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Vínculo Conjugal e as Dificuldades Relacionadas ao Amor sob o Enfoque Psicodramático Alberto Machado Borges Universidade Católica de Goiás Fantasia ou cotidiano. Quem está dentro quer sair, Quem está fora quer entrar. Mas, sair para onde? E entrar pra quê? É amor? É dependência? É conveniência? É bom? É ruim? Vou ou não vou? Dúvidas e mais dúvidas! É difícil saber… é melhor experimentar… Mas, para um assunto tão complicado é espantoso verificar que…Ele acontece! Para os que já experimentaram… Victor Dias Os vínculos se iniciam logo após o nascimento. O primeiro e mais importante vínculo que a criança estabelece é com a mãe, um apego saudável leva à formação de vínculos também saudáveis, já um apego doentio leva à dependência emocional. Durante toda a vida, o vínculo afetivo inicial entre pais e filhos influenciará a capacidade de cada um se vincular afetivamente aos outros,

Vínculo Conjugal e as Dificuldades Relacionadas ao Amor - Psicodrama.doc

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Vnculo Conjugal e as Difculdades Relacionadas aoAmor sob o Enfoque PsicodramticoAlberto Machado orgesUniversidade Catlica de Gois Fantasia ou cotidiano.Quem est dentro quer sair,Quem est fora quer entrar.Mas, sair para onde? E entrar pra qu? amor?dependncia?convenincia? !om?ruim? "ou ou n#o vou?$%vidas e mais d%vidas& dif'cil sa!er( ) mel*or e+perimentar(Mas, para um assunto t#o complicado) espantoso veri,car que(Ele acontece&-ara os que . e+perimentaram("ictor $ias /s v'nculos se iniciamlo0o aps o nascimento. / primeiro e maisimportantev'nculoqueacrian1a esta!elece)comam#e, umape0osaudvel leva2forma1#odev'nculos tam!)msaudveis, .umape0odoentioleva2dependnciaemocional. $urantetodaavida, ov'nculoafetivo inicial entre pais e ,l*os in3uenciar a capacidade de cada um sevincular afetivamente aos outros, se.a de forma saudvel ou pre.udicial. Emcadafasedavida, odesa!roc*ar dosv'nculosafetivos, compessoasouo!.etos, vai sendo formado e se tornando o camin*o das rela14es *umanas.5e0undo -ic*on67iviere 89::9; a situa1#o e+trema de forma1#o de v'nculoseriaadaprimeirarela1#odacrian1acomopeitodam#e, inicialmenteparasitria e em se0uida sim!itica, pois * troca de situa14es de afeto eemocionais. /!omresultadoocorrequandoessasitua1#osim!iticavaidiminuindoat)ummomentoemqueoo!.etoeosu.eitotmumlimitepreciso, . n#o est#o confundidos, mas sim diferenciados. de identidadeque a crian1a desenvolve seus pap)is e se constitui como pessoa no mundo,ou se.a, estrutura sua personalidade, possi!ilitada pela evolu1#o do Eu. -araMoreno 8@AAG;, a indiferencia1#o ) a fase em que a crian1a ainda n#o sedistin0ue f'sica e emocionalmente das pessoas. Ha fase do recon*ecimentodo Eu, concentra a aten1#o em seu prprio corpo, come1a a identi,car suasnecessidades e o movimento do outro para satisfa>6la. Ho recon*ecimentodo?u, ocorreae+plora1#o dodiferente, domundo, dooutro. Hapr)6invers#ocome1aae+perimenta1#odopapel dooutropor imita1#o. Hainvers#o de pap)is, o indiv'duo . se perce!e separado do outro e ) capa>de compreender a si0ni,ca1#o de sua vivncia diferenciada. ?al movimenton#o ) retil'neo, pode sofrer avan1os e retrocessos./ crescimento de um casalem terapia tende a se0uir essa mesma ordemevolutiva demonstrada por MorenoC a indiferencia1#o e mistura com o outrono in'cio, o pro0ressivo recon*ecimento de si e do parceiro como pessoasseparadas, epor ,m, acapacidadedesecolocar nolu0ar dooutro, deinverter pap)is e compreender seu sofrimento 8?vora, @AAI;. / presente arti0o .usti,ca6se por tratar de um tema !astante envolvente,real ecomple+onavidadetodoser*umano. 