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Novembro de 2015 TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014 VII-1 VII OPERAÇÕES DE TESOURARIA 7.1Enquadramento Legal Pelo disposto nas alíneas f) do artigo 47 e h) do artigo 48, ambos da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), a Conta Geral do Estado deve conter uma informação completa sobre “adiantamentos e suas regularizações” e “o mapa consolidado anual do movimento de fundos por operações de tesouraria”. De acordo com o artigo 2 do Regulamento das Operações de Tesouraria, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 124/2008, de 30 de Dezembro, do Ministro das Finanças, denominam-se Operações de Tesouraria as entradas e saídas de fundos na Conta Única do Tesouro (CUT) que não são imputáveis ao Orçamento do Estado (OE), referentes à movimentação de fundos de terceiros sob responsabilidade do Tesouro, bem como à transferência de fundos para a execução descentralizada do OE e Bilhetes do Tesouro. São, também, Operações de Tesouraria os movimentos de fundos imputáveis ao Orçamento do Estado que, no momento da sua realização, não possam ser imediatamente registados no Orçamento, aplicando os classificadores orçamentais. A informação dos movimentos das Operações de Tesouraria efectuados em todas as Direcções Provinciais do Plano e Finanças e na Tesouraria Central, em Maputo, consta do Mapa I-4 da CGE de 2014. 7.2 Considerações Gerais As operações realizadas pela Tesouraria Central e Direcções Provinciais do Plano e Finanças, bem como o seu registo no sistema de contabilização da actividade financeira do Estado, não imputáveis ao OE, são analisadas com base no Regulamento aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 124/2008, retromencionado. Foram considerados, neste âmbito, os resultados da auditoria efectuada à Tesouraria Central, relativamente ao exercício de 2014. Segundo o estabelecido no n.º 1 do artigo 3 do mesmo Regulamento, as entradas de fundos por operações de tesouraria ocorrem nas situações de: a) Recolha de receitas de terceiros sob responsabilidade do Tesouro para pagamento de despesas não imputáveis ao Orçamento do Estado; b) Recolha dos saldos apurados no final de cada exercício; c) Registo contabilístico da contrapartida dos adiantamentos efectuados por operações de tesouraria, no pagamento de despesas imputáveis ao Orçamento do Estado. Quanto à recolha dos saldos referidos na alínea b), as circulares de encerramento de exercício, emitidas, anualmente, pelo Ministério das Finanças, preconizam que os saldos não utilizados, no final de cada exercício, devem ser canalizados à Conta Bancária de Receitas de Terceiros e desta para a CUT. Estes movimentos são assim meras operações de tesouraria e, nesta qualidade, deveriam ser objecto de registo, o que não aconteceu, pois não constam do Mapa I-4, do movimento das operações de Tesouraria, da Conta Geral do Estado. Em sede do contraditório, o Executivo afirmou, que ... os saldos de adiantamento de fundos não podem ser incluídos no Mapa I-4, por servirem apenas para o fecho do processo administrativo. Este pronunciamento não pode merecer o acolhimento por parte deste Tribunal, visto que contraria o preconizado na alínea b) do n.º 1 do artigo 3 do Regulamento das Operações de

VII OPERAÇÕES DE TESOURARIA 7.1 Enquadramento Legal...regularizações” e “o mapa consolidado anual do movimento de fundos por operações de tesouraria”. De acordo com o artigo

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Novembro de 2015

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-1

VII – OPERAÇÕES DE TESOURARIA

7.1– Enquadramento Legal

Pelo disposto nas alíneas f) do artigo 47 e h) do artigo 48, ambos da Lei n.º 9/2002, de 12

de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), a

Conta Geral do Estado deve conter uma informação completa sobre “adiantamentos e suas

regularizações” e “o mapa consolidado anual do movimento de fundos por operações de

tesouraria”.

De acordo com o artigo 2 do Regulamento das Operações de Tesouraria, aprovado pelo

Diploma Ministerial n.º 124/2008, de 30 de Dezembro, do Ministro das Finanças,

denominam-se Operações de Tesouraria as entradas e saídas de fundos na Conta Única do

Tesouro (CUT) que não são imputáveis ao Orçamento do Estado (OE), referentes à

movimentação de fundos de terceiros sob responsabilidade do Tesouro, bem como à

transferência de fundos para a execução descentralizada do OE e Bilhetes do Tesouro. São,

também, Operações de Tesouraria os movimentos de fundos imputáveis ao Orçamento do

Estado que, no momento da sua realização, não possam ser imediatamente registados no

Orçamento, aplicando os classificadores orçamentais.

A informação dos movimentos das Operações de Tesouraria efectuados em todas as

Direcções Provinciais do Plano e Finanças e na Tesouraria Central, em Maputo, consta do

Mapa I-4 da CGE de 2014.

