade Privada. Doutrina do Ministrio Pblico do Rio Grande do Sul. Consulta em http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/doutrina/id20.htm)

    J o Cdigo Civil de 2002 estabelece o atendimento funo ambiental como elemento essencial ao exerccio do direito de propriedade, ao prescrever que tal direito deve ser exercido de modo a preservar a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilbrio ecolgico e o patrimnio histrico e artstico, bem como evitada a poluio do ar e das guas.

    Apesar da Funo Ambiental distinguir-se da Funo Social da propriedade, a doutrina ainda faz confuso entre seus conceitos. Muitos autores discorrem apenas sobre a funo social, sem sequer suscitar e existncia da funo ambiental. Outros tratam de funo social englobando o conceito de funo ambiental, como se ambas fossem partes intrnsecas, denominado-as como funo socioambiental ou funo social ambiental. No entanto, necessrio fazer a distino de tais conceitos.

    que o constituinte, a fim de promover um desenvolvimento sustentvel harmnico com os valores e objetivos fundamentais estabelecidos na Carta Magna, ademais de mencionar por diversas vezes a expresso funo social, limita a propriedade tambm aos valores ambientais, que garantem a continuidade da prpria espcie humana e de sua dignidade.

    Roxana Cardoso destaca a constitucionalizao do regime da propriedade atravs do art. 5, XXXIII, art. 170, incisos II, III e IV, art. 182, 2, art. 186, incisos I e II e art, 225, 1, III e 4. A funo social, conforme define a autora consiste numa atividade exercida no interesse no apenas do sujeito que a executa, mas principalmente no interesse da sociedade. Para ela, a distino entre funo social da propriedade e sua dimenso ambiental de que esta funo volta-se para a manuteno do equilbrio ecolgico enquanto interesse de todos, beneficiando a sociedade e aquele que a exerce. (BORGES, Roxana Cardoso. Funo Ambiental da Propriedade. Revista de Direito Ambiental, So Paulo: RT, n. 9, p. 67-85, 1998.)

    dis Milar tambm utiliza a terminologia funo social ambiental, ao afirmar que com a Constituio de 1988, s fica reconhecido o direito de propriedade quando cumprida a funo social ambiental, como seu pressuposto e elemento integrante, pena de impedimento ao livre exerccio ou at perda desse direito. (MILAR, dis. Direito do Ambiente: Doutrina, Jurisprudncia e glossrio. 6. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 832-833.)

    Neste momento, o autor engloba os dois conceitos em um s, no fazendo diferenciao entre ambos. No entanto, em outro momento destaca a existncia de um conceito especfico para funo ambiental da propriedade, assim como elucida existir a possibilidade de imposio ao proprietrio rural do dever de recomposio da vegetao em reas de preservao permanente e reserva legal, mesmo que no tenha sido ele

  • responsvel pelo desmatamento, sendo esta uma limitao advinda do cumprimento da funo ambiental da propriedade rural, que se prende ao titular do direito real, seja ele quem for, bastando para tanto sua condio de proprietrio.

    Destarte, somente o fator de limitao ao direito de propriedade no suficiente para distinguir funo social de funo ambiental da propriedade, pois ambas limitam o exerccio desse direito, a fim de garantir outros direitos fundamentais, para atender ao interesse coletivo. O que as diferenciam tipo de limitao. O limite imposto ao direito de propriedade pela funo social no mbito urbano o atendimento s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor (art. 182, 2, CF/88).

    J, a propriedade rural atende funo social quando cumpre, simultaneamente, aos seguintes requisitos estabelecidos no art. 186 da Constituio Federal. Dentre estes requisitos, foi determinada a utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente, sendo esta limitao concernente ao cumprimento da funo ambiental, pois tutela o direito fundamental, essencial sadia qualidade de vida, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

    Portanto, para que seja efetivada a proteo do meio ambiente, nos moldes constitucionais, necessrio cumprimento no somente da Funo Social da propriedade, mas prioritariamente de sua Funo Ambiental, dentro da perspectiva da terceira dimenso dos direitos fundamentais, conforme ditam os seguintes artigos da Carta Republicana, todos em consonncia com o art. 225: o art. 170, VI, que contempla a defesa do meio ambiente como princpio geral da atividade econmica, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; o art. 186, II, que vincula a funo social da propriedade rural utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente; e, dentre outros, o art. 176 que reza que as jazidas, minas e demais recursos minerais e potenciais de energia hidrulica pertencem Unio, constituindo propriedade distinta da do solo.

    Por ser o meio ambiente um bem difuso, essencial sadia qualidade de vida de todos, que deve garantir-se o uso adequado e racional da propriedade, com o intuito de que o exerccio do direito propriedade esteja vinculado tutela do meio ambiente, no podendo o proprietrio por em risco o equilbrio ecolgico, cuja titularidade difusa (transindividual, indivisvel e de titularidade indeterminada), tendo que, ademais, levar-se em conta a fragilidade do meio ambiente, pois os danos a ele causados so por diversas vezes irreversveis, diante da dificuldade de se restabelecer o status quo ante. Nesta linha de raciocnio, afere-se que a funo ambiental da propriedade e as limitaes que daquela decorrem, so garantidoras da efetivao dos princpios da sustentabilidade, da preveno, da precauo e do poluidor-pagador.

    OBS: PARA OS DEMAIS PRINCPIOS VIDE O ARTIGO DO DIS MILAR, DISPONIBILIZADO EM ANEXO)