5endo, portanto, fontede0rande e si0ni,cativo con*ecimento pessoal terico para quem quer que seinteresse.5eu o!.etivo ) o de contri!uir para que os interessados no assunto ten*amcondi14es, principalmente tericas, de analisar e o!ter maior compreens#oa respeito de al0umas importantes di,culdades envolvidas norelacionamento amoroso. -ara Moreno 8@AAG;, papel )a menor unidadedecultura. Fo+ 8@AA@;acrescenta que s#o as vrias fun14es que a pessoa desempen*a na vida,forma de funcionamento que o indiv'duo assume numa situa1#o espec',ca,em um momento espec',coF < representa1#o sim!lica dessefuncionamento, perce!idapeloindiv'duoepelos outros, )c*amadadepapel. ar todos ospap)is que possui em siE 8p.J:;. $a tens#o interna de n#o reali>a1#o, sur0ea an0%stia. / papel) sempre uma e+perincia interpessoal, todo papel)umarespostaaoutro, deoutrapessoa. Havidaadulta, ocorreov'nculocon.u0al, que ), de acordo com$ias 8@AAA;, toda equalquer rela1#oe+istente no casamento, entre um*omeme uma mul*er. eram parte da realidade *umana.< propsito do amor, Fonseca 8@AAB; escreveu, D/s sentimentos *a!itam no*omem, mas o *omem *a!ita no amorE 8p.N:;. / amor ) um sentimentoque e+iste entre o Eu e o ?u, ) um a0ir no mundo, ) um Eu que assume aresponsa!ilidade de um ?u. -ara esse autor, D/ amor n#o ) uma %nica formaderelacionamento, masemumarela1#overdadeira, sempre*al0umaesp)cie de amorE 8p.MA;. / pro!lema ) que no mundo em que vivemos, o ?use tornainfalivelmenteum Osso, ) a dissolu1#odo Eu6?uaqual se refereKu!er 8@AAM;, como sendo a profunda melancolia do nosso destino. -or maisque a presen1a da pessoa no relacionamento ten*a sido e+clusiva, a partirdomomentoemqueseten*aes0otadosuaa1#oouestaten*asidocontaminado por media14es, torna6se novamente um o!.eto, su!metido 2snormas e leis. -artindo da' di,culdades relacionadas ao amor.-araHerP8@AAJ;, a*istriadapessoa)a*istriadasuaso!revivnciaemocional, conquistadanosv'nculos.untamentecomsuanecessidadeefome de e+istncia e de desenvolvimento enquanto seres *umanos. / ser*umano vive o constante drama relacionado 2 !usca de alimentosps'quicos, ou car0as afetivas como aten1#o, prote1#o, respeito, aceita1#o,que podem ser resumidas em !usca de car0a afetiva de amor, que d !aseaoseucrescimentosocial epsicol0ico. -or)m, afomedeafetoprovocamuita dor, e para conse0uir as car0as afetivas que todo ser *umano precisa,a pessoa aprende diversas condutas que podem ou n#o favorecer a 3uide>da espontaneidade6criatividade.Moreno 8@AAG; nos e+plica que a espontaneidade opera no presente,empurra o indiv'duo em dire1#o 2 resposta adequada 2 nova situa1#o ou 2resposta nova para situa1#o . con*ecida, ) uma disposi1#o do su.eito deresponder como requerido. -or meio da espontaneidade pode6se o!servar emedir o 0rau de adequa1#o e de ori0inalidade, quanto mais desenvolvidafor, maior o n%mero de respostas adaptativas e criativas o ser *umano podeapresentar. < espontaneidade ), portanto, umve'culo, umconte%do,enquantoacriatividadeserefere2a1#o, )umacapacidadeinata, )o*omem comum do qual nada se tirou. er que todo sercriativo conse0ue ser espont=neo, mas nem todo ser espont=neo conse0ueser criativo. $esde quen#o este.amadoecidas, todas as crian1as s#ocriativas, seupotencial inatovai depoissendo!loqueadonoprocessodesociali>a1#o.?vora 8@AAI; mostra que no v'nculo con.u0al, um casal em crise est comsua espontaneidade !loqueada, reprodu>em padr4es de conduta ine,ca>es,repetitivas. < recupera1#o da sa%de relacional requer de cada umautili>a1#o de seu potencial criativo e o recon*ecimento de si mesmo comouma0ente de mudan1a, !uscando novas formas de se posicionar narela1#o. Gon1alves, QolR e er de nos sentirmos vivos ) preciso que nos recon*e1amoscomo a0entes do nosso prprio destinoE 8p. IM;. /s autores ainda mostramque ser espont=neo si0ni,ca estar presente 2s situa14es de rela14esafetivas e sociais, procurando transformar os aspectos que nos s#oinsatisfatrios, pois semprepensamos ea0imosemfun1#oderela14esafetivas cu.ae+perinciatemresson=ncia emocional. sempreamesmacoisaesperandoresultadosdiferentes. 