7.2 – Considerações Gerais

As operações realizadas pela Tesouraria Central e Direcções Provinciais do Plano e

Finanças, bem como o seu registo no sistema de contabilização da actividade financeira do

Estado, não imputáveis ao OE, são analisadas com base no Regulamento aprovado pelo

Diploma Ministerial n.º 124/2008, retromencionado. Foram considerados, neste âmbito, os

resultados da auditoria efectuada à Tesouraria Central, relativamente ao exercício de 2014.

Segundo o estabelecido no n.º 1 do artigo 3 do mesmo Regulamento, as entradas de fundos

por operações de tesouraria ocorrem nas situações de:

a) Recolha de receitas de terceiros sob responsabilidade do Tesouro para pagamento

de despesas não imputáveis ao Orçamento do Estado;

b) Recolha dos saldos apurados no final de cada exercício;

c) Registo contabilístico da contrapartida dos adiantamentos efectuados por

operações de tesouraria, no pagamento de despesas imputáveis ao Orçamento do

Estado.

Quanto à recolha dos saldos referidos na alínea b), as circulares de encerramento de

exercício, emitidas, anualmente, pelo Ministério das Finanças, preconizam que os saldos

não utilizados, no final de cada exercício, devem ser canalizados à Conta Bancária de

Receitas de Terceiros e desta para a CUT. Estes movimentos são assim meras operações de

tesouraria e, nesta qualidade, deveriam ser objecto de registo, o que não aconteceu, pois

não constam do Mapa I-4, do movimento das operações de Tesouraria, da Conta Geral do

Estado.

Em sede do contraditório, o Executivo afirmou, que “... os saldos de adiantamento de

fundos não podem ser incluídos no Mapa I-4, por servirem apenas para o fecho do

processo administrativo”.

Este pronunciamento não pode merecer o acolhimento por parte deste Tribunal, visto que

contraria o preconizado na alínea b) do n.º 1 do artigo 3 do Regulamento das Operações de

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Novembro de 2015

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Tesouraria, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 124/2008, retromencionado, segundo o

qual o movimento de entrada de fundos na CUT é efectuado para atender à recolha de

saldos apurados no final do Exercício.

As saídas de fundos, por operações de tesouraria, pelo preceituado no n.º 1 do artigo 4 do

mesmo regulamento, destinam-se a atender a:

a) Despesas não imputáveis ao Orçamento do Estado cujo pagamento está

condicionado ao prévio ingresso da receita;

b) Despesas inadiáveis, com carácter excepcional, devidamente fundamentadas,

imputáveis ao Orçamento do Estado.

7.3 – Análise Global

No gráfico seguinte, é apresentado o movimento das Operações de Tesouraria, pelos

valores registados nas CGE’s de 2010 a 2014, após a sistematização das entradas e saídas

de fundos, não incluindo os Valores Selados.

Gráfico n.º VII.1 – Evolução das Operações de Tesouraria

Fonte: CGE (2010 – 2014).

Observa-se, no gráfico supra, que, com a excepção do ano de 2013, em que as entradas

atingiram 32.196.661 mil Meticais e as saídas registaram 29.273.026 mil Meticais, de 2010

a 2014, tanto as entradas como as saídas variaram entre 23.580.096 mil Meticais e

24.775.469 mil Meticais. Conforme referido nos relatórios de anos anteriores, o nível de

variação das entradas e saídas, ao longo do quinquénio, deve-se, essencialmente, à variação

da emissão e resgate de Bilhetes do Tesouro, uma vez que as operações dos BT’s ocorrem

por Operações de Tesouraria.

A emissão dos BTʼs tem em vista cobrir défices temporários de tesouraria, mediante a

oferta de títulos no mercado interno e, por isso, não está sujeita à orçamentação. Assim, a

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

2010 2011 2012 2013 2014

Em

mil

Me

tica

is

Entradas

Saídas

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Novembro de 2015

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-3

sua contabilização é feita através de Operações de Tesouraria, como fluxos extra-

orçamentais1.

De 2010 a 2014, foram feitas emissões e resgates de BTʼs nos montantes de 118.800.000

mil Meticais e 115.100.000 mil Meticais, respectivamente, de que resultou um saldo de

8.400.000 mil Meticais, considerando o saldo que transitou de 2009, de 4.700.000 mil

Meticais, conforme se evidencia no Quadro VII.1, a seguir.

Quadro n.º VII.1 – Bilhetes do Tesouro (2010-2014)

Ano 2010 2011 2012 2013 2014 Total

Emissão 20.000.000 21.500.000 23.500.000 31.600.000 22.200.000 118.800.000

Resgate 19.200.000 21.500.000 24.000.000 28.200.000 22.200.000 115.100.000

Saldo¹ 5.500.000 5.500.000 5.000.000 8.400.000 8.400.000 8.400.000

Fonte: Relatórios e Pareceres sobre as CGE´s de 2010 a 2013 e Extractos Bancários -2014.

(Em mil Meticais)

¹ Saldo final de 2009: 4.700.000 mil Meticais.

Para aferir os dados registados no Mapa I-4 da CGE de 2014, foram verificados os

balancetes mensais de receitas e despesas e as relações “Modelo A” da Tesouraria Central

e das províncias, a partir dos quais se elaborou o quadro a seguir.

Quadro n.º VII.2 - Movimento Global das Operações de Tesouraria

DesignaçãoReceita

(Entradas)

Peso

(%)

Despesa

(Saídas)

Peso

(%)

Niassa 30.050 0,1 49.052 0,2

C. Delgado 36.172 0,2 47.549 0,2

Nampula 50.969 0,2 88.085 0,4

Zambézia 49.989 0,2 77.279 0,3

Tete 75.978 0,3 89.851 0,4

Manica 1.907 0,0 20.570 0,1

Sofala 24.747 0,1 42.014 0,2

Inhambane 19.943 0,1 38.704 0,2

Gaza 28.435 0,1 34.575 0,1

Maputo 49.901 0,2 66.889 0,3

C. Maputo 4.830 0,0 27.136 0,1

T. Central 23.207.175 98,4 23.508.680 97,6

Total 23.580.096 100,0 24.090.385 100,0

Fonte: Direcção Nacional do Tesouro.

(Em mil Meticais)

O valor global das entradas de fundos contabilizados, a nível do País, foi de 23.580.096

mil Meticais, enquanto as saídas totalizaram 24.090.385 mil Meticais, conforme consta do

Mapa I-4 da CGE de 2014.

Gráfico n.º VII.2 – Distribuição do Movimento de Entrada e Saída de Fundos por

Operações de Tesouraria

Saídas

Províncias 581.705

Tesouraria

Central 23.508.680

Entradas

Províncias 372.921 1,6Tesouraria

Central 23.207.175 98,4

23.580.096

Entradas Saídas

Províncias1,6%

Tesouraria Central

98,4%

Províncias2,4%

Tesouraria Central

97,6%

Fonte: Direcção Nacional do Tesouro.

1O classificador económico das receitas e despesas vigente não contempla as operações extra-orçamentais.

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Novembro de 2015

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-4

Na epígrafe “6. b) C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar” registou-se a saída de

22.200.000 mil Meticais, correspondente à movimentação dos Bilhetes do Tesouro. As

restantes saídas somam 1.890.385 mil Meticais, valores constituídos pelas parcelas de

1.027.490 mil Meticais (54,4%), contabilizados na epígrafe “6.d) C.T.R. - Valores não

Especificados Recebidos em Depósito”, de 632.388 mil Meticais (33,5%), na “6. f) C.T.R

– Distribuição do Produto de Multas”, de 227.244 mil Meticais (12,0%), na “6.a) CTR –

Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar” e 3.263 mil Meticais (0,2%), em

outras.

7.4 – Movimento Anual de Algumas Epígrafes

Na análise do movimento anual das Operações de Tesouraria, foram verificados os

documentos de entradas e saídas de fundos das epígrafes “6.a) CTR – Pagamentos e

Adiantamentos Diversos a Regularizar”, “6.b) C.T.R. – Provisão para Despesas a

Regularizar”, e “6.d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito”

conforme é apresentado no quadro seguinte.

Quadro n.º VII.3 – Representatividade das Epígrafes Seleccionadas

6.a) C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar 227.244 1,0 227.244 1,0

6.b) C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar 22.200.000 94,6 22.200.000 94,7

6.d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito 1.037.182 4,4 1.027.490 4,4

Total Analisado 23.464.426 100,0 23.454.734 100,0

Total do País 23.580.096 24.090.385

Representatividade da Amostra (%) 99,5 97,4

Fonte: DNT - Relações Modelo A.

Epígrafes EntradasPeso

(%)

(Em mil Meticais)

SaídasPeso

(%)

No quadro supra, verifica-se que, da amostra seleccionada, a epígrafe “6.b) C.T.R. –

Provisão para Despesas a Regularizar” foi a que movimentou a maior parte dos fundos,

com um peso de 94,6%, nas entradas, e 94,7%, nas saídas.

Seguidamente, apresenta-se o movimento desagregado, por província, das epígrafes

seleccionadas.

7.4.1- C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar

De acordo com alínea b) do n.º 1 do artigo 4 do Regulamento das Operações de Tesouraria,

aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 124/2008, de 30 de Dezembro, são contabilizados,

nesta epígrafe, os pagamentos de despesas inadiáveis com carácter excepcional,

devidamente fundamentadas, imputáveis ao Orçamento do Estado.