5er saudvel )criar oportunidades, encontrar solu14esparaospro!lemasdoamor. 5ercriativo ) reunir condi14es para n#o sofrer inutilmente e resolver mel*or oscon3itos, interromper um atrito !uscando a causa real e encontrando umamaneira satisfatria de resolv6lo. H#o usar nosso potencial criativo ) cairnarotina, quedestri orelacionamento. /*omemtemacapacidadedecriar, transformar, se aperfei1oar, de surpreender e de superar6se. Quandocria, p4e em a1#o sua capacidade de reali>a1#o pessoal.-ara Moreno 8@AAG;, a esta0na1#o, repeti1#o de comportamentos, )conserva cultural. -or outro lado, sa%de mental e criatividade relacionam6secom o que c*amou de fator ?ele, ou se.a, Dum comple+o de sentimentos queatrai uma pessoa para uma outra e que ) provocado pelos atri!utos reais daoutra pessoaE 8p. @BM;, se0undo Gon1alves e cols. 89:BB;, tele ) aDpercep1#ointernam%tuaentredois indiv'duosE 8p. I:;. CuSier 8@AA@;acrescenta que D) uma e+perincia de al0um fator real na outra pessoa en#o uma ,c1#o su!.etivaE 8p.J9G;. Caracteri>a6se tanto por uma afetividadepositiva quanto ne0ativa e se diferencia de sentimentos derivados devivncias c*amadas transferenciais,que sur0em do ape0o desfavorvelasitua14es do passado. < patolo0ia do fator tele ) a transferncia,responsvel por equ'vocos e sofrimentos nas rela14es interpessoais.Quando estas interferemno v'nculo con.u0al, distorcema ima0emdoparceiro atual. Enquanto na rela1#o t)lica, * possi!ilidade de diferencia1#odevivnciaspassadasepresentes, li!erandoaespontaneidadedocasalpara a transforma1#o de seus padr4es de intera1#o.5e0undo $ias 8@AAA; a 0ravidade de uma crise con.u0al pode ser avaliadaveri,cando6seaestruturadov'nculo, por meiodoqueelec*amoudedia0nstico estrutural do casamento, que procura veri,car a import=ncia doamor, daconvivnciaedacompensa1#o afetivaemumadeterminadarela1#o con.u0al. Essa compensa1#o ocorre quando o foco de atra1#o estlocali>adonafun1#opsicol0icaquecadaume+erceso!reooutro, umpassa a viver em fun1#o do outro, dando a am!os uma sensa1#o. / pontodeatra1#opodeser se+ual, afetivoouintelectual equalquer umdelesfunciona como iniciador do estado de encantamento ou de pai+#o. de apenas falar so!re essapessoa, propiciandoal)mda vivnciadopapel dooutro, oemer0ir dedados so!re o prprio papel 8CuSier, 9::@;. -ara ,nali>ar as sess4es, tem6seo processamento da sess#o pelo psicoterapeuta, possi!ilitando a valida1#odo atendimento. 7esultados e $iscuss#o ?odooprocessopsicoteraputicoteveadura1#odeoitomeses, sendooprimeiro ms de atendimento comuma sess#o semanal de cinqVentaminutos, os pr+imos trs meses com duas sess4es semanais de cinqVentaminutos e os quatro %ltimos meses, aps o retorno das f)rias, novamentecom uma sess#o semanal de cinqVenta minutos. < anlise e descri1#o dosdados est#o apresentadas na forma de relatos de sess4es.-rocessamentoC interessantee0rati,canteperce!er amel*oradeando a dramati>a1#oemcenaa!ertaouopsicodramainterno, )fcil tra>er 2tonaodramainfantil, sendo que a psicoterapia propriamente dita s se inicia quando essacrian1a passa a ser repetidamente identi,cada pelo cliente e come1a a lev6laas)rio, dei+andoent#odeculpar osoutrospelosseuspro!lemasecome1ando a assumir a responsa!ilidade por suas di,culdades. $e acordoHerP 8@AAJ;, a forma1#o da personalidade deriva n#o s do esta!elecimentodos v'nculos, mas tam!)m da representa1#o de pap)is, reprimidos ou n#o./ am!iente da fam'lia ori0inal de