Estes movimentos deverão, em regra, mostrar-se regularizados dentro do respectivo

exercício, mediante registo do gasto efectuado na dotação orçamental apropriada, segundo

o estabelecido no artigo 6 da Circular n.º 03/GAB-MF/2014, de 31 de Outubro, do

Ministro das Finanças.

Nesta epígrafe, foram apuradas receitas e despesas no montante de 227.244 mil Meticais,

que correspondem aos valores apresentados no Mapa I-4 da CGE de 2014, conforme se

observa no quadro a seguir.

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Novembro de 2015

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VII-5

Quadro n.º VII.4 - C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar

ProvínciaReceita

(Entradas)

Despesa

(Saídas)

Peso

(%)

Niassa 434 434 0,2

C. Delgado 584 584 0,3

Nampula 1.167 1.167 0,5

Zambézia 245 245 0,1

Tete 499 499 0,2

Manica 138 138 0,1

Sofala 360 360 0,2

Inhambane 190 190 0,1

Gaza 204 204 0,1

Maputo 367 367 0,2

T. Central 223.056 223.056 98,2

Total 227.244 227.244 100,0

(Em mil Meticais)

Fonte: DNT- Relações Modelo A.

Ainda do mesmo quadro, verifica-se que tanto as províncias, quanto a Tesouraria Central,

regularizaram, na totalidade, os adiantamentos recebidos, sendo que a Cidade de Maputo

não registou qualquer movimento nesta epígrafe.

Do total das despesas realizadas, nesta epígrafe, ao nível do País, a Tesouraria Central

movimentou 98,2%, cabendo às províncias, 1,8%.

7.4.2 – C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar

São registados, nesta epígrafe, os movimentos de fundos de terceiros sob responsabilidade

do Tesouro, as transferências de fundos para a execução descentralizada do Orçamento do

Estado e os valores dos Bilhetes do Tesouro, todos eles não imputáveis ao Orçamento do

Estado. A informação desta epígrafe, relativa ao exercício de 2014, é apresentada no

quadro abaixo.

Quadro n.º VII.5 – C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar (Em mil Meticais)

Designação Entradas Saídas

Tesouraria Central 22.200.000 22.200.000

Total (1) 22.200.000 22.200.000

Fonte: DNT- Relações Modelo A.

As entradas e saídas contabilizadas, nesta epígrafe, totalizaram 22.200.000 mil Meticais,

valores que correspondem aos inscritos no Mapa I-4 da CGE de 2014.

Observa-se, no quadro, que apenas a Tesouraria Central registou movimentos, nesta

epígrafe, correspondentes à emissão e resgate de Bilhetes do Tesouro, nos montantes

anteriormente referidos.

7.4.3 – C.T.R – Valores não Especificados Recebidos em Depósito

A epígrafe destina-se a receber os depósitos transitórios de importâncias não imputáveis ao

Orçamento do Estado, cujos pagamentos estão condicionados ao prévio ingresso da receita.

De acordo com esta definição, só podem ser efectuadas despesas (saídas de fundos) depois

de confirmada a correspondente receita (entradas).

Seguidamente, é apresentado o resumo das entradas e saídas de fundos nesta epígrafe.

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Novembro de 2015

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-6

Quadro n.º VII.6 – C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito

DesignaçãoEntradas

(1)

Saídas

(2)

Diferença

3= (1)-(2)

Niassa 13.776 13.738 38

C. Delgado 34.184 29.083 5.101

Nampula 43.105 45.506 -2.401

Zambézia 44.219 45.844 -1.625

Tete 13.630 13.599 31

Manica 203 1.159 -956

Sofala 21.739 19.746 1.993

Inhambane 19.625 19.689 -64

Gaza 26.918 20.241 6.677

Maputo 34.944 32.493 2.451

C. Maputo 4.830 4.830 0

T. Central 780.009 781.562 -1.553

Total 1.037.182 1.027.490 9.692

Fonte: DNT - Contas Modelo 36 e Relações Modelo A.

(Em mil Meticais)

As entradas e saídas de fundos cifraram-se em 1.037.182 mil Meticais e 1.027.490 mil

Meticais, respectivamente, informação que coincide com a do Mapa I-4 da CGE de 2014.

Ainda, no Quadro n.º VII.6, observa-se que os movimentos mais significativos ocorreram

na Tesouraria Central, com 780.009 mil Meticais, de entradas, e 781.562 mil Meticais de

saídas, seguida da Província da Zambézia, com entradas de 44.219 mil Meticais e saídas de

45.844 mil Meticais e da Província de Nampula, com 43.105 mil Meticais e 45.506 mil

Meticais, na mesma ordem.

Durante o exercício em consideração, as Províncias de Nampula, Zambézia, Manica,

Inhambane e a Tesouraria Central, registaram saídas de fundos superiores às respectivas

entradas, tendo as diferenças sido cobertas com parte dos saldos transitados de 2013.

7.5 – Movimento de Fundos da Tesouraria Central

Foram aferidos os movimentos de entradas e saídas de fundos realizadas pela Tesouraria

Central, as quais correspondem a 97,0% do total movimentado em todo o País.

Tendo em conta as informações mensais das entradas e saídas de fundos, das relações

“Modelo A”, fez-se o levantamento do movimento anual de fundos da Tesouraria Central,

excluídos os Valores Selados. A seguir, são apresentados os dados relativos às entradas e

saídas de fundos, por mês, no exercício económico de 2014.

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Novembro de 2015

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-7

Quadro n.º VII.7 – Tesouraria Central

Mês Entradas Saídas

Janeiro 4.031 26.093

Fevereiro 12.155 25.846

Março 1.003.309 1.028.770

Abril 5.403.344 3.027.980

Maio 1.023.593 3.419.509

Junho 1.204.108 1.247.563

Julho 34.434 59.079

Agosto 3.019.050 3.039.641

Setembro 1.023.620 1.085.646

Outubro 5.682.636 5.790.865

Novembro 2.014.449 2.123.730

Dezembro 2.782.445 2.633.959

Total (1) 23.207.175 23.508.680

Total do País (2) 23.580.096 24.090.385

Peso (%) (1/2) 98,4 97,6

Fonte: DNT - Relações Modelo A e CGE 2014.

(Em mil Meticais)

Tem-se, no Quadro n.º VII.7, que a nível Central, em 2014, o movimento de fundos das

Operações de Tesouraria atingiu 23.207.175 mil Meticais, nas entradas, e 23.508.680 mil

Meticais, nas saídas.

Ainda no mesmo quadro, verifica-se que os movimentos de entradas e saídas realizados a

nível Central representam 98,4% e 97,6%, respectivamente, dos totais indicados no Mapa

I-4 da CGE de 2014, que reflecte as Operações de Tesouraria de todo o País.

Tendo em conta a elevada expressão dos movimentos da Tesouraria Central, foram

seleccionadas, para análise, as seguintes epígrafes, “6.a) CTR – Pagamentos e

Adiantamentos Diversos a Regularizar”, “6.b) C.T.R. – Provisão para Despesas a

Regularizar”, e “6.d) C.T.R. – Valores não Especificados Recebidos em Depósito”.

Apresentam-se, seguidamente, os resultados decorrentes da auditoria realizada na DNT.

7.5.1 - C.T.R. - Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar

Na auditoria realizada às Operações de Tesouraria, que incidiu sobre o movimento de

fundos da Tesouraria Central, procedeu-se à verificação dos valores mensais

correspondentes a esta epígrafe, que são apresentados no quadro a seguir.

Quadro n.º VII.8 - C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar

Mês Adiantamentos Regularizações Saldo por

regularizar

Setembro 35.758 35.758

Outubro 97.542 97.542

Novembro 69.077 69.077

Dezembro 20.679 223.056 -202.377

Total 223.056 223.056 0

Total T. Central 23.207.175 23.508.680

Peso (%) 1,0 0,9 0,0

Fonte: Relações Modelo "A" .

(Em mil Meticais)

Da conferência dos documentos, apurou-se que foram efectuados adiantamentos de fundos

e correspondentes regularizações, no valor de 223.056 mil Meticais, que representam 1,0%

das saídas e 0,9% das entradas movimentadas pela Tesouraria Central.

Ainda, da leitura do quadro, observa-se que os adiantamentos registaram-se nos meses de

Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.

Seguidamente, são apresentadas as instituições que beneficiaram destes adiantamentos.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-8

Quadro n.º VII.9 – Adiantamentos e Regularizações

Assembleia da República 5 0,0 5 0,0 0

Autoridade Tributária 151 0,1 151 0,1 0

Instituto Nacional de Normalização e Qualidade 0 0,0 24 0,0 24

Ministério da Agricultura 222.312 99,7 222.133 99,6 -179

Ministério das Finanças 513 0,2 692 0,3 179

Tribunal Administrativo 75 0,0 51 0,0 -24

Total 223.056 100,0 223.056 100,0

Fonte: DNT.

Diferença

(Em mil Meticais)

Instituição Valor AdiantadoValor

Regularizado

Peso

(%)Peso (%)

Contribuíram, em grande medida, os adiantamentos efectuados a favor do Ministério da

Agricultura e do Ministério das Finanças, para o pagamento de despesas feitas no âmbito

da declaração de cessação de hostilidades.

Com o objectivo de certificar a regularização das saídas de fundos efectuadas por cada

instituição beneficiária, foram elaboradas as contas correntes que a seguir se apresentam.

7.5.1.1 - Adiantamentos e Regularizações no âmbito da cessação de hostilidades

Foram adiantados, durante o ano, 222.825 mil Meticais, através da emissão de 40 Notas de

Pagamento, para suportar despesas relacionadas com a cessação de hostilidades, cujo

detalhe apresenta-se seguidamente.

Quadro n.º VII.10 – Adiantamentos e Regularizações

Mês Data Valor Mês Data Valor

Setembro (2 Notas de

Pagamento )N/A 35.245

Outubro (26 Notas de

Pagamento)N/A 97.542

Novembro (8 Notas de

Pagamento)N/A 69.077

Dezembro (2 Notas de

Pagamento)N/A 20.448

222.312 - - 222.133 179

216 179

297

216

513 - - 692 -179

222.825 222.825 0

Fonte: DNT.

Total

Ministério das Finanças297

Subtotal

Dez

emb

ro

31-12-2014 -179

Subtotal

Requisitante

Setembro (2 Notas de

Pagamento )16-09-2014

Ministério da

Agricultura

Dez

emb

ro

31-12-2014 222.133

(Em mil Meticais)

Diferença

179

Adiantamentos Regularizações

Como se observa no Quadro n.º VII.10, a regularização do montante adiantado ocorreu em

diversas verbas dos sectores 35A000141 – Ministério da Agricultura e 27A000141 –

Ministério das Finanças.

7.5.1.2 – Estornos Automáticos do e-SISTAFE

Conforme se mostra, no quadro seguinte, em 2014, foram estornadas automaticamente,

pelo sistema, várias ordens de pagamento destinadas ao pagamento de salários aos

funcionários da Autoridade Tributária, do Tribunal Administrativo e da Assembleia da

República.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-9

Quadro n.º VII.11 – Estornos Automáticos

Instituição Mês Data Valor Mês Data Valor

30-12-2014 24 31-12-2014 12

30-12-2014 39

30-12-2014 12

75 51 24

Autoridade Tributária de

MoçambiqueDezembro 30-12-2014

15131-12-2014

151 0

Assembleia da República Dezembro 30-12-2014 5 31-12-2014 5 0

Instituto Nacional de

Normalização e

Qualidade

- - - 01-01-2015 24 -24

Total 231 231 0

Fonte: DNT.

DiferençaRegularizaçõesAdiantamentos

24

(Em mil Meticais)

Subtotal

Dezembro

Dez

emb

ro

31-12-2014 39Tribunal Administrativo

De modo a regularizar essas transacções, os montantes foram pagos através da epígrafe de

Operações de Tesouraria, C.T.R. - Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar.

Contudo, pela sua natureza, estes movimentos deveriam ter sido registados na epígrafe “6.

d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito”.

Exercendo o direito do contraditório, o Governo reconheceu o facto e justificou o uso

daquela epígrafe pela necessidade de “flexibilizar o processo”, uma vez que o recurso à

epígrafe devida, a 6. d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito, estaria

condicionado ao ingresso prévio da receita.

Há a referir, a este respeito, que as epígrafes de Operações de Tesouraria devem ser

movimentadas de acordo com os propósitos para os quais foram criadas.

7.5.2 – C.T.R. - Provisão para Despesas a Regularizar

No quadro a seguir, temos os movimentos desta epígrafe, referentes ao exercício

económico de 2014.

Quadro n.º VII.12 – C.T.R. - Provisão para Despesas a Regularizar

Mês Entradas Saídas

Janeiro 0 0

Fevereiro 0 0

Março 1.000.000 1.000.000

Abril 5.400.000 5.400.000

Maio 1.000.000 1.000.000

Junho 1.000.000 1.000.000

Julho 0 0

Agosto 3.000.000 3.000.000

Setembro 1.000.000 1.000.000

Outubro 5.400.000 5.400.000

Novembro 2.000.000 2.000.000

Dezembro 2.400.000 2.400.000

Total 22.200.000 22.200.000

Total T. Central 23.207.175 23.508.680

Peso (%) 95,7 94,4

Fonte: Relações Modelo A.

(Em mil Meticais)

O movimento global desta epígrafe foi de 22.200.000 mil Meticais, nas entradas e saídas,

representando, respectivamente, 95,7% e 94,4%, do total da Tesouraria Central.

Entretanto, da análise da conta bancária n.º 002141570015 – MPF – Banco Mundial –

EMRO/99, na qual são movimentados os fundos referentes aos BT´s, contabilizados por

esta epígrafe, C.T.R. - Provisão para Despesas a Regularizar, apurou-se que o resgate

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VII-10

destes foi de 19.800.000 mil Meticais, valor que diverge em 2.400.000 mil Meticais, da

informação apresentada no Mapa I-4 (Movimento das Operações de Tesouraria) da CGE

de 2014.

A divergência, conforme esclarecimentos prestados pela DNT e apurado nos processos,

deveu-se a um débito efectuado indevidamente pelo Banco de Moçambique, na CUT, ao

invés de ser na conta bancária em alusão, violando-se o plasmado no artigo 7, Capítulo II,

das Regras de Abertura, Movimentação e Encerramento de Contas Bancárias do Estado,

aprovadas pelo Diploma Ministerial n.º 260/2004, de 20 de Dezembro, do Ministro do

Plano e Finanças, segundo o qual, “A CUT é movimentada a débito, só para contas do

Estado ou seus credores, apenas por instrução e-SISTAFE”.

7.5.3 – C.T.R. – Valores não Especificados Recebidos em Depósito

Esta epígrafe destina-se a registar o depósito transitório de importâncias não imputáveis ao

Orçamento do Estado, cujo pagamento está condicionado ao prévio ingresso da receita.

De acordo com esta definição, só podem ser efectuadas despesas (saídas) depois de

confirmadas as correspondentes receitas (entradas).

No quadro a seguir, apresenta-se o resumo mensal dos movimentos de entradas e saídas de

fundos nesta epígrafe, em 2014, efectuados pela Tesouraria Central.

Quadro n.º VII.13 – C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito

Mês Entradas Saídas

Janeiro 4.030 4.728

Fevereiro 12.106 3.982

Março 2.948 7.588

Abril 3.230 7.441

Maio 21.999 0

Junho 203.120 224.934

Julho 34.255 33.736

Agosto 18.429 16.331

Setembro 23.418 26.267

Outubro 282.635 270.164

Novembro 14.449 27.002

Dezembro 159.389 159.389

Total 780.009 781.562

Total T. Central 23.207.175 23.508.680

Peso (%) 3,4 3,3

Fonte: Relações Modelo A.

(Em mil Meticais)

As entradas e saídas de fundos foram de 780.009 mil Meticais e 781.562 mil Meticais,

correspondendo a 3,4% e 3,3%, respectivamente, do total movimentado pela Tesouraria

Central.

Com o objectivo de certificar as entradas e saídas de fundos, foram elaboradas as contas

correntes das instituições que movimentaram fundos nesta epígrafe, cujo resumo é

apresentado no Quadro n.º VII.14.

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VII-11

Quadro n.º VII.14 – Resumo dos Movimentos Efectuados

Instituição EntradasPeso

(%)Saídas

Peso

(%)O bservação

Receitas Consignadas 37.147 4,8 37.873 4,8

Rádio Moçambique 37.147 4,8 37.873 4,8

Devolução de Saldos 0 0,0 1.424 0,2

Instituto Nacional da Juventude 0 0,0 1.424 0,2

Devolução do saldo do projecto

PROJOVEM recolhido no

exercício de 2013

Regularização de Pagamentos Pendentes 515.652 66,1 513.768 65,7

Ministério das Finanças 114.531 14,7 113.797 14,6

Ministério da Ciência e Tecnologia 1.150 0,1 0 0,0

Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze 399.971 51,3 399.971 51,2

Pagamento de Salários 29.301 3,8 30.587 3,9

Conselho Nacional de Electricidade 4.210 0,5 4.210 0,5

Fundo de Desenvolvimento Agrário 6.600 0,8 7.077 0,9

Instituto de Gestão das Participações do Estado 3.528 0,5 4.337 0,6

Inspecção Geral de Jogos 4.149 0,5 4.149 0,5

Instituto Nacional de Transportes Terrestres 9.199 1,2 9.199 1,2

Instituto de Supervisão de Seguros 1.615 0,2 1.615 0,2

Receitas de Capital 197.909 25,4 197.909 25,3

Ministério das Finanças (Dividendos Pagos pelo

Banco Internacional de Moçambique)197.909 25,4 197.909 25,3

Receitas provenientes de

dividendos das participações do

Estado

Total 780.009 100,0 781.561 100,0

Total T. Central 23.207.175 23.508.680

Peso (%) 3,4 3,3

Fonte : Relações Modelo "A" de Receita e Despesa.

(Em mil Meticais)

Pagamentos não creditados nas

contas dos beneficiários em

2013 e 2014

Pagamento de Salários por OT e

posterior Regularização

Taxas de Radiofusão

Do total das saídas, no montante de 781.561 mil Meticais, destacam-se as da Agência do

Desenvolvimento de Vale do Zambeze, de 399.971 mil Meticais, e do Ministério das

Finanças, de 311.706 mil Meticais (197.909 mil Meticais e 113.797 mil Meticais).

No período em consideração, foram canalizadas e requisitadas, pela Empresa Rádio

Moçambique, receitas resultantes da cobrança da taxa de radiodifusão no montante de

37.147 mil Meticais.

Nas saídas, do quadro, temos uma regularização de 513.768 mil Meticais (65,7%), de

pagamentos que não deram entrada nas contas dos beneficiários, como devido, em 2013 e

2014, por terem ficado pendentes nos respectivos Bancos Comerciais, até ao encerramento

do exercício.

Assim, os recursos foram devolvidos à conta de Receitas de Terceiros e desta à CUT, para

posterior pagamento aos destinatários, através de Operações de Tesouraria.

As receitas de capital não foram consideradas como receita orçamental e, por conseguinte,

não foram receitados os dividendos de 197.909 mil Meticais pagos pelo Banco

Internacional de Moçambique (Millennium bim). O valor foi recolhido através das

Operações de Tesouraria e, posteriormente, transferido ao IGEPE, para fazer face à

amortização da dívida contraída com o banco em alusão, no âmbito da aquisição de acções

no Banco Nacional de Investimentos.

Sobre este assunto, o executivo afirmou, no exercício do direito do contraditório, que a

transferência de 197.909 mil Meticais para a conta do Estado resultou de um erro cometido

pelo Millennium bim, pois, em regra, o valor deveria ficar cativo a favor do próprio banco,

uma vez que os dividendos deste só serão considerados como receita do Estado após o

pagamento da dívida deste com o banco, nos termos do acordo de financiamento celebrado

entre as partes.

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Novembro de 2015

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014

VII-12

O Governo informa, no mesmo documento, que a reposição do montante, ao Millennium

bim, foi efectuado por Operações de Tesouraria, por tratar-se de uma despesa inadiável

face ao compromisso assumido pelo Governo e não prevista nas operações financeiras.

O procedimento adoptado pelo Executivo contraria o princípio da não compensação

consagrado na alínea e) do n.º 1, do artigo 13 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro,

segundo a qual “as receitas e as despesas devem ser inscritas de forma ilíquida”.

Por outro lado, pelo facto desta transacção ter ocorrido por operações de tesouraria, ficou

sem o devido registo na Conta Geral do Estado como dividendos pagos pelo Millennium

bim.

Foram inscritos, nesta epígrafe, pagamentos de salários das entidades apresentadas no

quadro seguinte.

Quadro n.º VII.15 – Pagamento de Salários através de Operações de Tesouraria

O rdem Instituição Beneficiária Valor

1 Conselho Nacional de Electricidade 4.210

2 Fundo de Desenvolvimento Agrário 7.077

3 IGEPE 4.337

4 Inspecção Geral de Jogos 4.149

5 Instituto Nacional dos Transportes Terrestres 9.199

6Instituto de Supervisão de Seguro de

Moçambique1.615

30.587Total

Fonte: DNT

(Em mil Meticais)

Este facto, conforme o Despacho do Vice-Ministro das Finanças, datado de 17/06/2014,

recaído sobre a informação n.º 625/DNO-DOC/MF/2014, deveu-se à falta de dotação

orçamental e à limitação imposta pela Lei n.º 1/2014, de 24 de Janeiro2, que impossibilitou

a inscrição de saldos transitados dos exercícios anteriores e de excessos de arrecadação das

Receitas Consignadas e Próprias.

Deste modo, os salários foram pagos através das Operações de Tesouraria, enquanto se

aguardava a revisão do OE, para efeitos de inscrição dos saldos transitados e do excesso de

arrecadação.3

Importa referir que o motivo da inscrição dos saldos, na Lei Rectificativa, conforme os

propósitos apresentados no último parágrafo da página 17 do Relatório do Governo, Sobre

os Resultados da Execução Orçamental, foi de reforçar algumas actividades importantes e

inadiáveis cujas dotações mostravam-se insuficientes, tais como as despesas adicionais

com o pacote eleitoral, o financiamento do investimento do Millennium Challenge Account

e os sectores prioritários, não constando, deste modo, o pagamento de salários aludido na

informação apresentada pela DNT.

Por outro lado, tratando-se de despesas já conhecidas, deveriam merecer o devido

enquadramento no Orçamento do Estado, evitando-se, deste modo, o recurso a estas

operações, o que revela, claramente, deficiências nos mecanismos de planificação.

2 Lei que aprovou o Orçamento inicial 3 Vide o parágrafo sétimo da proposta de revisão do Orçamento do Estado para 2014 (Lei n.º 22/2014 de 2 de

Outubro).